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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira
Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo
Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo
Conselho Científico: Altivo José de Castro Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues
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Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa
Sumário ARTIGOS 510 - Estratégia do uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes ............. 8669 Laion Antunes Stella, Angel Sanchez Zubieta, Bruna Cristina Kuhn Gomes 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem ................................................................ 8674 Bárbara da Silva Resende, Victória da Silva Sousa, Jhenyfer Caroliny de Almeida, Sandra Regina Marcolino Gherardi 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar ..................................................................................................................................................... 8681 Sueni Medeiros do Nascimento, Emerson Moreira de Aguiar, Guilherme Ferreira da Costa Lima, Luciano Patto Novaes, Pablo Ramon da Costa 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes .................................. 8699 Izabelle Crystine Almeida Costa, José Nery Rocha Junior, Felipe do Nascimento Silva, Jucelane Salvino de Lima, Kedes Paulo Pereira
Estratégia do uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes Revista Eletrônica Confinamento, impacto, milho, ruminantes.
1*
Laion Antunes Stella 1 Angel Sanchez Zubieta 1 Bruna Cristina Kuhn Gomes
Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFRGS.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
*E-mail: laionstella@hotmail.com
RESUMO
USE
Aumentar a presença de carboidratos digestíveis na
PRODUCTION OF ENTERIC METHANE
dieta é considerado como uma estratégia de
ABSTRACT
mitigação mais eficiente por unidade de energia
Increasing the presence of digestible carbohydrates
consumida. Dada a relação entre a digestibilidade da
in the diet is considered as a more efficient mitigation
matéria seca, o consumo e a emissão de metano,
strategy per unit of energy consumed. Given the
existe uma redução na emissão quando o amido da
relationship
dieta é maior que 40%. A revisão tem por objetivo
consumption and methane emission, there is a
apresentar as vantagens do aumento da participação
reduction in emission when the dietary starch is
dos grãos na dieta com o intuito de aumentar a
greater than 40%. The objective of the review is to
eficiência alimentar e reduzir a produção de metano
present
entérico. O valor energético dos cereais, juntamente
participation of grains in the diet in order to increase
com
suas
food efficiency and reduce the production of enteric
características físicas e químicas, as quais podem
methane. The energy value of cereals, together with
ser modificadas pelo tipo de processamento do grão.
the animal response, depends on their physical and
As mudanças que ocorrem na digestibilidade e
chemical characteristics, which can be modified by
consumo de nutrientes, e na fermentação no rúmen
the type of grain processing. The changes that occur
pelo processamento tem implicação sobre a emissão
in the digestibility and nutrient consumption, and in
de metano e o desempenho animal. O uso de cerais
the fermentation in the rumen by the processing have
aumenta a eficiência alimentar nos ruminantes,
implication on the emission of methane and the
consequentemente aumenta a velocidade de ganho
animal performance. The use of cerals increases
de peso e reduz a produção de metano por animal.
feed efficiency in ruminants, consequently increases
Para ser viável para os produtores rurais além da
the speed of weight gain and reduces methane
resposta biológica, a resposta econômica deve ser
production per animal. To be viable for farmers
considerada, devido às variações nos preços dos
beyond the biological response, the economic
grãos.
response must be considered due to changes in
Palavras-chave: confinamento, impacto, milho,
grain prices.
ruminantes.
Keyword: feedlot, impact, maize, ruminants.
8669
a
resposta
animal,
depende
de
OF
CERALS
the
between
AS
dry
advantages
REDUCERS
matter
of
IN
THE
digestibility,
increasing
the
Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes
INTRODUÇÃO
mais gera uma melhoria na eficiência alimentar do
Os cereais são a mais importante fonte de alimentos
animal. Aumentar a presença de carboidratos
do mundo, tanto para o consumo humano direto,
digestíveis na dieta é considerado como uma
como
estratégia de mitigação mais eficiente por unidade de
para
a
produção
de
carne.
Segundo
pesquisas, aproximadamente um terço da produção
energia
de cereais é destinada ao consumo animal, onde
digestibilidade da matéria seca, o consumo e a
serão necessários bilhões de toneladas extras de
emissão de metano. Existe uma redução na emissão
cereais
quando a presença do amido na dieta é maior que
até
2030
(FAO,
2002).
Os
grãos,
principalmente o milho, são usados em proporções
consumida.
Dada
a
relação
entre
a
40% (SAUVANT & GIGER-REVERDIN, 2007).
de até 90% na matéria seca (MS) em dietas de animais em confinamento, e em quantidade menores em dietas de vacas leiteiras de alta produção (4060% na MS), e em menores proporções para animais a pasto, como forma de suplementação. Seu uso em adequadas proporções é considerado como uma estratégia de mitigação de metano entérico nos ruminantes. De maneira geral, a medida que aumenta a quantidade de grão na dieta se reduz a emissão de gás.
No rúmen, a fermentação do alimento ingerido resulta na produção de ácidos graxos voláteis ou ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido acético, propiônico e burítico, que são aproveitados como fonte de energia para o animal. Entretanto nesse processo também são gerados gases, como gás carbônico (CO2) e metano (CH4), entre outros, originados
pela
metanogênicas
do
atividade grupo
de
bactérias
Archeae,
que
são
O custo-benefício desta prática depende do preço do
eliminados pela eructação (ARCURI et al., 2011). Em
insumo, da eficiência alimentar, das taxas de ganho
um ambiente ruminal ácido, característico de animais
e da sua qualidade. Desta forma, alimentar animais
que
com grande quantidade de grãos não é sempre
carboidratos, a população e a atividade das bactérias
possível devido às restrições econômicas. Por outro
Gram-positivas e protozoários é afetada, reduzindo a
lado, os ruminantes são animais com uso ineficiente
produção de acetato e butirato, sendo deste modo
da energia contida nos alimentos, devido à partição
reduzida a disponibilidade de H para a síntese de
de energia durante os processos digestivos e
metano. Por outro lado, devido a maior presença e
metabólicos.
atividade em ambientes ácidos das bactérias Gram-
consomem
grandes
quantidades
de
+
+
negativas, normalmente amilolíticas, o H disponível Deste modo, a revisão tem por objetivo apresentar
é utilizado para a produção de propionato, cuja
as vantagens do aumento da participação dos grãos
concentração se relaciona diretamente com menores
na dieta com o intuito de aumentar a eficiência
emissões de gases de efeito estufa (JONHSON &
alimentar e reduzir a produção de metano entérico.
JONHSON, 1995).
REVISÃO DE LITERATURA
As menores emissões de metano estão relacionadas a
fatores
como:
menor
relação
de
Grande parte do rebanho bovino brasileiro é do tipo
acetato:propionato, o aumento do consumo, a
zebuíno, criado em sistemas predominantemente
digestibilidade aparente da matéria seca e fibra, e a
extensivos. Foi estimada emissão de cerca de 9,2
maior taxa de passagem das dietas com maior
milhões de toneladas de CH4 provenientes da
conteúdo de grãos (MC GEOUCH et al., 2010). O
pecuária (LIMA et al., 2001). A pecuária brasileira é
propionato é absorvido no rúmen e transformado em
baseada
do
glicose no fígado, e essa glicose, é usada no tecido
gênero Brachiaria, que ocupa cerca de 50% da área
mamário e muscular para alcançar níveis de
de pastagens cultivadas, devido ao baixo custo de
produção que somente com uma dieta a pasto se
produção
tornaria impossível de obter.
em
da
pastagens,
alimentação
principalmente,
de
rebanhos,
se
comparado aos sistemas que utilizam animais confinados e grãos na dieta (BERCHIELLI, 2012). A
Entre os fatores que influenciam o potencial de
utilização de concentrados na alimentação dos ani-
mitigação desta estratégia estão o nível de inclusão,
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8670
Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes
o tipo de processamento do cereal, e em pastejo se
conteúdo de amido de ambas as dietas. Esses
relaciona ao valor nutritivo e a disponibilidade da
resultados corroboram com os dados de HASSANAT
pastagem. Os benefícios produtivos e de mitigação
et al. (2013), que não encontraram efeito mitigador
pelo uso de grãos são amplamente conhecidos.
em dietas com até 50% de silagem de milho como
Desta forma, para fazer uma interpretação completa
fonte de amido, mas sim com uma dieta com 100%
do balanço de carbono dos sistemas de produção de
de silagem. Estes resultados mostram a importância
carne e leite, é necessário fazer um estudo
de
completo, incluindo as emissões dos demais gases
potencialmente digestíveis que deve ter a dieta para
de efeito estufa (N2O e CO2) liberados durante o
exercer um efeito mitigador.
considerar
a
quantidade
de
carboidratos
processo de produção, armazenamento e transporte Por outro lado, não é todo incremento na proporção
dos animais (MC GEOUGH et al., 2010).
de cereais da dieta que reduz as emissões de A energia bruta perdida na forma de metano é de 2 a
metano. Por exemplo, os grãos de destilarias
4% em dietas de confinamento e 5,3 a 6% para
(DDG‟s) têm relativamente altas concentrações de
vacas leiteiras de alta produção (JONHSON &
gordura, proteína e fibra. Conforme aumenta a sua
JONHSON, 1995) ficando na faixa de 2 a 12% de
inclusão na dieta, pode-se reduzir o consumo de MS
energia
e diminuir a digestibilidade do alimento.
bruta
(EB)
perdida.
O
processo
de
fermentação no rúmen é determinado pela dieta fornecida ao animal, sendo que a maior proporção
O valor energético dos cereais, juntamente com a
de
relação
resposta animal, dependem de suas características
acetato/propionato. Na síntese do acetato um maior
físicas e químicas, as quais podem ser modificadas
número de moléculas de hidrogênio é disponibilizado
pelo tipo de processamento do grão. As mudanças
para produção de metano (CH4). Em uma dieta
que ocorrem na digestibilidade e consumo de
composta por alimentos volumosos, há perdas de
nutrientes, e
ordem de 10 % da energia inicial, variando de 6 a 18
processamento tem implicação sobre a emissão de
%
Animais
metano e o desempenho animal. HALES et al.
alimentados a base de pasto têm um maior gasto
(2012), reportaram que dietas com milho floculado,
energético pelo deslocamento em busca de comida,
consumidos por bovinos em confinamento, geraram
sendo essa uma vantagem de animais em regime de
menos metano que aquelas elaboradas com milho
confinamento.
seco (11,65 vs 14,06 kg/MS consumida), ao qual
forragens
(OWENS
favorece
&
a
GOETSCH,
maior
1993).
na fermentação no rúmen pelo
representou uma menor perda de energia em forma Segundo MC GEOUGH et al. (2010) observaram
de gás (2.43 vs 3.04 % EB). De forma similar
menor emissão de metano por kg de matéria seca
HÜNERBERG et al. (2013), verificaram menor
(MS) consumida conforme aumentava a participação
emissão em uma dieta com DDG‟s em comparação
de grãos na silagem. Doreau et al. (2011),
a cevada e canola (21,5 vs 23,9 e 25,3 g CH 4 kg/MS,
observaram uma redução de metano em relação a
respectivamente), na qual apresentou menor perda
EB consumida (3,0 vs 6,2 e 6,7%), ao consumo
de energia na forma de metano (6,6 vs 7,3 e 7,8 %
(10,2 vs 20,2 e 22,6 g CH4 kg/MS) e ao peso vivo
EB, respectivamente).
(33,5 vs 89,7 e 89,1 g CH4/kg), em uma dieta com alto teor de concentrado (86,5%), versus uma
O grão moído ou peletizado, se torna mais disponível
confeccionada com feno de baixa qualidade (48,8 %)
para os microrganismos do rúmen, o que promove
e outra com silagem de milho (63,5%), sem
uma maior taxa de passagem e aumenta a
encontrar diferença entre essas últimas. Haque et al.
proporção molar de propionato, no qual pode
(2014), ao oferecer a vacas lactantes uma dieta com
explicar a menor emissão a partir de forragens
27,5% de amido na MS, não encontraram diferenças
processadas. No entanto, este efeito não se mantém
significativas na emissão de metano (g por kg de
quando se restringe o consumo, devido a problemas
consumo de MS), comparado com uma dieta com
metabólicos pela redução do pH ruminal.
pouco amido (21,7%). Os autores concluíram que a falta de efeito foi devido a pouca diferença entre o 8671
Em sistemas de produção animal o uso de combustíveis, de fertilizantes e químicos, bem como
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Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes
o armazenamento, o processamento e o transporte,
metano por animal. Para ser viável para os
acabam aumentando as emissões de gases de
produtores rurais além da resposta biológica, a
efeito estufa. Estas emissões, principalmente de CO2
resposta econômica deve ser considerada, devido às
e N2O, são geralmente desconsideradas durante o
variações nos preços dos grãos.
processo de produção animal. Portanto, para fazer uma interpretação completa do balanço de carbono
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
da produção de carne e leite baseada em grãos, é necessário estudar o ciclo completo, incluindo as
ARCURI, P. B. et al. Microbiologia do Rúmen. In: Telma Terezinha Berchielli; Simone Gisele de
emissões dentro e fora da unidade de produção (MC
Oliveira; Alexandre Vaz Pires. (Org.). Nutrição de
GEOUGH et al., 2010), que são específicas para as
Ruminantes. 2ed. Jaboticabal: FUNEP, p. 115160, 2011.
condições econômicas, tecnológicas e climáticas de cada região. Por exemplo, Doreau et al. (2011) com este tipo de análise, comparou três sistemas de engorda de touros jovens e encontrou que as dietas com alto teor de concentrado (86%) reduziram fortemente as emissões de CH4, expressos em g/ kg de MS consumida, em comparação com dietas à base de feno-concentrado (49:51%) e silagem de milho-concentrado (63:37%).
BERCHIELLI, Telma Terezinha; MESSANA, Juliana Duarte; CANESIN, Roberta Carrilho. Produção de metano entérico em pastagens tropicais. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 13, n. 4, 2012. COTTLE, D.J.; NOLAN, J.V.; WIEDEMANN, S.G. Ruminant enteric methane mitigation : a review. Animal Production Science, v.51, p.491514, 2011.
A emissão de metano tende a acompanhar o
DIJKSTRA, J.; FRANCE, J.; DAVIES, D. R. Different
crescimento dos rebanhos, desta forma quanto
mathematical approaches to estimating microbial protein supply in ruminants. Journal Dairy
maior o número de animais, maior a quantidade de metano emitido; e pode diminuir de acordo com o valor nutricional da dieta e o consumo (WAGNER et al., 2017). Alterar o nível de consumo de ração, as características
dietéticas
ou
as
condições
da
fermentação ruminal afetam o grau de degradação do substrato pelos microrganismos e a sua eficiência de multiplicação. Como consequência ocorrem mudanças na quantidade de matéria microbiana, bem como, de substrato alimentar não degradado que flui do rúmen para o intestino delgado. Isso reflete também no rendimento de AGCC e metano, contudo esse efeito pode ser difícil de prever e interpretar (DIJKSTRA et al., 1998). Segundo Cottle et al. (2011), para reduzir as emissões de metano pela pecuária estão ligadas à melhoria da dieta, à melhoria de pastagens, à suplementação alimentar,
Science. v. 81, p. 3370-3384, 1998. DOREAU, M. et al. Leviers d'action pour réduire la production de méthane entérique par les ruminants. Productions Animales, Paris, v.24, n.5, p.461-474, 2011. HASSANAT, F. et al. Replacing alfalfa silage with corn silage in dairy cow diets: Effects on enteric methane production, ruminal fermentation, digestion, N balance, and milk production. Journal of Dairy Science, Champaign, v.96, n.7, p.4553-4567, 2013. JOHNSON, K.A.; JOHNSON, D.E. Methane emissions from cattle. Journal of Animal Science, v.73, p.2483-2492, 1995. LIMA, M.A.; BOEIRA, R.C.; CASTRO, V.L.S.S.; LIGO, M.A.; CABRAL, O.M.R.; VIEIRA, R.F.;
à outras medidas que refletem na melhor eficiência
LUIZ, A.J.B. Estimativa das emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades
produtiva e resultam em ciclos de produção mais
agrícolas no Brasil. In: LIMA, M.A.; CABRAL,
curtos.
O.M.R.; MIGUEZ, J.D.G. (Ed.). Mudanças climáticas globais e a agropecuária brasileira.
ao aumento da capacidade produtiva dos animais e
Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, p.169-189. 2001.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de cerais aumenta a eficiência alimentar nos ruminantes,
consequentemente
aumenta
a
velocidade de ganho de peso e reduz a produção de
MCGEOUGH, K. L. et al. The effect of cattle slurry in combination with nitrate and the nitrification inhibitor dicyandiamide on in situ nitrous oxide
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Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes
and
dinitrogen
emissions.
Biogeosciences,
Gottingen, v.9, p.4909-4919, 2012. OWENS,
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GOETSCH
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Fermentacion
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by
meta-analysis
of
digestive
interactions and CH4production in ruminants. p.561-562. In: Proceedings of the 2nd EAAP International Symposium on Energy and Protein Metabolism and Nutrition. 2007.
.
8673
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Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem
Revista Eletrônica
Carcaças bovinas, temperatura, medidas higiênicosanitárias, qualidade.
Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
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A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade das carcaças e cortes cárneos in natura comercializadas em três supermercados da cidade de Pires do Rio - GO em função das condições de temperatura interna e superficial no processo de recebimento e comercialização. Foram realizadas aferições de temperatura com termômetros em espeto e infra-vermelho, análises físico-químicos em triplicata como pH, prova de filtração e pesquisa de amônia, além da aplicação de check list para avaliar as condições higiênico-sanitárias dos locais de acondicionamento das carnes. Os resultados indicaram que apenas as carcaças, em função das condições avaliadas, se enquadravam no preconizado pela legislação. Além disso, alguns itens do check list apresentaram não conformidade como ausência de lavatórios, falta de EPI e caminhões não refrigerados que realizam a entrega das carcaças aos estabelecimentos. Portanto, comprova-se a influência negativa das temperaturas inadequadas na qualidade das carnes, reforçando a importância do cumprimento das normas estabelecidas pela legislação e a necessidade de aplicação de medidas higiênico-sanitárias nos açougues garantindo a qualidade e segurança alimentar ao mercado consumidor. Palavras-chave: carcaças bovinas, temperatura, medidas higiênico-sanitárias,qualidade.
Bárbara da Silva Resende 2 Victória da Silva Sousa 3* Jhenyfer Caroliny de Almeida 4 Sandra Regina Marcolino Gherardi 1
Discente do curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal GoianoCâmpus Urutaí, GO, Brasil. 2 Discente do curso de Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal Goiano Câmpus Urutaí, GO, Brasil. 3 Tecnóloga em alimentos, Instituto Federal Goiano - Câmpus Urutaí, GO, Brasil.*E-mail:Jhenyfer.caroliny@outlook.com 4 Docente do curso de Ciência e Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí, GO, Brasil.
MONITORING AND EVALUATION OF QUALITY OF FRESH MEAT COMMERCIALIZED IN THE CITY OF PIRES DO RIO / GO IN ACCORDANCE WITH THE RECEIVING AND STORAGE CONDITIONS ABSTRACT The present study aimed to evaluate the quality of carcasses and fresh meat cuts sold in three supermarkets in Pires do Rio - GO, due to the internal and superficial temperature conditions in the receiving and marketing process. Temperature measurements were made with skewers and infrared thermometers, physicochemical analyzes in triplicate as pH, filtration test and ammonia research, besides the application of checklist to evaluate the hygienicsanitary conditions of the meat packing places. . The results indicated that only the carcasses, according to the evaluated conditions, were in compliance with the legislation. In addition, some checklist items showed non-compliance such as lack of wash basins, lack of PPE and uncooled trucks that deliver carcasses to establishments. Therefore, the negative influence of inadequate temperatures on meat quality is proven, reinforcing the importance of compliance with the rules established by the legislation and the need to apply hygienic-sanitary measures in butchers, ensuring the quality and food safety of the consumer market.
Keyword: bovine carcasses, temperature, hygienicsanitary measures, quality. 8674
Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem
INTRODUÇÃO
MATERIAL E MÉTODOS
A carne in natura é bastante susceptível a alterações
Foram realizados em açougues de 3 supermercados
de ordem bioquímica, devido às suas características
(A, B, e C) na cidade de Pires do Rio/GO que
intrínsecas, tais como, composição nutricional, ou
comercializam carne in natura a aferição das
seja, macronutrientes que podem se alterar dando
temperaturas superficial e interna das carcaças no
origem
por
momento da entrega e da carne, 24 horas após a
procedimentos físicos e químicos, além de elevada
a metabólitos
desossa já no balcão de exposição utilizando-se o
atividade de água e pH próximo da neutralidade.
termômetro digital infravermelho para obtenção da
Desta forma, ocorrem principalmente alterações
temperatura superficial e termômetro digital em
degradativas em moléculas de proteínas e lipídios
espeto para aferição da temperatura interna. Essas
provocadas por enzimas hidrolíticas endógenas e
atividades foram conduzidas na última quinta-feira de
ainda
cada mês, nos períodos de Setembro a Novembro
por
outras
que são avaliados
substâncias
produzidas
por
microrganismos (MESQUITA et al., 2014).
para caracterizar o período chuvoso e quente do ano, e Abril a Junho o período seco e frio. Após as
A qualidade da carne é influenciada por inúmeros
aferições foram coletadas amostras para realização
fatores, envolvendo desde o manejo, nutrição e bem-
das análises físico-químicas.
estar até o final do processo para comercialização como condições do local, temperatura e tempo de
As amostras coletadas das carcaças in natura e
resfriamento. Segundo Pollonio (1999), os produtos
corte cárneo após 24 horas da exposição no balcão
que são armazenados incorretamente podem ser
para
veículos
de
diferentes
por
estabelecimentos foram obtidas em quantidade suficiente para análise em triplicata, acondicionadas
para obter carne com boa qualidade higiênica é
em
importante que, uma vez preparadas, as carcaças e
encaminhadas ao Laboratório de Análises Físico-
as
Químicas do Instituto Federal Goiano - Câmpus
comestíveis
contaminações
nos
microrganismos. Mucciolo (1985), ainda afirma que
vísceras
muitas
comercialização
sejam
imediatamente
encaminhadas às câmaras frias.
embalagens
isotérmicas
e
posteriormente
Urutaí. O corte utilizado foi o contrafilé (Longissimus dorsi), as porções da carne foram selecionadas de
De acordo com o Regulamento técnico de boas
forma aleatória, retiradas de várias regiões da peça
práticas para serviços de alimentação (2004) e com os
(superfície, centro e lados), sem grandes vasos,
requisitos de boas práticas higiênico-sanitárias e
ossos, tecido adiposo, pele e aponeurose. Ao
controles operacionais essenciais (2008), a qualidade
chegarem
dos
consumo
submetidas imediatamente às determinações físico-
primeiramente está relacionada com as condições
químicas, segundo metodologia preconizada pelo
sanitárias do produto, devendo ser inspecionada e
Laboratório Nacional de Referência Animal (BRASIL,
alimentos
finalizados
para
o
aprovada na recepção, seguindo o preconizado pelas normas técnicas e legislação nesse quesito.
Considerando
a
importância
da
aplicação
de
temperaturas ideais a fim de fornecer um produto seguro e de qualidade ao consumidor o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade das carcaças e cortes cárneos in natura comercializadas em supermercados da cidade de Pires do Rio - GO em função das condições de temperatura interna e no
comercialização
processo por
de
métodos
recebimento analíticos
e
físico-
químicos e aplicação de checklist, além de analisar a influência destes sobre a qualidade final do produto oferecido. 8675
laboratório,
pH
as
amostras
foi aferido através
foram
de método
potenciométrico, utilizando pHmetro calibrado com
medidas higiênico-sanitárias e da conservação em
superficial
1981). O
ao
as soluções tampão de pH 4,0 e 7,0 e para isso, foram homogeneizados 50 g de cada amostra com 10 mL de água destilada deionizada, e o eletrodo do equipamento foi mergulhado nos beckers contendo as amostras, para realização das leituras (Figura 1). Para a prova de filtração foram colocadas 10 g de cada uma das amostras em frasco Erlenmeyer e adicionados
100
mL
de
água
destilada.
Posteriormente, cada mistura obtida passou por agitação vigorosa durante 15 minutos em agitador, sendo a seguir levada para filtração em papel de filtro Whatman n°1, cronometrando-se o tempo. Para
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Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem
a pesquisa de amônia pela avaliação de Éber,
análises
estatísticas
foram
realizadas
com
o
preparou-se a solução de Éber em um balão de 250
programa R (R Core Team, 2018) de computação.
mL adicionando 50 mL de ácido clorídrico e 150 mL de álcool, completando o volume total do balão com
Durante as avaliações de temperatura e coleta de
éter. Em um tubo de ensaio de 25 ml adicionou-se 5
amostras foi realizado em cada estabelecimento um
ml do reagente obtido e fixou-se um fragmento da
checklist elaborado a partir da Resolução RDC nº
amostra em um arame tipo anzol preso a uma rolha
216, de 15 de setembro de 2004 preconizado da
de cortiça, o arame era então, introduzido no tubo de
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
modo que a amostra não tocasse as paredes do tubo
Foram então observadas e anotadas informações
nem a superfície da solução como preconizado.
relativas
Caso ocorresse o aparecimento da fumaça branca, é
funcionários do caminhão, dos açougues e das
demonstrativo de amostras positivas devido à reação
condições
entre o reagente e a amônia liberada da carne
analisados os aspectos gerais quanto à limpeza do
decorrente da degradação de aminoácidos sendo
caminhão que entregava as carcaças para os
indicativo de início de decomposição da mesma.
estabelecimentos, condições de higiene pessoal e
Para a execução de todas as atividades descritas,
utilização de equipamentos de segurança de seus
houve um treinamento prévio para preparo correto
funcionários, além da observação de atividades
das soluções e manipulação dos equipamentos,
paralelas dos mesmos enquanto realizavam as
além de extensa revisão de literatura e estudo das
entregas. Foi avaliada também, a limpeza do local de
técnicas de análise a serem realizadas.
armazenamento das carcaças, além das condições
às de
características estocagem
das
sanitárias carnes.
dos Foram
de temperatura, vestimenta dos açougueiros, higiene Figura 1. Leitura do pH utilizando-se o pH-metro,
pessoal e utilização de equipamentos de proteção
pesquisa de amônia pela avaliação de Éber e prova
individual. Para obtenção de informações adicionais,
de filtração, respectivamente, de uma das amostras
foi questionado diretamente aos funcionários se
de carne
recebiam treinamento prévio para executarem suas tarefas preconizando medidas higiênico sanitárias e que oferecessem maior segurança alimentar para o mercado consumidor. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o monitoramento da temperatura interna verificou-se que os valores obtidos para as carcaças em ambos os períodos analisados se enquadraram no preconizado pela portaria nº 304/96 (BRASIL,
Fonte: Elaborada pelos autores, 2018.
1996) que determina que os estabelecimentos de
Os dados da temperatura interna das carcaças (TIC)
abate de bovinos somente poderão entregar carnes
e de cortes cárneos após 24 horas (TICn) e da
para comercialização com temperatura de até 7ºC
temperatura superficial das carcaças (TSC) e de
(Figura 1). Já no período quente e úmido as
cortes
são
carcaças apresentaram temperatura superior ao
um
exigido.
cárneos
provenientes
após
de
delineamento
um
24
horas
(TSCn)
experimento
inteiramente
com
casualizado
(DIC), parcelas
As amostras dos cortes cárneos após 24 horas
subdividida no tempo (3 tratamentos x 2 períodos).
expostas no balcão para comercialização entre os
Testou-se a normalidade pelo teste de Shapiro e a
meses de Abril a Junho apresentaram resultados
homogeneidade de variâncias pelo teste de Bartlett,
próximos a 7°C (Tabela 1). Para o período entre
visto que tais dados atenderam as pressuposições
Setembro e Novembro, as amostras apresentaram
da análise de variância, aplicou-se o teste de
valores maiores em relação ao período anterior
Student-Newman-Keuls a 5% de significância para
analisado quanto à temperatura interna (Tabela1).
comparações múltiplas entre as médias. Todas as
As temperaturas superficiais dos cortes cárneos após
constituído
de
um
esquema
com
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24 horas em ambas as estações também não se
tabelecimento A, apresentaram tempo de filtração
enquadraram no exigido pela legislação sendo
superior a 10 minutos indicando prováveis alterações
considerados inadequados visto que temperaturas
físico- químicas, além de uma coloração escura. As
acima de 7°C, em balcões de resfriamento, podem
amostras dos estabelecimentos B e C se mantiveram
permitir
na faixa de classificação entre fresca e de média
o
deteriorantes
desenvolvimento e
de
patogênicos
microrganismos alimentos,
conservação filtrando em até 6 minutos no máximo,
colocando em risco a segurança dos produtos e sua
nos
apresentando coloração clara quando comparadas
vida-útil (MACÊDO, et al., 2000; MENDES et al.,
com as amostras do estabelecimento A. Para as
2001).
análises realizadas na estação seca e fria, as amostras
apresentaram
filtração
dentro
do
Tabela 1. Comparações múltiplas entre médias de 3
preconizado para carnes frescas, não ultrapassando
tratamentos em dois períodos distintos
5 minutos, podendo a temperatura ambiente mais amena desse período ter influenciado de forma positiva em sua conservação. Os valores de pH obtidos (Tabela 2) oscilaram, porém, se aproximando do ideal tanto para as carcaças quanto para as carnes após 24 horas da desossa e já expostas no balcão, corroborando com Terra (2005) que classificou a carne como boa para o consumo quando esta apresenta pH médio entre 5,8 a 6,2 e apenas para consumo imediato quando o pH estava acima de 6,4. Tabela 2. Comparações múltiplas entre médias de 3 tratamentos em dois períodos distintos
*TIC: Temperatura interna da carcaça; TICn: Temperatura interna da carne após 24 h; TSC: Temperatura superficial da carcaça; TSCn: Temperatura superficial da carne após 24 h. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5% de significância. Fonte: Elaborado pelos autores.
A prova de Éber que avalia o estado de conservação da carne por meio do aparecimento de fumaça branca indicadora de que o produto encontra-se em início de decomposição, devido a reação com a amônia
liberada
apresentou
na
resultado
degradação negativo
para
da
carne,
todas
as
amostras nos dois períodos analisados. Quanto à
*CpH: pH da carcaça; CnpH: pH carne 24 h; PF. C: Prova de filtração carcaça; PF. Cn: Prova de filtração carne 24h. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha
prova de Filtração considerou-se a classificação da
não se diferem pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5% de significância. Fonte: Elaborado pelos autores.
carne de acordo com o tempo de filtragem para
Portanto,
ambos os períodos de Setembro à Novembro e Abril
apresentaram aptas para o consumo sugerindo
à Junho (Tabela 2). As amostras das carcaças
menor risco de contaminação microbiana, pois o
apresentaram-se entre frescas ou com média
crescimento microbiano em carnes, embora seja
conservação filtrando em até 5 minutos. Os cortes
possível em uma ampla faixa de pH, ocorre
após 24 horas de expostos nos balcões durante a
principalmente
estação quente e úmida do ano apresentaram
neutralidade, dependendo de cuidados no período
diferentes resultados, sendo que as amostras do es-
que antecedem ao sacrifício, descanso, jejum e
8677
no
presente
em
pH
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estudo
7,0
as
ou
carnes
próximo
se
da
Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem
que as carnes eram submetidas a temperatura em
estresse (Pardi et al., 1995).
torno de 3,1°C, porém, os valores obtidos nas O checklist foi aplicado nas coletas das amostras
aferições foram superiores a 7°C. O funcionamento
tanto das carcaças quanto dos cortes cárneos 24
de
horas após a desossa e expostos no balcão. Foram
permitido pela legislação é uma prática comum em
observados aspectos higiênico-sanitários como a
diversos estabelecimentos no país constatado por
utilização de uniforme, equipamentos de proteção
Porte et al. (2003).
refrigeradores
em
temperaturas
acima
do
individual, condições dos locais de armazenamento, do caminhão e dos funcionários no ato da entrega
Quadro
das carcaças aos estabelecimentos (Quadro 1). Foi
Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004
possível identificar que os caminhões de entrega das
preconizado da Agência Nacional de Vigilância
carcaças in natura não possuíam refrigeração,
Sanitária e aplicados nos três estabelecimentos
propiciando
o
aumento
da
temperatura
e
favorecendo a proliferação de microrganismos. Os funcionários dos caminhões utilizavam uniformes brancos e bota branca, porém no decorrer das atividades eles se apresentavam sujos, situação agravada ainda mais pela falta dos aventais. Em
relação
às
instalações,
apenas
o
estabelecimento B possuía exaustor que mantinha o ambiente mais arejado e sistema de higienização de mãos, com lavatório, sabão e papel toalha sendo estes, essenciais para garantir a higiene durante as atividades e inclusive é preconizado pela Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Os três estabelecimentos
quando
observados
estavam
sendo lavados, os balcões bem higienizados, porém, o uso de luvas de aço foi observado na sala de desossa em apenas um dos estabelecimentos (supermercado A) e durante o atendimento ao consumidor nenhum açougueiro utilizava luvas de aço. Em todos os estabelecimentos os funcionários estavam de uniforme branco, touca, bota branca, com unhas e cabelos aparados e sem adornos. Quanto às condições de estocagem das carnes, no estabelecimento A elas ficavam penduradas em uma sala com a temperatura em torno de 13 °C durante todo o processo de desossa e cortes, e ocorria entrada e saída contínua dos açougueiros. Na tabela 1 é possível verificar a influência dessa condição de estocagem, sendo esta inadequada, pois, segundo a Portaria n°304 de 22/04/1996 do Ministério da Agricultura
(BRASIL,
1996)
são
exigidos
a
preservação das carnes no varejo até 7°C, a fim de promover maior segurança ao mercado consumidor. Nos estabelecimentos B e C os funcionários alegaram
1.
CheckList
elaborado
Check List
a
partir
da
Check List
C-conformidade NC-Não Conformidade NA-Não Aplicável NONão observado 1. Aspectos gerais do caminhão (limpeza): 2. Vestimenta dos funcionários do caminhão: Uniforme: Cor: Limpeza: Botas: 3. Higiene Pessoal dos funcionários do caminhão: Cabelo: Barba e bigode: Unhas: Adornos: Lavagem das mãos: 4. Utilização de EPITouca: Avental: Uso de luva: (luva de malha de aço): Botas: 5. Atividade exclusiva de descarga: 6. Limpeza do local de armazenamento das carcaçasChão: Bancada: Limpeza e higiene do local: Presença de sabão liquido antiséptico e papel toalha no setor: Armazenagem refrigerada de acordo com as normas: 7. Vestimenta dos funcionários do supermercadoUniforme: Cor: Adornos: Limpeza:
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BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Calçado: 8. Higiene Pessoal dos funcionários do supermercado e uso de EPI Cabelo: Barba e bigode: Unhas: Lavagem das mãos: Touca: Avental: Luvas: 9. Setor organizado e limpo. (Piso, parede, câmaras, equipamentos): 10. Temperaturas ideais (balcões. Ilhas e câmaras):
Abastecimento, Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária Laboratório Nacional de Referência Animal:
Analíticos
Oficiais
para
Controle de Produtos de Origem Animal e seus ingredientes. Brasília, DF, 1981. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n.304, de 22 de abril de 1996. Estabelece critérios para introdução de modificações nas atividades de distribuição e comercialização de carne bovina, bubalina e suína, visando à saúde do consumidor. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,DF, 23 abr. 1996. Seção 01, p. 6856, 1996.
Fonte: Elaborado pelos autores
MACÊDO, J. A. B.; AMORIM, J. M.; LIMA, D.C.;
CONCLUSÃO As
Métodos
SILVA,
temperaturas
internas
das
carcaças
se
enquadraram no preconizado pela portaria nº 304/96 (BRASIL, 1996) nos dois períodos analisados ao
P.
M.;
VAZ,
U.
P.
Avaliação
da
temperatura de refrigeração nas gôndolas de exposição
de
derivados
lácteos
em
contrário dos cortes cárneos após 24 horas de
supermercados da região de Juiz de Fora/MG. Revista Leite e Derivados, n. 53, p.20-30, 2000.
exposição no balcão para comercialização que
MENDES, A. C. R.; SANTANA NETA, F. G.; COSTA,
apresentaram temperaturas internas superiores a
D.
7°C na estação quente e úmida. A temperatura
comercialização
superficial
período
supermercados da cidade de Salvador/BA. Rev.
compreendido entre Setembro e Novembro foi
Higiene Alimentar, São Paulo, v15 n83, p 58-62,
superior ao permitido pela legislação. Com relação
2001.
aos
para
cortes
as
cárneos,
carcaças
também
no
foi
observado
S.;
MESQUITA,
ALMEIDA,
D.
J.
de
O.
M
F.
cortes
;
Condições
de
cárneos
em
VALENTE
,
P.
T;
temperaturas acima do permitido pela legislação
ZIMMERMANN, M. A; FRIES, M. L. L; TERRA, N.
vigente.
N. Qualidade físico-química da carne bovina in
Os valores inadequados obtidos podem influenciar
natura aprovada na recepção de restaurante industrial. Vigilância Sanitária em Debate:
negativamente a qualidade do produto, tornando evidente a necessidade dos estabelecimentos em respeitar e cumprir a legislação. A não conformidade de alguns quesitos higiênicossanitários constatados nos estabelecimentos e no ato da entrega das carcaças bovinas através da aplicação do checklist pode acarretar em maior risco de contaminação das carnes diminuindo a qualidade das mesmas, podendo comprometer a saúde do mercado consumidor.
sanitárias
e
Sanitária. (2004). Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial da União. 16 set 2004. MUCCIOLO,
P.
Carnes:
boas
práticas
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operacionais
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Higiênico-Sanitário Organizacionais
para
Manual e
de
Controle Aspectos
Supermercados
de
Pequeno e Médio Porte. São Paulo: Metha, 154p., 1999.
8679
estabelecimentos
H. S. Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne,
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15635:2008. Serviços de alimentação: de
3, p. 103-108, 2014. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância
PARDI, M. C., SANTOS, I. F.; SOUZA, E. R.; PARDI,
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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8674-8680, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006
Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem
PORTE, A. LEITE, M. O.; TONG, P.; SOUZA, E. B.;
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Monitoramento
2005.
refrigerados
de
carnes
expostos
e
à
derivados
venda
em
supermercados sul fluminenses. Saúde Rev., Piracicaba, v. 5, n.9, p.39-46, 2003. R Core Team R: A language and environment for statistical computing, R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Áustria, 2017. Disponível em:< http://www, R-project,org/>. Acesso em: 02 de junho de 2018.
.
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8680
Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação
Revista Eletrônica
foliar Cactáceas, pecuária, polímero, semiárido, ruminantes.
Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
*
Sueni Medeiros do Nascimento¹ Emerson Moreira de Aguiar² Guilherme Ferreira da Costa Lima³ Luciano Patto Novaes² 4 Pablo Ramon da Costa ¹Zootecnista, mestra em produção animal, UFRN - campus Macaíba. *E-mail: sueni_tec@hotmail.com ²Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, RN 160 Km 03 - Distrito de Jundiaí - Macaíba/RN, CEP: 59280-000. ³Pesquisador da EMBRAPA/Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte 4 Discente do curso de agronomia, bolsista do Laboratório de Nutrição Animal da UFRN.
RESUMO A palma forrageira possui múltiplos usos, porém na região semiárida do Brasil sua principal finalidade é servir de suporte forrageiro na alimentação de ruminantes. A maior área cultivada com a palma forrageira do mundo encontra-se nessa região. Neste contexto, surgem novos estudos que abrangem o manejo
da
cultura
visando
à
ampliação
da
produtividade. Haja vista que no semiárido brasileiro a atividade pecuária apresenta uma fonte de renda importante para o agropecuarista. Atualmente, as técnicas de manejo utilizadas na cultura da cactácea envolvem o adensamento, a adubação, a irrigação e o controle fitossanitário. Entretanto, a disponibilidade de água nessa região é limitada e o uso do hidrogel agrícola
torna-se
uma
alternativa.
O
uso
complementar da adubação foliar é outra técnica alternativa de manejo que visa o aumento no rendimento produtivo. Objetivou-se com esta revisão de literatura destacar os aspectos gerais da palma forrageira e ressaltar as duas alternativas de manejo contemplando o uso da irrigação e da adubação. Assim, enfatizando o uso do hidrogel agrícola e a adubação foliar. Palavras-chave:
cactáceas,
semiárido, ruminantes.
8681
pecuária,
polímero,
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
GENERAL ASPECTS OF CACTUS PEAR AND ALTERNATIVE MANAGEMENT: AN ASSOCIATION OF AGRICULTURAL HYDROGEL AND FOLIAR FERTILIZATION: LITERATURE REVIEW ABSTRACT Cactus Pear has multiple uses, but in the semi-arid region of Brazil its main purpose is to provide forage support in ruminant feeding. The largest forage palm cultivated area in the world is in this region. In this context, there are new studies that cover the management of the crop aiming to increase productivity. Considering that in the Brazilian semiarid, livestock activity presents an important source of income for the farmer. Currently, the management techniques used in cactaceae cultivation involve the densification, fertilization, irrigation and phytosanitary control. However, water availability in this region is limited and the use of agricultural hydrogel becomes an alternative. The complementary use of foliar fertilization is another alternative management technique that aims to increase yield. The aim of this literature review was to highlight the general aspects of forage palm and highlight the two management alternatives contemplating the use of irrigation and fertilization. Thus, emphasizing the use of agricultural hydrogel and foliar fertilization. Keyword: cactus, livestock, polymer, ruminants.
semiarid,
Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar
INTRODUÇÃO
de grande volume de água que varia de 10% até
A região semiárida do Brasil enfrenta as condições
centenas de vezes o seu volume do peso quando
de escassez de água e altas temperaturas, a
seco,
escolha da planta forrageira a ser cultivada como
gradativamente.
de
maneira
a
liberar
às
plantas
base para a alimentação do rebanho torna-se um aspecto muito relevante quando se visa alcançar a
Objetivou-se com esta revisão de literatura destacar
viabilidade econômica do sistema de produção.
os aspectos gerais da palma forrageira e ressaltar as duas alternativas de manejo para o uso da irrigação
Considerando
que
a
atividade
agropecuária
apresenta uma grande importância econômica para os produtores rurais da região
e da adubação. Assim, destacando o uso do hidrogel agrícola e da adubação foliar.
semiárida do
Nordeste do Brasil é necessário cultivar plantas
Caracterização
produtivas e adaptadas para estabelecer o suporte
aspectos gerais da palma forrageira
forrageiro do rebanho.
O semiárido nordestino estende-se por 1,03 milhão de
km²
do
semiárido
apresentando
nordestino
condições
e
climáticas
É importante ressaltar que, objetivando ampliar o
caracterizadas por períodos secos e precipitações
rendimento produtivo da palma forrageira torna-se
pluviométricas inferiores a 800 mm ao ano (BRASIL,
necessário a inserção do uso das técnicas de
2018). A insolação média é de aproximadamente
manejo
o
2.800 horas ao ano, as temperaturas médias anuais
adensamento, a escolha da variedade e a inspeção
variam de 23ºC a 27 ºC, evaporação de 2.000 mm
fitossanitária. Porém, observa-se que na região
ao ano
semiárida a água é um fator limitante por apresentar
ocorrência de grande irregularidade na distribuição
disponibilidade reduzida, assim dificultando o uso da
das chuvas (MOURA et al., 2007).
como:
a
irrigação,
a
adubação,
-1
e 50% de umidade relativa do ar, com
irrigação. A vegetação predominante na região semiárida do Neste contexto, são necessárias ao manejo da
Brasil é a Caatinga e, cobre a maior parte da área
cultura à inserção de técnicas que viabilizem e
com clima semiárido do país e, é um bioma
otimizem o aproveitamento de água da chuva ou que
exclusivamente brasileiro (ALMEIDA & SANTOS,
contribua com a redução do uso da irrigação na
2018).
região. A região é marcada pela imprevisibilidade da A
presente
práticas
estação chuvosa, tanto de forma temporal como
alternativas para as técnicas de manejo da palma
espacial. No entanto, a quantidade e a intensidade
forrageira adensada que já são conhecidas, dentre
da precipitação variam ano a ano, sendo os
elas: a adubação e a irrigação. As alternativas
principais gargalos impostos ao sertanejo, tornando-
contemplam o uso de fertilizantes aplicados via
se difícil a tomada de decisão sobre o uso da
foliar.
essa
caatinga e o início das atividades agrícolas. Dado o
metodologia de aplicação de fertilizantes, via foliar,
exposto, explorar as potencialidades do semiárido
promova vantagens na economia e na fixação dos
brasileiro de forma sustentável e economicamente
nutrientes com agilidade na parte aérea da planta.
viável exige a compreensão da dinâmica da
Assim como, promova a melhoria no rendimento da
natureza, e esta tem de ser conhecida e respeitada
forragem.
(ANDRADE et al., 2010).
Quanto ao uso da irrigação, por ser a água um fator
As
limitante deduz-se que ao usar o hidrogel agrícola
semiárido nordestino possuem grande importância
haverá a redução no uso da água da irrigação da
econômica. A produção animal por um longo período
palma forrageira ou melhora o aproveitamento da
de tempo teve como sustentáculo da alimentação do
água da chuva com o uso do produto. Sabendo-se
rebanho a vegetação caatinga. Entretanto, nas
que função do hidrogel é ocasionar uma absorção
últimas décadas tem-se observado um esforço para
Haja
revisão
vista
que,
destaca
duas
presume-se
que
atividades
agropecuárias
desenvolvidas
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8681-8698, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006
no
8682
Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar
se produzir o suporte forrageiro requerido pelo
Jaçanã, Serra de São Bento, Japi e Santa Cruz. Em
rebanho por meio de plantas forrageiras cultivadas
relação ao número de estabelecimentos que cultivam
(MOREIRA et al., 2007).
a palma por municípios no Estado do Rio Grande do Norte, destacam-se: Bento Fernandes (239), Sítio
A palma forrageira tem-se destacado nessa região,
Novo (167), João Câmara (160) e Tangará (142)
pois a sua principal função é servir de suporte
(IBGE, 2017).
forrageiro estratégico para a alimentação dos animais ruminantes. No Brasil encontra-se a maior
Existem
2.000
espécies
de
palma
forrageira
área cultivada com palma forrageira do mundo
pertencentes a 178 gêneros, entretanto dois destes,
(SANTOS, et al., 2011).
Opuntia e Nopalea são os mais utilizados como forragem e as espécies de palma Gigante - Opuntia
A cactácea é cultivada em diversos continentes do
fícus-indica (L.) Mill e a palma Miúda - Nopalea
mundo e utilizada para diferentes fins, entre os quais
cochenilifera (L.) Salm Dyck são as mais cultivadas
se destacam: I. Planta hospedeira do inseto
(MARQUES et al., 2017).
Dactylopius coccus Costa,
produtor
do
corante
carmim; II. Frutífera e hortaliça; III. Culinária,
Atualmente as variedades da palma Orelha de
produção de bebidas; IV. Planta forrageira, V.
Elefante
Proteção do solo e produção de biogás, cosméticos,
(Nopalea cochenillifera) e Ipa-Sertânia (Nopalea sp)
entre
vem ganhando destaque no cultivo, entre os
outros
(BARBERA,
2001;
LEITE,
2006;
SANTOS et al., 2013).
Mexicana
(Opuntia stricta Haw),
Miúda
agropecuaristas, pois apresentam tolerância à praga da
Cochonilha-do-carmim
(Dactylopius
opuntiae
Essa forrageira tem se destacado na produção de
Cockerell) que dizimou grandes áreas de cultivos da
forragem em sistemas de produção pecuária do
palma
semiárido brasileiro, devido a sua adaptabilidade à
(VASCONCELOS et al., 2009; LOPES et al., 2010).
elevada
restrição
características
hídrica,
morfofisiológicas
por que
Gigante
(Opuntia
fícus-indica)
apresentar a
tornam
Aspectos morfofisiológicos da palma forrageira
apropriada para essa região, constituindo-se numa
A cactácea apresenta propriedades fisiológicas que
das mais importantes bases da alimentação para os
permitem suportar grandes períodos de escassez de
ruminantes (GALVÃO JR. et al., 2014).
chuva
e
possui
metabolismo
fotossintético,
designado
como
Metabolismo
Ácido
das
O potencial produtivo da planta varia de acordo com
Crassuláceas – CAM. Há na sua constituição
o melhoramento genético e a condição de manejo
algumas
praticada, se em condições de sequeiro ou irrigada.
apresentam adaptações ao ambiente com baixa
Produtividades variam de 200 a 400 toneladas de
disponibilidade hídrica, tais como; a presença de
matéria verde por hectare ao ano, ou 20 a 40
tricomas e estômatos profundos, no interior de
toneladas de matéria seca por hectare, oferecendo
criptas formadas por camadas de cutinas sobre a
uma grande contribuição ao desenvolvimento da
epiderme (SANTOS et al., 2006 e SANTOS et al.,
atividade pecuária no Nordeste (SANTOS et al.,
2010 ).
estruturas
morfoanatômicas
que
2010). A palma Opuntia ficus-indica apresenta cerca de 15 A produção de palma forrageira no Brasil é de
a 35 estômatos por mm² que são estruturas celulares
3.581.469,148
126.925
que possuem a função de realizar trocas gasosas
maiores
entre a planta e o meio ambiente. Os estômatos na
produções em ordem decrescente são, Bahia,
palma forrageira apresentam-se uniformemente de
Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Rio Grande
ambos
do Norte e Ceará (IBGE, 2017).
(SUDZUKI-HILLS, 2001).
O Estado do Rio Grande do Norte produziu
A abertura dos estômatos ocorre durante a noite
83.433,385 toneladas em 3.351 estabelecimentos,
para a absorção do CO 2, e essa característica
sendo os quatro municípios de destaque em volume,
contribui com a redução da perda de água para o
estabelecimentos.
8683
toneladas Os
estados
em com
os
lados
da
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superfície
do
cladódio
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ambiente. O CO2 absorvido durante a noite é
das raízes da cultura da palma que apresenta uma
armazenado temporariamente na forma de ácido
rede de raízes na camada superficial. Essas últimas
málico no vacúolo celular para, posteriormente, ser
possuem o papel de absorver água de chuvas leves
utilizado nas reações fotossintéticas do dia seguinte
e até do orvalho, e essas condições apresentam-se
(SANTOS et al., 2011).
como uma vantagem para as regiões semiáridas (MARQUES et al., 2017).
Diante disso, há uma grande economia de água, pois no metabolismo fotossintético das leguminosas
A cultura apresenta baixa exigência hídrica, porém
(C3) necessita-se de 700 a 800 kg de água para
em algumas localidades, a partir das condições
produzir 1 kg de matéria seca, as gramíneas (C4)
naturais do semiárido há perda excessiva de água,
necessitam de 250 a 359 kg de água por kg de
baixa umidade, alta evapotranspiração, déficit hídrico
matéria
se
e elevadas temperaturas durante a noite. Assim,
apresentam muito eficientes, pois para produzir 1 kg
seca
produzida.
As
cactáceas
contribuem para acarretar a murcha severa ou até a
de matéria seca necessitam de 100 a 150 kg de
morte das plantas (LIMA et al., 2015). De acordo
água (LARCHER, 1986).
com Nobel (2001) a captação atmosférica máxima
Essa eficiência expressa à capacidade de produção de biomassa por uma determinada cultura, sob
diária de CO2 na palma forrageira ocorre quando a temperatura do ar durante o dia apresenta 25º C e a noturna 15ºC.
determinado consumo de água ou volume aplicado, sendo esse indicador influenciado pela fase de
A disponibilidade de água para a cultura torna-se
crescimento e disponibilidade hídrica (COSTA et al.,
muito importante, contudo, os efeitos integrados dos
2012; PEREIRA et al., 2012; RIZZA et al., 2012).
princípios meteorológicos e a disponibilidade hídrica sobre os cladódios podem ser notados com as
O
sistema
radicular
da
palma
forrageira
é
responsável pela absorção de água e nutrientes. Segundo Vega et al. (2005) esse sistema é
variações na sua emissão, enrugamento, tamanho, hidratação de tecidos, entre outros (QUEIROZ et al., 2015).
composto por raízes carnosas e superficiais com uma distribuição horizontal que irá depender do solo
De
e do manejo da cultura. De acordo com Sudzuki-Hills
disponibilidade de água pode levar a deficiência
(2001) existem quatro tipos de raízes na palma
hídrica nos tecidos vegetais, associada a outros
forrageira: as estruturais, as absorventes, em
fatores relacionados à absorção e transporte de
esporão e as desenvolvidas de aréolas. Todavia, em
água nas células. Os órgãos que apresentam
todos os tipos de solos, as raízes absorventes
maiores
atingem uma profundidade máxima de 30 cm e uma
potencial de adaptação ao estresse hídrico. Porém é
dispersão de 4 a 8 cm.
necessário
acordo
com
reservas
Leite
(2009)
também
perceber
que
uma
apresentam a
menor
maior
maximização
do
comprimento e largura médios do cladódio ocorre Há uma interligação nos sistemas radiculares dos vegetais
que
são
altamente
conectados
nos
próximo aos 300 dias, (FARIAS et al., 2015; PEIXOTO, 2009).
horizontes do solo A e B, indicando que a competição pela água e nutrientes do solo é intensa
Para
(OLIVEIRA et al., 2010). As funções primárias são
vegetativo das plantas está relacionado ao conteúdo
de fixação, absorção, condução de água e nutrientes
de água disponível e as condições de disponibilidade
do solo, assim como, armazenamento, síntese de
de nutrientes para a planta, pois os principais
reguladores
e
processos bioquímicos e fisiológicos necessitam de
dispersão, então tida como funções secundárias
água para ocorrer, como é o caso da fotossíntese,
(OLIVEIRA et al., 2010, VEGA et al., 2005).
respiração, transpiração e absorção dos nutrientes.
Faz-se necessário destacar a função do sistema
Estudo realizado em condições de sequeiro no
radicular da planta e, principalmente, as características
semiárido brasileiro contemplou as variedades IPA-
de
crescimento,
propagação
Donato et
al. (2017)
o
desenvolvimento
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8684
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Sertânia, Miúda e Orelha de Elefante Mexicana.
de nutrientes no solo, viando alcançar um
Foram avaliados os indicadores de eficiência do uso
significativo
da água e de nutrientes. As variedades da palma
produtivo (NASCIMENTO et al., 2013).
desenvolvimento
estrutural
e
forrageira Orelha de Elefante Mexicana e a IPA Sertânia se destacaram em relação à eficiência do
Visa-se com o aumento da produtividade atender
uso da água considerando a produção de matéria
as
fresca. Todavia, as variedades apresentaram quanto
minimizar
à matéria seca, a mesma eficiência de uso da água,
principalmente, em períodos de escassez de
tanto em termos de água precipitada quanto de água
chuvas. Contudo, atualmente a palma forrageira
evapotranspirada (SILVA et al., 2014).
tem sido utilizada em período integral durante o
exigências
nutricionais
o
dos
fornecimento
animais de
e
água,
ano (CAVALCANTE et al., 2014). A palma forrageira destaca-se na região semiárida por apresentar adaptabilidade à elevada restrição
A obtenção de elevadas produtividades da palma
hídrica, pois possui mecanismos morfofisiológicos
forrageira ou manutenção desta, ao longo dos
que possibilitam a absorção da água da chuva mais
sucessivos cortes, necessita considerar aspectos
passageira,
sua
como correção do solo, adubação, técnicas de
evaporação ao mínimo (ARAÚJO, 2009). Ainda
plantio adequado, controle de plantas invasoras e
apresenta
além alta
da
diminuição se
manejada
manejo correto de colheita, além da inserção de
para
que seja
cultivar melhorada nos plantios (FARIAS et al.,
produtividade,
corretamente, e isso contribui
da
largamente difundida no Nordeste.
2005).
Atualmente, busca-se maximizar a produtividade da
Porém, para Silva et al. (2014) incluem-se aos
planta, através da inserção de técnicas de manejo.
vários os fatores que podem influenciar na
Tendo
de
produtividade da palma forrageira, a fertilidade do
aproximadamente 100.000 ha de cultivo da palma
solo, pluviosidade, densidade de plantio, vigor
Gigante, Opuntia ficus indica, sendo considerada a
das mudas e ataque de pragas e doenças.
em
vista
que
houve
dizimação
variedade tradicional na região semiárida. Neste contexto, houve necessidade de substituição dessa, por variedades tolerantes à praga Cochonilha-doCarmim, (Dactylopius Opuntiae)
(LOPES et al.,
2010).
Em decorrência do elevado potencial de produção de fitomassa da cultura ocorre um aumento na extração de nutrientes do solo, principalmente, onde há uso da técnica de adensamento, que propõe ampliar o número de plantas por área de
Quanto à inserção de técnicas, a irrigação tem sido
plantio. Torna-se necessário um programa de
utilizada para aumentar a produtividade da palma
adubação, pois a sustentabilidade dos sistemas
forrageira, utilizando quantidades mínimas de água
de produção de palma diminuiria ao longo do
(LIMA et al., 2015). Essa técnica de irrigação
tempo, devido, a redução na fertilidade dos solos
associada ao adensamento minimiza o impacto das
(LEITE, 2009).
condições destacam-se
climáticas como
desfavoráveis.
possíveis
Assim,
alternativas
para
favorecer o aumento no rendimento da palma forrageira nessa região (DANTAS et al., 2017).
O conhecimento da exigência nutricional da palma forrageira é fundamental, pois a produção colhida é toda exportada, e se, não houver reposição dos nutrientes, ao longo do tempo, a
Manejo da palma forrageira visando o aumento
produtividade
da produtividade
prejuízos ao sistema de produção.
Diante da importância apresentada da cactácea para a alimentação animal, faz-se necessário uma melhor compreensão sobre a implantação da cultura, e formas
de
manejo
que
visem
aumentar
a
produtividade. Entretanto, como as demais culturas,a palma necessita de manejo adequado e reposição 8685
tende
a
diminuir
provocando
Sampaio (2005) destaca que a palma forrageira é uma cultura relativamente exigente quanto às características físicas e químicas do solo, de preferência necessitam ser cultivadas em solos que apresentem altos teores de cálcio, magnésio e pH próximo a 7,0.
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Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar
As adubações orgânicas e minerais são necessárias
na morfologia das plantas e, em condições de alto
para promover aumento de rendimento produtivo da
suprimento ocorrem maior crescimento e aumento
palma. Estudo realizado por Nascimento et al.
na área foliar (MARSCHNER, 2012).
(2013) avaliou as características estruturais da palma forrageira Orelha de Elefante Mexicana no
A adubação nitrogenada também atua com outras
sertão de Pernambuco. Ao longo do estudo a palma
moléculas
foi submetida a diferentes níveis de adubação
reguladores da fotossíntese, participa no estímulo à
orgânica com 0, 10, 20 e 30 toneladas por hectare
divisão celular e no surgimento de novos cladódios
ao ano do adubo orgânico, e 0, 120, 240 e 360 kg
(CUNHA et al., 2012).
ha¹ ao ano de nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente. As características estruturais da palma sofreram influência dos sistemas de cultivo. Contudo, o nível 0 de adubação orgânica influenciou negativamente reduzindo a altura da planta e o perímetro do cladódio. A influência foi positiva para espessura e perímetro das raquetes que receberam maiores doses de adubação orgânica e mineral.
orgânicas,
e
é
um
dos
principais
A morfometria e acúmulo de biomassa da cv. Miúda sob diferentes doses de nitrogênio (0, 100, 200 e 300 kg ha¹) na forma de ureia foi estudada por Cunha et al. (2012). A adubação aplicada fracionada em três parcelas iguais a cada 30 dias em uma densidade de 40.000 plantas ha¹ apresentou aumento no número de cladódios para as doses crescentes do N fornecido. Ainda assim, houve semelhança nas
Quanto à adubação orgânica, sua adição no solo
características morfométricas de volume, espessura,
aumenta a matéria orgânica que promove a melhoria
largura e peso dos cladódios.
da
qualidade
(MALAVOLTA,
química, 2006;
física
SILVA
&
e
biológica
LOPES
2012;
DONATO, 2011).
A
adubação
nitrogenada
influencia
nas
características morfológicas dos cladódios, porém, o crescimento
vegetativo
da
palma
forrageira
é
Esse tipo de adubação ao ser utilizada na palma
expresso em número de cladódios por planta, altura
forrageira promove uma boa resposta no aumento
e arquitetura da planta, comprimento e largura de
da produtividade. A recomendação para os plantios
cladódios (FARIAS et al., 2015).
-1
mais adensados é de utilizar no mínimo 20 t ha de esterco a cada dois anos (FARIAS et al., 2000).
O uso do NPK promove o aumento no teor de proteína bruta da planta, todavia depende da
No estado da Bahia, Donato et al. (2014) avaliaram
quantidade do fertilizante fornecido (COUTINHO,
a adubação orgânica utilizando esterco bovino em
2014).
dosagens crescentes, e observaram que houve um aumento no valor nutritivo da forragem, a medida em que ocorria o aumento da aplicação do esterco em t -1
ha .
notadamente
quando
cultivada
em
populações
adensadas (40.000 plantas por ha) e apresentando -1
teores de P no solo (Mehlich ) abaixo de 10 mg dm
No entanto, em estudo realizado por Coutinho (2014) foi demonstrado que a quantidade de nutrientes
A palma apresenta resposta à adubação fosfatada,
utilizada
nas
adubações
promoveu
apenas pequenas alterações na produção da palma forrageira, mas a adição de adubos minerais como o nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) promoveu
-3
(DUBEUX JR et al., 2006). Menezes et al. (2005) trabalhando com palma forrageira no Nordeste destacaram que os níveis de P e de K retirados do solo são os fatores que mais apresentaram correlação com a produtividade.
aumento no teor de proteína da planta, o que
O nível de adubação é um fator determinante na
resultou em melhoria na qualidade nutricional da
produção de matéria verde, tendo em vista que a
cactácea.
deficiência de fósforo apresenta efeitos negativos no
O nitrogênio (N) é um dos elementos utilizados nas adubações e possui a função de promover alterações
crescimento da palma Gigante (TELES et al., 2002). Todavia, Nobel (2005) afirma que os cinco nutrientes
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8686
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do solo que aparentam exercer maior efeito sobre o
2012).
desempenho das cactáceas são N, P, K, B e Na. As fontes alternativas de água como a da chuva, Visando manter o equilíbrio nutricional das plantas é
poços de baixa vazão e água de reuso, podem ser
necessário
suficientes para implementar a irrigação.
observar
a
disponibilidade
de
macronutrientes e micronutrientes presentes no solo para que as plantas consigam realizar a absorção.
Para o sucesso da irrigação, é fundamental levar em
Sabe-se que os micronutrientes são tão necessários
consideração
quanto os macronutrientes, tendo em vista que a sua
informações sobre a demanda atmosférica, do
carência
no
conteúdo de água presente no solo e da resistência
desenvolvimento da palma (DUBEUX JÚNIOR &
da planta quanto à perda de água para o ambiente
SANTOS, 2005).
(CAMPOS et al., 2008; SILVA et al., 2011).
pode
ocasionar
a
diminuição
que
há
uma
dependência
de
contribuir
No início dos anos 2000, a irrigação de forragens era
positivamente para que a planta expresse seu
uma tecnologia pouco utilizada no Brasil. Na região
potencial produtivo vão além da adubação. Se
Nordeste, apesar das condições climáticas serem
utilizadas de forma adequada à irrigação e o
propícias ao seu uso, à prática era quase inexistente.
adensamento também são indispensáveis para
As pesquisas ainda eram restritas e muitas foram
promover melhores rendimentos produtivos.
realizadas
As
práticas
de
manejo
que
visam
em
locais
que
não
apresentavam
condições climáticas que justificassem, até então, o Lima et al. (2015) indicam que ofertas mínimas de
seu investimento (REIS FILHO, 2012).
água fornecidas ao palmal poderão resultar em rendimentos médios de até 350 toneladas de
Aliada a irrigação, o adensamento de plantas
matéria verde por hectare, em cortes com frequência
apresenta grande relevância para o sistema de
anual com densidades de 50.000 plantas por
produção da palma. Estudo realizado por Cavalcante
hectare.
et al. (2014) deu destaque para a eficiência dessa técnica no plantio de palma forrageira, sendo
A adoção da irrigação por gotejamento utilizando de
considerada uma das práticas de manejo que
5,0 a 7,5 litros de água por metro linear a cada sete
também visa o aumento da produtividade da planta.
dias, ou 10,0 a 15,0 milímetros ao mês proporcionou aumento na produtividade da planta forrageira (LIMA
Ao adotar o sistema de adensamento nos cultivos de
et al., 2015).
palma na região semiárida, também se busca alcançar um melhor aproveitamento do tamanho das
Semelhantemente, Dantas (2015) e Dantas et al.
propriedades agrícolas. O investimento no sistema
(2017)
palma
de irrigação é justificado por essa associação da
ressaltam
forrageira
irrigada
que e
a
produção
adensada
no
de
semiárido
técnica de adensamento para que promova o
apresenta-se como uma atividade promissora e
aumento produtivo da planta em estabelecimentos
economicamente viável. Neste contexto, medidas
rurais que apresentem pequenas áreas (LEMOS,
tomadas como a inserção de técnicas de irrigação
2018).
visam melhorar as condições hídricas desfavoráveis podendo ser alternativas para o bom desempenho
Levando-se em consideração que a região Nordeste
da palma forrageira no nordeste.
apresenta maioria dos estabelecimentos de origem familiar e compreendendo como exemplo, o Estado
Embora, a utilização da irrigação da forrageira ainda seja incipiente no Nordeste, porém é uma técnica de elevada importância, em decorrência das limitações edafoclimáticas e hídricas existentes na região.
do Rio Grande do Norte que apresenta 63.411 estabelecimentos
agrícolas
distribuídos
em
2.697.019 hectare. Os dados apresentados pelo
Sabe-se que a região Nordeste possui apenas 3%
IBGE
da disponibilidade hídrica do Brasil e isso deve ser
estabelecimentos agrícolas com menos de 1 até 10
levado em consideração (VIDAL & EVANGELISTA,
hectare no Estado representam 29.976 ha. Pode-se
8687
(2017)
mostram
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que
o
total
de
Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar
inferir
dos
espaçamentos de 1,4 a 2,0 m entre as linhas de
estabelecimentos agrícolas estão ocupando apenas
que
aproximadamente
47%
plantio e 10 a 30 cm, entre plantas e recomendam
3,97% do tamanho da área total em hectares no Rio
para
Grande do Norte.
espaçamentos de 1,80 x 0,50 x 0,40 m para a palma
sistemas
em
fileiras
duplas
irrigadas
Orelha de Elefante. Os pesquisadores responsáveis O IBGE (2017) apontou aproximadamente 2,3
pelo estudo recomendaram o plantio mais adensado
milhões de estabelecimentos rurais no Semiárido,
para a palma Miúda e menos adensado para a
ocupando 70.643.037 milhões de hectare, dos quais
palma Orelha de Elefante Mexicana.
mais de 455 mil estabelecimentos apresentam área inferior a 1 hectare. Embora, outros 1.054.387
Conforme exemplos de densidades médias poderão
estabelecimentos rurais possuam área entre 2 e 10
ser adotados espaçamentos como 1,6 m x 0,25 m
hectares. Esses dados apresentados pelo IBGE
(25 mil plantas/ha) ou 1,4 m x 0,25 m (28,6 mil
indicam que mais de 1 milhão de estabelecimentos
plantas ha¹). Densidades maiores podem ser obtidas
são áreas de minifúndios inferior a 10 hectare.
nos espaçamentos 2,0 m x 0,10 cm, (50 mil plantas ha¹) ou 1,4 m x 0,10 m (71,4 mil plantas ha¹) (LIMA
Para tanto, as técnicas de irrigação e adensamento
et al., 2015).
executadas de forma simultânea nas pequenas áreas produtivas tendem a contribuir para promover
De acordo com Santos et al. (2006) quando se
e garantir a segurança alimentar do rebanho.
pretende fazer cortes a cada dois anos e se obter maior produção, pode-se optar por plantios em
Diante
do
exposto,
há
sulcos em espaçamento adensado de 1,0 x 0,25m,
condições de atender as necessidades nutricionais
isso demandará quantidade maior de adubação e
dos
capinas.
animais
com
percebe-se a
que
vegetação
não
caatinga
apresentando baixo desempenho produtivo. Para produzir
um
animal
semiárido
Há também a opção do plantio em fileiras duplas de
nordestino necessita-se de 12 a 15 hectares dessa
3,0 x 1,0 x 0,5 m, cultivada para fins de consórcio.
vegetação. A caatinga possui baixa capacidade de
Isso permite a associação de culturas de base
suporte que também é influenciada pelas condições
alimentar humana ou animal concomitantemente.
edafoclimáticas e a maioria das propriedades possui
Assim, tem-se a vantagem de possibilitar os tratos
tamanho
culturais com tração motorizada.
inferior
ao
ruminante
exigido
no
para
suprir
a
necessidade de um animal nesse bioma (ALVES et Estudos realizados por Silva et al. (2014) avaliando
al., 2015).
densidades
de
plantio
da
palma
forrageira
No que diz respeito à produtividade da palma
demonstraram resposta linear negativa ao aumento
forrageira,
das densidades de plantio para a característica
a
variedade
Miúda
respondeu
positivamente na densidade de até 80.000 plantas por
hectare,
apresentando
elevado
morfológica de comprimento médio dos cladódios.
potencial
produtivo de massa verde e seca por área (SILVA et
Silva
al., 2014).
comprimento dos cladódios em razão de um
et
al.
(2014)
justificam
a
redução
do
provável aumento da população de plantas. A palma Lima et al. (2015) apontam vários espaçamentos e
Miúda respondeu ao número de cladódios de forma
densidades que foram estudados e utilizados nos
quadrática ao aumento na densidade de plantio,
sistemas irrigados, assim como, em relação aos
enquanto que as palmas Redondas e Gigantes
plantios de médio adensamento com 20 a 60 mil
ajustaram-se de forma linear negativa ao aumento
plantas por hectare. Contudo, ao adotar esse
das densidades de plantio.
sistema deve-se analisar o custo com as raquetes sementes e observar a viabilidade econômica no sistema produtivo. Ainda de acordo com a pesquisa realizada por Lima et al. (2015) foram utilizados
Farias et al. (2000) observaram uma maior produção de artículos de palma forrageira no semiárido de Pernambuco com espaçamento de 2,0m x 1,0m e
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8688
Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar
Hidrogel na Agricultura
menor produção em 7,0m x 1,0m x 0,50m.
Os
polímeros
hidroabsorventes
também
No que diz respeito à colheita depende da definição
denominados de hidrorretentores, hidropolímeros, ou
da posição de corte, se vai ou não preservar os
hidrogéis são materiais produzidos artificialmente
cladódios primários ou de ordem superior (DONATO,
que são derivados do refino do petróleo e que se
2011).
constituem
Quanto a intensidade de corte Lima et al. (2015)
de
redes
poliméricas
hidrofílicas
tridimensionais (SANTONI et al., 2008).
pesquisando sobre a intensidade de corte das
Eles são capazes de promover uma absorção de
palmas destacou que ao preservar as raquetes
grande volume de água ou soluções úmidas que
secundárias houve melhor desempenho
produtivo
variam de 10% até centenas de vezes o seu volume
do que preservando apenas as raquetes primárias
do peso quando seco. A sua superfície porosa
ou deixando apenas a raquete mãe. A perda na
possui alta capacidade de distensão volumétrica
primeira
(NASSER et al., 2007; SILVA, 2007).
colheita
é
compensada
nos
cortes
posteriores, além de garantir maior longevidade ao O polímero conhecido como hidrogel constitui um
palmal.
grande avanço no desenvolvimento tecnológico
Aspectos nutricionais da palma forrageira
criado de forma que na agricultura seu uso prevê a
Diante da expansão do cultivo da palma forrageira e
associação com técnicas já existentes, contribuindo
dos estudos relacionados à sua composição química
com a melhoria na eficiência do produto (LIMA &
bromatológica
SOUZA, 2011).
independente
do
gênero
é
comprovado cientificamente que o alimento é rico em carboidratos não fibrosos (58,55 ± 8,13%) e carboidratos
não
estruturais
(47,9
±
1,9%).
Apresentam altos teores de cálcio (2% - 5,7% da MS), potássio (1,5% - 2,58% da MS), magnésio (1,3% - 1,7% da MS) e material mineral (12,04 ± 4,7%) (FERREIRA et al., 2006).
Mencionam-se a evolução e aprimoramento dos hidrogéis e destacam-se as funções do potencial agrícola
desses
internacional principalmente,
produtos.
traz
Porém,
significativos
quanto
às
a
literatura
progressos,
melhorias
das
características de retenção de água dos chamados géis superabsorventes e do poder biodegradável
De acordo com Ferreira et al. (2006) foram
desses polímeros. Leva-se em consideração que a
observados baixos teores de MS (11,69 + 2,56%),
maioria dos hidrogéis tradicionais ofertados no
PB (4.81 + 1,16%), fibra em detergente neutro (FDN)
mercado são produzidos à base de acrilatos, mas
(26,79 + 5,07%), fibra em detergente ácido (FDA)
não são biodegradáveis (MONTESANO et al., 2015).
(18,85 + 3,17%) e baixo teor de fósforo (0,1% - 0,6% da MS).
Os polímeros utilizados nas atividades agronômicas possuem a capacidade de promover um aporte que
Ainda destacando a composição nutricional da
visa minimizar o uso da água. Ao ser utilizado a
palma por variados pesquisadores, os nutrientes
irrigação associada a algumas culturas maximiza sua
digestíveis totais (NDT) são encontrados com
eficiência hídrica, pois possuem a capacidade de
aproximadamente 63% da matéria seca (FERREIRA,
reter água e disponibilizá-la gradualmente para as
2005; MELO et al., 2003).
raízes
das
plantas
mais
próximas.
Essas
características são capazes de promover vigor e É necessária a compressão que existe uma relação
crescimento das plantas pela aptidão do polímero de
correta do FDN: CNF para que o teor de água desta
condicionar o solo e por possibilitar melhorias nas
forrageira não cause qualquer tipo de distúrbio
condições
digestivo nos animais, podendo ser incluída na dieta
(CARVALHO, 2016).
físico-químicas
dos
mesmos
dos ruminantes, desde que seja utilizada em proporções adequadas e o seu uso esteja associado
Os hidrogéis à base de poliacrilamida surgiram na
a boas fontes de fibra efetiva e proteína (NETO et
década de 50 por meio de uma empresa americana.
al., 2015).
Décadas depois, especificamente nos anos 70, suas
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propriedades
de
melhoradas
por
retenção uma
de
água
empresa
foram
43,7% na área com o polímero e 55,1% na área
britânica
controle, havendo diferenças significativas entre si.
(MENDONÇA et al., 2013).
Constatando-se
que
o
hidrogel
promoveu
a
sobrevivência das espécies em classes de solo Ao longo das pesquisas foi sendo elevada sua
Latossolo.
capacidade de retenção de água de 20 para 400 vezes num processo gradativo. Contudo, a princípio
Os hidrogéis são comercializados em forma de pó,
o produto teve restrição de aceitação na área
em
agrícola como consequência do elevado custo, e
praticamente
escassez
fornecessem
agricultura, daí a recomendação é de que poderá ser
informações no que se refere às recomendações de
colocado diretamente sob o solo ou no substrato e,
uso e aplicação desses hidrogéis (WOFFORD JR. &
posteriormente, ser hidratado ou umedecido com
KOSKI, 1990).
água. O segundo método de aplicação é utilizando-
de
pesquisas
que
diferentes
granulometrias,
duas
formas
de
e
possuem
aplicação
na
se a forma hidratada ou empregada no sistema Houve uma avaliação da eficiência do polímero
radicular por imersão (NETO et al., 2017; DRANSKI
hidroabsorvente em estudo realizado por Lopes et
et al., 2013).
al.
(2007),
observando
a
correlação
entre
a
capacidade de inchamento dos hidrogéis (polímeros
Buzetto et al. (2002) avaliando a eficiência do
superabsorventes)
polímero
de
acordo
com
suas
adsorvente
a
base
de
acrilamida
características estruturais na presença de argila. Foi
relacionado ao crescimento de mudas de Eucalyptus
possível verificar que a maior capacidade de
urophylla, verificaram que não houve diferença sobre
absorção foi observada quando se utilizou baixa
o crescimento das plantas, tanto utilizando o
concentração do polímero.
polímero hidratado, quanto o seco.
Há variadas formas de aplicação dos polímeros e na
Gervásio & Frizzone (2004) observaram que a
agricultura uma das suas aplicabilidades prevê a
absorção de água pelo hidrogel quando submetido à
redução na periodicidade de uso de água da
saturação é maior do que quando misturado em
irrigação. Eles são considerados condicionadores de
meio de cultivo, fato atribuído à falta de água livre no
solo e sua contribuição tem sido voltada para
substrato, o que limita sua expansão. Porém, muitos
aumentar a capacidade de retenção de água do
trabalhos apontam para a eficiência do método
solo. Deste modo, proporcionando o uso mais
hidratado no cultivo agrícola.
efetivo dos recursos naturais, o solo e a água, viabilizando a melhoria no rendimento de culturas
As informações científicas do uso do produto como
agrícolas, como discutido por Oliveira et al. (2004) e
condicionadores de solo são escassas, sendo
como estudado por Venturoli e Venturoli (2011) em
necessário conhecer e quantificar a contribuição
recuperação de áreas degradadas.
resultante da aplicação desses polímeros com relação à disponibilidade de água em diferentes tipos
Monteiro et al. (2015) avaliando a regeneração
de solo (OLIVEIRA et al., 2004).
natural e a sobrevivência de mudas de espécies florestais, nativas do bioma Cerrado ao utilizar o
O
uso
de
polímeros
hidrogel observou uma redução da mortalidade de
preferencialmente
plantas.
reduzida disponibilidade de água ou que sofrem
indicado
hidrorretentores para
regiões
é com
longos períodos de estiagem, ocasião em que à Ainda de acordo com Monteiro et al. (2015), em
baixa umidade do solo afeta desfavoravelmente o
áreas de pastagens abandonadas, observaram que a mortalidade pós-plantio foi 7,2% na área com polímero e 6,3% na área controle, não diferenciando estatisticamente ente si. Ao avaliarem após 17 meses do plantio constatou-se que a mortalidade foi
crescimento e o desenvolvimento das plantas (AZEVEDO et al., 2002). Gervásio & Frizzone (2004) apontam para uma limitação na utilidade do produto na presença de sais,
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supram as necessidades nutricionais humanas e dos
pois reduz sua eficiência na retenção da água.
animais. De acordo com Brito et al. (2013) o balanço dos sais pelo efeito da pressão osmótica e a capacidade de
Almejando alcançar esse aumento na produtividade
expansão do hidrogel são os elementos que
algumas ferramentas adotadas ganham destaque,
moderam a habilidade desses produtos de absorver
entre elas a nutrição das plantas é importante para a
água.
gestão sustentável e produtiva das culturas. Para Fernández et al. (2015) a nutrição de plantas
Entretanto, Neto et al. (2015) citam que o aumento
fornecida via adubação foliar merece ser destacada
da força iônica nessas condições reduz a diferença
como uma dessas ferramentas que contribui com a
de concentração de íons móveis entre o polímero e
sustentabilidade e a produtividade.
a solução externa, o que, de imediato, diminui o volume do gel, explicando a baixa funcionalidade
Ao abordar a adubação via foliar torna-se necessário
desses polímeros na presença de sais. No entanto,
uma compreensão sobre sua definição. Conforme
em condições normais de cultivo, o uso de hidrogel
Mocellin (2004) enfatiza que é o processo de
aumenta a disponibilidade de nutrientes e intensifica
aplicação de nutrientes minerais na folha vegetal,
o crescimento das culturas (DUSI, 2005; BERNARDI
através da absorção total (passiva e ativa). Envolve
et al., 2012; MEWS et al., 2015; BARTIERES et al.,
a interação de nutrientes por toda a planta, não se
2016).
limitando a aplicação de nutrientes apenas via folhas das plantas, mas a aplicação poderá se estender aos
O uso do hidrogel agrícola vem sendo empregado
ramos novos e adultos, nas estacas e aos troncos,
na silvicultura, olericultura, fruticultura, cafeeiros e
por meio das pulverizações ou pincelamento, sendo
poáceas. De acordo com Neto et al. (2017) a
designada de adubação caulinar.
aplicação do polímero na agricultura brasileira, nos últimos 10 anos, abrange a silvicultura em maior
É importante ressaltar que a absorção dos nutrientes
número de publicações.
minerais via folha da planta é uma prática utilizada desde 1950 em outros países (MOCELLIN, 2004).
A maior concentração de trabalhos são voltados para
as
espécies
florestais,
principalmente
o
Conforme
destacam
Silva
e
Lopes
(2012)
a
Eucalyptus sp., na produção de mudas e em testes
adubação foliar é uma das alternativas que deve ser
de sobrevivência pós-plantio. Porém, também há um
utilizada em situações específicas ou como forma de
destaque nas pesquisas voltadas para a fruticultura,
servir de complemento para a adubação via solo.
olericultura e a cafeicultura utilizando o polímero De acordo com Faquin (2005), existem quatro
(NETO et al.,2017).
situações nas quais se devem utilizar a adubação hidrogéis
foliar. Quando se pretende realizar a adubação de
biodegradáveis. De acordo com Montesano et al.
forma corretiva que tem por objetivo corrigir as
(2015) ao avaliar os hidrogéis superabsorventes à
deficiências nutricionais que ocorrem durante o ciclo
base de celulose verificou que o produto é adequado
da cultura prevendo a rapidez na resposta da
para uso iminente na agricultura, com potencial
aplicação.
Atualmente
já
existe
a
classe
dos
benefício em particular para cultivos de plantas de ciclo curto.
Ainda de acordo com o autor visando uma adubação preventiva que deve ser realizada, quando um
Adubação foliar
nutriente está fora da faixa considerada ideal e sua aplicação via solo não é eficiente. Essa situação
O aumento na demanda pela sustentabilidade
ocorre na maioria dos casos com os micronutrientes.
ambiental e econômica nas atividades agropecuárias nos tempos atuais requer a inserção de práticas que
A outra maneira de se fazer o uso é através da forma
promovam a sustentabilidade. Para tanto, busca-se
complementar,
uma crescente produtividade de alimentos em
complemento para aplicação via solo, ou seja, parte
determinados sistemas de produção agrícola, que
do(s) nutriente(s) é aplicada via solo e o restante
8691
pois
a
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adubação
servirá
de
Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar
complementado via foliar. Por último destaca-se a
midade de distribuição por estarem solubilizados em
adubação foliar suplementar que é um cenário
água. Isso oportuniza a possibilidade de ser feita a
específico em que a prática é realizada como um
aplicação a qualquer dia e hora, independente das
investimento a mais, como por exemplo, em culturas
condições climáticas que impossibilitariam o uso da
de alta produtividade (FAQUIN, 2005).
adubação sólida.
Sabe-se que a adubação foliar é aplicada nas
Os fertilizantes foliares devem ser aplicados quando
plantas em estado líquido. Para Silva & Lopes
a planta não está captando água em sua máxima
(2012) há uma divisão quanto ao estado dos
potência. As aplicações de micronutrientes via foliar
fertilizantes,
mostram melhores resultados quando aplicados na
em
duas
classes,
a
primeira,
é
denominada de “soluções” que envolve aqueles
planta
fertilizantes que se encontram em estado líquido,
crescimento da planta. São nos momentos mais
mas que se apresentam na forma de soluções
críticos de maior crescimento ou quando a planta
verdadeiras, isto é, isentas de material sólido.
está saindo da sua fase vegetativa e transita para
túrgida
durante
o
período
de
maior
fase reprodutiva que necessitam de uma demanda A segunda classe é denominada de “suspensões”
maior de energia e vigor que se enfatiza a aplicação
que são aqueles fertilizantes que se encontram
(MOCELLIN, 2004).
também em estado líquido, mas se apresentam em uma fase sólida dispersa num meio líquido, (SILVA
Ainda de acordo com Mocellin (2004) a maioria das
& LOPES, 2012).
aplicações foliares deve conter nitrogênio para agir como
um
eletrólito
carregando
os
íons
de
Os fertilizantes foliares podem além de corrigir
micronutrientes para dentro da planta sendo o
deficiências,
principal meio de absorção foliar através dos
aumentar
colheitas
fracas
ou
danificadas, aumentar a velocidade de crescimento.
estômatos.
Objetivando-se aumentar o desempenho produtivo das plantas. Ao serem usados simultaneamente com
Fernández et al. (2015) relatam que o papel dos
fertilizantes sólidos podem promover a correção
estômatos no processo da absorção foliar foi tema
rápida de déficit de nutrientes e aumentar a
de interesse desde o início do século 20. No entanto,
captação pelas raízes (MOCELLIN, 2004).
em 1972, foi postulado que a água pura não poderia se infiltrar espontaneamente nos estômatos, a
Segundo Guimarães & Mendes (1997), a adubação
menos que um agente tenso ativo aplicado junto com
líquida apresenta diversas vantagens em relação à
a solução reduzisse a tensão superficial para menos
adubação sólida, como a economia de nutrientes,
de 30 mN m¹ (SCHÖNHERR & BUKOVAC, 1972).
devido a uma aplicação mais homogênea e mais controlada e redução da mão-de-obra, devido ao
Alguns pesquisadores como Malavolta & Piccin
maior rendimento das aplicações.
(1993) confirmam que os adubos foliares utilizados em lavouras cafeeiras têm se mostrado satisfatórios,
Conforme destacam ainda os mesmos autores, esse
tanto do ponto de vista prático quanto econômico.
tipo de adubação apresenta como vantagens, um
Porém o metabolismo e a fisiologia da planta do café
maior equilíbrio e maior precisão das doses de
são
macro
cactáceas
e
micronutrientes,
justificando-se
pela
diferentes e
do de
metabolismo
algumas
das
outras
plantas
culturas
já
facilidade de combinação de nutrientes. Pela maior
pesquisadas utilizando os fertilizantes no estado
eficiência dos fertilizantes quando aplicados em
líquido. Ainda há escassez de trabalhos que
estado líquido, e redução dos custos de aplicação,
comprovem a sua eficácia em plantas de diferentes
uma vez que pode ser aplicado mais de um nutriente
metabolismos.
de uma só vez. Mocellin (2004) atribui maior ênfase ao uso da Verifica-se que há um potencial de redução nas
adubação
doses de fertilizantes apontando uma melhor unifor-
micronutrientes do que com a adubação aplicada via
foliar
na
absorção
dos
minerais
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solo.
ANDRADE, A. P. et al,. Produção animal no semiárido: o desafio de disponibilizar forragem,
A adoção dessa prática torna-se segura aos
em quantidade e com qualidade, na estação
agricultores porque além de nutrir adequadamente a
seca. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa,
planta, visa-se a obtenção de maior produtividade,
v.4, n.4, p.01-14, dez. 2010.
no menor tempo e menor custo possível.
ARAUJO, Albimah Medeiros de.; Interação entre
Publicações realizadas por Guimarães e Mendes (1997) ressaltam que a técnica de aplicação de adubo via foliar apresenta diversas vantagens em relação à adubação sólida fornecida via solo. Essas vantagens incluem à facilidade de combinação de nutrientes que promove uma maior eficiência, além de a aplicação ser mais homogênea e mais controlada. Também há redução na mão de obra, promovendo condições de equilibrar e fornecer maior
precisão
nas
dosagens
de
macro
e
micronutrientes.
adubação fosfatada e espaçamento no cultivo da palma forrageira (Opuntia fícus-indica (L.) Mill)
no
Estado
da
Paraiba.
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cultivo e usos da palma forrageira. SEBRAE:
a eficiência do uso da irrigação e da adubação.
FAO, p. 1-11, 2001.
Visando à
obtenção
de resultados
Porém, o hidrogel e a adubação foliar podem ser
BARTIERES, E. M. M. et al. Hidrogel, calagem e
alternativas viáveis e benéficas para proporcionar
adubação
melhores
sobrevivência
resultados
produtivos.
No
entanto,
no e
desenvolvimento composição
inicial,
nutricional
de
necessita-se do uso metodologia adequada em
plantas híbridas de eucalipto. Colombo, Pesquisa
relação à aplicação.
Florestal Brasileira, 2016, v. 36, n. 86, p. 145151.
Pressupõe-se que a utilização do hidrogel de forma
BERNARDI, M. R. et al. Crescimento de mudas de
complementar a irrigação seja mais viável e em uma
Corymbia citriodora em função do uso de hidrogel
quantidade do produto não inferior a 6g por planta.
e adubação. Lavras: Cerne, v. 18, n. 1, p. 67-74,
Dessa maneira, onde há maior escassez de água, a
2012.
exemplo
das
promoveria
a
áreas
de
redução
sertões, na
o
hidrogel
periodicidade
de
fornecimento da água.
BRASIL, MDR - Ministério do Desenvolvimento Regional.
SEMIÁRIDO:
semiárido.
2018.
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8698
Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes Revista Eletrônica
Bovinos, equações, metano, produtividade, ruminantes.
Izabelle Crystine Almeida Costa 2 José Nery Rocha Junior 3 Felipe do Nascimento Silva 4 Jucelane Salvino de Lima 5 Kedes Paulo Pereira
1*
Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
*
Mestranda em Zootecnia, UFS. São Cristóvão, SE. Email: izabelle.almeida@hotmail.com 2 Mestre em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, UFC, Fortaleza, CE. 3 Graduando em Zootecnia, UFAL. Maceió, AL. 4 Doutora em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, UFRPE, Recife, PE 5 Profº Adjunto, UFAL. Maceió, AL.
RESUMO Vários estudos têm sido realizados acerca da
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
METHANE PREDICTION EQUATIONS AND THEIR EFFECT ON RUMINANT ANIMAL PRODUCTION
produção de metano, principalmente, visando mitigar
ABSTRACT
sua emissão. Pesquisas acerca das equações de
Methane production responds linearly to increases in DM intake, and for rates with high concentrate grains or tropical fodder base, rates of increase of 27 and 34 g of methane /kg of DM consumed, respectively, has been observed. One of the alternatives to select efficient animals in the use of foods without changing the weight gain is the residual food consumption (RFC), proposed by Koch et al. (1963), which is the difference between the observed and the estimated consumption, taking into account the metabolic weight and weight gain. Nkrumah et al. (2006) and Hegarty et al. (2007) suggested that with the selection of low RFC animals it would be possible to reduce the daily emission of methane per animal due to lower consumption, without any losses to production. From the knowledge of the net requirements and taking into consideration the efficiency factors of the energy use of the food for maintenance and gain, the dietary requirements are obtained. In contrast to what has been thought to recently, intensification of pasture use to contribute to the removal of carbon dioxide atmospheric (CO 2) and mitigate the greenhouse effect and its consequences for the environment due to global warming, promoting sustainable and efficient livestock farming.
predição da emissão são importantes, devido os métodos diretos serem onerosos, o que os torna pouco acessíveis. Os animais ruminantes produzem quantidades significativas de metano, cerca de 16% do total produzido pela humanidade, o que contribui para aumentar os efeitos drásticos da emissão de gases poluentes. No entanto, o manejo alimentar dos animais é uma estratégia de efeito em curto prazo para diminuição da emissão de metano pela pecuária, pois a produção de metano responde linearmente a aumentos no consumo de matéria seca (MS), sendo que para dietas com alta concentrado de grãos e a base de forragens tropicais tem-se observado taxas de incremento de 27 e 34 g de metano/kg de MS consumida, respectivamente. Ao contrário do que se acreditava até recentemente, a intensificação do uso das pastagens pode contribuir para a remoção do dióxido de carbono (CO2) atmosférico, e mitigar o efeito estufa devido seu efeito na fermentação entérica, reduzindo emissão de metano e suas consequências ao meio ambiente
em
razão
do
aquecimento
global,
promovendo uma pecuária sustentável e eficiente. Palavras-chave:
bovinos,
produtividade, ruminantes. 8699
equações,
metano,
Keyword: bovines, equations, methane, productivity, ruminants.
Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
INTRODUÇÃO
Nesse
cenário
A potencialidade da pecuária para desenvolvimento
responsabilidade
do agronegócio é inquestionável; porém, atinente à
ecossistema das pastagens, se bem manejados,
sustentabilidade ambiental é notório a preocupação
passam a apresentar grande potencial de sequestrar
mundial acerca dos seus efeitos na emissão de
carbono. Por outro lado, a pastagem degradada ou
gases de efeito estufa (GGE). Estima-se que o setor
de
pecuário é responsável por 29% das concentrações
desempenho dos animais, e a maior produção de
de metano (CH4) por fermentação entérica que têm
gases
contribuído nas alterações climáticas em nível global
necessidade de se estudar com maior ênfase as
(USEPA, 2010).
relações da produção de metano e de outros gases
baixa
o
Brasil
tem
ambiental,
produtividade
poluentes
por
uma
uma
vez
favorece
produto.
importante que
o
Assim,
o
baixo há
a
do efeito estufa com as fases e categorias animal de A produção pecuária deve buscar alternativas para
acordo com o manejo alimentar e sistema de
mitigação da emissão de metano pelos animais
produção adotado.
ruminantes
que
devem
atenuar
os
efeitos
ambientais, buscando como escopo sustentabilidade
Os estudos realizados por Miller (1995), Johnson e
ambiental e produtiva, devido relevância para
Johnson (1995) e Mcallister et al. (1996) revelaram
crescimento socioeconômico. A precípua alternativa
que a emissão de CH4 proveniente da fermentação
para redução da emissão de CH 4 é através de
ruminal depende principalmente do tipo de animal,
estudos acerca da produção de animais ruminantes
nível de consumo de alimentos, quantidade de grãos
(MACHMÜLLER, 2006). Nesse sentido, o manejo
na dieta, tipo de carboidratos presentes na dieta,
nutricional
estágio
torna-se
relevante,
por
alterar
a
de
crescimento
da
planta
forrageira,
fermentação ruminal a partir da inibição de bactérias
processamento da forragem, tamanho de partícula,
metanogênicas,
suprimento de minerais, manipulação da microflora
minimizando
a
eructação
e
ruminal, da digestibilidade dos alimentos e da adição
liberação de gases CH4 no ambiente.
de lipídeos e ionóforos. Estes são importantes Além disso, o conhecimento acerca das causas e
componentes que afetam e estão envolvidos na
quantidades significativas de gases CH4 produzidos
produção de CH4 ruminal. Por essas razões, as
é injunção por parte dos pesquisadores, a fim de
indicações para a redução das emissões de CH 4
inovar com tecnologias para mitigar seus efeitos
pela pecuária estão ligadas a medidas que refletem
diretos.
na melhor eficiência produtiva.
Desta forma, estudo das equações de predição de
Trabalhos com o uso de forragens temperadas e
metano torna-se necessário, pois métodos diretos
bovinos do gênero Bos Taurus, de corte e leite,
são mais onerosos e trabalhosos e não tão
alimentados com forragem e concentrados de alta ou
acessíveis, principalmente devido à continentalidade
baixa inclusão na dieta, apresentam uma perda de
de
3,0 a 6,5% da energia bruta (EB) na forma de CH4,
extensão
produtivos
territorial
para
serem
e
diferentes
avaliados;
em
sistemas que
a
quando alimentados com dietas contendo 85% e
equações validadas forneceram informações rápidas
65% de energia digestível (ED) respectivamente
e precisas e ajustadas para cada realidade do
(EPA, 2005).
sistema produtivo. Apesar da melhora do valor alimentício da dieta ser Emissões de gases de efeito estufa pelo setor
considerado, uma das principais indicações para a
agropecuário
redução do CH4 de bovinos, esse fato deve ser
O Brasil é conspícuo produtor de bovinos para corte
analisado considerando todos os aspectos que
e isto está relacionado ao elevado potencial do país
envolvem a atividade e não de forma isolada,
para produção desses animais em sistema extensivo
principalmente
de produção e pelas características das forrageiras
concentrados à dieta dos animais (PEDREIRA,
tropicais utilizadas como base da alimentação
2005).
destes animais, o que apresenta em geral menor valor nutricional do que as da pecuária leiteira.
quando
se
incluem
alimentos
Nesta situação, os gastos energéticos envolvidos na
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8699-8708, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006
8700
Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
produção de grãos devem ser considerados, pois,
observadas nestas proporções são decorrentes do
muitas vezes, a redução da emissão de CH 4 de
tipo
origem ruminal, causada pela inclusão desses
fermentativo é produzido CO2 que juntamente com a
alimentos à dieta, é compensada por um incremento
grande quantidade de hidrogênio (H2) provindo da
muito maior da emissão de CO2 proveniente da
produção de ácido acético e butírico, são captados
queima de energia fóssil pelas máquinas envolvidas
pelas
nos processos de produção e transporte de grãos.
metanogênese,
Por conseguinte, pode haver grande geração de
dependendo da concentração e das proporções
óxido nitroso (gás de efeito estufa 296 vezes mais
relativas dos ácidos produzidos (EUN et al., 2004).
e
qualidade
bactérias
de
dieta.
metanogênicas em
Nesse
processo
favorecendo
quantidades
a
variáveis,
potente em reter calor que o CO2 e 13 vezes mais potente que o CH4, pelos fertilizantes nitrogenados
A reação de formação de metano é considerada
aplicados nas lavouras de grãos e nas pastagens.
consumidora de energia, drenando o hidrogênio procedente de todas as reações químicas que
Dessa forma, o desafio brasileiro passa a se
ocorrem no rúmen, permitindo um melhor rendimento
aperfeiçoar sua imagem perante o mercado externo
total de adenosina trifosfato (ATP). Esse maior
frente à situação ambiental a fim de manter sua
rendimento proporciona a formação de mais células
produção de carne maximizada e dentro de padrões
microbianas, aumentando, desta forma, a proteína
requeridos pelas pressões ambientais.
disponível para o ruminante. Isso indica que a produção de metano traz benefício a estes animais,
As estimativas apontam uma redução de 38,7% nas
já que promove uma fermentação mais eficaz e
emissões de gases de efeito estufa o que está
mantém baixa a concentração de hidrogênio no
diretamente relacionado às inovações tecnológicas
rúmen (CHURCH, 1977).
no campo. Porém, para que isso seja possível devem ser adotadas as técnicas adequadas de
Emissão de metano via fermentação entérica
manejo das pastagens e a suplementação alimentar
O metano é o principal gás do efeito estufa emitido pelo setor da pecuária como resultado da fermentação entérica de animais domésticos e do manejo de seus dejetos. A fermentação ruminal, decorrente do metabolismo dos carboidratos vegetais, é um processo anaeróbio efetuado pela população microbiana ruminal. Nesse processo fermentativo é dissipado calor pela superfície corporal e são produzidos CH4 e CO2.
dos animais as quais têm sido identificados como os melhores meios de aumentar a eficiência de produção dos sistemas de gado de corte e de reduzir as emissões de gases do efeito estufa no setor, haja vista a melhoria na nutrição animal e os ganhos na eficiência reprodutiva (EPA, 2005). A Metanogênese A fermentação, que ocorre durante o metabolismo dos carboidratos ingeridos pelos ruminantes, é um processo
anaeróbio,
efetuado
pela
população
microbiana ruminal, que converte os carboidratos em ácidos
graxos
de
cadeia
curta
(AGCC),
principalmente ácido acético (C2), propiônico (C3) e butírico (C4). O rúmen é responsável por 90 a 100% da digestão dos carboidratos solúveis e ácidos orgânicos e entre 60 e 90% da digestão da celulose e hemicelulose, dependendo do grau de lignificação da forragem. Em ruminantes consumindo apenas volumosos, a fermentação ruminal origina misturas de AGCC que
As emissões globais de metano, a partir do processo entérico dos ruminantes, representam 22% das emissões globais de metano (EPA, 2005a) e constitui a terceira maior fonte em escala global (USEPA, 2000). No Brasil, a pecuária tem sido responsabilizada pela emissão de 96% de metano proveniente de todas as atividades agrícolas, sendo a maior parte dela originária de áreas de pastagens extensivas (LIMA, 2002). Como a maioria destas pastagens está em processo de degradação, o aumento da produtividade é uma das opções para tornar a pecuária mais rentável (BERNARDI et al., 2009), o que poderia também mitigar as emissões de metano (VILELA et al., 2005).
molarmente apresentam as seguintes proporções: 60 a 72% de ácido acético, 15 a 23% de ácido propiônic e12 a18% de ácido butírico e, sendo que as variações 8701
Devido aos grandes investimentos necessários para a formação e para a reforma de pastagens, tem-se
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Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
buscado diversas técnicas para reduzi-los. No
ingerido, as várias modalidades e condições de
sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) a
sistemas de criação dos ruminantes implicam em
utilização do consórcio de culturas anuais com
fatores diferentes de emissão de gases poluentes. O
forrageiras pode ser preconizada na formação e na
incremento na utilização de energia é citado na
reforma de pastagens, na produção de forragem
literatura como estratégia mais eficaz na redução na
para
emissão de CH4 por unidade de produto (carne ou
alimentação
animal
na
entressafra
leite) pelos ruminantes (LOVETT et al., 2005;
(KLUTHCOUSKI & AIDAR, 2003).
O´HARA et al., 2003). Variação da produção de metano por ruminantes A produção de metano nos bovinos criados em ambiente tropical, quando mantidos em sistemas de pastejo, é afetada pela constituição morfológica e composição química das plantas forrageiras deste ambiente. Além disso, a temperatura ambiental também pode afetar a produção de gás, tanto indiretamente, pela interferência na composição química das plantas, como de forma direta, alterando o
comportamento
ingestivo
do
animal
e
as
características da digestão (AAFC, 2003; MOSS, 2002).
O desempenho mais elevado dos animais pode reduzir a emissão de CH4 em função da redução no número de animais no sistema de produção, considerando ainda que, em criações que visam produção de carne, o acréscimo no desempenho dos animais resulta em menor permanência do animal no sistema, reduzindo a produção do gás durante o ciclo de vida (MOSS & GIVENS, 2002). Principais métodos e equações para estimativas de Metano Métodos para a medição de CH4 em animais,
em
usando câmaras fechadas confeccionadas com
ruminantes acarretam significativas perdas. Esses
tubos de PVC, foram descritos em Lockyer (1997) e
valores podem variam entre 4 e 12% do total de
em Estados Unidos (1990). Em animais criados em
energia bruta ingerida. No caso de bovinos de leite,
regime de pastagem, Johnson e Johnson (1995)
os valores médios de fatores de emissão de metano
desenvolveram a técnica empregando o hexafluoreto
podem variar de 81 a 118 kg de metano/animal/ano,
de enxofre (SF6) como gás traçador interno. Essa
respectivamente, para a América do Norte e países
técnica consiste na colocação de um tubo de
do leste europeu, enquanto, estima-se que em
permeação,
países africanos e asiáticos, as emissões variem de
previamente conhecida, no rúmen do animal e as
36 a 56 kg de metano/animal/ano.
Existem
amostras de CH4 e SF6 são coletadas nas
diferenças notáveis entre as emissões de metano
proximidades da boca e narina do animal. Assume-
nos
Em
se nesse método que o padrão de emissão de SF6
experimentos em que bovinos de corte foram
simula o padrão de emissão de CH4. O fluxo de CH4
A
produção
e
diferentes
emissão
de
sistemas
de
gás
metano
produção.
mantidos em pastejo houve a emissão de 0,23kg de CH4/animal/dia e conversão de 7,7 a 8,4% da energia bruta em CH4. Porém, quando o mesmo gado
foi
alimentado
com
rações
de
que
libera
o
SF6
a
uma
taxa
liberado pelo animal é calculado em relação ao fluxo de SF6 (WESTBERG et al., 1998).
alta
Além desta técnica citada, estudos para mensurar as
digestibilidade e dietas com alta participação de
perdas de energia pela produção de metano através
grãos, eles produziram 0,07 kg de CH4/animal/dia
das
correspondendo a 1,9 a 2,2% da energia bruta do
desenvolvidos. As Câmaras respirométricas são
alimento em CH4 (HARPER et al., 1999).
instrumentos para o estudo da nutrição e permitem
é Os animais jovens ingerem mais matéria seca em porcentagem do peso vivo do que animais adultos,
câmaras
respirométricas
também
podem
avaliar tanto o alimento quanto o animal. Trata-se de um compartimento fechado, onde os animais se alimentam dotado de equipamentos sofisticados de
podendo resultar em maior emissão de metano por
aferição. Quando um animal ruminante consome um
peso vivo. Uma vez que a produção de gases varia
determinado alimento, ocorre um processo de
de acordo com a quantidade e qualidade do alimento
fermentação e o resultado é a produção de gases e
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8702
Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
da dieta para EL (produto animal) varia com o estado
a perda de calor.
fisiológico
do
animal
(mantença,
crescimento,
Nas câmaras respirométricas é possível mensurar
lactação e gestação) e com a composição da dieta
este fenômeno, calculando o quanto está sendo
(NRC,
consumido de oxigênio e a quantidade de gases
contabilizadas no sistema de energia líquida para
emitidos no processo. São medidas também as
gado de corte onde são atribuídos dois valores de
perdas na forma de incremento calórico, urina e
energia líquida para cada alimento. Da mesma
fezes. Em suma, o uso de câmara respirométrica em
forma, as exigências dos animais foram similarmente
estudos
estudo
(e arbitrariamente) subdivididas. A energia líquida
detalhado do processo digestivo e metabólico, de
disponível para mantença é determinada ELm, e a
como o alimento é aproveitado pelo animal. Porém,
energia líquida disponível para o crescimento é
apesar de precisa, a técnica apresenta como
determinada ELg.
de
bioenergética,
permite
o
1984).
Essas
complicações
foram
principal desvantagem o uso de animais treinados e estadofisiológico do animal (mantença, crescimento,
alto custo de aparelhagem.
lactação e gestação) e com a composição da dieta Desta forma, outra técnica, o uso de equações para
(NRC,
estimar a produção de metano parece ser mais
contabilizadas no sistema de energia líquida para
utilizado para estimar as perdas energéticas desses
gado de corte onde são atribuídos dois valores de
animais. Assim, nos cálculos de exigências dos
energia líquida para cada alimento. Da mesma
ruminantes várias equações são propostas para
forma, as exigências dos animais foram similarmente
mensurar estas perdas, inclusive a produção de
(e arbitrariamente) subdivididas. A energia líquida
metano partindo da Energia Bruta dos alimentos.
disponível para mantença é determinada ELm, e a
A diferença entre energia bruta dos alimentos e a energia perdida nas fezes é denominada energia
1984).
Essas
complicações
foram
energia líquida disponível para o crescimento é determinada ELg.
digestível (ED). Um termo utilizado é nutrientes
A conversão do valor de EM dos alimentos para EL é
digestíveis totais (NDT), o qual mensura a energia
possível através das seguintes equações cúbicas
digestível em unidade de peso. Portanto, da relação
(eq. (02) e (03), unidades em Mcal/kg de MS):
entre os dois tem-se que 1 kg de NDT corresponde a 4,4 Mcal de ED (SCHNEIDER & FLATT, 1975).
ELm = 1,37EM – 0,138EM2 + 0,0105EM3 –
A energia metabolizável (EM) é a medida da energia da dieta que é disponível para o metabolismo, sendo descontadas as perdas de energia pela urina e gases
(principalmente
subtraídas
da
ED.
A
metano) unidade
as
quais
utilizada
são
1,12 (GARRET, 1980a) (02); ELg = 1,42EM – 0,174EM2 + 0,0122EM3 – 1,65 (GARRET, 1980b) (03) . Hoffmann (2007) descreveu os procedimentos e
para
equações
expressar o valor energético dos alimentos foi
confiáveis
Mcal/kg de MS. A conversão do valor de ED dos
nutricionais. De acordo com o autor, tais equações
alimentos em EM foi realizada por meio da equação
são adotadas internacionalmente e ajustadas para
(1), (unidades em Mcal/kg de MS):
diferentes
condições,
graças
pesquisas
nacionais.
Este
EM = 0,82 * ED (ARC, 1965) (eq.1). A energia líquida (EL) representa a energia recuperada na forma de produto animal. Esta pode ter valor negativo para animais que estão sendo alimentados abaixo da sua exigência de mantença. A utilização da EL como parâmetro de energia é de difícil adoção já que a eficiência de utilização da EM 8703
que entre
objetivam
estabelecer
desempenho
e
relações exigências
a
resultados
autor
propôs
de uma
adaptação da equação de Garret (1980a) ao incluir um ajuste (eq. (04)) quanto ao uso ou não de ionóforos, e, quando utilizado, deve-se identificar o tipo do mesmo. O fator de ajuste considera as modificações no padrão da fermentação microbiana, através do aumento da produção de propionato e menor atividade via de produção de metano. Isso altera a quantidade de energia líquida disponível para
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Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
o animal, já que aumenta a retenção de energia nos
forragem +0,87 x CMS (kg/d)
produtos da fermentação (MULLER, 1995). Uma das vantagens do uso de ionóforos para bovinos pode ser atribuída à sua ação inibitória seletiva sobre as bactérias Gram-positivas do rúmen, resultando em uma microbiota predominantemente de
bactérias
Gram-negativas
produtoras
de
succinato e propionato. A maior produção de propionato está associada à menor formação de metano e gás carbônico, resultando em maior eficiência
na
conversão
de
energia.
Mills et al.
(1) 56,27 x (1
(2003)
(2) 45,89 x (1
lineares Ellis et al.
8,56+0,14 x (%) forragem
(2007)
3,23+0,81 x CMS (kg/d)
*CMS= Consumo de Matéria Seca, ED =Energia Digestível, CEB =Consumo de Energia Bruta, CEM =Consumo de Energia Metabolizável.
dos alimentos (ELm) são aumentados quando
Fonte: Seongwon Seo (2012).
ionóforos
da
seguinte
forma
04
(HOFFMANN, 2007):
– e [-0,003 x CEM (MJ/d])
Eq. não
Consequentemente, os valores de energia líquida fornecidos
– e [-0,028 x CMS (kg/d).])
Inibidores da Produção de Metano Para reduzir as perdas por metanos pode-se fazer
ELm = (1,37EM -0,138EM2 + 0,0105EM3 – 1,12) *
uso dos ionóforos, que são um tipo de antibiótico
fator ionóforo (04).
que, seletivamente, deprime ou inibe o crescimento de microrganismos do rúmen, principalmente as
Alguns modelos de equações para estimativa da
celulolíticas e metanogênicas. Com a destruição ou
produção de metano são encontrados na literatura
inativação das bactérias fibrolíticas, pelo uso de
científica. Na Tabela 1 estão representadas algumas
ionóforos, há uma redução na degradação da fibra
dessas equações.
reduzindo a produção de CO2 e H2. A manipulação da
fermentação
ruminal
tem
como
principais
Tabela 1. Lista de modelos publicados para
objetivos aumentar a formação de ácido propiônico e
predição da produção de metano por
diminuir a formação de metano (SANTANA NETO et
gado de leite.
al., 2012).
Fonte
Equações
para
predição
da
produção de metano (MJ/d)
Alguns ionóforos como a monensina, lasolacida e salinomicina,
Kriss (1930)
75,42+94,28 x CMS (kg/d) x 0,05524(MJ/g de metano)
Axelsson (1949)
-2,07+2,636 x CMS (kg/d) -0,105 x
produção
proporcionam
de
propionato
um e
aumento
na
principalmente
a
monensina, tem sido empregada na alimentação de ruminantes.
CMS (kg/d)2 Trabalhos têm mostrado os efeitos inibitórios da
Blaxter
5,447+0,469 x (Consumo de ED em
e Clapperton
nível de mantença, em % de EB) +
(1965)
múltiplo de mantença x [9,930 – 0,21 x (Consumo de ED em nível de mantença, em % de EB) /100 x CEB (MJ/d)]
Monensina na produção de CH4 de origem ruminal. Domescik & Martin (1999), ao estudarem os efeitos da
monensina
na
microrganismos
fermentação
ruminais,
in
utilizando
vitro
por
novilhas
alimentadas com milho moído e feno de alfafa, observaram
que
a
monensina
diminuiu
a
concentração de CH4 e a razão acetato: propionato. Moe e Tyrell. (1979)
0,341 + 0,511 x CNE(kg/d) + 1,74 x HC (kg/d) + 2,652 x C (kg/d)
Ao verificar a influência da monensina sódica sobre o consumo e a fermentação ruminal em bovinos alimentados com dietas contento dois teores de
Mills et al.
(1) 5,93 + 0,92 x CMS (kg/d)
(2003)
(2) 8,25+0,97 x CEM (MJ/d)
Eq. Lineares
proteína, Oliveira et al. (2005), observaram que o fornecimento de monensina sódica a novilhos holan-
(3) 1,06 +10,27 x proporção de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8699-8708, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006
8704
Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
deses diminuiu o consumo de matéria seca e
através da coleta de extratos vegetais misturados
promoveu mudança nos produtos da fermentação
à cera, pólen e enzimas secretadas pelos
ruminal, o que possivelmente está relacionado à
próprios
alteração na população microbiana.
componentes secundários dos vegetais, extraídos
Zinn & Borques (1993), ao fornecerem monensina, cerca
de
33
mg/kg,
a
novilhos
holandeses,
alimentados com dietas à base de milho floculado e
insetos,
e
dos
óleos
funcionais,
mediante destilação a vapor ou extração com solventes,
com
função
antioxidante,
anti-
inflamatório e antimicrobiana.
forragem, verificaram diminuições na concentração
Estudos apresentam resultados diversos, mas
ruminal dos ácidos acético (5,3%) e butírico (29,4%)
promissores, sobre a utilização de própolis como
e aumento do ácido propiônico (16,3%).
aditivo alimentar para ruminantes, em substituição
Os ionóforos podem reduzir a produção de CH4 em 25% e a ingestão de alimentos em 4%, sem afetar o desempenho animal (TEDESCHI et al. 2003). Portanto a utilização de ionóforos é capaz de reduzir a produção de gás metano, propiciando ao animal uma maior eficiência na conversão de energia.
a Monensina. Segundo Mirzoeva et al. (1997), a própolis e alguns de seus componentes se caracterizam como ionóforos, atuando sobre a permeabilidade
da
membrana
citoplasmática
bacteriana aos íons, causando a dissipação do potencial de membrana. Ao estudar a ação antibacteriana da própolis utilizando bactérias
Contudo, apesar da utilização de ionóforos diminuir a
Gram-positivos (Bacillus subtilis) e bactérias
produção de metano, essas substâncias apresentam
Gram-negativos (Escherichia coli e Rhodobacter
certas inconveniências. Principalmente pelo fato da
sphaeroides)
utilização de ionóforos diminuir a atividade dos
concentrações,
microrganismos celulolíticos e, consequentemente,
observaram que a concentração de própolis que
ocorre uma diminuição da digestibilidade da fibra,
inibiu o crescimento da bactéria B. subtilis em
sendo assim de pouca utilidade o uso de ionóforos
50% foi de 200 µg/ml e o que inibiu o crescimento
para diminuir a produção de metano em animais em
de E. coli em 50% foi de 450 µg/ml, mostrando
pastejo, os quais são os principais responsáveis pela
que a bactéria Gram-positiva (B. subtilis) foi
produção de metano. De forma geral, os ionóforos
relativamente
são utilizados em dietas contendo um teor elevado
bactericidas da própolis do que a bactéria Gram-
de carboidratos não estruturais, que naturalmente já
negativa (E. coli).
acarretam
uma
diminuição
na
metanogênese
(BELEZE, 2005).
como
modelos
Mirzoeva
mais
em
et
sensível
diferentes
al.
(1997),
aos
efeitos
A redução de CH4 utilizando própolis como um ionóforo natural é baseada na ideia de inibição da
regulamento
motilidade bacteriana, principalmente as bactérias
1831/2003, os países membros da União Europeia,
Gram-positivas presentes no rúmen, onde são as
devido
maiores
No
entanto, ao
de
acordo
aumento
com
da
o
preocupação
dos
consumidores em relação à qualidade e segurança dos alimentos, tomando como estratégia o combate às ameaças à saúde de humanos, animais e plantas causadas
pela
resistência
microbiana
aos
antibióticos, proibiram o uso de todos os aditivos promotores de crescimento em animais (EC, 2003). Mediante as restrições do uso de antibióticos, a manipulação ruminal, por meio de substâncias naturais introduzidas na ração ou naturalmente presentes nos alimentos, tem oferecido alternativas para aumentar a eficiência de utilização das dietas consumidas pelos ruminantes, como é o caso da própolis, substância resinosa produzida por abelhas 8705
produtoras
de
H2
na
fermentação
ruminal, molécula percussora do gás metano. Stradiotti Jr. et al. (2004), avaliando a ação da própolis marrom sobre a fermentação ruminal, observaram que o extrato de própolis não afetou as
concentrações
de
amônia
e
proteína
microbiana, o pH ruminal e as proporções molares de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), no entanto aumentou a concentração total de AGCC e diminuiu a atividade de produção de amônia pelos microrganismos ruminais. Em busca de novas alternativas que visam modificar a microbiota ruminal para melhorar a
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Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes
a eficiência de digestão e produção de gás
BELEZE,
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Digestibilidade
e
parâmetros
metano, há a tentativa no uso de óleos funcionais
ruminais de rações com teores de concentrado e
como aditivos a serem incluídos na dieta de
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ruminal e digestivos, utilizando vacas lactantes,
animales
com 155 dias em lactação, observaram que o
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aumentou
as
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das
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