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Viagem à Alemanha

OMuseu de Arte Sacra (MAS), além de todas as atividades que oferece na área da educação e da pesquisa, promove cursos in loco que permitem aos estudantes e pesquisadores o contato direto com arquivos, museus, templos e edifícios históricos. Essas possibilidades são momentos únicos de encontro entre todos aqueles que estão presentes para enriquecer seu repertório, continuar seus estudos e aumentar seus contatos.

Em 2019 o MAS promoveu um curso na Alemanha com os professores: Drª. Vanessa Beatriz Bortulucce e Me. André Guimarães Rodrigo. A viagem teve como objetivo observar o patrimônio histórico e artístico do país passando por Dresden, Leipzig, Nuremberg e Berlim.O curso contou ainda com um conteúdo importante sobre a cultura erudita musical por meio de sessões de óperas, sinfonias e recitais em igrejas.

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O curso, promovido pelo MAS, possibilitou o encontro com os diversos períodos da história da Alemanha, além de promover um encontro mais íntimo com sua cultura por meio de sua produção musical. A cultura da Alemanha é diversa e é reconhecida por conta de suas inúmeras tradições, instituições e eventos. O país tem papel de destaque na história mundial e recebe o reconhecimento de Patrimônio Mundial, dado pela UNESCO, a várias cidades, monumentos e manifestações que são consideradas como patrimônio da cultura imaterial. Nossas imagens, aqui registradas, centram-se em duas cidades dessa viagem: Dresden e Leipzig e atestam a dinamicidade do museu que caminha para os seus próximos cinquenta anos de história.

Arte Tumular: “Imagens de uma Saudade”

Fazer a curadoria de uma exposição do Museu de Arte Sacra é um trabalho que exige profundo conheci mento, perícia e sensibilidade. As palavras de Vanessa Bortulucce, ao falar de seu trabalho como curadora da exposição Arte Tumular: “Imagens de uma Saudade”, revelam os pensamentos e sentimentos daquele que faz a curadoria e prepara o encontro do outro com a experiência estética. Marcos Horácio Gomes Dias 1

1 Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é professor e curador de exposições do Museu de Arte Sacra de São Paulo.

Vanessa Bortulucce é professora e curadora do Museu de Arte Sacra de São Paulo. Tem uma longa formação pela UNICAMP: graduação em História, mestrado em História da Arte e da Cultura e doutoramento em História Social. Possui ainda pós-doutorado pelo Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP.

No Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS), desenvolve cursos relacionados à Cultura de Massa (história em quadrinhos, análise das mídias eindústria cultural) e História da Cultura (história da Cor, estética do horror, arte tumular, história e análise dos símbolos). Esses temas possibilitaram visitas in loco com os estudantes, viagens internacionais e curadorias. Recentemente, foi curadora da exposição Arte Tumular: “Imagens de uma Saudade” que ficou exposta entre os dias 29 de setembro e 02 de novembro, exibindo trabalhos dos fotógrafos Luciana Fátima e Arlindo Gonçalves.

A Arte Tumular reinterpreta e aproxima os opostos vida e morte. Na sua elaboração os mais diversos materiais como mármore, granito, ferro e bronze ganham viés artístico, cultural e museológico.

Você trabalha com temas importantes e novos no campo da arte. Como curadora, qual é o seu maior desafio quando escolhe obras que retratam, de alguma maneira, a morte?

R - Acho que o maior desafio que encontrei foi procurar realizar uma mostra onde as pessoas não tivessem medo de visitar, afinal, o tema da morte e do cemitério, está presente no senso comum de forma muito negativa, mórbida. Existem pré concepções muito robustas no imaginário das pessoas, e eu queria que a mostra justamente pudesse romper um pouco com estas ideias, elasticizar o debate com morte, com a memória. Nãose trata de dizer quea morte é algo bom – seria absurdo -, mas de fazer as pessoas refletirem um pouco mais sobre a vida, e de modo menos engessado e estereotipado.

Identificou problemas ao lidar com esse tema?

R - Pessoalmente, nenhum. Tanto eu quanto os fotógrafos, Luciana e Arlindo, somos muito interessados pelo tema. O que foi um desafio para nós, e de certa forma, um pouco angustiante, foi não ter podido usar imagens dos cemitérios da cidade de São Paulo. A prefeitura não permite a divulgação das imagens. Então, tivemos um pouco de receio que o público achasse a mostra muito elitizada, pois só pudemos inserir fotografias realizadas em cemitérios fora do Brasil.

Como foi sua interação com os fotógrafos participantes na preparação da sua última curadoria?

R - Excelente. Luciana e Arlindo foram meus alunos no curso de Arte Tumular que ministrei no MAS em 2016 e 2019. Eu tive esta ideia de propor uma exposição sobre as fotos dos dois, que eu já conhecia e admirava; encantei-me com o olhar maravilhoso e sensível deles. Realizamos a escolha das obras juntos, eu queria que eles participassem disso. Sou curadora, não a artista. É absolutamente necessário ouvir o artista

Podemos identificar o tema da morte em outras obras que compõem o acervo do MAS que tam- bém nos poderiam suscitar essa mesma reflexão?

R - Se eu levar esta questão às últimas consequências, poderia dizer que toda produção cultural é uma es- pécie de dança com a morte. O que não é um museu senão um apanhado, seguindo determinados critérios, de produções materiais que possuem significados que transcendem o tempo em que foram feitos? Para mim, tudo aquilo que é um repositório de memória é um di- álogo com a transitoriedade da vida. Não consigo mais entrar num biblioteca sem entendê-la como uma es- pécie de cemitério: ali está o conhecimento de nossa espécie, de muitos que não estão mais entre nós.

O MAS, com seu acervo que carrega as questões de devoção, de fé, de esperança e conforto, ressoa a sensi- bilidade, tão multifacetada, de indivíduos que deposi- taram seu tempo e suas dores na exaltação da fé. A arte sacra é uma arte que une os homens pela busca de um sentido. Passear pelos corredores do MAS é visitar este álbum de sensibilidades, de construções de sentidos.

Com sua experiência, como você explicaria o pa- pel do curador de uma exposição?

R - Sempre fico um pouco desconfortável quando faço curadoria, pois tomo todo o cuidado para que o cura- dor não apareça demais. Sua visibilidade deve ser con- trolada. O curador não é o protagonista, não é o artista, ele não é a estrela principal. Não deve ser mais impor- tante que o objeto artístico. Tenho pavor de exposições onde as pessoas só vão por causa do curador famoso que aparece nas colunas sociais. Ele é uma figura im- portante, justamente porque seu trabalho é percebido de forma suave, branda, quase indelével.

Obrigado por tudo, Querido Professor Renato Brolezzi

Nosso querido Professor Renato Brolezzi nos deixou no dia 17 de novembro de 2019. Era professor de História da Arte, mas ensinava também sobre a civilização ocidental, sua cultura e sua história.

Formado em Ciências Sociais e especializado em História da Arte pela Unicamp, o professor lecionou em diversas instituições, como o Masp e a Facamp, e se tornou professor do MAS em março de 2016. Lotava nosso auditório com suas concorridas palestras sobre História da Arte e levou nossos alunos para inigualáveis cursos in loco em Florença e em Paris.

Seu falecimento súbito deixou em choque seus colegas, amigos, alunos, familiares e todos aqueles que tiveram contato com sua gentileza imensa, com sua educação e com sua inesgotável generosidade, que deveria passar a ser a definição do termo nos dicionários.

O professor Renato encantava seus alunos com seu entusiasmo e seu imenso conhecimento. Sua profunda erudição vinha embalada em um modo de falar leve e bem-humorado. Vocação rara de professor que sabia nos enfeitiçar e nos levar a querer saber mais, a assistir a mais aulas, a ler mais. Com ele, descobrimos que estudar é uma necessidade, pois adquirir repertório e conhecer o que nos precedeu é fundamental para que possamos refletir e fazer conexões a respeito do que nos rodeia.

Como o Miguilim de Guimarães Rosa, sua rápida passagem entre nós foi iluminadora. Seus ensinamentos nos fizeram pensar sobre a vida, sobre a civilização, sobre a sociedade e sobre as pessoas. Com ele, aprendemos que a obra de arte “não serve para nada a não ser nos fazer perder tempo com ela”, algo que ele nos dizia repetidamente. Aprendemos que estudar a tradição é fundamental porque ninguém cria a partir do nada, de modo que a verdadeira “inovação” é aquela que, partindo do que já existe, é capaz de alterá-lo de tal maneira que a nova forma passa a surpreender quem a vê. E, acima de tudo, que a consciência humana é o que nos diferencia das demais espécies; pois somos a única espécie que se indaga sobre o sentido da vida (sobre o que somos, de onde viemos e para onde vamos) e que anseia pela eternidade, recusando-se a morrer; que a cultura e a linguagem são o barulho feito pela humanidade para responder a todas essas questões sem resposta, sobre as quais falamos continuamente, em uma grande psicanálise coletiva (como diria Freud).

Querido professor Renato, somos gratos por sua vida, por sua dedicação, por sua obra e por sua generosidade.

Fotografia: Gisele Bertinato.

A Natureza e o Sagrado: Ensaio Fotopoético

Gosto de pensar que podemos sentir o sagrado em tudo que nos rodeia. Pode ser nos fenômenos da natureza, nos mistérios do céu estrelado, nos animais, em lindas paisagens. O mundo está impregnado de sacralidade. Sônia Lima Medeiros 1

1 Assistente social. Titulada em Gerontologia pela SBGG. Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo - USP. Pesquisadora científica. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Apaixonada por arte.

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