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Relações Interpessoais eLearning
Mód.III: Análise Transacional: os diferentes estados do “Eu”
ÍNDICE
MÓDULO III – A ANÁLISE TRANSACIONAL: OS DIFERENTES ESTADOS DO “EU” Objetivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
1- Análise Transacional: Os diferentes Estados do “Eu”
4
2- Os Estados do “Eu”
6
V – SÍNTESE CONCLUSIVA
10
VI – BIBLIOGRAFIA
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MÓDULO III - ANÁLISE TRANSACIONAL: OS DIFERENTES ESTADOS DO “EU”
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo, o formando deverá ser capaz de: Reconhecer a Análise Transacional como uma técnica facilitadora do autoconhecimento e consciência de si; Definir o conceito de Estados do Eu; Distinguir os Estados do Eu e suas subdivisões em Sub-Estados; Reconhecer
as
principais
características
comportamentais
e
comunicacionais associadas aos diferentes Estados do Eu; Avaliar o impacto dos diferentes Estados do Eu no processo das relações interpessoais.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Conceito de Análise Transacional; Diferentes Estados dos Eu e suas subdivisões; Processo de formação dos diferentes Estados do Eu e suas principais características comportamentais; Impacto dos diferentes Estados do Eu no relacionamento interpessoal.
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1- ANÁLISE TRANSACIONAL: OS DIFERENTES ESTADOS DO “EU” “É muito mais difícil julgar-se a si mesmo que julgar os outros. Se conseguires julgar-te bem, és um verdadeiro sábio.” Saint-Exupéry A Análise Transacional é uma forma de análise do funcionamento humano, desenvolvida por Eric Berne1, que nos permite compreender de forma simples e objetiva como cada um dos nossos “eu” se comporta em diferentes circunstâncias. Berne constatou que, em determinadas situações, um indivíduo assumia um tipo de comportamento, enquanto outras pessoas, no mesmo tipo de situação, assumiam comportamentos completamente diferentes. A mesma pessoa, no seu local de trabalho, podia ser um chefe autoritário e crítico, junto do seu grupo de amigos podia comportar-se como uma criança divertida e, ainda, junto da sua família podia assumir um comportamento de pai racional e objetivo, quando se tratava de ajudar o filho com a resolução de problemas de matemática. “Considerando que o EU (ego) é a figura central da personalidade, Berne
constrói
partindo
de
a três
sua
teoria,
verdades
incontestáveis: a de que qualquer indivíduo já foi criança, viveu ao lado dos seus pais ou de quem o educou, e hoje, desde que com um bom funcionamento cerebral, é um adulto dotado de capacidade de avaliação da realidade.”2
1
Eric Berne, psiquiatra canadiano que desenvolveu a teoria da Análise Transacional, a partir da teoria psicanalítica de Freud 2 Aguilar, Luís, Análise Transacional, Ed. Fim de Século, Lisboa, 1999
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Constata-se, também, que estes diversos “eu” assumidos pela mesma pessoa, manifestam-se através de complexas transformações, que podem ir desde alterações ao nível da postura, dos gestos, da colocação e do tom de voz, na construção das frases e até na linguagem utilizada, como se coexistissem diversas pessoas dentro do mesmo indivíduo. A Análise Transacional reflete, de forma
significativa,
complexidade
das
interpessoais,
nas
fases
da
vida
a
relações diferentes pessoal
e
profissional dos indivíduos. Os valores, as conceções de vida, as normas reguladoras do que deve ou não fazer, as mensagens afetivas de amor ou de rejeição, partilhadas na infância, proporcionam a cada um de nós um conjunto de elementos para a definição de um modelo de pensamento e de ação que, por sua vez, condiciona a vida de cada indivíduo, das relações que estabelece consigo próprio e com os outros e com o meio envolvente. Conhecer esses modelos, identificar os padrões de funcionamento em si próprio e dos outros é o que se propõe realizar com a Análise Transacional, de forma a ajudar cada um de nós a evitar ser um mero reprodutor de formas de pensar e de agir, transmitidas automaticamente do exterior, de geração em geração.
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2- OS ESTADOS DO EU
A discussão relativamente às componentes aprendidas e herdadas geneticamente da nossa personalidade é antiga e controversa. Contudo, é comummente aceite que grande parte dos nossos comportamentos, atitudes e formas
de
agir,
são
consequência
de
aprendizagens inconscientes, realizadas durante a nossa infância. Uma criança que durante toda a sua infância assistiu a determinados comportamentos e atitudes por parte dos seus pais, terá tendência a reproduzir, quando chega à idade adulta, o mesmo tipo de relações com os seus filhos, ainda que, por vezes, não tenha consciência disso mesmo. Ainda se recorda do processo de formação das imagens mentais abordado no capítulo anterior? Pois é, as mensagens que percecionamos e que ficaram registadas no nosso cérebro, consciente ou inconscientemente, passam a funcionar como modelos para comparação futura. Por isso mesmo, teremos tendência para reproduzir esses modelos de comportamento/conjunto de imagens mentais armazenadas no nosso cérebro. Ainda segundo Berne, o homem pode compreender-se melhor se dividirmos a sua personalidade em três partes, denominadas Estados do Eu, e que não são mais do que sistemas de pensamentos, de comportamentos e de emoções, em interação com o meio envolvente, ou seja, o próprio indivíduo, a família, o grupo de amigos, a empresa onde trabalha, etc. Desta forma, considera a divisão em três grandes partes: O Estado do Eu Pai que, por sua vez, se divide em dois, Pai Autoritário e Pai Protetor; o Estado do Eu Adulto e o Estado do Eu Criança, que se subdivide em Criança Natural, que por sua vez, assume duas formas, a Criança Espontânea e a Criança Criadora, e em Criança Adaptada, nas suas vertentes Submissa e Rebelde.
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Eis uma representação gráfica para simplificar todas estas divisões e subdivisões dos Estados do Eu. OS TRÊS ESTADOS DO EU
PAI
Pai autoritário
Pai protetor
ADULTO
CRIANÇA
Natural
Espontânea, Criadora
Adaptada
Submissa, Rebelde
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“O Estado do Eu Pai representa os valores, os dados, as normas, o Adulto traduz os métodos, definindo-se como uma espécie de consciente-programador e a Criança simboliza o contexto, o ambiente, funcionando como processador.”3 Podemos assim, de uma maneira simplista, associar o estado Pai à obrigação, o estado Adulto ao dever e o estado Criança ao prazer. O Estado do Eu Pai é a parte em nós que estuda, aprende, conhece, relembra, crê, ordena. O Adulto é a parte em nós que experimenta, reflete, elabora, sabe, raciocina, decide, relaciona. A Criança é a nossa parte da personalidade que deseja, intui, sente, vivencia, emociona-se, revolta-se, inova. Com maior ou menor frequência, os três Estados do Eu manifestam-se de uma forma clara, em todos os indivíduos adultos. Aliás, constata-se que estes diversos estados assumidos pela mesma pessoa, manifestam-se através de complexas transformações, que podem ir desde alterações ao nível da postura, dos gestos, da colocação e do tom de voz, na construção das frases e até na linguagem utilizada, como se coexistissem diversas pessoas dentro do mesmo indivíduo. O Estado do Eu Criança, pode ser visto como memória de infância, já que diz respeito ao mundo dos sentimentos e das sensações, à busca de prazer imediato, à ação sem responsabilidades. O Estado do Eu Pai, provém igualmente da infância e reporta-se à influência que os outros, os nossos pais, professores, mentores, superiores, etc., exerceram sobre nós, influência essa que ainda hoje orienta a nossa forma de viver. Entre o Estado do Eu Criança e o Estado do Eu Pai, desenvolve-se um terceiro Estado do Eu, o Adulto, que diz respeito à nossa autonomia, às nossas escolhas, sem os automatismos e as influências exteriores dos outros Estados do Eu.
3
Luis Aguilar, op. Cit.
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Dado que a existência e interação dos diferentes Estados do Eu tem uma enorme importância na forma
como
nos
relacionamos com os outros, é de toda a vantagem identificar as influências provenientes da infância, a fim de detetar quais os Estados do Eu que, consciente ou inconscientemente, são mobilizados nas nossas relações interpessoais. É nesse sentido que lhe propomos a resposta ao Questionário, designado por Ecografia ou Egograma, constante nos Anexos deste manual, a fim de identificar os seus Estados do Eu predominantes e a forma como está estruturada a sua personalidade, sob a perspetiva da Análise Transacional. Contudo, a forma de detetar os Estados do Eu dos indivíduos pode também ser realizada através da observação da forma como se veste, pela forma como fala, pelas expressões que usa e pela maneira como as profere, pelo timbre e tom de voz usados, pela postura corporal, etc., etc. Aliás, os resultados obtidos com a resposta ao questionário devem ser considerados apenas como indicadores e nunca como resultados absolutamente fidedignos. Sabemos perfeitamente que um teste é apenas um teste e nada mais. Apesar disso, poderá contribuir para fazer uma autoanálise mais profunda, acrescentando uma reflexão sobre a sua história de vida, as suas origens, a família, o que já fez e continua a fazer na vida, o que sabe, sente e experimenta, elementos que só você pode acrescentar na sua autoanálise, de forma a contribuir para um melhor autoconhecimento e consciência de si.
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V - SÍNTESE CONCLUSIVA O caminho faz-se caminhando Neste curso procurámos definir os principais fatores que facilitam e dificultam o relacionamento interpessoal. Vimos como o sentimento de autoestima é o balão de oxigénio que alimenta boas ou deficientes relações com os outros, vimos também as principais características dos vários modelos de comportamento defensivo e, ainda, em que medida intervêm os diferentes estados do “eu” na forma como nos relacionamos com os outros. Procurámos
também
definir
algumas
daquelas
que
pareceram
ser
nos as
principais
regras
de
atuação
para
um
relacionamento interpessoal
bem
sucedido, isto é, em que
ambos
os
interlocutores saiam vencedores.
Mas, tal como afirmámos na introdução, se para aprender a conduzir temos de aprender a teoria e dedicar muito tempo e paciência à prática para nos tornarmos bons condutores, também nesta disciplina da socialização e relacionamento humano o importante é a persistência e a prática.
Procure apurar o sentido da observação, não só para observar o comportamento dos outros, mas sobretudo para poder dar-se conta da sua forma de atuação das diferentes situações com que se depara. Faça uma análise SWOT (aspetos positivos e a melhorar) sobre o seu comportamento e avance objetivo a objetivo. Por exemplo: Melhorar a capacidade de escuta ativa, melhorar a visão positiva dos acontecimentos, desenvolver a capacidade de empatia, etc., etc.
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Todos temos consciência da dificuldade de mudar os nossos hábitos, que levaram anos e anos a adquirir. Daí a necessidade de assumir como voluntária a decisão de querer mudar como forma de alcançar os nossos objetivos. Esse tem de ser um processo de consciência de si. O objetivo deste manual foi o de melhorar a compreensão dos fatores que condicionam o nosso comportamento e sugerir a adoção de algumas técnicas que nos permitam o estabelecimento de relações interpessoais mais harmoniosas e bem sucedidas, tendo sempre em mente que o principal motor deste processo de transformação é a mudança consciente. Este não é um processo com uma duração previsível. Melhor dizendo, sabemos que pode durar toda a nossa vida e que está sempre em construção.
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VI - BIBLIOGRAFIA CONSULTADA/ ACONSELHADA
Aguilar, Luís, Análise Transacional- Um Guia Prático para o Autoconhecimento, Ed. Fim de Século, Lisboa, 1999
Antunes, Celso, Alfabetização Emocional – Novas Estratégias, Petrópolis, Ed. Vozes, 1999
Asch, Salomon, Psicologia Social, S. Paulo, Comp. Nacional, 1977
Birkenbihl, Vera, A Arte da Comunicação, Lisboa, Pergaminho, 2000
Cushway, B, Lodge, D., “Organizações e Comportamento”, Lisboa, Clássica Editora, 1999
Damásio, António, Ao Encontro de Espinosa, Publicações Europa-América, Mem Martins, 2003
Damásio, António, O Erro de Descartes, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1997
Damásio, António, O Sentimento de Si, Publicações Europa-América, Mem Martins, 2000
Dicionário de Filosofia, ed. Lexus, Lisboa, 1988
Evans, Christopher (dir.), Conheça-se a si Próprio, Mem Martins, EuropaAmérica, 1997
Fachada, M.Odete, Psicologia das Relações Interpessoais, Lisboa, Afrontamento, 1999
Gahagen, Judy, Comportamento Interpessoal e de Grupo, Rio de Janeiro, Zahar, 1988
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Goleman, Daniel, Trabalhar com Inteligência Emocional, Lisboa, Temas e Debates, 2000
Leyens Jacques-Philippe e Yzerbyt, Vicent, Psicologia Social, Lisboa, Edições 70, 1999
Marujo, Neto e Perloiro, Educar para o Otimismo, Lisboa, Ed. Presença, 1999
Myers. M., Bases de la Comunication Interpersonnelle, Quebeque, McGraw-Hill, 1984
Rogers, Carl, Tornar-se Pessoa, Ed. Moraes, Lisboa, 1985
Sequeira, José, Desenvolvimento Pessoal, Lisboa, Monitor, 1998
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