CABELEIREIRO E ESTÉTICA CANINA Módulo II
Contenção e Banho www.nova-etapa.pt
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ÍNDICE DO MÓDULO 2
OBJETIVOS
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1. Manipulação e Contenção de Cães e Gatos 1.1. Introdução 1.1.1. Espécie Animal 1.1.2. Raça do animal 1.1.3. Stress 1.1.4. Presença do proprietário 1.2. Métodos de Contenção 1.2.1. Contenção em Estação 1.2.2. Contenção Sentado 1.2.3. Contenção em Decúbito 1.3. Acessórios para Contenção de Animais 1.3.1. Açaimes 1.3.2. Laço 1.3.3. Luvas 1.3.4. Trela/Coleira 1.4. Tranquilização
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2. O Banho 2.1. Preparação do Banho 2.1.1. O Champô 2.1.2. Champôs de Tratamento 2.1.3. Banheiras Para Animais 2.1.4. Utensílios de Secagem 2.1.5. O Vestuário 2.2. Contenção de Cães e Gatos no Banho 2.3. Procedimento Para o Banho 2.4. Corte de Unhas 2.4.1. Material Necessário 2.4.2. Procedimento de Corte de Unhas
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AUTOAVALIAÇÃO
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No final deste módulo o formando deve ser capaz de :
Explicar as diferentes formas para conter um cão e um gato durante a tosquia;
Identificar qual a posição que cada animal deve adotar de forma a causar-lhe o menor desconforto possível;
Reconhecer quais os instrumentos de proteção disponíveis e como utilizá-los corretamente;
Indicar os conhecimentos relativos à administração do banho;
Utilizar os procedimentos a realizar para administrar banhos terapêuticos (em caso de doenças de pele);
Executar o corte de unhas de um cão ou de um gato.
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1. Manipulação e Contenção de Cães e Gatos 1.1. Introdução A manipulação e contenção de animais de companhia podem ser tarefas fáceis, em certos casos, mas podem ser um problema sério em muitos outros casos. Temos de ter sempre em conta que devemos ter mais cuidado durante uma primeira apresentação do animal à tosquia, pois trata-se de um ato estranho e diferente para o animal num ambiente também estranho. Convêm que o animal seja tosquiado sempre pela mesma pessoa e no mesmo local para que este ato se torne numa rotina e que se estabeleça uma empatia entre o tosquiador e o animal. Por vezes a presença do proprietário durante a tosquia é um fator favorável, em outras ocasiões pode ser um fator desfavorável. Portanto cabe ao tosquiador estabelecer regras em relação à presença do proprietário na tosquia. Apesar de que a maior parte das pessoas tem alguma experiência neste campo, por interagir diariamente com as suas mascotes, é preciso ter em conta alguns fatores que dificultam a manipulação de animais durante a tosquia.
1.1.1.
Espécie Animal
As formas de manipular cães e gatos são diferentes. Os cães são menos ágeis, mas podem ter mais força, representando por vezes um perigo maior. Por outro lado, normalmente toleram melhor do que os gatos uma manipulação por pessoas estranhas, pois são mais sociáveis. As carícias podem ser um meio de tranquilizar os canídeos, o que por vezes têm um resultado contrário em felinos. Enquanto que para conter os canídeos podem ser necessárias no máximo duas pessoas para manipular
o
animal,
nos
gatos
já
podem
ser
necessárias
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três.
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Os gatos são capazes de executarem inúmeros movimentos para se libertarem, por terem a coluna mais flexível em várias direções. Na sua maior parte são animais solitários, não estando acostumados a muito contacto físico, principalmente com desconhecidos, dos quais normalmente se afastam. São menos sociáveis porque, regra geral, não saem à rua, permanecendo a quase totalidade da sua vida no ambiente restrito da casa. Têm ainda a particularidade de emitir urina e/ou fezes, como instinto de defesa quando se encontram imobilizados e muito nervosos. 1.1.2. Raça do Animal Principalmente em canídeos, a raça influencia em grande parte o seu comportamento perante o maneio durante a tosquia. Por norma os cães de raças de companhia (p.ex. caniche, pequinês, pinscher, yorkshire, shi-tsu) são muito agitados, mimados, medrosos e por vezes histéricos; significando um dos seus maiores problemas em termos de contenção. Para além disso, as suas reduzidas dimensões também dificultam esta tarefa, pois escapam-se ou viram-se para morder com facilidade.
Fig. 1: Yorkshire Terrier
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Nas raças médias e grandes, podem-se distinguir os cães de caça, que frequentemente permanecem estáticos, obedecendo ao proprietário, não representando grande problema. No caso dos cães de guarda (por ex. Pastor Alemão, Rottweiller, Pitt bull, etc.), nem sempre é previsível a sua reação, podendo ser afáveis ou obedientes, ou por outro lado, desconfiados e agressivos. Apesar da sua grande força, têm a vantagem de não ter muita agilidade, permitindo a contenção ser feita por várias pessoas. Nos gatos, Persas e Bosques da Noruega, são normalmente pacíficos e permissivos no que diz respeito ao seu maneio. Ao contrário, alguns Siameses e Europeus, podem se transformar (com o seu pânico típico) num verdadeiro problema, tendo que se recorrer à sua tranquilização, frequentemente. Apesar do exposto, qualquer raça tem exceções a todos os níveis, incluindo o comportamental. Mais ainda, há que ter em conta as experiências do animal: se é muito mimado, ou desprezado; se foi sociabilizado ou se está confinado a um ambiente restrito; se está habituado ao maneio; se está educado a interagir com os donos, ou se pelo contrário, não os respeita, agredindo-os até.
1.1.3. Stress Quase 100% dos animais que estão numa ambiente estranho, nomeadamente numa sala de tosquia, encontram-se num grande estado de ansiedade. Para facilitar o trabalho devemos partir do princípio que o animal está em ansiedade e agir respeitando e tentando minimizar este estado. É também muito importante deixar que os animais farejem as pessoas e o ambiente (familiarizando-se), antes de lhes mexer. Esta aproximação pode ser reforçada por tratá-los pelo seu nome, com palavras meigas e carícias, tornando as tosquias, de certo modo mais agradáveis. Obviamente, bastantes animais (principalmente os cães muito sociáveis), habituamse a estes ambientes e não sofrem tanto stress, fazendo com que a tosquia, seja regular.
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1.1.4. Presença do Proprietário A presença dos proprietários aquando da manipulação dos animais pode ser vantajosa ou, pelo contrário um obstáculo a esta tarefa. Quando os animais são dominantes em relação aos seus donos, a sua presença, fá-los sentir apoiados, piorando o seu comportamento (com agitação intensa, tentativas de subirem para o colo, mordidelas, etc.). Mas quando são obedientes, ou medrosos (como a maior parte dos gatos), a presença dos proprietários pode ser a única forma de colaborarem com a tosquia. Em relação aos próprios donos, quando estão muito nervosos, podem influenciar o animal (e até o pessoal clínico) por não se acalmarem; situação em que podem ser convidados a sair da sala (o que por vezes até preferem).
1.2. Métodos de contenção A tosquia dos animais costuma-se fazer sobre uma mesa de tosquia com tampo antiderrapante para que a contenção do animal seja conseguida. Por vezes quando os cães têm grandes dimensões, a tosquia pode ser realizada no chão. A contenção pode ter várias intensidades, consoante o trabalho a realizar e o temperamento do animal. Utilizando as técnicas corretas de contenção, pode-se reduzir o número de pessoas necessárias para conter o animal. É muito complicado coordenar a contenção de um animal quando esta é feita por várias pessoas, pois cada um exerce força em direções diferentes. Cabe portanto ao técnico/a determinar quantas pessoas (e quais) necessita para conter o animal. Alguns técnicos preferem conter o animal sozinhos, pois conseguem determinar melhor quais as técnicas a aplicarem para conter o animal. De seguida vamos descrever algumas posições em que podemos colocar o animal para conseguir realizar a tosquia nas diferentes regiões do corpo do animal:
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1.2.1. Em estação (em pé) Normalmente quando iniciamos o trabalho, esta é a primeira posição em que devemos colocar o animal. Por vezes o animal pode tentar sentar-se ou mover-se. Para evitar que o animal se sente devemos tentar colocar um dos braços por baixo do abdómen, tracionando-o para cima como um gancho, evitando que se sente ou deite. Em cães grandes ou muito irrequietos, outra forma de contenção em estação é “cavalgando-o” no solo, imobilizando-o entre as pernas da pessoa, pela zona abdominal. Pode-se complementar esta técnica, segurando o animal pelo pescoço, agarrando numa coleira ou por uma prega de pele. Em animais muito obedientes, por vezes com uma ordem para que se mantenha em pé pode ser o suficiente.
1.2.2. Sentado É frequente que os cães se sentem instintivamente, ou o façam, perante uma ordem. Quando isto não acontece temos de forçar o animal a fazê-lo, para isso é aconselhável que ao mesmo tempo que se traciona o pescoço para cima (com coleira o prega de pele), com a outra mão se empurre o quarto posterior em direção ao solo.
1.2.3. Decúbito A posição de decúbito (ou deitado) pode ser lateral, dorsal ou ventral. Para colocar um animal em decúbito lateral a partir da posição de estação, passam-se ambos os membros por cima do tronco, indo apanhar com uma mão ambas as extremidades anteriores e com a outra, ambas as extremidades posteriores do animal.
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Devemos agora levantar as quatro extremidades do animal ao mesmo tempo, provocando-lhe uma queda suave contra a pessoa que está a proceder à contenção, permitindo-lhe assim amparar a sua zona ventral com o peito. Para o manter nesta posição, não se podem soltar as extremidades do animal, mantendo-se o braço que segura os membros posteriores a pressionar o abdómen e o braço dos membros anteriores contendo o pescoço, dobrando o cotovelo na direção do focinho. Tanto para o deitar como para o conter necessitamos no mínimo de duas pessoas. (tosquiador e outra). Em alguns animais, é frequente que ao perderem o contacto das extremidades com o “solo”, comecem a tentar desesperadamente soltar-se. Para colocar o animal em decúbito ventral deve partir-se da posição de sentado, “fazendo uma rasteira” aos seus membros anteriores, nunca afrouxando a pressão no seu quarto posterior, para que não se erga. O decúbito dorsal é uma das posições mais desconfortáveis para o animal, de modo que se deve adotá-la apenas quando é necessário e durante o mais curto espaço de tempo possível. Para o fazer parte-se da posição de decúbito lateral, rodando o animal sobre o dorso, ao afastar os membros anterior e posterior que estão mais afastados da mesa. Para manter o animal nesta posição é necessário o auxílio de uma pessoa.
1.3. Acessórios Para Contenção de Animais 1.3.1. Açaimes Existem no mercado vários tipos de açaimes, feitos de vários materiais: • Tecido sintético ou cabedal, apesar de maleáveis, são justos ao focinho, não permitindo algum movimento de abertura da boca. • Plástico semirrígido, apesar de impedirem o animal de morder, permitem certos movimentos, inclusive beber água, podendo ser usados por várias horas. São de mais fácil e segura colocação, por serem rígidos.
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Fig. 2: Açaime sintético
Sempre que houver suspeita de um animal morder, nunca se deve hesitar na sua utilização, mas se há forma de evitar, o açaime pode ser dispensável, evitando-se o agravamento da ansiedade do animal. Este tipo de imobilização pode ser muito difícil ou mesmo impossível nas raças braquicefálicas (com a cabeça curta e o focinho muito reduzido: Boxer, Bulldog, Pequinês, etc.), assim como na totalidade dos gatos. Quando se opta pela colocação do açaime, pode-se convidar o proprietário a fazê-lo ou, pelo menos, a conter o animal durante esta tarefa. Quando não é o tosquiador a colocar o açaime no animal, este deve sempre certificar-se que está corretamente colocado. Para a sua colocação, o ideal é aproximarmo-nos por trás do animal, beneficiando do fator surpresa. Segura-se o açaime na posição em que vai ser aplicado e a colocação é rápida e decidida, puxando-se automaticamente as duas pontas da fivela no sentido caudal.
1.3.2. Laço Se não se dispõe de um açaime do tamanho indicado, pode improvisar-se um, com uma tira de ligadura ou tecido (p.ex. cinto de avental ou bata), o que se chama de laço. Quando o animal é muito agressivo pode-se usar em conjunto com um açaime comercial para maior segurança. Este tipo de imobilização da boca pode-se colocar sem necessidade de aproximar demasiado as mãos ao animal, minimizando o risco de mordedura.
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Para construção do laço: [I] Faz-se uma laçada ampla com um nó simples na qual caiba folgadamente o focinho do animal. [II] Com o nó da laçada para cima, e segurando nas duas pontas da tira, faz-se passar o laço pelo focinho, até à parte mais caudal possível (fig.24) e, uma vez ali, rapidamente se fecha o nó, puxando pelas duas pontas, até ficar bem apertado. [III] Assim que o nó está bem apertado, cruzam-se as extremidades do laço por baixo da mandíbula (fig.2). [IV] Após o cruzamento, as extremidades são agora dirigidas para a nuca do animal (passando por baixo das orelhas), onde se realiza um nó simples e uma laçada, com pontas compridas (fig.2). [V] Quando se tiverem realizado a tosquia, coloca-se o animal no chão, com a coleira e trela. Só depois se puxa, com um movimento firme, por uma das pontas da laçada, que se desfaz imediatamente.
Fig. 3: Construção de um laço
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1.3.3. Luvas Feitas em cabedal ou borracha espessa, também podem ser obtidas em locais de comércio de jardinagem ou acessórios de automóvel. São muito úteis, principalmente na contenção de gatos agressivos, pois evitam mordidelas e arranhadelas profundas. Têm o inconveniente de diminuírem a sensibilidade das mãos, para procedimentos mais delicados.
1.3.4. Trela/Coleira A trela/coleira torna-se um instrumento muito útil pois ajuda o animal a manter-se no mesmo local (imobilização), sem ajuda de uma segunda pessoa. • Com base rígida, fixa à mesa de tosquia – Este utensílio têm um braço regulável que se adapta à altura do animal que pretendemos imobilizar. • De ventosa, fixa à parede – Para colocar esta trela necessitamos de ter azulejos na parede para conseguir que a ventosa fique bem fixa à parede. Podemos com este acessório imobilizar o animal dentro da banheira, desde que esta esteja ao lado de uma parede.
1.4. Tranquilização Deve ser um recurso apenas utilizado em determinadas situações: • Se a condição clínica do animal o permite; • Se o nervosismo ou agressividade do animal impossibilitam o ato da tosquia; • Se os procedimentos a efetuar requerem imobilidade; • Se os procedimentos a efetuar provocam alguma dor ou incómodo; • Se já se tentou os outros recursos.
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É importante ter sempre presente que ao administrar fármacos desta natureza a um animal, se lhe provoca alteração do estado de consciência, com os riscos que isso importa. Podem ser administrados por injeção, ou por comprimido. Estes apenas devem ser facultados com ordem expressa de um médico veterinário.
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2.
O Banho
O banho tem como função principal a limpeza do animal, eliminando substâncias que não saem com a escovagem, gorduras e cheiros desagradáveis, o que permite o pelo ficar totalmente desimpedido e solto. Elimina também a maior parte dos parasitas, no momento, preparando o animal para um posterior tratamento antiparasitário. Assim como com a escovagem, quando tomam banho, os cães sentem-se normalmente melhor, por reflexo à satisfação dos seus donos (que até acariciam mais o animal, quando está limpo). Por outro lado o banho pode ser terapêutico, pois muitos processos patológicos da pele requerem tratamento tópico geral, com champôs medicamentosos (como por ex.: acaricidas, antiseborreicos ou anti-sépticos).
Nos cães, como rotina, é recomendável um banho mensal ou, no máximo, quinzenal. Como é óbvio, esta rotina será alterada em situações em que o animal se suje bastante e seja necessário lavá-lo com urgência (por ex.: em fezes, debaixo de carros, fêmeas em estro...). É muito importante instruir os clientes para que sempre que levem o animal à água salgada do mar, passem o animal por água doce quando regressam da praia. O excesso de sal, além de secar a pele e pelo do animal, pode causar-lhe desidratação séria.
A rotina do banho será também alterada nas duas semanas após uma vacina e sempre que haja recomendação do Médico veterinário (quando é indicado ou contra-indicado para certas patologias). Em gatos a rotina do banho é muito variável, dependendo da vontade dos proprietários e do próprio animal. Como os gatos fazem a sua própria higiene pessoal que, de um modo geral é muito
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competente, torna-se menos necessário o banho. O normal é que se mantenham vários meses (por vezes anos), sem serem lavados, salvo exceções em que a sua auto-limpeza não é suficiente: gatos de pelo muito longo, gatos que vão à rua ou que fogem, gatos muito velhos ou novos, gatos doentes ou que necessitam de banhos terapêuticos.
2.1. Preparação do banho 2.1.1. Champôs No mercado existe uma grande variedade de produtos para lavar o pelo dos animais. Nem sempre os mais acessíveis são os mais recomendáveis, pois normalmente têm substâncias irritantes (ex.: perfume). Muitas vezes só os produtos vendidos em clínicas ou lojas especializadas têm controlo de qualidade. O ideal é que os donos dos animais se aconselhem com o pessoal clínico ou em centros de estética. Os champôs podem dividir-se em dois grupos, champôs de uso normal e champôs de tratamento. Champôs de uso normal, são os que se utilizam rotineiramente, salvo ordem contrária do veterinário. Podem ser comprados em vários locais, desde os supermercados até às clínicas veterinárias. Têm, portanto, grande variação de qualidade, sendo aconselhável optar pelos de pH neutro, e sem grande adição de substâncias perfumantes ou outras. Alguns champôs de uso regular têm agentes desembaraçantes, sendo indicados para animais de pelo longo e fino, outros ainda têm agentes amaciadores, melhorando a textura de pelos rijos e para os de pelo curto, normalmente só contêm detergente. Como tal, é aconselhável usar o mais indicado produto para o tipo de pelo do animal em questão.
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2.1.2. Champôs de Tratamento Os Champôs de tratamento só devem ser utilizados por conselho médicoveterinário, pois normalmente são indicados para patologias de pele e de pelo. Dentro destes existem os champôs antiparasitários, adicionados de fármacos inseticidas ou acaricidas, que são utilizados no tratamento e prevenção de infestações por ectoparasitas (pulgas, carraças, ácaros da sarna, etc.). Alguns destes champôs e loções encontram-se à disposição em supermercados e lojas não especializadas, podendo prejudicar a saúde do animal (por falta de aconselhamento dos donos). Excecionalmente, no caso de champôs anti pulgas ou carraças, os auxiliares de cada centro de atendimento, são formados para vender e aconselhar os clientes, sem recorrer ao veterinário. Existem ainda, consoante a patologia, champôs antissépticos, antifúngicos, anti seborreicos, antipruriginosos, emolientes ou hidratantes. Qualquer medicamento só deve ser adquirido em clínicas ou locais especializados para a sua venda, e os champôs farmacológicos não são exceção. É frequente que os clientes tentem comprar champôs de tratamento que tenham sido utilizados noutras alturas pelos seus ou outros animais (de familiares e conhecidos), pensando que o problema é semelhante. Por esta razão, o auxiliar deve sempre consultar a ficha clínica do animal ou aconselhar-se com o clínico de serviço, acerca do champô em questão.
2.1.3. Banheiras para animais Normalmente são semelhantes às dos humanos, com algumas adaptações: • São elevadas, o que diminui o risco de fugas. Possibilitam, ao mesmo tempo, a redução do esforço físico do auxiliar ao permitir que trabalhe em pé e alcance com facilidade todas as partes do corpo do animal; • As paredes não são muito rebaixadas, evitando fugas também;
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• O solo deve ser anti deslizante (com as unhas escorregam facilmente); • Estão equipadas com água quente e fria, chuveiro (tipo telefone) e mangueira comprida e flexível; • Têm um gancho ou ponto de fixação para permitir a contenção assistida do animal com trela; • São de limpeza e desinfeção fáceis.
2.1.4. Utensílios de Secagem Convém ter várias toalhas turcas com acesso fácil, para evitar deixar o animal sozinho, o que lhe permitiria sacudir-se (molhando tudo em redor) ou mesmo saltar para o solo (podendo lesionar-se). Também o secador ou expulsador de calor devem estar acessíveis, embora protegidos do contacto direto com água, uma vez que são aparelhos elétricos. Nunca ligar qualquer aparelho elétrico sem secar completamente as mãos.
2.1.5. Vestuário Para sua proteção, o tosquiador deve colocar o avental ou fato impermeável (principalmente se o animal for nervoso). Deve utilizar sempre mascara, pois a aspiração de pelos pode ser extremamente prejudicial. No caso de ter pele sensível, ou se o banho for terapêutico, aconselham-se também luvas de borracha. De vital importância é o uso de calçado antiderrapante, pois é frequente que o chão fique coberto de água.
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Fig. 4: Vestuário adequado
2.2. Contenção de Cães e Gatos no Banho A contenção dos animais durante o banho deve ser efetiva e segura, tanto para a segurança dos animais como dos auxiliares. A maioria dos cães e gatos tenta fugir da banheira assim que tem uma oportunidade. Nos animais maiores ou mais nervosos, é requerida a presença de duas pessoas, para a contenção e o banho. Se não há total isolamento da sala de banhos ou se o animal tem medo, convém sempre colocar-lhe uma coleira de nylon (que desbota pouco), presa com trela ao outro braço, à outra pessoa, ou à parede da banheira; para evitar grandes movimentos.
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Mas nunca se deve deixar um animal sozinho na banheira, principalmente se estiver preso com trela, pois corre risco de estrangulamento ou outras lesões, ao tentar saltar para o chão. Convém também preparar açaime e/ou laço, ou mesmo colocá-lo antes de levantar o cão para a banheira, se necessário. A colocação de bolinhas de algodão nos pavilhões auditivos para evitar a entrada de água nos condutos pode ter benefícios na contenção, por reduzir os ruídos do chuveiro e secadores, captados pelo animal. Muitos dos gatos e alguns cães, para permitirem o banho e secagem têm que ser tranquilizados pelo veterinário; situação que facilita a sua manipulação, embora requeira maior vigilância do animal. O risco de afogamento em animais inconscientes é grande. Por último, não se deve deixar que o animal suba ou desça da banheira, saltando sozinho. Deve ser sempre colocado por um, ou se necessário mais auxiliares.
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2.3.Procedimento Para o Banho A pessoa que vai executar o banho deve realizar os seguintes procedimentos:
Avaliar o temperamento do animal e planear a sua contenção (chamar ajuda, colocar açaime ou se necessário pedir para tranquilizar o animal).
Preparar todos os elementos necessários, assim como a zona do banho.
Vestir a roupa indicada para o banho.
Transportar o animal para a sala de banhos e colocá-lo na banheira, pedindo ajuda para este passo, se necessário.
Conter o animal e colocar bolinhas de algodão nos ouvidos e abrir a água e consoante o seu nervosismo, temperando-a antes de o molhar.
Começar a molhar o animal com o chuveiro, suavemente (para que não se assuste), inicialmente pelo corpo, deixando a cabeça mais para o final.
Espalhar o champô, massajando-o por todo o corpo, exceto por zonas delicadas como a cara, a vulva ou prepúcio. Depois de ensaboar todo o corpo, esperar o tempo recomendado para o champô em questão.
Seguindo a direção crânio-caudal e dorsoventral, enxaguar todo o corpo, com a água morna novamente, ajudando a eliminação do champô com a mão livre.
Repetir o processo uma ou duas vezes, dependendo da sujidade do animal (verificada na cor da água que escorre).
Enxugar o animal, primeiramente com as mãos (escorrendo suavemente) e depois esfregando-o com toalhas turcas, até eliminar quase toda a água visível.
Retirar o animal da banheira com cuidado. Se necessário acabar a secagem com toalhas, já fora da banheira.
A secagem com secador elétrico deve ser efetuada, sempre que o animal o permitir, mesmo em clima quente. Para tal a contenção é também vital e deixar as bolas de algodão nos ouvidos, pode ser útil para minimizar os
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efeitos sonoros. A secagem deve dirigir-se em sentido crânio-caudal e dorsoventral, com escovagem simultânea, para separar a pelagem. Nunca direcionar o ar diretamente para a face, usar um ângulo menor que 90º e comprovar frequentemente a temperatura do secador.
Transportar o animal para local livre de correntes de ar.
Registar o banho e o tipo de champô.
Fig. 5: O banho
2.4. Corte de Unhas Em grande parte dos cães, o corte de unhas é desnecessário, pois sofrem desgaste natural, com a atividade diária do animal. De qualquer forma, as unhas dos esporões, como não contactam com o solo, merecem especial atenção. Estas necessitam corte mais frequente, pois se crescem demasiado, enterram-se na pele e provocam lesões muito dolorosas.
Há muitos casos em que as unhas não se desgastam e/ou crescem demasiado, impedindo o animal de se locomover corretamente, por falta de apoio das almofadinhas plantares:
Raças com pouco peso, não permitem o desgaste das unhas, por falta de pressão no solo.
Cães que se exercitam pouco ou nada, ficando sempre em casa.
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Cães que só passeiam em terrenos brandos, como relvado ou areia.
Animais com patologias que impeçam ou diminuam o apoio de uma ou várias extremidades.
Animais com patologias que aumentam o ritmo de crescimento das unhas.
Lactentes no ninho, pois têm um ritmo de crescimento de unhas muito elevado e quase não andam. Portanto aos cachorros e gatinhos devem cortar-se as unhas semanalmente, para evitar que arranhem as glândulas mamárias da mãe ao mamarem.
Estes animais, assim como os gatos, têm o inconveniente de arranharem as pessoas (principalmente as crianças, nas suas brincadeiras), requerendo cortes de unhas regulares.
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2.4.1. Material necessário Os corta-unhas têm que ser específicos para animais, pois as unhas destes têm secção circular, ao contrário das humanas que são planas. Estes alicates ou tesouras necessitam de ser limpos e afiados com regularidade, para não quebrar as unhas aos animais. Deve usar-se sempre o tamanho adequado de corta-unhas, consoante a dimensão do animal; pois os alicates grandes podem lesionar os dedos dos gatos ou cães pequenos e os alicates pequenos podem danificar-se quando usados em cães grandes.
Como há risco de corte dos vasos sanguíneos interiores à unha, deve dispor-se de nitrato de prata ou outro coagulante, ou ainda, algodão com água oxigenada.
Fig. 6: Corte do esporão
2.4.2. Procedimento do corte de unhas O processo do corte de unhas, apesar de ser normalmente indolor, é rejeitado por muitos cães e gatos. Este medo pode ter origem em algum corte anterior doloroso com sangramento; em alguma unha que infetou, causando lesão e dor, anteriormente; ou só simplesmente pela força e impressão que efetua o alicate tão perto da pele do animal.
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É importante ter a noção de que em animais com grande crescimento de unhas e/ou cortes pouco frequentes, a zona cutânea interior (com vasos e nervos) também é mais desenvolvida, o que dificulta o cálculo da zona de corte. Como tal, muitas vezes é necessário imobilizar o animal, para este procedimento, que deve ser rápido e decidido. Depois de conter o animal, segura-se firmemente a extremidade, comprimindo os dedos do animal, o que expõe totalmente as respetivas unhas. Observa-se cuidadosamente ambos os lados da unha, tentando visualizar os vasos internos, o que não é possível nas unhas opacas (negras). Nas unhas transparentes, efetua-se o corte rápido e firme, 2 a 3 mm distalmente à zona de vasos sanguíneos. Nas unhas opacas, tenta-se calcular a zona de corte, e um dos métodos é só cortar a parte mais delgada da unha, sendo outro o de efetuar pequenos cortes desde a extremidade e ir observando. Muitas vezes só com a prática, se consegue efetuar um corte certo, sem tentativas. O procedimento deve ser repetido em todas as unhas, não esquecendo as dos esporões, que podem passar despercebidas, sobretudo nos cães de pelo longo. No final é aconselhável recompensar o animal.
Fig. 7: Esquema do corte da unha
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Referências Bibliográficas:
Veterplank, M. (2004). U.S.A.: White Dog Enterprises. Notes from the grooming table. An all-breed grooming guide for the professional pet stylist. ISBN-13: 9780975412800
Esteban, N. A. (2006) Espanha: Artero Cuchilleria, S.A. Artero Encyclopedia of Dog grooming. ISBN: 9788461107940
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AUTOAVALIACAO MODULO 2 1- A tosquia é um ato estranho e diferente para o animal, logo: a) Os donos devem assistir a tosquia b) Os donos não devem assistir a tosquia c) O tosquiador é que decide se o dono pode ou não assistir à tosquia d) Os donos é que decidem se devem ou não assistir à tosquia
2- Quando um gato emite urina e/ou fezes, demonstra que: a) Está contente e tranquilo b) Está apenas nervoso c) É um ato de defesa quando se encontra imobilizado e nervoso d) Nenhuma das afirmações anteriores está correta.
3- Qual a raça, que devido ao seu temperamento agitado, mimado, e por vezes histérico, é difícil na sua contenção? a) Raças de porte médio e grande b) Raças de cães de companhia c) Raças de cães de guarda d) Todas as afirmações anteriores estão corretas
4- Quais as raças, que permanecem estáticas ao comando, obedecendo ao proprietário? a) Raças de porte medio e grande b) Raças de cães de companhia c) Raças de cães de guarda d) Todas as afirmações anteriores estão corretas
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5- Quais as raças, que nem sempre são previsíveis, podendo ser afáveis ou obedientes, mas por outro lado, desconfiadas e agressivas? a) Raças médias e grandes b) Raças de cães de companhia c) Raças de cães de guarda d) Raças de cães miniatura
6- Qual é o procedimento que deve ser adotado para por um cão em decúbito ventral: a) Agarrar as 4 patas do animal e provocar-lhe uma queda suave sobre a zona ventral da pessoa que está a fazer a contenção b) Colocar o animal inicialmente na posição sentada, puxando os seus membros anteriores, fazendo sempre pressão no seu quarto posterior, para que não se erga. c) Dar o comando sentar. Todos os cães obedecem a este comando d) Nenhuma das afirmações anteriores esta correta
7- Em qual das seguintes raças de canídeos o açaime é pouco utilizado? a) Caniche b) Rottweiller c) Pequines d) Pastor alemão
8- O laço serve para: a) Quando não se tem um açaime do tamanho indicado para o animal b) Quando o animal é muito agressivo para utilizar juntamente com o açaime c) Para poder aproximar as mãos do animal. d) Todas as afirmações anteriores estão corretas
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9- Deve usar-se tranquilizantes: a) Se a condição clínica do animal o permitir b) Se o nervosismo ou a agressividade do animal não permitirem o ato da tosquia c) Se os procedimentos a efetuar requererem imobilidade d) Todas as afirmações anteriores estão corretas.
10- Assinale a afirmação correta em relação à característica que uma banheira para administrar banho os animais deve ter: a) Deve ser baixa para que o cão possa sair dela com grande facilidade b) O solo deve ser anti-deslizante c) Deve estar equipada somente com agua fria d) A mangueira deve ser curta, para não se embaraçar
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CORREÇÂO DA AUTOAVALIAÇÃO MÓDULO 2 1- C 2- C 3- B 4- A 5- C 6- B 7- C 8- D 9- D 10- B
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