Nutrição em Pauta jun2022 impressa

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ISSN 1676-2274 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO

R$30,00 - junho 2022 Ano 30 Número 174 Edição Impressa São Paulo

O PAPEL DAS FIBRAS ALIMENTARES NA ABSORÇÃO DE MINERAIS PROFA. DRA. LEILA HASHIMOTO www.nutricaoempauta.com.br

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ESPORTE JUNHO 2022

| GASTRONOMIA | SAÚDE PÚBLICA | PEDIATRIA | CLÍNICA NUTRIÇÃO EM PAUTA 1



editorial

por Sibele B. Agostini

O Papel das Fibras Alimentares na Absorção de Minerais

Projeto trinta anos da Nutrição em Pauta A Revista Nutrição em Pauta completou trinta anos e para comemorar estamos convidando importantes profissionais do setor, e que são nossos parceiros, para escreverem um artigo de opinião sobre pontos polêmicos e inovadores sobre sua expertise e área de atuação. Nesta edição convidamos a Profa. Dra Leila Hashimoto para abordar “O papel das fibras alimentares na absorção de minerais”. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2022, englobando o 23o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 23o Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 10o Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva, 18o Fórum Nacional de Nutrição, 17o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 15o Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 15o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), que será realizado online em agosto de 2022 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. JUNHO 2022

E o EAD Profissional Nutrição em Pauta, plataforma de ensino à distância que conta com vários cursos online: Mindful Eating, Nutrição Esportiva, Nutrição e Pediatria, Fitoterapia, Nutrição e Estética, Envelhecimento, Emagrecimento, e muito mais.

Aproveite as informações científicas atualizadas desta edição da revista Nutrição em Pauta. Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região NUTRIÇÃO EM PAUTA

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nesta edição JUNHO 2022

5. O papel das Fibras Alimentares na Absorção de Minerais 11. Perfil de Pacientes Pós- Covid-19 em Reabilitação 21. Utilização de Fitoterápicos por Praticantes de Atividade Física 27. Inserção das Práticas Integrativas e Complementares na Atuação dos Nutricionistas em Santa Catarina 35. Comida e Arte: Prevalência de Desenvolvimento de Transtornos Alimentares em Dançarinos 41. Quindim de Maracujá

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A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO

ISSN 1676-2274

Ano 30 - número 174 - junho 2022 - edição impressa

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The Role of Dietary Fiber in Mineral Absorption

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O papel das Fibras Alimentares na Absorção de Minerais

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Introdução

-RIVIER, 2016). Nesse artigo, discutiremos as evidências

. . . . . . . . . . . . . . . . . . acerca da influência das fibras alimentares na biodisponibilidade de minerais.

A fibra alimentar é um dos nutrientes mais estudados no campo da nutrição, sendo considerada essencial para a saúde humana. Dietas ricas em fibras contribuem para promoção da saúde gastrointestinal, funcionamento intestinal, modulação da microbiota, aumento da saciedade, regulação do metabolismo glicêmico e lipídico e potencial melhora da função imunológica (GILL et al., 2020; BAYE; GUYOT; MOUQUET-RIVIER, 2016; SLAVIN, 2008). Assim, o aumento do consumo de fibras alimentares é uma estratégia nutricional interessante para promover a redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer, como indicado por estudos epidemiológicos (BARBER et al., 2020; PARTULA et al., 2020; SHAH et al., 2009). Os estudos científicos permanecem em ritmo acelerado a fim de esclarecer as ações fisiológicas e implicações desse nutriente à saúde humana em diferentes populações. Apesar de investigado ao longo de muitos anos, um tópico que ainda permanece controverso é a interação entre fibras com outros componentes alimentares, como os micronutrientes (BAYE; GUYOT; MOUQUETJUNHO 2022

. . . . . . . . . . . . . D e s e nvolv i me nto . . . . . . . ........

Fibras e fatores que influenciam a absorção de minerais Ainda existem muitos questionamentos sobre a ação (benéfica ou deletéria) das fibras alimentares na absorção de micronutrientes, especialmente de minerais. A resposta para essa questão é complexa, pois os mecanismos de biodisponibilidade de nutrientes são dependentes de diversos fatores, incluindo características intrínsecas do próprio nutriente, bem como condições da população ou indivíduo estudado (BAYE; GUYOT; MOUQUET-RIVIER, 2016). Os estudos científicos realizados nos últimos 40 anos demonstram que os efeitos das fibras alimentares na absorção de minerais dependem em grande parte: 1) da natureza das fibras (solúveis/insolúveis, fermentáveis/não fermentáveis); 2) da quantidade total de fibras alimentares consumidas; 3) da homeostase e status dos minerais NUTRIÇÃO EM PAUTA

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O Papel das Fibras Alimentares na Absorção de Minerais

no organismo; 4) da presença de componentes antinutricionais na dieta, como fitatos (COUDRAY; DEMIGNE; RAYSSIGUIER, 2003). Fatores antinutricionais são substâncias que interferem na digestibilidade e absorção de minerais e que podem afetar negativamente a biodisponibilidade de nutrientes, tais como fitatos, oxalatos, taninos, nitritos e nitratos. As fibras alimentares por vezes são erroneamente classificadas como fatores nutricionais, gerando confusão em relação ao seu efeito sobre a absorção de minerais. As fibras alimentares não têm o mesmo efeito que os fatores antinutricionais (SAMTIYA; ALUKO; DHEWA, 2020). Em relação às fibras e sua interação com minerais, o que se deve considerar são as características específicas, como sua solubilidade em água e a quantidade de fibra ofertada (BAYE; GUYOT; MOUQUET-RIVIER, 2016; BERNAUD; RODRIGUES, 2013; SHAH et al., 2009). Solubilidade das fibras As fibras podem ser classificadas de acordo com sua estrutura química, sua solubilidade (solúveis e insolúveis), fermentabilidade, viscosidade e capacidade de retenção de água. Essas características determinam efeitos locais e sistêmicos das fibras, incluindo suas implicações fisiológicas para a saúde do indivíduo (WILLIAMS et al., 2019; BERNAUD; RODRIGUES, 2013). A classificação entre fibras solúveis e insolúveis é uma das mais utilizadas, pois reflete a capacidade de dispersão das fibras quando misturadas em água e, consequentemente, seus mecanismos de ação. Fibras insolúveis Exemplos de fibras insolúveis incluem a celulose, hemicelulose, lignina e amidos resistentes, presentes sobretudo em casca de frutas e legumes, grãos integrais, leguminosas e banana verde. As fibras insolúveis parecem ter maior potencial de formação de complexos com os minerais, tornando-os incapazes de ser absorvidos (FILISETTI; LOBO, 2007; COUDRAY et al., 1997). A lignina, por exemplo, demonstrou ter mais capacidade de ligação a minerais que a celulose e hemiceluloses, provavelmente devido à sua natureza polifenólica (BAYE; GUYOT; MOUQUET-RIVIER, 2016). Estudos realizados em modelos animais e em seres humanos ainda não são conclusivos quanto aos efeitos das fibras insolúveis na absorção de minerais. TAPER e colaboradores (1988) avaliaram a suplementação de polis-

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sacarídeos de soja (20 g, 30 g e 40 g/dia) em uma fórmula líquida, durante 44 dias, em 22 indivíduos adultos. A adição de 20 g dessas fibras melhorou significativamente as retenções de cobre (Cu), ferro (Fe), zinco (Zn) e magnésio (Mg) sobre a dieta sem adição de fibra. Entretanto, a adição de 40 g causou retenções ligeiramente negativas de Cu e Fe. Em contrapartida, a suplementação diária de 10 g de celulose (fibra insolúvel) à dieta com baixo teor de fibras, por um período de 20 dias, levou a um aumento significativo da excreção fecal e redução das concentrações plasmáticas de cálcio (Ca) e Zn em homens, resultando em pior estado nutricional relativo a esses minerais (ISMAIL-BEIGI et al., 1977). Resultado semelhante foi visto em um estudo que avaliou o consumo de pão feito com uma parte de trigo integral, com diminuição significativa da absorção e do equilíbrio de Mg, Ca, Zn e fósforo (P) em humanos, com 20 dias de intervenção, devido ao aumento da excreção fecal de cada elemento (REINHOLD et al., 1976). É importante ressaltar que os estudos citados apresentavam limitações metodológicas, como pequeno número amostral, curto tempo de intervenção e não realizavam controle sobre os inibidores de absorção de fibras (como fitatos) ou intensificadores da biodisponibilidade (como polifenóis e ácido ascórbico). Tais fatores geram confusão para os resultados identificados (HEUVEL et al.,1998; BAYE; GUYOT; MOUQUET-RIVIER, 2016). Fibras solúveis e prebióticas Entre as fibras solúveis, as mais comumente encontradas no suprimento de alimentos e bebidas incluem a polidextrose, a fibra solúvel de milho (também chamada de maltodextrina resistente ou amido de milho resistente), a goma acácia, os frutooligossacarídeos (FOS), os galactooligossacarídeos (GOS) e a inulina. As fibras solúveis possuem características e mecanismos de ação que podem influenciar positivamente a absorção de minerais. Com base em diversos estudos em modelo animal e humano, é possível destacar como possíveis explicações para esse efeito: a modulação benéfica da microbiota, a redução do pH luminal e o aumento da superfície de absorção no cólon intestinal (Tabela 1) (WHISNER; CASTILLO, 2018; WEAVER et al., 2014; PEREZ-CONESA et al., 2007; RASCHKA et al. 2005; BONGERS; HEUVEL, 2003; SCHOLZ-AHRENS et al., 2001). Um estudo conduzido em modelo animal comparou a intervenção com 8 tipos de fibras dietéticas (dois NUTRIÇÃO EM PAUTA


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Tabela 1 – Potenciais mecanismos de ação das fibras solúveis que favorecem a absorção mineral Modulação benéfica da microbiota As fibras alimentares podem estimular o crescimento de bactérias benéficas à saúde humana e equilibrar a composição global da microbiota intestinal (efeito prebiótico).

Redução do pH do lúmen intestinal A fermentação das fibras solúveis produz ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que resultam na redução do pH luminal do cólon. A acidificação do ambiente intestinal aumenta a solubilização de minerais, como Ca e Mg, e facilita os processos de absorção e utilização pelo organismo.

Aumento da superfície de absorção intestinal Os AGCC, em especial o butirato, promovem a nutrição das células intestinais, aumento da profundidade das criptas, densidade de células intestinais e do fluxo sanguíneo no ceco. Consequentemente, há um aumento da superfície de absorção de nutrientes no intestino, como Ca, Zn e Mg.

Fontes: WHISNER & CASTILLO, 2018; WEAVER et al. 2010; PEREZ-CONESA, et al. 2007; RASCHKA, et al. 2005; BONGERS & HEUVEL, 2003; SCHOLZ-AHRENS, et al. 2001

Gráfico 1. Absorção fracional de cálcio após a intervenção com 12 g de fibra solúvel de milho (FSM) em adolescentes. Fonte: Whisner CM, Martin BR, Nakatsu CH, et al. Br J Nutr. 2014;112(3):446-456.

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tipos de amido resistente, fibra solúvel de milho, fibra solúvel de dextrina, pullulan, polidextrose, inulina e inulina+FOS), durante 12 semanas. Todas as fibras foram capazes de aumentar o conteúdo dos minerais Ca, Mg e Zn no fêmur dos animais, além de intensificar a produção de metabólitos benéficos da microbiota (AGCC) (WEAVER et al., 2014). Outros trabalhos também conduzidos em roedores mostraram que a suplementação de polidextrose promoveu aumento significativo da absorção de Ca e Fe (LEGETTE et al., 2012; WEISSTAUB et al., 2013; ALBARRACÍN et al., 2014). Uma revisão sistemática avaliou a ingestão de FOS na absorção de minerais e oligoelementos, considerando 30 estudos clínicos. Os resultados da ingestão de FOS mostraram uma melhora na absorção de cálcio, magnésio e ferro (COSTA et al., 2021), enquanto a ingestão de inulina (8-10 g/dia) foi capaz de aumentar a absorção de Ca e densidade mineral óssea total em adolescentes, mulheres na pós-menopausa e homens adultos (BAKIRHAN; KARABUDAK, 2021). Um estudo duplo-cego, crossover e randomizado, com adolescentes pré-púberes (12-15 anos), avaliou a intervenção de fibra solúvel de milho (12 g/dia) adicionada em barras de frutas, durante 3 semanas. A dieta basal

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continha baixo teor de Ca (600 mg/dia) e de fibras totais (15 g). Observou-se aumento de 12% na absorção fracionada de Ca após a suplementação, em comparação ao grupo controle, além de estimular o crescimento de bactérias produtoras de AGCC (WHISNER et al., 2014). A suplementação de fibra solúvel de milho também demonstrou resultado favorável em mulheres saudáveis na pós-menopausa com um efeito dose-resposta com ambas as doses de fibras administradas (10 g e 20 g) e melhora da retenção de cálcio ósseo (4,8% e 7%, respectivamente) (JAKEMAN et al., 2014).

. . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . ....... Os efeitos das fibras alimentares sobre a absorção de minerais vêm sendo investigados durante anos, porém as evidências científicas ainda permanecem controversas. Sabe-se que essa relação é determinada por uma rede complexa de fatores, incluindo a própria natureza e característica da fibra estudada, bem como a homeostase

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mineral do indivíduo. As fibras insolúveis têm maior potencial de ligação a minerais e formação de complexos inabsorvíveis. Por sua vez, as fibras solúveis parecem ter efeito positivo na absorção e utilização de alguns minerais, como cálcio, ferro, zinco, cobre, fósforo e magnésio. Ressalta-se que os efeitos benéficos do consumo de fibras, como a prevenção e melhora de várias doenças crônicas, superam os possíveis efeitos de redução da biodisponibilidade de minerais e seu consumo deve ser estimulado. Novos estudos são necessários para esclarecer a influência de cada tipo de fibra alimentar na biodisponibilidade de diferentes micronutrientes, considerando todos os fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo. O tempo de intervenção e o impacto na microbiota intestinal também devem ser explorados, uma vez que podem influenciar diretamente a absorção de nutrientes.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores

Profa. Dra Leila Hashimoto - Nutricionista formada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Ciências pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Especializada em Nutrição Esportiva. Trabalhou por 10 anos no laboratório de pesquisa da FCF da USP. Desde 2014, estuda a relação entre nutrição e o microbioma intestinal e se tornou nutrigeneticista. Trabalha como nutricionista clínica em consultório particular e ministra palestras e aulas em cursos, webinars e congressos. É fundadora e proprietária da empresa Dra Leila Hashimoto Consultoria em Nutrição, que oferece suporte técnico e científico nas áreas de fibras alimentares, edulcorantes, microbiota intestinal, nutrigenética e micronutrientes, tendo prestado serviços a empresas como Tate & Lyle/Nutrition Centre, Bioma4me e Gatorade. .

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS

ALBARRACÍN, M; WEISSTAUB, AR; ZULETA, Á; et al. Effects of extruded whole maize, polydextrose and

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cellulose as sources of fibre on calcium bioavailability and metabolic parameters of growing Wistar rats. Food Funct. 2014;5:804–810. doi: 10.1039/c3fo60424a. BAKIRHAN, H.; KARABUDAK, E. Effects of inulin on calcium metabolism and bone health. Int J Vitam Nutr Res. 2021 Feb 22:1-12. doi: 10.1024/0300-9831/a000700. BARBER, TM; KABISCH, S; PFEIFFER, AFH; WEICKERT, MO. The Health Benefits of Dietary Fibre. Nutrients. 2020;12(10):3209. Published 2020 Oct 21. doi:10.3390/nu12103209 BAYE, K; GUYOT, J-P; MOUQUET-RIVIER, C. The unresolved role of dietary fibers on mineral absorption. Critical Reviews In Food Science And Nutrition, [S.L.], v. 57, n. 5, p. 949-957, 28 dez. 2016. Informa UK Limited. http:// dx.doi.org/10.1080/10408398.2014.953030. BERNAUD, FSR; RODRIGUES, TC. Fibra alimentar: ingestão adequada e efeitos sobre a saúde do metabolismo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, [S.L.], v. 57, n. 6, p. 397-405, ago. 2013. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0004-27302013000600001. BONGERS, A; HEUVEL, EGHM. van Den. Prebiotics and the Bioavailability of Minerals and Trace Elements. Food Reviews International, [S.L.], v. 19, n. 4, p. 397-422, 11 jan. 2003. Informa UK Limited. http://dx.doi.org/10.1081/fri120025482. COSTA, GT; VASCONCELOS, QDJS, ABREU GC et al. Systematic review of the ingestion of fructooligosaccharides on the absorption of minerals and trace elements versus control groups. Clin Nutr ESPEN. 2021 Feb;41:68-76. doi: 10.1016/j.clnesp.2020.11.007. COUDRAY, C; BELLANGER, J; CASTIGLIA-DELAVAUD, C et al. Effect of soluble or partly soluble dietary fibres supplementation on absorption and balance of calcium, magnesium, iron and zinc in healthy young men. European Journal Of Clinical Nutrition, [S.L.], v. 51, n. 6, p. 375-380, jun. 1997. Springer Science and Business Media LLC. http:// dx.doi.org/10.1038/sj.ejcn.1600417. COUDRAY, C; DEMIGNÉ, C; RAYSSIGUIER, Y. Effects of Dietary Fibers on Magnesium Absorption in Animals and Humans. The Journal Of Nutrition, [S.L.], v. 133, n. 1, p. 1-4, 1 jan. 2003. Oxford University Press (OUP). http:// dx.doi.org/10.1093/jn/133.1.1. FILISETTI, TMCC, LOBO AR. Fibra alimentar e seu efeito na biodisponibilidade de minerais. In: Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 2ª ed. atual. e ampl. Barueri, SP: Manole; 2007. p 175-215. GILL, SK.; ROSSI, M; BAJKA, B; WHELAN, K. Dietary fibre in gastrointestinal health and disease. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, [S.L.], v. 18, n. 2, p. 101-116, 18 nov. 2020. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41575-020-00375-4. NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Profile of Post-Covid-19 Patients in Rehabilitation

clínica

Perfil de Pacientes Pós- Covid-19 em Reabilitação

RESUMO: Covid-19 é uma doença viral causada pelo coronavírus SARS-CoV2, transmitido por aerossóis, causando: fadiga, dispnéia, comprometimentos cardíacos e neurológicos, perda muscular, disfagia, diminuição da funcionalidade e até morte. Essa revisão bibliográfica visa conhecer o perfil dos indivíduos pós-COVID-19 e identificar desfechos e condutas terapêuticas. Rastrearam-se 22 artigos publicados desde 2019. Constatou-se que os pacientes são homens idosos, com pelo menos uma doença pré-existente. O tempo médio de permanência em Unidades de Terapia Intensiva é de 15 dias e em reabilitação de 4 a 8 semanas. Apresentaram complicações como: fadiga, dispnéia, tosse, febre, disfagia, cefaléia, doença renal, hiperglicemia, limitações físicas, nutricionais e cognitivas. As condutas na reabilitação envolvem equipe multiprofissional, tendo como principal foco complicações da Síndrome do Cuidado Pós Intensivo. Alimentação é preferencialmente oral, adaptada às condições clínicas e nutricionais do indivíduo. O trabalho interdisciplinar de reabilitação necessita de protocolos e favorece recuperação da independência, massa e força muscular. ABSTRACT: Covid-19 is caused by the new coronavirus SARS-CoV2, transmitted by aerosols, causing fatigue, dyspnea, cardiac and neurological impairments, muscle loss, dysphagia, decreased functional capacity and even death. JUNHO 2022

This work aims to know the profile of post-COVID-19 individuals and identify the outcomes and therapeutic approaches applied. We tracked 22 articles published from 2019 onwards. It was found that patients are elderly men, with one or more pre-existing diseases. Average length of stay of these patients in Intensive Care Units are 15 days and in rehabilitation from 4 to 8 weeks. They presented complications such as: fatigue, dyspnea, cough, fever, dysphagia, headache, kidney disease, hyperglycemia, physical, nutritional and cognitive limitations. The conducts in rehabilitation involve a multidisciplinary team, with the main focus on complications of the Post Intensive Care Syndrome. Feeding is preferably oral, adapted to the individual’s clinical and nutritional conditions. Interdisciplinary rehabilitation work requires protocols and favors recovery of independence, muscle mass and strength.

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Introdução

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Em meados de dezembro de 2019 surgiu, em uma cidade da China chamada Whan, uma síndrome respiratória aguda grave, que se descobriu ser causada pelo coronavírus2 (SARS-CoV2), sendo a doença denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Covid-19 NUTRIÇÃO EM PAUTA

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(ZU et al., 2020). Já, em 11 de março de 2020, a OMS declarou a “pandemia” por Covid-19, por conta de, no momento, existirem surtos da doença em várias regiões do mundo (Histórico da Pandemia de COVID-19 - OPAS/ OMS. Materiais filogenéticos insinuam que o vírus SARS-CoV2 tenha uma origem zoonótica (GHINAI et al., 2020). Sua transmissão ocorre entre indivíduos, podendo o vírus ser encontrado: na saliva, no escarro, em regiões nasofaríngeas e em zaragatoas da garganta. Em vista disso, tem-se o fato de que o contágio pode ocorrer por meio de pequenas gotículas liberadas pelo nariz e pela boca de pessoas contaminadas, ditas aerossóis (PHAN, 2020). A Covid-19 pode afetar os pulmões e outros órgãos corporais. Os sinais mais comuns da doença são: tosse seca, fadiga, febre, produção de escarro, congestão das vias aéreas superiores, diarréia, alteração do olfato e paladar, mialgia/artralgia, linfocitopenia e tempo prolongado de protrombina, estando todos presentes mesmo em casos leves da doença (AHMED et al., 2020). Entretanto, segundo Chan; Wong e Tang (2020), a dispneia é um dos seus principais sinais. Estima-se que a mortalidade de pacientes gravemente enfermos com pneumonia SARS-CoV-2 é alta, acometendo 61,5% dos internados com esse diagnóstico (YANG et al., 2020). Considerando-se o alto índice de contaminação, gravidade, complicações, elevado número de óbitos e os sérios impactos nas políticas econômicas, sociais e de saúde mundiais causadas pela Covid-19, houve a necessidade de se adotar medidas de prevenção e investigações para seu tratamento. Como prevenção, instituiram-se condutas simples como: uso adequado de máscaras de proteção e lavagem de mãos com água e sabão; utilização de álcool em gel nas mãos e na desinfecção de superfícies, como bancadas e celulares, associadas ao distanciamento social. Além disso, a pandemia exigiu vários estudos direcionados ao tratamento da doença e recuperação de seus comprometimentos pós alta hospitalar (FERRARI; ALEGRE; BRASIL, 2020). Algumas importantes consequências da doença são: diminuição da capacidade funcional e respiratória, assim como presença de disfagia, perda de massa muscular, presença de sarcopenia e maior ocorrência de lesão por pressão, impactando na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares. Esses fatores, portanto, apontam a necessidade da assistência também voltada à reabilitação dessa população.

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Reabilitação é definida como o processo de ajudar uma pessoa a atingir seu melhor potencial físico, psicológico, social, vocacional e educacional, mas de forma compatível com seu déficit fisiológico ou anatômico, limitações ambientais, desejos e planos de vida (DELISA, 2002). Na literatura ainda existe pouca informação para customizar o tratamento e o atendimento na reabilitação pós- Covid-19 até mesmo após uma internação hospitalar, por se tratar de uma doença complexa e ainda em investigação (TOZATO et al., 2021). Essa doença, portanto, tornou-se um grande desafio mundial da atualidade por vários fatores, como: sua complexidade, consequências causadas, alto número de óbitos e seus impactos (políticos, na saúde, econômicos e qualidade de vida). Dentro desse cenário, muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas, visando-se aprimorar a assistência, se incluindo a nutricional, focando-se principalmente na melhora da: capacidade funcional, independência, autonomia, bem como qualidade de vida dessa população. Esse trabalho apresentará uma revisão literária sobre o perfil de sobreviventes à Covid-19, bem como as terapêuticas aplicadas na reabilitação desses indivíduos e seus resultados, especialmente no tocante às questões nutricionais (perda ponderal, de massa magra e de função muscular, assim como terapia nutricional indicada). Esse estudo, portanto, se mostra importante tanto para os pacientes pós-Covid-19 que necessitam de reabilitação, como para a comunidade científica, por contribuir na ampliação do conhecimento a respeito da reabilitação de indivíduos acometidos por uma doença nova, desafiadora e devastadora, que afeta também seus sobreviventes e cuidadores/familiares, pois interfere diretamente na qualidade de vida.

. . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . . . ....... Este estudo se caracteriza como pesquisa de revisão bibliográfica narrativa, cujo rastreamento se deu no período de julho a novembro de 2022, nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Scientific Eletronic Library Online (SciELO); Medical LiteratureAnalysisandRetrieval System Online (MEDLINE); PubMed e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Para tanto, empregou-se a técnica booNUTRIÇÃO EM PAUTA


Profile of Post-Covid-19 Patients in Rehabilitation

leana, com os conectores “and, not” e os seguintes descritores de saúde: COVID-19, reabilitação, perfil de saúde, fatores de risco, rehabilitation, health profile, riskfactors; buscando-se os materiais publicados a partir de 2019, nos idiomas: português, inglês e espanhol. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: pesquisas que abordassem a doença COVID-19, suas sequelas e complicações, bem como a reabilitação de pacientes após a doença, as condutas adotadas na reabilitação e seus desfechos. Por meio da leitura dos títulos e resumos condizentes com a temática do trabalho, triaram-se os artigos que atendiam aos critérios da pesquisa. Inicialmente, encontraram-se 22 artigos (6 nacionais e 16 internacionais), dos quais se excluíram 19, por não atenderem aos objetivos específicos da pesquisa. Dessa forma, foram selecionados 3 artigos para compor o desenvolvimento desse trabalho (1 nacional e 2 internacionais).

. . . ............. R esu lt a do s . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . Somente 03 (três) estudos atenderam aos critérios de inclusão definidos no estudo, sendo 01 desenvolvido na Inglaterra com 100 pacientes; um em Los Angeles (EUA), sob a forma de case de 1 paciente e o último desenvolvido no Brasil, com 27 pacientes. TAÇÃO

A) PERFIL DOS PACIENTES EM REABILI-

O estudo realizado no Brasil, pelo Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, avaliou 27 pacientes em reabilitação pós- COVID-19, com média de idade de 52 anos, sendo a maioria do sexo masculino (74%). Os resultados mostraram que a grande maioria desses participantes (85,96%) apresentava pelo menos uma comorbidade pré- Covid-19, sendo a mais ocorrente: a hipertensão (52,17% da amostra). Outras comorbidades encontradas foram: Diabetes Mellitus (43,48%), Obesidade (13,04%), Arritmia (8,70%), Doença cardíaca crônica (8,70%), Doença hepática (4,35%), Doença psiquiátrica (4,35%) e Dislipidemia (4,35%). A desnutrição foi o desvio nutricional mais encontrado entre os participantes do estudo (96,14%), sendo a moderada a mais ocorrente (54,17%). A desnutrição severa foi encontrada em 41,97% da amostra. O tabagismo prévio foi identificado em 26,09% dos JUNHO 2022

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participantes, sendo que somente 8,70% relataram tabagismo atual. Todos os pacientes foram classificados como críticos durante o manejo da COVID-19. O tempo médio de internação hospitalar foi de75 dias, dos quais 40% do tempo (n=30 dias) em atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). As complicações encontradas na internação, foram: tosse (91,3%), febre (69,75%), dispnéia (69,75%), disfagia (37,04%), dor muscular (34,78%), fadiga (26,9%), odinofagia (17,39%), cefaléia (8,7%), diarréia (4,35%) e náusea (4,35%). Todos os participantes do estudo (100%) foram intubados na internação, 13 realizaram diálise e 17 usaram corticóides. Na alta hospitalar após o manejo de COVID-19 agudo, os pacientes apresentaram problemas: pulmonares, físicos, cognitivos, nutricionais e fonoaudiológicos, significativos e que deveriam ser avaliados e tratados de maneira adequada, pela reabilitação pós alta. Estudo realizado na Inglaterra, na Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (LTHT), um dos maiores hospitais de referência da Europa, acompanhou 100 pacientes pósCovid-19, tendo também maior número de indivíduos do sexo masculino (54 homens e 46 mulheres). A média de idade foi de 70 anos, variando de 20 a 93 anos. Dos participantes, 73 eram de etnia branca, 10 asiática, 10 da raça negra e 9 de outras etnias, sendo a grande maioria (92,3%) idosos, ou seja, com mais de 60 anos. Os resultados mostraram que 19 desses pacientes (19%) apresentavam baixo peso pregresso e 3 (3%) eram obesos antes da internação. Do total, a maioria (n=59; 59%) apresentava comorbidades, sendo a mais ocorrente a hipertensão (n=41), seguida pelo diabetes (n=29, sendo 28 diabetes tipo 2); câncer (n=28); doença mental (n=19); doença pulmonar obstrutiva crônica (n=15), asma (n=13) e osteoartrite (n=13); imunossupressão (n=12); insuficiência cardíaca (n=5) e hiperlipidemia (n=4), sendo a maioria atendida em enfermaria. Dos atendidos em UTI, a maioria (56,3%) apresentava mais de 3 comorbidades. O tempo de permanência em UTI foi de 4 dos 10 dias da média de internação, ou seja, 40% do tempo de internação. Durante a internação se observou: fadiga em 72% dos avaliados; dispnéia em 65,6% e sofrimento psicológico em 46,9%. As complicações/sequelas pós-Covid-19 foram: fadiga moderada (61% dentre as mulheres e 54,3% no grupo masculino); fadiga grave (100% nas mulheres e 29,6% nos homens) e dispnéia (58,8% mulheres e 21,1% homens). Três desses participantes realizaram diálise. A duração da reabilitação foi de 4 a 8 semanas, correspondendo a uma média de 48 dias pós alta hospitalar. Este estudo descobriu que as sinNUTRIÇÃO EM PAUTA

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tomatologias de COVID-19 são duas vezes mais intensas em pacientes de UTI em comparação aos tratados em enfermaria. Os sintomas relacionados à comunicação, como: voz, deglutição e sensibilidade laríngea (incluindo tosse persistente) foram mais comuns no grupo de UTI do que no grupo de enfermaria, sem diferença significativa quanto à idade, sexo ou etnia. Outro achado importante foi o percentual de pacientes com distúrbios da deglutição. Mais de 50% dos pacientes apresentaram disfagia leve ou moderada. No grupo da UTI, esses sintomas foram relatados por 41,7% das pessoas obesas e somente por 16,7% das pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) abaixo de 30Kg/m2. Já o estudo desenvolvido em Los Angeles (EUA) se refere ao relato de caso de uma idosa, cuja idade não foi descrita e que ficou 14 dias em intubação e 30 dias em reabilitação pós UTI. Ela apresentava 03 comorbidades pré-COVID-19, sendo elas: diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e obesidade. Em seu quadro clínico se encontrou: troponemia de 0,629, caracterizando um infarto do miocárdio. Fez uso de corticóides e dos medicamentos: hidroxicloroquina, azitromicina, ceftriaxona, vancomicina, cefepima, doxiciclina e tocilizumabe. Nenhum dos estudos descritos apresentou dados sobre escolaridade, profissão, religião ou classe social dos participantes do estudo. Pela análise dos resultados relatados nos artigos pesquisados, pode-se descrever como perfil dos pacientes em reabilitação: que a maioria é composta por homens; com idades que variaram de 20 a 93 anos, com predominância de indivíduos com 60 ou mais anos, ou seja, idosos e com presença de, pelo menos, uma doença prévia ao Covid-19, sendo as mais encontradas: Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Obesidade e Cardiopatias. Relatou-se também a relação positiva entre número de comorbidades com a maior chance de necessidade de assistência em UTI. Pacientes com duas ou mais comorbidades ficam mais tempo na UTI, necessitando de intubação. Esses indivíduos também apresentam mais complicações, sequelas e risco aumentado de morte. O tabagismo também foi referido por alguns participantes de alguns estudos. Já quanto às complicações durante a internação, os estudos destacaram: tosse, febre, dispneia, fadiga. O sofrimento psicológico, foi relatado somente no estudo inglês, mas com importante representatividade, acometendo 46,9% da amostra. Observou-se que as sintomatologias de Covid-19 são mais intensas em pacientes que necessitaram do atendimento em UTI, quando compara-

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dos aos assistidos nas enfermarias. Os desvios nutricionais (obesidade e, especialmente, o baixo peso e desnutrição) são frequentemente encontrados nessa população. O excesso de peso foi relacionado a mais chances de complicações, necessidade de intubação e mau prognóstico. O tempo de internação variou entre os estudos (10 a 75 dias), sendo o maior relatado no estudo brasileiro e o menor no inglês. Pode-se observar que em 2 dos estudos o tempo de UTI correspondeu a 40% do total de dias de internação, variando de 4 até 30 dias. A duração da reabilitação foi de 30 a 48 dias. Dentre as complicações mais encontradas em pacientes de UTI se destacam: tosse persistente, comprometimento de voz e de deglutição. Somente o estudo brasileiro descreveu a presença de disfagia dentre os acompanhados, especialmente quanto obesos e atendidos na UTI. O uso de corticóides e diálise no tratamento hospitalar foi relatado em 2 dos estudos apresentados. ção

B) REABILITAÇÃO: equipe, terapias e dura-

Estudo realizado na Inglaterra, na Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (LTHT), relata os resultados do acompanhamento telefônico feito com 100 pacientes, por uma equipe multidisciplinar formada por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos, neuropsicólogos e fisiatras. Os pacientes e família/cuidadores foram questionados quanto aos fatores: dispnéia, fadiga, deglutição, nutrição, qualidade da voz, sensibilidade laríngea, comunicação, incontinência, cognição e estado de saúde percebido. Os participantes foram monitorados num período de 4 semanas (de maio a junho de 2020). As terapêuticas nutricionais aplicadas foram: Terapia Nutricional Enteral (n=6); Terapia Nutricional Parenteral (n=1) e a maioria recebeu dieta via oral. Também passaram por sessões de fisioterapia (72 sessões), terapia ocupacional (20 sessões), nutrição (25 sessões) e fonoaudiologia (6 sessões), sem descrição detalhada do tipo de terapia e métodos utilizados pelos profissionais. O tempo médio de duração da reabilitação foi de 4 a 8 semanas, o que corresponde a uma média de 48 dias pós alta hospitalar. O estudo concluiu, então, que cuidados de reabilitação para sobreviventes de Covid-19 devem ser focados nas necessidades individuais, prestados por especialistas em reabilitação e planejados para um prazo não curto, para serem efetivos. (HALPIN et al., 2021). O estudo desenvolvido em Los Angeles (EUA) NUTRIÇÃO EM PAUTA


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com uma idosa, relatou apenas que houve envolvimento de equipes médicas e de reabilitação ainda durante internação. Cabe salientar que a paciente, na hospitalização, necessitou de intubação por 14 dias em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após a extubação, a idosa foi rebaixada para o piso de telemetria por mais 14 dias. Durante o curso de reabilitação da paciente, a terapia se concentrou em melhorar a tolerância e a resistência às atividades de vida. Aplicaram-se: o teste de suporte da cadeira (30 segundos), que mede o número de vezes que um paciente pode se levantar repetidamente de uma cadeira em 30 segundos. O teste TimedUp&Go (TUG) que avalia o tempo que leva para um paciente se levantar de uma cadeira e se afastar 3 metros e voltar para se sentar e o teste de caminhada em 6 minutos (TC6M) que mede a distância que um indivíduo é capaz de percorrer em 6 minutos. A paciente, inicialmente, só conseguia se levantar oito vezes com dispositivo auxiliar em 30 segundos, mas no dia 10 ela conseguiu se levantar onze vezes. Da mesma forma, em seu teste de TUG, ela inicialmente precisou de 35,30 segundos para ficar em pé e caminhar 3 metros. Contudo, no dia 5 seu tempo melhorou para 28,15 segundos. Seu teste TUG sem dispositivo auxiliar também mostrou mudança significativa, melhorando de 17,20 segundos para apenas 10,16 segundos no dia 10, o que sugere que a paciente não é mais classificada como de alto risco de queda, considerando-se o ponto de corte (> 13,5 segundos). Por último, o TC6 da paciente refletiu seu aumento na resistência, pois passou de apenas 45 metros com FWW para 295 metros com um rolador. Sua velocidade de marcha, frequência cardíaca, saturação de oxigênio após deambulação e volume do espirômetro de incentivo mostraram melhorias semelhantes. No dia 11, o paciente recebeu alta para casa com a família. Houve indicação de uso de um rolador, bem como terapia cardiopulmonar domiciliar e ambulatorial para sua reabilitação contínua. Suas pontuações na alta foram 7 para mobilidade, 6 para transferências, 7 para deambulação sem dispositivo auxiliar a 76 metros e 6 para deambulação com rolador a mais de 275 metros. Houve melhora na velocidade da marcha, frequência cardíaca, saturação de oxigênio após deambulação e volume do espirômetro de incentivo. Concluiu-se, então, que a reabilitação pulmonar é importante para a reabilitação hospitalar de pacientes com Covid-19 para melhorar a capacidade funcional de exercício, capacidade aeróbia e qualidade de vida, devendo ser iniciada ainda na internação e prorrogada no pós- alta (CHAN; WONG; TANG, 2020). No estudo realizado no Brasil pelo Instituto de JUNHO 2022

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Reabilitação Lucy Montoro, com 27 participantes, a reabilitação envolveu os profissionais das áreas de Fisioterapia, Psicologia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Fonoaudiologia, sem especificar a quantidade de terapias por profissional. O tempo médio da reabilitação desses pacientes foi de 22 dias. O tratamento de reabilitação foi coordenado por um fisiatra. A equipe médica regulava os níveis adequados de oxigênio e a manutenção dos sinais vitais dos pacientes durante as terapias, administrava as comorbidades e prescrevia medicamentos para ansiedade e sintomas depressivos, bem como estimulação cognitiva e controle da dor, conforme necessidade. Já a equipe de enfermagem estava voltada à prevenção, monitoramento e diagnóstico precoce da pneumonia aspirativa, administração de medicamentos e educação dos pacientes para aumentar a adesão aos medicamentos após a alta. Também monitoravam os sinais vitais três vezes ao dia, apoiavam as atividades de autocuidado e mudanças de decúbito a cada 2 horas, coletavam amostras para testes laboratoriais, administravam o risco de queda, monitoravam a integridade da pele e as funções vesicais e intestinais. As sessões de fisioterapia respiratória incluíram assistência com respiração diafragmática, mudança de posturas para drenagem de secreções, exercícios respiratórios resistivos, auxílio aos músculos respiratórios em repouso e realização de exercícios de coordenação respiratória. A equipe de fisioterapia motora aplicou um protocolo convencional de alongamento, fortalecimento muscular, mobilização, treinamento funcional e resistido, incluindo atividades ativas em cicloergômetro para membros inferiores; treinamento assistido por estimulação elétrica funcional; estimulação sensorial; posicionamento ortostático; equilíbrio, marcha e treinamento de consciência corporal; além de orientações de segurança para a realização de atividades de vida diária de forma independente. Além disso, de acordo com prescrições individuais, os pacientes também receberam reabilitação assistida por robô e por realidade virtual. Cicloergômetro e treinamento de condicionamento foram realizados duas ou três vezes por semana, de acordo com os limites estabelecidos de batimentos cardíacos e pressão arterial para repouso, estresse e atividades terapêuticas. A intensidade do treinamento foi monitorada e ajustada com base na classificação de esforço. A rotina fonoaudiológica englobou visitas à beira do leito três vezes por semana, incluindo exercícios vocais, monitoramento durante as refeições para avaliar a deglutição e adaptar a consistência alimentar. Durante as sessões de terapia ocupacional, os pacientes foram avaliados quanto ao desempenho nas atividades de autocuidado e foram realizadas NUTRIÇÃO EM PAUTA

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as adaptações locais e instrumentais para a realização das atividades diárias. Também realizaram técnicas de conservação de energia durante as quatro sessões semanais de terapia ocupacional. Abordagens psicológicas, incluindo manobras de relaxamento, biofeedback e intervenções cognitivo-comportamentais para reduzir a tensão foram aplicadas, conforme necessidade. A equipe de Nutrição focou no controle da desnutrição pela oferta e controle da ingestão adequada de proteínas e calorias. Para mensurar a composição corporal, foi utilizada a bioimpedância elétrica (modelo Biodynamics 310e), incluindo medidas das porcentagens de gordura e massa magra. A Escala Funcional de Ingestão Oral também foi empregada, sendo escolhida por sua facilidade de uso, curto tempo de aplicação e identificação rápida de quaisquer problemas referentes à ingestão oral. A composição corporal também foi avaliada por meio da mensuração da dobra cutânea do tríceps e circunferências do braço e panturrilha. A gravidade da desnutrição foi classificada como: ausente, moderada ou grave, de acordo com a Global LeaderShipInitiative for Malnutrition (GLIM). Além da análise da composição corporal, a assistência nutricional abrangeu também:a avaliação das preferências alimentares, presença de restrições dietéticas permanentes ou temporárias, avaliação dos hábitos alimentares pregressos e indicação de complementação protéica e/ou energética. O monitoramento nutricional era diário. Aconselhamento individualizado e educação sobre hábitos alimentares saudáveis e a preparação de cardápios sugeridos para aumentar a adesão à terapia dietética após a alta também foram incluídos no programa nutricional. Assistentes sociais auxiliaram na transição do cuidado após a alta. Os objetivos funcionais foram totalmente alcançados na alta na quase totalidade dos participantes (n=23 pacientes). A abordagem de reabilitação de pacientes internados de forma multidisciplinar intensiva, integrada e coordenada melhorou significativamente a condição funcional e de autonomia dos pacientes. Os principais fatores que influenciaram a recuperação funcional foram: ganhos de massa magra, força muscular e medidas da MIF (Medida de Independência Funcional). O estudo concluiu que a abordagem de reabilitação multidisciplinar especializada e intensiva de pacientes ainda na internação e mantida pós alta, de maneira integrada e coordenada, traz resultados positivos a esses pacientes (IMAMURA et al., 2021). Os motivos para encaminhamento à reabilitação pós alta, segundo os estudos foram: problemas pulmonares, físicos, cognitivos, nutricionais e fonoaudiológicos, segundo o estudo brasileiro. Já no inglês, além de pro-

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blemas pulmonares (detectado pela queixa de dispneia) e físico descrito pela fadiga, se encontrou também: comprometimento da deglutição, cognição e nutrição; qualidade da voz; sensibilidade laríngea; dificuldade de comunicação; presença de incontinência; enquanto no relado de caso americano, desenvolvido com a idosa, a reabilitação visou melhorar a tolerância e resistência às atividades. O relato do caso dos (EUA), focou somente na fisioterapia, para reabilitação cardiopulmonar. Dessa forma, pode-se intuir que os cuidados da reabilitação dos sobreviventes de Covid-19 devem ser focados nas necessidades individuais, com especial atenção à reabilitação cardiorespiratória. Já no estudo inglês, a equipe multiprofissional da reabilitação foi composta por Fisioterapeuta (72 sessões aplicadas), Terapeuta Ocupacional (20 sessões), Fonoaudiólogo (6 sessões) e Nutricionista (25 visitas). Houve ainda a descrição das vias de alimentação usada por esses pacientes, sendo a via oral a mais frequente (93%). Somente 1 dos pacientes fazia uso de Terapia Nutricional Parenteral e 6 foram submetidos à Terapia Nutricional Enteral. Já o estudo brasileiro expandiu, incluindo a essa equipe: Psicólogo; Enfermeiros e Assistente Social, sendo todos os profissionais coordenados por um médico fisiatra. Além disso, os números de sessões também divergiram, sendo Terapia Ocupacional: 4 sessões/semana; Acompanhamento Fonoaudiológico: 3 vezes/ semana; Nutrição: monitoramento diário. Além disso, destaca-se que somente o estudo brasileiro apresentou os protocolos aplicados, com descrição detalhada das atribuições, procedimentos e instrumentos/equipamentos empregados por cada um dos profissionais da equipe multidisciplinar. Quanto à via de alimentação, vale ressaltar que, a oral foi a mais utilizada, sendo ajustada segundo o quadro clínico, fisiológico e estado nutricional do paciente, com acompanhamento atento à aceitação alimentar individualizada. O tempo médio de reabilitação pós alta variou de 22 dias, pelo estudo brasileiro; até 48 dias (mínimo 29 e máximo 71 dias) segundo estudo inglês. O estudo brasileiro ainda relatou que na maioria dos 27 pacientes acompanhados (85,2%; n=23), todos os objetivos funcionais foram alcançados, ou seja, houve aumento da massa magra, força muscular e independência. Todos os estudos apontam, portanto, a importância da reabilitação, destacando-se os melhores resultados quando aplicada por uma equipe multidisciplinar ampla, formada por médicos, fisiatras, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicóloNUTRIÇÃO EM PAUTA


Profile of Post-Covid-19 Patients in Rehabilitation

gas e assistentes sociais.

. . . ............... Dis c uss ã o. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . O fato de se encontrar mais homens dentre as amostras dos estudos avaliados, provavelmente possa ser explicado por conta de uma combinação dos fatores: biológicos, estilo de vida e comportamentais. Segundo Betron et al. (2020) os homens tendem a fumar e beber mais e, portanto, ficam mais suscetíveis a desenvolver doenças pulmonares e cardiopatias. Além disso, fumantes tocam a boca com mais frequência, o que facilita a contaminação pelo vírus; assim como também os homens tendem a lavar as mãos com menos frequência. Em contrapartida, as mulheres, geralmente apresentam sistema imunológico mais fortalecido, contando com a proteção do hormônio estrogênio. Segundo Onder; Rezza; Brusaferro (2020), a fragilidade natural da idade ao longo do tempo e a presença mais frequente de várias comorbidades associadas aos idosos, podem estar relacionados com a maior incidência e impactos da Covid-19 encontrada nessa população, gerando maior tempo de atendimento em UTI, maior probabilidade de necessidade de intubação e reabilitação intrahospitalar e pós alta, presença de mais complicações e sequelas, bem como de risco aumentado de morte. As complicações apresentadas pelos pacientes avaliados nos artigos vão de encontro ao relatado por outras literaturas. Silva (2022), aponta que pessoas que contraíram COVID-19 podem evoluir para uma insuficiência respiratória após ficarem em UTI sob ventilação mecânica. Em adição, Montalvan et al. (2020) e Nicola et al. (2020), descrevem que, apesar das principais complicações acontecerem no sistema respiratório, alguns pacientes com SARS-CoV-2 apresentam sintomatologias multissistêmicas, citando como exemplos: náuseas, cefaléia, mialgias, vômitos, anosmia, hiposmia e alterações cognitivas, podendo também haver comprometimento nutricional, neurológico e potencial neurotropismo, bem como distúrbios gastrintestinais e musculoesqueléticos, alterações cardíacas, dentre outros problemas. Os estudos também revelaram que pacientes que necessitaram de ventilação mecânica na fase mais aguda da doença vivenciaram sérios efeitos colaterais, desenvolvendo a chamada síndrome de cuidado pós-intensivo (PICS). Essa síndrome é caracterizada primariamente por uma incapacidade prolongada e tem como efeitos secunJUNHO 2022

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dários: disfunção muscular, fadiga, dor e dispneia, fatores relevantes para indicação da reabilitação (FALVEY; KRAFFT; KORNETTI, 2020). A reabilitação tem certos efeitos benéficos na fase aguda e especialmente na fase de recuperação, incluindo a melhora da função respiratória (LIU et al., 2020), resistência ao exercício, autocuidado nas atividades da vida diária, bem como apoio psicológico, dentre outras (LI, 2020). As sequelas da síndrome de cuidado pós-intensivo (PICS) podem durar meses ou anos. Essas sequelas afetam a qualidade de vida dos pacientes, dificultando as atividades da vida diária no: trabalho, estudo, lazer ou afazeres domésticos, sendo um dos motivos para a indicação da atuação da equipe multidisciplinar de reabilitação já na internação, prolongando-se no pós- alta. Houve consenso entre os estudos de que o trabalho de equipe multiprofissional se faz importante e necessária tanto durante a internação quanto na pós-alta e de que protocolos de reabilitação devem ser implementados e praticados desde a internação para pacientes acometidos pela Covid-19, passada a fase aguda da doença (SANTANA; FONTANA; PITTA, 2021). Estudos mostraram que, a reabilitação realizada pela equipe favorece o ganho de massa e força muscular, recuperação cardiopulmonar, impactando na qualidade de vida desses pacientes e de seus familiares/cuidadores (HALPIN et al. 2021), assim como observamos nos artigos apresentados. A reabilitação deve estar focada nas necessidades individuais dos pacientes, devendo ser prestada por uma equipe de saúde multidisciplinar, formada por especialistas em reabilitação, reafirmando a importância e necessidade da implementação de protocolos e planejamento estendido e de longo prazo. Fuganti et al. (2021), em resumo, indicam para a reabilitação desses pacientes: a) implantação de protocolo multiprofissional composto por: assistência nutricional, avaliação sistemática da massa e da função muscular e cardiorrespiratória, implementação de mais exercícios resistidos, b) início da reabilitação ainda na internação, mantendo-a no pós-alta hospitalar.Além disso, destacam a importância de uma terapia nutricional hiperproteica associada a exercícios, visando-se recuperar a massa muscular pós Covid-19.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o. . . . . . . . . . . . . . ........ A pandemia pela Covid-19 alterou e impactou a forma como vivemos, cuidamos e trabalhamos, impondo adaptações em muitas áreas, incluindo a dos serviços de NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Perfil de Pacientes Pós- Covid-19 em Reabilitação

reabilitação, unindo-se forças e competências para se reverter uma nova realidade causada por essa ainda desconhecida, desafiante, devassadora e impactante doença. Fica evidente que as sequelas da Covid-19, dependendo da gravidade clínica do paciente, das comorbidades pré-existentes e do grupo de risco a que o indivíduo pertence, bem como se sofreu intubação, podem contribuir para: pior desfecho, ocorrência ou agravamento de doenças crônicas, afetando o desempenho das atividades diárias após a alta hospitalar devido principalmente: à sarcopenia e fragilidade, disfagia, fraqueza muscular, dor e dispneia geradas pela Covid-19. A reabilitação deve, portanto, focar em uma abordagem interdisciplinar individualizada, com base nas necessidades de cada pessoa, para permitir mais autonomia e funcionalidade, uma vida mais longa e melhor aos sobreviventes da Covid-19. Quanto à nutrição, há evidências de sua importância também na reabilitação desses indivíduos. Uma alimentação adequada e equilibrada auxilia no ganho de massa e força muscular, prevenção e/ou recuperação de lesão por pressão e favorecimento do controle do estado nutricional, devendo-se priorizar a via oral, mas sempre adaptada às necessidades de cada paciente e presença, ou não, de disfagia. Os fatores: número de comorbidadespré-existentes, tempo de assistência em UTI e de intubação, bem como desvios do estado nutricional, especialmente déficit de peso, mas também excesso de peso, estão relacionados tanto ao prognóstico do paciente com Covid-19 como para a indicação ou necessidade e tempo de reabilitação. As limitações desse trabalho estão relacionadas à escassez de publicações sobre o tema, bem como de dados referentes a algumas variáveis definidas como de interesse para o estudo. Novas e constantes descobertas sobre essa doença, mutações do vírus causador e, consequentemente, seus danos causados, já possibilitam minimizar seus impactos gerados. Contudo, a Covid-19 ainda é um grande desafio mundial, sendo necessárias contínuas pesquisas para ajudar a estabelecer medidas assertivas de controle, tratamento e reabilitação intra hospitalar e continuada no pósalta.

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Sobre os autores

Dra. Renata Varkulja de Andrade – Nutricionista. Fisiologista do exercício pela Universidade Federal de São Paulo. Pós-graduanda em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Dra. Andreia Francisca de Faria Fernandes – Nutricionista. Pós-graduanda em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo. Profa. Dra. Vera Silvia Frangella – Nutricionista. Docente Supervisora de Estágio em Nutrição Clínica do curso de Graduação em Nutrição. Coordenadora do Curso de Pós em Nutrição Clínica do Centro Universitário São Camilo-SP. Mestre em Gerontologia pela PUC-SP. Especialista em Gerontologia pela SBGG. Especialista em Nutrição Clínica pela ASBRAN. Especialista em TNE e Parenteral pela SBNPE.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE: Covid-19. Reabilitação. Perfil de saúde. Fatores de risco. KEYWORDS: Covid-19. Rehabilitation. Health profile. Risk factors.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO: 2/5/22 – APROVADO: 10/6/22

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ REFERÊNCIAS

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Profile of Post-Covid-19 Patients in Rehabilitation

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Use of Phytotherapy by Physical Activities

esporte

Utilização de Fitoterápicos por Praticantes de Atividade Física

RESUMO: O consumo de fitoterápicos com o objetivo de aumentar o desempenho na prática de atividade física está cada vez maior e, sua prescrição deve ser realizada por profissionais qualificados para tal fim. Nutricionista e/ou médicos são profissionais com a capacitação necessária, para que os objetivos relacionados à manutenção da saúde na prática de atividade física sejam alcançados sem eventuais transtornos. Existe uma grande relação entre a nutrição e atividade física, uma vez que, as funções orgânicas, podem ser otimizadas através de uma nutrição adequada. Diversos benefícios são atribuídos a algumas plantas, incluindo a capacidade de aumentar níveis hormonais, principalmente de testosterona, e, com isso, estimular vias associadas à síntese proteica. O objetivo do trabalho foi investigar as evidências científicas sobre o uso de fitoterápicos por praticantes de atividade física. O estudo foi realizado por meio de uma revisão narrativa da literatura. Há evidências que os praticantes de atividade física fazem o consumo de fitoterápicos, em sua maioria sem prescrição adequada, sendo os mais consumidos a Camellia sinensis (Chá verde), Cúrcuma longa (Açafrão da terra) e o Zingiber officinale roscoe (Gengibre) devido suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e devido ao papel no aumento de força, massa muscular e no rendimento esportivo. JUNHO 2022

ABSTRACT: The consumption of herbal medicines to increase performance in the practice of physical activity is increasing, its prescription must be performed by professionals qualified for that purpose, a nutritionist and / or doctors who are professionals with the necessary training, so that the objectives related to maintenance of health in the practice of physical activity are achieved without adverse effects. There is a great relationship between nutrition and physical activity, since organic functions can be optimized through adequate nutrition. Several benefits are attributed to some plants, including the ability to increase hormone levels, especially testosterone, and thereby stimulate pathways associated with protein synthesis. The objective of the work was to investigate the scientific evidence on the use of herbal medicines by practitioners of physical activity. The study was carried out through a narrative review of the literature. In view of the above, there is evidence that physical activity practitioners consume herbal medicines, in which the majority of users consume without proper prescription. Among the most consumed, Camellia sinensis (Green tea), Turmeric (Saffron) stands out and Zingiber officinale roscoe (Ginger) due to their antioxidant, anti-inflammatory properties and increase sports performance allowing for increased strength and muscle mass.

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Utilização de Fitoterápicos por Praticantes de Atividade Física

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Introdução

. . . . . . . . . . . . . . . . . . pruriens, e Zingiber officinale Roscoe, são utilizadas fre-

A busca pelo corpo ideal tem tornado as academias de musculação um núcleo de encontro de vários interesses por parte dos frequentadores. A qualidade de vida, recuperação e/ou manutenção da saúde, as práticas regulares de exercício físico, a estética, o ganho e definição de massa muscular, a perda de peso, o treinamento para competição (amadores e profissionais), dentre outros, são os motivos que levam as pessoas cada vez mais às academias (LIZ, ANDRADE, 2016) A atividade física é entendida como todo e qualquer movimento corporal que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso e, assim, seja no trabalho, no lazer e nas demais atividades diárias é apontada como importante aliada na manutenção corporal e prevenção de doenças crônicas degenerativas (GLANER, 2002). A frequente busca pelo corpo ideal faz com que inúmeras pessoas ultrapassem seus limites de estrutura física, na tentativa da obtenção de uma aparência estética que julgam ser mais importante que o cuidado com a própria saúde (CASTRO, 2010). Os padrões estéticos aliados à falta de uma cultura corporal saudável, tem levado a população a usar de forma abusiva substâncias tidas como promotoras de melhorias estéticas (SANTOS; SANTOS, 2002). Dentre estas substâncias, destacam-se os fitoterápicos, que são medicamentos à base de plantas, julgados popularmente como menos agressivos a saúde (YUNES; PEDROSA; FILHO, 2001). De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada-RDC nº 48, de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápicos são todos os medicamentos preparados exclusivamente com plantas ou partes de plantas medicinais raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou sementes, que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou tratamento sintomático das doenças, validadas em estudos etno-farmacológicos, documentações científicas ou ensaios clínicos de fase III. Entretanto muito destes fitoterápicos são utilizados com base no empirismo, como fóruns de discussão na internet, blogs e também na oralidade que ocorre principalmente no contexto das acadêmicas de musculação (RATES, 2001). São muitos os efeitos prometidos pelos fabricantes dos fitoterápicos, tais como, a melhoria da capacidade de trabalho, a eliminação do cansaço mental, a melhoria do desempenho físico dentre outros (VIERO, 2005). Algumas plantas, como Curcúma longa, Mucuna

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quentemente por praticantes de musculação com o propósito de aumentar massa muscular, embora o número de estudos seja limitado e ocorra, na verdade, uma extrapolação dos resultados de pesquisas que mostram apenas as propriedades afrodisíacas dessas plantas, para a hipertrofia muscular (SOUZA, 2014). Na medicina tradicional, o uso de algumas plantas com propriedades afrodisíacas representa uma das modalidades mais antigas de tratamento da disfunção sexual, que inclui disfunção erétil ou impotência, hipogonadismo, ejaculação precoce, entre outros. Alguns desses estudos mostraram melhorias da função sexual e aumento de hormônios sexuais, como testosterona e hormônio luteinizante. E, devido a esse aumento de hormônios, principalmente a testosterona, o uso dessas plantas começou a ser difundido entre indivíduos que buscam melhorias no desempenho e hipertrofia muscular (SOUZA, 2014). Muitas destas substâncias são julgadas empiricamente como ergogênicas, embora produzam efeitos contrários e, assim, consideradas como substâncias ergolíticas e acabam por interferir negativamente no rendimento de quem as utiliza (KENNY; WILMORE; COSTILL, 2011). Assim a ansiedade em otimizar o desempenho físico e obter um corpo idealizado padrão fez com que o conceito de “Esporte e Saúde” entrasse em detrimento uma vez que apenas a estética tem sido enfatizada (BARRETO, 2003). Tendo em vista a demanda crescente da utilização de fitoterápicos em academias de musculação (KLEIN et al., 2009), verifica-se que a prescrição por profissionais capacitados é de fundamental importância para a manutenção da saúde e da qualidade de vida, devendo ter como base a comprovação cientifica e dosagens individualizadas. Segundo a legislação brasileira, são profissionais capacitados para prescrever fitoterápicos comumente usados em academias os médicos (CFM, 1992), nutricionistas (CFN, 2013), além do farmacêutico, que formalmente não é um profissional prescritor, mas que pode indicar o uso de fitoterápicos isentos de prescrição (CFF, 2011; FONSECA, 2008). Dessa forma é importante uma maior sensibilização sobre o uso de fitoterápicos por praticantes de atividade física, bem como a orientação do consumo por profissional capacitado, com o objetivo de garantir segurança nessas práticas e também minimizar os efeitos adversos à saúde que o consumo indiscriminado pode causar. Nesse contexto o objetivo deste trabalho foi levantar dados na literatura sobre o uso de fitoterápicos por praticantes de atividade física. NUTRIÇÃO EM PAUTA


Use of Phytotherapy by Physical Activities

. . . ............. Méto dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estudo de natureza qualitativa e exploratória, desenvolvido por meio de uma revisão de literatura narrativa, elaborada por meio da busca de artigos científicos nas bases de dados Pub Med, Scielo e Scopus utilizando como descritores: phytotherapy; physical activity; phytotherapy and physical activity. Foram incluídos no estudo artigos em inglês e português disponíveis na integra e que apresentaram abordagens relevantes para o tema proposto. Foram excluídos aqueles artigos que se repetiam nas bases de dados analisadas, bem como, mediante leitura do resumo ou artigo completo, não estava condizente ao tema abordado. Quanto a interpretação de dados, esta foi realizada a luz da literatura cientifica disponível, reafirmando que os resultados encontrados atendiam aos objetivos propostos nesse estudo.

. . . ............. R esu lt a do s . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . Fitoterapia A palavra fitoterapia origina-se dos termos Phyton, que significa “vegetal”, e Therapeia, que significa “terapia”, dessa forma, é a terapêutica que utiliza plantas medicinais com efeitos farmacológicos medicinais, alimentícios, coadjuvantes técnicos ou cosméticos e para obter efeito farmacológico pode-se utilizar as folhas, caule, flores, raízes e frutos das plantas medicinais (ZAMBON et al., 2018).Atualmente o uso dessas plantas tem sido muito comum para fins diversos, no processo de emagrecimento, tratamento auxiliar e não farmacológico da obesidade (VERRENGIA et al., 2013) e na prática esportiva. Aos poucos os fitoterápicos tomam espaço nos tratamentos em obesidade, por apresentarem baixo custo, por ser um método natural e acessível para a população. Estudos relatam que os fitoterápicos agem no organismo acelerando o metabolismo e moderando o apetite, promovendo assim, a redução de ingestão alimentar. Além do efeito antioxidante, ação lipolítica e diurética, esses efeitos ocorrem devido aos princípios ativos de todos os fitoterápicos dentro de doses recomendadas. Os fitoquímicos presentes nos fitoterápicos conferem melhor desempenho esportivo, aumentando força e resistência. (ZAMBON et al., 2018). JUNHO 2022

esporte

Fitoterapia e Atividade Física A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que requer gasto de energia acima dos níveis de repouso. Sua prática é fundamental em qualquer idade e tem sido considerado um meio de preservar e melhorar a saúde e a qualidade de vida do ser humano (FREIRE et al., 2014). A atividade física promove alteração metabólica, gerando inflamação e estresse oxidativo, resultando em um comprometimento imune a saúde do atleta, em especial em exercícios de longa duração e de resistência. Nesse sentido, alguns fitoterápicos contribuem para o melhor desempenho esportivo, aumentando força e resistência, além de atuar como adaptógeno, ou seja, dando condições ao organismo de responder a situação estressora (FILHO, 2017). A fitoterapia tem sido eficaz no emagrecimento, devido a inibição do apetite e a redução da adipogênese, além dos efeitos laxativos, diuréticos e antioxidantes, que auxiliam a perda de peso e eliminam produtos do metabolismo do corpo humano (LUCAS et al., 2016). Os fitoterápicos também podem atuar como importantes anti-inflamatórios, antioxidantes, e auxiliar na recuperação pós-exercício combatendo a dor, na melhora do sistema imune e como coadjuvante no tratamento de lesões musculares. Na nutrição esportiva, a ênfase é dada aos fitoterápicos que modulam dor e inflamação, principalmente pós-atividade ou recuperação de lesão (FILHO, 2017). Dentre os fitoterápicos utilizados por praticantes de atividade física, por desempenharem papéis de fundamental importância na otimização do desempenho físico, os trazidos, mais frequentemente, na literatura científica são: a Camellia sinensis, Curcúma Longa, Mucuna Pruriens, Zingiber officinale roscoe. Camellia sinensis A Camellia sinensis conhecida como chá verde, apresenta flavonoides(antioxidantes) e catequinas que atuam de diversas formas e contribui para diminuição do peso corporal (VILELA; SOUZA, 2015). O chá verde é considerado um alimento funcional, sendo a segunda bebida mais consumida no mundo. Evidências mostram seu efeito termogênico com aumento do gasto energético e promoção da oxidação de gorduras. Segundo a ANVISA, a propriedade funcional do alimento é caracterizada por possuir substâncias que além da função de nutriente, apresenta benefícios relativos ao papel fisiológico ou metabólico que apresenta no crescimento, desenvolvimento e NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Utilização de Fitoterápicos por Praticantes de Atividade Física

manutenção das funções normais do organismo. O consumo de chá verde aliado à prática de exercício físico auxilia no maior ganho de massa magra e maior perda de gordura comparado à prática de exercício físico isolado, além de aumento de força muscular, quando consumido antes da prática (FERNANDES et al, 2017). Os flavonoides contidos no chá verde agem no sistema nervoso simpático modulando a noradrenalina, aumentando a termogênese e a oxidação lipídica, inibindo hipertrofia e hiperplasia dos adipócitos, precavendo que ocorram depósitos de gordura e ajustando o peso corporal (SENGER; SCHWANKE; GOTTLIEB, 2010). As interações medicamentosas, bem como a presença de anti-nutrientes são alguns dos efeitos adversos do chá. Os polifenóis presentes no chá atuam como quelantes de metais como ferro e cobre, de um modo especial quando consumidos juntos impedindo sua absorção e acarretando deficiência desses nutrientes (VIERO et al., 2005). Irritabilidade, alterações no sistema nervoso central, sistema cardiovascular, hipertensão arterial, alterações na homeostase de cálcio, qualidade do sono e no controle motor, hiperatividade são alguns dos malefícios da ingestão da cafeína a saúde quando consumida em quantidades elevadas. Entretanto, se ingeridas de forma racional apresentam efeitos desejáveis e saudáveis (SOUZA; SICHIERI, 2005). Além das propriedades antioxidantes, as catequinas do chá verde promovem a perda de peso, devido a supressão da ingestão de alimentos, bem como o ganho de peso e acúmulo de gordura, além de aumentar a taxa metabólica, devido ao seu efeito termogênico, possivelmente pela elevação dos níveis de norepinefrina. O consumo de chá verde associado à pratica de exercício físico parece elevar o seu potencial energético, tornando-se um elemento potencial aliado ao emagrecimento. O gasto energético é modulado pela composição corporal, assim faz parte dos programas para perda de peso, promoção do aumento da massa magra e diminuição de gordura, o que resulta na elevação da taxa metabólica em resposta à atividade física (FERNANDES et al, 2017). Cúrcuma longa L. O açafrão-da-terra é uma planta com propriedades medicinais notórias, como ação anti-inflamatória, cicatrizante e alívio de problemas estomacais. Também chamado de cúrcuma, turmérico ou simplesmente de açafrão, a parte mais consumida é a raiz, daí o nome açafrão-da-terra, usado em comparação com o chamado “açafrão

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verdadeiro”, um tempero de gosto semelhante que é extraído a partir de uma flor. Este ativo apresenta ação antioxidante e anti-inflamatória, alguns estudos apresentam tal relação entre a curcumina e os marcadores inflamatórios com eficácia para reduzir a dor muscular tardia, a partir da diminuição dos marcadores, como a creatina quinase, a proteína c-reativa e a lactato desidrogenase. Desse modo, sua ação é a recuperação muscular e fortalecimento do corpo, como por exemplo, uma contração máxima após uma sessão de exercício, e com o uso da cúrcuma, essa ação anti-inflamatória é capaz de melhorar a contração voluntária máxima (MORETES; GERON, 2019). É importante pontuar que esse princípio ativo vegetal assim como outros fitoterápicos apresenta interação farmacocinética que pode interferir na sua eficácia clínica e terapêutica. Alguns medicamentos naturais podem provocar interações medicamentosas quando em associações com alguns tipos de medicamentos alopáticos, portanto, devem-se adotar regulação e cuidados voltados para a fiscalização, controle, comercialização e outros procedimentos envolvendo os fármacos e os fitoterápicos, causando alterações principalmente nos efeitos hematológicos, nas ações metabólicas, reduzindo ou potencializando seus efeitos, ou ainda, interferindo no processo de absorção e eficácia medicamentosa (MORETES; GERON, 2019). Mucuna pruriens L. A Mucuna Pruriens é uma planta proveniente da Índia reconhecida pelas suas propriedades afrodisíacas. Indicada no tratamento da doença de Parkinson, da impotência sexual e como anabólico e estimulante da deposição de proteínas nos músculos e proporciona aumento da força e massa muscular. A M. pruriens é utilizada no manejo tradicional de muitas doenças e, além das sementes, as raízes, caules e folhas são também utilizadas para diferentes fins. Sua raiz é amarga, termogênica, emoliente, estimulante, laxante, afrodisíaca, diurética, anti-helmíntica e tônica. Suas folhas são consideradas afrodisíacas, anti-helmínticas, tônicas e são utilizadas em ulceras, inflamações, cefaleias e debilidades gerais (SATHIYANARAYANAN; ARULMOZHI, 2007). Quanto à utilização na atividade física, o suplemento a base de M. pruriens estimula o depósito de proteína nos músculos, além de suportar explosões de força durante os treinos, devido a seu efeito energizante e anti-fadiga, tendo maior eficácia do que a creatina, usada comumente para essa finalidade. Também estimula o auNUTRIÇÃO EM PAUTA


Use of Phytotherapy by Physical Activities

mento da força e a massa muscular, através do aumento da testosterona. O seu extrato é também conhecido por estimular o estado de alerta e melhorar a coordenação e ainda a capacidade de aumentar o hormônio de crescimento no homem (LOPES, 2012).

esporte

ao esperado (NICÁCIO et al. 2018).

. . . . . . . . . C ons i d e r a ç õ e s F i nais . . . . .........

Zingiber Officinale Roscoe O Zingiber officinale roscoe é um tubérculo que possui grande variedade de substancias e componentes, dentre eles ferro e cálcio, conhecido popularmente por Gengibre, faz parte da família das Zingiberaceae, originária do sul da Ásia, porém atualmente espalhada pelo mundo (JUNIOR; LEMOS, 2010). O rizoma é a parte comercial da planta e é fonte de antioxidantes, com componentes ativos como os óleos essenciais gingeróis, shogaóis, zingibereno, falandreno, canfeno, cineol, broneol, citral e carboidratos (LUCIO; FREITAS; WASZCZYNSKYJ, 2010). É mundialmente conhecido por suas propriedades farmacológicas e medicinais e é amplamente comercializado em função do seu emprego na medicina popular (RODRIGUES; LIRA, 2013). No receituário popular é indicado para gripes e resfriados, e para melhorar a digestão (JÚNIOR; LEMOS, 2010). Pode ser utilizado ainda, para problemas gastrointestinais, como náuseas, dores de estômago, diarreia, úlceras gástricas e vômitos, tanto em situações de gravidez quanto em caso de quimioterapia. Possui ação terapêutica como antimicrobiano, anti-inflamatório, antipirético, diurético, antioxidante, além de combater problemas reumáticos, artrite, entre outros ((BOSSI et al., 2016) O gengibre é um reconhecido alimento termogênico, capaz de aumentar o metabolismo e a queima de gordura. É comum sua utilização como coadjuvante por pessoas que desejam perder peso corporal. O rizoma é eficaz ainda, contra artrite, reumatismo, entorses, dores musculares, dores de garganta, cólicas, prisão de ventre, indigestão, vômitos, demência, febre, doenças infecciosas (LEMOS JÚNIOR; ALVES DE LEMOS, 2010; SILVA, 2017). Ao ser consumido de forma moderada e/ou com prescrição médica, o gengibre apresenta em seus componentes, propriedades que atuam em diversas vias no combate a patologias, promovendo a saúde e o bem-estar. Entretanto, apesar dos benefícios, em alguns casos a utilização do gengibre é contraindicada, como por exemplo, a ingestão de altas posologias por hipertensos. A recorrência no uso indiscriminado do rizoma ou sem prescrição especializada, também podem provocar efeitos contrários JUNHO 2022

Os praticantes de atividade física têm utilizado de forma crescente fitoterápicos com o intuito de ajudar o rendimento esportivo, seja na hipertrofia ou na atrofia de massa muscular dependendo do objetivo a ser alcançado. Dentre os fitoterápicos utilizados, a Camellia sinensis, é a mais frequente citada na literatura, por apresentar função antioxidante e participar do metabolismo dos lipídios, a Cúrcuma longa por possuir ação anti-inflamatória e melhorar a recuperação muscular, a Mucuna pruriens por estimular o aumento da força e massa muscular, e o Zingiber officinale roscoe por apresentar ação termogênica e auxiliar na perda de gordura corporal.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......... Sobre os autores

Profa. Dra. Regina Márcia Soares Cavalcante – Nutricionista. Especialista em Saúde Pública. Mestre em Ciências e Saúde. Doutora em Alimentos e Nutrição. Professora Adjunta do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí – CSHNB J oyce Selma de Sousa Carvalho - Discente do Curso Bacharelado em Nutrição Universidade Federal do Piauí – CSHNB

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......... PALAVRAS – CHAVES: Atividade física. Suplementos alimentares. Medicamentos Fitoterápicos KEYWORDS: Physical activity. Dietary supplements. Phytotherapics drugs

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ......... RECEBIDO: 6/6/22 – APROVADO: 27/6/22 NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Utilização de Fitoterápicos por Praticantes de Atividade Física

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS

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JUNHO 2022

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Insertion of integrative and Complementary Therapies in the Performance of Nutritionists in Santa Catarina, Brazil

saúde pública

Inserção das Práticas Integrativas e Complementares na Atuação dos Nutricionistas em Santa Catarina RESUMO: Em 2021, o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) publicou três resoluções que normatizam o uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) pela categoria. Desta forma, esta pesquisa objetivou investigar a inserção e a opinião dos nutricionistas que trabalham em Santa Catarina sobre as PICS na sua prática clínica. Teve caráter observacional, descritivo, transversal e quantitativo. A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário on-line enviado aos nutricionistas inscritos no Conselho Regional de Nutricionistas da 10ª região. Dos 65 avaliados, 30,7% possuíam alguma capacitação em PICS e 47,7% utilizavam-nas na prática clínica. As PICS mais utilizadas foram fitoterapia, meditação e aromaterapia. Os resultados demonstram a opinião positiva acerca da aplicação e grande interesse pela capacitação sobre o tema. As PICS são novas ferramentas à disposição do nutricionista que podem promover uma importante reflexão sobre seu papel, possibilitando-o a ampliar seu horizonte de referências e expandir sua prática. ABSTRACT: In 2021, the Federal Council of Nutritionists (CFN) published three resolutions that regulate the use of Integrative and Complementary Therapies in Health (PICS) by the category. Thus, this research aimed to investigate the insertion and opinion of nutritionists working in Santa Catarina about PICS in their clinical practice. It had an obserJUNHO 2022

vational, descriptive, transversal and quantitative character. Data collection took place through an online questionnaire sent to nutritionists enrolled in the Regional Council of Nutritionists of the 10th region. Of the 65 evaluated, 30.7% had some training in PICS and 47.7% used them in clinical practice. The most used PICS were phytotherapy, meditation and aromatherapy. The results demonstrate a positive opinion about the application and great interest in training on the subject. PICS are new tools available to nutritionists that can promote important reflection on their role, enabling them to broaden their horizons of references and expand their practice.

. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o

. . . . . . . . . . ........

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são, por definição, aquelas que “buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade” (BRASIL, 2015). Assim, NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Inserção das Práticas Integrativas e Complementares na Atuação dos Nutricionistas em Santa Catarina

fundamentam-se em uma visão ampliada do processo saúde/doença que contribui para promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado. Desde 2006 vigora no Brasil a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), resultado da estratégia global da Organização Mundial de Saúde (OMS) que estimula a adoção de Medicinas Tradicionais Complementares e Integrativas de forma integrada nos sistemas de saúde de seus países membros. Inicialmente, a PNPIC regulamentou a prática da Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, Medicina Antroposófica e Termalismo/Crenoterapia no SUS. Desde então, o escopo das PICS foi se ampliando: em 2017, 14 práticas foram incorporadas e em 2018 outras dez, somando atualmente 29 práticas (BRASIL, 2006; 2017; 2018). A PNPIC é uma política que estimula o caráter multiprofissional, pois, tendo ênfase na atenção básica, tem por característica o não pertencimento ou não exclusividade de nenhuma profissão, alcançando, portanto, uma maior abrangência neste nível de atenção. Neste contexto, a regulamentação de cada uma das práticas vigentes fica sob a responsabilidade de seus respectivos conselhos profissionais (BRASIL, 2006). No âmbito da Nutrição, o debate sobre as PICS se iniciou em 2002, quando o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) solicitou um parecer sobre as práticas da acupuntura, medicina tradicional chinesa, fitoterapia, oligoterapia, iridologia, florais e homeopatia (NAVOLAR; TESSER; AZEVEDO, 2012). Em junho de 2003, o CFN promoveu o I Seminário de Terapias Complementares, no qual se encaminhou a criação de um Grupo de Trabalho Nacional e Grupos Regionais para discutir sobre as terapias complementares (CFN, 2004). O primeiro efeito destas discussões foi a regulamentação da prescrição de fitoterápicos pelo nutricionista por meio da resolução nº 402 de 2007 (CFN, 2007). Em 2019, o Grupo de Trabalho de PICS dedicou-se às pesquisas sobre as 29 PICS e a possibilidade de serem aplicadas pelos nutricionistas no âmbito do SUS e na saúde suplementar (CFN, 2021a). Naquele mesmo ano, realizaram uma escuta aos profissionais sobre as PICS para compreender quais das práticas os nutricionistas já faziam uso. Em janeiro de 2021, o CFN publicou as resoluções nº 679, nº 680 e nº 681, que ampliam o uso das PICS pelo nutricionista. A Resolução CFN nº 679 regulamenta o exercício das PICS pelo nutricionista, amplia as abordagens de cuidado e as possibilidades terapêuticas

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JUNHO 2022

para os clientes/pacientes/usuários em assistência nutricional. As resoluções permitem, até o presente momento, que 22 PICS sejam aplicadas pelo nutricionista, divididas em três categorias: 1) práticas que lidam com a alimentação e o uso de plantas medicinais a partir de diferentes racionalidades em saúde, que incluem ayurveda, medicina antroposófica/antroposofia aplicada à saúde, medicina tradicional chinesa; 2) práticas que incluem prescrições individualizadas: apiterapia (exceto apitoxina), aromaterapia, homeopatia, terapia de florais; 3) práticas individuais e coletivas que podem ser utilizadas como ferramentas terapêuticas integrativas e auxiliares – que contribuem e estimulam mudanças no estilo de vida, promovem a saúde e integram o processo de educação alimentar e nutricional, de forma a compor uma abordagem multidimensional do exercício profissional, que incluem: arteterapia, biodança, bioenergética, cromoterapia, dança circular, imposição de mãos/reiki, meditação, musicoterapia, reflexoterapia, shantala, terapia comunitária integrativa, yoga (CFN, 2021b). A Resolução CFN nº 680 trata da prática da fitoterapia na assistência nutricional e dietoterápica e revoga as resoluções anteriores (CFN, 2021c). A Resolução CFN nº 681 regulamenta a prática da acupuntura pelo nutricionista (CFN, 2021d). Atualmente, esta última está suspensa por decisão liminar, e o CFN está recorrendo da decisão. Tendo em vista que as PICS são uma pauta ainda recente na área da Nutrição, é natural que o olhar da produção científica sobre a intersecção entre esses dois campos seja preambular e que tenhamos à disposição poucos artigos publicados sobre o tema. Portanto, é natural também que encontremos parcos trabalhos que trazem à tona a opinião dos nutricionistas sobre as PICS. Assim, esta pesquisa teve como objetivo investigar a inserção e a opinião dos nutricionistas que trabalham em Santa Catarina sobre as PICS na sua prática clínica. Foi desenvolvida a partir do entendimento e percepção da importância da opinião profissional coletiva para evoluir este debate dentro da Nutrição.

. . . . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . ........

Esta pesquisa teve um delineamento observacional, descritivo, transversal e quantitativo. Foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), sob protocolo 5.182.210. NUTRIÇÃO EM PAUTA


Insertion of integrative and Complementary Therapies in the Performance of Nutritionists in Santa Catarina, Brazil

O público-alvo do estudo foi composto por nutricionistas inscritos no Conselho Regional de Nutricionistas da 10ª região (CRN-10) que atuam em Santa Catarina. A amostra foi não-probabilística, por conveniência. Os dados foram coletados entre abril e maio de 2022, por meio de um questionário on-line elaborado na plataforma Formulários Google®, enviado por meio de um link de acesso do WhatsApp®, e-mail e Instagram®. Foi investigada a inserção e a opinião dos nutricionistas sobre as PICS na prática clínica. Os dados coletados foram referentes ao perfil sociodemográfico (sexo, idade, formação profissional), conhecimento ou não da legislação sobre as PICS e opinião a respeito, informações sobre formação ou capacitação para atuar com PICS, quais práticas utiliza ou tem interesse em utilizar e percepção sobre a contribuição das PICS na prática profissional. A estatística descritiva foi utilizada para apresentação dos resultados.

. . . ...... R esu lt a do s e Dis c uss ã o . . .. . . . . . .

A pesquisa reuniu uma amostra de 65 nutricionistas que atuam em Santa Catarina, dos quais 95,4% (n=62) são do sexo feminino. A idade média da amostra foi de 33 anos. A maioria dos pesquisados atua nas mesorregiões da Grande Florianópolis (35,38%, n=23) e do Vale do Itajaí (35,38% n=23), totalizando 70,76% (n=46). As outras quatro regiões foram representadas por: Região Sul (9,23%, n=6), Oeste (7,69%, n=5), Norte (6,15%, n=4) e Serrana (6,15%, n=4). Em relação à formação universitária, 23,08% (n=15) da amostra formaram-se na rede pública de ensino, enquanto 76,92% (n=50) na rede privada, entre os anos de 1996 e 2021. Sobre a titulação acadêmica, 4,6% (n=3) possuem doutorado, 15,4% (n=10) mestrado e 52,3% (n=34) especialização. Da amostra, apenas um profissional afirmou ter o Título de Especialista em Fitoterapia. Sobre a área de atuação profissional, a maioria atua com a Nutrição Clínica (86,2%, n=56), seguida de Nutrição em Saúde Coletiva (20%, n=13); Ensino, Pesquisa e/ ou Extensão (16,9%, n=11); Alimentação Coletiva (13,8%, n=9); Esportes e Exercício Físico (10,8%, n=7) – demais áreas como Cadeia de Produção na Indústria, Marketing Nutricional e Nutrição Escolar somaram 9,1% (n=6). Sobre o conhecimento das Resoluções de 2021 JUNHO 2022

saúde pública

sobre as PICS, 75,4% (n=49) afirmaram conhecer a resolução. A Tabela 1 mostra os resultados sobre a opinião acerca da relevância de cada prática para a Nutrição. A Tabela 1 demonstra que as práticas mais bem aceitas pelos nutricionistas avaliados são a fitoterapia, a meditação e a yoga, consideradas relevantes por mais de 80% da amostra. O fato de a fitoterapia já ter uma trajetória própria dentro da atuação do nutricionista, que pode praticá-la desde 2007, pode justificar essa grande margem de aceitação. A meditação também está inserida dentro das racionalidades em saúde e é utilizada pela medicina tradicional chinesa, ayurveda e antroposofia. Ela também tem conquistado seu espaço, principalmente dentro da nutrição comportamental, que difunde práticas como o mindfull eating – comer com atenção plena ou comer consciente, que emprega conceitos provenientes de práticas meditativas adaptadas do budismo, yoga e da tradição Vipassana, que buscam proporcionar autonomia nas escolhas alimentares de forma consciente e a valorização da experiência envolvida no ato de comer (RODRIGUES, 2019; SOUZA; GOMES, 2021). O yoga é uma prática corporal do ayurveda que também vem se popularizando ao longo dos últimos anos. Muitos estudos sustentam a observação de resultados benéfícos do yoga – para aliviar dor e estresse, aumentar a autoestima, favorecer o autocuidado, a promoção da saúde, a qualidade de vida e a cura (BARROS et al., 2014), fatos que tornam esta uma prática de grande interesse entre os nutricionistas. As práticas que mais pontuaram como irrelevantes foram a dança circular e a imposição de mãos/reiki. Entre as práticas sobre as quais a amostra não soube opinar, predominaram a apiterapia, a medicina antroposófica/antroposofia aplicada à saúde. Pode-se considerar que a ausência do conteúdo das PICS nos cursos de graduação em Nutrição, assim como de uma abordagem integrada de saúde e a falta de vivência com as práticas são fatores que podem contribuir com os resultados observados. Em relação à questão acerca da capacitação em PICS, 30,7% (n=20) da amostra declararam possuir capacitação, concluída ou em andamento. Porém, ao perguntar sobre a utilização das PICS na prática clínica, 47,7% (n=31) mencionaram que fazem uso. Entre as práticas citadas, temos: fitoterapia, utilizada por 67,7% (n=21); meditação (48,4%, n=15); aromaterapia (45,2%, n=14); medicina tradicional chinesa e imposição de mãos/reiki, ambas por 22,6% (n=7); terapia de florais e yoga, ambas por 19,4% (n=6); homeopatia (12,9%, n=4); ayurveda (9,7%, n=3); bioenergética (6,5%, n=2); auriculoterapia e NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Inserção das Práticas Integrativas e Complementares na Atuação dos Nutricionistas em Santa Catarina

Tabela 1: Opinião sobre a viabilidade de inserir as PICS na prática do nutricionista. Santa Catarina, abril/maio 2022. Relevante PICS

Irrelevante

Não Soube Opinar

n

%

n

%

n

%

Fitoterapia

60

92,3

2

3,1

3

4,6

Meditação

58

89,2

2

3,1

5

7,7

Yoga

54

83,1

3

4,6

8

12,3

Acupuntura

48

73,8

10

15,4

7

10,8

Aromaterapia

46

70,8

9

13,8

10

15,4

Medicina Tradicional Chinesa

44

67,7

9

13,8

12

18,5

Homeopatia

43

66,2

14

21,5

8

12,3

Musicoterapia

43

66,2

9

13,8

13

20

Terapia de Florais

42

64,6

13

20

10

15,4

Ayurveda

40

61,5

9

13,8

16

24,6

Imposição de mãos/Reiki

37

56,9

18

27,7

10

15,4

Cromoterapia

35

53,8

15

23,1

15

23,1

Terapia Comunitária Integrativa Shantala Reflexoterapia Arteterapia Medicina Antroposófica/ Antroposofia Aplicada à Saúde Biodança Bioenergética Dança Circular Apiterapia

34 33 32 30 28

52,3 50,8 49,2 46,2 43,1

8 14 14 13 10

12,3 21,5 21,5 20 15,4

23 18 19 22 27

35,4 27,7 29,2 33,8 41,5

28 27 26 20

43,1 41,5 40 30,8

15 15 20 15

23,1 23,1 30,8 23,1

22 23 19 30

33,8 35,4 29,2 46,2

acupuntura, ambas por 3,2% (n=1). A diferença numérica entre aqueles que mencionaram possuir capacitação e aqueles que utilizam as práticas pode ser explicada pelo fato da fitoterapia, por exemplo, poder ser utilizada pelos nutricionistas mesmo sem capacitação – quando a prescrição for de plantas medicinais in natura e drogas vegetais na forma de infusão, decocção e maceração em água (CFN, 2021c). Por outro lado, pode tratar-se de um viés com relação a uma possível incompreensão do sentido da pergunta por parte dos respondentes, relacionando a pergunta a uma capacitação geral em PICS e acabando por desconsiderar capacitações isoladas. Assim, este intervalo

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pode também significar que ainda há uma necessidade de informação aos nutricionistas, de que a capacitação em PICS é uma habilitação licenciada, que como tal, deve ser devidamente contemplada pelos seus pares para dispor de seu exercício legítimo e seguro (NAVOLAR, 2010). Embora tenha-se contado com uma amostragem relativamente diversa, percebe-se que não existe uma realidade comum de observação de dados estatísticos em todos os locais onde as PICS são aplicadas. Além disso, a maioria dos estudos que tratam da capacitação em PICS acontecem no âmbito do SUS e/ou não consideram isoladamente a atuação do nutricionista. Assim, entre os NUTRIÇÃO EM PAUTA


Insertion of integrative and Complementary Therapies in the Performance of Nutritionists in Santa Catarina, Brazil

saúde pública

Tabela 2: Utilização das PICS na prática clínica. Santa Catarina, abr./maio 2022. PICS

n

%

n

Fitoterapia

21

67,7

2

Meditação

15

48,4

2

Aromaterapia

14

45,2

3

Medicina Tradicional Chinesa

7

22,6

10

Imposição de mãos/Reiki

7

22,6

9

Yoga

6

19,4

9

Terapia de Florais

6

19,4

14

Homeopatia

4

12,9

9

Ayurveda

3

9,7

13

Bioenergética

2

6,5

9

Acupuntura

1

3,2

18

Auriculoterapia

1

3,2

15

poucos trabalhos disponíveis, um estudo conduzido em Chapecó-SC constatou que, entre os nutricionistas que aplicavam alguma PICS, predominava a oferta de auriculoterapia, reiki e lian gong (MENEGOTTE; ANSCHAU; SZINWELSKI, 2021). Floriano e Silva (2021), em relato de experiência realizado na cidade de Pontão-RS, atestam que a nutricionista do setor de saúde do local atua com auriculoterapia, fitoterapia, além de incorporar outros elementos das PICS no momento da consulta, como a musicoterapia e a aromaterapia, e, quando necessário, realiza o encaminhamento para meditação e reiki. Navolar (2010), em estudo realizado em Florianópolis-SC, encontrou nutricionistas que atuam na atenção primária à saúde que utilizavam a prescrição de fitoterápicos, predominantemente, e reflexologia; e quando necessário, faziam encaminhamento para homeopatia, acupuntura e massagem. Quando indagados acerca da motivação para buscar capacitação em PICS, as respostas foram no sentido de “ampliar o olhar além do cuidado físico”, “integração corpo, mente, espirito”, “compreender o ser humano de forma integral”, “com uma visão mais holística do ser humano”, buscando um “atendimento muito mais amplo, humanizado e integrado”. Uma busca de “expandir conhecimento e testar práticas diferentes”, “ampliar as abordagens”, “ter mais ferramentas terapêuticas” com “respaldo científico”, uma “base científica sólida e realista” e “estudos JUNHO 2022

comprobatórios de eficácia, baixo custo e boa aplicabilidade na prática clínica”. Buscam as PICS para “melhora de sintomas”, “melhora nos resultados”, “melhorar a qualidade de vida das pessoas”, “ajudar o paciente no seu bem estar físico e energético”, “auxiliar nas questões emocionais que os pacientes apresentam”, atuar na “prevenção”. No caso da fitoterapia, a busca se dá pelo entendimento de “trabalhar com o que é natural”, que “possui benefícios quanto ao uso sem agredir a saúde, em comparação com os medicamentos, se consumidos em doses certas” e pelo fato de “fitoterápicos terem menos efeitos colaterais”. Também para “agregar aos atendimentos” e “oferecer um atendimento mais ampliado, com outras possibilidades terapêuticas”. Outro motivo mencionado para buscar as PICS foi o “autoconhecimento”, no sentido de que “ver os resultados em si mesmo” é um fator que impulsiona levar a prática ao paciente. Quando questionados sobre o que as PICS agregaram no atendimento nutricional, as respostas evidenciaram que elas possibilitaram ter uma “visão integrativa”, “um olhar mais humanizado e integral do processo saúde doença”, “ver o paciente sempre como um todo e não apenas em partes”, o que gerou “maior vínculo com o paciente”, bem como “acolhimento, interação e assertividade na intervenção” e “mais confiança com os pacientes”; isso colabora para uma “maior adesão ao tratamento” e conseNUTRIÇÃO EM PAUTA

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Inserção das Práticas Integrativas e Complementares na Atuação dos Nutricionistas em Santa Catarina

quentes “maior resultado” e “melhora na sintomatologia”. Também colaboram com a “diminuição da ansiedade, impulsividade, melhora na relação com a comida no sentido de comer com mais calma, não usar a comida para descontar emoções, frustrações e ansiedade, melhor controle de estresse”, maior “leveza na mudança de hábitos e estilo de vida”, “redução das dores e motivação para reeducação alimentar”. As PICS também “oferecem algo além da prescrição dietética”, “além do atendimento clássico”, que “complementa os tratamentos”, oferecendo “maior leque de soluções” e “oportunidade de estratégias diferenciadas na nutrição”, o que agrega “valor na consulta”. Estes relatos encontram consonância com outros trabalhos, como por exemplo o de Navolar (2010) que observou que a recomendação das PICS podia decorrer de um uso prévio e com resultados positivos por parte do nutricionista. Segundo a autora, “a experiência individual de uso de alguma PICS foi identificada como algo que influencia a abertura para recomendação de outras práticas na atenção primária e na atuação do nutricionista, a partir de uma visão positiva de efetividade e eficácia empíricas”. No que diz respeito à busca por respaldo científico, ela se dá tanto nos casos em que a proposta do profissional é alcançar respostas ausentes durante a graduação, quanto nos casos em que ele precisa sustentar a validade das

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práticas diante do ceticismo que ainda existe acerca das PICS, em decorrência do modelo biologicista de nutrição (NAVOLAR, 2010). De acordo com Meneses (2019), sugere-se, portanto, a realização de oficinas extracurriculares e disciplinas relacionadas às PICS, “a fim de que essas práticas sejam vivenciadas pelos estudantes, quebrando paradigmas e possíveis preconceitos e colaborando para que os alunos, quando profissionais, possam indicar uma modalidade, ou aplicar aquelas com as quais se identifiquem e que essa aplicação seja complementar ao tratamento proposto”. Os relatos que trazem à tona a ideia de que o tratamento com fitoterápicos ou plantas medicinais tem menos efeitos colataterais aparecem também no trabalho de Siqueira e Martins (2018) que, em entrevistas aos nutricionistas de Recife-PE, apontam como um dos motivos para prescrever fitoterápicos a “credibilidade do produto ou o fato de serem menos agressivos”. No entanto, embora as PICS sejam recursos terapêuticos naturais, isso não significa que seu uso seja seguro se aplicado sem o necessário cuidado e conhecimento e, portanto, deve ser realizado apenas com a devida capacitação, conforme as regulamentações. Ademais, os relatos de busca pela capacitação em PICS em vista de bons resultados, bem como a sua cons-

NUTRIÇÃO EM PAUTA


Insertion of integrative and Complementary Therapies in the Performance of Nutritionists in Santa Catarina, Brazil

tatação, também são observados no trabalho de Menegotte, Anschau e Szinwelski (2021) que, ao entrevistarem os nutricionistas e gestores da Rede de Atenção à Saúde do município de Chapecó-SC, identificaram que todos estes reconhecem que o uso das PICS trouxe melhores resultados, maior adesão e maior motivação para promover mudanças alimentares. Em relação à questão do interesse pela capacitação em PICS por parte dos nutricionistas que ainda não as utilizavam, foram contabilizadas 41 respostas, das quais 80,5% (n=33) foram afirmativas. Ao assinalarem quais práticas despertavam maior interesse, houve 35 respostas: a fitoterapia foi a que mais apareceu (77,1%, n=27), seguida da aromaterapia (45,7%, n=16), medicina tradicional chinesa (31,4%, n=11), ayurveda (28,6%, n=10), terapia de florais (28,6%, n=10), meditação (22,9%, n=8), imposição de mãos/reiki (20%, n=7), acupuntura (17,1%, n=6), bioenergética (14,3%, n=5), medicina antroposófica/ antroposofia aplicada à saúde (11,4%, n=4), homeopatia (11,4%, n=4), cromoterapia (11,4%, n=4), musicoterapia (8,6%, n=3), terapia comunitária integrativa (8,6%, n=3), yoga (8,6%, n=3), apiterapia (5,7%, n=2), shantala (5,7%, n=2), arteterapia (2,9%, n=1), dança circular (2,9%, n=1); não pontuaram a reflexoterapia e a biodança. No trabalho de Navolar (2010), verificou-se entre os nutricionistas que não atuavam com PICS o interesse em buscar especialização em fitoterapia e medicina tradicional chinesa.

. . . .............. C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . Os resultados desta pesquisa evidenciaram que boa parte dos nutricionistas se mostram abertos a acolher as PICS. Com uma amostra de 65 nutricionistas, 75,4% afirmaram conhecer as resoluções do CFN publicadas em 2021; 30,7% eram capacitados em alguma PICS ou tinham capacitação em andamento; e 47,7% utilizam as PICS na sua prática. As práticas mais utilizadas foram a fitoterapia, meditação e aromaterapia. As práticas consideradas mais relevantes pelos nutricionistas avaliados foram a fitoterapia, a meditação e a yoga. As práticas que mais pontuaram como irrelevantes foram a dança circular e a imposição de mãos/reiki. Sobre a motivação para buscar capacitação em PICS, as respostas abrangeram, de modo geral, sete direções: 1) respaldo científico; 2) visão integral do indivíduo; JUNHO 2022

saúde pública

3) autoconhecimento; 4) resultados/benefícios notáveis; 5) naturalidade da prática/ausência de efeitos colaterais; 6) possibilidade de trabalhar questões emocionais; 7) ampliação das ferramentas terapêuticas. Quando indagados acerca do que as PICS agregaram no seu atendimento nutricional, de modo geral, foram sete as frentes suscitadas: 1) olhar humanizado na relação nutricionista/paciente; 2) melhora no acolhimento e vínculo com o paciente; 3) adesão ao tratamento; 4) resultados; 5) motivação para mudanças de hábitos e auxílio nos aspectos emocionais; 6) complementar/expandir o atendimento; 7) agregar valor na consulta. Sobre o interesse pela capacitação em PICS por parte dos profissionais que ainda não as utilizavam, 80,5% das respostas foram afirmativas e, nesse contexto, as práticas que despertavam maior interesse foram a fitoterapia, a aromaterapia, a medicina tradicional chinesa, o ayurveda e a terapia de florais. Evidentemente, há ainda muitas lacunas sobre o encontro das PICS com o campo da nutrição, e abre-se um leque grande de pesquisa e experiências a serem partilhadas para contribuir com a compreensão das formas de incluí-las na atuação do nutricionista. As PICS são novas ferramentas à disposição do profissional que podem promover uma importante reflexão acerca do seu papel, possibilitando-o ampliar seu horizonte de referências e expandir sua prática. Na medida em que se compreende que as PICS estão a serviço de nos aproximar de uma visão mais integrada do ser humano, começamos a reinterpretar seu lugar na prática de qualquer profissional que atue com a saúde de indivíduos e de coletividades, considerando pois que não lidamos com distúrbios e doenças, e sim com a complexidade do humano.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores

Profa Dra Rosana Henn - Nutricionista. Mestre em Ciência dos Alimentos. Professora e Pesquisadora do curso de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) Luara Nilsen Konkel - Acadêmica do Curso de Nutrição da UNISUL

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Inserção das Práticas Integrativas e Complementares na Atuação dos Nutricionistas em Santa Catarina

PALAVRAS-CHAVE: Práticas Integrativas e Complementares. Nutricionistas. Prática profissional. KEYWORDS: Complementary therapies. Nutritionists. Professional practice.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 13/6/22 – APROVADO: 27/6/22

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS

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CFN, 2021b. CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução nº 680, de 19 de janeiro de 2021. Regulamenta a prática da fitoterapia pelo nutricionista e dá outras providências. Brasília: CFN, 2021c. CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução nº 680, de 19 de janeiro de 2021. Regulamenta a prática de acupuntura pelo nutricionista, e dá outras providências. Brasília: CFN, 2021d. CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Terapias Complementares: uma abordagem no tratamento integral do paciente. Revista CFN, Brasília - DF, Ano IV, n. 12, jan./abr. 2004. FLORIANO, J. M.; SILVA, D. A. Uso das Práticas Integrativas e Complementares por Nutricionista. In: Congresso Internacional em Saúde, 8, 2021, Ijuí: Anais do Congresso Internacional em Saúde, 2021. MENEGOTTE, P. C. S.; ANSCHAU, A.; SZINWELSKI, N. K. As Práticas Integrativas e Complementares no SUS e a Interface com o Profissional de Nutrição. In: Congresso Internacional em Saúde, 8, Ijuí-RS: Anais do Congresso Internacional em Saúde, 2021. MENEGOTTE, P. C. S.; SZINWELSKI, N. K. O Nutricionista e as Práticas Integrativas e Complementares na Atenção primária à saúde. In: X Congresso Virtual de Gestão, Educação e Promoção de Saúde, 2021: Anais X Congresso Virtual de Gestão, Educação e Promoção de Saúde, 2021. MENESES, M. Práticas Integrativas e Complementares: Novos Olhares para Nutrição. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 2019. NAVOLAR, T. S. A interface entre a nutrição e as práticas integrativas e complementares no SUS. 2010. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Saúde Pública, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2010. NAVOLAR, T. S.; TESSER, C. D.; AZEVEDO, E. Contribuições para a construção da Nutrição Complementar Integrada. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, n. 41, p. 515-27, abr./jun. 2012. RODRIGUES, F. R. Atenção Plena aplicada à Nutrição. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Núcleo Telessaúde Santa Catarina. Florianópolis: CCS/UFSC, 2019. SIQUEIRA, A. B. L.; MARTINS, R. D. Prescrição fitoterápica por nutricionistas: percepção e adequação à prática. Vittalle – Revista de Ciências da Saúde, v. 30, n. 1, p. 7283, 2018. SOUZA, R. G.; GOMES, N. A. A. A. Nutrição comportamental e o mindful eating: uma revisão da literatura. Trabalho de Conclusão de Curso, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2021. NUTRIÇÃO EM PAUTA


Food and Art: Prevalence of Eating Disorders in Dancers

pediatria

Comida e Arte: Prevalência de Desenvolvimento de Transtornos Alimentares em Dançarinos RESUMO: A insatisfação com a imagem corporal em bailarinos cresce esporadicamente, fator esse que está diretamente associado ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Objetivo: Investigar a prevalência de transtornos alimentares em dançarinos. Métodos: A coleta de dados foi realizada através de um formulário na plataforma online Google Forms, o qual teve o intuito de agrupar informações como idade, tempo de prática na área da dança, relacionamento com o alimento e imagem corporal através de questões de múltipla escolha sobre assuntos relacionados a transtornos alimentares. Resultados: Por meio dessa ferramenta foram coletados um total de 22 respostas em que 77,3% das participantes eram do sexo feminino. Analisando os dados constatou-se que 31,8% possuem uma possível prevalência de desenvolver transtornos alimentares entre participantes do sexo feminino, e com a análise do EAT-26 observou-se que apenas mulheres apresentaram EAT positivo. Conclusão: Considerando esses fatos é de suma importância o incentivo de mais estudos sobre o assunto, para que mostre a pertinência do acompanhamento nutricional. ABSTRACT: Dissatisfaction with body image in dancers grows sporadically, a factor that is directly associated with the development of eating disorders. Aim: To investigate the prevalence of eating disorders in dancers. Methods: Data JUNHO 2022

collection was carried out through a form on the Google Forms online platform, which aimed to group information such as age, time of practice in the dance area, relation with food and body image through multiple choice questions on issues related to eating disorders. Results: A total of 22 responses were collected, in which 77.3% of the participants were female. Analyzing the data, it was found that 31.8% have a possible prevalence of developing eating disorders among female participants, and with the analysis of the EAT-26, it was observed that only women had a positive EAT. Conclusion: Considering these facts, it is relevant to encourage more studies in this filed, to show the relevance of nutritional monitoring.

. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o

. . . . . . . . . . ........

A insatisfação com a imagem corporal em bailarinos cresce esporadicamente, fator esse que está diretamente associado ao desenvolvimento de transtornos alimentares como um meio de conquista ao corpo desejado (VAQUERO, 2017). São utilizados métodos simples e rápidos como deixar de se alimentar, restringir de forma drásNUTRIÇÃO EM PAUTA

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Comida e Arte: Prevalência de Desenvolvimento de Transtornos Alimentares em Dançarinos

tica a ingestão de alimentos, provocar intencionalmente vômitos após refeições, os quais se tornam válvulas de escape, pelo que desencadeiam transtornos alimentares. O uso desses artifícios está relacionado não só a garantia do corpo perfeito como também ao alcance de respeito, reconhecimento e aprovação do que é classificado por eles mesmos como perfeição (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). Transtornos alimentares assim são causados por alterações psicológicas, sendo consideradas doenças que modificam o comportamento alimentar dos indivíduos, cujo desenvolvimento em adolescentes é mais frequente (CORDAS, 2004). Os jovens sofrem de instabilidade emocional e pressão socioambiental devido ao processo de crescimento e mudanças fisiológicas (SHEPHERD, 2014). Dessa forma, é constatado a maior ocorrência entre eles e principalmente entre as mulheres, pois são prisioneiras do seguimento de padrões de beleza, por sofrerem uma pressão social contínua na busca excessiva pela imagem ideal (MENDONÇA, 2016). A dança artística tem como objetivo o uso do corpo, o qual é ferramenta principal para realizar performances e obedecer a padrões estéticos e físicos (BARBOSA; FILMARI; SOUSA, 2019). A imposição de parâmetros dentro da dança faz com que os dançarinos desenvolvam,

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cada vez mais, transtornos alimentares na busca contínua pela perfeição da estrutura corporal (TAO; SUN, 2015). Assim, a inspiração pelo corpo dos profissionais renomados da área da dança desencadeia os dançarinos a julgarem o próprio corpo, o qual gera dificuldades com autoestima, com autopercepção e aborrecimento (VALERO, 2016). A impressão distorcida na frente do espelho causa um sentimento de insatisfação, favorece a crença da magreza ser saudável, normal e estética, e faz um baixo Índice de Massa Corporal (IMC) ser considerado favorável (SHEPHERD, 2014). Portanto, a razão do trabalho ocorreu devido a escassez do número de estudos que relacionam a alimentação à arte da dança e como um desequilíbrio entre ambos podem causar danos à saúde mental e fisiológica. Este, por mais grave que seja, ainda é ignorado visto que seus objetivos são popularmente mais importantes em relação à saúde e são de rápido retorno. Então, ocorre a compreensão e busca por mais dados para entender quais são os fatores determinantes internos e externos que despertam o desenvolvimento desses transtornos, como: a pressão da sociedade, treinador ou família, os traumas causados desde a infância e a influência da mídia. Assim, esse estudo pode auxiliar no combate ao índice de desenvolvimento

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Food and Art: Prevalence of Eating Disorders in Dancers

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pediatria

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Comida e Arte: Prevalência de Desenvolvimento de Transtornos Alimentares em Dançarinos

de transtornos alimentares. Diante do exposto, este estudo foi realizado com o objetivo de coletar dados de quão preponderante são as ocorrências dos transtornos alimentares em dançarinos através de um formulário.

. . . ............ Méto dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

O método utilizado teve como intuito alcançar resultados sobre a prevalência de transtornos alimentares em jovens dançarinos que residem em Brasília-DF, desenvolvido através de um questionário por meio da plataforma Google de forma online. O questionário foi composto por questões de múltipla escolha e métodos, como: EAT26, IMC, escala de silhueta, escolhas alimentares e entre outros. Na junção de todos os dados foi feita uma análise das respostas obtidas, podendo assim observar um possível desenvolvimento de transtornos alimentares. A coleta de dados se deu início apenas após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do CEUB com o número de parecer 5.092.416

. . . .............. R esu lt a do s . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . A Tabela 1 demonstra a dança que foi prevalecida pelo participante e a prática de outra atividade física, durante as repostas do questionário a maioria dos participantes não possui uma alimentação voltada para a dança, mas percebem que o seu desempenho é alterado de acordo com a seus hábitos alimentares, entretanto, não apresentam a necessidade de seguir uma dieta restrita. Como observado na Tabela 2, pode-se observar uma distribuição divergente nos valores do índice de massa corporal (IMC), onde possui participantes desde o baixo peso até a obesidade, contudo o marcador de eutrofia foi predominante. Na Tabela 3 quando comparado a escala de silhueta com IMC é notório que a maior parte dos participantes não se vê de forma igual, o que tende ao domínio de se enxergar de forma maior. Através do questionário do EAT-26 é possível calcular uma média para um possível risco de desenvolvi-

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mento de transtornos alimentares, número este apresentado na Tabela 4 onde 31,8% dos participantes obtiveram um resultado positivo.

. . . . . . . . . . . . . . . . D is c uss ã o . . . . . . . . . . . . . . . ........ A partir das informações coletadas e artigos estudados, o padrão de mulher perfeita é algo imposto para elas durante muitos anos, e podemos ver que existe uma cobrança para se encaixar em um molde, tornando isso um gatilho para o desenvolvimento não só de transtornos alimentares como também psicológicos, como a ansiedade (SILVA, 2012). Em um estudo apresentou-se uma maior prevalência de transtornos de ansiedade no gênero feminino de forma geral, muitas das vezes ligados às questões genética, hormonais e/ou pressões impostas para que tudo se enquadre dentro do “perfeito”. A dança exige uma junção constante do corpo e da mente, com isso a ansiedade gerada por conta de pré apresentações, apresentações, tensão dos ensaios, exigências contínuas aumentam a prevalência de desequilíbrios emocionais, o que é mais uma chance para o início de novos transtornos (SILVA, 2012). Associando a preocupação com o corpo perfeito, o IMC serve para avaliar a classificação de peso através do peso em quilos e altura em metros ao quadrado. O IMC recebe pelos jovens uma nova classificação, na qual um baixo valor do IMC é mais satisfatório e representa um conceito de leveza (ALVES et al., 2008). Por esse motivo, acredita-se que a grande maioria iria apresentar baixo peso, porém na tabela 2 pode-se observar um alto índice de eutrofia. A média de respostas sobre o IMC foi de 14,04 kg/m² à 38,30 kg/m², que indica variação entre baixo peso e obesidade de todos os participantes. Por mais que isso seja levado em consideração e seja um indicador muito usado, o IMC não é fidedigno na classificação apontada, pois não mede a composição corporal, por isso não é possível distinguir se é massa adiposa, massa muscular ou quantidade de água presente no corpo (KUWAE; SILVA, 2009). A obrigação de manter o peso dentro dos padrões gera uma maior preocupação com a aparência da imagem corporal, mas isso pode variar de acordo com a modalidade de dança, que pode exigir sobre a estrutura física e visual. Isso acontece porque a aparência é primordial e o corpo está em frequente treinamento apresentando tudo o que o dançarino tem a expressar, porém muitas vezes o NUTRIÇÃO EM PAUTA


Food and Art: Prevalence of Eating Disorders in Dancers

próprio dançarino se encontra em uma visão distorcida, se vendo com uma aparência maior do que condiz com a realidade (HAAS; GARCIA; BERTOLETTI, 2010). Há grandes possibilidades de que mulheres apresentem um maior índice de desenvolvimento dos transtornos alimentares. Foi percebido que 52,9% se veem maiores, visto que elas apresentam maior preocupação com o corpo, por estarem em uma constante busca do corpo midiático e perfeito e buscarem sempre a menor quantidade de tecido adiposo possível (p<0,05). Esses fatores e alguns outros expõem que esses resultados são os mais constantes (VAQUERO, 2017). Pessoas que possuem uma grande preocupação com peso e composição corporal desenvolvem um cuidado excessivo com sua aparência, devido ao medo persistente de ganhar quilos na balança, mesmo sem saber se era massa muscular ou massa adiposa. Isso gera um desequilíbrio psicológico onde a insatisfação é constante, gerando assim uma imagem diferente do real quando visualizado no espelho. O uso do corpo como objeto principal na área da dança causa uma cobrança e exigência pessoal muito grande, incentivando de forma negativa o uso de métodos que agridem a saúde (FREITAS et al., 2010). A junção de uma pessoa que possui instabilidade emocional e dificuldades de aceitar o visual apresenta grande risco à saúde, o que soma à explicação de mulheres apresentarem maior comportamento e características de transtornos alimentares que os homens. Porém, o público que atua na área do atletismo, dança, modelos e artistas são pressionados de uma maneira geral para obter corpo magro e atraente. Esses apontam uma maior insatisfação com a sua própria imagem corporal, mesmo estando dentro dos padrões indicados, por exercerem profissões onde o corpo é o próprio instrumento (HAAS; GARCIA; BERTOLETTI, 2010). No questionário aplicado se faz presente a escala de silhueta de Kakeshita, onde foi comparado o IMC dos participantes com o IMC médio de cada imagem de como a pessoa se enxerga. De acordo com a tabela 3, foi observado que 40,9% se veem maiores, 31,8% se veem menores e 27,3% se veem igual ao que realmente são. Esses dados nos mostram que, mesmo que os números estejam bem divididos, grande parte se vê de forma distorcida tendendo a se enxergar maior do que realmente são. Esses acontecimentos geram uma maior probabilidade de desenvolvimento dos transtornos alimentares (GALDINO et al., 2019). Dados esses que se assemelham ao estudo de Melo et al. (2016) que teve como objetivo conhecer a percepção da autoimagem e satisfação corporal de univerJUNHO 2022

pediatria

sitários, que dentre as ferramentas utilizadas, está a escalada de silhueta com o IMC referido para cada imagem (MELO; BARCELO; MANOCHIO et al., 2016). Com esses índices, é perceptível a extrema importância de se realizar um tratamento multiprofissional de forma individual, particular e sigilosa, para garantir uma normalização dos padrões alimentares e uma assistência completa aos pacientes que precisam ser acolhidos e entendidos em seus mais profundos traumas. Transtornos assim ocorrem pela busca imediata de objetivos: como corpo ideal e a magreza excessiva. Porém, o alcance do objetivo almejado traz um desequilíbrio que, em muitos dos casos, se manifesta através de sintomas expressados pelo corpo. Esses sintomas podem causar uma piora no estado geral, visto que a desarmonia causada por esses fatores afeta a vida em diferentes níveis (ROMERO et al., 2004).

. . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . . ........ Em virtude dos fatos mencionados na pesquisa, foi observado que a maioria dos participantes se encontra com o peso adequado, classificado em eutrofia. Porém, o índice de pessoas que enxergam o próprio corpo de forma distorcida foi alto, com tendência de se verem maiores.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... Sobre os autores

Isabella Costa Reis; Rafaela Monique da Silva Acadêmicas de nutrição pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB), Brasília, Distrito Federal, Brasil Profa. Dra. Dayanne da Costa Maynard - Docente do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Brasília, Distrito Federal, Brasil. Nutricionista (UFS). Pós- graduada em Obesidade e Emagrecimento (UGF), Mestre em Educação Física (UFS), Doutora em Nutrição Humana (UnB).

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Comida e Arte: Prevalência de Desenvolvimento de Transtornos Alimentares em Dançarinos

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Comida. Arte. Transtorno alimentar. Dança. Nutrição. KEYWORDS: Food. Art. Eating disorders. Dance. Nutrition.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO:15/2/22 – APROVADO: 28/2/22

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ALVES, E., VASCONCELOS, F.; CALVO, M.; NEVES, J. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Caderno Saúde Pública. v.24, n.3, p.503-512, 2008. ANDRADE, L; VIANA, M; SILVEIRA, C. Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos na mulher. Revista Psiquiatria Clínica. v. 33, n. 2, p 43-54, 2006. APPOLINÁRIO, J C; ClAUDINO, A M. Transtornos alimentares. v.22, n. supl II, p. 28-31, 2000. BARBOSA, L S; SOUSA, S M; FILMARI, L L. Perfil antropométrico de bailarinos clássicos profissionais de uma escola de dança. Revista brasileira de nutrição esportiva. v. 13, n. 78, p. 247-253, 2019. BIGHETTI, F. Tradução e Validação do Eating Attitudes Test (EAT-26) em adolescentes do sexo feminino na cidade de Ribeirão Preto - SP. Ribeirão Preto, il, p.101, 2003. CORDÁS, T A. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Revista psiquiatria clínica. v.31, n. 11, p. 154-157, 2004. FONSECA, J; SANTOS, A S. Anatomia Aplicada à Clínica: Antropometria na Avaliação Nutricional de 367 Adultos Submetidos a Gastrostomia Endoscópica. Revista Científica da Ordem dos Médicos. v.26, n.3, p 212-218, 2013. FREITAS, C; LIMA, R; COSTA, A; FILHO, A. O padrão de beleza corporal sobre o corpo feminino mediante o IMC. Revista brasileira Educação Física Esporte. v.24, n.3, p.389-404, 2010. GALDINO, I; JUNIOR, A; SOUZA, S; FREITAS, V. Desvio de imagem corporal composição corporal de dançarinos. Jornada de educação física do estado do Goiás. v.1, n. 2, 2019.

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JUNHO 2022

HAAS, A; GARCIA, A; BERTOLETTI, J. Imagem corporal e bailarinas profissionais. Revista Brasileira de medicina esporte. v. 16, n. 3, p 182-185, 2010. KUWAE, C; SILVA, M. Hábito alimentar e composição corporal de bailarinos contemporâneos e do balé clássico. Universidade Federal do Goiás, Goiás, 2009. MELO, P; BARCELO, S; MANOCHIO, M; VASSIMON, H; BITTAR, C. Percepção da autoimagem corporal de universitários. Revista do Departamento de Educação Física e Saúde. v. 17, n. 3, p 208-213. MENDONÇA, A. A pressão social para o alcance do corpo ideal na contribuição de transtornos alimentares em modelos do sexo feminino em Brasília no DF. Faculdade de Ciências da Educação e Saúde. Brasília, 2016. MONTEIRO, M; CORREA, M. Transtornos alimentares em bailarinas clássicas adolescentes. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. v. 26, n. 3, p. 396 – 403, 2014. ROMERO, A; DUNKER, K., BAEZA, F; KEMEN, E. Tratamento Nutricional dos Transtornos Alimentares. Revista Psiquiatria Clínica. v. 31, n. 4, p. 173-176, 2004. SHEPHERD, R J. Índice de massa corporal, conhecimento nutricional e comportamentos alimentares em alunos de elite e bailarinos profissionais. Clínica Journal of Sport Medicine. v. 24, n. 5, p. 361-363, 2014. SILVA, C A. A ansiedade em bailarinos. Universidade estadual Paulista, São Paulo, 2012. TAO, Z.; SUN, Y. Comendo atitudes, comportamentos de controle de peso e fatores de risco. Eur. J. Psychiat. v.29, n. 4, p. 249-258, 2015. VALERO, E B. Atitudes alimentares, imagem corporal e risco de transtornos alimentares em um grupo de dançarinos espanhóis. Nutrição Hospitaleiro Trabalho Original. v. 33, n. 5, p.1213-1221, 2016. VAQUERO, R C.; KAZAREZ, M; ESPARZA-RO, F. Influência da modalidade de dança na distorção e insatisfação da imagem corporal em pré-adolescentes, adolescentes e jovens bailarinos. Nutrição Hospitaleiro Trabalho Original. v.34, n.6, p. 1442-7447, 2017.

NUTRIÇÃO EM PAUTA


Técnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu: Quindim de Maracujá Com mais de 120 anos de experiência no ensino da Gastronomia, o Le Cordon Bleu é líder mundial com sua rede de Institutos de Ensino da Arte Culinária e Administração da Hospitalidade. Oferecendo uma ampla gama de cursos de grande prestígio como: Cuisine, Pâtisserie, Boulangerie e diversos cursos de curta duração disponíveis nas unidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A rede de 35 escolas em 20 países gradua mais de 20 mil estudantes por ano. O Le Cordon Bleu também se orgulha das suas instalações de última geração e da sua dedicação em manter seus cursos sempre atualizados com a mais recentes tecnologias, viabilizando a colocação dos seus alunos no Mercado. Estamos felizes em compartilhar nossas receitas utilizando as técnicas clássicas e modernas ensinadas nas nossas escolas.

. . . ............. Ing re dientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350 g de açúcar 80 g de manteiga 2 gemas 2 ovos 6 gemas 150 ml de suco de maracujá (concentrado) 70 g de coco ralado JUNHO 2022

. . . . . . . . . . . Progressão da Receita. . . . . . . . . . ........ 1. Em uma panela, adicionar o açúcar e aquecer até obter ponto de fio. Retire do fogo, adicione manteiga e o suco de maracujá e misture bem 2. No liquidificador bata as gemas e os ovos inteiros 3. Adicionar todos os preparos em um bowl, misturar até que fique homogêneo e adicione o coco ralado 4. Disponha em formas untadas com manteiga e açúcar e leve ao forno em banho maria pré-aquecido a 150°C por aproximadamente 25 a 30 minutos 5. Desenforme ainda morno.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre o autor

Chef Patrick Martin - Executive & Technical Director Le Cordon Bleu Anima

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PALAVRAS-CHAVE - Manteiga. Açúcar. Ovos KEYWORDS – Butter.Sugar. Eggs

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REFERÊNCIAS

RECEBIDO: 10/05/2022 – APROVADO: 10/06/2022

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JUNHO 2022

“L’École de la Pâtisserie” - Le Cordon Bleu® institute - Larousse.

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JUNHO 2022

NUTRIÇÃO EM PAUTA

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