eBook As Funções do Formador e os Contextos de Formação www.nova-etapa.pt
FICHA TÉCNICA
Título As Funções do Formador e os Contextos de Formação Autor António Mão de Ferro Coordenação Técnica Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos Coordenação Pedagógica António Mão de Ferro Direção Editorial Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos
Adaptação e Atualização (Novembro de 2013) Susana Martins Filmes Reedição e Grafismos - Bruno Lajoso
Nova Etapa Rua da Tóbis Portuguesa n.º 8 – 1º Andar, Escritórios 4 e 5 – 1750-292 Lisboa Telefone: 21 754 11 80 – Fax: 21 754 11 89 Rua Agostinho Neto, n.º 21 A – 1750-002 Lisboa Telefone: 21 752 09 80 – Fax: 21 752 09 89 e-mail: info@nova-etapa.pt www.novaetapaworld.com
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ÍNDICE
Objetivos Pedagógicos
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Introdução
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1. O Contexto Atual da Formação
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2. Novos Modelos de Formação
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2.1 Formação a Distância
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2.2 Formação por Unidades Capitalizáveis
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3. Pressupostos para a Definição da Estratégia de Formador
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4. Uma Nova Pedagogia
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4.1. Porque Não Tentar Encontrar Modos Diferentes de Transmitir os Conhecimentos?
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5. As Funções do Formador
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6. O Perfil do Formador
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7. As Competências do Formador
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7.1 Competências Profissionais do Formador: Novos Focos de Intervenção
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8. O Empreendedorismo como Uma das Competências Emergentes
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9. Síntese
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OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
Pretende-se que no final deste módulo os participantes sejam capazes de:
Caracterizar os sistemas de formação, com base nas finalidades, no público-alvo e nas tecnologias utilizadas;
Identificar as funções do formador na formação presencial e no elearning;
Enunciar as competências e capacidades necessárias à atividade de formador;
Discriminar as competências exigíveis ao formador nos sistemas de formação.
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INTRODUÇÃO Ao contrário de outros sistemas de ensino, a formação profissional de adultos
não
tem
antecedentes
históricos. É verdade que desde os tempos
mais
imemoráveis,
o
mestre de um determinado ofício ensinava aquele que queria seguir uma profissão. Todavia, este ensino restringia-se aos aspetos práticos e os teóricos não eram normalmente focados, porque aqueles que ensinavam, na maior parte dos casos, também os desconheciam. O início da formação profissional no nosso país, a nível oficial, só se deu verdadeiramente na década de 60 do século XX. Em termos históricos é recém-nascida. Com o seu aparecimento foi introduzida uma nova maneira de perspetivar a relação de quem ensina com quem aprende, passou a dar-se ênfase ao formando. A partir de uma determinada altura, o processo de avaliação foi mesmo invertido e, em vez de se avaliar aquele que aprende, passou a avaliar-se aquele que ensina.
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Isso fez com que o formador passasse a conceber nas suas estratégias maneiras de seduzir o grupo.
As estratégias não podem ser dogmáticas, mas têm de romper com o evidente, ser originais.
O momento que atravessamos requer formadores conhecedores das variáveis externas e internas que influenciam as empresas, e que proporcionem àqueles que são objeto da formação os mecanismos que lhes permitam
contribuir
para
o
desenvolvimento
de
projetos
englobados nas estratégias das empresas.
O formador necessita de saber os efeitos das suas práticas para poder propor
atividades,
jogos,
exercícios,
discussão
de
casos,
que
despertem os participantes para o desenvolvimento de todo o potencial, criando um clima que permita a edificação de descobertas. A estratégia seguida não pode por isso ser geradora de fracasso, indiferença ou apatia.
Ao longo deste ebook vamos dar-lhe uma perspetiva sintetizada do contexto atual da formação profissional, bem como das funções e perfil que o formador deve desenvolver para fazer face às exigências e tecnologias do mercado atual.
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1. O CONTEXTO ATUAL DA FORMAÇÃO Para que a formação profissional não seja vista pelo adulto como um
fardo
é
necessário
que,
através de um movimento dialético ação-reflexão-ação, seja possível construir modelos racionais que desencadeiem
um
processo
evolutivo e permitam a aquisição de competências técnicas e sociais, que tenham em conta o presente, sem descurar o futuro. É preciso adequar a formação dos indivíduos às novas exigências do mundo do trabalho, ao desafio das novas tecnologias e às novas responsabilidades que a cada um são exigidas.
O conceito de Formação Profissional pode ser sistematizado do seguinte modo: conjunto de atividades que são organizadas e desenvolvidas com o objetivo de habilitar as pessoas no desempenho de determinadas profissões, ou seja, proporcionar aos indivíduos em situação de formação, oportunidades e meios para que adquiram: Conhecimentos - o "saber-saber"; Capacidades práticas - o "saber-fazer"; As atitudes e os comportamentos - o "saber-ser"; Conhecimentos, capacidades e atitudes que permitam o "saber- evoluir".
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Eis uma breve descrição dos vários domínios do saber:
SABER - SABER
Conjunto gerais
dos conhecimentos ou
relativos
a
especializados um
domínio
disciplinar científico, técnico ou tecnológico,
geralmente
designados por conhecimentos teóricos.
SABER - FAZER
Domínio dos instrumentos e métodos cuja utilização é necessária para um bom desempenho profissional. É o conjunto de capacidades práticas, integrando a utilização de instrumentos, equipamentos e métodos.
Refere-se
à
operacionalização
dos
saberes
técnicos,
tecnológicos e científicos.
SABER - SER / ESTAR
Conjunto
de
competências
sociais
e
relacionais
(atitudes
comportamentos) necessárias ao exercício de qualquer função.
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e
SABER - EVOLUIR
Conjugação
de
conhecimentos,
capacidades e atitudes que visam a adaptação a novas situações.
A Formação Profissional é então entendida como “conjunto de atividades
que
visam
a
aquisição
de
conhecimentos,
capacidades práticas, atitudes e formas de comportamento, exigidas para o exercício das funções próprias duma profissão ou grupo de profissões em qualquer ramo da atividade económica”.
A Formação Profissional divide-se em duas categorias principais:
FORMAÇÃO PROFISSIONAL INICIAL
FORMAÇÃO PROFISSIONAL CONTÍNUA
Hoje, a formação profissional destina-se a um público constituído não só por jovens em início da vida ativa, que procuram uma formação de base que lhes permita iniciar uma carreira, como a adultos em plena atividade profissional, cuja atualização e aperfeiçoamento lhes permita exercer cabalmente a sua função.
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No passado ainda recente, o que era considerado dever ser requerido a um trabalhador competente, centrava-se essencialmente na capacidade de intervir com eficácia no processo produtivo, ou seja, exigia-se que fosse, principalmente, um técnico competente. Num mercado de trabalho cada vez mais exigente, é preciso ser mais do que apenas um bom técnico. É preciso ser um profissional competente. Se a formação procura fazer a ponte para o mundo do trabalho, o formador deverá ter em consideração que ao dar resposta às necessidades de hoje está a condicionar o futuro. Para que os alicerces desse futuro consigam resistir aos “safanões” do mundo do trabalho, há que ter em conta a experiência adquirida pelas pessoas e a partir dela transmitir-lhes capacidades para que evoluam. A conceção da formação não deverá então restringir-se aos aspetos de conteúdo e/ou de forma, mas deve ser coerente com os objetivos e métodos que se querem utilizar, e favorecer a geração de ações que conduzam ao sucesso dos objetivos definidos. Em vez de tentar adaptar os participantes ao programa é este que deve ser adaptado à variedade de aptidões e interesses dos formandos. Isto significa que o formador deve ser capaz de entender e, como tal, atuar de maneira a satisfazer uma vasta gama de interesses. O Formador deve ter em conta as necessidades, a inteligência e o temperamento dos participantes, e não partir da ideia de que os conteúdos do programa têm que ser aprendidos por todos sem considerar os ambientes de trabalho e as vivências que têm a ver com as circunstâncias das suas vidas.
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2. NOVOS MODELOS DE FORMAÇÃO É inquestionável que o nível de instrução e as qualificações da população ativa são fatores determinantes quer na qualidade de vida dos indivíduos,
quer
nos
resultados
económicos
das
empesas,
ou
mesmo nos dos próprios países. Os profissionais do futuro têm de aprender a desenvolver os seus talentos, o que significa ter uma disposição para aprender sempre.
Ir
mais
longe
com
a
melhor
formação possível. O caráter efémero das qualificações e das competências impõe, forçosamente, uma renovação constante dos conhecimentos. Por
outro
lado,
o
baixo
nível
das
qualificações tende a persistir devido à dificuldade que os sistemas tradicionais têm em
dar
resposta,
não
só
pelas
metodologias utilizadas, como pelo modo de estruturação e funcionamento das ações.
É nesse contexto que os novos modelos de formação têm vindo a ganhar terreno, de onde se destacam a Formação a Distância e a Formação por Unidades Capitalizáveis.
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2.1. Formação a Distância A formação a distância (FAD) existe desde o século XIX, tendo o primeiro curso por correspondência surgido em Inglaterra, no Sir Isaac Pitman Correspondence College (A. Trindade, 1992), mas o seu desenvolvimento deu-se, sem dúvida, na última década do século XX. Tendo como primeiro suporte o papel, passando posteriormente a utilizar-se os meios áudio e audiovisual e, mais recentemente, os meios multimédia. A introdução das ferramentas multimédia e a utilização da Internet (Formação eLearning), foram as responsáveis pelo grande desenvolvimento a que hoje se assiste neste modelo de formação.
Uma das definições possíveis de formação a distância é a de que se trata de… …um modelo de formação realizado a partir de comunicações interativas humanas e partilha de recursos e informações, em que o processo de aprendizagem ocorre sem necessidade de se estabelecer uma relação face a face entre formador e formandos.
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As tecnologias da informação trouxeram novas estratégias de difusão da informação e novos modelos de comunicação, alterando as atitudes e comportamentos e, consequentemente, uma mudança nos processos de aprendizagem.
A formação a distância, enquanto modelo alternativo à aprendizagem presencial, tem vindo a ganhar peso na última década, como resposta às novas necessidades do mundo atual. Desde logo permite eliminar as barreiras da distância e dos horários, permitindo a cada pessoa aprender de acordo com a sua disponibilidade e ritmo de aprendizagem.
Sejam quais forem as vantagens e os inconvenientes deste modelo de formação, é grande o desafio que se coloca a todos os intervenientes da formação, pelo que é preciso criar condições para que a transição para a sociedade do futuro seja fruto da vontade e não do acaso.
2.2. Formação por Unidades Capitalizáveis O
Modelo
Capitalizáveis
por
Unidades
baseia-se
em
percursos formativos delineados através de módulos/unidades. O formando poderá ir progredindo na
aprendizagem
de
acordo
com a sua motivação e o seu tempo disponível.
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3. PRESSUPOSTOS PARA A DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO Seja qual for o modelo de formação a seguir, ao formador colocam-se sempre grandes desafios aos quais deverá dar resposta. Para tal, o formador terá, cada vez mais, de estruturar a sua formação na base da flexibilidade, mas sem perder de vista: A POPULAÇÃO A QUE SE DESTINA o nível etário o habilitações literárias o experiência profissional o outros pré-requisitos OBJETIVOS
PEDAGÓGICOS
- A serem alcançados no final da
formação CONTEÚDOS TEMÁTICOS - Temas a abordar MEIOS
DE ENSINO/ APRENDIZAGEM
Recursos e
materiais
tecnológicos
-
técnicos (instalações,
equipamentos, métodos e técnicas) OS
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
- Previamente definidos, porque não
interessa formar sem fazer o controlo dos resultados alcançados.
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4. UMA NOVA PEDAGOGIA Começa a ser evidente que transpor a pedagogia de tipo escolar para adultos é um fracasso. No entanto continua a insistir-se nela porque o formador não consegue encontrar métodos mais eficazes ou porque receia experimentar outros. As funções do formador exigem mais tempo e mais esforço mental e físico do que a maior parte lhes dedica.
EXERCÍCIO:
Reflita sobre as razões pelas quais não se pode transpor a pedagogia de tipo escolar para adultos.
4.1. Porque Não Tentar Encontrar Modos Diferentes de Transmitir os Conhecimentos? Se não conseguir logo e falhar, não desanime. Lembre-se, por exemplo, de Thomas Edison que, para conceber um filamento que aguentasse um período de tempo razoável sem se queimar, realizou mais de mil experiências sem conseguir o resultado desejado, até que finalmente o conseguiu.
Ao local de formação vão "desaguar" anseios, desejos de comunicar e de falar daquilo que não é possível abordar no ambiente familiar e profissional. Daí que o formador deva contar com algum tempo e alguma
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disponibilidade para apreciar as aspirações, o sucesso e as dificuldades do formando, de modo a que este sinta que é importante e reconhecido como pessoa. O formador deve ainda interessar-se pelo comportamento dos seus formandos em outras atividades que não só as profissionais, de maneira a que possa ter uma visão global de todos os aspetos em presença, concentrar a atenção nas suas interações e contribuir para a "Revolução Formandocêntrica" em que o centro do processo educativo passou do formador para o formando. Ao transferir o centro da formação para o formando, o formador deve partir das expetativas dos participantes, considerar
o seu contexto
social e associá-lo à apreciação daquilo que produzem. Também não deverá esquecer-se de que o formando gosta: De trabalhar em grupo e de tirar conclusões; De ser tratado pelo próprio nome; De ver os assuntos abordados com clareza e simplicidade; De ser respeitado como indivíduo para que progrida de acordo com as suas capacidades e interesses. Cada formando é uma pessoa diferente, mas é importante ter presente que deverá haver algo que lhes é comum: todos têm um objetivo.
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5. AS FUNÇÕES DO FORMADOR A atividade do formador é uma das
mais
fascinantes.
Ela
permite um contacto com uma enorme panóplia de gente e esse contacto
é
de
impressionante, quando
o
uma
riqueza
especialmente formador
está
disponível para partilhar experiências e é capaz de pôr em causa os seus próprios saberes. O formador competente tem em comum com o artista a intuição, a capacidade de comunicação e de criação. O formador hábil é aquele que, tendo um programa pré-estabelecido, consegue apresentá-lo a cada um dos participantes de modo a que assimilem o máximo sem deixar de ter em conta as suas diferenças. A sua atitude não pressupõe apenas cultura, mas também… Intuição Humor Imaginação Capacidade de Improviso Capacidade de Comunicação Não Verbal Isto exige uma atualização constante por parte do formador que não se deverá contentar em ensinar, curso após curso, sempre a mesma coisa. É neste sentido que a ação pedagógica tende a aproximar-se da arte.
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EXERCÍCIO: Elabore uma listagem referindo as que lhe parecem
ser
as
principais
funções
do
Formador. (Depois confira com as apresentadas neste ebook.)
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Para que o formador consiga desempenhar cabalmente o seu papel, é imprescindível que desempenhe cada vez com mais eficácia funções como:
PLANEAR Elaborar o Plano de Sessão Conhecer o grupo
ANIMAR Relacionar os conteúdos
AVALIAR Avaliar e comunicar
com as vivências e com a
os resultados
realidade sócio-
obtidos
profissional dos formandos Definir objetivos Selecionar conteúdos Escolher métodos e técnicas Conceber instrumentos de avaliação e Prever recursos
Aproveitar o aprendido para a prática futura Associar o ambiente à formação Comunicar os objetivos Atender aos estilos e ritmos de aprendizagem, transformando a formação em processo de desenvolvimento pessoal
Gerir e aproveitar o tempo da formação
Criar situações-problema Diversificar métodos e atividades Favorecer a participação dos formandos Dar ênfase:
ao grupo em formação
à instituição a que as pessoas pertencem
à coletividade em desenvolvimento
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Utilizar os diferentes tipos de avaliação:
Inicial
Formativa
Somativa
De
seguida
veja
o
filme
Funções
do Formador.
A RETER
Para além de conduzir a sessão e transmitir conhecimentos, as funções
do
formador
são bem
mais vastas e
complexas,
destacando-se o Planeamento, a Animação da Sessão e a Avaliação da Aprendizagem.
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6. O PERFIL DO FORMADOR O
Perfil
do
Formador
nem
sempre
é
consensual.
Mas,
independentemente das diversas opiniões, parece não haver muita divergência quanto à necessidade de encontrar uma pedagogia aberta à evolução, à mudança e à utilização de métodos e processos que se adaptem à realidade do participante.
As pessoas mudam, os grupos transformam-se, e os objetivos, de acordo com as necessidades e as alterações tecnológicas, são constantemente alterados, o que requer mudanças e atualizações em harmonia, tendo em atenção as exigências dos participantes.
O contacto com a panóplia de pessoas e o confronto de ideias que isso proporciona dá ao formador a possibilidade de, a todo momento, ir modificando, corrigindo ou confirmando definitivamente muitas opiniões e, quando é humilde, reconhecer-se na célebre frase atribuída a Sócrates… …“Só sei que nada sei”.
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EXERCÍCIO:
Reflita um pouco sobre as questões que se seguem.
De seguida, elabore uma lista referindo o perfil ideal do Formador, e as competências que este deverá possuir.
Questões: Como deverá ser o comportamento do Formador a fim de estabelecer uma boa relação pedagógica com o grupo? Deverá ser transparente, ou utilizar máscaras? A sua atuação deverá ser clara ou cheia de segundas intenções, deverá mostrar força ou fraqueza, segurança ou incerteza?
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7. AS COMPETÊNCIAS DO FORMADOR Empenhamento, capacidade
audácia,
de
intervenção,
criatividade e compreensão do ambiente em que a pessoa vive e atua, poderão ser fatores decisivos
na
questão
do
mercado de trabalho.
É preciso não esquecer que uma pessoa de sucesso não é muito diferente de outra que não consegue atingir o que quer da
vida.
Muitas
vezes
a
diferença deve-se ao facto de ter definido ou não objetivos de modo claro e ao modo como os procura atingir. No fundo, aqueles que acreditam que são os principais responsáveis e por isso mesmo os diretores executivos da sua própria vida e trabalho, que utilizam as emoções, terão certamente muito mais possibilidades de êxito.
Tal como a competência de um responsável pela produção numa empresa se mede pela escolha dos métodos e por uma boa utilização dos equipamentos que possui, a do formador mede-se pela maneira como organiza as ações de formação e pelo modo como seleciona os métodos e técnicas mais adequados àqueles a quem se dirigem e aos objetivos a atingir.
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Uma boa ação de formação deve contribuir para a recriação das organizações e ser um fator de desenvolvimento dos que nelas trabalham. Deverá dar às pessoas a possibilidade de adquirirem ou aperfeiçoarem
os
seus
conhecimentos,
as
qualificações
e
os
comportamentos que lhes permitam desempenhar com competência as funções atuais e as que lhes vierem a ser exigidas no futuro.
Se se exige que se dê maior ênfase à formação profissional no contexto organizacional, não se pode ignorar que ela deve dar particular importância ao desenvolvimento de competências individuais genéricas como: Capacidade de comunicação; Eficácia pessoal; Poder de adaptação. Nunca é demais ter presente que se vive numa conjuntura onde a mudança é uma norma e isso requer indivíduos com vontade de aprender, flexíveis e com iniciativa.
O formador terá cada vez mais de ter como finalidade transformar, preocupar-se com a eficácia da formação
e
ter
em
conta
os
diversos obstáculos que se opõem ao trabalho formativo.
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A RETER
Como principais competências o formador deve possuir: COMPETÊNCIAS
Dominar a sua área de atividade, quer no domínio
TÉCNICO-
técnico, quer tecnológico;
PROFISSIONAIS
Manter-se atualizado.
COMPETÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Saber transmitir conhecimentos; Incentivar atitudes e comportamentos; Desenvolver competências; Funcionar como facilitador da aprendizagem.
Estabilidade emocional; COMPETÊNCIAS SOCIAIS E RELACIONAIS
Capacidade de comunicação; Facilidade de relacionamento interpessoal; Dinamismo e criatividade; Espírito de abertura face aos outros e às inovações; Capacidade de crítica e autocrítica; Gosto por trabalhar em equipa.
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7.1 Competências Profissionais do Formador: Novos Focos de Intervenção Tal como se refere no novo referencial de formação, “o Formador, atualmente, responde a múltiplos desafios e tem de estar preparado para enfrentar as necessidades de um mercado da formação profissional cada vez mais competitivo.” (IEFP, 2012).
Ao formador é ainda exigido que mobilize conhecimentos, aptidões e atitudes nos seguintes núcleos temáticos:
Novos contextos de formação Tecnologias de informação e comunicação
Criatividade pedagógica
Cidadania e igualdade de género
Trabalho em equipa e parceria
Formador
Diversidade social e ética
Marketing e consultoria
Empreendedorismo
Gestão de projetos
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8. O EMPREENDEDORISMO COMO UMA DAS COMPETÊNCIAS EMERGENTES Atualmente, associado ao espírito criativo surge o conceito de empreendedorismo.
A
designação
de
“Empreendedor”
caracteriza aquele que assume riscos e começa algo de novo.
O conceito de empreendedorismo está presente em qualquer área de atuação, incluído a área da formação, e enceta em si mesmo ideias de “Iniciativa”, “Criatividade” e “Inovação”. O espírito empreendedor pressupõe assim que haja a transformação e a mudança de algo. O empreendedor assume que pode falhar porque, quando detetados cedo, os erros podem vir a tornar-se lucrativos. A inovação e o risco andam de mãos dadas e os erros são muitas vezes geradores de sucesso.
O empreendedor bem sucedido considera no entanto que a prudência vale mais do que a ousadia. Uma das máximas de um célebre treinador de basquetebol, John Wooden, era “apressem-se devagar” e Saramago refere num dos seus livros, “não tenhas pressa, mas não percas tempo”. Os empreendedores bem sucedidos têm um comportamento marcado pela pro-atividade. O formador dos nossos dias tem que ser empreendedor, um “Agente da Mudança”, que “faça acontecer”, e, para “fazer acontecer”, é necessário que desenvolva competências transversais. DESAFIO:
No seu entender, quais são as competências transversais que estão associadas ao conceito de “Empreendedorismo”? Anote as suas conclusões. 27
Agora que já teve oportunidade de refletir sobre as competências transversais inerentes ao empreendedorismo, compare as suas conclusões com as competências que de seguida lhe apresentamos.
Assim, o empreendedor deve possuir:
Iniciativa Capacidade de comunicação Pensamento positivo Disposição para correr riscos e assumir responsabilidades Capacidade de Planeamento e de organização do trabalho Capacidade de definição de metas e de objetivos a atingir Aproveitamento de oportunidades - proativo Procura e gestão da informação Exigência de qualidade e eficiência Compromisso Autonomia Persuasão Independência Confiança e autoconfiança Persistência Intuição Liderança Inovação Criatividade Ousadia Resistência ao stress
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O formador ao fazer uso destas capacidades e, ao promovê-las junto dos participantes, pode repensar o processo de ensino-aprendizagem, explorando-o do ponto de vista de novas soluções criativas que se adaptem às características, bem como às necessidades do grupo e do mercado. Philipe Perrenoud. é um dos autores que mais se tem dedicado a esta temática das competências dos profissionais de ensino/formação, em particular das competências a desenvolver no contexto da formação contínua de formadores.
Philipe Perrenoud apresenta-nos uma proposta das 10 competências emergentes para um profissional competente do século XXI:
1. Organizar e animar situações de aprendizagem; 2. Gerir a progressão das aprendizagens; 3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação pedagógica; 4. Comprometer os formandos com a sua aprendizagem e o seu trabalho; 5. Trabalhar em equipa; 6. Participar da gestão da instituição formadora; 7. Informar e inserir os restantes atores do processo formativo (responsáveis, chefias, parceiros, pares, etc.); 8. Usar novas tecnologias; 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 10. Gerir a sua própria formação contínua.
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9. SÍNTESE
Ao longo deste ebook procurámos dar uma indicação dos principais modelos de formação, bem como do perfil, papel, funções do formador, e das competências que deve possuir.
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