AVALIAR E CONTROLAR RISCOS PROFISSIONAIS MÓDULO II
AVALIAÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS SESSÃO 1 www.nova-etapa.pt
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Mód.II: Avaliação de Riscos Profissionais - Sessão1
ÍNDICE IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo II: Avaliação de Riscos Profissionais - Sessão 1
3
Objectivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
Avaliação de Riscos
4
1. Critério de Avaliação de Riscos de Trabalho
6
2. Método de Avaliação de Riscos
11
2.1. Métodos de Avaliação de Riscos Simplificado (MARS)
14
2.2. Método Simplificado Qualitativo
18
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MÓDULO II: AVALIAÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS SESSÃO 1 OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS No final desta sessão deverá ser capaz de: • Definir avaliação de riscos; • Identificar os critérios de avaliação de riscos; • Descrever a classificação em métodos quantitativos e qualitativos de avaliação de riscos; • Distinguir as vantagens e desvantagens dos métodos quantitativos e qualitativos de avaliação de riscos.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • Critérios de avaliação de riscos de trabalho.
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AVALIAÇÃO DE RISCOS A Avaliação de Riscos consiste no exame sistemático de uma instalação (em projecto ou laboração) com o objectivo de identificar os riscos presentes, ocorrências potencialmente perigosas e possíveis consequências, bem como fornecer elementos que fundamentem um processo de decisão sobre a redução de riscos
de
uma
determinada
instalação
industrial.
A Avaliação de Riscos Profissionais procura responder a uma ou mais das seguintes perguntas, relativas a uma determinada instalação: 1. Quais os riscos presentes na instalação e o que pode acontecer? 2. Qual a probabilidade de ocorrência de acidentes devido aos riscos presentes? 3. Quais os efeitos e as consequências destes acidentes? 4. Como poderiam ser eliminados ou reduzidos esses riscos? Para responder à primeira questão, são utilizados diversos métodos qualitativos e quantitativos para a identificação dos eventos indesejáveis. Para a segunda questão, as taxas de falhas de equipamentos e erros humanos (poucos são os dados disponíveis sobre as probabilidades de falha humana) e determinadas técnicas de Fiabilidade com base em bancos de dados de falhas e acidentes, são combinadas com a utilização de distribuições de probabilidades para fornecerem a frequência global de ocorrência do evento indesejável. A terceira questão é satisfeita pela utilização de modelos matemáticos para estimar as consequências de acidentes. As técnicas de controlo de riscos respondem à última questão.
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A Análise de Riscos permitem identificar a origem, natureza e efeitos dos riscos presentes para posteriormente serem concebidas:
Técnicas de eliminação de riscos (prioritária);
Substituição de elementos perigosos, por outros menos perigosos;
Combate dos riscos na origem;
Aplicação de medidas de protecção colectiva;
Aplicação de medidas de protecção individual;
Adaptação ao progresso técnico;
Alterações na informação.
A Agencia Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA) propõe uma abordagem da avaliação de riscos por etapas: 1. Identificação dos perigos e das pessoas em risco Análise dos aspectos do trabalho que podem causar danos e identificação dos trabalhadores que podem estar expostos ao perigo. 2.Avaliação e priorização dos riscos Apreciação dos riscos existentes (gravidade e probabilidade dos potenciais danos…) e classificação desses riscos por ordem de importância. 3. Decisão sobre medidas preventivas Identificação das medidas adequadas para eliminar ou controlar os riscos. 4. Adopção de medidas Aplicação das medidas de prevenção e de protecção através da elaboração de um plano de prioridades. 5. Acompanhamento e revisão A avaliação deve ser revista regularmente para assegurar que se mantenha actualizada.
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CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS DE TRABALHO
A Avaliação de Riscos de trabalho deve ser efectuada considerando cinco critérios: 1. Natureza e perigosidade; 2. Localização; 3. Tempo de exposição; 4. Intensidade; 5. Trabalhadores afectados. 1 – Natureza e Perigosidade Procede-se à caracterização dos riscos relativamente à sua qualidade relacionando-os ao grau de perigo que representam para os trabalhadores ou para a comunidade. Exemplo 1: Num Sistema de Trabalho foi identificado um risco ligado a uma entrada de mercadoria. O trabalhador levanta uma peça de 60 Kg que está a uma altura de 0,30 m do solo e coloca-a em cima de uma bancada com uma altura de 1 m e que se encontra a uma distância de 2 m do local onde estava anteriormente.
Este risco identifica-se como do tipo Sobrecarga Muscular (o peso da carga é excessivo e a postura adoptada incorrecta).
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A avaliação deste risco: A sobrecarga muscular pode provocar rupturas nos vários músculos que são chamados a actuar (das mãos, dos braços, das pernas, dorsais, abdominais, etc.). O grau de perigosidade estabelece-se da seguinte forma: Pode-se, independentemente de eventuais escalas de referência (tais como de 1 a 5; de 1 a 10; de 1 a 20; de 1 a 100; etc.), definir qualitativamente o grau de perigosidade como, por exemplo, muito perigoso, ao ponto de provocar lesões irreversíveis (o caso das hérnias discais).
2 – Localização dos Riscos de Trabalho Localizar o risco de trabalho consiste na determinação da amplitude do risco em termos de espaço físico. No Exemplo 1, o risco de sobrecarga muscular estava limitado a um posto de trabalho, mas podem identificar-se riscos que cobrem a quase totalidade do ambiente de trabalho. Vejamos o exemplo seguinte:
Exemplo 2 Um guindaste utilizado na construção de um prédio ocasiona vários riscos do tipo Factores de Insegurança (impacto, esmagamento, etc.), ao movimentar vários tipos de carga, que abrangem toda a área coberta pelo seu braço.
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3 – Trabalhadores Afectados Neste critério de avaliação dos riscos determina-se com exactidão o tipo e número de trabalhadores e outras pessoas, sujeitos a cada risco identificado. Assim, e utilizando os dois exemplos anteriores, no Exemplo 1 tínhamos um único trabalhador, enquanto no Exemplo 2, encontram-se afectados todos os trabalhadores e outras pessoas que operam ou se movimentam no espaço em que se localiza o risco. Vejamos outro exemplo: Exemplo 3 Na tarefa de pulverizar uma vinha com pesticidas, um dos vários riscos identificados foi do tipo Contaminantes Químicos. Os trabalhadores submetidos a este risco são aqueles que operam com os pulverizadores e aqueles que, durante esta operação, trabalham noutras tarefas num raio variável de dispersão do químico, que é influenciado pelo vento, temperatura e características específicas dos pesticidas aplicados.
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CURIOSIDADE Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho todos os anos morrem na UE mais de 140 mil pessoas devido a doenças profissionais e cerca de 9000 por acidentes de trabalho. Um terço destas 150 mil mortes pode ser atribuído a substâncias perigosas no local de trabalho e, em particular, ao amianto. OSHA
4 – Tempo de Exposição Este critério de avaliação determina o tempo durante o qual o trabalhador, ou trabalhadores, estão expostos a cada risco previamente identificado. Exemplo 1: O tempo de exposição corresponde ao que é despendido pelo trabalhador, em esforço muscular, para o transporte da peça até à bancada, multiplicado pelo número de vezes que realiza esse esforço em cada jornada de trabalho. Exemplo 2: O tempo de exposição dos trabalhadores ao risco identificado é composto pelo somatório dos tempos de operação da grua durante o dia de trabalho. Exemplo 3: Consideram-se outros factores como o tempo de permanência das partículas de pesticida em suspensão no ar. Neste caso, pode afirmar-se que o risco persiste para além do termo da tarefa, podendo permanecer por várias horas, ou mesmo dias, após a sua conclusão. Num ponto extremo, temos os riscos de contaminação física do ambiente por produtos radioactivos, cuja duração pode ser de séculos ou mesmo milénios. 5 – Intensidade O último dos cinco critérios de avaliação dos riscos de trabalho consiste na determinação, cálculo ou medição, do nível de intensidade com que cada risco ocorre. Voltamos a olhar para os exemplos já apresentados:
Exemplo 1: A intensidade do risco corresponde ao peso (60 kg) da peça a suportar; 9 www.nova-etapa.pt
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Exemplo 2: A intensidade dos riscos de impacto ou de esmagamento pela movimentação de cargas pela grua corresponde à capacidade disponível da grua em termos de peso das cargas movimentáveis; Exemplo 3: A intensidade corresponde à densidade mais elevada que o pesticida pode apresentar em suspensão no ar, isto é, logo após a sua aplicação. Outras determinações, Exemplo 4:
Exemplo 4 A intensidade do ruído em determinado local é medida por sonómetros, a intensidade da luz por luxímetros, a temperatura por termómetros, a humidade por higrómetros.
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2. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE RISCOS
A legislação comunitária mais importante em matéria de avaliação de riscos é a Directiva-Quadro 89/391. Esta Directiva foi transposta para a legislação nacional através do Decreto-Lei n.º 441/91, de 14/11, alterado pelo Decreto-Lei n.º 133/99, de 21/04.
Existem vários instrumentos e metodologias de avaliação de riscos disponíveis para ajudar as empresas e as organizações a avaliarem os riscos. A escolha do método a utilizar dependerá das condições existentes no local de trabalho, como, por exemplo, o número de trabalhadores, o tipo de actividades laborais e de equipamentos de trabalho, as características específicas do local de trabalho e os riscos específicos.
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O Quadro I pretende resumir as principais formas de classificação dos diversos Métodos de Avaliação de Riscos: Quadro I – Classificação dos Métodos de Avaliação de Riscos
Métodos simplificados o Quantitativos
Métodos estatísticos Árvores lógicas de acontecimentos Árvores de Causas Árvores de Falhas Matriz de Riscos
o Qualitativos APR – Análise preliminar de Riscos What if? – O que aconteceria se…? HAZOP – FMEA – Analise por Modos de Falha e Efeitos FMECA – Análise de Criticalidade e Modos de Falha Carta de Riscos Observação de Actividades Análise de Tarefas
o Semiquantitativos Matriz frequência-gravidade Métodos de Análise o Pró-activos ou “a priori” Controlos e verificações Métodos de análise de postos o Reactivos ou “a posteriori” Análises estatísticas de acidentes de trabalho (AT) Investigação de AT e Árvore de Causas Métodos de Segurança de Sistemas APR – Análise preliminar de Riscos FMEA – Analise por Modos de Falha e Efeitos FMECA – Análise de Criticalidade e Modos de Falha FTA – Análise por Modos de Falha e Eventos AAE – Análise Árvore de Eventos IR – Técnica de Incidentes Críticos What if? – O que aconteceria se…?
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Como vimos anteriormente, uma das classificações possíveis resulta numa primeira divisão em três grandes categorias:
Métodos quantitativos;
Métodos qualitativos;
Semiquantitativos.
Os métodos quantitativos têm como objectivo obter uma resposta numérica à estimativa de magnitude do risco, e têm utilidade quando existe necessidade de aprofundar o estudo para se justificar o custo ou dificuldade na aceitação de algumas acções preventivas. A avaliação quantitativa de riscos apresenta algumas desvantagens, a saber:
Ser onerosa;
Necessidade de existência de bases de dados experimentais ou históricos fiáveis e
com representatividade;
Dificuldade da avaliação do peso do contributo da falha humana, das falhas
interactivas ou das falhas múltiplas ocasionadas no mesmo facto;
A mera determinação numérica, especialmente quando expressa em pequenas
quantidades ou unidades de medida pouco familiares, pode não reunir a clareza necessária;
Subjectividade dos erros de decisão, falhas de comunicação, predisposição
organizacional, etc. A aplicação dos métodos qualitativos permite identificar os perigos e estimar os riscos, e logo adoptar medidas preventivas através das boas práticas, especificações e normas. A avaliação qualitativa de riscos também apresenta algumas desvantagens:
Algumas observações por terem um elevado factor humano (analisador), são
condicionadas pelas percepções deste e poderão conduzir a desvios.
Algumas ferramentas utilizadas, como as listas de verificação e a observação
directa, poderão não contemplar todos os factores de risco. A expressão numérica da magnitude do risco pode ser também obtida recorrendo a Métodos Simplificados. 13 www.nova-etapa.pt
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De seguida apresentamos os Métodos Simplificados Semiquantitativo, Qualitativo e Quantitativo.
2.1. MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE RISCOS SIMPLIFICADO (MARS) Através desta metodologia semiquantitativa pode ser determinada a importância relativa dos riscos identificados multiplicando os respectivos factores de frequência (F) e factores de gravidade (G):
Risco = Frequência x Gravidade
Os dados obtêm-se a partir da chamada matriz de escalonamento, onde se consegue uma amplitude hierarquizável de 1 a 6.
Tabela I – Matriz de Escalonamento Frequência
Gravidade
Improvável
1
Trivial
1
Possível
2
Menor
2
Ocasional
3
1 lesão grave
3
Frequente
4
2 ou mais lesões graves
4
Regular
5
1 morte
5
Comum
6
2 ou mais mortes
6
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Sempre que se verifique a exposição ao perigo de mais de uma pessoa, multiplica-se aquele número pelo número de pessoas expostas, resultando uma hierarquização a partir da seguinte equação:
Risco = Frequência x Gravidade x Extensão das pessoas expostas
A esta hierarquização deve ser associada a Valorização respectiva, ou seja, a configuração dos riscos susceptíveis de serem considerados aceitáveis, intoleráveis, momentos e tipo de acção de controlo a executar, reavaliações, etc.
Para este efeito os riscos prioritários (PR) são abordados através de uma fórmula que considera a frequência (F), o potencial máximo de perda (PMP) e a probabilidade (P).
Prioridade de Risco = Frequência x (PMP + Probabilidade)
Recorremos às escalas graduadas de 1 a 50 que permitem realizar a estimativa do potencial máximo de perda e da probabilidade1.
1
Bamber, in Ridley e Channing, 1999:24-25
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Tabela II – Matriz de riscos: Escala de potencial máximo de perda Escala de potencial máximo de perda Mortes múltiplas
50
Morte singular
45
Incapacidade total
40
Perda de um olho
35
Amputação de braço ou perna
30
Amputação de mão ou pé
25
Perda de audição
20
Fractura de membro
15
Laceração profunda
10
Queimadura
5
Arranhão
1
Tabela III – Escala de probabilidades Escala de probabilidades Iminente
50
Horária
35
Diária
25
Semanal
15
Mensal
10
Anual
5
Quinquenal
1
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Exemplo: Uma situação de risco que pode conduzir à perda de audição e que foi detectada como possível de acontecer uma vez por hora, de acordo com a fórmula: PR = Fx (PMP + P) PR = 1 x (20 + 35) = 55 Significa uma prioridade de risco de 55. Esta prioridade deve ser comparada com uma escala de urgências para Acção de Controlo de Riscos, onde os critérios de valorização foram considerados com base num acordo prévio.
Tabela IV – Cronograma da acção de controlo Prioridade de Risco
Urgência do controlo
Mais de 100
Imediato
80 – 100
Hoje
60 – 79
Prazo de 2 dias
40 – 59
Prazo de 4 dias
20 – 39
Prazo de 1 semana
10 – 19
Prazo de 1 mês
0–9
Prazo de 3 meses
Deve dar-se especial atenção à subjectividade do método e à sua regulação de forma mecânica, que na ausência de um ambiente de participação e consulta podem pôr em causa a sua escolha. A identificação do perigo, a estimativa da magnitude – a gravidade (o potencial da severidade do dano) e a probabilidade da ocorrência – podem ser efectuadas numa base qualitativa.
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De seguida mostramos um tipo de Método Qualitativo Simples bastante usado na avaliação de riscos.
2.2. MÉTODO SIMPLIFICADO QUALITATIVO Os passos básicos para avaliação do risco podem ser os seguintes: 1. Classificar as actividades de trabalho – preparar uma lista de actividades de trabalho; 2. Identificar os perigos – identificar todos os perigos significativos relacionados com cada actividade de trabalho. Considerar quem pode ser prejudicado e como; 3. Determinar o risco – fazer uma estimativa subjectiva do risco associado a cada perigo; 4. Decidir se o risco é tolerável; 5. Preparar o plano de acção para controlar o risco (se necessário) – preparar um plano de acção de controlo dos riscos; preparar um plano para lidar com quaisquer assuntos encontrados pela avaliação que requeiram atenção. As organizações devem assegurar que os novos controlos são eficazes; 18 www.nova-etapa.pt
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6. Proceder à revisão do plano de acção – reavaliar os riscos com base nos controlos e verificar se os riscos são toleráveis (foram reduzidos ao nível mais baixo razoavelmente praticável).
Gráfico I – Passos a seguir para a Avaliação de Riscos
Classificar as actividades de trabalho
Identificar os perigos
Determinar o risco
Decidir se o risco é tolerável
Preparar o plano de acção para o controlo de risco (se necessário)
Rever a adequabilidade do plano de acção
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Para esta metodologia ser levada a cabo existem alguns requisitos que as organizações terão que cumprir:
É necessário designar um elemento da organização para chefiar a actividade;
Deve discutir-se com todos os envolvidos o que está planeado para ser feito e obter os seus comentários e compromisso;
Têm de se determinar as necessidades de formação para a avaliação dos riscos, para as pessoas ou equipas de avaliação;
É necessário rever a adequação da avaliação, isto é, determinar se a avaliação é adequada e suficiente e se é detalhada e rigorosa;
É imperativo fazer a documentação dos detalhes administrativos e das conclusões significativas da avaliação.
Normalmente não são necessários cálculos numéricos exactos do risco. Estes métodos para quantificar riscos são exigidos, sobretudo, quando as consequências ou falhas podem ser catastróficas. No início, as organizações devem preparar um formulário simples que possa ser utilizado para registar as conclusões de uma avaliação, contemplando, no mínimo, os tópicos exemplificados no Quadro II:
Quadro II – Formulário de Avaliação de Risco Simples Actividade de trabalho Perigosos Controlos disponíveis Pessoal sob risco Probabilidade de dano Gravidade do dano Níveis de risco Acção a ser empreendida a seguir à avaliação Detalhes administrativos (nome do avaliador, data, etc.)
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1. Classificação das actividades de trabalho Discriminar numa lista as actividades de trabalho, agrupadas de forma racional e, de seguida, recolher as informações necessárias sobre essas actividades. É igualmente importante incluir as tarefas de rotina e as que são desenvolvidas esporadicamente. Assim, a classificação pode respeitar:
Áreas geográficas dentro e fora do raio de acção da organização;
Etapas do processo produtivo;
Definição de tarefas (por exemplo, conduzir veículos);
Identificação dos grupos de trabalho.
Nesta fase pode ser construída uma lista de verificação, para facilitar a definição das actividades de trabalho, devendo contemplar os pontos contidos no Quadro III: Quadro III – Informações necessárias para cada actividade de trabalho
Tarefas executadas, duração e frequência; Outras pessoas que possam ser afectadas (visitantes, empreiteiros, público, etc.);
Locais onde o trabalho é executado; Quem normalmente ou ocasionalmente executa as tarefas; A formação que as pessoas receberam sobre os riscos; Procedimentos de autorizações de trabalho; As máquinas e ferramentas que possam ser utilizadas; Instruções de fabricante para operação e manutenção de equipamentos e máquinas;
Tamanho, forma, característica superficial e peso dos materiais manipulados;
Distâncias e alturas a que os equipamentos são movidos manualmente; Substâncias presentes ou manuseadas no desempenho do trabalho e o seu estado físico (fumos, gases, vapores, líquidos, poeiras);
Recomendações sobre perigos das substâncias usadas; Regulamentos e normas importantes. Medidas de controlo que já estão disponíveis; Dados de monitorização: acidentes, incidentes e problemas de saúde relacionados com o trabalho;
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2. Identificar os perigos Para se identificarem os perigos existem algumas perguntas que devem ser respondidas: Existe uma fonte de danos? Quem ou o quê pode ser afectado? Como pode ocorrer o dano?
A OIT sugere uma classificação dos Riscos Ocupacionais conforme esquematizada no Gráfico II, os quais se encontram discriminados no Anexo I:
Gráfico II – Categorização dos Riscos Ocupacionais
Riscos biológicos
Riscos eléctricos Riscos físicos
Explosão
Radiação Riscos químicos
Temperatura
Incêndio
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Uma das várias formas de identificar perigos ou riscos é a criação de uma lista de verificação de questões.
LISTA DE VERIFICAÇÃO
Durante as actividades de trabalho podem existir os seguintes perigos?
Perigos associados ao manuseio ou levantamento manual de ferramentas, materiais, etc.;
Perigos relacionados com a manutenção de máquinas;
Substâncias que podem ser inaladas;
etc.
Note-se que as organizações devem desenvolver uma lista de referência à sua medida, tendo em conta obviamente as características das suas actividades e os locais onde o trabalho é executado.
No Anexo IV encontra-se um exemplo de Lista de Verificações.
3. Determinar o risco O risco proveniente do perigo pode ser determinado pela estimativa da gravidade potencial do perigo e da probabilidade de que este venha a ocorrer:
Gravidade potencial do perigo
Quando se estabelece o potencial de severidade do dano deve considerar-se a informação relevante da actividade de trabalho, em conjunto com:
As partes do corpo que podem ser afectadas; A natureza do dano.
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A escala pode variar de ligeiro a muito grave, conforme demonstra o Quadro IV: Quadro IV – Potencial de severidade do dano Qualitativa
Caracterização
Ligeiramente danoso
Pequenos cortes, irritação dos olhos, dor de cabeça, desconforto.
Danoso
Lacerações, queimaduras, fracturas menores, surdez, dermatoses, asma, lesões músculo-esqueléticas.
Extremamente danoso
Amputações, fracturas maiores, intoxicações, lesões múltiplas, cancro e doenças crónicas, morte.
Probabilidade da ocorrência do dano Nesta fase procura-se estabelecer a probabilidade de ocorrência do dano (Quadro V). Para tal é importante considerar a adequação das medidas de controlo já implementadas e que atendem às necessidades.
Neste ponto, os requisitos legais, os códigos de prática ou os guias dos fabricantes/fornecedores,
assim
como
a
informação
relativa
ao
número
de
incidentes/acidentes ocorridos no passado, podem ser uma ajuda na interpretação dos resultados. Quadro V – Probabilidade de ocorrência do dano Qualitativa
Caracterização
Baixa
Espera-se que possa ocorrer raramente.
Média
Espera-se que venha a ocorrer com facilidade relativa.
Alta
Espera-se que venha a ocorrer com muita facilidade.
A ponderação da frequência deve ter em consideração um conjunto de factores que podem influenciar, positiva ou negativamente, a probabilidade de emergência do perigo: 24 www.nova-etapa.pt
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Número de pessoas expostas; Frequência e duração da exposição ao perigo; Falhas nos serviços (por exemplo, electricidade e água); Falha no lay-out e componentes de maquinaria e dispositivos de segurança; Protecção proporcionada pelos EPI’s e taxa de utilização dos referidos equipamentos;
Actos inseguros (erros não intencionais ou violação intencional de procedimentos) a saber:
Desconhecer quais são os riscos;
Falta de especialização, capacidade física ou habilidade para o trabalho;
Subestimar os riscos a que estão expostos;
Fazer “atalhos” para completar a tarefa.
4. Decidir se o risco é tolerável Indicamos de seguida um método simples de estimar os níveis de risco e de decidir se os riscos são toleráveis:
Como já anteriormente referimos, os riscos são classificados segundo a sua probabilidade estimada e a gravidade potencial de dano. Para mais facilmente hierarquizar os riscos, deverão ser atribuídos valores (escala) à probabilidade de ocorrência e à severidade do dano, conseguindo-se assim, desta forma, quantificar os riscos (Gráfico III).
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Gráfico III – Método de estimar os níveis de risco
Gravidade dos danos - Ligeiramente danoso
Classificação
- Danoso
- Trivial
- Extremamente danoso
- Aceitável - Moderado
Probabilidade dos danos
- Importante
- Baixa
- Intolerável
- Média - Alta
Podemos então afirmar que o nivel de risco é o produto da probabilidade de ocorrencia pelas consequencias estimadas, ou seja: R = f (P x C)
O Quadro VI demonstra os resultados possíveis da aplicação desta fórmula em termos de determinação do nível de risco. Quadro VI – Determinação do nível de risco Consequências Tabela de classificação de riscos R = f (P x C)
Probabilidade dos danos
Ligeiramente danoso
Danoso
Extremamente danoso
Baixa
Trivial
Aceitável
Moderado
Média
Aceitável
Moderado
Importante
Alta
Moderado
Importante
Intolerável
Fonte: Determinação do nível do risco (Norma BS 8800:1996) 26 www.nova-etapa.pt
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5. Preparar o plano de acção para controlar o risco Os níveis de risco classificados de acordo com as categorias apresentadas, constituem a base para decidir se será necessário aperfeiçoar ou implementar controlos e para a elaboração do cronograma de actuação. O objectivo é produzir um plano de acções, por ordem de prioridades. Desta forma, o Quadro VII sugere um ponto de partida para a tomada de decisão, indicando, também, os esforços necessários para o controlo de riscos e a urgência com que se devem adoptar as medidas de controlo, que devem ser proporcionais ao risco. Quadro VII – Plano de Acção Risco Trivial
Aceitável
Moderado
Acção e Temporização Não requer medidas específicas. Não são necessários controlos adicionais. Devem ser equacionadas soluções com o melhor custo/benefício. Recorrer a verificações periódicas, de forma a assegurar que se mantém o controlo. Devem ser implantadas medidas de redução do risco num período determinado. A actividade não deve ser iniciada sem se proceder à redução do risco.
Importante
Intolerável
Quando o risco envolve tarefas em execução, as medidas a tomar devem ser executadas com a máxima urgência. O trabalho não deve ser iniciado, ou deverá ser interrompido, até serem tomadas medidas de redução do risco. Fonte: Plano de acção (Norma BS 8800:1996)
O passo seguinte consiste em determinar os controlos necessários a implementar no local de trabalho para os riscos estimados (que serão objecto de detalhe no módulo de controlo de riscos profissionais). A aplicação do “método qualitativo simples” de avaliação de riscos até agora descrito, culmina na criação de um instrumento de trabalho designado “ficha de análise de risco” (Quadro VIII). 27 www.nova-etapa.pt
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Quadro VIII – Ficha de análise de risco Função: Técnico de máquinas especiais Actividade 1 – Executar trabalhos com máquinas ferramentas Perigo
Eléctrico
Máquina não ergonómica
Piso escorregadio
Risco
Electrocussão
Perfurações e cortes
Quedas ao mesmo nível
Consequência
Extremamente danoso
Danoso
Ligeiramente danoso
Probabilidade
Média
Alta
Média
Classificação
Importante
Importante
Aceitável
Procedimentos
Luvas protecção mecânica
Limpeza
Sim
Sim
Sim
Consequência
Ligeiramente danoso
Ligeiramente danoso
Ligeiramente danoso
Probabilidade
Baixa
Baixa
Baixa
Classificação
Trivial
Tolerável
Trivial
Estimação de risco
Medidas Necessário controlo de risco Existente
Risco residual
Nota: Devido às condições do local de trabalho, além dos EPI’s referidos é necessário calçado de protecção mecânica. PROPOSTA DE ACTIVIDADE
Aplique agora a ficha de análise de risco acima à sua função. Veja as diferenças entre a classificação acima e a sua própria.
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Mód.II: Avaliação de Riscos Profissionais - Sessão1
Antes de se implementarem as novas medidas de controlo devem rever-se as consequências das acções propostas, avaliando a sua adequabilidade e assegurando que, com a sua implementação, não estão a ser criados novos riscos. 6. Revisão da adequação do plano de acção Depois de se implementarem as medidas necessárias dever-se-á reavaliar o plano de acção. Esta reavaliação deverá considerar:
Se os novos sistemas de controlo de riscos conduziram a níveis de risco toleráveis;
Se foram criados novos perigos; Se foi escolhida a solução mais económica; Qual a opinião das pessoas sobre as novas medidas. A avaliação de riscos deve ser vista como um processo contínuo. Assim a adequabilidade de medidas de controlo deve ser submetida a uma revisão contínua. Analogamente, caso as condições mudem levando a que os perigos e riscos sejam significativamente afectados, as avaliações de risco devem ser também revistas.
Na Sessão nº2 abordaremos um método simplificado quantitativo para a avaliação de riscos.
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