PRIMEIROS SOCORROS PEDIÁTRICOS MÓDULO IV
FRATURAS SESSÃO II www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. IV: Fraturas
ÍNDICE
Módulo IV Fraturas
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Objetivos Pedagógicos
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Conteúdos Programáticos
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1. Introdução – Aparelho Locomotor
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2. Classificação de Fraturas
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3.
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Primeiro Socorro
4. Imobilizações
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Síntese Conclusiva
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Bibliografia
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Módulo IV Fraturas
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
No final deste módulo deverá ser capaz de:
Identificar as lesões que podem ocorrer no aparelho locomotor; Descrever os principais tipos de fraturas; Reconhecer a sintomatologia de uma fratura Aplicar o primeiro socorro de acordo com a mesma; Listar os princípios gerais da imobilização de uma fratura: Executar a imobilização adequada a cada fratura:
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
• Introdução ao Aparelho Locomotor; • Classificação das fraturas; • Primeiro socorro; • Imobilizações;
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1. INTRODUÇÃO – APARELHO LOCOMOTOR
O tecido ósseo, como outros tecidos, apresenta um processo de maturação que se estende desde as primeiras semanas da vida embrionária até à idade adulta. Paralelamente à maturação do esqueleto, a densidade mineral óssea (massa óssea) do esqueleto, como um todo, aumenta durante o desenvolvimento da criança. Este processo de ganho de massa óssea desenvolve-se desde o nascimento até atingir um pico máximo ao final da adolescência ou início da vida adulta, ao término da maturação esquelética. Enquanto o esqueleto de um indivíduo adulto é formado, geralmente, por 206 ossos, o de um recém-nascido tem cerca de 300, alguns deles unidos apenas por cartilagem. Apesar do bebé já ter o organismo amadurecido para uma vida fora do útero, os ossos ainda precisam de um tempo para estabilizarem o seu número definitivo. Todos sabemos que um bebé nasce com estruturas entre alguns ossos do crânio, chamadas
fontanelas,
chamadas
"moleirinhas"
popularmente que
são
estruturas frágeis que com o passar do tempo
tendem
a
desaparecer
pela
fundição dos ossos. De igual forma, alguns dos primeiros ossos, unem-se formando uns ainda mais fortes. Por exemplo, o osso da cintura pélvica (anca), num indivíduo adulto, é a união de três ossos. Os ossos podem ser classificados em longos (fémur), curtos (ossos da mão) e chatos (ossos do crânio). Todos eles apresentam superfícies que se adaptam umas às outras de diferentes formas, dando origem às chamadas articulações. Estas podem ser móveis (articulação do joelho), semimóveis (articulações das vértebras) e imóveis (articulações do crânio). 4 www.nova-etapa.pt
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Na infância, por exemplo, os ossos longos diferem dos adultos pelo fato de serem mais flexíveis e elásticos, suportando uma flexão maior antes de fraturar. Por isso, principalmente em crianças novas, predominam as fraturas incompletas do tipo "galho verde" (um dos lados do osso sofre distensão, rompendo-se e o outro lado do osso que foi comprimido continua íntegro). Adjacentes aos ossos e inseridos neles existem músculos, estruturas anatómicas que formam a parte ativa do sistema locomotor. Os pontos de inserção dos músculos nos ossos são feitos por feixes de tecido forte e fibroso chamado tendões. As principais funções do esqueleto são de sustentação dos órgãos vitais, mantendo-os nos seus lugares e dando ao corpo uma postura vertical, a proteção de agressões externas aos órgãos vitais, a mobilidade que permite movimentos rápidos e precisos com a ajuda dos músculos e a produção de células sanguíneas na medula óssea que é um tecido esponjoso que se encontra no interior dos ossos longos.
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1. CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS CONCEITO Fratura é a solução de continuidade, parcial ou total, de um osso, o que implica uma alteração da sua estrutura e resistência ao esforço, podendo ainda perder a sua forma habitual.
Nomenclatura do local de fratura
FOCO DE FRATURA TRAÇO DE FRATURA
TOPOS ÓSSEOS ESQUÍROLAS ÓSSEAS
Foco de fratura – O local onde o osso fratura Traço de fratura – Linha de fratura Topos ósseos – as extremidades do osso quando este parte em dois Esquírolas ósseas – fragmentos de osso sitos no local ou foco de fratura
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Podemos distinguir vários tipos de fraturas consoante determinados parâmetros, por exemplo, de acordo com o grau de rotura do osso, é possível diferenciar as fraturas completas e as incompletas. Fala-se de fratura completa quando o osso parte em dois ou mais fragmentos, que podem permanecer próximos uns dos outros ou, como acontece na maioria dos casos, espalharem-se devido à própria força do impacto ou devido à tração exercida pelos músculos unidos aos ossos. A fratura incompleta designa a perda parcial da continuidade do osso ou a existência de uma fenda que atravessa todo o osso, apesar de os fragmentos não se encontrarem totalmente separados. O tipo mais característico é a fratura em ramo verde, mais frequente nos ossos longos dos bebés e crianças jovens, muito flexíveis, já que a produção de um impacto muito intenso origina um exagerado dobrar do osso, propiciando a fratura do lado mais curvado enquanto o outro lado permanece ileso.
Forma de apresentação
Fratura Fechada – Quando não existe ferida no foco de fratura, mantendo-se a pele íntegra.
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Fratura Aberta/Exposta – Sempre que há ferida associada ao foco de fratura, isto é, existe lesão cutânea com visualização do foco de fratura.
2. PRIMEIRO SOCORRO Sinais e sintomas
Dor;
Edema;
Deformação;
Encurtamento ósseo;
Impotência funcional ou perda de função;
Mobilidade anormal;
Crepitação óssea.
Nota: A crepitação e a mobilidade anormal nunca devem ser pesquisadas pelo socorrista
As maiores complicações de uma fratura são a hemorragia e a infeção, esta última, nas fraturas expostas. 8 www.nova-etapa.pt
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PRIMEIRO SOCORRO Instalar a criança numa posição adequada e com o maior conforto possível, evitando movimento desnecessário de forma a diminuir a dor provocada pela lesão; Expor o local de fratura, cortando a roupa, se necessário; Retirar anéis e pulseiras para evitar o seu corte mais tarde devido ao inchaço; Se presente hemorragia externa, controlar através do método compressão manual direta, devendo ser executada nos tecidos adjacentes ao foco de fratura e nunca diretamente neste; Numa fratura exposta, lidar com os topos ósseos visíveis como se fossem corpos estranhos encravados, protegendo-os por exemplo com uma rodilha; Proceder à imobilização.
3. IMOBILIZAÇÕES Uma criança com um osso fraturado deve permanecer imóvel, exceto em casos de perigo iminente. No pré-hospitalar, os cuidados de emergência passam pela imobilização provisória, a qual deve ser o mais correta possível não esquecendo que os cuidados a ter com a imobilização deverão centrar-se em:
Manter o membro na posição original;
Não fazer qualquer tração ou redução da fratura;
Imobilizar as articulações acima e abaixo do local de fratura;
As talas ou outro material improvisado devem conferir conforto à vítima;
Não fazer compressão sobre o membro, evitando o compromisso da circulação local. 9 www.nova-etapa.pt
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A imobilização de uma fratura, regra geral, faz-se com talas, no entanto, na ausência destas, o socorrista pode improvisar, recorrendo a diferentes materiais, sendo certo que uma fratura não imobilizada, conduz a perdas hemorrágicas maiores, assim como intensifica a dor pelo roçar dos topos ósseos nos tecidos e uns nos outros.
Neste sentido, apresentam-se alguns exemplos de imobilizações improvisadas.
Imobilização de um braço (úmero) fraturado
Se o braço fletir com facilidade, cruze-o sobre o tórax e coloque um chumaço (por exemplo uma toalha) entre a zona da fratura e o corpo da criança. Não dobre o braço à força. Coloque o braço numa ligadura de suporte (écharpe) para o manter imobilizado.
Imobilização de um braço (úmero) que não dobra
Deite a criança na posição mais confortável. Coloque um chumaço entre a lesão e o corpo da vítima e ligue o braço em extensão ao corpo com três ligaduras ou panos largos, evitando a zona da fratura e não apertando demasiado para não interferir com a dinâmica respiratória.
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Imobilização de um antebraço (cúbito, rádio) fraturado
1. Sente a criança numa cadeira e dobre um jornal ou revista e coloque-o ao longo do antebraço. Peça à criança que segure a tala improvisada e fixe o jornal com duas ligaduras, uma no topo e outra na base do jornal, respeitando desta forma a imobilização das articulações acima e abaixo. Coloque o braço numa ligadura de suporte (ex. écharpe) suspendendo o membro.
2. Dê um nó no vértice de uma segunda écharpe, encaixando-a na zona do ombro. As duas pontas da écharpe deverão ser atadas uma à outra (uma passando pela frente do tórax da criança e outra passando pelas costas. Em seguida, com uma faixa de tecido largo ou uma ligadura, ate-a, devendo passar em volta do braço e do tórax.
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Imobilização de um dedo fraturado
Imobilize um dedo fraturado, amarrando-o bem ao dedo adjacente com tiras de adesivo.
Imobilização de uma perna (tíbia, peróneo) fraturada
1. É possível improvisar uma tala com um cobertor. Enrole o cobertor no sentido do comprimento e o mais apertado possível. Coloque uma das extremidades entre as pernas e passe o cobertor enrolado por baixo do pé da perna fraturada encostando-o ao longo do lado exterior da perna.
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2. Ate os pés e tornozelos com uma ligadura em 8 e dê o nó do lado da perna ilesa.
3. Ate um pano largo em volta dos tornozelos da criança e dê o nó do lado da perna sã. 4. Coloque uma segunda ligadura acima da zona da fratura, por forma as que as articulações fiquem imobilizadas antes e depois do foco de fratura.
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CUIDADOS PÓS HOSPITAL
Geralmente no hospital, as fraturas são imobilizadas com tala de gesso, gesso circular, gesso sintético ou aparelhos. Em crianças não há a preocupação de evitar uma imobilização mais intensa ou demorada, pois sua recuperação é rápida e dificilmente ocorre perda do movimento da junta pela imobilização. Por outro lado, é importante que o osso tenha adquirido uma resistência próxima ao normal, para que um novo traumatismo não cause fratura no mesmo lugar. A imobilização e a medicação controlam a dor, mantendo-a num nível confortável para a criança.
Após o regresso a casa e enquanto a criança manter o gesso, deve-se procurar ajuda médica em caso de: Dor intensa, acima do normal, progressiva, sem resposta ao uso de analgésico; Inchaço dos dedos; Palidez dos dedos ou extremidades roxas ou dedos frios; Formigamento ou alteração de sensibilidade.
Esses sintomas indicam que pode existir uma compressão capaz de lesionar nervos e músculos, que, se não for tratada prontamente, pode deixar sequelas graves.
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SÍNTESE CONCLUSIVA O esqueleto num recém nascido é constituído por 300 ossos que se vão formando até à idade adulta. A probabilidade de uma criança, até aos 16 anos, de sofrer uma fratura é de 42% para os rapazes e de 27% para as raparigas. Estes números demonstram que as fraturas são relativamente comuns em Pediatria. A finalidade do esqueleto é variada: sustentação do corpo, protecção de orgãos vitais, locomoção e produção de células constituintes de sangue.
Dentro das lesões do sistema músculo-esquelético, o socorrista pode deparar-se com fraturas das extremidades – membros superiores e inferiores. Consideramos uma fratura como sendo uma interrupção na continuidade de um osso, podendo ocorrer por trauma direto ou indireto.
A classificação das fracturas dependerá da forma como o osso fraturou e se rompeu a superfície cutânea, assim teremos fraturas fechadas ou fraturas fechadas. Em crianças até aos 8 anos de idade é comum a fratura incompleta, que tipicamente, nestas idades, caracteriza-se por fratura em ramo verde - quebrando de um lado e mantendo-se o outro lado, integro, isto deve-se à maior flexibilidade dos ossos, diferentemente dos adultos.
É extremamente importante determinar se a fratura é aberta ou fechada, sendo fundamental cortar o vestuário. As fraturas abertas são mais graves que as fechadas devido à maior perda sanguínea e por serem contaminadas, conduzindo à infecção.
Face a uma fratura, a finalidade do primeiro socorro deverá centrar-se na imobilização da mesma, resultando na diminuição da dor e da hemorragia, devendo respeitar sempre os princípios que regem uma imobilização, entre os quais, nunca modificar a posição do membro e imobilizando as articulações acima e abaixo do foco de fractura.
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BIBLIOGRAFIA Rockwood C. A. Jr., Wilkins K. E., King R.E., Fraturas em crianças. 3ª Edição. Editora Manole, São Paulo. Capítulo 5.
J. Honório (1990) Grandes Temas da Medicina, Manual de Anatomia Cap. O Aparelho Locomotor. Nova Cultural.
Velloso, M. & Oliveira, A. Paula (2004) Formação Complementar de Socorrismo, Edição Cruz Vermelha Portuguesa. Zin, Walter (1979) Emergency Care and Transportation of the Sick and Injured, American Academy of Orthopaedic Surgeons.
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