Poemas

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Poetas e suas Obras Da 2ª Metade do Século XX

Docente Elisabete Miguel Discente Débora Gonçalves Nº4 10ºJ Disciplina de Português Ensino Artístico Especializado Ano Letivo de 2014/15 6 de Março Docente Elisabete Miguel Discente Débora Gonçalves Nº4 10ºJ Disciplina de Português Ensino Artístico Especializado Ano Letivo de 2014/15 2 de Março Docente Elisabete Miguel Discente Débora Gonçalves Nº4 10ºJ Disciplina de Português Ensino Artístico Especializado Ano Letivo de 2014/15 2 de Março

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Docente Elisabete Miguel Discente Débora Gonçalves Nº4 10ºJ Disciplina de Português


Índice Índice ______________________________________________________1 Introdução___________________________________________________2 Poetas Contemporâneos _______________________________________5 E suas obras_____________________________________________5 Sobre a Ilustração ____________________________________________34 Conclusão___________________________________________________35 Webgrafia___________________________________________________36

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Introdução Este projeto insere-se no âmbito da disciplina de Português, lecionada pela professora Mª Elisabete Miguel, no Ensino Artístico Especializado e consiste na seleção de vinte poemas pertencentes a diferentes poetas portugueses da segunda metade do séc. XX. Após a seleção dos vinte poemas é requerido ao aluno que escolha um poema de entre os vinte e faça uma ilustração que se relacione com esse mesmo poema, explicando e explicitando essa mesma relação. Trata-se de um trabalho que visa despertar no aluno um maior interesse pela leitura em particular por obras do género referido, permitindolhe não só enriquecer o seu vocabulário e cultura mas também adquirir uma maior correção relativamente à forma como se expressa.

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Poetas Contemporâneos E suas obras

Green God, de Eugénio de Andrade Trazia consigo a graça das fontes quando anoitece. Era o corpo como um rio em sereno desafio com as margens quando desce. Andava como quem passa sem ter tempo de parar. Ervas nasciam dos passos cresciam troncos dos braços quando os erguia no ar. Sorria como quem dança. E desfolhava ao dançar o corpo, que lhe tremia num ritmo que ele sabia que os deuses devem usar. E seguia o seu caminho, porque era um deus que passava. Alheio a tudo o que via, enleado na melodia duma flauta que tocava

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Fig.1_ Eugénio de Andrade, de Bottelho, 2010

A uma Oliveira, de Alexandre O’Neill Muito antes de Os Lusíadas diz-se que já aqui estavas. Pré-camoniana, sazão a sazão, foste varejada séculos a fio. O pinho viajou. tu ficaste. Ao som bárbaro de um rádio de pilhas, desdobram toalhas na tua sombra rala.

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Fig.2_ O Horto das Oliveiras, de Van Gogh

Retrato, de Miguel Torga O meu perfil é duro como o perfil do mundo, Quem adivinha nele a graça da poesia? Pedra talhada a pico e sofrimento, É um mundo hostil à volta do pomar. Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto Faz um poema doce e desejado; Mas quem passa na rua Nem sequer sonha que do outro lado A paisagem da vida continua.

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Fig.3_ Retrato de Miguel Torga a carvão, por Isolino Vaz

A defesa do poeta, de Natália Correia Senhores jurados sou um poeta um multipétalo uivo um defeito e ando com uma camisa de vento ao contrário do esqueleto

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Sou um vestíbulo do impossível um lápis de armazenado espanto e por fim com a paciência dos versos espero viver dentro de mim Sou em código o azul de todos (curtido couro de cicatrizes) uma avaria cantante na maquineta dos felizes Senhores banqueiros sois a cidade o vosso enfarte serei não há cidade sem o parque do sono que vos roubei Senhores professores que pusestes a prémio minha rara edição de raptar-me em criança que salvo do incêndio da vossa lição Senhores tiranos que do baralho de em pó volverdes sois os reis sou um poeta jogo-me aos dados ganho as paisagens que não vereis Senhores heróis até aos dentes puro exercício de ninguém minha cobardia é esperar-vos umas estrofes mais além

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Senhores três quatro cinco e Sete que medo vos pôs por ordem? que pavor fechou o leque da vossa diferença enquanto homem? Senhores juízes que não molhais a pena na tinta da natureza não apedrejeis meu pássaro sem que ele cante minha defesa Sou uma impudência a mesa posta de um verso onde o possa escrever ó subalimentados do sonho! a poesia é para comer

Fig.4_ Retrato escultórico de Natália Correia, por Francisco Simões

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Povoamento, de Ruy Belo

No teu amor por mim há uma rua que começa Nem árvores nem casas existiam antes que tu tivesses palavras e todo eu fosse um coração para elas Invento-te e o céu azula-se sobre esta triste condição de ter de receber dos choupos onde cantam os impossíveis pássaros a nova primavera Tocam sinos e levantam voo todos os cuidados Ó meu amor nem minha mãe tinha assim um regaço como este dia tem E eu chego e sento-me ao lado da primavera

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Fig.5_ Retrato escultórico de Ruy Belo, por Francisco Simões

Dá-me a tua mão, de José Gomes de Ferreira Dá-me a tua mão. Deixa que a minha solidão prolongue mais a tua — para aqui os dois de mãos dadas nas noites estreladas, a ver os fantasmas a dançar na lua.

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Dá-me a tua mão, companheira, até o Abismo da Ternura Derradeira.

Fig.6_ Fotografia por Marta Louro, Lisboa, 27 de Abril de 2014

Arrependo-me de a Meter num Romance, de Vitorino Nemésio O poema tem mais pressa que o romance, Asa de fogo para te levar: Assim, pois, se houver lama que te lance Ao corpo quente algum, hei-de chorar.

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Deus fez o poeta por que não descanse No golfo do destino e amores no mar: Vem um, de onda, cobri-la — e ela que dance! Vem outro — e faz menção de me enfeitar. Os outros a conspurcam, mas é minha! Chicoteá-la vou com a própria espinha, Estreitam-me de amor seus braços mornos, Transformo seus gemidos em meus uivos E torno anéis dos seus cabelos ruivos Na raspa canelada dos meus cornos.

Fig.7_ War Of Feelings, de Leonid Afremov

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Eternidade, de Jorge de Sena Vens a mim pequeno como um deus, frágil como a terra, morto como o amor, falso como a luz, e eu recebo-te para a invenção da minha grandeza, para rodeio da minha esperança e pálpebras de astros nus. Nasceste agora mesmo. Vem comigo.

Fig.8_ Retrato Escultórico de Jorge de Sena, por Francisco Simões

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Este é o tempo, de Sophia de Mello Breyner Andresen Este é o tempo Este é o tempo Da selva mais obscura Até o ar azul se tornou grades E a luz do sol se tornou impura Esta é a noite Densa de chacais Pesada de amargura Este é o tempo em que os homens renunciam.

Fig.9_ A persistência da Memória, de Salvador Dali,1931

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Soneto da Chuva, de Carlos de Oliveira Quantas vezes chorou no teu regaço a minha infância, terra que eu pisei: aqueles versos de água onde os direi, cansado como vou do teu cansaço? Virá abril de novo, até a tua memória se fartar das mesmas flores numa última órbita em que fores carregada de cinza como a lua. Porque bebes as dores que me são dadas, desfeito é já no vosso próprio frio meu coração, visões abandonadas. Deixem chover as lágrimas que eu crio: menos que chuva e lama nas estradas és tu, poesia, meu amargo rio.

Fig.10_ James DEAN haunted times square, EUA – Nova Iorque, 1955, fotografia por Dennis Stock

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Balada de Lisboa, de Manuel Alegre Em cada esquina te vais Em cada esquina te vejo Esta é a cidade que tem Teu nome escrito no cais A cidade onde desenho Teu rosto com sol e Tejo Caravelas te levaram Caravelas te perderam Esta é a cidade onde chegas Nas manhãs de tua ausência Tão perto de mim tão longe Tão fora de seres presente Esta e a cidade onde estás Como quem não volta mais Tão dentro de mim tão que Nunca ninguém por ninguém Em cada dia regressas Em cada dia te vais

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Em cada rua me foges Em cada rua te vejo Tão doente da viagem Teu rosto de sol e Tejo Esta é a cidade onde moras Como quem está de passagem Às vezes pergunto se Às vezes pergunto quem Esta é a cidade onde estás Com quem nunca mais vem Tão longe de mim tão perto Ninguém assim por ninguém

Fig.11_ O Fado, de José Malhoa, 1910

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(...) não chega, a ser um gesto – A intacta ferida, de António Ramos Rosa Um gesto sem paisagem sem horizonte ou casa sem o outro não chega a ser um gesto será talvez um esgar um grito que sufoca tal como um rio se perde sem as suas margens

Fig.12_ Le roi melancolique, de Mario Dunplantier

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Pedra Filosofal, de António Gedeão Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer, como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso, como este ribeiro manso em serenos sobressaltos, como estes pinheiros altos que em verde e oiro se agitam, como estas aves que gritam em bebedeiras de azul. Eles não sabem que o sonho é vinho, é espuma, é fermento, bichinho álacre e sedento, de focinho pontiagudo, que fossa através de tudo num perpétuo movimento.

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Eles não sabem que o sonho é tela, é cor, é pincel, base, fuste, capitel, arco em ogiva, vitral, pináculo de catedral, contraponto, sinfonia, máscara grega, magia, que é retorta de alquimista, mapa do mundo distante, rosa-dos-ventos, Infante, caravela quinhentista, que é Cabo da Boa Esperança, ouro, canela, marfim, florete de espadachim, bastidor, passo de dança, Colombina e Arlequim, passarola voadora, pára-raios, locomotiva, barco de proa festiva, alto-forno, geradora, cisão do átomo, radar, ultra-som, televisão, desembarque em foguetão na superfície lunar.

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Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida. Que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança.

Fig.14_ Retrato escultórico de António Gedeão, por Franciso Simões

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Labirinto ou não Foi Nada, de David Mourão Ferreira

Talvez houvesse uma flor aberta na tua mão. Podia ter sido amor, e foi apenas traição. É tão negro o labirinto que vai dar à tua rua ... Ai de mim, que nem pressinto a cor dos ombros da Lua! Talvez houvesse a passagem de uma estrela no teu rosto. Era quase uma viagem: foi apenas um desgosto. É tão negro o labirinto que vai dar à tua rua... Só o fantasma do instinto na cinza do céu flutua. Tens agora a mão fechada; no rosto, nenhum fulgor. Não foi nada, não foi nada: podia ter sido amor.

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Fig.12_ Betrayal, de Arina Zinovyeva, 2012

Poema da Utopia, de Fernando Namora

A noite caiu sem manchas e sem culpa. Os homens tiraram as máscaras de bons actores. Findou o espectáculo. Tudo mais é arrabalde No alto, a utópica lua, vela comigo E sonha inutilmente com a verdade das coisas. - Noite! Deixa-nos também dormir

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Fig.15_ Hanging Tender I, EUA- Nova Iorque, fotografia por Henrik Knudsen

Sofro de não te Ver, de Saúl Dias Sofro de não te ver, de perder os teus gestos leves, lestos a tua fala que o sorriso embala a tua alma límpida, tão calma...

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Sofro de te perder, durante dias que parecem meses, durante meses que parecem anos... Quem vem regar o meu jardim de enganos, tratar das รกrvores de tenrinhos ramos?

Fig.16_ Melancholy, de Edvard Munch, 1894

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Aleluia, de Pedro Homem de Mello Era a mulher – a mulher nua e bela, Sem a impostura inútil do vestido Era a mulher, cantando ao meu ouvido Como se a luz se resumisse nela... Mulher de seios duros e pequenos Com uma flor a abrir em cada peito. Era a mulher com bíblicos acenos E cada qual para os meus dedos feito. Era o seu corpo – a sua carne toda. Era o seu porte, o seu olhar, seus braços: Luar de noite e manancial de boda, Boca vermelha de sorrisos lassos. Era a mulher – a fonte permitida Por Deus, pelos Poetas, pelo mundo... Era a mulher e o seu amor fecundo Dando a nós, homens, o direito à vida!

Fig.17_ Jeune femme denudée sur canapé, de Guillaume Seignac

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Estar Só é Estar no Íntimo do Mundo, de António Ramos Rosa

Por vezes

cada objecto

se ilumina

do que no passar é pausa íntima entre sons minuciosos que inclinam a atenção para uma cavidade mínima E estar assim tão breve e tão profundo como no silêncio de uma planta é estar no fundo do tempo ou no seu ápice ou na alvura de um sono que nos dá a cintilante substância do sítio O mundo inteiro assim cabe num limbo e é como um eco límpido e uma folha de sombra que no vagar ondeia entre minúsculas luzes E é astro imediato de um lúcido sono fluvial e um núbil eclipse em que estar só é estar no íntimo do mundo

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Fig.18_ Fotografia por Marta Louro, Lisboa, 27 de Abril de 2014

A Bela do Bairro, de Fernando Assis Pacheco

Ela era muito bonita e benza-a Deus muito puta que era sempre à espera dos pagantes à janela do rés-do-chão mas eu teso e pior que isso néscio desses amores tenho o quê? Quinze anos tenho o quê uns olhos com que a vejo que se debruçava mostrando os peitos que a ameio como se ama unicamente uma vez um colo branco e até as jóias que ela punha eram luzentes semelhando estrelas eu bato o passeio à hora certa e amo-a de cabelo solto e tudo não parece senão o céu afinal um pechisbeque

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ainda agora as minhas narinas fremem turva-se o coração desmantelado amando-a amei-a tanto e sem vergonha oh pecar assim de jaquetão sport e um cigarro nos queixos a admiração que eu fazia entre a malta não é para esquecer nem lá ao fundo como então puxo as abas da farpela lentamente caminho para ela a chuva cai miúda e benza-a Deus que bonita e que puta e que desvelos a gente gastava em frente do amor

Fig.19_ Auto-retrato de Bunny Yeager, Naples – Florida, 1960

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O Sexo, de Orlando Neves Neste corpo, a densa neblina, quase um hábito, lentamente descida, sedimento e sede, subtilmente o acalma. Ancora que se desloca, movediça e infirme. Só no olhar, além da luz e da cal, se distinguem os desejos e a mestria das palavras. E não há remos nem astros. Convido a neblina a esta mesa de chumbo, onde nada levanta o fogo solar ou os signos se alteiam. É a hora em que o corpo treme e a sombra lavra as frouxas manhãs. O que serão as tardes, sob a névoa, quando o vigor agoniza e o vão das águas abre o caos e os ecos? Estaremos em paz, usando a palavra, última herdeira das areias.

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Fig.20_ Transcendente, 2015 - Ilustração feita por Débora Gonçalves, inspirada no poema O Sexo, de Orlando Neves

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Sobre a Ilustração A confeção da ilustração levou-me a pensar como o autor do texto, ver o mundo com os seus olhos para transpor a sua ideia num suporte diferente, não verbal. Foi, de certa forma, esclarecedor pois consegui atribuir outra dimensão ao poema. Ainda me ajudou a desenvolver-me no âmbito artístico, fazendo-me focar na ilustração. O título que o autor deu ao poema evoca na nossa mente o prazer carnal. Contudo, com a evolução do texto, insinua que é um ato transcendente ao físico, algo sentimental. Assim, ilustrei-o de forma a representar um prazer erótico e emocional, demonstado na expressão facial do que retrata a mulher.

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Conclusão Este projeto auxiliou-me no progresso da minha mente, pois propiciou a criação de uma outra perspetiva do mundo da poesia, da arte e de mim mesma. Ajudou-me a expandir o meu conhecimento em relação aos poetas contemporâneos portugueses existentes e algumas das suas obras. Sinto que este trabalho despertou um novo interesse na minha pessoa e me tirou da minha zona de conforto, o que provou ser útil em várias áreas da minha vida. Gostava de adicionar que, além disso, este trabalho possibilitou um pequeno crescimento pessoal e artístico, dado que me forçou a procurar novas formas de me expressar e transmitir uma ideia.

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Webgrafia   

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Poetas do Século XX – Parque dos Poetas <parquedospoetas.cmoeiras.pt/?page_id=1173>; Miguel Torga – Comemoreação do Centenário do seu Nascimento <cm-coimbra.pt/cmmtorga/mtorga.htm>; A biografia do Van Gogh: O Horto das Oliveiras <abiografiadovangogh.blogspot.pt/2012/06/o-horto-dasoliveiras.html>; Conheça A Persistência da Memória, de Salvador Dali – Universia <noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/01/07/903289 /um-pouco-arte-sua-vida-persistencia-da-memoria-salvadordali.html>; Marta Louro Photography <facebook.com/martalourophotography?fref=ts>; Magnum Photos Blog – Dennis Stock Photographs <magnumphotos.com/C.aspx?VP3=CMS3&VF=MAGO31_4&VBID =2K1HZOQ8FTX3U6&IID=2K1HRG77OFVP&PN=1>; Pinturas famosas de Portugal – Obvious Mag <obviousmag.org/archives/2014/02/pinturas_famosas_de_portu gal.html>; Arina Zinovyeva <arinazinoveva.blogspot.pt>; Mario Duplantier Art Gallery <marioduplantier.com>; Hanging Tender – Henrik Knudsen <henrikknudsen.com/projects/hanging-tender>; Jeune femme denude sur canape (Young woman naked on a sette) – Guillaume Seignac <most-famous-paintings.org/Jeunefemme-denud%C3%A9e-sur-canape-(Young-woman-naked-ona-settee).html>; Photographer Bunny Yeager, famous for shots of pin-up icon Bettie Page, dead 85 – National Post <news.nationalpost.com/2014/05/26/photographer-bunnyyeager-famous-for-shots-of-pin-up-icon-bettie-page-dead-85> Eugénio de Andrade – Wikipédia, a enciclopédia livre <pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A9nio_de_Andrade>;

Todos os sites foram consultados pela última vez a 5 de Março de 2015

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