APRESENTAÇÃO
A pesquisa realizada em 1977 revelou um acervo diverso que evidencia a presença e a influência de diversos grupos étnicos, de diversos ciclos econômicos vivenciados nessa região, além das expansões e estagnações inerentes à dinâmica urbana.
Ao longo do tempo, o processo social de transmissão das heranças culturais e históricas é abarcado por um processo oficial, que escolhe e regulamenta normativas para a preservação do patrimônio edificado. Em Curitiba, essa preservação se torna parte da política municipal de forma mais efetiva a partir de 1966 com o estabelecimento de diretrizes no Plano Diretor e em 1971 quando delimitado o Setor Histórico de Curitiba. Nesse contexto, a pesquisa de 1977 é uma das mais aprimoradas e amplas sobre o acervo de edificações antigas da região.
Coordenada pelo Arquiteto e Urbanista Cyro
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 7
Preservar os edifícios antigos e suas localidades ilumina o passado, materializam-se partes da história e das memórias urbanas, torna-se possível compreender as primeiras fases de ocupação desse território metropolitano.
Corrêa de Oliveira Lyra, a equipe, ampla e multidisciplinar, pesquisou mapas e caminhos antigos, ciclos econômicos, a história oficial e a história oral, percorreu estradas, estradinhas e becos para encontrar, escolher e registrar o acervo cultural a partir de uma base de informações regionais e de peculiaridades locais.
Configurando uma das etapas do PPAC-RMC, a pesquisa se configurou em um inventário com aproximadamente 1150 edificações pesquisadas, localizadas em Curitiba e nos 13 municípios que, à época, configuravam sua Região Metropolitana. Com uma abrangência maior, em Curitiba foram pesquisadas 577 edificações, das quais 363 foram inventariadas em uma etapa de aprofundamento de coleta e sistematização de informações. Essa pesquisa serviu de base para compor a lista constante no Decreto nº 1547/79, que definiu 586 edificações como Unidades de Interesse de Preservação (UIPs).
Na maioria dos municípios da Região Metropolitana, é uma pesquisa única, sem antecedentes, e muitas vezes desconhecida das gestões municipais mais recentes.
As informações ali presentes contribuem de diversas maneiras por meio dos dados históricos e arquitetônicos, das informações das localidades e das fotografias da época, que configuram um retrato importantíssimo desses municípios há quatro décadas, sendo base para pesquisadores, técnicos e gestores.
Para retirar esse acervo documental da prateleira e contribuir com a produção e difusão de conhecimentos sobre esse acervo patrimonial, o projeto cultural se propôs a rever o conteúdo do Plano de Preservação do Acervo Cultural (PPAC-RMC), cujos documentos originais pertencem à Comec. Iniciamos em 2016, com o projeto cultural Patrimônio Edificado de Curitiba: armazenamento digital e sistematização de informações das Unidades de Interesse de Preservação (UIPs), no âmbito da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba; e, seguimos de 2019 a 2022, com o projeto Patrimônio Edificado da Região Metropolitana de Curitiba, amparado na Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Paraná.
Nessa revisão, as etapas executadas se configuraram na pesquisa no acervo
da Comec referente à documentação existente sobre o PPAC-RMC; na sua digitalização integral; na atualização do registro fotográfico de edifícios e lugares inventariados em 1977; e na organização e sistematização, em ambiente digital, das informações pesquisadas, produzidas e digitalizadas. A intenção é que as informações existentes possam ser utilizadas de uma forma ampla e possam se relacionar facilmente com as informações existentes nas instituições gestoras do patrimônio edificado.
Nesse processo, um momento marcou: a realização do encontro com alguns membros da equipe que fez a pesquisa em 1977, os coordenadores Cyro Correia Lyra, José La Pastina Filho, Maria Lucia Vianna Baptista e Janir Simiema, além dos então estagiários, José Tadeu Smolka e Miguel Ostoja Roguski. Ficou evidente que as experiências e recordações daquele trabalho marcaram a vida profissional de cada um.
8 PATRIMÔNIO
CULTURALDA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Para além do trabalho de pesquisa documental e de percorrer os municípios para a atualização fotográfica dos edifícios inventariados em 1977, esse projeto cultural conversou com os gestores municipais para conhecer as ações e políticas públicas voltadas para a preservação do patrimônio cultural local. Também, foram realizadas oficinas de educação patrimonial na maioria dos municípios envolvidos no projeto, com gestores, técnicos, membros de conselhos de cultura e patrimônio cultural, professores.
Para finalizar, foi realizado o seminário Patrimônio Cultural da Região Metropolitana de Curitiba: diálogos presentes, perspectivas futuras, nos dias 08 e 09 de dezembro de 2021, na plataforma virtual Google Meet, com a participação da COMEC, Superintendência do Iphan no Paraná, Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Comunicação e Cultura e de diversos representantes das gestões municipais que participaram mais ativamente do projeto.
O processo de pesquisa e principalmente esses momentos de interação com técnicos e gestores municipais, estaduais e federais evidenciaram a reflexão sobre a tônica metropolitana da preservação do patrimônio cultural, empreendida de modo primordial em 1977 e esquecida durante as décadas que se passaram, mas que agora se apresenta potencial, em função de novos marcos legais, como o Estatuto da Metrópole e da facilidade de estabelecer redes e conexões de gestão e de integração metropolitana, inerentes ao território da Região Metropolitana de Curitiba. Fica aí uma semente e uma base para começar a pensar nas ações.
Foto: 06.044 - Campo Largo(1977)
Foto: 05-010 - Campina Grande do Sul (1977)
O Plano de Preservação do Acervo Cultural da Região Metropolitana de Curitiba (PPAC-RMC) se configurou em uma pesquisa contratada pela Comec e Ipardes que visava produzir conhecimento sobre o acervo edificado que, na Região Metropolitana de 1977, constituísse exemplares expressivos como representantes da arquitetura edificada dos séculos XVIII e XIX por diferentes grupos étnicos.
O PLANO DE 1977
O registro dos antigos edifícios, por meio da metodologia do inventário, e a proposta de diretrizes para a sua preservação tiveram o propósito de embasar as políticas públicas do Estado para a salvaguarda desses bens culturais e constituir instrumento de apoio cultural aos projetos de desenvolvimento econômico programados para a região.
As etapas do PPAC-RMC foram executadas em 14 municípios que compunham a Região Metropolitana de Curitiba. Nesse contexto bastante abrangente, foi necessária uma logística que rendeu aproximadamente 20.114 quilômetros rodados e 3.420 fotografias. Envolveu uma grande equipe para a pesquisa de campo e para a sistematização de informações, principalmente, profissionais e estudantes da área de arquitetura e história.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 11
O contexto já apresentava urbanização mais intensa, implantação de indústrias e modificação dos hábitos e costumes, aspectos compreendidos como fatores determinantes da modificação do habitat, que acarretaram a destruição de uma gama desses exemplares.
O Plano se configurou em duas etapas distintas: o Inventário Analítico do Patrimônio Cultural e a definição de Diretrizes para a Preservação do Patrimônio Cultural.
Etapa 1 – Inventário Analítico do Patrimônio Cultural
Foi elaborado conforme modelos recomendados pela Unesco, aplicados em várias partes do mundo. Como ponto de partida, os pesquisadores recorreram às informações fornecidas pela iconografia antiga, tanto cartográfica, quanto artística; detiveram-se em textos relacionados a pesquisas históricas e descrições de viajantes; além das referências da tradição. Como base cartográfica, apoiaram-se no levantamento aerofotogramétrico realizado em 1972 pelo Governo do Estado. O Inventário foi executado em cinco etapas distintas:
1. PESQUISA DOCUMENTAL
Foi realizada a triagem de dados bibliográficos e cartográficos baseando-se no estudo da documentação referente à ocupação da região.
Os mapas históricos que tiveram maior serventia para a pesquisa foram os datados de 1728 e 1877.
Nessa etapa foi definido o quadro histórico da ocupação, considerando as seguintes temáticas: Economia do Ouro, Sesmarias e Fazendas, Os Caminhos Antigos, Indústria da Erva-Mate, Imigração e A Madeira e o Processo de Industrialização.
Essa etapa resultou em uma lista de exemplares arquitetônicos que serviria como ‘fio da meada’ para a realização da pesquisa de campo, considerando a existência de residências, capelas, moinhos e engenhos. Porém, ao verificar as condições de aproximadamente 200 edifícios elencados inicialmente, concluiu-se que apenas aproximadamente uma dezena estava em condições de preservação.
2. PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR
Foi executada uma varredura nos municípios, tendo como base a pesquisa documental e informações orais coletadas nos locais. Com a utilização de uma ficha específica, foram coletados dados preliminares, como:
localização, características tipológicas, técnicas construtivas, estado geral.
A documentação fotográfica foi registrada em fichas documentais de detalhes arquitetônicos. Essa etapa findou com a listagem de 1145 edificações que passaram por uma avaliação na etapa seguinte.
3. AVALIAÇÃO DA ARQUITETURA
Foram definidos critérios de avaliação para o enquadramento dos edifícios em três categorias.
A) obras de características excepcionais segundo os critérios semelhantes aos ditados pela legislação do patrimônio brasileiro. Considerou-se o valor histórico não só o relacionamento com fatos ou figuras históricas, mas também sua correlação com os ciclos econômicos da história regional.
B) são aquelas obras de valor documental. Não possuindo qualidades excepcionais como peça histórica ou artística, apresentam, contudo, um valor documental essencial para a leitura da história da região.
C) abrangem as unidades desprovidas de qualidades plásticas, de significado histórico
12 PATRIMÔNIO CULTURAL
REGIÃO METROPOLITANA
CURITIBA
DA
DE
ou documental, mas que podem eventualmente ser incluídas em diretrizes de preservação a nível municipal na medida em que sua salvaguarda se torne importante para a comunidade.
Foram excluídas, nessa etapa da pesquisa, as edificações que não se enquadravam em pelo menos uma dessas três categorias.
4. PESQUISA HISTÓRICO-ARQUITETÔNICA
Nessa etapa, a pesquisa de campo aprofundou a coleta de informações sobre alguns edifícios. Para as edificações classificadas nas categorias A e B foram realizados levantamento histórico e arquitetônico. Por meio de fontes orais e documentais foram coletadas informações sobre a história e a origem de cada uma. A partir de levantamentos arquitetônicos, foram elaborados desenhos em planta na escala 1:100. Para todas as edificações, as informações foram complementadas, assim como a documentação fotográfica.
5. ANÁLISE QUALITATIVA DO INVENTÁRIO
Após reunir informações quantitativas e qualitativas, a última etapa delineou um quadro evolutivo da arquitetura pesquisada, definindo períodos – Anterior a 1850, 1850-1890, 1890-1920 e 1920-1940 – e uma classificação tipológica baseada em fatores como origem cultural, programa de uso, técnica construtiva e linguagem formal, classificando os edifícios em: arquitetura lusobrasileira; arquitetura neoclássica e eclética com vocabulário
Foto: 05-010 - Campina Grande do Sul
MUNICÍPIOS
01. Almirante Tamandaré
02. Araucária
03. Balsa Nova
04. Bocaiuva do Sul
05. Campina Grande do Sul
06. Campo Largo
07. Colombo
08. Contenda
09. Curitiba
10. Mandirituba
11. Piraquara
12. Quatro Barras
13. Rio Branco do Sul
14. São José dos Pinhais
neoclássico; arquitetura romântica tipo “chalet”; arquitetura eclética com influência do imigrante alemão; arquitetura romântica tipo neogótica; arquitetura do imigrante polonês; arquitetura do imigrante italiano; arquitetura do imigrante alemão; e arquitetura aculturada.
No total, foram classificados e inventariados 760 edifícios na área de pesquisa, conforme descrito no Resumo do Inventário.
Etapa 2 – Diretrizes para a Preservação do Patrimônio Cultural
A definição de diretrizes para a preservação do acervo edificado se pautou no entendimento de que não era possível preservar todos os exemplares de arquitetura antiga existentes e na necessidade de definir linhas de ação diversas, devido à heterogeneidade do acervo e à diversidade na capacidade de atuação de cada município.
Foram propostas cinco linhas de ação:
1. Revitalização de uso através da reciclagem de edificações antigas;
2. Dinamização cultural através da implantação de um programa de Casas de Cultura Municipais;
3. Complementação cultural através da criação de museus a nível regional – Museu do Mate e Museus do Colono;
4.Desenvolvimento turístico através da equipamentação de polos e do estabelecimento de um roteiro turístico das Colônias;
5. Instrumentos a nível estadual e municipal – atuação do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná (tombamentos, atualização constante do inventário, orientação técnica e realização de obras de reestruturação e manutenção indicadas no inventário); criação de um Setor de Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental do Município de Curitiba; criação de uma legislação de proteção paisagística para a proteção da escala urbana antiga de Araucária, São José dos Pinhais e Campo Largo; isenção ou redução de imposto predial como incentivo a nível municipal; estabelecimento de programas de financiamento municipal de obras de restauração e conservação.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 15
Pesquisa de Campo
HISTÓRIA
Isa Betina Jurk
Elinah Gonçalves Figueiredo
Miguel Antônio Leoni Gaissler
Nadia Vivian Rodrigues
Priscila Ribeiro Ferreira
Vera Regina Biscaia Vianna Baptista
ARQUITETURA
Dalmo Vieira Filho
Elisabete França
Francisco Vaz Lino Faria
Joaquim Waltrick
José Tadeu Smolka
Luiz Fernando Braga
Maria Cristina Wolff de Carvalho
Maria Leonor Roguski
Miguel Ostoja Roguski
Sergio Fressato
Suely Barata Moutinho
Viviany Santos
Waldir Assis Filho
APOIO
Maria Teresa Wolff de Carvalho
Paulo Roberto Gasparin
18
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Foto:
01-010-12 (1977)
Foto:
14-001-04 (1977)
Foto:
06-031-06 (1977)
PATRIMÔNIO CULTURAL DA
METROPOLITANA DE
19
REGIÃO
CURITIBA
Foto: 02-031-02 (1977)
Foto: 12-002-10 (1977)
Foto: 06-050-02 (1977)
Foto: arquivo COMEC, 1977.
Foto: 01-002 - Almirante Tamandaré (1977)
A pesquisa realizada em 1977 foi tão grandiosa que foi necessária a execução de dois projetos culturais distintos para abrangê-la em sua totalidade.
PROJETOS CULTURAIS 2016-2022
O objetivo de ambos foi revisitar e digitalizar o conteúdo do Plano de Preservação do Acervo Cultural da Região Metropolitana de Curitiba (PPACRMC), realizado em 1977. Esse processo iniciou-se com o acervo referente à Curitiba, no primeiro projeto, e foi complementada pelo acervo dos demais municípios envolvidos na antiga pesquisa, no segundo projeto.
Em 2016, foi executado o projeto cultural Patrimônio Edificado de Curitiba: armazenamento digital e sistematização de informações das Unidades de Interesse de Preservação (UIPs), por meio da Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba, com recursos do Fundo Municipal de Cultura (Edital nº 27/2015). Entre 2019 e 2022 foi executado o projeto cultural Patrimônio Edificado da Região Metropolitana de Curitiba, contemplado no 2º Edital do Profice.
A documentação original referente ao PPAC-RMC encontra-se, há mais de quatro décadas, bem acondicionada na Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). Encadernações, fichas, pranchas em papel vegetal e negativos fotográficos estão guardados em suas pastas, capas e caixas de origem, que, de um modo geral, bem conservam os suportes físicos das informações.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 21
Ao longo desse tempo, a documentação foi pesquisada pelos municípios, por profissionais e pesquisadores que se dispuseram a ir até o local. Também era possível consultar essas informações em instituições como o Ippuc, a Fundação Cultural de Curitiba e a Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, porém em fotocópias que, em alguns casos, não permitiam sua apreensão total, em função do tamanho e pouca nitidez.
Tornou-se unânime entre os pesquisadores da área da arquitetura e da preservação do patrimônio cultural, a importância desse trabalho, tanto por seu embasamento científico, quanto por seu valor de referência temporal. Passados mais de quarenta anos, considerando a dinâmica urbana intensa Região Metropolitana de Curitiba, é possível rever informações e imagens de edifícios e seus entornos imediatos. Entrar em contato com o acervo documental e fotográfico e inseri-lo em suporte digital teve a pretensão de conhecer e difundir as informações, relacioná-las com as informações atualmente existentes e
fomentar a produção de novos conhecimentos sobre edifícios e municípios pesquisados. Para além da pesquisa documental e da pesquisa de campo, o projeto cultural estabeleceu contato com os municípios, por meio de gestores municipais e técnicos envolvidos na área cultural. A interação com os municípios possibilitou compreender a realidade das políticas públicas e da gestão da preservação do patrimônio cultural, no âmbito municipal. Foram realizadas oficinas com gestores, técnicos, integrantes de conselhos municipais e professores, gerando troca de conhecimentos e diálogos que ampliaram a noção de patrimônio cultural dos diversos territórios pesquisados. Para finalizar, foi realizado o seminário Patrimônio
Cultural da Região Metropolitana de Curitiba, reunindo representantes dos entes municipais, estadual e federal. O projeto cultural seguiu as seguintes etapas:
PESQUISA NO ACERVO DA COMEC
A documentação se configura em Cadernos Técnicos (Proposta e Plano de Preservação do Acervo Cultural), Fichas de
Inventário, Fichas Históricas, Pranchas de Levantamento e Negativos Fotográficos. No processo de pesquisa, foi detectada a ausência das Fichas Históricas de 34 edificações situadas nos municípios de Balsa Nova (5), Bocaiúva do Sul (1), Campina Grande do Sul (3) e Campo Largo (25). Assim como, foram extraviados 26 negativos fotográficos de edificações situadas nos municípios de Araucária (1), Bocaiuva do Sul (19) e Campo Largo (6).
DIGITALIZAÇÃO INTEGRAL DA DOCUMENTAÇÃO EXISTENTE NO ACERVO
DA COMEC
Inicialmente foram digitalizados os documentos, fichas e negativos fotográficos referentes ao município de Curitiba e os Cadernos Técnicos gerais. Em um segundo momento foram digitalizados as fichas e negativos fotográficos referentes aos demais municípios participantes da pesquisa.
A etapa de digitalização contemplou na íntegra a documentação existente.
22
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 23 DOCUMENTO FORMATO QUANTIDADE Cadernos Técnicos: Proposta, Plano de Preservação do Acervo Cultural, Critérios de Avaliação. A4 2350 unidades Fichas de Inventário A4 760 fichas Fichas Históricas A4 124 fichas Levantamento Arquitetônico A3 159 pranchas Negativos Fotográficos 5x5cm 2350 unidades Ficha
Inventário
de
Ficha Histórica
Ficha de Levantamento
ATUALIZAÇÃO DO REGISTRO FOTOGRÁFICO
Com os documentos em ambiente digital, a próxima etapa foi identificar a localização dos edifícios e lugares inventariados. Em 2016 esse processo foi realizado em Curitiba e entre 20192022 nos municípios da Região Metropolitana participantes da pesquisa. Nesse processo de busca, foram considerados os edifícios existentes e os lugares daqueles que foram demolidos. Nos demais municípios da RMC, foram utilizadas as fotos aéreas de 1985, do acervo da COMEC, possibilitando o reconhecimento de alguns edifícios e localidades.
Inicialmente foram utilizados recursos de programas como o Google Maps, Google Earth e Street View para o mapeamento preliminar. Em Curitiba, o Setor de Geoprocessamento do Ippuc, disponibilizou os arquivos digitais da foto aérea e a restituição de 1972, que facilitaram, principalmente, a localização de edifícios demolidos. Nos demais municípios, foram utilizadas as fotos aéreas de 1985, do acervo da COMEC, possibilitando o reconhecimento de alguns edifícios e localidades. Os registros fotográficos de 2016 foram realizados por Maria Angela
Biscaia Vianna Baptista, Maria Lucia Vianna Baptista Borges e Letícia Nardi, em 16 dias de incursões a campo.
Entre 2019 e 2022, os registros fotográficos foram realizados por Letícia Nardi e Bernard Cassiano Greim, em 46 dias de pesquisa de campo. O trabalho de campo foi o momento de refazer os caminhos da antiga pesquisa, confrontar informações, reconhecer lugares, constatar transformações. A vivência de encontrar edifícios existentes em bom estado de conservação ou edifícios que não tinham sido encontrados nas buscas virtuais, foi especial.
Os lugares vazios, as transformações abruptas, os edifícios abandonados ou arruinados geraram decepção e tristeza. As maiores surpresas e emoções foram vividas ao encontrar famílias que ainda permaneciam nos imóveis, descendentes dos antigos proprietários, que contaram histórias, que se surpreenderam com as informações e imagens da década de 1970.
O trabalho apresentou dificuldades inerentes a esse tipo de pesquisa: em alguns casos foi difícil encontrar o imóvel ou a sua localização, devido a mudanças de
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 25
Foto: 03-009 - Balsa Nova (1977)
numeração; erros na descrição do endereço; ou alterações na configuração das ruas, principalmente nas áreas mais afastadas do centro e das sedes dos municípios, cujas ruas e estradas, em 1977, não possuíam nomes oficiais. Nesse sentido, apesar dos esforços, não foi possível identificar a localização de algumas edificações, mesmo após a consulta a interlocutores locais. Alguns casos apresentam diferenças do número descrito no endereço, tornando-o sem nexo na configuração atual das cidades; ou os endereços e localidades descritos e os croquis de localização representados na Ficha do Inventário não fornecem informações suficientes para a localização do edifício.
ORGANIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO
EM AMBIENTE DIGITAL
A etapa de sistematização das informações em ambiente digital considerou a forma de organização utilizada no próprio Plano de Preservação do Acervo Cultural, onde cada município foi designado por um número, em ordem alfabética. Assim como os municípios, cada edifício ganhou um número complementar
de identificação, por exemplo, em Almirante Tamandaré, o município 01, os edifícios foram classificados pelos números 01.001, 01.002 (...). No ambiente digital, os dados foram agrupados em pastas distintas para cada município e, dentro dessas pastas, foi gerada uma pasta para cada edifício, agrupando os arquivos referentes a Ficha do Inventário, Ficha Histórica, Levantamento Arquitetônico, Imagens de 1977 e Imagens atualizadas. No caso de Curitiba, as pastas contendo os arquivos digitais dos edifícios foram organizadas a partir da numeração da Indicação Fiscal do lote, que é a forma como a gestão municipal organiza os dados das Unidades de Interesse de Preservação (UIPs). Para tanto, foi realizada uma pesquisa no Setor de Patrimônio Histórico do IPPUC para que essa integração fosse realizada. Os arquivos digitais do primeiro projeto, portanto relacionados ao município de Curitiba, foram incorporados nesse projeto. Para cada Prefeitura Municipal foi entregue um jogo contendo um catálogo e uma mídia digital com os arquivos gerais e os arquivos referentes a todos os municípios
envolvidos na pesquisa. O material foi disponibilizado também para instituições como Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba, Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura e Superintendência do Iphan do Paraná.
MAPEAMENTO DAS EDIFICAÇÕES E LUGARES
Durante o processo de pesquisa de campo e na sistematização das informações foram coletados dados para a atualização dos endereços dos edifícios e para a localização a partir das coordenadas geográficas.
Hoje, com a evolução dos recursos digitais foi possível estabelecer esse mapeamento. Sua forma geral apresenta a dimensão da pesquisa em termos territoriais totais. Com os dados mapeados, é possível estabelecer análises regionais. Dentro de cada município, é possível ter uma visão do patrimônio edificado a partir do acervo pesquisado e daquilo que é remanescente.
Os dados obtidos foram inseridos na plataforma Google Maps e integrados a imagens de cada edifício.
DIFUSÃO DAS INFORMAÇÕES
Para além da sistematização das informações e da disponibilização para as instituições públicas, desde o início, o projeto se propôs a difundir a pesquisa. Nesse contexto foram criados o site e as redes sociais identificadas com o nome Patrimônio RMC. O endereço www.patrimôniormc.com.br foi sendo construído, modificado e alimentado durante todo o processo de pesquisa. Para além do site do projeto, os arquivos digitais das fichas e imagens de 1977 estão disponibilizados integralmente no site da COMEC, na aba Acervo Técnico - Plano de Preservação do Acervo Cultural.
As redes sociais (Instagram e Facebook) proporcionaram a comunicação direta com um público diverso. Admiradores de imóveis antigos e da história das cidades, moradores dos municípios pesquisados que encontram suas referências urbanas e familiares, familiares que estão longe e reencontram edifícios de sua infância, gestores e pesquisadores da história, da arquitetura e do patrimônio cultural.
O contato estabelecido a partir da temática da pesquisa conecta universos distintos e evidencia a importância da memória urbana para a identidade de cada indivíduo, de cada família e dos grupos sociais. Esse amálgama de vozes e interlocuções evidencia uma trama de relações que não é tão evidente, mas estrutura o viver cotidiano.
Foto: 14-001 - São José dos Pinhais (1977)
A disponibilização no site do projeto permite que o usuário consulte um conjunto de informações sobre cada uma das unidades pesquisadas.
Foto: 06.034 - Campo Largo (1977)
2. ARAUCÁRIA
Inicialmente foi conhecida como Tindiquera, devido a uma grande tribo indígena que ali vivia. Atrativa por ser uma região de campos e matas em que predominavam a Araucária e a Imbuia, teve parte do seu território doado como sesmaria em 1668, dando início a ocupação com fins de cultivo da terra e criação de gado. A partir de 1870, a região recebeu grande contingente de imigrantes europeus, sendo primeiramente os poloneses e depois os alemães, italianos e ucranianos. Araucária foi criada oficialmente em 1890. Desde então, os ciclos econômicos locais passaram pela erva-mate, exploração madeireira, agroindústria, entre outros, sendo atualmente um dos principais pólos industriais do sul do Brasil.
Em 1977, a pesquisa para o inventário abarcou o território completo de Araucária, com destaque para a região central e para a área da Colônia Thomas Coelho, onde se concentravam a maior parte das casas de tronco construídas pelos imigrantes poloneses
e seus descendentes. Em 2019, percorremos também as áreas de Guajuvira, Tietê, Campo Redondo, Roça Nova, Colônia Ipiranga e Colônia Cristina na busca dos edifícios registrados em 1977. A partir dos dados existentes, a grande dificuldade da pesquisa se deu pelo contexto de mudanças drásticas decorrente da implantação da Represa do Passaúna, com perdas de tecido urbano e, consequentemente, das edificações inventariadas. Se destacam, a preservação do edifício da Casa da Cultura (02-006), das duas pontes metálicas (02-014) e das edificações do Memorial da Imigração Polonesa (02-026 e 02027) e a existência de casas de tronco e tábuas de madeira em seus contextos de origem, como as casas das famílias Sperandio/Valentini (02055), Pirog (02-028), Burda (02-042), Novak (02043), entre outras.
Em relação ao inventário de 1977, a pesquisa de campo constatou a preservação de 39% dos imóveis e 34% de demolição, inclusive de parte expressiva dos edifícios no entorno da Praça Dr. Vicente Machado.
Não foi possível localizar 27% do inventário. Mesmo com a Lei n° 2970/2016, que dispõe sobre a política do patrimônio cultural do município e criou o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (COMPAC) e o Fundo Municipal do Patrimônio Cultural de Araucária (FUMPAC), não há ainda imóveis tombados pela municipalidade. O COMPAC reúne-se mensalmente e debate sobre a relevância de outros bens, públicos e particulares.
A Oficina virtual, realizada em 06 de maio de 2021, teve a participação da equipe do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres e dos componentes do COMPAC. Ficou evidente o enfoque da preservação da memória urbana a partir do trabalho consistente e de longo prazo realizado no Arquivo Histórico, com ações de pesquisa, documentação, conservação e difusão de informações. O Conselho, por sua vez, expôs os desafios da implantação efetiva de políticas públicas voltadas para a preservação dos edifícios e dos bens culturais do município.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 41
nFoto: 001 - Casa do Cavalo Baio (2020)
43
44 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 2 - ARAUCÁRIA
n
n
n
n
Legenda :
Existente
Demolida
Não Encontrada
Modificada
n 002 (1977)
n 003 (1977)
n 004 (2020)
n 005 (1977)
n006 (2020)
n 007 (1977)
n 008 (2020)
n 009 (1977)
n 010 (1977)
n 011 (1977)
n 012 (1977)
n 013 (2021)
n 014 (2020)
n015 (1977)
n 016 (2021)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 017 (2021)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 2 - ARAUCÁRIA 45 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n
n
n
n
n
n
n
n 030
n 031
n
DO MUNICÍPIO
018 (1977)
019 (1977) n 020 (1977)
021 (2021) n 022 (1977)
023 (1977) n024 (2021)
025 (1977) n 026 (2021)
027 (2021) n 028 (2021)
029 (1977)
(1977)
(1977) n 032 (2021)
033 (1977) CATÁLOGO
46 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 2 - ARAUCÁRIA
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 034 (1977)
n 035 (1977)
n 036 (1977)
n 037 (1977)
n 038 (2020)*
n 039 (1977)
n 040 (2021)
n 041 (1977)
n042 (2021)
n 043 (2021)
n 044 (2021)
n 045 (1977)
n 046 (1977)
n 047 (1977)
n 048 (1977)
n 049 (1977)
CATÁLOGO DO
* Realocada - Bosque Papa João Paulo II em Curitiba
MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 2 - ARAUCÁRIA 47 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 050 (1977)
n 051 (1977)
n 052 (1977)
n 053 (2020) n 054 (2021)
n 056 (1977)
n 055 (2020) CATÁLOGO
DO MUNICÍPIO
3. BALSA NOVA
O povoamento da região de Balsa Nova começou em 1702, quando a região era conhecida como Tamanduá. Em 1709 foi iniciada a construção da Capela Nossa Senhora do Carmo, mais tarde conhecida como Capela de Nossa Senhora da Conceição do Tamanduá. Com o marco religioso, o povoado cresceu, fomentando o surgimento de outros núcleos no Vale do Iguaçu. A travessia do Rio Iguaçu era um entrave para o sucesso da região. Então, as famílias Alvarenga, Anjos e Chaves construíram uma balsa puxada por canoas que acabou sendo arrastada pelas águas. Em 1891, uma nova balsa surgiu, dessa vez tracionada por correntes. Com o triunfo do empreendimento, a região passou a ser conhecida como Balsa Nova. A partir de 1938, o distrito foi incorporado a Campo Largo e a sua independência só foi alcançada em 1961, com o desmembramento e a fundação do município de Balsa Nova, cujas principais atividades econômicas são a agropecuária e o ecoturismo.
Em 1977, o território de Balsa Nova foi pesquisado com maior concentração dos
registros no distrito de São Luiz do Purunã e na localidade do Bugre. Em 2020 e 2021, foi possível revisitar estruturas e edificações importantes preservadas, como a Capela do Tamanduá (03-002) e a Ponte dos Rio dos Papagaios (03-004), tombadas pela legislação estadual. Outras estruturas preservadas que chamaram a atenção foram Estação
Ferroviária Afonso Moreira (03-017) e a Capela Santo Antônio (03-013). Surpreendeu o encontro das ruínas da casa sede da Fazenda São Carlos (03-001) e a estrutura da ponte em pedra (03-003).
A pesquisa de campo no município apresentou um índice considerável de demolições, totalizando 48%, contra 48% de imóveis preservados e 4% modificados. No formulário enviado para a gestão municipal a fim de averiguar a existência de legislação, conselho e outras medidas de preservação patrimonial, foi possível constatar que não há nenhuma lei ou grupo oficial de debate sobre o assunto, ainda que existam imóveis reconhecidos pela população como
relevantes e a Festa do Milho, realizada há 22 anos, seja uma manifestação cultural de importância na localidade. Há, também, a Capela de Nossa Senhora da Conceição de Tamanduá, de 1730, tombada pelo Governo do Paraná e em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina virtual conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba, devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. A participação de um componente da gestão municipal de Balsa Nova na oficina evidenciou os desafios de estabelecer ações voltadas para a preservação do patrimônio cultural no município, mesmo em um contexto vinculado às ações e atividades de cunho turístico, bastante difundidas na região. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC. Legenda
48 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
: n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
nFoto: 001 - Fazenda São Carlos (2020).
50
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 3 - BALSA NOVA 51 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n
n
n
n
n
n
n
n
n 010 (1977) n 011 (2020) n
n 013
n 014 (1977) n015 (1977) n 016 (1977) n 017 (2021) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
002 (2020)
003 (2021)
004 (2020)
005 (1977)
006 (1977)
007 (1977)
008 (1977)
009 (1977)
012 (2020)
(2020)
52 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 3 - BALSA NOVA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 022 (1977)
n 019 (2020)
n 020 (2020)
n 021 (1977)
n 023 (2020)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 018 (1977)
4. BOCAIÚVA DO SUL
No fim do século XVII um incêndio devastador assolou a região onde hoje se encontra Bocaiúva do Sul, fazendo com que ficasse conhecida como Arraial Queimado. Em 1710, cotas da área foram concedidas em sesmaria a Domingos Fernandes Grosso. A partir de então, foram transferidas, vendidas e herdadas, terminando nas mãos de José Rodrigues Teixeira em 1756. O povoado progrediu, recebendo constantemente novos moradores, motivo pelo qual foi instalada uma capela no Sítio de Arraial Queimado. Em 1870, o local tornou-se freguesia e, já no ano seguinte, foi elevado à categoria de Vila. Em 1876, a Lei Provincial n° 273 definiu o Arraial Queimado como cidade. Nos anos seguintes, a nomenclatura seria alterada para Bocaiúva do Sul, em homenagem a Quintino Ferreiro de Souza Bocaiúva, então governador do Rio de Janeiro. Em 1932, o município foi anexado ao Capivari, e emancipado dois anos depois. Entre as atuais atividades econômicas, destacam-se a agropecuária e produção madeireira.
Em 1977 o amplo território de Bocaiúva do Sul foi pouco explorado pela equipe da pesquisa, apenas três edificações foram registradas. Em 2020, foi necessário recorrer ao conhecimento de pessoas da comunidade para encontrar os locais anteriormente pesquisados. Na Secretaria de Educação e Cultura nos indicaram algumas pessoas que conheciam melhor a região de Cabeça d’Anta, onde se encontrava um antigo moinho (04-002).
Somente encontramos restos de construção e algumas pedras de mó decorando a casa em frente. A única estrutura que restou da pesquisa de 1977 foi a Torre da Igreja (04-001).
De acordo com dados coletados com a gestão municipal através de formulário de pesquisa, foi apurado que não existe conselho de patrimônio e tampouco uma legislação específica de tombamento, ainda que três bens estejam protegidos por leis próprias de preservação, são eles: uma árvore Tipuana (Lei nº 325/10); a Torre da Igreja, inventariada em 1977 (Lei nº 126/96); e o Prédio da Câmara municipal
(Lei nº 170/19). Também existem outros bens relevantes histórica e socialmente reconhecidos pela população, como o Restaurante Broto, o Prédio da Secretaria Municipal de Educação, as Colunas de Pedra que indicam a antiga Estrada para São Paulo e a Capela do Cedrinho. Entre as manifestações culturais mais tradicionais estão as festas campeiras religiosas, que acontecem em diversas localidades.
A Oficina realizada em Bocaiúva do Sul, em 08 de dezembro de 2020, foi a primeira experiência online do projeto Patrimônio RMC. Os contatos já haviam sido feitos e a oficina agendada de forma presencial quando ocorreu a deflagração da pandemia de Covid-19, que impossibilitou a sua realização presencial. O novo formato possibilitou a interação com o público local e com pessoas de outros lugares. Apesar de haver poucas ações relacionadas à preservação do patrimônio cultural e da memória urbana no município, o interesse e o reconhecimento da importância da temática está claro em seu Plano Diretor.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 53
nFoto: 001 - Igreja/Torre (2020)
55
56 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 4 - BOCAIÚVA DO SUL Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 003 (1977) n 002 (1977)
5. CAMPINA GRANDE DO SUL
A história de Campina Grande começa em 1666, com o surgimento de um povoado no município de Arraial Queimado, atual Bocaiúva do Sul. Em 1873 tornou-se freguesia e, dez anos depois, foi elevada à categoria de vila, tornando-se independente de Arraial Queimado. Nos anos seguintes, o poder executivo foi organizado, sendo constituídas câmara dos vereadores e prefeitura. Em 1939, o município foi extinto e passou a ser um distrito com território em Piraquara e Bocaiúva do Sul. O status de município só foi restituído em 1951, sob o nome de Timbu. Alguns anos depois, por pressão popular, o nome passou a ser Campina Grande do Sul. Nas últimas décadas, a cidade apresentou desenvolvimento urbano acelerado e o surgimento de grandes indústrias, especialmente nos setores alimentício, moveleiro, de metal, plástico e tintas. O Pico Paraná, importante ponto de lazer e turismo de aventura, está localizado no município.
A pesquisa que resultou no inventário produzido em 1977 considerou especialmente
a área urbana da cidade, agregando somente algumas edificações nas regiões do Mandaçaia, Taquari e Palmerinha. Grande parte das edificações registradas em 1977 foram demolidas, sendo interessante registrar a emoção de um membro da família Crozetta ao rever as imagens da casa antiga pertencente a seus pais (05-009). Os edifícios preservados são a Igreja de Mandassaia (05-008), uma capela na localidade de Palmirinha (05-011) e o edifício que se tornou a Casa da Cultura (05-001), que foi restaurado em 1978 com participação técnica da equipe da COMEC. Certamente, o restauro foi uma iniciativa decorrente do Plano de Preservação do Acervo Cultural.
Dos demais imóveis inventariados foi possível constatar a existência de 27%. Já a porcentagem de demolição, de 64%, pode ser ainda maior, visto que 9% não foram encontrados na pesquisa de campo. O município não possui legislação e conselho de patrimônio cultural, apesar da realização periódica de eventos culturais e artísticos
e da existência de uma série de imóveis de interesse de preservação por parte da população, como as Casas Repinoski e Speranseta, ambas no bairro Araçatuba, o Engenho de Erva Mate Trevisan, em Mandaçaia, a Serraria Dalprá, no Engenho Velho, e o Casarão dos Ferreira, em Imbuial.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina virtual conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba, devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. Apesar da não participação do município, o contato com os gestores do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Ação Social, Família e Cultura evidenciou uma preocupação com a memória urbana, visto que as ações municipais e a pequena estrutura do Departamento não são suficientes para abarcar as demandas da preservação do patrimônio cultural. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 57
nFoto: 001 - Casa da Cultura (2020)
59
60 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 5 - CAMPINA GRANDE DO SUL
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 002 (1977)
n 003 (1977)
n 004 (1977)
n 005 (1977)
n006 (1977)
n 007 (1977)
n 008 (2021)
n 009 (1977)
n010 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n011 (2021)
6. CAMPO LARGO
A história de Campo Largo começou com a concessão de sesmarias no interior da Província do Paraná e, por muito tempo, a região foi conhecida como Freguesia do Tamanduá. A ocupação foi acentuada no início do século
XIX, quando o Capitão João Antonio da Costa, proprietário de terras da região, cedeu parte de sua propriedade para aqueles que possuíam interesse em cultivar e se instalar no local. Com o aumento populacional, o Capital doou uma imagem de Nossa Senhora da Piedade para a construção de uma capela, que deu origem à igreja matriz. Ao final do século XIX, Campo Largo se desmembrou de Curitiba e foi elevada à categoria de cidade. Além de abrigar variadas indústrias, o município é conhecido como ‘capital da louça’.
Em 1977, a equipe do PPAC-RMC percorreu intensamente o vasto território de Campo Largo registrando 118 edificações. Em 2021, foram necessários vários dias de pesquisa de campo para revisitar localidades como Ferraria, Bateias, Botiatuva Itaqui, Colônia Mariana,
Colônia Antônio Rebouças, Colônia Balbino Cunha (Campina), Bolinete, Colônia Dom Pedro II, Retirinho, Guabiroba, Dom Rodrigo, além de seguir pela Estrada do Cerne até Três Córregos e São Silvestre, quase extremo norte do município.
O auxílio do pesquisador autônomo Edson dos Santos Silva foi de grande valia para encontrar vários exemplares. Nesse percurso, ocorreram encontros especiais, dos quais destacamos a família Coelho e sua casa luso-brasileira (06024); a família Bianco, que preserva o barbaquá (06-079) dos seus antepassados e o mantém em funcionamento; e o encontro com o Sr. João Sarnetzki, citado na ficha de 1977, que permanece preservando a sua casa de madeira com lambrequim.
Mesmo com o intenso trabalho de pesquisa de campo realizado para atualizar o inventário, 14% dos imóveis não foram encontrados. Do restante, 43% foi modificado e os demais preservados. Desde 2014 a cidade conta com um Conselho de Política Cultural e, em 2019, foi criada a Lei n° 3.009 para regulamentar os processos
de tombamento municipal para patrimônios culturais materiais e imateriais. Nenhum bem foi tombado até o momento e um grupo de levantamento das manifestações culturais está em fase de implantação. A população local reconhece a importância de diversos imóveis, com destaque para o Casarão dos Chemin, o Museu Histórico do Mate (tombado em nível estadual) e prédios que ocupam função pública, como a Biblioteca e o Museu Histórico Municipal.
A Oficina em Campo Largo foi realizada de modo presencial, em 23 de novembro de 2021, na Casa da Cultura Dr. José Antônio Puppi. A articulação foi muito produtiva e o evento contou com a participação de gestores da área da cultura, vinculada a Secretaria de Esporte, Lazer e Cultura, além de funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e diversos pesquisadores e interessados. A oficina promoveu amplo debate sobre as potencialidades e desafios da preservação do patrimônio cultural, que consegue promover ações pontuais com relação a essa temática.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 61
nFoto: 032 - Antigo Engenho de Mate (2021)
63
64 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO
n 001 (1977)
n 002 (2021)
n 003 (2021)
n 004 (1977)
n 005(1977)
n006 (2021)
n 007(1977)
n 008 (2021)
n 009 (2021)
n 010 (1977)
n 011 (1977)
n 012 (2021)
n 013(1977) n 014 (1977)
n015 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 016 (2021)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO 65 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 017
n 018
n 019
n
n 021 (1977) n
n
n
n
n
n
n 029
n 030
n
n
CATÁLOGO DO
(1977)
(2021)
(1977)
020 (1977)
022 (1977)
023 (1977)
024 (2021)
025 (2021)
026 (1977) n 027 (2021)
028 (1977)
(1977)
(2021)
031 (2021)
033 (2021)
MUNICÍPIO
66 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO
n 034 (2021)
n 035 (1977)
n 036 (2021)
n 037 (1977)
n 038 (1977)
n 039 (2021)
n 040 (1977)
n 041 (1977)
n042 (1977)
n 043 (1977)
n 044 (1977)
n 045 (2021)
n 046 (1977)
n 047 (1977)
n 048 (1977)
CATÁLOGO DO
n 049(1977)
MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO 67 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n
n
n
n
n
n
n
n
n
n
CATÁLOGO DO
050 (2021)
051 (2021)
052 (1977)
053 (1977)
054 (1977)
055 (1977) n 056 (1977) n 057 (2021) n 058 (1977) n 059 (2021) n 060 (1977)
061 (1977)
063 (1977) n 064 (1977)
065 (2021)
062 (1977)
MUNICÍPIO
68 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO
n 066 (2021)
n 067 (2021)
n 068 (2021)
n 069 (1977)
n071 (1977)
n 072 (1977)
n 073 (2021)
n 074 (1977)
n 075 (1977)
n 076 (2021)
n 077 (2021)
n 078 (2021)
n079 (2021)
n 080 (2021)
n 081 (1977)
CATÁLOGO DO
n070 (1977)
MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO 69 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 082 (1977) n 083 (1977)
n 084 (2021) n 085 (1977)
n086 (1977)
n087 (2021) *
n 088 (1977)
n 089 (1977)
n 090 (2021)
n 091 (1977)
n 092 (1977)
n 093 (1977)
n 094 (1977)
n
095 (1977)
n 096 (2021) n 097 (1977)
*Território atual do Município de Campo Magro. CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
70 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO n 098 (1977) n 099 (2021) n 100 (1977) n 101 (2021) n 102 (2021) n103 (1977) n 104 (2021) n 105 (2021) n 106 (1977) n 107 (2021) n 108 (1977) * n 109 (2021) * n 110 (1977) n111 (2021) n 112 (2021) n 113 (1977) *Território atual do Município de Campo Magro. CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 6 - CAMPO LARGO 71 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 115 (2021) n 116 (1977) n 117 (2021) n 118 (1977) n 114 (2021) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
7. COLOMBO
Imigrantes italianos, até então estabelecidos em Morretes, na Colônia Nova Itália, receberam 40 lotes urbanos e 40 lotes rurais do Governo Provincial em 1878. Localizados a cerca de 20 quilômetros de Curitiba, os lotes deram origem à Colônia Alfredo Chaves. Nos anos seguintes, novos contingentes de imigrantes chegaram, a maioria italianos, fundando novas colônias. Em 1890, a localidade tornou-se o município de Colombo. Ao longo de sua história, o povo colombense dedicou-se a várias atividades econômicas, sendo a primeira mais significativa a instalação da fábrica de louças de Francisco Busato, em 1880. Nas décadas de 1970 e 80, Colombo foi a cidade com maior taxa de crescimento na Região Metropolitana de Curitiba, quando recebeu milhares de novos residentes, a maioria do interior do Paraná. Em 1977, a pesquisa no município de Colombo considerou preferencialmente as áreas de entorno da região central e do acesso pela Rodovia da Uva. Colombo foi um dos primeiros municípios a serem visitados pela
pesquisa de campo do projeto Patrimônio RMC, contando com o auxílio dos funcionários do Museu Cristóforo Colombo. Dentre os edifícios, destacamos a preservação da Casa Beira Xavier (07-008), tombada pela legislação estadual, da casa da família Guarise (07-004), da Igreja de São Pedro (07-006), na localidade de Capivari, e da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (07-018), referência grandiosa da área central do município. Das 18 construções inventariadas em 1977, 55% foram encontradas preservadas, 27% demolidas e apenas 5% modificadas. Infelizmente, a pesquisa de campo não conseguiu localizar dois imóveis.
A cidade possui a lei municipal n° 1.285 de 2012, que dispõe sobre a preservação do patrimônio cultural e natural, a criação do Conselho de Cultura e a instituição do fundo municipal de cultura. Porém, até o presente momento, nenhum processo de tombamento foi aberto por meio da citada lei. Há também alguns registros simples, sem respaldo legal, feitos por técnicos que trabalham junto ao departamento de cultura da cidade, que
revelam uma série de construções com valor afetivo, cultural e turístico para a cidade, como a Nossa Senhora do Rosário, o Palacete da família Puppi, a Capela do Divino Espírito Santo e outros. Também existem registros de patrimônio imaterial, como o saber fazer do Risoto, considerado o prato típico da cidade, e a língua de imigração Talian (Vêneto), além de celebrações religiosas e o jogo da mora.
A Oficina em Colombo foi um momento valioso do projeto Patrimônio RMC. Realizada em 25 de maio de 2021, em plataforma online, compôs a programação local da 19ª Semana Nacional de Museus. Nesse contexto foi possível reunir um grande público com a participação massiva da comunidade local, mas também de pessoas de outras cidades e estados do Brasil. A articulação com o Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Esporte, Cultura e Lazer e, especialmente, com o Museu Cristóforo Colombo, fomentou um debate importante sobre a valorização do patrimônio cultural local, tanto aqueles de natureza material, quanto imaterial.
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
72 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
nFoto: 008 - Memorial Casa Beira Xavier (2020)
74
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 7 - COLOMBO 75 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada *Território atual do Município de Pinhais
n 001 (2020) n 002 (1977)
n 003 (1977)
n 004 (2020)
n 005 (1977)
n 006 (2020)
n007 (1977)
n 008 (2020) n 009 (1977) n 010 (1977)
n
n
n
* CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 011 (1977) n 012 (1977)
013 (2020)
014 (2020) n 015 (2020)
016 (2020)
76 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 7 - COLOMBO
n 017 (2020) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n
18 Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário (2022)
8. CONTENDA
O povoamento da região onde hoje é Contenda começou no século XVIII, quando integrava um trecho do caminho das tropas, que ligava Sorocaba a Viamão, na então Estrada da Mata. Foi com a reestruturação desta estrada, em 1880, motivada pela visita do Imperador Dom Pedro II, que uma colônia foi fundada às margens do Rio Contenda, integrando o território da Lapa. A emancipação veio em 1951 por meio de decreto do então Governador do Paraná Bento Munhoz da Rocha Neto. Atualmente, a região possui forte atuação agrícola, com destaque para a produção de batata.
A pesquisa que resultou no inventário produzido em 1977 percorreu várias regiões do município de Contenda, como a área central, Serrinha, Campestre, Catanduvas,
Passo a Passo e Fundo do Mato. Em 2020 e 2021 verificamos que muitas edificações registradas foram demolidas, porém nos surpreendeu o encontro com diversas famílias que permaneciam no mesmo local e puderam se emocionar com as fotos antigas das casas, especialmente as famílias Turek (08-017), Knapik (08021), Fiatkovski (08-016), Ferreira (08-010) e Druciak (08-022). Entre as edificações preservadas, destacam-se um antigo moinho (08-002), a Igreja de Sant’Ana (08-013) e a casa paroquial (08-015), na localidade da Serrinha.
Apenas 31% dos imóveis inventariados em 1977 foram preservados, 65% demolidos e 4% não foram encontrados.
Ao todo, foram 23 edificações registradas pelo Plano de Preservação do Acervo
Cultural da Região Metropolitana de Curitiba em 1977. Não há em Contenda imóveis tombados em âmbito federal, estadual ou municipal. A cidade também não apresenta, até o momento, uma legislação acerca da preservação de seu patrimônio material e imaterial.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba (via plataforma virtual), devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. Apesar das diversas tentativas, não foi possível estabelecer contato com os gestores de Contenda. A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA 77
nFoto: 002 - Antigo Moinho
79
80 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 8 - CONTENDA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 001 (2020)
n 003 (2022)
n 004 (1977)
n 005(1977)
n 006 (1977)
n 007 (1977)
n 008 (1977)
n 009 (1977)
n 010 (1977)
n 011 (1977)
n 012 (1977)
n 013 (2022) n 014 (2020) n 015 (2022)
n 016 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 017(1977)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 8 - CONTENDA 81 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 022 (1977)
n 019 (2022)
n 020 (1977)
n 021 (1977)
n 023 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 018 (1977)
9. CURITIBA
A Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais foi fundada em 29 de março de 1693, pelo capitão-povoador Matheus Martins Leme, que promoveu a eleição para a Câmara de Vereadores e a instalação da Vila, como exigiam as Ordenações Portuguesas. O nome Curitiba só foi adotado em 1721, por orientações do ouvidor Raphael Pires Pardinho, que também fez várias recomendações sobre o processo de urbanização do local, favorecendo um crescimento organizado e com certa harmonia em relação aos recursos naturais locais. Curitiba é uma palavra de origem Guarani, kur yt yba, que significa “grande quantidade de pinheiros, pinheiral”. O advento do tropeirismo foi o ponto de mudança econômica para a capital da província do Paraná, que a partir de 1812 registrou grande crescimento populacional e econômico.
A emancipação política de São Paulo ocorreu em 1853, quando a região já era destino de imigrantes europeus, atraídos
pelas propagandas de colonização do Brasil. Outro ponto fundamental para a cidade e o estado foi a inauguração da Estrada de Ferro ligando Curitiba-Paranaguá, em 1885, impulsionando, de vez, o desenvolvimento local. A partir de então, todo o estado recebeu um grande contingente de imigrantes, fato que agigantou e delineou a ocupação territorial de Curitiba e Região Metropolitana, instituída em 1973.
A pesquisa realizada para o PPAC-RMC, em 1977, registrou 363 fichas de inventário, abrangendo um grande território do município, com destaque para a área central, Norte e Oeste. Chama a atenção a ausência de lugares registrados nas porções Leste e Sul. Em Curitiba, a atualização da pesquisa foi realizada em 2016, com 20 dias de pesquisa de campo. Nos bairros afastados do centro, a localização dos imóveis registrados em 1977 foi mais desafiadora, visto que naquela época muitas ruas não existiam, eram estradas que não possuíam nomes,
tampouco numerações definidas. Outro fator que chamou a atenção foram as mudanças drásticas a partir da verticalização urbana, da implantação e consolidação de rodovias e contornos e da consolidação dos parques industriais. Em alguns casos, mesmo que as edificações inventariadas em 1977 tenham sido preservadas, seu entorno mudou radicalmente. Alguns imóveis registrados no inventário de 1977 possuíam duas edificações no mesmo terreno, outros compunham conjuntos de três ou mais edificações. No total, foram computadas 384 edificações envolvidas no processo. Deste total, foi possível constatar a preservação de 74%, enquanto 20% foram demolidos, 5% não foram encontrados e apenas 1% dos imóveis foram modificados. A grande maioria dos imóveis preservados, total de 281 edificações, integram a política de preservação do patrimônio cultural edificado de Curitiba, sendo cadastrados como Unidades de Interesse de Preservação (UIP) da cidade.
82 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
nFoto: 002 - Casa Romário Martins (2016)
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada 84 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 85 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 001 (2016) n 002 (2016) n 003 (2016) n 006 (2016) n 004 (2016) n 005 (2016) n 007 (2016) n 008 (2016) n 009 (2016) n 010 (2016) n 011 (2016) n 012 (2016) n 013 (2016) n 014 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
86 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 015 (2016) n 016 (2016) n 017 (2016) n 018 (2016) n 019 (2016) n 020 (2016) n 021 (2016) n 022 (2016) n 023 (2016) n 024 (2016) n 025 (2016) n 026 (2016) n 027 (1977) n 028 (1977) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 87 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 029 (2016)
n 033 (2016) n 030 (2016)
n 031 (2016) n 032 (2016)
n 034 (2016) n 035 (2016)
n 037 (2016)
n 038 (2016) n 039 (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 040 (2016) 036 (2016)
88 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 041 (2016)
n 043 (2016)
n 044 (2016)
n 042 (2016)
n 045 (2016)
n 048 (2016)
n 049 (1977)
n 046 (2016)
n 047 (2016)
n 050 (2016)
n 051 (2016)
n 052 (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 057 (2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 89 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 053 (2016)
n054 (2016)
n 055 (2016)
n 056 (2016)
n 059 (2016)
n 060 (1977)
(2016)
n 062 (2016)
n 063 (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 061 (2016)
90 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 064a (2016)
n 064b (2016)
n 064c (1977)
n 065 (2016)
n 066 (2016)
n067 (1977)
n 068 (2016)
n 069 (2016)
n 070 (2016)
n 071 (2016)
n 072 (2016)
n 073 (2016)
n075 (2016)
n 076 (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 074 (1977)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 91 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 077 (2016)
n 078 (2016)
n 079 (2016)
n 080 (2022)
n 081 (2016)
n 082 (2016)
n 083 (2016)
n 084 (2016)
n 085 (2016)
n 086 (2016)
n 087 (2016)
n 088 (2016)
n 089 (2016)
n 090 (2016)
n 091 (2016)
DO
n 092 (2022)
CATÁLOGO
MUNICÍPIO
92 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 095 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 93 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 093 (2016)
n 094 (2016)
n 098 (2016)
n 096a (2016)
n 096b (2016)
n 099 (2016)
n 100 (2016)
n 101 (2016)
n 102a (2016)
n 102b (2016)
n 102c (2016)
n 102d (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 097 (2016)
94 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n
n
n
Encontrada n
n 103
n 104
105
n 106 (2016) n 107 (2016) n 108 (2016) n 110
n 111 (2016) n 112 (2016)
n 114
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
Existente
Demolida
Não
Modificada
(2016)
(2022) n
(2016) n 109(2016)
(2016)
n 113(2016)
(2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 95 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 115 (2016) n 116 (2016) n 117 (2016) n 118 (2016) n 122 (2016) n 123 (2016) n 124 (2016) n 125 (2016) n 126 (2016) n 128 (2016) n 129 (2016) n 121 (1977) n 119 (2016) n 120 (2016) n 127 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
96 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 130 (2016) n 131 (1977)
n 133 (2016) n 134 (2016) n 135 (2016)
n 136 (2016) n 132 (1977)
n 137 (2016) n 138 (2016)
n 139 (2016)
n 140 (2022) n 141a (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 141b (2016) n 142 (2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 97 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
144 (1977) n 145 (2016) n 146 (2016) n 143 (2016) n 147 (2016) n 148 (2016) n 149 (2016) n 150 (2016) n 151 (1977) n 152 (1977) n 153 (1977) n 154 (1977) n 155 (2022) n 156
n 157
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n
(1977)
(1977)
98 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 158 (2016) n 159 (2016) n 160 (2016) n 161 (2016) n 162 (2016) n 163 (2016) n 164 (1977) n 165 (2016) n 166 (1977) n 167 (1977) n 168 (2016) n 169 (2016) n 170 (2016) n 171 (2016) n 172 (2016) n 173 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 99 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 174 (1977) n 175 (2016) n 176 (1977) n 177 (2016) n 178 (2016) n 179 (2016) n 180 (2016) n 181 (1977) n 182 (2016) n 183 (2016) n 184 (2016) n 185 (2016) n 186 (2016) n 187 (2016) n 188 (1977) n 189 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
100 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 190 (2016) n 191 (1977) n 192 (1977) n 193
n 194 (1977) n 195 (2016) n 196 (1977) n 197a
n 197b
n 197c
n
n 198a
n 198b
n 199
n 200
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
(2016)
(2016)
(2016)
(1977)
197d (1977)
(2016)
(2016)
(2016)
(2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 101 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 201 (2016) n 203 (1977) n 204 (2016) n 202 (2016) n 205 (2016) n 206 (2016) n 207 (2016) n 208 (2016) n 209 (2016) n 210 (2016) n 211 (1977) n 212 (1977) n 213 (1977) n 214 (2016) n 215 (1977) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
102 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 216 (2016) n 217 (2016) n 218 (2016) n 220 (1977) n 221 (2016) n 222 (2016) n 219 (2016) n 223 (2016) n 224 (2016) n 225 (1977) n 226 (2016) n 227 (2016) n 228 (1977) n 229 (2016) n 230 (1977) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 103 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 231 (1977) n 232 (2016) n 233 (2016) n 234 (2016)) n 235 (2016)
n
236 (2016) n 237 (2016) n 238 (2016)
n 239 (2016) n 240 (1977)
n 241 (1977) n 242 (2016)
n 243 (2016) n 244 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 245 (2016) n 246 (1977)
104 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA
n
n
n
n
Legenda :
Existente
Demolida
Não Encontrada
Modificada
n 247 (2016)
n 248 (1977)
n 251 (2016)
n 252 (1977)
n 253 (2016)
n 254 (2016)
n 255 (2016)
n 256 (2016)
n 257 (1977)
n 258 (2016)
n 259 (1977)
n 260 (2016)
n 261 (2016)
n 262 (1977)
n 249 (2016)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 250 (2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 105 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 263 (2016) n 264 (2016) n 265 (2016) n 266 (2016) n 268 (1977) n 269 (1977) n 270 (1977) n 267 (2016) n 271 (2016) n 271 (2016) n 272 (1977) n 273 (1977) n 274 (1977) n 275 (2016) n 276 (2016) n 277 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
106 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA
n
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada
Modificada
n 278 (2016))
n 279 (2016)
n 280 (2016)
n 281 (2016)
n 282 (1977)
n 283 (2016)
n 284 (2016)
n 285 (2016)
n 286 (1977)
n 287 (2016)
n 288 (2016)
n 291 (2016)
n 289 (2016)
n 290 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 292 (1977)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 107 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 293 (1977) n 294 (1977) n 295 (2022) n 296 (2016) n 297 (2016) n 298 (2016) n 299 (2016) n 300 (1977) n 301 (1977) n 302 (1977) n 303 (1977) n 304 (1977) n 305 (2016) n 306 (1977) n 307 (1977) n 308 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
108 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA Legenda : n Existente n
nNão Encontrada nModificada n 309
n 310
n 311
n
n 313
n 314
n 315
n 316
n 318
n 321
n 322
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
Demolida
(2016)
(1977)
(2016)
312 (2016)
(2016)
(2016)
(1977)
(1977) n 317 (2016)
(2016) n 319 (1977) n 320 (1977)
(2016)
(1977) n 323 (1977) n 324 (2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 109 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada n 325 (1977) n 326 (2016) n 327 (1977) n 328 (1977) n 329 (1977) n 330 (1977) n 331 (1977) n 332 (2016) n 333 (1977) n 334 (2016) n 335 (2016) n 336 (2016) n 337 (1977) n 338 (1977) n 339 (2016) n 340 (2016) CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
110 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA
: n Existente n
nNão Encontrada nModificada
Legenda
Demolida
n 341(1977)
n 342 (2016)
n 343 (2016)
n 344 (1977)
n 345 (1977)
n 346 (1977)
n 347 (2016)
n 348 (2016)
n 349 (1977)
n 350 (2016)
n 351 (2016)
n 352 (1977)
n 353 (2016)
n 354 (2016)
n 355 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 356 (2016)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 9 - CURITIBA 111 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 357 (1977)
n 358 (1977)
n 359 (1977)
n 360 (2016)
n 362 (1977))
n 363 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 361 (1977)
10. MANDIRITUBA
Em 1900, durante o período de intenso extrativismo madeireiro no Paraná, a empresa Irmãos Bettega Ltda abriu uma serraria na região conhecida como Fazenda Rio Grande, que pertencia então ao território de São José dos Pinhais. Com a serraria, surgiram as primeiras casas comerciais e uma escola no local, que era conhecido como Estrada de Mandirituba. A partir de 1909, a área tornouse Distrito de São José dos Pinhais e, em 1960, foi emancipada e elevada à categoria de município. A região é rica em minérios como a areia, cerâmica, saibro e granito e desenvolve atividades agrícolas, com destaque para a produção de camomila.
A pesquisa que resultou no inventário produzido em 1977 percorreu localidades distantes da área central do município.
Em 2021, constatamos que a maioria dos edifícios inventariados estão no território que hoje pertence ao município de Fazenda Rio Grande. Das edificações que permaneceram, destacam-se a antiga residência de Ursulina Mendes Sobrinha (10-001), cuja família permanece no local, e a antiga Fazenda Miguel Vale (10-002).
Dos oito imóveis listados como de Mandirituba em 1977, a pesquisa de campo constatou a existência de quatro deles e a demolição dos demais. O município não dispõe de legislações sobre a preservação do seu patrimônio ou mesmo conselho para debater assuntos ligados ao tema. Edificações como a Igreja Histórica de Santo Antônio e o Teatro Municipal são de interesse histórico para a cidade, assim como a
preservação de manifestações ligadas ao legado dos imigrantes italianos.
Em 25 de novembro de 2021 foi realizada a Oficina conjunta com a participação dos municípios de Balsa Nova, Campina Grande do Sul, Contenda e Mandirituba (via plataforma virtual), devido à dificuldade de contato e participação das gestões desses municípios no decorrer da realização do projeto. Apesar da não participação do município, o contato com os gestores do Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura evidenciou a preocupação do município em preservar a memória urbana, principalmente no vínculo com as atividades educacionais.
A Oficina foi gravada e está disponível no canal Youtube Patrimônio RMC.
112 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
nFoto: 001 - antiga residência de Ursulina Mendes Sobrinha (2021)
114
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 10 - MANDIRITUBA 115 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 001 (2021)
n 002 (2021)*
n 003 (1977)
n 004 (1977)*
n 005 (1977)*
n 006 (2021)*
n 007 (2022)*
n 008 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
*Território atual do Município de Fazenda Rio Grande.
11. PIRAQUARA
O povoamento da região de Piraquara começou com o ciclo do ouro, nos idos de 1700, mas antes disso há registros de que a área era visitada frequentemente por indígenas carijós. A partir de 1731, ficou conhecida como Vila de Piraquara. Foi com a chegada de imigrantes italianos, em 1878, que a região passou a desenvolver, especialmente, atividades agrícolas e pecuárias. Outro fator determinante para a história local foi a criação da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, que corta o território de Piraquara. Em 1890, foi instituído o município, então chamado de Deodoro. O nome Piraquara só foi restaurado em 1929. Atualmente, a cidade é uma das grandes responsáveis pelo abastecimento de água de Curitiba, sendo área de proteção ambiental.
Em 1977, a equipe do PPAC-RMC concentrou a pesquisa na área central do município e nas proximidades da linha férrea. Em 2019,
encontramos um conjunto edificado preservado, com destaque para dois edifícios tombados pela legislação estadual: a antiga residência da família Tesseroli (11-002) e o edifício da Biblioteca Pública Municipal (11-005). Mais afastado da área urbana, encontra-se o edifício da Igreja de Nossa Senhora da Assunção (11-012), na Colônia Santa Maria do Novo Tirol.
Dos 12 imóveis inventariados, a pesquisa de campo constatou a preservação de 67%, enquanto 25% foram demolidos e os 8% restantes encontram-se modificados. O município dispõe da Lei nº 1.889, criada em 2006 e modificada em 2018, que trata sobre a proteção do patrimônio cultural e foi responsável por criar o Conselho de Patrimônio Cultural, sem grande atuação inicialmente. Reestruturado em 2019, o Conselho vem realizando o registro de patrimônios materiais relevantes para a cidade. A maioria destes imóveis estão localizados
na área conhecida como Centro Histórico de Piraquara, mas também há registros como o do patrimônio ferroviário, Conjunto Santa Maria da Nova Tirol, Antigo Leprosário de Piraquara, Complexo do Reservatório do Carvalho e uma série de igrejas e capelas.
Em 2019, as gestoras da Secretaria Municipal de Cultura entraram em contato conosco para conhecer o projeto. O contato se aprofundou e realizamos a primeira oficina do projeto Patrimônio RMC no município, no dia 02 de dezembro de 2019. O evento ocorreu no dia da posse do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, com a presença massiva dos conselheiros e funcionários da Secretaria de Cultura. Foi um momento marcante no qual debatemos as perspectivas de preservação do patrimônio cultural, considerando, além do patrimônio edificado, o enfoque do meio ambiente e do patrimônio imaterial.
116 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
nFoto: 002 - Casa de comércio e moradia urbana (2019)
118
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 11 - PIRAQUARA 119 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 001 (1977)
n 002 (2019)
n 003 (2019)
n 004 (1977)
n 005 (2019)
n 006 (2019)
n 007 (2019)
n 008 (2019)
n 009 (1977)
n 010 (1977)
n 011 (2021)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 012 (2019)
12. QUATRO BARRAS
Permeada por caminhos históricos, a cidade de Quatro Barras teve seu povoamento relacionado aos principais ciclos econômicos do estado e especialmente a Estrada da Graciosa, antigo acesso oficial do litoral ao primeiro planalto paranaense. A partir do final do século XIX, foi o destino final de imigrantes europeus, especialmente italianos, alemães, portugueses e poloneses. O município foi criado oficialmente em 1961 e o nome Quatro Barras refere-se às barras dos Rios Canguiri, Timbu, Bracajuvava e Capitanduva. A cidade é um dos principais destinos do turismo de natureza e aventura da Região Metropolitana de Curitiba, sendo área de preservação ambiental.
Em 1977, a pesquisa realizada em Quatro Barras abrangeu a área central do município e percorreu antigos caminhos. Em 2021, a imprecisão e mudança dos endereços nos fez recorrer ao conhecimento de pessoas locais. Assim, foi imprescindível o auxílio da Adriana Heindyk Mocelin e da equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, que nos acompanharam na pesquisa de campo, indicando com precisão a localização da maioria dos edifícios.
No total, nove edificações foram inventariadas em 1977. Destas, constatouse na pesquisa de campo que 78% seguem preservadas, enquanto 11% foram demolidas e as demais não foram
localizadas. Entre os edifícios existentes, destacam-se a Igreja de São Sebastião (12004), as ruínas de uma casa em alvenaria de pedra (12-007) e as ruínas da residência da família Garbers (12-001), na antiga Estrada da Graciosa.
A Oficina em Quatro Barras foi realizada em 12 de julho de 2021, em formato online. Apesar do município não possuir ações efetivas voltadas para a preservação do patrimônio cultural, a participação da gestão municipal e de pessoas bastante interessadas no assunto repercutiu para evidenciar as demandas existentes, com apontamentos pertinentes para a implantação de políticas públicas e para a participação da comunidade local.
120 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
nFoto: 001 - Fazenda Garbers
122
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 12 - QUATRO BARRAS 123 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 002 (1977)
n 003 (1977)
n 005 (2020)
n 006 (1977)
n 007 (2021)
n 009 (1977)
n 008 (2021)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 004 (2022)
13. RIO BRANCO DO SUL
A localidade de Rio Branco do Sul começou a ser povoada por mineradores no século XIX, sendo inicialmente conhecida como Votuverava e, mais tarde, Vilarejo de Nossa Senhora do Amparo. Apenas em 1871 a Vila de Nossa Senhora do Amparo de Votuverava tornou-se município. O nome Rio Branco do Sul foi instituído em 1947, em homenagem a José Maria da Silva Paranhos, o Barão do Rio Branco. Localizado no Vale do Ribeira, o município sempre foi reconhecido por suas riquezas minerais e, atualmente, a economia local é centrada na extração do cimento e cal, além de fábricas de minérios. A pesquisa realizada para o inventário de 1977 abrangeu a área central do município de Rio Branco do Sul, considerando, de maneira pontual, registros nas localidades de Votuverava, Açungui e Curriola. Em 2021, encontramos a maioria das edificações registradas na década de 70 demolidas, das
quais cabe evidenciar as ruínas da antiga Capela do Votuverava (13-001), em local no qual se originou a cidade. Dentre as edificações preservadas, se destacam a antiga residência da família Furquim (13-008) e a ponte metálica (13-011), que marca a entrada da cidade.
De um total de onze edificações inventariadas em 1977, apenas três seguem preservadas e uma não foi encontrada, sendo uma casa de moradia rural em Campos das Flores. O município possui a Lei n° 609 de 2003, que dispõe sobre a preservação do Patrimônio Cultural e Natural e criou o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e o Fundo Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural.
Há um bem tombado em esfera municipal: o imóvel que abriga atualmente o Museu Barão do Rio Branco e que também já foi sede da prefeitura, câmara de vereadores e fórum. Há, entre a população,
o desejo de preservar e proteger o casarão da família Furquim e a Ponte de Ferro, inventariados em 1977.
Em 2021, gestores da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Cultura entraram em contato conosco para conhecer o projeto. A partir do contato, a Oficina foi programada e realizada no dia 27 de abril de 2021 em formato presencial e virtual. Participantes da administração pública, inclusive a prefeita, e membros do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural estiveram presentes na sede da Universidade Aberta do Brasil Professora Rosina Costa de Moraes, ao mesmo tempo que a oficina foi transmitida ao vivo pela página do Facebook da Prefeitura Municipal. Foi um momento marcante, visto que a participação foi massiva e o debate evidenciou que ações comprometidas com a preservação do patrimônio cultural estavam em uma trajetória crescente no município.
124 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
nFoto: 006 - Casa na Travessa Furquim (2020)
126
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 13 - RIO BRANCO DO SUL 127 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n 001 (1977)
n 002 (1977)
n 003 (1977)
n 005 (1977)
n 006 (2020)
n 007 (1977)
n 010 (1977)
n 004 (2020)
n 009 (1977)
n 008 (1977)
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 011 (2020)
14.SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
Na segunda metade do século XVII, as expedições de Ébano Pereira registraram oencontro de ouro em rios do primeiro planalto, dando origem ao povoado de Arraial Grande. Menos de cem anos depois, por volta de 1750, quando a região já era conhecida como Freguesia de São José, a exploração do ouro estava praticamente extinta, o que retardou o crescimento econômico e social da região. Em 1897, tornou-se a cidade de São José dos Pinhais, agregando vários distritos. Com a chegada dos imigrantes europeus, entre o final do século XIX e começo do XX, várias colônias foram fundadas na região, trazendo novos modos produtivos para a localidade. Atualmente, é o terceiro pólo automotivo do Brasil e a segunda cidade mais populosa da Região Metropolitana de Curitiba.
Em São José dos Pinhais, a pesquisa realizada em 1977 abrangeu um amplo
território do município, com destaque para a área central e para as Colônias Murici, Mergulhão e adjacências. Em 2020 e 2021, a pesquisa de campo proporcionou alguns momentos marcantes, como o encontro com a família Schapieski, no seu antigo moinho (14-009) em Gamelas, e o encontro com a família Tortato, na sua residência (14011) na Colônia Zacarias. Dentre os edifícios preservados, destacam-se a sede do Museu Municipal Atílio Rocco (14-030), a Casa de Cultura Polonesa Padre Karol Dworaczek (14-022), as casas em tronco de madeira que se transformaram em um restaurante (14-006) e em um café (14-004).
Quarenta e seis edificações foram inventariadas em 1977. Destas, 55% seguem preservadas, 41% demolidas e o restante não foi localizado pela equipe de pesquisa de campo. A cidade dispõe da Lei n° 2.256 de 2013, que possibilitou o tombamento
municipal de quinze imóveis e a reestruturação do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC), criado inicialmente em 1996. As comunidades locais relatam a necessidade de preservar também, por meio dos instrumentos legais disponíveis, espaços que consideram de importância histórica.
A Oficina em São José dos Pinhais foi realizada em 15/12/2020, em formato online. Participaram do evento os gestores do Departamento de Patrimônio Cultural e os membros do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural. As ações de preservação do patrimônio edificado já possuem um caminho trilhado no município há um longo tempo, considerando, inclusive, os dados do inventário de 1977. Apesar dessa trajetória, foi possível debater na oficina sobre os desafios da integração da preservação do patrimônio cultural com o planejamento urbano e a abrangência de ações de registro e salvaguarda do patrimônio imaterial.
128 PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
n
Encontrada n
Legenda : n Existente
Demolida nNão
Modificada
nFoto: 14-030 - Museu Municipal Atílio Rocco (2022)
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 14 -
131 Legenda : n
n
n
n
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
Existente
Demolida
Não Encontrada
Modificada
n 001 (2020) *
n 002 (2020)*
n 003 (2022)
n 004 (2020)
n 005 (1977)
n 006 (2022)
n 007 (1977)
n 008 (2020)
n 009 (2020)
n 010 (2020)
n 011 (2020)
n 012 (1977)
n 013 (2020) n 014 (2022)
n 015 (2020)
n 016 (2020)
* Realocada - Bosque Papa João Paulo II em Curitiba CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
132 CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 14 -
SÃO
JOSÉ DOS PINHAIS Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada - *Território atual do Município de Tijucas do Sul
n 017 (2020)
n 018 (1977)
n 019 (2022)
n 020 (2020)
n 021 (2022)
n 022 (2020)
n 023 (2020)
n 024 (1977)
n 025 (1977)
n 026 (1977)
n 027 (1977)
n 028 (1977)
n 029 (2020)
n 030 (2022)
n 031 (1977)
CATÁLOGO DO
n 032 (1977)
MUNICÍPIO
CATÁLAGO DO MUNICÍPIO 14 - SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 133 Legenda : n Existente nDemolida nNão Encontrada nModificada
n
n
n
n
n
CATÁLOGO DO MUNICÍPIO
n 033 (2020) n 034 (1977) n 035 (1977) n 036 (1977) n 037 (1977)
038 (1977) n 039 (2022) n 040 (1977) n 041 (2022) n 042 (2020)
043 (2020)
044 (1977) *
045 (1977)
046 (1977)