À maneira de Vieira...

Page 1

À maneira de…

Foto (parcial) – Padre António Vieira - caricatura de António – in Expresso de 2.10.1999


A

Natureza,

esta

mãe que apenas dá sem nunca

pedir

troca.

Esta

nada mãe

em que,

como boa mãe que é, alimenta os seus filhos, dando-lhes tudo o que tem e deles nada espera. Pergunto eu agora: não deveria tanto

esta dá

mãe receber

que o

respeito que merece? Essa é a tarefa que cabe a estes filhos, certo? Vós sois os filhos desta terra, não deveríeis então retribuir aquilo que ela vos dá? A Natureza é uma bênção dá aos seus filhos tudo o que eles precisam, mas não é infinita, de que estão à espera, estes filhos? Estarão à espera que esta mãe morra para finalmente perceberam aquilo que há muito deviam ter percebido? Irão estes filhos apenas perceber que a parte deles não está a ser cumprida, quando for tarde demais e nada houver para fazer, a não ser chorar a morte do que ajudaram a destruir? A Natureza é mãe, dá, protege, acarinha.

Durante muito tempo acolheu nos seus enormes

braços estes filhos, e, enquanto eles eram apenas crianças , deles cuidou, mas estes filhos não são mais crianças. A humanidade evoluiu e esta mãe está a ficar velha. A cada dia, esta mãe vai envelhecendo mais e mais e onde estão agora os filhos, que ela criou e amou, quando são necessários? A Natureza não é algo que possa ser refeito. Quando for o seu fim, será o seu fim, irá então a humanidade dar-se conta da sua perda? Pergunto então finalmente, não deveriam estes filhos ajudar a sua mãe enquanto ainda é tempo? É o erro da mãe que dá sem nada esperar em troca, ou dos filhos que apenas recebem sem nunca retribuir? A resposta, já eu a sei, a resposta já todos sabem. Ana Teresa – n.º 2


“Preocupar-te-ias mais se ele estivesse à porta de tua casa?”

Vós que sois criaturas da terra, por

onde anda a vossa consciência? È

verdade que tendes as vossas preocupações, mas não querereis também ser bondosos? Que faríeis se vísseis uma pobre alma abandonada à fome, abandoná-la-íeis ou oferecer-lhe-íeis um pedaço de ajuda? Seria diferente se fosse vosso filho ou será que não faria diferença pois ambos são seres humanos. E se fosse bater à porta de vossa casa, receberíeis um estranho de braços abertos ou fechar-lhe-íeis a porta na cara alegando que estáveis ocupados? Em frente dos vossos conhecidos dizeis que, com certeza, ireis ajudar os desafortunados mas, na realidade, é essa a verdade? Ou será que oferecereis desprezo em vez de um bocadinho da vossa sorte? Nas vossas noites, sentados no sofá das vossas casas, ocupais a mente com a televisão ou levantais-vos e saís de casa para ajudar o próximo nas noites frias? Como vos sentiríeis se fosseis vós, ou um dos vossos, quem estivesse a pedir ajuda, rezaríeis pela generosidade dos outros ou víeis que afinal não valia a pena, porque somos todos tão egoístas? Será tudo isto verdade ou apenas uma ilusão? Ainda mal.

Filipa Croce Rivera – n.º 8


A partir da publicidade "Stop climate change before it changes you" (Pára a mudança climática antes que ela te mude a ti)

Somos esses, sim, os seres racionais. Temos esse nome por pensarmos e pensarmos ser diferentes de todos os outros. Somos os constantes espectadores e a audiência de um programa televisivo melodramático onde ninguém se digna a viver. Podíamos até sair de casa e mudar o cenário daquele aflitivo episódio, mas mesmo assim continuamos a assistir, sentados no sofá, aconchegados à manta que nos aquece. Porquê? Ou é porque a televisão diz tratar-se de um filme, ou porque foi falta de atenção do espectador. Ou é porque a televisão não mostra as cidades imundas que serão as nossas, ou porque o espectador foi à casa de banho quando esses tais momentos foram emitidos. Ou é porque a televisão se avariou, ou porque o espectador a foi desligar. Ou é porque a televisão é a cores, ou porque o espectador a continua a ver a preto e branco. Ou é porque a emissão foi apenas publicidade, ou porque o espectador se cansou e mudou de canal. Ou então, ou é porque no programa não anunciaram o número de telefone de contacto, ou porque o espectador se esqueceu de apontar. E se nenhuma delas é mentira? Está mal.

Laura Carreira – n.º 11


A natureza não é reciclável

Nós, que dizemos gostar de onde vivemos, que cuidamos bem do nosso lar, não queremos saber dos bens comuns. pois, se cuidamos da nossa casa mas não o fazemos da terra, de que serve ter uma casa sequer? Poluímos porque não queremos saber ou porque não nos interessa o que não é nosso? Estragamos sem pensar, ou por não termos preocupações? Porque não vemos as consequências ou porque o problema não é nosso? Mas se não vemos as consequências,

e elas lá estão, é porque queremos que

sejam os outros a resolvê-las? E os outros, são só os outros ou os outros somos todos nós? Matamos por não ser nosso, ou por ignorância? Produzimos lixo por sobrevivência ou ganância? Será mesmo necessária tanta poluição a ponto de matar e alterar a natureza?

A natureza que,

generosa, tudo nos deu , sem nunca pedir nada, ou somos nós que não sabemos ouvir? Poluímos porque não vemos ou porque não queremos ver? Poluímos por ter inveja de quem estava cá primeiro, ou para nos provar que somos melhores? Tiramos, sem pensar em quantidades, e sem nos preocuparmos em dar também. E não é chegada a altura de retribuir? Eu diria que sim.

Mafalda Gonçalves – n.º 13


Se

todos

os

Homens

têm

o

direito

às

condições

necessárias,

às

oportunidades de realizar desejos, de fazer escolhas, se todos os homens têm direito a uma vida, porque será que a partir de uma dada altura tudo parece lhes ser tirado? Será que quando atingem uma certa idade os homens deixam de ser homens e tornam-se bichos indignos de tais direitos? Ou será que o conceito de homem termina aos 70 anos? E se o conceito de homem for de cariz geral e funcionar em todo o comprimento da palavra? Se todo o homem tem direito às condições, às oportunidades, à vida, para onde fogem essas coisas, ou porque fogem essas coisas ao atingir um certo limite? Onde está a ajuda? Ou porque não há ajuda ou porque não deixam ajudar? Ou é porque não querem ou é porque não podem. Ou porque não querem e os livros que escrevem são para respirarem longe da própria história, ou porque não podem e a sua história não lhes cabe numa palavra? Ou querem e a ajuda não lhes chega, ou não

deixam ajudar. Ou porque

querem mas já não têm palavras e o silêncio lhes é maior que a boca? Ou é porque não querem e já não têm a quem falar? Não será isto tudo verdade? Ainda mal.

João Oliveira – n.º 9 Verónica Rodrigues – n.º 24


Pregado na cidade de Lisboa, ano de 2010

Vós sois a água da terra, pois cabe-vos a vós delinear o vosso rumo. Como a água numa nascente que acaba de dar início a um percurso, vós também tendes a oportunidade de evoluir como escolherdes. A água opta quando se depara com um problema no seu caminho, ou mentaliza-se que tem força suficiente para passar por cima e continua o seu caminho, ou percebe que não é capaz; dá-lhe a volta e embora demore mais tempo, continua sempre o seu itinerário, sem parar. Tendo todos nós a mesma capacidade do que a água, porque é que não prosseguimos e paralisamos cada vez que nos deparamos com um problema? Ou é porque idealizamos a pequena rocha que nos apareceu no caminho como a maior do mundo, ou porque ficamos com uma pedra agarrada a nós que nos impede de fluir, com tudo o que temos de melhor. Ou é porque nos minimizamos perante o mais ínfimo problema; ou é porque estamos demasiados maximizados para uma vida tão fluida como a de uma nascente, e com todo esse peso não conseguimos ser puros e claros. Ou é porque não deixamos que a água se deixe fluir na sua mais pura transparência; ou é porque não nos desprendemos de todos os problemas que temos agarrados a nós e com isso não conseguimos prosseguir o nosso caminho em paralelo com todas as mais ínfimas gotas, pois todas elas é que nos dão um caminho e nos deixam prosseguir, nisto que é a vida! Não é tudo isto verdade? Ainda mal.

Sara Martins – n.º 20


A terra esta aquecendo

Vós sois humanos, como tal deveis proteger o que mais tarde será da geração futura, senão será tarde de mais para mudar este pequeno planeta chamado Terra. Vós sois daqueles que, ao passear na rua , atirais papeis para o chão, sem pensar nas causas futuras? Ou sois daqueles que zelais pelo próximo? Vós sois daqueles que , por mera comodidade, usais o carro todos os dias sem pensar no mal que estais a fazer à terra? Ou sois daquele s que utilizais os transportes públicos? Vós sois daqueles que, indiferentes, assistis à destruição da natureza sem nada fazer? Ou vós sois daqueles que, activa e empenhadamente, protegeis florestas? Vós sois daqueles que, a tudo o custo, optais pelas compras a baixo preço sem, por uma mínima fracção de segundos,

pensardes que aqueles

produtos vêm de fábricas que destroem os glaciares? Não são isto tudo verdades?

Tatiana Alexandra Carvalho – nº 22 Vasco Gomes – n.º 23


Textos de:

- Ana Teresa – n.º 2 - Filipa Rivera – n.º 8 - Laura Carreira – n.º 11 - Mafalda Gonçalves – n.º 13 - João Oliveira – n.º 9 - Sara Martins – n.º 20 - Tatiana Carvalho – n.º 22 - Vasco Gomes – nº 23 - Verónica Rodrigues – n.º 24


Escola Secundária António Arroio Turma N Outubro de 2010 Prof.ª Eli


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.