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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito
Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo
Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo
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Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa
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Sumário ARTIGOS
470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte ...................... 4652 Jean Kaique Valentim, Rúbia Francielle Moreira Rodrigues, Tatiana Marques Bittencourt, Heder José D’Ávila Lima, Guilherme Almeida Resende 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes ......................................................................................................................................................................................... 4657 Juliete de Lima Gonçalves, Antonio Marcos Ferreira Fernandes, Rafael Teixeira de Sousa, Sueli Freitas dos Santos 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeído para ovos incubáveis: revisão de literatura ................................................................................................................................................. ...........................................4665
Gabriel da Silva Oliveira, Vinícius Machado dos Santos
473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade .................................................................................. 4672 Eliana Lino de Souza, Priscila Júnia Rodrigues da Cruz, Caroline Salezzi Bonfá, Marcela Azevedo Magalhães
Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte Revista Eletrônica
Avicultura, antibióticos, nutrição.
*
Jean Kaique Valentim¹ Rúbia Francielle Moreira Rodrigues¹ Tatiana Marques Bittencourt¹ Heder José D’Ávila Lima² Guilherme Almeida Resende¹
Vol. 15, Nº 04, jul. / ago. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
¹Mestrando em Produção Animal Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM – Campus Diamantina. *E-mail: kaique.tim@hotmail.com. ²Docente Universidade Federal de Mato Grosso.
RESUMO A
avicultura
moderna
teve
um
crescimento
excepcional nos últimos anos, graças às tecnologias
IMPLICATIONS ON THE USE OF PROMOTERS OF GROWTH IN CHICKENS DIET
específicas desenvolvidas para cada tipo de animal e
ABSTRACT Modern poultry farming has grown exceptionally in
seu ambiente de criação. O uso de antibióticos em
recent years thanks to the specific technologies
dosagens
o
developed for each type of animal and its breeding
desenvolvimento das aves e melhorar a imunidade
environment. The use of antibiotics in subtherapeutic
das mesmas. No entanto, são condenados pelo
dosages aims to improve the development of the
mercado consumidor uma vez que seu uso contínuo
birds and to improve their immunity. However they
e progressivo leva o organismo a não responder
are condemned by the consumer market since its
mais como o desejado e passível de não responder
continuous and progressive use causes the organism
ao tratamento com fármacos no caso de doenças.
not to respond more as the desired one and liable not
Tornar as doenças das aves também resistentes em
to respond to the treatment with drugs in the case of
humanos é o fator de impasse entre produtor e
diseases. Making bird diseases also resistant in
consumidor. Um dos pontos amplamente estudados
humans is the deadlock factor between producer and
é o uso de promotores de crescimento, neles incluem
consumer, so far not fully understood. One of the
os probióticos (organismos benéficos vivos) e
points widely studied is the use of growth promoters,
prebióticos
da
in which they include probiotics (living beneficial
microbiota no organismo) que são uma alternativa ao
organisms) and prebiotics (favor the development of
uso de antibióticos nos organismos vivos, não
the microbiota in the body) which are an alternative
causam dependência e melhoram o desempenho
to the use of antibiotics are living organisms, since
dos animais.
they do not caused dependence.
Palavras-chave: avicultura, antibióticos, nutrição.
Keyword:
8191
subterapêuticas
(favorecem
o
visa
melhorar
desenvolvimento
poultry farming, antibiotics, nutrition.
Artigo 470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte
INTRODUÇÃO
Agindo na modulação da microbiota intestinal,
O crescimento da avicultura de corte tem sido
determinando efeitos diretos e indiretos nos animais,
exponencial
melhorando substancialmente o ganho de peso e
nas
últimas
décadas
devido
ao
melhoramento genético, a nutrição e a sanidade,
sua eficiência alimentar.
que proporcionam animais de alta produtividade com menor custo de produção, aliando o baixo custo com
A adição de aditivos na ração é uma prática rotineira
a produção de alimentos saudáveis e de qualidade
nos galpões de frangos de corte, porém, com o
para o consumidor.
avanço da tecnologia e a chegada da informação mais rápida a todos, alguns pontos estão sendo
Esse crescimento em relação à produtividade de
levantados pela população. Existe o questionamento
massa proteica não acompanhou outras variáveis
sobre o uso indiscriminado de antibióticos na
que influem no processo produtivo. A rusticidade dos
alimentação das aves e sua influência na saúde do
animais foi deixada de lado, tornando o desafio
animal e humana, causados pela resistência aos
sanitário alto para os organismos frágeis dos frangos
microrganismos patogênicos.
convencionais, a microbiota natural destes animais ainda não está apta para combater as diversas
Segundo
patogenias, cada vez mais resistentes.
antibióticos, como promotores de crescimento em rações,
McMullin foi
abolida
(2004), na
a
utilização
Comunidade
de
Europeia,
O uso de aditivos se tornou uma alternativa viável na
prevenindo o surgimento de resistência em relação a
produção, pois auxilia o animal a manter o correto
alguns antibióticos da linha humana. A partir da
funcionamento da flora intestinal, auxiliando a
década de 80, pesquisadores começaram a notar
melhora no seu desempenho. Segundo Menten;
que determinadas cepas bacterianas se tornaram
Loddi (2003) entre os diversos tipos de aditivos
resistentes a alguns antibióticos que eram utilizados
incluem-se os antibióticos (substâncias produzidas
em aves. Notaram que o uso continuado destes
por leveduras, fungos ou bactérias benéficas que
antimicrobianos
atuam
os
propiciou o surgimento de genes de resistência na
quimioterápicos (substâncias adquiridas por síntese
natureza. Isso trouxe a preocupação de que estas
química com ação semelhante à dos antibióticos).
bactérias resistentes em animais de produção
contra
bactérias
maléficas)
e
promotores
de
crescimento
pudessem se disseminar e atingir os humanos Segundo Lorençon (2007) atualmente os promotores
(SADER, 2004).
de crescimento são os principais aditivos de uso na alimentação animal, em particular na dieta de aves,
Segundo Medeiros (2009) um dos maiores desafios
sendo responsáveis pela melhoria na produtividade
na área de produção animal tem sido a busca de
animal, principalmente nas fases iniciais de criação.
alternativas para reduzir o uso de antimicrobianos
A maioria dos antibióticos é constituída por produtos
como promotores de crescimento em rações. Este
antibacterianos utilizados em doses subterapêuticas
desafio é consequência das crescentes pressões
por quase toda a vida do animal, respeitando apenas
impostas por legislações de países que importam
o período de carência antes do abate.
produtos de origem animal, como os da Comunidade Europeia, um dos maiores importadores de carne de
Outros compostos alternativos como os probióticos,
frango, que proíbem a inclusão de antimicrobianos
prebióticos e aditivos fitogênicos atuam como
nas dietas de frangos de corte e outras espécies
agentes tróficos e como equilibradores da mucosa
animais.
intestinal,
favorecendo
o
desenvolvimento
de
bactérias benéficas e reduzindo a colonização das
Estes novos promotores, portanto, devem garantir
espécies patogênicas (MAIORKA, 2004).
adequado
equilíbrio
da
microbiota,
refletindo
positivamente no estado de saúde geral do animal, Para
Patterson
(2005)
os
antimicrobianos
com influências consequentes no desempenho, na
promotores de crescimento têm sido regularmente
qualidade
de
carcaça
utilizados nas rações de suínos desde a década de
NORBERG, 2003).
e
na
carne
(SILVA;
50. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8191-8199, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
8192
Artigo 470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte
Os produtos de origem microbiana, como prebióticos
A segunda categoria inclui os coadjuvantes de
e probióticos, apresentam-se não como substitutos,
elaboração, considerados os microingredientes que
mas como alternativa aos antibióticos promotores de
podem ter efeito sobre as características físicas dos
crescimento
A
ingredientes ou da ração tais como cor, odor,
suplementação das dietas com agentes microbianos
consistência e conservação. A terceira abrange os
baseia-se no princípio da simbiose, em que há
profiláticos que se tratam daqueles micronutrientes
associação
usados com a finalidade de previr a oxidação e
(MACARI:
de
FURLAN,
organismos
microbiota
bacteriana,
envolvidos,
benefícios
2005).
superiores
com
proporcionando, recíprocos
a aos
(PEDROSO,
2005). Demonstrando assim novas alternativas para
destruição
de
vitaminas,
enfermidades
ou
a
ocorrência
de
intoxicações
causadas
por
organismos patogênicos.
o contínuo desenvolvimento da avicultura. TIPOS DE PROMOTORES
Benefícios dos promotores
Buscando a saúde animal e a melhora dos índices
De forma geral os sistemas intensivos de criação de
zootécnicos, a utilização de aditivos na dieta tornou-
frangos de corte impõem aos animais permanente
se uma ferramenta muito importante. Entende-se
desafio. As variações na composição e qualidade da
aditivo as substâncias, que quando adicionadas às
ração, além do estresse imposto às aves, a idade
rações são capazes de melhorar o desempenho do
dos animais e algumas doenças, causam alterações
animal e a qualidade física dos alimentos (ARAÚJO
no pH e a presença de alguns metabólitos de
et al., 2007).
microrganismos no intestino. Fatores estes que culminam na alteração dos índices morfométricos,
Segundo Menten (2002), entre os diversos tipos de
interferindo na fisiologia e, portanto, na digestão e
aditivos incluem-se os antibióticos (substâncias
absorção de nutrientes (LOPES, 2008).
produzidas por leveduras, fungos ou bactérias benéficas que atuam contra bactérias maléficas) e, os quimioterápicos (substâncias adquiridas por síntese química com ação semelhante à dos
Os
antibióticos
são amplamente aplicados
avicultura,
em
doses
grandes
benefícios
subterapêuticas, na
na
gerando
produção
animal,
principalmente por melhorar o ganho em peso, a
antibióticos).
conversão Maiorka (2004), também relata outros compostos
alimentar
e
reduzir
a
mortalidade
(FLEMMING, 2005; LORENÇON et al., 2007).
alternativos como os probióticos, prebióticos e aditivos fitogênicos que atuam como agentes tróficos
Levando em consideração que a ração representa
e
intestinal,
entre 70 a 80% do custo de produção, a integridade
bactérias
dos mecanismos fisiológicos de digestão e absorção
benéficas e reduzindo a colonização das espécies
dos nutrientes, isto é, a integridade das células
patogênicas.
epiteliais da mucosa, assegura o bom desempenho e
como
equilibradores
favorecendo
o
da
mucosa
desenvolvimento
de
produção, e o uso de promotores auxilia nesta Em estudos realizados por Menten (2002), os
diminuição de custos (FURLAN et al., 2004).
aditivos de acordo com a ação específica ou característica funcional são classificados em três
Outros benefícios da sua utilização referem-se à
classes: a primeira considerada a dos pró-nutrientes,
propriedade
aqueles microingredientes que podem favorecer a
ingredientes possuem. Além de promoverem o
utilização dos nutrientes dietéticos pelos animais
equilíbrio
melhorando
reduzirem o pH facilitando a digestão, diminuindo a
a
sua
eficiência
de
utilização
e
proporcionando melhor desempenho dos animais.
da
catalítica microbiota
específica do
trato
que
esses
digestivo
e
proliferação de microrganismos indesejáveis no estômago e intestino (MAPA, 2004).
Dentre eles incluem-se as substâncias acidificantes, anticoccidianos,
Esses aditivos ainda estimulam a imunidade dos
antifúngicos, antioxidantes, palatabilizantes, enzimas
animais e, em consequência disso melhoram as
pigmentantes, probióticos, prebióticos, simbióticos.
condições sanitárias dos lotes (SOUZA et al., 2006),
adsorventes,
8193
aglutinantes,
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Artigo 470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte
mostrando a necessidade real de sua utilização,
Os aditivos são substâncias não nutritivas utilizadas
frente ao grande desafio sanitário da produção
nas
avícola devido sua característica de se ter muitos
características químicas, físicas e sensoriais das
animais em áreas pequenas, o que torna o risco de
rações com o objetivo de melhoria geral do
contaminação maior.
desempenho dos animais (BERTECHINI, 2012).
rações
para
modificar
beneficamente
as
Classificados em quatro categorias: promotores de Santos et al. (2004), comparando o uso de aditivos
absorção;
promotores de crescimento sobre o desempenho,
auxiliadoras e enzima exógena.
substâncias
profiláticas;
substâncias
características de carcaça e bactérias totais do intestino de frangos de corte, observou crescimento
Conforme Menten (2002), esses ingredientes devem
da conversão alimentar, eficiência alimentar e fator
atuar de forma a melhorar o desempenho de
de produção. Por outro lado, Corrêa et al. (2003)
maneira efetiva e econômica, são atuantes em
notaram que frangos de corte machos alimentados
pequenas
com poliprobióticos apresentaram maior rendimento
manutenção da microbiota gastrintestinal normal e
de cortes que os suplementados apenas com B.
benéfica.
quantidades
e
devem
garantir
a
subtilis. Resultados semelhantes, com melhorias no rendimento de pernas, foram obtidos por Pelicano et
Os promotores de absorção são uma aposta e
al. (2003) em frangos de corte que receberam
existem várias substâncias usadas como forma de
diferentes probióticos até os 45 dias de idade.
otimizar a absorção nas rações de aves e suínos, e o maior
grupo
está
ligado
aos
antibióticos.
Santos et al. (2005) verificaram que os aditivos
Normalmente os antibióticos utilizados na terapêutica
influenciaram
de
humana não são utilizados como aditivos, porém há
carcaça, partes e gordura abdominal, onde machos
movimentos para o banimento do seu uso em rações
apresentaram melhores resultados de peso ao abate
em dosagem subterapêutica pela possibilidade do
e rendimento de coxa, em relação às fêmeas. Houve
risco de criação de microrganismos resistentes a
efeito somente dos aditivos sobre a contagem total
estas moléculas, mostrando que pode haver alguns
de bactérias do conteúdo intestinal. Segundo estes
riscos
autores as mudanças ocorridas na microbiota
(BERTECHINI, 2012).
intestinal
positivamente
podem
sobrevivência
ter
estável
o
rendimento
contribuído de
para
microrganismos
hospedeiro,
sem
comprometer
no o
desempenho e características de carcaça, no período de 1 a 42 dias de idade.
sido empregados na produção de alimentos de origem animal para manter a saúde dos animais e aumentar a produtividade (BISCHOFF et al., 2012). Os aditivos são utilizados na alimentação com o objetivo de aumentar as taxas de crescimento e de a
saúde
do
trato
gastrointestinal e a eficiência alimentar, poupar energia e reduzir as cargas patogênicas e a produção ambiental
de
dejetos,
pela
minimizando
redução
sendo
estudados
Riscos com o uso de promotores Substâncias como os antibióticos quando mal administradas
podem
microrganismos
causar
patogênicos
resistência
e
também
aos
podem
os animais quanto para os seres humanos. A
Há mais de 50 anos os agentes antimicrobianos têm
melhorar
estão
contaminar carcaças, oferecendo perigos tanto para
Uso na avicultura industrial
sobrevivência,
ainda
uma
ecossistema intestinal, proporcionando benefícios ao animal
que
da
o
impacto
transmissão
patógenos via alimentos (SILVA, 2011).
de
presença de resíduos na carne, ovos ou leite, causando desde reações de hipersensibilidade até propriedades cancerígenas, tornou-se uma das preocupações
relacionadas
à
utilização
destes
aditivos (MENTEN, 2002). Existe a preocupação com o uso contínuo e indiscriminado desses antibióticos na alimentação animal, no sentido dessas substâncias exercerem risco, tanto para a saúde humana quanto animal, devido à presença de resíduos em produtos de origem
animal,
o
desenvolvimento
e
que
pode
disseminação
determinar de
o
bactérias
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Artigo 470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte
resistentes e essa resistência serem transferida aos
pública acredita ser necessária a restrição aos
microrganismos
antibióticos fornecidos na alimentação animal, como
patogênicos
(MENTEN; LODDI,
promotores de crescimento, sendo necessárias
2003).
alternativas para garantir esse desempenho do As restrições impostas pela União Europeia a
animal e ao mesmo tempo a segurança dos
respeito da utilização de antibióticos e de proteínas
consumidores (ALBINO et al., 2007).
de origem animal na alimentação das aves alteraram de forma significativa o manejo nutricional imposto
Dentre os substitutos aos antibióticos encontram-se
aos animais (MEDEIROS, 2008).
os probióticos, prebióticos, simbióticos e aditivos fitogênicos,
favoráveis
ao
desenvolvimento
de
Até o momento não foram observadas evidências
microrganismos benéficos do trato gastrointestinal
diretas da ligação da suplementação antimicrobiana
(SANTOS et al., 2002). Estas alternativas naturais ao
a
Contudo,
uso de antimicrobianos promotores de crescimento,
muitos cientistas concordam que a atividade seletiva
que vêm sendo pesquisadas, incluem o uso racional
de alguns antimicrobianos em rações poderia
de prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e
influenciar a proporção de bactérias resistentes no
extratos vegetais (ARAÚJO et al., 2007).
processos
patológicos
específicos.
trato gastrointestinal (ENGBERG et al., 2000). Probióticos são microrganismos vivos, que geram e
benefícios ao trato gastrintestinal, competindo com a
ração
flora patogênica por nutrientes, locais de adesão no
cloranfenicol,
epitélio intestinal e sintetizando metabólitos (ácidos
sulfonamidas sistêmicas, furazolidona, nitrofurazona
orgânicos) que criam resistência ao crescimento de
e avorpacina. Os aditivos atualmente autorizados
organismos patogênicos (JUNQUEIRA; DUARTE,
como promotores de crescimento de frangos de
2005).
No
Brasil,
produtos
utilizados
atualmente
proibidos
como
incluem:
tetraciclinas,
no
passado
aditivos
penicilinas,
de
corte são: ácido 3-nitro, ácido arsanílico, avilamicina, colistina,
flavomicina,
virginiamicina,
loncomicina,
bacitracina,
tilosina,
espiramicina
e
Os probióticos apresentam-se não como substitutos, mas como alternativa aos antibióticos promotores de crescimento
enramicina (MACARI; FURLAN, 2005).
funcionam
(MACARI; como
FURLAN,
agentes
tróficos,
2005).
Estes
que
atuam
O risco de transferência de material genético
estimulando e acelerando o processo de mitose que
resistente a antibióticos do microrganismo animal
ocorrem na região cripta-vilo, aumentando assim o
para o humano não é bem documentado. Ainda
número de células, e por consequência o tamanho
apresenta como fator de redução desta possibilidade
dos vilos e profundidade das criptas resultando em
a baixa efetividade de colonização de bactérias de
melhor digestão e absorção de nutrientes, além de
animais em humanos (CROMWELL, 2012).
melhorar a qualidade dos produtos finais, sem causar riscos ao consumidor (MACARI; FURLAN,
Macari & Furlan (2005) afirmam que a pura e a simples
retirada
dos
antimicrobianos,
2005; ARAÚJO et al., 2007).
como
promotores de crescimento, podem causar sérios
Podem conter bactérias totalmente conhecidas e
problemas na produção da proteína animal, em
quantificadas
ou
função da queda no desempenho. Por isso a
conhecidas.
Os
utilização de aditivos promotores de crescimento
bacterianos considerados são os que se enquadram
alternativos é recomendada.
nos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, além de
culturas principais
bacterianas
não
microrganismos
Escherichia, Enterococcus e Bacillus (MORAIS; Promotores alternativos
JACOB, 2006). Os probióticos podem ser agrupados
Algumas restrições e exigências estão sendo
de acordo com as características do conjunto de
impostas pelo mercado importador com relação a
microrganismos que o compõe.
campanhas com proibição do uso indiscriminado de promotores antimicrobianos em rações. A opinião 8195
Gilbson & Roberfroid (1995), definiram prebióticos
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Artigo 470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte
como ingredientes alimentares que são digeridos na
Segundo
porção
de
possibilita rápido estabelecimento da microbiota
monogástricos e que proporcionam efeito benéfico
intestinal favorável ao hospedeiro, contudo havendo
no
o
boas perspectivas com o seu uso ocorre a
crescimento e/ou metabolismo de um limitado grupo
necessidade de mais pesquisas, pois ainda falta
de bactérias no cólon.
informação adequada dos níveis de inclusão e a
proximal
hospedeiro
do por
trato
gastrintestinal
estimular
seletivamente
Beterchini
(2012)
esta
associação
melhor associação a busca da potencialização de Os prebióticos são substâncias que não são
desempenho.
digeridas no trato gastrointestinal por falta de enzimas endógenas específicas, sendo seu modo de
Os ácidos orgânicos são substâncias naturais
ação direcionado para determinadas cepas de
constituintes das células animais e vegetais, sendo
microrganismo que utilizam estas substâncias como
algumas formadas pelo processo de fermentação
substratos
ser
microbiana no trato gastrointestinal, o qual constitui
leveduras
partes importantes do suprimento energético dos
extraídos
(BERTECHINI, de
principalmente
células os
de
2012).
Podem
planta
e
frutoligossacarídeos
mananoligossacarídeos.
Os
extratos
e
os
animais hospedeiro (ALMEIDA, 2012).
vegetais
representam alguns dos promotores alternativos
Os mais utilizados são os ácidos fumárico, cítrico
mais
propiônico e láctico, agem reduzindo o pH do
estudados,
mas
que
ainda
demonstram
estômago e do intestino, aumentando a atividade de
resultados práticos bastante variados.
enzimas proteolíticas melhorando a digestão e Paz et al. (2010) trabalhando com frangos de corte
absorção dos nutrientes em questão os aminoácidos
de 1 a 10 dias de idade utilizando uma mistura de
e minerais e reduzindo populações e bactérias
probióticos e prebióticos mais ácido orgânico,
enteropatogênica como E. coli e Salmonella por
observaram conversão igual ao tratamento com uso
serem sensíveis a redução do pH ( BERTECHINI,
de antibióticos, demonstrando total potencial para
2012).
substituição cujos resultados corroboram com os obtidos por, LODDI et al. (2000 e 2002).
Segundo Santana (2013) a maioria dos extratos vegetais exercem sua ação antimicrobiana via
Corroborando com os dados Silva et al. (2011) que
mecanismos de desnaturação e/ ou coagulação de
avaliaram o uso de inulina sendo esta extraída da
proteínas da estrutura da parede celular bacteriana.
raiz da chicória (antibiótico; probiótico; prebiótico e
Os óleos essenciais são voláteis extraídos de
simbiótico) concluíram que estes eram aptos a
produtos vegetais através da destilação a vapor
substituir os antibióticos sem acarretar prejuízo ao
d´agua ou da atividade enzimática seguida de
desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de
destilação a vapor d´agua, abrangendo toda uma
idade.
gama de componentes como terpenóides, álcoois, aldeídos e ésteres cíclicos, sendo sua ação de
Lorençon et al. (2007) que avaliou o efeito da
inibição ao crescimento de leveduras, fungos e
suplementação
bactérias (TOLEDO et al., 2007).
de dietas
com
promotores
de
crescimento sobre o desempenho e rendimento de carcaça de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.
O avanço do uso de aditivos na alimentação de
Nos resultados não houve efeito dos tratamentos
monogástricos
sobre
buscarem
as
características
de
desempenho
e
tem
permitido aos
alternativas
que
nutricionistas
permitam
melhor
aproveitamento dos alimentos e melhor desempenho
rendimento de carcaça.
dos animais. Dentre os diversos tipos existentes no Quando se trata dos simbióticos são compostos da
mercado atual é necessário buscar novas pesquisas
associação do probiótico com o prebiótico, sendo
que visem garantir a efetividade destes produtos
este último especifico para as espécies de bactérias
perante a melhoria na produção avícola, garantindo
no probiótico, essa junção está justificada na multiplicação
assim maior lucratividade deste segmento.
das bactérias, desta forma tornando mais efetiva a
alteração da microbiota no trato gastrointestinal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Artigo 470 – Implicações sobre o uso de promotores de crescimento na dieta de frangos de corte
Sabe-se que a contribuição do uso de aditivos na produtividade
dos
plantéis
avícolas
é
verdadeiramente efetiva. O controle de certas doenças pode não ser efetivo sem o uso de
MATRIZES
DE
CORTE
2004,Balneário
E
NUTRIÇÃO,
Camboriú,
Santa
5.,
Catarina.
Anais... Balneário Camboriú, 2004. p. 6-28. FLEMMING,
J.
S.
Utilização
de
leveduras,
antibióticos na ração. A utilização destes aditivos
probióticos e monanoligossacarideos (MOS)
ainda é necessária na avicultura industrial, mesmo
na alimentação de frangos de corte. 2005. 109
com os riscos que podem ocasionar, como resíduos
f.
na carne e a resistência à terapia antibiótica. Mesmo
Alimentos)- Universidade Federal do Paraná,
com
2005.
a
introdução
de
prebióticos,
simbióticos,
fitoterápicos
como
enzimas, ácidos
probióticos,
(Doutorado
em
Tecnologia
de
e
GIBSON, G. R.; ROBERFROID, M. B. Dietary
ainda
modulation of the human colonic microbiota:
proporcionam benefícios produtivos para serem
introducing the concept of prebiotics. Journal of
mantidos no mercado.
Nutrition, v. 125, p. 1401-1412, 1995.
possíveis
orgânicos
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Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes Revista Eletrônica Forragem, ingestão, monitoramento nutricional, valor nutricional. 1*
Vol. 15, Nº 04, jul./ ago. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Juliete de Lima Gonçalves 2 Antonio Marcos Ferreira Fernandes 3 Rafael Teixeira de Sousa 4 Sueli Freitas dos Santos 1
Doutora em Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba-UFPB, Areia, Paraíba. *E-mail: julietegoncalves@gmail.com. 2 Mestre em Zootecnia, Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, Sobral, Ceará. 3 Doutor em Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo-USP, Pirassununga, São Paulo. 4 Doutora em Zootecnia, Universidade Federal do Ceará-UFC, Fortaleza, Ceará.
RESUMO
USE OF NIRS IN THE DETERMINATION OF
A crescente demanda por tecnologias simples,
DIGESTIBILITY AND CONSUMPTION
rápidas e precisas para avaliação da qualidade da
PARAMETERS IN RUMINANTS
dieta e determinação do consumo de ruminantes em pastejo fez com que a espectroscopia de reflectância no infravermelho próximo (NIRS) ganhasse espaço nestas avaliações. O NIRS se sobressai em relação às
análises
convencionais,
pois
estas
são
geralmente laboriosas, consomem muito tempo e com altos custos, além de gerar resíduos com grande potencial de poluição ambiental. A técnica NIRS fecal consiste no desenvolvimento de modelos de calibração através do uso de parâmetros estatísticos e matemáticos, os quais correlacionam as características espectrais das fezes (variáveis independentes) com os constituintes da qualidade da forragem (proteína, digestibilidade da matéria seca orgânica, fibra e outros) (variáveis dependentes) consumida pelo rebanho. Nesse contexto, esta revisão
de
literatura
apresenta
os
principais
conceitos relacionados aos fundamentos do NIRS para aplicação da técnica, bem como o uso do NIRS fecal para avaliação da digestibilidade e consumo de ruminantes a pasto e os procedimentos necessários para o desenvolvimento de modelos de calibração e validação. Palavras-chave: forragem, ingestão, monitoramento nutricional, valor nutricional.
ABSTRACT The increasing demand for simple, fast and accurate technologies for assessing the quality of the diet and determining the consumption of grazing ruminants caused the near infrared reflectance spectroscopy (NIRS) to gain space in these evaluations. The NIRS stands out from conventional analyzes, since they are generally laborious, time consuming and costly, and
generate
wastes
with
high
potential
for
environmental pollution. The fecal NIRS technique consists of the development of calibration models through the use of statistical and mathematical parameters, which correlate the fecal spectral characteristics (independent variables) with the forage quality constituents (protein, organic dry matter digestibility, fiber and others) (dependent variables) consumed by the herd. In this context, this literature review presents the main concepts related to the NIRS fundamentals for the application of the technique, as well as the use of fecal NIRS to evaluate
the
digestibility
and
consumption
of
ruminants to pasture and the necessary procedures for the development of calibration models and validation. Keyword: forage, intake, nutritional monitoring, nutritional value. 8200
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
INTRODUÇÃO
O uso desta técnica traz várias vantagens, pois não
Os alimentos que compõem a alimentação dos
destrói a amostra, não necessita de reagentes, é
ruminantes representam a porção mais onerosa
rápido e econômico, além
dentro de um sistema de produção. Levando em
parâmetros de análises, como proteína bruta (PB),
consideração, que grande parte dos sistemas de
digestibilidade da matéria orgânica (DMO), fibra em
produção de ruminantes é feita a pasto, a variação
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido
nos aspectos quantitativos e/ou qualitativos do
(FDA) e outros, em um único procedimento analítico
pasto, em decorrência da diversidade de climas,
(STUTH et al., 2003).
de permitir
vários
solos e disponibilidade de água podem influenciar a estacionalidade produtiva do rebanho (DEMINICS et
Com a possibilidade de aplicação nas mais diversas
al., 2009). Nas condições em que a forragem
condições ecofisiográficas, a técnica NIRS pode
disponível não atende as exigências dos animais, é
constituir importante ferramenta para o incremento
necessário buscar estratégias de suplementação
da produção de ruminantes para produção de carne,
para um melhor desempenho dos mesmos.
leite ou lã no Brasil. Neste contexto, esta revisão tem por objetivo apresentar e discutir a importância da
Quando os animais são submetidos a sistemas
utilização da técnica NIRS e a utilização desta, na
intensivos, o ajuste na alimentação é bem mais
determinação dos parâmetros de digestibilidade e
simples quando comparado com sistemas com
consumo de ruminantes.
animais em pastejo, já que nos confinamentos é possível se exercer o controle quantitativo e
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
qualitativo da dieta fornecida. Em relação aos
Fundamentos e aplicação da técnica NIRS
animais criados a pasto, há uma maior dificuldade
Ao longo do tempo, muitos pesquisadores da área
em se estimar a qualidade e a quantidade da forragem selecionada e ingerida pelo animal, que associada ao consumo e às exigências nutricionais,
de nutrição animal têm reconhecido a importância da mensuração do valor nutritivo de plantas forrageiras na alimentação dos ruminantes, com o intuito de atender as suas exigências nutricionais.
serve de base para o balanceamento da dieta. A determinação do valor nutritivo da dieta de animais Portanto, existe a necessidade de se desenvolver
estabulados pode ser feita de forma direta, pois se
metodologias que, de forma simples, rápida e
tem
econômica possam predizer a qualidade e a
alimentos oferecidos, diferentemente de animais a
quantidade da dieta selecionada por animais em
pasto, a qual esse controle não pode ser realizado.
pastejo. Com a estimativa da qualidade associada
Algumas técnicas já são utilizadas para avaliação da
ao consumo da dieta selecionada, é possível definir
qualidade da dieta selecionada pelos animais em
os nutrientes limitantes na dieta dos animais e com
pastejo, dentre as quais, destacam-se: gaiola de
isso corrigir os déficits nutricionais ao longo do ano,
exclusão,
utilizando-se estratégias de suplementação.
fistulados, n - alcanos e micro-histologia das fezes.
o
controle
quantitativo
pastejo
simulado,
e
qualitativo
uso
de
dos
animais
Cada uma possui suas vantagens e desvantagens, Entre as técnicas já desenvolvidas destaca-se o uso da espectroscopia
da
reflectância
na
região
do
infravermelho próximo (NIRS). A técnica consiste na coleta dos espectros das amostras de fezes, com as quais se pode predizer a composição química das dietas
a partir do desenvolvimento de modelos de regressão.
cabendo ao pesquisador escolher aquela que está mais compatível com sua realidade e seus objetivos. Apesar
de
todos
estes
métodos,
ainda
há
necessidade de uma técnica que possa determinar o valor nutricional do pasto de forma fácil, rápida, e precisa, pois, as metodologias citadas anteriormente
8201
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8200-8253, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
podem demandar muito tempo, o que seria inviável
LYONS & STUTH (1992) e LEITE & STUTH (1995)
para tomada rápida e eficiente de decisões no
foram
campo.
determinando indiretamente a qualidade das dietas
os
pioneiros
na
utilização
do
NIRS,
de bovinos e caprinos, respectivamente. Como O desenvolvimento de computadores associados
suporte aos programas de suplementação alimentar,
com
da
foi desenvolvido um software para análise do
quimiometria contribuíram para o uso da técnica
balanço nutricional das dietas de ruminantes, o
NIRS. A espectroscopia NIR compreende a região
Nutritional Balance Analyzer (NUTBAL) (STUTH,
do espectro eletromagnético que compreende a
1997). Utilizando as informações obtidas através das
região de 780 a 2500 nm, o qual analisa substâncias
análises do NIRS fecal, o NUTBAL é empregado na
orgânicas
determinação dos suplementos em déficit nas dietas,
o uso de estatística multivariada e
a
partir
da
absorção
de
energia
eletromagnética emitida, com comprimentos de
permitindo
ondas situadas na região do infravermelho próximo,
suplementação alimentar (STUTH, 1997).
tomadas
de
decisão
para
a
que ao penetrar na amostra podem ser absorvidos por meio de ligações covalentes existentes entre os
Existem vários trabalhos (LEITE & STUTH, 1995;
elementos presentes nos compostos orgânicos, que
WALKER et al., 1998; COX et al., 2000; SHOWERS
vibram em determinados comprimentos de onda
et al., 2006; GLASSER et al., 2008; FANCHONE et
(SKOOG et al., 2006). Com o estudo da quantidade
al., 2009; RUSSEL et al., 2012; GÁLVEZ-CERÓN et
e tipo de ligação covalente presente no material por
al.,
meio
possível
TOLLESON & SCHAFER, 2014; LANDAU et al.,
componentes
2016; GINDRI, 2016; JANCEWICZ et al., 2017;
das
relacionar
ondas os
eletromagnéticas
espectros
com
os
é
químicos (BANSOD & THAKRE, 2014).
2013;
DECRUYENAERE
et
al.,
2013;
JOHNSON et al., 2017) conduzidos em diferentes locais
e
distintos
ecossistemas,
nos
quais
A técnica NIRS se fundamenta no desenvolvimento
demonstrou-se a funcionalidade da utilização do
de modelos de regressão multivariada, onde se
NIRS na determinação da qualidade de dietas dos
estuda correlações entre os espectros (variáveis
animais a pasto, a partir da coleta dos espectros das
independentes) e a dieta selecionada, a qual irá
amostras de fezes. O NIRS tem sido utilizado
gerar
(variáveis
também na análise de fatores anti-nutricionais nas
dependentes) (STUTH et al., 2003). A técnica NIRS
forragens (WINDHAM et al., 1988.; ROBERTS et al.,
é vantajosa por ser rápida e não requerer trabalho
1993) e composição botânica da dieta (GLASSER et
intensivo
al., 2012; JEAN et al., 2014; WALKER et al., 2015;
os
valores
no
de
referência
processamento
das
amostras,
permitindo a grande escala de amostragem, além de
NÚÑEZ-SÁNCHEZ et al., 2016).
não demandar reagentes e não destruir as amostras (STUTH et al., 2003).
Fatores que interferem na leitura do NIRS Análises de referência
A determinação da qualidade da dieta através do NIRS pode ser feita pelo método direto ou indireto. O método direto consiste em coletar o espectro da
Bons resultados nas análises dos materiais que servirão
de
referência
usada como referência, enquanto o método indireto
BURNS & CIURCZAK (2008) ressaltaram que as
coleta-se os espectros das amostras fecais e
principais fontes de erros nas análises com o NIRS
realizam-se as análises químicas da dieta e, a partir
são com a seleção, preparação e as análises de
dos
referências das amostras. As amostras no momento
das
fezes
tenta-se predizer
a
referência (WALKER & TOLLESON, 2010). Os espectros são utilizados para criar os dados de
da
coleta
devem
abranger
sua
um
procedimento
espectros
de
de
dieta e fazer a análise química da mesma para ser
qualidade da dieta, tendo como base os valores de
adequado
dependem
as
amostragem.
mais
diversas
variações do alimento analisado, incluindo diferenças
calibração e desenvolver os modelos de predição
de locais, variedades, períodos do ano, para que
(SHENK & WESTERHAUS, 1996).
assim possa conseguir um bom modelo de predição para o parâmetro analisado.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8200-8253, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
8203
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
Vários fatores podem interferir no processo de
animais fistulados e através do pastejo simulado.
amostragem, tais como o recolhimento da amostra,
Cada
tipo de material, a quantidade, o tamanho da
desvantagens.
técnica
possui
suas
vantagens
e
partícula da amostra, densidade, embalagem e mistura da amostra. Amostragens pobres podem
A técnica que consiste no corte da forragem possui
levar a distorções espectrais que podem gerar
as vantagens de exigir pouco equipamento, não
dificuldades na interpretação (COATES, 1998).
necessita
Segundo BURNS & CIURCZAK (2008), a redução
contaminação salivar. No entanto, acredita-se que os
da umidade e a padronização do tamanho de
animais têm a capacidade de selecionar as plantas
partículas são fatores que influenciam na leitura dos
forrageiras
espectros, interferindo diretamente nos resultados
disponível no pasto (LESPERANCE et al., 1974).
de
animais
com
fistulados,
qualidade
não
superior
tem
daquela
das calibrações. A presença de um elevado teor de água nas amostras úmidas pode limitar a utilização
Os animais fistulados no rúmen ou com fístulas
do NIRS, uma vez que existem fortes bandas de
esofágicas têm sido amplamente utilizados para
absorção no espectro causadas pela água em certas
obter amostras de forragem mais precisas que
regiões espectrais (LÓPEZ et al., 2013). Contudo, o
representem
NIRS tem sido usado com sucesso em uma ampla
(HOLECHECK et al., 1982). No entanto, THEURER
variedade de produtos (XU et al., 2012; FAN et al.,
(1970) ressalta que o uso de animais fistulados pode
2016; TORRES et al., 2017) com alto teor de
implicar em perdas de material durante a coleta,
umidade.
alterações na fisiologia do animal que possam afetar
o
real
consumido
pelos
animais
o consumo dos mesmos e a contaminação salivar e altas
ruminal. Apesar deste problema, o uso desta técnica
temperaturas em amostras de fezes podem ocorrer
é usado por representar melhor o que o animal
reações de maillard e podem afetar a leitura pelo
ingeriu quando comparadas com as amostras que
NIRS. Somada a isto, os instrumentos utilizados
são
também podem induzir a erros, como é o caso do
(THEURER
uso da célula utilizada no equipamento NIRS, a qual
CAMPBELL, 1979).
COATES
(1998)
também
observou
que
colhidas
da
disponibilidade
et al.,
1976.;
de
forragem
KARTCHNER
&
deve ser fácil de ser preenchida com amostra sem provocar estratificação, fácil de limpar e fornecer
A recuperação incompleta da amostra no esôfago
quantidade suficiente para promover uma boa
está relacionada com o tamanho da abertura da
reflectância. A irradiação irá penetrar cerca de dois
fístula (BLACKSTONE et al., 1965). MCLNNIS
milímetros do material, portanto ao colocar amostra
(1977) e LESPERANCE et al. (1974) verificaram que
na célula ela deve ser bem compactada para evitar
amostras
espectros completamente dispersos (WILLIAMS,
representativas do que aquelas recolhidas no rúmen,
2005).
porém a fístula no rúmen é estabelecida mais
recolhidas
no
esôfago,
foram
mais
facilmente. É importante enfatizar que a análise química é de extrema importância para o desempenho dos
Estudos têm mostrado que a contaminação salivar
modelos, sendo necessários todos os cuidados para
aumenta o teor de cinzas nas forragens, chegando
reduzir os erros do laboratório. Segundo Cozzolino
de 1 a 4% esse aumento (LESPERANCE et al.,
et al. (2009) o erro associado ao método de
1974). Amostras retirados de fístulas apresentaram
referência deve ser conhecido, mas, no entanto,
maior
muitas vezes este é ignorado.
carboidratos solúveis tiveram menor concentração
teor
de
fibra
e
lignina,
enquanto
os
(RICE, 1970, LESPERANCE et al., 1974), embora Amostragens das dietas dos animais a pasto
LASCANO et al. (1970) não tenha encontrado
Existem vários métodos que podem ser utilizados
diferença para fibra em detergente ácido e lignina em
para representar a dieta selecionada pelo animal. A
amostras de fístula esofágica. CUNDY & RICE
dieta pode ser obtida pelo corte da forragem, uso de
(1968) verificaram que a digestibilidade in vitro da
8204
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8200-8253, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
matéria
seca
esofágica
(DIVMS) de
apresentaram-se
amostras
fístula
modelos de calibração está na necessidade de um
oferecida feno de alfafa e silagem de alfafa para
grande banco de dados, onde contenha uma
novilhos.
a
variação das amostras, quanto a: variedades,
digestibilidade das amostras antes das coletas foram
diferentes locais, diferentes estágios de crescimento,
de 60% contra 49% posterior a coleta dos animais
práticas de irrigação. Conforme COZZOLINO et al.
fistulados. LYONS et al. (1995) trabalharam com
(2003), não existe um número mínimo definido de
bovinos e observaram que houve uma variação
amostras necessárias para o desenvolvimento de um
maior do que a prevista pelo uso da técnica do NIRS
modelo de calibração,
fecal
depender do componente, ou parâmetro, o qual se
mesmos
quando
A dificuldade em se fazer o monitoramento dos
foi
Os
inferior
de
ressaltaram
que
para PB e DMO quando se trabalhou com
bovinos fistulados.
mas
a quantidade irá
deseja prever e a natureza do produto a ser avaliado. Estes ainda devem ser representativos da
Outra técnica utilizada é do pastejo simulado, que
população,
consiste na observação dos animais e coleta da
analisados pelo modelo.
para
que
no
futuro
possam
ser
forragem selecionada pelo animal. A desvantagem é quando se tem uma diversidade de espécies
Ademais, COATES (1998) preconiza que os pares
forrageiras, onde há uma complexidade para o
de dieta e fezes devem ser verdadeiramente
observador em saber que espécies o animal está
representados pela dieta consumida pelo animal e as
selecionando e em que quantidade. A vantagem é
fezes relacionadas com as amostras da dieta. Para
que não tem contaminação salivar, não necessita de
utilizar a técnica NIRS fecal é necessário se ter
animais
pares de espectros fecais com as análises de
fistulados.
GLASSER
et
al.
(2008)
conduziram um estudo em Israel onde utilizaram o
referência
NIRS fecal para determinação da qualidade da dieta
qualidade destas informações para que se tenham
de cabras, utilizando como meio de coleta da dieta, o
boas calibrações (Showers et al., 2006).
dos
nutrientes,
sendo
primordial
a
pastejo simulado. A qualidade das calibrações é avaliada em termos Desenvolvimento dos modelos - calibração
de linearidade que é determinada pelo coeficiente de
As informações contidas nos espectros gerados pelo
determinação
NIRS são complexas, sendo difícil a percepção das
TOLLESON, 2010). O erro de calibração (SEC)
diferenças espectrais entre as amostras quando
representa a variação através da diferença entre os
vistas a olho nu. Assim, a quimiometria utiliza
valores preditos e os valores de referência, a partir
recursos matemáticos e estatísticos em dados
do modelo desenvolvido (LANDAU et al., 2005).
químicos para extrair informações analíticas, de
WILLIAM (2005) ressalta que o método de referência
natureza multivariada, construindo a classificação de
é usado para avaliar o modelo de calibração, através
modelos de previsão e melhorando a precisão e
do
robustez dos modelos (LOHUMI et al., 2015).
LANDAU et al. (2005) trabalharam com cabras
e
pela
monitoramento
confinadas
e
de
precisão
análises
encontraram
o
(WALKER
&
subsequentes. coeficiente
de
No momento da calibração com as amostras
determinação maior que 0,94. Os erros de valores de
coletadas, estas devem abranger todas as variações
referências laboratoriais foram de 0,50 e 1,82 para
possíveis daquele material. LYONS et al. (1995)
PB, DMO, respectivamente. De tempos em tempos,
ressaltam que é necessário ter cautela ao adotar um
novas
modelo de predição para avaliar a qualidade
estender o modelo de calibração.
amostras
podem
ser
adicionadas
para
nutricional da dieta, caso as suas amostra sejam muito diferentes daquelas usadas na calibração.
O NIRS pode ser usado com sucesso para estimar
Segundo COLEMAN et al. (1999), os modelos
qualidade da dieta sob condições de pastejo apenas
gerados
não
condições calibração.
podem
ser
representadas
além
das
se uma grande base de dados envolvendo amostras
amostras
de
fecais, das quais os espectros são coletados, contra
utilizados em
uma vasta matriz de composição de dietas que serão
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8205
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
utilizadas como valores de referência, que são
validação variando de 5,0 g/kg da matéria seca (MS)
determinados por meio de análise tradicional para
para PB até 21 para FDN, mostrando que o
desenvolver um modelo de regressão multivariada
desenvolvimento das calibrações usando bovinos
que pode então ser usada para estimar o valor
confinados pode ser usado para predizer a dieta de
nutricional de amostras similares.
bovinos em pastejo. NÚÑES SÁNCHEZ et al. (2016) trabalharam na Espanha com ovinos, os quais
Validação e monitoramento
fizeram misturas de 16 dietas usando várias
A validação é um método utilizado para prever
combinações de ingredientes com forragens e
amostras desconhecidas, não inclusas no banco de
concentrados. Os mesmos obtiveram R de 0,93,
amostras da calibração. Existem alguns tipos de
0,89, 0,80 e 0,95 para os parâmetros de cinzas, PB,
validação: a validação leave-one-out e a multiford,
EE e FDN, respectivamente.
2
também conhecidas como validações cruzadas, a validação interna e a independente. Na validação cruzada definida de “leave-one-out”
SHOWERS et al. (2006) ressaltam que a robustez das
calibrações
são
fundamentais
para
um
procedimento de validação adequada. Isso foi
uma amostra é removida do conjunto de dados e um
confirmado por LEITE & STUTH (1995), os quais
modelo de calibração é desenvolvido para o
relataram que modelos desenvolvidos com a técnica
subconjunto restante. As amostras retiradas são
NIRS fecal em dietas para cabras para estimar PB e
então usadas para calcular o residual de predição,
DMO na região de Savana no Texas foram
enquanto no multiford, segue o mesmo princípio da
estendidos para condições no sul do Texas devido à
primeira, mas ao invés de retirar apenas uma
robustez do banco de dados.
amostra, é retirado um número definido de amostras (Naes et al., 2002). Conforme Agelet & Hurburgh Jr.
O modelo de calibração e validação precisam ter
(2014) a validação cruzada só deve ser utilizada
seus resultados interpretados. Alguns parâmetros
quando o número de amostras for um fator limitante.
são utilizados como indicadores de desempenho dos modelos, tais como: raiz quadrada do erro médio
Na validação interna, o conjunto de dados é dividido
para a calibração (RMSEC), validação cruzada
em dois, sendo um o conjunto de calibração e o
(RMSECV) ou o erro do quadrado médio para a
outro a validação. Para um conjunto de 100
previsão (RMSEP) quando se utiliza validação
amostras, 70 a 90% podem ser usados para a
externa (WALSH & KAWANO, 2009). Somado a
calibração, enquanto 10-30% restante pode ser
estes,
tem-se
a
avaliação
do
coeficiente
de
2
utilizado para a validação (Cozzolino, 2002). A
correlação (R ), Bias e relação do desempenho do
validação independente é mais indicada e esta
desvio - RPD.
compreende o conjunto de amostras, como o próprio nome já diz independente, ou seja, coletadas de
Com o tempo é necessário se fazer o monitoramento
outros locais, anos, períodos, lotes (Dardenne,
destes modelos desenvolvidos. Para isso devem-se
2010).
fazer
análises
químicas
em
laboratórios,
em
intervalos regulares para verificar as amostras LANDAU et al. (2016) desenvolveram calibrações
(WALKER & TOLLESON, 2010). Caso, o modelo
para composição química das fezes usando vacas
validado apresente baixa precisão e/ou exatidão,
de corte em pastagens do Mediterrâneo alimentadas
pode-se
com 153 dietas de forragem e suplementadas, e
aumentando suas variações e melhorando as
validaram usando amostras coletadas de estudos a
predições dos parâmetros relacionados à qualidade
campo. Os mesmos obtiveram nos modelos de
das dietas dos animais.
fazer
a
adição
de
novas
amostras,
calibração para os parâmetros de cinzas, FDN, FDA, Lignina e PB, R de 0,94; 0,91; 0,87; 0,81 e 0,96 e
Determinação da digestibilidade da dieta de
de validação cruzada de 0,94; 0,84; 0,79; 0,70 e
ruminantes, utilizando o NIRS
0,95, respectivamente, com erros de calibração e
A digestibilidade da dieta, do animal, pode apresentar
2
8206
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Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes 2
o valor nutritivo e a mesma tem forte influência sobre
para arbustos foram muito baixos (R - 0,50). COX
os níveis de ingestão nos ruminantes (STUTH et al.,
et al. (2000) trabalharam com ovinos no nordeste e
2003). Por mais de 25 anos, a tecnologia NIRS tem sido utilizada em análises para determinar a
obtiveram resultados para DIVMO entre 14,7 e
digestibilidade de forragens (WILLIAMS, 2005).
44,77%, com uma média de 30,07% na pastagem
DOVE (2010) ressalta que quantificar o que o animal
nativa, com um R de 0,85 e erro de calibração de
ingeriu no pasto é muito difícil quando comparados
3,57. Já TOLLESON et al. (2006)
2
2
com animais confinados.
valores de R de calibração para
encontraram DMO de 0,80,
enquanto SHOWERS et al. (2006) encontraram um 2
As calibrações feitas para digestibilidade envolvem
R de 0,77 para DMO indicando uma forte relação
tanto métodos de digestibilidade in vivo como in vitro
entre os espectros do NIRS e a medida de
como dados de referência. Quando se trabalha com
digestibilidade da dieta. Essa baixa correlação pode
métodos de referência como digestibilidade in vitro
ter ocorrido pela mudança na composição do pasto
ou in vivo deve-se trabalhar com várias amostras
ao longo do ano e a capacidade de seleção dos
para que possa abranger todas as variações
animais em pastejo.
decorrentes da seleção feita pelos animais (STUTH et al., 2003). COATES (1998) em avaliação entre a
FANCHONE
determinação da digestibilidade in vitro ou in vivo,
relações entre a PB ligada a fração da fibra com as
encontrou melhor correlação para digestibilidade in
estimativas de digestibilidade feita pelo NIRS,
2
2
et
al.
(2009)
encontraram
fortes
vitro (R - 0,97) em relação a in vivo (R - 0,89),
indicando que é necessário melhorar a capacidade
sugerindo o fato da digestibilidade in vivo estar
de predição da DMO, melhorando a calibração do
incorporando a variação dos animais, resultando em
aparelho. Se estes estudos comprovam a relação
maior interferência na leitura pelo NIRS.
entre a DMO e PB ligada à fibra, deve-se concordar que
essa
proteína
não
digerida
pode
afetar
PURNOMOADI et al. (1996) trabalharam com o
negativamente essa relação. Os mesmos autores,
NIRS fecal para determinação da composição e
fazendo uma calibração abrangendo as variações
estimativa da determinação da digestibilidade de
dos animais em relação a ensaios in vivo, na
dietas contendo forragens e concentrados, os quais
determinação da digestibilidade e os estágio de
relataram que a digestibilidade in vivo é a melhor
rebrota da planta, teve como resultado, uma maior
técnica usada para determinar a digestibilidade de
precisão e confiabilidade na determinação da DMO
um alimento, porém esta pode sofrer variações em
através do NIRS. O principal entrave do uso da
decorrência do estado do animal e as variações
técnica é a dificuldade na obtenção de amostra
entre eles, além de ser um método mais caro e
suficiente, com valores medidos in vivo, para
laborioso. Os mesmos encontraram um método
desenvolver os modelos de calibração.
alternativo, o qual utiliza a lignina como indicador e associado com a qualidade da dieta, esse pode
DECRUYENAERE et al. (2012) compararam o uso
estimar
do NIRS fecal com o nitrogênio fecal para estimativa
a
digestibilidade
através
do
NIRS.
FANCHONE et al. (2009) ressaltam que a DMO é
da
uma das características mais importantes para
suplementadas com concentrado e verificaram que o
determinar a qualidade nutricional de um alimento e
NIRS fecal apresentou menores valores de DMO
que animais a pasto não se pode determinar a DMO
quando comparados com os índices de nitrogênio
diretamente como animais confinados, nos quais se
fecal, justificando estas diferenças nos valores das
faz
medidas
análises de laboratório feita nas amostragens
quantitativas da diferença entre a forragem ingerida
coletadas e o que foi consumido pelos animais. Os
e a excreção de fezes
mesmos observaram a variação inter-animal e a
a
medida
direta
através
das
DMO
de
vacas
leiteiras
em
pastejo
e
evolução da qualidade da pastagem, onde os LANDAU et al. (2008) trabalharam com cabras no
resultados de DMO reduziram à medida que os
mediterrâneo
animais passaram mais tempo no piquete, sendo
encontraram o valor de DMS de 2
67,5%. No entanto, o R encontrado para DIVMS
essa diferenciação verificada pelo NIRS fecal em
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8207
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
vacas em sistemas rotativos. JONHSON et al.
tagens tropicais, o consumo é limitado pelos teores
(2017), trabalharam com bovinos em crescimento
de proteína e energia que são geralmente muito
2
confinados e obtiveram R de calibração de 0,87
baixos e variáveis no decorrer do ano.
para DMS e para validação cruzada de 0,82. Associada à qualidade da forragem, o consumo de KNEEBONE
&
DRYDEN
(2015)
avaliaram
a
forragem
é
muito
importante
para
um
bom
capacidade das equações desenvolvidas de material
desempenho dos animais em pastejo. CARVALHO
fecal por análise química convencional e pelo NIRS
et al. (2007) ressaltam que esse consumo pode ser
fecal para predizer a digestibilidade de forragens
influenciado por fatores associados ao animal, pasto,
fornecidas no cocho aos ovinos com e sem
ao ambiente e suas interações. Os mesmos
2
suplementação e obtiveram o R para DMS e DMO
enfatizam que o consumo dos animais a pasto não
utilizando
0,85,
podem ser determinados diretamente, fazendo que
respectivamente, além de baixos erros de calibração
diversas metodologias fossem desenvolvidas com o
e validação. Já para as equações usando análises
intuito de determinar com melhor precisão esse
o
NIRS
fecal
de
0,86
e
2
químicas, obteve-se R de 0,55 e 0,53. Os dois
parâmetro. Dentre estas técnicas utilizadas hoje,
métodos conseguiram prever o uso ou não de
para predizer a quantidade de forragem ingerida pelo
concentrado na dieta, sendo que o NIRS fecal
animal, o uso do NIRS vem ganhando destaque.
obteve maior precisão quando comparados com análises químicas.
Os primeiros trabalhos de NORRIS et al. (1976) demonstraram que a utilização do NIRS pode ser
De acordo com COLEMAN et al. (1989) os modelos
usado para estimar a composição das forragens,
NIRS fecal não podem ser extrapoladas para além
mas
das condições representadas nas amostras de
digestibilidade, assim como COLEMAN et al. (1999),
calibração. NAES et al. (2002) ainda ressaltam que o
os quais também utilizaram o NIRS para previsão do
uso de um conjunto de dados para validação é um
consumo e digestibilidade.
também
para
estimar
o
consumo
e
a
pré-requisito para justificar o uso do NIRS fecal na previsão da composição da dieta.
Alguns marcadores externos, tais como a LIPE e os alcanos são utilizados para determinar o consumo e
Mensuração do consumo pelo NIRS A
determinação
da
quantidade
serem utilizados durante o processo de calibração de
forragem
com o NIRS, porém FONTANELI & FONTANELI
consumida pelos animais e a qualidade do pasto são
(2007) relatam que a utilização dos marcadores
parâmetros complexos de serem determinados, pois
associados com o uso do NIRS para determinar
as técnicas desenvolvidas para medir o consumo e a
consumo é um pouco dificultoso por requerer um
qualidade da dieta envolvem muitas etapas, várias
grande número de amostras e homogeneidade em
fontes de variação, custos com reagentes, além de
sua constituição química. WALKER & TOLLESON
às vezes apresentar baixa precisão e exatidão
(2010) corroboram com esta afirmação, justificando
(COLEMAN et al., 2005). A máxima ingestão de
esta complexidade em razão das características
nutrientes ocorre sob condições ideais e quando as
intrínsecas dos alimentos e a variedade de seleção
necessidades nutricionais são atendidas, sensores
feita pelos animais.
anatômicos enviam um sinal ao cérebro, indicando o
ressaltam que o erro residual para os modelos com o
estado de saciedade (VAN SOEST, 1994).
NIRS foi em média de 10% do consumo real,
No entanto, os mesmos
semelhante a outros resultados, resultantes de A qualidade da forragem tem sido considerada de
dados de análises químicas e através da observação
suma importância nos últimos 40 anos, como um
de comportamento de mastigação.
produto de digestibilidade e consumo, dos quais o consumo é o mais importante (FAHEY & HUSSEIN,
COATES (1998) desenvolveu modelos de predição
1999). Segundo ULYATT & MCNABB (1999),
de ingestão através do NIRS, obtendo um R de
enquanto nas pastagens temperadas, o consumo
0,79, superior ao encontrado por LYONS (1990) que
voluntário é limitado pelo teor de energia, nas pas-
encontraram um R de 0,67. O mesmo não obteve
8208
2
2
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8200-8253, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
Artigo 471 – Utilização do NIRS na determinação dos parâmetros de digestibilidade e consumo em ruminantes
sucesso na predição de consumo pela análise do
Consequentemente, com o uso da técnica NIRS
NIRS fecal utilizando o marcador acetato de itérbio.
fecal, como ferramenta de monitoramento nutricional
No entanto, FLINN et al. (1992) encontraram bons
espera-se
resultado quando fizeram a calibração utilizando os
econômica, a produção de ruminantes no Brasil,
alcanos como marcadores. PARK et al. (1997)
tornando a atividade pecuarista mais competitiva no
ressaltam que o NIRS tem sido utilizado em vários
âmbito do agronegócio.
incrementar,
de
forma
racional
e
trabalhos para predizer a ingestão de forragens frescas e secas. No trabalho de NORRIS et al. 2
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272, 2014.
WALKER
&
TOLLESON
(2010)
sugeriu
Essa sugestão está sendo confirmada nos trabalhos
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FILHO, H. M. N.; REFFATTI, M. V.; GENRO, T.
observou um menor desempenho dos modelos para
C.
consumo quando comparados aos modelos de
metodológicos na determinação do consumo de
determinação da qualidade da dieta. No entanto, o
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associados com as suas exigências nutricionais, pode-se
corrigir
esses
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a
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partir
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8253
Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeído para ovos incubáveis: revisão de literatura Revista Eletrônica Eclodibilidade, ovos férteis, sanitizantes, viabilidade.
Gabriel da Silva Oliveira¹ Vinícius Machado dos Santos¹
Vol. 15, Nº 04, jul./ago. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
*
1
Graduando do curso Superior Tecnologia em Agroecologia, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - campus Planaltina, DF, Brasil. *E-mail: vinicius.santos@ifb.edu.br. 1
Professor do curso Superior Tecnologia em Agroecologia, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília - campus Planaltina, DF, Brasil.
RESUMO
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
ALTERNATIVE SANITIZERS TO THE USE OF PARAFORMALDEHYDE FOR HATCHING EGGS:
Objetivou-se com essa revisão de literatura compilar informações
relevantes
sobre
alternativas
LITERATURE REVIEW
de
sanitização de ovos para incubação. A sanitização
ABSTRACT
dos ovos para incubação é essencial para garantir a
The objective of this literature review was to
produção de frangos de corte de alta qualidade.
compile relevant information on alternatives to
Sabe-se que a contaminação excessiva desses ovos
sanitization of hatching eggs. The sanitization of
pode
hatching
levar
à
diminuição
da
capacidade
de
eggs
is
essential
to
ensure
the
incubação, qualidade, crescimento e desempenho de
production of high-quality broiler chickens. It is
pintinhos. Em vista disso, o uso de um sanitizante
known that excessive contamination of these
eficaz na superfície da casca dos ovos é importante
eggs may lead to decreased incubation capacity,
para reduzir o potencial de contaminação externa e
quality, growth and performance of chicks. In this
interna.
point of view, the use of an effective sanitizer on
Palavras-chave:
eclodibilidade,
sanitizantes, viabilidade.
ovos
férteis,
the eggshell surface is important to reduce the potential for external and internal contamination. Keyword: viability.
8254
fertile
eggs,
hatchability,
sanitizers,
Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeído para ovos incubáveis: revisão de literatura
INTRODUÇÃO A indústria avícola brasileira é destaque no mercado mundial devido aos altos índices de eficiência produtiva. Essa eficiência é resultado dos grandes esforços da cadeia avícola na área do melhoramento genético
das
linhagens
de
frango
de
corte,
desenvolvimento de formulações compatíveis com as exigências nutricionais de cada fase da criação e novas tecnologias de manejo, sanidade e ambiência. Uma fase importante nesse processo, e que não pode ser negligenciada, é a incubação dos ovos.
Dentre os métodos alternativos de sanitização de ovos incubáveis cita-se a própolis, uma substância resinosa coletada de várias partes das plantas por abelhas e misturada à cera, pólen e secreções salivares (CORRÊA, 2017). Tem como principais constituintes
os
compostos
fenólicos
e
os
flavonoides, estes os responsáveis por grande parte de sua ação farmacológica (BASTOS, 2010), com atividades:
antimicrobiana,
anti-inflamatória,
antisséptico, anticariogênica, anticarcinogênica e antioxidante
(CASTALDO
&
CAPASSO,
2002;
A incubação artificial de ovos destaca-se por
DUARTE et al., 2008; OLDONI et al., 2011;
substituir, de maneira eficiente, a prática de choco
BEZERRA et al., 2012; BUENO-SILVA et al., 2013;
natural das aves, contribuindo positivamente para a
VALENCIA
obtenção de excelentes índices zootécnicos e
FUJIMOTO, 2016; AFROUZAN et al., 2018).
econômicos
na
avicultura
industrial
brasileira.
Entretanto, como existe uma necessidade do aumento e do melhoramento da produção de frangos de corte devido à alta demanda e custo de produção, é crucial melhorar os percentuais de eclodibilidade
e,
sobretudo,
a
qualidade
dos
pintinhos de um dia, permitindo assim maior produtividade nos galpões de criação.
et
al.,
2012;
TIVERON,
2015;
Os óleos essenciais são compostos complexos de substâncias voláteis, lipofílicas, odoríferas e líquidas. São muito utilizados no controle de microrganismos, devido às suas propriedades antimicrobianas. O cravo-da-índia é um botão floral seco que confere um composto fenólico volátil, o eugenol (PIERRE, 2009). Esse composto é responsável por grande parte dos efeitos farmacológicos atribuídos ao óleo
Antes da incubação artificial os ovos são submetidos
de cravo, com atividades: antimicrobiano, antiviral,
ao processo de sanitização. Sabe-se que na maioria
antiúlcera, antidiabético, antioxidante, antitumoral,
das vezes a contaminação da casca dos ovos ocorre
anestésico, anti-inflamatório, antisséptico, inseticida
após a postura, seja por patógenos presentes na
e repelente (GOBBO NETO & LOPES, 2007;
cama dos aviários ou provenientes dos ninhos de
AFFONSO, 2012; PUSKAROVA et al., 2017).
postura. Ovos com elevados níveis de contaminação
As proteínas do soro são extraídas da porção
podem
na
aquosa do leite, gerada durante o processo de
eclodibilidade e baixa qualidade dos pintinhos de um
fabricação do queijo (HARAGUCHI et al., 2006). A β-
dia, consequentemente aumento nos custos de
lactoglobulina e a α-lactoalbumina, a lactoferrina e a
produção. Assim, faz-se necessário a aplicação de
lactoperoxidase,
são
técnicas com objetivo de reduzir a carga microbiana
majoritárias
minoritárias
presente sobre a casca dos ovos.
respectivamente. (ALMEIDA et al., 2013). Essas
resultar
em
perdas
consideráveis
A fumigação do formaldeído é a técnica comumente mais utilizada na sanitização de ovos férteis. Apesar da sua fácil administração e eficiência contra um amplo espectro de microrganismos, o uso do
e
as
principais do
proteínas
soro
leite,
possuem propriedades biológicas importantes, sendo a atividade antimicrobiana uma delas (PELLEGRINI et al., 1999; PELLEGRINI et al., 2001; MADUREIRA et al., 2010; SPADOTI et al., 2011).
paraformaldeído foi proibido em diversos países
Devido à elevada carcinogenicidade e insalubridade
devido a sua elevada toxicidade e o seu efeito
da fumigação com paraformaldeído nos incubatórios,
carcinogênico. Nos incubatórios, essa substância
pesquisas buscam substâncias alternativas, a fim de
oferece alto risco aos embriões e à saúde de seus et al., 2017). Por isso, vários estudos buscam
substituir as características indesejáveis desse sanitizante, entretanto, mantendo uma eficácia semelhante. Diante do exposto, o objetivo desta
produtos alternativos para sanitização de ovos
revisão
incubáveis.
alternativos ao paraformaldeído na sanitização de
manuseadores (CLÍMACO, 2017; KUSSTATSCHER
bibliográfica
foi
enfatizar
produtos
ovos férteis. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8254-8271, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
8255
Artigo 472- Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeído para ovos incubáveis: revisão de literatura
Sanitização de ovos incubáveis
aplicação (CLÍMACO, 2017).
A sanitização de ovos incubáveis se resume em reduzir os microrganismos que estão contidos nos
O formaldeído é o elemento mais simples e o mais
ovos após a postura. São diversos os procedimentos
usado do grupo dos aldeídos, de fórmula molecular
adotados na indústria avícola para realizar essa
H2CO. É um gás inflamável, incolor, tem um odor
sanitização.
Os
característico e é altamente reativo. Na ausência de
apresentar
capacidade
procedimentos
ideais
devem os
água se mostra estável e na presença dela tende a
microrganismos da casca, segurança ao aplicador, e
polimerizar-se espontaneamente, e assim formar um
não menos importante praticidade e custo acessível.
composto
Os métodos mais conhecidos e utilizados são a
(CARVALHO, 2013; BRANCO, 2017).
para
reduzir
sólido
denominado
paraformaldeído
fumigação, a pulverização e a imersão (CONY et al., 2008; OIE, 2010). No entanto, existem outros
O processo de fumigação dos ovos incubáveis pode
métodos à disposição.
ser feito com o formaldeído em pó (paraformaldeído) ou com o mesmo produto em estado líquido
A
ineficiência
dos
sanitização
associado ao permanganato de potássio (MACARI et
indubitavelmente acarretará em perdas significativas
al., 2014). Esse processo deve ser realizado numa
na
mortalidade
cabine especial, construída ou revestida de material
embrionária, elevada mortalidade dos pintinhos nos
impermeável e completamente fechado, com um
galpões, aves com padrão sanitário e desempenho
exaustor para circulação e expulsão do gás durante
ruim e, por conseguinte, aumento nos custos de
e no término da operação, respectivamente. A
produção. Entretanto, segundo BERRANG et al.
temperatura recomendada é entre 25 e 33ºC e a
(2000) a sanitização de ovos incubáveis torna-se,
umidade relativa do ar acima em 75% (ARAÚJO &
então, eficaz quando adequados procedimentos e
ALBINO, 2011). O tempo de exposição dos ovos ao
parâmetros são aplicados.
processo vai depender dos fatores citados acima e
eclodibilidade,
métodos
de
aumento
da
NORTH (1972) avaliou o efeito do tempo decorrido
da concentração do produto.
após a postura do ovo sobre o número de bactérias da casca, verificou que após 1 hora o número de
A utilização do formaldeído, em qualquer que seja o
bactérias da casca estava entre 20.000 – 30.000
estado físico, é o principal método de ação para
bactérias. Nesse contexto, ARAÚJO & ALBINO
controle de microrganismos da casca de ovos na
(2011) recomendam que a desinfecção dos ovos
indústria avícola mundial (BRANCO, 2017). No
seja realizada no máximo 30 minutos após a
estudo de WILLIAMS (1970), é comprovada a
postura, tentando assim reduzir a contaminação da
eficácia do processo e do produto. O autor comparou
casca e diminuir as chances de os microrganismos
a diminuição de bactérias na casca dos ovos após a
atravessarem a casca e contaminarem a clara e a
desinfecção por meio de fumigação com 5 níveis de
gema.
formaldeído associado a permanganato de potássio. Concluiu-se que a redução bacteriana não teve
Fumigação (Formaldeído)
diferença estatística, sendo de 99,82% na menor
A fumigação dos ovos é o ato de propiciar a
concentração e de 99,85% na maior.
volatilização de um desinfetante (CONY, 2007). A fumigação
com
formaldeído
é
a
técnica
de
sanitização de ovos férteis, mais adotada no Brasil (BRANCO, 2017). Apesar de o formaldeído deter o potencial de eliminar microrganismos, ter custo acessível e o processo de fumigação permitir que a desinfecção seja feita em um grande número de ovos concomitantemente (MAULDIN, 2002; GREZZI, 2008), não é recomendado principalmente devido ao risco à saúde dos profissionais envolvidos na sua 8256
É comprovado que a fumigação com formaldeído é eficiente. Porém, esse método é questionável frente a algumas discussões. Em frangos de corte, HAYRETDAG & KOLANKAYA (2008) observaram efeito negativo da fumigação com formaldeído líquido e permanganato sobre as células do tecido da traqueia de embriões com 18 dias de incubação e dos pintinhos com 1 dia de idade. No estudo de FREITAS (2007) foram encontradas alterações ultra
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8254-8271, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformadeído para ovos incubáveis: revisão de literatura
e micro estruturais na traqueia e pulmões, sendo as
esses tratamentos os mais eficientes na eclosão de
mais frequentes rupturas de membranas ciliares,
ovos férteis, sendo os únicos a se mostrarem
aglutinação ciliar, área de descamação no epitélio e
estatisticamente superiores.
infiltração de heterofilos. ZEWEIL et al. (2015) concluíram
que
o
formaldeído
produz
efeitos
teratogênicos e tóxicos em embriões de pintinhos
Pulverização
em desenvolvimento.
A pulverização de ovos é um procedimento de desinfecção, no qual consiste em pulverizar ovos com solução desinfetante mediante utilização de um
SCOTT & SWETNAM (1993b) com o objetivo de buscar uma alternativa econômica e eficiente ao formaldeído, testaram 23 desinfetantes (entre eles formalina, glutaraldeído, compostos a base de amônia quaternária, compostos a base de fenol, compostos a base de peróxido de hidrogênio, produtos com presença de EDTA na sua formulação e ozônio) em relação à redução microbiana na casca
pulverizador. Este método é amplamente praticado, simples, econômico e quando bem aplicado reduz a contaminação dos ovos. MAULDIN (2002) cita várias soluções que podem ser utilizadas na pulverização de ovos, sendo soluções contendo quaternários de amônia,
formaldeído,
peróxido
de
hidrogênio,
misturas de quaternários de amônia, formaldeído e fenóis.
de ovos. Os autores concluíram que apenas quatro (Virkon, basic G & H, sanimist e o ozônio) não alcançaram a redução na contagem microbiológica e que os demais apresentaram desempenho igual ou melhor àquele encontrado com o formaldeído.
O método de pulverização, assim como diversos outros modos de desinfecção, no objetivo de desinfetar os ovos adequadamente precisa seguir alguns parâmetros. De acordo com TURBLIN (2011), a seleção e diluição do desinfetante é um desses
WHISTLER & SHELDON (1989b) analisaram a
parâmetros,
atuação bactericida do ozônio, sua influência na
relacionados à atividade do desinfetante, não deve
perda de umidade e o impacto no percentual de
usar composto que prejudique a troca gasosa pela
eclodibilidade. Nesse estudo, o ozônio apresentou
casca do ovo. A correta utilização é outra questão
bons resultados de desinfecção, próximos àqueles
apontada pelo autor, que afirmou que para reduzir a
encontrados
a
maior quantidade de microrganismos a solução
eclodibilidade dos ovos tratados com formaldeído foi
desinfetante tem que ser aplicada de maneira a
estatisticamente superior. SAMBERG & MEROZ
atingir toda a superfície do ovo.
com
formaldeído.
Porém,
que,
além
de
seguir
critérios
(1995) citaram o uso de gás ozônio como possível desinfetante alternativo ao uso de formaldeído, por apresentar resultados similares.
Estudos sobre a pulverização de desinfetantes em ovos incubáveis são encontrados na literatura. BRAKE & SHELDON (1990) avaliaram a contagem
questão
microbiológica da casca dos ovos pulverizados
substâncias alternativas viáveis ao formaldeído na
contra um grupo controle e verificaram que a
desinfecção
Nesse
redução bacteriana foi de 98% após a pulverização
contexto, testaram a termo a nebulização de
com amônia quaternária a 1,5 e 3%. Em outro
dicloroisocianurato de sódio, a nebulização de
estudo, SHELDON & BRAKE (1991) analisaram o
peróxido de hidrogênio 6%, a aspersão de água
resultado da eclodibilidade de ovos pulverizados com
oxidada eletrolisada e o peróxido de hidrogênio 30%.
H2O2 comparando com dois grupos controle (seco e
O peróxido de hidrogênio, seja a 6% ou a 30%,
úmido) e formaldeído associado com permanganato
indicou
limites
de potássio. Foi verificada diferença estatística entre
estabelecidos como seguros, enquanto os demais
tratamentos apenas para mortalidade tardia (8 a 20
desinfetantes conseguiram respeitar os valores pré-
dias), onde o tratamento pulverização foi o que teve
determinados. Em contrapartida, foram justamente
menor mortalidade.
KEITA
et
al. de
(2016) ovos
colocaram para
consistentemente
em
incubação.
acima
dos
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Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeído para ovos incubáveis: revisão de literatura
CONY (2007) avaliou a contaminação microbiana da
ao longo dos anos. COX & BAILEY (1991),
casca
com
realizaram uma comparação entre métodos de
de
ovos
incubáveis
pulverizados
de
desinfecção, demonstrando-se que o método de
clorexidina, amônia quaternária, amônia associada à
imersão dos ovos em peróxido de hidrogênio
ureia e amônia associada à glutaraldeído, além do
(H2O2), poli-hexametileno-biguanida (PHMB) e
grupo controle sem desinfecção e controle com
formulações comerciais de glutaraldeído, amônia
desinfecção por meio de formaldeído. Concluiu que
quaternária, fenol e composto virucida foi mais
os desinfetantes a base de amônia quaternária
eficaz que os métodos de pulverização e
associada a glutaraldeído e fenol sintético foram
nebulização com os mesmos desinfetantes.
compostos
de
fenol
sintético,
digluconato
ineficazes para redução microbiológica na casca por DONASSOLO & NETO (2004) verificaram os
mesófilos totais.
percentuais
de
nascimento
e
contaminação
ovos
microbiológica da casca de ovos imersos em
continuam a ser estudados (CLÍMACO, 2017). No
solução desinfetante a base de compostos
estudo de FASENKO et al. (2009) foi analisado a
fenólicos e de ovos fumigados com formaldeído
pulverização de água oxidante eletrolisada ácida (EO
associado
ácida) como método alternativo ao uso de fumigação
encontrando-se
com formaldeído em ovos incubáveis. Ao testar a
processo
ação de EO ácida sobre a contagem microbiana da
microbiológicas, eclodibilidade e mortalidade de 0
casca, os autores relataram redução significativa na
a 7 dias de incubação e resultado inferior em
carga microbiana da casca e nenhuma alteração na
relação à mortalidade entre 15 e 18 dias de
cutícula foi notada. O desenvolvimento do embrião e
incubação.
Novos
produtos
para
pulverização
em
a
permanganato resultados
de
imersão
de
potássio,
superiores nas
no
análises
eclodibilidade também não foram prejudicados. BIALKA et al. (2004) verificaram que a EO ácida atua
O uso de desinfecção de ovos incubáveis com
como eficiente microbicida e demonstrou capacidade
desinfetantes considerados naturais (produto à
de eliminar E. coli e Salmonella enteritidis em casca
base de orégano (0,2 e 0,4%), à base de cominho
de ovos.
(0,2 e 0,4%) e com a mistura dos dois (0,1+0,1%
Imersão A imersão dos ovos em solução de desinfetantes é usada para a redução de microrganismos sobre a casca de ovos. Portanto, esse método é utilizado em algumas indústrias avícolas, porém, sua eficácia é
e 0,2+0,2%), por meio do método de imersão, foi estudado por ZEWEIL et al. (2015). Os autores concluíram que os desinfetantes naturais acima testados foram capazes de reduzir a contagem bacteriana de maneira significativa.
controversa frente a algumas discussões. Segundo MAULDIN (2008), a falta de controle de temperatura
ZEWEIL et al. (2015) observaram que os
e tempo são fatores que afetam a eficiência do
compostos químicos (peróxido de hidrogênio 5%,
método. Dados encontrados na literatura divergem
cloreto de sódio 10%, iodopovidona (2%), e
sobre qual deve ser a temperatura e tempo ideais,
peroximonosulfato de potássio 0,4% + cloreto de
encontrando-se estudos realizados com imersão em
sódio 1,5%) utilizados para desinfecção de ovos
soluções entre 38 e 42ºC (PROUDFOOT et al.,
pelo método de imersão causaram crescimento
1985), 35ºC por 10 segundos (DONASSOLO &
retardado,
NETO, 2004), 30ºC (SONCINI & BITTENCOURT,
muscular
2003), 25 e 43ºC por 3 minutos (BARROS et al.,
desenvolvimento.
bicos de
malformados
embriões
de
e
fraqueza
pintinhos
em
2001), 45ºC por 30 segundos (OLIVEIRA & SILVA, 2000).
Sanitizantes alternativos para sanitização de
Estudos com o uso do método de imersão de ovos
ovos incubáveis
em substâncias desinfetantes foram apresentados
Devido aos efeitos adversos do formaldeído,
8258
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Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeio para ovos incubáveis: revisão de literatura
pesquisadores buscam substâncias alternativas para
edades
sanitização de ovos incubáveis. Segundo TURBLIN
(HULEIHEL & ISANU, 2002; SCHNITZLER et al.,
(2008), o produto sanitizante deve ser eficaz na
2009; BÚFALO et al., 2009; NOLKEMPER, et al.,
eliminação de microrganismos patogênicos, de baixo
2010), antifúngica (OTA et al., 2001; KOC et al.,
custo, fácil uso e aplicação, ativo em baixas
2005; QUINTERO et al., 2008; CARDOSO et al.,
concentrações e seguro para os ovos e pessoas
2009), antibacteriana (KUJUMGIEV et al., 1999;
envolvidas na sua aplicação. Além disso, BRAKE &
SFORCIN et al., 2000; VARGAS et al., 2004;
SHELDON (1990) e MERIANOS (1991), citaram a
SALOMÃO et al., 2008; CABRAL et al., 2009;
necessidade
que
CARDOSO et al., 2009), antiparasitária (DANTAS
diferentes fatores podem influenciar a atividade do
et al., 2006; SALOMÃO et al., 2009), anti-
sanitizante, assim como sua concentração, o tempo
inflamatória (BORRELLI et al., 2002; PAULINO et
decorrido até a sanitização, qualidade de matéria
al., 2008), antioxidante (CABRAL et al., 2009;
orgânica presente na região que será sanitizada e os
GREGORIS & STEVANATO, 2010), antitumoral
tipos de microrganismos que ele consegue eliminar.
(EL-KHAWAGA et al., 2003; SFORCIN, 2007) e
de
levar
em
consideração
biológicas,
imunomoduladora
Própolis
com
atividades
(FISCHER
et
antiviral
al.,
2007;
PAGLIARONE, 2009).
A própolis é uma resina de coloração e consistência variada produzida pelas abelhas por intermédio da
As características da própolis estão vinculadas a
utilização de substratos extraídos de diversas partes
sua
das plantas, como brotos, botões florais, casca,
(1996), a cor da própolis pode variar do marrom
folhas e exsudatos resinosos (CUETO, 1989).
escuro passando a uma tonalidade esverdeada
Durante o processo de elaboração da própolis, as
até o marrom avermelhado. Possui um odor
abelhas adicionam cera, juntamente com a enzima
peculiar que pode alterar de uma amostra para
13-glicosidase presente na sua saliva, acarretando a
outra. O ponto de fusão é variável entre 60 e
hidrólise dos flavonoides glicosilados em flavonoides
70°C, podendo atingir até 100 °C. É uma
agliconas (PARK & KOO, 1997; CASTALDO &
substância
CAPASSO, 2002; STRADIOTTI et al., 2004). Elas de
quando fria e que se torna maleável quando
fato usam esta substância para vedar aberturas,
aquecida (BURDOCK, 1998). Além de tudo,
proteger as colônias de insetos e microrganismos
apresenta baixa toxicidade inata (PINTO, 2011).
origem
botânica.
que
Segundo
apresenta
boa
MARCUCCI
consistência
invasores e regular a temperatura dentro da colmeia (BANKOVA et al., 2000; PARK et al., 2002). O extrato da própolis é o produto proveniente da extração dos componentes solúveis da própolis. A própolis é considerada uma das misturas mais
Pode ser obtido por extração simples, quando a
heterogêneas
naturais
amostra é deixada em contato com o solvente a
(COSTA, 2013). É composta por 50% de resina e
frio por um tempo determinado, com ou sem
bálsamo vegetal, 30% de cera, 10% de óleos
agitação, ou por uma extração exaustiva, que
essenciais, 5% de pólen e 5% de outros compostos,
utiliza um aparelho com solvente aquecido,
tendo variações conforme a vegetação na qual é
passando continuamente através da amostra
coletada (COSTA & PEREIRA, 2002; KUMAZAWA et
(JEFFERY et al., 1992). O tempo de contato da
al., 2004; PIETTA et al., 2002; VARGAS et al., 2004).
própolis bruta com o solvente pode variar de um
Os compostos fenólicos e os flavonoides são os
dia a meses.
encontradas
em
fontes
principais constituintes da própolis, pois são os responsáveis
pela
bioatividade
contra
vários
microrganismos patogênicos (KOSALEC et al., 2005; SIMÕES et al., 2008).
Vários estudos descrevem diferentes métodos de extração
de
própolis
utilizando
diferentes
solventes extratores. FERNANDES JR. et al.
A própolis é reconhecida pelas suas diversas propri-
(1997) utilizaram extratos obtidos triturando 50 g
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Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeio para ovos incubáveis: revisão de literatura
de amostra em 100 ml de etanol 96 ºGL. NAGAI et
complexos, oriundos do metabolismo secundário
al. (2003) testaram as propriedades biológicas dos
das
extratos aquosos de própolis obtidos com 50g de
especialmente
amostra e 5 volumes de água destilada, agitação a
Asteraceae, Laminaceae, Lauraceae, Myrtaceae,
20ºC por um dia e uma reextração do resíduo por
Rutaceae e Apiaceae (GONÇALVES, 2015).
mais um dia. KUMAZAWA et al. (2004) utilizaram
Podem estar estocados nas flores, folhas, nas
extrato etanólico obtido em temperatura ambiente
cascas dos caules, madeira, raízes, rizomas,
por 24 horas. GOMES et al. (2016) usaram extrato
frutos ou sementes (WOLFFENBUTTEL, 2007).
feito com 35g de própolis bruta em 65 ml de álcool
Embora todas as partes de uma planta possam
de cereais com agitação diária e temperatura
acumular óleos essenciais, sua composição é
ambiente durante 45 dias.
determinada pela sua localização (SIMÕES &
plantas
(CONTIERI,
2017).
encontrados
São
nas
famílias:
SPITZER, 2003; OUSSALAH et al., 2006). Apesar dos extratos etanólicos e aquosos serem os mais utilizados outros solventes já foram usados
Os óleos essenciais são formados por uma série
para a obtenção dos extratos de própolis. HIGASHI
de
&
SIMÕES
desses
no solvente por 4 horas e filtrando. MARCUCCI et al.
hidrocarbonetos, terpênicos, álcoois simples e
(2001) utilizaram extratos metanólicos de própolis, e
terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres,
50 g de amostra foi extraída em aparelho de Soxhlet
éteres,
com metanol à quente por 8 horas. LACERDA et al.
orgânicos, lactonas e cumarinas e compostos
(2012) obtiveram extrato com 300 gramas de
contendo enxofre. Estes se apresentam em
resina/própolis para 100 mL de hexano, repetindo-se
diferentes concentrações e normalmente um
o processo até que o solvente ficasse com coloração
deles é o composto majoritário, existindo outros
transparente em temperatura ambiente.
em menores teores.
Trabalhos com o uso de própolis na sanitização de
Diversos são os métodos usados na extração dos
ovos férteis são encontrados na literatura. AYGUN et
óleos essenciais. Segundo WOLFFENBUTTEL
al. (2012), relataram que a pulverização com 15% de
(2011), os métodos mais utilizados são a
própolis reduziu a contagem total de bactérias
enfloração, hidrodestilação, arraste por vapor
aeróbicas após 1 dia de incubação em ovos de
d’água, extração por solvente, extração por óleo,
codorna. VILELA et al. (2012) avaliaram os níveis de
extração por extrusão ou prensagem, extração a
contaminação da casca dos ovos férteis por
vácuo e extração por CO2 supercrítico. Vale
mesófilos totais e fungos (Aspergillus e outros
destacar que o método escolhido para extração
bolores), após a desinfecção com própolis e
de determinado óleo essencial depende da região
formaldeído. Concluíram que o tratamento com
da planta, bem como para que finalidade o
formaldeído e com própolis nas concentrações 240
mesmo seja usado (RABÊLO, 2010).
não
antibacteriana, já para
diferiram
para
em
óxidos,
(2000),
os
com
constituintes
µg
extratos
acordo
dimetilsulfóxido, triturando as amostras de própolis
24
utilizaram
De
SPITZER
e
(1994)
químicas.
&
µg
CASTRO
substâncias
óleos
peróxidos,
principais são
furanos,
os
ácidos
atividade
atividade antifúngica
a
própolis nas concentrações 2.400 µg e 240 µg foram superiores. Esses resultados levaram os autores a afirmarem que a própolis é uma alternativa ao uso de formaldeído para desinfecção de ovos férteis.
A atividade antimicrobiana dos óleos essenciais é comprovada cientificamente (SARTORATTO et al., 2004; MOREIRA et al., 2005; BUSATTA et al., 2008; BARBOSA et al., 2009; BIZZO et al., 2009; CHINSEMBU, 2015). Essa atividade representa, de certa maneira, uma extensão da própria
Óleos Essenciais Os óleos essenciais são produtos naturais, voláteis e 8260
função que desempenham nas plantas, onde atuam na defesa destes organismos contra patógenos e predadores (CUTRIM, 2017). Devido
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Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeio para ovos incubáveis: revisão de literatura
à complexidade da composição química dos óleos
partir dos botões florais secos, que contêm 17%
essenciais, a inibição dos microrganismos não pode
de óleo essencial (ASCENÇÃO & FILHO, 2013).
ser explicada por um único mecanismo de ação
É constituído de eugenol, β-cariofileno, acetato de
(DAFERERA, 2003).
eugenila, ácido oleânico, triterpeno, benzaldeído, ceras vegetais, cetona, chavicol, resinas, taninos, ácido
A
ação
dos
óleos
essenciais
antimicrobiana
ocorre
devido
hidrofobicidade.
Esta
permite
na
atividade
a
sua
que
os
íons, reduzindo assim o potencial de proteção da membrana. Ocorre também a depleção da função das bombas de prótons e redução de ATP, além de causar danos a proteínas, lipídios e organelas interior
da
célula
esteróis
glicosídicos,
óleos
a membrana citoplasmática, provocando a perda de
no
esteróis,
alta
essenciais atravessem a parede celular bacteriana e
presentes
gálico,
kaempferol e quercetina (MAZZAFERA, 2003).
bacteriana,
ocasionando, assim, morte celular (PESAVENTO et al., 2015).
O principal constituinte do óleo essencial de cravo-da-índia é o eugenol (ASCENÇÃO & FILHO,
2013).
É
um
líquido
fracamente
amarelado, que escurece quando em contato prolongado com o ar, com aroma característico e com sabor ardente e picante (JUNIOR, 2011). Sua fórmula molecular é C10H12O2 e massa molar 164g/ mol (MOUCHREK FILHO, 2000). Destacase devido a sua lipossolubilidade, baixa toxidade e por apresentar várias atividades biológicas, sendo uma delas a antimicrobiana (SCHERER et
A atividade antimicrobiana dos óleos essenciais é
al.,
avaliada por meio da Concentração Inibitória Mínima
GUIMARÃES et al., 2017). Seu mecanismo de
(CIM). No entanto, os métodos utilizados para a
ação ocorre em nível de membrana plasmática
determinação da CIM são os métodos de diluição e
juntamente com a inativação de enzimas e ou no
microdiluição em caldo e métodos de difusão em
material genético celular (IZELLI, 2015).
2009;
PROBST,
2012;
PILETTI,
2016;
ágar. A utilização de solventes, detergentes ou agentes emulsificadores, DMSO (dimetil sulfóxido) e etanol facilita a dispersão dos óleos essenciais
De maneira geral, a dose de óleo de cravo
através do meio de cultura (GROPPO et al., 2002).
necessária para eliminar ou reduzir o número de microrganismos foram
estudados por
vários
autores. SILVESTRI et al. (2010) avaliaram o Cravo-da-índia (Syzygium aromaticum)
potencial antimicrobiano do óleo essencial de
A especiaria cravo-da-índia Syzygium aromaticum,
cravo-da-índia, concluíram que as concentrações
da família Myrtaceae, é uma planta arbórea, perene,
inibitórias mínimas variaram de 0,2 mg/mL-1 a 0,6
e atinge 15 m de altura. A copa é bem verde, de
mg/mL-1 para as bactérias Gram-positivas e de
formato piramidal. As folhas são ovais, persistentes e
0,5 mg/mL-1 a 0,8 mg/mL-1 para as bactérias
de coloração verde brilhante. As flores brancas são
Gram-negativas.
agrupadas em inflorescências do tipo cacho e seus
testaram o óleo essencial de cravo-da-índia frente
botões são colhidos quando sua cor muda de verde
a seis diferentes microrganismos por meio do
para carmim, sendo cuidadosamente dessecados ao
método de difusão em ágar e verificaram
sol. O fruto é do tipo baga e de formato alongado.
atividade
Desenvolve-se em clima tropical e a propagação é
microrganismos avaliados entre as concentrações
feita por sementes (MAZZAFERA, 2003; SILVESTRI
0,312% e 1,25 %.
et al., 2010).
demonstraram que o óleo de cravo-da-índia
ABDULLAH
antimicrobiana
et
para
al.
(2015)
todos
os
BARBOSA et al. (2009)
apresentou ação antibacteriana na concentração 0,09% (v/v) frente a bactérias Gram- positivas e O óleo essencial de cravo é uma substância fenólica
0,10% (v/v) frente a bactérias Gram -negativas.
obtida da destilação das folhas, caule e botões florais do cravo-da-índia (Syzygium aromaticum). Sua obtenção comercial é feita principalmente a
O óleo essencial de cravo-da-índia pode ser utili-
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Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeio para ovos incubáveis: revisão de literatura
zado como sanitizante, em função de menores
dos dispostos em uma cadeia simples de
concentrações
inibição
peptídeos, sendo sensíveis a pH ácido e altas
microbiana (BERALDO et al., 2013). OLIVEIRA
temperaturas (ALMEIDA et al., 2013; KHEM et al.,
(2011) avaliou a ação do sanitizante a base de óleo
2015).
essencial de cravo-da-índia frente às bactérias
biológicas
Staphylococcus aureus e Escherichia coli isoladas
lactoglobulina
de carcaças de ovinos. Concluiu que o sanitizante a
(HERNÁNDEZ, 2008).
necessárias
para
a
Uma
das
dos
principais
peptídeos é
a
propriedades
derivados
atividade
da
β-
antimicrobiana
400 µL/mL eliminou totalmente as duas espécies. Embora já se tenha comprovado a ação sanificante do óleo de cravo, estudos com a utilização do mesmo na sanitização de ovos férteis ainda são escassos frente a outros sanitizantes mais comuns.
A α-lactoalbumina é a segunda mais abundante proteína do soro do leite bovino, representando cerca de 20 % das proteínas totais do soro. Com massa molecular de 14,2 kDa, esta proteína é constituída de 123 aminoácidos e possui ponto
Proteína hidrolisada do soro do leite de bovino
isoelétrico em torno de 5,0 (HARAGUCHI, 2006; O soro do leite bovino é um efluente líquido
KHEM et al., 2015). É tida como a proteína mais
amarelado-esverdeado
estável do soro quando submetida a variações
extraído
com
base
na
coagulação do leite no processo de fabricação de
térmicas
queijo. Apresenta cerca de 90% do volume de leite
antimicrobiana
utilizado (OLIVEIRA, 2017), podendo ser adquirido
como,
por meio de três diferentes métodos: coagulação
Staphylococcus aureus é uma das principais
enzimática, coagulação ácida e separação física das
funções biológicas dos peptídeos derivados da α-
micelas de caseína por microfiltração (ALVES et al.,
lactoalbumina (ILTCHENCO, 2016).
(CRUZ, por
2017).
contra
A
bactérias
exemplo,
atividade
patogênicas,
Escherichia
coli
e
2014). Salienta-se que 20% dos sólidos totais deste soro são constituídos pelas proteínas do soro A
(RÉVILLION et al., 2000).
Lactoferrina
é
uma
proteína
globular
multifuncional encontrada no soro do leite. Com massa molar em torno de 80 kDa, é formada por As
proteínas
do
soro
são
689 aminoácidos e possui um ponto isoelétrico de
reconhecidas pelas suas funções biológicas, uma
9,4 (ILTCHENCO, 2016). O efeito antimicrobiano
vez que apresentam uma ótima composição e
da lactoferrina é comprovado cientificamente,
biodisponibilidade
esta inibe a proliferação e o crescimento de
de
de
leite
aminoácidos
bovino
essenciais.
Segundo PIRES et al. (2006) e OLIVEIRA et al.
bactérias
(2012), o alto valor biológico de uma proteína está
(Escherichia, Helicobacter, Listeria, Salmonella e
relacionado com a sua composição, capacidade de
Staphylococcus), assim como leveduras, fungos
digestibilidade, absorção e a oferta de aminoácidos
filamentosos e protozoários por sequestrarem o
essenciais e de nitrogênios totais. A β-lactoglobulina
ferro disponível no ambiente (ALMEIDA et al.,
e a α-lactoalbumina são as principais proteínas
2013; CORRÊA, 2013).
Gram-positivas
e
Gram-negativas
majoritárias do soro de leite, perfazendo cerca de 75% do total das proteínas, ao passo que a lactoferrina e a lactoperoxidase destacam-se entre
A Lactoperoxidase é uma proteína que compõe
as minoritárias (SGARBIERI, 1996; SOUSA et al.,
minoritariamente o soro do leite. É constituída de
2012; OLIVEIRA et al., 2012).
612 aminoácidos e apresenta massa molar média de 78 kDa (ILTCHENCO, 2016). É conhecida por sua
propriedade
qual
é
responsável
proteína do soro do leite bovino, representando 10%
tiocianatos
da proteína total do leite ou cerca de 50% das
hidrogênio (ALMEIDA et al., 2013). Entretanto,
proteínas do soro. Esta proteína globular com massa
pesquisas mostraram que a lactoperoxidase pode
molar de 18,362 kDa, é constituída de 162 aminoáci-
ser desnaturada quando alcança temperaturas
em
catalisar
na
A β-lactoglobulina é a principal e mais abundante
8262
por
bactericida, presença
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a
oxidação
de
de
peróxido
de
Artigo 472 – Sanitizantes alternativos ao uso do paraformaldeio para ovos incubáveis: revisão de literatura
acima de 70ºC (KUSSENDRAGER & HOOIJDONK, 2000; SANTOS et al., 2011).
torne produtivo, rentável e viável é necessário atender às exigências de genética, manejo, sanidade e nutrição. A adequação às condições de produção por parte dos pequenos produtores
A hidrólise de proteínas pode ser realizada por meio
para obtenção de produtos de qualidade seguros
de ácidos, bases e enzimas proteolíticas, sendo esta
e que resultem de uma exploração controlada do
última mais vantajosa. A hidrólise ácida e alcalina
ambiente são desafios que contribuem para
são
conformidade de produção.
totalmente
inespecíficas,
podendo
destruir
aminoácidos e causar a racemização da maioria dos aminoácidos
(BIASUTTI,
2006).
A
hidrólise
Embora
todas
as
fases
que
outros
positivo, a importância da sanitização dos ovos
componentes do meio e que permite o controle da
férteis caipiras antes da incubação artificial deve
funcionalidade
da
ser levada em consideração. Afinal, quando não
especificidade das enzimas utilizadas (MONTI &
executada ou realizada de maneira inadequada,
JOST, 1978; MANNHEIM & CHERYAN, 1992). Tem
pode prejudicar toda a produção, já que esse
sido utilizado para melhorar as características de
processo tem como principal objetivo, diminuir ou
absorção das proteínas, buscando mantê-las na
eliminar microrganismos que podem comprometer
conformação
a qualidade dos ovos e, consequentemente, dos
sem do
original
a
degradação
produto
o
final
tanto
de
através
quanto
possível
Através da hidrólise enzimática dessas proteínas são os
peptídeos
bioativos.
Estes
são
definidos como fragmentos específicos de proteína, que desempenham várias funções biológicas, sendo uma
delas
a
atividade
um
resultado
pintinhos de um dia.
(PACHECO et al., 2005).
produzidos
alcançar
sejam
fundamentais
ocorre
para
produtivas
enzimática é específica e trata-se de um processo
antimicrobiana
contra
bactérias patogênicas, fungos, parasitas e vírus (MADUREIRA et al., 2010). NANDHINI et al. (2015) com o objetivo de descobrir e caracterizar a atividade antimicrobiana da proteína do soro de leite de vaca, frente as bactérias Escherichia coli, Klebsiella pneumonia, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeroginosa, Bacillus subtilis e os fungos Aspergillus niger, Aspergillus flavus e o Candida albicans, concluíram que a proteína do soro do leite tem forte atividade antibacteriana e antifúngica.
Dessa forma, estudos precisam ser realizados para testar o efeito antimicrobiano de um sanitizante à base de proteína hidrolisada do soro do leite como alternativa ao paraformaldeído na sanitização de
A sanitização de ovos é um grande desafio para os
pequenos
produtores.
A
escassez
de
informações, a falta de conhecimento sobre esse procedimento, a falta de recursos financeiros para se adequar às novas tecnologias, a falta de capacitação técnica e a dificuldade de encontrar uma sanitizante viável, faz com que esses produtores negligenciem esta etapa ou se tornem dependentes de grandes empresas. Com isso, vale
destacar
que
um
bom
programa
de
sanitização é a base para uma boa saúde animal e humana, uma vez que a gravidade e a ocorrência das enfermidades estão diretamente relacionadas
ao nível
de contaminação do
ambiente. CONSIDERAÇÕES FINAIS As etapas que envolvem o manejo de ovos incubáveis são de essencial importância para se alcançar
ótimos
resultados
econômicos
e
produtivos, visto que estes são a matéria-prima
ovos para incubação.
que dará origem aos pintinhos de um dia que, futuramente,
se
tornarão
um
alimento
que
DESAFIOS DA SANITIZAÇÃO PARA PEQUENOS
chegará à mesa dos consumidores. No entanto,
PRODUTORES
um dos maiores problemas associados a esse
A produção de frangos caipiras de corte é uma
manejo estão ligados às condições higiênico-
estratégia de agregação de renda para os pequenos
sanitárias, descritas como inerentes ao processo
produtores. No entanto, para que esse processo se
e que ocorrem em função de diversos fatores.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.04, p.8254-8271, jul/ago, 2018. ISSN: 1983-9006
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8271
Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade Bovinocultura, equideocultura, forragem, ovinocaprinocultura, produção. Revista Eletrônica
Eliana Lino de Souza
1*
Priscila Júnia Rodrigues da Cruz Caroline Salezzi Bonfá
2
3
Marcela Azevedo Magalhães
Vol. 15, Nº 04, jul./ ago.de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
4
1
Graduanda em Zootecnia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK (UFVJM). *E-mail: lililino2008@hotmail.com. 2 Mestranda em Zootecnia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK (UFVJM). 3 Doutora em Biocombustíveis na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK (UFVJM). 4 Professora do Departamento de Zootecnia na Zootecnia na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus JK (UFVJM).
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
SILAGE LEGUMES: LITERATURE REVIEW
A presente revisão descreve aspectos relacionados à
ABSTRACT
escolha de plantas forrageiras para pastos de alta
The present review describes aspects related to the
produtividade. Atualmente, há inúmeras plantas
choice of forage species for high productivity
forrageiras
pastures. Currently there are numerous forage plants available in the market and other promising ones
disponíveis
no
mercado
e
outras
promissoras sendo lançadas. A escolha adequada da espécie forrageira é um dos fatores que levará o produtor a ter alta produtividade do pasto e,
being launched, and the proper choice of forage species is one of the factors that will lead the
empreendimento. Entretanto, o planejamento para se
producer to have high productivity of the pasture and, consequently, success in his enterprise. However,
obter eficiência na produtividade é fundamental, e
planning to achieve efficiency in productivity is
para isso é necessário a utilização de plantas
fundamental, and for this it is necessary the use of forage species adapted to the different climatic
consequentemente,
sucesso
forrageiras
adaptadas
climáticas,
ao
tipo
fertilidade
do
solo,
às
de ao
no
diferentes
produção nível
seu
condições
desejada,
tecnológico
a da
conditions, the type of production desired, the fertility of the soil, the technological level of the property,
determinantes para atingir a alta produtividade do
among other factors, among other factors, which are determinant to reach the high productivity of the
pasto, aproveitando de forma racional e sustentável
pasture, making rational and sustainable use of
os recursos locais disponíveis.
available local resources.
propriedade,
dentre
Palavras-chave:
outros
fatores,
bovinocultura,
são
equideocultura,
forragem, ovinocaprinocultura, produção.
8272
que
Keyword: forage, production, bovine production, sheep goat production, equine production.
Artigo 473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
INTRODUÇÃO
REVISÃO
Na atividade rural, seja ela pecuária leiteira ou de
IMPORTÂNCIA
corte, o pasto é a principal fonte de alimento para os
ALIMENTAÇÃO DOS RUMINANTES
ruminantes,
alimento
Os pastos constituem a base natural da alimentação,
volumoso, ou seja, fonte de fibra, já que os
sendo a forma menos onerosa de produção de
ruminantes são considerados animais herbívoros.
forragem
Portanto,
sendo
este
utilizado
deve
como
apresentar
DOS
PASTOS
PARA
A
para fornecimento aos animais, que
produtividade,
utilizam as plantas forrageiras através do pastejo
qualidade, aceitabilidade e perenidade. Para que
(ALMEIDA, 2014), ou seja, buscam e apreendem
isso ocorra, alguns procedimentos ou técnicas
seu próprio alimento.
devem ser adotados, de modo a tornar a atividade rural economicamente viável e sustentável.
Segundo o mesmo autor, as pastagens naturais podem ser uma opção para a alimentação dos
O Brasil é um país que possui uma vasta extensão
animais, porém, necessitam de maior eficiência na
territorial e um clima privilegiado para o crescimento
produção, que se dá principalmente através da
de
são
melhoria nas condições da fertilidade do solo, e a
excelentes para o desenvolvimento das atividades
introdução de plantas forrageiras mais produtivas,
rurais (ALMEIDA, 2014).
que permite aumentar a produtividade do pasto e,
plantas
herbáceas,
cujas
condições
consequentemente, a taxa de lotação (ALMEIDA, Segundo Almeida (2014), a formação adequada de
2014).
pastagens assume real importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho de
A
ruminantes no Brasil, visto que se constitui fonte de
forrageiras cultivadas, de maior produção e valor
alimento
nutrientes
nutritivo, pode resultar em maior produtividade em
necessários para um bom desempenho dos animais.
função da maior taxa de lotação, sendo que a
Felizmente, a mentalidade de reservar os piores
alimentação animal poderá ser complementada
terrenos para a formação de pastagens já está
através de suplementos concentrados ou volumosos,
sendo substituída por outra mais atual e tecnificada,
tais como o feno e a silagem. Estes últimos podem
com a escolha da planta forrageira adequada, a
ser produzidos com a utilização do excedente da
formação de glebas, curvas de nível em terrenos
produção de plantas forrageiras no período de
mais íngremes, a reposição de nutrientes via
condições climáticas favoráveis, como o período das
adubação, o combate às pragas e às plantas
águas ou período do verão (ARAÚJO FILHO, 2015).
volumoso
que
oferece
os
formação
de
pastagens
utilizando
plantas
invasoras e, principalmente, o adequado manejo da pastagem e do pastejo. Essas são algumas práticas
CARACTERÍSTICAS
que
PASTAGENS
vêm
recebendo
o
devido
crédito
dos
DESEJÁVEIS
PARA
AS
pecuaristas, pois começaram a entender que o pasto
Áreas
é uma cultura, e deve ser manejada.
declividade superior a 30% devem ser evitadas, não
para
a
formação
de
pastagens
com
somente por causa da erosão e lixiviação dos Este mesmo autor relata que, o elevado custo dos alimentos processados, tais como os concentrados, faz com que a utilização da produção animal em pastagens, em que o animal busca seu próprio alimento através do pastejo, seja de menor custo e, consequentemente, o produtor terá maiores lucros. Porém, torna-se necessário a adequada formação do pasto, sendo que o ponto de partida para a produção de ruminantes em pastagens é a escolha
nutrientes, mas especialmente pelo desgaste físico dos animais, gastando energia que poderia ser utilizada para a produção de leite, por exemplo. Porém, utilizando tecnologias apropriadas, tais como as curvas de nível, essas áreas poderão ser utilizadas, principalmente como área de escape durante o período seco do ano, onde há necessidade de reduzir a taxa de lotação (ALMEIDA, 2014).
ideal da planta forrageira. seca (MARI & NUSSIO, 2005).
Segundo o mesmo autor, para a formação de pasta-.
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8273
Artigo 473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
gens,
recomenda-se
áreas
mais
planas
ou
levemente inclinadas; solos férteis e com diversidade
leguminosas (ARAÚJO FILHO, 2015), tendo como principais características:
de plantas forrageiras, de forma a garantir maior riqueza em termos de nutrientes e minerais aos
a)
Gramíneas forrageiras tropicais: também
animais. Os solos devem ter, quando possível, pouca
conhecidas como capins ou gramas, são plantas
pedregosidade. Além disso, são necessárias áreas
principalmente de metabolismo C4; crescimento
de sombra, sejam elas naturais (árvores) ou artificiais
cespitoso (crescimento ereto) e/ou estolonífero
(construções, currais, etc.), destacando que a
(rasteiro)
presença de árvores também é utilizada como
perenes, ou seja, são capazes de rebrotar após
barreira natural e protegem os animais de ventos
o corte e/ou pastejo. Devido à grande variedade,
fortes.
e por serem adaptadas a diferentes condições
e/ou
decumbente.
São
plantas
climáticas, de solo, de manejo e de nível FATORES
A
SEREM
CONSIDERADOS
NA
tecnológico
da
são
propriedade plantas
gramíneas
PRODUÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS Alguns pontos devem ser considerados na produção
utilizadas no Brasil. De acordo com Bandeira
de plantas forrageiras no ecossistema de pastagem,
(2011),
tais como:
principais
as
as
as
tropicais
gramíneas
características:
forrageiras
mais
apresentam
como
a)
como
Colmos
Manejo correto da pastagem e do pastejo:
estrutura de sustentação (com presença de nós
O manejo de pastagens deve observar os princípios
e entrenós) ou pseudocolmos (sem presença de
básicos da produção animal, que são o crescimento
nós e entrenós); b)As lâminas foliares podem ser
e a utilização da planta forrageira, e a conversão de
estreitas, largas e/ou compridas, com bordas
produto vegetal em produto animal, sendo que estes
serrilhadas e com presença de pelos ou glabras);
princípios podem ser influenciados pelo manejo. Já o
c) O sistema radicular é do tipo fasciculado,
manejo do pastejo está relacionado com a adequada
viabilizando a absorção de água e nutrientes
utilização do método de pastejo escolhido, tais como
presentes no solo; d) Algumas podem ter
lotação contínua e lotação rotacionada, e o sucesso
crescimento subterrâneo do tipo rizomatoso, que
do manejo está no equilíbrio entre o manejo da
apresentam estrutura denominada de rizoma,
pastagem e do pastejo;
que contêm substâncias de reserva, como os
Escolha da planta forrageira: um dos
carboidratos, que serão utilizados após um
sucessos da formação e persistência do pasto é a
estresse sofrido pelas gramíneas (como fogo,
escolha adequada da planta forrageira, onde vários
corte e/ou seca). Como exemplo de gramíneas
pontos devem ser levados em consideração para tal
de crescimento cespitoso, destacam-se: milho
escolha;
(Zea mays), sorgo (Sorghum bicolor), milheto
Adubação da pastagem: a adubação e
(Pennisetum americanum), Sudão (Sorghum
correção da fertilidade do solo são realizadas com
sudanense),
capim-elefante
(Pennisetum
base no resultado da análise do solo. A partir dessa
purpureum),
capim-pioneiro
(Pennisetum
análise é possível conhecer as características
purpureum),
capim-tanzânia
(Panicum
químicas do solo, de forma a utilizar adubos e
maximum),
capim-mombaça
(Panicum
corretivos na quantidade adequada. Vale ressaltar
maximum),
capim-aruana
(Panicum
que o manejo correto da fertilidade do solo é
maximumcv). Como exemplos de gramíneas de
responsável por 50% dos ganhos obtidos na
crescimento estolonífero, tem-se capim-tyfton
produtividade das culturas (ARAÚJO FILHO, 2015).
(Cynodon nlemfuensis),
spp),
capim-estrela
capim-quicuio
(Cynodon (Pennisetum
clandestinum Hochst), capim-florakirk (Cynodon PLANTAS
FORRAGEIRAS
UTILIZADAS
EM
spp) e capim-coast cross (Cynodon dactylon)
PASTAGENS
(MONTEIRO & SÁ, 2014). Já outras têm o
As plantas forrageiras tropicais mais utilizadas no
crescimento cespitoso e decumbente como a
ecossistema pastagem são as gramíneas e
Brachiaria decumbens.
8274
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Artigo 473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
b)
As leguminosas forrageiras apresentam metabolismo produzem
C3;
estas
sementes
são
o ano todo, as plantas forrageiras produzem uma
estruturas
quantidade maior de alimento para os animais em um determinado período do ano, sendo
Stylosanthes humilis, que apresenta a estrutura
classificadas, de acordo com Almeida (2014) da
aquênio,
pois
seguinte maneira: plantas forrageiras perenes:
semente)
e
produz
de
que
denominadas de vagem (com exceção do
estabelecer
dentro
plantas
a) Apesar de permanecerem na pastagem durante
apenas
apresentam
a
associação
uma
única
capacidade
são
representadas
principalmente
pelas
com
gramíneas tropicais, que são estacionais, pois
bactérias, principalmente do gênero Rhizobium o
apresentam maior produção de matéria seca nos
que resulta na fixação biológica de nitrogênio.
períodos do ano em que as condições climáticas
Seu sistema radicular é do tipo pivotante
são mais adequadas, que corresponde ao
(apresenta raiz principal e outras secundárias).
período de verão ou período das águas, ou seja,
Existem leguminosas que são de crescimento
há temperatura mais alta, radiação luminosa
rasteiro como o trevo branco (Trifolium repens) e
elevada e fotoperíodo longo, favorecendo o
amendoim
desenvolvimento
forrageiro
simbiótica
de
(Arachis
pintoi);
da
planta
forrageira.
No
crescimento volúvel com presença ou não de
período de inverno ou período seco do ano a
estruturas de fixação denominadas de gavinhas
produção é reduzida em virtude das condições
(ervilhaca - Vicia sativa e mucuna - Mucuna
climáticas
pruriens); arbustivas (guandu - Cajanus cajan); e
algumas plantas forrageiras apresentam seu
arbóreas (bracatinga - Mimosa scabrella e
melhor desempenho durante o período de verão,
canafístula - Peltophorum dubium) (BANDEIRA,
tais
2011).
tanzânia), Mombaça (capim-mombaça), Aruana
não
como
as
serem
cultivares
adequadas.
Assim,
Tanzânia
(capim-
(capim-aruana) e Colonião (capim-colonião) de As leguminosas são volumosos de alto valor
Panicum maximum, que apresentam qualidade e
proteico, o que proporciona melhoria na qualidade
produtividade maior neste período. Porém, são
da dieta animal, além de aumentar a disponibilidade
plantas exigentes em fertilidade do solo e
de nitrogênio através da fixação biológica de
manejo, assim são mais indicadas para o
nitrogênio (FBN), melhorando a fertilidade do solo.
método de pastejo em lotação rotacionada, são resistentes à cigarrinhas-das-pastagens, e cerca
A consorciação entre gramíneas e leguminosas é
de 70% da sua produção está concentrada no
uma prática na qual são manejadas em uma mesma
período das águas e podem atingir cerca de 10%
área e com um único manejo duas plantas
de proteína bruta e produção de 18 t de
forrageiras
morfofisiológicas
MS/ha/ano (BANDEIRA, 2011). São gramíneas
diferentes. A consorciação tem vários benefícios,
com crescimento cespitoso, podendo chegar a
tanto para os animais quanto para as plantas e para
2,0 m de altura. Quando bem manejadas, são
o solo, como por exemplo, a diversificação de
plantas de alta aceitabilidade principalmente por
plantas no ecossistema pastagem, o que dificulta o
bovinos, ovinos e caprinos, e são de menor
surgimento de pragas como lagartas e cigarrinhas, e
aceitabilidade por equinos, devido ao seu hábito
contribui para melhorar a qualidade da dieta animal e
de crescimento. O excedente de produção
do solo (ARAÚJO FILHO, 2015).
durante o período das águas também poderá ser
com
características
utilizado para a conservação de forragem TIPOS DE PASTAGENS
através da fenação e/ou ensilagem. (ARAÚJO
Os pastos perenes são formados por plantas que
FILHO, 2015).
permanecem produzindo durante vários anos, e não morrem após a produção de sementes (ARAÚJO
b)
Plantas
forrageiras
anuais:
São
as
que
FILHO, 2015), ou seja, eles rebrotam após o corte
completam o seu ciclo em determinado período
e/ou pastejo, ou após um período de estresse, como
do ano, ou seja, formam a plântula, passam pela
uma seca, fogo ou eliminação da parte aérea.
fase vegetativa e reprodutiva, senescem e morrem
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Artigo 473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
não havendo rebrotação das mesmas. A gramínea
impactos imediatos e positivos no sistema de
forrageira anual mais utilizada para a alimentação
produção de caprinos.
animal é o milho. Outras plantas forrageiras anuais utilizadas são as de inverno, que são plantas
Destacando as diferentes combinações de recursos
normalmente mais rústicas, bem aceitas pelos
forrageiros utilizados pelos criadores nas regiões
animais e são muito utilizadas na região Sul do
semiáridas, este mesmo autor relata que 17% dos
Brasil ou no sistema de sobressemeadura.
produtores utilizam apenas vegetação nativa da caatinga para criar os animais. Porém, a maioria
c) Plantas forrageiras de inverno: Apresentam
(61%) utiliza caatinga, capins e outras forrageiras, e
maior produção de matéria seca nos períodos
11% usam caatinga e plantas forrageiras cultivadas.
secos (inverno) do ano. Onde a temperatura, a
(CARVALHO, 2017).
radiação
e
o
fotoperíodo
são
reduzidos,
favorecendo
o
crescimento
destas
plantas
Diversos são os ambientes agroecológicos de
(SANTOS et al., 2012). As principais plantas
criação
forrageiras de inverno utilizadas são: Trevo
desenvolvidos pelos agricultores familiares englobam
Branco - Trifolium repens; cornichão - Lotus
grande variabilidade de tipos de criação, suportes
corniculatus; e alfafa - Medicago sativa. São
forrageiros, estruturas de apoio, material genético,
exigentes em solos férteis, de alta aceitabilidade
entre tantos outros aspectos (CORDEIRO, 2012).
de
caprinos,
e
mesmo
os
sistemas
e valor nutritivo, são recomendados para pastejo rotacionado ou banco de proteína (ou banco de
O manejo do pastejo em lotação rotacionada com
leguminosa
ser
gramíneas atingindo a capacidade de suporte de
utilizados na consorciação com gramíneas,
ovinos, é uma alternativa para áreas reduzidas de
desde que estas sejam de hábito de crescimento
pastagens. Porém, é importante destacar, que
rasteiro. São plantas que podem conter cerca de
nestes sistemas há retiradas de nutrientes dos solos,
20% de proteína bruta quando bem manejadas e
tornando-se
a produzir até 6 t/MS/ha por ano em 3 a 4 cortes
(CORDEIRO, 2012).
ou
legumineira),
podem
necessária
reposição
destes
(BANDEIRA, 2011). São plantas versáteis, pois podem ser utilizadas através do pastejo e
As principais plantas forrageiras utilizadas para
também para a conservação de forragem. Vale
caprinos e apresentam potencial forrageiro, são as
destacar que o cornichão apresenta crescimento
gramíneas do gênero Brachiaria e Cynodon, das
inicial lento, mas depois adquire agressividade
espécies
em virtude do seu hábito de crescimento, e pode
purpureum,
produzir 6 t/MS/ha, em até quatro cortes anuais.
(Sorghum
(MONTEIRO; SÁ, 2014).
officinarum),
Panicum
maximum
(capim-elefante), bicolor),
e
Pennisetum
sorgo-forrageiro
cana-de-açúcar
leucena
(Leucaena
(Sacharum
leucocephala),
respectivamente. CARACTERÍSTICAS
DAS
PLANTAS
FORRAGEIRAS PARA PEQUENOS RUMINANTES
Independente da planta forrageira a ser utilizada
O uso de pastagens para pequenos ruminantes nos
como fonte de volumoso para pequenos ruminantes
diversos
(caprinos
ecossistemas brasileiros
caracteriza-se
e ovinos)
é
necessário respeitar
a
pelo consumo predominante de pastos naturais e/ou
exigência fisiológica, morfológica e ecológica das
cultivados. A importância do manejo nutricional dos
plantas, além da experiência e conhecimento dos
rebanhos de caprinos é destacada por Bandeira
produtores, além de procurar adaptar-se às novas
(2011), em que este autor afirma que este além de
tecnologias de práticas de manejo da pastagem e do
ser o fator que mais onera os custos de produção,
pastejo. Neste contexto, a obtenção de alta produção
representando 50 a 85% dos gastos, também
de matéria seca depende não somente da escolha
permite
de
da
de
edafoclimáticas de cada região, como também do
modificações
alimentos,
composição
simples, de
(quantidade
dietas,
manejo
pastagens, formação de grupos), que promovem
espécie
forrageira
às
condições
manejo adequado e da reposição dos nutrientes no solo (CARVALHO, 2017).
8276
adaptada
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Artigo 473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
Das plantas forrageiras descritas acima, o sorgo-
Para que seja feito o manejo adequado da
forrageiro tem sido muito utilizado, principalmente
pastagem, com o objetivo de se obter maior
em áreas com restrição hídrica, sendo uma cultura
produção por animal e por área sem comprometer o
com
milho,
pasto, devem-se conhecer os hábitos de crescimento
podendo também ser utilizado para a produção de
das plantas forrageiras, bem como o hábito de
silagem ou como ração verde, já que o valor nutritivo
pastejo dos animais, que influenciarão na escolha da
da silagem de sorgo equivale a 85 a 90% da silagem
planta.
características
semelhantes
a
do
de milho. Para a utilização da cana-de-açúcar, há a necessidade de associá-la à ureia, sendo um valioso
Neste sentido, é importante ter conhecimento sobre
recurso
dos
as características de cada planta forrageira, para que
ruminantes mantidos a pasto durante o período seco
se possa indicar a melhor planta para cada situação
do ano e também em veranicos (CORDEIRO, 2012).
e,
forrageiro
para
a
alimentação
consequentemente,
chegar
ao
sucesso
da
produção animal a pasto. A produção de cana-de-açúcar atinge rendimentos de até 120 t MS/ha, sendo uma cultura perene, de
Os ovinos têm preferência em se alimentar do topo
fácil implantação e manejo, exigindo poucos tratos
das plantas, rebaixando a altura da pastagem aos
culturais. Para assegurar a oferta de forragem de
poucos, como se a forragem fosse retirada em
boa qualidade, recomendam-se plantar pelo menos
camadas.
duas variedades, sendo uma de ciclo precoce e uma
adequadas são as que possuem grande capacidade
de ciclo médio-tardio (CARVALHO, 2017).
de rebrota por meio das gemas basais e que tenham
Sendo
assim,
as
forrageiras
mais
sistema radicular bem desenvolvido, assegurando É um alimento pobre em proteína (2 a 3% de PB na MS), sendo esta
deficiência corrigida com
boa fixação ao solo.
a
incorporação de fonte de nitrogênio, como a ureia
O capim-aruana (Panicum maximum cv. Aruana) é
(45% de nitrogênio), e o sulfato de amônio (20% de
uma das alternativas que tem mostrado os melhores
nitrogênio) (CORDEIRO, 2012).
resultados. Dentre as principais características desta forrageira, pode-se destacar:
A formação de pastagens com gramíneas isoladas
* Ótima aceitabilidade pelos animais e alto valor
ou consorciadas com leguminosas representa um
nutritivo;
suporte fundamental para qualquer sistema de
* Porte médio (ideal para os ovinos), próximo de 80 a
produção de caprinos, pois além de proporcionar
100 cm de altura, tolerando pastejo rente ao solo, o
oferta de alimentos através do pastejo, quando manejadas corretamente permitem altas produções, bom valor nutritivo; reciclagem de nutrientes e preservação do solo (sustentabilidade) (CARVALHO, 2017).
(maior exposição da larva à radiação solar e vento); * Alto perfilhamento, aumentando a rebrota após o ciclo de pastejo; * Boa cobertura do solo, diminuindo número de
A maioria das plantas forrageiras tropicais é perene, porém, é necessário escolher a melhor maneira de manejá-las
que contribui para o controle de parasitas helmintos
para
assegurar
a
persistência,
a
plantas daninhas e erosão; * Propagação por sementes (formação rápida, baixo custo);
produção e a qualidade do volumoso (BANDEIRA,
* Relativamente tolerante ao ataque de cigarrinhas e
2011).
à geadas;
O animal, através de seu hábito de pastejo,
Outra forrageira de interesse é o capim Tanzânia, pois
influencia o crescimento das plantas, enquanto que
apresenta semelhanças ao aruana, porém com porte maior e perfilhamento menor. A indicação destas duas forrageiras para a alimentação dos ovinos justifica-se pelo ganho em desempenho desses animais e o melhor controle de verminoses (BUENO et al., 1998).
esta, por sua vez, reage, recuperando a sua parte aérea através da rebrota, podendo ser utilizada novamente como alimento (MONTEIRO & SÁ, 2014).
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8277
Artigo 473 – Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
CARACTERÍSTICAS
DAS
PLANTAS
85, coast–cross (Cynodon dactylon) e Jiggs
FORRAGEIRAS INDICADAS PARA EQUINOS
(recém-lançada no Brasil) (JONES, 2012), são
Os equinos são animais herbívoros, monogástricos e
gramíneas do grupo das bermudas, as quais
com ceco e cólon funcionais, ambos com digestão
apresentam rizomas nas raízes, sendo fonte de
microbiana, ou seja, neste segmento do intestino
carboidratos
ocorre a transformação das fibras dos alimentos
rebrotação destas plantas. Já o capim estrela-
volumosos
&
africana (Cynodon plectostachyus) pertencente
UNANIAN, 2011). Apesar dos equinos não serem
ao grupo das estrelas, e não apresentam rizoma.
ruminantes, os pastos são fonte de alimento
As gramíneas do gênero Cynodon são plantas de
volumoso para estes animais. Durante o pastejo e
crescimento estolonífero, porte baixo, elevado
com uma reduzida taxa de lotação, os animais têm a
valor nutritivo; alta produção e digestibilidade,
oportunidade de selecionar seu próprio alimento, e
sendo de alta aceitabilidade pelos equinos tanto
essa livre escolha sofre a influência de diversos
na forma de pastejo quanto na forma de feno
fatores como a demanda nutricional, compostos
(SILVA & UNANIAN, 2011).
em
energia
e
proteína
(SILVA
de
reserva
que
auxiliam
na
tóxicos nas plantas, disponibilidade de forragem, interação social e risco dos predadores. No Brasil, a
Recomenda-se reservar para os equinos as áreas
criação de equinos está associada com as atividades
planas de pastagens, tais como áreas de
da pecuária e são criados em pastagens próprias
baixadas, já que nestas áreas, a fertilidade do
(JONES, 2012).
solo é mais elevada, atendendo a exigência das plantas
forrageiras
do
gênero
Cynodon
e,
Como o tipo de pastejo dos equinos é rente ao solo,
geralmente, estas áreas são preferidas pelos
é importante a escolha adequada da espécie
equinos (JONES, 2012).
forrageira, pois esta deve ter hábito de crescimento rasteiro ou estolonífero ou decumbente. Plantas com
Na alimentação dos equinos, o concentrado
estes hábitos de crescimento sofrem menores danos
nunca deve ser uma fonte única de alimento, pois
ao meristema apical da planta, uma vez que estes
são
são próximos ao solo e são menos expostos ao
volumosos como pasto, capim picado ofertado no
pastejo,
cocho
proporcionando
rápida
rebrotação
e
persistência das pastagens.
animais ou
herbívoros
feno.
Os
e
necessitam
equinos
são
de
bastante
susceptíveis a acidentes digestivos, assim, devese evitar uma sobrecarga alimentar, cujo fator
Plantas
forrageiras
com
crescimento
cespitoso
apresentam seu meristema apical mais elevado, o
pode ocasionar problema de cólica nos animais (SILVA & UNANIAN, 2011).
que permite sua fácil eliminação pelos animais e, consequentemente, a rebrotação será mais lenta, pois ocorrerá a partir das gemas basais ou axilares,
CARACTERÍSTICAS
prejudicando assim produção e a persistência da
FORRAGEIRAS INDICADAS PARA BÚFALOS
pastagem. Porém, quando estas plantas forem
Como
utilizadas no pastejo de equinos, deve-se dar maior
capacidade de converter alimentos de baixa
atenção ao manejo do pastejo, ou evitá-las como
qualidade, como os volumosos, em energia
alimento volumoso para estes animais. Caso sejam
necessária
utilizadas, o pastejo deve ser leve, para que não
(BERNARDES, 2013).
outros
à
DAS
ruminantes,
manutenção
PLANTAS
os
búfalos
destes
têm
animais
ocorra a eliminação do meristema apical, o que não resultaria na paralisação do crescimento com hábito
A fonte de volumoso para novilhas e tourinhos é
de crescimento cespitoso (SILVA & UNANIAN,
realizada, principalmente através do pastejo. A
2011).
cana-de-açúcar
é
fornecida
em
menor
quantidade, e o sal mineral e o sal proteinado Diante deste contexto, as plantas forrageiras mais
(30%
PB)
são
indicadas como fonte de volumoso para os equinos
(BERNARDES, 2013).
fornecidos
são as do gênero Cynodon, tais como o capim tifton8278
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à
vontade
Artigo 473– Plantas forrageiras para pastos de alta produtividade
Para bezerros a fonte de volumoso também pode ser
ou silagem, é prática indispensável para manter
o
níveis de produtividade similares durante todo o
pasto,
porém
recomenda-se
também
o
fornecimento de concentrado (16% PB). Por outro
ano.
lado, bezerros com menos de dois meses devem ser alimentados apenas com leite e concentrado sem
A estacionalidade na produção de forragens
volumoso.
determina
a
alternância
de
períodos
de
abundância e escassez de forragem, e gera a Atualmente, os búfalos têm sido criados em sistemas
necessidade de se conservar parte da produção,
extensivos utilizando pastos nativos ou cultivados
de forma a atender às necessidades de alimento
(BERNARDES,
volumoso do rebanho na época seca.
2013).
O
desenvolvimento
dos
búfalos no Brasil depende das condições de manejo da pastagem e do pastejo, da raça e das condições
A
fenação
constitui
uma
alternativa
do meio (MARQUES & CARDOSO, 2011).
recomendável, especialmente pela possibilidade de estar associada ao programa de manejo das
O sistema de produção de búfalos tem sido
pastagens, aproveitando para fenar o excedente
predominantemente a produção de leite a pasto e,
de pasto produzido no período das águas. No
nesta situação, há a necessidade de suplementação
Brasil, a fenação teve bom impulso com a criação
de
cana-de-açúcar,
de equinos, haja vista a dependência desses
capineiras e silagem, em veranicos e durante o
animais por esse tipo de alimento, passando a ser
período seco, sendo estes os períodos de pior oferta
considerada
alimentar,
em
função
da
de
agricultura. Algumas propriedades direcionam sua
produção
das
plantas
forrageiras.
búfalos
atividade exclusivamente para a produção e a
também podem ser manejados em sistema intensivo,
comercialização do feno, e a justificativa é que
estabulado e semi-intensivo com o método de
nenhuma cultura produz de 8 a 10 safras/ano,
pastejo rotacionado (BERNARDES, 2013).
permitindo uma entrada constante de capital, o
volumosos,
tais
como
a
estacionalidade Os
uma
opção
de
atividade
em
que é muito importante para o produtor rural, seja Para a criação de
búfalos, indica-se plantas
forrageiras de hábito de crescimento cespitoso, tais
qual for o tamanho da propriedade (PEDREIRA, 2002).
como Panicum maximum, Pennisetum purpureum, Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha, desde
Dentre as forrageiras mais adaptadas à produção
que seja em áreas não inundadas.
de feno, destacam-se as do gênero Cynodon por apresentarem elevado potencial de produção de
Normalmente, a criação de búfalos ocorre em áreas
forragem de boa qualidade, podendo ser usadas
inundadas ou encharcadas por determinado período.
tanto para pastejo, como para produção de feno e
Nestes tipos de áreas há a necessidade de optar por
apresentam
plantas forrageiras adaptadas a estas condições do
principalmente haste fina e folhas bem aderidas
solo, tais como Brachiaria arrecta (capim tanner-
ao colmo e alta relação lâmina foliar/colmo
grass), Brachiaria humidicola (quicuio-da-amazônia),
(AGUIAR, 2004).
também
morfologia
adequada,
Brachiaria mutica (capim-angola, bengo), B. mutica x B. arrecta (capim-tangola), Hemarthria altissima
O gênero Cynodon é uma gramínea perene,
(capim-mimoso-de-talo), Panicum repens (grama-
rasteira, com estolões abundantes, cujos nós
castela, capim-furachão) e Setaria anceps (Setaria
enraízam com muita agressividade quando em
sphacelata) (capim-setária) (DIAS-FILHO, 2005).
contato com o solo, formando um relvado denso com forragem de bom valor nutricional e boa
CARACTERÍSTICAS
DAS
FORRAGEIRAS
CONSERVAÇÃO
PARA
PLANTAS DE
aceitabilidade pelos animais (COSTA, 2007). Algumas
espécies
recomendadas
para
a
FORRAGEM
produção de feno são: as gramíneas do gênero
Fenação:
Cynodon que apresentam alta relação lâmina
A conservação de forragens seja na forma de feno
foliar: colmo, indicando bom valor nutritivo. Como
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8279
exemplo de cultivares desse gênero tem-se: tifton-
queda nos valores de pH e controle das
85, coast-cross, florakirk, florico, florona, tifton-68 e
fermentações indesejáveis. Quanto mais rápido
tifton 78. Qualquer que seja a cultivar a ser
esse processo acontecer, maior será a qualidade
empregada, o sucesso no estabelecimento e na
da silagem (ANDRIGUETTO et al., 2002).
produtividade da planta forrageira está diretamente ligado às condições climáticas do local e manejo,
Silagem de milho:
principalmente de fertilidade do solo e número de
As culturas de milho e sorgo têm sido as espécies
corte realizado (AGUIAR, 2004).
mais utilizadas no processo de ensilagem, devido à sua facilidade de cultivo, altos rendimentos e especialmente
pela
qualidade
da
silagem
Ensilagem
produzida (ZAGO, 2008).
A ensilagem é um método de conservação de
O milho (Zea mays L.) é a espécie forrageira mais
forragem que compreende os processos de colheita,
utilizada para esta finalidade, no entanto, outras
picagem,
e
culturas, por possuírem melhor adaptação às
armazenamento. A vedação do silo deve ser feita
condições edafoclimáticas menos favoráveis, têm
para manter o processo de conservação quanto o
sido recomendadas, como por exemplo, o sorgo
processo anaeróbico. Através da ensilagem, há
(Sorghum bicolor (L.)
fermentação,
2005).
transporte,
visando
compactação
o
desenvolvimento
de
Moench) (POSSENTI,
bactérias produtoras de ácido lático a partir de substratos
como
orgânicos
e
carboidratos
compostos
solúveis,
nitrogenados
ácidos solúveis
(SANTOS et al., 2010).
Silagem de sorgo: A cultura do sorgo supera em alguns aspectos a do milho, pois atinge maior produção de massa por área em locais com solos de baixa fertilidade
As mudanças e/ou perdas que ocorrem durante a
e pouca precipitação (ZAGO, 1991).
ensilagem são influenciadas pelas características da planta forrageira, e também estão associadas às
A cultura do sorgo para a ensilagem vem
práticas de manejo, colheita e armazenamento da
crescendo e representa grande percentual da
mesma. Existem diversos fatores que afetam o
área total cultivada para a produção de silagem
processo fermentativo e, consequentemente, a
no Brasil. As principais justificativas para a
qualidade do material ensilado. Os principais fatores
crescente expansão da cultura do sorgo no país
são: diferenças entre plantas; composição química;
são: altas produções por hectare; bom valor
estágio de maturação da planta; tamanho de
nutricional (75% a 90% do valor nutricional da
partícula; tempo de exposição ao ar antes e após a
silagem de milho); tolerância a déficits hídricos
ensilagem; prática de emurchecimento; densidade
ocasionais; exigência moderada em fertilidade do
de
enzimo-
solo; maior amplitude na época de plantio;
bacterianos; entre outros (MITTELMANN et al., 2005;
possibilidade de utilização da rebrota; e maior
CASTRO et al., 2006(a); VILELA et al., 2008; RUIZ
tolerância a pragas e doenças que a cultura do
et al., 2009).
milho (BOIN, 1985; DEMARCHI et al., 1995;
compactação;
uso
de
inoculantes
AMIN & MELLO, 2009). No entanto, esta Para que a ensilagem das plantas forrageiras ocorra
comparação
de maneira satisfatória, e as perdas de nutrientes
indistintamente a todos as cultivares de sorgo,
sejam minimizadas, é necessário que o material
uma vez que existe grande variação entre os
apresente características adequadas. Entre estas
tipos de sorgos (granífero, sacarino, forrageiro e
características destacam-se: adequado nível de
duplo propósito) quanto à produção de matéria
substratos fermentáveis na forma de carboidratos
seca e concentração de nutrientes.
não
pode
ser
aplicada
solúveis; relativamente baixa capacidade tampão; e teor de matéria seca (MS) acima de 30% - 35%
O teor de matéria seca da planta é fator
(McDONALD,
determinante para o tipo de fermentação na
1981).
O
teor
adequado
de
carboidratos solúveis é fundamental para a eficiente 8280
ensilagem. No sorgo esse teor é de aproximada-
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Artigo 473 – Pantas forrageiras para pastos de alta produtividade
mente 30-35% MS, e varia de acordo com a idade do
nada; recuperação de áreas degradadas; maior
corte (90 dias) e com a natureza do colmo da planta
cobertura de solo e melhor proteção, além da
(CARVALHO et al., 1992).
garantia
de
um
processo
não
poluente
e
ambientalmente correto. CARACTERÍSTICAS FORRAGEIRAS
DAS INDICADAS
PLANTAS PARA
A
CONSORCIAÇÃO
CARACTERÍSTICAS
DAS
FORRAGEIRAS
OS
PARA
PLANTAS MÉTODOS
DE
PASTEJO
A consorciação é uma prática que permite associar, em uma mesma área, o plantio de culturas diversas
Características das plantas forrageiras para
para aumentar o rendimento, enriquecer a vida
lotação rotacionada
biológica do solo e protegê-lo contra a erosão. Pode
O sistema de pastejo está relacionado aos
também ser considerada como uma técnica agrícola
períodos de ocupação e descanso da pastagem e
de conservação que visa o melhor aproveitamento,
tem por finalidade básica manter uma alta
em longo prazo, do solo, bem como o cultivo na qual
produção de forragem com bom valor nutritivo
se utiliza mais de uma espécie de planta na mesma
durante a maior parte do ano, proporcionando
área e no mesmo período de tempo. Sendo as
maior produção por animal e por área (COSTA et
espécies mais adaptadas à consorciação são as dos
al., 2007).
gêneros Stylosanthes, Arachis, Leucaena, dentre outras (PEIXOTO et al., 2001).
O pastejo rotacionado deve ser adotado para plantas que necessitem de um período de
Para a adoção dessa técnica é necessário avaliar
descanso para recuperar e acumular as reservas
alguns pontos críticos, tais como as diferenças
orgânicas e permitir a regeneração da pastagem
morfológicas e fisiológicas entre leguminosas e
sem a interferência do animal, além de prevenir a
gramíneas forrageiras, em que as gramíneas são
eliminação das espécies mais aceitas pelos
mais eficientes na utilização de água, de alguns
animais (PEDREIRA, 2002).
nutrientes e apresenta taxa fotossintética mais alta, o que resulta em elevada taxa de crescimento e
As plantas eretas, de porte alto e com ritmo de
potencial
crescimento acelerado, como as forrageiras das
de
produção
de
matéria
seca
(NASCIMENTO et al., 2002).
espécies
Panicum
maximum,
Andropogon
gayanus e Setaria spp, são as mais adaptadas ao Vale ressaltar que as gramíneas, devido a sua forma
sistema de pastejo rotacionado, enquanto que as
de crescimento e propagação diferenciada, podem
forrageiras de porte baixo, estoloníferas ou semi-
ser
prostradas, prestam-se ao sistema de pastejo
mais
agressivas
e
competitivas.
Já
as
leguminosas apresentam grande dependência da
contínuo.
planta mãe, demorando a apresentar vigor e eficiência própria. Dentro desses critérios, o manejo
Em pastagens formadas por forrageiras de alto
deve ser direcionado para favorecer as leguminosas,
potencial de produção e manejadas em pastejo
sem comprometer a produtividade das gramíneas,
contínuo, por exemplo, com baixa lotação, ocorre
escolhendo uma associação compatível entre a
como
gramínea e a leguminosa em que as condições
(COSTA et al., 2007).
consequência
o
pastejo
desuniforme
climáticas não sejam limitantes, assegurando o suprimento adequado de nutrientes (PEDREIRA,
Nessas condições, é comum aparecerem áreas
2002).
subpastejadas e superpastejadas dentro de um mesmo pasto. Nas áreas subpastejadas, a
Dentre os benefícios do uso de leguminosas estão a
forragem é rejeitada pelos animais por ficarem
melhor qualidade do pasto; maior ganho de peso
velhas e lignificadas; já nas áreas superpastejadas, é comum o solo ficar descoberto,
animal; economia nos gastos com adubação nitroge-
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8281
Artigo 473 – Pantas forrageiras para pastos de alta produtividade
pois é onde os animais concentram o pastejo por
O método de lotação contínua pode ser adotado
haver
pecuaristas
com taxa de lotação fixa, quando o manejo do
procuram adotar algumas práticas conhecidas como
pastejo é extensivo e as taxas de lotação não
“condicionadores de pastejo”, que são práticas na
variam conforme a oferta de forragem, ou lotação
tentativa de obrigar os animais a consumirem a
contínua com taxa de lotação variável, adotado
forragem envelhecida (AGUIAR, 2004).
quando a intensificação e as taxas de lotação são
rebrota
constante.
Alguns
alteradas
com
base
A mudança de saleiros de lugar é uma das práticas
forragem,
o
mais utilizadas, já que o gado costuma condicionar o
severidade do aparecimento de áreas de sub e
pastejo às áreas próximas aos saleiros. Porém, em
superpastejo (AGUIAR, 2004).
que
na
disponibilidade
proporciona
de
redução
na
um manejo racional do gado, os saleiros devem ficar localizados o mais próximo possível das aguadas e
Para produzir bovinos em pastagens de forma
de bebedouros para que haja estímulo para a maior
eficiente
ingestão da mistura mineral. Obrigar o animal a
compreensão e o entendimento de respostas
andar por longas distâncias para consumir sal é uma
morfofisiológicas das plantas e dos animais às
atitude irracional (COSTA et al., 2007).
estratégias de pastejo, devido ao fato de tanto o
e
competitiva
é
necessário
a
corte quanto o pastejo de uma planta forrageira No
pastejo
rotacionado,
algumas
espécies
alterar a sua morfofisiologia, acarretando em
forrageiras mais usadas são: Panicum maximum (cv.
redução
Colonião; cv. Tanzânia; cv. Mombaça, sendo essas
consequentemente,
três
a
paralisação temporária do crescimento de raízes,
Brachiaria brizantha cv. Marandu (braquiarão) por
e menor eficiência fotossintética (COSTA et al.,
serem plantas de hábito ereto são mais adaptadas a
2007).
cultivares
exigentes
em
adubação,
e
da
absorção de
de
nutrientes,
água,
e
além
da
esse pastejo, e por apresentarem alongamento das hastes possibilitando melhor distribuição de luz
Para a lotação contínua, Brachiaria decumbens
dentro da massa de forragem e maior eficiência
(braquiarinha) e gramíneas do gênero Cynodon
fotossintética
(tifton, coast-cross e grama estrela).
das
folhas,
resultando
elevada
produtividade, quando os intervalos entre desfolhas não são frequentes (Penati et al., 1999). Características das plantas forrageiras Características das plantas forrageiras para
indicadas para “creep grazing”
lotação contínua
O creep grazing pode ser definido de duas
Para a obtenção de boa relação lâmina foliar/colmo,
formas. Uma delas é uma área de pasto de
é necessário que o pasto seja bem manejado para
acesso exclusivo dos bezerros e, a outra é num
apresentar boa rebrota e produzir bom volume de
sistema de pastejo rotacionado, os bezerros têm
forragem, além disso, essa forragem deve ser
acesso ao pasto antes das vacas. Creep grazing,
constituída principalmente de folhas, pois nas folhas
por definição, é uma área reservada para
são encontrados maiores teores de proteína bruta e
bezerros podendo utilizar o pastejo rotacionado,
outros nutrientes como minerais, vitaminas (ZIMMER
onde os bezerros teriam a possibilidade de
et al., 1995).
acessar o pasto antes da vaca. De maneira geral utiliza-se 5% da área do pasto de cria. O creep
O manejo de pastejo através de lotação contínua é o
grazing
é
uma
estratégia
de
manejo
que
método em que os animais têm acesso irrestrito a
proporciona uma pastagem exclusiva para os
toda à área pastejada sem subdivisão em piquetes e
bezerros (COSTA et al., 2007).
a alternância de períodos de pastejo com períodos de descanso apresenta reduzido investimento em
São recomendadas espécies forrageiras com alto
instalações e equipamentos; maior seletividade dos
valor nutritivo, como Tifton 85, Coast-cross
animais na coleta de forragem e distribuição irregular
(Cynodon sp.), Massai (Panicum maximum),
do pastejo, fezes e urina (PEDREIRA, 2002).
amendoim
forrageiro
(Arachis
pintoi),
alfafa
(Medicago sativa), etc. Esse método possibilita 8282
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Artigo 473 – Pantas forrageiras para pastos de alta produtividade
um desmame de bezerros mais pesados. Uma
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pastagem utilizada para o creep grazing pode ser
situação e importância econômica. Revista
uma área do pasto que é vedada, na qual os bezerros pastejam as pontas tenras ou as partes mais nutritivas das plantas ao invés dos colmos ou
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Alimentação de ovinos: atualidades na
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