Edição 131 - Revista do AviSite

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Editorial

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Sumário

46 O primeiro semestre da avicultura em 2020

12 Detecção de

Mercado, estatísticas e os últimos números do setor em um balanço especial

salmonela por métodos moleculares: é possível um método rápido? As técnicas de detecção de salmonela e de aves positivas vêm se diversificando há tempos para atender a demanda por métodos mais rápidos, mais sensíveis e menos custosos

abre pré-venda da 3ª edição do livro “Doenças 11 FACTA das Aves”

15 Detectando aviários positivos para salmonela via IgA Bruto da Produção Agropecuária de Santa 16 Valor Catarina cresce 8,8% e chega a R$ 33,6 bilhões

19 Condomínio Avícola Encantado recebe primeiros lotes 20 Influenza Aviária Germinação e Atividade do Alterion® agora são 28 Avisíveis dentro das aves importância da microbiota e integridade intestinal 34 Afrente aos desafios lança nova vacina para produção de frango de 38 Biovet corte, a Vaxxon IBD IMC Melo assume Coordenadoria Técnica de avicultura 41 Érica da Boehringer Ingelheim Saúde Animal no Brasil de webinars da Aviagen apresenta panorama da 42 Série produção de aves de corte durante a pandemia debate tendências para redução de custos de 44 Cobb dietas de frangos em webinar Final - José Antonio Ribas Jr. 63 Ponto “Uma breve prosa sobre nosso setor”

22 Climatização x Lucratividade

Especialistas apontam os desafios da avicultura em meio às dificuldades da avicultura 4.0, novas tecnologias para climatização, custo x beneficío e muito mais

Balanço 1º Semestre 2020 46 Balanço do setor no primeiro semestre e levantamento das possíveis perspectivas para o segundo semestre 47 Pintos de corte 48 Produção de carne de frango 50 Um primeiro semestre histórico para a avicultura 53 Plantel de matrizes em produção no final de 2020 será 10% superior ao de dezembro de 2019 54 Com pandemia, setor produtor de pintos de corte voltou a registrar ociosidade em 2020 55 Apesar de todos os obstáculos, produção de carne de frango no semestre pode ter aumentado 1,5% 56 Em relação ao número de dias úteis, exportações dos seis primeiros meses de 2020 registraram novo recorde 57 Disponibilidade interna de carne de frango pode ter permanecido nos mesmos níveis do 1º semestre de 2019 58 Frente à pandemia, preços alcançados seriam aceitáveis; mas elevação do custo pôs tudo a perder. 60 Alojamento de pintainhas de postura se expande à razão de 3,5% por semestre e pode aumentar cerca de 10% no final de 2020 61 A despeito dos altos e baixos do período, resultados do ovo no semestre foram positivos 62 Com as expressivas altas do milho e do farelo de soja, cai o poder aquisitivo do produtor do frango e do ovo A Revista do AviSite

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Editorial

Agronegócio bate recordes de exportação Nesta edição da Revista do AviSite trazemos um balanço do setor avícola segundo importantes players do mercado. Para ‘abrir um pouco mais o leque’, vamos destacar aqui neste espaço um balanço mais geral, mais abrangente. As exportações do agronegócio brasileiro tiveram recorde no acumulado de janeiro a maio de 2020 e fecharam em US$ 42 bilhões, o maior valor já registrado para os primeiros cinco meses do ano. O resultado representa uma alta de 7,9% em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados do Ministério da Economia compilados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo a CNA, também houve recordes nas vendas externas do agro em volume de janeiro a maio, que totalizaram 86,8 milhões de toneladas, 15,3% a mais que no mesmo período do ano passado, e no superávit comercial, diferença entre as exportações e as importações, que foi de US$ 36,6 bilhões, superando o recorde anterior observado nos cinco primeiros meses de 2018. Os principais produtos exportados de janeiro a maio foram a soja em grãos (US$ 16,3 bilhões), a carne bovina in natura (US$ 2,8 bilhões), a celulose (US$ 2,6 bilhões), a carne de frango in natura (US$ 2,6 bilhões) e o farelo de soja (US$ 2,3 bilhões). Estes cinco produtos responderam por 63,4% da pauta exportadora do agro brasileiro no período. A China foi o principal importador do Brasil, sendo destino de 39,3% dos embarques dos produtos do agro. A receita gerada com as exportações para o país asiático foi de US$ 16,5 bilhões no período. Em seguida vieram a União Europeia, para onde foram 16,4% das vendas externas brasileiras, Estados Unidos (6%), Turquia (2,1%) e Japão (2%). Desempenho mensal recorde - ainda de acordo com a CNA, o mês de maio também foi de recorde tanto para as exportações do agro, com receita de US$ 10,9 bilhões (alta de 17,9% na comparação com maio de 2019), quanto para o saldo comercial, que teve superávit de US$ 10,1 bilhões. Em volume, as vendas externas foram de 24,8 milhões de toneladas, volume 34,1% superior ao de maio do ano passado. Os principais destaques no mês passado na pauta exportadora foram: soja em grãos (US$ 5,1 bilhões), carne bovina in natura (US$ 682,6 milhões), farelo de soja (US$ 648,8 milhões), açúcar de cana em bruto (US$ 634,8 milhões) e celulose (US$ 586,3 milhões). Os cinco produtos representaram 70,4% da pauta exportadora do mês. A China foi o destino de 44,9% das vendas externas em maio. Pelo terceiro mês consecutivo, o PIB do agronegócio brasileiro registrou alta. Em março, o avanço foi de 0,94%, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Diante disso, o aumento no acumulado de 2020 é de 3,29%. Em março, a pandemia de coronavírus gerou um comportamento altista nos preços de diversos produtos agropecuários, aponta o CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. De acordo com os analistas da instituição, além do seu impacto via efeito de desvalorização cambial, a possibilidade de isolamento social, naquele momento, causou picos de demanda que impulsionaram os preços do arroz, da banana, do café, da carne de frango e dos ovos, por exemplo.

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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

ISSN 1983-0017 nº 131 | Ano XI | Julho/2020

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Natasha Garcia e Paulo Godoy (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Luciano Senise senise@senise.net Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


Eventos Notícias Curtas

2020 Julho 21 a 23

Encontro anual virtual da Poultry Science Association (PSA) Local: The Galt House – Louisville, Kentucky, EUA Site: poultryscience.org/Meetings-Future-Meetings

Outubro 06 a 09

Alimentaria Foodtech Barcelona, Espanha - Gran Via Venue www.alimentariafoodtech.com/en/ 06 a 08

Conferência Científica Latino-Americana 2020 da Poultry Science Association (PSA) Local: Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil Realização: Poultry Science Association (PSA) Site: poultryscience.org/Latin-American-Scientific-Conference

As 4 notícias mais lidas no AviSite em Junho

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Carne de frango: em volume, o melhor maio de todos os tempos na exportação Em maio as exportações brasileiras de carne de frango in natura somaram 372.502 toneladas, o maior volume da história já exportado em um mês de maio. O resultado alcançado representou aumentos de 16% e 4% sobre, respectivamente, o mês anterior e o mesmo mês de 2019.

Novembro 04 e 05

Canadian Poultry Expo Countdown 2020 Stratford, Ontario https://poultryxpo.ca/ 17 a 20

EuroTier Local: Hanover/Alemanha Telefone: 49 69 24788 -263 E-mail: C.Iser@DLG.org Site: www.eurotier.com/en

Maio 2021 30/05 a 02/06

3ª Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos Local: Gramado, RS Realização: ASGAV/Programa Ovos RS Site: www.conbrasul.ovosrs.com.br

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Preços do frango vivo voltam a acompanhar (até superam) a curva sazonal Depois de ver seu preço recuar em abril passado para pouco mais de 89% da média registrada em 2019, no mês seguinte, maio, o frango vivo negociado no interior de São Paulo obteve ligeira recuperação, alcançando valor que ficou a cerca de 92% da média do ano passado.

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Pintos de corte: aumento de quase 2% em abril, frustrou expectativas de redução O levantamento mensal da APINCO mostrou que em abril passado foram produzidos no Brasil perto de 539 milhões de pintos de corte, resultado que significou aumento de quase 2% sobre o mesmo mês de 2019 e queda próxima de 1% sobre o mês anterior. Porém, considerado o fato de que abril tem um dia a menos, a produção real do mês foi 2,5% maior.

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Carne de frango: exportação de maio correspondeu ao maior volume em quase dois anos Os embarques de carne de frango de maio passado somaram 388.021 toneladas, resultado que correspondeu ao melhor resultado dos últimos 22 meses (em dois anos, o total exportado em maio só ficaram abaixo das 454.791 toneladas de julho de 2018).

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Embarques de frango in natura têm seu melhor resultado semestral de todos os tempos Campinas, 07/07/2010: A diferença é mínima, de apenas 0,06%. Mesmo assim, ao totalizar perto de 1,647 milhão de toneladas, a carne de frango in natura exportada pelo Brasil no primeiro semestre de 2010 superou em pouco mais de mil toneladas o recorde que permanecia imbatível desde o primeiro semestre de 2008. Os dados da SECEX/MDIC relativos ao semestre também apontam que em relação ao mesmo período do ano passado houve incremento de embarques de apenas 1%. Ou seja: os índices de expansão continuam sendo baixos mas, paulatinamente, as perdas ocasionadas pela crise vão sendo superadas. A Revista do AviSite

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Notícias Curtas

Saúde Pública

Webinar da ABPA destaca importância da Portaria nº 19 para o setor A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) realizou em junho um webinar para debater a Portaria Conjunta Nº19, que entrou em vigor no último dia 18. Ela estabelece as medidas a serem observadas visando à prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da Covid-19 nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano e laticínios. Participaram do evento Francisco Turra, Presidente da ABPA, Sulivan Alves, Diretora Técnica da ABPA, Ricardo Santin, Diretor Executivo da ABPA, Alexandre Perlato, advogado especializado no setor frigorífico e Moacir Ceriguelli Consultor Técnico da ABPA. O debate foi intermediado por Marcelo Oliveira, Coordenador de Comunicação da ABPA. Francisco Turra explicou que, para a entidade, a portaria foi muito bem vinda. "Festejamos essa portaria, pois ela norteia a proteção aos nossos trabalhadores. Entendemos que havia até mesmo um excesso de zelo pelo desconhecido no que se refere à Covid-19 e a Portaria vai nortear as ações. Apoiamos o Ministério da Agricultura e do Trabalho na continuidade para a produção de alimentos", afirmou. Sulivan Alves observou que muitos tópicos ali contidos já não são

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novidade na indústria de alimentos. "É uma normativa para prevenção da entrada e disseminação do vírus causador da Covid-19. Ela aborda o que é confirmação e suspeita e o que realizar em vários casos dentro da indústria. Ela mostra até como entender os protocolos”, disse. Ricardo Santin abordou a necessidade de cuidar dos trabalhadores. “É preciso cuidar dos trabalhadores e das famílias. Há mais de 3 meses estamos vivendo em meio a uma pandemia. Hoje voltam mais trabalhadores à ativa que são afastados. Está funcionando, pois estamos mantendo a produção. É uma evolução com respeito às diferentes opiniões. Ela foi feita com muito diálogo para ajudar a produzir comida e proteger os trabalhadores”, disse. Sullivan afirmou ainda que muitas das normas da Normativa 19 foram estabelecidas em conjunto após um trabalho desenvolvido pelo Albert Einstein em parceria com a ABPA. “Ela promove a educação e a melhor maneira para passar o conhecimento, arma fundamental nessa luta, pois a todo momento surge uma gama enorme de notícias e é preciso deixar claras essas questões de proteção do trabalhador”, destacou. Moacir Ceriguelli afirmou que o documento traz premissas bási-

cas para proteção. “É um processo de crescimento, de evolução em conjunto. A presente portaria deve ser o novo norteador de ações de prevenção da Covid-19. É um documento expressivo que nos dá respaldo. A continuidade da atividade é importante, mas é de extrema importância garantir a vida dos nossos colaboradores”, disse. Alexandre Perlato apontou que a Normativa promove a higienização e desinfecção ampla das plantas. "E também favorece o diálogo com os trabalhadores, nosso maior capital humano e peça mais importante da engrenagem produtiva", destacou. “É uma normativa dura, pode impactar a produção de alguma maneira e as empresas precisam prestar muita atenção em todos os itens ali determinados, pois ela não permite que as empresas não as coloquem em prática”, explicou o advogado, concluindo: “Nosso setor é muito sério e a quantidade de famílias que emprega e o esforço que as empresas vem desenvolvendo para continuar operando é digno de ser enaltecido. A Portaria é uma mostra de como nosso setor está organizado e determinado a produzir da melhor maneira possível, dentro dos mais rigorosos critérios sanitários”.


Exportação

Itamaraty admite risco de barreira da China contra Brasil Num alerta enviado pela embaixada do Brasil em Pequim, o Itamaraty admite que existe o risco de que as exportações nacionais de carnes sejam alvos de barreiras por parte da China. Hoje, mais de um terço das vendas de carne do Brasil ao exterior tem o mercado chinês como destino. O documento foi transmitido, em primeiro lugar, para o Itamaraty, em Brasília. A chancelaria, por sua vez, retransmitiu o texto para o setor privado no dia 17 de junho (quarta-feira), na esperança de alertar os exportadores. O texto é claro: "na esteira do novo foco de COVID-19 em um mercado de alimentos nesta capital (Pequim), no dia 11/06/202, as autoridades locais estão adotando medidas preventivas que poderão afetar as exportações brasileiras de produtos cárneos para o mercado chinês".

De acordo com a embaixada, pesquisadores do Centro para Prevenção e Controle de Doenças (CPCD) anunciaram que, segundo dados preliminares, "o vírus seria de uma variedade que passou por mutação na Europa". "O CPCD estuda a hipótese de que a contaminação possa ter ocorrido por meio de salmão importado. Embora pescados não possam ser vetores da doença, argumenta-se que o produto poderia ter sido contaminado durante a captura ou o transporte", diz o documento. "Como medida preventiva, o Bureau Municipal para Regulação de Mercado anunciou que reforçará a inspeção sobre alimentos frescos e carnes congeladas. Diversos municípios chineses, por sua vez, determinaram a suspensão da importação e comercialização de pescados e carne bovina importados", indicaram.

O texto diz que, segundo empresários brasileiros, "grandes empresas importadoras foram orientadas por autoridades governamentais a realizar testes de ácido nucleico em amostras de carnes importadas, durante o processo de desembaraço aduaneiro". "Devido aos custos e incertezas, alguns importadores suspenderam as compras e solicitaram que cargas já contratadas não sejam embarcadas", informa a embaixada. "A depender dos resultados da investigação sobre a origem da contaminação no mercado de alimentos de Pequim, as autoridades chinesas poderão, eventualmente, impor restrições à importação de produtos cárneos brasileiros e/ou solicitar maiores informações sobre as medidas preventivas adotadas pelos frigoríficos para evitar a contaminação dos alimentos a serem exportados", completa a nota do Itamaraty.

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Notícias Curtas Eventos

6ª FAVESU: organização inicia contatos com parceiros para diversificar o conteúdo do evento A contagem regressiva e o início dos preparativos para a 6ª Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba (FAVESU) já começaram. Faltando um ano para a realização da feira, a organização já iniciou os primeiros contatos com possíveis parceiros para diversificar a gama de produtos que são tradicionalmente apresentados durante o evento. Promovida pela Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) e pela Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES), a feira, que acontecerá entre os dias 23 e 24 de junho de 2021, no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman - tradicionalmente conhecido como Polentão -, em Venda Nova do Imigrante, contará com uma grande movimentação de

6ª FAVESU será focada na mobilização dos produtores. Os organizadores pretendem ampliar a presença de produtores de outros Estados 8

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empresas e organizações que atendem profissionais e produtores dos setores de avicultura e suinocultura do Espírito Santo. De acordo com o coordenador institucional da 6ª FAVESU, Nélio Hand, neste primeiro momento, estão sendo realizados contatos com organizações e empresas - principalmente de Estados vizinhos com o objetivo de apresentar o evento como uma referência regional e atender às necessidades das atividades nesses territórios. “Nosso foco inicial é manter contato com as representações ou produtores desses Estados vizinhos para colocar a estrutura da FAVESU à disposição, para ser um local onde também possam buscar novidades quanto ao mercado, tecnologias e serviços, além de atualizações de informações técnicas e relacionamento com outras pessoas dos seus respectivos segmentos. Já iniciamos contatos com representantes da Coosuiponte, na zona da mata mineira, e com representantes da avicultura da região serrana do Rio de Janeiro. A intenção é ir até eles, apresentar o evento aos que ainda não o conhecem e saber como podemos fazer parcerias para ter esse público na FAVESU”, explica. Novidades na planta do evento: o produtor da feira e diretor da empresa Produshow Eventos, Daniel Menendez, adianta que a organização está planejando algumas modificações para ampliar a planta e, assim, contar com mais empresas expositoras durantes os dois dias da feira. “Estamos fazendo algumas modificações na planta do evento para torná-la mais abrangente. Já realizamos vistorias técnicas no local onde será realizada a feira e agora estamos trabalhando na reformulação”, destaca Menendez.

Ele também enfatiza que o objetivo de todas essas modificações é manter a prestação de serviço já característica do evento. “A ideia é de junto com essa ampliação do espaço, estarmos aumentando a quantidade de empresas participantes, até porque nós visualizamos esse ponto como uma necessidade que o mercado tem nos pedido e os próprios expositores querem participar mais, devido a feira ser um encontro que realmente dá resultado para todos, além de ser um bom investimento”, ressalta o diretor da Produshow Eventos. Por fim, Menendez destaca um dos focos principais da edição de 2021 da feira. “Essa 6ª FAVESU é uma edição em que estamos focando bastante na mobilização dos produtores. Queremos ampliar a presença de produtores de outros Estados com uma estratégia que estamos desenvolvendo”, encerra o produtor da feira. Organização atenta às orientações dos órgãos de saúde: desde as primeiras informações divulgadas pelos órgãos de saúde sobre a pandemia de Coronavírus, a organização da FAVESU voltou sua atenção para todas às orientações e ações de prevenção, já as integrando ao planejamento de execução da feira. É o que conta o coordenador institucional do evento, Nélio Hand. “Estamos acompanhando a realidade que está se formando em torno da organização dos eventos. Sabemos que temos um ano ainda pela frente para a 6ª FAVESU, mas estamos muito atentos e as adequações que forem necessárias a essa nova realidade que pode vir pela frente, nós iremos trabalhar para que o evento possa atender o seu objetivo de trazer qualificação e oportunidades de negócios aos setores envolvidos, bem como ser um elo entre expositores e clientes”, ressalta.


Exportação

Protecionismo será desafio para exportação, afirma secretário O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Ribeiro, disse que questões relacionadas ao protecionismo e sustentabilidade estarão entre os principais desafios do Brasil no pós-pandemia no setor de comércio exterior. “Está muito claro que já se vê um crescimento do protecionismo. Vários países têm introduzido barreiras, muitas delas por motivações sanitárias e fitossanitárias.” O secretário destacou que crescem as discussões sobre sustentabilidade, tanto nos acordos em que o Brasil participa quanto por parte dos próprios consumidores. Como exemplo, citou a ameaça recente de boicote aos produtos agrícolas brasileiros vinda de países como Reino Unido e Alemanha, frente ao projeto

de regularização fundiária. “Foi uma discussão que inicialmente perdemos por uma questão de percepção.” Segundo ele, o governo terá que reapresentar a questão de uma forma que seja melhor entendida pelos consumidores mundo afora. Ele disse que o país foi bem-sucedido ao evitar o desabastecimento na pandemia e atender aos parceiros comerciais. “Temos registrado seguidos recordes de exportação dos produtos do agronegócio”, afirmou, acrescentando que a previsão é de nova safra recorde. “O agro será uma das alavancas da economia na retomada pós-coronavírus.” Ribeiro afirmou que, apesar disso, há uma grande necessidade de diversificação nos produtos exportados e nos destinos. (Valor Econômico)

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Notícias Curtas Produção

Sindirações divulga resultados do 1.º trimestre e projeta crescimento de 3,8% para 2020 O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), divulga os dados de encerramento do primeiro trimestre de 2020 com produção de aproximadamente 19 milhões de toneladas, registrando um incremento de quase 4,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é de que até o final de 2020 esse montante salte para mais de 80 milhões de toneladas, representando um crescimento de até 4 %, se comparado às estimativas de 2019. O Brasil tem conquistado novos mercados de carne no exterior e hoje o país é um dos maiores supridores de proteína animal do mundo. A China, por exemplo, com a situação interna da carne suína, possui um déficit de 40% na proteína animal, e tenta compensar essa escassez por meio da carne brasileira. Além disso, no mercado interno, o resultado foi bom durante o primeiro trimestre sob o ponto de vista de produção e da demanda do consumidor. Segundo Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, “a alimentação animal resistiu decisivamente durante o 1.º trimestre. Tracionada pela demanda pecuária, a indústria de alimentação animal contabilizava significativo incremento,

enquanto o otimismo contagiante, ainda em dezembro passado, justificava o prognóstico de mais um “próspero ano novo”, compartilhado inclusive pelas demais interfaces da cadeia produtiva de proteína animal que ranquearam 2019 como “extraordinário” e antecipavam um 2020 “com perspectivas ainda mais positivas”, diz. No entanto, a natureza imprevisível do mundo revelou mais um evento aleatório, com o surgimento do improvável novo coronavírus, que passou a infectar a humanidade global indistintamente e continua arruinando praticamente todas as atividades econômicas. “Apesar disso, o Brasil segue no pódio do protagonismo neste planeta, com comida suficiente para satisfação da humanidade, embora as adversidades globais de caráter estruturante – logística de distribuição regional, sistema geopolítico e sócio econômico de cada país – e conjuntural – autoritarismo exacerbado, corrupção generalizada, subsídios que premiam a ineficiência – continuam atribuindo o DNA da insegurança alimentar a quase um bilhão de pessoas”, analisa o CEO do Sindirações. Zani destaca que a agropecuária do País, globalmente reconhecida como

Mercado Externo

“de mercado”, conta com a retaguarda do Ministério da Agricultura, que abona oficialmente o cumprimento dos acordos firmados e, em consequência, gera segurança aos tradicionais compradores. “O Brasil tem uma invejável imagem de celeiro confiável para abastecimento, justificada por uma agropecuária fundamentada na sustentabilidade e preservação do meio ambiente, sanidade e biosseguridade dos rebanhos e granjas, e saúde do consumidor e rastreabilidade dos produtos. Tudo isso se traduz em grande vantagem para o País, na condição de exportador”, destaca. Com relação ao período pós-pandemia, Zani é cauteloso na previsão, porém, sem deixar o otimismo de lado. “O pós-pandemia vai nos conduzir por novos caminhos e perigos ainda desconhecidos, muito embora, ignorar esses novos percursos será igualmente arriscado, se não mais perigoso ainda. Esse “novo normal” provocará razoável desconforto porque as coisas deverão ser feitas de maneira bastante diversa. Outrossim, constituirá oportunidade singular para construção de economias mais inclusivas, sustentáveis e resilientes”, finaliza.

Carnes/EUA: estoques caem em maio após fechamento temporário de unidades de processamento Os estoques de carne bovina e suína em câmaras refrigeradas nos Estados Unidos diminuíram em maio ante igual período do ano passado, informou ontem o Departamento de Agricultura do país (USDA). Os estoques em 31 de maio eram 13% menores que os de um ano antes e 18% inferiores aos de abril, refletindo o impacto de surtos de covid-19 em unidades de processamento.

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Milhares de trabalhadores de frigoríficos foram infectados, de acordo com representantes de sindicatos, forçando companhias como Tyson Foods, JBS USA, Smithfield Foods e Cargill a fechar unidades temporariamente em abril. Os estoques de carne de frango em câmaras refrigeradas caíram 4% em maio na comparação anual e 5% ante abril.


Publicações

FACTA abre pré-venda da 3ª edição do livro "Doenças das Aves" A publicação passou por uma revisão geral e ganhou novos capítulos, considerados essenciais para a sua atualização

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Fundação APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) está com a pré-venda aberta da 3ª edição do livro “Doenças das Aves”. Os interessados poderão fazer o pedido no site da instituição. A obra, que trata da evolução da medicina aviária ocorrida nos últimos anos, envolveu 100 profissionais da iniciativa privada e de renomadas instituições de ensino, comprometidas com o setor avícola, que submeteram o livro a uma revisão geral e incluíram novos capítulos, considera-

dos essenciais para a sua atualização. Sob a coordenação da FACTA, entidade de fomento e difusão de conhecimentos e tecnologias avícolas, a obra faz parte de um esforço conjunto, que passou ainda pelos editores Raphael Lucio Andreatti Filho, Ângelo Berchieri Júnior, Edir Nepomuceno da Silva, Alberto Back, José Di Fabio e Marcelo A. Fagnani Zuanaze. Para comprar basta acessar o site www.facta.org.br/catalogo-de-produtos/. O valor do frete via PAC deverá ser consultado pelo e-mail facta@facta.org.br.

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Especial Salmonela

Detecção de salmonela por métodos moleculares: é possível um método rápido? As técnicas de detecção de salmonela e de aves positivas vêm se diversificando há tempos para atender a demanda por métodos mais rápidos, mais sensíveis e menos custosos. Autores: Autores: Max Ingberman, Rosângela Rodrigues dos Santos, Breno Castello Branco Beirão, Luiz Felipe Caron

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controle das salmonelas paratíficas na cadeia de produção avícola é atualmente uma das áreas que mais recebe atenção dos profissionais envolvidos com sanidade. É encorajador que alguns países já lograram resultados promissores no controle do patógeno; ainda assim, é sabido que não há garantias de produção de aves livres de salmonela . Mesmo em lo-

cais como o Reino Unido, que ostenta o símbolo “Lion Mark” como uma garantia de ovos virtualmente livres de salmonela, falhas nos sistemas de controle da bactéria eventualmente levam ao reaparecimento de surtos de infecção em seres humanos. Há uma variedade de passos que podem – e devem – ser seguidos para que se possa produzir alimentos com a melhor qualidade sanitária possí-

vel. Dentre as medidas mais importantes no controle da salmonela está a detecção de animais e produtos positivos para a bactéria. Em reconhecimento a isso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) normatiza e reitera fortemente a importância dada ao diagnóstico de salmonela a campo e no abatedouro. Contudo, as melhores empresas produtoras de proteína animal já reconhecem que não basta seguir o básico quando se trata de diagnóstico de salmonela. É preciso ir além dos requisitos governamentais na detecção de aves e produtos com salmonela, e isso traz benefícios para as próprias empresas, como a abertura de mercados mais seletivos.

Técnicas laboratoriais As técnicas de detecção de salmonela e de aves positivas vêm se diversificando há tempos para atender a demanda por métodos mais rápidos, mais sensíveis e menos custosos. As metodologias laboratoriais de avaliação de salmonela dividem-se entre as seguintes técnicas: 1) Detecção de anticorpos anti-salmonela: utilizado para identificar

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lotes que tiveram contato com a bactéria. Tem se revelado bastante útil para monitorar aviários como um complemento à microbiologia exigida pelo MAPA, visto que a metodologia microbiológica é muito demorada e frequentemente reporta falsos-negativos . Esta técnica, contudo, não tem utilidade para detectar a bactéria nos produtos avícolas, uma vez que se trata de avaliação de animais vivos. 2) Detecção imunoenzimática da bactéria: há no mercado métodos de ELISA voltados à detecção da bactéria em amostras de alimentos. Estas técnicas são mais rápidas do que a detecção microbiológica convencional, mas ainda exigem pré-enriquecimento bacteriano em cultivo antes da realização do ELISA, o que ainda retarda o diagnóstico. A técnica também tem sensibilidade relativamente baixa . 3) Detecção microbiológica: O método mais utilizado para detecção de salmonela a campo e em produtos é o cultivo bacteriano. É uma técnica

de alta sensibilidade e de custo relativamente baixo – embora a longa duração do método eleve os custos com mão-de-obra. Há variações de métodos disponíveis no mercado que utilizam insumos para enriquecer a bactéria dentre as demais contaminantes da amostra. O ponto negativo mais importante é justamente este, a longa espera necessária para se obter um resultado impede seu uso em pontos além daqueles exigidos pelo MAPA. 4) Detecção molecular: O diagnóstico por PCR em tempo real tem ampla aceitação no mercado e é comercializado por várias empresas. Contudo, os métodos atualmente empregados ainda necessitam de pré-enriquecimento das amostras em um caldo, o que retarda o diagnóstico em ao menos 12 horas. A sensibilidade das técnicas de PCR é bastante variável entre as marcas disponíveis, e são todas importadas. Assim, embora haja uma grande variedade de técnicas disponíveis pa-

O controle das salmonelas paratíficas na cadeia de produção avícola é atualmente uma das áreas que mais recebe atenção dos profissionais envolvidos com sanidade

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Especial Salmonela

Há uma variedade de passos que podem – e devem – ser seguidos para que se possa produzir alimentos com a melhor qualidade sanitária possível

ra a avaliação de salmonela, um gargalo permanece: não há ainda uma metodologia sensível e especialmente rápida que permita às empresas produtoras de proteína animal segregar produtos positivos ao final da industrialização. É possível controlar a qualidade dos produtos cárneos de aves a partir do monitoramento dos lotes de animais positivos para salmonela. De fato, este é um dos fatores de maior impacto para a qualidade sanitária dos produtos . Contudo, sabemos que é muito frequente que as carcaças de frango sejam contaminadas de maneira cruzada no abatedouro a partir de lotes positivos, o que implica que há prevalência maior de salmonela nos produtos do que nas aves . Assim, é crucial manter um controle extremamente rígido sobre os produtos nos abatedouros. Do mesmo modo do que no campo, o monitoramento oficial, para atender ao MAPA, é apenas uma fração da amostragem que uma empresa comprometida com a eliminação da salmonela faz.

Inovação no diagnóstico rápido em produtos Desde o advento da PCR, espalhou-se a ideia de que a técnica suprimiria todas as demais formas de detecção de patógenos. Contudo, não foi o caso para muitos agentes, incluindo-se as salmonelas. Foi mencionado previamente que há duas grandes limitações na detecção molecular da bactéria, a sensibilidade e o tempo de análise. Isto pode causar estranhamento, porque estes dois pontos são justamente aqueles em que a PCR promete maiores avanços. No entanto, a sensibilidade do método molecular é prejudicada por causa da grande quantidade de matéria orgânica contaminante em amostras oriundas da produção animal. Ademais, a técnica de PCR não consegue diferenciar bactérias vivas daquelas recém-mortas. Como forma de melhorar esses aspectos, em geral é feito um enriquecimento bacteriano em meio de cultivo líquido. Desse modo, aumenta-se o número de bactérias

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nas amostras, a matéria orgânica é diluída no caldo e garante-se que as bactérias detectadas estão viáveis, visto que cresceram no cultivo. Porém este passo, que é utilizado nos kits de detecção por PCR, faz com que a técnica perca sua grande vantagem, que é a velocidade. Como é necessário cultivar a amostra, os resultados de detecção são liberados apenas no dia seguinte ao recebimento da amostra pelo laboratório. Para a exportação de produtos in natura, por exemplo, a condição ideal é que o produto seja avaliado no dia de sua produção, para que haja total segurança na sua destinação. A Imunova GoGenetic está lançando no mercado um kit, produzido nacionalmente, de PCR em tempo real que apresenta novas tecnologias. Com esse kit, é possível diferenciar bactérias vivas e mortas na reação da PCR. Ademais, com a melhoria das técnicas de extração, amplificação e análise, é possível sobrepor as limitações de sensibilidade que alguns kits de detecção molecular ainda apresentam.

Conclusão O controle de salmonela depende do uso de várias técnicas para monitorar constantemente a bactéria e em toda a cadeia de produção. Apresentamos aqui uma nova abordagem de técnica molecular, desenvolvida nacionalmente, para detectar e quantificar salmonela em carcaça de frango e em ração. A técnica apresenta elevada sensibilidade e gera resultados dentro de 6 horas. Assim, acreditamos que o kit representa uma inovação radical que permite tomada de decisão em relação aos produtos informada pelo resultado da análise.

Agradecimento A Imunova GoGenetic agradece à C.Vale Cooperativa Agroindustrial por acreditar em inovação. A C.Vale foi e continua sendo uma parceira essencial no desenvolvimento da tecnologia de qPCR rápido para detecção de salmonela, que deverá beneficiar toda a avicultura brasileira.


Detectando aviários positivos para salmonela via IgA Os métodos de avaliação de anticorpos contra salmonela têm grande relevância na detecção de lotes positivos Autores: Dany Mesa, Breno Castello Branco Beirão, Luiz Felipe Caron

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a avicultura, o Brasil atingiu níveis de qualidade iguais ou superiores a de países de alta renda. Não temos em nosso país desafios virais que podem bloquear nossa produção, como Influenza e enfermidade de Newcastle por exemplo, nem laringotraqueite disseminada como em outros locais. Assim, o nosso foco volta-se agora para problemas mais difíceis de controlar; dentre esses, destacam-se as salmonelas paratíficas. O combate à Salmonella Typhimurium, Heidelberg, Minesotta, etc., é dificultado por uma série de fatores, dentre os quais: 1) Seu controle depende de rigoroso controle ambiental; 2) Essas bactérias são introduzidas na cadeia produtiva a partir de inúmeras fontes (roedores, aves, ração, fômites...); 3) Não há um único produto capaz de combater eficazmente todas as salmonelas em todas as situações; 4) É necessária adesão estrita a protocolos de biosseguridade em todos os pontos da cadeia; 5) A imunidade contra as salmonelas paratíficas é muito mais complexa do que aquela contra vírus, por exemplo. Assim, protocolos de controle imune – vacinação, imunoestimulantes – têm eficácia

principalmente quando associados ao controle ambiental rigoroso. A defesa imune contra as salmonelas paratíficas também é totalmente dependente de respostas imunitárias nas mucosas, com células citotóxicas e IgA sendo cruciais para a proteção (1). A monitoria é parte integral do controle das salmonelas paratíficas. Conhecer a prevalência de salmonela permite saber onde é necessário um controle mais intenso. Ademais, para este patógeno exclusivamente, há outra vantagem de conhecer os aviários positivos: é possível fazer segregação dos lotes que serão enviados para diferentes consumidores, visto que as exigências de cada um quanto às salmonelas são diversas. A segregação também reduz a contaminação no abatedouro. Níveis de contaminação de 5% a campo podem resultar a 50100% de carcaças contaminadas no abatedouro (1).

Métodos de detecção de aviários positivos para salmonela O método oficial, exigido pelo MAPA, de detecção de salmonela a campo é a microbiologia de swabs de arrasto, feito com propés. De fato, esse

método já se mostrou ser relativamente sensível, e comparativamente a outras técnicas de avaliação microbiológica, está dentre as melhores (2). Dentre as principais limitações deste método estão 1) o longo tempo de processamento para obtenção dos resultados, podendo levar vários dias; 2) e a relativa baixa sensibilidade para detectar um aviário positivo. Estima-se que até 10 propés podem ser necessários para detectar salmonela a uma prevalência de 5% (3). Este ponto é crucial na decisão dos melhores métodos de detecção de salmonela a campo. Quando se discute “prevalência de salmonela”, está geralmente se falando de quantos aviários são positivos em uma região. Contudo, para os métodos de detecção de salmonela a campo, outro ponto é mais importante: em um aviário positivo para salmonela, quantas aves estão positivas em um determinado momento? Análises internas nossas estimam que apenas cerca de 8% dos animais em um aviário positivo apresentam-se positivas. Por que isso é importante? Como citado anteriormente, isso significa que, ao contrário do que se imagina, a carga de salmonela sendo excretada no A Revista do AviSite

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Especial Salmonela

O método oficial, exigido pelo MAPA, de detecção de salmonela a campo é a microbiologia de swabs de arrasto, feito com propés

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ambiente não é elevada, o que faz com que o método de detecção microbiológica perca sensibilidade. Técnicos que vão a campo na tentativa de detectar salmonela em um foco de Typhimurium, por exemplo, sabem que são necessárias muitas amostras para encontrar a bactéria no ambiente. Por causa disso, o método de detecção molecular (qPCR) tem pouca validade para uso a campo. A técnica é muito valiosa na avaliação de carcaças e da ração, por exemplo, mas não tem uso a campo correntemente. Além da baixa carga bacteriana, outra dificuldade para a detecção molecular de salmonela é a presença de inibidores da PCR em amostras fecais. Assim, mesmo quando a amostra contém a bactéria, a própria natureza da amostra de campo é geralmente capaz de inibir a reação (1). Neste contexto, os métodos de avaliação de anticorpos contra salmonela têm grande relevância na detecção de lotes positivos. Os métodos sorológicos têm grande penetração na veterinária, mas não ganharam popularidade na detecção de aves infectadas por salmonela, apesar da recomendação já antiga de alguns formadores de opinião (4). A detecção de anticorpos apresenta algumas vantagens importantes em relação à microbiologia para salmonela: anticorpos persistem nos animais infectados, mesmo que eles já tenham parado de excretar a bactéria (animais microbiologicamente negativos), aumentando a sensibilidade para o lote. Embora em um aviário apenas cerca de 8% dos animais sejam positivos para a microbiologia de salmonela, muitos mais animais são imunologicamente positivos, visto que a produção de anticorpos persiste para além da infecção. A detecção de anticorpos é também uma técnica mais rápida do que a microbiologia, levando cerca de 4h para ser concluída. Acreditamos que o pouco uso da sorologia para salmonelas paratíficas se dá por algumas razões. Há um método microbiológico requerido pelo governo, o que acaba por excluir outras técnicas. Muitas salmonelas são conhecidas pelos técnicos a campo como “ambientais”, ou seja, de baixa infectividade

sistêmica. Alguns sorotipos como Typhimurium têm grande capacidade invasiva no hospedeiro, mas outros, como Heidelberg, não necessariamente penetram na circulação. Isto significa que para Heidelberg nem sempre são criados anticorpos sistêmicos – IgY no soro. Estes animais apareceriam negativos em um teste sorológico, embora estivessem positivos na microbiologia. Mesmo para salmonelas invasivas, as respostas imunes no soro aparecem tardiamente, visto que é necessário esperar pelo estabelecimento da infecção sistêmica para que ocorra a formação de anticorpos séricos (5). Para os métodos de detecção de anticorpos, é também crucial que o kit utilizado tenha cepas representativas daquelas encontradas na região. Há reatividade cruzada na imunidade entre as salmonelas, mas o uso de cepas locais melhora a sensibilidade dos kits. Assim, kits importados podem ter baixa sensibilidade relativa (6). A detecção de respostas imunes de mucosas sobrepõe muitas das barreiras vistas na sorologia. É possível detectar respostas específicas de anticorpos nos tecidos onde todas as salmonelas paratíficas alojam-se – neste caso, IgA nas fezes. Assim, não é necessário que a cepa de salmonela seja invasiva para produzir respostas imunes. Ademais, respostas de mucosas não necessitam de demoradas coletas de sangue, visto que necessitam apenas de fezes frescas das aves coletadas na cama para sua realização.

Método de uso Por causa das dificuldades encontradas para um bom monitoramento de salmonela baseado apenas em microbiologia (oifical ou de autocontrole) ou em métodos sorológicos, apresenta-se aqui uma alternativa para detecção de respostas imunes fecais – IgA anti-salmonela. O kit de detecção de IgA contra salmonela é utilizado com amostras fecais coletadas na cama. As amostras devem ser frescas (ainda úmidas). A presença de sujeira oriunda da cama não compromete o teste, desde que não seja excessiva, ou seja, mais volumosa do que as próprias fezes.


A monitoria é parte integral do controle das salmonelas paratíficas. Conhecer a prevalência de salmonela permite saber onde é necessário um controle mais intenso

As amostras são analisadas em laboratório. As amostras são diluídas para realização de titulação. As amostras fecais são então analisadas no kit de ELISA GIgA Salmonela. Como todo teste imune de rebanhos, a maior utilidade do kit é em avaliar a positividade do galpão, e não de animais individuais.

Conclusão O histórico de resultados mostra que o kit é capaz de detectar aviários positivos para salmonela com elevada sensibilidade. Contudo, como recomenda a boa prática veterinária, frisa-se que a função deste tipo de análise não é jamais substituir os métodos já utilizados para controle e detecção. Os autores acreditam que esta é uma ferramenta para se somar às demais nesta importante luta da avicultura brasileira contra as salmonelas paratíficas.

Referências 1. Barrow,P.A. (2000) The paratyphoid salmonellae. Rev. Sci. Tech. Int. des Epizoot., 19, 351–366. 2. Buhr,R.J., Richardson,L.J., Cason,J.A.,

Cox,N.A. and Fairchild,B.D. (2007) Comparison of four sampling methods for the detection of Salmonella in broiler litter. Poult. Sci., 86, 21–25. 3. Arnold,M.E., Mueller-Doblies,D., Gosling,R.J., Martelli,F. and Davies,R.H. (2015) Estimation of the sensitivity of various environmental sampling methods for detection of Salmonella in duck flocks. Avian Pathol., 44, 423–429. 4. Barrow,P.A. (1994) Serological diagnosis of Salmonella serotype enteritidis infections in poultry by ELISA and other tests. Int. J. Food Microbiol., 21, 55–68. 5. Jouy,E., Proux,K., Humbert,F., Rose,V., Lalande,F., Houdayer,C., Picault,J.-P. and Salvat,G. (2005) Evaluation of a French ELISA for the detection of Salmonella Enteritidis and Salmonella Typhimurium in flocks of laying and breeding hens. Prev. Vet. Med., 71, 91–103. 6. Farzan,A., Friendship,R.M. and Dewey,C.E. (2007) Evaluation of enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) tests and culture for determining Salmonella status of a pig herd. Epidemiol. Infect., 135, 238–244.

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Produção

Valor Bruto da Produção Agropecuária de Santa Catarina cresce 8,8% e chega a R$ 33,6 bilhões A alta foi impulsionada principalmente pelo desempenho da produção pecuária

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rande produtor de alimentos, Santa Catarina ampliou o faturamento do setor agropecuário em 2019. O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) chegou a R$ 33,6 bilhões, um aumento de 8,8% em relação ao ano anterior. A alta foi impulsionada principalmente pelo desempenho da produção pecuária. Os dados fazem parte da Síntese Anual da Agricultura e dos Indicadores de Desempenho da Agricultura e do Agronegócio de Santa Catarina, documentos elaborados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa). "Com pouco mais de 1% do território brasileiro, Santa Catarina é referência em várias atividades agropecuárias, desde a produção de proteína animal, cultivo de ostras e me-

O Valor da Produção da avicultura, que até 2018 ocupava o primeiro lugar no ranking de faturamento, fechou em R$ 6,41 bilhões em 2019. Seguido pela produção de leite, presente em 80% dos municípios de Santa Catarina, com um VP de R$3,72 bilhões e um crescimento de 7,7% em comparação com 2018 18

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xilhões e também a produção vegetal e florestal. Nós tivemos crescimentos importantes em diversos setores, principalmente na produção de carnes, devido às exportações de carne suína e de aves. E isso tudo é fruto do trabalho dos produtores rurais e das entidades públicas e privadas. É importante valorizar também a condição sanitária dos nossos rebanhos e lavouras", destaca o secretário adjunto da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo Miotto. A suinocultura foi o grande destaque da agropecuária catarinense no último ano e superou o valor da produção de frangos pela primeira vez em 20 anos. A produção de suínos se tornou responsável por 19,2% do VBP catarinense, alcançando um valor de R$ 6,47 bilhões. As receitas geradas pela cadeia produtiva, na fase de criação dos animais, foram 35% maiores do que em 2018. O bom momento da suinocultura catarinense é resultado de uma combinação de fatores: aumento na produção e também nos preços pagos ao produtor. Santa Catarina é o maior produtor e exportador de carne suína do Brasil e vem em um ritmo acelerado de crescimento nas vendas internacionais. “O momento agora é de celebrar e enaltecer esses números, que são significativos para a economia do estado na geração de emprego, renda e qualidade de vida, mas que também deixam o compromisso de continuar crescendo e zelando pela condição sanitária catarinense”, acrescenta Miotto.

Os analistas da Epagri/Cepa trabalham agora nas perspectivas para o VBP de 2020. Segundo o coordenador da Síntese Agropecuária, Tabajara Marcondes, o faturamento deste ano será muito influenciado pelo desempenho da economia brasileira e a reação do mercado internacional. "Os produtos que dependem exclusivamente do mercado interno têm um cenário mais desafiador do que os que possuem uma válvula de escape no mercado internacional. Como por exemplo, o milho, soja e suínos, que devem ter um crescimento na produção e faturamento. O comportamento do VBP 2020 irá depender de uma combinação de fatores, entre eles o emprego, economia brasileira e demanda internacional", explica.

Produção Animal A produção animal respondeu por 60% do VP da agropecuária de Santa Catarina. Em 2019, o faturamento do setor foi de R$ 20,14 bilhões, com alta de 14,9% em relação ao ano anterior. O VP da avicultura, que até 2018 ocupava o primeiro lugar no ranking de faturamento, fechou em R$ 6,41 bilhões em 2019. Seguido pela produção de leite, presente em 80% dos municípios de Santa Catarina, com um VP de R$3,72 bilhões e um crescimento de 7,7% em comparação com 2018. O faturamento da aquicultura também teve alta no último ano, com um VP de R$ 322 milhões, puxado, principalmente, pela produção de tilápias.


Produção

Condomínio Avícola Encantado recebe primeiros lotes Granja está localizada na comunidade de Linha São Luis e entregará aves para o frigorífico da Dália Alimentos

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Acima: Vista aérea do condomínio feita antes da obra ser totalmente concluída. À direita: Granja totalmente automatizada por controladores com a tecnologia da empresa Plasson. Na foto, o encarregado Dionata mostra o painel Abaixo: Suéli, Dionata, Ivan, Caroline, Dieferson, Roberta e Vanderlei no descarregamento das aves

os dias 19 e 20 de maio, o Condomínio Avícola Encantado foi povoado pelos primeiros lotes de pintinhos. Localizada em Linha São Luis, no interior do município de Encantado, a granja foi a segunda a alojar os animais que serão confinados para engorda pelo período de 42 dias até serem abatidos no frigorífico da Cooperativa Dália Alimentos, localizado em Palmas, cidade de Arroio do Meio. A primeira granja a alojar foi a de Vespasiano Corrêa, no início deste mês, com 130 mil aves, e a próxima será a de Mato Leitão, no início de junho, com 120 mil aves. Inicialmente, em Encantado, serão alojados 120 mil pintos de um total de 275 mil aves, que é a capacidade total de cada um dos nove condomínios avícolas, em quatro pavilhões de um total de oito aviários. A carga é oriunda da Empresa Globo Aves de Chapecó, no estado de Santa Catarina, parceira da Dália. A equipe que irá desempenhar as funções no condomínio encantadense é composta pelo encarregado Dionata Hedecker e os auxiliares Dieferson Hedecker, Caroline Padilha, Ivan Fraporti e Suéli Busatta. O descarregamento da carga foi acompanhado pelo supervisor do Setor Frango de Corte, Edenir Medeiros da Silva e pelo técnico responsável Diego Aguiar. O próximo condomínio a receber os pintinhos será o de Mato Leitão, no início de junho. Em decorrência disso, o encarregado do Condomínio Mato Leitão Vanderlei Gedoz e a auxiliar Roberta da Silva Barreto ajudaram no descarregamento em Encantado com vistas de entender a operacionalidade do descarregamento. O Condomínio Avícola Encantado possui 24 sócios, mais a cota da cooperativa. Já o de Mato Leitão tem 18 sócios, além da cota da Dália Alimentos. No total são nove núcleos - Vespasiano Corrêa, Encantado, Mato Leitão, Anta Gorda, Venâncio Aires, Marques de Souza, Encantado São Luis, Cruzeiro do Sul e Relvado. A Revista do AviSite

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Saúde Animal

Influenza aviária

Trata-se de uma doença sistêmica relacionada, basicamente, ao trato respiratório. O vírus apresenta RNA (ácido ribonucleico) envelopado e possui duas glicoproteínas: as hemaglutininas (HA) e as neuraminidase (N). Franciely Benthien da Costa, Consultora técnica comercial de aves de corte - Agroceres Multimix

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ambém conhecida como gripe aviária, o vírus influenza tipo A (doença infecto-contagiosa das aves) afeta muitas espécies de aves domésticas, silvestres e, eventualmente, mamíferos. Em aves domésticas, as infecções pelo vírus da influenza aviária são classificadas, como: de baixa patogenicidade; que causam poucos ou nenhum sinal clínico e; de alta patogenicida-

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A Revista do AviSite

de, que pode causar graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade. Trata-se de uma doença sistêmica relacionada, basicamente, ao trato respiratório. O vírus apresenta RNA (ácido ribonucleico) envelopado e possui duas glicoproteínas: as hemaglutininas (HA) e as neuraminidase (N). Os vírus de influenza possuem duas grandes classes de antígenos: os internos e os superficiais. Os antíge-

nos internos são, sobretudo: a nucleoproteína e a proteína M1, constituindo os antígenos solúveis, e são específicos de cada tipo de influenza (A ou B). Os antígenos superficiais são as já mencionadas: hemaglutinina e a neuraminidase. A hemaglutinina é uma proteína trimérica e, de acordo com estudos de imunodifusão, reconhece-se atualmente a existência de 16 subtipos, os quais diferem entre si na constituição aminoacídica, que se denominam de H1 a H16. O outro antígeno superficial, a neurominidase, contém, do mesmo modo, subtipos dessa proteína. Nesse caso, só se identificaram nove, os quais se denominam de N1 a N9. Apesar do vírus possuir vários subtipos, somente os subtipos H5 e H7 é que podem se tornar patogênicos, ou seja, estes vírus são introduzidos nos bandos de aves de criatórios em sua forma pouco patogênica. Quando é permitido que circulem nas populações de aves de criatórios, os vírus podem sofrer mutações, geralmente dentro de poucos meses, para a sua forma altamente patogênica. Espécies de aves selvagens, principalmente aquáticas, como patos e marrecos, podem albergar cepas de vírus, tanto de alta como de baixa patogenicidade, sem apresentação obrigatória dos sinais clínicos. O contato entre aves domésticas e migratórias


tem sido a origem de muitos surtos epidêmicos. Outras formas de introdução e disseminação devem ser consideradas, como: movimentação internacional de aves de produção e de companhia, criações consorciadas de muitas espécies em um mesmo estabelecimento e o comércio de materiais genéticos, produtos e subprodutos avícolas. Pessoas provenientes de áreas infectadas pelo vírus, por seus calçados e vestimentas, podem funcionar como vetores mecânicos. Na avicultura industrial o vírus influenza tem causado consideráveis perdas econômicas. O Brasil é o único país dentre os maiores produtores do mundo que nunca registrou influenza aviária em seu território, mas, para isso, a biosseguridade não pode ser esquecida: Controle de acesso: Deve-se adotar um controle rigoroso de fluxo de pessoas, veículos, e material. Na portaria deve haver um livro de registro de entrada de pessoas e veículos, no qual consta as informações sobre quem entrou na granja, o motivo da visita, de onde veio e o tempo do último contato com outro sistema produtivo ou outras aves. Na porta de acesso ao aviário devem ser colocados mecanismos que permitam a desinfecção dos calçados. Este pode ser um pedilúvio (recipiente contendo desinfetante) ou outro mecanismo que permita a desinfecção. Se necessário, poderá ser realizado troca de calçados ou colocação de propé. Todo veículo que precisar adentrar no sistema produtivo deve passar pelo sistema de desinfecção, seja arco de desinfecção, bomba de aspersão motorizada ou outro método capaz de permitir a higienização e desinfecção. Isolamento: Os arredores do aviário deverão ser delimitados por cerca de isolamento, evitando nessa área a circulação desnecessária e não autorizada de veículos, equipamentos e pessoas. O telamento do aviário é obrigatório e consiste na colocação de telas nas portas e nas laterais do galpão; como principal objetivo: coibir o ingresso de pássaros no interior do galpão.

Manutenção, limpeza e desinfecção das instalações e equipamento: A manutenção de um ambiente limpo e organizado, dentro e fora do aviário, propicia melhores condições à saúde das aves. A limpeza de comedouros e bebedouros deve ser realizada diariamente, assim como as aves mortas, que devem ser retiradas e destinadas a algum tipo de tratamento de resíduos, como compostagem e incineração, por exemplo. Ao redor dos galpões a grama deve ser aparada, entulhos devem ser retirados e é necessário realizar um controle de pragas e insetos. O acesso de outros animais, como cachorros e gatos, deve ser restringido, pois também podem ser vetores de agentes infecciosos. Ao final de cada ciclo de produção, após a retirada dos animais, é necessário realizar todos os procedimentos de limpeza completa e higienização do aviário, equipamentos, caixa d’água e tubulações. Lembrando que a limpeza para retirada de toda a matéria orgânica do aviário deve ser muito bem feita para que a desinfecção funcione. Após a limpeza e desinfecção, o aviário deve permanecer fechado, em vazio sanitário, por pelo menos 15 dias. Ração e água: A água destinada ao consumo das aves deve ser clorada, obtendo uma concentração residual mínima de 3 ppm. A caixa d´água deve ser limpa a cada intervalo de lote (limpar quinzenalmente os filtros do sistema). Fornecer água fresca para as aves, mantendo os reservatórios em local protegido do calor e realizar flushing da linha. Para a manutenção da qualidade nutricional e microbiológica da ração, é indispensável o armazenamento em silos próprios, fechados e protegidos da umidade e calor excessivos. Recomenda-se instalar o silo em local próximo à cerca de isolamento do núcleo, no lado interno, que permita abastecimento de ração com o caminhão do lado externo da cerca. É fundamental que o silo e todo o sistema de distribuição de ração limitem ao máximo o contato com moscas, roedores ou outras pragas, para evitar contaminações.

Controle de pragas: Controlar cascudinhos, a cada vazio sanitário, e utilizar os produtos na dosagem recomendada. Verificar e controlar moscas, principal¬mente na composteira. Inspecionar e registrar as informações, revisar periodicamente e man¬ter porta-iscas limpos e abastecidos. Manter pátios e proximidades livres de materiais e objetos que possam servir de abrigo a roedores. A influenza aviária continua preocupando empresários, autoridades de saúde, governos e a população. O esforço de todos é importante para manter o país livre da doença. A entrada do vírus no Brasil seria um desastre para a nossa avicultura, que demoraria anos para erradicar a enfermidade e voltar a ser um player importante no cenário internacional. Faça sua parte! Reforce a biosseguridade da sua granja. A Revista do AviSite

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Empresas

Climatização x Lucratividade Especialistas apontam os desafios da avicultura em meio às dificuldades da avicultura 4.0, novas tecnologias para climatização, custo x beneficío e muito mais

Irenilza Nääs. Pesquisadora da FACTA e Professora da Universidade Estadual de Campinas, SP

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ando sequência a uma série realizada em parceria entre a Agroceres Multimix e a Revista do AviSite para levar informação técnica de qualidade à avicultura, apresentamos nesta edição o material feito para esclarecer o importante papel da climatização na avicultura. Foram ouvidos Daniella Moura, Professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix, Irenilza Nääs, Pesquisadora da FACTA e Professora da Universidade Estadual de Campinas e Rodrigo Grandizoli, Diretor da Frango Nutribem. O Grupo de pesquisa em Ambiência de Zootecnia de Precisão da Facul-

dade de Engenharia Agrícola da Unicamp vem atuando na pesquisa de tecnologias de ponta que fazem parte do monitoramento, manejo e controle do ambiente na avicultura como por exemplo o uso da robótica em aviários ou o desenvolvimento de uma unidade inteligente para alimentação de frangos de corte entre vários outros estudos, todos com o propósito de contribuir para a maior produtividade e bem estar na avicultura. Daniella Jorge de Moura, Professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, explica que para a produção em escala de frangos e poedeiras temos disponíveis hoje em dia uma gama de tecnologias que potencialmente auxiliam os produtores


no monitoramento em tempo real do ambiente em que as aves estão confinadas. “As tecnologias da informação e comunicação (TICs), as técnicas de Big Data, inteligência artificial e internet das coisas (IoT) começam a ser utilizadas no controle do ambiente para a avicultura visando uma maior produtividade e precisão no processo produtivo”, diz ela. “Sendo assim, a Ambiência de precisão auxilia o gerenciamento do ambiente fornecendo ao produtor informações relevantes sobre as quais deve basear suas decisões de manejo além de ativar seus sistemas de controle automatizados. Os sistemas alertam os produtores em tempo real para problemas que porventura surjam, permitindo intervenções rápidas e direcionadas que beneficiarão o resultado final do lote”, destaca. Segundo ela, o número e posicionamento dos sensores utilizados para o monitoramento do galpão é muito importante quando se fala em precisão de controle do ambiente. “Hoje não é possível controlar o ambiente de um galpão de por exemplo, 150m x 16m, apenas com um sensor de temperatura. Para o melhor controle do ambiente o controlador deveria além de dados de temperatura interna e externa, receber dados de umidade relativa, velocidade do ar, concentração de gases como dióxido de carbono e amônia, iluminação, consumo de água, ração, ganho de peso das aves, mortalidade e finalmente o comportamento das aves na forma de índice de atividade e sua distribuição além de dados de vocalização”, explica Daniella Moura. O uso dessas tecnologias de precisão, disse a professora da Unicamp, permite garantir maior atenção as aves 24h por dia monitorando o conforto térmico e consequentemente seu bem estar. “Uma Revisão Sistemática sobre a Zootecnia de Precisão na avicultura foi realizada por Rowe et al, 2019 encontrou uma série de trabalhos científicos realizados na área, indicando que a Zootecnia ou Ambiência de precisão geram uma melhoria no bem estar e saúde das aves. Já Van Hertem et al., 2017, argumentam que

um grande benefício da adoção de um sistema de precisão é garantir uma maior produtividade e lucratividade”, detalha. Outros desafios que a avicultura encontra na adoção de novas tecnologias estão ligados à infraestrutura, isto é, exige fornecimento constante de energia e sinal de celular e internet de qualidade. “As pesquisas mostram que 74% dos produtores ainda não usam ferramentas digitais no controle de seu negócio e quase 43% ainda faz o controle dos seus dados e informações no papel. Isso indica que investimentos básicos devem ser realizados para que as novas tecnologias possam funcionar no campo além de treinamentos oferecidos aos produtores”, disse Daniella.

A avicultura em busca de ajustes A climatização está totalmente relacionada a avicultura 4.0, pois traz toda a tecnologia aplicada ao campo. De acordo com Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix, uma área que no passado era pouco desenvolvida/valorizada, hoje demonstra sua importância

A inteligência de sensores e atuadores é organizada de forma a promover a conexão com hardware para receber e interpretar os sinais dos animais e aplicar estratégias de tomada de decisão A Revista do AviSite

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Empresas

Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix. “A climatização quando ideal, proporcionará menor gasto metabólico com a manutenção fisiológica das aves. Desta forma é possível trabalhar com dietas de menores níveis nutricionais, consequentemente dietas mais econômicas, sem perder desempenho zootécnico”.

Diluição do custo de aplicação de um eficiente sistema de climatização na densidade de produção Frango de corte: Melhores condições de ambiencia para as aves que sao alojadas em alta densidade, redução de 1 a 2% de mortalidade e redução de medicações por problemas sanitários. Postura comercial: Melhores condições de ambiencia para as aves que sao alojadas em alta densidade, redução de 6 a 10% da mortalidade e redução das medicações por problemas sanitários, com ênfase na redução dos problemas respiratórios. Fonte: Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix

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através da gestão total do galpão. “Isto é feito por meio de sistemas de software e câmeras, onde é possível coletar constantemente os dados das condições ambientais (temperatura, umidade, velocidade de vento e níveis de gases), produção avícola (consumo de água, consumo de ração, peso dos animais, quantidade de ovos produzido) e avaliar o comportamento das aves”, explica Correa. Ele aponta ainda que outro fator importante é a questão de como utilizar as informações que são geradas pela tecnologia. “Este talvez seja o maior gargalo que dificulta a implantação da ferramenta. Muitos produtores, por desconhecerem os parâmetros ideais (necessidades e limites das variáveis mensuradas) podem ter dificuldades em operar os painéis e realizar as medições necessárias, e com isso, não conseguem desfrutar 100% da tecnologia e consequentemente de seus benefícios”,

diz ele. “É neste sentido, que nós da Agroceres Multimix conseguimos contribuir, dando o suporte necessário para a utilização desta tecnologia a campo, ou seja, prestamos assistência técnica contribuindo com a climatização/ambiência das instalações já existentes e também com os projetos de novas instalações”, afirmou. De acordo com Correa, a climatização quando realizada de modo mais simples, “pressão positiva” (aquecedores, ventiladores, nebulizadores e controlador simples de ambiência), poderá ter o retorno em até um ano, julgando os tipos de problemas normalmente encontrados a campo. “Já quando se refere a climatização por pressão negativa (aquecedores, exaustores, painéis evaporativos, inlets, controladores de ambiência sofisticados), o retorno dos investimentos tem se realizado entre 8 e 10 anos”, explica.


Detalhe Técnico: a diferença entre climatização negativa e positiva Climatização negativa: Galpões que permanecem fechados e possuem apenas uma entrada e uma saída de ar. Estes galpões empregam o uso de exaustores para realizar a ventilação ou a remoção de excesso de gases e sua ação é de sugar o ar de uma extremidade para a outra, gerando vácuo interno (pressão negativa). Climatização positiva: Galpões que permanecem abertos por tempo integral ou parcial. Utilizam ventiladores para realizar a ventilação ou a remoção de gases do ambiente e sua ação é de conduzir/empurrar o ar para frente e/ou lateral do galpão. Seria interessante se isso fosse esclarecido na matéria, mostrando, além do custo de um e outro sistema, a possível diferença de resultados na produtividade das aves. Sob esse aspecto, aliás, é oportuno comparar as diferenças, também, em relação à criação em ambiente natural (galpões abertos, simplesmente com ventiladores e nebulizadores). Postura comercial: Persistência de produção média entre 2 a 7%, tendo casos de 10% em relação ao standard das linhagens. Frango de corte: Melhor conversão alimentar, entre 10 a 15 pontos no verão e 5 pontos no inverno na média. Importante ressaltar que os resultados de inverno ainda estão aquém dos ganhos no verão por falta de dimensionamento adequado de aquecedores e inlets para se obter uma ambiência adequada nas primeiras semanas de vida das aves. Fonte: Leandro Correa, Consultor de Serviços Técnicos da Agroceres Multimix

A avicultura 4.0 traz um galpão que fornece as condições ideais de ambiência e segurança para as aves. Leandro Correa aponta que além da qualidade constante de ar e temperatura, este galpão emprega tecnologias capaz de tomar ações que evitam os mais variados tipos de acidentes, do mais simples ao mais grave que ocorrem diariamente na avicultura (amplitude térmica, falta de água ou fornecimento da mesma em temperatura irregular, falta de ração e asfixia por panes elétricas). “Alguns softwares, além de disparar alarmes, acionar mecanismos backup e fazer ligações quando ocorrem as falhas graves, enviam mensagens de texto ou de voz para informar as variações/dados dos parâmetros que o produtor deseja ser informado constantemente”, diz. A ideia da avicultura 4.0 ou ainda avicultura ‘smart’ (ASt) é a avicultura sincronizada e com decisões inteligentes apoiadas por soluções automatizadas a qual coloca a ave no centro das decisões. Até agora, apesar de a ASt ter um grande potencial de uso, os produto-

res não utilizam as tecnologias disponíveis efetivamente, ou em seu mais amplo potencial. Isto porque nem todos possuem conhecimento adequado ou profissional capacitado para analisar os dados derivados desta tecnologia. Portanto, a adoção de melhorias na ASt continua sendo um desafio em relação à coleta e processamento de dados relevantes e ao desenvolvimento de respostas úteis para o produtor É o que explica a Professora e Dra. Irenilza Nääs. De acordo com ela, em relação ao desenvolvimento de tecnologias automatizadas para ajudar (ou ainda substituir em determinadas etapas do processo) a decisão do produtor, a maioria das ações depende de variáveis de entrada ou saída registradas pelos sensores. “De acordo com o desenvolvimento anterior de um software de tomada de decisão para, por exemplo, indicar o status de bem-estar dos animais, a saída dos sensores (como a avaliação da atividade com uma câmera de vídeo ou o som medido usando um microfone) está relacionada ao animal indicadores de

Quando se utiliza a nutrição adequada e a ave está alojada em um ambiente apropriado, esta mostra seu total potencial genético A Revista do AviSite

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Empresas Avanços no processo da ambiência “São vários processos que podem hoje ser utilizados na avicultura ‘smart’ (ou 4.0). Modelos matemáticos têm sido usados para estimar o bem-estar das aves usando o reconhecimento de padrões. Por exemplo, uma combinação de câmera e análise estatística de padrões de fluxo óptico são usados para avaliar o comportamento de frangos de corte em aviário comercial. Os movimentos das aves individuais afetam o movimento total do lote, e estes são significativamente correlacionados com as principais medidas de bem-estar, como mortalidade, número de aves com gait score anormal. Sistemas automáticos já identificam problemas no lote e emitem alerta. Os alertas produzidos por mudanças no comportamento dos animais podem ser registrados nos painéis do computador ou em dispositivos móveis. Os produtores são levados diretamente ao local do problema, economizando tempo e evitando perdas de produção. Como a maioria dos produtores normalmente consegue apenas cerca de 70 a 80% do potencial genético de seus lotes, o sistema já comercial indica que a funcionalidade de alertas precoces pode resultar em uma melhoria no desempenho geral de lotes. Estes alertam hoje já existem para muitos processos dentro da produção avícola e representam cada vez mais um grande avanço no manejo de lotes”. Por Irenilza Nääs

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bem-estar e saúde baseados em saúde (como agressão ou doenças respiratórias). Quando os sinais do sensor começam a divergir de seus valores supostos, alertas são dados ao produtor”, explica. Irenilza afirma ainda que, desta forma é necessário ter modelos matemáticos que possam ser transformados em ferramentas de tomadas de decisão, acionadas por sensores ou por comportamentos das aves e, de preferência, em tempo-real.

Desafios E quais são os maiores desafios neste processo? Irenilza Nääs diz que o desafio para a aplicação bem-sucedida de sistemas inteligentes de avicultura industrial depende de abundância e da qualidade dos dados. “Essas grandes quantidades de dados com a maior capacidade de armazenamento associada a tecnologias automatizadas têm gerado rapidamente dados em larga escala na produção animal e em outras atividades agrícolas”, disse a pesquisadora. “O aprendizado de máquina é um subcampo da inteligência artificial dedicada ao estudo de algoritmos para previsão e influência de processos. Aprender com os dados é a essência do aprendizado de máquina”, diz. Irenilza ainda afirma que “Podemos presumir que a avicultura ‘smart’ (ou inteligente) permite a interconexão de ações coordenadas usando sensores para avaliar sinais vitais relacionados a animais e variáveis de produção durante o processo de produção e atuadores para inferir decisões. Este avanço tecnológico está um passo à frente da ‘zootecnia de precisão’. A entrada do sistema completo é composta de dados relacionados aos animais combinados com dados ambientais, de nutrição, de saúde, de bem-estar animal e o resultado são ações de tomada de decisão. A climatização participa deste conceito quando também é automatizada e prioriza as decisões com o foco na ave”, afirma.

Os gargalos A pesquisadora Irenilza Nääs aponta que fica mais fácil pensar em custo-benefício do uso do sistema de

climatização. Segundo ela, não existe um ‘pacote pronto’, pois cada sistema tem suas finalidades e aplicabilidade para cada tipo de aviário. “Esta resposta é bem complexa. Tão complexa que fizemos um trabalho científico recém publicado (https://www.scienced irec t.com/sc ience /a r t icle /pii/ S2214317319303452) comparando três tipos de aviários, sendo alguns com fluxo positivo com ventiladores, outros blue-houses e outros dark-houses. O resultado indica que, dependendo dos critérios utilizados para a comparação, os resultados podem variar”,diz. “Por exemplo, se o foco for o menor impacto ambiental com relação à concentração e emissão de amônia no ambiente e bem-estar animal o resultado pode ser o aviário convencional. Além do menor custo de construção, a produção pode ser econômica dependendo da sua escala. Portanto, dependendo do foco, a resposta do sistema mais eficiente é diferente. De forma geral, o uso de equipamentos de climatização melhora o desempenho das aves, porque temos temperaturas muito altas durante boa parte do ano no Brasil, e o uso de ventilação, associado ao resfriamento adiabático que consegue diminuir a temperatura ambiental, podendo melhorar muito as condições dentro dos aviários, principalmente na fase final de crescimento”, destaca.

A diluição do custo de aplicação de um eficiente sistema de climatização na densidade de produção Quando selecionado um determinado tipo de climatização para um aviário, em função do objetivo que se deseja atingir, então o sistema escolhido deve se pagar em determinado prazo, estabelecido quando do contrato inicial. “Aqui de novo se deve pensar no custo-benefício da adoção do processo. Por exemplo, a pergunta seria: Nas condições que desejo atender, com densidade x e mortalidade y, como será que consigo este desempenho com e sem climatização? Com a climatização adequada, geralmente se tem uma redução de mortalidade,


considerando-se a mesma densidade x. Ou seja, o desempenho melhora com a climatização, portanto, a climatização é diretamente proporcional à melhoria do desempenho”, diz Irenilza. “Também não dá para ser ter um número mágico, pois depende do planejamento e adequação do sistema utilizado. De maneira geral o aviário climatizado apresenta maior eficiência e melhor desempenho dos lotes, porque facilita nas aves a trocar calor sensível com o ambiente e, portanto, o retorno do custo é mais rápido”, diz.

Nutrição x climatização Quando se utiliza a nutrição adequada e a ave está alojada em um ambiente apropriado, esta mostra seu total potencial genético. “Diferente de quando a nutrição não é correta ou o ambiente é inadequado ou ambas si-

“A climatização de aviários traz bons resultados, sendo bem trabalhada, viabiliza e otimiza o processo de produção, desde o setor produtivo parceiro ao abatedouro. O investimento de início é expressivo, mas se paga pela eficiência e qualidade de produção”. Rodrigo Grandizoli, Diretor da Frango Nutribem

tuações de afastamento das condições ideais, que, neste caso o desempenho tendo necessariamente a ser aquém do que a linhagem preconiza”, aponta Irenilza Nääs. Segundo Rodrigo Grandizoli, Diretor da Frango Nutribem, o processo de melhoria em climatização vem se mostrando muito eficaz e necessário, principalmente em regiões quentes. “Ao adotar o sistema climatizado, temos um melhor controle sobre o ambiente interno do aviário dada as diversas variações de clima que temos durante todo o ano ou mesmo até no mesmo dia, proporcionando assim, melhores condições e conforto para todo o ciclo de vida das aves, tais como, adequação de temperatura, umidade, ventilação, iluminação, entre outros”, diz. “Melhores condições de ambiência são refletidas em melhores resultados, fatores como uniformidade de lote, redução da conversão alimentar, maior ganho de peso e redução de mortalidade final, são pontos que nos trazem bons índices de produção, resultado esperado pelo produtor e integradora. Com a automatização, há uma melhoria nas condições de trabalho, facilidade para o colaborador responsável, fator que vem se mostrando cada dia mais difícil em nosso país, podendo-se também, aumentar o número de aves/m² para um mesmo colaborador, dando melhor viabilidade a cada unidade. Devemos considerar, que temos nesse conjunto um melhor aproveitamento do potencial genético, como também dos níveis nutricionais oferecidos as aves”, destaca Grandizoli. Ele explica que a construção de novos aviários ou adequação de aviários convencionais ao sistema climatizado tem um custo considerável e deve ser bem avaliado, para o bom funcionamento de toda a estrutura é necessário que se faça o correto dimensionamento de estrutura civil e equipamentos que contemplam todo o conjunto. Válido mencionar que além do dimensionamento, faz-se necessário acompanhamento técnico para ajuste e suporte durante os ciclos de criação. “Por fim, entendemos que a climatização de aviários traz bons resultados, sendo

“A Ambiência de Precisão é uma solução importante para os produtores, especialmente quando se pensa em escala de produção, permitindo o monitoramento detalhado do ambiente em sistemas intensivos. No entanto a tecnologia não substitui os seres humanos, mas auxilia o processo de tomada de decisão tornando-o mais preciso. Também é necessário que o produtor tenha apoio do especialista na implantação da tecnologia e interpretação dos dados, para que permaneçam confiantes nos efeitos positivos do uso da Ambiência de Precisão”. Daniella Jorge de Moura, Professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp

bem trabalhada, viabiliza e otimiza o processo de produção, desde o setor produtivo parceiro ao abatedouro. O investimento de início é expressivo, mas se paga pela eficiência e qualidade de produção”, disse. A Revista do AviSite

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A Germinação e Atividade do Alterion® agora são visíveis dentro das aves O uso de probióticos como os Bacilli aumentou consideravelmente na produção animal nos últimos 25 anos. Probióticos são bactérias vivas que quando administradas em quantidade adequada, conferem efeitos fisiológicos benéficos ao hospedeiro, resultando em melhorias na saúde e no desempenho 28

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s Bacillus apresentam duas formas distintas: endósporos (esporos) e células vegetativas (germinadas), dependendo das condições ambientais. Os Bacilli são administrados aos animais como esporos na dieta, podendo resistir às condições desafiadoras do processamento da ração e de seu armazenamento prolongado. Os esporos são metabolicamente inativos e formados em resposta a tensões ambientais, como mecanis-


Figura 1: Germinação de esporos de Bacillus

Autores: Aurélie MOAL - Gerente de Marketing, Saúde através da Nutrição, Adisseo Estelle DEVILLARD - Gerente de P&D, Saúde através da Nutrição, Adisseo Karoline SIDELMANN BRINCH Gerente Científica em Pesquisa Aplicada, Novozymes

mo de sobrevivência. São formas não reprodutivas de bactérias, mais duráveis e viáveis já conhecidas. Os esporos são resistentes e podem sobreviver à radiação UV, temperatura e pressão extrema, exposição a produtos químicos tóxicos e acidez. Após ingestão pelo animal, um esporo precisa germinar e crescer para se tornar metabolicamente ativo e assim, promover seus benefícios ao animal. A germinação ocorrerá na presença de germinantes que se li-

gam a receptores específicos na membrana interna. Os esporos de Bacillus têm uma variedade desses receptores, permitindo a ligação a vários tipos de germinantes, nutrientes ou não nutrientes, e condições ambientais favoráveis (temperatura, pH...) (Figura 1). Quando um sinal forte o suficiente é gerado, a germinação começa. Os receptores também podem ser inibidos, mas uma vez completamente ativados, o processo de germinação é irreversível. Ao contrário dos esporos, as células vegetativas se dividem, se multiplicam, se comunicam e são móveis. Elas são metabolicamente ativas e produzem metabólitos, proporcionando efeitos completos do probiótico no hospedeiro.

Todos os probióticos germinam dentro do trato digestivo dos animais? Alterion® é o único probiótico disponível no mercado cuja germinação foi demonstrada e visualizada dentro das aves. Alterion® é uma cepa exclusiva natural de Bacillus subtilis, selecionada especificamente para promover um desempenho consistente em aves. Alterion® é o resultado de uma

seleção rigorosa, onde mais de 900 cepas listadas na AAFCO (The Association of American Feed Control Officials) foram rastreadas e testadas em condições in vitro e in vivo. O Bacillus subtilis 29784 (Alterion®) foi cuidadosamente selecionado para fornecer segurança, estabilidade, eficácia e funcionalidades superiores. Alterion® não contém genes de resistência aos antibióticos utilizados em medicina humana e é inofensivo às células animais. Ambos são parâmetros essenciais para garantir a segurança do produto e para preservar a saúde e o bem-estar dos animais. A triagem também foi baseada em vários testes para garantir a seleção da cepa mais estável (em condições adversas de peletização, condições digestivas e armazenamento prolongado) e mais eficiente em termos de características de germinação. Além disso, os esporos de Alterion® são especialmente "colados" em partículas de carbonato de cálcio. Essa formulação inovadora garante redução da produção de pó, baixa segregação dos esporos, evita problemas de desmistura e favorece uma excelente fluidez e homogeneidade no premix e na ração. A Revista do AviSite

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Empresas

Figura 2: Germinação do esporo de Alterion® em condições intestinais em 0, 4 e 6 horas

A germinação do Alterion® foi comprovada in vitro e, o mais importante, visualizada in vivo. A capacidade da maioria das cepas de Bacillus de germinar e crescer in vivo é desconhecida. Devido à complexidade do processo de germinação, especialmente em um ambiente muito complexo, ou seja, o conteúdo do lúmen digestivo, a confirmação in vivo da germinação continua sendo uma tarefa desafiadora. Ao unir seus conhecimentos em produção animal e em soluções biológicas, a Adisseo e a Novozymes conseguiram investigar a germinação e crescimento de Alterion® em profundidade, usando uma variedade de métodos inovadores complementares, como monitoramento in vitro, tecnologias fluorescentes e avaliação metabólica in vivo.

Germinação In vitro A cepa de Alterion® foi selecionada com base em suas capacidades

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Figura 3: Perfil da Germinação do Alterion® na presença de diferentes componentes da ração

superiores de germinação em condições intestinais e de alimentação (Figura 2). Em um estudo preliminar, Alterion® foi cultivado in vitro juntamente com uma variedade de componentes e aditivos para a alimentação, a fim de avaliar seus impactos na velocidade de germinação por meio da densidade óptica (DO). O perfil de germinação do Alterion® foi similar ao longo do tempo nas avaliações com trigo, milho e soja (Figura 3). Além disso, a inclusão de ácidos orgânicos, coccidiostáticos e uma variedade de aditivos não mostrou impacto na germinação. A cinética da germinação do Alterion® também foi comparada in vitro com outras cepas de Bacillus. Comparar outra cepa de Bacillus subtilis e uma de Bacillus licheniformis em condições semelhantes demonstrou claramente que a cinética da germinação varia imensamente entre as cepas, mostrando a superioridade do Alterion® (Figura 4).

Visualização da germinação in vivo A germinação do Alterion® foi observado por meio do desenvolvimento de um sistema único e inovador de dois indicadores fluorescentes que rastreia o processo de germinação no intestino da ave. O primeiro passo consiste na integração de marcadores fluorescentes no genoma do Alterion®, mais especificamente dois genes, um deles codifica a proteína verde fluorescente (PVF) e o outro codifica a proteína fluorescente vermelha (dsRed); assim, emitindo um sinal verde para um esporo dormente e um sinal vermelho após germinação e crescimento, respectivamente. Após a incorporação dos marcadores, a fluorescência foi verificada por análise microscópica. Uma placa de 96 poços foi inoculada com esporos de Alterion® e a fluorescência foi observada, como mostrado na Figura 5. Os esporos adormecidos de Alterion® podem ser visualizados na cor verde. Após a germinação, a fluorescência verde desapareceu rapidamente e as


Figura 4: Cinética da germinação de diferentes cepas de Bacillus

células germinadas fluoresceram em vermelho. Para verificar a germinação de Alterion® em condições in vivo, foi realizado um estudo durante 13 dias. As aves foram alimentadas com uma dieta controle ou tratamento, à qual foram adicionados esporos Alterion® com dupla marcação 72 horas antes

do abate. No final do estudo, o conteúdo do íleo foi amostrado, analisado e processado pelo InCell Analyzer para verificar a fluorescência nas amostras. A cor vermelha indica que a maioria dos esporos germinou e está crescendo ativamente para produzir os efeitos benéficos à saúde em frangos de corte (Figura 6).

Produção de metabólitos in vivo Uma abordagem complementar para investigar a atividade in vivo de Alterion® após a germinação e crescimento é monitorar sua produção de metabólitos. Os metabólitos de Alterion® foram estudados in vitro e três metabólitos foram identificados

Figura 5: Fluorescência dos esporos e das células germinadas do Alterion® observada por microscópio em diferentes tempos

Figura 6: Germinação visualizada por fluorescência vermelha em amostras ileais A Revista do AviSite

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Empresas Jejuno

Íleo

 Hipoxantina  Concentração de Bacillus

 Niacina  Concentração de Bacillus

Figura 7: Percentual relativo de Bacillus spp. e concentração de metabólitos (fezes nmol/g) em aves suplementadas com Alterion® versus aves controle

 Pantotenato  Concentração de Bacillus

Figura 7: Percentual relativo de Bacillus spp. e concentração de metabólitos (fezes nmol/g) em aves suplementadas Alterion® versus aves controle. como produzidos em quantidades alintimamente conectadas: 1) promo-com de NF-κB. Com isso, a expressão de tas e consistentes (niacina, pantotenavendo um microbioma resiliente, 2) compostos pró-inflamatórios como a to, hipoxantina). A concentração desfortalecendo a função de barreira e IL-8 e a enzima iNOS é controlada Claramente, esses dados confirmam queintestinal Alterion® é ativo no intestino aves. ses metabólitos foi então medida no preservando a integridade (Rhayat et al., das 2019). conteúdo digestivo das aves alimentae, finalmente, 3) garantindo um ótidas com Alterion®. O estudo mostrou mo controle inflamatório e das resConclusão Favorecendo a resiliência animal em três linhas de defesa postas imunes. A características únicas desta cepa claramente que a concentração dos A atividade metabólica do Alterion® no intestino é responsável pelos efeitos benéficos in vivo Estudos in vivo mostraram que de Bacillus, somadas à formulação e metabólitos estava fortemente relaciono desempenho,®na saúde e na microbiota do hospedeiro (Jacquier et al., 2019). nada ao número de bacilos detectados Alterion influencia positivamente as sua germinação adequada, tornam o Uma vez germinado e bacterianas, ativado, o Alterion® favorece a resiliência agindo em três linhas ® metabolicamente ativodeon(Figura 7). populações resultando Alterionanimal defesa intimamente conectadas: 1) promovendo um microbioma resiliente, 2) fortalecendo a de é mais importante: no intestino Claramente, esses dados confirem um efeito benéfico na atividade função de barreira e preservando a integridade intestinal e, finalmente, 3) garantindo um ótimo ® mam que Alterion® é ativo no intestidas aves. Aqui ele produz seus metamicrobiana. Por exemplo, Alterion controle inflamatório e das respostas imunes. no das aves. bólitos e atua nas três linhas de defeaumenta as populações que degradam sa: microbiota, mucosa intestinal e polissacarídeos, bem como as de bacFavorecendo a térias produtoras de butirato (Jacquier respostas inflamatórias para promoresiliência animal em ver a resiliência animal. et al., 2019). três linhas de defesa Este probiótico de eficácia cientifiMostrar que Alterion® é ativo tamA atividade metabólica do bém in vivo nos permite confiar em camente comprovada produz melhoAlterion® no intestino é responsável rias significativas e consistentes na dados in vitro (Rhayat et al., 2017). pelos efeitos benéficos in vivo no desaúde intestinal, no desempenho proAlterion® fortalece a barreira intestisempenho, na saúde e na microbiota nal aumentando a expressão de protedutivo e na utilização dos alimentos ínas das “tight junctions”. Além disso, do hospedeiro (Jacquier et al., 2019). pelas aves. Dessa forma, podemos utilizar os recursos naturais de uma forreforça e controla a resposta inflamaUma vez germinado e ativado, o tória pela inibição da degradação de ma mais responsável para melhorar a Alterion® favorece a resiliência animal agindo em três linhas de defesa IkB, impedindo assim a translocação sustentabilidade da produção animal.

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A importância da microbiota e integridade intestinal frente aos desafios A microbiota benéfica auxilia a digestão e absorção dos nutrientes, produz vitaminas que são utilizadas pelo hospedeiro e diminui, por competição exclusiva e/ou liberação de substâncias, a proliferação de agentes patogênicos Liliana Borges e Melina Bonato (P&D, ICC Brazil)

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ara que o intestino apresente uma boa funcionalidade, além da integridade intestinal, é necessária uma microbiota em equilíbrio, que é formada por micro-organismos não patogênicos e de fundamental importância para o metabolismo e absorção de nutrientes e outros compostos consumidos pelos animais. Uma microbiota saudável apresenta alta diversidade de gêneros microbianos em perfeito equilíbrio, permitindo um aumento da capacidade metabólica do intestino. A microbiota benéfica auxilia a digestão e absorção dos nutrientes, produz vitaminas que são utilizadas pelo hospedeiro e diminui, por competição exclusiva e/ou liberação de substâncias, a proliferação de agentes patogênicos. Esta microbiota nativa produz ácidos graxos de cadeia curta e ácido lático. Esse ácidos orgânicos diminuem o pH da excreta, favorecendo a inibição das bactérias patogênicas e estimulando a proliferação dos enterócitos. Com isso pode ocorrer uma melhoria nas estruturas e integridade das células, aumentando a capacidade de absorção dos nutrien-

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tes e consequente melhora no desempenho. Já as bactérias patogênicas causam inflamação na mucosa intestinal, geram metabólitos tóxicos, e propiciam o aparecimento de enfermidades, como é o caso da Salmonella, E. coli, Clostridium, Staphylococcus, Pseudomonas. A dinâmica populacional do microbiota intestinal pode ser alterada de acordo com a idade, nutrição, estresse, doenças infecciosas bacterianas, higiene e pela exposição a antimicrobianos. Quando ocorre disbiose, ou seja, desequilíbrio da microbiota com aumento das bactérias patogênicas, pode ocorrer uma redução da absorção dos nutrientes, aumento da espessura da mucosa e velocidade de passagem da digesta, além de aumentar a produção de aminas biogênicas (cadaverina, histamina, putrescina etc), amônia e gases que são altamente prejudiciais à integridade da mucosa e saúde intestinal. A microbiota intestinal dos animais tem ainda um importante papel na regulação da resposta do sistema imune, pois, além de modular vários processos fisiológicos, nutrição, me-

tabolismo e exclusão de patógenos, pode alterar a fisiopatologia de doenças conferindo resistência ou promover infecções parasitárias entéricas. As bactérias naturais do intestino atuam como adjuvantes moleculares que fornecem imunoestimulação indireta ajudando o organismo a se defender contra infecções. Diversos aditivos tem a capacidade de modular positivamente ou negativamente a funcionalidade intestinal e, em consequência, influenciar a saúde e desempenho animal. Alguns atuam como moduladores da microbiota, do sistema imunológico e da integridade intestinal, sendo chamados compostos nutracêuticos, que incluem prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos, simbióticos, enzimas exógenas, ácidos graxos poli-insaturados e fitobióticos (Huyghebaert et al., 2011). Dentre eles estaca-se a levedura que através de seus compostos altera a constituição da microbiota por diversos mecanismos, modula a resposta imune, a produção de enzimas, vitaminas e outros metabólitos que afetam as bactérias intestinais quando usados como prebióticos.


A parede celular de levedura Saccharomyces cerevisiae (ImmunoWall®, ICC Brazil) oriunda do processo de fermentação da cana-de-açúcar para produção de etanol, contém em torno de 35% de β-glucanas (1,3 e 1,6), e 20% de mananoligossacarídeos (MOS). As β-glucanas são reconhecidas pelas células fagocíticas (Petravić-Tominac et al., 2010), estimulando-as a produzir citocinas que iniciarão uma reação em cadeia para induzir uma imunomodulação e melhorar a capacidade de resposta do sistema imunológico inato. Já o MOS, possui uma capacidade de aglutinação de patógenos que possuem fímbrias, tais como diversas cepas de Salmonella e Escherichia coli. Um recente estudo de Beirão et al. (2020, no prelo) onde frangos de corte foram alimentados com dietas suplementadas com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) e infectados aos dois dias de idade com Salmonella Enteritidis [SE] (via oral na dosagem de 10 8 UFC/ ave), mostrou alterações na microbiota e histopatologia do íleo e ceco. Os tratamentos utilizados no estudo foram: controle (sem aditivos e sem desafio); desafio com Salmonella (10 8 UFC/ave); ImmunoWall® 0,5 kg/ton (sem desafio) e desafio com Salmonella suplementado com ImmunoWall® 0,5 kg/ton. Os resultados mostraram uma forte influência do ImmunoWall® sobre a população microbiana dos frangos, tais como os gêneros Subdoligranulum e Lactobacillus, e filos

Proteobacteria e Tenericutes, assim como o desafio influenciou no gênero Ruminococcus.

Gêneros marcantes aos 14 e 21 dias de idade: Ruminococccus torques: Possui uma função mucolítica e é de especial interesse, pois está correlacionado com melhor produtividade em frangos (Torok et al., 2011). Sua presença foi menor no grupo desafiado com Salmonella do que no grupo controle. Embora não tenha sido avaliado, é interessante observar que o desafio pode ter afetado produtividade através da microbiota, e que o tratamento preveniu esta alteração. Subdoligranulum: Neste gênero foi detectada a expressão de butirato quinase, uma enzima envolvida no último passo de uma das quatro potenciais vias de produção de butirato (Polansky et al., 2016). O butirato é um ácido graxo de cadeia curta e desempenha um papel importante na fisiologia intestinal, servindo como fonte de energia para as células epiteliais do ceco e íleo, além de controlar bactérias patogênicas ao alterar o pH interno dos patógenos (Roto et al., 2015). A partir dessas características descritas, assume-se um papel positivo à bactéria Subdoligranulum, mas esse agente foi associado com pior conversão alimentar em aves (Singh et al., 2012). Assim sendo, a redução deste gênero pode ter sido um efeito positivo do tratamento, pois os resultados mostraram que

A dinâmica populacional da microbiota intestinal pode ser alterada de acordo com a idade, nutrição, estresse, doenças infecciosas bacterianas, higiene e pela exposição a antimicrobianos

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Quando ocorre disbiose, ou seja, desequilíbrio da microbiota com aumento das bactérias patogênicas, pode ocorrer uma redução da absorção dos nutrientes, aumento da espessura da mucosa e velocidade de passagem da digesta, além de aumentar a produção de aminas biogênicas (cadaverina, histamina, putrescina etc), amônia e gases que são altamente prejudiciais à integridade da mucosa e saúde intestinal 36

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ambos os tratamentos com ImmunoWall® reduziram a quantidade dessas bactérias. Lactobacillus: Produz ácidos graxos de cadeia curta e produz bacteriocinas que impedem o crescimento de patógenos. Seus efeitos benéficos na saúde intestinal do hospedeiro já foram bem relatados, incluindo-se melhores respostas vacinais de anticorpos, melhor defesa contra Salmonella e maior produtividade (ganho de peso e eficiência alimentar) (Loman and Tappenden, 2016; Torok et al., 2011; Yan et al., 2017). Sabe-se que MOS e nucleotídeos de leveduras induzem o aumento de bactérias reconhecidamente benéficas, como Lactobacillus (Mesa et al., 2017). Confirmando a literatura, aos 14 dias ambos os tratamentos com ImmunoWall® aumentaram a proliferação de Lactobacillus.

Filos aos 21 dias de idade: Proteobacteria: O tratamento com ImmunoWall® reduziu a quantidade deste filo em relação ao grupo controle. Tenericutes: Ambos os tratamentos com ImmunoWall® aumentaram a proliferação do filo Tenericutes aos 21 dias. Esse achado inédito pode ser de grande relevância visto que o gênero Tenericutes aparece em maior proporção no intestino de aves com melhor taxa de conversão alimentar (Singh et al., 2012).

A alteração benéfica encontradas na microbiota como o aumento de Lactobacillus e Tenericutes, pode responder pelas melhoras encontradas em outros sistemas. Essas bactérias podem potencializar as respostas imunes e melhorar a integridade intestinal. No mesmo estudo de Beirão et al. (2020, no prelo) foram avaliadas a área média da lâmina própria, células inflamatórias em lâmina própria e células caliciformes do íleo e ceco que permitem avaliar o tipo de resposta celular predominante frente ao agente patogênico (Tabelas 1 e 2). O ImmunoWall® melhorou a condição do intestino desafiado com SE, como podemos observar pela área da lâmina própria, onde se encontram grande parte das células imunes. A quantidade de células inflamatórias (ILP) foi reduzida com a suplementação de ImmunoWall® (Desafio vs. Desafio +ImmunoWall® ; Controle vs. ImmunoWall®). As células caliciformes constituem uma das primeiras barreiras de defesa inespecífica do intestino e de acordo com os resultados verificamos que ImmunoWall® proporcionou maior produção nos animais desafiados. A suplementação de ImmunoWall® reduziu a quantidade de células inflamatórias (ILP) (Desafio vs. Desafio + ImmunoWall® ; Controle vs. ImmunoWall®). Verificamos ainda que ImmunoWall® proporcionou


maior produção de células caliciformes nos animais desafiados. Os efeitos das leveduras sobre a microbiota não induzem sempre as mesmas alterações descritas, indicando que há variações importantes na condução dos testes, ambientes e produtos. Desta forma, esse efeito benéfico pode ser uma característica importante do ImmunoWall®. Um correto programa de medidas incluindo nutrição balanceada, vacinação, redução dos fatores de estresse, boas práticas de manejo e bem-estar animal podem diminuir consideravelmente a incidência de imunossupressão. A adição de aditivos dietéticos na alimentação, que atuam na modulação da microbiota e integridade intestinal, melhora a resposta de defesa frente aos desafios.

Referências Beirão B. C. B. et al. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. Journal of Applied Poultry Research, 2020 (no prelo). Duda-Chodak, A., Tarko, T., Satora, P., Sroka, P., 2015. Interaction of dietary compounds, especially polyphenols, with the intestinal microbiota: a review. European Journal of Nutrition. 54, 325–341. doi:10.1007/ s00394-015-0852-y Flemming, J. S. Utilização de leveduras, probióticos e mananoligossaca-

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Empresas

Biovet lança nova vacina para produção de frango de corte, a Vaxxon IBD IMC Vacina é um novo conceito no tratamento do vírus da Doença Infecciosa da Bursa (VDIB), ou Doença de Gumboro, presente no Brasil desde a década de 90, causando grandes prejuízos ao setor avícola

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Laboratório Biovet Vaxxinova realizou em uma coletiva de imprensa, em maio, o lançamento de sua nova vacina para frangos: Vaxxon IBD IMC. Na ocasião, a empresa apresentou alguns resultados sobre a Vaxxon IBD IMC. Segundo a empresa, ela é um novo conceito no tratamento do vírus da Doença Infecciosa da Bursa (VDIB), ou

Doença de Gumboro, presente no Brasil desde a década de 90, causando grandes prejuízos ao setor avícola. Participaram da coletiva, realizada de modo virtual, representando o Biovet: Hugo Scanavini Neto, diretor geral, Jeovane Pereira, diretor de negócios avicultura, Marcelo Zuanaze, diretor técnico global Vaxxinova, Gustavo Schaefer, gerente técnico nacional e Ricardo Boeck, diretor comercial.

Gustavo Schaefer, Gerente Técnico do Laboratório Biovet no mercado avícola do Brasil

“A Doença de Gumboro pode gerar até 30% de mortalidade no campo”

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A Revista do AviSite

De acordo com Gustavo Schaefer, Gerente Técnico do Laboratório Biovet no mercado avícola do Brasil, a Doença de Gumboro pode gerar até 30% de mortalidade no campo. "Com esta nova tecnologia vamos garantir melhores índices de conversão alimentar e significativa melhoria na quantidade de carne produzida por metro quadrado", explicou. "Infelizmente esta é uma doença que não é possível ser extinta nesse momento. O que podemos fazer é utilizar eficientes controles de biosseguridade e ferramentas estratégicas de imunização", disse. Schaefer ainda apontou que a Vaxxon IBD IMC é uma vacina imunocomplexa que reduz o impacto da Doença de Gumboro no aviário. "Tecnologia única no mercado, ela contém a Cepa vacinal W2512, altamente conhecida pela avicultura, e atua de forma integrada junto aos anticorpos, com larga proteção aos antígenos", disse. "A ave, mesmo com a aplicação da vacina in ovo (18 a 19 dias de incubação) ou na via subcutânea (1 dia de idade) somente é imunizada no momento adequado, liberando os antígenos de forma gradativa, resultado de sua alta tecnologia", disse. Outro ponto de destaque levantado por ele é a diminuição da janela de vulnerabilidade da ave com a aplicação da nova vacina. "Ela apresenta um perfil de resposta imunológica altamente eficaz, que gera uma diminuição da pressão de infecção para as aves", contou.


Jeovane Pereira apontou os principais objetivos do Biovet para o lançamento da nova vacina Vaxxon IBD IMC: "Vamos potencializar os índices zootécnicos no campo, com aves mais saudáveis e garantir a performance da genética no campo, em um ciclo completo de proteção", explicou. Marcelo Zuanaze contou que a Vaxxon IBD IMC traz um know how agregado de grandes investimentos internacionais em pesquisa e desenvolvimento. "A Vaxxon IBD IMC é o resultado da ciência aliada à qualidade do produto e atendimento às demandas do mercado".

Aliado à isso, as ferramentas de imunização disponíveis na avicultura moderna devem ser usadas de forma estratégica, levando em consideração as realidades e desafios regionais, de maneira a tornar as aves imunocompetentes aos desafios de campo. Na tabela abaixo, podemos verificar os tipos de vacinas disponíveis atualmente, e suas características: A Vaxxon IBD imc, vacina para frangos de corte com a tecnologica imunocomplexo do Biovet Vaxxinova, faz parte de uma estratégia de controle da Doença de Gumboro, inserida em um ciclo completo de proteção.

Um ciclo completo de Proteção

- Imunidade em Matrizes O objetivo de imunizar as matrizes de aves de corte é garantir uma proteção adequada para a galinha contra os desafios de campo, bem como, ter uma imunidade humoral muito bem estabelecida. Boa parte dos Acs (IgG) circulantes na corrente sanguínea da galinha, são repassados para o ovo, durante a sua formação no oviduto. No caso da Doença de Gumboro, em média, 73,6% do título de IgG encontrado na galinha, será repassado para sua progênie (Gharaibeh, S. et al, 2008). Quanto mais altos forem os títulos de Acs das galinhas, mais altos e duradouros serão os títulos presentes nos pintinhos, e por consequência, maior a proteção do pintinho contra os desafios de campo ao que ele será submetido nos primeiros dias de vida.

Por Gustavo Schaefer, Gerente Técnico do Laboratório Biovet A Doença de Gumboro é uma enfermidade altamente contagiosa que afeta aves jovens, tornando-as imunocomprometidas e suscetíveis a intercorrências sanitárias secudárias, bem como interfere no desempenho e resultado de campo. A doença é causada por um RNA virus, da família Birnaviridae, que é extremamente resistente às condições ambientais, e que está presente em toda a produção avícola, tornando impossível extinguí-lo da produção avícola. A realização de um plano de controle e prevenção da Doença de Gumboro, dentro de um processo produtivo de Frangos de Corte, precisa levar em consideração a Biosseguridade, que envolve todas as medidas necessárias para reduzir a disseminação e persistência do vírus na unidade de produção, ao exemplo do vazio sanitário, o controle do fluxo de pessoas, a limpeza e desinfecção adequadas, o tratamento de cama, a desinfecção de veículos e equipamentos e o controle de pragas.

- Vacinação no Incubatório A aplicação da vacina no incubatório, promove uma única e efetiva intervenção na vida da ave, tirando a necessidade do produtor no campo realizar esse manejo. A vacina imunocomplexo pode ser aplicada pelas vias in ovo (próximo aos 18,5 dias de de-

senvolvimento embrionário) ou subcutânea (logo após o nascimento), fazendo com que todas as aves recebam, individualmente, a dose correta preconizada. Podemos caracterizar esta, uma vacinação massal (em larga escala) com um efeito de imunização individual. A tecnologia imunocomplexo disponibilizada na Vaxxon IBD imc protege o vírus vacinal dos Acs maternos circulantes nos pintinhos. Isso permite uma liberação gradual, em que o vírus vacinal vai colonizando a Bursa de Fabrício pouco a pouco, desde a data da vacinação. De maneira ativa, o vírus vacinal promove uma infecção capaz de ativar a produção de Acs, mitigando a janela de vulnerabilidade que se tem entre a queda de Acs maternos e a produção de Acs vacinais de frangos jovens (imunidade ativa). Essa condição é individual nas aves, tendo relação direta com o nível de Acs que cada uma recebeu de sua progenitora. A proteção com Acs maternais na fase inicial da vida das aves e posterior imunização com a vacina ocorre de maneira sincronizada, sem que uma interfira com a outra. É possível modular, de forma proposital, o povoamento da Bursa, de maneira não danosa ao pintinho. - Imunogenicidade da cepa vacinal A W2512 é uma cepa Intermediária Plus, largamente utilizada na indústria avícola, que possui grande capacidade imunogênica, garantindo proteção frente as diferentes cepas de campo de Gumboro, sejam elas clássicas (cvIBDVs), virulentas (vvIBDVs) ou variantes (avIBDVs). O imunocomplexo formado à partir desta cepa, possui uma capacidade de colonizar as células dendríticas foliculares e macrófagos de maneira muito eficaz, que por A Revista do AviSite

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Empresas Tipos de vacinas

Características

Inativadas

Vacina utilizada em reprodutoras, visando proteção tissular e obtenção de altos níveis de Anticorpos para que sejam transferidos às progênies.

Vivas Convencionais

Contém o vírus vivo atenuado, sendo aplicada geralmente à partir dos 10 dias de idade, podendo sofrer interferência dos anticorpos maternos circulantes nas aves. Necessita de análise e cuidados quanto a data de aplicação.

Imunocomplexo

É formada pela combinação de um vírus de Gumboro coberto por anticorpos, formando um imunocomplexo estável, capaz de modular a resposta imune de maneira individual nas aves, de acordo com o nível de anticorpos maternos circulantes, sem sofrer interferência destes.

Vetorizadas

Vírus geneticamente modificado que contém uma porção da proteína VP2 do vírus de Gumboro.

sua vez, permancem estocados nos tecidos linfóides. Por outro lado, a cepa W2512 também foi amplamente testada quanto a sua inocuidade.

- Proteção do Ambiente A cepa vacinal da Vaxxon IBD imc possui a capacidade de colonizar as células de replicação do vírus de Gum-

boro na Bursa. Uma vez ocorrida a colonização nas células alvo, não há mais possibilidade de qualquer vírus circulante do campo se ligar e promover uma infecção. Ao mesmo tempo, a cepa vacinal consegue se replicar, promovendo a disseminação da mesma no ambiente. A vacinação sucessiva dos lotes, promove, com o passar do tempo, o efeito chamado de “esfriamento do campo”, em que o vírus vacinal acaba tomando o espaço do vírus de campo. - Habilidade com Resultados Zootécnicos O frango de corte possui uma alta capacidade de transformar ração em carne, resultado dos avanços tecnológicos nas áreas de genética, nutrição e manejo. O que se espera com a imunização adequada das aves, é que elas possam demonstrar da melhor maneira possível toda a sua capacidade de performance, mensuráveis através dos índices de desempenho, conversão alimentar, peso ao abate, bem como as condenações em abatedouro, resultado de intercorrências sanitárias à campo. A Vaxxon IBD imc possui como objetivo final trazer maior rentabilidade ao setor produtivo, prevenindo os efeitos que o vírus de Gumboro pode causar num sistema de produção.

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Érica Melo assume Coordenadoria Técnica de avicultura da Boehringer Ingelheim Saúde Animal no Brasil Segundo ela, a Boehringer Ingelheim tem como compromisso levar a melhor prestação de serviços aos nossos parceiros

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Boehringer Ingelheim Saúde Animal anunciou no início de maio, Érica Melo como a sua nova coordenadora técnica de avicultura em nível nacional. Ela será responsável pelo atendimento de incubatórios, com foco no manejo, sanidade e fisiologia da incubação, bem como implantação de novas tecnologias de monitoramento e atendimento técnico ao cliente. Com mais de 10 anos de experiência na área, Érica é médica-veterinária, possui mestrado e doutorado na área de incubação e teve passagem em empresas como Cogran, Avivar Alimentos e Granja Brasília Agroindustrial Avícola S/A. Érica também atua

como palestrante de vários congressos do setor e é autora de artigos técnicos importantes sobre o tema. Em entrevista exclusiva à Revista do AviSite, Érica Melo conta quais serão os principais projetos à frente da Coordenadoria Técnica de avicultura da Boehringer Ingelheim Saúde Animal no Brasil. Segundo ela, a Boehringer Ingelheim tem como compromisso levar a melhor prestação de serviços aos nossos parceiros. “Dentre as ações que estão sendo implementadas, o apoio técnico aos incubatórios será meu maior foco, com direcionamento ao atendimento das necessidades de melhoria nos processos de incubação e suporte ao embriodiagnós-

Érica Melo: com mais de 10 anos de experiência na área, Érica é médicaveterinária, possui mestrado e doutorado na área de incubação

tico. Aliado à isso tudo, estamos desenvolvendo ferramentas de monitoria e auxilio no processo de incubação e vacinação, que em conjunto com as informações geradas trarão maior eficiência nos processos”, explicou. “A princípio, as atividades serão via remoto, de forma a preparar os materiais de apoio e o auxílio à distância aos nossos parceiros”, apontou. Érica Melo chega à Boehringer Ingelheim para reforçar a equipe técnica que atenderá os seus parceiros no dia a dia. “Já temos um forte time de especialistas que atendem o campo e eu atuarei com uma proposta diferente e customizada para cada cliente, visto que o processo de incubação é o primeiro passo para o sucesso dos animais e dos nossos clientes”, destacou. "O desafio de chegar a uma empresa da importância da Boehringer Ingelheim para contribuir com um setor tão fundamental para a avicultura, como a incubação, é enorme. Ao mesmo tempo, a perspectiva é boa em realizar um grande trabalho junto aos meus novos colegas", afirma Érica. Para Abílio Alessandri, diretor da área de aves e suínos da Boehringer Ingelheim Saúde Animal, a chegada da nova executiva é muito relevante para a unidade de negócios da empresa: "O processo de incubação é fundamental para o sucesso da cadeia avícola e, por isso, precisamos ter os melhores profissionais do mercado para atender esta demanda de forma qualificada, favorecendo a produção. A chegada da Érica nos auxiliará muito neste processo", diz. A Revista do AviSite

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Série de webinars da Aviagen apresenta panorama da produção de aves de corte durante a pandemia Nos seminários online, especialistas da Aviagen alertaram para os impactos da queda do consumo da proteína na América Latina, e possíveis soluções para amenizar as perdas

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Emilio Cura, Especialista em nutrição de Aves da Aviagen para a América Latina: “Na América Central e do Sul, a redução de consumo de carne de frango se deve, principalmente, ao fechamento dos comércios como hotéis, restaurantes e, como é o caso da América Central, a paralização dos mercados de frango vivo/fresco”

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A Revista do AviSite

Aviagen realizou em abril os dois primeiros webinars da série “Impacto da Covid-19 na produção de aves”. Na ocasião, mais de 700 pessoas participaram dos encontros que destacaram como ajustar as técnicas de gerenciamento para otimizar a nutrição de aves nesses tempos de pandemia. Para o especialista em nutrição de Aves da Aviagen para a América Latina, Emilio Cura, a redução na produção de aves é o que mais impacta a região Sul do continente americano, atrelada a uma queda considerável no consumo interno. Um exemplo é a Bolívia, que apresenta um declínio de 50% no consumo da proteína. Para o Brasil, Argentina e Chile, as projeções são de estabilidade. “Na América Central e do Sul, a redução de consumo de carne de frango se deve, principalmente, ao fechamento dos comércios como hotéis, restaurantes e, como é o caso da América Central, a paralização dos mercados de frango vivo/fresco”, explicou o especialista. Outros fatores apontados por Cura são a menor captação de remessas que chegam do mercado internacional e, também, o contágio pela Covid-19 de trabalhadores que atuam em abatedouros. A diminuição da demanda afetou diretamente a cadeia produtiva, pois houve um aumento da quantidade de frangos no campo e elevação do custo de produção, devido ao aumento do peso vivo do animal. Nesse cenário, a solução para estabilizar o mercado é, principalmente, frear o crescimento do frango


na granja, aumentando o tempo do ciclo, modulando o crescimento e fazendo o controle da conversão alimentar. “Além disso, é importante fazer uso de alternativas quantitativas na produção. Atualmente, entre as ferramentas disponíveis se destacam o programa de luz, a restrição de alimento, a apresentação física do alimento e a diminuição dos requerimentos nutricionais das dietas”, pontuou Cura. Ele explicou que o efeito do Fotoperíodo no desempenho de frangos de engorda se dá devido ao controle do número de horas de luz dentro do galpão, que impacta a taxa de crescimento, modula o comportamento da ave e seu consumo de alimento. O programa de luz controla a conversão alimentar e a mortalidade do animal. A restrição de alimento já ocorre em países como México, Colômbia e Holanda, e as tabelas de restrição devem ser adequadas às diferentes realidades do plantel, sempre considerando o peso dos animais. A apresentação física dos alimentos consiste no processo de peletização, que maximiza os resultados zootécnicos das aves. No entanto, para economizar o custo da peletização, pode-se fornecer ração farelada. O tamanho das partículas é essencial para melhorar a digestão e a absorção dos nutrientes, bem como controlar o consumo. Por tal motivo, e em função da crise, se recomenda uma moagem mais fina. O impacto maior pode se atingir ajustando os níveis nutricionais das dietas, como energia, lisina e fósforo. “No cenário atual sabemos que cada situação requer um ajuste específico, com tentativa e erro. Os produtores devem ter muito cuidado com as ofertas de matéria-prima e aditivos substitutos ou melhoradores de crescimento. Existem muitas ferramentas no mercado que podem contribuir para o custo e a margem da produção nestes tempos turbulentos”, alertou Cura.

Avicultura: um setor em contínua transformação O diretor global de serviços de Nutrição da Aviagen, Marcelo Silva, destacou em sua apresentação a constante evolução na genética de frangos de corte. “Neste cenário, a Aviagen dedica investimentos significativos para produzir

Marcelo Silva , diretor global de serviços de Nutrição da Aviagen: “A Aviagen dedica investimentos significativos para produzir mais carne de maneira rápida e também com maior eficiência”.

mais carne de maneira rápida e também com maior eficiência. Devemos saber que quando falamos em investimentos, nos referimos também ao capital humano, científico e infraestrutura”. Nos últimos 50 anos foi possível perceber a evolução da genética na balança, como o frango de corte, que em 1972 saiu de 2,240 kg e, em 2012 atingiu o 3,866 kg na mesma idade. O caminho que os geneticistas apontam é que esse frango atingirá, em 2042, o peso de 4,812 kg. Do ponto de vista do frango, todos os esforços estão canalizados em obter mais carne de maneira mais eficiente e produtiva, gerando uma proteína de custo acessível para a população. Já a matriz, em virtude do melhoramento genético, está diretamente ligada ao cenário evolutivo do frango. Neste caso, a matriz moderna apresenta uma alta capacidade de deposição de proteína e baixa deposição de gordura. “Como nutricionistas e técnicos temos que estabelecer uma estratégia no sentido de maxi-

mizar a performance dessa ave apesar da conformação”, alertou o diretor. Em termos de comportamento, a ave atual tem uma forte resposta para a produção de proteína, ou seja, há uma elevada deposição de peito e uma baixa formação de reservas (gordura). É notório que há um rápido crescimento da ave, além de um aumento no tamanho do ovo. Sendo assim, a preocupação com tamanho de ovo e qualidade inicial do pintinho é muito menor. Entretanto, o fato de ter pouca formação de reserva faz com que a ave seja menos flexível quanto ao atendimento das necessidades em energia. Então, dependendo de como o programa de alimentação é estabelecido, essa ave terá maior dependência da ração na fase pós-pico. “Como especialistas, a nossa estratégia de alimentação pós-pico deve ser reavaliada e adaptada por meio de ajustes, de acordo com a criação da ave e sua condição corporal no momento da retirada de ração”, finalizou Marcelo Silva. A Revista do AviSite

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Cobb debate tendências para redução de custos de dietas de frangos em webinar Durante o debate, Vitor Hugo Brandalize, especialista em Nutrição, defendeu uma tendência de redução dos níveis de energia acompanhada de aumento nos níveis de aminoácidos em dietas de frangos como estratégia para redução de custos da dieta

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s mais recentes estudos para formulações de dietas de frangos com custos mais baixos foram destacados por Vitor Hugo Brandalize, médico veterinário e especialista em Nutrição da Cobb-Vantress, em webinar promovido pela empresa para profissionais da avicultura. A transmissão foi feita ao vivo para Peru, Bolívia, Equador, Chile, Paraguai, Venezuela, Argentina e Uruguai. Durante o debate, o especialista defendeu uma tendência de redução dos níveis de energia acompanhada de aumento nos níveis de aminoácidos em dietas de frangos como estratégia para redução de custos da dieta. Ele salienta que é importante que o nutricionista esteja atento a fatores como conversão alimentar e manejo adequado. O médico veterinário e especialista em Nutrição da Cobb-Vantress, Vitor Hugo Brandalize, defendeu tendência de redução nos níveis de energia e aumento nos níveis de aminoácidos em dietas de aves.

Impactos da pandemia de Covid-19 na produção avícola O especialista abriu sua apresentação destacando três fatos que ocorrem no mundo que mudam os rumos da humanidade: guerras, pandemias e revoluções. "As coisas mudam mais rápido depois desses problemas. E essa pandemia vai afetar todo o nosso negócio. Todos as pessoas (do negócio) terão efeito negati-

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vo. Mas a coisa boa é que depois disso deveremos mudar mais rápido", pontuou. Por isso, pensa, é um momento importante para fazer mudanças rápidas na vida e nos negócios. Brandalize mostrou que, na avicultura, os custos aumentaram enquanto o consumo e os preços reduziram. Com informações do Fundo Monetário Internacional (FMI), ele alertou que a pandemia é um choque muito grande, já que ninguém sabe sua duração e intensidade e defendeu medidas de contenção. "Por essas incertezas, é importante reduzir os custos de produção". No entanto, sugere, o consumo de ovos e carne de frango tem um diferencial entre outras proteínas, que é o custo acessível. "O consumo de frango sempre seguirá forte", reforçou.

Energia e Aminoácidos O impacto da energia na nutrição foi realçado diante do aumento nos custos do milho e da soja. "Os custos dos grãos deverão se manter em níveis mais altos", apontou o especialista lembrando que o Brasil tem um dos milhos mais baratos entre os produtores. "O Brasil tem custo médio de US$ 200 dólares por tonelada de ração. Nos Estados Unidos este valor é de US$ 228 e no México chega a US$ 252", exemplificou destacando que, desde 2014, está produzindo dietas mais baratas e que "hoje, Brasil e Estados Unidos têm os mesmos níveis de energia nas rações". Uma oportunidade para reduzir ainda mais os custos no Brasil, em sua opinião, é aumentar os níveis de aminoácidos, como a lisina. No entanto, por ter mais músculos a cada ano, a ave precisa de aminoácidos. Por isso, destacou, geneticistas estão debruçados sobre a conversão alimentar. "A energia e a proteína (grãos e aminoácidos), que custam 85% da dieta, não devem voltar a patamares mais baratos. Por isso, é preciso focar nos 15% restantes, que incluem, em boa parte, o manejo dos animais. Se os frangos não têm enfermidades, estão em bom ambiente, é uma forma de economizar energia para síntese de tecidos", defendeu. Brandalize apontou que em aves mais jovens, a energia corporal é mais baixa. Depois, ela tende a aumentar,

pois aumenta a deposição de gordura quando ele é mais velho e a gordura tem mais energia. A partir dos 25 dias, aproximadamente, ele responde melhor aos níveis de energia. Por isso, sustentou, é melhor investir em energia (grãos) quando o animal é mais velho, pois come mais e melhora a conversão alimentar. Frisou, no entanto, que há de se fazer avaliação nas dosagens, que estão cada vez menores. "O cenário é desafiador e a tendência é formular dietas com níveis cada vez menores de energia. Estamos reduzindo energia e aumentando os aminoácidos a cada ano", pontua. Segundo Brandalize, o peito do frango tem em média 22% de proteína. "E o aminoácido mais importante é a lisina", reforçou. Apresentou estudos recentes nos quais um aumento na formulação de lisina significou aumento nos custos, mas também maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e melhora do rendimento de carcaça", pontuou. Em outro experimento da Cobb sobre aminoácidos conduzido nos Estados Unidos, destacou que o ganho de peso e a conversão alimentar foram maior com aumento de aminoácidos. "É uma grande oportunidade que temos aqui", cravou. "Quando aumentamos aminoácidos, aumentamos o rendimento de peito", ampliou. "Concluindo, aumentando aminoácidos e reduzindo a energia é um tratamento mais econômico", sugeriu Brandalize.

Promotores de crescimento Usar ou não promotor de crescimento é uma decisão comercial, mas as primeiras empresas pensaram em agregar valor aos produtos. "Foi marketing", pontuou. De acordo com ele, hoje 55% dos frangos são produzidos em sistema livre de antibióticos. Para Brandalize, uma boa saúde intestinal da ave é fundamental para economizar o consumo de energia da dieta. "Porque os promotores de crescimento são importantes? Por que os sistemas gastam muita energia. A grande concentração do sistema imune está no intestino. Quando temos desafio, há gasto de energia. É importante proteger o intestino para prevenir gasto de energia", aponta.

Brandalize

"O cenário é desafiador e a tendência é formular dietas com níveis cada vez menores de energia. Estamos reduzindo energia e aumentando os aminoácidos a cada ano". De acordo com ele, uma inflação leva a ave a reduzir o consumo de alimento e, consequentemente, seu desempenho. "Antibióticos controlam as bactérias, agem como anti-inflamatórios", reforçou. Para ele, sanidade, matéria-prima de qualidade, bom manejo e trabalho em equipe são estratégicos para melhorar a relação de custos em dieta. Para encerrar a webinar, o palestrante Vitor Hugo Brandalize respondeu algumas das dezenas de perguntas que foram enviadas durante a transmissão. Outras perguntas foram respondidas posteriormente aos internautas. O webinar promovido pela Cobb na última terça-feira, dia 19 de maio, teve a moderação do gerente Sênior de Serviço Técnico da Cobb-Vantress na América do Sul, Luciano Keske, do diretor Associado de Serviço Técnico da Cobb na América do Sul, Marcus Briganó e do diretor Associado de Marketing da Cobb na América do Sul, Cassiano Bevilaqua. Esta apresentação, realizada através da plataforma Zoom, foi a segunda de uma série de 10 webinars realizados pela empresa, encerrada em 15 de junho. O segundo webinar, realizado em 12 de maio , teve como tema "Manejos essenciais para reduzir perdas contra a Covid-19", debatido pelo especialista em Frangos de corte da Cobb-Vantress na América do Sul, Otávio Conde. A Revista do AviSite

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Desempenho da avicultura no mais desafiante momento dos tempos modernos Desafios enfrentados, medidas adotadas, opiniões, resultados físicos e econômicos registrados. Revista do AviSite faz breve avaliação do comportamento do setor nos seis primeiros meses de 2020. 46 A Revista do AviSite


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abituada às crises cíclicas, a avicultura brasileira – especialmente a voltada para a produção da carne de frango – contava desfrutar, após triênio tempestuoso (2016/2018), de um período de bonança que se estendesse muito além de 2019. Os primeiros resultados do novo ano começavam a confirmar essa expectativa. A irrupção de um novo coronavírus – identificado desde o final do ano passado, mas só reconhecido como pandêmico em março de 2020 –

veio frustrar, senão tudo, a maior parte do que vinha sendo previsto. Pior, tumultuou todos os procedimentos rotineiros da humanidade. A avicultura não escapou desse redemoinho. Mas, afeita às crises (como foi dito inicialmente), soube encontrar as necessárias respostas. Com resultados que, embora aquém do aguardado, não chegam a ser frustrantes. Mas que, infelizmente, acabaram agravados por um fator estranho à própria pandemia: os custos de produção.

A seguir, a Revista do AviSite mostra, através da palavra de importantes players da avicultura, as ações adotadas pelo setor em diferentes partes do Brasil para vencer os obstáculos surgidos no período e garantir a plena produção desses dois alimentos básicos para a população e a economia brasileiras. Na sequência, é apresentado um balanço (em alguns casos, preliminar) dos resultados obtidos pelos diversos segmentos componentes da produção no primeiro semestre de 2020.

Ricardo Santin Diretor Executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal - ABPA “Marcado pelas consequências da Pandemia de Covid-19, o primeiro semestre de 2020 viveu momentos de reconstrução de fluxos no mercado interno e externo. Internamente, vimos a suspensão de atividades dos restaurantes em praticamente todo o Brasil, o que impactou a produção voltada para o food service. As linhas e as vendas tiveram que se readequar para esse “Novo Normal”, mesmo que temporariamente. A produção foi redirecionada ao consumo residencial e seus mais variados perfis – do in natura de baixo valor agregado, aos processados e com agregação. A perda de renda impactou os níveis de consumo por um breve intervalo, até a liberação dos recursos emergenciais para a população. A perda de renda que impactou negativamente em um primeiro momento, foi determinante para o impulso seguinte –

com a substituição de proteínas mais caras (como a bovina) pela carne de frango. Este é um quadro que tende a seguir ao longo do próximo semestre, em um ano cuja economia global registrará perdas em praticamente todas as nações. Aqui, viveremos as dores do impacto econômico de forma geral, ao mesmo tempo em que nosso setor seguirá com solidez. Nenhuma atividade sairá ilesa, mas a avicultura estará em uma posição bastante confortável perante as demais, mesmo com a alta cambial influenciando grãos e os custos agregados pela Covid-19, com necessidades de investimentos para a proteção dos colaboradores. No mercado internacional, a China é o principal drive, mas não corre isolada. Japão, Filipinas, Cingapura são alguns dos exemplos da verdadeira tendência: a Ásia é o motor das exportações brasileiras. O mercado islâmico

“Nenhuma atividade sairá ilesa, mas a avicultura estará em uma posição bastante confortável perante as demais, mesmo com a alta cambial influenciando grãos e os custos agregados pela Covid-19, com necessidades de investimentos para a proteção dos colaboradores” A Revista do AviSite

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Balanço do primeiro semestre de 2020 mantém sua importância e cresce em embarques para a Líbia, Jordânia, Kuait e Catar, mas nosso antigo principal destino está muito além de cem mil toneladas atrás dos importadores asiáticos – onde o fator “Peste Suína Africana” ainda compromete rebanhos nas diversas nações produtoras. O câmbio que nos impacta em custos também influenciou nossos preços internacionais. Dólar elevado pressionou as negociações de vendas. Recebemos menos em dólar na comparação com o ano passado, mas os

resultados em reais ainda são favoráveis. Apesar do saldo positivo, o cenário para o segundo semestre deverá exaltar um acirramento do protecionismo internacional, motivado pelos impactos da pandemia no quadro econômico. Mas a forte demanda por alimentos na Ásia deverá se manter, ditando o movimento positivo das exportações neste ano. Entre os movimentos novos: Neste ano o Brasil contou com a habilitação de 27 estabelecimentos

brasileiros para fornecimento de carnes para o Egito, totalizando agora 42 habilitações. A Coreia do Sul habilitou mais 9 plantas brasileiras para exportação de carne de aves. No total agora são 32 plantas aprovadas. Também tivemos a autorização das Filipinas para 3 novas plantas brasileiras, sendo 2 para aves e 1 para carne suína, além da renovação de todas as plantas atualmente habilitadas. Além disso, o Vietnã habilitou 4 novas plantas de carne de aves e 1 nova planta de carne suína.

Érico Pozzer Presidente da Associação Paulista de Avicultura - APA

Houve um grande volume de problemas mas conseguimos equalizá-los.

“Viemos de um ano bom, mas começou a se complicar no mercado avícola de corte entre os meses de janeiro e fevereiro, resultando em meses de prejuízo em abril e maio. Um dos fatores que mais dificultou o mercado foram os altos custo de produção, principalmente quando falamos no preço do milho e da soja. Com o início da pandemia do novo coronavírus houve uma migração da produção, de bares, restaurantes e lanchonetes para o consumo ‘dentro de casa’, com mudança do ‘canal de distribuição’. Posso dizer que o primeiro semestre da avicultura de corte em São Pau-

lo ficou no 0x0. Houve um grande volume de problemas mas conseguimos equalizá-los. Hoje custo de produção e o preço de venda estão minimamente equilibrados. Conseguimos adaptar o sistema de produção. Somente 7 a 10% de funcionários de frigoríficos e abatedouros foram afastados. Estamos tomando todos os cuidados necessários para proteção de nossos colaboradores. Vamos ver como será o segundo semestre. Estamos otimistas pois o status sanitário de nosso plantel avícola está impecável, o que favorece também a venda ao mercado externo”

Ariovaldo Zani Médico veterinário, CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal – SINDIRAÇÕES “Tracionada pela demanda pecuária, a indústria de alimentação animal contabilizava significativo incremento, enquanto o otimismo contagiante, ainda em dezembro passado, justificava o prognóstico de mais um “próspero ano novo”, compartilhado inclusive pelas demais interfaces da cadeia produtiva de proteína animal que ranquearam 2019 como “extraordinário” e ante-

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cipavam um 2020 “com perspectivas ainda mais positivas”. Há poucos meses, contudo, a natureza imprevisível do mundo revelou mais um evento aleatório, o improvável SARS-CoV-2, que passou a infectar a humanidade global indistintamente e continua arruinando praticamente todas as atividades econômicas (da aviação comercial e turismo, à automobilística e construção

civil, do varejo aos serviços, etc.), por conta da pandêmica Covid-19 que se espalha rapidamente e sua letalidade que determina compulsória quarentena e indistinto isolamento social. Muito embora a produção de carnes, leite e ovos, e consequentemente, a indústria de alimentação animal, resistirem durante o primeiro trimestre, fato é que uns e outros si-


nais já vem sendo tratados para mitigação do fenômeno que compromete os fundamentos da oferta (parada por afastamento dos colaboradores contaminados, etc.) e da demanda (fechamento de bares e restaurantes, etc.) dos alimentos por aqui e, principalmente, mundo afora. Mesmo diante dessa inovadora adversidade, a indústria de alimentação animal produziu 19 milhões de toneladas de rações, de janeiro a março, um avanço de aproximadamente 4,5%, marca alinhada àquela prevista ainda antes da pandemia, ou seja, ancorada na percepção do consumo doméstico crescente e da continuidade da neces-

sidade chinesa por proteína animal que continuaria mirando as carnes suína, bovina e de frango brasileiras. Apesar do cenário futuro apontar profunda depressão econômica com taxa de desemprego às alturas, o auxílio emergencial liberado pelo Governo Federal aos milhões e milhões de afetados, apesar de provisório, preferencialmente será gasto na compra de alimentos. Combinado ao fenômeno, o persistente déficit interno chinês pelas carnes pode manter o ritmo ajustado da cadeia produtiva brasileira, e em consequência assegurar esse avanço na produção das rações durante o ano de 2020.”

“A indústria de alimentação animal produziu 19 milhões de toneladas de rações, de janeiro a março, um avanço de aproximadamente 4,5%, marca alinhada àquela prevista ainda antes da pandemia” José Eduardo dos Santos Diretor Executivo da Associação Gaúcha de Avicultura ASGAV e do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas no Estado RS - SIPARGS “Neste período de pandemia tivemos um revés no mercado interno, pois o fechamento de áreas de consumo como restaurantes, shoppings, hotéis e cancelamento de eventos derrubaram as vendas do setor nestes primeiros meses do ano. Em alguns casos no período de março e abril registramos quedas de até 40% nas vendas internas. Já as exportações avícolas do Rio Grande do Sul continuam em ritmo de recuperação, onde no acumulado de janeiro/maio atingiu a faixa de 281,4 mil toneladas exportadas com crescimento de 64,5% comparado com o mesmo período de 2019”.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Nélio Hand Diretor Executivo Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo - AVES e Associação de Suinocultores do Espírito Santo - ASES “O setor de frango de corte capixaba viveu a apreensão que se instaurou na economia do país, sofrendo uma estagnação no consumo de seus produtos, seguida de retrocesso com o acúmulo de estoques e iniciando uma recuperação, já que gradativamente o consumo da proteína mostra-se mais aquecido, mesmo

A produção do ES deverá fechar o semestre com números um pouco menores, mas nada que prejudique a disponibilidade para o mercado local

ainda havendo desfalques importantes em virtude dos estabelecimentos consumidores que permanecem sem funcionar ou que estão com suas atividades parciais. A produção do ES deverá fechar o semestre com números um pouco menores, mas nada que prejudique a disponibilidade para o mercado local. Por outro lado, o segmento ainda consegue manter seus produtores ativos e o nível de emprego estável, contratando mais trabalhadores, já que aqueles que estão no grupo de risco foram remanejados, e trabalhando conforme orientações das autoridades de saúde”.

Ivan Pupo Lauandos Presidente da Aviagen “No final de 2019, não se esperava tantos impactos da pandemia na avicultura brasileira para o ano de 2020. Porém, no entendimento da Aviagen, a avicultura está se adaptando rapidamente ao novo cenário e tem conseguido contornar os problemas de maneira adequada. A avicultura brasileira está muito bem preparada para atender o aumento da demanda por proteína animal com qualidade e competitividade. Em relação às exportações de carne de frango, houve ganho de receita por conta do câmbio, com o dólar mais alto. Em volume, quando comparamos com o quadrimestre do ano anterior, houve um bom crescimento de 5,1% . Porém,

em contrapartida, o setor perdeu com a valorização dos preços dos grãos. Fica a experiência desafiadora das empresas na mudança do mix de produtos entre o que era destinado ao food service (restaurantes) e supermercados, que foi bastante complicado. Outro fator positivo foi a China se aproximando cada vez mais do Brasil no comércio agrícola. A tendência é que o segundo semestre seja melhor que o primeiro devido ao aumento do consumo no mercado doméstico, em especial do food service. As dificuldades logísticas causadas pela pandemia além dos problemas de fechamento de frigoríficos precisam ser eliminados”.

A tendência é que o segundo semestre seja melhor que o primeiro devido ao aumento do consumo no mercado doméstico, em especial do food service 50

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Antônio Carlos Vasconcelos Costa

(foto à esq.) Presidente da Associação de Avicultores de Minas Gerais e

Flávio Ferrão

e Diretor de Ovos da Associação de Avicultores de Minas Gerais

As empresas avícolas mineiras vem passando por este processo de vulnerabilidade e continuam ativas, abastecendo o mercado de alimentos do Brasil e do mundo

“Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, o agronegócio avícola mineiro de corte e postura vem agindo fortemente com um plano de atuação, que prevê medidas de prevenção ao contágio e enfrentamento ao vírus, com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Como empresas do segmento alimentício, nossas indústrias já possuem padrões precisos de controle de qualidade de seus processos produtivos e higienização pessoal de colaboradores. Diante deste período desafiador, no setor de avicultura de corte, mais especificamente em frigoríficos, tivemos alguns colaboradores que foram afastados preventivamente por suspeitas de contaminação, mas todas as medidas preventivas estão sendo adotadas para garantir a segurança dos nossos colaboradores e seus familiares. Na avicultura de postura o setor espera que o aumento no consumo de ovos, continue crescendo, uma vez que, o ovo é uma proteína mais barata e acessível. Com a permanência desse crescimento, a avicultura de postura poderá manter vários empregos e ainda garantir o fornecimento de uma proteína de alto valor nutricional, que complementa a dieta saudável de toda a população.

Já no setor da avicultura de corte, o receio da Avimig era que, em um primeiro momento, pudesse acontecer uma queda no volume de abates por causa do distanciamento social ou de uma eventual contaminação nas unidades. Este cenário poderia impactar áreas como a produção de insumos, demanda por transporte, além da redução nos preços pagos ao produtor. Entretanto, como foram tomadas todas as medidas cabíveis, com atenção aos protocolos dos órgãos nacionais e internacionais de saúde, as empresas avícolas mineiras vem passando por este processo de vulnerabilidade e continuam ativas, abastecendo o mercado de alimentos do Brasil e do mundo. Entre as iniciativas adotadas pelas empresas de corte e postura, estão o uso obrigatório de máscaras, distanciamento mínimo entre colaboradores, medição de temperatura nas entradas das unidades, afastamento de colaboradores do grupo de risco e casos suspeitos, reforço de higienização em diversas áreas e busca ativa de potencial contaminação com o intuito de mitigar a exposição ao vírus. A Avimig tem consciência do seu papel associativista para a avicultura mineira e continua acompanhando os desdobramentos dessa pandemia, orientando seus associados para medidas e ações que possam minimizar o avanço do vírus e colaborar para que tudo se normalize o quanto antes”.

Edival Veras Vice-presidente administrativo da Associação Avícola de Pernambuco – AVIPE “A instituição iniciou 2020 com ótimas perspectivas para 2020 tanto para o frango de corte, quanto para a produção de ovos. O trabalho segue também alinhado com as instituições governamentais. Através de um trabalho realizado junto com a Agencia de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco – ADDiper, foi instalada a Câmara Setorial da Avicultura, com o objetivo de trazer mais atenção e rapidez na solução das necessidades do setor, onde, solicitações vindas do setor produtivo são discutidas dentro da câmara e são organizadas de acordo com a prioridade. Participam da câmara representantes do setor avícola, de algumas secretariais estaduais (essenciais para o stetor), ADAGRO, MAPA, universidades, SEBRAE e bancos públicos e privados”. A Revista do AviSite

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Carlos Antonio Costa Gerente Geral da Hubbard do Brasil Embora em um primeiro momento o pânico, a apreensão e as incertezas tomaram conta das nossas relações comerciais, com o passar do tempo fomos nos adaptando a uma nova realidade. Felizmente para a Hubbard do Brasil todos os nossos planos e projetos continuaram seguindo dentro do que propomos e planejamos, talvez porque o nosso segmento seja um dos últimos da cadeia avícola a ter problemas, se é que teremos. O setor ganhou com a instituição de novos canais de relacionamento devido à mudança de paradigma. Saímos de nossas relações comerciais basicamente face-to-face e as transformamos em contatos via videoconferência, que têm se mostrado

Estamos na base da cadeia alimentar e acreditamos que o segmento de alimentos não sofrerá tanto quanto outros segmentos da economia

bastante importantes. Na minha opinião, esta mudança não será definitiva, entretanto, será um novo canal a ser utilizado, aprimorado e praticado. Nós, da Hubbard, sempre somos otimistas, ainda mais neste especial momento em que estamos apresentando ao mercado uma nova oportunidade de produto, o “Hubbard Efficency Plus”, que está atendendo em sua plenitude as necessidades de nossos clientes. Estamos na base da cadeia alimentar e acreditamos que o segmento de alimentos não sofrerá tanto quanto outros segmentos da economia. Necessitaremos fortificar cada vez mais nossa relação com fornecedores e clientes, criando alternativas para juntos oferecer estabilidade ao mercado. O que nos preocupa muito é o momento político do Brasil, que promove muita instabilidade na economia, principalmente na variação cambial

Domingos Martins Presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná - Sindiavipar Os últimos meses têm reiterado que a palavra que rege o setor avícola é a excelência. Independente do momento, cenário ou situação, entregar um alimento de qualidade e em quantidade para abastecer a todos que da nossa produção dependem é a nossa missão. Enfrentamos a pandemia do novo coronavírus nesse primeiro semestre com a determinação de que nosso trabalho é essencial para a população que já está batalhando para superar tantos desafios. Sendo assim, foi seguindo rigorosamente as determinações dos órgãos de Saúde, para garantia da saúde dos colaboradores, e trabalhando exatamente de acordo com a nossa demanda, para então

projetar a oferta, que conseguimos crescer em números e atender aos nossos consumidores no Brasil e ao redor do mundo. Nos primeiros cinco meses deste ano, segundo dados do Sindiavipar, 834,55 milhões de aves foram produzidas, quantidade 7,9% maior que a registrada até maio de 2019 (773,32 milhões). Já em relação às exportações, levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), apontam elevação de 10,3%, alcançando 689,97 mil toneladas, ante 633,63 mil toneladas embarcadas nos primeiros cinco meses de 2019

Nos primeiros cinco meses deste ano, segundo dados do Sindiavipar, 834,55 milhões de aves foram produzidas, quantidade 7,9% maior que a registrada até maio de 2019 (773,32 milhões) 52

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Plantel de matrizes em produção no final de 2020 será 10% superior ao de dezembro de 2019

C

onfiança na expansão do consumo interno e externo da carne de frango é, com certeza, algo que não falta ao setor. Pois, depois de aumentar o alojamento de reprodutoras de corte em quase 6,5% no decorrer de 2019, os produtores seguem apostando e, nos quatro primeiros meses de 2020 já alojaram (dados colhidos no mercado) volume mais de 15% superior ao registrado em idêntico período de 2019. Se o alojamento de 2019 significou novo patamar (o total alojado no ano somou 51,5 milhões de cabeças, contra a média de 49 milhões de cabeças nos oito anos decorridos entre 2011 e 2018), em 2020 esse patamar será novamente superado. Pois, projetado para a totalidade do corrente exercício, o alojamento do primeiro quadrimestre do ano sinaliza volume anual que supera os 55 milhões de cabeças. Mas... como explicar tão grande expansão? Feita uma retrospectiva dos alojamentos dos nove primeiros anos desta década constata-se que o primeiro recorde do período ocorreu em 2015 e só foi superado no ano passado. Porque, nos três anos seguintes o ambiente de negócios esteve péssimo para o frango. Ou, rememorando: quebra de safra e altos custos em 2016; e Operação Carne Fraca em 2017, com novos desdobramentos em 2018. Esse foi, pois, do ponto de vista dos investimentos, um triênio caracterizado pelo engavetamento de inúmeros projetos de expansão.

Quando a luz se fez, em 2019, tudo foi retomado. Mas não só: o bom momento experimentado em 2019 fez surgirem novos projetos. Que em 2020 entram em processo de maturação. Daí a grande expansão observada no alojamento de reprodutoras de corte. Mesmo assim (e independente até do difícil momento porque passa toda a humanidade), cabe perguntar: é um exagero? De certa forma, não. Pois o que se vai ter é uma capacidade de produção apta a atender as novas demandas que vierem a surgir. E essa capacidade não precisa, necessariamente, ser transformada em pintos, frangos ou carne: basta controlar adequadamente o plantel em produção, antecipando descartes ou eliminando as aves menos produtivas. O que o setor não pode é se dar ao luxo de deixar de atender o mercado (como ocorreu no ano passado com a exportação de ovos férteis) pela insuficiência de reprodutoras que permitam responder, adequadamente, às demandas interna e externa. De toda forma, nada deve impedir que o setor faça uma melhor avaliação do que vem sendo alojado, especialmente porque a produtividade atual do plantel reprodutor vem sendo bem superior à de alguns anos atrás. Note-se que, independente do que vier a ser registrado no segundo semestre, o plantel em produção no final deste ano já será mais de 10% superior ao existente em dezembro de 2019.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Com pandemia, setor produtor de pintos de corte voltou a registrar ociosidade em 2020

U

ma vez que em 2019 foram produzidos cerca de 6,470 bilhões de pintos de corte, o volume de pintos de corte de 2020 deveria, tecnicamente, aproximar-se dos 6,9 bilhões de cabeças – média mensal de 575 milhões de cabeças. Porque, em essência, no ano passado o segmento produtor (as integrações representando, aproximadamente, 85% do total produzido; os restantes 15% vindo de empresas independentes) aumentou o alojamento de reprodutoras de corte em aproximadamente 6,5%. O que ninguém esperava é que, no meio do caminho, ocorresse uma pandemia que viria a tumultuar não apenas o próprio setor ou a avicultura, mas toda a humanidade. Por isso, os resultados do primeiro semestre (os valores ora apontados são preliminares) devem ficar aquém do que era esperado, devendo aumentar em torno de 3% em relação ao mesmo semestre de 2019 e aproximar-se dos 3,270 bilhões de cabeças – volume que, ressalte-se, ainda permanece aquém do recorde para um primeiro semestre – 3,295 bilhões de cabeças nos seis primeiros meses de 2016. Mesmo assim, o setor volta a registrar ociosidade em relação ao plantel reprodutor alojado, fato que não ocorreu em 2019. De toda forma, sabe-se que há problemas mais sérios, específicos da área produtora de pintos de corte. Eles afetam, principalmente, o agora diminuto grupo dos produtores independentes. Se, pouco mais de meio século atrás, esse setor da avicultura respondia pela quase totalidade dos pintos produzidos no País (então, até mesmo as poucas integrações existentes adquiriam o insumo básico do frango através de programações no mercado independente), hoje representam menos de um sexto da

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produção total. E a maior parte dos que persistem na atividade teve que buscar outro mercado: o externo. Como ocorreu com a exportação brasileira de carne de frango, esse vem sendo um “trabalho de formiguinha” desenvolvido há anos. Cujo melhor resultado foi registrado em 2018, ano em que o volume de ovos férteis exportados ficou próximo das 600 mil caixas, perto de 20% da produção desse segmento. Já nos primeiros meses do exercício seguinte ficou claro que esse recorde seria facilmente superado no decorrer de 2019, pois, por exemplo, o primeiro trimestre do ano foi encerrado com um incremento de 35% sobre idêntico período de 2018. Mas então – fato aparentemente inusitado na avicultura brasileira – ocorreu falta de pintos no mercado interno. E o socorro – parcial, claro – veio do setor independente, que deixou de atender boa parte das vendas externas. Daí o exercício ter sido encerrado com uma redução de quase 20% no volume exportado. A redenção – todos confiavam – deveria vir em 2020. Porque o setor recorreu a uma significativa ampliação do plantel reprodutor e contava retomar os embarques anteriores. Mas, com a pandemia, os efeitos foram piores que os registrados no ano anterior, já que ocorreu paralisação quase total do transporte aéreo, base da exportação de ovos férteis. Em decorrência, o primeiro semestre está sendo fechado (dados preliminares para junho) com uma redução superior a 40% em relação ao mesmo período de 2019 e o menor volume embarcado em junho dos últimos 13 anos. Como são mínimas as possibilidades de regularização plena do transporte aéreo no curto ou médio prazos, o problema deve persistir e se intensificar no segundo semestre.


Apesar de todos os obstáculos, produção de carne de frango no semestre pode ter aumentado 1,5%

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primeira vista, a avicultura de corte está passando pela pandemia de Covid-19 sem maiores alterações em comparação aos tempos “de normalidade”. Assim, por exemplo, o setor – de acordo com os indicadores até agora disponíveis – tende a fechar o corrente semestre com um volume de cabeças abatidas (base: alojamento interno de pintos de corte da APINCO) ao redor de 3% superior ao de idêntico período de 2019. Onde ficou, então, a propalada redução (de até 10%) anunciada meses atrás, quando o consumo foi travado pelo isolamento social? Inicialmente, é preciso considerar que, no caso do frango, reduções não ocorrem da noite para o dia, são um processo que, desde a incubação do ovo fértil, demanda pelo menos dois meses. Isso considerado, só se poderia contar com uma redução mais efetiva (no número de cabeças abatidas) a partir de junho – o que de fato ocorreu. Mesmo assim observa-se que a redução obtida não deve chegar a 2%. O setor blefou? Não - é a resposta. Experiências anteriores têm demonstrado que reduções do gênero, quando ocorrem, levam em

conta não os volumes de produção correntes mas, sim, o potencial de produção instalado. E, como já se demonstrou nas matérias anteriores, o potencial instalado deste ano aumentou pelo menos 10%. Na prática, pois, não é de todo equivocado afirmar que ocorreu redução da ordem de 7,5% na produção. Quanto ao volume de carne de frango produzida no semestre, por ora só se pode contar com o potencial de produção calculado pelo AviSite a partir do alojamento interno de pintos de corte e tendo por base, ainda, o peso médio por cabeça abatida extraído dos levantamentos trimestrais do IBGE. E o que se tem é um volume semestral cerca de 1,5% superior ao do mesmo semestre de 2019. O detalhe, neste caso, é que tal expansão foi determinada, exclusivamente, pelo aumento observado no trimestre inicial do ano. Ou seja: em decorrência dos efeitos da pandemia sobre o consumo, houve recuo na produção de carne de frango do segundo trimestre de 2020. E, provavelmente, em índices bem superiores aos apontados na projeção do potencial feita pelo AviSite.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Em relação ao número de dias úteis, exportações dos seis primeiros meses de 2020 registraram novo recorde

D

iante do bom desempenho das exportações das carnes suína e bovina, há quem afirme que as exportações de carne de frango continuam derrapando. Nada mais falso frente ao quadro pandêmico mundial e às dificuldades econômicas que afetam vários dos países importadores. O que caiu, sim, foi o preço do produto. Mesmo assim, só em dólar, porque na moeda brasileira os resultados continuam sendo favoráveis aos exportadores. O mais importante, porém, é que – em termos de volume – fechamos o primeiro semestre de 2020 com o melhor resultado médio desde 2016. Pois, pode não parecer, por ora estamos batendo - proporcionalmente – um novo recorde. Estatisticamente, sempre analisamos os resultados das exportações sob o ângulo do mês cheio. Mas o processo exportador se desenvolve, também, segundo os dias úteis do mês ou do ano. O que, em várias ocasiões, faz significativa diferença. O corrente exercício, por exemplo, é bissexto, tem 366 dias. Mas do ponto de vista das exportações tem 251 dias úteis, dois a menos que os 253 dias úteis de 2019. E, analisado sob esse prisma (embarques pela média diária dos dias

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úteis), o volume exportado no primeiro semestre de 2020 se coloca, ainda que por pequena diferença, no mais alto nível dos últimos cinco anos. Aliás, pela primeira vez na história das exportações de carne de frango a média registrada supera as 16 mil toneladas diárias. Claro, ao final das contas o que importa, de verdade, é o total exportado anualmente. Que, pelo mesmo parâmetro, tende a ficar abaixo do registrado em 2019. De toda forma, parece estar claro que - até aqui e apesar de todos os obstáculos enfrentados - as exportações de carne de frango não patinam, seguem até acima do que poderia ser esperado para este momento. De acordo com a SECEX/ME, em junho passado foram exportadas 320,8 mil toneladas do produto in natura e, assim, o total acumulado no semestre girou em torno de 1,965 milhão de toneladas, aumentando perto de 4% em relação ao mesmo semestre de 2019. Esse foi, também, o segundo maior volume já exportado pelo setor em um primeiro semestre, ficando aquém, somente, dos pouco mais de 2 milhões de toneladas do semestre inicial de 2016.


Disponibilidade interna de carne de frango pode ter permanecido nos mesmos níveis do 1º semestre de 2019

A

inda que o AviSite efetue projeções sobre a produção brasileira de carne de frango, o único dado concreto disponível é o levantamento trimestral do IBGE apontando (a) o número de cabeças de frango abatidas no período; e (b) o consequente volume (toneladas) de carne de frango. Embora tais dados não correspondam à produção total nacional – abrangem somente o que foi processado em abatedouros sob algum tipo de inspeção – possibilitam chegar a um bom indicador da evolução da disponibilidade interna de carne de frango, bastando, para tanto, deduzir da produção divulgada o volume mensal exportado, 100% sujeito à inspeção federal. E à luz dos dados relativos ao primeiro trimestre de 2020 (os últimos até agora divulgados), é estimável uma redução na disponibilidade per capita de carne de frango na primeira metade do corrente exercício.

É verdade, neste caso, que os números relativos aos três primeiros meses do ano apontam estabilidade em relação ao mesmo período de 2019 (incremento de apenas 0,1%). Porém, tudo indica que o número de cabeças abatidas no segundo trimestre sofreu redução (o alojamento de pintos de corte aponta nessa direção). Como os números efetivos de produção só serão publicados no final do corrente trimestre, a Revista do AviSite mantém para o trimestre passado, apenas como demonstrativo, a mesma média registrada nos três meses anteriores. Os resultados obtidos sugerem aumento de 4,2% na disponibilidade per capita de carne de frango no primeiro semestre de 2020. Porém, frente à já comentada redução dos abates no segundo trimestre, os resultados efetivos devem ter sido inferiores. A possibilidade de manutenção nos mesmos níveis de idêntico período de 2019 não deve ser descartada.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Frente à pandemia, preços alcançados seriam aceitáveis; mas elevação do custo pôs tudo a perder.

C

om o avançar contínuo do sistema integrado, autossustentável no abastecimento de aves vivas, a comercialização do frango vivo no mercado independente do interior de São Paulo – em outros tempos referencial não só para o frango abatido, mas também para a avicultura de corte de todo o Brasil – deixou, salvo raras exceções, de apresentar aquelas variações típicas da primeira e da segunda quinzenas. Exemplificando, em 2019, enquanto o frango abatido sofria altas e baixas praticamente diárias, para a ave viva prevaleceram apenas três preços: R$3,30/kg por cerca de cinco meses; R$3,60/kg por outros dois meses; e R$3,20/ kg, por pouco mais de 50 dias. Ou seja: em 70% do ano a remuneração do produtor independente permaneceu estática dentro de uma determinada faixa, independente das variações enfrentadas pelo produto final. Tal estabilidade, por sinal, fica ainda mais claro quando se observa, no gráfico que mostra os preços mensais, os valores registrados entre julho de 2019 e março de 2020. Nesses 9 meses, comparativamente a uma variação

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superior a 27% nos preços mínimo e máximo do frango abatido, a variação experimentada pelo frango vivo não chegou a 4%. Isso, sem dúvida, iria se repetir em 2020. E, de fato, o ano foi aberto com os mesmos R$3,20/kg alcançados no final de novembro de 2019, valor que se estendeu até o final de janeiro, perfazendo mais de dois meses de preço inalterado. Sabia-se, porém, que a qualquer momento o frango vivo iria compartilhar com o abatido aquelas baixas típicas de quase todo primeiro trimestre de um novo exercício. Ao contrário, porém, ainda em fevereiro, após curto período de baixa, o preço do frango vivo se revitalizou e, com isso, fevereiro e março foram fechados com pequena valorização em relação a janeiro. Esperava-se mais, naturalmente, mesmo porque os custos exigiam. Mas o que veio foi um novo coronavírus pandêmico que, em abril e maio, fez os preços desabarem. Em consequência, os custos, que já eram elevados, se tornaram onerosos, forçando uma natural retração da produção. E como, nestes casos, a resposta do produtor


independente sempre é mais rápida que a das integrações, os efeitos foram quase imediatos, pois já no final de maio (como efeito da menor oferta e num momento em que, normalmente, os preços refluem) começaram a ser observadas as primeiras reações da ave viva, processo que se intensificou no decorrer de junho, estendendo-se pela segunda quinzena do mês. Porém, embora bem vinda, essa reação foi, a um só tempo, tardia e insuficiente. Pois ainda que valorização mensal tenha se aproximado dos 18%, o incremento em relação a junho de 2019 ficou em apenas 2,87%, índice muito aquém da elevação dos custos. O pior, porém, é que, em termos semestrais, o preço médio do período – R$3,19/kg – correspondeu a uma redução de 2,17% sobre a média dos mesmos seis meses do ano passado, índice, aliás não muito diferente da média dos 12 meses de 2019. Deflacionados os preços anteriores (pelo IPCA de maio de 2020) observa-se que o valor médio do 1º semestre de 2020 ficou muito próximo do registrado no ano de 2014, mas aquém dos alcançados em 2013, 2016 e 2019.

Custos põem tudo a perder Obviamente, frente ao cenário pandêmico mundial, os fracos resultados econômicos do primeiro semestre seriam aceitos e facilmente absorvíveis não fosse o caminhar oposto dos custos de produção, em elevação desde o segundo semestre de 2019, mas atingindo valores recordes no exato momento em que a avicultura de corte era mais afetada pelos desdobramentos da Covid-19. O custo no mês de junho (relativo ao Paraná) ainda não estava disponível por ocasião do fechamento desta edição. Além disso, não há levantamento específico sobre o custo de produção no Estado de São Paulo. Ainda assim nada impede que se oponha o preço paulista ao custo paranaense, mesmo porque as condições de abastecimento e produção são muito similares. E o que se constata é que, nos 12 meses encerrados em maio de 2020, enquanto sofreu redução superior a 17% no preço recebido pela ave viva, o produtor enfrentou altas que elevaram seu custo em quase 25%.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Alojamento de pintainhas de postura se expande à razão de 3,5% por semestre e pode aumentar cerca de 10% no final de 2020

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s dados, colhidos no mercado, relativos ao alojamento de pintainhas comerciais de postura indicam que o setor permanece em crescimento praticamente contínuo. Sob esse aspecto, por sinal, analisada a evolução dos alojamentos semestrais, observa-se quase não haver distinção entre a primeira e a segunda metade do ano: salvo algumas poucas exceções, o ritmo de expansão se mantém, evoluindo a uma média de 3,5% por semestre. Com isso, o incremento entre o primeiro semestre de 2010 e o mesmo semestre deste ano (dados preliminares) ultrapassa os 70%. A despeito da pandemia de Covid-19, neste ano esse comportamento não vem sendo diferente. Entre janeiro e

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maio os alojamentos aumentaram mais de 13%, chegando aos 53,607 milhões de cabeças. E a média aí registrada, mantida no mês de junho, leva a projetar para o semestre alojamento superior a 64,3 milhões de cabeças, novo recorde em termos semestrais. Considerando-se, ainda, que nos 10 anos transcorridos entre 2010 e 2019 os alojamentos do segundo semestre foram, em média, perto de 5% superiores aos do primeiro semestre, são estimáveis pelo menos outros 65 milhões de cabeças nestes últimos seis meses de 2020. Neste caso, o total anual girará em torno dos 130 milhões de cabeças, cerca de 10% a mais que o alojado no ano passado.


Apesar dos altos e baixos do período, resultados do ovo no semestre foram positivos

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erdadeiro “salvador da pátria” quando outras proteínas de origem animal alcançam preços proibitivos para bolsos não muito favorecidos, no final de 2019 o ovo foi beneficiado pela alta valorização obtida pelas carnes no período: alcançou em dezembro não só o melhor preço do ano, mas um dos melhores (ao menos nominalmente) de todos os tempos. Por isso, ao iniciar-se 2020, seu desempenho ocasionou verdadeiro choque no setor produtivo, já que o preço alcançado em meados de janeiro chegou a apresentar queda de mais de 30% em relação à média do mês anterior, retrocedendo aos menores níveis em 12 meses. O susto valeu, pois imediatamente procedeu-se a um esforço pela readequação da oferta, seja descartando poedeiras mais velhas ou destinando ao abate as menos produtivas. Imediata também foi a reação do mercado. Pois em plena segunda quinzena de janeiro (época improvável para altas do produto) iniciou-se rápida recuperação de preços, processo que prosseguiu em fevereiro e propiciou, no mês, valorização de mais de 40% em relação à média de janeiro. Imaginava-se, então, que os preços alcançados no final de fevereiro, quando a começou a Quaresma (dia 26), permaneceriam mais ou menos os mesmos por todo o mês de março, até a chegada da Páscoa, em 12 de abril. Porém, um mês antes das comemorações pascais, depois de permanecer reticente por longo período, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu (11 de março de 2020) que o novo coronavírus que começava a ocasionar perdas de vidas humanas na Ásia e na Europa correspondia a uma pandemia. A partir daí, no Brasil e no mundo, o ovo tornou-se – ainda que por curto espaço de tempo – o alimento “da vez”.

O processo foi desencadeado com a constatação de que, neste primeiro momento, só o isolamento social poderia deter a disseminação do desconhecido agente. Repentinamente confinadas em suas casas, as famílias (re)descobriram que o ovo era o alimento de mais fácil e rápido preparo para aquele momento. Não que tenha ocorrido simultâneo aumento de consumo. O que mudou foi o ponto de demanda - o consumidor final – alijando-se do processo praticamente todo o food-service, aí inclusa a fabricação, em pequena ou grande escala, de pães, bolos, doces e toda uma série de alimentos que têm no ovo ingrediente essencial. Até que se conseguisse redirecionar a oferta para o novo ponto de concentração da demanda os preços experimentaram verdadeiro “boom” – situação que se repetiu em diversas partes do mundo. Daí ter-se alcançado, mesmo depois de findo o período de Quaresma, as maiores cotações de todos os tempos - fato inédito na história do setor. Mas à medida que a distribuição foi sendo redirecionada, os preços passaram a sofrer deterioração, contribuindo para isso, também, a ausência da merenda escolar, um dos grandes fatores de sustentação do consumo no decorrer de cada exercício. E, sem contar, ainda, com a alta demanda das festas juninas, nos últimos dias do primeiro semestre o ovo registrou os menores preços dos últimos cinco anos. De toda forma, graças ao excepcional desempenho registrado entre fevereiro e abril o ovo completou o primeiro semestre de 2020 com preços cerca de um terço superiores aos do mesmo período de 2019. Em relação à media anual do ano que passou e considerando os preços alcançados pelas cargas fechadas de ovos brancos do tipo extra, a valorização média deste ano ficou próxima dos 30%.

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Balanço do primeiro semestre de 2020

Com as expressivas altas do milho e do farelo de soja, cai o poder aquisitivo do produtor do frango e do ovo

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elo que se viu nas análises anteriores, o ovo fechou o semestre com boa valorização em relação ao mesmo período do ano passado (preços cerca de um terço superiores), enquanto o frango vivo fechou o semestre com resultado que, embora negativo, é aceitável frente ao tumultuado momento enfrentado. Tais conclusões, porém, têm validade somente quanto aos preços alcançados. Porque, frente aos custos enfrentados no semestre , os resultados - especialmente os do frango - ficaram muito aquém da realidade anterior. E isso se deve, fundamentalmente, à evolução dos preços das duas matérias-primas essenciais para o setor, milho e farelo de soja, cujos preços agora têm como referência o dólar.

Milho: nos últimos 12 meses, variação anual de até 43% Comparativamente a junho de 2019, o milho encerrou o primeiro semestre de 2020 com uma valorização de pouco mais de 21%. Mas isso não reflete todo o comportamento de preços do grão nos últimos 6 meses. Assim, por exemplo, em março passado o grão foi comercializado, internamente, por valor equivalente a, aproximadamente, de US$12,50/saca, valorizando-se 11% em relação ao mesmo mês de 2019. A questão é que, nesse mesmo espaço de tempo, o valor do dólar aumentou mais de 25%. E o efeito, para o avicultor, foi não só um custo mais de 40% superior, mas também o maior valor nominal pago pelo milho em todos os tempos. No segundo trimestre de 2020 os preços registrados sofreram ligeiro recuo. Mas o poder aquisitivo do produtor de frangos, que vinha sofrendo deterioração desde o final de 2019, não experimentou recuperação. Em junho do ano passado uma tonelada de frango vivo possibilitava adquirir perto de 5 (cinco) toneladas de milho em grão. Neste ano, em junho, o volume adquirível – apesar da baixa do milho e da alta do frango vivo – foi 15% menor, não chegando a 4,230 toneladas. Neste caso, menos mal para o produtor de ovos que, exceto em janeiro, manteve, aproximadamente, o mesmo poder de compra de um ano atrás. De toda forma, no mês de encerramento do semestre, frente à variação anual de 21,21% no custo do milho, a remuneração obtida pelo ovo não passou dos 15% e a do frango vivo não chegou a 3%.

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Feitas as contas, o produtor de ovos encerrou o primeiro semestre de 2020 necessitando de um volume do produto quase 23% maior para adquirir a mesma quantidade de farelo de soja obtida em junho de 2019

Farelo de soja; aumento em 12 meses ultrapassa os 40% No caso do farelo de soja a perda de poder aquisitivo é, tanto para o produtor de frango quanto para o de ovos, bem maior que a do milho. Pois enquanto o preço do frango evoluiu perto de 3% e o do ovo não mais que 15%, o aumento de preço do farelo superou os 40% E o pior, neste caso, é que as maiores variações de preço passaram a ser registradas a partir de março, isto é, quando a produção animal passou a sofrer os efeitos da pandemia. Feitas as contas, o produtor de ovos encerrou o primeiro semestre de 2020 necessitando de um volume do produto quase 23% maior para adquirir a mesma quantidade de farelo de soja obtida em junho de 2019. Ou seja: enquanto há um ano se adquiria uma tonelada de farelo de soja com pouco mais de 19 caixas de ovos, neste ano foram necessárias cerca de 23,5 caixas para adquirir o mesmo volume da matéria-prima. Já para o produtor de frangos a situação é bem mais crítica. Pois enquanto há um ano uma tonelada de farelo de soja era adquirida com 363 kg de frango vivo, neste ano esse volume aumentou mais de 37%, exigindo perto de meia tonelada da ave viva.

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Ponto Final

Uma breve prosa sobre nosso setor “Somos o Brasil que dá certo. Mas também somos o Brasil que passa longe do olhar da maioria dos brasileiros”

José Antonio Ribas Jr. Presidente da Associação Catarinense de Avicultura - ACAV

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amos falar de um novo olhar para todo o setor de produção de proteína. Conquistarmos respeito e liderança em cada ambiente que que participarmos. Falarmos da honra e orgulho de fazer parte de uma cadeia de produção com propósitos e fundamentos inquestionavelmente, sustentáveis para toda a sociedade. Esta deve ser a busca incansável de todas as lideranças que neste ambiente atuam. É de nossa responsabilidade conquistar a confiança de toda a sociedade. Falo de uma confiança genuína. Falo de criar no coração de cada brasileiro o orgulho de falar do seu agronegócio, como um patrimônio nacional. Afinal somos o Brasil que dá certo. Mas também somos o Brasil que passa longe do olhar da maioria dos brasileiros. Somos o Brasil que gera milhões de empregos, gera renda e qualidade de vida a muitos municípios. Alimenta famílias aqui e em mais de 150 países. Produzindo proteína de alta qualidade, acessível e includente a tantos. Temos lideranças e profissionais que são protagonistas e resilientes a ponto de em cada crise que passamos, e não foram poucas, saímos mais fortes e mais preparados para os dias que virão. Basta um olhar para o passado recente e veremos que superamos carne fraca, greve de caminhoneiros e agora esta pandemia que nos desafia. Mas criamos soluções e alternativas. Cuidamos de gente e produzimos alimentos com competência reconhecida pelo mercado mundial. Nos falta mostrar mais isso. Falarei adiante sobre isso. Mas cito que já há um movimento de muito canais de mídia aberta buscando espaço diferenciado ao Agronegócio. Boa noticia. Ótimas oportunidades. O propósito de produzir alimentos é uma atividade essencial e inadiável. O privilégio de estar neste setor pode ser expressado de muitas maneiras, com muito argumentos. Cuidamos de gente, geramos empregos e renda mesmo no momento que economia desacelera, e, somos a alavanca que pode acelerar a retomada do crescimento do Brasil e do mundo.

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Todos este seriam argumentos suficientes, mas não são. Queremos mais. Temos que jogar nosso olhar para o futuro. Subir o farol. Entender as mudanças na sociedade e o entender o novo consumidor. Ampliarmos nossa comunicação e não apenas falamos de nós para nós mesmos. Cito aqui 3 pilares essenciais para buscarmos espaço, confiança e protagonismos dentro e fora do Brasil. Nossa comunicação deve mudar de reativa para proativa. Mais do que isso, uma comunicação criativa. Atingir todos os públicos relevantes. Informação e conhecimento são insumos poderosos. Usados adequadamente podem abrir portas ao setor ou, no mínimo, evitar que fechem. Falar com formadores de opinião: professores, médicos, influenciadores,... buscar nas crianças o entendimento de nossa cadeia de produção e todos os seus atributos qualificadores. As novas gerações são exigentes quanto a propósito e sentido. Este olhar diferente é uma oportunidade, pois podemos com orgulho mostrar o que fazemos. E aqui reside um ponto relevante de nossa prosa: temos que falar o que fazemos e fazer o que falamos. Transparência e comunicação ativa. Mostrar o respeito que temos ao alimento que produzimos. Toda a ciência que suporta nossos processos produtivos. Atingir diferentes públicos, desde o menor ecossistema que participamos até as agendas mais estratégicas que devemos desenvolver. Sobre estas agendas estratégicas poderíamos falar muitas coisas. Mas resumirei dizendo que nossa Coordenação deve buscar um planejamento estratégico para o setor. Amplo e enxuto. Isso mesmo. Enxugar a pauta mas ser amplo no que é relevante. Constituir comitês com pluralidade de ideias, com notáveis executivos que nosso setor dispõe e com metas definidas. Tratando desde temas específicos da cadeia de suprimentos, logística, comunicação, diplomacia e relações com mercados, enfim, foco em ser um Pais líder mundial e respeitado. Criar este caminhos que nos levem a liderança e protagonismo. Afinal somos a melhor alternativa de alimento seguro para o mundo. Por último, temos líderes e gestores de indiscutível competência no Brasil. Não será difícil coordenar uma agenda setorial que possa orientar políticas, decisões econômicas, investimentos e gente para, ali a frente, nos tronarmos no presente o sonho do Brasil do futuro. Concluindo, estamos frente a novos e antecipados desafios. Oportunidades se abrem frente a necessidade que o mundo vive de ter acesso ao alimento seguro. Cabe a nós, cada um de nós, fazer bem a sua parte. E organizados, desenvolver e executar uma agenda de construção e pavimentação dos caminhos que tornarão o Brasil a maior potência na produção de alimentos para o mundo. Contem comigo.


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