Papiro 201411

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Jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro 10 de março de 2013

NPJor

Entre na dança com K-Pop, na edição especial do SANA, no SEBRAE

página 12

Divulgação

Gangnam Style

Obras em atraso]

Surfe pede apoio

Expectativa com o novo Mercado dos Peixes

Campeões do esporte no estado reclamam da falta de patrocinadores para custear necessidades como equipamentos, viagens e inscrições em campeonatos. página 9

Leis dos protestos Projetos de Lei relacionados a protestos tramitam no Congresso Nacional. O mais polêmico tipifica “terrorismo” e pode coibir a liberdade de manifestação. página 14

Um dos trechos da requalificação da Avenida Beira-Mar, o

Mercado dos Peixes, ainda está em reforma. Enquanto isso, comerciantes trabalham em local provisório em meio ao mau cheiro de esgoto e o pouco espaço para os atendimentos e o armazenamento dos produtos. Os boxes temporários geram críticas por parte de consumidores e vendedores, mas também são vistos como boa alternativa por outros. A expec-

Shoppings no CE

tativa é de que as vendas de pescados para a Semana Santa

Inaugurações de shoppings geram empregos no interior do estado e na região metropolitana de Fortaleza. página 13

sejam feitas no mercado provisório. A Secretaria de Turismo de Fortaleza (SETFOR), no entanto, garante a entrega do novo local a tempo das compras do feriado. páginas 6 e 7

Teatro cearense]

As Travestidas viajam o país combatendo preconceitos

Meia passagem]

Grupo de teatro cearense ganha destaque e lança nomes nacionais. As Travestidas viajam o país com espetáculos que combatem preconceito e discriminação. São narrativas sobre o universo de travestis, musicais com personagens transformistas, prostituição e imposição social. A turnê é composta por três montagens e faz parte do projeto Palco Giratório

com apoio do Serviço Social do Comércio (SESC). As Travestidas, idealizado pelo ator e diretor Silvero Pereira, tem se destacado também por ser escola de jovens atores como Jesuíta Barbosa, o Fortunato da minissérie Amores Roubados, exibido no começo do ano pela Rede Globo. O talento de Jesuíta pode ser conferido ainda nos filmes Serra

Pelada, Tatuagem e, o mais recente, Praia do Futuro, do cearense Karim Aïnouz. Assim como Jesuíta, Silvero Barbosa também admira o cinema e a televisão, formatos importantes para a popularização do ator. Quem quiser conferir as pratas da casa ainda no Ceará, elas passam por Juazeiro e Brejo Santo em março, retornando a Fortaleza em abril.

página 11

Com que carteira eu vou? O pedido das novas carteiras de estudante reabriu o debate entre alunos das redes pública e privada. Em 2013, os documentos não foram validados, ainda que os estudantes tenham feito a solicitação e pago R$15. Os estudantes continuaram a pagar meia passagem usando a carteira de 2012. Até o fi nal de abril, os estudantes deverão solicitar

a carteira de 2014. “A gente não pode fazer nada, o jeito é se adaptar”, reclama a estudante Carla Sousa, 17. A União Estudantil Fortaleza (UNEFORT), uma das instituições que confecciona as carteiras, alega que devido a nova gestão municipal, resolveu-se criar um novo documento, que inclui o “Bilhete Único”.

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2 Papiro | 10 de março de 2013 Editorial]

Coluna ilustrada]

Cotidianos que viram pauta A jornalista Eliane Brum, acertadamente, titula uma coletânea de reportagens publicadas na revista Época de “O olho da rua”. O nome é sugestivo, porque entre outros motivos, lembra o quanto o repórter se transmuta neste olhar, que conhece pessoas e visita lugares e situações onde poucos conseguem se fazer presente. Seja na reportagem ou na notícia diária, o repórter é quem está na cena e é, a partir do seu olhar, que os fatos são narrados. Neste começo de semestre, alunos e alunas da disciplina Projeto Integrado de Jornalismo Impresso emprestaram seus olhares para capturar notícias da cidade. O exercício foi o mais simples, mas também um dos mais provocativos para a atividade jornalística: procurar uma pauta factual de seus cotidianos e transformá-la em notícia. A turma foi encorajada a procurar notícias nos percursos diários, da casa à faculdade, dentro do transporte coletivo, no bairro onde mora, como se cada um tivesse de aprender a enxergar o que está óbvio mas que muita gente não vê. O resultado pode ser conferido nesta edição que traz, em diferentes editorias, a pulsação de uma cidade às vésperas de receber a Copa do Mundo da FIFA, e que não consegue esconder seus problemas. São dificuldades no transporte público, na conservação e na limpeza de seus patrimônios. Mais que isso, este jovens repórteres sentiram o cheiro dos boxes provisórios do Mercado dos Peixes, alvo de críticas da população, ouviram reclamações de estudantes que devem pedir novas carteiras estudantis até o final de abril. No bojo de direito e deveres, tanto o Poder Público quanto o cidadão têm sua parcela. É assim que muitos mototaxistas e motofretistas ainda descumprem a legislação que prevê cuidados na hora de dirigir. Ainda sobre legislação, acompanhamos a tramitação de três projetos de lei referentes às manifestações. A edição também mostra iniciativas criativas como o K-Pop coreano, que atrai dezenas de jovens ao Super Amostra Nacional de Anime (SANA) no Sebrae em abril, expressões de luta, como mulheres que foram à ruas no 8 de março, e boas perspectivas de futuro, com abertura de cinco shoppings no Estado do Ceará e a consequente geração de emprego e renda. No esporte, campeões de surfe sofrem devido a falta de patrocínio, mas resistem mesmo em diante das dificuldades. Há também a polêmica em torno do uso da Arena Castelão, local de espetáculos bem além do tradicional futebol. Esperamos que esta edição encoraje os estudantes de jornalismo a desbravarem a nossa cidade. Se falamos de problemas é na esperança de vê-los resolvidos. Se trazemos boas notícias é porque elas precisam ser contadas. Boa leitura!

EXPEDIENTE Diretor-Geral Ednilton Soárez Diretor Acadêmico Ednilo Soárez Vice-Diretor Adelmir Jucá Coordenador do Curso de Jornalismo Dilson Alexandre Editora-chefe Edma Góis Projeto Gráfico e Direção de Arte Tarcísio Bezerra Colaboraram, nesta edição, os alunos do Projeto Integrado de Jornalismo Impresso 2014.1 Texto André Almeida, André Nina, Antonio Marcos, Ariadne Sousa, Bárbara Camurça, Camila Gadelha, Camila Menezes, Frank Roger, Gabriel Rodrigues, Gabriela Neres, Iane Ervedosa, Janaína Flor, Lorena Sales, Natasha Carvalho, Pedro Gustavo Mendes, Pedro Lopes. Design Guilherme Paiva Charge: Deleon Denizart


10 de março de 2013 | Papiro 3

Carteira de estudante]

Revalidação da carteira de 2012 gera dúvida entre estudantes Alunos reclamam por ter pago a carteira em 2013 enquanto a validação da carteira de 2012 garantia a meia passagem REPORTAGEM | FOTO Camila Menezes

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uito se questiona entre alunos da rede privada que a carteirinha estudantil de 2012 ainda continua valendo e que muitos deles pagaram para confeccionar a de 2013, mas não chegaram a usar por estarem bloqueadas. Até o final de abril, todas as carteiras estudantis serão bloqueadas e substituídas pela nova de 2014, que incluirá o programa implantado pelo prefeito Roberto Cláudio, o Bilhete Único, em um só cartão. Segundo a União Estudantil Fortaleza (UNEFORT), com a troca de gestões municipais, a prefeitura não confeccionou novas carteiras em 2013 para os alunos da rede pública, com isso, revalidou todas as carteiras de 2012 incluindo as da rede particular. Como foi solicitada à rede particular de ensino as novas carteiras de

2013, não houve o controle em bloquear as carteiras de 2012, e por isso muitas delas ainda estão validadas. A estudante Carla Sousa, de 17 anos, fala que ficou confusa na hora de usar as carteiras estudantis e terminou optando pela carteira de 2012. “A gente não pode fazer nada, o jeito é se adaptar. Vim aqui na Etufor justamente para confeccionar a minha carteirinha”, disse. Emerson Castro, 18, também estudante, fala que gostou da novidade da nova carteira com a inclusão do Bilhete Único. “Bem melhor agora, porque não vou precisar andar com os dois cartões na carteira, com um só já resolve tudo,” comentou. A novidade desta nova carteira estudantil 2014 é que além de incluir o bilhete único, os alunos terão que realizar o

cadastramento biométrico facial, também feito para o cadastro do Bilhete Único. Assim, o Bilhete Único e a carteira de estudante passarão a ser um só. Com isso facilitará

para a atualização do cadastro de todos os alunos junto à Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) e também às instituições de ensino.

S E RV I ÇO Onde solicitar as carteiras de 2014: Sede da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) Av. dos Expedicionários, 5677 Vila União 3452-9310 3452-9324 3452-9222 Horário de atendimento de 8h à 16:30h União Estudantil Fortaleza – UNEFORT

Com que carteira eu vou?: estudantes procuram ETUFOR para esclarecer dúvidas

Transporte]

Bilhete Único registra mais de dez milhões de integrações Mudanças no processo de integração facilitam a vida dos passageiros e ajudam a inibir fraudes REPORTAGEM | FOTO Camila Gadelha

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erca de 370 mil pessoas foram cadastradas no projeto do Bilhete Único de abril de 2013 até fevereiro de 2014. Prestes a completar um ano, o programa registra mais de dez milhões de integrações. Segundo a ETUFOR, os passageiros tinham apenas sete opções de endereço para realizar as integrações até o começo do ano passado. Com o Bilhete Único, todas as 4.914 paradas de ônibus da cidade podem ser úteis para a integração, facilitando a vida dos usuários, pois não precisam mais se dirigir a um dos terminais da cidade, diminuindo assim a grande quantidade de pessoas nos terminais de ônibus. Além disso, a biometria facial, implantada dentro dos ônibus, tem a função de inibir

fraudes, garantindo que não haja evasão de receita. Outro ponto positivo é a menor circulação de dinheiro dentro dos ônibus, já que os passageiros devem colocar créditos nos cartões, o que evita o ataque de assaltantes aos transportes. Os estudantes que se cadastrarem no projeto têm a opção da transferência de crédito da carteira de estudante para o cartão do Bilhete Único. (ver matéria “Carteira de 2012 revalidada gera dúvida entre estudantes”). O estudante Gustavo Freitas, 19 anos, ressaltou que o sistema lhe trouxe muitas mudanças positivas. “A diminuição do tempo gasto nas viagens e a economia feita com o sistema do Bilhete Único têm sido realmente muito eficazes”, afirma. Com

a necessidade de pegar quatro ônibus por dia, o estudante aprova o sistema, pois pode trocar de ônibus sem precisar ir ao terminal de Messejana, por onde passam cerca de 135 mil pessoas por dia. Freitas acha que deveriam ser instalados mais pontos de recargas na cidade, pois as filas nos terminais, para este serviço, são imensas. O cadastro do Bilhete Único é grátis e qualquer pessoa pode ter acesso, basta se dirigir a um dos postos de cadastros situados na cidade, e apresentar os documentos de RG, CPF e um comprovante de endereço com CEP. Os cadastros podem ser feitos na ETUFOR, Sindiônibus, nas praças do Coração de Jesus e José de Alencar e nos terminais de integração.

Passageiros se mostrm satisfeitos com mudanças que facilitam a integração do Bilhete Único


4 Papiro | 10 de março de 2013 Acessibilidade]

Usuários reclamam de serviço de ônibus para cadeirantes Apesar de Fortaleza possuir quase 60% da frota adaptada, os grandes problemas ainda são a má vontade de motoristas e o pouco espaço reservado aos cadeirantes REPORTAGEM Lorena Sales

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mbora Fortaleza tenha ganhado 50 novos ônibus acessíveis no começo de 2013, passando a ter 58,65% da frota total disponível aos cadeirantes, a grande reclamação de quem precisa do serviço ainda é a falta de boa vontade dos motoristas. Atualmente, a cidade conta com 1.322 ônibus e 199 vans adaptadas. Mas, segundo usuários, muitos motoristas não parecem capacitados para prestar este serviço.“Os profissionais não estão preparados”, afirma o cadeirante Anderson Ferreira, 32. Também atleta e treinador de basquete, Anderson conta que passa por muitos transtornos quando precisa ir de um ponto a outro da cidade. “Ficamos à mercê de profissionais que falam absurdos”, denuncia. A reclamação de Anderson é corriqueira entre os usuários cadeirantes dos transportes coletivos de Fortaleza. Segundo eles, muitos motoristas não operam o elevador que dá acesso a quem anda de cadeira de rodas. Em alguns casos, alegam que o veículo está lotado, independente de ter, obrigatoriamente, assentos reservados aos cadeirantes. A demora dos transportes, já que nem todos da frota têm elevador de acesso, é outro motivo de queixa.

Qualquer cidadão pode solicitar a introdução de uma linha adaptada De acordo com Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (ETUFOR), todos os motoristas e cobradores recebem treinamento para o uso do equipamento. Informações sobre acessibilidade compõem a formação desses profissionais, em curso ministrado pelo Sest/Senat. A empresa alega ainda que não se pode atribuir a falta de prestação do serviço a deficiências no curso ou ao tempo de preparação. “Acreditamos que seja mais uma postura individual

de cada condutor. É como um motorista normal, todos passam pela mesma capacitação para tirar a carteira. Porém, alguns respeitam as leis de trânsito e outros não”. A vice- presidente da Associação dos Deficientes Motores (ADM), Ana Marciel, reconhece que há muitos ônibus adaptados na Capital, no entanto adverte que falta consciência dos motoristas. Muitas vezes, não entendem que “faz parte do trabalho ”. Anderson, que é casado com a atleta e cadeirante, Leni Ferreira, 37, também chama a atenção para o fato de que os ônibus só têm espaço para uma cadeira. “Só vamos se formos os dois juntos, pois eu consigo ficar sentado e fechar minha cadeira, e muitas vezes não querem deixar, porque têm medo que a gente se machuque.”

Frota acessível A ETUFOR informou ainda que algumas linhas com veículos de menor porte não são adaptados, mas que é a minoria. Contudo, o órgão diz estar trabalhando para que a frota seja 100% adaptada, o que melhoraria a questão da demora. Os veículos foram distribuídos nas linhas do sistema de acordo com as solicitações das comunidades e avaliação técnica da ETUFOR, que considerou os bairros com maior número de pessoas nessas condições. Para Ana Marciel, da Associação dos Deficientes Motores (ADM), a saída para melhorar o deslocamento dos deficientes seria a instalação de mais cintos de segurança, pois assim seria possível transportar mais de um cadeirante, além, é claro, de um melhor preparo dos profissionais.

A ETUFOR está trabalhando para que 100% de sua frota seja adaptada Uma outra opção de transporte são os táxis. A Prefeitura licitou recentemente 320 novas vagas de

táxis. Desse total, 40 vagas foram destinadas a veículos do Serviço de Táxis Inclusivos (STI), os táxis acessíveis, que devem portar plataforma elevatória a fim de garantir o deslocamento seguro de pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, além de poderem conduzir este público cobrando a mesma tarifa dos táxis convencionais em qualquer dos casos.

Legislação Outro passo importante para assegurar a inclusão social dos deficientes foi a Lei Municipal 0057/2008 que criou a gratuidade nos transportes públicos, possibilitando que milhares de pessoas com deficiência, acompanhadas ou não, utilizem diariamente o cartão que lhes dá direito ao benefício. A Lei da Acessibilidade no Transporte estabeleceu que, no prazo de até 24 meses, a frota de veículos de transporte coletivo rodoviário e a infraestrutura dos serviços deste transporte deverão estar totalmente acessíveis. Esse prazo se encerra nesse ano. Esta lei também estabelece que todos os modelos e as marcas de veículos de transporte coletivo rodoviário para utilização no País sejam adaptados de fábrica. Estes estarão disponíveis para integrar a frota operante, de forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. De acordo com a ETUFOR qualquer cidadão pode solicitar a introdução de uma linha adaptada, mas que todos os pedidos passam por uma análise técnica.

S E RV I ÇO Atendimento ao usuário e lista de táxis adaptados www.fortaleza.ce.gov.br (85) 3452.9228


10 de março de 2013 | Papiro 5

Trânsito]

Lei que regulamenta mototaxitas e motofretistas ainda é descumprida Ainda descumprida, norma prevê ainda curso de reciclagem a cada cinco anos, com o objetivo principal de reavivar cuidados e procedimentos necessários à segurança dos motociclistas REPORTAGEM | FOTO Gabriela Neres

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lei 12.009/2009, em vigor há um ano, regulamenta o exercício das atividades dos mototaxistas e motofretistas, conhecidos como “motoboys”. Em Fortaleza, existem, atualmente, cerca de três mil mototaxistas e 15 mil “motoboys” supervisionados por essa lei. E mesmo com o código, que torna obrigatório o uso de equipamentos de proteção, não é difícil encontrar profissionais da área descumprindo-o. Desde o começo de 2014, 12 motocicletas que não atendiam às exigências da legislação foram confiscadas. Em todo o ano de 2013, foram 68. Em Fortaleza, os sindicatos das duas categorias se uniram para solicitar ao Governo do Estado o financiamento do curso de reciclagem obrigatório por lei. Assim, foi aprovada na Assembleia Legislativa a lei 15.338 que cria o Promotos – Programa de Educação de Defesa da Vida dos Condutores de Motocicletas e Motonetas. A iniciativa facilitou o acesso dos motociclistas ao curso, pois oferece a capacitação gratuita para os inscritos. As inscrições no Promotos começaram timidamente, pela falta de conhecimento por parte dos motociclistas, e em setembro de 2013 tinham sido inscritos cinco mil profissionais. Em janeiro de 2014, esse número subiu para sete mil, com a emissão de seis mil certificados de conclusão. O curso tem duração de 30 horas/aula e é responsabilidade das autoescolas ministrálo. De todas as 300 autoescolas do Ceará, apenas 11 empresas, seis em Fortaleza e cinco no interior do Estado, solicitaram cadastramento junto ao DETRAN-CE. Para quem não participa do Promotos, a formação custa R$ 150. Além da realização do curso, a lei 12.009 torna obrigatório, também, o uso de alguns equipamentos de segurança. É necessário que o condutor, das duas profissões, realize a instalação de protetor de motor “mata-cachorro” – destinado a

proteger o motor e a perna do condutor em caso de tombamento – e de aparador de linha corta-pipas. Especificamente para os mototaxistas, a placa da moto precisa ser vermelha, que identifica os transportes de aluguel, e o profissional deve usar um colete padrão com faixas refletoras. Já para os “motoboys”, a instalação de um baú para o transporte de documentos ou cargas é a única exigência diferenciada. Para Francisco Vicente, 47, mototaxista há 10 anos, a lei é “fundamental para a nossa segurança, mas é um ‘rombo’ no orçamento. Tive que pagar o curso e colocar esses equipamentos e vou ter que

está sempre fazendo revisão na moto. Isso compromete um pouco do meu orçamento que já é apertado”, reclama. Segundo o DETRAN-CE, blitzes específicas para observar o cumprimento da lei são realizadas constantemente. Ao ser parado nessas inspeções, o motociclista tem sua Carteira de Habilitação examinada para ver se consta a realização do curso obrigatório. A moto também é averiguada e precisa apresentar todos os equipamentos de segurança. Caso o condutor não esteja cumprindo as determinações da lei, ele está cometendo, segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), uma infração grave. Por isso, recebe

multa e tem sua moto apreendida, que só será devolvida após a instalação dos equipamentos obrigatórios e o pagamento da taxa.

A visão dos sindicatos Segundo o SINDIMOTOS Ceará, sindicato responsável pelos “motoboys” do Estado, a preocupação em manter todos os sindicalizados dentro da lei é grande. Para eles, “é de suma importância a caracterização e profissionalização da categoria, pois mantendo os motoristas dentro da lei, mantemos o mercado de trabalho ativo e diferenciamos o profissional celetista do pirata”, explica Raniel Gleidson, do sindicato da categoria.

Para manter os sindicalizados dentro dos padrões préestabelecidos, o SINDIMOTOS realiza, periodicamente, ações de fiscalização e campanhas educativas. Além disso, oferece bolsas gratuitas para a realização do curso obrigatório para os motociclitas habilitados há dois anos e que estejam trabalhando na área com carteira assinada. Já para o SINDIMOTOFOR, sindicato responsável pelos mototaxistas da capital, a lei é importante, pois já contribuiu para a diminuição em 80% no número de acidentes envolvendo a categoria. De acordo com o presidente, Valteclar Vieira, a realização de palestras e reuniões para conscientizar os sindicalizados é importante. “Essas atitudes são boas para o serviço dos mototáxis, tanto para qualificar quanto para diminuir os acidentes, e garantem um serviço de qualidade para nossos usuários”, afirma.

Quanto custa cumprir a lei? De acordo com uma pesquisa de preços na capital, para cumprir a lei, um mototaxista deve gastar em média R$ 384 – incluindo os valores dos equipamentos, o curso e a troca de placa. Já o “motoboy”, desembolsará aproximadamente R$ 350, também incluindo os equipamentos obrigatórios para a categoria e o curso.

S E RV I ÇO Curso de reciclagem para motociclistas Fortaleza: autoescolas Aldeota Filial, Aldeota Matriz, Bosco, Novo Nordeste, Santos e Talento Interior: autoescolas Líder Crateús; Ramalho - Juazeiro do Norte; Bom Jesus – Sobral; Centrovale - Pacajus e Nunes – Horizonte Para estar de acordo com a lei, o motociclista gasta em média R$384


6 Papiro | 10 de março de 2013 Obras]

Atraso na obra do novo Mercado dos Peixes gera críticas de pescadores e clientela A estrutura do Mercado dos Peixes provisório, o atraso da obra do novo mercado, a dificuldade de estacionar e o mau cheiro de esgoto misturado ao cheiro dos peixes incomodam comerciantes e a clientela do mercado na Avenida Beira-Mar REPORTAGEM | FOTOS Natasha Carvalho e Pedro Lopes

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Mercado dos Peixes provisório, na Avenida Beira-Mar próximo à Estátua de Iracema, foi a solução encontrada para não suspender a venda do pescado enquanto a obra do novo mercado não é finalizada. Os vendedores de peixe estão usando containers temporariamente, porém a estrutura dos boxes e o local deixam a desejar. Entre os comerciantes há controvérsias, uns não reclamam do atraso, outros não se contentam com o espaço e anseiam pelo novo mercado. Isso se explica porque parte dos comerciantes ficam numa localização mais visível, aproveitam para vender o pescado e fritar os alimentos para servir aos clientes. Um deles é o vendedor de peixes Francisco Ivan da Silva que diz estar alegre com a venda de peixes e frutos do mar. “Quer coisa melhor do que ficar de frente para a freguesia e sentir essa brisa do mar?”, diz Silva. Contudo, outra parte fica de costas para o calçadão e reclama do local. Como o vendedor José Ricardo que além de ficar de costas

Boxes provisórios do Mercado dos Peixes

para o calçadão, sente falta de um espaço maior para seu estoque, pois uma vez já perdeu sua mercadoria por ter estragado. “O boxe é um local limpo e agradável para quem compra e para quem vende, mas é limitado para a quantidade do nosso estoque”, disse o comerciante. Para ele há um gasto e uma preocupação maior para conservar os alimentos, pois o local é muito quente e dificulta a conservação dos produtos,

Comerciante seleciona o peixe para o cliente

repercutindo no preço do pescado.

O boxe é um local limpo e agradável para quem compra e para quem vende, mas é limitado para a quantidade do nosso estoque José Ricardo, comerciante Maria Conceição Alves, turista mexicana, aproveitou para pesquisar os preços. “Os peixes são salgados e os preços do peixe mais salgados ainda”, disse em tom de brincadeira. Joana Romeu, moradora do bairro Mucuripe e cliente assídua do mercado, reclama que os containers provisórios ficam em cima da rua, ao passo que o cheiro dos peixes se mistura ao cheiro do esgoto e do lixo acumulado no Riacho Maceió. “Mesmo com todos os cuidados dos peixeiros, quem passa na calçada sente o cheiro forte de peixe misturado ao cheiro de esgoto, quando chove fica pior”, relata Joana. Ela ainda fala da falta de apoio da Prefeitura de Fortaleza aos pescadores e comerciantes: “A prefeitura jogou esses comerciantes nesses containers para maquiar o atraso da obra, o resultado vai direto para os nossos bolsos”, comentou.

O novo Mercado dos Peixes pertence à obra de requalificação da Avenida Beira-Mar promovida pela Prefeitura de Fortaleza e a Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor). De autoria dos arquitetos Ricardo Muratori, Esdras Santos e Fausto Nilo, orçado em R$231,9 milhões. Os recursos são provenientes do Programa de Desenvolvimento do Turismo Nacional (Prodetur). A obra começou em maio de 2013 e tinha prazo de finalização para janeiro de 2014.

Mesmo com todos os cuidados dos peixeiros, quem passa na calçada sente o cheiro forte de peixe misturado ao cheiro de esgoto, quando chove fica pior Joana Romeu, dona de casa De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor), a obra atrasou devido a instalação de uma rede de esgoto. A secretaria não se manifestou a respeito das condições do Mercado dos Peixes provisório. Em nota, a Setfor afirmou ainda que o Mercado dos Peixes definitivo estará pronto já para a Semana Santa.

Os problemas não acabam Além da insatisfação dos preços e do mau cheiro, muitos reclamam da dificuldade em estacionar. Isso porque muitos caminhões de armazenamento de gelo e caminhões de revenda de peixes e mariscos abarrotam a avenida, impedindo a passagem de quem transita pela avenida e de quem estaciona para comprar o pescado. Paralelo à rua, atrás dos boxes, pescadores limpam suas embarcações com apenas uma mangueira, que sai de uma torneira ao lado do último boxe. De acordo com os permissionários e pescadores, a Prefeitura havia prometido ajuda para a limpeza do local, mas até o dado momento nada foi feito. Para isso vendedores e pescadores usam uma única mangueira para limpeza dos containers e das embarcações. A regional II, responsável pelo bairro do Mucuripe, informou que a limpeza do Riacho Maceió e o cuidado da rede de esgotos entre Avenida BeiraMar e a Rua Tereza Hinko faz parte do projeto da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) que tem por objetivo a revitalização e limpeza do riacho Maceió pela cidade de Fortaleza. Contudo a assessoria da Seuma não se pronunciou sobre a limpeza do Riacho Maceió, nem sobre o mau cheiro do esgoto. Leia mais na pág. 11


10 de março de 2013 | Papiro 7

Primeira Semana Santa em Mercado provisório cria expectativa

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Mercado dos Peixes se prepara todos os anos para a Semana Santa, que em 2014 ocorre de 17 a 20 de abril. Neste ano, porém, caso o novo Mercado não seja entregue à população, a clientela terá um novo cenário, os boxes provisórios de vendas de pescados. Nesta época do ano, as vendas aumentam cerca de 25% e os preços acompanham a tendência de procura, chegando a subir entre 5% e 10%. Segundo a tesoureira da Associação do Mercado dos Peixes, Luzia Lourenço do Nascimento, há expectativas de boas vendas para o período, pois mesmo que o local seja provisório, as vendas não foram prejudicadas. “Há mais opções no

momento, já que, além dos 28 vendedores que já tinham local fixo, houve o acréscimo de mais 17 comerciantes trabalhando no Mercado”, completou. Ela afirmou que, apesar de alguns vendedores reclamarem do tamanho dos boxes, todos tinham noção que iriam encontrar certas dificuldades nos provisórios. “Mesmo com a estrutura pequena, nós temos condições de atender toda a clientela”, salientou Luzia. A tesoureira também contou que a Secretaria de Turismo (SETFOR) prometeu finalizar a obra antes da data da Semana Santa, mas que acredita ser improvável que isso aconteça.

Para o vendedor Francisco Ivan da Silva, as vendas estão melhores do que no antigo mercado. “O box, apesar de pequeno, está organizado e é bem arejado, o que o deixa mais higiênico”, ressaltou. Ele disse também que a expectativa do novo mercado é grande, principalmente por conta da vinda de turistas no período da Copa do Mundo. A cliente do mercado Tamires Landim diz que o único problema é a falta de estacionamento no local. Segundo ela, também é complicado estacionar nas proximidades do mercado em reforma. Já para a guardadora de carros Lidinalva Lourenço, é mais

fácil encontrar vagas atualmente. “No antigo mercado, não havia onde estacionar, enquanto aqui se encontra vagas mais próximas”, lembrou.

Associação espera que prefeitura ajude com equipamentos A tesoureira da Associação do Mercado dos Peixes, Luzia Lourenço do Nascimento contou que o novo Mercado dos Peixes atrairá mais compradores, pois vai ter estrutura mais higiênica e lojas maiores, além de um ambiente mais agradável para o consumo no local. Ela disse que está buscando, juntamente com a prefeitura, patrocínios que banquem a compra

de novos equipamentos como freezer, balcão, mesa de inox, máquina de gelo e câmara frigorífica. Segundo a tesoureira, não adianta apenas um local requalificado, também é necessário que os vendedores tenham bons materiais de trabalho. (NC/ PL)

S E RV I ÇO O Mercado dos Peixes está funcionando na Av. BeiraMar, ao lado da estátua de Iracema. Horário de Funcionamento: 8h às 22h

Direito]

Credenciamento para vagas especiais ultrapassa 1.300 nos dois primeiros meses do ano Próximo credenciamento acontece de 10 a 22 de março em Unidade Móvel na Santos Dumont REPORTAGEM | FOTOS Iane Ervedosa

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credenciamento de idosos e pessoas com deficiência física para que possam estacionar em vagas especiais já foi realizado duas vezes apenas este ano. Em janeiro, durante o período em que a Unidade Móvel da AMC (Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania) esteve na Avenida Beira-Mar, foram emitidas 1300 credenciais. A Unidade Móvel também esteve na Praça Luíza Távora, em fevereiro, mas o número de credenciais não ultrapassou o do primeiro mês. O serviço traz mais conforto e concretiza o direito daqueles que precisam de vagas especiais. É de conhecimento geral saber que existem vagas reservadas para pessoas com necessidades especiais, no entanto não é todo mundo que respeita ou conhece a legislação. São inúmeros os casos em que uma vaga para idosos ou portadores de deficiência com dificuldade para locomoção é ocupada irregularmente. A reserva das vagas especiais é determinada pela Resolução 304 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). A legislação determina que 2% das vagas regulamentadas de estacionamento

sejam exclusivas para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência física ou visual. Além disso, os veículos estacionados nas vagas especiais devem portar credencial de identificação em um local de ampla visibilidade, confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito. Esse credenciamento possibilita diferenciar aqueles que podem estacionar nas vagas especiais, facilitando, assim, a fiscalização por parte dos agentes de trânsito. Ele também garante comodidade e direito ao uso das vagas, que se localizam em locais estratégicos para quem têm limitações de locomoção. Aqueles que infringirem a lei recebem uma multa de R$ 53,20, uma inserção de três pontos

na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e estão sujeitos à remoção do veículo. O auxiliar administrativo Atualdo Oliveira, 44, portador de sequela de paralisia infantil, possui seu carro adaptado e já é credenciado com o documento de identificação há dois anos. Para ele, é comum situações em que a vaga para deficiente físico é desrespeitada, principalmente em estabelecimentos privados. “As pessoas não respeitam muito e o supermercado não coloca gente pra poder controlar, já que a AMC não atua nesses locais privados”, lamenta. Além disso, ele se queixa por não saber qual atitude tomar e nem para qual telefone ligar quando presencia alguém infringindo a lei.

O coordenador da Unidade Móvel da AMC, agente Bonifácio, explicou que para haver fiscalização dentro de estabelecimentos privados é necessário que haja uma sinalização que esteja dentro do projeto adequado, ou seja, uma sinalização horizontal e vertical que indica se uma vaga é destinada a idosos ou a pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção. Essa sinalização deve estar dentro das normas do CONTRAN, seguindo a regulamentação da resolução. Além disso, para aplicar uma multa, deve haver identificação dos logradouros, mas nos estabelecimentos privados essas identificações não existem. “A legislação diz que deve ser disponibilizado 5% de vagas para idosos e 2% para pessoa com deficiência em todo tipo de estacionamento que for implantado. Em relação à área pública, posso afirmar que isso é seguido. Na área privada, foge ao nosso controle”, esclarece o agente. Em estabelecimento privado, o dono do local é quem fica responsável pela implantação e fiscalização das vagas. Para o caso de uma irregularidade em relação às vagas

especiais, a denúncia é feita pelo telefone 190. A informação será encaminhada para a autarquia e a central da AMC manda uma equipe ao local para fazer a fiscalização.

Próximo credenciamento A Unidade Móvel da AMC realiza credenciamento de idosos e portadores de deficiência de 10 a 22 de março na Praça do Colégio Justiniano de Serpa (Avenida Santos Dumont, 56). Além da Unidade Móvel, o requerimento também pode ser feito na própria sede da AMC, com a Coordenação de Acessibilidade, na Avenida Aguanambi, 90. Para poderem acessar as vagas, os interessados devem respeitar alguns requisitos. No caso de portadores de deficiência, é necessário provála com laudo médico. Os documentos a serem apresentados são, além de uma fotocópia do laudo ou do atestado médico, fotocópias do RG, do comprovante de residência, do CPF e dos documentos dos responsáveis, para o caso de menores de idade. Caso o credenciado for o próprio motorista, é necessário levar, além disso, a Carteira Nacional de Habilitação.


8 Papiro | 10 de março de 2013 Abandono]

Atividades de arvorismo do Parque do Cocó estão paralisadas Há mais de seis meses, a obra avaliada em R$ 326 mil teve o seu funcionamento encerrado após o fim do contrato. REPORTAGEM | FOTOS Frank Roger

A

pós funcionar por nove meses, os equipamentos de arvorismo do Parque Ecológico do Cocó em Fortaleza, que custaram cerca de R$ 326 mil aos cofres públicos, nao estão sendo utilizados. As práticas de arvorismo foram suspensas por conta do fim do contrato com a ONG Cirandas da Vida. O contrato foi encerrado devido às suspeitas de irregularidades no repasse das verbas entre a Secretaria do Esporte do Ceará (Sesporte) e todos os convênios firmados pelo órgão, inclusive o da ONG Cirandas da Vida. Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado do Ceará, a inadimplência da Sesporte é superior a R$7 milhões desde 2007. O caso está sendo investigado pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE). De acordo com a assessoria da Sesporte, o processo

de licitação para um novo convênio foi iniciado em janeiro deste ano para escolher a instituição que ficará responsável pelo arvorismo. Enquanto isso, o equipamento segue em estado de abandono, com alguns trechos quebrados e sem funcionamento. A previsão é que ele volte a funcionar ainda neste primeiro semestre, após reparos e nova licitação.

costumava trazê-los durante o fim de semana para brincarem no equipamento. Para o advogado Carlos Mendonça, é um absurdo um equipamento tão caro ser abandonado. “É um abuso, se ninguém fizer nada, eles (o governo) vão continuar brincando com o nosso dinheiro”, afirmou. A reportagem tentou localizar a ONG Cirandas da Vida mas não obteve resposta.

Reclamação

Raio X do equipamento

Para a dona de casa Cláudia Pereira, o abandono do equipamento representa um perigo para as crianças que ainda insistem em praticar o arvorismo. “A gente não pode nem mais trazer os nossos filhos pra cá, porque antes até tinha os monitores para auxiliarem. Agora nem isso, tá tudo quebrado, mas o pior mesmo é ver os meus filhos quererem brincar e não puderem”, afirmou. Cláudia, que tem dois filhos,

O arvorismo do Parque Ecológico do Cocó possui um percurso com 288 metros de extensão, compostas por 11 estações que incluem: muro de escalada, rapel, tirolesa, ponte de tambor, rede de teia, ponte de troncos, desafiadora, ponte de 3 cordas, falsa baiana e ponte nepalesa. O equipamento funcionava diariamente nos horários de 8h às 11h e 13h às 17h durante a semana para instituições e escolas, sendo

necessário agendamento prévio, já no fim de semana era aberto ao público.

Saiba mais - A obra custou aos cofres públicos R$326.467,50. - O equipamento foi inaugurado no dia 22 de dezembro de 2012.

- Não funciona desde o dia 1º de setembro de 2013. - A previsão é que o equipamento volte a funcionar no primeiro semestre de 2014. - Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado do Ceará, a inadimplência da Sesporte gira em torno de R$7,2 milhões.

Apesar do alto investimento, equipamentos estão abandonados à espera de nova licitação

Patrimônio]

Pontos turísticos da cidade são alvo de pichadores Vândalos agem de madrugada, quando há menor vigilância policial REPORTAGEM Pedro Gustavo Mendes

C

aminhar pelas ruas de Fortaleza revela imagens preocupantes. Vários lugares da cidade, que devem receber grande fluxo de turistas até julho estão com fachadas e muros pichados. O Centro de Turismo do Ceará, a Catedral de Fortaleza e a Orla da Praia de Iracema, encontram-se nessa situação. A dificuldade em se combater esse tipo de ação se dá pelo fato dessas infrações ocorrerem durante a madrugada, quando o efetivo policial é reduzido. Enquanto o poder público tem dificuldade para prevenir a ação de vândalos, quem visita Fortaleza e faz um passeio por locais turísticos, nota de imediato a paisagem pichada. É o caso da cearense Nicinha Mendes de Sousa, 62, que mora em São Paulo há mais de 40

anos. “Quando vim da última vez, e já fazem mais de dez anos, não estava (a cidade) tão cheia de pichações. Hoje, está mais que naquela época e não só em lugares turísticos.” O Forte de Nossa Senhora da Assunção e o Mercado Central receberam pintura nova recentemente, já visando receber os visitantes. Já o Centro de Turismo do Ceará e a Catedral, apesar desta já estar em reforma, ainda encontra-se com os muros pichados. Segundo dados de pesquisa realizada pela Central Única das Favelas (CUFA) em 2010 atuaram na região metropolitana de Fortaleza, cerca de 18 mil pichadores, a maioria, adolescentes entre 12 e 19 anos, alguns com passagem pela polícia. Jovens de baixa renda, muitos deles integrantes de

gangues; moradores de áreas periféricas que buscam aventura e desafios. Prédios públicos, comerciais, residenciais, viadutos e locais inusitados, nada escapa da ação dos pichadores. Como aconteceu com a Estátua de Iracema. Pela terceira vez, somente este ano, um dos mais importantes cartões postais da cidade apareceu pichado, com os dizeres “Não vai ter copa”.

Penalidade Pichar edificação ou monumento urbano é crime de acordo com a lei 9.605/1998 com pena de três meses a um ano de detenção e multa. Caso o ato seja praticado contra patrimônio tombado por seu valor artístico, histórico ou arqueológico, a pena varia entre seis meses e um ano de reclusão e multa.

Apesar do alto investimento, equipamentos estão abandonados à espera de nova licitação


10 de março de 2013 | Papiro 9

Surfe]

Campeões cearenses sofrem com a falta de patrocínio A um mês do início do Circuito Cearense de Surfe Profissional 2014, atletas ainda correm atrás de apoio REPORTAGEM Gabriel Rodrigues FOTOS Divulgação

Itim Silva treina em São Paulo sem perspectiva de patrocínio. “Viagens como essas requerem investimentos”, aponta

S

urfistas cearenses que brilharam e brilham no esporte a nível estadual, nacional e internacional reclamam da carência de investimentos para suas demandas de atletas profissionais, como viagens, pranchas novas e inscrições em campeonatos. Os exemplos são diversos como da tetra-campeã brasileira de surfe profissional, Tita Tavares, do bi-campeão brasileiro, Messias Félix e do atual campeão estadual, Itim Silva. Apesar dos títulos expressivos, a maioria garante que é difícil participar do calendário de competições sem patrocinadores, que está previsto para começar em abril deste ano. A média salarial dos atletas patrocinados a nível nacional é de R$2000, pequena comparada a outros esportes. O campeão cearense de 2013, Itim Silva, garante que além dos benefícios que uma

empresa pode trazer para um atleta cobrindo seus gastos, existe também o retorno do surfista por meio de sua participação em diversos veículos comunicativos, divulgando a marca que está “estampada” no bico de sua prancha. “Além do talento para o esporte, um atleta também contribui na produção de conteúdos para a mídia, o que gera credibilidade para uma marca”, acrescenta. O atleta lembra-se das dificuldades que enfrentou em épocas que não recebeu atenção dos patrocinadores. “A nível estadual sempre estive presente nas competições, porém quando buscava constância em participações no campeonato brasileiro, nem sempre era assistido, devido a distância das viagens e os gastos que vinham com ela”, conta. Itim, casado e pai de três filhos, garante que só pode recorrer ao surfe como opção para sustentar sua

família. “Sou um surfista profissional e é do surfe que tiro o sustento. O surfe é o meu trabalho e preciso de boas condições para trabalhar”. De acordo com o vice-presidente executivo da Federação Cearense de Surfe, Amelio Rolim Júnior, a decisão de patrocinar surfistas cabe aos donos das marcas ou empresas vinculadas ao esporte. Já o papel da federação é fazer campeonatos, revelar talentos e formar campeões, entregando os atletas prontos para o mercado. Amelio explica que investimentos na área dos grandes eventos também são importantes para os patrocinadores, pois quanto mais competições, mais visibilidade terão os atletas. “Patrocinar um atleta de alto nível é essencial para uma marca, pois eles são os formadores de opinião no esporte e contribuem constantemente com a mídia”, diz.

O vice-presidente ainda observa que os atletas atualmente são “despreparados” quanto ao cuidado com a imagem profissional. “As empresas hoje não querem apenas um surfista bom na água. Elas querem atletas bons no lado social, na imprensa, seja cavando matéria ou produzindo material em foto ou em vídeo”. Para o diretor de Marketing da Pena, Rafael Forti, a empresa fez e continua fazendo investimentos, pois aposta na transformação de realidades de vida através do esporte. A empresa patrocina 16 atletas atualmente, entre eles destacam-se a tricampeã mundial de bodyboard, Isabela Sousa, e o vice-campeão brasileiro de surfe profissional, Halley Batista. “Patrocinamos em quantidade e qualidade, no mercado nacional com recursos financeiros, treinamento físico e psicológico e suporte logístico e educacional, como cursos de inglês”, diz.

O salário médio dos surfistas a nível nacional é menor do que o de outros esportes Segundo Rafael, o mercado não está complicado somente para empresários do ramo do surfe. “As margens de rentabilidade estão reduzindo à medida que a concorrência está aumentando. Pergunte isso aos maiores executivos, empresários e gestores do Brasil

que certamente as respostas serão bem parecidas”. O diretor de Marketing nota que independente da profissão escolhida, só os mais capacitados e os que apresentarem os melhores resultados diante do foco de cada organização terão seu espaço.

Um ano inteiro de competições O vice-presidente executivo da Federação Cearense de Surfe, Amelio Rolim Júnior, prevê para o feriado de semana, o início do Circuito Cearense de Surfe Profissional de 2014. No entanto ainda se organiza para conseguir patrocínios. “Ainda estou correndo atrás. Devido a Copa do Mundo está meio corrido, mas a largada do circuito está prevista para começar na Semana Santa”, expõe. Em 2013, o campeonato estadual de surfe contou com três etapas, ocorridas na Praia do Futuro, Ponte Metálica e Praia da Taíba. Para este ano, novas etapas estão sendo estudadas, podendo aumentar o número de eventos, caso exista o apoio de patrocinadores. Já o Campeonato Brasileiro de Surfe Profissional teve doze etapas no último ano. Os atletas precisam de patrocínio principalmente para suprir os gastos com viagens para competições, fator imprescindível para aquisição de um patrocínio. Além das inscrições em campeonatos pelo Brasil os competidores gastam em hospedagem e alimentação, diferenciada para um atleta profissional.


10 Papiro | 10 de março de 2013 Castelão]

Estádio serve pra que mesmo? Realização de shows na Arena Castelão acaba por realocar importantes partidas dos clubes cearenses para estádios menores, gerando descontentamento de dirigentes e jogadores REPORTAGEM André Almeida IMAGEM Divulgação

Arena Castelão foi construída com o intuito de receber não apenas partidas de futebol, mas também eventos culturais e artísticos

O

show do cantor Elton John, realizado no dia 26 de fevereiro, na Arena Castelão, levantou um debate em toda a cidade: “Para que servem os estádios de futebol, a não ser para sediar partidas?”. Isso ocorreu porque, no mesmo dia do show, aconteceria um decisivo jogo do Ceará, pela Copa do Nordeste. No entanto, a partida precisou ser realocada para o estádio Presidente Vargas, que possui 1/3 da capacidade da Arena Castelão. O fato desagradou jogadores, dirigentes e torcedores. E a discussão deve voltar à tona em breve. No dia 5 de abril, mais um show será realizado no estádio. O cantor Roberto Carlos será o astro da vez. Dessa forma, é possível

que haja um novo conflito de interesses. Isso porque as partidas das semi finais do Campeonato Cearense estão marcadas para os dias 4 e 6 do mesmo mês e, caso Ceará ou Fortaleza estejam na decisão, não poderão jogar no Castelão graças ao show do “Rei”. A possibilidade já preocupa dirigentes e jogadores dos clubes cearenses. Segundo o vice-presidente do Ceará, Robinson de Castro, o prejuízo por não realizar os jogos na Arena Castelão é enorme. “Para não falar em valores, o que conseguimos no PV, em termos de resultado financeiro, representa até menos da metade do que conseguiríamos no Castelão”, declarou. Quem também não concorda com a decisão é o jogador

Souza, do Ceará. Para o atleta, a preferência da administração do estádio deveria ser pela realização de partidas de futebol. “É engraçado, os estádios são feitos para jogos e querem ceder os estádios para shows. Então, começa a fazer estádio só para show. Até onde eu sei, estádio é para futebol”, afirma.

Arena multiuso Por outro lado, há o entendimento de que a administração da Arena Castelão precisa utilizá-la da forma que melhor lhe convém. A declaração é de que o estádio, após a modernização, deva estar disponível não apenas para os apaixonados por futebol, mas sim para toda a população cearense. Por ser um complexo multiuso, está habilitado a receber

grandes eventos esportivos, culturais e artísticos - em âmbito nacional e internacional - tendo em vista o crescimento econômico do estado. E a intenção é de realizar cada vez mais esse tipo de evento. Em entrevista ao jornal O POVO, a Secretaria Especial da Copa (Secopa) afirma que o projeto é realizar um show internacional por semestre, e existe negociação com vários artistas, que serão anunciados em breve. Para o estudante Diego Macêdo, 23, a administração da Arena Castelão está correta em realizar shows de grande porte no estádio, pois em Fortaleza existe o PV para sediar partidas de futebol, mas a cidade não possui, fora o Castelão, nenhum outro local que possa receber grandes

produções musicais. “Shows como de Paul McCartney, Elton John e Roberto Carlos, que atraem muita gente, devem ser realizados na Arena Castelão, sim. Por mais que tenhamos o Centro de Eventos, não é a mesma coisa. O Castelão tem uma estrutura melhor”, disse. Vale lembrar que o estádio já foi palco de shows internacionais, como do exBeatle Paul McCartney e da musa pop Beyoncé, que juntos levaram cerca de 85 mil pessoas ao Castelão e movimentaram a economia local. Sabendo dessa intenção da administração do estádio em utilizá-lo cada vez mais como um “centro de eventos”, fica a dúvida no ar: Estádio serve pra que mesmo?


10 de março de 2013 | Papiro 11

Cultura]

Grupo de teatro cearense ganha destaque no cenário artístico nacional Em 2014, o Coletivo Artístico As Travestidas apresentará seus espetáculos em 35 cidades de 17 estados brasileiros REPORTAGEM Antonio Marcos FOTOS Levy Mota e Juliano Ambrosini

As Travestidas viajam o Brasil, mostrando um ponto da cena teatral do Ceará

A

pós dois meses de apresentações em Fortaleza, as Travestidas se preparam para excursionar pelo Brasil. Um dos destaques da atual cena cultural cearense, o grupo levará na bagagem três das quatro montagens que fazem parte de seu repertório: “Uma Flor de Dama”, “Cabaré da Dama” e “BR Trans.”. A turnê terá o apoio do Serviço Social do Comércio (SESC), através do projeto Palco Giratório. Formado em 2005, a partir de pesquisas sobre o universo de trasvestis e transformistas, o coletivo utiliza a arte para combater o preconceito. O ator e diretor Silvero Pereira, 31, idealizador do projeto, afirma que a ideia surgiu a partir de suas inquietações com o tema. “Convivia muito com travestis e percebia

que eles sofriam muita discriminação, até mesmo dos próprios caras com quem se relacionavam”. O diretor encontrou no conto “Dama da Noite”, do escritor e jornalista Caio Fernando Abreu, falecido em 1996, e no livro Engenharia Erótica, de Hugo Denizart, as referencias para complementar seus estudos. Surge então o primeiro espetáculo, “Uma Flor de Dama,” onde Silvero faz uma apresentação solo. Ele explica que a montagem surgiu antes do grupo, e que foi devido ao sucesso dessa experiência que a criação das Travestidas foi viabilizada.

Um celeiro de talentos As Travestidas ganharam ainda mais notoriedade depois que um de seus integrantes, o ator Jesuíta Barbosa 22,

Silvero Pereira: TV pode ser aliada na formação de plateia

conseguiu destaque nacional. Em 2013, ele ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema do Rio Janeiro, pela interpretação do soldado Fininha, no filme Tatuagem do diretor Hilton Lacerda. O ator também participou dos filmes Cine Holliúdy, Serra Pelada e Praia do Futuro. O trabalho de Jesuíta também pode ser conhecido no começo deste ano, na minissérie Amores Roubados, da Rede Globo. Após o sucesso na trama, o ator foi escalado para o elenco de “O Rebu”, a próxima novela da emissora no horário das 23 horas. Silvero também participou do filme “Serra Pelada”, que foi exibido pela Globo em formato de minissérie. Ele se diz um admirador do cinema e da televisão e que, a exemplo do amigo, também gostaria de

atuar em uma novela. “A TV potencializa o teatro, na medida em que populariza e causa o interesse pelo ator. Ela pode ser usada como forte formação de plateia, sabendo usá-la de forma correta”.

Os espetáculos Uma Flor de Dama: Um monólogo que aborda o universo marginalizado dos travestis, que sofrem com o preconceito da família e são conduzidos à prostituição. Está em cartaz há nove anos e tem mais de 300 apresentações, foi visto por mais de 80 mil pessoas e ganhou 10 prêmios. O Cabaré da Dama: Extensão da pesquisa que de origem a Uma Flor de Dama, traz o show de quatro atores, que dublam musicas do universo dos transformistas. Criado em 2008, foi a partir de sua montagem que nasceu o Coletivo as Travestidas. Engenharia Erótica: Fabrica de Travestis: Baseado no livro Engenharia Erótica – Travestis no Rio de Janeiro de Janeiro, de Hugo Denizart e em entrevistas com travestis cearenses. Visa quebrar conceitos impostos pela sociedade, lançando um olhar sobre as diferenças entre história e condição de vida. BR Trans.: Construído em 2013 a partir de um projeto de pesquisa aprovado no edital “Interações Estéticas” do Ministério da Cultura. Traça um paralelo entre as condições de vida dos travestis do Nordeste (CE) e os do Sul do Brasil (RS).

SA I BA M A I S Em 2012, o grupo As Trasvestidas gerou polêmica no estado ao lançar um calendário com 12 imagens, em que atores transformistas aparecem em obras clássicas e cenas populares. Batizada de “Translendário”, a publicação utilizou uma releitura do quadro “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci, para ilustrar o mês de abril.

Age n d a d o g r u p o

Agenda do grupo: 15/03 – Juazeiro do Norte/CE 16/03 – Brejo Santo/CE 25 a 27/03 – Teatro Arena – Porto Alegre/RS. 29 e 30/03 – Festival de Teatro de Curitiba/PR. 05/04 – Fortaleza/CE

CO N TATO www.projetobrtrans.com www.facebook/ AsTravestidas


12 Papiro | 10 de março de 2013 Cultura]

O “K-Pop” cresce no Ceará e ganha evento próprio A música pop coreana, que popularizou o sucesso “Gangnam Style”, reúne fãs do gênero em abril no SEBRAE REPORTAGEM André Nina FOTOS Divulgação

A

cultura oriental vem se tornando cada vez mais conhecida e se popularizando no Brasil, principalmente no Ceará. Em Fortaleza, duas vezes por ano, ocorre o SANA (Super Amostra Nacional de Animes), um evento que reúne amantes desse assunto e contou com 30 mil pessoas na sua última edição. Dentro dele, o espaço voltado para a música coreana, o K-Pop, vem se destacando. Agora, o gênero ganha evento próprio, o primeiro “SANA K-Pop”, em abril deste ano. O evento acontece nos dias 5 e 6 de abril, no Centro de Negócios SEBRAE A programação extensa (das 9h às 19h) terá concursos de coreografia original e cover, com grupos regionais, jogos de dança, campeonatos, desfiles e atrações especiais. A grande atração do evento serão os concursos de dança, com inscrição até o dia 15 de março, onde os grupos devem apresentar uma coreografia

Edição especial dá destaque à cena musical coreana, cujo ponto forte está na coreografia original

original de K-Pop no palco do evento. Fã do gênero e membro de um grupo que irá se apresentar no local, Matheus Alves, 18, diz que o evento dá a oportunidade do fã se envolver com o que ele gosta e, aquele que a não conhece o K-Pop, de saber o que é aquilo. “Eu acho ótima a criação do SANA K-Pop, pois é um momento onde os fãs podem aproveitar o máximo daquilo que gostam”, ressaltou. A música coreana, assim como toda a cultura oriental,

vem cada vez mais atraindo simpatizantes por aqui. Para Matheus, a fama do K-Pop se deve à similaridade com o pop norte-americano, já consagrado. “Por ser semelhante no ritmo, as pessoas acabam escutando, e por apresentar coreografias bem elaboradas, fica mais interessante de ver”, afirma ele, que dança música coreana com o seu grupo desde 2012. A organização do evento confirmou a presença de convidados especiais: os dançarinos covers profissionais de

K-Pop, Lil Trane e Lee Nys, estarão presente no evento.

Saiba Mais O K-Pop é a música pop da Coréia do Sul, que se difere da feita em países como EUA e Inglaterra por ter coreografias elaboradas e complexas. O gênero mistura a música eletrônica, o hip hop, o rock e o R&B para criar um estilo musical diferente. Ele começou a ganhar grande público por volta de 2011, mas foi com a música “Gangnam Style”, do cantor

Psy, que se tornou conhecido. Outros expoentes do K-Pop são os grupos Girls Generation e Super Junior.

S E RV I ÇO 1º SANA K-Pop Local: Centro de Negócios SEBRAE (Av. Monsenhor Tabosa, 777) Data: 5 e 6 de abril Telefone: (85) 8166-1989

Manifestação]

Dia da mulher, dia de luta Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Marcha Mundial da Mulheres promoveu um ato pelas ruas do centro de Fortaleza REPORTAGEM Janaína Flor FOTOS Divulgação

P

ara comemorar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Marcha Mundial da Mulheres promoveu um ato pelas ruas do centro

Produção de material para o Dia Internacional da Mulher

de Fortaleza. A concentração aconteceu às 8h na Praça da Bandeira. As mobilizações do grupo feminista, responsável pelo evento, começaram há pouco mais de três semanas. Em reuniões e encontros, elas promoveram oficinas de produção de cartazes, com mensagens de igualdade e debates sobre o papel da mulher na sociedade. Tudo isso pode ser conferido no último sábado. Todos os anos, os encontros do movimento são combinados e divulgados pelas próprias integrantes. Qualquer pessoa pode ir e dar sua ajuda para a produção do material usado no dia 8 de março. Podem também participar das diversas palestras, mostras de filmes e documentários e debates que acontecem não só nessa época, mas durante o ano inteiro.

A estudante e militante da Marcha Mundial das Mulheres Ana Karoline, de 23 anos, lembra que a data é um dia de luta das mulheres e não apenas de comemoração. “Representa um momento em que nós saímos às ruas para mostrar que ainda somos oprimidas nessa sociedade, como também para resgatar as várias lutas de outras mulheres, em outras décadas, em busca dos seus direitos”, disse. A jovem coloca ainda que não é fácil ser uma mulher feminista numa sociedade que tem uma educação machista. “Lutamos em defesa da igualdade no trabalho, pelo fim da violência contra a mulher, pelo direito a decidir sobre o nosso corpo, por uma sociedade onde sejamos livres e iguais”.

Um estudo de 2013 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revela que a cada 1h30 uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil. Uma outra pesquisa do Dieese/Seade divulgada em março do ano passado mostra que em algumas regiões do país o salário médio dos homens é maior que o das mulheres, mesmo ocupando cargos iguais.

O movimento feminista está diretamente ligado ao histórico da data. É comum que se organizem atos para relembrar e homenagear a luta daquelas que tanto sonharam com uma sociedade justa e igualitária. As mulheres marcham para dar visibilidade a bandeiras como a luta contra a violência doméstica, o feminicídio, e em defesa da autonomia sobre o próprio corpo.

Histórico O Dia Internacional da mulher é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1975. A homenageia a luta de 130 operárias mortas, que reivindicaram, em 1857 na cidade de Nova Iorque, melhores condições de trabalho e equiparação de salário com os homens.

S E RV I ÇO Quando: 8 de Março (sábado) Concentração: Praça da Bandeira Horário: A partir das 8h


10 de março de 2013 | Papiro 13

Economia]

Três shoppings serão inaugurados no interior do estado até 2015 Cidades com mais de 100 mil habitantes têm preferência para receberem esses novos empreendimentos REPORTAGEM | FOTO Ariadne Sousa

N

Número de shoppings no Brasil Brasil

51%

Shoppings no Interior

49%

Shoppings na Capital

Nordeste

26%

No Eusébio, uma das regiões a receber empreendimento, obras avançam

município em parceria com o Senai de Maracanaú está disponibilizando cursos profissionalizantes como balconista de farmácia, recepcionista, operador de caixa e atendente. Segundo a responsável pela capacitação desses futuros profissionais, Silvia Santos, os cursos buscam prepará-los não somente para as vagas geradas pelo empreendimento, mas também para outras oportunidades que apareçam no mercado. Atualmente desempregada, Maria Conceição de 24 anos

inscreveu-se para o curso de recepção. “É bom pra população, porque prepara a gente para aproveitar as vagas de emprego que estão surgindo na cidade”, disse. A interiorização dos shoppings é um movimento que já se observa no Sul e Sudeste e tende a crescer nas demais regiões. Na região Sudeste, 59,69% dos shoppings estão no interior. No Sul o número é ainda maior, 67,05%. Ao todo, no Brasil dos 866 em funcionamento, 447 estão localizados em cidades do interior.

Shoppings no Interior Em declaração dada em coletiva no BrasilShop, encontro anual da Alshop ocorrido em Fortaleza no fim do ano passado, o presidente da associação, Nabil Sahyoun, falou a respeito da interiorização dos shoppings ainda não terem ganhado força no Ceará. “As regiões que tem mais de 100 mil habitantes se tornarão a bola da vez em um curto espaço de tempo e os prefeitos das cidades do interior que não tiverem shopping centers vão perder receita para os vizinhos que tiverem”, afirmou.

74%

Shoppings na Capital

Ceará

16%

Shoppings no Interior

84%

Shoppings na Capital

Fonte: ABLS

os últimos anos o mercado volta os olhos para o interior do Ceará e para a região metropolitana de Fortaleza. Prova disto é que dos cinco shoppings a serem inaugurados até 2015, três são em Juazeiro do Norte, Eusébio e Maranguape, outros dois em Fortaleza, um no Papicu e outro em Messejana. Segundo dados da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) o Ceará tem hoje 32 centros comerciais deste porte, sendo 27 deles na capital, o que totaliza 84,88%. O Eusébio Open Mall iniciará suas atividades em outubro deste ano. Com uma área de 22 mil metros quadrados, o shopping terá dois andares e estacionamentos na superfície e no subsolo para receber até 400 carros. Contará com três lojas âncoras; Frangolândia, Lojas Americanas e Normatel, além de um banco, uma farmácia e mais 45 lojas de diversos segmentos. O empreendimento fica na CE-040, onde funcionava anteriormente o Centro Educacional Padre João Piamarta. A prefeitura de Eusébio estima que quando o shopping estiver em pleno funcionamento serão criados 600 empregos diretos. Para que estas vagas sejam dos cidadãos do município, a Secretaria de Desenvolvimento Social do


14 Papiro | 10 de março de 2013 Nacional]

Projetos de lei podem criminalizar protestos Três projetos relacionados à liberdade de manifestações tramitam pelo País. O mais polêmico deles tipifica “terrorismo” e divide opiniões REPORTAGEM Bárbara Camurça FOTOS Divulgação

O

Governo Federal enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 499/2013, que tipifica terrorismo e tem causado polêmicas para a opinião pública. O projeto, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e discutido desde novembro de 2013, engrossa o debate em torno dos limites da liberdade de manifestação e aguarda elaboração de novo relatório, agora sob a responsabilidade do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Um dos estopins desta discussão foi a morte do cinegrafista Santiago Andrade da TV Bandeirantes, atingido por um rojão no Rio de Janeiro. Além da Lei 499/2013, mais duas propostas tramitam no

Congresso Nacional e repercutem diretamente em Fortaleza, uma das cidades-sede da Copa do Mundo FIFA 2014, e portanto, potencial local de protestos. O vereador João Alfredo Telles Melo (PSOL-CE) diz que acha difícil a Lei Antiterrorismo ser aprovada, por causa da sua repercussão negativa. Também professor de Direito, João Alfredo avalia a proposta como inconstitucional por ser imprecisa, podendo proibir o direito de expressão, de manifestação. “Quando você tipifica um crime, tem que dizer exatamente o que é o crime, para fazer a aplicação. Quando você fala ‘provocar pânico’, ‘colocando em risco à vida’ deixa isso tão em aberto que a aplicação vai ter um aspecto subjetivo”, explicou.

Segundo o vereador, há uma tentativa óbvia de impedir as manifestações porque estas expulseram a situação do Brasil num âmbito mundial, com suas carências, serviço público deficiente e que, mesmo assim, gasta bilhões com a Copa do Mundo. As declarações são divergentes. Enquanto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMD-AP) afi rma que o Projeto de Lei Antiterrorismo nada tem a ver com as manifestações, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou, em nota publicada no site do partido, a falta de precisão da lei que, “poderia servir à criminalização de movimentos sociais”. O Ministro da Justiça Eduardo Cardozo entregou à Casa Civil outro projeto de lei sobre

as manifestações. Em matéria do Bom Dia Brasil no dia 19 de fevereiro, esclareceu que a proposta visa coibir atos de vandalismo e abuso tanto de policiais quanto de manifestantes. No entanto, ao contrário da proposta de Jucá, a PL não utiliza o termo terrorismo. A terceira via proposta é a do Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, que entregou ao presidente da Subcomissão de Segurança Pública do Senado, Vital do Rêgo (PMD-PB), a proposta que tipifica o crime de desordem. Beltrame disse à Carta Capital que a Lei de Desordem é mais específica do que a Lei Antiterrorismo, e seria um apoio às manifestações por requerer organização e transparência.

Imprensa x Manifestações O governo deve elaborar um manual de conduta para policiais, contendo um capítulo referente à proteção de jornalistas, além de regras de atuação e treinamento para a imprensa. Para João Alfredo (PSOLCE), todas as leis têm um sentido muito restritivo e passível de várias interpretações, podendo levar a entender que qualquer passeata, na medida em que pare o trânsito, seja considerada desordem. Quanto ao treinamento e proteção de jornalistas, diz que não são leis ou o governo que garantem a segurança dos profissionais, mas a empresa para a qual trabalham.

SA I BA M A I S O Projeto de Lei do Senado 499/2013 define: TERRORISMO Provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante ofensa ou tentativa de ofensa à vida, à integridade física ou à

Coletivo Nigéria participa de diversas manifestações fazendo registros em vídeo

saúde ou à privação da

PONTO A PONTO O

Papiro

conversou

com

Yargo Gurjão, 26, jornalista do Coletivo Nigéria, e produtor do documentário “Com Vandalismo”. PAPIRO Na tentativa de se posicionar em relação às manifestações, o governo fala em três leis: a Lei Antiterrorismo, a proposta do ministro da justiça Eduardo Cardozo e a Lei de

Desordem, do secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Qual a sua opinião sobre essas propostas? YARGO Acredito que as leis criadas especificamente para criminalizar manifestantes terão o efeito inverso do que os governos pregam. Violência gera violência. Os confl itos devem se acirrar, enquanto a verdadeira causa do problema, a imensa desigualdade social, continuará sendo mascarada.

PAPIRO O Estado está “se contorcendo” para responder a situação do país e acalmar os ânimos para a Copa. Que medida é mais lúcida? YARGO Encarar os verdadeiros problemas: a desigualdade social e o extermínio da juventude pobre. Ao invés dos investimentos e políticas públicas serem voltados para esses problemas, fi nanciam a repressão, que já mostrou piorar o problema e não resolvê-lo.

PAPIRO Como é fazer parte da mídia alternativa no meio disso tudo? YARGO Temos o papel de pegar pautas que não interessam à grande mídia ou sobre as quais esta se nega a falar. PAPIRO A grande mídia é clara quanto ao que está acontecendo no país? Yargo: Não. É seletiva nas pautas que escolhe cobrir, além de ter linhas editoriais conservadoras e elitistas.

liberdade de pessoa. Penalidade: reclusão de 15 a 30 anos. TERRORISMO CONTRA COISA Provocar ou infundir terror ou pânico generalizado mediante dano a bem ou serviço essencial. Penalidade: reclusão de 8 a 20 anos.


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