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O reverso da medalha: incapacidade de elaborar

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ÍNDICE DE LUGARES

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mesmo uma visão completa do verum e do bonum, sem que o pulchrum esteja presente. E ainda que não houvesse as necessidades da Contra-Revolução, o meu temperamento já teria uma propensão para isso. É muito difícil, não digo impossível, verem-me tratar de um tema fazendo abstração completa do pulchrum. Mas às vezes o tema exige isto. Por razão pessoal, há alguma coisa em mim que faz com que o meu entusiasmo, a plenitude do meu élan não se dá senão quando o pulchrum está presente. E quando se dá, é porque acabei percebendo um tal ou qual pulchrum. Por exemplo, um raciocínio dado por São Tomás com toda simplicidade, se me empolga e nele entro com todo o meu élan, é porque notei a beleza daquela simplicidade. É uma circunstância pessoal – eu compreendo que outras pessoas não tenham isto – muito propícia à vocação contra-revolucionária, dadas as condições pelas quais a Contra-Revolução deve ser tocada hoje em dia. Por causa disso, eu acho que os membros da TFP devem ser levados a desenvolver e a ver as coisas assim219 .

O reverso da medalha: incapacidade de elaborar

O meu espírito, do ponto de vista artístico, não é muito criativo. Posso gostar muito das coisas belas, e posso sentir de maneira imaginativa a magnificência delas. Mas eu não saberia desenhá-las, nem as pintar, nem as esculpir, nem as musicar. O meu espírito fica cheio de ideias, mas dentro de uma incapacidade de as executar, à espera de que venha o artista que, em união com meu modo de ver as coisas, execute o que está na minha cabeça. Isto é o próprio de todo homem de ação quando tem um pouco de largueza de espírito. Ele não é capaz de executar, mas encontrando o homem da Providência capaz de o fazer, ele encontra aquele que vai glorificar a ação dele e o põe na realização. Por exemplo, um chefe de Estado que seja um grande homem, acaba por ver aparecer os arquitetos, os músicos, os decoradores, os artistas, os cantores, os poetas que estejam dentro da linha de pensamento dele e que completam o que ele faz. Luís XIII, Luís XIV, Luís XV e Luís XVI inspiraram estilos, inspiraram uma nova face para o mundo, deram para a humanidade uma nova fisionomia. Mas eles não sabiam fazer isso. Eles sabiam pegar o artista que executaria.

219 MNF 7/4/89

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