COMO SER CRIATIVO MÓDULO IV
CRIATIVIDADE E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS - O MODELO CPS
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Mód.IV: Criatividade e Resolução de Problemas – o Modelo CPS
ÍNDICE MÓDULO IV: Criatividade e Resolução de Problemas – o Modelo CPS Objetivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
Introdução
4
1. O processo criativo na resolução de problemas
6
2. O modelo CPS (Creative Problem Solving) - Resolução Criativa de Problemas
7
3. As 6 etapas do modelo CPS – Creative Problem Solving
10
4. Pensamento divergente / pensamento convergente no CPS
11
5. Explicitação das etapas do modelo CPS
13
5.1. Etapa 1 - Construção de oportunidades (“mess”)
14
5.2. Etapa 2 - Exploração de dados (“data”)
15
5.3. Etapa 3 - Enunciar o problema (“problem”)
17
5.4. Etapa 4 - Produção de ideias (“idea”)
19
5.5. Etapa 5 - Desenvolvimento de soluções (“solution”)
23
5.6. Etapa 6 - Construção da aceitação (“acceptance”)
25
6. A Reter
28
Bibliografia
29
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MÓDULO IV: CRIATIVIDADE E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS – O MODELO CPS
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de:
Relacionar o conceito de criatividade com o processo de resolução de problemas; Reconhecer a importância das técnicas para o desenvolvimento da criatividade na resolução de problemas; Conhecer o modelo de resolução criativa de problemas CPS (Creative Problem Solving); Identificar e caracterizar as etapas, metodologias e instrumentos para uma resolução criativa de problemas, Distinguir e caracterizar o pensamento divergente do pensamento convergente na aplicação do modelo CPS.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Criatividade e resolução de problemas; O modelo CPS (Creative Problem Solving) - Resolução Criativa de Problemas; As 6 etapas do modelo CPS – Creative Problem Solving; Etapas, metodologias e instrumentos para uma resolução criativa de problemas; O pensamento divergente / pensamento convergente no modelo CPS; Técnicas para o desenvolvimento da criatividade.
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INTRODUÇÃO
Metáfora
O homem que partia pedra Um homem, na Idade Média, caminha a pé para Chartres e encontra no caminho um homem executando o mais duro dos ofícios: partir pedra. - Vivo como um animal – disse-lhe o homem. – Exposto à chuva, ao vento, ao granizo, ao sol. Faço um trabalho penoso por alguns tostões, a minha vida não vale nada. Nem merece o nome de vida. Um pouco mais adiante, o homem que caminhava a pé encontrou outro canteiro. Este disse-lhe: - É verdade que o meu trabalho é duro, mas ao menos é trabalho. Dá para alimentar a minha mulher e os meus filhos. E depois ando ao ar livre, vejo a gente que passa... Não me queixo. Há quem esteja pior do que eu. Um pouco mais à frente, o homem encontra um terceiro canteiro, que lhe diz, olhando-o nos olhos: - Eu... eu estou a construir a mais bela catedral do mundo!
Jean-Claude Carrière, Nova tertúlia de mentirosos
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Neste módulo continuaremos a abordar questões relacionadas com o processo criativo, numa abordagem centrada não apenas na identificação e sequência de etapas do processo criativo, mas na ligação deste processo à resolução de problemas.
De uma forma geral, podemos dizer que a criatividade tende sempre para a resolução de um problema. Recuperando aqui a definição de Torrance, lembramos que este autor considera que a criatividade é justamente o “processo de ser sensível a problemas, falhas na informação, sendo também a descoberta e formulação de hipóteses sobre as deficiências encontradas, a avaliação dessas hipóteses e ainda a comunicação dos resultados”.
Mas, se é importante relembrar a definição deste autor, convém também ter novamente presente o facto da criatividade se apresentar como um processo muito mais heurístico do que algorítmico.
No entanto, vários autores apoiam a ideia de que com a prática de exercícios de criatividade, designadamente através do processo CPS – Creative Problem Solving (Resolução Criativa de Problemas), que aqui apresentamos, o sujeito torna-se mais atento à realidade que o rodeia e compreende melhor e de forma diferente as situações e os problemas com que se depara.
Pode inclusivamente tornar-se mais livre na produção de ideias e mais consistente na procura de soluções para os alguns
dos
problemas
que
enfrenta, embora esta prática, na maior parte das vezes, se traduza mais numa mudança progressiva do comportamento quotidiano (little c) do que em resultados “brilhantes” (big C).
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1. O PROCESSO CRIATIVO NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Não obstante a inexistência de uma definição abrangente e esclarecedora, ninguém contesta a ideia de que a criatividade é um processo complexo que envolve a definição e redefinição de problemas e uma recombinação do conhecimento já existente, cedendo o que já se conhece a novos contextos. Guilford definiu a criatividade como um processo mental através do qual a pessoa produz informação que não possuía, pelo que todas as pessoas acabam por ser criativas, embora em diferente grau. Por seu turno, a definição de Stein parece ser abrangente – a criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceite como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo. Trata-se de uma definição que se debruça sobre a compreensão da componente cognitiva da criatividade, a qual remete necessariamente para a resolução criativa de problemas.
A criatividade é definida por muitos autores como um processo mental a partir do qual emergem novos produtos ou, mais genericamente, resolvem-se problemas. Embora se discuta qual o melhor termo para designar este processo – criatividade, processo criativo, pensamento criativo, pensamento divergente ou pensamento lateral – o processo visa desenvolver a capacidade de criar diferentes respostas face a um mesmo problema. 6 www.nova-etapa.pt
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2. O MODELO CPS (CREATIVE PROBLEM SOLVING) Incentivada pelas intervenções de Osborn e de Parnes, a resolução criativa de problemas, tem
constituído
um
corpo
sólido
de
investigação, muito embora a motivação inicial tenha sido a de uma aplicação técnica.
Um dos modelos que sistematiza o processo criativo é o CPS (Creative Problem Solving) (Isaksen,
Dorval,
e
Treffinger)
que
compreende seis passos: objetivo, factos, problema,
soluções,
decisão
e
implementação. Cada passo compreende duas fases: uma divergente, na qual se procura gerar o máximo de alternativas possíveis; outra convergente, em que apenas uma dessas alternativas é selecionada.
Trata-se de uma metodologia que proporciona uma estrutura de instrumentos de produção e seleção de desafios, preocupações e oportunidades importantes para desenvolver resultados novos e úteis. Este processo envolve capacidades de pensamento criativo e crítico, que permitem recolher informação através de observação direta, experiência ou reflexão e conceptualizar, analisar, sintetizar e avaliar essa informação.
O CPS engloba, ainda, a aplicação de um conjunto de ferramentas e estruturas a problemas que não possuem uma solução única e cujas tentativas de resolução por outros métodos não se revelaram eficazes.
Se estes modelos proporcionam referências relevantes para a compreensão do processo e orientação de práticas que permitam promover a criatividade, outros dados retirados da investigação podem também proporcionar um insight
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importante na sua compreensão. Csikszentmihalyi considera que é mais provável resolver criativamente problemas “descobertos” do que problemas “apresentados”, referindo que a criação deliberada distingue-se da acidental a partir do conhecimento de base que ajuda à geração de ideias e apoia a sua valoração.
Independentemente das divergências, poder-se-ia avançar, sem grande polémica, que o processo criativo implica a procura de sentido, a descoberta de problemas e a interpretação de situações. CPS – Creative Problem Solving (Resolução Criativa de Problemas) Problema – Diferença entre uma situação existente e uma situação desejada. Qualquer situação que apresente um desafio, ofereça uma oportunidade e seja do interesse do indivíduo. Resolução – Conceber formas de responder ou atender a um problema, diminuindo o mais possível a diferença entre uma situação existente e uma situação desejada. Criativo – O resultado deverá conter um elemento de novidade que seja útil e relevante, pelo menos para o criador.
O modelo Creative Problem Solving tal como hoje se apresenta tem origem nos trabalhos realizados na Universidade de Buffalo, EUA, a partir das investigações de Alex Osborn (1953) e de Sidney Parnes (1967) e do Creative Problem Solving Group, Inc. (CPS-B), a partir das investigações de Isaksen e Treffinger.
O CPS é um processo, um método e um sistema de aproximação aos problemas de maneira imaginativa como produto de uma ação efetiva. 8 www.nova-etapa.pt
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Funciona com grupos de 5 a 8 elementos, sendo a função de um deles a coordenação (facilitador), a quem compete manter o grupo no cumprimento das regras do método e dentro do objetivo definido.
Com este método, procura-se facilitar a produção de numerosas ideias e soluções para problemas nos quais não contamos (ou não queremos contar) com procedimentos definidos ou estabelecidos e que, por isso, requerem propostas inovadoras.
As propostas podem ser orientadas para: A elaboração de um produto; A transformação de um processo ou evento; A produção de melhores ou diferentes formas de interação.
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3. AS 6 ETAPAS DO MODELO CPS – Creative Problem Solving ETAPA 1. CONSTRUÇÃO DE OPORTUNIDADES (Mess)
TAREFA -
Definir o objetivo geral Abertura à experiência Sensibilidade para o problema Reconhecer o problema Aceitar o desafio Identificar as oportunidades mais promissoras para continuar
2. EXPLORAÇÃO DE DADOS (Data)
- Levantamento da situação existente - Pesquisa e recolha de dados: - Factos objetivos: o quê, como, quem, quando, onde, etc. - Factos subjetivos: impressões, sentimentos, etc. - Análise e síntese dos dados recolhidos
3. DEFINIR / ENUNCIAR O PROBLEMA (Problem)
- Definir o problema (representar o problema): - Reconhecer o problema - Descobrir o problema - Criar o problema - Produzir modos de enunciar o problema: muitos variados e invulgares - Análise do(s) problema(s) encontrado(s)
4. PRODUÇÃO DE IDEIAS (Idea)
- Produzir ideias: muitas, variadas e invulgares - Identificar ideias com potencial interessante para desenvolver ou usar
5. DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES (Solution)
- Encontrar formas de desenvolver e fortalecer possibilidades promissoras - Selecionar a ideia/solução a ser implementada - Analisar, avaliar, dar prioridade e refinar soluções promissoras - Introdução de ajustamentos e correções
6. CONSTRUÇÃO DA ACEITAÇÃO (Acceptance)
- Considerar várias fontes de apoio e de resistência e possíveis ações de implementação - Formular objetivos a partir da solução selecionada - Formular planos específicos para obter apoio, desenvolver e avaliar as ações
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4. PENSAMENTO DIVERGENTE / PENSAMENTO CONVERGENTE NO CPS Todas as etapas do CPS envolvem uma fase de pensamento divergente, na qual se geram muitas ideias diferentes e imaginativas, e uma fase de pensamento analítico, na qual se avaliam essas ideias. Alternar entre a Imaginação “quente” e a análise “fria” é aquilo que representa este processo que compreende sempre as duas fases (por esta ordem).
Pensamento divergente: fase de geração de muitas opções e possibilidades que, conforme a etapa, podem ser dados, definições do problema, ideias, critérios de avaliação ou estratégias de implementação. É uma fase de liberdade para imaginar, em que o julgamento é suspenso.
Pensamento convergente: fase para avaliar e fazer escolhas entre as várias opções e possibilidades imaginadas na fase divergente. Nesta fase faz-se a seleção dos dados mais relevantes, das ideias mais promissoras, dos critérios e estratégias mais adequadas e viáveis.
PENSAMENTO DIVERGENTE
PENSAMENTO CONVERGENTE
Curiosidade
Distinguir factos / juízos de valor
Originalidade
Distinguir informação relevante /
Fluência
irrelevante
Sensibilidade aos problemas
Identificar ambiguidade na informação
Abertura a novas experiências
Identificar pressupostos (não
Flexibilidade
declarados)
Tolerância à ambiguidade
Identificar falácias na argumentação
Atração pela complexidade
Identificar inconsistências no
Gosto pelo desafio e pelo risco Fantasia, Imaginação
raciocínio Determinar a credibilidade de uma fonte
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PENSAMENTO DIVERGENTE / PENSAMENTO CONVERGENTE NO CPS ETAPA
TAREFA COMPONENTE I: COMPREENSÃO DO DESAFIO
1. CONSTRUÇÃO DE OPORTUNIDADES
DIVERGENTE Produzir possíveis oportunidades e desafios para vir a considerar. CONVERGENTE Focar, identificando as oportunidades mais promissoras para continuar.
2. EXPLORAÇÃO DE DADOS
DIVERGENTE Examinar muitas fontes de dados de diferentes pontos de vista. CONVERGENTE Identificar os dados-chave ou os mais importantes.
3. ENUNCIAR O PROBLEMA
DIVERGENTE Produzir modos de enunciar o problema: muitos, variados e invulgares. CONVERGENTE Selecionar ou formar um enunciado específico do problema.
COMPONENTE II: PRODUÇÃO DE IDEIAS 4. PRODUÇÃO DE IDEIAS
DIVERGENTE Produzir ideias: muitas, variadas e invulgares. CONVERGENTE Identificar ideias com potencial interessante para desenvolver ou usar.
COMPONENTE III: PREPARAÇÃO DA AÇÃO 5. DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES
DIVERGENTE Encontrar formas de desenvolver e fortalecer possibilidades promissoras. CONVERGENTE Avaliar, dar prioridade e refinar soluções promissoras.
6. CONSTRUÇÃO DA ACEITAÇÃO
DIVERGENTE Considerar várias fontes de apoio e de resistência e possíveis ações de implementação. CONVERGENTE Formular planos específicos para obter apoio, desenvolver e avaliar as ações.
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5. EXPLICITAÇÃO DAS ETAPAS DO MODELO CPS Esta metodologia, profusamente difundida em várias orientações coincidentes, ligada inicialmente a Sidney Parnes e Isaksen & Treffinger, destina-se a aplicar um conjunto de ferramentas e estruturas a problemas que não possuem uma solução única.
Compreende seis passos, os quais podem ser resumidos nos seguintes conceitos: objetivo, factos, problema, soluções, decisão, e implementação. Cada passo contém duas fases: uma divergente, no qual se procura gerar o máximo de alternativas possível; outra convergente, em que apenas uma alternativa (ou pouco mais) é selecionada.
Este método orienta-se por princípios gerais, retirados do brainstorming, tais como suspender ou, pelo menos, adiar o julgamento das ideias, aceitar todas as contribuições, fazer associações (substituir, combinar, adaptar, modificar, dar outros usos, eliminar, inverter), dar tempo para as ideias amadurecerem (incubação), manter um fluxo constante de ideias, aproveitar ideias dos outros, gerar um ambiente propício à criatividade (ex: respeitar a individualidade; tolerar a diferença; admitir o erro, a ambiguidade e o risco; tolerar a ambiguidade e a complexidade temporárias; respeitar os interesses individuais; encorajar atividades divergentes; usar o humor; envolver todos os membros do grupo no processo; abster-se de criticar; deixar as emoções fluir livremente). Na aplicação do método, deve-se ainda, manter o objetivo sempre presente e transformar ideias “estranhas” em úteis.
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5.1. ETAPA 1 - CONSTRUÇÃO DE OPORTUNIDADES (“mess”) O processo inicia-se com o reconhecimento de uma situação
problemática,
um desafio a enfrentar ou algum
resultado
insatisfatório.
Neste primeiro passo, o esforço vai no sentido de elaborar-se uma descrição preliminar do problema, que pode não ser necessariamente a melhor ou a mais precisa descrição do desafio. Geralmente esta descrição inicial é, frequentemente, incompleta, mal definida e complexa.
É ainda importante nesta etapa traçar um objetivo geral, identificando os elementos
significativos
ou
componentes
de
problemas,
desafios,
preocupações ou oportunidades que se vão enfrentar, esclarecendo situações e factos complexos, sob a forma de enunciados.
Esta etapa, caracterizada ainda por um estado inicial de indefinição e “confusão” (“mess”), requer, além da sensibilidade ao problema e do seu reconhecimento, uma atitude exploratória de abertura à experiência e de aceitação do desafio, capazes de procurar e identificar oportunidades promissoras.
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PRINCIPAIS IDEIAS
CPS – ETAPA 1
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O processo inicia-se com o reconhecimento de uma situação problemática, um desafio a enfrentar ou algum resultado insatisfatório.
Esta etapa, caracterizada ainda por um estado inicial de indefinição e “confusão” (“mess”).
Requer sensibilidade ao problema e atitude exploratória de abertura à experiência e de aceitação do desafio.
5.2. ETAPA 2 - EXPLORAÇÃO DE DADOS (“data”) A segunda etapa é a ponte entre o reconhecimento do problema e sua clara definição. Esta etapa assume uma importância especial, pois é ela que dita a qualidade das etapas seguintes e, sobretudo, define o grau em que o indivíduo / grupo se orienta para a “fuga ao óbvio”. Trata-se aqui da investigação sobre o problema, explorando todas as possíveis fontes de informação sobre a situação todos
problemática, os
factos
descobrindo
pertinentes
e,
sobretudo, uma entrada eficaz para iniciar
a
definição
do
verdadeiro
problema.
Um cuidado especial deve ser colocado para que não se comece a listar soluções em vez de factos, analisando as situações de modo a identificar tipos de informação necessários
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para
a
resolução
do
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problema: informações, impressões, sentimentos, observações, perguntas. Deve-se também procurar sair dos processos tradicionais de recolha da informação. Pode começar-se por se dissecar o que se conhece em termos dos elementos fundamentais de informação e, de seguida, enunciar-se mais factos respondendo a perguntas do tipo: onde poderiam ser obtidas as informações? Quem poderia dá-las? Porquê a necessidade dos factos? etc.
Terminada a fase de prospeção de dados, parte-se para a seleção dos dados realmente relevantes que serão analisados no passo seguinte.
PRINCIPAIS IDEIAS
CPS – ETAPA 2
Explorando as possíveis fontes de informação sobre a situação problemática.
Recolher todo o tipo de informação necessária para a resolução
do
problema:
informações,
impressões,
sentimentos, observações, perguntas.
Deve-se
também
procurar
sair
tradicionais de recolha da informação.
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dos
processos
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5.3. ETAPA 3 - ENUNCIAR O PROBLEMA (“problem”) Este passo representa a conexão entre a obtenção de dados e a produção de possíveis soluções. Tendo uma boa ideia dos factos relevantes, procura-se aperfeiçoar a definição inicial do problema formulada na etapa 1. Pode parecer simples, mas não é; a maior causa de fracassos na solução de problemas definir
reside
claramente
na o
falha
em
problema.
Muitas vezes a definição inicial resulta de uma visão limitada ou deturpada da situação, ou mesmo de uma confusão entre o problema real e os seus sintomas. Questionar a definição inicial, com a ajuda dos dados obtidos, é um importante passo. A criação ou descoberta de um problema - problem-finding -, o reconhecimento de oportunidades, a colocação de questões pertinentes e originais é hoje uma das componentes importantes da criatividade.
Uma característica muito importante para a descoberta de problemas, quando esta envolve a formulação de uma nova situação, é a intensidade de comportamentos exploratórios: quem explorar mais aquilo que o rodeava, maior criatividade conseguia no problema formulado.
Geralmente, partindo de um confuso amontoado de factos, dificuldades e lacunas de informação, o esforço a desenvolver vai no sentido de analisar/sintetizar a confusão através da redefinição do problema e da procura de informação adicional. No entanto, tendemos muitas vezes a procurar soluções que encaixem no problema tal como o definimos. E as definições do problema frequentemente incluem limitações – normalmente sob a forma de assunções do tipo de solução que estamos à procura – que nos impedem de encontrar soluções mais interessantes e promissoras.
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Definições e taxonomias de problemas: a) RECONHECER o problema: problemas evidentes, onde é necessário apenas o seu reconhecimento e consequente (re)formulação consciente.
b) DESCOBRIR
problemas
já
existentes
a
partir
de
elementos
perturbadores, de contradições, erros ou similaridades inesperadas, algo que não responde às expectativas (descoberta por anomalia). Nestes casos, o problema já existe mas não é proposto por ninguém, embora pressentido.
c) CRIAR problemas criados: quando não é conhecido o problema a resolver, o método de resolução, nem a solução, o sujeito confronta-se com a tarefa de criar o problema a partir de elementos não problemáticos. Alguns autores consideram, no entanto, que a descoberta e a resolução de problemas correspondem ao mesmo processo, não há separação entre os dois processos. Posições recentes parecem reforçar a ideia de integração da descoberta de problemas num processo de resolução criativa mais englobante.
PRINCIPAIS IDEIAS
CPS – ETAPA 3
Descoberta de um problema: aperfeiçoar a definição inicial do problema formulada na etapa 1.
Problem-finding: reconhecer oportunidades, colocar questões pertinentes e originais.
Intensificar
comportamentos
exploratórios:
quem
explorar mais aquilo que o rodeava, maior criatividade conseguia no problema formulado.
Definições e taxonomias de problemas: reconhecer o problema; descobrir problemas; criar problemas criados.
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5.4. ETAPA 4: PRODUÇÃO DE IDEIAS (“idea”) Assim que o problema esteja claramente definido, uma grande quantidade de ideias pode ser gerada, com a ajuda de ferramentas
de
criatividade
mais
apropriadas à situação, ideias que serão avaliadas, comparadas, melhoradas ou combinadas na etapa seguinte.
Durante esta etapa deve-se procurar reduzir (hábitos,
convenções,
preconceitos,
os
bloqueios
conformismo,
à
rejeição
criatividade de
ideias,
ansiedade); começar com frases como "E se..." ou "Ora suponham que...", pensando em substituir, combinar, adaptar, modificar, dar outros usos, eliminar, inverter informação, fazer analogias, etc.
O desenvolvimento de ideias criativas é favorecido pelo recurso a uma variedade de técnicas reconhecidas, as quais foram concebidas por diferentes autores. Apesar da diversidade dessas técnicas, é possível agrupá-las, genericamente, em três métodos distintos: método analógico, antitético e aleatório.
A) MÉTODO ANALÓGICO A analogia (“Isto faz-me pensar em...”; “É como se...”)
é
um
processo
fundamental
de
conhecimento, no qual o desconhecido é apreendido através do conhecido.
Muitas descobertas assentam em analogias. A título de exemplo, podemos citar a prensa da azeitona de Gutenberg que viria a tornar possível a impressão de muitos exemplares de
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livros ou a analogia de Arquimedes no banho que lhe dera a solução para achar os volumes dos corpos irregulares.
B) MÉTODO ANTITÉTICO O método antitético apoia-se na libertação mental, na recusa de pressupostos, na relativização dos nossos modelos, no distanciamento em relação a nós próprios, na recusa das regras adquiridas do nosso comportamento e do nosso raciocínio.
O que se opõe à invenção é o que já existe. E o que existe já não é o real exterior a nós próprios, mas o real percecionado segundo um certo modelo. Inventar é começar por rejeitar a “imagem deste mundo”.
Não se deve entender o método antitético como um método de destruição, mas antes como um método de renovação.
Efetivamente, nesta metodologia, na qual estão incluídos o pensamento alternativo e o pensamento lateral, parte-se do princípio de que a descoberta assenta, antes de mais, numa total disponibilidade para pôr em causa o estabelecido, mas as normas atuais não podem ser eliminadas senão pela construção de novas normas.
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C) MÉTODO ALEATÓRIO
De acordo com esta metodologia, a descoberta pode sempre reduzir-se a um fenómeno de composição ou de combinação: dois objetos, dois conceitos, dois fenómenos, que nunca
até
relacionar,
então se
se
sonhara
sobrepõem
de
repente um ao outro para dar origem a um novo objeto, um novo conceito, um novo fenómeno.
O método aleatório, tal como o seu nome indica, assenta na ideia de que a descoberta resulta de combinações ao acaso. Como tal, há que provocar associações, relacionando sistematicamente objetos ou conceitos de encontro poderá surgir uma descoberta.
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PRODUÇÃO DE IDEIAS – MÉTODOS E TÉCNICAS QUADRO GERAL MÉTODO
TÉCNICA
ATIVIDADE
Sinética Biónica I. ANALÓGICO
II. ANTITÉTICO
III. ALEATÓRIO
IV. OUTROS
Heuridrama Jogo de adereços Dramatizar Motes Carrocel Provérbios Imagens Sensoriais / Mentais Semântica Produção Figurativa Divergente Simbólica Lista de Atributos Análise Funcional Chec-List (Lista de verificação) Check-List Check-List de Alex Osborn Brainstorming Reverse brainstorming Brainstorming Brainstorming individual Quality Brainstorming Futuristas Cenários Fantásticos Explicações alternativas Pensamento Consequências alternativas Alternativo Soluções alternativas Gerar alternativas Os Seis Chapéus do Raciocínio CTF: Considere Todos os Fatores APE: Alternativas, Possibilidades, Escolhas Pensamento Lateral OPV: Outros Pontos de Vista (De Bono) PNI: Positivo, Negativo & Interessante PPI: Primeiras Prioridades Importantes Associações Forçadas Matrizes de Descobrimento Palavra Aleatória
Questionar para Pensar Histórias Imaginativas Descoberta de Problemas (Problem finding)
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PRINCIPAIS IDEIAS
CPS – ETAPA 4
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Gerar uma grande quantidade de ideias com a ajuda de ferramentas de criatividade. Reduzir os bloqueios à criatividade: hábitos, convenções, preconceitos, conformismo, rejeição de ideias, ansiedade. Três
métodos
criatividade:
para
método
o
desenvolvimento
analógico,
da
antitético
e
aleatório.
5.5. ETAPA 5 - DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES (“solution”) A etapa 5, desenvolvimento de soluções, baseia-se na capacidade de escolher uma solução. Isto é, selecionar as ideias/opções geradas que cumpram os critérios definidos para chegar aos resultados esperados com base em instrumentos de análise (pensamento analítico).
A
escolha
de
uma
solução
é
a
continuação natural do processo de criação de soluções.
A diferença entre esta etapa e a anterior é que esta última deverá explicitar critérios para avaliar as ideias apresentadas.
Para analisar as melhores ideias/soluções é necessário desenvolver vários critérios de avaliação objetivos, adaptados a cada problema concreto como, por 23 www.nova-etapa.pt
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exemplo: custo, tempo, exequibilidade, aceitação, utilidade, outros (cor, tamanho, estilo, valor, manutenção, performance, conforto, segurança).
A melhor solução tem que ter em consideração uma variedade de critérios. A definição dos critérios é uma tarefa complexa que já é em si um problema que exige uma grande criatividade.
Por vezes várias ideias podem ser postas em prática. Noutros casos a tarefa é mais difícil, pois é necessário escolher apenas uma ideia a implementar.
Algumas técnicas, ferramentas e instrumentos para análise de soluções:
Matriz de Avaliação;
Curto, Médio e Longo Prazo – CML;
Seis Chapéus do Raciocínio (Chapéus mais “convergentes”);
Pensamento lateral (CTF: Considere Todos os Fatores; APE: Alternativas, Possibilidades, Escolhas; OPV: Outros Pontos de Vista; PNI: Positivo, Negativo & Interessante; PPI: Primeiras Prioridades Importantes);
...
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PRINCIPAIS IDEIAS
CPS – ETAPA 5
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A escolha de uma solução é a continuação natural do processo de criação de soluções. Selecionar as ideias/opções geradas que cumpram os critérios definidos para chegar aos resultados esperados com base em instrumentos de análise Desenvolve o pensamento analítico. A definição dos critérios é uma tarefa complexa que já é em si um problema que exige uma grande criatividade.
5.6. ETAPA 6 - CONSTRUÇÃO DA ACEITAÇÃO (“acceptance”) Depois de uma solução promissora ser encontrada, é necessário que ela seja aceite e implementada. É importante pensar nas possíveis consequências da sua aplicação, assim como nos possíveis obstáculos.
Muitas ideias valiosas não funcionaram na prática devido a:
Não se ter desenvolvido um plano com calendarização precisa para a sua implementação;
Não se ter previsto possíveis obstáculos e/ou fontes de resistência;
Não se ter proposto uma forma de monitorizar os progressos de forma a determinar o grau de eficácia da solução ou os seus possíveis melhoramentos. 25 www.nova-etapa.pt
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Nesta etapa, trata-se de planear a transformação da decisão em ações a realizar, começando por enumerar as ajudas e os obstáculos e listando as ações a realizar a curto, médio e longo prazo, até a decisão estar completamente executada. Em primeiro lugar, há que planear a aceitação da ideia a “vender”:
De que modo poderei reunir apoios? Como me poderão ajudar? Quem é preciso convencer?
O que é que eu pretendo que alguém faça com a ideia?
Que vantagens para esse indivíduo em aceitar a ideia?
Objeções possíveis que poderão levantar? Como ultrapassá-las?
Qual o melhor lugar e altura para apresentar a ideia?
Quais as precauções a tomar?
Durante o processo de implementação é frequente haver necessidade de fazer mudanças e melhoramentos, controlando a relação: objetivos fixados – resultados obtidos
Alguns critérios importantes de avaliação:
Pertinência
- verificar se
os objetivos
visados são válidos.
Coerência – grau de adequação entre as decisões respeitantes ao funcionamento interno e o seu envolvimento externo.
Eficácia – comparar resultados com os objetivos e estimar os efeitos produzidos.
Eficiência – utilização dos meios (humanos e materiais) postos à disposição.
Oportunidade – adequabilidade temporal das decisões e respetiva implementação.
Adesão – grau de envolvimento dos participantes.
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Algumas técnicas, ferramentas e instrumentos para a construção da aceitação: Observações; Questionários; Entrevistas e discussões; Outros.
PRINCIPAIS IDEIAS
CPS – ETAPA 6
“Vender” a solução. Prepara a implementação da solução: planear a transformação da decisão em ações a realizar Identificar fontes de apoio e de resistência. Formular planos específicos para obter apoio, desenvolver e avaliar as ações. Controlar a relação objetivos fixados / resultados obtidos.
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Mód.IV: Criatividade e Resolução de Problemas – o Modelo CPS
6. A RETER… O modelo CPS é um conjunto de processos para analisar e solucionar problemas, identificar e vencer desafios e estabelecer e realizar objetivos. O recurso ao modelo CPS possibilita a indivíduos e organizações serem criativos e inovadores na resolução de problemas e no tratamento de novas oportunidades de negócios.
Este modelo é constituído de 3 estágios (definição do problema, solução do problema e implementação da solução), encontra-se dividido em 6 passos: reconhecimento do problema, obtenção de dados, formulação do problema, geração de ideias, desenvolvimento da solução e implementação da solução. Estes seis passos estruturam o processo criativo.
O CPS define o que fazer, passo a passo, para produzir uma ou mais soluções criativas e práticas. Cada passo é formado de duas fases:
- Pensamento divergente: fase de geração de muitas opções e possibilidades que, conforme o estágio, podem ser dados, definições do problema, ideias, critérios de avaliação ou estratégias de implementação. É uma fase de liberdade para imaginar, em que o julgamento é suspenso.
- Pensamento convergente: fase para avaliar e fazer escolhas entre as várias opções e possibilidades imaginadas na fase divergente. Nesta fase faz-se a seleção dos dados mais relevantes, das ideias mais promissoras, dos critérios e estratégias mais adequados e viáveis.
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