ÓRGÃO LABORATORIAL DO CURSO DE JORNALISMO DA FA7 - 7a EDIÇÃO - 2012.2
MÚLTIPLOS OLHARES 1 Materia Prima
Edit
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EXPEDIENTE DIRETOR-GERAL: EDNILTON SOáREz DIRETOR ACADÊMICO: EDNILO SOáREz VICE-DIRETOR: ADELMIR jUCá COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO: DILSON ALEXANDRE PROFESSOR ORIENTADOR E EDITOR: MIGUEL MACEDO PROFESSORA ORIENTADORA DE DESIGN E EDIÇÃO DE ARTE: ANDREA ARAUjO EDITORIAL: ALINE PAIVA TEXTOS - ALUNOS DE PLANEJAMENTO E EDIÇÃO DE REVISTA: ALINE PAIVA, ANDRÉ CAVALLARI M, CAIO TúLIO COSTA, EDUARDO ALMEIDA, LUCAS MOTA, MARIANA MENEzES, MATHEUS OLIVEIRA, PRISCILA FEITOSA DE PAULA, SUIANY ROCHA; DESIGN - ALUNOS DE PLANEJAMENTO GRÁFICO: DAYANNE FEITOSA, SUIANY ROCHA, ALINE PAIVA, RAFAEL BASTOS, LAIS BRASIL E VIRGINIA FARIAS, FELIPE SENA, LIANE BRAGA, LUANA SEVERO, MATHEUS COUTINHO, GABRIEL MAIA, SORIEL LEIROS, GABRIELA FARIAS E LORENA FARIAS, AUGUSTIANO XAVIER E LARA COSTA
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Jornalismo também se faz em grupo Desde a sua mais remota idade, o homem sempre se reuniu em grupos. Primeiro, para se proteger, para caçar, para sobreviver. Depois, para plantar, para se fixar em uma área, até formar cidades. E os motivos para reunir-se em grupo nunca faltaram: transmitir conhecimentos, organizar a vida em sociedade, melhorar as condições de vida, celebrar momentos importantes, competir e divertir-se são apenas alguns deles. E foi um grupo, de 15 alunos da disciplina de Planejamento e Edição de Revistas, que recebeu o desafio de produzir mais um número da revista laboratorial do curso de jornalismo. A proposta de tema foi aceita rapidamente: falar de grupos. O que une as pessoas? Como elas se relacionam? O que caracteriza a infinidade de grupos e “tribos” que existem em Fortaleza? Nas páginas a seguir você confere o resultado desse trabalho que, a exemplo do que ocorre no jornalismo do cotidiano, é, também, uma tarefa de grupo. Cada aluno assina o texto, mas a turma toda se ajudou sugerindo abordagens, indicando fontes, passando contatos. Os monitores de fotografia e os alunos/designers da disciplina de Planejamento Gráfico em jornalismo, em mais uma redação integrada, a Sala de Notícias, foram fundamentais para que a edição ficasse pronta. Afinal, parafraseando Tom jobim, “é impossível ser jornalista sozinho”. Fica, então, o convite para conhecer esses grupos, que se reúnem para ajudar o próximo e doar seu tempo e amor a quem precisa. Ou para dividir paixões por um esporte, por carros antigos, por jogos de cartas, pela história local ou pela música. Boa leitura!
SUMÁRIO
Sum
ário
4 Amigas do peito 6 Gordas em recuperação 10 Mãos à Obra 14 Trupe do Riso 18 Slackline – a vida em equilíbrio 22 Matheus Oliveira = Carro velho não, antigo 26 Caio Túlio Costa =Card Games 30 Independência ou rock 34 Eduardo Almeida = Pelo amor ao rádio
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Encontro de mulheres que participam do grupo AMAR
AMIGAS DO PEITO 4 Materia Prima
MuLHERES QuE SoFRERAM A DoR DE uM CÂNCER SE uNEM PARA RESGATAR SoNHo E TRAZER DE VoLTA A ALEGRIA DE VIVER
TEXTO: SuIANY RoCHA DESIGN: DAYANNE FEIToSA E SuIANY RoCHA
A
dor de descobrir o câncer de mama é um momento muito delicado na vida de qualquer mulher. Muitas se desesperam e acreditam estar ali sua sentença de morte. Compartilhar esse momento difícil, e cheio de dúvidas, é uma maneira que algumas delas encontraram para seguir na luta contra a doença. Além do apoio da família - algo essencial nessa fase - conversar com pessoas que viveram o mesmo drama pode trazer conforto e ainda contribuir para a recuperação. Em Fortaleza, o nível de conscientização na luta contra o câncer de mama é marcado pela atuação de diferentes grupos existentes, por meio de campanhas de informação e acesso ao tratamento. Essa é a intenção do grupo de mulheres que formam a Associação de Motivação Apoio e Renovação a Mulheres Mastectomizadas – AMAR. Criado em 2000, pela médica Ilná Escóssia, presidente do grupo e diagnosticada com câncer dois anos antes, o grupo nasceu a partir da necessidade que Ilná sentiu de trocar experiências com outras mulheres com o mesmo problema. No início eram apenas quatro integrantes que, ao dividirem a dor, multiplicaram as forças. Hoje, com cerca de 20 participantes, o grupo reúne mulheres com diferentes histórias de vida, mas com relatos de experiências semelhantes. “Somos uma família, não de sangue, mas de coração,” diz Aglais Rodrigues, 75 anos de idade, 20 deles só de luta contra os três tipos de câncer que teve na mama, tireoide e intestino. Ela conta que cede com todo prazer o espaço de sua casa para os encontros que acontecem todas as semanas e que ela garante ser momentos de muita descontração. Apesar de procurarem o grupo ainda bastante fragilizadas, ao trocarem experiências, as mulheres renovam as energias e ainda se divertem com histórias vividas pelas amigas que encontram no grupo. A enfermeira Fátima Parente conta que quando descobriu a doença teve o abalo inicial, mas não deixou que a tristeza tomasse conta de sua vida. Mesmo com a queda dos cabelos ela não se intimidava, usava chapéu e saía para dançar com as amigas. Em uma dessas ocasiões foi abordada por seu grande amor. Conta, sorrindo, o que disse seu amado: “queria muito conhecer a dona desse chapéu.” Ele conseguiu e estão juntos até hoje. Relembrar momentos marcantes
como este e compartilhar emoções são apenas algumas das atividades desenvolvidas pelo grupo. Elas realizam cursos de dança, produzem os mais variados tipos de artesanatos que vão desde bolsas a artigos de decoração, fazem orações, programam visitas aos hospitais, e ainda fazem palestras em eventos relacionados à causa, como o Outubro Rosa. O movimento é mundialmente reconhecido, atuante no Brasil desde 2002, com o objetivo de estimular e incentivar a população sobre a importância da prevenção. O câncer de mama é, provavelmente, o mais temido pelas mulheres devido ao alto índice e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal. Passar por exaustivas sessões de quimioterapia, radioterapia e até mesmo chegar a perder parte do seio é para mulher uma situação dolorosa.
Aconteceu assim...
“TORNEI-ME UMA PESSOA MUITO MELHOR DEPOIS QUE ENTREI PARA O AMAR” GOrete Alves De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Avon/Data Popular, divulgada em setembro deste ano, 38% dos homens acima de 18 anos acham que o câncer de mama pode causar o fim de um relacionamento. A maioria deles afirma que a doença acaba com a vaidade da mulher afetada. A falta de companheirismo é uma triste realidade. Mas, nada disso é capaz de abalar mulheres guerreiras que reúnem forças com o único objetivo, o de resgatar vidas aquecendo corações. Gorete Alves conta que descobriu a doença em 2007 e sofreu muito pela falta de apoio do então namorado, que a abandonou durante o tratamento. Hoje, recuperada, ela diz ter sido o apoio encontrado no grupo que a fez dar a volta por cima e superar a dor do desprezo no momento em que ela mais precisava de força. “Torneime uma pessoa muito melhor depois que entrei para o AMAR. Aqui encontrei alegria de viver... Sou muito feliz”
Encontrar o Grupo Amar não foi tarefa fácil. O mês de outubro é o período em que as mulheres estão totalmente envolvidas nas ações do movimento e não estão realizando as tradicionais reuniões na casa de Dona Aglais. Simpática e sempre atenciosa, ela colaborou para que houvesse um encontro extra, e que pudessem contar um pouco de suas histórias e de suas relações com o grupo. A receptividade e a relação de amor e respeito entre essas mulheres foi um ponto positivo e fez nossa conversa transcorrer de forma muito agradável. Valeu pelo aprendizado.
Serviço Local dos encontros: Rua josé Euclides, 228 – Bairro de Fátima Horário: a partir de 15h Contato: (85) 3257 9984 - Aglais Rodrigues (vice - presidente)
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S A R G A M O, M E Ã S N RDINHA E P U C E R ÇÃO A R
GO
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Amizade e determinação marcam o grupo de mulheres que busca atingir o peso ideal da maneira mais natural, com dieta saudável e sem fome Texto - Lucas Mota Design - Aline Paiva e Rafael Bastos
S
orridentes, alegres e simpáticas. São essas as definições para as novas magras. Aliás, magras não, gordas em recuperação! É assim que elas se intitulam. Felizes por alcançar as metas, o peso ideal, o equilíbrio espiritual, físico e mental. O grupo “Gordas em Recuperação” foi criado em Natal-RN, quando Mirella Ciarlini chegou a pesar 94kg. Ela conheceu o médico Alfredo Halpern que apresentou a dieta dos pontos. Ou seja, cada alimento tem uma pontuação e cada pessoa um limite de pontuação. Ultrapassar significa engordar. Mirella conseguiu emagrecer com a dieta. Amigos e conhecidos se interessaram pelo seu progresso ao ver que estava ficando magra. Ela teve a ideia de lançar o livro “Magra? Não. Gorda em Recuperação”, que conta como foi o processo de emagrecimento dela. Depois do livro, criou o grupo para ajudar outras gordas. O livro é o início para a recuperação e a leitura sobre o relato de uma gorda que emagreceu serve como motivação. A sogra de Ciarlini, Francy Cavalcanti, moradora de Fortaleza, trouxe a ideia do grupo para a cidade. Depois de acompanhar o emagrecimento da nora, foi a vez dela de emagrecer. Francy estava pesando 80kg, com espondilolistese - um deslizamento de uma vértebra em relação à outra - e seu médico disse que ela tinha a coluna de uma mulher de 90 anos. Francy seguiu o exemplo da nora com a dieta dos pontos e também obteve êxito na perda de peso. Juntamente com a irmã Elvira Maia, Francy iniciou as reuniões 8 Materia Prima
com as amigas. Logo, foi ganhando adeptas novas, pessoas que chegavam por indicação de outras e o grupo foi crescendo. É na amizade que elas vão ganhando forças a cada dia para emagrecer e se manter no peso ideal. “Nós nos tornamos amigas, nos encontramos e caminhamos. Temos encontros para viajar juntas. Algumas me ligam dizendo que não vão para reunião porque estão gordas. Mas, digo que o motivo do encontro é esse, pois somos gordas em recuperação”, diz Elvira Maia que também estava acima do peso antes de começar o grupo. Interação é a base dos encontros, pois assim vão tendo confiança uma na outra, começando a amizade e dividindo os mesmos problemas. Elvira conta que no início da dieta, o seu marido não gostou muito, pois achava que ela não podia fazer e nem comer nada. Naquela época, tinha o apoio das amigas que também iam passando por situações parecidas. Mas, logo o marido viu o resultado e apoiou a esposa. “Esse encontro é um pilar, a nossa fortaleza, onde encontramos força na outra para enfrentar os nossos problemas. Porque quando temos um problema comemos mais, mas chego lá (no grupo) e vejo que não preciso ter essa saída (dos problemas) para comer mais. O grupo serve para trocarmos ideias e até mesmo falar abobrinhas, é muito bom.”, fala Elvira. O grupo também reúne as gordas na internet, havendo uma interação ainda maior, através do site: www.gordasemrecuperacao.com.br. Nele, pessoas do Brasil inteiro podem se comunicar e conversar a respeito. São lançados desafios entre as gordas para que possam emagrecer. Trocas de email e depoimentos são bem comuns entre elas. Giulliana Karinne, de Fortaleza, começou a emagrecer quando entrou para o grupo Gordas em Recuperação. Ela pesava 120 kg e já havia participado de reuniões para redução de estômago, mas conhecia pessoas que voltavam a estar acima do peso após a cirurgia. Assim, buscou na internet histórias de pessoas que emagreceram muitos quilos sem passar pela mesa do cirurgião. Foi então que
“ESSE ENCONTRO É UM PILAR, A NOSSA FORTALEzA, ONDE ENCONTRAMOS FORçA NA OUTRA PARA ENFRENTAR OS NOSSOS PROBLEMAS” Elvira Maia “A GENTE ACABA SE TORNANDO AMIGA, POIS TODO MUNDO TEM O MESMO PROBLEMA. ENCONTRAVA FORçA NO GRUPO” Giulliana Karinne
achou o site do grupo e começou a interagir. Conseguiu emagrecer 50 kg em 10 meses. “A gente acaba se tornando amiga, pois todo mundo tem o mesmo problema. Encontrava força no grupo e assim continuava. Meus traumas eram os mesmos das outras pessoas. Não era só eu que tinha vergonha de comer em público ou fazer compras no mercantil. Compartilhando nossos receios fica mais fácil”, lembra Giulliana com sorriso no rosto. Alguns pensam que para elas a maior inimiga seria a balança. Mas, para Giulliana não é bem assim. Ela comenta que deixa a balança em lugar de destaque em seu quarto. Segundo Francy Cavalcanti, as pessoas têm o grupo como um porto seguro. Sabem que vão encontrar ali alegria e sentir-se bem.
Aconteceu assim... Tinha outra opção para minha matéria. Pensei em outro grupo. Mas, quando fomos debater sobre como seria o editorial da revista e que tema teria, mudei de ideia. Como o tema é “grupos”, decidimos fazer os que são mais diferentes, fugir do comum, daqueles que todos já conhecem. Em princípio não sabia o que iria escrever, mas em uma pesquisa na internet descobri o grupo “Gordas em Recuperação” e me encantei pela história dessas mulheres que tentam o equilíbrio na balança. Acima de tudo, percebi que prevalece a amizade uma da outra e, a partir dela, vão ganhando força no processo de emagrecer Meu primeiro contato com Francy Cavalcanti foi super amigável e não tivemos problemas para marcar a entrevista. Depois conheci as outras, como Elvira Maia e Giulliana Karinne, pessoas bem simpáticas. Mirella Ciarlini também sempre esteve solícita, mesmo morando em Natal-RN. Foi uma experiência bacana a de construir e buscar a matéria jornalística mesmo com obstáculos e dificuldades à frente.
SERVIÇO
Recuperação, O Grupo Gordas em objetivo de em Fortaleza, tem o queiram e reunir mulheres qu do contato és rav at emagrecer e neira mais entre si buscar a ma peso. Na natural para perder Brasil inteiro do internet, pessoas lo site: pe ar cip podem parti eraçao. up ec mr se rda www.go ad r quirir com.br. Quem quise Gorda em o. o livro “Magra? Nã baixar de po , ” . Recuperação e. sit lo pe e nt me gratuita 9 Materia Prima
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DE MテグS DADAS COM O BEM 11 Materia Prima
Com trabalho e amor, o grupo Mãos à Obra transformou um “mar cinza” em um oceano de solidariedade. Conheça e acredite: sempre é possível fazer algo mais.
TEXTO: ALINE PAIVA DESIGNER: LAIS BRASIL E VIRGINIA FARIAS
“S
olidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” O escrito é do século XIX e seu autor é o médico, político e jornalista Bezerra de Menezes. Mais de cem anos depois, essas palavras ainda encontram eco em grupos como o Mãos à Obra, que nasceu a partir da doutrina espírita e ultrapassou os limites da religião para promover a caridade e o amor ao próximo. Foi no ano 2000 que surgiu o convite para que os integrantes do GEPE (Grupo Espírita Paulo e Estêvão) conhecessem o local de nascimento de Bezerra de Menezes, uma liderança do espiritismo no Brasil. A antiga localidade Riacho do Sangue, hoje faz parte do município de Jaguaretama. A casa onde o “médico dos pobres” nasceu havia sido reconstruída e deu lugar ao Polo de Divulgação Espírita Bezerra de Menezes. Nas palavras de Délio Pinheiro, um dos membros do GEPE que aceitou o convite, foi “um mar cinza” que encontraram ao redor do polo. Sessenta famílias assentadas em uma área pobre e “carente de tudo”. Era setembro e tiveram a ideia de voltar no Natal. O grupo de quinze pessoas, que resolveu se mobilizar naquele ano, levou brinquedos usados e trouxe na viagem de volta a certeza de que poderia fazer algo mais por aquelas pessoas. Ali nascia o Grupo Mãos à Obra. A partir dessa viagem, a “química” que passou a unir essas pessoas foi a vontade de ajudar, deixar de ser ponto de vista para realizar os propósitos. “O sentimento que nos une é o da fraternidade incondicional e a vontade
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“APRENDEMOS COM O MÃOS À OBRA QUE O TRABALHO MODIFICA O SER HUMANO” Marcos Torres
de viver num mundo mais justo e feliz. Não é utopia, é trabalho. Aprendemos com o Mãos à Obra que o trabalho modifica o ser humano”, avalia Marcos Torres, reconhecido como o “animador” do grupo.
E foi trabalhando e viajando juntos que o grupo viu se formarem laços cada vez mais fortes. “A gente se ama. A gente já se olha com aquele olhar de amor”, se derrete Kristiane Franchi ao falar do núcleo mais “chegado” do grupo. “O engraçado é que parece que foi um reencontro, parece que a gente já se conhecia!”. Délio concorda: “são mais do que meus amigos, são meus irmãos de coração. A gente se gosta, quer estar junto”. Quando o Mãos à Obra ainda não tinha a dimensão que tem hoje (já são quase cem pessoas trabalhando e cerca de 300 colaboradores), as casas dos membros eram os cenários das atividades do grupo. O convite podia ser para montar as mochilas que seriam doadas no Natal, para restaurar os brinquedos usados, deliberar sobre a organização da próxima ação ou simplesmente para uma pizza com refrigerante. Mesmo com a mudança de algumas atividades para a sede do GEPE, a tradição dos encontros se mantém. “Toda sexta-feira tem palestra, então a gente já sai da palestra perguntando: ‘e aí, vamos jantar onde?’”, se diverte Kristiane. As famílias se envolvem com todo esse movimento. De forma mais efetiva ou indireta, todos se mobilizam para os sucessos das ações. Como principal animador do grupo, Marcos conta como é contagiante: “Minha família em peso participa do grupo de forma indireta: adesivo nos carros, arrecadação de material, estoque de material na minha casa por vários meses... Eles adoram. Meus filhos todos fazem parte, sobrinhos, cunhados...”. Desse jeito, a “obra do bem” nunca para de crescer. O Natal ainda é a ação de maior mobilização, mas o grupo passou a organizar um calendário anual que já promoveu bazar, pintura das casas, cursos de capacitação dos evangelizadores e levantamento epidemiológico da região.
Aconteceu assim... Como não se sentir bem fazendo o bem? Só de ouvir os relatos apaixonados de quem está dentro do Mãos à Obra já dá vontade de ajudar, ir junto, ver, como disse o Délio, “o amor colocado em ação”. Conhecer essas pessoas é perceber que não tem desculpa: sempre é possível arrumar um tempo para olhar o próximo e fazer alguma coisa para ajudar. A gente passa a acreditar mais na humanidade quando vê tantos talentos reunidos por uma causa do bem. O Ricardo é o “fotógrafo oficial” e editor dos vídeos; o Marcos compôs a letra da canção do grupo; a Kris dá aulas de evangelização. E você? Não quer pôr as mãos à obra?
Serviço Você pode acompanhar a programação do grupo pela Internet: http://www.facebook.com/ grupomaosaobra http://www.grupomaosaobra.org No site é possível se cadastrar na lista de e-mails do grupo e ficar por dentro da programação.
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DE MÉDICO E LOUCO, TODO PALHAÇO TEM UM POUCO A Companhia de Teatro Trupe do Riso é a missão de vida dos que a integram e uma lição de vida para os que a conhecem
Texto: Mariana Menezes Diagramação: Mariana Menezes e Paulo Felix
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oletivo de palhaço, grupo, turma ou companhia teatral são sinônimos que podem definir o que é “trupe”. Mas, para a atriz Cristina Francescutti, a Companhia de Teatro Trupe do Riso é uma missão. Talvez até de outra vida, que lhe foi confiada em 1999. Uma experiência no Hospital Maternidade Escola, em 1997, despertou o desejo de Cristina em mudar a realidade de um hospital. Após contrair uma infecção, ela conviveu 11 dias com o dia a dia doloroso dos pacientes, 4 Materia Prima
Marcos Venícius, Helena Gandra, Cristna Francescutti, Vânia Rodrigues e Patrícia Martins
“
Quando você mexe na alegria, no humor, brinca, tira onda com a cara da doença, ganha um estado de espírito positivo e encara isso como superável
”
Cristina Francescutti
acomodados nos leitos e muitas vezes sozinhos. Ficou pensando como seria mais interessante se existisse caixinhas de música, um painel com desenhos e se as pessoas fossem estimuladas, nos seus leitos, a escreverem uma mensagem. Em 1999, reuniu um grupo de amigos que estavam ligados na relação “arte e saúde” e fundou a Companhia de Teatro Trupe do Riso. Os laços de amizade entre doze pessoas compõem a Trupe. Amigos que se reuniram com o propósito
de penetrar e modificar o universo hospitalar com intervenções teatrais, musicais, leitura, contação de histórias e atividades circenses. São profissionais que escolheram áreas acadêmicas distintas, mas que convergem nos propósitos destas formações: plantar nas pessoas a esperança. São atores, contadores de estórias e músicos com graduação em teatro, música, pedagogia, sociologia, medicina, arte educação e gestão cultural. Histórias de força e cheias de emoções são constantes nos relatórios da Trupe, que são elaborados após cada intervenção, por todos os integrantes. Apesar de a nova formação existir apenas há três anos,além dos muros da Companhia de Teatro, há uma relação de companheirismo e amizade entre eles.
“
A Trupe tem muitos membros e todos são pessoas especiais, que eu agradeço por existirem na minha vida e dividirem a missão de expandir o amor e a alegria
”
Rachel Alencar
Aimê Lopes, que faz a personagem “Dra. Natureza”, já conhecia alguns dos integrantes antes de entrar na Trupe, mas acredita que a amizade só fortaleceu com o trabalho. Outras chegaram com o convívio no grupo, como é o caso dos amigos Rafael Correia, o “Dr. Zé das Flores”, que é professor de circo de Aimê, e Vânia Rodrigues, a “Dra. Chuá”, que estuda teatro com ela.
Vânia e Jonathan Coutinho, o “Dr. FonFon”, que atuam no mesmo espetáculo. Amizades que já existiam antes da formação do grupo e outras que, como grata surpresa, surgiram no convívio das intervenções. E assim eles estão ligados, não só mais pela relação “arte e saúde”, e sim pelo laço “arte, saúde e amizade”.
Desde
1999 a Trupe do Riso transmite amor em forma de alegria As amizades e os relacionamentos, no entanto, se diferenciam: alguns participam de cursos de Clowns (palhaços), aulas de malabarismo e da prática de “perna de pau”. Outros têm projetos juntos, como Rachel Alencar, a “Dra. Margarida”, Helena Vasconcelos, a “Dra. Girassol”, e Mário Filho, o “Dr. Aquele”. E há aqueles que trabalham juntos, fora da Trupe, como é o caso de
Aconteceu assim... Depois de ter conhecido a Trupe do Riso e ter visto o que a Companhia significa para cada um deles, meus sentimentos são de surpresa, inquietação e gratidão. Nessa ordem, necessariamente. Surpresa porque, infelizmente, não sabia da existência, exatamente assim, de algo tão sublime e de importância social tão relevante. Inquietação por saber que ainda existem dúvidas sobre os avanços que esse trabalho é capaz de proporcionar. Mostrar às pessoas doentes um novo olhar sobre a vida e sobre a doença que, por mais dolorosa que seja, há uma possibilidade de vivenciá-la de forma positiva, é incrível. É clichê, mas a minha gratidão é por existirem, por nos mostrar o quanto a vida é linda de viver, mesmo que algo insista em dizer que não. Um ensinamento que guardarei comigo, sempre.
SERVIÇO (85) 3226 3739 trupedoriso@hotmail com Rua Jaime Benévolo, 481 5 Materia Prima
A vida em
equilĂbrio Um novo jeito de andar sobre uma corda bamba estĂĄ se popularizando em Fortaleza: o Slackline,que jĂĄ atrai muitos adeptos
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Jo茫o Timb贸 praticando o Slackline no aterro da Praia de Iracema
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Fotos: Divulgação
Texto: André Cavallari M. Design: Felipe Sena e Liane Braga
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oncentração, equilíbrio, disciplina e força de vontade. Esses são alguns dos elementos fundamentais para a prática do Slackline, um esporte que tem se popularizado bastante nos últimos anos. Slackline, em português, significa corda bamba. A prática de caminhar sobre uma corda é muito antiga, mas esse esporte surgiu para trazer uma nova maneira de se exercitar e de sentir adrenalina. Ambientes tranquilos e relaxantes são os preferidos dos praticantes do esporte, que é divertido, saudável, prático e tem um custo muito baixo. Para praticar, basta uma corda e uma catraca, que serve para fixar a corda entre dois pontos. Praias, praças e outros locais repletos de árvores são os mais utilizados por quem o pratica. João Timbó, 20, cursa Arquitetura e Urbanismo, mas dedica grande parte do seu tempo à prática do Slackline. Ele, juntamente com outros amigos, deu início ao esporte em Fortaleza. Eles nunca tiveram um professor. “Nós que começamos o esporte aqui. O nosso professor, na verdade é o YouTube, mas para o pessoal que está começando agora, também damos aulas”, afirmou João. Ele e os amigos se exercitam quatro vezes na semana, no aterro da Praia de Iracema. Treinam juntos há mais de um ano e têm se profissionalizado no esporte. O grupo de amigos realiza viagens ao interior do estado para praticar em paisagens diferentes e encantadoras. Apesar de terem seus respectivos trabalhos, alguns deles planejam participar de campeonatos de Slackline e se aperfeiçoar ainda mais. João tem o desejo de participar de competições nacionais, mas não investiria, por exemplo, numa competição em nível mundial. “Tenho minhas pretensões de participar do Brasileiro, de disputar outros campeonatos, mas disputar o mundial, só se eu estiver no local por algum motivo. Pra ir, pra gastar só pra
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O equilíbrio e a concentração são fundamentais para a prática do esporte
Aconteceu assim...
isso, não. Para um mundial, o investimento é alto, mais de R$ 4 mil”, disse o atleta. Os praticantes cearenses de Slackline preferem treinar aqui pelo estado mesmo. Eles são de todos os perfis possíveis, é um grupo bem diversificado. Esse esporte proporciona diferentes benefícios, por isso é indicado para todas as pessoas. Um de seus objetivos é a prospecção, o equilíbrio entre o corpo e a mente, que também é muito comum na prática de Yoga. Além da prospecção, o foco e a disciplina também são fundamentais.Muitas pessoas praticam esse esporte por ser uma forma diferente de se divertir. Apesar de parecer tranquilo, as manobras e saltos diferentes o tornam bem radical. Por um Fio Em Fortaleza, praticantes do Slackline decidiram se juntar e criar o grupo Por um Fio,que reúne mais de 200 atletas, mas apenas 20 são realmente praticantes do esporte. No grupo, há espaço para todos. É o que explica Thiago Rego, 19, estudante de Direito e um dos participantes do grupo. “Todo mundo pode praticar. Treinava com a gente um senhor de 64 anos. Em nosso grupo tem um cara de mais de 100 kg e ele pratica normal, igual a gente”, disse Thiago, com bom humor. Engenheiros, advogados, arquitetos, estudantes, desempregados, no grupo há espaço para todos. O grupo Por um
Todo mundo pode praticar. Treinava com a gente um senhor de 64 anos e outro com mais de 100 kg” Thiago Rego
Esse período de estudo e vivência com os praticantes de Slackline me fez perceber que o esporte pode ser praticado de diferentes maneiras, por diferentes tipos de pessoas. A grande maioria tem seu emprego ou estuda na área que quer trabalhar. O esporte é apenas um hobby, mas que consome grande parte do tempo delas. Muitas vezes eles praticam das 17h às 22h, quatro vezes na semana. É muito tempo! Nas conversas que tive, pude perceber a calma e tranquilidade da maioria deles. Dizem que é um verdadeiro equilíbrio entre o corpo e a mente. É um esporte diferente, que apesar de parecer simples, traz uma série de inovações e de diferenciais. Criatividade e ousadia são muito importantes para que os atletas possam ir além e se aperfeiçoar na prática deste esporte.
Serviço
Fio foi criado há pouco mais de um ano e em todo esse período uma característica prevaleceu: a diversidade de perfis dos praticantes. Mesmo sendo tão diferentes, eles têm ótimo relacionamento, que vai muito além do esporte. Eles saem para passear, vão à casa uns dos outros e até viajam juntos. Um grupo diversificado, que pratica um esporte diferente. Essa é a realidade do Slackline. Uns preferem andar sobre a corda, outros apenas se equilibrar e outros preferem praticar as manobras radicais. A partir do momento em que eles sobem na corda, não são mais advogados ou arquitetos. Esquecem-se de tudo que está ao seu redor e se concentram apenas no que estão fazendo. Pessoas bem diferentes, mas com uma paixão em comum: a corda bamba.
De segunda a sexta-feira, os praticantes do Slackline se encontram no aterro da Praia de Iracema, a partir das 17h. Para outras informações, acesse a página do grupo Por um Fio no Facebook: Interessados em aulas de Slackline, contactar João Timbó pelo joaocarlostimbo@gmail.com
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CARRo VELHo NÃo,
VEÍCuLo ANTIGo! UM GRUPO DE APAIXONONADOS PROCURA MANTER VIVO O MODELO DE CARRO QUE FEz MUITO SUCESSO, O OPALA
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Texto: Matheus Coutinho Design: Luana Severo e Matheus Coutinho Fotos: Wellington Dantas
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ão é curioso um jovem gostar de um carro que deixou de ser fabricado há mais de 20 anos? Em Fortaleza, há um grupo de pessoas que se encontra somente por amor ao Chevrolet Opala. Um carro que marcou época, por ser muito confortável, elegante e por possuir um motor potente. O Opala passou a ser fabricado em 1968, pela General Motors do Brasil (GM), encerrando sua história em 16 de abril de 1992. Apesar de ser um automóvel antigo, o Opala reúne muitos admiradores jovens, que procuram manter sua história viva. O “Chevrolet Opala Clube Ceará” existe exatamente para que o automóvel não seja extinto. O clube surgiu em 2009, no momento em que o geólogo e atual presidente do clube, Victor Bomfim, 29, juntamente com dois amigos, decidiram formar um grupo que reunisse pessoas que possuíam somente Opalas com o máximo de originalidade possível. Segundo Victor, também conhecido entre os membros do clube como “Victor do Opala”, não é qualquer um que pode participar dos encontros. As pessoas que preferem carros rebaixados, com som ou com aros grandes, devem procurar outros grupos que aceitem esses tipos de automóveis. “Não importa se o carro está com a pintura estragada ou com ferrugem. Nós prezamos pela originalidade”, ressalta o presidente. Victor sempre teve o apoio da família para o crescimento do clube. A paixão pela máquina vem desde os tempos de criança. Viajar nas Caravans (versão perua do Opala), do pai e do tio, despertou nele o gosto pelo automóvel. Assim que completou 18 anos de idade, comprou seu primeiro Opala, um Diplomata 1992, e hoje já está no sétimo. O pai de Victor, Antônio Gomes, 64, é um apaixonado por carros da Chevrolet, especialmente pelo Opala, e, sempre que pode, acompanha o filho nos encontros dos “Opaleiros”. O personal trainer Carlos César Guerreiro, 28, também herdou o gosto
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“Opaleiros” e outros grupos se reúnem para ouvir orientações sobre manutenção
do pai. Ao completar 18 anos de idade e tirar a carteira de motorista, sua mãe lhe ofereceu duas opções: um carro zero ou um Opala 1980 branco. Carlos não pensou duas vezes e decidiu ficar com o Opala. Antes de entrar para o Chevrolet Opala Clube Ceará, Carlos já desfilava pelas ruas de Fortaleza com seu irmão, que também era fã do carro. Eram conhecidos como os “dois irmãos”, por cada um possuir um Opala. Foi em uma dessas voltas que avistaram um dos encontros do clube e pararam para saber mais detalhes. O convite foi feito pelo presidente para
que, Carlos e o irmão, passassem a frequentar mais vezes os encontros. As amizades só cresceram dentro do clube e Carlos César até hoje é um Opaleiro de coração. Os membros do grupo combinam os encontros no segundo sábado de cada mês, no Posto Reis Magos II, situado ao lado do Shopping Iguatemi, em Fortaleza. O clube é muito bem organizado e, quando acontecem eventos diferentes (feiras, lançamentos de produtos de limpeza, encontros de carros antigos), todos são avisados por e-mail. O Chevrolet Opala Clube Ceará cresceu bas-
Não importa se o carro está com a pintura estragada ou com ferrugem. Nós prezamos pela originalidade” Victor Bonfim
de funilaria dos carros
tante. Atualmente, o grupo conta com mais de 40 associados. Todos do clube são muito cuidadosos com os carros. Um dos sócios mais antigos possui, há mais de 15 anos, um modelo Diplomata 1991 e diz nunca ter alterado a pintura original. Além do principal tema dos encontros ser sobre o automóvel, os participantes também gostam de conversar sobre outros assuntos. Nos momentos de descontração, uma cervejinha sempre é bem-vinda. O que é um clube de afccionados por um carro, acaba se tornando um grupo de amigos fiéis. Terem
todos os carros reunidos, conversarem sobre o dia a dia e trocarem ideias sobre o Opala é o que há de mais importante quando estão juntos. Como se trata de um carro antigo, as peças são difíceis de ser encontradas e nem todos os mecânicos sabem consertar. É quando os amigos acabam ajudando uns aos outros. No primeiro sábado de cada mês, não só os Opaleiros, mas muitos outros clubes de carros antigos se reúnem no Museu do Automóvel. O museu sempre contou com o apoio do clube e quando promove passeios e eventos, não deixa de convidar o Chevrolet Opala Clube Ceará, onde os membros escolhem quatro ou cinco carros para exposição, pois, as vagas são limitadas para cada clube. Em 2010, no evento em comemoração aos 42 anos do Opala, o Museu do Automóvel deu total apoio e conseguiu reunir mais de 50 modelos do automóvel. No Ceará, existem outros clubes de apaixonados por carros antigos, como o Clube do Fusca ou o Clube do Chevette. Segundo a presidente do “Volks Clube do Ceará”, Isabel Romcy, 50, para gostar de carros antigos basta ir a primeira vez a uma exposição. Isabel que antigamente só possuía “carro zero”, depois que conheceu os modelos antigos, não quer mais saber de carro novo. Para ela, a união dos clubes é de total importância. Sempre procuram se juntar em passeatas, como no dia 7 de setembro, para exibir os automóveis. “O intuito é crescer o movimento. Afinal de contas, quem não é visto, não é lembrado!”, ressalta Isabel.
Aconteceu assim... Notei que entrevistar pessoas que formam um grupo por amor ao carro Opala foi bem interessante. Extrair dos entrevistados algo sobre o que gostam de fazer não foi difícil, pois fazem questão de falar sobre o assunto. É incrível a forma como eles têm carinho pelos carros. Cuidam como se fossem seus filhos. De início, percebi logo a fácil acessibilidade aos membros do grupo e que os mínimos detalhes que contaram sobre os encontros que fazem ou dos eventos que participam, fez total diferença para a matéria. Já com a pauta elaborada, tudo ficou mais fácil. Todas as perguntas foram respondidas com perfeição. Por conta do encontro do grupo acontecer no período da noite, o fotógrafo teve certa dificuldade com a luz, mas, mesmo assim, creio que as fotos tenham ficado boas. Enfim, a matéria saiu do jeito que eu esperava.
Serviço
Os encontros acontecem no segundo sábado de cada mês, no Posto Reis Magos II, ao lado do shopping Iguatemi. Contato: victorpolara@gmail.com
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Card Games
e o poder da amizade Como pequenas cartas de plรกstico podem transformar pessoas e formar laรงos em grupos de card games de Fortaleza
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Campeonato: participantes misturam as cartas para dar início à partida sob o olhar atento do juiz
Texto: Caio Túlio Costa Designers: Gabriel Maia e Soriel Leiros Fotos: Caio Túlio Costa
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m meio a desafios e competições há sempre uma essência de rivalidade presente. Quando falamos de uma que não passa os limites do saudável, podemos associar diretamente ao quadro vivido por muitas crianças e jovens que fazem parte do grupo de Card Games de Fortaleza. Com muita 28 Materia Prima
maestria, seus integrantes se baseiam em uma relação de amor e ódio, amizade e inimizade e muita sagacidade. Em seus encontros, o grupo traz a união de pessoas que têm em comum o gosto por específicos jogos de cartas estratégicos. São eles o ‘Pokémon Trading Card Game’, ‘Magic the Gathering’, ‘Yu-Gi-Oh!’ e muitos outros. Cada um contém suas próprias regras e detalhes, que os integrantes do grupo utilizam para realizar competições, campeonatos e treinamentos. Muitas pessoas encaram como brincadeira de criança, mas para o jogador Sid Guimarães, 19, o jogo é uma grande chave para desenvolver habilidades psicomotoras, raciocínio rápido e lógico
e principalmente noções de estratégia. Criado com o intuito de unificar os jogadores de Fortaleza, o grupo dos Card Games é formado por pessoas de diferentes bairros, etnias, pensamentos e comportamentos distintos. Com encontros nas tardes de sábado, os integrantes veem uma maneira de se desligar do estresse do cotidiano, se divertir muito, conversar e manter um ciclo de afinidades que só cresce. Para Caio Lundgren, 20, cada partida jogada faz nascer uma possível amizade, que graças ao Card Game é fonte de respeito e fraternidade. Agindo como uma instituição feita de amigos para amigos, o grupo consegue mobilizar pessoas que já
Aconteceu assim...
jogam há mais de dez anos e também novos participantes que entraram nesse universo há poucas semanas. Ora com pizza e refrigerante, ora com churrasco marcado na casa de algum integrante, a relação é fortificada mais e mais, o que aperfeiçoa todo o processo de integração.
ENCoNTRoS Os encontros se realizam no terceiro piso do Shopping Avenida, canto do centro comercial reservado exclusivamente para o grupo. Mais de sessenta pessoas circulam durante um só campeonato ou dia de treinamento. Muitas vezes nem mesmo para jogar, como é o caso de Pedro Medeiros, 20, que embora seja membro do grupo é apenas um colecionador. A compra e venda de cartas é algo constante no local e os próprios jogadores revendem, leiloam e trocam os vários itens entre si. Com importações e por meio das distribuidoras e lojas oficiais, os produtos também são vendidos com facilidade, ou seja, qualquer um que queira se aventurar por esse universo contará com a ajuda de muitos. Andressa Mourão, 18, nunca gostou de Card Games, mesmo frequentando os encontros do grupo, desde o começo de 2012. A princípio, a jovem ia para acompanhar o namorado nos torneios, mas, hoje, é cadeira cativa aos finais de semana para fazer parte da torcida em conjunto com outras namoradas, filhos, esposas, pais e amigos. É muito interessante o modo como tudo começou, simplesmente do nada e mesmo assim garante uma sintonia tão forte entre seus participantes. Assim como eu, também frequentador assíduo do grupo de Card Games, posso dizer que fiz amigos para a vida toda apenas me divertindo e aproveitando bem algumas tardes de sábado, que agora são regadas de alegria, compreensão, respeito e sorrisos
Parceria: Sid Guimarães e Andressa Mourão felizes com mais uma vitória
CADA PARTIDA jOGADA FAz NASCER UMA POSSíVEL AMIzADE, QUE GRAçAS AO CARD GAME É FONTE DE RESPEITO E FRATERNIDADE”
Caio Lundgren
NO COMEçO, IA PARA ACOMPANHAR MEU NAMORADO NOS TORNEIOS; HOjE, VENHO NO FIM DE SEMANA PARA FAzER PARTE DA TORCIDA”
Há um clima indescritível no ar do ambiente dos encontros. Dá vontade de esfregar os olhos para saber se o que está sob nossa visão é de fato real. Há uma receptividade muito boa das pessoas que partilham o mesmo gosto em comum, como se o que estivesse alheio aquele momento tivesse que ser esquecido de qualquer maneira. Uma aura de descontração e de brincadeira é sempre presente, até mesmo nos momentos mais tensos como o de uma partida de Card Games acirrada. Podemos ver casais apaixonados, irmãos, pais, filhos, conhecidos e colegas todos envolvidos em um mesmo universo que os deixa como iguais, e o mais impressionante, independente de fatores externos como situação financeira ou modo de pensar. Vale a pena conferir toda essa integração, receptividade e amizade que o grupo de Card Games em Fortaleza tem a oferecer.
SERVIço Os encontros são realizados aos sábados, a partir de 13h30, no terceiro piso do Shopping Avenida, Av. Dom Luis, 300.
Andressa Mourão
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INDEPENDÊNCIA E
ROCK NÃO SÓ PELO FORRÓ O CEARÁ É CONHECIDO MUSICALMENTE, MAS MUITO BARULHO E MOVIMENTAÇÕES DA CENA UNDERGROUND DO ROCK TAMBÉM
TEXTO: PRISCILA FEITOSA DE PAULA DESIGN: GABRIELA FARIAS E LORENA FARIAS
FOTO: CAMILA CATUNDA MACIEL
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FOTO: CAMILA CATUNDA MACIEL
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or definição, grupo quer dizer ‘um número de pessoas e de coisas que formam um todo ou pequena associação’. Mas essa é apenas uma definição geral. Grupo também pode ser a união de pessoas que amam rock e trabalham com amigos para promover música livre e alternativa. A Associação Cultural Cearense do Rock (ACR) está neste tipo de grupo. Há 15 anos, quando a ACR se formou, reunia cinco bandas de amigos em comum que queriam ter um espaço para promover seus sons. Eles se reuniam no quintal do Casarão Cultural – prédio na av. Tristão Gonçalves, que não existe mais - para conversar e fazer música. Durante esse tempo, eles se encontram para falar de bandas, do cenário underground, promover o rock e a música como estilo de vida. Era um espaço ocupado por associações, sindicatos e movimentos sociais. O ideal do grupo é produzir o rock independente no Ceará. Reunindo pessoas de gostos e pontos de vistas semelhantes, o bom funcionamento da associação dar-se pelos laços de amizades que se formam e pela parceria de seus integrantes. “O melhor não são os contatos que fazemos ou os trabalhos que conseguimos desenvolver, mas os amigos”, conta Naiara Lopes, 21, estudante e roadie - técnico responsável pela montagem, afinação, passagem de som e todo resguardo durante apresentações e shows. Naiara conheceu seu melhor amigo, Mateus de Oliveira, 28, também roadie, a partir dos encontros da associação. Aproximaram-se bastante a partir de um projeto relacionado ao grupo e há quase dois anos são grandes “sócios”, denominação afetiva entre os dois. “Foi o trabalho pela associação que realmente nos aproximou. Hoje, estamos sempre juntos, frequentamos a casa
um do outro, ela sabe tudo da minha vida”, diz Mateus. As reuniões da associação acontecem todas as segundas-feiras, “chova ou faça sol”, na Vila das Artes, ponto mais central para os integrantes. Além de discutirem pautas dos eventos que vão acontecer e editais, a maior parte da reunião é base de muitas conversas leves, boas histórias, cenas engraçadas e muitas risadas. Esses amigos, que apesar de interesses em comuns, os projetos da associação, têm como motivo oficial as segundas para se encontrar e colocar o papo em dia. Volnei Mendes, 27, é participante desde os primeiros encontros da associação, com sua primeira banda, Paranoides. “Particularmente o que mais move os encontros é poder repartir nossas ideias de forma igual, livre mesmo. Mas, além da relação de associação, há sempre a relação de amizade. Até porque não acaba às nove horas. Há sempre o nosso segundo tempo. A gente sai junto daqui com a mesma galera, vai tomar uma cervejinha, jantar, entre uma brincadeira e outra, acaba surgindo mais ideias.” Os integrantes da ACR resgatam a parceria e o companheirismo com as atividades que a associação promove. “Nosso trabalho é associativo, cada um tem uma função. É um pilar dentro do grupo”, afirma o músico Felipe Ferreira, 30. A livre troca de favores, a inclusão dos membros nos eventos promovidos é mais uma ligação
“O MELHOR NÃO SÃO OS CONTATOS QUE FAZEMOS OU OS TRABALHOS QUE CONSEGUIMOS DESENVOLVER, MAS OS AMIGOS” NAIARA LOPES
entre os associados. “Acaba virando um lance natural, por a gente ter muita afinidade e gostar das mesmas coisas. Tem a liberdade de interação com os parceiros, uma ajuda mútua mesmo”, confirma Valne. A motivação que leva muitas pessoas a se associarem a ACR é a grande paixão pelo rock, como também a vontade de expandir mais o movimento independente livre e underground. E por essa e outras afinidades, a ACR é uma união de amigos que se unem e trabalham por uma causa maior, o rock.
Aconteceu assim... Desde a primeira discussão para o tema da revista, a turma estava bem decidida com o tema grupos. Mas o direcionamento que abordaríamos seria a relação pessoal que os integrantes desses grupos têm entre si. Bem, onde duas ou mais pessoas estiverem reunidas abordando um determinado assunto, é um grupo, bem fácil. Quero dizer que eu estava muito errada. Quatro pautas minhas caíram. Integrantes que nem se encontravam, retornos ou nenhum tipo de contato. Resumindo, nada fácil. Recorri a todos que conheço sobre algum grupo. A indicação de uma amiga sobre as reuniões da ACR foi ótima. Em três reuniões para entrevistas, inúmeros caracteres e refletindo percebi: quem tem amigos tem temas, pautas, fontes, tem tudo.
Serviço
Associação Cultural Cearense do Rock (ACR) www.accrock.org
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POR AMOR AO
Rテ.IO Histテウrias de amizade e cumplicidade criadas a partir da paixテ」o por este veテュculo
Texto: Eduardo Almeida Design: Augustiano Xavier e Lara Costa
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á 90 anos surgia no Brasil o meio de comunicação mais democrático que existe. De 1922 até os dias de hoje, muita coisa mudou. O país passou por duas guerras mundiais, direitos trabalhistas foram conquistados. Revolução feminista. Tropicália. O Brasil foi cinco vezes campeão da copa do Mundo de Futebol, teve a experiência de uma ditadura militar que calava vozes por todo país e sentimos o gosto da redemocratização do Brasil. Já fomos caras pintadas e hoje somos a 5ª maior economia do mundo. Nestas nove décadas, as ondas sonoras emocionaram muitas gerações. Previsões pessimistas deram como certa a morte desse veículo que, de tão simples e rápido, atinge do mais humilde ao mais sofisticado dos homens. Mas nada foi capaz de tirar a verdadeira paixão dos brasileiros pelo rádio. Foi por amor ao rádio brasileiro que, em 2004, de forma tímida, surgiu a Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará (Aouvir). Com ela,
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“O RáDIO CEARENSE TEM QUE SER UM RáDIO CULTURAL E NÃO SOMENTE DE ENTRETENIMENTO” Erivaldo Nobre muitos personagens, de locais e com histórias diferentes, decidiram se reunir para discutir tudo o que envolve o infinito universo de rádio. O professor universitário Francisco Djacir com sua história acadêmica, seus muitos alunos e provas, possivelmente nada teria em comum com o poeta Erivaldo Nobre, morador da Cidade 2000, desde sua construção, nos anos 70. E o que o oficial superior da PM/CE e hoje jornalista e escritor, Antônio Paiva Rodrigues, teria em comum com o professor
universitário e com o poeta da Cidade 2000? Apenas o amor pelo rádio, sua programação e conteúdo. E foi essa paixão que fez com que eles pudessem hoje ser amigos e que foram unidos simplesmente pelo rádio. “Hoje somos mais amigos por causa do rádio”, diz o poeta. A ideia principal da associação foi discutir a programação cearense, suas nuances, qualidades e defeitos. “O rádio que temos e o rádio que queremos” foi o tema do primeiro encontro da, até então, reunião entre amigos. ‘Como podemos fazer para que nossa programação seja ou busque qualidade?’ Era uma constante pergunta feita entre eles. Mas, se engana quem pensa que isso seja feito de forma burocrática ou sisuda. Na verdade, toda reunião é descontraída, regada a muito café e sempre com muito bom humor e alguns palavrões. “Mas aqui, no rádio, não”, sinaliza Antônio Paiva. A ideia principal da associação foi discutir a programação cearense, suas nuances, qualidades e defeitos. “O rádio que temos e o rádio
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“PRECISAMOS DE jOVENS QUE ESCUTEM RáDIO” Professor Djacir que queremos” foi o tema do primeiro encontro da, até então, reunião entre amigos. ‘Como podemos fazer para que nossa programação seja ou busque qualidade?’ Era uma constante pergunta feita entre eles. Mas, se engana quem pensa que isso seja feito de forma burocrática ou sisuda. Na verdade, toda reunião é descontraída, regada a muito café e sempre com muito bom humor e alguns palavrões. “Mas aqui, no rádio, não”, sinaliza Antônio Paiva. Voltando ao programa do João Inácio, a decisão foi unânime. ‘Vamos fazer um ofício e encaminhar para a rádio’. Para a associação, era inadmissível que um comunicador como ele, pudesse fazer um programa tão pobre, popularesco. “Famílias ouvem aquilo” – manifesta o professor Djacir, presidente da Aouvir, que me alerta: “tá vendo, Eduardo? É esse tipo de programação que não queremos”.
Fui tímido ao encontro. Até então havia apenas um contato telefônico entre mim e minha fonte. Quando cheguei à Casa juvenal Galeno, no centro de Fortaleza, observei como tudo naquele lugar remetia à história de personalidades cearenses. Livros, imagens, figuras. Sentime bem ali. Mesmo tímido. Aos poucos foram chegando os membros da associação. E, para minha surpresa, era o mais novo naquela mesa “redonda”. Tudo funcionava em um cronômetro diferente do meu, que sou mais ativo, agitado, impaciente. Com eles tudo é calmo, sereno, devagar. Fiquei um pouco impaciente, admito. Mas, logo fui apresentado a todos e muito bem recebido. E lá estava dando minha opinião acerca do rádio e o porquê de preferir as músicas em MP3. Fui surpreendido com o convite para fazer parte da associação, como tesoureiro. “Precisamos de jovens que escutem rádio”, me avisou o professor Djacir. Desconversei, mas me comprometi a ir mais vezes para as reuniões. Como prêmio, fui sorteado com um radinho de pilha. “Nosso presente pra você” – finalizou o professor.
SERVIço: Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará (Aouvir) Casa juvenal Galeno Rua General Sampaio, 1128 Contato: 9979-9611
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@comsocialfa7 comunicacaosocial@fa7.edu.br www.fa7.edu.br facebook.com/fa7comunicacaosocial
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