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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira
Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo
Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo
Conselho Científico: Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues
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Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa
Sumário ARTIGOS 506 - Potencial antimicrobiano de óleos essenciais: uma revisão de literatura de 2005 a 2018 ................. 8623 Jhenyfer Caroliny De Almeida, Priscilla Prates De Almeida, Sandra Regina Marcolino Gherardi 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas ............ 8634 Jessica Mansur Siqueira Furtado 508 - Quanto custa o estresse por calor na produção de aves e suínos? ............................................................ 8647 Alexandre Vinhas de Souza, Thais Oliveira Silva, Matheus Terra Abreu, Nelson Fijamo Mesquita, Rony Antonio Ferreira 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae.........................................................................................................................................................................8654 Alan Andrade Mesquita, Fagton de Mattos Negrão, Maria Helena Ferrari, Lucien Bissi da Freiria, Tulio Otávio Jardim Almeida Lins
Potencial antimicrobiano de óleos essenciais: uma revisão de literatura de 2005 a 2018 Óleos essenciais, produtos naturais, atividades
Revista Eletrônica
antimicrobianas.
Jhenyfer Caroliny De Almeida Priscilla Prates De Almeida
1*
2
Sandra Regina Marcolino Gherardi
Vol. 17, Nº 01, jan/fev de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
3
1
Graduanda do curso superior de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí.* E-mail: jhenyfer.caroliny@outlook.com. 2 Docente do curso superior de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí. 3 Docente do curso superior de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí.
RESUMO Cada
vez
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
ANTIMICROBIAL POTENTIAL OF ESSENTIAL mais,
os
consumidores
têm
dado
OILS: A LITERATURE REVIEW FROM 2005 TO
preferência aos alimentos seguros, prontos para o
2018
consumo
ABSTRACT
(minimamente
processados)
e
que
provoquem pouco ou nenhum impacto à saúde e ao
Increasingly, consumers have given preference to
meio ambiente. Nesta perspectiva, o mercado de
safe, ready-to-eat (minimally processed) foods that
produtos naturais, como os óleos essenciais, com
have little or
potencial de aplicação na conservação de alimentos,
environment. In this perspective, the market for
tem ganhado força frente aos adeptos dos aditivos
natural products, such as essential oils, with potential
químicos sintéticos. As propriedades dos óleos
for application in food preservation, has gained
essenciais, como as antimicrobianas e antioxidantes,
strength against the adepts of synthetic chemical
aumentam as possibilidades de aplicação desses
additives. The properties of essential oils, such as
compostos
antimicrobials
em
embalagens
ativas,
alimentos,
no impact on health and the
and
antioxidants,
increase
the
inseticidas e produtos de higiene. Diante disso, o
possibilities of applying these compounds in active
objetivo deste artigo foi promover uma revisão de
packaging, food, insecticides and hygiene products.
literatura sobre as principais aplicações de óleos
Therefore, the objective of this article was to promote
essenciais como agentes antimicrobianos, através da
a literature review on the main applications of
pesquisa
e
essential oils as antimicrobial agents, through the
internacionais, publicados entre os anos de 2005 e
research of national and international scientific
2018.
articles published between the years 2005 and 2018.
Palavras-chave: óleos essenciais, produtos
Keyword: essencial oils, natural products,
naturais, atividades antimicrobianas.
antimicrobial activities.
.
8623
de
artigos
científicos
nacionais
Artigo 506 - Potencial antimicrobiano de óleos essencias: uma revisão de literatura de 2005 a 2018
INTRODUÇÃO
Com sua vasta biodiversidade, até 2009 o Brasil
O uso de fontes naturais renováveis, como agente
ocupava uma posição de destaque na exportação do
antimicrobiano,
de
d-limoneno, um dos principais constituintes de óleos
indústrias alimentícias, tem se destacado frente aos
a
exemplo
dos
resíduos
essenciais do gênero citrus. Em 2013, juntamente
aditivos químicos, e recebido o suporte de políticas
com a Índia, China e Indonésia, o país se tornou
de preservação ambiental. Além disso, é observado
um dos quatro maiores exportadores de óleos
crescente interesse dos consumidores sobre os
essenciais do mundo, principalmente de citros,
processos de obtenção das matérias-primas dos
como a laranja e o limão, subprodutos das
produtos que consomem; provavelmente motivados
indústrias de sucos (BIZZO; HOVELL; REZENDE,
pelo conhecimento das consequências da ingestão
2009; BIZZO, 2013).
de alimentos que causam danos à saúde. Nesta perspectiva, há uma excelente oportunidade para o
Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi
desenvolvimento de processos sustentáveis de
elaborar uma revisão de literatura sobre as principais
exploração de produtos naturais, como os óleos
aplicações dos óleos essenciais como agentes
essenciais (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009;
antimicrobianos, por meio da reunião de informações
SILVA et al, 2016).
coletadas
em
artigos
científicos
nacionais
e
internacionais, publicados entre os anos de 2005 a Os
óleos
essenciais
são
compostos
líquidos,
2018.
complexos, bioativos, voláteis, com odor e cor característicos, formados a partir de metabólitos
ÓLEOS ESSENCIAIS
secundários de plantas, presentes em todos os
Na natureza, os óleos essenciais têm a função de
órgãos desta, como brotos, flores, folhas, caules,
proteger a planta contra ataques de predadores,
galhos, sementes, frutas e cascas. Eles são
como insetos e microrganismos, além de atrair
formados principalmente por classes de ésteres de
polinizadores para dispersão de pólens e sementes.
ácidos graxos, mono e sesquiterpenos, terpenos,
Seus constituintes lhes conferem características de
fenilpropanonas e álcoois aldeidados. Há mais de
aroma,
seis mil anos suas propriedades medicinais já eram
armazenados em células secretoras, epidérmicas,
conhecidas pelos egípcios, mas somente a partir da
cavidades, canais ou tricomas glandulares presentes
Idade
suas
em todos os órgãos das plantas. Juntamente com os
propriedades antimicrobianas, os óleos essenciais
extratos, os óleos essenciais se enquadram como
passaram a ser extraídos e comercializados pelos
aromatizantes naturais permitidos para aplicação em
Árabes,
alimentos,
Média,
que
com
teriam
a
descoberta
sido
os
de
primeiros
a
cor
e
funções
obtidos
por
antissépticas
e
métodos
são
físicos,
desenvolverem métodos como o arraste a vapor e a
microbiológicos ou enzimáticos (BRASIL, 2007;
hidrodestilação, para obtenção destes compostos
BAKALLI et al., 2008).
(SANTOS et al., 2004; BAKALLI et al., 2008; LAVABRE, 2011).
Até 2009, as pesquisas relacionadas à qualidade dos produtos alimentícios estavam voltadas para buscas
Existem diversos métodos de extração de óleos
alternativas aos produtos e/ou aditivos químicos
essenciais, como a hidrodestilação, destilação a
utilizados,
vapor, extração por solventes orgânicos, extração
ambiental. Devido às propriedades antimicrobianas
com fluido supercrítico e outros. Além de serem
que certos compostos naturais possuem, como os
utilizados na fabricação de perfumes, devido às suas
óleos essenciais, estes estão sendo amplamente
propriedades
essenciais
estudados e explorados pelas indústrias alimentícias,
também podem ser aplicados em embalagens, na
no desenvolvimento de embalagens ativas para
extensão da vida útil de alimentos e na produção de
extensão da vida útil de alimentos (PELISSARI et al.,
fármacos, como sedativos, analgésicos, anestésicos
2009; BODINI, 2011; NEGI, 2012; TAVARES et al.,
locais e anti-inflamatórios (BAKALLI et al., 2008;
2014), na redução de incidência de doenças em
SILVEIRA et al., 2012).
plantas no pós-colheita (CRUZ et al., 2010), na indús-
aromáticas,
os
óleos
bem
como
à
redução
do
impacto
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Artigo 506 - Potencial antimicrobiano de óleos essencias: uma revisão de literatura de 2005 a 2018
tria farmacêutica, contribuindo nas pesquisas de
de
pseudocaryophyllus
(pimenta
gomes),
tratamento para doenças infecciosas (PRUDENTE &
procedentes de Campos do Jordão e de 1,9% (p/v),
MOURA, 2013), além do setor de higiene, no
quando procedente de Itaquaquecetuba. Em seu
desenvolvimento de desinfetantes e sanitizantes
trabalho, Silva et al. (2015), atingiram rendimento de
(BERALDO et al., 2013; PEREIRA et al., 2014;
extração de 0,54% para folhas frescas de Nectandra
ROCHA et al., 2014).
grandiflora Nees (canela-amarela), enquanto nas folhas secas o rendimento médio correspondente foi
Os óleos essenciais podem ser extraídos via
de 0,51%.
métodos de hidrodestilação, destilação a vapor, extração por solventes orgânicos, extração por fluido
Deschamps et al. (2008), encontraram variabilidade
supercrítico e prensagem a frio. Há diversas
no rendimento do óleo essencial de espécies de
variáveis que interferem no rendimento de extração,
Mentha por meio da avaliação sazonal, sendo o
sendo alguns deles a escolha da planta, sua
maior valor médio obtido no verão (0,348%), quando
composição, o horário da colheita, a temperatura e o
comparado ao inverno (0,177%). O horário também
método de extração, além da interação entre o
afetou significativamente o rendimento de extração
solvente e o óleo essencial (RÍOS & RECIO, 2005;
do óleo essencial de Cymbopogon citratus (capim-
YUSOFF, 2011; BARROS, 2014).
limão), segundo o estudo realizado por Santos et al. (2009), com melhores resultados obtidos no período
Santos et al. (2005), obtiveram rendimentos de
matutino.
extração de 5,45% via hidrodestilação e 7,93% (p/p) na extração supercrítica de amostras de Citrus
Quanto ao tempo de extração para a hidrodestilação,
latifólia tanaka (limão taiti). Estevam et al. (2016),
estudos
obtiveram
via
revelaram que o rendimento do óleo essencial de
hidrodestilação da ordem de 0,8% e 0,5% para
Campomanesia adamantium (guavira) se manteve
amostras de folhas frescas de Citrus latifólia tanaka
constante após 2 horas, enquanto que para Costa,
e
(limão-cravo),
Carvalho Filho & Deschamps (2013) não houve
respectivamente. Millezi et al. (2013), alcançaram
variação no rendimento do óleo essencial de
rendimentos de extração de 1,24%, 1,48% e 1,85%
Pogostemoncablinno (patchouli) após 1 hora de
(v/p) para Cymbopogon nadus (citronela), Satureja
extração, porém em ambas as pesquisas seus
montana
constituintes químicos variaram segundo os tempos
rendimentos
Citrus
limonia
limonia
de
extração
osbeck
(segurelha-das-montanhas) osbeck,
respectivamente,
e
Citrus
utilizando
a
realizados
por
Oliveira
et
al.
(2017)
testados.
hidrodestilação como método de extração. Percebe-se que o rendimento de um óleo essencial Silva
et
al.
(2014),
observaram
melhores
varia de acordo com diversos fatores, sendo que a
rendimentos de extração para Syzygium aromaticum
época
(cravo-da-Índia) através do método de arraste a
significativa no rendimento, para o mesmo vegetal. O
vapor, quando comparados ao Eucalyptus globulus
método de extração e o tipo de amostra vegetal
Labill (eucalipto), Citrus aurantifolia (lima) e Zingiber
podem influenciar diretamente no rendimento de
officinale (gengibre), com valores de 15,93 μL/g,
extração, porém o tempo de extração parece não
0,53 μL/g, 0,27 μL/g e 0,13 μL/g, respectivamente.
expressar como um fator crítico de variação.
Barros,
Assis
rendimentos
e
Mendes
de
extração
(2014) de
0,26%
via
orgânico e de 0,43% utilizando fluido supercrítico, a de folhas secas
pode
ocasionar
variabilidade
obtiveram
hidrodestilação, 2,39% para extração com solvente partir
sazonal
de Ocimum basilicum
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE ÓLEOS ESSENCIAIS Os alimentos podem veicular doenças por meio de microrganismos prejuízos
(manjericão-de-folha-larga).
patogênicos,
financeiros
para
além as
de
indústrias
causar pelos
microrganismos deteriorantes (BRASIL, 2004; PIRES o
& PICCOLI, 2012). Tais fatores, juntamente com a
rendimento de extração do óleo essencial obtido via
demanda dos consumidores por produtos naturais
hidrodestilação foi de 2,3% (p/v) para amostras secas
(SOARES et al., 2009) e resistência microbiana à
Para
8625
Yokomizoe
&
Nakaoka-Sakita
(2014),
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Artigo 506 - Potencial antimicrobiano de óleos essencias: uma revisão de literatura de 2005 a 2018
à drogas e químicos convencionais (ABAD et al.,
al. (2014), obtiveram atividade antimicrobiana do mix
2007),
de óleos
certamente
contribuíram
para
estudos
essenciais
de
Rosmarinus
officinalis
referentes à atividade antimicrobiana in vitro dos
(alecrim), Origanum vulgare e Capsicum (pimenta)
óleos essenciais.
frente a Staphylococcus spp., Aeromonas spp. e Escherichia coli.
A
sensibilidade
determinado
de
um
agente
microrganismo
pode
ser
a
avaliada
um pela
Castro & Lima (2011) antifúngica
observaram
dos
óleos
expressiva
determinação da concentração inibitória mínima
atividade
(CIM), que representa a menor quantidade do
Cinnamon zeylanicum (canela), Citrus aurantifolia e
essenciais
de
agente capaz de inibir o crescimento microbiano, via
Mentha piperita (pimenta-hortelã) frente às cepas de
técnicas como a diluição em placas ou microdiluição
Candida albicans e Candida tropicalis. Almeida et al.
em tubos (OLIVEIRA et al., 2009; CLSI, 2012).
(2011) também observaram atividade antifúngica dos
Segundo Menezes et al. (2009), os óleos essenciais
óleos essenciais de Ocimum basilicum, Cymbopogon
apresentam boa atividade antimicrobiana quando
martinii (palmarosa), Thymus vulgaris e Cinnamon
sua concentração mínima inibitória (CIM) é inferior a
umcassia frente a cepas de Candida albicans. Lima
100 mg/mL.
et al. (2016), observaram atividade antifúngica satisfatória para o controle de Alternaria alternata e
Ressalta-se a importância de se entender sobre o
Alternaria dauci, através do óleo essencial de Citrus
mecanismo
sinensi (laranja).
de
ação
dos
óleos
essenciais
(OLIVEIRA, 2012), dado que este é exercido pelas mutações morfológicas e funcionais da estrutura
Estevam
celular (BURT, 2004; RASOOLI & ABYANEH, 2004).
expressivos de atividade leishmanicida na aplicação
Sobre as bactérias, ocorre a degradação da parede
dos óleos essenciais de folhas frescas de Citrus
celular, que com o rompimento desta barreira
limonia e Citrus latfolia em Trypanosoma cruzi.
permeável,
Gomes et al. (2016), demonstraram o efeito larvicida
celulares,
são
comprometidas
incluindo
suas
regulação
funções
metabólica
e
manutenção do estado energético (NAZZARO et al.,
et al.
(2016),
alcançaram
resultados
do óleo essencial de Zingiber officinale frente ao mosquito Aedes aegypti.
2013). Para os fungos, os óleos essenciais podem afetar a barreira de proteção dos esporos ou agir
Embora
antes
atividades antivirais dos óleos essenciais, quando
da
sua
formação,
promovendo
o
haja
poucos
desenvolvimento anormal e/ou rompimento dos
comparados
às
tubos germinativos (DANTIGNY & NANGUY, 2009).
antifúngicas,
estudiosos
antiviral
óleos
dos
estudos
atividades
referentes
antibacterianas
observaram
essenciais
de
às e
atividade Rosmarinus
Freire et al. (2014), obtiveram bons resultados de
officinalis (alecrim) e Thymus vulgaris frente ao
ação antibacteriana frente a cepas de Streptococcus
Calicivírus Felino (FCV) em diferentes momentos da
mutans e Staphylococcus aureus, em seus estudos
infecção viral (KUBIÇA et al., 2015).
com os óleos essenciais de Thymus vulgaris (tomilho) e de Cinnamon umcassia (canela-da-
Percebe-se a retratação da eficácia da atividade
China). Nos ensaios realizados por Millezi et al.
antimicrobiana de óleos essenciais frente a diversas
(2013), o óleo essencial de Citrus limolia osbeck
espécies de microrganismos. Os resultados ainda
apresentou
ao
demonstram que as atividades antimicrobianas
a
variam de acordo com o tipo de microrganismo e seu
Escherichia coli, o melhor resultado foi obtido pelo
nível de sensibilidade, o óleo essencial e a
óleo essencial de Satureja montana. Santurio et al.
concentração utilizada.
ação
antibacteriana
Staphylococcus aureus,
(2007),
alcançaram
frente
enquanto que para
expressivos
resultados
de
atividade antimicrobiana do óleo essencial de Origanum vulgare (orégano), seguido do Thymus vulgaris
(tomilho)
e
Cinnamomum
zeylanicum
(canela) frente á Salmonella enterica. Nascimento et
APLICAÇÃO EM EMBALAGENS E EM ALIMENTOS A embalagem tem como funções básicas armazenar e proteger o produto nela disposto, para preservar ao máximo a qualidade do mesmo e minimizar alterações
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Artigo 506 - Potencial antimicrobiano de óleos essencias: uma revisão de literatura de 2005 a 2018
químicas,
bioquímicas
e
microbiológicas
que
caryophyllus (cravo) na conservação de melão
promovem a sua deterioração. No entanto, as novas
minimamente
tecnologias desenvolvidas possibilitam funções além
autores, além de estender a vida de prateleira do
destas
já
conhecidas,
embalagem
e
o
como
produto,
a
processado.
interação
da
fruto,
denominadas
de
microbiológicas.
não
houve
Ainda
alterações
segundo sensoriais
os ou
embalagens ativas (MONTES, NETA & CRUZ, Estudos atuais demonstram que as nanoemulsões
2013).
encapsuladas de óleo essencial são adequadas para Através da demanda por produtos alimentícios
incorporação em formulações alimentares, para
minimamente processados, seguros e de qualidade,
prevenir e controlar o crescimento microbiano e
surgem as necessidades de mais estudos para
prolongar sua vida útil, como foi observado por
verificação da eficácia dos filmes e revestimentos
Moraes-Lovison et al. (2017), na elaboração de patê
comestíveis na extensão de vida útil de alimentos,
de frango nanoencapsulado com óleo essencial de
sendo uma inovação do conceito de embalagem
Origanum vulgare . Almeida (2017), observou
ativa biodegradável, vista como desenvolvimento
extensão de 7 dias (mínimo) na vida útil de pães de
sustentável (DURANGO, SOARES & ARTEAGA,
forma em
2011). Desta forma, estudiosos como Moraes et al.
adicionados de óleo essencial de Origanum vulgare
(2007),
microencapsulado.
puderam
verificar
boa
resistência
e
contato com
filmes
antimicrobianos
alongamento dos filmes de base celulósica com 7% de ácido ascórbico, além da eficácia na redução de
Apesar
dos
benefícios
relatados
por
diversos
fungos filamentosos e leveduras em manteiga.
estudos, Oliveira (2012), aponta a necessidade de estudos referentes à sua citotoxicidade, dado que,
Tavares et al. (2014), desenvolveram uma cobertura
em conjunto com ás alterações sensoriais, é um fator
comestível acrescida dos óleos essenciais de
limitante na aplicação direta destes compostos em
Rosmarinus officinalis e Origanum vulgare, sendo
alimentos.
que esta foi capaz de promover aumento na vida útil do
alimento,
sem
alterar
suas
características
sensoriais. Soares, Santiago-Silva & Silva (2008), observaram a eficiência do filme ativo incorporado do óleo essencial de Origanum vulgare na inibição do crescimento de Listeria innocua em queijo minas frescal. Embora Botre et al. (2010) não tenham encontrado resultados significativos de atividade antimicrobiana da cobertura comestível incorporada deste óleo essencial em pizzas prontas, discutiram as vantagens de sua utilização em detrimento do uso de embalagens sintéticas.
Lima
et
al.
(2014),
estudaram
e
confirmaram a toxicidade dos óleos essenciais de Illicum verum (estrela-de-anis), Ageratum conyzoides (mentrasto), Piper hispidinervum (pimenta longa) e Ocotea
odorífera
Schizaphis
(canela-sassafrás)
graminum.
Martins
et
al.
sobre (2017),
relataram elevado percentual de mortalidade dos óleos essenciais de Citrus limon (98,68%) e Citrus sinensis (94,11%) sobre Dysmicoccus brevipes. França et al. (2012), observaram que os óleos essenciais de Citrus limon e Cymbopogon nadus sobre Zabrotes subfasciatus, reduziram o número de
Espitia et al. (2012), observaram que o emprego de
insetos
sachês com óleos essenciais de Origanum vulgare,
respectivamente. Cansian et al. (2017), notaram
Cinnamomum
citratus,
elevada toxicidade do óleo essencial de Syzygium
alternata,
aromaticum frente á Artemia salina. Outros autores
Fusarium semitectum, Lasiodiplodia theobromae e
como Fazolin et al. (2005), Costa et al. (2008), Lima
Rhizopus stolonifer, como parte de um sistema de
et al. (2009), Silva et al. (2010), Lima et al. (2011),
embalagem
preservação
Campelo et al. (2013), Rosa et al. (2016), Souza et
mamão papaia, no qual não houve alterações físico-
al. (2016), Alves et al. (2017) e Gomes et al. (2018),
químicas. Chevalier et al. (2016), observaram
também retrataram a toxicidade dos óleos essenciais
elevada eficiência do emprego de revestimento
estudados.
comestível elaborado com óleo essencial de Dianthus
OUTRAS APLICAÇÕES
mostrou-se
8627
verum
eficaz
e
Cymbopogon
contra
Alternaria
antimicrobiana
para
emergidos
em
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23,9%
e
95,9%,
Artigo 506 - Potencial antimicrobiano de óleos essencias: uma revisão de literatura de 2005 a 2018
A utilização dos óleos essenciais engloba várias
al. (2018), observaram que o uso do óleo essencial
áreas, possibilitando sua exploração em diversos
Origanum vulgare com prévio tratamento térmico foi
setores
capaz de reduzir significativamente (40,5%) o
e
tecnológico
favorecendo de
maneira
o
desenvolvimento
ecológica
através
da
Penicillium digitatum em laranjas.
utilização de resíduos. Machado et al. (2017), comentam que no setor agrícola a resistência
Além da redução de incidência de doenças em
microbiana
plantas, os óleos essenciais também podem ser
aos
fungicidas
convencionais
é
responsável por promover a busca por métodos
empregados
alternativos de controle. Segundo relatos científicos
desenvolvimento de desinfetantes (PEREIRA et al.,
no
setor
de
higiene,
para
o emprego de óleos essenciais como alternativa para
2014), na saúde, por apresentarem potencial uso
o manejo de doenças de plantas traz bons
para o auxílio do tratamento de infecções orais
resultados, reduzindo assim o uso abusivo de
(ALMEIDA et al., 2011) e formação de biofilme
defensivos agrícolas.
dentário (ALVES, FREIRES & CASTRO, 2010), no setor agroindustrial, para a formulação de inseticidas
Carnelossi et al. (2009) observaram o controle da
(MELLO et al., 2014) e biodiesel (ABDELMOEZ,
doença antracnose do mamão no pós-colheita,
ASHOUR & NAGUIB, 2015; PARENTE, 2003).
através da utilização dos óleos essenciais de Cymbopogon
citratus,
Eucalyptus
citriodora
CONCLUSÃO
(eucalipto-limão), Mentha arvensis (hotelã-japonesa)
A
eficácia
dos
e Artemisia dracunculu (estragão). Cruz et al. (2010)
microrganismos que causam adversidades à saúde
também controlaram a doença no pós-colheita de
humana
manga através do uso do óleo essencial de Citrus
agroindustriais foram e estão sendo comprovadas
sinensis, mantendo a qualidade dos frutos. Lima et
cientificamente. Por isso, se tornaram de interesse e
al. (2016) constataram a eficácia da utilização do
utilidade
óleo essencial de Citrus sinensis na redução de
cosméticas, sanitárias e agrícolas como alternativas
incidência de fungos em sementes de cenoura, sem
aos produtos químicos que, consequentemente,
afetar sua germinação.
impactam positivamente na preservação do meio
e
óleos
prejuízos
para
as
essenciais financeiros
indústrias
frente aos
aos
setores
farmacêuticas,
ambiente como utilização de fontes renováveis e As exigências nutricionais da fase inicial à puberda-
desenvolvimento sustentável.
de são estabelecidas objetivando proporcionar às fêmeas um adequado desenvolvimento de proteína e
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
deposição de gordura corporal e não o máximo
ABDELMOEZ, W., ASHOUR, E.; NAGUIB, S. M. A
ganho de peso que é alvo nos programas de
review on green trend for oil extraction using
nutrição para animais em crescimento e terminação
subcritical
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8633
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8623-8633, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas Revista Eletrônica
Desempenho, reprodução, calor, suínos.
Jessica Mansur Siqueira Furtado Vol. 17, Nº 01, jan/fev de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
1
Doutora em Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa – UFV. E-mail: jessicasiq@gmail.com.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
EFFECTS OF HIGH TEMPERATURES ON THE
O estresse calórico exerce efeitos diretos e indiretos
PRODUCTIVE AND REPRODUCTIVE
na produção animal em todas as fases, acarretando
PERFORMANCE OF SOWS
em redução na produtividade com consequentes
ABSTRACT
prejuízos econômicos. O estresse por calor também
Heat stress has direct and indirect effects in all
tem influência negativa no desempenho reprodutivo
phases of animal production, with reduction of
destes animais. Dessa forma, torna-se indispensável
productivity with consequent economic losses. Heat
o
e
stress also has a negative influence on the
comportamentais das matrizes suínas submetidas ao
conhecimento
das
respostas
fisiológicas
reproductive performance of these animals. Thus, it
estresse calórico, para a adoção de estratégias
is essential to know the physiological and behavioral
nutricionais, de manejo e ambiência que sejam
responses of sows submitted to heat stress for the
capazes de minimizar os efeitos prejudiciais da
adoption of nutritional, management and ambience
temperatura ambiental elevada sobre o bem-estar e
strategies that are able to minimize the negative
a eficiência produtiva e reprodutiva das fêmeas
effects of high environmental temperature on the
suínas. A presente revisão destaca os efeitos das
animal welfare and the productive and reproductive
altas temperaturas no desempenho produtivo e
efficiency of sows. The present review highlights the
reprodutivo destes animais.
effects of high temperatures on the productive and
Palavras-chave: desempenho, reprodução, calor,
reproductive performance of these animals.
suínos.
Keyword: performance, reproduction, heat, swines.
8634
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
INTRODUÇÃO
rante maior parte do ano. A exposição contínua de
Um dos grandes desafios da suinocultura está
fêmeas suínas a este tipo de ambiente térmico pode
relacionado à exploração do máximo potencial
afetar a produção de leite durante o período de
genético do animal, tanto no aspecto produtivo
lactação na maternidade, e o comportamento estral,
quanto reprodutivo. A busca da máxima eficiência,
que ocasionam redução na taxa de concepção e
durante
aumento da mortalidade embrionária (RENAUDEAU
muitos
anos,
esteve
voltada
para
o
atendimento das necessidades de sanidade, manejo
et al., 2003).
e nutrição. Porém, os avanços obtidos nestas áreas têm
sido
limitados
pelos
fatores
ambientais,
HOMEOTERMIA
E
REGULAÇÃO
DA
principalmente pelo ambiente térmico no qual os
TEMPERATURA CORPORAL
animais são submetidos.
Os animais homeotérmicos mantêm a temperatura corporal dentro de certos limites relativamente
Fatores ambientais externos e o microclima dentro
estreitos, mesmo com a variação da temperatura
das instalações exercem efeitos diretos e indiretos
ambiental.
na produção animal em todas as fases de produção,
manterem a temperatura corporal relativamente
acarretando
constante, eles necessitam, através de variações
redução
na
produtividade
com
Para
os
animais
homeotérmicos
consequentes prejuízos econômicos. As instalações
fisiológicas,
zootécnicas devem ser projetadas para minimizar a
produzir calor (para aumentar a temperatura corporal
influência
externos,
quando a temperatura diminui) ou perder calor para
principalmente da temperatura ambiente, que leva ao
o meio (diminuir a temperatura corporal no estresse
desconforto térmico. As variações ambientais podem
calórico).
ser
dos
fatores
controladas
por
climáticos
diferentes
materiais
comportamentais
e
metabólicas,
de
construção, dimensionamento dos espaços físicos
O estado em que o animal encontra o equilíbrio, ou
disponíveis, densidade e sistemas de ventilação e
seja, em que não há nenhuma sensação de frio ou
refrigeração. É importante também, o conhecimento
de calor, chama-se de zona de conforto térmico ou
das
dos
zona termoneutra. Quando a temperatura ambiente
animais relacionados ao ambiente térmico que nos
ultrapassa o limite superior da zona de conforto, o
permite a tomada de medidas e alterações no
sistema termorregulador é ativado para manter o
manejo e da nutrição, além das instalações e
equilíbrio térmico entre o animal e o ambiente, o que
equipamentos, objetivando a maior eficiência da
representa um esforço extra e, consequentemente,
atividade.
mudanças na produtividade. Além do mais, suínos
respostas
ou
adaptações
fisiológicas
mantidos em ambientes termoneutros tendem a As principais companhias produtoras de genética
expressar seu potencial genético máximo. No
suína
de
entanto, quando expostos ao estresse térmico, o
programas de melhoramento genético desenvolvidos
consumo de ração, ganho de peso e a eficiência
na América do Norte e na Europa, geralmente sob
alimentar são reduzidos.
disponibilizam
animais
provenientes
condições de climas temperado e subtropical, com controle
otimizado
do
ambiente
térmico,
sem
propiciar uma resposta clara da adaptação desses animais ao clima tropical. Diante das dificuldades de aclimatação destes animais nos trópicos, a busca imediata de alternativas que viabilizem a criação permitindo a expressão do potencial genético e o bem-estar dos animais, torna-se imprescindíveis para estas regiões. O Brasil apresenta uma enorme área territorial e clima diversificado entre as regiões. Em grande parte do país, observa-se temperatura do ar elevada associada à umidade relativa do ar também alta du8635
Os animais homeotérmicos, em função da raça, nível de produção, estádio fisiológico e plano nutricional, apresentam uma faixa de temperatura ambiente na qual se encontram em conforto térmico, denominada zona de termoneutralidade. Na zona de termoneutralidade, o sistema termorregulador não é acionado, seja para capturar ou dissipar calor. Assim, o gasto de energia para manutenção é mínimo, resultando em máxima eficiência produtiva. Os limites da zona de termoneutralidade são: a temperatura crítica inferior (TCI) e a temperatura crítica superior (TCS). Abaixo da TCI, o animal entra em estresse pelo frio, e acima da TCS, em estresse pelo calor.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8634-8646, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
O suíno adulto é um animal que tem dificuldade em
Quando
perder calor para o ambiente, sendo então, muito
circulatórios
sensível às temperaturas elevadas (CAVALCANTI,
periférica, elevando a temperatura da pele e dessa
1998). Nessa espécie, as perdas de calor se dão por
forma, favorecendo a perda de calor de forma
meios sensíveis de condução, radiação e convecção
sensível para o meio ambiente (BARROS et al.,
e por meio latente de evaporação da água, que pode
2010). Com essa vasodilatação periférica, ocorre a
ocorrer pelo sistema respiratório (DESHAZER et al.,
diminuição de fluxo de fluidos e nutrientes para as
2009). Os mecanismos regulatórios são acionados
glândulas mamárias, desta forma, os nutrientes
de acordo com a temperatura ambiente.
carreados não são suficientes para promover a
expostos
ao
que
calor,
ocorre
promovem
a
ajustes
vasodilatação
síntese normal do leite (BLACK et al., 1993). A perda de calor pela respiração é determinada pela diferença da pressão de vapor e da temperatura do ar expirado e inspirado (DESHAZER et al., 2009). Quando altas temperaturas estão associadas à umidade elevada, ocorre limitação nos mecanismos termorreguladores
evaporativos
Assim,
latente
a
forma
de
(NÄÄS, perda
2000).
de
calor
(evaporação), é inversamente proporcional ao teor de umidade, ou seja, quanto maior esta variável, mais comprometida estará a perda de calor por evaporação (SANTOS et al., 2006).
os principais elementos climáticos responsáveis pelo incremento calórico à temperatura corporal dos animais (SHORODE et al., 1960). Quando o animal não consegue dissipar o calor excedente por meio de mecanismos sensíveis e latentes, a temperatura retal é elevada acima dos valores fisiológicos normais, demonstrando que o suíno está sob condições de estresse, que é um dos fatores responsáveis pela baixa produtividade animal nos trópicos (SANTOS et al., 2006).
fêmeas
suínas
respondem
imediatamente ao estresse por calor aumentando a temperatura retal, da pele e das glândulas mamárias, além de aumentar a frequência respiratória a fim de tentar aumentar a perda de calor por evaporação (RENAUDEAU
et
al.,
2001).
fluxo
de
sangue
nas
glândulas
mamárias, Renaudeau et al. (2003) observaram uma menor circulação sanguínea para a produção de 1kg de leite nas fêmeas suínas submetidas a altas temperaturas (28 °C) do que naquelas submetidas a temperaturas mais amenas (20 °C). Estes resultados demonstraram que há um aumento do sangue circulante nos capilares da região para dissipar o calor,
e,
como
o
sangue
está
diretamente
relacionado com a secreção láctea, este pode ser leite em matrizes suínas. Segundo Quiniou & Noblet (1999), a perda de calor por evaporação em suínos criados em baias individuais
depende
unicamente
da
frequência
respiratória, devido ao fato desses animais não terem como chafurdarem e, portanto, estarem geralmente com a pele muito seca. Sainbury (1972) cita que em animais criados em grupo em ambientes com
temperatura
dentro
da
zona
de
termoneutralidade, 15% das perdas de calor dos suínos são por meio de condução, 40% por radiação,
Um estudo desenvolvido em câmara climática que
o
um possível mecanismo de redução na produção de
A temperatura do ar e a umidade são consideradas
mostrou
Avaliando
Porém,
segundo
SPENCER et al. (2003), quando os animais são expostos ao calor por um período de tempo prolongado, estes apresentam ajustes fisiológicos
35% por convecção e 10% por evaporação. Quando a temperatura ambiental está acima de 30 °C predominam as perdas por processos evaporativos (SORESEN, 1964). Outro fator a ser considerado diz respeito às alterações comportamentais das matrizes, sendo comum observar uma menor frequência e intervalo entre amamentações diárias em matrizes mantidas sob estresse calórico, o que se reflete sobre a produção de leite (RENAUDEAU & NOBLET, 2001).
sugestivos de um processo de aclimatação.
Uma modificação na postura das matrizes que À medida que a temperatura ambiente aumenta o
permanecem mais tempo deitadas (min/dia), permite
suíno de forma geral, responde fisiologicamente a
um aumento de 6% na circulação sanguínea das
essa
tetas (RENAUDEAU et al., 2002), podendo estar
mudança,
na
tentativa
de
manter
temperatura corporal dentro de uma faixa ótima.
sua
relacionada com a redistribuição de sangue para
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8634-8646, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
8636
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
os capilares da pele, no sentido de incrementar a
entre 18 e 21 °C e a umidade relativa, em torno de
transferência de calor para o meio ambiente através
50 a 70% (MOURA, 1999). Temperaturas acima
do processo de condução, dificultando a síntese de
dessa
leite (RENAUDEAU et al., 2003). Além do mais, a
reprodutivas e perdas econômicas na produção.
permanência por mais tempo nesta posição reduz a
Segundo
atividade do animal no comedouro, podendo este
temperatura máxima para porcas está em torno de
mecanismo ser utilizado para redução na produção
24 °C, enquanto a umidade relativa esteja entre 70 e
de leite em matrizes sob estresse calórico.
80%.
CONFORTO TÉRMICO DE MATRIZES SUÍNAS
EFEITOS
Por muito tempo, a máxima eficiência na produção
DESEMPENHO PRODUTIVO
animal
Nas duas últimas décadas, a seleção para alta
foi
buscada
no
atendimento
das
faixa
têm
NÄÄS
DO
sido
associadas
(2000),
ESTRESSE
intensificada
o
limite
POR
nos
a
falhas
crítico
CALOR
programas
de
NO
necessidades de manejo, genética, sanidade e
prolificidade,
de
nutrição. Porém, os avanços nessas áreas têm sido
melhoramento genético das empresas fornecedoras
limitados por fatores ambientais, principalmente pelo
de animais de reposição, induziu, indiretamente, o
ambiente térmico em que os animais são criados
incremento na produção de leite das matrizes suínas
(HANNAS, 1999).
(EISSEN et al., 2000). Todavia, em condições ambientais de termoneutralidade, a produção de leite
Para que se obtenha o conforto térmico dentro de
depende da interação dos fatores relacionados com
uma instalação, é necessário que o balanço térmico
a ordem de parição (EISSEN et al., 2000), estágio de
seja nulo. Neste sentido, o calor produzido pelo
lactação, tamanho de leitegada, nutrição e status
organismo animal somado ao calor ganho do
metabólico da fêmea (KIM et al., 2001) e peso
ambiente deve ser igual ao calor perdido por meio
corporal dos leitões (KING et al., 1997).
de radiação, convecção, condução e evaporação (ESMAY, 1982). Segundo Brown-Brandl et al. (2001), suínos com alta deposição de proteína produzem um calor adicional, que aumenta a dificuldade para a manutenção da homeotermia em ambientes com temperatura do ar elevada. Essa dificuldade faz com que as novas linhagens sejam mais susceptíveis ao estresse por calor.
Nas últimas décadas, a porcentagem de
produção de calor nos suínos se elevou em torno de 15%, devido ao aumento da quantidade de carne magra nas novas linhagens. A zona de conforto térmico dos suínos depende de vários fatores (NUNES, 2012). Alguns estão ligados ao animal, como peso, idade, estado fisiológico, alimentação e genética. Outros estão ligados ao ambiente, como a temperatura, velocidade do ar, umidade relativa, energia radiante, tipo de piso, entre outros. Devido a esses diversos fatores, existem grandes diferenças na literatura em relação às faixas de temperaturas ideais e os limites de temperatura crítica inferior e superior para as diferentes categorias de suínos (HANNAS, 1999). A zona de conforto térmico para porcas se encontra 8637
O consumo de ração pelas porcas durante o período de lactação pode ser insuficiente para satisfazer as exigências para a produção de leite. Além disso, diversos fatores ambientais podem reduzir esse consumo (GOURDINE et al., 2006). Em regiões tropicais, a temperatura pode ser o principal fator ambiental envolvido na redução do consumo (QUINIOU & NOBLET, 1999). Essa redução ocorre frequentemente, quando a temperatura ambiental excede a zona de termoneutralidade, a qual pode variar entre 15 e 20°C (BLACK et al., 1993; DE BRAGANÇA, et al., 1998). Assim, as porcas no verão quase sempre se encontram estressadas pelo calor, havendo, portanto, redução no consumo da dieta. Segundo Renaudeau et al. (2001), esse ajuste no consumo ocorre como tentativa de o organismo reduzir a produção de calor proveniente do seu metabolismo. Renaudeau & Noblet (2001) observaram que quando fêmeas suínas foram mantidas em ambientes com temperatura elevada (29 °C), houve um declínio de até 30% na produção de leite, em relação àquelas criadas sob condições de conforto térmico (20 °C). A queda na produção de leite foi associada ao menor consumo alimentar das matrizes (RENAUDEAU et al., 2003).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8634-8646, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
Além da seleção genética, altas temperaturas é um
Neste sentido, pelo fato de disponibilizarem menos
dos fatores que influenciam o consumo voluntário de
gordura
ração de porcas em lactação (O’GRADY et al.,
particularmente preocupante para as fêmeas de
1985). No verão, matrizes em período de lactação
genótipos desenvolvidos para o crescimento de
são frequentemente expostas a altas temperaturas e
tecidos magros, que se utiliza de tecidos proteicos
com isso, ocorre uma redução no consumo de ração
corporais para atender a intensa produção de leite,
(BLACK et al., 1993; QUINIOU & NOBLET, 1999).
principalmente após atingir o pico de lactação
corporal,
a
perda
de
tecidos
é
(MARTINS, 2004). Experimentos desenvolvidos em câmaras climáticas revelaram
que
respondem
Em relação à espessura de toucinho, observa-se que
imediatamente ao estresse por calor através da
a perda durante a lactação é mais acentuada em
redução
do
matrizes
consumo
suínas
e
matrizes expostas a altas temperaturas, sendo
consequentemente redução da ingestão de energia,
voluntário
de
ração
detectados valores de 1,9 mm (DE BRAGANÇA et
sendo observada uma queda de até 35% do
al., 1999) a 2,2 mm (SPENCER et al., 2003) a
consumo quando a temperatura ambiente aumentou
menos ao desmame, em relação àquelas fêmeas
de 20 para 32 °C (BARB et al., 1991). Dessa mesma
mantidas sob conforto térmico.
forma, DE BRAGANÇA et al. (1998) observaram em porcas primíparas em lactação uma redução de 43%
Porcas
do consumo voluntário de ração quando submetidas
alimentadas à vontade apresentam um padrão de
em
condições
de
termonutralidade
a 30 °C em relação àquelas mantidas sob 20 °C de
procura de alimento bem característico, com dois
temperatura ambiente.
picos principais ocorrendo um pela manhã e outro no final da tarde (DOURMAD, 1993). Sob calor intenso
Apesar das fêmeas primíparas serem mais sensíveis
e constante, a redução no consumo alimentar foi
ao estresse térmico por já apresentarem um
associada com alterações comportamentais, sendo
reduzido consumo alimentar voluntário (MARTINS et
observada
al., 2006), os efeitos negativos sobre esta variável
refeições diárias (min/dia) e no tempo de ingestão
também são observados em fêmeas multíparas,
(min/dia),
sendo
12,11
realizadas no período noturno, quando as fêmeas
(RENAUDEAU et al., 2001) e 12,69 kcal de energia
ficam menos ativas. Independente do período do dia
digestível por dia (QUINIOU & NOBLET, 1999)
foi observado uma maior relação entre o consumo de
quando a temperatura ambiental excede aos 18 °C.
água:
encontradas
reduções
de
uma
diminuição
principalmente
alimento
(L/dia)
proporcionalmente
tamanho
durante
e
menor
no
as
uma das
das
refeições
permanência matrizes
em
Nas regiões mais quentes, como nos trópicos, é de
atividades em pé (min/dia) em matrizes (QUINIOU et
se esperar que as fêmeas já estejam mais
al., 2000b).
adaptadas às oscilações da temperatura ambiente e concentrem suas atividades de ingestão alimentar
Porém,
nas horas mais frias do dia (MARTINS et al., 2006),
temperatura ambiente, as matrizes ajustam seu
não havendo um declínio tão brusco no consumo
metabolismo, de modo a concentrar suas atividades
alimentar conforme visto nos experimentos citados
ingestivas
acima.
principalmente no início da manhã, minimizando os
quando
nos
há
uma
horários
oscilação
mais
diária
frios
do
na
dia,
efeitos deletérios da alta temperatura ambiental e do Os efeitos negativos do estresse calórico sobre o
incremento calórico corporal sobre o consumo
consumo
alimentar (RENAUDEAU et al., 2003).
alimentar
voluntário
se
refletem
em
alterações da condição corporal da matriz, sendo comum observar uma maior perda de peso corporal
Considerando que as fêmeas jovens de primeiro e
(DE BRAGANÇA et al., 1998; QUINIOU & NOBLET,
segundo parto ainda estão sujeitas a uma alta taxa
1999; RENAUDEAU et al., 2001) em relação
de
àquelas matrizes mantidas em ambientes com tem-
ambiental
peraturas mais próximas de sua zona de conforto.
consideravelmente, o desempenho reprodutivo destas
crescimento,
a
durante
elevação a
da
lactação,
temperatura limitará,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8634-8646, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
8638
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
fêmeas, e isto resultará em uma baixa produtividade
síntese, absorção e metabolismo dos principais
com uma elevada taxa de descarte (PRUNIER et al.,
substratos (glicose, triglicerídeos, ácidos graxos
1997).
voláteis, aminoácidos e lactato) usados para a
Assim, o consumo adequado de nutrientes durante a lactação é fundamental para a síntese do leite e a manutenção do potencial reprodutivo subsequente das porcas (SPENCER et al., 2003). Já a ingestão insuficiente
de
nutrientes
mobilização
de
diferentes
aumentando
o
intervalo
pode
resultar
tecidos
síntese do leite, em consequência do baixo consumo alimentar e da mobilização de tecidos corporais, e dos quais dependerá necessariamente o grau de variação dos principais constituintes lácteos.
na
Com relação à taxa de mortalidade dos leitões,
corporais,
Martins (2004) observou aumento de cerca de 10%
desmame/cio
e,
na morte de leitões por esmagamento nos horários
consequentemente, os dias não produtivos das
de pico de temperatura elevada. Isso se deve ao fato
porcas.
de
Podem ser observados também efeitos negativos das altas temperaturas na produção de leite e ganho de peso dos leitões. Uma redução do crescimento médio dos leitões em amamentação foi verificada quando as porcas foram mantidas em maternidades com temperatura ambiental acima de 29 °C (DE BRAGANÇA et al., 1998; QUINIOU & NOBLET,
as
fêmeas
ficarem
inquietas
mudando
constantemente de posição e os leitões reduzirem o tempo de uso e frequência de acesso ao abrigo escamoteador, permanecendo em áreas de gaiolas mais próximas das matrizes quando a temperatura ambiente está mais elevada. Portanto, este deve ser um cuidado a ser tomado quando os animais forem submetidos a altas temperaturas na maternidade.
1999; RENAUDEAU et al., 2003). Como o ganho de
EFEITOS
peso dos leitões neste período é indicativo da
DESEMPENHO REPRODUTIVO
produção
altas
A base para o sucesso na criação dos animais de
temperaturas provocam diminuição da produção de
produção se fundamenta nos conhecimentos em
leite de porcas em lactação. Além disso, há um forte
reprodução, nutrição e sanidade. Para obtenção de
efeito indireto causado pela redução drástica do
lucro máximo, o ideal seria que todas as fêmeas e
consumo de ração, coincidindo com alterações
machos tivessem uma taxa reprodutiva de 100%,
fisiológicas na temperatura retal e na frequência
nenhuma mortalidade de leitões e sem nenhuma
respiratória (QUINIOU & NOBLET, 1999).
doença afetando o rebanho. As variações de
de
leite,
pode-se
inferir
que
Além da produção de leite, podem também ser observadas alterações na composição do leite. Ricalde & Lean (2000) encontraram redução no teor de gordura e aumento de cinzas e lactose do leite de porcas mantidas em condições de estresse por calor (27
a
40
°C)
quando
comparadas
DO
ESTRESSE
POR
CALOR
NO
temperatura ambiente é o principal fator externo responsável pela infertilidade em fêmeas suínas, representando
perdas
econômicas
durante
os
períodos mais quentes do ano (PELTONIEMI et al., 2000).
àquelas
Muitas vezes, os animais são alojados em situações
submetidas a temperaturas mais amenas. Em
que não propiciam um conforto térmico adequado e,
contrapartida, Prunier et al. (1997) não observaram
com isso, o potencial reprodutivo ou produtivo
alterações na gordura do leite de porcas que
desses animais não é expresso na totalidade.
permaneceram em temperaturas de 27 a 30 °C. De
Diminuição das taxas de fertilidade e aumento das
acordo com Renaudeau & Noblet (2001), não há
taxas de retornos ao cio e de abortos e, ainda,
efeitos diretos da temperatura ambiental sobre os
aumento da mortalidade embrionária são alguns dos
principais constituintes do leite, mas pode haver uma
efeitos negativos das altas temperaturas em matrizes
tendência de aumento nos teores de matéria seca,
em gestação.
cinzas e energia do leite em fêmeas suínas submetidas ao estresse por calor.
O estresse é uma resposta do animal às situações que
provocam
ansiedade,
medo
e
alterações
Os efeitos do estresse calórico sobre a composição
comportamentais,
do leite resultam das mudanças observadas na
fisiológicas e metabólicas. Em animais reprodutores,
8639
resultantes
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8634-8646, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
de
perturbações
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
tais alterações são muito evidentes quando a
2001), mas, uma menor proporção de matrizes
temperatura do ambiente se torna acima da
retornou ao estro, imediatamente, no pós-desmame
temperatura de conforto e sua resposta se traduz em
(PRUNIER et al., 1997; DE BRAGANÇA et al., 1998)
problemas patológicos e rendimentos sub-ótimos
aumentando, desta forma, os dias não produtivos do
que muitas vezes passam despercebidos em curto
plantel de reprodutores. O efeito calórico sobre o
prazo.
incremento no número de dias para atingir o estro pós-desmame é mais preocupante nas fêmeas
Os efeitos da temperatura ambiental na vida
primíparas, pelo fato das mesmas terem menos
reprodutiva dos suínos são mais evidentes do que
reservas de tecidos corporais, consequentemente,
seu efeito no ganho de peso, podendo afetar a
disponibilizando
reprodução em várias fases do ciclo reprodutivo
reestabelecimento
(MÜLLER et al., 1982). Estas fases incluem o
(SPENCER et al., 2003).
menos da
substratos atividade
para
o
reprodutiva
período desde o desenvolvimento da puberdade até a primeira concepção, tais como atraso no início do
Os abortamentos contribuem de forma negativa nos
período reprodutivo ou condição corporal deficiente
índices reprodutivos numa granja, pois com a perda
no início da vida reprodutiva. Além disso, estes
da prenhez, há uma diminuição da taxa de parto,
autores observaram também uma redução na taxa
consequentemente, reduzindo o número de leitões
de ovulação, diminuição da implantação de embriões
produzidos ao ano (MELLAGI et al., 2006).
no início da gestação, aumento da mortalidade embrionária, diminuição do comportamento sexual e
A Tabela 1 apresenta os efeitos da temperatura no
produção de leitegadas fracas ou inviáveis. Segundo
desempenho reprodutivo em matrizes.
Clark et al. (1981), alguns desses efeitos ocorrem diretamente
nos
órgãos
reprodutivos
ou
via
concentração de hormônios, agindo no ciclo estral, no comportamento sexual, na gestação, parto,
Tabela 1 – Efeito da temperatura no desempenho reprodutivo em matrizes suínas 26 – 27
30
33
°C
°C
°C
Número de matrizes
74
80
80
Matrizes em estro
74
78
73
Matrizes em anestro
0
2
7
Número de retorno ao
2
8
8
67
67
62
90
85
78
Item
lactação e intervalo desmame-estro. Dentre as falhas reprodutivas mais observadas em uma granja, está o retorno ao estro, a pseudogestação e abortamento (de origem infecciosa ou não infecciosa). Essas falhas reprodutivas, além de contribuírem com o aumento dos dias não produtivos de um plantel, também contribuem negativamente com o aumento da taxa de descarte das mesmas
estro Número
de
matrizes
concebidas Taxa de concepção (%)
(FILHA et al., 2006).
Fonte:
O retorno ao estro é um dos grandes desafios na suinocultura e deve ser diagnosticado o quanto antes para evitar grandes prejuízos econômicos. Em cada cio que não há fertilização, são contabilizados dias não produtivos. Este problema possui diversas causas, o que requer uma análise completa da situação das reprodutoras, para assim, identificar corretamente o problema.
Adaptado Serres (1992).
No período de calor, algumas fêmeas apresentam dificuldades em eliminar calor corporal, gerando quadros de hipertermia (BRANDT et al., 1995), o que pode comprometer o desempenho reprodutivo das matrizes. A condição mais crítica ocorre quando o estresse por calor acontece no dia da cobertura ou nos primeiros dias de gestação, ocasionando maior taxa de retorno ao cio, menos taxa de parto, bem
Em alguns estudos desenvolvidos em ambiente com
como menor tamanho da leitegada (WENTS et al.,
temperatura
foi
2001), devido ao comprometimento da sobrevivência
percebida alteração no intervalo desmame-estro
dos conceptos (OMTVEDT et al., 1971). Porém, o
(SCHOENHERR et al., 1989; RENAUDEAU et al.,
efeito das temperaturas ambientais altas sobre a so-
elevada
artificialmente,
não
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8640
Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
brevivência
embrionária
não
depende
só
da
reprodutivas (RENAUDEAU et al., 2001).
temperatura em si, mas também da duração do período
de
calor
em
que
as
fêmeas
estão
Pesquisas indicam envolvimento da temperatura ambiental no controle endócrino do desenvolvimento
submetidas (EINARSSON et al., 1996).
folicular. PELTONIEMI et al. (2000) observaram que Segundo Bortolozzo et al. (1997), a intensidade e a
em ambientes de altas temperaturas houve uma
duração dos períodos de temperaturas elevadas
redução na secreção do hormônio luteinizante (LH)
estão associadas à dificuldade de fertilização e
em fêmeas suínas. A ativação do eixo hipotálamo-
podem
dos
hipófise adrenais em situações de estresse calórico
da
aumenta a concentração sérica de cortisol, ao
gestação. Ainda segundo estes autores, o estresse
mesmo tempo em que inibe o eixo reprodutivo
por calor pode, também, causar diminuição do fluxo
(hipotálamo-hipófise-gônadas),
sanguíneo uterino, hipertermia maternal, alteração
pulsatilidade do GnRH no hipotálamo. Em todos os
no metabolismo endócrino da fêmea, maior taxa de
casos, como a secreção de LH e FSH pela hipófise é
retorno ao cio, menor taxa de parição e tamanho de
regulada de modo positivo pelo GnRH, e nas fêmeas
leitegada.
submetidas ao calor a formação dos folículos é
afetar
conceptos,
a
fixação
e
principalmente
sobrevivência
na
fase
inicial
reduzindo
a
seriamente prejudicada. O
estresse por
calor
diminui o
desempenho
reprodutivo por ter impactos na viabilidade e na
A elevação da temperatura ambiente altera todo o
mortalidade dos embriões (WILLIAMS, 2009). Em
complexo endócrino responsável pela iniciação e
um trabalho realizado por Wildt et al. (1975), porcas
manutenção
submetidas ao estresse por calor (40,2 °C) na fase
desequilíbrio
inicial da gestação, entre 2 a 13 dias, apresentaram
ativação excessiva do eixo hipotálamo-hipófise-
maior mortalidade embrionária e menores tamanhos
adrenal e/ou pela produção alterada de outros
de
hormônios fora deste eixo regulatório (BLACK et al.,
leitegada
que
as
mantidas
em
ambiente
da
lactação,
hormonal
promovendo
um
consequência
da
como
1993). Assim, sob estresse calórico, as matrizes
termoneutro (24 °C).
reduzem
a
atividade
da
tireoide
e,
Alguns autores relatam que temperaturas superiores
consequentemente, as concentrações séricas de
a 24°C, causam diminuição da fertilidade da fêmea e
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) provocando uma
altas porcentagens de retorno ao cio (WENTZ et al.,
diminuição na taxa metabólica e, de certa forma,
1997; LOVE et al., 1995; PELTONIEMI et al., 1999;
justificando uma menor produção de leite destas
BORTOLOZZO et al., 1997).
fêmeas.
Wentz et al. (2001) constataram que fêmeas suínas
A reprodução na espécie suína é de fundamental
que
da
importância no desempenho econômico da atividade
inseminação artificial (IA) ou nos primeiros quatro
suinícola. Sabe-se que não bastam apenas bons
dias após a IA manifestaram maiores taxas de
padrões nutricionais e boas práticas de manejo no
retorno ao estro, menores taxas de prenhez e de
plantel, mas também que os índices reprodutivos
parto, menor número de embriões aos 30-35 dias de
sejam elevados. Portanto, para a obtenção de bons
gestação e menor número de leitões nascidos.
índices é necessário o monitoramento de todos os
apresentaram
hipertermia
no
dia
fatores que possam influenciar o desempenho Os mecanismos pelos quais a temperatura ambiental
reprodutivo (ALVARENGA et al., 2011).
induz distúrbios reprodutivos estão ligados ao consumo alimentar e mudanças endócrinas principalmente.
ESTRATÉGICAS PARA ATENUAR OS EFEITOS DO ESTRESSE POR CALOR NO DESEMPENHO
A redução do consumo alimentar e/ou as perdas de reservas corporais de matrizes submetidas ao estresse por calor durante a lactação, pode alterar o status metabólico
do
animal,
disponibilizando
menos
substratos para o desenvolvimento normal das funções 8641
DE FÊMEAS SUÍNAS A adequação das instalações e o desempenho dos animais frente às variações climáticas é um desafio permanente
da
suinocultura.
As
variáveis
meteorológicas possuem uma grande influência no
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Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
desempenho
dos
animais,
tanto
no
aspecto
verificaram que o sistema de ar livre permitiu melhor
reprodutivo como no ganho de peso (CAMPOS et
condicionamento térmico ambiental e parâmetros
al., 2008). As características das instalações podem
fisiológicos mais adequados em criação de matrizes
minimizar os efeitos do estresse pelo calor em
suínas no período de gestação, quando comparadas
fêmeas. A adaptação das instalações, levando em
às matrizes criadas em confinamento.
conta a localização, orientação solar, pé direito, materiais de cobertura, arborização, sombreamento e
ventilação
natural,
irão
permitir
o
acondicionamento térmico natural antes de serem adotados os mecanismos artificiais (CAMPOS et al.,
Pandorfi et al. (2006) e Pandorfi et al., (2007), PAndorfi et al. (2008) e Silva et al. (2008), estudaram diferentes sistemas de alojamento para matrizes no período de
gestação, caracterizando aspectos do
ambiente e as variáveis que influenciam o sistema
2002).
de produção, determinando as condições favoráveis A permanência das matrizes suínas fora da zona de
ao melhor desempenho animal. Estes autores
conforto compromete o desempenho destes animais
verificaram que as matrizes se mostraram menos
principalmente no período de lactação, devido à
estressadas e com maior conforto ambiental no
diminuição do consumo voluntário de ração e
confinamento em baias coletivas.
produção de leite. Práticas como nebulização, ventilação,
gotejamento,
resfriamento
de
nuca
evaporativos
adiabáticos
resfriamento e
uso
são
de
de
piso,
processos
alternativas
para
amenizar as perdas produtivas (GAVA et al., 2010). A ingestão insuficiente de nutrientes pode resultar na mobilização
de
diferentes
aumentando
o
intervalo
tecidos
corporais,
desmame-estro
e,
consequentemente, os dias não produtivos das porcas (HAESE et al., 2010).
Avaliando o efeito do resfriamento adiabático com utilização de ventilação associada à nebulização controlada no desempenho de porcas gestantes, SOUZA & NÄÄS (2005) observaram que esta prática reduziu o número de leitões mumificados, devido ao maior conforto térmico oferecido às matrizes ao longo da gestação. A temperatura da água de consumo também tem efeitos no desempenho de matrizes. Jeon
et al.
Castro et al. (2011) avaliaram o ambiente térmico e
(2006) estudaram os efeitos da temperatura da água
o comportamento de matrizes e leitões em celas,
no desempenho de matrizes e leitões lactentes em
confeccionadas com ardósia e alvenaria como
condições de estresse por calor e verificaram que o
alternativa nas construções de maternidade e
consumo de ração e de água, produção de leite e
verificaram que as fêmeas alojadas nas celas em
consequente
ardósia deitaram com maior frequência, indicando
superiores quando a temperatura da água fornecida
um maior conforto térmico.
era de 15 °C em comparação com 22°C. A água de bebida
ganho de peso dos leitões, foram
funciona
como
mecanismo
em
até
Ao estimar as respostas termorreguladores de
refrigeração,
matrizes
resistência ao calor (NÄÄS, 2000).
em
lactação,
Martins
et
al.
(2008)
aumentando
um
0,5
de
°C
a
observaram um aumento na temperatura retal e frequência respiratória em períodos de pico de calor,
Desta forma, o fornecimento de água potável e
demonstrando baixa adaptabilidade destes animais
fresca para a matriz minimiza as perdas ocorridas
ao estresse por calor. Estes autores também
através da ofegação, disponibilizando uma maior
afirmam que essas fêmeas podem ser criadas em
quantidade água para a produção de leite e
ambientes com temperatura acima do conforto
manutenção das funções orgânicas. Recomenda-se
térmico, desde que sejam empregadas medidas
que a temperatura da água seja próxima de 15 °C
para minimizar o estresse por calor nas horas mais
quando as matrizes tiverem submetidas a uma
quentes
temperatura ambiente em torno de 25 °C, resultando
do
dia,
principalmente
para
fêmeas
em aumento do consumo de alimentos (3,82 vs 5,36
primíparas.
kg/dia) e de água (31,21 vs 38,06 L/dia); na Em estudos mais recentes, Nazareno et al. (2012)
produção de leite (5,83 vs 7,12 kg/dia) e no ganho
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Artigo 507 - Efeitos das altas temperaturas no desempenho produtivo e reprodutivo de fêmeas suínas
diário dos leitões (187 vs 214 g/dia/leitão) em
pelas porcas, pois uma menor quantidade de calor é
relação aos animais que recebem água a 22 °C
desperdiçada por unidade de energia utilizada,
(JEON et al., 2006).
sendo observado um aumento no teor de gordura do leite
e
consequentemente
um
incremento
no
Outra medida recomendada é umedecer a ração,
potencial
pois, ao ingeri-la o animal gastará energia para
(SCHOERHERR et al., 1989). Como a gordura
aquecer o alimento contribuindo, assim, para reduzir
melhora a palatabilidade e diminui a pulverulência
a temperatura corporal, além do que, o fornecimento
das rações, elas podem induzir um melhor consumo
de ração umedecida, por si só, aumenta em 5% o
alimentar voluntário pelas matrizes, e indiretamente,
consumo
favorecer as condições gerais de produção de leite e
alimentar
no
período
de
lactação,
reduzindo a perda de peso das fêmeas suínas
de
crescimento
dos
leitões
desempenho reprodutivo subsequente.
(GENEST & D´ALLAIRE, 1995). Deve-se fracionar a ração aumentando o número de pequenas refeições
Outra medida importante que deve ser levado em
durante o dia (QUINIOU et al., 2000b), ou ainda,
consideração é a escolha do genótipo a ser
fornecê-la à vontade. Para os períodos quentes do
introduzido na granja. Apesar de não haver uma
ano, o arraçoamento nos horários mais frios
seleção genética voltada para adaptação ao clima
(geralmente à noite) pode ser usado, desde que
tropical, deve-se escolher linhagens selecionadas
atenda as expectativas de consumo fisiológico da
para uma maior capacidade de consumo alimentar
matriz (MARTINS et al., 2006).
durante
a
lactação,
minimizando
os
prejuízos
causados pela incidência de temperaturas elevadas Para atenuar as diferenças no ganho em peso dos
sobre este parâmetro (EISSEN et al., 2000).
leitões e melhorar o desempenho no pré-desmame e pós-desmame, deve-se indicar o fornecimento de
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ração pré-inicial para os leitões, quando as matrizes
O estresse calórico afeta o desempenho produtivo
forem
sendo
(peso corporal, espessura de toucinho, escore
incluídos substitutos lácteos nas suas formulações
corporal visual e composição de tecidos corporais) e
(SPENCER et al., 2003).
reprodutivo (intervalo desmame-estro e a duração do
mantidas
sob
estresse
térmico,
estro) das matrizes suínas em lactação. São Outra estratégia que pode ser utilizada para diminuir
observadas
o efeito das altas temperaturas no desempenho de
comportamentais das fêmeas suínas, levando a uma
matrizes suínas é a modificação da ração. Durante
queda na produção de leite e redução no potencial
os períodos quentes, as rações fornecidas aos
de crescimento dos
animais devem ser formuladas de forma a reduzir a
negativamente a produtividade da granja.
alterações
fisiológicas
e
leitões, o que influencia
produção de calor endógeno no processo de digestão e metabolismo do alimento, e ao mesmo
Desta forma, torna-se indispensável em nível dos
tempo, ser palatável e atrativa para assegurar o
sistemas de produção de suínos tecnificados, sob
consumo adequado, principalmente para porcas
condições de clima tropical, a adoção de estratégias
primíparas, para atender às exigências de mantença
no âmbito da nutrição, da ambiência e do manejo
e produção. Uma alternativa usada diz respeito à
que
redução do incremento calórico das dietas através
prejudiciais da temperatura ambiental elevada sobre
da inclusão em níveis adequados de proteínas,
o bem-estar e a eficiência reprodutiva dos animais,
fibras, amido e gorduras. É recomendado reduzir a
em especial das matrizes primíparas e de suas
proteína
leitegadas durante o período de lactação.
bruta
na
dieta
com
a
inclusão
de
sejam
capazes
de
minimizar
os
efeitos
aminoácidos essenciais industriais para manter o balanço adequado destes na dieta de matrizes mantidas em ambientes com altas temperaturas (RENAUDEAU et al., 2001).
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8646
Quanto custa o estresse por calor na produção de aves e suínos? Ambiência, desempenho, produção animal, temperatura.
Alexandre Vinhas de Souza¹ Thais Oliveira Silva¹ Matheus Terra Abreu¹ Nelson Fijamo Mesquita² Rony Antonio Ferreira³
*
Vol. 17, Nº 01, jan/fev de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
¹ Mestrando em Zootecnia, PPGZ/DZO/UFLA, Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras-MG, Brasil. *E-mail: alexanndremb@hotmail.com. ² Doutorando em Zootecnia, PPGZ/DZO/UFLA, Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras-MG, Brasil. ³ Professor D.Sc., Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras-MG, Brasil.
Revista Eletrônica
RESUMO O objetivo desta revisão é abordar os prejuízos causados pelo estresse por calor na produção de
HOW MUCH DOES HEAT STRESS COST IN POULTRY AND SWINE PRODUCTION?
aves e suínos bem como o impacto no desempenho
ABSTRACT
dos mesmos. O ambiente térmico tem forte influência
The objective of this review is to address the losses
no desempenho zootécnico, constituindo um dos
caused by heat stress in the production of poultry
principais fatores de perdas produtivas em climas
and pigs as well as the impact on their performance.
tropicais. Nesse sentido, variações de fatores
The thermal environment has a strong influence on
ambientais, como luz solar, temperatura, umidade e
zootechnical performance, being one of the main
características do metabolismo e o mecanismo de
factors of productive losses in tropical climates. In
regulação térmica podem causar desequilíbrios no
this sense, variations of environmental factors such
organismo do animal. O estresse por calor é
as sunlight, temperature, humidity and metabolism
considerado como um dos principais fatores que
characteristics and the mechanism of thermal
afeta negativamente a produção animal, visto que
regulation can cause imbalances in the animal's
comprometem o consumo de ração, crescimento,
organism. Heat stress is considered to be one of the
composição dos produtos de origem animal, síntese
main
de
production, since it compromises feed consumption,
leite,
fertilidade,
morbidade
e
mortalidade.
factors
that
adversely
affects
animal
Técnicas e manejos estão sendo adotados com o
growth,
propósito de minimizar o impacto do estresse por
synthesis,
calor, de modo que esses efeitos negativos não
Techniques and managements are being adopted
comprometam a lucratividade da produção.
with the purpose of minimizing the impact of heat
Palavras-chave: ambiência, desempenho, produção animal, temperatura.
composition fertility,
of
products, and
milk
mortality.
stress, so that these negative effects do not compromise the profitability of production. Keyword: ambience, production, temperature.
8647
animal
morbidity
performance,
animal
Artigo 508 - Quanto custa o estresse por calor na produção de aves e suínos?
INTRODUÇÃO
A avicultura de postura é considerada hoje um dos
O ambiente térmico influencia diretamente no
sistemas
desempenho zootécnico, sendo considerado um dos
possibilidade de tecnificação do mundo. Sistema de
principais fatores de perdas produtivas em climas
coleta
tropicais
sistemas
bebedouros, máquinas que definem a quantidade de
produtivos brasileiros estão evoluindo, de forma
alimento fornecido por hora, refrigeração por pressão
incansável, adotando ferramentas que possam
negativa, controladores de gases, dentre outras
aperfeiçoar a produção de produtos de origem
melhorias. Diversas opções de tecnologia estão
animal. Ao passo que a produção aumenta a busca
disponíveis, porém ainda são onerosas para os
por conhecimento e técnicas que proporcionam a
produtores, principalmente do Brasil. O resultado
máxima produtividade com menor custo se torna
disso é que os investimentos em ambiência das
essencial para garantir bons resultados na produção
instalações das aves ainda são escassos, tornando a
(PONCIANO et al., 2011).
atividade vulnerável ao clima e prejudicial ao bem-
(NAVAS
et
al.,
2016).Os
de
produção
automática,
animal
regulação
com
de
maior
pressão
de
estar dos animais. Os sistemas de criação de animal são afetados por vários fatores climáticos, mas o estresse ganhou
Sabe-se que ambiência e bem-estar são aspectos
atenção
à
importantes para a produção avícola, sendo uma das
conscientização do público e uma abundância de
exigências da comercialização em vários mercados
informações
científicas
&
internacionais. Variações climáticas representam um
ROSTAGNO,
2013).
especial
na
produção,
devido
disponíveis
(LARA
fatores
desafio em manter a produção, principalmente no
ambientais, como luz solar, temperatura, umidade e
Brasil, país de vasta extensão territorial com altas
características
variações de temperatura.
do
Variações
metabolismo
de animal
e
o
mecanismo de regulação térmica podem causar desequilíbrios no corpo do animal (LEINONEN et al.,
As aves são animais homeotérmicos, são sensíveis
2014).
a alterações na temperatura, prejudicando o seu bem-estar e desempenho produtivo. Recentemente a
Climas
com
temperaturas
diárias
elevadas
atenção dos pesquisadores tem sido voltada aos
potencializam as perdas produtivas na criação de
efeitos do clima sobre a resposta dos animais
aves e suínos (PEREIRA et al., 2010; SINHA et al.,
selecionados para alta produtividade. Uma vez que
2017). Genéticas de alto desempenho são sensíveis
estudos nessa área ainda são escassos, a maioria
às altas temperaturas, fazendo com que não tenha
dos trabalhos que trata da produção de calor de
apenas perdas produtivas, mas também econômicas
poedeiras tem mais de 20 anos e não são
em função do estresse por calor (SILVA et al., 2015).
condizentes com os dados das poedeiras de
Isso acontece devido ao estresse por calor, situação
genética atual, principalmente quando levamos em
a qual o animal não se encontra em conforto
consideração o curto período de tempo que se tem
térmico, ou seja, situação em que o animal necessita
para os ganhos genéticos na avicultura.
mobilizar recursos de termorregulação para ajustar às condições ambientais. Nestas condições, o
Devido às muitas perdas econômicas por calor
animal não tem seu máximo desempenho produtivo
relacionadas à produção animal é evidente a
de acordo com o potencial genético.
necessidade de preocupação sobre estes eventos no Brasil com a finalidade de mensurar e minimizar o
Objetiva-se com essa revisão abordar os efeitos do
seu impacto já que não se encontra na literatura
estresse por calor na produção de aves e suínos,
dados concretos de pesquisas que relacionam
enfatizando os prejuízos econômicos e o impacto no
impactos
desempenho zootécnico.
produtivas de ovos devido ao calor.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A produtividade de poedeiras pode ser prejudicada
Perdas produtivas e econômicas na avicultura de
por diversos fatores, sendo o estresse térmico o que
postura
mais causa prejuízos, pois leva a queda na
econômicos
causados
pelas
perdas
produtividade e qualidade dos ovos (MASHALY et al. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8647-8653, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
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Artigo 508 - Quanto custa o estresse por calor na produção de aves e suínos?
2004). Em períodos mais longos de estresse
grande
influência
no
desempenho
zootécnico,
térmico, como 12 dias de temperaturas altas, uma
constituindo um dos principais fatores de perdas
redução na ingestão de ração de 28,58 g/ave,
produtivas no Brasil, que detém climas tropicais. As
resulta em 28,8% de queda na produção de ovos
perdas produtivas na avicultura, provenientes de
(DROGE, 2002).
climas com temperaturas diárias elevadas, são notavelmente grandes, pois abrangem perdas diretas
Ayo et al. (2011) descreveram que as galinhas
e indiretas (PEREIRA et al., 2010), o que deve ser
poedeiras tiveram uma redução de 20% no consumo
urgentemente modificado, dando a devida atenção
de ração durante o clima quente e úmido. Os
as modificações ambientais em granjas afim de
autores acima registraram uma diminuição na
melhorar o ambiente térmico em que as aves são
produção de ovos e uma queda no tempo de
criadas.
produção. Perdas produtivas e econômicas na avicultura de Outros estudos observaram redução de 31,6% na
corte
conversão alimentar, 36,4% na produção de ovos e
A
3,4% no peso de ovo (STAR et al., 2009), 1,2% na
importante no conceito moderno de qualidade dos
espessura da casca e 9,9% no peso da casca
alimentos e, mais recentemente, a indústria avícola
(EBEID et al., 2012) em aves submetidas a estresse
mundial está enfrentando a principal questão de
térmico.
a
segurança alimentar devido ao estresse térmico.
diferentes períodos de estresse por calor (8–14 dias,
Várias evidências sugerem que o estresse pode ter
30–42 dias e 43–56 dias) houve redução na
efeitos nocivos na segurança alimentar por meio de
produção de 13,2%, 26,4% e 57%, respectivamente
vários mecanismos potenciais (PAWAR et al., 2016).
Avaliando
poedeiras
submetidas
segurança
alimentar
tornou-se
uma
parte
(FARNELL et al., 2001). Muitas variações são observadas nos estudos, e a constatação de
Os
fatores
de
estresse
térmicos
afetam
impactos significativos do estresse térmico na
negativamente a saúde e o desenvolvimento em
produção e qualidade dos ovos é notável (LARA &
quase todas as espécies zootécnicas. As respostas
ROSTAGNO, 2013).
típicas dos animais ao estresse térmico incluem crescimento mais lento e inconsistente, metabolismo
Segundo o relatório anual de 2018 da Associação
e composição corporal alterados, síntese de leite
Brasileira
reduzida, baixa fertilidade, morbidade e mortalidade
de
Proteína
Animal
foram
alojadas
1.086.976 matrizes em 2017 no Brasil, tendo uma
(JOHNSON et al., 2015).
produção de 39.923.119.357 de ovos nesse mesmo ano, se levarmos em consideração um valor médio
Como os modelos climáticos preveem um aumento
de 32% de perdas na produção, incluindo as aves
nas condições extremas de verão para a maioria das
que deixaram de produzir, ou as que produziram
áreas de produção animal, os efeitos negativos do
ovos que não estão no padrão para serem
estresse térmico provavelmente se tornarão mais
comercializados como ovos de casca mole, sem
significativos no futuro (LUBER & McGEEHIN, 2008).
casca, casca trincada tem-se uma perda estimada
Além disso, porque o aumento da produção de calor
em 12,775 bilhões de ovos perdidos em 2018
basal é uma consequência não intencional da
relacionados a problemas na produção causados por
maioria dos programas tradicionais de seleção
calor no Brasil. Se levar em consideração um valor
genética,
médio para o valor da caixa de ovo (R$/30 dúzias)
produtivos têm maior sensibilidade ao estresse
do ano de 2018 tem-se R$63,24 por 1 caixa (JOX
térmico ( NIENABER & HAHN, 2007).
Elaborações e análises, Avisite), resultando num montante de 35,487 milhões de caixas, algo em torno de 2,245 bilhões de reais perdidos no ano de 2018 no setor de produção de ovos devido a problemas com temperatura elevada. O ambiente térmico em que as aves são criadas tem 8649
alguns
sugerem
que
animais
mais
Os efeitos do estresse por calor são especialmente evidentes em regiões tropicais e subtropicais, onde muitos países em desenvolvimento estão localizados (BATTISTI & NAYLOR, 2009). Apesar das práticas de
manejo
aprimoradas
e
da
tecnologia
de
resfriamento a produtividade animal permanece com-
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Artigo 508 - Quanto custa o estresse por calor na produção de aves e suínos?
prometida durante os meses de verão (BAUMGARD
com 42 dias de idade expostos a calor crônico
& RHOADS, 2013).
reduziu em 16,4% o consumo de ração, 32,6% do peso corporal e 25,6% relação de consumo
As perdas econômicas continuam a ocorrer porque os animais estão sendo criados em regiões onde as
A morte durante o transporte é geralmente associada
condições ambientais estão fora da zona de conforto
a peso das galinhas (maior peso causa maior
térmico durante o verão (St-PIERRE, 2003). Durante
mortalidade (CAFFREY et al., 2017). condições
o estresse por calor, a eficiência é comprometida
ambientais, o consumo de ração reduziu 28,58
porque os nutrientes são desviados para manter a
g/frango/dia
eutermia, pois a preservação de uma temperatura
poedeiras em um ensaio de 12 dias (ZHANG et al.,
central segura torna-se a mais alta prioridade
2017).
e
28,8%
produção
em
galinhas
biológica e a síntese tecidual não é enfatizada Segundo Macari (1996), a troca de água no
(BAUMGARD & RHOADS, 2013).
organismo das aves, é tanto maior quanto menor é a O estresse por calor reduz o consumo de ração, o
ave. Isto implica no fato de que aves jovens também
ganho de peso corporal, a eficiência reprodutiva e,
podem sofrer pelo calor, pois estão mais expostas à
em casos graves, pode causar mortalidade em
desidratação que as aves maiores. No caso da
espécies pecuárias (BAUMGARD & RHOADS, 2013;
exposição a 35°C por quatro horas, pintos de sete
BOIAGO et al., 2013). O estresse térmico durante o
dias perderam 12% de peso corporal, enquanto que
crescimento
frangos com 42 dias perderam 4 a 5% de seu peso
rápido
características
também
foi
associado
indesejáveis
da
a
carne
corporal.
(SANDERCOCK et al., 2001). Frangos de corte machos são mais afetados pelo estresse térmico do
Bonnet et al. (1997) concluíram que a redução no
que fêmeas. A mortalidade das aves aumenta
ganho de peso em aves submetidas ao estresse por
durante o estresse térmico e é maior perto do tempo
calor foi de 50% em relação às aves mantidas em
de comercialização bem como durante o transporte
condições de termoneutralidade, após duas semanas
para
de exposição crônica ao calor, a ingestão de alimento
centrais
de
processamento
(ST-PIERRE,
diminuiu mais de 3% por cada aumento de um grau
2003).
entre 22 e 32°C. Posteriormente, Plavnik & Yahav A eficiência da síntese de produtos de origem animal
(1998)
é comprometida durante o calor do verão, e estima-
progressiva do peso, de ingestão de alimento e
se que um aumento de 1,0 ° C na temperatura
eficiência alimentar quando foram submetidos a
ambiente durante os meses de verão leve a uma
aumentos de temperatura ambiental.
observaram
em
frangos
uma
redução
redução de 4,5% na produção (JOHNSON et al., 2015).
O setor agrícola contribui com US $ 200 bilhões anuais para a economia dos EUA e é provavelmente
Aves comerciais modernas produzem mais calor
mais sensível e vulnerável às mudanças climáticas
corporal devido ao seu rápido metabolismo. Este
do que qualquer outro setor (JOHNSON et al., 2015).
torna as aves mais sensíveis à temperatura ambiente
2015;
O impacto econômico das doenças relacionadas ao
PAWAR et al., 2016). Temperatura climática elevada
(FISININ
estresse térmico é estimado em bilhões de dólares
causa
comportamental,
em receita perdida devido à redução da produção
fisiológica e imunológica de frangos de corte e
em quase todos os aspectos da agricultura animal.
consequências
como
Nos Estados Unidos, estimaram perdas econômicas
efeitos
imunossupressão,
na
&
KAVTARASHVILI, resposta
desfavoráveis,
e
devido ao estresse térmico variando entre US $ 1,7 a
desequilíbrio de eletrólitos, que reduz a rentabilidade
desordem
endócrina
US $ 2,4 bilhões anualmente. Na indústria avícola
(MAZZI et al., 2003; QUINTEIRO-FILHO et al., 2012;
esse valor estimado em US $ 128 a US $ 165
LARA & ROSTAGNO, 2013).
milhões anualmente (ST-PIERRE, 2003).
Sohail et al. (2012) relataram que frangos de corte
Em estudo Kapetanov et al. (2015) avaliara, ao longo
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Artigo 508 - Quanto custa o estresse por calor na produção de aves e suínos?
do período de vários anos nos distritos de Bačka do
As perdas econômicas devido ao estresse
Sul e Srem o desempenho de um lote de frangos
térmico por calor na indústria suína dos Estados
criados no período de verão, e encontraram uma
Unidos em 2016 foram estimadas em US $ 316
perda econômica em de 15.39% causadas pelo
milhões por ano (LANKVELD, 2016). Porém,
estresse por calor.
estima-se atualmente, que o custo anual do estresse por calor na produção é de US $ 900
No Brasil não existem estudos evidenciando as
milhões,
perdas econômicas causadas pelo estresse por calor
Desse total, cerca de US $ 450 milhões são
na produção de aves. Por outro lado, os dados de
decorrentes da fase de crescimento e cerca de
desempenho esclarecem muito a respeito dos
US $ 450 milhões do restante do plantel
potenciais prejuízos que o estresse por calor pode
(WILSON, 2019).
destacando
aumento
proeminente.
causar a cadeia de produção avícola. Perdas produtivas e econômicas na suinocultura A temperatura do planeta terra está subindo a uma taxa excessiva e a frequência das ondas de calor está
aumentando
(NOAA,
2018).
Além
disso,
decorrente a intensificação e ao aumento na produtividade dos suínos, houve um incremento no calor metabólico o que torna os animais mais suscetíveis. Dessa forma, com o estresse por calor os desafios para garantir a produtividade e a saúde dos suínos estão aumentando cada vez mais (BROWN-BRANDL et al., 2014).
afeta
diretamente
categorias de animais: tem um impacto negativo sobre a produção de leite em porcas, sobre o desempenho, impacta também no crescimento e na
terminação,
traduzindo-se
em
prejuízos
econômicos. Estudos mostram impacto em torno de 20-25% na produção de leite e, posteriormente no desempenho de leitões, refletindo também sobre a qualidade da carcaça (SILVA, 2018). Verifica-se que situações de estresse por calor tem
muita
influência
sobre
o
estado
de
desempenho, saúde e bem-estar dos animais e
O estresse por calor tem um alto impacto econômico porque
O estresse por calor tem um impacto em todas as
a
suinocultura,
principalmente porque causa baixo desempenho das porcas, o que gera perdas de US $ 113 milhões/ano.
devido a impactos futuros do aquecimento global que continuarão aumentando, serão necessárias medidas de adaptação adequadas (MIKOVITS, 2018).
Isso ocorre decorrente do baixo peso ao desmame, e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma redução de peso na fase de crescimento e
O estresse por calor na produção de aves e
terminação sendo em torno de 2 a 2,7 kg/suíno, além
suínos deve ser analisado criteriosamente, de
de elevada taxa de mortalidade, que varia entre 1,1 a
modo que, tenha total controle sobre ele,
1,6% (PONTE,2018). Existem outros problemas
minimizando as perdas na produção. Do ponto de
gerados pelo estresse por calor, como por exemplo,
vista técnico, o estresse por calor é um dos
a infertilidade, que apesar de ser atribuída a outros
principais impasses na produção animal. Como
fatores, é associada principalmente a temperaturas
demonstrado, os prejuízos econômicos causados
ambientais elevadas, afetando negativamente o
na produção são elevados, prejudicando a
consumo
1981;
lucratividade dos produtores, os quais necessitam
VIROLAINEN, 2006). Isso porque o mecanismo mais
investir em equipamentos e novas tecnologias
eficaz para reduzir a produção de calor é diminuir o
para amenizar esse problema.
durante
a
lactação
(LOVE,
consumo de ração. Contudo, tem sido relatado que a queda na ingestão de ração é mais acentuada à
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Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae Revista Eletrônica Contagem de células somáticas, contagem bacteriana total, qualidade do leite, infecções intramamárias, resistência a antibióticos . Vol. 17, Nº 01, jan/fev de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
1*
Alan Andrade Mesquita 2 Fagton de Mattos Negrão 3 Maria Helena Ferrari 4 Lucien Bissi da Freiria 5 Tulio Otávio Jardim Almeida Lins 1
Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Colorado do Oeste – IFRO: *E-mail: alan.mesquita@ifro.edu.br. 2 Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Colorado do Oeste – IFRO. 3 Profa. Ms. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Colorado do Oeste – IFRO. 4 Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Colorado do Oeste – IFRO. 5 Prof. Dr. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia – Campus Colorado do Oeste – IFRO.
RESUMO A mastite em bovinos leiteiros é a doença infecciosa mais
prevalente
nos
rebanhos
produtivos
atualmente, considerada uma das doenças com
MPACT, PREVALENCE AND ETIOLOGY OF BOVINE MASTITIS CAUSED BY STAPHYLOCOCCUS AUREUS AND STREPTOCOCCUS AGALACTIAE
maior impacto na produção de leite, e sua origem na
ABSTRACT
sua
sendo
Mastitis in dairy cattle is the most infectious disease
Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
among productive herd now a days, being considered
considerados patógenos maiores por sua grande
the one that most causes impact in the milk production,
prevalência na ocorrência desta patogenia. Seu
and its origin in majority caused by bacteria, as
impacto é sensível principalmente na piora da
Staphylococcus aureus and Streptococcus agalactiae
qualidade
animais
considered superior pathogens for its huge prevalence
contaminados, e ainda diminuição na produção de
in the occurrence of this pathogenesis. Its impact is
leite dos bovinos infectados. Esta doença infecciosa
sensible mainly in the worsening of milk quality
traz ainda uma das principais causas do surgimento
produced by contaminated animals, and also reducing
de resistência aos antibióticos, pois como sua
milk yield of the infected cattle. This infectious disease
prevalência nos rebanhos é muito elevada, e o
also brings one of the main causes of antibiotics
principal tratamento no controle desta infecção é a
resistance emergence, because as its prevalence in the
antibioticoterapia, consequência disto, é uma das
herd is high, and the main treatment in the control of this
doenças
infection is the antibiotic therapy, as consequence of
maioria
do
que
causadas
leite
mais
por
bactérias,
produzido
se
utiliza
por
antimicrobianos, de
this, is one of the diseases that most uses antimicrobials
microrganismos resistentes. Diante disto é essencial
causing big impact in the selection of resistant
o conhecimento desta doença para que seu controle
microorganisms. Therefore, is essential the knowledge
seja eficaz.
of this disease so that its control would be effective.
Palavras-chave: contagem de células somáticas,
Keyword: Somatic cells count, total bacteria count, milk
contagem
quality, intramammary infection, resistance to
causando
grande
impacto
na
seleção
bacteriana total, qualidade do leite,
infecções intramamárias, resistência a antibióticos.
antibiotics. 8654
Artigo 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
INTRODUÇÃO
da por estes patógenos e o impacto da doença na
A importância da atividade leiteira no cenário
produtividade em rebanhos da região.
agropecuário brasileiro é incontestável, visto que segundo o último censo Agropecuário (IBGE, 2006),
Diante
estimou-se
de
bibliográfica foi apresentar e discutir a importância
propriedades rurais estejam envolvidas na atividade
dos problemas causados pela mastite, com enfoque
de produção leiteira, gerando milhões de empregos
nos
diretos e indiretos. O Brasil ocupa atualmente o
Streptococcus agalactiae.
que
cerca
de
1,35
milhões
quarto lugar na produção leiteira mundial, com a captação de 23,14 bilhões de litros de leite em 2016.
do
exposto,
patógenos
o
objetivo
desta
Staphylococcus
revisão
aureus
e
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA IMPORTÂNCIA DA PECUÁRIA LEITEIRA NA
Apesar da posição de destaque no cenário mundial,
ECONOMIA BRASILEIRA
a produtividade brasileira ainda é muito baixa, com
A cadeia produtiva do leite no Brasil tem sido um dos
uma média de apenas 1.381kg de leite/vaca/ano,
mais
enquanto que EUA tem uma produtividade média de
desempenhando uma função vital no processo de
9.790kg/vaca/ano, em 2012 (USDA, 2012). A baixa
desenvolvimento econômico e social do país (IBGE,
produtividade
de
2015). Em 2016, o Brasil se destacou como o quarto
problemas multifatoriais, onde os aspectos sanitários
maior produtor mundial de leite, atrás apenas de
têm grande contribuição, principalmente doenças
Estados Unidos, Índia e China, com uma produção
infecciosas, entre as quais se destaque a mastite,
estimada em 35 bilhões de litros de leite. Minas
doença de maior prevalência e que causa os
Gerais é o maior produtor entre os estados
maiores prejuízos à pecuária leiteira em todos os
brasileiros,
continentes.
6.106.490 mil litros de leite (IBGE, 2016).
A relevância da mastite se deve à sua grande
Apesar da posição de destaque entre os maiores
prevalência no rebanho nacional, que gera grandes
produtores mundiais, a produtividade média de
perdas econômicas devido à queda de produção de
apenas 1.381 kg de leite/vaca/ano, enquanto que os
leite dos animais afetados, seu impacto negativo na
Estados Unidos alcançaram produtividade em torno
qualidade do leite e, também, pelos custos dos
de 9.790 kg/vaca/ano (USDA, 2012). Uma das
tratamentos
causas
nacional
e
serviços
é
consequência
veterinários,
além
de
importantes
da
brasileiros,
descartes de animais cronicamente afetados.
com
segmentos
uma
do
captação
baixa
produtividade
além
de
problemas
agronegócio,
estimada
dos
em
rebanhos
econômicos,
reprodutivos, nutricionais e gerenciais, são as Além dos problemas econômicos e sanitários, a
doenças infecciosas que acometem endemicamente
mastite requer o uso de antimicrobianos para sua
os nossos rebanhos. Neste contexto, a mastite
prevenção e controle, o que pode gerar problemas
bovina se destaca como a principal, gerando
de resíduos no leite e o incremento nos níveis de
grandes perdas na produtividade dos animais e
resistência
uso
rebanhos afetados (KEEFE, 2012). Esta doença
indiscriminado dos mesmos. O uso mais criterioso
diminui a capacidade de produção de leite dos
destes produtos requer, entre outras medidas, o
animais afetados, às vezes, de forma irreversível, o
monitoramento dos perfis de suscetibilidade aos
que
antimicrobianos dos patógenos envolvidos em sua
rebanho, podendo ocasionar o descarte ou o óbito
etiologia.
dos animais afetados (HOGEVEEN et al., 2011).
Entre os agentes causadores da mastite bovina,
A MASTITE E SEU IMPACTO NA CADEIA
destacam-se
PRODUTIVA DO LEITE
dos
microrganismos,
Staphylococcus
face
ao
aureus
e
consequentemente
reduz
a
produção
do
Streptococcus agalactiae, designados ―Patógenos
A mastite bovina tem sido apontada como a principal
Maiores‖, em função da alta prevalência e da
doença que afeta os rebanhos leiteiros no mundo
gravidade dos quadros clínicos associados às
inteiro, causando sérios prejuízos econômicos tanto
infecções causadas pelos mesmos, o que justifica o
ao produtor de leite quanto à indústria de laticínios
conhecimento da epidemiologia da mastite ocasiona-
(TOZZETTI et al., 2008). Apesar de incontáveis
8655
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8654-8668, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
estudos realizados com o intuito de minimizar essas
Várias metodologias têm sido utilizadas para o
perdas e da existência de medidas preventivas já
estudo dos efeitos da mastite na produtividade e seu
bem estabelecidas para esta doença, ela ainda é
impacto financeiro na propriedade. Uma destas é o
responsável por perdas econômicas expressivas,
estudo da alteração da produção em 305 dias em
(KEEFE, 2012)
lactação, associado ao aumento da média da CCS durante a lactação. Seguindo esta metodologia,
As perdas econômicas decorrentes da mastite se
demonstrou-se uma perda de 135 ± 20 kg de leite na
devem à redução na produção leiteira, perda de
primeira lactação, e uma perda de 270 ± 30 kg para
qualidade do leite e consequente penalidade no
todas as outras lactações (RAUBERTAS & SHOOK,
preço pago, descarte de leite com resíduos de
1982).
antibióticos, o aumento do uso de antibióticos para tratamentos, gastos com mão de obra e serviços
Hortet & Seegers (1998), visando demonstrar as
veterinários (OVIEDO-BOYSO et al., 2007; LOPES
perdas econômicas devido à mastite subclínica,
et al., 2012).
fizeram
uma
revisão
bibliográfica
focando
as
relações entre a CCSt e as variações na produção A mastite causa alteração dos componentes do leite,
leiteira. Verificaram que as perdas médias de
com aumento no número de células somáticas
produção foram de 0,4 kg de leite em vacas
(CCS), o que influencia na menor vida de prateleira
primíparas e de 0,6 kg em multíparas, por cada
dos produtos lácteos (LOSINGER et al., 2005) e está
aumento de 50.000 células somáticas por mL de
diretamente relacionado com o rendimento de
leite.
derivados lácteos (LOPES et al., 2012). Segundo Halasa et al. (2009), as alterações na qualidade do
Lopes et al. (2011) simularam o impacto econômico
leite e redução da produção representam os maiores
anual da mastite, tomando por referência uma vaca
problemas causados pela mastite na indústria
em lactação, em rebanhos com CCSt de 250.000 e
leiteira.
1.000.000 de células por mL de leite, considerando perdas na produção de 0%; 6%; 12% e 18%,
Souza et al. (2010) estimaram em 4,6 bilhões de
respectivamente, para CCSt de 200.000; 500.000;
litros de leite as perdas ocasionadas pela mastite
750.000 e 1.000.000, devido à presença de mastite
subclínica em propriedades brasileiras, o que
subclínica e menor preço pago pela indústria. Os
representaria aproximadamente 2,3 bilhões de reais,
resultados apontaram perdas que variaram de R$
levando-se em conta os dados de produção e os
1.333,90 a R$ 2.145,89 e de R$ 0,2146 a R$
preços pagos aos produtores no ano de 2009, no
0,4311/kg de leite, para CCSt de 250.000 e
Brasil.
1.000.000
de
células
por
mL
de
leite,
respectivamente. Em outro estudo, Lopes et al. Hogeveen et al. (2011) estimaram que a Holanda, a
(2012) relataram alta representatividade das perdas
Suécia e os EUA tem uma perda econômica média
decorrentes por redução na produção de leite,
decorrente da mastite entre US $ 80 a $ 125 por
representando
vaca. Estes mesmos autores ainda citaram que
dependendo do nível de mastite subclínica no
estes custos podem variar muito entre as fazendas,
rebanho.
43,8%
do
impacto
econômico,
como nas fazendas leiteiras neozelandesas, onde as estimativas de custo para a mastite variaram de € 17
Além de todas as perdas causadas pela mastite, não
a € 198 por vaca por ano.
se pode deixar de destacar que ela também pode ter impactos na saúde pública, devido à presença de
Halasa et al. (2009), em estudo realizado ao longo
agentes que podem transmitir graves doenças aos
de um período de um ano em 400 rebanhos leiteiros
seres humanos, bem como causar intoxicações
holandeses, estimaram que o custo anual médio da
alimentares. Além disso, o leite pode conter resíduos
mastite
aureus,
de antibióticos e bactérias resistentes que podem ser
Streptococcus agalactiae, Streptococcus uberis e
propagadas na comunidade (DE VLIEGHER et al.,
causada
por
Escherichia coli foi de
Staphylococcus
4.896 €, por vaca, com
2012).
perdas diárias de leite de 0,54 a 0,62 litros por vaca. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8654-8668, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
8656
Artigo 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
MASTITE BOVINA: ETIOLOGIA E PREVALÊNCIA
os patógenos ambientais são geralmente menos
NOS REBANHOS LEITEIROS
adaptados,
A mastite é uma reação inflamatória da glândula
geralmente associados a infecções intramamárias
mamária, geralmente associada a presença de
(IIM) clínicas (SCHUKKEN et al., 2009). Os agentes
microrganismos, cuja nomenclatura originou-se do
contagiosos são geralmente transmitidos entre os
grego masto- glândula mamária e itis – inflamação
animais, através de equipamentos contaminados ou
(BLOOD & STUDDERT, 1999; NOTEBAERT &
através das mãos contaminadas do ordenhador,
MEYER, 2006). Tem como causa a interação de
enquanto que os ambientais são caracterizados pela
fatores
transmissão do ambiente contaminado para o úbere
relacionados
ao
animal,
patógenos
e
ambientes, que culmina com o processo inflamatório
considerados
oportunistas,
e
estão
da vaca (BRADLEY & GREEN, 2000).
da glândula mamária em consequência a agressões físicas, químicas, térmicas ou microbianas (BRITO et
Os principais patógenos contagiosos causadores de
al., 2000).
mastite em bovinos são Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Os patógenos ambientais
Em função da intensidade dos sinais clínicos, a
são aqueles presentes em fezes, água contaminada,
mastite é classificada em clínica ou subclínica. A
solo e cama dos bovinos, sendo Streptococcus
forma clínica apresenta os sinais característicos de
uberis, Streptococcus dysgalactiae, Eschererichia
inflamação,
coli e Enterococcus spp. os mais comuns (TALBOT
tais
como
o
edema,
hipertermia,
endurecimento e dor da glândula mamária e/ou
& LACASSE, 2005).
aparecimento de grumos, pus ou outras alterações das características do leite. A mastite subclínica se
As
caracteriza por alterações na composição do leite,
dysgalactiae, E. coli e S. uberis normalmente
mas sem manifestações clínicas evidentes. Entre as
causam maiores danos ao úbere que outros
principais
patógenos causadores de mastite, e por isso são
alterações
do
leite,
destacam-se
o
bactérias
S.
aureus,
S.
agalactiae,
S.
aumento da CCS, o aumento dos teores de Cl e de
denominados
Na, aumento das proteínas séricas e diminuição dos
(REYHER et al., 2012). Segundo Cremonesi et al.
teores de caseína, gordura, sólido total e lactose do
(2005), S. aureus e S. agalactiae são os agentes
leite. A enfermidade reduz a produção leiteira,
mais frequentemente isolados de casos de mastite,
chegando em muitos casos a causar perda de um ou
sendo responsáveis por aproximadamente 90% das
mais quartos mamários (TOZZETI et al., 2008).
IIM em bovinos leiteiros.
A
ocorre
Ziech et al. (2013) estudaram a mastite em
majoritariamente por invasão canal do teto por
propriedades leiteiras localizadas em um município
microrganismos, processo que se estende à cisterna
da região central do Rio Grande do Sul. Verificaram
da glândula e ao parênquima secretor. Esta invasão
que 53% dos animais tiveram pelo menos um quarto
ocorre geralmente durante a ordenha, através das
positivo ao CMT, indicando presença da mastite
mãos
materiais
subclínica. A partir da cultura de amostras de leite
contaminados, podendo, no entanto, ocorrer quando
dos quartos afetados, isolaram 199 agentes, dos
os animais estão em ambientes contaminados,
quais
durante o período entre as ordenhas. O canal do teto
Corynebacterium spp., 30,7% como Staphylococcus
se mantém aberto durante um período de uma a
coagulase positiva, seguidos de Staphylococcus
duas horas após a ordenha, o que facilita a
coagulase negativa (23,1%) e S. agalactiae (4,5%).
infecção
do
da
glândula
ordenhador
ou
mamária
outros
patógenos
30,7%
foram
principais
ou
identificados
maiores
como
penetração dos microrganismos ambientais (AIRES, Peter et al. (2013) observaram em 274 propriedades
2010).
leiteiras no sul do RS, médias de contagens de S. 3
Os agentes causadores da mastite são classificados
aureus e de Staphylococcus spp. de 4,8 x10
em contagiosos ou ambientais, de acordo com o
UFC/mL e 5,9 x10 , UFC/mL, respectivamente. De
modo de transmissão. Os patógenos contagiosos
acordo com os pesquisadores, estes resultados
são mais adaptados ao animal e estão geralmente
geram grande preocupação do ponto de vista de
associados com infecções subclínicas, enquanto que
saúde pública, devido à ampla distribuição dos
8657
4
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agentes e à sua grande patogenicidade.
spp.
coagulase
positivos
e
34,18%
como
Staphylococcus spp. coagulase negativos. Oliveira et al. (2011), em estudo realizado em rebanhos da bacia leiteira de Rondon, no Estado do
Em um estudo envolvendo oito fazendas leiteiras
Pará, verificaram que as bactérias isoladas a partir
do Estado de São Paulo, no qual foram
de casos de mastite clínica foram Staphylococcus
analisadas
spp. coagulase negativo (25%), S. aureus (16,7%),
mamários dos animais afetados pela mastite,
Streptococcus spp. (8,3%) e Corynebacterium spp.
18,1% das amostras analisadas apresentaram
(8,3%). Na etiologia da mastite subclínica, foram
crescimento de microrganismos, sendo que os
identificados
mais
negativo
Staphylococcus (32,3%),
S.
spp.
coagulase
aureus
(17,7%),
Staphylococcus intermedius (1,6%), Streptococcus spp.
(4,8%),
Corynebacterium
spp.
(4,8%)
amostras
frequentes
(10,4%)
e
de
foram
leite
de
quartos
Staphylococcus
Streptococcus
spp.
spp.
(4,6%)
(CASTELANI et al., 2013).
e
Staphylococcus spp. coagulase negativo associado
No Estado de Pernambuco, um levantamento
com S. aureus (1,6%). Não houve crescimento de
apontou prevalência de 53,49% de mastite nos
microrganismos
amostras
rebanhos estudados, observando a frequência de
provenientes de animais com mastite clínica e em
27,91% para Corynebacterium spp., 20,16% para
37,1% das provenientes de casos subclínicos.
Staphylococcus aureus, 18,60% Staphylococcus
em
41,7%
das
spp. e 4,65% Streptococcus spp. (TEST & Langoni
et
al.
(2011)
observaram
em
dez
CHAVE, 2001).
propriedades rurais localizadas no Estado de São Paulo, frequências de 29,52% para Corynebacterium
Peixoto et al. (2013), também no Estado de
bovis, 11,9% para Streptococcus dysgalactiae e de
Pernambuco,
verificaram,
10,48% para S. aureus. Em outro estudo realizado
microbiológicos
de
neste mesmo Estado, em cinco rebanhos leiteiros da
coletadas de quartos mamários acometidos por
região de Pirassununga, entre setembro a novembro
mastite, que 48,4% (156/322) não apresentaram
de 2000, as frequências médias de mastite clínica e
crescimento
de subclínica em animais foram 7,46% e 63,68%,
(93/322) houve crescimento de Corynebacterium
respectivamente (BUENO et al., 2002).
spp., em 17,7% (57/322) e de Staphylococcus
de
322
em
exames
amostras
microrganismos,
de
em
leite
28,9%
spp., em 2,2% (7/322). Costa (2008), em estudo sobre a epidemiologia da mastite em 35 rebanhos bovinos da região sul de
Brito et al. (1999) descreveram que, em Minas
Minas Gerais, verificou que a Staphylococcus aureus
Gerais, S. agalactiae encontra-se em 60% das
e S. agalactiae foram os dois principais patógenos
propriedades das regiões da Zona da Mata e de
associados aos casos de mastite clínica e subclínica,
Campos das Vertentes. Noutro estudo, Elias et al.
com
(2012) observaram uma prevalência de 39,7% do
prevalências
de
34,29%
e
21,82%,
respectivamente, nos animais amostrados.
S. agalactiae em propriedades localizadas em Minas Gerais.
Oliveira et al. (2013) isolaram S. aureus em diferentes pontos de amostragem no ambiente de
Na cidade de Sacramento-MG, foi observada
ordenha de propriedades leiteiras de São Paulo,
prevalência de 40% para a mastite entre os
verificando percentuais de positividade em amostras
rebanhos, sendo que 70,3% dos agentes isolados
de leite individual de vacas entre 0 a 15,5%.
de animais acometidos foram caracterizados
Motta et al. (2013) analisaram amostras de leite
bioquimicamente como pertencentes à espécie de
obtidas de vacas acometidas pela mastite, na bacia
S. aureus (SOUZA et al., 2013).
leiteira da região sudeste do Estado de São Paulo. com
Oliveira et al. (2013) estudaram a etiologia da
predomínio de enterobactérias e dos gêneros quais
mastite em uma população composta por 112
65,82% foram classificados como Staphylococcus
rebanhos com aproximadamente 6.000 vacas em
Foram
isolados
605
microrganismos,
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lactação localizadas nos estados de Minas Gerais e
et al., 2007).
Rio de Janeiro, tendo verificado que a prevalência para S. aureus e S. agalactiae foi de 93,0% e 41,0%.
A MASTITE E SEU IMPACTO NA QUALIDADE DO LEITE
Wilson et al. (1997) relataram que a maioria das IIM
Segundo Guerreiro et al. (2005), o leite, por
(>75%)
spp.,
natureza, é um alimento rico em nutrientes, contendo
Streptococcus agalactiae, Staphylococcus aureus e
proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais
Staphylococcus coagulase negativa. Neste estudo,
minerais e sua qualidade é um dos temas mais
os
discutidos atualmente dentro do cenário nacional de
é
causada
pesquisadores
prevalência para
por
Streptococcus
observaram
uma
Staphylococcus
spp.
maior (11,3%),
produção leiteira.
Streptococcus agalactiae (10,1%), Staphylococcus A melhoraria da qualidade do leite obtido no Brasil
aureus
começou a tomar forma em 2002, através da Makovec & Ruegg (2003) relataram prevalências de
Instrução
9,7% para Staphylococcus aureus, de 3,0% para
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Streptococcus
para
– MAPA (BRASIL, 2002), que estabeleceu regras
Staphylococcus coagulase-negativo, 20,1% para
para sua estocagem, transporte e requisitos de
Streptococcus spp., e de 6,7% para Escherichia coli
qualidade. A IN51 foi revista em 29 de dezembro de
entre 77.172 amostras de leite submetidas para
2011, através da publicação da Instrução Normativa
exame microbiológico no Laboratório de Diagnóstico
nº 62 (IN62) (BRASIL, 2011) e posteriormente em 03
Veterinário de Wisconsin, entre os anos de 1994 e
de maio de 2016 (IN 7) (BRASIL, 2016), visando
2001.
basicamente adequar os prazos para os produtores
agalactiae,
17,5%
Normativa
nº51/2002,
publicada
pelo
se enquadrarem aos critérios estabelecidos pela Segundo
Oliver
Streptococcus
Legislação. A legislação vigente estabelece os
agalactiae foi a maior causa de casos de mastite na
parâmetros que indicam a saúde da glândula
época
tratamento
mamária e a qualidade higiênico-sanitária do leite
antimicrobiano, o que levou ao desenvolvimento de
através da Contagem de Células Somáticas (CCS),
mastites crônicas em muitos rebanhos. De acordo
com no máximo 500.000 cels/ml de leite e a
com Zadoks et al. (2011) este patógeno é uma das
Contagem
espécies de estreptococos identificadas em IIM e
máximo de 300.000 UFC/ml de leite.
em
et
que
al.
não
(2004), se
utilizava
Bacteriana Total (CBT), com
limite
tem sido detectado em 31 a 48% de amostras de leite de tanque.
O leite tem sua composição e qualidade alteradas quando oriundo de vacas com mastite. A intensidade
Em uma pesquisa realizada com o intuito de estudar
das alterações depende da resposta inflamatória do
a prevalência do S. agalactiae na América do Sul,
animal, dos fatores de virulência do agente etiológico
observou-se que esta bactéria está presente em 60%
da doença e da extensão do tecido afetado
dos rebanhos brasileiros, em 42% dos rebanhos
(ZAFALON et al., 2005). A resposta imune pode
Colômbia e em 11% nos uruguaios (KEEFE, 2012).
variar entre diferentes agentes patogênicos e cada
Nos
sendo
agente pode determinar alterações específicas no
nos
leite (BANNERMAN et al., 2004; LEITNER et al.,
últimos
considerada
anos um
essa
bactéria
patógeno
está
re-emergente
rebanhos leiteiros da Europa (RADTKE et al., 2012;
2006).
ALMEIDA et al., 2013). Segundo Philpot & Nickerson (1991), os leucócitos Embora o percentual de mastite causada por S.
correspondem a 98 a 99% das células somáticas
agalactiae
encontradas
em
algumas
pesquisas
seja
baixo,
no
leite.
O
processo inflamatório
estudos realizados no Brasil demonstraram que esta
provoca a liberação de substâncias químicas devido
bactéria continua a ser um dos patógenos mais
à ação dos agentes patogênicos e da destruição de
importantes na etiologia da mastite bovina, o qual
tecido secretor, o que induz a passagem de
tem sido isolado em diferentes regiões do país com
leucócitos do sangue para o interior da glândula.
prevalências que variaram de 3,2% a 33% (SANTOS
Estas células têm a função de combater os agentes
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valiosa para a avaliação do nível de mastite
patogênicos.
subclínica no rebanho, para a estimativa das perdas A CCS individual normal é de aproximadamente -1
quantitativas e qualitativas de produção do leite e
68.000 células/mL no leite de uma vaca com todos
derivados, como indicativo da qualidade do leite
os quartos mámarios sem nenhum tipo de infecção.
produzido na propriedade, sendo essencial para se
Escores de CCS individual acima de 200.000 cel./mL
estabelecer as medidas de prevenção e controle da
de leite são indicativos de processo infeccioso na
mastite (MÜLLER, 2002).
glândula
mamária
(LAEVENS
et
al.,
1997;
SCHEPERS et al., 1997; DJABRI et al., 2002).
Djabri et al. (2002) verificaram que a CCS em animais
acometidos
pela
mastite
apresenta
A mastite é a principal causa do aumento da
variações que dependem do patógeno envolvido,
contagem de células do leite que, na maioria dos
podendo variar entre 105.000 células/mL
casos, é resultado de uma infecção bacteriana.
infecções acometidas por Corynebacterium bovis,
Como resultado da inflamação, as paredes dos
até 1.151.000 células/mL
vasos sanguíneos se tornam dilatadas e diversas
por E. coli. Neste mesmo estudo, verificaram que S.
substâncias do sangue passam junto com os
aureus e S. uberis induziram um contagens de
leucócitos para a luz da glândula, misturando-se ao
357.000 e 1.024.000 células/mL , respectivamente.
-1
-1
em
em infecções causadas
-1
leite. Entre estas substâncias podem ser citados os íons Cl e Na e bicarbonatos que alteram as
RIBAS et al. (2014) avaliaram os ECS (escores de
características físico-químicas e sensoriais do leite.
células somáticas) e suas relações com os teores de
Devido às lesões no tecido mamário, as células
gordura, proteína, lactose e sólidos totais em
secretoras se tornam menos eficientes, isto é, com
1.950.034 amostras de leite do leite cru de tanques
menor capacidade de produzir e secretar o leite. Isso
de
explica a perda de qualidade e a redução da
influenciaram a composição do leite, afetando sua
produção do animal (BRITO & BRITO, 2001).
qualidade, alterando a permeabilidade dos vasos
expansão.
Verificaram
que
altas
CCSt
sanguíneos da glândula mamária e reduzindo a A CCS é o instrumento mais preciso de avaliação da
secreção dos componentes do leite sintetizados
saúde da glândula mamária. É considerada normal,
(proteína, gordura e lactose) pela ação direta dos
para tanque de mistura, a CCS menor ou igual a 200
patógenos ou de enzimas.
-1
mil células mL ; sendo que valores superiores a este no rebanho
Schukken et at. (2009) relataram que as IIM
(SANTOS & FONSECA, 2007). Segundo Viguier et
causadas por Staphylococcus coagulase negativa
al. (2009), o aumento da CCS é o principal indicador
(SCN),
de mastite no rebanho.
comparado às vacas multíparas, resultaram em um
limite são indicativos de mastite
mais
frequentes
em
novilhas
quando
aumento moderado da CCS. IIM ocasionadas por De acordo com Machado et al. (2000), as células
Corynebacterium causaram aumento moderado da
somáticas são normalmente, células de defesa do
CCS,
organismo que migram do sangue para o interior da
agalactiae,
glândula mamária com o objetivo de combater
apresentaram impacto relevante na CCS.
enquanto
àquelas
Streptococcus
ocasionadas spp.
e
por
S.
S.
aureus
agentes agressores, mas podem ser também, células de descamação do epitélio glandular. Deste
De acordo com Haas et al. (2002), variações da CCS
modo, a CCS de uma vaca permite a quantificação
podem ser observadas durante o curso da infecção e
do grau de infecção da glândula mamária, e a
em função do agente etiológico da mastite. Um
avaliação periódica da CCSt do rebanho permite a
exemplo é a mastite causada por coliformes, na qual
determinação da incidência média de mastite no
CCS é baixa antes e depois da ocorrencia da mastite
rebanho.
clínica, enquanto que, no caso clínico de mastite por S. aureus e Streptococcus, a CCS aumenta no início
O monitoramento da CCS no leite de animais
da infecção e permanece elevada até a cura, e pode
individuais ou no leite de tanque é uma ferramenta
ocorrer de manter-se num nível elevado mesmo após
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Artigo 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
Zanette et al. (2010) pesquisaram o perfil de
a eliminação da mastite.
suscetibilidade aos antimicrobianos em isolados de A análise de leite de tanque é amplamente aceita
S. aureus, por meio da técnica de difusão em disco.
como ferramenta para a avaliação da qualidade do
Verificaram que os antibióticos com maior eficácia in
leite e monitoramento da saúde do úbere do rebanho
vitro foram ciprofloxacino e sulfazotrim, com 97,44%
(RYSANEK et al., 2007). Segundo Jayarao e
e a vancomicina, com 94,87%. As drogas menos
Wolfgang (2003), a contagem bacteriana do leite do
efetivas
tanque pode fornecer uma base de informações
resistência e tetraciclina, com 30,77%.
foram
a
penicilina,
com
46,15%
de
significativas em relação às práticas de higiene de manejo de ordenha e de limpeza de equipamentos
Saeki et al. ( 2011), também pesquisando sobre o
de ordenha. Além disso, a análise de leite de tanque
perfil de sensibilidade aos antibióticos comerciais em
é menos onerosa, menos trabalhosa e mais rápida
isolados de Staphylococcus aureus, verificaram que
do que a análise de leite de animais individuais. Por
os antibióticos mais eficientes foram a gentamicina
outro lado, segundo Jayarao et al.. (2004), os
(10 µg), cefalexina (30 µg) e ciprofloxacina (10 µg)
resultados de cultura de leite de tanque têm sido
com 100% de eficácia, seguidos de norfloxacino
criticados pela sua baixa sensibilidade em detectar
(94,6%).
patógenos
contagiosos
da
mastite,
como
S.
agalactiae e/ou S. aureus dentro do rebanho. O
Moroni et al. (2006), avaliaram a suscetibilidade aos
aumento da sensibilidade de detecção de S.
antimicrobianos em Staphylococcus aureus isolados
agalactiae e/ou S. aureus pode ser alcançado com a
do leite de vacas acometidas pela subclínica ß-
realização de análises microbiológicas seriadas,
lactâmicos,
repetindo-se a cultura durante um período de tempo,
concentrações inibitórias mínimas (CIM) somente
cultivando-se maiores volumes de leite ou utilizando-
para
se de meios de cultura seletivos e enriquecidos.
(especificamente cloxacilina) ou combinações com
na
certas
penicilina
Itália.
Demonstraram
penicilinas
(amoxacilina
que
as
ß-lactamase–resistentes +
clavulanato)
foram
Apesar da baixa sensibilidade de detecção, a cultura
consistentemente eficazes contra Staphylococcus
de leite de tanque possui alta especificidade para
aureus, enquanto que os outros derivados de ß-
patógenos contagiosos, sendo uma ferramenta útil
lactâmicos e drogas de outros grupos farmacêuticos
no monitoramento destes microrganismos, uma vez
foram
que a presença de S. agalactiae ou S. aureus por
ineficazes.
ambos
moderadamente
eficazes
ou
meio de cultura microbiológica pode ser considerado um
indicador
confiável
da
presença
destes
Hartwing et al. (2014) determinaram a Concentração Mínima Inibitória (CMI) do sulfato de cefquinoma,
patógenos no rebanho (GODDEN et al., 2002).
avaliando
sua
eficácia
frente
aos
agentes
RESISTÊNCIAS AOS ANTIMICROBIANOS EM
bacterianos:
PATÓGENOS CAUSADORES DE MASTITE
negativo), Staphylococcus aureus, Streptococcus
Uma das principais preocupações atualmente no
spp.,
controle da mastite é a resistência dos patógenos
dysgalactiae, Streptococcus pyogenes, Trueperella
aos antimicrobianos, fenômeno que vem crescendo
pyogenes, Nocardia spp., Corynebacterium spp. e
em importância ( BRITO & BRITO, 2001).
Bacillus cereus, isolados de amostras de leite de
Staphylococcus
Streptococcus
vacas
que
spp.
uberis,
apresentavam
(coagulase Streptococcus
mastite
clínica
ou
Brito et al.( 2001) determinaram a concentração
subclínica. As CMIs para cada uma das bactérias
mínima inibitória (CMI) de alguns antimicrobianos
testadas variaram em um intervalo de 0,014 a
para o Staphylococcus aureus isolados da mastite e
115,781 µg.ml , mas as CMIs obtidas para a maioria
verificaram
foram
dos agentes bacterianos foram inferiores a 2 µg.ml ,
susceptíveis à cefalotina, eritromicina, gentamicina,
com exceção da Nocardia spp. que somente foi
norfloxacina e oxacilina, 91% à tetraciclina e à
inibida em concentrações maiores de antibióticos, e
tilosina, 65% à ampicilina e à penicilina G. Todas os
do
isolados testados foram susceptíveis à neomicina,
resistência a todas as concentrações de sulfato de
exceto um que apresentou um padrão intermediário.
cefquinoma avaliadas.
8661
que
100%
das
amostras
-1
-1
Staphylococcus
aureus
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8654-8668, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
que
apresentou
Artigo 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
Diniz et al. (2010) avaliaram a resistência à oxacilina
indicadoras que podem se tornar disseminadoras de
em Staphylococcus aureus provenientes de animais
genes de resistência.
com histórico de mastite recorrente, através da concentração inibitória mínima (CIM). Verificaram
Bengtsson et al. (2009) relataram a resistência aos
51,35%
antimicrobianos em diversos patógenos causadores
de
isolados
resistentes
à
oxacilina, do
de mastite. Entre os isolados de S. agalactiae, dois
tratamento e da recorrência da infecção associado a
eram resistentes à tetraciclina, um CIM elevadas (>8
estes isolados.
mg/L) para a clindamicina, eritromicina (1 mg/L) e
salientando
os
problemas
de
insucesso
espiramicina (> 64 mg / L), indicando também a Santos et al. (2006) avaliaram a susceptibilidade aos
resistência
antimicrobianos em Staphylococcus spp. isolados de
antimicrobianos.
adquirida
a
estes
agentes
vacas com mastites clínica ou subclínica, na região de Uberlândia-MG. Demonstraram que dois isolados
Guérin-Faublée
de
et
al.
(2002)
analisaram
a
foram
susceptibilidade a antimicrobianos em diferentes
resistentes à oxacilina com CIM de 512 mg/mL e
espécies de Streptococcus isolados de IIM, incluindo
1028 mg/mL, respectivamente, evidenciando uma
50 cepas de Streptococcus uberis, 42 de S.
elevada
resistentes,
dysgalactiae e oito de S. agalactiae. A resistência à
reforçando a importância do uso adequado e
tetraciclina foi a mais frequente (em particular para
monitorado de antibióticos.
as estirpes de S. dysgalactiae). Todas as cepas de
Staphylococcus
coagulase
porcentagem
de
positiva
cepas
S. dysgalactiae e S. agalactiae foram suscetíveis βSchlegelová et al. (2002) determinaram a CIM de
lactamicos, mas 44% das cepas de S. uberis
estirpes de Staphylococcus aureus, Staphylococcus
mostraram uma elevada resistência a penicilina.
coagulase negativo (SCN), Listeria monocytogenes,
Também
Escherichia coli, Enterococcus faecalis, E. faecium e
estreptomicina (CIM >1024 mg/L) em 18%, 25% e
Bacillus cereus, isolados de 111 amostras de leite de
4,8% de S. uberis, S. dysgalactiae e S. agalactiae,
tanque de expansão, frente aos antimicrobianos
respectivamente, enquanto que 10%, 0% e 4,8 foram
amicacina, ampicilina, ampicilina + sulfabactan,
resistentes à kanamicina. Todos as cepas de S.
cefalotina
clindamicina,
dysgalactiae e de S. agalactiae foram sensíveis à
cloranfenicol (CMP), o co-trimoxazole, eritromicina
penicilina G. Oito cepas de S. agalactiae foram
(ERY),
resistentes
ao trimetoprim. Todos
os
avaliados
foram
cloranfenicol,
oxacilina,
(CLT), gentamicina, penicilina,
cefotaxima, neomicina,
norfloxacina,
estreptomicina
(STR),
se
observou
resistência
suscetíveis
a
elevada
à
isolados
tetraciclina (TTC) e vancomicina. A resistência contra
rifampicina e rifaximina. Em geral, 48%, 7,1% e 0%
um ou mais antimicrobianos foi encontrada em 93%
de S. uberis, S. dysgalactiae e S. agalactiae,
de S. aureus, 40% dos SCN, 73% de E. coli, 88% de
respectivamente
E. faecalis, 55% de E. faecium, e uma cepa L.
antimicrobianos
monocytogenes. A maior parte dos microrganismos,
prevalências de resistência foram observadas para
particularmente os enterococos, foi resistente a STR,
tetraciclina e trimetoprim entre os isolados de S.
TTC, e ERY (MIC50 4 µg/mL). Alta resistência a CLT
dysgalactiae e S. agalactiae.
foram
sensíveis
compostos
a
todos
testados.
os
Altas
foi verificada para 11 estirpes de E. coli (MIC 256 µg/ml) que também foram resistentes a CMP (MIC90
CONSIDERAÇÕES FINAIS
16 µg/ml). O maior número de fenótipos de
A mastite é a enfermidade mais relevante na
resistência foi encontrado para E. coli (16), seguido
pecuária
de SCN (12). Dezoito fenótipos de resistência
produtores, devido às perdas produtivas e despesas
idênticos foram demonstrados em E. coli, E. faecalis
com tratamentos, e para as indústrias de laticínios,
e E. faecium, S. aureus e SCN isolados a partir da
devido à perda de qualidade da matéria-prima. Pode
mesma amostra de leite de tanque de expansão.
ainda causar problemas à saúde do consumidor,
Segundo os autores, os resultados demonstram o
seja pela presença de patógenos transmissíveis no
problema da resistência não apenas entre os
leite e derivados, seja por resíduos de drogas
agentes patogênicos, mas também entre bactérias
administradas com intuito de tratar os animais afeta-
leiteira,
acarretando
prejuízos
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.01, p.8654-8668, jan/fev, 2020. ISSN: 1983-9006
aos
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Artigo 509 - Impacto, prevalência e etiologia da mastite bovina causada por Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae
os pela doença. Diante disto, ressalta-se que a
BRASIL.
MINISTÉRIO
DA
AGRICULTURA,
mastite deve ser motivo de atenção e preocupação
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução
entre todos os segmentos envolvidos na cadeia
Normativa 07 de 03 de maio de 2016. Dispõe
leiteira, e que os estudos sobre a mesma devem ser
sobre alterações no regulamento técnicos de
permantentes, tendo em vista que sua epidemiologia
produção, identidade, qualidade, coleta e
é processo bastante dinâmico.
transporte do leite. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, 84 maio. 2016.
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qualidade
microbiológica
do
leite
em
sensibilidade e implementação de programas
pequenas propriedades de quatro regiões
de qualidade do leite em explorações do
brasileira. Congresso Internacional Do Leite.
Entre-Douro
Anais...Resende: Embrapa Gado de Leite,
e
Minho.
2010.
Dissertação
(Mestrado Integrado em Medicina Veterinária). Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, Lisboa, 2010.
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