NutriTime Revista Eletrônica n. 03 vol. 14 2017

Page 1


Revista Eletrônica

© 2016 Nutritime Revista Eletrônica

Nutritime Revista Eletrônica www.nutritime.com.br Praça do Rosário, 01 Sala 302 - Centro - Viçosa, MG - Cep: 36.570-000 A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda, com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE da em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.

Encontrou algum erro nessa edição? Fale conosco: mail@nutritime.com.br. Ficaremos muito agradecidos!



Sumário

ARTIGOS 422 – Automação na tilapicultura: revisão de literatura........................................................................................... 5053 Johnny Martins de Brito, Tânia Cristina Pontes, Karla Miky Tsujii, Fabrício Eugênio Araújo, Bianca Leticia Richter 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais ................. 4657 Vanessa Mingote Júlio, Aline Cristina Arruda Gonçalves, Letícia Ferreira da Silva, Fernanda Cristina Esteves de Oliveira 424 – Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar .................................... 4665 Danyane Pereira Marques, Moisés Sena Pessoa , Flávia Oliveira Abrão Pessoa 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais .............................. 4672 Marcio Gleice Mateus Alves 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas .................................................................................................. 4677 Jussiede Silva Santos, Fábio Sales de Albuquerque Cunha ,Renilmary Alencar Correia da Silva, Ayrton Lemonier Santos Soares 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção - Pará.......................................................................................................................................................... 4691 Hirlen Christina Ferreira da Silva, Maicon Douglas Ferreira da Silva, Luana Araújo Sabino 428 – Probióticos na dieta de franos da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade .......... 4697 Josué Rodrigues Barroso, Antônio Hosmylton Carvalho Ferreira, Ana Beatriz Machado da Silva, Moisés da Silva Araújo, Letícia Tuane Souza Oliveira 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados.................................................................................... 4702 Bárbara Bianca Porto de Avelar Dias, Maxwelder Santos Soares, Leonardo Guimarães Silva, Diego Lima Dutra, Olivaneide da Silva Frazão



Automação na tilapicultura: revisão de literatura Desempenho, piscicultura, tecnologia, tilápias. 1

Revista Eletrônica

Johnny Martins de Brito 2 Tânia Cristina Pontes 3 Karla Miky Tsujii 2 Fabrício Eugênio Araújo 3 Bianca Leticia Richter

Vol. 14, Nº 03, maio/jun. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1Doutorando (a) em Zootecnia na Universidade Estadual de Maringá-UEM, johnnymartinsbk@outlook.com 2Doutoranda (o) em Zootecnia na Universidade Estadual de Maringá-UEM 3Mestranda (a) em Zootecnia na Universidade Estadual de Ponta GrossaUEPG.

RESUMO Objetivou-se com essa revisão de literatura compilar informações relevantes sobre a automação na

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

AUTOMATION IN TILAPICULTURA: LITERATURE REVIEW

tilapicultura. A piscicultura vem crescendo no Brasil

ABSTRACT The aim of this literature review was to compile

de forma significativa nos últimos anos tendo a

relevant information on automation in tilapicultura.

tilapicultura como carro chefe dessa expansão, esse

Fish farming has been growing in Brazil in a

fato deve-se a necessidade de produzir mais em

significant way in the last years, with tilapia farming

espaços cada vez menores, visando atender a

as the flagship of this expansion. This fact is due to

demanda por proteína de origem animal de baixo

the need to produce more in smaller spaces in order

custo, reduzir o ciclo produtivo e maximizar a

to meet the demand for low cost animal protein,

lucratividade. Os sistemas de automação podem ser

reduce

utilizados na piscicultura com a finalidade de

profitability. Automation systems can be used in fish

monitorar os parâmetros físicos e químicos de

farming to monitor the physical and chemical

qualidade da água de cultivo, ajustar e melhorar o

parameters of the quality of the culture water, adjust

fornecimento de ração de forma eficiente utilizando

and improve the feed supply efficiently using specific

softwares e/ou equipamentos específicos para essas

software and / or equipment for these purposes,

finalidades facilitando o manejo, proporcionando um

facilitating

ambiente que os peixes possam expressar o máximo

environment that fish can express to the maximum of

do seu potencial produtivo. Para os sistemas

their productive potential. For the production systems

produtivos de tilápias serem mais rentáveis é de

of tilapias to be more profitable, the automation of

suma importância a automação de várias etapas dos

several stages of production systems such as

sistemas produtivos como: realização de biometrias,

biometrics, fish classification, fishery, water quality

classificação dos peixes, despesca, monitoramento

monitoring, feed supply and fish processing is of

da qualidade da água, fornecimento de ração e

paramount importance.

processamento dos peixes.

Keyword: performance, pisciculture, technology,

Palavras-chave: desempenho, piscicultura,

tilapia.

tecnologia, tilápias.

5053

the

productive

the

cycle

management,

and

maximize

providing

an


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

INTRODUÇÃO

Além das dimensões continentais do Brasil, o país

O uso da tecnologia da informação, microeletrônica, técnicas

de

modelagem,

monitoramento

por

imagens, sensores e atuadores, podem melhorar o trabalho científico-tecnológico, de modo a favorecer a acurácia das pesquisas e o desenvolvimento de

dispõe de condições extremamente favoráveis à piscicultura, reunindo grande potencial de mercado, clima favorável, disponibilidade espacial, oferta de matérias-primas para o suprimento de rações e potencial hídrico (KUBITZA, 2003).

sistemas especialistas para tomada de decisão. O futuro do comércio de proteína animal depende, principalmente, de como a indústria conduzirá os

O

seguintes princípios: honestidade, disponibilidade de

mundialmente e a de maior valor de mercado

informações, rastreabilidade, segurança/qualidade e

(SIDONIO et al., 2012). A produção de peixes em

flexibilidade para mudanças (PANDORFI et al.,

cativeiro

2012).

significativa, poderá alcançar 960 mil toneladas em

pescado

no

é

a

Brasil

carne

vem

mais

demandada

crescendo

de

forma

2022, o dobro em relação as 479 mil toneladas de 2010. O consumo de carne de peixes no Brasil (14,5 O controle da alimentação é, sem dúvida, o maior problema atualmente enfrentado na criação de peixes, seja em tanques ou em gaiolas (MTP, 2002). Outro Manejo de grande relevância na criação de peixes é o monitoramento diário da qualidade da água de cultivo. A qualidade da água no cultivo é primordial

na

criação

de

peixes,

pois

kg por habitante/ano) pela primeira vez ultrapassa a quantidade mínima recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 12 kg de peixe por habitante/ano, porém esse consumo está abaixo da média mundial de 18,8 kg habitante/ano (FAO, 2015).

está

relacionada diretamente com a sobrevivência e produção de alimento natural. Se a criação for

Estima que o Brasil deva registrar um crescimento

conduzida em tanques escavados, sistemas de alto

de 104% na produção da pesca e aquicultura em

fluxo ou em tanques-rede deve-se considerar a

2025. O aumento na produção brasileira será o

qualidade da água como forma de otimizar os

maior registrado, seguido de México (54,2%) e

índices de produtividade (LAZZARI, 2008).

Argentina (53,9%) durante a próxima década. O crescimento no país se deve aos investimentos feitos no setor nos últimos anos. Isso significa que no ano

Automação é uma tecnologia de suma importância

2025 o mundo vai produzir 29 milhões de toneladas

para monitoramento da qualidade da água, para

a mais de peixe que em 2013-15 e quase todo esse

controlar a quantidade e frequência de alimentação,

aumento

para ativar e desativa equipamentos que estão

desenvolvimento por meio da aquicultura (FAO,

ligados diretamente como o sistema de produção

2016).

irá

acontecer

nos

países

em

utilizando softwares e/ou equipamentos específicos para essas finalidades facilitando o manejo e proporcionando um ambiente que os peixes possam

Tilápias-do-Nilo (Oreochromis niloticus) A tilapicultura é uma importante atividade

expressar o máximo do seu potencial produtivo.

agropecuária que gera emprego e renda e tem sido

Portanto, a automação está relacionada diretamente

considerada uma forte cadeia aquícola na produção

com o desempenho dos animais, qualidade da água,

de alimentos no Brasil (ALBUQUERQUE et al.,

duração do ciclo produtivo e lucratividade do

2013).

sistema.

A produção de tilápias no Brasil aumentou 9,7% em

Objetivou-se com essa revisão de literatura compilar

2015 e chegou a 219 mil toneladas entre janeiro e

informações relevantes sobre a automação na

dezembro. É o peixe mais criado pela piscicultura no

tilapicultura.

país e chega a 45,4% do total da produção total. A tilapicultura

Panorama da produção peixes no Brasil

no

Brasil

está

concentrada

principalmente em quatro estados, sendo o Paraná o

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5054


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

maior produtor, com 28,8%, São Paulo, 13,2%; Ceará, 12,7% e Santa Catarina, com 11,4% (IBGE, 2015).

diminuição de custos com mão de obra, aumento da produção e qualidade dos produtos, redução dos ciclos produtivos, melhor desempenho dos animais e como consequência maximiza a lucratividade do

A tilápia-do-Nilo é uma das espécies que possui

sistema.

rápido crescimento, se alimenta de ítens básicos da cadeia trófica, apresenta boa conversão alimentar, possuí

carne

com

boas

características

organolépticas, é considerada uma espécie indicada para processamento industrial para obtenção de filés sem espinhas e de grande versatilidade industrial e culinária (FURUYA, 2010). O sucesso da produção de tilápia deve-se a rusticidade, adaptação aos diversos sistemas de cultivo e simplicidade da reprodução desta, uma vez que a espécie tolera

Conforme defendido por Hamel (2000) as constantes mudanças tecnológicas somadas à globalização, à competitividade em níveis antes não praticada e à relevância

dada

a

satisfação

do

consumidor,

qualidade e preço tem sido as diretrizes do cenário competitivo

contemporâneo,

levando

as

organizações a considerarem o foco na inovação como competência estratégica para o alcance de bons resultados.

diferentes variações de temperatura e salinidade da água (EL-SAYED, 2005). Segundo Gomes (2004), a “automação é um realizado

conjunto das técnicas baseadas em máquinas e

principalmente em sistema intensivos e super-

programas com o objetivo de executar tarefas

intensivos com elevadas densidades de estocagem

previamente

o que aumenta o manejo diário com alimentação,

controlar

realização de biometrias para ajuste no fornecimento

intervenção humana. Através de intertravamentos

de ração, monitoramento da água, a quantidade de

(sequências de programação) do sistema, o usuário

peixes despescados e abatidos são elevadas, dessa

consegue maximizar com qualidade e precisão seu

forma o sistema de automação pode garantir

processo produtivo, controlando, assim, variáveis

praticidade no manejo diário, maximização da

diversas (temperatura, pressão, nível e vazão) e

produção, redução na mortalidade e facilitar os

gerenciando toda cadeia produtiva”.

Atualmente

o

cultivo

de

tilápias

é

programadas

sequências

de

pelo

homem

operações

e sem

de a

processos de despesca e abate. Resultando em melhor desempenho dos animais, ciclos produtivos curtos e maior lucratividade.

A automação costuma ser dividida em automação e automatização. A automatização pode ser entendida como a ação que visa atender as ações repetitivas e

Automação na produção animal A elevada demanda por produtos de origem animal, aliada com as exigências dos consumidores e competitividade do mercado, faz necessário o aperfeiçoamento,

criação

de

ferramentas

e

estratégias de trabalho que elevem ao máximo a produção, gerando produtos de qualidade e com preço acessível. Para que a tecnologia seja utilizada com sucesso na produção animal deve-se levar em consideração o custo de implantação e o retorno econômico gerado pela mesma. Uma tecnologia que vem se consolidando nesse sentido é a automação dos sistemas produtivos, pois proporciona

5055

mecânicas e a automação baseia-se em sistema que é capaz de substituir ações mais complexas, ações que se adaptam a realidade do processo. “Porém, para uniformizar a nomenclatura, definirá que automação passa a ser o termo genérico que engloba inclusive a automatização” (BRAGA & RABELO, 1999). O panorama mundial aponta claramente para um futuro em que a agricultura dependerá

inevitavelmente

automação

poderá

auxiliar

da

automação.

profundamente

A na

sustentabilidade, tanto do processo produtivo como do desenvolvimento econômico e social (EMBRAPA, 1996).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

A automação dos processos é muito importante, pois permite visualizar o sistema de produção por uma ótica mais ampla, o monitoramento das atividades,

estomacal dos peixes, capazes de informar se existe ou não alimento no estomago do animal, indicando se as trutas estão saciadas ou com fome.

eficiente análise de dados e geração de informações que sejam favoráveis a decisões mais seguras e inteligentes dessa forma, todas as áreas envolvidas

A maior frequência alimentar pode proporcionar

podem ser proativas em suas responsabilidades e o

maior crescimento dos peixes (CANTON et al.,

tempo e recursos melhor aproveitados (PANDORFI

2007). Além disso, pode trazer benefícios como,

et al., 2006). Sistemas de automação têm grande

distribuir melhor o alimento ao longo do dia

potencial de uso na agropecuária utilizados na

melhorando o aproveitamento da ração e diminuindo

agricultura e zootecnia de precisão, para automatizar

os desperdícios (SOUSA et al., 2012).

processos, monitorar com eficácia os sistemas, otimizar a produção e reduzir perdas (PANDORFI et Trabalho realizado por Nwanna et al. (2012) no qual

al., 2012).

foram avaliados três estratégias alimentares (1 alimentação manual, realizada duas vezes ao dia,

Automação na piscicultura Um dos maiores problemas da criação de peixes em tanques artificiais é a alimentação, que deve ser equilibrada

e

na

quantidade

certa

para

o

desenvolvimento adequado do animal. Atualmente a grande maioria dos criadouros realiza a alimentação manual e altamente variável. Com alimentações em pontos definidos e em intervalos periódicos, os peixes maiores acabam dominando a área de alimentação e impedem que os menores se aproximem

e

recebam

a

ração

necessária,

reduzindo assim a produtividade do tanque (CALIL, 2005). métodos

necessidade

avançados

de

de

envolvimento

controle,

visto

dos que

geralmente são utilizados sistemas de automação

tratador

peixes; 2 - alimentação contínua utilizando a mesma quantidade de ração do tratamento manual e 3 alimentação

contínua,

automáticos,

com

utilizando

fornecimento

equipamentos de

ração

na

proporção de 1,4% do peso corporal das carpas) para carpas (Cyprinus carpio L.) os resultados mostraram que o maior número de alimentações diárias influenciou na digestibilidade da proteína (aminoácidos). As diferentes estratégias influenciam diretamente no ganho de peso e conversão alimentar dos peixes em que o fornecimento de ração na proporção

de

1,4%

utilizando

equipamentos

automáticos foi que apresentou melhores resultados para esses parâmetros.

(NÄÄS, 2011).

O

sendo fornecida ração até a saciedade aparente dos

pode

influenciar

diretamente

no

desempenho dos amimais mediante a forma e frequência de alimentação. Antes da automação na avicultura um tratador realizava o manejo de 5.000 aves de corte e atualmente uma única pessoa cuida de 60.000 aves (AGOSTINHO et al., 2011).

Visando aumentar a produtividade e a lucratividade pesquisas vem sendo realizadas para garantir melhor qualidade da água de cultivo, manejo alimentar mais eficiente, menor desperdício de ração, lotes mais homogêneos, ciclos reduzidos. Fiona Cubitt et al. (2008) obtiveram bons resultados usando sensores implantados na musculatura

Estudos

recentes

mostraram

que

quando

os

organismos aquáticos são alimentados com alta frequência alimentar (24, 48 e até 96 vezes ao dia) eles

apresentam

melhor

desempenho,

maior

uniformidade e conseguem aproveitar melhor a dieta ofertada (SOUSA et al., 2012; CASTRO et al., 2014).

Hossain et al. (2001), utilizando alimentadores automáticos,

avaliaram

diferentes

períodos

de

alimentação para juvenis do bagre-africano (Clarias gariepinus) e constataram que houve melhora na conversão alimentar, maior crescimento dos peixes e menor desperdício de ração quando o alimento foi fornecido à noite ou continuamente (dia/noite).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5056


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

Argentim (2016) avaliou a influência da temperatura da água e da frequência alimentar sobre o desempenho de juvenis de bijupirá (Rachycentron canadum) criados em sistema de recirculação de água

e os

resultados mostraram

que houve

A utilização de alimentadores automáticos para aumentar a frequência alimentar de tilápias criadas em tanque-rede pode resultar em economia de até 360 kg de ração por tonelada de peixe produzido,

interação da temperatura da água e frequência de

reduzindo o impacto ambiental da atividade (SOUSA

alimentação sobre o desempenho dos peixes. O

et al., 2012).

mesmo autor avaliou o controle automatizado da oferta da ração de acordo com a temperatura da de

Sousa et al. (2012) com o uso de alimentadores

alimentação no cultivo de bijupirá e concluiu que a

automáticos, forneceram ração para juvenis de

alta frequência alimentar (24 vezes/dia) melhorou o

tilápia (Oreochromis niloticus) mantidas em tanques-

água

e

avaliação

aproveitamento

de

da

diferentes

ração

manejos

pelos

peixes

proporcionando maior crescimento do bijupirá.

rede em diferentes períodos (dia, noite e dia/noite) em diferentes intervalos de alimentação e obtiveram como resultado, maior ganho de peso dos animais

Tucker et al. (2006), trabalhando com larvas de

alimentados

Australian snapper, testou fotoperíodo e frequência

(dia/noite) com menor intervalo entre as refeições (a

alimentar. Obtiveram o melhor desempenho com a

cada 1 hora).

maior

frequência

alimentar.

Foram

durante

o

dia

e

continuamente

testadas

frequências de duas, quatro e oito alimentações ao dia, somente nos períodos de luz, com taxa alimentar de 10% do peso vivo.

Menezes et al. (2015) realizaram um estudo avaliando o efeito do período de alimentação e do

Automação na tilapicultura Em sistemas automatizados o uso de sensores, medidores e computadores é fundamental para gerar resultados que poderão contribuir para uma inserção mais forte e segura no mercado, redução do risco de perdas Helsley (1997), geração de produtos com maior qualidade, redução de custos com mão de obra, redução dos problemas com órgãos ambientais, alta eficiência e maior controle sobre produção (LEE, 1995).

número de refeições sobre o desempenho de tilápias criadas em tanque-rede e alimentadas com taxas de alimentação corrigida diariamente com base na conversão alimentar esperada, concluíram que a automação do fornecimento de ração para tilápias por meio de um controlador lógico programávelCLPs no período diurno e noturno foi eficaz. As tilápias que receberam 12 refeições diárias no período diurno com correção da taxa de alimentação de

1,5%

a

3,0%

apresentaram

resultados

satisfatórios para peso médio final. No período de A automação da alimentação na piscicultura é frequente em países onde a produção se encontra em nível industrial. Além de facilitar o manejo, proporciona

sustentabilidade

da

em

produções

de

larga

alimentação depende da taxa de alimentação adotada.

atividade,

diminuindo os impactos ambientais comumente visíveis

arraçoamento noturno a resposta ao regime de

escala.

A

alimentação automática, além de possibilitar o aumento da frequência alimentar, torna possível a alimentação no período noturno, prática inviável em pisciculturas comerciais onde a alimentação é feita de forma manual, devido ao custo da mão de obra

Segundo Li et al. (2005) o consumo de ração depende de fatores como idade, sexo, densidade, espécie,

qualidade,

da

água

e

experiência do tratador, quando não observados, esses parâmetros podem levar ao fracasso na produção. A qualidade do alimento e outras fontes possíveis de alimento (zooplâncton e fitoplâncton)

(KUNII, 2010). 5057

temperatura

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

também afetam o consumo. Uma frequência de arraçoamento adequada pode levar também a menor variação no tamanho dos peixes, diminuindo perdas com a classificação, que representa estresse

possibilita o fornecimento de alimento em alta frequência e inclusive no período noturno, fator determinante no aproveitamento do alimento e no desempenho produtivo de várias espécies, contudo, depende de informações básicas referentes ao

para o animal, podendo resultar em mortalidade,

consumo de alimento em função da fase de criação,

além de ser trabalhosa em piscicultura de tanque-

do hábito alimentar, da temperatura e do oxigênio

rede (SOUSA et al., 2007).

dissolvido na água (ARGENTIM, 2016).

Trabalhando com tilápia, Oliveira (2007) testou as

Agostinho et al. (2014) desenvolveram um sistema

taxas de alimentação de 2%, 3% e 4% do peso vivo com alta frequência alimentar (48 vezes ao dia) e

de automação para organismos aquáticos com controlador lógico programável (CLP) e um software (Aqui-o-matic) que possibilita regular a quantidade

observou maior ganho de peso e menor tempo de

de ração fornecida diariamente de acordo o ganho

cultivo nos animais alimentados com a maior taxa de

de

alimentação. Segundo os autores, a alta frequência

esperada sendo esse ajuste feito de acordo com a

alimentar

temperatura da água.

possibilita

o

aumento

da

taxa

de

peso

estimado

pela

conversão

alimentar

alimentação sem que haja desperdícios. Oliveira (2010) sugere altas taxas de arraçoamento nas fases iniciais de tilápias confinadas em hapas Alimentadores automáticos Vários fatores podem interferir no desempenho dos peixes como: qualidade da água, dieta, forma de fornecimento da dieta, densidade de estocagem, manejo e peso de abate. Uma vez que as exigências dos animais não forem atendidas de forma eficiente o desempenho será comprometido.

para melhorar o crescimento e conversão alimentar. O autor também observou que o processo de reversão sexual nestas condições ocorreu em apenas 15 dias quando as larvas foram alimentadas em alta frequência. Oliveira (2007) avaliou taxas de alimentação de 2%, 3% e 4% da biomassa em alta frequência (48 refeições/dia) para tilápias de 200 g até o abate, constatando maior uniformidade, maior

O uso de alimentadores automáticos na tilapicutura

ganho de peso e menor tempo de cultivo para os

apresenta

resultados

peixes que receberam a maior taxa de alimentação

principais

vantagens

satisfatórios, dessa

sendo

as

tecnologia

a

(4% do peso vivo).

disponibilidade de ração para os peixes 24 h por dia, menor custo com mão de obra, melhor conversão alimentar e desempenho, além da vantagem durante o fornecimento de ração que pode ser ajustado conforme os parâmetros químicos e físicos da água reduzindo a sobra de ração e os

impactos

ambientais.

O

de

dieta

balanceada

é

de

fundamental importância na criação de peixes em tanques-rede, uma vez que ocorre restrição na pelo

disponíveis no mercado brasileiro são: alimentadores automáticos

temporizados;

alimentadores

automáticos lançadores; alimentador automático de esteira; alimentador semiautomático e alimentadores automáticos solares.

fornecimento

busca

Os principais tipos de alimentadores automáticos

alimento

natural,

promovendo

a

alimentação como o fator de maior importância na administração das criações (TAKAHASHI, 2005).

O uso de alimentadores automáticos na piscicultura

Controle automatizado da qualidade da água de cultivo Mediante ao crescimento da demanda por carne de peixes, existe a necessidade de intensificar os sistemas de criação, para atender a demanda, expondo continuamente os peixes a alterações na qualidade de água e á intensivas práticas de manejo - manuseio excessivo, transporte e adensamento (CHAGAS et al., 2009).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5058


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

O desempenho dos peixes é comprometido pela a qualidade da água. Então essa deve receber atenção diária, para manter os parâmetros físicos e

utilizado sopradores ou difusores de ar para manter a quantidade de oxigênio dissolvido ideal para um bom desenvolvimento dos peixes.

químicos dentro da faixa recomenda para a espécie

Carmelin Júnior (2014) com o objetivo de determinar

que está sendo cultivada. Para obtermos resultados

a taxa de alimentação ideal para juvenis de tilápia

satisfatórios no cultivo de tilápias, é primordial

(Oreochromis niloticus) criados em tanques-rede,

proporcionar

ambiente

com correção diária da oferta baseada na conversão

semelhante ao ambiente natural e para isso é

alimentar e ganho de peso estimados, utilizou um

necessário a utilização de equipamentos eletrônicos,

sistema automatizado de alimentação para peixes

mecânicos e sensores para manter os parâmetros

com ajuste instantâneo da oferta de acordo com a

de qualidade da água, ideais para o aumento do

temperatura para juvenis de tilápia e concluiu que as

potencial produtivo. Nesse sentido aeradores, e

taxas de 5 e 6% de peso vivo resultaram em melhor

equipamentos

os

crescimento durante os meses frios desde que

parâmetros físicos e químicos da água estão sendo

utilizando uma frequência alimentar de 24 vezes dia

utilizados com sucesso na tilapicultura.

e noite e correção da oferta da ração de acordo com

para

os

peixes

automáticos

um

para

monitorar

a temperatura e com o ganho médio diário. O cultivo de tilápias é realizado predominantemente em sistemas intensivos e super intensivos, em que a sobra

de

ração

é

lançada

no

ambiente

frequentemente e grande quantidade de metabólitos são

excretados

continuamente

pelos

peixes

interferindo na qualidade da água, por esses motivos o monitoramento deve ser constante e rigoroso.

Biometria, classificação e despesca de tilápias Alguns manejos básicos da produção de tilápias como biometria e classificação dos peixes são indispensáveis para melhorar o desempenho e tornar os

lotes

mais

homogêneos.

Entretanto

esses

manejos geralmente são trabalhosos requerendo muita mão de obra provocando estresse nos peixes interferindo no consumo de ração, aumentando o

Os fatores que influenciam a qualidade da água são:

índice de mortalidade, mediante a esses fatores.

temperatura; oxigênio dissolvido; gás carbônico; pH;

Assim é muito importante a criação de equipamentos

alcalinidade e dureza total; amônia; nitrito; gás

que agilize o manejo e reduza o estresse nos

sulfídrico; relação entre a quantidade de ração e a

animais

concentração de fitoplâncton; nutrição dos peixes,

transportem os peixes de forma rápida e sem

incluindo a relação entre proteína, aminoácidos e

lesionar

energia;

plataforma

os

métodos

de

arraçoamento;

e

a

capacidade de troca d‟água entre o tanques-rede e o

como,

por

exemplo,

“aquadutos”

a carcaça, podendo ser para

realização

de

que

acoplado a biometria

e

classificação simultaneamente.

reservatório (ROTTA & QUEIROZ, 2003).

Para o monitoramento da qualidade da água no cultivo

de

programas

tilápias,

estão

computacionais

sendo

empregados

conectados

a

alimentadores automáticos, aeradores e a sondas para fazer a leitura dos parâmetros de qualidade de água, com o intuito de melhorar o aproveitamento de ração uma vez que a mesma será fornecida de acordo com a temperatura da água, os aeradores são ativados com base na leitura do oxigênio dissolvido, em tanques-rede dependendo do fluxo da água onde os mesmos foram instalados pode ser

5059

Bombas de sucção estão sendo utilizadas com sucesso na tilápicultura para fazer despesca de forma rápida, sem lesionar os peixes e fazendo o transporte para o abate ou para tanques para realização de manejos, sem desperdício de água, podendo ser despescado até 50 toneladas de peixes por hora. Já existe equipamento para realizar a pesagem, contagem e separação dos peixes por faixa de peso, o qual pode ser acoplado a bombas de sucção. Estão disponíveis no mercado inúmeras bombas submersas que facilita, agiliza e reduz os custos da despesca em viveiros.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

Automação em frigoríficos e fábrica de ração

As etapas específicas envolvidas na fabricação de o

ração são: armazenagem, transporte dos insumos,

processamento dos peixes acontece de forma

moagem, preparo dos micronutrientes, dosagem,

mecanizada reduz o custo com mão de obra,

mistura e o ensaque como explicado por Lara, 2010.

minimiza os ricos de acidentes e maximiza a

Dentre todas as etapas de produção de tilápias, os

produção. Nesse tipo de produção os peixes são

frigoríficos e fábricas de rações são os setores com o

despescados

maior nível de automatização.

Automação

em

frigoríficos

com

auxílio

onde

de

todo

uma

máquina

despescadora, chega ao frigorifico através de esteiras,

depois

sequência

os

de

evisceradora,

peixes

passam

maquinas:

filetadora,

por

uma

CONSIDERAÇÕES FINAIS

descamadora,

despeliculadora

e

A automação de várias etapas dos sistemas produtivos

embaladora.

(biometrias,

classificação,

despesca,

monitoramento da qualidade da água, fornecimento de

ração

e

processamento

dos

peixes)

é

O rendimento do filé é o item de maior valor

fundamental para tornar a tilapicultura mais rentável.

econômico, e varia de acordo com o domínio

Assim a produção será mais eficiente, menor será o

tecnológico

estresse sofrido pelo os peixes, o ciclo produtivo e o

das

empresas

processadoras.

O

rendimento do filé é influenciado por diversos

custo com mão de obra minimizados.

fatores, como a espécie, formato anatômico (relação cabeça/corpo), peso corporal, sexo, composição corporal (gordura visceral), grau de mecanização na filetagem, método de filetagem e destreza do operador, dentre outros (SILVA et al., 2016).

Souza (2002) determinou o rendimento do filé de tilápia (Oreochromis niloticus), em torno de 34,6 a 36,6% e encontrou diferenças significativas quanto aos

métodos

de

filetagem

usados.

No

processamento da tilápia, é importante destacar que o peixe gera grande quantidade de resíduos que podem ser aproveitados na fabricação de outros produtos alimentícios. O rendimento do filé aumenta em função do peso do peixe, sendo de 31,49% na menor classe (150-350 g) e de 33,67% na maior classe (751-950 g). Para aumentar o rendimento de filé e tornar o processo de filetagem mais eficiente é necessário o uso da automação.

O processo de fabricação de ração é de grande importância para a produção, uma ração de qualidade é fundamental para os animais se desenvolverem adequadamente. A fabricação de ração envolve etapas que exige grande esforço físico e oferece risco aos funcionários. A automação dessas atividades facilita a produção, minimiza erros em relação à mistura de micro e macronutrientes, diminui as chances de acidentes e aumenta a quantidade e qualidade das rações produzidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, C.A. et al. Aqui o Matic: Programa para a automação do fornecimento de ração para peixes e rãs com base nas variações da temperatura da água, no oxigênio dissolvido e no ganho diário de peso estimado com base na conversão esperada. Registro de programa INPI. 2014. AGOSTINHO, C.A. et al. Alimentador automático para peixes e organismos aquáticos em geral. INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, BR n. PI 005536-3 A2, 03 Dez., 2010. ALBUQUERQUE, D.M.; MARENGONI, N.G.; BOSCOLO, W.R.; RIBEIRO, R.P.; MAHL, I.; MOURA, M.C. Probióticos em dietas para tilápia do Nilo durante a reversão sexual. Ciência Rural, Santa Maria, v.43, n.8, p.1503-1508, 2013. ARGENTIM, D. Automação do manejo alimentar de bijupirá (Rachycentron canadum) / Daniel Argentim. – Botucatu : [s.n.], 2016. BRAGA, R. A. J.; RABELO, G. F. Acionamento de motores elétricos e automação de sistemas. Lavras: UFLA, 1999. p. 62-88. CALIL, B.M. Automação de Piscicultura em Taques Artificias. 2005. 44f. Dissertação de Mestrado, Engenharia Mecânica, Automação e Controle – Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Taubaté. CANTON, R. et al. Influência da frequência alimentar no desempenho de juvenis de jundiá. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.36, n.4 p.749-753, 2007. CARMELIN JUNIOR, C.A. Sistema automatizado de alimentação de juvenis de tilápia. Botucatu: Universidade Estadual Paulista, 2014. 36f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, 2014. CASTRO, C.S. et al. Polyculture of frogs and tilapia

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5060


Artigo 422- Automação na tilapicultura – Revisão

in cages with high feeding frequency. Aquacultural Engineering, Amsterdam, v.61, p.43-48, 2014. CHAGAS, E.C.; PILARSKI, F.; SAKABE, R.; MASSAGO, H.; FABREGAT, T.E.H.P. Suplementos na dieta para manutenção da saúde de peixes. In: TAVARES-DIAS, M. (Ed.). Manejo e sanidade de peixes em cultivo, p.132-225, 2009. EL-SAYED, A. M.; MANSOUR, C. R.; EZZAT, A. A. Effects of dietary lipid source on spawning performance of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) broodstock reared at different water salinities. Aquaculture, v.248, p.187-196, 2005. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Automação de Processos. Juiz de Fora, 1996. Disponível em: http://cnpdia.embrapa.br/menuleft-desenvlinhas-auto.html . Acessado em: 29 de outubro de 2016. FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Novo relatório da FAO aponta que produção da pesca e aquicultura no Brasil deve crescer mais de 100% até 2025. Disponível em: http://www.fao.org/brasil/noticias/detailevents/pt/c/423722/. Acesso em 27 de outubro de 2016. FIONA CUBITTA, K. et al. Development of an intelligent reasoning system to distinguish hunger states in Rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Computers and Electronics in Agriculture, Amsterdam, v.62, n.1, p.29-34. 2008. FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. The state of world fisheries and aquaculture, Roma: FAO, p. 209, 2012. FURUYA, W.M. Tabelas brasileiras para nutrição das Tilápias. Toledo: GFM, 2010. 100p. GOMES, B.S. Automação, investimento que dá retorno. 2004. Disponível em: http://www.firjan.org.br/notas/média/Automação 2.pdf. Acesso em: 28 de outubro de 2016. HAMEL, G. Leading the revolution. Boston. Harvard Business School Press, 2000. HELSLEY, C. (1997) - Open ocean aquaculture conference summary, commentary and thoughts for the future. In: Helsley, C.E. (Ed.), Open Ocean Aquaculture „97, Charting the Future of Ocean Farming. Proceedings of the International Conference, cCP-98-08. University of Hawaii Sea Grant College Program, Honolulu, HI, pp. 3–14. HOSSAIN, M.A.R.; HAYLOR, G.S.; BEVERIDGE, M.C.M. Effect of feeding time and frequency on the growth and feed utilization of African catfish Clarias gariepinus (Burchell, 1822) fingerlings. Aquaculture Research, Chichester, v. 32, p. 999-1004, 2001. IBGE - Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Produção de tilápia aumenta 9,7% no Brasil. Disponível em. http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/ . 5061

2016-09/producao-de-tilapia-aumenta-97-no-brasildiz- ibge . Acesso em 27 de outubro de 2016

KUBITZA, F. Qualidade da água no cultivo de peixes e camarões. Jundiaí: F. Kubitza, 2003, 229p. KUNII, E.M.F, 1983-K96f. Frequência alimentar e taxa de alimentação para Kinguio criado em hapa: desempenho produtivo e avaliação econômica / Eduardo Miyamoto Fukanoki Kunii. - Botucatu : [s.n.], 2010. LARA, M.A.M. 2010. Processo de produção de ração - moagem, mistura e paletização. Unifrango. Disponivél em: http://pt.engormix.com/MAavicultura/administracao/artigos/producao-deracao-t331/124-p0.htm. Acesso em 01 de Novembro de 2016. LAZZARI, R. Densidade de estocagem, níveis proteicos e lipídicos da dieta na produção e aceitabilidade do filé do jundiá. Tese de doutorado. PPGZ/UFSM. 2008. 149 p. LEE, P.G. A review of automated control systems for aquaculture and design criteria for their implementation. Aquacultural Engineering, v1.4 p.205-227, 1995. LI, M.H.; MANNING, B. B.; ROBINSON E. H [2005]. Effect of daily feeding frequency and time on channel catfish production, feed efficiency, and processing yield. Disponível em: http://animalscience.ucdavis.edu/events/ special/ffnw/2003/PowerPoint.htm. Acessado em: 29/09/2016. MENEZES, C.S.M.; CASTRO, C.S.; SANTOS, A.A.; CARMELIN JUNIOR, C.A.; COSTA, J.M.; ARGENTIM, D.; RIBEIRO, R.R.; AGOSTINHO, C.A. Automação do manejo alimentar de tilápias com correção diária da taxa de alimentação baseada na conversão alimentar. Anais... XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 2015. MTP - Manual Técnico Piscicultura Tropical de Água Doce - Mogiana Alimentos, Campinas, SP, 2002. NÄÄS, I.A. Uso de técnicas de precisão na produção animal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, p.358-364, 2011. NWANNA, L.C. et al. Response of common carp (Cyprinus carpio L.) to supplemental DLmethionine and different feeding strategies. Aquaculture, v.356-357, p.365-370, 2012. OLIVEIRA, F.A. Taxas e intervalos de alimentação na produção de tilápia em tanque-rede com dispensador automático de ração. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2007. OLIVEIRA, L.C. Altas frequências de arraçoamento nas fases iniciais da criação de tilápia em hapas. Botucatu: Universidade Estadual Paulista, 2010. 73f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, 2010. PANDORFI, H.; ALMEIDA, G.L.; GUISELINI, C. Zootecnia de precisão: princípios básicos e atualidades na suinocultura. Revista Brasileira

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 222- Automação na tilapicultura- Revisão

de Saúde e Produção Animal. Salvador, v.13, n.2, p.558-568, 2012. ROTTA, M.A.; QUEIROZ, J.F. Boas práticas de manejo (BPMs) para a produção de peixes em tanques-redes. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2003. 27p. SIDONIO, L.; CAVALCANTI, I.; CAPANEMA, L.; MORCH, R.; MAGALHÃES, G.; LIMA, J.; BURNS, V.; ALVES JÚNIOR, A.J.; MUNGIOLI, R. Panorama da aquicultura no Brasil: desafios e oportunidades. BNDES Setorial, v.35, p.421463, 2012. SILVA, L.M.; SAVAY-DA-SILVA, L.K.; ABREU, J.K.; FIGUEIREDO, E.E.S. Determinação de índices morfométricos que favorecem o rendimento industrial de filés de tilápia (Oreochromis niloticus). Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, v.42, n.1, p.252–257, 2016, SOUSA, R.M.R. et al. Productive performance of Nile tilapia (Oreochromis niloticus) fed at different frequencies and periods with automatic dispenser. Arquivo Brasileiro de Medicina

Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.64, n.1, p.192-197, 2012. SOUSA, R.M.R. Qualidade da Água e Desempenho Produtivo da Tilápia do Nilo Alimentada em Diferentes Freqüências e Períodos por Meio de Dispensador Automático. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2007. SOUZA, M.L.R. Comparação de Seis Métodos de Filetagem, em Relação ao Rendimento de Filé e de Subprodutos do Processamento da Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p. 0761084, 2002. TAKAHASHI, N.S. Nutrição de Peixes. Instituto de Pesca, 2005. Disponível em: http://www.pesca.sp.gov.br. Acesso em: 12 jul. 2016.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5053-5062, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5062


Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadourofrigorífico de Minas Gerais Abate de animais, qualidade da carcaça, frangos de corte, condenações parciais, contaminação. 1

Vanessa Mingote Júlio 2 Aline Cristina Arruda Gonçalves 3 Letícia Ferreira da Silva 4 Fernanda Cristina Esteves de Oliveira

Vol. 14, Nº 03, maio/jun. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Graduanda do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Campus Sete Lagoas, MG. E-mail: vanessamingote@yahoo.com.br. 2 Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora Adjunta do Curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), Campus Sete Lagoas, MG. 3 Doutoranda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa, MG. 4 Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Professora substituta do Curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), Campus Sete Lagoas, MG.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Revista Elet

Avaliou-se nesta pesquisa a qualidade de carcaças e

CARCASS, CHICKEN CUTS QUALITY AND ECONOMIC LOSSES IN ASLAUGHTERHOUSE IN MINAS GERAIS

cortes de frango em um matadouro-frigorífico de

ABSTRACT

Minas Gerais. Foi realizada avaliação diária de

The quality of carcasses and cuts chicken of partial

carcaças e cortes de frango, entre abril e junho de

condemnations were evaluated in a slaughterhouse

2014. Utilizaram-se critérios visuais ou estéticos para

in Minas Gerais. The research was carried out

identificar não conformidades, incluindo aquelas que

through the daily evaluation of carcasses and cuts

acarretavam condenações parciais. As causas de

chicken between April and June 2014. Visual or

não conformidades para carcaça de frango mais

aesthetic

frequentes foram: presença de papo/traqueia ou

nonconformities, including those that led to partial

fragmentos, e de penas; e as de condenações

condemnations. The most frequent causes

parciais

hematomas,

nonconformities for chicken carcass were: presence

fraturas/contusões e contaminação. Quanto aos

of paps/trachea or fragments, and of feathers; And

cortes, as não conformidades principais foram

those of partial condemnations were: presence of

presença de cartilagem, ossos, penas, arranhões,

bruises,

pigmentação escura e corte fora do padrão. As

Regarding

condenações parciais foram devidas principalmente

nonconformities were presence of cartilage, bones,

à presença de hematomas, fraturas/contusões e

feathers, scratches, dark pigmentation and non-

escaldagem excessiva, indicando ser prioritárias

standard cutting. The partial condemnations were

ações na empresa para melhorar o manejo pré-

due to the presence of bruises, fractures/bruises,

abate, e também o próprio abate e o processamento,

and excessive scald, indicating that priority in the

para garantir sanidade, segurança alimentar, bem

company

como

management,

RESUMO

foram:

o

presença

bem-estar

animal;

de

e

aumentar

a

criteria

were

used

fractures/bruises the

was as

types

to well

and of

identify of

contamination.

cuts,

improve as

to

the

main

pre-slaughter

slaughtering

and

lucratividade.

processing, to ensure sanitation, food safety, as well

Palavras-chave: abate de animais, qualidade da carcaça, frangos de corte, condenações parciais, contaminação.

as animal welfare; and increase profitability. Keyword: slaughter of animals, carcass quality, broilers, partial condemnations, contamination. 5063


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

INTRODUÇÃO A produção mundial de carne de frango alcançou

características sensoriais agradáveis e atrativas

88,010 milhões de toneladas em 2015, e neste

(sabor/odor/aparência/textura),

mesmo ano o Brasil passou a ocupar a segunda

conservação nos pontos de distribuição (MAIA &

posição no ranking, com uma produção de 13,14

DINIZ, 2009; GOMIDE et al., 2006; PINTO et al.,

milhões de toneladas, estando apenas atrás dos

2015).

Estados Unidos (ABPA, 2016). Ainda, de acordo

ambiental, ou seja, o destino e tratamento dado aos

com projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária

resíduos e subprodutos gerados ao longo de toda

e Abastecimento (MAPA), dentre os diferentes tipos

cadeia produtiva (GOMIDE et al., 2006; PINTO et al.,

de carne, a de frango é a que terá maior taxa de

2015).

Ainda,

deve-se

e

com

incluir

aqui

adequada

a

gestão

crescimento na sua produção no país, na próxima década, estimando-se cerca de 3,0% ao ano (MAPA,

Os métodos mais comuns de avaliação de qualidade

2015).

de carcaças e cortes de frango são os critérios visuais ou estéticos como conformação, presença de

Este cenário será acompanhado pelo aumento tanto

hemorragias e/ou hematomas, rompimento de pele,

do seu consumo (32,1% em 2024/25), como de suas

retalhos, fraturas/contusões e físico-químicos. Sendo

exportações (62,7% em 2024/25), o que demonstra

que a qualidade está diretamente atrelada a um

o impacto econômico deste setor a nível nacional e

maior

internacional (MAPA, 2015). Nas exportações, o

consequentemente de condenações nos matadouros

Brasil vem ocupando a primeira colocação desde

frigoríficos, e também à presença ou a ausência de

2004, devido ao oferecimento de um produto com

contaminação microbiológica. Ressalta-se que as

qualidade, sanidade, sustentabilidade e preços

condenações parciais ou totais na maioria das vezes

competitivos (UBABEF, 2012; ABPA, 2016).

estão

ou

menor

associadas

índice

a

um

de

conformidades

manejo

e

inadequado,

aspectos sanitários e/ou falhas durante o abate e Neste contexto, para que estas projeções se

processamento (MENDES & KOMIYA, 2011).

confirmem é necessário cada vez mais melhorar a eficiência em produção por meio do aprimoramento

Assim, o cumprimento dos requisitos e padrões

tecnológico, tanto no manejo como no abate e

estabelecidos na legislação vigente tem como

processamento, de modo a prevenir perdas da

objetivo não só garantir a qualidade do produto final,

integridade

mas também aumentar a lucratividade da indústria,

reduzir,

da

ou

e

consequentemente desperdícios,

por meio da otimização dos processos de produção

defeitos ou ineficiências na linha de produção, que

(BRASIL, 1952; ABREU & ABREU, 2002; RUI et al.,

possam acarretar perdas econômicas impactantes

2011; ROSA et al., 2012). Para tal, é necessária a

para a indústria, e ainda indicar possíveis áreas de

fiscalização pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF),

melhoria (PEREIRA, 2009; PASCHOAL et al., 2012).

que opera pessoalmente em matadouros-frigoríficos,

Portanto,

exigências

vistoriando e fiscalizando o processo produtivo da

visto

carne

é

relacionadas

até

carcaça,

mesmo eliminar

preciso ao

respeitar

bem-estar

as

animal,

que

destinado

ao

comércio,

abrangendo

a

atualmente a qualidade de produtos cárneos tornou-

inspeção „„ante e post mortem’’ dos animais, sempre

se uma condição necessária e não só apenas um

que se tratar de produtos destinados ao comércio

diferencial para as empresas (BRASIL, 1952,

interestadual ou internacional (BRASIL, 1952). Além

PEREIRA, 2009; PASCHOAL et al., 2012).

disso, vale destacar que muitas vezes esses profissionais atuam em conjunto com engenheiros de

Para obtenção de um produto de qualidade é preciso

alimentos, os quais têm como função auxiliar no

um sistema de gestão e controle adequados, ou

controle de qualidade ao final da linha de produção.

seja, que contemplem conhecimento técnico e competência

de

Considerando que o maior desafio atual dos

satisfazer o cliente com produtos que garantam

gerencial,

com

o

propósito

matadouros-frigoríficos é garantir aos consumidores

sanidade,segurança alimentar e nutricional, com

o acesso a produtos de qualidade, íntegros e inócuos

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5064


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

a

saúde,

com

perdas

mínimas

em

seu

processamento, condições estas necessárias para aumentar sua produtividade e lucratividade, o objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de

TABELA 1 - Causas de não conformidades e de condenações parciais encontradas em carcaças de frango em um matadouro-frigorífico, localizado em Minas Gerais, no período de abril a junho de 2014.

carcaças e cortes de frango em um matadourofrigorífico de Minas Gerais.

Carcaça de Frango

MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo foi realizado em um matadourofrigorífico localizado no estado de Minas Gerais, entre os meses de abril e junho de 2014. Realizou-se a avaliação diária (segunda a sexta) na sala de corte, das carcaças e cortes de frangos provenientes da linha de abate e processamento, em dois momentos: manhã e tarde. Esta avaliação foi efetuada sempre ao final da linha de produção, utilizando critérios visuais ou estéticos (subjetivos) para identificar as não conformidades que poderiam acarretar em condenações parciais, as quais estão descritas no quadro 1.

Não Conformidad es Presença de papo/traqueia ou fragmento Presença de penas Excesso de pele no pescoço (>2 cm) Presença de cutículas Presença de vísceras Ruptura de pele Presença de arranhões

Abril N

total de 5.550 frangos inteiros, 1.700 frangos desossados, 1.200 coxas e sobrecoxas, 2.850 pés A,

Odor alterado Presença de corpo estranho

3.050 pés B, 1.700 peles e 2.600 filés de peito. Calo no peito Utilizou-se estatística descritiva para análise dos dados, sendo os resultados expressos em frequência absoluta e relativa, com o auxílio do software SAS, versão 9.0. Estes foram agrupados em tabelas e divididos em não conformidades e condenações parciais para a carcaça de frango e seus respectivos cortes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram avaliadas 5.550 carcaças de frango, das quais 32% (n= 1.777) apresentaram algum tipo de não conformidade ao final da linha de produção. Na tabela 1 estão apresentados os percentuais de não conformidades, referentes à carcaça de frango, bem

Cor alterada Condenaçõe s Parciais Presença de hematomas Presença de fraturas/contu sões Contaminaçã o Escaldagem Excessiva

N

%

60 51 58 52 23 2

3,3 3 2,8 3 3,2 2 2,8 9 1,2 8 0,1 1

0,0 0 0,0 0 0 0,0 0 0

45 44 30 20 16 0

2,5 0 2,4 4 1,6 7 1,1 1 0,8 9 0,0 0

N

%

83 64 44 50 11 0

4,2 6 3,2 8 2,2 6 2,5 6 0,5 6 0,0 0

%

25 4 25 1

4,5 8 4,5 2

18 8 15 9 13 2 12 2

3,3 9 2,8 6 2,3 8 2,2 0 0,9 0 0,0 4

50 2

0

12 6,6 10 5,6 10 5,2 0 7 2 7 3 8

32 5

5,8 6

3,7 2,6 3,1 2 47 1 61 3 1,9 1,8 1,7 35 4 33 3 35 9 0,5 0,0 0,1 9 0 0 0 3 5

17 5 10 3

3,1 5 1,8 6 0,2 2

67

2

0,0 0 0,0 0 0 0,0 0 0

N

0,0 4 0,0 4 0,0 0

0

0,1 1 0,1 2 1 0,0 0 0

Total

Junho

10 5,6 3,8 4,2 1 1 70 9 83 6 5,3 3,4 4,7 96 3 62 4 93 7

Para avaliação do controle de qualidade foram selecionados aleatoriamente durante o trimestre, um

%

Maio

0

2 2

12

Nota: O cálculo dos percentuais mensais foi realizado considerando o total de carcaças de frango avaliadas em cada mês: Abril: 1800; Maio: 1800 e Junho: 1950. Já o cálculo do total de não conformidades e condenações parciais foi realizado considerando o total de carcaças avaliadas no trimestre (5.550). Fonte: Elaborada pelo autor

como aquelas que resultaram em condenações parciais, com suas respectivas causas. Fato este que provavelmente está associado à falta de uniformidade no tamanho das carcaças, o que Verificou-se que as principais causas de não

dificulta a regulagem da extratora de papo e

conformidades

foram

traqueia, e contribui para a presença dos mesmos

referentes à presença de papo/traqueia ou seus

principalmente em carcaças menores. Vale destacar

para

carcaça

de

frango

que a passagem excessiva de papo/traqueia e/ou seus fragmentos (4,58%), e de penas (4,52%) (Tabela 1). 5065 Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 423- Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

fragmentos, e de penas, geram registros de não

a presença de fraturas/contusões (0,45%) como a

conformidades determinados pelo SIF e que deve

principal causa de condenação parcial, seguido por

ser notificado tanto pelos responsáveis pelo controle

contaminação (0,14%) e escaldagem excessiva

de qualidade, quanto pelo setor de produção e,

(0,12%).

ainda realizadas ações corretivas, uma vez que de acordo com a portaria n° 210 de novembro de 1998

Por outro lado, Huallanco (2004) em sua pesquisa

do

e

observou um maior percentual de condenações

Abastecimento todas as carcaças de frango deverão

parciais por hematomas (79,73%), seguido por

Ministério

da

Agricultura

Pecuária

passar por um “toilette” final, onde se deve retirar papo, esôfago e traqueia (BRASIL, 1998).

depenagem é uma etapa que deve ser realizada imediatamente após o afrouxamento das penas na em

equipamentos

(7,31%),

enquanto

em

outro

estudo

realizado na cidade de Conceição da Feira, BA foi

Ainda, de acordo com a portaria n° 210, a

escaldagem,

fraturas

apropriados

e

regulados, com a finalidade de remover maior quantidade possível de penas aderidas a superfície da carcaça, sem lesar o tecido cutâneo (BRASIL, 1998). No entanto, no presente estudo a presença de penas ao final da linha de produção representou 4,52%, sendo a segunda causa, no total, de não

verificado

um

maior

percentual

para

fraturas/contusões (2,48%) seguido pela presença de celulite (0,75%) (LIMA et al., 2014). Paschoal et al. (2012) em trabalho que analisaram as principais causas de condenações totais e parciais em um matadouro-frigorífico

do

noroeste

do

Paraná,

também observaram como principal causa de condenações

parciais

a

presença

de

fraturas/contusões (54,38%), seguida por celulite (13,66%).

conformidades observadas na carcaça de frango. Vale ressaltar que um manejo inadequado no préA uniformidade do lote, a regulagem adequada dos

abate (jejum e dieta hídrica, apanha, carregamento e

equipamentos, bem como a utilização de um

descarregamento, transporte e pendura) além de

binômio tempo e temperatura de escaldagem que

causar sofrimento e estresse ao animal, pode

permita uma boa depenagem, sem que afete a

contribuir

qualidade da carne, ainda é um desafio para a

fraturas/contusões,

indústria (GOMIDE et al., 2006; MENDES &

portanto primordial a integração da indústria com os

KOMIYAMA, 2011; LIMA et al., 2014). Além disso,

produtores para melhor compreensão de boas

segundo Soares (2009) a presença de penas ou

práticas de produção animal, incluindo o bem-estar

folículos de penas são mais relevante no ponto de

dos mesmos. No abate estas mesmas ocorrências

vista da qualidade, do que sanitário, uma vez que

também podem ser detectadas devido à falta de

normalmente

uniformidade dos lotes, regulagem inadequada de

são

detectadas

baixas

cargas

microbianas nas carcaças após a depenagem.

para

a

ocorrência e

de

hematomas,

contaminações,

sendo,

equipamentos como depenadeiras e máquinas de evisceração, funcionários sem treinamento ou mal

Já em relação às principais causas de condenações

treinados, e a qualidade da água dos chillers

parciais observadas entre os meses avaliados,

(BRASIL, 1952; SARCINELLI, 2007; RIVAS et al.,

pode-se citar a presença de hematomas (5,86%),

2012; LUDTKE et al., 2010; FERREIRA et al., 2012;

fraturas/contusões

MASCHIO & RASZL, 2012).

(3,15%)

e

contaminações

(1,86%) (Tabela 1). Estudo realizado em um matadouro-frigorífico localizado na região norte do

Ainda, por afetar locais nobres e de difícil remoção

Rio Grande do Sul, apesar de constatar as mesmas

estes

causas de condenações parciais, mostrou um maior

representar perdas econômicas impactantes para a

percentual para contaminações (9%) e menor para

indústria, uma vez que as partes acometidas devem

hematomas e fraturas (1%) (BASSO et al., 2015).

ser retiradas e descartadas de modo parcial ou até

Souza et al. (2016) avaliando um matadouro-

mesmo total. Sabe-se também, que o estresse do

frigorífico localizado no estado do Piauí observaram

animal pode contribuir para a alteração do pH ótimo,

tipos

de

condenações

parciais

podem

indesejáveis para as carnes, produzindo condições Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5066


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

que determinam em uma carne mais pálida, flácida e

sença de ossos de frango em alimentos representa

exsudativa (PSE), levando a depreciação e limitação

um dos motivos mais frequentes de atendimentos de

do uso das carcaças e cortes provenientes da

emergência

mesma (MAPA, 1998; LUDKE et al., 2010).

obstrução ou perfuração do trato gastrointestinal,

no

sistema

de

saúde,

devido

a

necessitando de remoção por via endoscópica ou No quesito cortes, das 16.200 amostras de cortes de

cirúrgica. Dessa forma, é muito importante uma

frango analisadas, 21,38% (n =3.464) apresentaram

avaliação criteriosa em relação a sua presença ao

algum tipo de não conformidade ao final da linha de

final da linha de produção, garantindo não só a

produção.

segurança dos consumidores como também a qualidade

Na tabela 2 são mostradas as não conformidades,

global

do

produto

para

sua

comercialização no mercado externo.

bem como aquelas que geraram condenações parciais, e suas respectivas causas para o frango

Além dos hematomas, a escaldagem excessiva foi

desossado e filé de peito.

um dos motivos principais para condenação parcial para cortes, dentre eles, o filé de peito. Estudo onde

As não conformidades e condenações parciais

se realizou um levantamento de condenações de

representaram

carcaças de frango, usando registros oficiais de um

analisadas possível

43,53%

para

do

frango

observar

total

de

desossado.

que

as

amostras Destas

principais

é

matadouro-frigorífico,

mostrou

que

1,30%

das

não

condenações foram decorrentes de uma escaldagem

conformidades foram presença de cartilagens duras

excessiva, sendo que o principal corte acometido foi

(25,24%) e ossos (11,94%), seguida de penas

o peito de frango (SILVA & PINTO, 2009).

(2,53%) e ruptura de pele (1,53%). Já em relação às condenações parciais neste mesmo corte, avaliou-se

A escaldagem excessiva geralmente ocorre na parte

apenas a presença de hematomas, os quais

inferior do peito e resulta em uma textura de músculo

corresponderam a 0,53% do total de amostras

cozido, ressecado e com coloração esbranquiçada.

analisadas (Tabela 2).

Esta causa de condenação parcial é proveniente de falhas no processamento, geralmente devido a

Para o filé de peito as não conformidades e

quedas de energia que culminam com a interrupção

condenações parciais, juntas representaram 9,65%

na linha do abate, ou mau funcionamento dos

(n= 2.600). Além disso, observou-se que de modo

tanques de escaldagem, onde as aves ficam

semelhante ao frango desossado as principais

submersas

causas

foram

uniformidade das aves, ou ainda devido ao uso de

presença de ossos (3,50%) e cartilagem dura no filé

um binômio tempo/temperatura inadequado nestes

de peito (2,54%) seguido pela detecção de cortes

equipamentos (BRASIL, 1998; MASHIO & RASZL,

fora do padrão (0,81%). As condenações parciais

2012).

de

não

conformidades

também

em

água

quente,

ou

a

falta

de

verificadas no filé de peito foram causadas por escaldagem excessiva (1,19%) e pela presença de

Na tabela 3 estão descritos as causas de não

hematomas (1,0%) (Tabela 2).

conformidade e as condenações parciais referentes aos cortes asa, coxa e sobrecoxa. Dentre as 3.100

O maior percentual para a presença de cartilagens e

amostras de asas analisadas, 26,61% (n= 825)

ossos verificados no presente estuda para o frango

apresentaram algum tipo de não conformidade. É

desossado e o filé de peito pode ser decorrente do

possível

tipo de desossa das peças, a qual era manual. A

conformidades detectadas para a asa de frango

falta de treinamento dos funcionários, o cansaço

foram presença de penas (2,42%) e ruptura de pele

físico pela falta de rotatividade de funções, inspeção

(0,61%), enquanto as condenações parciais foram

inadequada dos cortes, ou mesmo uma alta

em consequência da presença de hematomas

velocidade da linha de abate podem ser fatores

(22,29%) e fraturas/contusões (1,19%) (Tabela 3).

contribuintes

As principais não conformidades encontradas para

para

a

presença

destas

não

conformidades. Segundo Eisen et al. (2002) a pre5067

observar

que

as

principais

não

este corte podem ser decorrentes de falhas na etapa

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

de sangria, escaldagem e consequentemente na depenagem. A temperatura adequada para que ocorra o afrouxamento das penas para frangos deve ser de 52 °C por 2 minutos, temperaturas menores que o recomendado, não é suficiente para obter o afrouxamento, principalmente na asa que apresenta

TABELA 3 – Causas de não conformidades e condenações parciais encontradas em cortes de asa e coxa e sobrecoxa em um matadouro-frigorífico localizado em Minas Gerais, no período de abril a junho de 2014.

maiores espessuras e comprimento, o que dificulta a depenagem e favorece a ruptura da pele. De modo similar, temperaturas superiores e maior tempo de exposição também causam enfraquecimento da pele das aves, acarretando sua ruptura mais facilmente na etapa de depenagem, principalmente se os dedos de borracha do equipamento estiverem desgastados. Ainda, a presença de penas também pode ser decorrente de uma sangria longa, uma vez que se a mesma exceder mais de 3 minutos a depenagem será prejudicada, pois devido ao estado de pré-rigor mortis as aves aprisionam as penas pelos folículos dificultando sua retirada (GOMIDE et al., 2006; SARCINELLI et al., 2007; LUDTKE et al., 2010). Já as condenações parciais detectadas para a asa podem

ter

sido

resultantes

de

um

manejo

inadequado tanto das aves como das caixas de transporte.

Ou

seja,

os

hematomas

e

fraturas/contusões podem ocorrer durante a etapa de apanha no levantamento da ave pelas asas, sendo este método proibido por regulamentações internacionais e pela legislação europeia, já que causa lesões e sofrimento, afetando diretamente o bem-estar das mesmas. Também pode ocorrer devido à etapa de pendura inadequada, causando estresse

por

medo,

o

que

reflete

em

um

comportamento de fuga (bater das asas), ou ainda quando as tampas das caixas de transporte não são fechadas

corretamente

ou

estão

quebradas,

provocando a prensagem das asas destas entre uma caixa e outra, durante o empilhamento (GOMIDE et al., 2006; LUDTKE et al., 2010). Em relação aos cortes coxa e sobrecoxa verificou-se que 8,9% (n= 147) apresentaram algum tipo de não conformidade. Pode-se constatar que de modo semelhante ao encontrado para a asa; a mais frequente foi a presença de penas (2,85%), sendo esta seguida pela presença de arranhões (1,03%) e ruptura de pele (0,54%). As condenações parciais mais prevalentes nestes cortes foram hematomas

Asa Causas de Abril Não Conformida des N % Presença de 1,8 penas 22 3 Ruptura de 0,6 pele 8 7 Excesso de 0,0 pele > 2 cm 0 0 Presença de 0,0 arranhões 0 0 Presença de corpo 0,0 estranho 0 0 Condenaçõe s Parciais Presença de 38 32, hematomas 6 17 Presença de fraturas/cont 0,5 usões 6 0

Maio

Junho

Total

1

1

2 0,2

0

1 0,1

0

N % 4,0 0 75 0,1 1 19 0,0 0 2 0,0 0 1

0

0

0,0 0

N

%

N

% 2,4 2 0,6 1 0,0 6 0,0 3

0

0,0 0

19 19, 10 8 8 7

11, 69 89 1

22, 29

16 1,6 15

1,6 7 37

1,1 9

17 1,7 36 10

0

Coxa e Sobrecoxa Causas de Total Abril Maio Junho Não Conformida N % des N % N % N % Presença de 5,4 0,6 1,0 2,8 penas 38 3 2 7 7 8 47 5 Presença de 1,7 1,0 0,3 1,0 arranhões 12 1 3 0 2 1 17 3 Ruptura de 0,1 0,3 1,0 0,5 pele 1 4 1 3 7 8 9 5 Presença de corpo 0,0 0,0 0,0 0,0 estranho 0 0 0 0 0 0 0 0 Excesso de 0,0 0,0 0,0 0,0 pele > 2 cm 0 0 0 0 0 0 0 0 Condenaçõe s Parciais Presença de fraturas/cont 0,1 0,6 0,9 3,9 usões 1 4 2 7 6 2 9 4 Presença de 0,1 0,6 0,9 0,5 hematomas 1 4 2 7 6 2 9 5 Nota: O cálculo dos percentuais mensais foi realizado considerando o total de asas avaliadas em cada mês: Abril: 1.200; Maio: 1.000 e Junho: 900 e de coxa e sobrecoxa: Abril: 700; Maio: 300 e Junho: 650. Já o cálculo do total de não conformidades e condenações parciais foi realizado considerando o total de asas (3.100) e coxa e sobrecoxa (1.650) avaliados no trimestre. Fonte: Elaborado pelo autor

(3,94%) e fraturas/contusões (0,55%) (Tabela 3). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5068


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

Vale ressaltar que os principais hematomas que

o

levam a condenação são: de coxa, de peito e de

pigmentação escura (12,98%) seguido pelo corte

asa, fato que foi observado neste estudo, uma vez

fora do padrão (8,0%). Quanto às condenações

que os cortes asa (22,29%), coxa e sobrecoxa

parciais

(3,94%)

pododermatite

apresentaram

maiores

percentuais

de

maior

percentual

os

foi

maiores

para

a

presença

percentuais

(11,31%),

foram

de

para

fraturas

(6,59%),

escaldagem

excessiva

hematomas (Tabela 3). Huallanco (2004) também

hematomas

demonstrou maior incidência de hematomas nestes

(1,18%) (Tabela 4). A presença de pododermatite foi

mesmos cortes, porém superiores, sendo observado

menor no pé A do que no pé B, enquanto o número

59,80% para asa e 36,21% para coxa e sobrecoxa.

de fraturas foi maior no pé A do que no pé B (Tabela

(1,57%)

e

4). Os pés produzidos no matadouro-frigorífico em são

Berg (1998) e Santos et al. (2002) relataram em seus

classificados por profissionais da empresa, conforme

estudos que 20 a 80% das aves avaliadas,

as características do coxim plantar em pé A, que são

respectivamente,

considerados

e

sendo este um problema que vem do campo e não

aparentemente íntegros, e sem alteração da camada

dos matadouros-frigoríficos. O aparecimento desta

córnea; e em pé B, que são produtos vendidos com

lesão, que se inicia com uma inflamação da pele,

preço mais acessível podendo apresentar lesões

está

brandas e descamação da camada da córnea

(encontrados nas fezes) presentes na cama da

(TEXEIRA, 2008; BRASIL, 1998). As principais não

granja, devido à alta densidade de alojamento (fato

conformidades observadas para os pés (corte fora

severamente criticado pelas associações de bem-

do padrão e presença de pigmentação escura

estar animal). Além disso, a dieta das aves também

(pequenos pontos pretos)) fazem parte da avaliação

tem

de qualidade exigida por países importadores deste

pododermatite, pois dependendo do tipo de ração ou

corte,

As

ingredientes utilizados, as fezes destas podem se

principais causas da presença de cortes fora do

tornar mais líquidas, pegajosas e ácidas. Outro fator

padrão

dos

relevante é o clima, ou seja, o aparecimento dos

equipamentos e a falta de uniformidade dos

calos tem maior incidência em épocas chuvosas,

tamanhos das carcaças.

devido à piora da qualidade da cama. Portanto, cabe

estudo

são

destinados

mais

visando é

à

nobres,

satisfazer

a

exportação

a

sem

sua

regulagem

e

lesões

clientela.

inadequada

apresentavam

geralmente

um

papel

ligado

a

pododermatite,

fatores

importante

no

corrosivos

surgimento

da

aos profissionais das indústrias realizarem uma Vale destacar que as lesões de pododermatite são

adequada

passíveis de condenação, uma vez que segundo a

carcaças, para que não haja comprometimento da

portaria n° 210 do Ministério da Agricultura, Pecuária

sua qualidade. Já a incidência maior de fratura nos

e Abastecimento, as carcaças que mostrarem

pés pode ser devida a um manejo inadequado

evidência de lesão na pele, devem ser rejeitadas as

durante a etapa de apanha, ou seja, a suspensão

partes atingidas, ou quando a condição geral da ave

inadequada das aves por apenas um dos pés, ou o

for

ou

acúmulo de aves apanhadas ao mesmo tempo

condenadas

(TEXEIRA, 2008; BERNARDI, 2011; MENDES &

comprometida

natureza

da

pelo

lesão,

tamanho,

deverão

posição

ser

totalmente (TEXEIRA, 2008; BRASIL, 1998).

classificação

e/ou

condenação

das

KOMIYAMA, 2011).

Dos pés A avaliados, 21,33% (n= 608) apresentaram algum tipo de não conformidade ao final da linha de

Em relação à pele pôde-se verificar que 4,88% (n=

produção.

83) das peças apresentaram algum tipo de não

As

principais

não

conformidades

constatadas foram: corte fora do padrão (4,98%) e

conformidade,

sendo

presença de pigmentação escura (2,35%). Além

referentes

presença

disso, para as condenações parciais observaram-se

fragmentos (1,94%) e de calo (1,17%). Já a

os maiores percentuais para fraturas/contusões

condenação

(6,59%),

presença de hematomas (2,71%) (Tabela 4).

pododermatite

(5,16%)

e

hematomas

à

parcial

os

maiores de

percentuais

papo/traqueia

observada

foi

ou

apenas

(1,55%) (Tabela 4). Já para o pé B, apesar das mesmas não conformidades detectadas para o pé A,

5069

A classificação da pele é feita manualmente no final

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

a


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

da esteira de produção do peito inteiro. Nesta etapa os funcionários realizam a inspeção visual uma por uma, verificando a existência de não conformidades. A

presença

papo/traqueia

elevada ou

de

hematomas

fragmentos

indica

e

de

falha

na

classificação da pele. Como a pele comercializada é originada do peito, o manejo incorreto no pré-abate do animal, ou seja, durante o transporte das aves devido a uma alta densidade nas caixas, número de engradados empilhados, ou mesmo do tempo e percurso pode ocasionar lesões no peito de onde se retira a pele, e assim comprometer esta peça (LUDTKE et al., 2010). Vale ressaltar, que todas as condenações parciais foram analisadas ao final da linha de produção, depois de inspecionados, evidenciando-se a necessidade de melhor treinamento dos funcionários responsáveis pelas etapas de pré-abate e abate, como apanha carregamento, descarregamento, transporte, pendura, sangria, bem como a manutenção e regulagem dos equipamentos utilizados. No presente estudo não foi possível realizar o cálculo do impacto financeiro decorrente das condenações parciais observadas, devido ao não fornecimento de algumas informações necessários para tal pelo matadouro-frigorífico. Contudo, outros estudos que realizaram o cálculo do impacto financeiro mostraram perdas impactantes para indústria. Sesterhem et al. (2011), observaram perdas

de

R$

813.356,97

causadas

por

condenações parciais em carcaças de frangos de janeiro a dezembro de 2010, sendo as principais causas:

contaminação

(R$

801.169,2)

e

fratura/contusão (R$ 81.646,24). Ainda, outro estudo realizado em um matadouro-frigorífico do sul do país,

mostrou

um

impacto

financeiro

de

condenações parciais de R$ 1.030.005,71 para o período de um ano decorrente de condenações parciais,

sendo

a

principal

ocorrência

de

fraturas/contusões (R$ 306.263,00) (MASCHIO & RASKL, 2012). Menores perdas foram verificadas por Lima et al. (2014), em relação as condenações parciais

durante

o

período

de

um

ano

(R$494.015,18), contudo, o motivo principal foi o mesmo encontrado por MASCHIO & RASKL (2012), TABELA 4 – Causas de não conformidades e condenações parciais encontradas em cortes de pé A, pé B e pele em um matadouro-frigorífico localizado em Minas Gerais, no período de abril a junho de 2014.

Pé A Causas de Não Conformidad es Corte fora do padrão Pigmentação escura Presença de cutícula Condenaçõe s Parciais Pododermatit e Presença de fraturas/contu sões Presença de hematomas Escaldagem excessiva

Abril

Maio

Junho

Total

% N 3,7 0 19 1,6 0 27 0,4 0 4

N % 2,1 14 1 2 3,0 0 67 0,4 4 16

%

8

% N 9,0 5 37 2,5 3 16 0,8 4 4

32

3,3 7 33

3,3 0 82

9,1 14 1 7

5,1 6

3,2 0 57 1,0 8 11 0,1 1 0

2,0 0 38 0,3 8 5 0,0 0 0

1,3 18 3 8 0,1 7 47 0,0 0 1

6,5 9 1,6 5 0,0 4

N 86 24

93 31 1

4,9 8 2,3 5 0,5 6

Pé B Causas de Não Conformidad es Pigmentação escura Corte fora do padrão Presença de cutícula Condenaçõe s Parciais Presença de fraturas/contu sões Pododermatit e Presença de hematomas Escaldagem excessiva

Abril N 21 6 15 2 24

96 77 30 6

Maio

Junho

Total

% N 19, 64 90 13, 82 48 2,1 8 7

% N 9,0 0 90 4,8 0 45 0,7 0 20

N % 9,4 39 7 6 4,7 24 4 5 2,1 1 51

%

8,7 3 41 7,0 11 0 6 2,7 3 8 0,5 5 30

4,1 0 41 11, 15 60 2 0,8 0 10 3,0 0 0

4,3 2 16, 00 1,0 5 0,0 0

5,8 4 11, 31 1,5 7 1,1 8

12, 98 8,0 3 1,6 7

17 8 34 5 48 36

Pele Causas de Abril Não Conformidad es N % Presença de papo/traqueia ou 4,3 fragmentos 13 3 Presença de 1,1 carne 3 7 Presença de corpo 0,0 estranho 0 0 Condenaçõe s Parciais Presença de 5,3 hematomas 16 3

Maio N

%

Junho N

%

Total N

%

0

0,6 0 17 0,0 0 0

1,8 9 33 0,0 0 3

1,9 4 1,1 7

1

0,2 0

0,0 0

1

0,0 6

2

0,4 0 28

3,1 1 46

2,7 1

3

0

Nota: O cálculo dos percentuais mensais foi realizado considerando o total de pé A em cada mês: Abril: 950; Maio: 1000 e Junho: 900, pé B: Abril:1.100; Maio: 1.000 e Junho: 950, e de pele: Abril: 300; Maio: 500 e Junho: 900. Já o cálculo do total de não conformidades e condenações parciais foi realizado considerando o total de pé A (2.850), pé B (3.050) e pele (1.700) avaliados no trimestre.

Fonte: Elaborada pelo autor

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.50635073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5070


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

ou seja, fraturas/contusões (R$ 98.531,54).

garanta o bem-estar animal e evite prejuízos

Resultados

econômicos para a empresa.

estes

que

demonstram

a

necessidade de um maior controle de qualidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

durante toda a cadeia produtiva, uma vez que estudos

constataram

que

as

condenações

parciais foram mais relevantes do ponto de vista econômico, do que as condenações totais para a indústria

(MASCHIO

&

RASZL,

2012;

PASCHOAL et al., 2012).

Além disso, as partes aproveitadas das carcaças de frango condenadas parcialmente são vendidas na condição de cortes, o que reduz as alternativas para exportação, resultando em uma menor lucratividade (ABPA, 2015). E muitas das não conformidades verificadas também acarretam perdas econômicas importantes para a indústria, seja durante a etapa de processamento (atrasando a linha de produção, acarretando

retalhos

(carne

mecanicamente

separada = carne desvalorizada), ou até mesmo condenações), ou na comercialização dos produtos, causando a rejeição sensorial do produto pelo consumidor. CONCLUSÃO As

principais

causas

de

não

conformidades

constatadas no presente estudo foram presença de papo/traqueia ou fragmentos, presença de penas, cartilagem, ossos, presença de arranhões, corte fora do padrão e presença de pigmentação escura. Enquanto

as

presença

de

de

condenações

hematomas,

parciais

foram

fraturas/contusões,

contaminação da carcaça e escaldagem excessiva. Todas estas causas têm sua ocorrência associada a um manejo pré-abate, abate ou processamento inadequado, resultando em uma menor qualidade do produto, bem como em uma menor produtividade e lucratividade para a indústria.

Dessa forma, investimentos em treinamentos para a capacitação de funcionários e gestores a respeito de um manejo, transporte, abate e processamento adequados, bem como a manutenção e regulagem de

equipamentos

neste

matadouro-frigorífico

é

imprescindíveis para a obtenção de um produto ou matéria-prima que atenda as exigências do mercado consumidor e importador, e ao mesmo tempo 5071

ABPA. Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatório Anual de Atividade 2015. São Paulo. 2015. 245p. Acesso em: 11 de nov.. 2016. Disponível em: http://abpabr.com.br/files/publicacoes/c59411a243d6dab1da 8e605be58348ac.pdf. ABREU, V.M..N.; ABREU, P.G. Qualidade de Carcaça e Manejo na Produção. Revista Avicultura Industrial, v.5, n.93, p.19, p.12-14, 2002. ANDRADE, C.L. Histopatologia e identificação da Escherichia coli como agente causal da celulite aviária em frangos de corte. 62 f. 2005. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária). Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ. 2005. BASSO, T., et al. Ocorrência de lesões relacionadas ao transporte e abate de aves, achados de abatedouro frigorífico. Instituto de desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai – IDEAU, 2015. 16 p. Acesso em 6 nov. 2016. Disponível em: http://mostra.ideau.com.br/2015/mostra_ideau_20 15_anais/2015/artigos/2015025016.pdf. BERNARDI, R. Problemas locomotores em frango de corte. 61 f. 2011. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal da Grande Dourados, MS, 2011. BERG, C. C. Foot-pad dermatitis in broilers and turkeys: prevalence, risk factors and prevention. 43 f. v.36, 1998. PhD Thesis (Veterinaria). Skara: Sveriges lantbruksuniv., Acta Universitatis agriculturae Sueciae, 1998. BRASIL. Regulamento de inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal (RIISPOA). Decreto nᵒ 30.691 de 29 de mar de 1952, alterado pelo decreto nᵒ 1.255 de jun 1962. Diário Oficial da União, 7 de jul de 1952. BRASIL. Portaria 210, de 10 de novembro de 1998. Regulamento Técnico de Inspeção Tecnológica e Higiênico-Sanitária de Carne de Aves. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF.1998. EISEN G.M., et al. American Society for Gastrointestinal Endoscopy. Guideline for the management of ingested foreign bodies. Gastrointestisnal Endoscpy, v. 73, n.6, p.802806, 2002. EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: suínos e aves. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Custos de Produção 2014. Acesso em out. 2016. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/?ids=Sn6p54k7p. FERREIRA, T.Z., et al. Perdas econômicas das principais causas de condenações de carcaça de frangos de corte em matadouro-frigorífico sob inspeção federal no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Scientiae Veterinariae, v.40, n.1, p. 10211026, 2012.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

GOMIDE, L. A. M; RAMOS, E. M.; FONTES, P. R. Tecnologia de abate e tipificação de carcaças.1ª reimpressão.Viçosa: UFV, 2006. 370 p. HUALLANCO, M.B.A. Aplicação de um sistema de classificação de carcaças e cortes e efeito pós abate da qualidade de cortes de frango criados no sistema alternativo. 98 f. 2004. Dissertação (Mestre em Ciências). Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz Universidade São Paulo. Piracicaba, SP, 2004. LIMA, K.C., et al. Técnicas operacionais, bem-estar animal e perdas econômicas no abate de aves. Archives of Veterinary Science. v.19, n.1, p.3845, 2014. LUDTKE, C. B. et al. Abate Humanitário de Aves: Steps: Melhorando o Bem-estar Animal no Abate. Rio de Janeiro: Wspa - Sociedade Mundial de Proteção Animal, 2010. 119 p. Acesso em 8 de nov. de 2016. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Abate% 0H_%20de%20Aves%20%20WSPA%20Brasil.pdf. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Projeções do Agronegócio Brasil 2014/2015 a 2024/25: Projeções de longo prazo. 6 edição. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2015. 133p. MAIA, A. P. A.; DINIZ, L. L. Segurança Alimentar e Sistemas de Gestão de qualidade na Cadeia Produtiva de Frango de Corte. Revista Eletrônica Nutritime, v. 6, n. 4, p. 991-1000, 2009. MASCHIO, M. M.; RASZL, S. M. Impacto financeiro das condenações post-mortem parciais e totais em uma empresa de abate de frango. E-Tech: Tecnologias para competitividade industrial, n. esp. Alimentos, p. 26-38, 2012. MENDES. A. A.; KOMIYAMA. C. M. Estratégias de Manejo de Frangos de corte visando qualidade de carcaça e carne. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, supl. Especial, p.352-357, 2011. OLIVO, R. O mundo do frango: cadeia produtiva da carne de frango. Crisciúma-SC; Ed. do Autor, 2006. 680p. PASCHOAL, E. C. et al. Principais causas de condenações no abate de frangos de corte de um abatedouro localizado na região noroeste do Paraná. Arquivos de Ciência Veterinária e Zoologia da Unipar, v. 15, n. 2, p. 93-97, 2012. PEREIRA, S. L. S. Condenações no abate de frangos de corte. 38f. 2009. Monografia (Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária em Alimentos). Universidade Castelo Branco, Campinas, SP, 2009. PINTO, L. A. M. et al. Aspectos ambientais do abate de aves: uma revisão. Revista UNINGÁ Reviw. v.22, n.3, p.44-50, 2015. RIVAS, P.M.; et al. Condições de transporte de cargas de frago e sua relação com a mortalidade

e ocorrência de lesões na carcaça. Revista Higiene Alimentar. v. 26, n. 206/207, p. 130-135, 2012. ROSA, P. S.; et al. Manejo pré-abate em frangos de corte. 2012. Acesso em: 19 de out. de 2016. Disponível em: /1/INTRODUÇÃO- 36.pdf. RUI, B. R.; ANGRIMANI, D.S. R.; SILVA, M. A.A. Pontos críticos no manejo pré abate de frangos de corte: jejum, captura, carregamento, transporte e tempo de espera no abatedouro. Ciência Rural, v.41, n. 7, p. 1290-1296, 2011. SANTOS, R. L.; NUNES, V. A.; BAIÃO, N. C. Pododermatite de contato em frangos de corte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.54, n.6, p.655-658, 2002. SARCINELLI, M.F; VENTURINI, K.S.; SILVA, L.C. Abate de aves. Universidade Federal do Espírito Santo.Vitória: UFES, 2007. (Boletim técnico, PIEUFES:00607). Acesso em 9 de Nov. de 2016. Disponível em: http://www.agais.com/telomc/b00607_abate_frand odecorte.pdf. SESTERHENN, R. et al. Impacto econômico de condenações post mortem de aves sob inspeção estadual no estado do Rio Grande do Sul. In: 38º CONBRAVET: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, n.797, 2011. Acesso em 12 de nov. 2016. Disponível em: http://www.sovergs.com.br/site/38conbravet/resu mos/797.pdf. SILVA, V. A. M.; PINTO, A. T. Levantamento das condenações de abate de frangos e determinação das causas mais prevalentes em um frigorífico em Santa Catarina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AVICULTURA, n. 21., 2009, Porto Alegre. Anais...Porto Alegre: APINCO, p. 212-213. SOARES, G. C. Estudos das variáveis relacionadas aos processos de escaldagem e depenagem e suas respectivas influências na qualidade do produto. 61 f. 2009. Monografia (Graduação em Engenharia de Alimentos). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2009. SOUZA, et al. Condenações não patológicas de carcaças e de frango em um matadouro-frigorífico sob inspeção federal no estado de Piauí. Revista Brasileira de Higiene Animal. v.10, n.1, p 68-67, 2016. TEXEIRA, V.Q. Anatomopatologia e bacteriologia da pododermatite em frangos de corte sob inspeção sanitária. 54 f. 2008. Dissertação (PósGraduação em Medicina Veterinária).Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008. UBABEF. União Brasileira de Avicultura. Produção sustentável garante ao Brasil liderança nas exportações. Revista Avicultura Brasil. n.1, p. 4-7, 2012. Acesso em: 19 out. 2016. Disponível em: http://abpabr.com.br/files/publicacoes/938d713b69d9f25901 b1d810f038272b.pdf.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5072


Artigo 423 – Qualidade da carcaça e cortes de frango em um matadouro-frigorífico de Minas Gerais

QUADRO 1- Causas de não conformidades e condenações parciais avaliadas em carcaças de frango e seus cortes em um matadouro-frigorífico, localizado em Minas Gerais, no período de abril a junho de 2014.

Não conformidades

Carcaça Frango de frango desossado

Filé de Peito

Asa

Coxa e Sobrecoxa

Cor alterada

X

Odor alterado

X

Calo no peito

X

X

Ruptura de pele Excesso de pele no pescoço >2 cm Excesso de pele > 2 cm Presença de papo/traqueia ou fragmentos

X

X

X

X

X

X

X

Presença de vísceras Presença de corpo estranho Presença de arranhões

X

Presença de cutículas

X

Pé B

Pele

X

X

X

X

X

X

X

Corte fora do padrão Presença de ossos > 1 cm Presença de cartilagem dura

X

X

X

X

X

X

X X

X

X

X

Presença de pele

X

Presença de retalhos

X

Presença de penas

Pé A

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Pigmentação escura Presença de carne Condenações Parciais Presença de fraturas/contusões

X

X

X

X

XX

X

X

XX

Presença de hematomas X

X

X

Escaldagem excessiva X Contaminação Pododermatite

X

X

Fonte: Elaborada pelo autor

5073

XX

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5063-5073, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

XX

X


Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar Eletr Bem-estar, cavalos, comportamento, manejo, sanidade. Vol. 14, Nº 03, maio/jun de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Danyane Pereira Marques 2 Moisés Sena Pessoa 3* Flávia Oliveira Abrão Pessoa 1–

Graduanda em Zootecnia pelo Instituto Federal Goiano / IF Goiano, Ceres GO; Doutorando em Zootecnia pela Universidade Federal de Goiás - UFG, Campus Samambaia, Goiânia – GO; 3– Docente do pelo Instituto Federal Goiano / IF Goiano, Ceres - GO. *autor correspondente: flavia.abrao@ifgoiano.edu.br. 2-

RESUMO

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

significativo para constatar animais não adaptados

ZOOTECHNICAL AND MANAGEMENT BEHAVIORAL OF HORSES STABLE IN MILITARY USE

às condições de criação que lhes são impostas, em

ABSTRACT

circunstâncias que afetam o potencial produtivo e os

The scientific study on the welfare has been

colocam em maior risco de enfermidades. Cheios de

significant to observe animals a survey on conditions

características determinantes tais como idade, altura,

imposed on them, in circumstances that affect the

franqueza e coragem, os equinos executam o

productive potential and put them at greater risk of

policiamento

por

disease. Full of determinant characteristics such as

policiais militares nos mais diferentes e variantes

age, height, candor and courage, the horses perform

tipos de atividades e eventos. Para que haja um bom

the patrolling mounted conducted by military police in

desempenho na operação, o animal deve estar em

many different types and variants of activities and

perfeito estado harmônico. Dessa forma, objetivou-

events. For a good performance in the operation, the

se realizar um levantamento zootécnico sobre

animal should be in perfect harmony with it, aimed to

equinos em uso militar, cujos principais pontos

make a survey on horses in military use, whose main

observados foram: sanidade, comportamento e bem-

points observed were: health, behaviour and animal

estar animal. Os principais desafios observados

welfare. The main challenges observed in the

durante o presente estudo são os comportamentos

present study, are the abnormal behaviors and

anormais e problemas decorrentes a estabulação,

problems related to stabling, such as colic, which

como por exemplo, as cólicas, que se tornam mais

become more frequent in stabled animals compared

frequentes em animais estabulados se comparados

to animals living free.

aos animais que vivem livres.

Keyword: well-being, horses, behavior management, sanity.

O estudo científico sobre o bem-estar tem sido

ostensivo

montado

realizado

Palavras-chave: bem-estar,cavalos,comportamento, manejo, sanidade.

5074


Artigo 424- Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar

INTRODUÇÃO A

respeito, gerando problemas, que frequentemente

metodologia

foi

voltada

para

a

pesquisa

são resolvidos entre o bando (MARINS, 2012).

bibliográfica de aspecto qualitativo e descritivo sobre a

temática

escolhida,

procurando

evidenciar

De acordo com Silva et al. (2015) são frequentes os

o

distúrbios emocionais ou psicológicos decorrente ao

desempenho dos animais de uso miliar. A partir das

confinamento prolongado. Waters et al. (2002)

bibliografias escolhidas, foram feitas leituras para

descreve

montar um referencial teórico que propiciasse uma

comportamentos anormais ao longo da sua evolução

visão

junto ao homem pode ser recorrente a redução do

aspectos

relativamente

mais

importantes

qualificada

sobre

as

para

condições

que

o

desenvolvimento

de

habito de pastejar, a ausência de grupos de

zootécnicas de cavalarias militares.

convivência social, somados a ociosidade. De Foram feitas buscas literárias através de livros,

acordo

portais, periódicos e bibliotecas eletrônicas, na qual

comportamentos

foi estipulado na temática utilizada um tempo limite

indicadores de desordens fisiológicas tendo como

de publicação. Os descritores utilizados foram:

decorrência a redução do bem-estar do equino.

equinos,

cavalos

estabulados,

sanidade

animal,

cavalaria,

bem-estar

com

esses

mesmos

como

as

autores,

alguns

estereotipias

são

equideocultura, cavalos

atletas,

Em um estudo feito no Exército Brasileiro em

regimento

militar,

Brasília, os autores observaram que o principal

flehmen, coprofagia, comportamentos anormais em

comportamento nos animais foi ficar “parado de

equinos, estereótipos, aerofagia,

frente

nutrição

de

animal,

distúrbios

em

da

baia/observando dos

cavalos

o

exterior”,

estabulados

uma –

equinos, comportamentos de equinos estabulados,

característica

a

manejo alimentar de equinos e comunicação animal.

curiosidade – comportamento aliado a um desejo de contato visual com outros animais e seres humanos,

A revisão foi feita no período de janeiro a agosto de

provavelmente para reduzir o estresse causado pelo

2016, onde no primeiro momento foi feito uma leitura

confinamento (REZENDE et al., 2006).

exploratória de todo material selecionado, após isso uma leitura seletiva aprofundando nas partes de

Segundo Jackson (1984), um dos principais fatores

maior interesse e registro de informações como

que ocasionam distúrbios comportamentais em

nome do autor, data e título da obra e por fim, foi

animais é o tédio. Já Lewis et al. (1985) citado por

feito uma leitura analítica com o propósito de

Rezende et al. (2006) aponta que as principais

ordenar as informações obtidas.

causas de estresse em animais são: nutrição inadequada ou escassa, modificações climáticas,

REVISÃO DE LITERATURA

esforço físico exagerado, dor, superpovoamento,

Comportamento

estalagem pequena, falta de tranquilidade e de

Conhecer algumas questões comportamentais é

contato com outros animais ou seres humanos.

indispensável

para

garantir

uma

saudável

convivência dos animais (VIANA et al., 2011). O

Ribeiro et al. (2013) afirmam que o ato de roer a

equilíbrio da convivência, sincronia das atitudes, a

madeira pode ser uma maneira de satisfazer a

segurança

são

necessidade nutricional ou um estereótipo. Esse

cavalos

hábito comumente não causa prejuízo ao cavalo,

pelo

características

conforto

naturais

de

e

confiança

vida

dos

(STEINER et al., 2013).

embora um excesso de desgaste dos dentes.

Os cavalos nascem onde predomina uma hierarquia

O comportamento da aerofagia com apoio é

nos grupos existentes, uma vida baseada em

caracterizado pelo mover os lábios, no qual o animal

exemplos, onde os ensinamentos são passados

pode lamber e prender artefatos fixando-os com os

para os mais jovens, vivendo em uma comunidade

dentes incisivos e flexionando o pescoço, engolindo

de respeito e contrafação aos mais experientes. Há

ar e vocalizando ao mesmo tempo (TADICH &

relatos que evidenciam ocasiões como a quebra de

ARAYA, 2010), enquanto a aerofagia sem apoio ocorre quando o equino move os lábios, fecha a boca,

5075

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 424 – Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar

flexiona e dobra o pescoço, fazendo movimentação

Conforme Smythe (1990) citado por citado por

com a cabeça para cima e para baixo em vários

Ferrari (2011) além da linguagem corporal, os

movimentos repetitivos, além de engolir ar e

cavalos possuem bom padrão de comunicação

vocalizar, se diferenciando da aerofagia com apoio

através

por não prender nenhum objeto fixo com seus

expressivos, com órgãos do sentido muito eficientes,

dentes incisivos (TRIGUEIRO, 2010).

favorecendo o contato com o homem. O olfato é bem

do

envio

de

sons

característicos

e

desenvolvido e permitindo a identificação dos Já a síndrome da automutilação em cavalos é

alimentos. Ao expressarem suas emoções, os

relacionada ao estresse, medo e/ou frustração. Não

cavalos

havendo predisposição em raças, sendo sua maior

podendo significar interesse, suspeita ou medo. As

ocorrência relatada em garanhões (HOUPT, 1993;

orelhas apontadas para trás podem indicar irritação

McDONNELL, 2002). O equino realiza movimentos

ou atenção. A cauda demonstra emoção, um cavalo

com o intuito de morder a região do flanco, membros

bom e ativo normalmente carrega sua cauda elevada

e cauda (DODMAN, 1994). Os movimentos laterais

e levemente arqueada. Os olhos são extremamente

consecutivos se caracterizam por balanços laterais

expressivos, capazes de informar sobre seu humor.

expandem

e

contraem

suas

narinas,

da cabeça, pescoço, membros anteriores e algumas vezes posteriores (MILLS & NANKERVIS, 2005).

O alterar de orelhas e as orelhas deitadas são sinais de medo ou desagrado, as mordidas e coices são de

Normalmente acontece ao anteceder o fornecimento

raiva, os saltos e pulos de alegria e o pescoço baixo,

do concentrado, no qual o animal está visualizando o

o vazio fundo evidenciam o animal entregue pelo

alimento e não é capaz de alcançá-lo, causando

cansaço (FERRARI, 2011).

frustração

e

ansiedade

(McDONNEL,

2002).

Comportamento como este pode acarretar impactos

Segundo Guirro et al. (2009) o tipo de atividade

no

realizada pelo animal para aumentar sua interação

desempenho

desenvolvimento

do

animal

irregular

da

como

fadiga,

musculatura

do

com o meio é o comportamento exploratório, sendo

pescoço (MILLS & NANKERVIS, 2005), desgaste

motivado pela curiosidade, semelhante ao que

excessivo dos cascos e sobrecarga dos membros,

acontece em humanos. Este comportamento é

podendo causar até mesmo a claudicação (ABREU

observado apenas quando o animal se sente em

et al., 2011).

ambientes livres de tensão.

Comportamento Comunicativo

Um dos resultados da estabulação é o acréscimo da

Os equídeos comunicam entre si através de “vozes”

agressividade entre os cavalos, afetando o espaço

e de sinais corporais, usando as orelhas, os olhos, a

individual de cada animal (MILLS & NANKERVIS,

cauda, as patas, a boca e andamentos. Segundo a

2005). Além disso, devido trocas constantes de

Associação Brasileira dos Criadores de cavalos da

indivíduos no grupo (WARAN, 2001) os equídeos

raça Manga Larga – ABCCRM (2011), os cavalos

não conseguem estabelecer uma hierarquia.

demonstram três diferentes tipos de linguagens corporais: o movimento de repressão, o empurrão e

Comportamento Sexual

a apresentação da traseira.

O comportamento dos animais cumpre importante papel na reprodução, podendo afetar tanto o

O movimento de repressão é usado por animais

sucesso do acasalamento, quanto a sobrevivência

corajosos e dominadores, onde o cavalo coloca o

da

corpo na frente do outro impedindo o animal de

relacionados à corte e cópula, ao nascimento, ao

prosseguir. O empurrão com o ombro é a mais

cuidado materno e às tentativas de amamentação do

violenta forma de dominação. A apresentação da

recém-nascido. Esses padrões de comportamentos

traseira acontece quando o animal demonstra que

vêm sendo abandonados devido domesticação e

vai escoicear (ESTROMPA, 2008).

reduzidos ou modificados pelas condições impostas

prole.

Padrões

comportamentais

estão

de acordo com as necessidades do empreendimento Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5076


Artigo 424 – Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar

intervalos entre as refeições, causa conflito entre a

zootécnico (SILVA et al., 2013).

fisiologia do próprio animal.

O comportamento sexual é uma interação social que pode ser influenciada por fatores como a genética, o ambiente, fatores nutricionais, hormonais, frequência de

acasalamento,

receptividade

heterossexual,

acuidade sensorial, idade, experiência prévia do indivíduo e ordem de dominância social (SOUZA et al., 2011).

Estudando cavalos estabulados, Vieira (2012) revela que o tempo médio gasto com alimentação é inferior a quatro horas, mesmo com cinco refeições diárias. Entretanto, quando o alimento é oferecido à vontade (ad libitum), observam-se semelhanças no tempo total de ingestão diária com animais livre na natureza (MEYER, 1995).

Um comportamento comum observado nos equinos é o de cheirar a urina da fêmea e exibir a postura de

A produção de forrageiras de alta qualidade vem

Flehmen (FREITAS, 2005). Segundo Hafez & Hafez

sendo

(2004), as éguas no cio com a presença do

conservada por meio de processos como fenação ou

garanhão

frequente,

ensilagem, é uma condição básica e crucial na

caracterizando o comportamento natural de cio.

produção de equinos (DOMINGUES, 2009). A falta

Embora

demonstrem

de volumoso na dieta eleva a chance de distúrbios,

comportamento mais ativo (HAFEZ & HAFEZ, 2004)

pontas dentárias, e diminui quantidades de saliva, o

esse comportamento pode não ser visto devido os

que pode ocasionar obstrução do esôfago e

animais sofrerem ação do efeito da estabulação, já

fermentações excessivas (MEYER, 1995).

que

tendem as

a

fêmeas

quando

urinar em

estabulados,

mais estro

os

animais

utilizada

na

forma

de

pastagens

ou

ficam

dependentes ao manejo que lhes é aplicado

Os

(FRAPE, 2007).

suplementar

alimentos

concentrados as

servem

exigências

para

nutricionais,

principalmente as energéticas e têm a vantagem de Comportamento Alimentar

possuir composição equilibrada, mas necessitam de

Os cavalos são herbívoros, não ruminantes, com

muito cuidado com a qualidade e a quantidade

aparelho

(MEYER,

digestório

adaptado

a

dietas

1995).

A

alimentação

à

base

de

compreendendo alto nível de fibra (GOODWIN,

concentrados atende o aporte nutricional, entretanto,

2002). Estabulados, muitas vezes são obrigados a

em excesso promove sobrecarga do estômago e

comerem somente quando recebem o alimento

intestinos, modificando a microbiota intestinal e

(VIEIRA, 2015). Em alguns lugares recebem o

assim predispondo a problemas como cólicas e

alimento apenas duas vezes ao dia, continuando

úlceras (MILLS & CLARKE, 2002).

assim com o estômago vazio por várias horas (BIRD, 2002). Devido o extenso intervalo entre as

Contudo, sabe-se também que mesmo com água e

ofertas de alimentos, provocando uma sensação de

comida fornecida de boa qualidade não significa que

fome, o que é muito estressante e ligado às

um animal em um adequado estado corporal esteja

sensações ruins nos equinos, levando à inquietude,

livre de problemas. A oferta de baixa quantidade de

ansiedade e atitudes compulsivas (ALVES, 2015).

alimento ou uma dieta desbalanceada ocasiona ao equino um baixo grau de bem-estar (BROOM & FRASER, 2010).

Ainda de acordo com Alves (2015), considerando que os equídeos são adaptados para ingerir

Manejo Alimentar

pequenas quantidades de alimentos por um longo

Segundo Afonso et al. (2010) a criação e o uso do

tempo (12-18 h), por terem um estômago pequeno

cavalo estimulou a simplificação da dieta em duas

(THOASSIAN, 2005), sem que haja sensação

básicas

continua de fome, o manejo alimentar controlado,

(forragens conservadas e pastos) e concentrados

como é feito em animais embaiados, baseado em

(alimentos de alto valor energético e/ou proteico).

oferta de alimentos sem variedade e com grandes

Com o cuidado de atender quase que privativa as

classes

necessidades 5077

de

alimentos:

nutricionais,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

os

não

volumosos

consideran


Artigo 424 – Manejo zootécnicoe comportamental de cavalos estabulados em uso militar

aspectos relacionados à disponibilização destes

acordo com suas perdas (DECONTO et al., 2015).

alimentos e o comportamento alimentar desses

Esses animais carecem de uma fonte de água limpa,

animais.

especialmente nos períodos quentes, devendo evitar o consumo nos momentos antes e após exercícios

As

são

prolongados (RIBEIRO et al., 2009), a ingestão deve

constituídas pela energia de mantença e energia de

exigências

nutricionais

dos

cavalos

ser de 2 a 3 litros de água/kg de matéria seca

gasto para a realização de atividades físicas. Assim,

ingerida (NRC, 2007).

a alimentação desses animais deve ser equilibrada, com proporções adequadas de nutrientes, para

Bem-estar Animal

manter

Quaisquer

sua

condição

corporal

e

boa

saúde

(STRUGAVA et al., 2015).

práticas

que

causem

reações

de

incomodo (prolongado ou permanente) no animal, dor e exaustão são consideradas maus tratos

A quantidade de alimentos ingerida por um cavalo

(MAPA, 2015). A avaliação científica do bem-estar

pode variar conforme o teor de matéria seca (MS)

tornou-se importante para constatar animais não

dos

ambientados às condições de criação que lhes são

alimentos,

peso

vivo

do

animal,

seu

desempenho, estado fisiológico e nível de atividade

impostas,

física praticada (RIBEIRO et al., 2009), mas pode

enfermidades, circunstância que afeta o potencial

variar de 1,5% a 3,0% do peso vivo do animal em

produtivo (GONTIJO et al., 2014).

colocando-os

em

maior

risco

de

teor de matéria seca (NRC, 2007). Adesão de comportamentos anormais, aparência de Além dos diferentes atributos existentes entre as

doença, ferimento, impedimento de movimento,

diversas raças, devem-se levar em conta os níveis

baixa possibilidade de se exercitar e anormalidades

de atividade física, idade, clima, sexo, composição

de crescimento também são sinais de baixas

corporal

condições

e

outros

fatores

que

influenciam

a

de

bem-estar

animal

(BROOM

&

quantidade de alimento ingerida (NRC, 1989;

MOLENTO, 2004). Estudos científicos revelaram que

CASEY, 2002). É sabido que o aumento ou a

animais que trabalham em patrulhamento urbano

diminuição da quantidade de alimento ofertada pode

podem estar susceptíveis à alta incidência de

variar devido a estes fatores, e pode ser alterada

anomalias em seu comportamento e a cólicas (LEAL,

objetivando manter o animal com o peso e

2007; LEAL et al., 2011).

composição corporal ideal, proporcionando assim a melhor qualidade de vida (FERREIRA et al., 2011).

Tratando-se de cavalos criados em regimento, devem-se tomar alguns cuidados para garantir o

É indiscutível a necessidade da utilização de

perfeito bem-estar desses animais. A estrutura do

volumosos em dieta de equinos, mesmo para

regimento deve favorecer desde o alojamento até o

animais em treinamento quando há alta exigência

local de treinamento. O alojamento individual (baias)

energética e restrição a áreas de pastagens

deve permitir fácil higiene, ser coberto, possuir uma

(AFONSO et al., 2010). Os principais alimentos

cama, que deve ser macia, seca e plana e com boas

volumosos conservados utilizados nessa situação

propriedades absorventes, evitando o mau cheiro

são os fenos, embora pesquisas vêm sendo

pela decomposição da urina e das fezes, assim

desenvolvidas na busca de alternativas como

como não deve desprender pó ou quaisquer outras

silagens, pré-secados ou mesmo subprodutos da

substâncias irritantes ou alérgicas (MAPA, 2015), a

indústria como exemplo, a polpa cítrica e casca de

baia deve ser limpa diariamente e a cama trocada

soja (DOMINGUES, 2009).

sempre que houver necessidade.

É importante ressaltar, que a água, assim como o

Um dos métodos mais conhecidos de avaliar o bem-

alimento sólido, também é um fator de importância

estar animal é por meio das “As cinco liberdades”

para manter normais as condições fisiológicas dos

(FRASER, 2003), podendo ser medida por

cavalos, sendo que suas necessidades variam de

observações e aspectos sobre a saúde física e

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5078


Artigo 424 – Manejo zootécnicoe comportamental de cavalos estabulados em uso militar

mental dos animais, além da sua relação com o

o parasitismo ocupa posição de destaque, pelos

meio ambiente, e servem como um ponto de

prejuízos consequentes causados pelos parasitos

avaliação dos aspectos bons e ruins de um sistema

gastrintestinais (VERA, 2014). De maneira geral,

de criação (adaptado de FAWC, 1992).

poderá ser determinante para a ocorrência de parasitas a criação de equinos em lugares com baixo

Bem-estar é um atributo de cada animal, porém a

saneamento básico, alimentação imprópria, baixo

avaliação do grupo é aceitável para a análise do

índice

sistema de criação (MAIN, 2003). Contudo, ao

vermifugação e cuidados veterinários (BUDEL et al.,

utilizar

2012).

a

ferramenta

de

avaliação

das

cinco

de

bem-estar

animal,

ausência

de

liberdades é relevante considerar a severidade, a duração do problema e o número de animais

O controle de parasitas é indispensável para a saúde

abrangidos. São elas: livre de medo e ansiedade, de

e bem-estar animal. Segundo Fausto et al. (2010),

fome e sede, de desconforto, de dor, injúria ou

atualmente a preocupação dos profissionais de

doença e livre para expressar comportamento

saúde animal no controle de doenças parasitárias é

natural.

grande, entre elas, as verminoses que atacam os equinos. Uma vez que afetam a saúde e o

Segundo Vieira (2015), livre de medo significa

desempenho dos animais, as parasitoses dos

diminuir situações que cause estresse ao animal. De

equídeos são de suma importância, uma vez que

acordo com o mesmo autor, livre de fome e sede é

são

possibilitar um alimento compatível à necessidade

significativas devido à mortalidade, tratamento das

do animal, com qualidade. Livre de desconforto, por

parasitoses

clínicas

sua vez, é proporcionar ambiente confortável e

parasitismo

subclínico,

apropriado para o equino, normalmente com espaço

alimentar e do desempenho reprodutivo (BUDEL et

(4 x 4 m) onde o mesmo consiga deitar e levantar

al., 2012).

responsáveis

por e

perdas perdas

redução

econômicas

causadas da

pelo

conversão

sem nenhum problema, com cama de palha ou serragem para descansar e área bem ventilada

Os carrapatos são ectoparasitas de alto poder de

(CINTRA, 2011).

dispersão e são encontrados nas diferentes espécies de animais domésticos, silvestres e humanos,

Livre de dor, injúria ou doença é assegurar a

gerando interesse na saúde pública, pois, podem

prevenção de enfermidades e disponibilidade de

transmitir durante o ato de hematofagia diferentes

recursos que diagnostique e trate o animal (VIEIRA,

agentes causadores de enfermidades de caráter

2015). A falta de cuidados resulta rachaduras no

zoonótico (BATTESTI & ARZUA; BECHARA, 2006).

casco colocando o equino em uma situação de malestar (BROOM & FRASER, 2010). Sobre a dor, os

Segundo Garcia et al. (2007), já foram descritos

equinos podem não demonstrar, fazendo com que

casos sobre a habronemose conjuntival, gástrica e

seus proprietários os subestimem, usando o animal

cutânea, causadas por Habromena spp.. De acordo

embora com dor, podendo acarretar mudanças no

com Prestes (2008), este é um parasita de equídeos

temperamento do animal, como agressividade com

e zebras que são infectados através do consumo de

humanos e sinais de tentativas de fuga (LESIMPLE

moscas que caem no alimento ou água. As larvas

et al., 2010).

são liberadas no estômago onde em dois meses atingem a maturidade (GARCIA et al., 2007).

Livre para expressar comportamento natural é poder conceder espaço e contato social com outros

Um ponto importante do manejo sanitário é a

equinos, além de outras espécies incluindo os

vacinação, na qual destina a estimular o sistema

humanos. Em equinos estabulados é comum a

imunológico do animal para dar a ele condições de

ingestão de cama, coprofagia, e aerofagia (CINTRA,

se proteger contra o agente causador da doença

2011).

(VELHA et al., 2009). Conforme a finalidade e ambiente onde o animal vive, o programa de

Sanidade

vacinação é variável e apenas um profissional tem

No quesito sanidade dos equinos, em meio a todos

capacidade de escolher as vacinas corretas e aplicá-

os fatores que devem ser levados em consideração,

las na ocasião ideal, de forma segura e eficiente,

5079

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 424 – Manejo zootécnicoe comportamental de cavalos estabulados em uso militar

sendo a antitetânica e antirrábica as mais utilizadas

sinais clínicos, o tratamento da laminite aguda pode

(OLIVEIRA, 2007).

apresentar resultados positivos, já o tratamento dos casos crônicos é pouco eficaz, sendo que em

Com a domesticação e o confinamento, o cavalo

animais com lesões a mais de sete dias a

passou a depender de intensivos cuidados no casco.

recuperação total é extremamente difícil (CORREA,

Os animais mantidos em baias carecem de cuidados

2001).

rotineiros para a manutenção da higiene, da mesma forma, o equilíbrio do casco deve ser revisado

Problemas Dentários

periodicamente

houver

Os dentes dos cavalos crescem ininterruptamente,

e/ou

seu desgaste natural ocorre quando o animal

necessidade

e

corrigido

através

de

quando

casqueamento

apreende a forragem no pasto que contém sílica.

ferrageamento (SAMPAIO et al., 2013).

Quando ocorre a falta de oportunidade da preensão Problemas Decorrentes a Domesticação e

do alimento, forragens geralmente picadas e rações

Estabulação Dos Animais

peletizadas, são comuns ocorrer problemas como a falta de desgaste dos incisivos, de laceração na boca, assim como dor, podendo provocar muitas

Laminite e Problemas de Casco a

vezes a queda do alimento durante a mastigação

pododermatite é uma afecção de caráter crônico

(DAVIDSON & HARRIS, 2002). Segundo o mesmo

(REIS et al., 2008). A laminite é uma condição

autor, a aerofagia com apoio ou o ato de morder ou

dolorosa caracterizada por lesões degenerativas das

mastigar madeira também podem causar o desgaste

lâminas epidérmicas dos cascos, é um distúrbio

excessivo dos incisivos.

Acometendo

clínico

que

nos

cascos

pode

afetar

dos

equinos,

qualquer

cavalo.

Infelizmente, a laminite é uma importante causa de

A fim de evitar esses problemas, a alimentação dos

eutanásia em equinos (CASEY, 2002).

animais deve ser analisada, proporcionando a oportunidade de preensão de alimentos, ofertando

Causas como a nutrição, hereditariedade, ambiente

feno inteiro e forragem inteira quando o equino não

e casqueamento podem influenciar a qualidade do

tem oportunidade de pastar (CINTRA, 2011). De

casco (SAMPAIO, 2013). O motivo mais frequente é

acordo com o mesmo autor, sinais como salivação

o exercício inapropriado associado a dietas ricas em

excessiva, dificuldade de mascar ou engolir, queda

concentrados

trabalho,

dos alimentos da boca, cheiros desagradáveis na

traumas nos membros, infecções, abortamentos,

boca ou narina, pedaços grandes de forragem

febre alta, complicações por uso de fármacos,

(acima de 0,6 centímetros), grãos inteiros nas fezes

excesso de peso, mecânica (transportes longos,

e reação contra embocaduras são indicativos de

trabalhos forçados ou caminhadas muito longas em

problemas dentários.

ou

grãos,

excesso

de

terrenos duros) e consumo de alguma toxina (FRAPE, 2008; THOMASSIAN et al., 2000). A enfermidade pode se apresentar na forma aguda ou crônica e os sinais clínicos são característicos de dor: permanecer parados e levantar frequentemente os membros do solo; dificuldades ao caminhar e recusar-se a andar (VIEIRA, 2015). A fim de evitar a laminite, sobretudo em animais obesos, deve-se exercitar mais delicadamente e sem exageros, e a alimentação deve ser à base de forragem verde (DAVIDSON & HARRIS, 2002). Se começado logo após o surgimento dos primeiros

Perturbações Gastrointestinais Sendo uma das perturbações gastrintestinais mais comuns em cavalos (VIEIRA, 2015), a síndrome da cólica é estabelecida como uma dor abdominal, significando um dos mais importantes problemas de saúde equina (TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Várias causas são apontadas como fatores de risco para cólica (LARANJEIRA et al., 2009), entre elas, estão mudanças no tipo, quantidade e qualidade do alimento (GONÇALVES et al., 2002), idade do animal, raça (MEHDI & MOHAMMAD, 2006), atividade física (TRAUB-DARGATZ et al., 2001) e restrição de acesso ao pasto (HUDSON, 2001).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5080


Artigo 424 – Manejo zootécnicoe comportamental de cavalos estabulados em uso militar

Ácidos são secretados continuamente no estômago dos equinos; sua saliva produzida no processo de mastigação possui propriedades que diminui essa acidez (FRAPE, 2008). Em razão às práticas de manejo, no qual o animal mastiga pouco ao longo de 24 horas devido o menor conteúdo alimentar ofertado, há uma tendência de concentração dos nutrientes necessários nesta menor quantidade de alimento; portanto, há uma diminuição na quantidade de saliva e um aumento dos casos de úlceras em cavalos estabulados (DAVIDSON & HARRIS, 2002). Dietas ricas em concentrado e jejum prolongado contribuem para o surgimento de úlceras, e os sinais: desconforto abdominal, diminuição do apetite, perda de peso ou condição corporal e diarreia (DAVIDSON & HARRIS, 2002). CONSIDERAÇÔES FINAIS Cavalos

estabulados

em

meio

urbanos

e

subordinados a atividades militares manifestam alterações comportamentais, mostrando-se mais nervosos

e

assustados,

além

de

demonstrar

comportamentos anormais que não são observados em animais livres. Nota-se com fundamentos no presente estudo, que a ausência do ambiente natural e o confinamento são as principais razões que afetam o bem-estar dos equinos, como os de Cavalaria, sendo notórias as diferenças comportamentais entre os animais livres e os estabulados. REFERÊNCIAS ABBCRM Associação Brasileira Dos Criadores De Cavalos Da Raça Manga Larga, 2011. ABREU, H. C.; DE LA CORTE, F. D.; BRASS, K. E.; POMPERMAYER, E.; LUZ, T. R. R.; GASPARI, D. Claudicação em cavalos crioulos atletas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 41, n. 12, p. 2111-2119, dez, 2011. AFONSO, A. M. C. F.; DITTRICH, J. R.; DITTRICH R. L. Comportamento ingestivo de equinos e a relação com o aproveitamento das forragens e bem-estar dos animais. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 130-137, 2010. ALVES, G. E. S. Aspectos de manejo e condições genitais que podem constituir ameaça à longevidade reprodutiva de garanhões. 5081

Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 39, n.1, p. 208-213, 2015. BATTESTI, D. M. B.; ARZUA, M.; BECHARA, G. H. Carrapatos de importância médicoveterinária da região neotropical: um guia ilustrado para identificação de espécies. São Paulo: Vox/ ICTTD-3/ Butantan, p. 223, 2006. BIRD, J. Cuidado Natural Del Caballo: Um enfoque natural para su óptimo estado de salud, desarrolo y rendimiento. Barcelona, ed. Acanto, p. 206, 2004. BROOM, D. M.; FRASER, A. F. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4th ed, p. 452, 2010. BROOM, D. M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: Conceito e questões relacionadas – revisão. Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004. BUDEL, G. D.; FUNCHA, E.; GONÇALVES, D.; HEIN, K. K., NOGARI,F.; SCHAULE, M. T.; YOKOYOMA, M. R. Verificação da ocorrência parasitológica com potencial zoonótico em fezes de equinos na vila Osternack - Curitiba - PR, v. 2, n.2, p.71-79, 2012. CAMPOS, V. A. L.; MCMANUS, C.; FUCK, B. H.; SILVA, L. F. A.; LOUVANDINI, H.; DIAS, L. T.; TEIXEIRA, R. A. Influência de fatores genéticos e ambientais sobre características reprodutivas do rebanho eqüino do Exército Brasileiro. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 1, p. 16-22, 2007. CASEY, R. A. Clinical problems associated with intensive management of performance horses. N. Waran (Ed.). The Welfare of Horses. Kluwer Academic Press, Amsterdam. Kluwer Academic Publishers, p. 19–44, 2002. CINTRA, A. G. C. O CAVALO: Características, Manejo e Alimentação. 1° Edição ed. Roca, p. 243-244, 2011. COOPER, J. J.; ALBENTOSA, M. J. Behavioral adaptation in the domestic horse: potential role of apparently abnormal responses including stereotypic behavior. Livestock Production Science, v. 92, p. 177-182, 2005. CORREA, F. Doenças de ruminantes e equinos. São Paulo, 2 ed, Varela, p. 574, 2001. DAVIDSON, N.; HARRIS, P. Nutrition and Welfare. N. Waran (Ed.). The Welfare of Horses. Kluwer Academic Press, Amsterdam. Kluwer Academic Publishers, p. 45–76, 2002. DODMAN, N. H. Equine selfmutilation syndrome. Journal of American Veterinary Medical

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 424 – Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar

Association, v. 204, n. 8, p. 1219-1223, 1994. DOMINGUES, J. L. Uso de volumosos conservados na alimentação de equinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38 n.spe, Viçosa July, 2009. ESTROMPA, T. Os cavalos sabem falar. 2008. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/575. FAO - Food and Agriculture Organization. United Nations, 2016. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/573/DesktopDefault. aspx?PageID=573#ancor> FARM ANIMAL WELFARE COUNCIL. FAWC updates the five freedoms. The Veterinary Record, v. 131, p. 357, 1992. FAUSTO, D. A.; SILVA, L. S.; FRANÇA, L.M.G. Levantamento Epidemiológico de Verminoses em Equinos de Tração do Município de São Luis de Montes Belos. Anais da IV Jornada e V Mostra da Faculdade de Medicina Veterinária, Rio Verde, p. 37-40, 2010. FERRARI, J. P. A prática do psicólogo na equoterapia. Monografia (Trabalho de Graduação Interdisciplinar). - Faculdade de Psicologia, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2011. FRAPE, D. L. Nutrição e alimentação de equinos. 3.ed. São Paulo: Roca, p. 616, 2007. FREITAS, C. C. Aspectos do comportamento reprodutivo na monta natural de equinos da raça Crioula. Dissertação de mestrado, p. 18-55, 2005. GARCIA, C. A.; STANZIOLA, L.; ANDRADE, I. C. V.; NEVES, S. M. N.; GARCIA, L. A. D. Autohemoterapia maior oronizada no tratamento de habronemose em equinos – Relato de caso. Departamento de medicina veterinária, v. 65, p. 752-759, 2007. GONÇALVES, S.; JULLIAND, V.; LEBLOND, A. Risk factors associated with colic in horses. Veterinary Research, p. 641-652, 2002. GONTIJO, L. A.; CASSOU, F.; JUNIOR, P. V. M.; ALVES, G. E. S.; BRINGEL, B.; RIBEIRO, R. M.; LAGO, L. A.; FALEIROS, R. R. Bem-estar em equinos de policiamento em Curitiba/PR: indicadores clínicos, etológicos e ritmo circadiano do cortisol. Ciência Rural, v. 44, n. 7, jul, 2014. GOODWIN, D. Horse Behaviour: Evolution, Domestication and Feralisation, N. Waran (Ed.), The Welfare of Horses. Kluwer Academic Press, Amsterdam. Kluwer Academic Publishers, p. 1–18, 2002. GUIRRO, E. C. B. P.; BARBALHO, P. C.; COSTA, M. J. P. Comportamento exploratório de potros e éguas mediante a introdução de novos objetos em seu meio. Braz. J. vet. Research

and Animal Science, v. 46, n. 2, p. 122-129, 2009. HAFEZ, B.; HAFEZ, E. S. E. Reprodução animal. 7. ed. Barueri: Manole, p. 513, 2004. HUDSON, J. M. Feeding practices associated with colic in horses. Journal of American Veterinary Medical Association, v. 219, n. 10, p. 14191425, 2001. HOUPT, K. A. Equine behavior problems in relation to humane management. International Journal for the Study of Animal Problems, v. 2, p. 329337, 1993. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Produção da pecuária municipal. 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. JACKSON, S. A. Feeding behavior and feed efficiency in groups of horses as a function of feeding frequency and the use of alfalfa hay cubes. Journal of Animal Science, p. 152-153, 1984. LARANJEIRA, P. V. E. H.; ALMEIDA, F. Q.; LOPES, M. A. F.; PEREIRA, M. J. S. Síndrome cólica em equinos de uso militar: análise multivariável de fatores de risco. Ciência Rural, Santa Maria, v. 39, n. 6, p. 1795-1800, 2009. LEAL, B. B. Avaliação do bem-estar dos equinos de cavalaria da Polícia Militar de Minas Gerais: Indicadores etológicos, endocrinológicos e incidência de cólica. 2007. 61f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, MG. LEAL, B. B.; ALVES, G. E. S.; DOUGLAS, R. H.; BRINGEL, B.; YOUNG, R. J.; HADDAD, J. P. A.; VIANA, W. S.; FALEIROS, R. R. Cortisol circadian rhythm ratio: a simple method to detect stressed horses at higher risk of colic. Journal Equine Veterinary Science, v. 31, p. 188-190, 2011. LESIMPLE, C.; FUREIX, C.; MENGUY, H.; HAUSBERGER, M. Human Direct Actions May Alter Animal Welfare, a Study on Horses (vEquus caballus). Plos One, 2010; 5 (4):e10257. LEWIS, L. D. Nutrição clínica eqüina: alimentação e cuidados. São Paulo: Roca, p. 710, 2000. LIMA, R. A. S.; SHIROTA, R.; BARROS, G. S. C. Estudo do complexo do agronegócio cavalo no Brasil. CEPEA–ESALQ/USP, Piracicaba, p. 250, 2006. MAIN. Applications for Methods of on-farm Welfare Assessment. Animal Welfare, p. 523 -528, 2003. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Animal, equídeos. 2015.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5082


Artigo 424 – Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso milita

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Manual de boas práticas para o bem-estar animal em competições equestres. 2015. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Manual _boas_praticas_equinos_FINAL_BAIXA.pdf). MARINS, A. Etiologia e comportamento natural dos cavalos. Universidade do cavalo, p. 1-14, 2012. McDONNELL, S. M. Normal mas a normal sexual behavior. In: Blachard, T. L., Varrer, D. D. (eds.), Stallion Management. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v. 8, p. 71-89, 1992. McDONNELL, S. M. Reproductive behavior os stallions and mares; comparison of freerunnning and domestic in-hand breeding. Research and Animal Science, v. 60-61, p. 211-219, 2002. MEHDI, S.; MOHAMMAD, V. A farm-based prospective study of equine colic incidence and associated risk factors. Journal of Equine Veterinary Science, v. 26, n. 4, p. 171-174, 2006. MEYER, H. T. Alimentação de cavalos. 2. ed. Varela, p. 113-120, 1995. MILLS, D. S.; CLARKE, A. Housing, management and welfare. Waran, N. (Ed.). The Welfare of Horses. Kluwer Academic Press, p. 77–97, 2002. MILLS, D. S & NANKERVIS, K. J. Comportamento equino: princípios e práticas. São Paulo: Roca, p. 213, 2005. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC, Nutrient Requirements of Horses, 5th revised, Washington, D.C. National Academy of Science, p. 112, 1989. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrients requirements of domestic horses. 6.ed. Washington, D.C. National Academy of Science, p. 341, 2007. OLIVEIRA, R. A. Controle de endoparasitas em eqüinos. Acta Veterinaria Brasilica, v. 1, n. 4, p. 125-129, 2007. Disponível em http://www.abqm.org.br. PRESTES, N. C. Habronemose em Cavalo: Revisão. Revista Brasileira de Medicina Veterinária: Revista Equina, v. 4, n. 20, p. 22-28, 2008. REIS, T. D.; SILVA, G. S.; LOT, R. F. E.; TOLEDO, E. A. P. Observações anatomopatológicas e tratamento de pododermatite hipertrófica de equinos: revisão de literatura. Revista cientifica eletrônica de medicina veterinária, n. 10, p. 2-5, 2008. REZENDE, M. J. M.; MCMANUS, C.; MARTINS, R. D.; OLIVEIRA, L. P. G.; 5083

GARCIA, J. A. S.; LOUVANDINI, H. Comportamento de cavalos estabulados do exército brasileiro em Brasília. Ciência Animal Brasileira, v. 7, n. 3, p. 327-337, 2006. RIBEIRO, L. B.; ARRUDA, A. M. V.; PEREIRA, E. S.; TONELLO, C. L.; BARRETO, J. C. Avaliação do consumo de nutrientes e água por equinos alimentos com dietas contendo diferentes subprodutos agroindustriais. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia – FZVA, Uruguaiana, v. 16, n. 1, p. 120-133. 2009. SAMPAIO, B. F. B.;, SHIROMA, M. Y. M.; BERTOZZO, B. R.; COSTA E SILVA, E. V.; ZÚCCARI, C. E. S. N. Equilíbrio do casco equino. Revista electrónica de Veterinaria, v. 15, n. 1, p. 1-11, 2013. SILVA, J. A; FREITAS, R. L. A. Programa de incorporação, adequação e certificação ambiental da atividade equestre – Certificação sela verde da ABCCMM, 2013. Disponível em: www.tripliceapoio.com.br/edicao/ed315/. SILVA, M. S. J.; LIMA, R. S.; SILVA, M. J. S.; LUCENA, J. E. C.; CARNEIRO, G. F.; NASCIMENTO, W. G.; JOBIM, C. C. Avaliação comportamental de éguas estabuladas em período reprodutivo. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 14, n. 1, 2015. SMYTHE, R. H. A psique do cavalo. Livraria Varela Ltda, São Paulo, p. 141, 1990. SOUZA, D. C.; NARDINO, T. A. C.; SCHIAVO, A. D.; VAN DER LINDEN, S.; ROSA, C. S.; CAMPOS N. M. F.; NEVES, A. P. Aspectos comportamentais de equinos da raça crioula estabulados fora da estação reprodutiva, submetidos à coleta de sêmen. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 3, n. 2, 2011. STEINER, D.; ALBERTON, L. R.; MARTINS, W. D. C. Aerofagia em equinos: revisão de literatura. Arquivos de ciências veterinárias e zoologia da unipar, Umuarama, v. 16, n. 2, p. 185-190, 2013. STRUGAVA, L ; ROSSA, A. P.; HILLEBRANT, R. S.; DECONTO, I.; FINGER, M. A. P. Levantamento de dados sobre o manejo nutricional de equinos de tração da cidade de Pinhais-PR. 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA 31/10 a 02/11 de 2015. TADICH, T. A.; ARAYA, O. Conductas no deseadas em equinos. Archivos Medicina Veterinária, v. 42, p. 29-41, 2010.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 424 – Manejo zootécnico e comportamental de cavalos estabulados em uso militar

TAROUCO, A. K. Organização social comportamento reprodutivo de uma população de pôneis da raça brasileira. Tese de doutorado, p. 21-23, 2004. THOMASSIAN, A.; NICOLETTI, J. L. M.; HUSSNI, C. A.; ALVES, A. L. G. Patofisiologia e tratamento da pododermatite asséptica difusa nos eqüinos - (Laminite eqüina). Revista educo confino CRMV-SP, v. 3, p. 16-29, 2000. TRAUB-DARGATZ, J. L.; KOPRAL, C. A.; SEITZINGER, A. H.; GARBER, L. P.; FORDE, K.; WHITE, N. A. Estimate of the national incidence of and operation-level risk factors for colic among horses in the United States. Journal of the American Veterinary Medical Association, p. 67-71, 2001. TRIGUEIRO, P. H. C. Alterações morfodentárias que influenciam a saúde dos equinos. Revista Verde de Agroecologia e desenvolvimento sustentável, v. 5, n. 4, p. 01-10, 2010. UnB – Universidade de Brasília. Saúde depende da nutrição. UnB Clipping. Jornal de Brasília – DF, 2009. Disponível em http://www.unb.br/noticias/unbagencia/cpmo d.php?id=27496. VERA, J. H. S. Resistência anti-helmíntica em equinos na Região Oeste do Estado de São Paulo. Dissertação (mestrado) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Engenharia, p. 17-28, 2014.

VELHA, A. L. M. C. S.; RODRIGUES, C. M. F.; BARROS, I. O.; FERNANDES, L. G.; GODOI, R. I.; DIAS, R. V. C. Levantamento de custos de programas de vacinação e vermifugação para equinos no município de Mossoró RN. Acta Veterinaria Brasilica, v. 1, n. 4, p. 125-129, 2009. VIANA, E.; SANTOS, E. L.; PONTES, E. C.; SILVA, S. H. B.; ANDRADE, R. R.; TEMOTEO, M. C.; FERREIRA, A. J. S. Avaliação zootécnica no canil do batalhão de operações especiais –BOPE em Alagoas. Revista eletrônica Nutritime, v. 8, p. 1517-1528, 2011. VIEIRA, M. C. Percepções de práticas de manejo em estabelecimentos equestres quanto à influência dessas práticas para o bem-estar de equinos. Dissertação de Pós - Graduação, p. 36-76, 2015. VIEIRA, M. C. Comportamento e Manejo Alimentar de Equinos Estabulados. Universidade Federal de Santa Catarina, Trabalho Conclusão Curso Zootecnia, p. 51, 2012. WARAN, N. K. The Social Behaviour of Horses. Keeling;Gonyou (Ed.), Social Behaviour in Farm Animals. CABI, Wallingford, UK, p. 247-274. 2001. WATERS, A. J.; NICOL, C. L.; FRENCH, N. P. Factors influencing the development of stereotypic and redirected behaviours in young horses: Findings of a four year prospective epidemiological study. Equine Veterinary Journal, v. 34, p. 572, 2002.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5074-5084, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5084


Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais .

Aves, probióticos, prebióticos, simbióticos, enzimas.

Marcio Gleice Mateus Alves * Vol. 13, Nº 04, maio/jun de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

*Zootecnista pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, SobralCE, Brasil. Email: marciomateuszootec@gmail.com

O uso de aditivos é, hoje, motivo de discussão

PERFORMANCE ENHANCING ADDITIVES IN COMMERCIAL LAYING HENS

acirrada devido à crescente pressão do público

ABSTRACT

consumidor

The use of additives today is a source of intense

exacerbado

sensacionalistas

discussion due to the growing consumer pressure

demanda de produtos naturais. Sugerem, ainda,

exacerbated by sensationalist material conveyed by

novas regulamentações sobre a alimentação animal,

the press on demand for natural products. They also

como a proibição do uso de subprodutos da mesma

suggest new regulations on animal feeding, such as

espécie e de restos de cozinha, e a obrigatoriedade

the prohibition of the use of by-products of the same

de uso de etiqueta com a origem dos componentes

species and of kitchen waste, and the obligation to

do alimento. A avicultura brasileira é, sem dúvida, o

use a label with the origin of the food components.

setor da produção animal mais moderno e eficiente

The Brazilian poultry industry is undoubtedly the

do país, além de um dos mais competitivos do nível

most modern and efficient animal production sector

mundial. Certamente a capacidade dos nutricionistas

in the country, as well as one of the most competitive

de utilizarem a enorme variedade de aditivos,

in the world. Certainly the ability of nutritionists to use

colabora para este cenário. O uso de aditivos vem

the enormous variety of additives, contributes to this

sendo bastante enfatizado na alimentação animal,

scenario. The use of additives has been strongly

pois podem contribuir na melhoria do desempenho

emphasized in animal feed, since they can contribute

animal e até mesmo possibilitar maior utilização de

to the improvement of animal performance and even

ingredientes

são

allow greater use of alternative ingredients. In this

abordados aspectos gerais da utilização destes

review, general aspects of the use of these additives

aditivos na alimentação de poedeiras comerciais.

in feeding commercial laying hens are discussed.

Palavras-chave: aves, probióticos, prebióticos,

Keyword: poultry, probiotics, prebiotics, symbiotic

simbióticos, enzimas.

enzymes.

alternativos.

pela

matérias por

5085

veiculados

por

Nesta

imprensa

revisão


Artigo 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária

O grande dinamismo e arrojo da produção animal

e Abastecimento – MAPA (Instrução Normativa Nº.

brasileira, principalmente no tocante à avicultura,

13 de 30/11/2004) e segundo orientações do Codex

dentre outros fatores, estão altamente relacionados

Alimentarius, aditivos sãos produtos destinados à

à excelente capacidade dos profissionais da nutrição

alimentação animal e é definido como "substância,

animal de formularem dietas de qualidade e a custo

microrganismo ou produto formulado, adicionado

reduzido, como também a um setor empresarial

intencionalmente aos produtos, que não é utilizada

empreendedor,

bastante

normalmente como ingrediente, tenha ou não valor

competitivo (ARAUJO, 2005). Para tanto, a utilização

nutritivo e que melhore as características dos

de modernos compostos, advindos da biotecnologia,

produtos destinados à alimentação animal ou dos

é primordial, pois podem aumentar a produtividade

produtos animais, melhore o desempenho dos

e/ou reduzir os custos de produção. Na criação de

animais

aves comerciais, a alimentação representa cerca de

nutricionais ou tenha efeito anticoccidiano".

eficiente

e,

portanto,

sadios

e

atenda

às

necessidades

70% do custo de produção (ARAUJO, 2005). Classificação e legislação dos aditivos Quando são utilizados, por exemplo, alimentos alternativos, na maioria dos casos, consegue-se diminuir os custos com a alimentação, entretanto os índices zootécnicos ficam comprometidos, devido à piora da utilização da energia e/ou proteína destes ingredientes pelos animais, principalmente pela presença de fatores tidos como antinutricionais. Na

São classificados em 13 grupos quanto à sua natureza e função e divididos em três classes de acordo com seu modo de ação específico ou característica funcional, quais sejam: pró-nutrientes, coadjuvantes de elaboração e profiláticos (LIMA, 1999).

tentativa de reduzir este comprometimento, alguns artifícios são utilizados, como a adição de enzimas exógenas, probióticos, prebióticos, simbióticos e antibióticos nas dietas, que podem auxiliar de forma direta e/ou indiretamente o animal a utilizar mais eficientemente os nutrientes contidos neste tipo de ingredientes (SCHWARZ, 2002).

O termo pró-nutriente indica que o microingrediente pode favorecer a utilização dos nutrientes dietéticos pelos animais melhorando a sua eficiência de utilização e proporcionando melhor desempenho dos animais. O termo coadjuvante de elaboração indica que o microingrediente pode ter efeito sobre as características físicas dos ingredientes ou da ração

A busca por alternativas, como os aditivos, na alimentação de aves é realidade constante e estudos são necessários para que possamos afirmar até que ponto eles podem ou não ser utilizados, e em que condições e dimensões são realmente

tais como cor, odor, consistência, conservação etc. O termo

profilático

trata

daqueles

micronutrientes

usados com o fim de previr a oxidação e destruição de vitaminas, a ocorrência de enfermidades ou intoxicações causadas por organismos patogênicos.

viáveis economicamente na produção agropecuária. Ainda de acordo com a mesma regulamentação do REVISÃO DE LITERATURA

MAPA acima citada, e também do European Parliament

and

Council

Regulation

(EC)

Definição de aditivos Existem várias definições e interpretações do que

1831/2003, os aditivos são categorizados de acordo

são aditivos. A partir de Rosen (1996), Butolo (1998)

seguintes grupos:

com suas funções e propriedades em um dos

e do Feed Additive Compendium (1998), pode-se definir aditivo como substância adicionada à ração em pequenas quantidades, que possui função: prónutricional, condicionadora ou profilática. Esta deve ser não prejudicial ao animal e não deixar resíduos no produto de consumo, e deve ser usado com determinadas normas.

1. Nutricionais (manter ou melhorar as propriedades nutricionais do alimento); 2. Tecnológicos (produto destinado à alimentação animal com fins tecnológicos);

3. Sensoriais (melhorar ou modificar as propriedades organolépticas); Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006 5086


Artigo 425 - Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

4. Anticoccidianos (eliminar ou inibir determinados

De acordo com Macari e Furlan (2005), o conceito

protozoários);

moderno de probiótico foi definido por Fuller, em 1998, como “um suplemento alimentar constituído de

5. Zootécnicos (utilizados para afetar positivamente

microrganismos vivos capazes de beneficiar o

o desempenho dos animais ou ainda, segundo o

hospedeiro através do equilíbrio da microbiota

modelo europeu, afetar favoravelmente o ambiente).

intestinal”. Posteriormente, o mesmo autor ressaltou que, para serem considerados probióticos, “os

Probióticos

microrganismos deveriam ser produzidos em larga

Probióticos são microrganismos vivos, que geram benefícios

quando

introduzidos

no

trato

gastrintestinal, competindo com a flora patogênica por nutrientes, locais de adesão no epitélio intestinal e sintetizando metabólitos (ácidos orgânicos) que criam resistência ao crescimento de organismos patogênicos (JUNQUEIRA & DUARTE, 2005).

intestinal e melhoram o ganho de peso e a eficiência alimentar das aves, justamente por competirem com os patógenos no intestino e evitarem lesões no vilo, permitindo a regeneração da mucosa intestinal (SATO et al., 2002). Esta competição em que os benéficos

são

favorecidos

é

importante, pois o desequilíbrio em favor de bactérias indesejáveis pode resultar em infecção intestinal, o que comprometeria a digestibilidade da ração. Os

permanecerem

estáveis

e

viáveis

em

condições de estocagem, devem ser capazes de sobreviver no ecossistema intestinal e possibilitar, ao organismo, os benefícios da sua presença”. O

mecanismo

de

ação

dos

probióticos

está

relacionado à competição por sítios de ligação ou exclusão

Os probióticos promovem o equilíbrio da microbiota

microrganismos

escala,

competitiva,

verificando-se

também

competição por nutrientes, produção de substâncias antibacterianas e enzimas por parte dos probióticos e estímulo do sistema imune (SILVA, 2000; MACARI & FURLAN, 2005). Os probióticos podem conter bactérias totalmente conhecidas e quantificadas ou culturas bacterianas não

conhecidas.

Os

principais

microrganismos

bacterianos considerados como probióticos são aqueles dos gêneros Lactobacillus e bifidobacterium, além

de Escherichia, Enterococcus

e Bacillus

(MORAIS & JACOB, 2006). Embora as formas de probióticos,

apresentam-se

não

como

substitutos, mas como alternativa aos antibióticos promotores de crescimento (MACARI & FURLAN, 2005). A suplementação das dietas com agentes microbianos baseia-se no princípio da simbiose, em que há associação de organismos superiores com a microbiota

bacteriana,

envolvidos,

benefícios

2003).

primeiros

Os

microrganismos,

proporcionando recíprocos

relatos

influenciando

do a

aos

(PEDROSO, consumo saúde,

de

foram

ação não sejam inteiramente claras, probióticos são introduzidos na flora intestinal como competidor contra as bactérias patogênicas inibidas suas atividades antagonistas (MUTUS et al., 2007). Para uma boa eficiência, devem-se utilizar os probióticos já nos primeiros dias de vida, para que ocorra

a

exclusão

beneficiando

um

competitiva, bom

principalmente

equilíbrio

entre

os

microrganismos benéficos e para se obterem, assim, melhores resultados (LORENÇON et al., 2007).

realizados por Metchnikoff em 1907, ao observar que camponeses búlgaros apresentavam maior longevidade ao ingerir leite fermentado contendo Lactobacillus bulgaricus (SILVA, 2000; MACARI & FURLAN, 2005). O efeito benéfico foi atribuído à ação colonizadora intestinal dos camponeses por esses microrganismos, prevenindo o efeito maléfico de patógenos intestinais (SILVA, 2000).

Os resultados de pesquisas com probióticos, até o momento, são bastante contraditórios quanto à sua eficiência. Essa contradição observada entre os trabalhos justifica-se mediante os dados obtidos em relação à idade do animal, tipo de probiótico utilizado, viabilidade de microrganismos a serem agregados

às

rações

e

as

condições

armazenamento delas (ARAÚJO et al., 2000). 5087

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

de


Artigo 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

Os probióticos podem melhorar o aproveitamento

(JUNQUEIRA & DUARTE, 2005). A principal ação

dos alimentos e reduzir a excreção de nutrientes. O

dos prebióticos é estimular o crescimento e/ou ativar

uso de probióticos com alta atividade enzimática

o metabolismo de algum

fornece benefícios adicionais nos termos de reduzir

benéficas do trato gastrintestinal.

grupo de bactérias

os custos do suplemento enzimático (YU et al., 2007).

Prebióticos

são

ingredientes

digestíveis

que

estimulam

alimentares

não

seletivamente

o

Recentemente, muitos tipos de probióticos foram

crescimento de bactérias endógenas como os

comercialmente produzidos para a indústria animal e

Lactobacillus, Bifidobacterium, que beneficiam o

usados como aditivos na alimentação para melhorar

hospedeiro (GIBSON et al., 1995 citados por SOLIS

a saúde animal, produtividade e custos de produção.

DE LOS SANTOS et al., 2005).

Entretanto, análises cientificas dos efeitos dos probióticos

tem

sido

inadequado

(HOMMA

&

A principal forma de ação dos prebióticos é sobre a modulação benéfica da microbiota nativa presente

SHINOHARA, 2004).

no hospedeiro e os efeitos resultantes do uso de Prebióticos Atualmente,

prebióticos são evidenciados pelo crescimento das diversas

organizações

têm

se

manifestado contra o uso desse aditivo em rações avícolas. Setores da imprensa, órgão ligados à saúde, ONGs, entre outros, estão sensibilizando a opinião

pública,

principalmente

em

países

desenvolvidos, como os europeus, quanto aos possíveis problemas da adição de antibióticos nas rações, estimulando restrições por parte do mercado consumidor de carne e ovos. Assim, surge em muitos

países

a regulamentação dos

aditivos

alimentares, com indicação e controle de dosagens e produtos específicos (ALBINO et al., 2006).

pelo uso de prebióticos como alternativa para esse problema, pois seu uso poderia eliminar problemas resistência

bacteriana

e

resíduos

de

antibióticos nos produtos avícolas, além de melhorar a imagem dos produtos avícolas perante o mercado consumidor (ALBINO et al., 2006).

mais grupos de ingredientes alimentares que não são digeridos pelas enzimas digestíveis normais, que

atuam

estimulando

(IMMERSEEL et al., 2004), nas características anatômicas do trato gastrintestinal, promovendo o aumento da superfície de absorção da mucosa intestinal, e no sistema imune e, em alguns casos, pela melhora no desempenho animal (SILVA & NÖRNBERG, 2003). Os prebióticos mais importantes são hexoses como glicose, frutose, galactose e manose e pentoses como ribose, xylose e arabinose (IMMERSEEL et al., sendo

(alimentando)

seletivamente o crescimento e/ou atividade de bactérias benéficas no intestino que têm, por ação final, melhorar a saúde do hospedeiro (JUNQUEIRA & DUARTE, 2005). Alguns açúcares absorvíveis ou não, fibras, álcoois de açúcares e oligossacarídeos estão dentro deste conceito de prebiótico

que

frutose

e

manose

são

componentes dos dois mais importantes grupos de Prebióticos

utilizados

atualmente:

frutoligossacarídeos (FOS) e mananoligossacarídeos (MOS), respectivamente. Os FOS são produtos da indústria que, adicionados às rações, fornecem carboidratos

fermentáveis

para

as

bactérias

benéficas nativas que habitam o trato gastrintestinal, minimizando

O termo prebiótico é utilizado para designar um ou

mas

condições luminais, aumentando seu valor osmótico

2004),

Nos últimos anos, tem sido crescente o interesse

como

populações microbianas benéficas, pela melhora nas

as

populações

de

bactérias

patogênicas, como a Escherichia colia e Salmonella, por exclusão competitiva (SCAPINELLO et al., 2001). A exclusão competitiva é o fenômeno de inibição

da

proliferação

dos

microrganismos

patogênicos pela adição de determinados compostos que favorecem a multiplicação dos microrganismos naturais

benéficos

do

trato

gastrintestinal

do

hospedeiro (IMMESEEL et al., 2004). Simbióticos A combinação de probiótico e prebiótico é denominada

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5088


Artigo 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

de simbiótico e constitui um novo conceito na

ções de hidrogênio. Os ácidos orgânicos podem

utilização

aves

reduzir a carga bacteriana no trato digestivo. Seus

(JUNQUEIRA & DUARTE, 2005). A combinação

efeitos são promover redução no pH do trato

entre probiótico e prebiótico poderia melhorar a

gastrintestinal e, por conseguinte, reduzir a carga de

sobrevivência do primeiro, pela disponibilidade do

microrganismos patogênicos (DIBNER & BUTTIN,

seu substrato. Isto resultaria em vantagens para o

2002; RICKE, 2003).

de

aditivos

em

dietas

para

hospedeiro, tanto pela presença da flora benéfica quanto pela fermentação (IMMERSEEL et al., 2004).

São comumente encontrados na natureza como componentes normais de tecidos animais e vegetais.

Os oligofrutoses pertencem a uma classe de

Além

carboidratos

são

microbiana no trato intestinal, constituindo parte

considerados ingredientes funcionais, uma vez que

importante do suprimento energético dos animais

exercem influência sobre processos fisiológicos e

hospedeiros, como é o caso dos ácidos acéticos,

bioquímicos no organismo, resultando em melhoria

propiônico e butírico.

denominados

frutanos

e

disso,

são

formados

pela

fermentação

da saúde e em redução no risco de aparecimento de diversas doenças (SAAD, 2006). Os prebióticos e os

As funções dos ácidos orgânicos são variadas e nem

probióticos são atualmente os aditivos alimentares

todas

que compõem esses alimentos funcionais.

apresentam efeitos fisiológicos relacionados com o

relacionadas

à

nutrição.

Na

nutrição,

sistema imune, com o esvaziamento gástrico e A interação entre o probiótico e o prebiótico in vivo

motilidade intestinal, absorção de minerais e água,

pode

do

além de aumentar a atividade de certas enzimas e

ao

melhorar a digestibilidade de alguns nutrientes

ser

probiótico

favorecida ao

por

substrato

uma

adaptação

prebiótico

anterior

consumo. Isto pode, em alguns casos, resultar em

(PENZ, 1991).

uma vantagem competitiva para o probiótico, se ele for

consumido

juntamente

com

o

prebiótico.

Enzimas exógenas

Alternativamente, esse efeito simbiótico pode ser

As enzimas exógenas de maneira simplificada são

direcionado às diferentes regiões-alvo do trato

definidas

gastrintestinal, os intestinos delgado e grosso

aceleram as reações químicas. As enzimas não são

(SAAD, 2006).

organismos vivos, mas sim produtos de organismos

como,

catalisadores

biológicos

que

vivos como bactérias e fungos (HANNAS & PUPA, O

consumo

de

probióticos

prebióticos

2007). Na área da nutrição, muitas pesquisas têm

selecionados apropriadamente pode aumentar os

sido realizadas na busca de alternativas que

efeitos benéficos de cada um deles, uma vez que o

possibilitem a formulação de rações mais eficientes e

estímulo de cepas probióticas conhecidas leva à

econômicas, visto que a alimentação constitui o item

escolha

de maior custo na produção animal (STRADA et al.,

dos

e

de

pares

substrato/microrganismo

ideais

simbióticos (HOLZAPFEL

&

2005).

SCHILLINGER, 2002; PUUPPONEN-PIMIÄ et al., 2002;

MATTILA-

SANDHOLM

et

al.,

2002;

BIELECKA et al., 2002).

As

enzimas

exógenas

vêm

sendo

utilizadas

principalmente com o objetivo de melhorar a digestibilidade de fontes alternativas de energia,

Ácidos orgânicos Os ácidos orgânicos compõem um grupo de substâncias de propriedades ácidas que possuem átomos de carbono em sua fórmula. São providos de um (ou mais) grupo carboxila funcionais (COOH) em sua molécula. Dentre outras propriedades, são ditos como ácidos fracos em meio aquoso, e apresentam elevado ponto de ebulição, devido à facilidade com que formam interações intermoleculares, do tipo liga-

como centeio, trigo, cevada e aveia, tendo, como consequência, uma melhora no ambiente dos animais ao apresentarem fezes mais secas e sem resíduo de alimento (MURAKAMI et al., 2007). A comprovada eficiência de enzimas em dietas à base de alimentos alternativos tem estimulado seu uso, representando

um

dos

principais

avanços

na

nutrição, com notável aplicação nos últimos anos. O principal objetivo da utilização de um complexo

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5089


Artigo 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

Costa et al. (2004) argumentam que os grãos de soja

máticos nas rações das aves pode maximizar o uso

possuem quantidades elevadas de substâncias

dos ingredientes energéticos e proteicos das rações.

pécticas na parede celular. Levando em conta que a

É fundamental, entretanto, uma correta avaliação

soja contribui com mais de 70% da proteína em

nutricional dos ingredientes, conjuntamente com a

dietas avícolas, a suplementação com enzimas pode

viabilidade econômica do uso dessa tecnologia

ser uma excelente ferramenta para um melhor

(MURAKAMI et al., 2007).

aproveitamento

As

desse

ingrediente

e,

aves

não

sintetizam

ou

produzem

em

consequentemente, aumento dos lucros da atividade

quantidades suficientes certas enzimas endógenas,

(MURAKAMI et al., 2007). Nesse sentido, as

utilizadas para a digestão dos vários componentes

enzimas são excelentes alternativas para reduzir os

químicos encontrados nos alimentos de origem

custos de produção de ovos, uma vez que a melhora

vegetal ou para atuarem em alguns processos

significativa na digestibilidade dos alimentos, obtida

antinutricionais, como o fósforo fítico (COSTA et al.,

com o uso de enzimas, permite alterações nas

2007). O uso de enzimas nas rações das aves e

formulações das rações de forma a minimizar o

outros animais domésticos, melhora a digestibilidade

custo,

e disponibilidade de certos nutrientes para os

maximizando

o

uso

de

ingredientes

animais, principalmente o fósforo, nitrogênio, cálcio,

energéticos e proteicos nas rações.

cobre e zinco, diminuindo sua presença nas excretas Mathlouthi et al. (2003) obtiveram, in vitro, uma

e, consequentemente, o seu potencial de poluente

diminuição da viscosidade dos grãos de trigo,

do meio ambiente.

centeio, milho e soja com o uso de uma combinação de xilanase e _-glucanase. Esse efeito positivo,

CONSIDERAÇÕES FINAIS

segundo os autores, foi o responsável pela melhora

A nutrição é bastante dinâmica, sempre lança mão

no índice de conversão alimentar das poedeiras que

de

receberam

aproveitamento dos nutrientes dietéticos, na tentativa

dietas

suplementadas

com

essas

enzimas.

novas

estratégias

para

melhorar

o

de assegurar condições para que os animais expressem o seu máximo potencial genético de

O fato de as enzimas serem específicas em suas

produção de ovos, sem que haja acréscimos aos

reações determina que os aditivos que tenham só

custos

uma enzima sejam insuficientes para produzir o

alternativas,

máximo beneficio, sugerindo que misturas

de

biotecnologia: probióticos, prebióticos, simbióticos e

enzimas sejam mais efetivas no aproveitamento dos

enzimas, assumem importância significativa para a

nutrientes das dietas atividade (MURAKAMI et al.,

avicultura industrial brasileira.

de

produção. como

os

Para

tanto,

modernos

o

uso

de

produtos

da

2007). Em função disso, vários estudos vêm sendo realizados com a adição de enzimas exógenas, particularmente

na

forma

de

complexo

multienzimático. Murakami et al. (2007), estudando o efeito da suplementação

enzimática

qualidade

ovos

concluíram

dos que,

a

de

no

desempenho

poedeiras

adição

de

um

e

comerciais, complexo

multienzimático ao nível de 400 ppm ou 500 ppm em rações para poedeiras comerciais (29 a 49 semanas de idade) permite uma redução na densidade nutricional do farelo de soja em até 7% em relação ao nível proteico e aminoacídico e 9% em relação ao nível energético, sem comprometer os resultados produtivos e de qualidade dos ovos. Os autores concluíram ainda que a inclusão de complexos enzi-

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALBINO L.F.T., FERES F.A., DIONIZIO M.A., ROSTAGNO H.S., VARGAS JR. J.G., CARVALHO D.C.O., GOMES P.C. & COSTA C.H.R. 2006. Uso de prebióticos à base de mananoligossacarídeo em rações para frangos de corte. R. Bras. Zootec. 35:742-749. ARAUJO D.M. 2005. Avaliação do farelo de trigo e enzimas exógenas na alimentação de frangas e poedeiras. Dissertação de mestrado, Universidade Federal da Paraíba, 66p. ARAÚJO L.F., JUNQUEIRA O.M., ARAÚJO C.S.S., LAURENTIZ A.C., SAKOMURA N.K. & CASARTELLI E.M. 2000. Antibiótico e probiótico para frangos de corte no período de 24 a 41 dias de idade. XXXVII Reunião Anual da

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5090


Artigo 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

Sociedade Brasileira de Zootecnia, 25-28 jul., Viçosa, MG, p.254. BIELECKA M., BIEDRZYCKA E. & MAJKOWSKA A. 2002. Selection of probiotics and prebiotics for synbiotics and confirmation of their in vivo effectiveness. Food Res. Int. 35:125-131. COOK M.E. 2004. Antibodies: Alternatives to antibiotics in improving growth and feed efficiency. J. Appl. Poult. Res. 13:106-119. COSTA F.G.P., CLEMENTINO R.H., JACME I.M.T.D., NASCIMENTO G.A.J. & PEREIRA W.E. 2004. Utilização de um complexo multienzimático em dietas de frangos de corte. Cienc. Anim. Bras. 5:63-71. COSTA F.G.P., BRANDÃO P.A., BRANDÃO J.S. & SILVA J.H.V. 2007. Efeito da enzima fitase nas rações de frangos de corte, durante as fases préinicial e inicial. Ciênc. Agrotec. 31:865-870. HOLZAPFEL W.H. & SCHILLINGER U. 2002. Introduction to pre- and probiotics. Food Res. Int. 35:109-116. HOMMA H. & SHINOHARA T. 2004. Effects of probiotic Bacillus cereus toyoi on abdominal fat accumulation in the Japanese quail (Coturnix japonica). An. Sci. J. 75:37–41. IMMERSEEL F.V., CAUWERTS K., DEVRIESE L.A., HAESEBROUCK F. & DUCATELLE R. 2002. Feed additives to control salmonella in poultry. World Poult. Sci. J. 58:501-513. JUNQUEIRA O.M. & DUARTE K.F. 2005. Resultados de pesquisa com aditivos alimentares no Brasil. XLII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 25-28 jul., Goiânia, GO, p.169-182. LORENÇON L., NUNES R.V.N., POZZA P.C., POZZA M.S.S., APPELT M.D. & SILVA W.M.S. 2007. Utilização de promotores de crescimento para frangos de corte em rações fareladas e peletizadas. Acta Sci. Anim. Sci. 29:151-158. MACARI, M.; FURLAN, R.L. 2005. Probióticos. Conferência de Ciência e Tecnologia Avícolas, Santos, SP. Anais... Facta, v. 1, p.53-72. MATHLOUTHI N, MOHAMED M.A. & LARBIER M. 2003. Effect of enzyme preparation containing xylanase and ß-gucanase on performance of laying hens fed wheat/barley or maize/soybean mealbased diets. Brit. Poult. Sci. 44:60-66. MATTILA-SANDHOLM T., MYLLÄRINEN P., CRITTENDEN R., MOGENSEN G., FONDÉN R. & SAARELA M. 2002. Technological challenges for future probiotic foods. Int. Dairy J. 12:173182. MILES R.D., BUTCHER G.D.,. HENRY P.R. & LITTELL R.C. 2006. Effect of antibiotic growth promoters on broiler performance, intestinal

5091

growth parameters, and quantitative morphology. Poult. Sci. 85:476-485. MORAIS B.M. & JACOB C.M.A. 2006. O papel dos probióticos e prebióticos na prática pediátrica. Jornal de Pediatria 82:189-197. MURAKAMI A.E., FERNANDES J.I.M., SAKAMOTO I.M., SOUZA L.M.G. & FURLAN A.C. 2007. Efeito da suplementação enzimática no desempenho e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais. Acta Sci. Anim. Sci. 29:165-172. MUTUS R., KOCABAG N., ALP M., ACAR N., EREN M. & GEZEN S.S. 2006. The effect of dietary probiotic supplementation on tibial bone characteristics and strength in broilers. Poult. Sci. 85:1621– 1625. PEDROSO A.A. 2003. Estrutura da comunidade de bactéria do trato intestinal de frangos suplementados com promotores de crescimento. Tese de Doutorado em Ciência Animal e Pastagens, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. 103p. PUUPPONEN-PIMIÄ R., AURA A.M., OKSMANCALDENTEY K.M., MYLLÄRINEN P., SAARELA M., MATTILA-SANDHOLM T. & POUTANEN K. 2002. Development of functional ingredients for gut health. Trends Food Sci. Technol. 13:3-11. SAAD S.M.I. 2006. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Rev. Bras. Cienc. Farm. 42:1-16. SATO R.N., LODDI M.M. & NAKAGHI L.S.O. 2002. Uso de antibiótico e/ou probiótico como promotores de crescimento em rações iniciais de frangos. Revista Brasileira de Ciência Avícola 4(supl.):37. SCAPINELLO C., FARIA H.G., FURLAN A.L. & MICHELAN A.C. 2001. Efeito da utilização de oligossacarídeo manose e acidificantes sobre o desempenho de coelhos em crescimento. R. Bras. Zootec. 30:1272-1277. SCHWARZ K.K. 2002. Substituição de antimicrobianos por probióticos e prebióticos na alimentação de frangos de corte. Dissertação de Mestrado em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná. 46p. SILVA E.N. 2000. Alimentos funcionais para aves: prebióticos e probióticos na alimentação avícola. Conferência de Ciência e Tecnologia Avícolas. Campinas - SP. Anais... Facta, v. 2, p.241- 251. SILVA L.P. & NÖRNBERG J.L. 2003. Prebióticos na nutrição de não ruminantes. Ciência Rural 33:983-990. SOLIS DE LOS SANTOS F., FARNELL M.B., TE´LLEZ G., BALOG J.M., ANTHONY N.B., TORRES-RODRIGUEZ A., HIGGINS S., HARGIS

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 425 – Aditivos melhoradores de desempenho na alimentação de poedeiras comerciais

B.M. & DONOGHUE A.M. 2005. Effect of prebiotic on gut development and ascites incidence of broilers reared in a hypoxic environment. Poult. Sci. 84:1092-1100. STRADA E.S.O., ABREU R.D., OLIVEIRA G.J.C., COSTA M.C.M.M., CARVALHO G.J.L., FRANCA A.S., CLARTON L. & AZEVEDO J.L.M. 2005. Uso de Enzimas na Alimentação de Frangos de Corte. Rev. Bras. Zootec. 34:2369-2375.

YU B., LIU J.R., HSIAO F.S. & CHIOU P.W.S. 2007. Evaluation of Lactobacillus reuteri Pg4 strain expressing heterologous _- glucanase as a probiotic in poultry diets based on barley. Anim. Feed Sci. Technol.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5085-5092, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5092


Farelo de palma na alimentação de codornas Animais monogástricos, alimento alternativo, cactus. Revista Eletrônica

1

Jussiede Silva Santos 2 Fábio Sales de Albuquerque Cunha 3 Renilmary Alencar Correia da Silva 4 Ayrton Lemonier Santos Soares

Vol. 13, Nº 04, maio/jun. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

1

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia/UFRPE.Email: j.s.santos20santana@hotmail.com 2 Prof. Titular na Universidade Estadual de Alagoas, Curso de Zootecnia. 3 Zootecnista pela Universidade Estadual de Alagoas. 4 Graduando em Zootecnia pela Universidade Estadual de Alagoas.

RESUMO

CACTUS MEAL IN THE FEED OF QUAILS

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho

ABSTRACT

produtivo de codornas japonesas alimentadas com

This study aimed to evaluate the performance of

dietas contendo diferentes níveis de inclusão de

Japanese quail fed diets containing different levels of

farelo de palma. Foram utilizados 300 codornas não

inclusion of cactus meal. It was used 300 quails not

sexadas (machos e fêmeas) da espécie Coturnix

sexed (males and females) line Coturnix japonica

japônica com 08 dias de idade, distribuídas sob

with 08 days of age, distributed in a completely

delineamento

5

randomized design with five treatments and four

tratamentos e 4 repetições de quinze aves cada. As

inteiramente

casualizado

com

replicates of 15 birds each. The variables were feed

variáveis analisadas foram consumo de ração (CR),

intake (FI), weight gain (WG) and feed conversion

ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA). Os

(FC). The collected data were subjected to ANOVA

dados coletados foram submetidos à análise de

and Regression test at 1% probability using the

variância e regressão. Os resultados encontrados

statistical analysis program ASSISTAT vesão 7.6

para fase de 08 a 21 dias de idade apresentaram

beta 2012. The results for phase 08-21 days of age

diferenças significativa (P<0,05) apenas para a

showed differences signification for variable weight

variável ganho de peso. Para a fase de 22 a 35 dias

gain, however, for the period from 22 to 35 days of

de idade e para o período total de criação não foram

age

apresentadas diferenças estatísticas. Recomenda-se

differences. It was concluded by the inclusion of 10%

a inclusão de até 10% do farelo de palma para fase

of palm meal during 08-21 days in Japanese quail

de 08 a 21 dias e de até 20% do mesmo para a fase

feed, or by the inclusion of 20% bran, palm is

22 a 35 dias de idade de codornas japonesas, no

considered the period from 22 to 35 days of age.

entanto, deve-se verificar a viabilidade econômica da

Keyword: monogastric animals, food alternative,

inclusão do farelo de palma.

cactus.

and

total

periods

showed

no

statistical

Palavras-chave: animais monogástricos, alimento

alternativo, cactos.

5093


Artigo 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas

INTRODUÇÃO

Neste sentido, algumas plantas com considerável

A criação de codorna é uma atividade bastante

produtividade devem receber atenção especial. No

difundida

desenvolvida

nordeste brasileiro uma planta tem se mostrado

principalmente para produzir ovos e carnes, produtos

excelente, primeiro pela capacidade de resistir ao

que representam uma excelente fonte de proteína

clima adverso da região, que apresenta período

animal a compor dietas para seres humanos. A

chuvoso curto, irregular e com baixa precipitação.

carne de codorna é conhecida por ser rica em

Segundo, pelo potencial de produtividade; nutrientes

vitaminas, aminoácidos essenciais, ácidos graxos

por área e reserva hídrica. Assim, plantas da família

insaturados e fosfolipídios, que são vitais para o

das cactáceas podem contribuir no sentido de

desenvolvimento físico e mental humano (GOVENO

promover a sustentabilidade em algumas regiões,

DO

em destaque espécies dos gêneros Opuntia e

mundialmente,

PAQUISTÃO,

2011).

sendo

Esta

qualidade

tem

contribuido para atender mercados especificos. Para

Nopalea.

Pinheiro et al. (2015) o consumo mundial de carne de codornas vem aumentando e eleva-se também o

Silva et al. (2014) estudaram a produtividade de três

número de consumidores com perfil de consumo

variedades de palma forrageira Opuntia fícus indica

mais exigente, que buscam

de

(palma gigante), Opuntia Sp (palma redonda) e

e

Nopalea cochenilifera (palma miúda ou doce), os

qualidade.

Neste

ambiente

por produtos de

crescimento

aprimoramento tecnológico Castro et al. (2011), destacam

que

atividade

vem

apresentando

resultados encontrados de para palma miúda 22,51 t/ha

crescimento significativo na última década, graças

redonda 14, 43 t/ha

aos

12,46 t/ha

esforços

no

desenvolvimento

de

novas

produtividade média

-1

-1

-1

-1

(8,5 a 44,7 t/ha ); -1

(5,8 a 26,5 t/ha ); gigante -1

(5,8 a 20,7 t/ha ). Também Cavalcante

et al. (2014) estudaram a produtividade da palma

tecnologias.

-1

forrageira e encontraram valores de 24,07 t/ha ; Mesmo assim, algumas dúvidas e adequações

23,32 t/ha ; 37,52 t/ha

carecem de respostas, principalmente no que se

redonda e miúda, respectivamente. As variações na

refere à alimentação das aves. Sendo a alimentação

produtividade pode se dá em decorrência da

o item que tem maior peso na constituição dos

variedade,

custos na coturnicultura é importante e necessária a

fertilização do solo, irrigação, densidade ou mesmo a

ampliação

aplicação conjunta destas tecnologias.

de

estratégias

de

alimentação

e

-1

dos

-1

tratos

para as palmas gigante,

culturais

e

práticas

na

disponibilização de alternativas de ingredientes com a finalidade de compor dietas para codornas. Alguns

Considerando

autores já têm relatado essa preocupação Teixeira et

carboidratos não estruturais e o milho como principal

al. (2013) e Duarte et al. (2013) ressaltam que os

fornecedor de energia para dietas de monogástricos

custos com alimentação representar mais 70%. Este

é

problema pode ser ampliado por questões regionais

Primeiro quanto a produtividade regional do milho,

referentes à produção de insumo, principalmente,

Cruz

milho e farelo de soja.

produtividade do milho no nordeste brasileiro 2,015

necessário

-1

t/ha Criações locadas fora das regiões produtoras destes insumos estão mais suscetíveis às oscilações de mercado, fato que pode inviabilizar o negócio, criação de codornas. No nordeste do Brasil, por exemplo, os índices de produtividade do milho e

a

et

palma

realizar

al.

(2011)

um

alimento

algumas

rico

em

comparações.

apresentam

índices

de

sendo a maior produtividade apresentada no -1

estado de Sergipe (SE) 4,683 t/ha e a menor no -1

estado de Pernambuco (PE) 0,640 t/ha , para o estado de Alagoas os autores apresentaram volume -1

de 0,713 t/ha . Assim, evidenciando a limitação produtiva do milho em relação à palma.

farelo de soja são baixos, contribuindo para a elevação de preços. Assim, o uso de alimentos alternativos aos alimentos convencionais, pode representar uma opção para redução de custos e possibilitar a produção.

Cavalcante et al. (2014) publicaram valor de proteína bruta da palma miúda de 4,31% na MS e -1

produtividade de 37,52 t/ha , logo um hectare de -1

palma pode fornecer aproximadamente 1,66 t/ha . Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5093-5099, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5094


Artigo 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas

Seguindo o mesmo raciocínio para o milho é utilizado valor de composição em PB publicado por

MATERIAL E MÉTODOS

Rostagno et al. (2011) 7,88% de MS, considerando a produtividade do milho segundo Cruz et al. (2011) -1

para o nordeste 2,015 t/ha ; para Alagoas 0,713 -1

O delineamento experimental utilizado foi o DIC, com 5 (cinco) tratamentos e 4 (quatro) repetições de 15

t/ha , logo a disponibilidade de proteína por hectares

aves por unidade experimental. Os tratamentos

pode aproximar-se de 158,78 kg de

PB/ha para

consistiram em uma dieta referência a base de milho

região nordeste e 56,18 kg de PB/ha para o estado

e farelo de soja e outras quatro dietas onde foi

de Alagoas. Por se tratar de uma planta forrageira a

incluso em níveis crescente o farelo de palma 5, 10,

palma apresenta limitada concentração de energia

15 e 20% de inclusão do mesmo. As rações

metabolizável para aves, segundo Ludke et al.

experimentais (Tabela 1) foram formuladas de

(2005) 973 ± 367 kcal/kg. Podendo a palma

acordo com as recomendações do NRC 1994,

contribuir ainda com a pigmentação da carne e ovo

entretanto,

dada

observadas as recomendações de Silva et al. (2006).

a

presença

de

carotenoides

e

outros

pigmentantes. O potencial da palma forrageira na alimentação de animais não ruminantes vem sendo objeto de pesquisas em alguns centros de pesquisa; com suínos em crescimento e terminação por Ludke et al. (2006); com codornas europeias, Carvalho et al. (2012); com frangos em sistema caipira, Santos et al. (2012) e Santos et al. (2014) com frangos de corte industrial. O experimento foi realizado no setor de avicultura do Campus II da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, localizada na microrregião de Santana do Ipanema, Alagoas, Brasil. O município está situado entre as coordenadas geográficas 09° 22' 42'' de latitude Sul e, 37° 14' 23'' de longitude oeste, estando a 250 metros de altitude. O clima da região é do tipo Aw, conforme classificação de Köeppen. Foram utilizadas trezentas (300) codornas da linhagem Coturnix japônica, com 8 dias de idade, alojadas em galpão de alvenaria equipada com 20 boxes de madeira (área de 0,350 m²), contendo um bebedouro tipo pressão, um comedouro tipo bandeja na fase inicial, provido de tela plástica para evitar que as aves ciscassem a ração. Estes comedouros foram substituídos por um comedouro tipo calha com

A

para

composição

proteína

nutricional

e dos

energia

foram

ingredientes

foi

observado os valores apresentadas por Rostagno et al. (2011). Entretanto, para o farelo de palma utilizouse os seguintes valores apresentados por Ludke et al. (2005). Para preparação do farelo de palma (FP) a palma (Nopalea cochenilifera) foi picada para facilitar desidratação, exposto ao sol sobre lona plástica e a cada 3horas revolvida, sendo recolhida no fim da tarde e abrigada para evitar intempéries durante a noite. Após desidratada a mesma foi triturada em máquina desintegradora de grãos com peneira de 2 mm. As variáveis produtivas estudadas foram o consumo de ração (CR), o ganho de peso (GP) e a conversão alimentar (CA). Para obtenção das mesmas, as aves receberam ração e água a vontade durante todo o período experimental e a cada 7 dias as sobras de ração e todas as aves de cada unidade experimental foram pesadas. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e regressão utilizando o programa de análises estatísticas ASSISTAT vesão 7.6 beta 2012. RESULTADOS E DISCUSSÃO

o avançar da idade das aves. Nos primeiros dias de

Os resultados para o consumo de ração (CR),

vida, os animais foram aquecidos por meio de

conversão alimentar (CA) e ganho de peso (GP) de

lâmpada incandescente de 60 W provida de prato de

codornas

alumínio a fim de melhorar a distribuição de calor

crescentes de farelo de palma, nos períodos de 8 a

(presente em cada boxe). As aves foram criadas em

21, 22 a 35 e 08 a 35 dias, são apresentados na

sistema de cama de maravalha (cepilho de madeira).

Tabela 2.

5095

japonesas

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5093-5099, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

alimentadas

com

níveis


Artigo 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas

TABELA 1 - Rações calculadas para os períodos experimentais Níveis de inclusão do farelo de palma (%) Período 8 a 21 dias Período 22 a 35 dias 0 5 10 15 20 0 5 10 15 Milho 58,000 50,875 43,750 36,625 29,500 63,200 57,230 51,260 45,290 Farelo de soja 38,040 38,733 39,425 40,118 40,810 30,470 30,943 31,415 31,888 Farelo de palma (FP) 0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 0,000 5,000 10,000 15,000 Óleo de Soja 0,090 1,975 3,860 5,745 7,630 0,210 1,718 3,225 4,733 Fosfato bicálcico 1,000 1,013 1,025 1,038 1,050 1,090 1,100 1,110 1,120 Calcário Calcítico 1,050 0,788 0,525 0,263 0,000 1,080 0,810 0,540 0,270 Sal comum 0,450 0,453 0,455 0,458 0,460 0,450 0,453 0,455 0,458 L-Lisina 0,010 0,008 0,005 0,003 0,000 0,000 0,003 0,005 0,008 MHA 0,320 0,330 0,340 0,350 0,360 0,340 0,350 0,360 0,370 Premix vitamínico1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Premix Mineral2 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Inerte (areia lavada) 0,940 0,728 0,515 0,303 0,090 3,060 2,295 1,530 0,765 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Composição calculada Energia metabolizável Kcal/kg 2900 2900 2900 2900 2900 2900 2900 2900 2900 Proteína Bruta % 22,20 22,20 22,20 22,20 22,20 19,20 19,20 19,20 19,20 Cálcio % 0,760 0,760 0,760 0,760 0,760 0,770 0,770 0,770 0,770 Fósforo disponível % 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300 0,310 0,310 0,310 0,310 Metionina % 0,610 0,610 0,610 0,610 0,610 0,590 0,590 0,590 0,590 Metionina + Cistina % 0,960 0,950 0,940 0,940 0,930 0,900 0,890 0,890 0,880 Lisina % 1,200 1,200 1,200 1,200 1,200 1,000 1,090 1,110 1,130 Treonina % 0,860 0,850 0,840 0,830 0,820 0,740 0,730 0,720 0,710 Triptofano % 0,280 0,280 0,280 0,270 0,270 0,230 0,230 0,230 0,230 Sódio % 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 Potássio % 0,990 1,110 1,220 1,330 1,450 0,840 0,950 1,060 1,170 Gordura % 2,810 4,460 6,110 7,760 9,410 3,000 4,310 5,620 6,930 Fibra Bruta % 3,060 3,620 4,180 4,740 5,300 2,740 3,310 3,880 4,440 Ingredientes (%)

20 39,320 32,360 20,000 6,240 1,130 0,000 0,460 0,010 0,380 0,050 0,050 0,000 100,00 2900 19,20 0,770 0,310 0,590 0,870 1,140 0,700 0,230 0,200 1,280 8,240 5,010

1.Composição por kg de produto premix vitamínico: Vitamina A 11.200.000,00 UI; Vitamina D3 2.400.000,00 UI; Vitamina E 20.000,00 mg/kg; Vitamina K 2.400,00 mg/kg; Tiamina (B1) 3.100,00 mg/kg; Riboflavina (B2) 8.000,00 mg/kg; Piridoxina (B6) 4.160,00 mg/kg; Cianocobalamina (B12) 16.000,00 mcg/kg; Ácido Fólico 1.300,00 mg/kg; Ácido Pantotênico 20.800,00 mg/kg; Niacina 56.000,00 mg/kg; Selênio 600,00 ppm; Antioxidante 0,60 g/kg; 2.Composição por kg de produto premix mineral: Manganês 150.000,00 ppm; Zinco 140.000,00 ppm; Ferro 100.000,00 ppm; Cob re 16.000,00 ppm; Iodo 1.500,00 ppm. Fonte: Elaborada pelo autor

TABELA 2- Consumo de ração (g), ganho de peso (g) e conversão alimentar de codornas submetidas a diferentes níveis de inclusão de farelo de palma na ração Períodos (dias)

Variáveis ns

8 a 21

22 a 35

8 a 35

CR GPL CAns CRns GPns CAns CRns GPns CAns

0 175,48 60,64 2,90 212,43 51,72 4,11 387,91 112,36 3,45

5 174,79 60,40 2,89 207,19 50,21 4,14 381,98 110,61 3,45

Níveis (%) 10 174,80 59,42 2,94 213,87 46,95 4,58 388,68 106,37 3,66

15 168,97 55,66 3,04 211,31 50,35 4,20 380,29 106,02 3,59

20 165,23 55,88 2,96 211,23 51,53 4,11 376,46 107,41 3,51

CV (%) 4,88 3,53 4,50 3,96 7,65 5,54 2,86 3,92 3,09

CV – Coeficiente de variação; ns – não significativo; L- Efeito linear (P<0,01). Fonte: Elaborada pelo autor

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5093-5099, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5096


Artigo 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas

De acordo com os resultados apresentados na

possibilita um melhor aproveitamento da palma.Esse

Tabela 2, as variáveis CR e CA não sofreram efeitos

efeito foi observado também quando foi estudado o

significativos com a inclusão dos níveis de FP

período de 8 a 35 dias de idade das aves. Essa

(P>0,01). No entanto, para a variável GP foi

observação é importante para auxiliar na tomada de

observado efeito linear decrescente y = -0,2852x +

decisão

61,252 R² = 0,8503 (P<0,01), de forma que, à

alternativos,

medida que se aumentou o nível de FP as aves

quantidades a serem inclusas em dietas para

reduziram o índice de ganho de peso. Esse

codornas. Com a evolução da idade as codornas

resultado provavelmente está relacionado com, a

tornam-se mais eficientes na digestão da fibra

capacidade do sistema digestório das aves em

possibilitando o uso da palma em níveis maiores

digerir fibras principalmente quando jovens. É

contribuindo para possível redução de custos na

observado na Tabela 1 que a inclusão do FP

cotonicultura.

pela

utilização

ou

sobremaneira

não

de

alimentos

forrageiras

e

as

proporcionou elevação nos níveis de fibra das dietas, na primeira fase de criação (8 a 21 dias) esse

Bertechine

índice é ampliado de 3,06% sem inclusão do FP

monogástricos

para 5,30% de fibra bruta na dieta com o maior

digestão

índice de inclusão. Da mesma forma foi observado

microbiota

na 2ª fase do experimento onde o nível de fibra sob

elemento é apresentado por Brito et al. (2008) refere-

de 2,74% no nível 0% de FP para 5,01% com a

se baixa capacidade enzimática na digestão de

inclusão de 20% do FP.

polissacarídeos não-amiláceos, fibras entre outros.

(2012) de

ressalta

apresenta materiais

existente

no

que

baixa

animais

capacidade

fibrosos

pela

trato

digestivo.

de

reduzida Outro

Mesmo com limitações a palma apresenta-se como Para Araújo et al. (2011) o aparelho digestivo das

alimento que poderá compor dietas para codornas

codornas tem maior proporção em relação ao peso

contribuindo

corporal, bem como, taxa de passagem mais rápida

Considerando o que foi apresentado por Brito et al.

em relação a outas aves. Neste mesmo sentido

(2008) o aprofundamento nas pesquisas com o uso

Santos et al. (2013) comentam que a elevação dos

de enzimas ou complexos enzimáticos poderá

níveis de fibra em dietas para frangos pode

promover melhores resultados.

ocasionar

aumento

digestivo.

Contribuindo

aproveitamento

da

da

velocidade

do

negativamente dieta

e

para

fornecimento

de

nutrientes.

trânsito para

o

consequente

desempenho das aves.

CONCLUSÃO Pelos resultados obtidos no presente trabalho recomenda-se plano de alimentação descrito em três fases 1ª fase - 0 a 7 dias oferecendo ração

Ainda na Tabela 2 é observado que as variáveis

comercial, 2ª fase 8 a 21 dias com a inclusão de até

estudadas não foram afetadas pela inclusão do

10% do farelo de palma e 3ª fase 22 a 35 dias com

farelo de palma para o período de criação de 22 a 35

inclusão de até 20% do farelo de palma em dietas

dias,

para codornas japonesas.

estes

encontrados

resultados por

Brandão

corroboram et

al.

com

(2010)

os que

estudando o desempenho de codornas de corte na

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

fase 21 a 35 dias, os autores concluem com a recomendação 10% do farelo de palma em dietas para codornas. Entretanto, Carvalho et al. (2012) observaram que a adição de 5% do farelo de palma proporcionou melhor resultado sobre o ganho de peso de codornas europeias na fase de 22 a 45 dias de idade. Os

resultados

apresentados

sugerem

que

amadurecimento do aparelho digestivo das aves 5097

o

ARAUJO, M.S.; BARRETO, S.L.T.; GOMES, P.C.; DONZELE, J.L.; BALBINO, E.M.; VALERIANO, M.H. Comparação de valores de energia metabolizável de alimentos determinados com frangos de corte e com codornas visando à formulação de dietas para codornas japonesas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.2, p.336-342,2011. BERTECHINI, A.G. Nutrição de monogástricos. Lavras: UFLA, 2012. 373p.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5093-5099, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas

BRANDÃO, P.A. FERREIRA, D.H.; BRANDÃO, J.S.; SOUZA, B.D.de.; SILVA, D.R.P.da.; LIMA, P.F.U.;. Desempenho produtivo de codornas de corte (Coturnix coturnix coturnix) recebendo níveis crescentes de farelo de palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) na ração, na fase de crescimento. In: 47° Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 47., 2012, Salvador. Anais... Salvador: 2010. BRITO, M.Z.de.; OLIVEIRA, C.F.S.de.; SILVA, T.R.G.da.; LIMA, R.B.de.; MORAIS, S.N.; SILVA, J.H.V.da. Polissacarídeos não amiláceos na nutrição de monogástricos – revisão. Acta Veterinaria Brasilica, v.2, n.4, p. 111-117, 2008. CARVALHO, A.V. de.; BRANDÃO, J.S.; BRANDÃO, P.A.; SOUZA, B.B. de.; FERREIRA, D.H.; SILVA, D.RP. da.; ALMEIDA, A.P.; BATISTA, N.L. Farelo de palma forrageira na fase final de criação, sobre o desempenho de codornas de corte criadas no semiárido. Revista Científica de Produção Animal, v.14, n.2, p. 177-180, 2012. CASTRO, S. de F.; FORTES, B.D.A.; CARVALHO, J. C.C de.; BERTECHINI, A.G; QUEIROZ, L. S.B. de.; GARCIA JR, A.A.P. Relação metionina e colina dietética sobre o desempenho de codornas japonesas (coturnix coturnix japonica) em postura. Ciência Animal Brasileira, v.12, n.4, p. 635-641, 2011. CAVALCANTE, L.A.D.; SANTOS, G.R.A.; SILVA, L.M.da; FAGUNDES, J.L.; SILVA, M. A. da. Respostas de genótipos de palma forrageira a diferentes densidades de cultivo. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 44, n. 4, p. 424-433, 2014. DUARTE, C.R.A.; MURAKAMI, A.E.; MELLO, K.S.de.; PICOLI, K.P.; GARCIA, A.F.Q.M.; FERREIRA, M.F.Z. Casca de soja na alimentação de codornas Soybean hulls in the quail diet. Semina: Ciências Agrárias, v.34, n.6, p. 30573068, 2013. GOVERNMENT OF PAKISTAN. Quail breeder farm and hatchery. Small and Medium Enterprises Development Authority. Ministry of Industries & Production. 2011. Disponível em: <http://www.amis.pk/files/PrefeasibilityStudies/qu ail_breeder_farm_and_hatchery_80000_quail_eg gs.pdf> Acesso: 20 Ago. 2016 LUDKE, J.V.; LUDKE, M.C.M.M.; ZANOTTO, D.L.; FREITAS, C.R.G.; SANTOS, M.J.B. Características nutricionais de ingredientes ecoregionais para avicultura agroecológica: Farelo de palma forrageira. In: III Congresso de agroecologia. 3., 2005, Florianópolis. Anais... Florianópolis: 2005.

LUDKE, J.V.; ANDRADE, M.A.de.A.; LUDKE, M.do.C.M.M.; ROSA, M.das G.S.; SILVA, A.M. da.; BERTOL, T.M.; FREITAS, C.R.G.de.; THAYSA R. Farelo de palma forrageira na alimentação de suínos em crescimento e terminação - desempenho e avaliação econômica. In: IV Congresso Nordestino de Produção Animal. 4., 2006, Petrolina. Anais... Petrolina: CNPA, 2006. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC 1994. Nutrient requirements of Poultry. Washington, D.C: National Academy Press, 9. ed. Revised. p.157. PINHEIRO, S.R.F.; DUMONT, M.A. PIRES, A.V.; BOARI, C.A.; MIRANDA, J.A. OLIVEIRA, R.G. de; FERREIRA, C.B. Rendimento de carcaça e qualidade da carne de codornas de corte alimentadas com rações de diferentes níveis de proteína e suplementadas com aminoácidos essenciais. Ciência Rural, v.45, n.2, p.292-297, 2015. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T.; EUCLIDES, R.F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa: FUNEP, 2011. 252P. SANTOS, S.L.; GOMES, P.M.A.; RODRIGUES, M.S.A.; SILVESTRE, M.A.; MELO, D.RM. de. Avaliação físico-química do peito de frango alimentado com farelo de palma forrageira. Agropecuária Científica no Semiárido, v.10, n.1, p. 01-06, 2014. SANTOS, M.J. B, LUDKE, M.C.M.M.; LUDKE, J.V.; TORRES, T.R.; LOPES, L.S.; SOUZA, M. Composição química e valores de energia metabolizável de ingredientes alternativos para frangos de corte. Ciência Animal Brasileira. v.14, n.1, p.31-40, 2013. SANTOS, J.F.dos.; GRANGEIRO, J.I.T. Desempenho de aves caipira de corte alimentadas com mandioca e palma 1 forrageira enriquecidas com levedura. Tecnologia & Ciência Agropecuária, v.6, n.2, p.49-54, 2012. SILVA, E.L.; SILVA, J.H.V.; JORDÃO FILHO, J.; RIBEIRO, M.L.G.; COSTA, F.G.P.; RODRIGUES, P.B. Redução dos níveis de proteína e suplementação aminoacídica em rações para codornas européias (Coturnix coturnix coturnix). Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.822-829, 2006. SILVA, F.A.S.; AZEVEDO, C.A.V. ASSISTAT 7.6 beta. Departamento de Engenharia Agrícola

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5093-5099, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

5098


Artigo 426 – Farelo de palma na alimentação de codornas

do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande. Díponível em: <https://www.assistat.com> SILVA, L.M.da; FAGUNDES, J.L.; VIEGAS, P.A.A.; MUNIZ, E.N.; RANGEL, J.H.de.A.; MOREIRA, A.L.; BACKES, A.A. Produtividade

5099

da palma forrageira cultivada em diferentes densidades de plantio. Ciência Rural, v.44, n.11, p.2064-2071, 2014. TEIXEIRA, B.B; PIRES, A.V.; VELOSO, R.C.; GONÇALVES, F.M.; DRUMOND, E.S.C.; PINHEIRO, S.R.F. Desempenho de codornas de corte submetidas a diferentes níveis de proteína bruta e energia metabolizável. Ciência Rural, v.43, n.3, p.524-529, 2013.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.5093-5099, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de RedençãoPará Congelação, legislação, frangos de corte.

Vol. 13, Nº 04, maio/jun. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Hirlen Christina Ferreira da Silva¹ Maicon Douglas Ferreira da Silva¹ 2 Luana Araújo Sabino ¹ Graduando no curso de Biomedicina na Faculdade de ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR. Email: hirlenborges.1@hotmail.com; Maicon.fds@hotmail.com. ² Profª Doutora na Faculdade de ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR. E-mail: Luana_as@hotmail.com

RESUMO O teor de hidratação baseia-se na concentração de água contida em uma determinada matéria. Todavia, nem todas as empresas do setor aviário segue a

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

PERCETAGE OF HYDRATION OF CARCASSES OF FROZEN CUTTING BROILS MARKETED IN THE REDENÇÃO´S MICROREGION, PARÁ-BR

legislação estabelecida pelo Ministério da Agricultura

ABSTRACT The hydration content is based on the concentration

Pecuária e abastecimento, injetando água além do

of water contained in a given material. However, not

permitido

lucratividade,

all companies in the poultry sector follow the

ocasionando prejuízos ao consumidor e à economia

legislation established by the Ministry of Livestock

brasileira. O objetivo geral do presente estudo

Agriculture and supply, injecting water beyond what

propõe-se em avaliar o teor de hidratação de

is allowed with the intention of obtaining profitability,

carcaças congeladas de frangos comercializados na

causing damages to the consumer and the Brazilian

microrregião de Redenção, Pará. Para isto, foi

economy. The general objective of the present study

coletado um total de seis amostras da marca A, e

is to evaluate the hydration content of frozen

seis amostras da marca B em supermercados da

carcasses of chickens marketed in the micro region

cidade de Conceição do Araguaia, Redenção, Rio

of Redenção, Pará. For this, a total of six samples of

Maria

amostras

brand A were collected and six samples of brand B in

analisadas por meio da metodologia Drip test. Do

supermarkets From the city of Conceição do

total das amostras avaliadas 97,9% obtiveram

Araguaia, Redenção, Rio Maria and Xinguara,

percentual de hidratação acima do permitido. Com

totaling 48 samples analyzed using the Drip test

base nos resultados, assim como em outros estados,

methodology.

no Pará, mais especificamente no sul do estado, a

evaluated, 97.9% obtained a percentage of hydration

quantidade de água em carcaças de frangos

above the allowed, and the carcasses of chickens

congeladas são superiores ao determinado em lei.

analyzed

Palavras-chave: congelação, legislação, frangos de

percentages higher than brand A. Based on the

corte.

results, as in other states, In Pará, more specifically

e

com

intuito

Xinguara,

de

obter

totalizando

48

of

From

brand

the

B

total

of

the

presented,

in

samples

majority,

in the south of the state, the amount of water in carcasses of frozen chickens is higher than that determined by law. Keyword: freezing, legislation, broilers. 6000


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

INTRODUÇÃO

para que a população e os órgãos competentes

Apesar de ser considerado hábito alimentar em

possam ter conhecimento da realidade do Estado e

quase todas as mesas brasileiras, a comercialização

que possam ser adotadas as providências cabíveis

da carne bovina vem decaindo nos dois últimos

em caso de possíveis fraudes. Assim, este trabalho

anos, sendo um dos motivos o aumento de seu

objetivou avaliar o teor de hidratação de carcaças

preço (IBGE, 2016). Com isso, o setor avícola

congeladas

destacou-se no cenário de carnes, com excelentes

microrregião de Redenção, Pará.

de

frangos

comercializados

na

índices de produção, especialmente por apresentar preço acessível (GARNICA, 2014; JACOBSEN & FLORES, 2008; PESSOA et al., 2013). Mesmo com o progresso na comercialização de

REVISÃO DA LITERATURA Importâncias econômica e social da carne do frango no Brasil

carcaças tanto na forma de inteira, de corte e

Quando chegou ao Brasil, trazida pelos portugueses,

industrializados, o mercado avícola ainda sofre

a ave era consumida somente em festas, como

modificações, devendo obedecer criteriosamente a

tradição europeia, sendo predileção da nobreza.

requisitos

sanitários

Atualmente a carne de frango é um dos principais

estabelecidos por órgãos regulamentadores como

alimentos que compõem a dieta humana, possuindo

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

um conceito de alimento saudável, com rápido

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

preparo, sendo cada vez mais procurado no

(MAPA), Departamento de Inspeção de Produtos de

mercado (RIBEIRO CORÇÃO, 2013; UBABEF,

Origem Animal (DIPOA) e União Brasileira dos

2012).

técnicos

e

higiênicos

Avicultores (UBA) (ALONSO, 2004; SANTOS et al., 2008).

Segundo a UBABEF em 2012, numa pesquisa realizada com quase 3.000 famílias, revelou que a

A

absorção

de

água

no

processo

de

pré-

carne de frango é consumida em 100% dos lares

resfriamento, representa para algumas empresas um

pesquisados tornando-se quase uma unanimidade

meio de recuperação do peso perdido durante o pré-

no hábito alimentar da maioria dos brasileiros,

abate, injetando água e salmoura além do permitido

provando que o consumo da carne de frango não é

antes de serem submetidas ao comércio, obtendo-se

apenas por ser uma proteína animal de preço muito

maior lucratividade, sujeitando-se às ações fiscais

acessível, mas também um alimento saudável

(RECHE et al., 2011; SANTOS et al., 2008).

extremamente nutritivo (IDEC, 2005; UBABAEF, 2012).

Para assegurar o direito dos consumidores e conter a prática de fraude, o MAPA, através da portaria nº

A avicultura pode ser considerada como um dos

210 de 10 de novembro de 1998, constituiu a

componentes principais da economia brasileira. Além

metodologia

visa

de ser responsável por mais de 3,6 milhões de

determinar a quantidade de água resultante do

de

análise

empregos diretos e indiretos, no mercado mundial de

descongelamento

e

carne de frango, o Brasil encontra-se em segundo

preconiza que o limite de água para carcaças de

lugar no ranking de produção com 13,146 mil

frangos congelados não ultrapassem 6% do peso da

toneladas de carne de frango, estando atrás do EUA,

carcaça, e no máximo 20% de salmoura para

que no mesmo ano produziu 17,966 mil toneladas, e

frangos congelados e temperados (BRASIL, 1998).

em primeiro lugar nas exportações com 4.304 mil

das

Drip

carcaças

Test,

que

congeladas,

toneladas de carne de frango (UBABEF, 2012; Na literatura não são encontrados dados de

ABPA, 2016).

pesquisa sobre os índices de hidratação de carcaças de frangos congelados vendidos na região norte do

Com o consumo per capita de 43,25 (Kg/hab), o país

Brasil. Esse fato mostra a importância desse estudo,

destinou 32,7% da produção para exportação e ficando com 67,3% para atender a demanda

6001

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

Qualidade das carcaças de frangos O quesito qualidade da carne está cada vez mais

nacional no ano de 2015 (ABPA, 2016). Oliveira e Nââs (2012), destacaram a inovação tecnológica como fatores fundamentais responsáveis pelo resultado promissor na produção brasileira de frango de corte. Todavia, Espíndola (2012), ressalta que o desenvolvimento técnico deve ser analisado como um processo coletivo, sendo fundamental um ambiente institucional, econômico e natural.

exigido tanto no mercado internacional quanto no nacional. Este fato envolve diversos aspectos que estão

inter-relacionados,

englobando

todas

as

etapas da cadeia produtiva, desde o nascimento do animal até o preparo para o consumo final da carne in natura e de produtos cárneos processados. O conceito de qualidade diversifica conforme as regiões geográficas, classes sócio econômicas,

Avicultura na região Norte O desenvolvimento no setor agropecuário na região

diferentes visões técnico científicas, industriais e

Norte tem progredido com o passar dos anos e vem

(BRIDI, 2004; MULLER, et al., 2013).

demonstrando percentuais diversificados

seu de

valor

produção

produtos

contribuindo e

nos de

A produção de alimentos seguros deve ser fator

cadeia

inicial, não estabelecendo diferenças no mercado,

exportação

envolvidos

na

comerciais, questões culturais, entre outros aspectos

visto que atende aspectos relacionados à presença

alimentar (CASTRO, 2013).

de

microrganismos

fazerem parte do território da Amazônia legal, criada

condições determinantes para a participação tanto

com intuito de preservação do bioma amazônico

no comércio nacional quanto no internacional. Deste

com fins administrativos e planejamento econômico,

modo é fundamental que os níveis de controle e

a atividade empresarial agrícola torna-se restringida,

prevenção da contaminação em todos os pontos da

todavia, não impedindo o crescimento, aos poucos,

cadeia produtiva sejam seguidos minuciosamente

outros setores que prejudiquem menos as reservas

para expansão do negócio da avicultura (MAIA,

florestais da região (CASTRO, 2013; ECO, 2014).

DINIZ, 2009; SILVA, 2006).

Com base nos valores apresentados nos bancos de

Na maioria dos casos, quando se trata da qualidade

dados do Brasil, como o IBGE, ABPA, entre outros,

da carne de frango na cadeia produtiva, os sinais

demonstram

expressos

com

o

avanço

na

pelo

de

produto

frango,

resíduos

associados

mesmo

carne

e

Devido à maioria dos estados da região Norte

que

à

patogênicos

definem

sendo

melhor

estas

esse

modernização industrial no comercio avícola, a

conceito. Ainda na granja, busca-se um frango que

região Norte apresenta percentuais baixos no

possua rusticidade de linhagem, rendimento de

produto interno bruto do país, com relação às outras

carcaça, boa conversão alimentar e peso ótimo no

regiões que possuem maior peso nos resultados

momento do abate (VIEIRA, 2004).

anuais de produção, abate e exportação (ABPA, Para o consumidor, a qualidade da carne de frango

2016; CASTRO, 2013; IBGE, 2016).

apresenta-se através da textura da carne, sabor, Devido à pecuária enfrentar vários desafios como,

teores

mínimos

de

gordura,

uma

aparência

disputa por posse de terras para a execução das

agradável, entre outros aspectos (VIEIRA, 2004).

atividades agropecuárias, pouco financiamento para produção, falta de disponibilização de infraestruturas

Segundo Mendes e Komiyama (2011), os critérios

de

no

visuais e estéticos, como conformação, presença de

envolvimento e assistência política e do estado,

hemorragias e/ou hematomas, rompimentos da pele,

ausência de equipamentos modernos para melhor

ossos quebrados e falta de partes, são os sistemas

efetivação das atividades, entre outros, torna-se

mais usuais de avaliação antes da liberação do

complexo a melhor participação da região nas

produto no mercado.

escoamento

de

produção,

problemas

atividades e percentuais agropecuários (CASTRO, 2013).

Outros fatores podem interferir na qualidade da carcaça

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6002


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

e cortes tanto com o animal vivo, durante ou após o

inteiras de frangos gasta-se em média 10 horas para

abate,

manejo,

alcançar temperatura de -25°C a -35°C e sair pronta

transporte, temperatura ambiente, tempo de jejum e

para comercialização, obedecendo aos padrões

métodos de apanha das aves na granja. Todavia,

técnicos da legislação, já para miúdos e corte o

alterações na qualidade também podem ser obtidas

processo de congelação gasta em torno de 15 horas

através de diferentes tecnologias de abate e pós

para seguir com o processo de comercialização

abate, como tempo de resfriamento, tempo e grau

(GONÇALVES, 2008).

como:

idade,

sexo,

nutrição,

da temperatura na maturação e estimulação elétrica O

(MENDES & KOMIYAMA, 2011).

congelamento

baseia-se

na

velocidade

de

congelamento através da diminuição da condição Por mais que um produto seja difundido no mercado,

climática do ambiente, sendo este, um interferente

a forma de avaliação mais eficaz e tradicional de

nas características finais do produto. O túnel, onde

medir o seu sucesso é por meio de sua aceitação

as carnes são postas, é um local onde há

pelo consumidor. Pois como já visto em estudos

concentração elevada da circulação de ar frio, com a

anteriores, o preço não é o único fator decisivo na

finalidade de obter um produto congelado em menor

hora da compra, mas o aspecto e a aparência se

tempo.

tornam importantes na aquisição do produto pelos

utilizados para congelamento de carnes apresentam-

consumidores (BRIDI, 2004).

se de tamanhos variados, de acordo com o tamanho,

Nas

indústrias

alimentícias

os

túneis

tipo de produto e quantidade a ser congelada (ROÇA, 2000).

Processo de congelamento Há muitos anos buscou-se um método eficaz para a conservação de carnes, pois a mesma apresentava um processo de deterioração rápido. Através de análises, foi notório que a atividade bacteriana, enzimática e processos químicos eram reduzidos quando produto estava exposto a uma redução da temperatura,

chegando

à

conclusão

que

o

congelamento, dentre vários procedimentos de conserva como defumação, secagem, adição do sal e vinagre, era mais eficaz mantendo o produto o mais perto do natural por longo período de tempo (COLLA

&

PRENTICE-HERNANDEZ,

2003;

A velocidade de congelamento é retratada em duas etapas, congelamento lento e congelamento rápido, onde a mesma dependerá da quantidade de água contida livremente no meio celular e intracelular. A carne, por exemplo, quando o produto cárneo apresenta temperatura de -1°C, tem-se 20% da água transformada

em

gelo,

e

quando

exposta

á

temperatura de -10°C a concentração de gelo encontrasse em 90% (ALONSO, 2004; BASTOS, 2008; ROÇA, 2000). 

Congelamento lento

DIONYSIO & MEIRELLES, ROÇA, 2014). Neste procedimento a velocidade de congelamento Os processos de congelamento de carnes mais

fica em torno de 0,05°C por minuto, onde a

utilizados

de

temperatura da carcaça permanece próxima ao

congeladores, sendo estes divididos em: ar imóvel,

ponto de congelamento inicial por um longo período

congelação em placas, congelação com circulação

de tempo. Durante o congelamento lento, o processo

forçada de ar, imersão ou aspersão de líquidos e

do líquido extracelular é mais acelerado que do meio

congelação criogênica (ROÇA, 2000).

intracelular, por haver menor concentração de

nas

indústrias

são

por

meio

solutos, porém há um aumento na formação de Todos estes processos de congelamento utilizados

cristais

nas

2000).

empresas

envolvendo

o

decréscimo

da

temperatura até -18°C ou abaixo, causando a cristalização da água e solutos (ROÇA, 2000).

extracelulares

(BASTOS,

2008;

ROÇA,

Congelamento rápido

A partir do momento em que a carne encontra-se no O congelamento propriamente dito varia de acordo com o produto a ser congelado. Em carcaças 6003

processo de congelamento rápido, sua temperatura cai rapidamente, ou seja, fica abaixo do seu ponto de

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

congelamento inicial. Este método caracteriza-se por

temperaturas até 7ºC, e com absorção igual ou

ocasionar menor percentual de danos na carne,

inferior a 8% sobre o peso inicial da carcaça seca.

comparativamente ao congelamento lento, pois sua

Entretanto, nem todas as empresas seguem as

velocidade de congelação gira em torno de 0,5°C por

normas regidas pela legislação, obtendo assim

minuto, tornando menos suscetível a formação de

lucratividade através da absorção de água,

cristais

tornando-se sujeitas a ações fiscais. Além disso,

de

gelo

na

musculatura

da

carcaça, ao

o excesso de água pode ser prejudicial na

descongelar (BASTOS, 2008; PAVIM, 2009; ROÇA,

qualidade da carcaça resultando a diminuição na

2000).

produção e nas vendas do produto, podendo

apresentando

menor

quantidade

de

água

ocorrer também vendas de produto de baixa Quando o produto congelado está exposto ao

qualidade, abrindo espaço para a insatisfação dos

descongelamento, todos os cristais formados no

consumidores e queda na linha de produção,

processo

consumo interno e exportação no cenário de

de

congelamento

rápido

dissolvem

facilmente, pois os mesmos são formados em

carnes (RECHE, et al., 2011; BRASIL, 1998).

grande parte no meio intracelular e apresentam-se menores com relação aos cristais formados pelo

Legislações vigentes sobre o excesso de água

congelamento lento (KATO, 2013; ROÇA, 2000).

em carcaças congeladas de frangos Para ser efetuado o comércio de frango, a

Água no frango

carcaça não poderá apresentar excesso de água

Assim como nos seres humanos, 70% do peso de uma ave é representado por água, e deste volume total, 70% encontra-se armazenados em células e os 30%

correspondem

a fluídos

extracelulares

e

em forma de gelo, pois será considerado como dano ao bolso do consumidor, que irá pagar mais pela água e menos pela carne, configurando tal situação como fraude (BRASIL, 2002).

sangue. Entretanto, para um GPD (Ganho de peso diário) de 55 g, 38 g de água são armazenados no frango

e

17g

são

representados

por

outros

compostos, como proteínas, gorduras, minerais, e outros, com isso a quantidade de água distribuída às aves no processo de desenvolvimento deverá ser em uma quantidade suficiente para atender a demanda das mesmas (BARBOSA, et al., 2014; KRABBE & ROMANI, 2013).

O MAPA, através da portaria nº 210, de 10 de novembro de 1998, com o intuito de conter a fraude de adição de água em carcaças, declara que o sistema de controle de absorção de água deve ser eficiente e efetivo, sem margem a qualquer prejuízo na qualidade do produto final, aprovado

pelo

regulamento

de

inspeção

tecnológica e higiênico sanitário (FANTE, et al., 2008; RECHE, et al., 2011; PROTEST, 2015).

Nas indústrias de abate de aves, as etapas de préresfriamento, resfriamento de carcaças inteiras e cortes são viabilizadas e aceleradas por meio de tanques com água resfriada, com o intuito de recuperar o peso perdido durante o abate, como sangue, penas e vísceras, que são descartadas. Se não

inspecionados

adequadamente,

com

funcionários altamente treinados para o serviço, através destes procedimentos poderá ocorrer uma elevação no percentual de absorção de água pelas

Segundo

o

Departamento

de

Inspeção

de

Produtos de Origem Animal, através da resolução de n° 4, de 29 de outubro de 2002, compete aos servidores do DIPOA à aplicação de penas administrativas,

como:

advertência,

multa,

apreensão, suspensão e interdição, isto, quando há o aparecimento de infração à legislação referente

aos

produtos

de

origem

animal

(BRASIL, 2002).

carcaças, congelando juntamente com o produto caso o escorrimento não seja realizado corretamente (RECHE, et al., 2011)

Os métodos oficiais para manter o monitoramento de absorção de água são os métodos de controle interno, efetuado através do processamento

Cabem

as

empresas,

ao

final

de

todo

procedimentos de abate, obterem carcaças com

os

industrial, com relação a água absorvida pela carcaça no procedimento de pré-resfriamento por

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6004


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

imersão, e método gotejamento (Dripping test)

fora dos padrões, a firma infratora será autuada, e

realizado

água

multada, dobrando o valor da multa em até R$

concentrado em carcaças de frangos congelada, que

25.000,00 (vinte e cinco mil reais) e sendo

faz parte do PPCAAP (Programa de Prevenção e

necessária,

Controle de Adição de Água aos Produtos) realizado

produções

por fiscal do MAPA no momento da fiscalização

resultados oficiais de testes de gotejamento de

(PAVIM, 2009; PPCAAP,2013).

tantos lotes consecutivos quanto for o número de

para

o

controle

do

teor

de

para

a

posteriores,

comercialização a

apresentação

das de

violações. Segundo o artigo 1º da resolução n° 4, de 29 de outubro de 2002, DIPOA, cabe à SIPA (Setor de

Após a execução das análises e aplicação das

Inspeção de Produto de Origem Animal) e ao DFA

penalidades, os processos administrativos fiscais

(Delegacia Federal de Agricultura) a detecção, por

são encaminhados à Procuradoria da República e

meio da coleta de amostras de frangos, do

Ministério da Justiça para darem abertura aos

percentual de absorção de água, pelas carcaças de

procedimentos civis conforme cada caso (DIPOA,

aves, acima do estabelecido pela legislação. Quando

2007).

diante

a

infração,

é

acionado

os

seguintes

procedimentos fiscais:

Outra legislação utilizada para aplicação de

1°. Após as analises das amostras, se o resultado for

produtos apreendidos por desacato à lei, é a

maior que 8%, é necessário o colhimento de novas

Instrução Normativa nº 26 de 23 de abril de 2003

amostras com a repetição do teste de gotejamento,

que estabelece que os produtos apreendidos

para serem estabelecido o procedimento fiscal mais

deverão ser doados, após serem considerados

adequado segunda a resultante das análises.

aptos

2°. Em decorrência da infração da legislação, por

preferencialmente

meio do Drip test, as carcaças de aves congeladas

Extraordinário

apreendidas

Combate a Fome – MESA (BRASIL, 2003).

deveram

ser

devolvidas

ao

para

o

consumo

ao

Ministério

de

Segurança

humano, e

Estado

Alimentar

e

estabelecimento de origem ou a uma filial do mesmo grupo industrial, para o reprocessamento em cortes,

Qualquer suspeita de haja excesso de água,

recortes e outros segundo o critério estabelecido

principalmente quando é detectado presença de

pelo DIPOA/SDA/MAPA;

pedaços de gelo, a Vigilância Sanitária deverá ser

3°. No primeiro resultado laboratorial decorrente das

informada pra que as devidas providências sejam

análises fora dos padrões, a firma infratora será

tomadas, incluindo a comunicação e/ou denúncia

atuada e advertida;

direta a ouvidoria do Ministério da Agricultura e ao

4°. No segundo resultado laboratorial, confirmatório

Ministério Público, para que haja aplicação

da infração, será aplicada a empresa infratora, multa

adequada conforme cada caso (PAVIM, 2009;

de 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

SAÚDE E INSPEÇÃO ANIMAL, 2013).

5°. No terceiro resultado laboratorial com ocorrência de resultados fora dos padrões, a empresa será

MATERIAL E MÉTODOS

autuada e multada dobrando o valor de 25.000,00

As análises do presente estudo foram realizadas

(vinte e cinco mil reais).

no laboratório de Bromatologia e Nutrição Animal

6°. No quarto resultado laboratorial de análise fora

da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia

dos padrões, a firma infratora será autuada, e

Reunida situada na cidade de Redenção no

multada, dobrando o valor da multa em até R$

estado do Pará.

25.000,00 (vinte e cinco mil reais) e sendo necessário, para a comercialização das produções

Para melhor comparação em porcentagem do

posteriores, a apresentação de resultados oficiais de

teor de água presentes nas carcaças, foram

testes de gotejamento de quatro lotes (definido por

analisadas

turno de abate) consecutivos;

congelados

7°. Nos próximos resultados laboratoriais de análise

comercializadas em algumas cidades do Sul do

carcaças de

duas

de

frangos marcas

inteiros diferentes

Pará, como: Conceição do Araguaia, Redenção, 6005

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

Rio Maria e Xinguara.

tro da ave atingisse -4°C. Para manter a água com temperatura estável, utilizou-se um Ebulidor

Em cada cidade foram coletadas seis carcaças de

de 200 w, sendo inserido na água e retirado

cada marca, sendo um total de 24 amostras da

quando a temperatura da mesma mantinha-se

marca A e 24 amostras da marca B, totalizando 48

estável. Com um termômetro digital tipo espeto

amostras analisadas no decorre da pesquisa.

com temperatura de -50ºC a 300ºC mediu-se a

As

carcaças

congeladas

de

frangos,

quando

coletadas nos mercados das cidades vizinhas de Redenção (Conceição do Araguaia; Rio Maria e Xinguara), foram transportadas para o laboratório,

temperatura tanto da água em que era imersa a caraça, quanto à carcaça. Para a determinação do tempo de imersão utilizou-se a Tabela 1 (BRASIL, 1998).

em caixa isotérmica contendo gelo reciclável e armazenadas em freezer horizontal com capacidade de 305L com temperatura de -12ºC, até o momento da análise. No

laboratório

as

carcaças

encontravam-se

TABELA 1Tempo necessário para descongelamento das carcaças de frango pelo método da imersão em água a 42ºC conforme o peso. Peso da ave e

Tempo de imersão

armazenadas no congelador até o início das

vísceras (em gramas)

(em minutos)

análises, com o objetivo de manter as características

Até 800 801 a 900 901 a 1.000 1001 a 1.100 1.101 a 1.200 1.201 a 1.300 1.301 a 1.400 1.401 a 1.500 1.501 a 1.600 1.601 a 1.700 1.701 a 1.800 1.801 a 1.900 1.901 a 2.000 2.001 a 2.100 2.101 a 2.200 2.201 a 2.300

65 72 78 85 91 98 105 112 119 126 133 140 147 154 161 168

originais

de

comercialização.

Para

avaliar

a

porcentagem de água contida nas carcaças dos frangos congelados, foi utilizado o método de gotejamento, Drip test, segundo descrito pelo MAPA (BRASIL, 1998). Inicialmente e individualmente, enxugou-se o lado externo da embalagem de modo a eliminar todo o líquido e gelo. Em seguida, pesou-se a embalagem contendo

a

carcaça

congelada,

anotando-se,

obtendo-se a medida de “M0”. A carcaça foi retirada da embalagem com as

OBS: acima de 2300 gramas, mais 7 minutos por 100g adicionais ou parte. Fonte: Brasil (1998)

vísceras ainda em seu interior, e colocada em um saco plástico que foi hermeticamente fechado e identificado.

Após

o

período

indicado

e

atingindo

a

temperatura de 4°C, a carcaça com a embalagem

A embalagem foi devidamente seca e pesada, obtendo-se assim a medida “M1”. As embalagens e os sacos plásticos contendo as carcaças e seus miúdos foram identificados com a letra “A” (Amostra) conseguinte ao número de ordem da quantidade analisada de cada marca. O peso da carcaça foi calculado utilizando a Equação 1. Peso da carcaça = M0 – M1

foi retirada da imersão em água, logo se abriu um orifício na parte inferior, de modo que a água liberada pelo descongelamento fosse escorrida. Em seguida, retirou-se a carcaça com suas respectivas vísceras descongeladas do saco plástico, sendo encaminhadas para a secagem com

papel

absorvente.

Posteriormente

as

carcaças já secas, foram postas sobre a bancada Equação 1

por uma hora em temperatura ambiente entre 18 a 25°C, para que o restante de água, ainda

Em seguida a carcaça envolta pelo saco plástico foi

presente na carcaça, escorresse totalmente. Após

imersa com o peito voltado para baixo em água com

o término do tempo de uma hora, individualmente

temperatura de 42°C, até que a temperatura do cen-

secou-se as carcaças, as vísceras e suas embalagens.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6006


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

Pesaram-se as carcaças descongeladas, uma a

dos. Mas nada justifica os valores estarem acima

uma,

do que a legislação permite.

juntamente

com

as

vísceras

e

suas

embalagens, obtendo-se assim a medida “M2”. Logo, pesou-se a embalagem que continha as vísceras, obtendo-se a medida “M3”.

TABELA 2. Percentual de hidratação de carcaças de frangos congeladas e comercializados na micro região de Redenção-PA

Para a obtenção da porcentagem de água na

Marca A (%)

carcaça, foi utilizada a equação 2. % de líquido perdido = M0-MI-M2 x100

Equação 2

M0-M0-M3 Onde:

AmostraConceiçãoRedençãoRio MariaXinguara A1

11,49

5,43

9,00

8,16

A2

10,00

24,00

10,00

14,15

A3

9,20

14,00

9,00

9,06

A4

14,00

9,00

8,00

7,00

A5

11,00

16,45

7,00

12,00

A6

15,50

8,59

8,00

11,00

M0= Massa da carcaça com a embalagem, seca, antes do descongelamento; M1= Massa da embalagem seca; M2= Massa da carcaça, vísceras e embalagem das vísceras secas após o degelo; M3= Massa da embalagem seca das vísceras. Os resultados obtidos foram tabulados utilizando a planilha do Excel e foi executado a ANOVA e

Marca B (%)

avaliação das médias com Teste T-Student para dados pareados.

AmostraConceiçãoRedençãoRio MariaXinguara

RESULTADOS E DISCURSSÕES

A1

9,23

7,40

17,00

8,00

A2

14,00

8,00

8,00

7,00

A3

10,00

32,40

9,42

8,00

não ultrapasse 6%.

A4

12,00

10,00

15,00

8,00

Ao conferir os valores da porcentagem de água

A5

13,00

8,00

9,45

9,00

A6

10,12

8,56

9,00

9,00

Mediante a portaria nº 210 de 1998 do MAPA (BRASIL, 1998), é determinado que para carcaças da mesma marca e adquiridas no mercado local a quantidade de água resultante do descongelamento

resultante do descongelamento das carcaças após as análises, verificou-se que existia uma variação nos valores obtidos em uma mesma marca, como por exemplo, a marca “A” houve variação de 5,43% à 24%, e para a marca “B” ocorreu variação de 7% à

Fonte: Elaborado pelo autor

32,4%, conforme apresentado na tabela 2 (A e B), o

Com a análise estatística obteve-se a média para

que mostra uma desuniformidade da quantidade de

a porcentagem de água obtida em cada marca

água retida na carcaça congelada da mesma marca,

avaliada, sendo que o resultado encontrado foi de

isso pode ser explicado devido ao fato de que,

10,88% para a marca A e de 10,81% para a

apesar das carcaças (A ou B) serem da mesma

marca B. No teste de média com p<0,05 não

marca elas foram obtidas em cidades diferentes

houve diferença estatística entre as médias

podendo ser de lotes diferentes. Sendo assim o

avaliadas.

processo de abate, resfriamento e congelamento podem ter sido realizados em abatedouros da mesma empresa, porém em diferentes cidades, além de outras variáveis que podem influenciar nos resulta-

Pasqualetto et al. (2010), avaliaram o teor de liquido perdido pelo degelo de 84 amostras, totalizando

em

504

frangos

congelados

consumidos na região do Centro-Oeste, onde a 6007

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

e


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

porcentagem de líquido perdido pelas carcaças dos

quantidade de água, devido à permanecia em

frangos analisados no estado de Goiás foram

longo período de tempo nestes processos de

83,87%, Distrito Federal 76,47%, Mato Grosso do

resfriamento,

Sul 85,71%, ou seja, estes resultados apresentaram

aplicação de multas de acordo com as normas

valores

exorbitantes

empresa

à

padrões

estabelecidas pela legislação (BRASIL, 1998; BRASIL, 2003), sendo que esta pratica é

Grosso

considerada como fraude para o consumidor, com

melhores

condições

através para

aos

a

regulamentadores. Contudo o estado de Mato demonstrou,

condizentes

comprometendo

dos

resultados,

atendimento

ao

consumidor, pois das cinco amostras analisadas

o intuito de obtenção de maior lucratividade dos produtos.

somente duas não estavam em conformidade com a legislação. Com isso, os autores chegaram à

Segundo o MAPA (1998) o monitoramento na

conclusão que das 84 amostras analisadas 78,57%

etapa de pré-resfriamento deve ser minucioso,

estavam fora do padrão causando prejuízos ao bolso

pois além da diminuição da temperatura as

do consumido.

carcaças absorvem um teor de água exacerbado, se

Estes

resultados

não são diferentes

com

não

monitoradas

regularmente,

podendo

os

acarretar danos ao produto, como também ações

resultados obtidos no presente estudo, pois das 48

disciplinares as empresas que não se atentam ao

amostras analisadas 97,9% obtiveram percentual de

procedimento liberando um produto de má

hidratação acima do permitido, sendo assim, as

qualidade ao consumidor.

empresas responsáveis produtoras das carcaças analisadas deveriam passar por punições devido o

Esses

resultados

teor excedido de água presente nas mesmas.

independentemente

do

demonstram

que

ano

são

em

que

realizadas as pesquisas para averiguação dos Machado et al. (2012), ao realizarem a mesma

percentuais de água existente em carcaças

análise com amostras de seis carcaças de frangos

frangos congelada à disposição para o mercado

inteiros congelados, de cinco marcas diferentes

consumidor, é importante de se ter um serviço de

totalizando

inspeção

em

trinta

amostras

adquiridas

em

supermercados na região de Londrina-PR, obtiveram

adequado,

pois

quanto

maior

a

fiscalização, melhores serão os resultados.

resultados insatisfatórios, sendo que, das cinco marcas analisadas, três apresentaram resultados

No momento das análises foram detectados

acima dos 6% estipulado por lei.

hematomas na coxa, no peitoral e nas asas da carcaça depois que descongelados e falta de

Santos et al. (2008), através das análises realizadas

partes comestíveis como pés e moela, ou muita

no estado de Minas Gerais, chegaram a resultados

vezes no invólucro continha mais fígado ao invés

de 28,69% do teor de hidratação para frango inteiro

de ter todas as partes presentes para uma

e 31,18% de salmoura. No presente trabalho, o

constituição de um produto de qualidade e

maior percentual de absorção foi de 32,4% do teor

conforme descrito nas embalagens.

de absorção de água pelo frango. Verificou-se a presença de lesões localizadas nas Os resultados encontrados no presente estudo

coxas e asas em algumas carcaças, podendo ter

também corroboram com resultados encontrados por

sido adquiridas no manejo pré-abate, como por

Garnica et al. (2014) e Kato (2013), ao afirmarem

exemplo, no momento de apanha, assim como no

que valores excedidos em análises do percentual de

processamento industrial das caraças ao longo da

água absorvida por frangos, demonstram haver

cadeia produtiva (MALEON, 2013; GARNICA,

falhas tecnológicas e inspecionais nos abatedouros,

2014).

principalmente nas etapas de pré-resfriamento e resfriamento, pois sem o monitoramento minucioso

Nota-se que lesões e hematomas presentes e

dos chillers as carcaças tendem absorver maior

identificados em carcaças de aves são umas das

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6008


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

causas mais frequentes de condenação tanto parcial quanto

total,

podendo

estes,

ter

passado

despercebidos no momento de inspeção

post

BRASIL. Constituição (2002). Resolução nº 4, de 29 de

outubro

Disponível

fornecimento

um

produto

de

2002. Departamento

de

Inspeção de Produtos de Origem Animal.

mortem efetuada no abatedouro, implicando no de

de

em:

qualidade

https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esr

proporcionado ao consumidor (OLIVEIRA et al.,

c=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0a

2016).

hUKEwjx3_Mu7vQAhXBDJAKHWk5CpUQFggcM AA&url=http%3A%2F%2Fwww.ipef.br%2Flegislac

As empresas responsáveis pela produção das

ao%2Fbdlegislacao%2Farquivos%2F14520.rtf&us

carcaças analisadas deveriam passar por punições

g=AFQjCNFLcIthMGROGXFS_N0ADARRXm_KA

devido ao teor de água presente nas mesmas ter

&sig2=bxApQGcyaFBB8sSw9whKig.

excedido o ideal.

em: 20 out 2016.

Acesso

BRASIL. Instrução Normativa nº 26, de 23 de abril CONCLUSÃO Assim como em outros estados, no Pará, mais especificamente no sul do estado, a quantidade de água em carcaças de frangos congeladas são superiores ao determinado em lei. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

de 2003. Dispõe sobre destinação de produtos de origem animal apreendidos de que trata a Lei nº 7.889, de 23 de novembro de 1989. Disponível em: www.ipef.br/legislacao/bdlegislacao/arquivos/165 41.rtf Acesso em: 22 out 2016. BRIDI, Ana Maria. Qualidade de carne para o mercado internacional.

Disponível em: ABPA (BRASIL). Associação Brasileira de Proteína <http://webcache.googleusercontent.com/search? Animal. Relatório anual de 2016. Disponível em: q=cache:Fb9ypY7l6s0J:www.uel.br/pessoal/ambri <http://abpabr.com.br/files/publicacoes/c59411a243d6dab1da8e di/Carnesecarcacasarquivos/QualidadedaCarnep 605be58348ac.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2016. araoMercadoInternacional.pdf+&cd=1&hl=ptALONSO, Roberto Celidonio. Percentual de água em BR&ct=clnk&gl=br> Acesso em 25 abr. 2016. carcaças congeladas de frangos à venda em CASTRO, César Nunes de. A agropecuária na supermercados de Brasília. 2004. 31 f. Monografia região Norte: oportunidades e limitações ao (Especialização) - Curso de Especialização em desenvolvimento. Ipea: Instituto de Pesquisa Qualidade em Alimentos, Centro de Excelência em Econômica Aplicada, Brasília, v. 48, Maio 2013. Turismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2004. BARBOSA, Tatiana Morais; SILVA, Frederico Lopes da; COLLA, Luciane Maria; PRENTICE-HERNÁNDEZ, RODRIZ, Cássia Gabrielle de Queiróz; OLIVEIRA, Carlos. Congelamento e descongelamento – Rodrigo Arruda de; NAVARRO, Rodrigo Diana; sua influência sobre os alimentos. Vetor, Rio SANTANA, Angela Patrícia; MURATA, Luci Sayori. A Grande, n.13, p. 53-66, 2003 . Disponível em: importância da água na avicultura. <https://www.seer.furg.br/vetor/article/viewFile/42 BASTOS, D.C.O. Tecnologia de produtos 8/109>. Acesso em: 01 nov. 2016. agropecuários: conservação dos alimentos. 2008. DIONYSIO, Renata Barbosa; MEIRELLES, Fatima Faculdade da Amazônia. Vilhena. RO. Disponível em http://d.scribd.com/docs/199vj5lap8eypr8w0xww.pdf. Ventura Pereira. Conservação de Acesso em 01 nov. 2016. alimentos. 2003. Disponível em: BRASIL. Constituição (1998). Portaria nº 210, de 10 de <http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/Sala novembro de 1998. Ministério da Agricultura de Pecuária e Abastecimento/Secretaria de Defesa Leitura/conteudos/SL_conservacao_de_alimentos Agropecuária. Regulamento técnico da inspeção .pdf>. Acesso em: 15 out. 2016. tecnológica e higiênico-sanitária de carne de aves. Disponível em: DIPOA, Departamento de Inspeção de Produtos de <Http://webcache.googleusercontent.com/search?q= Origem Animal. Nota Técnica: Relação de cache:JfAQRWZMvXgJ:www.agricultura.gov.br/arq_ Estabelecimentos Autuados por excederem o editor/file/Ministerio/concursos/em_andamento/portar limite estabelecido na legislação, para ias/port%20210.doc+&cd=1&hl=ptabsorção de água em carcaças de aves. 2007. BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em 25 de set de 2015. 6009 Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

ECO. O que é a Amazônia Legal. 2014. Disponível em:

<http://www.oeco.org.br/dicionario-

ambiental/28783-o-que-e-a-amazonia-legal/>. Carlos

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Londrina, 2013. KRABBE,

Acesso em: 01 nov. 2016. ESPÍNDOLA,

(Mestrado em Tecnologia de Alimentos) –

José.

Trajetórias

do

E;

qualidade

ROMANI, e

do

A

Importância

manejo

da

água

da na

progresso técnico na cadeia produtiva de

produção de frangos de corte. XIV Simpósio

carne

Brasil Sul de Avicultura e V Brasil Sul Poultry

de

frango

do

Brasil. Geosul,

Florianópolis, v. 27, n. 53, p.89-113, jan/jun. 2012.

Fair – Chapecó-SC, p.113-121, 2013. MACHADO, Fernanda Mayumi; KATO, Talita;

FANTE, P. L. O; SOUZA, G. P; MIGUEL, G. Z;

PAIÃO, Fernanda Gonzales. Verificação do

SOUZA, O. M. Água retida nas carcaças de

percentual

frangos

descongelamento

congelados,

comercializados

em

pontes e Lacerda, MT. Mato Grosso, 2008.

de

água em

perdida frangos

por

inteiros

congelados comercializados na cidade de

GARNICA, Maria Fernanda; ROSSI, Gabriel Augusto

londrina/pr. 2012. 7 f. TCC (Graduação) -

Marques; GONÇALVES, Ana Carolina Siqueira;

Curso

de

Tecnologia

em

Alimentos,

AGUILAR, Carlos Eduardo Gamero; ALMEIDA,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná -

Henrique Meiroz de Souza; MARTINS, Ana Maria

UTFPR, Londrina-PR, 2012.

Centola Vidal. Avaliação das perdas de líquido

MAIA, Ana Paula de Assis; DINIZ, Luciana

por degelo de frangos congelados (Drip Test)

Lacerda de. Segurança alimentar e sistemas

em abatedouros. Revista Brasileira de Ciências

de gestão de qualidade na cadeia produtiva

Veterinária, São Paulo, v. 21, n. 1, p.64-66, 17

de

mar. 2014.

Nutritime, Viçosa - MG, v. 6, n. 4, p.991-1000,

GONÇALVES, C. R. Fluxograma de Abate de Aves.

Instituto

Eletrônica

Ago. 2009.

Graduação em Higiene e Inspeção de Produtos

Marie. Estratégias de manejo de frangos de

de

corte visando qualidade de carcaça e

2008.

de

corte. Rev.

MENDES, Ariel Antônio; KOMIYAMA, Claudia

Animal.

Curso

de

Pós

Origem

Qualittas.

frangos

Disponível

em

www.qualittas.com.br/artigos/artigo.php?artigo.

carne. Revista

Acesso em 01 fev. 2016.

sociedade brasileira de zootecnia, São Paulo,

IBGE (BRASIL). Instituto Brasileiro de Geografia e

brasileira

de

zootecnia:

v. 40, p.352-357, 2011. MONLEÓN, Rafael.

Estatística. Indicadores do IBGE: Estatística da

Manejo

Produção Pecuária Junho de 2016. Disponível

corte. Revista Aviagen Brief, Brasil, v. 6, n. 1,

em:

de

pré-abate

em

frangos

de

p.1-8, mar. 2013.

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicado

MULLER, Amanda Teigão; PASCHOAL, Eliane

res/agropecuaria/producaoagropecuaria/abate-

Cuaglio; SANTOS, José Maurício Gonçalves

leite-couro-ovos_201601_publ_completa.pdf>.

dos. Fatores pós-abate que influenciam a

Acesso em: 15 jul. 2016.

qualidade da carne de frango. Trabalho de

IDEC, Instituto Nacional de Defesa do consumidor. Excesso

de

água

nas

aves. Revista

do

Idec, São Paulo, p.15-19, fev. 2005. por

síndrome

ascítica

em

frangos abatidos sob inspeção federal entre 2002 e 2006 no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 7, n. 38, p.1996-1971, 09 abr.2008. KATO, Talita. Qualidade da carne de frango: relação

com

carnes

PSE

e

Centro

Universitário

Cesumar

-

UNICESUMAR, Florianópolis - SC, v. 15, n. 2,

JACOBSEN, Gislaine; FLÔRES, Maristela Lovato. Condenações

Iniciação Cientifica (Medicina Veterinária) -

instrução

normativa 210/1998. 2013. 56 f. Dissertação

p.111-119, dez. 2013. OLIVEIRA, D.R.M.S. & NÄÄS, I.A. Issues of sustainability on the Brazilian broiler meat production chain. In: international conference advances in production management systems, 2012. Rhodes. Anais…Competitive Manufacturing for Innovative Products and Services: proceedings, Greece: International Federation for Information Processing, 2012.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6010


Artigo 427 – Teor de hidratação de carcaças de frangos de corte congelados comercializados na microrregião de Redenção-Pará

OLIVEIRA, Adriana Aguiar; ANDRADE, Maria

RECHE, RICARDO ANTONIO; RUI, CHARLES; Marcel;

CAMARGO, MARIA EMILIA. Absorção de

BUENO, Pedro Henrique Salgado. Principais

água em carcaças de frango: um estudo

causas de condenação ao abate de aves em

sobre

matadouros

capabilidade

Auxiliadora;

ARMENDARIS,

frigoríficos

Paulo

registrados

no

os

fatores

serviço brasileiro de inspeção federal entre

Encontro

2006 e 2011. Revista Brasileira Ciência Animal,

Produção,

Goiânia, v.17, n.1, p. 79-89 jan./mar. 2016.

Propriedades

PASQUALETTO, Antônio; SILVA, Gyzelle Cristina

do

Nacional

determinantes processo. De

Inovação Intelectual:

e

a

Anais...XXI

Engenharia

De

Tecnológica

e

Desafios

da

Engenharia de Produção na Consolidação do

Cordeiro; FRANÇA, Maria José de Araújo;

Brasil

BORGES, Melina Cunha; GODINHO, Rafaella

2011.Belo Horizonte, MG, p. 14, 04 a 07 out

no

Cenário

Econômico

Mundial,

Alves; REIS, Raquel Loren. Avaliação do teor

2011.

de líquido perdido por degelo de frangos

RIBEIRO, Cilene da Silva Gomes; CORÇÃO,

congelados (Dripping Test) consumidos no

Mariana. O consumo de carne no Brasil:

centro-oeste do brasil. 2010. Disponível em:

entre

http://www2.ucg.br/nupenge/pdf/artigo_01.pdf>.

nutricionais. DEMETRA:

Acesso em: 25 Fev. 2016.

NUTRIÇÃO & SAÚDE, Curitiba, v. 14, n. 8,

PAVIM, Breda Karen. A incorporação de água no frango

como

fraude

econômica

no

valores

socioculturais

e

ALIMENTAÇÃO,

p.425-438, 2013. ROÇA, Roberto de Oliveira. Congelação. 2000.

brasil. 2009. 82 f. Monografia (Especialização) -

Disponível

Curso de Especialização em Medicina Veterinária

<http://www.fca.unesp.br/Home/Instituicao/Dep

em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem

artamentos/Gestaoetecnologia/Teses/Roca10

Animal, HIPOA, Universidade Castelo Branco,

9.pdf>. Acesso em: 22 out. 2016.

Curitiba – Pr., 2009.

em:

SANTOS, G.C.; AGUIAR, E.D.; OLIVEIR, R.G.;

PESSOA, G.T.; SOUSA, G.V.; FERRAZ, M.S.;

SABINO, L.A.; PINTO, G.V.D.; SARCINELLI,

FEITOSA, M.L.T.; SAMPAIO, A.M. Estratégias

Miryelle Freire; VENTURINI, Katiani Silva;

inovadoras no manego de frangos de corte

SILVA, Luís César da. Abate de aves. 2008. Disponível em:<http://www.agais.com/telomc/b00607_abate _frandodecorte.pdf>. Acesso em: 18 maio

em avicultura industrial: fases pré inicial, inicial,

engorda

e

final.

Revista

Pubvet,

Londrina, v. 7, n. 12, ed. 235, art. 1553, 2013. PPCAAP (Brasil). Programa de Prevenção e

2016.

Controle de Absorção de Água em Carcaças

SILVA, P. L. Segurança alimentar e legislação

de Aves. Programa de Autocontrole PAC

na produção. In: VII Simpósio Brasil Sul de

17. 2013.

Avicultura, Chapecó, SC p.34 – 40. 2006.

Disponível

em:

<http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/201

UBABEF, União Brasileira de Avicultura. União

6-07/1_-pac-17---programa-de-prevencao-e-

para

controle-de-absorcao-de-Agua----ppcaap.pdf>.

Uma publicação da União Brasileira de

Acesso em: 20 jul. 2016.

Avicultura. São Paulo, v. 32, n. 1, p.1-32.

PROTEST (BRASIL). Teste constata excesso de

superar

desafios. Avicultura

Brasil:

2012.

água no frango congelado. 2015. Disponível

VIEIRA, Maitê de Moraes. Qualidade de carcaça

em:<https://www.proteste.org.br/alimentacao/carn

em frangos de corte. 2004. 28 f. Monografia

es/noticia/teste-constata-excesso-de-agua-no-

(Graduação) - Curso de Medicina Veterinária,

frango-congelado>. Acesso em: 30 nov. 2015.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

6011

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6000-6011, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Probiótico na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

Revista Eletrônica

Aves, desempenho, ganho de peso, nutrição. Vol. 13, Nº 04, maio/jun de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

Josué Rodrigues Barroso¹ Antônio Hosmylton Carvalho Ferreira² Ana Beatriz Machado da Silva¹ Moisés da Silva Araújo¹ Letícia Tuane Souza Oliveira¹ ¹Graduando em Eng. Agronômica na Universidade Estadual do PiauíUESPI, Parnaíba-PI. E-mail para correspondência: josuebarroso23@gmail.com ²Professor Adjunto da Universidade Estadual do Piauí, campus Professor Alexandre Alves de Oliveira, Parnaíba-PI.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o uso de

PROBIOTIC DIETARY PULLETS HILLBILLIES OR LABEL ROUGE STRAIN IN FINALS

probiótico (Saccharomyces cerevisiae) em ração

ABSTRACT

para frangas da linhagem label rouge para a

The objective of this study was to evaluate the use of

avaliação do desempenho e rendimento de carcaça

probiotics (Saccharomyces cerevisiae) in feed for

no período de 1 a 75 dias de idade em um sistema

chickens reared the label rouge line for assessing

de confinamento. Foram utilizados 50 pintainhas,

the performance and carcass yield in the period 1-75

distribuídos

inteiramente

days of age in a confinement system. 50 were used

casualizado, com 2 tratamentos, 5 repetições e 5

chicks, distributed in a completely randomized

pintainhas

Os

design with two treatments, five replications and five

tratamentos consistiram de uma dieta balanceada,

chicks as experimental unit. Treatments consisted of

nos quais constaram a ausência ou a presença de

a balanced diet in which consisted absence or

probiótico: (T01) – dieta controle (sem o uso de

presence of probiotics: (T01) - control diet (without

probiótico) e a (T02) - dieta com a utilização de

the use of probiotic) and (T02) - diet with the use of

probiótico. O probiótico utilizado na ração foi

probiotic. The probiotic used in the feed was

composto por uma cepa única de levedura (S.

composed of a single strain of yeast (S. cerevisiae).

cerevisiae). O produto veio agregado com o premix

The product came with the added mineral and

em como

delineamento unidade

experimental.

-1

de

vitamin premix. 1 was used g.Kg-1 probiotic in the

uso

do

experimental feed. The use of probiotic in feeding

probiótico na alimentação de frangos da linhagem

chickens label rouge strain, did not improve animal

label

de

performance variables and promoted positive effect

desempenho dos animais, porém foi observado

(P <.05) in gain in the chest and heart period of 1 to

efeito positivo (P< 0,05) no ganho de coração no

75 days of age.

período de 1 a 75 dias de idade.

Keyword: birds, nutrition, performance, weight gain.

mineral

e

probiótico

vitamínico. na

rouge

ração não

Utilizou-se experimental.

melhorou

as

1

g.Kg O

variáveis

Palavras-chave: aves, desempenho, ganho de peso, nutrição.

6012


Artigo 428 – Probióticos na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

INTRODUÇÃO A criação de aves para produção de carne tipo

antibióticos na carne e derivados. Em junho de 1999,

caipira é um dos segmentos mais promissores da

a Comunidade Econômica Europeia (CEE) baniu o

avicultura alternativa, tendo em vista a demanda por

uso

produtos mais saborosos, firmes e com sabor

crescimento na alimentação de aves em função do

pronunciado.

um

aparecimento de resistência infecciosa a várias

considerável aumento na utilização dos sistemas de

drogas usadas em terapia na medicina humana

criação

(FLEMMING, 2005).

e

Nos

últimos

produção

de

anos aves.

houve Portanto,

de

alguns

antibióticos

promotores

de

necessidade de realização de trabalhos de pesquisa que avaliem os parâmetros nutricionais e seus

Devido a crescente produção de carne avícola, é

efeitos sobre o desempenho nas aves caipira no

necessário a utilização de técnicas que possam

Brasil a fim de que tais sistemas proporcionem

minimizar ou substituir o uso desses promotores de

melhor qualidade no produto final.

crescimento (antibióticos). Uma das alternativas que o meio técnico e científico vem buscando para

A produção de frango de corte no Brasil evoluiu de

substituir a utilização de antibióticos na avicultura é a

forma bastante expressiva nesses últimos anos, com

substituição desses produtos por probióticos.

ganhos no mercado internacional. Desde 2004, o Brasil é o maior exportador mundial de carne avícola

Probiótico são cepas de microrganismos vivos, que

(FAO,

de

agem com auxiliares na recomposição da flora

Agricultura dos EUA (USDA), em 2015 o Brasil

microbiana do trato digestivos dos animais e

superou a China, tornando – se o segundo maior

diminuem o número de microrganismos patogênicos

produtor de carne de frango do mundo, atrás apenas

(BRASIL, 2007). Quando são usados na alimentação

dos Estados Unidos, (FAO, 2015).

de aves, os probióticos aumentam a eficiência

2015).

Segundo

o

Departamento

alimentar,

proporcionam

melhor

A procura por alimentos saudáveis, produzidos

alimento,

atuam

promotor

conforme as regras mínimas de segurança alimentar

crescimento diminuem as perdas devido a doenças

têm aumentado a exigência do consumidor. Dessa

infecciosas e reduzem os sintomas de estresse

forma, torna-se necessário a implantação de novas

(KOZASA, 1989). Entre as diversas funções dos

técnicas

probióticos,

nos

sistemas

de

produção,

visando

como

destaca-se

o

ao

natural

de

como

microrganismos

final.

patogênicos (FULLER et al., 1989).

Segundo Castellini et al. (2008), a produção da

O probiótico utilizado na ração foi composto por uma

linhagem francesa label rouge aumentou quatro

cepa única de levedura Saccharomyces cerevisiae.

vezes

Leveduras

20

anos,

sendo

comercializada

do

gênero

competem

esses

produção em alta escala e qualidade no produto

em

benéficos

modo

qualidade

com

Saccharomyces

os

são

essencialmente como carcaças inteiras. Porém, a

unicelulares, apresentam-se de forma alongada ou

comercialização deste tipo de produto tende a

ovaladas, abundantemente encontradas na natureza

diminuir,

em frutas cítricas, cereais e vegetais (FLEMMING,

devido

à

demanda

por

produtos

transformados em cortes.

2005).

O uso de antibióticos iniciou-se a partir da década de

Nesse contexto, objetivou-se com este experimento

50, com

resultados positivos nos índices de

avaliar o desempenho e o rendimento de carcaça de

produção animal, como terapêutica no tratamento de

frangas da linhagem label rouge alimentadas com

infeções bacterianas do trato gastrintestinal e como

probiótico e sem probiótico em suas dietas em um

agentes promotores do crescimento (FLEMMING,

período de 1 a 75 dias de vida.

2005).

Mais

tarde,

seu

uso

excessivo

e

indiscriminado proporcionou o aparecimento de

MATERIAL E MÉTODOS

resistência microbiana e a presença de resíduos de

O experimento foi realizado na Universidade Esta-

6013

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6018, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 428 – Probióticos na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

Jesualdo

Nas Tabelas 1 e 2 está a composição da ração

Cavalcanti Barros – Corrente/PI, no Laboratório de

comercial utilizada de acordo com a fase de vida dos

Ensaios Nutricionais em Animais (LENA) do Centro

animais.

dual

de

do

Piauí/UESPI,

Ensino

e

Campus

Pesquisa

em

Dep.

Nutrição

Animal

(CEPENA) durante um período de 75 dias de vida

TABELA 1: Composição da ração comercial na fase

das aves.

de 1 a 28 dias de aves da linhagem label rouge

Um total de 50 pintainhas da linhagem Label Rouge, com peso inicial de 34,8 ± 4,5 g, foram distribuídas

Níveis

Valores

entre os 10 boxes, ficando cinco aves por parcela experimental, e dois tipos de dietas foram testadas,

-1

Umidade (g.Kg )

130,00 -1

194,00

-1

20,00

contabilizando dois tratamentos. Água e a ração

Proteína bruta (g.Kg )

foram

Extrato etéreo (g.Kg )

fornecidas

durante

todo

o

período

experimental, sendo os bebedouros do tipo pressão e comedouros tipo tubulares, com capacidade para

-1

Fibra bruta(g.Kg )

50,00

-1

Cálcio (g.Kg )

10,00 -1

Fósforo (mg.Kg )

10 kg de ração.

6.300,00

*Premix vitamínico e mineral: vitamina (A) - 12 000,00 UI/Kg;

As aves foram alojadas em uma área dividida em 10 boxes com 2m

2

vitamina D3 - 300,00 UI/kg; vitamina (E) - 21,00UI/kg; vitamina (K3) - 2,40 mg; ácido fólico - 0,60 mg/kg; biotina - 0,07 mg; colina -

sobre uma cama de maravalha

480,00 mg/kg; niacina - 30,00 mg/kg; acido pantatênico - 18,0

colocada a uma espessura de 5 cm para melhor

mg/kg; vitamina B1 1,80 mg/kg; vitamina B2 - 9,00 mg/kg; vitamina

conforto dos animais e evitar lesões. O galpão

B6 - 2,40 mg/kg; vitamina B12 - 18,00 mg/kg; lisina - 10,20 g/kg;

experimental apresentava uma cortina de polietileno

metionina - 2.800,00 mg/kg; cloro hidroxiquinolina - 30,00 mg/kg; nicarbasina - 125,00 mg/kg; fitasse - 500,00 u/kg; matéria mineral

em sua volta para um melhor conforto térmico das

- 100,00 g/kg; cálcio 10,00 mg/kg; sódio - 1.500,00 mg/kg; ferro -

aves. Os boxes foram feitos de paletes (sobras de

30,00 mg/kg; cobre - 6,00 mg/kg; zinco 50,00 mg/kg; manganês -

madeiras utilizadas para conter rações e outros

70,00 mg/kg; iodo - 1,00 mg/kg ;selênio - 0,35 mg/kg; cobalto -

0,20 mg/kg.

materiais).

Fonte: Elaborada pelo autor

Os tratamentos consistiram de uma dieta teste sem o uso do probiótico (T01) e a mesma dieta com a utilização do probiótico (T02). O probiótico utilizado na ração foi composto por uma cepa única de levedura (Saccharomyces cerevisiae), na qual o produto veio agregado com o premix mineral e vitamínico. Este serve como substrato a cepa, para que então possa ser ativado por meio da mistura com a dieta experimental.

TABELA 2: Composição da ração comercial na fase de 29 a 75 dias de aves da linhagem label rouge Parâmetros nutricionais

-1

Valores (g.kg )

Umidade

130,00

Proteína bruta

167,00

Extrato etéreo

20,00

Fibra bruta

50,00

*Premix vitamínico e mineral: vitamina (A) - 12 000,00UI.kg-1; vitamina D3 – 3.000,00 UI.kg-1; vitamina (E)

- 21,00 UI.kg-1;

-1

vitamina (K3) - 2,40 mg.kg ; ácido fólico - 0,60 mg.kg-1; biotina -

Foi utilizado um grama de probiótico para cada -1

quilograma de ração (1 g.kg ), de acordo com as recomendações do produto, durante o período de 1 a 75 dias de idade. Antes do início do experimento, os

0,07 mg.kg-1; colina - 400,00 mg.kg-1; niacina - 30,00 mg.kg-1; acido pantatênico - 18,0 mg.kg-1; vitamina B1 - 1,80 mg.kg-1; vitamina B2 - 9,00 mg.kg-1; vitamina B6 - 2,40 mg.kg-1; vitamina B12 - 18,00 mg.kg-1; lisina –8.500,00 mg.kg-1; metionina - 2.500,00 mg.kg-1; clorohidroxiquinolina - 30,00 mg.kg-1; fitase –0,5mg.kg-1;

boxes e todos os equipamentos foram limpos e

matéria mineral - 100,00 mg.kg-1; cálcio 10,00 mg.kg-1; sódio -

desinfetados. As pintainhas de um dia foram

1.500,00 mg.kg-1; ferro - 30,00 mg.kg-1; cobre - 120,00 mg.kg-1;

vacinadas no incubatório contra a bouba aviária, doença de Marek, Newcastle e Gumboro, para promover uma sanidade e uma melhor imunidade aos animais.

zinco 50,00 mg.kg-1; manganês - 60,00 mg.kg-1; iodo - 1,00 mg.kg-1 ;selênio - 0,35 mg.kg-1; cobalto - 0,20 mg.kg-1.

O desempenho foi avaliado durante o período de 1 a 75 dias através do ganho em peso (GP) = (peso final peso inicial); ganho em peso diário (GPD) = (peso final-

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6018, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6014


Artigo 428 – Probióticos na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

peso inicial) / tempo (em dias); total de ração (TR) = (soma de toda ração fornecida no período); sobras

0,73 Peso final (g)

de ração (SB) = (soma das sobras da ração fornecida no período); consumo total de ração (CTR)

1,74

1876,2

±1934,4

95,36 Ganho de peso (g)

1900,44

= (ração total – sobras); consumo diário de ração

67,98

(CDR) = consumo de alimento / tempo (em dias);

Ganho de peso diário25,34

CDRAV = consumo diário de ração por ave

(g/dia)

(consumo diário de ração / quantidade de animais na

Conversão alimentar 3,6 ± 0,4

0,05 ±P

148,69

0,05

±1841,8

±P

139,98

>0,05

±24,56

1,45

±P 0,05

3,2 ± 0,2

P >0,05

médio (consumo total de ração/ quantidade de

Taxa de crescimento5,39 ± 0,2 5,33 ± 0,21 P

animais

específico

unidade

experimental);

conversão

alimentar aparente (CAA) = consumo de alimento /

>0,05

Sobrevivência (%)

96

92

ganho em peso total; viabilidade (VB) [(Número de aves no tratamento – quantidade de aves mortas no

>

2,98

unidade experimental), CRM = consumo de ração na

>

P >0,05

Fonte: Elaborado pelo autor

período)/número de aves no tratamento)x100]. A viabilidade do experimento foi muito boa, sendo Aos 75 dias de idade, foram retiradas para serem

que não houve efeito significativo (P>0,05) no

abatidas, uma ave por boxe, totalizando 10 aves. As

período de 1 a 75 dias de criação nos parâmetros de

aves permaneceram em jejum por um período de 8

desempenho nos tratamentos avaliados, sendo de

horas, logo depois foram abatidas por atordoamento

acordo com os resultados encontrados para essas

e sangria, seguidos da pesagem, escaldagem,

variáveis, não se faz necessário o uso de antibióticos

depenagem e evisceração. Os rendimentos de

para essa linhagem, pois o mesmo não promoveu

carcaça e de cortes comerciais foram expressos em

melhorias significativas. Resultados que coincidiram

relação ao peso corporal no momento do abate.

com os de CALIMAN & COUTO (2010), em que os autores não encontraram diferenças significativas

A análise estatística foi realizada utilizando-se o

nas mesmas variáveis com utilização de probiótico

procedimento ANOVA com o programa estatístico

em substituição a antibióticos como promotores de

Statistical Analysis Systems, (SAS, 2005). Em caso

crescimento de aves da mesma linhagem.

de diferença significativa (p<0,05) entre as médias das variáveis estudadas, foi utilizado o teste de

DALÓLIO et al. (2015), não encontraram diferenças

Tukey a 5% de probabilidade.

significativas na inclusão de diferentes aditivos alternativos aos antimicrobianos - promotores de

RESULTADOS E DISCUSSÃO

crescimento - na ração de frangos de corte, nos

Na tabela 3 estão apresentados os resultados

parâmetros de desempenho das aves. Segundo os

referentes ao desempenho das aves. Não foram

mesmos

observadas diferenças estatísticas (P>0,05) entre os

antimicrobianos promotores de crescimento podem

tratamentos para desempenho em nenhuma das

ser utilizados na alimentação de frangos de corte,

variáveis analisadas.

sem comprometer o desempenho, o rendimento de

autores,

os

aditivos

alternativos

aos

carcaça, de cortes e a qualidade da carne. SOUZA Tabela 3. Desempenho de frangas da linhagem label

et al. (2010), também não observaram diferenças

rouge submetidas a dietas com presença e ausência

significativas para o desempenho de frangos de

de antibiótico até os 75 dias de idade.

corte alimentados com ração sem aditivos, com

Variáveis

Peso inicial (g)

6015

Ração

Ração

comercial

comercial

Sem

com

probiótico

probiótico

33,96

±34,40

P valor

antibiótico promotor de crescimento e probiótico. SILVA et al. (2011), na comparação de dietas suplementadas

±P

>

com

antibióticos,

probiótico,

prebiótico e simbiótico (probiótico e prebiótico),

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6018, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 428 – Probióticos na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

observaram

que

as

aves

alimentadas

com

Cortes

Com probiótico

Sem probiótico

P valor

P.C

52,12 ± 4,95 a*

54,67 ± 4,86 a

P > 0,05

peso aos 21 dias. Resultados que diferem dos

P.Pe

69,92 ± 3,95 a

70,18 ± 8,29 a

P > 0,05

encontrados por ZUANON et al. (1998), em que os

P.Pés

62,79 ± 5,05 a

65,50 ± 4,05 a

P > 0,05

autores não encontraram diferença significativa no

PS/CPesPés

1631,9 ± 77,11 a 1715,08 ± 120,66 a P > 0,05

P.Co

7,73 ± 0,27 b

8,424 ± 0,4310 a

< 0,05

P.Fi

28,40 ± 3,17 a

32,46 ± 3,41 a

P > 0,05

autores não acharam diferenças significativas nas

C,Ffri sem

1399,7 ± 42,72 a 1467,4 ± 75,93 a

P > 0,05

variáveis de conversão alimentar e consumo de

Intes

ração

P.Mo

47,13 ± 6,88 a

48,89 ± 11,27 a

P > 0,05

P.In

78,79 ± 8,15 a

80,35 ± 27,63 a

P > 0,05

P.Gor

72,14 ± 31,63 a 48,87 ± 10,97 a

P > 0,05

P.S.As

85,13 ± 3,57 a

83,20 ± 20,46 a

P > 0,05

Neste trabalho, observou-se que não se faz

P.E.As

87,48 ± 2,05 a

95,17 ± 7,60 a

P > 0,05

necessário o uso de antibióticos, como promotores

P.Cox

195,43 ± 19,49 a 214,51 ± 11,92 a

P > 0,05

de crescimento para essa linhagem, pois tanto o

P.En-Cox

212,80 ± 2 1,07 a 229,18 ± 13,25 a

P > 0,05

P.Pe

408,56 ± 30,52 a 456,62 ± 29,39 a

P > 0,05

P.Do

404,12 ± 64,28 a 393,2 ± 22,85 a

P > 0,05

probióticos e simbiótico tiveram maior ganho de

ganho de peso das aves na fase final. Os mesmos

com

a

utilização

de

probióticos

como

promotores de crescimento para aves.

desenvolvimento aditivos

como

de sem

frangas

alimentadas

aditivos,

não

com

obtiveram

diferenças significativas para peso final, ganho de

P.C = peso da cabeça; P.Pe = peso pescoço;P.Pés = peso

peso, taxa de sobrevivência e conversão alimentar.

pés; PS/C PesPés = peso sem cabeça, pescoço e pés; P.CO

Porém, LODDI et al. (2000), observaram que os

= peso coração; P.Fi = peso do fígado; C.Ffri sem intes =

frangos alimentados com antibióticos obtiveram

carcaça fria sem intestino; P.Mo = peso da moela; P.In = peso intestino; P.Gor. = peso gordura; P.S.As = peso sobre asas;

melhores resultados no peso final e no ganho de

P.E.As = peso entre-asas; P.Cox = peso coxa; P.En.Cox =

peso em ralação aos frangos suplementados sem

peso entre-coxas; P.Pe = peso peito; P.Do = peso do dorso. *

a,b Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha

antibióticos no período de 1 a 21 dias.

diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância (P<0,05).

Resultados benéficos com o uso de probiótico, em todas

as

fases

de

criação,

também

encontrados por outros autores (BERTECHINI & HOSSAIN, 1993; OWINGS et al., 199 e JIN et al., 1997).

Porém, há também

aqueles

que

Fonte: Elaborado pelo autor

foram

não

encontraram resultados benéficos (JIRAPHOCAKUL et al., 1990; KHAN et al., 1992; CAVAZZONI et al., 1993 e HENRIQUE et al., 1997).

Para as variáveis de desempenho de cortes de carne analisadas, foi observado efeito significativo (P<0,05) somente para o rendimento de coração, os demais não obtiveram efeito significativo (P>0,05) com a substituição do uso de aditivos promotores de crescimento por probióticos nas rações de frangos de corte Label Rouge no

FERREIRA et al. (2014), substituindo o farelo de

período de 1 até 75 dias.

soja por doses crescentes de farelo de amendoim, obtiveram resultados positivos no ganho de peso e consumo de ração de frangos caipiras Label Rouge. Segundo os mesmos autores, a substituição de até 25% afetou negativamente o rendimento de carcaça.

MOHAN

et

diferenças

al.

(1996),

significativas

não no

encontraram

rendimento

de

coração, baço, fígado e moela. DOS SANTOS et al.

(2005),

obtiveram

maior

rendimento

de

carcaça, peito, sobrecoxa e maior peso relativo A tabela 4 mostra os resultados médios referentes ao rendimento de carcaça e principais tipos de

de fígado, em seus experimentos com a linhagem Cobby.

cortes de aves da linhagem label rouge até os 75 dias de vida.

LODDI et al. (2000), obtiveram maior rendimento

TABELA 4: Desempenho dos principias tipos de cortes de frangas caipiras da linhagem label rouge até os 75 dias de idade

de

carcaça

com

ração

suplementada

com

antibiótico e probiótico. AWAD et al. (2009), também avaliando o uso de probiótico na ração, não

obtiveram

diferença

significativa

rendimento de carcaça em relação ao grupo Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6018, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6016

para


Artigo 428 – Probióticos na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

controle. Porém, PELICANO et al. (2003) obtiveram

and synbiotic on growth performance, organ

melhoria no rendimento de carcaça no tratamento

weights, and intestinal histomorphology of

controle em ralação às aves que tiverem probióticos

broiler chickens. Poultry Science, v. 88, p. 49-

adicionados na ração.

56, 2009. BERTECHINI, A. G.; HOSSAIN, S. M. Utilização

SOUZA et al. (2010), comparando o uso de

de um tipo de probiótico como promotor de

probióticos

crescimento em rações de frangos de corte.

e

antibióticos

nas

rações,

não

encontraram diferenças nos tratamentos avaliados

In:

para o rendimento de carcaça e de cortes comercias

TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1993, Santos.

em nenhuma das variáveis analisadas. Resultados

CONFERÊNCIA

DE

CIÊNCIA

E

Anais... Santos: APINCO, 1993. p.1

semelhantes foram observados por DA SILVA et al.

BRASIL, Ministério da agricultura Instrução

(2011), em que os autores também não obtiveram

Normativa n 13, de 30 de Novembro de

diferenças significativas nos rendimentos de corte

2004. Brasília 2004.

para frangos da linhagem Cobb 500, suplementados

CALIMAN, A. P. M. et al. Use of probiotic

com rações composta por antibiótico e outra por

BACSOL-VT in broiler strain of colonial raised

probiótico. Admitindo, assim, que o uso do probiótico

in confinement. Nucleus Animalium, v. 2, n.

como promotor de crescimento pode ser usado em

2, p. 33-40, 2010.

substituição ao antibiótico sem comprometer a qualidade do produto final.

CASTELLINI, C. et al. Qualitative attributes and consumer perception of organic and free-range poultry

SANTOS & TURNES (2005), verificaram que a

meat.

World's

Poultry

Science

Journal, v. 64, n. 04, p. 500-512, 2008.

utilização de probióticos não promove uma interação

CAVAZZONI, V.; ADAMI, A., CASTROVILLI, C. et

significativa nas variáveis de rendimento de carcaça,

al. 1993. A preliminary experimentation on

porém podem ser úteis para o estabelecimento de

broilers with a strain of Bacillus coagulans as

estratégias

probiotic.

com

probióticos

mais

eficientes

e

promover a melhoria em índices zootécnicos.

Microbiologie

Aliments

Nutrition,

11:457-62. DALÓLIO, F. S. et al. Aditivos alternativos ao uso

Na presente pesquisa, o rendimento da carcaça e o

de antimicrobianos na alimentação de frangos

desempenho dos principias tipos de cortes não

de corte. Revista Brasileira de Agropecuária

foram

Sustentável, v.5, n. 1, 2015.

influenciados

pela

suplementação

do

probiótico ou de antibiótico, como promotores de

DA SILVA, W. T. M. et al. Avaliação de inulina e

crescimento para frangas da linhagem Label Rouge

probiótico

para

frangos

de

corte-doi:

abatidas aos 75 dias. Com esses resultados, além

10.4025/actascianimsci. v33i1. 9979.

de uma viabilidade, podemos verificar que o

Scientiarum. Animal Sciences, v. 33, n. 1, p.

probiótico pode vir a substituir os antibióticos como

19-24, 2011.

Acta

promotores de crescimento em aves, pois mantém o

FERREIRA, M. W. et al. Desempenho de frangos

mesmo padrão de desempenho, sem provocar

caipiras Label Rouge alimentados com farelo

danos aos animais.

de amendoim em substituição parcial ao farelo de soja. Revista Brasileira de Ciência

CONCLUSÕES

Veterinária, v. 21, n. 2, p. 105-109, abr/jun,

A utilização de probiótico, na ração, não melhorou o

2014.

desempenho das aves em relação ao grupo controle

FLEMMING, J. S. Utilização de leveduras,

nas variáveis de desempenho. Porém, o probiótico

probióticos

(Sacchamyces cerevisiae) utilizado na alimentação

(MOS) na alimentação de frangos de corte.

de frangos da linhagem label rouge, promoveu

Cuiritiba, 2005. 111 f. Tese (Doutorado em

resultados positivos (P< 0,05) no ganho de coração.

Tecnologia de Alimentos) – Universidade

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AWAD, W. A.; GHAREEB, K.; ABDEL-RAHEEM, S.; BOHM, J. Effects of dietary inclusion of probiotic 6017

e

mananoligossacarídeos

Federal do Paraná. HENRIQUE, A. P. F. et al. Uso de probióticos e antibióticos como promotores de crescimento para frangos de corte. In: CONFERÊNCIA

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6018, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 428 – Probióticos na dieta de frangas da linhagem Label Rouge no período de 1 a 75 dias de idade

APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1997, São Paulo.

OWINGS, W.J. et al. 1990. Influence of dietary supplementation with Streptococcus faecium M-

JIN, L. Z., HO, Y.W., ABDULLAH, N. et al. 1997.

74 on broiler body weight, feed conversion,

Probiotics in poultry: modes of action. World‟s Poult.

carcass characteristics and intestinal microbial

Sci. J., 53:351-368.

colonization. Poult. Sci., 69:1257-64.

JIRAPHOCAKUL, S., SULLIVAN, T. W., SHAHANI, K.

PELICANO, E.R.L. et al. Effect of different probiotics

M. 1990. Influence of a dried Bacillus subtilis culture

on broiler carcass and meat quality. Revista

and

Brasileira de Ciência Avícola, v. 5, n. 3, p. 207-

antibiotics

on

performance

and

intestinal

microflora in turkey. Poult. Sci., 69:1966-73.

214, sep/dec, 2003.

KHAN, M. L., ULLAH, I., JAVED, M. T. 1992. Comparative study of probiotics, T.M. 50 Biovin-40 and Albac on the performance of broiler chicks. Pakistan Vet. J., 12:145-7.

RODRIGO, J. G. S.; GIL, C. T. Probióticos em avicultura. Ciência Rural, 2005. SOUZA, L. F. A. et al. Probiótico e antibióticos como promotores de crescimento para frangos de corte.

LODDI, Maria M. et al. Uso de probiótico e antibiótico sobre o desempenho, o rendimento e a qualidade de

Colloquium Agrariae, v. 6, n.2, p. 33‐39, 2010. ZUANON, J. A. S. et al. Desempenho de frangos de

carcaça de frangos de corte. Revista Brasileira de

corte

Zootecnia, p. 1124-1131, 2000.

antibiótico e probiótico adicionados isoladamente,

MOHAN,

B.

et

al.

1996.

Effect

of

probiotic

alimentados

associados

e

em

com uso

rações seqüencial.

contendo Revista

supplementation on growth, nitrogen utilization and

brasileira de Zootecnia, v. 27, n. 5, p. 994 998,

serum cholesterol in broilers. Br. Poult. Sci., 37:395-

1998.

401.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6018, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6018


Característica de carcaça de bovinos suplementados Carne bovina, consumidor, sistemas de produção.

Bárbara Bianca Porto de Avelar Dias 3 Maxwelder Santos Soares 3 Leonardo Guimarães Silva 4 Diego Lima Dutra 5 Olivaneide da Silva Frazão

2

Revista Eletrônica

Vol. 13, Nº 04, maio/jun de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

2

Zootecnista formado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-

UESB. E-mail: b.biancaavelar@hotmail.com 5

Graduandos em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Bahia-UESB. 4

Técnica Agrícola com habilitação em Agropecuária-IF Baiano.

RESUMO O rebanho bovino brasileiro é composto basicamente de animais Bos indicus extremamente adaptáveis.

CARCASS CHARACTERISTICS OF CATTLE SUPPLEMENTED ABSTRACT

No entanto, quando esses estão associados à

The Brazilian cattle herd consists primarily of Bos

criação extensiva a pasto, necessita-se maior tempo

indicus extremely adaptable animals. However, when

para abate, com reflexo na idade do animal e, consequentemente,

em

carne

e

carcaças

indesejáveis. Um dos grandes desafios da cadeia produtiva da carne bovina é produzir carne que atenda as expectativas dos diversos mercados consumidores, cujo grau de exigência tem se elevado de forma expressiva nos últimos anos. Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho comercial

de

bovinos

do

mundo,

com

aproximadamente 190 milhões de cabeças e uma produção aproximada de 9,2 milhões de toneladas de equivalente carcaça ao ano. Deste total, 1,7 milhões de toneladas são exportadas (15% da produção) para diversos países do mundo. Portanto, objetivou-se discutir a influência da suplementação nas características e rendimento de carcaça. Palavras-chave: carne bovina, consumidor, sistemas de produção.

6019

these are associated with extensive grazing on pasture, it requires more time to slaughter, with reflection in the age of the animal and therefore undesirable in meat and carcasses. One of the great challenges of the production chain of beef is to produce meat that meets the expectations of many consumer markets, whose level of demand has risen significantly in recent years. Currently, Brazil has the largest commercial herd in the world cattle, with about 190 million head and a production of about 9.2 million tons of carcass equivalent per year. Of this total, 1.7 million tons

are exported (15% of

production) to several countries. Therefore, the objective

was

to

discuss

the

influence

of

supplementation on the characteristics and carcass yield. Keyword: beef, consumer, production systems.


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

INTRODUÇÃO

Um dos grandes de safios da cadeia produtiva da

O Brasil há vários anos vem se mantendo como um

carne bovina é produzir carne que atenda as

dos principais produtores e exportadores de carne

expectativas dos diversos mercados consumidores,

bovina no mundo, com um total de 188,5 milhões de

cujo grau de exigência tem se elevado de forma

cabeças, sendo este rebanho o segundo maior do

expressiva nos últimos anos (Cabral et al., 2011).

mundo,

ficando

atrás

da

Índia,

com

aproximadamente 330 milhões de cabeças, porém

Portanto,

não tendo como finalidade o consumo de seus

suplementação nas características e rendimento de

produtos

carcaça..

cárneos.

As

exportações

brasileiras

objetivou-se

discutir

o

impacto

da

atingiram um patamar de 1,53 milhão de toneladas de equivalente carcaça no ano de 2012, um total de mais de 24% das exportações mundiais, sendo distribuídas para diversos países em praticamente

REVISÃO CARACTERÍSTICAS DO MERCADO DE CARNE

maiores

Nos últimos dez anos, o Brasil tornou-se o maior

importadores, da carne congelada, a Rússia, Irã e o

exportador de carne bovina do mundo e com

Egito (Anualpec, 2013).

perspectivas de manter-se nessa liderança até 2020

todos

os

continentes,

sendo

os

(Tabela 1). Uma das principais características da pecuária brasileira é o sistema de produção de bovinos a

TABELA 1: Exportações líquidas de carne bovina no

pasto que representa mais de 90% do total da

mundo (principais países) – milhões de toneladas

produção de carne. A intensificação da produção de gado de corte implica, entre outros fatores, em

Ano

Países

acelerar o crescimento e a terminação dos bovinos,

2000

2005

2010 2015* 2020*

134

537

297

de modo a promover o abate em idade cada vez

Argentina

mais precoce. Assim, a manutenção da curva de

Austrália

281

338

crescimento de bovinos em fase de recria a níveis

Brasil

560

ascendentes, e de forma contínua, constitui meta

Canadá

250

447

290

115

148

principal e determinante da eficiência produtiva

China

41

7

22

-87

-287

(Moraes et al., 2006).

índia

550

605

700

753

756

Nova Zelândia

489

628

500

550

622

0

2

-1

-3

-14

1.341 1.264 1.317 1.547 1.667 1.534 1.781 2.475 2.858

O Brasil obteve uma produção anual de 10,2 milhões

Tailândia

toneladas de carne equivalente à carcaça, sendo

Ucrânia

100

29

22

12

38

80,9% da produção direcionada ao mercado interno

EU

198

-201

-330

-360

-391

e 19,6% à exportação (Abiec, 2013). Entretanto,

USA

-440 -1.180

-70

-267

-424

essas carcaças são fruto de grande variedade de

Total

2.693 3.687 5.052 5.999 6.723

sistemas de produção, com grau de tecnificação e

US Dólar/ton

1.597 1.831 2.091 2.430 2.530

manejos diversos, o que resulta em falta de

Fonte: FAPRI (2013) - Food Agricultural Policy Research Institute.

uniformidade no produto comercializado. Uma vez

* Previsão.

que, a produção de carne bovina é resultado da otimização

de

recursos

genéticos,

recursos

ambientais e práticas de manejo, produção e comercialização. Dessa forma, podemos inferir que a variação na qualidade da carcaça e por sua vez da carne (em grande parte dos casos) é decorrente da baixa uniformidade dos sistemas de produção brasileiros, principalmente quando se considera idade de abate, genética, classe sexual e manejo nutricional (Paulino et al., 2014).

Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho comercial

de

bovinos

do

mundo,

com

aproximadamente 190 milhões de cabeças e uma produção aproximada de 9,2 milhões de toneladas de equivalente carcaça ao ano. Deste total, 1,7 milhões de toneladas são exportadas (15% da produção) para diversos países do mundo. Estes números mostram o cenário importante em que está inserida a pecuária de corte brasileira.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6020


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

Estes dados mostram que países tradicionalmente

Os países importadores cada vez mais farão

exportadores de carne deverão oscilar pouco nos

restrições às compras de carne de qualidade

volumes exportados, como exemplo, Argentina,

duvidosa ou com uso de substâncias invasivas à

Austrália e Nova Zelândia. No entanto, com essas

saúde animal e humano, entre eles, países da União

previsões, o Brasil teria um aumento de 500% entre

Europeia e Japão. Desta forma, o sistema de

os anos 2000 e 2020. Por outro lado, os Estados

produção de carne bovina do Brasil deve adequar-se

Unidos da América, países da União Europeia e

às novas exigências dos países importadores.

China devem apresentar um mercado com maior

Embora o Brasil esteja entre os maiores produtores e

importação do que exportação (Tabela 1).

exportadores de carne bovina do mundo, ainda apresenta baixa produtividade e qualidade de carne,

No que se refere aos maiores importadores de carne

sobretudo dos animais terminados em pastagens

bovina do mundo (Tabela2), países tradicionais

(Moreira et al., 2003).

como o Japão, México e Coreia do Sul devem manter os volumes estáveis, mas com tendência de

Assim, observa-se a necessidade de investimentos

alta nas importações de carne. A Rússia, país

em tecnologias que promovam a produção de carne

importador desde a década passada, apresentou o

com eficiência, com a finalidade de incrementar a

maior incremento na importação de carne bovina no

margem de lucro do produtor e com qualidade, para

mundo, passando das 592 mil toneladas no ano

manter e conquistar novos mercados consumidores.

2000 para uma esperada importação acima de um milhão de toneladas nos próximos anos, tornando-se

ASPECTOS GERAIS DA CARNE E RENDIMENTO

o maior mercado para a carne bovina.

DE CARCAÇA O rebanho bovino brasileiro é composto basicamente

TABELA 2: Importações líquidas de carne bovina no

de animais Bos indicus (Ferraz & Felício, 2010)

mundo (principais países) – milhões de toneladas

extremamente adaptáveis. No entanto, quando esses estão associados à criação extensiva a pasto,

Ano

necessita-se maior tempo para abate (baixas taxas

2000 2005 2010 2015* 2020*

de ganho) com reflexo na idade do animal e,

Rússia

592

637

935

consequentemente,

Japão

940

604

694

871

908

México

422

260

275

512

568

Coreia do Sul

230

269

344

294

363

-

150

190

245

270

Filipinas

70

134

148

210

258

Hong Kong

71

82

200

235

254

Taiwan

79

83

135

138

158

Países

Egito

1.103 1.172

Total

2.693 3.687 5.052 5.999 6.723

US Dólar/ton

1.597 1.831 2.091 2.430 2.530

Fonte: FAPRI (2013) - Food Agricultural Policy Research Institute. * Previsão.

Este panorama resumido do mercado de carne

em

carne

e

carcaças

indesejáveis. Conceitos de qualidade de carne e de carcaça variam de acordo com o consumidor final, e as diversas formas de garantir estes conceitos que vem se destacando dentro dos estudos zootécnicos. De forma mais clara, o sucesso do produto dependerá da aceitação pelo consumidor, sendo a qualidade mensurada, instintivamente, por fatores de ordem sensorial

e

sanitária,

os

quais

devem

ser

considerados de forma não isolada (Paulino et al., 2013).

bovina no mundo apresenta perspectiva favorável para o aumento da produção de carne nos países

A qualidade da carne pode ser definida por

tradicionalmente produtores e exportadores como,

propriedades físico-químicas traduzidas em maciez,

por exemplo, Brasil, Austrália, Argentina e Nova

sabor, cor, odor e suculência, as quais são

Zelândia. Além disso, de acordo com os mesmos

determinadas por fatores inerentes ao indivíduo

estudos de prospecção de mercado futuro, a

(genética, idade, sexo), à fazenda de origem (manejo

tendência do preço da carne bovina é aumentar nos

alimentar, manejo geral), manejo pré-abate, abate e

próximos anos (Tabelas 1 e 2).

métodos de processamento da carcaça e da carne, estes fatores isolados ou em conjunto irão definir a

6021

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, mai/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

qualidade físico-química, tecnológica e sensorial da

A definição pura e simples de carcaça bovina, pelo

carne. Um fator que afeta a qualidade da carne é a

Ministério da Agricultura é: Produto obtido do animal

precocidade da raça/cruzamento. A precocidade

abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido

pode ser definida como a velocidade que o animal

de cabeça, patas, rabo, glândula mamária na fêmea,

atinge a puberdade, ocasião em que cessa o

verga e testículos no macho, removidas gorduras

crescimento ósseo, diminui a taxa de crescimento

inguinal, perirrenal, “feridas de sangria”, medula

muscular e é intensificado o enchimento dos

espinhal, diafragma e seus pilares. No entanto, na

adipócitos, ocorrendo deposição de gordura na

atual conjuntura, onde o Brasil se torna cada dia

carcaça. Em geral, animais mais precoces possuem

mais influente no que diz respeito à carne bovina, os

menor tamanho e começam a depositar gordura a

produtores estão cada vez mais abertos a melhorias,

um menor peso.

bem como propensos a adotar tecnologias que os tornem cada vez mais competitivos no mercado da

A maciez da carne é o fator primário que afeta a

carne bovina. Assim, esta definição pura e simples

aceitabilidade do produto pelos consumidores (Miller,

de carcaça, se torna básica, principalmente quando

2001). O fato de a maciez ser

se objetiva adquirir carcaças superiores (Paulino et

o

principal

componente de satisfação do consumidor com

al., 2014).

relação à carne é facilmente confirmado pela positiva relação entre o preço dos cortes e a relativa maciez

Segundo Luchiari Filho (2000), uma carcaça bovina

dos

maior

de boa qualidade e bom rendimento deve apresentar

importância, no momento da compra da carne, à cor,

mesmos.

Os

consumidores

dão

relação adequada entre as partes que a compõem

gordura

visível, ao preço e corte da carne.

(máximo de músculo, mínimo de ossos e quantidade

Entretanto, com relação à satisfação no momento de

adequada de gordura) para assegurar ao produto

consumir o produto, as características de maior

condições mínimas de manuseio e palatabilidade. O

relevância são a maciez, o sabor e a suculência

rendimento da carcaça depende primeiramente do

(Savell & Shackelford, 1992).

conteúdo visceral que corresponde principalmente ao aparelho digestório e que pode variar entre 8 a

Mesmo utilizando as ferramentas do melhoramento

18% do peso vivo do animal (Sainz, 1996).

genético,

são

entender as possíveis causas de variação no

responsáveis por grande parte das variações na

rendimento de carcaça (RC) partiremos da sua

maciez da carne. Em estudos envolvendo raças,

definição. O RC é calculado pela divisão do peso de

aproximadamente 46% das variações na maciez da

carcaça quente pelo peso corporal do animal (PC).

carne bovina decorrem da genética do animal e 54%

Este

do efeito de ambiente. Quando a análise é realizada

comercial de carcaça.

os

fatores

ambientais

ainda

rendimento

é

chamado

Para

de

rendimento

se

calcular

dentro da mesma raça, a genética do animal explica apenas 30% das variações na maciez, enquanto

70% são dependentes do efeito de ambiente

rendimento. Neste caso divide-se o peso da carcaça

(Koohmaraie et al., 2003). Esta constatação torna-se

quente pelo PC do animal, porém sem o conteúdo do

um importante incentivador para o estudo de

trato gastrintestinal (TGI), chamado de rendimento

parâmetros e condições de ambiente, destacando

verdadeiro. O que difere as duas fórmulas de

sanidade,

calcular é que na segunda, o cálculo não leva em

manejo

e,

principalmente,

estratégia

alimentar, que afetam a qualidade da carne.

ainda

outra

fórmula

para

o

consideração o conteúdo do TGI presente no animal. Este cálculo só é possível em condição de pesquisa

Assim, produzir carne de qualidade não pode ser

onde o animal é abatido e todas as partes do mesmo

considerado uma atividade simples, dado que é

são pesadas, inclusive o conteúdo. Assim, medida

definida pela junção de cada elo da cadeia produtiva,

(animal sem o conteúdo) é denominada de peso de

a qual possui peculiaridades determinantes na

corpo vazio (PCVz). Somente com o rendimento

qualidade ou sua ausência no produto final.

baseado no PCVz, pode-se comparar RC de diferentes origens e lotes, pois com isso, consegue- se

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, mai/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6022


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

uniformizar

as

diferenças

existentes

entre

os

Ao tomar conhecimento de como funciona a curva de

diversos sistemas de produção em função das

crescimento animal somos capazes de entender que

variações existentes na proporção de conteúdo do

deficiências de nutrientes em fases decisivas, ou de

TGI e componentes não integrantes da carcaça.

maior ímpeto de crescimento da vida do animal, podem comprometer o desenvolvimento como um

Portanto, torna-se necessário oferecer aos animais

todo. A desnutrição do feto, por exemplo, pode

condições

satisfatório

impedir a divisão celular, levando o animal a

crescimento corporal, desde o nascimento até o

para

apresentar menor número de fibras musculares,

momento

carcaças

podendo ou não, dependendo do grau de restrição,

superiores através do manejo nutricional, devemo-

haver recuperação em fase posterior (Paulino et al.,

nos ater também ao sistema de produção, ou seja,

2014).

do

que

abate

apresentem para

obtermos

necessitamos de uma visão holística da produção, aliando: nutrição + genética + classe sexual, para

SUPLEMENTAÇÃO X CARACTERÍSTICAS E

obter: animal jovem + carcaça superior.

RENDIMENTO DE CARCAÇA Recorrer a estratégias de suplementação nos

PADRÃO DE CRESCIMENTO ANIMAL

permite corrigir deficiências existentes nas plantas

É de suma importância conhecer com minúcia os

forrageiras e/ou aumentar o consumo da dieta basal

processos e fatores que influenciam o crescimento e

e logo o aporte de energia, ampliando/mantendo a

desenvolvimento dos animais (Grant & Helferich,

taxa de crescimento, e obtendo assim, animais

1991).

pesados e terminados em menor espaço de tempo. A suplementação, isoladamente, no início da vida do

O crescimento dos animais apresenta características

animal, não altera as características de carcaça, no

alométricas, onde cada tecido possui em um

entanto,

determinado momento uma velocidade diferente de

adequados durante toda recria associado ao maior

crescimento. O primeiro tecido a ser depositado é o

nível de ingestão de energia durante engorda,

nervoso, seguido do tecido ósseo, muscular e

proporcionará

adiposo. A consequência é que com o avançar da

forma, melhorar a alimentação na segunda seca da

idade,

recria ou na engorda é fundamental para aumentar o

as

carcaças

irão

apresentar

maior

porcentagem de gordura e com maior taxa de

a

manutenção

carcaças

de

níveis

superiores.

alimentares

Da

mesma

rendimento de carcaça (Paulino et al., 2014).

marmoreio. Com relação às características químicas, os conteúdos de água e proteína irão reduzir com o

Portanto, baseando-se no crescimento contínuo

avançar da idade, aumentando a proporção de

durante toda a vida do animal, quando criado a

lipídios.

pasto,

torna-se

alimentar

fundamental

(Canesin

et

al.,

a

suplementação

2006)

permitindo

O crescimento dos tecidos se dá por ondas

manutenção do ganho e desempenho e logo animais

cronologicamente específicas, iniciando pelo tecido

abatidos jovens, pesados e bem acabados.

neural, seguido do ósseo, muscular e adiposo (Owens et al., 1993). O crescimento animal é

A produção de carcaças bovinas adequadas para as

representado por uma curva sigmoide, onde após

atuais demandas do consumidor está diretamente

nascimento há crescimento acelerado até atingir o

relacionada com a aplicação dos conhecimentos

ponto de inflexão, que coincide com a puberdade.

ligados ao crescimento dos diferentes tecidos. Buscam-se maiores proporções de tecido muscular,

No período subsequente há redução no ímpeto de

menores de tecido ósseo e deposição adequada de

crescimento e aumento na deposição de gordura. Por último, o animal entra na fase de auto inibição, quando atinge o peso adulto e a partir deste momento o aumento no peso se dará devido deposição de pequenas quantidades de gordura (Owens et al., 1993).

tecido

6023

adiposo.

O

rendimento

de

carcaça

é

dependente do tipo de dieta, classe sexual, grupo genético, toalete realizado na linha de abate, componentes não carcaça, conteúdo gastrointestinal e variação individual.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, mai/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 429- Característica de carcaça de bovinos suplementados

Em trabalhos de pesquisa, é de grande interesse

TABELA 3: Desempenho e características físicas da

conhecer o peso de corpo vazio dos animais (PCVZ),

carcaça de novilhos mestiços, recebendo estratégias

que representa o peso dos tecidos corporais,

de suplementação proteico/energética na fase de

excluído o peso da digesta, uma vez que este peso

recria e terminação, em pastagens de Brachiaria

não está sujeito a variações ocasionadas pelas

brizantha cv. Marandu.

mudanças

diárias

no

consumo

alimentar.

As

exigências nutricionais dos animais e os rendimentos de carcaça ou cortes são expressos de forma mais correta quando se baseiam no PCVZ (Owens et al.,

Suplementação Item

Estratégia

PCF (kg)

sobre carnes, uma vez que determina o valor do animal tanto para o produtor quanto para os

PCQ (kg)

processadores. Sendo assim, a valorização de sistemas de produção que aliem valores econômicos

RCQ (kg)

de carcaça e características de qualidade podem dar subsídios para o sucesso de programas de seleção

EGS (mm)

voltados à qualidade de carne.

AOLPCQ (cm²)

Para os frigoríficos há interesse por carcaças com alta participação de músculos. Da mesma maneira, a gordura também é importante, pois durante o

2 419,74

476,58

200,63

249,7

47,79

52,39

1,89

2,02

30,26

30,28

para

o

9 2,78 38,7 6 11,7 7

0,003 <0,00 1 0,716 0,975

100 kg de peso vivo; CV = Coeficiente de variação (%). P = Fonte: Adaptado de Barroso (2014)

cortes.

14,2

0,044

Área de olho de lombo; AOLPCQ – Área de olho de lombo por Probabilidade de erro.

dos

8

da carcaça quente; RCQ – Rendimento de carcaça quente; AOL –

bom

visual

13,8

PCI – peso corporal inicial; PCF- Peso corporal final; PCQ – Peso

resfriamento reduz as perdas de água e mantém o aspecto

P

3

1

A carcaça é a unidade mais importante nos estudos

%

Estratégia

2

1995).

CV

consumidor, a gordura tem importância pelo sabor que proporcionará, ressaltando a necessidade de

Os resultados encontrados podem ser explicada pelo

adequada presença de gordura e marmoreio na

fato do peso corporal final obtido com a estratégia 2,

carne (Muller, 1987). No entanto, carcaças com o

ser superior ao observado nos animais recebendo

mínimo de gordura de cobertura seriam mais viáveis,

estratégia 1, no qual foram obtidos rendimentos de

visto que este é o tecido de deposição mais onerosa

carcaça de 52,39% e 47,79, respectivamente. Desta

(Berg; Butterfield, 1976).

forma, maiores níveis de suplementação podem proporcionar maior rendimento de carcaça. Isso pode ser interessante quando o produtor trabalha

Dentro deste contexto avaliações de desempenho

com recria e terminação, pois, dificilmente quando se

utilizando apenas o ganho de peso corporal podem

vende os animais no final da recria para serem

apresentar resultados diferentes quando comparado

terminados em confinamento ou no pasto, será

com ganhos em carcaça.

levado em consideração um rendimento de carcaça acima de 50%. Quando avaliaram o AOLPCQ, o valor

Barroso (2014) comparou a terminação de animais ½ 2

2

médio obtido 30,27 cm /100 kg de carcaça está

Holandes-Zebu recebendo, estratégia 1- 0,2% do

acima da recomendação mínima de 29 cm /100 kg

peso corporal de suplementação proteico/energética

de carcaça (Luchiari filho, 2000). Esse valor é

3

2

na seca e sal mineral nas águas; Estratégia 2- 0,6%

considerado uma referência, uma vez que o aumento

do PC de suplementação proteico/energética na

na AOLPCQ é proporcional ao aumento na porção

seca

águas.

comestível da carcaça. Desse modo, a mensuração

Observaram que o peso de carcaça quente (PCQ);

deste corte no estudo da carcaça é um indicativo do

rendimento de carcaça quente (RCQ) foi influenciado

desenvolvimento muscular (Kazama et al., 2008).

e

0,4%

do

peso

corporal

nas

pelas estratégias de suplementação (Tabela 3). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, mai/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6024


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

Outro fator importante observado é a espessura de

(kg)

gordura subcutânea (EGS) no presente estudo

Dias para

2

foram 1,89 e 2,02mm, estratégia 1 e estratégia 2 respectivamente,

o

que

indicou

ausência

3

de

205a

abate Rendimento de

diferenças quanto ao grau de acabamento entre os

carcaça (%)

animais. Os valores da EGS estão abaixo dos

EGS (mm)

preconizados

EGS ajustada

pelos

frigoríficos

que

desejam

123b

53,75a

53,62a

3,4a

4,4a

1,3b

carcaças com gordura de cobertura mínima próxima

(mm)

de 3,0 mm, para propiciar uma melhor conservação

EGS = espessura de gordura subcutânea

e evitar perdas maiores durante o processo de

Médias seguidas de letras minúsculas distintas, na linha,

resfriamento.

diferem entre si pelo teste F (P<0,01). Fonte: Adaptado de Domingues et al. (2014)

1,7a

Moretti et al. (2013) compararam a terminação de

Verificaram

animais Nelore recebendo 0,5 ou 2,0% do peso do

suplementação com concentrado apresentaram

animal

de

maior espessura de gordura subcutânea ajustada

terminação. Os animais que receberam 2,0% de

para 100 kg de carcaça que os suplementados

suplemento

com

em

suplemento obtiveram

durante um

a

fase

desempenho

bem

que

os

novilhos

submetidos

à

suplementação mineral proteinado, em

superior em relação aos animais suplementados

virtude do maior aporte energético que favoreceu

com

(1,505 contra 0,534 kg de peso

a deposição de gordura subcutânea. Os mesmos

corporal/animal/dia). Porém, quando se compara o

autores verificaram também que a área de olho

ganho em arroba de peso corporal e arrobas em

de lombo, área de olho de lombo ajustada, pH,

carcaça, podem-se observar diferenças. Os animais

marmorização

que receberam 2,0% de suplemento tiveram um

subcutânea não apresentaram diferenças entre

ganho de 2,8 arrobas em peso corporal, todavia

as dietas.

0,5%

e

espessura

de

gordura

quando se avaliou o ganho em carcaça, essa diferença foi ainda maior, 5,1 arrobas produzidas a

A

mais com a suplementação de 2%. Outro fator

considerada

importante

no

carcaça e está positivamente relacionada com a

acabamento de carcaça. Animais que receberam

quantidade de gordura total e negativamente com

0,5% do PC apresentaram espessura de gordura de

a percentagem de cortes desossados, afeta

1,8mm em média, enquanto os animais que

também a velocidade de resfriamento da carcaça,

receberam nível maior de suplemento obtiveram

comportando-se

espessura de gordura de 3,6mm.

térmico, sendo que, a indústria frigorífica exige

neste

trabalho

foi

a

melhoria

Domingues et al. (2014) avaliaram o efeito de duas estratégias de suplementação no período seco, sal mineral

proteinado

fornecido

ad

libitum

e

suplementação com concentrado com 0,5% do peso corporal sobre a características da carcaça de novilhos terminados em capim marandu (Tabela 4). TABELA 4: Características de carcaça de bovinos da raça Nelore suplementados no período

seco

com sal mineral proteinado e concentrado. Características Peso de carcaça (kg) Peso de abate 6025

Sal mineral

Suplementação

proteinado

com concentrado

265a 493a

espessura

de

uma

gordura avaliação

como

um

subcutânea

é

quantitativa

da

eficiente

isolante

cobertura de gordura de 3 a 6mm. Os valores desta característica observados para os dois tratamentos (Tabela 3) atenderam a estes limites, porém não diferiram estatisticamente entre as estratégias de suplementação e estão dentro dos parâmetros exigidos pela indústria frigorífica. Entretanto, apesar dos animais que consumiram suplementação concentrada apresentarem maior ganho de peso em relação ao tratamento com suplementação

mineral

não

se

observaram

diferença para o peso de carcaça, rendimento de carcaça, isso é explicado porque os animais dos similares e existe alta correlação entre peso de abate e rendimento de carcaça (Tabela 4).

259a 483a

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6012-6029, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

A suplementação com concentrado durante o

A determinação da composição física e/ou

período seco proporciona maior ganho de peso

química da carcaça torna-se fundamental dentro

médio diário e espessura de gordura subcutânea

desse contexto, pois possibilita avaliar o efeito de

ajustada para 100kg de carcaça, antecipando a

qualquer tipo de tratamento a que os animais

idade de abate. A utilização de sal mineral

possam ter sido submetidos e verificar seus

proteinado com massa de forragem adequada pode

impactos na carcaça (Vaz & Restle, 2003).

ser uma alternativa de suplementação devido menor

Permite determinar também se as carcaças

exigência de estrutura, controle de consumo, menor

produzidas apresentam elevada proporção de

mão-de-obra e maior facilidade no fornecimento.

músculos e adequada deposição de gordura, conforme as exigências do mercado consumidor.

Mendes (2013) avaliando características físicas da

A determinação da composição da carcaça torna-

carcaça de novilhos mestiços recebendo diferentes

se

níveis de suplementação em pastagem de Brachiaria

também

imprescindível

em

estudos

de

crescimento animal, seja estimando curvas de

brizantha, observaram que não houve efeito dos

deposição ou degradação de tecidos corporais,

níveis crescentes de suplementação sobre as

notadamente músculo e tecido adiposo (Sprinkle

características físicas da carcaça (Tabela 5). O autor

et al., 1998).

justificou que a alimentação dos animais por um curto período durante a terminação não é capaz de que

Casagrande (2010) realizou experimentos no

seriam mais susceptíveis às variações de ordem

intuito de reduzir a idade de abate de novilhas de

cronológica, sexual, genética ou à exposição dos

corte, bem como avaliar as características e

animais

ou

rendimento de carcaça, sujeitas a pastos de

suplementação proteica e energética. O rendimento

capim-marandu e suplementação na recria e

de carcaça quente (RCQ) apresentou valor médio de

mantidas em dois sistemas de terminação,

51,78% (Tabela 5), superior aos 50% utilizados no

confinamento e no pasto. Na recria, o autor

comércio de bovinos no País.

manteve os animais suplementados com sal

alterar

significativamente

a

longos

essas

períodos

variáveis,

de

restrição

mineral, ou 0,3% PV de suplemento proteico TABELA 5: Características físicas da carcaça de

energético, sob pastejo em lotação contínua, com

novilhos mestiços recebendo diferentes níveis de

dosséis mantidos em três alturas, 15; 25 e 35 cm.

suplementação

Em tais condições, o autor observou que

em

pastagem

de

Brachiaria

independentemente do sistema de terminação e

brizantha. Níveis de suplementação (%)

Item PVF (kg)

0,2

0,4

0,6

0,8

457

461

473

461

ER

dos fatores estudados durante a fase de recria dos animais, o peso de abate foi o mesmo.

Y=463

-

Nenhum fator de estudo na recria interferiu sobre

PCQ

229,99 237,07 248,38 244,04 Y=239,87

-

as variáveis de carcaças estudadas, os sistemas

RCQ (%)

50,28

51,45

52,47

52,93

Y=51,78

-

alimentares estudados na recria propiciaram

EGC (mm)

3,16

2,83

3,91

3,46

Y=3,34

-

diferenças de ganho de peso, refletindo em

Arroba (@)

15,23

15,36

15,76

15,36

Y=15,42

-

diminuição do período de terminação nos sistema

AOL (cm²)

71,00

68,00

70,37

71,12

Y=70,12

-

AOL PCQ (cm²)

30,87

28,68

28,36

29,14

Y=29,26

-

RATIO

0,38

0,41

0,39

0,4

Y=0,40

-

EC (cm)

26,75

26,25

28,37

25,87

Y=26,81

-

CC (cm)

127,75 125,75

128,5

125,12 Y=126,78

-

semelhantes, ou seja, com mesmos níveis

CP (cm)

77,62

78,5

78,87

-

energéticos da dieta, pesos de abate, e com

77,62

Y=78,15

que os animais tiveram maior desempenho. No entanto, dentro de cada sistema de terminação, todos os animais foram abatidos com condições

PVF = peso vivo final, PCQ = peso de carcaça quente, RCQ =

idades semelhantes, com no máximo dois meses

rendimento de carcaça quente, EGC = Espessura de gordura de

de diferença, em função dos fatores de estudo da

cobertura, arroba = @; AOL = área de olho-de-lombo, AOLPCQ = área de olho de lombo corrigido pra 100 kg/carcaça, EC =

recria.

espessura de coxão, CC = comprimento de carcaça, CP = comprimento

de

perna.

Equações

de

regressão

respectivos coeficientes de determinação (R2).

(ER)

e

O rendimento de carcaça foi maior nos animais que foram terminados no confinamento em relação

Fonte: Mendes (2013) Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, mai/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6026


Artigo 429 – Caaracterística de carcaça de bovinos suplementados

aos

que

permaneceram

no

pasto,

pode

estar

como: nível de suplementação, suplemento utilizado,

relacionada com índice de compacidade da carcaça,

aspectos qualitativos e quantitativos da pastagem,

que foi maior nos animais terminados no confinamento,

interações entre ingredientes do suplemento entre si e

assim fica evidente que esses animais estavam mais

com a pastagem, potencial genético do animal, entre

bem acabados proporcionando maior rendimento de

outros.

carcaça. A área de olho de lombo e a área de olho de lombo relativa não variaram com os fatores estudados, indicando que as musculosidades das carcaças foram

CONSIDERAÇÕES FINAIS

semelhantes, independente da forma de recria e do

A suplementação é uma estratégia nutricional que

sistema de terminação. A espessura de gordura

pode ser utilizada com o objetivo de melhorar as

subcutânea na região dorsal foi maior nos animais

características

confinados (6,05 mm) em comparação aos terminados

consequentemente,

no pasto (3,95 mm).

acabamento e rendimento de carcaça.

O

rendimento

em

carcaça

é

determinante

na

de

carcaça

dos

proporcionando

bovinos, um

maior

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

lucratividade, principalmente na fase de terminação, seja em sistema de pastejo ou em confinamento. Vários são os fatores que influenciam no rendimento de carcaça: idade, grupo genético, jejum, alimentação, etc. A avaliação do desempenho através do ganho em carcaça

é

interessante,

pois,

este

desconsidera

componentes não carcaça, o qual, não remunera o produtor rural (Reis, 2014). Variações no rendimento da carcaça são normais, pois dependem de muitas variáveis, desde o peso da carcaça, dos componentes não integrantes da carcaça da proporção de conteúdo do trato gastrointestinal que varia em função das diferentes épocas do ano e isso influência

na

digestibilidade

da

dieta

e

consequentemente na taxa de passagem e se o animal estiver sendo suplementado ou não, haverá também impacto

na

proporção

de

conteúdo

do

trato

gastrointestinal. Portanto, o rendimento de carcaça pode ser de grande importância para se avaliar o ganho em carcaça, uma vez que o ganho médio diário de peso corporal é influenciado por diversos fatores, porém não pode perder o foco de que o produtor é remunerado pela carcaça

produzida

e

que

um

maior

ou

menor

rendimento de carcaça pode ser ilusório. Sendo assim, animais

alimentados

somente

com

pasto

podem

apresentar conformação de carcaça inferior, enquanto animais suplementados podem não diferir de animais confinados. Entretanto, é necessário atentar que a suplementação é dependente de diversos fatores

6027

ANUALPEC, 2013. Anuário da Pecuária Brasileira. Instituto FNP, São Paulo, SP, BR. BARROSO, Daniele Soares. Estratégias de produção para abate de novilhos mestiços em condições de pastejo aos 22 meses de idade. Itapetinga, BA: UESB, 2014. 92p. Dissertação. (Mestrado em Zootecnia)- Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. BERG, R.T.; BUTTERFIELD, R.M. New concepts of cattle growth. Sydney: Sydney. University Press, 1976. CABRAL, L. S.; TOLEDO, C. L. B.; GALATI, R. L. Oportunidades e entraves para a pecuária de corte brasileira. In: SIMPOSIO DE BOVINOS, 2011, Cuiabá. Anais... Cuiabá: UFMT, v.1, p.19-57. 2011. CANESIN, R. C. et al. Características da carcaça e da carne de novilhos mantidos em pastagemde capimmarandu submetidos a diferentes estratégias de suplementação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2368-2375, 2006. CASAGRANDE, D.C. Suplementação de novilhas de corte em pastagem de capim-marandu submetidas a intensidade de pastejo sob lotação contínua. 2010. 127p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária, Jaboticabal. DIMARCO, O.N.et al. Crescimento de bovinos de corte. Porto Alegre: UFRGS, p. 248, 2006. DOMINGUES, M. S.; LUPATINI, G. C.; ANDRIGHETTO, C; ARAÚJO, L. C. A.; CARDASSI, M. R.; POLLI, D.; MEDEIROS, S.F.; FONSECA, R.; SANTOS, J. A.A. Desempenho e características da carcaça de novilhos submetidos à suplementação na seca. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal., Salvador, v.15, n.4, p.1052-1060., 2014.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, mai/jun, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

FAPRI, 2013. Food and Agricultural Policy Research

MENDES, F.B.L. Níveis de suplementação em

Institute. Iowa State University and University of

dietas de novilhos terminados em pastagens.

Missouri-Columbia

Itapetinga,

Ames,

IA,

USA.

BA:

UESB,

2013.

92p.

Tese.

(Doutorado em Zootecnia, Área de concentração

http://www.fapri.iastate.edu/tools/outlook.aspx. FERNANDES, L.O.; REIS, R.A.; PAES, J.M.V. Efeito da suplementação no desempenho de bovinos de

em Produção de Ruminantes). MILLER, R.K. Carne: qualidade e segurança para os

corte em pastagem de Brachiaria brizantha cv.

consumidores

do

Marandu. Ciência e Agrotecnologia, v.34, n.1,

instrumental

p.240-248, 2010.

CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E

da

novo

milênio.

qualidade

da

Avaliação carne.

In:

FERRAZ, J. B. S.; FELÍCIO, P. E. D. Production

TECNOLOGIA DE CARNES, 1., 2001, São

systems ‐ an example from Brazil. Meat Science,

Pedro. Anais... Campinas: Centro de Pesquisa e

v. 84, n. 2, p. 238‐243, 2010.

Desenvolvimento

FILHO,

S.C.;

CABRAL,

VALADARES,

L.S.;

R.F.D.;

DETMANN,

MORAES,

E.;

K.A.K.

de

Carnes/Instituto

de

Tecnologia de Alimentos, 2001. p.470. MORAES,

E.H.B.K.;

M.F.;

VALADARES

Moreira,

Associação de diferentes fontes energéticas e

ZERVOUDAKIS,

proteicas em suplementos múltiplos na recria de

F.B., Souza, N.E., Matsushita, M., Prado, I.N.,

novilhos mestiços sob pastejo no período da

Nascimento, W.G., 2003. Evaluation of carcass

seca. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35,

characteristics and meat chemical composition of

p.914-920, 2006.

Bos indicus and Bos indicus x Bos taurus

GRANT, A.L.; HELFERICH, W.G. An overview of growth. In: PEARSON, A.M.; DUSTON, T.R.

J.T.;

PAULINO,

crossbred steers finished in pasture systems. Braz. Arch. Biol. Technol. 46, 609-616.

(Eds). Growth regulation in farm animals.

MORETTI, M.H.; ALVES NETO, J.A.; RESENDE,

Advances in meat research. London: Elsevier,

F.D.; SIQUEIRA, G.R. confinamento no piquete:

1991. v.7, p.1-15.

quando e como usar?. 9⁰ Encontro Confinamento,

KAZAMA, R.; ZEOULA, L. M.; PRADO, I. N.; et al.

Gestão

Técnica

e

Econômica.

Características quantitativas e qualitativas da

http://www.gestaoconfinamento.com.br/noticias-

carcaça de novilhas alimentadas com diferentes

4.html.

fontes energéticas em dietas à base de cascas

MULLER, L. Normas para avaliação de carcaças e

de algodão e de soja Revista Brasileira de

concurso de carcaça de novilhos. 2. Ed. Santa

Zootecnia n. 37, p. 350–357, 2008.

Maria: Universidade Federal de Santa Maria,

KOOHMARAIE, M.; VEISETH, E.; KENT, M.P. et al. Understanding and managing variation in meat tenderness.

In:

REUNIÃO

ANNUAL

DA

1987. 31p. NELSON, M.L.; MARKS, D.J.; BUSBOOM, J.R.; CRONRATH,

J.D.;

FALEN,

L.

Effects

of

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40.,

supplemental fat on growth performance and

2003,

Maria:

quality of beef from steers fed barley-potato

Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2003. (CD-

product finishing diets: I. Feedlot performance,

ROM).

carcass traits, appearance, water binding, retail

Santa

Maria.

Anais...

Santa

LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. 1ª ed. São Paulo, p. 134, 2000. LUCHIARI FILHO, A. Pecuária da carne bovina. São Paulo: LinBife, 2000. 134p.

storage, and palatability attributes. Journal of Animal Science, v.82, p.3600-3610, 2004. OWENS, F. N.; DUBESKI, P.; HANSON, C.F. Factors that alter the growth and development of ruminants. Journal of Animal Science, v. 71, n. 11, p. 3138-3150, 1993.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

6028


Artigo 429 – Característica de carcaça de bovinos suplementados

OWENS, F. N. et al. Review of some aspects of

SAVELL, J.; SHACKELFORD, S.D. Significance of

growth and development of feedlot cattle.Journal

tenderness

of Animal Science, v. 73, n. 10, p. 3152-3172,

RECIPROCAL MEAT CONFERENCE, 45., 1992,

1995.

Ft. Collins. Proceedings… Ft. Collins: Colorado

PAULINO, P.V.R.; OLIVEIRA, I.M.; BENATTI, J.M.B. obtenção de carcaças bovinas superiores através do

manejo

nutricional.

XXIV

to

the

meat

industry.

In:

State University, 1992. p.43-46. SPRINKLE, J.E. et al. Adipose tissue partitioning of

CONGRESSO

limit-fed beef cattle and beef cattle with ad libitum

BRASILEIRO DE ZOOTECNIA. Universidade

access to feed differing in adaptation to heat.

Federal do Espírito Santo Vitória ES, 12 a 14 de

Journal of Animal Science, v.76, n.3, p.665-673,

maio de 2014.

1998.

REIS, R.A.; BARBERO, R.P.; KOSCHECK, F.J.F.W.;

VAZ, F.N.; RESTLE, J. Ganho de peso antes e após

Manejo de pastagens tropicais e suplementação

os sete meses no desenvolvimento e nas

alimentar para bovinos. VI Congresso Latino-

características de carcaça e carne de novilhos

Americano de Nutrição Animal. Estância de

Charolês

São Pedro, São Paulo. 2014.

Brasileira de Zootecnia, v.32, n.3, p.699-708,

SAINZ, R. D. Qualidade das carcaças e da carne

abatidos

2003.

bovina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DAS RAÇAS ZEBUÍNAS, 2., 1996, Uberaba. Anais... Uberaba: ABCZ, 1996. (não paginado).

6029

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.6019-6029, maio/jun, 2017. ISSN: 1983-9006

aos

dois

anos.

Revista




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.