Poesia_N_17

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Escola Artística António Arroio

Antologia de Poemas

Disciplina de Português Professora Eli Trabalho realizado por: Luís Cardoso N.º17 10.ºN 2012/2013



ÍNDICE Introdução

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5

Ilustração

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6

Conquista

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7

Justificação

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8

Ambiciosa

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9

Alegria

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10-11

Aspiração

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12

Atitude

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13

Liberdade

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14-15

Glória

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16

Poeminha

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17

O Vencedor

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18

Duplo Império

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19

Conclusão

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20

Fontes

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21

Textos meus

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22-26



Introdução

Correspondendo à proposta da Professora de Português, dei início à minha Antologia de Poemas com uma pesquisa atenta, comparativa, sistemática em vários sites da internet. Após várias (re)leituras, decidi optar por poemas de autores diversos, maioritariamente portugueses, e tematicamente relacionados com sentimentos de liberdade, ambição, vontade, esforço, dedicação, empenho e conquista, pois foram os que suscitaram em mim maior interesse. De seguida, copiei-os para este documento ‘Word’ onde os editei, interpretei e lhes adicionei a fotografia do autor e a data de nascimento e da morte, quando era o caso. Posteriormente, dei origem a uma ilustração, a grafite e colorida a lápis, intimamente relacionada com o poema, de entre os 10 já constantes na minha antologia, por mim eleito. Fiz a capa, o índice, a conclusão, indiquei as fontes utilizadas e um anexo. Como meio de enriquecimento do trabalho decidi colocar em anexo poemas elaborados por mim, de temas variados, aproveitando para dar a conhecer alguns dos meus trabalhos poéticos. Após vários reajustes, dei por terminado este meu primeiro grande trabalho formal. Com esta antologia de poemas, atendendo aos dias problemáticos de hoje, pretendo estimular e encorajar o leitor a seguir, com perseverança, a sua determinação, sem nunca desistir, pois é no esforço que está o progresso.



Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida Mo consente. Mas a minha aguerrida Teimosia É quebrar dia a dia Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino. E vão lá desdizer o sonho do menino Que se afogou e flutua Entre nenúfares de serenidade Depois de ter a lua!

Miguel Torga (1907/1995)


Justificação do Poema Selecionado Apesar de ter gostado de todos os poemas, por isso mesmo os escolhi, o que mais me cativou foi “Conquista”, de Miguel Torga, sobre a necessidade de, na busca da liberdade, jamais se esmorecer. Pareceu-me, também, um tema pertinente para os tempos que hoje vivemos. O poeta afirma que “Livre não sou, que nem a própria vida mo consente” porém a sua consciência da privação da liberdade, leva-o a, aguerrida e teimosamente, ser perseverante, tenaz, na procura da concretização do seu anseio maior: ser livre e “quebrar dia a dia/um grilhão da corrente” A sua obstinação, constância, persistência torna-o muito convicto dos seus desejos e leva-o a investir neles como se de um destino se tratasse. (“[…] mas quero a liberdade./ Trago-a dentro de mim como um destino”). Na minha ilustração (a grafite e lápis de cor vermelho e preto) pretendi que a cor vermelha de fúria acabasse por ser atingida (por um individuo figurativo), correspondente ao romper um grilhão da corrente. O que simboliza o ato supremo, o da libertação há muito esperada.


Ambiciosa

Para aqueles fantasmas que passaram, Vagabundos a quem jurei amar, Nunca os meus braços lânguidos traçaram O voo dum gesto para os alcançar...

Se as minhas mãos em garra se cravaram Sobre um amor em sangue a palpitar... - Quantas panteras bárbaras mataram Só pelo raro gosto de matar!

Minha alma é como a pedra funerária Erguida na montanha solitária Interrogando a vibração dos céus!

O amor dum homem? - Terra tão pisada! Gota de chuva ao vento baloiçada... Um homem? - Quando eu sonho o amor dum deus!...

Florbela Espanca (1894/1930)


Alegria De passadas tristezas, desenganos amarguras colhidas em trinta anos, de velhas ilusões, de pequenas traições que achei no meu caminho..., de cada injusto mal, de cada espinho que me deixou no peito a nódoa escura

duma nova amargura... De cada crueldade que pôs de luto a minha mocidade... De cada injusta pena que um dia envenenou e ainda envenena a minha alma que foi tranquila e forte... De cada morte que anda a viver comigo, a minha vida, de cada cicatriz, eu fiz nem tristeza, nem dor, nem nostalgia mas heroica alegria.

Alegria sem causa, alegria animal que nenhum mal pode vencer. Doido prazer de respirar! Volúpia de encontrar a terra honesta sob os pés descalços.


Prazer de abandonar os gestos falsos, prazer de regressar, de respirar honestamente e sem caprichos, como as ervas e os bichos. Alegria voluptuosa de trincar frutos e de cheirar rosas.

Alegria brutal e primitiva de estar viva, feliz ou infeliz mas bem presa à raiz.

Volúpia de sentir na minha mão, a côdea do meu pão. Volúpia de sentir-me ágil e forte e de saber enfim que só a morte é triste e sem remédio. Prazer de renegar e de destruir o tédio,

Esse estranho cilício, e de entregar-me à vida como a um vício.

Alegria! Alegria! Volúpia de sentir-me em cada dia mais cansada, mais triste, mais dorida mas cada vez mais agarrada à Vida!

Fernanda de Castro (1900/1994)


Aspiração

Meus dias vão correndo vagarosos Sem prazer e sem dor, e até parece Que o foco interior já desfalece E vacila com raios duvidosos.

É bela a vida e os anos são formosos, E nunca ao peito amante o amor falece... Mas, se a beleza aqui nos aparece, Logo outra lembra de mais puros gozos.

Minh ‘alma, ó Deus! a outros céus aspira: Se um momento a prendeu mortal beleza, É pela eterna pátria que suspira...

Porém do pressentir dá-me a certeza. Dá-ma! e sereno, embora a dor mefira, Eu sempre bendirei esta tristeza!

Antero Quental (1842/1891)


Atitude

Minha esperança perdeu seu nome... Fechei meu sonho, para chamá-la. A tristeza transfigurou-me como o luar que entra numa sala.

O último passo do destino parará sem forma funesta, e a noite oscilará como um dourado sino derramando flores de festa.

Meus olhos estarão sobre espelhos, pensando nos caminhos que existem dentro das coisas transparentes. E um campo de estrelas irá brotando atrás das lembranças ardentes.

Cecília Meireles (1901/1964)


LIBERDADE

(Falta uma citação de Séneca)

Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais do que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa (1888/1935)


Glória

Vive dentro de mim um mundo raro Tão vário, tão vibrante, tão profundo Que o meu amor indómito e avaro O oculto raivoso ao outro mundo

E nele vivo audaz, ardentemente, Sentindo consumir-se a sua chama Que oscila e desce e sobe inquietamente; Ouvindo a minha voz que por mim chama

Em situações grotescas que me ferem, Ou conquistando o que meus olhos querem: Príncipe ou Rei sonhando com domínios.

Sinto bem que são vãs pra me prenderem As mãos da Vida, muito embora imperem Sobre a noção real dos meus declínios.

Francisco Bugalho (1905/1949)


Poeminha sobre o Trabalho

Chego sempre à hora certa, contam comigo, não falho, pois adoro o meu emprego: o que detesto é o trabalho.

Millôr Fernandes (1923/2012)


O Vencedor Vencido

Não é fácil amar o que venceu, o que leva alguns passos de avançada, que o amor só se oferece ao que perdeu, muito embora com culpa declarada. Todavia, o que vence multiplica sobre si as angústias de perder: interroga, analisa e só complica aquilo que não pode perceber; e quando, em esgotamento prematuro, ele aceita uma calma provisória, vêm os homens que o lançam contra o muro e lhe atiram ao rosto essa vitória.

Isabel Gouveia


Duplo Império

Atravesso as pontes mas (o que é incompreensível) não atravesso os rios, preso como uma seta nos efeitos precários da vontade. Apenas tenho esta contemplação das copas das árvores e dos seus prenúncios celestes, mas não chego a desfazer as flores brancas e amarelas que se desprendem. As estações não se conhecem, como lhes fora ordenado, mas tecem o duplo império do amor e da obscuridade.

Pedro Mexias (n. 1972)


Conclusão

Dando resposta ao repto lançado pela professora, lancei-me na procura de poetas contemporâneos para, posteriormente, selecionar os poemas de que mais tivesse gostado. Não foi um caminho livre de escolhos, porém consegui superar todos os obstáculos surgidos (alguns, graças às sugestões da professora) e, agora, ao terminar, sinto que não foi tempo perdido. Adquiri conhecimento sobre poetas, que desconhecia até ao momento em que iniciei a pesquisa, bem como os seus poemas, mas, sobretudo, pude enriquecer a minha forma de pensar, reflectir e até, em certa medida, de viver. Sobretudo ganhei muito mais interesse pelo texto poético, principalmente de autoria portuguesa. O trabalho também me trouxe ensinamentos de ordem mais utilitária , pois sinto que consegui evoluir na elaboração da sua estrutura, o que posso vir a aplicar em futuras ocasiões, tornando os ensinamentos agora adquiridos elementos fundamentais de cada trabalho e informações extra ainda mais completas e mais bem elaboradas. Apesar de saber que poderia ter feito mais e melhor para este trabalho, espero ter cumprido o anteriormente escrito na introdução e desejo, não só ter correspondido aos parâmetros exigidos pela professora mas também proporcionar momentos de fruição a quem o ler.


Fontes

Consultei, ao longo do mês de Janeiro, http://www.citador.pt, posteriormente, conferi os textos que seleccionei em outros sítios, de que não tomei a devida nota.

LIBERDADE, de Fernando Pessoa, em Arquivo Pessoa http://arquivopessoa.net/textos/4307

 .

A imagem da capa também foi colhida na internet. Desconheço a autoria.


Textos meus


O fundo do mar

Eis o fundo do mar Vasto e diferente, Repleto de seres, Aquário transparente.

De dia um paraíso. De noite um encanto. Mas inspira aviso O seu fundo sem manto.

Seu leito rochoso, De vestido sensato: Pra certos um poço, Pra outros um recato.

As suas entranhas São um caso sério. Por mais explorado, Permanece um mistério.


Deserto Diferente

Ali pairava um deserto. Um deserto prudente, Enfadonho incerto, Mas um deserto diferente.

Não há fama nem brio. Nem vontade nem regra. Quente, calmo ou frio, Acolhe maré de areia negra.

Seu gemer é macabro. Nem o vento ressona. Até hoje não há registo De passeios naquela zona…

Arrependimento e rancor Em seu vil rosto triste… Entre desertos tão iguais, Este,feito de jardim, existe.


O que me inspira

Faça sol ou faça frio, Quer caia chuva ou granizo, Faz de mim um felizardo, Com o seu mais pequeno sorriso.

Miro-me nos seus olhos, Num sentimento imenso. Quando caio em mim, Pinto-a em verso suspenso…

Fina e bela donzela, Tem um dom incomum.: Muitos a idolatram, Mas não é para qualquer um!

Fresco e doce seu perfume, O seu corpo de marfim, Ocupa o meu pensamento… Mas será ela pra mim?


A caminhada

Caminho pela rama, Neste denso jardim… Um imenso panorama. Um caminho sem fim.

Escuto sons infinitos. Ruge o temporal rouco. Fauna e flora ali inscritos, Assaltam montanhas de topo.

Avisto um trilho padrão Com um destino incerto, Onde se erguem em vão Grandes plátanos já perto

Subo altas colinas de beijos A pé firme e a monte, Paredes feitas de desejos… Tesouro de luz no horizonte.


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