Módulo I - A Importância da Gestão das Emoções

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MÓDULO I

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DAS EMOÇÕES

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Controlo Emocional eLearning

Mód.I: A Importância da Gestão das Emoções

FICHA TÉCNICA

TÍTULO Controlo Emocional

AUTORIA, COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA E CONCEÇÃO GRÁFICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.

ANO DE EDIÇÃO 2012

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ÍNDICE

I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS

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II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS

5

III. INTRODUÇÃO

6

IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo I – A Importância da Gestão das Emoções

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Objetivos Pedagógicos

10

Conteúdos Programáticos

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1. O que são competências emocionais

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2. Inteligências múltiplas e Inteligência emocional

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3. Etapas da alfabetização emocional

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I.

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OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS

Avaliar a importância da gestão emocional; Reconhecer o impacto das emoções na vida pessoal, profissional e social; Distinguir diferentes tipos de inteligência; Identificar as principais características da inteligência emocional; Identificar as competências associadas à gestão das emoções; Definir emoção; Identificar os sinais característicos das emoções fundamentais; Distinguir os sinais fisiológicos, cognitivos e comportamentais das emoções fundamentais; Reconhecer os mecanismos de defesa da raiva; Aplicar estratégias para enfrentar bloqueios emocionais; Identificar as funções do medo; Aplicar estratégias para lidar com o medo; Identificar as principais vantagens da alegria; Utilizar estratégias para aproveitar adequadamente a alegria; Identificar as funções da tristeza; Aplicar estratégias para gerir convenientemente a tristeza; Avaliar o impacto das emoções no relacionamento interpessoal; Identificar técnicas de facilitação emocional dos outros.

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II.

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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS

Definição de emoção; Conceito de inteligência intelectual, inteligência emocional e inteligências múltiplas; Conceito de competência interpessoal e intrapessoal; Conceito de controlo emocional; Emoções fundamentais; Psicofisiologia das emoções; Características fisiológicas, cognitivas e comportamentais da raiva, do medo, da alegria e da tristeza; Mecanismos de defesa da raiva; Estratégias para lidar com bloqueios emocionais decorrentes da raiva; Funções vitais do medo; Estratégias para lidar com o medo; Principais vantagens da alegria; Formas de aproveitar adequadamente as vantagens da alegria; Funções vitais da tristeza; Estratégias para gerir eficazmente a tristeza; Impacto das emoções no relacionamento interpessoal; Técnicas de facilitação emocional.

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III.

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INTRODUÇÃO

São sete da manhã. Toca o despertador. Com um gesto brusco Joana desliga-o. Acorda as crianças. “- Toca a levantar! Despachem-se que eu estou com pressa!” A Maria e o Manuel estão ensonados e resmungam. “- Ó mãe tenho sono! Não quero ir para a escola!” “- Eu bem vos disse para se deitarem cedo. De manhã é sempre a mesma coisa...”. O João passa pelo corredor: “- Com essa gritaria toda ainda acordas os vizinhos!” “- Se achas que fazes melhor, vem cá tu!” (...) Estão a tomar o pequeno-almoço. O leite está a ferver em cima da mesa. O Manuel está sentado nos joelhos do pai e não para quieto. De repente, estende a mão para ir buscar o donut, desequilibra-se e põe a mão em cima da cafeteira. “- Não és capaz de estar com atenção! Será que não se pode confiar em ti um bocadinho? Já viste o que podia ter acontecido! O miúdo podia ter-se queimado! E tu também, não és capaz de ficar quieto por um segundo que seja? Será que hoje todos tiraram o dia para me chatear? Que inferno!” (...) Já no carro a caminho da escola das crianças, é um enorme engarrafamento que lhe dá cabo dos nervos. “- Tinha que ser! A mim tudo me acontece! Logo hoje que tenho a apresentação do projeto é que isto tinha de acontecer! Mas o que é isto? Que grande lata tem o fulano! 6 www.nova-etapa.pt


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Meter-se assim à minha frente! Idiota!! Podia ter-me batido! “ “- Ó mãe quero fazer xixi... “- O quê? ...Vocês viram aquilo? Ainda está a olhar com cara de gozo! Ele há cada um...” “– Ó mãe estou aflitinho...” “– Está bem, está bem... Mas isto não fica assim! Ele pensa que por ser mulher me vou ficar! Já vais ver!” “– Pronto mãe já fiz...” “– Sim, sim, está bem... Já fizeste o quê? “ “– Xixi...” (...) Finalmente, chega ao emprego. Agora já só falta fazer a apresentação do projeto perante todos os diretores. “- E agora vão estar todos a olhar para mim... E se faço figura de parva? E se me esqueço do que vou dizer, ou o computador avaria a meio da apresentação? Já estou a suar por todos os poros... Será que a saia está muito curta?” (...) E ainda faltam mais de 12 horas para acabar o dia... Muitas emoções para viver e sobreviver.

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Na escola aprendemos português, matemática, história, inglês e muitas outras coisas que são, sem dúvida, úteis na vida. Mas onde é que aprendemos a gerir as nossas emoções? Onde aprendemos sobre como lidar com um conflito que surge de repente no engarrafamento, ou como lidar com o medo de uma apresentação em público, ou ainda como fazer reagir num conflito familiar, pelas sete horas da manhã?

As tensões da vida moderna, a pressão do tempo, a exigência constante do perfecionismo profissional, são situações que tendem a alterar o estado emocional da maioria de nós, levando-nos ao extremo do nosso próprio limite físico e psicológico. O resultado é, muitas vezes, o desequilíbrio emocional, como parece ser o estado da nossa amiga Joana.

Este desequilíbrio não só nos afeta a nossa vida pessoal e profissional, o que já seria um prejuízo considerável, mas afeta também as organizações, na medida em que cada indivíduo transporta consigo toda uma carga emocional que não se esgota nas paredes da sua casa, muito pelo contrário, é aumentada e potenciada no contacto com todas as pessoas com quem nos relacionamos no dia a dia. As emoções são contagiantes, por isso acrescentamos às nossas emoções, os sentimentos daqueles com quem nos cruzamos, desde o empregado do café que tem o salário em atraso, ao cliente irritado 8 www.nova-etapa.pt


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que apresenta uma reclamação, até (felizmente para nós) ao amigo eufórico porque o seu clube venceu. Raiva, tristeza, medo, mas também alegria, amor, entusiasmo, fazem parte do dia a dia de todos nós. É preciso aprender a gerir as nossas emoções, aprender a tirar delas o melhor partido, a sua força e energia, e canalizá-las na direção certa: em nosso favor e não contra nós. Identificar as emoções, conhecer os seus mecanismos, as suas razões de ser e ainda as melhores formas de as controlar, implica a utilização de uma gramática própria que podemos aprender e treinar, tal como fizemos com outros domínios do saber, como a geografia, a história ou o português. Na verdade, trata-se de uma verdadeira alfabetização emocional, e é isso que lhe propomos realizar com este curso.

“Para sustentar o desafio da época que vivemos, o homem deve reencontrar a proximidade com as emoções de que a sua educação o afastou e tornar-se verdadeiramente ele próprio, um indivíduo diferente de qualquer outro. “ Daniel Goleman

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IV.

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DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS

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OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de:

Avaliar a importância da gestão emocional; Reconhecer o impacto das emoções na vida pessoal, profissional e social; Distinguir diferentes tipos de inteligência; Identificar as principais características da inteligência emocional; Identificar as competências associadas à gestão das emoções.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

Impacto das emoções na vida pessoal, profissional e social; Conceito de inteligência intelectual, inteligência emocional e inteligências múltiplas; Conceito de competência interpessoal e intrapessoal; Conceito de controlo emocional.

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A Importância da Gestão das Emoções

Como está? Esta é a pergunta que fazemos maquinalmente àqueles com quem nos cruzamos no nosso dia a dia. Mas uma pergunta tão simples pode muito bem encerrar em si mesma uma grande e preocupante resposta. Ainda bem que a maioria das vezes os outros também nos respondem de forma automática, com aquele “tudo bem, obrigado”, pois não estaríamos preparados para outro tipo de resposta.

E se ao olhar o espelho pela manhã, nos começássemos a perguntar, “Como estou?” Será que sabíamos responder? Embora possa parecer descabida ou até mesmo idiota, a resposta a esta questão poderia ser parte da solução aos nossos problemas do dia a dia. Como? Veja o exemplo da Joana. Se ela tivesse feito esta pergunta e si própria pela manhã, poderia ter evitado algumas das situações de descontrolo emocional por que passou. Isto, claro, se fosse capaz de identificar as emoções que estava sentindo, se fosse capaz de perceber o impacto

que

essas

emoções

tinham

no

seu

comportamento, no seu pensamento e no seu estado físico e soubesse como geri-las. Então, este processo de gestão controlada das suas emoções, trar-lhe-ia enormes benefícios. A sua saúde física e mental agradecia e, aposto, que a sua família e colegas também.

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1. O QUE SÃO COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS Diz António Damásio1 que “as pessoas que melhor conhecem as suas emoções são aquelas que melhor dirigem a sua vida.” Se somos capazes de reconhecer as nossas emoções, então temos mais possibilidades de as controlar. E porque será assim tão importante controlar as nossas emoções? Porque as nossas emoções influenciam a forma como nos comportamos, porque influenciam o nosso estado de saúde, porque influenciam a nossa relação com os outros, em suma, porque influenciam a nossa forma de viver.

Se forem ignoradas, as emoções podem crescer e resultar em sintomas físicos, tais como dores de cabeça, insónias, irritabilidade e stress. Nos nossos tempos de juventude, era frequente os pais dizerem-nos “se queres ser alguém na vida, tens de estudar bastante”. Tal como o fizemos imbuídos dessa motivação do interesse futuro, também a aprendizagem emocional é fundamental e pode ser realizada em qualquer altura da vida.

Desenvolver

as

nossas

competências

emocionais

permite-nos

desenvolver

a

capacidade de lidar com as emoções em cada situação que se nos coloca no dia a dia e ainda com as suas manifestações, mantendo o equilíbrio emocional. Transmitindo estados de ânimo para gerar atitudes e respostas positivas, aprender a avaliar o impacto das diferentes emoções nas relações que estabelecemos com os outros, faz parte do processo de aprendizagem do controlo emocional.

1

António Damásio, O Sentimento de Si, 2000

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A nossa estrutura emocional básica, ou seja, o nosso padrão de reação habitual, pode ser modificada mediante a tomada de consciência e a aplicação de uma série de estratégias. O nosso cérebro pode ser reeducado, se insistirmos em mudar ou alterar algumas das nossas práticas. Não espere contudo que este manual lhe forneça uma série de receitas mágicas que o façam mudar de atitude da noite para o dia, à semelhança das dietas de emagrecimento tipo “emagreça em três dias e, se não ficar satisfeito, devolveremos o seu dinheiro!”.

A competência emocional não se melhora da noite para o dia, porque o cérebro emocional demora semanas ou meses para mudar de hábitos. Já alguma vez reparou no gesto que faz ao mexer o café? Movimenta a colher em que sentido? Para a direita ou para a esquerda? A que conclusão queremos chegar? Que sendo um gesto de todos os dias, ao qual não prestamos especial atenção, tornou-se um hábito, uma rotina mecânica que fazemos sem nos darmos conta. Para perceber a dificuldade e a necessidade de persistência na mudança de hábitos, quando for beber café, experimente mexer a colher na direção oposta à habitual. Quer saber quanto tempo duraria a mudar este gesto repetitivo? Insista todas as vezes que beber café a mexê-lo da nova maneira. Registe quanto tempo demora a conseguir e quantas “recaídas” tem.

Não

dúvida

que

é

complicado, mas possível, desde

que

seja

essa

a

nossa verdadeira vontade e intenção. “Querer é poder!”. Aprenda a controlar as suas emoções. Afinal de contas, o que é que está em jogo? Apenas a nossa felicidade.

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Quando uma pessoa tem um conhecimento efetivo sobre a sua estrutura emocional, pode canalizar, dirigir e aplicar as suas emoções da forma mais eficaz, permitindo-lhe assim que, ao invés de serem um inconveniente nas suas vidas, passem a jogar a seu favor, de acordo com a sua personalidade.

Em resumo, a competência emocional é a capacidade para identificar as nossas emoções, conhecer os seus mecanismos de funcionamento e aplicar as melhores estratégias para as controlar. De igual forma, ficaremos mais aptos a compreender os outros e a melhorar a nossa relação interpessoal.

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2. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

O conceito de inteligência emocional é, hoje em dia, um dos mais explorados, tanto no que se refere ao desenvolvimento individual como organizacional. Mas então o que foi feito do velho conceito de Inteligência, considerado por todos como fundamental? Afinal de contas, qual a diferença entre Inteligência Intelectual e Inteligência Emocional? Sem entrar em grandes pormenores, eis uma breve abordagem do conceito de Inteligência Intelectual. No início do século XX, o psicólogo francês Alfred Binet deu os primeiros passos na estruturação do conceito de inteligência e no desenvolvimento de uma forma científica de a medir. De acordo com a sua teoria, a inteligência demonstra-se sob dois grandes domínios da esfera intelectual: a verbal e a lógico-matemática. A componente verbal ou linguística está associada ao domínio e utilização das palavras, enquanto que a componente lógico-matemática revela-se pela facilidade ou dificuldade de cada indivíduo em aprender e, sobretudo, perceber a projeção de conceitos, símbolos e lógicas matemáticas. Para medir estas capacidades nos indivíduos, foi então desenvolvida uma escala métrica, dada pela razão entre a idade mental e a idade real multiplicada por 100, ou seja, encontrado o famoso Q.I., ou seja, o Quociente Intelectual.

A partir da Primeira Grande Guerra, foram os norteamericanos que mais desenvolveram e levaram à prática a aplicação dos testes de Q.I., tornando-se mais tarde a sua utilização generalizada a todo o mundo ocidentalizado. Aliás, este conceito de inteligência ainda continua a ter um enorme peso, veja-se a importância atribuída nos nossos programas escolares e na sociedade em geral.

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Como curiosidade, dir-lhe-emos que a média dos resultados obtidos está em crescimento. Em termos médios, entre 1918 e 1980, o Q.I. dos norte-americanos (existem pouco estudos publicados sobre o assunto) aumentou 24 pontos, numa escala considerada normal que vai até aos 150, e a maioria situa-se entre os 70 e os 130.

No entanto, Einstein que foi um cientista brilhante, que desenvolveu teorias só possíveis de estabelecer com

um

pensamento

lógico-

matemática muitíssimo elevado, não foi,

segundo

brilhante,

se

tendo

diz,

um

mesmo

aluno

péssimas

notas à disciplina de Música. Alguns professores terão mesmo dito que era pouco inteligente... E o que dizer de Camões que é indiscutivelmente um génio da literatura portuguesa, mas, ao que se consta, teria uma enorme dificuldade

em

gerir

a

sua

vida

sentimental e até financeira. Terá mesmo morrido em situação de miséria absoluta. Poderíamos ainda prolongar a nossa lista, para referir um sem número de exemplos de pessoas que eram bem sucedidos em determinados aspetos da vida, mas completamente incompetentes noutros.

Será que isto significa que existem múltiplas formas de se ser inteligente? E que umas pessoas desenvolvem mais uns domínios do que outros? Mas que, se calhar, todos são importantes na nossa vida. Quem pode afirmar que é apenas a componente lógicomatemática ou verbal a mais importante para se ser bem sucedido na vida?

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Quais serão os domínios que deveremos ter mais desenvolvidos para sermos bons pais? E para sermos bons profissionais? Esta mesma questão foi feita num inquérito realizado junto de entidades empregadoras que procuravam colaboradores em início de carreira. Pediu-se para referirem, na sua opinião, quais as competências necessárias a um bom profissional.

Que tal registar as suas ideias sobre o assunto? Quais lhe parecem ser os principais requisitos de um bom profissional?

Compare então as suas ideias com as referidas pelos empresários:

1º - Capacidade de comunicação (oral e escrita) e de escuta; 2º - Capacidade de adaptação e de ultrapassar situações difíceis e obstáculos; 3º - Autodomínio, autoconfiança, motivação para trabalhar por objetivos, vontade de progredir na carreira e ter orgulho nas realizações; 4º - Eficiência em grupo e nas relações interpessoais, capacidade para cooperar e trabalhar em equipa; 5º - Empenhamento e vontade de contribuir para o sucesso da organização e potencial de liderança.

Surpreendido? Das várias competências mencionadas, poucas se devem às habilitações académicas, apenas as competências na leitura, escrita e matemática.

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Daniel Goleman2, por muitos considerado o pai da inteligência emocional afirma que “uma visão da natureza humana que ignora o poder das emoções é lamentavelmente míope. O próprio nome homo sapiens, a espécie pensante, é enganosa à luz da nova apreciação e opinião do lugar das emoções nas nossas vidas, que hoje em dia a ciência nos oferece. Todos sabemos pela nossa experiência que, quando se trata de modelar as nossas ações ou tomar decisões, o sentimento conta exatamente o mesmo, senão mesmo mais, do que o pensamento racional. Fomos longe demais na enfatização do valor e da importância do puramente racional - do que mede o Q.I. - na vida humana. Para o melhor ou para o pior, a chamada “inteligência intelectual” não serve para nada, quando as emoções dominam.”

Goleman enquadra o termo Inteligência Emocional como a capacidade individual de identificar os próprios sentimentos e os dos outros, de nos automotivarmos e de gerir as emoções ao nível intra e interpessoal.

2

Daniel Goleman, citado por Celso Antunes em Alfabetização Emocional

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Desta forma, a inteligência emocional confere ao indivíduo a capacidade de se automotivar, de procurar o seu potencial único, ativando as suas aspirações e valores mais profundos, que deixam de ser aspetos acerca dos quais pensamos, e passam a ser vividos. As emoções serão assim o nosso motus anima, ou seja, o espírito que nos move 3

.

No entanto, não basta ter sentimentos mas é fundamental que aprendamos a reconhecer e a valorizar os sentimentos – quer em nós próprios, quer nos outros – para que consigamos reagir adequadamente a estes, aplicando eficazmente a informação e a energia das emoções nas nossas vidas.

Esse reconhecimento e valorização são os pilares fundamentais da inteligência emocional, partindo do conhecimento da natureza humana para alcançar a «inteligência das emoções».

3

Cooper, 1997

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Para ilustrar a capacidade de reconhecimento emocional, é frequentemente citado um velho conto japonês4, segundo o qual certo dia um aguerrido samurai desafiou um mestre de zen a explicar-lhe os conceitos de Céu e Inferno. No entanto, o monge respondeu trocista: “Não passas de um estúpido e não perco tempo com gente da tua laia!”. Ofendido na sua honra, o samurai encheu-se de raiva e puxando da sua espada gritou: “Podia matar-te já pela tua impertinência!” “Isso, replicou calmamente o monge, é o Inferno”. Sobressaltado ao ver a verdade naquilo que o mestre lhe dizia sobre a fúria que o dominava, o samurai acalmou-se e devolveu a espada à bainha, fazendo uma vénia e agradecendo ao monge a lição. “E isso, disse o monge, é o Céu!”.

Na verdade, a autoconsciência emocional é um auxiliar precioso no relacionamento interpessoal, na medida em que confere ao indivíduo a capacidade de ler em si próprio, e também nos outros, as emoções fundamentais.

4

Daniel Goleman, op.cit.

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3. ETAPAS DA ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

Ficamos assim com uma ideia do que implica o processo de alfabetização emocional de que falávamos na introdução. Assim, a inteligência emocional visa desenvolver cinco aptidões emocionais básicas: a) Capacidade de reconhecer os próprios sentimentos

Isto é, se não formos capazes de avaliar a qualidade e intensidade dos próprios sentimentos, não poderemos saber até que ponto esses sentimentos nos influenciam e às pessoas que nos rodeiam.

b) Capacidade de empatia Empatia é a capacidade de sentir como o outro, de perceber as emoções do outro como estando no seu lugar. Ter esta capacidade é fundamental para estabelecer relacionamentos bem sucedidos, seja ao nível pessoal, seja profissional, ou social.

c) Capacidade de controlar as próprias emoções Ter a capacidade de controlar as nossas próprias emoções significa, antes de mais, ser capaz de expressar adequadamente os nossos sentimentos, evitando expressões descontroladas ou mesmo ofensivas, e ser capaz de adiar a sua expressão até ao momento mais oportuno, o que é, no entanto, diferente de reprimir, suprimir ou engolir as emoções. d) Capacidade de reparação dos danos emocionais

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d) Capacidade de reparação dos danos emocionais Esta capacidade implica sermos capazes de reconhecer os nossos próprios erros e reparar os danos que se possa ter causado, ou seja, desculparmo-nos de forma adequada. e) Capacidade de integração emocional e interatividades Tem a ver com a capacidade de estarmos conscientes do nosso estado emocional, ao mesmo tempo que estamos sintonizados com os sentimentos dos outros, e sermos capazes de interagir de forma eficaz.

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Traduzido de forma esquematizada, apresentamos de seguida um quadro resumo das várias competências englobadas, habitualmente, na Inteligência Emocional:

QUADRO DA COMPETÊNCIA EMOCIONAL

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1. Competências Pessoais São as competências que determinam a forma como nos gerimos a nós próprios 1.1 - Auto consciência Conhecer os nossos estados internos, preferências, recursos e intuições

a) Auto consciência emocional: reconhecer as suas próprias emoções e os seus efeitos b) Autoavaliação precisa: Conhecer as suas próprias forças e limitações c) Autoconfiança: Confiança nas suas capacidades e no valor próprio 1. 2 - Autorregulação Gerir os próprios estados internos, impulsos e recursos a) Autodomínio: Gerir emoções e impulsos negativos b) Inspirar confiança: Conservar padrões de honestidade e integridade c) Ser consciencioso: Assumir responsabilidades pelo desempenho pessoal d) Adaptabilidade: Flexibilidade em lidar com a mudança e) Inovação: Sentir-se à vontade e aberto a novas ideias, abordagens e informações

5

Adaptado de Trabalhar com Inteligência Emocional de Daniel Goleman.

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1.3 – Motivação Tendências emocionais que orientam ou facilitam o cumprimento de objetivos

a) Vontade de triunfar: Lutar por se aperfeiçoar ou atingir um padrão de excelência b) Empenho: Alinhar com os objetivos do grupo ou organização c) Iniciativa: Estar preparado para aproveitar oportunidades d) Otimismo:

Persistência

na

prossecução

dos

objetivos

apesar

das

contrariedades e obstáculos

2. Competências Sociais São as competências que determinam a forma como gerimos as nossas relações com os outros 2.1 – Empatia Consciência dos sentimentos, necessidades e preocupações dos outros

a) Compreender os outros: Ter a perceção dos sentimentos e das perspetivas dos outros e manifestar um interesse ativo nas suas preocupações b) Desenvolver os outros: Ter a perceção das necessidades dos outros e fortalecer as suas capacidades c) Orientação para o serviço: Antecipar, reconhecer e ir ao encontro das necessidades dos clientes/utentes

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2 2 - Capacidade de relacionamento Capacidade para induzir respostas favoráveis nos outros

a) Comunicação: Ouvir com abertura e transmitir mensagens convincentes b) Gestão de conflitos: Negociar e resolver desacordos c) Criação de laços: Alimentar relações positivas d) Cooperação e colaboração: Trabalhar com os outros para objetivos comuns e) Liderança: Inspirar e guiar grupos e pessoas

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