Escola Artística António Arroio
‘Poetas Contemporâneos’
Disciplina: Português Professora: Elisabete Miguel Beatriz Santos Pereira N.º 6 - Ano: 10.º - Turma: J Ano letivo 2014-2015
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ÍNDICE INTRODUÇÃO 20 POETAS CONTEMPORÂNEOS Sophia de Mello Breyner Nuno Júdice Alexandre O’Neil Pedro Tamen Egito Gonçalves António Manuel Couto Viana Eugénio de Andrade Miguel Torga Jorge de Sena Ana Hatherly Natália Correia António Osório Manuel Alegre Fernando Guimarães Rosa Alice Branco Luisa Neto Branco Fiama Hasse Pais Brandão Fernando Echevarria Mª Teresa Horta Mª do Camo Marcelino O POEMA DE QUE MAIS GOSTEI! CONCLUSÃO WEBGRAFIA
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INTRODUÇÃO
Este trabalho foi pedido no âmbito do estudo da poesia, na disciplina de português. O trabalho consiste na pesquisa de vinte poetas e da ilustração, com explicação, do poema de que mais gostássemos. Perante a riqueza da nossa poesia, de tantos e excelentes poetas e das belas poesias que conheci, durante a investigação para realizar o trabalho, foi complicado escolher e deixar de fora tantos outros. Gostei e aprendi! A poesia consegue transmitir-nos muitos sentimentos e emoções em meia dúzia de palavras! E os poetas mostram-nos as realidades em dois ou três versos… O estudo e a leitura de poesia deviam ser mais incentivados nos jovens. Mas tive de escolher só vinte…
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20 POETAS CONTEMPORÂNEOS
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Sophia De Mello Breyner Anderson (06 de novembro de 1919 (Porto) – 02 de outubro de 2004 (Lisboa)) Sophia de Mello Breyner foi autora de catorze livros de poesia, publicados entre 1944 e 1997; escreveu também contos, histórias para crianças, artigos, ensaios e peças de teatro. Traduziu Eurípedes, Shakespeare, Claudel, Dante e, para o francês, alguns poetas portugueses. Recebeu vários prémios entre os quais o Prémio Camões (1999), o Prémio Poesia Max Jacob (2001) e o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana.
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Terror de Te Amar
Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo Mal de te amar neste lugar de imperfeição Onde tudo nos quebra e emudece Onde tudo nos mente e nos separa. Que nenhuma estrela queime o teu perfil Que nenhum deus se lembre do teu nome Que nem o vento passe onde tu passas. Para ti eu criarei um dia puro Livre como o vento e repetido Como o florir das ondas ordenadas.
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Nuno Júdice (29 de abril de 1949 (Portimão)) Este poeta é conhecido por ser ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário de português. A sua primeira obra literária foi “ A Noção de Poema” (1972). Em 1985 recebeu o Prémio Pen Clube e em 1990 o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus. Também em 1994, foi distinguido pela Associação Portuguesa de Escritores, pela publicação de Meditação sobre Ruínas tendo sido finalista do Prémio Europeu de Literatura Aristeion. Assinou, ainda, obras para teatro e traduziu autores como Corneille e Emily Dickinson.
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Volta até Mim no Silêncio da Noite
Volta até mim no silêncio da noite a tua voz que eu amo, e as tuas palavras que eu não esqueço. Volta até mim para que a tua ausência não embacie o vidro da memória, nem o transforme no espelho baço dos meus olhos. Volta com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário vestido com a mortalha da névoa; e traz contigo a maré cheia da manhã com que todos os náufragos sonharam.
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Alexandre O’Neill (19 de dezembro de 1924 (Lisboa) - 21 de agosto de 1986 (Lisboa)) O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. As influências surrealistas encontram-se nas suas obras, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguiu viver apenas da sua arte, por isso trabalhou também em publicidade. Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE.
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Amigo
Mal nos conhecemos Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso De boca em boca, Um olhar bem limpo, Uma casa, mesmo modesta, que se oferece, Um coração pronto a pulsar Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?) «Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido, Não o erro perseguido, explorado, É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa, Um trabalho sem fim, Um espaço útil, um tempo fértil, «Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
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Pedro Tamen (01 de dezembro de 1934 (Lisboa)) Poeta e tradutor português, natural de Lisboa. Nos anos cinquenta, fundou e dirigiu o cineclube Centro Cultural de Cinema. Em 2001, foi um dos galardoados com o prémio literário do PEN Clube Português, com o livro Memória Indescritível.
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Um Fado: Palavras Minhas
Palavras que disseste e já não dizes, palavras como um sol que me queimava, olhos loucos de um vento que soprava em olhos que eram meus, e mais felizes. Palavras que disseste e que diziam segredos que eram lentas madrugadas, promessas imperfeitas, murmuradas enquanto os nossos beijos permitiam. Palavras que dizias, sem sentido, sem as quereres, mas só porque eram elas que traziam a calma das estrelas à noite que assomava ao meu ouvido... Palavras que não dizes, nem são tuas, que morreram, que em ti já não existem — que são minhas, só minhas, pois persistem na memória que arrasto pelas ruas.
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Egito Gonçalves (8 de abril de 1920 (Matosinhos) - 29 de janeiro de 2001 (Porto) O seu nome completo era José Egito de Oliveira Gonçalves, foi um poeta, editor e tradutor. Publicou os primeiros livros na década de 1950. Teve como actividade profissional a administração de uma editora.
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Só o Amor me Interessa
Nesta fase em que só o amor me interessa o amor de quem quer que seja do que quer que seja o amor de um pequeno objecto o amor dos teus olhos o amor da liberdade
o estar à janela amando o trajecto voado das pombas na tarde calma
nesta fase em que o amor é a música de rádio que atravessa os quintais e a criança que corre para casa com um pão debaixo do braço
nesta fase em que o amor é não ler os jornais
podes vir podes vir em qualquer caravela ou numa nuvem ou a pé pelas ruas - aqui está uma janela acolá voam as pombas
podes vir e sentar-te a falar com as pálpebras pôr a mão sob o rosto e encher-te de luz
porque o amor meu amor é este equilíbrio esta serenidade de coração e árvores 15
António Manuel Couto Viana (24/01/1923 (Viana do Castelo) – 8/06/2010 (Lisboa)) Foi
encenador,
tradutor,
poeta,
dramaturgo
e
ensaísta
português. Recebeu, muito novo, como herança do avô, o Teatro Sá de Miranda (Viana do Castelo). Com influência desta herança, quando cresceu esteve sempre muito ligado a companhias de teatro para crianças. Viveu dois anos em Macau, entre 1986 e 1988, onde foi docente do Instituto Cultural. A sua ultima morada foi a Casa do Artista, onde continuou a escrever e a publicar. Foi condecorado com a Banda da Cruz de Mérito, Grã Cruz da Falange Galega, o Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique e a medalha de Mérito Cultural da Cidade de Viana do Castelo.
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Dezasseis Anos, Talvez
Dezasseis anos, talvez. Vejo-a, no café, cada manhã, A folhear, atenta, um compêndio de inglês, Com um perfume a Escola e a maçã.
Não me canso de a olhar. Às vezes, olha (Um velho!), num desvio de atenção, E logo volta a folha, Enquanto molha o bolo no «galão».
Eu saio, com pesar, bebida a «bica». Ela é a minha manhã, Tão natural, tão clara... que ali fica.
- Que saudades da Escola! Que fome de maçã!
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Eugénio de Andrade (19 de Janeiro de 1923 (Fundão) – 13 de Junho de 2005 (Porto)) O seu verdadeiro nome era José Fontinhas. Foi poeta, tradutor e escritor. Algumas das suas obras mais conhecidas foram Os amantes sem dinheiro (1950), As palavras interditas (1951), Escrita da Terra (1974), Matéria Solar (1980), Rente ao dizer (1992), Ofício da paciência (1994), O sal da língua (1995) e Os lugares do lume (1998). Em Setembro de 2003 a sua obra Os sulcos da sede foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português.
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O Silêncio
Quando a ternura parece já do seu ofício fatigada, e o sono, a mais incerta barca, inda demora, quando azuis irrompem os teus olhos e procuram nos meus navegação segura, é que eu te falo das palavras desamparadas e desertas, pelo silêncio fascinadas.
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Miguel Torga (12 de agosto de 1907 (Vila Real) - 17 de janeiro de 1995 (Coimbra)) Destacou-se como poeta, contista e memorialista. Também escreveu romances, peças de teatro e ensaios. Estudou na Escola Secundária de Ponte de Lima, onde mais tarde, foi também director.
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Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti, como de mim.
Perde-se a vida, a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou. Mas o tempo passou, Há calmaria... Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz, seria Matar a sede com água salgada.
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Jorge de Sena (2 de novembro de 1919 (Lisboa) - 4 de junho de 1978 (Califórnia)) Jorge Cândido de Sena foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário de português. É considerado um dos grandes poetas de língua portuguesa e uma das figuras centrais da cultura do nosso século XX.
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Nasceu-te um filho
Nasceu-te um filho. Não conhecerás, jamais, a extrema solidão da vida. Se a não chegaste a conhecer, se a vida ta não mostrou - já não conhecerás
a dor terrível de a saber escondida até no puro amor. E esquecerás, se alguma vez adivinhaste a paz traiçoeira de estar só, a pressentida, leve e distante imagem que ilumina uma paisagem mais distante ainda. Já nenhum astro te será fatal.
E quando a Sorte julgue que domina, ou mesmo a Morte, se a alegria finda - ri-te de ambas, que um filho é imortal.
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Ana Hatherly (8 de Maio de 1929 (Porto)) Ana
Hatherly
ĂŠ
professora,
escritora
e
artista
plĂĄstica
portuguesa.
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Que é voar?
Que é voar? É só subir no ar, levantar da terra o corpo, os pés? Isso é que é voar? Não.
Voar é libertar-me, é parar no espaço inconsistente é ser livre, leve, independente é ter a alma separada de toda a existência é não viver senão em não -vivência
E isso é voar? Não.
Voar é humano é transitório, momentâneo...
Aquele que voa tem de poisar em algum lugar: isso é partir e não voltar.
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Natália Correia (13 de setembro de 1923 (São Miguel) - 16 de março de 1993 (Lisboa)) A obra de Natália Correia passa por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou várias vezes em diversas publicações portuguesas e estrangeiras.
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O cavalo
Teus poros exalam o fumo Do lar dos deuses de onde vieste. Rompante de espuma e de lume És sol quadrúpede ou mar equestre?
Desfilando derramas o ouro Do teu rio inacabável, Desmedido relâmpago louro De um deus equídeo possante e frágil.
Tudo existiu para que fosses Na contraluz desta madrugada Mitológica proporção perfeita Em purpúrea bruma recortada.
Pois que te é divino mister Humanos olhos extasiar A dúvida é só perceber Se vieste do sol ou do mar.
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António Osório (1 de agosto de 1933, Setúbal) É o poeta do amor, dos afectos e dos silêncios, embora tivesse começado a escrever nos anos 50, apenas na década de 70 começou a publicar a sua poesia em livros. Foi poeta e advogado em Lisboa, administrador da Comissão Portuguesa da Fundação Europeia da Cultura e presidente da Associação Portuguesa para o Direito do Ambiente.
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Amo os Teus Defeitos
Amo os teus defeitos, e tantos eram, as tuas faltas para comigo e as minhas; essa ênfase de rechaçar por timidez; solidão de fazer trepadeiras, agasalhos para velhos, depois para netos; indulgência de plantar e ver o crescimento da oliveira do paraíso, carregada de flores persistentemente caducas; essa autoridade, irremediável desafio; e a astúcia de termos ambos quase a mesma cara.
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Manuel Alegre (12 de maio de 1936, Águeda) Manuel Alegre foi escritor, poeta e membro do Conselho de Estado, em Portugal. Os seus principais trabalhos foram: “Praça da Canção”;” O Canto e as Armas”; “Alma”; e “Cão Como Nós…”. Foi galardoado com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1998) e o Prémio Pessoa (1999).
Balada de Lisboa
Em cada esquina te vais Em cada esquina te vejo Esta é a cidade que tem Teu nome escrito no cais A cidade onde desenho Teu rosto com sol e Tejo
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Caravelas te levaram Caravelas te perderam Esta é a cidade onde chegas Nas manhãs de tua ausência Tão perto de mim tão longe Tão fora de seres presente
Esta e a cidade onde estás Como quem não volta mais Tão dentro de mim tão que Nunca ninguém por ninguém Em cada dia regressas Em cada dia te vais
Em cada rua me foges Em cada rua te vejo Tão doente da viagem Teu rosto de sol e Tejo Esta é a cidade onde moras Como quem está de passagem
Às vezes pergunto se Às vezes pergunto quem Esta é a cidade onde estás Com quem nunca mais vem Tão longe de mim tão perto Ninguém assim por ninguém 31
Fernando Guimarães (3 de fevereiro de 1928, Porto) Fernando de Oliveira Guimarães é um poeta, ensaísta e tradutor português. Foi premiado em 1971 com o Prémio General Casimiro Dantas e posteriormente com o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes (concedido pela Associação Portuguesa de Escritores e pela Câmara de Amarante - atribuído ao livro "Os Caminhos Habitados").
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Sussurro
Isto é um poço. Há sempre quem nele se debruce. A água continua a correr sem qualquer destino, e sabemos como se afasta devagar para ser igual às vestes caídas, talvez abandonadas. Assim tu podes ver o que se confunde ali com a luz e, depois, se torna mais nosso. Sem pressa aproximas-te agora desse espelho vazio e sentirás que só a brisa desce até ficarmos perto de alguns sulcos. Eles tornaram-se maiores, humedecidos. Inclinas-te um pouco mais como se finalmente escutasses uma confidência. Sabemos que é em vão porque ninguém se encontra ao teu lado e já não é suficiente o sussurro da água.
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Rosa Alice Branco (1950) Ensina psicologia da perceção na Escola Superior de Artes e Design. A sua poesia reflecte-se sobre paradoxos filosóficos e linguísticos, ocupando, assim, um lugar único na poesia portuguesa contemporânea mais recente.
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Serenata à Chuva
Chuva, manhã cinza, guarda-chuva. Entrar no contexto, dois pontos. Ele e ela abraçados caminham sob o tecto do guarda-chuva que os guarda. Pelas ruas vão com a vontade de voltar ao branco dos lençóis. Esse objecto prosaico que às vezes se vira com o vento torna-se objecto de poema. Dizer também como a chuva é doce neste dia de verão. Como o amor altera o sentido da chuva, sim, como ela se eleva no ar e as frases se colam ao vestido. No interior da pele o poema mudou desde que entraste no guarda-chuva esquecido a um canto do armário. Talvez o amor seja tudo amar sem excepção. Eu que nunca uso guarda-chuva assino incondicionalmente este poema.
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Luíza Neto Jorge (10 de maio de 1939 (Lisboa) - 23 de fevereiro de 1989, Lisboa) Foi poetisa e tradutora. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde foi fundadora do Grupo de Teatro de Letras, mas desistiu do curso e foi viver para Paris, onde viveu durante oito anos (1962-70).
Acordar na Rua do Mundo
madrugada, passos soltos de gente que saiu com destino certo e sem destino aos tombos no meu quarto cai o som depois a luz. ninguém sabe o que vai por esse mundo. que dia é hoje? soa o sino sólido as horas. os pombos alisam as penas, no meu quarto cai o pó.
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um cano rebentou junto ao passeio. um pombo morto foi na enxurrada junto com as folhas dum jornal já lido. impera o declive um carro foi-se abaixo portas duplas fecham no ovo do sono a nossa gema.
sirenes e buzinas, ainda ninguém via satélite sabe ao certo o que aconteceu, estragou-se o alarme da joalharia, os lençóis na corda abanam os prédios, pombos debicam
o azul dos azulejos, assoma à janela quem acordou. o alarme não pára o sangue desavém-se. não veio via satélite a querida imagem o vídeo não gravou
e duma varanda um pingo cai de um vaso salpicando o fato do bancário
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Fiama Hasse Pais Brandão (15 de agosto de 1938 (Lisboa) - 19 de janeiro de 2007 (Lisboa)) Foi
escritora,
poetisa,
dramaturga,
ensaísta
e
tradutora
portuguesa. Foi estudante de Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e uma das fundadoras do Grupo de Teatro de Letras. Ganhou prémios como o Prémio Adolfo Casais Monteiro, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e o prémio literário do P.E.N. Clube Português.
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Lisboa sob névoa
Na névoa, a cidade, ébria oscila, tomba. Informes, as casas perdem o lugar e o dia. Cravadas no nada, as paredes são menires, pedras antigas vagas sem princípio, sem fim.
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Fernando EchevarrĂa (26 de fevereiro de 1929, Espanha) Estudou Filosofia e Teologia em Espanha.
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Felizes
Felizes. Porque, ao fundo de si mesmos, cheios andam de quanto vão pensando. E, disso cheios, nada mais sabem. Dão para aquele lado onde o mundo acabou, mas resta o eco de o haverem pensado até ao cabo e irem agora criar o movimento que subsiste no tempo de o mundo ainda estar a ser criado. Por isso são felizes. Foram sendo até, perdido o tempo, só em memória o estarem habitando.
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Maria Teresa Horta (20 de Maio de 1937, Lisboa) Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi galardoada com o Prémio D. Dinis 2011 da Fundação Casa de Mateus pela sua obra "As Luzes de Leonor", o qual aceitou, embora tenha recusado recebê-lo das mãos do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, ao qual cabia entregá-lo, alegando que este está "a destruir o país".
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Os Teus Olhos
Direi verde do verde dos teus olhos
de um rugoso mais verde e mais sedento
Daquele não só íntimo ou só verde
daquele mais macio
mais ave
ou vento
Direi vácuo volume direi vidro
Direi dos olhos verdes os teus olhos e do verde dos teus olhos direi vício
Voragem mais veloz mais verde ou vinco voragem mais crispada ou precipício 43
Maria do Carmo Marcelino (1944 (Angola) - 15 de outubro de 1970, Angola) Estudou em Angola. A sua obra foi dada a conhecer, postumamente, pela sua família, num livro intitulado “obra poética”. Morreu muito nova, vítima de um acidente de viação.
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Vagabundos
Ninguém nos chama e ninguém nos retém partimos apenas por partir numa qualquer hora indecisa e só guardamos do tempo que passa um poente rubro e violeta o aroma da noite uma pedra no caminho uma queimada.
Vagabundos solitários caminhamos sempre sobre os nossos próprios passos.
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O POEMA DE QUE MAIS GOSTEI!
Depois de reler todos os poemas escolhidos, considerei como meu preferido “Súplica”, de Miguel Torga. O poema diz muito sobre o sentimento que se tem, depois de perder ou ser obrigado a desistir de alguém que amamos. Gosto particularmente dos últimos dois versos: “Ouvir de novo a tua voz, seria /Matar a sede com água salgada” porque também fala sobre a tentação de voltar para aquele antigo amor, mesmo que tenha sido em grande parte sofrimento. Usando grafite e uma folha A5, esquissei a minha leitura do texto, assumindo que o sujeito poético é um homem. Desenhei a mulher a mais escuro (preto) como representação da perdição e do passado, na vida do ‘eu’. Quis que a cor fosse ficando mais clara para que se percebesse que, enquanto o sujeito poético estava com a amada, tudo era escuro (“Só soubemos sofrer, enquanto/ O nosso amor/ Durou.”) e, à medida que ambos se afastavam, fica mais claro, como se o poeta fosse encontrando paz de espírito. A zona mais clara como se uma parte do «eu» estivesse também perdida, por ter amado tanto e, ao mesmo tempo, tanto tivesse sofrido. No entanto, mesmo quando a figura masculina já está muito clara, continua a agarrar o coração, a preto, porque, quando o sujeito de enunciação pede à amada que não o perturbe, sabe que seria capaz de voltar para ela e cometer os mesmos erros e, portanto, sofrer - “Ouvir de novo a tua voz, seria/ Matar a sede com água salgada”-, e o seu coração jamais encontraria paz. o mar não tem ondas, agora que o «eu» e a s antiga amada não estão juntos. Por isso, sob o tronco feminino o mar está agitado, em contraste com o estado do mar no presente.
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CONCLUSÃO Gosto muito de ler, mesmo poesia, daí que agora, no momento de concluir o trabalho, sinto que foi uma tarefa que me deu prazer. Os meus poetas preferidos, deste grupo que escolhi, são Miguel Torga, Nuno Júdice e Eugénio de Andrade. Houve dois poemas que seleccionei, que evidencio: “Súplica”, de. Miguel Torga; e “Silêncio” de Eugénio de Andrade. O texto que escolhi para ilustrar e analisar foi o primeiro. Gosto muito dele, no entanto, ponderei muito antes de me decidir. Foi um trabalho moroso, talvez devido à quantidade de poetas e de poemas, mas a pesquisa na Internet ajudou muito, principalmente sobre algumas curiosidades sobre os poetas. Queria também destacar que a ultima poetisa que escolhi (Maria do Carmo Marcelino), não é, infelizmente, uma poetisa conhecida. Descobri-a pela minha avó, que conheceu a família no Huambo e me falou dos seus poemas, que muito apreciei. Os elementos sobre os poetas são variáveis porque, de alguns, encontrei abundante informação, de outros foi bem mais parca. Por isso apenas formulei tópicos que, para mim, eram mais importantes (data de nascimento; data de falecimento; se tinham algum pseudónimo; onde estudaram).
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WEBGRAFIA
http://24.media.tumblr.com/bd5eaadfc05c41f5adab997ef6bd09 48/tumblr_mi7m47UY8e1rxemeho1_500.jpg (imagem de capa) (31-01-15)
http://www.citador.pt/poemas/terror-de-te-amar-sophia-demello-breyner-andresen (Poema “Terror de te amar”, Sophia de Mello Breyner Anderson) (31-01-15)
http://www.citador.pt/poemas/volta-ate-mim-no-silencio-danoite-nuno-judice (Poema “Volta até mim no silêncio da noite, Nuno Júdice) (31-01-15)
http://www.citador.pt/poemas/amigo-alexandre-oneill
(Poema
“Amigo”, Alexandre O’Neill) (31-01-15)
http://nescritas.com/poetasapaixonados/listapoesiasdeamor2/1 884/07/# (Egito Gonçalves) (24-02-15)
http://www.sitiodolivro.pt/pt/autor/antonio-manuel-coutoviana/377/ (António Couto Viana) (24-02-15)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Alegre
(Manuel
Alegre)
(28-02-15)
http://parquedospoetas.cm-oeiras.pt/?page_id=305
(Manuel
Alegre- poema “Balada de Lisboa”) (28-02-15)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_de_Oliveira_Guimarães (Fernando Guimarães) (28-02-15)
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http://www.infopedia.pt/$rosa-alice-branco (Rosa Alice Branco) (28-02-15)
http://www.citador.pt/poemas/felizes-fernando-echevarria (Fernando Echevarría, “ Felizes”) (28-02-15)
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