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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues
Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE da em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.
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Sumário
ARTIGOS 414 – As principais doençs na criação de tilápias no Brasil: revisão de literatura............................................. 4982 Matheus Hernandes Leira, Aline de Assis Lago, Jose Antonio Viana, Luciane Tavares da Cunha, Felipe Gabarra Mendonça, Rilke Tadeu Fonseca de Freitas 415 – Utilização de resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação de ruminantes: revisão de literatura........................................................................................................................... ............................................ 4657 Kárito Augusto Pereira, Alliny das Graças Amaral, Renata Vaz Ribeiro, Anderson Rodrigues de Oliveira Angelo Herbet Moreira Arcanjo 416 – Alternativa de forragem para caprinos e ovinos no semiárido ................................................................... 5004 Fleming Sena Campos, Glayciane Costa Gois, Saullo Laet Almeida Vicente, Amélia de Macedo, Alex Gomes da Silva Matias 417 – Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medida ...................................... 5014 Jéssica Maria Santos Sousa, Antônia Leidiana Moreira 418 – Pesquisa de mercado: hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim- Bahia ........ 5024 Italo Reneu Rosas de Albuquerque, Glayciane Costa Gois, Fleming Sena Campos, Tiago Santos Silva, Alex Gomes da Silva Matias 419 – Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba) .............................................................................. 5030 Guilherme Augusto Drehmer, Fernando Silva Araújo, Antônio Hosmylton Carvalho Ferreira, Flavio C.Aquino, Valdemar Cavalcante Queiroga Filho 420 – Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria.......................................................................................................................................... ......................5038 João Lucas Moraes Vieira 421 – Aspectos do manejo reprodutivo de equinos ................................................................................................... 5046 Luis Gustavo Silva Rodrigues, Vanessa Cristina de Souza Resende, Antônio Roberto Oliveira Júnior, Lidiane Oliveira Silva, Letícia Mariano Barbosa
6
Professor Associado II do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras – UFLA/MG, Brasil.
As principais doenças na criação de tilápias no Brasil: revisão de literatura Bactéria, microbiologia, peixes, produção, aquicultura. 1
Matheus Hernandes Leira 2 Aline de Assis Lago 3 Jose Antonio Viana 4 Luciane Tavares da Cunha 5 Felipe Gabarra Mendonça 6 Rilke Tadeu Fonseca de Freitas Vol. 14, Nº 02, mar. / abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br ¹ Professor e Pesquisador do Curso de Medicina Veterinaria do Universitário do Sul de Minas – UNIS. matheushernandes@uol.com.br; 2 Pesquisadora, Pós-doutorando em zootecnia UFLA; 3 Professor e Pesquisador do Curso de Medicina Veterinária do Universitário do Sul de Minas - UNIS; 4 Professora e Pesquisadora do Curso de Medicina Veterinária do Universitário do Sul de Minas - UNIS; 5 Graduando em Medicina Veterinária pela UFLA;
Centro Cenrto
RESUMO Com o aumento da produção de tilápias em sistemas superintensivos, o número de casos de doenças bacterianas
nesses
significativamente.
peixes O
vem
produtor
aumentando acaba
não
encontrando meios de detecção e diagnósticos precisos para as doenças que acarretam na mortalidade de praticamente toda a produção. O uso indiscriminado de antibióticos e outras drogas têm selecionado
espécies
mais
resistentes
de
microrganismos e o número de pesquisas sobre vacinas
tem
apresentado
um
crescimento
significativo nos últimos anos, porém sem grandes sucessos. O manejo e a seleção de espécies de peixes mais resistentes vêm sendo usada como uma boa forma de prevenção de doenças bacterianas. Esta revisão objetivou-se em descrever sobre as principais bactérias encontradas em tilápias no Brasil, mostrando suas principais características e estudos realizados. Palavras-chave: Bactéria, microbiologia, peixes, produção, aquicultura.
4982
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Centro E-mail
MAJOR DISEASES IN TILAPIA CREATION IN BRAZIL: LITERATURE REVIEW ABSTRACT With
the
increased
production
of
tilapia
Superintensive systems, the number of cases of bacterial diseases has grown significantly in these fish. The producer ends up finding no means of detection and accurate diagnosis for diseases that cause mortality of virtually all production. The indiscriminate use of antibiotics and other drugs have selected more resistant species of microorganisms and the number of vaccine research has shown significant growth in recent years, but without great success. The management and the selection of fish species are being used more resistant as a good way of preventing bacterial diseases. This review aimed to describe yourself on the main bacteria found in tilapia in Brazil, showing its main features and studies. Keyword: Bacteria, microbiology, fish production, aquaculture.
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
INTRODUÇÃO
por aproximadamente 40% do volume da piscicultura
No Brasil, como em todo o mundo, as enfermidades
nacional. (MPA, 2012).
bacterianas são motivo de constante preocupação, pois são responsáveis por elevadas taxas de
REVISÃO DE LITERATURA
mortalidade de peixes e quando não ocasionam
Aeromonas hydrophila
mortalidade, provocam lesões que inviabilizam sua
É
comercialização,
facultativas, não formadoras de esporos (Rodriguez
causando
grandes
prejuízos
econômicos.
um
cocobacilo
gram-negativas,
anaeróbias
et al., 2005). Aeromonas é um hydrophila móvel que possui um único flagelo polar, catalase e oxidase
As bactérias com importância econômica para a
positiva, glucose que fermentam com ou sem
piscicultura são consideradas oportunistas. Estão
produção
presentes na água e na microbiota dos peixes e
vibriostáticos
desencadeiam enfermidades quando o hospedeiro
pteridina). Além disso, produz 2,3-butanodiol e reduz
se encontra debilitado em decorrência de alguns
o nitrato a nitrito (CIPRIANO, 2001).
de
gás
e
0/129
é
insensível
(2,4-diamino,
a
agentes
6,7-di-isopropil
fatores. Entre os quais, podemos ressaltar o estresse provocado por alterações na qualidade da
Não é tolerante ao sal e ao ambiente ácido (pH min.
água,
de
6,0), posssui crescimento máximo a cerca de 28°C.
estocagem de peixes, favorecendo o aumento de
associados
à
elevada
Tem a capacidade para crescer a temperaturas frias
populações
tendo sido relatado casos -0,1°C para algumas
bacterianas
e
densidade outros
agentes
patogênicos ou oportunistas.
especies. (DASKALOV, 2006).
As bactérias constituem importantes patógenos na
A caracterização taxonômica do gênero Aeromonas
piscicultura intensiva, devido a sua facilidade de
é bastante complexa, entretanto sabe-se muito sobre
disseminação e por apresentarem um caráter
seus caracteres genéticos e moleculares (JOSEPH;
oportunista. Embora existam inúmeras bactérias
CARNAHAN, 2000).
patogênicas, algumas delas são de ocorrência frequente e apresentam maior impacto econômico
Segundo
na produção comercial de peixes cultivados, como:
hydrophila pode ser encontrada em muitos nichos
Aeromonas spp, Edwardsella spp, Flavobacterium
ecológicos, sobretudo em águas, seja de rios, lagos,
columnare, Francisella spp, Streptococcus spp.
poluídas ou não e até mesmo em água levemente
Palumbo
et
al.
(2001),
Aeromonas
salinas. Os peixes podem ser portadores de agentes etiológicos sem, contudo, apresentarem sintomas
A produção de α e β hemolisinas por Aeromonas,
clínicos, podendo ocorrer uma proliferação se
pode
houver alteração nas condições ambientais ou no
hospedeiros.
hospedeiro. A combinação de um agente infeccioso
peptidases séricas são produzidas em condições
e o estresse provocado pelos fatores ambientais
ótimas de temperatura, pH e potencial redox,
causa a progressão da enfermidade e morte.
produzem danos teciduais e prejudicam o sistema de
causar
hemólise As
e
proteases
citotoxicidade
nos
metalopeptidases
e
defesa do hospedeiro, sendo possível, algumas, A intensificação dos cultivos representa um dos
ainda atuarem na ativação de toxinas. Quando em
principais fatores estressantes para os peixes,
presença de microbiota lática competidora, como
contribuindo para a permanência e disseminação do
Lactococcus lactis, o crescimento e produção de
agente
proteases de A. hydrophila podem ser inibidos
no
ambiente,
principalmente
quando
associada a variações abruptas nos parâmetros de
(SANTOS et al., 1999).
manejo a que estão acostumadas. As infecções por bactérias do gênero Aeromonas A tilápia do Nilo se tornou na última década, a
são comuns em diversas espécies animais, inclusive
espécie mais cultivada no Brasil, sendo responsável
nos seres humanos, e é especialmente importante
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Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
para a aquicultura, devido ao acometimento de uma
rias são capazes de se fixarem nas adesinas,
variedade enorme de peixes de cativeiro e silvestres.
facilitando a subsequente invasão (EISSA et al., 1994).
Nos peixes cultivados, a infecção por A. hydrophila normalmente causa hemorragia cutânea no corpo e
Demonstrou-se que a prevalência da Aeromonas em
nas nadadeiras, progredindo para ulcerações com
placas de cultura de tilápias nilóticas selvagens, era
perdas de epitélio. Os peixes afetados normalmente
de 2,5% a 10% respectivamente. A bactéria possui
morrem entre 02 e 10 dias após o início dos sinais
múltiplos fatores de virulência, tais como, fatores de
clínicos. A doença é transmitida horizontalmente a
produtos
partir das excretas dos peixes ou lesões da pele.
associados a células de fatores, plasmídeos e
extracelulares
de
superfície
(ECPs),
sistemas de restrição ou modificação, que parecem A. hydrophila é um habitante normal da água e do
desempenhar
trato gastrointestinal
e
patogenicidade da doença em peixes, sem, no
terrestres. No entanto, as condições ambientais, tais
entanto ter sido capaz de identificar exatamente
como
temperatura,
entre todas quais possui maior relevância em relação
manipulação de alimentos, superlotação inadequada
ao aparecimento e desenvolvimento da doença
e redução na taxa de oxigênio, são fatores de
(KHALIL & MANSOUR, 1997).
mudanças
predisposição
que
dos
animais
bruscas
podem
de
aquáticos
iniciar
um
papel
importante
na
processos
patológicos em peixes e mamíferos (RODRIGUEZ et
Tan et al. (1998) concluíram que A. hydrophila pode
al., 2005).
entrar e invadir as células dos peixes, sobrevivendo como um parasita intracelular. Eles estudaram a
Na espécie A. hydrophila foram caracterizadas 5
interação entre A. hydrophila e EPC, sugerindo que
subespécies; A. hydrophila subsp. Anaerogenes, A.
existe uma via de transdução de sinal que participam
hydrophila subsp. Dhakensis, A. hydrophila subsp.
dessa interação, onde A. hydrophila adere à
Hydrophila, A. hydrophila subsp. Proteolytica e A.
superfície
hydrophila subsp. Ranae (HARF-MONTEIL et al.,
internalização. Após a adesão, A. hydrophila inicia
2004).
uma cascata de sinalização que envolve a enzima
da
célula
hospedeira
antes
da
tirosina quinase. No final desta via de sinalização, A. As infecções em seres humanos são causadas pela
hydrophila
produz
uma
reorganização
dos
A. hydrophila, ocasionando meningite, endocardite e
microfilamentos (F-actina) em células EPC, para
outras doenças, principalmente em recém-nascidos
formar nuvens de actina. Posteriormente bactérias
(Begue et al., 1994; FALCON et al., 2001).
internalizadas replicam intracelularmente, causando alterações morfológicas nas monocamadas EPC.
O papel desta bactéria em incidentes de origem alimentar não é bem estabelecido. No entanto, há dados que indicam que é possível que a A. Hydrophila, é capaz de crescer a temperaturas de alimentos refrigerados, atualmente considerados adequados para a prevenção do crescimento de organismos patogênicos (DASKALOV, 2006). Um pré-requisito para iniciar a infecção, é a adesão e a invasão de células hospedeiras epiteliais. A.hydrophila é capaz de ligar-se a fibronectina, o colágeno e as glicoproteínas encontradas no soro e em células da mucosa epitelial (Ascencio et al., 1991;. Neves et al., 1994). Acredita-se que as bacté-
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A microscopia electrônica mostrou que as fímbrias movéis produzidas por Aeromonas (Pili), facilitam a aderência (Cipriano, 2001). Além disso, Dooley e Confiança (1988) caracterizaram uma proteína de superfície denominada 52 kDa tetragonal (S layer), cuja tampa penetra a membrana celular bacteriana, aumentando assim a sua hidrofobicidade. Esta tensão superficial potencializa a resistência das bactérias, aumentando assim a lise ocasionada pelo complemento e pela fagocitose (CIPRIANO, 2001). Em peixes existem três possíveis manifestações da doença: na pele, por septicemia com limitadas lesões de pele e de músculo e ainda uma forma latente a
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Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
qual não apresenta sinais clínicos (GRIZZLE &
dificultada pela falta de um método rápido para a
KIRYU, 1993).
identificação
taxonômica
e
complexidades
dos
múltiplos isolados (LONGYANT et al., 2007). O período de incubação da doença depende das espécies de peixes e suas respectivas resistências, condições ambientais e época do ano. Este período varia de 2 a 4 dias quando há infecções naturais, e de 8 a 48 horas em modelos de infecção experimental (HUIZINGA, 1979). Na
forma
aguda,
a
septicemia
fatal
ocorre
rapidamente, e o peixe morre antes de desenvolver quaisquer sinais da doença. Quando os sinais clínicos de infecção estão presentes, o peixe afetado pode apresentar exoftalmia, rubor na pele e um acúmulo de líquido nas cavidades (FAKTOROVICH, 1969).
resultante
das
escalas
pode
estar
muito
desenvolvido. Brânqueas podem estar sangrando e úlceras podem se desenvolver na derme. Outras aeromonas celulares foram isoladas a partir dos olhos, fígado e rins de peixes afetados (CIPRIANO, 2001; ROBERTS, 2001). Infecções
ou tripticase de soja (TSA), ou meios seletivos chamados de meio Rimler-Shotts (SHOTTS e RIMLER, 1973). Incubou- se durante 24 a 48 horas, a uma temperatura de 20 a 25°C. Ambos os métodos fenotípicos e sorológicos são usados no diagnóstico (Austin & Austin, 2007). A fermentação da glicose é considerada
uma
reação
crítica
utilizada
na
identificação da A. hydrophila (CIPRIANO, 2001).
sistêmicas
foram
caracterizadas
por
presença de macrófagos contendo melanina do sangue internamente, o fígado e os rins são os órgãos alvo da septicemia aguda. (VENTURA GRIZZLE, 1987).
esverdeada, enquanto o rim apresenta um aspecto inflamado e friável. Estes órgãos são atacados por toxinas bacterianas e aparentemente perdem a sua integridade estrutural (AFIFI et al., 2000). foi
hydrophila (Sendra et al., 1997; Swain et al., 2002), ou o estudo do papel de flagelos de invasão bacteriana (Merino et al., 1997). Sem os anticorpos policlonados (PAb) poderia causar
um
fundo
falso
positivo
e
uma
particular
para
a
caracterização
dos
epítopos
antígenos alvo. Em contraste, os MAbs específicos para A hydrophila tem sido caracterizados
contra
LPS isolados a partir de A. hydrophila tipo I (Cartwright et al., 1994) e também contra 110 kDa proteína A. hydrophila com baixa reatividade cruzada com outras espécies de Aeromonas e várias
O fígado pode estar pálido ou possuir uma cor
rins
anticorpos policlonais (PAB), específicos para A.
inespecificidade de reação antígeno-anticorpo, em
necrose difusa em vários órgãos internos, com a
possível
observar
espécies bacterianas (DELAMARE et al., 2002). Jongjareanjai
et
al.,2009
descobriram
que
o
antibiótico cloranfenicol foi mais eficaz para inibir o crescimento de A. hydrophila, sendo assim o primeiro medicamento de escolha; seguido por
hemorragia
subcapsular, degeneração intersticial do parênquima com
rim em meios não seletivos, tais como agar nutriente
Para o diagnóstico também podem ser utilizados
O abdômen pode se tornar distendido e o edema
Nos
O isolamento acontece por meio de esfregaços de
uma formação vacuolar citoplasmática e
necrose epitelial tubular com infiltração. Esta última possui relação direta com o aparecimento da nefrite intersticial linfocítica, que foi observada em estudos paralelos (Yardimci & AYDIN, 2011). A investigação epidemiológica de A. hydrophila foi
sulfametoxazol - trimetoprim e amicacina. Em contraste,
100%
relataram
resistência
ao
metronidazol e colistina, enquanto que para a penicilina e a amoxicilina, observou-se semelhante resistência (92,31%). Geralmente, as drogas de escolha para o tratamento de infecções em animais aquáticos são a enrofloxacina e a oxitetraciclina, no entanto este estudo mostrou que a enrofloxacina (37,04% de sensibilidade, 51,85% resistente), possui pouca eficácia na eliminação das bactérias.
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Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
Vários
estudos
isolados
sobre
A.
hydrophila,
mostrou uma alta resistência a alguns antibióticos,
mamíferos marinhos, incluindo leões-marinhos e botos (COLES et al., 1978).
aplicados na prática clínica, o que pode gerar dificuldades para a cura de doenças causadas por
Vários estudos indicam que as mudanças nas
esta bactéria (DASKALOV, 2006).
condições ambientais (por exemplo, salinidade e temperatura), geram impacto sobre a virulência da
Por esta razão, existe atualmente uma tendência a
bactéria (Darwish et al., 2001; Zheng et al., 2004).
desenvolver outras propostas, incluindo vacinas, probióticos e imunoestimulantes, para controle de
Yasunobu et al., 2006 sugeriram que a atividade de
doenças em peixes (AWAD, 2010).
hemaglutinação e de expressão da proteína 19,3 kDa fimbrial são atenuadas com concentrações
Edwardsella ssp É
uma
bactéria
elevadas de NaCl e virulência de E. levemente gram-negativa
da
família
aumentada.
Enterobacteriaceae, curto móvel de 1 micron de diâmetro e 2-3 microns de comprimento, o que afeta
E. tarda é um patógeno oportunista , considerada
uma grande variedade de hospedeiros, incluindo os
muito ampla e embora o início da septicemia não
peixes de água doce e salgada (THUNE et al.,
seja necessariamente crítica, estressores ambientais
1993).
como flutuações de temperatura, grau de qualidade da
E. tarda é anaeróbia facultativa e mesofílica,
água
caracterizada como citocromo oxidase negativa,
a incidência e a gravidade da doença em peixes
indol positiva e também produtor forte de H2S na
(PLUMB, 1999).
natureza.
e
superlotação
podem
aumentar
E. tarda forma típicas colônias verdes
com centros brancos em meio agar Rimler-Shott
Plumb e Evans 2006 relataram uma faixa de
(ACHARYA et al., 2007).
temperatura ótima entre cerca de 20 e 30°C, para a transmissão
E. tarda é considerado um organismo oblico e foi
em
Edwarsiella
em
peixe
com
septicemia.
identificada como hospedeiro em amostras de animais e ambientais de água. O habitat natural da
É importante considerar o impacto destas bactérias
bactéria E. tarda é o trato gastrointestinal de
zoonóticas, vários pesquisadores afirmam que a
animais, e a sua deposição nas fezes permite que a
exposição ao ecossistema aquático e seus habitats
propagação seja feita no ecossistema, a infecção é
parecem ser precursores de doenças por E. tarda
mais provável de ocorrer através do epitélio do
(WIEDENMAYER, 2006).
intestino danificado (PLUMB & EVANS, 2006). Considera-se também patógeno de origem alimentar, Os répteis e anfíbios foram identificados como
o consumo de forma crua ou manipulados de
importantes hospedeiros da bactéria E. toma, sendo
produtos do mar em condições inadequadas ou
isoladas em cobras, lagartos, jacarés, tartarugas,
processados em ambientes contaminados, podendo
sapos e rãs (Wiedenmayer, 2006). As aves são
levar à doença (SLAVEN et al., 2001).
também consideradas hospedeiras essenciais das bactérias e pode ser um componente importante de
A patogênese da E. tarda é multifatorial. (Janda et
propagação (WIEDENMAYER, 2006).
al., 1991) demosntra a capacidade das bactérias para
aderência
e
replicação
dentro
das
White et al., 1973 identificaram a presença de E.
monocamadas das linhas celulares epiteliais HEp-2.
tarda em várias espécies de aves aquáticas, como o
A invasão foi relatada como sendo dependente de
pelicano marrom. Elas são capazes de infectar uma
microfilamentos.
variedade
de
espécies
de
mamíferos,
sendo
isoladas em macacos (Kourany et al., 1977), gado
Da mesma forma, Phillips et al .,1998 através de
(Ewing et al., 1965), suínos (Owens et al., 1974) e
microscopia eletrônica mostrou que E.toma induz projecções que se estendem sobre a membrana
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Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
plasmática de células HEp-2. Estudos recentes descobriram que a E. tarda produz O alto potencial de infecção do agente patogênico
uma proteína tóxica que pode ser injectada dentro
em relação ao seu hospedeiro deve-se ao fato da
das células hospedeiras por sistema de secreção
sua capacidade de desintoxicar várias formas
T3SS (TAN et al., 2005; ZHENG et al., 2005).
tóxicas de oxigênio (O2, H2O2 e OH2) presentes no
As
organismo invadido, no intuito de produzir enzimas
maioria das cepas das bactérias são responsáveis
como
pelo maior dano (HIRONO et al., 1997).
a
peróxidase
superóxido (SOD)
dismutase,
(Mohanty
e
catalase Sahoo,
e
a
dermotoxinas
hemolisinas
produzidas
pela
2007).
(Wakabayashi & Yamada, 1999) identificaram o
De acordo com Aranishi & Hand, 2000 relataram que
gene da SOD (SodB) de E. tarda.
durante a infecção, o nível habitual de catepsinas da
.
pele aumentou, indicando uma atividade anti-
De acordo com Srinivasa Rao et al., 2003 relataram
bacteriana.
14 genes (derivados mutantes de TnphoA 15) importantes na patogênese causada por E. tarda,
Ao reproduzir a infecção experimental de E. tarda em
que codificam alguns fatores de virulência, como
tilápias nilóticas, injetando por via intramuscular 0,3
transportadores de fosfato de proteínas homólogas
mL de suspensão bacteriana contendo 108 UFC /Ml.
ao sistema regulador, secreção de catalase como o
Vários sinais clínicos foram observados, incluindo
glutamato descarboxilase, proteínas fimbriais e duas
movimentos lentos e perda de reflexos de defesa e
novas proteínas.
fuga. Sintomaticamente relataram derramamento de escalas e coloração pálida, edematose grave,
O gene fimA da bactéria é responsável pela adesão
inchaço no local da injeção, presença de balonismo
à sede invasão (Mohanty & Sahoo, 2007). Dentro do
na barriga com ascite amareladas, ânus sangrando e
hospedeiro, a bactéria produz um soro anti- morte
opacidade em ambos os olhos (EL-YAZEED &
mediada pelos fagócitos, que são realizadas pelos
IBRAHEM, 2009).
genes gadB, ISOR, Katb e ompS2 SSRB. Os genes Pst ajudam adquirir nutrientes, tais como o fosfato e
Em infecções leves, a única manifestação da doença
o ferro no hospedeiro, necessários
para a
inclui pequenas lesões de pele (3-5 mm de
proliferação das bactérias (MOHANTY & SAHOO,
diâmetro), localizadas nas porções laterais do corpo.
2007).
Com a progressão da doença, abscessos se desenvolveram lateralmente dentro dos músculos ou
Ainda de acordo com Shen & Chen, 2005 também
no pedúnculo caudal. Estes abscessos rapidamente
observaram a expressão de genes de virulência
aumentam de tamanho e se desenvolvem dentro de
(hlyA,
mukF)
grandes cavidades cheias de gás, e que na fase
correlacionados com a mortalidade de peixes
aguda, são visíveis como áreas convexas e inchadas
infectados com E. tarda.
(MOHANTY & SAHOO, 2007).
Han et al.,2006 relataram que estirpes virulentas
Se a lesão está instalada, um odor fétido é emitido,
possuem genes do tipo I e sodB Katb, enquanto
sendo
cepas avirulentos têm tipo II sodB, mas não Katb.
necrosados nas cavidades (WIEDENMAYER, 2010).
CITC,
Fima,
gadB,
Katb
e
possível
indetificar
restos
de
tecido
Isto sugere que a capacidade de E. leva a resistência fagocitose
do
complemento
e é para a
da
atividade
presença
de
À medida que a infecção progride, os peixes
da enzima
afetados perdem o controle sobre a metade caudal
superóxido dismutase e catalase.Além disso, as estruturas
de
superfície
celular,
tais
do corpo (MOHANTY & SAHOO, 2007).
como
peptidoglicano
O exame histopatológico de septsemia por E. toma
também ajudam a resistir ao ambiente hostil dentro
são realizados no rim, fígado, baço e intestino. A
do hospedeiro (Matthew et al., 2001). E. Tarda
infecção é caracterizada por necrose liquefativa,
também tem um sistema de aquisição de ferro,
disseminação bacteriana extensa, e presença de
mediada por (KOBO et al., 1990).
macrófagos (WIEDENMAYER, 2006).
lipopolissacáridos
e
bactérias
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Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
espaço para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer De naacordo com arrastá-la.] Galal et al.,2005 alterações Saccharomyces cerevisiae aumentam o sistema lugar página, basta histopatológicas em O. niloticus inoculados imune não específico, adaptando ligeiramente a experimentalmente, levando a mudanças como
tilápia para sobreviver sob estresse salino, e
degeneração hepática, alterações de gordura, e
reduzindo a mortalidade devido à infecção E. tarda.
necrose. Nos rins, a necrose epitelial observada Uma OMP foi detectada em várias estirpes de E.
ocorreu nos túbulos contornados.
tarda, designando
uma vacina eficaz contra a
O isolamento primário de E. tarda é mais satisfatório
infecção
usando
de
linguado japonês (Kawai et al., 2004). No entanto,
Salmonella-Shigella ou dupla força caldo selenito-
essas vacinas requerem um trabalho caro e não
cisteína, seguido de semeadura direta em ágar
prático.
uma
etapa
de
caldo
enriquecido
experimental
em
peixes
da
espécie
Salmonella-Shigella (STARLIPER, 2008). Liu
et
al.,2005
prepararam
uma
GAPDH
Além disso, Horenstein, et al., 2004 diagnosticou
recombinante de E. tarda, a qual serve como um
E.tarda utilizando PCR levadas a amostras de
antígeno de vacina, prático e eficaz contra a infecção
sangue.
por E. Tarda no linguado japonês. Curiosamente, a GAPDH protege de forma eficaz o linguado japonês
Segundo Savan et al., 2005 relatou um método
da infecção víbrio porque ambas as bactérias
sensível e rápido de LAMP para o diagnóstico da
patogênicas são altamente homólogas.
edwarsiellosis. Verjan et al.,2005 identificou 7 proteínas antigênicas Vários
pesquisadores
norfloxacina, gentamicina
relataram
ciprofloxacina, e
cloranfenicol
o
uso
de
de E.tarda utilizando anti-soro leva policlonal de
oxitetraciclina,
coelho
(SAHOO
identificados
&
e
suas
sequências
como
de
aminoácidos
lipoproteínas,
proteínas
MUKHERJEE, 1997), cefazolina (ZHANG et al.,
periplásmicas e proteínas exportadas, realizando
2005) e azetronam (ZHU et al., 2006).
papel importante no transporte de
metabólitos
através da membrana celular, ocasionando uma O parâmetro físico-químico do ambiente deve ser
resposta ao estresse e a mortalidade. Genes
ideal para prevenir a infecção. Uma boa alternativa é
detectados e seus produtos podem ser utilizados
manter as codições adequadas em lagoas. As
para
incubadoras devem ser mantidas com saneamento
subunidades de DNA.
desenvolver
vacinas
recombinantes
ou
básico e higiene. Para um melhor controle de edwarsiellosis, deve-se monitorar constantemente a
Além disso, outros métodos importantes relatados
sua presença no meio e manter a raça livre de
referem-se ao controle, tratamento e prevenção da
patógenos (MOHANTY & SAHOO, 2007).
doença,
utilizando
selecionado
imunoestimulantes.
um
número
grande
Foi de
O uso de substâncias tais como probióticos stress,
imunoestimulantes usados contra infecções por E.
ácido
ser
tarda nas grandes carpas indianas. Alguns deles,
realizados, adicionando-os ao alimento. (Pirarat et
tais como o β-1, 3-glucano, proveniente da parede
al., 2006) sugeriu que peixes infectados com E.
celular de Saccharomyces cerevisiae com uma dose
tarda, possuem um aumento de Lactobacillus
de 0,1 mg de alimentação / kg por 5 vezes, a
rhamnosus no sistema do complemento do peixe,
intervalos de 3 dias, foi encontrada para ser mais do
ocorrendo uma agregação de células fagocíticas
eficaz no tratamento da doença e para reduzir a
permitindo dessa forma, um aumento da atividade
mortalidade em casos agudo. Estas substâncias
fagocítica subsequentemente protegendo os peixes
protegem contra outros patógenos como bactérias,
da morte por septicemia aguda.
vírus,
ascórbico,
lipopolissacarídeo
podem
parasitas
e
fungos,
não
ocorrendo
a
possibilidade de criação de um ambiente prejudicial Taoka et al.,2006 reportou que a administração de
(SAHOO & MUKHERJEE, 2002).
probióticos comerciais contendo Bacillus subtilis, Lactobacillus acidophilus, e Clostridium butyricum 4988
Flavobacterium columnare
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para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, basta
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
espaço para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, bastaé arrastá-la.] Flavobacterium columnare o agente etiológico da canismos de virulência. columnariose, enfermidade comumente observada em pisciculturas de água doce, que ocasiona
Estudos tem sugerido que a adesão ao tecido
extensiva morbidade e mortalidade em peixes de
branquial é um passo importante na patogênese
todo o mundo, gerando sérios impactos econômicos
desta bactéria, e a quimiotaxia da mucosa do peixe
(PILARSKI et al., 2008).
está associada com a virulência deste patógeno (KUNTTU, 2010).
F. columnare é uma bactéria gram-negativa, não flagelada, que tem como principal característica a
Além
disso,
as
atividades
das
enzimas
que
motilidade, através de deslocamento e deslizamento
degradam tecidos conjuntivos, como a condroitina
em superfícies sólidas. As características que
AC liase aparentam estar relacionadas com a
distinguem esta bactéria de outras são as suas
virulência de F. columnare. Também verificou-se que
habilidades para crescer na presença de sulfato de
a composição de LPS difere dos mutantes virulentos
neomicina e sulfato de polimixina B. Forma colônias
(KUNTTU, 2010).
de coloração amarelada, produtoras de rizóides, e de uma enzima que degrada a condroitina, gelatina
A
B, sulfato de congo e absorção o vermelho dentro de
presença de áreas de erosão ou lesões necróticas
doença
é
colônias (SEBASTIÃO et al., 2011).
rasas,
com
caracterizada uma
clinicamente
coloração
entre
pela cinza-
esbranquiçado e branco-cinza-amarelado, localizada Esta
ampla
na região das barbatanas, da cabeça e / ou do
distribuição geográfica no Brasil. Foi encontrada em
bactéria
é
oportunista,
e
possui
corpo. As brânquias também são afetadas e
espécies nativas, assim como nas comercialmente
mostram sinais de palidez e necrose. Epizootias de
importantes, incluindo tilápias nilóticas (Oreochromis
columnaris são especialmente importantes quando a
niloticus). Ela faz parte da microbiota normal da
temperatura da água é de 21°C ou mais, conduzindo
água, da pele e das guelras de um peixe. É
a perdas elevadas no peixe afetado (SANDOVAL et
comumente observada em água de piscicultura e é
al., 2010).
descrito como um agente causador de um grande número de mortalidades em tilápias.
Mohamed & Ahmed, 2011 trabalhando com tilápias nilóticas contaminadas com 0,2 x 108 UFC de F.
A doença
Columnarisose
aparecimento
de
pontos
é caracterizada por
columnare,
cinzentos
desconforto respiratório, natação perto da superfície
ou
áreas
água,
demonstrou movimentos
perda
de
rápido,
apetite
opérculo
e
amareladas de erosão, que são normalmente
da
com
cercadas por uma zona hiperémicas avermelhada
manifestações nervosas e uma mortalidade de
geralmente aparecendo na cabeça, na superfície do
aproximadamente 70% dos peixes.
corpo e nas brânquias (PILARSKI et al., 2008). As lesões de pele formam erosões extensas e No entanto, sob condições desfavoráveis, tais como
placas, principalmente na região frontal da cabeça e
temperaturas superiores a 20°C, baixos níveis de
abdomen,
oxigênio dissolvido na água, altas concentrações de
hemorrágicas cercadas por uma área avermelhada
amônia,
alta
densidade
contaminação
como
pequenas
úlceras
da
idetificadas nas áreas pélvica e anal. O sangramento
a outras bactérias, são
foi observado na base das nadadeiras peitorais e
capazes de invadir o corpo do hospedeiro causando
nadadeira caudal, com edema e margem cinza
danos ou até a morte em casos mais graves
desbotada.
(SEBASTIÃO et al., 2011).
membranosa caudal final, nos filamentos branquiais
população, associadas
de
assim
e
nas
Necrose
vísceras
foi
observada
congestionadas,
na
que
porção estavam
Columnaris é uma doença contagiosa que pode ser
inflamadas e cobertas de muco. Em outros casos,
transmitida horizontalmente através do contato direto
uma ligeira opacidade da córnea foi observada
em feridas na pele ou por via fecal (MOHAMED &
(MOHAMED & AHMED, 2011). Segundo os mesmos
AHMED, 2011), sendo pouco conhecidos seus me-
autores,
as
lesões
encontradas
em
tilápias
infectadas com F. Columnare foram limitadas à pele Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4982-4996, mar. / abr. 2017. ISSN: 1983-9006
4989
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
e às brânquias, além de lesões septicêmicas em
isoladas em crescimento em ágar Mac Conkey e
outros órgãos. As infecções das brânquias são
ágar nutritivo (6% de NaCl) (OTTEM et al., 2007).
menos comuns, sendo que as lesões mais graves começam na base do arco branquial, provocando
A F. asiatica foi recentemente descrita como membro
um alargamento progressivo e posterior necrose.
do gênero Francisella, recuperada a partir de três pacientes infectados com Parapristipoma trilineatum
A pele apresentou necrose coagulativa grave e
no Japão, utilizando o isolamento para descrever
espongiose na epiderme, sendo que em alguns
novas espécies (MIKALSEN & COLQUHOUN, 2009).
casos, a necrose mostrou pústulas, erosões e ulcerações induzidas, apresentando massas de
Nos
basófilos e colônias bacterianas. As ulcerações
mortalidade significativa em tilápias de cultivo
penetram nos tecidos mais profundos causando
(Oreochromis
dermatite,
importantes de águas quentes e frias nos Estados
miosite
necrosante
e
perimiositis
(MOHAMED & AHMED, 2011).
últimos
cinco
anos,
spp.),
e
a
em
bactéria
causou
outras
espécies
Unidos, Taiwan, América Latina, especialmente na Costa Rica e no Japão (SOTO et al., 2009;
O
fígado apresentou
necrose de coagulação,
VOJTECH et al., 2009).
infiltração de neutrófilos e congestão dos vasos sanguíneos. O fígado foi observado apresentando
A transmissão da infecção da F. asiatica está
um tecido parenquimatoso fibroso, infiltrado com
aparentemente restrita a uma temperatura entre
numerosos
20°C - 28°C em Robalo (OSTLAND et al., 2006).
macrófagos,
linfócitos
e
células
polimorfonucleares (MOHAMED & AHMED, 2011). O sucesso da Francisella diz respeito ao fato de o Os rins mostraram áreas multifocais de necrose
patógeno estar intimamente associado com a sua
coagulativa
degeneração
capacidade de sobreviver e se replicar em uma
moderada hidrofóbica no revestimento epitelial dos
grande variedade de tipos de células hospedeiras
túbulos renais e encolhimento dos glomérulos.
(PECHOUS et al., 2009).
e
hemorragia,
com
Observaram-se também áreas focais de células de fibrose mononuclear, que substituíram o tecido renal
A Francisella adentra as células por meio do
(MOHAMED & AHMED, 2011).
processo de fagocitose (looping fagocitose), que envolve o rearranjo de actina via sinalização
De acordo com Mohamed & Ahmed, 2011 relataram
fosfatidilinositol 3-quinase e sofre dependência da
o uso de oxitetraciclina para minimizar a lesão
presença do fator de C3 e de receptor CR3 do
ocasionada por F. Columnare.
complemento (CLEMENS et al., 2009).
A prevenção e o controle de columnaris incluem
Seguido por internalização dentro da célula, a
manutenção da qualidade da água e controle do
Francisella é capaz de alterar os processos normais
policultivo. O uso de nifurpirinol (NFP) e nitrofuranos,
bactericidas
dentre outros medicamentos, tem alcançado um
respiratória (FORTIER et al., 1994).
bom
resultado
no
tratamento
dessa
e
evitar
a
indução
da
explosão
doença
(SANDOVAL et al., 2010). O uso de probióticos
Os vacúolos contendo F. tularensis não adquirem
contendo Bacillus subtilis na dieta e na água de
catepsina D e mesclam a hidrolase com lisossomos
tanques com, dois meses antes do desafio com F.
(Clemens et al., 2009). Além disso, F. altera as
columnare, favoreceu o deseparecimento de sinais
células tularensis do hospedeiro, fazendo com que o
clínicos, não ocorrendo relatos de mortalidade
fagossoma entre no citosol, sofrendo dessa maneira
(MOHAMED & AHMED, 2011).
uma replicação extensiva (PECHOUS et al., 2009).
Francisella spp. A francisela é
um
cocobacilo
gram-negativo
Membros
do
gênero
Francisella,
por
serem
pequeno, pleomórfico, sem motilidade, estritamente
organismos não móveis, são transmitidos por contato
aeróbico, intracelular facultativo, e que não produz
direto com animais infectados, através de água ou
esporos (Foley & Nieto, 2009). As bactérias são
alimentos contaminados ou por vetores, como
4990
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4982-4996, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, basta
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
insetos mastigadores (COLQUHOUN & DUODU,
cultivadas na Costa Rica, de acordo com relatos de
2011).
(Hsieh et al., 2006) e (Mauel et al., 2007). Sinais clínicos e alta mortalidade estavam presentes nas
A transmissão da Francisellosis em peixes possui
tilápias. De acordo com relatos de criadores, os
uma ligação com os ambientes aquáticos, sendo
peixes afetados nadavam de forma irregular por
possível ser identificada em peixes de água doce e
cinco a dez minutos e depois sucumbiam e ocorria
salgada (MIKALSEN et al., 2007).
óbito.
Aparentemente, transmissível
a
em
francisellosis condições
é
altamente
ambientais
Este sinal clínico pode ser relacionado com a
ideais,
quantidade de infiltração de células granulomatosas
possuindo níveis altos de infecção principalmente no
inflamatórias presentes no sistema nervoso central,
bacalhau do Atlântico e em tilápias. (CHERN, 2006).
uma vez que a maioria dos peixes afetados foram aqueles que exibiram este comportamento (SOTO et
Além disso, Colquhoun & Duodu, 2011 relataram
al., 2010).
que o contato peixe a peixe é desnecessário para a contaminação. Por exemplo, o bacalhau pode ser
Soto et al.,2009 mostrou que apenas 23 bactérias de
diretamente infectado através da água de efluentes,
F. Asian injetadas no peritônio são capazes de
contida em tanques com peixes infectados.
causar
mortalidade
em
tilápias
(Oreochromis
niloticus), e menos patógenos ainda são suficientes Foi relatado, também que F. noatunensis subsp.
para causar graves lesões em órgãos importantes
noatunensis
como rim e baço.
pode
ser
cultivada
a
50%
dos
coabitantes no intestino do bacalhau do Atlântico (Mikalsen et al., 2009), o que pode indicar que a via
Streptococcus spp.
de propagação fecal-oral é uma das principais rotas
Streptococcosis é uma das infecções bacterianas
de transmissão (COLQUHOUN & DUODU, 2011).
mais importantes que afetam tilápias e evoluiu de uma "doença emergente", para uma entidade
Além disso, a identificação de F. noatunensis subsp.
verdade,
noatunensis em ovas de bacalhau do Atlântico pode
estabelecida. Esta doença tem sido relatada em todo
indicar que a doença é
o mundo, afetando mais de 45 espécies de peixes
contudo,
é
preciso
transmitida verticalmente uma
investigação
completamente
identificada
e
bem
mais
em ambientes de água doce, e em água salgada em
aprofundada para se chegar a uma conclusão
estuários na África, América, Ásia, Austrália e
precisa (COLQUHOUN & DUODU, 2011).
Europa. O continente americano possui casos notificados de streptococcosis em tilápias cultivadas
A patogenicidade da Francisella sp (FPI) é um locus
em pelo menos 12 países (Conroy, 2009).
de 30 kb, identificado dentro da Francisella genoma tularensis. As funções associadas com os genes
S. iniae é um cocobacilo gram-positivo, catalase
codificados
crescimento
negativo, organizado em pares ou em cadeias. Não
intracelular. (Soto, 2010a). Vários genes homólogos
móvel; sensível à vancomicina, a reacção negativa
ao Igla, iglB, IGLC e IGLD de F. tularensis foram
de Voges-Proskauer (VP) para acetimetil carbinol a
encontrados na estirpe 07-285 F. asiatica, isolados a
produção da enzima, e que não reagem com a bílis
partir de tilápias doentes (SOTO, 2010).
meia – escualina (BE), ácido produção de sorbitol e
pelo
IFP
incluem
o
de gás no Mann Rogosa afiada caldo (MRS), e Os peixes infectados mostraram sinais clínicos
cultivadas a 45 ° C ou caldo contendo 6,5% de NaCl.
inespecíficos, como a natação errática, anemia,
No entanto, algumas cepas podem mostrar fraco
anorexia, exoftalmia e alta mortalidade (SOTO et al.,
crescimento, positiva para a produção de leucina
2010).
aminopeptidase (LAP) e CAMP (teste para aumentar a
produção
de
hemólise
beta
utilizando
Existem graves alterações patológicas em achados
Staphylococcus aureus Streptococcus (Evans et al.,
histopatológicos descritos em tilápias afetadas,
2006b.).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4982-4996, mar. / abr. 2017. ISSN: 1983-9006
4991
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
Ele foi isolado pela primeira vez em 1976, em botos
Sinais clínicos típicos podem incluir anorexia, letargia
de água doce da Amazônia (iniae geoffrensis) que
(Romano & Mejia, 2003), melanose da pele,
viveram no aquário de San Francisco e de Nova
hemorragias petequiais e hiperemia da região anal e
York (Pier & Madin, 1976).
nas asas, lesões hemorrágicas e necróticas na pele e tecido muscular, exoftalmia unilateral ou bilateral
Esses animais tinham lesões superficiais na pele. Na
com ou sem sangramento e opacidade da córnea e
década de 80, foram isoladas novas espécies de
periocular (CONROY, 2009).
streptococos, consideradas agentes etiológicos da meningoencefalite aguda que afetavam o cultivo de
Uma característica importante é a presença de
tilápias em Israel, Taiwan e EUA (Eldar et al., 1994 e
movimentos
1995a), causando alta taxa de mortalidade entre os
principalmente quando peixe está morrendo, o que
animais. Inicialmente este patógeno foi denominado
tem dado origem ao termo "doença de tilápia
de Streptococcus shiloi, entretanto as análises
selvagem." O comportamento de natação anormal é
fenotípicas e genotípicas mostraram que a bactéria
causado pela meningoencefalite, que é a infecção
isolada era a Streptococcus iniae (Eldar et al.,
das meninges por Streptococcus cérebro invasivo
1995b).
(CONROY, 2009).
S. iniae pode afetar diversas espécies de peixes, incluindo peixes de água salgada (Boletim OPAS Epidemiológica,
2000;
Colourn
2002).Entratanto vários relatórios
et
al.,
indicam que a
tilápia é o peixe mais afetado (Baiano & Barnes, 2009).
erráticos
e
natação
desorientada,
A exoftalmia geralmente está associada com as fases iniciais da doença, e apresentam como sintomas
congestão
e
edema
retrobulbar
acompanhada por inflamação, necrose e hiperemia do nervo óptico e coróide, o que resulta na expulsão de materiais necróticos através da córnea ulcerada.
Kitao, 1993 mostrou que os peixes que sobrevivem a um surto de streptococcosis permanecem como uma foco permanente de infecção. Dessa maneira, uma vez que a doença entra numa fazenda ou em uma produção de tilápia, é extremamente difícil ou impossível erradica-lá. De acordo com Chang, 1994 demonstrou que O. niloticus
era
susceptível
à
infecção
por
Streptococcus após sofrer lesão na superfície da pele, observando-se a maior responsável pela elevada taxa de mortalidade quando os peixes foram mantidos em água com uma salinidade de 30% e uma temperatura de 25ºC. Isto possivelmente indica que a suscetibilidade de tilápias para esta doença aumenta a medida que a salinidade e a temperatura da água se elevam.
Pode ser encontrada opacidade ou até mesmo a perda total da córnea (CONROY, 2009). De acordo com a experiência de Conroy, 2009, em particular
na
América,
os
sinais
manifestações
patológicas
podem
de acordo com
variar
de
clínicos
tilápias
e
doentes
a espécie
de
Streptococcus que causou a infecção. As hemorragias petequiais ou difusas cutâneas são comuns e embora a situação prevaleça em todo o corpo, na região cefálica e caudal é onde irá apresentar maiores manifestações. Muitas vezes o baço e fígado, estão friáveis. Na cavidade craniana, pode haver a congestão difusa do fluido espinhal cerebral hemorrágico (ROMANO & MEJIA, 2003). Na necropsia o baço normalmente está com o tamanho aumentado e o fígado e os rins estão
Normalmente tilápias infectadas com streptococcosis
pálidos e manchados com inúmeras áreas de
mostram
clínicas,
necrose focal. Frequentemente é identificada uma
dependendo das espécies de Streptococcus e da
miocardite e pericardite (Perera et al., 1998) e
espécie de tilápia (Conroy, 2009). Ainda de acordo
poliserositis.
A
com
aparentemente
distendida,
contendo
resistente
sanguinolento (ROMANO & MEJIA, 2003).
diferentes
(Sandoval
Oreochromis
et
manifestações
al.,
niloticus
é
2010), mais
ao
cavidade
sptreptococosis aureus. 4992
abdominal
um
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pode
exsudato
ser
seros-
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
Os vasos branquiais são geralmente hiperemico e infiltrados com os macrófagos e nesses casos, os
A S. iniae é sempre hemolítica em placas de sangue,
filamentos
apresentar
enquanto que S. Agalactiae hemolítica pode ou não
sangramento maciço e sofrem um processo de
ser não hemolítico. O teste para a hidrólise de amido
necrose
brânquias,
é essencial para identificação de S. iniae e
provocando odor e posteriormente aumentando a
diferenciação de outros organismos (Evans et al.,
mortalidade. O trato intestinal pode também estar
2004).
branquiais que
afeta
podem
as
áreas
das
com a mucosa hiperemiada e sofrer descamação S. iniae é sensível a vários antibióticos, incluindo a
contínua (CONROY, 2009).
oxitetraciclina, Streptococcosis
em
tilápias
geralmente
estão
clavulónico,
ciprofloxacina,
penicilina,
amoxicilina
cloranfenicol,
ácido
tetraciclina,
associados com o aparecimento de granulomas. A
rifampina, trimetoprim sulfametoxazol, eritromicina e
análise histológica mostra uma aguda septicemia,
vancomicina (Evans et al., 2006b.). Isolados da S.
com infiltração de células inflamatórias e numerosos
iniae são resistentes à eritromicina, amicacina e
cocos
ácido
na
maioria
Predominantemente encefálico
dos
tecidos
uma
apresentam
os
examinados.
imagem
meningo-
capilares
dilatados,
nalidíxico
variando
a
sensibilidade
à
gentamicina e ampicilina (VANDAMME et al., 1997).
ocorrendo um extravasamento dos eritrócitos e
Os Alevinos de tilápias que apresentaram sinais
densos infiltrados inflamatórios com predominância
clínicos e mortalidade causados por S. iniae,
de
sofreram tratamento com florfenicol em doses de 15
granulócitos-macrófagos
embora
também
mg de peso corporal / kg / dia, durante 10 dias.
linfócitos sejam observados (CONROY, 2009).
Observou-se
um
aumento
significativo
de
Com técnicas de impregnação de prata, é possível
sobrevivência após os 14 dias de tratamento, em
identificar
comparação com os animais não medicados. As
cocos
abundantes
no
parênquima focal
chances de morte entre peixes não medicados eram
intraséptica com focos de necrose hepatocelular e
1,34 vezes maiores do que os encontrados em
infiltrado
inflamatório.
peixes medicados (GAIKOWSKI, 2009).
envolvem
várias
cerebral.
No
fígado,
há
uma
hepatite
Métodos técnicas
de
diagnóstico
de
bioquímica
bacteriológica,
juntamente
com
as
convencionais
moleculares
(ROMANO
técnicas MEJIA,
A adição de probióticos para alimentar é uma boa escolha. Recentemente, foi utilizada uma mistura de dois probióticos contendo Lactobacillus acidophilus,
2003).
e Streptococcus faecium, que parecem melhorar o Alterações na taxonomia e nomenclatura do gênero
ambiente intestinal, reduzindo o estresse em animais
Streptococcus ocorreram como um resultado do
e gerando alguma protecção contra a infecção por
advento de técnicas moleculares utilizadas para
parasitas e / ou bactérias patogênicas, tais como S.
ajudar a delinear as diferenças de gênero em
iniae (TAVARES-DIAS et al., 2001).
espécies bacterianas. Além disso, a semelhança entre as características fenotípicas como catalase negativos, cocos gram-positivos, como ocorre, por exemplo,
em
Lactococcus
gera,
Enterococcus
hemolítica e Streptococcus, pode causar confusão e
No entanto, a melhor estratégia, como quase sempre acontece, é a vacinação apropriada nos animais. Quando se menciona a utilização adequada, referese à utilização de vacina específica. Portanto, não fazer uma boa identificação do microrganismo que
erros de identificação (EVANS et al., 2006).
possuem diferentes cepas de virulência e cada um Tanto S. iniae e S. agalactiae são positivos para LAP e
CAMP.
Para
confirmar
o
diagnóstico,
a
diferenciação entre S. Iniae e S. agalactiae é feita pelo fato de a primeira crescer normalmente a 10 ° C, não hidrolisar hipurato, mas sim o amido, e ter um grupo Lancefield (EVANS et al., 2006).
diferente genótipo é um equívoco (Fuller et al., 2001). É por isso que algumas vacinas parecem ser bem sucedidas, partindo do fato de que o sistema imunitário dos peixes é muito semelhante ao dos mamíferos e o reconhecimento da fase específica da resposta imune, seja móvel ou humoral antígeno-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4982-4996, mar. / abr. 2017. ISSN: 1983-9006
4993
Artigo 414 – As principais doenças na criação de tilápias no Brasil- revisão de literatura
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para enfatizar um ponto-chave. Para colocar essa caixa de texto em qualquer lugar na página, basta
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Utilização de Resíduo Industrial de Tomate (RIT) na Alimentação de Ruminantes: revisão de Revista Eletrônica
literatura Armazenamento, bovinos, degradabilidade, valor nutricional. 1
Vol. 14, Nº 02, mar. / abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Kárito Augusto Pereira 2 Alliny das Graças Amaral 3 Renata Vaz Ribeiro 1 Anderson Rodrigues de Oliveira 4 Angelo Herbet Moreira Arcanjo 1
Mestrando em Produção Animal – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Minas Gerais. Brasil. E-mail: karitoaugusto@hotmail.com 2 Doscente e pesquisadora da Universidade Estadual de Goiás (UEG) – Câmpus São Luís de Montes Belos. Goiás. Brasil. 3 Mestranda em Produção Animal – Universidade Federal de Goiás (UFG). Goiás. Brasil. 4 Mestre em Produção Animal – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Minas Gerais. Brasil.
RESUMO
USE TOMATO INDUSTRIAL WASTE (RIT) IN
O setor da pecuária bovina nacional é suportado
RUMINANT FEED: LITERATURE REVIEW
quase em sua totalidade por um sistema de produção extensiva em que a alimentação volumosa
ABSTRACT
é exclusivamente fornecida por meio das pastagens.
The sector of the national cattle breeding is
Entretanto, a escassez da forrageira na época seca
supported almost entirely by an extensive production
interfere drasticamente nos índices de produtividade
system in which the bulky power is exclusively
do rebanho brasileiro. Fazendo-se necessário a
provided
busca por alimentos alternativos como resíduos
shortage of fodder in the dry season interfere
industriais, quando disponível na região, tornando
dramatically in the Brazilian herd productivity. Making
uma alternativa válida na alimentação de ruminantes
it necessary to search for alternative foods such as
a fim de suprir parte das exigências. Tomando como
industrial waste, when available in the region,
análise o uso industrial do tomate, uma vez que a
becoming a valid alternative in ruminant feeding in
colheita do fruto coincide com o período de escassez
order to supply part of the requirements. Taking as
e baixa qualidade e disponibilidade da forragem,
the industrial tomato, since the fruit harvest coincides
podendo este, se tornar uma importante fonte
with the period of the poor quality and availability of
alimentar.
fodder and can become an important food source.
through
the
pastures.
However,
the
Keyword: cattle, degradability, nutritional value, Palavras-chave: armazenamento, bovinos,
storage.
degradabilidade, valor nutricional.
4997
Artigo 415- Utilização de resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação de ruminantes- revisão de literatura
INTRODUÇÃO
Objetivou-se, a partir deste trabalho, descrever a
Diante de um cenário cada vez mais competitivo na
utilização de resíduos industriais de polpa de tomate
criação
na
de
animais
substituição
de
para
fins
alimentos
zootécnicos,
convencionais
a por
alimentação
de
ruminantes,
visando
sua
disponibilidade e potencial produtivo.
subprodutos torna-se uma saída consideravelmente atraente, a fim de adotarem estratégias para redução dos custos de produção e obtenção de maiores lucros no setor (MATOS, 2002). Garantindo que as necessidades nutricionais dos bovinos possam ser supridas. Sobretudo os subprodutos apresentam grandes vantagens na alimentação de ruminantes por não estabelecer competição com o uso na alimentação humana (SILVA et al., 2013).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Resíduo Industrial de Tomate O estado de Goiás se destaca por ser o maior produtor nacional, e o setor vem crescendo 11% nos últimos anos no segmento de molhos, 5% no segmento de extratos. (G1, 2014). A partir do GRÁFICO 1 pode-se perceber o crescimento na produção de tomate entre os anos de 1994 a 2014, produção computada em 4.302,777 toneladas de
Por conseguinte, essa prática tem sido utilizada há
tomate, e da área utilizada no plantio do fruto no
vários anos com crescimento exponencial em seu
mesmo período com 64,363 hectares da lavoura
uso. Grande parte dos subprodutos na alimentação
(IPEA, 2014).
animal é resultante do processamento da indústria GRÁFICO 1- Série histórica da produção e da área
alimentícia e têxtil (GRASSER et al., 1995).
colhida de tomate de 1994 a 2014 do Brasil. Há
inúmeros
subprodutos
agroindustriais
com
diversidades satisfatórias em suas composições químicas que podem ser empregados na nutrição de ruminantes. Se destacando pela alta disponibilidade, ou
por
suas
características
bromatológicas
GRÁFICO 1- Série histórica da produção e da área colhida de tomate de 1994 a 2014 do Brasil.
(ROGÉRIO et al., 2009). Diante de tais ponderações torna-se pertinente destacar a geração de resíduos de tomate, que é bastante
significativo
pesquisadores
a
o
que
estudarem
tem
levado
alternativas
que
viabilizem a utilização do resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação animal, sendo esse subproduto
utilizado
principalmente
para
a
alimentação de ruminantes (RODRIGUEZ et al., 2009). Fonte: IBGE/PAM (2014).
O RIT é composto por fruto, casca do fruto, fração fibrosa da polpa e sementes, visto que o percentual
A colheita do tomate coincide com o período de
de cada um pode variar de acordo com o tipo de
escassez e baixa qualidade e disponibilidade da
processamento que o fruto recebe (RIBEIRO et al.,
forragem, período em que é comum a utilização de
2000).
outras fontes alternativas de alimentos (DENUCCI, 2010).
O manejo do resíduo industrial de tomate representa sérios problemas de contaminação ambiental para a
O resíduo de tomate é um produto oriundo da
indústria, resultando em maiores custos de produção
indústria produtora de polpa ou suco de tomate, e
devido ao transporte e pagamento de áreas para depósito do resíduo. 4998
gera em torno de 8,1% do peso fresco em resíduo,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4997-5003, mar./abr. 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 415- Utilização de resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação de ruminantes-revisão de literatura
sendo basicamente constituído de sementes e
de soja e vitaminas do complexo B. Entretanto
cascas, apresentando pequena quantidade de polpa.
grande parte da proteína pode estar indisponível
A proporção de cada uma das frações do resíduo é
para a utilização pelo animal, pois o tomate passa
variável de acordo com o produto final, e quando é
por um tratamento térmico durante o processo de
um produto descascado o resíduo será rico em
extração da polpa (RODRIGUEZ et al., 2009).
cascas, e quando o foco é a produção de molho de tomate, há maior presença de sementes no resíduo
A degradabilidade potencial da matéria seca (MS) e
(RODRIGUEZ et al., 2009).
da proteína bruta (PB) do resíduo industrial de tomate
utilizado
na
alimentação
de
bovinos,
Já na indústria, o tomate passa por três etapas de
apresenta valores de 70,2 e 79,6%, muito próximos
limpeza,
posteriormente
aos parâmetros de degradação da silagem de milho
encaminhado a moagem. A maior parte do produto
moído a 2 mm, com degradabilidade da MS e da PB
colhido se concentra em polpa concentrada, que
de 71,8 e 80,4%, respectivamente (CAMPOS, 2005).
sendo
classificado
e
garante a produção de extratos de tomate e molhos durante o ano todo, e seus respectivos resíduos
Todavia a digestibilidade da fração fibrosa da polpa
agroindustriais (G1, 2014).
de tomate pode ser comprometida devido aos elevados teores de lignina e extrato etéreo que
Seu processamento consiste em pasteurização em
podem
80ºC, moagem e prensagem, o que resulta 20,5 a
subproduto apresenta tamanho de partícula bastante
42% do peso do fruto em resíduo, variando ao tipo
reduzido, o que pode provocar rápida taxa de
do
passagem, permitindo altas ingestões diárias de MS
processamento
empregado.
Em
relação
à
produção do extrato de tomate, molho condimentado ou
até
mesmo
do
ketchup
são
levar
a
redução
do
consumo.
Este
(RODRIGUEZ et al., 2009).
produzidos
respectivamente 420, 205 e 230 kg de resíduos, o
Campos et al. (2004) reportam que a dinâmica de
que torna irrefutável sua reutilização (RIBEIRO et al.,
fermentação ruminal de bovinos alimentados com
2000).
RIT nas proporções de 0, 15, 30 ou 45% da MS da dieta, apresentam menores concentrações de ácido
Segundo Pessini (2003), o tomate é uma das
acético e butírico nos animais que receberam 45%
hortaliças mais conhecidas e de maior consumo
de RIT na dieta. E identificaram que a utilização de
mundial,
resíduo de tomate na dieta de ruminantes não
devido
à
multiplicidade
de
seu
compromete a fermentação ruminal. Entretanto,
aproveitamento na alimentação humana.
devido à baixa disponibilidade ruminal da proteína desse subproduto deve-se dar atenção especial ao Valor nutricional do resíduo de tomate na
fornecimento de fontes de nitrogênio disponíveis no
alimentação animal
rúmen.
De acordo com Campos et al. (2007a) o resíduo industrial de tomate é um subproduto agroindustrial que pode constituir boa fonte de nutrientes para os
Em avaliação a degradabilidade ruminal da fibra de variadas frações do RIT, na forma de cascas e de sementes inteiras e moídas apresentaram altas
microrganismos ruminais e para o animal.
taxas de degradação, identificando que as sementes moídas Em função do seu elevado teor de fibra como da
possuem
a
melhor
degradabilidade
(CAMPOS et al., 2007a).
Fibra em Detergente Neutro (FDN) e Fibra em Detergente Ácido (FDA), o resíduo de polpa de
Entretanto, Rodriguez et al. (2009) explanaram que
tomate
alimento
as recomendações de utilização do resíduo industrial
volumoso. Este apresenta alto teor de proteína bruta
de tomate na dieta de bovinos são bastante
(PB) que pode chegar a 22,1%, sendo uma boa fonte
variáveis, com níveis de inclusão bastante elevados.
de lisina, correspondendo 13% a mais do que farelo
Recomendando não exceder a utilização deste
pode
ser
classificado
como
subproduto a 30% da MS da dieta. Ressaltando a Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4997-5003, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
4999
Artigo 415 – Utilização de resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação de ruminantes-revisão de literatura
necessidade da inclusão do RIT ser feita de forma
Partindo deste pressuposto Golshani et al. (2010)
gradativa, respeitando os limites de sua utilização.
comparando o valor nutritivo do bagaço de tomate e de cerveja para ruminantes usando a técnica de
Elucidando de forma objetiva a notória contribuição
produção de in vitro, identificaram de maneira geral
da composição bromatológica, Tabela 1, de cada
que a polpa de tomate apresentou melhores
fração composta pelo RIT como ingrediente na dieta
resultados do que a utilização de resíduos de
de bovino em virtude da boa aceitabilidade por parte
cervejaria.
dos animais, consumo entre 4 a 5 kg/animal/dia e inexistência de relatos e problemas sanitários
Uso do RIT na Bovinocultura de Corte
(CAMPOS et al., 2005).
O uso de resíduos industriais em substituição às silagens pode representar largo potencial da redução
TABELA 1- Composição bromatológica da casca, semente e resíduo industrial de tomate em porcentagem da matéria seca.
nos custos de produção em sistemas confinados (DENUCCI, 2010). Devido à elevada concentração proteica, o RIT tem sido
Fração
PB FDN FDA EE
Casca
10,8 62,5 52,4 3,6
Lignina NIDA
mencionado
como
fonte
interessante
de
proteína, tendo em vista sua baixa degradabilidade ruminal. O RIT pode ser uma boa alternativa para
20,4
22
animais confinados em fase de terminação, devido
Semente
29
60
30
22,4
16,9
18,6
ao alto valor proteico e considerável teor lipídico,
RIT
22
71,7
40
15,5
17,3
18,6
além de melhorar a conversão alimentar, pode resultar em maior cobertura de gordura na carcaça
PB= proteína bruta, FDN= fibra em detergente neutro, FDA= fibra
de bovinos. Sobretudo vem identificando que o
em detergente ácido, EE= extrato etéreo, NIDA= nitrogênio
bagaço de tomate é utilizado em larga escala e
insolúvel em detergente ácido.
possui grande aceitabilidade por parte dos animais
Fonte: CAMPOS et al. (2007b)
confinados (RODRIGUEZ et al., 2010).
Com a padronização no processamento desse subproduto representa um salto de qualidade na utilização do RIT, pois permiti formulação de dietas mais precisas e menor possibilidade de erros independentes da realização de análise laboratoriais sofisticadas, que muitas vezes tornam inviável sua utilização devido ao seu alto custo (RODRIGUEZ et
Em estudo Lima et al. (1995) identificaram que a substituição do feno de braquiária por polpa úmida de tomate em bovinos mestiços confinados pode ser em até 80% sem alterações no consumo de matéria seca (CMS) e ganho em peso diário (GPD). Confirmando que o RIT pode ser adicionado em dietas com alto nível de inclusão.
al., 2009). Já, Denucci (2010) em substituição a silagem de De maneira mais pronunciada Campos et al.
sorgo por RIT na alimentação de bovinos de corte,
(2007c),
machos
percebeu que é possível substituir até 60% sem
castrados acondicionados em gaiolas individuais,
afetar o GPD e características de carcaça como área
alimentados em quatro dietas experimentais de RIT
de olho de lombo, comprimento de carcaça,
na MS, por dezesseis dias. Identificou-se que a
espessura de gordura, textura, capacidade de
adição de silagem de RIT à dieta dos animais não
retenção de água e perda por cozimento e pH.
utilizaram
dezesseis
ovinos
afetou a ingestão de MS, MO, PB, FDN e FDA, além de apresentarem boa ingestão de MS em relação ao
Armazenagem do RIT
peso vivo. Visto que a silagem do resíduo industrial
No que tange ao aspecto ambiental, o manejo do
de tomate apresenta boa digestibilidade aparente de
resíduo industrial de tomate representa sérios
todas
no
problemas de contaminação para a indústria quando
máximo45% de RIT em dietas de ovinos não afetou
não realizados de maneira adequada pela indústria
o consumo alimentar.
(CAMPOS et al., 2005).
5000
as
frações
analisadas.
O
uso
de
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.4997-5003, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 415 - Utilização de resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação de ruminantes-revisão de literatura
O bagaço de tomate é um produto muito perecível, e
em silos de laboratório com diferentes aditivos com e
quando fresco torna-se inutilizado em dois dias, se
sem compactação, com 2 e 4h de pré-secagem e
for exposto ao ar, portanto, há necessidade de
sem pré-secagem. Assim o resíduo industrial de
preservar este material a partir da ensilagem com
tomate se apresentou como boa alternativa para a
palha de arroz para eventual preservação de seu
ensilagem, sem necessidade de inclusão de aditivos
valor nutritivo e de aceitabilidade pelos animais, e
para se garantir sua preservação.
assim, possa ser utilizado posteriormente (COLUYA, Do mesmo modo Campos et al. (2007b) utilizando
2000).
silos de laboratório a fim de analisar a qualidade da Nessa ótica, devido a estacionalidade de produção
silagem de resíduo industrial de tomate submetido a
do RIT ser do mês de julho à novembro associado
oito tipo de tratamentos, identificou após 56 dias de
ao seu baixo custo de obtenção, a ensilagem desse
fermentação que o material ensilado apresentava
produto pode ser uma alternativa para a sua inclusão
bom aspecto de preservação e sem crescimento de
na dieta dos ruminantes durante todo o ano, pois
fungos ou sinal de putrefação. Além das análises
esse resíduo apresenta boas concentrações de
bromatológicas
proteína bruta e de extrato etéreo (CAMPOS et al.,
satisfatória, com ou sem a utilização de aditivos.
que
apresentaram
preservação
2007b). Tornando de extrema importância os cuidados no Um dos grandes entraves nesse sistema de
armazenamento para se preservar o valor nutricional
produção em resíduos de hortifrutigranjeiros são a
destes alimentos ao longo do tempo, bem como a
sua elevada umidade e grande perecibilidade,
segurança e saúde animal (RODRIGUEZ et al.,
dificultando o transporte e conservação. Visto que a
2010).
secagem com o uso de combustíveis fósseis encarece o alimento, inviabilizando sua exploração.
Visto que falhas ou mau acondicionamento na
Então, outras formas de conservação seriam a
conservação do material podem causar rejeição
ensilagem, secagem ao sol e industrialização,
pelos animais ou até mesmo distúrbios metabólicos
elaborando ―pellets‖ destes produtos (RODRIGUEZ
como
et al., 2010).
qualidade do produto (ALMEIDA, 1992).
Certamente a necessidade de fornecimento do
CONSIDERAÇÕES FINAIS
material fresco limita sua utilização em períodos
O presente estudo versa sobre a viabilidade no uso
restritos do ano na safra do tomate. Visto que tal
do RIT em substituição a outras fontes de alimentos
produto possui elevado conteúdo de água que limita
a fim de reduzir o custo de produção com a nutrição,
o tempo de estocagem e aumenta o custo do
visto que esta representa considerável dispêndio na
transporte, entretanto uma boa opção a fim de
produção de animais, sobretudo os confinados. Este
reduzir os níveis altos de água é o processo de
resíduo pode ser utilizado durante a escassez de
secagem do produto, mas este possui alto custo
alimentos, quando disponíveis na região, ressaltando
(CAMPOS et al., 2007b).
a
intoxicações,
indiscutível
demonstrando
composição
perdas
bromatológica
na
aos
microrganismos do rúmen, desde que o mesmo seja O processo de conservação tem como propósito
bem acondicionado assegurando a qualidade e
impedir
segurança do alimento de consumo animal.
a
contaminação
destes
produtos
por
inseticidas, fungicidas, herbicidas, metais pesados derivados de adubos e micotoxinas, além de uma
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boa alternativa para conservação deste subproduto, mantendo a qualidade e segurança do alimento (RODRIGUEZ et al., 2010).
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Artigo 415 - Utilização de resíduo industrial de tomate (RIT) na alimentação de ruminantes-revisão de literatura
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5003
Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido Revista Eletrô Caatinga, conservação, produção animal. 1
Fleming Sena Campos 1 Glayciane Costa Gois 2 Saullo Laet Almeida Vicente 3 Amélia de Macedo 4 Alex Gomes da Silva Matias
Vol. 14, Nº 02, mar. / abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores
1
Pós-doutorandos em Zootecnia, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- Embrapa Semiárido, Petrolina - PE. E-mail: glayciane_gois@yahoo.com.br 2 Mestrando em Zootecnia, Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Petrolina – PE. 3 Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Petrolina – PE. 4 Graduanda em Biologia, Universidade de Pernambuco – UPE, Petrolina - PE
ALTERNATIVE FORAGE FOR GOATS AND
RESUMO A
.
produção
animal
é
predominante
sobre
a
SHEEP RAISED IN SEMIARID
agricultura em quase todas as regiões semiáridas do
ABSTRACT
mundo.
contribui
Livestock production is predominantly on agriculture
substancialmente na agricultura familiar, tendo papel
in almost all semiarid regions of the world. The
socioeconômico de destaque nesta na região, porém
creation of goats and sheep contributes substantially
os animais possuem índices zootécnicos abaixo do
in family agriculture, with prominent socio-economic
recomendado,
forte
role in the region, but the animals have biological
dependência da vegetação nativa como fonte básica
indices below the recommended, which is related to
de alimento. A busca por alternativas alimentares
the strong dependence of native vegetation as a
para caprinos e ovinos nesta região baseia-se na
basic food source. The search for food alternatives
produção e conservação de espécies forrageiras
for goats and sheep in this region is based on the
nativas ou introduzidas. No entanto para essa região
production and conservation of native or introduced
não existe uma alternativa perfeita, deste modo,
forage species. However for this region there is no
saídas para amenizar a situação dos sertanejos no
perfect alternative thus outputs to ease the situation
período seco são procuradas, dando assim um maior
of the country people in the dry season are sought,
suporte para melhorar a produtividade animal.
thus giving greater support to improve animal
A
caprinovinocultura
o
que
é
relacionado
à
productivity. Palavras-chave: Caatinga, conservação, produção animal.
Keyword: Caatinga, conservation, animal production.
5004
Artigo 416 – Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido
INTRODUÇÃO O clima semiárido é caracterizado por ser quente,
devem ser levadas em consideração, pensando em
seco e de baixo índice pluviométrico, onde os
produção animal (DRUMOND et al., 2000).
períodos secos são prolongados e as chuvas ocasionais concentradas em poucos meses do ano.
A pecuária é menos afetada pela seca quando
As altas temperaturas com pequena variação anual
comparada com a agricultura. A caprinovinocultura
exercem forte efeito sobre a evapotranspiração que
contribui substancialmente na agricultura familiar,
determinam o déficit hídrico muito alto na região
tendo assim um grande papel socioeconômico na
(ARAUJO FILHO & ARAUJO CRISPIM, 2002).
região, porém os animais possuem baixos índices
Geralmente
zootécnicos,
o
índice
pluviométrico
na
região
fato
este
relacionado
à
forte
semiárida varia de 200 a 800 mm anuais, podendo
dependência da vegetação nativa como fonte básica
ser inferior a esses índices dependendo da região,
de alimento (PEREIRA et al., 2007).
além disso, essa região possui um solo raso, o que
incessante de alternativas de alimentação para
favorece a evaporação das águas (INSA, 2009).
caprinos e ovinos no semiárido brasileiro, baseia-se
A busca
na produção e conservação de espécies forrageiras Bastante diversificados e disseminados no mundo o
nativas ou introduzidas. No entanto para essa região
clima semiárido, a qual somada a zonas áridas e
não existe uma alternativa perfeita, deste modo
desérticas equivalem a 55% da área do globo. No
devendo-se buscar saídas para amenizar a situação
Brasil encontra-se uma das três grandes áreas de
dos sertanejos no período seco, dando assim um
semiárido existente na América do Sul, além dela,
maior suporte para melhorar a produtividade animal.
existem ainda áreas distribuídas na Argentina, Colômbia, Venezuela, Chile e Equador. O Semiárido
Objetivou-se
brasileiro é um dos maiores, mais populosos e
informações sobre alternativas forrageiras para a
também mais úmido, possuindo uma faixa territorial
alimentação de caprinos e ovinos criados no
2
de 1.646.500 km que segundo SÁ et al. (2004), a geografia
convencional
a
divide
em
com
esta
revisão,
apresentar
semiárido.
zonas:
Litorânea, Agreste e Sertão. As duas últimas dão origem à região semiárida, abrangendo 70% da área do Nordeste e 13% do Brasil. A área de domínio da 2
caatinga compreende 925.043 km , ou seja, 55,60% do nordeste brasileiro. O clima semiárido apesar de ser predominante no Nordeste, abrange também o Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas Gerais, e parte da região Norte do Espírito Santo (INSA, 2009).
Semiárido e sua vegetação O semiárido brasileiro além de ser um dos maiores do mundo, é o mais populoso e está localizado geograficamente em: 1º a 18º de latitude sul e de 34º30‘ a 48º20‘ de longitude oeste. O nordeste brasileiro caracteriza-se pelo clima semiárido, pois 70% de seu território é tomado por esse clima e sua vegetação, com clima seco e quente ou megatérmico o
com temperaturas médias mensais acima de 18 C (ARAUJO FILHO & ARAUJO CRISPIM, 2002). Os
A vegetação predominante no clima semiárido é a
rios, geralmente são intermitentes com volume de
caatinga, que tem sua composição formada por
água limitado. A altitude da região varia de 0 a 600
plantas lenhosas e herbáceas de pequeno porte,
m, a temperatura média anual vai de 24 a 28ºC, a
cactáceas, bromeliáceas e xerófilas resistentes ao
precipitação média de 250 a 1000 mm e a
clima seco e baixa umidade. Em relação ao
evapotranspiração potencial situa-se em torno de
potencial forrageiro, a caatinga é bastante rica e
2.700 mm/ano, caracterizando um déficit hídrico
diversificada, tendo uma relevante produção de
elevado.
fitomassa das espécies lenhosas e da parte aérea das herbáceas, os quais são utilizados como fonte
A vegetação predominante na região é a caatinga,
de alimentação animal. No entanto a fragilidade da
geralmente dotada de espinhos, sendo, caducifólias,
caatinga, as adversidades edafoclimáticas e a
em sua maioria, perdendo suas folhas no início da
necessidade de conservação de recursos naturais,
estação
seca.
Segundo
Prado
et
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5004-5013, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
al.
(2003)
5005
Artigo 416 - Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido
a caatinga apresenta na sua maioria árvores e
aumentam à medida que a estação seca progride,
arbustos baixos, muitos dos quais apresentam
mostrando-se assim que a caatinga é insuficiente
espinhos,
características
para fornecer os requisitos energéticos e proteicos
xerofíticas. Não existe lista completa para as
dos animais durante todo ano (ALVES et al., 2007).
espécies da caatinga, encontradas nas suas mais
Esses aspectos citados reforçam a importância e a
diferentes situações climáticas. As famílias mais
necessidade de se implantar estratégias alimentares
frequentes
microfilia
são
e
algumas
Mimosaceae,
para a região, as quais podem ser o plantio e manejo
Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactaceae, sendo os
Caesalpinaceae,
adequado de forrageiras xerófilas, uso de forragem
gêneros Senna, Mimosa e Pithecellobium os que
conservada, utilização de resíduos da agroindústria,
apresentam maior número de espécies. As forragens
suplementação dos animais, objetivando melhorar o
nativas bastante citadas como fonte de alimento
rendimento dos animais e também visando à
para os animais são: catingueira (Caesalpinia),
conservação de forragens as quais apresentam - se
marmeleiro
em abundância na estação chuvosa.
(Croton
spp.),
mandacaru
(Cereus
jamacaru D.C.), macambira (Bromelia laciniosa Mart. ex Schult.), xique-xique (Cereus gounellei), coroa de
Potencial forrageiro da Caatinga
frade
angico
A maioria da constituição da vegetação da caatinga
(Melocactus
(Anadenanthera
Zehntneri),
pau-ferro
é formada principalmente por plantas lenhosas que
(Caesalpinia férrea Mart. ex. Tul.), canafistula
servem como fonte de forragem para os rebanhos
(Senna spectabilis var. excelsa Sharad), marizeiro
dos sertões nordestinos, chegando a corresponder
(Geoffraea spinosa Jacq.), jurema-preta (Mimosa
com cerca de até 90% da dieta dos pequenos
tenuiflora), sabiá (Mimosa caesalpinifolia Benth.),
ruminantes,
rompe-gibão (Pithecelobium avaremotemo Mart.),
(GONZAGA NETO et al., 2001). No entanto a
juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.), mororó (Bauhinia
manipulação de árvores e arbustos forrageiros
sp.), engorda-magro (Desmodium sp.), marmelada-
necessita de técnica para melhorar a qualidade e
de-cavalo (Desmodium sp.), feijão-bravo (Capparis
maximizar a utilização das forragens nativas, para
flexuosa L.), mata pasto (Senna sp.) urinárias
isso é requerente o conhecimento adequado das
(Zornia sp.), mucunãs (Stylozobium sp.), cunhãs
características de produção de fitomassa e o seu
(Centrosema sp.), maniçoba (Manihot sp), erva de
valor nutritivo. As plantas nativas do semiárido se
ovelha (Sthylosanthes humilis HBK), faveiro (Parkia
destacam geralmente pela sua resistência à seca,
platycephala
(Spondias
além de apresentarem um alto nível proteico,
pachycladus
fornecerem outros produtos como madeira e frutos,
tuberosa),
macrocarpa
Benth), facheiro
Benth),
umbuzeiro
(Pilosocereus
principalmente
Ritter), erva Sal (Atriplex nummularia), flor de seda
sendo
(Calotropis procera), feijãozinho (Centrosema sp),
(DRUMONT et al., 2000).
jitirana(
Ipomoea
brasiliensis
Engl.)
tomentosa
L.)
sp).,Baraúna e
o
Capa
(DRUMOND
explorados
de
época
forma
seca
extrativista
(Schinopsis
bode (Melochia et
esses
na
al.,
(2000);
A produção de forragem dos pastos nativos é resultante da parte aérea das plantas nativas,
CAVALCANTI & RESENDE et al. (2004); SANTOS
principalmente
et al. (2005); ALVES et al. (2007); MARQUES et al.
contribuição dos arbustos e outras árvores. As
(2008)).
plantas do semiárido apresentam uma característica,
das
lenhosas,
porém
há
uma
que segundo alguns autores, ocorrem um aumento A mata branca (caatinga) mostra-se bastante rica e
do teor de matéria seca (MS) durante a estação
diversificada,
chuvosa e estabilização durante a estação seca,
com
grande
potencial
forrageiro,
madeireiro, frutífero, medicinal e faunístico. Vários
caracterizando
estudos mostram que a caatinga apresenta um
aumento no período das chuvas no mês de janeiro,
grande potencial de espécies
que
atingindo o ponto máximo nos meses de junho e
contribuem para a dieta animal, no entanto, os
julho, com a média de quase 4.000 kg/ha/ano de MS,
valores de proteína bruta e digestível decrescem e,
mais apresentam grandes variações anuais (LEITE,
ao mesmo tempo, os teores de lignina e as fibras
2002).
5006
forrageiras
a
produção
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5004-5013, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
de
biomassa,
em
Artigo 416 - Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido
Além dessa baixa produção de MS das plantas
seria a utilização de pastagens nativas e adaptadas
nativas, o que pode ocasionar um déficit forrageiro
ao clima semiárido, além da conservação das
ao longo do ano, muitas dessas apresentam fatores
mesmas
antinutricionais afetando negativamente a ingestão
GIULIETTI et al. (2004) as pastagens nativas
dessas
mais
suportam o pastejo dos animais, porém as áreas
comumente encontrados nas plantas do nordeste
sofrem em sua maioria superlotações; o que pode
brasileiro é o tanino, que é um polímero de
provocar um déficit de forragem ao decorrer do ano
compostos fenólico, que auxiliam as plantas contra
na região.
forragens.
Um
desses
fatores
no
período
das
chuvas.
Segundo
fungos, bactérias vírus e até mesmo contra ingestão de herbívoros (GUIMARÃES-BEELEN et al., 2006).
Alternativa de forragem para o semiárido
Essa
nas
Com uma grande variação de forragem nativa, a
forragens pode influenciar positivamente, prevenindo
caatinga pode representar uma fonte alimentar para
o timpanismo e aumentando o nível de nitrogênio
os animais da região do semiárido. (GONZAGA
não amoniacal e aminoácidos no rúmen, porém a
NETO et al., 2001). Outras forragens cultivadas e
sua alta concentração pode afetar de forma
subprodutos
negativa, reduzindo o consumo das forragens,
utilizadas na alimentação animal, como alternativa
afetando a palatabilidade dos alimentos e/ou a
para o período de escassez e diminuição de custos
digestão
de produção.
substância
dos
digestibilidade
em
baixa
mesmos, das
concentração
comprometendo
proteínas
e
a
industriais
também
vêm
sendo
carboidratos
(GONZAGA NETO et al., 2001).
As principais alternativas para o semiárido brasileiro seria a racional utilização das plantas nativas do
Pecuária no semiárido brasileiro
semiárido em consorciação com algumas plantas
A criação de bovinos, caprinos e ovinos constitui a mais importante atividade desenvolvida na pecuária nordestina.
Segundo
Araújo
et
al.
(2003),
a
exploração ovina e caprina é importante para agricultores e habitantes das cidades do Nordeste, devido as suas adaptações às condições ambientais das caatingas e habilidade em transformar material fibroso de baixo valor nutritivo, em alimentos nobres
cultivadas resistentes ao clima e adaptada ao solo, juntamente com a conservação do excesso das forragens no período das chuvas, seja essa na forma de fenação ou silagem e também utilização do recurso
das
capineiras,
para
poder
suprir
a
necessidade do animal no período seco, sem necessidade de diminuição do número de animal por área ou hectare.
de alto valor proteico para o homem, como a carne e o leite, possuindo desta forma um grande papel
Araújo Filho et al. (1999) recomendaram os capins:
socioeconômico na região, além de fixar o homem
andropógon (Andropogon gayanus), buffel grass
no campo e servir como fonte de renda. No entanto
(Cenchrus ciliaris), gramão (Cynodon dactylon var.
a
Aridus
caprinovinocultura
apresenta
uma
forte
dependência da pastagem nativa que é fonte básica da produção animal, o que favorece a baixa produtividade, devido à redução drástica da MS das forragens durante a estação seca.
cv.
Calie)
mosambicensis)
para
e a
corrente
(Urochloa
ovinocaprinocultura
no
semiárido nordestino. Tendo em vista que não existe uma forragem ideal para produção animal, e sim a utilização de várias fontes de alimento para formar uma dieta completa e suprir as necessidades do
Na produção animal, os gastos com alimentação
animal.
podem variar muito, podendo chegar até 80%, como visto por FORTALEZA et al. (2009) na criação de
Com
bovinos de corte. Esses gastos deixam a produção
subprodutos estudados para utilização na alimentação animal, na tentativa de baratear o custo
animal
cara,
impossibilitando
os
pequenos
produtores de investirem na compra de insumos. Com isso buscam-se alternativas para reduzir os gastos
na
produção
animal
e
aliviar
as
consequências das secas para o animal e uma opção
uma
ampla
variedade
de
alimentos
e
de produção e aumentar o rendimento animal, o mais coerente seria a associação de algumas dessas fontes de alimento, buscando suprir as necessidades fisiológicas dos animais. As
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5007
Artigo 416 - Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido
alternativas de alimentos que vem sendo estudadas
gliricídia, são nativas das regiões tropicais da
estão entre as plantas xerófilas nativas, exóticas e
América. Atualmente são conhecidas cerca de seis a nove espécies, selvagens e cultivadas,
até mesmo subprodutos industriais.
compreendendo arbustos e pequenas árvores. São Cunhã (Clitoria ternatea L.)
usadas como forragem para bovinos, ovinos e
Leguminosa tropical de raízes profundas que se
caprinos. Têm alto teor de proteína (15 a 30%). As
desenvolve bem na região tropical e resistente à
flores são comestíveis e contém cerca de 3% de
seca, apresenta alto potencial forrageiro, é originaria
nitrogênio. As gliricídias podem ser exploradas como
da Ásia e chega a
com
lenha. Os ramos apresentam um poder calorífero
aproximadamente 12 – 22% de proteína bruta (PB),
bastante alto (4.900 kcal/kg). O uso potencial das
além de apresentar boa digestibilidade, com fibra de
espécies deste gênero inclui o controle de erosão em
detergente neutro (FDN) entre 50 e 60% o que
encostas e revegetação de solos degradados.
favorece a produção de feno com essa herbácea
Moreira et al. (2008), encontraram no seu trabalho
(DUEBEUX JUNIOR et al., 2009). Apresenta alta
teores de MS, PB e FDN de 88,62%, 12,23% e
palatabilidade e é bastante aceita pelos animais.
30,68% respectivamente, apresentando bons valores
São bastante adaptadas as condições do Nordeste,
nutricionais, porém os autores constataram uma
persistindo bem ao curto período de estiagem. Essa
queda
forragem chega a produzir cerca de 800 kg/ha/ano
supostamente associado a fatores antinutricionais.
produzir
forragens
no
consumo
do
feno
de
gliricidia,
em algumas regiões. Maniçoba (Manihot sp) Duebeux Junior et al. (2009) em seu trabalho,
As maniçobas são espécies nativas da família
acharam níveis nutricionais bons, com MS de 93% e
Euphorbiaceae, bastante difundidas no Nordeste.
PB de 18%, demonstrando que essa planta pode ser
Crescem em áreas abertas e desenvolvem-se na
utilizada como banco de proteína na produção
maioria dos solos. Existe uma grande variedade de
animal.
espécies que recebem o nome vulgar de maniçoba ou ―mandioca brava‖.
Leucena (Leucaena leucocephala) A leucena é uma leguminosa, originada da América
O sistema radicular da maniçoba é bastante
Central, é uma planta bastante palatável para os
desenvolvido, formado por raízes tuberosas, onde
animais, apresenta uma raíz profunda, com folhas
acumula suas reservas, e proporciona a planta
bipinadas e no geral ficam verdes no período seco.
grande capacidade de
É uma planta perene, que podem se desenvolver em
produção de maniçoba e variável no decorrer do
solos
uma
ano. Em análises bromatológicas de amostras de
produção de forragem de até 20 toneladas/MS/ha
folhas e ramos tenros normalmente apresentam os
dependendo da sua subespécie e pode apresentar
seguintes valores (%MS): 20,88%, 8,30%, 13,96%,
cerca de 21 a 23% de PB nas folhas e vagens,
49,98%, 6,88%, 62,30%, respectivamente para
servindo como banco de proteína na propriedade
proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta, extrato não
tropicais
e subtropicais, apresenta
resistência à seca.
A
nitrogenado, cinzas e digestibilidade in vitro da Resultados apresentado por Moreira et al. (2008),
matéria seca (ARAÚJO et al., 2004), podendo
mostraram que o feno de leucena apresentou teor
considerar uma forrageira de boa qualidade, quando
de MS, PB e FDN de 90,6%, 12,47 e 42,09%. Deste
comparada com outras forrageiras tropicais.
modo o autor sugere estratégia alimentar e salienta que o feno de leucena são técnicas viáveis para
Segundo Castro et al. (2007) o feno de maniçoba
compor a ração dos caprinos.
apresenta-se como uma alternativa viável na dieta de ovinos, podendo chegar até 80% da dieta do
Gliricidia (Gliricidia sepium (Jacq.) Steud.)
animal, que os ovinos em engorda apresentaram
No Brasil não tem nome vulgar e é chamada de
bons desempenhos.
5008
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Catingueira (Caesalpinea bracteosa)
do à produção do biodiesel, servindo como uma do
fonte de renda para o agricultor. No entanto os
semiárido nordestino, é a forragem que mais demora
subprodutos dessa planta vêm sendo utilizado como
a entrar em estado de dormência após o termino das
fonte alimentar para os animais como a torta de
chuvas. É uma planta com características xerófila,
mamona, farelo e a própria casca. A casca da
com teor de tanino que varia de 6,3% a 18,5%, que
mamona apresenta cerca de 5,3% de proteína bruta,
pode
sendo utilizado como fonte de fibra para os animais.
Planta
nativa
predominante
afetar
a
na
caatinga
palatabilidade
da
forragem,
dependendo no seu estágio de florescência. Pode apresentar teor de proteína bruta que varia de 11 a
Cajueiro (Anacardium ocidentale)
17% (GONZAGA NETO et al., 2001).
O cajueiro vem sendo cada vez mais cultivado de forma racional nos estados, principalmente Piauí,
Segundo Gonzaga Neto et al. (2001), apesar do feno
Ceará e Rio Grande do Norte, com o objetivo da
de
níveis
produção de castanha. No entanto o seu subproduto
nutricionais, a adição do feno na dieta dos animais
(pedúnculo) também apresenta um bom valor
diminuiu a digestibilidade e o consumo, o que pode
nutricional, podendo ser utilizado na alimentação dos
está diretamente ligado aos fatores antinutricionais,
animais.
catingueira
ter
apresentado
bons
neste caso o tanino. O pedúnculo de caju é um alimento energético, rico Umbuzeiro
(Spondias
tuberosa
Arr.
Cam.
-
Anacardiaceae) Árvore
frutífera
em fibras, com teor de 13% de proteína bruta, podendo assim substituir o concentrado como
xerófila
nativa
do
Nordeste.
também
o
volumoso
na
alimentação
animal.
Encontrada em toda a região do polígono das secas.
Segundo Vasconcelos et al. (2002), a composição do
Desenvolve-se em zonas com pluviosidade anual
subproduto do caju, apresenta teor de MS, PB, EB e
variando de 400 a 800 mm, em associação com
tanino de 89,1%, 14,4%, 4721 kcal/g e 4%
outras plantas da caatinga. A folhagem, os frutos e
respectivamente. Esses resultados demonstram que
os túberos servem de alimento para os animais
o pedúnculo do caju, pode ser uma alternativa de
domésticos (bovinos, caprinos, ovinos e outros) e
alimento para os animais do semiárido, onde a
para os animais silvestres, especialmente para
produção de caju é grande.
veados e cágados (ARAÚJO et al., 2006). Capim Buffel (Cenchrus ciliares L.) Girassol (Helianthus anuus)
O capim buffel tem se mostrado adaptada às
O girassol é uma planta de origem americana, sendo
condições
característico por ser uma cultivar rústica. Tem suas
germinação e estabelecimento, precocidade na
raízes pivotantes, de suas flores pode ser extraída
produção de sementes e capacidade de entrar em
cerca de 20 a 40 kg e óleo/ha. Apresenta melhor
dormência na época seca. Em algumas áreas seu
produtividade que o milho e a soja em climas
cultivo tem se dado com as retiradas áreas nativas,
adversos
está
entretanto sua implantação pode está associada ao
destinada à produção de óleo, deixando um resíduo
manejo integrado com a caatinga, visando aproveitar
altamente proteico o qual vem sendo usado e
a potencialidade do capim como complemento da
estudado para alimentação animal. Uma alternativa
pastagem nativa (Moreira et al., 2007).
e
ultimamente
sua
produção
semiáridas,
associando
uma
rápida
de utilização dessa planta é a produção de silagem, que pode apresentar bons níveis de proteína, estrato
Palma
etéreo e matéria mineral, viabilizando uma ração de
A palma forrageira pode ser da espécie: Opuntia
baixo custo e com bons níveis nutricionais (SOUSA
ficus-indica
et al., 2008).
vulgamente chamada de palma-forrageira, palma
(L.)
P.
Mill.Família:
Cactaceae
gigante e palma redonda ou da Espécie: Nopalea Mamona (Ricinus communis L.)
cochinilifera Salm Dyck Família: Cactaceae essas
A mamona apresenta em sua semente o seu
chamadas de palma-forrageira, palma doce, palma
principal produto: o óleo, o qual vem sendo destina-
miúda. São cactáceas suculentas, ramificadas, de
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5009
Artigo 416 - Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido
porte arbustivo, com altura entre 1,5 e 3 m, mais
de teobromina que pode diminuir a utilização do
compridos (30 - 60 cm) do que largos (6 - 15 cm),
farelo de cacau na alimentação animal; uma
variando
até
significativa quantidade de farelo de cacau está
desprovidos de espinhos (inermes). As folhas são
disponivel no mercado nacional, com preço baixo,
excepcionalmente pequenas, decíduas precoces.
sendo usados para alimentação de vacas, porcos e
Embora introduzido na década de XVII, só foi
aves. (Carvalho et al., 2006).
de
densamente
espinhosos
direcionado pra forrageira no século XX servindo como alternativa forrageira para alimentação animal
Conservação de forragens
(Cavalcanti et al., 2008). São bem adaptadas as
O sistema mais econômico para produção de
regiões adversas como semiárido.
ruminantes é a utilização das pastagens. No entanto a produção de forragens sofre alterações devido à
Segundo Cavalcanti et al. (2008), esta cactácea é
irregularidade das chuvas, principalmente no clima
um alimento suculento, rico em água e mucilagem,
semiárido, caracterizando a produção de forragens
com significativos teores de minerais, principalmente
com período de escassez e excesso de produção de
cálcio (Ca), potássio (K) e magnésio (Mg). Apresenta
fitomassa, com isso a conservação de forragens no
altos teores de carboidratos não fibrosos (CNF) e
tempo das chuvas é indispensável para equilibrar a
elevado coeficiente de digestibilidade da matéria
oferta de forragens. As
seca (MS). Ao contrário de outras forragens, a palma
conservação de forragens são a ensilagem e a
forrageira possui baixo percentual de parede celular
fenação, os quais são de grande importância
e alta concentração de carboidratos não-fibrosos,
econômica para a maioria dos países, incluindo o
possuindo aproximadamente 28% de FDN, 48% de
Brasil, em virtude da produção irregular de forragens
carboidratos
durante as estações do ano (ANDRIGUETTO et al.,
não-estruturais,
7,4%
de
ácido
principais
formas
de
galacturônico e 12% de amido.
2002).
Polpa cítrica
Calixto Júnior et al. (2007) relatam que as forrageiras
A polpa cítrica desidratada, subproduto da indústria,
subtropicais e tropicais podem produzir fenos de boa
pode ser utilizada em rações para ruminantes como
qualidade em condições climáticas adequadas e
ingrediente de alta densidade energética para os
bom manejo no processo de fenação e que o
animais tendo pouco ou nenhum efeito negativo na
processo consiste na desidratação rápida das
fermentação ruminal. No entanto, a substituição de
forragens e conservação dos valores nutricionais,
ingredientes
porém a maioria dos fenos produzidos no Brasil têm
tradicionais,
como
o
milho,
por
subprodutos como a polpa cítrica, pode alterar a
qualidade inferior.
composição e a qualidade da carne ovina, mesmo que o desempenho seja satisfatório. De acordo com
Há uma necessidade de maior disseminação das
Rodrigues et al. (2008), a utilização desse produto
técnicas de conservação de forragem, para evitar
não influencia as características de carcaça de
perdas de qualidade e até mesmo do material a ser
cordeiros
a
conservado, deste modo armazenando forragens de
substituição total do milho por polpa cítrica reduz em
boa qualidade para serem utilizadas no período de
12,4% o teor de gordura na carcaça e pode
estiagem.
em
confinamento,
entretanto,
ocasionar mudanças em algumas características de qualidade da carne, como a cor e maciez.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O semiárido é caracterizado pelas suas condições
Farelo de cacau
climáticas, onde há um longo período de estiagem e
O farelo de cacau é obtido após torra do grão para
má distribuição das chuvas ao longo do ano,
obtenção da manteiga de cacau e do chocolate e
causando uma irregularidade no fornecimento de
pode ser encontrado no mercado nacional com 16%
forragens, sendo um fator limitante na produção
e com 25% de PB, tendo uma boa aceitabilidade
animal nessas regiões.
pelos animais e dependendo da sua variedade e de sua utilização pode apresentar mais ou menos teor 5010
A caatinga apresenta uma ampla variedade de
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Artigo 416 - Alternativa de forragem para caprinos e ovinos criados no semiárido
plantas, as quais apresentam um bom teor de forragem para alimentação de caprinos e ovinos no período
das
chuvas.
No
entanto
as
secas
MOREIRA, J.N.; FERREIRA, M.A.; TURCO, S.H.N.; SOCORRO, E.P. Consumo voluntário e desempenho
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na
região,
sendo
de
fundamental
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alternativas
alimentares
vêm
sendo
estudadas, para suprir as exigências nutricionais dos animais, e uma alternativa para suprir a alimentação dos caprinos e ovinos nas secas é a conservação do
forrageiras
–
arbustivas
arbóreas
na
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gramíneas
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e
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de
oriundo do semiárido, auxiliando o produtor a manter
bromatológica
os animais com bons índices produtivos sem a necessidade da venda ou diminuição da quantidade de animal.
desidratação
e
do
composição
feno
de
químico-
grama-estrela
(Cynodon nlemfuensis Vanderyst) em função de níveis
de
adubação
nitrogenada.
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–
PEC
NORDESTE,
4,
Anais...
Pernambuco. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, p.454-463, 2005. SOUSA, V.S.; LOUVANDINI, H.; SCROPFNER, E.S.; MCMANUS, C.M.; ABDALLA, A.L.; GARCIA, J.A.S. Desempenho, características de carcaça e componentes corporais de ovinos deslanados alimentados com silagem de girassol e silagem
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5004-5013, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5013
Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição Hipótese das duas fases, teoria energostática, bovino de corte.
Revista Eletrônica
Jéssica Maria Santos Sousa¹ Antônia Leidiana Moreira² Vol. 14, Nº 02, mar. / abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
¹Mestranda em Ciência Animal/Programa de Pós Graduação em Ciência Animal/Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail: jessicahistozoo@gmail.com ²Doutoranda em Ciência Animal/Programa de Pós Graduação em Ciência Animal/Universidade Federal do Piauí - UFPI
RESUMO Consumo voluntário pode ser definido como a quantidade de alimento ingerido espontaneamente
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
VOLUNTARY INTAKE: REGULATION, PREDICTION MODELS AND MEASUREMENT METHODS
pelo animal em determinado período de tempo com
ABSTRACT
acesso livre ao alimento. A produção animal é
Voluntary intake may be defined as the amount of
determinada pelo consumo de MS, pois a quantidade
food consumed by the animal voluntarily in a given
de nutrientes ingerida pelo animal afeta diretamente
time period with unrestricted access to food.
o seu desempenho. O consumo de MS pode ser
Livestock production is determined by the DM intake,
medido através de modelos de predição, que em
because the amount of nutrients ingested by the
animais ruminantes torna-se difícil devido interações
animal directly affects their performance. The DM
que ocorrem entre animais e dieta e pelos poucos
intake can be measured using predictive models,
estudos
equações.
which in ruminant animals becomes difficult due to
Alimentos com alto teor de parede celular podem se
interactions among animals and diet and the few
mostrar de mais fácil predição, devido à repleção
studies to support the use of equations. Foods with
ruminal, já em dietas de alta qualidade, o consumo
high cell wall content may prove easier to predict due
pode ser predito pela demanda fisiológica do animal.
to
Assim, objetivou-se abordar conceitos e modelos
consumption can be predicted by physiological
utilizados na predição e regulação do consumo
animal demand. Thus, it aimed to address concepts
voluntário em bovinos de corte.
and models used in the production and regulation
Palavras-chave: Hipótese das duas fases, teoria
voluntary intake in beef cattle.
energostática, bovino de corte.
Keyword: Two-phase hypothesis, energostatic
para
subsidiar
o
uso
de
rumen
fill,
already
theory, beef cattle.
5014
in
high
quality
diets,
Artigo 417- Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição
INTRODUÇÃO Consumo
(DISMS) e negativa com o conteúdo de FDN da
voluntário
pode
ser
definido
pela
dieta.
quantidade de alimento ingerido por um animal ou grupo de animais durante um determinado período
Os ruminantes são capazes de controlar a ingestão
de tempo, o qual eles têm acesso livre de ração,
de energia, contanto que a densidade de nutrientes
geralmente é apresentado na unidade de kg de
seja
MS/animal/dia,
medida
interferência por restrições físicas (FORBES, 1995).
comparativa relativa ao seu peso vivo, ou peso vivo
Este controle é possível através da detecção dos
metabólico em % (NASCIMENTO et al., 2009).
níveis
ou
ainda
em
uma
suficientemente
de
ácidos
alta
para
graxos,
que
não
produzidos
haja
pela
fermentação, pelos receptores presentes no rúmen e A produção animal é determinada pelo consumo de
pelos receptores hepáticos (MAGGIONI et al., 2009).
matéria seca (CMS), valor nutritivo da dieta e resposta do animal. O consumo de matéria seca
As teorias clássicas postulam que a alimentação é
constitui o primeiro ponto determinante do ingresso
controlada por um único fator que atua em forma de
de nutrientes necessários ao atendimento das
feedback negativo. Estas incluem principalmente
exigências de mantença e produção animal, e,
distensão ruminal e estomacal, pressão osmótica e
portanto, é considerado o parâmetro mais importante
acidez titulável, temperatura hipotalâmica, Ácidos
na avaliação de dietas com alimento volumoso
Graxos de Cadeia Curta (AGCC) de glicose no
devido sua alta correlação com a produção animal
sangue e concentrações de aminoácidos, depósitos
nestas condições (NOLLER et al., 1996).
de gordura corporal, e outros (FORBES, 1995).
Restrições na ingestão de nutrientes (quantidade e/ou qualidade) constituem no fator principal que limita
a
produção
dos
animais
em
pastejo,
especialmente em regiões tropicais, onde estes estão sujeitos às mudanças contínuas no padrão de suprimento do alimento (GENRO et al., 2004;
Teorias energostáticas A teoria glucostática de Mayer e a teoria termostática de Brobeck foram duas teorias clássicas, sobre o controle de ingestão de alimentos, onde foi proposto que mudanças na ingestão do alimento, possuíam correlação fisiológica, forte o suficiente para inibir a alimentação. De acordo com essas teorias o
MOREIRA et al., 2004).
hipotálamo é considerado como o receptor que Qualquer decréscimo no consumo voluntário tem
conduz essa reação. Tais ideias foram modificadas
efeito significativo sobre a eficiência de produção.
como evidência experimental acumulada e o termo
Desta forma, o entendimento dos fatores que
―glucostático‖ foi substituído por ―energostático‖
regulam
(BOOTH, 1972).
o
consumo
de
forragem
e
demais
alimentos, pode ser de grande importância para auxiliar
no
estabelecimento
de
manejos
que
permitam superar tais limitações e melhorar a utilização dos alimentos (MAGGIONI et al., 2009). Desta forma, esta revisão objetiva abordar conceitos e modelos utilizados na predição e regulação do consumo voluntário em bovinos de corte. TEORIAS DESENVOLVIDAS PARA A REGULAÇÃO DE CONSUMO O valor nutritivo da forragem disponível geralmente
Foi recentemente percebido que as teorias clássicas não são suficientes para explicar como o consumo é controlado
em
muitas
circunstâncias.
A
ideia
expressa foi a seguinte: ―Quando a ingestão aumentar o preenchimento gástrico e aumentar a oferta de calorias hepáticas, ambos servem para reduzir
a
probabilidade
de
que
os
animais
continuarão a se alimentar. Uma vez que parando de comer, eles permanecerão saciados apesar de o estômago estar vazio, enquanto o fígado continua a
tem grande influência na quantidade de forragem
obter calorias utilizáveis a partir do intestino‖
consumida pelos ruminantes (MAGGIONI et al.,
(STICKER & MCCANN, 1985, citado por FORBES,
2009). Euclides et al. (2000) encontraram correlação
1995). Este conceito foi o primeiro passo para o
positiva para o consumo voluntário da matéria seca
desenvolvimento da primeira teoria integrativa do
(CVMS) e digestibilidade in situ da matéria seca
controle da ingestão de alimentos de forma voluntária,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5014-5023, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5015
Artigo 417 - Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição
a teoria ‗energostática‘.
de ruminantes é um problema a ser resolvido já que o desenvolvimento, de novas hipóteses de pesquisa,
Desenvolvimentos posteriores do conceito integrador
pode ser esperado para beneficiamento do todo, se
de regulação da ingestão de alimentos incluem
não
vários novos aspectos. Destaca-se o presumível
conceitual e matemática rigorosa de
modelos
papel de tecido adiposo na regulação em longo
quantitativos
modelos
prazo (FORBES, 1995).
quantitativos de predição de consumo, tanto modelos
houver
dependência existentes.
de
um
Inúmeros
tratamento
autônomos, quanto componentes de modelos de Considerando-se os efeitos inibitórios cumulativos
simulação de sistemas de produção de animais
do carboidrato sobre a alimentação são de fato
ruminantes, têm sido desenvolvidos (PITROFF &
energostáticos, em vez de glicose específica, em
KOTHMANN, 2001b).
seguida,
qualquer
substância
que
possa
ser
facilmente utilizada pelo animal para fornecer
Pittroff & Kothmann (2001a) argumentam que a
energia deve produzir uma compensação apropriada
consideração de ―peso do animal‖ implica uma
à ingestão de alimentos ao longo de um período de
referência para o TPH porque a capacidade de
várias horas após o enchimento gástrico (FORBES,
ingestão em modelos que usam explicitamente o
2007).
TPH calcula a capacidade de ingestão física com base no peso vivo.
Os sinais a partir de receptores e vias descritas acima, e outros, necessitam ser integrados ao
O modelo apresentado por Mertens (1987) baseia-se
cérebro. Presumivelmente, estes sinais que oscilam
na hipótese de que, para a fase de controle
rapidamente em relação às refeições, e são
fisiológico assumida, a ingestão é determinada pela
adicionados ao sinal mais constante proveniente do
relação das necessidades energéticas líquidas para
tecido
relativamente
a energia líquida, fornecidas pela dieta. Também
pequena no sinal proveniente do tecido adiposo, em
determina que a concentração de energia líquida da
longo
papel
dieta não depende apenas da digestibilidade, mas
significativo no controle de consumo. Outras teorias
também da capacidade metabólica da energia
atualmente
digestível.
adiposo. prazo
Uma
pode
em
mudança desempenhar
processo
de
um
desenvolvimento
incluem a hipótese de que os ruminantes comem a mesma quantidade de alimento por dia em que a
Análises dos modelos de predição de ingestão com
produção líquida de energia por mol de oxigênio é
base no TPH geram dúvidas quanto à adequação
maximizada (TOLKAMP & KATELAARS, 1992).
deste, hipótese ainda hoje dominante. Modelos de
Cálculos teóricos baseados em dados do ARC
ingestão mais precisos não serão provavelmente
(ARC, 1980) dão suporte a esta afirmação, mas a
baseados
evidência experimental ainda não está disponível.
dominando como mais de 30 anos de tentativas de
no
conceito
de
TPH,
atualmente
formulação matemática a partir do TPH, entretanto, Hipótese das duas fases
não produzem um modelo satisfatório (PITTROFF &
O conceito atualmente dominante da ‗hipóteses das
KOTHMANN, 2001b).
duas fases‘ (TPH) remonta a um artigo de Svoboda (1937) citado por Pitroff & Kothmann (2001a). Entretanto,
tem
sido
amplamente
criticado
(GROVUM, 1987; KETELAARS & TOLKAMP, 1992; PITTROFF & KOTHMANN, 1999), mas continua a ser
utilizado
como
base
teórica
para
o
desenvolvimento de modelos (FINLAYSON et al., 1995; CHILIBROSTE et al., 1997). A predição quantitativa precisa do consumo de ração 5016
Sendo assim, observa-se que embora o modelo TPH seja bastante criticado, ainda não foi criado um modelo que possa substituí-lo conforme a sua designação, além de possuir grande relevância ecológica e econômica, novos modelos possuem falhas na formulação, conforme demonstrado por Pittroff & Kothmann (2001a; 2001b). Teoria do mínimo desconforto total
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Artigo 417 - Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição
Forbes (1999; 2007) propôs uma teoria universal, a
le metabólico (incluindo aquelas que negaram
qual relata que os animais regulam o consumo de
fatores físicos no total), chegou-se a uma hipótese
alimentos para minimizar o desconforto total. O autor
multifatorial sobre
define
alimentos em ruminantes: mínimo desconforto total
desconforto
como
quaisquer
condições
metabólicas e fisiológicas afetadas por fatores
o controle
da ingestão de
(FORBES, 2007).
dietéticos e do meio. O aumento do tempo de busca de alimento que acompanha uma dieta mais seletiva
MODELOS DE PREDIÇÃO DE CONSUMO
atua como um ―desconforto‖, o que reduz a
Os fatores que controlam o consumo de alimentos
probabilidade de o animal fazer a seleção perfeita. O
são complexos, verdadeiramente multifatoriais e não
autor também caracteriza desconforto como um
existe um consenso de como os ruminantes regulam
termo usado deliberadamente, uma vez que implica
esta
menos
Interações entre numerosos fatores como: dieta,
de
um
processo
consciente
do
que
‗descontentamento‘ ou ‗infelicidade‘.
importante
atividade
(FORBES,
2007).
animal, ambiente e manejo são os principais responsáveis pela falta de precisão das equações de
A hipótese de Ketelaars & Tolkamp (1992) é outro
predição
exemplo
(McMENIMAM et al., 2009).
de
abordagem
de
otimização.
Eles
de
consumo
de
matéria
seca
propuseram que os ruminantes adotam esse nível de ingestão de alimentos (incluindo forragem), que
Para que possa ser planejado um eficiente programa
permite a máxima eficiência de utilização do
de alimentação capaz de encontrar a melhor
consumo de O2 para o fornecimento de energia
formulação de ração para atender as exigências
líquida (energia utilizada para a "produção" mais a
nutricionais, é necessário predizer
produção de calor em jejum) e que a limitação física
precisão e acurácia o nível de consumo voluntário de
de admissão é um conceito errôneo baseado em
bovinos em crescimento sob alimentação ad libitum.
com
maior
métodos experimentais inadequados e interpretação. Modelo NRC Forbes (2007) relata que as funções usadas para
As equações de predição de CMS propostas pelo
obter desconfortos de desvios na oferta de recursos
NRC (1984, 2000) foram por muito tempo as mais
devem ser exploradas. Possivelmente, a curva que
utilizadas
relaciona o desconforto de desvio na oferta de
anabolizantes foram usados nos bovinos do banco
recursos não deve ser simétrica em relação ao ideal.
de dados do modelo de predição de CMS proposto
Segundo o autor, o desconforto pode muito bem ser
pelo NRC (1984, 2000). No Brasil, a proibição do uso
mais acentuado para um déficit de nutrientes do que
de anabolizantes para qualquer finalidade teve início
para um excesso, em relação aos requisitos, porque
em 1961 e atualmente vigora a Portaria Ministerial nº
um déficit reduz a aptidão enquanto um leve
51
excesso pode ser tolerado, embora com algum
importação, comercialização e o uso de produtos
aumento
para fins de crescimento e ganho de peso dos
de
desconforto,
podendo
haver
um
no
(BRASIL,
Brasil.
1991)
No
que
entanto,
proíbe
estimulantes
a
produção,
intervalo de conforto ideal ao invés de um único
animais
ponto ótimo.
esteróidais com atividade anabolizante, a proibição
de
abate.
Para
os
compostos
não
se estende, inclusive, para fins terapêuticos. Evidências experimentais a partir da literatura sobre a quantidade de desconforto que surge a partir de
Além disso, as equações propostas pelo NRC (1984,
um desvio do fornecimento de cada recurso a partir
2000) foram desenvolvidas principalmente com
do "requisito" (que se assume para a produção de
animais Bos taurus. Segundo Magnabosco (1997),
desconforto zero) pode ser utilizado para avançar
80% do rebanho brasileiro é composto de gado
esta área. Desde o simples conceito de limitação
Zebu. Devido às características de fertilidade, rusticidade, adaptabilidade ao ambiente tropical e aos sistemas de produção de carne brasileira, a raça Nelore predomina nos sistemas de produção de carne no Brasil. Fox et al.
física do consumo de forragem que parecia se encaixar de forma adequada aos dados até a década de 1960, através de várias teorias de contro-
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Artigo 417 - Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição
Modelo CNCPS O sistema de proteínas e carboidratos ―líquidos‖ ou
forrageiras tropicais diferem muito das espécies
―CNCPS - The Cornell Net Carbohydrate and Protein
qualidade, pois apresentam menor digestibilidade e
System‖ (FOX et al., 1992; RUSSELL et al., 1992;
maior teor de fibra em detergente neutro (FDN).
SNIFFEN et al., 1992; O‘CONNOR et al., 1993) foi
Além disso, o ambiente ao qual os animais estão
desenvolvido com o objetivo de avaliar a qualidade
submetidos pode fazer com que os requerimentos de
da dieta e o desempenho do rebanho bovino.
mantença e a ingestão de matéria seca variem
temperadas,
sendo,
geralmente,
de
menor
consideravelmente (FOX & TYLUTKI, 1998). O Modelo utiliza os princípios básicos da função ruminal, crescimento microbiano, cinética digestiva
Em regiões tropicais, estas variações podem ser
do alimento (ração) e estado fisiológico do animal,
decorrentes do maior desgaste causado por altas
assim como variáveis ambientais e de manejo, o que
temperaturas
permite estimativas mais acuradas do desempenho
energético para obtenção de alimento (sistemas de
dos rebanhos e da excreção de nutrientes, em
pastejo) e possíveis adaptações às forragens de
diferentes situações (FOX et al., 2003; 2004).
baixa qualidade. Nos trópicos, os animais são
e
maior
insolação,
maior
gasto
criados basicamente a pasto, e a produtividade dos O CNCPS está em desenvolvimento há mais de 10
rebanhos é em geral menor, seja pela baixa
anos
qualidade
e,
como
desenvolvido
a
maioria
dos
utilizando-se
sistemas,
foi
requerimentos
das
forrageiras, seja pela falta
de
tecnologia empregada. No entanto, ressalta-se a
europeias
importância destas regiões na estratégia de atender
especializadas, criados em condições controladas
o aumento da demanda por produtos de origem
(confinados), e com valores de alimentos oriundos
animal (TEDESCHI et al., 2002).
nutricionais
de
animais
de
raças
de clima temperado. Este modelo usa relações mecanicistas e empíricas no diagnóstico nutricional e
O aumento da demanda por alimentos, decorrente
para formulação e avaliação de dietas para bovinos
do crescimento constante da população mundial,
(FOX et al., 1995). A partir de características
associada à questão ambiental, implica na melhoria
nutricionais dos ingredientes da dieta e de suas
da eficiência econômica e produtiva dos rebanhos, a
interações com os requerimentos do animal e
um menor custo e com redução das perdas
práticas
energéticas
de
manejo,
permite,
sob
diferentes
e
nitrogenadas
que
ocorrem
nos
condições de produção, uma predição confiável do
processos de digestão e absorção (TAMMINGA,
desempenho
2003). A melhoria do manejo nutricional é o mais
de
bovinos.
Fundamenta-se
na
sincronização da digestão ruminal de proteínas e
importante
meio
para
obter
o
carboidratos, visando o máximo desempenho do
produtividade (TEDESCHI et al., 2002).
aumento
da
hospedeiro e comunidades microbianas ruminais, redução das perdas de nitrogênio e de energia
Na elaboração da versão 4.0 houve uma série de
decorrentes da fermentação ruminal e minimização
modificações, com o objetivo de ajustar o modelo às
da excreção de nutrientes (FOX et al., 2000).
condições tropicais. Foram adicionados ajustes como: requerimentos de energia líquida de mantença
Embora o CNCPS baseie-se em uma estrutura
(NEm), peso ao nascimento e pico de lactação para
biológica e mecanicista que, teoricamente, permite
um maior número de raças tropicais, incluindo raças
sua aplicação em diversas condições de ambiente e
denominadas de duplo-propósito (Bos taurus x Bos
manejo, com diferentes raças e alimentos, sua
indicus); equação de predição do consumo de
aplicação em condições tropicais deve ser estudada,
matéria seca, proposta por TRAXLER (1997), para
antes de o modelo ser recomendado para estes
vacas de duplo propósito; e adição de um banco de
sistemas de produção (MOLINA et al., 2004), onde
dados de alimentos tropicais (TEDESCHI et al.,
as raças e seus graus de sangue, os alimentos e o
2002).
manejo são, na maioria das vezes, muito diferentes daqueles adotados em regiões de clima temperado.
A última versão do modelo CNCPS (versão 5.0)
A composição e estrutura da parede celular das
possui um banco de dados sobre alimentos tropicais
5018
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Artigo 417 - Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição
atualizados e expandido, o que, teoricamente,
incapazes
permite melhor ajuste nas predições do desempenho
variação observada no CMS, quando comparada às
de
explicar
maior
porcentagem
da
em sistemas de produção de bovinos em condições
equações adotadas pelo BR-CORTE.
tropicais. Entretanto, mesmo com a inclusão desse banco de dados e a possibilidade de atualização dos
MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE CONSUMO
dados, a aplicação do modelo em condições
VOLUNTÁRIO
tropicais deve ser avaliada (ELYAS et al., 2009).
A nutrição e o desempenho de herbívoros em pastejo dependem diretamente da capacidade do
Fox et al. (2000) chamaram a atenção para a falta de
animal para selecionar uma dieta que possui alta
informações referentes aos alimentos tropicais,
digestibilidade e tem um alto consumo voluntário,
sugerindo a realização de pesquisas nesta área,
que por sua vez depende da qualidade e da
para atualizar e possibilitar o uso mais confiável do
disponibilidade de pastagem. O método clássico de
banco de dados de alimentos tropicais para as
determinação da digestibilidade in vivo da matéria
predições do CNCPS. Porém, poucos trabalhos têm
orgânica (DMO) e matéria seca ou orgânica do
sido realizados com o objetivo de avaliar e/ou validar
consumo voluntário (DMS ou DMO) é baseado na
a utilização do modelo em condições tropicais,
medição da quantidade e da qualidade da dieta
sendo, em sua maioria, simulações.
ingerida e excreção fecal, entretanto, geralmente requer habitação animal em gaiolas metabólicas
Modelo BR- CORTE
(DEMARQUILLY et al., 1995; ANDUEZA et al.,
Segundo Neal et al. (1984), as equações de CMS
2007). Porém este método consome muito tempo, e
deveriam ser testadas em condições semelhantes
assume que a forragem colhida e oferecida para o
àquelas em que se destina serem utilizadas.
animal é uma representação da forragem que seria
Portanto, não existe uma única equação que se
selecionada pelo animal durante o pastejo. É difícil,
aplica em todas as situações, existindo necessidade
portanto, para mensurar a digestibilidade do pasto,
de desenvolver e validar equações de predição do
consumo voluntário e composição da ingestão em
CMS em condições tropicais.
pastejo ou das pastagens, especialmente durante longos períodos. A fim de resolver estes problemas,
Por isso, equações para predizer o CMS de gado de
foram
corte em condições brasileiras e com zebuínos (raça
digestibilidade in vivo e/ou ingestão de uma série de
Nelore)
medições de laboratório (DECRUYENAERE et al.,
foram
desenvolvidas
e
validadas
por
Valadares Filho et al. (2006a; 2006b), que aliados às
desenvolvidos
métodos
que
ligam
a
2015).
exigências de energia, proteína e minerais resultou no sistema BR-CORTE. As equações de CMS
O método da pepsina no fluido ruminal, desenvolvido
propostas indicaram que os valores preditos foram
por Tilley e Terry (1963) é provavelmente o método
equivalentes aos observados em condições práticas
mais antigo para estimar a digestibilidade in vitro,
de alimentação de bovinos de corte confinados em
mas a sua reprodutibilidade pode ser considerada
condições tropicais.
fraca
(WAINMAN
et
al.,
1981,
citado
por
ADEGOSAN et al., 2000). Ribeiro et al. (2008) avaliaram o CMS por grupos os valores
O teor de proteína na dieta tem correlação positiva
observados com os preditos por meio dos sistemas
com consumo em vacas lactantes, sendo este efeito
NRC (2000), CNCPS 5.0 e BR-CORTE. Estes
por conta do aumento da proteína degradável no
autores observaram que o sistema brasileiro BR-
rúmen e a melhoria da digestibilidade dos alimentos
CORTE se mostrou mais eficiente nas predições de
(SOUZA,
CMS por raça e para os zebuínos como um todo.
correlação positiva entre proteína bruta na dieta e
genéticos
zebuínos e compararam
2013).
Allen
(2000)
sugeriu
que
a
consumo pode ser efeito da redução da produção de Valadares Filho et al. (2006b) também observaram
propionato quando a proteína substitui o amido.
falta de ajuste para as equações propostas pelo
Teores críticos do consumo de proteína provocam
NRC (1984, 2000) para predizer o CMS de bovinos
queda no consumo voluntário, sendo que para
de corte em condições tropicais. Neste sentido, as
ruminantes o limite crítico é mais baixo devido ao
equações propostas pelo NRC (1984, 2000) seriam
comprometimento do crescimento microbiano e,
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Artigo 417 - Consumo voluntário: regulação, modelos de predição e métodos de medição
consequentemente, aumentando-se
o
a efeito
degradação de
da
repleção
FDN, ruminal
(DECRUYENAERE
et
al.,
2002,
2009,
2015;
ANDUEZA et al., 2011).
(SOUZA, 2013). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os métodos convencionais para o estudo do
O consumo voluntário do animal é influenciado por
comportamento animal e indiretamente, da dieta
diversos fatores, sejam eles: físicos, psicogênicos ou
selecionada, têm incluído observação direta dos
fisiológicos, estes se relacionam e influenciam
animais, durante o pastejo, análise de amostras
diretamente na eficiência da produção animal. Nesse
obtidas de fístulas esofágicas, trato digestivo ou
sentido, relata-se a importância de estudos mais
fezes (por exemplo, usando a análise micro-
profundos acerca da inter-relação desses fatores, a
histológica) e a gravação automática ou manual dos
fim
movimentos dos animais ou atividades. Uma grande
eficientes,
desvantagem de todos estes métodos é que eles são
predição e exigências do consumo.
de
preconizar bem
modelos
como,
matemáticos
teorias
mais
relacionadas
à
mão de obra intensiva e, geralmente, há dificuldade de repetição (HOLECHEK et al., 1982). Modelos dinâmicos simplificados que predizem o consumo diário, somando-se, eventos de refeição ou pela interação de soluções para se chegar ao estado estacionário, podem ser usados para descrever as informações atuais sobre regulação do consumo e explicar as interações entre os mecanismos.
No
entanto, os modelos dinâmicos têm utilidade limitada como sistemas de predição porque não podem ser facilmente resolvidos por retro solução, para obter as características
da
dieta
e
dos
animais
que
correspondem a um nível desejado de consumo (MERTENS, 1987). Outra
abordagem
espectroscopia
de
envolve refletância
a de
aplicação
de
infravermelho
proximal para fezes (FNIRS), a fim de prever a composição e atributos de dietas baseadas em forragens (DECRUYENAERE et al., 2015). Ao longo das últimas três décadas diversos estudos têm destacado a capacidade e o papel da FNIRS na medição da dieta selecionada e gerenciamento da nutrição de ruminantes em pastejo (COATES, 2004; DIXON & COATES, 2009). Usando a tecnologia FNIRS, observa-se que há semelhança em relação ao uso de NIRS para predição de análises de forragens, composição da dieta e outros atributos (COLEMAN et al., 1989; STUTH et al., 1989; COLEMAN & Murray, 1993; LEITE & STUTH, 1995; BOVAL et al., 2004; DIXON& COATES, 2009; COATES & DIXON, 2011). Calibrações da FNIRS foram desenvolvidas para medir a qualidade da dieta herbívora e ingestão em condições tropicais e subtropicais no Mediterrâneo (KELI et al., 2008; LANDAU et al., 2008) e em ambientes temperados 5020
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Pesquisa de mercado: Hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim – Bahia Revista Eletrônica
Vol. 14, Nº 02, mar. / abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Carne, disponibilidade, mercado consumidor, renda.
Italo Reneu Rosas de Albuquerque 2 Glayciane Costa Gois 2 Fleming Sena Campos 3 Tiago Santos Silva 4 Alex Gomes da Silva Matias
1
1
Doutorando em Zootecnia, Universidade Federal da Bahia – UFBA, Salvador – BA 2Pós-doutorandos em Zootecnia, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Semiárido, Petrolina - PE. E-mail: glayciane_gois@yahoo.com.br 3 Doutorando em Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Areia – PB. 4 Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Petrolina – PE.
RESUMO
RESEARCH OF MARKET: HABITS OF
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o
PURCHASE AND CONSUMPTION OF MEAT IN
perfil sócioeconômico dos consumidores de carne e
SENHOR OF BONFIM - BAHIA
suas preferências em Senhor do Bonfim – Bahia, através de questionários. Da análise dos dados, constatou-se que os consumidores possuem uma maior predileção pela carne bovina (44,73%), seguida de aves (19,73%), suínos (13,16%) caprinos (7,90%), peixes (7,90%) e ovinos (6,58%). Concluise que o preço não é um fator limitante para o consumo de carne, sendo a carne bovina a preferida pelos entrevistados em relação a outras espécies animais, ocupando lugar de destaque na dieta do consumidor. Palavras-chave:
carne, disponibilidade, mercado
consumidor, renda.
ABSTRACT The present work has as objective evaluates the meat consumers' profile economical partner and your preferences in Senhor of Bonfim - Bahia, through questionnaires. Of the analysis of the data, it was verified that the consumers possess a larger predilection for the bovine meat (44,73%), followed by chicken (19,73%), pig (13,16%) goat (7,90%), fish (7,90%) and sheep (6,58%). Ended that the price is not a factor for the meat consumption, being the bovine meat the favorite for the interviewees in relation to other animal species, occupying prominence place in the consumer's diet. Keyword: meat, readiness, consuming market, income.
5024
Artigo 418 – Pesquisa de mercado: hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim-Bahia
INTRODUÇÃO
tares.
Assim,
o
interesse
das
pesquisas
de
A busca pela qualidade na indústria tem levado a
comportamento do consumidor recai principalmente
uma
área
sobre a análise empírica de como ocorre o processo
tecnológica quanto na oferta de novos produtos.
de compra e quais são os fatores que afetam os
Empresas e países produtores buscam ganhar
consumidores. Desta maneira, pesquisadores e
espaço no mercado consumidor, procurando atender
organizações
a um consumidor cada vez mais exigente, informado
preferências, hábitos e atitudes dos consumidores,
e preocupado com o aspecto higiênico sanitário do
para
produto que consome. A certificação internacional é
perspectivas em relação ao comportamento de
a ferramenta básica para garantir a origem e a
consumo (Sproesser et al., 2006).
constante
modernização
tanto
na
que
buscam
se
conhecer
possam
apontar
os
gostos,
tendências
e
qualidade dos produtos e processos agroindustriais e depende de um complexo sistema de informação, ou
Para as indústrias agroalimentares, conhecer as
de rastreabilidade, desde a produção das matérias-
escolhas e a necessidades do cliente por meio da
primas (Rhoden et al., 2010). Em virtude de um
pesquisa de mercado é um meio de diminuir os
maior acesso a informações através dos meios de
riscos de investimento e minimizar erros nos planos
comunicação, os consumidores, ao comprar o
de marketing, além de estabelecer estratégias de
produto, estão cada vez mais preocupados com
gestão (Rhoden et al., 2010).
aspectos
como:
armazenamento,
embalagem,
método de conservação e teor nutricional. As
mudanças
nos
hábitos
de
consumo
A carne apresenta-se juntamente com o leite e os ovos como o alimento de melhor composição
dos
consumidores ditam o processo industrial. Empresas que não conseguem perceber as mudanças no mercado tendem a se tornar menos competitiva frente a outras. Com isso, as indústrias buscam a obtenção de um produto politicamente correto, voltado a atender as necessidades e exigências da sociedade moderna, com o máximo em qualidade, sem destruição ou contaminação ambiental, que não
nutricional para o ser humano. Possui proteínas de alto valor biológico tanto no aspecto qualitativo como quantitativo. Rica em aminoácidos essenciais, de forma balanceada, supre aproximadamente 50% das necessidades diárias de proteína do ser humano (Azevedo, 2008). O
objetivo
deste
estudo
é
avaliar
o
perfil
socioeconômico dos consumidores de carne e suas preferências em Senhor do Bonfim - BA.
se utilize de práticas de abates desumanas. Isso pode determinar o sucesso ou não de uma atividade
Material e Métodos
produtiva (Rodrigues, 2009; Silva, 2009).
Foi realizada uma pesquisa ―Survey‖¸ a qual é utilizada para a obtenção de informações por
Para que se possa entender o consumidor brasileiro,
intermédio de uma entrevista com os participantes,
é preciso primeiro compreender o comportamento do
na qual são feitas inúmeras perguntas acerca do
consumidor, que pode ser definido como ―as atividades
diretamente
envolvidas
em
tema que se está estudando, por meio da aplicação
obter,
de um questionário estruturado para obter uma
consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo
padronização do processo de coleta de dados
os processos decisórios que antecedem e sucedem
(Francisco et al., 2007).
estas ações‖. Neste sentido, o marketing analisa constantemente os desejos e as necessidades dos
O trabalho foi realizado na cidade de Senhor do
clientes, de maneira a se adaptar de modo mais
Bonfim,
eficaz que a concorrência (Francisco et al., 2007).
questionários, durante os meses de outubro e
Bahia,
por
meio
da
aplicação
de
novembro de 2010. Inicialmente foi elaborado um As pesquisas que abordam o comportamento do
questionário de múltipla escolha composto de 16
consumidor fazem uso das informações referentes à
perguntas, onde foram abordados vários aspectos do
produção, abastecimento e dados sobre as compras
consumo de carne bovina. O questionário foi
dos alimentos para identificarem as práticas alimen-
aplicado
por
entrevistadores
experientes,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5024-5029, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
que
5025
Artigo 418 - Pesquisa de mercado: hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim-Bahia
abordavam
os
consumidores
em
portas
de
supermercado, açougue, feiras livres e repartições públicas. No total, foram realizadas 76 entrevistas
Na análise de compra de carne (Tabela 2) observase que 56,58% dos entrevistados realizam a compra 04 vezes no mês, tendo um gasto de mais de 100 reais mensais com a carne. O maior poder aquisitivo
completas.
permite à aquisição de diferentes fontes de proteína Não foram abordadas crianças nem adolescentes. As entrevistas aconteceram em dias alternados da semana. A abordagem deste trabalho foi puramente quantitativa, com o intuito de mostrar em números a existência de um fato, a proporção em que ele ocorre, na nossa sociedade.
animal, caso contrário, há restrição e compra daquelas fontes mais baratas. Quanto ao local de compra, verifica-se que existe a preferência da compra em açougues/frigoríficos (36,84%) e até mesmo em mercados públicos (30,26%), sendo seguido pela compra efetuada em
As perguntas permitiram verificar aspectos inerentes ao perfil do consumidor, tais como sexo, idade e
supermercados (21,06%), o que exprime que os consumidores ainda têm preferência pelas carnes diretamente cortadas em açougue e mercado público
renda, bem como quanto ao consumo de carne
do que a forma de oferecimento dos cortes pelos
(bovina, caprina, ovina, suína, aves e peixes) e
supermercados que passaram a vender a carne em
identificação da frequência de consumo. Para
bandejas.
tabulação dos dados, foi feito o uso de uma planilha, sendo realizados cálculos das percentagens e dos
A aparência da carne, especialmente a sua cor, é
seus respectivos valores absolutos.
utilizada pelos consumidores como um importante indicador de qualidade. Silva et al. (2007) enfatiza que Saab (1999), em trabalho realizado em Ribeirão
Resultados e Discussão pelos
Preto, verificou que os atributos mais importantes
consumidores. A partir deles houve a contagem dos
para os consumidores do município são, nesta
depoimentos,
e
ordem: cor; selo de garantia de maciez; preço;
entrelaçando-se os resultados de forma a atender o
embalagem. Segundo esse autor, a cor é o atributo
objetivo do trabalho. As respostas do questionário
mais facilmente perceptível. A manutenção da cor
foram tabuladas e analisadas. As entrevistas foram
aceitável é uma preocupação tanto dos produtores
realizadas nos diversos pontos de venda de carne
como do varejo. Inúmeros fatores afetam a cor da
do município, que ofereciam o produto regularmente.
carne. Entre os fatores intrínsecos incluem-se a raça,
Os
questionários
foram
respondidos
classificando-se
as
respostas
a localização do músculo na carcaça e a idade do Através dos dados pessoais dos entrevistados,
animal (Rodrigues, 2009).
observou-se um predomínio maior de homens (52,63 %) do que de mulheres (47,37 %), durante a
Atualmente, os consumidores exigem alimentos com
realização da entrevista. Em relação à idade,
qualidade, além de certificados confiáveis que
14,47% dos consumidores entrevistados tinham
atestem
entre 18 e 30 anos; 36,85% de 31 a 40 anos;
características
48,68% acima de 40 anos, sendo a faixa etária
adquiridos. Tal fato explica os resultados desta
predominante.
A
escolaridade
foi
análise, já que a garantia de qualidade e sanidade
investigada
os
resultados
maior
apresentam grande importância no momento da
participação de pessoas com nível médio (35,52%)
compra, o que possivelmente está relacionado à
em detrimento do nível fundamental (28,95%) e
decisão de onde irá comprar a carne, pois apenas
superior (25%). O rendimento familiar apontado foi
10,53%
entre 01 a 03 salários mínimos, fato este que pode
decidem pelo preço. Haja visto que os entrevistados
estar diretamente relacionado ao nível de instrução
estariam dispostos a pagar a mais caso houvesse
descrito (Tabela 1).
maior garantia do produto, o que comprova que para o consumidor da região avaliada interessa a qualidade
5026
e
também apontam
e
dos
garantam de
a
existência
qualidade
entrevistados
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5024-5029, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
nos
dessas alimentos
mencionaram
que
Artigo 418 - Pesquisa de mercado: hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim-Bahia
do produto que ele irá consumir, e com menor
comercializada em Senhor do Bonfim – Bahia.
importância, o local onde é realizada a compra e onde o alimento foi produzido. VARIÁVEIS TABELA 1. Perfil dos consumidores questionados no município de Senhor do Bonfim – Bahia Total Inquirido VARIÁVEIS
n= 76 %= 100
Gênero Feminino Masculino
36 40
47,37 52,63
11 28 37
14,47 36,85 48,68
Classe Etária 18 – 30 31 – 40 > 40
Escolaridade Analfabeto 5 Fundamental 22 Médio 27 Graduação 19 Pós-Graduação 3 Categoria Profissional Aposentado 11 Do lar/Doméstica 16 Estudante/Desempregado 2 Profissional Liberal 17 Funcionário Público 20 Funcionário Privado 10 Rendimento do Agregado Familiar Até 1 salário 20 1 a 3 salários 35 4 a 6 salários 18 7 a 9 salários 0 ≥10 salários 3 Dimensão do Agregado Familiar 1 1 2 14 3 23 4 20 5 11 >5 7
6,58 28,95 35,52 25,00 3,95 14,47 21,05 2,63 22,37 26,32 13,16
Quanto gasta mensalmente com carne 0 a 25 reais 25 – 50 reais 50 – 100 reais Acima de 100 reais
TOTAL INQUIRIDO N°76 %=100
12 16 20 28
15,79 21,05 26,32 36,84
Frequência que compra carne 1 vez no mês 2 vezes no mês 3 vezes no mês 4 vezes no mês 5 vezes no mês + 5 vezes no mês Local de compra
6 8 10 43 2 7
7,89 10,53 13,16 56,58 2,63 9,21
Açougue/Frigorífico Produtor Feiras livres Supermercado Mercado público
28 2 7 16 23
36,84 2,63 9,21 21,06 30,26
Atributos considerados importantes Cor 22 Maciez 21 Preço 12 Quantidade de gordura 7 Embalagem 14 O que considera mais importante na aquisição da carne Sanidade/Inspeção 20 Onde foi produzido 4 Preço da carne 8 Qualidade 42 Proximidade do mercado da sua2 casa
26,31 46,06 23,68 0 3,95 1,32 18,42 30,26 26,32 14,47 9,21
Fonte: Elaborado pelo autor
28,95 27,63 15,79 9,21 18,42
26,32 5,26 10,53 55,26 2,63
Fonte: Elaborado pelo autor
As carnes de um modo geral são vistas pelos consumidores como alimentos nobres, de qualidade
De acordo com o levantamento realizado observou-
e que atendem às necessidades nutricionais do ser
se (Tabela 3), a predileção do consumidor por carne
humano moderno, que se preocupa em buscar maior
bovina (44,73%), seguida de aves (19,73%), suína
expectativa de vida e com mais saúde. É um
(13,16%) caprina (7,90%), peixes (7,90%) e ovinos
alimento
na
(6,58%). Observou-se também através do trabalho
alimentação. Segundo estudos, as carnes mais
que a maior preferência por um produto não reflete
consumidas no Brasil são: avícola, bovina e suína,
necessariamente no maior consumo daquele produto
respectivamente (ANUALPEC, 2007).
em relação a outros.
TABELA 2. Gasto mensal, frequência na semana,
TABELA 3. Quilos de carne comercializada e tipo de
local de compra, atributos e aspectos que se
carne adquirida pelos consumidores de carne
considera
comercializadas em Senhor do Bonfim – BA.
que
merece
importante
destaque
na
especial
aquisição
da
carne
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5024-5029, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5027
Artigo 418 - Pesquisa de mercado: hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim-Bahia
Quilos de carne comercializada (Mensal)
Kg
vado
ao
efetuar
a
compra,
mas
o
mesmo
Bovina
338,3
desconhece o fato de que a cor é bastante
Caprina
76,5
influenciada por diversos fatores externos como
Ovina
15,8
Suína
45,2
Aves
135,4
Peixes
80,3
Tipo de carne que consomem
N° 76
% 100
Bovinos
34
44,73
Caprino
6
7,90
Ovino
5
6,58
Suínos
10
13,16
Aves
15
19,73
Peixes
6
7,90
iluminação, Evidencia-se
bovina, pela imagem social que ela transmite, isto é, de
a
embalagem, necessidade
entre
outros.
de
melhor
esclarecimento ao consumidor, inclusive na própria embalagem do produto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUALPEC. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2007. 368 p. AZEVEDO, P.R.A. O valor nutricional da carne. Revista Nacional da Carne, São Paulo, n.372, p.18-29, 2008. BARCELLOS, M.D. Processo decisório de compra
2002. O alimento mais desejado pelos brasileiros é a carne necessidade
de
de carne bovina na cidade de Porto Alegre.
Fonte: Elaborado pelo autor
a
tipo
o
brasileiro
mostrar
certa
ascensão social, e por ser um dos alimentos que
167
f.
Dissertação
(Mestrado
em
Agronegócios) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. FRANCISCO,
D.C.;
NASCIMENTO,
causam maior sensação de saciedade. Estudo
LOGUERCIO,
realizado por Barcellos (2002), destaca que os
Caracterização do consumidor de carne de frango
consumidores
da cidade de Porto Alegre. Ciência Rural, v.37,
adquirem
carne
bovina
porque
gostam, demonstram atitude favorável e simpática ao consumo dessa carne, diferente de outros alimentos que são consumidos por obrigação, em função de questões de saúde, renda ou apenas por
A.P.;
CAMARGO,
V.P.; L.
n.1, p. 253 - 258, 2007. RHODEN, P.C.L.; SANTOS, A.L.; SOUZA, C.S.; FERREIRA, C.M.; VIEITES, F.M.; BORGES, M.T. Analise socioeconômico dos consumidores de
hábito.
carne suína de Mato Grosso e do Rio Grande do Em segundo lugar temos a carne de frango. Silva &
Sul - Fase 2. In.: Reunião Anual da Sociedade
Fabrini Filho (1994) salientam que as grandes
Brasileira de Zootecnia, 47, 2010, Salvador – BA.
empresas processadoras têm associado a carne de frango à praticidade e à melhora de qualidade de vida do homem moderno, apresentando cortes práticos que podem ser manuseados e preparados com maior facilidade.
Anais... Salvador, 2010. 3p. RODRIGUES, S.D. Pesquisa de mercado: Hábitos de consumo e perfil do consumidor de carne bovina in natura na grande Vitória. 2009. 55f. Monografia (Pós-Graduação ―Latu Sensu‖ em
CONCLUSÃO Conclui-se que o preço não é um fator limitante para o consumo de carne, sendo a carne bovina a preferida pelos entrevistados em relação à de outras espécies animais, ocupando lugar de destaque na dieta do consumidor.
Higiene e inspeção de produtos de origem animal) - Universidade Castelo Branco, Vitória, 2009. SILVA,
R.A.M.S.
Porque
estudar
o
comportamento do consumidor de carnes? Informativo da Cadeia da Carne Bovina do
O consumidor considera a cor o melhor indicador da qualidade da carne, sendo o principal atributo obser5028
Pantanal Mato-Grossense. EMBRAPA Pantanal, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5024-5029, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 418 - Pesquisa de mercado: hábitos de compra e consumo de carne em Senhor do Bonfim-Bahia
Ano I, n.4, Corumbá, Mato Grosso do Sul. 2009. SILVA, L.M.; LIMA FILHO, D.O.; SPROESSER, R.L.
SAAB, M.S.M. Changes in contractual relations an example in the beef agribusiness system in
Perfil dos consumidores de carne de frango: Um
Brazil.
estudo de caso na cidade de campo grande,
AGRIBUSINESS FORUM AND CONGRESS, 1999, Florence, Italy. Electronic
estado do Mato Grosso do Sul. Informações Econômicas, v.37, n.1, jan. p.18-27. 2007. SILVA, L.F.; FABRINI FILHO, L.C. Complexo avícola e questões sobre hábito alimentar. Caderno de Debate UNICAMP, Campinas, v. 2, p. 41-61, 1994.
In:
WORLD
FOOD
AND
proceedings... Florence: IAMA, 1999. SPROESSER, R.L.; NOVAES, A.L.; BATALHA, M.O.; LAMBERT, J.L.; LIMA FILHO, D.O. Perfil do consumidor brasileiro de carne bovina e de hortaliças. In.:
CONGRESSO DA
SOBER, ―Questões agrárias, educação no campo
e
desenvolvimento‖,
Campo
Grande
–
MS.
XLIV,
Anais...
2006, Campo
Grande, 2006.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5024-5029, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5029
Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba Geoestatistica, krigagem, zootecnia de precisão. . 1
Guilherme Augusto Drehmer 2 Fernando Silva Araújo 2 Antônio Hosmylton Carvalho Ferreira 3 Flavio C.Aquino 4 Valdemar Cavalcante Queiroga Filho 1
Graduando em Engenharia Agronômica – Universidade Estadual do Piauí - UESPI /Parnaíba-PI E-mail: guiengagronomo@outlook.com 2 Professor Adjunto da UESPI/Parnaíba - PI 3 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal – UFPI/Teresina- PI 4 Engenheiro agrônomo pela UESPI/Parnaíba- PI
RESUMO Objetivou-se com este trabalho avaliar a estrutura de dependência espacial da matéria seca produzida por Panicum Maximum cv. mombaça em um LATOSSOLO AMARELO na região do baixo Parnaíba, com vistas na determinação de zonas de manejo específico. Foram coletados 140 pontos, referentes aos cruzamentos de uma malha amostral de 46 x 210 metros, subdividida em 28 piquetes de 15 x 23 metros, nos quais se coletaram cinco amostras dentro de cada piquete (uma em cada extremidade e uma central). Os resultados obtidos pelo teste Shapiro-Wilk foram significativos para os atributos avaliados. Houve maior variação entre média e mediana na massa verde (MV) quando comparado com as variações de massa seca (MS) e taxa de lotação. Os valores mínimos e máximos variaram de 7,2 para 36,0 na MV; 0,86 para 6,05 na MS e de 5,45 para 38,01 na taxa de lotação. O grau de dependência espacial apresenta-se como moderado para ambos. De modo geral, a massa seca da pastagem distribuiu-se na área em estudo com uma estrutura de dependência espacial bem definida, com ajuste ao modelo esférico e a área de estudo possui zonas de manejo específico. Palavras-chave: geoestatistica, krigagem, zootecnia de precisão. Revista Eletrônica
Vol. 14, Nº 02, mar./ abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
VARIABILITY MOMBAÇA GRASS PRODUCTION (PANICUM MAXIMUM CV. MOMBAÇA) LATOSOL AN AREA IN YELLOW BASS REGION PARNAIBA ABSTRACT The objective of this study was to evaluate the spatial dependence structure of dry matter produced by Panicum Maximum cv. mombaça on a OXISOL in the lower region Parnaíba, in order to determine specific management zones. 140 points were collected, relating to intersections of a sampling grid of 46 x 210 meters is subdivided into 28 pickets 15 x 23 meters, in which 5 samples were collected within each picket (one at each end and a central). The results obtained by Shapiro-Wilk test were significant for the evaluated attributes. There was a greater variation between average and median in green mass (MV) when compared to the dry mass variations (MS) and stocking rate. The minimum and maximum values ranged from 7.2 to 36.0 in MV; 0.86 to 6.05 in MS and from 5.45 to 38.01 in stocking rate. The spatial dependence appears as moderate for both. In general, the dry matter of the pasture was distributed in the study area with a spatial dependence structure well defined, with adjustment to the spherical model and the study area has specific management zones. Keyword: geostatistics, kriging, precision animal 5030
Artigo 419 – Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba
INTRODUÇÃO
O
A agropecuária nacional ocupa atualmente uma
atributos do solo e de suas relações com a pastagem
posição de destaque no cenário mundial por possuir
pode auxiliar no seu manejo (GREGO et al., 2012).
o
com
As causas da degradação de pastagens variam e
aproximadamente 212 milhões de cabeças (IBGE,
incluem: práticas inadequadas de pastejo e manejo,
2015). Neste cenário, há predominância de sistemas
falhas no estabelecimento fatores bióticos e abióticos
produtivos baseados na utilização de pastagens,
(DIAS-FILHO et al., 2011). Desfolhação seletiva dos
principalmente, em virtude do menor custo de
animais, bem como pelo clima, relevo do terreno,
produção nessas condições. Sendo que grande
estratégias de manejo da pastagem e deposição de
parte
fezes (CARVALHO, 2009).
maior
rebanho
das
comercial
restrições
à
do
mundo
produção
animal
em
conhecimento
da
distribuição
espacial
dos
pastagens tropicais pode ser resolvida com práticas de manejo que aumentem a eficiência de utilização
Na literatura autores têm demonstrado a variação
ou colheita da forragem produzida (BARBOSA et al.,
espacial
2007).
Correlacionando produtividade de gramíneas com
de
atributos
de
solo
e
planta.
atributos do solo Souza et al. (2010) e Montanari et A conversão de áreas naturais, tais como florestas, a
al. (2012) observaram dependência espacial em
sistemas agropecuários de produção promovem um
atributos solo a partir de técnicas de geoestatística.
desequilíbrio no ecossistema, a retirada da cobertura
Da mesma forma, as culturas agrícolas apresentam
vegetal original e a implantação de monocultivos,
variação
tais como pastagens, aliados a práticas de manejo
desenvolvimento.
espacial,
interferindo
no
seu
inadequadas, resulta no rompimento do equilíbrio entre
o
solo
e
o
meio,
comprometendo
a
Outro fator que permite avaliar o potencial forrageiro
sustentabilidade da sua utilização agropecuária
de
uma
determinada
gramínea
trata-se
da
(Araújo et al., 2010).
determinação da massa seca da parte aérea de pastagem, visto que, pode ser utilizada para
O uso sustentável das áreas sob pastagens é uma
expressar o resultado do metabolismo da planta e o
questão de alta relevância, haja vista que, uma boa
efeito
parte das pastagens cultivadas no Brasil encontra-se
crescimento, isto é, determinando a quantidade da
com algum nível de degradação (ANDRADE et al.,
matéria seca do pasto, pode-se estimar a taxa de
2011) Kichel et al. (2012) afirmam que uma
crescimento da planta, bem como a capacidade de
pastagem degradada pode apresentar menos de
lotação do pasto.
das
condições
ambientais
sobre
seu
50% de seu potencial produtivo em relação às foi
Partindo desses pressupostos, objetivou-se avaliar a
implantada e da espécie ou cultivar da forrageira
estrutura de dependência espacial da matéria seca
utilizada.
produzida
condições
edafoclimáticas
do
local
onde
por
capim
Panicum
Maximum
cv.
mombaça em um LATOSSOLO AMARELO na região Dentre os fatores mais importantes relacionados
do baixo Parnaíba, com vistas na determinação de
com a degradação das pastagens destacam-se o
zonas de manejo específico.
manejo animal inadequado, a falta de reposição de nutrientes, a lotação animal excessiva, sem os
MATERIAL E MÉTODOS
ajustes para uma adequada capacidade de suporte,
Local do experimento
tratando a área como um sistema homogêneo, não
O experimento foi realizado na propriedade Balde
levando em consideram as variações da pastagem
Cheio, localizada no município de Parnaíba-PI, na
causadas pelos processos citados acima, além da
BR-343 (02º 54‘ 18‖ S 41º 46‘ 37‖). O clima é o
ausência de adubação de manutenção têm sido os
tropical chuvoso (Aw‘) pelo critério de classificação
aceleradores
de Koppen. Sua área, de topografia ondulada, é
do
(MACEDO, 2009).
processo
de
degradação
voltada para produção de gado leiteiro, utilizando como forragem o capim mombaça, cultivado em um Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5030-5037, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5031
Artigo 419 - Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba
LATOSSOLO AMARELO, distrófico, textura média,
durante o pastejo nos piquetes coletados.
fase caatinga litorânea, com relevo plano e suave Pesagem do capim Mombaça
ondulado.
Em cada ponto coletado, a massa de forragem foi Mapeamento da pastagem
pesada, no mesmo local coletado, logo após a coleta
Para o mapeamento da pastagem, foram coletados
utilizando uma balança de precisão com capacidade
140 pontos, referentes aos cruzamentos de uma
para até 50 kg. Após a determinação da massa
malha amostral de 46 x 210 m, subdividida em 28
verde, por meio da pesagem do material em campo,
piquetes de 15 x 23 m, nos quais se coletaram cinco
o capim foi encaminhado para o laboratório da
amostras dentro de cada piquete (uma em cada
EMBRAPA MEIO-NORTE PARNAÍBA, onde foram
extremidade e uma central) conforme mostra a
levados para estufa com ventilação forçada a 65ºC
Figura 1. A área onde foi realizada a coleta
por 36 horas, quando atingiram peso constante, em
apresenta um desnível que converte para o centro
seguida se determinou a massa seca.
da área, estando este local sujeito a maiores níveis de fertilidade e umidade, devido ao processo de
Determinação da taxa de lotação
escorrimento superficial e subsuperficial, na qual
Para a determinação da taxa de lotação foi levado
ocorre o transporte de moléculas pela enxurrada.
em consideração a unidade animal (UA) = 550 kg,
(COGO et al., 2003).
que é a média de peso do gado leiteiro (atividade predominante da propriedade) e o consumo de
FIGURA 1. Grid amostral da distribuição dos pontos de coleta na pastagem de capim Mombaça em um LATOSSOLO AMARELO.
matéria seca igual a 2% do peso vivo (PV). Análise de dependência espacial dos atributos A dependência espacial foi analisada por meio de ajustes de semivariogramas (SOUZA et al., 2006), com base na pressuposição de estacionariedade da hipótese intrínseca, a qual é estimada por:
Em que N(h) é o número de pares experimentais de observações, Z(xi) e Z (xi + h) são separados por
Fonte: Elaborado pelo autor
uma distância h. O semivariograma é representado Coleta dos pontos amostrais
pelo gráfico ŷ(h), versus h. Do ajuste de um modelo
Para coleta dos pontos foi utilizado método do
matemático aos valores calculados de ŷ(h), são
quadrado que consiste no corte da forragem
estimados os coeficientes do modelo teórico para o
presente, dentro de uma área conhecida delimitada
semivariograma (o efeito pepita, C0; patamar,
por uma moldura de madeira (quadro), lançada em
C0+C1; e o alcance, a); já para analisar o grau da
diferentes pontos previamente estabelecidos da área
dependência espacial dos atributos em estudo foi
2
a ser avaliada. A área do quadro foi de 0,25 m .
utilizado a classificação de Cambardella et al. (1994).
Após a identificação dos pontos, foi feito o corte da pastagem manualmente com auxílio de uma tesoura
Softwares utilizados
de poda, sendo o material coletado em sacos
Os modelos de semivariogramas considerados
plásticos de 100 litros. O critério utilizado foi um
foram o esférico, o exponencial, o linear e o
corte em 30 cm quando o capim apresentava-se com até 80 cm de altura na entrada, e corte em 40
gaussiano, sendo ajustados por meio do programa +®
GS
(versão 7.0) (Gamma design software, 2004).
cm quando a altura estivesse acima de 80 cm, simulando uma altura de entrada e saída do gado
Posteriormente, tais modelos foram usados no desenvolvimento de mapas de isolinhas (krigagem).
5032
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5030-5037, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 419 - Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba
Em caso de dúvida entre mais de um modelo para o
apresentaram assimetria positiva, com mediana
mesmo semivariograma, foi considerado o maior
menor que a média, mostrando, assim, a tendência
valor do coeficiente de correlação obtido pelo
para concentração de valores menores que a média.
método de validação cruzada. Para elaboração dos
A maioria dos atributos apresentou distribuição de
mapas de distribuição espacial da variável, será
frequência
®
platicúrtica,
ou
seja,
com
curtose
utilizado o programa Surfer 8.0 (Golden software,
negativa, indicando maior variabilidade entre os
1999).
atributos avaliados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a modelagem dos resíduos, foi possível a
Os resultados obtidos pelo teste Shapiro-Wilk não
obtenção de melhores ajustes de semivariogramas.
foram significativos para os atributos avaliados:
Na
massa verde (MV), massa seca (MS) e taxa de
atributos, adicionou-se a tendência aos resíduos.
lotação (Tabela 1). Sendo que a normalidade dos
Seguem na Tabela 2 os parâmetros de ajuste dos
dados não é condição necessária para aplicação
semivariogramas,
das técnicas de geoestatística. Assim, segundo
resíduos.
confecção
dos
mapas
aos
temáticos
dados
originais
desses
e
aos
Gonçalves et al. (2001), a análise exploratória dos dados torna possível admitir, em princípio, estas
TABELA
distribuições como suficientemente simétricas para o
semivariogramas,
estudo geoestatístico.
resíduos.
TABELA 1. Estatística descritiva e modelos e parâmetros
estimados
dos
semivariogramas
experimentais da taxa de lotação, massa verde e massa seca de pastagem de capim Mombaça em um LATOSSOLO AMARELO. Massa Seca
Parâmetros Massa Verde
Taxa de Lotação
-1
Média Mediana Mínimo Máximo DP CV (%) Cs Ck W
-1
--------- t ha ---------UA ha 25,95 2,55 16,05 15,6 2,32 14,6 7,2 0,86 5,45 36,0 6,05 38,01 4,85 0,89 5,6 32,5% 0,79% 0,79% 0,15 (0,22) 0,59 (0,22) 0,49 (0,21) -0,54 (0,43) 0,3 (0,44) -0,28 (0,42) ns ns ns 0,93910 0,93197 0,93216
2.
Parâmetros aos
de
dados
ajuste
originais
e
Massa
Taxa de
Seca
Lotação
dos aos
Massa Verde Parâmetros -1
--------- t ha Modelo Esférico C0 5.7200,0 C0+C1 12.5100,0 a (m) 40,0 GDE (%) 45,7 2
R (%) SQR N Outlier
92,1 0,03 140 20
-1
---------- UA ha Esférico Esférico 0,24820 987,000 0,49740 1,975,000 100,0 150,0 49,9 49,9 76,1 0,03 140 20
91,3 6,60 140 16
DP = desvio padrão; CV = coeficiente de variação; CS = assimetria; CK = curtose; W= estatística do teste Shapiro-Wilk. ns = não significativo a 5 % de probabilidade pelo de Shapiro-Wilk; UA = unidade animal; C0 = efeito pepita; C0+C1 = patamar; a = alcance; GDE = grau de dependência espacial; R2 = coeficiente de determinação do modelo; SQR = soma de quadrados do resíduo; UA = unidade animal Fonte: Elaborado pelo autor
O modelo ajustado a todos os atributos foi o esférico,
Fonte: Elaborado pelo autor
o alcance (a) é uma medida importante, uma vez que Observando os três itens estudados, foi perceptível
pode
uma maior variação entre média e mediana na MV
amostragem, ou seja, pontos coletados em uma área
quando comparado com as variações de MS e taxa
circular de raio igual ao alcance são correlacionados
de lotação. Houve variação entre os valores mínimos
e, acima deste, são independentes, podendo utilizar
e máximos na MV; MS e taxa de lotação. Com
a estatística clássica para o estudo dos atributos do
relação ao desvio padrão, nota-se uma variação
solo (VIEIRA, 2000). O maior alcance foi encontrado
baixa, o que indica que os dados tendem a estarem
para taxa de lotação, indicando maior continuidade
próximos da média, sendo que entre os itens
espacial. E o menor foi para MV, indicando variação
estudados, o CV apresentou-se como baixo na MS e
de escala de acordo com o atributo estudado. Os
taxa de lotação, e médio na MV. Os itens
valores de alcance podem influenciar na qualidade
auxiliar
na
definição
de
práticas
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5030-5037, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5033
de
Artigo 419 - Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba
das estimativas, uma vez que ele determina o
capim - mombaça nos piquetes entre 13 e 16
número
toneladas por hectare, que é uma das menores
de
valores
usados
na
interpolação,
estimativas feitas com interpolação por krigagem
produções
observadas.
ordinária, utilizando valores de alcances maiores,
percebida nos piquetes localizados nas partes
tendem a ser mais confiáveis, apresentando mapas
mais baixas da área em estudo; este fator pode
que representem melhor a realidade (CORÁ et al.,
estar relacionado pela alta umidade presente no
2004).
local
devido
o
Tal
produção
escorrimento
foi
superficial,
prejudicando o desenvolvimento da pastagem, Para analisar o grau da dependência espacial dos
atrelada a fatores ambientais, na qual relatado
atributos em estudo, foi utilizado a classificação de
pelo proprietário, este local da área apresenta
Cambardella et al. (1994), em que são considerados
grande quantidade de pedras, dificultando o
grau
desenvolvimento
de
dependência
espacial
forte
os
do
sistema
radicular
nas -1
semivariogramas que têm um efeito pepita < 25% do
plantas, a maior produção de MV (20 t ha ),
patamar, moderada quando está entre 25 e 75% e
conforme mostra o gráfico, deu-se nos piquetes
fraca, > 75%. Com isso, o grau de dependência
finais,
espacial apresenta-se como moderado para MV, MS
impedimentos hídricos e mecânicos.
onde
aparentemente
não
apresentou
e taxa de lotação. Isso indica moderada precisão na estimativa de valores em locais não medidos até o
As diferenças de produção podem acontecer
alcance do semivariograma.
também pelo tipo de adubação e manejo utilizado na propriedade. Segundo Fagundes et al. (2012)
Nas Figuras 2 e 3 são apresentados os mapas
práticas como calagem, manejo do pastejo,
temáticos interpolados, por krigagem ordinária, da
irrigação
distribuição espacial dos atributos na área de
particularmente,
pastagem, o que possibilitou identificar regiões
aumentos em produção de matéria. Dessa forma,
heterogêneas, mesmo em uma área de pequena
a utilização da fertilização nitrogenada tem
extensão. Os valores estimados foram agrupados
proporcionado
em uma escala de cores, contendo cinco classes
forragem, devido alterações que ocorrem nas
para os itens em análise.
características morfológicas e estruturais das
e
adubação a
de
nitrogenada
mudanças
na
pastagens, proporcionam
produção
de
plantas forrageiras, influenciando o comprimento FIGURA 2. Distribuição espacial da massa verde (t -1
final das folhas, alongamento foliar, densidade
ha ) de pastagem de capim Mombaça em um
populacional de perfilho, índice de área foliar e
LATOSSOLO AMARELO
composição morfológica, que reflete na produção de matéria seca (FAGUNDES et al., 2006). FIGURA 3. Distribuição espacial da massa verde -1
(t ha ) de pastagem de capim Mombaça em um LATOSSOLO AMARELO
Fonte: Elaborado pelo autor
Observando o mapa da Figura 2 é notória a predominância de uma produção de massa verde de Fonte: Elaborado pelo autor
5034
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5024-5037, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 419 - Distribuição espacial da produção de capim-mombaça (panicum maximum cv. mombaça) em um latossolo amarelo na região do baixo Parnaíba
FIGURA 5. Média da taxa de lotação por piquetes
Na Figura 3 o mapa representa a produção de matéria
seca
(MS)
por
hectare,
onde
a
predominância foi de uma produção entre 1,7 e 2,3 toneladas por hectare, percebidas também nos piquetes da parte mais baixa da área em estudo. Da mesma forma da MV, a maior produção de MS foi observada nos últimos piquetes, com uma produção de
3,2
-1
t
ha .
Podendo
haver
uma
melhor
disponibilidade de nutrientes para as plantas. O que, segundo
Bomfim-Silva
disponibilidade
de
e
Monteiro
nutrientes
(2010)
exerce
a
grande
influência na nutrição da planta, que se reflete no desenvolvimento vegetal e na recuperação do capim. O mapa mostra ( figura 4) a lotação ideal para um melhor aproveitamento da pastagem e um melhor aproveitamento
do
animal,
Fonte: Elaborado pelo autor
consequentemente.
Observa-se a estimativa de uma lotação de 11,5 a
CONCLUSÃO
14 UA nos piquetes do meio e uma lotação máxima de 19 UA nos piquetes finais, o que coincide com a
A massa seca da pastagem distribuiu-se na área
melhor produção de MV. De acordo com Sarmento
em estudo com uma estrutura de dependência
et al. (2008), o efeito do pisoteio dos animais sobre o
espacial bem definida, com ajuste ao modelo
solo aumenta quando o pastejo é realizado em solos
esférico.
com umidade elevada e com baixa cobertura vegetal. Isto evidencia a importância do controle das
A área de estudo possui zonas de manejo
taxas de lotação animal quanto à quantidade de
específico,
pastagem produzida e à cobertura vegetal, para
devendo-se
fazer
um
manejo
diferenciado nas áreas com menor massa seca,
mitigar o efeito do pisoteio sobre a qualidade física
devido ao excesso de umidade no local.
dos solos. O Mombaça tem apresentado maiores produções de matéria seca total e de folhas, maior teor de fósforo (P) na parte aérea, podendo suportar
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FIGURA 4. Distribuição espacial da taxa de lotação
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-1
(UA ha ) na pastagem de capim Mombaça em um
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Fonte: Elaborado pelo autor Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5030-5037, mar./ abr.2017. ISSN: 1983-9006
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5037
Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanquesrede durante a fase de recria Crescimento, exigência de proteína, nutrição, Colossoma macropomum. Vol. 14, Nº 02, mar./ abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
João Lucas Moraes Vieira¹
1
Mestrando em Agricultura no Trópico Úmido, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA. E-mail: lucasjoao1991@hotmail.com
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Revista Eletrônica
RESUMO
CRUDE PROTEIN LEVELS IN TAMBAQUI
Objetivou-se com este experimento avaliar níveis de
PERFORMANCE CREATED IN CAGES DURING
proteína bruta (PB) sobre o desempenho do
THE GROWING PHASE
tambaqui (Colossoma macropomum) durante a fase de recria. Foram utilizados 1200 juvenis com peso inicial médio de 2,05 g, mantidos em tanques-rede de 1m³, utilizando-se uma densidade de 100 3
peixes/m .
Foi
adotado
um
delineamento
experimental inteiramente casualizado com quatro tratamentos (280, 320, 360 e 400 g/kg de PB) e três repetições. A alimentação foi fornecida a taxa de 5% da biomassa ao dia, dividida em quatro refeições, corrigida a cada 15 dias. Os valores médios de oxigênio dissolvido, pH, temperatura, transparência, nitrogênio amoniacal e dureza durante o período experimental foram, respectivamente: 7,44mg/l; 6,81; 28,52ºC;
31,9cm;
permanecendo
dentro
0,33mg/l do
e
23,7mg/l,
recomendado
para
espécies tropicais. Concluiu-se que 320 g/kg de PB na
ração
foram
suficientes
para
atender
as
exigências de PB dos tambaquis juvenis. Palavras-chave: crescimento, exigência de proteína, nutrição, Colossoma macropomum.
ABSTRACT The objective of this study was to evaluate levels of crude protein on the performance of tambaqui (Colossoma
macropomum)
during
the
growing
phase. 1200 juveniles were used with initial average weight of 2.05 g, kept in cages 1m³, using a 100 fish density
/
m3.
It
was
adopted
a
completely
randomized design with four treatments (280, 320, 360 and 400 mg/kg crude protein) and three replications. Food was provided a rate of 5% of biomass per day, divided into four meals, corrected every 15 days. The average values of dissolved oxygen, pH, temperature, transparency, ammonia nitrogen and hardness during the trial period were: 7,44mg / l; 6.81; 28, 52ºC; 31,9cm; 0,33mg / l and 23,7mg / l, remaining within the recommended for tropical species. It was concluded that 32 g/kg crude protein in the diet were sufficient to meet the requirements of crude protein of juvenile tambaquis.. Keyword: growth, protein requirement, nutrition, fish, Colossoma macropomum.
5038
Artigo 420 – Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
INTRODUÇÃO
observaram que houve efeito dos níveis de PB sobre
Nos últimos 10 anos, a procura pela criação de
o ganho de peso até a faixa de 250,1 g/kg,
peixes
crescente,
decrescendo o ganho de peso após esse valor, o
principalmente pelas espécies nativas tropicais,
que descartaria a ideia de que maiores níveis de PB
como o tambaqui (Colossoma macropomun), que
levam a um maior ganho de peso.
em
cativeiro
tem
sido
apresentam grande potencial para a piscicultura intensiva, uma vez que possui carne de excelente
A inclusão de três níveis de PB (220, 260 e 300 g/kg)
qualidade, facilidade de adaptação ao cultivo em
na alimentação do pacu (Piaractus mesopotamicus)
tanques ou viveiros (FERNANDES et al., 2000).
com peso entre 4,62 e 11,31g, foram avaliados por FERNANDES et al. (2000), onde observaram que a
Segundo MENDONÇA et al. (2009), o tambaqui vem
inclusão de 220 g/kg de PB apresentou o pior
despertando
e
resultado de ganho de peso e os níveis com 260 e
produtores, devido ao rápido crescimento, fácil
300 g/kg de PB não apresentaram diferenças
aceitação de alimento artificial e elevado valor de
significativas.
interesse
de
pesquisadores
sua carne. O cultivo intensivo de peixes requer a utilização de uma alimentação balanceada, à base
SÁ & FRACALOSSI (2002) avaliaram a exigência
de rações que são formuladas com os mais diversos
proteica e a relação energia/proteína em alevinos de
ingredientes e processos de elaboração, para um
Piracanjuba (Brycon orbignyanus) utilizando 240,
melhor aproveitamento pelos peixes, uma vez que
260, 290, 320, 360 e 420 g/kg de PB e 123, 116,
os gastos com alimentação correspondem de 50 a
104, 92, 85 e 71 g/kg de energia metabolizável, e
70% dos custos de produção, sendo a fração
observaram que a partir de 290 g/kg de PB, os
proteica a mais onerosa (SILVA et al., 2006).
índices de ganho de peso diário estabilizaram, não havendo
Devido ao alto custo das fontes proteicas, associado
incremento
neste
parâmetro
com
o
aumento do teor de PB.
à poluição ambiental em função do uso excessivo das fontes nitrogenadas nas dietas, SPERANDIO
Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho
(2000) relata que há a necessidade de reavaliação
avaliar o efeito de crescentes níveis de PB, em
dos níveis de proteína a serem utilizados em rações
dietas
comerciais, sendo necessário estudo sobre as
tambaquis, criados durante 60 dias, visando detectar
exigências proteicas na alimentação do tambaqui,
o nível de PB ótimo para a recria da espécie.
isocalóricas,
sobre
desempenho
de
visando aperfeiçoar o seu desempenho. MATERIAL E MÉTODOS Dietas com insuficiência de proteínas e aminoácidos
O experimento foi realizado no período de fevereiro a
podem causar redução no crescimento e menor
abril de 2012 em uma barragem de 2.780 m²
eficiência alimentar, devido à função de mobilização
localizada no município de Ji-Paraná – RO. Segundo
da proteína de alguns tecidos para a manutenção de
a classificação de Köppen, o clima predominante no
funções vitais dos peixes. Por outro lado, em uma
estado é do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso, com
dieta com excesso de proteína, parte será utilizada
média climatológica da temperatura do ar durante o
para a formação de tecido muscular e crescimento,
mês mais frio superior a 18 °C e um período seco
sendo o restante convertido em energia, o que deve
bem definido durante a estação de inverno, quando
ser evitado ao máximo uma vez que a proteína
ocorre no estado um moderado déficit hídrico com
compreende a fração mais onerosa da dieta
índices pluviométricos inferiores a 50 mm/mês
(FERNANDES et al., 2001).
(SEDAM, 2010).
Em estudos avaliando a inclusão de cinco níveis de
Foram utilizados 1200 alevinos de tambaqui com
proteína bruta (PB) (180, 210, 240, 270 e 300 g/kg)
peso médio inicial de 2,05 ± 0,76 g e comprimento
na criação de tambaqui com peso médio de 30 a 250
inicial médio de 47,59 ± 9,32 mm distribuídos em 12
g em tanques de alvenaria, JÚNIOR et al. (1998)
tanques-rede (1x1x1 m), confeccionados com malha
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5038-5045, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5039
Artigo 420 - Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
de 10 mm entrenós respeitando-se a densidade de
de um kit comercial – Kit Técnico Água Doce, uma
100 peixes/m³.
vez por dia, as 9 horas, sendo coletado 200 ml de água à 20 cm de profundidade para a realização das
O
delineamento
experimental
utilizado
foi
o
análises.
inteiramente casualizado com quatro tratamentos (280, 320, 360 e 400 g/kg de PB) e três repetições,
A biometria foi realizada com auxílio de uma balança
com adaptação prévia dos alevinos por um período
analítica de precisão e paquímetro digital a cada
de sete dias ao ambiente, ao manejo e à dieta. Para
duas semanas utilizando-se 10% dos indivíduos de
facilitar o manejo diário os tanques-rede foram
cada unidade experimental com jejum prévio de 24
dispostos em duas linhas, espaçadas 5 m entre si e 1
horas, para o ajuste da quantidade de ração a ser
m entre os tanques.
fornecida
e
cálculo
das
variáveis
estudadas
crescimento em peso (g) e comprimento padrão Para a alimentação dos juvenis foram utilizadas
(mm).
rações comerciais formuladas de acordo com as exigências nutricionais do tambaqui segundo NRC
As variáveis analisadas foram: Ganho de Peso (GP =
(2011). As rações foram previamente moídas em
Peso final – Peso inicial), Conversão Alimentar
moinho manual para uniformização do tamanho do
Aparente (CAA = Consumo de ração/Ganho de
pellet de todos os tratamentos. A composição das
peso), Taxa de Eficiência Proteica (TEP = Ganho de
rações experimentais encontra-se na Tabela 1.
peso/Consumo de proteína), Eficiência Alimentar (EA = 100 x Ganho de peso/Consumo de ração) e Custo
A alimentação foi fornecida em quatro refeições
da Alimentação (CA = Preço da ração x CAA). Para
diárias (9, 11, 14 e 16 h), utilizando-se uma taxa de
cálculo de custos de alimentação, foi utilizado o preço
alimentação de 5% do peso vivo/dia. Para facilitar o
de venda da ração no mercado de Ji-paraná em
manejo nutricional diário foi utilizado um comedor de
janeiro de 2012.
mangueira, unida nas extremidades formando um
As
―bambolê‖, com a finalidade de reter a ração dentro
realizadas por intermédio do programa SAEG-
do tanque até o seu completo consumo pelos peixes.
Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas, e as
análises
estatísticas
das
variáveis
foram
médias foram comparadas pelo teste de Tukey com Os
parâmetros
físico-químicos
da
água:
pH,
intervalo de confiança de 5%. Os efeitos dos níveis
temperatura (°C), transparência (cm) e oxigênio
de
dissolvido (mg/L) foram monitorados diariamente,
descritas, foram analisados utilizando-se os modelos
enquanto nitrito (mg/L), nitrogênio amoniacal (mg/L),
linear, quadrático ou descontínuo ―Linear Response
alcalinidade
Plateau‖ (LRP), conforme o melhor ajustamento
(mg/L)
e
dureza
(mg/L)
foram
proteína
sobre
as
variáveis,
anteriormente
monitorados semanalmente.
obtido para cada variável.
O oxigênio dissolvido foi obtido por titulação pelo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
método de Winkler, conforme descrito por VARGAS
A temperatura média da água dos tanques foi de
et al. (2007); o pH por solução indicadora de pH; a
28,52ºC, valor contido na faixa considerada ótima
temperatura através de termômetro, mensurado
para esta espécie segundo KUBITZA (1998). Os
diretamente no açude a 20 cm de profundidade; a
resultados das análises da água da barragem,
transparência da água com auxilio do Disco de Secchi; o nitrito através de teste colorimétrico, utilizando-se
alfa-naftilamina
(C10H9N)
como
reagente; o nitrogênio amoniacal também através da colorimetria,
utilizando
o
Azul
de
Indofenol;
realizadas durante o período experimental, são apresentados na tabela 2. Os valores de dureza e alcalinidade (23,7 e zero mg/L, respectivamente) estão abaixo do considerado adequado para criação de peixes segundo TEIXEIRA
alcalinidade por titulação de neutralização e dureza
(2009), porém as águas de ocorrência natural da
por titulação de complexação, testes feitos através
espécie e as utilizadas para criação de peixes na
5040
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5038 -5045, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 420 - Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
Amazônia,
normalmente,
apresentam
baixas
encontram-se os resultados de ganho de peso
concentrações de alcalinidade e dureza (BRANDÃO
médio, consumo de ração, consumo de proteína,
et al., 2005) tendo esses valores pouca interferência
conversão alimentar aparente, taxa de eficiência
sobre o desempenho dos peixes.
proteica e eficiência alimentar.
Durante o período experimental, a Amônia Total teve
O menor ganho de peso dos peixes foi o referente à
uma média de 0,33 mg/L, valor abaixo do encontrado
dieta com 280 g/kg de PB. A dieta com 320 g/kg de
por BRANDÃO et al. (2004) trabalhando com
PB proporcionou um aumento significativo (p<0,05)
densidades de estocagem de tambaqui, utilizando
no ganho de peso. A partir daí incrementos
200, 300, 400 e 500 peixes/m³ (1,69; 1,43; 1,3 e 1,23
adicionais de PB produziram aumento no ganho de
mg/L de Amônia Total, respectivamente). Segundo o
peso, mais sem significância.
mesmo autor, a principal causa para os altos valores de amônia total obtidos se deve ao intenso processo
O ganho de peso atingiu seu máximo na taxa de 360
de excreção dos peixes, mas como o pH da água
g/kg de PB, tendo um decréscimo no nível de 400
estava baixo, apenas uma pequena fração (0,08-
g/kg. Portanto, a exigência dietética por
0,8%) da amônia total é tóxica, não causando efeito
necessária para o crescimento máximo da espécie
negativo na produção de juvenis do tambaqui.
durante a fase da recria foi atendida com a dieta
PB,
contendo 320 g/kg de PB, sendo que possivelmente, A
transparência
experimento
foi
média de
encontrada
31,9cm,
valor
durante abaixo
o
a proteína excedente nas dietas com 360 e 400 g/kg
do
estava sendo metabolizadas para a produção de
recomendado por KUBITZA (1998), que sugere uma
energia,
transparência ótima de 40 a 60 cm. Segundo o
FRACALOSSI (2002), JÚNIOR et al. (1998) e
mesmo autor, a transparência da água pode ser
FERNANDES et al. (2001).
assim
como
observado
por
SÁ
&
usada como indicativo de ocorrência de níveis críticos de oxigênio dissolvido, mas como este
O nível de PB de 320 g/kg foi superior ao observada
parâmetro permaneceu dentro do recomendado para
por SILVA et al. (2006), que trabalhando com
espécies tropicais, provavelmente não afetou o
tambaqui com peso médio inicial de 5,55g ± 0,12g,
desempenho dos peixes.
alimentado com dietas contendo diferentes níveis de proteína (240, 260, 280 e 300 g/kg de PB), não
Durante o período experimental, o nitrito se manteve
observaram
nulo. CAVERO et al. (2003), avaliando a densidade
tratamentos para o ganho de peso, concluindo assim
de estocagem de juvenis de pirarucu em tanques-
que 260 g/kg de PB foi suficiente para atender as
rede, também não observou a presença de nitrito,
exigências nutricionais em proteína para juvenis de
não causando efeito negativo na criação de peixes.
tambaqui.
diferenças
estatísticas
entre
os
O oxigênio dissolvido (7,44mg/L) se assemelha com o encontrado por COSTA et al. (2009) avaliando
O nível de PB de 320 g/kg também foi superior ao
níveis protéicos sobre o crescimento de tilápia do
encontrado por JÚNIOR et al. (1998), que utilizando
nilo, onde encontrou valores de 5,62 mg/L pela
o tambaqui com peso vivo de 30 a 250g, submetidos
manhã (06:00 horas) e 9,66 mg/L á tarde (16:00
a diferentes níveis de proteína (180, 210, 240, 270 e
horas), considerando os valores como ideal.
300 g/kg de PB), observou que a exigência proteica foi 250,1 g/kg de PB para o melhor ganho de peso.
Os valores de pH (6,81±0,25) foi semelhante ao
Desta
encontrado por BRANDÃO et al. (2004), que
desenvolvimento dos juvenis foi maior no presente
trabalhando
de
trabalho, em comparação com o encontrado pelos
estocagem durante a recria do tambaqui em tanques
autores citados anteriormente, em função do menor
rede, obteve pH médio de 6,7±0,3; considerando
peso inicial utilizado (2,05±0,76g), uma vez que a
este valor como dentro da faixa ótima para o
exigência em proteína decresce com o aumento do
desenvolvimento da espécie. Na Tabela 3
tamanho
com
diferentes
densidades
forma,
do
o
nível
peixe
ótimo
(SAMPAIO
de
PB
et
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5038-5045 mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
para
al.,
o
2000).
5041
Artigo 420 - Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
O menor consumo de proteína foi observado na
observaram aumento significativo da EA, com o
dieta contendo o menor nível proteico (280 g/kg), o
aumento dos níveis de PB, mas os valores por
que se deve à menor quantidade de proteína
eles encontrados (17,24; 30,66; 32,44; 32,81% de
oferecida ao peixe. Apesar de não ocorrerem
EA
diferenças estatísticas (p>0,05) entre os níveis
respectivamente) foram relativamente inferiores
proteicos testados sobre a conversão alimentar
aos encontrados no presente experimento (48,3;
aparente (CAA), pode-se perceber que à medida
66,1; 72,4; 87,2% de EA para 28, 32, 36 e 40%
que se aumentou a concentração de proteína na
de PB, respectivamente).
para
28,
32,
36
e
40%
de
PB,
dieta houve tendência a diminuir os valores de CAA (2,4; 1,5; 1,4 e 1,2 para os tratamentos de 280, 320,
Os
360
estatisticamente entre os tratamentos (p>0,05),
e
400
g/kg
demonstrando
que
de
PB,
respectivamente),
rações
com
custos
de
alimentação
não
diferiram
maiores
mas o menor custo foi obtido utilizando a ração
concentrações de PB são utilizadas com maior
com 32% de PB, chegando a uma economia de
eficiência pelos peixes, respondendo com uma CAA
R$ 0,70 para cada quilo de peixe produzido, em
menor.
comparação com as rações com 28 e 40% de PB e R$ 0,30 se comparando com a ração com 36%
Da mesma forma, o consumo de ração não foi significativamente
diferente
(p>0,05)
para
de PB.
as
concentrações proteicas das dietas. JÚNIOR et al.
Os
(1998)
do
comprimento estão dispostos, respectivamente
tambaqui (180, 210, 240, 270 e 300 g/kg de PB) de
nas tabelas 4 e 5. Os níveis de PB testados não
30 a 350 g em tanques de alvenaria, também não
proporcionaram diferenças significativas (P>0,05)
detectou diferenças no consumo de ração com o
sobre o peso dos peixes até os 30 dias de estudo.
aumento do nível de proteína na dieta.
Só
avaliando
as
exigências
proteicas
valores
houve
de
crescimento
diferença
em
estatística
peso
entre
e
os
tratamentos durante os 45 e 60 dias de Para a taxa de eficiência proteica (TEP) não foi
experimento,
observada diferença significativa em relação aos
tratamento com 28% de PB foi inferior aos demais
níveis de PB testados. O mesmo foi verificado por
tratamentos para o peso médio.
onde
foi
observado
que
o
SILVA et al. (2006), que estudaram o tambaqui com peso inicial médio de 5,55 ± 0,12 g submetido a
O
dietas com diferentes níveis de PB (24, 26, 28 e
comportamento semelhante ao peso, onde os
30%) em tanques de alvenaria. Os resultados
dados só diferiram entre os tratamentos aos 45 e
também corroboram com o encontrado por SÁ &
60 dias, observando os piores resultados no
FRACALOSSI (2002), que avaliaram dietas com
tratamento com 28% de PB.
crescimento
em
comprimento
teve
níveis crescentes de PB (24, 26, 29, 32, 36 e 42%) sobre alevinos de Piracanjuba criados em tanques
CONCLUSÃO
de fibra de vidro, e observaram que a TEP não foi
O aumento do nível de PB na dieta causou
afetada pelo teor de PB da dieta.
aumento linear da relação de eficiência alimentar e não alterou a eficiência de utilização da proteína
Observou-se uma tendência de aumento linear
da dieta.
2
(y=3,075x-36,05 R =0,971) da Eficiência Alimentar (EA) com o aumento do nível de PB, conforme
Com as condições descritas neste experimento,
Figura 1. O pior resultado de EA foi obtido com 28%
sugere-se que a criação de juvenis de tambaqui
de PB, e os outros tratamentos não diferiram
(entre 2,05 a 9,06g) seja feita utilizando-se um
estatisticamente (p>0,05). SANTOS et al. (2010),
nível de 32% de PB, pois níveis menores
avaliando
diminuíram o ganho de peso do animal, e maiores
alevinos
de
tambaqui,
utilizando
crescentes níveis de PB (28, 32, 36 e 40% de PB),
não levaram a diferenças estatísticas dentre os parâmetros observados.
5042
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Artigo 420 - Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
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Artigo 420 - Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
TABELA 1: Composição química das dietas experimentais (g/kg). Componentes Umidade Matéria mineral Proteína bruta Extrato etéreo Fibra em detergente ácido Fibra bruta Fósforo Cálcio Lisina Sódio Magnésio
280 120 140 280 45 45 25 17 30 13 35 1,9
Tratamentos 320 120 145 320 40 50 30 17 30 15 35 2
360 120 150 360 40 55 35 17 30 15 35 2
400 120 155 400 35 60 40 18 30 22 35 2
Enxofre Colina Metionina
2,2 1,5 3,5
2,5 1,5 4,4
2,5 2 4,9
3,2 2 5,5
Fonte: Elaborado pelo autor
TABELA 2: Parâmetros de qualidade da água e respectivas médias e desvio-padrão durante o período experimental. Parâmetros Oxigênio Dissolvido (mg/L) pH Temperatura (ºC) Transparência (cm) Nitrogênio Amoniacal (mg/L) Nitrito (mg/L) Alcalinidade (mg/L) Dureza (mg/L)
Valores 7,44 ± 0,77 6,81 ± 0,25 28,52 ± 1,23 31,90 ± 3,53 0,33 ± 0,14 0 0 23,70 ± 7,97
Fonte: Elaborado pelo autor
TABELA 3: Ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), consumo de proteína (CP), conversão alimentar aparente (CAA), taxa de eficiência proteica (TEP), eficiência alimentar (EA) e custo alimentar (CA) em tambaquis alimentados com rações contendo níveis crescentes de proteína bruta. Parâmetros Observados---------------------------- Níveis de Proteína --------------------280 320 360 400 CV (%) GP (g)
362,9b
636,5ab
921,2a
881,3a
26,6
CR(g)
794,4
1026,7
1267,4
1002,8
22,9
CP (g)
222,4b
328,5ab
456,3a
401,1a
22,2
CAA (%)
2,4
1,5
1,4
1,2
41,6
TEP (%)
1,7
2,1
2,0
2,2
26,6
48,3
66,1
72,4
87,2
24,0
3,0
2,3
2,6
3,0
34,0
EA (%)
1
CA (R$)
Médias seguidas de letras distintas na linha representam diferença pelo teste t (p<0,05). Não houve diferença significativa nos parâmetros sem letras. CV=Coeficiente de variação 1 Efeito linear (P<0,05) Fonte: Elaborado pelo autor
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Artigo 420 - Níveis de proteína bruta no desempenho de juvenis de tambaqui criados em tanques-rede durante a fase de recria
FIGURA 1: Eficiência alimentar (%) de tambaquis alimentados com rações contendo níveis crescentes de proteína bruta.
Fonte: Elaborado pelo autor
TABELA 4: Peso médio (g) de tambaquis alimentados com rações contendo níveis crescentes de proteína bruta durante 60 dias. Níveis 28 32 36 40
0 1,9 A c 2,2 Ac 2,4 A d 1,6 Ad
15 2,5 A bc 3,2 Ac 3,6 A cd 2,7 Acd
Dias 30 3,2 A bc 4,0 A c 5,1 A c 4,3 Ac
45 4,6 B ab 6,3 ABb 8,3 A b 7,2 ABb
60 5,6 B a 8,6 AB a 11,6 A a 10,4 Aa
CV (%) = 17,6. Médias seguidas de letras distintas minúsculas na linha e maiúscula na coluna representam diferença pelo teste Tukey (p<0,05) Fonte: Elaborado pelo autor
TABELA 5: Comprimento médio (mm) de tambaquis alimentados com rações contendo níveis crescentes de proteína bruta durante 60 dias.
Níveis 28 32 36 40
0 46,4 Ac 48,7 Ad 50,4 Ae 46,4 Ad
15 52,4 Abc 57,4 Ac 59,6 Ad 51,7 Ad
Dias 30 58,5 Ab 63,9 Ac 68,3 Ac 64,3 Ac
45 66,6 B a 74,3 AB b 82,1 A b 77,2 AB b
60 72,9 B a 83,9 AB a 92,8 A a 92,0 A a
CV (%) = 4,57. Médias seguidas de letras distintas minúsculas na linha e maiúscula na coluna representam diferença pelo teste Tukey (p<0,05) Fonte: Elaborado pelo autor
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Aspectos do manejo reprodutivo de equinos Equinos, manejo, reprodução, raça.
Luis Gustavo Silva Rodrigues *¹ Vanessa Cristina de Souza Resende¹ Antônio Roberto Oliveira Júnior¹ Lidiane Oliveira Silva¹ Letícia Mariano Barbosa¹ 1
Discentes do curso de Bacharel em Zootecnia. Do Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres, Ceres, Goiás, Brasil * E-mail: luisgsilvarodrigues@hotmail.com
RESUMO Nas últimas décadas, o desenvolvimento de novas técnicas reprodutivas possibilitou o melhor aproveitamento dos equinos, tornando possível acelerar o aprimoramento das raças e seus cruzamentos. O conhecimento das particularidades anatômicas e fisiológicas dos equinos proporciona melhor desenvolvimento de ferramentas que auxiliam no manejo reprodutivo dos equinos. É fundamental a correta aplicação dos principais manejos nutricional e sanitário dos equinos para que possam expressar ao máximo seu potencial reprodutivo. Quanto às biotecnologias empregadas e difundidas na reprodução equina, vale destacar as mais comumente usadas como a inseminação artificial e a transferência de embriões, que possibilitam acelerar o progresso genético dos reprodutores. A inseminação pode ser realizada de forma natural ou artificial, sendo a última muito usada quando se pretende maximizar o potencial genético de garanhões. Já a transferência de embriões é uma biotecnologia que possibilita aumentar o número de descendentes de matrizes equinas com alto valor genético. No entanto, é pertinente ressaltar que dentre as várias associações de criadores de equinos existem algumas restrições ou normas que impedem maior difusão do material genético de cavalos e éguas, mesmo com as diferentes técnicas reprodutivas que são aplicadas na equideocultura. Objetivou-se com esse trabalho realizar uma revisão bibliográfica sobre a reprodução equina, deste a sua anatomia, fisiologia, manejo alimentar e sanitário e biotecnologias utilizadas na reprodução destes animais. Palavras-chave: equinos, manejo, reprodução, raça. 5046
Revista Eletrônica
Vol. 14, Nº 02, mar./ abr. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
ASPECTS OF REPRODUCTIVE MANAGEMENT OF EQUINES ABSTRACT In recent decades, the development of new reproductive techniques has allowed the best use of horses, making it possible to accelerate the improvement of breeds and their crosses. Knowledge of anatomical and physiological characteristics of horses, provides better development tools that assist in reproductive management of horses. The correct implementation of the main nutritional and health management for equines so that they may express the most of their reproductive potential is essential. The biotechnology used and disseminated in equine reproduction, it is worth highlighting the most commonly used as artificial insemination and embryo transfer, which allow speed up genetic progress of breeding animals. The insemination may be performed in a natural or artificial way, the latter being often used when it is desired to maximize the genetic potential of stallions. Already embryo transfer is a biotechnology that helps to increase the number of descendants of mares with high genetic value. However, it is pertinent emphasize that among the various equine breed societies there are any restrictions or rules that prevent dissemination of this genetic material of horses and mares, even with the different reproductive techniques that are applied in creating horse. This study aimed to demonstrate the key aspects involved in equine reproductive management features improvements in reproductive characteristics, respecting some observations such as, choice and selection of reproducers, health management, feed management and particularities between the different breeds. Keyword: equine, management, reproduction, breed.
Artigo 421 – Aspectos do manejo reprodutivo de equinos
INTRODUÇÃO
FISIOLOGIA REPRODUTIVA
Nas últimas décadas, o desenvolvimento de novas
As éguas são consideradas poliéstricas estacionais,
técnicas
melhor
ou seja, têm um ciclo reprodutivo dividido em período
aproveitamento dos animais, tornando possível
de estação reprodutiva durante a primavera/verão e
acelerar
e seus
estação não reprodutiva no outono/inverno, sendo
cruzamentos. A ampla utilização das biotecnologias
esta característica marcante nas regiões onde há
trouxe, ao longo dos anos benefícios aos criadores
grande variação do fotoperíodo durante o ano
de equinos de diversas raças, e com isso a
(FARIA & GRADELA, 2010). Os equinos são
possibilidade de aumentar o número de produtos
considerados reprodutores de dias longos, pois sua
obtidos por ano, de animais com genética superior.
atividade reprodutiva é estimulada principalmente
Em relação à reprodução equina, várias tecnologias
pelo aumento do comprimento do dia, ou seja, pelo
se tornaram difundidas e comuns tais como a
aumento do fotoperíodo, que ocorre na primavera. A
inseminação artificial, a transferência de embriões e
diminuição do fotoperíodo ocorre no final do verão e
a manipulação do sêmen (GOMES & GOMES,
início do outono, estimula o término da estação
2009).
reprodutiva. Fatores secundários relacionados à
reprodutivas
possibilitou
o aprimoramento das
o
raças
primavera, como o aumento da temperatura e a Segundo Canisso et al. (2008) as biotecnologias da
melhora da qualidade do alimento, antecipam o início
reprodução
da estação reprodutiva. Há uma forte relação entre o
colocam
como
uma
importante
ferramenta a serviço da equideocultura mundial,
fotoperíodo e a ovulação (INTERVET, 2007).
como instrumento direto no melhoramento genético. Dadas
as
vantagens
inseminação
esta
contendo uma fase folicular, isto no estro, na qual a égua se encontra sexualmente receptiva ao macho,
equina, pois um reprodutor pode deixar centenas de
onde o aparelho reprodutor está preparado para
descendentes ao longo de sua vida reprodutiva,
aceitar e transportar o sêmen aos ovidutos para
quando
fertilização e que envolve, o processo da ovulação e
artificial
é
seja
O ciclo reprodutivo pode ser considerado como
a
inseminação
talvez
pela
biotecnologia com maior impacto na produção
a
artificial,
proporcionadas
utilizada
eficientemente.
uma fase lútea (diestro) na qual a égua não está receptiva ao garanhão. O hormônio FSH nas fêmeas
A espécie equina foi considerada por muito tempo
participa no crescimento dos folículos ovarianos e
como a de menor fertilidade entre as espécies
nos machos pelo estabelecimento da diferenciação
domésticas, o que foi atribuído a características de
dos espermatozóides nos túbulos seminíferos dos
seleção e problemas relacionados ao manejo
testículos. O hormônio LH, nas fêmeas proporciona a
reprodutivo
as
maturação final do folículo a indução da ovulação e o
biotecnologias da reprodução como a transferência
início da formação dos corpos lúteos. Nos machos o
de embrião e a inseminação artificial tem se
hormônio LH induz a síntese de testosterona pelas
destacado nas últimas décadas pelo seu avanço
células de Leydig, estimulando a espermatogênese,
científico
formado os espermatozóides pelas células de Sertoli
(LIRA
e
et
al.,
comercial,
2009),
contudo
possibilitando
melhor
aproveitamento dos animais. O êxito na reprodução
(SILVA et al., 1991).
equina depende do conhecimento da anatomia reprodutiva, fisiologia, endocrinologia, conduta de
ESCOLHA DE REPRODUTORES
criação, manejo sanitário e realização de um manejo
Seleção de Garanhões
alimentar correto.
Segundo Silva et al. (1991), na seleção de garanhões é considerado seu pedigree, performance
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão
atlética e conformação. Outros aspectos relevantes
bibliográfica sobre a reprodução equina, deste a sua
são as condições físicas e a fertilidade, na qual é
anatomia, fisiologia, manejo alimentar e sanitário e
avaliada por meio dos exames clínicos do sêmen e o
biotecnologias utilizadas
comportamento sexual (INTERVET, 2007).
na reprodução destes
animais. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5046-5053, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5047
Artigo 421 - Aspectos do manejo reprodutivo de equinos
Considerando as condições físicas de um garanhão é importante avaliar a genitália externa, os membros anteriores, coluna e posição dos testículos dentro da bolsa escrotal (INTERVET, 2007).
motilidade, concentração e morfologia espermáticas nos quais são parâmetros clássicos na avaliação de amostras de sêmen (ARRUDA, 2007). No que diz respeito ao libido observa se o tempo de reação do animal na presença da égua. É essencial equilibrar o de
éguas
destinadas
variação da duração do ciclo estral pode variar dependendo
da
origem
racial,
individual
e
principalmente pela idade do animal, lembrando que animais com idade avançada possuem um ciclo
Em relação à da fertilidade é importante avaliar a
número
ocorrendo a ovulação no terço final do estro. A
a
determinado
garanhão, atentando ao libido e à produção de sêmen (INTERVET, 2007).
estral mais prolongado. Sendo recomendada a cobertura da fêmea até 18 horas antes do final do estro. Após este período a fêmea aumenta a agressividade podendo ocorrer acidentes com os animais (SILVA et al., 1998). Mais de um folículo pode estar presente, sendo que em geral somente um folículo será chamado de dominante, no qual se desenvolve até a ovulação, com isso os demais folículos sofrerão atresia, ocorrer graças a assincronia entre os níveis de FSH e LH,
Seleção de Matrizes
ondas foliculares e a maturação do folículo pré-
Na seleção de égua Silva et al. (1991) cita 5 critérios
ovulatório (SILVA et al., 1991).
principais, sendo: pedigree, performance atlética, conformação e desempenho produtivo e reprodutivo.
A
A
genético
gonadotrofinas hipofisárias de FSH no crescimento e
verdadeiro e, para isto, precisa ser oriunda de
de LH na maturação do folículo. O crescimento
linhagens fortes, assim, dessa forma a fertilidade da
folicular
égua e de sua família não pode ser esquecida,
condições ambientais, em dias nublados e frios o
tomando cuidados com a presença de registros
crescimento folicular e a duração do estro são
passados, ou presentes, de infertilidade. Lopes
retardados, até o restabelecimento da temperatura e
(2009) complementa a seleção de uma égua matriz
da luminosidade (ROMANO et al., 1998).
égua
deve
apresentar
um
valor
ovulação
inicial
poderá
acontece
ser
sob
influenciado
efeito
por
das
algumas
considerando o tamanho em relação ao garanhão, a idade, o temperamento dócil e o desenvolvimento
Os folículos aumentam de tamanho antes da
das glândulas mamarias.
ovulação muito rapidamente, entretanto, o tamanho e consistência folicular não são características
Morris
&
Allen
(2002),
observaram
diferença
significativa no índice de prenhez entre éguas Puro
viáveis para determinar o momento da ovulação (SILVA et al., 1998).
Sangue Inglês (PSI) abaixo e acima de 13 anos, no qual as éguas mais jovens apresentavam 61,95% de
Após a ocorrência da ovulação, há a elevação dos
prenhez, enquanto as mais velhas 50,7% aos 12
níveis
dias pós-ovulação.
transformação de células da granulosa folicular em células
de
LH
luteais,
circulantes, aumentando
estimulando gradativamente
a a
ESTAÇÃO REPRODUTIVA
secreção de progesterona, mantendo a secreção até
Ciclo Estral
o sexto dia após a ovulação (ITHO, 2010).
O estro é a fase folicular do ciclo estral, nesta fase o hormônio de receptividade sexual, estradiol é
Cio do Potro
produzido no folículo, aumentando seus níveis a
O cio do potro acontece geralmente entre o 5º e o
partir do 12º ao 14º dia do ciclo estral, atingindo o
12º dia após a ocorrência do parto, com duração em
máximo
a
média de 10,5 dias (± 1,5 dias). Existe fêmeas que
receptividade sexual ao garanhão (SOUZA et al.,
não manifestam o cio do potro, isso ocorre por
2008). A manifestação do estro ocorre em intervalos
alguns
de 17,5 (± 3 dias) e com duração de 7,5 (± 4 dias),
desequilíbrios nutricionais ou hormonais.
5048
antes
da
ovulação,
aumentando
fatores
como:
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5046-5053, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
fatores
ambientais,
Artigo 421 - Aspectos do manejo reprodutivo de equinos
A exteriorização do estro está ligada aos níveis de
do rebanho, possibilita uma larga expansão das
estrógeno e LH no sangue do animal (SOUZA et al.,
características de garanhões de qualidade genética
2008).
superior e permite que um reprodutor deixe centenas de descendentes (Taveiros, 2008). Essa técnica
É normal fêmeas recém-paridas protegeram as crias
ainda
e não expor o estro pós-parto (SILVA et al., 1998).
garanhões e evita a disseminação de doenças
proporciona
um
menor
desgaste
dos
sexualmente transmissíveis (TAVEIROS, 2008). Quando não aproveita o cio do potro, poderá ocorrer retardamento para o próximo estro, em regiões onde
A inseminação artificial é a técnica utilizada para
acontece a variação de iluminação solar. Com isso
depositar espermatozoides normais e vivos no útero,
recomenda-se a aplicação de prostaglandina no 20º
no momento adequado. São várias as metodologias
dia após o primeiro estro pós-parto (SILVA et al.,
para uso da inseminação artificial, diversos fatores
1991).
devem ser considerados como: localização da propriedade; momento inseminante (pré e/ou pós-
O cio do potro quando aproveitado obtêm-se altas
ovulação);
taxas
das
volume; diluidor; temperatura do armazenamento;
condições físicas do animal ao parto, e do aparelho
características individuais de qualidade do sêmen do
reprodutivo pós-parto (ROMANO et al., 1998).
garanhão; valor do sêmen; reposta inflamatória
de
fertilidade,
dependendo
sempre
número
total
de
espermatozóides;
uterina da égua a ser inseminada; tipo de cio; MÉTODOS REPRODUTIVOS
momento da estação; raça, entre outros fatores
Monta Natural
(CARVALHO et al., 1997).
A
cobertura
em
geral
é
controlada,
isso
condicionando um determinado garanhão para uma
Para Taveiros (2008) a realização da inseminação a
égua. Sendo que a cobertura aconteça sempre em
égua deve estar devidamente contida, a cauda deve
um mesmo local, condicionando o garanhão para a
ser ligada e levantada para evitar o contato com a
monta (FREITAS, 2005).
vulva e períneo. Em seguida de ser feita a lavagem da
vulva
e
secagem.
Para
realização
do
O reprodutor é levado até a égua ou o contrário, no
procedimento o profissional deve colocar uma luva
momento ideal para a concepção. Este método
estéril e pegar numa pipeta (cateter) de inseminação
resulta em uma taxa maior de prenhez, e o controle
estéril e proteger a ponta do cateter com os dedos
folicular permite um uso racional do garanhão.
de modo a garantir a sua esterilidade até chegar ao
(SILVA et al., 1998).
útero, Deve aplicar gel lubrificante não espermicida na luva e sobre a mão que envolve a ponta do
Quando não ocorre o controle folicular diário,
cateter. A ponta do cateter deve está sempre
recomenda-se a cobertura em dias alternados, a
protegido pelas pontas dos dedos passando o
partir do 3º dia após o início até o final do estro.
cateter pelos lábios da vulva, vagina e depois
Neste
reprodutor,
inserindo um ou dois dedos na cérvix. Os dedos
Principalmente quando há um número elevado de
servem de guia para se poder avançar a pipeta de
éguas,
inseminação pelo cérvix e cerca de 1 cm no útero da
modo
há
sempre
um
desgaste
atenuando
do
para
capacidade
reprodutiva do garanhão (SILVA et al.,1991).
égua.
A taxa de concepção aumenta no 3º dia após o início
Existem três diferentes formas de processamento do
do estro, diminuindo após a ovulação, tendo o
sêmen: in natura; resfriado, e congelado. O sêmen in
ovócito a vida útil de 12 a 24 horas (FREITAS, 2005).
natura deve ser colhido e utilizado, imediatamente para não perde os parâmetros de motilidade e vigor,
Inseminação Artificial
além
A inseminação artificial vem sendo usada como
elevado. O local de deposição pode ser o corpo do
ferramenta para acelerar o melhoramento genético
útero (CARVALHO et al., 1997). O sêmen resfriado e
do
metabolismo
espermático
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5046-5053, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
manter-se
5049
Artigo 380 - Aspectos do manejo reprodutivo de equinos
diluído tem como vantagem o tratamento antibiótico,
Com o advento de novos estudos com resultados
diminuindo a contaminação bacteriana; melhora da
positivos, a metodologia atualmente utilizada é a
fertilidade do sêmen devido ao aporte de nutrientes
transferência não cirúrgica coberta, associada á
contidos
de
avaliação e seleção da égua receptora (Fleury et al.,
inseminação, onde o sêmen depois de diluído,
2007). Ainda, esta é uma técnica muito menos
dependendo da situação, pode ser transportado em
invasiva, rápida e de alto percentual de prenhez, na
curtas distâncias sem necessidade de resfriamento,
qual consiste em depositar o embrião no corpo do
entre haras próximos e, se devidamente protegido
útero com o uso de uma pipeta de inseminação que
dos raios solares até uma hora, sem prejuízo da
atravessa a cérvix.
no
diluidor;
maior
flexibilidade
fertilidade; e a possibilidade do fracionamento para maior número de éguas pela expansão do volume
A qualidade do embrião equino é considerada um
diluidor mais o sêmen (CANISSO et al., 2008).
dos fatores mais importantes e que mais afeta as
Usando sêmen congelado a inseminação é feita em
taxas de prenhez nos programas de transferência de
qualquer altura devido a viabilidade do sêmen
embrião (AZEVEDO et al., 2013).
congelado ser muito longa, desde que permaneça a Para Lira et al. (2009), os embriões equinos são
uma temperatura de – 196 ºC.
seletivamente transportados da tuba uterina para o O descongelado do sêmen deve ser feita seguindo o
útero entre os dias 5 e 6 pós ovulação, os quais
protocolo para que não haja percas das doses, o
estão
número de espermatozoides contidos por dose
desenvolvimento inicial de blastocisto. Após entrar
inseminante varia na maioria dos trabalhos de 250 a
no lúmen uterino, o tamanho do embrião aumenta
500 milhões (CANISSO et al., 2008). A maioria dos
dramaticamente, desenvolvendo-se para blastocisto
trabalhos tem recomendado inseminações em dias
expandido.
alternados, a partir do segundo ou do terceiro dia do
recuperados nos dias 6 a 9, o período ideal para sua
cio, na ausência do controle folicular. Quando
coleta é nos dias 7 ou 8 após a fertilização.
na
fase
de
Embora
mórula
compacta
embriões
possam
para
ser
submetidas à palpação retal, ou controle folicular sido
Segundo Bortot e Zappa (2013) a coleta do embrião
inseminadas a partir da detecção de um folículo de
a égua é contida e realizada a limpeza criteriosa
35 mm de diâmetro, até a comprovação da ovulação
externamente e com um algodão embebido em
(VALLE et al., 2000).
solução fisiológica os lábios e comissura vulvares
pela
ultrassonografia,
as
éguas
têm
são limpos. O embrião é recolhido através de uma Transferência de Embrião
lavagem
No uso de transferência de embrião (TE) deve – se
utilizando para tal 2 a 3 litros de uma solução de
levar em consideração vários fatores ligados à
Ringer Lactato previamente aquecida. Para coleta
técnica de coleta, idade (dia da coleta) e tamanho do
usa-se um cateter do tipo Foley, semirrígido, que
embrião, idade do corpo lúteo da receptora, bem
passa através da cérvix até o corpo uterino. Este
como o método de transferência, interferem nos
cateter possui um balão na porção anterior que,
índices de recuperação embrionária e de prenhes
quando cheio de ar, impede que o meio de lavagem
(FLEURY et al., 2001).
reflua através da cérvix para a vagina. O extremo
uterina
(flushing)
da
égua
doadora,
posterior é ligado a um circuito de duas vias, em que Para seleção da égua doadora deve ser considerado
uma extremidade corresponde ao recipiente com o
o seu histórico reprodutivo, a fertilidade e genitores,
meio de lavagem e a outra ao filtro. Ao termina o
as diretrizes do registro da raça, o valor potencial do
procedimento,
potro resultante, e o número de gestações desejadas
transferem-se os 20 a 30 ml de meio de lavagem que
(AZEVEDO et al., 2013). Segundo Lira (2009), a TE
ficaram residuais no filtro para placas de Petri
em equino pode ser realizada pela técnica cirúrgica
estéreis, para procurar o embrião.
separa-se
por incisão ao flanco, ou pela técnica não cirúrgica por via cervical. 5050
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5046-5053, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
o
filtro
do
circuito,
Artigo 421 - Aspectos do manejo reprodutivo de equinos
O embrião é envasado em palheta plástica de 0,25
podem
ml
associação recomenta no período de 15 de agosto a
em
porções
alternadas
de
solução,
de
ocorrer
durante
todo
ano,
porém
a
manutenção e ar. Este procedimento minimiza os
31 de dezembro. Todas as ações devem ser
movimentos do embrião dentro da palheta e
comunicadas em formulários específicos para cada
assegura a perfeita expulsão do embrião para dentro
um dos métodos. As matrizes utilizadas como
do útero (LIRA et al., 2009). Para a inovulação é
doadoras de embrião deverão possuir registro de
usado uma pipeta de inseminação artificial.
doadoras de embrião, as receptoras poderão ser de
PARTICULARIDADES ENTRE ASSOCIAÇÕES DE RAÇAS A
raça
qualquer raça, sendo que a partir de 2020 as receptoras deverão possuir pelo menos registro de ½ sangue Quarto de Milha, as doadoras poderão ter
Mangalarga
Marchador
possui
como
particularidades a permissão de realizar coberturas durante todo o ano corrente, sendo permitida a
vários embriões gerados em uma temporada de monta, podendo ser cobrados diferentes valores de
utilização de monta natural, inseminação artificial e
emolumentos para os números de animais gerados
transferência de embrião. Para o congelamento de
(ABQM, 2013).
sêmen e embriões deveram ser realizados por médicos veterinários credenciados pela associação de criadores da raça. Todos os pais devem possuir registros
genealógicos, incluindo as
receptoras
utilizadas para transferências de embriões deveram possuir registros genealógicos da raça Mangalarga Marchador.
Todos
os
produtos
resultantes
de
inseminação artificial e de transferência de embrião deverão realizar teste de DNA para comprovação de paternidade e maternidade (ABCCMM, 2011). Para a raça Campolina, as gestações devem ser comunicadas a cada semestre sendo que as coberturas do 1º semestre deverão ser comunicadas a associação até 15 de Agosto e do segundo semestre até 15 de fevereiro. Pode utilizar das seguintes técnicas: Monta natural, inseminação
CONSIDERAÇÕES FINAIS O manejo reprodutivo de equino bem conduzido pode melhorar as características reprodutiva e produtiva, com o uso de biotecnologias como a inseminação artificial e transferência de embrião, através da escolha bem conduzida dos garanhões e matrizes a fim de atingir os parâmetros desejados. Os manejos sanitário e nutricional devem ser respeitados, pois quando mal conduzidos podem debilitar ou até mesmo levar a morte dos animais, além de prejudicar o desempenho reprodutivo dos equinos. O manejo reprodutivo deve ser direcionado respeitando as exigências das associações de criadores
e
visando
preservar
características
morfológicas e culturais de cada raça.
artificial e transferência de embrião. Todos os
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
animais utilizados para reprodução deverão ser
ABCCCampolina. Regul amento do serviço do
identificados no certificado de registro, ficando arquivado o exame de DNA dos animais. Os animais oriundos de inseminação artificial e transferência de embrião deverão realizar exame de DNA para
registro genealógico da ABCCCampolina.15p. Disponível
em:
http://www.campolina.org.br/portal/download/reg
comprovar maternidade e paternidade, podendo
ulamentos/--Reg_SRG.pdf
utilizar receptoras dos embriões de qualquer raça,
06/2016], 2006.
sendo a mesma registrada como receptora na associação
de
criadores
da
raça
campolina
(ABCCCampolina, 2006). A raça Quarto de Milha permite a utilização das seguintes técnicas: monta natural, transferência de embrião e inseminação artificial. As coberturas
[Acessado
em:
ABCCMM. Regulamento do serviço de registro genealógico do cavalo Mangalarga Machador. 12p
Disponível
em:
http://www.abccmm.org.br/uploads/1480-manualsrg.pdf.pdf. [Acessado em: 06/2016], 2011.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.2, p.5046-5053, mar./ abr. 2017. ISSN: 1983-9006
5051
Artigo 421- Aspectos do manejo reprodutivo de equinos
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C.
C.
Crioula.
Dissertação
book/abqm_manualservicogenealogico.pdf.
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5053
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