Nutritime Revista Eletrônica n.02 v.17

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Revista Eletrônica

© 2020 Nutritime Revista Eletrônica

Nutritime Revista Eletrônica www.nutritime.com.br Praça do Rosário, 01 Sala 302 - Centro - Viçosa, MG - Cep: 36.570-000 A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda, com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira

Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo

Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo

Conselho Científico: Altivo José de Castro Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

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Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa


Sumário ARTIGOS 510 - Estratégia do uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes ............. 8669 Laion Antunes Stella, Angel Sanchez Zubieta, Bruna Cristina Kuhn Gomes 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem ................................................................ 8674 Bárbara da Silva Resende, Victória da Silva Sousa, Jhenyfer Caroliny de Almeida, Sandra Regina Marcolino Gherardi 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar ..................................................................................................................................................... 8681 Sueni Medeiros do Nascimento, Emerson Moreira de Aguiar, Guilherme Ferreira da Costa Lima, Luciano Patto Novaes, Pablo Ramon da Costa 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes .................................. 8699 Izabelle Crystine Almeida Costa, José Nery Rocha Junior, Felipe do Nascimento Silva, Jucelane Salvino de Lima, Kedes Paulo Pereira


Estratégia do uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes Revista Eletrônica Confinamento, impacto, milho, ruminantes.

1*

Laion Antunes Stella 1 Angel Sanchez Zubieta 1 Bruna Cristina Kuhn Gomes

Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFRGS.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

*E-mail: laionstella@hotmail.com

RESUMO

USE

Aumentar a presença de carboidratos digestíveis na

PRODUCTION OF ENTERIC METHANE

dieta é considerado como uma estratégia de

ABSTRACT

mitigação mais eficiente por unidade de energia

Increasing the presence of digestible carbohydrates

consumida. Dada a relação entre a digestibilidade da

in the diet is considered as a more efficient mitigation

matéria seca, o consumo e a emissão de metano,

strategy per unit of energy consumed. Given the

existe uma redução na emissão quando o amido da

relationship

dieta é maior que 40%. A revisão tem por objetivo

consumption and methane emission, there is a

apresentar as vantagens do aumento da participação

reduction in emission when the dietary starch is

dos grãos na dieta com o intuito de aumentar a

greater than 40%. The objective of the review is to

eficiência alimentar e reduzir a produção de metano

present

entérico. O valor energético dos cereais, juntamente

participation of grains in the diet in order to increase

com

suas

food efficiency and reduce the production of enteric

características físicas e químicas, as quais podem

methane. The energy value of cereals, together with

ser modificadas pelo tipo de processamento do grão.

the animal response, depends on their physical and

As mudanças que ocorrem na digestibilidade e

chemical characteristics, which can be modified by

consumo de nutrientes, e na fermentação no rúmen

the type of grain processing. The changes that occur

pelo processamento tem implicação sobre a emissão

in the digestibility and nutrient consumption, and in

de metano e o desempenho animal. O uso de cerais

the fermentation in the rumen by the processing have

aumenta a eficiência alimentar nos ruminantes,

implication on the emission of methane and the

consequentemente aumenta a velocidade de ganho

animal performance. The use of cerals increases

de peso e reduz a produção de metano por animal.

feed efficiency in ruminants, consequently increases

Para ser viável para os produtores rurais além da

the speed of weight gain and reduces methane

resposta biológica, a resposta econômica deve ser

production per animal. To be viable for farmers

considerada, devido às variações nos preços dos

beyond the biological response, the economic

grãos.

response must be considered due to changes in

Palavras-chave: confinamento, impacto, milho,

grain prices.

ruminantes.

Keyword: feedlot, impact, maize, ruminants.

8669

a

resposta

animal,

depende

de

OF

CERALS

the

between

AS

dry

advantages

REDUCERS

matter

of

IN

THE

digestibility,

increasing

the


Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes

INTRODUÇÃO

mais gera uma melhoria na eficiência alimentar do

Os cereais são a mais importante fonte de alimentos

animal. Aumentar a presença de carboidratos

do mundo, tanto para o consumo humano direto,

digestíveis na dieta é considerado como uma

como

estratégia de mitigação mais eficiente por unidade de

para

a

produção

de

carne.

Segundo

pesquisas, aproximadamente um terço da produção

energia

de cereais é destinada ao consumo animal, onde

digestibilidade da matéria seca, o consumo e a

serão necessários bilhões de toneladas extras de

emissão de metano. Existe uma redução na emissão

cereais

quando a presença do amido na dieta é maior que

até

2030

(FAO,

2002).

Os

grãos,

principalmente o milho, são usados em proporções

consumida.

Dada

a

relação

entre

a

40% (SAUVANT & GIGER-REVERDIN, 2007).

de até 90% na matéria seca (MS) em dietas de animais em confinamento, e em quantidade menores em dietas de vacas leiteiras de alta produção (4060% na MS), e em menores proporções para animais a pasto, como forma de suplementação. Seu uso em adequadas proporções é considerado como uma estratégia de mitigação de metano entérico nos ruminantes. De maneira geral, a medida que aumenta a quantidade de grão na dieta se reduz a emissão de gás.

No rúmen, a fermentação do alimento ingerido resulta na produção de ácidos graxos voláteis ou ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido acético, propiônico e burítico, que são aproveitados como fonte de energia para o animal. Entretanto nesse processo também são gerados gases, como gás carbônico (CO2) e metano (CH4), entre outros, originados

pela

metanogênicas

do

atividade grupo

de

bactérias

Archeae,

que

são

O custo-benefício desta prática depende do preço do

eliminados pela eructação (ARCURI et al., 2011). Em

insumo, da eficiência alimentar, das taxas de ganho

um ambiente ruminal ácido, característico de animais

e da sua qualidade. Desta forma, alimentar animais

que

com grande quantidade de grãos não é sempre

carboidratos, a população e a atividade das bactérias

possível devido às restrições econômicas. Por outro

Gram-positivas e protozoários é afetada, reduzindo a

lado, os ruminantes são animais com uso ineficiente

produção de acetato e butirato, sendo deste modo

da energia contida nos alimentos, devido à partição

reduzida a disponibilidade de H para a síntese de

de energia durante os processos digestivos e

metano. Por outro lado, devido a maior presença e

metabólicos.

atividade em ambientes ácidos das bactérias Gram-

consomem

grandes

quantidades

de

+

+

negativas, normalmente amilolíticas, o H disponível Deste modo, a revisão tem por objetivo apresentar

é utilizado para a produção de propionato, cuja

as vantagens do aumento da participação dos grãos

concentração se relaciona diretamente com menores

na dieta com o intuito de aumentar a eficiência

emissões de gases de efeito estufa (JONHSON &

alimentar e reduzir a produção de metano entérico.

JONHSON, 1995).

REVISÃO DE LITERATURA

As menores emissões de metano estão relacionadas a

fatores

como:

menor

relação

de

Grande parte do rebanho bovino brasileiro é do tipo

acetato:propionato, o aumento do consumo, a

zebuíno, criado em sistemas predominantemente

digestibilidade aparente da matéria seca e fibra, e a

extensivos. Foi estimada emissão de cerca de 9,2

maior taxa de passagem das dietas com maior

milhões de toneladas de CH4 provenientes da

conteúdo de grãos (MC GEOUCH et al., 2010). O

pecuária (LIMA et al., 2001). A pecuária brasileira é

propionato é absorvido no rúmen e transformado em

baseada

do

glicose no fígado, e essa glicose, é usada no tecido

gênero Brachiaria, que ocupa cerca de 50% da área

mamário e muscular para alcançar níveis de

de pastagens cultivadas, devido ao baixo custo de

produção que somente com uma dieta a pasto se

produção

tornaria impossível de obter.

em

da

pastagens,

alimentação

principalmente,

de

rebanhos,

se

comparado aos sistemas que utilizam animais confinados e grãos na dieta (BERCHIELLI, 2012). A

Entre os fatores que influenciam o potencial de

utilização de concentrados na alimentação dos ani-

mitigação desta estratégia estão o nível de inclusão,

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Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes

o tipo de processamento do cereal, e em pastejo se

conteúdo de amido de ambas as dietas. Esses

relaciona ao valor nutritivo e a disponibilidade da

resultados corroboram com os dados de HASSANAT

pastagem. Os benefícios produtivos e de mitigação

et al. (2013), que não encontraram efeito mitigador

pelo uso de grãos são amplamente conhecidos.

em dietas com até 50% de silagem de milho como

Desta forma, para fazer uma interpretação completa

fonte de amido, mas sim com uma dieta com 100%

do balanço de carbono dos sistemas de produção de

de silagem. Estes resultados mostram a importância

carne e leite, é necessário fazer um estudo

de

completo, incluindo as emissões dos demais gases

potencialmente digestíveis que deve ter a dieta para

de efeito estufa (N2O e CO2) liberados durante o

exercer um efeito mitigador.

considerar

a

quantidade

de

carboidratos

processo de produção, armazenamento e transporte Por outro lado, não é todo incremento na proporção

dos animais (MC GEOUGH et al., 2010).

de cereais da dieta que reduz as emissões de A energia bruta perdida na forma de metano é de 2 a

metano. Por exemplo, os grãos de destilarias

4% em dietas de confinamento e 5,3 a 6% para

(DDG‟s) têm relativamente altas concentrações de

vacas leiteiras de alta produção (JONHSON &

gordura, proteína e fibra. Conforme aumenta a sua

JONHSON, 1995) ficando na faixa de 2 a 12% de

inclusão na dieta, pode-se reduzir o consumo de MS

energia

e diminuir a digestibilidade do alimento.

bruta

(EB)

perdida.

O

processo

de

fermentação no rúmen é determinado pela dieta fornecida ao animal, sendo que a maior proporção

O valor energético dos cereais, juntamente com a

de

relação

resposta animal, dependem de suas características

acetato/propionato. Na síntese do acetato um maior

físicas e químicas, as quais podem ser modificadas

número de moléculas de hidrogênio é disponibilizado

pelo tipo de processamento do grão. As mudanças

para produção de metano (CH4). Em uma dieta

que ocorrem na digestibilidade e consumo de

composta por alimentos volumosos, há perdas de

nutrientes, e

ordem de 10 % da energia inicial, variando de 6 a 18

processamento tem implicação sobre a emissão de

%

Animais

metano e o desempenho animal. HALES et al.

alimentados a base de pasto têm um maior gasto

(2012), reportaram que dietas com milho floculado,

energético pelo deslocamento em busca de comida,

consumidos por bovinos em confinamento, geraram

sendo essa uma vantagem de animais em regime de

menos metano que aquelas elaboradas com milho

confinamento.

seco (11,65 vs 14,06 kg/MS consumida), ao qual

forragens

(OWENS

favorece

&

a

GOETSCH,

maior

1993).

na fermentação no rúmen pelo

representou uma menor perda de energia em forma Segundo MC GEOUGH et al. (2010) observaram

de gás (2.43 vs 3.04 % EB). De forma similar

menor emissão de metano por kg de matéria seca

HÜNERBERG et al. (2013), verificaram menor

(MS) consumida conforme aumentava a participação

emissão em uma dieta com DDG‟s em comparação

de grãos na silagem. Doreau et al. (2011),

a cevada e canola (21,5 vs 23,9 e 25,3 g CH 4 kg/MS,

observaram uma redução de metano em relação a

respectivamente), na qual apresentou menor perda

EB consumida (3,0 vs 6,2 e 6,7%), ao consumo

de energia na forma de metano (6,6 vs 7,3 e 7,8 %

(10,2 vs 20,2 e 22,6 g CH4 kg/MS) e ao peso vivo

EB, respectivamente).

(33,5 vs 89,7 e 89,1 g CH4/kg), em uma dieta com alto teor de concentrado (86,5%), versus uma

O grão moído ou peletizado, se torna mais disponível

confeccionada com feno de baixa qualidade (48,8 %)

para os microrganismos do rúmen, o que promove

e outra com silagem de milho (63,5%), sem

uma maior taxa de passagem e aumenta a

encontrar diferença entre essas últimas. Haque et al.

proporção molar de propionato, no qual pode

(2014), ao oferecer a vacas lactantes uma dieta com

explicar a menor emissão a partir de forragens

27,5% de amido na MS, não encontraram diferenças

processadas. No entanto, este efeito não se mantém

significativas na emissão de metano (g por kg de

quando se restringe o consumo, devido a problemas

consumo de MS), comparado com uma dieta com

metabólicos pela redução do pH ruminal.

pouco amido (21,7%). Os autores concluíram que a falta de efeito foi devido a pouca diferença entre o 8671

Em sistemas de produção animal o uso de combustíveis, de fertilizantes e químicos, bem como

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Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes

o armazenamento, o processamento e o transporte,

metano por animal. Para ser viável para os

acabam aumentando as emissões de gases de

produtores rurais além da resposta biológica, a

efeito estufa. Estas emissões, principalmente de CO2

resposta econômica deve ser considerada, devido às

e N2O, são geralmente desconsideradas durante o

variações nos preços dos grãos.

processo de produção animal. Portanto, para fazer uma interpretação completa do balanço de carbono

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

da produção de carne e leite baseada em grãos, é necessário estudar o ciclo completo, incluindo as

ARCURI, P. B. et al. Microbiologia do Rúmen. In: Telma Terezinha Berchielli; Simone Gisele de

emissões dentro e fora da unidade de produção (MC

Oliveira; Alexandre Vaz Pires. (Org.). Nutrição de

GEOUGH et al., 2010), que são específicas para as

Ruminantes. 2ed. Jaboticabal: FUNEP, p. 115160, 2011.

condições econômicas, tecnológicas e climáticas de cada região. Por exemplo, Doreau et al. (2011) com este tipo de análise, comparou três sistemas de engorda de touros jovens e encontrou que as dietas com alto teor de concentrado (86%) reduziram fortemente as emissões de CH4, expressos em g/ kg de MS consumida, em comparação com dietas à base de feno-concentrado (49:51%) e silagem de milho-concentrado (63:37%).

BERCHIELLI, Telma Terezinha; MESSANA, Juliana Duarte; CANESIN, Roberta Carrilho. Produção de metano entérico em pastagens tropicais. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 13, n. 4, 2012. COTTLE, D.J.; NOLAN, J.V.; WIEDEMANN, S.G. Ruminant enteric methane mitigation : a review. Animal Production Science, v.51, p.491514, 2011.

A emissão de metano tende a acompanhar o

DIJKSTRA, J.; FRANCE, J.; DAVIES, D. R. Different

crescimento dos rebanhos, desta forma quanto

mathematical approaches to estimating microbial protein supply in ruminants. Journal Dairy

maior o número de animais, maior a quantidade de metano emitido; e pode diminuir de acordo com o valor nutricional da dieta e o consumo (WAGNER et al., 2017). Alterar o nível de consumo de ração, as características

dietéticas

ou

as

condições

da

fermentação ruminal afetam o grau de degradação do substrato pelos microrganismos e a sua eficiência de multiplicação. Como consequência ocorrem mudanças na quantidade de matéria microbiana, bem como, de substrato alimentar não degradado que flui do rúmen para o intestino delgado. Isso reflete também no rendimento de AGCC e metano, contudo esse efeito pode ser difícil de prever e interpretar (DIJKSTRA et al., 1998). Segundo Cottle et al. (2011), para reduzir as emissões de metano pela pecuária estão ligadas à melhoria da dieta, à melhoria de pastagens, à suplementação alimentar,

Science. v. 81, p. 3370-3384, 1998. DOREAU, M. et al. Leviers d'action pour réduire la production de méthane entérique par les ruminants. Productions Animales, Paris, v.24, n.5, p.461-474, 2011. HASSANAT, F. et al. Replacing alfalfa silage with corn silage in dairy cow diets: Effects on enteric methane production, ruminal fermentation, digestion, N balance, and milk production. Journal of Dairy Science, Champaign, v.96, n.7, p.4553-4567, 2013. JOHNSON, K.A.; JOHNSON, D.E. Methane emissions from cattle. Journal of Animal Science, v.73, p.2483-2492, 1995. LIMA, M.A.; BOEIRA, R.C.; CASTRO, V.L.S.S.; LIGO, M.A.; CABRAL, O.M.R.; VIEIRA, R.F.;

à outras medidas que refletem na melhor eficiência

LUIZ, A.J.B. Estimativa das emissões de gases de efeito estufa provenientes de atividades

produtiva e resultam em ciclos de produção mais

agrícolas no Brasil. In: LIMA, M.A.; CABRAL,

curtos.

O.M.R.; MIGUEZ, J.D.G. (Ed.). Mudanças climáticas globais e a agropecuária brasileira.

ao aumento da capacidade produtiva dos animais e

Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, p.169-189. 2001.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de cerais aumenta a eficiência alimentar nos ruminantes,

consequentemente

aumenta

a

velocidade de ganho de peso e reduz a produção de

MCGEOUGH, K. L. et al. The effect of cattle slurry in combination with nitrate and the nitrification inhibitor dicyandiamide on in situ nitrous oxide

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Artigo 510 - Estratégia de uso de cereais na redução da produção de metano entérico em ruminantes

and

dinitrogen

emissions.

Biogeosciences,

Gottingen, v.9, p.4909-4919, 2012. OWENS,

F.N.,

GOETSCH

A.L.

Fermentacion

ruminal. In: CHURCH, D.C. (Ed.) El rumiante fisiología digestiva y nutricion. Zaragoza: Agríbia,

WARNER, D. et al. Effects of grass silage quality and level of feed intake on enteric methane production in lactating dairy cows. Journal of animal science, v. 95, n. 8, p. 3687-3699, 2017.

p.159-189, 1993. SAUVANT, D. & GIGER-REVERDIN, S. Empirical modelling

by

meta-analysis

of

digestive

interactions and CH4production in ruminants. p.561-562. In: Proceedings of the 2nd EAAP International Symposium on Energy and Protein Metabolism and Nutrition. 2007.

.

8673

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Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

Revista Eletrônica

Carcaças bovinas, temperatura, medidas higiênicosanitárias, qualidade.

Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

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A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade das carcaças e cortes cárneos in natura comercializadas em três supermercados da cidade de Pires do Rio - GO em função das condições de temperatura interna e superficial no processo de recebimento e comercialização. Foram realizadas aferições de temperatura com termômetros em espeto e infra-vermelho, análises físico-químicos em triplicata como pH, prova de filtração e pesquisa de amônia, além da aplicação de check list para avaliar as condições higiênico-sanitárias dos locais de acondicionamento das carnes. Os resultados indicaram que apenas as carcaças, em função das condições avaliadas, se enquadravam no preconizado pela legislação. Além disso, alguns itens do check list apresentaram não conformidade como ausência de lavatórios, falta de EPI e caminhões não refrigerados que realizam a entrega das carcaças aos estabelecimentos. Portanto, comprova-se a influência negativa das temperaturas inadequadas na qualidade das carnes, reforçando a importância do cumprimento das normas estabelecidas pela legislação e a necessidade de aplicação de medidas higiênico-sanitárias nos açougues garantindo a qualidade e segurança alimentar ao mercado consumidor. Palavras-chave: carcaças bovinas, temperatura, medidas higiênico-sanitárias,qualidade.

Bárbara da Silva Resende 2 Victória da Silva Sousa 3* Jhenyfer Caroliny de Almeida 4 Sandra Regina Marcolino Gherardi 1

Discente do curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal GoianoCâmpus Urutaí, GO, Brasil. 2 Discente do curso de Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal Goiano Câmpus Urutaí, GO, Brasil. 3 Tecnóloga em alimentos, Instituto Federal Goiano - Câmpus Urutaí, GO, Brasil.*E-mail:Jhenyfer.caroliny@outlook.com 4 Docente do curso de Ciência e Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí, GO, Brasil.

MONITORING AND EVALUATION OF QUALITY OF FRESH MEAT COMMERCIALIZED IN THE CITY OF PIRES DO RIO / GO IN ACCORDANCE WITH THE RECEIVING AND STORAGE CONDITIONS ABSTRACT The present study aimed to evaluate the quality of carcasses and fresh meat cuts sold in three supermarkets in Pires do Rio - GO, due to the internal and superficial temperature conditions in the receiving and marketing process. Temperature measurements were made with skewers and infrared thermometers, physicochemical analyzes in triplicate as pH, filtration test and ammonia research, besides the application of checklist to evaluate the hygienicsanitary conditions of the meat packing places. . The results indicated that only the carcasses, according to the evaluated conditions, were in compliance with the legislation. In addition, some checklist items showed non-compliance such as lack of wash basins, lack of PPE and uncooled trucks that deliver carcasses to establishments. Therefore, the negative influence of inadequate temperatures on meat quality is proven, reinforcing the importance of compliance with the rules established by the legislation and the need to apply hygienic-sanitary measures in butchers, ensuring the quality and food safety of the consumer market.

Keyword: bovine carcasses, temperature, hygienicsanitary measures, quality. 8674


Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

INTRODUÇÃO

MATERIAL E MÉTODOS

A carne in natura é bastante susceptível a alterações

Foram realizados em açougues de 3 supermercados

de ordem bioquímica, devido às suas características

(A, B, e C) na cidade de Pires do Rio/GO que

intrínsecas, tais como, composição nutricional, ou

comercializam carne in natura a aferição das

seja, macronutrientes que podem se alterar dando

temperaturas superficial e interna das carcaças no

origem

por

momento da entrega e da carne, 24 horas após a

procedimentos físicos e químicos, além de elevada

a metabólitos

desossa já no balcão de exposição utilizando-se o

atividade de água e pH próximo da neutralidade.

termômetro digital infravermelho para obtenção da

Desta forma, ocorrem principalmente alterações

temperatura superficial e termômetro digital em

degradativas em moléculas de proteínas e lipídios

espeto para aferição da temperatura interna. Essas

provocadas por enzimas hidrolíticas endógenas e

atividades foram conduzidas na última quinta-feira de

ainda

cada mês, nos períodos de Setembro a Novembro

por

outras

que são avaliados

substâncias

produzidas

por

microrganismos (MESQUITA et al., 2014).

para caracterizar o período chuvoso e quente do ano, e Abril a Junho o período seco e frio. Após as

A qualidade da carne é influenciada por inúmeros

aferições foram coletadas amostras para realização

fatores, envolvendo desde o manejo, nutrição e bem-

das análises físico-químicas.

estar até o final do processo para comercialização como condições do local, temperatura e tempo de

As amostras coletadas das carcaças in natura e

resfriamento. Segundo Pollonio (1999), os produtos

corte cárneo após 24 horas da exposição no balcão

que são armazenados incorretamente podem ser

para

veículos

de

diferentes

por

estabelecimentos foram obtidas em quantidade suficiente para análise em triplicata, acondicionadas

para obter carne com boa qualidade higiênica é

em

importante que, uma vez preparadas, as carcaças e

encaminhadas ao Laboratório de Análises Físico-

as

Químicas do Instituto Federal Goiano - Câmpus

comestíveis

contaminações

nos

microrganismos. Mucciolo (1985), ainda afirma que

vísceras

muitas

comercialização

sejam

imediatamente

encaminhadas às câmaras frias.

embalagens

isotérmicas

e

posteriormente

Urutaí. O corte utilizado foi o contrafilé (Longissimus dorsi), as porções da carne foram selecionadas de

De acordo com o Regulamento técnico de boas

forma aleatória, retiradas de várias regiões da peça

práticas para serviços de alimentação (2004) e com os

(superfície, centro e lados), sem grandes vasos,

requisitos de boas práticas higiênico-sanitárias e

ossos, tecido adiposo, pele e aponeurose. Ao

controles operacionais essenciais (2008), a qualidade

chegarem

dos

consumo

submetidas imediatamente às determinações físico-

primeiramente está relacionada com as condições

químicas, segundo metodologia preconizada pelo

sanitárias do produto, devendo ser inspecionada e

Laboratório Nacional de Referência Animal (BRASIL,

alimentos

finalizados

para

o

aprovada na recepção, seguindo o preconizado pelas normas técnicas e legislação nesse quesito.

Considerando

a

importância

da

aplicação

de

temperaturas ideais a fim de fornecer um produto seguro e de qualidade ao consumidor o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade das carcaças e cortes cárneos in natura comercializadas em supermercados da cidade de Pires do Rio - GO em função das condições de temperatura interna e no

comercialização

processo por

de

métodos

recebimento analíticos

e

físico-

químicos e aplicação de checklist, além de analisar a influência destes sobre a qualidade final do produto oferecido. 8675

laboratório,

pH

as

amostras

foi aferido através

foram

de método

potenciométrico, utilizando pHmetro calibrado com

medidas higiênico-sanitárias e da conservação em

superficial

1981). O

ao

as soluções tampão de pH 4,0 e 7,0 e para isso, foram homogeneizados 50 g de cada amostra com 10 mL de água destilada deionizada, e o eletrodo do equipamento foi mergulhado nos beckers contendo as amostras, para realização das leituras (Figura 1). Para a prova de filtração foram colocadas 10 g de cada uma das amostras em frasco Erlenmeyer e adicionados

100

mL

de

água

destilada.

Posteriormente, cada mistura obtida passou por agitação vigorosa durante 15 minutos em agitador, sendo a seguir levada para filtração em papel de filtro Whatman n°1, cronometrando-se o tempo. Para

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Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

a pesquisa de amônia pela avaliação de Éber,

análises

estatísticas

foram

realizadas

com

o

preparou-se a solução de Éber em um balão de 250

programa R (R Core Team, 2018) de computação.

mL adicionando 50 mL de ácido clorídrico e 150 mL de álcool, completando o volume total do balão com

Durante as avaliações de temperatura e coleta de

éter. Em um tubo de ensaio de 25 ml adicionou-se 5

amostras foi realizado em cada estabelecimento um

ml do reagente obtido e fixou-se um fragmento da

checklist elaborado a partir da Resolução RDC nº

amostra em um arame tipo anzol preso a uma rolha

216, de 15 de setembro de 2004 preconizado da

de cortiça, o arame era então, introduzido no tubo de

Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.

modo que a amostra não tocasse as paredes do tubo

Foram então observadas e anotadas informações

nem a superfície da solução como preconizado.

relativas

Caso ocorresse o aparecimento da fumaça branca, é

funcionários do caminhão, dos açougues e das

demonstrativo de amostras positivas devido à reação

condições

entre o reagente e a amônia liberada da carne

analisados os aspectos gerais quanto à limpeza do

decorrente da degradação de aminoácidos sendo

caminhão que entregava as carcaças para os

indicativo de início de decomposição da mesma.

estabelecimentos, condições de higiene pessoal e

Para a execução de todas as atividades descritas,

utilização de equipamentos de segurança de seus

houve um treinamento prévio para preparo correto

funcionários, além da observação de atividades

das soluções e manipulação dos equipamentos,

paralelas dos mesmos enquanto realizavam as

além de extensa revisão de literatura e estudo das

entregas. Foi avaliada também, a limpeza do local de

técnicas de análise a serem realizadas.

armazenamento das carcaças, além das condições

às de

características estocagem

das

sanitárias carnes.

dos Foram

de temperatura, vestimenta dos açougueiros, higiene Figura 1. Leitura do pH utilizando-se o pH-metro,

pessoal e utilização de equipamentos de proteção

pesquisa de amônia pela avaliação de Éber e prova

individual. Para obtenção de informações adicionais,

de filtração, respectivamente, de uma das amostras

foi questionado diretamente aos funcionários se

de carne

recebiam treinamento prévio para executarem suas tarefas preconizando medidas higiênico sanitárias e que oferecessem maior segurança alimentar para o mercado consumidor. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o monitoramento da temperatura interna verificou-se que os valores obtidos para as carcaças em ambos os períodos analisados se enquadraram no preconizado pela portaria nº 304/96 (BRASIL,

Fonte: Elaborada pelos autores, 2018.

1996) que determina que os estabelecimentos de

Os dados da temperatura interna das carcaças (TIC)

abate de bovinos somente poderão entregar carnes

e de cortes cárneos após 24 horas (TICn) e da

para comercialização com temperatura de até 7ºC

temperatura superficial das carcaças (TSC) e de

(Figura 1). Já no período quente e úmido as

cortes

são

carcaças apresentaram temperatura superior ao

um

exigido.

cárneos

provenientes

após

de

delineamento

um

24

horas

(TSCn)

experimento

inteiramente

com

casualizado

(DIC), parcelas

As amostras dos cortes cárneos após 24 horas

subdividida no tempo (3 tratamentos x 2 períodos).

expostas no balcão para comercialização entre os

Testou-se a normalidade pelo teste de Shapiro e a

meses de Abril a Junho apresentaram resultados

homogeneidade de variâncias pelo teste de Bartlett,

próximos a 7°C (Tabela 1). Para o período entre

visto que tais dados atenderam as pressuposições

Setembro e Novembro, as amostras apresentaram

da análise de variância, aplicou-se o teste de

valores maiores em relação ao período anterior

Student-Newman-Keuls a 5% de significância para

analisado quanto à temperatura interna (Tabela1).

comparações múltiplas entre as médias. Todas as

As temperaturas superficiais dos cortes cárneos após

constituído

de

um

esquema

com

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8674-8680, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006

8676


Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

24 horas em ambas as estações também não se

tabelecimento A, apresentaram tempo de filtração

enquadraram no exigido pela legislação sendo

superior a 10 minutos indicando prováveis alterações

considerados inadequados visto que temperaturas

físico- químicas, além de uma coloração escura. As

acima de 7°C, em balcões de resfriamento, podem

amostras dos estabelecimentos B e C se mantiveram

permitir

na faixa de classificação entre fresca e de média

o

deteriorantes

desenvolvimento e

de

patogênicos

microrganismos alimentos,

conservação filtrando em até 6 minutos no máximo,

colocando em risco a segurança dos produtos e sua

nos

apresentando coloração clara quando comparadas

vida-útil (MACÊDO, et al., 2000; MENDES et al.,

com as amostras do estabelecimento A. Para as

2001).

análises realizadas na estação seca e fria, as amostras

apresentaram

filtração

dentro

do

Tabela 1. Comparações múltiplas entre médias de 3

preconizado para carnes frescas, não ultrapassando

tratamentos em dois períodos distintos

5 minutos, podendo a temperatura ambiente mais amena desse período ter influenciado de forma positiva em sua conservação. Os valores de pH obtidos (Tabela 2) oscilaram, porém, se aproximando do ideal tanto para as carcaças quanto para as carnes após 24 horas da desossa e já expostas no balcão, corroborando com Terra (2005) que classificou a carne como boa para o consumo quando esta apresenta pH médio entre 5,8 a 6,2 e apenas para consumo imediato quando o pH estava acima de 6,4. Tabela 2. Comparações múltiplas entre médias de 3 tratamentos em dois períodos distintos

*TIC: Temperatura interna da carcaça; TICn: Temperatura interna da carne após 24 h; TSC: Temperatura superficial da carcaça; TSCn: Temperatura superficial da carne após 24 h. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5% de significância. Fonte: Elaborado pelos autores.

A prova de Éber que avalia o estado de conservação da carne por meio do aparecimento de fumaça branca indicadora de que o produto encontra-se em início de decomposição, devido a reação com a amônia

liberada

apresentou

na

resultado

degradação negativo

para

da

carne,

todas

as

amostras nos dois períodos analisados. Quanto à

*CpH: pH da carcaça; CnpH: pH carne 24 h; PF. C: Prova de filtração carcaça; PF. Cn: Prova de filtração carne 24h. *Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha

prova de Filtração considerou-se a classificação da

não se diferem pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5% de significância. Fonte: Elaborado pelos autores.

carne de acordo com o tempo de filtragem para

Portanto,

ambos os períodos de Setembro à Novembro e Abril

apresentaram aptas para o consumo sugerindo

à Junho (Tabela 2). As amostras das carcaças

menor risco de contaminação microbiana, pois o

apresentaram-se entre frescas ou com média

crescimento microbiano em carnes, embora seja

conservação filtrando em até 5 minutos. Os cortes

possível em uma ampla faixa de pH, ocorre

após 24 horas de expostos nos balcões durante a

principalmente

estação quente e úmida do ano apresentaram

neutralidade, dependendo de cuidados no período

diferentes resultados, sendo que as amostras do es-

que antecedem ao sacrifício, descanso, jejum e

8677

no

presente

em

pH

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8674-8680, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006

estudo

7,0

as

ou

carnes

próximo

se

da


Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

que as carnes eram submetidas a temperatura em

estresse (Pardi et al., 1995).

torno de 3,1°C, porém, os valores obtidos nas O checklist foi aplicado nas coletas das amostras

aferições foram superiores a 7°C. O funcionamento

tanto das carcaças quanto dos cortes cárneos 24

de

horas após a desossa e expostos no balcão. Foram

permitido pela legislação é uma prática comum em

observados aspectos higiênico-sanitários como a

diversos estabelecimentos no país constatado por

utilização de uniforme, equipamentos de proteção

Porte et al. (2003).

refrigeradores

em

temperaturas

acima

do

individual, condições dos locais de armazenamento, do caminhão e dos funcionários no ato da entrega

Quadro

das carcaças aos estabelecimentos (Quadro 1). Foi

Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004

possível identificar que os caminhões de entrega das

preconizado da Agência Nacional de Vigilância

carcaças in natura não possuíam refrigeração,

Sanitária e aplicados nos três estabelecimentos

propiciando

o

aumento

da

temperatura

e

favorecendo a proliferação de microrganismos. Os funcionários dos caminhões utilizavam uniformes brancos e bota branca, porém no decorrer das atividades eles se apresentavam sujos, situação agravada ainda mais pela falta dos aventais. Em

relação

às

instalações,

apenas

o

estabelecimento B possuía exaustor que mantinha o ambiente mais arejado e sistema de higienização de mãos, com lavatório, sabão e papel toalha sendo estes, essenciais para garantir a higiene durante as atividades e inclusive é preconizado pela Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Os três estabelecimentos

quando

observados

estavam

sendo lavados, os balcões bem higienizados, porém, o uso de luvas de aço foi observado na sala de desossa em apenas um dos estabelecimentos (supermercado A) e durante o atendimento ao consumidor nenhum açougueiro utilizava luvas de aço. Em todos os estabelecimentos os funcionários estavam de uniforme branco, touca, bota branca, com unhas e cabelos aparados e sem adornos. Quanto às condições de estocagem das carnes, no estabelecimento A elas ficavam penduradas em uma sala com a temperatura em torno de 13 °C durante todo o processo de desossa e cortes, e ocorria entrada e saída contínua dos açougueiros. Na tabela 1 é possível verificar a influência dessa condição de estocagem, sendo esta inadequada, pois, segundo a Portaria n°304 de 22/04/1996 do Ministério da Agricultura

(BRASIL,

1996)

são

exigidos

a

preservação das carnes no varejo até 7°C, a fim de promover maior segurança ao mercado consumidor. Nos estabelecimentos B e C os funcionários alegaram

1.

CheckList

elaborado

Check List

a

partir

da

Check List

C-conformidade NC-Não Conformidade NA-Não Aplicável NONão observado 1. Aspectos gerais do caminhão (limpeza): 2. Vestimenta dos funcionários do caminhão: Uniforme: Cor: Limpeza: Botas: 3. Higiene Pessoal dos funcionários do caminhão: Cabelo: Barba e bigode: Unhas: Adornos: Lavagem das mãos: 4. Utilização de EPITouca: Avental: Uso de luva: (luva de malha de aço): Botas: 5. Atividade exclusiva de descarga: 6. Limpeza do local de armazenamento das carcaçasChão: Bancada: Limpeza e higiene do local: Presença de sabão liquido antiséptico e papel toalha no setor: Armazenagem refrigerada de acordo com as normas: 7. Vestimenta dos funcionários do supermercadoUniforme: Cor: Adornos: Limpeza:

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Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e

Calçado: 8. Higiene Pessoal dos funcionários do supermercado e uso de EPI Cabelo: Barba e bigode: Unhas: Lavagem das mãos: Touca: Avental: Luvas: 9. Setor organizado e limpo. (Piso, parede, câmaras, equipamentos): 10. Temperaturas ideais (balcões. Ilhas e câmaras):

Abastecimento, Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária Laboratório Nacional de Referência Animal:

Analíticos

Oficiais

para

Controle de Produtos de Origem Animal e seus ingredientes. Brasília, DF, 1981. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n.304, de 22 de abril de 1996. Estabelece critérios para introdução de modificações nas atividades de distribuição e comercialização de carne bovina, bubalina e suína, visando à saúde do consumidor. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,DF, 23 abr. 1996. Seção 01, p. 6856, 1996.

Fonte: Elaborado pelos autores

MACÊDO, J. A. B.; AMORIM, J. M.; LIMA, D.C.;

CONCLUSÃO As

Métodos

SILVA,

temperaturas

internas

das

carcaças

se

enquadraram no preconizado pela portaria nº 304/96 (BRASIL, 1996) nos dois períodos analisados ao

P.

M.;

VAZ,

U.

P.

Avaliação

da

temperatura de refrigeração nas gôndolas de exposição

de

derivados

lácteos

em

contrário dos cortes cárneos após 24 horas de

supermercados da região de Juiz de Fora/MG. Revista Leite e Derivados, n. 53, p.20-30, 2000.

exposição no balcão para comercialização que

MENDES, A. C. R.; SANTANA NETA, F. G.; COSTA,

apresentaram temperaturas internas superiores a

D.

7°C na estação quente e úmida. A temperatura

comercialização

superficial

período

supermercados da cidade de Salvador/BA. Rev.

compreendido entre Setembro e Novembro foi

Higiene Alimentar, São Paulo, v15 n83, p 58-62,

superior ao permitido pela legislação. Com relação

2001.

aos

para

cortes

as

cárneos,

carcaças

também

no

foi

observado

S.;

MESQUITA,

ALMEIDA,

D.

J.

de

O.

M

F.

cortes

;

Condições

de

cárneos

em

VALENTE

,

P.

T;

temperaturas acima do permitido pela legislação

ZIMMERMANN, M. A; FRIES, M. L. L; TERRA, N.

vigente.

N. Qualidade físico-química da carne bovina in

Os valores inadequados obtidos podem influenciar

natura aprovada na recepção de restaurante industrial. Vigilância Sanitária em Debate:

negativamente a qualidade do produto, tornando evidente a necessidade dos estabelecimentos em respeitar e cumprir a legislação. A não conformidade de alguns quesitos higiênicossanitários constatados nos estabelecimentos e no ato da entrega das carcaças bovinas através da aplicação do checklist pode acarretar em maior risco de contaminação das carnes diminuindo a qualidade das mesmas, podendo comprometer a saúde do mercado consumidor.

sanitárias

e

Sanitária. (2004). Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial da União. 16 set 2004. MUCCIOLO,

P.

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boas

práticas

controles

higiênico

operacionais

essenciais. Rio de Janeiro: ABNT; 19 p., 2008.

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para

Manual e

de

Controle Aspectos

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de

Pequeno e Médio Porte. São Paulo: Metha, 154p., 1999.

8679

estabelecimentos

H. S. Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne,

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15635:2008. Serviços de alimentação: de

3, p. 103-108, 2014. Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância

PARDI, M. C., SANTOS, I. F.; SOUZA, E. R.; PARDI,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

requisitos

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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8674-8680, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006


Artigo 511 - Monitoramento e avaliação da qualidade de carnes in natura comercializadas na cidade de Pires do Rio/GO em função das condições de recebimento e estocagem

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carnes. Editora Unisinos, São Lepoldo – RS,

Monitoramento

2005.

refrigerados

de

carnes

expostos

e

à

derivados

venda

em

supermercados sul fluminenses. Saúde Rev., Piracicaba, v. 5, n.9, p.39-46, 2003. R Core Team R: A language and environment for statistical computing, R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Áustria, 2017. Disponível em:< http://www, R-project,org/>. Acesso em: 02 de junho de 2018.

.

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Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação

Revista Eletrônica

foliar Cactáceas, pecuária, polímero, semiárido, ruminantes.

Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

*

Sueni Medeiros do Nascimento¹ Emerson Moreira de Aguiar² Guilherme Ferreira da Costa Lima³ Luciano Patto Novaes² 4 Pablo Ramon da Costa ¹Zootecnista, mestra em produção animal, UFRN - campus Macaíba. *E-mail: sueni_tec@hotmail.com ²Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, RN 160 Km 03 - Distrito de Jundiaí - Macaíba/RN, CEP: 59280-000. ³Pesquisador da EMBRAPA/Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte 4 Discente do curso de agronomia, bolsista do Laboratório de Nutrição Animal da UFRN.

RESUMO A palma forrageira possui múltiplos usos, porém na região semiárida do Brasil sua principal finalidade é servir de suporte forrageiro na alimentação de ruminantes. A maior área cultivada com a palma forrageira do mundo encontra-se nessa região. Neste contexto, surgem novos estudos que abrangem o manejo

da

cultura

visando

à

ampliação

da

produtividade. Haja vista que no semiárido brasileiro a atividade pecuária apresenta uma fonte de renda importante para o agropecuarista. Atualmente, as técnicas de manejo utilizadas na cultura da cactácea envolvem o adensamento, a adubação, a irrigação e o controle fitossanitário. Entretanto, a disponibilidade de água nessa região é limitada e o uso do hidrogel agrícola

torna-se

uma

alternativa.

O

uso

complementar da adubação foliar é outra técnica alternativa de manejo que visa o aumento no rendimento produtivo. Objetivou-se com esta revisão de literatura destacar os aspectos gerais da palma forrageira e ressaltar as duas alternativas de manejo contemplando o uso da irrigação e da adubação. Assim, enfatizando o uso do hidrogel agrícola e a adubação foliar. Palavras-chave:

cactáceas,

semiárido, ruminantes.

8681

pecuária,

polímero,

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

GENERAL ASPECTS OF CACTUS PEAR AND ALTERNATIVE MANAGEMENT: AN ASSOCIATION OF AGRICULTURAL HYDROGEL AND FOLIAR FERTILIZATION: LITERATURE REVIEW ABSTRACT Cactus Pear has multiple uses, but in the semi-arid region of Brazil its main purpose is to provide forage support in ruminant feeding. The largest forage palm cultivated area in the world is in this region. In this context, there are new studies that cover the management of the crop aiming to increase productivity. Considering that in the Brazilian semiarid, livestock activity presents an important source of income for the farmer. Currently, the management techniques used in cactaceae cultivation involve the densification, fertilization, irrigation and phytosanitary control. However, water availability in this region is limited and the use of agricultural hydrogel becomes an alternative. The complementary use of foliar fertilization is another alternative management technique that aims to increase yield. The aim of this literature review was to highlight the general aspects of forage palm and highlight the two management alternatives contemplating the use of irrigation and fertilization. Thus, emphasizing the use of agricultural hydrogel and foliar fertilization. Keyword: cactus, livestock, polymer, ruminants.

semiarid,


Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

INTRODUÇÃO

de grande volume de água que varia de 10% até

A região semiárida do Brasil enfrenta as condições

centenas de vezes o seu volume do peso quando

de escassez de água e altas temperaturas, a

seco,

escolha da planta forrageira a ser cultivada como

gradativamente.

de

maneira

a

liberar

às

plantas

base para a alimentação do rebanho torna-se um aspecto muito relevante quando se visa alcançar a

Objetivou-se com esta revisão de literatura destacar

viabilidade econômica do sistema de produção.

os aspectos gerais da palma forrageira e ressaltar as duas alternativas de manejo para o uso da irrigação

Considerando

que

a

atividade

agropecuária

apresenta uma grande importância econômica para os produtores rurais da região

e da adubação. Assim, destacando o uso do hidrogel agrícola e da adubação foliar.

semiárida do

Nordeste do Brasil é necessário cultivar plantas

Caracterização

produtivas e adaptadas para estabelecer o suporte

aspectos gerais da palma forrageira

forrageiro do rebanho.

O semiárido nordestino estende-se por 1,03 milhão de

km²

do

semiárido

apresentando

nordestino

condições

e

climáticas

É importante ressaltar que, objetivando ampliar o

caracterizadas por períodos secos e precipitações

rendimento produtivo da palma forrageira torna-se

pluviométricas inferiores a 800 mm ao ano (BRASIL,

necessário a inserção do uso das técnicas de

2018). A insolação média é de aproximadamente

manejo

o

2.800 horas ao ano, as temperaturas médias anuais

adensamento, a escolha da variedade e a inspeção

variam de 23ºC a 27 ºC, evaporação de 2.000 mm

fitossanitária. Porém, observa-se que na região

ao ano

semiárida a água é um fator limitante por apresentar

ocorrência de grande irregularidade na distribuição

disponibilidade reduzida, assim dificultando o uso da

das chuvas (MOURA et al., 2007).

como:

a

irrigação,

a

adubação,

-1

e 50% de umidade relativa do ar, com

irrigação. A vegetação predominante na região semiárida do Neste contexto, são necessárias ao manejo da

Brasil é a Caatinga e, cobre a maior parte da área

cultura à inserção de técnicas que viabilizem e

com clima semiárido do país e, é um bioma

otimizem o aproveitamento de água da chuva ou que

exclusivamente brasileiro (ALMEIDA & SANTOS,

contribua com a redução do uso da irrigação na

2018).

região. A região é marcada pela imprevisibilidade da A

presente

práticas

estação chuvosa, tanto de forma temporal como

alternativas para as técnicas de manejo da palma

espacial. No entanto, a quantidade e a intensidade

forrageira adensada que já são conhecidas, dentre

da precipitação variam ano a ano, sendo os

elas: a adubação e a irrigação. As alternativas

principais gargalos impostos ao sertanejo, tornando-

contemplam o uso de fertilizantes aplicados via

se difícil a tomada de decisão sobre o uso da

foliar.

essa

caatinga e o início das atividades agrícolas. Dado o

metodologia de aplicação de fertilizantes, via foliar,

exposto, explorar as potencialidades do semiárido

promova vantagens na economia e na fixação dos

brasileiro de forma sustentável e economicamente

nutrientes com agilidade na parte aérea da planta.

viável exige a compreensão da dinâmica da

Assim como, promova a melhoria no rendimento da

natureza, e esta tem de ser conhecida e respeitada

forragem.

(ANDRADE et al., 2010).

Quanto ao uso da irrigação, por ser a água um fator

As

limitante deduz-se que ao usar o hidrogel agrícola

semiárido nordestino possuem grande importância

haverá a redução no uso da água da irrigação da

econômica. A produção animal por um longo período

palma forrageira ou melhora o aproveitamento da

de tempo teve como sustentáculo da alimentação do

água da chuva com o uso do produto. Sabendo-se

rebanho a vegetação caatinga. Entretanto, nas

que função do hidrogel é ocasionar uma absorção

últimas décadas tem-se observado um esforço para

Haja

revisão

vista

que,

destaca

duas

presume-se

que

atividades

agropecuárias

desenvolvidas

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8681-8698, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006

no

8682


Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

se produzir o suporte forrageiro requerido pelo

Jaçanã, Serra de São Bento, Japi e Santa Cruz. Em

rebanho por meio de plantas forrageiras cultivadas

relação ao número de estabelecimentos que cultivam

(MOREIRA et al., 2007).

a palma por municípios no Estado do Rio Grande do Norte, destacam-se: Bento Fernandes (239), Sítio

A palma forrageira tem-se destacado nessa região,

Novo (167), João Câmara (160) e Tangará (142)

pois a sua principal função é servir de suporte

(IBGE, 2017).

forrageiro estratégico para a alimentação dos animais ruminantes. No Brasil encontra-se a maior

Existem

2.000

espécies

de

palma

forrageira

área cultivada com palma forrageira do mundo

pertencentes a 178 gêneros, entretanto dois destes,

(SANTOS, et al., 2011).

Opuntia e Nopalea são os mais utilizados como forragem e as espécies de palma Gigante - Opuntia

A cactácea é cultivada em diversos continentes do

fícus-indica (L.) Mill e a palma Miúda - Nopalea

mundo e utilizada para diferentes fins, entre os quais

cochenilifera (L.) Salm Dyck são as mais cultivadas

se destacam: I. Planta hospedeira do inseto

(MARQUES et al., 2017).

Dactylopius coccus Costa,

produtor

do

corante

carmim; II. Frutífera e hortaliça; III. Culinária,

Atualmente as variedades da palma Orelha de

produção de bebidas; IV. Planta forrageira, V.

Elefante

Proteção do solo e produção de biogás, cosméticos,

(Nopalea cochenillifera) e Ipa-Sertânia (Nopalea sp)

entre

vem ganhando destaque no cultivo, entre os

outros

(BARBERA,

2001;

LEITE,

2006;

SANTOS et al., 2013).

Mexicana

(Opuntia stricta Haw),

Miúda

agropecuaristas, pois apresentam tolerância à praga da

Cochonilha-do-carmim

(Dactylopius

opuntiae

Essa forrageira tem se destacado na produção de

Cockerell) que dizimou grandes áreas de cultivos da

forragem em sistemas de produção pecuária do

palma

semiárido brasileiro, devido a sua adaptabilidade à

(VASCONCELOS et al., 2009; LOPES et al., 2010).

elevada

restrição

características

hídrica,

morfofisiológicas

por que

Gigante

(Opuntia

fícus-indica)

apresentar a

tornam

Aspectos morfofisiológicos da palma forrageira

apropriada para essa região, constituindo-se numa

A cactácea apresenta propriedades fisiológicas que

das mais importantes bases da alimentação para os

permitem suportar grandes períodos de escassez de

ruminantes (GALVÃO JR. et al., 2014).

chuva

e

possui

metabolismo

fotossintético,

designado

como

Metabolismo

Ácido

das

O potencial produtivo da planta varia de acordo com

Crassuláceas – CAM. Há na sua constituição

o melhoramento genético e a condição de manejo

algumas

praticada, se em condições de sequeiro ou irrigada.

apresentam adaptações ao ambiente com baixa

Produtividades variam de 200 a 400 toneladas de

disponibilidade hídrica, tais como; a presença de

matéria verde por hectare ao ano, ou 20 a 40

tricomas e estômatos profundos, no interior de

toneladas de matéria seca por hectare, oferecendo

criptas formadas por camadas de cutinas sobre a

uma grande contribuição ao desenvolvimento da

epiderme (SANTOS et al., 2006 e SANTOS et al.,

atividade pecuária no Nordeste (SANTOS et al.,

2010 ).

estruturas

morfoanatômicas

que

2010). A palma Opuntia ficus-indica apresenta cerca de 15 A produção de palma forrageira no Brasil é de

a 35 estômatos por mm² que são estruturas celulares

3.581.469,148

126.925

que possuem a função de realizar trocas gasosas

maiores

entre a planta e o meio ambiente. Os estômatos na

produções em ordem decrescente são, Bahia,

palma forrageira apresentam-se uniformemente de

Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Rio Grande

ambos

do Norte e Ceará (IBGE, 2017).

(SUDZUKI-HILLS, 2001).

O Estado do Rio Grande do Norte produziu

A abertura dos estômatos ocorre durante a noite

83.433,385 toneladas em 3.351 estabelecimentos,

para a absorção do CO 2, e essa característica

sendo os quatro municípios de destaque em volume,

contribui com a redução da perda de água para o

estabelecimentos.

8683

toneladas Os

estados

em com

os

lados

da

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superfície

do

cladódio


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ambiente. O CO2 absorvido durante a noite é

das raízes da cultura da palma que apresenta uma

armazenado temporariamente na forma de ácido

rede de raízes na camada superficial. Essas últimas

málico no vacúolo celular para, posteriormente, ser

possuem o papel de absorver água de chuvas leves

utilizado nas reações fotossintéticas do dia seguinte

e até do orvalho, e essas condições apresentam-se

(SANTOS et al., 2011).

como uma vantagem para as regiões semiáridas (MARQUES et al., 2017).

Diante disso, há uma grande economia de água, pois no metabolismo fotossintético das leguminosas

A cultura apresenta baixa exigência hídrica, porém

(C3) necessita-se de 700 a 800 kg de água para

em algumas localidades, a partir das condições

produzir 1 kg de matéria seca, as gramíneas (C4)

naturais do semiárido há perda excessiva de água,

necessitam de 250 a 359 kg de água por kg de

baixa umidade, alta evapotranspiração, déficit hídrico

matéria

se

e elevadas temperaturas durante a noite. Assim,

apresentam muito eficientes, pois para produzir 1 kg

seca

produzida.

As

cactáceas

contribuem para acarretar a murcha severa ou até a

de matéria seca necessitam de 100 a 150 kg de

morte das plantas (LIMA et al., 2015). De acordo

água (LARCHER, 1986).

com Nobel (2001) a captação atmosférica máxima

Essa eficiência expressa à capacidade de produção de biomassa por uma determinada cultura, sob

diária de CO2 na palma forrageira ocorre quando a temperatura do ar durante o dia apresenta 25º C e a noturna 15ºC.

determinado consumo de água ou volume aplicado, sendo esse indicador influenciado pela fase de

A disponibilidade de água para a cultura torna-se

crescimento e disponibilidade hídrica (COSTA et al.,

muito importante, contudo, os efeitos integrados dos

2012; PEREIRA et al., 2012; RIZZA et al., 2012).

princípios meteorológicos e a disponibilidade hídrica sobre os cladódios podem ser notados com as

O

sistema

radicular

da

palma

forrageira

é

responsável pela absorção de água e nutrientes. Segundo Vega et al. (2005) esse sistema é

variações na sua emissão, enrugamento, tamanho, hidratação de tecidos, entre outros (QUEIROZ et al., 2015).

composto por raízes carnosas e superficiais com uma distribuição horizontal que irá depender do solo

De

e do manejo da cultura. De acordo com Sudzuki-Hills

disponibilidade de água pode levar a deficiência

(2001) existem quatro tipos de raízes na palma

hídrica nos tecidos vegetais, associada a outros

forrageira: as estruturais, as absorventes, em

fatores relacionados à absorção e transporte de

esporão e as desenvolvidas de aréolas. Todavia, em

água nas células. Os órgãos que apresentam

todos os tipos de solos, as raízes absorventes

maiores

atingem uma profundidade máxima de 30 cm e uma

potencial de adaptação ao estresse hídrico. Porém é

dispersão de 4 a 8 cm.

necessário

acordo

com

reservas

Leite

(2009)

também

perceber

que

uma

apresentam a

menor

maior

maximização

do

comprimento e largura médios do cladódio ocorre Há uma interligação nos sistemas radiculares dos vegetais

que

são

altamente

conectados

nos

próximo aos 300 dias, (FARIAS et al., 2015; PEIXOTO, 2009).

horizontes do solo A e B, indicando que a competição pela água e nutrientes do solo é intensa

Para

(OLIVEIRA et al., 2010). As funções primárias são

vegetativo das plantas está relacionado ao conteúdo

de fixação, absorção, condução de água e nutrientes

de água disponível e as condições de disponibilidade

do solo, assim como, armazenamento, síntese de

de nutrientes para a planta, pois os principais

reguladores

e

processos bioquímicos e fisiológicos necessitam de

dispersão, então tida como funções secundárias

água para ocorrer, como é o caso da fotossíntese,

(OLIVEIRA et al., 2010, VEGA et al., 2005).

respiração, transpiração e absorção dos nutrientes.

Faz-se necessário destacar a função do sistema

Estudo realizado em condições de sequeiro no

radicular da planta e, principalmente, as características

semiárido brasileiro contemplou as variedades IPA-

de

crescimento,

propagação

Donato et

al. (2017)

o

desenvolvimento

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Sertânia, Miúda e Orelha de Elefante Mexicana.

de nutrientes no solo, viando alcançar um

Foram avaliados os indicadores de eficiência do uso

significativo

da água e de nutrientes. As variedades da palma

produtivo (NASCIMENTO et al., 2013).

desenvolvimento

estrutural

e

forrageira Orelha de Elefante Mexicana e a IPA Sertânia se destacaram em relação à eficiência do

Visa-se com o aumento da produtividade atender

uso da água considerando a produção de matéria

as

fresca. Todavia, as variedades apresentaram quanto

minimizar

à matéria seca, a mesma eficiência de uso da água,

principalmente, em períodos de escassez de

tanto em termos de água precipitada quanto de água

chuvas. Contudo, atualmente a palma forrageira

evapotranspirada (SILVA et al., 2014).

tem sido utilizada em período integral durante o

exigências

nutricionais

o

dos

fornecimento

animais de

e

água,

ano (CAVALCANTE et al., 2014). A palma forrageira destaca-se na região semiárida por apresentar adaptabilidade à elevada restrição

A obtenção de elevadas produtividades da palma

hídrica, pois possui mecanismos morfofisiológicos

forrageira ou manutenção desta, ao longo dos

que possibilitam a absorção da água da chuva mais

sucessivos cortes, necessita considerar aspectos

passageira,

sua

como correção do solo, adubação, técnicas de

evaporação ao mínimo (ARAÚJO, 2009). Ainda

plantio adequado, controle de plantas invasoras e

apresenta

além alta

da

diminuição se

manejada

manejo correto de colheita, além da inserção de

para

que seja

cultivar melhorada nos plantios (FARIAS et al.,

produtividade,

corretamente, e isso contribui

da

largamente difundida no Nordeste.

2005).

Atualmente, busca-se maximizar a produtividade da

Porém, para Silva et al. (2014) incluem-se aos

planta, através da inserção de técnicas de manejo.

vários os fatores que podem influenciar na

Tendo

de

produtividade da palma forrageira, a fertilidade do

aproximadamente 100.000 ha de cultivo da palma

solo, pluviosidade, densidade de plantio, vigor

Gigante, Opuntia ficus indica, sendo considerada a

das mudas e ataque de pragas e doenças.

em

vista

que

houve

dizimação

variedade tradicional na região semiárida. Neste contexto, houve necessidade de substituição dessa, por variedades tolerantes à praga Cochonilha-doCarmim, (Dactylopius Opuntiae)

(LOPES et al.,

2010).

Em decorrência do elevado potencial de produção de fitomassa da cultura ocorre um aumento na extração de nutrientes do solo, principalmente, onde há uso da técnica de adensamento, que propõe ampliar o número de plantas por área de

Quanto à inserção de técnicas, a irrigação tem sido

plantio. Torna-se necessário um programa de

utilizada para aumentar a produtividade da palma

adubação, pois a sustentabilidade dos sistemas

forrageira, utilizando quantidades mínimas de água

de produção de palma diminuiria ao longo do

(LIMA et al., 2015). Essa técnica de irrigação

tempo, devido, a redução na fertilidade dos solos

associada ao adensamento minimiza o impacto das

(LEITE, 2009).

condições destacam-se

climáticas como

desfavoráveis.

possíveis

Assim,

alternativas

para

favorecer o aumento no rendimento da palma forrageira nessa região (DANTAS et al., 2017).

O conhecimento da exigência nutricional da palma forrageira é fundamental, pois a produção colhida é toda exportada, e se, não houver reposição dos nutrientes, ao longo do tempo, a

Manejo da palma forrageira visando o aumento

produtividade

da produtividade

prejuízos ao sistema de produção.

Diante da importância apresentada da cactácea para a alimentação animal, faz-se necessário uma melhor compreensão sobre a implantação da cultura, e formas

de

manejo

que

visem

aumentar

a

produtividade. Entretanto, como as demais culturas,a palma necessita de manejo adequado e reposição 8685

tende

a

diminuir

provocando

Sampaio (2005) destaca que a palma forrageira é uma cultura relativamente exigente quanto às características físicas e químicas do solo, de preferência necessitam ser cultivadas em solos que apresentem altos teores de cálcio, magnésio e pH próximo a 7,0.

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Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

As adubações orgânicas e minerais são necessárias

na morfologia das plantas e, em condições de alto

para promover aumento de rendimento produtivo da

suprimento ocorrem maior crescimento e aumento

palma. Estudo realizado por Nascimento et al.

na área foliar (MARSCHNER, 2012).

(2013) avaliou as características estruturais da palma forrageira Orelha de Elefante Mexicana no

A adubação nitrogenada também atua com outras

sertão de Pernambuco. Ao longo do estudo a palma

moléculas

foi submetida a diferentes níveis de adubação

reguladores da fotossíntese, participa no estímulo à

orgânica com 0, 10, 20 e 30 toneladas por hectare

divisão celular e no surgimento de novos cladódios

ao ano do adubo orgânico, e 0, 120, 240 e 360 kg

(CUNHA et al., 2012).

ha¹ ao ano de nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente. As características estruturais da palma sofreram influência dos sistemas de cultivo. Contudo, o nível 0 de adubação orgânica influenciou negativamente reduzindo a altura da planta e o perímetro do cladódio. A influência foi positiva para espessura e perímetro das raquetes que receberam maiores doses de adubação orgânica e mineral.

orgânicas,

e

é

um

dos

principais

A morfometria e acúmulo de biomassa da cv. Miúda sob diferentes doses de nitrogênio (0, 100, 200 e 300 kg ha¹) na forma de ureia foi estudada por Cunha et al. (2012). A adubação aplicada fracionada em três parcelas iguais a cada 30 dias em uma densidade de 40.000 plantas ha¹ apresentou aumento no número de cladódios para as doses crescentes do N fornecido. Ainda assim, houve semelhança nas

Quanto à adubação orgânica, sua adição no solo

características morfométricas de volume, espessura,

aumenta a matéria orgânica que promove a melhoria

largura e peso dos cladódios.

da

qualidade

(MALAVOLTA,

química, 2006;

física

SILVA

&

e

biológica

LOPES

2012;

DONATO, 2011).

A

adubação

nitrogenada

influencia

nas

características morfológicas dos cladódios, porém, o crescimento

vegetativo

da

palma

forrageira

é

Esse tipo de adubação ao ser utilizada na palma

expresso em número de cladódios por planta, altura

forrageira promove uma boa resposta no aumento

e arquitetura da planta, comprimento e largura de

da produtividade. A recomendação para os plantios

cladódios (FARIAS et al., 2015).

-1

mais adensados é de utilizar no mínimo 20 t ha de esterco a cada dois anos (FARIAS et al., 2000).

O uso do NPK promove o aumento no teor de proteína bruta da planta, todavia depende da

No estado da Bahia, Donato et al. (2014) avaliaram

quantidade do fertilizante fornecido (COUTINHO,

a adubação orgânica utilizando esterco bovino em

2014).

dosagens crescentes, e observaram que houve um aumento no valor nutritivo da forragem, a medida em que ocorria o aumento da aplicação do esterco em t -1

ha .

notadamente

quando

cultivada

em

populações

adensadas (40.000 plantas por ha) e apresentando -1

teores de P no solo (Mehlich ) abaixo de 10 mg dm

No entanto, em estudo realizado por Coutinho (2014) foi demonstrado que a quantidade de nutrientes

A palma apresenta resposta à adubação fosfatada,

utilizada

nas

adubações

promoveu

apenas pequenas alterações na produção da palma forrageira, mas a adição de adubos minerais como o nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) promoveu

-3

(DUBEUX JR et al., 2006). Menezes et al. (2005) trabalhando com palma forrageira no Nordeste destacaram que os níveis de P e de K retirados do solo são os fatores que mais apresentaram correlação com a produtividade.

aumento no teor de proteína da planta, o que

O nível de adubação é um fator determinante na

resultou em melhoria na qualidade nutricional da

produção de matéria verde, tendo em vista que a

cactácea.

deficiência de fósforo apresenta efeitos negativos no

O nitrogênio (N) é um dos elementos utilizados nas adubações e possui a função de promover alterações

crescimento da palma Gigante (TELES et al., 2002). Todavia, Nobel (2005) afirma que os cinco nutrientes

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do solo que aparentam exercer maior efeito sobre o

2012).

desempenho das cactáceas são N, P, K, B e Na. As fontes alternativas de água como a da chuva, Visando manter o equilíbrio nutricional das plantas é

poços de baixa vazão e água de reuso, podem ser

necessário

suficientes para implementar a irrigação.

observar

a

disponibilidade

de

macronutrientes e micronutrientes presentes no solo para que as plantas consigam realizar a absorção.

Para o sucesso da irrigação, é fundamental levar em

Sabe-se que os micronutrientes são tão necessários

consideração

quanto os macronutrientes, tendo em vista que a sua

informações sobre a demanda atmosférica, do

carência

no

conteúdo de água presente no solo e da resistência

desenvolvimento da palma (DUBEUX JÚNIOR &

da planta quanto à perda de água para o ambiente

SANTOS, 2005).

(CAMPOS et al., 2008; SILVA et al., 2011).

pode

ocasionar

a

diminuição

que

uma

dependência

de

contribuir

No início dos anos 2000, a irrigação de forragens era

positivamente para que a planta expresse seu

uma tecnologia pouco utilizada no Brasil. Na região

potencial produtivo vão além da adubação. Se

Nordeste, apesar das condições climáticas serem

utilizadas de forma adequada à irrigação e o

propícias ao seu uso, à prática era quase inexistente.

adensamento também são indispensáveis para

As pesquisas ainda eram restritas e muitas foram

promover melhores rendimentos produtivos.

realizadas

As

práticas

de

manejo

que

visam

em

locais

que

não

apresentavam

condições climáticas que justificassem, até então, o Lima et al. (2015) indicam que ofertas mínimas de

seu investimento (REIS FILHO, 2012).

água fornecidas ao palmal poderão resultar em rendimentos médios de até 350 toneladas de

Aliada a irrigação, o adensamento de plantas

matéria verde por hectare, em cortes com frequência

apresenta grande relevância para o sistema de

anual com densidades de 50.000 plantas por

produção da palma. Estudo realizado por Cavalcante

hectare.

et al. (2014) deu destaque para a eficiência dessa técnica no plantio de palma forrageira, sendo

A adoção da irrigação por gotejamento utilizando de

considerada uma das práticas de manejo que

5,0 a 7,5 litros de água por metro linear a cada sete

também visa o aumento da produtividade da planta.

dias, ou 10,0 a 15,0 milímetros ao mês proporcionou aumento na produtividade da planta forrageira (LIMA

Ao adotar o sistema de adensamento nos cultivos de

et al., 2015).

palma na região semiárida, também se busca alcançar um melhor aproveitamento do tamanho das

Semelhantemente, Dantas (2015) e Dantas et al.

propriedades agrícolas. O investimento no sistema

(2017)

palma

de irrigação é justificado por essa associação da

ressaltam

forrageira

irrigada

que e

a

produção

adensada

no

de

semiárido

técnica de adensamento para que promova o

apresenta-se como uma atividade promissora e

aumento produtivo da planta em estabelecimentos

economicamente viável. Neste contexto, medidas

rurais que apresentem pequenas áreas (LEMOS,

tomadas como a inserção de técnicas de irrigação

2018).

visam melhorar as condições hídricas desfavoráveis podendo ser alternativas para o bom desempenho

Levando-se em consideração que a região Nordeste

da palma forrageira no nordeste.

apresenta maioria dos estabelecimentos de origem familiar e compreendendo como exemplo, o Estado

Embora, a utilização da irrigação da forrageira ainda seja incipiente no Nordeste, porém é uma técnica de elevada importância, em decorrência das limitações edafoclimáticas e hídricas existentes na região.

do Rio Grande do Norte que apresenta 63.411 estabelecimentos

agrícolas

distribuídos

em

2.697.019 hectare. Os dados apresentados pelo

Sabe-se que a região Nordeste possui apenas 3%

IBGE

da disponibilidade hídrica do Brasil e isso deve ser

estabelecimentos agrícolas com menos de 1 até 10

levado em consideração (VIDAL & EVANGELISTA,

hectare no Estado representam 29.976 ha. Pode-se

8687

(2017)

mostram

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que

o

total

de


Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

inferir

dos

espaçamentos de 1,4 a 2,0 m entre as linhas de

estabelecimentos agrícolas estão ocupando apenas

que

aproximadamente

47%

plantio e 10 a 30 cm, entre plantas e recomendam

3,97% do tamanho da área total em hectares no Rio

para

Grande do Norte.

espaçamentos de 1,80 x 0,50 x 0,40 m para a palma

sistemas

em

fileiras

duplas

irrigadas

Orelha de Elefante. Os pesquisadores responsáveis O IBGE (2017) apontou aproximadamente 2,3

pelo estudo recomendaram o plantio mais adensado

milhões de estabelecimentos rurais no Semiárido,

para a palma Miúda e menos adensado para a

ocupando 70.643.037 milhões de hectare, dos quais

palma Orelha de Elefante Mexicana.

mais de 455 mil estabelecimentos apresentam área inferior a 1 hectare. Embora, outros 1.054.387

Conforme exemplos de densidades médias poderão

estabelecimentos rurais possuam área entre 2 e 10

ser adotados espaçamentos como 1,6 m x 0,25 m

hectares. Esses dados apresentados pelo IBGE

(25 mil plantas/ha) ou 1,4 m x 0,25 m (28,6 mil

indicam que mais de 1 milhão de estabelecimentos

plantas ha¹). Densidades maiores podem ser obtidas

são áreas de minifúndios inferior a 10 hectare.

nos espaçamentos 2,0 m x 0,10 cm, (50 mil plantas ha¹) ou 1,4 m x 0,10 m (71,4 mil plantas ha¹) (LIMA

Para tanto, as técnicas de irrigação e adensamento

et al., 2015).

executadas de forma simultânea nas pequenas áreas produtivas tendem a contribuir para promover

De acordo com Santos et al. (2006) quando se

e garantir a segurança alimentar do rebanho.

pretende fazer cortes a cada dois anos e se obter maior produção, pode-se optar por plantios em

Diante

do

exposto,

sulcos em espaçamento adensado de 1,0 x 0,25m,

condições de atender as necessidades nutricionais

isso demandará quantidade maior de adubação e

dos

capinas.

animais

com

percebe-se a

que

vegetação

não

caatinga

apresentando baixo desempenho produtivo. Para produzir

um

animal

semiárido

Há também a opção do plantio em fileiras duplas de

nordestino necessita-se de 12 a 15 hectares dessa

3,0 x 1,0 x 0,5 m, cultivada para fins de consórcio.

vegetação. A caatinga possui baixa capacidade de

Isso permite a associação de culturas de base

suporte que também é influenciada pelas condições

alimentar humana ou animal concomitantemente.

edafoclimáticas e a maioria das propriedades possui

Assim, tem-se a vantagem de possibilitar os tratos

tamanho

culturais com tração motorizada.

inferior

ao

ruminante

exigido

no

para

suprir

a

necessidade de um animal nesse bioma (ALVES et Estudos realizados por Silva et al. (2014) avaliando

al., 2015).

densidades

de

plantio

da

palma

forrageira

No que diz respeito à produtividade da palma

demonstraram resposta linear negativa ao aumento

forrageira,

das densidades de plantio para a característica

a

variedade

Miúda

respondeu

positivamente na densidade de até 80.000 plantas por

hectare,

apresentando

elevado

morfológica de comprimento médio dos cladódios.

potencial

produtivo de massa verde e seca por área (SILVA et

Silva

al., 2014).

comprimento dos cladódios em razão de um

et

al.

(2014)

justificam

a

redução

do

provável aumento da população de plantas. A palma Lima et al. (2015) apontam vários espaçamentos e

Miúda respondeu ao número de cladódios de forma

densidades que foram estudados e utilizados nos

quadrática ao aumento na densidade de plantio,

sistemas irrigados, assim como, em relação aos

enquanto que as palmas Redondas e Gigantes

plantios de médio adensamento com 20 a 60 mil

ajustaram-se de forma linear negativa ao aumento

plantas por hectare. Contudo, ao adotar esse

das densidades de plantio.

sistema deve-se analisar o custo com as raquetes sementes e observar a viabilidade econômica no sistema produtivo. Ainda de acordo com a pesquisa realizada por Lima et al. (2015) foram utilizados

Farias et al. (2000) observaram uma maior produção de artículos de palma forrageira no semiárido de Pernambuco com espaçamento de 2,0m x 1,0m e

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Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

Hidrogel na Agricultura

menor produção em 7,0m x 1,0m x 0,50m.

Os

polímeros

hidroabsorventes

também

No que diz respeito à colheita depende da definição

denominados de hidrorretentores, hidropolímeros, ou

da posição de corte, se vai ou não preservar os

hidrogéis são materiais produzidos artificialmente

cladódios primários ou de ordem superior (DONATO,

que são derivados do refino do petróleo e que se

2011).

constituem

Quanto a intensidade de corte Lima et al. (2015)

de

redes

poliméricas

hidrofílicas

tridimensionais (SANTONI et al., 2008).

pesquisando sobre a intensidade de corte das

Eles são capazes de promover uma absorção de

palmas destacou que ao preservar as raquetes

grande volume de água ou soluções úmidas que

secundárias houve melhor desempenho

produtivo

variam de 10% até centenas de vezes o seu volume

do que preservando apenas as raquetes primárias

do peso quando seco. A sua superfície porosa

ou deixando apenas a raquete mãe. A perda na

possui alta capacidade de distensão volumétrica

primeira

(NASSER et al., 2007; SILVA, 2007).

colheita

é

compensada

nos

cortes

posteriores, além de garantir maior longevidade ao O polímero conhecido como hidrogel constitui um

palmal.

grande avanço no desenvolvimento tecnológico

Aspectos nutricionais da palma forrageira

criado de forma que na agricultura seu uso prevê a

Diante da expansão do cultivo da palma forrageira e

associação com técnicas já existentes, contribuindo

dos estudos relacionados à sua composição química

com a melhoria na eficiência do produto (LIMA &

bromatológica

SOUZA, 2011).

independente

do

gênero

é

comprovado cientificamente que o alimento é rico em carboidratos não fibrosos (58,55 ± 8,13%) e carboidratos

não

estruturais

(47,9

±

1,9%).

Apresentam altos teores de cálcio (2% - 5,7% da MS), potássio (1,5% - 2,58% da MS), magnésio (1,3% - 1,7% da MS) e material mineral (12,04 ± 4,7%) (FERREIRA et al., 2006).

Mencionam-se a evolução e aprimoramento dos hidrogéis e destacam-se as funções do potencial agrícola

desses

internacional principalmente,

produtos.

traz

Porém,

significativos

quanto

às

a

literatura

progressos,

melhorias

das

características de retenção de água dos chamados géis superabsorventes e do poder biodegradável

De acordo com Ferreira et al. (2006) foram

desses polímeros. Leva-se em consideração que a

observados baixos teores de MS (11,69 + 2,56%),

maioria dos hidrogéis tradicionais ofertados no

PB (4.81 + 1,16%), fibra em detergente neutro (FDN)

mercado são produzidos à base de acrilatos, mas

(26,79 + 5,07%), fibra em detergente ácido (FDA)

não são biodegradáveis (MONTESANO et al., 2015).

(18,85 + 3,17%) e baixo teor de fósforo (0,1% - 0,6% da MS).

Os polímeros utilizados nas atividades agronômicas possuem a capacidade de promover um aporte que

Ainda destacando a composição nutricional da

visa minimizar o uso da água. Ao ser utilizado a

palma por variados pesquisadores, os nutrientes

irrigação associada a algumas culturas maximiza sua

digestíveis totais (NDT) são encontrados com

eficiência hídrica, pois possuem a capacidade de

aproximadamente 63% da matéria seca (FERREIRA,

reter água e disponibilizá-la gradualmente para as

2005; MELO et al., 2003).

raízes

das

plantas

mais

próximas.

Essas

características são capazes de promover vigor e É necessária a compressão que existe uma relação

crescimento das plantas pela aptidão do polímero de

correta do FDN: CNF para que o teor de água desta

condicionar o solo e por possibilitar melhorias nas

forrageira não cause qualquer tipo de distúrbio

condições

digestivo nos animais, podendo ser incluída na dieta

(CARVALHO, 2016).

físico-químicas

dos

mesmos

dos ruminantes, desde que seja utilizada em proporções adequadas e o seu uso esteja associado

Os hidrogéis à base de poliacrilamida surgiram na

a boas fontes de fibra efetiva e proteína (NETO et

década de 50 por meio de uma empresa americana.

al., 2015).

Décadas depois, especificamente nos anos 70, suas

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Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

propriedades

de

melhoradas

por

retenção uma

de

água

empresa

foram

43,7% na área com o polímero e 55,1% na área

britânica

controle, havendo diferenças significativas entre si.

(MENDONÇA et al., 2013).

Constatando-se

que

o

hidrogel

promoveu

a

sobrevivência das espécies em classes de solo Ao longo das pesquisas foi sendo elevada sua

Latossolo.

capacidade de retenção de água de 20 para 400 vezes num processo gradativo. Contudo, a princípio

Os hidrogéis são comercializados em forma de pó,

o produto teve restrição de aceitação na área

em

agrícola como consequência do elevado custo, e

praticamente

escassez

fornecessem

agricultura, daí a recomendação é de que poderá ser

informações no que se refere às recomendações de

colocado diretamente sob o solo ou no substrato e,

uso e aplicação desses hidrogéis (WOFFORD JR. &

posteriormente, ser hidratado ou umedecido com

KOSKI, 1990).

água. O segundo método de aplicação é utilizando-

de

pesquisas

que

diferentes

granulometrias,

duas

formas

de

e

possuem

aplicação

na

se a forma hidratada ou empregada no sistema Houve uma avaliação da eficiência do polímero

radicular por imersão (NETO et al., 2017; DRANSKI

hidroabsorvente em estudo realizado por Lopes et

et al., 2013).

al.

(2007),

observando

a

correlação

entre

a

capacidade de inchamento dos hidrogéis (polímeros

Buzetto et al. (2002) avaliando a eficiência do

superabsorventes)

polímero

de

acordo

com

suas

adsorvente

a

base

de

acrilamida

características estruturais na presença de argila. Foi

relacionado ao crescimento de mudas de Eucalyptus

possível verificar que a maior capacidade de

urophylla, verificaram que não houve diferença sobre

absorção foi observada quando se utilizou baixa

o crescimento das plantas, tanto utilizando o

concentração do polímero.

polímero hidratado, quanto o seco.

Há variadas formas de aplicação dos polímeros e na

Gervásio & Frizzone (2004) observaram que a

agricultura uma das suas aplicabilidades prevê a

absorção de água pelo hidrogel quando submetido à

redução na periodicidade de uso de água da

saturação é maior do que quando misturado em

irrigação. Eles são considerados condicionadores de

meio de cultivo, fato atribuído à falta de água livre no

solo e sua contribuição tem sido voltada para

substrato, o que limita sua expansão. Porém, muitos

aumentar a capacidade de retenção de água do

trabalhos apontam para a eficiência do método

solo. Deste modo, proporcionando o uso mais

hidratado no cultivo agrícola.

efetivo dos recursos naturais, o solo e a água, viabilizando a melhoria no rendimento de culturas

As informações científicas do uso do produto como

agrícolas, como discutido por Oliveira et al. (2004) e

condicionadores de solo são escassas, sendo

como estudado por Venturoli e Venturoli (2011) em

necessário conhecer e quantificar a contribuição

recuperação de áreas degradadas.

resultante da aplicação desses polímeros com relação à disponibilidade de água em diferentes tipos

Monteiro et al. (2015) avaliando a regeneração

de solo (OLIVEIRA et al., 2004).

natural e a sobrevivência de mudas de espécies florestais, nativas do bioma Cerrado ao utilizar o

O

uso

de

polímeros

hidrogel observou uma redução da mortalidade de

preferencialmente

plantas.

reduzida disponibilidade de água ou que sofrem

indicado

hidrorretentores para

regiões

é com

longos períodos de estiagem, ocasião em que à Ainda de acordo com Monteiro et al. (2015), em

baixa umidade do solo afeta desfavoravelmente o

áreas de pastagens abandonadas, observaram que a mortalidade pós-plantio foi 7,2% na área com polímero e 6,3% na área controle, não diferenciando estatisticamente ente si. Ao avaliarem após 17 meses do plantio constatou-se que a mortalidade foi

crescimento e o desenvolvimento das plantas (AZEVEDO et al., 2002). Gervásio & Frizzone (2004) apontam para uma limitação na utilidade do produto na presença de sais,

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supram as necessidades nutricionais humanas e dos

pois reduz sua eficiência na retenção da água.

animais. De acordo com Brito et al. (2013) o balanço dos sais pelo efeito da pressão osmótica e a capacidade de

Almejando alcançar esse aumento na produtividade

expansão do hidrogel são os elementos que

algumas ferramentas adotadas ganham destaque,

moderam a habilidade desses produtos de absorver

entre elas a nutrição das plantas é importante para a

água.

gestão sustentável e produtiva das culturas. Para Fernández et al. (2015) a nutrição de plantas

Entretanto, Neto et al. (2015) citam que o aumento

fornecida via adubação foliar merece ser destacada

da força iônica nessas condições reduz a diferença

como uma dessas ferramentas que contribui com a

de concentração de íons móveis entre o polímero e

sustentabilidade e a produtividade.

a solução externa, o que, de imediato, diminui o volume do gel, explicando a baixa funcionalidade

Ao abordar a adubação via foliar torna-se necessário

desses polímeros na presença de sais. No entanto,

uma compreensão sobre sua definição. Conforme

em condições normais de cultivo, o uso de hidrogel

Mocellin (2004) enfatiza que é o processo de

aumenta a disponibilidade de nutrientes e intensifica

aplicação de nutrientes minerais na folha vegetal,

o crescimento das culturas (DUSI, 2005; BERNARDI

através da absorção total (passiva e ativa). Envolve

et al., 2012; MEWS et al., 2015; BARTIERES et al.,

a interação de nutrientes por toda a planta, não se

2016).

limitando a aplicação de nutrientes apenas via folhas das plantas, mas a aplicação poderá se estender aos

O uso do hidrogel agrícola vem sendo empregado

ramos novos e adultos, nas estacas e aos troncos,

na silvicultura, olericultura, fruticultura, cafeeiros e

por meio das pulverizações ou pincelamento, sendo

poáceas. De acordo com Neto et al. (2017) a

designada de adubação caulinar.

aplicação do polímero na agricultura brasileira, nos últimos 10 anos, abrange a silvicultura em maior

É importante ressaltar que a absorção dos nutrientes

número de publicações.

minerais via folha da planta é uma prática utilizada desde 1950 em outros países (MOCELLIN, 2004).

A maior concentração de trabalhos são voltados para

as

espécies

florestais,

principalmente

o

Conforme

destacam

Silva

e

Lopes

(2012)

a

Eucalyptus sp., na produção de mudas e em testes

adubação foliar é uma das alternativas que deve ser

de sobrevivência pós-plantio. Porém, também há um

utilizada em situações específicas ou como forma de

destaque nas pesquisas voltadas para a fruticultura,

servir de complemento para a adubação via solo.

olericultura e a cafeicultura utilizando o polímero De acordo com Faquin (2005), existem quatro

(NETO et al.,2017).

situações nas quais se devem utilizar a adubação hidrogéis

foliar. Quando se pretende realizar a adubação de

biodegradáveis. De acordo com Montesano et al.

forma corretiva que tem por objetivo corrigir as

(2015) ao avaliar os hidrogéis superabsorventes à

deficiências nutricionais que ocorrem durante o ciclo

base de celulose verificou que o produto é adequado

da cultura prevendo a rapidez na resposta da

para uso iminente na agricultura, com potencial

aplicação.

Atualmente

existe

a

classe

dos

benefício em particular para cultivos de plantas de ciclo curto.

Ainda de acordo com o autor visando uma adubação preventiva que deve ser realizada, quando um

Adubação foliar

nutriente está fora da faixa considerada ideal e sua aplicação via solo não é eficiente. Essa situação

O aumento na demanda pela sustentabilidade

ocorre na maioria dos casos com os micronutrientes.

ambiental e econômica nas atividades agropecuárias nos tempos atuais requer a inserção de práticas que

A outra maneira de se fazer o uso é através da forma

promovam a sustentabilidade. Para tanto, busca-se

complementar,

uma crescente produtividade de alimentos em

complemento para aplicação via solo, ou seja, parte

determinados sistemas de produção agrícola, que

do(s) nutriente(s) é aplicada via solo e o restante

8691

pois

a

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adubação

servirá

de


Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

complementado via foliar. Por último destaca-se a

midade de distribuição por estarem solubilizados em

adubação foliar suplementar que é um cenário

água. Isso oportuniza a possibilidade de ser feita a

específico em que a prática é realizada como um

aplicação a qualquer dia e hora, independente das

investimento a mais, como por exemplo, em culturas

condições climáticas que impossibilitariam o uso da

de alta produtividade (FAQUIN, 2005).

adubação sólida.

Sabe-se que a adubação foliar é aplicada nas

Os fertilizantes foliares devem ser aplicados quando

plantas em estado líquido. Para Silva & Lopes

a planta não está captando água em sua máxima

(2012) há uma divisão quanto ao estado dos

potência. As aplicações de micronutrientes via foliar

fertilizantes,

mostram melhores resultados quando aplicados na

em

duas

classes,

a

primeira,

é

denominada de “soluções” que envolve aqueles

planta

fertilizantes que se encontram em estado líquido,

crescimento da planta. São nos momentos mais

mas que se apresentam na forma de soluções

críticos de maior crescimento ou quando a planta

verdadeiras, isto é, isentas de material sólido.

está saindo da sua fase vegetativa e transita para

túrgida

durante

o

período

de

maior

fase reprodutiva que necessitam de uma demanda A segunda classe é denominada de “suspensões”

maior de energia e vigor que se enfatiza a aplicação

que são aqueles fertilizantes que se encontram

(MOCELLIN, 2004).

também em estado líquido, mas se apresentam em uma fase sólida dispersa num meio líquido, (SILVA

Ainda de acordo com Mocellin (2004) a maioria das

& LOPES, 2012).

aplicações foliares deve conter nitrogênio para agir como

um

eletrólito

carregando

os

íons

de

Os fertilizantes foliares podem além de corrigir

micronutrientes para dentro da planta sendo o

deficiências,

principal meio de absorção foliar através dos

aumentar

colheitas

fracas

ou

danificadas, aumentar a velocidade de crescimento.

estômatos.

Objetivando-se aumentar o desempenho produtivo das plantas. Ao serem usados simultaneamente com

Fernández et al. (2015) relatam que o papel dos

fertilizantes sólidos podem promover a correção

estômatos no processo da absorção foliar foi tema

rápida de déficit de nutrientes e aumentar a

de interesse desde o início do século 20. No entanto,

captação pelas raízes (MOCELLIN, 2004).

em 1972, foi postulado que a água pura não poderia se infiltrar espontaneamente nos estômatos, a

Segundo Guimarães & Mendes (1997), a adubação

menos que um agente tenso ativo aplicado junto com

líquida apresenta diversas vantagens em relação à

a solução reduzisse a tensão superficial para menos

adubação sólida, como a economia de nutrientes,

de 30 mN m¹ (SCHÖNHERR & BUKOVAC, 1972).

devido a uma aplicação mais homogênea e mais controlada e redução da mão-de-obra, devido ao

Alguns pesquisadores como Malavolta & Piccin

maior rendimento das aplicações.

(1993) confirmam que os adubos foliares utilizados em lavouras cafeeiras têm se mostrado satisfatórios,

Conforme destacam ainda os mesmos autores, esse

tanto do ponto de vista prático quanto econômico.

tipo de adubação apresenta como vantagens, um

Porém o metabolismo e a fisiologia da planta do café

maior equilíbrio e maior precisão das doses de

são

macro

cactáceas

e

micronutrientes,

justificando-se

pela

diferentes e

do de

metabolismo

algumas

das

outras

plantas

culturas

facilidade de combinação de nutrientes. Pela maior

pesquisadas utilizando os fertilizantes no estado

eficiência dos fertilizantes quando aplicados em

líquido. Ainda há escassez de trabalhos que

estado líquido, e redução dos custos de aplicação,

comprovem a sua eficácia em plantas de diferentes

uma vez que pode ser aplicado mais de um nutriente

metabolismos.

de uma só vez. Mocellin (2004) atribui maior ênfase ao uso da Verifica-se que há um potencial de redução nas

adubação

doses de fertilizantes apontando uma melhor unifor-

micronutrientes do que com a adubação aplicada via

foliar

na

absorção

dos

minerais

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Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

solo.

ANDRADE, A. P. et al,. Produção animal no semiárido: o desafio de disponibilizar forragem,

A adoção dessa prática torna-se segura aos

em quantidade e com qualidade, na estação

agricultores porque além de nutrir adequadamente a

seca. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa,

planta, visa-se a obtenção de maior produtividade,

v.4, n.4, p.01-14, dez. 2010.

no menor tempo e menor custo possível.

ARAUJO, Albimah Medeiros de.; Interação entre

Publicações realizadas por Guimarães e Mendes (1997) ressaltam que a técnica de aplicação de adubo via foliar apresenta diversas vantagens em relação à adubação sólida fornecida via solo. Essas vantagens incluem à facilidade de combinação de nutrientes que promove uma maior eficiência, além de a aplicação ser mais homogênea e mais controlada. Também há redução na mão de obra, promovendo condições de equilibrar e fornecer maior

precisão

nas

dosagens

de

macro

e

micronutrientes.

adubação fosfatada e espaçamento no cultivo da palma forrageira (Opuntia fícus-indica (L.) Mill)

no

Estado

da

Paraiba.

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cultivo e usos da palma forrageira. SEBRAE:

a eficiência do uso da irrigação e da adubação.

FAO, p. 1-11, 2001.

Visando à

obtenção

de resultados

Porém, o hidrogel e a adubação foliar podem ser

BARTIERES, E. M. M. et al. Hidrogel, calagem e

alternativas viáveis e benéficas para proporcionar

adubação

melhores

sobrevivência

resultados

produtivos.

No

entanto,

no e

desenvolvimento composição

inicial,

nutricional

de

necessita-se do uso metodologia adequada em

plantas híbridas de eucalipto. Colombo, Pesquisa

relação à aplicação.

Florestal Brasileira, 2016, v. 36, n. 86, p. 145151.

Pressupõe-se que a utilização do hidrogel de forma

BERNARDI, M. R. et al. Crescimento de mudas de

complementar a irrigação seja mais viável e em uma

Corymbia citriodora em função do uso de hidrogel

quantidade do produto não inferior a 6g por planta.

e adubação. Lavras: Cerne, v. 18, n. 1, p. 67-74,

Dessa maneira, onde há maior escassez de água, a

2012.

exemplo

das

promoveria

a

áreas

de

redução

sertões, na

o

hidrogel

periodicidade

de

fornecimento da água.

BRASIL, MDR - Ministério do Desenvolvimento Regional.

SEMIÁRIDO:

semiárido.

2018.

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Artigo 512 - Aspectos gerais da palma forrageira e alternativas de manejo: uma associação do hidrogel agrícola e da adubação foliar

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8698


Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes Revista Eletrônica

Bovinos, equações, metano, produtividade, ruminantes.

Izabelle Crystine Almeida Costa 2 José Nery Rocha Junior 3 Felipe do Nascimento Silva 4 Jucelane Salvino de Lima 5 Kedes Paulo Pereira

1*

Vol. 17, Nº 02, mar/abr de 2020 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

*

Mestranda em Zootecnia, UFS. São Cristóvão, SE. Email: izabelle.almeida@hotmail.com 2 Mestre em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, UFC, Fortaleza, CE. 3 Graduando em Zootecnia, UFAL. Maceió, AL. 4 Doutora em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, UFRPE, Recife, PE 5 Profº Adjunto, UFAL. Maceió, AL.

RESUMO Vários estudos têm sido realizados acerca da

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

METHANE PREDICTION EQUATIONS AND THEIR EFFECT ON RUMINANT ANIMAL PRODUCTION

produção de metano, principalmente, visando mitigar

ABSTRACT

sua emissão. Pesquisas acerca das equações de

Methane production responds linearly to increases in DM intake, and for rates with high concentrate grains or tropical fodder base, rates of increase of 27 and 34 g of methane /kg of DM consumed, respectively, has been observed. One of the alternatives to select efficient animals in the use of foods without changing the weight gain is the residual food consumption (RFC), proposed by Koch et al. (1963), which is the difference between the observed and the estimated consumption, taking into account the metabolic weight and weight gain. Nkrumah et al. (2006) and Hegarty et al. (2007) suggested that with the selection of low RFC animals it would be possible to reduce the daily emission of methane per animal due to lower consumption, without any losses to production. From the knowledge of the net requirements and taking into consideration the efficiency factors of the energy use of the food for maintenance and gain, the dietary requirements are obtained. In contrast to what has been thought to recently, intensification of pasture use to contribute to the removal of carbon dioxide atmospheric (CO 2) and mitigate the greenhouse effect and its consequences for the environment due to global warming, promoting sustainable and efficient livestock farming.

predição da emissão são importantes, devido os métodos diretos serem onerosos, o que os torna pouco acessíveis. Os animais ruminantes produzem quantidades significativas de metano, cerca de 16% do total produzido pela humanidade, o que contribui para aumentar os efeitos drásticos da emissão de gases poluentes. No entanto, o manejo alimentar dos animais é uma estratégia de efeito em curto prazo para diminuição da emissão de metano pela pecuária, pois a produção de metano responde linearmente a aumentos no consumo de matéria seca (MS), sendo que para dietas com alta concentrado de grãos e a base de forragens tropicais tem-se observado taxas de incremento de 27 e 34 g de metano/kg de MS consumida, respectivamente. Ao contrário do que se acreditava até recentemente, a intensificação do uso das pastagens pode contribuir para a remoção do dióxido de carbono (CO2) atmosférico, e mitigar o efeito estufa devido seu efeito na fermentação entérica, reduzindo emissão de metano e suas consequências ao meio ambiente

em

razão

do

aquecimento

global,

promovendo uma pecuária sustentável e eficiente. Palavras-chave:

bovinos,

produtividade, ruminantes. 8699

equações,

metano,

Keyword: bovines, equations, methane, productivity, ruminants.


Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes

INTRODUÇÃO

Nesse

cenário

A potencialidade da pecuária para desenvolvimento

responsabilidade

do agronegócio é inquestionável; porém, atinente à

ecossistema das pastagens, se bem manejados,

sustentabilidade ambiental é notório a preocupação

passam a apresentar grande potencial de sequestrar

mundial acerca dos seus efeitos na emissão de

carbono. Por outro lado, a pastagem degradada ou

gases de efeito estufa (GGE). Estima-se que o setor

de

pecuário é responsável por 29% das concentrações

desempenho dos animais, e a maior produção de

de metano (CH4) por fermentação entérica que têm

gases

contribuído nas alterações climáticas em nível global

necessidade de se estudar com maior ênfase as

(USEPA, 2010).

relações da produção de metano e de outros gases

baixa

o

Brasil

tem

ambiental,

produtividade

poluentes

por

uma

uma

vez

favorece

produto.

importante que

o

Assim,

o

baixo há

a

do efeito estufa com as fases e categorias animal de A produção pecuária deve buscar alternativas para

acordo com o manejo alimentar e sistema de

mitigação da emissão de metano pelos animais

produção adotado.

ruminantes

que

devem

atenuar

os

efeitos

ambientais, buscando como escopo sustentabilidade

Os estudos realizados por Miller (1995), Johnson e

ambiental e produtiva, devido relevância para

Johnson (1995) e Mcallister et al. (1996) revelaram

crescimento socioeconômico. A precípua alternativa

que a emissão de CH4 proveniente da fermentação

para redução da emissão de CH 4 é através de

ruminal depende principalmente do tipo de animal,

estudos acerca da produção de animais ruminantes

nível de consumo de alimentos, quantidade de grãos

(MACHMÜLLER, 2006). Nesse sentido, o manejo

na dieta, tipo de carboidratos presentes na dieta,

nutricional

estágio

torna-se

relevante,

por

alterar

a

de

crescimento

da

planta

forrageira,

fermentação ruminal a partir da inibição de bactérias

processamento da forragem, tamanho de partícula,

metanogênicas,

suprimento de minerais, manipulação da microflora

minimizando

a

eructação

e

ruminal, da digestibilidade dos alimentos e da adição

liberação de gases CH4 no ambiente.

de lipídeos e ionóforos. Estes são importantes Além disso, o conhecimento acerca das causas e

componentes que afetam e estão envolvidos na

quantidades significativas de gases CH4 produzidos

produção de CH4 ruminal. Por essas razões, as

é injunção por parte dos pesquisadores, a fim de

indicações para a redução das emissões de CH 4

inovar com tecnologias para mitigar seus efeitos

pela pecuária estão ligadas a medidas que refletem

diretos.

na melhor eficiência produtiva.

Desta forma, estudo das equações de predição de

Trabalhos com o uso de forragens temperadas e

metano torna-se necessário, pois métodos diretos

bovinos do gênero Bos Taurus, de corte e leite,

são mais onerosos e trabalhosos e não tão

alimentados com forragem e concentrados de alta ou

acessíveis, principalmente devido à continentalidade

baixa inclusão na dieta, apresentam uma perda de

de

3,0 a 6,5% da energia bruta (EB) na forma de CH4,

extensão

produtivos

territorial

para

serem

e

diferentes

avaliados;

em

sistemas que

a

quando alimentados com dietas contendo 85% e

equações validadas forneceram informações rápidas

65% de energia digestível (ED) respectivamente

e precisas e ajustadas para cada realidade do

(EPA, 2005).

sistema produtivo. Apesar da melhora do valor alimentício da dieta ser Emissões de gases de efeito estufa pelo setor

considerado, uma das principais indicações para a

agropecuário

redução do CH4 de bovinos, esse fato deve ser

O Brasil é conspícuo produtor de bovinos para corte

analisado considerando todos os aspectos que

e isto está relacionado ao elevado potencial do país

envolvem a atividade e não de forma isolada,

para produção desses animais em sistema extensivo

principalmente

de produção e pelas características das forrageiras

concentrados à dieta dos animais (PEDREIRA,

tropicais utilizadas como base da alimentação

2005).

destes animais, o que apresenta em geral menor valor nutricional do que as da pecuária leiteira.

quando

se

incluem

alimentos

Nesta situação, os gastos energéticos envolvidos na

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8699-8708, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006

8700


Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes

produção de grãos devem ser considerados, pois,

observadas nestas proporções são decorrentes do

muitas vezes, a redução da emissão de CH 4 de

tipo

origem ruminal, causada pela inclusão desses

fermentativo é produzido CO2 que juntamente com a

alimentos à dieta, é compensada por um incremento

grande quantidade de hidrogênio (H2) provindo da

muito maior da emissão de CO2 proveniente da

produção de ácido acético e butírico, são captados

queima de energia fóssil pelas máquinas envolvidas

pelas

nos processos de produção e transporte de grãos.

metanogênese,

Por conseguinte, pode haver grande geração de

dependendo da concentração e das proporções

óxido nitroso (gás de efeito estufa 296 vezes mais

relativas dos ácidos produzidos (EUN et al., 2004).

e

qualidade

bactérias

de

dieta.

metanogênicas em

Nesse

processo

favorecendo

quantidades

a

variáveis,

potente em reter calor que o CO2 e 13 vezes mais potente que o CH4, pelos fertilizantes nitrogenados

A reação de formação de metano é considerada

aplicados nas lavouras de grãos e nas pastagens.

consumidora de energia, drenando o hidrogênio procedente de todas as reações químicas que

Dessa forma, o desafio brasileiro passa a se

ocorrem no rúmen, permitindo um melhor rendimento

aperfeiçoar sua imagem perante o mercado externo

total de adenosina trifosfato (ATP). Esse maior

frente à situação ambiental a fim de manter sua

rendimento proporciona a formação de mais células

produção de carne maximizada e dentro de padrões

microbianas, aumentando, desta forma, a proteína

requeridos pelas pressões ambientais.

disponível para o ruminante. Isso indica que a produção de metano traz benefício a estes animais,

As estimativas apontam uma redução de 38,7% nas

já que promove uma fermentação mais eficaz e

emissões de gases de efeito estufa o que está

mantém baixa a concentração de hidrogênio no

diretamente relacionado às inovações tecnológicas

rúmen (CHURCH, 1977).

no campo. Porém, para que isso seja possível devem ser adotadas as técnicas adequadas de

Emissão de metano via fermentação entérica

manejo das pastagens e a suplementação alimentar

O metano é o principal gás do efeito estufa emitido pelo setor da pecuária como resultado da fermentação entérica de animais domésticos e do manejo de seus dejetos. A fermentação ruminal, decorrente do metabolismo dos carboidratos vegetais, é um processo anaeróbio efetuado pela população microbiana ruminal. Nesse processo fermentativo é dissipado calor pela superfície corporal e são produzidos CH4 e CO2.

dos animais as quais têm sido identificados como os melhores meios de aumentar a eficiência de produção dos sistemas de gado de corte e de reduzir as emissões de gases do efeito estufa no setor, haja vista a melhoria na nutrição animal e os ganhos na eficiência reprodutiva (EPA, 2005). A Metanogênese A fermentação, que ocorre durante o metabolismo dos carboidratos ingeridos pelos ruminantes, é um processo

anaeróbio,

efetuado

pela

população

microbiana ruminal, que converte os carboidratos em ácidos

graxos

de

cadeia

curta

(AGCC),

principalmente ácido acético (C2), propiônico (C3) e butírico (C4). O rúmen é responsável por 90 a 100% da digestão dos carboidratos solúveis e ácidos orgânicos e entre 60 e 90% da digestão da celulose e hemicelulose, dependendo do grau de lignificação da forragem. Em ruminantes consumindo apenas volumosos, a fermentação ruminal origina misturas de AGCC que

As emissões globais de metano, a partir do processo entérico dos ruminantes, representam 22% das emissões globais de metano (EPA, 2005a) e constitui a terceira maior fonte em escala global (USEPA, 2000). No Brasil, a pecuária tem sido responsabilizada pela emissão de 96% de metano proveniente de todas as atividades agrícolas, sendo a maior parte dela originária de áreas de pastagens extensivas (LIMA, 2002). Como a maioria destas pastagens está em processo de degradação, o aumento da produtividade é uma das opções para tornar a pecuária mais rentável (BERNARDI et al., 2009), o que poderia também mitigar as emissões de metano (VILELA et al., 2005).

molarmente apresentam as seguintes proporções: 60 a 72% de ácido acético, 15 a 23% de ácido propiônic e12 a18% de ácido butírico e, sendo que as variações 8701

Devido aos grandes investimentos necessários para a formação e para a reforma de pastagens, tem-se

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Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes

buscado diversas técnicas para reduzi-los. No

ingerido, as várias modalidades e condições de

sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) a

sistemas de criação dos ruminantes implicam em

utilização do consórcio de culturas anuais com

fatores diferentes de emissão de gases poluentes. O

forrageiras pode ser preconizada na formação e na

incremento na utilização de energia é citado na

reforma de pastagens, na produção de forragem

literatura como estratégia mais eficaz na redução na

para

emissão de CH4 por unidade de produto (carne ou

alimentação

animal

na

entressafra

leite) pelos ruminantes (LOVETT et al., 2005;

(KLUTHCOUSKI & AIDAR, 2003).

O´HARA et al., 2003). Variação da produção de metano por ruminantes A produção de metano nos bovinos criados em ambiente tropical, quando mantidos em sistemas de pastejo, é afetada pela constituição morfológica e composição química das plantas forrageiras deste ambiente. Além disso, a temperatura ambiental também pode afetar a produção de gás, tanto indiretamente, pela interferência na composição química das plantas, como de forma direta, alterando o

comportamento

ingestivo

do

animal

e

as

características da digestão (AAFC, 2003; MOSS, 2002).

O desempenho mais elevado dos animais pode reduzir a emissão de CH4 em função da redução no número de animais no sistema de produção, considerando ainda que, em criações que visam produção de carne, o acréscimo no desempenho dos animais resulta em menor permanência do animal no sistema, reduzindo a produção do gás durante o ciclo de vida (MOSS & GIVENS, 2002). Principais métodos e equações para estimativas de Metano Métodos para a medição de CH4 em animais,

em

usando câmaras fechadas confeccionadas com

ruminantes acarretam significativas perdas. Esses

tubos de PVC, foram descritos em Lockyer (1997) e

valores podem variam entre 4 e 12% do total de

em Estados Unidos (1990). Em animais criados em

energia bruta ingerida. No caso de bovinos de leite,

regime de pastagem, Johnson e Johnson (1995)

os valores médios de fatores de emissão de metano

desenvolveram a técnica empregando o hexafluoreto

podem variar de 81 a 118 kg de metano/animal/ano,

de enxofre (SF6) como gás traçador interno. Essa

respectivamente, para a América do Norte e países

técnica consiste na colocação de um tubo de

do leste europeu, enquanto, estima-se que em

permeação,

países africanos e asiáticos, as emissões variem de

previamente conhecida, no rúmen do animal e as

36 a 56 kg de metano/animal/ano.

Existem

amostras de CH4 e SF6 são coletadas nas

diferenças notáveis entre as emissões de metano

proximidades da boca e narina do animal. Assume-

nos

Em

se nesse método que o padrão de emissão de SF6

experimentos em que bovinos de corte foram

simula o padrão de emissão de CH4. O fluxo de CH4

A

produção

e

diferentes

emissão

de

sistemas

de

gás

metano

produção.

mantidos em pastejo houve a emissão de 0,23kg de CH4/animal/dia e conversão de 7,7 a 8,4% da energia bruta em CH4. Porém, quando o mesmo gado

foi

alimentado

com

rações

de

que

libera

o

SF6

a

uma

taxa

liberado pelo animal é calculado em relação ao fluxo de SF6 (WESTBERG et al., 1998).

alta

Além desta técnica citada, estudos para mensurar as

digestibilidade e dietas com alta participação de

perdas de energia pela produção de metano através

grãos, eles produziram 0,07 kg de CH4/animal/dia

das

correspondendo a 1,9 a 2,2% da energia bruta do

desenvolvidos. As Câmaras respirométricas são

alimento em CH4 (HARPER et al., 1999).

instrumentos para o estudo da nutrição e permitem

é Os animais jovens ingerem mais matéria seca em porcentagem do peso vivo do que animais adultos,

câmaras

respirométricas

também

podem

avaliar tanto o alimento quanto o animal. Trata-se de um compartimento fechado, onde os animais se alimentam dotado de equipamentos sofisticados de

podendo resultar em maior emissão de metano por

aferição. Quando um animal ruminante consome um

peso vivo. Uma vez que a produção de gases varia

determinado alimento, ocorre um processo de

de acordo com a quantidade e qualidade do alimento

fermentação e o resultado é a produção de gases e

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8702


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da dieta para EL (produto animal) varia com o estado

a perda de calor.

fisiológico

do

animal

(mantença,

crescimento,

Nas câmaras respirométricas é possível mensurar

lactação e gestação) e com a composição da dieta

este fenômeno, calculando o quanto está sendo

(NRC,

consumido de oxigênio e a quantidade de gases

contabilizadas no sistema de energia líquida para

emitidos no processo. São medidas também as

gado de corte onde são atribuídos dois valores de

perdas na forma de incremento calórico, urina e

energia líquida para cada alimento. Da mesma

fezes. Em suma, o uso de câmara respirométrica em

forma, as exigências dos animais foram similarmente

estudos

estudo

(e arbitrariamente) subdivididas. A energia líquida

detalhado do processo digestivo e metabólico, de

disponível para mantença é determinada ELm, e a

como o alimento é aproveitado pelo animal. Porém,

energia líquida disponível para o crescimento é

apesar de precisa, a técnica apresenta como

determinada ELg.

de

bioenergética,

permite

o

1984).

Essas

complicações

foram

principal desvantagem o uso de animais treinados e estadofisiológico do animal (mantença, crescimento,

alto custo de aparelhagem.

lactação e gestação) e com a composição da dieta Desta forma, outra técnica, o uso de equações para

(NRC,

estimar a produção de metano parece ser mais

contabilizadas no sistema de energia líquida para

utilizado para estimar as perdas energéticas desses

gado de corte onde são atribuídos dois valores de

animais. Assim, nos cálculos de exigências dos

energia líquida para cada alimento. Da mesma

ruminantes várias equações são propostas para

forma, as exigências dos animais foram similarmente

mensurar estas perdas, inclusive a produção de

(e arbitrariamente) subdivididas. A energia líquida

metano partindo da Energia Bruta dos alimentos.

disponível para mantença é determinada ELm, e a

A diferença entre energia bruta dos alimentos e a energia perdida nas fezes é denominada energia

1984).

Essas

complicações

foram

energia líquida disponível para o crescimento é determinada ELg.

digestível (ED). Um termo utilizado é nutrientes

A conversão do valor de EM dos alimentos para EL é

digestíveis totais (NDT), o qual mensura a energia

possível através das seguintes equações cúbicas

digestível em unidade de peso. Portanto, da relação

(eq. (02) e (03), unidades em Mcal/kg de MS):

entre os dois tem-se que 1 kg de NDT corresponde a 4,4 Mcal de ED (SCHNEIDER & FLATT, 1975).

ELm = 1,37EM – 0,138EM2 + 0,0105EM3 –

A energia metabolizável (EM) é a medida da energia da dieta que é disponível para o metabolismo, sendo descontadas as perdas de energia pela urina e gases

(principalmente

subtraídas

da

ED.

A

metano) unidade

as

quais

utilizada

são

1,12 (GARRET, 1980a) (02); ELg = 1,42EM – 0,174EM2 + 0,0122EM3 – 1,65 (GARRET, 1980b) (03) . Hoffmann (2007) descreveu os procedimentos e

para

equações

expressar o valor energético dos alimentos foi

confiáveis

Mcal/kg de MS. A conversão do valor de ED dos

nutricionais. De acordo com o autor, tais equações

alimentos em EM foi realizada por meio da equação

são adotadas internacionalmente e ajustadas para

(1), (unidades em Mcal/kg de MS):

diferentes

condições,

graças

pesquisas

nacionais.

Este

EM = 0,82 * ED (ARC, 1965) (eq.1). A energia líquida (EL) representa a energia recuperada na forma de produto animal. Esta pode ter valor negativo para animais que estão sendo alimentados abaixo da sua exigência de mantença. A utilização da EL como parâmetro de energia é de difícil adoção já que a eficiência de utilização da EM 8703

que entre

objetivam

estabelecer

desempenho

e

relações exigências

a

resultados

autor

propôs

de uma

adaptação da equação de Garret (1980a) ao incluir um ajuste (eq. (04)) quanto ao uso ou não de ionóforos, e, quando utilizado, deve-se identificar o tipo do mesmo. O fator de ajuste considera as modificações no padrão da fermentação microbiana, através do aumento da produção de propionato e menor atividade via de produção de metano. Isso altera a quantidade de energia líquida disponível para

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o animal, já que aumenta a retenção de energia nos

forragem +0,87 x CMS (kg/d)

produtos da fermentação (MULLER, 1995). Uma das vantagens do uso de ionóforos para bovinos pode ser atribuída à sua ação inibitória seletiva sobre as bactérias Gram-positivas do rúmen, resultando em uma microbiota predominantemente de

bactérias

Gram-negativas

produtoras

de

succinato e propionato. A maior produção de propionato está associada à menor formação de metano e gás carbônico, resultando em maior eficiência

na

conversão

de

energia.

Mills et al.

(1) 56,27 x (1

(2003)

(2) 45,89 x (1

lineares Ellis et al.

8,56+0,14 x (%) forragem

(2007)

3,23+0,81 x CMS (kg/d)

*CMS= Consumo de Matéria Seca, ED =Energia Digestível, CEB =Consumo de Energia Bruta, CEM =Consumo de Energia Metabolizável.

dos alimentos (ELm) são aumentados quando

Fonte: Seongwon Seo (2012).

ionóforos

da

seguinte

forma

04

(HOFFMANN, 2007):

– e [-0,003 x CEM (MJ/d])

Eq. não

Consequentemente, os valores de energia líquida fornecidos

– e [-0,028 x CMS (kg/d).])

Inibidores da Produção de Metano Para reduzir as perdas por metanos pode-se fazer

ELm = (1,37EM -0,138EM2 + 0,0105EM3 – 1,12) *

uso dos ionóforos, que são um tipo de antibiótico

fator ionóforo (04).

que, seletivamente, deprime ou inibe o crescimento de microrganismos do rúmen, principalmente as

Alguns modelos de equações para estimativa da

celulolíticas e metanogênicas. Com a destruição ou

produção de metano são encontrados na literatura

inativação das bactérias fibrolíticas, pelo uso de

científica. Na Tabela 1 estão representadas algumas

ionóforos, há uma redução na degradação da fibra

dessas equações.

reduzindo a produção de CO2 e H2. A manipulação da

fermentação

ruminal

tem

como

principais

Tabela 1. Lista de modelos publicados para

objetivos aumentar a formação de ácido propiônico e

predição da produção de metano por

diminuir a formação de metano (SANTANA NETO et

gado de leite.

al., 2012).

Fonte

Equações

para

predição

da

produção de metano (MJ/d)

Alguns ionóforos como a monensina, lasolacida e salinomicina,

Kriss (1930)

75,42+94,28 x CMS (kg/d) x 0,05524(MJ/g de metano)

Axelsson (1949)

-2,07+2,636 x CMS (kg/d) -0,105 x

produção

proporcionam

de

propionato

um e

aumento

na

principalmente

a

monensina, tem sido empregada na alimentação de ruminantes.

CMS (kg/d)2 Trabalhos têm mostrado os efeitos inibitórios da

Blaxter

5,447+0,469 x (Consumo de ED em

e Clapperton

nível de mantença, em % de EB) +

(1965)

múltiplo de mantença x [9,930 – 0,21 x (Consumo de ED em nível de mantença, em % de EB) /100 x CEB (MJ/d)]

Monensina na produção de CH4 de origem ruminal. Domescik & Martin (1999), ao estudarem os efeitos da

monensina

na

microrganismos

fermentação

ruminais,

in

utilizando

vitro

por

novilhas

alimentadas com milho moído e feno de alfafa, observaram

que

a

monensina

diminuiu

a

concentração de CH4 e a razão acetato: propionato. Moe e Tyrell. (1979)

0,341 + 0,511 x CNE(kg/d) + 1,74 x HC (kg/d) + 2,652 x C (kg/d)

Ao verificar a influência da monensina sódica sobre o consumo e a fermentação ruminal em bovinos alimentados com dietas contento dois teores de

Mills et al.

(1) 5,93 + 0,92 x CMS (kg/d)

(2003)

(2) 8,25+0,97 x CEM (MJ/d)

Eq. Lineares

proteína, Oliveira et al. (2005), observaram que o fornecimento de monensina sódica a novilhos holan-

(3) 1,06 +10,27 x proporção de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.17, n.2, p.8699-8708, mar/abr, 2020. ISSN: 1983-9006

8704


Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes

deses diminuiu o consumo de matéria seca e

através da coleta de extratos vegetais misturados

promoveu mudança nos produtos da fermentação

à cera, pólen e enzimas secretadas pelos

ruminal, o que possivelmente está relacionado à

próprios

alteração na população microbiana.

componentes secundários dos vegetais, extraídos

Zinn & Borques (1993), ao fornecerem monensina, cerca

de

33

mg/kg,

a

novilhos

holandeses,

alimentados com dietas à base de milho floculado e

insetos,

e

dos

óleos

funcionais,

mediante destilação a vapor ou extração com solventes,

com

função

antioxidante,

anti-

inflamatório e antimicrobiana.

forragem, verificaram diminuições na concentração

Estudos apresentam resultados diversos, mas

ruminal dos ácidos acético (5,3%) e butírico (29,4%)

promissores, sobre a utilização de própolis como

e aumento do ácido propiônico (16,3%).

aditivo alimentar para ruminantes, em substituição

Os ionóforos podem reduzir a produção de CH4 em 25% e a ingestão de alimentos em 4%, sem afetar o desempenho animal (TEDESCHI et al. 2003). Portanto a utilização de ionóforos é capaz de reduzir a produção de gás metano, propiciando ao animal uma maior eficiência na conversão de energia.

a Monensina. Segundo Mirzoeva et al. (1997), a própolis e alguns de seus componentes se caracterizam como ionóforos, atuando sobre a permeabilidade

da

membrana

citoplasmática

bacteriana aos íons, causando a dissipação do potencial de membrana. Ao estudar a ação antibacteriana da própolis utilizando bactérias

Contudo, apesar da utilização de ionóforos diminuir a

Gram-positivos (Bacillus subtilis) e bactérias

produção de metano, essas substâncias apresentam

Gram-negativos (Escherichia coli e Rhodobacter

certas inconveniências. Principalmente pelo fato da

sphaeroides)

utilização de ionóforos diminuir a atividade dos

concentrações,

microrganismos celulolíticos e, consequentemente,

observaram que a concentração de própolis que

ocorre uma diminuição da digestibilidade da fibra,

inibiu o crescimento da bactéria B. subtilis em

sendo assim de pouca utilidade o uso de ionóforos

50% foi de 200 µg/ml e o que inibiu o crescimento

para diminuir a produção de metano em animais em

de E. coli em 50% foi de 450 µg/ml, mostrando

pastejo, os quais são os principais responsáveis pela

que a bactéria Gram-positiva (B. subtilis) foi

produção de metano. De forma geral, os ionóforos

relativamente

são utilizados em dietas contendo um teor elevado

bactericidas da própolis do que a bactéria Gram-

de carboidratos não estruturais, que naturalmente já

negativa (E. coli).

acarretam

uma

diminuição

na

metanogênese

(BELEZE, 2005).

como

modelos

Mirzoeva

mais

em

et

sensível

diferentes

al.

(1997),

aos

efeitos

A redução de CH4 utilizando própolis como um ionóforo natural é baseada na ideia de inibição da

regulamento

motilidade bacteriana, principalmente as bactérias

1831/2003, os países membros da União Europeia,

Gram-positivas presentes no rúmen, onde são as

devido

maiores

No

entanto, ao

de

acordo

aumento

com

da

o

preocupação

dos

consumidores em relação à qualidade e segurança dos alimentos, tomando como estratégia o combate às ameaças à saúde de humanos, animais e plantas causadas

pela

resistência

microbiana

aos

antibióticos, proibiram o uso de todos os aditivos promotores de crescimento em animais (EC, 2003). Mediante as restrições do uso de antibióticos, a manipulação ruminal, por meio de substâncias naturais introduzidas na ração ou naturalmente presentes nos alimentos, tem oferecido alternativas para aumentar a eficiência de utilização das dietas consumidas pelos ruminantes, como é o caso da própolis, substância resinosa produzida por abelhas 8705

produtoras

de

H2

na

fermentação

ruminal, molécula percussora do gás metano. Stradiotti Jr. et al. (2004), avaliando a ação da própolis marrom sobre a fermentação ruminal, observaram que o extrato de própolis não afetou as

concentrações

de

amônia

e

proteína

microbiana, o pH ruminal e as proporções molares de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), no entanto aumentou a concentração total de AGCC e diminuiu a atividade de produção de amônia pelos microrganismos ruminais. Em busca de novas alternativas que visam modificar a microbiota ruminal para melhorar a

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Artigo 513 - Equações de predição de metano e efeito na produção de animais ruminantes

a eficiência de digestão e produção de gás

BELEZE,

J.R.F.

Digestibilidade

e

parâmetros

metano, há a tentativa no uso de óleos funcionais

ruminais de rações com teores de concentrado e

como aditivos a serem incluídos na dieta de

adição de ionóforo ou probiótico para bovinos e

ruminantes.

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Óleos extraídos de determinadas plantas podem interagir com a membrana celular microbiana e inibir o desenvolvimento de algumas bactérias ruminais Gram-positivas e Gram-negativas. A adição de alguns destes extratos de plantas no rúmen tem provocado uma diminuição da relação acetato:propionato, com a conseguinte redução

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e

do

óleo

de

soja

sobre

os

protozoários ciliados do rúmen e correlação dos

CHURCH, D.R.; POND, W.G. Bases cientificas

protozoários com parâmetros da fermentação

para la nutrición y alimentación de los

ruminal e digestivos, utilizando vacas lactantes,

animales

com 155 dias em lactação, observaram que o

Acribia, 1977. 462 p.

óleo de soja, alimento de alta fonte de lipídios insaturados,

aumentou

as

proporções

domésticos.

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Editorial

Effects

of

de

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propionato nos ácidos graxos voláteis com

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redução no número total de protozoários, e

Journal of Animal Science, Savoy, v.77, p.2305-

consequentemente, indicando uma redução na emissão de metano por ruminantes, com redução no número de protozoários que interferem na atividade

das

bactérias

Gram-positivas,

de

maneira similar aos ionóforos.

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