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ERGONOMIA

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COMPOSIÇÃO DOS ANEXOS

I.

Quadro “movimentos de controlo para a condução de um autocarro”

II.

Filtragem cognitiva na situação de trabalho

III.

Exemplos 1 a 11

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Anexo I Movimentos de controlo para a condução de um autocarro TAREFA: CONDUZIR AUTOCARRO CONTROLO Código

INFORMAÇÃO

Acção Membro

Instrumento

Estímulo

001

Activar motor

Mão direita

Botão manual

Auditivo

002

Acender a luz

Mão esquerda

Botão manual

Visual

Alavanca de

Mão direita 003

mudanças

Mudar de marcha Pé esquerdo

Pedal -embraiagem

Display Indicador de combustível Mostrador iluminado

Cinestésico Cinestésico

Indicador de RPM 004

Acelerar

Pé direito

Pedal - acelerador

Visual/ cinestésico Velocímetro

005

Mudar de

Mão esquerda/

direcção

direita

Volante

Visual/ Cinestésico

-

Alavanca das portas

Visual/ cinestésico

-

Abrir/ 006

Mão direita fechar portas

(Iida apud Menezes, 1993, adaptado)

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Anexo II Filtragem Cognitiva na Situação de Trabalho a.

Os filtros semânticos: a comparação por similaridade (similar). O sujeito extrai da

situação de trabalho um conjunto de informações que lhe permitem estabelecer o estado do sistema em que se encontra, a representação. Este estado é, depois, comparado com os conhecimentos armazenados na memória, os esquemas. A relação dialética entre as amostras de informações e a ativação de esquemas, podem ser a origem de dois tipos de erros. Na ativação do esquema "enganamo-nos" na adequação do estado ao esquema. Nas amostras de informações que extraímos da situação de trabalho, só percebemos as informações que estão de acordo com o esquema. Um educador (E) confrontado com um adolescente (A) que lhe coloca pequenos problemas, observa que (A) "fica vermelho, baixa os olhos.." (E) pensa; "Não é possível, ele mente.!" e (E) lançase em investigações para compreender porque é que ele mente. Num determinado momento, um outro adolescente abre a porta e diz, "fui eu quem ..." e (E) pensa: (A) está inocente, e muda a sua forma de o questionar. b.

O filtro estatístico: (especulação sobre a frequência). A ideia subjacente ao filtro

estatístico é de que o sujeito faz amostras das informações em função do conhecimento da estrutura estatística do ambiente (meio, arredores) que ele interiorizou. Mostrou-se através da utilização de quadros sinópticos, que a frequência e a regularidade dos acontecimentos que surgem com estes quadros, condicionam a seleção das informações. Partes da instalação frequentemente perturbadas, são verificadas seguidamente a partir de aquisições de informações a partir do ambiente. Em compensação, uma informação que aparece regularmente, mas não com frequência, será menos verificada em função do ambiente exterior. O sujeito baseia-se, então, em esquemas interiorizados. 4 www.nova-etapa.pt


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Um "coeficiente pessoal de prudência" afecta a natureza deste filtro estatístico. Por exemplo, um sujeito de uma sala de controlo já não verifica determinados alarmes se a probabilidade destes estarem ligados a um acontecimento grave for pequena. Este tipo de filtragem causa um risco de erro, no caso em que o sujeito não está atento ao alarme e que um acontecimento pouco provável se produza.

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Anexo III

Exemplo 1: Um trabalhador de 1,70 m não consegue alcançar adequadamente uma estante situada a 2,20 m do chão. Se o fizer, o seu manuseamento será certamente impróprio podendo causar a sua queda ou do objeto manuseado. Vemos aqui que as perdas materiais e os acidentes podem ter a mesma origem. Porém este trabalhador sabe que não poderá deixar cair a caixa de lâmpadas que tenta retirar dessa estante. Por falta de uma escada ou equivalente pode ser levado a improvisar com o que estiver disponível. O acessório inadequado poderá também causar os mesmos problemas – ou piores. Vemos aqui que a organização do trabalho também pode agravar uma inadequação antropométrica que já não tenha sido considerada. E não basta dispor de um acessório fixo para este operador de 1,70 m pois ele pode ser substituído por um de 1,60m no próximo turno. Imaginemos como seria se tivéssemos que escolher a altura do pessoal como critério de constituição de equipas.

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Exemplo 2: Consideremos um trabalhador sentado numa cadeira em frente ao ecrã e teclado de um computador. Ele sente dores nas costas. O ergonomista conhece bem os problemas relacionados com a coluna e pode ajudar na conceção de cadeiras melhor adaptadas. O mesmo trabalhador queixa-se de dores de cabeça. O ecrã reflete a luz e tem pouco contraste. O ergonomista sabe muitas coisas sobre os olhos e a visão, podendo ceder elementos para se fazerem ecrãs menos ofuscantes. O trabalhador apresenta sinais de fadiga. Há quatro horas que trabalha em frente ao computador. O ergonomista detém conhecimentos dos efeitos de duração do trabalho sobre o organismo humano. Logo, pode contribuir para organizar melhor os horários e as pausas. Este trabalhador executa uma atividade, interpreta informações que aparecem no ecrã, resolve problemas e talvez cometa erros. O ergonomista sabe muitas coisas sobre o raciocínio desse trabalhador, podendo ajudar na melhor formulação dos problemas e da formação. O trabalhador considera o seu trabalho repetitivo e isolado. O ergonomista detém conhecimentos sobre o interesse das tarefas e as comunicações na equipa. Ele pode ajudar a conceber uma organização mais satisfatória, e portanto mais eficaz. Todas as questões apontadas na relação de um sujeito e o computador são importantes e as ações sugeridas pelos ergonomistas irão contribuir para a melhoria de qualquer situação de trabalho deste tipo. No entanto, dependendo da forma de condução da ação, o processo não teria fim, pois para cada variável específica, ou seja, para cada condicionante, pode ser gerada, a partir dos conhecimentos acerca do Homem no trabalho, uma resposta parcial. Nada nos garante que, no conjunto, tais soluções parciais não sejam conflituosas. Dentro da perspetiva da Ergonomia situada, considerase que as atividades de trabalho não são determinadas unicamente por critérios ergonómicos. A organização do trabalho, a conceção de máquinas e ferramentas, a implantação de sistemas de produção são, também, determinadas por outros fatores, tanto técnicos como económicos e sociais.

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Exemplo 3: A vida diária pode vir a ser muito injusta com um motorista de pesados, muitas vezes incompreendido por pessoas que com certeza desconhecem que para além do acelerar, travar e estacionar, esta atividade possui dimensões físicas como carga e descarga dimensões mentais complexas e urgentes como a elaboração de itinerários sob a pressão do horário de entrega e face a contingências como engarrafamentos, outros camiões de entrega... e tendo ao fundo o delicioso concerto urbano de buzinas, comentários sobre a sua masculinidade, em tenor, contralto e soprano, tudo isso trespassado pela “suavidade diáfana” de motores desregulados em funcionamento.

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Exemplo 4: Numa fábrica, registou-se um índice global de desconforto de grau 6 (o máximo é 7) numa máquina de soldar por ponto, operada com pedal. Observou-se que o operador trabalhava com a coluna inclinada para a frente, para poder colocar as peças entre os elétrodos, que ficavam numa posição muito baixa e o pedal para o acionamento dos elétrodos exigia muita força para ser operado. Essa máquina foi modificada, ajustandose a altura dos elétrodos, ficando compatível com as medidas antropométricas dos trabalhadores. Também foi modificado o ângulo do elétrodo superior e reduziu-se a resistência dos pedais. Estas modificações permitiram ao operador manter uma postura erecta e acionar o pedal com uma força mínima, sem prejudicar a estabilidade do corpo. Os níveis de desconforto e os tempos produtivos e parados da máquina foram registados durante duas semanas antes das modificações e duas semanas depois. Antes, o ciclo de trabalho era de 4,5 min e o tempo de espera era de 1,5 min. Depois passaram para 5,6 min e 0,7 min respetivamente. Antes a máquina era utilizada durante 75% do tempo e essa utilização subiu para 90% do tempo. O nível global de desconforto caiu de 6 para 3,7, após três horas de trabalho. Considerados os segmentos corporais, verificou-se que as dores dos braços reduziramse de grau 3,2 para 1,9, as dorsais de 6,8 para 1,5 e as das pernas direita e esquerda, de 5,0 para 2,1 e 5,9 para 2,6 respetivamente. O resultado mais significativo conseguiuse pela eliminação das dores nas costas e nas duas pernas, causados pela má postura e pelo esforço em manter a estabilidade do corpo durante a utilização do pedal.

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Exemplo 5: Com os braços esticados, elevemos as mãos até ficarem paralelas ao chão. Vamos mantê-las nesta posição durante 1 a 2 minutos. Passado este tempo, começaremos a sentir dor, calor e dormência na região anterior dos ombros. É aí que estão localizadas as fibras musculares utilizadas para manter os braços nesta posição.

Exemplo 6: De acordo com os relatos, à medida que o trabalho se torna mais dependente da técnica, o número de acidentes e doenças profissionais aumentaram de maneira impressionante e sendo o Dentista um trabalhador que usa e depende cada vez mais da técnica, está também exposto a um risco muito grande de contrair doenças do trabalho. Esta classe apresenta uma alta prevalência de dores e desconfortos no pescoço, ombros e costas quando comparada com outros grupos ocupacionais. Este tipo de dores levou a que este profissional passasse a exercer a sua atividade sentado. Supunha-se que haveria uma diminuição do desconforto do sistema locomotor; no entanto, nada comprova essa teoria. Em vários casos observados, a coluna cervical não está apenas inclinada para frente, mas também, com rotação e/ou flexão lateral e, com apenas 30 graus de flexão para frente, os músculos do pescoço recebem uma carga de cerca de 15% da sua contração voluntária máxima.

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Exemplo 7 Trata-se de uma situação real de trabalho, com fortes características mentais (Call Center numa empresa de Telecomunicações). O estudo de campo foi feito a partir de trinta funcionários, sendo que a aplicação do instrumento NASA-TLX foi ainda acompanhada por entrevistas e questionários para proceder ao registo de diversas variáveis incidentes na situação de trabalho. A população inicial foi subdividida em dois subgrupos cujo conteúdo do trabalho tinha diferenças significativas. As entrevistas permitiram a associação de aspetos pessoais e qualitativos aos resultados de carga mental. A comparação dos resultados individuais de dois indivíduos, cada um pertencente a um dos subgrupos, mostrou que estes apresentam coerência mesmo ao nível individual. As variáveis suplementares recolhidas através de questionários, mostraram-se sensíveis à regressão linear feita em relação à sobrecarga. Assim, por exemplo, nota-se que a sobrecarga é menor para os operadores mais idosos aumentando significativamente para os mais jovens. Já a sobrecarga é diretamente proporcional para variáveis tais como queixas em relação a organização, sintomas dolorosos e queixas em relação ao ambiente de trabalho. O que observamos é que, mesmo que pesquisemos uma população pequena em relação ao universo de trabalhadores na atividade, pode descobrir-se uma infinidade de fatores que geram Carga Mental na situação de trabalho. Neste caso concreto a aplicação do método NASA-TLX traduziu-se assim na avaliação quantitativa dos vários parâmetros que o constituem: Exigência Mental, Exigência Física, Exigência Temporal, Performance, Nível de Esforço total e Nível de Frustração, no trabalho desenvolvido no call center, utilizando escalas pertencentes ao próprio método. Fica evidente a necessidade de associação dos métodos de acesso, a outros recursos como os questionários e entrevistas, uma vez que o resultado da Carga, puro e simples não é muito útil do ponto de vista ergonómico. A possibilidade de realizar regressão de variáveis com a sobrecarga enriquece bastante a análise.

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Por exemplo, quando verificámos que a sobrecarga era inversamente proporcional à idade, ocorreu uma confirmação de suspeitas de inadequação do perfil da população à atividade. Estas suspeitas surgiram durante a execução de uma análise ergonómica anterior a esta pesquisa, conduzida no mesmo local e em trabalhos realizados em contextos semelhantes. Este resultado é importante de diversas maneiras: primeiro no sentido em que superamos a ideia de que os mais idosos estariam sujeitos a maior sobrecarga ao lidar com equipamentos de informática. Ao utilizarmos uma base teórica como a Carga Mental, vemos que isto não é totalmente verdadeiro. Isto ocorre, porque a análise da carga supera a interface tecnológica, considerando a influência de fatores sociais na sua constituição.

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Exemplo 8: Consideremos um modelo onde temos de um lado a empresa e do outro o trabalhador. Esta relação é intermediada por um contrato de trabalho. O trabalhador impõe uma série de condicionantes para a realização da atividade: as suas características físicas, sexo, idade; a sua qualificação, experiência e competência; o seu estado atual e, a sua vida pessoal. Por outro lado, a empresa também impõe as suas condicionantes: as exigências cognitivas da tarefa; as máquinas, ferramentas e o meio ambiente; os movimentos e posturas pressupostos; e a divisão de tarefas, hierarquia e regime de trabalho. A carga de trabalho constitui-se na síntese que resulta da confrontação destes dois níveis de condicionantes. De um lado a empresa com a tarefa e de outro o trabalhador com a atividade. O resultado da carga de trabalho realizada por seu lado, incide sobre ambos. Sobre o trabalhador, ao manifestar-se sobre o seu estado de saúde, e sobre a empresa na produção e produtividade. Normalmente é este retorno que se dá sobre o sujeito e sobre a empresa que está na origem da exigência para a intervenção da ergonomia. Portanto, a solução do tipo ergonómica só poderá ser efetiva se se equacionarem os dois lados do modelo. Quando estes sujeitos melhoram o seu estado físico e mental depois do trabalho então estamos perante um trabalho estruturante.

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Exemplo 9: Um especialista de software decidiu criar uma empresa de produção de soluções de software. Fundou a empresa na sua região remota, não permitindo, no entanto, que a geografia determinasse quem podia empregar. Desde o início que desenvolveu uma aproximação flexível à procura do mercado e recrutamento de empregados especializados. A empresa tem uma base de dados com todos os “empregados”, trabalhadores independentes pagos de acordo com o que produzem. Os empregados são contratados para cada projeto, de acordo com a especialização requerida. Todos os empregados estão completamente apetrechados em casa. A empresa faz utilização intensiva das telecomunicações para apoiar a colaboração, e-mail e transferência de ficheiros entre elementos da equipa. Inicialmente, houve alguns problemas com as comunicações e com alguns pacotes de software, mas estes foram ultrapassados com bons procedimentos de comunicação e de treino. A empresa é capaz de responder às necessidades de mercado sem ter responsabilidade por uma vasta força laboral e gerir custos fixos de valor elevado. Os empregados fazem gestão dos próprios negócios financeiros e estabelecem uma relação direta entre esforço e recompensa.

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Exemplo 10: Uma pequena empresa de design tinha problemas em atrair quadros com experiência para trabalhar como chefes de projeto. A maioria dos seus quadros, formados na empresa, era constituída por mulheres que interromperam a carreira para ter filhos. As designers femininas, já com experiência, tinham relutância em aceitar empregos em full-time enquanto as crianças fossem pequenas, até que a empresa decidiu oferecer empregos numa base de partilha de emprego: duas (ou mais) candidatas solicitavam um posto de trabalho conjunto e partilhavam as horas entre elas. Foram preparadas para trabalhar cooperativamente (à distância) para preencher os requisitos do emprego a fulltime. Este esquema foi bem sucedido nas designers femininas e estas regressaram ao trabalho de uma forma flexível.

Exemplo 11: Uma pequena corretora de seguros independente tinha agentes que visitavam os clientes nas suas casas. A companhia decidiu facilitar-lhes a operação para torná-la mais eficiente. Com boas comunicações e tecnologias portáteis descobriram que era possível melhorar a eficiência do seu pessoal sem comprometer a qualidade da vida laboral. Os agentes faziam previamente visitas domiciliárias, registavam as notas e no dia seguinte iam ao escritório entregar detalhes ao sistema e receber uma estimativa que era retransmitida ao cliente. A companhia equipou cada agente com um computador portátil e um PC em casa – ligado ao sistema principal da sede. Os agentes introduziam os detalhes diretamente no computador e faziam o download dos detalhes e para obter estimativas em casa na mesma noite. Os clientes recebiam as suas estimativas mais depressa, os agentes reduziam o número de viagens ao escritório e a companhia descobriu que os agentes podiam arranjar mais clientes durante a semana útil.

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