1 minute read
O SENTIDO DO TATO
from Meu Itinerário Espiritual - Compilação de relatos autobiográficos de Plinio Corrêa de Oliveira vol 1
by Nestor
O SENTIDO DO TATO
Agora o tato. Apalpando, apalpando, eu sinto muito as coisas. O contato com o couro de um sofá, por exemplo, me diz mil coisas. Se fosse de seda, eu esfregaria a mão de outro jeito171 .
Às vezes costumo brincar com uma concha nacarada que há em uma de nossas sedes enquanto faço, digamos, uma reunião. Ao meu tato, essa concha é agradável. É um objeto muito liso, o que dá uma sensação de macio, e que, sem ser de seda, tem algo de sedoso que exprime indefinidas delicadezas de alma. Ora, eu gosto muito da delicadeza de alma, dos estados de espírito. Isto me agrada. Por outro lado, essa concha é pontuda, e essa ponta representa o contrário da delicadeza de alma. Mas eu gosto também das pontas. E me agrada passar o dedo por essa ponta e fazer um pouco a psicologia da beleza das pontas. Por outro lado, gosto muito de desvendar as coisas. E a entrada da concha me dá uma sensação de desvendamento172 . *
Enquanto trabalho, gosto de manusear alguma coisa. Por exemplo, aquelas ágatas em forma de ovo que se colocam em cima dos móveis. Não gosto daquela forma de ovo, mas como em geral só há essas pedras em forma de ovo, eu as manuseio. Agora, por que uso isto enquanto trabalho? Por uma associação de imagens, fundada na realidade de que, quando a cabeça trabalha para redigir um texto longo, por exemplo, que contenha vários raciocínios, ela faz com as potências da alma um movimento semelhante ao dos dedos, quando pegam uma pedra. Portanto, sinto certa facilidade em continuar a pensar quando tenho a sensação de que aquele pensamento que eu concebi se prolonga nas minhas
171 MNF 15/11/89 172 MNF 16/5/80