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DIRETOR ACADÊMICO Ednilo Soárez VICE-DIRETOR Adelmir Jucá COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Dilson Alexandre EDITORES CHEFES Edma Góis Miguel Macedo PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE Tarcísio Bezerra Martins Filho COORDENADOR DO NÚCLEO DE FOTOGRAFIA Jari Vieira BOLSISTAS DO NPJOR QUE PARTICIPAREM DESTA EDIÇÃO Guilherme Paiva | Diagramação Alexandre Fernandes | Diagramação EDITORIAL Edma Góis COLABORARAM NESTA EDIÇÃO TEXTO Samara Melo, Bárbara Rodrigues, Angela Barroso, Lara Rovere, Saulo Lobo, Elrica Olinda, Paulo Victor Mascarenhas, Felipe Sena, Jordán Pimentel, Ravena Cascaes, Jéssica Castro, Gabriel Maia, Lucas Mota, Bárbara Rios, Luana Severo, Soriel Leiros, Gustavo Freitas, Gabriella Freitas, Cyntia Paula, Alexandre Fernandes, Rubens de Andrade, Augustiano Xavier DESIGN Alexandre Fernandes, André Almeida, Bárbara Rodrigues, Jéssica Castro, Guilherme Paiva,Zaira Umbelina, Jackson Pereira, Camila Menezes, Natasha Carvalho, Elayne Costa, Rubens de Andrade, Lylla Lima, Vanessa Freitas, Taiamara Gomes, Ariadne Sousa, Jéssica Castro, Bárbara Rodrigues, Frank Roger, Gustavo Mendes, Giuliano Vandson, Rodrigo Barros, Gustavo Freita

10 anos de experimentações

U

m ano para ficar marcado na história da Faculdade 7 de Setembro (FA7). Em 2014, os cursos de Comunicação comemoram 10 anos de existência. A revista MATÉRIA PRIMA compartilhou este momento, com conteúdo temático das pautas direcionado para as diferentes áreas profissionais. Com base em nosso princípio de investir sempre no talento dos estudantes de Comunicação da FA7, dividimos com cada aluno, a responsabilidade pela sugestão de pautas desta edição. Eles foram repórteres, fotógrafos e designers gráficos, formando nossa equipe com os professores responsáveis pelo acompanhamento da produção e fechamento desta MATÉRIA PRIMA. Com os olhos lançados para o amanhã, damos total prioridade à inovação tecnológica dos meus digitais. O portal Quinto Andar (www.quintoandar.fa7.edu.br), coordenado pelo Núcleo de Produções Jornalísticas (NPJor), é o exemplo deste compromisso com as ferramentas multimídia. Nesta edição, as pautas discutem o panorama atual da comunicação. Temas como convergência de mídias, inovação tecnológica, gestão e empreendedorismo estão presentes nas reportagens. Buscam, ainda, o diálogo com profissionais do mercado, e conversam com os professores que contribuíram para a história dos cursos de Comunicação da FA7. Um desses diálogos sobre os rumos da profissão foi marcado na entrevista com Nonato Albuquerque. Comunicador multimídia, ele destacou a convivência com jovens estudantes, durante a experiência com o programa Câmera 12, da TV Jangadeiro. Para o profissional, o convívio com alunos de jornalismo serviu para oxigenar a redação e mostrar que sempre se pode fazer algo diferente. Nesta mesma direção pensa Dilson Alexandre, coordenador de Jornalismo e Publicidade da FA7. Na próxima década, ele deseja que o curso contribua, de fato, para a formação de comunicadores sérios e comprometidos com o jornalismo de verdade. Em cada nova edição da revista-laboratório, nosso objetivo é aprimorar os fundamentos do fazer jornalístico, na pauta, texto, imagem e design. É assim que queremos que as reportagens sejam apreciadas por você, nosso leitor. Ótima leitura! Boa leitura!

Comunicação da cor do mar] O mar está sempre em movimento. Transforma-se em toda sua incontância de mar, de ir e vir. Assim é a Comunicação, o Jornalismo e o Design Editorial. No conceito desta edição, pensamos nas mudanças da comunicação voltando às origens. A premissa rupestre confunde-se com a ideologia da Bauhaus, este é o segredo para esses 10 anos de sucesso.

EDITORIAL

DIRETOR GERAL Ednilton Soárez


SUMÁRIO 08 A hora de ser estrela 10 Ofício: comunicador 16 A voz que orienta 20 Comunicação #10anos 30 Embelezando a cidade com cores 40 Uma mão lava a outra


CROWFUNDING e a cultura da colaboração O financiamente só se torna colaborativo a partir da divulgação do projeto, geralmente pelas redes sociais, e do engajamento de familiares, amigos e até desconhecidos REPÓRTER | FOTOS Mariana Banhos D ESIGN Clara Jovino | Laíne Monteiro

Iniciar a produção de um projeto de cunho cultural, jornalístico, social ou político sem capital para arcar com as despesas necessárias para realizá-lo não é um desafio fácil. É necessário o mínimo de dinheiro para que ele possa sair do papel e tenha a chance de, um dia, ser concretizado. Assim, sem incentivo e apoio financeiros, muitos estão optando pelo financiamento coletivo, também conhecido como financiamento colaborativo ou crowfunding, para dar vida a seus projetos. No Brasil, o pioneiro é o site Catarse. Inaugurado em 2011, conquistou a confiança e a credibilidade

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de muitos artistas fortalezenses, como o cantor Felipe de Paula e a escritora Tyanne Maia, e da produtora cearense Alumbramento Filmes. O Catarse iniciou com apenas cinco projetos inscritos. Hoje, o site recebe projetos de todas as partes do Brasil: do Norte, do Nordeste, do Centro-Oeste, do Sul e, principalmente, do Sudeste. A escritora Tyanne Maia, após a rejeição de várias editoras, decidiu recorrer ao crowfundig para financiar o livro infantil sobre respeito e amor aos animais “Telhado de Gato”. “Fiquei muito temerosa e passei algumas semanas estudando

o financiamento, quem havia conseguido o recurso ou não, até que resolvi apostar na ideia, já que não havia nada a perder”, afirmou. Após divulgação no Facebook e no Twitter, 180 pessoas, chamadas apoiadores, tornaram possível o sonho da escritora, em 2013. E já está decidido, o próximo livro também será lançado pelo Catarse, em maio desse ano. Com a quebra de barreiras físicas que a internet promoveu, qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo pode contribuir; além de ser simples, seguro, sem burocracia, sem custo e de baixo risco financeiro. Rodrigo Maia, sócio


do Catarse, acredita que “as pessoas são atraídas pela idéia de que tem espaço pra todo mundo, só é preciso se adaptar e conhecer as nuances da sua rede”. Para enviar um projeto no Catarse, o realizador deve apenas definir o valor que deve ser atingido para realizá-lo, estabelecer quais recompensas serão dadas em troca aos apoiadores, engajar amigos, familiares e qualquer pessoa que goste do seu trabalho, e torcer para alcançar a meta de arrecadação. Para ser um apoiador também é fácil: escolha um projeto, decida o valor que será dado e opte pela melhor forma de pagamento para você.

As pessoas são atraídas pela ideia de que tem espaço pra todo mundo, só é preciso se adaptar e conhecer as nuances da sua rede Rodrigo Maia O site nasceu como reflexo da vontade das pessoas de mudar o cenário de incentivo à cultura, que é bastante burocrático. Efetivamente, a burocraia do mercado foi um fator que pesou bastante

na decisão da produtora Alumbramento Filmes de recorrer ao Catarse para finalizar o longa-metragem “Com os Punhos Cerrados”. Amanda Pontes, diretora de produção do filme, acredita que a maior vantagem do crowfunding “é justamente o fato de ser um mecanismo pouco burocrático e rápido no que diz respeito ao repasse do recurso conseguido”. A produtora apostou em uma intensa e efetiva divulgação do projeto nas redes sociais e, com 293 apoiadores, conseguiu financiar a parte final do filme. Segundo pesquisa realizada pelo Catarse e disponibilizada no próprio site da empresa, 52% das pessoas têm interesse em apoiar fomento de projetos artísticos e culturais de forma independente. O projeto do CD “Filho de Manicure” do cantor, músico, compositor e ator Felipe de Paula está fazendo parte da estatística dos bem-sucedidos. “A intenção era conseguir melhorar o orçamento do meu disco de forma coletiva e fugir um pouco da necessidade de políticas culturais para realização do projeto”, disse ele. E conseguiu. Com 40 dias de projeto, antes do prazo estabelecido, Felipe alcançou o valor de arrecadação, gravou o CD e o lançou, este mês, no Centro Cultural Dragão do Mar. Foram incansáveis divulgações nas redes sociais e mobilização da família, de amigos,

amigos de amigos, conhecidos e desconhecidos. Enfim, com o objetivo foi alcançado, os 85 apoiadores receberão suas recompensas, que variam desde Cds, entregues na residência do contribuinte, até shows particulares, dependendo do valor contribuído. Uma boa campanha de divulgação e o apoio de familiares e amigos são importantes para um projeto ser bem-sucedido.

FUTURO

O site fez uma previsão de como estariam as estatísticas daqui a 10 anos, caso continue crescendo dessa forma: mais de três milhões de apoiadores, mais de 10 mil projetos viabilizados e mais 300 milhões de reais arrecadados. Assim, podemos criar esperanças de um mercado cultural mais democrático, simples e inteligente. Sobre o sucesso do Catarse, afirma Rodrigo: “Acho que é a força coletiva. E ver que é você, o teu amigo ali do lado, teu pai e companheiros que querem ver algo nascer. No financiamento colaborativo é você quem decide, em conjunto com esse coletivo citado acima, o que quer apoiar financeiramente.” u

CURIOSIDADES O crowfunding ficou conhecido mundialmente nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2008. O candidato eleito, Barack Obama, aproveitou este recurso que, até então, era pouco conhecido e, através de um aplicativo, arrecadou mais de um milhão de colaboradores, cada um apoiando com a quantia mínima de R$30,00. Desde então, a popularidade das plataformas de financiamento coletivo ganhou novos sites e foram responsáveis pela realização de muitos projetos.

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A HORA DE SER ESTRELA Jovem surda muda é apaixonada por literatura e sonha ser atriz para brilhar nos palcos mundo afora

TEXTO Gustavo Mendes FOTOS Gustavo Mendes DESIGN Beatriz Rocha | Maria do Carmo

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“Por milhões de anos a humanidade viveu como os animais. Então algo aconteceu que libertou o poder da nossa imaginação. Nós aprendemos a falar.” O trecho citado é de um dos maiores clássicos do grupo de rock inglês Pink Floyd, a música Keep talking, (continuar falando, em tradução livre) como aprender a falar, foi um fator evolutivo diferencial para a humanidade. Não apenas falar, mas as milhares de possibilidades oriundas de todo processo comunicativo que a fala desencadeia, permitiu ao homem ir de simples nômades e coletores, a exploradores do espaço. Mas, e as pessoas que, por acaso do destino, não são capazes de ouvir ou pronunciar palavra alguma? Seriam por acaso retardatários nesse processo evolutivo? A resposta é não! A comunicação assim como a vida, supera limites e quaisquer barreiras. Como é o caso da jovem Francisca Demy Kelly Alves, de 26 anos, surda-muda de nascença, jamais se sentiu diminuída ou incapaz por conta da deficiência. Muito pelo contrário. Ela, que sonha em ser atriz; adora ler, dançar, atuar e assistir televisão para

estar sempre por dentro do que acontece no mundo e se espelhar em artistas consagrados. Agora, tem como nova meta, entrar para na faculdade para cursar artes cênicas, seu sonho de adolescência. “Sempre gostei muito de novela, assisto tudo que conseguir e por isso sempre me imaginei como seriam milhões de pessoas assistindo, olhando pra mim tudo ao mesmo tempo,” diz ela empolgada.

Ela (Demy Kelly) tem nome e alma de artista Raimunda Antonina Alves “Ela (Demy Kelly) tem nome e alma de artista.” conta a mãe, dona Raimunda Antonina Alves que acompanha o tempo inteiro a conversa como uma tradutora, já que este repórter não conhece libras. Seu nome é uma homenagem a duas atrizes americanas; Demi Moore, mas grafado com ípsilon mesmo para ficar mais chic. E Grace Kelly, que se tornaria a princesa de Mônaco, que ela, Dona

Raimunda diz nunca ter sequer visto uma imagem, mas ouviu comentários de que era uma das mulheres mais bonitas do mundo. Sempre perto da televisão, mas sem esquecer-se dos livros, ela fica por horas no sofá alternando entre o eletrodoméstico e a leitura. Kelly aprendeu a ler somente aos 14 anos, devido à dificuldade de encontrar uma escola com ensino adequado na cidade onde mora, Canindé, distante cerca de 110 quilômetros de Fortaleza. Foi quando surgiu a APAE (Associação de Pais e amigos dos Excepcionais), conhecida pelo diferenciado ensino de jovens e adultos com deficiência, logo pertinho de casa, o que despertou o gosto da menina pelos estudos e também pela leitura. Uma das suas escritoras preferidas é Clarice Lispector, que ela conheceu por meio da professora e coordenadora da APAE de Canindé, Tânia Yulo. Foi ela que a presenteou com um exemplar de A hora da Estrela, ao ver o gosto da menina pelos livros. Daí em diante não parou mais. Demy Kelly possui uma pequena estante em casa com alguns bons exemplares da literatura brasileira. Mas, o xodó mesmo é Clarice e seu A Hora da Estrela. O livro que narra as desventuras da personagem Macabéa, que tem dificuldades para verbalizar e expor seus sentimentos. Para a jovem, é a história mais engraçada que já leu, principalmente a parte em que a protagonista encontra um namorado, o também nordestino e estereótipo do “cabra macho”, Olímpio. Apesar de gostar muito de conversar, o universo de Kelly se restringe ao ambiente da casa, com a mãe, que entende libras, e a escola, com os amigos e os professores. E, enquanto se prepara para enfrentar todos os desafios em busca do seu objetivo, ela continua sentada no sofá da sala, viajando pelo mundo das palavras, que encontram eco na sua alma e alimentam seus sonhos. u

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OFÍCIO:

COMUNICADOR O jornalista Nonato Albuquerque faz da comunicação sua principal missão de vida

TEXTO Antonio Marcos FOTO Letícia Firmiano DESIGN Caio Faheina | Remir Freire | Thiago Jorge

Do estágio como editor de textos na rádio Iracema de Iguatu, aos dias hoje, já se passaram 51 anos. Mas, o adolescente de 13 anos, que foi para o rádio a convite de um professor do ginásio, não tinha planos de ser radialista. Sonhava com o trapézio do circo e em pilotar aviões. Acordou “No ar”, mas com os pés em terra firme, estava mesmo num estúdio de rádio. Tinha sido escolhido pela profissão.

Nonato Albuquerque construiu a maior parte da sua trajetória profissional no rádio. Trabalhou nas emissoras Iracema de Fortaleza, Dragão do Mar, FM 93 e O Povo/CBN. Atualmente está à frente do programa Tribuna Band News 1ª edição. No impresso, trabalhou no caderno Vida e Arte, do jornal O Povo, e no Caderno 3, do Diário do Nordeste. Há vinte, surpreendeu os amigos próximos ao aceitar ser apresentador do

Barra Pesada, programa policial exibido pela TV Jangadeiro. Logo ele, que evitou a editoria de polícia dos jornais por onde passou. Mas, o que poucos sabem, é que uma amiga espírita, doutrina da qual faz parte, já o havia alertado meses antes sobre o convite. “Aceitei porque o convite falava muito mais ao Nonato, ser humano, do que para jornalista”, recorda. Apesar de apresentar um programa tido como policialesco, Nonato não se

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enquadra no estereótipo do gênero. Com sua voz firme e seu jeito sereno, tenta por meio de seus comentários, fazer a sociedade refletir sobre os problemas apresentados. Vai na contramão do modismo do “apresentador-político”, ao não aceitar os apelos de partidos (políticos) a uma candidatura. Para explicar a recusa, cita uma frase da jornalista Adísia Sá: “um jornalista tem muito mais força do que um mandato político”.

Comunicador multimídia

Além do rádio e da televisão, Nonato Albuquerque também se utiliza das novas tecnologias para comunicar. Está presente nas redes sociais e escreve sobre diferentes assuntos em quatro blogs: Gente de Mídia, Antena Paranoica, Mouse ou Menos e O Bangalô nas Nuvens. Afirma que não tem retorno financeiro dessas atividades, as faz pelo prazer de escrever. Quando questionado qual o veículo de sua preferência, dentre os quais atua, a resposta é imediata: o rádio! A prestação de serviços e a participação direta do ouvinte são vantagens apontadas pelo comunicador. Para Nonato, o rádio vem acompanhando os avanços da tecnologia, e as ferramentas de interatividade até parecem que foram criadas para ele. “Quando todo mundo anuncia: aí o rádio morreu... que nada, rádio tem vida longa”. Em 1967, quando deixou Iguatu com apenas 17 anos para estudar na capital, logo conseguiu emprego na rádio Iracema de Fortaleza. Mesmo trabalhando área da comunicação, fez vestibular para Direito. Pensou melhor, transferiu-se para o curso de Letras, afinal, tinha facilidade na arte da escrita. Depois de cursar as disciplinas básicas, resolveu mudar novamente. Como trabalhava no rádio, decidiu profissionalizar-se, por isso, graduo-se em Comunicação Social. Sobre a importância do diploma para o exercício da profissão, Nonato acredita que o aprendizado acadêmico amplia

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os conhecimentos e a percepção do fazer jornalístico. É totalmente favorável que se exija a formação, mas salienta que a teoria obtida na faculdade, deve ser complementada com aprendizado prático nas redações.

Tempos do regime militar

Neste ano, em que o golpe militar de 1964 completa 50 anos. Nonato relembra as dificuldades de trabalhar sob censura. Ele relata que o noticiário da rádio

Iracema de Fortaleza, apresentado por ele, Mozart Marinho e Almir Pedreira, só poderia ir ao ar, após receber o “visto do censor”. “Um dia fomos impedidos de noticiar um caso de poliomielite; 15 dias depois o governo lança uma campanha de vacinação. Estava ocorrendo era um surto da doença em todo o Nordeste”. Meses atrás, apresentou no Barra Pesada uma matéria sobre o esquema de venda de sentenças por desembargadores. Após a exibição da notícia, foi


surpreendido pelo comentário de um membro da sua equipe: “tinha que voltar a era os militares”. O jornalista o repreendeu imediatamente. Por ser jovem, não tinha vivido aquele momento, e não sabia do que estava falando. “Não desejo que esse momento se repita em nenhuma das minhas próximas vidas”, declarou.

Quando todo mundo anuncia: aí o rádio morreu... que nada, rádio tem vida longa Sobre o polêmico tema da imparcialidade, Nonato acredita sim, que ainda existam jornalistas e veículos de comunicação imparciais. Diz, no entanto, que quando uma emissora depende das verbas de publicidade do governo, fica em situação difícil ao criticá-lo.

Contato com os jovens

No ambiente virtual, Nonato Albuquerque experimenta contato com um

público diferente do que aquele que o acompanha no rádio e na TV. Muitos jovens o descobrem primeiro como “blogueiro” e só depois associam ao apresentador de televisão. Recentemente, fez parte do projeto Câmera 12, onde doze estudantes de jornalismo colocavam em prática por meio de reportagens, os conhecimentos adquiridos na sala de aula. Para o jornalista, “foi uma experiência corajosa colocar no ar, em horário nobre, um programa feito por estudantes”. Nonato aponta que a o convívio com os jovens estudantes, serviu para oxigenar a redação e mostrar, que sempre se pode fazer algo diferente. O Câmera 12 foi retirado da grade de programação, mas a expectativa é que o projeto retorne em 2015.

Projetos Futuros

Mesmo já aposentado por tempo de serviço, Nonato Albuquerque não tem planos de diminuir o ritmo de trabalho. Gosta e, principalmente, acredita no trabalha que realiza nos veículos de comunicação em que atual. Afirma que resposta não vem dos números dos institutos de pesquisa, visto que o

programa e líder de audiência no estado, e sim do contato com público. Nas ruas e até nas visitas feitas às delegacias, com o grupo espírita do qual faz parte, as resposta são sempre positivas. Mesmo sem pensar em uma aposentadoria definitiva, o comunicador tem em mente o que fará quando essa hora chegar. Além de continuar trabalhando com projetos sociais, publicará um livro. Segundo ele, já está todo pronto. “Todo mar azul não esconde tempestade”. O nome, explica, foi retirado da obra do escritor cearense Jáder de Carvalho. A pessoa responsável pelo prefácio o indaga frequentemente, “cadê o livro?” Nonato diz que será lançado no tempo certo.

Fato engraçado

Nas páginas azuis do jornal O Povo, o jornalista contou que quando estagiava na rádio Iracema de Iguatu, escutou na rádio Globo a morte de alguém na Inglaterra, e foi decretado três dias de luto. Nonato não titubeou e anunciou a morte da rainha Elizabeth. Na mesma hora, o diretor da rádio informou que o falecido era uma parente da rainha. Nonato disse ao diretor que a notícia tinha sido dada por um estagiário. u

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Educaçãoatravés das ondas Alunos de escolas públicas vão ter oportunidade de trabalhar com rádio escolar por meio do Projeto Ondas Cidadãs REPÓRTER Rodrigo Barros Design Estélio Neto | Daniel Costa

O péssimo sistema educacional é um dos piores problemas sociais do nosso país. É também o principal motivo do envolvimento de jovens com drogas, o que, consequentemente, contribui para o aumento da violência. De acordo com uma pesquisa do Conselho Tutelar, 40% dos jovens que abandonam a escola estão envolvidos com o uso de entorpecentes. Em Fortaleza, os alunos das escolas municipais e estaduais, carentes de boas estruturas e ações que incentivem a educação, tarão uma porta aberta para o aprendizado. O Projeto Ondas Cidadãs, promovido pela ONG Catavento em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), vai dar a oportunidade de crescimento para esses alunos através da rádio escolar.

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O jornalista Edgard Patrício, 49, coordenador da UFC e do Projeto, fundou a Catavento há 19 anos. Financiado pelo Ministério da Educação, o projeto Ondas Cidadãs foi criado no Seminário Latino-Americano de Rádio e Educação, em 2012, como uma extensão de outro projeto chamado Segura essa Onda. Ele auxilia o programa Mais Educação e constitui-se como estratégia para induzir a ampliação da jornada escolar em tempo integral. Em dezembro de 2012, logo na primeira fase do projeto, dos cerca de 180 professores que estavam sendo formados para trabalhar com rádio escolar, apenas 79 foram formados. A mudança de governo na Prefeitura (saída de Luizianne Lins e entrada de Roberto Cláudio) inviabilizou

os planos. Com a troca de governos, vários professores que estavam sendo formados tiveram que sair do treinamento porque foram realocados.

Para nós o que interessa é o confronto de ideias, o debate Edgard Patrício, jornalista Depois de terem passado pela fase de treinamento, os dezesseis alunos de jornalismo, selecionados em março para estagiar no projeto estão na etapa de diagnóstico das rádios. Eles vão


às escolas para trabalhar nas oficinas de formação com os professores, monitores e estudantes e, também, acompanhar, analisar e discutir a qualidade da informação. Marcela Marvel é uma das dezesseis estudantes selecionadas. Ela está empolgada com o novo estágio. “Está sendo ótima. Nós estamos tendo a oportunidade de relembrar as atividades que estudamos e de colocar em prática para os alunos que vão fazer parte do projeto”. Entre as cinco opções de disciplinas disponíveis no programa Mais Educação (quadrinhos, vídeo, fotografia, jornal e rádio), 108 escolas fizeram a opção por rádio escola. Mas, a grande maioria

não vai poder ser alcançada pelo projeto. Edgard lamenta que a Catavento não tem equipe suficiente para abranger todas as escolas que solicitaram o trabalho. A ONG escolherá as escolas que tiverem a melhor estrutura e o melhor planejamento de manutenção dos equipamentos de rádio. “Nós não temos condições financeiras de desenvolver um trabalho em escolas que ainda necessitem de investimentos em equipamentos de rádio”, ponderou Fernando Girão, 24, que está estagiando há dois anos na Catavento. Os alunos selecionados para o projeto vão ser definidos pela própria escola. Os escolhidos serão, preferencialmente,

alunos do ensino médio. O objetivo principal é estabelecer um ambiente em que os estudantes promovam o debate. Para Edgard, a escola tem que se abrir para esse tipo de trabalho. Também faz parte do projeto a elaboração de um guia sonoro onde os alunos vão poder expor seus trabalhos e fazer um intercâmbio com os trabalhos dos estudantes das outras escolas.

Escola no Mais Educação

A EMEIF Aldaci Barbosa, no bairro Água Fria, participa do Programa Mais Educação e fez a opção pela rádio escola. Lá, o monitor Douglas Rocha, 35, apelidado carinhosamente de “Taco Pancadão”, ensina os garotos noções práticas sobre o rádio, além de produzir diversos programas. Trinta alunos, do sexto ao nono ano do ensino fundamental farão parte da rádio na escola. Ismael Miranda, 14, é um desses alunos. Sua função é operar o equipamento de som. Ele circula pela escola coletando as músicas preferidas dos outros alunos para tocar na rádio. O brilho nos olhos na sua fisionomia deixa transparecer que, oferecendo oportunidades, esses garotos vão longe. u

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A voz que orienta Um esporte divertido faz uso da tecnologia para driblar os obstรกculos da natureza TEXTO | FOTOS Glenna Cherice DESIGN Erikison Amaral | Camila Vasconcelos

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Em meio aos fenômenos naturais como sol, vento, água salgada e areia da praia é possível existir um ambiente de sala de aula. São muitos professores ensinando ao mesmo tempo. O aluno não senta e sequer usa caneta ou bloco de anotações. Quase nada é parecido com o modelo tradicional. Eu disse quase. Mas, como toda escola ou local onde exige aprendizado é necessário haver comunicação. Embora o ambiente seja diferente, na praia, existem maneiras de driblar os obstáculos para obter eficiência na hora de se comunicar. A constatação desse ambiente pode ser comprovada na praia do Preá, no Município de Cruz, a 300 km de Fortaleza. Desde que foi criada, em 2009, a escola de kite surf, Fly Wind, tem atraído turistas de diferentes lugares do mundo. Nicy Marque, 28, é dona da escola juntamente com o marido, Jair Marques. Apaixonada pelo esporte, ela garante que a procura pela prática do esporte tem crescido e o período de maior frequência é na alta temporada, o que corresponde aos meses de julho a janeiro, meses de fortes ventos.

Já cheguei a dar aula para cinco alunos no mesmo dia Jair Marques Nestes períodos do ano, mais de 150 alunos passam pela escola, sendo 80% deles estrangeiros. Com essa grande procura, é necessário mais de um professor, ou como é mais chamado, instrutor, para ensinar e acompanhar cada aluno.

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As aulas começam com instruções ao uso dos equipamentos, a fim de que o aprendiz tenha familiaridade e técnica antes de ir para água. Toda instrução, nos primeiros dias, é realizada por meio de diálogo direto entre professor e aluno. A partir do terceiro dia, o meio de comunicação da aula muda. Nesta segunda etapa, o aluno passa a velejar sob o comando do instrutor, que permanece em terra. É a partir daí que entra em cena um dos principais acessórios responsáveis pela transmissão de mensagens, o rádio amador. Este equipamento tecnológico serve de auxílio para que o instrutor oriente o aluno em possíveis falhas na execução do exercício. Os erros são monitorados em terra e, quando detectados, o velejador iniciante é acionado através do rádio. Essa assistência auxilia quem está aprendendo, já que não é possível perguntar ou falar sobre a prancha, apenas seguir as ordens vindas da voz do instrutor. Kelvy Chagas, 20, é professor de kite surf da escola Fly Wind em Preá e trabalha no ramo há quatro anos. Ele conta que antes da chegada do rádio amador às escolas, a comunicação era feita por meio de gestos, e que o uso do aparelho agiliza o aprendizado. “O rádio ajuda muito na resposta do aluno na hora de fazer algumas manobras. Um exemplo é a manobra water start (levantar na água)”, diz ele. Para que o aparelho de transmissão não tenha contato com a água há um assessório de material plástico, conhecido como aquapack totalmente resistente à água. Ele é fixado ao capacete e permite que o aluno receba instrução do professor a qualquer momento. Essa aquisição trouxe mais modernidade às escolas e garantiu uma eficiência maior no aprendizado.

...é bom saber que há alguém te informando, falando e corrigindo teus erros Deyne Brandão Além de ajudar a quem está aprendendo o esporte, o uso da tecnologia também passa confiança. Deyne Brandão, 22 anos, não concluiu todas as aulas do curso de kite, mas o período em que velejou foi suficiente para ter mais conhecimento da modalidade. “Em um determinado momento do curso, quandwo entramos no mar, é bom saber que há alguém te informando, falando e corrigindo teus erros. Isso passa mais segurança e facilita muito na hora de aprender”, diz Deyne. Atualmente ela é monitora e organizadora dos equipamentos de uma escola de kite, Surfing School Brazil, localizada, também, em Preá.

Futuro promissor

A procura pela prática do esporte aquático virou atração para turistas de vários lugares. Isso fez com que as escolas se preparassem para receber um público bem diversificado. Além de seguir antenado com as tecnologias, ter conhecimento e domínio de outros idiomas, também, é indispensável. Jair Marques, 28, empresário dono da escola Fly Wind Kite School começou a praticar o esporte em 2004 ajudando levantar e pousar kites. Logo depois ele já aprendia a velejar. Percebendo um futuro promissor neste esporte, Jair fez o curso que garantia um certificado de autorização para dar aulas profissionalmente.


Ele conta que, naquele tempo, devido o material não ser tão evoluído como é hoje, seu aprendizado durou cerca de um mês. “Atualmente os alunos aprendem o básico em três ou quatro dias. Como, na época, não havia o rádio, a comunicação entre aluno e professor era feita por meio de sinais e gestos com as mãos. Só a partir de 2007 novos equipamentos chegaram, inclusive o rádio garantindo mais segurança e eficiência na comunicação”, conta o empresário.

Em dia com idiomas

A proximidade com uma das melhores e mais bela praia do Brasil, Jericoacoara, fez Jair aprender outros idiomas, já que a região onde reside, Preá, é atração para vários turistas. Com isso, o empresário

investiu nos estudos e hoje domina o inglês, o francês e o espanhol. Em sua escola trabalham cinco instrutores qualificados, além da esposa Nicy que fica na parte da administração. Logo, quando chega um “gringo”, quem toma à frente para ministrar a aula é ele. “Já cheguei a dar aula para cinco alunos no mesmo dia”, lembra.

A prática do esporte rendeu o que hoje, é seu meio de vida. Trabalhar e morar no litoral garante uma qualidade de vida melhor, em relação às pessoas que vivem na cidade, diz Jair. u

SERVIÇOS

Trabalhar e morar no litoral garante uma qualidade de vida melhor, em relação às pessoas que vivem na cidade Jair Marques

A escola trabalha com agendamento de horários, sendo possível marcar via e-mail e/ou por telefone. O curso oferecido pela Fly Wind inclui todo o equipamento de kitesurfing mais o capacete e o colete salva vidas. O transfer (deslocamento) do hotel até ao kite point (ida e volta) é incluso no pacote. Além, é claro, do seguro do equipamento e cartão IKO (cerificado de conclusão) no final do curso de no mínimo de 9 horas. Para os que já são experientes na prática do esporte a escola trabalha, também, com aluguel de equipamentos. A cobrança é feita por cada hora de uso. Contatos E-mail: info@flywind.com.br Tel (88) 9616-3376/ (88)8814-0742 Site: www.flywind.com.br

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Comunicação

#10anos rsos s cu e o d ão ros criaç pionei e e d qu res da déca professo mentos a a r i Paiv rime icação, vem mo rme p e a h l i i N n v N Gu omu es re ESIG D de C enador 7 l a d A esso ivo P coor ram a F u q r ca OS A mar FOT Rolim riela b a TO G TEX

A Faculdade 7 de Setembro (FA7) está no seu décimo gol pelo o time da Comunicação. E quem comemora são os professores e alunos das habilitações em Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Design. Num semestre atípico para o calendário universitário, por conta da Copa do Mundo, encaixam-se os festejos pela a década de existência do curso de Comunicação. Diversas palestras, oficinas, cursos de extensão e músicas no intervalo estão no programa de comemorações.

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A revista “Matéria Prima” não poderia ficar de fora deste programa. E juntamente com os dois professores que estão na FA7 desde a formação da primeira turma de Comunicação será feito uma retrospectiva do curso. Jari Vieira, jornalista formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e professor de fotografia da FA7. Antes mesmo da turma pioneira ser formada foi chamado para integrar o quadro de professores, em novembro de 2003. Ele foi contatado para participar da seleção pelo

primeiro coordenador do curso, o professor e jornalista, Ismael Furtado. “Eu vim para faculdade trazer meu currículo, dizer quem eu era, que já dava aula na Unifor há dois anos” lembra. Jari foi aprovado no teste de seleção, mas teve que aguardar o vestibular que aconteceria no ano seguinte para ver a procura pelos cursos de Comunicação. Lembra-se de todos os detalhes, “Quando foi especificamente no dia 02 de fevereiro de 2004 eu vim para cá, numa segunda-feira à noite para dar


a primeira aula no horário AB na sala 37”. Estava tão ansioso que chegou antes do coordenador. Formada em Jornalismo pela a Universidade Federal do Ceará (UFC), professora de Rádio Jornalismo e conhecida pela delicadeza de sua voz, Kátia Patrocínio também chegou ma FA7 a convite do professor Ismael Furtado antes do início do curso. Participou das reuniões com o Ministério da Educação (MEC) para autorização do curso, e, assim como Jari, aguardou o primeiro vestibular ara formação de turma. Ela iniciou com aulas teóricas e hoje dá aulas práticas. Inicialmente os cursos de Publicidade/ Propaganda e Jornalismo eram formados por cinco professores e duas turmas. Mas, a partir do ano de 2006 o crescimento foi contínuo “Quando começamos a fazer as reuniões do curso de Comunicação era numa mesa pequenininha, à medida que o tempo foi passando a mesa começou a aumentar, cada semestre que ia chegando nós tínhamos uma surpresa: Estávamos crescendo”, revela Kátia. A principal mudança nesses dez anos apontada pelos dois professores é na estrutura que era oferecida para o curso, onde não existia o Quinto, o Sexto e nem o sétimo andar. Era tudo estacionamento. Com exceção do laboratório e estúdio de Fotografia que sempre foi no sexto andar “Ficava num lugar isolado. Era preciso pegar muitas chaves, abrir vários portões para chegar ao laboratório”, diz Jari. Em 2006 foi inaugurado o quinto andar com salas de aula e laboratórios. Processo rápido de construção e crescimento do andar da Comunicação. Em 2007/2008 começava a surgir o Instituto Fa7, em 2012 o sétimo andar. Novo passo

é a faculdade passar a ser um centro universitário e se chamar UNI7, o que já é uma realidade bem próxima. Questionados sobre aspectos negativos nestes dez anos de Comunicação, os dois professores foram firmes e parecidos nas respostas. Não descreveram problemas que existe ou existiram na instituição que não pudessem ser resolvidos. “Problemas a gente tem em todo local, mas não vejo problema porque nada interfere no meu trabalho daqui. Problema é quando ele acaba impedido de você fazer o seu trabalho como você deseja” afirma Katia. Por fim o desejo dos professores pioneiros do curso para mais uma década

Cada semestre que ia chegando nós tínhamos uma surpresa: Estávamos crescendo Kátia Patrocínio a frente é que os alunos possam confiar mais na instituição de ensino que estudam. Que tenham um dia orgulho em dizer que se formaram na FA7, “Se os alunos acreditassem na FA7 há mais tempo ela seria bem maior do que ela é hoje. Quem faz a faculdade são os professores e os alunos”, Jari. E Katia completa “O aluno tem que perceber onde está e aproveitar a faculdade e o que ela oferece”. Alunos de diversos semestres também falaram a respeito do curso de Comunicação. No geral os alunos recomendam a instituição. Julita é aluna da

Fa7 e está no penúltimo ano do curso de Jornalismo “Eu gostei do curso, me senti bem informada, acho que aprendi coisas muito úteis” diz. A futura Jornalista defende mais aulas práticas no curso. Eduarda trancou a graduação em Contábeis quando já estava no sexto semestre e hoje cursa o primeiro semestre de Publicidade e Propaganda. “Escolhi a FA7 porque sempre é bem falada, que o melhor curso de publicidade é dela e pela a estrutura dos professores. É bacana, estou me identificando muito com o curso”. O técnico da seleção da Comunicação conta como foi sua chegada na FA7 e o que deseja para mais dez anos de curso. Dilson Alexandre é formado em Jornalismo pela UFC, chegou na FA7 no ano de 2007 quando a primeira turma já estava sendo preparada para se formar. Estava terminando o mestrado em Marketing. Inicialmente dava aulas para o curso de Publicidade e aos poucos foi assumindo disciplinas de Jornalismo. No dia 01 de fevereiro de 2011 surgiu o convite para ser coordenador de Jornalismo e em maio de 2013 assumiu também o comando do curso de Publicidade. Dilson expressa o que deseja para mais uma década a frente “Curso maior, ainda mais forte, com alunos que tenham orgulho em dizer que estudou na FA7. Quero que o mercado reconheça a FA7 como uma empresa, um curso que contribua de fato, de maneira séria, para formar comunicadores sérios. Isso é um trabalho diário.” É o que todos que fazem parte dessa seleção que é o curso de Comunicação desejam, e como diria o professor Jari: Sucesso intergaláctico! u

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WHATSAPP a comunicação do momento

O aplicativo da comunicação rápida, que conecta milhões de pessoas no mundo, é um fenômeno comunicacional ou moda? TEXTO | FOTO Gil de Sousa DESIGN Julyta Albuquerque | Gabriella Maciel

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No mundo cada vez mais conectado, as pessoas estão se entregando a nova moda dos aplicativos. Hoje eles fazem a cabeça e parte da rotina de muitos brasileiros, quase uma epidemia entre as diferentes gerações. O Whatsapp é o novo queridinho do momento. Um aplicativo de mensagens multiplataformas que permite trocar mensagens pelo celular sem pagar nada por SMS, (serviço de mensagens curtas). Isso acontece porque o aplicativo usa o mesmo plano de dados de internet que se usa para e-mail e navegação. Pode ser baixado em iPhone, BlackBerry, Android, Windows Phone, e Nokia. Além das mensagens básicas, os usuários do Whatsapp podem criar grupos, enviar mensagens ilimitadas com imagens, vídeos e áudios. De acordo com blog oficial do Whatsapp meio bilhão de pessoas em todo o mundo são agora usuários ativos regulares. São mais de 700 milhões de fotos e 100 milhões de vídeos compartilhados a cada dia. Nos últimos meses, países como Brasil, Índia, México e Rússia foram os que mais baixaram o aplicativo. Essa forma mais prática de se comunicar divide opiniões de usuários. Para os mais conservadores é o fim do diálogo. Já outros brincam, dizendo que é a melhor invenção depois da roda. Para Artemilson Reis, editor de fotos, 26 anos, o Whatsapp é uma maneira prática de se comunicar entre as pessoas que nem sempre podem estar presentes, “Uma ferramenta útil que pode ser utilizada em muitas situações do dia a dia, como no trabalho ou em conversas com os amigos”. A vendedora Thalyta Herculano, 18 anos, conta que é viciada, e que fica 24

horas conectada. “Considero-me dependente do Whatsapp. Não passo um dia sem usar”. Ela conta ainda que é uma forma de estar sempre próxima dos amigos, e por dentro de todos os acontecimentos, sem deixar de fora os paqueras, que hoje perguntam primeiro pelo “whats”, antes mesmo do seu nome. Os grupos criados no aplicativo estão fazendo sucesso até nas empresas. O Supervisor de estamparia da Turma da Malha, Nilson Mota, 33 anos, conta que a ideia do grupo “Gestores da Trm” foi criado pela Diretora Administrativa, Técia Caetano, com o objetivo de melhorar a comunicação e envolver a Direção, Gerência, Coordenação e Supervisão em assuntos importantes para a organização, como metas, reuniões, novidades na área, e investimentos. O grupo também auxiliar no programa “Trm 100%”.

Meio bilhão de pessoas em todo o mundo são agora usuários ativos regulares do Whatsapp Blog oficial do Whatsapp

O jornalista Alison Marques, considera o aplicativo como uma nova ferramenta de comunicação. “A agilidade, a eficácia, as multimídias e as trocas de informações fazem com que a noticia chegue de forma mais rápida nas redações”. De acordo com o jornalista, essa interatividade do aplicativo aproximam as pessoas e despertam um interesse pela informação, tornando os usuários participativos na construção da notícia. Mas, apesar dessa legião de fãs que o Whatsapp carrega, ainda existem os que resistem à essa nova forma de comunicação. Segundo o estudante de Letras, da Universidade Federal do Ceará, Jairo Cezar Araújo, o aplicativo é uma ferramenta que distancia o contato físico entre as pessoas. “Prefiro ligar, ou conversar pessoalmente. Pra mim essa comunicação é fria, só serve para conversas rápidas e pontuais”. E apesar de todos os seus amigos usarem, ele conta que não se deixa influenciar pelas cobranças, mas confessa que se sente excluído. Comprado em fevereiro desse ano pelo Facebook, o Whatsapp ganhou mais notoriedade na sociedade conectada, conquistando mais adeptos. E você já se rendeu ao app? u

O Whatsapp se tornou um aliado para os veículos de comunicação. O portal Tribuna do Ceará e a rádio Tribuna Bandnews FM utiliza como ferramenta de interatividade com os leitores e ouvintes. As informações de qualquer região podem ser enviadas em diversos formatos para a produção, através de textos, vídeos, fotos e áudios. Além disso, a rádio recebe ocorrências de ouvintes sobre a situação do trânsito.

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O PROFISSIONAL DAS

MÍDIAS SOCIAIS Ele tem em mãos uma ferramenta capaz de derrubar governos ou evitar crises TEXTO | FOTO Israel Alves DESIGN Israel Alves I Alexandre Lima

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As mídias sociais são algo revolucionário e é muito difícil uma empresa ou veículo de comunicação não estar presente nelas. Hoje em dia, a utilização delas é obrigatória para chegar aos consumidores, construir relacionamento com eles e tornar o próprio nome reconhecido. Porém, por mais incríveis que as mídias sociais sejam, o sucesso nelas depende de um substancial investimento de tempo, paciência, criatividade e comprometimento. Esse papel é desenvolvido pelo analista de mídias sociais. O profissional é de extrema importância para a empresa, já que, qualquer uma, pode ser alvo de crises e comentários negativos na web. Saber o que falar, quando falar, como falar e para quem falar, faz com que a empresa tenha uma melhor imagem na cabeça do consumidor. O impacto que as empresas causam em plataformas sociais são imensos e geram cada vez mais receitas com cada vez mais dígitos. Já, o mínimo deslize, pode causar grandes estragos na imagem dela. Recentemente, uma discussão entre uma consumidora e um dono de bar em Curitiba, pelo Facebook, tornou-se viral na Internet. Ela fez críticas, em seu próprio perfil, ao estabelecimento. O dono não gostou e rebateu fazendo ofensas a cliente. Ele só não contava que o post poderia repercutir tanto.

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Mas o que faz um analista de mídias sociais? Para o analista de mídias sociais, da Estojo 20 Comunicações, Pedro Pamplona, o papel do analista é cuidar do planejamento estratégico da empresa nas mídias sociais. Por isso um viciado em mídias sociais não, necessariamente, será um bom analista. É preciso ter conhecimento geral de marketing, administração e empreendedorismo para o desenvolvimento de um bom planejamento. Outra função do profissional de mídias sociais é a produção de conteúdo relevante. Pra isso é necessário ter uma alta capacidade de leitura, crítica, resenha, escrita e criatividade. Além disso, o analista, também, é responsável pelo atendimento e relacionamento com os clientes. É muito comum os consumidores reclamarem nas redes 26 // MATÉRIA PRIMA 2014.1

sociais quando se sentem insatisfeitos com um produto ou serviço. Deixá-los sem resposta pode agravar ainda mais a situação, não só pelo fato de perder esse cliente, mas também pelo fato de que a reclamação pode afetar a opinião de outros clientes em potencial. “Atender pessoas nas mídias sociais é complicado, pois todos estão vendo como a empresa se comportará”, conta Pedro. De acordo com uma reportagem realizada pela Folha.com, as redes sociais são mais ágeis que o SAC como canal de reclamação. Ela cita como exemplo o banco Santander, que responde protestos feitos pelo Twitter em até duas horas e por Facebook, em até 24 horas. Já quando a reclamação é feita por telefone, a espera é de até cinco dias úteis. As feitas ao PROCON podem demorar até um mês para serem respondidas.

As empresas agem mais rapidamente, porque acabam expostas e o consumidor explora essa oportunidade. As empresas não querem a reputação da marca manchada.

Atender pessoas nas mídias sociais é complicado, pois todos estão vendo como a empresa se comportará Pedro Pamplona E não para por aí, o analista ainda tem de fazer o monitoramento de tudo que acontece de interessante para a


O erro da Dell No dia 14 de junho de 2007, um ex-funcionário da Dell postou uma lista intitulada “22 Confissões de um Ex-Gerente de Vendas da Dell” em um dos blogs mais populares da época, chamado The Consumerist. O blog publicou a lista, que revelava segredos sobre os termos de garantia dos produtos da Dell, dicas para obter descontos no momento empresa. É fundamental, para a empresa, conhecer os resultados de suas ações nas mídias sociais. A função de gerar relatórios e apresentar os resultados e retornos sobre o investimento (ROI) fazem parte do trabalho do analista.

O mercado cearense oferece muitas vagas. A cada semana novas empresas, com novas vagas, surgem no mercado, mas é difícil aparecer gente qualificada para o cargo David Varelo O mercado é promissor. Tanto que grande parte das companhias já mantêm departamentos específico neste setor. Para o analista de mídias sociais, David Varelo, “o mercado cearense oferece muitas vagas. A cada semana novas empresas, com novas vagas, surgem no mercado, mas é difícil aparecer gente qualificada para o cargo. É comum, em rodas de conversa, profissionais comentarem que receberam centenas de currículos, mas ninguém realmente capacitado”, afirma.

Não é preciso ser formado para exercer o cargo, mas é lógico que quem tem uma graduação recebe um retorno financeiro maior. Publicitários e jornalistas são os profissionais mais procurados pelas empresas, por suas habilidades em comunicação. Mas a graduação vem apenas dar uma base, é preciso fazer cursos de extensão específicos para área e estar sempre se atualizando, já que é uma área que vive em constante mudança. Para David, o simples surgimento de uma nova rede social pode mudar todo o panorama profissional do mercado. “O objetivo do Twitter mudou. Quem poderia ter afirmado isso há dois anos? Precisamos estar sempre antenados”, conta o analista de mídias sociais. Uma postagem errada pode comprometer a imagem de uma empresa e pôr em risco a sua audiência. Em Fortaleza, o Quartel Digital é um dos principais responsáveis por cursos na área. Tendo parceria com o jornal O Povo, foi fundado com o objetivo de ajudar marcas e pessoas a se adequar à nova dinâmica de um mercado regido pelas tendências de um mundo conectado. A empresa oferece cursos presenciais e online, workshops, palestras e seminários, além de realizar o evento conhecido como “Manhã com a Tropa”, que é gratuito e acontece uma vez por mês, sempre dando ênfase a temáticas em evidência no mercado digital. u

da compra e outras coisas. Um dia depois, o blog recebeu um e-mail da Dell, exigindo que o artigo fosse retirado do site. Nove horas mais tarde, como o artigo ainda não havia sido retirado, a Dell enviou um segundo e-mail, exigindo (mais enfaticamente) que o texto fosse removido, mencionando o possível envolvimento de coerção judiciária. Conhecendo muito bem o poder das redes sociais e percebendo o evidente equívoco da Dell quanto ao funcionamento das mídias sociais, o blog publicou os dois e-mails que havia recebido da Dell. Em menos de 48 horas, os dois posts já haviam sido acessados mais de 5 mil vezes e recebido centenas de comentários; e bloggers do mundo todo haviam reproduzido a história. A empresa acabou aprendendo, da pior maneira, que tentar impedir que conversações online acontecessem pelas redes sociais, era de fato, um grande erro. GUNELIUS, Susan. Marketing nas Mídias Sociais em 30 minutos. Editora Pensamento-Cultrix, 2012, página 44 e 45.

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UMA PORTA ABERTA PARA O

mercado de

trabalho

Os programas de estágio proporcionam a atransição para o estudante que tem base teórica de informações, como a atividade profissional nas redações TEXTO Jackson Pereira DESIGN Jarlesson Vanley | Fernando Souza Agitação, barulho, movimentação e correria. Vozes que se misturam com sons de teclado, em meio ao toque de vários telefones, celulares e também de smartphones conectados as redes virtuais sociais, que completam a melodia ruidosa do ambiente. Na mente das pessoas a apuração de histórias, na voz, o contato com fontes, nas mãos e nos olhos, produção de vídeos, de textos, checagem de informações. Toda essa bagunça, organizada, faz parte da rotina dos profissionais de jornalismo dentro das redações dos dois maiores grupos de comunicação cearenses, o Sistema Verdes Mares e o grupo O Povo de Comunicação. Conseguir um estágio e construir um aprendizado com profissionais consagrados, dentro desses veículos, é sonho compartilhado por estudantes de comunicação de diversas faculdades do estado do Ceará. Dedicação, vontade de aprender, qualidade de texto são requisitos fundamentais para os jovens que querem viver uma experiência dentro desses grandes grupos de comunicação.

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Programas de estágio

O grupo O Povo de Comunicação possui o programa “Novos Talentos”. Semestralmente a empresa abre seleção para estudantes de jornalismo que queiram participar do processo. O programa funciona desde 2007 como um Trainee, no qual oito estudantes participam de um curso com duração de 3 meses, com aulas de Português, Redação, Apuração Jornalística e treinamento prático nas editorias dos veículos do grupo. Já o Sistema Verdes Mares, investiu no Programa de Desenvolvimento de Jornalistas, o PDJ. Com duração de 3 meses, o programa foi criado em 2013 e já teve duas edições, uma no começo de 2013 e outra em 2014. Os alunos do PDJ são estagiários e jornalistas que já fazem parte do grupo, eles participam durante um mês de aulas sobre direito, língua portuguesa, geografia, história e diversas áreas do jornalismo. Nos dois meses seguintes, eles circulam pelas redações de todos os veículos do grupo.

Talentos do povo

Garimpar talentos para o jornalismo. Com essa intenção, o Jornal O Povo criou o Programa Novos Talentos, para complementar a formação de estudantes que pretendem ingressar no mercado de trabalho. O curso está na 15ª turma. Nesse semestre três alunos da Fa7 participam do programa, Iury Lima Oliveira Costa, Janaina Rodrigues Candido e Rodrigo Ramos. Rodrigo explica o formato do curso. “A gente mescla o trabalho na redação com aulas de português e de apuração que acontecem todas as terças de 2hs às 6hs da tarde, no restante dos dias, nohts temos o trabalho em cada editoria.” Durante três meses, os estagiários participam de um rodízio nas editorias, a cada mês, em uma diferente, escolhida pelo veículo. O jornalista Plínio Bortolotti coordenador da turma dos Novos Talentos do O Povo conta que o contato com os estudantes dá a ele oportunidade de ensinar e aprender “Ninguém só ensina ou só aprende. As turmas que recebo são todos


diferentes e todas iguais em um sentido: tem vontade de aprender, curiosidade, e disposição para enfrentar uma posição difícil, porém bela, que nos dá a oportunidade de nos abrir para o mundo.”

Outros caminhos para O Povo Quase na porta de saída da Faculdade, Aflaudísio Dantas, do oitavo semestre de jornalismo da Fa7, não participou dos Novos Talentos, mas sonha em fazer carreira no Jornal O Povo. Desde 2011 no grupo, ele e mostrou seu talento e vontade e mesmo antes de concluir o curso. Com esse perfil, conquistou um luga na editoria de esportes do jornal. Para ele o segredo do sucesso é simples. “Você tem que mostrar que você é versátil, que você está disposto a aprender e tem que ter um bom relacionamento com as pessoas”. Afirma Aflaudísio.

Desenvolvendo jornalistas

Capacitar e reciclar profissionais e estagiários. Essa é a iniciativa do Programa de Desenvolvimento de Jornalistas, PDJ, do Sistema Verdes Mares. Estar disposto a encarar novos desafios, é um dos segredos para um estagiário ter sucesso no jornalismo, quem afirma isso, é o editor, Gustavo de Negreiros, instrutor do PDJ, na área online. Há cinco anos no Sistema Verdes Mares, o jornalista

A FA7 no Sistema Verdes Mares

Ninguém só ensina ou só aprende. As turmas que recebo são todos diferentes e todas iguais em um sentido: tem vontade de aprender, curiosidade, e disposição para enfrentar uma posição difícil, porém bela, que nos dá a oportunidade de nos abrir para o mundo Plínio Bortolotti iniciou na empresa como estagiário em 2008, em 2009, formou-se pela UFC e foi contratado. Ele acredita que “você não pode ser jornalista só disto, ou só daquilo, mas tem que ser jornalista em tudo” e complementa que é necessário aceitar os desafios e se valorizar. “O PDJ é uma oportunidade excelente para os estagiários e jornalistas.” Como instrutor do programa, ele teve a possibilidade de conhecer profissionais de outras redações, e dar, ao mesmo tempo, uma pausa do dia-adia, do cotidiano frenético da redação, o que auxilia na reflexão.

Vários alunos da Fa7 já aproveitaram oportunidades no Sistema Verdes Mares, uma delas é a estudante do 7º semestre, Lyvia Rocha. Em abril de 2013 ela iniciou sua jornada profissional como estagiária de Mídias Sociais, sua vontade em ajudar chamou a atenção dos editores que a levaram para o Portal. “O aprendizado do online foi muito bom, lá você faz tudo, política, esporte, cidades.” Em dezembro de 2013, a aluna da FA7 foi convocada para se engajar no caderno de esportes Jogada, da versão impressa do Jornal Diário do Nordeste, e também participar do PDJ, duas oportunidades de ouro. Conhecer o sistema reforçou a vontade de realizar um bom trabalho na área esportiva, sonho da estudante desde o seu inicio de carreira no jornalismo. “Adoro essa correria, esse ritmo, gosto de cobrir jogos e eventos esportivos”. O sonho da jovem virou realidade e ganhou lances de emoção mais fortes com a participação de um trainne no Jornal O Estado de São Paulo, depois de uma semana em São Paulo, participando de aulas, palestras e cursos, foi escolhida pelo jornal para cobrir a Copa do Mundo, em Fortaleza. “É uma experiência sensacional que vai me ajudar a fazer um jornalismo diferenciado, e também levar o nome da faculdade (Fa7) a nível nacional”. u

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Embelezando a cidade com

CORES Artistas encontram no grafite uma forma ideal para se comunicar e chamar a atenção para questões sociais na correria da cidade TEXTO Átila Frank

O grafite é uma forma de expressão visual que nasceu como uma transgressão e que evoluiu para além de um nome escrito no muro com spray. Ele é a representação dos sonhos de um jovem pobre e oprimido, é a visão de um sonhado mundo melhor ou a denúncia da realidade do pavoroso mundo que vivemos, saiu das ruas para ganhar espaço na eternidade, mesmo que o muro seja pintado. Nasceu ilegal, mas atualmente é uma forte ferramenta nos projetos sociais que ajudam adolescentes moradores de áreas críticas a se distanciarem do mundo do crime. Esse tipo de arte urbana foge aos padrões convencionais e não quer ser capitalizada, guardada em galerias ou smanter,

eladeseja somente passar a sua mensagem e logo se apagar. “O artista de rua que faz o seu trabalho sabendo que será apagado. Ele está ali ativando a perspectiva de uma arte fora das instituições, é uma arte que se faz indiferente aos circuitos tradicionais do juízo de gostos”, afirma Glória Diógenes, professora de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará. Porém, na presente década, a arte de rua se popularizou e foi um assunto fortemente abordado pela mídia, principalmente pelos projetos sociais a ela associados. Temos grafite na novela e na propaganda da Coca-Cola. Esse universo que antes estava associado a

trabalhos efêmeros e exclusivo das ruas acabou até sendo transportado para as galerias de arte, como as exposições d’Os Gêmeos no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Pode-se dizer que o grafite é a expressão das ruas, das praças, dos muros, dos postes e das lixeiras, é a arte de quem vê o mundo do lado de fora. É a forma como o menino pobre e sem voz, que vive em uma área crítica, encontrou para se comunicar com o mundo. Para José Lucivan, de 22 anos, conhecido popularmente como Bulan, o grafiteiro expressa o que vive, o que quer viver e os seus sonhos. Bulan teve o primeiro contato com a lata de spray em 2004.

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Pode-se dizer que o grafite é a expressão das ruas, das praças, dos muros, dos postes e das lixeiras, é a arte de quem vê o mundo do lado de fora. É a forma como o menino pobre e sem voz, que vive em uma área crítica, encontrou para se comunicar com o mundo. Para José Lucivan, de 22 anos, conhecido popularmente como Bulan, o grafiteiro expressa o que vive, o que quer viver e os seus sonhos. Bulan teve o primeiro contato com a lata de spray em 2004. De 2011 para 2012, organizou um projeto social chamado “Transformando Vidas Fazendo Arte”,

A essência do grafite é a escrita, os personagens vieram depois Bulan, grafiteiro há 7 anos com 30 alunos inicialmente, no seu bairro de origem, o Caça e Pesca. Atualmente dá aulas de grafite como forma de consciência ambiental em 4 turmas de 150 alunos ao todo, no bairro Messejana. Ele gosta de expressar a essência da região Nordeste e mostrar a realidade de onde vive. Ele acredita que o grafite tem um

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forte poder de transformar a vida das pessoas e que o grafiteiro tem a missão de levar cores para o mundo. E é isso o que a artista potiguar Viviani Fujiwara, de 35 anos, tenta fazer também. Ela define os seus trabalhos como poesias visuais, gosta de expressar reflexões e questionamentos, a figura feminina, insetos e animais em geral, tudo em um universo etéreo e surrealista. Ela trabalha com arte tradicional há vinte anos, mas foi somente em junho do ano passado que conheceu e o grafite, quando se juntou aos artistas Rodrigo Fernandes e Clarissa Torres para formar o Coletivo Comboio. O coletivo atua no Rio Grande do Norte e prega a liberdade da arte e do pensamento artístico, com painéis que mais parecem ter saído de um mundo surrealista, objetivando trazer mais beleza e cores para o mundo. Rodrigo foi quem apresentou o spray à Viviani. “Não existe isso de graffiti feito por mulher ou por homem. Depende da proposta de cada um, independente do gênero. O meu trabalho é muito feminino, mas é o meu trabalho. Tanto nos muros como nas telas”, declara Viviani quando perguntada sobre os grafites feitos por mulheres, “Agora, a mulherada está muito mais ativa e

presente. Inclusive, eu sou dessa leva de novas artistas de rua”. Desde os primórdios da humanidade, o homem se comunica através de desenhos e riscos nas paredes. É algo comum e até natural para nós. Com o tempo e o surgimento da propriedade privada, essa forma de expressão acabou sendo limitada, vista como uma transgressão e ilegalizada. Temos que pedir autorização do dono para escrever no muro alheio. Talvez por isso que o grafite se popularizou tanto com o movimento da contracultura de 1968, nada é mais transgressor na sociedade capitalista do que “vandalizar” a posse do outro. A partir dali a pixação ou grafite adquiriu um caráter mais poético-político. Destaque para o artista britânico Bansky, que possui uma técnica conhecida pelo ativismo político, rica em subversão e ironia. Seus desenhos são aplicados com estêncil, material plano e fino, que permite imprimir e reproduzir algo numa superfície através das aberturas ou cortes que se preenchem com tinta. Acredita-se que Banksy tenha passado por Fortaleza em novembro de 2013. Ele teria deixado o desenho de um menino urinando na parede do Batalhão de Choque da Polícia Militar, subversão que seria compatível com seu estilo.


O grafite no Brasil

No caso do Brasil, ainda há um preconceito quanto esse tipo de arte urbana, tenta-se separar o grafite, um trabalho tido como legal, da pixação ilegal. Segundo Glória Diógenes, essa divisão não existe, ambos são o mesmo. Ela conta que fora do país a pixação é somente mais um tipo de grafite. Inclusive muitos grafiteiros começaram pixando ou fazendo bombing - grafite rápido, associado à ilegalidade, com letras mais simples e eficazes. A professora Glória Diógenes, em suas pesquisas, entrou em contato com grafiteiros portugueses, como Tinta Crua, que preferem fazer o seu trabalho no ilegal, ser um artista transgressor, como era o grafite nas suas origens. A intervenção artística no farol velho de Fortaleza, no bairro Serviluz, realizada por artistas participantes do Festival Concreto foi um exemplo de que o grafite também pode trabalhar sem a autorização e ainda assim ser tão expressivo e rico quanto um trabalho feito por artistas autorizados.

A arte urbana é efêmera e não tem a pretensão de se constituir como artefato material de valor tanto de mercado quanto de percepção isolada de seu habitat Glória Diógenes, Socióloga Segundo Glória Diógenes, o Brasil foi muito receptivo ao grafite, que bem se adaptou à estrutura sociocultural brasileira, inclusive os trabalhos nacionais se destacam pela sua originalidade. O brasileiro, por ser um povo miscigenado e por possuir uma cultura oriunda de origens diversificadas, acabou passando isso para a arte urbana. u

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COMUNICAÇÃO VISUAL E O SUCESSO EMPRESARIAL A importância dos itens gráficos e a imagem visual com mesma importância para o desenvolvimento do negócio TEXTO Alexandre Fernandes DESIGN Lorena Mesquita | Ariella de Sá

A imagem visual de uma empresa e de uma marca é tão importante quanto o desenvolvimento do negócio. É preciso entender muito bem o espírito do negócio e do público-alvo para traduzi-lo em imagens que irão representar a empresa. Para aqueles que iniciam uma empresa, a preocupação maior é com itens de comunicação visual, como: logotipo, placas, banners, cartões de visita, plotagens, panfletos, entre uma variedade de itens gráficos.

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“A chamada identidade visual ajuda a fixar uma empresa na memória. Ela vai desde o logotipo à posição da logo no fardamento”, explica o empresário Nonato Oliveira, 51 anos, dono de uma gráfica na Av. Doutor Silas Munguba (antiga A. Dedé Brasil). Criar uma identidade visual significa padronizar o uso da logo e das cores de sua empresa em todos os meios de divulgação que possam vir a serem utilizados.

“Enquanto montava a estrutura da empresa, o movimento era fraco, pois o único meio de divulgação era um totem na fachada do condomínio comercial em que a gráfica fica localizada. Colocamos placa, fizemos plotagens na vitrine e no interior da loja, utilizamos de panfletagem e visitas a shoppings”, é o que diz Nonato sobre como utilizou a comunicação visual produzida em sua gráfica.


Quando o objetivo é atrair novos clientes, a comunicação visual é imprescindível. Se a empresa possui uma identidade visual profissional, harmoniosa e personalizada, o cliente tende a escolhê-la. Já que neste momento o consumidor está em processo de pesquisa e avaliação, buscando empresas que ofereçam o serviço, possuam preços acessíveis e acima de tudo, passem credibilidade. A comunicação visual da empresa desempenha um papel muito importante no estágio final da escolha, onde o consumidor avalia seu logotipo, cores e possivelmente se identifica com a empresa.

É preciso entender muito bem o espírito do negócio e do público-alvo para traduzi-lo em imagens que irão representar a empresa. A esteticista e podóloga, Gorete Almeida, 47, afirma que o uso de comunicação visual é de extrema importância. “Para mim, que preciso expor todos os meus serviços de forma clara e atrativa, utilizar de panfletos, cartões de visita, banners e placas é o que tem me mantido com clientela”.

É papel da comunicação visual, informar o público local e geral de que um estabelecimento é diferente por vários motivos. De acordo com o consultor de marketing, Fábio Torres, 38, quando os clientes não só entendem, “mas também explicam os diferenciais de qualidade de determinado estabelecimento, podemos, então, dizer que a comunicação visual

Colocamos placa, fizemos plotagens na vitrine e no interior da loja, utilizamos de panfletagem e visitas a shoppings Nonato Oliveira

Segundo a publicitária, Taís Corrêa, 29, a identidade visual é um importante instrumento para obtenção de uma boa identidade corporativa, “na qual se refere à imagem que a empresa busca conseguir, que levará à imagem corporativa, que se refere à percepção que uma empresa possui entre o público.” Trabalhar com a comunicação visual é bastante significativo no momento em que ela exerce um impacto imediato, pois lida diretamente com a percepção visual do ser humano. Ela pode ser a primeira impressão frente ao seu público e influenciar diretamente no conceito que este público irá formular a respeito da organização. u

cumpriu o seu papel. O papel do valor, do status, da qualidade e do preço”. As pessoas, por mais que tenham um poder aquisitivo mais baixo e poucas referências de leitura, destinarão o seu momento de lazer e prazer naquele local por conta dos diferenciais que o estabelecimento proporciona.

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TRANSMISSÃO DE

EMOÇÃO “Eeeencostado na zaga. O lançamento feito para Robiiiiiinho olha o gol, olha o goooool de Tadeeeeuuu ! Gooooollll do Cearááááá!!! Tadeeeu!!!! desta vez ele apareceu como queria o comentarista Jussiê Cunha...” TEXTO | FOTO Tarcísio Ribeiro DESIGN Lucas Mota | Gustavo Nunes

Foi assim que o narrador esportivo Carlos Fred, da equipe esportiva Tribuna BandNewsFM, viu e descreveu o gol de Tadeu do time do Ceará Sporting Club na vitória de 1 a 0 contra a equipe do Oeste. Em atividade na radiofonia esportiva há 43 anos, Fred começou em 1971 na rádio Dragão do Mar e hoje realiza o sonho de criança, ser narrador de futebol. No início da carreira começou como redator, logo se aprimorou e virou repórter, um pista (complementador de lances) e um ano depois, em 1972, começou a narrar jogos de futebol. Na TV tornou-se comentarista esportivo pela TV Diário, além de ter sido coordenador e produtor, mas a sua principal atividade e que faz com amor é a narração. Para Fred, o futebol evoluiu e a transmissão esportiva teve que acompanhar. Primeiro na linguagem por termos hoje transmissões mais descontraídas, mas nem por isso menos informativas. O relato dos acontecimentos e o seu próprio linguajar permanecem fiéis pelo que acredita ser o correto e por ser sua marca. “Muitas vezes o que é tido como moderno hoje me desagrada, porque o

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português correto pode ser deixado de lado”, explica.

Eeeencostado na zaga, o lançamento feito para Robiiiiiinho, olha o gol olha o gol do Tadeeeeuuu !Gooooollll !!!Tadeeeu, desta vez ele apareceu como queria o comentarista Jussiê Cunha... O narrador deixa claro que as transmissões de hoje são bem diferentes de outrora, desde o seu início até o fim. Antes havia a abertura de jornada, que é a apresentação da equipe e do evento, com a participação de um locutor com alta formalidade. Hoje as jornadas esportivas são bem mais fáceis. Um âncora abre a transmissão munido de gravações, de um roteiro já preparado, já se

sabe o que vai acontecer e assim é possível começar um trabalho dez minutos antes, porque é tudo muito automático. Apesar de todas as facilidades encontradas hoje, Fred faz questão de frisar que a qualidade de quem está com o microfone na mão ainda é o diferencial. “Existe um locutor que considero um mito, ele torna o jogo um espetáculo. Gomes Farias cria jargões que vai caindo na boca do povo e isso o diferencia”, afirma Carlos Fred. No contra ponto das facilidades, a maior dificuldade na análise do narrador é o fator comercial. A sobrevivência do rádio depende dos anunciantes e para muitas rádios é cada vez mais complicado conseguir patrocínio. Na opinião do narrador, o que é complicado acaba por piorar para quem faz parte da amplitude modulada (AM). “Eu adoro AM, se eu pudesse entrava sempre no AM, pena que estão dificultando as coisas para essa freqüência que tem um lado tão romântico”, opina. Contemporâneo a Fred nem por isso menos experiente, Jussiê Cunha atua no rádio esportivo desde os 14 anos de idade, incentivado


pelo pai, homônimo que também era radialista. Jussiê Cunha faz parte de uma safra de grandes nomes esportivos vindos de Aracati como Antero Neto, Kaio César, Caio Ricard entre outros. O comentarista já veio do município praiano com a base do que é a radiofonia esportiva. Desde cedo já se aventurava em transmissões amadoras em uma rádio local, mas com muito aparato profissional. O grupo fazia reuniões de pauta, roteiros e até mesmo possuía um site da equipe.

Eu adoro AM, se eu pudesse entrava sempre no AM, pena que estão dificultando as coisas para essa freqüência que tem um lado tão romântico Carlos Fred O comentarista é categórico ao afirmar que as transmissões sofreram alterações de uns tempos pra cá. Os recursos da televisão e da internet dão uma responsabilidade maior as rádios, as dúvidas dos lances e as informações chegam com muita velocidade ao público esportivo que segundo ele, é muito bem informado. Mas no geral a tecnologia veio para auxílio de todos, mais ainda para o profissional que pode exercer com maior qualidade

a função jornalística. “Durante os 90 minutos o mundo não para pra ver o futebol, outras coisas acontecem e temos que ficar atentos como jornalistas a estes acontecimentos. Hoje está muito mais fácil e a internet ajuda demais”, conta Jussiê. E é com o auxílio da internet e tecnologia que a Tribuna Band News inova nas suas transmissões. Primeiro porque usa a ferramenta para informar de forma imediata mantendo a característica do rádio, utiliza redes sociais como o whatsapp para interagir e dar voz ao ouvinte, através da internet e aplicativos de celular combina com os melhores com os melhores equipamentos de custo elevado, mas que oferecem o que tem de melhor como som de estúdio em qualquer lugar mundo. “Com esses equipamentos fica fácil inovar também, por exemplo as escalações dos times, que são feitas pelos próprios treinadores”, argumenta. Os benefícios são tantos que impressionam Jussiê, que se mostrava preocupado pela decadência do veículo “O rádio se revigorou, estava fadado ao prejuízo e com a internet o maior beneficiado foi ele”, afirma. Porém também surgem problemas, como nas cidades do interior em que muitos ainda não possuem internet banda larga e a transmissão não chega na qualidade esperada. Por falar em qualidade de equipamentos, o operador de áudio externo

Durante os 90 minutos o mundo não para pra ver o futebol, outras coisas acontecem e temos que ficar atentos como jornalistas a estes acontecimentos. Hoje está muito mais fácil e a internet ajuda demais Jussiê Cunha Fernando Lima é o responsável por preparar todo o ambiente de transmissão. Há 16 anos na função ele e todos os companheiros de profissão foram os maiores beneficiados com o surgimento da tecnologia. O uso dos novos equipamentos reduziu praticamente toda a bagagem que antes era usada, cerca de cinco malas e 10 microfones a no máximo três ferramentas de trabalho. Segundo Junior Lima, assim conhecido por todos da imprensa esportiva, as facilidades não param por ai “Com a chegada do 4G tenho certeza que vamos chegar a uma época que vamos usar apenas um material apenas”, explica. O fato é que a cada inovação tecnológica, a cada passo que os materiais utilizados evoluem, o ouvinte é quem ganha e pode ouvir com qualidade o grito de gol do seu time de coração. u

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A

REPORTAGEM N A

T V

exercício de síntese e criatividade São por muitas mãos e mentes que uma reportagem de TV passa até ser vista pelo telespectador. Em todas elas há um objetivo em comum, a informação TEXTO Lorena Sales DESIGN Iago Monteiro | Matheus Ribeiro

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É aí onde entra o trabalho do produtor. O chamado “pensar nas imagens” é peça chave quando se fala em reportagem de televisão. Não adianta falar sobre o alagamento de uma avenida, sem mostrar o local onde aconteceu. “No momento da construção do texto, a gente têm essa visão, imagina toda a matéria na nossa cabeça”, afirma o produtor da TV União, Natan Santos.

congestionado da cidade. É uma mistura de jornalismo e logística. Geórgia afirma que o bom relacionamento com as fontes é fundamental. “As vezes entrar em contato com as autoridades é uma questão de ser brasileiro e não desistir nunca. Como trabalhamos com a notícia factual o tempo corre contra nosso favor, então temos que ser rápidos na apuração, confirmação e no encaminhamento do repórter”.

Hora da ação

O nosso trabalho é levar informação aos telespectadores com o máximo de verdade. E mais do que isso. De veracidade. Realizamos um trabalho fundamental para a democracia Fernanda Aires, repórter Tudo isso requer planejamento, principalmente quando se marca as entrevistas. Natan ressalta ainda que, às vezes, a maior dificuldade é a questão do tempo e das fontes. “Não podemos repetir muito as fontes, temos sempre que buscar novos contatos. Quanto mais contato tiver, melhor para o produtor”. Geórgia Beatriz, produtora de programas policiais da TV Diário, ressalta que o trabalho é ainda mais corrido devido a essa editoria. “Trabalho com pautas factuais, ou seja, trabalho com o inesperado e não temos tempo de ter uma “reunião de pauta”. Logo quando chego na redação tenho uma lista de telefones pra ligar e verificar se está acontecendo alguma coisa na cidade, como CIOPS, SAMU, AMC etc”. A produção precisa ainda pensar no tempo em que a equipe leva para se deslocar de um lugar para o outro, tendo que enfrentar o trânsito cada vez mais

Depois de pronta, a pauta chega ao repórter, que junto com o motorista e o cinegrafista saem para fazer as entrevistas previamente marcadas. O bom repórter fica atento ao que as fontes estão falando, confirma a informação, o nome dos locais, dos entrevistados, os desdobramentos do fato.

A coisa mais difícil é dar uma cara nacional para um jornal feito basicamente aqui” Musa Guedes, chefe de reportagem Para Fernanda Aires, que já foi repórter da TVC e atualmente trabalha na TV União, são muitas as dificuldades do profissional. “São muitos entrevistados em lugares diferentes. Corremos o tempo todo atrás das notícias, vamos onde elas estão. Mas, ao final, é prazeroso assistir o resultado de tudo”. A boa execução de uma reportagem na rua se dá, principalmente, pela capacidade do repórter em tirar a melhor fala da fonte, saber lidar com os imprevistos, “ter jogo de cintura” e também pensar nas possibilidades de desdobramento de

uma pauta, ou seja, contar com fatos que o produtor deixou escapar. É necessário estruturar a reportagem ainda na rua, pois não há muito tempo para escrever o texto, devido o imediatismo da profissão. Por isso, a concisão é extremamente importante, afinal, o público deve compreender a mensagem. Mas como ser conciso sem perder a criatividade? “A literatura ajuda. Acredito que dá subsídios para brincar com as palavras sem perder a clareza e a concisão dos fatos”, explicou a repórter. O cinegrafista também tem papel importante, pois não é só fazer a imagem, mas a melhor imagem. Ele precisa ficar atento a posição do entrevistado no vídeo, ao local onde ele está e a qualidade do som e das imagens que serão usadas.

Luz, câmera edição..

Primeiro um OFF? Depois uma sonora? De quem é a sonora? Que parte deve ser usada? A parte final do processo é a edição. O editor é o responsável por juntar um grande quebra cabeça, utilizando as imagens feitas e as “deixas” do texto do repórter. u

GLOSSÁRIO OFF > Texto narrado pelo repórter sem que ele apareça no vídeo SONORA > Entrevista PASSAGEM > Texto decorado pelo repórter com ele aparecendo no vídeo CABEÇA > Chamada da matéria, lida pelo apresentador

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A realidade que converge no Ceará O cenário jornalístico fortalezense já emerge novos hábitos e reflete conteúdos diferentes TEXTO Renato Ferreira FOTO Letícia Firmiano DESIGN Priscila Almeida | Renato Ferreira

Recortes convergentes dos veículos comunicacionais Para a coordenadora dos portais G1 e Globo Esporte Ceará, Marília Cordeiro, do Sistema Verdes Mares, a convergência está na fusão dos formatos das linguagens e do material que o profissional traz de seu trabalho. Há uma compreensão, segundo a coordenadora, de que o repórter do site já sabe que tem de se adequar para já se inserir no meio promovido pela internet. É a multimídia que deixa o conteúdo atraente para os leitores, e consecutivamente, o fechamento da matéria se torna mais leve, prático e ideal. “Nos veículos de internet, já consideramos natural ter de fazer matérias que explorem os recursos da plataforma, mas ainda é um desafio cultural que profissionais dedicados a outros veículos contribuam para os portais. Acho também crescente no país a iniciativa de apresentar conteúdos diferentes como infográficos, crossmídia e bons vídeos”, revela Marília. A diretora de jornalismo do Sistema Jangadeiro, Isabela Martin, nesta função desde 2012, comenta que, ainda naquela época, a convergência era mínima mas aos poucos já estava se inserindo no meio. Quando chegou na empresa se deparou com os poucos veículos trabalhando de maneira individual e resolveu integrar toda a equipe. As reuniões de pauta

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passaram a ser conjuntas para entender o que caberia a quem e como aproveitar, ou até reaproveitar, uma matéria que lapidaria ainda mais o serviço voltado à população do Ceará. De alguns programas produzidos e transmitidos pela radiodifusão e um site que reproduzia fielmente o conteúdo televisivo, nasceriam uma nova emissora de rádio, a Tribuna Band News FM, um portal de notícias, o Tribuna do Ceará e uma nova emissora de TV, o Nordestv/ SBT. “Aprendemos apanhando até dar certo. Era produção de um programa conversando com a produção do outro, a adaptação das equipes para se preparar com outras maneiras midiáticas de informar e sempre levar todo e qualquer

Era produção de um programa conversando com a produção do outro, a adaptação das equipes para se preparar com outras maneiras midiáticas de informar e sempre levar todo e qualquer fator em conta Isabela Martin


fator em conta, para que haja clareza no que ocorre dentro da empresa”, ressalta Isabela. Marília comenta que os repórteres do site já compreendem que as matérias pedem mais do que um texto. Os outros profissionais do sistema, como da TV Verdes Mares ou do Diário do Nordeste, também têm seu devido valor prestado dentro do campo. “Peço que eles pensem em complementar o ‘eixo do material’ com acréscimos em outro formato. Por exemplo, se temos um texto escrito, precisamos de uma foto. Se temos um ótimo vídeo, temos de escrever um texto com informações que contextualizem as imagens” pontuou. Já Isabela ressalta que desde que assumiu a diretoria de jornalismo, os veículos que “nasceram” juntos já foram programados pensando na convergência. O Tribuna Band News FM, como um veículo que trabalha com a factualidade e instantaneidade e o Tribuna do Ceará, um portal eminentemente cearense que não compete com os outros sites do estado, visando somente “informar o que acontece e o que há de melhor no Ceará”, complementa.

Função multimídia, jornalista ascendente O gerente de plataforma digital do Sistema Jangadeiro, Helcio Brasileiro,

revela que o jornalismo tem se tornado muito abrangente e a audiência cada vez mais multimídia. O site do sistema já vem com essa ideia de integração das rádios e das Tvs da empresa, agregando mais conteúdo e abrindo nichos de público. Helcio coloca o portal de webjornalismo como um meio idealizado de que exista ideias e informações por toda a volta, cada uma com um valor. A ideia de não ser “escravo” do factual e contar histórias interessantes, sem desvalorizar ou super-valorizar o jornalismo hard-news deve ser colocado em cheque, apoiando também produtos convergentes para dar alicerce à comunicação. “Essa cultura deve ser implementada já nas escolas de jornalismo, porque as coisas estão mudando e

Nos veículos de internet, já consideramos natural ter de fazer matérias que explorem os recursos da plataforma Marília Cordeiro antigamente não era assim”, reflete. O apresentador e editor de esportes dos programas Bom Dia Ceará e Globo Esporte da TV Verdes Mares, Marcos

Montenegro, admite que a convergência foi catalisadora em sua carreira. No início, contratado para fazer matérias para a web, houve oportunidades para trabalhar com o telejornalismo até se firmar onde está, mas mesmo assim não deixou de cobrir o que ocorre com matérias especiais, no qual ele se desloca e vai a campo para colher informações como outro repórter “de rua”. Ainda assim, seus colegas de trabalho sabem que podem contar com ele quando precisarem. “Tirar uma foto, escrever uma notícia rápida direto da rua, mandar alguma informação e por aí vai. Você abre seu leque e as oportunidades no mercado. Uma vez que ‘ser multimídia’ é dever de todo jornalista hoje em dia, embora não seja obrigado a fazer tudo, mas deve estar preparado para quando houver alguma necessidade. Com essa preparação há o destaque”, conclui. Fato concreto é que com a abrangência midiática da internet, o usuário que pode ser o receptor do impresso ou do audiovisual, assume uma função ativa dentro do processo de comunicação. Ele passa agora a também escolher o que quer ver, ouvir, ler e encontra na oportunidade uma maneira de se tornar o próprio filtro, caminhando (ou navegando) por sua direção favorita. u

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CINEMA DE RUA

Espaço aberto ao público, o Cinema do Dragão é considerado uma linguagem que busca dialogar visando à democratização TEXTO Tamara Aquino DESIGN Guilherme Paiva

Com apenas sete meses de funcionamento, o Cinema do Dragão – Fundação Joaquim Nabuco, reinaugurado após um hiato de um ano,já recebeu em torno de 40 mil pessoas. A reaproximação do público deve-se à diversidade da programação e também à suaprivilegiada localização. Um dos raros cinemas de rua do Brasil, o ambiente livre à comunicação convida o público a sentir a experiência do cinema e quem sabe olhar para suas próprias vidas a partir dele. O sucesso de público é um dos motivos de comemoração neste ano em que

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foram celebrados os 15 anos do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Local pensado para vivenciar arte e cultura, o Dragão foi inaugurado em 1999, tornando-se empouco tempo um dos maiores Centros Culturais do Brasil. O evento “Maloca Dragão”, que durou cinco dias, no final de maio, preparou para o público shows, exposições, programação voltada para as crianças, peças de teatro, e dedicou a semana ao cinema brasileiro, com um dos filmes tendo sua pré-estreia no dia da abertura do evento. Praia do Futuro, do diretor KarimAïnouz e com os

atores Wagner Moura e Jesuíta Barbosa, foi exibido em sessão especial com a presença do elenco. Apenas 120 ingressos, equivalentes ao número total de cadeiras das duas salas de cinema, foram disponibilizados na bilheteria. Quem não conseguiu comprar o ingresso, tevede esperar até o dia 15 de maio, data oficial da estreia do filme. A nova gestão formada por Pedro Azevedo e Salomão Santana, em Fortaleza e Kléber Mendonça filho e Luiz Joaquim, em Recife, instaura uma nova metodologia: Pessoas totalmente


dedicadas ao cinema e que procuram se comunicar com a cidade e com que está acontecendo. “A ideia não é trazer filmes que já têm espaço em grandes circuitos exibidores, em grandes salas de cinema, seria injustiça”, sentencia Pedro Azevedo. A nova grade de programação oferece uma proposta que promove a reflexão e o debate, para isso é importante dialogar com o público. Esse diálogo acaba sendo imprescindível tanto para dar às pessoas o que elas querem ver, como também para surpreender. Os debates são importantes para formação de público e hoje 90% das estreias brasileiras tem a presença do diretor e dos atores no final de cada sessão para conversar sobre o filme, esclarecer dúvidas e intensificar mensagens. E para Salomão isso é um privilégio que precisa ser valorizado. O cinema contemporâneo converge cada vez mais para produções com linguagem saturada e repetitiva. Operando fora desse cenário, o Cinema do Dragão oferece opções. Colocam um filme com apelo popular ao lado de outro independente, cuja exibição se daria de forma limitada, apenas em algumas salas em todo o Brasil. Dessa forma despertam a curiosidade das pessoas. “O interessante é que descubram filmes novos e que criem o hábito de assistir coisas diferentes dessa linguagem mastigada das grandes salas de cinema”, afirma Pedro. Mas se engana quem acha que se trata de um Cinema de Arte. Para Salomão, o rótulo erroneamente atribuído ao

Cinema do Dragão pode afastar as pessoas. “Não trabalhamos com essa proposta, porque não fala o que a gente quer”, diz. Para os dois curadores de Fortaleza, não existe o “tipo” de filme que o Dragão exibe, nem uma distinção entre Cinema de Arte e o de Entretenimento, porque tudo é cinema.

A ideia não é trazer filmes que já têm espaço em grandes circuitos exibidores, em grandes salas de cinema, seria injustiça Pedro Azevedo O espaço é pensando para todos e não apenas para profissionais da área ou cinéfilos. Os filmes escolhidos podem ser compreendidos e ainda se comunicar de forma subjetiva com cada um, proporcionando novos questionamentos e entendimentos. “O que queremos é a democratização, procurando interagir com outras áreas para agregar e trocar experiências”, diz Salomão. “Os filmes levantam questões sociais e econômicas. São filmes que trabalham com outro tempo, com cenas mais longas que pedem reflexão. E temos chances de conhecer outras produções”, expõe o jornalista Marcos Joel, 27. Além da programação diferenciada, o cuidado técnico é crucial. Os filmes trabalham com um projetor de DCP que

confere qualidade superior dando aos espectadores projeções ótimas. “Fortaleza estava adormecida e acostumada com a má qualidade de projeção. Podem questionar a programação, mas não a qualidade técnica”, diz Pedro. O estudante de publicidade, Lucas Vieira, 24, afirma que é muito melhor ir para o Dragão do Mar do que ao shopping. “O diferencial do Cinema do Dragão, primeiramente, são os filmes que não estão em outros nichos. Lá as pessoas respeitam mais os filmes, não fazem baderna e depois que a sessão acaba podemos ir para bares, exposições, shows”, diz.

O velho e o novo

As salas do Dragão do Marforam importantes por inserir Fortaleza no circuito de exibição de filmes independentes e de mostras nacionais e internacionais. Antes conhecido como Espaço Unibanco de Cinema, fruto de uma parceria entre o Dragão do Mar e o Unibanco/Itaú, o local passou por um processo de modificação. Reinaugurado em Setembro de 2013,as salas foram reformadas e cerca de R$ 1 milhão foi investido para torná-las confortáveis e atrativas. Novos parceiros também entraram em cena com a proposta de oferecer programação diferenciada para atender uma demanda reprimida.Coube a Fundação Joaquim Nabuco, referência em salas de cinema em Recife, a responsabilidade da nova gestão. u

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A I R O S S E

S S A Ao escolher a área de assessoria de comunicação o profissional deve estar ciente do grande esforço e do trabalho árduo que virá pela frente.

TEXTO Frank Roger FOTOS DESIGN Thiago Daniel | Tatiana Fortes

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em foco

Saber em qual área o estudante que ser aprofundar já é um grande passo para quem está na área de comunicação social. Uma das principais decisões que muitas pessoas que cursam uma graduação têm que tomar é “Em que área devo me especializar?”. Esta é uma pergunta que aparece frequentemente na cabeça de muitos estudantes que ainda não decidiram qual caminho seguir. Ao escolher a função de assessor de imprensa o estudante deve estar ciente das suas atribuições e gostar de um ritmo de trabalho intenso. É o que nos revela a jornalista Isabelle Vieira, que atua na área há 13 anos. “No começo trabalhar nessa área era mais difícil, hoje com o advento das novas tecnologias e fontes de comunicação o nosso trabalho vem ficando mais fácil.” Quando questionada sobre o mercado atual ela é enfática: “As empresas com o passar dos anos vêm se conscientizando da necessidade de ter um assessor de imprensa para gerenciar sua comunicação”. Isabelle diz que o trabalho é bastante intenso, apesar das novas tecnologias e técnicas que chegaram para facilitar a vida do profissional, mas que é bastante apaixonada pelo sistema de construção

de manutenção de imagem que o profissional da área tem que lidar. “Acho que foi amor à primeira vista. Interessei-me bem cedo pela área e logo tive a minha primeira experiência como bolsista na Coordenadoria de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC)”.

O mercado está mais exigente, hoje as empresas estão procurando cada vez mais profissionais que sejam especializados na área para trabalhar Paulo Roberto, assessor político Já para a jornalista recém-formada Júlia Norões, a decisão foi influenciada pela família, pois ela já tinha uma prima que trabalhava na área. Julia começou a estagiar em assessoria antes mesmo de se formar. “Mesmo após a minha formação eu enfrentei preconceito e falta de confiança no ambiente


profissional, apesar de já ter estagiado um ano na área”.

Exigência do mercado

Para o especialista em comunicação Paulo Roberto, que trabalha atualmente com assessoria política. “O mercado está mais exigente, hoje as empresas estão procurando cada vez mais profissionais que sejam especializados na área para trabalhar”. Paulo cita o seu caso como exemplo, já que no caso dele, antes de trabalhar na área de assessoria política já havia procurado formação política para exercer a função.

A jornalista Isabelle nos revela que tem percebido que o número de agências e profissionais free lancers tem aumentado bastante. “Eles (as empresas) começaram a se dar conta da importância do nosso trabalho. Mas o maior problema em relação à área é o mercado, que paga pouco e não valoriza como deve a assessoria, já que a competitividade entre os profissionais está acirrada e muitos acabam cobrando tão pouco por um trabalho tão importante”. O que consequentemente desvaloriza e enfraquece o exercício da atividade, prejudicando muitos profissionais. Para Julia Norões esta prática é perceptível no mercado

atual. “Muitas empresas tem adotado a ideia de trocar o assessor de comunicação por um gestor de mídias sociais. O pouco engajamento com o cliente e as faltas de opções no mercado são os principais obstáculos que nós enfrentamos. É preciso ser muito proativo e buscar novas formas de estimular a mídia espontânea para se ter um bom resultado”. u

Saiba mais - Piso salarial do Assessor de Imprensa: R$4.105,74 (6h/dia)* - 64% dos profissionais da área são mulheres.** - 76% dos profissionais que trabalham atualmente na área já haviam adquirido experiência por conta de estágio.** - 24% dos profissionais nunca haviam trabalhado antes quando começaram como assessores.** * Segundo o Sindjorce (Sindicato dos Jornalistas no Ceará) ** Segundo a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas)

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RADIOESCOLA

CUCA BARRA

a vitória da comunicação contra a exclusão e a violência A motivação é o fortalecimento da comunidade, a garantia dos direitos humanos e a busca pela excelência na comunicação TEXTO | FOTO Bárbara Camurça DESIGN Javier Blanco | Cristina Tallón Competindo com a exploração sexual, o uso de entorpecentes e a disputa de território, a programação da Rádio do CUCA - Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte é um oásis para o jovem que não se vê representado na grande mídia e precisa reconhecer em um meio de comunicação seu papel, sua voz, seu jeito. O ruído é diminuído quando o repertório é comum. Aí a comunicação é estabelecida. Conceitualmente, radioescola é um espaço de formação ampla e transversal. Nela se trabalha, além da formalidade do ensino, o aspecto crítico, a formação cidadã, o empoderamento e o protagonismo do jovem. O foco é a criação de um ambiente o mais horizontal possível para que todos participem e tenham voz na mesma proporção. A radioescola do CUCA surgiu há quase cinco anos junto com a sede da Barra do Ceará, o CUCA Che Guevara. Hozana Arruda, educadora de rádio e supervisora do projeto, conta que a programação, de fato, só iniciou em 2012, depois de uma capacitação inicial através de um curso de sonoplastia. O primeiro programa foi o Natividade, uma revista quinzenal com entrevistados

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para os quadros “Papo Cearense” e “Fica a Dica”. Atualmente, o programa possui uma página no Facebook onde postam edições e fotos dos bastidores. Os ouvintes podem comentar, sugerir tmas a serem abordados e pedir músicas desde que não contenham linguagem inapropriada.

Quando se fala em comunicação popular e alternativa geralmente se pensa em algo que é mal feito, no jornalzinho de bairro com parágrafos tronchos, fotos gigantescas e muito anúncio. Isso não é uma regra! João Carlos Bendo Depois surgiram outros programas, como o Mistura, mensalmente apresentado e produzido pelos jovens Magno Paz, 18, e Luiz Lopes, 20. O também

repórter CUCA, Magno Paz, começou de mansinho, fazendo um curso de radionovela, pedindo músicas na rádio... Logo o “Bonner da Barra” entrou para a equipe de desbravadores da comunicação popular. O morador do bairro Cristo Redentor pensa em ingressar na faculdade de jornalismo, tamanho o interesse pela comunicação gerado através do projeto. No entanto, a rádio ainda está em seus planos por um bom tempo. “Eu pretendo ficar na rádio até quando puder. A intenção é continuar ganhando experiência e crescendo”. Luiz Lopes é fruto de uma oficina em parceria com a Catavento - Comunicação e Educação Ambiental ministrado no local. Chegou a cursar o primeiro semestre de jornalismo na Fa7 e hoje estuda publicidade na Universidade Federal do Ceará. Além de produzir o Mistura, o sonhador já planeja um programa musical no formato documentário. “A gente iria contar a história de um artista falecido e tocar as músicas, entrevistar algum fã”. Denise Braga, 21, ingressou na faculdade de jornalismo da Fa7 por causa da experiência com a Rádio CUCA. Junto com sua amiga Brenda Martins, 21, apresenta o “Deu a Louca na Barra”. Integrantes da


segunda turma de sonoplastia, as meninas fizeram um “programa teste” levado para a FM Fortaleza, implantado numa rádio comunitária e na radioescola. Brenda fala com um sorriso largo da sua preferência por programas ao vivo. Gosta da interação com o público, se diverte com os personagens criados e vozes improvisadas para o “Deu a Louca”. Sente pelas produções não terem um maior alcance, já que a transmissão é limitada ao espaço do Centro Urbano. “Nosso desejo é estar fora, trazer a galera para cá”. Todos compartilham do mesmo anseio. A equipe pretende implantar um sistema de webrádio para maximizar o alcance, mas por enquanto são limitados pela qualidade da Internet no bairro. Quem coordena a agitação desse povo criativo é João Carlos Bento, supervisor de Comunicação Popular e Cidadania. Orgulhoso, João elogia o profissionalismo e a dedicação da equipe da radioescola. “O grupo que está aqui é muito representativo pelo potencial de executar qualquer coisa que eles queiram com muito profissionalismo”. Para ele, a comunicação popular não é sinônimo de desleixo, pode ser excelente. “Quando se fala em comunicação popular e alternativa

geralmente se pensa em algo que é mal feito, no jornalzinho de bairro com parágrafos tronchos, fotos gigantescas e muito anúncio. Isso não é uma regra!

Reiteram que a comunicação é um direito de todos, desmistificam e humanizam o radialista, o comunicador. u

Impacto na comunidade

O objetivo da radioescola é alcançar, conscientizar e fortalecer a população através de uma rádio que fale a linguagem local. A proporção ainda é reduzida, mas a aposta é que os jovens sejam multiplicadores do conhecimento adquirido em seus contextos. João Carlos Bento diz que a comunicação popular trabalha a construção colaborativa e oferece voz político-social às pessoas. O espaço não é construído só em termos de entretenimento, mas de mobilização. “A proposta da radioescola é essa: os meninos sentam com a gente e propõem”. Os voluntários falam da rádio com paixão e se empenham como se fossem remunerados. Escolhem os temas, pesquisam, produzem. As pautas são coerentes com a realidade dos comunicadores e dos ouvintes. O grupo ganha a atenção porque traz de volta a proximidade das pessoas com o estúdio da rádio, como nos antigos programas de auditório.

SAIBA MAIS CUCA na Comunidade Com a intenção de divulgar as atividades gratuitas disponíveis, o grupo leva música e oficinas para os bairros, pensando em uma programação voltada às necessidades específicas de cada um. Repórter CUCA Disponibiliza formações de Comunicação Popular, como o curso em parceria com a Catavento. Dividido em três módulos, trabalha desde características do rádio, gênero informativo (notícia, entrevista e reportagem) até radiodramaturgia (radioteatro).

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Uma mão lava a outra Como o jornalismo de moda vem se sustentando em Fortaleza em meio ao boom dos blogs do mesmo segmento TEXTO Jéssica Saunders DESIGN Isabela Thé | Paulo Victor Mascarenhas

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Segundo a jornalista, nunca se vendeu tanta revista de moda. “Os jornalistas se encarregam da parte crítica e conceitual. Nas revistas podemos ter acesso a produções de moda, reflexões sobre tendências, entrevistas com estilistas e inclusive com as próprias blogueiras”, conta. As revistas possibilitam às blogueiras entender o que vai estar em alta na próxima estação, por exemplo. “Acesso vários blogs e nunca cancelei minhas assinaturas de revistas”, Victória Rocha, blogueira de moda há três anos. Cadeira cativa na primeira fila dos desfiles, os blogueiros conquistaram um espaço relevante no mundo da moda. Tendências em primeira mão, dicas de beleza, de moda e maquiagem. A instantaneidade é o diferencial de quem faz os blogs de moda. Por este e por outros motivos é que eles vêm ganhando cada dia mais seguidores. Blogueiros foram promovidos a “profissão blogger” e, fazendo jus ao trabalho árduo de postagens diárias, são muito bem remunerados por isso. Com todo o glamour da profissão, há quem diga que eles só vivem de evento em evento e ganhando presentinhos de marcas famosas. Preconceitos à parte, esses profissionais vêm conquistando o reconhecimento merecido perante a mídia e os leitores. Causando um verdadeiro frisson é que blogueiras de todo o mundo influenciam, mesmo que indiretamente, meninas e mulheres, deslumbradas por esse facinante life style, a criarem o seu próprio espaço na web. Segundo Alessandra Leeman, professora e jornalista especializada em moda, em 2009 o Brasil já era o segundo país com o maior número de blogs cadastrados no blogger.com. Uma verdadeira enxurrada de conteúdos postados diariamente. Entretanto, muitos blogs ainda irão

surgir e se destacar, já outros, a grande maioria, irão desaparecer e assim por diante. “Só os bons permanecem, quem se esforça, estuda, corre atrás e se destaca. Quem espera cair do céu, fica para trás”, afirma a blogueira Victória Rocha. Os blogueiros ganharam tanta força que hoje assessorias de imprensa e marcas, entendendo muito bem esse fenômeno, os convidam para prestigiar lançamentos de coleções, coquetéis e, claro, participarem das semanas de moda, um lugar que até então era restrito a jornalistas de moda. Como diria a blogueira Victória Rocha, tem espaço para todo mundo. “O blogueiro jamais substituirá um jornalista, mesmo sendo ele de moda. Um jornalista desconhece as várias aptidões de um blogueiro. Bem como um blogueiro não possui os conhecimentos obtidos na faculdade de jornalismo”, explica.

Só os bons permanecem, quem se esforça, estuda, corre atrás e se destaca. Quem espera cair do céu, fica para trás Victória Rocha, blogueira A cada ano que passa, a capital do Ceará ganha mais profissionais capacitados e, obviamente, vem tendo destaque na mídia local e nacional. Eventos como Festival de Moda de Fortaleza (FMF), Dragão Fashion Brasil (DFB) e tantos outros são um prato cheio para estilistas, jornalistas, blogueiros e, claro, os fashionistas de plantão. Uma porta de entrada perfeita para novos talentos surgirem e se engajarem nessa atmosfera. Em

Fortaleza, a moda autoral é referência para todo o mundo e está em constante ascensão. Bordados, rendas e crochês dão “pano para as mangas” em qualquer temporada. “A moda autoral é consumida por todos nós, amantes da moda. A comunicação é a melhor forma de consumo. Através da sua imagem a ‘roupa’ transpõe o ato de vestir e cumpre sua função maior, de ser expressão cultural de seu povo”, explica o estilista Mark Greiner. u

Como ser uma bloqueira de sucesso

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Vá a todos os eventos de moda da sua cidade. Faça postagens frequentes e em horários constantes. Nada de ctrl-c ctrl-v.

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Crie conteúdos relevantes Tire suas próprias fotos com qualidade e originalidade. Esteja sempre atualizada mostre seu estilo.

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Faça fotos de look do dia, Indique sempre as referências de lojas e preços.

Não se venda à lojas e marcas. Tenha compromisso com a verdade. Trate muito bem as suas leitoras e seguidoras.

2013.2 MATÉRIA PRIMA // 49


A melhor faculdade particular de Fortaleza (SEGUNDO AVALIAÇÃO DO MEC E DE SEUS ALUNOS)

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