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Sumário ARTIGOS 526 - Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética..................................................................................................................................................................... 8800 Isabela Carvalho Costa, Felipe Pedrosa Melgaço, Arthur Alves Silva, Frederico Guimarães Barata, Alexandre Ferreira Gabriel 527 - Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação ............................................................................. 8807 Arnaldo Prata Neiva Júnior, Germano Toledo Nascimento, Cristina Henriques Nogueira, Valdir Botega Tavares , Rafael Monteiro Araújo Teixeira 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce...................................................................................................................................................................8813 Anderson Ferreira Santana, Wesley Clovis Barbieri Mendonça, Aline Rosa Missena, Arypes Scuteri Marcondes, Claucia Aparecida Honorato 529 - Influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos ....................................... 8826 Matheus Hernandes Leira, Mirian Silvia Braz, Marcelo Stefanini Tanaka, Vanessa Soube Franso, Adriana Mello Garcia
Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética Revista Eletrônica
Moduladores de fermentação, bovinocultura, gases de efeito estufa, meio ambiente, pecuária.
1*
Isabela Carvalho Costa 2 Felipe Pedrosa Melgaço 3 Arthur Alves Silva 4 Frederico Guimarães Barata 5 Alexandre Ferreira Gabriel
Vol. 17, Nº 06, nov/dez de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
1
Mestre em Nutrição Animal, Universidade Federal de Minas Gerais. *E-mail: isabelacarvalhocosta@hotmail.com 2 Mestrando em Nutrição Animal, Universidade Federal de Minas Gerais. 3,4 Doutorando em Nutrição Animal, Universidade Federal de Minas Gerais. 5 Médico Veterinário – Centro Universitário de Belo horizonte, UNIBH.
RESUMO A emissão de metano por ruminantes representa uma importante fonte de gases de efeito estufa, e esse fato tem sido motivo de preocupação para o
CONDENSED TANNINS IN BOVINE NUTRITION: METHANE EMISSION, ANIMAL PERFORMANCE AND ENERGETIC EFFICIENCY
setor pecuário. No entanto, a produção de gases de
ABSTRACT Methane emission by ruminants represents an
efeito estufa por bovinos pode ser manipulada por
important source of greenhouse gases, and this fact
meio de moduladores de fermentação ruminal,
has been the cause of concern for the livestock
dentre eles os taninos, os quais podem levar à
sector. However, greenhouse gases production in
redução na produção desses gases. Objetivou-se
livestock
fazer uma revisão de literatura sobre os efeitos da
fermentation modulators, among them tannins, that
inclusão dos taninos nas dietas de bovinos sobre a
can contribute to the reduction of gas emission. The
emissão de metano (CH4), o desempenho animal e a
objective of this paper was to conduct a literature
eficiência energética. Os taninos se ligam às
review on the effects of the inclusion of tannins in the
proteínas
diets
de
origem
dietética
e
às
enzimas
of
can
cattle
be
on
manipulated
methane
through
emission,
rumen
animal
microbianas presentes do fluido ruminal, diminuindo
performance, and energy efficiency. Tannins bind to
a fermentação dos carboidratos estruturais. Além
dietary protein and microbial enzymes present in the
disso, os taninos podem reduzir a disponibilidade de
ruminal liquid, decreasing structural carbohydrates
carboidratos estruturais para serem fermentados no
fermentation. Furthermore, tannins can decrease the
rúmen, podendo levar à redução da produção de
availability of structural carbohydrates that can be
CH4 pelas bactérias metanogênicas. Porém, devido à
fermented in the rumen, leading to the reduction of
variabilidade na estrutura molecular, no grau de
CH4 production by methanogenic bacteria. However,
condensação e polimerização e na heterogeneidade
due to the variability in molecular structure, the
dos grupos funcionais, não se tem um consenso na
degree of condensation and polymerization, and the
literatura sobre os níveis de inclusão de taninos na
heterogeneity of functional groups, there is no
dieta com vistas a reduzir a produção de CH 4 e
consensus in the literature on the levels of inclusion
melhorar
of tannins in the diet to reduce CH4 production and
o
consumo
de
matéria
seca,
a
improve dry matter intake, digestibility and animal
digestibilidade e o desempenho animal. Palavras-chave:
moduladores
de
fermentação,
performance.
bovinocultura, gases de efeito estufa, meio ambiente,
Keyword:
pecuária.
greenhouse gases, environment, livestock.
8800
fermentation
modulators,
cattle,
Artigo 526 - Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética
INTRODUÇÃO
nos às dietas de bovinos quanto à emissão de CH 4,
A produção e emissão de metano (CH4) por
ao desempenho animal e à eficiência energética.
ruminantes representam uma importante fonte de gases de efeito estufa (GEE), e esse fato tem sido
REVISÃO DE LITERATURA
motivo de preocupação para o setor pecuário, em
Taninos
especial para a bovinocultura, e para organismos de
Os taninos são complexos grupos de polifenóis de
proteção ambiental. O Brasil apresenta um dos
origem vegetal desenvolvidos pela planta para evitar
maiores rebanhos comercial de bovinos do mundo,
a herbivoria (KRUEGER et al., 2010). Os taninos
sendo sua produção majoritariamente em pasto.
apresentam peso molecular variável de 500 a 3000
Dessa forma, a produção de bovinos no Brasil tem
Da (MAKKAR, 2003) e têm a capacidade de se ligar
uma
às
importante
participação
no
aumento
da
proteínas,
aos
íons
metálicos
e
aos
produção e emissão de GEE, chegando a ocupar a
polissacarídeos (SCHOFIELD et al., 2001; MAKKAR
primeira posição em emissões de CH4 entérico no
2003). Por esse motivo, são considerados fatores
ano de 2005 (EPA, 2012).
antinutricionais para ruminantes, quando excedem 6% da MS nos alimentos. Os taninos também podem
Os bovinos contribuem com 4% das emissões
reduzir a ingestão de matéria seca (IMS), a
antropogênicas totais de GEE e 38% das emissões
digestibilidade da proteína, do fósforo, das fibras e o
totais de CH4 (EEA, 2018). No entanto, a produção e
desempenho dos animais (MCALLISTER et al.,
emissão de CH4 oriunda da pecuária bovina podem
2005; PAGÁN-RIESTRA et al., 2010).
ser
manipuladas
por
meio
de
melhorias
na
dietas
Os taninos são classificados em dois grupos: os
PATRA,
taninos hidrolisáveis (TH) e os taninos condensados
2012). Além disso, pode ser feito o uso de aditivos
(TC). Os TH são moléculas complexas com um
moduladores da fermentação, os quais inibem
núcleo central constituído por glicose ou glucitol,
diretamente a produção de CH4 (RIVERA et al.,
ácidos químicos, quercitol e ácido chiquímico, os
2010).
quais são parcial ou totalmente esterificados a um
formulação
e
(MCCALLISTER
na &
composição NEWBOLD,
das 2008;
grupo fenólico, ou seja, ao ácido gálico ou a dímeros Entretanto, devido ao fato de que muitos dos aditivos
de ácido gálico e ácido hexa-hidroxidifénico. Sua
que modulam a fermentação ruminal são antibióticos
hidrólise ocorre por ácidos, bases ou esterases,
e que tem havido uma crescente preocupação da
produzindo carboidratos ou ácidos fenólicos e, desta
população em relação à segurança alimentar,
forma, sua estabilidade no rúmen é comprometida
produtos
devido à degradação que pode sofrer (PATRA &
e
substâncias
alternativas
têm
sido
testados. A percepção do público em relação à
SAXANA, 2010).
segurança alimentar, devido à presença de resíduos químicos nos alimentos de origem animal e às
Os TC são constituídos por unidades de flavanol,
ameaças do surgimento de bactérias resistentes aos
sendo esse o tipo mais comum de tanino encontrado
antibióticos, tem levado a uma diminuição no uso
nas forragens e nas leguminosas (SMITHE et al.,
destes
Houve,
2005; PATRA & SAXANA, 2010). Os TC conhecidos
União
por sua capacidade de complexação com as
Europeia da utilização de alguns aditivos (JOUANY
proteínas, os lipídios, os carboidratos e os minerais,
& MORGAVI, 2007).
e esta capacidade depende de sua estrutura química
produtos
inclusive,
uma
na
produção
proibição
animal.
definitiva
pela
e do pH do meio. Possuem elevada estabilidade no O uso de extratos naturais de taninos condensados
rúmen, podendo formar complexos com a proteína
pode apresentar eficácia na mitigação do metano, o
no rúmen (pH 6 a 7), sendo essas ligações
que tem dado destaque a essa substância com o
posteriormente rompidas no abomaso (pH < 3,5).
passar dos anos (BENCHAAR & GREATHEAD,
Isso possibilita a digestão gástrica e pancreática da
2011; BODAS et al., 2012).
proteína complexada, causando o aumento do fluxo de proteína sobrepassante para o intestino delgado
Esta revisão aborda os efeitos da inclusão dos tani-
(JONES & MANGAN, 1977; PATRA & SAXENA, 2010).
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8801
Artigo 526 - Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética
Os TC são encontrados de três maneiras nos
manejo da alimentação e nutrição, diminuindo a
tecidos das plantas: ligados à proteína (TCPB), à
relação
fibra (TCFB) ou aos extraíveis (TCE), os quais são
moduladores da fermentação ruminal, diminuindo a
encontrados nos vacúolos das células, onde não
população de bactérias metanogênicas e aquelas
interferem no metabolismo da planta. Os compostos
produtoras
são liberados através da ruptura do tecido vegetal,
protozoários e fungos);
que pode ser causada por processos mecânicos,
animal, com a utilização de animais mais produtivos
como a mastigação (TERRILL et al., 1992; MIN et
e eficientes na conversão do alimento em produto de
al., 2003; WOLFE et al., 2008). A distribuição dos TC
origem animal (BEACH et al., 2015).
acetato:
propionato;
de
H2
por
(bactérias
meio
dos
celulolíticas,
por meio da produção
na planta dependerá de fatores como: os níveis de estresse induzidos por clima e nutrientes, a idade e
Dentre as três estratégias de mitigação do CH4, o
a origem anatômica do tecido vegetal. Também
uso de moduladores de fermentação tem destaque,
ocorre variação na distribuição de TC nos tecidos
principalmente os moduladores de fermentação
vegetais entre diferentes espécies de plantas e até
provenientes dos extratos naturais de plantas
mesmo
(taninos
entre
indivíduos
da
mesma
espécie
condensados,
saponinas
e
óleos
(MANSFIELD et al., 1999; VETELI et al., 2007).
essenciais), que têm se mostrando efetivos no
Desta forma, a diversidade no grau de condensação,
controle da produção e emissão de CH4 (TEDESHI,
a heterogeneidade dos grupos funcionais e o grau
2011).
de polimerização (duas a cinquenta unidades flavanóides) dificultam elucidar com clareza o papel e os mecanismos de ação da atividade biológica desses compostos.
O mecanismo de ação dos taninos no rúmen é bastante diverso, devido ao grande número de compostos
fenólicos
em
sua
molécula.
O
Quebracho, por exemplo, apresenta 57 compostos
Mecanismos de atuação dos taninos no rúmen e
químicos na formação de seu tanino. Assim, na
no metabolismo bacteriano
literatura,
O
de
mecanismos de ação dos taninos. Pode ocorrer a
microrganismos
redução da digestão ruminal da fibra dietética e da
anaeróbicos como bactérias, protozoários e fungos,
digestibilidade aparente da fibra pela ligação dos
que fermentam os componentes da matéria orgânica
taninos com os compostos fibrosos da dieta (BARRY
da dieta (ZOTTI & PAULINO, 2009; COTTLE, 2011;
& MANLEY, 1984; BARRY et al., 1986ª), além da
KNAPP, 2014). Os carboidratos são fermentados em
inibição
ácidos graxos voláteis (AGV), processo pelo qual
metanogênicas (TAVENDALE et al., 2005).
rúmen
é
fermentação,
essencialmente que
contém
uma
câmara
também são liberados produtos como o dióxido de carbono (CO2), o hidrogênio (H2) e o CH4.
são
direta
descritos
do
principalmente
crescimento
das
dois
bactérias
Jayanegara et al. (2012) avaliaram o efeito do tanino na redução do CH4 e na digestibilidade comparando
A produção de CH4 é consequência da atuação das
estudos in vivo e in vitro. Os autores observaram que
bactérias metanogênicas que removem o H2 do
parte da diminuição da produção de CH4, com a
ambiente ruminal e reduzem o CO2. A remoção de
adição de taninos, pode ser atribuída a um declínio
H2 é importante porque, quando há um acúmulo no
na digestibilidade dos nutrientes, causados pela
rúmen, a reoxidação de NADH a NAD é restringida,
complexação dos taninos com as proteínas e os
inibindo a fermentação dos carboidratos, a produção
carboidratos. Essa explicação corrobora com Barry e
de adenosina trifosfato (ATP) e o crescimento
Manley (1984) e Barry et al. (1986a), os quais
microbiano (COTTLE, 2011). Porém, em termos de
afirmam que a fibra parece interagir com os taninos
eficiência energética para o bovino, a produção de
através de ligações de hidrogênio formadas com o
CH4 não é vantajosa, pois há uma perda de energia
grande número de grupos fenólicos livres, deixando
bruta nesse processo, a qual pode chegar a 15%
a fibra indisponível para ser fermentada pelos
(PATRA & SAXENA, 2010).
microrganismos.
Knapp et al. (2014) destacam três estratégias para a
Bhatta et al. (2009) também relataram que os taninos
mitigação do CH4: por meio dos alimentos, com o
diminuíram a população total de microrganismos me-
+
8802
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Artigo 526 - Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética
tanogênicos in vitro. Em relação aos tratamentos
O segundo experimento avaliou a combinação de TC
controle, houve em média uma redução de 12% da
e TH na dieta, e os tratamentos foram 0,6 % de TC,
população
foram
0,6 % de TH e a combinação de 0,3 TC + 0,3 TH. Os
incubados com 130-185 g de TH/kg de MS, e de
autores observaram aumento no GMD com a
29% quando foram incubados com 53-113 g de TH
suplementação de TC. Quando incluso na maior
misturados com TC por kg de MS.
concentração, independente da fonte houve uma
de
microrganismos
quando
tendência ao aumento do GMD (P=0.08), havendo Tavendale et al. (2005), em estudo in vitro utilizando
também uma tendência no aumento da IMS no
Lotus pedunculatus e Medicago sativa, observaram
tratamento 0,3 TC + 0,3 TH (P=0.06). De acordo com
efeitos de Lotus pedunculatus na inibição completa
os autores, o maior GMD nos tratamentos com
da formação de CH4. Nesse trabalho ocorreu a
inclusão de TC se deu possivelmente devido ao
primeira observação de inibição do crescimento da
maior CMS nesses tratamentos.
cepa bacteriana Methanobrevibacter ruminantium. A inibição do crescimento microbiano, segundo Smith
Jayanegara et al. (2012) realizaram um estudo de
et al. (2005), ocorre devido à complexação dos
metanálise, com 15 experimentos totalizando 41
taninos com as proteínas, e outros compostos,
tratamentos, para verificar a efetividade do tanino em
resultando
enzimas
reduzir a emissão de CH4 in vivo. Os autores
extracelulares bacterianas e indisponibilizando os
observaram que as emissões por unidade de peso
substratos do alimento para a fermentação, o que
vivo metabólico diminuíram com o aumento da
leva à inibição dos microrganismos e, por fim, à sua
concentração de taninos na dieta. Essa relação foi
morte.
na
maior quando expressa por unidade de MS ingerida
inibindo
(P< 0.01, R2 = 0.47). Houve decréscimo da
processos celulares essenciais como a fosforilação
produção de CH4 por unidade de MO digestível,
oxidativa,
porém houve uma tendência no aumento do CMS
na
Os
inibição
taninos
integridade
da e
da
ação
podem
membrana
de
também
atuar
bacteriana,
interrompendo
os
processos
de
com a adição dos taninos (P=0,08). A digestibilidade
transporte na membrana celular bacteriana.
total no trato gastrointestinal, a digestibilidade Resultados in vivo
aparente da proteína bruta (DPB) e a digestibilidade
Ebert et al. (2017) avaliaram a inclusão de 0; 0,5 e
da fibra em detergente neutro (DFDN) diminuíram
1% de TC comerciais (By-pro Quebracho), na dieta
(P<0,01) com a inclusão de taninos.
de bovinos confinados alimentados com milho floculado, sobre a emissão de GEE, partição
Ou seja, parte da diminuição de CH4 com a adição
energética e desempenho. Não foram verificadas
de taninos parecem estar atribuídas a um declínio
diferenças no consumo de matéria orgânica (CMO),
concomitante na digestibilidade dos nutrientes.
no ganho médio diário (GMD), no peso corporal final (PC) e na conversão alimentar (CA). As emissões de
Grainger et al. (2009) realizaram dois experimentos
CO2 e CH4 não diferiram. Esse efeito pode ser
com vacas leiteiras de alta produção da raça
explicado pela elevada proporção de concentrado,
holandês a pasto. As vacas foram suplementadas
gordura e ionóforo na dieta, compostos conhecidos
com
por inibir a metanogênese. Em relação à partição
consistiram em três níveis de inclusão de tanino à
energética, não foram observadas diferenças entre
dieta (A.mearnsii, 0%; 0,9% ou 163g, e 1,8% ou
os tratamentos na energia bruta (EB), na energia
326g). Foram avaliadas a produção de leite, as
digestível (ED) e na energia metabolizável (EM).
emissões de CH4, o balanço de nitrogênio (N) e a
triticale
partição
de
(4,5
kg/dia),
energia.
e
Ambos
os
os
tratamentos
níveis
de
Riviera et al. (2017) realizaram dois experimentos
suplementação com taninos reduziram (P<0,05) as
para avaliar duas fontes de tanino (TC e TH) em
emissões de CH4 em 14% e 29%, respectivamente.
dietas de bovinos da raça holandês em terminação.
A produção de leite também reduziu com a inclusão
O primeiro experimento avaliou apenas a inclusão
de tanino (P<0,05), principalmente no tratamento de
de
maior inclusão (33, 31,8 e 29,8 kg dia). A digestibilidade da energia reduziu de 76,9% para 70,9%
TC
na
dieta,
e
foram
utilizados
quatro
tratamentos: 0; 0,2; 0,45 e 0,6 % de TC na MS.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8800-8806, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
8803
Artigo 526 - Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética
e 66%, semelhantemente ao N urinário, cuja
no. Os autores sugerem
redução
22%
digestibilidade da PB, pode ter sido consequência de
respectivamente para os tratamentos controle, 136 g
uma incompleta dissociação no abomaso da proteína
e 244 g de inclusão de tanino. Os autores
que foi complexada pelo tanino no rúmen. Em
justificaram que a queda na produção de leite em
relação à redução de metano, os autores ponderam
ambos os experimentos pode ter sido consequência
que a inclusão de 2% não é suficiente para reduzir a
de problemas experimentais referentes à maior dose
produção de CH4 de bovinos em crescimento.
foi
de
39%
para
26%
e
(326 g). A.mearnsii parece ter maior capacidade de ligações com a proteína, levando a um menor aproveitamento
da
dieta
no
rúmen
e
consequentemente a maior passagem da proteína bruta para o intestino.
que a redução na
CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de taninos na nutrição de bovinos pode se mostrar eficiente na redução da produção de CH 4. Porém, a variabilidade da estrutura e composição dos taninos dificulta a conclusão sobre os níveis de
Tabke et al. (2017) avaliaram o efeito da inclusão de
inclusão e fontes de taninos na dieta. Os efeitos de
uma mistura de taninos em dietas de terminação
redução da produção e emissão de CH4 devem estar
contendo milho floculado sobre o desempenho, as
associados
características de carcaça e a digestibilidade dos
digestibilidade da dieta e utilização dos nutrientes
nutrientes. As inclusões de tanino foram de 0, 30 e
pelos bovinos, em especial as proteínas. Dessa
60 gramas
animal/dia (ByPro;
forma, mais estudos são necessários para se
Silvateam USA, Ontario, CA). Houve aumento
compreender os melhores níveis e fontes de taninos
quadrático na IMS de 0 a 35 dias, permanecendo
condensados e seus efeitos na produção de CH4,
como tendência nas demais pesagens (0 a 105 e 0
desempenho e eficiência energética de bovinos.
de tanino
por
ao abate, P = 0.07 e P = 0.06). Não houve diferenças no GMD e na C.A. As características de carcaça não foram alteradas. Houve um decréscimo linear na digestibilidade do amido com a inclusão de tanino,
e
uma
tendência
de
decréscimo
na
digestibilidade da PB (P=0,09), assim como uma tendência no aumento na digestibilidade da MO, no menor nível de inclusão de taninos (P=0,09). Beauchemin et al. (2007) testaram três doses de taninos
condensados
(extrato
de
Quebracho
comercial) 0, 1, 2% na MS da dieta. Avaliaram-se o desempenho, a digestibilidade dos nutrientes e as emissões de CH4 de novilhos em crescimento. A dieta basal foi constituída de 70% de forragem (silagem de milho) com 16% de PB. Não houve efeito da inclusão de taninos condensados sobre o PC, o GMD e a IMS, bem como na digestibilidade da MS, da energia, da FDA e da FDN. Contudo, a digestibilidade total da PB no trato gastrointestinal decresceu linearmente (P < 0.001) em 5 e 15%, nos tratamentos com 1 e 2% de inclusão de taninos condensados na MS. A proporção de acetato no rúmen
reduziu
com
a
inclusão
de
tanino,
consequentemente a relação acetato: propionato também reduziu nos maiores níveis de inclusão. Porém, não houve efeito sobre a produção de meta8804
com
a manutenção
de
uma
boa
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8805
Artigo 526 - Taninos condensados na nutrição de bovinos: emissão de metano, desempenho animal e eficiência energética
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8806
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8800-8806, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação Aditivos, bovinos, desempenho animal, leite, ruminantes. Revista Eletrônica 1*
Vol. 17, Nº 06, nov/dez de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
Arnaldo Prata Neiva Júnior 2 Germano Toledo Nascimento 3 Cristina Henriques Nogueira 1 Valdir Botega Tavares 1 Rafael Monteiro Araújo Teixeira ¹Professor do Departamento de Zootecnia, IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba. *E-mail: arnaldo.junior@ifsudestemg.edu.br. 2 Zootecnista pelo IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba. ³Professora do Departamento de Matemática e Estatística do IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba.
Objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de níveis de
INCLUSION OF NUTRACEUTICALS IN THE DIET OF LACTATING COWS
nutracêuticos na dieta de vacas Girolando em
ABSTRACT
lactação. Utilizou-se 12 vacas em lactação. As vacas
The objective of this study was to evaluate the effect
foram distribuídas em três quadrados latinos (4x4),
of the inclusion of levels of nutraceuticals in the diet
balanceados de acordo com o período de lactação,
of Girolando cows in lactation.
com quatro períodos de 15 dias e 4 tratamentos
were used. The cows were distributed in three Latin
sendo T1 = dieta controle; T2 = inclusão de 300
squares (4x4), balanced according to the lactation
g/dia; T3 = inclusão de 500 g/dia; T4 = inclusão de
period, with four periods of 15 days and 4 treatments
700 g/dia do Nutracêutico na dieta. Avaliou-se a
with T1 = control diet; T2 = inclusion of 300 g / day;
produção de leite, peso vivo, escore de locomoção,
T3 = inclusion of 500 g / day; T4 = inclusion of 700 g
escore de condição corporal, pH de urina e
/ day of Nutraceutical in the diet. It was evaluated
comportamento ingestivo dos animais. Os dados
milk production, live weight, locomotion score, body
obtidos
foram
condition score, urine pH and ingestive behavior of
submetidos à análise de variância, sendo que para
the animals. The data obtained from each parameter
os parâmetros significativos ao nível de 0,05 de
evaluated were submitted to analysis of variance. For
probabilidade, empregando-se o software R. Não
the significant parameters at the 0.05 probability
houve diferença significativa (P > 0,05) da inclusão
level, software R was used. There was no significant
de nutracêutico sobre a produção de leite, peso vivo,
difference
escore de locomoção, escore de condição corporal e
nutraceutical
comportamento ingestivo dos animais. Já o pH de
locomotion score, body condition score and ingestive
urina apresentou comportamento crescente (P <
behavior of the animals. The pH of urine presented
0,05) conforme o aumento a inclusão de nutracêutico
an increasing behavior (P <0.05) as the inclusion of
na dieta. A inclusão de diferentes doses de
nutraceutical in the diet increased. The inclusion of
nutracêuticos na dieta de vacas em lactação
different doses of nutraceuticals in the diet of
influenciou apenas o pH de urina não interferindo
lactating cows influenced only the pH of urine and did
nas outras variáveis analisadas.
not interfere with the other variables analyzed.
de
cada
parâmetro
avaliado
Palavras-chave: aditivos, bovinos, desempenho animal, leite, ruminantes.
(P> on
0.05) milk
from
12 lactating cows
the
production,
inclusion live
of
weight,
Keyword: additives, cattlte, animal performance, milk, ruminants. 8807
Artigo 527 - Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação
INTRODUÇÃO
Por serem nutrientes e com efeito farmacológico, são
A pecuária leiteira, especificamente dos bovinos,
inclusos nas dietas, ou seja, no alimento que é
possui grande importância social, econômica e
ofertado para as vacas, evitando assim o estresse
nutricional. A população mundial em 2016 era de 7
devido a injeções e a contenção dos animais.
bilhões 468 milhões e 668 mil habitantes (FAOSTAT
Através dos nutracêuticos, visamos melhorar a
2018). A produção mundial de leite no mesmo ano
saúde das vacas de produção leiteira, aumentando a
de 2016 foi de 659 milhões e 150 mil toneladas (FAO
produção, melhorando a qualidade do leite com
2019).
diminuição da CCS (contagem de células somáticas) e com aumento do percentual de sólidos no leite,
O Brasil é o 4º maior produtor de leite do mundo,
levando
porém, entre os 10 maiores produtores de leite do
internacional leite de qualidade e em quantidade
mundo o Brasil possui a 2ª pior média de leite,
suficiente para atender aos novos desafios de
estando à frente apenas da Índia. A média de
alimentar um planeta com uma população crescente.
à
mesa
do
consumidor
nacional
e
produção por vaca ainda é muito baixa no Brasil, sendo de apenas 1.525 litros/vaca/ano, enquanto
A combinação de várias substâncias de ação
países como a China, 3ª maior produtora de leite do
nutracêutica,
mundo, possuem média de 2.994 litros/vaca/ano e
Sacharomyces cerevisiae, Mananoligossacarídeos,
como Alemanha 5° maior produtor de leite do
vitaminas A e E em altas doses, minerais quelatados
mundo, produzem 7.541 litros/vaca/ano. Os Estados
como o zinco, manganês, cobre, selênio e cromo,
Unidos que são o maior produtor de leite do mundo
associados à tamponante e alcalinizante, com o
produzem 10.150 litros/vaca/ano (FAOSTAT 2018).
complemento de outros nutrientes, pode trazer
tais
como,
leveduras
vivas,
benefícios a saúde dos animais, aumentando sua Esses dados nos levam a várias reflexões em
produção, de forma natural.
relação à produção de leite no Brasil. A baixa produção se deve ao baixo uso de tecnologias,
A busca por melhorias na eficiência da produção
pouca utilização de genética de ponta e baixos
leiteira bem como da saúde animal faz com que os
níveis nutricionais das dietas, que ainda são muito
nutricionistas
empíricas.
dietéticos não convencionais.
Esses
dados
refletem
uma
média
busquem
alimentos
ou
aditivos
nacional, não querendo dizer logicamente, que não existem rebanhos com genética, manejo e nutrição
O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da inclusão
que se comparam aos países muito desenvolvidos
de níveis de nutracêuticos na dieta de vacas da raça
na pecuária de leite. Além de um bom manejo
Girolando em lactação, sobre o consumo de matéria
alimentar, sanitário e do bem-estar animal, a
seca, comportamento ingestivo, peso vivo, escore
genética e a nutrição são as bases fundamentais de
corporal escore de locomoção, pH urinário e a
uma boa produção e de uma boa produtividade.
produção de leite.
Com o aumento da população mundial e melhores
MATERIAL E MÉTODOS
condições socioeconômicas da população, cresce a
Todos
demanda
autorizados pelo Comitê de Ética e Uso de Animais
por
alimentos,
concomitante
com
o
aumento da exigência de qualidade dos produtos alimentícios. O uso de nutracêuticos vem se mostrando uma boa opção para evitar e até tratar doenças de vacas leiteiras, sendo uma ferramenta natural, geralmente sem efeitos colaterais. Segunda a Associação Nutracêutica Europeia, nutracêuticos são “Produtos nutricionais que fornecem benefícios médicos e de saúde, incluindo a prevenção e tratamento de doenças”. 8808
os
procedimentos
experimentais
foram
(CEUA) em experimentação do IFSUDESTEMG. Foi conduzido um experimento no Setor de Bovinocultura do Departamento Acadêmico de Zootecnia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba, entre os meses de setembro a novembro de 2017. Foram utilizadas 12 vacas da raça Girolando em lactação, com peso médio de 550 kg, produção de leite média de 25 (± 5) kg de leite por dia e DEL médio de 119 dias no início do experi-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8807-8812, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 527 - Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação
mento. As vacas foram selecionadas por produção
TABELA 2 - Composição bromatológica das dietas
de leite, fase de lactação e número de partos.
experimentais Inclusão do Nutracêutico
O
experimento
foi
conduzido
durante
quatro Controle
períodos experimentais de 14 dias, sendo os primeiros sete dias para adaptação dos animais às dietas e sete dias para coleta de dados. As vacas foram distribuídas em três quadrados latinos (4x4), balanceados de acordo com o período de lactação. Os tratamentos foram T1 = dieta controle; T2 = inclusão de 300 g/dia de Nutracêutico; T3 = inclusão de 500 g/dia de Nutracêutico; T4 = inclusão de 700 g/dia de Nutracêutico. O nutracêutico foi misturado
300
500
700
g/dia
g/dia
g/dia
Composição Bromatológica % MS MS
56,25
56,19
55,99
55,80
MM
5,65
5,86
6,54
7,21
FDN
32,5
32,42
32,16
31,9
FDA
19,11
19,07
18,91
18,76
EE
3,26
3,25
3,22
3,19
PB
14,33
14,29
14,18
14,60
CNF
44,3
44,2
43,9
43,6
NDT
72,56
72,38
71,8
71,22
ELl,
1,66
1,66
1,64
1,63
em 1,0 kg de concentrado farelado para vacas lactantes,
considerando
nutracêutico
um
cada
tratamento.
quantidade As
dietas
de
foram
formuladas conforme as recomendações do NRC (2001).
Os
ingredientes
utilizados
nas
dietas
experimentais estão apresentados na Tabela 1.
Mcal/Kg TABELA 1 – Ingredientes utilizados nas dietas experimentais
Fonte: Elaborado pelos autores.
Os animais foram mantidos em piquetes providos de Inclusão do Nutracêutico
Ingredientes % Controle MS
300
500
700
g/dia
g/dia
g/dia
Milho moído
17,6
17,6
17,6
17,6
Farelo de soja
9,96
9,96
9,96
9,96
Farelo de trigo
2,48
2,48
2,48
2,48
Sal comum
0,12
0,12
0,12
0,12
Núcleo *
1,0
--
--
--
Ureia
0,31
0,31
0,31
0,31
comedouro e bebedouro em lote coletivo com alimentação e água permanente durante 24 horas. Além disso, receberam a alimentação em forma de dieta total duas vezes ao dia, metade da quantidade determinada em cada tratamento após a ordenha da manhã (07h00min) e a outra metade após a ordenha da tarde (15h00min). Os animais foram pesados no primeiro dia do experimento e no fim de cada período experimental, sempre após a ordenha da tarde. Os dados obtidos de cada parâmetro avaliado foram
1
submetidos à análise de variância, sendo que para os parâmetros
significativos
ao
nível
de
0,05 de
probabilidade, procedeu-se a regressão polinomial Calcário
0,62
0,62
0,62
0,62
empregando-se o software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2016).
2
Nutracêutico **
--
1,22
2,03
2,85
Silagem de
67,91
67,69
66,88
66,06
RESULTADOS E DISCUSSÃO milho
O consumo de matéria seca (CMS), o consumo em porcentagem do peso vivo (CMS % PV) e eficiência de produção de leite em função do CMS (PL/CMS)
1* Núcleo comum 2** Nutracêutico utilizado Fonte: Elaborado pelos autores.
não foram influenciados (P > 0,05) pela inclusão de nutracêuticos na dieta (Tabela 3).
A composição bromatológica das dietas experimentais estão apresentadas na Tabela 2.
TABELA 3 - Consumo de matéria seca (CMS),
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8807-8812, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
8809
Artigo 527 - Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação
consumo em porcentagem do peso vivo (CMS % PV)
Apesar do crescente interesse pelo uso de probióticos para vacas em lactação, os resultados de pesquisas
e eficiência de produção de leite em função do CMS
têm sido bastante variados. Aumentos na produção
(PL/CMS)
de leite em vacas alimentadas com levedura foram
Nutracêuticos (g/dia) 0
300 500
700
observados por diversos pesquisadores (WOHLT et
Valor de P
CV %
al., 1998; ROBINSON; GARRET, 1999), porém em
3,48
positivos (DANN et al., 2000). Essa não interferência
alguns trabalhos não foram relatados resultados
CMS (kg/dia)
20,45 21,1 20,68 20,85 0,60
CMS % PV
3,5
3,65 3,6
3,56
0,70
5,16
PL/CMS
1,34
1,31 1,31
1,36
0,13
2,45
na produção de leite pode estar relacionada a não interferência
no
CMS
e/ou
no
comportamento
ingestivo dos animais. Cortinhas et al. (2012) ao avaliarem a suplementação
Fonte: Elaborado pelos autores.
de 90 vacas em lactação com fontes de Zn, Cu e Se, de
sob a forma de complexos orgânicos e inorgânicos
microrganismos como suplemento alimentar pode
em dietas ajustadas de acordo com o NRC 2001, não
trazer benefícios de um ambiente ruminal mais
observaram diferenças significativas (P > 0,05) na
estável, maior digestão de matéria seca e fibra,
produção de leite e escore de condição corporal.
Segundo
Carro
et
al.
(1992),
o
uso
favorecendo a ingestão de matéria seca. Entretanto, a suplementação com levedura para vacas em lactação
Nutracêuticos
tem demonstrado resultados de pesquisas muito
imunológico, podendo ajudar no metabolismo em
variáveis, onde alguns autores observaram aumentos
situações de desafiadoras. Como a dieta no presente
no consumo de matéria seca (WOHLT et al., 1998),
trabalho tinha uma baixa inclusão de concentrado não
enquanto
se obteve resposta em produção de leite.
outros
não
observaram
efeito
algum
(SANTOS et al., 2006).
estão
relacionados
ao
sistema
Assim como a produção de leite, o peso vivo dos
De acordo com os dados apresentados na Figura 1, a inclusão de nutracêuticos não influenciou produção
animais não sofreu interferência sobre a inclusão de nutracêuticos na dieta (Tabela 4).
de leite (P > 0,05), sendo a média de 27,5 Kg/ dia,
Não houve efeito significativo (P > 0,05) no escore de
estando este dado semelhante aos encontrados por
locomoção, apresentando uma média de 1,5, sendo
Cunha
bons resultados, apresentando características entre
Filho
et
al.
(2007),
que
avaliaram
a
suplementação oral de 750 mg de zinco orgânico para
movimentação normal e leve claudicação.
25 vacas em lactação por 180 dias não alterou a Fitzgerald et al. (2000) avaliaram vacas leiteiras da
produção de leite.
raça holandês suplementadas com 20 mg/dia de FIGURA
1
suplementadas
-
Produção com
nutracêuticos
de
leite
diferentes
de doses
vacas
biotina durante 13 meses, e observaram melhora do
de
escore de locomoção, em relação às vacas não suplementadas. Porém, os autores observaram que nos quatro primeiros meses de avaliação, não houve diferença quanto ao escore de locomoção dos animais suplementados e não suplementados, isso devido ao tempo necessário para a renovação da sola do casco, o que ocorre de três a quatro meses. O pH urinário está correlacionado com a quantidade de cátions (Na+ e K+) e ânions (Cl- e SO42-) presentes numa dieta, quanto maior quantidade de cátions em relação a ânions, mais alcalino será o pH urinário e vice-versa (HERDT, 2000). Quando os
Fonte: Elaborado pelos autores.
8810
animais se encontram em situações de acidose me-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8807-8812, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 527 - Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação
tabólica ou respiratória podem provocar redução no
pós- pico de lactação e verificaram que o pH de urina
pH urinário, chegando em casos extremos (pH=4,4).
aumentou linearmente com aumento da adição de
Ortolani et al. (1997) relataram que quanto mais
NACO3.
baixo o pH sanguíneo, menor o pH urinário em
No
presente
trabalho
a
suplementação
com
animais submetidos a acidose láctica. Já em animais
nutracêutico pode ter proporcionado diferentes níveis
com pH de urina alto, tem-se uma excreção de
de BCAD das dietas. Desse modo talvez os resultados
bicarbonato e a urina mais alcalina é excretada, para
de aumento no pH de urina podem ser explicados
manter a eletroneutralidade. O estado ácido básico é
pelo aumento da excreção de NACO3 pelos rins,
regulado principalmente pelo aumento da excreção
como efeito da maior ingestão de bicarbonato de
de bicarbonato quando o pH de urina é alto.
sódio. Com isso pode-se dizer que o nutracêutico foi eficaz no controle de acidificação metabólica,
Os valores médios de pH urinário estiveram dentro
sendo que sua inclusão auxilia no sistema tampão do
da variação encontrada na literatura. Segundo
corpo, podendo ajudar o desafio de animais que são
Church, 1977, em geral, o pH da urina de
alimentados com maiores inclusões de concentrado
ruminantes (com exceção de animais alimentados
em suas dietas, tendo em vista que estão mais
com dietas ricas em cereais) é básico, variando de
predispostos a acidose metabólica.
7,4 a 8,4. No presente estudo o pH variou de 7,56 a 8,00, sendo que o menor valor corresponde ao
Não houve diferença significativa (P > 0,05) para os tempos médios destinados a consumo da dieta,
tratamento que não teve inclusão do nutracêutico e o
ruminação, ócio, pastejo e água (Tabela 5). Como não
maior valor se refere ao que houve 500 g de
teve uma alta inclusão de concentrado na dieta, não
inclusão do nutracêutico, fato que, provavelmente
promoveu desafio nutricional aos animais, mantendo
ocorreu
a imunidade adequada, com isso não interferiu os
devido
ao
aumento
na
ingestão
de
bicarbonato de sódio, o que elevou o balanço cátionaniônico da dieta (BCAD).
comportamentos. TABELA 5 - Comportamento ingestivo diurno de
TABELA 4 - Desempenho produtivo de vacas leiteiras recebendo nutracêuticos como suplemento.
3
vacas
leiteiras
recebendo
nutracêutico
como
suplemento. Nutracêuticos (g/dia) 0
Pastejo
3
Médias seguidas por letras iguais na mesma linha não diferem
1,82
300
500
700
3,08 0,79
0,91
Valor de P CV %
0,052
131,7
Ruminação 27,96 26,1 28,53 23,85 0,10
18,33
Ócio
34,58 32,4 32,42 37,10 0,24
18,78
Água
1,59
0,49
71,35
Consumo
34,01 35,8 35,95 35,73 0,78
15,11
2,5
2,28
2,39
Fonte: Elaborado pelos autores.
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: Elaborado pelos autores.
CONCLUSÃO A inclusão de diferentes doses de nutracêuticos na
Correa et al. (2009) testaram quatro níveis de inclusão de bicarbonato de sódio para controlar o BCAD das
dieta de vacas em lactação influenciou apenas o pH de urina não interferindo nas outras variáveis
dietas de oito vacas da raça holandês, em período
analisadas.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8807-8812, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
8811
Artigo 527 - Inclusão de nutracêuticos na dieta de vacas em lactação
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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8807-8812, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce Revista Eletrônica Nutrição, desenvolvimento, gônadas, proteína, vitaminas. *
Vol. 17, Nº 06, nov/dez de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Anderson Ferreira Santana¹ Wesley Clovis Barbieri Mendonça² Aline Rosa Missena³ 4 Arypes Scuteri Marcondes 5 Claucia Aparecida Honorato 1
Acadêmico do curso de engenharia de aquicultura, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).*E-mail:andersonferreirasantana@gmail.com. 2 Acadêmico do curso de engenharia de aquicultura, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). 3 Acadêmica do curso de engenharia de aquicultura, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). 4 Acadêmico do curso de engenharia de aquicultura, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). 5 Professora Doutora do curso de Engenharia de aquicultura, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
RESUMO A importância da nutrição em peixes se retrata em vários
aspectos
zootécnicos,
dentre
eles
o
desenvolvimento reprodutivo. Proteínas, lipídeos e vitaminas são parâmetros da nutrição de maior importância em muitas das espécies cultivadas, particularmente naquelas consideradas como novas para a aquicultura. O desempenho reprodutivo satisfatório é expresso em aquicultura quando ocorre a produção maciça e bem sucedida de juvenil, sendo a desova, taxa de fecundidade, qualidade do sêmen e características dos ovos, possíveis indicadores de uma melhoria na nutrição e manejo alimentar dos reprodutores.
Assim,
o
manejo
nutricional
de
reprodutores pode ser uma forma de melhorar extremamente a qualidade dos ovócitos e dos espermatozóides e consequentemente das larvas. O desenvolvimento das gônadas e a fecundidade são afetados tanto por determinados nutrientes da dieta, como pela qualidade e quantidade de alimento ofertado. A origem do alimento e processamento das dietas, bem como o manejo alimentar são fatores decisivos no período de desenvolvimento das gônadas. Os níveis de microminerais e vitaminas são fatores limitantes nesse proceso. Assim, mais estudos devem ser direcionados aos níveis de nutrientes em dietas para reprodutores. Palavras-chave: nutrição, desenvolvimento,
gônadas, proteína, vitaminas.
FOOD NUTRITION ON GONADAL DEVELOPMENT OF REPRODUCERS, QUALITY OF EGGS AND LARVES ON SWEET WATER TELEOSTEES ABSTRACT The importance of nutrition in fish is portrayed in several zootechnical aspects, among them the reproductive development. Proteins, lipids and vitamins are nutrition parameters of major importance in many of the cultivated species, particularly those considered as new to aquaculture. Satisfactory reproductive performance is expressed in aquaculture when massive and successful juvenile production takes place, with spawning, fecundity rate, semen quality and egg characteristics possible indicators of an improvement in nutrition and feeding management of the breeders. Thus the nutritional management of breeding can be a way to greatly improve the quality of oocytes and spermatozoa and consequently of larvae. The development of gonads and fecundity are affected by certain nutrients in the diet, as well as by the quality and quantity of food offered. The origin of food and diets processing, as well as food management are decisive factors in the period of development of the gonads. The micronutrients and vitamins are limiting factors in this process. Thus, more studies should be directed at nutrient levels in diets for broiler breeders. Keyword: Nutrition, development, gonads, protein, vitamins. 8813
Artigo 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
INTRODUÇÃO
A restrição alimentar pode ocorrer pela diminuição
Durante a maturação das gônadas e reprodução, o
da frequência ou da porcentagem de dieta oferecida.
organismo animal mobiliza energia intensamente. O processo
reprodutivo
incluindo
um
é
altamente
grande
número
como
produção,
de
elaborado,
Muito se tem pesquisado com o intuito de determinar
operações
a relação entre o desempenho produtivo e a
e
disponibilidade de alimento. Em matrinxa (Brycon
liberação dos gametas, bem como síntese dos
cephalus) a restrição alimentar acelerou a fase final
esteróides sexuais e comportamento sexual.
de maturação e que o IGS foram semelhantes com
especializadas
maturação
ou sem restrição e que esta não afetou o O desenvolvimento e a fecundidade das gônadas
crescimento
dos peixes são afetados extremamente pela nutrição
metabólico não sofreu qualquer alteração ao ponto
dos reprodutores em diversas espécies (BROMAGE,
das reservas de substratos energéticos como
1995). Durante a última década, a atenção crescente
carboidratos e lipídeos e proteínas manteve-se
foi dada para vários componentes de dietas tais
estável durante o período de redução de alimento
como a proteína (WATANABE et al., 1995), ácidos
(CARVALHO, 2001).
graxos
essenciais
(WATANABE
et
al.,
dos
peixes
além
disso
o
perfil
1994),
vitamina E (WATANABE et al., 1991) vitamina C
Em tilápia zillii, a restrição gradativa por um período
(SANDES et al., 1984, DABROWSKI et al., 1995),
de 17 meses não provocou diferença no tamanho
astaxantina (WATANABE & KIRON, 1995).
dos ovócitos, na frequência da desova e na viabilidade dos ovócitos que se apresentavam em
A origem de alimento, o processamento das dietas, o
pré vitelogênicos e em início de vitelogênese
manejo alimentar adotado são fatores decisivos
(COWARD & BROMAGE, 1999).
durante o período de desenvolvimento das gônadas. Os fatores que podem atuar neste processo são os
As
respostas
da
restrição
alimentar
estão
níveis de proteína das dietas, níveis de ácidos
inteiramente ligadas a intensidade e a frequência de
graxos da série n – 3 e n – 6, vitaminas
restrição da dieta, bem como os mecanismos
principalmente C e E os minerais como Ca, Cu, Fe e
biológicos específicos de cada espécie. Assim uma
Zn.
espécie de vida curta o desenvolvimento gonadal e mesmo diante de condição desfavoráveis e em
Existem evidências que as exigências energéticas
espécies de vida longa essas condições possam
dos
inibir o processo reprodutivo (ALI & WOOTTON,
peixes
aumentam
durante
o
período
de
maturação das gônadas, principalmente na fase de
1999).
vitelogênese exógena, onde os ovócitos absorvem lipídeos, proteína e glicogênio tanto do tecido e das
Carvalho (2001) observou em matrinxã (Brycon
reservas somáticas quanto pelas dietas.
cephalus) que a restrição alimentar desencadeou mecanismos que permitiu melhor utilização de
RESTRIÇÃO ALIMENTAR
alimentos
e
aporte
A restrição alimentar é um evento natural que
sustentar
o
desenvolvimento
acontece no ciclo de vida de muitas espécies de
adaptação do animal à restrição, sem que haja
peixe. Este evento é comum durante a migração
nenhum prejuízo ao desenvolvimento gonadal pode
para desova e no inverno quando a redução da
estar ligada ao fluxo de glicogênico, que é favorecido
atividade física e metabólica (MACKENZIE et al.,
pela diminuição de insulina circulante e aumento da relação
1998).
energético
insulina/glucagon
condições
de
restrições
suficiente
das
para
gônadas.
presentes
ou
(MOMMSEN
A
em &
As respostas à restrição alimentar variam conforme
PLISETSKAYA, 1991) o que resulta em diminuição
os níveis de nutrientes nas dietas ofertadas e do
do
estado nutricional do peixe que é mais importante que a quantidade de alimento ofertada (BURTON, 1994). 8814
estoque
de
nutrientes
utilizados
para
a
manutenção e melhora o aproveitamento da dieta, como já foi demonstrado com truta arco íris (QUINTO & BLAKE, 1990) e para Oreochromis niloticus (XIE et al., 1997).
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Artigo 528- Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
A relação entre metabolismo, restrição alimentar,
carnívoras variam de 40 a 55% PB (TURKER, 1998,
desenvolvimento gonadal, qualidade dos ovos e
citado por GONÇALVES, 2002).
larvas é pouco conhecida em peixes da ictiofauna brasileira. Porém, Cerdá et al., 1994 estudaram
Por diversas razões, Martínez (1967), alerta para o
restrição alimentar
e
fato de que a quantidade exata de proteína a ser
observaram que os ovos e larvas destes animais
usada nas rações deve se bem estudada, pois os
eram maiores quando comparados com que se
excessos são tão danosos quanto a carência. A
alimentaram ad libtum.
exigência proteica representa a quantidade mínima
em
Dicentarchus
labrax,
de uma mistura de aminoácidos que leva a obtenção Camargo (2003) estudando restrição alimentar em
do máximo crescimento possível, e que geralmente,
Matrinxã (Brycon cephalus) observou que a restrição
constitui o componente de custo mais elevado,
alimentar moderada não proporciona diferenças no
quando da confecção de dietas completas (NRC,
ganho em peso, comprimento e sobrevivência da
1993). Neste sentido, o perfil de aminoácidos
prole nas primeiras 60 horas após a eclosão, porém
presente
na fase de larvicultura com duração de 15 dias
qualidade, e determina seu valor como componente
observou-se que as larvas provenientes das fêmeas
da dieta. Segundo Fernandes (1998), a exigência de
sobre
proteína na dieta de peixes pode ser influenciada por
restrição
alimentar
obtiveram
a
maior
sobrevivência.
nas
proteínas
é
decisivo
para
sua
diversos fatores, tais como tamanho do peixe, funções fisiológicas, qualidade da água e fonte de
PROTEÍNA
energia. Outros autores citam ainda outras fontes de
As proteínas são de fundamental importância na
variação, como a espécie, hábito alimentar, idade,
alimentação
intimamente
densidade de estocagem e temperatura, além do
relacionadas com os processos vitais das células e,
fato de que essas pesquisas para se determinar os
consequentemente, do organismo (ANDRIGUETTO,
níveis proteicos ótimos, de um modo geral, não
1985). Com isso, os animais devem receber durante
seguem a mesma metodologia científica, dificultando
toda a vida, uma quantidade mínima diária de
a comparação dos resultados obtidos em numerosas
proteínas que atenda às suas necessidades, que
investigações (MACEDO,1979).
animal,
por
estarem
podem ser para crescimento, recuperação dos tecidos, gestação e produções, que é para os
Dentre os trabalhos sobre nutrição de peixes
animais monogástricos, tão importante quanto a
realizados no Brasil, tem destacado a importância os
qualidade da proteína fornecida. Segundo o mesmo
estudos sobre níveis de utilização proteína e energia,
autor, de um modo geral, os alimentos ricos em
considerados os dois itens alimentares fundamentais
proteínas são mais caros que os energéticos, e com
para maximizar o crescimento de peixes em nossas
isto, na prática de alimentação animal, estamos
condições (CARNEIRO,1983). Neste sentido, vários
sempre interessados em conhecer a quantidade
trabalhos foram realizados com espécies nativas,
mínima de proteína que os animais necessitam para
principalmente
com
retribuírem com melhor produção.
mesopotamicus
(CARNEIRO
o
pacu,
Piaractus
et
.,1984
al
;
BORGHETTI et al.,1991; CARNEIRO et al.,1992; Este nutriente, exigido em quantidades até elevadas
SILVA,1994; STECH, 1999; FERNADES,2000), a
para algumas espécies de peixes, é o componente
piapara, Leporinus elongatus, (BARBOSA,1996), o
mais caro das rações balanceadas, o que incentiva a
tambaqui
condução de
VIEGAS,1996),
várias pesquisas, realizadas em
diferentes sistemas de cultivo, com a finalidade de
Colossoma e
macropomum recentemente
(MACEDOo
pintado
(MACHADO,1999 & GONÇALVES, 2002).
determinar as exigências de proteína de várias espécies de peixes cultivadas; segundo Silva (1994),
Como a proteína é um nutriente mais caro da dieta
tradicionalmente os resultados, indicam que o nível
se faz necessário a determinação de níveis deste
ótimo de proteína na ração para o crescimento de
nutriente para o crescimento e manutenção dos
peixes varia de 20 a 60% , e entre 30 e 55%, de
animais para que possam expressar seu potencial de
acordo com Wilson (1985), mas para espécies
produção (CLARCK et al., 1990).
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Artigo 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
As proteínas correspondem ao nutriente de máxima
baixo
importância, pois são os principais constituintes do
Pressupondo-se
organismo animal em crescimento e dentre outras
gônadas
funções,
reservas corporais adquirida no período que ocorreu
são
responsáveis
pela
formação
de
ou
nenhum que
seria
ingestão
consumo o
resultante
de
alimento,
de
alimento.
desenvolvimento
das
da
das
mobilização
enzimas e hormônios. Ao mesmo tempo, em
a
mostrando
assim
a
estudos sobre a exigência desse nutriente em
importância desta alimentação e do manejo de
dietas, especialmente para espécies nacionais e
administração desta para animais destinados a
para os reprodutores, a qualidade proteica deveria
reprodução.
merecer especial atenção ao estabelecer-se a concentração ótima e econômica de proteína na
Cerdá et al. (1994) testaram dois níveis proteicos
dieta. A proteína é a maioria de componente
(51,3% e 32,6%) para Dicentrarchus labrax e não
abundante dos nutrientes contidos no ovo de muitas
observaram
da espécie dos peixes estudada. Por isso sua
histomorfológico no desenvolvimento ovariano e a
importância
estruturais,
análise de regressão do tamanho dos ovos em
funcionais e energéticos dos tecidos e dos órgãos no
relação à época da desova, mostrando que o
corpo
papel
diâmetro do ovócito aumentou significativamente nos
importantes particularmente para a fertilização e o
animais alimentados com dietas com menor nível
desenvolvimento normal do embrião.
proteico. Atribuindo este resultado ao metabolismo
dos
como peixes.
constituintes As
proteínas
têm
diferença
no
desenvolvimento
de carboidratos que é precursor de ácidos graxos e Pathmasothy (1985) observou que o tamanho do
triglicerídeos.
ovário e a fecundidade do Leptobarbus hoevenii, foram maiores para os peixes alimentados com
Gomes
dietas com altos níveis de PB. A relação direta entre
pirapitinga (Piaractus brachypomus) e não observou
nível de proteína e fecundidade também foram
diferença significativa no ganho em peso das
observadas com Leptobarbus hoevenii, alimentados
fêmeas, atribui este fato a boa qualidade nutricional
com dietas contendo 24, 32 e 40% de proteína bruta
dos ingredientes utilizados na dieta, a palatabilidade
e com Poecillia reticulata com dietas de 15, 31 e
da mesma. Ainda faz referência que a espécie não
47% de proteína bruta (DAHLGREN, 1980) e em
necessita de altos níveis proteicos para o seu
Oncorhynchus mykiss com 36, 42 e 48% proteína
crescimento nas diferentes etapas de sua vida,
bruta e alta energia (SMITH et al., 1979). Estes
porém de qualidade que possa proporcionar um bom
autores observaram principalmente o aumento de
equilíbrio
ganho em peso relacionado com o aumento do nível
necessidades. Levando em consideração o hábito
proteico da dieta. No entanto Washburn et al. (1990),
alimentar destes animais no meio natural, onde os
relata que o crescimento somático ocorre durante a
peixes onívoros se alimentam basicamente de frutas
primeira
e
fase
do
desenvolvimento
ovariano
e
(1994)
de
sementes
estudou
níveis
aminoácidos
de
onde
que
obtém
proteicos
supram
os
para
suas
nutrientes
posteriormente na maturação estabiliza-se ou até
necessários para seu crescimento e reprodução. De
mesmo há perda de peso corporal, independente da
acordo com Tacon (1989) a grande maioria das
dieta.
coho
frutas utilizadas com alimento para os peixes são
(Oncorhynchus kisutch) e Washburn et al. (1999)
pobres em proteínas e ricas em carboidratos
com truta arco – íris também observaram este
solúveis.
Hardy
(1984)
com
salmão
comportamento, atribuindo a baixa capacidade destas espécies em utilizar nutrientes provenientes da dieta nos meses que antecedem a desova. Estas observações foram confirmadas Torrissem
(1985)
que
por Torrissem e
observaram
atividade
enzimática no trato digestório de Salmo solar durante os primeiros meses do processo de maturação gonadal, a qual diminui drasticamente no período da maturação dos ovócitos onde ocorre 8816
Com base nestas observações deve-se levar em consideração o hábito alimentar e os resultados de desempenho de produção em cativeiro dos peixes, uma vez que os altos níveis de proteína na dieta podem causar alterações no metabolismo podendo provocar danos no fígado como esteatose e que provavelmente seu excesso é mais prejudicial ao organismo do que sua falta. Os melhores resultados
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Artigo 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
de desempenho de produção para pacu (Piaractus
peixes alimentados com dietas contendo farinha de
mesopotamicus)
de
lula produziram aproximadamente 40% mais ovos
proteína bruta entre 23 a 26% (CARNEIRO, 1990).
são
atingidos
com
níveis
comparados com as fêmeas alimentadas por dietas
Para Tambaqui (Colossoma macropomum) relata-se
com farinha de peixe. A farinha de lula mostrou-se
níveis em torno de 24 a 37% (CAMARGO at al.,
superior
1998) para Piracanjuba (Brycon orbignyanus) o nível
porcentagem
protéico é de 29% com 30000kcal EM/kg. (SÁ &
eclodidos.
em
qualidade
ao
de
viáveis,
ovos
proporcionar
maior
fertilizados
e
FRACALOSSI, 2002). No entanto estes níveis proteicos estão necessariamente relacionados com
Observando-se o hábito alimentar de cada espécie e
a boa qualidade da fonte proteica. Já nos peixes de
levando em consideração as observações referentes
hábito alimentar carnívoros observa-se valores mais
ao tipo de alimento que consomem no meio natural,
elevados nos níveis proteicos como encontrado por
faz necessário rever os níveis de proteína utilizados
Alvares-Gonzáles (2001), relatou a exigência de
nas dietas de reprodutores dando maior importância
proteína bruta para peixes carnívoros pode variar de
a fonte de alimento de boa qualidade nutricional e o
40 a 55%, sendo os salmonídeos juvenis, os mais
balanceamento que proporcione de forma ecológica
exigentes. Neste sentido, para juvenis do carnívoro
e
“spotted sand bass” (Paralabrax maculatofasciatus)
necessidades nutricionais para o desenvolvimento
Alvares-Gonzáles (2001) apontou o valor de 45%PB,
gonadal.
Shiau(1996)
relatou
que
o
“grouper”
asiático
(Epinephelus malabaricus) mostrou os melhores resultados com 44%PB, e da mesma forma, Li ( 1998) recomendou o nível de 35%PB para o bagre do canal (Ictalurus punctatus). Em um experimento realizado com alevinos de bagre africano (Clarias gariepinus) nas mesmas condições do presente estudo, Vidotti (1997) recomendou o máximo teor de proteína bruta testado (38%), como sendo o melhor para o crescimento desse peixe com dietas práticas, Gonçalves (2002) recomenda o nível de 30% de proteína digestível para pintado (Pseudoplatystoma coruscans).
músculos nos primeiros períodos de maturação e o uso
viável
o
atendimento
das
LIPÍDEOS Os
lipídeos,
segundo
Watanabe
(1988)
são
importantes constituintes das dietas dos animais pois, além de serem eficientes fontes de energia metabólica, são fornecedores de ácidos graxos essenciais para o crescimento e sobrevivência dos peixes.
Desempenham
também
a
função
de
carregadores de vitaminas lipossolúveis e fornecem outras substâncias como esteróis e ceras. Além dos lipídeos neutros (constituídos principalmente por tri, di e monoglicerídios, esteróis, ceras e ácidos graxos livres),
os
fosfolipídeos
também
exercem
um
importante papel na nutrição e na fisiologia celular.
O armazenamento de energia no fígado e nos posterior
economicamente
nos
processos
de
crescimento
gonadal, durante os meses que antecedem as desovas foram descritos para perca amarela (Perca flavescens) por Tanasichuk e Mackay (1989) que também observaram a mobilização de reservas de proteínas e lipídios acumuladas nas carcaças para
Os lipídeos são substratos energéticos mais rico do organismo animal. A queima de gordura produz 2 vezes mais calorias que os dos carboidratos. O alto conteúdo calórico (9 kcal/g) dos lipídeos torna essa substância um eficiente estoque de energia, além de ser combustível mais leve (PLISETSKAYA, 1980) aspecto importante para os peixes.
manutenção dos animais e também para atividade
Apesar da importância dos ácidos graxos para o
reprodutiva principalmente para a produção de ovos.
desenvolvimento dos animais este não possuem a
A
qualidade
da
fonte
proteica
depende
da
composição de aminoácidos do coeficiente de digestibilidade para cada espécie (TACON 1990).
capacidade de sintetizar ácidos graxos da família n-3 (tipo linolênico) e n-6 (linoleico) sem que haja um precursor na dieta.
Fernández- Palacios et al. (1997) estudaram fonte
Segundo o NRC (1983), as exigências de ácidos
proteica para Sparus aurata e observaram que os
graxos essenciais por uma determinada espécie cons-
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Artigo 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
tituem –se da soma das exigências de todos os
sinusóides
tecidos e órgãos desses animal e podem ser
sintomas de degeneração e de necrose.
irregulares,
acúmulo
de
gordura
e
afetadas pela temperatura, salinidade e outros fatores ambientais, estando ainda ligado a idade do
Quanto a origem do lipídeo mobilizado para o
animal, estado de maturação gonadal.
processo reprodutivo estes podem ser transportados não somente pelo fígado mais também do tecido
Os
lipídeos
para
os
peixes
é
um
dos
adiposo, músculo ou intestino para as gônadas
macronutrientes que devem estar presentes nas
(FERNANDEZ
et
al.,
dietas, pois cumprem um papel importante como
metabolisomo
de
lipídeos
fonte de energia e na regulação dos processos de
reprodutivo
membrana. Entre outros, são especialmente valiosos
(FERRAZ et al., 1996), e que o estoque de gordura
os ácidos linoleico e linolênico, para que o peixe
mesentérica está associada ao início da maturação
possa expressar seu potencial em crescimento e
sexual. Herderson et al., (1996) estudando o
para promover o processo reprodutivo. (TAKEUCHI
processo
& WATANABE citados por GOMES, 1994).
reprodução em Stizostedion vitreum, mostraram que
mostram
de
1989). uma
O
e
o
estudo
correlação
metabolismo
de
metabolismo negativa
energético
para
a energia para reprodução é adquirida no inverno, A
composição
do
ácido
graxo
da
dieta
de
reprodutores tem sido identificado como uns dos
primavera e verão antes da desova e estocada como lipídeos vicerais.
fatores principais que determinam a eficiência na reprodução e a sobrevivência bem sucedidas da
Vieira (1986) estudou teores de lipídeos do sangue
prole.
de
Algumas
espécies
de
peixes
ao
se
curimbatá
(Prochilodus
scrofa)
nos
vários
alimentarem de dietas ricas em ácidos graxos
estágios de maturação gonadal, concluiu que os
altamente insaturados os incorporam prontamente
valores totais de lípideos entre machos e fêmeas são
nos ovos. O ácido graxos altamente insaturados
semelhantes, com exceção do estágio esgotado. Os
(HUFA) com 20 ou mais átomos do carbono afeta
maiores valores foram verificados no estágio de
diretamente a maturação dos peixes.
maturação lipídica
A teoria de absorção mais aceita em peixes é a que os lipídeos ingeridos são hidrolizados através da lipase pancreática na luz do intestino mediano e o produto da hidrólise (monoglicerídeos e ácidos graxos)
são
absorvidos
pelos
enterócitos
e
ressintetizado no retículo endoplasmático, sendo então depositado como gotícula de gordura no espaço intracelular (STROBAND & DABROWSKI, 1981 citado por ZAIDEN,2000).
via
linfática,
como
complexo
lipoprotéico,
principalmente na forma de quilomícrons e de lipoproteína
de
densidade
baixa,
para
serem
metabolizados. Segundo Greene e Selivonchick (1987), o fígado é o principal local de síntese de ácidos graxos em peixes. A deficiência de ácidos graxos essenciais está associado a degeneração hepática. Watanabe et al., (1974) que observaram histologicamente o fígado de truta (Oncorhhynchus mykiss) alimentadas com dietas deficientes em ácidos graxos essenciais que possuia o aspectos esponjosos, artérias e 8818
para
o
ocorre
processo
intensa de
mobilização
vitelogênese
e
espermatogênese, decresendo no estágio maduro, após a reprodução observou-se queda acentuada nos valores de lipídeos das fêmeas. Esta queda acentuada de lípideo provavelmente está ligada ao processo de vitelogênese dos peixes durante o desenvolvimento gonadal, pois segundo Harvey e Hoar (1979) citado por Vieira (1986) este processo exige grande contribuição lipídica para formação do vitelo.
Os lípideos são transportados para o fígado através da
quando
Em alguma espécie a alimentação de reprodutores com HUFA aumenta a qualidade do fecundação, e da fertilização dos ovócitos. Eskelinen (1989), estudando Salmo solar verificou que o diâmetro dos ovócitos
e
a
significativamente
fecundidade afetados
por
relativa
foram
diferenças
na
quantidade e na qualidade dos lipídeos na dieta dos reprodutores. CHO et al., 1985 estudaram em truta arco-iris (Oncorhhynchus mykiss) a adição de n– 6 na dieta e verificaram efeito positivo da adição melhorando assim a porcentagem de fertilização dos ovócitos assim como na taxa de eclosão e a sobrevivência das larvas.
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Artigo 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
Iziquerdo (2001) relata o trabalho realizado por
em torno de 1% n-3 HUFA.
Duary et al. (1994) que estudou a elevação de níveis de lipídeos dietéticos de 12% para 18% na dieta de
Nos Spaurus aurata, a composição dos ácidos
reprodutores de Rabbit fish (Siganus guttatus) que
graxos das gônadas das fêmeas é extremamente
resultou em aumento da fecundidade e na eclosão.
afetada pelo nível de ácido graxos dietético, que por
Embora este efeito poderia também ser relacionado
sua vez influencia a qualidade de ovos (HAREL et
a um aumento gradual nos nos ácidos graxos
al.,1992). Os ácidos graxos poliinsaturados que
essenciais. Certamente, um dos fatores que afetou
regulam
significativamente o desempenho reproductivo nos
particularmente prostaglandina, que estão envolvidos
peixes e a fecundidade foi o conteúdo de ácidos
nos diversos processos da reprodução (MOORE,
graxos essenciais.
1995)
a
produção
incluindo
a
dos
produção
eicosanoico,
de
hormônios
e
desenvolvimento e consequentemente a ovulação. A fonte de lípideo é um dos fatores de variação na qualidade dos ácidos graxos essenciais e que no
Os ácidos graxos também estão ligados a fertilização
desempenho
Nilo
dos ovos. Reprodutores alimentados com dietas
(Oreochromis niloticus), o número de fêmeas que
contendo ecosanoico (EPA) e o ácido araquidônico
desovaram, a frequência da desova, número larvas
(AA) possuem correlação positiva com a fertilização
por desova e o total larvas por um período de 24
(FERNANDEZ
semana, mostrou que o desempenho foi melhor nos
produção
peixes alimentados com dieta basal suplementados
suplementação de ácidos graxos essenciais da dieta
com o óleo de soja (elevado nos níveis de ácidos
dos reprodutores de trutas arco - iris (LABBEL et al.,
graxos n-6, essencial para esta espécie dos peixes;
1993 citado por Iziquierdo et al. (2000).
reprodutivo
da
tilápia
do
e relativamente baixo nos peixes alimentados com 5% de óleo do fígado de bacalhau de 5% (SANTIAGO & REYES, 1993).
–
de
PALACIOS
et
al.,
espermatozoide
1997).
depende
A da
Os requerimentos dos ácidos graxos essenciais n-3 HUFA nas dietas dos reprodutores variam entre 1.5% e 2% (WATANABE et al., 1984) valores que,
Estes ácidos graxos são importantes na estrutura e
porém, são mais elevados dos que os determinados
como
para salmonídeos que estão em torno de 1% n-3
componentes
dos
fosfolipídeos
nas
biomembranas dos peixes e são associação com as funções limitadas das enzimas e da membrana da fluidez
e
do
correlacionamento
nas
funções
fisiológica em peixes marinhos (Bell et al., 1986). Em alguma espécie tal como o halibut (Hippoglosus hopoglossus), os n-3 PUFA (graxos dos ácidos dos poliinsaturados) são considerados também como principal fonte de energia durante o desenvolvimento embrionário (FALK - PETERSEN et al., 1989). Não obstante, a composição de ácido graxos dos ovócitos dos peixes é determinada não somente pela dieta dos reprodutores, mas relacionada também à espécie e os requerimentos de ácidos graxos essencial (PICKOVA et al., 1997). Uma revisão realizada por Iziquedo et al. (2001) relata
os
requerimentos
dos
ácidos
graxos
essenciais n3 HUFA nas dietas dos reprodutores variam entre 1.5% e 2% encontrados por Watanabe et al., 1984; que por sua vez são mais elevados dos que os determinados para salmonídeos que estão
HUFA (WATANABE, 1990). Poucos estudos puderam mostrar a melhoria da qualidade dos ovócitos através da nutrição dos reprodutores. Reprodutores de rabbitfish (Siganus guttatus)
alimentados
com
dietas
com
níveis
crescentes de lipídeos de 12% a 18% observou-se que o nível de 18% produziu larvas maiores na eclosão e aumento da sobrevivência aos 14 após a eclosão (DURAY et al., 1994 citado por IZIQUIERDO et al., 2000) o aumento do nível de n3 HUFA (particularmente
decaesanoico)
em
dietas
dos
reprodutores aumentou a resistência das larvas ao choque osmótico (ABY-AYAD et al., 1997). Níveis crescentes de n-3 HUFA em dietas dos reprodutores Sparus aurata observou significativa diferença para a porcentagem de larvas vivas após a absorção do vitelo. Além disso, o crescimento, a sobrevivência
e
na
inflação
das
larvas
foi
significativamente melhor quando os reprodutores re-
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Artigo 528 - Nutrição no desenvolvimento gonadal de reprodutores, qualidade dos ovos e larvas em teleósteos de água doce
ceberam dietas com óleo de peixe comparando com
catalítica
dos
processos
celulares
óleo de soja (TANDLER et al., 1995). Fenández –
(ADRIGUTTO,1994). Entre as vitaminas as que mais
Palacios et al. (1995) observaram correlação positiva
se destacam no processo reprodutivo, fertilização e
entre nível crescente de n-3 HUFA na dieta para
sobrevivência da prole são as vitaminas C e E e os
reprodutores de Spaurus aurata e morfologia normal
caratenóides.
dos ovos, porém não observou correlação com a sobrevivência da prole. Já a qualidade da desova
A vitamina C para a maioria das espécies de peixe
representada pelo número de ovos por kg de fêmeas
que necessitam desse nutriente na dieta, por não a
respondeu a suplementação da dieta com n-3 ácidos
sintetizarem, devido à ausência da enzima gulono
graxos insaturados (HUFA) até o nível de 1,6%
lactona oxidase que transforma glucose em ácido
acima disso observou-se diminuição na quantidade
ascóbico (ALBRETSE et al., 1988). A vitamina C
de ovos por kg de fêmeas, ressaltando ainda que
atua no organismo como co-fator para diversas
níveis elevados de n-3 HUFA nas dietas pode causar
reações, dentre elas: a hidroxilação da prolina na
hipertrofia das larvas e baixa sobrevivência.
síntese do colágeno, a hidroxilação do triptofano para 5-hidroxitriptofano, e a conversão do 3,4-
Fenández – Palacios et al. (1995) observaram para
dihidroxyphenylpiruvato
Sparus aurata que a porcentagem de ovos não
(BAKER, 1967). A deficiência desta vitamina foi
fertilizados reduziu significativamente nos grupos de
estudada por diversos autores. Halver (1972) indicou
animais
para
noraepinefrina
conforme
alguns sintomas clássicos de deficiência de vitamina
aumentava o nível de n-3 HUFA, e observou uma
C em peixes: o deslocamento da coluna (lordose e
correlação negativa entre o 20:5n- 3(EPA) e 20:4n-6.
escoliose), a deficiência na formação do colágeno e
Níveis dietéticos de EPA e de 22:6 n-3 (DHA),
a distorção no suporte da cartilagem.
alimentados
com
dietas
mostrando a correlação positiva com este parâmetro da qualidade de ovos (r = 0.97). Assim uma relação
A vitamina C provavelmente desempenha um papel
positiva (r=0,96) foi encontrada entre o nível dietético
importante
de
ovos
ovariano nos peixes, pois participa na biossíntese de
morfológicamente normais. No entanto não foi
esteróides sexuais. Já sua ausência como foi
verificado nenhuma correlação entre nível dietético
demostrado (SANDNES, 1984) para truta arco –íris
do n-3 HUFA , taxa de eclosão e taxa de
que se relaciona com o baixo nível de lipídeos nos
sobrevivência larval.
ovos em formação e que os animais alimentados
n-3
HUFA
e
a
porcentagem
de
no
processo
de
desenvolvimento
com dietas com vitamina C, esta foi transferida aos O acúmulo de ácidos graxos n-9 observados na
ovócitos
onde
permaneceu
porcentagem de lipídeos dos ovos dos animais
posteriormente
alimentados com dietas com farinha de lula mostra
embrionário e larval.
durante
o
para
ser
usado
desenvolvimento
uma correlação positiva com a viabilidade dos ovos A concentração do ácido ascórbico na dieta refletiu
e taxa de eclosão.
na concentração desta vitamina no líquido seminal e VITAMINAS
não afetou a qualidade do sêmen no começo da
As vitaminas são substâncias de natureza orgânica,
estação de reprodução (IZIQUERDO et al., 2000).
cuja as estruturas são facilmente destruídas por
Entretanto, a deficiência do ácido ascórbico reduz a
agentes químicos e físicos. Estas substâncias que o
concentração
organismo
porcentagem
animal
não
pode
elaborar,
são
e
motilidade
do
de eclosão dos
esperma.
ovos
A
pode ser
indispensáveis à vida dos seres superiores. Sua
favorecida quando os reprodutores recebem ração
ausência
suplementada
(Avitaminose)
causa
distúrbios
com
ácido
ascórbico
como
foi
característicos geralmente mortais. Sua ação é
demostrado para tilápia (Soliman et al., 1986) e truta
específica, não sendo as vitaminas substituíveis uma
arco – íris (Oncorhynchus mykiss) (SANDES, et
pela outra. As quantidades diárias requeridas são
al.,1984). O tocoferol é uma vitamina importante para
muito pequenas e não são utilizadas como matéria
a reprodução, pois é fator antiesterilizante, essencial
energética, nem como alimento plástico. Sua ação é
pra a manutenção da função testicular, fazendo a pro-
8820
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8813-8825, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
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número
total
dos
proporções de proteína de origem animal em
fertilidade e sobrevivência das larvas foi atribuida
dietas para o desenvolvimento da piapara
aos ovos dos peixes que se alimentaram das dietas
(Leporuinus
com baixos níveis de -tocoferol.
UNESP. Tese (Doutorado em Zootecnia)
elongatus)
Jaboticabal,
SP: -
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Entretanto, a redução da fecundidade observada nos reprodutores alimentados com dietas deficientes em tocoferol não está associado ao nível de vitamina E nos ovos, e somente os níveis de vitamina E (2020 mg/kg) nas dietas pode-se observar aumento de tocoferol nos ovos. Santiago & Gonzal, 2000 estudando a suplementação de dietas com vitaminas A, E, C para Aristichtys nobilis não observaram efeito na suplementação de vitamina E associando a isso ao acesso a alimentação natural dos peixes, uma vez que este é de grande importância na fisiologia para proteção dos antioxidantes. Apesar dos
poucos
estudos
sobre
requerimentos
de
vitamina A durante a maturação gonadal e seu efeito na desova e sobrevivência das larvas, esta é considerada de grande importância para o embrião e desenvolvimento larval, pois é indispensável pra a formação da retina e diferenciação das células imune.
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e
vitaminas
desde
o
início
do
desenvolvimento gonodal dos reprodutores e a baixa eclodibilidade, a diminuição na fertilização e a baixa motilidade espermática, que se associa à baixa disponibilidade destas vitaminas são fatores que demonstram a importância destas na eficiência reprodutiva destes animais.
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8825
A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos Revista Eletrônica Moagem, úlceras, granulometria, digestibilidade, pellet.
*
Matheus Faria de Souza¹ Thamirys Vianelli Maurício de Souza¹ 2 Beatriz Helena Timm Amadei 2 Paulo Ricardo dos Santos
Vol. 17, Nº 06, nov/dez de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
¹
Docentes do curso de Medicina Veterinária Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC. *Email: matheusfari@yahoo.com.br. 2 Graduandos em Medicina Veterinária Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO Atualmente, a dieta fornecida aos suínos criados em
THE INFLUENCE OFF FEED PARTICLE SIZE ON
sistemas intensivos é composta em sua grande
THE PERFORMANCE OF PIGS
maioria por grãos de cereais, estes, que são as
ABSTRACT
fontes primárias de energia nas dietas de suínos,
Currently the diets supplied to pigs raised in intensive
são geralmente submetidos a processos de moagem
systems are mostly composed of cereal grains, which
para subsequente redução de suas partículas a fim
are the primary sources of energy in pig diets, which
de aumentar a área de superfície para melhorar a
are usually subjected to milling processes for
digestão dos nutrientes, a capacidade de mistura e
subsequent reduction of their feed particles. Increase
homogeneidade da dieta. Todavia, partículas de
surface area to improve nutrient digestion, blending
tamanhos
aumentar
ability and diet homogeneity. However, very small
problemas de poeira nas instalações, aumentar o
particle size may increase dust problems on the
custo no processamento dos alimentos e ainda
premises, increase the cost of food processing and
aumentar a incidência de úlceras gástricas e
even increase the incidence of gastric ulcers and
queratinização em suínos. A queratinização é uma
keratinization in pigs. Keratinization is an indication of
indicação de irritação do estômago, que pode
stomach irritation, which can lead to ulcers. The ideal
conduzir a úlceras. O tamanho de partícula ideal
particle size for pigs is a number that differs greatly
para suínos é um número que se diverge muito entre
from the literature consulted, however size ranges
as literaturas consultadas, entretanto, faixas de
from 500 to 650 µm showed the most satisfactory
tamanho entre 500 a 650 µm mostraram os
results regarding nutrient digestibility. Regarding
resultados mais satisfatórios no que se diz respeito a
health, regardless of the size of the grain particles,
digestibilidade dos nutrientes. Já no que diz respeito
gastric ulcers are still likely to occur.
à sanidade, independente do tamanho das partículas
Keyword:
dos grãos, as úlceras gástricas ainda são passíveis
digestibility, pellet.
muito
reduzidos
podem
de ocorrer. Palavras-chave: moagem, úlceras, granulometria, digestibilidade, pellet.
8826
grinding,
ulcers,
granulometry,
Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
INTRODUÇÃO
No entanto, a contínua diminuição do tamanho de
Os grãos cereais são as fontes primárias de energia
partícula pode aumentar problemas de poeira nas
nas dietas de suínos. A alimentação na suinocultura
instalações, aumentar o custo no processamento dos
é responsável por 70% do custo de produção, sendo
alimentos e ainda aumentar a incidência de úlceras
assim, qualquer melhoria na eficiência alimentar vai
gástricas em suínos. Assim, a melhora da conversão
ter um enorme impacto nos custos de produção.
alimentar é devido à redução do tamanho das partículas, que deve ser compensada por essas
A maioria dos ingredientes, em particular grãos de
desvantagens (STEINHART et al., 2012).
cereais, são moídos antes de misturá-los em uma ou redução do tamanho das
No passado, o tamanho da partícula da dieta foi
partículas altera as características físicas dos
muitas vezes classificado como: excelente, média e
ingredientes, a fim de aumentar a área de superfície
grosseira. Esses termos não eram muito precisos e
para
a
assim, a atual classificação é baseada no diâmetro
capacidade de mistura e homogeneidade da dieta
geométrico médio das partículas com medida em
(BEHNKE, 1996; KOCH, 1996).
mícrons e o desvio padrão geométrico. Essa
dieta. Moagem
melhorar
a
digestão
dos
nutrientes,
definição do tamanho das partículas permite agora Os equipamentos mais comuns utilizados para
que as recomendações possam ser específicas
reduzir o tamanho de partícula dos ingredientes, são
otimizando o desempenho dos suínos. O tamanho
os equipamentos de moinhos: martelo e rolo. Nos
ideal da partícula é influenciado pela idade dos
moinhos de martelos, a redução do tamanho das
suínos e a forma da dieta (pellet ou farelada).
partículas é realizada pelo impacto lento dos ingredientes com um conjunto de martelos que se
Moagem fina de grãos usados na alimentação de
deslocam a alta velocidade. Moinhos de martelo
suínos otimiza o desempenho de suínos e melhora a
geralmente produzem partículas de forma esférica
eficiência de alimentação, independentemente da
com uma superfície polida (KOCH, 1996). A
idade (GOODBAND et al., 1995).
distribuição dos tamanhos de partículas produzidas num moinho de martelos varia amplamente em torno da
média
geométrica,
podendo
variar
entre
partículas grosseiras e finas (KOCH, 1996; SVIHUS et al., 2004). Nos moinhos de rolos, a redução de tamanho é realizada através de uma força de compressão entre os pares de rolos rotativos, produzindo distribuição de tamanho de partícula mais uniforme, com uma baixa proporção de materiais finos (KOCH, 1996).
das partículas aumentando a área de superfície e a fluidez da digesta (maior potencial para misturas as
enzimas
digestivas),
melhorando
a
digestibilidade das rações dos suínos (GOODBAND et al., 1995). Segundo relatos de De Jong et al. (2012a), as reduções nos tamanhos das partículas dos ingredientes individuais ou da dieta podem melhorar
a
sua
eficiência
alimentar.
PARA SUÍNOS EM CRESCIMENTO Os suínos de todas as idades se beneficiam com a redução das partículas na alimentação. No entanto, estudos têm mostrado que leitões têm menos benefícios pela redução do tamanho das partículas do que suínos em fase de terminação. Wu (1985) relatou uma resposta benéfica para moagem fina de milho em suínos em terminação, mas não em leitões pós-desmamados.
A moagem fina dos ingredientes reduz a dimensão
com
A INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE PARTÍCULA
digestibilidade
ingredientes (milho, farelo de soja, farelo de trigo e subproduto do milho - DDGS) sobre o desempenho de leitões dos 11,33 aos 22,68 kg, verificaram que a redução de 620 para 352 µm do grão de milho na ração reduziu o ganho de peso diário e o consumo de ração diário dos animais em 4,22% (0,617 X 0,592) e 13,75% (0,968X0,851), respectivamente.
melhorar
a
diminuem
a
A moagem mais fina de milho menor do que 620 μm
segregação de ingredientes e problemas de mistura,
ou a trituração de outros componentes da dieta não
e facilita ainda mais processos tais como: extrusão
melhoraram o desempenho dos suínos na fase
e/ou peletização.
inicial, no entanto, a peletização obteve os melhores
Além
e
De Jong et al. (2012a), avaliando a granulometria de
disso,
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8827
Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
resultados sobre o desempenho dos suínos e retorno
tamanho ótimo das partículas para ser utilizado em
econômico (DE JONG et al., 2012a).
uma determinada propriedade.
Lawrence et al. (2003) relataram que a diminuição do
Cabrera et al. (1993) verificaram que a morfologia do
tamanho das partículas (965, 742 e 639 mícrons) de
estômago foi afetada negativamente pela moagem
qualquer tipo de soja (micronizada, extrusada e
(menor que 600 μm) dos grãos de milho e de sorgo,
farelada) não afetaram o desempenho dos suínos na
no
fase de crescimento inicial.
provavelmente faz com que a moagem fina seja
entanto,
a
melhora
no
desempenho
aceitável. Esses autores também encontraram uma Mavromichalis et al. (2000) avaliando o efeito da
diminuição drástica na excreção de matéria seca e
dimensão das partículas dos grãos de trigo (1300,
nitrogênio diário quando o tamanho de partícula dos
600 e 400 mícrons) sobre o desempenho de leitões
grãos foi reduzido. O efeito da redução das
desmamados aos 21 dias de idade, observaram que
partículas sobre o desempenho de leitões foi
na primeira fase (0 a 7 dias) a eficiência alimentar
avaliado por diversos estudos (Tabela 1).
melhorou à medida que o tamanho de partícula foi reduzido, com um tamanho de partícula de 400
TABELA 1 – Efeito da redução das partículas sobre
mícrons. Na fase geral do experimento (0 a 35 dias),
o desempenho de leitões
os maiores resultados de GPD e eficiência alimentar foram alcançados em 600 mícrons. Esses resultados estão de acordo com outros relatos (HEALY et al., 1994 & WONDRA et al., 1995a), indicando que o desempenho dos suínos em fase de crescimento foi melhorado com a redução do tamanho de partícula da dieta. Goodband & Hines (1988) alimentaram suínos na fase de creche com dietas à base de cevada com tamanhos médios das partículas de 768 e 635 mícrons. Eles relataram um aumento de 5% na taxa de ganho dos suínos alimentados com a cevada com menor tamanho de partícula. Healy et al. (1994), trabalhando com dietas iniciais com diferentes tamanhos de partículas 900, 700, 500 ou 300 mícrons para leitões desmamados com 21 dias de idade, observaram que a redução do tamanho das partículas de grãos para 500 mícrons teve pouco efeito sobre o ganho de peso, mas reduziu
o
consumo
médio
diário
consequentemente, resultando em
de
ração,
melhoria na
eficiência alimentar. A moagem mais fina do que 500 mícrons não melhora o desempenho. A redução da partícula acentuada implica no desenvolvimento de úlceras na região esofágica dos suínos (MAXWELL et al., 1970 & NIELSEN et al.,
Em relação ao consumo voluntário, há indícios de
2000). Algumas genéticas são mais suscetíveis a
que existe uma baixa correlação entre o tamanho de
úlceras gástricas do que outras, em função da
partícula e a preferência alimentar, sendo que, a
redução do tamanho de partícula. Esses fatores
redução do tamanho de partícula não irá melhorar o
devem ser considerados na determinação do
consumo de ração. Isso está em concordância com
8828
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Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
as observações realizadas com leitões, em que a
Cabrera et al. (1993) observaram que a eficiência
redução do tamanho de partícula reduziu a ingestão
alimentar foi aumentada em 7 e 6 % em sorgos com
de ração com sorgo e milho (HEALY et al., 1994) e
endosperma moles e duros quando o tamanho da
com trigo (MAVROMICHALIS et al., 2000). De Jong
partícula foi reduzido 800 para 400 mícrons.
et al. (2012a) e Oriol (2008) sugeriram que a alimentação com uma dieta finamente moída pode
Brumm
et
reduzir a palatabilidade da ração, consequentemente
granulometria da ração (1019 e 1266 mícrons) para
reduzindo o consumo voluntário de ração.
suínos
na
al. fase
(2008), de
trabalhando
terminação,
com
a
observaram
diminuição no consumo de ração e melhora na A INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE PARTÍCULAS EM RELAÇÃO AO DESEMPENHO DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO Para os suínos em fase de terminação, vários estudos têm demonstrado que a moagem menor que 500 mícrons melhoram a eficiência alimentar. Trabalhos conduzidos na década de 90 (CABRERA
conversão alimentar dos animais alimentados com partículas mais finas. Sendo que, a diferença de 250 mícrons na dieta proporcionou uma diferença de 3,2% na eficiência alimentar, ou seja, 1,3% de diferença para cada 100 mícrons na granulometria. TABELA 2 – Efeito da redução das partículas sobre
et al., 1993) e (WONDRA et al., 1995) demonstraram melhoria na eficiência alimentar cerca de 1,2% para cada redução de 100 mícrons no tamanho de partícula. Pesquisas mais recentes (PAULK et al., 2011) e (DE JONG et al., 2012b) encontraram uma melhoria de 1 % na eficiência para redução de cada 100 mícrons (Tabela 2). De Jong et al. (2012b), avaliando o efeito da granulometria do milho sobre o desempenho de suínos dos 26 aos 125 kg, observaram que a redução do tamanho da partícula (650 para 320 μm) melhorou
a
conversão
alimentar,
a
eficiência
calórica, o custo de ração por kg de ganho e a renda em relação ao custo de alimentação (IOFC). Segundo relatos de Steinhart et al. (2012), a redução do tamanho da partícula de 900 para 500 mícrons melhora a eficiência alimentar, sendo que, a redução de 100 mícrons do tamanho da partícula melhora cerca de 1 a 1,2 %. Foi evidenciado que a redução no tamanho das partículas não influencia no ganho de peso dos suínos. Mavromichalis et al. (2000) relataram melhorias de 10 e 9% nas taxas de eficiência alimentar e de ganho quando o tamanho da partícula de trigo foi reduzido de 1300 para 600 mícrons. Giesemann et al. (1990) demonstraram melhora da eficiência de ganho para suínos em terminação alimentados com milho e sorgo quando foi reduzido o tamanho de partícula de 1500 para 640 mícrons.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8826-8834, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
8829
Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
sem efeitos negativos no ganho de peso e consumo, porém, causa aumento na conversão alimentar. Além disso, a casca de soja não responde da mesma forma que os grãos de cereais, que quando são adicionados em partículas reduzidas promovem melhora no desempenho, e o mecanismo pelo qual isso acontece não está esclarecido. A INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE PARTÍCULA SOBRE
O
DESEMPENHO
DE
PORCAS
EM
LACTAÇÃO A preocupação da maioria dos produtores de suínos com a redução do tamanho das partículas de rações fareladas seria em relação à diminuição do consumo voluntário de ração das porcas lactantes. No entanto, estudos
demonstraram
que
a
ingestão
foi
efetivamente aumentada quando o tamanho da partícula foi reduzido. Millet et al. (2012) estudaram o efeito da quantidade de fibra bruta (4% e 9%) e da granulometria (1,5 ou 6,0 mm) em rações para suínos durante a fases de crescimento
e
terminação
(24
aos
106
kg),
verificaram que os animais que consumiram rações finamente moídas apresentaram melhor eficiência alimentar, com forte tendência a interação entre tamanho de partícula e quantidade de fibra. Nesse mesmo
estudo,
incidência
de
os
autores
lesões
verificaram
gástricas
em
maior suínos
alimentados com dietas finamente moídas e baixa fibra. Segundo os autores, dietas com alta fibra e maior granulometria podem evitar lesões gástricas, porém o presente estudo não encontrou uma estratégia para reduzir o risco de ulceração gástrica e maximizar o desempenho.
objetivo de avaliar o efeito de níveis de inclusão de casca de soja de diferentes granulometrias nas sobre
o
desempenho
milho (1200, 900, 600 ou 400 mícrons) para porcas em lactação, observaram que a redução do tamanho da partícula de 1200 para 400 mícrons melhorou o ganho de peso da leitegada em 1,3% para redução de cada 100 mícrons do tamanho da partícula, e ainda aumentou a ingestão voluntária de ração e a digestibilidade
dos
nutrientes
(Figura
1).Esses
autores verificaram que os grãos moídos em moinho de martelos apresentaram energia de moagem aumentada ligeiramente (2,7 a 3,8 kWh/tonelada) quando o tamanho da partícula diminuiu de 1000 a 600 mícrons. No entanto, a energia necessária para reduzir o tamanho da partícula para 400 mícrons foi mais do que o dobro (ou seja, 8,1 kWh/t) do que a energia requerida para moer o milho a 600 mícrons.
Goehring et al. (2012) realizaram um estudo com
dietas,
Wondra et al. (1995c), avaliando a granulometria do
de
suínos
em
crescimento e terminação.
Baudon et al. (2003), trabalhando com níveis de tamanho de partículas de milho (1500, 900 e 600 µm) em dietas para porcas lactantes (1º a 4º partos), verificaram aumento linear do consumo voluntário de ração à medida em que se foi reduzindo a partícula.
O aumento no nível de inclusão da casca de soja
Em relação ao retorno ao estro após o desmame em
proporcionou piora na conversão alimentar dos
dias e a perda de gordura subcutânea das porcas
animais, o que segundo os autores pode ser
houve redução à medida que se diminuiu o tamanho
atribuído à diminuição dos níveis de energia da
de partícula de milho. Esses autores também
dieta. A moagem da casca de soja também resultou
verificaram melhora significativa na ingestão de
em piores resultados de conversão alimentar. Os
energia,
autores sugeriram que a casca de soja pode ser
digestibilidade da energia das porcas à medida que
utilizada em rações para suínos até 15% de inclusão,
se reduziu o tamanho de partícula do milho.
8830
na
ingestão
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8826-8834, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
de
nitrogênio
e
na
Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
Infelizmente, os números de experimentos em É
A INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE PARTÍCULA EM RELAÇÃO À DIGESTIBILIDADE DOS SUÍNOS A influência do tamanho da partícula sobre o
geralmente reconhecido que as porcas de alta
conteúdo de energia digestível dos grãos como trigo
produção têm necessidades de nutrientes que não
e cevada foi relatada por Oryschak et al. (2002). Eles
são atendidas pelos regimes dietéticos tradicionais.
demonstraram que a energia digestível do conteúdo
O aumento da ingestão de nutrientes das porcas tem
do trigo e cevada, é significativamente mais baixa
demonstrado que melhora o desempenho (KING &
quando a semente inteira é ingerida pelos suínos.
WILLIAMS, 1984; BRENDEMUHL et al., 1987).No
Sendo que, a moagem aumenta o teor de energia
entanto, a redução no tamanho das partículas não
digestível, no entanto, o grau de moagem tem pouco
ocorre
e
efeito sobre o coeficiente de digestibilidade da
queratinização são sempre uma preocupação com
energia. Ou seja, há pouco benefício na moagem
as dietas finamente moídas. A queratinização é uma
mais grossa, a menos que a moagem seja tão fina
indicação de irritação do estômago, que pode
que a aleurone e sub-camadas da aleurona das
conduzir a úlceras. Os estômagos foram pontuados
sementes sejam rompidas.
relação ao tamanho de partículas para porcas em lactação
são
sem
em
custo.
número
muito
Úlceras
do
reduzido.
estômago
de 0 a 4 (normal à úlcera grave) e de 0 a 3 (nenhum a queratinização grave). Foi verificado que a ulceração e a queratinização do estômago foi aumentada com a redução do tamanho de partícula da dieta (WONDRA et al., 1992).
Oryschak et al. (2002) examinaram o efeito do tamanho de partícula de cevada e ervilha com adição de fitase na excreção de suínos em crescimento e mostrou que o tamanho de partícula afeta a excreção de nitrogênio e a digestibilidade da
FIGURA 1 - Efeito do tamanho da partícula de milho
energia. Os grãos foram moídos em moínho martelo,
sobre o desempenho e energia digestível de porcas
de modo a ter um tamanho médio de partícula de
primíparas
400, 700 ou 850 µm. Esses autores observaram que o tamanho das partículas da ração influenciou a excreção de nitrogênio nas fezes e na urina. A redução do tamanho de partícula de 850 e 700 µm para 400 µm reduziu a excreção fecal de nitrogênio em 18 e 14%, respectivamente, e aumentou a digestibilidade
de
nitrogênio
em
6
e
5%,
respectivamente, mas os tamanhos de 700 e 850 µm não diferiram entre si. A digestibilidade da energia e do teor de energia digestível das dietas foram também afetados pelo tamanho da partícula. A redução de tamanho de partícula de 850 e 700 µm para 400 µm aumentou a digestibilidade
de
energia
em
2
e
3%,
respectivamente. Assim, os resultados de Oryschak et al. (2002) sugerem que a redução do tamanho de partícula de dietas com um valor inferior a 700 µm aumenta a área de superfície exposta as enzimas digestivas, especificamente proteases. Melhorias similares na digestibilidade de nitrogênio foram Fonte: (WONDRA et al., 1995ab).
relatadas
por
dietas
à
base
de
trigo
(MAVROMICHALIS et al., 2000), milho (WONDRA et Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8826-8834, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
8831
Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
al., 1995a,b) e sorgo (OWSLEYet al., 1981). Em
as dietas com tamanho muito fino, resultado do
oposição, a redução do tamanho de partícula de
tamanho de partícula em um ambiente mais fluido
cevada em dietas para suínos não melhorou a
no estômago e, posteriormente, com os ácidos
digestibilidade de nitrogênio (LAURINEN et al.,
estomacais, têm um maior contato com a região
2000).
paraesofágica.
Aumentos na digestibilidade de energia foram consistentes com a redução do tamanho de partícula
Há evidências que a alimentação com dietas
da dieta, também tem sido mostrada em milho
contendo partículas finas aumenta a acidez do
(WONDRA et al., 1995a,b,c) e com dietas à base
estômago e aumenta a atividade da pepsina na
sorgo (HEALY et al., 1994).
região esofágica do estômago e aumenta a taxa de passagem da alimentação. Embora exista uma
Segundo Van Barneveld & Hewiit (2003), a redução do tamanho (abaixo de 700 µm) de partículas de trigo, cevada, sorgo e milho há evidências que melhora a retenção de nitrogênio e de utilização de energia. Há pouca diferença no valor nutricional dos grãos de cereais moídos entre 700 e 1500 µm. Tamanhos de partículas finas (por exemplo, 400 µm) pode melhorar a eficiência de retenção de nitrogênio
quantidade significativa de investigações que descreve uma relação entre o tamanho de partícula e a incidência de úlceras gástricas, alguns tentaram quantificar o tamanho das partículas de diferentes tipos de grãos que inicia a ulceração e se compensa esta incidência em relação ao desempenho animal e digestibilidade dos nutrientes.
e utilização de energia em suínos em crescimento. Wondra et al. (1995b), compararam os efeitos do Com base na energia de moagem, o crescimento, morfologia
do
estômago,
a
digestibilidade
de
nutrientes e excreção de nutrientes, um tamanho de partícula de 600 µm é aceitável para dietas à base de milho oferecidos na forma farelada ou peletizada (VAN BARNEVELD & HEWITT, 2003). Por outro lado, Ribeiro et al. (2007) relataram o tamanho de partícula de milho recomendado para suínos é de
tamanho
de
partícula
desempenho
e
produtivo,
peletização
no
digestibilidade
de
nutrientes e morfologia do estômago em suínos em terminação. Os animais foram alimentados com uma dieta à base de milho e farelo de soja, com o milho moído em diferentes tamanhos de partículas (1000, 800, 600 ou 400 µm), as dietas estavam na forma farelada ou peletizada.
500 a 650 µm. Os autores verificaram que as lesões estomacais A INFLUÊNCIA DA PARTÍCULA DOS GRÃS E A SAÚDE GASTROINTESTINAL
partículas e foram reduzidas na peletização.
Há uma vasta quantidade de informação na literatura sobre a relação entre tamanho de partículas de grãos e a incidência de úlceras gástricas (WONDRA et al., 1995a,b; DIRKZWAGER et al., 1998; DE JONG et al., 2012).
estão envolvidos na predisposição de úlceras gástricas, sendo que a ração finamente triturada é um dos principais fatores que contribuem. Úlceras estomacais em suínos ocorrem quase nas
regiões
não-glandulares
paraesofágica. Esta área é uma continuação do esofago e, como tal, não têm a capacidade de secretar o muco, como um mecanismo de proteção contra o ambiente estomacal. Tem sido sugerido que 8832
Wondra
et
al.
considerando crescimento,
(1995b)
a a
concluiram,
que
energia
de
moagem,
o
morfologia
do
estômago,
a
digestibilidade de nutrientes e excreção de nutrientes, que um tamanho de partículas de 600
Embora seja claro que existem muitos fatores que
exclusivamente
e queratinização aumentaram com o tamanho das
µm é aceitável para dietas à base de milho oferecidos nas formas fareladas ou peletizadas. Guise et al. (1997) relataram a prevalência de úlceras
gástricas
realizadas
em
com
base
frigoríficos
e
nas
análises
relacionou
ao
desempenho dos suínos. Constataram que a presença de úlceras leves ou graves não teve influência significativa sobre a taxa de ganho dos suínos. Nesse contexto, a alta incidência de úlceras gástricas não significa necessariamente
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.6, p.8826-8834, nov/dez, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 529 - A influência do tamanho da partícula da ração sobre o desempenho de suínos
que compromete o desempenho dos suínos a
occurrence
of
oesophagogastric
lesions
and
menos que a ulceração culmina na morte dos
performance in growing-finishing pigs. Livestock
suínos, que é mais provável sob condições de
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