COMO DINAMIZAR GRUPOS MÓDULO I
Dinâmica de Grupos MANUAL DO FORMANDO
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Mód. I: Dinâmica de Grupos
FICHA TÉCNICA
TÍTULO Como Dinamizar Grupos
AUTORIA, COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA E CONCEÇÃO GRÁFICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.
ANO DE EDIÇÃO 2011
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Índice
I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS
4
II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS
4
III. INTRODUÇÃO
5
IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS
6
Módulo I – Dinâmica de Grupos
6
Objetivos Pedagógicos
6
Conteúdos Programáticos
6
1. Porquê dinâmica de grupo?
7
2. Conceito de grupo e tipos de grupos
10
3. Estrutura de funcionamento de grupos
13
4. Coesão de grupos
27
5. Comportamentos dominantes nos grupos
31
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I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS
Definir o conceito de dinâmica de grupos;
Reconhecer as fases de evolução da dinâmica de grupos;
Identificar os principais fenómenos decorrentes da interação individual nos grupos;
Reconhecer o papel do líder na dinamização dos grupos;
Reconhecer as principais características dos grupos;
Identificar os diferentes tipos de técnicas dinamizadoras dos grupos;
Distinguir as funções e procedimentos na aplicação das diferentes técnicas.
II.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS
Conceito de dinâmica de grupos;
Características funcionais dos grupos;
Comportamentos facilitadores e dificultadores individuais e grupais;
Motivação individual e em grupo.
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III. INTRODUÇÃO Todos os profissionais, seja qual for a área de negócios, sonham em ser bem sucedidos. Naturalmente, isso implica um empenhamento e determinação inerentes ao próprio indivíduo, mas também o reconhecimento social desse êxito. Para um médico ser bem sucedido é necessário saber fazer diagnósticos certeiros e receitar a medicação correta, um advogado terá de ter ganho vários casos na barra da Justiça, da mesma maneira que um avançado futebolista que se preze deverá ter no seu palmarés muitos golos bem marcados. E para os que lidam com grupos, líderes, gestores, coordenadores, formadores, professores, treinadores de futebol e de outros desportos, etc, etc… Mas afinal de contas o que é dinamizar um grupo? E como é que isso se faz? De acordo com a definição linguística da palavra, dinamizar, deriva da palavra grega dynamis, que significa força. Na nossa linguagem corrente, é a capacidade para incutir energia ou poder de ação a alguma coisa. O intuito deste manual é apresentar algumas sugestões para lidar com grupos bem sucedidos, cheios de energia e força. Depois, claro, será preciso o seu entusiasmo e empenhamento. Contamos consigo!
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IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS
Módulo I – Dinâmica de Grupos
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: Definir o conceito de dinâmica de grupos; Reconhecer as fases de evolução da dinâmica de grupos; Identificar os principais fenómenos decorrentes da interação individual nos grupos.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Evolução da dinâmica de grupos; Conceito de grupo e tipos de grupos; Estrutura de funcionamento dos grupos; Coesão dos grupos; Comportamentos dominantes nos grupos.
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1. PORQUÊ DINÂMICA DE GRUPOS? De que falamos quando nos referimos a grupo? Será que um conjunto de pessoas que conversam sobre o seu clube enquanto aguardam para entrar para o estádio forma um grupo? O que será que tem de comum com um grupo de formação? E já agora, por que razão assumimos comportamentos tão diferentes quando estamos em diferentes contextos?
Por exemplo, somos capazes de cantar no estádio perante milhares de pessoas, mas ficamos completamente mudos numa reunião de trabalho. E o que dizer quando somos capazes de atos de completa “loucura” quando estamos em alegre confraternização com amigos, e ficamos impávidos e serenos, sem ousar sequer levantar a voz, quando estamos numa reunião ou encontro com pessoas desconhecidas? As razões de ser do nosso comportamento quando nos encontramos integrados num grupo, são a razão de ser deste primeiro módulo. Para que possamos entender este fenómeno comportamental considerámos necessário incluir algumas noções relativas à Dinâmicas de Grupos, bem como identificar algumas das principais etapas do seu desenvolvimento.
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1.1
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Evolução da Dinâmica de Grupos
Parece razoável considerar que a Psicologia dos Pequenos Grupos surge na fronteira entre a Psicologia e a Sociologia. Da Psicologia, na medida em que é a ciência que visa a compreensão da personalidade individual, mas alarga o seu campo de estudo aos comportamentos em grupo quando constata que certas características ou propriedades do indivíduo se manifestam de forma diferente, conforme ele atua em condições de relativo isolamento ou numa atmosfera que mantenha relações face a face com outras pessoas. Da Sociologia, se considerarmos que o seu campo de pesquisa se estende aos fenómenos que se verificam nos grupos. Contudo, os primeiros estudos verificaram-se no campo da “Psicologia Social” e terão sido realizados no início do século XX. Até cerca dos anos 20 desse século, são escassos os trabalhos dedicados ao estudo do comportamento individual em grupo. Mas, é partir dos anos 40, nos Estados Unidos, que se dá o grande “boom” em termos de estudos relacionados com o comportamento dos indivíduos quando integrados em pequenos grupos. Os grandes especialistas desta temática, donde destacamos Roger Mucchielli, afirmam mesmo que terão existido condições históricas e sociais nos Estados Unidos, excecionalmente favoráveis ao avanço das pesquisas.
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No plano industrial, a preocupação com o rendimento e a produtividade em época de recessão económica, determinou que os responsáveis procurassem psicólogos para estudarem os fatores associados a estes aspetos – produtividade e rendimento das equipas de trabalho por um lado; por outro lado, no plano político, os problemas colocados com o triunfo da ideologia fascista na Alemanha e o seu impacto na população local, levou a uma preocupação com a análise dos fenómenos coletivos e os meios de atuar sobre os grupos humanos. No plano militar, o envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Grande Guerra, levou ao intensificar das pesquisas sobre os fatores de coesão e de eficácia dos pequenos grupos, sobre os restantes elementos, para manter a moral e o espírito de equipa dentro das pequenas unidades de combate isoladas em operações num território e, ainda, os meios de formação acelerada pelos métodos de grupo. Por outro lado, no plano social, durante as décadas de 20 a 40, assiste-se a uma multiplicação das associações de cariz variado: associações
sindicais,
patronais,
comerciais,
religiosas,
demonstrando
claramente uma forte tendência para a associação dos indivíduos em grupos. No decurso das pesquisas, porém, os investigadores foram levados a concentrar a sua atenção em aspetos que não tinham sido pensados inicialmente, mas que revelavam ter um enorme impacto no rendimento de trabalho e nas relações entre os trabalhadores, como também nas relações hierárquicas e funcionais, isto é, os investigadores depararam-se pela primeira vez com a existência de relações interpessoais e uma série de fenómenos de grupo gerados na vivência grupal.
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2. CONCEITO DE GRUPO E TIPOS DE GRUPOS Antes de entrar propriamente na definição e estruturação dos grupos, talvez seja útil procurarmos uma definição de grupo. Um dos problemas na análise e discussão do trabalho em grupo é a utilização do termo grupo para descrever uma variedade de formas de organização social. Na prática, este facto tem gerado várias polémicas e muitas confusões. O que é um grupo afinal? Será que um conjunto de pessoas que estão na fila do supermercado é um grupo? E um conjunto de amigos que se reúnem semanalmente para jantar e trocar umas ideias, será um grupo? Para ajudar a sistematizar a informação, pedimos-lhe que pense em todo o tipo de grupos em que participa ou participou.
O que lhe parece que estes conjuntos de pessoas têm em comum? Todos são grupos, sendo alguns grupos informais, outros formais. No caso dos grupos de amigos, estamos perante um grupo informal, porque se trata de um grupo de formação espontânea; já no caso dos grupos de trabalho ou dos grupos de formação, trata-se de grupos formais, dado que a sua formação resulta da intervenção de terceiros e não da espontânea vontade dos seus membros. 10 www.nova-etapa.pt
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Definição de Grupo Duas ou mais pessoas interagindo, partilhando um propósito comum, que se reconhecem a elas próprias como tendo uma relação singular entre os membros, distinta das interações que têm com os outros.
Existem muitas definições de grupo, mas de um modo geral acentuam dimensões como a interação entre os seus membros e o sentimento de pertença. Eis algumas das principais características que definem um grupo: Características de um Grupo Duas ou mais pessoas em interação; Partilha de objetivos e propósitos em comum; Autodesignação por “nós”; Sentimento de pertença ao grupo entre os seus membros, diferenciando-os do não grupo; Perspetiva de continuidade e futuro coletivo.
A reter O que distingue os grupos informais dos formais é o facto de os primeiros serem de formação espontânea, e os segundos surgirem pela intervenção de terceiros.
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Os grupos podem também ser classificados de acordo com a importância atribuída e a regularidade dos contactos. Assim, podemos designar os grupos por “Primários” e “Secundários”. Grupos Primários (por exemplo, uma família, onde a regularidade dos contactos é frequente e a forma de contacto é direta, ou seja, face a face). Grupos Secundários (por exemplo, uma associação de condóminos, onde a regularidade é fortuita e o contacto pode ou não ser direto).
Existem ainda outras possibilidades de definir a tipologia dos grupos, de acordo com parâmetros relacionados com a própria função do grupo, tendo por base a sua formação, os seus objetivos, etc.
Tal como vimos atrás, cada grupo pensa e age de modo diferente de qualquer um dos seus elementos individualmente, dado que ele é muito mais do que a soma das contribuições individuais dos seus membros. Mas além de cada grupo ter uma personalidade própria, ele tem também uma forma de organização própria, que vai para além da definida por qualquer entidade externa. Os seus membros têm formação diversa e uma diversidade de competências que permitem maior flexibilidade na forma como cada um contribui para o produto final da equipa. 12 www.nova-etapa.pt
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3.
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ESTRUTURA DO FUNCIONAMENTO DOS GRUPOS
3.1 Normas de grupo Quando falamos de normas ou regras de funcionamento pensamos certamente em regras de conduta, de atuação etc. De facto assim é. Contudo, cada grupo desenvolve um conjunto de regras ou normas de comportamento próprio, único e específico para essa unidade social. Na verdade, essas regras não estão escritas em lado nenhum, ninguém nunca as definiu com rigor, mas existem e atuam com força de lei. O cumprimento e aceitação deste conjunto de regras é fundamental para que cada membro seja aceite dentro do grupo e, caso isso não aconteça, poderá mesmo ser banido ou esquecido. Nesse conjunto incluem-se normas referentes à forma de falar que se traduzem em linguagem tipificada; padrões de vestuário; hábitos em relação a festejos de aniversários; confraternizações, etc.
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3.2 Vantagens dos grupos Como se costuma dizer, “Se todos gostassem do amarelo, o que seria do vermelho...!” De igual modo, também sabemos que existem inúmeras pessoas que afirmam não gostar de trabalhar em grupo, ou simplesmente, “funcionam melhor individualmente”. Contudo, de acordo com os estudos efetuados no domínio da aprendizagem dos adultos, tem-se chegado à conclusão que são evidentes as mais valias dos grupos. Dada a importância deste tema, voltaremos a ele no módulo II relativo a Técnicas de Dinamização. Para já, vejamos algumas das principais vantagens dos grupos.
Melhor tomada de decisão As decisões tomadas em grupo tendem a ser muito mais ricas e mais criativas do
que
as
tomadas
individualmente. A variedade de
ideias,
perspetivas
e
sugestões que os membros do grupo apresentam são enriquecedoras,
o
que
permite a progressão, a variedade e a validade das decisões. Por outro lado, tem-se verificado que, em grupo, se tomam decisões mais arriscadas do que individualmente. Tal situação explica-se pelo chamado fenómeno da difusão da responsabilidade, isto é, quando a decisão a tomar implica assumir muitos riscos é muito mais fácil fazê-lo no seio do grupo. No caso da decisão ter sido errada, nenhum dos indivíduos se considera exclusivamente responsável pelo sucedido. Contudo, caso a decisão tomada pelo grupo tenha sucesso, o mérito é, quase sempre, assumido por todos em conjunto e por cada um em particular. Ou seja, a perspectiva do benefício que o sucesso da tomada de decisão traz para os indivíduos, compensa o que os poderá afetar individualmente em caso do fracasso. 14 www.nova-etapa.pt
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Maior rapidez e eficácia na concretização dos objetivos Num grupo ou equipa existem objetivos
a
atingir.
Estes
objetivos devem coincidir com os de cada elemento que integra o grupo,
considerados
individualidade.
na
Daí
sua a
importância da participação do grupo na sua definição.
Através do grupo, cada elemento atinge muito mais rapidamente o seu objetivo porque o esforço de todos e a diferenciação de papéis facilita o desempenho e aumenta a produtividade, reduzindo significativamente o tempo da sua realização.
Divisão de tarefas Outra
das
vantagens
do
trabalho em grupo, é o facto de vários sujeitos poderem intervir numa tarefa comum, cada um contribuindo com as
suas
habilidades,
capacidades e aptidões. A divisão de tarefas exige a diferenciação de papéis dos diferentes
membros
do
grupo, o que, consequentemente, cria expectativas mútuas e condiciona a comunicação no seu interior, permitindo o aumento da cooperação entre os membros, e o respeito de cada um pelo trabalho do outro.
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Criação de laços de amizade Esta é, sem dúvida, outra das grandes vantagens dos grupos. Apresenta, por um lado, a dimensão da produtividade e, por outro, a dimensão do relacionamento interpessoal. O grupo é tanto mais coeso e produtivo, quanto maior for o grau de confiança entre os seus membros. Quando falamos em confiança, referimo-nos à sua tripla vertente: por um lado, o grau de conhecimento em relação aos outros membros da equipa, por outro, a capacidade que lhe reconhecemos que nos leva a sermos capazes de colaborar de forma aberta e verdadeira e, finalmente, a sensação de segurança que nos dá a existência daquela relação.
No grupo, o sujeito conhece a imagem que os outros têm de si, assim como o que pensam em relação a si próprio. No grupo, o indivíduo sente satisfeita a sua necessidade de consideração e simpatia por parte dos outros. O sujeito sabe que, no grupo, entre as pessoas que o conhecem, a sua individualidade é respeitada porque ele é um elemento importante e necessário para todo o grupo.
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Segurança Quando integrado no grupo, o sujeito conhece o pensamento do grupo e, muitas vezes, assume esse pensamento como seu. As ideias, valores e atitudes expressas ou defendidas pelo grupo tendem a ser expressas por cada um dos seus elementos, sem que temam a reação dos outros. O facto de saberem que mais alguém comunga dessas ideias e valores, dá-lhes segurança e força para os manifestar. Defender algo que se assume individualmente é muito mais difícil e perigoso, em termos de integridade social e pessoal, do que defender algo que é defendido por um grupo. Reagir contra si, é o mesmo que reagir contra o grupo. O indivíduo não tem que se defender sozinho em qualquer circunstância em que expresse a opinião do grupo, porque este, sendo coeso, o defende e apoia.
Poder e influência face ao exterior Todos os grupos sofrem influência social do meio onde estão inseridos. Existe assim uma dinâmica externa ao grupo, à qual não se pode ser alheio. À medida que o grupo se for tornando mais coeso, a sua capacidade de afirmação perante o exterior é maior.
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3.3 Desvantagens dos Grupos Tal como diz o ditado popular, “não há bela sem senão”, e também no caso dos grupos, por muitas que sejam as vantagens, existem alguns inconvenientes que, por si só, podem condicionar a progressão e a produtividade de um grupo, qualquer que seja a sua natureza.
Pensamento de grupo/resistência à mudança Conforme dissemos atrás, os grupos coesos podem agir como verdadeiros centros de poder e funcionar como grande motivação para a prossecução dos objetivos. Contudo, também pode acontecer precisamente o contrário (e acontece frequentemente), isto é, grupos resistentes atuam como verdadeiros centros de contrapoder, resistindo à mudança e a toda e qualquer tentativa de coordenação. Mas por que razão isto acontece?
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Assistimos frequentemente em grupos demasiado coesos, em que existe uma forte atração entre os seus membros, a uma tendência para manifestar uma espécie de pensamento coletivo, em que a maioria influencia de forma determinante não só a forma de pensar, como o próprio comportamento dos restantes membros. Neste domínio foram feitas diversas investigações procurando avaliar em que medida cada pessoa era influenciada pela pressão do grupo. Através de variadas experiências, concluiu-se que, quando na presença de um grupo de pessoas com uma opinião diferente da sua, a maioria dos indivíduos demonstra as seguintes tendências: omitir a sua opinião, refreála, ou ainda simplesmente mudar de opinião. Isto não significa que o indivíduo aceite mudar de opinião apenas para agradar aos restantes elementos do grupo, mas, pelo facto de, ao ser confrontado com tantas opiniões contrárias à sua, começar a duvidar da veracidade do seu juízo. Este fenómeno designa-se por Pressão para a Conformidade.
Transformação do Eu em Nós (Pressão Social) À medida que o grupo se desenvolve e constrói a sua estrutura, criam-se certas expectativas mútuas entre os elementos que obrigam à representação de determinados papéis, em favor da coesão e do bom funcionamento do grupo, o que poderá gerar algum conformismo e perda de liberdade de ação dos seus membros. Por outras palavras, por vezes temos tendência para evitar determinados confrontos, manifestar abertamente desacordos ou mesmo posições completamente antagónicas, apenas para não causar dano no clima grupal.
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Verifica-se que, quanto mais coeso for o grupo, maior será a sua tendência para o conformismo (pressão para a conformidade). A reter Vimos que algumas das principais vantagens dos grupos são: possibilidade de tomar decisões mais criativas e inovadoras, rentabilização dos meios e recursos e existência de capacidade de exercer influência face ao exterior. Quanto às desvantagens, apontámos: o pensamento de grupo, a pressão social e ainda a tendência/pressão para a conformidade.
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3.4 Grupos e tarefas A estrutura e o funcionamento dos grupos variam conforme a sua dimensão, a sua fase de desenvolvimento,
os
seus
objetivos e as tarefas propostas. A
tarefa
é
considerada
por
Claude Steiner1, como um fator determinante produtividade
para dos
grupos.
a O
máximo de produtividade de um grupo corresponde à sua produtividade potencial, a qual representa a forma mais eficiente de o grupo utilizar os seus recursos (conhecimentos, competências, coordenação, etc.). Mas a experiência demonstra que a produtividade real é sempre menor do que a produtividade potencial, fundamentalmente devido a dois tipos de processos de perda: coordenação e motivação. Quando se fala em coordenação e motivação, pensamos imediatamente em líder. É àquele que competem as funções de coordenação e motivação do grupo, sem no entanto esquecer o papel que compete a cada um dos membros do grupo no que se refere à iniciativa, ao empenhamento e responsabilidade pelas suas atribuições. No caso daquele que lidera não exercer cabalmente as suas funções de coordenação e motivação, a produtividade real do grupo poderá ficar muito aquém da sua produtividade potencial. Mas, tal como atrás referimos, a estrutura dos grupos varia de grupo para grupo, e tem características tão únicas e próprias como a personalidade de cada pessoa. Nesta estrutura estão definidos papéis a desempenhar, mas que muitas das vezes não correspondem às posições definidas pela hierarquia.
1
Claude Steiner, Educação Emocional, 21 www.nova-etapa.pt
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Ao nível da estrutura e funcionamento dos grupos, os papéis funcionais ajudam o grupo a completar objetivos de tarefa enquanto constroem fortes relações interpessoais. Os papéis funcionais foram definidos através de estudos realizados na década de 30 e 40 do século passado por investigadores norteamericanos, quando observaram como os comportamentos dos membros de uma equipa ajudavam no seu funcionamento. Existem basicamente dois tipos de papéis funcionais - aqueles que ajudam o grupo a atingir os objetivos (facilitam o compromisso e a realização da tarefa) e aqueles que ajudam a construir relações de trabalho (promovem o envolvimento, a comunicação e a coordenação).
Tipos de Papéis Funcionais Orientação para a tarefa; Orientação para o relacionamento.
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Estes papéis podem ser assumidos por membros do grupo individualmente ou partilhados pelos membros em diversas situações. Podem ainda os papéis funcionais variar de situação para situação, consoante as competências e conhecimentos específicos relacionados com a tarefa em questão, ou se se procederem a alterações na constituição do grupo. Podemos mesmo comparar esta situação com uma equipa de futebol. De acordo com a estratégia definida pelo treinador, o plantel deve ter dois ou três pontas de lança, quatro ou cinco jogadores de meio campo e os restantes devem jogar à defesa. Contudo, de acordo com as circunstâncias do jogo, os jogadores podem alterar as suas posições e até podem existir vários jogadores a assumir diferentes papéis. Quantas vezes não percebemos que aquele que ocupa o papel de líder - capitão da equipa, não é, na realidade, aquele que maior influência tem no decorrer do jogo?
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Vejamos então os diversos papéis funcionais, de acordo com a orientação para a tarefa ou para o relacionamento:
Papéis funcionais orientados
Papéis funcionais orientados
para a tarefa
para o relacionamento
Iniciador - Sugere ou propõe ideias
ou novas
Encorajador
-
Encoraja
a
compreensão e a aceitação dos
formas para
resolver problemas ou completar
pontos
uma tarefa. É ele que inicia um
contribuições dos membros do
procedimento para o grupo
-
grupo.
apresenta
a
participação ativa dos membros
maneira de fazer as coisas com
mais passivos e não participativos,
mais eficiência, para o grupo
encorajando-os a exprimir os seus
estudar.
pontos de vista.
propostas
sobre
Pesquisador de Informação Informa
os
clarificação,
membros fornece
sobre
factos
e
O
de
vista,
Ajuda
a
ideias
promover
Harmonizador
-
e
a
Funciona
como mediador de conflitos e procura
reconciliar
os
informações relacionadas com o
desentendimentos
problema ou tarefa a realizar.
membros. Reduz a tensão e o
Tenta obter toda a informação
conflito
relevante no exterior para ser
pessoas falem abertamente das
utilizada pelo grupo.
suas diferenças, vejam as coisas
fazendo
entre
com
que
os
as
sob outra perspetiva e procurem uma solução comum.
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Coordenador interligadas relações
ou
Mód. I: Dinâmica de Grupos
Junta
ideias
clarifica
entre
as
as
O Porteiro - Mantém os canais de comunicação abertos, incentivando
várias
os
sugestões. Ajuda o grupo a ver
e
uma palavra a dizer e participe
ser combinados para formar uma
ativamente na discussão.
alternativa.
-
Reformula
as
Pesquisador de Consensos -
sugestões ou ideias dadas pelos
Procura
membros do grupo. Tenta que
preparados para tomar decisões ou
todas as pessoas sejam ouvidas
aptos para escolher entre as várias
durante a discussão.
alternativas possíveis.
passivos
Permite que toda a gente tenha
e quais as soluções que podem
Resumidor
mais
controlando os mais dominantes.
os pontos comuns entre as ideias
membros
perceber
se
estão
Monitor Especial - Monitoriza a
Crítico - Avalia a decisão do
liberdade do grupo para verificar se
grupo ou a solução do problema.
aquilo que as pessoas estão a
Estabelece a “racionalidade” ou a
dizer é realmente o que sentem e
“lógica” das decisões.
pensam. Promove a sinceridade na expressão das opiniões e nas ideias dos membros do grupo.
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O
Controlador
do
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Tempo
-
Estabelece os limites de tempo para as diversas atividades do grupo e informa o grupo como está a progredir em relação ao tempo definido.
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4.
Mód. I: Dinâmica de Grupos
COESÃO DO GRUPO
Como definir a coesão? O que é um grupo coeso? Esta noção já foi alvo de inúmeros estudos de psicossociólogos, pelo que, embora não exista uma ideia consensual, alguns consideram que ela é:
Conceito de Coesão O resultado das forças de atração exercidas pelo grupo relativamente aos seus membros, que os faz resistir às forças de desintegração.
Outros
autores
acrescentaram
ainda a esta noção a ideia de atração
pela
tarefa,
a
solidariedade ou o agrupamento em volta de um líder prestigiado. Por exemplo, a coesão numa equipa desportiva está ligada a processos
sócio-afetivos
e
operacionais, ao comportamento do treinador e ainda à homogeneidade dos jogadores. Assim, podemos desde já distinguir dois tipos de forças de atração: uma primeira com caráter funcional e outra relacionada com os aspetos sócioafetivos. A coesão humana agrupa os homens e mulheres, a partir das suas relações, e a coesão técnica facilita a coordenação da obra comum.
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Vejamos então, com mais pormenor, os fatores relacionados com a Coesão Humana e Técnica:
Coesão humana FATORES LIGADOS À ATRATIVIDADE
Atratividade do líder
Interesse pelo objetivo
Atratividade dos membros
Nível de profissionalismo
Imagem do grupo Rede de afinidades
Rede de comunicação
Atitudes de companheirismo:
Sentido de
cumplicidade e inteligência coletiva FATORES LIGADOS AO LAÇO INTERNO
Coesão técnica
tolerância para com opiniões diferentes convivialidade e proximidade Estilo da liderança: autoritária
interdependência Definição dos papéis específicos Avaliação dos procedimentos Práticas de preparação e previsão Intenções táticas
permissiva funcional Desejo de pertença
Informações contínuas
FATORES
Aceitação das orientações
sobre a organização
LIGADOS À
dadas pelo líder
Participação nos debates
COERÊNCIA
Gestão dos conflitos de papéis
REFORÇOS LIGADOS AO MORAL
Sucesso
Apoio dos suportes
Reforço positivo recíproco
externos
Celebrações
Corresponsabilidade
Competições com outros
Pró-atividade
grupos
Ritmo e sincronização Inteligência coletiva
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Podemos definir, então, COESÃO DE GRUPO como a resultante de todas as forças que atuam sobre os membros para que permaneçam no grupo.
Contudo, o conceito de coesão não poderá ser analisado sem o de atração interpessoal.
As pessoas que constituem o grupo de trabalho devem ter afinidades entre si, mantendo uma boa relação. Deste modo, as pessoas partilham algo de comum, partilham uma determinada IDENTIDADE. É pelo facto das pessoas cooperarem, e apresentarem atitudes semelhantes, que se tornam coesas, existindo entre elas atração interpessoal.
A reter Podemos afirmar que os elementos do grupo são coesos sempre que: Existe uma interdependência entre si, trabalham em conjunto para um objetivo comum e este é conseguido através do trabalho de todos; Existe alguma semelhança entre os membros do grupo, o que faz com que executem as atividades do grupo; Existe a oportunidade de todos participarem nas decisões.
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O grupo apresenta tanto mais sucesso, quanto mais coeso for. A coesão do grupo permite, de um modo geral:
A coesão do grupo permite Que os membros do grupo permaneçam juntos; Que os membros do grupo confiem e sejam leais; Que os membros do grupo se sintam seguros; Que os membros se deixem influenciar pelo grupo; Que aumente significativamente a satisfação dos seus membros, à medida que o trabalho se desenvolve; Que a interação entre os seus membros se intensifique.
Um grupo coeso é fundamental para as decisões de rotina. Porém, parece que, quando é necessário criar novas ideias para resolver alguns problemas, o grupo coeso pode apresentar algumas dificuldades. Neste caso, as pessoas manifestam atitudes semelhantes, desenvolvendo o que se chama o pensamento de grupo. Elas pensam que são impenetráveis e invulneráveis e, qualquer ideia que se introduza contra esse pensamento, não é bem aceite. Os grupos coesos apresentam menos discordância entre os seus membros. Tal facto pode trazer vantagens para o desenvolvimento do grupo. O grupo coeso não aceita facilmente as críticas, quer elas venham do interior ou do exterior do grupo. As opiniões e pensamentos divergentes nem sempre são bem aceites.
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5. COMPORTAMENTOS DOMINANTES NOS GRUPOS 5.1 Comunicação Motivacional
A Comunicação gera um comportamento ou uma série de comportamentos de relação entre os vários
indivíduos
e/ou
grupos.
Estes
comportamentos verbais ou gestuais, têm como característica própria o facto de desencadearem novos
comportamentos
nos
outros
comunicadores (é aliás este o objetivo do processo de comunicação, não é verdade?). Quando comunicamos com outra pessoa, estamos implicitamente a comunicar com alguém que pode ter representações diferente das nossas, que tem as suas próprias motivações, necessidades, expectativas e sistemas de valores, o que, só por grande coincidência, nos faz estar em perfeita sintonia. Saliente-se ainda que, quando agimos no interior de um grupo de trabalho, não podemos ignorar o processo de influência a que todos nós estamos sujeitos (cada elemento influencia o grupo; o grupo influencia cada um dos elementos, que por sua vez também se autocondiciona em função da imagem que faz de si e dos outros). As motivações para comunicar são um dos principais aspetos a analisar quando se trata de comunicação num grupo de trabalho, dado que o ato de comunicar não tem sempre a mesma configuração: esta depende, entre outras coisas, dos motivos que levam um indivíduo a comunicar com o outro. Isto é, que necessidades o indivíduo precisa de satisfazer em cada processo de comunicação.
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Mód. I: Dinâmica de Grupos
No já muito conhecido esquema motivacional desenvolvido por A. Maslow, as motivações humanas surgem em consequência das necessidades de satisfação: Pirâmide de Maslow
Por exemplo, e só para referirmos três tipos de necessidades: Se um indivíduo tem fome, a sua comunicação será centrada em si mesmo, dado que ele necessita primeiramente de satisfazer a sua necessidade. Os outros, e tudo o que se passa à sua volta, serão meros acessórios. Quando o indivíduo está centrado na satisfação das suas necessidades de segurança, a dinâmica fundamental da sua comunicação é a autodefesa. Isto é, o indivíduo tudo fará para responder ou evitar a hostilidade do meio. A prevenção de ataques reais ou apenas presumíveis poderá levar o membro do grupo a desenvolver formas de comunicação agressivas, procurando antecipar qualquer eventual ataque à sua pessoa. 32 www.nova-etapa.pt
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A comunicação é fundamentalmente uma comunicação egocêntrica, centrada na emissão de mensagens, sem qualquer capacidade de empatia ou escuta do outro. Por outro lado, se analisarmos um indivíduo cuja necessidade principal se situa ao nível do reconhecimento, podemos facilmente perceber que este utiliza a comunicação como um meio para influenciar os outros, tomando muitas vezes a iniciativa e até o monopólio do diálogo, como forma de ser reconhecido pelos outros, na sua competência relacional ou técnica. Ao contrário das anteriores referidas, a satisfação da necessidade de pertença está diretamente relacionada com a comunicação franca e aberta. Ela baseiase muito na profundidade da comunicação e no feedback de apoio. Quer dizer, utilizando o feedback na resposta ao recetor, indo ao encontro das suas aspirações e expectativas, de tal forma que este se reconheça na resposta e se sinta mais tranquilo, abrindo assim os canais de comunicação. As comunicações baseadas na necessidade de pertença constituem a base de coesão, da tolerância e da colaboração entre os membros do grupo de trabalho.
5.2 Comportamentos eficazes e desviantes Todos já sentimos na pele o prazer de trabalhar com um grupo, onde o espírito de união conduz a resultados espetaculares, tanto no que se refere à realização
das
tarefas
como
às
relações interpessoais. Mas também sabemos o quão difícil é trabalhar com um grupo que tem um ou mais elementos com comportamentos desviantes, que minam a nossa paciência e toda e qualquer tentativa de “ser assertivo”.
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Comportamentos facilitadores Cooperar O que significa que deve colaborar na procura dos objetivos que o grupo fixou. Cada indivíduo deve reconhecer o seu valor e dispor do seu potencial de desempenho e das suas capacidades para que o grupo cresça e se desenvolva. Para isso, é necessária a colaboração de todos.
Respeitar os outros Cada membro de um grupo é um indivíduo com características, valores, interesses, expectativas e motivações diferentes. Cada pessoa é uma unidade social que, tal como todos, merece ser ouvida e respeitada. Cada um de nós, deve esforçar-se para penetrar no sentido das intervenções dos outros, para com eles comunicar. Não dar atenção ou evitar o outro, é manifestar desrespeito, o que não facilita o trabalho em grupo. Mesmo que tenhamos ideias preconcebidas acerca de um dos elementos do grupo, devemos ter a abertura e a disponibilidade suficientes para ouvir e compreender o seu ponto de vista.
Integrar-se totalmente no grupo Isto significa que, enquanto membros do grupo devemos participar ativamente na definição dos objetivos, ajudando a encontrar as soluções mais adequadas 34 www.nova-etapa.pt
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e intervir no plano das decisões. Todos devem ter a possibilidade de intervir e ninguém deverá monopolizar as intervenções.
Competência e capacidade de trabalho Cada indivíduo deverá colocar todas as suas potencialidades, em termos de competência e capacidade de trabalho, ao serviço do grupo e dos objetivos que persegue. Todos os elementos do grupo devem conhecer as qualidades e capacidades dos seus colegas, para que todos possam contribuir para a eficácia e eficiência do grupo, devendo todos ser considerados igualmente importantes para se atingirem os objetivos.
Manter espírito aberto O comportamento conformista imobiliza atitudes e impossibilita a abertura a novas ideias e valores. Enquanto participantes do grupo, devemos, por nós próprios, procurar saber mais, ou adquirir o máximo de informação para mobilizar o grupo para novas tomadas de decisão e soluções mais realistas e adaptadas.
A reter A colaboração de cada membro é fundamental para o desenvolvimento do grupo.
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Comportamentos desviantes E quanto aos comportamentos desviantes ou dificultadores? Aqueles que desviam o grupo da sua trajetória em direção aos objetivos? Da sua vivência quais qualifica como sendo aqueles que mais prejudicam o grupo? Quando o grupo está a ser constituído, ou mesmo quando já funciona há algum tempo, é provável que o indivíduo sinta alguma dificuldade em se ajustar. Por vezes, falhas ao nível da comunicação, erros decorrentes da perceção do outro, ou ainda ideias preconcebidas acerca dos outros elementos do grupo, podem conduzir a comportamentos ineficazes que põem em causa o normal funcionamento e levar à sua desagregação. Também a falta de motivação (ou melhor dizendo a frustração), ou ainda alguns estados emocionais, como o medo e a vergonha, podem estar na origem da maioria dos comportamentos desviantes. Eis alguns dos comportamentos desviantes, possíveis na vivencia em grupo:
Comportamento negativo
Corresponde ao indivíduo que não participa no grupo, não colabora ou não se manifesta. Ser negativo não significa dizer que não a tudo, mas, pior do que isso, significa não interferir diretamente. É o elemento que está ausente, apesar da sua presença física.
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Comportamento agressivo Este comportamento é, por natureza, uma forma de manifestar insegurança, quer ao nível da afirmação pessoal ou profissional. Em geral, trata-se de pessoas que têm uma perceção distorcida acerca da realidade que os rodeia, veem em tudo e todos manifestações de ataque à sua pessoa ou competência e, por isso mesmo, têm tendência a assumir comportamentos agressivos. Pode também ser uma forma consciente ou inconsciente, do indivíduo, chamar a atenção dos
outros sobre si mesmo.
Comportamento de Identificação
Este comportamento caracteriza-se pelo facto de um dos elementos do grupo estar sempre de acordo com aquele que considera ser o mais influente no grupo. Poderá ser o próprio líder do grupo, ou variar de acordo com o momento e a influência de cada elemento nas diferentes situações. O indivíduo identificase com o outro (o mais influente) não porque acredite, de facto, nas verdades que ele reflete e assume, mas porque, pensando como ele, se sente protegido e não se expõe aos outros. Este comportamento, surge por vezes, como consequência da necessidade de ser estimado, porque a sua semelhança com o mais influente, em termos de agir e de pensar, pode criar-lhe a ilusão de que é tão estimado como o outro.
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Comportamento de projeção
Este comportamento é típico das pessoas que não assumem o que fazem e o que dizem, quando, por isso, são criticados. Então, sendo pessoas inseguras e não sendo capazes de aceitar a sua própria personalidade, projetam nos outros (elementos do grupo, empresa, ou outros) a razão da sua conduta. Os outros são utilizados como escudos para justificar aquilo que nele é criticado.
Comportamento regressivo Este comportamento é quase sempre assumido pelos elementos que se sentem de alguma forma marginalizados, ou com falta de competência para alinhar com os restantes membros na realização da tarefa. Ele sente que não é capaz de intervir no grupo, nem com ele colaborar, ou contribuir com soluções adequadas, e,
por isso mesmo, pode adotar um outro papel, mais fácil, chegando a comportar-se como um criança que brinca com a situação ou com o problema. Poderá desempenhar o papel do "bobo" que a todos faz rir mas, no fundo, trata-se de uma rejeição em assumir um papel ativo para o qual se sente incapacitado.
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Comportamento obsessivo
O indivíduo com este tipo de comportamento preocupa-se com pequenos detalhes, que em nada contribuem para o bom funcionamento do grupo, tais como as posições que assumem na sala, o atraso de 2 minutos do colega, o erro de tipografia no estudo de caso, aquelas linhas que ainda não estão completamente
retas,
etc.
São
indivíduos
escrupulosos
e
fixos
em
determinadas ideias das quais dificilmente se desprendem. Insistem num determinado assunto e, mesmo estando essa situação ultrapassada, insistem em voltar a falar nela. São na maioria das vezes perfecionistas em relação ao seu desempenho e ao dos outros, pelo que têm a crítica fácil e nem sempre muito construtiva.
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