Escola Secundária Artística António Arroio
Palavras [in]úteis
Catarina Correia Neves nº8 10º J Português Profª Elisabete Miguel 2014/2015
Índice Introdução .................................................................................................................... 3 Poemas José Agostinho Baptista ............................................................................................. 4 João Camilo ............................................................................................................... 5 Albano Martins .......................................................................................................... 7 Ana Marques Gastão ................................................................................................. 8 Luiza Neto Jorge ........................................................................................................ 9 Sophia de Mello Breyner .......................................................................................... 10 Nuno Júdice ............................................................................................................. 11 Miguel Torga............................................................................................................ 12 Joaquim Pessoa ....................................................................................................... 13 Casimiro de Brito ..................................................................................................... 14 Maria Teresa Horta .................................................................................................. 15 Fernando Namora .................................................................................................... 16 Carlos de Oliveira ..................................................................................................... 17 Ary dos Santos ......................................................................................................... 18 António Cândido Santos ........................................................................................... 19 António José Forte ................................................................................................... 21 António Ramos Rosa ................................................................................................ 23 José Miguel Silva ..................................................................................................... 24 Manuel António Pina .............................................................................................. 25 Poema escolhido José Saramago ........................................................................................................ 26 Conclusão ................................................................................................................... 29 Webgrafia ................................................................................................................... 30 Anexos........................................................................................................................ 32
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Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de português e consiste num dossier composto por vinte poemas contemporâneos de vinte autores portugueses diferentes. Foi nos também pedido que selecionássemos um desses poemas e o ilustrássemos através de um desenho, uma pintura ou outra imagem feita por nós, realizando um texto em que explicássemos a sua relação com o poema escolhido. Fiz a seleção dos poemas tendo sempre em conta o meu gosto pessoal e aquilo que me transmitiram, apresentando poemas de uma grande diversidade temática.
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Fluir José Agostinho Baptista
Talvez em ti acabem hoje todas as nascentes, e nas rugas que, numa e noutra face, esculpiram o medo e a sabedoria, se possa ler em comovido olhar o princípio, o meio e o fim desse caudaloso fluir que outrora chamámos vida. Talvez agora, tal como ontem e sempre, comece a própria morte, aquilo que nos devora, aquilo que nos convoca para o silêncio e para a mão que escreve, sonâmbula e feroz, estremecendo.
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Nada quer dizer nada João Camilo
Abri uma carta antiga e reli-a. Tinham perdido sentido as palavras e as frases. Em que língua me tinham falado? E eu entendera, mas agora fora-se o entendimento. Quem, se eu lesse em voz alta os sons incompreensíveis, se voltaria para mim e atentamente teria a paciência de me elucidar? Reconquistaria desse modo muitas das coisas que um dia possuíra e depois perdera. Em que língua exprimira a confusão e o caos que me habitavam? Ou, mais rigorosamente: com que língua tentara vencer a insignificância do mundo e da minha existência? Nada quer dizer nada, as palavras pesam como pedras, escondem-se nelas o sentido e a paixão. Mas quem pode ainda suportar a recordação do tempo em que falar era uma parte importante da existência, o indício de que pertencíamos e nos reconheciam? O meu corpo tomava consciência dos seus limites e do que o distinguia das paredes, da mesa e dos livros que me cercavam. O sono começou a descer sobre mim, diminuiu 5
a minha capacidade de suportar a luz. Confundia-me, enfim, com as quentes trevas da noite? Quis manter os olhos abertos e eles iam-se fechando. Entendi então que uma vez mais chegara a hora de renunciar. Na rua ouvi o jornal cair, lançado de um carro para a porta de casa. Levantei-me e fui buscá-lo. Podia enfim terminar o dia, adiar a tentativa de redução ao silêncio da minha vida. Que ninguém dê pela minha presença, que me esqueçam aqueles que um dia prometi amar. Para que eu possa, sem remorso, continuar a viver.
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Paleta Albano Martins
Tens uma paleta a que faltam algumas cores. Talvez porque há substâncias a que não soubeste dar expressão. Ou porque elas são incolores. Ou porque em toda a realidade há fendas que nem pela palavra nem pela cor alguma vez saberás preencher.
The Two Fridas, Frida Kahlo
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Vens de noite no sonho
Vens no espectro
Ana Marques Gastão
da angústia na escrita
Vens de noite no sonho
inquieta
sem pés
destes versos
entre páginas
no luto maternal
de gasta paciência
que me devolve a ti.
quando a música findou e teu sorriso se desfez
A escuridão desce então
como um grão de pólen.
sobre o meu corpo quando o rosto da morte
Vens no veneno oculto de meus dias no silêncio dos meus ossos devagar arrastando em queda o nosso mundo.
adormece na almofada.
As sofridas amoras Luiza Neto Jorge
As sofridas amoras dos valados os fogosos espinhos que coroam os cardos
Saltam ao caminho a sangrar-me a veia do poema.
The Deep, Jackson Pollock
As imagens transbordam Sophia de Mello Breyner
As imagens transbordam fugitivas E estamos nus em frente às coisas vivas. Que presença jamais pode cumprir O impulso que há em nós, interminável, De tudo ser e em cada flor florir?
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O Amor, um Dever de Passagem Nuno Júdice
Fui envenenado pela dor obscura do Futuro. Eu sabia já que algo se preparava contra o meu corpo. Agora torço-me de agonia nos versos deste poema. Esta é a terra outrora fértil que os meus dedos dilaceram. Os meus lábios são feitos desta terra, são lama quente. Vou partir pelo teu rosto para mais longe. A minha fome é ter-te olhado e estar cego. Agora eu sei que te abres para o fogo do relâmpago. Tenho a convicção dos temporais. já não sei nem o que digo nem o que isso importa. Guia dos meus cabelos rasos, da melancolia, da vida efémera dos gestos. Nesse dia fui melhor actor do que a minha sinceridade.
A cesura enerva-me no estômago Cortei de manhã as pontas dos dedos mas sei já que elas crescerão de novo a proteger as unhas. Talvez a vida seja estranha, talvez a vida seja simples, talvez a vida seja outra vida. A linha branca da Beleza é a minha atitude que se transforma.
A violência do sono sobe sobre o meu conhecimento.
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Fui algures um horizonte na secessão das pálpebras.
De tanto olhar o sol Miguel Torga
De tanto olhar o sol, queimei os olhos, De tanto amar a vida enlouqueci. Agora sou no mundo esta negrura. À procura Da luz e do juízo que perdi.
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Amei Demais Joaquim Pessoa
Madruguei demais. Fumei demais. Foram demais todas as coisas que na vida eu emprenhei. Vejo-as agora grávidas. Redondas. Coisas tais, como as tais coisas nas quais nunca pensei.
Demais foram as sombras. Mais e mais. Cada vez mais ardentes as sombras que tirei do imenso mar de sol, sem praia ou cais, de onde parti sem saber por que embarquei.
Amei demais. Sempre demais. E o que dei está espalhado pelos sítios onde vais e pelos anos longos, longos, que passei
à procura de ti. De mim. De ninguém mais. E os milhares de versos que rasguei antes de ti, eram perfeitos. Mas banais.
Danaë, Gustav Klimt
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O Ofício Casimiro de Brito
Escrevo para sentir nas veias o voo da pedra.
Antecipação da paz neste país de granadas moldadas no silêncio dos frutos.
Escrevo como quem escava no bojo da sombra um mar de claridade.
Pedras vivas de possibilidade
Sunrise By The Ocean, Vladimir KushT
as palavras levantam o crime, os pássaros do pântano
Escrevo no grande espaço obscuro que somos e nos inunda.
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Poema sobre a recusa Maria Teresa Horta
Como é possível perder-te sem nunca te ter achado nem na polpa dos meus dedos se ter formado o afago sem termos sido a cidade nem termos rasgado pedras sem descobrirmos a cor nem o interior da erva.
Como é possível perder-te sem nunca te ter achado minha raiva de ternura meu ódio de conhecer-te minha alegria profunda.
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Intimidade Fernando Namora
Que ninguém hoje me diga nada. Que ninguém venha abrir a minha mágoa, esta dor sem nome que eu desconheço donde vem e o que me diz. É mágoa. Talvez seja um começo de amor. Talvez, de novo, a dor e a euforia de ter vindo ao [mundo. Pode ser tudo isso, ou nada disso. Mas não o afirmo. As palavras viriam revelar-me tudo. E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.
Geopolitical Child Watches the Birth of New Human, Salvador Dali
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Dentes Carlos de Oliveira
Os dentes, porque são dentes, iniciais. Na espuma, porque não são saliva estas ondas pouco mordentes; este sal que sobe quase doce; donde?
Numa espécie de fogo: amor é fogo que arde sem se ver; porque não é de facto fogo este frio aceso; da saliva à lava passa pela espuma.
Só os dentes. Duros, ácidos, concentram-se tacteando a pele, tatuando signos sempre moventes de fúria. Mordida a pele cintila; espelho dos dentes, do seu esmalte voraz; suavemente.
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O Poema Original
Original é o poeta
Ary dos Santos
expulso do paraíso por saber compreender
Original é o poeta que se origina a si mesmo que numa sílaba é seta noutra pasmo ou cataclismo o que se atira ao poema como se fosse ao abismo e faz um filho às palavras na cama do romantismo. Original é o poeta capaz de escrever em sismo.
Original é o poeta de origem clara e comum que sendo de toda a parte não é de lugar algum. O que gera a própria arte na força de ser só um por todos a quem a sorte faz devorar em jejum. Original é o poeta que de todos for só um.
o que é o choro e o riso; aquele que desce à rua bebe copos quebra nozes e ferra em quem tem juízo versos brancos e ferozes. Original é o poeta que é gato de sete vozes.
Original é o poeta que chega ao despudor de escrever todos os dias como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia como se fosse mulher e nela emprenha a alegria de ser um homem qualquer.
Nebulosas António Cândido Franco
De dia uma flor evaporada é no céu de noite uma vela acesa. Alguém se recosta nos espaldares da terra. Evaporam-se pedras, abrem-se portas. Tudo tem um hálito que sobe. À noite abrimos o peito e saem dele como de gaveta finíssimas borboletas. cavalos brancos. A carne apodrecida pela saudade leveda auroras. Devemos ter dentro de nós o altíssimo lugar das nebulosas. À noite surpreendidos pela morte abrimos a boca e deixamos escapar uma labareda. Estendem-se na treva as flores evaporadas manchas estelares que são no céu a nossa memória. O corpo coze no espaço interior das suas paredes metais de terra. Os ácidos desfazem as pedras. Saem depois pela boca os astros as asas aladas das labaredas. O céu fica então povoado de charcos. Mais tarde os astros ganham uma malha. Os lenços brancos da morte quando sobem cristalizam numa rede fibrosa de corpos
que chamamos nebulosas. Só-pros. Saem-me pelo nariz fumos misteriosos. Os astros são a seca memória celeste da nossa decomposição húmida e terrestre. A saudade quando se evola torna-se plasma celular, matéria fibrosa. A saudade enxuga depois de dissolver em fumo a humidade putrefacta dos corpos.
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O Poeta em Lisboa António José Forte
Quatro horas da tarde. O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos. Tem febre. Arde. E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.
Segue por esta, por aquela rua sem pressa de chegar seja onde for. Pára. Continua. E olha a multidão, suavemente, com horror.
Entra no café. Abre um livro fantástico, impossível. Mas não lê. Trabalha - numa música secreta, inaudível.
Pede um cigarro. Fuma. Labaredas loucas saem-lhe da garganta. Da bruma espreita-o uma mulher nua, branca, branca.
Fuma mais. Outra vez. E atira um braço decepado para a mesa. Não pensa no fim do mês. A noite é a sua única certeza.
Sai de novo para o mundo. Fechada à chave a humanidade janta. Livre, vagabundo dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta. 21
Sonâmbulo, magnífico segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado. Um luar terrífico vela o seu passo transtornado.
Seis da madrugada. A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa. Defende-se à dentada da vida proletária, aristocrática, burguesa.
Febre alta, violenta e dois olhos terríveis, extraordinários, belos, Fiel, atenta a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.
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Este poema é absolutamente desnecessário António Ramos Rosa
Este poema é absolutamente desnecessário pela simples razão de que poderia nunca ser escrito e ninguém sentiria a sua falta Esta é a sua liberdade negativa a sua vacuidade dinâmica e o movimento da sua abolição a partir do seu vazio inicial Mas qual é a sua matéria qual o seu horizonte? Traçará ele uma linha em torno da sua nulidade e fechar-se-á como uma concha de cabelos ou como um [útero do nada? Ou será a possibilidade extrema de uma presença inesperada que surgiria quando chegasse a essa fronteira branca que já não separaria o ser do nada e no seu esplendor absoluto revelaria a integridade do ser antes de todas as imagens a sua violência inaugural a sua volúvel gestação?
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Já os pesadelos José Miguel Silva
What a perfect day to think about myself. The The
Os sonhos dos homens assemelham-se entre si. Já os pesadelos, cada um tem o seu. Durante muitos anos eu fui hóspede do frio. Enrolava cigarros para depois da chuva e não tinha sonhos, somente pesadelos.
O mais recorrente era o do nevoeiro: ninguém me via, era inútil mandar vir uma caneca de cerveja, no café. O meu dinheiro ninguém o aceitava, ficava parado, fazia de mim um acumulador.
Como nunca saía de casa, não sabia falar senão com mortos. Parecia-me magia saber responder boa tarde como vai à saudação dos vizinhos, pedir do vazio ao homem do talho, perguntar as horas.
Tempos amargos esses, e hoje, a mesma coisa, a mesma solidão. Com a diferença de que sou mais forte agora, vou à piscina duas vezes por semana, escrevo poemas para não adormecer.
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Não o Sonho Manuel António Pina
Talvez sejas a breve recordação de um sonho de que alguém (talvez tu) acordou (não o sonho, mas a recordação dele), um sonho parado de que restam apenas imagens desfeitas, pressentimentos. Também eu não me lembro, também eu estou preso nos meus sentidos sem poder sair. Se pudesses ouvir, aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos, animais acossados e perdidos tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim, desamarraram-me de mim e agora só me lembro pelo lado de fora.
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Poema escolhido
Espaço curvo e finito José Saramago
Oculta consciência de não ser, Ou de ser num estar que me transcende, Numa rede de presenças e ausências, Numa fuga para o ponto de partida: Um perto que é tão longe, um longe aqui. Uma ânsia de estar e de temer A semente que de ser se surpreende, As pedras que repetem as cadências Da onda sempre nova e repetida Que neste espaço curvo vem de ti.
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Ilustração
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Explicação da ilustração
Na minha opinião, o sujeito lírico através deste poema pretende mostrar a confusão que vai na sua mente que descreve como sendo um “espaço curvo e finito” e que tem presente uma série de pensamentos e emoções contraditórias. Sente que não existe ou que é de um modo que vai para além daquilo que este consegue entender; ora numa constante presença de pensamentos, ora na ausência destes mas que, apesar disso, a sua mente volta sempre a um pensamento inicial que sente inalcançável mas simultaneamente muito presente dentro de si. Anseia o início de um novo pensamento e aqueles que são novos mas iguais ao anterior que têm origem num “tu”. Para representar isto, decidi na minha ilustração desenhar a imagem de uma cabeça humana e dentro dela, uma confusão de linhas e traços que em certas partes parecem “fugir” de dentro da própria cabeça do indivíduo, o que representa a informação implícita do segundo ao quarto verso, os pensamentos que ora estão presentes, ora ausentes e os que sente num “longe aqui”. Decidi também representar os traços do rosto muito suaves para passar a ideia de que o sujeito não se conhece totalmente, informação esta que nos é passada pelos dois primeiros versos. Quis transmitir o medo que o “eu” lírico tem de certos pensamentos que nos é mostrado pelos últimos versos do poema com a utilização do carvão e de um traço mais intenso no desenho. Para além desse material utilizei também uma caneta mais fina para conseguir passar a ideia de que os pensamentos são frágeis e facilmente se “emaranham” dentro da mente.
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Conclusão
A execução deste trabalho foi bastante útil pois não só me permitiu a descoberta de novos autores portugueses como me mostrou a diversidade de temáticas e formas que cada um tem de exprimir os seus sentimentos através das palavras, mas também contribuiu para que desenvolva cada vez mais o gosto pela nossa língua portuguesa que é constantemente desvalorizada principalmente por nós, os jovens. Tive um grande cuidado na seleção dos autores e dos seus poemas para conseguir manter-me sempre fiel aos meus gostos pessoais e tentei também que aqueles que escolhi tivessem a ver com aquilo que penso e sinto. A eleição do poema de José Saramago deveu-se ao facto de o considerar um grande autor e de gostar particularmente daquilo que escreve. Também me senti mais atraída pela sua complicação que me levou a ter que o ler inúmeras vezes até conseguir finalmente escrever por palavras minhas aquilo que o poema me transmitia, sendo essa a principal dificuldade que encontrei no desenvolver deste dossier.
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Webgrafia
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http://www.citador.pt/poemas/dentes-carlos-de-oliveira consultado em 26/02/15 http://www.portaldaliteratura.com/poemas.php?poeta=305http://poesiaseprosas.no. sapo.pt/antonio_jose_forte/poetas_antoniojoseforte_opoetaem01.htm consultado em 26/02/15 http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/antonio_ramos_rosa/poetas_aramosrosa_estepoem a01.htm consultado em 26/02/15 http://canaldepoesia.blogspot.pt/2009/12/jose-miguel-silva-ja-os-pesadelos.html consultado em 26/02/15
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Anexos
Algo se me assemelha Luiza Neto Jorge
Algo se me assemelha e me quer para si
me desembainha quando menos espero
Distorção do espĂrito para a morte
como o corpo num salto irremediavelmente lento e alto
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Do Poema Casimiro de Brito
O problema não é meter o mundo no poema; alimentá-lo de luz, planetas vegetação. Nem tão- pouco enriquecê-lo, ornamentá-lo com palavras delicadas, abertas ao amor e à morte, ao sol, ao vício, aos corpos nus dos amantes -
o problema é torná-lo habitável, indispensável a quem seja mais pobre, a quem esteja mais só do que as palavras acompanhadas no poema.
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Do Amor e da Morte Casimiro de Brito
Temos lรกbios tenros para o amor dentes afiados para a morte
Concebemos filhos para o amor para a guerra os mandamos para a morte
Levantamos casas para o amor cidades bombardeamos para a morte
Plantamos a seara para o amor racionamos o trigo para a morte
Florimos atalhos para o amor rasgamos fronteiras para a morte
Escrevemos poemas para o amor lavramos escrituras para a morte
O amor e a morte somos
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Porque Sophia de Mello Breyner
Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não.
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Demissão José Saramago
Este mundo não presta, venha outro. Já por tempo de mais aqui andamos A fingir de razões suficientes. Sejamos cães do cão: sabemos tudo De morder os mais fracos, se mandamos, E de lamber as mãos, se dependentes.
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Morrer de Amor Maria Teresa Horta
Morrer de amor ao pĂŠ da tua boca
Desfalecer Ă pele do sorriso
Sufocar de prazer com o teu corpo
Trocar tudo por ti se for preciso
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