COMO SER CRIATIVO MÓDULO I
MODELOS TEÓRICOS SOBRE A CRIATIVIDADE www.nova-etapa.pt
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Mód.I: Modelos Teóricos Sobre a Criatividade
FICHA TÉCNICA Título Como Ser Criativo
Autoria Rosário Caetano
Coordenação Geral e Pedagógica e Conceção Gráfica Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda
Ano de Edição 2011
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ÍNDICE I.OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS DO CURSO
4
II.CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS DO CURSO
4
III. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS MÓDULO I – MODELOS TEÓRICOS SOBRE A CRIATIVIDADE
5
Objetivos Pedagógicos
5
Conteúdos Programáticos
5
Introdução
6
1. Perspetivas teóricas sobre a criatividade
8
1.1. Perspetiva pragmática (Osborn, Gordon, De Bono)
9
1.2. Perspetiva psicanalítica - O Eu sublimado (Freud)
10
1.3. Perspetiva humanista (Maslow, Rogers)
12
1.4. Perspetiva gestaltista (Kohler, Wertheimer)
14
1.5 Perspetiva associacionista (Mednick)
16
1.6 Perspetiva cognitivista (Weisberg, Finke, Ward & Smith e Sternberg)
18
1.7. Perspetivas integradoras
20
1.7.1. O modelo componencial (Amabile)
20
1.7.2. A teoria do investimento criativo (Sternberg & Lubart)
22
1.7.3. A teoria dos sistemas (Csikszentmihalyi)
25
2. Principais modelos explicativos da criatividade – Quadro resumo
28
3. A Reter
29
Bibliografia
30
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I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS DO CURSO
O que é a Criatividade? Delimitação de conceitos e pressupostos da criatividade;
Modelos teóricos / teorias explicativas da criatividade; A multiplicidade das referências teóricas da criatividade
como objeto de estudo.
II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS DO CURSO Definir o conceito de criatividade; Reconhecer os diferentes modelos explicativos / teorias explicativas da criatividade; Relacionar os diferentes conceitos de criatividade com as várias teorias existentes.
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III. DESENVOLVIMENTO CONTEÚDOS MÓDULO I – MODELOS TEÓRICOS SOBRE A CRIATIVIDADE OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: Identificar as diferentes perspetivas teóricas sobre a criatividade; Reconhecer os principais modelos teóricos explicativos da criatividade.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Perspetivas Teóricas sobre a Criatividade: - Perspetiva pragmática (Osborn, Gordon, De Bono) - Perspetiva psicanalítica - O Eu sublimado (Freud) - Perspetiva humanista (Maslow, Rogers) - Perspetiva gestaltista (Kohler, Wertheimer) - Perspetiva associacionista (Mednick) - Perspetiva cognitivista (Weisberg, Finke, Ward & Smith e Sternberg) - Perspetivas integradoras Principais modelos explicativos da criatividade.
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INTRODUÇÃO
Metáfora O suporte do mundo O conhecimento - necessário, mas até que ponto é possível? Uma história antiga conta-nos:
O grande Euclides dava um dia uma lição e, entre outros assuntos, falava do mundo. O jovem Ptolomeu, incontestavelmente o melhor aluno da sua aula, levantou a mão e perguntou em que assentava o mundo. - Assenta - respondeu-lhe Euclides - às costas de um enorme gigante. Ptolomeu baixou a cabeça e a aula prosseguiu. Um pouco mais tarde o jovem Ptolomeu levantou a cabeça e permitiu-se perguntar em que assentava o gigante. - Assenta - respondeu-lhe Euclides - na carapaça de uma enorme tartaruga. E em seguida, sem aguardar outra pergunta do seu aluno, Euclides acrescentou, elevando severamente a voz: - E por baixo só há tartarugas!
Jean-Claude Carrière, Tertúlia de mentirosos
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Quando em 1950, na reunião da American Psychological Association (APA), Guilford lançou o repto para o estudo da criatividade em pessoas comuns, não poderia imaginar os avanços e os recuos que iriam caracterizar esta temática no meio século que se seguiu.
A noção de criatividade e o interesse da ciência pelos fenómenos associados aos processos criativos tem animado saudáveis controvérsias, versando questões ligadas à delimitação e definição do próprio conceito, aos processos de avaliação e medida, às características dos criadores e génios científicos ao reconhecimento em geral e à diferenciação dos atos criativos.
Neste módulo serão abordadas questões relacionadas com aspetos de fundamentação teórica e de definição da terminologia adotada na área da criatividade. Nesse sentido, serão apresentados alguns modelos explicativos / teorias da criatividade, bem como a explicitação de alguns conceitos associados.
A criatividade pode ser consensualmente definida como a capacidade para superar ideias tradicionais, regras, padrões ou relações já existentes e de criar novas ideias, formas, métodos, interpretações com significado.
Em termos mais concretos, a capacidade de superação do que já existe e a criação do novo são uma constante da essência humana e conduzem, necessariamente, à sua integração na explicação da filogénese e também da ontogénese. A construção e reconstrução inevitavelmente criativa do passado, a invariável interpretação do presente e a forçosa reflexão sobre o futuro pessoal, cultural e social, que constituem a experiência de vida de todos os seres humanos, obrigam incontornavelmente a uma análise da criatividade.
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1. PERSPETIVAS TEÓRICAS SOBRE A CRIATIVIDADE Um quadro de referência teórico constitui um conjunto sistematizado de
afirmações
que
descreve,
explica e prediz o comportamento e
que
permite
uma
leitura
organizada da realidade. É a partir das
teorias,
hipóteses
de
que
se
formulam
investigação
e
se
geram descobertas.
O enquadramento teórico da criatividade surgiu com o nascimento da psicologia como ciência. As abordagens míticas, que impuseram um olhar difuso e animista, deram lugar a teorizações mais consistentes.
No campo teórico, as preocupações em termos de compreensão da criatividade centraram-se durante bastante tempo na caracterização da pessoa criativa e no desenvolvimento de programas promotores da expressão criativa. Finalmente, por volta dos anos 80 surgem abordagens da confluência, que referem a influência de vários fatores, sociais, culturais e históricos, na criatividade. A abordagem individual foi substituída por uma abordagem sistémica da criatividade.
Não sendo exaustiva, a sequência dos principais modelos teóricos explicativos da criatividade aqui apresentados está organizada, não por critérios cronológicos, mas pela importância crescente das dimensões do processo e da cognição no ato criativo.
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1.1. PERSPETIVA PRAGMÁTICA (Osborn, Gordon, De Bono) A abordagem pragmática da criatividade caracteriza-se por se centrar primariamente no desenvolvimento da criatividade e só secundariamente na sua compreensão, mas sem preocupações de validade teórica das suas ideias.
Nesta abordagem destacam-se Edward De Bono, cujos trabalhos sobre pensamento lateral, bem como inúmeros exercícios práticos de estimulação da criatividade, têm tido considerável sucesso comercial; Osborn que, baseado na sua experiência em agências de publicidade, desenvolveu a técnica do brainstorming; e Gordon que também apresenta uma proposta ao nível da estimulação da criatividade, designadamente, através de uma técnica denominada sinética.
Apesar destas abordagens da criatividade revelarem alguma falta de bases em termos de teorias psicológicas e carecerem de validação empírica, podem ter
A criatividade desenvolve-se através de técnicas.
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA PRAGMÁTICA
utilidade como instrumento de trabalho.
Teoria mais preocupada com o efeito prático do que com a validação teórica. De Bono desenvolveu o pensamento lateral e inúmeros exercícios práticos de estimulação da criatividade. Osborn desenvolveu a técnica do brainstorming. Gordon desenvolveu a técnica da sinética.
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1.2. PERSPETIVA PSICANALÍTICA – O Eu sublimado (Freud) Esta perspetiva corresponde a uma explicação global do comportamento e não apenas da criatividade. As ideias de Freud, surgidas no início do séc. XX, ainda hoje acompanham a atualidade.
De uma forma simples, a criatividade para Freud representa uma forma saudável de resolver conflitos inconscientes. Na origem do comportamento criativo (como de todo o tipo de comportamento, como, por exemplo, a prática do desporto) estará um conflito inconsciente de natureza sexual. Este conflito, de forma saudável e por contraposição à neurose, sublimar-se-á em criações. A origem da criatividade para Freud reside, então, na “resolução” de conflitos ao nível do inconsciente. Se
a
repressão
dos
impulsos
inconscientes pode gerar a neurose, a
expressão
desses
impulsos
(sublimação) pode evitá-la. Muitas obras da cultura e da arte foram consideradas
como
formas
sublimadas ou “dessexualizadas” de intensas pulsões. Pela sublimação, o sujeito substitui o fim da pulsão de modo a que esta se manifeste de forma socialmente aceite, desde que o objeto de substituição satisfaça, real ou simbolicamente, o sujeito.
Freud afirmou que o artista não estava longe do neurótico, ambos canalizam a energia, sendo que no caso do artista tal canalização permitiria uma catarse criadora.
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Uma menor rigidez nas barreiras entre o consciente (superego) e o inconsciente (id) e a posterior submissão à lógica dos conteúdos libertos (distingue uma ideia criativa de uma bizarra), são importantes, embora não suficientes, para definir o sujeito que cria.
Estas características deverão associar-se a uma estruturação da personalidade específica de quem vivenciou estas experiências, particularmente na infância. Neste sentido, Freud chegou a analisar as biografias de Leonardo da Vinci e
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA PSICANALÍTICA
Dostoievski.
Criar é resolver de forma saudável, conflitos inconscientes
A repressão dos impulsos inconscientes gera a neurose, a expressão dos impulsos (sublimação) pode evitá-la. Criar é uma forma de sublimação. Pela sublimação, o sujeito substitui o objeto da pulsão para que esta se manifeste de forma socialmente aceite.
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1.3. PERSPETIVA HUMANISTA (Maslow, Rogers) Tal
como
humanismo
a
psicanálise,
é
uma
o
explicação
global do comportamento e da motivação, conceito
com
aplicações
ao
de
criatividade.
Autorrealização,
conceito
essencial,
representa
a
necessidade individual de ser tudo aquilo que se é capaz de ser. Longe da perspetiva anterior, uma personalidade criativa corresponde a alguém autoconfiante, com conflitos internos resolvidos. Uma pessoa criativa é uma pessoa psicologicamente saudável e em autorrealização.
A criatividade está centrada na pessoa e não no produto, daí Maslow ter distinguido conceptualmente criatividade primária e criatividade secundária. A primeira resulta de uma ação essencialmente lúdica, espontânea e imediata, que pode ser experienciada por todos; a segunda, resulta de uma ação voluntária, intencional e disciplinada, que implica persistência e conhecimento e é responsável
pelo
surgimento
de
produtos
socialmente
valorizados,
independentemente da autorrealização de quem os produz. Assim, se os humanistas enfatizam a criatividade quotidiana, não deixam de sublinhar a diferença entre esta e alta criatividade.
No pressuposto de que o indivíduo cria para realizar possibilidades, Rogers refere, no entanto, que a criatividade tem que se materializar em produtos, que não são, no entanto, condicionados a domínios de realização – não há diferença fundamental entre pintar, descobrir, inventar objetos ou processos de terapia – nem a graus de reconhecimento social – é tão importante ser criativo para o mundo como para o sujeito que cria.
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Influenciado pela sua experiência como terapeuta, apontou condições, do indivíduo e do meio, para a autorrealização e consequente produção criativa: abertura à experiência; a avaliação da criação ser focalizada em si próprio (“criei algo que me satisfaça?”, “isto exprime uma parte de mim?”); saber gerir a multiplicidade de informações (problematizar, comparar, justapor elementos de natureza distinta, etc.).
Desta perspetiva ficará a aposta num papel ativo e pessoal do sujeito criativo, famoso ou comum, sem no entanto ter sido identificado o processo que conduz o potencial ao produto criativo (e Rogers considera este último), que parece ter ficado diluído no conceito de autorrealização (Maslow) ou considerado
Criar é realizar possibilidades.
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA HUMANISTA
incognoscível (Rogers).
Autorrealização é um conceito essencial para a perspetiva humanista. Criar - necessidade individual de ser tudo aquilo que se é capaz de ser. Criatividade primária é diferente criatividade secundária. (Maslow) É tão importante ser criativo para o mundo como para o sujeito que cria. (Rogers)
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1.4. PERSPETIVA GESTALTISTA (Kohler, Wertheimer) Embora não tenha surgido orientado para a criatividade,
este
modelo
contemplava
elementos essenciais para esse conceito, como a noção de insight, bem como é uma perspetiva voltada para a resolução de problemas, onde as dimensões do processo e da cognição seriam prioritárias.
Segundo
este
modelo,
pensar
criativamente é perceber diferentemente uma situação problemática, reestruturar conceptualmente o problema ou, na linguagem dos seus fundadores, substituir uma gestalt (forma) por outra melhor.
Como é possível? A partir de uma organização da informação não estereotipada mas capaz de transferências e de descoberta de similaridades não óbvias. O momento em que tal descoberta acontece é o momento de insight.
Porque será que as pessoas não veem apenas uma caótica justaposição de dados mas entidades organizadas? O sujeito tende a ver sentidos na realidade, a impor-lhe estruturas, a percecioná-la como organizada. O sujeito é um organizador percetivo.
A perceção resulta de uma relação dinâmica entre a potencialidade organizadora do sujeito e o campo percetivo que se lhe impõe num dado momento. Os elementos separados não têm, por si, significado; apenas o ganham no contexto a que pertencem e que é procurado pelo indivíduo. A perceção do real não resulta da mera associação de partes mas da compreensão de totalidades organizadas, de gestalts.
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Os problemas não são resolvidos por tentativa e erro e por associações reforçadas pela frequência, mas quando as informações de um campo percetivo subitamente se reorganizavam, quando uma nova gestalt surgia ao sujeito. O nível percetivo alargou-se ao nível conceptual, permitindo sugestões para a compreensão de problemas científicos.
Kohler estudou o modo como os chimpanzés lidavam com situações problemáticas (empilhando caixotes para alcançar alimentos), tendo chegado à conclusão que possuíam a capacidade de organizar os diversos elementos de uma situação num todo coerente permitindo assim encontrar a solução para o problema.
Wertheimer preocupou-se também com o ato de criar, utilizando um conceito, título da sua obra mais divulgada, o pensamento produtivo. Por oposição ao pensamento reprodutivo, aquele não é a aplicação cega e estereotipada de aprendizagens, mas o rompimento com respostas comuns. Os problemas representam desequilíbrio, tensão, necessidade de ver diferentemente a realidade, face a eles, o sujeito deverá reorganizar informação e encontrar uma boa forma através do insight, sem aplicar regularidades ou similaridades, mas a
Criar é produzir uma nova gestalt / reorganizar a
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA GESTALTISTA
um nível mais exigente e inovador.
informação Pensar criativamente é substituir uma gestalt (forma)
por
outra
melhor,
é
reestruturar
conceptualmente o problema. O sujeito é um organizador percetivo, não vê apenas uma caótica justaposição de dados mas entidades organizadas. Pensamento produtivo - reorganizar informação e encontrar uma boa forma através do insight. 15 www.nova-etapa.pt
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1.5. PERSPETIVA ASSOCIACIONISTA (Mednick) Nesta perspetiva existe já um registo mais orientado para o processo criativo. A ideia central é a de que o pensamento criativo provém de informações preexistentes, sendo elemento decisivo a qualidade da associação que acontece entre elas, isto é, o pensamento criativo provém de novas combinações entre velhas ideias.
Há
um
enorme
behaviorista
peso
nesta
da
tradição
perspetiva
do
pensamento criativo. Neste contexto, a interpretação
clássica
do
pensamento
criativo passava pela produção (por ensaio e erro) de uma variedade de respostas associadas na memória a um dado estímulo, acabando por ser retidas as que melhor conjugavam com tal estímulo. Nesta perspetiva situavam-se autores como Thorndike ou Skinner.
Contudo, a tradição behaviorista de respostas estereotipadas às situações deparava-se com dificuldades neste contexto de soluções criativas. Assim, novos posicionamentos alertavam para o facto de as respostas não estarem, a nível mnésico, armazenadas independentemente umas das outras. Estariam antes organizadas em hierarquias e em agrupamentos, e quando um estímulo ativava a busca de soluções, haveria a procura de uma resposta associativa através dessa hierarquia. Deste modo, a manifestação criativa implicaria a emissão de respostas localizadas a grande distância daquelas que, face ao estímulo, corresponderiam a associações mais esperadas e frequentes (menos criativas).
Mednick produziu testes de habilidades criativas (RAT - Remote Associates Test) que, com base na combinação de elementos, consistiam em o avaliado fornecer uma quarta palavra a três dadas, remotamente associadas entre si.
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Como por exemplo:
1. rato
azul
cabana
______________;
2. caminho de ferro rapariga
classe
______________;
3. surpresa
linha
aniversário
______________;
4. roda
elétrico
alto
______________;
5. fora
cão
gato
________________.
A remoticidade, requerida no processo criativo, implica que os elementos a associar têm que ser distantes mas que geram uma combinação não só nova mas eficaz quanto ao pedido.
Fatores importantes para o surgimento de associações remotas: o conhecimento do sujeito daquilo que é pedido (que tanto pode permitir uma maior gama de associações, como reforçar a estereotipia dessas associações); a quantidade de associações que consegue fazer (fluência), os estilos cognitivos (mais percetivo ou mais conceptual) e o tipo de problemas colocado (grau de (in)definição de um problema).
Criticamente, esta perspetiva, que terá avançado com dados promissores de um vislumbramento em termos processuais, não parece ter fornecido muitos elementos para a arquitetura diferencial de tais processamentos, isto é, não elucida como é feito o percurso de busca, mediação, combinação e seleção dos elementos a associar.
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Criar é fazer novas combinação de ideias velhas
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA ASSOCIACIONISTA
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Esta perspetiva insere-se na tradição behaviorista de
Thorndike
ou
Skinner,
mas
com
novos
posicionamentos. A criatividade implica a emissão de respostas remotas. A remoticidade implica que os elementos a associar têm que ser distantes mas que gerem uma combinação nova e eficaz.
1.6. PERSPETIVA COGNITIVISTA (Weisberg, Finke, Ward & Smith e Sternberg) Esta abordagem pretende compreender os processos cognitivos subjacentes ao pensamento criativo.
Finke,
Ward
&
Smith
propõem
o
Modelo
"Geneploração": existem duas fases no pensamento criativo: a fase generativa e a fase exploratória. Na fase generativa, o indivíduo cria algo, constrói representações que promovem descobertas criativas; na
fase
exploratória,
recorre
ao
exame,
à
interpretação e à avaliação.
Processos mentais envolvidos na criatividade: recuperação, associação, síntese, transformação, transfer analógico e redução de categorias.
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De acordo com Weisberg, a criatividade envolve essencialmente processos cognitivos ordinários originando produtos extraordinários. Usando estudos de caso de criadores eminentes e pesquisa laboratorial, Weisberg tenta mostrar que os insights dependem do uso que o sujeito faz de processos cognitivos convencionais (tais como transfer analógico) aplicado ao conhecimento já
Criar é um processo mental
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA ASSOCIACIONISTA
armazenado na memória.
Pretende compreender os processos cognitivos subjacentes à criatividade. Modelo "Geneploração": fase generativa e fase exploratória. Processos mentais envolvidos na criatividade: recuperação, associação, síntese, transformação, transfer analógico e redução de categorias.
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1.7. PERSPETIVAS INTEGRADORAS
1.7.1. O MODELO COMPONENCIAL (Amabile) As
abordagens
integradoras
salientam a multidimensionalidade da criatividade. Se, por um lado, os processos
cognitivos
são
importantes na sua descrição, outros
processos
de
ordem
motivacional, pessoal, emocional e contextual também devem ser tomados em consideração.
Nesse sentido, o modelo componencial de Amabile foi pioneiro na integração de variáveis motivacionais, cognitivas, sociais e de personalidade e no processo criativo.
1. Motivação intrínseca: A satisfação, o interesse e o envolvimento na tarefa,
independente
dos
incentivos
externos,
conduzem
ao
desenvolvimento das capacidades e competências criativas. A motivação extrínseca pode diminuir a criatividade, enquanto a motivação intrínseca pode conduzi-la a níveis mais elevados. No entanto, não existem atividades intrinsecamente interessantes, tudo depende da representação que cada pessoa faz desse interesse.
2. Capacidades e conhecimento: As capacidades num determinado domínio incluem a perícia, o talento, a experiência, as aptidões técnicas e o conhecimento obtido através da educação formal ou informal. O vasto conhecimento sobre uma área permite transformá-lo ou combiná-lo de diferentes maneiras.
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3. Competências criativas: Estilo de trabalho (concentrado, energético), o estilo cognitivo (complexo, não rígido), domínio de estratégias para a produção de novas ideias (heurísticas) e personalidade. Todos influenciam as capacidades e conhecimento do domínio e permitem a concentração, a persistência, a procura da excelência e a capacidade para abandonar ideias não produtivas. Destes componentes decorrem cinco fases do processo criativo (ver “Fases e
Integração
PRINCIPAIS IDEIAS
PERSPETIVA COMPONENCIAL
etapas do processo criativo”, Módulo III).
de
vários
elementos:
cognitivos,
sociais, de personalidade e motivacionais no processo criativo. Motivação intrínseca: conduz ao desenvolvimento de competências criativas. Capacidades
e
conhecimento:
o
vasto
conhecimento sobre uma área permite transformálo ou combiná-lo de diferentes maneiras. Competências criativas: Estilo de trabalho, estilo cognitivo, domínio de estratégias para promover novas ideias e personalidade.
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1.7.2. A TEORIA DO INVESTIMENTO CRIATIVO (Sternberg & Lubart) Esta teoria de Sternberg & Lubart recorre à imagem da bolsa de valores: ser criativo significa “comprar em baixa”, ou seja, perseguir ideias desconhecidas ou fora de moda, mas com potencial de desenvolvimento e, como o criativo persiste, acaba por conseguir “vender em alta”.
O modelo refere a confluência de diferentes “fontes” de investimento na criatividade que, embora
distintos,
interagem
entre
si:
inteligência, conhecimento, estilos de pensamento, personalidade, motivação e ambiente.
1. Capacidades intelectuais - Três capacidades intelectuais são importantes para o investimento criativo: a capacidade sintética para redefinir os problemas e para vê-los de novas formas, fugindo aos constrangimentos do pensamento convencional; a capacidade analítica para reconhecer de entre as várias ideias aquelas em que vale a pena investir e reconhecer as que não devem ser seguidas; e a capacidade prática-contextual que permite pôr em prática o valor dessas ideias.
2. Estilos Intelectuais - Modo como se utiliza a inteligência. O estilo legislativo está presente na formulação de problemas e na criação de novas regras e modos de ver as coisas. As pessoas criativas teriam mais propensão para preferir este estilo. O estilo executivo associa-se à implementação de ideias com uma estrutura clara e bem definida e é muito valorizado no sistema educativo, em geral. O estilo judiciário caracteriza-se pelo julgamento e avaliação de pessoas, tarefas e regras.
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3. Conhecimento - Para dar uma contribuição significativa numa área é fundamental ter o conhecimento sobre essa área. Há dois tipos de conhecimento: o formal adquirido em livros, palestras ou qualquer outro meio de instrução; e o informal, que raramente é explicitamente ensinado e, geralmente, não é verbalizado. Um vasto conhecimento permite um maior número de associações, o que é benéfico para a criatividade, mas pode também dificultar as diferentes formas de perspetivar o problema. 4. Personalidade traços
de
contribuem
Alguns
personalidade para
a
expressão da criatividade, como
a
vontade
de
ultrapassar obstáculos, de assumir riscos sensatos, de tolerar ambiguidades, coragem para expressar novas ideias, bem como as expectativas de eficácia pessoal e a apetência para desafiar multidões. A tolerância à ambiguidade é condição sine qua non para a produção criativa, na medida em que as ideias necessitam de tempo para amadurecer e essa espera é difícil de gerir. A perseverança perante os obstáculos também é crucial pois permite lidar com eles de forma determinada e alcançar a meta. 5. Motivação – A motivação intrínseca determina a paixão e a concentração no trabalho, uma vez que as pessoas estão muito mais propensas a responder criativamente quando são movidas pelo prazer em realizar essa tarefa. Estudos com profissionais que realizavam trabalhos altamente criativos em distintas áreas, concluíram que estes consideravam ter amor pela tarefa e centravam mais a energia no trabalho do que nos possíveis prémios ou reconhecimento. A motivação intrínseca interage com a extrínseca na promoção da criatividade.
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6. Ambiente apoiante e recompensador – A criatividade não ocorre no vazio, na medida em que a pessoa e o produto são avaliados como criativos, ou não, pelo contexto social. O ambiente interage com variáveis pessoais e situacionais e afeta a produção criativa de três formas diversas: o grau em que favorece a geração de novas ideias; a extensão em que encoraja o seu desenvolvimento e a avaliação que é feita do produto criativo. O ambiente
PRINCIPAIS IDEIAS
TEORIA DO INVESTIMENTO CRIATIVO
inclui família, Escola, as organizações e a sociedade em geral.
“Comprar em baixa” para “vender em alta”. Fontes de “investimento” na criatividade: Capacidades intelectuais Estilos Intelectuais Conhecimento Personalidade Motivação Ambiente apoiante e recompensador
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1.7.3. A TEORIA DOS SISTEMAS (Csikszentmihalyi) Para Csikszentmihalyi é impossível considerar a criatividade
sem
a
contextualizar.
A investigação deve, por isso,
incidir
nos
sistemas sociais e não apenas
no
pois
criatividade
a
indivíduo, é
uma coconstrução dinâmica entre a pessoa e o contexto sócio-cultural.
A abordagem sistémica considera a criatividade como resultado da pessoa (o biológico e as experiências), do domínio (área do conhecimento) e do campo (especialistas de uma área específica que determinam a estrutura do domínio julgam o produto como criativo).
Mais concretamente, a pessoa é quem produz variações e introduz mudanças no domínio do conhecimento. Os dois aspetos mais salientes são as características associadas à criatividade e os antecedentes sociais e culturais. Os criativos revelam curiosidade, entusiasmo, motivação intrínseca, abertura a experiências, persistência, fluência de ideias e flexibilidade de pensamento.
O domínio corresponde ao conjunto de regras e procedimentos simbólicos culturalmente estabelecidos, ou seja, o corpo de conhecimentos acumulados, estruturados, transmitidos e partilhados numa dada área por uma sociedade ou várias sociedades. As pessoas criativas que motivam mudanças num domínio são as que conhecem profundamente os seus princípios, detetam as suas inconsistências e procuram ultrapassar as suas fronteiras.
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No campo incluem-se todas as pessoas que atuam como “juízes”, ou seja, quem decide se um produto é criativo e se deve, portanto, ser incluído no domínio. Estes têm a função de decidir se uma nova ideia ou produto é criativo e deve, portanto, ser incluído no domínio. É o campo que seleciona o que deve ser reconhecido e incorporado. Uma ideia inovadora pode não ser aceite se o campo for defensivo ou rígido, se o sistema social envolvente não encorajar a criatividade. Por isso, a pessoa criativa terá de persuadir o campo de que a sua produção é válida, o que é tanto mais fácil quanto o Zeitgeist for favorável.
Csikszentmihalyi desenvolveu posteriormente a teoria do fluxo criativo. Este autor analisou as respostas de pessoas que se envolviam ativamente em atividades variadas à questão “Como se sente quando faz aquilo de que mais gosta?”. Verificou que a resposta mais frequente era: “Descobrir; pensar em algo novo”, concluindo que as pessoas mais criativas são motivadas pelo prazer retirado do confronto com as dificuldades. A qualidade da experiência sentida no envolvimento numa atividade parece ser o motivo que leva determinadas pessoas a desfrutarem das coisas que fazem, sem ser por dinheiro ou fama. O prazer da descoberta referido pelos sujeitos oriundos de atividades como jogadores de xadrez, bailarinos, compositores, atletas, artistas, místicos religiosos, cientistas, cirurgiões, trabalhadores vulgares, parecia constituir uma sensação única, segundo uma descrição independente da cultura, do género sexual, da idade. Os nove “elementos” do fluir criativo incluem:
1. Estabelecimento de metas claras a cada passo do caminho: saber o que fazer; 2. Resposta imediata para cada ação - saber o que se está a fazer; 3. Equilíbrio entre dificuldades e capacidades - sentir que as capacidades correspondem
às
possibilidades,
ou
seja,
adequar
o
potencial
às
oportunidades; 4. Fusão entre atividade e consciência – a mente em sintonia com o que se está a fazer, a concentração polarizada no que se faz e exclusão das distrações; 5. Negação do medo do fracasso; 6. Desaparecimento da consciência de si, pela absorção no que se está a fazer sair dos limites do eu e integrar momentaneamente uma realidade maior; 26 www.nova-etapa.pt
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7. Sentido distorcido do tempo - as horas parecem escassos minutos 8. Constatação da não marcação do tempo;
PRINCIPAIS IDEIAS
TEORIA DOS SISTEMAS
9. Noção de que a atividade converte em algo autotélico.
Fatores da abordagem sistémica da criatividade: Pessoa Domínio Campo Fluxo criativo – uma experiência única.
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2. PRINCIPAIS MODELOS EXPLICATIVOS DA CRIATIVIDADE QUADRO RESUMO TEORIA
PRAGMÁTICA
PSICANALÍTICA
HUMANISTA
FATORIAL
AUTORES
LITERATURA
Alex Osborn (1953) Williiam Gordon (1961) De Bono (1970, 1985, 1992) Van Oech (1983)
Freud (1908, 1910, 1959, 1964) Adler (1927, 1935) Kris (1952) Kubie (1958)
Maslow (1954) Rogers (1961)
Guilford (1956, 1981, 1982, 1986) Thurstone (1938), Taylor (1947) Alencar (1986)
ASSOCIACIONISTA
Thorndike (1949), Skinner (1976) Sarnoff Mednick (1962)
De la Torre (1993) Wechsler (1993)
GESTALTISTA
Wolfgang Kohler (1947) Kurt Koffka (1935) Max Wertheimer (1945)
Sternberg Stein
COGNITIVISTA
PSICOMÉTRICA
INTEGRADORA
Robert Weisberg (1986, 1993), Finke, Ward e Smith (1992) Sternberg e Davidson (1995)
Guilford (1950) Torrance (1974)
Amabile (1983, 1996) Simonton (1988) Woodman e Schoenfeldt (1989) Csikszentmihalyi (1988, 1990) Gardner (1983, 1988, 1996), Sternberg e Lubart (1991, 1995)
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Parnes
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3. A RETER… As abordagens míticas, que impuseram uma conceção difusa e animista, deram lugar a teorizações consistentes, num enquadramento mais teórico da criatividade que foi surgindo com o nascimento da psicologia como ciência.
No campo teórico, as preocupações em termos de compreensão da criatividade centraram-se durante bastante tempo na caracterização da pessoa criativa e no desenvolvimento de programas promotores da expressão criativa. Posteriormente surgiram outras abordagens de convergência, que referem a influência de vários fatores, sociais, culturais e históricos, na criatividade. A abordagem individual foi substituída por uma abordagem sistémica da criatividade.
Podemos constatar que existe uma multiplicidade de referenciais teóricos para o conceito de criatividade. Alguns deles contêm elementos que tornam esses referenciais teóricos incompatíveis com outros. No entanto, também faz sentido pensar que aspetos teóricos de alguns modelos se harmonizam com elementos de outro modelo, num quadro de complementaridade.
Os modelos teóricos explicativos da criatividade aqui apresentados foram organizados, não por critérios cronológicos, mas segundo uma sequência estabelecida pela importância crescente das dimensões do processo e da cognição na criatividade.
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BIBLIOGRAFIA
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