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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues
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Sumário ARTIGOS 494 - O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura ....................................................................................................................................................................... 8488 Márcia das Neves Soares, Alberto Jefferson da Silva Macêdo, Thaiano Iranildo de Sousa Silva 495 -Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura ............................................................. 8498 Darleny Eliane Garcia Horwat, Paula Teixeira Poltronieri, Daiane Cristina Ribeiro Dambroski Nack, Juliana Sperotto Brum 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes: .............................................................. 8508 Juliete de Lima Gonçalves, Sueli Freitas dos Santos, Rafael Teixeira de Sousa, Antônio Marcos Ferreira Fernandes 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura ................................................ 8522 Rannyelle Gomes Souza, Jorge Cunha Lima Muniz, Fernando Guilherme Perazzo Costa
O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura
Revista Eletrônica
Associar-se, bovino de leite, cooperar, participação comunitária. .
Vol. 16, Nº 04, jul./ago. de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
Márcia das Neves Soares 2 Alberto Jefferson da Silva Macêdo 3 Thaiano Iranildo de Sousa Silva 1
Discente do curso de Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Areia, PB, Brasil. 2 Discente do curso de doutorado em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG, Brasil. *E-mail: alberto.macedo@ufv.br. 3 Discente do curso de doutorado em Zootecnia, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Botucatu, SP, Brasil.
RESUMO Os pequenos produtores de leite participam do agronegócio, assim contribuem para o PIB (produto interno bruto), no entanto, enfrentam dificuldades diárias. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi fazer uma explanação sobre o associativismo e cooperativismo junto à bovinocultura leiteira, abordando como as cooperativas e associações são importantes para os pequenos produtores. Se associar e cooperar em conjunto abre portas para os indivíduos que possuem uma necessidade de adquirir conhecimento e ter a oportunidade de ter acesso a tecnologias para suas fazendas, pois em conjunto os bens se tornam comum e o conhecimento é compartilhado. Verifica-se que os modelos atuais de associativismo e cooperativismo, surgem para facilitar a vida do produtor rural, pois sabe-se que devido à atuação de grandes empresas, levando a uma alta concorrência e ao sistema financeiro capitalista torna-se praticamente impossível que o pequeno empreendedor torne-se bem sucedido quando se trabalha sozinho. Dessa forma é importante que o produtor rural busque por parcerias para conseguir o fortalecimento do seu próprio negócio vinculados.
como
também
dos
Palavras-chave: associar-se, bovino de leite, cooperar, participação comunitária.
8488
demais
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ASSOCIATIVISM AND COOPERATIVISM IN DAIRY CATTLE, PAST, PRESENT AND FUTURE: LITERATURE REVIEW ABSTRACT Small-scale dairy farmers participate in agribusiness, thus contributing to GNP (gross national product). However, they face daily difficulties because they have the challenge of competing with large producers, therefore they resort to assistance. Thus, the objective of this work was to make an explanation about the associativism and cooperativism with dairy cattle, addressing how cooperatives and associations are important for small producers. The present article was made from several other articles and scientific studies searched through the internet that lived up to the proposed theme. Joining and cooperating together opens doors for individuals who have a need to acquire knowledge and have the opportunity to have access to technologies for their farms, because together goods become common and knowledge is shared. It is verified that the current models of associativism and cooperativism, arise to facilitate the life of the rural producer, because it is known that due to the action of big companies, leading to a high competition and to the capitalist financial system it becomes practically impossible that the small entrepreneur becomes successful when working alone. In this way, it is important that the rural producer seeks partnerships to achieve the strengthening of his own business as well as those of other partners. Keyword: bovine milk, community participation, cooperate, to associate.
Artigo 494 - O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura
INTRODUÇÃO
Os produtores se associam para que possam
O associativismo e o cooperativismo são estratégias
compartilhar de uma assistência social comum que
de organização que visam minimizar os problemas
lhes permite crescer em conhecimentos que antes
que atuam como empecilhos ao crescimento das
não lhe eram disponíveis, possibilitando-se o saber
atividades
podem
dos seus direitos e outros, junto a cooperativas os
possibilitar o crescimento da renda dos produtores, e
associados podem ter ajuda nos seus negócios para
como consequência melhorar o sistema econômico,
que se torne lucrativo, sem a assistência técnica os
que é indispensável ao desenvolvimento (SANGALLI
produtores estão mais sujeitos a erros, como no
et al., 2015).
caso do uso de tecnologias inadequadas ou de
no
meio
agrícola,
ambos
forma errônea, como exemplo da produção alimentar Juntamente atuando com o associativismo e o
ineficiente que prejudica o produto final “produção de
cooperativismo em propriedades de criação de gado
leite”, assim o uso do cooperativismo torna possível
de leite, proporcionam que a atividade se mantenha
o crescimento rural.
em pequenas mesmo em pequenas propriedades. Segundo Souza (2016) o associativismo é pouco Nas últimas décadas ocorreu elevado crescimento
apresentado para as pessoas, levando até uma
no agronegócio do leite, no qual a cadeia produtiva
escassez de publicações acadêmicas que abordem
deixou de ser apenas para subsistência e se tornou
o tema, e que muitos autores possuem dificuldade
um negócio para gerar renda, ocorrendo uma alta
de falar sobre o associativismo em seus trabalhos,
produção, com qualidade e também agregação de
pois esse ao longo da história vem sendo discutido
valor aos produtos, aqueles produtores que não
com sentidos iguais. Sendo assim, haja vista a
estão
importância de trabalhos que abordem tal tema.
preparados
consequentemente
para passam
esse por
mercado dificuldades
(CORRÊA et al., 2010), por isso os produtores
Assim, o objetivo do trabalho foi de explanar acerca
necessitam das associações e cooperativas para
da importância dos aspectos do associativismo e
melhor se organizarem.
cooperativismo na bovinocultura leiteira de pequenos produtores.
A
atividade
leiteira
desempenha
um
papel
importante para as unidades familiares, a mesma
METODOLOGIA
gera oportunidades, com a diversificação da renda,
Este trabalho é uma revisão de literatura que foi
que acontece quando o produtor vende os animais,
realizada a partir de levantamentos bibliográficos em
portanto, o gado tem um valor de poupança para os
literatura nacional sobre o associativismo e o
pequenos produtores, assim, essa atividade gera
cooperativismo
renda,
abordando sua importância para tal atividade. O
e
consequentemente
sustenta
financeiramente sua família (ALTAFIN et al., 2011).
na
criação
de
gado
de
leite,
período de pesquisa foi de 10/2016 a 12/2018, no qual foram realizadas buscas exploratórias em
A
agricultura
familiar
desde
os
tempos
do
diversos periódicos, teses, dissertações e sites, a
descobrimento do Brasil desempenha o papel de
busca de informações relevantes acerca do referido
fornecer alimentos para uma grande parcela da
tema.
população, mas diante da agricultura moderna a agricultura
familiar
apresenta
problemas
para
DESENVOLVIMENTO
continuar existindo, e esse problema se torna mais sólido com a falta de apoio do governo sem políticas
Bovinocultura leiteira
que favoreçam aos pequenos produtores, com isso o
Durante os últimos vinte anos o Brasil deu um salto
associativismo possui o objetivo de organizar o
na sua produção leiteira, passando de 15,1 bilhões
trabalho
com
em 1991 para 30,7 bilhões em 2010, ou seja, sua
conseguinte apoio, para garantir o direito dos
produção teve um crescimento de 103,1% (REIS
mesmos (ALVES et al., 2011).
FILHO & SILVA, 2013).
dos
agricultores
familiares,
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Artigo 494 - O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura
Essa produção aumentada com o passar dos anos é
que o mesmo pode produzir para si e para os outros
um indício que os produtores têm buscado crescer
(FISCHER et al., 2011).
dentro das suas fazendas e possivelmente se adotou o uso de tecnologias para isso, como se
Com o grande potencial que o Brasil possui como
sabe
possuem
produtor de leite, a cadeia é formada por muitos
pequenos negócios e para o crescimento do
produtores que estão no setor pelos motivos de
empreendimento, os mesmos consequentemente
geração de rendimentos, que ocorre com a venda do
tenham usado de tecnologias que possivelmente
leite diariamente e também, às vezes, com a venda
foram
em
de bezerros, gado para reprodução e vacas que
associações e cooperativas, crescer em conjunto é
estão em idade avançada, restos de recursos, que
mais fácil que sozinho.
vem dos restos de cultura, pasto. Outro motivo é o
grande
parte
adquiridas
em
dos
produtores
conjunto,
ou
seja,
esterco, que pode ser utilizado como fertilizante Segundo Caixêta & Arêdes (2010) a cadeia de
(BLAUW et al., 2008).
produção de leite tem dado uma contribuição relevante para a economia do país, gerando renda e
No entanto, no Brasil a produção de leite se
emprego, mas essa importância do Brasil como
apresenta em distribuição desuniforme, no qual os
produtor de leite se estende internacionalmente, no
pequenos
qual o país está em sexta posição na produção de
produção no país todo, e os grandes produtores
leite no mundo, e essa produção cresce por ano em
estão em menor número, mas participam mais.
torno de 4%, sendo superior aos países que estão
Porém, uma parcela significativa dos pequenos
em primeiro lugar da classificação de produtor de
produtores mesmo sendo expulsos do mercado
leite.
formal, por causa do desenvolvimento, continua sua
produtores
possuem
uma
pequena
atividade informalmente (ROSA & TSAY, 2009). Essa atividade está sempre em crescimento, e encontra condições favoráveis no Brasil, pois, o
A importância da bovinocultura de leite é mundial,
mesmo possui condições naturais que possibilitam o
sendo assim, a procura de produtos advindos do
desenvolvimento de diversas atividades, por causa
leite ocorre em todo o mundo, no qual os governos
das suas vantagens de possuir clima e terra a favor,
querem que se produza leite, estimulando sua
mas para o desenvolvimento da bovinocultura é
produção, e às vezes também utilizando outras
necessário ir além, conhecer a cadeia produtiva é
espécies leiteiras como búfalos, ovelhas e cabras,
fundamental (SILVA et al., 2017).
em que em alguns países o consumo de leite é uma tradição enquanto em outros o consumo ainda é
O Brasil possui uma produção de leite de 26 bilhões
recente, (BLAUW et al., 2008).
de litros ao ano, mas esse setor sofre com alguns problemas, dentre o que se destaca é a efetividade
A pecuária de leite é importante tanto para os
econômica do mesmo, por causa de muitos fatores,
produtores como para o agronegócio brasileiro, para
por exemplo, o emprego da tecnologia e o
os produtores essa atividade propicia a formação de
gerenciamento da atividade, bem como os prejuízos
renda de um número considerável de pessoas, bem
que ocorrem com mais frequência que o lucro
como, ajuda na permanência do homem no campo,
(DUARTE et al., 2014).
ajudando a diminuir o êxodo rural (CAMPOS & PIACENTI, 2007).
O Brasil como produtor de leite passou por uma grande evolução que o colocou na sexta posição
A base do setor leiteiro é oferecer para a população
mundial, em que no ano de 1990 o Brasil teve uma
um leite de qualidade de uma forma que a atividade
produção de 14,9 bilhões de litros de leite passando
seja rentável para os produtores, assim para
para 27,57 bilhões de litros já no ano de 2008, antes
alcançar tais intuitos é preciso adotar controles e
o país tinha uma condição de grande importador de
estratégias
leite e passou a ser um dos maiores exportadores,
estratégias essas que devem envolver propriedades
essa evolução é importante para o país, significando
rurais, laticínios, varejo e também a legislação refe-
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para
todo
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o
sistema
de
criação;
Artigo 494 - O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura
rente ao setor (FERNANDES, 2011). Por isso, as
distinguem de outros pequenos negócios, pois
associações e cooperativas foram criadas, para dar
possui estabilidade, sendo menos vulnerável do que
assistência aos produtores.
outros pequenos negócios.
Agricultura familiar
A agricultura familiar é uma atividade de grande
As famílias de agricultores formam a agricultura
relevância para a sociedade por disponibilizar
familiar que com seu trabalho produzem alimento,
alimento de boa qualidade e também por colocar no
nesse setor as mesmas geram seu próprio capital,
mercado alimento saudável. Segundo Amaral &
um ponto importante a destacar é que a agricultura
Araújo (2015) à medida que cresce leva consigo o
familiar gera uma parte considerável de alimentos,
desenvolvimento para a agricultura sustentável, que
integrando a produção ao consumo, ou seja,
se dá com o uso da terra e uma preservação do
produzem para si mesmo e para os outros, fornecem
meio ambiente.
alimentos de qualidade, já que, os produtores também comem do que produzem (ANDRIOLI,
Sendo assim, a agricultura familiar é uma unidade
2008).
produtora de alimentos, que são muito requeridos pela nova sociedade que se forma, exigentes em
As famílias formam o sistema da agricultura familiar,
produtos produzidos de forma orgânica, ou seja, na
em que trabalham com o objetivo de conseguir
nova
sustento, depois de bastante esforço o trabalho
relevância.
era
essa
atividade
possui
uma
grande
começa a ser produtivo e gerando alimento para a sociedade, com isso a atividade se modifica de não
O associativismo e sua importância
rentável para viável e promissora para o país, e o
O associativismo está presente na vida do homem
setor da produção de alimentos é o que movimenta
há alguns séculos, e atualmente esse faz parte da
o mundo. Com isso, o cooperativismo é uma
vida de pessoas de diferentes idades, seja para
ferramenta
realização e concretização de objetivos ou para
importante
para
a
expansão
da
agricultura familiar (BAIARDI & ALENCAR, 2015).
resolver problemas (TAVARES, 2011). Sendo assim, o associativismo como muitos pensam não faz parte
A agricultura familiar possui grande importância para
apenas para que empreendimentos financeiros se
o setor agropecuário brasileiro (RAMBO et al., 2016)
tornem realidade, mas também, o mesmo participa
uma
do lazer das pessoas.
vez
que
a
mesma
está
representando
aproximadamente 84% dos estabelecimentos da agropecuária, assim a contribuição da agricultura
Segundo
Oliveira
familiar não pode ser considerada pequena, já que,
ganhando espaço e relevância dentro do meio rural
essa contribui com 38% da produção para o setor da
brasileiro,
agropecuária (SCHNEIDER & CASSOL, 2013).
conseguissem recursos provenientes das políticas
por
(2010)
possibilitar
o
associativismo
que
os
foi
produtores
públicas, e o desenvolvimento das famílias se tornou Os agricultores familiares durante os anos de 1995 a
grande,
conseguindo
abranger
desde
2006 obtiveram um crescimento significativo, no qual
econômica, política, social até a cultural.
a
área
esses passaram a usufruir da tecnologia, neste caso especialmente a energia elétrica, e o uso de animais
Segundo Mapa (2016) o associativismo se constitui
para o trabalho, e também conseguiram acesso a
uma alternativa necessária de viabilização das
assistência técnica (SCHNEIDER & CASSOL, 2013),
atividades
ou seja, a vida dos trabalhadores rurais passou a ser
trabalhadores e pequenos proprietários um caminho
melhor e possivelmente o trabalho passou a ser
efetivo para participar do mercado em melhores
mais produtivo com tais mudanças.
condições de concorrência. Com a cooperação formal
entre
econômicas,
sócios
possibilitando
afins,
a
aos
produção
e
Segundo Baiardi & Alencar (2014) a agricultura de
comercialização de bens e serviços podem ser mais
base familiar também pode ser chamada de unidade
rentáveis, tendo-se em vista que a meta é construir
de produção agrícola familiar, suas características
uma estrutura coletiva das quais todos são benefici-
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Artigo 494 - O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura
ários. Os pequenos produtores, que normalmente
mico, busca melhoria e crescimento dos negócios
apresentam as mesmas dificuldades para obter um
para
bom desempenho econômico, têm na formação de
comunitária com visão financeira abre as portas para
associações um mecanismo que lhes garante melhor
o crescimento de um determinado negócio, pois o
desempenho para competir no mercado.
desenvolvimento do grupo de indivíduos é expresso de
os
indivíduos,
várias
em
maneiras,
que
como
a
participação
fortalecimento
da
competitividade
no
Segundo Mattosinho et al. (2010) o associativismo
atividade,
possui relevância no meio rural, pois o mesmo
mercado, melhoria de infraestrutura, dentre outras.
o
aumento
de
contribui para a expansão da cidadania e também por tornar as pessoas aptas a reivindicação de seus
Nos tempos de hoje a agricultura se encontra em um
direitos, no qual as pessoas lutam juntas por
cenário crítico, pois a população cresce e exige cada
interesses sociais, sendo um instrumento para a
vez mais produção de alimentos, a agricultura
realização de objetivos, apenas com o uso do
familiar estando no formato associativista, esse
associativismo é que muitos objetivos se tonam
problema
reais.
agricultura consegue atender as necessidades de
se
torna
menos
marcante,
pois
a
trabalho e geração de renda de uma grande parcela Assim, os aspectos do sistema do associativismo
da população que trabalha no campo, na teoria, a
trazem para os associados vários benefícios que são
agricultura familiar aliada ao associativismo se
comuns a todo grupo, por isso se associar causa um
apresenta como uma boa alternativa de sanar a falta
efeito grupal.
de alimentos, já que, incentiva a permanência do
Transformar a participação individual e familiar em participação grupal e comunitária se apresenta como
homem no campo (TONISASSO et al., 2007; MUMIC et al., 2015).
uma alavanca, um mecanismo que acrescenta
O associativismo une pessoas com ideais comuns,
capacidade produtiva e comercial a todos os
através dessa união é possível ver um crescimento
associados, colocando-os em melhor situação para
na produção individual dos agricultores e também
viabilizar suas atividades. A troca de experiências e
maior êxito para a própria comunidade que estiver
a utilização de uma estrutura comum possibilitam-
envolvida nesse método que fortalece os negócios
lhes
das famílias e as faz crescer (MUMIC et al., 2015).
explorar
o
potencial
consequentemente,
de
conseguir
cada maior
um
e,
retorno Sendo assim, o associativismo possui importância
financeiro por seu trabalho (ALVES, 2002).
democrática, uma vez que o mesmo apresenta A união dos pequenos produtores em associações
diferentes aspectos que mostram benefícios como
torna
e
tal, por exemplo, tem-se a defesa daqueles que
equipamentos com menores preços e melhores
estão em grupos excluídos e desamparados, esse
prazos de pagamento, como também o uso coletivo
também promove a educação política, relação de
de equipamentos como tratores, colheitadeiras,
confiança, espirito público e cooperação etc., entre
caminhões para transporte, etc. Tais recursos,
os membros das associações (LUCHMANN, 2011).
possível
a
aquisição
de
insumos
quando divididos entre vários associados, tornam-se acessíveis e o produtor certamente sai lucrando,
Como exemplo da atuação do associativismo
pois reúne esforços em benefício comum, bem como
podemos falar da agricultura de gênero familiar que
o compartilhamento do custo da assistência técnica,
possui desafios e capacidades, nesse meio os
de
pequenos
tecnologias
e
de
capacitação
profissional
(ADION, 2005).
produtores
a
partir
de
associações
ganham perspectiva de melhora no mercado, como consequência ocorre um desempenho econômico,
Por isso, o associativismo busca unir as pessoas
assim o associativismo passa a ser uma ferramenta
com o intuito de fornecer uma base de conhecimento
importante para a permanência das pessoas que
de direitos e outros meios que não englobem o fator
vivem no assentamento rural permanecerem com
financeiro, já o cooperativismo possui caráter econô-
suas atividades rurais (SANGALLI et al., 2015).
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O associativismo não apenas está presente na
mos direitos e também obrigações com seus
agricultura familiar, mas também
trabalhos e em sociedade (SALES, 2011).
em
diversos
setores que podem ter uma alta escala de produção, produzir sozinho é uma forma mais difícil do que
Esse sistema é formado pela associação voluntária
produzir em grupo.
de no mínimo 20 pessoas unidas em torno de objetivos comuns de caráter econômico. Para isso,
O cooperativismo e sua importância
constituem uma empresa de propriedade e controle
Há milhares de anos quando se começou a
coletivo organizando a produção e comercialização
formação de tribos a cooperação se fazia presente
de bens e serviços produzidos, dividindo benefícios
entre os homens (GIANEZINI et al., 2009; OLIVEIRA
materiais e sociais advindos das atividades e
et al., 2014). Gianezini et al. (2009) complementa, a
gerando renda e oportunidades de trabalho entre os
cooperação estava presente de forma a garantir para
cooperados. As cooperativas podem ser constituídas
os homens uma fortificação das comunidades, neste
livremente e organizar suas atividades econômicas
sentido a partir de fatores materiais para promover
para acessar os mercados tendo sempre como base
melhores condições de abrigo, fogo, alimentação, e
os princípios e valores da solidariedade, ajuda
também por fatores não materiais, como participação
mútua, honestidade, democracia e participação
nas relações sociais, com isso, se promovia uma
(MAPA, 2016).
melhoria na qualidade de vida dessas comunidades. O
sistema
tem
como
princípio
a
educação
Haja vista sua importância o cooperativismo foi
cooperativa, em que possui apoio de órgãos públicos
regulamentado por lei segundo Sales (2011), pela lei
que também contribuem para o associativismo. Os
nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, teve parte
produtores são ajudados pelas cooperativas, que
modificada pela Lei nº 6.981, de 30/03/82.
fornece desde conhecimentos até a compra de um maquinário, em cooperativas, esses são ajudados
O cooperativismo e o associativismo na cadeia
pelo governo, sendo o cooperativismo uma união
produtiva de leite
para
O cooperativismo se deu da evolução do termo
BONGANHA, 2015).
se
ganhar
em
conjunto
(MINATEL
&
momento,
o
associativismo, surgiu a partir da necessidade de sanar problemas (SIMÃO & BANDEIRA, 2013).
Menezes
(2012)
diz
que,
no
cooperativismo está em destaque por se fazer Esse sistema é um método definido como uma
presente não só no meio econômico, mas em todos
estratégia que trabalhadores urbanos ou rurais se
os meios, por causa da sua importância na luta da
unem pensando em bens lucrativos, ou seja, ocorre
exclusão social e para o desenvolvimento no mundo.
uma união para garantir aos produtores, a renda,
No ano de 2012 a Organização das Nações Unidas
qualidade e preço, que sejam bons aos mesmos,
titulou o ano mundial das cooperativas, com o intuito
buscando o crescimento e desenvolvimento de seus
de tornar as pessoas conscientes da relevância das
negócios (RIBEIRO et al., 2013).
mesmas para a melhoria na vida das populações e
O sistema cooperativista possui como essência sua
para o surgimento de empregos.
característica principal que é a cooperação, isso
Por meio do crescimento econômico é possível de se
significa a união de esforços e forças em conjunto de
atribuir ao mesmo uma importância para expansão
pessoas que possuem objetivos em comum. O
da economia do país, a partir da filosofia e doutrina
cooperativismo diferente do capitalismo busca a
do sistema que os cooperados colocam seus valores
distribuição de bens de forma harmoniosa, esse
em prática, no qual o sistema têm princípios que
busca deixar a sociedade mais justa, humana e
formam uma linha de orientação (OLIVEIRA et al.,
comprometida com si própria, tem como princípio da
2014).
igualdade de direitos para as pessoas que fazem
cooperativismo,
parte desse sistema, deixando claro que ninguém é
agricultura familiar.
Como
exemplo
da
podemos
citar
participação no
setor
melhor que ninguém, no qual todos possuem os mes-
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do da
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Segundo Baiardi & Alencar (2015) para que a
Como falado tanto o cooperativismo como o
agricultura familiar se torne viável e cresça para a
associativismo possuem relevância de estarem
sociedade e deixe de ser um cenário crítico como
presentes no meio rural, ajudando principalmente os
muitos acham, o cooperativismo é fundamental para
pequenos produtores em seus negócios.
o desenvolvimento da agricultura familiar, a partir desse método a união de pessoas com o mesmo
O sistema cooperativista torna possível a negociação
intuito o cenário do meio rural agrícola foi para
e produção do leite de forma mais econômica para o
outros rumos, através do mesmo as pessoas
produtor, proporcionando vários benefícios, dentre
melhoraram
suas
eles o aumento de empregos, que pode gerar capital
propriedades e adquiriram novas técnicas em
para o município, e que ocorre através das
equipamentos e no plantio, com o objetivo de ter
cooperativas, com compra e venda de produtos, e
parcerias com empresas privadas para aquisição de
por fim o produtor sai ganhando também com os
suas produções.
serviços prestados (RIBEIRO et al., 2013).
Na tabela abaixo (Tabela 1) é possível visualizar em
Esse sistema depois de instalado recebe apoio de
números
das
órgãos para que ocorra seu desenvolvimento, assim
cooperativas para o país, vendo que, as mesmas
em diversos lugares são realizados eventos que
estão presentes em 13 ramos de atividades, desde
reúnem profissionais da área de bovinocultura de
agronegócio até o turismo e lazer, ou seja, não é
leite, juntamente com os produtores e demais
apenas uma ferramenta que atua no foco de ajudar
interessados.
a
a
forma
magnitude
de
manejo
da
em
importância
ao produtor a melhorar e manter sua produção, mas também, de estar presente na vida de muitas pessoas
e não somente na dos
agricultores
familiares e empresários, com um número de 6.586 de cooperativas atuantes, além disso, é relevante frisar que com essas cooperativas há 296.286 empregados por essas cooperativas.
Cooperativas Associados
podem ter muitos benefícios, um deles é conseguir tornar o sistema de produção mais organizado e também seu plano de negócio no leite mais eficiente. Os produtores estão tendo acesso ao conhecimento e tecnologias, sem contar a facilidade para conseguir capital para investimentos, com isso os mesmos
Tabela 1. Atuação das cooperativas se estende em 13 ramos de atividades econômicas Ramo de
Através do cooperativismo os produtores rurais
Empregados
estão
sendo
incentivados
às
mudanças
e
modernização, com esses benefícios se tornou possível
agregar
valor
ao
leite
a
partir
da
comercialização em conjunto com os mercados
atividade Agropecuário
locais, de outras regiões e outros estados (DAVID,
1.523
969.541
155.896
120
2.710.423
10.968
1.047
4.673.174
33.988
As cooperativas de leite da agricultura familiar
294
51.534
3.694
possuem uma estrutura organizacional leve, com
9
393
12
uma forma fácil de gerir e são maleáveis, aceitam
Habitacional
226
99.474
1.829
mudanças em momentos críticos, sendo um fator
Infraestrutura
128
829.331
6.334
positivo de competividade ao se comparar a outras
Mineral
69
58.891
161
Produção
243
11.500
3.605
Saúde
846
271.004
67.156
A finalidade de implantar um sistema como esse
Trabalho
966
188.644
2.738
dentro da cadeia de produção de leite é de tornar o
Transporte
1.088
143.458
9.712
produtor rural capacitado em técnicas de laticínios,
Turismo e
27
1.468
193
para que ocorra um crescimento da produtividade
Consumo Crédito Educacional Especial
2009).
organizações
com
estruturas
(DAVID,
2009).
dos animais, no qual o mesmo pode aprender sobre
Lazer Totais
6.586
10.008.835
296.286
a higiene e manipulação de alimentos, produção de
Fonte: OCB 2011.
8494
grandes
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8488-8497, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
Artigo 494 - O associativismo e cooperativismo na bovinocultura leiteira, passado, presente e futuro: revisão de literatura
queijos, bebidas lácteas e ricota, e por fim como
que quando associado à organização coletiva torna
comercializar esses produtos (CHIAFITELA, 2011).
possível que os pequenos produtores possam competir de uma melhor forma com os grandes
Por causa das diversas vantagens que esse sistema
produtores que investem alto no negócio para poder
proporciona ao produtor vem sendo cada vez mais
competir no mercado e possuem um alto custo do
empregado, mas é preciso ter em vista que o mesmo
leite (SCHUBERT & NIEDERLE, 2011).
não funciona sozinho, é necessário cooperados com força de vontade para não desistirem diante de
Ao final do texto, pode-se concluir que tanto o
obstáculos.
associativismo como também o cooperativismo são duas formas de participação comunitárias essenciais
De acordo com Dotta et al. (2008) as cooperativas
não apenas para pequenos produtores rurais como
de leite tiveram uma participação histórica no setor
também para grandes produtores rurais, pois estas
de leite pasteurizado, mas essa atividade foi
formas de participação mútua permitem um leque de
prejudicada quando as multinacionais chegaram,
opção e de melhorias tanto de ordem produtiva como
prejudicando
das
também de ordem comercial, em que a união dessas
empresas do setor privado, ou seja, ocorreu uma
pessoas permite um maior incremento da eficiência
desvalorização de uma menor atividade rural com a
do sistema de produção, como no caso da atividade
chegada de uma grande empresa no ramo do leite.
leiteira, que dependendo da situação pode ser
na
compra
ou
incorporação
Em um trabalho realizado por Craco et al. (2014) através da aplicação de um questionário a quinze produtores de leite na cidade de Nova Xavantina-
considerada uma atividade frágil, pois os produtores podem se tornarem reféns de grandes empresas processadoras, atravessadores etc.
MA, os dados coletados eram acerca de sua criação,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
se possuíam maquinário para realização de suas
Verifica-se que os modelos atuais de associativismo
atividades, de que forma comercializavam o leite, se
e cooperativismo, surgem para facilitar a vida do
possuíam local apropriado para armazenamento do
produtor rural, pois sabe-se que devido à atuação de
leite etc. durante a pesquisa foi constatada uma
grandes empresas, levando a uma alta concorrência
problemática sobre a comercialização do leite, no
e
qual nessa cidade estava sendo proibido a venda do
praticamente
leite cru diretamente para as pessoas, pois o mesmo
empreendedor torne-se bem sucedido quando se
poderia estar contaminado, além disso muitos
trabalha sozinho. Dessa forma é importante que o
produtores
ao
produtor rural busque por parcerias para conseguir o
armazenamento do leite, e nem máquinas para
fortalecimento do seu próprio negócio como também
realização de suas atividades diárias em suas
dos demais vinculados.
não
possuíam
local
adequado
ao
sistema
financeiro
impossível
capitalista que
o
torna-se pequeno
propriedades, assim se lançou a proposta da implantação de uma associação para sanar tais
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8497
Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura Deficiência nutricional, intoxicação, monogástricos. Revista Eletrônica 1*
Darleny Eliane Garcia Horwat 2 Paula Teixeira Poltronieri 2 Daiane Cristina Ribeiro Dambroski Nack 3 Juliana Sperotto Brum
Vol. 16, Nº 04, jul./ ago. de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná, UFPR. *E-mail: darlenyhorwat22@gmail.com. 2 Graduanda em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná, UFPR. 3 Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná, UFPR.
RESUMO As
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
VITAMINS AND MINERALS IN SWINE NUTRITION:
vitaminas
e
os
minerais
são
substâncias
LITERATURE REVIEW
essenciais ao metabolismo animal e devem estar
ABSTRACT
presentes
e
Vitamins and minerals are essential substances to
concentração variam entre os alimentos, e a
animal metabolism and must be present in their diet.
disponibilidade é afetada por diversos fatores, como
However, the presence and concentration between
a interação com outros compostos. Este trabalho
ingredients and their availabilityare affected by
objetivou elaborar uma revisão de literatura sobre as
several factors, such as the interaction with other
principais características das vitaminas e minerais,
compounds. This paper aimed to elaborate a review
bem como as consequências de suas deficiências e
of the literature about the main characteristics of
excessos na alimentação de suínos. As vitaminas e
vitamins and minerals, as well as the consequences
minerais atuam como cofatores enzimáticos em
of
muitas reações estão envolvidos no metabolismo de
feed.Vitamins
proteínas,
outras
cofactors in many reactions, they are involved in the
funções como, por exemplo: atuação da vitamina K
metabolism of proteins, carbohydrates and lipids
na coagulação; ação antioxidante da vitamina E, e
among other functions, for example: vitamin K in
selênio;
(ferro);
coagulation; antioxidant action of vitamin E and
formação do esqueleto. Tanto a deficiência quanto o
selenium; composition of hemoglobin (iron); bone
excesso desses nutrientes podem acarretar em
skeletal formation. Both, the deficiency and the
prejuízos a saúde dos suínos. As consequências da
excess of these nutrients, can lead to damages to the
deficiência ou excesso dessas substâncias estão
swine’s health. The consequences of deficiency or
geralmente associadas à redução do ganho de peso,
excess of these substances are generally associated
problemas reprodutivos, ósseos, dermatológicos e
with reduced weight gain, problems in reproduction,
manifestações
bone
na
dieta.
Porém,
carboidratos
composição
e
da
a
lipídios
presença
entre
hemoglobina
neurológicas.
Desta
forma
é
their
deficiencies and
formation,
and
excesses
minerals
dermatology
act
as
and
in
swine
enzymatic
neurological
importante que as vitaminas e minerais sejam
manifestations. In this way it is important that
fornecidos de forma equilibrada e de modo a atender
vitamins and minerals are provided in a balanced
as exigências dos suínos.
way and in order to reach the requirements of
Palavras-chave: deficiência nutricional; intoxicação;
swines.
monogástricos.
Keyword: nutritional monogastric.
8498
deficiency;
intoxication;
Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
INTRODUÇÃO
suínos
Vitaminas e minerais são substâncias essenciais ao metabolismo normal dos seres vivos e contribuem
CLASSIFICAÇÃO DAS VITAMINAS E MINERAIS
para o crescimento e manutenção da saúde. Esses
As vitaminas são classificadas em lipossolúveis
nutrientes devem estar presentes na dieta, já que os
(solúveis em lipídios e solventes orgânicos –
minerais e grande parte das vitaminas não é
vitaminas A, D, E e K) e hidrossolúveis (solúveis em
sintetizada
água - vitaminas do complexo B e vitamina C). Os
pelo
organismo
(SANTANA,
2013;
minerais necessários em maiores quantidades são
MORENO et al., 2012; PISSININ, 2016).
classificados como macrominerais, enquanto que os A presença e concentração dessas substâncias
necessários em menor quantidade são classificados
variam entre os alimentos, e a disponibilidade é
como microminerais ou elementos traço (YAGUE,
afetada por diversos fatores, como a interação com
2009; MORENO et al., 2012; SANTANA, 2013).
outros compostos. Pode ocorrer, por exemplo, a deficiência de um mineral devido ao nível excessivo
VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
de outro, sendo que o antagonismo entre cobre e
Vitamina A - Além da conhecida atuação no
ferro, cobre e zinco, iodo e ferro, cálcio e cobre e
processo visual, a vitamina A também está envolvida
cálcio e zinco são frequentemente citados (GAUDRÉ
em outras funções do organismo, como a síntese de
& QUINIOU, 2009). As exigências dos suínos
algumas glicoproteínas, regulação do crescimento e
também são afetadas por diversos fatores, como o
diferenciação celular, reprodução e desenvolvimento
potencial genético, fase de criação e sanidade
embrionário, resposta imune (SIGNOR et al., 2013) e
(SANTANA, 2013).
manutenção do tecido epitelial. A sua atuação no processo visual ocorre por meio do transretinol, um
A deficiência de minerais e vitaminas não se
derivado desta vitamina envolvido na síntese e
manifesta imediatamente, podendo levar semanas e
regeneração cíclica da rodopsina, uma proteína de
até meses para serem observados sinais de
membrana presente nas células fotorreceptoras
carência. Já os sinais de intoxicação podem se
adaptadas a baixa intensidade de luz (DARROCH,
manifestar de maneira tanto aguda como crônica
2001).
(MORENO et al., 2012; SANTANA, 2013). A ingestão de vitamina A diz respeito à absorção da Em
criações
intensivas
esses
nutrientes
são
vitamina pré-formada ou de provitaminas, compostos
adicionados na fabricação das rações com base nos
que no organismo são transformados em vitaminas,
requerimentos de cada fase de criação. Desta forma,
sendo o betacaroteno o principal deles. Os alimentos
a ocorrência de carências ou intoxicações é pouco
de origem animal como fígado, leite e ovos são
frequente. Pode ocorrer devido a fatores como
fontes da vitamina A pré-formada. Já vegetais como
redução do consumo alimentar, variabilidade no
cenoura, batata doce, manga e espinafre são fonte
conteúdo nutricional de alguns ingredientes da ração
de betacaroteno (FRANCO, 2008; COZZOLINO,
e erros na formulação e preparo (GAUDRÉ &
2009).
QUINIOU, 2009; MORENO et al., 2012). Já em criações tradicionais de baixo investimento, os
Em suínos, a deficiência de vitamina A causa
produtores geralmente utilizam alimentos disponíveis
principalmente sinais neurológicos, como andar
no local ou na região, não havendo a garantia de
cambaleante, incoordenação, espasmos e paralisia,
uma dieta balanceada, aumentando a probabilidade
além de redução no ganho de peso, corrimento
da ocorrência de doenças por carências (MUTUA,
ocular, cegueira, disfunção respiratória e rugosidade
2012).
na pele. As porcas podem apresentar distúrbios no ciclo
estral,
reabsorção
fetal,
aborto
e
gerar
Este trabalho objetivou elaborar uma revisão de
natimortos. Nos abortos e natimortos podem ser
literatura sobre as principais características das
observados anoftalmia, microftalmia, fenda palatina,
vitaminas e minerais, bem como as consequências
lábio
de suas deficiências e excessos na alimentação de
(DARROCH, 2001; MORENO et al., 2012).
leporino
e
patas
traseiras
deformadas
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8498-8507, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
8499
Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
Podem ocorrer intoxicações pela vitamina A durante
oxidativos que protegem o organismo da ação de
uma suplementação excessiva como tratamento da
radicais livres e melhora a resposta imunológica
hipovitaminose ou na utilização injetável como
(ARAÚJO, 2010a). A vitamina E apresenta também
protocolo para trazer benefícios à reprodução. Os
um papel no desenvolvimento embrionário, Umesiobi
sintomas
fraturas
(2009) demonstrou em seu estudo a importância da
espontâneas, hemorragias, diminuição do apetite e
vitamina E na otimização das taxas de fecundidade e
do ganho de peso e espessamento da pele
no tamanho da ninhada das porcas. Os alimentos
(DARROCH, 2001).
que contêm maiores concentrações de vitamina E
incluem
malformações,
são os cereais e óleos vegetais (COZZOLINO, Vitamina D - É encontrada sob várias formas, sendo
2009).
as principais colicalciferol (D3), formado a partir do colesterol; e oergocalciferol (D2), formado a partir do
A maior parte dos sinais de deficiência de vitamina E
ergosterol. Sua principal função é a regulação da
está associada com a deficiência de selênio. Nos
homeostase do cálcio e do fósforo. Isso ocorre por
suínos
meio de uma maior absorção no intestino delgado,
vasculares e musculares que podem lavar o animal à
pela
e
morte. Distrofia muscular, hepatose dietética e
da
microangiopatia nutricional ou “doença do coração
reabsorção nos túbulos renais (COZZOLINO, 2009;
de amora” são as principais doenças relacionadas à
MARQUES, 2010). A principal fonte ocorre pela
deficiência de vitamina E, e selênio. Os animais
formação endógena na epiderme após a exposição
acometidos podem apresentar icterícia, dificuldade
à radiação ultravioleta-B. Na dieta está pouco
de locomoção, tremores musculares, apatia e
presente nos alimentos de origem vegetal. Sua
dispneia; em muitos casos os suínos apresentam
forma
morte súbita (ARAÚJO, 2010a; MORENO et al.,
regulação
osteoclástica
da
dos
atividade
ossos
biologicamente
e
osteoblástica
pelo
ativa
aumento
é
o1α,
25-di-
são
encontradas
alterações
cardíacas,
2012). Não foram encontrados casos de intoxicação
hidroxivitamina D3 (MADSON & GOFF, 2012).
por vitamina E na literatura. A carência de vitamina D causa diminuição da absorção de cálcio, podendo levar ao aparecimento
Vitamina K - Os compostos com atividade de
de sinais de hipocalcemia. Nos animais jovens é
vitamina
relatada diminuição do depósito de cálcio nos ossos
presentes em alimentos de origem vegetal, e as
em crescimento (raquitismo) e nos adultos, perda de
menaquinonas, sintetizadas por bactérias da flora
cálcio nos ossos formados (osteomalacia). Suínos
intestinal (FRANCO, 2008; COZZOLINO, 2009). A
afetados
função
apresentam
retardo
no
crescimento,
K
são
mais
agrupados
conhecida
em
desta
filoquinonas,
vitamina
é
a
membros
participação no processo de coagulação sanguínea,
posteriores, aumento das articulações e apatia.
sendo necessária para a formação da protrombina e
Quando são criados ao ar livre e expostos ao sol os
dos fatores de coagulação VII, IX e X. A vitamina K
suínos não necessitam de suplementação dietética
também está envolvida na formação óssea. São
(MORENO et al., 2012; MADSON & GOFF, 2012).
exemplos de fontes desta vitamina, brócolis, couve-
Em casos de hipervitaminose ocorre atraso no
flor, acelga e espinafre (COZZOLINO, 2009).
claudicação,
fraturas,
paralisia
dos
crescimento, diminuição da conversão alimentar e calcificação de tecidos moles (CRENSHAW, 2001).
A deficiência de vitamina K nos suínos gera um retardo no tempo de coagulação do sangue. Podem
Vitamina E - O termo vitamina E refere-se a uma
ocorrer hemorragias internas, anemia, hematúria,
família de oito compostos homólogos sintetizados
taquipneia
pelas plantas. Estes compostos dividem-se em
subcutâneo (MORENO et al., 2012). Os suínos são
tocofenóis e tocotrienóis. Dentre estes compostos o
resistentes a altas doses de vitamina K, sendo a
alfa-tocoferol é o mais ativo (COZZOLINO, 2009).
intoxicação
Esta
experimentais. Os sintomas de intoxicação incluem
vitamina
é
o
principal
antioxidante
de
membranas biológicas, participa dos processos anti-
anemia
e
sinais
de
demonstrada
hemolítica,
hemorragia
apenas
hiperbilirrubinemia
cerebral (CRENSHAW, 2001). 8500
em
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no
tecido
trabalhos e
dano
Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
cardíaca (DOVE & COOK, 2001).
VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS Vitamina C - A vitamina C, ou ácido ascórbico, é sintetizada pela maioria dos animais. O ascorbato
Riboflavina (Vitamina B2) - É uma vitamina
forma biologicamente ativa da vitamina, possui
hidrossolúvel encontrada principalmente na carne,
funções em diversas reações químicas, podendo
peixe e vegetais de cor verde-escura. Sua função é
atuar como cofator ou co-substrato para diferentes
como precursora da flavina adenina dinucleotídeo
enzimas. Essa vitamina age no metabolismo da
(FAD)
fenilalanina, tirosina, colesterol e glicose; participa
componentes das flavoenzimas, enzimas que atuam
da síntese da norepinefrina e do colágeno; atua na
em reações de transferência de hidrogênio e
formação da matriz óssea e na função leucocitária; e
importantes participantes da cadeia transportadora
aumenta a absorção de ferro (DOVE & COOK, 2001;
de elétrons (SOUZA et al., 2005). Desta forma, a
FRANCO, 2008; COZZOLINO, 2009). É encontrada
riboflavina
quase que exclusivamente em alimentos de origem
metabolismo dos lipídios, proteínas e glicídios
vegetal, como o mamão papaia, kiwi, melão e laranja
(FRANCO, 2008).
(COZZOLINO, 2009).
e
flavinamononucleotídeo
apresenta
um
papel
(FMN),
importante
no
Em suínos em crescimento, os sinais clínicos da
A vitamina C não necessita ser fornecida na dieta de
deficiência
suínos porque pode ser sintetizada pelo organismo,
retardado, catarata, espessamento e erosões na
desta forma não têm sido observados sinais de
pele,
carência (DOVE & COOK, 2001). As vitaminas
reprodutivas.
hidrossolúveis, de uma maneira geral, não são
lesões como descoloração hepática e dos rins,
armazenadas em
quantidades significativas no
esteatose hepática, degeneração dos óvulos e
organismo. A ingestão excessiva dessas vitaminas
degeneração mielínica dos nervos isquiático e
não provoca danos ao organismo, pois o excesso é
braquial (MORENO et al., 2012).
rapidamente eliminado por meio da urina (CASERTA & PILOTO, 2016).
de
riboflavina
alopecia, Em
incluem
anorexia, casos
crescimento
vômitos
severos
e
falhas
descrevem-se
Piridoxina (Vitamina B6) - Pode ser encontrada em três formas diferentes: piridoxamina, piridoxal e
Tiamina (Vitamina B1) - O pirofosfato de tiamina
piridoxol, todas elas fisiologicamente ativas. Atua
(TPP) é a forma fisiológica ativa da tiamina. O TPP é
como cofator em diversas reações enzimáticas e
essencial para o metabolismo de carboidratos e
está relacionada principalmente ao metabolismo de
proteínas. Tem atuação como coenzima em vários
aminoácidos, mas também atua no metabolismo dos
sistemas
na
carboidratos e lipídios. A piridoxina está presente na
descarboxilação oxidativa do piruvato para formação
maioria dos alimentos, em maior proporção nos de
do acetil coenzima A (COZZOLINO, 2009). A tiamina
origem animal (FRANCO, 2008; COZZOLINO, 2009).
enzimáticos
e
é
necessário
é encontrada em um grande número de alimentos, tanto de origem animal como vegetal (FRANCO, 2008).
Sua deficiência leva à redução do apetite e da taxa de crescimento dos suínos. Quando avançada pode levar ao desenvolvimento de exsudato ao redor dos
Os principais sintomas de deficiência tiamínica estão
olhos, convulsões, ataxia, coma e morte (MORENO
relacionados principalmente com o sistema nervoso
et al., 2012). Nos suínos com carência desta
e o aparelho cardiovascular (FRANCO, 2008). Vieira
vitamina têm sido descritas alterações degenerativas
et al. (2016) demonstraram que a deficiência de
nos nervos periféricos, células da raiz dos gânglios
tiamina
dorsais e posteriores da coluna e medula espinhal
durante
um
período
inicial
de
desenvolvimento pode fazer com que os indivíduos apresentem comprometimento motor e alterações neurotransmissoras
excitatórias
e
inibitórias
persistentes. Nos suínos, além dos sinais nervosos podem ocorrer também diminuição do apetite e consequente perda de peso, bradicardia e hipertrofia
(FRANCO, 2008). Cobalamina
(Vitamina
B12)
-
É
sintetizada
exclusivamente por microrganismos, sendo que, a única fonte na dieta são os alimentos de origem animal (COZZOLINO, 2009). Está envolvida na formação dos glóbulos sanguíneos, da bainha
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8501
Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
dos nervos e do ácido nucleico, e está inter-
2002). A deficiência de ácido fólico nos suínos
relacionada com outros nutrientes, principalmente o
pode
ácido fólico (FRANCO, 2008). Funciona também
descoloração do pelo e anemia (MORENO et al.,
como um cofator essencial para duas enzimas: a
2012).
metionina
sintase
e
causar
retardo
no
crescimento,
L-metilmalonil-coAmutase,
ambas envolvidas no metabolismo de eliminação da
Ácido pantotênico (Vitamina B5) - Tem sua
homocisteína (PANIZ et al., 2005).
função por ser parte da coenzima A (CoA).
151-154, 2008.
Participa de dezenas de vias enzimáticas como mediador na transferência de grupos acetil.
A deficiência da vitamina B12 pode ocasionar
Desempenha função no metabolismo de ácidos
transtornos
graxos, aminoácidos e carboidratos e na síntese
hematológicos,
neurológicos
e
cardiovasculares (PANIZ et al., 2005). Nos suínos os
de
colesterol,
hormônios
esteroides,
sinais clínicos mais encontrados são: redução do
neurotransmissores, porfirinas e hemoglobina
apetite e do ganho de peso, incoordenação dos
(MORESCHI & MURADIAN, 2007). Suas fontes
membros posteriores, dermatite e anemia. Nos
alimentares são principalmente a carne, ovo,
leitões a alteração mais evidente é o retardo no
batata, aveia e brócolis (COZZOLINO, 2009).
crescimento (DOVE & COOK, 2001; MORENO et al., Suínos com carência de ácido pantotênico têm
2012).
como Niacina
(Vitamina
hidrossolúvel
cujo
B3) papel
-
É
uma
metabólico
vitamina é
como
principal
sintoma
o
andar
anormal,
denominado passo de ganso, que resulta da degeneração
e
desmielinização
dos
nervos
precursor das coenzimas nicotinamida adenina
periféricos dorsais. Outros sinais são o retardo no
dinucleotídeo
crescimento, anorexia, diarreia e pele seca e
(NAD)
e
nicotinamida
adenina
dinucleotídeo fosfato (NADP). Estas coenzimas
escamosa (MORENO et al., 2012).
estão envolvidas no metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, e são importantes no processo
Biotina (Vitamina B7) - Atua como cofator
de geração de energia (COZZOLINO, 2009). Esta
enzimático e é importante para o grupo das
vitamina é encontrada em maior quantidade na
caboxilases. Está envolvida no metabolismo das
carne, no leite e nos legumes e está amplamente
proteínas e dos carboidratos e age diretamente
distribuída nos grãos (FRANCO, 2008).
na formação da pele (ARAÚJO et al., 2010b). Ela está presente na maioria dos alimentos, no
Em suínos a deficiência de niacina pode causar
entanto sua disponibilidade é variável. Uma parte
vômito, diarreia, anorexia, retardo no crescimento,
da exigência de biotina pode ser atendida pela
queda das cerdas, dermatite, anemia, ulcerações na
síntese
mucosa oral, gastrite ulcerativa e inflamação e
(COZZOLINO, 2009). A deficiência de biotina em
necrose do ceco e cólon (DOVE & COOK, 2001;
suínos resulta em redução do crescimento e da
MORENO et al., 2012).
eficiência
microbiana
alimentar.
no
intestino
Também
pode
grosso
ocorrer
alopecia, dermatite, rachadura nos cascos, ataxia Ácido fólico (Vitamina B9) – Os folatos, termo
e convulsões (ARAÚJO et al., 2010b).
usado para se referir ao ácido fólico e aos compostos com atividade do ácido fólico, estão
MACROMINERAIS
envolvidos
bioquímicos
Cálcio - É o elemento mineral mais abundante no
por meio da
organismo animal. A maior parte do cálcio está
transferência de compostos monocarbonados, sendo
presente nos ossos e nos dentes e o restante
importantes para a interconversão da serina e
está distribuído no sangue e tecidos moles. Nos
glicina, para a oxidação da histidina e para a síntese
ossos há uma constante deposição e reabsorção
de purinas e pirimidinas. Entre as principais fontes
de cálcio devido a ação do paratormônio e da
de ácido fólico estão as vísceras e vegetais folhosos
calcitonina. Sua absorção é dependente da
verde-escuro (DOVE & COOK, 2001; BALUZ et al.,
vitamina D e pode ser prejudicada pela presença
em
diversos
processos
essenciais para a vida. Atuam
8502
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Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
de fitatos e oxalatos (FRANCO, 2008). Dentre as
Em casos de deficiência deste mineral na dieta, são
funções do cálcio no organismo estão a formação
encontrados sinais clínicos relacionados a problemas
dos ossos e dentes, a ativação e estabilização de
de mineralização óssea, assim como na deficiência
sistemas enzimáticos, a participação na contração
de cálcio (AROUCA et al., 2010). Percentuais de
muscular,
na
fósforo acima de 1,5% podem causar mobilização de
transmissão do impulso nervoso e a manutenção da
cálcio dos ossos, mesmo que este esteja em níveis
permeabilidade normal das células (SANTANA,
normais. Ocorre desta forma osteodistrofia fibrosa ou
2013). O cálcio é encontrado em maior concentração
hiperparatireoidismo secundário a hiperfosfatemia
no leite e derivados, também na carne de algumas
(SOBESTIANSKY et al., 2012).
na
coagulação
sanguínea
e
espécies de peixe, como a sardinha e o lambari, e em algumas hortaliças como a couve e o espinafre
Cloro - É um dos íons mais importantes na
(UNICAMP, 2011). Grãos de cereais e fontes de
regulação da pressão osmótica, desempenha um
proteína
tradicionalmente
papel fundamental na manutenção do equilíbrio
utilizados na alimentação dos suínos, são pobres em
ácido-básico e atua também na transmissão do
cálcio, desta forma é de grande importância sua
impulso nervoso. O cloro secretado pela mucosa
suplementação na dieta (CRENSHAW, 2001).
gástrica como ácido clorídrico acarreta acidez
vegetal,
ingredientes
necessária para digestão no estômago e para Quando a dieta é pobre em cálcio, o organismo
ativação de enzimas (FRANCO, 2008). Sua principal
recorre
demanda
fonte é o sal comum (cloreto de sódio) (PATIENCE &
metabólica (SANTANA, 2013), desta forma os suínos
ZIJLSTRA, 2001). Os sinais clínicos de carência e
apresentam os mesmos sinais discutidos no excesso
intoxicação são abordados em associação com o
de vitamina D. Porcas com alta produção de leite
sódio (SOBESTIANSKY et al., 2012).
aos
ossos
para
atender
a
estão sujeitas a apresentar febre vitular, também como
Sódio - É essencial para manutenção da pressão
consequência da hipocalcemia (MORENO et al.,
osmótica, atua no balanço ácido-básico, faz parte
2012). Por outro lado, o excesso de cálcio na dieta
dos processos de contração muscular e cardíaca,
prejudica a eficiência alimentar levando a redução do
além de ser um fator importante na transmissão do
ganho de peso e interfere na absorção de outros
impulso nervoso (YAGÜE, 2009). Os alimentos de
minerais como o zinco e o fósforo. Níveis elevados
origem
de fósforo também irão resultar no prejuízo da
concentração de sódio, e o sal comum é a principal
absorção do cálcio, devendo esses dois minerais ser
fonte. A homeostasia do sódio é regida pela
mantidos em equilíbrio (SOBESTIANSKY et al.,
aldosterona, responsável por controlar a reabsorção
2012).
deste mineral nos túbulos renais (FRANCO, 2008).
Fósforo - É o segundo mineral em maior quantidade
A deficiência de cloreto de sódio (NaCl) manifesta-se
no
nos
pela redução no consumo e na taxa de crescimento,
fosfolipídios, um dos principais componentes da
e piora na conversão alimentar. Os suínos podem
membrana celular, em nucleotídeos e em ácidos
apresentar alotriofagia, lambendo as instalações em
nucleicos. Entre suas funções está a participação na
busca de sal (MORENO et al., 2012). Por outro lado,
formação do esqueleto, o auxílio na manutenção do
o excesso de NaCl é tóxico aos suínos sendo o nível
pH devido sua ação tamponante, o armazenamento
máximo tolerado na dieta de 3,14% de sódio ou 8%
e transporte de energia e a ativação de enzimas
de NaCl (YAGÜE, 2009; BOOS et al., 2012). A
(COZZOLINO, 2009; AROUCA et al., 2010). É
intoxicação se caracteriza pelo aparecimento de
encontrado em maior quantidade em alimentos de
alterações neurológicas que atingem grande parte de
origem animal (UNICAMP, 2011). Os vegetais
animais.
apresentam uma quantidade considerável de fósforo,
salivação excessiva, movimentos de pedalagem,
porém a maior parte está indisponível por estar
opistótono, tremores musculares, convulsão e morte
ligada ao ácido fítico (MAGNAGO et al., 2015).
(BOOS et al., 2012).
chamada
de
organismo
paresia
animal.
da
parturiente,
Está
presente
animal
Podem
são
ser
os
que
observados
contêm
sinais
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maior
como
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Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
Potássio - Tem atuação na contração muscular, na
(UNICAMP, 2011). Embora a exigência do suíno seja
transmissão do impulso nervoso, no controle do
inferior a 10 mg, é comum ser realizada a
balanço eletrolítico, no equilíbrio hídrico e é cofator
suplementação em dietas de leitões próximo de 150
para muitas ações enzimáticas. As principais fontes
mg/kg de matéria seca, devido a um efeito promotor
na dieta são a batata inglesa, carnes, leguminosas,
de crescimento durante esta fase (GAUDRÉ &
banana, couve e laranja (FRANCO, 2008; YAGÜE,
QUINIOU, 2009).
2009). A deficiência de potássio em suínos causa anorexia, pelagem áspera e crespa, emagrecimento,
Nos suínos a deficiência de cobre pode levar a
bradicardia e ataxia (MORENO et al., 2012). Casos
anemia, deformações ósseas e fraturas, deficiências
de intoxicação são raramente relatados. Os níveis
na
tóxicos não são bem definidos, sendo 3% o valor
despigmentação e distúrbios cardíacos (MORENO et
mais aceito (PATIENCE & ZIJLSTRA, 2001).
al., 2012). Por outro lado, o excesso deste mineral
queratinização
e
produção
de
colágeno,
pode causar danos aos hepatócitos e as membranas Magnésio - Atua em muitas reações enzimáticas.
dos eritrócitos. Deste modo, podem ser observados
Tem
da
sinais como anemia, apatia, vômito, diarreia, melena,
estabilidade cardíaca e do tônus vasomotor, na
hemoglobinúria, icterícia e tremores musculares
transmissão do impulso nervoso e na excitabilidade
(SOBESTIANSKY et al., 2012).
um
papel
neuromuscular.
importante
Também
no
está
controle
envolvido
no
metabolismo das proteínas, gorduras e carboidratos e
na
integridade
óssea
(FRANCO,
2008;
COZZOLINO, 2009; YAGÜE, 2009). O magnésio é amplamente distribuído nos alimentos, mas em diferentes concentrações, sendo que os vegetais folhosos são as principais fontes, seguidos pelos
Ferro
-
É
conhecido
principalmente
por
ser
constituinte da hemoglobina nas hemácias, atuando assim no transporte do oxigênio, mas também é o componente de outras moléculas importantes, como a mioglobina no músculo e a ferritina no fígado (GAUDRÉ & QUINIOU, 2009). Além disso, participa de reações de oxidação e redução como um
legumes (COZZOLINO, 2009).
carreador de elétrons. Alimentos de origem animal e Raramente ocorre deficiência de magnésio nos
sementes de leguminosas são as principais fontes
suínos devido sua presença em diversos alimentos.
de ferro. A presença de fitato, ácido oxálico, fibra
Os sinais clínicos de carência incluem anorexia,
alimentar e altas concentrações de cálcio prejudicam
baixo
sua absorção (COZZOLINO, 2009).
crescimento,
hiperirritabilidade,
espasmos
musculares, perda de equilíbrio, tetania e morte. Informações sobre a intoxicação por esse mineral são escassas. É aceito pela literatura que um nível de até 0,3% de magnésio no total de matéria seca da dieta não provoca danos aos suínos. (PATIENCE & ZIJLSTRA, 2001; YAGÜE, 2009).
A anemia por deficiência de ferro é um problema comum
em
leitões,
sendo
que
os
animais
acometidos manifestam sinais clínicos como: apatia, atraso no crescimento, mucosas pálidas e dispneia (MORENO et al., 2012). Esta doença ocorre como resultado de vários fatores, como o baixo nível de
MICROMINERAIS
reserva ao nascimento e o baixo teor de ferro no
Cobre - Participa de muitas reações de oxidação e é
colostro e no leite da porca. Desta forma a aplicação
necessário para a síntese da hemoglobina e
injetável de ferro dextrano é uma prática comum na
mioglobina (GAUDRÉ & QUINIOU, 2009). Participa
suinocultura e mostra-se eficiente na prevenção da
da manutenção dos sistemas vascular, esquelético,
anemia ferropriva (STARZYNSKI et al., 2013;
nervoso e imunológico. Também atua nos processos
PISSININ, 2016). Leitões com acesso a terra com
de pigmentação da pele e dos pelos (YAGÜE, 2009).
boas concentrações de ferro não necessitam de
É encontrado em maior concentração no leite e
suplementação, pois podem atender a demanda
derivados, também na carne de algumas espécies
desse mineral por meio do consumo da mesma
de peixe, como a sardinha e o lambari, e em
(ALMEIDA et al., 2016). Em casos de intoxicações
algumas hortaliças como a couve e o espinafre
são observados sinais clínicos como: incoordenação,
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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8498-8507, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
Artigo 495 - Vitaminas e minerais na nutrição de suínos: revisão de literatura
tremores, convulsões, vômito e diarreia ou pode ocorrer
uma
reação
anafilática
rígido (SOBESTIANSKY et al., 2012).
aguda Selênio - É um mineral exigido em quantidades
(SOBESTIANSKY et al., 2012).
mínimas, porém essencial ao organismo. Entre suas Iodo - Este elemento traço tem uma alta absorção
funções estão: participação no sistema imunológico,
pelo trato gastrointestinal, sendo que no intestino é
proteção
convertido em iodeto para ser absorvido e a maior
participação da conversão do T4 em T3 e ação
parte é transportada da corrente sanguínea para
antioxidante
glândula tireoide.
glutationaperoxidase.
composição
Sua principal atuação é na
dos
por
ação
ser
de
metais
pesados,
componente
da
enzima
quantidade
de
selênio
A
contida em um mesmo tipo de alimento é muito
iodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4) (FRANCO,
variável, refletindo a concentração no solo. São
2008).
na
alimentos fontes de selênio as castanhas, alfafa,
sistema
frutos do mar, repolho e brócolis (COZZOLINO,
hormônios
termorregulação,
no
tiroidianos
a
tri-
Esses
hormônios
contra
possuem
crescimento,
ação
no
nervoso e cardiovascular e afetam o metabolismo
2009).
dos carboidratos e lipídios (YAGÜE, 2009). Os sinais clínicos da deficiência de selênio em Deficiências
severas
no
suínos estão associados à deficiência de vitamina E,
desenvolvimento dos suínos, letargia e aumento da
já relatados anteriormente. Quando em excesso, o
tireoide. Pode ocorrer também um aumento no
selênio pode levar a intoxicação e são relatadas
número de leitões natimortos ou nascimento de
diferentes
leitões
2009;
dificuldade de locomoção com paresia dos membros,
MORENO et al., 2012). A exigência de iodo pode
lesões de pele e separação da borda coronária dos
ser atendia pela inclusão de iodato de cálcio ou sal
cascos, problemas reprodutivos com diminuição da
iodado na dieta dos suínos (GAUDRÉ & QUINIOU,
taxa de concepção e aumento do número de
2009). Casos de intoxicação são incomuns já que
natimortos (GOMES et al., 2014).
fracos.
provocam
(GAUDRÉ
&
atraso
QUINIOU,
apresentações
clínicas,
sendo
elas:
os suínos são relativamente resistentes, porém níveis muito elevados podem causar retardo no
Zinco - Desempenha um papel importante no
crescimento e diminuição dos níveis de hemoglobina
metabolismo por ser constituinte ou catalizador de
e ferro hepático (SOBESTIANSKY et al., 2012).
algumas enzimas. Tem atuação na síntese de proteínas,
na
calcificação
dos
ossos,
no
Manganês - É um mineral importante para o
desenvolvimento do sistema imunológico e na
desenvolvimento do esqueleto e componente de
produção de hormônios
muitas enzimas envolvidas no metabolismo de
principais fontes alimentares são os produtos de
proteínas, lipídios e carboidratos (GAUDRÉ &
origem animal como carne bovina, de peixe e aves,
QUINIOU,
na
leite, além de cereais integrais, feijões e castanhas
regulação de diversas enzimas e receptores de
(DOMENE et al., 2008). Sua absorção é afetada por
neurotransmissores.
de
diversos fatores, sendo prejudicada pela presença
manganês são as oleaginosas, como o amendoim e
de fitato e pelo excesso de cálcio (GAUDRÉ &
a noz, e outros vegetais como o agrião, espinafre e
QUINIOU, 2009; YAGÜE, 2009).
2009).
Está
envolvido
Importantes
também fontes
como a insulina. As
batata doce (COZZOLINO, 2009). A
deficiência
de
zinco
em
suínos
leva
ao
A deficiência deste mineral acarreta em prejuízos ao
desenvolvimento de uma dermatose conhecida como
crescimento, desenvolvimento do esqueleto e função
paraqueratose. Esta doença é caracterizada pelo
reprodutora. É possível observar alterações no ciclo
espessamento
estral, reabsorção fetal, redução da secreção láctea
epiteliais da pele, o que ocorre principalmente ao redor
e nascimento de leitões fracos e que apresentam
dos olhos e da boca, nas porções inferiores das patas,
ataxia (COZZOLINO, 2009; MORENO et al., 2012).
e em casos severos atinge toda a superfície corporal.
Níveis muito altos causam redução no consumo e
Ocorrem
ganho de peso, dificuldade de locomoção e andar
nascimento de um número reduzido de leitões e retardo
ou
também
hiperceratinização
problemas
das
reprodutivos,
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células
como
8505
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no
desenvolvimento
testicular
em
cachaços
entes. 3. ed. Barueri: Manole, 2009, 1334p.
(MORENO et al., 2012). Já o excesso deste mineral
CRENSHAW, T.D. Calcium, Phosphorus, Vitamin D,
ocasiona a diminuição no consumo e no ganho de
and Vitamin K in Swine Nutrition. In: LEWIS, A.J.;
peso, artrite e diarreia (SOBESTIANSKY et al.,
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padronizadas
excesso
município de Campinas. Revista de Nutrição,
dessas
substâncias
estão
geralmente
associadas à redução do ganho de peso, problemas reprodutivos, manifestações
ósseos
e
neurológicas.
dermatológicos Desta
e
forma
é
zinco
em
refeições da
com
alimentação
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do
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8507
Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes Revista Eletrônica
Excreção fecal, indicadores externos e internos, ingestão, pastejo, resíduos indigestíveis.
1*
Juliete de Lima Gonçalves 2 Sueli Freitas dos Santos 3 Rafael Teixeira de Sousa 4 Antônio Marcos Ferreira Fernandes 1
Doutora em Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba, Areia, Paraíba. *Email: julietegoncalves@gmail.com. 2 Doutora em Zootecnia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará. 3 Doutor em Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, São Paulo. 4 Mestre em Zootecnia, Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, Ceará.
RESUMO O consumo de forragem é o principal fator determinante do desempenho de animais em pastejo, o qual é influenciado por fatores associados ao animal, ao pasto, ao ambiente e às suas interações. Em pesquisas com ruminantes em pastejo é necessário utilizar-se de algumas técnicas que estimem o consumo dos mesmos, pois o consumo de matéria seca é um dos principais determinantes do processo produtivo. A estimativa acurada do consumo de matéria seca é importante para a formulação de dietas balanceadas que buscam o uso mais eficiente dos nutrientes presentes nos alimentos, com a finalidade de maximizar o desempenho animal e minimizar o impacto ambiental. Dentre as técnicas utilizadas atualmente para se estimar o consumo, o uso de marcadores vem sendo utilizados com esta finalidade. Objetivou-se com esta revisão discutir sobre a utilização de marcadores para ruminantes em pastejo, com destaque para os tipos de marcadores utilizados, suas vantagens e limitações. Ao mesmo tempo, destacar formas que possam melhorar, ou aperfeiçoar o uso desses indicadores, como forma de estimar o consumo e com isso verificar se estes animais estão consumindo as quantidades necessárias para atender as exigências nutricionais. Palavras-chave: excreção fecal, indicadores externos e internos, ingestão, pastejo, resíduos indigestíveis. 8508
Vol. 16, Nº 04, jul./ago. de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
USE OF MARKERS TO EVALUATE OF CONSUMPTION IN RUMINANTS ABSTRACT Feed intake is the main determinant of the performance of grazing animals, which is influenced by factors associated with the animal, pasture, environment and their interactions. In research with grazing ruminants it is necessary to use some techniques that estimate their consumption, since the consumption of dry matter is one of the main determinants
of
the
productive
process.
The
accurate estimate of dry matter intake is important for the formulation of balanced diets, which seek the most efficient use of the nutrients present in food, in order to maximize animal performance and minimize environmental
impact.
Among
the
techniques
currently used to estimate consumption, the use of markers has been used for this purpose. The objective of this review was to discuss the use of markers for ruminants in grazing, highlighting the types of markers used, their advantages and limitations. At the same time, highlight ways that can improve or improve the use of these indicators as a way of estimating consumption and thereby verify that these animals are consuming the necessary amounts to meet nutritional requirements. Keyword: external and internal indicators, fecal excretion, grazing, indigestible residues, ingestion.
Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
INTRODUÇÃO
método de coleta total das fezes (RODRIGUEZ et
O Brasil apresenta grande potencial para atividade
al., 2006).
pecuária a pasto, em razão da expansão territorial e da vegetação. As pastagens constituem as principais
Marcadores
fontes de nutrientes para os ruminantes, como
normalmente de fácil determinação, podendo ser
proteína e energia, além de fornecer a fibra que é
fornecidos
essencial
diretamente em
para
proporcionar
a
mastigação,
são
substâncias
juntamente algum
com
o
indigestíveis, alimento
ou
segmento do aparelho
ruminação e o funcionamento adequado do rúmen
digestório, sendo posteriormente identificados e
(FERREIRA & ZANINE, 2007). Este consumo de
quantificados nas fezes ou ao final do segmento em
forragem é o principal fator determinante no
estudo (BERCHIELLI et al., 2005). Além de serem
desempenho de animais em pastejo, o qual é
utilizados para estimar o consumo, os marcadores
influenciado por vários fatores associados ao animal,
também são utilizados para medir a produção total
ao pasto, ao ambiente e às suas interações.
de fezes, digestibilidade e o trânsito da digesta (SALMAN, et al., 2010).
Para ter um bom êxito nos experimentos de digestão com ruminantes em pastejo é necessário utilizar-se
Objetivou-se com esta revisão elucidar os aspectos
de algumas técnicas que estimem o consumo dos
relacionados ao uso de marcadores para estimativa
mesmos, pois o consumo de matéria seca é um dos
do consumo de ruminantes em pastejo, com
principais
de
destaque para evolução da técnica, vantagens e
produção. A estimativa acurada do consumo de
limitações, bem como os tipos de marcadores
matéria seca (CMS) é importante para a formulação
utilizados, sejam estes externos ou internos. Ao
de dietas balanceadas, que buscam o uso mais
mesmo tempo, poder associar, juntamente com
eficiente dos nutrientes presentes nos alimentos,
estas limitações, formas que possam melhorar ou
com a finalidade de maximizar o desempenho
aperfeiçoar o uso desses indicadores, como forma
animal e minimizar o impacto ambiental.
de estimar o consumo e com isso verificar se estes
determinantes
em
um
sistema
animais Os sistemas de produção de animais em pastejo
estão
consumindo
as
quantidades
necessárias para atender as exigências nutricionais.
sejam estes em pasto cultivado ou nativo fizeram com
que
se
despertasse
o
interesse
de
REVISÃO DE LITERATURA
pesquisadores para buscar meios de quantificar o
Uso de marcadores para estimar o consumo em
CMS de forragem em condições de pastejo. No
ruminantes
entanto,
o
A determinação do consumo é essencial para se
conhecimento do consumo de animais em pastejo
conhecer o desempenho produtivo dos animais e se
ainda é um desafio para os pesquisadores, já que
a dieta oferecida está atendendo as exigências
não se
nutricionais dos mesmos. No entanto, o consumo
de
acordo
com
pode estimar
LONGO
a forragem
(2015),
consumida de
voluntário é influenciado por diversos fatores, dentre
confinamentos. O mesmo ainda relatou que o uso de
estes pela composição bromatológica do pasto e as
bolsas para coletas totais de fezes podem ser
exigências nutricionais dos animais (FORMIGA et al.,
eficazes para ovinos, já para bovinos, em razão do
2011). Portanto, em situação de pastejo, o CMS
volume e consistência das fezes pode não ser
pode ser alterado em função dos períodos de chuvas
viável.
ou sistemas de irrigação, composição química da
diretamente,
como
se
faz
em
sistemas
dieta, e outros fatores, e o entendimento destes, Desta forma, uma das técnicas utilizadas hoje em
implicarão na adequação do manejo das pastagens
muitos trabalhos para se estimar o consumo é o uso
e suplementações estratégicas.
de marcadores.
O
uso dos
marcadores
tem
despertado grande interesse de pesquisadores na
Os procedimentos experimentais e analíticos para
área de nutrição animal, por representar avanço no
determinação das estimativas de consumo em
entendimento do processo digestivo, sendo cada vez
pastejo têm evoluído ao longo do tempo, porém
mais empregados em substituição ao tradicional
ainda continuam sendo deficientes e de baixa confia-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8508-8524, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
8509
Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
bilidade (MACHADO, 2010). Quando se estende esta
dores externos são fornecidos via oral ou ruminal por
determinação para pastagens heterogêneas, como a
meio de cápsulas de gel, papel ou misturados
caatinga, onde há uma grande variedade de
juntamente
espécies, associada à variação da disponibilidade de
marcadores internos são substâncias encontradas
forragem e os valores nutricionais ao longo do ano,
naturalmente nos alimentos (LONGO, 2015). O
podem dificultar ainda mais essa determinação.
mesmo ressaltou que a estimativa do consumo por
com
o
concentrado,
enquanto
os
meio de marcadores não pode ultrapassar o período Uma das técnicas que vem sendo utilizadas para
de 24 horas, além da variação da excreção fecal ao
estimar o consumo em pastejo é baseada no
longo do tempo, sendo necessárias coletas em
princípio de que a excreção fecal de um animal é
vários dias.
inversamente proporcional à digestibilidade, mas diretamente relacionada à quantidade de alimento
Conforme Valadares Filho & Marcondes (2009), a
ingerido (CARVALHO et al., 2007). No entanto, a
utilização
determinação da digestibilidade é essencial para
indigestibilidade do material utilizado. Conhecendo a
evitar erros na estimativa de consumo.
quantidade do indicador fornecido seria possível, a
de
indicadores
se
baseia
na
partir do percentual de indicador nas fezes, estimar a Assim,
como
alternativa,
os
métodos
de
determinação indireta utilizando marcadores internos
excreção fecal diária do animal pela equação: Equação (I):
ou externos vem sendo adotados em substituição a coleta total de fezes. Segundo Andrigueto (1988), o
Matéria seca fecal (g) = Consumo do indicador (g)
marcador é uma substância que já está presente no alimento (marcador
interno)
% Indicador nas fezes
ou adicionada ao
alimento (marcador externo), em que a determinação
Da mesma forma, conhecendo a excreção de um
da concentração destes nas fezes dos animais
indicador interno é possível, a partir dos dados
permite calcular a digestibilidade da dieta e/ou
obtidos
nutriente além da determinação do consumo.
(VALADARES FILHO & MARCONDES, 2009).
A
técnica
indicadores
de foi
determinação
pelo
método
de
desenvolvida
em
função
do
inconveniente de realizar a coleta total de fezes
anteriormente,
estimar
o
consumo
Equação (II): Consumo de matéria seca (g) = Excreção do indicador interno nas fezes (g)
excretada (RODRÍGUEZ et al., 2006). Os mesmos
% Indicador interno no alimento ingerido
ressaltaram que os marcadores possuem vantagens por não serem invasivos, já que não necessitam da
Dentre os marcadores externos destacam-se o uso
utilização de cânulas reentrantes no trato digestivo,
do óxido de cromo (Cr2O3), dióxido de titânio, alcanos
não precisam de bolsas de coleta de fezes e até mesmo esvaziamento do trato digestivo ou abate dos animais. Além disso, o método convencional, com a coleta
total
de
fezes
é
trabalhoso
e,
em
determinadas circunstâncias, difícil de ser realizado e na maioria das vezes provocam quedas significativas de consumo (LIMA, 2007). O uso de bolsas presas aos animais para coleta total das fezes pode causar desconforto do animal causado pelos arreios e/ou pelo peso das fezes, a ponto de modificar o comportamento ingestivo e o consumo de pasto (CARVALHO et al., 2007).
e
a
lignina
isolada,
purificada
e
enriquecida
(SAMPAIO et al., 2011). Já os marcadores internos usam-se as cinzas insolúveis em detergente ácido (CIDA), lignina em detergente ácido (LDAi), matéria seca indigestível (MSi), fibra insolúvel em detergente neutro (FDNi), fibra insolúvel em detergente ácido (FDAi) e alcanos (SILVA et al., 2010). No momento da escolha do marcador a ser utilizado deve-se levar em conta, o tipo de dieta que o animal está recebendo, pois, alguns marcadores são bastante
específicos. os
et
(2005)
preconizaram
estes os marcadores externos e internos. Os marca-
comportamento diferenciado de acordo com cada
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8508-8524, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
marcadores
al.
Os marcadores são divididos em dois grupos, sendo
8510
que
Berchielli
apresentam
Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
volumoso estudado e isso se deve as diferenças na
Os marcadores internos apresentam vantagem por já
constituição da fibra de cada volumoso, podendo
estarem presentes no alimento e, de modo geral,
afetar sua taxa e extensão de degradação. Os
permanecerem distribuídos na digesta durante o
mesmos ressaltaram a importância de pesquisas
processo de digestão e excreção.
que associam tipos de indicadores (externos ou internos) com diferentes forrageiras, com intuito de
Este método é baseado no princípio em que à
se estabelecerem os melhores contrastes.
medida que o alimento passa pelo trato digestivo, a concentração
do
indicador
pela
aumenta
Alguns fatores podem ainda afetar a acurácia nos
progressivamente
remoção
de
outros
resultados de determinação do consumo com a
constituintes por digestão e absorção (MACHADO et
utilização de marcadores, tais como o protocolo de
al., 2011). De acordo com LIPPKE (2002), o
administração do marcador, método de análise,
indicador começa a ser excretado nas fezes no
métodos de amostragem de fezes, variação na
período médio de 6 a 15 horas após o fornecimento
excreção dos marcadores e baixa recuperação fecal
do alimento que contém o indicador e essa variação
(KOZLOSKI et al., 2006).
ocorre em função da taxa de passagem. O aumento da concentração é proporcional à digestibilidade e,
Características desejáveis de um bom marcador
portanto, esta última pode ser calculada a partir da
Segundo Merchen (1993) nenhuma das substâncias
relação
usadas
indigestível presente no alimento e nas fezes
como
indicadores
possuem
todas
as
entre
a
características de indicador ideal. Entretanto, vários
coletadas, a partir
indicadores são suficientemente adequados para
(COSTA, 2015):
concentração
do
composto
desta equação III,
abaixo
fornecer dados representativos de fluxo omasal, fecais e de ingestão de matéria seca.
Equação (III): Digestibilidade =
De acordo com Salman et al. (2010) e Casali (2006)
Concentração do indicador no alimento x nutriente nas fezes x100
algumas
Concentração do indicador nas fezes x nutriente no alimento
características
são
desejáveis
nos
marcadores, como: serem substâncias indigestíveis e não assimiláveis pelo organismo, não apresentar
O uso de marcadores internos, em teoria, expressa o
nenhuma ação farmacológica sobre o trato digestivo,
real processo de digestão dos animais em pastejo.
misturar-se uniformemente com o alimento a ser
Os mais utilizados são os alcanos e resíduos de
testado, ter digestibilidade constante e conhecida,
incubação in vitro ou in situ, por um período mínimo
ser de fácil quantificação analítica, e de preferência,
de 144 horas, que
ser um componente natural do alimento a ser
(CARVALHO et al., 2007). Os mesmos ressaltaram a
testado.
importância das estimativas de digestibilidade, pois
incluem
a MSi
e FDAi
caso estas não sejam adequadamente validadas Os indicadores internos possuem naturalmente algumas destas vantagens consideradas ideais, entre estas a ausência de interferência no sistema digestivo e flora microbiana (COLLET, 2011). Outras exigências são estabelecidas, como: ser inerte e não tóxico; não apresentar função fisiológica; não influenciar nas secreções intestinais; absorção ou motilidade; não influenciar a microbiota do trato intestinal; e ser barato (LONGO, 2015).
com base em resultados de coleta total de fezes e/ou em ensaios de digestibilidade in vivo, as estimativas de consumo serão mais de caráter indicativo ou especulativo do que reais. Quando se trabalha com indicadores internos, um aspecto que deve ser observado é a possibilidade de seleção das dietas pelos animais, uma vez que o resíduo que sobra no cocho é, normalmente, rico em material indigestível, sendo necessário que se
Marcadores Internos
realize uma correção nos dados de consumo do
Os indicadores internos são componentes químicos indigestíveis presentes no alimento dos animais e totalmente recuperáveis nas fezes (SALIBA et al., 2003).
indicador em relação à fibra indigestível presente nas sobras (MACHADO, 2010). Uma maior limitação do uso dos indicadores internos em ensaios de estimativas de consumo é a variação na recuperação
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8511
Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
das fezes (SOUSA, 2014). As variações nas taxas
Kozloski et al. (2009) avaliaram o uso de indicadores
de recuperação fecal, maiores erros nas estimativas
internos, MSi e FDNi para estimar a digestibilidade
de determinação da digestibilidade e/ou produção
em ovinos, determinados após 144 horas de
fecal, a interação dos marcadores com a dieta, a
incubação in situ e conseguiram um grau de
variação da excreção do marcador ao longo do dia,
recuperação de MSi variando de 64,8 a 108,5% e o
falta de padronização das técnicas laboratoriais e a
da FDNi, de 49,5 a 67,9%. No entanto, MORAIS et
baixa concentração do marcador na dieta, podem
al. (2010) não encontraram diferenças no tempo de
constituir como restrições ao uso de marcadores
incubação sobre a concentração dos indicadores
internos (LOPES, 2007).
internos FDNi e FDAi, quando incubados in situ por 144 horas para reproduzir a fração indigestível.
Alguns indicadores internos têm sido utilizados tanto
FERREIRA et al. (2009) fizeram uma comparação
na estimativa da produção fecal, fluxo da digesta,
com o método de coleta total de fezes e o marcador
determinação do consumo e digestibilidade (MOTA,
FDNi e encontraram valores de 75,77 e 75,81%,
et al., 2013). Dentre os marcadores internos mais
mostrando o potencial deste indicador.
utilizados podem se citar: matéria seca indigestível (MSi), cinza insolúvel em detergente ácido (CIDA),
No estudo feito por Freitas et al. (2002) utilizando a
lignina em detergente ácido indigestível (LDAi),
FDNi e a FDAi em incubação in situ e in vitro por 144
lignina Klason e fibra em detergente neutro (FDNi)
horas para estimar a produção fecal em novilhos,
ou ácido (FDAi) indigestíveis (SOUSA, 2014).
verificaram na comparação de consumo com a coleta total de fezes que o melhor indicador foi a
Matéria seca (MSi), fibra em detergente neutro
FDAi. O resultado encontrado por Freitas et al.
(FDNi) e fibra em detergente ácido (FDAi)
(2002) difere do trabalho realizado por Sousa (2014)
indigestíveis
que ao avaliar a determinação do consumo de ovelhas utilizando a MSi, FDNi e FDAi observou que
Os resíduos de incubação in vitro ou in situ, por um
a MSi foi a que apresentou melhor estimativa, com
período mínimo de 144 horas, que incluem MSi,
valores próximos aos recomendados pelo National
FDAi ou FDNi são os marcadores internos mais
Research Council (NRC, 2007). Detmann et al.
utilizados (CARVALHO et al., 2007). No entanto,
(2007) corroboram com o resultado de Sousa (2014),
Kozloski et al. (2009) preconizaram que para estimar
uma vez que os mesmos observaram que a MSi e a
o consumo de animais a pasto, utilizando resíduo
FDNi são mais acurados na determinação do
indigestível como marcador interno, é necessário se
consumo de ovinos, quando comparados com a
conhecer o grau de recuperação desses indicadores
FDAi, pois esta última se mostrou mais sensível a
nos
de
erros sistemáticos decorrentes dos procedimentos
recuperação dos resíduos de MSi, FDAi e FDNi, a
laboratoriais, os quais podem reduzir a acurácia do
precisão
de
indicador. No trabalho de Maeda et al. (2011), os
consumo
indicadores de MSi e FDAi estimaram a ingestão de
sido variável
MS (IMS) com precisão, não diferindo da IMS
(BERCHIELLI et al., 2005; RODRIGUEZ et al.,
observado (oferta menos a sobra) e a FDNi, por sua
2006). Essas variações decorrem principalmente por
vez, subestimou a IMS em 26%.
ensaios e
de
digestibilidade.
exatidão
das
O
grau
estimativas
digestibilidade e a determinação do utilizando estes indicadores tem
essas frações não serem
entidades químicas
uniformes e constantes nos alimentos e não
Watanable et al. (2010) verificaram que quando a
possuírem
sua
dieta dos animais é composta por fonte rica em
2002).
carboidratos fibrosos, pode-se optar tanto pelo uso
Porém, Carvalho et al. (2007) relataram que estes
da FDNi quanto FDAi, mas para evitar dúvidas, os
determinação
um no
método
padrão
laboratório
para
(LIPPKE,
problemas não impedem o uso destes indicadores, mas enfatiza a importância de se medir o grau de recuperação deste indicador em cada experimento realizado.
8512
dois podem ser utilizados juntos. Santos (2006) trabalhando com ovinos concluíram que o uso de FDNi como indicador interno na estimativa da
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Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
digestibilidade da matéria seca (DMS) para dietas a
Detmann
et
al.
(2007)
base de forragem, pode ser considerado bastante
recuperação de indicadores internos como FDNi,
eficaz, pois pode ser utilizar posteriormente na
FDAi e MSi em ensaios de digestão com ovinos e
estimativa da ingestão para situações com ou sem
observaram alguns vícios destes indicadores. Os
concentrado. No entanto, Detmann et al. (2001)
mesmos ressaltaram que a FDA podem ter erros por
verificaram que quanto à estimativa do consumo de
sua baixa concentração nos alimentos e nas fezes,
animais sob pastejo, a FDNi não deve ser utilizada
mas erros podem estar associados também às
em experimento que utiliza dieta com alta proporção
diferentes estruturas de partículas das fezes e dos
de grãos.
alimentos,
podendo
trabalharam
conduzir
a
com
a
resultados
divergentes quanto ao consumo e a excreção dos No trabalho realizado por Arcanjo (2014) com
indicadores caso os métodos de estimativas de
caprinos em pasto nativo de caatinga, o mesmo
concentração sejam aplicados de forma inadequada.
observou que a MSi e a FDNi foram melhores para estimar o consumo quando comparados com a FDAi, 2
Lignina
em
detergente
ácido
(LDA),
Cinza
obtendo coeficientes de determinação (R ) de 0,87 e
insolúvel em detergente ácido (CIDA) e Celulose
0,79 para MSi e FDNi, respectivamente, enquanto a
indigestível
FDAi foi apenas de 0,66. O mesmo explica que este
A
resultado pode ser decorrente da própria análise
fenilpropanóides que ocorre na parede celular das
laboratorial para determinação da FDA, uma vez que
plantas forrageiras, com valor teoricamente de
o método é sequencial, e, portanto, acumula erros
digestibilidade igual a zero (SALMAN et al., 2010). O
das análises anteriores, além de que a determinação
uso da lignina, em detergente ácido (LDA) apresenta
do consumo de animais a pasto é de difícil
a vantagem de ser um método fácil, de rápida
determinação,
pois
análise, econômico e rotineiro em laboratórios de
envolvidos,
por
e
existem isso
vários
os
fatores
coeficientes
de
lignina
é
um
polímero
de
unidades
de
análise de alimentos.
determinação para consumo são mais baixos. Rodrigues et al. (2010) avaliaram a acurácia e a
Recuperações
precisão
e
relatadas por Fahey & Jung (1983) e Van Soest
encontraram R de 0,38 e 0,40, respectivamente,
(1994). A complexa e variável estrutura da lignina
mostrando
torna difícil a adoção de metodologias específicas
dos
indicadores
FDNi
e
FDAi
2
assim,
a
baixa
confiabilidade
na
positivas
e
incompletas
foram
que determinem com alta confiabilidade, sua real
repetibilidade dos resultados.
concentração. A situação é agravada ao considerar Em trabalho feito com o uso do capim Brachiaria
evidências de que a lignina dietética difere da lignina
brizantha cv. marandu, Queiroz (2007) utilizou
fecal em seus constituintes químicos (ELAN &
indicadores internos e externos para estimar a
DAVIS, 1961).
produção fecal e verificou o pior resultado para o indicador FDNi comparado com o resultado da coleta total de fezes. A superestimativa na produção fecal obtida pelo uso dos indicadores FDNi e FDAi possivelmente ocorreu pela baixa recuperação dos indicadores
nas
fezes.
Silva
et
al.
(2009)
compararam a MSi, FDNi e a FDAi com o método de coleta total de fezes e observaram que a excreção fecal estimada pelos indicadores foram diferentes do método de coleta total de fezes. Os indicadores MSi e FDNi apesar de terem apresentado melhores estimativas que outros marcadores internos, estes não são mais precisos que o método da coleta total de fezes (ARCANJO, 2014).
Silva et al. (2010), avaliaram a influencia de indicadores internos (FDNi, FDAi e lignina de Kalson) para estimativa de consumo total por novilhas e concluíram
que a lignina de Kalson é a menos
indicada para determinação do consumo, em razão do grau de impurezas decorrentes da sua inabilidade de
recuperar
fenóis.
Carvalho
et
al.
(2007)
ressaltaram que a lignina, por sua vez, é inadequada como
marcador
interno
de
digestibilidade,
e
consequentemente na determinação do consumo porque em gramíneas jovens ela é parcialmente digerida no rúmen. A cinza insolúvel em detergente ácido (CIDA) repre-
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8513
Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
senta a fração mineral que é inerte e indisponível ao animal e inclui os silicatos de origem vegetal e mineral, provenientes do solo (VAN SOEST & ROBERTSON, 1985).
posteriormente, para determinação do consumo de
forragem
(SALMAN
et
al.,
2010).
digestibilidade aparente das dietas é obtida a partir da concentração do n-alcano interno na dieta e nas amostras de fezes, seguindo a
A crítica ao uso das CIDA está associada à sua
mesma
baixa concentração nas amostras, que diminui a
indicadores internos (FUKUMOTO, 2004).
precisão das estimativas, ou à possibilidade de contaminação
A
das
amostras
com
solo,
superestimando suas concentrações (CARVALHO et al., 2007). Salman et al. (2010) corroboram com essa afirmação ao relatarem que em animais que ingerem solo durante o pastejo tendem a reter partículas minerais no rúmen, que podem posteriormente mascarar a estimativa de cinzas nas fezes.
metodologia
utilizada
com
outros
O n-alcano par, principalmente o C32, é o hidrocarboneto externo utilizado na determinação do consumo, o qual também é combinado com nalcano ímpar, sendo geralmente C29, C31 ou C33 por serem os que estão mais presentes na cera das plantas (SAVIAN, 2013). Sánchez Chopa (2012)
verificou
que
a
combinação
dos
hidrocarbonetos C32 e C33 foram eficazes nas
Sherrod et al. (1978) citaram que o uso da CIDA
estimativas de consumo de terneiros alimentados
somente será adequado, quando sua participação na
com feno de azevém. Já no trabalho realizado por
matéria seca da ração for superior a 3%. Já Zeoula
Savian (2013) a determinação do consumo feito
et al. (2002) encontraram resultados satisfatórios
com o par de n-alcanos C31 e C32 foram mais
com teores em torno de 1,2 % de CIDA na matéria
eficazes quando comparados com o par C 32 e
seca. Zeoula et al. (1999), quando trabalharam com
C33. No entanto, Mayes et al. (1986) enfatizaram
ovinos alimentados com rações contendo 1,5% de
que o mais importante na escolha do par de n-
CIDA na MS, em consumo voluntário e/ou consumo
alcano a ser escolhido é a igualdade do grau de
restrito, obtiveram valores de 140,8 e 114,2% de
recuperação do n-alcano que será dosado e
recuperação fecal, respectivamente. Os autores
aquele natural, ou seja, o que já está presente na
concluíram que esses resultados propiciaram uma
planta.
superestimativa dos coeficientes de DMS, em comparação ao método de coleta total das fezes.
Para que o consumo de forragem seja estimado com acurácia, tem sido recomendado que a
A celulose indigestível pode ser usada como
concentração de alcanos na forragem deva
marcador, mas o uso deste marcador apresenta
exceder
desvantagens como o requerimento de animais
(LAREDO et al., 1991). Entretanto, os mesmos
fistulados no rúmen e o longo tempo necessário para
ressaltaram que algumas forrageiras tropicais
que ocorra a digestão das amostras (10 dias)
contêm quantidades insuficientes de alcanos C 33.
(SALMAN et al., 2010).
Nestas espécies, os alcanos de cadeia curta podem
50
ser
mg/kg
usados,
de
matéria
seca
ocasionando,
(MS)
contudo,
Alcanos
redução na acurácia da estimativa (LAREDO et
Os alcanos são hidrocarbonetos de cadeia longa
al., 1991).
(21-37 °C) que fazem parte da cutícula das forrageiras, sendo razoavelmente indigestíveis e recuperáveis
nas
fezes
e
utilizados
para
determinação do consumo e digestibilidade das forragens (MONTEIRO et al., 2015). A simplicidade relativa
da
análise
destes
compostos
por
cromatografia de gás e sua relativa inércia foram às razões principais para considerar sua utilização como marcador, inicialmente com o propósito de determinar a digestibilidade da dieta e, 8514
Para que se tenha uma melhor acurácia e perfeita aplicação da técnica de estimativa de consumo por ruminantes em pasto apenas usando nalcanos, alguns aspectos devem ser examinados pela pesquisa, como diferenças na recuperação fecal de n-alcanos de acordo com a idade, estado fisiológico e espécie animal, concentrações dos nalcanos nas forragens e variações advindas entre espécies forrageiras, estádio de crescimento e partes da planta (LOPES et al., 2001).
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Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
Recuperação fecal de Indicadores Internos
individual diário dos animais, no entanto, os
Sein & Todd (1988) compararam o indicador CIDA e
autores ressaltaram que estes não permitem
LDAi com o método de coleta total para estimar a
estimar o consumo de períodos diferentes de 24
digestibilidade em ovinos alimentados com várias
horas, como durante uma refeição. Além disso,
dietas. Os mesmos observaram que apenas dois
existem algumas controvérsias a respeito do uso
experimentos de dezessete mostraram resultados
destes tipos de marcadores, havendo grandes
diferentes do método de CIDA pelo método de coleta
variações
total. Já Piaggio et al. (1991) utilizaram ovinos
recuperação total dos mesmos nas fezes. Em
alimentados com feno de alfafa e consumo restrito
caso de dosagens diárias constantes, este tempo
(90% do ad libitum) com teor de CIDA de 1,05% na
representa o número mínimo de dias para
MS
estabilizar
da
ração
e
obtiveram
porcentagem
de
em
a
relação
ao
excreção
tempo
fecal
para
do
à
indicador
recuperação fecal de CIDA de 83,8% ±19,2%,
(CARVALHO et al., 2007). Com isso, deve-se ter
diferindo de 100%, pelo método de coleta total.
bastante atenção na condução dos experimentos
Assim, eles ressaltaram que essas variações eram
com
decorrentes das variações nas porcentagens de
marcadores externos para determinar o consumo,
recuperação, causados pelo teor e a composição da
pois, as condições experimentais devem ser
CIDA, que podem interagir entre si.
semelhantes ao longo de todo o período de
animais
em
pastejo,
utilizando
os
fornecimento do indicador e das amostragens, Zeoula et al. (2002) trabalharam com a recuperação
para que não haja influências negativas nos
de
resultados.
marcadores
internos
e
verificaram
que
a
utilização da CIDA e da FDNi para estimar a produção fecal não diferiu de 100%, sendo igual aos
Existem vários indicadores externos que podem
valores obtidos pela coleta total de fezes. No
ser utilizados na determinação do consumo, entre
entanto, o uso da CIDA e da FDAi diferiu de 100% e
os quais os mais utilizados são: óxido de cromo,
superestimaram a produção fecal. Berchielli et al.
de ferro e de titânio (ROSA, 2016), as terras raras
(2000) verificaram que a CIDA subestimou a
lantânio, o cromo mordantado, o polietilenoglicol
digestibilidade por causa da baixa recuperação do
(PEG), quelatos como o Co-EDTA, Cr-EDTA,
mesmo nas fezes em rações com 1,16% de CIDA.
alguns alcanos, a lignina purificada e enriquecida,
Já Zeoula et al. (2000) e Ítavo et al. (2002) afirmaram
entre outros. O uso de um ou outro dependem de
que
materiais
a
FDNi
subestimou
a
digestibilidade
e
laboratoriais,
custos,
facilidade
de
apresentou altos coeficientes de variação. Freitas et
determinação e a menor variação da sua
al. (2002) também não obtiveram bons resultados
recuperação nas fezes.
com o uso da FDNi, observando que as estimativas de produção fecal obtida com o uso da FDNi in vitro
Óxido de cromo (Cr2O3)
e FDNi in situ foram sub e superestimadas,
O óxido de cromo é o indicador externo mais
respectivamente.
comumente utilizado, apresentando as vantagens de ser barato e facilmente incorporado à dieta,
Marcadores Externos Os
marcadores
externos
porém existem problemas relacionados como a ou
taxa de passagem mais rápida pelo rúmen em
compostos inertes que são administrados na ração,
relação à parte fibrosa, a possibilidade de
via oral ou intra-ruminal (MADEIRO, 2014), com o
acúmulo em alguma parte do trato digestório e a
objetivo de estimar o consumo, excreção total de
incompleta
fezes, taxa de passagem, fluxo da digesta e
(MACHADO et al., 2011). Algumas limitações
digestibilidade.
associadas
O
são
Marcador
substâncias
externo
deve
ser
mistura à
com
a
recuperação
digesta fecal
ruminal
incompleta
completamente recuperado nas fezes, e, portanto,
(SOARES et al., 2004), a sua irregularidade na
indigestível, e não pode ser absorvidos pelas
excreção ao longo dia (MORENZ et al., 2006;
paredes do trato digestivo (MOURA et al., 2013).
KOZLOSKI et al., 2006), e as propriedades
Segundo Carvalho et al. (2007), o uso de indicadores externos pode ser utilizado para estimar o consumo
carcinogênicas
(FIGUEIREDO,
2011)
ainda
persistem como problemas.
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8515
Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
Alguns fatores devem ser levados em consideração
realizados em pastejo com a utilização de
no momento da administração do óxido de cromo.
indicadores externos podem apresentar valores
Conforme Arcanjo (2014), a excreção do óxido de
subestimados para ganho de peso e consumo.
cromo está relacionada ao período de tempo, o tipo
Carvalho et al. (2007) observaram que quando há
de dieta e o número de doses diárias fornecidas para
o fornecimento do óxido de cromo via ruminal
atingir o máximo de concentração e assim obter
e/ou em horários prévios aos horários de pastejo
eficiência na recuperação deste indicador nas fezes.
dos animais reduz o estresse, contudo não evita
Penning (2004) compilou dados de literatura e
os
concluiu que o período recomendado de dosagem
densidade do cromo em relação à digesta.
problemas
associados
à
diferença
de
dos marcadores, em geral, e do óxido de cromo em particular, é de 12 dias, compreendendo um período
O consumo de matéria orgânica foi avaliado por
preliminar de sete dias e coletas de fezes nos
Rosa (2015) que utilizou o óxido de cromo como
últimos cinco dias, num regime de dosagem de duas
indicador e observou que o mesmo foi eficiente
vezes ao dia em intervalos de aproximadamente 8 a
na determinação de consumo de matéria orgânica
16 horas, com concomitante amostragem das fezes.
de cordeiras em pastejo. Zimmermann et al. (2005) verificaram que o uso do óxido de cromo
Em estudos com ruminantes, o óxido de cromo pode
em
ser ministrado através de cápsulas de gelatina,
satisfatórios, além de auxiliar na redução da
impregnado em papel de filtro ou na forma de pellets,
flutuação diária da excreção do indicador. Já
sendo fornecido uma ou duas vezes ao dia, em
Oliveira (2014) relataram que o baixo valor de
cápsulas de 1 a 10 gramas e alcança equilíbrio em
consumo de matéria seca para bovinos em
torno de seis a sete dias (SALMAN et al., 2010).
pastagem foi decorrente do fornecimento do
Penning (2004) recomendou dosagens diárias de 0,5
indicador óxido de cromo aos animais durante
a 1 g para ovinos, e 5 a 10 g para bovinos. O mesmo
nove dias, via esôfago.
rações
peletizadas
mostrou
resultados
enfatizou que o estresse causado pela administração do indicador pode ser reduzido com o fornecimento
Detmann et al. (2001) trabalharam com três
do mesmo somente uma vez ao dia. Esta alternativa
formas de utilização do cromo, dosado em uma
pode facilitar o manejo, diminuir o estresse causado
única vez, duas vezes e sua forma mordantada
aos animais e melhorar o controle da quantidade
para estimar o consumo de novilhos e verificaram
ingerida do indicador.
que
o
cromo
utilizado
apenas
uma
vez
subestimou a excreção fecal e o CMS (2,11% do Silva et al. (2009) trabalharam com novilhos da raça
peso vivo – PV em MS) sendo inferior às
nelore, utilizando o óxido de cromo em uma dose
metodologias
única de 10 g durante 12 dias, sendo sete dias de
mordantada (3,11 e 2,93% PV, respectivamente),
adaptação e regulação do fluxo de excreção do
que apresentaram melhores valores de CMS, não
marcador e cinco dias para coleta das fezes e
diferindo esses dois últimos entre si. Lima et al.
verificaram um menor ganho de peso, relacionado
(2008) aplicando o óxido crômico, uma vez ao
aos animais que receberam óxido de cromo. Os
dia, encontraram também valores subestimados
mesmos justificam que a causa deste resultado seja
de excreção fecal e, consequentemente, do CMS
provavelmente causado pelo manejo desses animais
de animais. Já Morais et al. (2010) comparando a
em que era colocado um papelote de 10 g do
estimativa de produção fecal utilizando o cromo,
marcador diretamente no esôfago com o auxílio de
encontraram um resultado de 1,26 kg/dia, muito
um cano de ferro a fim de garantir a deglutição,
próximo da coleta total de fezes que foi de 1,49
causando um estresse nos animais que resultou em
kg/dia, mostrando que pode ser utilizado com
um menor consumo e menores ganhos de pesos.
indicador.
fornecidas
duas
vezes
e
Devemos lembrar que o ideal é a utilização de animais já habituados com esse tipo de manejo, para
Muitas vezes a utilização do cromo para estimar a
que não haja tantas interferências no consumo. Com
produção fecal pode sofrer algumas variações ao
isso podemos verificar que os experimentos
longo do dia, o que foi observado por Kozloski et
8516
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Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
al. (2006), em trabalho avaliando a produção fecal de
recuperação de mais de 100%. Correa et al.
vacas leiteiras para determinação do consumo, os
(2009) relataram que a recuperação do marcador
quais observaram que a determinação do óxido de
nas fezes pode ser afetada pelo nível de
cromo em amostras coletadas pela manhã possuem
consumo do suplemento contendo o marcador.
a tendência de superestimar e, às da tarde e noite,
Com esses dados podemos verificar que a
subestimar
recuperação dos marcadores nas fezes é bem
a
produção
fecal
destes
animais,
indicando desta forma, que o uso deste indicador, só
variável de experimento para experimento.
terá precisão se a coleta de fezes for realizada em vários horários no período de 24 horas. Silva et al.
Ferreira et al. (2009) avaliaram o uso dos
(2010) avaliaram o consumo de novilhas holandês x
indicadores óxido crômico e dióxido de titânio
zebu e para isso utilizaram o indicador óxido de
para
cromo para a estimativa da produção fecal e
concentrado e da FDAi para estimar o consumo
posteriormente o consumo e verificaram que o
individual de volumoso de vacas em lactação
indicador óxido de cromo subestimou a produção
alimentadas
fecal.
consumo de concentrado foram utilizados óxido
estimar
o
em
consumo
grupo.
crômico e dióxido de
Para
de
estimativa do
titânio (10g/vaca/dia)
Na determinação do consumo de bubalinos, Soares
misturados
et al. (2011) avaliaram dois indicadores externos
verificaram que tanto o cromo como o dióxido de
(óxido de cromo e lignina purificada e enriquecida), e
titânio
observaram que os maiores valores de consumo e
consumo individual de concentrado e que a FDAi
produção fecal foi para o óxido de cromo em
é
comparação com a lignina purificada e enriquecida,
individual de silagem de milho (3,5 e 10 kg,
destacando
ser
respectivamente). Marcondes et al. (2006), em
relacionado as variações de excreção do óxido de
estudo com novilhas mestiças alimentadas com
cromo nas fezes e a possibilidade de se acumular
cana-de-açúcar e concentrado, não verificaram
em algumas regiões do trato digestório, tais como
diferença no consumo individual de concentrado
omaso e abomaso, sendo posteriormente excretado
estimado por meio do óxido crômico e do dióxido
de uma vez só. Araújo (2015) avaliaram o consumo
de
de bovinos em sistemas silvipastoris e obtiveram
observado. Os resultados obtidos com o dióxido
bons resultados com o uso do óxido de cromo para
de
determinação
próximos
Titgemeyer et al. (2001), que demonstraram que
daqueles mostrados nas tabelas de exigências
esse indicador pode ser utilizado em estudos de
nutricionais do NRC (2001) para a categoria
consumo
avaliada.
alternativa de indicador para estudos de digestão.
Na avaliação do padrão de excreção do dióxido de
Lignina isolada, purificada e enriquecida
titânio e do óxido crômico em ovelhas, Myers et al.
Pesquisadores
(2006)
duas
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG,
aplicações diárias leva à redução da amplitude total
em 2002, desenvolveram estudos sobre a lignina,
de variação em torno da média, de forma a tornar o
com o intuito de melhorar a sua determinação nas
perfil de excreção do óxido crômico mais estável e
fezes dos animais. Conforme Saliba et al. (2003),
próximo do equilíbrio desejado, com oposição ao que
os
ocorre com a dosagem única.
enriqueceram com grupamentos fenólicos não
que
do
verificaram
este
resultando
consumo,
que
o
pode
ficando
emprego
de
ao
individual
são
adequados
adequada
titânio
concentrado
para
em
titânio
para
do
comparação os
ruminantes,
da
pesquisadores
Escola
isolaram
os
mesmos
estimativa
estimativa
confirmam
em
e
ao
do
consumo
consumo
verificados
por
constituindo
uma
Veterinária
a
lignina
da
e
a
comumente encontrados na lignina da dieta Correa
et
al.
(2009)
trabalharam
com
vacas
animal, dando origem a lignina purificada e
holandesas, os quais utilizaram o cromo para
enriquecida.
determinar
caracterizados
o
consumo
e
conseguiram
uma
Esses como
grupamentos
são
hidroxifenilpropano
recuperação média do cromo nas fezes de 79,4%.
modificado e enriquecido, o qual se caracteriza
No entanto, outros autores relatam taxas de
como um indicador externo desenvolvido especi-
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Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
ficamente
para
determinação
pesquisas,
do
consumo
utilizados e
na
forma de cápsulas de gelatina na dosagem diária
digestibilidade
de 500mg/animal, fornecida uma única vez por
(CANESIN et al., 2012). De
acordo
com
dia a cada animal, com um período de adaptação
Rodríguez
et
al.
(2006)
a
apresentação comercial da lignina purificada e enriquecida na forma de cápsulas é de: 100, 250 e 500 mg, em frascos contendo 100 cápsulas ou na forma de xarope na concentração de 10.000 mg por100 ml. O período de adaptação para que a excreção seja uniforme é de 48 horas e para a colheita de fezes é três dias para aves e cinco dias para outras espécies (SOUZA, 2016).
de dois dias, sendo realizados dois períodos de coleta de fezes, de três e seis dias. O autor observou que a estimativa de consumo com o uso do indicador lignina purificada e enriquecida com coleta de seis dias apresentou menor variação comparado aos demais e que provavelmente isto teria ocorrido pela melhor representação da excreção do indicador. O uso da lignina purificada e enriquecida pode proporcionar redução no estresse dos animais, em razão do menor número
A lignina purificada e enriquecida não apresenta
de vezes necessárias de contenção do animal
variação diurna de excreção nas fezes possibilitando
para fornecimento do indicador ao animal, uma
que o seu fornecimento e a amostragem das fezes
vez
sejam feitos uma vez ao dia, exige menor tempo de
comportamento
adaptação
consequentemente a excreção fecal.
dos
animais
e
tem
baixo
custo
(RODRIGUEZ et al., 2006; Machado et al., 2011). Lima et al. (2008) revelaram que a lignina purificada e
enriquecida apresenta
químicas
bastante
consistência
propriedades
estáveis
e
químico-estrutural
uma e
físicogrande
portanto
é
recomendado seu uso. De acordo com Silva et al. (2018), o período de colheita não causou alteração na excreção fecal do indicador lignina purificada e enriquecida, determinando apenas uma coleta fecal diária. Como limitação do uso da lignina purificada e enriquecida destaca-se a sua aquisição e análise, que são dependentes de um único laboratório (MADEIRO, 2014).
que
este
manejo de
pastejo,
pode o
alterar
o
consumo
e
Silva et al. (2018) utilizaram a lignina purificada e enriquecida como indicador e verificaram que não ocorreu variações nos diferentes horários de colheita das fezes, reforçando que não há variação
durante
os
períodos
do
dia
na
concentração do indicador nas fezes. Os mesmos relataram que os valores de recuperação fecal foram próximos de 100%, independente da dieta avaliada. Lima et al. (2008) utilizaram o óxido crômico na dosagem de 8 g por bezerro/dia e a lignina purificada e enriquecida na forma de cápsulas, na dosagem de 0,5 g por bezerro/dia e encontraram menores valores para o óxido
Costa (2016) utilizaram o marcador comercial de
crômico em relação a lignina purificada e
lignina purificada e enriquecida em combinação com
enriquecida.
a lignina Klason para determinar o consumo
indicadores para determinação da produção fecal
diferenciado de ovinos na caatinga do nordeste
de novilhos mestiços e concluiu que a lignina
brasileiro e concluíram que os dois indicadores
purificada e enriquecida é um bom indicador para
mostraram resultados satisfatórios e coerentes. A
estimativa da produção fecal, assim como para
utilização
digestibilidade quando comparados com a coleta
do
indicador
lignina
purificada
e
enriquecida para determinação do consumo e produção fecal de bubalinos em pastejo foram estimados de forma adequada (SOARES et al., 2011). Madeiro (2014) em trabalho com vacas em lactação em pasto de capim marandu utilizou os indicadores externos, dióxido de titânio e a lignina purificada e enriquecida para determinação do consumo, o qual esta última foi administrada na
8518
Silva
(2013)
avaliaram
alguns
total de fezes. A análise da lignina purificada e enriquecida é realizada por meio de espectrofotômetro de infravermelho próximo (SILVA et al., 2018), onde consiste na emissão de radiação eletromagnética diretamente numa amostra de fezes, sendo que a proporção da absorção de luz é variável para cada tipo de nutriente, como as proteínas, vitami-
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Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
inas, matéria seca, carboidratos etc. Essa variação é
(MACHADO et al., 2006). Este método baseia-se
analisada por um software que vai determinar e
em que as concentrações do isótopo estável
exibir o resultado da quantidade e da digestão de
de
cada alimento. No entanto, para utilizar a técnica de
tropicais e temperadas e tem a vantagem de que
espectrometria no infravermelho requer adequada
a absorção de
calibração, grande número de amostras que devem
em uma faixa razoável de condições ambientais
ser relativamente homogêneas em sua constituição
(SMITH, 1972).
13
C sejam diferentes entre as forrageiras 13
C pela planta permanece estável
química (FONTANELI & FONTANELI, 2007). O uso combinado de alcanos e
13
C foi eficiente
Segundo Souza (2016) ainda são necessários mais
também para diferenciar a ingestão de pastagens
estudos com o uso do indicador externo lignina
temperadas e silagem de milho (GARCIA et al.,
purificada e enriquecida em animais sob diversas
2000) e de pastagens temperadas e suplementos
condições ecofisiográficas e de consumo, porque
a base de milho e farelo de soja (MACHADO et
estas situações poderiam refletir em diferentes
al., 2006).
produções fecais. Assim, é necessário investigar melhor o seu uso, assim como de outros indicadores
Considerações Finais
para reduzir a variação nos resultados encontrados.
O uso de marcadores, tanto externos quanto internos tem sido uma alternativa promissora nas
Alcanos
determinações
Uma das vantagens dos alcanos, em relação aos
sobretudo aqueles em sistemas de pastejo.
outros marcadores externos é que em uma única
Porém, pelo que foi exposto nos trabalhos desta
análise se determina o indicador externo e o interno
revisão deve-se saber que não existe o melhor
(MAYES et al., 1986). Carvalho et al. (2007)
marcador, e sim que existem indicadores que
comparam valores de CMS estimados com uso dos
melhor se adequam a especificidade de cada
alcanos ou de óxido de cromo, com aqueles preditos
experimento.
de
consumo
de
ruminantes,
pelo Cornell Net Carbohydrate and Protein System (CNCPS) e verificaram que o grau de exatidão e
Os
resultados
precisão das estimativas de consumo obtidas com
variáveis,
alcanos foram superiores aos obtidos com óxido de
vantagens
cromo.
importante de tudo além da escolha do marcador
e e
dos
trabalhos
são
cada
marcador
possui
desvantagens,
mas
bastante o
suas mais
ideal pra sua situação é a obtenção de uma No caso de se estimar o consumo de animais a
amostragem de forragem do real consumido pelo
pasto
animal em pastejo.
com
suplementação,
possuem
algumas
dificuldades metodológicas. Porém, alguns trabalhos já fazem adaptações destas metodologias para se
Assim, a técnica do uso de marcadores além de
estimar este consumo. Dove & Mayes, (1996)
possibilitar o conhecimento sobre o consumo
ressaltaram que é possível se estimar o consumo
permite uma melhor adequação das exigências
individual do suplemento com uso dos alcanos
nutricionais
quando a composição de alcanos do suplemento é
reprodutivo e produtivo dos rebanhos.
suficientemente diferente da composição do pasto, e a taxa de recuperação do alcano é conhecida. Caso isso não seja possível, a estimativa do consumo pelos animais tem baixa precisão (GARCIA et al., 2000).
o
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maximizando
uso
combinado
de
alcanos
marcadores, como o isótopo de carbono
com 13
C
outros
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Artigo 496 - Uso de marcadores para avaliação do consumo em ruminantes
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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8508-8524, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura Aves, suínos, alimentação, funcional.
Revista Eletrônica
1*
Vol. 16, Nº 04, jul./ago. de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Rannyelle Gomes Souza 2 Jorge Cunha Lima Muniz 3 Fernando Guilherme Perazzo Costa
1
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
Rannyelle Gomes Souza, Zootecnista, mestranda da Universidade Federal da Paraiba,UFPB, Campus II, Areia/PB-* E-mail: rannyellegomes@gmail.com. 2 Jorge Cunha Lima Muniz . Universidade Federal da Paraiba,UFPB, Campus II, Areia/PB. 3 Fernando Guilherme Perazzo Costa . Universidade Federal da Paraiba,UFPB, Campus II, Areia/PB.
alimentação de animais monogástricos, já que
FUNCTIONAL FOOD FOR MONOGASTRIG ANIMALS: LITERATURE REVIEW ABSTRACT The objective of this review was to compile
nutrição pode influenciar direta e indiretamente a
information about the functional foods used to feed
qualidade durante o período de formação e do
monogastric animals, since nutrition can influence
produto final para atender as exigências do mercado
directly and indirectly the quality during the training
consumidor. A dieta fornecida aos animais pode
period and the final product to meet the demands of
modificar a qualidade do produto final podendo
the consumer market. The diet given to the animals
alterar seu valor proteico, perfil de aminoácidos,
can modify the quality of the final product by altering
perfil de ácidos graxos e quantidade de vitaminas e
its protein value, amino acid profile, fatty acid profile
minerais, mediante o tipo de alimento fornecido a
and amount of vitamins and minerals, according to
esses animais, surgindo assim, o conceito de
the type of food provided to these animals, thus, the
alimento funcional, que são aqueles que colaboram
concept of food functional, which are those that
para melhorar o metabolismo e prevenir problemas
collaborate to improve the metabolism and prevent
de saúde nos animais.
health problems in animals.
Objetivou-se com esta revisão compilar informações sobre
os
alimentos
Palavras-chave:
aves,
funcionais
suínos,
usados
na
alimentação,
Keyword: poultry, swine, feed, functional.
funcional.
8525
Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
INTRODUÇÃO
obtidos com quantidades não tóxicas e que exerçam
O grande dinamismo e arrojo da produção animal
tais efeitos mesmo após a suspensão da ingestão e
brasileira, dentre outros fatores, estão altamente
que não se destinem a tratar ou curar doenças
relacionados
estando seu papel ligado à redução do risco de
à
excelente
capacidade
dos
profissionais da nutrição animal de formular dietas
contrair doenças (ANJO, 2004).
de qualidade e a custo reduzido (Araújo, 2005). Antigamente os livros
de nutrição animal se
Apesar dos vários conceitos existentes sobre os
baseavam em formular dietas a base de energia,
alimentos funcionais, ele deve atender alguns
proteína, NDT, cálcio e fósforo, com o passar dos
princípios básicos entre os quais podem ser citados:
anos
- Ser um alimento convencional;
surgiram
(metionina,
a
lisina
as
vitaminas,
entre
outros).
aminoácidos A
nossa
- Ser consumido como parte de uma dieta normal;
preocupação antigamente era apenas em satisfazer
- Possuir um efeito positivo em uma funcionalidade
a exigência dos animais. A partir da década de 80,
específica além de seu valor
surgiu a preocupação em não só satisfazer a
nutricional;
exigências dos animais, mas também com algo a
- Melhorar o bem-estar e a saúde e/ou reduzir o risco
mais que pudesse contribuir com a saúde e o bem-
de doenças;
estra dos seres humanos.
- Prover benefícios de saúde de forma a melhorar a qualidade de vida, incluindo aspectos fisiológicos,
A nutrição pode influenciar direta e indiretamente a
físicos e comportamentais;
qualidade durante o período de formação e do produto final para atender as exigências do mercado
A manipulação de dietas com nutrientes tem sido
consumidor. A dieta pode modificar a qualidade do
alvo de várias pesquisas com o propósito de
produto final podendo alterar seu valor proteico,
melhorar o desempenho dos animais. Sendo assim,
perfil de aminoácidos, perfil de ácidos graxos e
veremos a seguir alguns alimentos que podem ser
quantidade de vitaminas e minerais, mediante o tipo
usados como alimentos funcionais na alimentação
de alimento fornecido a esses animais. Foi então
de aves e suínos.
que surgiu o uso de alimentos funcionais, que são aqueles
que
colaboram
para
melhorar
o
Prebióticos e Probióticos
metabolismo e prevenir problemas de saúde nos
Uma das principais funções relacionadas com esses
animais.
aditivos alimentares é sua ação sobre a melhoria da condição estrutural da mucosa intestinal (LEMOS et
Revisão de Literatura
al.,
Alimentos Funcionais
integridade intestinal para o desempenho produtivo,
Segundo a ANVISA, Agência de Vigilância Sanitária,
a presença de uma microbiota benéfica é um fator
propriedade funcional é aquela relativa ao papel
determinantes para otimizar os processos digestivos
metabólico que o nutriente ou não nutriente tem no
e absortivos de nutrientes necessários para a
crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras
produtividade.
2017).
Considerando
a
importância
da
funções normais do organismo. Desta forma, os alimentos funcionais são aqueles que além de
De forma melhorar a saúde, evitar o estresse,
possuírem a capacidade de nutrição, fornecem aos
retardar o envelhecimento e proporcionar uma
animais
melhor qualidade de vida aos nossos animais, é
a
possibilidade
de
melhorar
outra
característica à parte.
possível recorrer ao uso de um prebiótico ou probiótico.
Alguns parâmetros devem ser levados em conta em relação aos alimentos funcionais. Para Borges
Probióticos
(2001), eles devem exercer um efeito metabólico ou
Probióticos são microrganismos vivos empregados
fisiológico que contribua para a saúde física e para a
na alimentação animal, que afetam beneficamente o
redução do risco de desenvolvimento de doenças
hospedeiro, promovendo o equilíbrio da microbiota
crônicas. Nesse sentido, devem fazer parte da
intestinal e a saúde do hospedeiro, atualmente vêm
alimentação usual e proporcionar efeitos positivos,
sendo empregado vários tipos de microrganismos,
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Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
entre eles estão as bactérias ácido- lácticas,
esse
bactérias não ácidas - lácticas e leveduras (NUNES
antibióticos, Sulfaminas e Antiparasitários, assim
et al., 2013).
como o estresse provocado por vários fatores, como a
Os
principais
microrganismos
utilizados
como
provocado
muda
da
principalmente
pena,
pelo
vacinações,
uso
de
reprodução,
transporte, mudança de instalações.
probióticos são as bactérias que pertencem aos gêneros
Lactobacillus,
Bifidumbacterium,
Nas doenças, os agentes patogénicos liberam
Enterococcus, Streptococcus, Bacilluse leveduras
toxinas que danificam a microflora intestinal, além de
(Gaggia et al., 2010). Devido a esta variedade de
outros fenômenos ligados à própria fisiologia do
bactérias probióticas a dose varia de acordo com a
intestino e ao fluxo alimentar que arrastam a
cepa e produto, não sendo possível generalizar a
microflora para o exterior, através das excretas.
dosagem.
Também a mudança repentina da dieta alimentar e do tipo de água, manejo inadequado, poderão
Prebióticos
provocar distúrbios da microflora intestinal.
Prebióticos são substâncias que não podem ser hidrolisadas no trato digestivo, tendo ação seletiva
Uma microflora saudável nos intestinos, não haverá
somente sobre um limitado número de bactérias
espaço para a entrada de bactérias patogênicas.
benéficas, as quais terão seus crescimento e
Assim, sempre que existam indicações, existe a
metabolismo
a
alternativa de recorrer aos prebióticos e probióticos
microbiota intestinal (LEMOS et al., 2016), ou seja,
ao invés do uso de produtos farmacêuticos como
os
antibióticos, antiparasitários, entre outros.
estimulados,
prebióticos
alterando
estimulam
assim
seletivamente
os
microrganismos benéficos que vivem no TGI do animal , reduzem
o pH intestinal, inibem
a
proliferação de Escherichia coli, Clostridium sp., e Salmonella.
Em estudos conduzidos por TANG et al. (2017), investigando os efeitos de um prebiótico, um probiótico e sua combinação (simbiótico) sobre o desempenho da galinha poedeiras de 20 a 52
Os principais prebióticos são: oligofrutose, inulina,
semanas de idade. Constataram que a utilização
galactooligossacardeos,
desses aditivos teve efeito positivo sobre o peso dos
galactose,
lactulose,
manose
oligossacarídeos
e
arabinose,
lactose.
(estaquiose,
Alguns
galactanas
e
ovos
e sobre
a produção de ovos, quando
comparadas com as aves do tratamento controle.
mananas) atuam sobre bactérias patogênicas por meio
de
exclusão
competitiva
impedindo
a
colonização do TGI por se ligarem as fímbrias e impedindo a aderência destas bactérias a superfície
Os probióticos quando utilizados na alimentação de suínos melhoram o desempenho zootécnico devido aos seus mecanismos de ação: competição por sítios
do TGI.
de
ligação;
antagonismo Assim,
pode
dizer-se
que
os
prebióticos
e
competição
direto;
estímulo
por
nutrientes;
do
sistema
imunológico; restauração da flora intestinal após
probióticos formam um conjunto de elementos
tratamento
com
conhecidos que se denominam como alimentos
supressão de amônia; redução e neutralização de
funcionais, já que são ingredientes alimentares que
enterotoxinas (FREITAS et al., 2014). Trabalhos
produzem efeitos benéficos para a saúde, o que
demonstram
permite entender como é possível atuar de forma
(Lactobacillus plantarum) na alimentação de suínos
natural e benéfica na melhoria do sistema imunitário
desmamados e desafiados com S. Typhimurium,
dos animais de modo a evitar, adiar ou reduzir os
aumentou a quantidade de IgM, IgG e IgA, ou seja,
efeitos nocivos das doenças, melhorando assim a
melhorou o sistema imune dos animais (NAGID et
qualidade de vida dos exemplares mantidos nos
al., 2014). A utilização de probióticos melhorou o
viveiros.
ganho de peso de suínos até o desmame, porém
que
antibióticos;
a
efeito
utilização
de
não influenciou na concentração de A sua utilização está indicada, quando existe um desequilíbrio da microflora intestinal, desequilíbrio
nutricional;
probióticos
bactérias
benéficas no TGI e nos parâmetros sanguíneos (BUSANELLO et al., 2015).
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Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
Trabalhos
demonstram
que
a
utilização
de
os efeitos adversos do calor sobre a produção
frutoligossacarídeos, um prebiótico na alimentação
avícola,
de suínos em terminação melhora o desempenho,
corticosteroides ( SAHIN et al., 2001)
digestibilidade
síntese de glicocorticóides (STILBORN et al., 1988) .
de
nutrientes,
aumenta
a
além
de
elevar
a
degradação
de
e diminuir a
concentração fecal de Lactobacillus, diminui a concentração de E. coli e a emissão de gases
Vieira Vaz (2006) de que tanto a suplementação de
(ZHAO et al., 2014).
vitamina C (0 a 400 mg/kg de ração) quanto a suplementação de vitamina E (0 a 300 mg/kg de
Antioxidantes
ração) influenciam o ganho de peso, que aumenta de
Antioxidantes são substâncias que visam evitar a
forma linear de 1 a 42 dias , quando as aves são
auto-oxidação
mantidas em ambiente de alta temperatura.
alimento, rancificação
dos
alimentos,
retardando e
perda
a de
sua
preservando
o
deterioração,
coloração
devido
a
oxidação. A oxidação de óleos e gorduras provoca odor e paladar desagradáveis e torna os alimentos menos nutritivos. Além de gorduras, os pigmentos e vitaminas ficam sujeitos à oxidação quando em contato com o ar. Os fatores umidade e calor são responsáveis pela aceleração da oxidação durante o processamento, o qual pode ser minimizado pela adição de antioxidantes. Segundo Rutz & Lima (1994), a ação dos antioxidantes pode ser explicada por um ou mais dos seguintes mecanismos: • Doação de H pelo antioxidante; • Doação de elétrons pelo antioxidante; • Incorporação do lipídeo ao antioxidante; • Formação de um complexo entre o lipídeo e o antioxidante.
Nas carnes, os antioxidantes mais utilizados são o ácido ascórbico (vitamina C) e o tocoferol (vitamina E). Segundo o NRC (1998), a necessidade de vitamina E no final do crescimento corporal para suínos é de 11mg kg-1 de ração. Entretanto, quando a vitamina E é suplementada em níveis maiores (100 a 200mg kg-1de ração), é verificado um efeito antioxidante, aumentando o tempo de vida útil da carne (SOUZA, 2001). Em relação aos níveis de vitamina E no músculo L. dorsi em suínos na fase de terminação ocorreu diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos. Os animais que receberam a dieta contendo 10 ppm de ractopamina associada a vitaminas
antioxidantes
apresentaram
maiores
valores de vitamina E, comparados aos animais que receberam a dieta controle (0,23 vs 0,08mg kg-1,
Antioxidantes devem ser adicionados aos alimentos
respectivamente). A vitamina E protege os ácidos
e às rações o mais rápido possível para inibir o início
graxos mono e polinsaturados da carne (SOUZA &
da oxidação. Estes micro ingredientes não podem
SILVA, 2006) e, quando aplicada via ração em níveis
reverter o processo de oxidação, uma vez ocorrido.
entre 100 a 200mg kg -1 de ração, produz efeito
Entretanto, os antioxidantes podem retardar o
antioxidante, o que aumenta o tempo de vida útil da
processo oxidativo de maiores consequências. A
carne.
vitamina E e o ácido ascórbico são exemplos de antioxidantes naturais, enquanto que BHT, BHA e Etoxiquim são exemplos de antioxidantes sintéticos.
Aditivos Fitogênicos, Extratos Vegetais e Óleos Essenciais
O butil-hidroxi-tolueno (BHT), etoxiquin e o butil-
Com a preocupação crescente da população em
hidroxi-anisol (BHA) são utilizados na concentração
relação à qualidade dos alimentos e as restrições
de 100 a 150 g/t com a finalidade de antioxidante,
impostas pela União Europeia a respeito do uso de
podendo associar-se e mostrarem sinergismo ao
antimicrobianos na alimentação animal aumenta-se a
acido cítrico.
demanda por pesquisa com produtos naturais (BARRETO, 2007). Os efeitos benéficos das plantas
Vitaminas Antioxidantes
estão associados com a constituição de seus
As vitaminas são comumente suplementadas a
princípios ativos e compostos secundários. Tendo
rações para aves submetidas a estresse por calor,
em vista a vasta variedade de plantas existentes,
principalmente em virtude de seu efeito antioxidade,
constituídas por inúmeras substâncias, o grande
Tanto a vitamina C e E são usadas em rações para
desafio na utilização de extratos vegetais, como
aves por seus efeitos anti-estresse ambiental
aditivo
(SAHIN & KUÇUK, 2003), maneira efetiva de aliviar
quantificação dos efeitos exercidos pelos diferentes
8528
alimentar
consiste
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na
identificação
e
Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
componentes presentes nos óleos essenciais sobre
mento. Possui efeito antidiarreico, anti-inflamatório,
o organismo animal.
anticéptico, antifúngico, antiviral, anticarcinogênico, antioxidante, facilita a desintoxicação hepática e
Espécies vegetais como alho, manjerona, orégano,
renal, é imunoestimulante e exerce efeito trófico na
hortelã, alecrim, tomilho, zimpro, pimenta vermelha e
mucosa intestinal (SANTOS, 2010). A propriedade
cebola despertam interesse dos pesquisadores da
de imunoestimulação do alho está relacionada com
nutrição animal, pois possuem princípios ativos que
os
poderiam trazer benefícios aos animais. Portanto,
considerados metais antioxidantes.
esses
e
(2005), ao testar a inclusão do alho em pó beneficiou
extratos vegetais, fazem parte de uma classe de
a conversão alimentar, porém não substituiu com
produtos
agentes
eficácia o antibiótico usado como promotor de
benéficos
crescimento. No entanto, Shi et al. (1999), ao
associados aos seus princípios ativos e compostos
fornecerem 0,2, 1,0 ou 2,0 % de alho em dietas de
secundários (KAMEL, 2000). Os extratos vegetais
frango de corte, verificaram redução da mortalidade,
possuem a capacidade de aprimorar o desempenho
maiores peso corporal e consumo de ração e
dos
melhores índices econômicos com o nível de 1,0%
aditivos
fitogênicos,
que
poderão
antimicrobianos,
devido
animais
pelos
extratos
herbais
substituir aos
os
efeitos
seguintes
mecanismos:
aumentam a palatabilidade da ração; estimulam a
altos
teores
de
zinco
e
selênio,
ambos
Carrijo et al.
de alho na dieta.
secreção de enzimas endógenas e da função digestiva;
mucosa,
Oleforuh-Okoleh et al. (2015) e Kim et al. (2009) e
modulam a microbiota intestinal e auxiliam na
possuem
efeito
trófico
da
encontraram efeito significativo (P<0,05) para os
redução de infecções subclínicas (LAUGHOUT,
parâmetros de desempenho de frangos de corte, no
2005).
período total de criação, recebendo alho em pó e sob infusão nas rações, respectivamente.
Os
óleos
misturas
essenciais de
constituem-se
substâncias
complexas
voláteis,
geralmente
Costa et. al. (2007), avaliando a substituição de
componentes
incluem
antimicrobianos promotores de crescimento por
simples,
óleos essenciais de cravo e orégano para leitões na
aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, ácidos orgânicos
fase de creche, observaram que os agentes
fixos, etc., em diferentes concentrações, nos quais,
antimicrobianos
um composto farmacologicamente ativo é majoritário
proporcionaram
(SIMÕES & SPITZER, 1999). De forma geral, os
leitões em fase de creche. Os extratos vegetais de
óleos essências modificam a microbiota intestinal e
cravo e orégano, individualmente, apresentaram
reduzem
a
efeitos ligeiramente redutores sobre o desempenho
proliferação de bactérias, fungos, protozoários e
dos animais. Por outro lado, a combinação dos
vírus, melhoram a renovação do revestimento
extratos de cravo e orégano promoveu desempenho
intestinal e evita ataque de parasitas, permitindo o
muito próximo ao obtido com os antimicrobianos,
desenvolvimento
demonstrando ser uma alternativa promissora como
lipofílicas,
cujos
hidrocarbonetos
a
terpênicos,
carga
de
álcoois
microbiana
células
ao
impedir
mais
saudáveis
(BRUERTON, 2002).
promotor
de
(colistina os
+
melhores
crescimento
tiamulina),
desempenhos
de
leitões
de
recém-
desmamados. A
capsaicina,
componente
ativo
da
pimenta
vermelha e o cinamaldeído presente na canela têm-
Ácidos orgânicos
se mostrado eficientes em estimular as enzimas
Em seu mecanismo de ação potencial, os ácidos
pancreáticas
orgânicos e os óleos essenciais (fitoterápicos)
e
intestinais
em
animais na
podem ser o tipo mais relevante de aditivos para
viscosidade intestinal e melhorando o processo de
desenvolver uma estratégia de alimentação isenta de
digestão dos alimentos. Outro exemplo desses
antibióticos (JESUS, 2010). A utilização de óleos
aditivos fitogênicos é o alho, de nome científico
essenciais tem mostrado potencial no controle de
Allium sativum, tem sido testado em animais, para o
infecções e são seguros para a saúde humana e
controle de parasitas e como um auxiliar no cresci-
animal (NOSTRO et al., 2004).
monogástricos.
Promovendo
a
redução
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Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
A acidificação dos alimentos torna possível o
podem estar, parcialmente, relacionadas com a
controle
o
condição de não manterem o pH gástrico baixo,
crescimento e a eficiência alimentar, eliminando
pelos efeitos sobre a ativação da pepsina, pela
microrganismos
proliferação
das
bactérias, que
podendo
competem
por
melhorar
nutrientes.
de
coliformes
e
pela
taxa
de
Benefício semelhante é atribuído aos antibióticos;
esvaziamento estomacal (ROSTAGNO & PUPA,
entretanto, os ácidos orgânicos não deixam resíduos
1998).
na carcaça e não promovem o aparecimento de bactérias resistentes, de acordo com Garcia et al.
Vários pesquisadores observaram que a acidificação
(2000).
da dieta inicial melhora o desempenho dos leitões recém-desmamados. Os ácidos orgânicos de cadeia
Durante muitas décadas, os ácidos orgânicos têm
curta (AOCC) surgem com possibilidades de reduzir
sido
o
a carga bacteriana no trato digestivo e melhorarem o
crescimento microrganismos dos alimentos baixando
desempenho dos animais. No caso dos AOCC há
o pH (Murphy et al., 2006). Na legislação de
um efeito antibacteriano especifico à semelhança
alimentação estão inscritos como conservantes, mas
dos antibióticos, principalmente para AOCC, sendo
os seus efeitos positivos sobre a saúde animal e
particularmente efetivos contra E. coli, Salmonella e
desempenho, quando adicionadas em quantidades
Campylobacter. Entretanto, na avicultura, os efeitos
suficientes na ração, são também apresentados na
dos
literatura (GAMA et al. 2000; BONATO et al., 2009;
características
YOUSSEF et al., 2013).
capacidade tampão dos ingredientes, a qual influi no
usados
para
controlar
eficazmente
AOCC
têm
sido
variáveis
físico-químicas dos
devido AOCC
às e à
pH do trato gastro intestinal e por conseguinte na Portanto, os ácidos orgânicos quando usados corretamente junto com medidas nutricionais, de
heterogeneidade da microbiota intestinal (DIBNER & BUTTIN, 2002 e RICKE, 2003).
manejo e biosseguridade, podem ser um instrumento para manter a saúde o trato intestinal, melhorando o
Segundo resultados encontrados por Vasconcelos
rendimento zootécnico sem risco de (PARTANEN &
et al . (2016), Tabela 1, não houve efeito significativo
MROZ, 1999).
dos tratamentos sobre o consumo de ração, produção de ovos, peso médio dos ovos, massa de
A quantidade de acidificante a ser adicionada à ração depende do seu pH e de sua capacidade tamponante.
Dos
diversos
ácidos
ovos, conversão alimentar por massa de ovos, e conversão alimentar por dúzia de ovos.
orgânicos
utilizados na alimentação de suínos o ácido fumárico
Tabela 1. Consumo de ração, produção de ovos,
e o ácido cítrico são os mais utilizados, enquanto o
peso médio dos ovos, massa de ovos, conversão
ácido fosfórico é o ácido inorgânico mais comum.
alimentar por massa de ovos, e conversão alimentar
O ácido cítrico e fumárico são acidificantes que
por
podem ser empregados nas rações pré-iniciais.
semipesadas alimentadas com ácidos orgânicos,
Entretanto, o efeito do acidificante na dieta sobre o
óleos essenciais e simbióticos
dúzia
de
ovos
de
poedeiras
comerciais
desempenho dos suínos, depende da idade dos animais, da composição da dieta e da presença ou ausência de antimicrobianos. As quantidades de acidificantes empregadas dependem da capacidade em reduzir o pH. Animais adultos ajustam o pH gástrico por intermédio da secreção de HCl pelas células parietais, entretanto, em leitões recémdesmamados a situação é diferente, pois esses animais apresentam pH gástrico mais elevado e mais variável em relação aos animais adultos;
Fonte: Vasconcelos et al . (2016).
portanto, presume-se que a insuficiência digestiva e
A falta de efeito dos aditivos testados sobre as
as desordens intestinais de leitões desmamados
variáveis de desempenho podem ser vistos como um
8530
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8525-8537, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
indício
de
que
estes
não
interferiram
no
olho de lombo (15,55 %) e diminuição de espessura
aproveitamento dos nutrientes da dieta, permitindo a
de toucinho (10,90%). A análise do hormônio lipase
manutenção da flora benéfica do trato digestivo,
sensitivo, revelou-se 79, 58 % mais ativo (p < 0,05) e
excluindo-se assim a possibilidade de efeitos tóxicos
as atividades da isocitrato desidrogenase e da
de tais aditivos.
malato
desidrogenase
decresceram
(P<0,05)
15,06% e 54,53% respectivamente, no grupo tratado Vitaminas, minerais
com Cr.
Nesses grupos a função exercida pelos minerais ou vitaminas tem efeito puramente nutricional, sendo incluídos como micro ingredientes de formulação dentro de pré-misturas de vitaminas e minerais. Porém, algumas vitaminas podem ser classificadas noutros grupos como, por exemplo, as vitaminas E e C, que também atuam como antioxidantes como mencionadas nos tópicos anteriores.
Sahin et al. (2002) que, avaliando níveis de picolinato - cromo (CrPi) em dietas para codornas japonesas em postura mantidas em ambiente de alta o
temperatura
(32,5 C),
observaram
que
a
suplementação de Cr à dieta resultou em aumento do consumo de ração das aves. Em estudos conduzidos com galinhas poedeiras sob estresse por frio (SAHIN et al., 2001) e com frangos de corte em
Cromo
ambiente termoneutro (LIEN et al., 1999) e sob
Produtos que promovem melhorias na qualidade das carcaças têm sido lançados no mercado com o objetivo de melhorar a relação carne magra: gordura
estresse por calor (SAHIN et al., 2002 e 2003), foi observado aumento do consumo em resposta à suplementação de Cr às dietas.
nas carcaças. O cromo sob forma de complexos orgânicos vem sendo testado com relação a sua
Betaína
efetividade na melhoria da carcaça. A função
Os consumidores conscientes do que representa a
primaria do Cr é ajudar a manter a homeostase
alimentação
glicêmica pela regulação da ação do hormônio
nutricionistas,
insulina. Quando em presença de Cr em forma
alimentação animal que possam atender a demanda.
fisiologicamente
ativa,
A betaína e a carnitina são duas substâncias que
necessários
metabolismo
menores.
ao Esse
os
mineral
níveis tem,
de
insulina
a
buscarem
motivado os
estratégias
de
são
fazem parte dessas estratégias que tem sido
ação
estudada para verificar o efeito no crescimento,
normalmente portanto,
para a saúde, tem
potencializadora da insulina, mas não se constitui
inferindo-se
em substituto do hormônio, para promover absorção
porcentagem de carne e diminuir a gordura na
a
possibilidade
de
aumentar
a
de glicose pela célula. O Cr potencializa a ação da
carcaça. Descoberta ainda no século XIX a partir do
insulina influenciando desta forma o metabolismo de
extrato do suco de beterraba (Beta vulgaris), a
carboidratos, lipídios e proteínas (MERTZ, 1993).
betaína é um composto aromático encontrado naturalmente nas células e sintetizada por uma
Entre os vários experimentos conduzidos, Renteria &
grande variedade de microrganismos e plantas
Cuarón testando 558 suínos em crescimento e
(CRAIG, 2004).
terminação com 200 ppb de picolinato de Cr, sendo que não encontraram efeitos no desempenho. Porém, as carcaças dos animais apresentaram diminuição da espessura de toucinho de 3,14 para 2,95 cm. A área de olho de lombo (AOL) aumentou 2
de 28,6 para 31,4 cm . Um achado importante foi que houve interação do Cr suplementar com o peso de abate (P<0,03), sendo que o efeito do Cr foi evidente somente nos pesos altos de abate. Esses dados corroboram com os encontrados por Lien et al. (2001) e Xi Gang et al. (2001). Os últimos autores mostraram acentuada melhoria na porcentagem de carne magra (7,58%) e área de
As pesquisas com esses agentes têm sido bastante intensas
e
devem
continuar
para
elucidar
o
mecanismo de atuação dos produtos. A betaína é um composto metabólico, produto da oxidação da colina e que serve como doador de metilas no ciclo da adenosil-metionina a cisteína. Desta forma ela funciona como um poupador de metionina e/ou colina nos processos metabólicos. Ao reduzir o gasto energético para manutenção das atividades metabólicas da célula (EKLUND et al., 2005), disponibiliza energia para outros processos metabólicos de produção e crescimento, trazendo benefícios no desempenho
produtivo
(BARBOSA,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8525-8537, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
2009). 8531
Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
Na nutrição animal, a betaína é amplamente
espécie animal) as enzimas são produzidas em
apresentada como “modificador de carcaça” devido
quantidades insuficientes ou mesmo nem são
ao seu efeito lipotrófico (EKLUND et al., 2005).
produzidas, dificultando a digestão dos alimentos.
Participa da síntese de lecitina, que facilita o
Assim, a utilização de enzimas exógenas nas rações
transporte da gordura pelo corpo (RATRIYANTO et
pode se constituir em ferramenta eficiente para
al., 2009), e interage com o metabolismo lipídico por
melhorar a eficiência de utilização dos alimentos
estimular o catabolismo oxidativo dos ácidos graxos
pelos animais.
por meio do aumento da síntese de carnitina no fígado
assim
como
da
atividade
da
enzima
Fitase
adiposas,
As fitases são enzimas exógenas comumente
proporcionando redução na gordura abdominal
usadas na alimentação dos animais monogástricos.
(ZHAN et al., 2006) e oferecendo assim um potencial
Ao hidrolizar o fitato a enzima libera o fósforo,
para a redução de gordura de carcaça na produção
melhora a assimilação pelo animal e reduz os
comercial (SCHUTTE et al., 1997).
impactos
lipasehormônio-sensível
nas
células
negativos
da
excreção
de
fósforo
inorgânico para o meio ambiente. Vários estudos estão sendo conduzidos no sentido de avaliar o uso de betaína em suínos em
Tem sido largamente estudada em dietas de suínos
crescimento e terminação e seus efeitos sobre a
e aves. Nos vegetais cerca de 2/3 do fósforo (P)
qualidade de carcaça. Mathews et al. (2001)
encontra-se ligado aos fitatos e em geral, seria
alimentou suínos com peso corporal entre 55 e 109
suficiente para atender as funções essenciais dos
kg com dietas à base de milho e farelo de soja
suínos, não fosse sua baixa disponibilidade, variando
suplementadas com 0,125% de betaína, contendo
de 15 a 50% dependendo do vegetal. Isso ocorre
0,85% de lisina e 126 mg/kg de colina. A adição de
devido ao fósforo estar presente na forma de fitato, o
betaína as dietas não alterou o desempenho dos
qual é praticamente indigestível, sendo eliminado
animais nem as características da carcaça, no
nas fezes. Assim, há necessidade de se suplementar
entanto
na
P através de fontes inorgânicas para atender as
porcentagem de carne magra. Mais tarde em outro
exigências para máximo desempenho. Obviamente,
trabalho Matthews et al. (2001) encontraram que a
se os suínos são alimentados com quantidades de
betaína, com o uso de 0,250% , ocorreu melhoria
fósforo acima do requerido, o excesso é eliminado
significativa de alguns aspectos de qualidade da
através dos dejetos, agravando-se o problema de
carcaça . Wang & Xu (2000), concluíram que a
contaminação
suplementação de 1500 ppm de betaína para
quantidade de 466 FTU/kg de dieta proporcionou
castrados e leitoas abatidos aos 65 kg, aumentou o
uma redução nas excreções de N, P e Ca em dietas
ganho de peso em 10,3% e 15,6%, respectivamente.
de suínos (LUDKE et al., 2000).
provocou
um
pequeno
aumento
Também houve melhorias nas características de carcaça com redução da espessura de toucinho de
ambiental.
A
fitase
usada
na
Fitases são enzimas que possuem a propriedade de romper a ligação do fósforo orgânico ligado aos sais
18% e 11% para castrados e fêmeas.
de acido fítico, tornando-o disponível biologicamente Além
disso,
o
nas formas de inositol e ortofosfato. Por isso a
corte
adição de fitase exógena às dietas serve para
(BOEMO, 2012), de cortes em patos (WANG et al.,
disponibilizar o P orgânico presente nos vegetais.
2004),de peito em frangos de corte (BOEMO, 2012).
Mede-se
rendimento
o de
uso
de
carcaça
betaína de
aumentou
frangos
de
Enzimas As enzimas digestivas promovem a hidrólise dos componentes dos alimentos tornando os nutrientes mais disponíveis para a absorção. São produzidas a partir de um substrato dependente. Contudo, em
a
atividade
fitases
(FTU)
pela
quantidade de micromoles de P inorgânico liberado pelo fitato de sódio, em um minuto, na temperatura de 37 ºC e em pH de 5,5 ( 1 FTU = 1 µmol P inorgânico).
Complexos enzimáticos
algumas circunstâncias (idade, saúde, fisiologia da 8532
das
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Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
A
associação
de
enzimas
pode
ser
usada
Ômega-3 e 6
satisfatoriamente com melhoria no aproveitamento
A classificação ômega está relacionada à posição da
dos nutrientes, no equilíbrio da microbiota bacteriana
primeira dupla ligação, iniciando-se a partir do grupo
e com resultados positivos no desempenho das aves
metílico final da molécula de ácido graxo. Os ácidos
(BARBOSA et al., 2012); devido atuarem de maneira
graxos poliinsaturados -3 apresentam a primeira
sinérgica (MENEGHETTI, 2013).
ligação dupla entre o terceiro e o quarto átomo de
Preparações comerciais envolvendo enzimas como amilase,
xilanase,
proteases,
alfagalactosidase,
pectinases, celulases, lipases, tem sido usadas com sucesso na melhoria do desempenho de aves (GARCIA et al., 2000). Beta-glucanas e pentosanas solúveis (xilose + arabinose) são observadas em diversos cereais e possuem a capacidade de formar géis, em contato com a água, dando origem a soluções viscosas que retardam a absorção de nutrientes. O uso de complexo enzimático (fitase, protease, xilanase, β-glucanase, celulase, amilase e
carbono, enquanto os ácidos graxos poliinsaturados6 têm a primeira ligação dupla entre as séries dos ácidos graxos poliinsaturados -3 e -6 são originadas dos precursores: ácidos α-linolênico e linoleico, respectivamente, e são denominados de ácidos graxos essenciais, uma vez que os mamíferos e as aves necessitam adquiri-los através da dieta, pois não são capazes de sintetizá-los (HORNSTRA, 2001). O uso de estratégias nutricionais para melhorar a qualidade e a composição dos produtos de origem
pectinase) com níveis de 0; 100; 200; 300 e 400
animal, utilizados na alimentação humana, tem se
g/ton em dietas à base de milho e de farelo de soja
constituído no elo entre a produção animal, a
foram
de
tecnologia de alimentos e a nutrição humana. Atenta
desempenho, de rendimento de carcaça e de
a essa nova tendência, a indústria avícola vem
qualidade da carne de frangos de corte. A inclusão
pesquisando e promovendo a comercialização de
do
avaliados
complexo
desempenho,
sobre
os
enzimático o
rendimento
parâmetros
não de
influenciou
o
ovos enriquecidos com ácidos graxos poliinsaturados
carcaça
a
da série ômega-3.
e
qualidade da carne. No entanto, os níveis de 200g/ton aumentou o rendimento de peito e das
A percentagem de composição da gema do ovo em
asas aos 42 dias (DALÓLIO et al., 2016).
seus elementos principais – proteína, água, gordura, vitaminas e minerais, ácidos graxos saturados, a
Ácidos graxos
composição
em
ácidos
graxos
mono
e
Não há dúvidas de que os alimentos de origem
poliinsaturados da gema pode ser alterada pela
animal fornecem grande quantidade de nutrientes
manipulação da quantidade e do tipo de gordura
para a humanidade, como proteína de alto valor
incluída na dieta das galinhas poedeiras.
biológico, vitaminas, minerais, e outros. Entretanto, a quantidade e a natureza dos lipídios dos alimentos
Para suprir essa deficiência, produtos comerciais ou
de origem animal têm preocupado os consumidores.
alimentos ricos em ácidos graxos do grupo ômega-3
Há evidências que a dieta humana seja deficiente
(ácido
em ácidos graxos insaturados (AG-I) e ácidos graxos
docosapentanóico - C22:5), tem sido utilizados na
poliinsaturados ou PUFA (Polyunsaturated Fatty
alimentação das poedeiras, objetivando a produção
Acids).
de ovos com maior nível nutricional de "ácidos
docosahexanóico
–
DHA;
ácido
graxos essenciais", como os exemplos a seguir: A classificação dos ácidos graxos ocorre de acordo com o número de duplas ligações, onde há os
a) Produto obtido de algas
saturados (sem dupla ligação), monoinsaturados (uma dupla) e poliinsaturados. Os ácidos graxos
b) Óleo de peixe
poliinsaturados caracterizam-se por possuírem 18 ou
c) Farinha de peixe
mais átomos de carbono em sua estrutura química e duas ou mais insaturações. As principais séries de
d) Fontes vegetais
ácidos graxos poliinsaturados são os ômegas 3 e 6.
e) Óleo de linhaça
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.4, p.8525-8537, jul./ago, 2019. ISSN: 1983-9006
8533
Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
A suplementação de rações de aves poedeiras com
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enzimas exógenas na alimentação de frangas
dieta é por apresentar em grande densidade
e
energética, melhorar a palatabilidade, aumentar o
Universidade Federal da Paraíba, 66p.
consumo de ração, melhorar a digestibilidade, melhorar
a
conversão
alimentar,
diminuir
a
poedeiras.
Dissertação
de
mestrado,
BARBOSA, N. A. A. Avaliação de aditivos em dietas de frangos de corte. 2009.190 f. Tese
pulverulência da ração, reduzir o estresse calórico
(Doutorado
das aves, além de melhorar a absorção das
Estadual
vitaminas lipossolúveis (PUCCI et al., 2003; LARA et
Faculdade
al., 2005).
Veterinárias,Jaboticabal. 2009.
em
Paulista
Zootecnia) Júlio
de
de
-Universidade Mesquita
Ciências
Filho,
Agrárias
e
BARBOSA, N.A.A.; SAKOMURA, N.K.; BONATO, O óleo de linhaça possui alto valor econômico devido às altas quantidades de ácido α-linolênico (C18:3 n-3 cis-9, 12, 15). Essa fonte lipídica tem sido cada vez mais utilizada para poedeiras com o intuito de produzir ovos enriquecidos com ácido graxo da família ômega 3 além dos benefícios que essa fonte lipídica pode proporcionar para o organismo das aves gerando possíveis melhoras na qualidade de
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R.;
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J.
F.
M;
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V.Energia
metabolizável
de
rações
ovos de acordo com Basmacıoglu et al. (2003), a
suplementadas com extratos vegetais. Revista
inclusão de óleo de peixe na dieta de galinhas
Brasileira
poedeiras diminui o colesterol e enriquece a
Suplemento 9, p.33, 2007b.
de
Ciência
Avícola.
Campinas,
quantidade de ômega 3 do ovo. Nessa pesquisa
BASMACıOĞLU, H.; ÇABUK, M.; ÜNAL, K.; ÖZKAN,
citada, os resultados demonstram que o perfil de
K.; AKKAN, S.; YALÇN,H. Effects of dietary fish
ácidos
claramente
oil and flaxseed on cholesterol and fatty acid
manipulado pela dieta, indicando que o uso de óleo
composition of egg yolk and blood parameters of
de peixe na ração de poedeiras pode produzir ovos
laying hens. South African Journal of Animal
com
graxos
maior
do
valor
possibilidade
de
ovo
pode
ser
biológico, obtenção
implicando
de
maior
em
retorno
econômico.
Science.,v. 33,p. 265-273, 2003. BOEMO, L. S.N,N. Dimetilglicina em dietas para frangos de corte. 71 f. 2012. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Ciências
CONCLUSÃO
Rurais, Universidade Federal de Santa Maria,
Diante do exposto, podemos observar a importância
Santa Maria, 2012.
de se oferecer aos animais uma alimentação
BORGES,
V.
C.
Alimentos
funcionais:
balanceada que supra com as exigências de cada
prebióticos,
um e com a importância de se oferecer alimentos
simbióticos. In: Waitzberg DL. Nutrição Enteral e
que
Parenteral
melhorem
melhorando
a
o
desempenho
qualidade
do
dos
produto
mesmos, final
e
consequentemente a saúde do consumidor. Desta forma, os alimentos funcionais que são aqueles que além de possuírem a capacidade de nutrição, fornecem aos animais a possibilidade de melhorar outra característica à parte, cumprem com o papel que hoje em dia é tão importante do mercado. 8534
probióticos, na
Prática
fitoquímicos
Clínica.
São
e
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Artigo 497 - Alimentos funcionais para animais monogástricos: revisão de literatura
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viable
and
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cells
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