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MÓDULO I

A NATUREZA DOS CONFLITOS

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Gestão de Conflitos – Módulo I

1. CAUSAS DOS CONFLITOS INTERPESSOAIS Os conflitos interpessoais, ou seja, decorrentes da relação entre duas pessoas ou entidades, surgem em geral por três ordens de razões:

a) Diferenças individuais b) Limitações dos recursos c) Diferenciação dos papéis

Conforme já afirmámos atrás, cada pessoa é um ser único, com características próprias e visões da realidade distintas. As diferenças de idade, sexo, atitudes, crenças, valores e experiências de vida, são factores que fazem com que as pessoas vejam e interpretem as situações de múltiplas formas. Pais e filhos, idosos e jovens, subordinados e superiores hierárquicos, clientes e funcionários, têm pontos de vista divergentes em relação à mesma realidade. Sempre que isso acontece, ou seja, em todas as situações onde se demarque a diferença individual, as situações de conflito são inevitáveis.

Por outro lado, todos sabemos quanto é verdade a expressão popular “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão” ou, melhor dizendo, todos têm razão. A falta de recursos ou a necessidade de partilha dos mesmos são, muitas vezes, das principais causas dos conflitos interpessoais. Numa 2


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família, empresa ou entidade, mesmo possuindo todos os recursos de que necessita (ou julga necessitar), existe quase sempre a necessidade de várias pessoas ou grupos partilharem alguns desses recursos, sejam eles financeiros, técnicos ou humanos. A dificuldade está em encontrar a fórmula de partilha justa e imparcial, sendo que cada uma das partes envolvidas considera sempre que a sua necessidade é maior ou mais importante que a do outro. A unanimidade e a satisfação de todas as partes é extremamente difícil de conseguir, na medida em que cada uma das partes não pretende ceder naquilo que considera ser um direito seu.

A diferenciação de papéis é

também

principais

uma

das

causas

de

conflito entre as pessoas, seja

porque

uma

das

partes não aceita o papel desempenhado pela outra, seja porque o indivíduo não aceita desempenhar aquele

papel

que

lhe

querem atribuir. Por detrás desta causa está, muitas vezes, um problema de autoridade real ou presumida.

Vejamos ao que nos referimos com alguns exemplos:

Imagine que uma equipa foi sobrecarregada de trabalho de forma inesperada. Um dos elementos decide de imediato começar a distribuir tarefas, mesmo antes de chegar o chefe, porque percebe o grau de urgência da tarefa. Os restantes membros da equipa podem entrar em conflito com ele, recusando-se a aceitar que ele assuma o papel de chefe.

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O facto de alguém exercer um cargo de chefia, mas os seus subordinados não lhe reconhecerem competência técnica para o papel é, necessariamente, uma fonte de conflitos.

Também no domínio pessoal, podemos falar de conflitos em consequência da diferenciação de papéis quando, muitas vezes, o indivíduo não aceita o papel que lhe querem atribuir. O exemplo típico é o conflito entre mulheres e homens no que se refere à realização das tarefas domésticas. O homem pode considerar que esse é um papel que cabe à mulher desempenhar, enquanto ela pode não querer assumi-lo por achar que não lhe cabe necessariamente. Este conflito pode também ter origem nas três ordens de factores referidas: as diferenças individuais (educação, valores, experiências, que levam cada um dos membros do casal a ver o problema de forma distinta), a falta de recursos (por exemplo, falta de tempo para a partilha de tarefas ou falta de recursos financeiros para contratar uma empregada), ou ainda a diferenciação de papéis.

Em

resumo,

existem

várias

causas

associadas

aos

conflitos

interpessoais, donde se destacam os relacionados com as diferenças individuais, a falta ou partilha de recursos e ainda a diferenciação de papéis. 4


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2. FACTORES SUBJECTIVOS DOS CONFLITOS Já vimos algumas das principais causas objectivas dos conflitos, internos e no relacionamento interpessoal. Contudo, todos sabemos também como a nossa percepção dos outros influencia o modo como nos comportamos com eles. Se temos uma ideia positiva acerca de uma pessoa, se a achamos simpática, colaborante e se consideramos esse sentimento recíproco, a nossa expectativa em relação ao seu comportamento também é favorável. Teremos mais hipótese de manter um relacionamento franco e aberto, com menor número de conflitos. Pelo contrário, se temos uma ideia pré-concebida negativa acerca do outro, então consideramos que “daquele lado nunca vem nada de bom”, ou seja, predispomo-nos para o conflito. De facto, muitos dos conflitos decorrem apenas de factores subjectivos, ou seja, de ideias pré-concebidas que temos na nossa cabeça e que nos induzem a assumir comportamentos igualmente negativos e, quase como uma bola de neve que vai rolando, o problema tornase cada vez maior. Veja agora um pequeno excerto de um filme que preparámos para si, através do seguinte link: http://www.nova-etapa.pt/postura_profissional_1

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Em resumo, os conflitos interpessoais, mesmo quando têm causas objectivas, têm sempre associadas causas subjectivas que condicionam a nossa forma de actuação. As alterações emocionais drásticas estão muitas vezes relacionadas com esta percepção individual do outro, havendo à partida uma presunção da incompatibilidade com o outro e com os seus pontos de vista, reduzindo de forma óbvia a possibilidade de resolução do conflito de forma negocial.

Capítulo

6


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