Poesia_H_9

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Escola Artística António Arroio 2012/2013

“UM VERSO DE SENTIMENTOS”

Antologia Poética

Fotografia por Inês Gonçalves

Disciplina: Português Profª Elisabete Miguel Inês Isabel Pina Gonçalves 10ºH Nº9

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“O sentimento é a poesia da imaginação." Alphonse de Lamartine

In:

http://www.citador.pt/frases/o-sentimento-e-a-poesia-da-imaginacao-alphonse-marie-louis-de-

lamartine-1411

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Índice

Introdução

Poemas Há palavras que nos beijam, Alexandre O’Neil Lágrima, Amália Rodrigues Esperança, Miguel Torga Terror de te amar, Sophia de Mello Breyner Fímbria de Melancolia, Vergílio Ferreira Garras dos Sentidos, Agustina Bessa-Luís O Tempo Passa? Não Passa, Carlos Drummond de Andrade Os Amigos, Eugénio de Andrade Dá-me a tua mão, José Gomes Ferreira Retrato de Amigo, Ary dos Santos Para ti, Mia Couto Lágrimas Ocultas, Florbela Espanca

Ilustração do poema

Justificação

Webgrafia

Conclusão

Anexos Biografia de Alexandre O’Neil

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Introdução Foi-nos proposto pela professora de português que procedêssemos à recolha de 10 poemas criando a partir daí uma antologia poética. Os poemas teriam de ser de autores diferentes e contemporâneos, elaborando no final uma ilustração de um poema à nossa escolha, justificando-a. Para a elaboração deste trabalho comecei por pensar num assunto, algo que ligasse todos os meus poemas. Um fio condutor. Acabei por escolher o tema sentimentos, pois, na minha opinião é vasto e dá-nos muita liberdade de escolha. Não me quis restringir a algo objetivo. Estão presentes neste trabalho, mais concretamente nos poemas, sentimentos como o amor, a nostalgia, a dor, a saudade, a esperança e a amizade. Seguidamente, passei à pesquisa de poetas contemporâneos tanto conhecidos como menos conhecidos. Decidi retirar poemas de poetas como Alexandre O’Neil, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, Vergílio Ferreira, Ary dos Santos, Mia Couto e ainda o poema “lágrima” da nossa grande fadista Amália Rodrigues. Quis também, colocar um poema da Florbela Espanca porque é um dos meus favoritos e achei que se adequava muito bem a esta antologia. Por fim procedi à ilustração do poema escolhido, como fora pedido, e à sua respetiva justificação. Os poemas foram todos colhidos na internet, devido ao facto de eu possuir apenas livros de poesia de autores não contemporâneos como Fernando Pessoa ou Luís de Camões. O que não satisfazia os requisitos exigidos para este trabalho. Quis ainda, em anexo, completar o meu trabalho fazendo uma pequena pesquisa sobre o autor do poema escolhido.

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“Um verso de Sentimentos” Recolha de Poemas

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Há Palavras que Nos Beijam Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca. Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. Palavras nuas que beijas Quando a noite perde o rosto; Palavras que se recusam Aos muros do teu desgosto. De repente coloridas Entre palavras sem cor, Esperadas inesperadas Como a poesia ou o amor. (O nome de quem se ama Letra a letra revelado No mármore distraído No papel abandonado)

Caricatura Alexandre O’Neil

Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill, in No Reino da Dinamarca, 1958

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Lágrima

Cheia de penas me deito E com mais penas me levanto Já me ficou no meu peito O jeito de te querer tanto Tenho por meu desespero Dentro de mim o castigo Eu digo que não te quero E de noite sonho contigo Se considero que um dia hei de morrer No desespero que tenho de te não ver Estendo o meu xaile no chão E deixo-me adormecer Se eu soubesse que morrendo Tu me havias de chorar

Caricatura Amália Rodrigues

Por uma lágrima tua Que alegria me deixaria matar

Amália Rodrigues, 1983

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Esperança

Tantas formas revestes, e nenhuma Me satisfaz! Vens às vezes no amor, e quase te acredito. Mas todo o amor é um grito Desesperado Que apenas ouve o eco... Peco Por absurdo humano: Quero não sei que cálice profano Cheio de um vinho herético e sagrado. Caricatura Miguel Torga

Miguel Torga, in Penas do Purgatório, 1954

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Terror de Te Amar Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição Onde tudo nos quebra e emudece Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil Que nenhum deus se lembre do teu nome Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro Livre como o vento e repetido Como o florir das ondas ordenadas. Caricatura Sophia de Mello Breyner

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética, 1975

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Fímbria de Melancolia Fímbria de melancolia, memória incerta da dor, ouço-a no gravador, no fado que não se ouvia quando ouvia o seu clamor.

Porque era já no passado o presente dessa hora e que me ressoa agora a um outro mais alongado.

Assim a dor que se sente no outro obscuro de nós nunca fala a nossa voz mas de quem de nós ausente,

Caricatura Vergílio Ferreira

só a nós próprios consente quando não estamos nós mas mais sós do que ao estar sós.

Onde então estamos nós?

Vergílio Ferreira, in Conta-Corrente 1, 1980

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Garras dos sentidos Não quero cantar amores, Amores são passos perdidos, São frios raios solares, Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores Com asas de ferro e chumbo, Caídos nas águas fundas, não quero cantar amores.

Paraísos proibidos, Contentamentos injustos, Feliz adversidade, Amores são passos perdidos.

São demências dos olhares, Alegre festa de pranto, São furor obediente,

Caricatura Agustina Bessa-Luís

São frios raios solares.

Dá má sorte defendidos Os homens de bom juízo Têm nas mãos prodigiosas Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores Nem falar dos seus motivos

Agustina Bessa-Luis, in Míssia, 1998

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O Tempo Passa? Não Passa O tempo passa? Não passa no abismo do coração. Lá dentro, perdura a graça do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima cada vez mais, nos reduz a um só verso e uma rima de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido nem tempo a economizar. O tempo é todo vestido de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada, transcendem qualquer medida. Além do amor, não há nada, amar é o sumo da vida.

Caricatura Carlos Drummond de Andrade

São mitos de calendário tanto o ontem como o agora, e o teu aniversário é um nascer toda a hora.

E nosso amor, que brotou do tempo, não tem idade, pois só quem ama escutou o apelo da eternidade.

Carlos Drummond de Andrade, in Amar se Aprende Amando, 1985

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Os Amigos Os amigos amei despido de ternura fatigada; uns iam, outros vinham, a nenhum perguntava porque partia, porque ficava; era pouco o que tinha, pouco o que dava, mas também só queria partilhar a sede de alegria — por mais amarga.

Caricatura Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade, in Coração do Dia, 1958

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Dá-me a tua mão

Dá-me a tua mão. Deixa que a minha solidão prolongue mais a tua — para aqui os dois de mãos dadas nas noites estreladas, a ver os fantasmas a dançar na lua. Dá-me a tua mão, companheira, até o Abismo da Ternura Derradeira.

Caricatura José Gomes Ferreira

José Gomes Ferreira, in Poeta Militante I, 1978

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Retrato de Amigo

Por ti falo. E ninguém sabe. Mas eu digo meu irmão minha amêndoa meu amigo meu tropel de ternura minha casa meu jardim de carência minha asa.

Por ti morro e ninguém pensa. Mas eu sigo um caminho de nardos empestados uma intensa e terrífica ternura rodeado de cardos por muitíssimos lados.

Meu perfume de tudo minha essência meu lume minha lava meu labéu como é possível não chegar ao cume

Caricatura Ary dos Santos

de tão lavado céu?

Ary dos Santos, in Fotosgrafias, 1970

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Para Ti Foi para ti que desfolhei a chuva para ti soltei o perfume da terra toquei no nada e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras e todas me faltaram no minuto em que talhei o sabor do sempre

Para ti dei voz às minhas mãos abri os gomos do tempo assaltei o mundo e pensei que tudo estava em nós nesse doce engano Caricatura Mia Couto

de tudo sermos donos sem nada termos simplesmente porque era de noite e não dormíamos eu descia em teu peito para me procurar e antes que a escuridão nos cingisse a cintura ficávamos nos olhos vivendo de um só amando de uma só vida

Mia Couto, in Raiz de Orvalho e Outros Poemas,2001

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Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida, Que dantes tinha o rir das primaveras, Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago... Toma a brandura plácida dum lago O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Caricatura Florbela Espanca

Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca, in Livro de Mágoas, 1919

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Ilustração

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Justificação

O poema eleito foi “Há palavras que nos beijam” de Alexandre O’Neil. Escolhi este poema, pois de todos os poemas presentes no meu trabalho este é o único que não está ligado a nenhum sentimento específico, mas sim a muitos ao mesmo tempo. Numa análise breve do poema, o que eu compreendi sobre ele, é que as palavras também expressam sentimentos. Assim como também podem provocar sentimentos noutras pessoas. As palavras possuem o poder de fazer despertar os nossos sentidos só pelo simples facto de as mencionarmos, de as ouvirmos ou apenas de pensarmos nelas. Como diz o Poeta, existem palavras coloridas, afáveis, que nos provocam uma boa sensação, que nos trazem felicidade. Mas também existem palavras sem cor, que provocam em nós sensações contrárias. Estas palavras surgem personificadas, tendo boca para nos “beijarem”. Assim, concebi um desenho simples como os sentimentos. Uma boca feita de palavras com cor como amigo, amor, esperança e felicidade e palavras sem cor como medo e ódio. A razão pela qual existem mais palavras coloridas na minha ilustração é porque sou da opinião que são as que devem existir em maior quantidade dentro de nós e que devem ser ditas mais vezes. Ninguém deve possuir sentimentos de ódio ou medo dentro de si, a vida é só uma e as pessoas devem aprender a viver felizes mesmo que tenham motivos para não o fazer. As palavras, Amor, Felicidade e Amigo estão em destaque porque pretendo chamar a atenção para os sentimentos que acho mais fortes. O amor é algo que não devemos dispensar na nossa vida, tanto o da família como o da pessoa amada e até mesmo o dos nossos amigos. Se formos amados a felicidade é algo que surge dentro de nós e desabrocha como uma flora todos os dias mais um bocadinho.

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Conclusão

A realização deste trabalho foi apenas possível após pesquisa, análise e reflexão de todo o conteúdo presente no mesmo. Foi necessário tempo e dedicação para uma boa elaboração da estrutura e composição do trabalho. Em síntese, foram cumpridos todos os requisitos para a sua execução, selecionei o número de poemas pretendido, elegi, de entre eles, um para ilustrar e, por fim, procedi à justificação da mesma. Como pretendia realçar todos os poemas para além do escolhido acabei por arranjar caricaturas referentes aos diferentes poetas e utilizei-as como ilustração dos restantes poemas. Em anexo, coloquei uma explicação breve da fotografia presente na capa do trabalho e uma pequena biografia de Alexandre O’Neil. Claro que, como trabalho escolar que é, elaborei também a introdução e a conclusão, indiquei, na webgrafia, os sítios de onde retirei os textos e coloquei o índice. Este trabalho foi importante pois apesar de gostar de poesia, este sempre foi um estilo literário que deixei de parte devido ao facto de me ser mais difícil a sua leitura. Mas, como tudo, é preciso esforço e dedicação. Depois de ter lido tantos poemas para poder realizar esta antologia posso dizer que já estou mais à vontade neste campo. Como dizia Fernando Pessoa, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Em conclusão, e para finalizar, tenho a dizer que este tipo de trabalho é, sem dúvida, fundamental para um desenvolvimento mais autónomo do gosto pela leitura do texto poético.

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Webgrafia 

Poema: “Há palavras que nos beijam”, Alexandre O’Neil

http://www.arlindo-correia.com/250900.html (consultado em 18/12/2012) Imagem: http://static.publico.pt/vasco/ (consultado em 18/12/2012) 

Poema:” Lágrima”, Amália Rodrigues

http://www.l2f.inesc-id.pt/~joana/poesia.html (consultado em 18/12/2012) Imagem: http://www.fotolog.com/luzesdaribalta/87506366/ (consultado em 18/12/2012) 

Poema: “Esperança”, Miguel Torga

http://www.citador.pt/poemas/esperanca-miguel-torga (consultado em 18/12/2012) Imagem: http://static.publico.pt/vasco/ (consultado em 18/12/2012) 

Poema: “Terror de te amar”, Sophia De Mello Breyner

http://www.citador.pt/poemas/terror-de-te-amar-sophia-de-mello-breynerandresen (consultado em 18/12/2012) Imagem: http://cavacosdascaldas.blogspot.pt/2011/01/sophia.html (consultado em 18/12/2012) 

Poema: “Fímbria de melancolia”, Vergílio Ferreira

http://www.citador.pt/poemas/fimbria-de-melancolia-vergilio-antonioferreira~ (consultado em 20/12/2012) Imagem: http://paula-travelho.blogs.sapo.pt/295630.html (consultado em 18/12/2012) 

Poema: “Guerras dos sentidos”, Agustina Bessa-Luis

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http://amulhereapoesia.blogspot.pt/2008/10/agustina-bessa-lus.html (consultado em 20/12/2012) Imagem: http://static.publico.pt/vasco/ (consultado em 20/12/2012) 

Poema: “O Tempo Passa? Não Passa”, Carlos Drummond de Andrade

http://www.citador.pt/poemas/o-tempo-passa-nao-passa-carlos-drummond-deandrade (consultado em 20/12/2012) Imagem: http://william.com.br/blog/?p=2803 (consultado em 20/12/2012) 

Poema: “Os Amigos”, Eugénio de Andrade

http://www.citador.pt/poemas/os-amigos-eugenio-de-andrade (consultado em 20/12/2012) Imagem: http://acreditandonotruque.blogspot.pt/2009/02/um-grande-poeta.html (consultado em 20/12/2012) 

Poema: “Dá-me a tua mão”, José Gomes Ferreira

http://www.citador.pt/poemas/dame-a-tua-mao-jose-gomes-ferreira (consultado em 20/12/2012) Imagem:http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt/2011/06/jose-gomes-ferreira.html (consultado em 20/12/2012) 

Poema: “Retrato de Amigo”, Ary dos santos

http://www.citador.pt/poemas/retrato-de-amigo-jose-carlos-ary-dos-santos (consultado em 20/12/2012) Imagem: http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt/2009/12/ary-dos-santos.html (consultado em 20/12/2012) 

Poema: “Para ti”, Mia Couto

http://www.citador.pt/poemas/para-ti-mia-couto (consultado em 30/12/2012) 1 20


Imagem: http://ma-schamba.com/literatura-mocambique/mia-couto/a-geracaoa-rasca-um-texto-brilhante-de-mia-couto/ (consultado em 30/12/2012) 

Poema: “lágrima ocultas”, Florbela espanca

http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/florbela.html (consultado em 12/01/2013) Imagem: http://manaturas.blogspot.pt/2012/12/florbela-espanca.html (consultado em 12/01/2013)

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Anexos

Como foto de capa decidi usar esta fotografia tirada por mim há dois anos, no Jardim Botânico da Madeira. Senti que fazia todo o sentido colocar no trabalho a foto de uma flor, pois, no meu ver, os sentimentos são tal e qual uma flor. No início, são fechados, retraídos. Mas ao longo do tempo vão crescendo e abrindo-se tal como uma flor na primavera. E para não murcharem é preciso esforço e dedicação. É preciso empenho e alguém que saiba dar exatamente o que é necessário. Um dos sentimentos que ligo mais diretamente á imagem é sem dúvida o amor. Mas, tal como o amor, a amizade também necessita diariamente de carinho e dedicação para não morrer.

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Biografia de Alexandre O’Neil Alexandre O’Neil nasceu em lisboa a 19 de Dezembro

de

1924.

Descendente

de

irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista. Em 1948, Alexandre O'Neill, juntamente com

Mário

Cesariny,

António

Pedro,

Vespeiro e José Augusto França, lançou-se na

aventura

do

surrealismo.

Este

movimento, fruto da sua época, surgia como

provocação

ao

regime

político

vigente, e à poesia neorealista. Mas em 1950 abandona este movimento. Não conseguindo viver apenas da escrita, o poeta alargou a sua ação à publicidade. Porém, não criou nenhum vínculo afetivo com esta profissão. É ele o criador de algumas célebres frases publicitárias que ficaram na memória, como "Boch é Bom" e o slogan, "Há mar e mar, há ir e voltar". Em 1958, com a edição de No Reino da Dinamarca, Alexandre O’Neill viu-se reconhecido como poeta. Na década de 1960, provavelmente a mais produtiva da sua carreira literária, foi publicando livros de poesia, antologias de outros poetas e traduções. Morreu a 21 de Agosto de 1986.

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Algumas obras do autor que dizem respeito á poesia  Edições originais 1948 – A Ampola Miraculosa, Lisboa, Cadernos Surrealistas. 1958 – No Reino da Dinamarca, Lisboa, Guimarães. 1960 – Abandono Vigiado, Lisboa, Guimarães. 1962 – Poemas com Endereço, Lisboa, Moraes. 1969 – De Ombro na Ombreira, Lisboa, Dom Quixote. 1972 – Entre a Cortina e a Vidraça, Lisboa, Estúdios Cor.

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