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Paixão e luta de 60 anos por uma causa Aos 81 anos, Nirez sustenta sozinho um museu na própria casa. Entre os itens que compõem o acervo, está a maior coleção de discos de cera do país. p. 14 11 de Novembro de 2015
Food trucks
Gourmet sobre rodas O final de semana em Fortaleza ganha mais cores e sabores. Em busca de inovar o setor de alimentação, os Food Trucks levam ao público cearense os mais variados tipos de comida: sanduíches regionais, guloseimas gourmet, pudins especiais e dindins alcoólicos, que agradam a todas às classes sociais e às diferentes faixas etárias. Apesar de muitas vezes serem consideradas como modismo, as cozinhas móveis mostram cada vez mais que vieram para ficar. p. 3
Mobilidade
Ciclistas x motoristas: a necessidade de regras para convivência no trânsito A nova onda de ciclismo em Fortaleza estimula hábitos saudáveis, mas as relações entre usuários de bicicletas e motoristas dos demais veículos ficam prejudicadas devido à falta de respeito, mostrando que são necessárias ações que trabalhem a educação no trânsito. A associação do Ciclistas Urbanos de fortaleza vai, inclusive, doar boneco com bicicleta para contribuir com o trabalho do Detran-Ce. p. 12-13
Emprego Blog como fonte de renda Com a nova geração integrada nas redes sociais, a utilização de blogs como emprego tornou-se um trabalho prazeroso. E, assim, os jovens encontram, com essa alternativa uma garantia de fonte de renda financeira e um meio de entrar no mercado de trabalho. O conteúdo dos blogs na internet envolve as mais diversas temáticas. Para ter sucesso nesse ramo é necessário um diferencial. p. 4
Segurança Comissões Criatividade para evitar assaltos
Políticos debatem interesse público
Diante do alto índice de violência na capital a população cria formas de se prevenir contra assaltos. Para evitar perda de objetos, tem sido comum andar com dois celulares; um deles é reserva p. 10
Propostas de deputados estaduais e integrantes da sociedade civil têm sido debatidas no legislativo cearense. São 18 comissões técnicas analisando proposições no parlamento. p. 9
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Editorial Fortaleza e suas histórias
“É
preciso um trabalho duro e uma grande vontade para transformar a paixão numa virtude”. Inspirados na citação de George Sand, pseudônimo da baronesa de Dudevant, considerada a maior escritora francesa, apresentamos mais uma edição do jornal Papiro em sua versão 2015.2. Foram longas horas de pesquisa, produção, entrevista e diagramação, resultando em um produto leve e informativo. Estejam convidados para um agradável e informativo passeio. Começamos deixando o leitor com água na boca. A reportagem sobre gastronomia traz os “Food Trucks”, restaurantes móveis que conquistaram os fortalezenses com uma forma inovadora de vender comidas em “trailers”. No universo on-line, conheça as novidades sobre o universo das “blogueiras”, jovens que faturam com seu trabalho na internet e do mundo da moda. Ainda em Economia, aproveitamos para apresentar as últimas notícias sobre o Shopping Popular e o remanejamento dos ambulantes que atuam nas principais avenidas do Centro de Fortaleza. Já quem curte uma boa viagem vai ser apresentado à possibilidade de descobrir como viajar pelo mundo e ainda receber dinheiro com essa atividade. É o recrutamento de funcionários para atuarem em cruzeiros marítimos ao redor do mundo. E que tal economizar? Nesse item, trazemos duas dicas. A primeira, é que Instituições como SENAI, SEBRAE e Assintecal estão promovendo consultoria gratuita para novos e mpreendedores nos setores de calçados e confecções. A outra, se traduz em um convite para que conheçam o e vento da Quarta Coletiva, mostra indicada como alternativa para os adeptos da economia criativa. Abrindo espaço para o cenário político, apresentamos o trabalho realizado pelas comissões t écnicas da Assembleia Legislativa, que organizam as atividades legislativas em torno de 18 temas de interesse da sociedade. Outro assunto é a segurança, que deve ser levada a sério. Assim, sugerimos formas de prevenir a perda de pertences importantes em caso de roubo. Trazemos também para o debate as questões eleitorais, com uma matéria que aborda o voto exercido por idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos, que colaboram com o processo democrático, mesmo sem que sejam obrigados. Entendam a situação da comunidade Quilombola do Alto Alegre, localizada no município de Horizonte, e que aguarda a finalização do processo de demarcação de suas terras. Três matérias focam na mobilidade urbana e, entre elas, duas abordam o ciclismo. Uma das matérias destaca a busca por respeito e espaço no trânsito, como a necessidade de regras de convivência. A segunda, conta sobre o debate promovido pela Associação dos Ciclistas, visando a um maior envolvimento da sociedade para um trânsito de melhor qualidade. Conheçam também o “Meu ônibus”, aplicativo criado no final de julho, para facilitar a vida da população que utiliza transporte público diariamente. Em clima de pesquisa e memória, retratamos parte de história de Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez, que tem em sua residência a maior coleção particular de discos do país, e demanda apoio financeiro. E por falar em cultura, o Papiro traz matéria sobre a Biblioteca Popular “Casa Vermelha” e seu projeto de compartilhamento de livros totalmente gratuito. Nesta edição abordamos ainda a ação solidária do Abrigo Nosso Lar, junto aos cães abandonados na cidade. E, quando o assunto passa para o esporte, mostramos as dificuldades e desafios de um atleta em busca de patrocínio para disputar as paraolimpíadas no Rio 2016. Para finalizar, temos o Stand Up Paddle, considerado como o queridinho dos praticantes de atividade física. A atividade é a nova febre dos finais de semana nas águas da capital cearense. No nosso processo de aprendizagem, como estudantes de jornalismo, buscamos dar o nosso melhor. Está feito o convite à leitura!
Foram longas horas de pesquisa, produção, entrevista e diagramação...
Diretor-Geral EdniltonSoárez Diretor Acadêmico Ednilo Soárez Vice-Diretor Adelmir Jucá
Coordenador do Curso de Jornalismo Dilson Alexandre Coordenadora do Curso de Design Nila Bandeira
Editora chefe Ana Márcia Diógenes Projeto Gráfico e Direção de Arte Tarcísio Bezerra Editores Núcleo de Design Diego Henrique | Tarcísio Bezerra Estagiários Design Leonardo Portiolli | Marlone Melo | Antônio Paiva (Toin) Editorial Fernando Souza
COLABORADORES
Texto Amanda Cavalcanti; Ana Clara Cabral; Ana Vitória Reis; Bruna Cruz; Edemy Gonçalves; Evaniely Santos; Isabelly Lima; Israel Machado; Jonnas Sousa; Joseanne Nery; Letícia Alves; Fernando Souza; Naélio Lima; Natasha Lima; Paloma Magalhães; Rafaella Girão; Rafaelly Leal; Vitória Queiroz.
Design Adailson Silva, Ana Vitória Reis, Beatriz Morais, Caio Túlio Costa, Hitalo Lobo, Iury Medeiros, Ivina Rocha, Jórdan Oliveira, Juliana Rodrigues, Magno Paz, Mairla Freitas, Natália Catunda, Natiele Maíra, Nayara Oliveira, Paulo Mesquita, Pedro Brito, Raquel Rodrigues, Rebecca Prado, Rodrigo Gondim, Weider Gabriel.
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Food Trucks Restaurantes móveis conquistaram fortalezenses Com uma forma inovadora de vender comidas, “trailers” ganham destaque nos setores alimentícios e de lazer nos finais de semana da capital cearense REPORTAGEM Joseanne Nery FOTOS Joseanne Nery | Paulo Renan (Agencia Voar) DESIGN Ana Vitória Reis
E
m carros ou bicicletas, locais públicos ou privados, com opções de comidas salgadas ou doces, eles estão por toda parte. São os chamados Food Trucks, as cozinhas sobre quatro ou duas rodas que se locomovem levando diversos alimentos gourmets ao cardápio da população brasileira. A atividade já é fonte de renda de muitas pessoas: os trabalhadores deste ramo representam cerca de 2% da população, segundo o Sebrae. Há um ano a moda chegou a Fortaleza e trouxe o crescimento desse estilo de restaurante ao Ceará. O que muita gente não imagina é que por trás das culinárias móveis existe muito trabalho e custo. Para montar um Food Truck customizado, com a logomarca do restaurante, os preços podem variar de R$ 25 mil a R$ 200 mil. Além dos gastos com o trailer, os proprietários também devem se preocupar com a higienização da cozinha e manter a documentação de funcionamento em dia, para continuar transitando legalmente na cidade com seus trucks.
“A ideia é comprar o alimento e dividir com os amigos” Raquel Cavalcante, 35 Atualmente, existem mais de 70 Food Trucks em Fortaleza. Eles podem ser encontrados nos eventos chamados Food Park, que acontecem, normalmente, em locais privados e reúnem os melhores restaurantes móveis em um único ponto da cidade. O Pátio Cocó Food Park é um exemplo de evento que concentra trailers e bicicletas: acontece na área externa do Shopping Pátio Cocó e foi criado com o intuito de deixar o espaço mais atrativo para os frequentadores. O evento, que concentra Food Trucks de churros, picolés, coxinhas, batatas, sanduiches e até açaí, já está na sua quinta edição. Lá, os preços dos alimentos podem chegar a R$ 20,00. A intenção é que o público deguste todos os itens
Hey Joe, especializado em culinária saudável, esteve presente no Pátio Cocó Food Park
disponíveis. “Num Food Park existe aquele clima de descontração: você fica mais à vontade e consegue experimentar muitas coisas em um só dia. A ideia é comprar o alimento e dividir com os amigos”, explica Raquel Cavalcante, 35, coordenadora do Pátio Cocó Food Park e crítica gastronômica. Os vendedores de comida de rua, ao estacionarem seus trucks em locais privados, pagam taxas que podem variar de R$ 70,00 a R$ 1.000,00 por dia. A cobrança dos valores depende do tamanho do trailer, do tipo de evento Food Park e da forma como este é divulgado. Com base nisso, os preços aumentam ou diminuem. A reclamação de muitos proprietários é que sempre precisam estacionar seus trailers em áreas particulares, porque não existe uma lei em Fortaleza que permita que os Food Trucks fiquem estacionados na rua, como em outras cidades do Brasil.
É nesse ponto que está o diferencial do grupo, que se diz preocupado em apresentar ao público os alimentos típicos do estado do Ceará. O Rapadura Food Truck é composto por três amigos: dois deles são cozinheiros e o terceiro cuida da parte comercial do trailer. O trio está sempre atento à produção dos alimentos. Segundo Lucas Bottino, sócio proprietário e cozinheiro do Rapadura Food Truck, eles não estão receosos de serem apenas uma moda, pois sabem que existe um filtro popular, onde apenas os mais dedicados são escolhidos e conseguem sobreviver ao modismo. A vida de quem está nesse ramo é corrida. Eles
trabalham todos os dias na produção de novidades alimentícias, com o diferencial de viver sobre uma cozinha móvel. “De segunda a segunda, não temos folgas. É muita coisa, são muitos detalhes! Trabalhar com alimento requer bastante atenção, mas se você tiver muita organização, boa logística e boa qualidade de produção, dá pra viver disso”, disse Lucas Bottino.
Finais de semana Os eventos que reúnem Food Trucks, normalmente, acontecem nos finais de semana e estão sempre lotados. Quem deseja ir a uma concentração de trailers de comida, deve estar preparado para enfrentar
CO N H EÇA O U T ROS FO O D T RU C KS Q U E T RA N S I TA M N A C I DA D E D E FO RTA L E ZA Spot Churros: Com os mais variados sabores de churros, desde o tradicional chocolate ao inovador leite ninho, o Spot Churros veio para movimentar o setor de guloseimas da cidade. Hey Joe: Para quem busca alimentação saudável, o Hey Joe é uma ótima opção. Com sanduíches de salmão e sem adição de gordura, ele vem se destacando entre os Food
Comida regional Em meio a tantas opções de trailers, encontra-se o Rapadura Food Truck. Um restaurante móvel especializado em sanduíches regionais que levam, como ingredientes, cajuína e rapadura. A proposta é não priorizar apenas os produtos cearenses, mas também os fornecedores da região.
filas. Pessoas de todas as idades e estilos se sentem atraídas pela culinária móvel. “O Food Truck para mim é uma opção diferente, é um passeio. Eu adoro, porque o ambiente é tranquilo e descontraído, além de que as opções de comida são diversas e com preços acessíveis.” ressalta a analista contábil, Carolina Nunes, 31. Existem opções também para aqueles que não querem sair da dieta. O blogueiro fitness Yago Gadelha, 19, explica que sempre encontra opções de comidas saudáveis nos eventos Food Park e que não é preciso quebrar a dieta para se deliciar e aproveitar a moda dos restaurantes móveis. A forma como são feitos, em um espaço considerado pequeno, sobre rodas, não impede os cozinheiros de produzirem alimentos de melhor qualidade. A realidade é que a população fortalezense já se apaixonou pela variedade de comidas encontradas nos Food Trucks e estes são vistos como opção certa de lazer na cidade.
Trucks saudáveis de Fortaleza. Dindin do Brilho: Dos 11 sabores diferenciados que compõem o cardápio do Dindin do Brilho, há misturas excêntricas como amarula, Sanduíches com ingredientes da culinária cearense, apresentados pelo Rapadura Food Truck
paçoquita e catuaba.
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Blog como emprego Jovens passam a ter renda trabalhando na internet Nos últimos anos, tornou-se comum ganhar dinheiro criando conteúdo que se destaque na rede social e ainda ter experiência de trabalho REPORTAGEM|FOTOS Natasha Lima DESIGN Natália Catunda
H
oje a internet está cada vez mais presente na vida das pessoas, sendo possível, até mesmo, obter renda financeira. É esse o caminho que tem sido seguido por diversos blogueiros. Boa parte deles começa a atividade quando ainda está na universidade. Um deles é o “Doces Curvas”, de Karlla Queiroz, 24, que, em 2015, completa cinco anos de atividades. A blogueira afirma vir da internet a maior parte de seus lucros e chega a ganhar em torno de oito salários mínimos por mês. Como sempre gostou de moda, Karlla era leitora de muitas revistas sobre a temática e, tendo uma identificação pessoal com o mundo fashion, escolheu o foco principal do “Doces Curvas”. “Apaixonada pelo fashionismo e como estava acima do peso, não encontrava nada bacana pro meu corpo. Então, fiz meu blog”, diz ela. Sua rotina de trabalho não é comum e acaba tendo dias com muitas reuniões. “Às vezes chega a ser cansativo”, declara. A seleção do nome foi feita por lembrar uma mulher volumosa, com muitas curvas, como a maioria das mulheres brasileiras. E o “doce” foi escolhido por falar de sua personalidade e por gostar muito de comidas doces. As redes sociais estimulam e facilitam a interação com leitores, a divulgação de links do blog e de vendas diretas. O conteúdo que será postado no blog é selecionado com base no que é mais consumido pelos leitores. Karlla observa que a escolha desse trabalho se deu em um momento decisivo de sua vida, pois acabou desistindo do curso de Direito para dedicar-se inteiramente ao blog. Clara de Castro, 20, estudante de jornalismo, conseguiu um estágio no site de moda “Márcia Travessoni”. há poucos meses, por indicação de uma colega de faculdade. Essa é sua primeira fonte de renda. Desenvolvendo todas as pautas a serem publicadas no site, ela acaba estudando moda diariamente. Com esse estágio, aprendeu como funciona a
Mateus e Ana Fornazari em seu escritório trabalhando no blog e canal
comunicação da plataforma de blogs e pensa em escrever sobre outro assunto, no mesmo meio, criando seu próprio blog. Neste primeiro emprego ela vem aprendendo a entender um ambiente empresarial. E uma das metas que Clara estabeleceu é sempre estar melhorando na área, tirando o uso da moda na internet do simples “look do dia”. “Além de tudo, a dinâmica de trabalho vem me conquistando aos poucos. Isso vai ser importante para minhas próximas experiências”, diz ela. Como o blog é local, Clara diz que, em termos de alimentação do conteúdo, tem evitado fazer matérias sobre moda em estações do ano. Então, acaba tentando traduzir a moda inverno europeia para o cearense. A internet tem o conteúdo mais vasto e criativo de um dispositivo que atinge o mundo todo. Já no universo
“Isso vai ser importante para minhas próximas experiências” Clara de Castro, 20 dos blogs há uma diversidade de assuntos tratados. É nesse contexto que se encaixa o blog “AssombradO.com. br”, de Mateus, 33, e Ana, 30, Fornazari. O conteúdo do blog aborda o sobrenatural, contando histórias assombradas e fatos sobrenaturais que estão na mídia, além de mostrar lugares conhecidos por serem assombrados. A ideia de desenvolver esse conteúdo surgiu como um derivado do portal “Sobrenatural. Org” que também é administrado pelos Fornazari. “Só que a internet mudou e o formato blog começou a prevalecer.
A qualquer momento Karlla Queiroz administra seu blog
Então resolvemos criar o “AssombradO” nesse formato, usando as melhores postagens do Sobrenatural.Org”, relata Mateus. Esta não é a única fonte de renda deles, que possuem uma loja virtual de livros, canais no Youtube, fazem campanhas de marketing e recebem doações mensais via Patreon, um site de doações. Todas essas formas de trabalho proporcionam a eles trabalhar em casa e ter uma boa fonte de renda fixa. Ana Timbó, 26, responsável pelo blog, “Interação”, tem conseguido uma renda financeira, mas este não é seu único trabalho. No começo não era seu objetivo ganhar dinheiro pelo blog, mas a dedicação o fez crescer. Recentemente, o blog “Interação” passou a receber colaboradores para contribuir na alimentação de conteúdo. E passou a proporcionar, a ela, conhecer lugares, pessoas e adquirir conhecimentos em diversos assuntos. Mesmo quem não tem uma renda financeira via blog, como Dyana Colares, 23, do “Desejo Literário”, dedica-se em fazê-lo crescer constantemente. “Pretendo investir ainda mais no blog para, quem sabe, torná-lo um meio de renda no futuro”, declara. Seu blog é voltado para o mundo literário e já lhe proporciona participar de eventos e ter um contato maior com o universo dos livros.
Youtube e consumo Em
2015,
o
Youtube
completou 10 anos e seu amplo crescimento tem marcado a mudança de consumo de mídia. “A internet evoluiu e o que todo mundo quer ver é o Youtube. Muitas pessoas têm preguiça de ler e não acessam mais blogs. Se você quer ganhar dinheiro com a internet vá para o Youtube”, afirma Mateus Fornazari. Os criadores de conteúdo tiveram que se adaptar à nova mídia. Durante a criação do canal “AssombradO.com.br”, Mateus e Ana encontraram dificuldades, pois não entendiam de edição de vídeos. E havia também problemas na hora de enviar os vídeos para o youtube. Por outro lado, o blog ajudou muito com suas postagens durante a criação dos roteiros dos vídeos. Para Dyana Colares, a transição do blog para o youtube foi natural porque já tinha conhecimento em edição. Ela aderiu a essa tendência e vê o canal no youtube como um meio de conhecer novos leitores.
Clara de Castro planejando as pautas do dia
S E RV I ÇO E N D E R EÇOS D E B LO GS www.docescurvas.com www.assombrado.com.br www.desejoliterario.com www.interacao.blog.br www.marciatravessoni.com.br
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Mercado informal Tensão na transferência de feirantes da José Avelino Com entrega prevista para o próximo ano, um shopping popular é a saída que a Prefeitura de Fortaleza encontrou para aliviar o fluxo de feirantes REPORTAGEM/FOTOS Paloma Magalhães DESIGN Mairla Freitas
A
cidade de Fortaleza possui uma economia frenética. Principalmente no ramo da moda, a capital abriga milhares de comerciantes espalhados em bairros como Messejana e Parangaba. Mas é o Centro que se destaca como a principal feira atacadista e varejista. São ônibus lotados com revendedores vindos de todo o Nordeste e regiões brasileiras, além de clientes no interior do estado e pequenos consumidores que movimentam o bairro. Embora a feira aconteça há anos e faça circular milhões de reais anualmente, medidas estão sendo tomadas pela Prefeitura para desobstruir as principais ruas e avenidas utilizadas pelos comerciantes. Conforme acordo firmado em março de 2013 entre a Prefeitura e os camelôs, o comércio ambulante deve ficar restrito a algumas áreas. A atuação é permitida na rua Governador Sampaio, área embaixo do viaduto que cruza a avenida Alberto Nepomuceno, via Travessa Icó e rua José Avelino, sendo proibida a comercialização na avenida Alberto Nepomuceno e toda a calçada do entorno da Catedral Metropolitana de Fortaleza. As
Mesmo em dias de chuva feirantes e compradores não interrompem as atividades
vendas devem ocorrer somente das 19hs da quarta-feira às 11hs da quinta- feira e das 19hs do sábado às 11hs do domingo. Nos dias de realização da feira, sempre está presente no local a operação montada pela Prefeitura, constituída por guardas municipais, agentes de fiscalização e polícia militar, para orientar os feirantes
a respeitar os espaços delimitados pelo acordo. Segundo um agente de fiscalização da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) que não quis ser identificado, com a presença dos fiscais, as vias estão mais livres. O taxista Fábio Aurélio, 32, concorda. Para ele, o tráfego de veículos está mais aliviado e os feirantes estão respeitando as delimitações da Prefeitura. “A situação aqui melhorou muito”, comenta.
Desentendimentos
Ambulantes vivem o drama de perder seu espaço de vendas
Embora o trânsito tenha melhorado, os feirantes continuam se apropriando de espaço irregular. É o que relatam alguns guardas municipais, que preferiram não ser identificados. Mesmo com a presença dos guardas intimidando os feirantes, a ocupação imprópria permanece frequente. “Basta a gente sair de perto que eles ficam onde não devem”, relatam. Segundo a ambulante Sâmea Silva, 22, alguns comerciantes extrapolam. “Toda semana acontece alguma confusão porque eles só querem ficar onde não pode”, diz. Além disso, desentendimento entre fiscais e comerciantes são comuns. Acompanhados por guardas municipais, os agentes de fiscalização podem deter mercadorias se o comerciante insistir em ocupar via proibida. “Mas muitas vezes o ‘rapa’ leva as
“Toda semana acontece alguma confusão porque eles só querem ficar onde não pode” Samea Silva, 22 coisas e não devolve”, conta. Em entrevista para a rádio O Povo/CBN, no programa “Debates do Povo” (edição 23/07/2015), o titular da Secretaria Regional do Centro (Sercefor) Ricardo Sales, disse que a fiscalização está no local para orientar os espaços delimitados e a apreensão só ocorre em último caso. “Não recolhemos o material de primeira. Pedimos para eles saírem, mas, se a abordagem educacional não resolver, a gente usa como último recurso a apreensão”.
Centro Fashion Na tentativa de diminuir o número de feirantes e tirar todo comércio da rua José Avelino, um empreendimento privado no antigo prédio da Fábrica Filomeno Gomes, ao lado da Marinha, no Jacarecanga, está em construção. O shopping popular chamado “Centro Fashion” contará com 6.500 boxes e 300 lojas. Com previsão de
entrega para 2016, após a inauguração estará proibida a comercialização na José Avelino Sâmea não aprova a mudança. Ela informa que o preço de um box no Centro Fashion é inacessível para quem chegou agora na feira e, além disso, é muito longe. “Não dá”, diz. Opinião semelhante tem a feirante Taiane Oiveira, 21. Mesmo sem saber ainda da mudança prevista para o próximo ano, ela desaprova a medida. “Não vai melhorar. Aqui vai ser sempre desse jeito”, conta
Beco da Poeira Mudança parecida aconteceu com o Centro de Pequenos Negócios - Beco da Poeira, fundado em 1991, na tentativa de revitalizar o Centro. Já em 2010, os feirantes foram transferidos para um novo local, na avenida Imperador, devido à construção do Metrô de Fortaleza (Metrofor). O Beco da Poeira conta com mais de 2.000 permissionários e gera cerca de 10.000 empregos diretos e indiretos. Este ano passou por reformas, mas os comerciantes reclamam da falta de estacionamento e de segurança. Em junho deste ano, a Prefeitura de Fortaleza divulgou a possibilidade de incluir o Beco da Poeira no roteiro turístico da cidade, no intuito de impulsionar as vendas.
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Emprego Viaje pelo mundo se divertindo e trabalhando em navio Com o aumento do dólar, o trabalho em cruzeiro tem sido uma das opções mais procuradas por jovens brasileiros a partir de 18 anos REPORTAGEM | FOTOS Israel Machado DESIGN Nayara Oliveira | Hitalo Lobo
V
iajar pelo mundo, conhecer novas culturas, aprender outras línguas e ainda ser pago em dólar por tudo isso. Parece irreal, mas essa é a promessa das agências recrutadoras de tripulantes de navio de cruzeiro. E com o aumento do dólar, acima dos R$ 4,00, cresce ainda mais a procura por esse tipo de emprego, que chega a pagar entre US$ 657 até mais de US$ 3000 por mês. Diego Brito, 28 anos, foi um dos que se encantaram pela proposta de trabalho; e largou a vida de músico em Fortaleza para trabalhar em navios. “Estava juntando dinheiro para fazer um mochilão. Quando soube da possibilidade de viajar e ganhar dinheiro, não resisti”, conta Diego. De acordo com o gerente geral da agência de recrutamento, Rosa dos Ventos, Diego Cabral, 26, só entre os navios da MSC Cruzeiros que operam em águas brasileiras, estão empregados mais de 1.200 brasileiros. O artigo 3º, da Resolução Normativa Nº 72, afirma que qualquer navio estrangeiro que permanecer em águas brasileiras por um período superior a 90 dias, precisa ter um percentual de, no mínimo, 25% de sua tripulação,
TENHO INTERESSE. O QUE DEVO FAZER? Para trabalhar embarcado é preciso passar por um treinamento de duas semanas, que é fornecido pelas agências de recrutamento. Em Fortaleza, apenas a Rosa dos Ventos faz essa seleção e o valor dos cursos chega a R$ 1.800. Em sete anos de funcionamento, a Rosa dos Ventos já enviou mais de 5 mil tripulantes à carreira marítima.
A vida de tripulante proporciona a ida a lugares paradisiacos
de nacionalidade brasileira. “É uma forma de gerar emprego para o brasileiro”, afirma Thiago Loureiro, chefe do departamento de excursões da MSC. São mais de 20 opções de emprego disponíveis para os “marinheiros de primeira viagem”, entre eles assistente de camareiro, assistente de garçom, animador, fotógrafo e recepcionista, que costumam receber uma média de US$ 1000 mensais, além de gorjetas e comissões
de venda. Após o primeiro contrato é possível crescer na empresa e mudar de cargo, aumentando o salário.
“O número de desistência é muito grande, porque as pessoas vão achando que é só curtição” Alan Oliveira, 23 Thiago Loureiro iniciou a vida de tripulante em 2011, trabalhando na área de limpeza dos banheiros do navio, ganhando US$ 900. Hoje trabalha no departamento de excursões ganhando mais de US$ 3.600, além de ter aprendido inglês, italiano, alemão, francês, espanhol e “arranhar” no holandês e hebreu. “Tudo depende de quão sério você leva o trabalho. Do quanto você se
dedica e entende que isso não é um intercâmbio, é um trabalho como qualquer outro. É possível sim, crescer aqui dentro”, diz o tripulante. “O dinheiro acaba sendo lucro total, já que não temos gasto com nada no navio”, conta Alan Oliveira, ex-tripulante, se referindo ao fato de que tanto hospedagem, quanto alimentação são fornecidas gratuitamente pela empresa. Alan diz que conheceu mais de 20 países em seu último contrato e que isso foi um grande diferencial para seu currículo, garantindo um emprego em uma agência de turismo assim que retornou de viagem. “É muito mais fácil vender um pacote de viagens para um lugar que você já conhece”, afirma. Esse não é um caso isolado. Muitos ex-tripulantes acabam conseguindo emprego em turismo e hotelaria, que tem interesse em pessoas com domínio em línguas estrangeiras, grande bagagem cultural e experiência na área hoteleira.
Os candidatos interessados devem ser maiores de 18 anos, ter no mínimo o nível básico de inglês e disponibilidade de viajar por vários meses. É preciso preencher o cadastro “Processo Seletivo” no site da agência (http:// www.rosadosventosbrasil. com.br), que, por sua vez, enviará de volta um link de inscrição para entrevista que avaliará a fluência nas línguas estrangeiras e o perfil do candidato. Quanto mais idiomas você dominar, melhores são os cargos a serem escolhidos. Após aprovado, o candidato pode iniciar o processo de treinamento. Além de aprenderem a desempenhar suas funções, os futuros tripulantes têm um treinamento de brigada de incêndio e aprendem técnicas de sobrevivência no mar, ensinadas pela Marinha brasileira. A Rosa dos Ventos fica localizada no bairro Meireles, na rua Visconde de Mauá, 85A. Para entrar em contato basta ligar para (85) 3224.8344 ou enviar um e-mail para contato@rosadosventosbrasil. com.br
Um equilíbrio entre trabalho e turismo
P Ilha da madeira, Portugal. Um dos vários destinos inclusos nas rotas de navios
orém, é preciso ter em mente que não é só turismo ou diversão. É uma proposta de trabalho e, como qualquer outro, tem responsabilidades e obrigações. “O número de desistência é muito grande, porque as pessoas vão achando que é só curtição
e não gostam quando precisam trabalhar de verdade”, conta o ex-tripulante, Alan Oliveira. Também não existe a possibilidade de aposentadoria, pois as leis que regem são internacionais e não seguem as normas da CLT. Porém, uma opção é fazer como Thiago,
que paga todos os meses um plano de previdência privada. “Vou poder me aposentar como qualquer outro brasileiro”, conta. É preciso ter em mente, também, que nem sempre existe a possibilidade de descer do navio e conhecer as cidades.
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Artefatos em couro e aviamentos compõem um acervo com mais de 600 peças da biblioteca de materiais
Consultoria Gratuita Materioteca incentiva empresários de moda cearense SENAI, SEBRAE e Assintecal promovem consultoria gratuita para novos empreendedores do estado, nos setores de calçados e confecções REPORTAGEM | FOTOS Rafaella Girão Alves DESIGN Magno Paz
O
s empresários da área de moda e estilistas cearenses já podem contar com um suporte importante no processo de confecção de seus produtos. A Materioteca é uma estrutura que funciona dentro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Fortaleza, há um ano de dois meses, e lá, os criadores têm acesso às novidades do mercado em termos de matérias-primas. O projeto Materioteca é resultado de uma parceria da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas(SEBRAE) e do SENAI. Funciona como uma grande biblioteca de materiais que oferece um acervo físico rico em couros, aviamentos, metais e tecidos sustentáveis. Tudo muda duas vezes por ano: na primavera-verão e no outono-inverno, de acordo com as viradas de coleção dos grandes birôs de estilo, que são empresas especializadas em pesquisas de tendências de moda. Um passo indispensável para o planejamento e desenvolvimento de qualquer
coleção de moda é fazer pesquisas de tendências e comportamento, o que auxilia na orientação do estilista e do empresário na hora da compra da matéria-prima. As co-
A estrutura tem recebido empreendedores de diferentes perfis e setores. Um deles é Leirton Graciano, 29, que trabalhou por muito tempo no setor calçadista. Decidido
a abrir seu próprio negócio, resolveu se consultar na Materioteca.“Esse é o meu primeiro contato com pesquisas de tendências. Junto da consultora, pude ter uma noção de
O alinhamento de pesquisa de tendências de moda com a confecção é uma forma de ampliar as possibilidades criativas das coleções Metais exclusivos fazem parte do acervo fixo da Materioteca
leções, além de possuírem um conceito estético, devem ser também confeccionadas pensando nos lucros e evitando o desperdício de materiais. Mas, para ter acesso a essas análises mercadológicas é necessário investir tempo e dinheiro. E nem sempre os empresários, principalmente os que estão começando, dispõem desses recursos. Diante disso, a Materioteca de Fortaleza oferece consultorias gratuitas para empresários dos setores de confecção e calçados.
como começar e em que materiais devo investir inicialmente. Estou saindo daqui cheio de ideias”, disse Leirton. Segundo Sara Ponne, 31, consultora da Assintecal e designer de produto,esse alinhamento de pesquisa com confecção é uma forma de ampliar as possibilidades criativas das coleções a serem desenvolvidas. Ela também conceitua como deve funcionar o desenvolvimento do produto, e ensina ao empresário o valor dos conceitos e a importância desses valores na hora do investimento. “São três conceitos básicos da pirâmide de desenvolvimento do produto: 10% é tudo que é experimental, as apostas de mercado; 30% já não é mais uma experimentação, as pessoas já conhecem e 60% inclui toda a produção de massa, tudo o que é vendável, explica Sara.
S E RV I ÇO Materioteca Telefone: (85) 3421 4031 E-mail: materioteca.for@ assintecal.org.br Site: www.materiotecavirtual. com.br Artigos em couro, sínteticos e texturas
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Economia Criativa Arte alternativa é destaque no Mercado dos Pinhões Mostra Quarta Coletiva, no Centro de Fortaleza, reúne várias marcas locais que oferecem moda, design, música e comidas típicas para quem gosta de qualidade, diferenciação e produtos alternativos . O evento ocorre na segunda quarte-feira de cada mês REPORTAGEM | FOTOS Isabelly Lima DESIGN Iury Medeiros | Juliana Rodrigues
S
ão mais de 30 marcas que se reúnem, todos os meses, no evento da Quarta Coletiva, uma alternativa para os usuários e opção de renda, dentro do que é conhecido como economia criativa. A mostra acontece sempre a cada segunda quarta-feira de cada mês, sempre das 17 às 21 horas, na Praça Visconde de Pelotas, Mercado dos Pinhões. O evento é realizado pela Secultfor (Secretaria de Cultura de Fortaleza) e a entrada é gratuita. A 29º edição da Quarta Coletiva, realizada em setembro, contou com 33 marcas. Cada expositor montou o seu espaço de acordo com a sua criatividade. Os produtos ficam disponíveis nas mesas, presos em grades ou araras, caixas e até mesmo no chão. São diversas mercadorias artesanais e com referências na cultura pop, aplicadas em camisetas, canecas, bijuterias, biquinis, itens de papelaria, pares de óculos, quadros, luminárias, bolsas etc. Os visitantes, além de conhecer as marcas do cenário local, ainda escutam boa música e têm opções de comidas típicas. Raridade da Música, um dos expositores, é uma marca que
A feirinha oferece uma variedade de produtos customizados
vende vinis antigos, grava CDs com a carreira completa dos artistas, produz relógios e almofadas com estampas de artistas da música e do cinema e aceita encomendas. Além da Quarta Coletiva, marca presença ainda na Feira Afins de Vitrola, que também é realizada no Mercado dos Pinhões. De acordo com um dos proprietários, Leandro Tambelli, o Raridade possui mais de 3 mil títulos e
Soraia e Anahid empreendem na Tecida-se desde junho deste ano
faixas de 1930 a 1990. Nos vinis que a marca vende, podem ser encontrados produtos de Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Benito di Paula etc.
Estão no Facebook, Instagram e prometem, para breve um site próprio. Pretendem também participar de outras feiras e enviar seus produtos para todo o país.
São diversas mercadorias artesanais e com referências na cultura pop, aplicadas em camisetas, canecas, bijuterias, biquinis, itens de papelaria, pares de óculos, quadros, luminárias, bolsas etc
A estrutura
Tecida-se, uma jovem marca que surgiu em junho de 2015, teve sua primeira participação na Quarta Coletiva de setembro. As sócias da marca, Soraia e Anahid, decidiram iniciar com acessórios para os cabelos e pretendem elaborar mais produtos. Elas vendem faixas estilo pin up, turbantes e laços.
O Mercado dos Pinhões possui a estrutura de ferro pré-fabricada na França (oficina Guillot Pelletier), que pode ser montada e desmontada diversas vezes. Foi tombado pela Prefeitura por meio do Decreto Municipal 11.962 de 11 de janeiro de 2006. Antes era o Mercado das Carnes e seu primeiro endereço foi na Praça Carolina, denominação em homenagem à Arquiduquesa Maria Carolina Leopoldina. A localização era entre a atual Rua São Paulo e as ruas Floriano Peixoto, Sobral e General Bezerril. O mercado de ferro foi inaugurado em 18 de abril de 1897. Depois mudou para Largo da Assembleia e Largo do Mercado. Em 1939 foi desmontado e dividido em duas partes: uma para a Praça Paula Pessoa, onde ficou o Mercado São Sebastião, e a outra parte para a Praça Visconde de Pelotas, que é o Mercado dos Pinhões. Desmontaram o São Sebastião em 1968, e levaram para Aerolândia, cuja reforma foi iniciada em janeiro de
2014. A conclusão das obras foi adiada diversas vezes e a inauguração está prevista para este ano. A produtora cultural da Secultfor, Solange Arrais, está no cargo há sete meses. Ela disse que antes de cada edição da Quarta Coletiva, é feita uma análise das marcas, para saber que tipo de produto é vendido: se são artesanais, se tem qualidade etc. Não são cobradas taxas para os expositores, e nem feito balanço de quanto arrecadam ou de quantos produtos conseguem vender na feira. De acordo com Solange, é possível que sejam realizadas novas feiras em outros mercados, para gerar mais economia criativa.
SERVIÇO Para uma marca participar da Quarta Coletiva precisa enviar um email para a SECULTFOR, informando sobre a sua marca e com fotos de boa resolução. Endereço: Rua Pereira Filgueiras, 4, Centro; Telefone: (85) 31051386; Email: secult.producao@ gmail.com
11 de Novembro de 2015 | Papiro 9
Audiência Pública realizada pela Comissão de Agropecuária
Comissões Técnicas Espaço para leis e diálogo no legislativo cearense Organismos que funcionam na Assembleia são ambientes para debates, proposições, intervenções e discussões com a participação da sociedade REPORTAGEM | FOTOS Naélio Santos DESIGN Weider Gabriel | Raquel Rodrigues
A
s leis que regem a sociedade são elaboradas em casas legislativas, nas diferentes esferas de poder. Nelas atuam as comissões técnicas. Na Assembleia Legislativa do Ceará, 18 comissões de temáticas distintas dão suporte para que o parlamento cumpra seu papel de legislador e fiscalizador dos demais poderes públicos. Apesar de sua grande importância, em um contingente de 8 milhões de cearenses, são poucos os que conhecem e compreendem o papel das comissões. Porém, através da comunicação, esta realidade tem mudado e contribuído para aproximar a sociedade dos debates promovidos no legislativo. A coordenadora das comissões técnicas da Assembleia Legislativa do Ceará, Rejane Auto, 58, destaca que o trabalho realizado pela emissora de
“Algumas [sugestões] são plausíveis de projeto de lei” Dep. Moisés Braz (PT), 52 televisão da Assembleia faz com que as pessoas tomem conhecimento das atividades promovidas. Rejane lembra que as comissões são também espaços de diálogo com a sociedade civil, atuando na mediação e resolução de problemas. “A entidade vem a uma dessas comissões e solicita ao seu presidente que coloque em discussão com seus membros a necessidade de discutir uma questão que está afligindo a comunidade”, explica. Asseguradas através de um regimento interno existente na Assembleia, as comissões organizam e otimizam os trabalhos
Ambiente onde funciona as Comissões na Assembleia cearense
legislativos. É por este ambiente que toda e qualquer matéria passa para ser analisada e discutida até que seja votada em plenário e se torne lei. As comissões são organizadas no início de uma legislatura. Os grupos de trabalho são compostos por um número de cinco a nove deputados membros, que elegem um presidente e seu vice. O presidente fica responsável por comandar as reuniões de trabalho e determinar as matérias que são colocadas em pauta para discussão.
Ele explica que um dos principais mecanismos usados por sua comissão são as audiências públicas, encontros que reúnem segmentos da população e representantes do poder público para discutir temas de interesse social.
Audiências Públicas
O deputado esclarece que, através de audiência, é possível agilizar a resolução de problemas e, até mesmo, desenvolver um projeto de lei a partir das sugestões discutidas sobre determinados temas. “Em algumas audiências, temos conseguido resultados positivos junto ao Poder Executivo. Além disso, existem sugestões que são levantadas nos debates que considero de grande importância. Algumas são plausíveis de projeto de lei”, declara. “Aqui os movimentos sociais podem ser ouvidos, debater demandas, fazer proposições e, junto com o poder público, encontrar encaminhamentos a médio e longo prazo”, afirmou Anísia Gomes, 48, assessora sindical que participou de audiência pública sobre a atuação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) junto aos agricultores do estado, promovida pela
O presidente da Comissão de Agropecuária, deputado estadual Moisés Braz (PT), 52, afirma que, desde que assumiu o colegiado, tem se preocupado em atender com rapidez às demandas que surgem, tanto dos colegas parlamentares quanto de entidades da sociedade civil.
“Aqui os movimentos sociais podem ser ouvidos” Anísia Gomes, 48
Comissão de Agropecuária. Do início do ano até o final de setembro, a comissão teve cinco reuniões ordinárias e duas extraordinárias, despachou 17 requerimentos, realizou nove audiências públicas e tem mais sete pré-agendadas. Apenas um seminário foi promovido pelo colegiado. As reuniões ordinárias da comissão acontecem dias de quarta-feira, às 14 horas, porém estão sujeitas a mudanças.
O U T RAS CO M I SSÕ ES Na Assembleia Legislativa do Ceará funcionam ainda as comissões de: Ciência, Tecnologia e Educação Superior | Constituição, Justiça e Redação | Cultura e Esportes | Infância e Adolescência | Defesa do Consumidor | Defesa Social | Desenvolvimento Regional, Recursos Hídricos, Minas e Pesca | Direitos Humanos e Cidadania | Educação | Fiscalização e Controle | Industria, Comércio, Turismo e Serviço | Juventude | Meio Ambiente e Des. Semiárido | Orçamento, Finanças e Tributação | Seguridade Social e Saúde | Trabalho, Administração e Serviço Público | Viação, Transporte, Desenvolvimento Urbano.
10 Papiro | 11 de Novembro de 2015
Alerta População busca alternativas para se precaver de assaltos Criar formas de prevenir a perda de pertences importantes em caso de roubo é um dos recursos para a insegurança que os moradores de Fortaleza vivem hoje REPORTAGEM | FOTOS Amanda Cavalcanti DESIGN Ivina Rocha | Paulo Mesquita
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ortaleza está entre as 10 cidades mais violentas do mundo, de acordo com o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, do México. Tem sido frequente o número de queixas e boletins de ocorrência nos distritos policiais espalhados pela cidade. A população sofre as consequências, principalmente em relação a assaltos e furtos. Diante disso, as pessoas estão investindo em formas de evitar a perda de objetos importantes como celulares e bolsas, levando consigo bolsas e carteiras extras com objetos e valores inferiores aos que guardam na bolsa real, e que poderiam ser levados por um ladrão.
“Depois de ser assaltada pela sexta vez, senti a necessidade de tomar alguma atitude”, Elizabeth Andrade, 21 É o caso de Elizabeth Andrade, 21, que depois de ser assaltada pela sexta vez, sentiu a necessidade de tomar alguma atitude, ou não poderia mais fazer o longo trajeto até a faculdade. Ela conta que ao sair de casa leva dois celulares, um deles contendo seguro de roubos e furtos e também duas bolsas. Uma delas, com
seus pertences, fica no porta-malas; já a outra, com objetos apenas para fazer peso, guarda embaixo do banco do passageiro, facilitando o acesso caso precise entregar ao ladrão. Elizabeth já utilizou esse meio duas vezes e, até agora, conseguiu salvar os documentos e objetos. Para ela, o trauma do assalto é o mesmo, mas o desespero de perder seus bens mais importantes pode ser contornado. Já Keven Sousa, 19, relata que nunca passou por esse tipo de situação mas, ainda assim, ao sair de casa, leva apenas habilitação, cartão e dinheiro, pois teme perder a carteira se colocar mais documentos. Ele anda também com dois celulares: o que ele utiliza vai na calça e o falso, no bolso. Caso seja assaltado, pretende entregar o aparelho substituto. “Acho essa maneira a mais viável para quem necessita do uso do celular, não podendo sair de casa sem ele”, observa Keven. Suiany Silva, 29, socióloga e pesquisadora vinculada ao Laboratório e Estudos da Violência/UFC, realizou uma pesquisa no bairro Benfica a respeito do medo de ser vítima da violência e da criminalidade e sobre as estratégias que as pessoas utilizam visando à proteção. Ela chegou à conclusão que, no cotidiano, há uma alteração dos caminhos e dos hábitos, como por exemplo: não atender telefone na rua e não usar itens chamativos. “Um exemplo claro é a mudança de
bolsa: deixar de ir com a sua, de uso comum, para ir com uma mais simples para passar outra imagem”, fala Suiany. Mas Tales Albuquerque, 32, policial militar, adverte que: “Pode ser que essa forma de prevenir realmente dê certo, mas a população deve ficar atenta a esse tipo de ação, pois pode acabar de maneira pior”. Ele esclarece também que em qualquer situação de assalto, a vítima deve ligar imediatamente para o 190 e informar o ocorrido.
OUTRAS FORMAS DE PREVENIR ASSALTOS - Se perceber estar sendo
Dona Maria votou mesmo após os 70 anos
Eleitor Quando votar está para além da idade Mesmo sem ser obrigatório, é comum que idosos com mais de 70 anos de idade e jovens com 16 e 17 anos utilizem o direito de indicar seus candidatos REPORTAGEM | FOTOS Evaniely Santos DESIGN Adailson Silva
seguido por outro veículo, procure agir com naturalidade e dirija-se para artérias de grande movimento onde poderá localizar uma viatura policial e pedir ajuda; - Nunca deixe as chaves no contato de seu carro, ainda que seja por alguns momentos, e acostume-se a trazer consigo suas duplicatas; - Não traga consigo os documentos originais de seu veículo; utilize-se de cópias reprográficas autenticadas pela repartição de trânsito; - Os ladrões se valem de nossos momentos de descuido. Em caso de assalto não reaja, sua vida não tem preço. Fonte: Polícia Militar
Elizabeth Andrade leva consigo sempre duas bolsas, a com seus pertences vai no porta malas. Já Keven Sousa, anda com dois celulares, na mão direita leva o celular pirata e na esquerda, o de uso
Na eleição de 2014, conforme os dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mais de 6,2 milhões de eleitores no Ceará exerceram seu direito de votar. Destes, mais de 600 mil votos não eram obrigatórios. No Brasil, o voto é obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos. Este direito foi liberado para jovens a partir de 16 anos, o que aumentou o número de eleitores nas urnas no período eleitoral. A situação regular do eleitor traz a ele algumas vantagens no acesso ao serviço público, como também gera consequências pela irregularidade. Com o suporte tecnológico, a votação é secreta e segura. Apesar da luta pelo sistema democrático, existem pessoas que durante o processo eleitoral anulam seu voto como forma de protesto, demonstrando seu descontentamento com a democracia ou insatisfação com os candidatos apresentados. Mesmo assim, os 10% de eleitores que, mesmo sem que fossem obrigados decidiram votar em 2014, mostram que há movimento a favor da participação nas urnas. A estudante Ludmilla Pessanha, tirou o título de eleitor aos 16 anos com o apoio de seu pai. Ela defende conscientemente a importância de votar ainda que não seja obrigada. ”Se ausentar do voto por não acreditar em mudanças é você não cooperar com sua cidade, estado ou país. Talvez
seja uma maneira mais prática de colocar a culpa em quem nos representa, mas se torna uma atitude ‘muda, cega e surda’ como muitos eleitos fazem. Assim, quem não vota não se faz diferente do candidato eleito que não cumpre o prometido” disse Ludmilla. Como a estudante, existem vários jovens que acreditam que sua participação é uma maneira de interagir na história da política. O estudante de Gestão Comercial, Jefferson Moreira, 21, passou a votar cumprindo seu dever e ele diz que o voto é um ato democrático, e ainda a melhor maneira de colaborar com o futuro do país através da sua opinião. O voto também contribui para a alfabetização de cidadãos como Maria do Carmo Gomes da Mota, 77, uma senhora que aprendeu a assinar seu nome com a ajuda de mesários no período eleitoral. Ela disse gostar de exercer seu direito e que faz isso com satisfação. Os jovens tiram o título por interesse universitário, trabalhista, emissão de outros documentos ou por valorizar esse direito conquistado, uma vez que durante a ditatura, a participação política da população foi excluída. Atualmente, todo cidadão, seja homem ou mulher, alfabetizado ou não, a partir de 16 anos tem direito a expor sua opinião e crítica política.
11 de Novembro de 2015 | Papiro 11
Cidadania Quilombolas aguardam pela demarcação de terras Após a regularização garantida por decreto presidencial, comunidade de 200 famílias ainda espera a oficialização de suas terras pelo Incra REPORTAGEM | FOTOS Vitória Queiroz DESIGN Nayara Oliveira | Hitalo Lobo
A
Comunidade Quilombola do Alto Alegre, situada no distrito de Queimadas, no município de Horizonte, a 40,1 km da capital cearense, aguarda a visita da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Estado do Ceará (Incra) para que seja realizada a demarcação de suas terras. O processo de regularização das terras foi o terceiro decretado no estado do Ceará. O decreto, publicado no Diário Oficial da União, foi assinado pela presidente Dilma Roussef este ano. O documento permite ao Incra iniciar o processo de desapropriação de imóveis rurais inseridos no território, para realizar a entrega do título coletivo de propriedade às comunidades quilombolas dessa região. De acordo com informações divulgadas no site do Incra/ CE, a regularização das terras facilita o acesso das famílias
Quilombola do Alto Alegre teve seu reconhecimento formal no dia 13 de maio de 2005. Para o presidente da ARQUA, este reconhecimento, além de ser importante, é motivo de orgulho para todos, pois serviu para que as pessoas valorizassem ainda mais o afrodescendente que, hoje, ainda é discriminado no país. Somente depois desse reconhecimento é que foi possível pedir a demarcação das terras quilombolas ao Incra.
Francisco Manoel, presidente da Associação dos Quilombolas do Alto Alegre
quilombolas a políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar, como créditos para produção. Para o presidente da Associação dos Remanescentes Quilombolas de Alto Alegre e Adjacências (ARQUA), Francisco Manoel da Silva, a regularização é de grande importância para a
comunidade, pois garante o direito à posse de suas terras para plantar, além de contribuir também para o resgate da identidade étnica das famílias remanescentes de quilombos. Considerada uma das mais importantes áreas para a identidade antropológica do município, a Comunidade
200 Famílias
Atualmente são mais de 200 famílias na comunidade.
40,1 Km FORTALEZA
Distância de Fortaleza
62.002
População total - 2014
Maracanaú Eusébio
159,972 Km²
Área total do munincípio
Itaitinga Aquiraz
Pacatuba
Pindoretama Guaiúba
HORIZONTE
Comunidade Quilombola
Cascavel Pacajus Acarape
“Agora nós reconhecemos ainda mais nossos valores” Francisco Manoel da Silva, 49 A comunidade é composta por mais de 200 famílias e conta com o Centro Cultural Negro Cazuza para fortalecer sua identidade cultural.
“Agora nós reconhecemos ainda mais nossos valores,” afirma o presidente da associação. Depois do seu surgimento, aspectos que estavam esquecidos no cotidiano da comunidade voltaram a fazer parte da realidade, como as danças tradicionais quilombolas, capoeira e maculelê, que agora podem ser praticadas pela população no Centro Cultural. Além disso, o espaço promove projetos como o “Navegando na Hora do Jogo”, que propõe agregar nas atividades socioeducativas já existentes na comunidade o acesso a novas tecnologias de informação e comunicação, beneficiando as crianças quilombolas. No espaço, também acontecem diversos eventos, como o “Chá de Memórias”, momento para a comunidade voltar ao passado, resgatar suas histórias e relembrar a infância junto com filhos e netos.
12 Papiro | 11 de Novembro de 2015
Ciclismo Urbano Busca por respeito e espaço no trânsito de Fortaleza Na capital cearense, mesmo com a implementação das ciclovias, os ciclistas tentam se firmar em meio ao fluxo dos grandes veículos REPORTAGEM | FOTOS Ana Vitória Reis DESIGN Caio Túlio Costa
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ndar de bicicleta em Fortaleza sempre foi um desafio para os ciclistas. Apesar de mudanças estruturais, como as ciclofaixas, usuários de bicicleta ainda têm dificuldade de se firmar no trânsito. A maioria dos motoristas de veículos maiores, como carros e ônibus, não respeita o espaço das bicicletas em vias públicas. Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, veículos maiores devem proteger os menores, motociclistas, ciclistas e pedestres, no lugar de agir com intolerância. Por sua vez, em via pública, a bicicleta também é veículo e, como tal, deve seguir as normas de trânsito. Mas isso não acontece com frequência. Do mesmo modo que há desrespeito por parte dos motoristas, existem ciclistas que não entendem seu papel no trânsito. André Luiz, agente de trânsito e assessor da diretoria de trânsito da AMC (Autarquia Municipal de Trânsito) afirma que o ciclista, geralmente, não se vê como veículo comum e que não há regulamentação para autuá-lo, da mesma forma que outros automóveis. Entretanto, ao afirmar que não há regulamentação ou fiscalização, a AMC relata que a principal causa de acidentes que envolvem ciclistas e outros veículos, é a atitude “desrespeitosa” dos usuários de “bike”, informação levantada a partir de estatística sobre acidentes. Sebastião Neto, 41, securitário que utiliza a bicicleta para passeio, disse que campanhas e a moda dos passeios de bicicleta melhoraram muito o respeito ao ciclista. “Acredito que vai aumentar o número de pessoas que andam de bicicleta e que a estrutura da cidade para a prática vai melhorar mais ainda”. Quanto à relação com outros veículos, Sebastião observou que os ciclistas também precisam respeitar os carros. “Quando você utiliza os dois meios de locomoção, sabe as dificuldades que passa em um e no outro, então tem que ter respeito”, completou. Thiago Nobre, 26, professor, começou a utilizar a bicicleta como meio de transporte em 2013, fazendo um caminho fixo de ir e vir na avenida Bezerra de Menezes. Após ganhar mais
Ciclista utilizando a ciclofaixa da Av. Santos Dumont, no sentido dos veículos, como manda o código de trânsito
“Acredito que vai aumentar o número de pessoas que andam de bicicleta e que a estrutura da cidade para a prática vai melhorar mais ainda” Sebastião Neto, 41
Segundo Thiago, Fortaleza é uma ótima cidade para pedalar, embora precise de mais incentivo
confiança, passou a realizar trajetos maiores, para outros bairros. “Quando comecei não tinha nada, mas com as ciclofaixas melhorou muito. O único problema é que elas precisam se conectar e as pessoas não devem ter medo. Pedalar é muito bom”, destacou. Em Fortaleza, grupos como Ciclovida e Massa Crítica atuam no incentivo ao uso de bicicletas, com conscientização dos ciclistas e sugestão de melhorias na mobilidade da capital. Phelipe Rabay, 28, engenheiro civil e membro da Ciclovida,
observou que as pessoas que realizam as ações da Massa Crítica não têm um representante, então não podem falar em nome do grupo. “A Massa foi a verdadeira catalisadora das mudanças que iniciadas em 2013, através das ações das ciclofaixas cidadãs na rua Ana Bilhar e avenida Antônio Sales, que colocaram o ciclismo urbano em evidência nos debates, tanto do poder público quanto da mídia”, completou. Em países europeus, como Holanda, a educação no trânsito é iniciada na infância. Às crianças é ensinado o direito e o dever de cada um na via pública e assim formam-se adultos conscientes de seu papel no trânsito, exemplo que pode ser seguido no Brasil.
D I CA O Úrbici é o primeiro bici café da cidade de Fortaleza e funciona de segunda à sábado na Av. Antônio Sales, 1357 (esquina com Rui Barbosa). Saiba mais informações no site www.urbici.com
11 de Novembro de 2015 | Papiro 13
Trânsito Aplicativo de ônibus ainda gera dúvidas O “Meu Ônibus” foi criado no final de julho para facilitar a vida da população que utiliza transporte público diariamente REPORTAGEM | FOTOS Rafaelly Leal DESIGN Rebeca Prado | Rodrigo Gondim Ciclofaixa de lazer em seu primeiro dia atraindo pessoas de todas as idades
Mobilidade Ciclovida busca alternativas Detran receberá doação de boneco com bicicleta para as provas práticas, com o objetivo de possibilitar uma nova visão sobre o ciclista REPORTAGEM Ana Clara Cabral FOTOS Acervo Ciclovida | Ana Vitória DESIGN Pedro Brito | Jórdan Oliveira
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Detran vai receber um boneco com bicicletax, para que possam ser adotados em suas avaliações práticas. A doação foi feita pela Associação dos Ciclistas Urbanos de Fortaleza, Ciclovida, durante o Mês da Mobilidade Urbana. Realizada em setembro último, a mobilização alcançou dezenas de pessoas nas várias atividades desenvolvidas com públicos diversos. O aprofundamento em torno do tema, além da doação, resultou em um bom diálogo com o poder público, qualificação do debate, boa visibilidade na sociedade e um número maior de pessoas envolvidas na luta por uma cidade mais humana também foram consequências. Fortaleza, com quase 3 milhões de habitantes, possui problemas diversos na área da mobilidade urbana. Dentre as ruas das cidade, a maioria
A “magrela é cada vez mais ultilizada
“Como motorista, penso que recebo mais privilégios do que como pedestre, ciclista ou como usuário de transporte público” Vinicius Reis, 23 é pavimentada para os carros, enquanto calçadas são abandonadas, estrutura cicloviária é pequena e transporte público deixa a desejar. “Como motorista, penso que recebo muito mais privilégios do que como pedestre, ciclista ou como usuário de transporte público”, afirma Vinicius Reis, 23 anos, estudante de Direito e engajado no tema da mobilidade para a cidade. Vinicius ainda destaca que a prova de seu pensamento é que o sonho de consumo de muitas pessoas ainda é comprar um carro para usá-lo como meio de transporte na cidade, pois não há boa estrutura para outros modais. “Isso corrobora para um caos cada vez maior na cidade, afinal, boa parte do nosso problema atual é causado pelo excesso de carros nas ruas”, conclui o estudante. Celso Sakuraba, 28 anos, diretor da Ciclovida, acredita que uma cidade mais humanizada é possível, e usa a bicicleta como instrumento para alcançar este objetivo. “Queremos mais pessoas deslocando-se de bicicleta e
mais respeito a elas por parte de quem está dirigindo. Com isso, conquistaremos uma cidade menos poluída, mais humanizada, menos perigosa e mais harmoniosa, elevando a qualidade de vida para todos”, ele afirma. Sakuraba ressalta a falta de educação acerca da priorização dos modos de deslocamento ativos, e diz que o uso de veículos perigosos e poluentes (motos e carros) é excessivamente naturalizado. “As regras mais básicas não são respeitadas, como a necessidade de mudar de faixa para ultrapassar o ciclista ou a preferência do pedestre em todas as conversões”.
“Queremos mais pessoas deslocando-se de bicicleta e mais respeito” Celso Sakuraba, 28 Vinicius Reis teve intensa participação nas atividades da Ciclovida no Mês da Mobilidade, e chegou à conclusão de que para uma maior harmonia no trânsito de Fortaleza é fundamental que todos os meios de transporte possam ser utilizados de maneira prática, confortável e segura. Para ele, isso será conseguido com boas calçadas e uma malha cicloviária que atenda todas as regiões da cidade de forma ampla e transporte público mais eficiente. E observa: “a melhor forma de se ter uma cidade harmoniosa é dar boas opções de locomoção para as pessoas. Exemplos pelo mundo não faltam”.
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pesar de ser fácil adquirir e utilizar o aplicativo para monitorar o horário do ônibus em Fortaleza, algumas pessoas estão enfrentando problemas ao tentar obter informações. O aplicativo tem como principal objetivo fornecer mais conforto e praticidade, além de contribuir para reduzir o tempo de espera nas paradas. A ferramenta, que já conta com milhares de usuários na capital, foi desenvolvida pela Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), em parceria com a Empresa de Transporte Urbano (Etufor) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus). De acordo com Adélia Frota, 25, estudante de jornalismo, o aplicativo está sendo útil, porém algumas vezes apresenta problemas ao carregar, não sendo possível confirmar o horário antes de sair de casa. “A ideia é ótima e facilita muito a vida de quem, assim como eu, anda de ônibus diariamente, mas ainda precisam corrigir alguns erros. Em alguns dias funciona perfeitamente, em outros nem abre”, afirma. Jessica Costa, 23, que também utiliza transporte coletivo constantemente, conta que nunca teve problemas ao utilizar a ferramenta, mas já escutou amigos reclamando dos erros presentes com frequência. A recente atualização do “Meu Ônibus” tornou possível aos usuários deixar suas opiniões e citar pontos que ainda não são localizados para melhorar o seu funcionamento. O aplicativo
é gratuito e pode ser utilizado pelos sistemas Android e IOS. Ao completar o download, o usuário escolhe o ponto de parada desejado e consegue ver em quantos minutos o ônibus chegará. Além disso, também pode adicionar seus pontos de parada no ícone “favoritos” para utilizá-los diretamente. De início, apenas os horários dos ônibus convencionais são informados, mas em breve será possível acompanhar também as linhas das vans. Segundo Paulo César Barroso, Superintendente de vale transporte do Sindiônibus, há reuniões regulares a cada semana, envolvendo um grupo composto por técnicos de processamento de dados e desenvolvimento, e gestores da Prefeitura de Fortaleza e do Sindiônibus.
O aplicativo é gratuito e pode ser utilizado pelos sistemas Android e IOS Nestas reuniões, são analisados os eventuais erros ou inconsistências da solução, a possível adoção de melhorias e o atendimento de sugestões dos usuários, bem como os ajustes técnicos que visam aperfeiçoar o desempenho da aplicação. “O APP Meu Ônibus não é estanque. Em verdade, possui acompanhamento contínuo de seu funcionamento, com o intuito de sempre garantir o melhor nível de serviço a ser prestado aos seus usuários.”, completa Barroso.
Adélia Frota checando o aplicativo Meu Ônibus para saber o tempo de espera
14 Papiro | 11 de Novembro de 2015
Arquivo Nirez 60 anos de coleção e nenhum patrocínio desde 2003 Aos 81 anos, colecionador sustenta um museu na própria casa e ainda divulga músicas de sua coleção e artistas em programa de rádio REPORTAGEM | FOTOS Edemy Gonçalves DESIGN Natiele Maíra
M
iguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez, tem em sua residência a maior coleção particular de discos do país. Além disso, a coleção também conta com fotos, livros, jornais, revistas e outros itens. Atualmente, aos 81 anos, o colecionador não tem nenhum patrocínio ou ajuda financeira para manter o acervo. O último patrocínio ocorreu em 2003, quando o Arquivo Nirez foi contemplado com recursos da Petrobrás para digitalização, higienização e catalogação dos discos. Oriundo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura, o apoio da Petrobrás durou cerca de um ano para ser viabilizado. O valor total do projeto foi de R$ 253.006,76. A coleção de discos tem cerca de 22 mil títulos de Música Popular Brasileira (MPB). São 60 anos de coleção e muitas histórias sobre música, Fortaleza, fotografia e tantas outras. Nirez
“Quem tem vício de drogas perde o senso (...), colecionar não perde o senso” Nirez, 81
Nirez também possui uma vasta coleção de equipamentos fotográficos, de TV e de som
conta com a audiência de muitos jovens que gostam da história da música. “Cada dia tem mais ouvinte e estou feliz quanto a isso”, disse.
o colecionador faz parte do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará. Hoje, o Museu Fonográfico do Ceará chama-se Arquivo Nirez e pode ser visitado por qualquer pessoa que se interessar pela coleção. Basta apenas agendar uma visita. Nirez brinca dizendo que teve mais perdas do que ganhos com sua coleção devido a uma enchente que invadiu sua casa. “Todo o reconhecimento que tenho é pelo que fiz e reuni durante minha vida”, afirma.
Coleção diz que não tem muitos planos para o futuro do acervo e que é um caminhar constante. “Quem tem vício de drogas perde o senso e gasta mais do que ganha; quem tem um vício de colecionar não perde o senso”, admite.
Divulgação Nirez tem um programa chamado “Arquivo Nirez”, onde divulga as músicas da sua coleção
e a história dos artistas. O programa já passou pela Rádio Uirapuru, Rádio Cidade, Ceará Rádio Club e está na Rádio Universitária desde 1991. Em cada veiculação é feito o destaque para o aniversariante do dia e as músicas do artista. Segundo o próprio colecionador, o “Arquivo Nirez” é o programa mais antigo do Ceará. Está no ar desde 1963 e
O gosto por colecionar vem desde sua infância. Aos 20 anos ganhou um toca discos do vizinho e, desde 1954, saiu à procura de discos pelo país para começar sua coleção. Nirez foi o fundador do Museu Fonográfico do Ceará e, através dos discos, conseguiu emprego no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Atualmente,
S E RV I ÇO Arquivo Nirez Rua Professor João Bosco, 560 Bairro: Rodolfo Teófilo Cidade: Fortaleza, CE Telefone: (85)3281.6949 /3281.6102 E-mail: nirez@terra.com.br
Leitura Livre Biblioteca pública estimula generosidade e confiança “Pode pegar” e “o prazo é seu” são frases que instigam a curiosidade dos que passam em frente à Casa Vermelha, abrindo espaço para gentilezas REPORTAGEM | FOTOS Letícia Alves DESIGN Magno Paz
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magine andar pelas ruas do Benfica e encontrar uma biblioteca onde, logo na entrada, vários livros estejam espalhados em estantes com plaquinhas indicando que são grátis. Desde agosto, no entanto, essa utopia passou a ser realidade. A Casa Vermelha, biblioteca popular criada em 2013, mudou-se para o Benfica e desperta olhares curiosos pela simples ideia do compartilhamento livre. O projeto começou com a curiosidade de Guilherme Sampaio, atual Secretário da Cultura do Estado e um dos colaboradores da casa, ao saber da existência de um projeto chamado Açougue Cultural. Em Brasília, Luiz Amorim, açougueiro, percebeu que seus clientes perdiam tempo esperando pela carne, e que um bom livro poderia distraí-los. Motivado pela falta de oportunidade que teve para os estudos, Amorim disponibiliza,
Mais de cinco mil itens estão disponibilizados para o empréstimo livre
desde então, vários livros na frente de seu açougue, transformando seu negócio em uma biblioteca pública. O sucesso da ideia não ficou só em Brasília. Em Fortaleza, a Casa Vermelha atrai cada vez mais adeptos ao empréstimo livre. A coordenadora do projeto, Cláudia Damasceno, 45, relata que uma das maiores curiosidades é sobre a devolução. “Eu sempre respondo
“O que é grátis é o conhecimento, não tem como devolver” Cláudia, 45 que o que é grátis é o conhecimento, não tem como devolver. Mas o livro pode ser
repassado e a devolução vai da consciência de cada um.” Há dois anos, a confiança e generosidade do ato tem dado certo. A biblioteca conta com mais de 5 mil livros à disposição de qualquer pessoa – todos adquiridos por doações, como enfatiza a coordenadora. Para o empréstimo, é preciso apenas anotar em um caderno o nome da pessoa e o título do exemplar a ser levado. No ato da devolução, a anotação é riscada no caderno. Não existe prazo nem qualquer controle sobre quem alugou. A estudante de Engenharia Cívil, Nathânia Ramos, 17, é usuária desde quando o projeto funcionava na Aldeota. “De início pensei que estavam dando livros, mas quando me explicaram o funcionamento, eu fiquei encantada! É uma forma muito boa de difundir a leitura.” Nathânia doou dois livros para a biblioteca, O Caçador de Pipas, de
Khaled Hosseini, e Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. Cláudia explica que a mudança de endereço aconteceu para que o projeto pudesse, de fato, alcançar o seu público alvo. “Na Aldeota nosso público já era grande. Mas são pessoas que, em sua maioria, podem pagar por um livro caro. Agora, na av. da Universidade estamos mais próximos do nosso público alvo.” Para Cláudia, os verdadeiros contemplados são os estudantes, trabalhadores ou pessoas que, no geral, têm mais dificuldade de pagar para ler.
S E RV I ÇO Casa Vermelha (Biblioteca Popular) Aberta de segunda-feira à sexta-feira, de 8h às 18h Av. da Universidade, 2197
11 de Novembro de 2015 | Papiro 15
Proteção Pet Abrigo desenvolve atividades em favor dos animais Resgatar, tratar e acolher são os três passos seguidos para combater o abandono e promover o amor e respeito aos cães, que necessitam desses ideais REPORTAGEM | FOTOS Bruna Cruz DESIGN Beatriz Morais
M
ais de 80 cães, abandonados por seus ex-donos, recolhidos das ruas e geralmente vítimas de maus tratos, estão sendo cuidados por parceiros do Abrigo Nosso Lar, onde são desenvolvidas alternativas voltadas para a defesa dos animais. A entidade, sem fins lucrativos, atua há mais de um ano em Fortaleza. Geise Benevides, 48, fundadora do Abrigo, diz que percebeu a necessidade de encontrar um espaço para abrigar os cães abandonados. “Após o regate dos animais feridos, eu os levava para a clínica e fazia o devido tratamento, mas quando todo o processo terminava, eu ficava sem saber para onde os levar”, disse a coordenadora. Para ela, a maior dificuldade estava em encontrar alguém disposto a dar moradia ao animal. De acordo com a coordenadora do abrigo, os parceiros resgatam os animais das ruas, tratam suas doenças e, em
“Manter a organização e a alimentação dos cães é o que mais me preocupa atualmente” Geise Benevides, 48 Animal disponível para adoção no Abrigo Nosso Lar
seguida, procuram um lar temporário (LT), até conseguir alguém que os adote. Com a ajuda de doações, esses parceiros lutam para oferecer qualidade de vida melhor aos cães abandonados. Infelizmente, devido à falta de recursos para dar suporte à instituição, se torna mais difícil o alcance desses objetivos. Segundo Geise, a média de gastos em ração para o consumo diário dos animais é de
cem reais a 25 quilos de ração. As maiores dificuldades da associação estão em torno dos recursos para sustentar a estrutura. “Manter a organização e a alimentação dos cães é o que mais me preocupa atualmente. E gostaria de ter ração garantida. Diante dessa situação, acredito que o papel da associação é insistir em buscar mais parceiros”, destacou. O veterinário Paulo Souza, 43, fala que o serviço que
realiza no Abrigo Nosso Lar gera um ambiente de harmonia, e favorece na convivência entre o grande número de animais de diversas origens e diferentes históricos de abandono. “Tenho a honra de mudar a situação desses animais com meu trabalho, que consiste em avaliar, realizar exames e vacinar os cães para a prevenção de doenças”, disse o parceiro da associação. A fundadora do abrigo revelou que as opções para colaborar no sustento da instituição variam entre o recebimento de
notas ficais, doações e contribuições mensais, mas, o mais importante é o apadrinhamento desses animais, que é considerado uma ótima opção para aqueles que não podem adotar um cão. Ela afirma que as clínicas veterinárias podem contribuir com o movimento, dando descontos em consultas e medicamentos para os animais acolhidos pela instituição.
S E RV I ÇO Interessados em doar e adotar podem entrar em contato com Abrigo Nosso Lar: facebook.com/geise.beevides geisebenevides@hotmail.com Telefones: (85) 9.8738-1880 (85) 9.9992-1742
Parolimpíadas 2016 Atleta cearense reclama da ausência de patrocínio Apesar de participar de várias competições Internacionais, Carlos Alberto Maciel ainda tem que conviver com a falta de apoio ao esporte REPORTAGEM | FOTOS Jonnas de Sousa DESIGN Adailson Silva
A
tual medalhista de bronze nos Jogos Para-pan Americanos de Toronto no Canadá, em 2015, além de participar da edição de 2011, onde foi o grande ganhador. E ser ainda o atual primeiro do ranking da sua modalidade. É com esses numeros que Carlos Alberto Maciel vive a expectativa de participar do Jogos Paraolímpicos de 2016, que serão realizados na cidade do Rio de Janeiro. Mas, para concretizar a vaga, o atleta está na expectativa de que ninguém o ultrapasse em outras competições nacionais e Internacionais e continua, também, em busca de patrocínio. Para não perder o ritmo de competição, ele treina de segunda a sábado, por 6 horas seguidas, no Náutico Atlético Cearense. A preparação se dá, também, em academias, e clinicas de fisioterapia, por meio do apoio de amigos. E ainda participa de competições em
Carlos Alberto mostra com orgulho suas conquistas no esporte
várias partes do país. Apesar de ter experiência e obtido resultados expressivos, o atleta faz uma reclamação no que diz respeito a falta de apoio tanto da mídia como de suporte financeiro. Para ele, “uma coisa puxa a outra” e explica que por causa do quase inexistente espaço que as competições paraolímpicas têm na cobertura esportiva, poucas ou nenhuma empresa tem o interesse de patrocinar os atletas, que ficam
na dependência de projetos sociais para poder entrar no esporte paraolímpico. A sua trajetória esportiva começou em 2005, quando ele assistia a uma competição de natação paraolímpica, quando tinha 27 anos. A partir daí, Carlos Alberto demonstrou interesse em fazer o esporte e começou a praticá-lo no mesmo ano. Começou a se inscrever em competições organizadas pelo Comitê Paraolímpico
“Espero que eu possa participar dessa Grande Competição e, quem sabe, poder conquistar uma medalha de qualquer cor, não só para o Brasil, mas principalmente para o Estado do Ceará”. Carlos Alberto Maciel, 38 Brasileiro. Viu que tinha futuro no esporte e começou a investir mais fortemente no potencial que pretensamente possuía. Hoje, aos 38 anos e 7 anos
de natação, ele já participou de dois Parapan-americanos (2011 e 2015), uma paraolimpíada (2012) e se prepara para as paraolimpíadas que irão acontecer no Rio de Janeiro em 2016. Apesar de toda essa experiência em tão pouco tempo, Carlos Alberto revela que ainda sente um “friozinho na Barriga na hora H” a cada competição que participa, e encara como se fosse a última da carreira dele. Ele espera que todo o esforço que faz para poder participar das paraolimpíadas seja recompensado com uma medalha seja ela qual for: “Espero que eu possa participar dessa Grande Competição e, quem sabe, poder conquistar uma medalha de ouro, não só para o Brasil, mas principalmente para o Estado do Ceará. Pra mim seria um orgulho muito grande poder levar o meu Estado para o ponto mais alto do pódio, em uma competição de magnitude mundial”.
16 Papiro | 11 de Novembro de 2015
S E RV I ÇO Saiba quais locais oferecem a modalidade em Fortaleza Clube Águas Abertas Endereço Av. Monsenhor Tabosa, 1381 Custo R$ 45,00 (uma hora) Horários Aulas Avulsas Turnos Manhã, a partir de 6h30min; Tarde, a partir de 15h30min Contato (85) 98101.9218 Lagoa do Colosso Endereço
Aisch Borges comemora a boa forma e se diverte com a modalidade do esporte aquático
Rua Hermenegildo Sá
Qualidade de Vida Stand Up Paddle conquista novos adeptos Considerado como o queridinho dos praticantes de atividade física, o SUP é a nova febre dos finais de semana na capital cearense. Além de melhorar o condicionamento físico, o esporte estimula o equilíbrio e ajuda a aliviar o stress cotidiano REPORTAGEM | FOTOS Fernando Souza DESIGN Rebeca Prado | Rodrigo Gondim
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esconhecido entre os esportes aquáticos até bem pouco tempo, o Stand Up Paddle mostrou que é muito mais que uma moda de verão, e que veio para ficar nas praias de Fortaleza. Bastante procurado pelos amantes da prática de exercícios ao ar livre, o esporte consiste em se apoiar de pé sobre uma prancha gigante, além de remar e até surfar com o auxílio do remo.
O participante chega a queimar em média 600 calorias em uma hora Embora seja praticado no mar, o esporte também pode ser realizado em outros locais. É o caso das atividades organizadas pelo Clube Águas Abertas, que além de oferecer aulas na Praia de Iracema, promove a prática do Stand Up Paddle indoor (modalidade praticada em ambiente fechado). “Pode ser praticado em qualquer lugar que tenha água com o mínimo de profundidade para não raspar a quilha e espaço para remar, como o mar, lagos, represas, rios e até piscina”,
explica o sócio fundador do clube, Laercio Clayton, 28. A quantidade de novos adeptos do esporte aumenta a cada dia que passa. Prova disto é o crescente número de escolas e equipes de assessoria que oferecem suporte nesta modalidade. E engana-se quem acha que o esporte foi criado recentemente. Registros apontam que já era praticado em meados de 1940, no Havaí, lugar que atualmente é considerado como o berço do surf mundial. A professora Sherida Stite, 26, que é praticante da modalidade, optou pelo SUP há um ano. “O pôr do sol em Fortaleza é maravilhoso, isso sem falar no contato com a natureza. A realização deste tipo de exercício é essencial para a saúde” conta. Além de ser uma ótima opção de lazer, o esporte apresenta diferentes vantagens quando se trata de atividade física e qualidade de vida. Dentre elas, é possível destacar que o participante chega a queimar em média 600 calorias em uma hora. Motivada pela curiosidade, Aisch Borges, 31, já pratica há cerca de um ano: “No começo encontrei dificuldade por causa do peso da prancha, mas logo acostumei. Se soubesse que era tão bom, teria começado antes”.
Estima-se que no Brasil o esporte começou a ser praticado em 2005. A prática pode
Registros apontam que já era praticado em meados de 1940, no Havaí
Cavalcante, S Nº (próximo à Avenida Washington Soares) Custo R$ 50,00 (uma hora) R$ 35,00 (meia hora) Horários Terça à Sexta 13 às 18 horas
auxiliar na melhora da postura, favorece um excelente trabalho de condicionamento físico e fortalecimento da musculatura. Atualmente é possível encontrar diversas modalidades do esporte, como é o caso do Down Wind (onde o praticante rema a favor do vento) e Stand UP maratona (onde a prática é realizada em longa distância).
Sábado e Domingo 08 às 18 horas Contato (85) 98160-0088 Kayakeria Endereço Avenida Beira Mar, 3211 Custo R$ 30,00 (uma hora) R$ 20,00 (meia hora) Horários Todos os dias 08 às 18 horas Contato (85) 98833-4005 Ponopoint Endereço Avenida Beira Rio, 10 à margem do rio Pacoti, próximo ao Alphaville Porto das Dunas Custo R$ 30,00 (uma hora) R$ 20,00 (meia hora) Horários Terça a Domingo 08 às 18 horas Contato (85) 99229-8869
Aisch Borges curte o cenário paradisíaco da Praia de Iracema