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DIRETOR ACADÊMICO Ednilo Soárez VICE-DIRETOR Adelmir Jucá COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Dilson Alexandre EDITORES CHEFES Edma Góis Miguel Macedo PROJETO GRÁFICO E DIREÇÃO DE ARTE Tarcísio Bezerra COORDENADOR DO NÚCLEO DE FOTOGRAFIA Jari Vieira BOLSISTAS DO NPJOR QUE PARTICIPAREM DESTA EDIÇÃO Guilherme Paiva | Diagramação Alexandre Fernandes | Diagramação
Para romper os limites Pensar em vida já é, por si só, um sinônimo de limite. Já nascemos dentro de um limite de tempo, de validade para a nossa estada nesse mundo... Limite é algo que, ao mesmo tempo em que nos incomoda, nos protege de nós mesmos. Que o digam crianças e jovens que rejeitam os limites impostos por pais e professores, mas que, muitas vezes, só chegam à idade adulta porque receberam os tais cuidados, a tal proteção, que é um dos sinônimos de limite. Mas, qual o limite do limite? Ou ainda, qual a falta que o limite faz? Essa discussão, que pode parecer vã filosofia, é uma linha invisível que nos mantém livres. O que aparentemente aprisiona ou cerceia, garante a liberdade. Vejam que dirigir com velocidade até 60 km por hora na cidade e até 80 km na estrada, protege a nós e aos demais, de acidentes. Ter hora para entrar no trabalho ou na aula, significa que, teoricamente, temos hora para sair. E por aí vai. Aqui na FA7, a revista Matéria Prima, um produto da disciplina de Jornalismo Especializado I, se sentiu livre para pensar em limites. E, como repetia abertamente Millôr Fernandes, “O livre pensar é só pensar”, por aqui deu de tudo. Nosso limite foi somente pensar em possíveis limites. A definição formal de limite é matematicamente sofisticada, requerendo muitas horas de estudo para ser entendida. O leitor interessado poderá encontrá-la em bons livros-textos de cálculo. No nosso caso, porém, a definição de limite teve pouca ou nenhuma serventia, quando pensamos calcular todas possibilidades de limites. E cada estudante explorou o tema à sua maneira: da paixão por futebol ao uso das redes sociais; do limite da piada aos limites mais sociais do que físicos; da interferência da família nas escolhas dos filhos ao limite por alcançar o corpo perfeito... Enfim, sabemos que temos freios, nas suas mais variadas intensidades. Convidamos, portanto, você, leitor, a refletir se os limites do ser humano são maiores ou menores do que pensamos... Boa leitura!
Fronteiras] Nesta edição de Matéria Prima, optamos por trabalhar com o vermelho como cor prioritária, uma vez que é a cor dos “bricks”, da ação e do movimento.
EDITORIAL
DIRETOR GERAL Ednilton Soárez
SUMÁRIO 8 Os ícones que levam a outros mundos 10 Seu problema é meu 20 Os meninos do Vila Velha e o Santo Expedito 28 Calceteiro 32 É hora do passeio 42 Diversão é coisa séria.
ATÉ QUE PONTO VAI UMA
O forte sentimento nutrido por muitos brasileiros pelo futebol é inegável. O fanatismo pode fomentar, porém, paixões controversas e levar torcedores a ultrapassar os limites sociais
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PAIXÃO REPÓRTER André Almeida FOTOS André Almeida DESIGN Felipe Gomes | Leilane Freitas 2014.1 MATÉRIA PRIMA // 7
A ansiedade, a alegria, a tristeza, o choro. Infinitas são as emoções sentidas pelos aficionados por futebol em todo o mundo. Ainda mais no Brasil, que de tão identificado com o jogo, passou a ser conhecido como o “País do futebol”. O esporte ganhou tamanha proporção por aqui que passou a ser componente da vida e, por consequência, da cultura dos brasileiros. A paixão pelo futebol, por determinado time ou até mesmo por um único jogador, é capaz de quebrar barreiras sociais e unir torcedores de diferentes idades, raças, religiões e classes econômicas. Todos com uma só paixão. O amor pelo futebol se torna aceitável e até óbvio em nosso país. O problema começa quando muitos torcedores se tornam tão fanáticos por determinado time que o exagero ultrapassa todos os limites. Abandonar o trabalho e viajar para assistir aos jogos do clube em outras cidades, deixar de vestir roupas com as cores do rival, discutir asperamwente com colegas, colocando amizades em risco, e, até mesmo, terminar um namoro que já durava anos. Tais atitudes levam a questionar: quais os limites entre a paixão e o fanatismo por um time de futebol? Quando esse sentimento deixa de ser positivo e pode se tornar doença?
UM AMOR INEXPLICÁVEL
A família toda torce pelo Leão do Pici. Entretanto, foi a influência europeia que fez com que o contador financeiro Bertrand Henri Bloc, 25, se tornasse tricolor. Filho de pai francês com mãe brasileira, o torcedor fala sobre a relação com o vermelho, o azul e o branco, que carrega desde o início da vida.
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“Meu pai é francês, torcedor do Bordeaux. Veio para o Brasil por volta dos anos 80, quando conheceu e casou-se com minha mãe, que não torcia nenhum time. Apaixonado por futebol, ele disse que precisava de um time para torcer aqui no Estado. Pelas cores, não teve dúvidas que seria o Fortaleza, e eu o agradeço até hoje”, lembra Henri Bloc.
Quando o indivíduo passa a agir irracionalmente e não aceita a opinião de outra pessoa, acreditando que só é verdade aquilo que ele pensa, já é considerado um transtorno obsessivo compulsivo Leonardo Barbosa
O amor pelo time do coração já o fez viajar inúmeras vezes para assistir aos jogos do clube. Sócio de carteirinha, não perde uma partida que seja na capital cearense. E conta com orgulho o prazer em ter presenciado um dos maiores momentos da história leonina. “Não tenho a conta de quantos jogos já fui, mas já viajei para acompanhar vários. Alguns eu nunca vou esquecer. Um deles foi em 2010, na final do Estadual, contra o Ceará. O time deles estava na Série A e o nosso na Série C. Mesmo assim, vencemos o primeiro
jogo por 1 a 0. Perdemos o segundo por 2 a 1, mas a decisão foi para os pênaltis. O Fabiano (goleiro) defendeu duas cobranças e conquistamos o inédito tetracampeonato. Me arrepio só de lembrar”. Mas, não apenas pela alegria da conquista ficou marcado aquele 2 de maio de 2010. No mesmo dia, Henri celebrava três anos de relacionamento com a então namorada que, cansada por competir com o Fortaleza pela atenção do amado, disse que ele deveria escolher entre sair com ela ou assistir ao jogo. O contador justifica a escolha de forma bem humorada. “Ela me mandou escolher: ou ela ou o Fortaleza. Eu falei que conheci o Fortaleza antes dela, então meu amor era maior pelo clube. Ela ficou furiosa e terminou o relacionamento. Mas, não me arrependo. Esse dia valeu a pena”.
Após ter sido chamado de louco, doente e de ouvir que deveria ser internado, o torcedor reconhece que a paixão se tornou fanatismo e que, inclusive, já o prejudicou. Mas não há como explicar ou deixar de lado esse sentimento. “Reconheço que sou fanático. Já cheguei a perder provas, inventar doença para faltar o trabalho e deixar de fazer coisas importantes para acompanhar o time. Já fiz muitas loucuras. Mas, é um
Há uns anos criei a consciência de que, se for muito fanático, posso me prejudicar. Não me considero um torcedor doente. Sou saudável
amor que não tem razão. Não tem como explicar, apenas como sentir”. O sentimento é semelhante ao do estudante universitário Daniel José, 23. Apaixonado pelo maior rival do Fortaleza, o Ceará, ele reafirma o “amor sem fronteiras” pelo clube do coração. Entretanto, há uma diferença crucial entre ambos. Ao contrário de Henri, Daniel põe a razão sobre a paixão. “Sou apaixonado pelo Ceará. Assim como qualquer bom torcedor, vou aos jogos, contribuo financeiramente e acompanho sempre o time. Mas procuro não extrapolar os limites. Há uns anos criei a consciência de que, se for muito fanático pelo clube, posso me
prejudicar. Não me considero um torcedor doente. Sou saudável”, brinca. Porém, nem sempre foi assim. O acadêmico de direito, hoje mais tranquilo, lembra que já passou por momentos ruins graças ao comportamento como torcedor. “Não cheguei a me meter em nenhuma briga, mas já estive metido em algumas confusões. Foram alguns protestos mais exaltados, há uns seis anos, que acabaram de forma violenta. Por pouco eu não me machuquei seriamente. Isso me fez refletir”.
ATÉ QUE PONTO ESSA RELAÇÃO É SAUDÁVEL?
O psicólogo e professor de psicologia da Universidade Federal do Ceará, Leonardo Barbosa Nepomuceno, explica que a paixão pelo futebol é benéfica enquanto a relação é tratada amistosamente, como forma de prazer. Entretanto, o excesso pode levar ao fanatismo e desencadear outros problemas. Leonardo Barbosa afirma que esse sentimento deixa de ser positivo quando se torna excessivo, rígido, e passa a restringir a vida do sujeito a um campo específico. “Isso acontece muito com torcedores de times de futebol, mas ocorre também em outras esferas da vida, como na religião, por exemplo. Quando o indivíduo passa a agir irracionalmente e não aceita a opinião de outra pessoa, acreditando que só é verdade aquilo que ele pensa, já é considerado um transtorno obsessivo compulsivo”. O psicólogo lembra ainda que a melhor maneira de tratar esses comportamentos se dá por meio da forma educativa, para que haja uma modificação no pensamento
do indivíduo. Porém, em casos extremos, o tratamento para este comportamento obsessivo compulsivo deve ser realizado por meio de terapia psicoterápica. O maior problema destacado por Leonardo é de que, na visão do torcedor fanático, seu comportamento é normal. “Há uma percepção equivocada. A pessoa não percebe que está investindo excessivamente, ou entende isso como algo positivo, normal. É realmente uma paixão que controla a pessoa”, finaliza.
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Redes sociais: USE COM MODERAÇÃO
Canais para se comunicar, manter contato com os amigos, mas é preciso estar atento para não se expor REPÓRTAGEM Ariadne Sousa FOTOS Gleidson Lemos DESIGN Ana Clara Cabral | Eduardo Almeida Com acesso cada vez mais fácil à internet e dispositivos móveis com câmeras de alta qualidade, fica difícil resistir aquele simples selfie, não é? Depois da foto perfeita, com os seus devidos efeitos e correções, é hora de postar e esperar as curtidas e comentários. Uma atitude que vem se tornando algo do nosso dia a dia.
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Um estudo aponta que o internauta brasileiro com idade ente 15 e 35 anos possui, em média, sete perfis em redes sociais. A pesquisa foi feita pelo IBOPE/youPIX e entrevistou 1.513 internautas de todos os estados do país, em julho deste ano. O Facebook é a rede mais acessada, seguida por YouTube, Skype e Twitter.
Essa utilização crescente dos sites de relacionamento mostra a tendência das pessoas quererem estar conectadas o tempo todo. Postagens nas situações mais variadas, em todos os momentos do dia, sobre tudo o que acontece, a rede funciona como um diário virtual, onde fatos do cotidiano são narrados e comentados por todos.
Você, algum dia, já olhou sua timeline, viu postagens dos seus amigos se divertindo e checkins em lugares badalados enquanto estava em casa em um sábado à noite de pijama, e se sentiu no mínimo um pouco triste ou pensou: “Poderiam ao menos me convidar”? Se sim, não precisa se julgar alguém invejoso. Isso é resultado da tendência que as pessoas têm de querer mostrar aos outros que têm uma vida perfeita. As redes funcionam como um espelho melhorado ou deformado da vida real. O estudante Rondney Mendonça se confessa um viciado em redes sociais. Ficar desconectado por um dia inteiro, lhe causa incômodo. Ele brinca ao falar sobre como se sente ao ver que uma foto ou postagem sua recebeu uma atenção
Hoje as pessoas podem se manifestar da forma que desejarem e ainda estão se acostumando com essa plataforma Psicólogo Márcio Acselrad
as possibilidades do cidadão comum se expressar eram bastante reduzidas ou quase inexistentes. Para ele, a internet abriu uma possibilidade inédita de comunicação. “Com toda esta demanda reprimida, hoje as pessoas podem se manifestar da forma que desejarem e ainda estão se acostumando com essa plataforma”. Além do famoso selfie, que nada mais é do que uma foto de si mesmo, outros tipos de postagem estão na moda e já fazem sucesso no mundo virtual. Um deles é o braggie, que é publicar uma foto com o objetivo de provocar inveja nos amigos ou nos seguidores. São tiradas de preferência em praias, baladas e lugares famosos. Outro queridinho é o belfie. A palavra é uma mistura de selfie e butt, que em português significa bumbum, e é o que o nome sugere, uma foto do próprio bumbum. Para o sociólogo Nelson Campos, o comportamento narcisista pode explicar os excessos na rede. É na tentativa de se mostrar como alguém feliz, amado, bonito e bem sucedido que muitos perdem
a noção de até onde sua vida deve ou não ser mostrada. Mesmo se declarando como alguém que não gosta de sites de relacionamento, Nelson destaca que, para ele, o problema não está nos aparelhos, mas no uso que as pessoas fazem deles. Para o sociólogo, eles devem ser usados para aproximar as pessoas e não para afastar. Ele sugere que as pessoas devem se perguntar o porquê do uso demasiado desses dispositivos. “Saber se é carência afetiva, desejo de se expressar ou de se comunicar é importante para perceber se seu comportamento está respeitando sua própria privacidade”. As redes sociais são um universo relativamente novo, e é normal que existam dúvidas quanto ao o que é aceitável ou não, ao que é interessante ou de mau gosto. Não há como calcular exatamente o que é excessivo ou ideal. Essa noção é individual. Cada pessoa tem uma relação diferente com o conceito de privacidade. Na falta de um medidor externo, o que deve prevalecer é o bom senso.
maior dos outros usuários. “Acaba sendo um pequeno afago no meu ego. Gosto disso e acho normal do ser humano, gostar de agradar, de ser aplaudido”. Recentemente, o estudante se deu conta de que toda sua vida estava à mostra. Quem quiser saber os lugares que costuma frequentar, seus amigos mais próximos, sua família e trabalho, basta olhar seu perfil no Facebook. “Estou tentando ponderar melhor o que posto sobre minha intimidade. Percebi que eu vinha me expondo demais e isso não é saudável”, completou. O psicólogo Márcio Acselrad destaca a importância desse tipo de espaço para a interação e manifestação do pensamento dos indivíduos. Como durante muito tempo as mídias de massa, rádio, TV e jornal eram hegemônicos,
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Nem tudo o que a maioria pensa ser
de fato é Limites mais sociais do que físicos fazem com que pessoas com deficiências não consigam mostrar bem suas capacidades e vantagens REPORTAGEM | FOTOS Beatriz Rocha DESIGN Maiane Almeida | Gabriela Rolim
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Quando não se conhece algo ou não tem interesse de saber mais sobre determinado assunto, as pessoas tendem a criar seus próprios conceitos e suposições. Quando se trata de doenças e diferenças genéticas, não é diferente. Limites impostos que, em partes, podem ser “mais psicológicos do que reais”, segundo o psicólogo e médico especialista em inclusão e exclusão social, José Pinheiro. “Há alguns anos a inclusão social para pessoas deficientes vem crescendo. Antes existiam barreiras físicas, mas hoje as maiores barreiras são as sociais, as opiniões”, destaca José Pinheiro. De acordo com o psicólogo, essa motivação oferecida através de programas sociais, associações especiais, oportunidades de emprego em várias empresas do Brasil, ajudam no tratamento dessas pessoas, tornando-as mais confiantes e capazes de realizar atos e tarefas que antes achavam difíceis ou até quase impossíveis. Clara Fontes, uma dona de casa de 36 anos, é mãe de Claudiane, uma criança de 6 anos que tem síndrome de down. De origem humilde, Clara confessa que passou por dificuldades para criar sua filha, não só por problema financeiros, mas também por dificuldades encontradas por parte de outras pessoas, como problemas na adaptação de colégios, limites encontrados devido à síndrome. “Eu não possuo dinheiro pra pagar médicos que acompanhem o tratamento dela nem pra pagar instituições particulares, mas na escolinhada rede pública que ela estuda as professoras e a direção fazem de tudo pra que ela se sinta bem. Minha filha melhorou muito, hoje ela fala mais certinho e sempre está sorrindo”, comenta a mãe emocionada. “A coisa mais linda é ver ela sorrir, feliz porque aprendeu coisa nova e querendo ensinar aqui em casa o que viu na escola”, finaliza. A síndrome de Down é causada por um acidente genético que ocorre no momento da concepção em 95% dos casos. Pessoas com a síndrome têm
características físicas semelhantes, e embora apresentem deficiências intelectuais e de aprendizado, são pessoas que estabelecem boa comunicação e também são sensíveis e interessantes. Segundo especialistas, dependendo do estímulo dado a essas pessoas durante a infância, a tendência é o melhor aprendizado e desenvolvimento intelectual delas.
A coisa mais linda é ver minha filha sorrir, feliz porque aprendeu coisa nova e querendo ensinar em casa o que viu na escola Clara Fontes Associações focadas em tornar melhor a inclusão de pessoas sociais na sociedade, existem e tentam auxiliar nesse processo. Uma delas é a Existir, Associação Inclusiva de Fortaleza, que surgiu em 2001, por iniciativa de um grupo de pais de crianças com síndrome de Down, com o propósito de dar apoio e suporte a essas crianças. O diretor-presidente João Manoel, é pai de um garoto com síndrome de Down e demonstra o orgulho que possui da associação. “Tenho muito orgulho de fazer parte de um projeto assim, que visa só o melhor para o futuro das nossas crianças”, afi rma João Manoel. Outro caso pouco conhecido, porém julgado por grande parte da sociedade é o nanismo. De acordo com José Pinheiro, a discriminação contra anões ainda é grande e, de certa forma, estimulada por veículos de comunicação. “Existem programas de televisão que mostram o anão como alguém digno de risadas, com brincadeiras e zombarias em relação ao tamanho, à diferença genética, fazendo piada com problemas sérios”, ressalta o psicólogo.
Mesmo com o preconceito de uma parte da sociedade, a outra parte aposta em pessoas deficientes, dando chances e acreditando no potencial de cada uma. O mercado de trabalho aumentou para pessoas com deficiência e é possível ver isto no dia-a-dia. Benedito Rocha tem 29 anos e trabalha com produção de eventos. Ele afirma ter sofrido preconceito e ter passado por situações decepcionantes devido a sua baixa estatura e sua diferença em relação ao restante da população, mas destaca que hoje não se deixa abater mais. “Já perdi namorada, chances de emprego e fui zombado desde jovem. Eu reconheço que meu 1,42 metro tem certas limitações, mas o que são os limites? Eu posso ultrapassá-los se eu quiser, só depende de mim”, afirma. Analisando ambientes públicos pode-se perceber que ainda existem dificuldades encontradas por deficientes tanto fisicamente quanto “ideologicamente”, por parte da sociedade, mas também é fácil de notar as mudanças existentes. Maiores chances de empregos, crescimento de atletas deficientes nos esportes, locais personalizados, maior conscientização das pessoas, ônibus com locais especiais, táxis, restaurantes, exemplos de pessoas especiais trabalhando em televisão.
Mas o que são limites? Eu posso ultrapassá-los se eu quiser Benedito Rocha Nelson Silva, 30 anos, é empresário e teve uma perna amputada há 3 anos. “Mesmo com as diferenças nós somos iguais. Uns podem fazer certas coisas com mais facilidade, outros não. Mas os limites existem pra quem os deixa existir. Eu não deixo não”, finaliza.
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É A ÚLTIMA DOSE,
JURO!
Quantos jovens falam essa frase e a cumprem? A realidade é que muitos dos jovens que entram no mundo do alcoolismo nem sempre conseguem largar o vício REPÓRTAGEM Camila Menezes FOTOS Gleidson Lemos DESIGN Brena Gomes | Lara Veras
O tempo passa e uma se repete: jovens frequentando festas, e o pior de tudo, ficando bêbados e inconscientes, e pior de tudo, causando sérios problemas para a sociedade e para si. Muitos vão a esse tipo de evento desde muitos jovens, e, mesmo quando têm censura, sempre encontram de uma forma de burlar o acesso. No Brasil a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos é proibida. Mas mesmo com essa restrição, ainda é possível fazer a compra desses produtos. O “primeiro gole” é, na maioria das vezes, influenciado por amigos, para passar uma imagem de “pegador” ou coisa do tipo. Muitos chegam até a tirar piada
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pelo fato de não beberem, ou nunca terem tomado um porre na vida. A questão é: até que ponto esses jovens “enchem a cara” em uma festa? Será que eles sabem a hora de parar, ou não? Para alguns, o limite é quando perguntam para si se possuem condições para chamar um táxi ou ir dirigindo até chegar a casa. Para outros, o limite é quando simplesmente apagam ou vomitam. O motoboy Cleyton Monte, 30 anos, diz que consome álcool desde muito jovem e sempre toma nos finais de semana, que é quando não trabalha. “Quando começo a beber, não consigo parar. Digo que é a saideira, mas continuo bebendo sem parar. Paro de beber não sei nem como, acho que é quando durmo(Risos). Já cheguei a beber
muito certa noite, e quebrar tudo em casa. Foi nesse dia que eu parei para refletir que deveria pegar mais leve na bebida”. Para George Liberato, administrador de um dos escritórios de serviços locais de Alcoólicos Anônimos no Ceará, lembra que muitos nascem com essa tendência para o alcoolismo, pelo fato que os filhos crescem vendo seus pais bebendo. Quando adultos, começam a beber com os pais, e por aí vai. Liberato diz que muitos desses jovens apelam para a bebida, para se sentirem mais livres, para ter coragem, ficarem mais danados, ou, como em muitos dos casos, somente por curiosidade. Por ser um ex-alcoólatra, ele recorda que, quando era jovem, bebia para que assim
pudesse ter coragem para paquerar com as garotas e chamá-las para dançar. Para as mulheres, não é muito diferente. Bebem para ficar mais vistas, para cha-
Quando começo a beber, não consigo parar. Digo que é a saideira, mas continuo bebendo sem parar.Paro de beber não sei nem como, acho que é quando durmo (risos) Cleyton Monte mar atenção, achando que sob o efeito do álcool elas podem mostra-se mais, chamando a atenção dos homens. Ele também comenta que o caminho do alcoolismo é uma faca de dois gumes, se deixa levar, pode-se chegar a um estágio avançado. Terá como consequências
complicações, na vida social, há casos em que jovens chegam a ter que largar faculdade e também o trabalho para se tratar, em muitos não procura a devida ajuda, ou nem mesmo sabe a quem procurar para se tratar. O estudante Max Rodrigues, 22 anos, acredita que a maioria não sabe o limite, e são pouquíssimas pessoas que têm essa noção. Para ele, quando a pessoa é mais nova não tem a noção em relação ao consumo do álcool e não imagina que quando ficar mais velhos, pode virar um verdadeiro alcoólatra. A psicóloga do CAPS Álcool e Drogas da Regional III, Dr. Micaela Farias, fala que muitos dos casos do alcoolismo envolvendo jovens está relacionado em tentar se livrar da timidez. Cabe a família orientar desde o início. Se no seu lar a criança cresce vendo seus familiares reunidos, ingerindo esse tipo de bebidas, consequentemente, essa criança no futuro pode virar um consumidor do álcool. Micaela também comenta que, por mais que o jovem consuma o álcool com freqüência, geralmente todos os fins de
semana, ele não se considera um dependente, e os efeitos desse tipo de consumo descontrolado só terá grandes efeitos na fase adulta, como por exemplo, após os trinta anos. Ela ressalta que o acompanhamento é feito com jovens à partir dos dezoito anos de idade. Dependendo do caso, é encaminhado para uma psiquiatra, quando tendo a necessidade de medicação. Os pacientes também são encaminhados para os grupos como o Alcoólicos Anônimos, mas conhecido como AA. A doutora fala que se o paciente passar por todas essas etapas, fazendo o tratamento regularmente, dependendo do profissional, o próprio paciente pode se dar alta, mas sempre tendo uma revisão com uma freqüência reduzida, pois eles estão dispostos a ter uma recaída. Cabe a cada um saber seu limite, ou pelo menos, buscar o seu, pra que assim as conseqüências não sejam tão desastrosas e ter uma sociedade onde se formam futuros alcoólatras. u
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UMBANDA: O LIMITE ENTRE O DESCONHECIDO E O PRECONCEITO A internet e suas possibilidades implantam barreiras na oferta do conteúdo do impresso e o ameaçam em diversas frentes REPÓRTAGEM Gustavo Freitas |FOTO RAIZESDEUMBANDA.COM DESIGN Janaina Ramos e Sâmia Maia Edla Moura, 29 anos, frequenta regularmente, há um ano, reuniões em centros de umbanda. Movida pela curiosidade, decidiu conhecer uma nova religião, mesmo com todos os limites impostos por uma criação predominantemente protestante. Para Edla, foi libertador a busca por conhecer algo que causou, em primeiro momento, repulsa.
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Nas primeiras reuniões houve “estranhamento inicial”, visto que, naturalmente toda a carga religiosa adquirida entre evangélicos lhe traziam pensamentos de repulsa e negação. Tornar pública a escolha de conhecer a umbanda foi algo difícil, pois para ela, a sensação de religião marginalizada ficou bem evidente com a quantidade de críticas recebidas quando externava. “A desinformação é o pior e maior
obstáculo que limita ao conhecimento da umbanda”. Ela acredita que, assim como foi difícil se permitir, o maior limite que é imposto, mesmo que inconscientemente, é ligar a umbanda ao satanismo, fruto mais uma vez da falta de conhecimento do assunto. Existe no Brasil um distanciamento das religiões de matrizes africanas devido à forte associação com rituais de magia negra, que mostra claramente que
existem dois problemas que precisam ser resolvidos. Como fatores históricos, destaca-se primeiro a conotação racista e excludente, resquício de uma cultura escravagista, uma vez que era utilizada pelos brancos para identificar os rituais praticados por negros escravos do tempo do Brasil colônia. Segundo, ao reconhecimento, pelo Estado brasileiro, do catolicismo como única religião oficial. Com um contingente de pouco mais de 407 mil pessoas, por que existem tantos preconceitos acerca dessa religião? O fundamentalismo religioso, que segue na contramão dos direitos humanos, e o desconhecimento da umbanda são fatores que, somados à falta de representatividade destes grupos pelo poder público a torna vulnerável quanto ao crescimento entre os brasileiros e agridem todos os princípios constitucionais do Brasil como Estado laico. Para Solange Maria Soares, da Casa de Oração Rei Salomão, a laicidade do Brasil é, sozinha, uma grande contradição, uma vez que, em um país de múltiplas miscigenações não pode ter apenas uma religião monoteísta como oficial.
A desinformação é o pior e maior obstáculo que limita ao conhecimento da umbanda” Edla Moura.
Isto é, segundo Solange, negar a própria miscigenação, característica forte do Brasil. Para ela, o termo “oficial” já desperta um desinteresse e é algo que dificulta a inserção de novos adeptos.. A mesma opinião é compartilhada pelo Sr. Sângelo dos Santos Ferreira, pai de santo, responsável pelo Centro de Umbanda Pai Luiz de Angola e Caboclo Ubirajara, que visualiza que, além da questão da oficialização da religião brasileira, existe uma forte deficiência de representantes da Umbanda no âmbito legislativo, que apresenta uma bancada evangélica forte, sendo hoje uma das mais reacionárias quanto aos avanços da umbanda.
como o pai, Jesus Cristo como filho, juntamente com o Espírito Santo.u De acordo com dados divulgados em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que em 2010, 0,3% da população brasileira seja adepta da Umbanda, sendo a Região Sul a que possui maior concentração: 0,6%. Fortaleza possui, de acordo com o IBGE, 5765 adeptos da umbanda. A cabula e o candomblé foram as religiões trazidas da África que são as raízes da umbanda. Para os umbandistas, as entidades espirituais ou guias povoam o universo e, através do médium, essas entidades conseguem, pela incorporação, contato direto com o homem. Pomba gira, caboclo e preto velho são alguns desses guias. Certos elementos da umbanda se misturam com elementos catolicistas, visto que para os umbandistas, a orixá Iemanjá é representada no catolicismo por Nossa Senhora da Conceição. Já Oxalá, que, para os adeptos da umbanda, é a divindade que criou a humanidade e para os católicos está representada pela figura da trindade, sendo Deus.
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QUANDO O MEDO VIRA
DOENÇA Sentir receio de algumas coisas é normal mas, algumas vezes, essa sensação fica incontrolável e passa a prejudicar a saúde de pessoas diagnosticadas com fobia, ataques ou síndromes do pânico REPÓRTER Gabriela Neres FOTOS Pintura O Grito de Edvard Munch DESIGN Janaina Ramos | Sâmia Maia
Todos sentimos medo na vida. Alguns mais bobos, outros mais sérios, mas cada pessoa sente as pernas tremerem só de pensar em um determinado animal ou situação. O medo é uma das características centrais do ser humano e serve de proteção em momentos de risco. Porém, algumas pessoas sentem tanto medo que acabam prejudicadas por esta reação. Quando isso acontece tem-se o diagnóstico de fobia, um medo excessivo que deixa de ser normal e vira prejudicial a quem o possui. Ele surge na presença de um determinado objeto ou na antecipação de uma situação. Ao ser confrontada com aquilo que lhe causa temor, a pessoa pode ter as mais diversas reações como ficar paralisada, suar frio ou até sair correndo e gritando. Existem vários tipos de fobia, desde as mais comuns, como a aracnofobia
(medo de aranha), até as mais esquisitas, como a hidrofobia (medo de água). Mas, e quando a pessoa tem medo de sentir medo? Nesse caso, temos a síndrome do pânico que “não necessariamente surge de algum trauma vivido. Uma vida elétrica, estressante e cheia de preocupações é que seria o trauma dessa síndrome”, explica Olinda Braga, psicólogo e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). A síndrome do pânico é o transtorno de ansiedade mais comum da atualidade, isso por causa da sociedade causadora de estresse em que se vive. O principal sentimento do portador dessa síndrome é o medo: de passar mal, de não conseguir pedir socorro, de morrer etc. O paciente tem tanto temor que começa a se sentir mal de verdade. Tem tremores, asfixia, os batimentos cardíacos aceleram, a pessoa sente como se fosse enfartar e chega até a desmaiar.
Tanto os vários tipos de fobia como a síndrome do pânico são medos que atrapalham a vida social do paciente, seus relacionamentos e até, em situações mais extremas, a saúde. “As doenças psicossomáticas, aquelas que tem seu princípio na mente, se instalam facilmente aí. É comum que nesses quadros de ansiedade as pessoas desenvolvam problemas respiratórios, na pele, no intestino, gastrite, úlcera ou até um câncer no estômago”, esclarece o professor Olinda.
Corria pro hospital com a sensação de que ia ter um enfarto, sufocada. Quando eu chegava lá entrava em pânico porque sentia como se fosse morrer antes de alguém me atender. Muitas vezes eu desmaiei porque a falta de ar e o medo eram demais”, relata. Com medo de se sentir mal na rua, Elenilza começou a evitar sair de casa. Aos poucos, ela começou a ter problemas de saúde. Tosses alérgicas, que sempre pioravam diante de situações que lhe
Tratamento O acompanhamento de um psicólogo, através de uma terapia, é o principal tratamento para os vários tipos de fobia, transtornos e para o controle da síndrome do pânico. O uso de remédio é indicado em situações mais graves. No caso de medos excessivos, o enfrentamento daquilo que causa temor é um dos tratamentos feitos porque acredita-se que quando você confronta o que lhe causa medo a tendência é que ocorra a superação dele. “Mas é um processo muito lento. É preciso ter cuidado porque não é um enfrentamento feito sem nenhuma previsão ou elaboração”, alerta Olinda.
Medo na vida real Há mais de 20 anos a síndrome do pânico é a realidade de Maria Elenilza, 50. Ela foi diagnosticada com o transtorno após sair de um casamento onde sofria, junto com as duas filhas, agressões verbais e físicas. Elenilza sentia medo de que o marido a matasse por causa das ameaças constantes. As filhas também já estavam com traumas psicológicos e foi por causa delas que buscou um psicólogo, começou a ir para a análise e recebeu o diagnóstico de síndrome do pânico. “Eu sentia tanto medo de que ele fizesse algo com a gente que passava mal.
Eu consigo viver com esse medo que parece uma fera adormecida em mim. As vezes ainda sinto falta de ar, o coração acelerado e as mãos tremendo mas ai eu oro e tudo passa. Achei meu remédio em Deus Maria Elenilza Edla Moura. causavam ansiedade, surgiram de maneira agressiva. Mas, todo o quadro piorou quando sua filha mais nova sofreu uma tentativa de violência sexual. Nessa época, as visitas de Elenilza aos hospitais com graves crises de alergia e da síndrome do pânico eram constantes. Por muitas noites ela não dormia por causa da sensação de sufocamento, as idas ao psicólogo pareciam não fazer mais efeito e elas deixaram de ir. Hoje, Elenilza consegue viver um pouco mais tranquila. As crises de síndrome do pânico já não são mais tão frequentes, aparecem apenas diante de situações de grande estresse e preocupação, mas ela ainda pensa procurar novamente um psicólogo. “Eu consigo viver com esse medo que parece uma fera adormecida em mim. As vezes ainda sinto falta de ar,
o coração acelerado e as mãos tremendo mas ai eu oro e tudo passa. Achei meu remédio em Deus”, conta aliviada. Maria Elenilza Já Juliana (nome fictício), 25, foi diagnosticada com fobia social – medo excessivo de estar em público, se expor e ser julgado – aos 16, mas o problema começou ainda na infância. A mãe super protegia a menina e o pai era alcoólatra. Na escola, Juliana sentia medo de falar na frente dos colegas, de errar e ser julgada. Logo, os amigos começaram a se afastar. Aos 10 anos, ela começou a fumar e na adolescência a situação só piorou porque os pais não davam a atenção necessária à filha. Por se sentir sozinha, Juliana tentou suicídio algumas vezes. O medo atrapalhava na alimentação, ela ficava sem comer quando estava longe da família e um problema de úlcera apareceu. Em locais com muitas pessoas ela suava frio e tinha taquicardia. “Quando eu estava perto de muita gente sentia como se fossem monstros querendo me pegar”, conta. Quando Juliana completou 16 anos a mãe percebeu que a situação tinha se agravado e a levou em um psicólogo. Durante dois anos ela fez tratamento e tomou remédios para tratar a ansiedade. Hoje, Juliana está curada de sua fobia e cursa psicologia. “Meu problema e o bom acompanhamento que tive me influenciaram a seguir essa profissão. Hoje eu me sinto uma vitoriosa e agradeço à minha mãe e à Deus por isso. Fobia é um atraso de vida”, relata aliviada.u
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VOZ, até aonde vai A voz é um som produzido pela vibração das cordas vocais. No entanto, quando estas são mal usadas surgem problemas como nódulos e pólipos REPÓRTER Glenna Cherice FOTOS Wesley Lima DESIGN Felipe Gomes| Leilane Freitas
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Cantar e falar, para alguns, diversão, para outros, profissão. No banho, ou durante o engarrafamento, ao telefone ou em sala de aula. O uso da voz exige comportamentos vocais que, não realizados corretamente, desencadeiam problemas futuros. As atividades profissionais que exigem um esforço maior das cordas vocais como cantores, jornalistas e professores devem ter um preparo, de acordo com Natália Peter, fonoaudióloga. “É preciso ter um cuidado porque existem várias patologias relacionadas ao abuso vocal como nódulos vocais e pólipos, causados por conta do mau uso da voz”, disse. A respiração é outro comportamento exigido ao profissional da voz. “O não respirar bem provocará uma má qualidade vocal”, afirma a fonoaudióloga.
É preciso ter um cuidado porque existem várias patologias relacionadas ao abuso vocal como nódulos e pólipos, causados por conta do mau uso da voz Natália Peter
O limite da voz, tanto cantada, quanto falada varia de pessoas para pessoas, de acordo com Jaime Júnior, 35, regente de coral, formado pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Com sua experiência musical, ele afirma que, a fala estabelece o limite que alguém pode cantar. “Geralmente pela fala é
possível identificar o limite vocal que a pessoa suporta”, diz. Segundo o regente, as quatro vozes mais conhecidas e usadas em coral são: soprano e contralto, (vozes femininas), tenor e baixo (vozes masculinas). A técnica realizada para diferenciar o limite alcançado pelo coralista é feita com o auxilio de um instrumento musical. Embora existam aqueles que têm dificuldades para alcançar limites extremos, há outros com facilidades em ir além, que Jaime classifica como dom vocal. No entanto, para o regente, o ideal é juntar o dom com a técnica. Ou seja, além da facilidade é preciso estudar para aperfeiçoar as técnicas vocais. Lydia Neuman, 23, pedagoga, desde cedo começou a cantar. Aos 5 anos, seus pais a colocaram em uma escola de música em Natal, no Rio Grande do Norte (local onde família morava). “Fui matriculada em um projeto de musicalização para crianças, chamada também de iniciação musical infantil, na universidade de Natal”, afirmou a pedagoga. O treino com a voz, desde pequena, fez Lydia reconhecer sua facilidade para conseguir cantar. Mas ela sabe qual seu limite e procura não ultrapassá-lo. Mesmo com técnica e treinamento, Lydia já passou por problemas na voz. “Segundo o laringologista já tive nódulos nas cordas vocais, mas nunca mais voltei para ver se tinha melhorado ou não. Fiquei com medo dele dizer que não poderia cantar”, conta.
Técnica Vocal
Cantar e falar requer disciplina e força de vontade. No entanto, para evitar problemas com a voz o ideal é seguir as técnicas geralmente utilizadas pelos regentes e fonoaudiólogos.
Para cantar bem, Jaime aconselha ouvir músicas que condicionem o corpo a se acostumar com o ritmo. “Ouvir CDs orquestrais possibilita a identificação dos diversos timbres (característica sonora que nos permite distinguir sons da mesma frequência) dos instrumentos, além de identificar a melodia”, afirma. Além disso, para o regente, beber água com equilíbrio de temperatura, fazer alongamentos que exercitem os músculos faciais eliminam problemas com a voz na hora de cantar.
Ouvir CDs orquestrais posibilita a identificação de diversos timbres dos instrumentos além de identificar a melodia Jaime Júnior Higiene vocal é uma atividade que pode auxiliar o uso com frequente da fala. “Beber água com frequência ajuda a lubrificar as pregas vocais. Não importa a quantidade, mas o tempo em que a ingestão é feita”, aconselha Natália. De acordo com a fonoaudióloga, evitar alimentos gordurosos que desencadeiam problemas estomacais como refluxo, rouquidão e pigarro, também pode auxiliar o profissional da voz a evitar o abuso vocal. O que parece abstrato torna-se real quando a função vocal é desempenhada. É com a voz que se tem o cantar, o falar, o gritar, o chorar. São várias as ações que a envolvem no dia a dia. No entanto, saber o limite e cuidar para que ele seja respeitado pode oferecer conforto e prazer na transmissão desse som.
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PARA ALÉM DA DUALIDADE ENTRE O REAL E O VIRTUAL
A internet e suas possibilidades implantam barreiras na oferta do conteúdo do impresso e o ameaçam em diversas frentes REPÓRTAGEM|FOTOS Gustavo Freitas DESIGN Ana Clara Cabral | Eduardo Almeida
Em contraponto às possibilidades tecnológicas, da informação em vídeos, fotos, áudios e outros que facilitam o entendimento e a imparcialidade do conteúdo (conforme as edições aplicadas), o impresso parece obsoleto. Para os jornais, não há crescimento para outra dimensão, não há possibilidade de uma animação, não há como direcionar o leitor para o conteúdo complementar hospedado em outra página, tampouco dar a ele uma variedade de imagens.
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Como diria Marx, esse debate é uma questão dialética. Sempre vão existir pontos positivos e negativos e os dois extremos convivem e se completam
Muitos teóricos da comunicação, bem como os próprios jornalistas, falam sobre o fim dos impressos. Outros, não tão extremistas, apontam para um enfraquecimento. Alguns, no entanto, mostram que ainda é possível a permanência da primeira mídia, mesmo com o entusiasmo acerca das novas tecnologias e das ferramentas que só as versões virtuais oferecem. O impresso resistiu ao rádio e à TV e ficou conhecido por pautá-los. Mas, desde o início deste
século, ele começa a ameaçar a si mesmo pela sua limitação em possibilidades e urgência frente à internet. Para o papel, há muros claros. Mas, para a criatividade, não. E é por meio dela que os impressos vêm se reinventando e levando o Brasil à contramão de outros países, como Espanha, República Tcheca e Romênia, onde a queda da circulação chega até 40%. O Instituto de Verificação de Circulação Brasileiro (IVC) aponta que, após dez anos de crise no impresso entre 2000 e 2010, houve um crescimento de 1,8% de consumo, no ano de 2012, em comparação ao ano anterior. A editora e diretora responsável pela revista Cult, Daisy Bregantini, diz que o papel é mais propício quando o conteúdo é mais sério. O suplemento cultural de distribuição nacional só tem crescido, segundo Daisy. “A Cult não é uma revista de entretenimento. Valoriza textos longos, reflexivos, não publica matérias factuais e perecíveis. É uma revista de pesquisa com vigor acadêmico. O papel é mais indicado, adequado, desejado”, destaca. Através do que é apontado por Daisy, as limitações do papel são supridas pela seriedade que ele dá ao conteúdo. Consistência, firmeza no discurso. Já o professor da rede estadual de educação, Anderson Pio, acredita que o método pelo qual o ensino é realizado determina a preferência ao meio. Para ele, a mensagem não é a questão. “Eu uso muito as informações virtuais, mas prefiro o papel. Sou das antigas. Gosto de riscar, fazer anotações. No digital, é possível, mas não é a mesma coisa. Acredito que isso aconteça devido a minha formação. Bem diferente dos meus alunos, que já nasceram mergulhados nas tecnologias”, comenta. A discussão entre os limites do papel vai bem além do que o meio palpável pode oferecer. Dentro desse amplo debate, todos os pilares do jornalismo entram em questão. Sempre haverá quem defenda e quem fale mal. Para a estudante de Ciências Sociais, Laís Cordeiro, se vê no livro uma proximidade com o conteúdo, uma relação pessoal que favorece o
entendimento. Chega a ser uma relação afetiva. Já o virtual, para ela, é que impõe limites e se apresenta de forma impessoal. Mesmo assim, a estudante não deixa de apontar as qualidades do conteúdo transmitido em pixels. “Esses materiais virtuais também têm suas qualidades. São mais acessíveis, práticos, universais... É mais fácil eu te mandar um link de uma revista ou livro, do que me deslocar ao seu encontro só para entregar o material”, aponta Laís, antes de lamentar o enfraquecimento do encontro entre pessoas, fato que tem as plataformas digitais como catalisador.
Eu uso muito as informações virtuais, mas prefiro o papel. Sou das antigas. Gosto de riscar, fazer anotações. No digital, é possível, mas não é a mesma coisa. Acredito que isso aconteça devido a minha formação. Bem diferente dos meus alunos, que já nasceram mergulhados nas tecnologias Anderson Pio O editor do satírico Diário da Dilma na Revista piauí, Renato Terra, diz que, mesmo a revista sendo uma das que ainda resistem em apresentar uma versão digital, procura-se hospedar os conteúdos publicados num site na internet. Alguns públicos, outros acessíveis apenas à assinantes. Tanto para a Cult, quanto para a piauí, é inegável reconhecer a necessidade de se adaptar à realidade digital, embora as duas tenham como parte de sua essência os usos do papel. De acordo com Terra, a leitura online é mais uma possibilidade ao assinante, não um interesse direto em migrar. Ambas as
revistas, às quais a Matéria Prima entrou em contato, anunciam novidades para plataformas digitais em 2015. Mas nada concreto ainda. É válido ressaltar que a revista piauí, por exemplo, é famosa por seus longos textos e de repertório bastante apurado. O formato jornalístico para internet está à contramão dessa proposta. O que poderia gerar uma perda de identidade. A estudante Laís Cordeiro faz ainda um paralelo entre a temática colocada em questão na entrevista e o conteúdo estudado por ela ao citar que, como diria Marx, esse debate é uma questão dialética. Sempre vão existir pontos positivos e negativos e os dois extremos convivem e se completam. “Acredito ser preciso observar o sentido do uso do jornal, do livro, da revista de forma individual. O interlocutor é quem determina aquilo que o satisfaz. Sempre haverão defensores das duas vertentes”. A dualidade é real. Até mesmo os fãs por periódicos e livros reconhecem a impossibilidade de armazenamento de tanto conteúdo e informação. O psicólogo e missionário alemão no Brasil, Alfred Niedermaier, diz que, mesmo sendo apaixonado pela leitura matinal dos jornais e por arquivar matérias que poderão ser usadas posteriormente ou que o tenham despertado interesse, reconhece que, especialmente hoje, é difícil de guardar tudo. “Os HDs e a 'nuvem (plataforma de armazenamento online)' são grandes atrativos. Sem contar que, quando viajo, só preciso levar meu tablet. Com esses aparelhos, acredito também que a informação tenha ficado mais democrática”, acrescenta. É impressionante que o consumo do papel mantenha-se firme. Seja ele em jornais ou em livros. Quando se inicia um debate sobre “o que é melhor”, dificilmente chega-se a um consenso. Além das questões econômicas, da praticidade, das possibilidades, haverá ainda as questões afetivas, o contato, a relação subjetiva ou objetiva, conforme o olhar daquele que busca a informação.
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A ESPERA DA MEDICINA Quando o sonho de ser aprovado em medicina, o curso mais concorridos do país, demora muito e pode prejudicar o estudante REPÓRTAGEM|FOTOS Janaina Flor DESIGN Darlan Araújo | Isabella Vasconcelos
O curso de medicina é o mais concorridos do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e um dos mais concorridos de todos os vestibulares do País. Para ser aprovado e exercer, futuramente, a profissão do sonhos, muitos jovens dedicam anos estudando e tentando entrar na faculdade, mas tanta espera pode prejudicar o estudante. Daniel Brandão,30, dá aula em cursinhos preparatórios para o vestibular há 12 anos e afirma que “os alunos que
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passam mais tempo persistindo na aprovação, sem dúvida, são os que estão convictos de que querem cursar medicina”. “Em todo esse tempo, percebi que aqueles que estão tentando vestibular ou qualquer concurso pela primeira vez, ou até mesmo a segunda vez, são os que mais passam. Aqueles que estão há muitos anos tentando, dificilmente passam no curso desejado, pois devem ter algum problema com o modo que estão operacionalizando seus sonhos.
Então acredito que seja prejudicial tentar tantas vezes e não passar”, conta o professor. Segundo o MEC, em pesquisa realizada em janeiro deste ano, para ingressar em algum curso de medicina no país, o estudante concorre a uma vaga com cerca de 60 vestibulandos. Brenda Fernandes, de 22 anos, busca nos vestibulares o sonho de cursar medicina. A estudante já conseguiu ser aprovada em outros cursos, mwas não
abandona a possibilidade de ser uma futura médica. Estudando em casa, Brenda vai tentar pela terceira vez ingressar no curso de medicina. “Esse tempo não me foi danoso de forma alguma, só me deu mais convicção sobre o que, de fato, desejo cursar”, conta. Contudo, ela já tem planos de fazer cursinho caso não passe em nenhuma universidade. A jovem não acha que seja prejudicial tentar muitas vezes a aprovação no mesmo curso, mas pensa que a pressão social é o que realmente atrapalha. “Honestamente, a pressão colocada em cima dos adolescentes recém saídos da escola para que escolham a carreira e prestem vestibular o mais cedo possível é o que prejudica”, conclui.
Sobre ter doado tanto tempo ao estudo para ingressar em medicina, a estudante não se diz arrependida, nem sente-se prejudicada. “O essencial é manter-se focado, saber organizar o tempo pra estudar e pro lazer, que é fundamental. Considero proveitoso todo aprendizado. Você precisa definir o curso que quer, se tem aptidão e se tem a coragem de se sacrificar por um sonho.”
Os alunos que passam mais tempo persistindo na aprovação, sem dúvida, são os que estão convictos de que querem cursar medicina Daniel Brandão, professor de cursinho há 12 anos
Você precisa definir o curso que quer, se tem aptidão e se tem a coragem de se sacrificar por um sonho Nátali Vieira, ex vestibulanda de Medicina
NOVAS METAS O professor Daniel Brandão conta que a maioria dos estudantes, geralmente, trocam de curso após a terceira tentativa sem sucesso, mas alerta que se o jovem não tiver um perfil para a nova profissão escolhida, terá muitas frustrações no futuro. Esse pode ser o caso de Nátali Vieira, 20, que após três anos de tentativa para ingressas em medicina, optou pelo Direito. “Apesar de querer medicina e fazer curso preparatório pra isso, sempre tive muito interesse em Direito, o que é bem estranho já que são bem divergentes”, declara.
momento, há identificação com outro curso. As palavras do professor Brandão podem soar duras demais para aqueles que desejam cursar medicina ou outro curso, contudo o profissional também sabe ser otimista e aconselha que se o jovem estiver convicto de um sonho e quiser muito isso, o tempo é o que menos importa.
VAI TER MUDANÇA
“Para tirar a dúvida, fui a eventos, assisti debates, palestras, conversei com diversos profissionais, com os formandos e até os calouros. Depois disso fui decidindo o que eu queria cursar e optei por Direito. Um dia quero ser Procuradora de Justiça,” declara com ânimo. Para aqueles que ainda estão tentando medicina ou outros cursos, ela dá um recado: “recomendo que você corra atrás do seu sonho, estudando no cursinho, em casa ou no intervalo do seu trabalho. Faça o que você ama.” Mas mesmo sendo otimista, a jovem estabelece que os limites são impostos com o passar do tempo, pela condição financeira, pelo cansaço ou, se em algum
O curso de Medicina no Brasil aumentará o tempo de duração. De 6 para 9 anos, é o que estabelece a nova grade proposta pelo Ministério da Educação. A partir de janeiro de 2015, os estudantes que ingressarem no curso deverão cumprir, obrigatoriamente, depois dos 6 anos de graduação, dois anos do trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). Para o então Ministro da Saúde, Aloisio Mercadante, a proposta humanizará a formação acadêmica.
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CONHEÇA SEU COMPANHEIRO
Saiba mais sobre os limiters dos erros e acertos que cometemos ao criar um animal REPÓRTEGEM l FOTO l Jarlesson Vanley l DESIGN Antonio Marcos | Samara Melo
O homem utiliza da prática de domesticar animais há mais de três mil anos antes de Cristo. Criar um animal de estimação é vincular-se a ele e essa relação tem que ser benéfica aos dois. Há casos de pacientes com câncer que passam a reagir melhor ao tratamento, quando possuem algum tipo de animal de estimação. Pessoas criam hábitos mais saudáveis quando se comprometem à cuidar de um animal. Ter um animal de companhia, é comprometer-se a cuidar dele, fazer o que for de melhor para ele, assim como se cuidasse. Adotar um animal de estimação é uma atividade muito complexa. O dono do animal antes de adotá-lo, deve procurar conhecer as necessidades que ele tem, conhecer sobre a alimentação, comportamento e toda as informações fisiológicas da espécie. O que mais se vê, no entanto, são donos comprometendo os animais com uma alimentação precária e hábitos ruins. Não que os proprietários o façam de propósito. Mas, por falta de conhecimento. Todo bicho tem as suas características. No caso dos cães, alguns podem ser de caça, de guarda ou de ataque, embora o comportamento do dono reflita diretamente no do anima. Assim, um dono que crie seu animal de estimação com todo o cuidado que precisa, certamente ele será mais calmo e carinhoso. Mas, se o animal for criado hostilmente, provavelmente será um bicho agressivo.
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A criação de bichos exóticos como animais de estimação pode trazer grandes problemas para a fauna local. Inserir uma espécie animal em um ambiente onde não haja um predador natural pode acarretar em um desequilíbrio, podendo levar, assim a extinção de animais típicos da região. Uma das soluções dadas são as chamadas crias de cativeiro. São animais criados em cativeiro e que não oferecem riscos à saúde ecológica.
Se não houvesse animais em cativeiro, muitas espécias já haviam sido extintas William Cardoso Maciel Aparentemente quanto mais raro for o animal mais interessante é para o homem. No entanto, animais raros e muito exóticos, como bichos peçonhentos, tanto oferecem riscos ao homem, quanto o homem oferece riscos ao animal. Mas, para o médico veterinário e professor William Cardoso Maciel, mesmo os animais sendo peçonhentos, eles podem ser criados. O mais indicado é ter total conhecimento da espécie. Tudo se resume ao conhecimento dos animais. Os bichos de estimação devem ser cuidados da melhor forma possível, mas sempre focando no conhecimento do animal. Hoje em dia, os donos andam comprando muitos acessórios para os animais, colorindo seus pelos, sendo que nada desses procedimentos são benéficos para os bichos. O ambiente onde será criado o animal também faz toda a diferença. Por exemplo, criar animais em apartamentos nunca é saudável para o animal. Ele pode adquirir doenças psicológicas e físicas, então
quando alguém for criar animais de estimação, deve pensar sempre no bem estar em conjunto. Para o especialista veterinário, o ser humano ao criar um animal, tem que ser menos egoísta, não usar o animal como troféu de exposição. Pensar se o que está sendo feito a ele é benéfico ou totalmente fútil. Ao ter um animal de estimação deve-se pensar principalmente em conhecer os limites de como criar este bicho. Muitos donos passam a dormir com seus animais ou até mesmo beijar na boca, sendo que esses hábitos não são saudáveis para nenhum dos dois em questão. Deve-se dosar o que pode ou não, ser feito. Quando adotar um animal, sempre levar em consideração o quanto se estar disposto a cuidar dele, pois abandonar um animal doméstico ou exótico, sempre vai interferir no ecosistema. Deve-se tomar muito cuidado ao entrar em contato com aves silvestre, alerta o professor, “esses animais são muito delicados”. Nos casos das águias e corujas, o perigo está na interferência dos hábitos selvagem, deste animal. O mínimo de influência pode desabituá-lo para a caça. Então, saiba que criar animais domésticos ou em cativeiro,
não é certo. É necessário que haja, pois, isso garante que determinadas espécies ainda existam por haver uma forma de cativeiro, no entanto, legalizado. Imaginar animais enjaulados, não é algo bom. O cativeiro é uma prática realizada, também como forma de preservação de espécies ameaçadas de extinção. Pois, se uma espécie de animal sumir, ainda há uma possibilidade de continuar a espécie, com os animais existentes em cativeiro. Não há limites para a criação de animais domésticos, o comprometimento e o conhecimento que o dono busque, antes de adotar qualquer tipo de animal, é o principal fator. Adote, mas cuide com todo o carinho, pois ele retribuirá igualmente.u
Serviços Clínica veterinária Uece Horário de funcionamento: 8h às 12h./ 14h às17:30h. Seg à sext. Campos do Itaperi - Av. Parajana, 1700 , Serrinha.
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brincadeira tem limite Aumentou a conexão, a piada chegou à internet e muita gente se pergunta: a brincadeira tem limite? REPORTAGEM |Julyta Albuquerque FOTOS Joaquim Saldanha| Max Defalt| Site Biografismo DESIGN Gabriela Rolin | Maiane Almeida
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Este assunto, decerto, provocaria muitas risadas, senão tivesse invadido o judiciário. O tema é destaque no meio jurídico, controverso e indicador dos novos tempos, onde fala-se tudo que pensa, amplifica-se e “seja o que Deus quiser”. Mas, fazer humor, ser engraçado, provocar o riso, não deve ter regras, normas? - indagarão alguns. Afinal, o humor deve servir para nos fazer rir das dificuldades pessoais, das barreiras difíceis de ultrapassar, daquilo que nos limita, uma catarse, enfim? Na roda deste debate estão especialistas, comediantes e a sociedade. Grupos como Porta dos Fundos, no canal Youtube, com mais de um bilhão de visualizações, e o CQC, no canal de TV
Existe uma tradição de humor transgressor, que poderia ser considerado de mau-gosto quando aborda o negro, o feio, o anão; ocorre que fomos refinando isso ao longo do tempo Gilmar de Carvalho, professor universitário aberta, Bandeirantes, contabilizam afetos e desafetos (haja processos!) ao longo dessa jornada. Humor é, além da “arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros”, como bem o disse Leon Eliachar, é meio efetivo de fazer a crítica e refletir e responder com o inusitado - a caricatura esconde, lá
detrás, o que é real. Deve fazer frente à tristeza com um pouco mais de alegria, dando uma forcinha nas horas amargas, refrigerando a brabeza cotidiana. Mwas, perder o amigo, e não perder a piada... Ainda vale a máxima? O que mudou, enfim, foi o jeito de fazer humor, as ferramentas ou a sociedade? Há várias respostas para as perguntas e um consenso: a ética do humorista faz toda a diferença na hora da brincadeira. No livro “Nos Labirintos da Moral”, Yves de La Taille, educador e psicólogo francês, conceitua ética, como sendo questões relativas à sociedade, à felicidade e, consequentemente, à “esfera do coletivo”. Nesse aspecto, o humor, parte essencial da vida e da sociedade, seria regido por uma conduta ética nas relações, fundamental em todas as épocas, embora “exista uma tradição de humor transgressor, que poderia ser considerado de mau-gosto quando aborda o negro, o feio, o anão; ocorre que fomos refinando isso ao longo do tempo”, traz luz as indagações, Gilmar de Carvalho, professor universitário e pesquisador de cultura popular. Então, a sociedade tornou-se mais crítica aos temas utilizados e, diga-se de passagem, reutilizados, pelos humoristas? Tarcísio Matos, estudioso do humor no Ceará, responde sem medo: “Passa o tempo e a sociedade se organiza, exige respeito e logo o negro e o gay e o crente deixam de ser vitrine de piadas, ao menos escancaradamente. Fazer chacota com essas grandezas teve freios”. Os entrevistados, para essa reportagem, foram unânimes: O cerceamento de liberdades, sejam quais forem, não é a solução, embora, grupos que fazem humor com o “vômito do que entendem por verdade deles”, ou “cortem a carne
do outro com cruel ironia”, como exemplifica Tarcísio Matos, perdem a piada.
O que mudou, enfim, foi o jeito de fazer humor, as ferramentas ou a sociedade? “O cáustico está com quem brinca” Augusto Bonequeiro, “humorista inconsequente” como mesmo se define, trabalha com teatro de bonecos há mais de trinta anos, e considera censura as tentativas de regular o humor, em quaisquer esferas. “Acho que a liberdade de pensamento, cômico ou não, tem que ser total. Se ele (o humorista) praticar uma infâmia, pode pagar por isso; é pra isso que existe Lei. Agora proibir, não!” A causa, segundo os estudiosos, dessa avalanche de críticas ao humor praticado, principalmente os que são disseminados na Internet, deve-se a vontade do humorista em fazer-se notar pelo apelo e não pela graça. “Se apelar, deixa de ser humor para ser expansão de recalque; perde a graça e a credibilidade, faz chorar e irrita”, explica Tarcísio Matos.
Qual a solução?
Gilmar de Carvalho arrisca: “O cáustico está com quem brinca! A solução? Quem vai dar é a sociedade! Ela vai dizer o que fica, permanece. Se for ruim vai rejeitar, sem dúvida. Vá dá uma olhada na audiência desses programas! Eles já estão caindo”.
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Mudança de
HÁBITO
Mesmo com a preocupação com o cardápio do dia a dia, muitas pessoas se descuidam na hora de fazer dietas sem orientações médicas REPORTAGEM Lígia Duarte FOTOS Lígia Duarte | MorgueFile Free DESIGN Brena Gomes | Lara Veras A mudança de hábitos alimentares já virou rotina na vida dos brasileiros. Algumas pessoas preocupam-se mais com o corpo e a mente. Uma grande parte dos adeptos a esse tipo de comportamento optam fazer dietas devido a crenças religiosas, ideologias e pelo bem estar com a saúde. Aqueles que escolhem uma dieta saudável necessitam de um acompanhamento
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médico especializado para refazer seu regime alimentar. É de acordo com seu metabolismo,que o especialista mostrará quais os alimentos trarão benefícios proteicos e nutritivos para sustentar o corpo de cada pessoa no dia a dia. Mas ,no entanto existem os que buscam o caminho mais “fácil”, sem a orientação médica, adequando-se a dietas encontradas na internet,consequentemente
o futuro da saúde ficará comprometido sem um acompanhamento adequado, já que o metabolismo de cada ser humano é diferente. O nutrólogo Enairton Rocha explica que é muito comum às pessoas procurarem os especialistas quando fazem o uso de dietas erradas e o corpo sofre consequências causadas pela má alimentação. “Seria muito importante que se buscasse
uma orientação profissional de um nutrólogo ou nutricionista antes de se iniciar a dieta vegetariana. Infelizmente não é assim que acontece. Geralmente somos procurados para corrigir algum distúrbio nutricional decorrente de dietas inadequadas, orientadas por amigos ou sites na internet.” Atualmente muitas pessoas buscam fazer diferentes tipos de dietas vegetarianas, devido a vários motivos tanto para adequar ao seu organismo, como por crenças. Entre os tipos mais comuns estão o ovolactovegetarianismo que consiste no vegetariano que aceita consumir ovo e leite como também o vegano sendo este último o mais restrito de todos consistindo em o individuo que não consome nada que venha de origem animal, limitando até mesmo vestimentas. Um exemplo de adepto dessa rotina diferente de alimentação é o pastor Ronaldo Luís (foto)wwww,que optou mudar totalmente seu cardápio para melhorar seu problema com acne, e também o apoio da igreja que começou a frequentar, em que ensinam a ter uma vida mais saudável. Há 14 anos ele segue rigorosamente a dieta de ovolactovegetariano, que consiste em não consumir carne e inclui ovos e derivados do leite, o que diminui os riscos de ter alguma deficiência em proteínas. Apesar de alguns vegetarianos não terem nenhum problema, com as restrições de sua alimentação equilibrada, os veganos estão suscetíveis a terem algum problema devido à falta de reposição dos nutrientes que existem na carne já que no cardápio deles não entra nada de origem animal incluindo o leite, fazendo com que eles fiquem vulneráveis a não obtenção da vitamina B12. Uma vitamina gerada através de uma bactéria que somente os animais consomem. O especialista Enairton explica sobre a falta de algumas vitaminas no organismo das pessoas “A carne vermelha, por exemplo, é a principal fonte de ferro heme, que é o tipo de ferro mais facilmente absorvido pelo nosso organismo.
O ferro presente em alimentos de origem vegetal, como o feijão e as hortaliças de cor verde escuro, não possuem boa biodisponibilidade, ou seja, não são bem aproveitados pelo nosso organismo. Portanto há de se ter atenção com determinadas carências nutricionais que podem ocorrer com as dietas vegeterianas.” O professor universitário Tarcísio Bezerra é um exemplo de “ex-vegano”,que ao praticar a dieta teve problemas. O mestre foi adepto por um ano a dieta vegana e hoje em dia é ovolactovegetariano, a mudança se deu ao fato dele com seis meses de dieta sentir sintomas da falta da vitamina B12 em seu organismo, e ao consultar um médico foi constatado que precisaria de um acompanhamento especifico, e o uso de um complexo vitamínico para suprir essa carência. Ele garante que dos 11 anos esse episódio foi o único que afetou sua saúde, e que continua firme em sua rotina vegetariana, agora com poucas restrições.
NUTRICIONISTA x NUTRÓLOGO
Seria muito importante que se buscasse uma orientação profissional de um Nutrólogo ou nutricionista antes de se iniciar a dieta vegetariana. Enairton Rocha
Nutricionistas e nutrólogos são especialistas na área da alimentação, onde ambos atuam na correção de desequilíbrios nutricionais e também são responsáveis pela reeducação alimentar, porém com funções diferentes, um bem mais especifico que o outro. O primeiro é o
Apesar da busca de uma boa alimentação, devido à preocupação com o corpo e a mente a diversidade de tipos de frutas, vegetais que se têm disponível, para repor os nutrientes do cardápio, as pessoas que mudam drasticamente suas alimentações estão suscetíveis a ter alguns problemas de saúde. Havendo assim um limite para o organismo das pessoas, em que certas vezes a falta de certo alimento no cardápio pode acarretar indisposição. u
especialista formado em Nutrição, sendo este o responsável por prescrever a receita dietética dos pacientes de acordo com cada metabolismo. Já o Nutrólogo ele é bem mais especifico, é o profissional formado em medicina, que é especializado em Nutrologia, com o diferencial de poder receitar medicamentos.
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O LIMITE
Enquanto alguns se esforçam para reduzir a maioridade penal no Brasil, profissionais que dão apoio à criança e o adolescente, lutam para que jovens acusados possam ter uma segunda chance REPORTAGEM|FOTOS Natasha Carvalho DESIGN Isabella Vasconcelos | Darlan Araújo Qual o limite de idade para responder por crimes e delitos? Para a lei penal brasileira a maioridade penal é a partir dos 18 anos de idade, o que dá a responsabilidade para a pessoa responder por seus atos. Abaixo dessa faixa etária a criança e o adolescente podem sofrer punições leves e ser acompanhado por especialistas que trabalham na recuperação de jovens acusados.
Nos estados americanos há um sistema carcerário organizado, ensino de qualidade para a juventude e mais famílias estruturadas Océlia Souza
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Em estados como nos Estados Unidos a maioridade penal varia conforme a legislação estadual. Em 26 estados dos 50 estados, não há idade fixa. O juiz decide, de acordo com isso, se o jovem pode cumprir pena ou for punido como um adulto, caso infrinjam as leis americanas. Muitos questionam porque o Brasil não adota as mesmas medidas de países que condenam crianças e adolescentes por atos de criminalidade. Pelo que diz a conselheira tutelar Océlia Souza entende-se bem o motivo. “Nos estados americanos há um sistema carcerário organizado, ensino de qualidade para a juventude e mais famílias estruturadas”. Desse modo que a conselheira lamenta por não ver no nosso país a mesma organização que os países desenvolvidos. Océlia assumiu o cargo de conselheira por meio do voto secreto, do mesmo jeito que se vota num político para as eleições. Há
quatro anos que presencia e cuida de famílias em situação de risco. Ela convive de maneira constante com adolescentes que começaram a desrespeitar os limites da lei, os cidadãos a sua volta e a própria família. Crianças em que cedo foram inseridas num ambiente familiar sem limites. Assim é o perfil dos que procuram o conselho de Océlia e de uma equipe de serviço social: psicólogos, pedagogos e advogados, todos unidos para resolver questões a área da família. Nesse ambiente de trabalho que presenciamos o próprio lar não dando o rumo correto para as crianças e mais tarde essas crianças não respeitando os limites da lei. O psiquiatra Ivan Ribeiro explica um pouco o perfil desse jovem. “Tudo começa na infância onde é formado o caráter do indivíduo, entre 4 e 5 anos. Nesta idade, a criança, principalmente a de hoje, é enxertada por uma publicidade que
DA MAIORIDADE PENAL incentiva a maturidade e a formação precoce da criança para se transformar em pessoa adulta. Quando a família não apresenta uma estrutura para dar limites à criança e ensinar o certo do errado para determinada idade, ela vai achar que tudo pode, e assim vai inverter os papéis, se sentirá adulta, com responsabilidade para ser dona de si mesma e de maneira precoce perderá os limites”. Ribeiro é enfático no que diz respeito à redução da maioridade penal. “Nem a criança, nem mesmo o adolescente poderá assumir responsabilidade por atos de criminalidade, pois a maioria é vítima do sistema do país”. E ainda pergunta: “você já parou para ouvir esses meninos que cometem infrações? São respondões, donos da razão e agressivos. Isso é um disfarce para esconder a raiva, a falta de afeto, um jeito para chamar a atenção e dizer ‘ei estou aqui, me ajuda’”. Enquanto isso a lei que vigora para adolescentes e jovens acusados é o restabelecimento deles, um tipo de reclusão parecida com a reclusão carcerária,
que tem o intuito de recuperar o jovem. Mas, antes disso, ele passa pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA). Lá, está a ficha completa de cada um e tudo é guardado em sigilo, para resguardar o jovem”, assegura Yolanda Fonseca, a delegada titular da DCA. Paralelo à reclusão dos menores, nas últimas eleições para deputado federal, em outubro de 2014, uma parcela que é a favor da redução da maioridade penal, foi eleita (de 513 deputados federais, 20 são ligados à área da segurança), inclusive o deputado federal do estado do Ceará Moroni Torgan, (DEM). Ex-delegado da Polícia Federal, articula com projeto de segurança durante suas campanhas. Já na Ordem dos Advogados do Estado do Ceará (OAB-CE), as questões quanto ao limite da maioridade penal estão sempre sendo questionadas. Até o dado momento, seguem os preceitos dos direitos humanos, afirmando que a lei ainda deve vigorar para os maiores de 18 anos e não menos que isso. A OAB alega ser impossível inserir adolescentes em prisões que
se encontram com superlotação, e não devem ser inseridos num ambiente que irá corromper mais do que o jovem está, dada as circunstâncias do modo de vida nos presídios. Por fim o principal intuito dos profissionais da área da criança e do adolescente, é que esses meninos possam ter a consciência dos atos ilícitos e crimes cometidos à população. Que cumpram as leis do país e que antes de atingirem o limite da maioridade penal possam ser recuperadas.
Nem a criança, nem mesmo o adolescente poderá assumir responsabilidade por atos de criminalidade, pois a maioria é vítima do sistema do país Ivan Ribeiro
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Entre o
A T N O C E D Z FA ea
REALIDADE Talvez uma das fases mais complicadas da vida do homem, a pré-adolescência marca a entrada da criança na vida adulta REPÓRTAGEM|FOTOS André Nina DESIGN Jéssica Farias | Bruna Cruz
Todos nós passamos, passaremos ou estamos passando por um momento da vida chamado de pré-adolescência. Esse período, que vai dos 10 aos 14 anos, é conhecido por ser a transição entre a infância e a adolescência, marcado pela puberdade, e é nele que a mente da pessoa vai sendo moldada para se tornar um adulto. Muda-se o corpo, os gostos, os pensamentos e as vontades quando a criança deixa os brinquedos para trás e passa a se interessar por coisas diferentes. Ao ficarmos mais velhos, é comum esquecer pelo o que passamos nessa fase, mas vale a pena ter uma atenção maior
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sobre ela: o pré-adolescente de hoje é o adulto de amanhã. Para se entender mais a fundo essa fase, vamos buscar em Jean Piaget, psicólogo suiço do século XX que foi o mais influente pensador dessa área, algumas definições. Piaget separava a infância em quatro fases: período sensório-motor, pré-operatório, emoções concretas e emoções formais. O período dos 10 aos 14 anos, chamado de pré-adolescência, engloba as duas últimas fases da infância. Nessas fases, a pessoa desenvolve habilidades como a auto-análise, formação de conceitos abstratos como liberdade e justiça, crítica dos
Me importo mais agora com que roupa eu visto e com o meu corpo. Quando era mais novo, não tinha essa essa preocupação Leonardo Jorge
valores morais, uma maior relação com o seu grupo de amigos e a sexualidade. Essas habilidades são o verdadeiro limite entre a infância e a adolescência. Para se entender a pré-adolescência, é preciso conversar com quem realmente sabe sobre ela: as crianças que estão passando por essa fase. Bruno Moreira, 12, conta que sentiu mudanças no seu comportamento e nos gostos, durante os últimos anos. “Tenho mais noção da vida e as coisas das quais gostava antigamente não me satisfazem mais”, frisa. As mudanças também já chegaram para Leonardo Jorge, 14, que lembra de como era descuidado antigamente. “Me importo mais agora com que roupa eu visto e com o meu corpo. Quando era mais novo, não tinha essa preocupação. Hoje, penso o mundo de uma forma diferente”, disse. O psicólogo Alexandre Iório, que trabalha com jovens nessa faixa etária, aponta que o pré-adolescente se enche de dúvidas devido a uma relação complicada que ele estabelece com os outros. “A sociedade cobra do adolescente uma maturidade e, ao mesmo tempo, não possibilita autonomia. Essa situação provoca um sentimento de ‘desamparo’ que traz questionamentos para ele”, conta. Bruno diz que o números de deveres dentro de casa e o número de responsabilidades que ele adquiriu foi crescendo
com o tempo, aumentando na proporção que ele ia ficando mais velho. Leonardo fala que a forma como os seus pais o enxerga mudou completamente. “As pessoas começam a ver que não sou mais uma criança. Passei a ter responsabilidade, pouca, mas já é um começo”, disse.
A sociedade cobra do adolescente uma maturidade e, ao mesmo tempo, não possibilita autonomia Leonardo Jorge Renata Faria é mãe de Leonardo e diz acompanha-lo muito nessa fase, tentando sempre orientá-lo e o ajudá-lo a compreender suas mudanças. Ela enfatiza a importância de saber com quem Leonardo se relaciona. “Meu filho sempre teve amizades com pessoas mais velhas, mas fico sempre atenta e não vejo que isso prejudica”, afirma a mãe. Alexandre lembra como é crucial a presença dos pais nessa fase da vida de seus filhos. “A família é de suma importância, pois será nas pessoas mais
próximas que a criança buscará apoio”, diz. O psicólogo também fala que é preciso balancear entre a ausência e a superproteção, pois ambas são igualmente prejudiciais. De uma hora para a outra, as opiniões das crianças podem mudar até se firmarem no que vai ser a personalidade dela pelo resto da vida. Sobre o que ele espera dele mesmo daqui a alguns anos, Leonardo mostra já ter algumas metas. “Espero entrar na faculdade e seguir uma carreira na edição de audiovisual”, enfatiza ele, lembrando que, da família, espera ganhar cada vez mais responsabilidades. Se mudaria muito o seu jeito de ser?, Bruno dá uma resposta curiosa. “Claro, pois estamos em constante mudança, como dizia o filósofo Heráclito de Éfeso”, afirma o garoto de 12 anos de idade.
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FALTA DE RIGOR NA LEI
AUMENTA VÍTIMAS NO TRÂNSITO. A pressão sobre os motoristas de ônibus, o descaso e desconhecimento dos motoristas acerca do Código Nacional de Trânsito e a pressa do pedestre em chegar no seu emprego são alguns dos motivos para a crescente taxa de acidentes fatais no trânsito. REPÓRTER | FOTO Mimosa Pessoa | DESIGN Junior Tavares, Lorena Pio
“Trabalhei 30 anos como motorista de ônibus de uma empresa. Sou aposentado. Hoje trabalho como motorista particular, dirijo carro pequeno. Na empresa de ônibus passávamos por consulta por psicólogo constantemente. A pressão era muito grande. Tínhamos
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que cumprir um horário de cada rota que pegávamos. Não admitem atrasos e por isso nos puniam monetariamente. Não podíamos atrasar. Cada parada de ônibus tem hora certa para comparecer. Muitas vezes vi colegas não pararem nas paradas, avançarem na faixa
de pedestres colocando vidas em risco. Os motoristas perdem a noção do dever por medo de ser punido monetariamente no seu salário. E o pedestre não é santo. Alguns deles, principalmente em terminal de ônibus, saem feito louco na frente e nas
costas dos ônibus e aí acontecem acidentes fatais. Os pedestres têm pressa em chegar ao emprego. Nós tínhamos pressa de estar pontualmente em cada parada de ônibus. “O dinheiro era que nos movimentava. Tudo girava em torno do dinheiro, então o tempo valia ouro.” Assim Manuel Carvalho Neto, motorista profissional há 40 anos, narra o caos que é ser motorista e pedestre num país em que as punições para essa infrações são brandas e a fiscalização quase inexistente.
Campanhas educacionais no trânsito Numa tentativa de colocar ordem no caos, Código Nacional de Trânsito (CNT), instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, trouxe normas mais severas. Apesar das normas do Código Nacional Trânsito (CNT), das blitz e das multas aplicadas, o trânsito continua perigoso. Neste sentido a Autarquia Municipal de trânsito (AMC) e Departamento Nacional de Trânsito (DETRAN) vêm tomando providências para diminuir essas estatísti-
O dinheiro era que nos movimentava. Tudo girava em torno do dinheiro, então o tempo valia ouro. Estatísticas do DETRAN apontam um crescimento de 175,28% na frota do Estado do Ceará entre 2004 e 2014. Só na capital são 515.652 automóveis, 240.706 motocicletas e 6.280 ônibus, o restante, 158.906 veículos são compostos por caminhões, caminhonetas, micro-ônibus e outros, perfazendo 921.544 mil. Mais veículos, mais lentidão no fluxo, maior desgaste das vias, mais cansaço físico e mental de condutores e mais acidentes. Ainda segundo os números do DETRAN, só no ano 2013, do total geral de acidentes contabilizados, 16,75% foram acidentes fatais, 83,25% não fatais. Entre as vítimas fatais e não fatais 25,34% e 48,55% são (ou eram) motociclistas, respectivamente.
cas e conscientizar mais os pedestres e motoristas quanto aos seus direitos e deveres. A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (ETUFOR) além de outras medidas educacionais colocam nos terminais de ônibus fiscais de trânsito como Renata Souza. De acordo com ela, o perigo acontece quando o pedestre avança na hora em que os ônibus
estão passando. Ante de começar a trabalhar no trânsito tinha muito receio de atravessar uma faixa de pedestres. Segundo Souza, ver no pedestre um vilão também, pois desrespeita o direito do motorista usar a faixa de pedestre na situação determinado pelas normas do CNT. As campanhas de educação no trânsito ocorrem anualmente e envolvem as empresas de ônibus, pedestres e motoristas de todo País. O Programa tem como objetivo criar mais cultura e respeito ao pedestre por meio de palestras, panfletos e blitz educacionais. O pedestre é o personagem mais frágil no nosso caótico trânsito. Consequentemente, sua maior vítima. Segundo Campanha de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) em 2010 50 % das vítimas fatais em acidentes de trânsito na cidade de São Paulo são pedestres, 83% dos pedestres mortos estavam atravessando a rua.
Sinto uma sensação de prazer e poder e as mulheres olham muito mais. Dirigir carro pequeno é humilhante Estes resultados são explicados por pessoas como P.R.B.P, que não quis ter sua identidade revelada. “Sou funcionário do SINDIONIBUS (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará) trabalho como fiscal de tráfego há 14 anos. Antes fui motorista particular.
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Sempre gostei de dirigir carros grandes. Sinto uma sensação de prazer e poder e as mulheres olham muito mais. Dirigir carro pequeno é humilhante, qualquer um passa por cima. Mas quando você está num carro grande, novo, aí todo mundo respeita. No trânsito posso passar por cima de qualquer coisa. E nem dá para me multar... É só ter habilidade.” Esse comportamento agressivo no trânsito é folcloricamente atribuído à virilidade do homem, assim como se atribui à mulher uma péssima condução
Segundo Souza, ver no pedestre um vilão também, pois desrespeita o direito do motorista usar a faixa de pedestre na situação determinado pelas normas do CNT. do veículo. O que temos realmente comprovado é a falta de educação de motorista e pedestre independente de gênero. Segundo Raimundo Holanda, psicólogo de uma empresa de ônibus explica este
comportamento agressivo atribuído geralmente ao homem. “Numa sociedade estruturada a partir da lógica da falocêntrica, a vivência precoce e continuada do indivíduo num universo sustentado por esse referencial e por interações sociais marcadas pela medição de forças e subjugação de outro é facilmente estendida aos espaços públicos, e talvez, isso explique o porquê de tanto incômodo que é ficar atrás de outro veículo e o gozo em ultrapassá-lo, não dar-lhe espaço, não respeitar a faixa de pedestre, o semáforo, a sinalização.” u
REPRESSÃO X LIBERDADE Até onde os pais podem interferir nas escolhas dos filhos? A censura não é uma coisa boa ou ruim, é necessária e faz parte de uma boa educação REPÓRTEGEM Iane Everdosa FOTOS Daniel Silva l DESIGN Antonio Marcos | Samara Melo
“Penso, logo existo”, concluiu o filósofo Descartes. Portanto, nós podemos pensar e ser autores das nossas decisões quando já fomos orientados para optar pelo correto e para saber que, para toda escolha, uma consequência. E os responsáveis por isso são, ninguém mais, ninguém menos, que nossos pais, através da educação. Em cada fase da vida há uma maneira diferente de educar. Quando, na infância, os pais devem, realmente, proibir a criança de fazer algo, no decorrer das fases eles podem deixá-la livre para escolher, a partir daquilo que eles já ensinaram. Para a psicóloga Tétis Falcon, o segredo de uma boa educação é tratar
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a criança como sujeito do seu próprio processo, respeitando o futuro adulto dentro dela. A estudante de jornalismo Niedja Amazonas, 21, saiu aos 18 anos da casa do pai, em Pernambuco, e veio morar com uma prima em Fortaleza. Foi criada até os 14 pela mãe e a avó, em Boa Viagem, e reconhece os bons ensinamentos que recebeu: “eu sou grata pelas interferências que elas faziam quando eu era menor, porque me ensinaram muito”. Niedja, que, atualmente, mora sozinha, conta que a interferência dos pais diminuiu muito quando saiu da casa deles. “Acho que tem a ver com a idade, com a faculdade. Mas eles viram
que eu fui crescendo e amadurecendo. No princípio, ficaram com medo de me deixar, porque sou muito desleixada, meio desastrada, mas eles depositaram a confiança em mim e está dando certo”, conta. A psicóloga Tétis Falcon acredita que, entre 18 e 21 anos, as pessoas já devem saber se cuidar. Para ela existe sim, afinal, um limite entre a liberdade e a repressão dos pais com os filhos. E a falta dele, muitas vezes, pode acarretar sérios problemas. “Os sintomas vêm da relação dessa tríade: pai, mãe e filho, que é muito importante para a formação da nossa personalidade e da nossa saúde”, explica.
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A mãe de Niedja, Erinete Alves, conta que sentiu medo quando a filha decidiu morar sozinha, mas aceitou o desafio. Ao sair de casa, Niedja aprendeu a se cuidar, organizou-se, começou a cozinhar e lavar roupa. E, mesmo com a distância, a relação entre mãe e filha não ficou abalada. “Eu e a filhota estamos sempre em sintonia. Quando tem alguma dúvida, ela me conta e dou a minha opinião sobre
Os sintomas vêm da relação dessa tríade: pai, mãe e filho, que é muito importante para a formação da nossa personalidade e da nossa saúde Tétis Falcon o caso”. Além disso, Erinete reconhece que os filhos não são criados para viverem sempre ao lado dos pais. “Nós precisamos educá-los, protegê-los e incentivá-los para a vida. É como um guerreiro que carrega a flecha, não apenas para tê-la sempre perto de si, mas para lançá-la no momento certo”, explica.
Intervenção profissional
na
vida
O papel da família nas decisões profissionais é fator fundamental, mas não decisivo. O auxílio maior que os pais podem dar é durante o desenvolvimento de seus filhos, desde o seu nascimento, para que, quando fizerem suas escolhas, saberem que serão responsabilizados por elas. Isabela Miranda*, 19, sempre teve liberdade na escolha do curso, mas tinha o desejo de estudar em uma universidade pública. Foi nessa decisão que seus
pais discordaram, o que acarretou sérias discussões em sua casa. O argumento de seu pai, que é professor, era que, enquanto ela dependesse dele financeiramente, não poderia pensar por si e faria o que ele e sua mãe decidissem. Para cursar uma universidade federal teria que sustentá-la em uma outra cidade, por isso, queria que ela cursasse na particular em que ele leciona. Então, Isabela decidiu fazer psicologia, que era o que gostava, e eles a induziram a cursar medicina e se especializar em psiquiatria. Mesmo assim, ela continuou o seu sonho e decidiu adiantar o máximo de disciplinas que pudesse na faculdade, chegando a cursar dez por semestre para concluir o curso, sair de casa e por um fim àquela dependência. A psicóloga Tétis Falcon acredita que muitos pais querem para os filhos aquilo que tiveram ou gostariam de ter. Porém, nem sempre isso é o adequado para a criança. “O pai que teve uma educação repressora na sua infância pode ser muito repressor ou completamente o oposto, numa tentativa de não ser como o pai dele”. Além disso, defende a autonomia dos filhos em suas decisões: “um bom pai e uma boa mãe, na minha visão, são aqueles que ensinam o filho a fazer boas escolhas e as respeita, mesmo sabendo que ele pode se prejudicar com elas”, explica.
Superprotenção:quando é demais? Com a intenção de proteger, muitos pais acabam resguardando seus filhos de uma forma excessiva. Isso acaba gerando uma criança insegura, podendo causar dificuldades no desenvolvimento e aprendizagem da criança. Tétis Falcon explica que a superproteção é consequência de pais inseguros e essa insegurança acaba passando, de certa forma, para a criança. “Pessoas muito superprotegidas, por serem inseguras, quando atingem uma certa idade e vão para o mundo acabam gerando sintomas
sérios ou fazendo escolhas péssimas e sofrem muito mais”. A justificativa para pais que criam seus filhos “dentro de uma bolha” são muitas, a maioria apontada como fatores externos. “O defeito de uma pessoa superprotetora não está dentro dela, é uma atitude que vem de um meio, da relação do pai com o filho,
Por mais que eu quisesse estar com amigos em um lugar, sabendo que não me envolveria com drogas e álcool, sairia todo fim de semana e me desviaria do que eu considero correto para mim Rebeca Pinheiro*
dos encontros dessa pessoa com a vida e, principalmente, do social e cultural”, explica a psicóloga. Os pais da estudante de direito Rebeca Pinheiro*, 20, sempre foram superprotetores. “Eu acredito que eles queiram o meu bem. Não é uma questão de desconfiança, mas sim, de considerarem que muitas coisas não vão me ajudar a crescer. Claro que há limites, mas acho que eles têm medo que eu me envolva com drogas ou álcool. Meu pai bebia muito e não quer isso pra mim. Já minha mãe, como me teve com 18 anos, tem receio que o mesmo aconteça comigo”, conta. Proibida de ir à festas, Rebeca já tentou argumentar com os pais, mas percebeu que realmente “não fazia parte daquele ambiente” e perdeu a vontade de sair. “Por mais que eu quisesse estar com amigos em um lugar, sabendo que não me envolveria com drogas e álcool, sairia todo fim de semana e me desviaria do que eu considero correto para mim”, completa a estudante. u
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TÃO NATURAL QUANTO o gosto musical
Assim deveria ser o relacionamento homoafetivo aos olhos da sociedade REPÓRTER Caio Faheina | FOTO 1: Arquivo Marina Araújo FOTO 2: Stéphanie Sousa | DESIGN Junior Tavares, Lorena Pio
Um toque no rosto, um passeio de mãos dadas pelo centro da cidade ou um beijo durante o filme de romance podem parecer gestos simples, mas não para casais homossexuais. Ações como essas são vigiadas com olhos que traduzem surpresa, julgamento – o tal do preconceito - e limitações. A luta para “sair do armário” não se limita à obtenção de uma confiança para tornar público a decisão de amar alguém do mesmo sexo. O medo da
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reprovação social, mais temerosa do que a familiar, às vezes, ainda molda os que têm insegurança. Marina Araújo (foto), 24, diz que o processo de aceitação foi tranquilo. A empresária teve uma educação liberal e relata que o fato de perceber que gostava de pessoas do mesmo sexo foi uma constatação como outra qualquer em sua adolescência. “Opção sexual é tão natural quanto o gosto musical”, completa. Para Marina, a sociedade causou mais incômodos do que
Bom senso é para todos. Igualdade é o primeiro passo. Respeito logo em seguida Marina Araújo a família. Os olhares, comentários e rótulos, segundo ela, são desnecessários e descartáveis. Lorena Cordeiro, 20, também teve um processo de aceitação
familiar positivo. A estudante acredita que, com apoio familiar, fica mais confortável ir às ruas. “Você não precisa ter medo de que alguém veja e conte pros seus pais”, afirma. Futura publicitária, Lorena não deixa de andar de mãos dadas, de trocar abraços ej beijos que demonstrem carinho, mas deixa claro que não pode ultrapassar o limite, existente a qualquer tipo de casal. Assim como Lorena, Marina age naturalmente, sem restrições, dentro ou fora de casa. “Bom senso é para todos. Igualdade é o primeiro passo. Respeito logo em seguida”, destaca a empresária. Hannah Scarlet, 18, não é gay, mas almeja a igualdade e diversidade dos gêneros. Há pouco tempo, a estudante de Ciências Sociais sofreu preconceito em relação à sua aparência/sexualidade. Cansada de ir ao salão para manter o liso dos cabelos, decidiu raspar a cabeça e assumir os cachos que estariam por vir. A atitude da estudante fez com que ela ouvisse perguntas
sobre a possível namorada. “Perguntas baseadas no julgo da estética do cabelo. Na ideia de que toda lésbica é/quer ser masculinizada”, disse. Segundo Hannah, as pessoas utilizam um construto social abstrato - a moral - para que se perpetue uma suposta “ordem”, e acabam por marginalizar aquilo que está fora do padrão “normativo”. Isso vale, também, para o modo como a sociedade enxerga o relacionamento homossexual. “Vejo como um reflexo do preconceito ainda existente na sociedade” acrescenta. Jornalista e bacharel em Teologia, Tiago Fernandes diz que o pensamento social limitador tem suas origens no Iluminismo, onde a ideia da identidade de cada indivíduo é inata. De acordo com Fernandes, todas as identidades e relações que não estão enquadradas no modelo religioso, que acredita no sujeito único e essencial, são imediatamente ignoradas. Sobre a posição social como inibidora do relacionamento gay, o jornalista fala que a “heterossexualidade é a condição sexual padrão para avaliar todas as outras sexualidades e relações”. Ainda não é muito comum ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando em público. Por essa “escassez” e pela “primeira impressão é a que fica”, muitas pessoas ficam com uma suspeita íntima e silenciosa de que manifestações de afeto, principalmente o beijo, possam ser ilegais. A verdade é: um casal homoafetivo que se beija não pratica um crime ou contravenção penal. Causando desconforto ou não a quem presencia, a relação homoafetiva em
público é como qualquer outra demonstração de amor.
Microidentidades limitações
e
suas
Nessa era dos modismos, as relações modernas, principalmente aquelas ligadas à sexualidade, trazem novas microidentidades. A mais recente são os “g0ys”, pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo, mas não se consideram gays. De acordo com o site brasileiro “Heterogoy”, o g0y é um “heterossexual mais liberal, que não faz sexo, apenas brincadeiras sacanas”. É possível perceber que essa microidentidade tem um componente homofóbico, pois preconceituosamente considera o gay como um estereótipo.
Será, isso, fruto da “ordem” social vigente, aquela de “ferir a moral e os bons costumes”? Será, também, que as fechaduras dos famosos “armários” continuam travadas para alguns por medo do pensamento social? Uma coisa é certa: é preciso respeitar a liberdade sexual de cada indivíduo. u
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O MEDOde dirigir Ansiedade, afobação, nervosismo. Sintomas característicos de pessoas que não tem segurança para dirigir REPÓRTER Assis Nogueira FOTOS Assis Nogueira DESIGN Rafaella Girão | Evelyn Barreto Pisar na embreagem, passar a marcha, e acelerar. Procedimentos comuns para dirigir um automóvel. Porém, para algumas pessoas, esta tarefa gera estresse e nervosismo. Estes são sintomas claros do medo de dirigir. Uma característica marcante na pessoa que se encaixa neste perfil é a falta de confiança. Caso da servidora pública Juliana Montezuma, 28. Esporadicamente pegava o carro da família para dirigir, mas quando o fazia, não sentia total confiança. Juliana percebeu a falta de confiança ao volante quando não conseguia colocar o carro pra andar após o semáforo em que ela estava parada, abrir. “O estopim pra esse medo de dirigir foi quando eu estava no carro com meu pai quando chegamos num sinal. Quando o sinal
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abriu e eu tentei sair com o carro, o carro estancou. Os outros motoristas que vinham atrás começaram a buzinar, e meu pai que vinha ao meu lado também me deixava nervosa.”, relata. A partir desta situação, Juliana se diz ter adquirido um bloqueio para não mais dirigir. Foi então que com a ajuda do namorado, ela procurou especialistas para reverter tal situação. “Resolvi tentar mais uma vez. Cheguei e pedi logo pra que me colocasse com o melhor instrutor do centro, pra me ensinar do zero mesmo.” A servidora conta que logo na primeira aula, seu instrutor a colocara em uma situação que a fez pensar em desistir de ser ajudada, mas no final, ela julga ter superado o medo da direção, antes mesmo do tempo estipulado de aulas pelo
instrutor. “Foi uma ladeira que no meio tinha um semáforo e logo atrás tinha um caminhão. Eu me aperriei, chorei, mas o instrutor foi apurando um pouco o meu psicológico e ai deu pra tirar de letra essa situação. Agora já saio no carro pra shopping, pra supermercado, tiro e boto carro da garagem.” Para a responsável do Centro de Capacitação GS Dirija Sem Medo, Juliana Gaspardi, antes de procurar os serviços de um profissional da área, a pessoa deve passar por um acompanhamento psicológico para saber o que de fato ela tem. Pânico ou medo dirigir, já que ela julga serem duas coisas completamente diferentes. Atualmente a procura pelos serviços, de acordo com a responsável pelo Centro, tem sido mais de mulheres do que de
homens. “Só pra você ter uma ideia, de trinta alunos hoje, um é homem. Porque há todo aquele machismo do homem que sabe que precisa de ajuda, mas não quer procura-la” destaca Juliana. Já para a professora Valéria de Oliveira (foto), 35, o não hábito de dirigir um automóvel fez com que tal medo surgisse. “Eu já tenho carteira há uns seis anos e desde então raríssimas vezes dirigia. Não tinha carro disponível. Quando pegava em um também não tinha aquela confiança toda em comandar os pedais e olhar pro transito ao mesmo tempo. Não gostava quando buzinavam atrás de
acompanhamento com o instrutor que avalia a pessoa. “Tem uns que com dez aulas já se sentem seguros em enfrentar o transito sem a ajuda dos nossos instrutores, outros com 15, outros até com 20 aulas”, ressalta.
“Resolvi tentar mais uma vez. Cheguei e pedi logo pra que me colocasse com o melhor instrutor do centro, pra me ensinar do zero mesmo.” Juliana Montezuma mim nas vezes que enganchava no transito. Então, esse medo mais a falta de disponibilidade fez com que eu procurasse ajuda pra sair dessa situação”, ressalta. O método usado pela empresa é dividido em três etapas, como explica a responsável. O procedimento em etapas ajuda que o motorista realmente perca tal medo. “Primeiro, a pessoa dirige no nosso carro, acompanhada do instrutor. No segundo momento, o cliente vai no próprio veiculo com o acompanhamento do instrutor, praticando situações reais de como se portar no transito. E no terceiro momento, a pessoa dirige seu carro sozinha, ou seja, sem a companhia do instrutor sentado no banco do lado. Ele acompanha o aluno em outro carro, atrás do automóvel do nosso aluno”, explica. O numero de aulas necessárias para tirar o medo da pessoa que procura tais serviços varia, como ressalta Juliana. Tal definição é feita pelo aluno em
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VOCÊ FALA MINHA LÍNGUA? Do you habla mein langue? As limitações impostas por barreiras linguísticas REPÓRTER Caio Túlio Costa | FOTOS Arquivo Pessoal DESIGN Cleber Gomes | Raimundo Machado
De onde vieram as barreiras? Desde os primórdios da humanidade e suas origens, o homem desenvolvia formas de comunicação. Hora por gestos, grunhidos e até posturas, os nossos ancestrais tentaram suprir as necessidades da época. Com a evolução de sentidos e uma capacidade de expressão mais refinada, o homem modificou também a comunicação. O que antigamente fora uma forma de se
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comunicar entre um grupo específico, passou a se adequar para a interação com outros grupos distintos. E isso gerou muitos enganos no que diz respeito a compreensão. Nessa evolução, barreiras impostas acarretaram em modificações sócio-culturais nos povos primitivos, mas foram imprescindíveis para as diferenças linguísticas que temos no mundo de hoje. Entretanto, até mesmo atualmente, os povos ainda enfrentam barreiras ao se comunicar, mesmo que
o sentido seja compreendido, como vemos no simples exemplo de um “miado de gato”: “Miau” em português, “meow” em inglês, “yaong” em coreano e “nyan” em japonês. São a mesma coisa, ditas e compreendidas de forma diferente. Mesmo que tenhamos estatísticas que comprovem as línguas mais ou menos faladas no mundo em que vivemos, nos contextos sociais em que elas estão inseridas, fazem toda a diferença na rotina e modo de viver de um povo. O estudante
Graças a imersão da língua, o processo de aprendizado foi mais rápido [...] mesmo sendo muito difícil, era o meu sonho e dedicação foi minha guia para vencer qualquer barreira. Benjamin Hugo norte-americano de medicina Benjamin Hugo (foto à esq.), de Utah, EUA, venceu barreiras linguísticas quando recebeu um chamado para realizar uma missão religiosa no Japão. Total desconhecedor da língua japonesa, Benjamin teve de estudar e se dedicar em tempo integral
para a tarefa a qual fora incumbido. “Graças a imersão na língua, o processo de aprendizado foi mais rápido. Mas ao mesmo tempo é desesperador caso o estudante de línguas não tenha um apoio ou alguém que o possa socorrer em alguma dificuldade. Mesmo sendo muito difícil, era o meu sonho e dedicação foi minha guia para vencer qualquer barreira”, disse. O caso de Benjamin Hugo (foto acima) é apenas mais um em na realidade do mundo globalizado em que vivemos. Hoje em dia, o inglês é considerado a língua dos negócios. Muitas vezes, a “válvula de escape” de culturas distintas que desejam se comunicar. Segundo dados do Instituto de Pesquisas Summer Institute of Linguistics Internacional, mesmo que seja apenas a terceira língua mais falada do mundo (perdendo para o
chinês mandarim e o hindi), é uma das únicas em que se pode falar em qualquer lugar do globo.
Qual é o limite?
Para que se compreenda as barreiras culturais impostas pelas línguas, é necessário perceber que, para entender uma língua, a tradução não é o único processo que tem de ser realizado. É preciso relevar também a “adaptação”, que vem do conhecimento cultural dos falantes. Tomando como exemplo a expressão idiomática da língua portuguesa “abrir o coração”, temos o sentido de desabafar, ser sincero e se declarar. Entretanto, na língua inglesa a mesma expressão não faz o menor sentido a não ser o literal. Esse é o valor cultural de uma língua, e exatamente o que o estudante de design
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industrial Matheus Vale, 22, vem enfrentando como barreira em seu intercâmbio acadêmico em Dublin, Irlanda. “É muito difícil quando não se tem o domínio total da língua. Na nossa cabeça traduzimos do portugês e então falamos em inglês. Aos poucos vamos aprendendo a nos conter e falar no automático, mas até lá vou continuar vendo muitas caras de dúvida nas pessoas ao meu redor”, brinca Matheus. Quando se está em um país diferente do seu de origem e não se compreende o aspecto cultural por completo, as dúvidas são mais que naturais. Muitos têm dificuldades em compreender uma nova língua por conta de suas diferenças extremas. “Eu tinha aplicado para uma universidade na Espanha e outra na Irlanda. Mas quando não fui aceito na instituição espanhola fiquei muito preocupado pois meu inglês era muito limitado para suprir as demandas da irlandesa. Assim que tive os resultados corri para me matricular em um curso 48 // MATÉRIA PRIMA 2014.2
de inglês, até a última semana antes da viagem”, completa Matheus. Já para o mestrando em automação industrial Renê Olímpio, 33, iniciar o mestrado foi um dos passos mais difíceis a serem tomados na vida. Com autores acadêmicos e grandes referências da área na língua inglesa e alemã, Renê teve de enfrentar bloqueios linguísticos para dar continuidade aos seus estudos. “Meu plano era terminar minha graduação em engenharia elétrica e já aproveitar meus projetos para o mestrado, sem perder tempo. Mas grandes textos e conteúdos em alemão, por exemplo, me fizeram adiar muito tempo enquanto fazia Casa de Cultura Alemã”, completa Renê. “Mas agora fica muito mais fácil, com quatro anos de estudos em alemão já me sinto seguro para me aventurar por congressos e encontros em países como Áustria e Alemanha”, adiciona o mestrando. Infelizmente muitos não têm a mesma sorte e facilidade de Renê, pois os
Mas quando não fui aceito na instituição espanhola fiquei muito preocupado, pois meu inglês era muito limitado para suprir as demandas da irlandesa. Assim que tive os resultados corri para me matricular em curso de inglês, até a última semana antes da viagem. Matheus Vale (foto acima)
investimentos para aprender uma língua estrangeira são muitas vezes inacessíveis para a grande maioria, assim como tempo e dedicação necessários.
Superando linguísticos
limites
Barreiras linguísticas podem ser antes de tudo interpretadas como limitações culturais. Compreender uma língua estrangeira e totalmente distinta de sua língua-mãe é como ir para a China e comer grilos por ser um prato típico. Países da Ásia Oriental como Vietnã e países do continente africano como Nigéria, mantinham hábitos de comer carne de cachorro. Para o Ocidente, onde o cachorro é tido como melhor amigo do homem, essa é uma prática abominável. Mas ao mesmo tempo, é comum se comer carne de vaca em nosso país, prática repulsiva na Índia. O mundo em que vivemos é muito grande, e assim como centenas de culturas distintas, também
temos e tivemos centenas de formas de expressar nossa cultura por sons, gestos e demais manifestações. De acordo com a linguista especialista da Universidade do Porto, Cecília Morais, “o desconhecimento da linguagem de um país constitui em um dos maiores problemas para as pessoas ao redor do mundo. Obter a coisa mais simples se torna um pesadelo nessa situação. Entretanto, o conhecimento da língua gera processos de inclusão social além de alavancar uma espécie de ascenção cultural e social que muitos ambicionam”. Para termos um controle considerável e dominarmos uma língua estrangeira, temos que superar as barreiras linguísticas e culturais entre dois povos. Através de conversas, programas culturais, imersão, contato e paciência, resultados almejados podem ser conquistados mesmo quando cada pessoa tem seu próprio ritmo. Ser seu próprio exemplo é a chave para esse domínio u
O desconhecimento da linguagem de um país constitui em um dos maiores problemas para as pessoas ao redor do mundo. Obter a coisa mais simples se torna um pesadelo nessa situação. Entretanto, o conhecimento da língua gera processos de inclusão social além de alavancar uma espécie de ascenção cultural e social que muitos ambicionam. Cecília Morais 2014.2 MATÉRIA PRIMA // 49
AS TECNOLOGIAS como limitadoras de relações humanas REPÓRTER Camila Gadelha FOTOS Camila Gadelha DESIGN Evelyn Barreto | Rafaella Girão
Pessoas que estão sempre conectadas ao mundo virtual podem ter problemas de relacionamentos As tecnologias estão presentes em todos os lugares, sejam nos trabalhos, nas escolas, nas faculdades. As vantagens trazidas por esses avanços tecnológicos nos possibilitam fazer coisas que antes podiam levar muito tempo, e que agora podem ser resolvidas num clique de um computador ou celular, porém também há desvantagens. E essas, podem trazer muitos problemas sociais, principalmente para a nova geração, que está muito mais envolvida com essas tecnologias.
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Aplicativos e redes sociais estão diariamente na vida dos jovens, ocupando cada vez mais tempo do dia a dia e fazendo com que muitos deles se desliguem do mundo real e fiquem sempre conectados ao mundo virtual. A psicóloga Carlota Fiúza acredita que o uso da tecnologia se torna prejudicial quando é usada como refúgio, como fuga do enfrentamento dos problemas. A sua utilização de forma massiva aliena o sujeito, bem como paralisa a sua vida.
Outro fator preocupante, segundo a psicóloga, é quando o relacionamento humano é substituído pelas redes sociais, ocasionando o empobrecimento das experiências afetivas. O medo de se machucar com o outro faz com que as pessoas por vezes se isolem e prefiram ficar conectadas a celulares e computadores, evitando assim, mais frustrações. Na expectativa de viver experiências reais as pessoas buscam satisfação afetiva no mundo virtual.
A estudante e usuária dessas tecnologias, Beatriz Peixoto, confessou que utiliza bastante os aparelhos tecnológicos e que muitas vezes não se dá conta do tempo que passou enquanto usava o celular. “A verdade é que no momento nem percebo, mas depois noto o quanto perdi tempo mexendo no celular. Não sei o motivo específico, acredito que são as várias atratividades que o meio oferece em vista de uma ociosidade que perpassa por quase todos nós. Muitas vezes as pessoas querem falar comigo e eu não dou muita atenção por estar entretida com o meu celular. Então, quando ocorre comigo é que eu percebo o quanto é ruim”, conta.
“Sempre fui contra esse movimento de falar mais do que fazer, da necessidade das pessoas que precisam usar dessas ferramentas para se mostrarem melhores. Rafael Coelho Nem tudo que está nos celulares, porém é para fazer com que as pessoas fiquem ligadas na rede. O aplicativo Offzone, criado por dois cearenses, trás exatamente a proposta de se desconectar das tecnologias. “Sempre fui contra esse movimento de falar mais do que fazer, da necessidade das pessoas que precisam usar dessas ferramentas para se mostrarem melhores. E quando isso começa a se tornar um vício, o sujeito perde a noção do respeito e a coisa começa a se inverter: quem está perto fica longe e quem está longe acha que está perto”, conta Rafael Coelho, um dos criadores do aplicativo. O aplicativo que pode ser baixado em sistemas Android e iOS, fez parcerias com estabelecimentos de Fortaleza, que
“Acho isso uma falta de respeito, por isso, confisco o celular de todos quando saímos para nos divertir e conversar” Mikaelle Lima vão de bares a salões de beleza, com a finalidade de premiar os clientes que possuem o aplicativo, com algum brinde dado pelo próprio estabelecimento, seja um desconto ou algum produto. O cliente que possuir o aplicativo deve permanecer sem usar o celular durante um determinado tempo já fixado. Isso faz com que as pessoas saiam desse mundo virtual e comecem a perceber ao redor o mundo real, conversar com amigos, familiares, ou até mesmo fazer novas amizades, relações pessoais que no mundo de hoje estão sendo enfraquecidas pelos usos excessivos dos celulares, principalmente pelos jovens. Ao contrário dos que ficam antenados 24 horas por dia no celular e computadores, há também aqueles jovens que preferem o mundo real. É o caso de Mikaelle Lima, 20 anos. A estudante disse que já se sentiu incomodada com o uso excessivos dos celulares pelos amigos e chegou
a tomar o celular deles para que se desconectassem. “Acho isso uma falta de respeito, por isso, confisco o celular de todos quando saímos para nos divertir e conversar”, conta. A psicóloga Carlota Fiúza ainda ressalta que as pessoas não nascem viciadas em tecnologias, mas, vão se apegando a esses aparelhos cada vez mais. As boas relações familiares, o companheirismo, respeito ao próximo e diálogos, são as melhores formas de se evitar que essas tecnologias passem a ser mais importantes do que as pessoas, e que as relações pessoais fiquem escassas em um mundo cada vez mais tecnológico.
DESCONECTE-SE Estabelecimentos que aderiram ao aplicativo Offzone:
• Sherlocks Pub • Sacada Bar Petiscaria • Longslide SkateBar • Groove Pub • Zug Chopperia • Deck 5 • Chocoberry Chocolateria • Salão Rituale
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Apelo tecnológico na infância Tema amplamente discutido na sociedade e que preocupa pais e psicólogos REPÓRTER Camila Vasconcelos FOTOS Camila Vasconcelos DESIGN Cleber Gomes | Raimundo Machado Neto
Foi-se o tempo em que sinônimo de diversão era brincar de pega-pega, esconde-esconde e amarelinha. Quando andar de bicicleta e patins era um dos prazeres favoritos nos fins de semana. E, ao invés do celular, as crianças se distraíam com brinquedos lúdicos que estimulam a imaginação. Hoje, computadores, tabletes e smartphones têm se tornado passatempo favorito das crianças, preocupando pais e psicólogos. É bem verdade que os tempos mudaram. Não se pode mais correr e brincar livremente nas ruas. A insegurança não permite que as crianças tenham uma vida semelhante à de outrora, o que estimula o consumo de produtos que as prende dentro de casa. Para os país é sempre difícil dizer “não” aos filhos,
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Sabemos que a internet é uma porta larga para todo o mundo lá fora, tanto para o bem quanto para o mal, e temos que vigiar e orientar nossos filhos sobre o que eles encontram nela” Cilma Peixoto
quando estes se deparam com algum artigo tecnológico nas prateleiras de lojas e supermercados. Os antigos brinquedos permanecem lá, mas os produtos “hitech” com diferentes cores e funções chamam atenção da “criançada”. A assistente social Cilma Peixoto, 35, admite não ser fácil conter o ímpeto do filho, de sete anos, quando o assunto são produtos eletrônicos: “Mateus insistiu muito para que eu comprasse um tablet e um celular, pois os amiguinhos da escola já tinham e ele queria também”. Entretanto, busca impor limites sobre o conteúdo que ele acessa. “Sabemos que a internet é uma porta larga para todo o mundo lá fora, tanto para o bem quanto para o mal, e temos que vigiar e orientar
nossos filhos sobre o que eles encontram nela”. Existem pais que são mais rígidos quanto à criação de seus filhos e preferem mantê-los distantes destas ferramentas. É o caso da universitária Nayana Motta, 27, mãe de Mariana, de apenas dois anos. ”Sempre estimulo minha filha a brincar e ler livros. Sei que isto é importante para sua formação e vai ajudá-la no futuro. E, por enquanto, é melhor deixá-la longe da tecnologia, pois não acho adequado uma criança tão nova se envolver com este universo”. Nayana ainda estipula a idade que sua filha terá contato com estes artigos. “Dez anos é o ideal”.
O melhor é que ela seja exposta por tempos limitados, com orientação, e que veja programas de acordo com sua faixa etária Raisa Arruda
Para a psicóloga infantil Raisa Arruda, especializada no tema, até os cinco anos não existe a necessidade de incentivar o contato da criança com aparelhos tecnológicos. “Nesta idade, ela ainda não separa completamente realidade de fantasia, por isso, um sonho ou pesadelo podem ser bastante reais”. Raisa explica que o uso da tecnologia tolhe a capacidade criativa da criança, caso seja estimulada muito cedo, sem orientação e sem limites. “As imagens chegam prontas e ela não se dá ao processo de raciocinar em cima do que é apresentado. Com o tempo, tudo fica muito marcante passando a ter dificuldades de abstrair, criar, dialogar e se colocar no lugar do outro, podendo apresentar queda na vontade de aprender, já que isto requer raciocínio e lógica.” A psicóloga ainda diz, que o ideal é que a criança tenha um contato gradual com estas ferramentas. “O melhor é que ela seja exposta por tempos limitados, com orientação, e que veja programas de acordo com sua faixa etária”. Contudo, ela afirma que o mais indicado é estimular atividades lúdicas e de criação, pois ajudam no desenvolvimento e na formação infantil. “Desenhar no papel, brincar com caixas, potes, chocalhos e
Desenhar no papel, brincar com caixas, potes, chocalhos e brinquedos caseiros, são algumas boas opções que contribuem para o seu desenvolvimento e ela mesma Raisa Arruda brinquedos caseiros, são algumas boas opções que contribuem para o seu desenvolvimento e ela mesma pode fazer”. Para os pais o conselho é sempre manter diálogo com os filhos e explicar de forma honesta os motivos pelos os quais se permite ou não, já que é fundamental que ela compreenda e sinta-se respeitada no ambiente familiar. Diante disto, é importante haver equilíbrio entre diversão, educação, socialização e comunicação, já que são pontos chaves para formação infantil e jamais devem ser desprezados, além da interação entre os novos meios e as brincadeiras mais clássicas. Desta forma, se construirá uma infância mais inteligente e saudável.
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SUPERAÇÃO DE LIMITES benefícios e malefícios aos atletas Alguns números e recordes estão cada vez mais difíceis de serem superados e o mundo não sabe ao certo até onde vai o limite do corpo humano REPÓRTER André Cavallari FOTOS Arquivo Max Ferrer DESIGN Isabelly Lima | Lérida Freire Até onde vai o limite do corpo humano? O desempenho dos atletas tem algum limite? Ou, com esforço, talento e treinamento eles podem superar suas marcas a cada dia? Essas perguntas são feitas frequentemente quando se trata de limite físico de um esportista. Superação e determinação são aspectos importantes para a quebra de recordes, mas é necessário que haja uma dosagem ideal, para que o corpo do atleta não seja prejudicado. Max Ferrer, 19, é goleiro do Taubaté-SP. O jovem atleta saiu do Ceará para seguir
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a carreira de jogador profissional de futebol. Ele procura sempre superar os seus próprios limites. “Limite é muito relativo e depende de cada atleta. O que coloco na cabeça é que quando acho que cheguei no meu limite, ainda posso dar um pouco mais”, disse. Porém, a ultrapassagem dos limites físicos pode acarretar algumas consequências para os atletas. Max aponta alguns desses malefícios. “Se for ultrapassado o limite físico de forma muito exagerada, os riscos podem ser as lesões,
o próprio cansaço e o rendimento nos treinos seguintes”, complementou. Pedro Soldon, 23, educador físico que trabalha no Clube do Vôlei, em Fortaleza, aponta alguns dos riscos que a extrapolação de limites pode causar nos atletas. “Atividades físicas praticadas no limite, de forma indiscriminada e por muito tempo, podem danificar o corpo humano. O organismo pode ser lesionado e sofrer estresse oxidativo. O mesmo
oxigênio que faz você viver em longo prazo, vai causando danos no DNA celular e vai induzindo à morte celular”, alertou. A busca por conquistas e títulos, no entanto, faz com que muitos atletas superem os próprios limites, sem que o corpo seja prejudicado. Para isso, é necessário um acompanhamento de profissionais e alguns cuidados fundamentais. Um dos papéis do preparador físico, na opinião de Pedro, é precisar o limite físico do atleta. Quando o preparador faz a periodização do esportista, ele percebe se o treinamento vai ultrapassar o seu limite. “Ultrapassando esses limites, o atleta pode ter o chamado overtraining, que é o excesso de esforço”, complementou o educador físico.
“Atividades físicas praticadas no limite, de forma indiscriminada e por muito tempo, podem danificar o corpo humano”. Pedro Soldon De acordo com alguns especialistas, em todos os esportes, os recordes estão chegando ao seu teto. Os artifícios tecnológicos ou dopings sempre são citados na discussão sobre a relação dos recordes esportivos com os limites humanos. Recordes não são inquebráveis. Frequentemente marcas consolidadas como “imbatíveis” são superadas e novos atletas chegam ao topo de modalidades esportivas. No entanto, os índices de progressão em algumas modalidades esportivas diminuíram nos últimos anos. Algumas marcas não são superadas a muito tempo. “Os recordes podem ser quebrados sim, mas há recordes muito difíceis de serem quebrados, como o do Usain Bolt, que é de 9’’58 nos 50m livre de atletismo. Há também recordes que já faz algum tempo que
não são quebrados. Para mim, talvez não existe um limite a ser alcançado. Depende muito de como o atleta treina, de como esse atleta se alimenta, etc. De vez em quando nasce um atleta fora do comum e bate esses recordes”, destacou Pedro. Max também concorda com a superação de marcas, principalmente por causa do avanço tecnológico. Estudos do laboratório do Instituto Nacional do Esporte Francês (INSEP) apontam que até 2027, metade das 147 modalidades esportivas estudadas terão chegado ao seu limite. A estimativa é que, após essa data, os recordes mundiais não serão superados em mais de 0,05%. Por outro lado, alguns cientistas defendem a tese de que não sabemos o que está por vir. Novos atletas podem surgir, com desempenhos superiores e propensão para novas quebras de recordes. Para esses cientistas, os atletas continuarão quebrando marcas, embora possa ser por uma pequena diferença. Previsões erradas nos anos anteriores servem de base para as teses desses estudiosos, que defendem a continuidade da quebra de recordes e da superação de limites nos esportes. Infelizmente algumas pessoas exageram na busca pela melhora do seu corpo. Muitos não têm o acompanhamento ideal e acabam exagerando na academia, no treino ou em outra prática esportiva. O exagero e o despreparo podem causar até a morte. Recentemente, um estudante cearense morreu nos Estados Unidos após sofrer uma desidratação enquanto fazia uma trilha com os amigos, no Arizona. Para Pedro, é preciso ter alguns cuidados na prática de exercícios, principalmente quando os atletas procuram superar os seus limites. Ele dá algumas dicas para que eles percebam os limites dos seus corpos no dia a dia: “O nosso corpo dá alguns sinais de cansaço quando chega no limite. Nosso rendimento não é mais o mesmo. Todo atleta tem seu auge e depois desse auge o rendimento começa a cair. Claro que isso
“Creio que os recordes podem ser quebrados sim, principalmente por causa do avanço da tecnologia, que está aumentado na forma e no período dos treinamentos”. Max Ferrer depende muito do esporte. Em alguns, o atleta consegue aguentar mais tempo e mais intensidade do que em outros”. Os limites podem e devem ser superados. Mesmo com o avanço da tecnologia e com o ‘estopim’ dos atletas, as marcas deverão continuar sendo superadas nos próximos anos. Para superação de limites no esporte, porém, são necessários alguns cuidados listados acima. O principal é o acompanhamento de um profissional da área. Com os cuidados fundamentais, o talento e a superação do próprio atleta, os ‘limites’ devem continuar surpreendendo os amantes do esporte nos próximos anos.
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SAÚDE E ESTÉTICA CORPORAL podem andar juntos?
Com a busca pelo corpo ideal, o mercado de suplementos alimentares tem crescido, mas algumas pessoas esquecem a importância de nutricionistas e profissionais da saúde. REPÓRTER FOTOS Pedro Lopes DESIGN Isabelly Lima | Lérida Freire De acordo com o Sebrae, nos últimos cinco anos o número de academias cresceu 133% no Brasil. Esta informação apenas reforça o que podemos constar com fácil observação: as pessoas têm se importado mais com saúde e estética corporal. Porém, todos esses esforços demandam paciência e disciplina, seja
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ao objetivar um emagrecimento ou um crescimento muscular. Com tal realidade, algumas pessoas recorrem ao uso de substâncias perigosas e até ilegais. Para Leorne Junior, educador físico, um dos erros mais comuns cometidos pelos iniciantes da musculação é achar que irão conquistar seus objetivos com muita
facilidade, sem grandes esforços e disciplina. Ele também conta que sem a ajuda de profissionais, o aluno pode vir a ter problemas de coluna. Além disso, Junior observa que muitos jovens supervalorizam a suplementação, sem antes pensar nos benefícios maiores da alimentação de qualidade e na rotina de treinamento.
Os suplementos são recursos nutricionais importantes, e seu consumo bem orientado atende a diferentes necessidades. Turibio Barros “Com isso, é comum encontrar praticantes recebendo indicações de educadores físicos. Alguns até vendem esteróides anabolizantes”, disse Junior. Para ele, o ideal é sempre procurar um nutricionista, e o personal trainer deve ser ético e não se aproveitar do meio para comercializar suplementos. “Nem considero profissional quem vende esteróides, e muitos nem possuem formação de fato”, frisou. Milena Carvalho, 21, começou a praticar atividade física para adquirir mais massa muscular. Procurou um nutricionista e entrou em um processo rígido de disciplina. “Foi quando decidi procurar uma academia para obter bons resultados estéticos e ficar de bem com minha autoestima”, afirmou. Milena conta que também se importa com a saúde, e passou a valorizar ainda mais o fato da musculação prevenir doenças como diabetes, hipertensão, artrite etc. Para a praticante, é importante sempre ter acompanhamento de um profissional, para evitar lesões e para aperfeiçoar o treinamento. Milena tem a musculação como algo fixo na sua rotina, faltando apenas em casos excepcionais. “Coloquei meu treino como regra, assim como o trabalho e os estudos. Isso é algo que me trará benefícios, então procuro seguir corretamente com os treinos e faltar apenas em casos de extrema necessidade”, conta. Leorne Junior informa ainda sobre o crescimento da busca pela saúde propriamente dita, mas entende que o
interesse pela estética ainda é majoritário. “Cardiopatas, diabéticos, recém operados, entre outros, estão utilizando a musculação com maior frequência”, disse. De acordo com ele, as pessoas devem unir os dois interesses, e assim a saúde e a autoestima melhoram proporcionalmente. Roberto Guimarães, 21, compreende a necessidade de suplementos, principalmente quando não há tempo para se alimentar perfeitamente. “Fica difícil arranjar tempo para se alimentar de acordo com a dieta quando você trabalha e estuda. Os suplementos acabam oferecendo muita praticidade”, falou. Roberto também sentiu necessidade de procurar o esporte por não se sentir bem com o próprio corpo, por ser magro. Hoje, além da musculação, ele pratica futebol duas vezes por semana. “A musculação, juntamente com o futebol, melhoram meu sistema imunológico e me dão um maior bem estar no cotidiano, mas apenas a malhação me garante o corpo que desejo”, afirmou Roberto. Turibio Barros, fisiologista, mostrou outro ponto de vista, em matéria para o portal do Globoesporte.com. Ele observa que existe um preconceito por parte de algumas pessoas, que encaram os
suplementos sempre como algo perigoso e desnecessário , além de confundirem estes com as populares “bombas”. De acordo om ele, o fato de alguns utilizarem esses produtos de maneira errada contribui para prejudicar a imagem das marcas. “Os suplementos são recursos nu-
Os suplementos são recursos nutricionais importantes, e seu consumo bem orientado atende a diferentes necessidades. Turibio Barros tricionais importantes, e seu consumo bem orientado atende a diferentes necessidades, com resultados muito convincentes”, informou o fisiologista. Turibio compreende ainda que os suplementos demonstram importâncias que vão além do mercado esportivo, pois segundo ele, esses nutrientes extras auxiliam até mesmo crianças e idosos com carências nutricionais. u
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