NutriTime Revista Eletrônica n. 01 vol. 14 2017

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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

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Sumário

ARTIGOS 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare) ...............................................4919 Paula Del Caro Selvatici, José Francisco Valério Júnior, Willes Marques Farias, Bruno Dias do Santos, Pedro Pierro Mendonça

407 – Produtividade e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho e duas alturas de corte........................................................................................................................................ ..........................................4928 Taiz Borges Ribeiro, Wilian Henrique Diniz Buso, Lidiane de Oliveira Silva, Halef Pereira de Oliveira, Alan Soares Machado 408- Alimentação e nutrição de pacu (Piractus mesopotamicus) ..........................................................................4936 Fagner Machado Ribeiro, Everton Oliveira dos Santos, Emizael Menezes de Almeida, Paulo Vitor Divino Xavier Freitas, Taiz Borges Ribeiro, Thony Assis Carvalho

409 – Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para a alimentação de bovinos: revisão de literatura ....................................................................................................................................4944 Kárito Augusto Pereira, Alliny das Graças Amaral, Anderson Rodrigues de Oliveira, Angelo Herbet Moreira Arcanjo, Jessica Caetano Dias Campos

410 – Conjuntura da pecuária leiteira no Brasil ...........................................................................................................4954 Adriano Medeiros da Silva, José Crisólogo de Sales Silva, Lívio Kelver Martins da Silva, Alex Romualdo Nunes de Oliveira, Danivia Maria Ferreira de Moura

411 - Consumo de leite orgânico em Arapiraca ...........................................................................................................4959 Fernanda de Araujo Vieira, José Crisólogo de Sales Silva, Rafaelle Santos Santana 412 – A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil ......................................................................4964 Ivan silva frança, José Crisólogo de Sales silva, Pedro Queiroz de Lima 413 – Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas ...................................................................................................................................4970 Fábio Sales de Albuquerque Cunha, Antônio Tavares de Oliveira



Manejo alimentar de juvenis de acará bandeira (Pterophyllum scalare) Nutrição, peixe ornamental, restrição alimentar.

Paula Del Caro Selvatici¹ José Francisco Valério Júnior² Willes Marques Farias³ 3 Bruno Dias do Santos 4 Pedro Pierro Mendonça

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

¹Graduada em Tecnologia em Aquicultura, mestranda em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. paulaselvatici@gmail.com ²Graduando em Engenharia de Aquicultura, pelo Instituto Federal do Espírito Santo - IFES Campus Alegre. ³Graduando em Engenharia de Aquicultura, pelo Instituto Federal do Espírito Santo - IFES Campus Alegre. 4 Graduado em Zootecnia, doutor em Ciência animal pela Universidade Federal do Norte Fluminense - UENF.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO O acará bandeira (Pterophyllum scalare) está entre

FOOD MANAGEMENT IN JUVENILE IN ANGEL

as

FISH (Pterophyllum scalare)

espécies

ornamentais

mais

conhecidas

e

comercializadas, devido a sua beleza e docilidade. O manejo alimentar adequado para as formas jovens ainda é uma questão que precisa ser avaliada.

ABSTRACT

Assim o objetivo do trabalho foi avaliar a influência da restrição e frequência alimentar no desempenho produtivo, do acará bandeira (P. scalare). O

ornamental species more known and marketed due to its beauty and docility. Proper feed management

experimento

IFES – Campus de Alegre, utilizando 288 juvenis com peso e comprimento inicial médio 561,0

evaluated. Thus the objective of this study was to evaluate the influence of restriction and feeding frequency on growth performance, flag discus (P. scalare). The experiment was conducted at the

mg e 1,86 cm, respectivamente. O trabalho foi montado em esquema fatorial (3x4) com três

Laboratório de nutrição e produção de espécies ornamentais of IFES - Campus Alegre using 288

períodos de restrição alimentar, quatro frequências alimentares e quatro repetições, totalizando 48

juveniles with weight and average initial length of

foi

conduzido

no

Laboratório

de

Nutrição e Produção de Espécies Ornamentais do

The angelfish (Pterophyllum scalare), is among the

for young forms is still an issue that needs to be

unidades experimentais. Foi avaliado o ganho de

561, 0 mg and 1, 86 cm, respectively. The work was mounted in a factorial design (3x4) with three periods

peso, comprimento final, altura, consumo de ração, conversão alimentar, taxa de crescimento específico,

of food restriction, four food frequencies and four replications, totaling 48 experimental units. They

taxa de eficiência proteica e sobrevivência, pela análise de variância e posteriormente ao teste de

evaluated weight gain, final length, height, feed intake, feed conversion, specific growth rate, protein

Tukey a 1% de probabilidade. Os melhores resultados observados foram para arraçoamento

efficiency rate and survival, by analysis of variance

diário, independente da quantidade de tratos.

and then Tukey's test at 1% probability. The best results were observed for daily feeding, regardless of

Palavras-chave: Nutrição, peixe ornamental,

the amount of treatment.

restrição alimentar. 4919

Keyword: Nutrition, ornamental fish, food restriction.


Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

INTRODUÇÃO

podemos

O comércio de peixes ornamentais é um dos setores

mercado aquarista, como por exemplo, o acará disco

mais lucrativos da aquicultura mundial, sendo o

(Shymphysodon aequifasciata), oscar (Astronatus

Brasil considerado o maior celeiro mundial de

ocelatus), tetra cardinal (Paracheirodon axelrodi),

espécies ornamentais de água doce. A grande

acará bandeira (Pterophyllum scalare) e coridora

demanda exigida pelo mercado, muitas vezes não é

(Corydoras sp.).

citar

as

comumente

procuradas

no

atingida, aumentando ainda mais a pesca extrativista e exploração dos estoques da Amazônia e do

Das espécies citadas acima, uma que possui grande

Pantanal. Apesar desse aumento extrativista, a

destaque

pesca, não tem consolidado a competitividade do

(Pterophyllum scalare), que é originário da bacia

país no mercado, devido a esses ambientes de

amazônica e pertence à família dos ciclídeos, e está

captura já estarem praticamente no limite da

entre

sustentabilidade (VIDAL JÚNIOR, 2007).

comercializadas, tendo grande destaque por sua

comercial

as

é

espécies

o

Acará

bandeira

ornamentais

mais

beleza, diversidade de colorações, como também O

número

aumentando

de

pescadores

consideravelmente,

também

vem

tornando

a

por sua docilidade e boa adaptação aos diferentes sistemas de cultivo (RIBEIRO et al., 2008)

atividade da pesca menos rentável, já que com a grande oferta de peixes a venda, os preços muitas

O comércio desses animais movimenta grande

vezes acabam sendo mais baixos, fazendo com os

quantidade monetária, tanto no Brasil, como no

pescadores procurem adquirir mais animais. Com

exterior. O valor das exportações do mercado

esse aumento da pesca extrativista, algumas

internacional de peixes ornamentais entre os anos

espécies de peixes correm risco de extinção,

de 2002-2005 foi de 9,6 milhões, sendo a família

causando desequilíbrio ambiental. Dessa forma,

Ciclidae responsável por 2,8 % dessa exportação

verifica a necessidade do desenvolvimento de

(ANJOS et al., 2009).

técnicas de criação e produção dessas espécies No cultivo de peixes, ração é o insumo mais oneroso

ornamentais em cativeiro.

dentro da produção de peixes de corte, podendo A aquicultura surge então, como técnica estratégica

chegar a 70% do custo total final, porém, para as

de produção de animais aquáticos em cativeiro,

espécies ornamentais esse valor não chega aos 30%

podendo ser feita em laboratórios ou em viveiros de

desse custo. Essa e outras vantagens impulsionaram

terra. Assim, a coleta na natureza é feita para

a produção desse tipo de peixes (Vidal Júnior, 2007).

captura de animais adultos que servirão para formação de casal e reprodução, e de formas jovens

No entanto, esse baixo valor de custo pode ter um

para avaliar o potencial de criação desses animais

aumento significativo, dependendo de como o

em cativeiro. Os sistemas de criação que fazem

produtor oferece a ração aos animais, sendo

parte da aquicultura, se adequam a quase todas as

necessária a avaliação prévia de consumo pelos

espécies de peixes ornamentais comercializadas.

animais. A oferta de ração sem controle de quantidade pode gerar desperdício, acúmulo de

Dessa forma o cultivo de peixes em cativeiro, dispõe

matéria orgânica no fundo do local de cultivo e

em maior quantidade de animais para o comércio,

surgimento de patógenos, quando jogada em

tem otimização de espaços físicos e áreas alagadas

excesso. Podendo ocorrer também o crescimento

e também um compromisso de diminuir a coleta

desuniforme

excessiva

aproveitamento dos nutrientes da ração e um

na

natureza,

promovendo

também

contratações de funcionários sem grande nível de

dos

animais,

além

do

mau

consequente aumento de custo.

escolaridade, atendendo a necessidade de emprego A vista disso, a adoção do manejo alimentar ideal,

da comunidade.

permite que haja a diminuição do desperdício, bem Dentre as espécies capturadas e comercializadas,

como melhorar o crescimento, conversão alimentar e

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Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

sobrevivência dos animais cultivados. Dentro do

O experimento teve duração de 60 dias, onde foram

manejo alimentar, pode-se destacar, a frequência e

testados três períodos de restrição (alimentados todo

a restrição alimentar, que quando trabalhadas em

dia, a cada dois dias e a cada quatro dias) e quatro

conjunto podem trazer muitos benefícios, tanto para

frequências alimentares (1, 2, 4 e 6 vezes ao dia),

o produtor, bem como para os peixes (CYRINO et

caracterizando arranjo fatorial 3x4. Os tratamentos

al., 2010; SANTOS et al., 2013; ZUANON et al.,

foram combinados e distribuídos de forma aleatória,

2011).

utilizando DIC.

A frequência alimentar, que pode ser caracterizada

A ração fornecida foi ração comercial farelada

como o número de vezes que o alimento é oferecido

contendo 45 % de proteína bruta, pesada em

aos animais e a restrição alimentar, caracterizada

balança analítica com precisão de quatro casas e

como o período de tempo (em dias) em que os

distribuída em potes. Os animais do tratamento que

animais ficam sem alimentação (CARNEIRO e

recebem alimentação uma vez ao dia recebem o

MIKOS, 2005).

valor de biomassa total de uma só vez; o que recebe duas vezes recebe o mesmo valor de biomassa,

Através desse manejo, os animais passam a

porém dividida em dois tratos; e assim para o que

estabelecer os momentos de procura pelo alimento,

recebe quatro vezes, dividido em quatro tratos e para

ajustando o tempo entre as alimentações, logo,

o que recebe seis vezes, dividido em seis tratos.

ajustando a quantidade de alimento consumido. Essas estratégias podem mudar de acordo com a

Os animais passaram por um período de adaptação

espécie, idade do animal, sistema de cultivo,

de cinco dias com a ração utilizada no experimento.

qualidade de água e outros. Dessa forma a

Durante esse tempo foi observado o aparecimento

alimentação das diversas fases de desenvolvimento,

de animais doentes, sendo feito o descarte dos

das variadas espécies, são respostas que precisam

mesmos. Todo esse procedimento foi realizado na

ser buscadas pelos pesquisadores (CARNEIRO e

área de reprodução do laboratório.

MIKOS, 2005). Posteriormente os animais foram remanejados para Assim o objetivo do trabalho foi avaliar a restrição e

a área experimental, onde passaram por período de

frequência alimentar no desempenho produtivo de

jejum de 24 h para o esvaziamento do trato

juvenis de acará bandeira (P. scalare).

gastrointestinal, de modo não interferir no peso real do animal, para a realização da biometria inicial.

MATERIAIS É METODOS

Após 24 h, os animais foram medidos e pesados e

O experimento foi conduzido no Laboratório de

distribuídos nas unidades experimentais.

Nutrição e Produção de Espécies Ornamentais do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus de

A

Alegre. Foram utilizados 288 juvenis de acará

manutenção dos parâmetros de qualidade de água

bandeira

foram

com

peso

médio

de

561,0

mg

e

limpeza

das

padronizadas

unidades para

experimentais

todas

as

e

unidades

comprimento total médio de 1,86 cm, distribuídos em

experimentais com a retirada de 1L de água, de

48

unidades

modo que toda, ou a maior parte da sujeira fosse

experimentais foram compostas por baldes plásticos

retirada junto com essa quantidade de água, sendo

-1

com capacidade de 6L , com seis animais por

esse procedimento realizado todos os dias após a

unidade experimental.

última alimentação. Após a limpeza, a mesma

unidades

experimentais.

As

quantidade de água retirada (1L), foi devolvida em As unidades experimentais estavam equipadas com

forma de água limpa.

aeração constante e a troca de água foi feita todo dia no final da última alimentação de acordo com o

Como parâmetros de qualidade de água, foram

tratamento correspondente.

mensurados:

temperatura

diariamente;

potencial

hidrogeniônico (pH); oxigênio dissolvido diariamente e amônia, sendo a amônia apenas com o objetivo de 4921

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Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

acompanhamento.

talidade e que o valor encontrado supriu as necessidades dos animais.

A biometria dos animais foi realizada aos: 0, 20, 40 e 60 dias de experimentação. Antes da realização de

Luz e Portela (2005), trabalhando com diferentes

cada biometria, os animais ficaram em jejum de 24 h

níveis de arraçoamento e frequências alimentares

para a limpeza do tratogastrointestinal.

para larvas de trairão (Hoplias lacerdae), também não encontraram diferença nos níveis de oxigênio

Os parâmetros zootécnicos avaliados foram o ganho

entre os diferentes tratamentos. Os valores médios

de peso, comprimento final, altura, consumo de

de pH 7,2 ± 2,34 e de amônia encontram - se dentro

ração, conversão alimentar, taxa de crescimento

da faixa ideal para espécie.

específico,

taxa

de

eficiência

proteica

e

sobrevivência.

Apesar das variáveis de qualidade de água não terem sido influenciadas pelos tratamentos, vale

Para a realização dessas avaliações, os animais

ressaltar que, o fornecimento exagerado de ração,

foram submetidos à anestesia em eugenol 10%,

ou uma alta frequência de alimentação poderiam

sendo utilizado um vasilhame de 2L para a

interferir de forma inadequada nos parâmetros de

contenção dos mesmos. Após a anestesia e

qualidade de água. Um excesso de ração pode

realização

foram

provocar acúmulo de matéria orgânica no fundo das

remanejados para as unidades experimentais, com

unidades experimentais, já que o sistema não era de

água limpa e aeração para retorno.

recirculação.

Para a análise dos dados foi utilizado o programa

Os resultados para desempenho para juvenis de

estatístico Sisvar 5.6 Build 86. Os dados coletados

acará bandeira submetidos a diferentes frequências

foram

alimentares e diferentes tempos de jejum são

das

medições,

submetidos

à

os

análise

animais

de

variância

e

posteriormente ao teste de Tukey a 1% de

apresentados na tabela 1 (em anexo).

probabilidade. O comprimento total final foi significativo para o cada

efeito da restrição e frequência, porém, não foi

tratamento, restrição e frequência e também para a

significativo para a interação entre os tratamentos. A

interação dos dois.

maior média encontrada para comprimento final

Os

parâmetros

foram

avaliados

para

pode ser observada para os animais submetidos a b

RESULTADOS E DISCUSSÃO

uma frequência de 4 vezes ao dia (2,29 ± 0,28) e

Os valores dos parâmetros de qualidade de água

para os animais que não estavam submetidos a

avaliados não foram influenciados pela frequência e

nenhuma restrição (2,48 ± 0,16). Esses resultados

nem pela restrição. As unidades experimentais

podem ser explicados pela melhor distribuição do

mantiveram a temperatura da água constante, com

alimento e absorção dos nutrientes pelo metabolismo

média de 27,8 ± 2,67º C, estando dentro da faixa

do animal, já que a oportunidade de obtenção de

ideal para a espécie em todas as unidades

alimento era maior.

a

experimentais, segundo, Pérez et al. (2003), que recomendam valores até 30º C para criação.

Zhou et al. (2003), trabalhando com juvenis de carpa gibel

(Carassius

frequência

gibelio),

observou

alimentar

sobre

a

As concentrações de oxigênio dissolvido da água

influencia

dos baldes apresentaram a concentração média de

crescimento e utilização do alimento para esses

-1

da

auratus

o

5,5 ± 1,38 mg.L . Vasquez (2008) também trabalhou

animais. Os autores testaram 2, 3, 4, 12 e 24

com frequência alimentar para acará bandeira, e

refeições por dia e foi observado que quanto mais se

-1

obteve 5,21 ± 0,03 mg.L de oxigênio dissolvido em

aumentava a frequência, melhor era o desempenho

seus aquários experimentais, dizendo não haver mor-

produtivo. Diferente do encontrado neste trabalho, onde os animais das frequências mais altas não apre-

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Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

Kuni (2010), trabalhando com duas frequências

Os resultados obtidos para a sobrevivência mostram

alimentares e três níveis de arraçoamentos (6, 12 e

que

24 vezes por dia e cinco e 10 % da biomassa) para

significativos para a restrição, já para a frequência e

Kinguios com peso médio de 6 g, obteve melhor

interação

desempenho produtivo para os animais alimentados

significativamente. Entre os animais submetidos à

com a maior frequência (24) e menor taxa de

restrição, os que estavam submetidos ao jejum

biomassa

foram os que apresentaram melhor sobrevivência,

de

5

%.

Isso

mostra

melhor

essa

b

variável

dos

apresentou

tratamentos

não

resultados foi

afetada

aproveitamento do alimento quando servido em

98,61

pequenas porções.

observados para os animais submetidos a quatro

±

4,81.

Os

piores

resultados

foram

dias de restrição, com uma sobrevivência de (79,17

a

Porém, Hayashi et al. (2004), trabalhando com

± 18,97). Apesar da não significância, a frequência

frequências alimentares para juvenis de lambari do

de seis vezes ao dia, foi a que apresentou um maior

rabo amarelo (Astyanax bimaculatus), utilizou 2, 4, 6

índice de sobrevivência (94,44 ± 11,79) no final do

e 8 alimentações diárias, e obteve os melhores

experimento.

a

resultados para as frequências mais baixas, sendo a de maior destaque, a frequência de 4 vezes ao dia.

A não interferência da frequência alimentar sugere

Neste caso, a menor frequência mostrou melhor

que

desempenho.

alimento, apesar de ter sido observada hierarquia de

não

houve

alimentação,

grande

onde

os

competitividade animais

pelo

maiores

se

Os dados encontrados no presente trabalho, onde

alimentavam primeiro. Esse fato mostra que o

uma frequência mais baixa foi a que apresentou um

alimento

melhor resultado para o acará bandeira corrobora

fisiológica dos animais no manejo adotado.

supriu

nutricionalmente

a

demanda

com os encontrados por esses autores. Assim, fica claro observar que, cada espécie, em fases de

Foi observada maior mortalidade entre os menores

desenvolvimento praticamente iguais, depende de

juvenis de acara bandeira e nos tratamentos com

formas diferentes de alimentação.

maiores períodos restrição alimentar. Possivelmente esses animais se alimentavam menos em função de

O consumo de ração segundo Wang et al. (1998),

tamanho e hierarquia de grupo, onde os animais

tende a aumentar a medida que se aumenta a

maiores se alimentavam primeiro. Segundo Ribeiro

frequência alimentar. Neste trabalho, apesar do

et

consumo não ter aumentado gradativamente, como

comportamento hierárquico quando mais adultos,

sugerido, é possível observar maior valor numérico

sendo os animais menores subjulgados por animais

de consumo para os animais alimentados seis vezes

mais desenvolvidos. Somado a este fato, o longo

ao dia.

período de restrição, possivelmente, colocou os

al.

(2007),

esses

animais

tendem

a

um

animais em condição nutricional desfavorável, e Neste trabalho o consumo de ração teve efeito

provavelmente os levou a morte.

significativo para o tratamento restrição e não significativo para frequência e nem entre a interação dos dois. Dentro do tratamento restrição, os animais que

não

estavam

alimentavam

todos

submetidos os

dias),

ao

jejum

(se

os

que

foram

apresentaram um maior consumo de ração, 426,16

a

± 60,61, sendo justificado por um ritmo de consumo contínuo,

sem

grandes

intervalos

entre

aumentava para dois e quatro dias, o consumo b

tendeu a queda, 177,60 ± 20,71 e 139,06 ± 102,70 respectivamente.

taxa

de

crescimento

específico

apresentou

significância apenas para o efeito restrição, sendo os animais que não estavam submetidos ao jejum os a

que apresentaram a maior taxa de crescimento 1,68 b

± 0,31, seguidos por dois dias de restrição 0,79 ± b

0,28 e 4 dias de restrição 0,51 ± 0,29.

as

alimentações. À medida que o período de jejum b

A

O

valor

encontrado

da

taxa

neste

de

crescimento

trabalho

para

específico

animais

sem

restrição está acima do encontrado por Ribeiro et al. (2007), que trabalhando com a mesma espécie e obteve valor de crescimento específico de 1,44 %/ dia. Porém, alguns autores encontraram valores bem

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Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

acima do obtido nesse trabalho e também obtido por

mente do que animais mais magros. Logo animais

Ribeiro et al. (2007), como podemos observar nos

maiores e aparentemente saudáveis são mais

resultados do trabalho de Rodrigues e Fernandes

atrativos no mercado e também mais caros.

(2006), que alimentaram os animais diariamente,

Ressaltando que a ração utilizada não foi para

sem restrição, com dietas processadas de formas

peixes ornamentais e sim de uso comum na

diferentes, e observou uma taxa de crescimento

aquicultura.

específico dos animais de 1,80%/dia. Os resultados de ganho de peso foram significativos O trabalho de Zuanon et al. (2006), que utilizando

somente para o efeito restrição, onde os animais que

diferentes níveis de proteína bruta, para alevinos de

não estavam submetidos ao jejum, foram os que

acará bandeira, obteve um valor para taxa de

apresentaram os melhores resultados, 157,82 ±

crescimento específico de 2,47 %/ dia, bem maior do

31,15 mg. Os peixes não apresentaram efeito

que o encontrado no presente trabalho, e o trabalho

significativo sobre essa variável, tanto individual,

de Nagata et al. (2010), que trabalhando com

como à medida que aumentava. O resultado não

diferentes densidades de acará bandeira, obteve

significativo

uma taxa de crescimento específico de 1,78 %/ dia,

considerado bom, já que o aumento da frequência

-1

para a densidade de 0,33 peixe.L .

a

para

as

frequências

pode

ser

requer maior demanda de mão de obra e assim, aumento dos custos.

Os trabalhos citados no parágrafo acima, assim como o resultado do presente trabalho, mostram que

Diferente do encontrado nesse trabalho, Hayashi et

a espécie tem grande potencial de desenvolvimento

al. (2004), encontraram diferenças significativas

em cativeiro, e que pode ser otimizado quando o

(p<0,05) nesta variável para lambari do rabo

alimento, a fonte de proteína, densidade, forma de

amarelo, quando alimentados, 2, 4, 6, e 8 vezes por

alimentação

dia. O ganho de peso dos animais aumentou de

e

sistemas

de

criação

forem

adequados.

acordo com a frequência alimentar, apesar das frequências de seis e oito não apresentarem

Para os animais que estavam em restrição, os

diferença estatística significativa (p<0,05), e o que

baixos valores de crescimento específico podem ser

melhor se mostrou eficiente para ganho de peso foi o

justificados pelo baixo consumo de ração. A ração

trato de quatro vezes ao dia, assim, observa-se que

usada no trabalho era destinada ao uso para

nem sempre o maior trato é o melhor.

alimentação de peixes de corte, e apesar de estar acima das necessidades nutricionais da espécie,

Vasquez

(2008),

que

também

trabalhou

com

não permitiu que o animal exercesse seu potencial

frequência e níveis alimentares, para acará bandeira,

máximo.

testou as frequências de 1 e 2 vezes ao dia e os níveis de arraçoamento de 3 e 6 % do peso vivo,

Ribeiro et al. (2007), testando diferentes níveis de

obteve resultados significativos para ganho de peso,

proteína bruta(PB) para juvenis de acará bandeira,

entre os tratamentos. A frequência de duas vezes ao

utilizou (26 %, 28 %, 30 % e 32 % de PB) nas

dia foi a que apresentou o melhor resultado para a

rações. Os autores submeteram os dados a uma

variável

análise de regressão e observaram que níveis

arraçoamento

superiores a 32% de PB na ração podem resultar em

experimento), o que se destacou foi o de 6%.

avaliada

e

(não

enquanto

ao

testado

no

nível

de

presente

maiores valores de ganho de peso, consumo de ração e taxa de crescimento específico. Podendo

A conversão alimentar aparente dos animais (CAA)

ser concluído que a exigência proteica da espécie

não apresentou efeito significativo (P<0,01) para a

está possivelmente entre 32 e 34 %.

frequência, restrição e nem pela interação dos dois. Porém, os melhores índices foram obtidos para os a

Os peixes ornamentais são classificados para venda

animais que não foram submetidos à restrição (2,75

pelo tamanho e não pelo peso, porém peixes com a

± 0,55) e que foram alimentados uma vez ao dia

aparência de bem nutridos são vendidos mais facil-

(3,21 ± 0,98). Os piores valores de conversão alimentar

a

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4919-4927, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4924


Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

foram obtidos para os peixes que recebera, quatro a

dias de restrição (6,36 ± 6,66), e para aqueles que a

bruta na dieta, causa valores baixos de TEP (taxa de eficiência proteica), pois leva ao uso de parte da

foram alimentados quatro vezes ao dia (5,33 ±

proteína como fonte de obtenção de energia

7,35).

imediata, pois é uma via fácil de obtenção (Ribeiro et al., 2007). Dessa forma, ao invés da proteína ser

Resultado semelhante ao deste trabalho, também foi

destinada a criação e formação de tecidos ela é

encontrado por Ferreira et al.(2007), que trabalhou

utilizada como energia, tornando-se ineficiente, pois

com 2, 4, 6 frequências alimentares, para alevinos

não desempenhará a sua função principal.

de dourados, e obteve resultados não significativos entre os tratamentos, para conversão alimentar.

Os valores para a taxa de eficiência proteica

Carneiro e Mikos (2005), avaliando a produtividade

encontrados

de alevinos de jundiá com 1, 2, 3 e 4 frequências

diferença

alimentares e Hayashi et al. (2004) para lambari do

frequência e nem para a interação dos dois

rabo amarelo,

tratamentos. Porém, pode-se ressaltar os melhores

também obtiveram resultado não

neste

trabalho

estatística

para

não

apresentaram

restrição,

nem

para

a

significativo para essa variável.

resultados, sendo 0,84 ± 0,19 para os animais que estavam sem restrição (não submetidos ao jejum) e

Porém, Meurer et al. (2005), trabalhando com

a

0,87 ± 0,37.

diferentes frequências alimentares para lambari do rabo amarelo, observaram a partir da análise de

Os dados encontrado por Ribeiro et al. (2007) para

regressão, o crescimento linear da CAA a medida

juvenis de acará bandeira, testando diferentes níveis

que se aumentava os níveis de arraçoamento. Fato

de PB na dieta, obtiveram valores para essa variável

não observado no presente trabalho, onde a CCA

acima do encontrado nesse trabalho, sendo o de

aumentou de forma crescente somente até a

1,68 ± 0,19 o menor valor para o nível de 30% e 1,77

frequência de quatro vezes ao dia, e teve um

± 0,16 para o nível de 32%. Os autores também

decréscimo na frequência de seis vezes, quando

relataram que não houve diferença estatística para

comparada a frequência de quatro vezes.

essa variável entre os níveis de proteína testados, como obtido nesse trabalho.

Vale ressaltar que uma ração de ótima qualidade, pode

nem

fornecida

sempre de

ser tão eficiente,

forma

demasiada,

quando

Rações

diferentes

apresentaram

resultados

causando

diferentes no mesmo animal, exatamente porque a

desperdício e aumento dos custos com gasto de

suas formulações estão destinadas para funções

ração.

diferentes. As rações comerciais comumente são utilizadas para manutenção do metabolismo do

De acordo com os resultados deste trabalho, os

animal para os animais em fase de terminação e

animais que não estavam sob efeito da restrição,

crescimento e formação de tecido muscular para os

apresentaram os melhores resultados para quase

animais mais jovens. A ração experimental é

todas as variáveis, mostrando que, para o acará

formulada especialmente para um experimento a fim

bandeira, o manejo que dentre os tratamentos

de avaliar o desempenho do animal perante os

testados o que possivelmente melhor se adapta a

ingredientes ou aditivos nutricionais utilizados na

espécie é o manejo de alimentação todos os dias.

fabricação.

As frequências alimentares testadas não diferiram

A ração utilizada por Ribeiro et al. (2007), foi

estatisticamente os resultados em quase todas as

formulada

variáveis, podendo-se perceber que, para o acará, o

executado,

importante

dias,

determinados por eles para serem testados para a

independente da quantidade de tratos a ser

espécie, diferente do presente trabalho que era

fornecida.

ração comercial de peixe de corte. Dessa forma os

é

se

alimentar

todos

os

especialmente com

para

ingredientes

o

experimento

e

quantidades

ingredientes utilizados e as quantidades dos mesmos É conhecido na literatura que, o excesso de proteína

nas diferentes rações tendem a desempenhar resultados diferentes no mesmo animal.

4925

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4919-4927, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

Zuanon et al. (2006), testando níveis de proteína bruta em dietas para alevinos de acará bandeira, utilizou

ração

experimental,

com

a

mesma

formulação mudando somente a porcentagem de proteína. Os níveis testados foram 34 %, 38 %, 42 %, 46 % de PB. Obtiveram como resultado para a TEP, significância entre os níveis de proteína testados, diferente do resultado desse trabalho e do trabalho de Ribeiro et al. (2007). Os animais alimentados com 46 % apresentaram TEP

significativamente

menor

do

que

os

alimentados com 34% e 38%. Sendo os valores, b

a

0,86 ± 0,14 para 46% de proteína e 1,20 ± 0,12 e a

VAZQUEZ, L. A. Níveis de arraçoamento e frequência alimentar no desempenho produtivo para acará bandeira (Pterophyllum scalare). Dissertação (mestrado em aquicultura) - Centro de Aquicultura da UNESP, São Paulo, 2008. LUZ, R.K.; PORTELA, M.C. Frequência alimentar na larvicultura de trairão (Hoplias larcedae). Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 34, n.5, p. 14421448, 2005. ZHOU, Z.; CUI, Y.; XIES, S.; XIE, S.; ZHU, X.; LEI, W.; XUE, M. Efect of feeding frequency on growth, diet utilization an size variation of gibel carp (Carassius auratus gibelio). Journal of applied of Icthyology. v. 19, p. 244-249, 2003. KUNI, E.M.F. Frequência alimentar e taxa de alimentação para kinguio criado em hapa: Desempenho produtivo e avaliação econômica. Dissertação (mestrado). Boatucatu, São Paulo, 2010.

1,28 ± 0,18 respectivamente. Mostrando aquilo já dito por Ribeiro et al. (2007), que altos níveis de proteína, tendem a diminuir a TEP, prejudicando a produção de tecido e consequentemente, diminuindo o ganho dos animais. Vale ressaltar que, neste estudo não foi feita avaliação econômica do cultivo de acará bandeira, podendo ter variações nos resultados dependendo do ambiente, do manejo, da mão de obra e da ração

HAYASHI, C.; MEURER, F.; BOSCOLO, W.R.; LACERDA, C.H.F.; KAVATA, L.C.B. Freqüência de arraçoamento para alevinos de lambari do rabo amarelo (Astyanax bimaculatus). Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 33, v.1, p. 21-26, 2004. WANG, Y., CUI, Y., YANG, Y., CAI, F. Compensatory growth in hybrid tilapia (Oreochromis mossambicusx O. niloticus), reared in sea water. Aquaculture, 189: 101-108, 2000. RIBEIRO, F.A.S.; RODRIGUES, L.A.; FERNANDES,

utilizada.

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CONCLUSÃO

proteína bruta na dieta. Boletim do Instituto de Pesca, 33: 195-203, 2007.

Alimentação diária para juvenis de acará bandeira é o mais recomendado, segundo os resultados obtidos nesse trabalho. Além disso, recomenda-se novos estudos sobre a avaliação econômica, para verificar se maiores frequências inviabilizam ou não a produção.

ZUANON, J.A.S.; SALARO, A.L.; MORAES, S.S.S.; SARAIVA, A.; QUADROS, M.; FONTANARI, R.I. Níveis de proteína bruta em dietas para alevinos de acará bandeira. Revista Brasileira de Zootecnia. Viçosa, v.35, n.5, p. 1893-1896, 2006. NAGATA, M. M, TAKARASHI, L.S, GIMBO,R.Y,KOJIMA J.T, BILLER, J.B. Influência da

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THIESEN,

R.;

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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4919-4927, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4926


Artigo 406 – Manejo alimentar de juvenis de Acará Bandeira (Pterophyllum Scalare)

CARNEIRO, P.C.F.; MIKOS, J.D. Frequência alimentar de alevinos de jundiá, Rhamdia quelen. Ciência Rural, Santa Maria, v. 35, p. 187-191, 2005. MEURER, F.; HAYASHI, C. BOSCOLO,

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W. R.; KAVATA. L. B.; LACERDA, C. H.

TABELA 1: Valores médios para os parâmetros de desempenho dos juvenis de acará bandeira (P. scalare) em relação à restrição alimentar (RA) e a frequência alimentar (FA). VARIÁVEIS RA

Sem restrição

2 dias de restrição

4 dias de retrição

FA 1 X 2 X 4 X 6 X 1 X 2 X 4 X 6 X 1 X 2 X 4 X 6 X

Efeito rest me d me d me d

SR 2 4 Efeito freq 1 2 4 6

me d me d me d me d

CTcm

CPcm

CRmg

S%

TCE%

TEP

GPmg

CAA

2,52

1,9

468,11

100,00

1,77

0,83

177,5

2,68

2,27

1,7

371,71

100,00

1,32

0,66

144,25

3,35

2,60

1,92

403,40

100,00

1,58

0,75

149,25

2,94

2,52

1,9

438,72

100,00

1,68

1,02

164,45

2,18

2,15

1,55

179,42

91,66

0,73

0,62

54,65

3,75

2,07

1,37

160,52

100,00

0,75

0,79

57,4

3,45

2,17

1,47

182,59

100,00

1,00

0,80

65,2

2,78

2,10

1,47

187,86

100,00

0,53

0,41

34,3

5,46

2,05

1,57

135,76

66,66

0,53

0,64

38,00

3,44

1,92

1,45

96,00

75,00

0,38

0,53

22,35

4,46

2,12

1,55

125,03

66,66

0,72

0,88

48,9

3,12

2,00

1,35

199,47

83,33

0,86

0,58

55,3

4,76

0,01

0,01

0,01

0,01

0,01

Ns

0,01

ns

a

a

a

2,48 ±0, 16 2,15b±0, 10 2,00c±0, 11

1,86 ±0 ,16 1,49b±0 ,10 1,43b±0 ,10

426,16 ±60, 61 177,60b±20, 71 139,06b±10 2,70

98,61 ±4, 81 94,44ab±1 4,79 79,17a±18 ,97

1,68 ±0 ,31 0,79b±0 ,28 0,51b±0 ,29

0,84 ±0 ,19 0,72a±0 ,19 0,68a±0 ,65

157,82 ±31 ,15 58,03b±23, 56 33,29b±20, 57

2,75a±0 ,55 3,60a±1 ,62 6,36a±6 ,66

0,01

Ns

Ns

Ns

Ns

Ns

Ns

ns

b

a

a

a

a

a

2,26 ±0,24 2,07a ± 0,15 2,29b± 0,28 2,22b ± 0,25

Efeito rest x Ns freq Fonte: Vasquez (2008)

4927

a

a

a

b

a

1,66 ±0 ,25 1,51a±0 ,15 1,62a±0 ,29 1,58a±0 ,23

261,09 ±15 8,16 209,41a±12 7,03 217,75a±12 6,37 275,35a±16 8,38

85,19 ±22 ,74 92,59a±12 ,11 90,74a±16 ,90 94,44a±11 ,79

1,06 ±0 ,55 0,80a±0 ,56 1,08a±0 ,63 1,02a±0 ,65

0,75 ±0 ,23 0,62a±0 ,27 0,80a±0 ,37 0,56a±0 ,70

Ns

Ns

Ns

Ns

Ns

91,29 ±62, 93 64,04a±51, 58 89,13a±62, 55 87,72a±68, 07 Ns

3,21a±0 ,98 4,14a±1 ,62 5,33a±7 ,35 4,27a±7 ,55 ns

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4919-4927, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Produtividade e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte Conservação, material original, qualidade, volumoso, zea mays.

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO Objetivou-se avaliar a produção de matéria verde (PMV) e seca (PMS), teores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína bruta (PB), nitrogênio amoniacal (N-NH3) do material original e da silagem de cinco cultivares de milho (FÓRMULA, P3646H, AGN30A91H, DKB 185 e AG8088 VT PRO) com duas alturas de cortes (0,40 e 0,60 m) do solo no município de Ceres-GO. O experimento foi conduzido no IF Goiano – Campus Ceres, onde se utilizou o delineamento de blocos casualizados em esquema fatorial 2x5 (duas alturas de corte e cinco cultivares de milho) com quatro repetições. As plantas foram cortadas, picadas na ensiladeira e incubadas em tubos de PVC. Foi verificado que não ocorreram diferenças significativas (P>0,05) para PMV, PMS e teores de MS entre as cultivares de milho. Não ocorreu efeito significativo (P>0,05) para FDN, FDA e PB do material original. Ocorreu diferença estatística (P<0,05) entre as alturas de corte para os teores de MS da silagem de milho variando de 31,80 e 33,19% para 0,40 e 0,60 m. Os valores de FDN diferiram (P>0,05) entre as silagens e os híbridos DKB 185 e AG8088 VT PRO (55,58 e 56,31%) apresentaram os maiores valores. Para os níveis de FDA não houve diferenças (P>0,05) entre as silagens e os valores das alturas de cortes foram diferentes significativamente. As silagens de milho avaliadas se encontram dentro dos limites estabelecidos para classificação de silagem de boa qualidade.

Palavras-chave: conservação, material original, qualidade, volumoso, zea mays.

Taiz Borges Ribeiro¹ Wilian Henrique Diniz Buso² Lidiane de Oliveira Silva¹ Halef Pereira de Oliveira¹ Alan Soares Machado² ¹Discente do curso Bacharelado em Zootecnia, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: taiz2612@hotmail.com ²Professor Dr. do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano.

PRODUCTIVITY AND CHEMICAL-BROMATOLOGICAL CHARACTERIZATION OF MAIZE HYBRIDS AT TWO CUTTING HEIGHTS

ABSTRACT This study aimed to evaluate the production of green matter (PMV) and dry (PMS), dry matter content (DM), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), crude protein (CP), ammonia nitrogen (NH3) of the original material and the silage five corn cultivars (FORMULA, P3646H, AGN30A91H, DKB 185 and AG8088 VT PRO) with two heights cuts (0.40 and 0.60 m) above the ground in the city of Ceres- GO. The experiment was conducted in the IF Goiano - Campus Ceres, where it was used the randomized block design in a factorial 2x5 (two heights of cut and five cultivars of corn) with four replications. The plants were cut, chopped in forage harvester and incubated in PVC pipes. It was found that there was no significant difference (P> 0.05) for PMV, PMS and DM content between maize cultivars. There was no significant effect (P> 0.05) for NDF, ADF and CP of the original material. Statistical difference (P <0.05) between the cutting heights for the DM content of corn silage ranging from 31.80 and 33.19% for 0.40 and 0.60 m. The NDF values differ (P> 0.05) among silages and hybrid DKB 185 and AG8088 VT PRO (55.58 and 56.31%) showed the highest values. For FDA levels there were no differences (P> 0.05) among silages and the values of heights cuts were significantly different. corn silages evaluated are within the limits for good quality silage rating.

Keyword: conservation, original material, quality, bulky, Zea mays

4928


Artigo 407 – Produção e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte

INTRODUÇÃO

propicie lucros satisfatórios no desenvolvimento da

Nos sistemas de produção animal em confinamento,

atividade

a silagem de milho (Zea mays) é o principal alimento

brasileiro existe grande oferta de híbridos de milho,

volumoso; nos demais sistemas, ela também pode

por isso, é de fundamental importância avaliar o

ser usada durante o período de escassez de

desempenho agronômico das principais cultivares

pastagens (PEREIRA et al., 2007). De fato, a

recomendados para as regiões de cultivo do milho

silagem de milho é considerada padrão, por

(LUPATINI et al., 2004).

pecuária.

No

entanto,

no

mercado

preencher os requisitos para confecção de uma boa silagem: teor de matéria seca entre 30% a 35%,

A importância da silagem de planta inteira na

baixo poder tampão (consiste na capacidade de uma

alimentação bovina é incontestável em sistemas que

forragem em resistir às variações de pH ), além de

adotam o confinamento e como suplemento nos

proporcionar boa fermentação microbiana (VON

sistemas de produção a pasto. Trabalhos de

PINHO et al., 2007; KIYOTA et al., 2011). Durante o

pesquisa com silagem de milho tem evidenciado a

processo de ensilagem de milho, fatores como o

importância da determinação da qualidade da

tamanho de partícula e a altura de colheita das

matéria seca produzida (GOMES et al., 2004),

plantas exercem grande influência sobre a qualidade

entretanto, a capacidade de produção de matéria

da silagem que será produzida (NEUMANN et al.,

seca de uma cultivar não é suficiente para avaliá-la

2007).

para o uso como silagem.

Os

nutricionistas

procuram

estabelecer

novos

Assim, com o presente trabalho objetivou-se avaliar

parâmetros para avaliar a qualidade de forragens a

a produção de matéria verde (PMV), produção de

fim de se conseguir incrementos na eficiência no

matéria seca (PMS), os teores de matéria seca (MS),

processo de alimentação que dentre eles podemos

fibra

citar o estádio de colheita. Para uma silagem de

detergente ácido (FDA), proteína bruta (PB) e

milho de boa qualidade, o ponto de colheita é um

nitrogênio amoniacal (N-NH3) do material original e

fator muito importante. O corte precoce, menor que

da silagem de cinco cultivares de milho em duas

30% de matéria seca (MS), implica em plantas cujos

alturas de corte.

em

detergente

neutro

(FDN),

fibra

em

grãos não estão devidamente formados ou cheios, com percentagem de água muito alta, resultando em perdas por efluentes. Silagens feitas em estádios mais tardios (42% MS) possuem menor valor nutritivo e podem resultar em menor compactação com maiores perdas de massa seca (FACTORI et al., 2014).

O experimento foi desenvolvido no Setor

conservado ao rebanho em situações de períodos estacionalidade

de

produção

das

plantas

forrageiras, saciando a necessidade de mantença dos animais (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).

Agricultura do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, localizado na Rodovia GO 154, km 3, localizado na latitude S 15º 21’ 03’’, longitude W 49º

O solo do local foi classificado como Latossolo Vermelho

Amarelo

distrófico

demanda por materiais

de melhor

qualidade favorece o surgimento de inúmeros genótipos com características específicas de porte,

apresentado

as

seguintes características químicas: Ca = 2,4 (cmolc -3

-3

-3

dm ); Mg = 1,3 (cmolc dm ); K = 0,26 (cmolc dm ); -3

-3

Al = 0,0 (cmolc dm ); H = 3,5 (cmolc dm ); P = 5,6 -3

A grande

de

35’ 37’’ e altitude de 564 m, Ceres-GO.

O processo de silagem possibilita dispor o alimento de

MATERIAL E MÉTODOS

-3

(mg dm ); K = 101,0 (mg dm ); pH = 5,0 (CaCl2); saturação por bases 51,80% e M.O. = 1,5 g/kg. Nesta área foi realizada a dessecação sete dias antes da semeadura com 3 L /ha de glifosato.

ciclo e aptidão, os quais têm influência marcante no valor nutritivo da silagem produzida (CÂNDIDO et

A semeadura foi realizada manualmente no dia 05 de

al., 2002; ROSA et al., 2004). A escolha do híbrido

Dezembro de 2011, o espaçamento entre linhas foi de

para a produção de silagem é fundamental para que

0,85 m, em uma densidade de 65.000 plantas/há,

o produtor obtenha produto de qualidade que 4929

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4928-4935, jan./ fev., 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 407 – Produção e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte

para todos os híbridos, conforme recomendação das

expulsar o máximo possível de ar para evitar a

empresas fornecedoras. Realizou-se adubação de

proliferação de fungos aeróbicos. Os tubos foram

semeadura na fórmula 4-30-10 na dosagem de 350

identificados e armazenados no laboratório da

kg/ha. A adubação em cobertura foi realizada 25 dias

bovinocultura para fermentação.

após a semeadura com 90 kg/ha de N e para o controle de plantas invasoras foi utilizado o herbicida

Os silos experimentais foram abertos no dia 28 de

atrazina na dose de 3L/ha aos 20 dias após o

Novembro de 2012, sendo descartados de 5-6 cm

plantio.

das porções superior e inferior, logo após foram coletadas amostras de silagem, as quais foram

Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados

secas em estufa de ventilação forçada até massa

em esquema fatorial 2x5 sendo duas alturas de corte

constante e moídas em moinho tipo Willye com

(0,40 e 0,60 m) e cinco cultivares de milho (Fórmula,

peneira de 1 mm. As amostras foram encaminhadas

P3646H, AGN30A91H, DKB 185 e AG8088 VT PRO)

para o laboratório onde foram analisados os teores

com quatro repetições. As características das

de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro

cultivares estão na Tabela 1.

(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína bruta (PB) e nitrogênio amoniacal (N-NH3).

TABELA 1: Características dos cinco híbridos utilizados neste trabalho de pesquisa Híbrido

Empresa

Textura do grão

Cor do grão

Ciclo

As análises de MS, FDN, FDA e N-NH3 foram realizadas segundo procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).

Fórmula

Syngenta

Semiduro

Alaranjado

Semiprecoce

As análises foram realizadas com auxílio do software P3646H

Pioneer

Semiduro

Amarelado

Precoce

R (R CORE TEAM, 2010). Os dados das variáveis analisadas foram submetidos à análise de variância

DKB 390YG

Dekalb

DKB 185

Dekalb

Semiduro

Amarelado

Precoce

e as médias comparadas pelo teste Scott-Knott ao nível de 5% de significância.

Semiduro

Amarelado

Semiprecoce

RESULTADOS E DISCUSSÃO AG8088 Agroceres Semiduro VT PRO Fonte: Elaborada pelo autor

Alaranjado

Precoce

As plantas foram cortadas na altura de 0,40 e 0,60 m em relação ao solo, foram ensiladas no estádio

Não ocorreu interação estatística (P>0,05) entre cultivares e altura de cortes para todas as variáveis analisadas, assim as variáveis foram avaliadas individualmente.

fenológico de grãos farináceos no dia 20 de Março de 2012. Em seguida, foram picadas em tamanhos uniformes

em

ensiladeira estacionária e após

picadas foram pesadas para determinação da PMV (kg/ha). Foi retirada amostra de 500 g, secas em estufa de ventilação forçada até massa constante e moídas em moinho tipo Willye com peneira de 1 mm para as análises laboratoriais da matéria original. Depois foram incubadas amostras em mini silos experimentais de tubos de PVC com válvulas especiais para escape do gás do tipo “bulsen” e

Não ocorreu diferença significativa (P>0,05) para produção de matéria verde (PMV), produção de matéria seca (PMS) e teores de matéria seca (MS%) entre as cultivares de milho e as duas alturas de corte das plantas, como apresentados na Tabela 2. De acordo com Ferrari Junior et al. (2005) a produção de massa verde (PMV) é um dos primeiros parâmetros a avaliar quando se busca informação sobre determinado cultivar e além de ser um parâmetro para o dimensionamento de silos.

fundo com areia para retenção do efluente, onde a areia foi separada da silagem por uma tela fina de plástico e duas camadas de tecido fino de algodão. Durante o enchimento dos mini silos foi realizado a compactação manual, tomando-se o cuidado de

Para a PMV não houve ocorrência de diferença estatística (P>0,05) entre as cultivares (34.940 kg/ha P3646H a 42.790 kg/ha DKB 185), isto deve estar relacionado à genética, pois são híbrido simples

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4930


Artigo 407 – Produção e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte

destinados à aplicação de boa tecnologia para

Para a produção de matéria seca dos cultivares

obtenção de altas produtividades. Neumann et al.

analisados, observou-se que não houve variação

(2007b) trabalharam com uma cultivar de ciclo

estatística (P>0,05), apresentando como resultados

precoce (P-30S40) e encontraram valores superiores

11.610 kg/ha (P3646H) a 13.430 kg/ha (AG8088

aos obtidos nesta pesquisa para PMV com valor de

PRO). Aguiar & Moura (2003), utilizando cinco

53.744 kg/ha com altura de corte de 38,6 cm, devido

cultivares de milho notaram diferenças significativas

a cultivar apresentar porte alto com média de 2,90 m

na produção de matéria seca, principalmente para as

de altura o que favorece melhor rendimento durante

cultivares AG 1051 e BR 106 (8.877 e 8.429 kg/ha,

a ensilagem, em virtude disso a altura de corte foi

respectivamente),

inferior ao comparado neste trabalho que possibilitou

encontrados são inferiores aos apresentados na

no final maior PMV. No trabalho realizado por Rosa

Tabela 2, o que pode estar relacionado com as

et al. (2004) o valor da produção de matéria verde

condições climáticas durante o experimento.

no

entanto

esses

valores

do híbrido AG-5011 de ciclo precoce e porte da planta médio foi de 38.144 kg/ha, valor no qual que

O teor de MS da planta é importante no processo de

se assemelha aos encontrados neste trabalho, de

ensilagem e afeta a qualidade final do material

modo que, a altura de corte destas plantas foi de 20

ensilado, bem como a taxa de compactação e

cm, ocasionando boa produção, no entanto a altura

fermentação pelos microrganismos anaeróbios. Os

de corte realizado neste experimento com 40 cm

valores obtidos neste experimento (Tabela 2) para os

proporcionou semelhança no rendimento de matéria

teores de MS foram 31,34 a 34,72% (DKB 185 e

verde.

AG8088 PRO, respectivamente), estes valores são

TABELA 2: Produção de matéria verde (PMV), produção de matéria seca (PMS) e teor de matéria seca (MS%) da matéria original de cultivares de milho cortadas em alturas diferentes em relação ao solo

abaixo dos encontrados por Pinto et al. (2010) que

Cultivar

Os percentuais observados de FDN na Tabela 3 não

PMV (kg/ha)

PMS (kg/ha)

MS (%)

apesar

de

também

não

relatarem

diferenças

significativas (P>0,05) retrataram como resultados 33,2 (TRAKTOR) a 38,2% (AGN-3150) ambas de ciclo precoce e semiprecoce.

variaram significamente (P>0,05), sendo observado Fórmula

36.220 a

12.290 a

33,90 a

a média 59,22% para as cinco cultivares. A FDN indica a quantidade de fibra que há no volumoso.

P3646H

34.940 a

11.610 a

33,15 a

AGN30A91H

36.560 a

12.040 a

32,99 a

DKB 185

42.790 a

13.400 a

31,34 a

AG8088 PRO

38.620 a

13.430 a

34,72 a

Corte (m)

PMV (kg/ha)

PMS (kg/ha)

MS (%)

0,40

38.110 a

12.500 a

32,84 a

0,60

37.540 a

12.610 a

33,59 a

14,69

6,36

Quanto menor o seu valor, melhor será a silagem e maior será o consumo de massa seca, assim diante dos teores obtidos todos os híbridos apresentam teores adequados para confecção de silagem de boa qualidade.

Em

estudo,

Oliveira

et

al.

(2010)

avaliaram a composição nutricional de culturas forrageiras colhidas no ponto de ensilagem e obtiveram como resultado para a cultura de milho o valor de 60,0% para FDN. Lucas et al. (2009) observaram teor médio de 56,04% em estudo de

CV (%) 11,98 Fonte: Elaborada pelo autor

¹CV (%): Coeficiente de Variação. Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste ScottKnott a 5% de probabilidade.

sete híbridos para confecção de silagem. Os valores de FDA encontrados não obtiveram diferenças (P>0,05) entre as cultivares e as alturas de corte (Tabela 3). Para as alturas 0,40 e 0,60 m, os

resultados

foram

28,70

e

28,67%,

respectivamente. Estes resultados demonstram que as cultivares apresentam teores semelhantes de

4931

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4928-4935, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 407 – Produção e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte

FDA e boa adaptação ao ambiente em que foram

químico-bromatológicas de doze cultivares de milho

cultivados e a genética favorece sua utilização para

para ensilagem também foram avaliadas por Pinto et

silagem.

por

al. (2010) onde os teores de proteína bruta diferiram

Jaremtchuk et al. (2005) em trabalho realizado

(P<0,05) entre cultivares, variando de 7,1% para a

verificando

e

cultivar TORK a 8,8% para a cultivar CD-303. No

bromatológicas de vinte genótipos de milho para

trabalho de Assis et al. (2014) encontraram teores de

silagem, que oscilaram entre 27,09 e 35,10% para

8,06 (GNZ 2500) a 9,10% (PRE 32D10) de PB. As

altura de 20 cm e entre 21,53 e 30,55% para altura

diferenças observadas quanto ao teor de PB podem

abaixo da inserção da espiga. De acordo com Lucas

estar relacionadas a diferenças na eficiência de

et al. (2009) observaram teores de FDA para os

absorção do N disponível no solo para a planta, em

híbridos 30S40 (27,78%) e 30K64 (27,19%) que não

que os diversos híbridos e variedades requerem

diferiram entre si. Os mesmos autores relataram que

quantidades diferentes de N, de acordo com seu

diferenças na FDA podem estar relacionadas à

potencial de produtividade (FERNANDES et al.,

proporção de lignina e quantidade de fibra presente

2005).

Dados as

diferentes

foram

características

obtidos

agronômicas

no volumoso, ou relacionada ainda às diferenças genéticas das cultivares e diferenças no ambiente

Não correu diferença estatística (P>0,05) entre a

em que foram realizadas as avaliações.

silagem das cultivares de milho para MS, conforme Tabela

4.

Os

valores

estão

dentro

dos

TABELA 3: Fibra em detergente neutro (FDN), fibra

recomendados pela pesquisa que variam de 30 a

em detergente ácido (FDA) e proteína bruta (PB) da

37% de MS. Vilela et al. (2008) trabalharam com a

matéria seca do material original de diferentes

silagem dos cultivares AG 1051 e P30F90 cujos

cultivares de milho para ensilagem

valores foram 35,2 e 34,1%, respectivamente. Trabalhando com silagens de dois híbridos de milho

Cultivar

FDN (%)

FDA (%)

PB (%)

-- -- -- -- -- -- ------------- (% na MS) ----------- -- -- -- -- -- --

com ciclo precoce (DOW 766 e AG9090), Pereira et al. (2007) observaram teores de MS de 33,51 e 32,32%.

Fórmula

58,34 a

28,21 a

7,96 a

P3646H

58,45 a

28,62 a

8,08 a

AGN30A91

59,41 a

28,78 a

8,01 a

DKB 185

59,55 a

28,58 a

8,26 a

m, sendo que Caetano et al. (2011) também

AG 8088 PRO

60,36 a

29,23 a

8,48 a

relataram que a altura de corte influenciou a

Corte (m)

FDN (%)

FDA (%)

PB (%)

0,40

59,55 a

28,70 a

8,15 a

0,60

58,90 a

28,67 a

8,17 a

CV (%)

2,46

3,96

4,72

Ocorreu diferença significativa (P<0,05) entre as alturas de corte para os teores de MS da silagem de milho variando de 31,80 e 33,19% para 0,40 e 0,60

concentração de MS da silagem em sua pesquisa sobre

¹CV (%): Coeficiente de Variação. Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

nutricionais.

Segundo

Neumann et al. (2004) a elevação da altura de colheita das plantas do milho melhora a qualidade da silagem

Fonte: Elaborada pelo autor

características

resultante,

participação

das

em

decorrência

frações

colmo

da

menor

e

folhas,

determinando redução dos componentes da parede celular e aumento nas proporções de grãos, responsáveis

pelo

aumento

nos

valores

de

digestibilidade da matéria seca e dos nutrientes Os resultados de PB do material original não

digestíveis totais.

obtiveram nenhuma variação estatística (P>0,05)

TABELA 4: Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra de detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e nitrogênio amoniacal (N-NH3) presentes na matéria seca da silagem de cinco híbridos de milho ensilados sob duas alturas de corte.

entre os cultivares (7,96 a 8,48%) e as duas alturas de

corte

(Tabela

3).

Estes

resultados

estão

adequados para confecção de silagem, pois os teores variam de 6 a 9%. As características

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4932


Artigo 407 – Produtividade e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte

Cultivar

Fórmula

P3646H AGN30A9 1H DKB 185 AG8088 PRO Corte (m)

0,40

0,60 CV (%)

MS

PB

FDN

FDA

N-NH3 (mg/100-1

(%)

(%)

(%)

(%)

mL)

respectivamente). Estes teores menores dos híbridos

33,10

11,70

55,17

27,16

a

b

a

1,91 a

Fórmula, P3646H e AGN30A91H podem estar

a 32,38

10,77

54,57

26,84

a

a

b

a

32,78

10,52

54,93

26,28

a

a

b

a

30,74

10,28

55,58

26,86

a

a

a

a

33,49

10,80

56,31

27,12

e

AGN30A91H

(55,17;

54,57

e

54,93%,

associados a maior participação da fração espiga na 1,87 a

silagem o que resultou em maior diluição da FDN. Apesar de apresentar valores mais elevados, as

1,90 a

silagens dos híbridos DKB 185 e AG8088 VT PRO estão dentro dos limites de variação de 49,10 a

1,91 a

1,91 a

68,00%

de

FDN

encontrados

na

literatura

(MIZUBUTI et al., 2002). Pedroso et al. (2006) avaliaram oito híbridos de milho e obtiveram média

a

a

a

a

MS

PB

FDN

FDA

N-NH3 (mg/100-1

(%)

(%)

(%)

(%)

mL)

relativamente superior aos obtidos neste ensaio. De

31,80

10,85

55,09

26,45

a

a

b

1,90 a

acordo com Tres et al. (2014) a maior participação

b 33,19

11,58

55,53

27,25

a

a

a

a

5,44

21,43

1,50

3,62

de

62,5%

para

FDN,

resultado

este

que

é

de espiga nas frações da planta verificada no 1,90 a

primeiro ano de avaliações pode ter ocasionado diluição da fração FDN pelo aumento na proporção

3,88

Fonte: Elaborada pelo autor

de grãos. Nas duas alturas de corte (0,40 e 0,60m) não foram verificadas diferenças (P>0,05).

¹CV (%): Coeficiente de Variação. Médias seguidas de

Em relação aos níveis de FDA, não houve diferenças

letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo

(P>0,05) entre as silagens das cinco cultivares como

teste Scott-Knott a 5% de probabilidade.

registrado na Tabela 4, relatando como resultados 26,28 a 27,16% e segundo os autores Valadares

O valor médio de PB obtido das silagens das

Filho et al. (2002) onde mostraram nas Tabelas

diferentes cultivares de milho foi 10,81%, sendo

Brasileiras de Composição de Alimentos para

descrito na tabela 4 que não houve diferenças

Bovinos, que a concentração de FDA na silagem de

significativas (P>0,05).

Este valor se encontra

milho deve estar em torno de 30,80%, valores acima

acima da faixa considerada normal por Pereira

do citado podem ser considerados altos, podendo

(2013)

7,09%.

prejudicar a digestibilidade da silagem produzida. Já

Resultados de PB inferiores aos desta pesquisa

em trabalho realizado por Rosa et al. (2004)

foram retratados por Flaresso et al. (2000) os valores

avaliando o valor nutritivo das silagens de diferentes

foram de 7,7% (P3232) a 8,9% (XL-600). Tres et al.

híbridos de milho, obteve valores não significativos,

(2014) observaram valor máximo na silagem do

com porcentagens que variaram de 26,92 a 28,92%

cultivar AG5011 de 9,04% de PB. A porcentagem de

em FDA, dados estes, que se mostram semelhantes

proteína na silagem é importante quando se deseja

aos apresentados neste trabalho. Fancelli & Dourado

obter silagem com alto valor nutricional e de alta

Neto (2000) citaram como ideais para silagens de

energia, e para silagem da planta inteira, valores

milho valores de FDA por volta de 30%, estes

acima de 7% são considerados bons, de 7,8% muito

valores

bons e acima de 8,6% excelentes (SILVA et al.,

presente pesquisa. No entanto, os valores das

2003).

condições

alturas de corte foram diferentes significativamente

climáticas durante a condução do experimento pode

(P<0,05), variando de 26,45 e 27,25% para as

influenciar no valor proteico da forragem.

alturas de corte 0,40 e 0,60 m, respectivamente.

que

aponta

Segundo

valor

estes

médio

autores

as

de

são semelhantes

aos

encontrados

na

Estes dados de FDA corroboram com Oliveira et al. Os valores de FDN diferiram (P<0,05) entre os

(2011) que encontraram em seu trabalho resultados

híbridos de milho estudados, sendo que as silagens

variando de 26,17 e 24,96% para as alturas 0,35 e

oriundas dos híbridos DKB 185 e AG8088 VT PRO

0,55 m do solo, respectivamente.

(55,58 e 56,31%) apresentaram maior valor de FDN em relação aos híbridos fórmula, P3646H e 4933

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4928-4935, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 407 - Produção e caracterização químico-bromatológica de híbridos de milho em duas alturas de corte

As silagens das cinco cultivares de milho relatadas

CÂNDIDO, M.J.D.; OBEID, J.A.; PEREIRA, O.G.;

na tabela 4 não foram diferentes estatisticamente

CECON, P.R.; QUEIROZ, A.C.; PAULINO, M.F.;

(P>0,05), apresentando o valor médio de 1,9 mg

GONTIJO NETO, M.M. Valor nutritivo de silagens de

-1

100 mL de nitrogênio amoniacal. O N amoniacal

híbridos de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) sob

tem relação com a fermentação ocorrida no silo e

doses crescentes de adubação. Revista Brasileira

são parâmetros de avaliação da qualidade durante a

de Zootecnia, v.31, n.1, p.20-29, 2002.

fermentação. Os teores apresentados na Tabela 3

FACTORI, M.A.; COSTA, C.; MEIRELLES, P.R.L.;

são indicativos que os processos fermentativos

SILVEIRA, J.P.F.; SILVA, M.G.B. Degradabilidade e

ocorridos no silo foram adequados e manteve o valor

digestibilidade de híbridos de milho em função do

nutricional da silagem. No trabalho desenvolvido por

estádio

Araújo

observadas

processamento por meio do esmagamento na

diferenças significativas entre seis cultivares de

ensilagem. Bioscience Journal, v.30, p.882-891,

milho para a variável N-NH3.

2014.

et

al.

(2012)

não

foram

de

colheita,

tamanho

de

partícula

e

FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária. 2000. 327 p.

CONCLUSÕES As silagens de milho avaliadas neste trabalho na

FERNANDES, F. C. S.; BUZETTI, S.; ARF, O.;

região de Ceres-GO se encontram dentro dos limites

ANDRADE, J. A. C. Doses, eficiência e uso de

estabelecidos para classificação de silagem de boa

nitrogênio por seis cultivares de milho. Revista

qualidade.

Brasileira de Milho e Sorgo, v. 4, n. 2, p. 195-204, 2005.

Permite recomendar o plantio dos cinco híbridos e

FERRARI JUNIOR, E.; POSSENTI, R.A.; LIMA, M.L.;

realizar corte nas duas alturas para a produção de

NOGUEIRA, J.R.; ANDRADE, J.B. Características,

silagem, pois as variáveis analisadas estão de

composição química e qualidade de silagens de oito

acordo com várias literaturas descritas.

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4935

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4928-4935, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus): revisão de literatura Alimentos alternativos, aminoácidos, peixe.

Revista Eletrônica

1

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Fagner Machado Ribeiro 2 Everton Oliveira dos Santos 3 Emizael Menezes de Almeida 1 Paulo Vitor Divino Xavier Freitas 4 Taiz Borges Ribeiro 5 Thony Assis Carvalho 1

Mestrando em zootecnia, Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde, (IF Goiano), Rio Verde, GO, Brasil. 2 Zootecnista, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, (IF Goiano), Ceres, GO, Brasil. 3 Mestrando em zootecnia, Universidade Federal de Goiás – EVZ, (UFG), Goiânia, GO, Brasil. 4 Acadêmica do curso de zootecnia, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, (IF Goiano), Ceres, GO, Brasil. 5 Professor Doutor do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, (IF Goiano), Ceres, GO, Brasil.

FOOD AND NUTRITION PACU (Piaractus

RESUMO A aquicultura brasileira dispõe de grande diversidade

mesopotamicus)

de espécies nativas com potencial de cultivo em

ABSTRACT

função da vasta biodiversidade das distintas bacias

Brazilian aquaculture boasts great native species

hidrográficas. Em razão dos custos com alimentação

diversity

e

Piaractus

biodiversity of different river basins. reason in the

mesopotamicus para a aquicultura brasileira, é

custos with food and the importance of the species

indispensável

piaractus

da

importância o

da

espécie

conhecimento

das

exigências

with

growing

potential

mesopotamicus

wide

paragraph

function

brazilian

nutricionais e fatores que podem influenciar a

aquaculture,

elaboração de rações balanceadas que permitam

nutritional requirements and factors that influence the

adequado desempenho produtivo do pacu. São

can balanced rations development permit adequate

escassas avaliações direcionadas à determinação de

performance productive do pacu. they are scarce

exigências

graxos

reviews aimed at determination of requirements of

essenciais, minerais e vitaminas, visto que, em sua

amino acids, essential fatty acids , minerals and

maior parte, as dietas praticas fornecidas a essa

vitamins, since may, mostly as practices diets

espécie

provided the kind essa are formulated using certain

são

de

aminoácidos,

formuladas

ácidos

utilizando

exigências

and

indispensable

knowledge

determinadas para espécies exóticas.

requirements paragraph exotic species.

Palavras-chave: Alimentos alternativos,

Keyword: Alternative food, amino acids, fish.

of

aminoácidos, peixe.

4936


Artigo 408 – Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

pode atingir 20 quilos. A facilidade na produção de INTRODUÇÃO Uma

alevinos e a pesca esportiva atribuída a essaespécie

característica

importante

da

piscicultura

brasileira é a diversidade de espécies nativas distribuídas por todo território nacional, entre as quais, utilizam-se comercialmente, mais de 30 espécies, com os mais variados hábitos alimentares

fizeram com que ela conquistasse lugar de destaque entre as espécies nativas mais cultivadas no país (Fernandes, 1998). Comercialmente, grande parte do consumo de pacu está localizada nos estados da região Centro-Oeste,

e ambientes de criação.

destacando-se Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, O Brasil possui 12 bacias hidrográficas distribuídas em distintas regiões com características climáticas

onde a pesca do pacu sempre foi abundante. Com a popularização do consumo desse peixe em outras

Amazônica,

regiões, seu cultivo vem sendo estimulado em

Tocantins Araguaia, Paraguai, Paraná, Parnaíba,

pisciculturas por todo país (Kubitza, 2004). O

particulares,

sendo

elas:

Bacia

São Francisco, Bacia Atlântico Nordeste Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste, Atlântico Sul e Bacia do Uruguai (Brasil,

Piaractus mesopotamicus é uma espécie de peixe considerada rústica e herbívora, preferencialmente frugívora, com capacidade de utilização de diversos alimentos. A sazonalidade e a diversidade de

2014).

espécies das quais esse peixe se alimenta o impõe Dentre as espécies com potencial de cultivo, que

necessidade de adaptação (Abimorad & Carneiro,

preenchem os requisitos necessários e adequados

2004).

para a piscicultura, merecem destaque as que

FIGURA 1: Pacu (Piaractus mesopotamicus)

apresentam potencial para a piscicultura intensiva. Espécies

que

possuem

carne

de

excelente

qualidade, facilidade de adaptação ao cultivo em tanques ou viveiros e grande utilidade na pesca esportiva são preferíveis. Todavia, pesquisas no âmbito da nutrição relacionadas à adequação nutricional para cada uma das espécies são esparsas. Entre as espécies de peixes que tem suas exigências quantitativas determinadas para os 10 aminoácidos essenciais (AAE), prevalece que todas elas são espécies exóticas, entre elas a carpa (Cyprinus carpio), tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), truta arco-íris (Oncorhynchus

mykiss),

bagre

norte-americano

(Ictalurus punctactus) e salmão (Oncorhynchus spp.) (Vásquez-Torres e Arias-Castellanos, 2013). Neste sentido, a necessidade de desenvolver tecnologias que

Fonte: (Costa, 2015)

Proteína Devido ao alto custo da proteína na alimentação animal, é de grande importância a determinação mínima

desse

nutriente

que

produza

máximo

desempenho. Nesse sentido, Signor et al. (2010) realizaram experimento onde forneceram dietas com diferentes níveis de proteína bruta (PB) e de energia

viabilizem a produção de espécies nativas tem levado

digestível (ED) para pacus, alimentados até a

os pesquisadores brasileiros a constantes estudos,

saciedade aparente, por quatro vezes ao dia e

especialmente em relação à alimentação e nutrição de

observaram somente efeito dos níveis de ED sobre a

peixes (Abimorad, 2008).

deposição de gordura corporal. As variáveis de desempenho

REVISÃO DE LITERATURA Pacu (Piaractus mesopotamicus) De origem das bacias do Rio Paraguai e do Prata, o pacu, Piaractus mesopotamicus, (Figura 1) pertence

e

a

sobrevivência

não

foram

influenciados pelos tratamentos. Esses resultados foram explicados pela capacidade dos peixes em utilizar a energia para manutenção e deposição proteica e o excesso ser armazenado na forma de gordura visceral, intramuscular e subcutânea. Os

à ordemCharaciformes,famíliaCharacidae,subfamília

autores relataram que os níveisde 25,00% de PB e

Myleinae e gênero Piaractus. Em ambiente natural

de 3,25 Kcal.g

4937

-1

de ED são suficiente para atender

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4936-4943, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 408 - Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

as exigências nutricionais de juvenis de pacus (Tabela 1). TABELA 1

- Níveis proteicos, energia e relação energia:proteína para o Piaractus mesopotamicus Peso inicial (g)

Referências

Níveis de proteína (%) avaliados 25 a 35 PB

Nível de proteína (%) sugerido

Nível de energia das dietas -1 (Kcal.g )

Relação energia/proteína -1 sugerida (Kcal.g )

Sistema de cultivo

25,00 PB

3,25 e 3,50 ED

13,00 ED/PB

Tanquerede

Signor et al. (2010)

293

Fernandes et al. (2000)

4,62 a 11,31

22 a 30 PB

26,00 PB

4,20 EB

16,15 EB/PB

Caixa de amianto

Fernandes et al. (2001)

79,99 a 144,31

18 a 26 PB

22,00 PB

4,20 EB

19,09 EB/PB

Caixa de amianto

9,49

18 a 30 PD

24,65 PD

3,00 ED

12,17 ED/PD

Hapas

Neves (2013)

Fernandes et al. (2000) avaliaram a substituição da

de PD de 24,74%. O autor sugeriu nível de 24,65%

farinha de peixe por farelo de soja e os níveis

de PD (Tabela 1) para alevinos de pacus.

proteicos

nas

alimentados

até

dietas a

de

alevinos

saciedade

de

aparente.

pacu Os

Aminoácidos Essenciais

resultados demonstraram que a farinha de peixe

As taxas de transporte de aminoácidos no intestino

pode ser substituída parcial ou totalmente pelo farelo

de peixes herbívoros e onívoros são menores que

de soja, sem influir no ganho de peso, na conversão

em peixes carnívoros, situação inversa ocorre com o

alimentar, na taxa de crescimento específico e na

transporte de carboidratos (Baldisserotto, 2013).

taxa de eficiência proteica dos alevinos. O nível de

Características que refletem a adaptação dos peixes

proteína

o

ao alimento consumido, no caso do pacu, adaptação

desenvolvimento dos alevinos está elucidado na

à alimentação rica em carboidratos que a espécie

Tabela 1.

consome em seu habitat.

Fernandes et al. (2001) também determinaram os

No sentido de averiguar os efeitos de níveis

níveis proteicos e possibilidade de substituição da

crescentes de lisina na dieta de alevinos pacus

farinha de peixe por farelo de soja na dieta de

(4,30g), Bicudo (2008) suplementou a dieta com L-

juvenis de pacu alimentados até a saciedade

Lisina HCl garantindo níveis de 0,96; 1,17; 1,14;

aparente. Os resultados obtidos indicaram que o

1,69; 1,96% de lisina total, em dietas experimentais,

nível de 22% de proteína bruta (Tabela 1) foi mais

isoproteicas (32,00% PB), à base de caseína,

adequado e a farinha de peixe pode ser substituída

gelatina e L-aminoácidos cristalinos. Observou-se

parcial ou totalmente pelo farelo de soja.

melhora no ganho de peso, taxa de crescimento

bruta

mais

adequado

para

específico, índice de eficiência alimentar e taxa de No sentido de determinar a exigência de proteína

eficiência proteica com o aumento do nível de lisina

digestível (PD) para alevinos de pacus, Neves

total na dieta até 1,45; 1,46; 1,51 e 1,54%,

(2013) forneceu níveis crescentes de PD em dietas

respectivamente. O aumento dos níveis de lisina

isoenergéticas, alimentando os peixes por três vezes

dietética resultou em aumento linear dos teores de

ao dia, até a saciedade aparente. Esse autor

PB da carcaça, ao contrário dos níveis de extrato

verificou maior peso vivo final e melhor conversão

etéreo corporal e índice hepatosomático, que

alimentar aparente para os níveis de 24,65 e 25,22%

reduziram linearmente com o aumento da lisina total

de PD, conforme modelos de regressão estimados.

da dieta. O autor sugeriu o nível de 1,50%, de lisina

O comprimento padrão foi maximizado com o nível

total na dieta de alevinos de pacus (4,70% da PB).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4936-4943, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4938


Artigo 408 - Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

Muñoz-Ramírez

e

Carneiro,

(2002)

também

com peso vivo inicial de 868 g, alimentados com

avaliaram níveis crescentes (0,2; 0,4 e 0,6%) de

dietas contendo níveis crescentes (0,00; 11,25;

lisina ou metionina na dieta de pacus com peso

22,50; 33,75 e 45,00 ppm) de ractopamina. As dietas

inicial de 14,90g alimentados três vezes ao dia, até a

foram isonutritivas, fornecidas duas vezes ao dia, até

saciedade aparente. Esses autores verificaram

a saciedade aparente.

melhoria da eficiência de retenção de proteína pelas dietas suplementadas com L-lisina HCl, quando

Os

comparadas às enriquecidas com metionina (DL-

ractopamina

metionina).

a

umidade de filés, em relação ao tratamento controle.

condição do aminoácido lisina como o primeiro

O nível de 45,00 ppm de ractopamina resultou em

aminoácido limitante para pacus.

menor

Esses

resultados

atestam

para

peixes

alimentados

conteúdo

comparado

com

apresentaram

ao

ração

maiores

proteico

dos

tratamento

contendo teores

filés,

sem

de

quando

inclusão

de

Minerais

ractopamina. O teor de gordura dos filés aumentou

Um fator que pode influenciar a deposição de

linearmente

lipídeos e proteína na carcaça é a suplementação de

ractopamina. O nível de 25ppm de ractopamina

minerais. Fujimoto et al. (2007) avaliaram os efeitos

proporcionou menor perda por gotejamento dos filés

da suplementação de níveis de cromo (Cr) (0,00;

após o descongelamento.

com

aumento

da

inclusão

de

6,00; 12,00 e 18,00 ppm) na forma de carboquelato de cromo na ração de pacus com peso médio inicial

A perda de peso dos filés por cozimento foi reduzida

de 100,00g. Os peixes foram submetidos a duas

linearmente

com

o

aumento

dos

níveis

de

densidades estocagem iniciais (4,00 e 20,00 Kg.m )

ractopamina fornecida na ração. Esses resultados

e três momentos de coleta de dados (30, 60 e 90

permitiram elucidar a associação da inclusão de

dias), alimentados com ração comercial contendo

ractopamina na dieta de pacus com a capacidade de

-3

-1

26,00% de PB e 4,10 Kcal EB. g fornecida uma vez

retenção de água na musculatura. Os autores sugeriram que 11,25 ppm de ractopamina foi eficaz

ao dia, até a saciedade aparente.

na redução do teor de gordura dos filés de pacu,

A suplementação de cromo na ração proporcionou

embora esse nível de ractopamina não tenha

aumento no teor proteico e redução no teor de

prevenido o aumento da peroxidação lipídica em

gordura da carcaça. Esses resultados sinalizam para

amostras mantidas no congelador durante 60 dias.

efeito positivo do cromo sobre a síntese de proteínas

Por outro lado, o nível de inclusão de 33,75 ppm de

e

na

ractopamina na dieta proporcionou redução no

carcaça. Quando os juvenis foram estocados sob

aumento do efeito de peroxidação durante a

maior densidade ocorreu maior deposição de

armazenagem dos filés.

utilização/incorporação

de

aminoácidos

gordura na carcaça, resultado esse, atribuído ao estresse que possivelmente aumenta a excreção de

Alimentos alternativos

Cr, reduzindo as reservas orgânicas deste mineral.

A origem da proteína também exerce influência

Dessa maneira, na condição de menor e maior

sobre a digestibilidade dos alimentos. Tem-se

densidade de estocagem os melhores níveis de

buscado a substituição de alimentos de origem

suplementação de cromo, na forma de carboquelato

animal por de origem vegetal nas dietas de peixes

de cromo na ração, foram, respectivamente 6,00 e

pelo

12,00 ppm.

sustentabilidade. Assim, Fernandes (1998) avaliou o

menor

custo

de

produção

e

maior

efeito de diferentes fontes (farinha de peixe e farelo Aditivos

de soja) e níveis de PB para alevinos (8,00g) e para

Alguns aditivos podem influenciar a composição e as

juvenis (105,00g) de pacu. Para a fase inicial de

características organolépticas da carcaça de pacus,

desenvolvimento, forneceram rações contendo entre

nesse sentido, Oliveira et al. (2014) avaliaram

22,00 e 30,00% de PB, enquanto para os juvenis,

aspectos relacionados à qualidade da carne de pacus,

entre

4939

18,00

e

26,00%

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4936-4943, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

de

proteína

bruta.


Artigo 408 - Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

Esse autor verificou a possibilidade de substituição

Esses resultados são justificados em virtude da

total ou parcial da farinha de peixe pelo farelo de

maior estabilidade dos inibidores de tripsina quando

soja. O fornecimento de dieta contendo ambas as

submetidos à alta temperaturas sob baixo teor de

fontes de proteína, independentemente do nível

umidade.

proteico,

verificadas ocorreram para os alimentos SIC e SIM.

proporcionaram

aminoácidos

essenciais.

melhor Também,

perfil

de

As

maiores

atividades

de

urease

verificaram

melhor desempenho de alevinos de pacu quando

A solubilidade da proteína e a atividade de

submetidos a dietas contendo 26,00 e 30,00% de PB

hemaglutininas foram maiores para a SIC e se

em detrimento da dieta com 22,00% de PB. Entre os

assemelharam às verificadas para o alimento SIM. A

juvenis, não se verificou benefício do aumento da PB

extrusão da soja integral (SIE) proporcionou os

das dietas.

menores valores de atividade de hemaglutinina. A solubilidade da proteína do alimento SIT foi inferior

Também com a finalidade de avaliar a inclusão

às verificadas para os alimentos SIC e FS. Esses

alimentos de origem vegetal na alimentação de

resultados

juvenis de pacus (9-15g), Viegas et al. (2008)

sugerem

avaliaram a inclusão de níveis crescentes (0,00;

provável desnaturação das proteínas para SIT.

de

solubilidade

tratamento

da

fração

extremamente

proteica

severo

e

9,50; 19,00 e 38,00%) de farelo de canola em dietas, contendo ou não farinha de peixe na formulação

Os maiores valores médios de taninos foram

(12,00 ou 0,00%) sobre os parâmetros crescimento

observados no farelo de soja, pela inclusão de

e composição corporal. O maior nível de inclusão de

cascas e resíduos da pré-limpeza da soja, que

farelo de canola reduziu o ganho de peso e piorou a

puderam ser atestados pela porcentagem de fibra

conversão alimentar aparente dos pacus. Os autores

bruta (13,76%) verificada para esse alimento. Por

relataram que esse resultado está relacionado à

outro lado, menores valores foram obtidos na SIT e

redução na palatabilidade da ração provocada pelo

SIE, demonstrando maior eficiência na eliminação

19,00%. A presença ou não de farinha de peixe nas

deste fator antinutricional pela tostagem e extrusão,

formulações

processos

não

influenciou

as

variáveis

de

desempenho.

que

envolvem

exposição

a

altas

temperaturas. Os autores relataram ainda não terem observado

Fatores antinutricionais

limitações

quanto

ao

aspecto

de

palatabilidade decorrente dos níveis de tanino. Isto posto, os autores recomendaram os alimentos SIT,

A presença de fatores antinutricionais na dieta pode

SIE e FS como ingredientes proteicos prioritários

afetar negativamente o aproveitamento de alguns

dentre os avaliados de rações para pacus.

nutrientes pelos pacus, desse modo, Stech (2010) determinou a digestibilidade da proteína do farelo de

Fibra

soja (FS), da soja integral crua (SIC) e submetida a

Apesar da fonte e dos níveis proteicos das dietas

diversos tratamentos: macerada (SIM), tostada (SIT)

serem de extrema importância, o conteúdo de fibra

e extrusada (SIE), utilizando-se de juvenis de pacu

bruta (FB) dessas não deve ser negligenciado, pois a

com peso inicial de 18,9g. Também foram avaliados

FB pode estimular os movimentos peristálticos

os níveis de fatores antinutricionais: inibidores de

intestinais, dessa forma, influenciar o tempo de

tripsina, hemaglutinina e taninos presentes nesses

permanência da digesta no trato gastrointestinal.

alimentos.

Esse fato pode limitar a digestibilidade do alimento por reduzir o tempo de contato dos nutrientes com o

Os autores verificaram CDA da PB do FS, SIC, SIM,

epitélio intestinal e consequentemente modificar a

SIT e SIE, respectivamente de: 93,88; 80,06; 82,80;

absorção de nutrientes (Bicudo, 2008).

94,99 e 95,23%. Os níveis de inibidores de tripsina foram superiores para SIT e SIC.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4936-4943, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4940


Artigo 408 - Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

Desta forma, Rodrigues et al. (2010) avaliaram os

os alimentos de origem proteica ocorreu para a soja

efeitos de níveis crescentes de FB (5,00; 7,00; 9,00;

tostada (92,04%) em detrimento da farinha de carne

11,00; 13,00 e 15,00%) na dieta de juvenis de pacu

e ossos (88,60%), farinha de peixe (88,40%), farelo

(23,97 g), obtida com a inclusão de celulose

de algodão (86,00%), soja crua (83,46%), farinha de

purificada, sobre o desempenho produtivo e a

vísceras de aves (83,40%), farelo de soja (81,14%),

composição centesimal da carcaça. Altos níveis de

farinha de penas (75,73%), levedura (68,86%) e

FB

influenciaram

farinha de sangue (57,72%). Dessa maneira, dentre

negativamente o desempenho dos juvenis, com

(11,00;

13,00

e

15,00%)

as fontes estudadas, os alimentos levedura e farinha

piores taxas de ganho de peso, conversão alimentar,

de sangue foram considerados, como as piores

crescimento específico, menor eficiência proteica e

fontes de proteína para os pacus.

consumo de ração. Houve ainda acréscimo nos teores de proteína, cinzas e redução no teor de

Entre os alimentos farelo de trigo, farelo de arroz,

gordura na carcaça dos pacus alimentados com

sorgo e milho, observou-se CDA da PB de 93,89;

altos níveis de FB.

80,82; 92,93 e 84,38%. Os valores de ED e dos coeficientes de digestibilidade aparente da energia

Os autores justificaram os resultados pela falsa

(CDAe) determinados para farelo de trigo, farelo de

sensação de saciedade devido ao aumento do

arroz, sorgo e milho foram, respectivamente de:

volume de digesta, quando o conteúdo de FB da

3313; 4211; 3472; 3465 Kcal.Kg

dieta aumentou. Além disso, a fibra bruta (FB) pode

93,36; 81,16%.

-1

e 81,16; 92,73;

influenciar a absorção de gorduras e demais nutrientes em nível intestinal. Os autores sugeriram

Fabregat et al. (2008) também determinaram os

como limite, até 9,00% de FB de na dieta de juvenis

coeficientes de digestibilidade aparente da energia e

de pacus.

da proteína do amido de milho, do glúten de milho, do farelo de girassol e da celulose purificada

Digestibilidade

utilizando-se de juvenis de pacu (50,53g), através do método de coleta parcial de excretas (sistema de

O conhecimento da digestibilidade dos nutrientes

Guelph modificado). Os alimentos apresentaram

dos alimentos fornecidos a essa espécie torna-se de

CDAe de 99,98; 67,15; 46,45; 27,62% e CDA da PB

essencial importância uma vez que permite otimizar

de 92,91; 78,57; 89,62; 98,55%, respectivamente.

o

aproveitando

da

dieta.

Nesse

sentido,

de

determinar a digestibilidade dos nutrientes e da

Com

relação ao CDA

energia das dietas, Abimorad e Carneiro (2004)

corroboram com os verificados por Abimorad e

avaliaram quatro diferentes métodos de coleta de

Carneiro (2004) que indicaram elevada capacidade

fezes de pacus, com peso vivo inicial de 250g, em

do pacu em aproveitar, com eficiência, a proteína de

virtude da possibilidade de ocorrência de lixiviação

diferentes alimentos. O menor CDAe observado para

de nutrientes e da contaminação das fezes, que

os alimentos com maior conteúdo de fibra bruta (FB),

podem mascarar os resultados. As metodologias

como a celulose purificada (70% de FB) indicam que

avaliadas (dissecação intestinal, extrusão manual,

a fração fibrosa é pior utilizada como fonte de

Ghelph e Ghelph modificado) foram equivalentes

energia pelos juvenis de pacu A digestibilidade dos

quanto aos seus propósitos, de determinação dos

alimentos da dieta tem relação com o tempo de

coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da PB

permanência do alimento no trato gastrointestinal.

e energia de alimentos energéticos e proteicos.

Neste

sentido

da PB os

Dias-Koberstein

et

resultados

al.

(2005)

avaliaram os efeitos de duas temperaturas de cultivo Os autores comentaram a respeito da obtenção de

(23 e 27 °C) sobre o tempo de trânsito do alimento e

limitada quantidade de fezes quando foram os

o tempo de esvaziamento gástrico de juvenis de

métodos, que segundo os autores, proporcionaram

pacu com peso médio inicial de 160g. O experimento

menores

foi realizado em dois períodos do ano para obtenção

desvios-padrão

dos

coeficientes

de

digestibilidade. O maior CDA da PB verificados entre 4941

das diferentes temperaturas.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4936-4943, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 408- Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

Foi utilizada ração comercial com 28,00% de PB

BICUDO, A.J.A. Exigências nutricionais de juvenis

com óxido de titânio e óxido de crômio-III como

de pacu (Piaractus mesopotamicus Holmberg,

marcadores. Observou-se diferença de tempo de

1887):

trânsito gastrointestinal entre as duas temperaturas, de 157,14% a favor da temperatura de 27 °C, o que influi

no

aporte

de

nutrientes

para

maior

proteína

energia

e

aminoácidos.

Tese

(Doutorado). Piracicaba: [s.n]. 2008. COSTA, A.C. Imputação de parentesco genético e predição

das

capacidades

combinatórias

em

crescimento, que se traduz em taxa de ganho de

Serrasalmideos. Tese (Doutorado em Produção e

peso. Também os tempos de esvaziamento gástrico

Nutrição de Não Ruminantes). Lavras: UFLA. p. 117,

diferiram entre as temperaturas de 23 e 27 °C,

2015.

sendo 166,67% mais rápido à maior temperatura (56 DIAS-KOBERSTEIN,

vs. 21 horas).

T.C.R.;

CARNEIRO,

D.J.;

URBINATI, E.C. Tempo de trânsito gastrintestinal e esvaziamento CONSIDERAÇÕES FINAIS

gástrico

do

pacu

(Piaractus

mesopotamicus) em diferentes temperaturas de

A nutrição é a base para a lucratividade de uma

cultivo. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 27,

piscigranja que cultiva espécies de peixes nativos,

n. 3, p. 413-417, 2005.

sendo necessário conhecimento dos alimentos, manejo alimentar e particularidades de cada espécie para

desempenho

satisfatório.

Ainda,

FABREGAT,

T.E.H.P.;

FERNANDES,

J.;

RODRIGUEZ, L.; BORGES, F.; PEREIRA, T.;

necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre

NASCIMENTO,

a digestibilidade das frações proteicas e da energia

energia e da proteína de ingredientes selecionados

dos diversos alimentos incluídos na alimentação

para juvenis de pacu (Piaractus mesopotamicus).

dessa espécie. Os níveis proteicos e energéticos

Rev. Acad., Ciênc. Agrár. Ambient., Curitiba , v. 6,

exigidos pela espécie também devem ser mais bem

n. 4, p. 459-464, 2008.

T.

Digestibilidade

aparente

da

esclarecidos, pois não há concordância entre os resultados de pesquisas.

FERNANDES, J.B.K.; CARNEIRO, D.J.; SAKOMURA, N. K. Fontes e Níveis de Proteína Bruta em Dietas

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4942


Artigo 408- Alimentação e nutrição de pacu (Piaractus mesopotamicus)

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e

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de

D.J.

digestibilidade aparente da proteína de produtos de

Suplementação de lisina e metionina em dietas com

soja para o pacu (Piaractus mesopotamicus). Acta

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Crescimento

de

juvenis

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4943

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4936-4943, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

de

Medicina


Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para a alimentação de Revista Eletrônica

bovinos: revisão de literatura Alimentação animal, amido, digestibilidade, estabilidade aeróbia, processamento.

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Kárito Augusto Pereira 2 Alliny das Graças Amaral 1 Anderson Rodrigues de Oliveira 3 Angelo Herbet Moreira Arcanjo 4 Jessica Caetano Dias Campos 1

Mestrando em Produção Animal – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Minas Gerais. Brasil. E-mail: karitoaugusto@hotmail.com 2 Doscente e pesquisadora da Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Câmpus São Luís de Montes Belos. Goiás. Brasil. 3 Mestre em Produção Animal – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Minas Gerais. Brasil. 4 Mestranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Câmpus de Anápolis Henrique Santillo. Goiás. Brasil.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO A silagem nada mais é que o armazenamento de grãos

em

atmosfera

modificada.

Fazendo-se

necessário a conservação de grãos de cereais na forma úmida para serem utilizados em épocas de escassez alimentar. Na técnica da ensilagem, são adotadas estratégias dentre os processos de sua produção desde a escolha do material genético até a abertura do silo e retirada da silagem aos bovinos. E cada vez mais pesquisas vêm confirmando o uso da silagem de grãos úmidos de milho como um importante componente energético da dieta para a maioria das espécies de interesse zootécnico. Considerando que a elaboração e o processamento são tecnologias que podem contribuir de forma significativa a fim de melhorar os índices de produtividade

dos

animais

através

da

melhor

digestibilidade do amido, ainda com o uso de inoculantes para melhor obtenção qualitativa do alimento. Palavras-chave: Alimentação animal, amido, digestibilidade, estabilidade aeróbia, processamento.

4944

NUTRITIONAL ASPECTS AND GRAIN SILAGE WET CORN FOR FEEDING CATTLE:LITERATURE REVIEW ABSTRACT Silage is nothing more than the grain storage in modified atmosphere. Making it necessary to the preservation of cereal grains in wet form for use in food shortage times. In ensiling technique, strategies are adopted from the processes of production from the choice of genetic material to the opening of the silo and withdrawal of silage to cattle. And more and more research has confirmed the use of silage moisture corn as an important dietary energy component for most livestock species. Whereas the preparation and processing are technologies that can contribute significantly to improve animal productivity rates through improved starch digestibility, even with the use of inoculants for qualitative improvement in obtaining food. Keyword: Aerobic stability, animal feed, digestibility, processing, starch.


Artigo 409 – Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

INTRODUÇÃO

penho

Dentre as inúmeras possibilidades, a silagem de grãos

úmidos

de

milhos

nada

mais

é

em

diferentes

espécies

de

animais

domésticos.

que

armazenagem de grãos na atmosfera modificada, ou

Nesta conjuntura, a silagem de grãos úmidos de

seja, na ausência de oxigênio, minimizando os

milho na alimentação animal vem ganhando espaços

desenvolvimentos de fungos, bactérias patogênicas,

e pesquisas confirmam sua utilização como um

ácaros

importante componente energético da dieta para a

e

roedores,

visando

o

processo

de

desenvolvimento de bactérias homofermentativas,

maioria das espécies de interesse zootécnico.

sendo este altamente desejável para a produção de ácido lático e diminuição do pH da silagem,

No tocante, esta é uma tecnologia que pode ser

contemplando em uma silagem de boa qualidade

utilizada nos mais diversos níveis de tecnologia,

(SOUZA, 2001).

porém cuidados específicos são necessários a fim de produzir

alimento

conservado,

com

qualidade.

Os primeiros estudos destinados à produção de

Objetivou-se a partir deste trabalho apresentar uma

silagem de grão úmido de milho ocorreram nos

revisão da literatura sobre, a confecção e os

Estados Unidos no fim da década de 50, e então

aspectos nutricionais da silagem de grão úmido de

apenas 20 anos depois, que esse procedimento

milho na alimentação de bovinos.

passou a se tornar rotina em confinamentos de bovino de corte. No Brasil, a silagem de grãos

ETAPAS DO PROCESSAMENTO DA SILAGEM DE

úmidos só foi introduzida a partir de 1981 na região

GRÃO ÚMIDO DE MILHO

de Castro (PR), pelos criadores de suínos e depois,

Escolha do Material Genético

empregados na alimentação de bovinos de leite e

O planejamento para a produção de uma boa

corte (COSTA et al., 2004). Entretanto, só a partir da

silagem é o primeiro passo para alcançar resultados

década de 90 a silagem de grão úmido, utilizada na

satisfatórios,

alimentação de bovinos teve aumento em seu

importância, resultando em produto de qualidade

consumo (JOBIM et al., 2003).

(LEH,

sendo

2001).

considerado

As

etapas

de

extrema

envolvidas

no

processamento do grão úmido de milho envolvem Elucidando

de

forma

objetiva

sua

notória

tecnologias que permitem adaptações conforme a

necessidade da conservação de grãos de cereais na

estrutura física de cada propriedade e de seus

forma úmida, refletindo a uma tecnologia com

recursos disponíveis (SOUZA, 2001),

grande potencial de expansão no setor produtivo devido a sua eficiência tanto qualitativa quanto

Segundo Gobetti et al. (2013) a qualidade nutricional

quantitativa de conservação de matérias-primas

de silagens de grãos úmidos inicia com a escolha do

empregadas na alimentação animal (COSTA et al.,

híbrido

2004).

característica

de

milho.

A

produtividade

indispensável,

sendo

é

uma

encontrados

híbridos com capacidade produtiva superior a 15.000 Assim, a silagem de grão úmido de milho tem sido

kg/ha ,

utilizada

de

resistência a micotoxinas e baixa porcentagem de

armazenamento de cereais nas propriedades rurais,

grãos ardidos, deve-se observar a adaptação do

melhorando tanto o valor nutricional deste alimento

híbrido a cada região do país e o ciclo da cultura.

para

solucionar

problemas

-1

mas

em

especial

devem

apresentar

bem como a redução do grau de contaminação das dietas dos animais.

Do mesmo modo como na confecção da silagem de milho utilizando a planta inteira, os mesmos cuidados

Com o intuito de maximizar a produção e qualidade

são imprescindíveis para o processamento da

na conservação da silagem de grão úmido de milho,

ensilagem apenas de grão, para preservar a

o seu uso vem sendo estudado na alimentação

qualidade do grão úmido. Na técnica da ensilagem,

animal com o uso de aditivos e inoculastes neste

são adotadas estratégias como: dimensionamento do

processo de ensilagem, a fim de identificar seu desem-

silo adequado, de acordo com a produtividade média

4945

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4944-4953, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 409 - Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

esperada,

rapidez

no

momento

da

colheita;

este momento se caracteriza quando cessa a

transporte e moagem; compactação necessária para

translocação de nutrientes da planta para o grão,

acomodar com eficiência as partículas do material;

momento que pode ser observado a camada preta

agilidade na vedação do silo, essa é uma etapa

na base do grão, caracterizando a maturação

muito importante, pois garante uma boa fermentação

fisiológica do grão.

em meio anaeróbio (LUGÃO et al., 2011). De

maneira

prática

pode-se

observar

que

a

Colheita

maturação fisiológica, representa o momento em que

A colheita do grão de milho é uma etapa

a espiga se encontra com a palha seca, este

fundamental na qualidade da silagem, por isto os

processo ocorre normalmente aos 50 dias após a

maquinários utilizados neste processo devem estar

polinização (PINTO, 2009). Assim, quanto mais

em bom estado de manutenção. De maneira geral a

tempo o grão permanece na lavoura exposto ao

colheita é feita com colheitadeira convencional.

clima, maiores serão as perdas de qualidade e

Durante a colheita deve-se priorizar o ponto de

quantidade (LEH, 2001).

debulha, ou seja, a facilidade que o grão se solta do sabugo, uma vez que influencia no rendimento do

Souza (2001) salienta que a silagem de grão úmido

material ensilado.

de milho ocorre em torno de 30 dias antes do momento em que se poderia colher o milho

No âmbito das possibilidades, o teor de umidade do

destinado

ao

armazenamento,

com

13%

de

grão no momento da colheita deve ser de 30 a 35%,

umidade, resultando em liberação da área para o

considerado o ideal o mínimo de 26 e máximo de

uso em outras atividades, além de garantir a

40%, pois em umidade superior a 40% a quantidade

qualidade de matéria prima nas composições das

de água excessiva no grão, interfere na maturação

rações.

fisiológica resultando em perda de matéria seca, fermentação excessiva e perda de energia durante a

Contudo, é convergente o entendimento de que o

estocagem (LEH, 2001).

mais breve possível o grão é retirado do campo após a sua maturação fisiológica, evitam-se perdas de

Quando a matéria seca excede ao ideal, umidade

quantidade e qualidade, sobretudo essas perdas são

inferior a 26% dificulta o processo de moagem além

dependentes das condições climáticas na fase de

de interferir negativamente a ação das bactérias e

maturação em relação ao ponto de colheita e ou

fungos anaeróbios que irão fermentar a massa

atraso na colheita (LEH, 2001).

moída de milho, pois terá consistência endurecida, o que poderá acarretar maior perda na passagem pelo

Processamento do Grão Úmido

trato digestório, resultando no baixo aproveitamento

Por conseguinte, a moagem dos grãos úmidos é um

do amido disponível para fermentação no rúmen

procedimento necessário, pois, além de facilitar a

(GOBETTI et al., 2013).

compactação, também melhora a absorção de nutrientes no trato digestório do animal. Esta prática

Porém, Souza (2001) cita que o ponto ideal de

pode ser realizada de acordo com as necessidades

colheita do grão úmido de milho está entre 28 a 40%

de cada propriedade, sendo recomendado o uso de

de umidade, pois nesta faixa as perdas na lavoura

desintegrador quando há mais de 100 sacas de

são consideradas mínimas e a porcentagem de

milho/hora, a fim de evitar que o milho colhido seja

grãos danificados por fungos são baixos.

acometido pela fermentação aeróbia e alterações abruptas na composição nutricional do grão devido

Leh (2001) ainda ressalta que umidade abaixo de 30

ao tempo de espera na carreta (LUGÃO et al., 2011).

a 35% o grão perde de 1 a 2 pontos percentuais por dia de água, através da evaporação para o

De acordo com Souza (2001) o grão úmido de milho

ambiente, em virtude de 3 a 5 dias pode ultrapassar

não pode ser ensilado na forma de grão inteiro, pois

o ponto ideal de colheita ou maturação fisiológica,

além da moagem, facilita o consumo pelos animais,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4944-4953, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4946


Artigo 409 - Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

visto que, a moagem tem a finalidade de diminuir o

Segundo Souza (2001), quanto maior a quantidade

espaço vazio entre as partículas, interferindo no

de água, maior e melhor será a compactação, mas o

aumento

teor de umidade da massa ensilada não poderá

da

ação

das

bactérias

acidófilas,

resultando em maior armazenamento dos grãos em

ultrapassar

a 40%,

passível de prejuízos

ao

um mesmo espaço em que se poderia armazenar a

desenvolvimento das bactérias homofermentativas e

silagem de planta inteira.

dificultar a mistura com outros ingredientes devido à agregação de partículas. Já, em situações em que o

Na alimentação de bovinos Lugão et al. (2011),

teor de umidade estiver inferior a 28% a adição de

recomendam utilizar moagem mais grossa, ou seja,

água limpa e não clorada pode ser uma saída viável

quebra do grão em três ou quatro partes, através de

para assegurar a umidade necessária e facilitar a

peneira de 1,5 mm. Para ruminantes a moagem

compactação, visto que o baixo teor de água resulta

mais fina do grão proporciona passagem mais rápida

em

pelo trato digestivo, reduzindo a degradabilidade e

indesejáveis.

problemas

imputados

a

fermentações

digestibilidade do alimento, devido à diminuição do tempo

de

colonização

através

das

bactérias

Fechamento do Silo

ruminais, resultando em menos aproveitamentos de

A rapidez e a qualidade no processo de fechamento

nutrientes, possível redução da gordura do leite e

do silo são o gargalo determinante para a obtenção

aumento

de uma silagem duradoura e qualidade desejável.

da

ocorrência

de

deslocamento

de

abomaso. Mas, para monogástricos, especialmente para

suínos

a

granulometria

pode

ser

fina,

O fechamento do silo não precisa ser diário, e pode

processado com peneira de 0,8 mm. Entretanto,

ser cheio por vários dias, desde que evite ficar mais

quanto mais úmido os grãos de milho, maior pode

de 10 horas sem receber material novo sob a última

ser a granulometria (NUMMER FILHO, 2001).

camada compactada exposta ao ar, portanto deve-se colher milho suficiente para moer no mesmo dia, não

As partículas muito grandes, ou seja, maior que

deixando para o dia seguinte. E quando terminar de

1000 micrômetros de diâmetro geométrico médio

moer o volume colhido no mesmo dia faz-se a última

resultam em perda de grão pelas fezes, assim a

compactação, adicionando-se o inoculante em cada

importância da granulometria no processamento

camada a ser compactada e então se cobre a

com desintegradores (SOUZA, 2001). Visto que o

superfície do silo com a lona, e no dia seguinte

tamanho da partícula do grão interfere diretamente

retira-se a lona, inocula-se novamente e continua o

no processo de fermentação (LEH, 2001).

processo normalmente até o fim da colheita dos grãos (SOUZA, 2001).

Compactação Informações compiladas por Leh (2001) demonstra

Para o fechamento do silo é de extrema importância

que a compactação é um dos processos necessários

que se retire todo o ar sob a lona, que pode ser

e criteriosos, pois visa à remoção de todo o oxigênio

realizado colocando uma camada de terra, areia ou

no interior da massa ensilada. A compactação

similar sobre a mesma, com o objetivo de se retirar o

permite a fermentação anaeróbia com produção de

ar ainda existente. Recomenda-se também o uso de

ácido lático, propiônico e outros que reduzem o pH

lona mais grossa, igual ou superior a 200 micras,

da massa ensilada em torno de 3,5 favorecendo a

assegurando maior proteção contra perfurações

conservação por vários meses ou anos.

(LUGÃO et al., 2011).

Tal compactação da silagem deve ser realizada à medida que o milho é moído. A fim de melhorar a fermentação anaeróbica da silagem de grão úmido de milho, a densidade almejada está entre 1.000 e 1.200 kg/m3, pois assim favorece a estabilidade aeróbia durante a utilização da silagem, visto que a densidade não pode ser inferior a 900 kg/m3 (LUGÃO et al., 2011). 4947

Caso ocorram perfurações da lona, há ocorrência de deterioração em camadas próximas a superfície, decorrentes de bolsões ou entrada de ar devido ao rompimento da lona ou má compactação (LEH, 2001). Estabilidade Aeróbia da Silagem

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4944-4953, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 409- Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

Diante

das

ponderações,

o

tempo

de

lidade aeróbia da silagem ocorrem três fases.

armazenamento dependerá fundamentalmente da compactação e vedação do silo, visto que o

A primeira inicia-se no enchimento do silo com

fechamento quando realizado adequadamente pode

processos de respiração e proteólise, que são

armazenar uma silagem de grão úmido de milho por

atividades

vários anos. Há produtores utilizando esta silagem

conservação da matéria-prima, porque a respiração

por um período máximo de dois anos, demonstrando

nada mais é que a transformação dos carboidratos

a eficiência da preservação do

processo de

solúveis (açúcares) da planta em gás carbônico e

ensilagem, isso, porque a composição química e a

água, que libera o calor, já a proteólise é a

qualidade da silagem de grão úmido de milho não

degradação das proteínas, resultando em produção

apresenta alteração no armazenamento entre 56 a

de peptídeos e aminas (asparagina e glutamina). Na

365 dias (LUGÃO et al., 2011).

segunda

enzimáticas

fase

as

importantes

enterobactérias

para

do

a

gênero

Clostridium, podem se desenvolver e competir com Durante este processo de armazenamento em

as

condições de manejo inadequado, resulta em

solúveis, apresentando impactos negativos sobre a

toxinas produzidas por fungos que se desenvolvem

qualidade

nos grãos, estas por sua vez, podem causar perdas

fermentação secundária, convertendo açúcares e

irreversíveis

aos

desempenho,

animais,

hemorragia,

como

bactérias

ácido-láticas

nutricional

da

pelos

carboidratos

silagem,

causando

redução

no

ácidos orgânicos em ácido butírico, resultando em

comprometimento

do

perdas de matéria seca e de energia digestível no

sistema imunológico, danos no fígado a aborto

material ensilado.

(PENZ JR, 1992). Dentre todas as fases, a terceira e considerada a Embora já exista mais de 400 tipos de micotoxinas,

mais estável, desde que o silo esteja corretamente

uma das mais conhecidas é a aflatoxina M1 (AFM1),

vedado sob ausência total de oxigênio e com valor

que tem sido encontrada no leite de animais

de pH abaixo de 3,8. Posteriormente ocorre a fase

alimentados com ração contaminada por aflatoxina

final, de 14 e 21 dias depois do material ser ensilado,

B1 (AFB1), possui efeito tóxico e é considerada

em condições de ser fornecido aos animais, em

problema de saúde pública, visto que os indivíduos

razão que na abertura do silo expõe a silagem ao

mais jovens são mais sensíveis aos seus efeitos

oxigênio, consequentemente pode provocar perdas

(PEREIRA et al., 2005).

nutricionais pela ação de microrganismos aeróbios que consomem açúcares, produtos de fermentação e

A estabilidade aeróbia da silagem é definida como a

outros nutrientes solúveis na silagem, por isso

resistência da massa de forragem a degradação que

destaca-se a importância da retirada mínima de 10

ocorre após na abertura do silo, ou o tempo que a

cm recomendada diariamente (MCDONALD, 1981).

silagem leva para atingir a temperatura superior de 2ºC acima da temperatura do ambiente, ou seja, é a

Abertura do Silo e Retirada da Silagem

fermentação aeróbia que ocorre após a abertura do

É pertinente observar, o momento da abertura do silo

silo. Após a fermentação será mais intensa, quanto

com destaque para a temperatura, normalmente

melhor for a qualidade da silagem, devido aos

deve-se estar próxima à temperatura do ambiente,

maiores teores de carboidratos solúveis residuais e

entretanto se estiver quente significa que o ciclo

de ácido lático (JOBIM et al., 2003).

fermentativo não se completou e não deve ser fornecida aos animais sob risco de distúrbios

A melhor estabilidade da silagem de grão úmido

entéricos. Em relação à coloração, deve ser

ocorre

e

amarelada permanecendo até o fim do fornecimento

fungos, já

aos animais. O cheiro é característico, o sabor é

em

superiores

temperaturas 40ºC,

pela

inferiores

inibição

de

a

10ºC

temperaturas intermediárias podem apresentar efeito

ácido,

reverso (PHILLIP & FELLNER, 1992).

estranhos, pois indicam estado de putrefação e devem

devem-se descartar

locais

com

odores

ser retiradas e nunca fornecidas aos animais Segundo Gobetti et al. (2013) no período de estabi-

(SOUZA, 2001).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4944-4953, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4948


Artigo 409 - Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

O tempo necessário para que ocorra a fermentação

após a atividade de fermentação.

da silagem é de 21 a 28 dias, desde o enchimento

A inoculação pode ser feita em água para a

do silo até a sua abertura. Posteriormente outro

reidratação ou diluída em água pulverizada sob a

procedimento importante é o tamanho da fatia

massa ensilada a cada 10 cm na camada do grão

retirada diariamente que não deve ser inferior a 10

moído, e quanto melhor a distribuição do inoculante,

cm em toda a área frontal, a fim de evitar a entrada

melhor será a qualidade da silagem (SOUZA, 2001).

de oxigênio em seu interior e posterior deterioração. Quando houver terra sobre a lona deve-se atentar

A utilização de aditivos ainda melhora os aspectos

para não contaminar a silagem, e após a retirada da

de conservação da silagem após a abertura, quando

fatia diária da massa ensilada deve-se fechar

exposta ao oxigênio podendo diminuir as perdas

imediatamente o silo a fim de evitar a exposição do

após o início de sua utilização, além de manter a

material ensilado aos raios solares (LUGÃO et al.,

dieta total em temperatura ambiente por mais tempo.

2011 & LEH, 2001).

O período mínimo do processo fermentativo da silagem de grão úmido é de 28 dias sem o uso de

No processo de ensilagem pode haver perdas

inoculantes e oito dias com inoculante, mas sabe-se

potenciais de 14%, sendo na colheita de 1 a 5%, na

que há inoculantes específicos para grãos úmidos

fermentação de 1 a 2%, por fermentação aeróbia de

com período fermentativo de até três dias (SOUZA,

1 a 2% e na superfície e cocho de alimentação de 0

2001). Já, Reis et al. (2008), demonstram que a

a 5% (NUMMER FILHO, 2001).

inoculação da silagem de grão úmido de milho com a utilização de dose de Lactobacillus buchneri na

USO DE INOCULANTES E ADITIVOS

concentração de 1 x 105 UFC/g de massa ensilada

Segundo LUGÃO et al. (2011) a utilização de

mostrou-se eficaz no controle de leveduras e fungos,

aditivos na ensilagem tem como propósito melhorar

além de promover o aumento na estabilidade

a qualidade da fermentação durante o período de

aeróbia. Contudo, além de proporcionar melhor

armazenamento e manter a estabilidade aeróbia

padrão de fermentação a estabilidade da silagem,

durante a utilização da silagem, reduzindo perdas de

deve-se levar em consideração o custo/benefício,

nutrientes, aumentar o consumo de MS e melhorar o

segundo Jobim et al. (2003).

desempenho dos animais. Contudo, mesmo utilizando as boas práticas do É de extrema importância o conhecimento da

processo de ensilagem, com o uso correto de

utilização de aditivos, em relação ao quanto eles

tamanho de partícula, o rápido enchimento, a boa

podem

compactação,

melhorar

o

padrão

de

fermentação,

vedação

e

o

adequado

consumo, digestibilidade e a produção animal

dimensionamento do silo, são imprescindíveis na

(SIQUEIRA et al., 2005).

confecção da silagem e não podem ser substituídas

A produção de ácido lático é desejável no intuito de

por inoculantes (ÍTAVO et al., 2009).

promover a fermentação láctica, através do uso das bactérias:

Lactobacillus

buchneri,

Streptococcus

plantarum,

Lactobacillus

faecium,

Pedicoccus

UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL Diante

das

referidas

ponderações,

bovinos

acidilactici entre outros que aceleram o processo de

alimentados com dietas à base de grãos possuem

fermentação, auxiliam na redução do pH mais

certa instabilidade na população microbiana, devido

rapidamente, sendo esta uma característica bastante

às variações na produção de AGV, diminuição do

desejável pois, quanto mais rápido o pH diminui,

poder tamponante do rúmen, visto que há menos

melhor a qualidade final da silagem, visto que o pH =

mastigação e produção de maiores níveis de

4,0 ou inferior ajuda a controlar os microrganismos

propionato e butirato (GOBETTI et al., 2013). Passini

indesejáveis (SOUZA, 2001).

et al. (2003) demonstraram que os parâmetros de fermentação

ruminal

e

a

degradabilidade

do

Oliveira (2009) & Ítavo (2004) analisaram a utilização

volumoso não sofreram influência com o uso do grão

de aditivos na silagem de grão úmido e identificaram

úmido. Conforme exposto por Pizzuti et al. (2009) a

que o Lactobacillus buchneri ou Benzoato de sódio

utilização do grão úmido pelo grão seco não

melhoraram a qualidade bromatológica da silagem

modificou o rendimento do desempenho de bezerras

4949

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4944-4953, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 409 - Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

em fase de crescimento.

versus 6,37 e 0,05 versus 6,68 e eficiência alimentar de 17,95 versus 15,69 e 19,79 versus 14,74,

Silva et al. (2007) salientam que ruminantes que são

respectivamente (ÍTAVO et al., 2004).

suplementados com silagem de grão úmido ingerem menos quantidade de alimento e são mais eficientes

Biaggioni et al. (2009), demonstraram que utilizando

em comparação a utilização do grão seco.

a silagem de grão úmido de milho na alimentação animal, há uma redução no consumo, entretanto

Igarasi et al. (2008) em experimento com bezerros

observa-se ganhos significativos em relação a

F1 Red Angus × Nelore, machos inteiros em

melhoria da eficiência alimentar, cerca de 9 e 25%,

confinamento em tratamentos constituídos por dieta

sendo confirmada por várias fontes na literatura,

total com silagem de grão úmido de milho, como

obtendo resultando ainda mais consistentes em

ingrediente energético principal, e dieta total com

relação a conversão alimentar.

silagem de grão úmido de sorgo, como ingrediente energético

principal

descrevem

que

utilizando

A composição química da silagem de grão úmido de

silagem de grão úmido de milho não altera as

milho pode variar em função do teor de umidade no

características físico-químicas de carcaças e maciez

momento da ensilagem, proporção de sabugo

de carne de bovinos jovens em confinamento.

presente entre outros fatores (Tabela 1) (RIBAS et al., 2009).

Em bovinos jovens submetidos a confinamento a silagem do grão úmido se mostra mais vantajosa, pois melhorou 9,7% a eficiência alimentar, mas não

TABELA 1: Composição nutricional do milho seco em comparação a silagem de grão úmido, com base na matéria seca, de acordo com os autores

alterou as características de composição da carcaça (HENRIQUE et al., 2007). De acordo com Passini et al. (2002), silagem de grão

Grã o Sec o 87,9 0 10,7 0 88,7 0 3,70

Silage m

Santo s et al. (2002) Silage m

66,70

67,00

63,90

61,40

52,30

10,20

7,70

10,00

11,40

13,80

80,60

70,50

-

-

-

4,80

-

-

-

8,80

FDN (%) FDA (%) EB (kcal/k g) pH

13,2 0 2,20

14,20

7,10

15,10

13,30

9,00

2,50

3,95

3,30

-

4,30

4.64 0

4.330

4.474

4.203

-

-

-

3,50

3,50

3,90

3,70

4,00

N– NH3 lático (%) acético (%) Álcool (%)

-

-

-

1,05

2,70

-

-

-

-

0,78

0,80

-

-

-

-

0,12

0,40

-

-

-

-

0,00

0,00

-

Variáv eis

úmido de milho apresenta resultados satisfatórios quando adicionada em dietas de terminação em bovinos jovens confinados, visto que não prejudica o desempenho animal, melhora as características de rendimento da carcaça e qualidade da carne, onde níveis de 14% de PB na fase inicial podem ser reduzidos para 11% na fase de terminação sem prejudicar a carcaça ou a qualidade da carne. ASPECTOS NUTRICIONAIS Dados comparativos citados por Gobetti et al. (2013), demonstra que o amido é uma molécula heterogênea, sendo constituído por dois polímeros de glicose, amilose (22 a 28%) e amilopectina (72 a 78%). Confrontando os resultando de Kotarski; Wanisha & Thur, (1992), onde demonstraram que a proporção de amilose no grânulo de amido varia de

MS (%) PB (%) Amido (%) EE (%)

Reis et al. (2001)

Jobim et al. (1997) Silage m

Braban der et al. (1992) Silagem

Pinto (2009)

Silage m

14-34%, enquanto a amilopectina varia de 70-80%

Fonte: Adaptada por Jobim et al. (2003); Ribas et al.

do amido no grão de milho. Mas, estruturalmente,

(2009).

identificou-se que o grão de milho integral possui taxa de digestão de 62,6%, o grão quebrado de

Em utilização da silagem de grão úmido de milho,

65%, grão moído de 76,4% e o grão úmido de 86%.

identificou-se que a presença acentuada de sabugo de milho, inclusão de no máximo 10% não altera a

A utilização de grão úmido em substituição ao grão

qualidade da silagem em relação aos teores de MS,

seco na alimentação de cordeiros proporcionou

FDA e FDN, mas provoca redução nos teores de

maior ganho em peso de 167,6 versus 133,3 e 193,4

proteína e digestibilidade in vitro da matéria seca

versus 135,6 g/dia, conversão alimentar de 5,57

(JOBIM et al., 1997).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4944-4953, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4950


Artigo 409 - Aspectos nutricionais e confecção de silagem de grão úmido de milho para alimentação de bovinos: revisão de literatura

Lazzari & Lzazzari (2001) citaram que durante o

GOBETTI, S.T.C.; NEUMANN, M.; OLIBONI, R.;

processo fermentativo pode ocorrer perdas de

OLIVEIRA, M.R. Utilização de silagem de grão

energia e mudanças na solubilidade da proteína,

úmido

principalmente em silagem de grãos com alta

Ambiência - Revista do Setor de Ciências

umidade, perdas leves na quantidade de matéria

Agrárias e Ambientais. Guarapuava (PR) v.9 n.1

na

dieta

de

animais

ruminantes.

p. 225 – 239, 2013.

seca, proteína bruta e fibra bruta.

HENRIQUE, W.; BELTRAME FILHO, J.A.; LEME, O milho com maior teor de óleo apresenta bom valor

P.R.; PAZZANEZE, D.; LANNA, D.; ALLEONI,

nutricional e conteúdo de energia digestível de 2.647

G.F.; COUTINHO FILHO, J.L.V.; SAMPAIO,

-1

e 2.853 kcal kg , na forma de silagem de grão úmido

A.A.M. Avaliação da silagem de grão de milho

de milho e silagem de milho seco reidratado

úmido com diferentes volumosos para tourinhos

respectivamente, visto que, quanto maior o teor de

em terminação. Desempenho e características de

óleo no híbrido de milho, maior será sua importância

carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36,

nutricional (SILVA et al., 2005).

n.1, p.183-190, 2007. GARASI, M.S.; ARRIGONI, M.B.; HADLICH, J.C.;

Segundo Owens & Basalan (2013) demonstram que

SILVEIRA, A.C.; MARTINS, C.L.; OLIVEIRA, H.N.

a digestibilidade do amido da silagem de grão úmido

Características de carcaça e parâmetros de

de milho pode ser próxima a 98,1%, quando

qualidade

comparado ao milho inteiro que é próxima de 90,8%

alimentados com grãos úmidos de milho ou

em utilização na alimentação de ruminantes.

sorgo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,

de

carne

de

bovinos

jovens

v.37, n.3, p.550-528, 2008. CONSIDERAÇÕES FINAIS

ÍTAVO, C.C.B.F.; MORAIS, M.G.; ÍTAVO, L.C.V.;

Com base no levantamento bibliográfico realizado,

SOUZA, A.R.D.L.; DAVY, F.C.A.; BIBERG, F.A.;

fica implícito que a elaboração e processamentos da

ALVES, W.B.;

silagem de grão úmido de milho e seus múltiplos

digestibilidade de nutrientes de dietas com

usos na alimentação animal, é uma tecnologia que

silagens de grãos úmidos de milho ou sorgo, em

pode contribuir de forma significativa a fim de

ovinos.

melhorar os índices de produtividade dos animais

Veterinária e Zootecnia. v. 61, n.2, p.452-459,

devido sua digestibilidade desejada, aproveitamento

2009.

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Medicina

e desempenho do amido pelo animal quando

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comparada a utilização de outros cereais, desde que

e sorgo: padrão de fermentação, composição

a confecção seja realizada de maneira adequada ao

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fornecimento dos mesmos.

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Conjuntura da pecuária leiteira no Brasil

Bovinocultura leiteira, cadeia produtiva, agronegócio.

Revista Eletrônica

. 1

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO A

agropecuária

Adriano Medeiros da Silva José Crisólogo de Sales Silva² 3 Lívio Kelver Martins da Silva 4 Alex Romualdo Nunes de Oliveira 5 Danivia Maria Ferreira de Moura. 1

Aluno do Curso de Especialização Latu Sensu em produção de Bovino de Leite, Uneal, Campus II, Zootecnia. ²Professor titular da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, Zootecnia, pós – doutorando CENA/USP, grupo de pesquisa caatinga. ³Aluno do curso de Bacharelado em Zootecnia, Uneal, Campus II. 4 Aluno do curso de Bacharelado em Zootecnia, Uneal, Campus II. Email:. alex-romualdo@hotmail.com 5 Aluna do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Uneal, campus

THE SITUATION OF DAIRY FARMING IN BRAZIL tem

papel

fundamental

no

desenvolvimento da economia de um país. Em

ABSTRACT Farming plays an important role in developing the

países como o Brasil, onde as condições naturais

economy of a country. In countries like Brazil, where

fornecem vantagens comparativas aos produtos da

natural conditions provide comparative advantages

agropecuária, seu grau de importância se eleva

to agricultural products, the degree of importance

consideravelmente, principalmente em setores como

rises considerably, especially in sectors such as

a bovinocultura leiteira

em

dairy cattle that is always on the rise. More to its full

ascensão. Mas para seu pleno desempenho um bom

performance a good knowledge of the chain

conhecimento da cadeia produtiva torna-se a cada

becomes more necessary every day. Thus the

dia mais necessário. Assim a pesquisa realizada

survey was classified as explanatory, since the same

classificou-se como explicativa, uma vez que, a

aims deal with the description of the situation of the

mesma tem como objetivo principal tratar da

characteristics of dairy cattle in Brazil, with a view in

descrição das características da conjuntura da

the analyzes and studies carried out in this sector.

bovinocultura leiteira no Brasil, com vista nas

Through the above was possible to identify the

análises e estudos realizados neste setor. Através do

importance of Dairy Cattle for Brazil and the high

exposto foi possível identificar a importância da

expectations of the development of this productive

Pecuária Leiteira para o Brasil e as grandes

chain mainly in relation to production, productivity

expectativas do desenvolvimento dessa cadeia

and product quality milk, increasingly expanding the

produtiva principalmente com relação à produção, a

scope of markets for domestic production.

que está sempre

produtividade e a qualidade do produto leite, ampliando cada vez mais as possibilidades de

Keyword: Dairy cattle, production chain,

mercados para a produção nacional.

agribusiness.

Palavras-chave: Bovinocultura leiteira, cadeia

produtiva, agronegócio.

4954


Artigo 410 – Conjuntura da pecuária leiteira no Brasil

INTRODUÇÃO

Estes

O Brasil, pela sua imensa área e por ser um País de

individualmente,

clima tropical e subtropical, apresenta grande

eficiência

potencial para produzir leite e carne, tendo as

nacional, traduzida pela idade avançada ao primeiro

pastagens tropicais como principal fonte de alimento

parto e o longo intervalo de partos dos animais, o

para os animais, a um custo relativamente menor do

que impede a total exploração do potencial produtivo

que em outros países. O Brasil pode se tornar a

e reprodutivo dos mesmos. O processo produtivo da

médio ou longo prazo, um importante exportador de

pecuária bovina fundamenta-se, primariamente, na

leite e de produtos lácteos, a exemplo do que já

eficiência reprodutiva dos rebanhos, já que com

ocorre com a carne bovina.

intervalo de partos de 12 meses pode-se maximizar

diversos

fatores, são

associados

responsáveis

reprodutiva

dos

pela

rebanhos

ou baixa

leiteiros

a produção de leite do rebanho, com o parto sendo o Segundo Zoccal et al. (2008) e a Embrapa Gado de

evento de maior significado em um sistema de

Leite (2012) a pecuária leiteira no Brasil apresenta

produção, pela geração de uma nova cria e início de

características marcantes: sua produção ocorre em

uma lactação.

todo o território; não existe um padrão de produção (desde

produção

de

subsistência

à

produção

Observando

evidenciar

a

importância

da

intensiva);qualidade da matéria-prima questionável,

bovinocultura e sua conjuntura atual no país,

e variado grau de instrução formal dos produtores.

conforme acima exposto, objetivou-se com este trabalho, desenvolver uma revisão de literatura

A pecuária bovina leiteira teve, nos últimos anos, um

acerca da situação atual da bovinocultura leiteira no

acentuado crescimento de produção, passando de

Brasil. Sendo esta revisão de caráter descritivo uma

14,4

para

vez que o interesse é descrever o tema em questão

aproximadamente 32,0 bilhões de litros/ano, em

através de um levantamento das características

2012. Apesar do grande aumento na produção de

conhecidas e literaturas existentes (SANTOS, 2007).

bilhões

de

litros,

em

1990,

leite no país, a produtividade não teve um aumento significativo, passando de 759 kg/lactação, em 1990, para

1.213

kg/vaca/ano,

em

2006,

com

O MERCADO DO LEITE

um

crescimento de 59,7%, continuando muito inferior à

A cadeia agroindustrial do leite é reconhecida como

Argentina (3.918 kg) e aos países desenvolvidos,

uma das mais importantes do agronegócio nacional

onde a média de produção é maior que 5.000

sob a ótica social e econômica, estando presente em todo o território nacional com papel relevante no

kg/lactação (NETO et al., 2013).

suprimento de alimentos, geração de empregos e de Vários

fatores

produtividade

têm no

especializados;

setor

leiteiro:

alimentação

qualitativamente; incorreto;

contribuído

manejo

ausência

baixa

renda para a população. A pecuária bovina vem

não

impulsionando o crescimento do Produto Interno

quanti-

Bruto (PIB) do País, representando quase 25% do

a

rebanhos

deficiente

geral

de

para

inadequado

controle

ou

zootécnico

(reprodutivo e leiteiro); condições gerais de higiene insatisfatórias;

infraestrutura

PIB Nacional em 2012 (NETO et al., 2013).

de

produção

insuficiente; ausência de práticas administrativas indispensáveis (mau gerenciamento da propriedade),

NETO et al. (2013) destaca ainda que mesmo com baixos índices de produtividade, a suma importância para a economia do País ainda é considerada, uma vez que a elevação na demanda final por produtos

mão de obra não especializada, práticas sanitárias

lácteos em R$ 1,0 milhão gera 195 empregos

inadequadas,

permanentes. Este impacto supera o de setores

e

falta

de

assistência

técnica

qualificada. Acrescente-se a estes, outros fatores

tradicionalmente

como deficiências nos sistemas de transporte,

automobilístico, o da construção civil, o siderúrgico e

armazenamento, comercialização do produto e insumos, crédito rural e falta de associativismo dos produtores. 4955

importantes,

como

o

o têxtil. O setor leiteiro no País envolve cerca de cinco milhões de pessoas, considerando também os 1,3 milhão de produtores de leite.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4954-4958, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 410- Conjuntura da pecuária leiteira no Brasil

Segundo DEPEC (2016) no ano de 2015 foram

situação pelo fato desta vir crescendo de forma

exportados US$ 309 milhões contra a importação de

expressiva.

US$ 419 milhões, apresentando um saldo negativo de US$ 110 milhões de dólares. E embora desde

No Brasil, estima-se que o leite esteja presente em

2009, a balança comercial de produtos láticos tenha

cerca de 90% dos domicílios, no café da manhã.

apresentando um déficit, nos anos mais recentes a

Mesmo assim, semelhante ao restante do mundo, o

situação

consumo

está se revertendo, pois

os

preços

de

leite

está

fortemente

ligado

às

internacionais apresentaram melhora, tornando os

crianças. De acordo com a Láctea Brasil apud.

produtos láticos brasileiros novamente atrativos no

TONINI (2006), ao longo da vida do brasileiro, é

mercado externo, além do dólar estar em alta no

possível estimar que cerca de 35% do consumo de

momento.

leite ocorre até os 12 anos de idade, cerca de 16% ocorre na adolescência e depois declina com o

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab

avanço da idade. Com o envelhecimento, a taxa

(2015)) reafirma que as exportações aumentaram a

óssea no corpo diminui e indica-se a ingestão de

uma taxa média de 1,3% a.a., entre 2010 e 2014, e

cálcio, principalmente, para evitar maior perda óssea

as importações recuaram 2% a.a., no mesmo

e futuros problemas no organismo. Como leite e

período.

as

derivados são importantes fontes de cálcio, seu

exportações aumentaram 12,8%, alcançando 508

consumo é recomendado por especialistas em

milhões de litros, e para as importações uma

saúde. Entretanto, o declínio do consumo de leite no

redução de 4%, situando-se em 698 milhões de

Brasil com o decorrer da idade, está relacionado

litros,

uma

especialmente ao hábito alimentar. Além da falta de

continuidade do crescimento das exportações (4,7%)

costume no consumo, existe a ideia de que adulto

e redução das importações (3,9%).

não pode tomar leite porque não absorve todas as

Segundo

prevendo

a

mesma

também

em

para

2015,

2016,

substâncias contidas no alimento. CONSUMO BRASILEIRO DE LEITE Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, A demanda

por

pode ser

o consumo de leite, na forma fluida ou de derivados

aumentada por diversos fatores, entre eles o

lácteos, varia de acordo com a idade das pessoas. A

aumento de população, crescimento de renda,

recomendação para crianças de até 10 anos é de

redução

produtos

400 ml/dia, isto é, 146 litros/ano de leite fluido ou

concorrentes ou substitutos e mudanças nos hábitos

equivalente na forma de derivados. Para os jovens

alimentares. Na realidade a demanda é alterada por

de 11 a 19 anos, o consumo é maior, de 700 ml/dia

diversos

ocorrer

ou 256 litros/ano e para os adultos acima de 20 anos

simultaneamente (EMBRAPA GADO DE LEITE,

a recomendação é de 600 ml/dia ou 219 litros/ano,

2012).

inclusive para os idosos, porém o consumo para

de

leite

preços

fatores

e derivados

relativos

que

de

podem

esse grupo de pessoas deve ser principalmente O expressivo aumento na produção leiteira nacional

desnatado (BRASIL, 2013).

ainda é insuficiente para atender às recomendações de consumo interno indicadas pela Sociedade

AS EXPECTATIVAS DE DESENVOLVIMENTO DO

Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), (360

SETOR LEITEIROO

kcal/dia proveniente de leite e derivados ou 233 litros/habitante/ano), para o que seriam necessários

Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do

cerca de 46,693 bilhões de litros ano em 2014

mundo,

(SBAN, 2015), ou seja, nove bilhões (34,52%) a mais que o produzido, uma vez em 2014, foram produzidos somente 37,5 bilhões (CONAB, 2015), fica evidenciado um déficit significativo de produção

contando

com

aproximadamente

177

milhões de animais, dos quais 35 milhões (20%) constituem o efetivo da pecuária leiteira. Cerca de 19 a 20 milhões de vacas, pertencentes a 1,4 milhões

para atender a demanda atual, agravando-se a Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4954-4958, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4956


Artigo 410 - Conjuntura da pecuária leiteira no Brasil

de produtores, produziram cerca de 32 bilhões de litros de leite, em 2012, colocando o país na quarta colocação no ranking mundial de produção leiteira (CONAB, 2013), ao qual se mantém até hoje. Contudo, a pecuária leiteira nacional ainda é caracterizada

pela

baixa

produtividade

dos

rebanhos, visto que o aumento do volume de leite produzido ao longo dos anos ocorreu, em grande

estabelece padrões mínimos de qualidade e fiscalização mais rigorosa, indicam que essa tendência veio para ficar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto nota-se que o agronegócio do leite ocupa posição de destaque na economia brasileira, sendo grandes as expectativas, nesta década, de continuarmos o crescimento da produção

parte, devido ao aumento do número de vacas

e da produtividade, com índices maiores do que

ordenhadas e não por melhoria de produtividade,

aqueles que têm sido alcançados em anos recentes.

embora esta tenha tido um pequeno aumento na Por sua vez é possível afirmar que o aumento do

última década (SILVA & NETO, 2014).

rebanho teve significante responsabilidade sobre o VILELA et al. (2001) por sua vez identificam diversas

crescimento da produção de leite no Brasil do que a

limitações ao desenvolvimento da cadeia produtiva

produtividade. Sendo necessários para mudança

do setor leiteiro, entre as quais a baixa efetividade

desta realidade a melhoria de parâmetros e técnicas

dos serviços de assistência técnica. LOPES (2007)

como: eficiência reprodutiva, melhoria na nutrição e

ressalta que o sucesso da atividade leiteira está

melhoramento de pastagens, maiores cuidados

aliado a diferentes fatores presentes dentro e fora da

higiênicos e sanitários, melhoria da genética do

porteira, envolvendo a administração, independente

rebanho e melhor aproveitamento dos recursos

do tamanho da propriedade rural, o que significa que

disponíveis

as decisões devem ser tomadas com base em

prioritariamente, um incentivo direto e continuo de

fatores lógicos, e após um planejamento. Além

produtores

disso, os agricultores necessitam de ferramentas

qualificação da produção leiteira.

para

esta

produção.

Mas

para sua continuidade, melhoria e

gerenciais adequadas e dados atualizados, como forma de aumentar sua rentabilidade, sem que sejam necessários grandes investimentos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Assim o produtor que quiser se profissionalizar e permanecer na atividade deve ter como meta principal obter alta eficiência em seu sistema de

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Departamento de Atenção Básica.Básica. – 1. ed., 1.

os custos de produção. Para isto, deve melhorar a

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eficiência da produção de alimentos volumosos, buscando boa qualidade e produção em quantidade suficiente para alimentar o rebanho durante todo o ano (NETO et al., 2013). O autor relata também que outro fator, ao qual o profissional na produção de leite deve estar atento, é a exigência atual do

COMPANHIA

NACIONAL

DE

ABASTECIMENTO.

Perspectivas para a agropecuária. Companhia Nacional de Abastecimento – v.1 – Brasília : Conab, 2013. COMPANHIA

NACIONAL

DE

ABASTECIMENTO.

mercado por qualidade. Uma vez que vários fatores

Perspectivas para a agropecuária. Companhia

como:

Nacional de Abastecimento, Brasília, v.3, p. 1-130,

a

exigência

crescente

por

parte

dos

consumidores, que se preocupam não só com preço, mas também com qualidade, não tolerando produtos com prazo de validade reduzido ou histórico de contaminação e a aplicação da legislação atual, que

4957

2015. DEPEC – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos.

Leite

e

Derivados.

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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4954-4958, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


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unidades

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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4954-4958, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4958


Consumo de leite orgânico em Arapiraca-AL Segurança alimentar, meio ambiente, desenvolvimento sustentável.

Revista Eletrônica

1

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Fernanda de Araujo Vieira 2 José Crisólogo de Sales Silva 1 Rafaelle Santos Santana 1

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Especialista em Bovinocultura de Leite da Universidade Estadual de Alagoas- UNEAL, Santana do Ipanema (AL); fernandinhafam@bol.com.br . 2 Professor Titular do Curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Alagoas.

RESUMO

ORGANIC MILK CONSUMPTION IN ARAPIRACA-AL

A busca por alimentos que garantam a segurança

ABSTRACT

alimentar e nutricional, por consumidores cada vez

The search for food to ensure food and nutrition

mais exigentes, aumenta a cada dia e o leite

security for increasingly demanding consumers,

orgânico (LO) apresenta-se como um produto de

increases every day and organic milk (LO) is

qualidade pela ausência de resíduos químicos.

presented as a quality product by the absence of

Objetivou-se

a

chemical residues. The objective of this work was to

importância da produção de LO e verificar se há

study the importance of production of LO and check

consumo do mesmo em um condomínio localizado

for consumption even in a condominium located in a

em um bairro de Arapiraca-AL. A metodologia da

Arapiraca-AL neighborhood. The methodology of

parte teórica envolveu estudos sobre a importância

theoretical studies involved about the importance

e/ou os benefícios da produção de leite orgânico e a

and / or the benefits of organic milk production and

comercialização do mesmo. A metodologia da parte

the marketing of it. The methodology of the empirical

empírica envolveu a aplicação de formulários a partir

part involved the application forms from the premises

de premissas levantadas na parte teórica. Através da

raised in the theoretical part. Through research it

pesquisa

dos

was observed that 62.26% of respondents would be

entrevistados estariam dispostos a pagar um valor

willing to pay a higher amount for LO. There was

maior pelo LO. Verificou-se, também, que 13,20%

also that 13.20% of respondents would pay a higher

dos entrevistados, pagariam um preço mais elevado

price for LO depending on financial conditions. It was

pelo LO dependendo das condições financeiras.

concluded that there is no consumption (LO) in the

Concluiu-se que não há consumo de (LO) no

studied universe and organic production models are

universo estudado e que modelos de produção

needed for there to be sustainable development and

orgânicos

food and nutrition security.

com

foi

são

este

trabalho

observado

necessários

que

estudar

62,26%

para

que

exista

desenvolvimento sustentável e segurança alimentar

Keyword: food security, environment and

e nutricional.

sustainable development.

Palavras-chave: segurança alimentar, meio ambiente, desenvolvimento sustentável.

4959


Artigo 411 – Consumo de leite orgânico em Arapiraca - AL

INTRODUÇÃO

autorizados, é necessário que o pecuarista esteja

O aparecimento de novas doenças e a queda na

compromissado com a preservação ambiental e

qualidade

comum,

proporcione adequadas condições de trabalho aos

ultimamente. Muitas vezes, a solução está em uma

seus empregados, sempre visando a excelência do

alimentação

produto a ser obtido (Castro et al., 2008).

de

vida mais

das

pessoas

equilibrada

é

garantindo

ao

A

organismo os nutrientes necessários para aguentar

produção de leite orgânico (LO) se enquadra dentro

a carga de atividades do dia a dia, destacando-se o

da Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que

leite

dispõe sobre a agricultura orgânica (GALDINO et al.,

como

um

dos

principais

alimentos

(AUGUSTINHO, 2015). Entende-se por leite, sem

2013).

outra especificação, o produto proveniente da ordenha completa e ininterrupta, em condições de

O contato direto entre produtor e consumidor foi

higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e

perdido à medida que houve a entrada dos produtos

descansadas (IN nº51, Brasil, 2002).

orgânicos

nas

prateleiras

dos

supermercados

surgindo a necessidade de garantia que ateste ou dos

certifique a qualidade dos produtos, que ele é um

mamíferos existentes, o ser humano é o único que

produto orgânico e que segue as regras de produção

toma leite durante toda a sua vida. O leite materno é

orgânica. Assim surgiram as Normas de Produção

essencial para seu crescimento e desenvolvimento

Orgânica e o Processo de Certificação de Produtos

orgânico e funcional pela riqueza de nutrientes como

Orgânicos. As normas reúnem as regras básicas de

gordura, vitamina e minerais indispensáveis para o

produção orgânica na área vegetal e animal. Onde

sistema imunológico, preparando o organismo do

informa, na produção vegetal, o que é proibido,

bebê contra diversas doenças.

eventualmente

De

acordo

com

AUGUSTINHO

(2015),

Com o passar do

permitido

e

recomendado;

na

tempo, o leite permanece na dieta do homem, mas

produção animal, informa o que é proibido, restrito

em quantidades menores. Por isso, vem sendo

ou

desenvolvidas diversas campanhas para incentivar o

recomendado (FERREIRA, 2004).

eventualmente

permitido,

permitidos

e

consumo de produtos lácteos, destacando os benefícios do leite para a saúde, dos quais, o mais

As dificuldades encontradas na fase de transição da

importante é o fato do leite ser fonte de cálcio,

produção orgânica de leite foram associadas à

mineral fundamental para a boa formação dos

alimentação, saúde animal, e a falta de assistência

ossos,

técnica. A maior sustentabilidade ambiental e a

além

de

possuir

vitaminas,

proteínas,

melhoria na saúde das pessoas e dos animais são

potássio, aminoácidos e fósforo.

pontos positivos da produção orgânica de leite. A preocupação dos consumidores em relação à

Dentre as os pontos negativos estão a dificuldade na

qualidade do leite e às condições de produção do

comercialização,

mesmo e bem-estar dos animais são crescentes,

organizacional

nos últimos anos. Simultaneamente, cresce o

(HONORATO et al., 2014).

problemas e

o

domínio

de de

estrutura

conhecimento

interesse e o consumo de produtos e subprodutos de origem animal produzidos no sistema orgânico,

O leite orgânico difere daquele obtido na pecuária

com destaque para o leite e derivados (RIBEIRO et

convencional por não conter resíduos químicos de

al., 2009).

qualquer espécie, possuindo mesmo sabor e valor nutritivo, podendo ser consumido puro, sob a forma

Leite orgânico é o produto da pecuária leiteira

de lactoderivados ou incorporado a outros produtos

orgânica, que se baseia nas premissas de ser uma

alimentícios.

exploração economicamente viável, ecologicamente

direcionada

correta

e

socialmente

justa.

Nesse

tipo

de

exploração, além de os animais serem criados de forma saudável, sem a utilização de antibióticos, hormônios, vermífugos, promotores de crescimento, estimulantes de apetite, ureia e demais aditivos não

Embora a

um

sua

produção

público

não

específico,

seja seus

consumidores são, em geral, bem informados, possuem

consciência

ecológica

e

buscam

a

qualidade dos alimentos. Esse tipo de leite possui valor agregado e, consequentemente, custo final mais

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4959-4963, jan/ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4960


Artigo 411 – Consumo de leite orgânico em Arapicara - AL

elevado, restringindo seu consumo diário a uma

o preço do leite orgânico ao produtor tem que custar

parcela da população com maior poder aquisitivo.

até 70% a mais do valor praticado pelo convencional

Existe uma tendência de mudança deste cenário a

para ser viável economicamente (SOARES, 2009).

partir da disponibilização de tecnologias que irão contribuir para redução no custo de produção,

No sistema orgânico de produção de leite, não basta

aumento da oferta do produto no mercado e

somente substituir produtos sintéticos por biológicos.

consequentemente redução do preço do leite

É necessário trabalhar a propriedade como um todo,

orgânico nas prateleiras. Embora o leite orgânico

usando eficientemente os recursos naturais, tirando

constitua um promissor subnicho de mercado, com

proveito de seus processos biológicos, físicos e

crescimento anual de 30%, ainda é um produto raro

químicos, mantendo a biodiversidade, a proteção ao

e de insignificante produção frente aos 25 bilhões de

meio ambiente e a justiça social (FERREIRA, 2004).

litros de leite convencional produzidos no país em

Segundo Soares (2009), o Ministério da Agricultura e

2006.

iniciativas isoladas, a

do abastecimento estabelece também uma série de

produção de leite orgânico no Brasil ainda é

procedimentos para que o leite seja considerado

incipiente, fato que aliado ao pouco interesse das

orgânico. Estes procedimentos regulamentam a

empresas receptoras em processá-lo explicam o

alimentação do rebanho, instalações e manejo,

baixo volume oferecido à população (CASTRO,

escolha

2008).

processamento e o empacotamento do produto e

A despeito das

estão

dos

animais,

duplamente

sanidade

e

regulamentados,

até

o pois

Apesar de possuir uma das mais extensas áreas do

estabelecem a Lei 10831 (Brasil, 2003) para a

mundo, dedicada à agricultura orgânica, a produção

produção orgânica além da instrução normativa – IN

de “leite orgânico” ainda é insipiente, não chegando

51 (Brasil, 2002) que prevê entre outros sua

a 0,1% da produção brasileira. Diferentes fatores

distribuição e resfriamento adequado.

contribuem para esta pequena produção. A lei que caracteriza a agricultura orgânica nacional, só foi

Com o sistema de produção orgânico, será dada a

sancionada em novembro de 2003. Além do mais,

natureza a chance de expressar todo o seu poder

pode ser citada a carência de pesquisas enfocando

regenerativo. Ao produtor de alimentos dar-se-ão a

a alimentação, o padrão racial e os cuidados

dignidade e o respeito em todas as etapas de

sanitários do rebanho, especialmente, no que diz

produção, respeitando as leis trabalhistas e livrando-

respeito ao controle de carrapatos e ao tratamento

o do manuseio de venenos e suas intoxicações

das mastites (AROEIRA et al., 2001).

mórbidas. Ao mercado levar-se-ão a transparência e a visibilidade daquilo que é produzido e vendido. E

A baixa escala de produção e processamento,

ao consumidor a saúde (FERREIRA, 2004).

características relacionadas ao atendimento de mercados de nicho, é uma particularidade agravada

Este trabalho teve como objetivo verificar se há

pelas dificuldades inerentes do sistema orgânico de

consumo de leite orgânico em um condomínio

produção de leite. Tais restrições técnicas só

localizado na cidade de Arapiraca – AL.

poderão

ser

solucionadas

caso

ocorra

uma

consolidação paulatina de instituições públicas e

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

privadas devotadas ao desenvolvimento de novas

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do

tecnologias de produção e processamento de

artigo foi a descritiva quantitativa.

alimentos orgânicos (BIEDRZYCKI et al., 2012).

A pesquisa foi realizada em

um

condomínio

localizado no bairro Nova Esperança, em Arapiraca, No Brasil, pesquisas recentes mostram que o

com um universo de 265 famílias, das quais foram

consumidor,

está

entrevistadas 20% destas (53 famílias) acerca do

disposto a pagar até 60% a mais pelo leite orgânico

grau de escolaridade, do consumo de leite na

comparado ao convencional, no entanto isto ainda

residência, se sabiam o que é leite orgânico, se o

não seria o necessário, pois outro estudo mostrou que

leite consumido é orgânico, entre outros.

4961

principalmente

do

sudeste,

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Artigo 411 – Consumo de leite orgânico em Arapiraca - AL

O método utilizado para a coleta de dados foi o da

e dos consumidores, foram feitas três perguntas

entrevista estruturada e não estruturada onde foram

(tabela 1), onde, 92,5 % dos entrevistados afirmaram

elaborados

que consumiriam, confirmando BIEDRZYCKI et al.

formulários

contendo

perguntas,

algumas já citadas acima, que foram aplicados pela

(2012) e 7,5% não consumiriam.

pesquisadora para a coleta dos dados. Foi utilizada, também, a estatística descritiva quantitativa para a

TABELA

1:

contabilização dos resultados.

Arapiraca-AL

Consumo

de

leite

orgânico

Pergunta

Foram

feitas

observações,

nos

FR%**

grandes

supermercados da cidade, para verificar a oferta do leite orgânico nas gôndolas dos mesmos.

FA* 1Você consome(m) convencional?

(s) leite

Sim

Total

produção do leite orgânico e sua comercialização

Sim

Não 38

artigo, que é importante chegar ao conhecimento

Total

dos consumidores que se preocupam com o

53 3- Se conhecesse, consumiria?

Sim

RESULTADOS E DISCUSSÃO

04

Verificou-se que, no ambiente pesquisado existem

Total

graus

de

escolaridade:

nível médio completo (34% – maior frequência), nível médio

incompleto

(9,4%), nível superior

4Você estaria disposto a pagar um valor a mais pelo LO***

Sim

Sim¹ 07

pós-graduação

Sim²

Apesar

de

o

leite

proporcionar benefícios à saúde, dos quais, o mais importante é o fato do mesmo ser fonte de cálcio (AUGUSTINHO, 2015), observou-se, na pesquisa que 3,8% dos entrevistados não consomem leite e 96,2 consomem.

92,5

7,5

100

62,26

33

completo (9,4%), nível superior incompleto (7,5%) e (3,8%).

100

53

fundamental

completo (9,4%), fundamental incompleto (26,4%),

71,7

49 Não

diversos

28,3

15

leite orgânico, possibilitando a elaboração de tal

segurança alimentar e nutricional dos mesmos.

100

53 2- Você sabe o que é leite orgânico?

que relatam sobre a importância da produção de

consumo de alimentos saudáveis que garantam a

3,8

02

A metodologia da parte teórica envolveu o estudo da

internet, em artigos de literatura, revistas, cartilhas,

96,2

51 Não

contando com pesquisas realizadas, através da

em

13,20

7,54

04 Não

17,00

09 Total

100

53 Fonte: Elaborada pelo autor

Quando foram questionados se sabiam o que é leite

*FA: Frequência Absoluta; **FR: Frequência Relativa; ***Leite Orgânico; Sim¹: dependendo das condições financeiras; Sim²: em caso de necessidade.

orgânico, apenas 28,3% dos entrevistados falaram saber o que é leite orgânico (LO) e 71,7%

Quando questionados sobre a disposição em pagar

informaram não saber, como cita BIEDRZYCKI et al.

um valor a mais pelo LO (pergunta de nº 4), 62,26%

(2012) em sua pesquisa onde diz que um de seus

dos entrevistados responderam sim, evidenciando

entrevistados fala que o mercado quer o produto

que o preço elevado do produto orgânico em

orgânico, mas ainda não entende direito o real

questão não é um dos entraves do consumo,

conceito desse produto, dificultando as vendas. Ao

contrariando-se com Silva, et al, (2005), através de

ser

pesquisa afirmaram que um dos fatores que torna difícil a comercialização dos produtos orgânicos é justamente o preço. O mesmo cita, ainda, os aspectos de regularidade dos produtos na loja.

explicado

o

que

é

leite

orgânico

(LO),

osbenefícios trazidos ao meio ambiente, à saúde dos animais e das pessoas envolvidas na produção

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4962


Artigo 411 – Consumo de leite orgânico em Arapiraca - AL

Um dos entrevistados da pesquisa (morador do condomínio em Arapiraca) mencionou o difícil acesso ao leite orgânico, fato que ratifica a questão de regularidade dos produtos nas lojas. Ratificando, também, a afirmação de Campos; Miranda, (2012) quando aborda o fato de que, apesar de o leite orgânico constituir um pequeno nicho do mercado (crescimento anual de 30% no País), ainda é um produto com pouca oferta. Outra questão é o número reduzido de propriedades que exploram a pecuária de leiteira orgânica, apenas uma em Alagoas. Ainda na questão do preço, 13,20% dos entrevistados, afirmaram pagar um valor a mais pelo LO dependendo das condições financeiras, como afirmam Nascimento e Dörr (2009), em pesquisa realizada, onde os resultados mostraram que 64% dos entrevistados consideraram o preço como um atributo importante na escolha. A necessidade em utilizar o leite orgânico faria 7,54% dos pesquisados pagarem um valor diferenciado na aquisição do LO, ou seja, só em caso de saúde, como cita Silva, et al. (2005) em sua pesquisa, quando diz que os motivos que impulsionaram a compra de produtos orgânicos foram: a saúde familiar, a não utilização de agrotóxico, a valorização do meio ambiente e a saúde pessoal e, 17,00% não estariam dispostos a pagar um valor a mais pelo LO. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto foi observado que não há consumo de LO no condomínio estudado, justificado pela não existência de Leite Orgânico nas gondolas dos supermercados mais frequentados da cidade. Há uma carência de literatura na área estudada e uma necessidade de trabalhos de estudos nesta área (produção e comercialização dos produtos orgânicos), com estratégias de comercialização através de propagandas e de exposições dos produtos nos supermercados por representar (o leite orgânico) um nicho de mercado em crescimento, ganhando o produtor, o consumidor e o meio ambiente.

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A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

Revista Eletrônica

Alimentação, forragem, bovinos. 1

Ivan Silva França 2 José Crisólogo de Sales Silva 1 Pedro Queiroz de Lima 1

Vol. 14, Nº 01, jan./ fev. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Especialização em Bovinocultura de leite,Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, ivansilvazoo@hotmail.com. 2 professor titular, Zootecnia, Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, Doutorado em Ciências, Biotecnologia pela Universidade Federal de Alagoas- UFAL, Pós-doutorado pelo CENA USP, nutrição animal.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO O sorgo forrageiro, assim como as outras espécies: o granífero, o sacarino e o vassoura que tem como origem África e parte da Ásia vêm se desenvolvendo de forma abrangente, em muitas regiões do Brasil. Este trabalho teve como objetivo, reunir informações sobre a origem, introdução, e disseminação da cultura do sorgo nas mais diferentes regiões do Brasil. O sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA, para produção de xarope ou melaço durante o século XX, chegando ao Brasil da mesma forma que chegou à América do Norte e Central; através dos escravos africanos. Recentemente a cultura foi reintroduzida de forma ordenada no país, através dos institutos de pesquisas públicos e universidades. O sorgo forrageiro tem demostrado grande potencial para utilização na alimentação de bovinos leiteiro, podendo ser utilizado como feno, pastejo, corte direto e silagem. O cultivo de sorgo dos mais variados espécimes, é bastante expressivo, nas regiões semiáridas, e não semiáridas do Brasil, demostrando bons resultas na produção de silagens e produtividade de grãos, ainda se destacando por possuir boa rusticidade e capacidade de adaptação a condições limitantes, como temperaturas elevadas e escassez de água das regiões semiárida. Palavras-chave: alimentação, forragem, bovino.

THE IMPORTANCE OF SORGHUM IN THE DAIRY CATTLE RAISING IN BRAZIL ABSTRACT The sorghum, as well as other specimens: the grain production, the saccharine and the broom whose origin Africa and parts of Asia is developing comprehensively, in many regions of Brazil. This study aimed, gather information on the origin, introduction and spread of the sorghum crop in different regions of Brazil. Sorghum was extensively grown in the US for the production of syrup or molasses during the twentieth century, coming to Brazil in the same way that reached North and Central

America;

through

the

African

slaves.

Recently the culture was reintroduced in an orderly manner in the country, by public research institutes and universities. The sorghum has demonstrated great potential for use in feed for dairy cattle, since it has

high

productivity,

good

adaptation

to

mechanization and grid versatility and can be used as hay, grazing, straight cut and silage. Sorghum cultivation of various species, are very significant in the semi-arid regions, and not semi-arid of Brazil, showing good resultas in the production of silage and grain yield, still standing out for having good hardiness and adaptability to limiting conditions as high temperatures and water scarcity of semiarid regions. Keyword: Food, fodder, cattle. 4964


Artigo 412 – A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

INTRODUÇÃO O sorgo tem como origem África e parte da Ásia,

De

apesar de ser uma cultura muito antiga, somente a

Abastecimento (Conab (2009)), o sorgo é a base

acordo

com

a

Companhia

Nacional

de

partir do fim do século XIX é que teve um grande

alimentar de mais de 500 milhões de pessoas em

desenvolvimento em muitas regiões agrícolas do

mais de 30 países. Somente arroz, trigo, milho e

mundo (Veiga, 1986).

batata o superam em termos de quantidade de alimento consumido. Entretanto, a cultura de sorgo

Conforme Vilela (2005) o Sorghum bicolor (L)

produz muito menos do que seu potencial oferece.

Moench (S.vulgare Pers.), figura 1, mais conhecido como

O século XX foi o século produtivo para trigo, o arroz

características: ciclo vegetativo: anual de (100 dias),

e o milho. O século XXI poderá ser o século do sorgo

com altura de planta de 2 a 3 m, dependendo da

(EMBRAPA Milho e Sorgo, 2012).

como

sorgo

forrageiro,

apresenta

variedade e das condições do solo, sua forma de O sorgo chegou ao Brasil da mesma forma como

crescimento ereto, cespitosa (touceiras).

chegou à América do Norte e Central: através dos FIGURA 1: Sorgo forrageiro

escravos africanos. Demonstrado na Figura 2. Nomes como “milho d angola” ou “Milho da Guiné”, encontrados na literatura e até hoje no vocabulário do nordestino sinalizam que possivelmente as primeiras sementes de sorgo trazidas ao Brasil entraram pelo nordeste, no período de intenso tráfico de escravos para trabalhar na atividade açucareira. FIGURA 2: Escravos africanos transportando sorgo

Fonte: Embrapa 2012

Segundo Ribas (2003, p. 8) “O sorgo chegou ao Oriente próximo um pouco mais tarde e, ao mesmo tempo,

atingiu

a

Europa,

através

da

Itália,

provavelmente com sementes trazidas da Índia, por volta de 60 a 70 anos DC”. Nas primeiras décadas do século XX, o sorgo foi extensivamente cultivado nos EUA, para produção de xarope ou melaço. As cultivares era de porte muito alto e tardio, com alguma semelhança fenotípica com os atuais sorgos forrageiros para silagem. “Estudos demostram que o cultivo de sorgo na Índia (que atualmente é a maior área em extensão de cultivo de sorgo em todo mundo) remota ao século I DC” (RIBAS, 2003). Na América do Sul a Argentina é o maior produtor, seguido pelo Brasil, que está muito próximo de fazer parte do grupo dos 10. A produção brasileira está crescendo rapidamente e poderá, ainda nesta década, se igualar ou superar a posição da Argentina, no Continente. 4965

Fonte: J. B. Debret -1888

A

domesticação

do

sorgo,

segundo

registros

arqueológicos, deve ter acontecido por volta de 3000 AC, ao tempo em que a prática da domesticação e cultivo de outros cereais era introduzida no Egito antigo, a partir da Etiópia (RIBAS, 2003). Nos países em desenvolvimento, o sorgo, principalmente o granífero,

destina-se

a

alimentação

humana,

enquanto que em países desenvolvidos é utilizado como alimento animal (COELHO, 2003). Agronomicamente, os sorgos são classificados em quatro grupos: granifero; forrageiros para silagem e/ou sacarino; forrageiro para pastejo/corte verde/

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Artigo 412 - A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

fenação/ cobertura morta e o vassoura.

Central, a semeadura é feita em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja. No

Baseado na importância mundial na produção de

Nordeste, a cultura é plantada na estação das chuvas ou de “inverno”.

forragem a partir do sorgo, em especial para pecuária brasileira, este trabalho teve como objetivo resgatar, por revisão de literatura, de forma concisa, os registros da origem, introdução, disseminação e principais áreas de concentração do sorgo no Brasil.

Afirma Rodrigues et al. (2008) No Brasil a cultura é plantada desde solos heteromórficos, das regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, passando pelos latossolos das regiões do Cerrado, até os solos aluviais dos vales das regiões semiáridas do Nordeste.

O Sorgo no Brasil No Brasil a cultura do sorgo é uma das que mais

O sorgo é uma extraordinária fábrica de energia, de

cresce,

no

enorme utilidade em regiões muito quente e seca,

abastecimento de grãos e forragem Rodrigues et al .

onde o homem não consegue boas produtividades

(2008).

de grãos ou de forragem, cultivado outras espécies,

tendo

importância

estratégica,

como o milho (RIBAS, 2003). Considerado

uma

das

alternativas

para

a

alimentação animal, a cultura do sorgo forrageiro,

Segundo Rodrigues (2014) a cultura de sorgo tem

tem papel importante nas principais regiões, onde

sido

estão concentrados os maiores rebanhos do Brasil.

principalmente por sua facilidade de cultivo, pelos

(ALVARENGA et al., 2007).

altos rendimentos, pela tolerância à seca, pela

utilizada

capacidade Como cita Rosa (2012, p. 01) “No Brasil, sua

de

no

se

processo

cultivar

a

de

ensilagem,

rebrota

quando

submetido a manejo adequado.

expansão se iniciou na década de 70, principalmente no Rio Grande do Sul, em São Paulo, na Bahia e no

Conforme Miranda et al. (2007, p. 01). O

Paraná.”.

sorgo ainda apresenta outras vantagens como: rusticidade, amplitude de época de

No Estado de Minas Gerais a cultura vem crescendo

plantio maior de setembro até março, menor

de forma acentuada nos últimos anos, especialmente

custo de produção, elevado potencial de

nas regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e

produção, ate 100 t/ha de massa verde, por

Noroeste Mineiro, como alternativa de plantio de

ano, em dois cortes, possibilidade de uso da

safrinha ou segunda safra (ROSA, 2012, P. 01).

rebrota, colhendo-se no segundo corte de 30 a 70% da produção obtida no primeiro corte,

“Na região Norte de Minas, principalmente em

diminuindo o custo de produção por hectare,

função das baixas precipitações pluviométricas, o sorgo é uma opção de cultivo, devido à sua grande resistência a períodos de estiagem, e tem sido muito utilizado na produção de silagem” (ROSA, 2012, P. 01).

maior facilidade de compactação durante o

A região Centro-Oeste é hoje a principal região de cultivo de sorgo granifero, enquanto que o Rio Grande do Sul e Minas Gerais lideram a área de sorgos forrageiros. (RIBAS, 2003). O sorgo granifero é cultivado basicamente sob três sistemas de produção, no Brasil: no Rio Grande do Sul, planta-se

O cultivo de sorgo, também apresenta algumas

sorgo na primavera e colhe-se no outono. No Brasil

cultivares de porte alto (MIRANDA et al., 2007).

processo de ensilagem, menos problemas com roubos em áreas próximas a centros urbanos, plantio de milho estão sujeito a roubo de espigas.

limitações como: falta de tradição da cultura, lento estabelecimento inicial da lavoura, existência de poucos herbicidas seletivos para sorgo, sensibilidade ao frio, susceptível a ataque de pássaros e possibilidade de acamamento principalmente em

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4966


Artigo 412 – A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

A EMBRAPA Milho e Sorgo vem desenvolvendo

estados brasileiros, principalmente para a região

híbridos de sorgo forrageiro para atender à demanda

Nordeste.

dos produtores por maior eficiência na alimentação

FIGURA 3: Evolução da produção de sorgo por

especializada de bovinos. Já foram laçados no

regiões e no Brasil 1990-2008

mercado as seguintes cultivares de sorgo para silagem: 

BRS

610:

produtividade

híbrido, com

apresenta

alta

excelente

qualidade

com

qualidade

nutritiva e sanidade. 

BRS

701:

híbrido

alta

nutricional e resistente ao acamamento; 

BR

700:

híbrido,

com

alta

qualidade

nutricional e resistente ao acamamento; 

BR 601: híbrido, com alta produtividade de forragem;

BRS 506: Variedade, com alta produtividade de massa;

BRS Ponta Negra: Variedade, que apresenta silagem de alta qualidade nutricional.

O sorgo forrageiro tem demostrado grande potencial

Fonte: Conab, 2008

para utilização na alimentação de bovinos leiteiros, já que possui elevada produtividade, boa adequação à

FIGURA 4: Evolução da área colhida com sorgo em

mecanização e grade versatilidade, podendo ser

Goiás e no Rio Grande do Sul 1973-2007

utilizado como feno, pastejo, corte direto e silagem (BORGES, 1995 & BERNARDINO, 1996). De acordo com Pereira (2007, p. 37) “resultados de pesquisas tem demostrado ser possível produzir de 12 a 14 quilos de leite por vaca dia, utilizando pastagens

como

forrageiras

tropicais

de

alto

potencial de produção e qualidade nutricional”. Nas Figuras 3 e 4, está representada a inversão do eixo de produção de sorgo no país. Observa-se que, até os anos 90, o Rio Grande do Sul era o maior produtor de sorgo do país. A partir do início desta década, o estado de Goiás começa a ter um crescimento vertiginoso na produção e na área plantada com sorgo; porém, não foi apenas este estado que teve crescimento. De acordo com Duarte et al. (2010) de uma forma geral, os estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste participaram deste crescimento, que pode ser bem representado pelo gráfico, Figura 4, representando o estado de Goiás. Devido à sua alta produção de sorgo, Goiás tornou-

Fonte: Conab, 2007

Na Figura 5, está representada a distribuição da produção de sorgo granífero no Brasil na safra 2004/06. Observa-se que o estado de Goiás tem a maior participação na produção, sendo seguido por São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais no ranking dos maiores produtores desta safra, embora no ranking de produção a disputa pela segunda posição aconteça entre os estados de São Paulo e Mato Grosso. Na realidade, os estados de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais têm sido.

se o maior exportador deste grão para outros 4967

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Artigo 412 – A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

FIGURA 5: Distribuição de área plantada com sorgo

de 20 % e estrutura física que favorece a

no Brasil – Média das safras 2004 a 2006

compactação durante o enchimento do silo Jobim et al. (2007). Segundo Araújo et al. (2002), a silagem de sorgo apresenta várias vantagens quando comparada com a silagem de milho, incluindo menores custos de produção, maior tolerância à estiagem, assim como melhor capacidade de recuperação, após longos períodos de estiagem. De acordo com França (2016) a utilização de silagens

de

gramíneas

de

alta

qualidade,

cultivadas especificamente para este fim, e suplementação

concentrada

com

alimento

regional, alternativos, pode ser uma importante estratégia para superar esta limitação que rege a produção animal em algumas regiões do Brasil. Ressalta-se, que em regiões tropicais a reduzida Fonte: IBGE, 2007

disponibilidade de água associada à ocorrência

A região Sul, tradicionalmente produtora de sorgo, vem apresentando redução na área plantada e produção da ordem de 2,81% e 2,74% ao ano, respectivamente, o que significa uma redução aproximada de 80% no período. De acordo com (COELHO et al., 2002) “Em situação oposta encontrasse a região Centro-Oeste, que no mesmo período apresentou aumentos anuais da ordem de 2,24% em área plantada e 2,25% na produção, representando aumento aproximado da ordem de 70% para esses dois parâmetros”.

de reduzidos taxas de temperaturas e/ou foto períodos indutivos à diferenciação floral, são considerados

fatores

limitantes

ao

desenvolvimento do sorgo no período de outono e inverno (SILVA, 2003). Porém, afirma Amaral et al. (2003, p. 02) “O sorgo apresenta tolerância à seca e características fisiológicas que permitem paralisar o crescimento ou diminuir as suas atividades metabólicas sob déficit hídrico e, após o termino de um período de estresse hídrico, as plantas podem até

As regiões Sudeste e Nordeste apresentaram grandes variações na área plantada e produção, o que dificulta estimar se suas participações têm aumentado ou diminuído (COELHO et al., 2002).

se recuperar mais rapidamente do que as que não passam por limitação hídrica”. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desta forma, o cultivo de sorgo dos mais variados

O sorgo, granifero é bastante empregado na produção de silagem, devido a sua boa adaptação a elevadas temperaturas e restrições pluviométricas com boa produção de massa verde (50 toneladas) e qualidade nutricional (ZAGO, 1991).

espécimes, é bastante expressivo, nas regiões semiáridas,

e

não

semiáridas

do

Brasil,

demostrando bons resultados na produção de silagens e produtividade de grãos, ainda se destacando

por

possuir

boa

rusticidade

e

capacidade de adaptação a condições limitantes O uso do sorgo na forma de silagem é favorável por esta

cultura

carboidratos

apresentar solúveis,

níveis

adequados

capacidade

de

tampão

como temperaturas elevadas e escassez de água nas regiões semiárida.

relativamente baixo conteúdo de matéria seca acima Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4964-4969, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4968


Artigo 412 – A importância do sorgo na pecuária bovina leiteira no Brasil

Contudo, o Sorghum bicolor (L) Moench (S.vulgare

ROSA, W. J.;Cultura do Sorgo. Departamento

Pers.) mais conhecido como sorgo forrageiro,

Técnico da Emater–MG 2012. PEREIRA, A. V.;

juntamente com suas variedades tem demostrado

Seleção de Forrageiras. Viçosa-MG CPT, 178P.

uma

2007.

extraordinária

expandindo-se

capacidade

por

boa

parte

adaptativa, Brasil

JOBIM, C.C.; REIS, R.A.; NUSSIO, L.G.; SCHMIDT,

especificamente nas regiões nordeste, apresentando

do

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03 julho. 2016.

4969

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4964- 4969 jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

Revista Eletrônica

Importância do leite, produtividade, índice de tecnologia, higienização.

Fábio Sales de Albuquerque Cunha Antônio Tavares de Oliveira

Vol. 14, Nº 01, jan. / fev.de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

2

1 Prof. Titular na Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL. D. Sc. Zootecnia * Email: fabioalcunha@hotmail.com 2 Especialista em Produção de Bovinos Leiteiros na Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL

RESUMO O leite bovino é produzido na grande maioria dos países do mundo, é uma importante fonte de proteínas para a alimentação humana. No Brasil, é uma das principais atividades agropecuárias, tanto pelo seu valor nutricional, como pela sua importância social e econômica, com destaque para a geração de renda e arrecadação de tributos e o país figura entre os maiores produtores mundiais. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo conhecer o perfil dos produtores, o nível de tecnologia utilizado, como é a administração das empresas, bem como, a infraestrutura das propriedades. O diagnóstico foi realizado na Associação dos Produtores de Leite do Povoado São Félix e Região - APRODULEITE no município de Santana do Ipanema-Alagoas no período de 11 de agosto de 2014 a 15 de fevereiro de 2015. Para a execução da pesquisa foram realizadas visitas técnicas para aplicação dos questionários que contemplaram perguntas referentes a semoventes, perfil do produtor, aspectos relacionados à utilização de tecnologia, fatores inerentes à administração da empresa rural e avaliação da qualidade do leite além das práticas de higiene da ordenha. Os resultados mostraram faixa etária avançada dos produtores, baixo índice produtivo, pouca escolaridade dos criadores, sistema de criação com pouca tecnologia e planejamento da atividade inexistente ou ineficiente e infraestrutura insuficiente. Conclui-se que a falta total de assistência técnica seja um dos fatores principais para explicar esse quadro negativo e que seja feito um aprofundamento das pesquisas na referida associação e que uma política de ater seja discutida e elaborada para atender esses produtores seriam de fundamental importância para o fortalecimento da atividade leiteira local. Palavras-chave: Importância do leite, produtividade, índice de tecnologia, higienização.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

DAIRY CATTLE DIAGNOSIS IN TOWN ARE FELIX AND REGION IN IPANEMA SANTANA COUNTY, STATE OF ALAGOAS ABSTRACT The bovine milk is produced in most countries of the world, it is an important source of protein for human consumption. In Brazil, it is one of the main agricultural activities, both for its nutritional value, as its social and economic importance, especially for income generation and collection of taxes and the country is among the world's largest producers. Therefore, this study aimed to know the profile of producers, the level of technology used, as is the management of the companies, as well as the infrastructure of the properties. The diagnosis was made at the Association of Town of Milk Producers Sao Felix Area - APRODULEITE in the municipality of Santana do Ipanema, Alagoas in the period from 11 August 2014 to 15 February 2015. For the implementation of the research were carried out technical visits to administer the questionnaires that contemplated questions regarding livestock, producer profile, aspects related to the use of technology, factors inherent in the management of rural enterprise and quality evaluation of milk beyond the milking hygiene practices. The results showed advanced age of farmers, low productivity rate, low education of breeders, breeding system with little technology and planning of the non-existent or inefficient activity and insufficient infrastructure. It follows that the total lack of technical assistance is one of the main factors to explain this negative frame and is made a further research on this association and a stick policy is discussed and designed to meet these producers would be of fundamental importance for the strengthening of local dairy farming. Keyword: Milk importance, productivity, technology index.

4970


Artigo 413 – Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

INTRODUÇÃO

de produtores, a queda no preço pago ao produtor,

O leite bovino, produzido na grande maioria dos

também houve aumento da preocupação com a

países do mundo, é uma importante fonte de

questão da segurança alimentar diante da expansão

proteína para a alimentação humana, além de

dos mercados interno e externo e a recente

disponibilizar

cálcio,

normatização da produção de leite no país, são

vitaminas, gordura, entre outras. Os principais

fatores que têm estimulado as indústrias do setor

países produtores de leite no mundo, de acordo com

lácteo a terem um maior rigor na seleção da matéria-

FAO/Faostat (2012) apud Almeida (2012), são

prima. Atualmente, a qualidade da matéria-prima é

Estados Unidos, Índia, China, Rússia e Brasil. O

um dos maiores entraves ao desenvolvimento

Brasil, como o quinto produtor mundial, produziu

tecnológico e à consolidação da indústria de

30.715.460 toneladas de leite de vaca em 2010, com

laticínios no Brasil (EPAMIG, 2007).

grande

quantidade

de

um percentual de 5,3 % da produção mundial. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Santa

Neste sentido, a partir do ano de 2002 o Ministério

Catarina são os maiores produtores nacionais, o

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da

mesmo autor cita publicação de Brasil (2011a),

Instrução Normativa número 51, de 18 de setembro

sendo que Alagoas ocupa o 19º lugar na produção

de 2002 (BRASIL, 2002), estabeleceu regulamentos

brasileira, com um total de 231.367.000 litros

técnicos de produção, identidade e qualidade do

produzidos.

leite, o que deve ser metas perseguidas pelos produtores e entidades envolvidos com a pecuária

A produção de leite no Brasil é uma das principais

leiteira, buscando com isso uma melhoria do nível

atividades agropecuárias, tanto pelo seu valor

tecnológico

nutricional, como pela sua importância social e

consequente

econômica, com destaque para a geração de renda

econômica da população brasileira, esta normativa

e arrecadação de tributos. A partir da década de 90,

sofreu

o setor lácteo, no Brasil, foi fortemente influenciado

passando-se para Instrução Normativa número 62,

pela combinação de diversas mudanças ocorridas

de 29 de dezembro de 2011.

na

economia

brasileira.

desregulamentação

setor,

como

algumas

de

do

produtor,

qualidade

alterações

e

com

social

e

reformulações

a da

Para que essas mudanças ocorram na atividade leiteira será necessária uma maior atenção nos

importados, via redução de alíquotas e barreiras não

aspectos de gerenciamento e demais eventos que

tarifárias, a abertura econômica, reforçada pelo

envolvem a cadeia produtiva do leite, portanto,

processo de formação e consolidação de blocos

melhorias no nível tecnológico e empresarial do

econômicos, foram determinantes para o novo

produtor são imprescindíveis para a concretização

padrão de produtividade e concorrências nesse setor

dessas mudanças, com isso, um consequente

(EPAMIG, 2007).

avanço de qualidade social

governamental

para

redução

empresarial avanço

produtos

intervenção

do

Fatores

e

os

e econômica da

população brasileira (ALMEIDA, 2012). A produção de leite é impulsionada em especial, pelo crescimento populacional. O crescimento médio da produção de leite, no período de 1991 a 2006, foi de, aproximadamente 3,3% ao ano. Em 2005, o país produziu 23,3 bilhões de litros por ano, com produtividade média de 1.181litros/vaca/ano para atender a um consumo per capita médio de 137 litros/hab./ano (EMBRAPA GADO DE LEITE, 2006).

Diante deste cenário e do que foi abordado, fez-se um diagnóstico da bovinocultura de leite. Com esse objetivo foi realizada pesquisa na comunidade São Félix e vizinhança, localizada em Santana do Ipanema

no

Estado

de

Alagoas

Município

pertencente à bacia leiteira do Estado, com potencial e vocação para o desenvolvimento da atividade leiteira.

Buscou-se

com

o

trabalho

identificar,

A cadeia produtiva do leite é uma das mais

registrar,

importantes

indicadores de natureza zootécnica e social com

do

país

no

setor

agropecuário.

Alterações estruturais durante a última década,

relação

mensurar, à

atividade

qualificar leiteira

e

quantificar

nessa

região.

como o aumento da produção, a redução no número Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4971


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

No diagnóstico objetivou-se conhecer o perfil dos

sociedade. Sua importância socioeconômica pode

produtores, o nível de tecnologia utilizado, como é a

ser

administração

a

agronegócio brasileiro e está entre os principais

infraestrutura das propriedades e as condições

setores de geração de renda nacional e arrecadação

higiênico-sanitárias

produtivas

tributária. De 2004 para 2005, o setor passou da

pesquisadas, como também o grau de higiene

sexta para a quinta posição em valor bruto da

utilizado no momento da ordenha. Espera-se que

produção

esta obra traga informações que possam auxiliar na

também, o crescimento 5,6% em relação ao período

identificação de fatores importantes que venham a

anterior, fato que promoveu o equilíbrio do setor

ajudar na formação e implantação de iniciativas,

agropecuário diante da queda de alguns segmentos

projetos

ocorrida no mesmo período (EPAMIG, 2007).

e

das

empresas, das

ações

desenvolvimento

bem

unidades

que

econômico

visem e

como,

alavancar tecnológico

o

constatada

pela

posição

agropecuária

que

ocupa

nacional.

no

Destaca-se

da

pecuária da região, despertando o interesse das

A produção de leite brasileira vem apresentando

esferas governamentais para a necessidade de

contínuo crescimento. Nos últimos 20 anos, a

implantação de políticas públicas que contribuam

produção mais que dobrou, crescendo 103,1%%,

para melhorar a qualidade de vida dos criadores,

passou de 15,1 bilhões em 1991 para 30, 7 bilhões

suas

de litros de leite em 2010.

famílias

e

consequentemente

da

população

trazendo

local,

benefícios

socioeconômicos para todos.

Analisando o crescimento da produção de leite por período, é possível visualizar que este vem se

REVISÃO DE LITERATURA

intensificando nos

O leite

últimos

anos. Enquanto no

período de 1990 a 1995 o crescimento anual médio

O leite é o alimento natural com maior concentração de cálcio, nutriente essencial para a formação e manutenção dos ossos, contém boa quantidade de

foi 2,6%, entre 1995 e 2000 ele foi de 3,7% ao ano. Já de 2000 a 2005, cresceu 4,5% e, entre 2005 e 2010, 4,6% (Tabela 1).

fósforo e manganês, que é indispensável ao aproveitamento das gorduras e no funcionamento do cérebro. Além da vitamina A, o leite contém vitamina B1, B2 e minerais, e as proteínas do leite são

TABELA 1: Crescimento na produção de leite em diferentes períodos analisados Período

Crescimento (%)

completas, propiciando a formação e manutenção dos tecidos (ZOCCAL & CARNEIRO, 2008). De acordo com o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (RIISPOA), artigo 475, denomina-se leite, sem outra

Período

Média anual

1990 – 1995

13,7

2,6

1995 – 2000

20,0

3,7

2000 – 2005

24,3

4,5

2005 – 2010

25,0

4,6

Fonte: IBGE - 2012

especificação, o produto normal, fresco, integral,

Entre 1990 e 2000, o volume de leite produzido no

oriundo da ordenha completa e ininterrupta de vacas

Brasil cresceu 36,5%. Neste mesmo período, o

sadias. Segundo Ohi et al. (2010), o leite apresenta

crescimento da produção de leite na região nordeste

grande importância para a alimentação humana

foi de apenas 5,57%. A produção de leite neste

devido

período

ao

seu

alto

valor

nutritivo,

se

torna

foi

afetada

bruscamente

pelas

secas

indiscutível a necessidade do leite em quantidade e

ocorridas entre 1993-1994 e 1997-1998, influenciada

qualidade na dieta alimentar do homem.

principalmente pela queda na produção de leite nos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia que

Importância do Leite

apresentaram diminuição de 31,8%, 6,5% e 2,5%

Importância Econômica

respectivamente (REIS-FILHO et al., 2013).

A bovinocultura leiteira no Brasil é uma das principais atividades agropecuárias, que fornece alimento à população e tem papel importante para a 4972

De acordo Reis Filho et al. (2013), no período de 2000 a 2010, a produção de leite no nordeste apresentou um expressivo crescimento ( 95,5%),

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

inclusive acima da média nacional (55,4%). Os destaques foram os significativos aumentos da produção leiteira nos estados de Pernambuco (+200,3%), Sergipe (+157,6%), Maranhão (+150,6%) e Paraíba (+105,0%). Alagoas e Piauí apresentaram as menores taxas de crescimento respectivamente 6,2% e 14,1%.

seco desengordurado), 3,6% de proteína e 0,7% de sais minerais. Sendo fundamental para o ser humano e estratégico para as nações. A ingestão do leite é muito importante para a saúde, pois contém proteína de alta qualidade que auxilia na construção dos tecidos, auxiliando na preservação dos músculos, cabelos, unhas e demais partes do corpo. Possui vitaminas como A, B e D, que

Dentre os estados nordestinos, a Bahia é o maior produtor de leite, representando 31% da produção regional, porém essa participação vem diminuindo nas últimas duas décadas. Pernambuco ocupa a segunda posição, com 21,9% do total de leite produzido no nordeste, seguido do Ceará com 11,1%.

Entre

1990

e

2000,

os

estados

de

protegem os olhos, fornecem energia e otimizam a concentração, além de combater a anemia e fortalecer os ossos. Seus minerais favorecem o processo de cicatrização e melhoram o sistema imunológico.

Outros

benefícios

também

são

verificados, como prevenir doenças neurológicas (BRASIL ESCOLA, 2016).

Pernambuco, Sergipe e Maranhão apresentaram um aumento na participação do total de leite produzido

Produção de Leite

na região nordeste, enquanto os demais estados

Produtividade por propriedade

tiveram decréscimo (REIS-FILHO et al., 2013). Em relação à importância do leite para Alagoas, as publicações científicas a respeito são poucas ou inexistentes. No estado, a produção de leite vem, principalmente, da unidade familiar e a produção está estimada em 231 milhões de litros/ano. Pernambuco, Alagoas e Sergipe possuem o maior volume de leite produzido por área. Só perdem para o Paraná e Santa Catarina em produção de leite por área no país (VILELA, 2011 apud ALMEIDA, 2012). O mesmo autor cita Dantas (2011), a produção de leite em Alagoas é a segunda atividade econômica mais importante do estado, perdendo apenas para a cana-de-açúcar, e se concentra na bacia leiteira do estado, no sertão e agreste alagoano.

No Brasil, o volume médio por propriedade passou de 28 litros/dia para 51,9 litros/dia, um crescimento de 85,3% em 10 anos, porém é ainda muito baixo em relação a alguns países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a média supera 2 mil litros/dia. Na Nova Zelândia e Austrália, a média diária é próxima de 3 mil litros por fazenda (ZOOCAL, 2003). A região sudeste apresentou a maior média de produção de leite por propriedade – 87 litros/dia, seguida da região Centro-Oeste, com 80,9 litros. A região nordeste foi a que apresentou a menor produção de leite por propriedade/dia, apenas 21,4 litros. Já em relação à produção nas propriedades dos estados do nordeste, o Maranhão apresenta o maior volume de leite por propriedade (56,9 l/dia), seguido por Sergipe (40,2 litros) e Alagoas (34,1 l/dia), o menor volume de leite produzido por

Importância Social O leite e seus derivados representam uma das principais fontes de proteínas e cálcio na dieta da população brasileira, especialmente para as classes de menor poder aquisitivo. Está presente em aproximadamente 40% das propriedades rurais do Brasil, sendo explorada predominantemente por pequenos e médios produtores (NOGUEIRA et al., 2003 apud ALMEIDA, 2012). De acordo com Tronco (2003), o leite possui 87% de água, 3,6% de gorduras (extrato seco total), 4,6% de lactose (extrato

propriedade foi registrado nos estados do Piauí (7,1 litros), Paraíba (9,0 litros) e Ceará (12,1 litros) (REISFILHO et al., 2013). Produtividade em Alagoas Na mesma obra Almeida (2012) cita Brasil (2011), o Estado de Alagoas é o sexto produtor da região nordeste ficando abaixo da Bahia, que tem o maior rebanho

com

10,2

milhões

de

cabeças,

de

Pernambuco, do Ceará, do Maranhão e de Sergipe. Em 31/12/2010 o estado tinha 1.219.578 cabeças,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4973


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

representando 0,6 % do rebanho nacional de gado

ma doença, como tuberculose, brucelose, mastite etc.)

de leite e de corte. Durante o ano de 2010 foram

e a exógena (quando a contaminação acontece a

ordenhadas 149.411 vacas, com média de produção

partir da saída do úbere) (TRONCO, 2003).

de 1.549 litros/vaca/ano, produzindo 231.367.000 litros de leite, representando 0,8% da produção

São vários os fatores que podem influenciar as

nacional, com um valor de R$ 148.886.000,00, com

condições do leite na indústria, sobretudo, antes de

esse quantitativo, Alagoas ocupa o primeiro lugar em

sair do imóvel rural. No que se refere ao manuseio

produção por vaca/ano no nordeste.

do leite na propriedade, a qualidade depende da alimentação ofertada aos animais, da raça, do

Qualidade do Leite

manejo empregado na unidade de produção, do tipo

Considerando a necessidade de aperfeiçoamento e

de

modernização da legislação sobre a produção de

equipamentos utilizados na rotina diária da fazenda,

leite no Brasil, O Ministério da Agricultura, Pecuária e

entre outros, devendo os produtores observar tais

Abastecimento (MAPA) aprovou, em setembro de

fatores, pois, uma inadequação na condução dos

2002 e em dezembro de 2011, respectivamente, as

mesmos pode contribuir para produtos fora dos

Instruções Normativas nº 51 e 62, definindo os

padrões

regulamentos técnicos da produção, identidade e

consequentemente, impróprios para o consumo

qualidade do leite A, B e C, do leite pasteurizado, do

humano (ALMEIDA, 2012).

ordenha,

da

fase

de

exigidos

lactação,

pela

acidez

legislação

e

e,

leite cru refrigerado e da coleta do leite cru refrigerado e seu transporte a granel. A principal

Alimentação

mudança que essas novas Instruções Normativas

Qualquer sistema de produção que pretenda ser

trouxeram foi à adoção de parâmetros de qualidade

eficiente e lucrativo deve atender às exigências

determinados pela contagem total de bactérias e

nutricionais de todo o rebanho, durante todo o ano,

células

componentes

tanto em quantidade quanto em qualidade. No Brasil,

químicos e pesquisa de resíduos de antibióticos. A

na maior parte dos casos, a baixa produtividade é

adaptação dos produtores e indústrias de laticínios

causada pela desnutrição do rebanho, ou seja, os

às novas normas está sendo feita de forma gradual,

animais

nas diferentes regiões do Brasil, até atingir os níveis

principalmente em consequência da baixa qualidade

finais de requerimento em um prazo de 10 anos,

do volumoso (EMBRAPA, 2006).

somáticas,

análises

de

invariavelmente

passam

fome,

após a entrada em vigor da primeira legislação – a De acordo com Müllbach (2003) citado por Almeida

IN 51 (REIS-FILHO et al., 2013).

(2012), a qualidade do leite como alimento e matériaFatores que Afetam a Qualidade do Leite A

flora

bacteriana

composição nutritiva e qualidade microbiológica,

espécies,

características que nos países de pecuária leiteira

dependendo de como se contamina o leite. O leite

desenvolvida são critério comum de pagamento, o

proveniente de animais sadios se forem ordenhados

que também vem sendo adotado de modo gradativo

de forma asséptica, contém poucos microrganismos,

em nosso meio.

em

leite

prima para a indústria de laticínios depende da sua variar

consideravelmente

do

número

pode e

mas posteriormente sofre contaminação a partir do ambiente e do homem. A contaminação pelo homem

A produção de leite em quantidade e qualidade

está na dependência dos métodos utilizados no

depende principalmente do aporte adequado de

manejo dos animais, na forma ou tipo de ordenha e

proteína e energia na dieta da vaca em lactação. A

principalmente do estado higiênico-sanitário dos

composição do leite pode ser afetada pela nutrição

animais, determinando a carga microbiana e as

das matrizes leiteiras em produção. O teor de

espécies envolvidas (TRONCO, 2003).

gordura do leite tende a baixar, não somente, quando há uma situação de carência alimentar, mas,

A contaminação do leite pode processar-se por duas vias: a endógena (no caso de o animal apresentar algu4974

também, quando há um desequilíbrio alimentar (MÜLLBACH,

2003

apud

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

ALMEIDA,

2012).


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

Para atingir os níveis necessários para que os

nutricionais (proteína, energia, minerais e vitaminas)

produtores obtenham maiores vantagens sobre a

para cada categoria animal do rebanho e na

remuneração pela qualidade nutricional do leite, que

composição

varia entre as indústrias do setor, deve-se promover

Entretanto,

a adequada nutrição da vaca leiteira, pois esta afeta

produtividade por animal, os volumosos por si só,

significativamente a produção e a proporção dos

não

componentes do leite, sendo que através da dieta a

produtividade. Neste caso, além de volumosos, a

glândula mamária é suprida com os componentes

alimentação do gado de leite deve ser acrescida de

nutricionais do sangue para síntese do produto. O

uma mistura de concentrados, minerais e algumas

manejo nutricional adequado pode aumentar a

vitaminas (EMBRAPA PECUÁRIA SUL, 2008).

são

química à

medida

suficientes

dos

alimentos

que para

se manter

utilizados.

busca esta

maior maior

economia de produção e propiciar um rebanho mais saudável. Estratégias de alimentação que otimizam a

Segundo Rodrigues (2013), o teor de gordura

função do rúmen resultam em maior produção de

contido no leite na primeira ordenha é menor que na

leite e dos seus componentes. A adoção de sistemas

segunda que em relação à primeira ordenha tem

de alimentação para aumentar a produção de leite

produção inferior. O descanso noturno aumenta a

com máximo teor de gordura e de proteína é

quantidade de leite e os exercícios do dia ajudam na

essencial

formação de gordura.

para

se

atingir

esses

objetivos

(SIGNORETTI, 2011). Existe um grande risco de contágio logo após a Rebanho

ordenha, quando os esfíncteres (orifícios) dos tetos

A raça influencia o volume de leite produzido e a

ainda estão abertos e a vaca deita sobre solo ou

riqueza em gordura. A raça holandesa, por exemplo,

material contaminado, facilitando a entrada de

tende a produzir mais leite, enquanto que as raças

microrganismos no canal do teto, o que leva à

Jersey e Guernsey produzem mais leite e gordura

infecção. Por isso, o fornecimento de alimento para a

(RODRIGUES, 2013).

vaca logo após sua saída da sala de ordenha irá diminuir a probabilidade de que a vaca se deite. É

Além disso, vários outros aspectos como o fator

fundamental que ela permaneça em pé por, pelo

racial,

temperatura

menos, 30 minutos. Neste tempo, o esfíncter do teto

ambiental e as condições de estresse do animal, a

o

estágio

da

lactação,

a

fechará, diminuindo o risco da entrada de dessas

perda excessiva de condição corporal, a estação do

bactérias causadoras da mastite ambiental. Além

ano, a contagem de células somáticas, a mastite, a

disso, elas ficarão condicionadas a entrarem e

saúde geral da vaca, a manifestação de cio, a

saírem da sala de ordenha, facilitando o manejo

frequência e a técnica de ordenha, bem como o

(ROSA et al., 2009).

avanço genético no sentido de maior volume de produção na lactação, exercem um maior ou menor

Condições Higiênico-Sanitárias

efeito sobre a composição do leite (SIGNORETTI,

Em obra de Santos et al. (2006) citado por Almeida

2011).

(2012), a adoção de práticas de higiene eficientes auxilia no controle de várias doenças, que deve ser

Manejo

acompanhada

O leite produzido por uma vaca leiteira é considerado

relacionadas

como um subproduto de sua função reprodutiva e

erradicação de doenças importantes como a febre

ambos são dependentes de uma dieta controlada.

aftosa, brucelose e tuberculose. Neste sentido, todas

Desta dieta, os bovinos utilizam nutrientes para

as fêmeas leiteiras devem ser vacinadas contra

mantença, crescimento, reprodução e produção.

brucelose

Manter

periodicamente, para verificação da existência de

uma

alimentação

adequada

é

de

fundamental importância tanto do ponto de vista

de aos

e

outras

medidas

programas

febre

aftosa

de

e

preventivas, controle

e

examinadas,

tuberculose no plantel.

nutricional quanto econômico. Um sistema de alimentação eficaz é baseado nos requerimentos

Ainda de acordo com citação de Rodrigues (2013),

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14 n.1, p.4970-4981, jan./ fev, 2017. ISSN: 1983-9006

4975


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

para produzir leite de boa qualidade, os animais

vaca não apresenta sintomas claros da doença, a

devem estar em boas condições sanitárias. As vacas

não ser queda na produção de leite. A mastite

devem apresentar um controle periódico para endo e

subclínica pode ser detectada pelos testes de

ectoparasitoses, além de terem aparados os pelos

contagem de células somáticas no leite (CCS) ou

da cauda e das proximidades do úbere, uma vez que

com o Califórnia Mastite Teste (CMT) (ROSA et

estes são considerados grandes propagadores de

al., 2009).

microrganismos. Recomenda-se ainda que, os tetos sejam higienizados e secos com papel toalha. As

Ordenha

vacas portadoras de mastite devem ser ordenhadas

A ordenha pode ser considerada como das

por último. O leite dos animais doentes só poderá

tarefas mais importantes em uma fazenda leiteira.

ser aproveitado após o tratamento e quando

A produção de leite de alta qualidade implica a

assegurada a sua cura. A ordenha deve ser

necessidade de manejo de ordenha que reduza a

completa e ininterrupta.

contaminação microbiana, química e física do leite. Tais medidas de manejo envolvem todos os

Uma das principais doenças que acomete os

aspectos da obtenção do leite, de forma rápida,

bovinos e um entrave para a bovinocultura de leite é

eficiente e sem riscos para a saúde da vaca e

a mastite, que é a inflamação da glândula mamária.

para a qualidade do leite. As boas práticas de

Os impactos econômicos surgem através da queda

ordenha

na produção leiteira, perda na qualidade do leite,

obrigatoriamente,

maior custo de produção e o descarte prematuro de

participar do processo de forma harmônica: o

vacas por perda de um ou mais quartos mamários,

ordenhador, o ambiente em que os animais

que se tornam

e improdutivos. Sua

permanecem antes, durante e depois da ordenha,

magnitude varia conforme a intensidade do quadro e

e a rotina de ordenha. Geralmente é nessa

o

fibrosos

de

animais três

leiteiros fatores

envolvem, que

devem

os

operação que o leite é contaminado. Portanto, o

microrganismos, as vacas e o ambiente, somada à

ordenhador deve tomar muito cuidado, pois a

ação do homem e possíveis erros de manejo, criam

maior parte da contaminação é de origem externa

condições favoráveis à contaminação da glândula

(RODRIGUES, 2013).

agente

causador.

A

interação

entre

mamária e o desenvolvimento das mastites (NETO, Estima-se que no rebanho brasileiro a

Segundo Rosa et al., 2009, a ordenha pode ser

prevalência da doença seja de 20 a 38% o que

classificada em manual em mecânica. O manual

representaria uma perda de 12 a 15% da produção

é o mais antigo sistema de ordenha, no entanto

(EMBRAPA GADO DE LEITE).

ainda é muito frequente, principalmente em

Mastite ambiental: são os microrganismos presentes

pequenos

no ambiente (solo, camas, material vegetal, pisos

equipamentos é baixo, mas exige maior esforço

dos currais, etc.), a maior frequência é em períodos

do ordenhador.

2010).

rebanhos.

O

investimento

em

quentes e úmidos. O maior risco de contágio é logo após a ordenha, quando os orifícios dos tetos ainda

A estrutura para realizar a ordenha manual

estão abertos e a vaca deita sobre solo ou material

geralmente é bastante simples, podendo ser feita

contaminado,

de

em um piquete, no curral ou em um galpão. Há

microrganismos no canal do teto, o que leva à

situações em que as vacas ficam soltas, sem

infecção, diagnosticamente falando, a mastite pode

nenhum tipo de contenção e, outras, em que as

ser classificada como clínica e subclínica: Mastite

vacas ficam presas com correntes ou com canzis.

clínica é mais fácil de ser percebida, geralmente

É comum “peiar as vacas” (amarrar as pernas

causa falta de apetite, o úbere inflamado (com

traseiras) no momento da ordenha manual

aumento de volume, avermelhado e quente) e o leite

(ROSA et al., 2009).

facilitando

a

entrada

com grumos, pus ou sangue. Deve-se fazer o teste da caneca telada ou de fundo preto em todas as

Ainda segundo Rosa et al., 2009, a ordenha

ordenhas

mecanizada possibilita a extração do leite mais

para

melhor

controle

e

a

mastite

subclínica, que é mais difícil de ser percebida, a 4976

rápida do que a ordenha manual e, quando bem

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan/ fev, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado São Félix e região no município de Santana do Ipanema, estado de Alagoas

Em

Perfil das Propriedades Leiteiras

obra

de

Reis-Filho

et

al.

(2013),

das

Do total de estabelecimentos que produzem leite

propriedades que têm no rebanho de uma a nove

no

rebanho

cabeças, a produção média de leite é de 6,8 l/dia.

composto por até nove cabeças de bovinos. As

Apenas 34,9% comercializam o leite, caracterizando-

propriedades com 10 a 99 cabeças representam

se como agricultura familiar e praticamente a

59,7% do total, enquanto as de mais de 100

produção é para autoconsumo.

Brasil,

29,8%

apresentam

um

cabeças correspondem a 10,5%, (REIS FILHO et MATERIAIS E MÉTODOS

al., 2013). (Tabela 2).

O

presente

trabalho

consiste

do

diagnóstico

Reis-Filho et al. (2013), afirmam que apesar de

realizado no povoado São Félix e Adjacências à 11

um grande número de propriedades aparecer no

km da sede do município de Santana do Ipanema-

estrato de rebanhos compostos de uma a nove

AL, coordenadas geográficas 9º 19’27.80”S de

cabeças, esses representam apenas 4,9% do

latitude e 37º10’03.99”.

leite

produzido

no

país.

Do

total

de

estabelecimentos que produzem leite nesse

O município de Santana do Ipanema está localizado

estrato, apenas 34,9% destinam o produto para a

a 210 km de Maceió, capital do estado, com altitude

venda, ou seja, grande parte do leite é para o

de 250 metros e coordenadas geográficas 09º 21’49”

autoconsumo da família. A produção média de

de latitude sul e longitude 37º 14’54” oeste e de

leite nessas propriedades é de apenas 6,8 l/dia.

clima tropical chuvoso, com precipitação média anual de 693 mm e com estação seca, de acordo com a

Ainda de acordo com o mesmo autor e obra, em

Köppen-Geiger

termos de volume de leite, as propriedades que

Ipanema está inserido na região da bacia leiteira do

possuem rebanhos entre 10 e 99 cabeças são

estado de Alagoas, possui uma área geográfica de

responsáveis pela maior parte da produção de

437,9 km , com uma população de 44.949 habitantes

leite do país (56,7%), sendo que mais de 75%

(BRASIL, 2010).

desses

estabelecimentos

comercializam

(DB-CITY,

2012).

Santana

do

2

o

produto, nesse estrato a produção média é de 39

O levantamento foi realizado com criadores de gado

l/dia.

de leite da Associação dos Produtores de Leite do Povoado São Félix e Região – APRODULEITE. A

As propriedades que têm de 100 a mais cabeças

referida associação tem data de fundação de 28 de

no plantel representam 38,4% da produção

janeiro de 2012 e no momento da realização do

leiteira brasileira e apresentam o maior número

trabalho

de propriedades que comercializam o leite 87,1%,

fornecedores de leita não sócios

possuía

19

associados

e

mais

40

demonstrando se tratar de um grupo com atividade mais profissionalizada. A produção

Para a aplicação dos questionários foram realizadas

média diária por propriedade é de 149,9 l/dia

visitas às propriedades, sendo a pesquisa realizada

(REIS-FILHO et al., 2013).

com

todos

os

sócios

da

APRODULEITE.

TABELA 2: Produção de leite, número de estabelecimentos que produzem leite e produção/leite/dia por propriedade no Brasil. Propriedade (nº

Nº de

de

estabelecim.

%

cabeças/rebanho)

Leite

%

Produção

Estabelecimentos

produzido

estabelecim/dia

que vendem leite

(em mil

(em litros)

%

litros) De 1 a 9

400.262

29,8

95.507

4,9

6,8

139,502

34,9

De 10 a 99

801.483

59,7

11.400.970

56,7

39,0

606.433

75,7

De 100 a mais

141.043

10,5

7.717.481

38,4

149,9

122.843

87,1

Total geral

1.342.788

100

20.113.958

100

41,0

868.778

64,7

Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006. Extraído de (Reis Filho et al., 2013)

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4977


Artigo 413 – Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado de São Félix e região no município de Santana do Iapanema, estado de Alagoas

Inicialmente os produtores foram informados sobre

esse concentrado é fornecido aos animais, cuidados

os objetivos da pesquisa, bem como sobre os

no pré-parto, intervalo entre partos e outras práticas

conteúdos dos questionários. Em seguida, foram

que visem melhorar a qualidade da alimentação do

aplicados os questionários onde os produtores

rebanho.

responderam de forma livre e espontânea. Na última seção foram registrados índices sobre a Os questionários utilizados contemplaram perguntas

qualidade do leite, práticas de higiene da ordenha.

referentes

produtor,

Também foi verificada a produtividade diária no

aspectos relacionados à utilização de tecnologia,

período das chuvas e da seca e praticas de

fatores inerentes à administração da empresa rural e

conservação do leite na propriedade, além do

avaliação da qualidade do leite além das práticas de

destino da comercialização.

a

semoventes,

perfil

do

higiene da ordenha. RESULTADOS E DISCUSSÃO No seguimento do questionário sobre inventário de

Na Tabela 3 são apresentados os dados referentes

animais teve como objetivo mensurar informações

ao perfil socioeconômico dos produtores. Um dos

sobre categorias e quantidade. Na segunda seção

parâmetros verificados foi a idade dos produtores,

de questionário foi abordadas perguntas sobre o

observando-se distribuição dos produtores entre 30 a

perfil do produtor objetivando obter dados sobre a

70

idade do produtor, seu grau de escolaridade, tempo

representam

que está trabalhando na atividade de pecuária

representando público de meia idade. Oliveira et al.

leiteira, número de filhos, se mora na cidade,

(2013) em diagnóstico da Cooperlaf, ressaltam o

número de pessoas da família que trabalham na

problema da sucessão na atividade rural pelo

atividade leiteira. Contemplou, ainda, há quanto

envelhecimento da população. Essa constatação

tempo possui a propriedade, se possui outra

pode

atividade paralela e a renda familiar.

elaboração de políticas públicas que visem introduzir

anos,

os

produtores a

maior

representar

com

até

extrato

importante

40

anos

observado,

indicador

para

os jovens na atividade agropecuária. Silva e Na seção sobre infraestrutura da empresa rural,

Monteiro (2011), estudando perfil dos produtores de

tratou de obter informações sobre a área da

leite da região de Presidente Prudente, verificaram

propriedade, se possui energia elétrica, qual a fonte

que 65,3% dos produtores de leite daquela região

de água e qual o tempo de disponibilidade. Foi

têm mais de 50 anos de idade. Essa informação

perguntado se possuía máquinas, implementos e

demonstra uma tendência também observada na

equipamentos agrícolas, também se perguntou se

presente pesquisa, o envelhecimento da população

existia

rural.

pastagem

nativa,

plantios

de

palma

Godoy

et

al.

(2010)

concluem

que

o

forrageira, capineiras e outras culturas. Foram vistos

envelhecimento da população rural é um fato, o

ainda aspectos ligados a capacitação tecnológica e

jovem não quer permanecer no campo por diversos

gerencial,

fatores. Os mesmos autores ressaltam que a

abordando

assistência

veterinária,

agronômica e zootécnica.

continuidade da agricultura familiar está intimamente ligada com a permanência dos jovens no campo.

Outros elementos pesquisados dizem respeito ao uso da terra, uso de herbicidas, rodízio de

O registro do perfil etário dos produtores da

pastagens, análises de solo periódicas, adubação,

APRODULEITE

objetivando mensurar os cuidados com a terra e o

envelhecimento registrada em outras regiões do

seu uso racional.

país, sendo este fato merecedor de atenção por sua

acompanha

a

tendência

de

importância no fenômeno “sucessão” na atividade Verificou-se ainda os conhecimentos técnicos a

agropecuária. Sendo assim, este tema merece

respeito

aprofundamento e ampliação da pesquisa para

da

cuidados

atividade

com

leiteira;

alimentação,

aventou

manejo,

sobre

controle,

outras regiões e áreas do município, estado e país.

sanitário, se usa ração concentrada e de que maneira 4978

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 413 – Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado de São Félix e região no município de Sanatada do Ipanema, estado de Alagoas

Outro elemento importante sobre o perfil sócio

Na Tabela 4 são apresentados dados referentes à

econômico refere-se à escolarização dos produtores

infraestrutura utilizada na produção de leite por

da Associação. Na Tabela 3 são apresentados dados

produtores da APRODULEITE. Onde, 63,7% têm até

referentes ao grau de instrução, onde, 10, 5% dos

30 hectares destes 58,4% das propriedades têm

produtores possuem o ensino médio, outros 84,2 e

menos que 10 hectares, caracterizando que a

5,3%

atividade e desenvolvida em pequenas propriedades.

são

alfabetizados

e

não

alfabetizados,

respectivamente. O nível de escolarização está diretamente

ligado

ao

índice

de

adoção

de

A presente pesquisa verificou que 100% das propriedades

tecnologia.

são

atendidas

pelo

sistema

de

distribuição de energia elétrica, essa informação é Borsanelli et al. (2014) estudaram a percepção de

importante para automação de atividades no preparo

riscos na atividade leiteira correlacionando com o

de alimentação, conservação do leite entre outras

grau de escolaridade dos produtores de leite em 96

que possam aumentar a produção e oferecer mais

municípios do estado de São Paulo, para os autores

conforto laboral. Neste sentido, foi verificado que

“produtores

escolaridade

84% das propriedades são equipadas com algum

fundamental tendem a adotar práticas que colocam

tipo de máquina ou equipamento, predominando os

em risco a sua própria saúde, a da sua família, a dos

picadores forrageiros. Os dados referentes ao

consumidores e a saúde dos seus animais”. Sendo

abastecimento de água estão na Tabela 4, embora

esse item importante para profissionalização do

94,7% das propriedades tenham disponibilidade de

produtor.

água durante todo o ano, apenas 10,5% dispõem de

rurais

de

leite

com

água do sistema público de abastecimento. Este Com referência ao item renda, expresso na Tabela 3,

dado precisa ser mais estudado no que se refere à

100% dos produtores tem renda de até dois salários

qualidade da água, visto que muitas doenças podem

mínimos, destes, 10,5% recebem até um salário

ser transmitidas via água. Ressalta-se ainda a

mínimo. Sendo a atividade importante para geração

importância

de renda para a região. É importante ressaltar que

higienização

84% renda exclusiva da atividade.

efetivação das boas práticas de higiene na ordenha.

TABELA 3: Perfil socioeconômico dos criadores da

A Tabela 4 apresenta itens sobre o suporte alimentar.

Associação dos Produtores de leite do Povoado São

Onde foi verificado que 100% dos produtores

Félix e região.

produzem

Faixa etária

Frequência absoluta

(idade)

da

água

de

de

utensílios,

palma

boa

qualidade

equipamentos

forrageira

e

fazem

para e

uso

a

de

Frequência

capineiras/pastagem cultivada. Foi observado que

relativa (%)

100% dos produtores fazem uso de silos para alimentação do rebanho, caracterizando certo nível

31 a 40

07

36,8

41 a 50

03

15,8

51 a 60

05

26,3

de planejamento para produzir durante o período

61 a 70

04

21,1

seco. Neste mesmo item foi verificado que 94,7% faz

Total

19

100

uso de suplementação com concentrado e que 84%

Escolaridade

Frequência absoluta

Frequência

o fazem sem controle, usando o recuso de forma

relativa (%) Não

esse

fato

pode

comprometer

a

5,3

16

84,2

animal; ou comprometer os custos, se utilizados em

10,5

níveis superiores as exigências do animal.

alfabetizados Alfabetizados

aleatória,

01

Ensino médio

02

produtividade, se usado abaixo das necessidades do

Total

19

100

Renda

Frequência

Frequência

absoluta

relativa (%)

O uso de tecnologia para conservação do leite foi

02

10,5

verificado pelo item: resfriamento do leite, onde 84%

17

89,5

16

84,0

Menor que 1 salário mínimo De 1 a 2 salários

dos

mínimos Renda exclusiva da atividade Fonte: Elaborada pelo autor

produtores

fazem

uso

desse

recurso

para

preservação da qualidade do produto. É importante ressaltar que os produtores da APRODULEITE não recebem assistência técnica conforme apresentado na tabela 4, esse fato é extremamente importante para o

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.1, p.4970-4981, jan./ fev. 2017. ISSN: 1983-9006

4979


Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado de São Félix e região no município de Sanatada do Ipanema, estado de Alagoas

planejamento

de

políticas

públicas

para

o

TABELA 6: Produtividade média em litros em diferentes períodos.

fortalecimento da atividade no médio sertão

alagoano.

Período

TABELA 4: Infraestrutura para a produção de leite nas propriedades produtoras de leite do povoado São Félix e região.

Produtividade (litros/dia) Por produtor

Por vaca

Seco

24,3

2,3

Chuvoso

41

3,90

Fonte: Elaborada pelo autor Tamanho da propriedade Área (ha)

Frequência

Frequência

Na Tabela 6 são apresentados os valores médios sobre

produção

e

produtividade,

onde

a

absoluta

relativa (%)

01 a 10

05

26,3

produtividade por vaca é de 2,3 litro/vaca no período

11 a 20

08

42,1

21 a 30

01

5,30

seco e 3,9 litros por vaca no período chuvoso. Foi

30 ou mais

05

26,3

verificado ainda que a média de produção por

Total

19

100

produtor é de 24,3 litros no período seco e 41 litros

Infraestrutura Item

no período chuvoso. Verifica-se baixa produtividade

Frequência

Frequência

absoluta

relativa (%)

Energia elétrica

19

100

Disponibilidade de água o

18

94,7

02

10,5

16

84,2

ano todo Abastecimento de água rede pública Possui máquina ou equipamento

das chuvas.

CONCLUSÃO Diante

dos

dados

apresentados

verificaram-se

baixos índices de produtividade, as atividades como suplementação

Suporte alimentar Item

por animal tanto no período seco como no período

alimentar

e

planejamento

da

alimentação são realizados de forma aleatória, estes

Frequência

Frequência

absoluta

relativa (%)

fatos podem ter como base a falta de assistência

Uso da ensilagem

19

100

técnica e o nível de escolaridade dos produtores,

Usa concentrado

18

94,7

Concentrado

16

84,0

sendo assim, recomenda-se o aprofundamento das

fornecido

pesquisas na APRODULEITE e a elaboração de política de Ater para atender essa associação.

aleatoriamente Plantio de palma

19

100

19

100

forrageira Capineira/pastagem cultivada Uso de tecnologia Item

Frequência absoluta Frequência relativa (%)

Não possui

19

100

16

84,0

assistência técnica Resfria o leite

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Fonte: Elaborada pelo autor

Na Tabela 5 são apresentados os dados médios sobre a composição do rebanho dos produtores da APRODULEITE,

verifica-se

que

os

produtores

realizam a criação dos animais em todas as fases, animais lactantes, bezerros, garrotes e os animais em produção. É necessário um estudo mais aprofundado no que se refere ao suporte da propriedade e especialização da atividade produtiva com intuito de ampliar os índices de produção e produtividade, visto os dados apresentados na Tabela 6. 4980

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Artigo 413 - Diagnóstico da pecuária leiteira no povoado de São Félix e região no município de Sanatada do Ipanema, estado de Alagoas

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