eFormador_ModuloII

Page 1

eFORMADOR: OS NOVOS DESAFIOS MÓDULO II

MODELOS E METODOLOGIAS DE ELEARNING


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

ÍNDICE 1. OBJETIVOS

3

2. INTRODUÇÃO

4

3. ORGANIZAÇÃO E CONTEÚDOS DE ELEARNING

5

3.1. Pressupostos concetuais do eLearning

5

3.2. Organização da formação em eLearning

18

3.3. Conceção dos conteúdos e recursos pedagógicos

26

4. GESTÃO E ACOMPANHAMENTO DE ELEARNING

36

4.1. A figura do tutor

36

4.2. As tarefas do tutor online

39

5. ANÁLISE DE DADOS EM ELEARNING

43

6. SÍNTESE CONCLUSIVA

45

7. BIBLIOGRAFIA

46

2


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

1. OBJETIVOS

Pretende-se que no final deste módulo os participantes sejam capazes de:

 Formular os objetivos e construir a estrutura pedagógica de uma ação de formação a distância;  Aplicar os princípios fundamentais que estão na base da conceção e organização de conteúdos para eLearning;  Enumerar as principais funções do tutor a distância;  Reconhecer as tarefas a desempenhar pelo tutor online e as formas de comunicação que tem à sua disposição;  Identificar que tipo de dados podem ser analisados a partir de uma plataforma de eLearning e as conclusões que daí podem ser retiradas.

3


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

2. INTRODUÇÃO

Face ao aumento exponencial de projetos de eLearning no nosso país, os profissionais de educação e formação confrontam-se com a necessidade de se adaptarem a metodologias formativas cada vez mais complexas e às necessárias alterações nos processos de aprendizagem.

Neste módulo, começaremos por clarificar algumas das etapas fundamentais à organização dos cursos de formação em eLearning. De facto, a formação a distância deve ser pensada de forma integrada, segundo um modelo de conceção assente em aspetos fundamentais como os objetivos e o contexto de formação, o perfil do públicoalvo e a metodologia de desenvolvimento da formação.

Numa modalidade em que se pretende que o percurso de aprendizagem seja feito de forma bastante autónoma, a qualidade e a forma de apresentação dos conteúdos são alguns dos fatores mais importantes para o sucesso da formação. Apresentaremos, neste módulo, algumas orientações para a conceção e organização de conteúdos.

Apesar da criação de recursos adequados ser um fator primordial para o sucesso da formação, o material fornecido aos participantes não consegue contemplar nem responder a todas as suas necessidades, já que o processo de aprendizagem implica uma dimensão de natureza afetiva, só realizável através da interação humana. O papel do tutor a distância e os novos modelos de comunicação serão também abordados neste manual.

Por fim, apresentaremos algumas sugestões para a análise de dados em eLearning, com o objetivo de explorar o potencial das plataformas tecnológicas para a avaliação dos participantes, da equipa formativa e do próprio sistema de formação.

4


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

3. ORGANIZAÇÃO E CONTEÚDOS DE ELEARNING 3.1. Pressupostos concetuais do eLearning

Tecnologia ou Metodologia

O

eLearning,

características

pelas específicas

suas de

ensino a distância, utilizando uma plataforma colaborativa e mediada pela tecnologia Web, introduziu uma rutura nos fundamentos do ensino presencial - e também no ensino a distância

-

profundas modelos

exigindo na

e

alterações

construção

teorias

de

pedagógicas

eficazes (Morgado, 2005).

Nesse sentido, a Tecnologia e a Pedagogia mantêm uma relação interdependente e dinâmica na formação e ensino a distância – a primeira oferecendo os meios e as potencialidades, a segunda conferindo coerência, sentido e eficácia à sua utilização.

Contudo, alguns autores têm chamado à atenção para o facto da forte presença da tecnologia levar frequentemente a que, as questões da formação em eLearning sejam vistas como sendo meramente de natureza tecnológica. Peters chama mesmo a atenção para o facto de não se poder ficar ‘ofuscado’ pela tecnologia (Peters, 2001; Bates, 2001), podendo cair-se no erro de fazer com as novas tecnologias aquilo que já antes se fazia sem elas (Aparici, 1999; Figueiredo, 2000), ou seja, continuam a usar-se os velhos métodos através dos novos meios.

5


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Vários são os investigadores que defendem para garantir o sucesso da introdução das tecnologias no ensino e na formação, ela deve ser transformadora, pressupondo uma reengenharia pedagógica (Collis, 1998; Collis & Wende, 2002) que desenvolva métodos e abordagens adequados e que tirem partido das novas potencialidades disponíveis.

Pressupostos concetuais

Qualquer modelo de formação pressupõe uma conceção filosófica: a ideia que fazemos sobre o que é ensinar e aprender, assim como a visão que temos do papel do formador e do formando, condicionam as nossas práticas pedagógicas. Muitos profissionais do ensino e da formação ainda olham com desconfiança para a pedagogia centrada no formando. Consideram que tal modelo conduz a uma perda de autoridade do detentor do saber, e é tido como ineficaz na medida em que atribui um papel ativo àquele que é suposto ser o elo mais fraco da cadeia do conhecimento.

O modelo pedagógico em que assenta a formação em eLearning, procura aplicar a conceção da Formação Centrada no Participante, o que pressupõe um papel específico tanto para o formador/tutor, como para o formando/participante: ao formador caberá um papel essencial de facilitador do processo de aprendizagem, orientando o participante e o grupo; ao formando, um papel ativo e autónomo no seu percurso de aprendizagem, enquadrado num grupo de aprendizagem (Pereira, et al, 2003).

6


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Esta pedagogia do eLearning, em termos conceptuais, reúne contributos de diversas teorias da aprendizagem, das quais iremos apresentar apenas alguns dos seus princípios fundamentais.

O Comportamentalismo

A

teoria

comportamentalista

behaviorista

ou

está

do

na

base

Ensino Programado, o antepassado mais recuado da formação a distância. No início dos anos 50, as chamadas máquinas de ensino desenvolvidas por Skinner fizeram furor, pela novidade que introduziam. Este, ao

defender

este

modelo,

disse:

“naturalmente, a máquina por si mesma não ensina. Ela é apenas um instrumento que coloca o estudante em contacto com o especialista que compôs o material por ela apresentado…” (Mucchielli, 2001). A figura nº. 1 apresenta um esquema que ilustra o funcionamento das máquinas de ensinar.

Figura nº. 1 – Esquema de ensino programado – máquinas de ensinar (Mucchieli, 2001)

7


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Eis algumas das características fundamentais do ensino programado: 

São apresentadas informações visuais e/ou audiovisuais;

Essas informações, por unidades, são organizadas numa sequência coerente e progressiva, de tal modo que cada uma é necessária à seguinte para que esta seja inteligível.

Cada unidade de informação termina com uma pergunta ou proposta de tarefa que exige do formando uma resposta, a qual supostamente ele é capaz de dar, em função da unidade de informação recebida previamente.

É imediatamente dado feedback (informação de retorno) acerca do valor da sua resposta.

O formando trabalha sozinho, ao seu ritmo pessoal.

Atualmente, este modelo sofreu já inúmeras alterações e melhoramentos, mas continua a funcionar como base de muitos jogos multimédia e está na base da Instructional System Design (ISD).

8


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

O Cognitivismo

Como é facilmente percetível, a teoria comportamental tem limitações na explicação de alguns processos de aprendizagem, nomeadamente em situações em que se faz uso do conhecimento anterior ou em situações em que o conhecimento é adquirido não pela própria prática mas pela observação da prática de outros.

Um dos principais contributos da teoria cognitivista para a formação em eLearning relaciona-se com a importância que atribuiu ao facto do processo de aprendizagem dever ser bem estruturado, dividido em unidades e progressivo – isto é, partindo do simples, para o complexo, do conhecido para o desconhecido, do concreto para o abstrato.

Gagné, acrescentou a estes princípios, a necessidade de definir o ponto de entrada para o objeto de aprendizagem, que deve de imediato atrair a atenção do formando e motiválo para a aprendizagem. Eis alguns dos princípios a seguir: 1. Motivar o formando logo no início, alertando-o para o que se segue; 2. Descrever os objetivos da aprendizagem para aumentar a sua expectativa e leválo a focalizar a sua atenção e direcionar os seus esforços; 3. Estimular a recordação dos conhecimentos prévios, indo ao encontro das experiências do formando;

9


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

4. Apresentar os conteúdos e recursos a utilizar na aprendizagem; 5. Fornecer orientações concretas durante a aprendizagem; 6. Promover a aplicação dos conhecimentos adquiridos; 7. Dar feedback e reforços os resultados positivos; 8. Testar o nível de desempenho através de situações próximas do real do participante, verificando em que medida os objetivos foram alcançados; 9. Aperfeiçoar a retenção e a transferência das informações e conceitos ensaiando a sua aplicação em situações atuais e futuras.

Ainda de acordo com outro autor congnitivista, a motivação intrínseca do participante é considerada como um dos aspetos essenciais para manter elevados níveis de participação, empenhamento e envolvimento do participante (Malone e Lepper, 1987). Deste modo, a motivação fica assim dependente de: • Grau de desafio permanente que o formando tem perante a aprendizagem. O formando deve sentir-se perante uma competição que pode vencer se se esforçar, devendo o grau de dificuldade ser ajustada ao nível de conhecimentos do formando, individualmente; • Curiosidade que o formando sente por aprender, por receber informação que contraria ou completa o conhecimento que já tem ou por que é atraído pela própria informação; • Controlo que sente ter sobre a própria aprendizagem

o

que

torna

o

participante

extremamente motivado por sentir que domina o seu próprio destino; • Fantasia que promova a associação da informação recebida pelo formando a um contexto em que ele se consiga visualizar, próxima da sua realidade pessoal ou profissional.

10


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Ao analisarmos estes princípios, facilmente conseguimos relacionar e associar com a estrutura habitual do processo de aprendizagem aplicado à formação em eLearning.

Em síntese, podemos dizer que um dos aspetos importantes do cognitivismo relacionase com a motivação, a atenção, e a participação ativa do formando no processo de aprendizagem.

Construtivismo e construtivismo social O construtivismo defende que os formandos constroem a sua própria realidade a partir das suas próprias perceções das experiências. Assim, o conhecimento individual

é

baseado

nas

experiências

prévias,

estruturas mentais e crenças, usadas para interpretar objetos e eventos. A construção individual da realidade é, no entanto, limitada pela existência de um mundo regido por leis físicas e que é percecionado de forma semelhante por todas as pessoas, de acordo com as suas próprias preferências sensoriais. O construtivismo identifica as seguintes características no processo de aprendizagem: • A aprendizagem é um processo ativo em que o conhecimento é construído a partir da experiência pessoal prévia; • A aprendizagem é individual, na medida em que resulta da interpretação pessoal que cada um faz da realidade; • O crescimento conceptual resulta da negociação dos significados, da partilha de múltiplas perspetivas e da alteração das representações interiores através da aprendizagem colaborativa; • A aprendizagem deve ser realizada em contextos reais (ou próximos destes), com a integração de processos de avaliação, transferência de conhecimentos e teste real.

11


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Kolb, um dos principais defensores da Aprendizagem Experiencial, profundamente marcada pela filosofia humanista, desenvolveu um modelo de aprendizagem organizado como um ciclo contínuo.

Experiência concreta

Experimentação ativa

Observação reflexiva

Formação de conceitos abstratos Figura nº. 2 – Ciclo da aprendizagem experiencial (Kolb e Fry, 1975)

Sendo este ciclo um contínuo, podendo ser iniciado em qualquer momento, Kolb descreve assim cada um deles:

Experiência concreta (EC) Refere-se

a

experiências

de

contacto

direto

com

situações

que

propõem

dilemas/conflitos a resolver. As ações são referenciadas a conhecimentos e processos mentais pré-existentes, apreendidos anteriormente.

12


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Observação reflexiva (OR) Constitui-se como um movimento voltado para o interior, de reflexão. Caracteriza-se por atitudes sobretudo de pesquisa sobre a realidade, como: 

Identificação de elementos

Construção de associações

Agrupamento de factos percetíveis da experiência

Identificação de dificuldades

Partilha de opiniões sobre determinado assunto

Concetualização abstrata (CA) Caracteriza-se pela formação de conceitos abstratos e generalizáveis sobre elementos e característica da experiência. Constitui-se como ações de comparação com realidade semelhantes, bem como generalização de regras e princípios com o intuito de estabelecer sínteses a partir da troca de opiniões, estabelecendo-se um tronco comum de ideias partilhadas.

13


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Experimentação ativa (EA) Caracteriza-se

pela

aplicação

prática

dos

conhecimentos e processos de pensamento refletidos, explicados e generalizados. É a repercussão das aprendizagens em experiências inéditas, num movimento voltado para o exterior, para a ação. Estabelecendo uma ligação com uma das técnicas pedagógicas com grande aplicabilidade na formação de adultos – o jogo pedagógico, vejamos como se pode aplicar o ciclo de aprendizagem de Kolb. Fase do jogo

Descrição

1a Fase:

A atividade por meio da experiência concreta: o

Vivência

ato de jogar. A análise dessa experiência: através do diálogo e

2a Fase:

da reflexão dentro do grupo como um todo. Pode

Reflexão

ser aberto ou estimulado por questões levantadas pelo formador. A busca dos conceitos: associada à fase anterior por meio do entendimento das semelhanças e

3a Fase: conceptualização/Abstração

diferenças e associação da vivência aos padrões de comportamento do grupo e à sistematização da experiência vivida. Associar a experiência com a realidade dos participantes. O formando, com o auxílio do

4a Fase:

formador, procura agora relacionar o vivido com a Generalização/Aplicação

sua realidade do quotidiano pessoal ou profissional.

Quadro nº. 1 – Fases do jogo pedagógico, de acordo com o ciclo de aprendizagem experimental de Kolb (Rocha, 2008)

14


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

O advento dos princípios humanistas, dá uma enorme ênfase ao papel ativo do formando na sua própria aprendizagem e ao desenvolvimento do conceito da Aprendizagem Auto-Dirigida.

A reter A aprendizagem autodirigida é um dos pilares de sustentação da formação em eLearning

Knowles, definiu desta forma a aprendizagem autodirigida: A aprendizagem autodirigida descreve o processo no qual os indivíduos tomam a iniciativa de, com ou sem a ajuda de outros, diagnosticar as suas necessidades de aprendizagem, formular objetivos de aprendizagem, identificar os recursos humanos e materiais para aprender, escolher e implementar as estratégias apropriadas, e avaliar os resultados obtidos na aprendizagem. (Knowles, 1975).

15


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Importa ter algum cuidado na interpretação deste conceito. Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, o formando não é deixado inteiramente à sua mercê, e a aprendizagem não é processo deixado completamente na sua mão. Pelo contrário, o formador/tutor representa um papel fundamental, mas distinto do tradicional. Agora espera-se que ocupe um papel de orientador, organizador, motivador, desafiante, promotor de competências, enfim, de facilitador da aprendizagem. Finalmente, importa ainda referir outra abordagem com forte impacto na formação em eLearning, que define outro dos pilares de sustentação da formação em eLearning: a Aprendizagem Colaborativa. Falamos da teoria sócio-construtivista, fundada por Vygotsky.

A reter A aprendizagem colaborativa é um dos pilares de sustentação da formação em eLearning

16


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

De acordo com esta abordagem, toda a aprendizagem é sempre profundamente marcada pela sociedade e cultura onde ela ocorre, sendo que o conhecimento ocorre em primeiro lugar através da interação com o ambiente social. Limita o potencial para o desenvolvimento cognitivo a uma «zona de desenvolvimento próxima» (ZDP), como sendo a distância entre o nível de desenvolvimento (real) necessário para a resolução independente de problemas e o nível de desenvolvimento (potencial) necessário para a resolução de problemas com a colaboração de colegas mais capacitados. Quer isto dizer que, o nosso potencial de desenvolvimento e de aprendizagem é potenciado quando interagimos e refletimos conjuntamente com um par ou vários parceiros.

É por isso que a aprendizagem colaborativa é tida como um dos pilares

de

sustentação

fundamentais do eLearning. A aprendizagem

colaborativa

destaca a participação ativa e a interação, tanto dos formandos como dos formadores/tutores.

O conhecimento é visto como uma construção social e, por isso, o processo de aprendizagem é favorecido pela participação social em ambientes que propiciem a interação, a colaboração e a avaliação. Logo, o sucesso é tanto mais, quanto mais ricos e diversificados forem os ambientes de aprendizagem colaborativa.

Em síntese, um modelo pedagógico aplicado ao eLearning resulta da aplicação de várias conceções e princípios teóricos distintos. Não existe uma única teoria pedagógica aplicável, mas sim contributos de várias em conjugação, sendo evidentemente um processo em constante construção e evolução.

17


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

3.2. Organização da formação em eLearning

No sentido de garantir a adequação dos investimentos efetuados à realidade da organização, é fundamental ponderar com algum detalhe as opções que são feitas em termos da organização do curso e sua estrutura pedagógica.

Constituição da equipa de conceção e design

A conceção de um projeto de formação em eLearning envolve a afetação

de

uma

equipa

multidisciplinar,

que

inclui

coordenadores

pedagógicos,

responsáveis pelos conteúdos e técnicos

de

design

desenvolvimento. disso,

é

Para

importante

previamente

em

e além

pensar outros

profissionais que, não intervindo inicialmente na fase de desenho do curso, serão indispensáveis em etapas posteriores, nomeadamente:

Formadores/tutores;

Informáticos;

Técnicos de marketing;

Guionistas;

Atores;

Realizadores;

Operadores de câmara de filmar e de som;

Técnicos de montagem e pós-produção. 18


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Definição do público-alvo

O perfil, as características e as necessidades do público-alvo fornecem as linhas de orientação que estão na base do planeamento do processo de ensino-aprendizagem a distância.

A caracterização da população a que se destina a formação varia bastante de acordo com o tipo de curso que se pretende implementar, mas alguns elementos a ter em consideração são os seguintes:

Habilitações literárias;

Experiência profissional e formativa;

Conhecimentos anteriores na área da formação;

Situação face ao emprego;

Faixa etária;

Grau de familiarização com as novas tecnologias de informação e comunicação.

19


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Esta etapa é fundamental não só para fornecer alguns indicadores quanto à melhor estratégia de divulgação do curso, mas também na posterior fase de design do sistema de formação em eLearning, sobretudo no que diz respeito aos objetivos definidos, à metodologia pedagógica selecionada, ao tipo de avaliação aplicada e, ainda, à tecnologia a utilizar.

Ao personalizar os conteúdos pedagógicos, estará a estimular o interesse pelos recursos e a aumentar o sentido de pertença em relação aos mesmos.

Para adequar os conteúdos ao público-alvo sugere-se que:  Identifique cada formando pelo seu nome;  Aplique uma avaliação de diagnóstico que permita posteriormente adequar os diferentes níveis de apoio pedagógico requerido por cada um dos participantes;  Utilize exemplos relacionados com a experiência pessoal, formativa e profissional dos formandos;  Identifique e afete os recursos tecnológicos adequados ao nível dos formandos.

Formulação

dos

objetivos

(de

formação

e

pedagógicos)

Para que uma formação seja bem-sucedida, é absolutamente fundamental que sejam definidos os seus objetivos de forma clara e rigorosa, sem ambiguidades, por forma a podermos avaliar, no final, se a pessoa formada atingiu ou não esses objetivos, isto é, se adquiriu ou não as novas competências necessárias ao desempenho da sua função. 20


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Exprimir os objetivos de forma correta apresenta grandes vantagens pedagógicas, como por exemplo,  Organizar sessões de forma planificada;  Orientar o formando;  Servir de ponto de referência para a avaliação;  Facilitar a escolha de atividades pedagógicas.

Definição de Objetivo Conjunto de intenções elaboradas de forma estruturada e objetiva, que permitem a expressão dos resultados que se pretendem alcançar. O que realmente se espera e não o que se deseja.

Podemos classificar os objetivos em dois grandes níveis: Objetivos de Formação 

Finalidade

Meta

Objetivos Pedagógicos 

Objetivo Geral

Objetivos Específicos

1) Objetivos de Formação

FINALIDADE: Refere-se aos grandes propósitos da formação e é definida pelos gestores/coordenadores de formação. Como exemplo, podemos apresentar: "Este curso pretende formar todos os trabalhadores em procedimentos de emergência e primeiros socorros."

21


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

META: define os resultados esperados com a formação, em termos de competências a adquirir. É equivalente ao perfil de saída. Por exemplo: “No final da formação, os participantes deverão ser capazes de operacionalizar e controlar a implementação das medidas de prevenção e de proteção.”

2) Objetivos Pedagógicos

OBJETIVOS GERAIS: são objetivos diretamente relacionados com a aprendizagem, por isso mesmo se designam por pedagógicos. Expressam os resultados realmente esperados no fim de cada unidade temática de formação, da seguinte forma: “Os formandos deverão ser capazes de confecionar uma pizza.”

OBJETIVOS ESPECÍFICOS: resultam da decomposição dos objetivos gerais em aspetos mais restritos e capacidades mais elementares. Por exemplo: “Identificar os ingredientes necessários à confeção da pizza.”

Definição da metodologia de desenvolvimento da formação

Logo que sejam conhecidos os objetivos a atingir e as condições iniciais da formação, torna-se possível decidir como é que esta irá ser desenvolvida. Nesta fase, deverão ser colocadas algumas questões que fornecem uma base para a conceção dos recursos e a execução da ação.

22


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Definir prazos ou permitir flexibilidade?

Tratando-se

de

um

processo

centrado no formando, na sua disponibilidade, estilos e ritmos de aprendizagem, faz todo o sentido que o curso tenha uma duração flexível, possível de adaptar às necessidades e exigências dos participantes.

De facto, a flexibilidade é muitas vezes o fator mais aliciante numa formação a distância, permitindo conciliar as tarefas do curso com as exigências pessoais e profissionais.

No entanto, esta estratégia poderá gerar alguns problemas, nomeadamente:

Desmotivação e consequente paragem dos trabalhos, devido à ausência de prazos rígidos para cumprir;

Dificuldade em organizar trabalhos de grupo, uma vez que a progressão dos formandos ao longo do curso não é sincronizada;

Dificuldade em planear tarefas de forma coerente, por parte do tutor, já que desconhece em que momento é necessário efetuar, por exemplo, a correção de exercícios.

De forma a garantir a manutenção de um ritmo de progressão adequado, é aconselhável a existência de um calendário com pelo menos alguns objetivos intermédios ou datas de caráter indicativo.

23


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Modalidade: eLearning ou bLearning?

É nesta fase também que se define se a formação se realizará totalmente na modalidade eLearning ou num modelo híbrido, caracterizado pela combinação entre a formação online e a presencial – o bLearning ou Blended Learning. Aqui há que ponderar principalmente sobre o grupo a quem é dirigido o curso e as temáticas a abordar.

De uma forma geral, existem vantagens na inclusão de algumas sessões presenciais num curso a distância. Quando realizada no início da formação, a sessão em sala pode revelar-se útil para a apresentação dos intervenientes, a criação de um sentido de pertença em relação ao grupo e, ainda, para a introdução dos formandos à nova tecnologia utilizada.

No decurso da formação, as sessões presenciais podem ser muito importantes no sentido de monitorizar os progressos na aprendizagem e promover a autoconfiança e a motivação dos formandos.

24


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Como incentivar a interação entre os formandos?

A comunicação entre os formandos e com o tutor é fundamental na formação à distância, o que exige uma reflexão acerca dos meios disponíveis e dos que serão mais adequados para este efeito.

No mínimo, considera-se que deve ser incentivada a troca de e-mails entre os vários intervenientes, como forma de promover a interação social.

Para além disso, podem ser desenvolvidos fóruns ou chats com o objetivo específico de encorajar os participantes a utilizarem esta ferramenta para conversar, contar piadas, etc. (por exemplo, através da criação de um “Bar Virtual”). Como veremos no Módulo IV, o trabalho em grupo, também designado por Trabalho Colaborativo é também uma modalidade de interação que poderá ser incentivada em eLearning.

25


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

3.3. Conceção dos conteúdos e recursos pedagógicos

A criação ou recriação de um curso em eLearning exige um esforço adicional no que diz respeito à adaptação, ou antes, à reformulação dos conteúdos ministrados em cursos presenciais. Assim, a utilização de textos muito longos torna-se, de uma forma geral, pouco adequada, devendo privilegiar-se a criação de unidades de conteúdo menores e individualizadas.

De forma a facilitar a perceção e a coerência, a organização deverá seguir uma estrutura simples, que seja também congruente com os objetivos de aprendizagem definidos. A organização de conteúdos faz-se geralmente segundo uma estrutura modular, como a que a seguir se apresenta:

Definido desta forma, o curso estará dividido em vários módulos, contendo cada um deles um conjunto de unidades de conhecimento, com autonomia pedagógica. Depois de organizados os conteúdos, devem ser identificados os momentos em que os formandos devem executar as atividades, por forma a monitorizar os progressos e assegurar a compreensão dos conteúdos.

O desenvolvimento de conteúdos para eLearning exige uma definição rigorosa das suas características, nomeadamente ao nível do design pedagógico e organização visual dos mesmos, que passamos de seguida a explicitar. 26


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

a) Assegurar a clareza dos conteúdos

No caso da transmissão de conteúdos ser efetuada unicamente através de texto, é importante recordar-se de que não pode utilizar a entoação, a ênfase ou a linguagem não verbal para auxiliar na compreensão da informação que pretende fazer chegar aos formandos. Por esta razão, é especialmente importante evitar a ambiguidade.

Para garantir a clareza e a percetibilidade, é importante certificar-se de que a linguagem utilizada é apropriada aos destinatários da formação e, quando utilizar termos técnicos explique o seu significado, ou em alternativa crie hiperligações que remetam o formando para um glossário de termos.

b) Garantir a interatividade A criação de conteúdos interativos é um dos principais fatores de sucesso do eLearning. Mas o conceito de interatividade que aqui se pretende definir não se limita à interatividade física na plataforma de formação. Pretende-se que o formando participe numa experiência de aprendizagem dinâmica e se torne parte ativa do desafio lançado pelo concetor.

Nesta perspetiva, para além das várias possibilidades de interação com os conteúdos em si, deve existir uma partilha constante de conhecimentos e de experiências com o tutor e entre os formandos.

27


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Exemplos de formas eficazes de estimular a interatividade: 

Simulações de situações reais;

Jogos pedagógicos;

Casos de estudo;

Grupos de discussão;

Partilha de trabalhos;

Possibilidade de colocar questões em qualquer fase do percurso formativo.

28


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

c) Permitir o controlo da aprendizagem e da sequência do percurso formativo

Enquanto interagem com o conteúdo, os formandos devem ter a possibilidade de controlar o decurso do processo de aprendizagem. Para tal, é necessário planear estruturas de aprendizagem flexíveis e implementar algumas estratégias que permitam oferecer aos formandos oportunidades de escolha, como por exemplo:

Os ficheiros de vídeo e/ou áudio devem incluir alguns dispositivos de controlo – avançar, parar, retroceder, pausa, volume, etc. –, sendo necessário fornecer sempre uma explicação acerca de cada uma destas funções;

É importante criar um índice com hiperligações, para que o formando possa navegar pelas diferentes unidades;

Deve existir um esquema em que estejam representadas de forma clara as várias etapas do curso, bem como os percursos alternativos disponíveis;

Pode ser interessante incluir uma lista de recursos complementares para cada um dos objetivos ou cada uma das unidades de aprendizagem: livros, vídeos, hiperligações para sites de interesse, jogos pedagógicos, etc.;

29


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Sempre que for possível e adequado, deve ser permitido ao formando selecionar o aspeto gráfico do ambiente de aprendizagem, a música de fundo, o tipo de feedback, etc..

Em qualquer dos casos, é necessário ter atenção de forma a não confundir o formando com um número exagerado de possibilidades.

d) Implementar estratégias de motivação

Para abordarmos as principais estratégias de motivação dos formandos,

que

implementadas

ao

devem longo

ser do

curso, recorreremos ao Modelo ARCS, desenvolvido por Keller (1987). Este modelo define quatro componentes tidos

em

conceção

e

que

devem

ser

consideração

na

organização

dos

conteúdos, de forma a contribuir para o interesse e esforço que se dedica à aprendizagem.

Estes componentes são os seguintes:

1. Atenção 2. Relevância 3. Confiança 4. Satisfação

30


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Atenção Estimular a perceção: introduza elementos pessoais e emocionais, como forma de despertar a curiosidade; estimule os sentidos, utilizando suportes áudio, vídeo e animações para apresentar o conteúdo; conceba interfaces simples e diretos, com design gráfico apelativo. Estimular o questionamento: incentive o contacto direto entre os formandos para discussão de temas; lance questões, dúvidas, desafios e crie paradoxos para reflexão. Introduzir variação: fomente a relação lúdico-pedagógica com os formandos, recorrendo a temas que se vão desenvolvendo progressivamente, como uma

“caça ao

tesouro”, por

exemplo; utilize diferentes meios de apresentação.

Relevância Conduzir para o objetivo: clarifique a forma como a formação se relaciona com os objetivos futuros dos formandos; introduza atividades nas quais necessitem de ser bem sucedidos para avançar nos conteúdos. Satisfazer requisitos de aprendizagem: tenha em conta as necessidades, interesses e expectativas iniciais dos formandos. Facilitar a compreensão: conceba os conteúdos com base em cenários familiares aos formandos e utilize analogias relacionadas com o seu ambiente de trabalho.

Confiança Permitir a avaliação do esforço: explicite os resultados esperados e clarifique as regras e os processos de avaliação. Criar oportunidades de sucesso: conceba exercícios que os formandos vejam como significativos e que exijam um esforço compatível com proposta do processo de aprendizagem; crie expectativas positivas nos formandos e premeie o esforço pessoal.

31


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Ativar o sentido de responsabilidade: forneça feedback acerca dos progressos no processo de aprendizagem e estabeleça uma relação de causa-efeito entre o sucesso alcançado e o esforço investido.

Satisfação

Estimular a satisfação pessoal: construa oportunidades imediatas para a aplicação do que foi aprendido. Reconhecer o esforço: permita que os formandos partilhem um resultado positivo obtido com os restantes formandos e até noutros contextos. Manter coerência: respeite os critérios e o processo de avaliação adotados.

e) Ter em conta os Estilos de Aprendizagem

Considerando o eLearning como um processo de aprendizagem centrado no formando e que assenta em períodos, mais ou menos prolongados, de autoformação, é importante que os conteúdos programáticos abranjam um leque variado de atividades que vão ao encontro das necessidades de formação de todos os participantes.

De acordo com o Inventário de Estilos de Aprendizagem de David Kolb, que já referimos anteriormente, existem quatro estilos preferenciais de aprendizagem, que devem ser vistos como um ciclo contínuo sobre o qual vamos alternando as nossas preferências. 32


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

São eles: 1. Pragmático: prefere ser envolvido tarefas novas e relativamente curtas, de preferência assumindo um papel ativo. 2. Reflexivo: aprende melhor quando lhe é permitido recolher informação e refletir sobre ela, observando os outros ou a própria experiência. 3. Teórico: prefere sintetizar a experiência e a reflexão para criar uma teoria, ainda que possa estar distante da realidade. 4. Ativo: a melhor forma de aprender é utilizando a teoria para resolver problemas e confirmar a sua aprendizagem num novo contexto.

Pragmático Características principaís: experimentador, prático, direto, eficaz, realista.

Ativo Características principais: animador, improvisador, descobridor, espontâneo, temerário

Reflexivo Características principais: ponderado, consciente, recetivo, analítico, exaustivo.

Teórico Características principais: métodico, lógico, objetivo, crítico e estruturado.

Os formadores ou tutores devem procurar desenvolver as suas estratégias formativas e os conteúdos para eLearning com base nestes estilos predominantes.

33


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

A proposta de Hartman (1995), que se fundamentou nestes estilos de aprendizagem para apresentar sugestões de atividades didáticas, pode ser útil neste sentido. Este autor propõe: Pragmático: casos de estudo, simulações e trabalhos de casa. Reflexivo: documentação impressa (ex.: jornais), referências bibliográficas e discussão de ideias (ex.: sessões de brainstorming). Teórico: conferências, artigos científicos e obras teóricas. Ativo: trabalho experimental, trabalho de campo e registo das observações.

Assim, devem ser introduzidas atividades no curso que garantam uma progressão lógica através deste ciclo de aprendizagem e que ofereçam

diversas

combinações

de

experiência, reflexão, conceptualização e aplicação. Com o enorme potencial que as novas tecnologias têm atualmente para oferecer, é possível contemplar uma ampla variedade de estilos de aprendizagem.

f) Assegurar uma organização visual apelativa e intuitiva

De modo a facilitar a legibilidade, cada página deve ter um comprimento reduzido;

Graficamente, deverá existir uma distinção entre títulos, subtítulos, hiperligações, etc., no sentido de criar uma hierarquia visual lógica e previsível;

A disposição do texto, na zona central do ecrã, deve permitir que o utilizador leia uma linha completa sem necessitar de mover a cabeça e sem grandes movimentos laterais dos olhos;

Sempre que for considerado pertinente, o texto deve ser complementado com gráficos, imagens e/ou animações;

34


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

É importante que se mantenha a consistência ao longo do desenvolvimento dos conteúdos, nomeadamente no que diz respeito a: tipo de letra, ícones utilizados, dispositivos de navegação, organização dos elementos de texto e imagem, inclusão do número em cada página bem como do nome do módulo correspondente, etc.

Depois de preparados os principais conteúdos do curso e planeada a sua forma de apresentação é aconselhável a elaboração de um guião ou storyboard, que serve como instrumento de comunicação entre os responsáveis pelos conteúdos e a equipa de design e multimédia.

Na prática, o guião concretiza-se num documento que representa a forma como os conteúdos e os mecanismos de interatividade com o formando vão ser apresentados no ecrã do utilizador. Este documento pode ser criado com recurso a uma simples folha de papel, ou com a utilização do Microsoft Word ou Powerpoint ou, ainda, de um sistema específico de suporte à produção de guiões.

De uma forma geral, cada página do guião deve fornecer informação sobre:

Texto a apresentar;

Elementos media (ilustrações, animações, vídeo, etc.);

Elementos áudio;

Hiperligações;

Elementos de interatividade (arrastar

figuras

ou

texto,

clicar sobre uma parte do ecrã, etc.).

35


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

4. GESTÃO E ACOMPANHAMENTO DE ELEARNING Como referimos anteriormente, a definição do sistema de acompanhamento e tutoria é um dos fatores de sucesso na organização de uma ação de formação a distância.

4.1. A figura do tutor

Em eLearning, o formador desempenha o papel de tutor e fornece apoio ao formando nas várias vertentes do processo de ensino-aprendizagem.

Mais do que um transmissor de conteúdos, o tutor deve ser um facilitador do da aprendizagem, o que neste caso implica que assuma um papel ativo na dinamização da comunidade virtual.

Para conceber o ambiente de aprendizagem necessita, mais do que de dominar o saber científico,

de

compreender

a

dinâmica

da

comunicação e das interações online.

Assim, para além de promover o desenvolvimento das competências de análise dos conteúdos, o tutor deve criar um ambiente favorável à partilha num contexto colaborativo e ter em conta a motivação interna dos formandos, reforçando-a e revitalizando-a através de uma pedagogia ativa e adaptada.

O conceito de tutor no processo de aprendizagem a distância abrange um leque muito variado de funções e atividades, construindo-se de acordo com as características dos formandos e do meio ambiente em que a formação se desenvolve. No eLearning, o formando exerce o controlo da sua própria aprendizagem. Ao tutor, 36


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

cabe-lhe auxiliá-lo na tarefa de aprender a aprender, através da criação de situações de aprendizagem e de redes colaborativas de partilha de informação.

Sugerimos que veja um excerto do filme “o eFormador” onde poderá verificar formas de motivar os formandos.

Waterhouse (1983) propõe as quatro seguintes funções para o tutor a distância:

1. Ensino: facilitar a aprendizagem o que significa, por um lado, transmitir conteúdos e, por outro, orientar com vista ao desenvolvimento de estratégias individuais de aprendizagem, suscitando a atividade do formando. 2. Aconselhamento: guiar o formando no que diz respeito a fontes de informação, ao uso de metodologias de aprendizagem, formas de apresentação de trabalhos, etc.. Este aconselhamento pode ser feito ao nível académico e pessoal e visa criar laços numa atitude positiva e construtiva. 3. Negociação: estabelecer um contrato de aprendizagem entre tutor e formando, que inclua metas e objetivos individuais a cumprir por ambas as partes.

4. Avaliação: monitorizar as aprendizagens realizadas pelo formando, avaliando as atividades e exercícios e fornecendo feedback sobre os critérios em que se 37


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

fundamentou a avaliação e sobre as estratégias de recuperação. Através do controlo efetuado desta forma, o tutor pode identificar as necessidades, localizar dificuldades e redefinir o modelo de ensino-aprendizagem.

Enquanto dinamizador da criatividade e das estratégias para o eLearning, o tutor deve deter um conjunto de competências e características individuais específicas, quer ao nível técnico, quer ao nível relacional, das quais se destacam:

 Empatia;  Saber-ouvir;  Capacidade de comunicação;  Domínio das tecnologias, das linguagens e dos conteúdos;  Tolerância;  Flexibilidade.

38


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

4.2. As tarefas do tutor online

Acolhimento e acompanhamento técnico e pedagógico

Na fase inicial do curso, ou mesmo antes do seu início, é importante assegurar que as formas de comunicação entre o tutor e os formandos existem e

estão

a funcionar

eficazmente. Neste receber

momento,

os participantes

alguma

enquadramento

no

informação curso

de

devem para

formação,

nomeadamente:  Forma de funcionamento da plataforma de formação online;  Contactos do formador/tutor, nomeadamente e-mail e contacto telefónico;  Guia ou itinerário pedagógico, com os objetivos, conteúdos programáticos, orientações para os períodos de autoestudo, etc..

Tal como sucede com a formação presencial, é importante conhecer as expectativas iniciais dos formandos e assegurar que estes têm uma perceção clara acerca do que podem esperar da formação. O e-mail pode ser um meio eficaz para este efeito e o processo pode simultaneamente ser útil para a apresentação de todos os intervenientes e para a criação de um sentimento de grupo.

Inicialmente, é natural que os formandos sintam algum desconforto e relutância em participar, interagir e dar o seu contributo para a formação, até porque poderá ser a sua primeira experiência de formação a distância. Por este motivo, é fundamental transmitir segurança e proporcionar o espaço necessário para que estes participem ativamente.

39


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Ao longo de todo o percurso formativo, o tutor será o principal elo de ligação entre o formando e os conteúdos pedagógicos, devendo assegurar: 

Atualização dos conteúdos;

Incentivo à interação com o sistema;

Acompanhamento pedagógico, o que inclui a moderação de debates, a resposta a questões e a manutenção da motivação dos participantes;

Monitorização do ritmo de trabalho dos formandos;

Realização e correção dos testes de avaliação pedagógica, intermédios e finais;

Controlo dos progressos individuais dos formandos;

Reforço do comportamento e desempenho bem-sucedidos;

Identificação dos diferentes estilos preferenciais de aprendizagem e implementação das adaptações necessárias nos métodos e técnicas utilizados;

Adaptação do ritmo das atividades às condições do grupo, demonstrando recetividade face às necessidades e expectativas dos formandos.

Sistemas de Comunicação Apesar de os materiais pedagógicos já conterem algumas formas de aconselhamento acerca do modo de utilização dos manuais, métodos de autoestudo e orientações para o desenvolvimento de metodologias pessoais de aprendizagem, no decurso da formação é essencial que o tutor se mostre disponível para resolver eventuais questões que surjam através dos meios de comunicação, como o e-mail, as sessões síncronas online ou até os fóruns de discussão.

Para isso, é importante que conheça e domine as principais ferramentas de comunicação online que tem à sua disposição.

40


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

No que diz respeito às sessões de chat, é fundamental

assegurar

que

formandos

possuem

a

todos

os

informação

necessária para ter acesso à sessão e participar. No sentido de evitar imprevistos e

problemas

técnicos,

é

conveniente

solicitar a presença dos formandos 5/10 minutos antes da sessão ter início.

Previamente a cada sessão, deve ser definido o tema associado, a agenda e a respetiva ordem de trabalhos, sendo que esta informação deve também ser comunicada aos participantes.

No início de cada sessão, é importante certificar-se de que a comunicação com todos os formandos está a funcionar de forma eficaz. A utilização de questões específicas e dirigidas proporciona um maior envolvimento por parte dos participantes e facilita a participação de todos na discussão. A gestão do tempo é também um elemento muito importante, devendo ser reservados alguns minutos finais para os formandos colocarem questões e para fazer uma pequena conclusão antes de fechar a sessão.

Uma das grandes vantagens do eLearning, quando

comparado

com

a

formação

convencional, é a rapidez na resposta às dúvidas e no feedback sobre o trabalho realizado.

É

conveniente

preparar

uma

estrutura de e-mail para este efeito, o que permitirá

também

agilizar

ainda

mais

o

processo. Neste caso, a correção deve ser sempre acompanhada de notas explicativas sobre os erros assinalados e indicações para que o formando conduza o seu estudo no sentido de os superar. 41


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Para otimizar a gestão do tempo e dos recursos é importante encontrar o equilíbrio adequado entre o envio de e-mails pessoais e a discussão pública e preparar sempre soluções alternativas para que a comunicação não pare. Em eLearning, deve ser privilegiada a Internet como meio para o fazer mas, sempre que necessário, deve ser ponderada a realização de sessões presenciais.

Em

qualquer tipo de

comunicação

com

os

formandos, deve tentar ser positivo e entusiástico, mantendo

o

realismo

no

que

respeita

às

possibilidades que a formação lhes oferece em termos pedagógicos e às limitações técnicas que poderão

eventualmente

surgir.

Em

qualquer

contacto que se estabeleça, o tutor deve ter o cuidado de analisar o discurso produzido por cada um dos formandos, no sentido de diagnosticar o seu estado de motivação, autoestima e confiança.

Uma fraca autoestima pode desencadear um processo de desmotivação com graves consequências na aprendizagem. Por este motivo, o tutor deverá aproveitar os sucessos de cada formando para dar reforço positivo e aumentar a sua confiança pessoal. Os insucessos não devem ser ignorados mas antes vistos como uma oportunidade para ajudar o formando a encontrar estratégias de superação.

Num curso a distância, é necessária uma atenção especial ao lidar com tópicos sensíveis, para assegurar que o formando mantém a motivação e a segurança necessárias para alcançar os objetivos propostos. Quando for necessário

apontar

uma

crítica

a

algum

trabalho, reforce antecipadamente o formando e termine explicitando aquilo que deve ser feito para melhorar o desempenho. Certifique-se de que o formando sabe que o tutor estará disponível para discutir o problema e encontrar soluções em que ambos estejam de acordo. 42


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

5. ANÁLISE DE DADOS EM ELEARNING Independentemente do tipo de interface físico que for utilizado, as plataformas de formação online permitem a produção e o registo de alguns dados, cuja análise poderá ser útil, tanto a formadores como a coordenadores de formação. Analisando os indicadores gerais, a entidade formadora poderá retirar conclusões importantes para o planeamento e a condução de futuras ações de formação. Os índices de utilização produzidos pela plataforma podem permitir, por exemplo, a identificação dos meses em que se registou um período mais intenso de atividade formativa ou, ainda, a caracterização dos participantes por área formativa, nomeadamente no que diz respeito ao género, faixa etária, habilitações literárias, etc.. O quadro seguinte apresenta alguns exemplos de estatísticas geradas automaticamente pela plataforma e respetivos indicadores. Estatística

Indicador

Número de acessos ao “Bar Virtual”, “Avisos”, “Biblioteca”, etc.

Áreas da plataforma com maior interatividade e, portanto, maior adesão por parte de formadores e formandos. Preocupação com a resolução dos

Número de acessos à área dos Exercícios Pedagógicos.

exercícios, o que pode indicar a sua importância para complementar e consolidar a aprendizagem individual de cada formando.

Número de mensagens enviadas no fórum “Desafios

Pedagógicos”,

leitura

das Interesse pelos conteúdos e dedicação à

mensagens enviadas pela tutoria, número formação. de mensagens enviadas como resposta.

43


eFormador: Os Novos Desafios

Estatística

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

Indicador

Mensagens enviadas para o fórum Adesão ao convívio virtual e interesse pela “Bar Virtual”.

interação com os restantes participantes.

Mensagens enviadas para o fórum “Questões Técnicas”.

lidas pelo formador. da

última

plataforma, dificuldades de navegação e de acesso aos conteúdos.

Número de mensagens enviadas e

Data

Dúvidas sobre o funcionamento da

entrada

Dinamismo e entrega por parte do formador.

na

plataforma por parte de cada um Ritmos individuais de aprendizagem. dos formados.

44


eFormador: Os Novos Desafios

Mód. II: Modelos e Metodologias de eLearning

6. SÍNTESE CONCLUSIVA Para que a formação em eLearning seja eficaz e corresponda ao que dela se espera é absolutamente indispensável que seja devidamente planeada, o que implica uma definição prévia daquilo que se pretende atingir e da estratégia a utilizar.

A produção de conteúdos interativos e motivadores, aliados a um ambiente social envolvente e promovido por uma tutoria ativa, são fatores determinantes para a eficácia do processo de aprendizagem remota.

A criação de ambientes colaborativos de aprendizagem, baseados em mecanismos de fórum e chat, permitem uma nova abordagem ao processo de aprendizagem quando comparados com os modelos pedagógicos aplicados à formação convencional.

45


eFormador: Os Novos Desafios

MĂłd. II: Modelos e Metodologias de eLearning

7. BIBLIOGRAFIA

(1) Keller, J.M. (1987), Strategies for stimulating the motivation to learn. Performance and Instruction, (2) Lewis, R. (1984). How to tutor and support learners, Council for Educational Technology, London. (3) Salmon, Gilly (2000). E-moderating. The Key to Teaching and Learning Online. London: Kogan Page (4) Thiagarajan, S., (1993), Rapid instructional design. In G. M. Piskurich, (Ed.) – ASTD handbook of instructional technology, McGraw-Hill, Inc, New York (5) Waterhouse, P. (1983), Supported self-study: a handbook for teachers, CET.

46


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.