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Modo de escrever: frases longas, papel horizontal e prancheta, sentado numa poltrona

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ÍNDICE DE LUGARES

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Analogamente, eu prefiro a luz do abajur à luz direta, porque a luz direta imita o dia durante a noite, e a luz do abajur imita a noite durante o dia. Acresce a isto uma coisa. É que toda vida, mesmo quando eu era muito moço e tinha uma vista esplêndida, havia qualquer coisa pela qual a luz que desce me incomodava a vista. E se eu posso, no meio de uma vida tão cheia de tormentos, diminuir um pequeno tormento neste ponto, para estar mais disposto a lutar em outros, eu acho isto bom.

Modo de escrever: frases longas, papel horizontal e prancheta, sentado numa poltrona

Se alguém tiver a paciência de prestar atenção no que eu escrevo e no que digo, notará que as frases que eu construo têm a tendência de ser longas. Isto corresponde a um feitio de espírito pelo qual também os raciocínios que eu elaboro e que desdobro têm a tendência a ser longos. Não faço raciocínios breves, incisivos, mas longas demonstrações fortificadas, nas quais eu insiro uma porção de circunstâncias, prevendo os argumentos contra que se possam fazer. De maneira que o meu argumento sai de minha cabeça mais ou menos como um cavaleiro armado sai para a luta. Este modo de ser das minhas frases se apresenta melhor ao meu espírito quando escrito num papel horizontal do que em um papel perpendicular. Isto não quer dizer nem um pouco que todo o mundo deva ser assim. Mas é uma explicação do porquê eu sou assim. Eu veria inteiramente com bons olhos um membro da TFP que escrevesse em linguinhas de papel finas e compridas.

Tomado o meu corpo no seu total, tenho a impressão de que seria normal que os meus braços fossem um pouco mais longos do que são. Isto faz com que eu tenha certa dificuldade de me sentir inteiramente à vontade numa escrivaninha para escrever. Pelo contrário, a prancheta sobre uma almofada, a qual coloco onde quero e escrevo, portanto, numa distância que me convém, me deixa inteiramente à vontade. É preciso acrescentar que cadeira de escrivaninha nunca é tão cômoda quanto o é uma poltrona.

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