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apêndice – Loreto, o santuário dos “princípios não negociáveis”

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apêndice

Loreto, o santuário dos “princípios não negociáveis”

O santuário de Loreto age à maneira de um pulmão espiritual, especialmente para aqueles que lutam em defesa princípios não negociáveis (direito à vida, defesa da família natural, direito dos pais de educar seus filhos)1 .

Não há dúvida de que os fatos ocorridos na Santa Casa são da maior importância para a história da humanidade, sobretudo para quem se professa cristão.

A defesa do direito à vida desde a concepção…

Naquelas sagradas paredes teve início a nossa Redenção. Com efeito, ali Nosso Senhor Jesus Cristo foi concebido. Não é só. Foi também o local da imaculada concepção de Maria Santíssima e de seu nascimento. Dentro daquelas paredes, o Verbo se fez carne e passou a viver entre os homens. Como não podemos pensar, então, na dignidade intrínseca do ser humano desde o momento da concepção? O próprio Jesus, o Salvador, assumiu a condição humana desde o início. Nosso Senhor foi um embrião e um feto, e viveu durante nove meses no ventre virginal de Maria Santíssima.

Loreto deve, portanto, tornar-se o ponto de referência espiritual de todos aqueles que lutam para defender o direi-

1 Bento XVI, Discurso aos participantes do congresso promovido pelo Partido

Popular Europeu, 30 de março de 2006, in https://w2.vatican.va/content/benedictxvi/it/speeches/2006/documents/hf_ben-xvi_spe_20060330_eu-parliamentarians. html.

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to à vida dos bebês por nascer. Porque não há diferença de dignidade e sacralidade entre um nascituro e um nascido, assim como não existe entre um jovem e um idoso, entre um homem ou uma mulher. Em todas as fases da existência, o ser humano é sempre tal. Por esse motivo, a oposição à manipulação genética, à produção artificial de crianças e ao crime de aborto deve ser clara e radical. Qualquer lei que admita o assassinato de crianças ou sua redução a objetos é intrinsecamente injusta, deve ser rejeitada e revogada. A mesma discussão obviamente se aplica à mercantilização que se desenvolve com a prática bárbara do útero de aluguel, que alguns associam de maneira blasfema à Anunciação ocorrida na Santa Casa. Mas o paradoxo não faz evidentemente nenhum sentido, porque Nossa Senhora não pediu para se tornar a Mãe de Deus, mas simplesmente aceitou, com o seu “Sim”, a vontade divina. Um sim aberto à vida, que muitos hoje rejeitam com a contracepção e um hedonismo desenfreado.

… até a morte natural

Não podemos esquecer que, segundo a tradição, São José morreu na Santa Casa de Nazaré, assistido pela Bem-Aventurada Virgem Maria e por Nosso Senhor. Por esse motivo, o glorioso patriarca se tornou o santo padroeiro dos agonizantes: ninguém no mundo realmente recebeu tão grande graça, que é a de passar desta vida para a outra nos braços de Nossa Senhora e de Jesus. A de São José foi uma morte abençoada, a coroação de uma vida posta inteiramente ao serviço de Deus, de Quem ele se fez voluntariamente um instrumento dócil.

Assim sendo, Loreto poderia se tornar o ponto de referência espiritual do católico em sua luta contra qualquer legislação que vise introduzir a eutanásia, muitas vezes mascarada – em nome de uma falsa piedade – com os termos

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“suicídio assistido” ou “testamento biológico”. Os ataques à vida em sua fase terminal são muito perigosos, porque se quer limitar a dignidade humana apenas às vidas eficientes e saudáveis. Mas em qualquer condição e situação, por mais dolorosa e trágica que ela seja, o ser humano sempre conserva a sua nobreza. O que precisa o doente não é ser morto, mas da assistência dos entes queridos e do cuidado que alivia o sofrimento. Precisamente como aconteceu com São José. Eliminar os doentes não é um gesto de amor, mas de egoísmo, por trás do qual se ocultam com frequência muitos interesses econômicos.

A defesa da família natural fundada no matrimônio

A Santa Casa de Nazaré é o lugar onde viveu a Sagrada Família, o modelo de todas as famílias. Portanto, Loreto é o local privilegiado para se rezar pela instituição familiar, hoje ameaçada dentro e fora da Igreja. Lutar na esfera pública e na espiritual em defesa da indissolubilidade do casamento e da única identidade verdadeira da família – composta de homem e mulher – é hoje uma batalha e um desafio decisivo. Em face da rendição às modas dominantes, a Santa Casa de Loreto deve se tornar o centro no qual devemos haurir forças para dizer um claro “não” ao divórcio, às coabitações more uxorio, ao feminismo e às uniões homossexuais, pecados que destroem a sociedade da qual a família estável e unida é a célula fundamental. E considerando que a Santa Casa era propriedade da Sagrada Família, também é necessário lutar por uma verdadeira justiça social e uma economia familiar, o que também passa pelo reconhecimento e a proteção do direito de propriedade e pelo apoio à natalidade.

O direito prioritário dos pais à educação

Na Santa Casa, Nosso Senhor é visto sendo educado por

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sua Mãe e por São José. Jesus viveu com sua família até os trinta anos, numa existência feita de oração e trabalho, obediência e sacrifício, sobriedade e pureza. Entre essas paredes, a própria Nossa Senhora foi criada e educada por seus pais, Joaquim e Ana. Loreto é, portanto, o ponto de referência também sobre esta questão, tão incalculada hoje. Em face de escolas públicas e igualitárias controladas pelo Estado, que agora instigam o indiferentismo religioso e valores realmente anticristãos, e da desenfreada ideologia de gênero imposta a todos visando dissolver a própria natureza humana, é mais do que nunca necessário reiterar o direito prioritário dos pais de educar seus filhos de acordo com os princípios em que acreditam. Daí também a necessidade de criar escolas parentais, livres de vínculos estatais e autenticamente católicss. Nenhum poder pode arrebatar os filhos de suas famílias e doutriná-los contra a vontade de seus pais.

A luta pela pureza e a castidade

A Santa Casa acolheu uma família particular e toda santa, caracterizada pela virgindade perpétua. Jesus, Maria e José preservaram a pureza e a castidade ao longo de suas vidas, integralmente, no corpo e no espírito. Viver na continência antes do casamento, durante o casamento ou por toda a vida parece hoje para muitos – inclusive católicos – uma coisa impossível, enquanto a pornografia e a contracepção grassam desenfreadas e sem restrições. Perdeu-se o senso do sacrifício e da pureza, de tal modo que todo capricho e todo prazer se arvoram em direito legalmente reconhecido, protegido e até imposto. A Sagrada Família, pelo contrário, foi capaz de viver como uma única grande oferta a Deus, tornando-se verdadeiramente um exemplo para todos, das crianças aos jovens, dos adultos aos idosos, cada vez mais esmagados pelo centrismo sexual prevalente hoje em todos os lugares.

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