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ERGONOMIA MÓDULO I

INTRODUÇÃO À ERGONOMIA SESSÃO 1 www.nova-etapa.pt


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Mód. I – Sessão 1: Introdução à Ergonomia

FICHA TÉCNICA

TÍTULO Ergonomia

AUTORIA, COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA E CONCEÇÃO GRÁFICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.

ANO DE EDIÇÃO 2011

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Mód. I – Sessão 1: Introdução à Ergonomia

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ÍNDICE

I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS DO CURSO

4

II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS DO CURSO

4

III. INTRODUÇÃO

6

IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo I – Sessão I – Introdução à Ergonomia

8

Objetivos Pedagógicos

8

Conteúdos Programáticos

8

1. Considerações Preliminares: Trabalho e Condições de Trabalho

9

2. Conceito de Ergonomia

14

3. A Importância da Ergonomia

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I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS DO CURSO • Conhecer a importância da Ergonomia e utilizar os diferentes conceitos e métodos a ela associados para aplicação nas organizações, com o objetivo de melhorar o ambiente de trabalho aumentando desta forma a produtividade e competitividade; • Aplicar técnicas de avaliação ergonómicas e propor medidas preventivas e corretivas nos seus vários âmbitos de atuação, física, cognitiva e organizacional; • Participar na conceção ou na readaptação de serviços e/ou equipamentos em colaboração com equipas multidisciplinares, de forma a torná-los mais adaptados aos seus utilizadores; • Desenvolver e aplicar estratégias ergonómicas aos dispositivos técnicos, processos de trabalho e restantes envolvimentos e às características e modo de funcionamentos dos operadores; • Incentivar, informar e formar acerca do uso correto de equipamentos e outros dispositivos técnicos, contribuindo para a qualidade do/no trabalho.

II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS DO CURSO Introdução à Ergonomia • Conceito de Ergonomia; • Importância da Ergonomia; • Origem e Evolução da Ergonomia; • Diferentes abordagens em Ergonomia; • Tipos de Ergonomia. Ergonomia Física • Conceito de Ergonomia Física; • Utilidade da Ergonomia Física; • Aplicações da Ergonomia Física; 4 www.nova-etapa.pt


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• Posturas de trabalho; • Método de avaliação de postura – OWAS; • Manipulação de materiais; • Movimentos repetitivos; • Lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho; • Medidas de Tratamento e Prevenção. Ergonomia Cognitiva • Definição de Ergonomia Cognitiva; • Cargas de trabalho mental; • Desempenho especializado; • A memória nos comportamentos do Homem no trabalho; • Diferentes tipos de memória; • Heurística e Raciocínio; • Experiência e competência; • Interação Homem-computador; • Conceção Homem-sistema.

Ergonomia Organizacional • Conceitos introdutórios; • Formas de organização do trabalho; • Gestão de Equipas; • Comunicação e trabalho em equipa; • Conceção participativa: trabalho cooperativo; • Cultura organizacional; • Novos paradigmas do trabalho; • Organizações virtuais; • Teletrabalho; • Cliente Interno.

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III.

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INTRODUÇÃO

“A única forma de melhorar a qualidade de um produto é melhorar a qualidade de vida do trabalhador" McGlothlin, 19991 Sabemos por experiência própria que o modo como nos sentimos (fisicamente, psicologicamente e socialmente) é influenciado pelo tipo de interações que fazemos com os envolvimentos que usamos no dia a dia. É pois de extrema importância, preocuparmo-nos com a qualidade destes envolvimentos, no sentido de promover uma adequação que possa contribuir para melhoria da nossa qualidade de vida. A ergonomia, enquanto ciência multidisciplinar, é fundamental para atingir muitos aspetos do bem-estar de quem trabalha, na medida em que tenta adaptar o ambiente e os meios de produção às características psicofisiológicas do trabalhador. O domínio de intervenção da Ergonomia vai muito além da mera análise física dos instrumentos ou meios de trabalho, na medida em que analisa toda a atividade humana, desde a forma de realização das tarefas, até à avaliação dos problemas relacionados com a própria cultura organizacional, tomando sempre em conta os aspetos físico, cognitivo, psicossocial e emocional. Todos os profissionais direta ou indiretamente responsáveis pela Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, deverão estar conscientes, capacitados e habilitados a utilizarem a tecnologia ergonómica em toda a sua plenitude (multidisciplinaridade e abrangência), para adequarem ergonicamente as condições de trabalho, como forma de proporcionar qualidade de vida no trabalho, em qualquer ramo de atividade e realidade empresarial. Considerando que a Ergonomia é ainda um conceito pouco conhecido e muitas vezes definido de forma incorreta, faremos algumas considerações sobre trabalho e as suas condições e de seguida desenvolveremos uma abordagem sobre o seu conceito e

1 Ergonomista da Harley-Davidson

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evolução. Nos capítulos seguintes abordaremos os conceitos de Ergonomia Física, Cognitiva e Organizacional, bem como outras ideias com estes relacionados. Sempre que oportuno, iremos ilustrar a nossa exposição com alguns exemplos para reflexão, não descurando os exercícios práticos e o auxiliar multimédia. Desejamos uma boa formação e uma boa postura.

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IV.

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DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS

MÓDULO I: SESSÃO 1 – INTRODUÇÃO À ERGONOMIA

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final desta sessão deverá ser capaz de: • Identificar o conceito geral de Ergonomia; • Reconhecer a importância da Ergonomia.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • Diferentes conceitos de Ergonomia e noções associadas; • A Importância da Ergonomia.

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1.

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CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES: TRABALHO E

CONDIÇÕES DE TRABALHO2 O Dicionário Larousse de Língua Portuguesa, refere as seguintes definições para trabalho:

Definições de trabalho “Palavra derivada do latim tripaluim que significa instrumento de tortura composto de três paus; sofrimento; esforço; luta; atividade humana aplicada à produção, à criação ou ao entretenimento; produto dessa atividade; obra; atividade profissional regular e remunerada; exercício de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade é exercida”.

2 adaptado de Santos, Neri – Ergonomia e segurança industrial. Santa Catarina: Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas, 2001 [versão eletrónica], disponível em www.eps.ufsc.br [consulta em 02/2005]

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Sendo um ato necessário à vida humana, tem sido alvo de reflexão ao longo do tempo, sendo-lhe atribuídas várias outras definições:

Outras definições de trabalho • "Atividade instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo é preservar e manter a vida, e que é dirigida para uma alteração planeada de certas características do meio-ambiente do ser humano" (DAVIES e SHACKLETON, 1977); • "O trabalho é uma atividade que produz algo de valor para outras pessoas.” (O’TOOLE, 1977)

As condições de trabalho por sua vez definem-se como "o conjunto de fatores que determinam o comportamento do trabalhador”. Estes fatores são, antes de mais nada, constituídos pelas exigências impostas ao trabalhador: 

Objetivos com critérios de avaliação (fabricar determinado tipo de peça com estas

ou aquelas tolerâncias), 

Condições

de

execução

(meios

técnicos

utilizáveis,

ambientes

físicos,

regulamentos a observar)". (LEPLAT e CUNY, 1977). Por outro lado, MONTMOLLIN (1990) define as condições de trabalho como “tudo o que caracteriza uma situação de trabalho que permita ou impeça a atividade dos trabalhadores”. Distinguem-se os seguintes aspetos:

Condições de trabalho • Condições físicas: características dos instrumentos, máquinas, ambiente do posto de trabalho (ruído, calor, poeiras, perigos diversos); • Condições temporais: em especial os horários de trabalho; • Condições organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, de um modo geral o "conteúdo" do trabalho; • Condições subjetivas características do operador: saúde, idade, formação;

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• Condições sociais: remuneração, qualificação, vantagens sociais, segurança de emprego, em certos casos condições de alojamento e de transporte, relações com a hierarquia, etc.

Em termos práticos, só se pode falar em boas condições de trabalho quando: 

Os meios de produção sejam adequados às pessoas - o que pressupõe um

projeto ergonómico das máquinas, dos equipamentos, dos veículos, das ferramentas, dos dispositivos auxiliares, usados no sistema de trabalho; 

Os

objetos

de

trabalho,

materiais,

etc.

sejam

inócuos

para

as

pessoas que com elas entram em contacto; 

Os postos de trabalho

sejam

ergonomicamente

projetados,

o

que

inclui

bancadas, assentos, mesas, disposição

e

alocação

de

comandos, controlos, dispositivos de informação e ferramentas fixas em bancadas; 

Exista controlo sobre os fatores ambientais adversos como, por exemplo,

iluminação, ruídos, vibrações, temperaturas altas ou baixas, partículas tóxicas, poeiras, gases, etc. reduzindo-se o efeito destes sobre as pessoas no sistema de trabalho; 

Os postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho não

possuam perigos mecânicos, físicos, químicos ou outros que representem riscos para as pessoas, isto é, partes móveis expostas, ferramentas cortantes acessíveis ao trabalhador, emissão de gases, vapores, poeiras nocivas, etc. 

Exista uma organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa

com o conteúdo adequado às suas capacidades físicas, psíquicas, mentais e emocionais, que seja interessante e motivante; 

Exista uma organização temporal do trabalho (regime de turnos) que permita

ao trabalhador viver sincronizado com seu ritmo circadiano, comprometendo no mínimo a sua saúde, bem como o seu convívio familiar e social; 11 www.nova-etapa.pt


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Quando necessário, seja executado um plano de pausas, que possibilitem a

recuperação das funções fisiológicas do trabalhador, e desta forma se evite a deterioração da sua saúde, a longo prazo; 

Exista um sistema de remuneração de acordo com a solicitação do trabalhador

no seu sistema de trabalho, considerando-se também a sua qualificação profissional; 

Haja um clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores

e subalternos. Para promover a melhoria das condições de trabalho, tanto de forma corretiva – melhoria em sistemas já existentes – como preventiva - melhoria nos sistemas de trabalho em fase de conceção e projeto - é necessário avaliar o trabalho humano existente, recorrendo a critérios bem definidos que sejam aceites e que obedeçam a uma hierarquia de níveis de valorização relacionados com o trabalhador. Assim: 

O

trabalho

realizável,

isto

provenientes

deve

é,

da

as

ser

cargas

tarefa

e

da

situação de trabalho não podem ultrapassar os limites individuais do trabalhador como, por exemplo, o

alcance

velocidade

dos

membros,

de

reação,

a as

capacidades sensoriais, etc; 

O

trabalho

deve

ser

suportável ou inócuo ao longo do tempo, isto é, o trabalhador deve poder executar a tarefa durante o tempo necessário, diariamente e, se for o caso, durante toda uma vida profissional, sem adquirir danos; 

O trabalho deve ser pertinente na sociedade em que é executado;

O trabalho deve trazer satisfação para o trabalhador. É oportuno chamar a

atenção para a possibilidade de uma pseudo-satisfação do trabalhador, simplesmente por se ter acostumado à ideia de que o seu trabalho (realizável, suportável e pertinente) não poderá ser modificado. A aceitação de um trabalho por parte do indivíduo pode ser influenciada pela estrutura da tarefa, pela formação, pelo ambiente, pelas relações interpessoais, etc.

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O trabalho deve promover o desenvolvimento pessoal do indivíduo, isto é,

devem adquirir-se novas qualificações, não se perderem habilidades, e capacidades na execução de tarefas monótonas e repetitivas. A partir dessas considerações gerais sobre o trabalho e as suas condições de execução, pode justificar-se a origem e o desenvolvimento da Ergonomia, cujo objeto de estudo é o trabalho humano.

Ideia Chave Antes de introduzirmos o conceito de Ergonomia, devemos ter presentes algumas definições de trabalho e condições de trabalho. A sua ancestralidade leva-nos a concluir que o trabalho é necessário para a vida humana e que as condições em que é executado são de primária importância para que a saúde do trabalhador não fique comprometida.

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2. A

CONCEITO DE ERGONOMIA maioria

das

definições

de

Ergonomia colocam em questão dois objetivos fundamentais: 

De um lado, o conforto e

a saúde dos trabalhadores: que se traduz no afastamento de riscos (acidentais e ocupacionais) e em minimizar

a

metabolismo trabalho

dos

articulações,

fadiga do

(ligada

ao

organismo,

ao

músculos ao

e

tratamento

das da

informação e à vigilância). 

Do outro lado, a eficácia: através da qual a organização mede as suas

diferentes dimensões (produtividade e qualidade). Esta eficácia é dependente da eficiência humana, por isso, a Ergonomia visa conceber sistemas adaptados à lógica de utilização dos trabalhadores. O termo Ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). Na Grécia Antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e ergon que designava o trabalho como uma arte de criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da Ergonomia, transformar todo o trabalho, em trabalho ergon. Em 1972, a Organização Mundial da Saúde - OMS, definiu Ergonomia como sendo:

Definição de Ergonomia segundo a OMS "Uma tecnologia da conceção do trabalho baseada nas ciências da biologia humana".

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Em 1949, a Ergonomics Research Society - ERS, do Reino Unido, definiu Ergonomia como:

Definição de Ergonomia pela ERS "O estudo do relacionamento entre o ser humano, o seu trabalho, o equipamento e o ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia, na solução de problemas derivados desta relação"3.

A International Ergonomics Association (IEA), define Ergonomia como:

Definição de Ergonomia pela IEA "O estudo científico da relação entre o Homem e os seus meios, métodos e espaços de trabalho”4. Distinguem-se, habitualmente, dois tipos de Ergonomia: Ergonomia de Correção que procura melhorar as condições de trabalho existentes e é, frequentemente, parcial e de eficácia limitada. Ergonomia de Conceção que, ao contrário da anterior, tende a introduzir os conhecimentos sobre o ser humano desde o projeto do posto de trabalho, do instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção. Globalmente, traduz-se no estudo da adaptação do trabalho ao ser humano. Neste contexto, é importante considerarem-se não apenas as máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas também as situações em que ocorre o relacionamento entre o ser humano e o seu trabalho, isto é, além do ambiente físico, também os aspetos organizacionais como, por exemplo, a forma como é programado e controlado esse trabalho, a fim de gerar os resultados desejados.

3 Santos, Neri – Fundamentos da Ergonomia. Universidade Federal Santa Catarina, 2004 [versão eletrónica] disponível em www.eps.ufsc.br [consulta 11/2004] 4 Santana, Angela - Qualidade de vida no trabalho. Santa Catarina: Comunicação nas Jornadas Científicas da U.S.C., 2004 [versão eletrónica] disponível em www.assesc.com.br [consulta em 02/2005]

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“De acordo com Hendrick (1994), a ergonomia, em termos de sua tecnologia singular, pode ser definida como o desenvolvimento e aplicação da tecnologia de interface do sistema homem-máquina. Ao nível micro, isso inclui a tecnologia de interface homemmáquina, ou ergonomia de hardware; tecnologia de interface homem-ambiente, ou ergonomia ambiental, e tecnologia de interface usuário-sistema, ou ergonomia de software (também relatada como ergonomia cognitiva porque trata como as pessoas conceitualizam e processam a informação).”5 “Num nível macro temos a tecnologia de interface organização-máquina, ou macroergonomia. Por outras palavras, a tecnologia da macroergonomia proposta por Hendrick (1991), é a tecnologia da interface homem-organização-ambiente-máquina, uma vez que a macroergonomia envolve a consideração de todos os quatro elementos do sistema sócio-técnico.”6

Ideia Chave O conceito base de Ergonomia diz-nos que esta é derivada das palavras gregas ergon (trabalho como arte) e nomos (regras/leis). A partir destes conceitos da Grécia antiga podemos aludir que esta pretende transformar todo o trabalho em arte de criação. Distingue-se

a

Ergonomia

de

Correção

e

a

Ergonomia

de

Conceção.

Refere-se ainda a microergonomia que inclui a tecnologia de interface Homem-máquina, por exemplo, e a macroergonomia que inclui a tecnologia de interface organizaçãomáquina. As várias definições conduzem de forma mais clara à compreensão dos seus objetivos, cuja evolução passamos a explicar.

5 Santos, Neri – op. cit. 6 Santana, A.- op.cit.

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3.

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A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA

Como vimos atrás, em termos gerais, pode dizer-se que a Ergonomia visa a adaptação das tarefas ao homem. Quer se trate de um produto para consumo público ou de um posto de trabalho, oferece vantagens económicas através do incremento do bem-estar, da redução de custos e da melhoria da qualidade e produtividade. A conceção de qualquer produto ou sistema deve assim integrar critérios ergonómicos desde a fase de projeto, de forma a assegurar a sua eficiência. Os

objetivos

da

Ergonomia

(segurança, saúde e bem-estar e eficácia do sistema) estiveram sempre

presentes

desde

os

primórdios do desenvolvimento do Homem. Quando o Homem pré-histórico fixou uma lasca afiada de pedra na ponta de uma vara, para construir um instrumento que lhe permitisse caçar de uma forma mais confortável, segura e eficaz, estava inconscientemente a utilizar os princípios da Ergonomia. No Museu do Louvre existem papiros egípcios que denotam recomendações de natureza ergonómica para a construção de utensílios de construção civil, assim como desenhos de arranjos organizacionais para o canteiro de obras de pirâmides. No seu sentido clássico, a Ergonomia procurou compreender em primeiro lugar os fatores humanos pertinentes para elaborar o projeto de instrumentos de trabalho, ferramentas e outros apetrechos típicos da atividade humana em ambiente profissional. Posteriormente procurou analisar, tabelar e organizar dados sobre os fatores humanos que deveriam ter-se em linha de conta não apenas para construir instrumentos, mas para os projetos de sistemas de trabalho, como as linhas de montagem, as salas de controlo, os postos de direção de máquinas (cockpits) e assim sucessivamente. No seu sentido mais contemporâneo procura investigar as determinantes de uma atividade de trabalho através das contribuições num sentido ainda mais amplo, que incluem a organização do trabalho e dos softwares, procedimentos e estratégias operatórias. 17 www.nova-etapa.pt


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A IEA refere que o objetivo da ergonomia é Objetivo da Ergonomia “Elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas (antropometria, fisiologia, psicologia, sociologia) que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspetiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação ao Homem, dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida."7 Embora a sua prática nos diversos países apresente diferenças, são constantes quatro aspetos: 

A utilização de dados científicos sobre o ser humano;

A origem multidisciplinar desses dados;

A aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar, sobre a organização do trabalho e a formação;

A perspetiva do uso destes dispositivos técnicos pela população normal dos trabalhadores disponíveis, pelas suas capacidades e limites.

Ela tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde dos operadores sem descurar os objetivos económicos. Os ergonomistas são profissionais que têm conhecimentos sobre o funcionamento humano e estão prontos a atuar nos processos de projeção das situações de trabalho, interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades de seleção e formação, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho.

7 Machado, M., op. cit

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A Ergonomia, entre outros assuntos, tem como objetivo o estudo:

Domínios de estudo da ergonomia • Das características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a resistência dos comandos, a dimensão do posto de trabalho; • Do meio ambiente físico (o ruído, iluminação, vibrações, ambiente térmico); • Da duração da tarefa, os horários, as pausas no trabalho; • Do modelo de formação e aprendizagem; • Das lideranças e ordens dadas. Além disso, a Ergonomia tem ainda como objetivo fazer diversos tipos de análises: 

Análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho;

Análise das informações;

Análise do processo de tratamento das informações.

Ela distancia-se da linguagem simples das aptidões, uma vez que estas definem apenas as qualidades exigidas ao operador para a execução do trabalho, enquanto que a Ergonomia procura informações mais amplas a respeito das condições materiais necessárias para a execução desse trabalho.

É constituída por disciplinas fundamentais como a fisiologia do trabalho, a antropologia cognitiva e a psicologia dinâmica; como fundamento metodológico recorre à análise do trabalho; como programa tecnológico à conceção dos componentes materiais lógicos e organizacionais adequados às pessoas e aos ambientes de trabalho. Pode constatar-se, em todos os conceitos formulados, que a Ergonomia está preocupada com os aspetos humanos do trabalho, em qualquer situação em que este é realizado e, desta forma, procura não apenas evitar postos de trabalho cansativos e/ou perigosos, mas também as melhores condições possíveis, de forma a incrementar a eficácia do sistema de produção.

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Ideia Chave A Ergonomia tem como objetivo estudar a forma de adaptação das tarefas ao Homem, para não comprometer a segurança, saúde, bem-estar e eficácia do sistema (não descurando os objetivos económicos). Tem ainda como objeto de estudo qualquer tipo de ambiente que envolva o trabalhador, incidindo particularmente sobre as condições materiais necessárias para a execução do seu trabalho.

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