Alta nos preços gera instabilidade Aumentos nos preços dos produtos básicos muda perfi l dos consumidores
página 10 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro 31 de outubro de 2013
CIAL
ESPE
North Shopping Jóquei]
Inauguração motiva moradores e valoriza bairro da Parangaba
Localizado no terreno do antigo Jóquei Clube, o novo shopping contará com cerca de 180 lojas. Além de valorizar o bairro, os empreendedores do equipamento esperam atender a expectativa de 1,2 milhão de moradores. O shopping terá marcas exclusivas como atrativo no mercado de Fortaleza além de facilidades de compras para moradores da região página 17
Poluição visual Videntes são notificadas por divulgação de anúncios em postes de Fortaleza. Infração pode custar R$5 mil
página 3
Da cor do Hulk Estátua de Iracema da Messejana, pintada de verde, vira motivo de chacotas no bairro
página 5
Doze anos de espera Moradores aguardam reforma do centro social do José Walter. Obras devem começar em dezembro
página 6
Seca castiga Boa Viagem O nível do açude Vieirão, que abastece Boa Viagem, preocupa a população com a falta de chuvas
página 18 O shopping terá marcas exclusivas como atrativo no mercado de Fortaleza, além de facilidades de compras para moradores da região
Expansão imobiliária]
200 condomínios fazem do Eusébio referência no setor O Município de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, tornou-se nos últimos anos referência no setor imobiliário, principalmente para construção de condomínios fechados. De acordo com a prefeitura, são aproximadamente 200 condomínios em construção, a maioria de médio e alto padrão. Ares de interior, proximidade com a capital e clima tranquilo são as principais características que apontam para a expansão imobiliária do Eusébio. Os imóveis
concentram-se mais entre os de médio padrão, na faixa de R$ 200 mil a R$ 400 mil, e de alto padrão, que custam a partir de R$ 400 mil. É planejado para este ano, o segundo Alphaville. O condomínio do Grupo M. Dias Branco vende um conceito onde se pode morar, trabalhar e se divertir. Com 18 milhões de metros quadrados, o grupo destaca que será o maior do Estado do Ceará e o 2° do país, ficando atrás somente do de Brasília (DF), com 22 milhões de m². página 11
Os condomínios são direcionados para um público mais seleto, com empreendimentos de alto padrão
2 Papiro | 31 de outubro de 2013 Editorial ]
Coluna ilustrada ]
Plurais, como Fortaleza Estamos aqui de novo. Desta vez com nova proposta: deixamos de lado as matérias de comportamento e resolvemos nos aventurar pelo concreto, pelo factual, pelo cotidiano que deve nos esperar mais incisivamente nas redações de jornais, revistas, televisões, sites... Decidimos viver esta experiência com toda a sua intensidade, como se a faculdade se transformasse, neste segundo semestre de 2013, num grande laboratório de experimentos jornalísticos. E tivemos que prender a respiração. Entender e falar de Fortaleza e até de outros municípios, como espaços públicos que geram expectativas e demandam soluções. Investimo-nos dos profissionais que estamos caminhando para ser e fomos a busca de informações sobre assistência social, saúde, meio ambiente, economia, sexualidade, mobilidade urbana e do centenário problema da seca. Os resultados da nossa curiosidade quase profissional estão nas páginas a seguir. Trazemos informações factuais sobre a poluição visual e a retirada de 9mil anúncios; as dificuldades que os pedestres enfrentam na frenética Av. Washington Soares; a expectativa dos moradores do Conjunto José Walter sobre o Centro Social; e mais uma obra para tentar conter o represado mar em Caucaia. Investimos nossa faro jornalístico em entender as UPAs, e o porque da pouca informação em torno delas; visitamos a Praça da Gentilândia e registramos a insegurança e o pouco caso naquele espaço público. Nos atrevemos na economia e registramos a reação dos consumidores com a subida dos preços; captamos a ansiedade no Jangurussu com o novo CUCA; o espírito moleque do cearense em apelidar a Iracema de Messejana; e esticamos até o Eusébio para entender o boom dos condomínios. Ampliamos para o debate sobre o sexo antes do casamento; edestacamos o perigo duplo das lombadas. De mobilidade urbana nossa tarefa foi redobrada: cobrimosa relação dos usuários de ônibus com as obras na Av. Washington Soares e o avanço de casas nas ruas do Vicente Pinzón. Na saúde, ouvimos as reinvindicações dos agentes comunitários pelo piso salarial; e especulamos a mudança do perfil da Parangaba com o novo shopping. E, se não falássemos de falta de chuva, não deixaríamos o nosso protesto pela ausência de solução para um problema social tão antigo. Fomos de A a Z, tentamos ser plurais, como é a nossa futura profissão, como são Fortaleza e o Ceará. Leiam, vivam as palavras que registramos, como verbos dos fatos que se registram no nosso cotidiano.
EXPEDIENTE Diretor-Geral Ednilton Soárez Diretor Acadêmico Ednilo Soárez Vice-Diretor Adelmir Jucá Coordenador do Curso de Jornalismo Dilson Alexandre Editores-chefes Edma Góis e Miguel Macedo Projeto Gráfico Alexandre Fernandes e Guilherme Paiva sob a orientação do prof. Tarcísio Bezerra Direção de Arte Tarcísio Bezerra Colaboraram, nesta edição, os alunos TEXTO André Moreira, Ariadne Sousa, Átila Frank, Beatriz Rocha, Camila Menezes, Gabriel Rodrigues, Gabriel Maia, Janaína Flor, Luana Severo, Natasha Carvalho, Ravena Almeida, Pedro Lopes, Rafaelly Leal, Raoni Souza, Rudá Barreira, Sávia Moura e Soriel Leiros DIAGRAMAÇÃO E ARTE Alexandre Fernandes e Guilherme Paiva
31 de outubro de 2013 | Papiro 3
Poluição visual ]
Anúncios irregulares em espaços públicos poluem avenidas de Fortaleza De janeiro a agosto de 2013, 8.954 anúncios foram retirados das ruas da cidade REPORTAGEM | FOTO Luana Severo Atire a primeira pedra aquele que nunca viu dois ou mais cartazes publicitários de cartomantes e videntes fixados em um poste de Fortaleza. Os nomes são sempre os mesmos. As promessas, também. Irmã Sarah, Irmã Beatriz, Irmã Jurema, entre outras; sempre dizem trazer de volta a pessoa amada. De acordo com a Lei Municipal 8221/98, a prática de anexar esse tipo de anúncio em logradouro público é infração e gera multa. A irregularidade, no entanto, parece não ser percebida pelos anunciantes. Constantemente, podem ser vistos folhetos como os descritos acima estampados em muros, postes, pontos de ônibus, bancos de praças, entre outros locais. Para o designer e professor da Faculdade 7 de Setembro (Fa7), Tarcísio Bezerra, que estuda práticas comunicativas em espaços urbanos, os anúncios são caracterizados como manifestação popular.
De acordo com o pesquisador, a apropriação de espaços públicos para manifestação comunicacional, seja em forma de cartazes de cartomantes ou em forma de pinturas em muro, por exemplo, é válida e essencial para a perpetuação da cultura local. “Vejo a cidade poluída no sentido criativo”, destaca Bezerra.
O valor da multa mínima para quem desrespeita à regularização dos anúncios é de 5 mil reais Fabiana Sousa, estudante da Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Walter de Sá Cavalcante, localizada no bairro Cidade dos Funcionários, diz se incomodar um pouco com a quantidade de anúncios fixados em um mesmo local. No entanto, considera os
cartazes divertidos. “De tanto ver (os anúncios) na rua, sempre dá vontade de ligar para elas (as cartomantes). Só por curiosidade [risos]”, comenta a estudante. Segundo informações da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), de janeiro a agosto de 2013, foram retirados 8.954 anúncios publicitários irregulares das ruas de Fortaleza. Destes, 728 foram coletados durante a Copa das Confederações. No topo do ranking, no entanto, não estão os folhetos das videntes e cartomantes, mas sim os anúncios imobiliários, tendo sido retirados mais de 6.211 só neste ano.
o autor de determinado anúncio irregular, emitem multa equivalente a 1.520 reais. Após ser devidamente notificado, o anunciante tem até cinco dias úteis para comparecer à secretaria e assinar termo de compromisso junto à assessoria jurídica do órgão, comprometendo-se a retirar os anúncios. Caso não cumpra o
acordo, a multa mínima é de 5 mil reais. Uma nota enviada pela Seuma afirma que todas as cartomantes e videntes que possuem anúncios espalhados pelas ruas da cidade já foram notificadas. De todas, apenas a Irmã Íris e a Irmã Amanda não voltaram a cometer a infração.
Infração pode levar à multa de 5 mil reais De acordo com informações da Seuma, equipes da Célula de Controle de Poluição Visual fazem constantemente vistorias pela cidade. Quando identificam
De janeiro a agosto de 2013 foram retirados mais de 8 mil anúncios irregulares das ruas de Fortaleza
Av. Washington Soares ]
Pedestres reclamam de travessia apesar de semáforo e passarela Nem mesmo um semáforo para pedestres e uma passarela são suficientes para a mobilidade segura dos moradores que atravessam a avenida no trecho próximo à sede da Ypióca, em Messejana REPORTAGEM | FOTO Camila Menezes Os moradores que circulam diariamente nas proximidades da avenida Washington Soares, em Messejana, não têm mais a quem reclamar com a falta de segurança na travessia em uma da vias mais movimentadas de Fortaleza. Administrada pelo Governo do Estado, a avenida, na verdade, é uma rodovia (CE040) que dá acesso ao Litoral Leste do Ceará. Bastam alguns momentos de conversa com pedestres para os relatos de dificuldade se multiplicar. Uma certeza, porém, prevalece: fazer uma travessia segura no trecho está mais para um pesadelo. Do Hospital Distrital Gonzaga Mota, popularmente conhecido como Gonzaguinha de Messejana, ao escritório da Ypióca Agroindustrial, todos enfrentam a falta de sinalização e faixa de pedestre, que, embora ambos existam, não atendem às necessidades da população, em razão do grande
fluxo e excesso de veículos que se dirigem às faculdades, universidades, colégios, supermercados existentes na avenida, corredor para outros bairros da capital. Os que mais sofrem são as mães que acompanham os filhos para a escola. Sem falar nos trabalhadores que vão à pé para o trabalho e que denunciam: a única faixa que há no trecho não é respeitada pelos motoristas. E a faixa está sinalizada na frente do Hospital Gonzaguinha. Em 2011, segundo os dados da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), a Washington Soares foi a via de Fortaleza com o maior número de acidentes. De acordo com a AMC, ocorreram 197 acidentes na avenida, com 70 feridos e 200 pessoas mortas. A Semana da Mobilidade Urbana, realizada em setembro deste ano, uma iniciativa da AMC, em parceria com a Empresa de Transporte Urbano
Binário para otimizar tráfego
Pedestres se arriscam na travessia da Av. Washington Soares, em frente à Ypióca Agroindustrial
de Fortaleza (Etufor) e também a Prefeitura de Fortaleza, teve como objetivo conscientizar o motorista sobre o respeito ao pedestre, colocando-o sempre em primeiro lugar, e a implantação de regras básicas de mobilidade urbana. Segundo Ivan Cabral, chefe do Núcleo de Ações Socioeducativas, as abordagens de pedestres nas vias de acesso principais da capital devem continuar mesmo após o término da Semana da Mobilidade, com palestras e seminários. Para atender a comunidade, moradores podem
solicitar os serviços de engenharia de trânsito diretamente na AMC.
Implantado novo semáforo em cruzamento na Messejana Instalado há poucos meses, novo semáforo no cruzamento das avenidas Frei Cirilo e Ministro José Américo. A ação visa a melhorar a fluidez do tráfego local e a mobilidade, principalmente em horários de pico. Segundo a AMC, Fortaleza passa a contar com mais de 667 semáforos.
A Prefeitura de Fortaleza, por meio da AMC, promoveu a alteração de percurso nas ruas Antonio Barros e Cel. Dionísio Alencar. A medida, segundo o órgão, tem a intenção de minimizar acidentes e otimizar o tráfego de veículos no local. A mudança contará com 48 agentes de trânsito orientando a população e chamando a atenção para as novas regras.
S E RV I ÇO Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) Fone: (85) 3452-5830 Acidentes e fiscalização de trânsito: 190 Controle de Tráfego em Área de Fortaleza (Ctafor) Tel:3488-5737
4 Papiro | 31 de outubro de 2013 Cuca - Jangurussu]
Moradores ansiosos com o início das atividades do novo equipamento Dois anos após o começo das obras e custando 13 milhões de reais aos cofres públicos, o CUCA começará a funcionar a partir de outubro REPORTAGEM Sávia Moura Uma equipe de 20 homens trabalhou de segunda à sexta-feira nos últimos reparos do Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte (Cuca), localizado no bairro Jangurussu da Regional VI. A previsão do início das atividades era para outubro, mas até o momento não aconteceu. Segundo o engenheiro responsável pela obra, Ricardo Pessoa, os trabalhos foram concluídos no dia 15 de outubro, data prevista e anunciada para a entrega do Cuca. Apesar de já ter sido inaugurado no fim do ano passado, ainda na gestão prefeita Luizianne Lins, o equipamento não está em funcionamento.
Será bom para todos. Pretendo fazer um curso de natação e também de informática Antônio Alisson Os moradores das proximidades do equipamento não escondem a ansiedade para participar das atividades do centro. “Será bom porque haverá oportunidade para as crianças e adolescentes. Pretendo fazer um curso de natação e também de informática”, disse Antônio Alisson Siqueira, 17 anos, estudante. “Minha filha quer fazer um curso, só ainda não sabe qual. Mas a segurança por aqui é tão precária que tenho medo de deixar ir para o Cuca sozinha”, ressaltou Teresa Silva, 39 anos, moradora do bairro. O Cuca do Jangurussu teve suas obras iniciadas em junho de 2011 e só agora, dois anos e dois meses depois, terá, por fim, seus equipamentos utilizados pela população. Já o Cuca do bairro Mondubim tem previsão para começar as atividades no mês de novembro, e também segue com os últimos reparos. Os equipamentos irão beneficiar cerca de 136 mil jovens cada um, oferecendo um ambiente adequado para a sua formação e criatividade. Os centros atendem assim as principais
demandas dos jovens como cultura, qualificação profissional, esporte, pesquisa, leitura, cinema, produção e formação audiovisual. Desde a criação do primeiro Cuca, na Barra do Ceará, em 2009, os Centros Urbanos seguem como orientação estimular o respeito à diversidade socioeconômica, política, ideológica, cultural e sexual dos jovens, reconhecendo o pluralismo, as diferentes identidades e suas formas de expressão nos jovens fortalezenses.
Em clima de comemoração Enquanto os Cucas dos bairros Jangurussu e Mondubim estão finalizando seus últimos reparos, o Cuca Che Guevara na Barra da Ceará, comemora seu 4º aniversário. A programação de aniversário teve início na segunda semana de setembro e segue até o final do mês, contando com apresentações cinematográficas, artísticas e teatrais. Outro destaque do programa é o 3º Festival do Esporte (FestECuca).
Reurbanização da Lagoa do Jangurussu Com o intuito de tornar o entorno da Lagoa do Jangurussu um espaço de lazer noturno, a Prefeitura de Fortaleza investiu 121 mil Reais para pavimentar a Av. Paisagista e ruas internas, visando à conclusão da obra, que começou em julho deste ano. Tendo em vista que a obra de reurbanização da lagoa foi menos trabalhosa que a construção do Cuca – Jangurussu, a obra ficou pronta primeiro do que a do próprio Cuca, apesar de sua construção ter sido iniciada há dois anos e estar bem avançada. Ou seja, a população continua à espera do começo das atividades do Cuca. Enquanto isso aproveita, o espaço reurbanizado para lazer nos finais de tarde e durante a noite.
Falta de segurança na feira Ter o entorno da lagoa reurbanizado servindo assim como uma opção de lazer não basta para a população do bairro Jangurussu. Os moradores
reclamam que a falta segurança é comum no bairro. Após dois meses da reurbanização da lagoa, os moradores das proximidades denunciam que já houveram sete mortes no local.
Os guardas municipais e viaturas do Ronda do Quarteirão não dão a assistência necessária para a segurança do local e dos moradores Robson Wagner Aos sábados pela manhã acontece a tradicional feira do bairro São Cristovão. Segundo o feirante Robson Wagner, 27 anos, morador de Pacajus, não existe segurança durante a feira. “Já vi casos em que os ladrões passam entre as barracas, roubam e saem correndo, e fica por isso mesmo. Não há policiamento e a gente não recupera o que foi roubado”. Na última sexta-feira de setembro, uma equipe da Regional VI encontrava-se na feira São Cristovão, em frente ao Cuca – Jangurussu. Os fiscais, na companhia de alguns feirantes, organizavam o número de barracas que cada feirante poderia montar no espaço. Ainda assim, alguns feirantes entraram em conflito por não quererem obedecer as propostas dos fiscais e tentarem colocar mais barracas do que o proposto.
Enquete Que importância o CUCA tem para os moradores? “Além de ser perto, será bom porque a gente vai poder fazer curso e usar a pista de skate, por exemplo, pra se divertir e não ficar na rua sem fazer nada”. Carlos Fernando de Moura, 15 anos, estudante. “A importância de dar oportunidade a pessoas que não tem condições de pagar um curso ou poder se especializar em alguma área profissional”. Manuelle Alves, 24 anos, estudante.
31 de outubro de 2013 | Papiro 5
Iracema Hulk]
Estátua da índia recebe apelido e é motivo de gozação em Messejana Monumento na lagoa já foi dourado, prateado, e agora está verde. Coloração virou motivo de piada entre moradores do bairro REPORTAGEM | FOTO Gabriel Maia Inaugurada em 2004 para homenagear o aniversário de 175 anos do nascimento do escritor cearense José de Alencar, a estátua da índia Iracema, na Lagoa de Messejana, já foi de várias cores: bronze, prata e dourado. Atualmente ela está verde, e isso é motivo de chacota por parte de alguns moradores do bairro que a apelidaram de “Iracema Huck”, uma alusão ao personagem de histórias em quadrinhos que se transforma em um monstro da cor verde. Quem passa diariamente pela orla da lagoa, como a dona de casa Luciana Teixeira, às vezes nem percebe que a estátua recebeu uma pintura esverdeada. Tão pouco sabia que o monumento deveria estar sendo banhado constantemente por meio de uma cuia que derramava água pelo corpo da índia. “Já faz tanto tempo que roubaram o motor que bombeava a água que muita gente acha que essa cuia tá aí só de enfeite. Há um grande descaso por parte da Regional VI, que há tempos já deveria ter resolvido essa situação”, declarou a estudante Elisana Almeida, 18. É visível que recentemente o monumento passou por um reparo. A lança característica que a índia guerreira segura na mão direita foi reposta, o objeto também havia sido roubado em outubro de 2010. Outra mudança foi a limpeza de pichações que havia na pedra onde a índia está sentada e também na região do abdômen da estátua.
...a índia Iracema está ali, pintada de verde, é uma índia Hulk Deputado Estadual Fernando Hugo O monumento idealizado por 16 escultores e desenhistas é feito em fibra de vidro e mede 12 metros, pesando 16 toneladas. A estátua foi inspirada na modelo cearense e exBBB Natália Nara, escolhida
Estátua de Iracema da lagoa de Messejana na Avenida Frei Cirilo em Fortaleza
por meio de um concurso promovido pelo Sistema Verdes Mares em 2003. A Secretaria Executiva da Regional VI, responsável pela manutenção do monumento, informou por meio de sua assessoria de imprensa que está estudando uma nova cor para o monumento. De acordo com o coordenador de infraestrutura do órgão, Washington Pereira, o verde foi escolhido inicialmente por ser uma tinta que facilita a remoção de pichações. Já em relação ao motor, foi informado que está sendo concluído um orçamento para a instalação de um novo equipamento que será o quarto, já que três foram roubados.
Deputado cobra do prefeito Durante a cerimônia de assinatura da ordem de serviço para a reforma do Mercado Público de Messejana, que aconteceu em agosto desse ano, o deputado estadual Fernando Hugo (PSDB), cobrou do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (sem partido), uma nova pintura para o monumento. “Saiba, Roberto Cláudio, a índia Iracema está ali, pintada de verde, é uma índia Huck... eu nuca vi uma índia verde na minha vida, só a índia Iracema”, ironizou o parlamentar.
Fortaleza de muitas Iracemas Fortaleza é uma cidade repleta de Marias, Joanas, Antônias,
e de Iracemas é claro. A personagem do saudoso romancista cearense José de Alencar é figura cativa em pontos turísticos da capital. Ela não está só na lagoa de Messejana, local onde segundo a obra literária usava para banhar-se. Iracema também está na praia do Mucuripe. Iponente, porém, apreensiva, sentada ao chão na companhia do cão fiel, olhando para o mar na espreita da chegada do amado, o português Martim Soares de Souza. A guerreira da tribo Tabajara também está na praia de Iracema, aliás, como o nome do local lembra, é quase obrigação. Na praia que é sua por direito, Iracema se prostra de joelhos, olhando para o grande oceano. A força da índia é representada pela envergadura de um grande arco, uma força imponente que parece proteger Fortaleza das possíveis ameaças trazidas pelo mar.
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6 Papiro | 31 de outubro de 2013 CCDH Adauto Bezerra]
Moradores do José Walter esperam por mudanças em centro social Há 12 anos sem reforma, o antigo CSU vive momentos de expectativas com a promessa do início das obras para dezembro de 2013 REPORTAGEM | FOTOS Soriel Leiros Corredores vazios, pichações por todos os lados, piscinas sem água, campinho sem grama, mato crescido, auditório sem espetáculo. Esse cenário é reflexo das atuais condiçõesdo Centro da Cidadania Adauto Bezerra, mais conhecido como CSU,
no bairro José Walter, zona sul de Fortaleza. Situado em uma área aproximada de 32.200m², o centro do José Walter está há 12 anos sem reforma. É o que garante o coordenador-geral dos CCDHs, Márcio Andrade. Com o início da nova gestão municipal, os
Sinais de degradação estão por todo o centro
Piscina sem a mínima estrutura para receber as aulas de natação
seis Centros Sociais Urbanos de Fortaleza (antigos CSUs) – localizados nos bairros José Walter, Pici, Conjunto Palmeiras, Conjunto Ceará, Bela Vista e Cristo Redentor – passaram a se chamar Centros de Cidadania e Direitos Humanos (CCDHs) e estão sob a responsabilidade da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Fortaleza. Segundo Andrade, foram realizadas reuniões no próprio centro de cidadania do José Walter, entre a coordenação-geral dos CCDHs e esportistas, e também na sede da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), que também contou com a participação da coordenação-geral, além da presença de arquitetos e construtora responsáveis pelo projeto. Os encontros têm o objetivo de discutir sobre os espaços e as demandas do CCDH do José Walter. O início das obras, de acordo com o coordenador-geral, está previsto para o início de dezembro de 2013. Quem acompanhou os tempos áureos do centro, nutre um misto de tristeza e revolta pelo quadro de abandono do espaço, como é o caso do senhor Lucival Martins, 76. Morador há 41 anos do bairro, o aposentado afirma que a situação está tão crítica que o local virou reduto de drogados. Apesar disso, relembra alguns bons momentos do antigo CSU: “Eu alcancei banho de piscina, torneio, campeonato. Era tudo iluminado”. Outro morador, o inspetor especial da Polícia Civil, Ernane
Cavalcante Holanda, 64, diz que as pessoas têm dificuldade até para circular nas calçadas. “Hoje, o estado é lamentável. Uma vergonha”. Ele foi uma das pessoas que estiverem presentes à inauguração do centro, em 1977, ainda durante o regime militar. As soluções para o bom funcionamento do local, de acordo com os moradores, estão o retelhamento do auditório; a reforma geral das quadras; as pinturas interna e externa; o conserto de toda a parte hidráulica, as portas e as luminárias; a retirada de móveis e de equipamentos velhos. Além disso, está previs-
Após a reforma, nossa meta é sair dos 6.332 atendimentos para 28.000 mensais Márcio Andrade, coordenador geral dos CCDHs ta uma academia para idosos. Embora o centro ainda abrigue algumas atividades esportivas, culturais e sociais para a comunidade, de acordo com Andrade, “após a reforma, nossa meta é sair dos 6.332 atendimentos para 28.000 mensais”, conclui o coordenador.
Vida de repórter Passava um pouco das 5 da tarde, da terça-feira, 10 de setembro, quando comecei a caminhar pelo CSU e fazer o registro das imagens para a matéria.
Na verdade, foi um reencontro. Por diversas vezes, fui ao centro, em diferentes ocasiões. Ainda criança, dancei e homenageei minha mãe no palco do auditório ao som de Roberto Carlos. Era mais uma festinha da escola realizada no local. Ela mesma me confidenciou que me levava a consultas médicas quando pequeno. Tinha até dentista! Conferi jogos de basquete, a garotada pulando na piscina para mais um dia de treino, reunião de amigos e muito movimento no salão principal. Hoje, ao percorrer um corredor escuro, ver o salão vazio e o espaço tomado por um silêncio sem fim, senti uma tristeza profunda. Um centro social tão grande, mas sem o principal personagem: gente, no real sentido da palavra. Guardo boas recordações do CSU, agora, CCDH do José Walter. Alguns momentos bacanas de minha vida, principalmente, escolar foram vividos ali. Espero voltar, dessa vez, na expectativa de encontrá-lo de cara nova, com fôlego renovado e cheio de gente para voltar a compartilhar e presenciar bons momentos.
S E RV I ÇO CCDH José Walter Rua 69, s/nº, 2ª etapa Tel.: (85) 3433.4924
Barramar ]
Iniciada mais uma obra de contenção do mar em Caucaia REPORTAGEM Ravena Almeida A prefeitura de Caucaia pela segunda vez iniciou as obras de contenção do mar na região do Icaraí. A nova obra consiste na recuperação do barramar Bagwall, uma estrutura de concreto, em formato de escadaria e o prazo de conclusão é de 60 dias. O trecho que será refeito possui 140 metros e a obra de revitalização custará R$ 806 mil ao município. A última obra realizada pela prefeitura para conter o avanço
do mar foi concluída há dois anos, quando foram construídos 11 degraus de concreto. Hoje só existem três, por conta das recorrentes ressacas do mar. Segundo o vice-prefeito da cidade, Paulo Guerra, a tecnologia do Bagwall será mantida para evitar degradações para as outras praias do Ceará. Ele explicou que se fossem feitos espigões resolveria apenas o problema local e o deslocaria para as outras praias, o que aconteceu
com a praia do Icaraí, localizada a 20km de Fortaleza, que começou a se degradar devido à construção do Porto do Mucuripe e também pela construção dos 18 espigões feitos ao longo da orla de Fortaleza. Paulo Guerra também falou sobre a atual situação de emergência que o município vive por conta dos danos decorrentes das ressacas do mar. Antes desses problemas haviam 20 barracas na orla, os comércios
foram fechados por conta do avanço do mar. A comerciante Vládia Mendes contou que acabou todo o movimento nas barracas e também em mercantis da região, além disso, a segurança diminuiu muito, até os policiais do Ronda foram reduzidos. As alterações do mar na região também preocupam os banhistas, moradores, esportistas. O surfista Saulo Pires falou sobre a preocupação que
tem com o avanço do mar, pois se não for contido, logo poderá destruir o ponto de encontro dos surfistas “o pico”, já que as ondas começam a diminuir. Além da revitalização do Bagwall foi iniciada uma obra de urbanização da orla. O trecho em construção será de 900 metros da Avenida Litorânea, no valor de R$ 2,6 milhões. Os recursos da obra virão do governo federal, com um prazo de 300 dias.
31 de outubro de 2013 | Papiro 7
Sexualidade em debate]
Jovens se reúnem para ouvir sobre o sexo antes do casamento A sexualidade na juventude foi o tema principal de destaque do pastor Nelson Junior, coordenador do movimento Eu Escolhi Esperar, durante o congresso Mais de Deus, em Fortaleza REPORTAGEM | FOTOS Natasha Carvalho
Uma campanha para fortalecer jovens que desejam uma vida emocional e sexual responsável. Esta é a base do movimento criado pelo pastor Nelson Junior, que reuniu pais, filhos, adolescentes e jovens, durante dois dias no Siará Hall, no início de setembro. No primeiro dia do encontro, na abertura do encontro, pastor Nelson já foi logo confirmando seu retorno para Fortaleza. Será dia 9 de novembro, com novo tema intitulado, Tá difícil esperar. Ele aproveita a oportunidade para divulgar uma viagem do movimento Eu Escolhi Esperar por algumas cidades dos Estados Unidos. Segundo o pastor, coordenador do movimento Eu Escolhi Esperar, a principal motivação para ter criado o movimento foi a partir dos 12 anos de idade. Ele via seus amigos e muitos jovens sofrerem em seus relacionamentos, quando em igrejas e templos, não havia discussão sobre sexo, pois era um tabu e infelizmente ainda traz polêmicas. “Não é uma organização religiosa, nem uma bandeira pela virgindade, é uma mobilização para a família e o retorno aos princípios esquecidos pela sociedade”, argumenta.
Não é uma organização religiosa, nem uma bandeira pela virgindade, é uma mobilização para a família e o retorno aos princípios esquecidos pela sociedade Pastor Nelson Junior
Para o pastor Junior, é preciso estar limpo e completo antes do envolvimento na vida sentimental. “Sexo seguro é casamento”. Esta é a resposta do pastor sobre a questão dos métodos contraceptivos, iniciação sexual e a gravidez precoce. Ele entende que a espera do casamento não é um sacrifício e sim uma escolha que
evita decepções e a gravidez indesejada.
Sou virgem por decisão própria e só vou deixar de ser com a mulher da minha vida, minha esposa” Handerson Pontes O movimento Eu Escolhi Esperar foi criado há dois anos e defende a relação sexual somente após o casamento. Concentra cerca de 1 milhão de seguidores pelas redes sociais e reúne milhares de jovens em encontros por todo país. Pastor Nelson nasceu na cidade do Rio de Janeiro, mas há 26 anos mora em Vitória (ES), trabalhando há 20 anos com adolescentes e jovens. É formado em teologia, casado e pai de duas meninas. No evento de setembro, encontrava-se o casal Adeilson Lages, 29, e Michelle Lages, 23. Casados há dois anos, deram seu primeiro beijo durante a cerimônia de casamento. “Em nenhum momento tivemos dificuldades tanto na área física como emocional”. Para o casal construir valores, saber os gostos de cada um, o respeito ao tocar e, principalmente, o diálogo foram o segredo para a felicidade da união. “Dedicávamos mais tempo conversando do que dizendo eu te amo”, disse Michelle. Já o estudante de psicologia Handerson Pontes não sabe por que os jovens têm vergonha de dizer que são virgens. Neste sentido fazem de tudo para perder a virgindade com qualquer pessoa, se comportando como produto ou mercadoria. “Sou virgem por decisão própria e só vou deixar de ser com a mulher da minha vida, minha esposa”, ressaltou Pontes.
Números do IBGE De acordo com dados do IBGE, de 2012, nos últimos anos houve leve queda entre adolescentes que iniciaram
Jovens atentos durante debate
a vida sexual e um aumento no uso de preservativos. Em 2009, 30,5% já tinham tido relação sexual. Já em 2012, esse número caiu para 28,7%. Dos jovens que têm relação sexual
79,5% usaram camisinha na ultima relação, enquanto em 2009 esse percentual era de 75,9%.Segundo a Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem, do Ministério da
Saúde, os números são consequência do investimento em educação sexual com a ajuda dos postos de saúde, das escolas,das universidades e até mesmo das igrejas.
S E RV I ÇO Eu Escolhi Esperar Site: euescolhiesperar.com Secretaria de Saúde do Município e Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem Rua AntonioAugusto,1571Meireles (85) 3452-6600
Pr.Nelson Junior, coordenador do movimento Eu Escolhi Esperar
8 Papiro | 31 de outubro de 2013 UPAs ]
Muito benefício para pouca informação 98% dos casos que chegam às Unidades de Pronto Atendimento de Fortaleza têm procedimento concluído na própria unidade REPORTAGEM | FOTO Beatriz Rocha A Prefeitura de Fortaleza iniciou a construção de mais uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na capital no mês de setembro, no bairro Jangurussu. Ao todo existem cinco UPAs em funcionamento na capital. A primeira unidade inaugurada em Fortaleza, no entanto, foi a do bairro Praia do Futuro, em 22 de março de 2012. Ela dispõe de 15 leitos, seis médicos plantonistas e sete cirurgiões dentistas. Realiza raios-X, exames laboratoriais e ainda eletrocardiografia. Até abril de 2013, a UPA Praia do Futuro havia atendido 115 mil e 471 pessoas. Aline Gomes, moradora do bairro, elogia o atendimento da unidade. Para ela, a diferença está na forma de atendimento em relação a outros hospitais, já que ao chegar, não espera muito para ser atendida. “Como a divisão de pacientes é feita de acordo com o grau da gravidade, se tornou melhor e mais fácil o atendimento. É possível notar organização em relação à prioridade com idosos, os atendimentos especializados e bons profissionais”, destaca Aline. O perfi l de atendimento das UPAs 24h é grande parte nas urgências e emergências como pressão e febre alta, viroses, cortes, fraturas, crises hipertensivas, infarto e derrame. E os pacientes também recebem os primeiros atendimentos em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC). O problema é que muitas pessoas ainda não sabem exatamente como funcionam as UPAs, sua localização e continuam recorrendo aos hospitais, enfrentando fi las enormes. E por esta falta de informação, pacientes, fora dos perfis das unidades, continuam a buscar atendimento, enquanto pacientes dentro dos perfis procuram hospitais. Boas estruturas e pronto atendimento não são garantias de bom resultado se a população não souber seus benefícios. Ana Lúcia Oliveira, moradora do bairro Papicu, não sabia da existência da unidade até precisar de atendimento com intoxicação alimentar, um caso considerado mais leve. Segundo ela, ao chegar ao Hospital Geral de Fortaleza
(HGF) foi informada de que eles não atendiam mais casos como o dela, e entregaram um panfleto com localização e informações sobre a unidade da Praia do Futuro. De acordo com a coordenadora da UPA Praia do Futuro, Ismênia Marques, o aumento na procura da unidade é visível. Isso se deve, segundo a coordenadora, à maior divulgação e compreensão do perfi l da UPA, com casos de urgência mais constantes, que é a proposta inicial e principal da unidade. “A UPA funciona durante 24 horas por dia, sete dias por semana. Com isso, diminuem as fi las nas emergências e há o primeiro socorro imediato a casos mais urgentes como infarto, derrame, AVC”, destaca Ismênia.
UPA da Praia do Futuro: atendimento até para casos de AVC
Prioridade de Atendimento Há horas aqui, que não tem movimento algum nas ruas da redondeza Clarissa dos Santos, paciente Ruas desertas dificultam acesso à UPA A insegurança em Fortaleza tem preocupado as autoridades e a população passa a temer lugares mais desertos, com pouco movimento. Um agravante para tanto temor é o horário, pois quando mais tarde, mais medo. E as ruas desertas que ficam ao redor da UPA Praia do Futuro, causam apreensão para quem precisa chegar à unidade. Segundo Kelly Araújo, moradora do bairro, os assaltos nas redondezas da UPA são frequentes. A parada de ônibus que fica em ao lado da unidade tem pouco movimento.As pessoas que precisam pegar ônibus ali preferem ficar em frente à UPA, pois há mais movimento e passa mais segurança. Não são apenas os pedestres ou pessoas que precisam de transporte público que temem o acesso à unidade. Motoristas também são constantes vítimas dos assaltos, principalmente com os desvios que precisam fazer devido às obras da Prefeitura de Fortaleza na Av. Dioguinho.
0 min
Casos de emergência Necessitam de atendimento imediato
10 min
Casos muito urgentes Necessitam de atendimento praticamente imediato
50 min
Casos de urgência Necessitam de atendimento rápido, mas podem aguardar
120 min Casos menos graves
Podem aguardar atendimento ou serem encaminhados para outros serviços de saúde
De acordo com Eliuton Farias, motorista de uma ambulância que se encontrava no estacionamento da unidade, a UPA da Praia do Futuro atende às necessidades da população. “É muito boa e possui ótimo atendimento. O problema é o acesso a ela”. Muitas vezes a dificuldade de acesso se sobrepõe a esses benefícios. Outros motoristas assumem que têm medo de ficar esperando os pacientes, principalmente à noite, quando o movimento, que já é pouco, se torna menor. A Regional II é a responsável pela região e as viaturas 1074 e 1075, do Ronda do Quarteirão, são responsáveis pela segurança da área. De acordo com a Assessoria de Comunicação da Regional, a vigilância é feita
normalmente, com as viaturas circulando com frequência nas ruas, ao redor da unidade. Clarissa dos Santos, moradora do bairro Caça e Pesca e paciente que estava à espera de atendimento na UPA Praia do Futuro, diz já ter sido assaltada em uma das vezes que precisou ser atendida na unidade, quando dois rapazes levaram a bolsa dela. “Na hora, não havia qualquer viatura, e não consegui recuperar nada do que havia na bolsa”. Segundo Clarissa, o Ronda do Quarteirão pode até passar pelas ruas, mas precisa de mais viaturas ou maior frequência na vigilância das ruas, “pois há horas aqui, que não tem movimento algum nas ruas da redondeza”, concluiu.
Ana Lúcia de Oliveira já precisou ser atendida na UPA com um caso considerado leve, intoxicação na pele
31 de outubro de 2013 | Papiro 9
Abandono e insegurança]
Praça da Gentilândia: pouco lazer e muito descaso das autoridades Moradores reclamam do abandono da Praça Coronel José Gentil, mais conhecida como Praça da Gentilândia. O crescimento da mendicância, dos assaltos e do uso de drogas ilícitas na área são as principais queixas REPORTAGEM Átila Frank FOTOS Lua Alencar
A pracinha da Gentilândia é conhecida por ser um espaço multicultural e histórico da cidade de Fortaleza, onde ocorrem feiras de artesanato e de agroecologia, além de debates políticos. É um local de encontro e lazer. No seu entorno, vizinhos como o Conselho Regional de Serviço Social do Ceará (CRESS-CE), o grupo político de esquerda, Crítica Radical, e o prédio da Residência Universitária da UFC, na rua Paulino Nogueira. Ainda na vizinhança da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Localizada no bairro do Benfica, é frequentada por estudantes e moradores de classe média, em sua maioria. No fim da tarde, as pessoas sentam nos bancos para conversar ou praticar caminhada. Quem a frequenta, porém, vem reclamando do descaso das autoridades. As estátuas se encontram pichadas, os bancos quebrados, há muita sujeira e pouca iluminação. Outra reclamação é referente à violência: segundo os próprios moradores, tornouse perigoso transitar pela praça por conta dos assaltos e do crescimento da mendicância. O estudante Franklin Luís Oliveira, 28 anos, há 22 mora nas proximidades da pracinha. Ele diz que é comum haver pessoas utilizando ou comercializando drogas ilícitas na praça. “E acontece à luz do dia, mesmo com a presença de policiais militares patrulhando a área”,
revela. O estudante também conta que os traficantes enterram a droga a ser vendida na areia ou a escondem em árvores e que a grande parte dos assaltantes que age por ali, está ligada ao tráfico. Além do roubo a transeuntes e moradores, há relatos de furtos a carros. “Já fui assaltado na esquina de casa. Chega a ser perigoso andar pela praça depois que escurece”, conta Franklin. O policial federal Fernando Hélio mora nos arredores da pracinha da Gentilândia há 11 anos erelata que a área foi tomada por mendigos e por vândalos, que deterioram o patrimônio, pichando estátuas, quebrando lâmpadas e bancos. Ele conta ainda que muitos deles são usuários de drogas. “Inclusive aqui estava virando uma ‘cracolândia’. Uma média de vinte moradores de rua estava se apropriando do espaço da quadra de esportes para a utilização de drogas e suprindo as suas necessidades fisiológicas na frente de todo mundo”. Fernando Hélio diz que os principais pontos de tráfico se encontram na Rua Marechal Deodoro, fato que é de conhecimento da população. A venda acontece por intermédio dos “aviõezinhos” - a maioria menor de idade, que atuam para os traficantes -, o que dificulta o combate ao tráfico. De acordo com os moradores, esses problemas vêm se agravando nos últimos três anos e, mesmo com a presença de policiais militares na praça, a
A praça da Gentilândia: uma espécie de ‘Torre de Babel’ com diferentes frequentadores
situação não tem sido resolvida. Eles acusam a prefeitura e a Regional VI pelo descaso. Segundo informações do major Aginaldo de Oliveira, da 5º Companhia da Polícia Militar, responsável pela segurança da área da Gentilândia, há policiamento exclusivo da praça, feito por duas duplas, que trabalham de segunda-feira a sábado, das 8 às 20 horas. Fora isso, há uma viatura do Policiamento Ostensivo Geral (POG), que faz a segurança de todo o bairro, e outra do Ronda do Quarteirão. Quanto à questão do consumo de drogas, o major explicou que os policiais são instruídos para, logo que uma ocorrência seja verificada, os infratores sejam conduzidos à delegacia, onde é feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência
Mendigos se alimentam e fazem as suas necessidades na quadra esportiva da pracinha
(TCO) e depoisliberados. A prisão só ocorre se houver um flagrante de tráfico. A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Regional VI (SERVI), mas até o fechamento desta matéria não foi obtido resposta.
Um espaço que já foi mais gentil A Praça da Gentilândia, no Benfica, recebeu o nome em homenagem ao empresário José Gentil Alves de Carvalho, mais conhecido como Coronel José Gentil. Em 1909, ele comprou uma chácara da família Garcia e transformou-a em sua residência. A seguir, loteou os terrenos vizinhos e construiu vilas e casas. Nascia, assim, a “terra dos Gentil”: Gentilândia. Em 1955, o casarão principal foi vendido para a Universidade Federal do Ceará, onde hoje abriga a sede da Reitoria. Outros casarões passaram a abrigar as Casas de Cultura, as Pró-reitoras e alguns blocos didáticos. Atualmente, o Benfica é conhecido por ser um bairro acadêmico e ponto político-social. A praça da Gentilândia é sede de eventos culturais, desde debates políticos a feiras de artesanato. Por exemplo, na manhã de sábado alternados, ocorre a Feira Agroecológica do Benfica, onde há também apresentações teatrais, musicais e
aulas de ioga, além de vários projetos culturais como troca de livros e brinquedos.
S E RV I ÇO Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará Av. Bezerra de Menezes, 581, São Gerardo 3101-6502 Tele-denúncia: 181 5º Companhia da Polícia Militar / 5º Batalhão da Polícia Militar Rua Princesa Isabel, 1236 Centro 3101.4980 Comunitário: 3254.1405 Major Aginaldo de Oliveira, da 5º Companhia da Polícia Militar Tel: (85) 8878 - 8640
SA I BA M A I S Saiba mais sobre a Feira Agroecológica feiraagroecologica.com.br
10 Papiro | 31 de outubro de 2013 Instabilidade Econômica ]
Variação nos preços de produtos básicos assusta consumidores De janeiro a setembro de 2013 foram registradas constantes altas nos preços de produtos nos supermercados brasileiros. Os aumentos vêm causando preocupação na população REPORTAGEM Rudá Barreira FOTO Duarte Dias
Renata Pinto: "hoje só compro porque é estritamente necessário, o que vou utilizar na semana"
supermercado”, conta a empregada doméstica Maria Verbene de Lima, 45. Ela diz que tem que escolher a dedo os produtos que irá comprar para que o seu dinheiro não falte no fim do mês, e mesmo assim ainda sofre dificuldades para manter as finanças em ordem.
No Brasil a oferta desses produtos não acompanhou a mesma velocidade com que aumentou a renda do povo brasileiro Luciano Comin, economista Ao ser indagada sobre como lidaria com a situação se os preços continuassem a aumentar, a primeira reação foi uma gargalhada. “Aumentar mais? Com o salário que a gente ganha vai ficar difícil”, disseVerbene, parecendo falar por uma grande parcela da população brasileira. “Lá em casa tem produto que não pode faltar, que são as coisas do menino”, conta, referindo-se ao seu neto Ruan Keverson, de quatro anos. “Tem que ter lanche, tem que ter tudo, não pode faltar. Então, se as coisas ficarem mais caras tem que tirar um pouco da gente para dar para ele”, explica.
Ceará lidera aumentos Em pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), o Ceará lidera a lista dos estados que apresentaram maior aumento
nos preços dos produtos, se comparados aos números de 2012. A pesquisa foi feita em 21 cidades de 14 estados do país e examinou uma cesta de 104 itens considerados de maior consumo. A marca de 19% de aumento na média de preços registrada no estado do Ceará foi seguida por outros representantes da região Nordeste. Bahia e Maranhão apresentaram aumentos de 17%, enquanto a Paraíba registou 16%. Foram examinados itens alimentícios, bebidas e artigos de higiene, e a tendência de alta foi generalizada. A alta registrada é a maior desde 2009, quando a pesquisa começou a ser feita. Em 2012, o maior aumento foi de 8% em Minas Gerais e em Pernambuco. Outros estados, como o Rio Grande do Norte, apresentou queda de 3% nos preços gerais. A variação nos preços de produtos, como o café refinado, o sal e o empanado de frango, beiram os 200%.
Análise de mercado O economista Luciano Comin, professor da Faculdade 7 de Setembro e graduado pela Universidade Federal do Ceará, avaliou as causas motivadoras do crescimento nos preços dos produtos. A análise aponta para um mercado volátil. Muitas são as variáveis. “Mas, podemos destacar primeiramente o aumento dos preços dos insumos que entram na fabricação dos produtos ofertados nos supermercados. Impostos, taxas, tecnologia, combustível, matéria prima, serviços, produtos intermediários. Estes são produtos utilizados na produção de outros bens”, explica Comin. A principal questão levantada é a disfunção que ocorre atualmente entre a oferta e a demanda, como explica o economista. “Outra importante variável é a demanda por esses produtos que tem aumentado em função do aumento real na renda dos consumidores. No Brasil a oferta desses produtos não acompanhou a mesma
velocidade com que aumentou a renda do povo brasileiro. Assim, essa maior procura tem pressionado os preços dos produtos básicos”. Perguntado se a situação do Brasil preocupa, Luciano mostrou-se otimista. “Embora as taxas inflacionárias de 7% ao ano mereçam atenção, a economia brasileira tenderá a crescer e muito, pois tem uma classe consumidora crescente”. E indica o caminho para a estabilização da economia. “Aumentar cada vez mais a produção de bens e serviços. Para isto o governo possui diversos mecanismos, como o de reduzir a carga tributária sobre a produção”, afirma.
S E RV I ÇO Procon Fortaleza - Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor: Rua São José, 01 -Centro Tel.: (85) 3105.1464
COMPARAÇÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS QUE FAZEM PARTE DA CESTA BÁSICA. OS VALORES CORRESPONDEM AO PREÇO MÉDIO DO MÊS DE MARÇO DE 2009 E ABRIL DE 2013 PREÇO� MÉDIO
RELAÇÃO COMPOSTA POR 10 ITENS BÁSICOS PRODUTOS
PREÇO� MÉDIO
DIFERENÇA
Quant.
mar/09
abr/13
%
Kg
1,49
2,03
36,24%
Kg
1,72
3,12
81,39%
500 gr
4,99
6,52
30,66%
Carne - coxão mole
Kg
10,43
16,69
60,02%
Farinha de Trigo - especial
Kg
1,55
2,22
43,22%
Feijão Preto - Tipo 1
Kg
3,36
4,01
19,34%
Leite Integral
Lt
1,28
2,02
57,81%
Óleo de Soja Pão de Trigo
900 ml
2,51
3,25
29,48%
Kg
5,84
7,63
30,65%
Kg
2,34
5,50
42,73%
Batata Branca - lavada Café em pó
Tomate
Fonte: Procon Fortaleza
Os aumentos nos preços dos produtos básicos vêm gerando preocupação em consumidores de todo o País. Em Fortaleza, não seria diferente. Produtos sofreram aumentos significativos e alguns chegaram a 200% de variação, como foi o caso do tomate e do biscoito maizena. Ainda não se sabe quando os preços terão estabilidade novamente. A resposta imediata do consumidor ao aumento de preços é o corte dos produtos considerados supérfluos. “Percebo que hoje só compro o que é estritamente necessário. Diminuí bastante a quantidade de produtos em estoque. Compro o que vou utilizar na semana”, afirma a fisioterapeuta Renata Pinto, 42. Ela, que se diz uma mulher controlada financeiramente, vem tentando se adequar ao quadro econômico atual para manter as finanças longe de qualquer complicação. “Acaba que a gente deixa de sair mais e gastar com outras coisas que não são essenciais”. O posicionamento de Renata ilustra o sentimento de grande parte da população brasileira atualmente. O comprador viu seu poder de consumo cair gradativamente no decorrer do ano. A mudança no perfil da inflação, agravada por fatores externos, como o aumento do dólar impulsionado por medidas do Banco Central norteamericano e a fuga de capital especulativo estrangeiro, vem gerando desconforto e amedrontando as pessoas. E a situação se agrava quando levamos em conta as classes econômicas mais baixas. “Se você for olhar, mesmo, aumentou o preço de tudo no
31 de outubro de 2013 | Papiro 11
Empreendimentos no Eusébio]
A cidade dos condomínios fechados Aproximadamente 200 condomínios estão em construção no Eusébio, a maioria de médio e alto padrão, segundo registros da prefeitura REPORTAGEM | FOTO Ariadne Sousa
O Município de Eusébio, a 18 km de Fortaleza, tornou-se nos últimos anos referência no setor imobiliário, principalmente para construção de condomínios fechados. O clima tranquilo, com ares de interior e a proximidade com a capital, são os principais fatores para expansão imobiliária da cidade. Emancipado em 1990, Eusébio ainda estava em processo de estruturação quando começaram a surgir os primeiros investimentos no setor. A princípio se observava a construção de condomínios simples, visando clientela mais ampla. Com a grande procura, no entanto, os condomínios passaram a ser direcionados para um público mais seleto, com empreendimentos luxuosos. A grande quantidade de condomínios refletiu na população do município que cresceu 22,7% no período de 2007 a 2013, o que equivale a 11.266 mil novos moradores. Os imóveis concentram-se mais entre os de médio padrão, na faixa de R$ 200 mil a R$ 400 mil, e de alto padrão, que custam a partir de R$ 400 mil. Imóveis no padrão Minha Casa Minha Vida (MCMV), programa do Governo Federal que financia e subsidia a aquisição de casas no valor de até R$ 145 mil, não estão mais no foco do setor e por isso não há muita oferta. Ainda este ano, a cidade ganha o segundo Alphaville. O condomínio do Grupo M. Dias Branco vende um conceito onde se pode morar, trabalhar e se divertir. Com 18 milhões de metros quadrados ele será o maior do Estado do Ceará e o 2° do país, ficando atrás somente do de Brasília (DF), com 22 milhões de metros quadrados. O mercado está otimista quanto ao futuro imobiliário da região. “Acredito que o mercado continue crescente e os condomínios fechados continuem sendo os principais responsáveis pelas vendas”, disse o corretor de imóveis, Rodrigo Barroso, que trabalha na região com venda de casas de condomínio. A
Condomínios fechados de alto padrão, no Eusébio, custam a partir de 400 mil reais
alta na procura também fez com que os preços de terrenos aumentassem. Segundo Barroso, lotes que estavam à venda três anos atrás por R$ 55 mil, hoje estão sendo negociados a R$ 150 mil.
Impactos econômicos e sociais na cidade De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Eusébio teve o seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) elevado em 27,6% em 10 anos, o que o levou a se tornar a quarta melhor cidade colocada no ranking estadual. No índice que vai de 0 a 1, são avaliados a longevidade, a renda e a educação. Dentre os quesitos, a renda foi a principal responsável por alavancar os números, esta passou de 0,534 para 0,700. Um dos motivos apontados como responsável pela alta da renda foi o fato de os moradores de condomínio, em sua grande maioria, serem de classes A e B, tendo, portanto uma renda mais elevada.
No censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB per capita do município cresceu em apenas um ano 12%, obtendo assim o primeiro lugar no Estado do Ceará, ficando à frente de Horizonte, Maracanaú, São Gonçalo, Fortaleza e Sobral.
Os condomínios fechados de casas continuam sendo os principais responsáveis pelas vendas no Eusébio Rodrigo Barroso Apesar da alta na renda per capita do município, se observa o aumento da desigualdade. O Índice Gini, que mede o grau de concentração da distribuição de renda, cujo valor varia de zero, onde há perfeita
igualdade, até um, onde se encontra a desigualdade máxima. Os valores passaram de 0,43 em 2003 para 0,65 em 2010. Aparecem, então, dois lados opostos de um mesmo lugar: uma parte da população vivendo em empreendimentos luxuosos e a outra vivendo em uma situação contrária. Enquanto os moradores dos condomínios vivem a segurança de uma “pequena cidade”, protegida pelos muros altos, os outros moradores se sentem cada vez mais inseguros. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), Eusébio aparece como o quarto município mais violento do estado, com 0,86 homicídios por mil/hab. Os condomínios vendem e prezam por uma segurança “total”. Observam-se cada vez mais investimentos em segurança para os moradores dentro dos empreendimentos, porém esta não se estende para
fora dele. A estudante Eryka Nobre, de 20 anos, que mora no Bairro Guaribas, disse que há alguns anos andava tranquilamente nas ruas da cidade, mas agora toma todo o cuidado para não ser vítima de violência. “Há ruas que mal tem casas, somente condomínios. As ruas ficam cada vez mais desertas”. Foi realizada no dia 17 de setembro a primeira reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM). Estavam presentes o prefeito Júnior (José Arimatéa Lima Barros) e os representantes da Secretaria de Segurança do município. Na oportunidade foram discutidas formas de melhoria para a segurança. Entre as medidas está a criação do Plano Municipal de Segurança, que tornará mais efetivo o combate à violência. Outras medidas serão a colocação de iluminação nas vias públicas e a implantação de câmeras de monitoramento nas ruas da cidade.
12 Papiro | 31 de outubro de 2013 Obstáculos na pista]
Lombadas irregulares: um risco de dois sentidos Uma prática comum entre os moradores de bairros, a implantação de lombadas físicas sem nenhuma orientação dos órgãos responsáveis, um risco para pedestres e veículos REPORTAGEM Raoni Souza ser em alguns pontos de nossa cidade, tais como o calçadão da Beira-Mar, da Avenida Bezerra de Menezes e o centro da cidade. Segundo o Coletivo Mobilize, uma Organização
Somente a engenharia de trânsito pode implantar uma lombada em vias públicas não governamental tendo como foco o estudo de mobilidade urbana sustentável, percorremos cerca de 30% das viagens cotidianas nas calçadas a pé, principalmente pelo alto custo dos transportes coletivos. O Coletivo Mobilize apontou como média para uma
boa calçada, nota 8 . Em Fortaleza oscilou entre médias 9 na Bezerra de Menezes e 5,38 no Centro, atingindo média geral de 7,60. Não houve um ranking nacional, pois o estudo avalia regiões diversas das cidades estudadas. Depois de analisar diversas capitais brasileiras, o estudo apontou alguns itens que foram observados durante a pesquisa, atribuindo-se notas de zero a dez: irregularidades no piso, largura míni ma de 1,20 m, degraus que dificultam a circulação, outros obstáculos, como postes, telefones públicos, lixeiras, bancas de ambulantes e de jornais, entulho, existência de rampas de acessibilidade, iluminação adequada da calçada, sinalização para pedestres e paisagismo para proteção e conforto.
O Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN aconselha a implantação das lombadas em alguns casos; onde há grande circulação de pedestres, a sinalização viária existente se mostrou ineficaz para redução da velocidade; estudos de engenharia demonstrando índice significativo ou risco potencial de acidentes, cujo fator determinante é o excesso de velocidade praticado no local, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Somente a engenharia de trânsito pode implantar uma lombada em vias públicas. Na Alameda Oxalá, próximo ao terminal da Parangaba, uma rua secundária com pouco movimento de veículos existem quatro lombadas, sendo só uma dentro dos padrões fixado pelo CONTRAN, de 1,50
de comprimento e a altura entre 0,06 e 0,08 metros. As outras foram construídas pelos próprios moradores da rua. O órgão responsável pela fiscalização e aplicação de multas é o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) identificado o infrator, poderá ser punido criminalmente por danos materiais e por homicídio.
S E RV I ÇO Ouvidoria Prefeitura de Fortaleza Fala Fortaleza 0800.285.0880 portal mobilize http://www.mobilize.org.br/
Fonte: Google Maps - 2013
Quem nunca em suas andanças se deparou com uma obstrução irregular em vias públicas? Seja com calçadas irregulares, ferros barrando a passagem de pedestres ou ruas com várias lombadas desnecessária? Saiba que é mais comum encontrar essas obstruções irregulares do que você pensa. Todas elas estão sob as rédeas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) uma entidade privada e sem fins lucrativos com a finalidade de elaboração das Normas Brasileiras (NBR), por meio de seus Comitês Brasileiros (CB) ou de Organismos de Normalização Setorial (ONS) por esta credenciada. Como por exemplo, a largura mínima de uma calçada que é de um metro e vinte, o que não observamos na prática. A não
Em amarelo, os locais das quatro lombadas na Alameda Oxalá, Parangaba. Uma rua com pouco mais de 260 metros
31 de outubro de 2013 | Papiro 13
Mobilidade Urbana]
Obras na Av. Washington Soares prejudicam passageiros de ônibus O alargamento da avenida inutiliza uma parada de ônibus e altera outra, o que dificulta a locomoção dos usuários REPORTAGEM André Moreira FOTOS Pedro Lopes
Até outubro deste ano, duas paradas de ônibus foram afetadas pelas obras de alargamento da Av. Washington Soares, próximas ao Shopping Iguatemi. Uma delas, em frente ao shopping, foi desativada, enquanto a outra, ao lado da passarela do Centro de Eventos do Ceará (CEC) teve o número de linhas de ônibus alterado. Segundo nota à imprensa da Empresa de Transporte Urbana de Fortaleza (Etufor), 19 linhas de ônibus passavam pelo local e tiveram que ser modificadas com o início das intervenções. A única linha que ainda passa pelo trecho é a Lagoa/Unifor, que vem da Av. Sebastião de Abreu, onde não ocorreram obras. Quem mais sofreu com essa situação são os moradores e usuários das paradas afetadas. As estudantes Kylvia Nara e Ana Carolina Ferreira disseram que já foram prejudicadas, pois tiveram que se locomover até a parada em frente à Unifor para ter acesso ao transporte público. "Saímos às 20h da faculdade e a região é perigosa nesse horário para termos que ir até a parada mais próxima", ressalta Kylvia. Ao ser contatado pelo jornal Papiro, a assessoria de comunicação do Departamento de Estradas e Rodovias (DER) informou que as alternativas de acesso ao transporte público, devido às modificações nas paradas, é responsabilidade
da Etufor e aconselhou que o contato fosse feito direto com a prefeitura. Até o fechamento desta matéria, qualquer resposta ou informação foi repassada.
Insegurança também aflige os usuários das paradas Além de dificultar o acesso ao transporte público dos moradores do bairro Edson Queiroz, as obras na Av. Washington Soares trouxeram insegurança ainda maior para quem transitava no local. A estudante Ana Carolina Ferreira ressaltou que se sente insegura ao caminhar até a parada mais próxima, localizada em frente à Unifor, mas também tinha medo de esperar seu ônibus na parada ao lado da passarela do Centro de Eventos do Ceará (CEC), já que na época recebia um contingente menor de usuários. O 26º Distrito Policial, responsável pela segurança do bairro Edson Queiroz, onde a parada de ônibus se encontrava informou que duas viaturas da polícia civil faziam a cobertura apenas em horário comercial do local. O Ronda é responsável pela vigilância 24h da região. Um dado preocupante informado pelo distrito é o número de Boletins de Ocorrência (BO) registrados na região do Shopping Salinas, onde está a parada: são entre 25 e 30
Na passarela de acesso ao CEC, pedestres continuam se arriscando em estrutura provisória
ocorrências por dia formalizadas na delegacia.
Saímos às 20h da faculdade e a região é perigosa nesse horário para termos que ir até a parada mais próxima Kylvia Nara Passarela do CEC também dificulta a vida dos pedestres Assim como a ausência da parada de ônibus em frente ao Shopping Iguatemi e a parada em frente ao Shopping Salinas, que sofrem com as obras, a passarela do Centro de Eventos do
Ceará (CEC) é outro elemento da Av. Washington Soares que vem dificultando a mobilidade do pedestre naquela região. Para Luana Moreira, técnica de enfermagem, a passarela é instável, pois balança por conta da ventania e isso gera uma insegurança no pedestre. Diego Silva, estudante, também se sente inseguro com a estrutura, principalmente em horários de grande circulação. "Quando tem muitas pessoas passando, a estrutura começa a tremer e estralar" afirma Diego. Em contrapartida, Eugênia Cordeiro, aposentada, se sente segura ao atravessar a passarela. Para ela, a melhor opção é em frente a Unifor, mas a passarela provisória atual já supri bem as necessidades. O marceneiro Marcones Pereira, também se sente seguro com a
passarela, mas prefere atravessar a avenida por baixo em horários de menor movimento, por comodidade. Com uma previsão inicial de licitação para o final de 2012, a obra foi adiada para julho e agora tem um último prazo para outubro deste ano, segundo informações do Departamento de Estradas e Rodovias (DER), quando serão decididas as empresas responsáveis pela construção da passarela definitiva. Existe uma estrutura provisória montada no local desde março deste ano, muito criticada pela população. já que não mostra ser algo segura para o pedestre. Sem ela, a única alternativa para se atravessar a avenida é disputar espaço com veículos na pista ou caminhar até a passarela da Unifor. Nas duas alternativas, é preferível ao usuário enfrentar a insegurança oferecida pela passarela provisória.
S E RV I ÇO Etufor: (85) 3452-9228 DER: (85) 3101-5704 26º Distrito Policial - Edson Queiroz: (85) 3101-3531
14 Papiro | 31 de outubro de 2013 Mobilidade Urbana]
Casas avançam sobre rua e causam transtornos no Vicente Pinzón Habitações irregulares crescem, se multiplicam e comprometem a mobilidade de veículos e de pedestres no bairro REPORTAGEM | FOTOS Pedro Lopes
Quem passa pela Av. Dolôr Barreira, no bairro Vicente Pinzón, percebe as casas da comunidade "Morro das Placas" avançando sobre a pista,em consequência do crescimento acelerado da favela.A avenida, que originalmente possuía duas mãos, tem o seu tamanho limitado no trecho invadido, acarretando problemas de locomoção para motoristas e pedestres. Um dos fatores que facilitam esse crescimento descontrolado é a pouca circulação de veículos no local, especificamente. Já para os pedestres, o problema é a falta de calçada, também tomada pelas construções irregulares. O comerciante Raimundo Clerton, 45, morador antigo da área, afirmou que havia um projeto de requalificação urbana para a comunidade,ainda na gestão de Juraci Magalhães. Pelo projeto, a avenida iria ter todo o seu trecho revitalizado. "A comunidade cresceu muito rápido e a
prefeitura não fez nada para organizar", ressaltou. Para o flanelinha David Portela, 17, o crescimento das casas é natural, pois as pessoas não tem para onde ir. Ele afirmou que não tem conhecimento de nenhum projeto relacionado à retirada das casas que invadem a pista, mas falou sobre algumas residências que foram retiradas na região. "A prefeitura derrubou alguns barracos próximos ao local e fez um contrato de aluguel de dois anos com os moradores", lembrou. Já Maria Fátima, 51, moradora do "Morro das Placas", se sente bem onde mora, mas lembrou que a prefeitura não tem demonstrado interesse em nenhum projeto para a comunidade. Ressaltou ainda que já retiraram parte das casas há muito anos, mas pouco tempo depois outras pessoas já haviam construído outras residências no local. Questionada sobre o assunto, a prefeitura aconselhou
Passagem de veículos é prejudicada pelo avanço das casas
entrar em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Infraestrutura (SEINF), para obter informações sobre o caso. Entretanto, nenhuma resposta mais concreta foi dada até o fechamento desta matéria. Foi informado apenas que não há nenhuma previsão para algum tipo de projeto relacionado a este problema até o momento.
Insegurança na área amedronta motoristas que passam pela avenida
Pedestres se arriscam andando no meio da pista, devido à má qualidade das calçadas
De acordo com informações da 9ª Delegacia do bairro Vicente Pinzón, o local é considerado um dos que mais possuem ocorrências de assalto na capital cearense. Isso também reflete na situação vivida na Av. Dolor Barreira, onde roubos
acontecem frequentemente. "Os bandidos fogem com mais facilidade pelos becos da favela, já que ficam perto da rua", afirma Maria Fátima. A entrevistada também ressaltou que existem indivíduos que quando estão presos, o local fica mais seguro, com menor número de ocorrências. Roberto Amaro, 20, disse que evita passar por certas ruas do bairro principalmente à noite, e que no local onde as casas estão invadindo a Av. Dolor Barreira é mais perigoso ainda, pois já ouviu falar de vários assaltos na localidade. Já David Portela já não se sente tão inseguro, já que é morador da região e, segundo ele, existe um respeito por quem mora na favela. A Secretaria de Segurança Pública informou que o
bairro Vicente Pinzón está entre os dez mais perigosos de Fortaleza em número de homicídios, segundo último estudo realizado ainda este ano. De acordo com informações dadas pelo Ronda, apenas uma viatura cobre a região 24h por dia.
S E RV I ÇO Secretária de Infraestrutura: (85) 3105-1080 Secretária de Segurança Pública: (85) 3101-6517 9ª Delegacia - Vicente Pinzón: (85) 3101-1144
31 de outubro de 2013 | Papiro 15
Regulamentação]
Agentes comunitários de saúde querem definição do piso salarial A categoria faz uma série de mobilizações pelo Brasil afim de reconhecimento e melhores condições de trabalho REPORTAGEM | FOTOS Gabriel Rodrigues
Os agentes comunitários de saúde pedem rapidez na votação da Emenda Constitucional nº 63, promulgada há três anos, que garante a regulamentação do Piso Salarial Nacional e do Plano de Cargos e Carreiras da categoria. A votação marcada para o último dia 3 de setembro não ocorreu em virtude da presidente da República, Dilma Rousseff, oficializar o pedido de urgência para votação do Código de Mineração, trancando a pauta na Câmara Federal. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), se comprometeu em comunicar a nova data em breve. Os agentes comunitários de saúde em Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Ceará, em julho deste ano
Vamos nos manter vigilantes e, após a votação na Câmara, ainda teremos um caminho a percorrer que é votar no Senado lda Correia Segundo a vice-presidente da Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde – CONACS e agente de saúde no município de Maracanaú, Ilda Correia, a pausa na votação trouxe uma expectativa muito grande para a categoria. A Confederação Nacional, porém está mobilizada e organizou agendamento para que os agentes possam acompanhar a abertura da pauta. “Vamos nos manter vigilantes e, após a votação na Câmara, ainda teremos um caminho a percorrer que é votar no Senado”, disse.
Conacs no alvo Após a confirmação da inclusão da pauta para votação, a Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde – Conacs recebe manifestações de todo o País, onde algumas questionam o valor de R$ 950,00 como Piso Salarial. A CONACS noticiou no ano passado que a proposta do Governo Federal para Piso Salarial Nacional da categoria seria apenas de R$ 722,00 e que não haveria negociações para
uma ampliação do repasse para dois salários mínimos. Diante da negativa do Governo em encaminhar o Projeto de Lei para o Congresso Nacional prevendo o aumento de investimento do repasse de recursos para os agentes, a categoria ao perceber o impasse, mudou de estratégia, priorizando uma lei que fixe um Piso Salarial e as regras de seu reajuste, além, da garantia do Plano de Cargos e Carreiras. Ao transformar o valor do incentivo financeiro no Piso Salarial, foi viabilizada a aprovação do Projeto de Lei 7495/06 e não havendo aumento de despesas por parte do Ministério da Saúde, o próprio Congresso Nacional poderá regulamentar a Emenda Constitucional nº 63.
Presidente quer agilidade O presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias, deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB/CE), outros parlamentares membros da Frente e representantes da Confederação Nacional dos ACS – CONACS defenderam a urgência da votação. Segundo Raimundo Gomes deMatos, mesmo com o trancamento da pauta, os agentes deverão continuar na Câmara, tendo em vista que está
assegurada pelo presidente, deputado Henrique Eduardo Alves, a votação do PL 7495/06 como primeiro item da pauta após a desobstrução. O parlamentar garante que objetivo pelo quallutam os agentes tem mais de quatro anos, não traz impacto financeiro, em virtude de já possuir normatização feita pelo próprio Ministério da Saúde. Ele espera que a Câmara Federal possa votar efetivamentea matéria o mais breve possível.
950 reais é o valor requerido para o Piso Salarial dos Agentes Comunitários de Saúde. “O texto constitucional, hoje, afirma que essa categoria dos Agentes Comunitários de Saúde tem direito, por meio de lei, à regulamentação da profissão”, disse. O deputado ainda lembra-se da aprovação do piso salarial dos professores e ressalta que é se espelhando nesse molde constitucional, que almeja, para 2014, que a categoria dos Agentes Comunitários de Saúde já tenha a definição de suas solicitações.
ações individuais ou coletivas, atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde sob supervisão do gestor local do SUS – Sistema Único de Saúde. Após a votação do piso, outras pautas serão levantadas pela categoria como implantação e conclusão do curso técnico da atividade insalubre e do adicional de periculosidade em Lei pelo Ministério do Trabalho. Pioneiro no Ceará, o Programa dos Agentes Comunitários de Saúde nasceu no ano de 1987 numa iniciativa do médico Carlile Lavor e com apoio do governador da época, Tasso Jereissati. A expansão pelo Brasil deu-se no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O Piso Salarial deverá ser considerado para profissionais
de início de carreira. O Projeto de Lei 7495/06 garante que todos os ACS e ACE têm o direito a um Plano de Carreira, estabelecendo o prazo máximo de um ano para os gestores regulamentarem esse direito em Lei local. Caso o agente comunitário de saúde já tenha garantido em Lei Municipal salário superior ao do Piso Salarial de R$ 950,00, não ficará prejudicado, visto que a Constituição Federal garante a irredutibilidade salarial. Segundo a presidente da CONACS, Ruth Brilhante, o profissional que já recebe R$ 950,00, deve ficar atento para saber se esse valor corresponde ao salário, ou apenas gratificações, insalubridade, produtividade e vale refeição.
Saiba mais O agente comunitário de saúde realiza, por meios de
Ilda Correia, vice-presidente da CONACS, garante mobilizações e vigilância durante a prorrogação da votação do Piso Salarial
16 Papiro | 31 de outubro de 2013
TENDÊNCIA:
INFORMAÇÃO EM MOVIMENTO
31 de outubro de 2013 | Papiro 17
Valorização do Bairro]
Inauguração de shopping promete mudar perfil da Parangaba North Shopping Jóquei traz novidades e valorização, atendendo a mais de 1,2 milhão de pessoas na região e bairros vizinhos REPORTAGEM | FOTOS Rafaelly Leal
Francisco Antônio, morador do bairro, em frente à obra de construção do North Shopping, inaugurado na quarta-feira, 30
Um novo centro de compras foi inaugurado no dia 30 de outubro, na capital. Mais precisamente, no terreno do antigo Jóquei Clube. O North Shopping Jóquei, que antes seria chamado North Shopping Parangaba, teve o nome alterado, a pedido das pessoas que moram nos arredores, feito por meio das redes sociais. Segundo Monalysa Alencar, assessora de comunicação do shopping, o empreendimento trará benefícios para a região. Mesmo antes de abrir as portas, já empregava moradores do bairro. E após sua inauguração, o número de empregos aumentará ainda mais. Além disso, um shopping era o que estava faltando para o desenvolvimento da região. Além de valorizar o bairro, que já possui o Hospital da Mulher, localizado no mesmo terreno, ter um shopping perto de casa é algo que pode facilitar muito a vida dos moradores do bairro.Até então, eles teriam que se deslocar para locais distantes, e agora terão facilidade nas compras, lazer e entretenimento. Para Francisco Antônio, 41, motorista, o novo centro comercial só trará coisas boas
para o bairro, para sua vida e de sua família. Quando ele ou sua esposa precisam fazer compras, ou levar o filho de 5 anos para se divertir, precisam se deslocar para os outros shoppings da cidade. "Muitas vezes deixamos de sair por causa do deslocamento, de vagas nos estacionamentos dos shoppings, que estão sempre lotados. Agora, moraremos perto de um, e iremos a pé", completa Francisco. O novo shopping tem uma estrutura bem moderna, com cerca de 180 lojas, gerando quatro mil empregos diretos e indiretos. Faz parte de um complexo chamado Jóquei Ville, que reúne também o Hospital da Mulher e condomínios residenciais com cerca de 1.300 apartamentos. Havendo ainda, planos de construção de torres comerciais em breve. A perspectiva é atrair a população de 55 bairros no seu entorno de influência. Terezinha Souza, 62 anos, que mora em frente ao antigo terreno do Jóquei Clube, diz que seus filhos estão ansiosos para ter um shopping na porta de casa. "A minha rua sempre foi muito calma, tranquila, e agora tudo vai mudar. Não
acho que isso seja uma coisa ruim, só não sou muito de compras. Meus filhos estão adorando", afirma. Com a inauguração nesta quarta-feira, período próximo às festas de fim de ano, estão sendo esperadas a passagem de aproximadamente 500 mil pessoas apenas no primeiro mês de funcionamento. "Os moradores do bairro não precisam mais fazer um grande deslocamento, tendo uma ótima opção de compras, lazer e entretenimento ao lado de casa," destaca a assessora Monalysa.
A visão dos comerciantes do antigo Jóquei Com a implantação do novo North Shopping, os comerciantes dos bairros Parangaba e Jóquei Clube, principalmente os mais próximos do novo empreendimento, estão preocupados com o futuro de seus pequenos negócios. Para alguns, a grande movimentação que o novo centro comercial irá trazer ao bairro, só ajudará nos negócios. Assim é o caso de Suziane Duarte, 25 anos, que possui uma loja de açaí, em frente ao shopping. Ela acredita que
com a maior circulação de pessoas pela região, o número de clientes do seu pequeno estabelecimento, que só existe há cinco meses, também aumente. "Só consigo enxergar as melhorias, tanto nos negócios, como para nós, moradores. Vai ser muito bom morar tão perto de um shopping", prevê. Mas, nem todos os comerciantes só conseguiram ver o lado bom. Alguns reclamam da duração das obras, que começaram em janeiro de 2012 e só foram concluídas na terçafeira. De acordo com Cláudio Augusto, 39 anos, funcionário de uma loja de artigos para decoração bem próxima das obras, a poeira e barulho atrapalham o funcionamento do estabelecimento. "Nos últimos meses estava difícil trabalhar. O barulho e a poeira tomaram conta de tudo", diz Cláudio. Há também a preocupação dos comerciantes com a segurança do bairro, que antes era calmo, e a partir de agora irá receber uma grande quantidade de pessoas todos os dias. Cláudio espera que os métodos para garantir a seguran-
ça da população dobrem com a chegada do Shopping.
Lojas confirmadas O shopping tem cerca de 180 lojas, como as âncoras Riachuelo, Renner, Lojas Americanas e Leader. As megalojas: Rihappy, Rabelo, C&A, Magazine Luiza, além da grande variedade de lojas de roupas e calçados, como Handara, D'Metal e Marisa. Opções na praça de alimentação, que variam entre os fastfoods McDonalds, Bob's, Subway, e churrascarias como a Sal e Brasa Grill. Contará ainda com o espaço Game Station e seis salas de cinemas Cinépolis, com tecnologia 3D.
S E RV I ÇO North Shopping Jóquei - Av. Lineu Machado, 419. Inauguração: 30 de outubro, às 10 horas. Tel: (85) 3268-1106
18 Papiro | 31 de outubro de 2013 Seca]
Falta de chuva agrava situação de açude em Boa Viagem A população de 97% dos municípios cearenses está sofrendo com falta de d’água e se sente prejudicada pela burocracia dos programas do governo REPORTAGEM | FOTOS Janaína Flor
Dos 184 municípios do Estado do Ceará, apenas oito Barbalha, Juazeiro do Norte, Guaramiranga, Fortaleza, Eusébio, Horizonte, Pacatuba e Itatinga – se mantêm fora do estado de alerta pela falta de água. Em Boa Viagem, no Sertão Central, a 217 km de Fortaleza, o açude Vieirão, com capacidade para 20.960.00m³, tem hoje menos de ¼ do total, apenas 23%. O nível é preocupante para a população, já que os meses que se seguem, até o final do ano, são os que menos chovem. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) o prognóstico de chuva para a quadra invernosa é estimado para fevereiro a maio. Os municípios em situação mais crítica são Madalena, Choró, Mombaça, Morada Nova, Santa Quitéria, Boa Viagem, Crateús, Iguatu, Irauçuba e Canindé. Este último, assim como alguns outros, vem recebendo o auxilio de carros-pipa, que são mais de 850 em todo o estado. A questão é que, em algumas ocasiões, há denúncias de que
água chega ao destino contaminada por bactérias e, consequentemente, imprópria para o consumo humano. A população se vira como pode e, claro, convive com uma dura política de racionamento.
Se não houver chuvas regulares a economia local ficará comprometida, além das atividades que dependem da água potável Wagnner Fernandes
Dos 144 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH), apenas um, o açude Gavião, em Pacatuba, apresenta mais que 90% do seu nível de água. Os demais, 84 ao todo, têm seus níveis abaixo de 30%. Em Boa Viagem, por exemplo, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE),
autarquia municipal responsável pela distribuição encanada de água, decidiu, desde o dia 19 de fevereiro deste ano, alternar os dias em que a população recebe água nas caixas d’água, como forma de racionamento. A medida é indicada já que o Vieirão é o principal açude que abastece a cidade. Para o professor Wagnner Fernandes, 33, do Instituto de Educação Paulo Davidson a circunstância é de temor. “Se não houver chuvas regulares no primeiro semestre comprometerá muito a economia local, bem como as atividades dependentes da água potável para serem realizadas.” A população, contudo, parece ainda não ter entendido pelo que passa o município, já que é comum ver pessoas lavando seus automóveis com mangueiras, calçadas e até mesmo a execução de obras e construções, que nesses casos, só poderiam acontecer com água comprada que fosse de outro reservatório. Essa é a principal queixa do Cícero do Vale, 32, professor da Escola Estadual de Educação Profissional David Vieira da Silva. “Está na hora do poder
público local, responsável pelo saneamento, fazer um trabalho de conscientização para evitar desperdício e reduzir as construções, uma vez que estamos num período de estiagem de longo prazo”.
Está na hora do poder público local, responsável pelo saneamento, fazer um trabalho de conscientização para evitar desperdício David Vieira Por causa da seca, já há até confusões entre municípios vizinhos. Foi o caso de Crateús e Novo Oriente. O açude de Crateús alcançou seu nível mais baixo, e a solução, para as autoridades, seria abrir as compotas do açude vizinho. A população de Novo Oriente, contudo, é contra a medida e se posiciona duramente dessa forma. Há também um programa do governo para a construção de
Reservatório do Vieirão 28 de Setembro de 2012
45% 5 de Janeiro de 2013
35% 14 de Fevereiro de 2013
30% 22 de Setembro de 2013
As oito réguas que medem o nível da água no açude já aparecem emersas
23%
poços profundos que coletariam água do subsolo, mas a burocracia é tamanha, e essas obras são tão demoradas que os populares nem contam com essa ajuda. O anúncio da perfuração de tais poços foi feito pela presidenta Dilma Rousseff, em abril, quando foi a Fortaleza. Na oportunidade, ela prometeu ao Exército mais de 75 milhões para a compra de equipamentos que deveriam furar aproximadamente 30 poços a cada mês, e os investimentos de R$ 93,3 milhões na recuperação de 1.400 outros poços. Além dos problemas pessoais e de higiene básica, a população também se preocupa com a falta d’água por outro motivo: 70% do mercado consumidor interno do Ceará é abastecido pela agricultura familiar, e se não chove não há como plantar, e muito menos como colher. A sustentação financeira de muitas famílias cearenses, principalmente no interior do estado, e do PIB (Produto Interno Bruto) estadual, está diretamente ligada á água. O prejuízo é geral e quase total. Para os produtores rurais, houve perca de quase toda a safra e de pelo menos 70% do rebanho bovino. A burocracia, no que diz respeito às medidas para o auxílio da população, não se restringe apenas aos poços. O estado tinha necessidade de mais de 360 toneladas de milho, mas apenas 10% disso chegaram aos pecuaristas, e nem metade foi distribuída. O povo cearense acredita nas chuvas de janeiro para a melhoria do quadro. Ela é a única que pode definir a situação para 2014. Caso não chova já será o terceiro ano seguido de estiagem, repetindo um passado assombroso e não tão distante. Cada dia sem chuva é a confirmação aflita do povo, de como vai piorar proporcionalmente a situação conforme os meses se passam e a chuva não cai. Fome, perda, prejuízo e sede são palavras inquietantes, mas que acompanham e trazem temor para quem se vê diante dessa situação. Enquanto o governo promete na terra molhada, a população espera no chão rachado, e para quem tem sede o maior desejo é ver as águas rolando.