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Sumário ARTIGOS 398 - Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura ..................................................................... 4854 Alex Lopes da Silva, Diego Sousa Amorim, Dalva Batista de Sousa, Sheila Vilarindo de Sousa, Keilane Menes da Silva 399 - Oferta de pastagem como pré-requisito de formulação de dietas ............................................................. 4861 Diego Sousa Amorim, Alex Lopes da Silva, Romilda Rodrigues do Nascimento, Dalva Batista de Sousa, Luciana Viana Diogénes 400 - Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem: revisão de literatura.................................................................................................................................................................4867 Amauri Felipe Evangelista, Laylson da Silva Borges, Amanda Nonata Fernandes da Silva, Willâmy Fonseca Vogado, Kássio Alexandre Marques 401 - Ferro para leitões – revisão de literatura..............................................................................................................4874 Dejanir Pissinin 402 - Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas..............................................4883 Weslane Justina da Silva, Poliana Carneiro Martins, Alison Batista Vieira Silva Gouveia, Fabiana Ramos dos Santos, Cibele Silva Minafra 403 - Produção de leite em Microrregiões do Agreste Alagoano ............................................................................4891 Rafaelle Santos Santana, José Crisólogo de Sales Silva, Fernanda de Araujo Vieira 404 - Resistência à insulina no período de transição de vacas leiteiras.................................................................4895 Rafael Alves de Azevedo, Sandra Gesteira Coelho 405 - A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros...................................................................4902 Messias Batista Caetano Júnior, Graciele Araújo de Oliveira Caetano, Maryelle Durães de Oliveira
Tratamentos químicos em volumosos: revisão de literatura Alimentação, conservação, forragem, pecuária.
Revista Eletrônica
1
Alex Lopes da Silva 1 Diego Sousa Amorim 3 Dalva Batista de Sousa 2 Sheila Vilarindo de Sousa 4 Keilane Menes da Silva
Vol. 13, Nº 06, nov./dez.de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
Aluno de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas bolsista CNPq, Bom Jesus, Piauí, Brasil, 64.900000. alex.lopes77@hotmail.com 2 Mestre em Zootecnia, bolsista CNPq da Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas, Bom Jesus, Piauí, Brasil, 64.900-000. 3 Aluna de Graduação em Agronomia, Universidade Estadual do Piauí, Campus Salomão Mascarenhas Cavalcante, Corrente, Piauí, Brasil. 4 Aluna de Pós-Graduação em Solos, Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas bolsista Capes, Bom Jesus, Piauí, Brasil, 64.900000.
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RESUMO
CHEMICAL TREATMENTS IN VOLUMINOUS:
Objetivou-se com esta revisão compilar informações sobre a melhoria na composição dos alimentos
LITERATURE REVIEW
volumosos
com
tratamentos
químicos.
Os
tratamentos químicos são formas de melhorar digestibilidade dos volumosos com a adição de aditivos alcalinos, relacionada à ação da hidrólise alcalina, beneficiando o valor nutricional. Os efeitos da amonização sobre a estrutura da fibra dos volumosos incluem a solubilização da hemicelulose, o aumento da digestão da celulose e da hemicelulose em razão da expansão da fração fibrosa. Têm sido desenvolvidos com intuito de melhorar as características nutritivas e diminuir a frequência de corte pelo armazenamento da canade-açúcar a partir de seu tratamento com óxido (CaO) ou hidróxido de cálcio (Ca (OH)2). As utilizações dos tratamentos químicos em volumosos melhoram as composições dos alimentos, principalmente nos teores de fibras e proteína, tornando-se uma opção para o aproveitamento dos alimentos de alto teor de fibra. Palavras-chave: Alimentação, conservação, forragem, pecuária.
4854
ABSTRACT The objective of this review compile information about the improvement in the composition of bulky foods with chemical treatments. The chemical treatments are ways to improve digestibility of forages with the addition of alkaline additives, related to the action of alkaline hydrolysis, benefiting nutritional value. The effects of ammoniation on the bulky fiber structure include solubilize the hemicellulose, increasing the digestion of cellulose and hemicellulose due to the expansion of the fiber. Have been developed in order to improve the nutritional characteristics and decrease the cutoff frequency for the storage of sugarcane from treatment with oxide (CaO) or calcium hydroxide (Ca (OH) 2). The use of chemical treatments to improve bulky food compositions, especially in terrors fibers and protein, making it an option for use of self fiber content foods. Keyword: Conservation, food, fodder, livestock.
Artigo 398 – Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura
INTRODUÇÃO
alto teor de fibra afetando seu aproveitamento.
A produção de ruminantes é uma das atividades que crescem rapidamente no Brasil, tornando a pecuária
Nesses processos normalmente são utilizados ureia
uma atividade que necessita de inovações e que
dissolvida em água para amonização e cal virgem
produza alimentos a baixo custo e ciclos curtos.
dissolvida em água para a hidrolização. ANDRADE &
Quando se trata da alimentação dos animais, a
QUADROS
(2011)
pecuária
ruminantes,
importante
a
pasto
quando
bem
manejada
e
a
alimentação
de
componente
animais
econômico
planejada, é a forma mais barato de produzir, tanto
dentro do processo produtivo, busca alternativas que
na pecuária de corte como de leite, porém, como o
reflitam na diminuição de custos. Dessa forma
Brasil é um país tropical, existem dificuldades de se
objetivou-se com esta revisão compilar informações
manter competitivo no mercado, uma vez que
sobre a melhoria na composição dos alimentos
existem épocas de abundância de alimentos e
volumosos com tratamentos químicos.
escassez, necessitando de meios que possam aproveitar os alimentos ou conservá-los. PÁDUA et al.
(2011),
restando
os
produtores
procura
REVISÃO DE LITERATURA Importância dos tratamentos químicos
alternativas que atendam às exigências, tais como
As pastagens tropicais durante o período chuvoso de
reservando as pastagens ou conservando na forma
produção encontram-se em grande vigor e apta a ser
de silagem ou fenos.
pastejadas com adequado valor nutritivo, porém, quando no período seco, apresentam uma baixa
A utilização da ureia no tratamento químico de
produção
volumosos é estratégia simples e fácil de ser
digestibilidade devido seu elevado teor de lignina,
executada, podendo ser utilizadas em tratamento de
diante
subprodutos de altos teores de fibra, considerada
conservação de forragens como é o caso da silagem
uma
fácil
e fenação. KOEFENDER et al. (2013), a importância
disponibilidade para os pequenos produtores rurais,
econômica da pecuária nacional necessita de
lhes conferindo o melhoramento de alimentos
pesquisas que visam minimizar custos de produção
fibrosos fornecidos aos animais (PINHEIRO et al.,
em sazonalidade na disponibilidade de forragens em
2009). Formas de tratamentos químicos podem
animais criados a pasto, pois é o causador de baixos
servir também para conservação de alimentos tais
índices produtivos na pecuária.
como a cal virgem. DOMINGUES et al. (2012),
(2011), afirmam que quando a indisponibilidade de
assim agentes alcalinizastes, seriaram capazes de
forragens de qualidade para essas duas técnicas,
conservar materiais picados, no caso da cana-de-
apresenta-se como fator limitante para garantir os
açúcar, reduzindo a mão-de-obra diária.
índices de produtividade, podem ser utilizadas outras
prática
viável
com
produto
de
e
das
baixo
valor
dificuldades
nutritivo surge
com
baixa
opções
de
PÁDUA et al.
alternativas, tais como: tratamentos físicos, químicos Formas de aproveitamento de alimentos volumosos
ou biológicos, suplementação ou combinação de
como bagaço de cana, palhadas, cascas de arroz,
dois ou mais destes.
pastagens em estágio avançado ou melhorar as condições de feno e silagens, são alternativas de
Dietas no período seco que visam melhorar o
otimizar os sistemas de produção dos pecuaristas,
desempenho
sendo os tratamentos químicos uma saída, como é o
viáveis é de extrema importância, ROMÃO et al.
caso da amonização e hidrolização, estes melhoram
(2013) assim podemos dizer que uma das formas é a
a degradabilidade da fibra tornando mais digestível.
digestibilidade melhorada dos volumosos com a
Assim esses alimentos que possuem baixos valores
adição de aditivos alcalinos, relacionada a ação da
nutritivos, podem ser aproveitados permitindo um
hidrólise alcalina, beneficiando o valor nutricional.
planejamento alimentar que evita perdas nutricionais
GARCEZ et al. (2014) a amonização é utilizada com
drásticas dos rebanhos. DOMINGUES et al. (2011)
intuito de melhorar o valor nutritivo dos volumosos
eram utilizados alimentos de baixa qualidade com
por meio do fornecimento de nitrogênio, e redução
dos
ruminantes
economicamente
do teor de fibra, quando se usa hidróxido de sódio 4855
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Artigo 398 – Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura
(NaOH) e o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), estes são
Assim podem ser usados na alimentação dos
eficientes no tratamento de alimentos fibrosos,
ruminantes, obedecendo às exigências de cada
devido à elevada capacidade alcalinizante.
espécie ou categoria animal. Priorizando os custos e o bem-estar dos animais onde um dos fatores
Os pecuaristas vivem em déficit de produção, e
importantes é o consumo dos alimentos pelos
existem formas de otimizar seus sistemas e
animais e a resposta da dieta contendo forragens
aproveitar os alimentos, principalmente quando
com tratamentos químicos além da disponibilidade
estão em estágio avançado ou muitos fibrosos, que
do produto. Os resultados podem ser obtidos nas
são os tratamentos químicos. PINA et al. (2011), são
diferentes concentrações e produtos, conferindo
alternativas para aumentar a fração potencialmente
redução de gastos coma alimentos de custos mais
digestível da fibra ou sua taxa de digestão. Dessa
elevados.
forma possibilita aproveitamentos desses volumosos
Amonização em silagem
ganhando peso (Tabela 1).
A silagem é um método de conservação de foragem em seu estado úmido, ocorrido devido a fermentação
TABELA 1. Consumo e desempenho de animais alimentados com alimentos usando tratamentos químicos Espécie/Categoria
por bactérias anaeróbicas, promovendo uma queda do pH, assim permite a conservação por um longo
Relação (Vo/Co)
Níveis de tratamento no volumoso hidrolisado (%)
40:60
2% de ureia 4MS
1
2
3
CMS
GMD
Autor
Ovinos Macho inteiro
0,85
0,18
0,86
0,16
7,48
1,08
Freitas et al. (2011)
5,82
0,98
Domingues et al. (2012)
Pinheiro et al. (2009)
Fêmea Bovinos Novilhos inteiros
0,9% hidróxido de cálcio 5MN
70:30
Novilhas
5
40:60
0,5% cal virgem MN
1
Volumoso: concentrado; 2Consumo de matéria seca dia-1; 3Ganho médio diário; 4Materia seca; 5Materia natural. Fonte: Adaptado dos autores citados.
hemicelulose, o segundo tipo mais abundante de período (SANTOS et al., 2010). Sendo que a mesma
polissacáridos de biomassa ao lado da celulose.
pode ser conservada com adição de nitrogênio ou amonizadas
melhorando
principalmente
em
termos
sua
qualidade
nutricionais,
assim
Segundo SOUZA et al. (2001) o tratamento químico de volumosos com amônia ou ureia eleva o teor de
disponibiliza mais nutrientes para absorção pelos
nitrogênio
ruminantes. PANCOTI et al. (2011) teores de
componentes nutritivos para os microrganismos
minerais em algumas dietas podem ser facilmente
ruminais. BARROS et al. (2010), observaram que
corrigido com suplementação mineral, enquanto o de
quando se utiliza 100% bagaço de cana-de-açúcar
proteína pode ser corrigido utilizando-se fontes de
amonizado com ureia como fonte de volumoso, onde
nitrogênio não proteico ou suplemento proteico.
tem disponibilidade de aquisição é uma alternativa
LIMA JÚNIOR et al. (2010) corrigindo com o
viável para confinamentos de bovinos.
e
aumenta
a
disponibilidade
dos
abaixamento da fermentação alcoólica. Amonização de forragens utilizando fontes de N, A celulose e hemicelulose estão agrupadas em
como a amônia anidra, amônia líquida ou ureia, tem
arranjo sistemático de encostamentos de lignina
sido uma das alternativas em razão de ser de fácil
(OLIVEIRA et al., 2011). A amonização pode
aplicação,
solubiliza-la, disponibilizando para ser aproveitada
decréscimo no conteúdo de fibra em detergente
na digestão. SEGUIN et al. (2012) sendo a
neutro
não
(FDN),
poluir
o
aumentar
ambiente, o
provocar
consumo
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4854-4860, nov./dez., 2016. ISSN: 1983-9006
e
a 4856
Artigo 398 – Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura
digestibilidade, além de conservar as forragens com alto teor de umidade (ROSA & FADEL, 2001). FORTALEZA et al. (2012) devendo ter cuidados pois, sugerindo que a liberação de amônia, ao se dissolver a ureia na água, gera perdas significativas de nitrogênio.
alternativos
animais é mínimo, MOREIRA FILHO et al. (2013) afirmam que o efeito da amonização do restolho de milho, o teor de proteína e matéria seca e degradabilidade
da
proteína
na
cinética
de
degradação in situ e aumento de amonização com
Amonização em fenos Alimentos
e bagaços ou resíduos, onde o aproveitamento pelos
de
baixo
custo
ou
a
disponibilidade de alimento durante todo o ano são alternativas de alimentação de interesse para os produtores, sendo importante para avaliar a inclusão na dieta de gramíneas com estágio vegetativo
3% de ureia na MS da palha de milho safra -1
associada a fertilizações de 40 ou 120 kg N ha , não justificando amonização de restolho das culturas resultante dessas culturas adubadas com 200 kg N -1
ha .
avançado para os animais (PINHEIRO et al., 2009).
Em um tratamento diferente, como avaliado por
Dessa forma métodos adotados para melhorar a
OLIVEIRA et al. (2011) observaram que o aumento
degradabilidade de fenos através da amonização
das doses de ureia no processo de amonização do
pode ser uma alternativa de melhorar o desempenho
bagaço de cana-de-açúcar implicou em redução dos
nutricional dos ruminantes.
teores de FDN, FDA, celulose, hemicelulose e lignina, e aumento dos teores de PB. O que pode
BEZERRA et al. (2014) quantificando população de
afirmar é que melhorou as condições para o
mofos e leveduras e avaliando as perdas de matéria
aproveitamento dos nutrientes com o aumento da
seca e a composição bromatológica de fenos de
digestibilidade desse alimento. Quando se avalia o
capim-buffel amonizado com ureia, observaram que
comportamento animal consumindo estes alimentos
a aplicação de ureia não proporciona benefícios em
com palhadas, bagaços de cana-de-açúcar ou
relação à recuperação de matéria seca, exceto na
silagens amonizadas podem obter bons resultados,
dose de 1,0%, no entanto, é eficiente em reduzir a
BARROS
população de mofos e leveduras e aumenta o teor
substituição da silagem de sorgo por bagaço de
de PB em fenos de capim-buffel.
cana-de-açúcar amonizado com ureia provocou
GARCEZ
et
al.
(2014)
Avaliando
efeito
de
tratamentos alcalinos por amonização com ureia e por NaOH e Ca(OH)2 sobre a composição química e degradação ruminal da MS, PB e FDN do feno de folíolos de pindoba de babaçu, observaram que os tratamentos
alcalinos
melhoram
a
composição
et
al.
(2011)
observaram
que
a
alterações no comportamento ingestivo, reduzindo o tempo de alimentação e aumentando o tempo de ruminação dos animais, afetando número de ciclos de ruminação e a duração destes ciclos ambos volumosos substitutos. É
importante
encontrar
fontes
alternativas
de
química do feno de folíolos da pindoba de babaçu,
suplementos de proteína, o que possa minimizar a
com redução nos teores de hemicelulose, lignina e
competição por terra e com entrada mínima externo,
nitrogênio insolúvel e incremento no teor de
especialmente
proteína, e que o feno de folíolos de pindoba de
(NURFETA et al., 2009). A busca de melhorar o
babaçu apresenta uma reduzida degradação da
aproveitamento desses alimentos não com objetivo
matéria seca, proteína e fibra, o que se atribui à
de ser uma fonte de proteína mais, pode ser
intensa lignificação da parede celular, com limitação
adicionada com uma fonte de proteína e assim
à
otimizando a produção no período de escassez de
utilização
ruminantes.
como
volumoso
Comprovando
em
que
dietas
em
para
fenos
a
amonização apresenta resultados favoráveis para a
para
os
pequenos
agricultores
alimentos com o fornecimento de alimentos de baixo custo.
sua utilização. Hidrolização Amonização em bagaços e palhas Quando se trata de fontes de alimentos como palhas 4857
A digestibilidade de alimentos com alto teor de fibra pode ser favorecida com a utilização da amonização,
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Artigo 398 – Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura
tornando mais fácil o aproveitamento na alimentação
Em virtude disso, estudos têm sido desenvolvidos
dos rebanhos. Hoje estudos buscam melhorar o
com intuito de melhorar as características nutritivas e
desempenho dos animais através dos tratamentos
diminuir a frequência de corte pelo armazenamento
com amonização não apenas com alimentos de
da cana-de-açúcar a partir de seu tratamento com
baixo valor nutritivo, mas sim para maximizar o
óxido (CaO) ou hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)
aproveitamento dos mesmos, um exemplo mais
(PANCOTI et al., 2011).
comum é a cana-de-açúcar. CARVALHO et al. (2011) avaliando efeito do tratamento da cana-deaçúcar com doses de óxido de cálcio sobre o comportamento
ingestivo
de
caprinos
em
crescimento observaram que o uso de óxido de cálcio no tratamento da cana-de-açúcar em doses de até 2,25% não altera a eficiência de alimentação e ruminação em caprinos. ROMÃO et al. (2013) porcentagens de óxido de cálcio a partir de 1,5% na cana-de-açúcar
promovem
aumento
da
fração
solúvel e da fração disponível da fibra e reduzem a fração indigestível.
novilhos recebendo dietas à base de cana-de-açúcar in natura ou hidrolisada observaram que a cana-deaçúcar com adição de 0,5% de hidróxido de cálcio, se fornecida após 24 horas de armazenamento, não prejudica o desempenho dos animais. ENDO et al. (2014), avaliando desempenho e consumo de nutrientes em cordeiros alimentados com cana-deaçúcar hidrolisada in natura ou hidrolisado em condições aeróbias e anaeróbias, concluíram que cana
CARVALHO et al. (2009) afirma que quando aplicada em um eventual sistema de alimentação, dietas balanceadas com volumosos tratados podem predispor animais a desempenhos semelhantes ao obtido com dietas de alta qualidade. Estudos mais atuais mostram resultados opostos, DOMINGUES et al. (2012) avaliando desempenho, consumo e conversão alimentar de novilhas mestiças (Angus x Nelore)
FREITAS et al. (2011) avaliando o desempenho de
alimentadas
com
cana-de-açúcar
hidrolisada, nas condições proposta eles concluíram que a hidrólise da cana-de-açúcar com cal virgem não aumentou o consumo e o desempenho dos animais avaliados. MISSIO et al. (2013) trabalhando com desempenho de novilhas Nelore alimentadas
hidrolisada
sob
condições
aeróbias
e
anaeróbias não afetam o desempenho nem a ingestão de nutrientes dos animais. LIMA JÚNIOR et al. (2010) assim uso de corretivos, ensilagem, fenação,
tratamentos
físicos
e
químicos
são
estratégias que melhoram a disseminação da canade-açúcar como opção volumosa de qualidade para animais nos sistemas de produção. A aplicação desse tratamento é aplicada na forma de cal virgem, variando a sua concentração diluída em 4 litros de água, para ser pulverizada a cada 100 kg de cana-de-açúcar,
(Tabela
2)
mostra
algumas
concentrações testadas com sucesso com seus respectivos autores.
com dietas contendo cana-de-açúcar in natura ou
SANTOS et al. (2014), com uma nova tecnologia de
tratada com hidróxido de cálcio e armazenada por
pré-tratamento
diferentes períodos, observaram que dietas com
eficiência na remoção da hemicelulose da palha de
elevada proporção de cana-de-açúcar hidrolisada
cana-de-açúcar, além de fornecer substratos de alta
não
de
susceptibilidade à hidrólise enzimática. Neste sentido
novilhas Nelore, em virtude da adição de 0,5% de
para melhorar as características dos alimentos a
hidróxido de cálcio, na matéria natural, limitar a
pesquisa vem mostrando que é possível otimizar
ingestão de alimento e reduzir o ganho de peso.
economicamente a utilização da cana-de-açúcar
são
recomendadas
para
alimentação
hidrotérmico
mostrou
uma
boa
hidrolisada, uma vez que, os gastos dos produtos Cana-de-açúcar hidrolisada
são
Na alimentação dos animais ruminantes, a utilização
estratégia
da cana-de-açúcar, é utilizada com a combinação
produtores.
em
pequenas para
quantidades,
pequenos,
tornado
médios
e
uma
grandes
com ureia e enxofre, porém, requer muito trabalho, pois a mesma tem que ser cortada com mais frequência para ser fornecida diariamente. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4854-4860, nov./ dez., 2016. ISSN: 1983-9006
4858
Artigo 398 – Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura
TABELA 2. Concentrações de hidróxido de cálcio (Ca (OH)2 ) utilizados na hidrolise de cana-de-açúcar Autor Carvalho et al. (2011) Domingues et al. (2011) Freitas et al. (2011) Missio et al. (2013) Domingues et al. (2012) Romão et al. (2013) Romão et al. (2014)
Concentração % 2,25
CARVALHO, G.G.P.; GARCIA, R.; PIRES, A.J.V. et al. Comportamento ingestivo em caprinos alimentados com dietas contendo cana-de-açúcar tratada com óxido de cálcio. Revista Brasileira de Zootecnia. v.40, n.8, p.1767-1773, 2011.
0,5
1,0
DOMINGUES, F.N.; OLIVEIRA, M.D.S.; MOTA, D.A. et al. Desempenho de novilhas de corte alimentadas com cana hidrolisada. Ciência Animal Brasileira. v.13, n.1, p.8 - 14, 2012.
4,5 1,5
Fonte: Adaptado dos autores citados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS As
utilizações
volumosos
dos
melhoram
tratamentos as
químicos
composições
em dos
alimentos, principalmente nos terrores de fibras e proteína,
tornando-se
uma
opção
CARVALHO, G.G.P.; CAVALI, J.; FERNANDES, F.E.P. et al. Composição química e digestibilidade da matéria seca do bagaço de cana-de-açúcar tratado com óxido de cálcio. Arquivos Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.61, p.13461352, 2009.
para
o
aproveitamento dos alimentos de alto teor de fibra. As aplicações da amonização e hidrolização devem ser exploradas respeitando as suas concentrações de uso para não comprometer o consumo dos animais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, A.P.; QUADROS, D.G. Composição bromatológica da casca de soja amonizada com ureia. Revista de Biologia e Ciências da Terra. v.11, n.1, 2011. BARROS, R.C.; ROCHA JÚNIOR, V.R.; SARAIVA, E.P. et al. Comportamento ingestivo de bovinos Nelore confinados com diferentes níveis de substituição de silagem de sorgo por cana-de-açúcar ou bagaço de cana amonizado com ureia. Revista Brasileira de Ciências Veterinária. v.18, n.1, p.613, 2011. BARROS, R.C.; ROCHA JÚNIOR, V.R.; SOUZA, A.S. et al. Viabilidade econômica da substituição da silagem de sorgo por cana-de-açúcar ou bagaço de cana amonizado com ureia no confinamento de bovinos. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. v.11, n.3, p.555-569, 2010. BEZERRA, H.F.C.; SANTOS, E.M.; OLIVEIRA, J.S. et al. Fenos de capim-buffel amonizados com ureia. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. v.15, n.3, p.561-569, 2014.
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Artigo 398 – Tratamentos químicos em volumosos – revisão de literatura
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4860
Oferta de pastagem como prérequisito de formulação das dietas: revisão de literatura Bovinos, disponibilidade, sazonalidade.
Revista Eletrônica 1
Vol. 13, Nº 06, nov./ dez. de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Diego Sousa Amorim 1 Alex Lopes da Silva 3 Romilda Rodrigues do Nascimento 4 Dalva Batista de Sousa 3 Luciana Viana Diogénes 1
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem bomo resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Aluno de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas bolsista CNPq, Bom Jesus, Piauí, Brasil, 64.900-000. diego.zootecnista@hotmail.com 3 Aluna de Graduação em Zootecnia, bolsista PIBIC/CNPq, Universidade Federal do Piauí, Campus Professora Cinobelina Elvas bolsista CNPq, Bom Jesus, Piauí, Brasil, 64.900-000. 4 Aluna de Graduação em Agronomia, Universidade Estadual do Piauí, Campus Salomão Mascarenhas Cavalcante, Corrente, Piauí, Brasil.
RESUMO A demanda por alimento de origem animal tem aumentado consideravelmente. Diante da situação
PASTURE SUPPLY AND FORMULATION PREREQUISITE DIETS: LITERATURE REVIEW
fazem-se necessárias tecnologias que permitam acréscimos na produtividade dos rebanhos criados a
ABSTRACT
pasto. Dessa forma, considerando os sistemas a
The demand for animal foods has increased
pasto a forma mais barata de produzir carne, a
considerably. Given the situation it is necessary
formulação de dietas deve ser considerada ou as
technologies to increases in productivity of cattle
condições de subnutrição aceitas. As gramíneas
raised on pasture. Thus, considering the systems in
tropicais possuem uma sazonalidade de produção,
pasture are the cheapest way of producing meat, the
bem
componentes
formulation of diets should be considered or
nutricionais, sendo a dieta suplementar do pasto
malnutrition conditions accepted. Tropical grasses
capaz de minimizar as características da baixa
have a seasonal production, as well as a variation in
qualidade das forrageiras durante o período crítico
nutritional components, and supplemental diet of
do ano torna-se uma ferramenta para melhorar a
pasture able to minimize the low quality of forage
disponibilidade do pasto. A dieta suplementar do
characteristics during the critical period of the year
animal no período crítico permite maior crescimento
becomes a tool to improve the availability of pasture .
de microrganismos ruminais devido ao aumento de
The supplementary diet of the animal during the
nutrientes que são fornecidos via dieta suplementar,
critical
aumentando
microorganisms due to the increase in nutrients that
como
forragem,
uma
o
variação
consumo
e
consequentemente
aproveitamento
dos
nos
digestibilidade
da
melhorando
o
alimentos
disponíveis.
are
period
supplied
allows through
greater dietary
growth
rumen
supplementation,
increasing the intake and digestibility of forage,
Objetivou-se com esta revisão, discutir a oferta de
consequently
pastagem como pré-requisito na formulação de
available food. The objective of this review, discuss
dietas utilizadas na complementação da alimentação
pasture offer as a prerequisite to formulate diets
de bovinos criados a pasto.
used to complement the feeding of cattle raised on
Palavras-chave: Bovinos, disponibilidade,
pasture.
sazonalidade. 4861
improving
the
utilization
Keyword: Availability, cattle, seasonality.
of
the
Artigo 399 – Oferta de pastagem como pré-requisito de formulação das dietas – revisão de literatura
INTRODUÇÃO
A bovinocultura suporta grandes pressões quanto ao
A produção de bovinos de corte no Brasil tem sido
uso das terras, abrindo espaço para sistemas mais
desafiada a estabelecer sistemas de produção que
lucrativos, deslocando-se para regiões distantes dos
sejam capazes de produzir de forma eficiente e
grandes centros, onde se pratica uma pecuária
sustentável carne de boa qualidade a baixo preço.
extensiva com baixa intensificação e tecnologia.
Esta atividade se destaca pela competitividade
Diante disso, o sistema adotado é aquele onde a
econômica, pois a maioria do rebanho se alimenta
dieta basal é uma forragem geralmente de valor
basicamente de pastagens (SCHIO et al., 2011). Por
nutricional baixo, portanto, os resultados de baixos
isso, sempre que os animais estiverem recebendo
índices de produtividade devem ser aceitos. Neste
oferta de pastagem com quantidade insuficiente de
sentido,
nutriente que resultem na carência de um ou mais
bovinocultura brasileira podem estar relacionados
nutriente, é importante corrigi-las para que os
com o manejo nutricional e sanitário inadequados e
mesmos
com
possam
desenvolver
seu
potencial
o
os
baixo
baixos
índices
potencial
zootécnicos
genético
dos
da
bovinos
genético, além de se manterem saudáveis. Em
produzido no país (SILVA et al., 2015; SOUZA, et al.,
algumas circunstâncias, a correção do pH do solo e
2011).
a adubação podem disponibilizar, em maior ou menor quantidade, alguns nutrientes, além de
Uma característica importante da pecuária brasileira
melhorar a produção de massa verde da forragem
é ter a maioria de seu rebanho criado a pasto. Dessa
(MEZZALIRA et al., 2012).
maneira é visível o aumento de produção de bovinos de corte, através de abertura de novas áreas de
Contudo,
a
fertilização
com
pastagens, no entanto após análise dos fatores de
compostos minerais, tendo o objetivo de suprir as
crescimento da pecuária bovina por meio de uma
necessidades e exigências dos animais que não
identidade matemática relacionando produção com
foram atendidas no pasto, com isso, é necessária a
área de pastagem, taxa de lotação e desempenho
adequação
diferentes
animal, constatou-se que esse aumento na produção
formulações de dietas que visa atender essas
de bovinos de corte se dá pela eficiência no aumento
exigências
das
de produtividade através de melhorias nos índices
pastagens (HOFFMANN et al., 2014; PEREIRA, et
zootécnicos (BERNARDO, et al., 2014; MARTHA JR
al., 2015).
et al., 2012).
nutricional não
das
através
supridas
pela
pastagens
de
adubação
No entanto, a produtividade e qualidade das pastagens sofrem variações estacionais ao longo do ano devido às condições climáticas, permitindo desempenho instável dos animais ao longo do ano, resultando em baixos índices zootécnicos. No período seco do ano o rebanho bovino alimenta-se de forragem de baixo valor nutritivo, caracterizada por elevado teor de fibra indigestível e teores de proteína bruta (PB) inferiores ao nível preconizado de 7% PB na dieta basal (MARQUES et al., 2015). Portanto objetivou-se com esta revisão, discutir a oferta
de
pastagem
como
pré-requisito
na
formulação de dietas utilizadas na complementação da alimentação de bovinos criados a pasto. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Bovinocultura a pasto no Brasil
Portanto, a alimentação é um
dos principais
componentes do sistema de produção de bovinos criados a pasto, pois é o componente mais importante dentre os fatores que influenciam o desempenho dos animais. No intuito de promover um alto e eficiente desempenho produtivo na criação de bovinos, deve-se levar em consideração a interação entre os animais e sua oferta de alimento. Com isso, grandes avanços em pesquisas científicas vêm ocorrendo na área de nutrição animal, em especial quanto ao estudo dos processos fisiológicos e como diferentes fatores os afetam. Em especial com dietas que são usadas como melhoradoras do desempenho animal criado a pasto (FERREIRA, et al., 2015; SANTOS et al., 2012).
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4862
Artigo 399 – Oferta de pastagem como pré-requisito de formulação das dietas – revisão de literatura
Importância da oferta de pastagens para bovinos
mais favoráveis do ano, suprindo as necessidades
O manejo da oferta de pastagem compõe um dos
de energia, proteína, minerais e vitaminas essenciais
requisitos determinantes das produções principais
à produção animal. A eficiência da utilização das
dos ecossistemas pastoris. Com isso, o emprego de
pastagens pelos animais não é dependente apenas
níveis de oferta de pastagem pode determinar as
da quantidade, mas também da qualidade e da
composições biológicas e de estrutura de forrageiras
forma como a forragem é ofertada aos animais
distintas, assim como diferentes ganhos de peso vivo
(estrutura do pasto), pois a estrutura afeta de forma
por animal e por área (REZENDE, et al., 2015).
determinante
o
comportamento
ingestivo
e
o
consumo pelos bovinos (PAZETO et al., 2015). No entanto, nas pastagens de climas tropicais, a é
A quantificação da proporção dos componentes da
considerada o principal fator que limita o consumo e
planta, especialmente a produção de lâminas
a produção dos bovinos, especialmente durante o
foliares, representa um indicador de qualidade da
início do crescimento vegetativo das pastagens.
pastagem, sendo importante na comparação entre
Mas, com o desenvolvimento rápido das forrageiras
cultivares e espécies forrageiras. Essa relação pode
tropicais, há acréscimo de colmos e de material
ser um indicador potencial do ganho de peso dos
morto na pastagem, dificultando o pastejo. As
animais em pastejo. A maior presença de folhas na
alterações na qualidade nutritiva e estrutural do
fitomassa total é desejável uma vez que resulta na
pasto,
produção
melhora da digestibilidade e, consequentemente, no
forrageira durante o desenvolvimento das pastagens
aumento da ingestão da forrageira (LUPATINI, et al.,
tropicais, fazem com que seja comumente observada
2013).
oferta
de matéria
que
seguem
seca
o
total
de
aumento
forragem
da
e deste modo há uma associação negativa entre produção ou disponibilidade de forragem e seu grau
A qualidade da pastagem no Brasil é um fator muito
de utilização (PESQUEIRA-SILVA, et al., 2015).
importante,
que
influencia
diretamente
na
produtividade de bovinos em pastejo. As plantas Segundo FONSECA et al. (2012), a obtenção de
forrageiras suprem energia, proteína, minerais e
elevada produção por animal e por área depende,
vitaminas aos animais em pastejo. Com isso, a
entre outros fatores, do manejo apropriado da
importância das gramíneas como as principais fontes
pastagem, o qual pode ser conduzido em função de
de nutrientes para ruminantes. Além da proteína e
critérios como altura ou oferta de forragem. Nesse
energia, as pastagens procedem à fibra necessária
sentido, quando os pastos são manejados sob
nas rações para promover a mastigação, ruminação
lotação intermitente, observam-se reduções
no
e saúde do rúmen. Na formulação de dietas para
consumo diário de forragem e no desempenho
bovinos, a qualidade e a quantidade de forragens é o
animal quando os pastos são rebaixados além de
primeiro fator a ser analisado no atendimento das
40% da altura pré-pastejo.
exigências nutricionais e de fibra (SILVEIRA & WANDER, 2015; THOMÉ, et al., 2013).
Além dessas estratégias de manejo, a associação da suplementação alimentar dos animais é essencial
A sazonalidade da oferta de pastagem
para possibilitar níveis adequados de desempenho,
As variações sazonais nas características dos pastos
uma vez que gramíneas tropicais podem apresentar
tropicais
adequada disponibilidade de forragem com baixo
brasileira,
valor nutritivo (REIS, et al., 2012).
basicamente com o pasto, o qual perde valor nutricional
As pastagens tropicais, quando bem manejadas, são de
sustentar
níveis
satisfatórios
de
produção de leite e carne, sobretudo nas épocas 4863
pois em
estacionalidade
Qualidade das pastagens tropicais
capazes
exercem os
forte
impacto
animais
decorrência da
produção
são
na
pecuária
alimentados
da
variação
da
em
determinadas
regiões (GOES, et al., 2015). Contudo, no período seco do ano, a produção de pastagem reduz em consequência das folhas e per-
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Artigo 399 – Oferta de pastagem como pré-requisito de formulação das dietas – revisão de literatura
filhos, diminuindo a disponibilidade forrageira de boa
Diante disso, a ingestão de matéria seca (MS) é o
qualidade. Este resultado da sazonalidade climática
fator mais preponderante dentro da nutrição de
não
bovinos,
afeta
somente
os
pastos,
mas
reduz,
pois
estabelece
as
quantidades
de
principalmente, o desempenho do animal (TURINI,
nutrientes disponíveis para saúde e produção dos
et al., 2015).
animais (DIAS, et al., 2015). Contudo, as estimativas de consumo em bovinos criados a pasto são vitais
Diante disso, a produção animal é condicionada por
para a predição do ganho de peso, assim como para
vários fatores, como o material genético do animal
o estabelecimento das exigências nutricionais dos
sob influência do ambiente, consumo de pastagem,
animais, necessários à formulação das dietas
valor nutritivo do pasto e eficiência na conversão da
(OLMEDO, et al., 2010).
pastagem consumida (SANTANA JUNIOR et al., 2013). Segundo SANTANA JUNIOR et al. (2013), a
Além disso, a escolha da dieta pode ser influenciada
taxa de lotação, frequentemente expressa em
em diversas maneiras pelo estado do bovino e
unidade
experiência
animal
por
hectare,
não
recomenda
recente
e
limites
impostos
pela
nenhuma qualidade da pastagem. Entretanto, os
distribuição espacial dos recursos das pastagens. Os
autores afirmam que esta quando associada a uma
bovinos em pastejo são sempre seletivos, isto é, eles
oferta de forragem pré-formada, é um indício do
escolhem atentamente as espécies de plantas
potencial de produção das pastagens tropicais.
forrageiras, plantas individuais e partes das plantas disponíveis. Portanto, a seleção da dieta afeta o
Portanto, a produção de pastagem ao longo do ano
estado nutricional dos animais (SOCREPPA, et al.,
não atende as exigências nutricionais dos bovinos,
2015).
devido principalmente, à estacionalidade na sua produção,
sendo
um
dos
principais
fatores
O bovino procura evitar dietas muito altas ou muito
responsáveis pela baixa produtividade da pecuária
baixas em proteína relativa à energia, dentro da
brasileira (SILVEIRA, et al., 2015).
meta de obtenção de balanço de nutrientes. Os desvios, de natureza qualitativa ou quantitativa,
Formulação de dietas para bovinos criados a
geram desconfortos que o animal tenta minimizar
pasto
quando
sua
capacidade
de
tamponar
estes
desconfortos é ultrapassada ocorre redução de A pecuária é a atividade mais expressiva no setor
consumo e, consequentemente, de desempenho
produtivo
(FERNANDES, et al., 2015).
do
Brasil.
Os
bovinos
são
criados
exclusivamente a pasto, onde obtém o alimento que resultam em produtos para consumo humano como
Com isso, os bovinos criados em pastagens tropicais
carne ou leite. Com isso, a dieta dos bovinos
podem
constitui
por
nutrientes, especialmente durante a estação de
processo de digestão conhecido como fermentação
dormência das gramíneas, que no Brasil é induzida
ruminal, realizada por microrganismos anaeróbios
pelo déficit hídrico durante a época seca. Contudo, a
obrigatórios que vivem simbioticamente no aparato
formulação de dietas suplementar para bovinos em
digestivo, permitem ao bovino o aproveitamento das
pastejo constitui o ato de fornecer uma fonte de
plantas fibrosas. Entretanto, nesse processo, a
nutrientes adicionais para o sistema, e isto seria
população microbiana transforma os carboidratos
refletido em mudanças no consumo de forragens,
fibrosos e não fibrosos em ácidos graxos de cadeia
concentrações de nutrientes, disponibilidade de
curta, principalmente ácido acético, propiônico e
energia dietética, dos precursores bioquímicos do
butírico, fonte de energia para os bovinos criados a
metabolismo
pasto (CODOGNOTO, et al., 2014; PEREIRA, 2013).
(ANDRADE, et al., 2015; MORAES et al., 2010).
basicamente
de
gramíneas,
que
experimentar
e
do
deficiências
desempenho
múltiplas
dos
de
bovinos
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4861-4866, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
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Artigo 399 – Oferta de pastagem como pré-requisito de formulação das dietas – revisão de literatura
CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a oferta de forragem traz uma
manejos. Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., v.16,
dimensão quantitativa importante para o manejo das
p.36-46, 2015.
pastagens, porém, insuficiente para explicar as relações de que causa efeito na interação pastagembovino. Entretanto, a importância da estrutura do pasto na determinação dos processos de produção
FERREIRA, S.F.; FERNANDES, J.J.R.; PÁDUA, J.T. et al. Desempenho e metabolismo ruminal em bovinos de corte em sistema de pastejo no periodo
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seco do ano recebendo virginiamicina na dieta.
ser visto como ações do produtor que devam ter, por
Semina: Ciências Agrárias, v. 36, p. 2067-2078,
objetivo, manipular a estrutura dos pastos com vistas
2015.
a maximizar a produção animal e a qualidade da pastagem.
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em
concordância
com
os
atributos
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Land-saving
approaches
and
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4866
Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem: revisão de literatura
Revista Eletrônica
Alimentação animal, conservação de forragem, silagem . 1
Vol. 13, Nº 06, nov./ dez. de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Amauri Felipe Evangelista* 1 Laylson da Silva Borges 2 Amanda Nonata Fernandes da Silva 3 Willâmy Fonseca Vogado 4 Kássio Alexandre Marques 1
Mestrando em Ciência Animal, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Centro de Ciências Agrárias, Teresina, Brasil.*E-mail: amaurifelipe17@hotmail.com 2 Graduando em Licenciatura Plena em Pedagogia, Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Bom Jesus. 3 Graduando em Medicina Veterinária, Universidade Federal do Piauí UFPI, Bom Jesus.
PRODUCTION
RESUMO
AND
GROWTH
TRAITS
OF
É fato reconhecido a importância da conservação
SPECIES OF FODDER PLANTS FOR SILAGE:
de forragem no Brasil. Desta forma, há uma
LITERATURE REVIEW
necessidade de se elevar a quantidade e melhorar a qualidade desses alimentos nas épocas mais críticas do ano, isso tem motivado os produtores a produzir silagem em grandes quantidades, que supre a necessidade de seus rebanhos. Neste contexto, a prática de conservação de forragens, na forma de silagem, é conhecida e têm sido bastante aplicadas
nas
gramíneas,
visto
como
uma
alternativa de minimizar estas limitações, com a finalidade de atenuar o problema da escassez de forragens no período de estiagem. Sendo assim, o objetivo desta revisão é de compilar informações características de produção e crescimento de algumas
espécies
forrageiras
utilizadas
para
produção de silagem. Palavras-chave: Alimentação animal, conservação de forragem, silagem.
4867
ABSTRACT The importance of forage conservation in Brazil is a fact recognized. Thus, there is a need to increase the quantity and improve the quality of fodder in most critical seasons of the year, which has motivated farmers to produce silage in large quantities for supplying the demand of their livestock. In this context, the forage conservation in the form of silage is well-known and it has been widely applied in grass, seen as an alternative to minimize those limitations, in order to alleviate the shortage of fodder in the dry season. Thus, the aim of this review is to compile information about production and growth traits of some species of fodder plants used for silage production. Keyword: Animal feed, fodder conservation, silage.
Artigo 400 – Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem- revisão de literatura
INTRODUÇÃO
geiras utilizadas para produção de silagem.
Um dos principais problemas que o pecuarista enfrenta no Brasil é a baixa disponibilidade de forragem de alto valor nutritivo em determinadas
REVISÃO DE LITERATURA
forte
Importância de estudar espécies forrageiras para conservação de forragem A conservação de forragem é uma prática
estacionalidade, em decorrência, principalmente, da
fundamental quando se adota o manejo intensivo
má distribuição das chuvas. Este fato leva ao
das pastagens. A ensilagem e a fenação são as
fornecimento de forragens de baixa qualidade aos
principais formas de conservação de forragem
animais, gerando assim em inadequado consumo de
empregadas pelos pecuaristas, não podendo ser
nutrientes, consequentemente comprometendo a
considerados
produção animal.
complementar, pois o alimento produzido apresenta
épocas do ano. Na região Nordeste do Brasil, a produção
de
forragem
apresenta
sistema
características
distintas,
antagônico, de
e
maneira
sim
geral
a
A conservação de alimentos, principalmente de
ensilagem é mais utilizada no Brasil, pois envolve o
volumosos, tem sido utilizada como uma técnica que
uso de máquinas mais simples, com custo mais
permite a utilização desses alimentos em qualquer
baixo,
época do ano. Dessa forma, Carvalho et al. (2013)
MOREIRA, 2001).
quando
comparado
à
fenação
(REIS;
mencionam que para evitar a falta de alimento na época seca, são propostos alguns métodos de
Os processos de conservação de forragem têm
conservação, sendo a silagem uma alternativa para
como objetivo manter um alimento de bom valor
os produtores manterem a produção dos animais no
nutritivo com o mínimo de perdas para uso posterior.
decorrer do ano.
Nesse sentido, a silagem pode ser uma opção interessante, por permitir que o excedente da
A conservação de forragens na forma de silagem é
forragem
uma prática comum de suplementação volumosa de
utilizado na alimentação dos animais durante o
ruminantes em todo o mundo. Os princípios básicos
período de escassez de alimentos (PEREIRA; REIS,
da conservação de forragens são armazenar o
2001).
produzida
possa
ser
armazenado
e
excedente e conservar o seu valor nutritivo, de modo que este permaneça estável até a necessidade de
Silagem é a forragem verde, suculenta, conservada
fornecimento. Nesse contexto Silva et al. (2014)
por
salientam que o conhecimento sobre características
anaeróbica, guardadas em silos. A ensilagem é o
agronômicas e o valor nutritivo das espécies que se
processo de cortar a forragem, colocá-la no silo,
pretende conservar são de fundamental importância.
compactá-la e protegê-la com a vedação do silo para
meio
de
um
processo
de
fermentação
que haja a fermentação (AMIN; PAULA, 2009). Nascimento et al. (2013) afirmam que o método de conservação de alimentos através da silagem tem
A
recebido maior ênfase por parte dos produtores, por
relacionada às características agronômicas das
exigir tecnologia simples e apresentar excelentes
plantas forrageiras, o que torna de suma importância
resultados. As plantas mais recomendadas para
o estudo da relação das partes componentes de
serem ensiladas são as gramíneas, tais como: milho,
cada forrageira antes de indicar sua viabilidade para
milheto, sorgo, capim- elefante e girassol. Outras
essa utilização (MELLO et al., 2006). Uma série de
espécies também podem ser utilizadas, como:
fatores que influencia no processo de produção e
leucena, maniçoba, gliricídia e mandioca.
crescimento
qualidade
da
das
silagem
espécies
está
intimamente
forrageiras,
que
consequentemente vem afetar a silagem, tornando Com base nestes fatos, o objetivo desta revisão é de
um alimento de péssima qualidade, isto acontece
compilar
desde o plantio da forragem até a colheita.
informações
sobre
características
de
produção e crescimento de algumas espécies forraNutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4867-4873, nov./ dez, 2016. ISSN: 1983-9006
4868
Artigo 400 – Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem- revisão de literatura
refletindo-se em bons rendimentos. Sendo assim, a O desempenho animal no pasto é altamente
silagem de milho se destaca, quando comparada
correlacionado com o consumo de forragem, uma
com
vez que esta é a principal fonte de nutrientes para o
nutricional da forragem e se tornando uma forrageira
animal, e o conhecimento sobre
padrão (MENDES et al., 2008).
a forragem
outros
tipos
de
silagem
pela
qualidade
consumida pelo animal em pastejo é de fundamental importância, principalmente em países tropicais, em
A silagem de milho é considerada padrão, em virtude
que a pecuária tem como base as pastagens, e
dos adequados teores de carboidratos solúveis
desse modo, espera-se que a quantidade de
encontrados na planta, que levam à fermentação
forragem consumida aliada a sua qualidade, atenda
láctica, promovendo a conservação de um alimento
totalmente ou em grande parte as exigências de
de alto valor nutritivo (OLIVEIRA et al., 2010).
mantença, crescimento e produção do animal
DEMINICIS et al. (2009), relataram que a silagem de
(PINHEIRO et al., 2014).
milho é considerada padrão por preencher os
Algumas
espécies
forrageiras
utilizadas
na
requisitos para confecção de uma boa silagem com teor de matéria seca entre 30% a 35%, contendo no
produção de silagem
mínimo 3% de carboidratos solúveis na matéria original, baixo poder tampão e por proporcionar boa
Milho
fermentação microbiana. O milho (Zea mays L.) é uma planta de origem tropical pertencente à família Gramineae, pertence
Diante dessas características, o milho é uma
ao grupo das plantas com metabolismo do tipo C4,
forragem essencial para a produção de silagem, pois
que se caracteriza pelo elevado potencial produtivo,
a mesma se destaca no cenário mundial como o
é um dos mais importantes alimentos do setor
volumoso mais utilizado em confinamentos ou semi-
agrícola por ser elemento básico da ração animal.
confinamentos, em virtude de seu elevado teor de
Para produção de silagem, há necessidade de uma
energia
espécie forrageira que apresente produção elevada
rendimento em produtividade por área. E seu uso é
de massa por unidade de área e que seja um
preferível a qualquer outra, onde as condições de
alimento de alta qualidade para
clima são favoráveis ao seu ótimo desenvolvimento.
os
animais,
tradicionalmente, dentre as forrageiras, o milho é a
por
quilograma
de
matéria
seca
e
Milheto
que mais se destaca, sobretudo em razão do seu valor nutritivo e da boa produção de massa por
A produção brasileira de leite tem uma grande influência pela quantidade e qualidade do alimento
unidade de área plantada (ZEOULA et al., 2003).
que o produtor dispõe para seu rebanho. Isso se Para esta prática de conservação de forragem, o milho é cada vez mais recomendado, entre as várias plantas que são utilizadas para a produção de silagem, por se adaptarem melhor as condições climáticas e de solo menos favoráveis. Entre os motivos da preferência dos produtores pelo uso do milho como forrageira para silagem, é a sua facilidade
de
cultivo,
altos
rendimentos
e
especialmente pela qualidade da silagem produzida,
deve em grande parte ao período de estiagem, dessa forma, o uso de forragens conservadas tem sido amplamente recomendado e é muito bem explorado pelos produtores. Dentre várias espécies de forrageiras utilizadas, o milheto (Pennisetum glaucum) surge como opção, pois vem crescendo sua
importância
no
cenário
do
agronegócio
brasileiro, principalmente nos sistemas de produção de leite.
sem necessidade de aditivo para estimular a O milheto é uma planta pertencente à família
fermentação (LUCAS et al., 2010).
Poaceae do gênero Pennise datados de 1929. Na É nítido que o milho é indicado pelas suas características
de
qualidade,
facilidade
de
fermentação no silo e boa aceitação pelos animais, 4869
região Nordeste, foi introduzido na década de 70, pela
Empresa
Pernambucana
de
Pesquisa
Agropecuária (IPA), como cultura de alto potencial e
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4867-4873, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
Artigo 400 – Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem- revisão de literatura
alternativo para a alimentação animal (COSTA et al.,
matéria seca produzida por unidade de área e
2014).
silagem de boa qualidade. No Brasil, apesar de apresentar pouca expressão, a cultura do girassol
O milheto se expandiu nas regiões de cerrado,
vem sendo praticada nos estados do nordeste.
devido
alta
Inúmeras foram as tentativas de fomentar e expandir
resistência à seca e a boa adaptabilidade a solos de
seu cultivo, em diferentes regiões do país, a partir do
baixo nível de fertilidade. O milheto pode ser
início do século XX (CARVALHO et al., 2013).
às
características
da
planta
de
utilizado como planta forrageira, tanto na forma conservada quanto em pastejo para o gado devido à
Apesar de ter sido introduzido no Brasil como uma
capacidade de rebrota da planta. Além disso, pode
oleaginosa, estudos realizados apontam o girassol
ser utilizada ainda como produtora de grãos para
como uma forrageira alternativa tanto na forma de
compor parte da ração de animais e como planta de
ensilagem, quanto consorciado a outras culturas.
cobertura na formação de palhada em sistema de
Assim, o uso do girassol na alimentação animal sob
plantio direto (RÊGO, 2012).
a forma de silagem tem surgido como boa alternativa para o Brasil, devido aos períodos de estiagem, onde
No Brasil, a silagem do milheto ainda é pouco
impossibilitam a produção de alimentos volumosos
estudada, mas alguns trabalhos já demonstraram
de
que é possível produzir forragem em quantidade e
manutenção da produção animal todo o ano
qualidade satisfatórias, principalmente quando a
(EVANGELISTA; LIMA, 2001).
boa
qualidade
e,
consequentemente,
a
cultura é cultivada e manejada adequadamente (GUIMARÃES JÚNIOR, 2013). A silagem de milheto
O cultivo do girassol para produção de forragem
apresenta boa composição nutricional, tornando uma
apresenta
boa alternativa para ser conservado a fim de ser
favoráveis, como menor exigência hídrica, maior
servido aos animais durante o período de estiagem,
adaptação às distintas condições edafoclimáticas,
momento em que a produção de forrageira é baixa
constituindo-se uma opção para rotação de cultura
(BUSO et al., 2011).
na safrinha (GONÇALVES, 2000). As vantagens da
algumas
características
agronômicas
silagem de girassol em comparação a de gramíneas Girassol
como o milho estão na maior tolerância ao déficit
Para a produção de silagem, pode-se utilizar uma
hídrico,
grande variedade de gramíneas e leguminosas.
germinação (até 5°C), menor ciclo vegetativo,
Embora o milho seja considerado a silagem-padrão,
proporcionando mais de um cultivo no verão com
o girassol é uma planta adaptada a diversos climas
outra cultura e qualidade desejada do produto
por ser resistente ao frio e ao calor, além de uma
ensilado e o valor proteico da silagem de girassol,
grande quantidade de matéria seca. Geralmente a
segundo diversos estudos, tem valores superiores
silagem de girassol contém alto teor proteico, devido
(REZENDE et al., 2007).
ao elevado teor de óleo, também possui grande valor energético.
Silagens de qualidade são
requeridas
agricultores
significativos
pelos
incrementos
na
por
propiciar
produtividade
e
menores
temperaturas
na
fase
de
Sorgo A escassez de forragem, agravado na estação seca, e o baixo valor nutritivo da forragem no crescimento
maximizar a rentabilidade do sistema produtivo,
natural
sendo a cultura do girassol (Helianthus annuus L.)
desenvolvimento
uma opção para este fim (POSSATTO JUNIOR et
diminuição da produtividade bem como na diminuição
al., 2013).
da produção de leite e carne, o que torna os produtores
das
dependentes
pastagens,
da
dos
compromete
o
resultando
em
animais,
disponibilidade
de
forragens
O cultivo do girassol sob âmbito mundial apresenta-
conservadas, como a silagem de plantas forrageiras
se como uma opção para finalidade silagem (MELLO
cultivadas e resíduos de culturas para alimentar o gado
et al., 2006), devido a consideráveis quantidades de
em regiões semiáridas (PERAZZO et al., 2014).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4867-4873, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
4870
Artigo 400 – Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem- revisão de literatura
A região semiárida do Brasil é caracterizada pela
alimentação dos animais se constitui como o item de
ocorrência
maior peso no custo de produção (JOBIM et al.,
de
precipitações
mal
distribuídas,
concentradas num curto período chuvoso, seguido de
um
longo
período
de
estiagem,
2007).
essa
característica climática é o principal fator que
O conceito do termo valor nutritivo refere-se à
prejudica a produção agropecuária dessa região,
composição
sendo
digestibilidade.
importante
a
aplicação
de
estratégias
química O
da
valor
forragem nutritivo
e
das
sua
plantas
na
forrageiras é influenciado pela composição química,
produção de forragens (PERAZZO et al., 2013). A
assim como pela digestibilidade e pelo consumo do
silagem surge como uma alternativa para reduzir o
animal.
problema de escassez de alimentos para os animais
forrageira, deve ser reconhecida a sua composição
no período seco.
química, pois o valor nutritivo de um alimento é
específicas
para
obter
maior
rendimento
Ao
fazer
a
avaliação
de
uma planta
definido em função da composição química e dos Entre as diversas espécies de gramíneas, que têm
produtos finais da digestão. Já a qualidade de uma
características para produção de silagem, milho (Zea
planta forrageira é representada pela associação da
mays) e o sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) são
composição bromatológica, da digestibilidade e do
aqueles com o perfil mais adequado para este fim,
consumo
devido à facilidade de cultivo, produção elevada de
forragem em questão (GERDES et al., 2000).
voluntário,
entre
outros
fatores,
da
forragem e especialmente, as características que promovem a silagem de fermentação adequada e
A definição mais adequada de qualidade da
uma qualidade satisfatória, como o elevado teor de
forragem é a que relaciona o desempenho do animal
hidratos de carbono solúveis (SILVA et al., 2012).
com o consumo de energia digestível (ED), e neste contexto tem o valor nutritivo, que se refere ao
O sorgo é uma gramínea que vem ganhando espaço
conjunto formado pela composição química da
na
forragem, sua digestibilidade e a natureza dos
utilização
para
silagem
e
que
pode
ser
comparado ao milho que é a principal cultura
produtos de digestão (REIS; RODRIGUES, 1993).
utilizada para produção de silagem no Brasil, em as
A composição química pode ser utilizada como
vantagens do uso do sorgo para produção de
parâmetro de qualidade das espécies forrageiras,
silagem está a alta produção de matéria seca,
contudo deve-se ter em mente, que tal composição é
resistência a situações de déficit hídrico e curtos
dependente de aspectos de natureza genética e
períodos de verão, através da eficiência do uso da
ambiental e, além disso não deve ser utilizado como
água, baixa necessidade de fertilidade do solo e
único determinante da qualidade de uma forragem
possível uso de rebrota se destacam (SILVA et al.,
(ATHAYDE et al., 2012).
relação
aos
valores
agronômicos.
Entre
2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS Composição forrageiras
e
valor
nutritivo
de
plantas
É intensa a atividade pecuária na região nordeste do
A conservação de forragens, na forma de silagem é uma técnica indispensável aos sistemas de produção animal, sobretudo, no semiárido. A Região semiárida
Brasil, onde as forragens são as principais fontes de
possui
nutrientes para os animais, assim, é necessário que
girassol, milheto, milho e sorgo que podem ser
estas apresentem boa produtividade e elevado valor
exploradas com grande potencial para produção de
nutritivo. Neste sentido, o setor pecuário demanda
silagem, estes quando são incluídos na dieta dos
cada vez mais alimentos de bom valor nutritivo e a
animais é uma alternativa para melhorar a qualidade
baixo custo, o que pode ser obtido somente por meio
alimentar
de eficiência na produção. Atualmente exige-se
melhorar o desempenho produtivo, obtendo-se animais
maior quantidade e qualidade das forragens e a
terminados de alta qualidade. Em virtude disso, pes-
4871
inúmeras
dos
espécies
mesmos,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4867-4873, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
forrageiras
podendo
tais
contribuir
como
para
Artigo 400 – Características de produção e crescimento de espécies forrageiras para produção de silagem- revisão de literatura
pesquisas no âmbito da produção animal, voltada a conservação de forragem, fazem-se necessárias, principalmente
no
Brasil,
pois
devem
ser
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Ferro para leitões: revisão de literatura Suínos, anemia, ferro, suplementação. Revista Eletrônica
Dejanir Pissinin
1
1
MBA em Agronegócio
Vol. 13, Nº 06, nov./ dez. de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Graduação em Tecnologia em Agronegócio
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Técnico em Agroindústria Técnico em Agropecuária
RESUMO O
ferro
IRON SUPPLEMENTS FOR PIGLETS: é
um
micromineral
indispensável
ao
LITERATURE REVIEW
organismo animal, principalmente para os leitões no período neonatal. É essencial na formação da
ABSTRACT
hemoglobina, que é responsável pelo transporte de
Iron is an essential trace mineral to the animal
oxigênio em nível celular. Leitões confinados em
organism, particularly for piglets in the neonatal
piso, sem contato com o solo e que não recebem
period. It is essential in the formation of hemoglobin,
suplementação de ferro, podem ter mortalidade de 6
which is responsible for the transport of oxygen at the
a 60%. Além disso, a anemia ferropriva pode levar à
cellular level. Piglets confined in floor, without contact
ocorrência
maior
with the ground and who do not receive iron
predisposição a infecções e, consequentemente,
supplementation can be 6 to 60% mortality. In
afetar a conversão alimentar dos animais. Diversas
addition, iron deficiency anemia can lead to the
formas de fornecimento de ferro podem ser utilizadas
occurrence
para suprir essas necessidades, visando manter
predisposition to infection and consequently affect
níveis
de
baixo
adequados
desenvolvimento,
development,
greater
de
the feed conversion. Various forms of iron supply
desde
o
may be used to meet these needs, in order to
fornecimento de terra vermelha, aplicações injetáveis
maintain adequate levels of hemoglobin and iron
de ferro dextrano, aplicação de pasta antianêmica
storage, ranging from the supply of Red Earth, iron
nas tetas das porcas, suplementação das rações
dextran injectable applications, application applying
com sulfato ferroso ou ainda a utilização via oral de
anti anemic folder in the teats of nuts, feed
suplemento alimentar ultra precoce (SAUP), rico em
supplementation with ferrous sulfate or the oral use
ferro quelatado em pó.
of dietary supplement ultra early (SAUP) with plenty
Palavras-chave: suínos, anemia, ferro,
of chelated iron powder.
suplementação.
Keyword: anemia, iron, supplementation.
4874
de
ferro,
hemoglobina
low
e
armazenamento
de
of
que
vão
Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
INTRODUÇÃO
em sistemas biológicos se encontra em dois estados
Diante dos avanços tecnológicos, a suinocultura,
de
cada vez mais, necessita que todas as etapas do
(BRAGA; BARBOSA, 2006), sendo a forma ferrosa a
processo produtivo sejam conduzidas de forma
mais solúvel e, portanto, a mais indicada como
adequada.
suplemento (BERTECHINI, 2012).
A falta de atenção a determinados
oxidação:
ferroso
(Fe2+)
e
férrico
(Fe3+)
detalhes, como os ligados à nutrição, por exemplo, pode comprometer a eficiência de toda a produção.
Em alguns aspectos, o ferro pode ser considerado como um micromineral necessário em quantidades
Aspectos da nutrição mineral de suínos são
pequenas
relativamente pouco estudados, provavelmente em
Entretanto, sua presença em quantidades muito
razão de representarem uma pequena parcela dos
maiores
custos com alimentação. Contudo, os minerais
necessidades do organismo sejam, em determinados
participam
casos, mais difíceis de corrigir do que as de outros
do
metabolismo
basal
e
formação
como na
cofator
hemoglobina
de faz
muitas com
enzimas. que
as
tecidual de suínos, sendo essenciais para a saúde e
oligoelementos
o desempenho dos animais.
componente importante da hemoglobina nas células
(WORWOOD,
1996).
É
um
vermelhas do sangue, sendo também encontrado De acordo com Bertechini (2012), os minerais são
nos músculos como mioglobina, no soro como
classificados segundo suas necessidades orgânicas
transferrina, na placenta como uteroferina, no leite
em macrominerais e microminerais, sendo que
como lactoferrina e no fígado como ferritina e
esses
hemosiderina, além de desempenhar um papel
últimos
também
são
denominados
de
elementos traço.
importante no corpo (ZIMMERMAN, 1980; DUCSAY et al., 1984), sendo também componente de enzimas
Dentre os microminerais, o ferro assume posição de
metabólicas (NRC, 1998).
destaque, pois é o de maior exigência dietética e, seguramente, o mais estudado. O ferro tem
As exigências de ferro de alguns animais, como os
importância significativa para os leitões no período
bovinos, por exemplo, são, em condições normais,
neonatal devido a uma série de fatores, como a
supridas pela alimentação, caso que não se aplica
baixa transferência de ferro para os leitões através
aos
da placenta, a reduzida reserva de ferro no
suplementar de ferro. A elevada exigência de ferro
nascimento, o baixo teor de ferro no colostro e no
dos leitões é causada, principalmente, pela rápida
leite materno e a rápida velocidade de ganho de
taxa de crescimento após o nascimento quando
peso inicial quando comparado a outras espécies.
comparado a outras espécies, confinamento e a
Esses fatores se tornam ainda mais relevantes na
baixa transferência placentária e mamária da fêmea
suinocultura moderna devido à ausência de contato
para a sua prole (ALLEN, 2005). Assim, uma prática
direto dos suínos com o solo e ao melhoramento
padrão nas granjas de suínos é a suplementação de
genético, que tem promovido leitegadas maiores,
ferro para os leitões nos primeiros dias de vida.
suínos,
que
necessitam
de
uma
fonte
com maior velocidade de ganho de peso e de alta precocidade, o que aumenta ainda mais a exigência
Os leitões apresentam baixa taxa de armazenamento
de ferro nos leitões. Baseado nisso, este estudo
de ferro corporal inicial quando comparados a outros
objetivou elaborar uma revisão de literatura sobre a
animais domésticos e ao próprio homem, conforme
necessidade de ferro para os leitões no período
demonstrado na Tabela 1. A concentração de ferro
neonatal.
no corpo de um leitão no momento do nascimento é de aproximadamente 20 a 30 partes por milhão
NECESSIDADES DE FERRO DOS LEITÕES
(VENN et al., 1947).
O ferro é um metal de transição de número atômico 26, sendo um dos mais abundantes na terra. Apesar de sua abundância, é insolúvel no meio ambiente e 4875
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Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
TABELA 1 - Concentração de ferro no tecido do
com o objetivo de suprir as necessidades deste
corpo livre de gordura (ppm)
elemento para manutenção do nível de hemoglobina circulante no sangue dos recém-nascidos (SANSOM,
Espécies
Novos
Adultos
Leitão
29
90
Gato
55
60
Coelho
135
60
Humano
94
74
1984). Não há meios eficazes de aumentar a transferência placentária e mamária de ferro da fêmea para a sua prole. Estudos mostram conclusivamente que a administração de ferro nas fêmeas por via oral ou injetável
Fonte: Widdowson (1950)
não
aumentou
suficientemente
a
concentração de ferro nos leitões ao nascer e nem a No nascimento, os leitões possuem, principalmente,
concentração no leite para prevenir a anemia
reserva hepática para o atendimento da alta
ferropriva (POND et al., 1961). Brady et al. (1978)
necessidade
também
nutricional
hemoglobina,
mas
para
esta
biossíntese
reserva
se
de
verificaram
que,
mesmo
fêmeas
esgota
alimentadas durante a gestação com altos índices de
rapidamente, podendo não durar mais do que 5 dias
ferro na dieta, seja como sulfato de ferro ou quelatos
para os leitões maiores (BERTECHINI, 2006). O
de ferro ou ainda de forma parenteral não elevaram
leitão, ao nascer, possui aproximadamente 50 mg
suficientemente a transferência de ferro para o feto.
(miligramas) de ferro, sendo que a maioria está
Estes
depositada na forma de hemoglobina (MUNRO,
deficiência de ferro em leitões que tiverem acesso às
1977).
fezes maternas, ricas em ferro (KIEFER, 2005).
níveis
podem,
no
entanto,
prevenir
a
Contradizendo as pesquisas até então relatadas, O colostro e o leite materno são uma fonte pobre
Bertechini (2012) afirma que a suplementação de
deste nutriente, contendo apenas de 1 a 3 ppm
ferro a 80 ppm na forma orgânica (quelatada) para
(partes por milhão) de ferro (VENN et al., 1947).
porcas, faltando 30 dias para o parto e prosseguindo
Esse fornecimento de aproximadamente 1 mg/dia
até 21 dias pós-parto, poderia suprir a aplicação de
(Tabela 2) corresponde a 15% das necessidades
ferro em leitões.
reais dos leitões, o que implica em uma deficiência de 85% que deve ser mobilizada dos depósitos do
Deve ser ressaltado, também, que o leitão recém-
organismo, que são baixos (SCHWEIGERT et al.,
nascido possui taxa de crescimento elevada, tendo o
2000). Monteiro (2006) citou resultados semelhantes
seu peso quadruplicado em três semanas de vida
e ratificou o achado de Venn, o qual constatou que o
(SOBESTIANSKY et al., 1999; SCHWEIGERT et al.,
nível
2000). Este rápido crescimento aliado ao aumento
de
ferro
presente
no
leite
é
de
do volume plasmático exige uma alta ingestão de
aproximadamente 2,3x10-³ mg/mL.
ferro para manter a hemoglobina adequada e, dessa TABELA 2 - Consumo aproximado de ferro via leite 1
Prod. leite g/dia 2 Ferro no leite (mg) N° de leitõe² 1 Consumo de leite/ leitão/dia (g)
12000 12 12 1000
Consumo médio ferro/leitão/dia - leite 2 (mg) 1
O leitão recém-nascido necessita, para uma taxa de crescimento normal, de 7 a 16 mg de ferro por dia (VENN et al., 1947). Outra forma também utilizada para estimar a necessidade de ferro dos leitões é
1,2
Fonte: adaptado de Whittemore (1996) e Venn et al. (1947)
forma, evitar a anemia ferropriva.
relacioná-la com o ganho de peso, ou seja, na primeira 2.
semana de idade o leitão tem a necessidade de
Em decorrência da baixa concentração férrica do
21mg de ferro para cada quilograma de ganho de
leite da fêmea suína, há a necessidade de
peso (BRAUDE et al., 1962), de forma que, se nesta
suplementação de ferro ao nascer para os leitões
fase houver um ganho de 1,5 kg, tem-se uma
alimentados exclusivamente com o leite materno,
demanda de 31,5 mg de ferro (BERTECHINI, 2006).
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Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
A necessidade estimada por Braude et al., (1962) de 21 mg de ferro por kg de aumento de peso vivo leva em consideração que 90% do requisito de ferro ao
Idade Peso Volume de Hemogl Conteúdo de (seman vivo sangue aprox. obina ferro na Hb as)¹ (kg)¹ (mL)² (g)¹ (mg)¹ 0 1,3 112,5 12,3 41,8
longo das primeiras semanas de vida é representado
1
2,7
211,5
28,8
97,9
pela exigência para síntese de hemoglobina, sendo
2
4,2
314,0
38,4
130,6
assumido um nível de hemoglobina de 8g/100 mL de
3
6
469,0
52,1
177,1
sangue e um volume de sangue de 70 mL/kg de
4
7,8
585,5
66,1
224,7
peso corporal. Com base nesses dados, a exigência
5
9,8
710,5
80,9
275,1
de ferro para síntese de hemoglobina é de cerca de
Adaptado de Annenkov et al.¹ (1982) e Talbot (1963)²
19 mg e o requisito total de 21 mg por kg de Na
aumento de peso vivo.
Tabela
3,
pode
ser
verificado
o
rápido
crescimento do leitão aliado ao aumento do volume Com relação às necessidades de ferro, Annenkov et
de sangue e isso exige uma alta ingestão de ferro
al. (1982) mencionam que o nível ótimo de
para manter o conteúdo de hemoglobina adequado.
hemoglobina é de 11g/100 mL de sangue e do total
Considerando apenas as necessidades de ferro para
de ferro presente no organismo cerca de 80% está
manter o nível de hemoglobina ideal (11g/100mL de
na molécula de hemoglobina que contém 0,34% de
sangue) e levando em consideração o volume de
ferro. Se for considerado um nível de 11g/100 mL de
sangue mencionado por Talbot (1963), obtém-se
sangue como ideal, ter-se-á necessidades de ferro
valores
superiores às mencionadas por Braude et al. (1962).
próximos ao mencionado por Venn et al. (1947), de 7
Estas variações quanto às necessidades diferem
mg/dia.
referentes
às
necessidades
de
ferro
os
As exigências de ferro são maiores nas
autores mencionam valores diferentes para as taxas
fases iniciais e de crescimento quando a demanda
de crescimento e níveis de hemoglobina em seus
para síntese de mioglobina é grande. Quanto ao
animais. Há uma diferença considerável entre os
aproveitamento do ferro da dieta, este varia de
valores de necessidade diária e dose diária citada na
acordo com a idade dos animais, de forma que os
literatura,
leitões recém-nascidos conseguem assimilar uma
consideravelmente,
que
principalmente
podem
ser,
em
porque
grande parte,
maior quantidade de ferro quando comparados com
atribuídos ao nível variável de absorção de ferro.
animais de idade mais avançada (BERTECHINI, Talbot (1963) calculou o volume de sangue de
2012), como pode ser verificado na Tabela 4.
leitões no período inicial de vida e obteve dados aproximados aos já encontrados por Hansard et al.
TABELA 4 – Assimilação de ferro dietético por suínos
(1953), que observaram uma diminuição progressiva
Idade
Assimilação (%)
do volume total de sangue em relação ao peso vivo
1 – 5 dias 56 – 63 dias
95 – 99 12
com o aumento da idade.
Fonte: Bertechini (2006b)
Os dados da Tabela 3 são referentes à idade, peso
A absorção e a biodisponibilidade do ferro podem ser
vivo,
na
afetadas por vários fatores, tais como a idade dos
hemoglobina mencionados por Annenkov et al.
animais, o estado do ferro, a espécie, a dosagem e a
(1982) e estão relacionados ao volume de sangue
presença de outros componentes na dieta. Suínos
aproximado encontrados por Talbot (1963) em
mais jovens assimilam melhor o ferro e sofrem mais
leitões da mesma idade.
com problemas de anemia do que outras espécies. A
hemoglobina
e
conteúdo
de
ferro
absorção de ferro da hemoglobina apresenta relação TABELA 3 – Volume de sangue, quantia de
inversa ao nível de dosagem e a forma ferrosa é
hemoglobina e conteúdo de ferro em leitões com
mais
diferentes idades e pesos vivos
EASTER, 1999).
4877
absorvível
que
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a
férrica
(ANDERSON;
Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
Animais com deficiência em ferro absorvem este
Apesar da essencialidade do ferro, Puntarulo (2005)
elemento em maior quantidade se comparados a
menciona que o mesmo pode apresentar efeitos
animais com nível adequado deste mineral, que
tóxicos quando em excesso, causando um estresse
transferem apenas pequena porção dele para o
oxidativo com danos à membrana lipídica celular.
sangue (CONRAD e CROSBY, 1963).
Esse efeito nocivo pode ocorrer em aplicações injetáveis de ferro dextrano em dose excessiva e
A necessidade de adição de ferro na dieta diminui
fornecida em aplicação única.
com a idade e peso dos suínos, devido à diminuição do volume sanguíneo por unidade de peso corporal
A
suplementação -1
de
ferro
em
altas
doses
e a maior ingestão diária de ferro, devido ao maior
(5.102mg.kg
consumo de alimento (SOBESTIANSKY et al.,
desempenho de leitões devido à deficiência de
1999).
fósforo por interferência na sua absorção (YU et al.,
ferro)
causa
efeito
adverso
no
2000). O ferro depositado em excesso nos tecidos Braud et al. (1962) e Miller (1980) afirmaram que
pode causar lesões graves, particularmente no
mais de 90% do ferro dextrano injetável (100 ou 200
coração, glândulas e no fígado (HOFFBRAND et al.,
mg)
na
2004). A busca pelo aumento da disponibilidade
o
mineral para os animais pode gerar também uma
fornecimento. Harmon et al. (1974), Thoren-Tolling
suplementação excessiva e este excesso pode gerar
(1975) e Cornelius e Harmon (1976) verificaram que
efeitos prejudiciais, levando a uma redução da ação
doses de ferro dextrano semelhantes às injetadas,
metabólica de outros nutrientes, além de não
se administradas via oral durante as primeiras 12
melhorar sua concentração e causar poluição
horas após o nascimento dos leitões (antes do
ambiental (KIEFER, 2005).
absorvido
hemoglobina
é
em
incorporado até
4
diretamente
semanas
após
fechamento do intestino), também têm promovido eficiente incorporação de ferro na hemoglobina.
Considerando que tanto o excesso quanto a deficiência de ferro são prejudiciais, podendo causar
De acordo com Amaral et al. (1995) e Sobestiansky
a morte celular, o desafio consiste em evitar a
et al. (1985, 1999), a mortalidade em função da
deficiência e o excesso para que, dessa forma,
anemia ferropriva em rebanhos confinados, em que
possa ser obtida a maior eficiência produtiva com
os leitões recebem ferro somente através do leite
menores custos e evitando problemas ambientais.
materno, varia de 6 a 60%. Lopes (1982) também salienta a importância do ferro entre os minerais essenciais para suínos como elemento vital para o seu
desenvolvimento,
influência
negativa
pois na
a
deficiência
tem
sobrevivência
e
desenvolvimento dos leitões. Assim como os demais minerais, o ferro segue a mesma regra em que não só a deficiência é
MÉTODO DE ANÁLISE DE BIODIAGNÓSTICO De acordo com Zimmermam (1980), a hemoglobina se torna um indicador atraente para medir a biodisponibilidade de ferro, devido basicamente a dois fatores: primeiro, pelo fato de ter elevada taxa de ferro, tornando-se assim um sensível detector de absorção e; em segundo lugar, a relativa facilidade
prejudicial, mas também o excesso e, portanto, os
de realizar sua determinação. O nível adequado de
seus níveis devem ser controlados.
hemoglobina no sangue dos leitões deve ser igual ou superior a 10g/dL (gramas/decilitro), enquanto que
Um nível excessivo de ferro (superior a 200 mg)
valores iguais ou inferiores a 7g/dL indicam quadro
administrado injetável ou por via oral deverá ser
anêmico, conforme pode ser observado na Tabela 5.
evitado porque o ferro sérico não ligado incentiva o
O nível normal de hemoglobina no sangue em
crescimento de bactérias e resulta em maior
suínos é de 10 a 16g/dL (JAIN, 1993).
susceptibilidade a diarreias e infecções, além de causar reduções na taxa de crescimento (KADIS et al., 1984). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4874-4882, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
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Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
TABELA 5 – Níveis de hemoglobina no sangue e suas consequências Hemoglobina (g/100mL de sangue) 10 ou acima 9 8 7 ou inferior 6 ou inferior 4 ou inferior
Consequências Nível normal de ferro para ótimo desempenho. Nível mínimo necessário para desempenho médio. Linha divisória entre a normalidade e a anemia. Anemia limite. Tratamento com ferro é necessário. Estado anêmico com retardo de crescimento. Anemia grave acompanhada de acentuada redução de desempenho. Anemia grave que pode resultar em aumento da taxa de mortalidade.
Fonte: Cunha (1977)
Além dos níveis de hemoglobina no sangue, as
Utilização de pasta antianêmica nas tetas das
alterações do ferro podem ser avaliadas por meio de
porcas: esse método é de difícil implementação e
outras formas laboratoriais comumente utilizadas,
não garante o consumo adequado de ferro.
tais como a determinação sérica do ferro, a
Utilização de terra vermelha (rica em ferro): essa
capacidade total de ligação do ferro, a concentração
prática não é muito aceita em criações tecnificadas,
de ferritina, o índice de saturação da transferrina e a
em razão da qualidade do material e da maioria do
avaliação do conteúdo de ferro medular (ALENCAR
ferro se apresentar na forma férrica, que possui
et al., 2002).
baixa solubilidade. Suplementação das rações com sulfato ferroso: é
FONTES E FORMAS DE FORNECIMENTO DE
um meio adequado de suplementação, porém os
FERRO
leitões
Existem diversas fontes e maneiras para suprir a
normalmente a partir de 7 dias de idade, sendo que
carência de ferro nos leitões, conforme será
o período mais crítico é na primeira semana.
mencionado na sequência.
Suplementação das porcas durante a gestação
começam
a
ingerir
alguma
ração
com ferro na forma orgânica: essa medida pode De acordo com Bertechini (2012), o colostro
aumentar as reservas hepáticas ao nascer e também
apresenta quase o dobro de ferro comparado com o
o teor de ferro do leite.
leite normal, o que contribui na economia de uma
Quanto a fontes orgânicas de suplementação de
parte da reserva orgânica no primeiro dia de vida do
ferro,
leitão. Os leitões de maior peso competem pelas
determinar a sua biodisponibilidade. Porém, Spears
tetas de maior produção de leite, desenvolvem-se
et al. (1992), comparando fontes de ferro metionina
mais rapidamente e se não forem suplementados
com fontes inorgânicas concluíram, por meio da
com ferro esses animais serão os primeiros a
concentração
apresentar sinais de deficiência desse micromineral.
biodisponibilidade do ferro orgânico foi de 180%
No entanto, existem diversas formas de suprir o ferro
quando
que o leitão necessita, como mencionado por
consideradas como 100%.
poucos
estudos
de
comparada
foram
conduzidos
hemoglobina, às
formas
para
que
a
inorgânicas,
Bertechini (2012): Aplicação intramuscular de 100 mg de ferro (ferro
Estudos têm sido feitos em que as fêmeas
dextrano ou outras associações) no 3° e 11° dias de
receberam suplemento à base de ferro na gestação
vida do leitão. Pode se aplicar 200 mg de uma única
e os resultados geralmente são pobres quando se
vez, porém isso implica em maior injúria no tecido e
utilizam
maior estresse pela intensa dor causada na
utilização do ferro é feita na forma de quelatos, têm
aplicação. Cabe destacar que a aplicação fracionada
melhorado
é a maneira mais segura de garantir o suprimento de
hepático, formação de hemoglobina e o crescimento
ferro.
dos leitões (MATEOS et al., 2004).
4879
fontes
inorgânicas.
significativamente
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4874-4882, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
Porém, o
nível
quando de
a
ferro
Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
As fontes inorgânicas de ferro apresentam uma variação
de
disponibilidade
(AMMERMANN
et
al.,
de
10
1995),
a
100%
porém
a
disponibilidade relativa de ferro oriunda dos quelatos (fontes orgânicas) pode variar de 125 a 185% (HENRY; MILLER, 1995). Os
estudos
animadores,
com embora
minerais alguns
quelatados
são
trabalhos
não
apresentem respostas diferentes das apresentadas quando se fornece o mineral na forma inorgânica, porém
em
maior
concentração.
A
maior
biodisponibilidade dos minerais quelatados propicia a redução do uso, minimiza o impacto ambiental, porém o custo elevado é um entrave. Além das formas já mencionadas, a utilização de suplemento alimentar ultra precoce (SAUP) via oral em substituição à aplicação intramuscular de ferro
TABELA 6 – Dose mínima necessária de ferro dextrano a ser aplicada N° de Necessidad Ferro Reservas Ferro Deficiê Dose de dias es via ferro- fornecid ncia ferro totais/leitão leite nasciment o via (mg) dextrano (mg) (mg) o (mg) ração necessá (mg) ria (mg)
35
245
35
8
64
138
148,9
Fonte: Adaptado BRAUDE et al., 1962
A Tabela 6 leva em consideração os seguintes aspectos: 92,7% do ferro aplicado foi recuperado (BRAUDE et al., 1962); necessidade diária de 7 mg/dia, reservas no nascimento de 8 mg e ferro fornecido via leite de 1 mg/dia (VENN et al. 1947); e consumo de ferro na ração no período de 64 mg (consumo de ração de 4 kg até 35 dias (EMBRAPA, 1988)), concentração de ferro na ração de 80 mg/kg (NRC, 1998) e absorção de 20% do ferro da ração (ANNENKOV et al.1982).
dextrano na fase pré-inicial dos leitões vem sendo testada com resultados promissores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do mencionado nesta revisão, é visível a
A aplicação injetável de ferro dextrano continua
importância da suplementação de ferro para evitar a
sendo uma das opções mais utilizadas para suprir as
anemia ferropriva em leitões, principalmente nos
necessidades de ferro em leitões. Braude et al.
animais confinados. A suplementação pode ser feita
(1962) menciona que possivelmente 180 mg de ferro
de várias formas, porém pesquisas na área de
dextrano injetável forneça ferro suficiente para
microelementos, mais especificamente relacionadas
manter um nível de hemoglobina satisfatório no
ao ferro, não têm recebido a devida importância, ao
sangue durante as primeiras 5 semanas de vida,
menos na literatura científica, sendo a maior parte delas desenvolvida há muitos anos atrás, utilizando
antes do leitão obter ferro dos alimentos com
dietas distintas das empregadas atualmente e
fluência. Porém, se for levado em consideração que
animais com potencial genético completamente
o leitão consome aproximadamente 4,0 kg de ração
diferente do atual.
pré-inicial até os 35 dias (EMBRAPA, 1988) e que a mesma apresenta em média 80 mg/kg de ferro
Pesquisas
devem
(NRC, 1998) com uma absorção estimada de 20%
alternativas eficientes e economicamente viáveis
(ANNENKOV et al.1982), ter-se-ia um incremento de
para complementar ou substituir as já existentes,
64 mg de ferro que poderá ser reduzido da aplicação
facilitando o manejo, eliminando ou reduzindo os
injetável ou oral.
efeitos
negativos
ser
e
realizadas
proporcionando
buscando
melhores
resultados, tanto produtivos e econômicos quanto Quando em condições fisiológicas normais, a
ambientais.
excreção de ferro é mínima, sendo a maioria proveniente do ferro não absorvido da dieta (SECHINATO,2003).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4874-4882, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
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Artigo 401- Ferro para leitões – revisão de literatura
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Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas Corante, coturnicultura, gema, ovo.
Revista Eletrônica
. 1
Vol. 13, Nº 06, nov./ dez. de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO A coturnicultura
brasileira vem
despertando a
Weslane Justina da Silva 3 Poliana Carneiro Martins 1 Alison Batista Vieira Silva Gouveia 2 Fabiana Ramos dos Santos Cibele Silva Minafra² 1
Discente de pós-graduação mestrado em Zootecnia do Instituto Federal Goiano (IFGoiano), Campus Rio Verde, GO. E-mail: cibele.minafra@ifgoiano.edu.br 2 Zootecnista, Profa. Dra. Instituto Federal Goiano (IFGoiano) – Campus Rio Verde-GO. 3 Discente de pós-graduação, doutorado em ciência animal da Universidade Federal de Goiás- Campus Samambaia, Goiânia– GO.
NATURAL PIGMENTS AND ALTERNATIVE FOOD FOR JAPANESE QUAILS
atenção e o interesse de pesquisadores que
ABSTRACT
contribuem para o aprimoramento e fixação dessa
Brazilian coturniculture has attracted the attention
exploração como fonte rentável na produção avícola,
and interest of researchers contributing to the
atraindo produtores, devido ao seu grande retorno
improvement and fixation of exploitation as profitable
lucrativo e à diversidade de seus produtos. As
source in poultry production, attracting producers,
codornas têm carne saborosa e ovos que, sejam in
due to its large profitable return and diversity of its
natura, cozidos ou em conserva estão presente em
products. Quails has tasty meat and eggs that are
vários pontos de venda de alimentos. A produção de
fresh, cooked or canned are present in several points
ovos se deve a alta fertilidade, rápido crescimento,
of sale of food. Egg production is due to high fertility,
maturidade sexual precoce e longevidade da ave.
rapid growth, early sexual maturity and longevity of
Apesar do baixo consumo de ração os custos com a
the bird. Despite the low feed intake the food costs
alimentação podem ser reduzidos com o uso de
can be reduced with the use of substitutes for
substitutos para os alimentos tradicionais, sem
traditional foods, while meeting the requirements of
deixar de atender às exigências da ave. Alguns
the bird. Some alternative feedstuffs reduce the
alimentos
a
pigmentation of egg yolk, due to the low amount of
pigmentação da gema do ovo, devido à baixa
carotenoids in their composition. However the
quantidade de carotenos em sua composição. No
inclusion of natural pigments in the feed is effective
entanto a inclusão de pigmentos naturais nas rações
in improving the yolk color without affecting the
é eficiente em melhorar a coloração da gema sem
nutritional value of the ingredients and the production
afetar o valor nutricional dos ingredientes e o
performance of quails, creating a quality product and
desempenho zootécnico das codornas, gerando um
cheaper to producer.
produto de qualidade e mais acessível para produtor.
Keyword: dye, coturniculture, yolk, egg.
alternativos
utilizados
reduzem
Palavras-chave: corante, coturnicultura, gema, ovo.
4883
Artigo 402 – Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas
INTRODUÇÃO
A criação comercial de codornas no Brasil teve início
A codorna (Coturnix coturnix) é uma ave migratória
em 1989, implantada inicialmente no Sul do Brasil.
de origem européia, domesticada pelos japoneses
Atualmente, a coturnicultura tem grande importância
desde
na
1300
crescimento,
D.C.
A
alta
maturidade
fertilidade,
sexual
rápido
precoce
economia
agropecuária,
e
criações
e
automatizadas e tecnificadas aliadas a novas formas
longevidade favoreceram sua criação com baixo
de comercialização do ovo e da carne de codornas
investimento e rápido retorno financeiro. No Brasil a
têm dado ao Brasil, desde 2011, a posição de quinto
produção de ovos é mais representativa pela
maior produtor mundial de carne de codornas e
subespécie Japonica, sendo a produção de carne
segundo maior produtor mundial de ovos (SILVA et
proveniente do abate de machos não utilizados
al., 2011).
(TEIXEIRA et al., 2013). A coturnicultura é um ramo da avicultura de grande O baixo consumo de ração pela codorna não
interesse, por possibilitar um melhor retorno do
extingue os custos de produção, pois estas aves
capital investido dos seus produtos (carne e ovos)
consomem mais proteína e são mais exigentes
além de ser uma alternativa para a alimentação
nutricionalmente
humana (TEIXEIRA et al., 2013).
do
que
frangos.
Contudo,
a
utilização de ingredientes alternativos ao milho nas rações proporciona uma redução nos gastos com a
Qualidade de ovos
alimentação sem acarretar prejuízos no desempenho
O alimento proteico ovo possui alto valor nutricional
animal (GARCIA et al., 2012).
na alimentação das famílias, no entanto, apresenta alto custo de aquisição. O ovo consiste em uma
O milho é a principal fonte de pigmento amarelo em
fonte de proteína barata para as famílias de baixo
rações comerciais de aves, portanto, ao substituí-lo
poder aquisitivo, atende aos requisitos nutricionais
por alimentos alternativos, como por exemplo, o
do organismo e de fácil aquisição (OLIVEIRA, 2008).
sorgo e o milheto, a pigmentação da gema é alterada. Segundo MOURA et al. (2011) ao substituir
O ovo de codorna é composto de nutrientes
totalmente o milho por alimentos pobres em
essenciais á nutrição humana, vitaminas A, D, E, K,
carotenos nas rações para codornas japonesas em
B1 (tiamina), B2 (riboflavina), ácido ascórbico
postura, ocorre uma redução na cor da gema, sendo
(vitamina
interessante a inclusão de pigmentantes na ração
piridoxina, lipoproteínas, fosfolipídios, ácidos graxos
para solucionar este problema.
e minerais, como ferro, fósforo, zinco, manganês,
Objetivou-se com esta revisão expor a utilização de pigmentos naturais na ração, alimentos alternativos, e seus efeitos sobre a coloração e a qualidade dos
C),
ácido
fólico,
cálcio,
e
componentes
luteína
e
zeaxantina,
ácido
bioativos, colina
e
Pantatênico,
carotenoides, lecitina,
sua
composição é influenciada pela nutrição da ave (TACO, 2011).
ovos de codornas japonesas. SOBRAL et al. (2009) verificaram que o ovo de REVISÃO DE LITERATURA
codorna tem em média 74,6% de umidade, 13,1% de
Codornas
proteína, 1,1% de minerais e 11,2% de lipídeos, e
As codornas são originárias do norte da África, da
que em 100g de ovo tem-se 59 mg de cálcio, 220 mg
Europa e da Ásia, pertencem à família dos
de fósforo, 3,8 mg de ferro, 300 UI de vitamina A e
Fasianídeos
158 kcal de energia.
Perdicinidae.
(Phasianidae)
e
à
sub-família
Foram criadas primeiramente na
China, Coréia e Japão, e após vários cruzamentos
A estrutura física do ovo de codorna compreende
deram origem à Coturnix coturnix japonica, ou
formato oval-arredondado, com aproximadamente 3
codorna doméstica, com plumagem cinza-bege e
cm de comprimento e 2,5 de largura (THOMPSON et
pequenas listras brancas e pretas, apta à produção
al., 1981), o peso pode chegar próximo a 13g,
de carne e ovos (PINTO et al., 2002).
representa 6% do peso corporal, dependendo da
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4883-4890, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
4884
Artigo 402 – Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas
idade e da espécie de codorna (PEREIRA et al., 2016). De acordo com GENCHEV, (2012), 31% a
uma pigmentação da gema que varia do amarelo ao laranja (OLIVEIRA et al., 2008).
37% de gema, 53,5% a 59,5% de albúmen e 9% a GARCIA et al. (2012), observaram uma redução
10% de casca.
linear para o índice de pigmentação da gema à O ovo é um alimento altamente nutritivo e perecível, logo após a postura está sujeito a sofrer alterações físico-químicas, como a perda de dióxido de carbono (CO2) e a água através da evaporação do albúmen para o fluído externo, tornando-o propenso à contaminação,
o
que
deprecia
sua
qualidade
nutricional (FREITAS et al., 2011; MOURA et al., 2008).
medida que se aumentou a inclusão de milheto nas rações, pois este alimento tem baixa concentração de carotenoides. Pigmentos naturais Os pigmentantes naturais como os carotenoides (xantofilas),
caracterizam-se
responsáveis
pelas
cores,
por amarelo,
compostos laranja
e
vermelho dos alimentos, frutas, alguns peixes, como A qualidade e a aparência do ovo, podendo estar
salmão e a truta, alguns crustáceos e gema de ovo.
relacionada à alimentação e à genética da ave, além da Unidade Haugh, os parâmetros utilizados para avaliar a qualidade dos ovos são as variáveis para a qualidade externa: peso dos ovos, percentual de ovos trincados, e para a qualidade interna: peso da gema, índice de gema, porcentagem de clara, gema e casca.
Nas aves o metabolismo dos pigmentos como os carotenos presentes nos alimentos se dá pela absorção a luz do lúmen intestinal, onde os carotenoides são transportados juntamente com os lipídeos e adentram nas células pelas lipoproteínas presentes na membrana celular, estes pigmentos podem se acumular na célula de diversos tecidos
Cor da gema A maioria dos componentes do ovo é metabolizada no fígado, e o acúmulo de nutrientes na circulação sanguínea faz com que sejam transportados até o ovário, onde ocorre a deposição dos compostos lipossolúveis, lipídios, fosfolipídios, colesterol e, os carotenoides que dão a cor amarelo-laranja da gema (LOPES et al., 2011).
ricos em lipídeos, como é o caso da gema do ovo (FAEHNRICH et al., 2016) O pigmento β-caroteno é encontrado em todas as folhas verdes, a criptoxantina no milho amarelo e o licopeno no tomate. Este grupo de pigmentos tem função biológica de pro-vitaminas A, que ao serem hidrolisados a retinol no intestino, é armazenado e metabolizado no fígado da ave a palmitato, um
A cor da gema é uma característica de relevância econômica por ser associada à sua qualidade nutricional.
componente de crucial importância na postura e eclosão de ovo, sua deposição é responsável pela cor amarela da gema dos ovos de galinhas (CARVALHO et al., 2006).
A coloração da gema é influenciada pela espécie. Tratando-se de aves poedeiras, deve-se considerar que mudanças químicas e nutricionais em ovos podem ocorrer por meio da adição de determinados compostos à dieta. A presença de carotenóides nos alimentos consumidos influencia a intensidade de coloração da gema (SEIBEL et al., 2010). Na produção comercial de ovos de codornas, o fornecimento ininterrupto de rações para postura à base de milho amarelo e farelo de soja proporciona 4885
Os
carotenoides,
dependendo
do
tempo
de
estocagem do alimento, da temperatura ambiente e da incidência de iluminação, dos processos de colheita e de moagem para a produção de ração, podem sofrer oxidação degradativa que compromete a quantidade destes pigmentos e sua absorção e deposição nos tecidos corporais das aves e gema do ovo são também utilizados em outras funções bioquímicas, como atividade antioxidante e efeito imunomodulador (SOTO-SALANOVA, 2003).
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Artigo 402 – Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas
A biodisponibilidade dos carotenoides é influenciada
pode ser corrigido por meio da inclusão de
por fatores intrínsecos e extrínsecos, como genética,
pigmentantes na dieta das aves (OLIVEIRA et al.,
tipo,
2008).
quantidade
consumida,
modificações
na
absorção e estado nutricional do animal. Alimentos alternativos Os pigmentantes naturais mais utilizados nas rações
Considerando altos custos na nutrição de codornas
são extrato de urucum (Bixa orellana) e açafrão
durante a criação e produção é interessante a
(Curcuma longa), marigold (Tagetes erecta), páprica
utilização de alimentos alternativos, favorecendo a
(Capsicum annum), (MOURA et al., 2011).
expressão do potencial genético dos animais a fim de reduzir estes custos.
O açafrão (Curcuma longa), por exemplo, tem sido estudado como aditivo na alimentação animal e seu
Uma das opções de baixar os custos da ração é
extrato apresenta um polifenol de cor amarelo-
viabilizar o uso de substitutos dos alimentos
alaranjado, na forma de um pó seco amarelo,
tradicionalmente utilizados na nutrição animal, de
segundo SARASWATI et al. (2013), o uso do
forma que atendam as exigências das codornas,
açafrão em dietas de codornas não altera o peso do
sem afetar a produção e a qualidade dos ovos.
ovo e da casca, porém, pode reduzir a espessura da
Serão
casca do ovo.
utilizados nas rações de codornas.
O extrato de marigold (contém 12 g/kg de xantofilas,
O farelo de mamona é um substituto em potencial da
sendo 80 a 90% de luteína, um carotenoide amarelo.
soja, viável em regiões onde há pouca oferta de
A páprica tem de 4 a 8 g/kg de xantofilas, sendo 50
grãos, é um subproduto do beneficiamento da
a
mamona, o qual após o processo de destoxificação
70%
capsantina,
um
pigmento
vermelho-
alaranjado (GALOBART et al., 2004).
citados
alguns
alimentos
alternativos
pode ser utilizado na alimentação de aves em função principalmente do seu teor de proteína conforme
De acordo com MOURA, et al. (2011) a ração à base
SILVA
de milho e farelo de soja deposita pigmento na gema
desdoxicado apresenta 30,93% de proteína bruta,
de forma satisfatória, a ração à base de sorgo sem
podendo substituir o farelo de soja.
adição
de
pigmentos
proporcionou
et
al.
(2011),
o
farelo
de
mamona
uma
despigmentação da gema e as rações à base de
A casca de soja resultante do processamento da
sorgo com inclusão de pigmentos foram capazes de
soja
conferir cor à gema com mais intensidade, com
nutricional, e apesar da pouca quantidade de amido,
destaque para a ração com páprica e marigold, não
tem nutrientes totais digestíveis e fibras de alta
ocorrendo efeito da inclusão de níveis de pigmentos
digestibilidade. De acordo com ROSTAGNO et al.
em rações para codornas sobre a qualidade de ovos
(2011), a casca da soja possui 13,9% de proteína
de codornas japonesas.
bruta (PB) e 32,7% de fibra bruta (FB), devido a
apresenta
boa
disponibilidade
e
valor
codorna apresentar uma boa digestibilidade de O corante do urucum responsável pelas colorações
fibras, a casca da soja torna-se uma opção na
que variam do amarelo ao vermelho é a bixina, que
alimentação destas aves.
não é tóxica, sem fator limitante para uso na alimentação animal. A inclusão de subprodutos do
A fibra
urucum nas dietas melhora a pigmentação da gema
digestibilidade em comparação a outros alimentos
dos ovos sem prejudicar a produtividade da ave
fibrosos devido a alta taxa de fermentação e a sua
(GARCIA et al., 2009).
inclusão na dieta não compromete a qualidade dos
da casca de soja apresenta melhor
ovos de poedeiras comerciais (ESONU et al., 2010). A substituição do milho pelo sorgo ocasiona redução na cor da gema(MOURA et al., 2009) um efeito que
No experimento de DUARTE et al. (2013), a inclusão
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Artigo 402 – Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas
de casca de soja não afetou os parâmetros de
poedeiras
qualidade peso dos ovos, espessura da casca,
produção de ovos e a conversão alimentar das aves
unidade Haugh e gravidade específica.
de postura (COSTA et al., 2009; FERREIRA et al.,
comerciais
afeta
negativamente
a
2012; FERREIRA et al., 2014). O sorgo é um alimento alternativo ao milho, porém seus grãos têm quantidade deficiente de caroteno e
De acordo com GERON, et al. (2014), pode-se incluir
pigmentos como as xantofilas, e por isso o seu
até 30% de raspa de mandioca integral na
fornecimento à ave induz à despigmentação da
alimentação de codornas de postura, no entanto
gema do ovo (MOURA et al., 2011).
PEREIRA et al. (2016), observaram que a inclusão de raspa de mandioca na ração de codornas em
O
milheto
constitui
uma
opção
como
fonte
energética para ser utilizado na alimentação animal e pode substituir o milho em até 100% na ração,
postura não deve ultrapassar o nível de 12%, pois o aumento deste alimento na ração gera redução no peso do ovo e piora a conversão alimentar.
reduzindo seu custo sem prejuízos na produção e qualidade dos ovos de codornas, melhorando assim a rentabilidade do produtor (GARCIA et al., 2012). A mandioca (Manihot esculenta, Crantz) é uma planta brasileira de elevada rusticidade, fácil cultivo, com alta produtividade de raízes, explorada até em solos marginais, e caracteriza-se como alimento energético por ser rica em carboidratos, principalmente, na forma de amido. Constitui uma boa opção de alimento que pode ser usado na nutrição de aves, nas formas in natura (após secagem), folhas (feno) e farelo. Apesar de apresentar o ácido cianídrico como fator antinutricional, a exposição ao sol das partes da planta causa a perda deste ácido, possibilitando assim sua utilização na alimentação animal (MACHADO et al., 2016). O feno de mandioca, parte aérea da rama, pode ser utilizado
na
alimentação
animal,
suas
folhas
possuem até 28% de proteína bruta, vitaminas A, C
O pequi, fruto encontrado no cerrado brasileiro, comercializado para consumo humano, apresenta alto percentual de casca que são descartadas podem gerar a farinha de casca de pequi, resíduo com valor nutritivo (SOARES JÚNIOR et al., 2010; WERNECK, 2011; SOARES JÚNIOR et al., 2009) pode ser incluído na alimentação de codornas. OLIVEIRA et al. (2016), utilizaram a farinha de casca de pequi na alimentação de codornas japonesas e verificaram aumento da cor das gemas dos ovos, recomendando-se a inclusão de até 3% deste alimento na ração. A canola é derivada geneticamente da colza, e sua produção é utilizada para extração de óleo gerando assim resíduo que consiste em farelo de canola (LEESON et al., 2001).
e do complexo B e contêm alto teor de cálcio e de ferro, podendo ser administradas sob as formas de feno ou de silagem. Normalmente é um resto cultural, usado como adubo orgânico ( SILVA et al., 2010), ao incluírem até 12% do feno da parte aérea da mandioca em rações de codornas japonesas em fase de postura, verificaram que o desempenho
O farelo de canola é uma alternativa na alimentação das codornas japonesas em fase de postura, onde o nível de até 30% de inclusão na ração viabiliza aumento no peso do ovo e na intensidade de cor das gemas, sem prejudicar o desempenho produtivo destes animais (MORAES et al., 2015).
zootécnico não foi comprometido. Um dos subprodutos resultantes do abate de aves A raspa da raiz de mandioca é uma boa fonte de energia, contudo, tem baixo teor de proteína, vitaminas e minerais, que devem se ajustados nas formulações de rações a fim de suprir as necessidades nutricionais das aves, a inclusão de percentuais de raspa de mandioca nas rações de 4887
obtido através da cocção de vísceras é a farinha de vísceras
de
aves
(FVA).
Sua
utilização
na
alimentação animal reduz o custo da ração e colabora com a preservação ambiental, evitando que este resíduo seja descartado no meio ambiente (NASCIMENTO et al., 2002).
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Artigo 402 – Pigmentantes naturais e alimentação alternativa para codornas japonesas
Journal of Veterinary Research and Animal No Brasil, o abate de animais gera grande volume de vísceras, penas, sebo, sangue, carne e ossos, que podem ser transformados em farinhas de origem animal, utilizadas nas
rações de aves como
ingrediente de elevado valor nutricional, fonte de vitaminas, aminoácidos e macro minerais, como cálcio e fósforo.
Percebe-se que os níveis de
inclusão de farinha de vísceras na ração de codornas não influenciam o peso, a massa, a gravidade
específica
e
os
percentuais
de
comercialização e viabilidade dos ovos das codornas (REIS et al., 2013). CONSIDERAÇÕES FINAIS A constante busca por medidas alternativas na utilização de alimentos na nutrição de codornas poedeiras com o propósito de viabilizar os custos da produção de forma que não afete a qualidade do produto ovo. A qualidade dos ovos é influenciada pela nutrição, e seus aspectos visíveis como cor de gema e aparência da casca, que são critérios observados pelos consumidores, o que remete a cuidados com a alimentação destas aves. A cor da gema pode ser alterada através da substituição de ingredientes da ração como o milho por alternativos como o sorgo e milheto, entre outros, que contêm uma quantidade baixa de carotenoides, levando à obtenção de gemas pouco pigmentadas. A baixa pigmentação da gema pode ser evitada através da inclusão de pigmentos naturais na ração. Estes pigmentantes não alteram a composição nutricional dos alimentos, eles apenas disponibilizam os carotenoides para deposição na gema de forma que ocorra uma eficiente pigmentação da mesma. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, P.R.; PITA, M.C.G.; REBER-NETO, E.; MIRANDOLA, R.M.S.; MENDONÇA JÚNIOR, C.X. Influência da adição de fontes marinhas de carotenóides à dieta de galinhas poedeiras na pigmentação da gema do ovo. Brazilian
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Produção de leite em Microrregiões do Agreste Alagoano Revista Eletrônica
Leite, comparação, produtividade.
Rafaelle Santos Santana Vol. 13, Nº 06, nov./ dez. de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO Com o presente estudo objetivou-se realizar um comparativo sobre a produção de leite nas microrregiões do agreste alagoano no ano de 2014. A pesquisa foi do tipo quantitativa por meio de dados de domínio público obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi acessado o link Pecuária Municipal (PPM) dentro da opção Economia. A produção selecionada foi de leite no período de 01/01 a 31/12 de 2014, segundo a Unidade de Federação e os Municípios. Foram selecionados vinte e cinco municípios divididos em três microrregiões Palmeira, Arapiraca e Traipú, localizadas na mesorregião Agreste de Alagoas. Foi realizado um comparativo: vacas ordenhadas, quantidade de leite produzido, valor da produção e produtividade de litros por vaca. Com base nas informações coletadas foi realizada estatística quantitativa. A microrregião Palmeira apresentou melhor produtividade 3.004 (L/vaca/ano) em relação às demais microrregiões, Arapiraca 1.702 (L/vaca/ano) e Traipu 1.143 (L/vaca/ano) e em relação ao Estado 1.887( L/vaca/ano) e a mesorregião do Agreste 2.250 (L/vaca/ano). A microrregião de Arapiraca apresentou resultados acima da média apenas em relação a produtividade do estado. A microrregião Traipu apresentou a menor produtividade quando comparada com o a média de Alagoas e do agreste. A produção leiteira do agreste é de fundamental importância para o setor lácteo alagoano, possuindo influência no aumento da produtividade do Estado de Alagoas. Palavras-chave: leite, comparação, produtividade. 4891
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José Crisólogo de Sales Silva Fernanda de Araujo Vieira
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Especialista em Bovinocultura de Leite da Universidade Estadual de Alagoas- UNEAL, Santana do Ipanema (AL); rafaelle.santanas@gmail.com. 2 Professor Titular do Curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Alagoas.
MILK PRODUCTION IN THE MICROREGIONS AGRESTE ALAGOANO ABSTRACT The present study aimed to conduct a comparison of milk production in the regions of Alagoas wild in the year 2014. The research was of a quantitative type through data public domain obtained from the Brazilian Institute of Geography and Statistics. It was accessed the link Municipal Livestock (PPM) within the Economy option. The production was selected milk in the period from 01/01 to 31/12 2014, according to the unit of the Federation and the municipalities. twenty-five divided municipalities were selected in three micro Palmeira, Arapiraca and Traipu, located in the middle region Agreste Alagoas. a comparison was made: milked cows, amount of milk produced, the production value and liters per cow productivity. Based on the information collected was quantitative statistical performed. The micro Palm showed better productivity 3.004 (L / cow / year) compared to other micro-regions, Arapiraca 1,702 (L / cow / year) and Traipu 1143 (L / cow / year) and from the State 1.887 (L / cow / year ) and the middle region of Agreste 2,250 (L / cow / year). the micro-Arapiraca presented results above average only in relation to the state of productivity. the micro Traipu had the lowest productivity compared with the the average of Alagoas and untamed. the milk production of the rough is of fundamental importance for the Alagoas dairy sector, having influence on increasing the productivity of the state of Alagoas. Keyword: milk, comparison, productivity.
Artigo 403 – Produção de leite em Microrregiões do Agreste Alagoano
INTRODUÇÃO Em Alagoas, a pecuária leiteira é muito forte sendo
Orçamento e Gestão. Após entrar no sítio do (IBGE),
respaldada pelo processo histórico de colonização
foi acessado o link Pecuária Municipal (PPM) dentro
vivenciada na região do agreste e do sertão. A
da opção Economia, que é um sistema eletrônico
produção de leite é considerada segunda atividade
onde está disponível a produção da pecuária
econômica mais importante do estado, perdendo
municipal no ano de 2014 em nível nacional, regional
apenas para a cana-de-açúcar, e se concentra na
e estadual. A produção de leite foi selecionada no
bacia leiteira do estado, no sertão e agreste
período de 01/01 a 31/12 de 2014, segundo a
alagoano (DANTAS, 2011).
Unidade de Federação e os Municípios.
A atividade leiteira é oriunda, principalmente, da agricultura familiar e a produção está estimada em
Foram selecionados vinte e cinco municípios
231 milhões de litros por ano. Os Estados de
divididos em três microrregiões Palmeira, Arapiraca
Alagoas, Pernambuco e Sergipe possuem o maior
e Traipú, localizadas na mesorregião Agreste de
volume de leite produzido por área. Em todo Brasil
Alagoas. A microrregião Palmeira é representada
estes estados só perdem para o Paraná e Santa
pelos municípios Palmeira dos Índios, Belém, Igaci,
Catarina em produção de leite por área (VILELA,
Minador do Negrão, Quebrangulo, Cacimbinhas,
2011).
Mar Vermelho, Tanque d’arca, Estrela de Alagoas e Maribondo.
A
Microrregião
Arapiraca
pelos
Considerando genética do rebanho leiteiro alagoano
municípios de Arapiraca, Craíbas, Lagoa da Canoa,
que é constituída basicamente pela raça Girolando,
Taquarana, Campo Grande, Feira Grande, Limoeiro
apesar de deter o menor rebanho de vacas da
de Anadia, Coité do Noia, Girau do Ponciano e São
região nordeste, com 160.303 cabeças, é o estado
Sebastião e a Microrregião de Traipu pelos
da região Norte/Nordeste que apresenta o melhor
municípios de Olho d’água Grande, São Brás e
desempenho em termos de produtividade de leite
Traipu.
por animal. A produção média por vaca no estado, em 2010, foi de 1.549 (L/vaca/ano), superada
Foi
apenas pelos estados da região Sul com 2.314
Mesorregião
(L/vaca/ano), além do Distrito Federal e Minas
ordenhadas, quantidade de leite produzido, valor da
Gerais
1.502
produção, produtividade de litros por vaca. Com
(L/vacas/ano) produzidos, respectivamente (IBGE,
base nas informações coletadas foi realizada
2010).
estatística quantitativa.
Em termos de produtividade leiteira, o Brasil cresceu
Para
12% no período de 2005 a 2010, e com isso
considerou-se a quantidade total em litros (mil)
ocorreram ganhos significativos de produtividade em
dividida pelo número total de vacas ordenhadas dos
todas as regiões do país, merecendo destaque os
municípios que estão inseridos nas 3 microrregiões
crescimentos na região Nordeste (IBGE, 2010). Com
do agreste alagoano.
o
com
presente
comparativo
1.722
estudo sobre
(L/vaca/ano)
objetivou-se a
produção
e
realizar de
leite
realizado
a
um
comparativo
Agreste:
números
produtividade
animal
dentro de
da
vacas
(L/vaca/ano),
um nas
RESULTADOS E DISCUSSAO
microrregiões do agreste de Alagoas no ano de A
2014.
microrregião
Palmeira
apresentou
melhor
produtividade 3.004 (L/vaca/ano) em relação às MATERIAL E METODO
demais microrregiões, Arapiraca 1.702 (L/vaca/ano)
A pesquisa foi do tipo quantitativa, por meio de dados de domínio público obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sob a responsabilidade do Ministério do Planejamento,
e Traipu 1.143 (L/vaca/ano) e em relação ao Estado de Alagoas 1.887 (L/vaca/ano) e a mesorregião do Agreste 2.250 (L/vaca/ano). Esses resultados são considerados satisfatórios quando comparados com a produtividade do Brasil e em outros estados,
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4892
Artigo 403 – Produção de leite em Microrregiões do Agreste Alagoano
segundo
a
(EMBRAPA,
2011)
a
média
da
produtividade (L/vaca/ano) no Brasil foi 1.374 (L/vaca/ano). Na comparação com os demais Estados
do
produtividade
Nordeste,
houve
satisfatória
para
também Alagoas
uma e
a
mesorregião do Agreste, os Estados de Pernambuco
TABELA 1 - Produção de leite no período de 01.01 a 31.12 de 2014, no agreste e microrregiões de Alagoas Unidade da Federação Vacas Quantidade Valor Produtividade Mesorregião e Microrregião Ordenha * 1000 (R$) das (cab) (litro/vaca/ano) * 1000
Alagoas
161.462
304.674305.064
1.887
Grande do Norte 903 (L/vaca/ano) mantiveram
Agreste
60947
137167 136720
2.250
resultados inferiores quando comparados (IBGE,
Microrregião Palmeira
28517
85673 84575
3.004
Palmeira dos Índios
6.800
29.580 28.397
4.350
Belém
1570
produtividade e que ficaram acima da média
Igaci
comparada a Alagoas e ao agreste estão inseridos
1.395 (L/vaca/ano), Sergipe 1.466 (L/vaca/ano) e Rio
2014).
Os
municípios
que
apresentaram
melhor
4553
4416
2.900
3850
11165 10942
2.900
Minador do Negrão
3107
10812 10488
3.480
Quebrangulo
2300
Cacimbinhas
4764
na microrregião Palmeira: Palmeira dos Índios 4.350 (L/vaca/ano), Belém 2.900 (L/vaca/ano), Igaci 2.900 (L/vaca/ano), Minador do Negrão 3.480 (L/vaca/ano), Cacimbinhas 2.610 (L/vaca/ano), Tanque D’arca
2484
3478
1.080
12434 12061
2.610
Mar Vermelho
540
583
816
1.080
Tanque d’arca
1500
3915
3798
2.610
Estrela de Alagoas
3146
9132
8758
2.902
940
1015
1421
1.080
43877 44349
1.702
2.610 (L/vaca/ano) e Estrela de Alagoas 2.902 (L/vaca/ano). Do total desses 7 municípios apenas 2, Belém e Tanque d’Arca, não fazem parte do Pólo da Bacia Leiteira de Alagoas, que é o maior centro
Maribondo
produtor de leite in natura do Nordeste, com
25770
aproximadamente 2500 produtores rurais, gerando
Microrregião Arapiraca
25.000
Arapiraca
6445
Craíbas
4722
Grande 2.267 (L/vaca/ano) apresentaram resultados
Lagoa da Canoa
1484
2924
2924
1.970
superiores à média estadual e da mesorregião, os
Taquarana
2100
4872
4677
2.320
790
623
717
780
2020
4581
4581
2.267
427
552
994
1.292
empregos
microrregião
diretos
Arapiraca,
(BNB,
apenas
2005).
Na
Craíbas
2.148
(L/vaca/ano), Taquarana 2.320 (L/vaca/ano) e Feira
8343
8343
1.294
10143 10143
2.148
demais apresentaram produtividade inferior. Na Microrregião de Traipu todos os municípios ficaram
Campo Grande
abaixo da média (Tabela 1).
Feira Grande
Observa-se que embora a produtividade do agreste
Limoeiro de Anadia
alagoano tenha sido 2.250 (L/vaca/ano) chegando a
Coité do Noia
1442
2242
2242
1.554
Girau do Ponciano
5478
8721
8721
1.592
862
876
1007
1.016
6660
7617
7796
1143
Olho d’água Grande
810
639
734
788
destaque nos estados do Rio Grande do Sul 3.034
São Brás
705
558
642
791
(L/vaca/ano), seguido de Santa Catarina 2.694
Traipú
5145
6420
6420
1.247
ultrapassar a média da produtividade do estado de Alagoas 1.887 (L/vaca/ano), ainda está muito abaixo da produtividade desejada, quando comparados com
São Sebastião
a produtividade da região Sul do Brasil, que
Microrregião Traipu
apresenta a maior produtividade nacional com média de 2.789 (L/vaca/ano) segundo a (SEAB, 2014) com
(L/vaca/ano) e Paraná 2.629 (L/vaca/ano). Fonte: IBGE 2014.*No calculo da produtividade considera-se (mil) litros/vaca/ano
4893
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4891-4894, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
Artigo 403 – Produção de leite em Microrregiões do Agreste Alagoano
CONCLUSÃO Constatou-se que a microrregião Palmeira obteve maior
produtividade
(L/vaca/ano)
quando
comparada a média do Agreste e do estado de Alagoas. Ficando apenas abaixo da média as microrregiões Arapiraca e Traipu. Com isso, a produção leiteira do agreste mostra sua
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção Pecuária 2014. Estados. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/estadosat/index.php. Acessado em 18 de junho de 2016. EMBRAPA GADO DE LEITE. III Plano Diretor da Embrapa Gado de Leite 2004-2007. Juiz de Fora, 2006, 28 p. (Embrapa Gado de Leite. Documentos, 107).
importância para o setor lácteo alagoano, possuindo influência no aumento da produtividade do Estado de Alagoas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BNB, Banco do Nordeste do Brasil. Perfil dos Estados – Alagoas: Pólo de Desenvolvimento Integrado – Bacia Leiteira de Alagoas. 2005. Disponível em: <http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/Investi r_no_Nordeste/Perfil_dos_Estados/gerados/al_a presentacao.asp>. Acessado em 19 de junho de 2016.
SEAB, Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Prognósticos bovinos 2014. http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/der al4/Prognosticos/bovinocultura_leite_14_15.pdf. Acessado em 19 de junho de 2016. VILELA, D. Palestra proferida na abertura do Congresso Internacional do Leite, 10. Maceió, Centro de Convenções, 26 out. 2011, Maceió, 2011.
DANTAS, J. S. Palestra proferida na abertura do Congresso Internacional do Leite, 10. 2011. Maceió: Centro de Convenções, 26 out. 2011. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária Municipal 2010, v. 38, p.165, 2010. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária Municipal 2009. Rio de Janeiro, v. 37, p.55, 2010.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4891-4894, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
4894
Resistência à insulina no período de transição de vacas leiteiras Balanço energético negativo, glicose, pré-parto, pós-parto.
Revista Eletrônica
Rafael Alves de Azevedo Vol. 13, Nº 06, nov./ dez. de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Sandra Gesteira Coelho
1
2
1
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
Doutorando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG E-mail: rafaelzooufmg@gmail.com 2 Profa. Associada, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG.
Durante o período de transição ocorrem mudanças
INSULIN RESISTANCE IN THE TRANSITION PERIOD OF DAIRY COWS
na regulação metabólica e o controle do consumo de
ABSTRACT
energia durante o pré-parto é um fator importante no
During the transition period there are changes in
manejo nutricional, pois a energia consumida pode
metabolic
interagir com a resistência à insulina. Nesse período,
consumption during prepartum is a major factor in
o crescimento fetal, a produção de leite, o balanço
nutritional management, because the consumed
energético negativo e as diferenças associadas à
energy can interact with insulin resistance. During
seleção genética para a produção de leite podem,
this period the fetal growth, milk production, negative
pelo menos em parte, ser atribuídas ao maior grau
energy balance and differences associated with
de resistência à insulina desses animais, sendo que
genetic selection for milk production can, at least in
a
forte
part, be attributed to the higher degree of insulin
influência na condição metabólica do pós-parto e
these animals, while the intensity of this resistance
parece estar relacionada a concentrações elevadas
has a strong influence on metabolic postpartum
de AGNE nessa fase. Nesta revisão, os mecanismos
condition and appears to be related to high
predisponentes para a resistência à insulina em
concentrations of NEFA at that stage. In this review,
vacas
the mechanisms predisposing to insulin resistance in
intensidade
leiteiras
metabólica
no
dessa
e
o
resistência
impacto
período
de
possui
dessa
alteração
transição
são
regulation
and
control
of
dairy cows and the impact of metabolic change in the
apresentados e discutidos.
transition period are presented and discussed.
Palavras-chave: balanço energético negativo, glicose, pré-parto, pós-parto.
Keyword: glucose, negative energy balance, prepartum, postpartum.
4895
energy
Artigo 404 – Resistência à insulina no período de transição de vacas leiteiras
INTRODUÇÃO
Opsomer, 2013). A maioria das células capta a
A produção média de leite em vacas leiteiras
glicose por difusão facilitada, pelas moléculas
aumentou drasticamente ao longo das últimas décadas sendo os objetivos de criação focados
transportadoras de glicose (GLUT). Essa captação é
principalmente em características de produção de
basicamente
leite.
concentração de glicose entre o fluido extracelular e
Em
contrapartida,
ocorreu
aumento
da
conduzida
pela
diferença
incidência de distúrbios metabólicos e reprodutivos,
intracelular
ocasionando
homeostase (Zhao e Keating, 2007).
consideráveis
perdas
econômicas,
(Johnson,
2008),
para
na
manter
a
resultando em uma vaca que produz mais leite e tem maior
propensão
para
rapidamente
mobilizar
Existem 13 isoformas diferentes de GLUTs, com especificações na distribuição nos tecidos, no perfil
condição corporal no início da lactação.
de
expressão
e
nas
propriedades
quanto
à
Durante o período de transição, o crescimento fetal,
sensibilidade a hormônios (De Koster e Opsomer,
a produção de leite, o balanço energético negativo e
2013). Quantitativamente, os maiores consumidores
as diferenças associadas à seleção genética para a
de glicose são os músculos esqueléticos, a glândula
produção de leite podem, pelo menos em parte, ser
mamária e o útero gestante (De Koster e Opsomer,
atribuídas ao maior grau de resistência à insulina
2013).
desses animais. O GLUT-4 é responsável pela absorção de glicose Objetiva-se com essa revisão avaliar os mecanismos
estimulada por insulina, sendo localizado no músculo
predisponentes para a resistência à insulina em
esquelético, coração e tecido adiposo (Duhlmeier et
vacas
al.; 2005; Zhao e Keanting, 2007). Na glândula
leiteiras
e
o
impacto
dessa
alteração
mamária, tecidos fetais e no fígado, por exemplo,
metabólica no período de transição.
existe, INSULINA A insulina é um hormônio peptídico sintetizado e secretado pelas células β do pâncreas, em resposta a glicose e seus precursores, sendo metabolizada pelo fígado e rins (Valera Mora et al., 2003). No
principalmente,
o
GLUT-1,
que
é
independente de insulina (Zhao e Keating, 2007). A independência da glândula mamária para a absorção de
glicose
é
demonstrada
pela
redução
da
expressão de GLUT-4 durante a lactação e aumento do GLUT-1 (Zhao e Keating, 2007).
entanto, os fatores que influenciam a liberação de insulina são pouco conhecidos em bovinos (Bossaert
A expressão de todos os transportadores de glicose
et al., 2008).
na glândula mamária, e particularmente o GLUT-1, aumenta entre cinco a 100 vezes no início da
Este hormônio possui funções em diversos tecidos
lactação (Zhao e Keating, 2007), permitindo que o
corporais e, principalmente, possui efeitos no
úbere consiga consumir grande parte da glicose
metabolismo de glicose, aminoácidos e lipídios. No
disponível na corrente sanguínea. Já no úbere não
geral,
lactante, a expressão do GLUT-1 é dificilmente
desempenha
papel
importante
no
armazenamento de energia e juntamente com o
detectada (Zhao e Keating, 2007).
glucagon regula a homeostase da glicose (Cryer e relações com outros hormônios, como o fator de
ADAPTAÇÕES NO METABOLISMO ENERGÉTICO DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO
crescimento semelhante à insulina (IGF-1), e atua no
Durante o período de transição de vacas leiteiras,
sistema reprodutivo (Webb et al., 2007), porém estas
três semanas finais da gestação e três semanas
funções não serão enfocadas nesta revisão.
iniciais da lactação, as mudanças na concentração
Polonsky, 2008). A insulina também possui inter-
de hormônios e as respostas dos tecidos a esses A captação de glicose é provavelmente a ação mais
hormônios
estudada da insulina em vacas leiteiras (De Koster e
energética para o útero gestante e para a glândula mamária
são
focadas
(Bauman
em e
atribuir
prioridade
Currie,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4895-4901, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
1980). 4896
Artigo 404 – Resistência à insulina no período de transição de vacas leiteiras
A
preservação
crescimento,
da
glicose
suficiente
desenvolvimento
fetal
e
para
o
resposta de metade-máxima na concentração de
lactação,
glicose no sangue (Kahn, 1978; Oikawa e Oetzel,
geram alterações no metabolismo da glicose em
2006; Bossaert et al., 2009).
todo o corpo, como exemplo, no músculo esquelético e no tecido adiposo, o consumo de glicose é
FIGURA 1. Representação esquemática de dois tipos de
reduzido (De Koster e Opsomer, 2013).
resistência à insulina
Na fase de transição ocorre redução no consumo de matéria seca (CMS), levando os animais ao balanço energetico negativo (BEN) no pós-parto (Esposito et al., 2014). Nessa fase, grande mobilização das reservas corporais, depósitos de gordura e reservas de proteína, são mobilizadas, levando à perda de escore de condição corporal (ECC) e declínio das concentrações basais de insulina e da secreção de insulina, induzida pela glicose (Bossaert et al., 2008), sendo
mudanças
fundamentais
para
o
direcionamento do fluxo de energia desses animais (Schoenberg et al., 2012; Marett et al., 2015).
Fonte: Adaptado de De Koster e Opsomer (2013)
Algumas dessas alterações no metabolismo são
Do ponto de vista molecular, a resistência à insulina
mediadas por alterações relacionadas à insulina e a
pode ocorrer no: pré-receptor, que inclui diminuição
sua resistência em alguns tecidos, como: redução na
da
captação de glicose pelo músculo esquelético e
degradação de insulina; no receptor, o qual inclui
tecido adiposo; redução da lipogênese e aumento da
redução do número de receptores e diminuição da
lipólise
no
tecido
gliconeogênese metabolismo
no de
adiposo; fígado
e
proteínas
produção
de
insulina
e/ou
aumento
da
aumento
da
afinidade de ligação; ou no pós-receptor, que inclui
aumento
do
sinalização intracelular prejudicada e translocação
dos
músculos
dos GLUTs (Hayirli, 2006).
esqueléticos (De Koster e Opsomer, 2013; Zachut et al., 2013).
Como a insulina tem vários locais alvo e uma variedade de respostas biológicas, o resultado da
RESISTÊNCIA À INSULINA
diminuição da sensibilidade à insulina depende do tecido envolvido. No fígado, a insulina inibe a
A resistência à insulina ocorre quando há redução na
glicólise, glicogenólise e gliconeogênese, e nos
sensibilidade
as
músculos, ela estimula a exteriorização do GLUT-4 e
concentrações normais de insulina (Boura-Halfon e
dos
o processamento intracelular de glicose. Já no tecido
Zick, 2009). Ela pode ser subdividida em duas
adiposo, o efeito da resistência é reforçado pelo
formas distintas: capacidade de resposta à insulina e
GLUT-4 e pela inibição do hormônio-sensível a lipase
sensibilidade
(Bossaert et al., 2009).
à
tecidos
insulina,
para
responder
podendo
ocorrer
separadamente ou concomitantemente. No final da gestação e no início da lactação de vacas A redução da capacidade de resposta à insulina
leiteiras, a resistência à insulina é algo normalmente
(Figura 1) representa o deslocamento para baixo da
aceito (De Koster e Opsomer, 2013) e estas
curva de dose-resposta da insulina. Já a diminuição
adaptações
na sensibilidade à insulina consiste no desvio para a
fornecimento de glicose suficiente para o útero
direita da curva de dose-resposta da insulina, ou
gestante, o feto e para a glândula mamária em
seja, alta dose de insulina é necessária para produzir
lactação
4897
são
necessárias
(Bauman
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4895-4901, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
e
para
Currie,
garantir
1980).
Artigo 404 – Resistência à insulina no período de transição de vacas leiteira
Muitos aspectos da resistência à insulina são
O aumento da resistência do tecido adiposo à
benéficos. No entanto, parece que as vacas também
insulina predispõe a mobilização de AGNE pela
podem desenvolver resistência à insulina em casos
vaca, criando um ciclo vicioso de mobilização de
de obesidade, o que é análogo ao diabetes tipo II em seres
humanos.
Embora
a
redução
das
gordura e redução no CMS durante o pré-parto, o
concentrações de insulina periférica seja uma
que explica metabolicamente porque ECC altos em
estratégia vital, a supressão crônica da secreção de
vacas geram menores CMS do que vacas com
insulina pode resultar em excessiva lipólise, gerando
moderado ou baixo ECC (Grummer et al., 2004).
rápido aumento nas concentrações circulantes de ácidos graxos não esterificados (AGNE) e rápida
Porém, os fatores que influenciam a liberação de
queda
distúrbios
insulina em vacas permanecem mal documentados
metabólicos energéticos e imunológicos durante o
(Bossaert et al., 2008). Em humanos, o acúmulo
período de transição (Gonzalez et al.,2011).
intracelular de intermediários de AGNE parece
no
CMS,
aumentando
os
interromper a cascata de sinalização normal da ÁCIDOS GRAXOS NÃO ESTERIFICADOS E O SEU PAPEL NA RESISTÊNCIA À INSULINA O entendimento da natureza e do tempo de
insulina, causando prejuízo na exteriorização do
resistência à insulina, com foco específico em
esqueléticos (Petersen e Shulman, 2006), indicando
determinar as relações entre AGNE e o CMS durante
alterações no pós-receptor, em vez de no receptor.
o período de transição de vacas leiteiras, vem sendo
GLUT-4 e na utilização de glicose nos músculos
al., 2012) e pode ser a chave para explicar as
MANEJO NUTRICIONAL DURANTE O PERÍODO DE TRANSIÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A RESISTÊNCIA À INSULINA Por muitos anos, a ênfase de pesquisadores e
mudanças metabólicas que ocorrem neste período.
profissionais da indústria leiteira era maximizar o
objeto de muitos trabalhos (Oikawa e Oetzel, 2006; Pires et al. 2007a; Pires et al., 2007b; Schoenberg et
CMS, garantindo que as vacas consumissem energia Vacas leiteiras não gestantes e não lactantes foram
suficiente durante o período seco. Esta estratégia foi
submetidas à elevação artificial de AGNE circulantes
apoiada, em parte, por pesquisa que demonstrou
após período de jejum, pela administração de sebo
que vacas com menores concentrações de AGNE
na dieta. O aumento de AGNE na circulação
durante as duas últimas semanas antes do parto
demonstrou que a glicose dependente de insulina
apresentaram redução na incidência da maioria das
teve sua absorção prejudicada nos tecidos sensíveis
desordens metabólicas no pós-parto (Dyk, 1995).
a esse hormônio (Oikawa e Oetzel, 2006; Pires et al.,
Como o maior CMS normalmente resulta em menor
2007a; Schoenberg et al., 2012). Por outro lado, a
circulação de AGNE, a associação entre maior CMS
redução de AGNE, pela infusão de ácido nicotínico
e melhoria da saúde e desempenho estava implícita.
no abomaso, melhorou a absorção de glicose estimulada por insulina (Pires et al., 2007b).
Por outro lado, evidências crescentes sugerem que o plano de nutrição, em particular o consumo de
O tecido adiposo desempenha papel crucial na
energia durante o período de pré-parto, modula o
determinação e modulação da sensibilidade à
grau de resistência à insulina e, consequentemente,
insulina no metabolismo da glicose de vacas leiteiras
as relações entre AGNE e CMS durante o período
(De Koster e Opsomer, 2013), e a diminuição da
pós-parto imediato. Vacas que recebem dietas pré-
capacidade de resposta à insulina pode ser um
parto com grande densidade energética ganham
ponto importante no acúmulo de lipídeos no fígado
maior ECC e também perdem por mais tempo ECC
seguinte à rápida perda de ECC (Oikawa e Oetzel,
no pós-parto que vacas alimentadas com dietas
2006).
menos energéticas (Janovick e Drackley, 2010), além de reduzirem o CMS (Karimian et al., 2015).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4895-4901, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
4898
Artigo 404 – Resistência à insulina no período de transição de vacas leiteira
Douglas
et
al.
(2006)
relataram
que
vacas
alimentadas com 80% das necessidades de energia
início da lactação, possuem menor partição de
no
energia para melhorar o ECC no terço médio e no
período
seco
apresentaram
menores
concentrações de glicose e insulina circulante
final
durante
menores
desempenho reprodutivo inferior a vacas da NZ
concentrações de AGNE e maior CMS no pós-parto,
(Roche et al., 2006; Macdonald et al., 2008), além
quando comparadas a vacas que consumiram 160%
de serem mais resistentes à insulina do que
das necessidades energéticas previstas. Dann et al.
vacas da NZ no início da lactação (Chagas et al.,
(2006)
2009).
o
período
demonstraram
energética
no
pré-parto
que
período
a
seco
e
superalimentação pode
agravar
da
lactação,
e,
em
geral,
possuem
a
resistência à insulina das vacas no pré-parto,
Tal como nos seres humanos, em animais
resultando em maior concentração de AGNE e de
também parece que componentes genéticos
BEN e menor CMS e durante os 10 primeiros dias
determinam a sensibilidade à resistência à
no
(2012)
insulina e estudos sugerem que o componente
verificaram que apesar das concentrações de
genético que modula essa resistência pode ser
glicose plasmática diária não ter diferido em vacas
sutil, e pode ser determinado por outros fatores,
alimentadas
das
sendo necessárias investigações para definir os
exigências energéticas, aquelas alimentadas com
genes que influenciam a resistência à insulina e
dietas de alta energia tiveram concentrações de
quais os efeitos da epigenética sobre os mesmos
insulina circulantes duas vezes maior do que os
(De Koster e Opsomer, 2013).
pós-parto.
Já
com
Schoenberg
diferentes
et
al.
atendimentos
animais alimentados com dieta de baixa energia, demonstrando possivelmente maior resistência à insulina nos animais recebendo dietas com energia maior do que a exigência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O período de transição é um momento de mudança na regulação metabólica e o controle do consumo de energia durante o pré-parto é um
SELEÇÃO GENÉTICA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A RESISTÊNCIA À INSULINA
fator importante no manejo nutricional, pois a
Vacas de origem genética da América do Norte (AN)
resistência à insulina.
e
da
Nova
Zelândia
(NZ)
energia
consumida
pode
interagir
com
a
representam,
respectivamente, duas linhagens de alto e baixo
A intensidade da resistência á insulina no período
mérito genético para a produção de leite (Roche et
próximo ao parto possui forte influência na
al., 2006), a alta produção de leite é associada
condição metabólica do pós-parto e parece estar
genotipicamente (Gutierrez et al., 2006) com baixas
relacionada a concentrações elevadas de AGNE
concentrações de insulina.
nessa fase.
A intensa seleção genética para a produção de leite
O período de transição torna o metabolismo da
pode ter acentuado esta unidade evolutiva em
glicose de vacas leiteiras um exemplo de como a
direção à priorização de energia para a produção de
intensa
leite, com resistência à insulina em vacas da AN
metabolismo a extremos.
seleção
genética
pode
dirigir
o
Partitioning
of
(Chagas et al., 2009), sugerindo que a seleção para produção de leite implica em animais com baixa sensibilidade a insulina (Bossaert et al., 2009).
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A INFLUÊNCIA DA DIETA NO DESENVOLVIMENTO RUMINAL DE BEZERROS Bezerros, dieta, desenvolvimento ruminal.
Revista Eletrônica
Messias Batista Caetano Júnior¹ Graciele Araújo de Oliveira Caetano² Maryelle Durães de Oliveira³
¹ Zootecnista, Instituto Federal de Minas Gerais, IFMG/Bambuí. ² Mestre em Produção Animal, UFVJM. Estudante especial do Doutorado em Produção de Ruminantes. Universidade Federal de Goiás, UFG – EVZ, Goiânia-GO; gracielecaetano@outlook.com. ³ Doutoranda em Zootecnia. Universidade Federal de Goiás, UFG – EVZ, Goiânia-GO.
Vol. 13, Nº 06, nov./ dez.de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO O fornecimento de alimentos volumosos e concentrados para bezerros pré-ruminantes tem sido adotado para promover seu desenvolvimento e permitir o fornecimento de dieta o mais cedo possível. Acredita-se que o desenvolvimento ruminal seja influenciado por alguns fatores como idade do animal, formação da goteira esofágica e nutrição. Conhecer esses fatores possibilita realizar manejo mais adequado a fim de obter o melhor desempenho dos animais. O alimento sólido, seja concentrado, feno ou ambos, resulta em aumentos marcantes no rúmen-reticulo e omaso. O desenvolvimento em termos de volume (anatômico) só pode ser conseguido com a presença de alimentos grosseiros (volumosos), inclusive com material inerte (maravalha, serragem ou esponjas), apesar do menor crescimento do bezerro; já o desenvolvimento fisiológico está associado à presença de ácidos graxos voláteis, que são absorvidos pelas paredes do rúmen, desenvolvendo assim as papilas ruminais. Sabe-se que quando mais cedo o animal se torna um ruminante funcional, mais cedo ele entrará em produção, seja para carne ou leite e, portanto será mais eficiente em sua vida produtiva, todavia devem ser avaliados outros fatores como sistema de produção e condições ambientais. O objetivo dessa revisão de literatura é discorrer acerca do desenvolvimento ruminal de bovinos, principalmente no que se refere à influência da dieta. Palavras-chave: bezerros, dieta, desenvolvimento
THE DIET AND ITS INFLUENCE IN RUMEN DEVELOPMENT OF CATTLE ABSTRACT The supply of roughage and concentrate on preruminant calves feed have been adopted to promote its development and allow the diet supply as soon as possible. It is believed that the rumen development is influenced by factors such as age of the animal, formation of esophageal groove and nutrition. Know about these factors makes it possible to perform more proper management in order to get the best performance of the animals. Solid food, hay or both, results in marked increases in the rumen, reticulum and omasum. The development in volume (anatomical) can only be achieved with the presence of roughage, including inert materials, despite the lower calf growth; have physiological development is associated with the presence of volatile fatty acids, which are absorbed by the rumen wall, thereby developing ruminal papillae. It is known that as soon as the animal becomes a functional ruminant sooner it will go into production, for meat or milk, and therefore will be more efficient in its productive life, however, they should be evaluated other factors such as sistem of production and environmental condition. The purpose of this review is to discuss about the rumen development of cattle, especially with regard to the influence of diet. Keyword: calves, diet, rumen development.
ruminal. 4902
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
INTRODUÇÃO
divertículos distintos e volumosos, o rúmen, o
O desenvolvimento de bezerros recém-nascidos à
retículo e o omaso, coletivamente conhecidos como
condição de ruminante funcional envolve uma série
pré-estômagos (pró-ventriculos). São revestidos por
de mudanças anatômicas e fisiológicas do aparelho
epitélio
digestório (NUSSIO, 2005).
correspondem a uma série de câmaras onde o
escamoso
estratificado
aglandular
e
alimento é sujeito à digestão por microrganismos O
fornecimento
de
alimentos
volumosos
e
antes de passar através do trato digestório para a
concentrados para bezerros pré-ruminantes tem sido
porção glandular menor do estômago no ruminante,
adotado para promover seu desenvolvimento e
o abomaso.
permitir o fornecimento de dieta o mais cedo possível. O alimento sólido, seja concentrado, feno
De acordo com Castro e Vidal (2002), os pré-
ou ambos, resulta em aumentos marcantes no
estômagos (rúmen, retículo e omaso) são revestidos
rúmen-retículo e omaso. O desenvolvimento em
por
termos
ser
aglandular. O rúmen é um órgão grande (podendo
conseguido com a presença de alimentos grosseiros
reter de 150 a 240 litros de material), possui mucosa
(volumosos),
inerte
recoberta por papilas, onde predomina a presença
(maravalha, serragem ou esponjas), apesar do
de microrganismos, e é onde ocorre a fermentação
menor crescimento do bezerro; já o desenvolvimento
microbiana pré-gástrica do alimento.
de
volume
(anatômico)
inclusive
com
só
pode
material
um
epitélio
estratificado
queratinizado
e
fisiológico está associado à presença de ácidos graxos voláteis “AGV”, que são absorvidos pelas
O rúmen é o maior dos pré-estômagos e preenche
paredes do rúmen, desenvolvendo assim as papilas
quase todo o lado esquerdo da cavidade abdominal.
ruminais (LIZIEIRE et al., 2002).
É dividido em quatro áreas ou sacos por estruturas musculares chamadas de pilares ruminais. Há um
Existem ainda contradições sobre o fornecimento de
saco dorsal, um ventral e dois sacos posteriores. Os
volumoso para bezerros pré-ruminantes. Não é
pilares movem o alimento pelo rúmen em sentido
recomendado o fornecimento de feno para essa
rotatório, misturando o conteúdo sólido com o
categoria
conteúdo
em
rebanhos
leiteiros,
pois
serão
líquido.
O
órgão
movimenta-se
aproveitados para a produção de carne; recomenda-
continuamente, em ritmo de um a três movimentos
se que o feno deva ser parte da dieta dos bezerros
por
somente após o desaleitamento pelos seguintes
(estratificação da digesta), e mistura das forragens e
fatores: o seu consumo ser muito baixo, e ainda,
outras partículas ingeridas aos líquidos. Quando
porque a exigência em energia desses animais pode
completamente desenvolvido, apresenta vilosidades
ser mantida pela dieta líquida e pelo concentrado.
na face interna de sua parede, as papilas ruminais
minuto,
proporcionando
divisão
física
(FRANDSON; WILKE; FAILS, 2005). Outro fator que deve ser considerado quanto ao desenvolvimento do rúmen em bezerros é que,
O rúmen funciona como combinado de reservatório e
quanto mais cedo o bezerro estiver apto a consumir
câmara fermentativa de alimentos ingeridos. A
e metabolizar alimentos grosseiros, mais cedo ele
ingesta que chega ao rúmen pela deglutição é
poderá ser desaleitado, e consequentemente, mais
digerida ou degradada por processos fermentativos
leite
realizados pelos microrganismos que vivem dentro
pode
ser
comercializado,
gerando
maior
lucratividade na fazenda (LIZIEIRE et al., 2002).
do órgão: bactérias, protozoários e fungos. A digestão ou fermentação é garantida por enzimas
REVISÃO DA LITERATURA
produzidas por estes, que não são secretadas, mas
Morfofisiologia do rúmen em bovinos Segundo Frandson; Wilke e Fails (2005), ao
ficam aderidas à parede celular. Sob determinadas
contrário do que muitos pensam, o estômago do
condições, o rúmen e o retículo (e também o omaso), fornecem ambiente ideal para a colonização
ruminante é um estômago único, modificado pela
e crescimento de microrganismos, que são os
expansão marcante da região esofágica em três
maiores responsáveis pelos processos digestivos dos
4903
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4902-4918, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
ruminantes.
Estas
condições
ideais
ao
tes tem acesso à comida sólida logo após o
desenvolvimento e permanência dos microrganismos
nascimento a velocidade de desenvolvimento dos
são: anaerobiose, ou seja, ausência quase total de
pré-estômagos é maximizada (HERDT, 2004).
oxigênio (O2); pH entre 5,5 a 7,0; sendo mais comum, valores entre 6,8 a 6,9; temperatura entre
De acordo com Herdt (2004), o desenvolvimento dos
39° a 40° C, ideal para a atividade enzimática
pré-estômagos de bovinos pode ser dividido em três
microbiana; fornecimento contínuo de substrato, que
fases: pré-ruminante (do nascimento até 3 semanas
é o alimento destes microrganismos; movimentos
de idade); período de transição (de 3 a 8 semanas
contínuos do retículo-rúmen, que apresentam e
de idade, quando os animais tem acesso à alimento
inoculam estes microrganismos nas partículas de
grosseiro) e ruminante funcional (após 8 semanas de
alimento (substrato microbiano); alta umidade (em
idade), nesta fase os animais que têm acesso a
torno de 80% a 90% de água); retirada contínua dos
alimento sólido já apresentam as proporções dos
produtos finais da fermentação, que poderiam
estômagos semelhantes à de animais adultos.
acumular e se tornarem tóxicos (SOUZA, 2003).
Bezerros que recebem dietas apenas de leite ou sucedâneos,
Fatores que influenciam o desenvolvimento
permanecem
com
pré-estômagos
rudimentares entre 14 e 15 semanas.
ruminal Acredita-se que o desenvolvimento ruminal seja
Uma característica que chama a atenção quanto ao
influenciado por alguns fatores como idade do
desenvolvimento do rúmen em bovinos é a maneira
animal, formação da goteira esofágica e nutrição.
que o leite é desviado do rúmen. De acordo com
Conhecer esses fatores possibilita realizar manejo
Herdt (2004), para que o rúmen se desenvolva
mais adequado a fim de obter o melhor desempenho
adequadamente no animal lactente, o leite deve ser
dos animais.
desviado do órgão que está em desenvolvimento; isto é possível pela ação da goteira reticular (goteira
O trato digestório de bovinos ao nascer, pode ser
esofágica).
comparado ao de mamíferos não ruminantes, pois, animais
“Esta estrutura é uma invaginação, semelhante a
monogástricos (CARVALHO et al., 2003). Nessa
uma calha, situada na parede do retículo, desde o
fase de vida, o alimento básico é o leite, sendo a
cárdia até o orifício reticulomasal.
atividade gástrica digestiva exercida pelo abomaso,
estimulados, os músculos da goteira se contraem,
e do ponto de vista nutricional, é a fase de vida mais
causando um encurtamento e uma torção da
crítica do animal (ITAVO et al., 2007).
mesma. A torção faz com que as bordas da goteira
comportam-se
fisiologicamente
como
Quando
se fechem, formando um tubo quase que completo Segundo Baldwin et al. (2004) a colonização do
do cárdia ao canal omasal. Quando a goteira está
sistema
por
contraída, o leite que entra no cárdia é direcionado
microrganismo tem como origem o contato da cria
para o omaso e entra no abomaso, mas somente
com a vagina da mãe, saliva da mãe, bolo
10% ou menos entram no rúmen. O leite atravessa
alimentício, cama e microbiota ambiental, outros
rapidamente o omaso e entra no abomaso. O
animais, úbere, leite, saliva, urina, fezes e outras
fechamento da goteira esofágica é uma ação
fontes alimentícias sendo o mais importante o
reflexa, cujos impulsos eferentes se originam no
contato com saliva, bolo ruminal e fezes.
tronco cerebral trafegam pelo nervo vago. Os
digestório
no
recém-nascido
estímulos aferentes podem originar centralmente O tamanho dos pré-estômagos dos bovinos recém-
ou na faringe. A expectativa de sugar promove o
nascidos é quase igual ao do abomaso; enquanto
fechamento da goteira esofágica através
adultos, o volume gástrico total corresponde a mais
estimulação central e esta resposta pode ser
de 90%, porém a velocidade em que ocorre esse
considerada uma fase cefálica. A presença de
aumento depende do tipo de dieta. Quando ruminan-
líquido
na
faringe,
principalmente
de
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de
líquido 4904
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
contendo sólido, estimula fibras aferentes, o que
como celulose e compostos de nitrogênio não
reforça a fase cefálica do fechamento da goteira. A
proteico (ARLEI, 2006).
postura do bezerro ou cordeiro ao sugar não parece ter grande influência sobre a função da
As condições ideais à adequada fermentação
goteira reticular, mas a ingestão rápida de líquido
ruminal de bovinos seriam as altas taxas de digestão
de um balde, ao contrário da sucção de um bico de
da fibra, presença de ácidos graxos voláteis,
mamadeira,
no
produção de amônia e metano, além de elevada
funcionamento inadequado da goteira e na perda
síntese microbiana (ARCURY; MATTOS, 1992).
de leite para o rúmen. A presença de leite no
Entretanto, a manipulação de algumas dessas
rúmen
características, em diferentes dietas, é limitada pelo
frequentemente
desencadeia
reações
resulta
de
fermentação
inadequadas (HERDT, 2004: 306).”
efeito prejudicial, que pode causar em outros aspectos
da
fermentação
ruminal,
sobre
o
De acordo com a visão desse autor, a goteira
desempenho
esofágica
consequentemente, do animal (BERCHIELLI, 2002).
tem
função
importante
em
animais
dos
microrganismos
e,
lactentes, e o fechamento reflexo da goteira parece diminuir após o desaleitamento e avançar da idade,
A fisiologia do rúmen exige teores de material fibroso
porém, este reflexo também é estimulado pelo
que regulam o pH e influenciam a dinâmica de
hormônio antidiurético, indicando assim, que ele
crescimento da população bacteriana dentro do
pode ter alguma função na vida adulta. Este
rúmen. Os desequilíbrios no pH ruminal, produzidos
hormônio é secretado pela hipófise posterior em
pela fibra inadequada na dieta, podem promover
resposta à desidratação, ou ainda, aumento na
acidose ruminal clínica ou subclínica. Junto com a
osmolaridade plasmática; é associado à sede, e
queda do pH, as relações entre os diferentes tipos
como estimula a goteira esofágica, grande porção da
de bactérias mudam. Sob estas condições, a
água ingerida pelo animal privado de água, poderá
produção de proteína bacteriana e de ácidos graxos
ser desviada do rúmen. Este mecanismo funcional
voláteis pode se alterar levando à queda no
assegura que a água chegue mais rápido ao
consumo alimentar, causando menor síntese de leite
intestino delgado, o local de máxima absorção.
e mudança na sua composição. Outra consequência derivada está relacionada com a apresentação de
A idade do animal não é um fator que está
desequilíbrios metabólicos (Cetose, deslocamento
diretamente relacionado com o desenvolvimento do
de abomaso) que afetam a saúde e a rentabilidade
rúmen. Segundo Nussio (2005) o desenvolvimento
da produção animal (OETZEL, 2001 apud ARLEI et
do rúmen de bovinos é um processo natural, e a
al., 2006).
idade do animal em si, pouco influencia seu desenvolvimento.
NUTRIÇÃO Segundo Teixeira (1997), conceitos sobre como os
Fatores que influenciam a fisiologia do rúmen
alimentos diferem em sua capacidade de gerar
Ruminantes vivem em estrita simbiose com a
produção e reprodução, além do conhecimento
população microbiana presente no interior do rúmen.
sobre tecnologias de conservação e manejo dos
Esta relação é descrita como simbiose do tipo
alimentos são conhecidos desde a antiguidade.
protocooperação, porque é mutuamente benéfica
Estes conhecimentos foram mais desenvolvidos no
para os ruminantes e para os microrganismos. De
século XVIII, o que possibilitou este aumento foram
um lado, o ruminante provê um ambiente adequado
os avanços científicos na agricultura, paralelamente
com elevada disponibilidade de alimentos para os
àqueles obtidos em ciências correlatas como física,
microrganismos crescerem e reproduzirem. Por outro
química e bioquímica.
lado, os microrganismos permitem ao ruminante a
Leite (colostro) De acordo com Embrapa Gado de Leite (2003), é
habilidade de utilizar carboidratos complexos, tais
muito importante fornecer colostro para o bezerro o 4905
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Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
o mais rápido possível, pois esta é a forma de
interconversões que ocorrem nos animais requerem
garantir a sobrevivência do animal nas primeiras
água. As células dos mamíferos são estruturas
semanas
fornecendo-lhe
complexas de macro-moléculas organizadas para
anticorpos. A maneira mais eficiente é fazer o
após
o
nascimento,
oxidar carbono de forma a liberar energia. Oxigênio
bezerro mamar o colostro na vaca logo após o
e carbono, elementos dos quais a energia é liberada,
nascimento.
são carregados através dos tecidos numa corrente de água que os transporta dos pulmões ou do
O alimento natural usado na criação de bezerros é o
aparelho digestório através das células e os expele
leite integral, que possui alto valor nutritivo (tabela 1),
através dos rins e na evaporação.
porém, é um alimento caro (MEDINA et al., 2001). A água é um solvente de substâncias absorvidas, à TABELA 1. Composição do colostro e do leite em
medida que carreia os produtos “inúteis”, como o
função das ordenhas após o parto
dióxido de carbono e excesso de ureia. Para que
Componentes
sejam mantidas as funções dos tecidos e essas
Número de Ordenhas após o parto 1
2
3
Colostro
4
5
11
funções permaneçam constantes, a concentração de
23,9
17,9
Leite de transição 14,1 13,9
6,7
5,4
3,9
3,7
3,5
3,2
Proteína* (%) 14,0
8,4
5,1
4,2
4,1
3,2
Anticorpos (%) Lactose (%)
6,0
4,2
2,4
0,2
0,1
0,09
2,7
3,9
4,4
4,6
4,7
4,9
Minerais (%)
1,11
0,95
0,87
0,82
0,81
0,74
Vitamina A (microg/dL)
295
-
113
-
74
34
Sólidos Totais (%) Gordura (%)
Leite inteiro
água no corpo animal deve permanecer equilibrada.
13,6
12,5
Moléculas de água são as mais numerosas dos
sempre disponível, pois o consumo do alimento seco
leite mamando diretamente no úbere da vaca, já o aleitamento artificial consiste em fornecer a dieta líquida em balde, mamadeira ou similar. A vantagem deste sistema é que permite racionalizar o manejo dos animais, ordenhar com mais higiene e controlar de
leite
ingerida
pelo
bezerro
(EMBRAPA GADO DE LEITE, 2003). Segundo Herdt (2004) o leite deve ser desviado do órgão que está em desenvolvimento, no caso, o para
que
o
mesmo
se
desenvolva
adequadamente.
a água é nutriente, pois, ocorre contínua excreção e da
mesma
pelos bovinos é melhor quando se aumenta o consumo de água. Deve-se considerar também que o ambiente ruminal é composto de cerca de 70% de água, e essa porcentagem é muito importante para o bom funcionamento do rúmen, no que diz respeito à atuação dos microrganismos presentes no mesmo (SOUZA, 2003). Se forem usados baldes para dar de beber aos animais, a água deve ser renovada diariamente. Recomenda-se que os bezerros tenham, à sua disposição, desde a primeira semana de idade, água fresca e limpa, porque há evidências de maior
Água Assim como qualquer outro, na acepção da palavra, perda
restrição de água, o que pode estar relacionado com com Nuvital (2008), água limpa e fresca deve estar
artificial. No aleitamento natural, o bezerro obtém o
quantidade
alimentos pelos bovinos, cai drasticamente com a o aumento da viscosidade da ingesta e, de acordo
O aleitamento dos bezerros pode ser natural ou
rúmen,
(TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2001). Segundo este mesmo autor, a ingestão voluntária de
*Incluído os anticorpos indicados na linha abaixo. Fonte: WATTIAUX (1997) apud SANTOS et al. (2002).
a
mamíferos e representam cerca de 99% do total
que
deve
ser
reposta
organismo. Todas as reações químicas e
ao
consumo de concentrado pelos animais assim manejados (EMBRAPA GADO DE LEITE, 2003). Cuidados com fontes de água são de suma importância, incidência de parasitoses (protozoários, bactérias e vermes), podem ser decorrentes de sua ingestão.
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4906
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
Alimentos concentrados De acordo com Barbosa (2004), os alimentos
trados, com alto teor de carboidratos e proteína
concentrados são aqueles com alto teor de energia,
sofrem fermentação no rúmen, produzindo ácidos
acima de 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT),
graxos
abaixo de 18% de fibra bruta (FB), e são divididos de
desenvolvimento e crescimento de papilas (figura 1);
acordo com a sua composição nutricional.
os principais AGV produzidos no rúmen são o ácido
voláteis
(AGV),
que
proporcionam
o
butírico, em seguida o ácido propiônico, e o ácido Alimentos
energéticos
são
concentrados,
que
apresentam menos de 20% de proteína bruta (PB) na sua composição; de origem vegetal pode-se citar:
acético. FIGURA 1: Parede ruminal. Papilas (A) e túnicamuscularis(B)
milho, sorgo, trigo, arroz, melaço, polpa cítrica; de origem animal: sebos e gordura animal. Os proteicos são alimentos concentrados que apresentam mais de 20% de PB na sua composição; de origem vegetal podem ser: farelo de soja, farelo de algodão, farelo de girassol, soja grão, farelo de amendoim, caroço de algodão; e de origem animal: farinha de sangue, de peixe, carne e ossos (sendo esta última atualmente proibida pelo Ministério da Agricultura para uso em nutrição de ruminantes). Os minerais são
os
compostos
de
minerais
usados
na
alimentação animal: fosfato bicálcico, calcário, sal comum, sulfato de cobre, sulfato de zinco, óxido de magnésio, entre outros. As vitaminas: divididas em vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis. Existem ainda os aditivos que podem ser utilizados na nutrição
de
substâncias
ruminantes; como
são
compostos
antibióticos,
Fonte: Anais do I Seminário sobre Integridade Digestiva de Ruminantes (2005)
de
hormônios,
Segundo
Embrapa
Gado
de
Leite
(2003),
probióticos, antioxidantes e corantes (BARBOSA,
concentrado inicial deve ser fornecido aos bezerros
2004).
do nascimento aos 60 ou 70 dias de idade, independente do sistema de aleitamento utilizado, e
Alguns dos concentrados utilizados na nutrição de
deve ter na sua composição ingredientes de boa
ruminantes
de
qualidade. Afirma ainda que os concentrados que
alimentos. Os mesmos podem ser utilizados nas
contém grãos que sofreram tratamento térmico ou
dietas de ruminantes porque têm potencial para
vapor, e alimentos na forma de pelets aumentam a
atender as condições desejáveis. Entre estes,
digestibilidade e estimulam o consumo precoce.
são
subprodutos
da
indústria
destaca-se a polpa cítrica peletizada, resultante da produção
industrial
de
suco
de
laranja;
os
Alimentos volumosos
subprodutos da indústria de farinha de mandioca,
Alimentos
como a raspa de mandioca, que é o resíduo da
energético, altos teores de fibra e/ou água. Possuem
fabricação do polvilho e a casca de mandioca
menos de 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT)
constituída por cascas e pontas de mandioca
e/ou mais de 18% de fibra bruta (FB), podem ainda
residuais, que se caracterizam também como fonte
ser divididos em secos e úmidos. Os volumosos são
de energia, por conterem carboidratos de alta
os alimentos de menor custo na propriedade. Os
degradabilidade ruminal (BERCHIELLI, 2002).
mais usados para os bovinos são as pastagens
volumosos
são
os
de
baixo
teor
naturais ou artificiais (braquiárias e panicuns são os De acordo com Santos (2008), os alimentos concen4907
mais comuns), capineiras (capim elefante), silagens
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Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
(capim, milho, sorgo, cana- de- açúcar), cana-de-
e interações de compensações, que ocorrem
açúcar, bagaço de cana hidrolisado; entre os menos
quando se determina o consumo de alimentos por
usados estão: milheto, fenos de gramíneas, silagem
um determinado grupo de animais, recebendo
de girassol, palhadas de culturas, entre outros
uma dieta específica. Sugere ainda que para se
(BARBOSA, 2004).
medir o consumo potencial de alimentos, o ideal
Segundo Bianchini et al. (2007), as forragens são fontes de nutrientes muito importantes para os ruminantes; fornecem proteína e energia, e ainda provêm fibra necessária para promover mastigação, ruminação e saúde do rúmen e, por isso, para a formulação de dietas para bovinos, o primeiro fator a ser analisado deve ser qualidade e quantidade de fibra.
seria dividir os alimentos em frações que limitam o consumo devido ao enchimento ou densidade, daquelas que limitam o consumo da dieta devido à densidade energética. Paula (2005), afirma que o primeiro conceito crítico ao se desenvolver um sistema para predizer o consumo de fibra é que este é função do animal, do alimento e das condições de
FIBRA Pode-se considerar fibra um termo meramente
alimentação. Sendo assim, não se obtém sucesso utilizando qualquer equação que tente predizer o
nutricional cuja, definição está vinculada ao método
consumo baseada somente nas características do
analítico empregado na determinação da mesma
animal (peso vivo, nível de produção, etc.) ou
(BIANCHINI et al., 2007).
ainda,
equações
características
baseadas
do
alimento
somente (volume,
nas fibra,
Quimicamente, a fibra é um agregado de compostos,
densidade energética, etc.). Nenhuma equação
sendo assim, sua composição química varia de
também será aplicável se, por exemplo, as
acordo com a fonte e metodologia utilizada em sua
condições de alimentação (área de cocho, taxa
determinação laboratorial, que deve estar de acordo
de
com princípios biológicos ou com sua utilidade
estiverem limitando o consumo de alimento.
lotação,
quantidade
de
alimento,
etc.)
empírica, porém deve-se avaliar o método a ser empregado em acurácia analítica, alta repetibilidade
“Os pontos críticos para se estimar consumo são
e ainda, custo (PAULA, 2005).
as limitações relativas entre o animal, o alimento e as condições de alimentação. Se a densidade
Segundo este mesmo autor, embora o método ideal
energética da ração é alta (baixa concentração de
deva apresentar correlação nutricional, não é
fibra) em relação às exigências do animal, o
obrigatoriamente necessária composição química
consumo será limitado pela demanda energética
uniforme, porém, deve fornecer informações úteis
deste animal e o rúmen não ficará repleto.
aos nutricionistas de ruminantes no tocante ao
Entretanto, parece bastante lógico que se a ração
comportamento da fibra no trato digestivo dos
foi formulada para uma densidade energética
animais, velocidades e extensão da degradação e
baixa
produtos finais de sua degradação; e, quando
requerimentos
possível, deve ser considerada a interação da fibra
limitado pelo efeito do enchimento do alimento.
com outros componentes da dieta.
Se a disponibilidade de alimento é limitada, nem o
(teor
de do
fibra
elevado)
animal,
o
relativa
aos
consumo
será
enchimento nem a demanda de energia seriam Paula (2005), concordando com Bianchini et al.
importantes para predizer o consumo (PAULA,
(2007), afirma que o papel da fibra na regulação do
2005: 20).”
consumo não tem sido bem aceito da mesma maneira como é reconhecido na disponibilidade de
De acordo com Paula (2005), o segundo conceito
energia e fermentação ruminal, e a principal causa
crítico para a previsão de consumo de alimento é
disto, é a falta de reconhecimento da complexidade
que o enfoque utilizado para desenvolver um sis-
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4908
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
tema depende das informações conhecidas e das
Fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)
razões para se predizer o consumo; razões estas
Na fibra insolúvel em detergente neutro estão
que podem ser classificadas em três categorias: (1)
incluídos celulose, hemicelulose e lignina como
para formulação de rações, (2) para previsão de
os componentes principais (BIANCHINI et al.,
desempenho e (3) para estimar a demanda de
2007).
alimentos e exigência. A previsão de consumo no terceiro caso é relativamente fácil, considerando que
Segundo Paula (2005), a metodologia original
os animais obedecem às leis de conservação de
para
massa e energia, pois a dieta e a produção animal
detergente neutro (FDN) foi desenvolvida na
são usualmente conhecidas ou estabelecidas. Sabe-
década de 60, e a partir daí várias modificações
se que a primeira razão para predição de consumo é
foram feitas ao longo do tempo, porém, deve-se
a mais importante em nutrição aplicada, porém a
tomar cuidado ao realizar comparações de
maioria das pesquisas envolvendo predição de
valores. Os reagentes utilizados para análise de
consumo tem sido associadas com o segundo
fibra em detergente neutro não dissolvem as
objetivo.
partes indigestíveis ou lentamente digestíveis dos
determinação
de
fibra
insolúvel
em
alimentos, sugerindo então que o método mede Fibra bruta Na
com mais acurácia as características nutricionais
determinação
da
fibra
bruta
(FB)
são
associadas à fibra.
empregados ácidos e bases fortes a fim de isolá-la (BIANCHINI et al., 2007). A extração ácida objetiva a
Existem
remoção dos amidos, açúcares e parte da pectina e
determinação da fibra em detergente neutro, por
hemicelulose do alimento. A extração básica remove
isso, há necessidade de se realizar avaliação
as
hemicelulose
comparativa das metodologias, com o objetivo de
remanescentes e ainda, parte da lignina. Os
padronizá-las, permitindo a comparação entre
constituintes da fibra bruta são principalmente
resultados (NEWMANN, 2002 apud PAULA,
celulose,
2005).
proteínas,
com
pectinas
e
pequenas
quantidades
de
várias
alterações
no
método
de
hemicelulose (PAULA, 2005). Efeitos da fibra na alimentação Segundo Paula (2005), a fibra bruta vem sendo abandonada na análise laboratorial dos alimentos,
Produção de ácidos graxos voláteis (AGV) Segundo Hall (2000), apud Bianchini et al. (2007)
porque, não separa as porções do alimento, o que é
a proporção de AGV varia de acordo com a dieta
interessante
e
na
formulação
de
dietas
para
população
ruminal.
Embora
haja
muitas
ruminantes. Pesquisadores da área de nutrição de
variações
ruminantes têm determinado a fibra através da
concentrado nas dietas, a população é estável;
metodologia de Van Soest como fibra insolúvel em
porém as proporções de AGV dependem do pH.
detergente neutro (FDN) e/ou fibra insolúvel em
Pode-se manipular o tipo e quantidade de AGV
detergente
praticamente
produzido, de acordo com o tipo de carboidrato
inexistentes trabalhos de pesquisa usando FB para
utilizado na dieta, manipulando assim, rendimento
identificar a fração fibrosa dos alimentos para
e composição de leite ou crescimento corporal,
ruminantes atualmente.
por exemplo.
Fibra insolúvel em detergente ácido (FDA)
Aumentando celulose e hemicelulose em relação
De acordo com Bianchini et al. (2007), a fração de
ao amido e carboidratos
fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) dos
aumenta a relação acetato - propionato (BACKES
alimentos
et al., 2000, apud BIANCHINI et al., 2007).
ácido
inclui
componentes
(FDA),
e,
celulose
primários
além
são
e
lignina de
a
proporção
quantidades
variáveis de cinza e compostos nitrogenados. 4909
como
entre
Efetividade e fibrosidade
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de
fibra
e
solúveis, também
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
Uma característica relacionada às forragens é a
no entanto a FDN efetiva pode ser maior ou
efetividade em promover as atividades física e
menor que a concentração total de FDN em um
motora do trato gastrintestinal. Os bovinos retêm a
alimento (BIANCHINI et al., 2007).
fibra no rúmen por tempo determinado, adequado à digestão, pois ingerem partículas grandes enquanto comem. No rúmen, a fibra ingerida, por sua vez, forma uma rede flutuante, induzindo o “incentivo de arranhão” que estimula a ruminação (BIANCHINI et al., 2007).
CONSUMO DE ALIMENTOS A predição de consumo é ponto crítico de todos os métodos e modelos atuais de formulação de dietas, e, de acordo com Waldo; Jorgensen (1981), citado por Forbes (1995), apud de Paula (2005), predição de consumo em ruminantes é
De acordo com Paula (2005), pode-se definir fibra efetiva como a capacidade que a fibra da dieta tem de promover mastigação, ou capacidade de manter normal a porcentagem de gordura no leite e
extremamente importante e difícil, devido às interações que ocorrem entre o animal e a dieta, existindo poucos dados disponíveis para subsidiar o uso de equações.
produção de leite, ou ainda, ambas as definições. Sabe-se que o consumo é regulado por vários Segundo Bianchini et al. (2007), é importante ressaltar que as determinações químicas da fibra, sejam elas como FB, FDN e FDA, podem não satisfazer as necessidades de fibra efetiva. Formas
fatores,
alguns
já
descritos
como:
fatores
associados ao alimento, fatores associados ao animal e fatores associados à condição de alimentação.
físicas da fibra (finamente moída) nem sempre são efetivas na produção de gordura do leite, o que conduz ao conceito de fibra efetiva. Existem ainda poucos dados disponíveis e pouco claros a respeito da determinação da efetividade dos alimentos.
De acordo com Paula (2005), dentre os aspectos que limitam o consumo, relacionados ao animal têm-se o enchimento do rúmen que pode variar de acordo com a dieta.
Mesmo a porcentagem de gordura no leite sendo critério para determinar fibra efetiva, se aceita que ambas as propriedades, químicas e físicas da fibra são importantes na determinação de efetividade. Da mesma maneira em que se desenvolveu o conceito de fibra efetiva, determinou-se que as propriedades físicas dos alimentos afetam a digestibilidade, a taxa de passagem e a função ruminal.
Em dietas que contém altas proporções de fibra, o consumo se torna função das características da dieta, sendo assim, o animal consome o alimento até atingir sua capacidade máxima de ingestão Mertens (1987), apud de Paula (2005), atingindo o limite de destruição ruminal que determina a interrupção do consumo (BAILE; FORBES, 1974, apud PAULA, 2005).
FDN efetivo e fisicamente efetivo De acordo com Paula (2005) e Bianchini et al.
Van Soest (1982), apud Paula (2005), afirma que
(2007), a efetividade da fibra em estimular a
o animal consome alimento para manter a
mastigação é diferente da efetividade da fibra na
ingestão de energia constante, e neste caso, o
manutenção da porcentagem de gordura no leite.
fator que determina a saciedade controlando a ingestão é a densidade calórica da ração.
A FDN efetiva está relacionada com a capacidade de um alimento em diminuir a quantidade de fibra,
Sabe-se que, quando se trabalha com dietas de
de maneira que não seja alterada a porcentagem de
baixa qualidade, a ingestão é predita com mais
gordura no leite, enquanto isso, a FDN fisicamente
acurácia por fatores que descrevem o limite físico
efetiva está relacionada com propriedades físicas da
da ingestão: digestibilidade da dieta, output fecal
fibra, ou seja, o tamanho das partículas, que tem
(índice de capacidade física) e peso vivo, sendo
função
que neste caso, a primeira característica que
de
estimular
a
mastigação.
A
FDN
fisicamente efetiva será sempre menor que a FDN, Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.6, p.4902-4918, nov./ dez. 2016. ISSN: 1983-9006
4910
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
influencia esta relação é a digestibilidade (PAULA,
se em torno de 6,8; quando o pH encontra-se
2005).
abaixo de 6,0 a capacidade tamponante é baixa, e uma das principais consequências quando o pH
Bull et al. (1976), apud Paula (2005), observaram
ruminal está abaixo de 6,0 é a redução drástica
que ao variar a densidade energética da ração, a
da digestão da fibra. Existem duas razões para
limitação física controla o consumo das dietas com
isto, a primeira é que as enzimas necessárias
menor densidade energética, e ainda, que FDN é o
para quebra da fibra não funcionam efetivamente
fator primário da limitação física do consumo por
com pH abaixo de 6,0; a segunda razão é que a
ruminantes, ou seja, depois que estes animais
taxa de crescimento da atividade fibrolítica é
atingem a capacidade máxima de consumo de
inibida em pH reduzido (RUSSEL; WILSON,
parede celular, a ingestão cessa. Foi citado por
1996, apud PAULA, 2005).
Andrade; Carvalho (1992), o maior consumo de matéria seca, de matéria orgânica e de proteína
Em ruminantes com alto nível de consumo de
bruta em bovinos, em resposta a diferentes níveis de
dietas de alta fermentabilidade, o pH ruminal é
concentrados na dieta.
mais ácido que o fisiologicamente observado em animais
com
baixo
aporte
energético.
Em
Souza et al. (2000), não verificaram diferenças
ruminantes modernos, com alto desempenho, não
estatísticas sobre o consumo de matéria seca entre
se pode exigir que parâmetros descrevendo a
bovinos
fermentação ruminal sejam similares àqueles
e
bubalinos
alimentados
com
rações
contendo diferentes níveis de FDN.
observados em ruminantes com baixa ingestão de energia. Dietas de alta fermentabilidade
Interferência do pH ruminal na digestão
tendem a reduzir, tanto o pH ruminal, quanto a
A manutenção da saúde ruminal e o equilíbrio dos
relação entre ácido acético e ácido propiônico.
meios maximizam a digestão da fibra e o consumo
Uma amplitude normal de variação ao longo de
de alimentos. Dificilmente as forragens são utilizadas
24 horas no pH ruminal de vacas leiteiras de alta
como fonte exclusiva de alimento para ruminantes,
produção varia entre 5,5 e 7,0 (figura 2);
sendo que os concentrados são fermentados mais
enquanto a relação entre moles de acetato e
rapidamente no rúmen. Se há maior fermentação no
moles de propionato se mantém próxima de 2,5/1
rúmen,
(PEREIRA; ARMENTANO, 2000, apud PEREIRA,
será
maior
a
produção
de
AGV
e
consequentemente o pH no rúmen mais baixo. O pH ruminal é influenciado principalmente pela produção de saliva, sendo assim, animais alimentados com
2003). FIGURA 2: Variação no pH ruminal de vacas holandesas recebendo dieta completa
dietas contendo elevada porcentagem de alimentos volumosos normalmente apresentam pH ruminal mais alto, devido ao maior estimulo de produção de saliva
durante
os
processos
de
ingestão
e
regurgitação de alimentos, em contrapartida, animais recebendo dietas com alta porcentagem de grãos, normalmente possuem menor ingestão de saliva, acarretando diminuição do pH, seguida por aumento do crescimento das bactérias Streptococus bovis, com consequente elevação na produção de lactato, acompanhado por acentuada queda no pH e sintomas de acidose (PAULA, 2005). O rúmen é bem tamponado quando o pH encontra-
4911
Fonte: adaptado de Anais do I Seminário sobre Integridade Digestiva de Ruminantes (2005)
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Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
O gráfico mostra a variação no pH ruminal ao longo
ao peso da cabeça, expresso em porcentagem do
de 24 horas em vacas Holandesas alimentadas em
peso vivo, decresce de 8,1% ao nascimento para
sistema de dieta completa, fornecida uma vez por
2,4%, na 41º semana de idade.
dia
ou
recebendo
dieta
similar
em
sistema
convencional, caracterizado por dois fornecimentos
De acordo com Black (1983), apud Pires et al.
diários de alimentos concentrados separadamente
(200?) os órgãos internos, como fígado, rins e
da forragem.
trato digestório, apresentam notável divergência no
padrão
de
crescimento,
aumentam
Acidose ruminal
rapidamente de peso, se o animal recebe dieta
Acidose ruminal pode ser definida como adição e
acima da mantença e notável atrofia, em
acúmulo excessivo de ácido, ou falta de bases no
consequência de alimentação com níveis abaixo
ambiente ruminal. Secundariamente ao processo de
dessa; sendo assim, a alimentação é importante
acidose ruminal, pode ocorrer a acidose metabólica,
fator no crescimento dos órgãos em geral, não só
com possibilidade de levar o pH do rúmen abaixo do
em termos quantitativos, mas, principalmente,
limite vital. Usualmente, o distúrbio é associado com
qualitativos.
a microbiota ruminal inadequada ou não adaptada a um aumento nos níveis de concentrado na dieta em
Se for restrito o fornecimento de proteína e
detrimento de forragem (LEEK, 1993 apud PAULA,
energia, são reduzidos de forma significativa os
2005).
pesos absolutos de fígado, estômagos juntos e intestino, como verificaram (DROUILLARD et al.,
Acidose ruminal é um distúrbio nutricional, gerado
1991, apud PIRES, 200?).
pelo consumo excessivo de carboidratos solúveis e rapidamente disponíveis, que elevam a produção de
INFLUÊNCIA DA DIETA NO DESENVOLVIMENTO
ácidos no rúmen (PAULA, 2005).
RUMINAL A
dieta
influencia
significativamente
o
De acordo com este mesmo autor, o correto balanço
desenvolvimento do sistema digestório. Bezerros
das dietas quanto ao seu conteúdo, e seu correto
alimentados
fornecimento aos animais, é o caminho lógico para
sucedâneo, podem ser mantidos em fase pré-
evitar casos de acidose, e ainda, que fatores
ruminante por extensos períodos de tempo. A
ambientais
o
presença de fibra na dieta pode ser requerida
desencadeamento dos processos que podem levar
para o bom desenvolvimento e função normal do
aos quadros de acidose.
rúmen. Pré-ruminantes mais velhos apresentam
também
concorrem
para
adaptação DESENVOLVIMENTO DE ÓRGÃOS CAVITÁRIOS
exclusivamente
rápida
à
com
leite
alimentação
ou
sólida,
(TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2001).
Os órgãos internos exercem as principais funções no organismo
animal,funções
essas
que
estão
Silva et al. (2004) avaliaram o desenvolvimento
relacionadas com a preservação da vida (PAULA,
trato
2005).
holandesa alimentados com leite integral e dois
gastrintestinal
de
bezerros
da
raça
sucedâneos, os mesmo autores observaram que Segundo Pires et al. (200?), Pálsson (1959), afirma
os sucedâneos não influenciaram de forma
que os órgãos mais vitais para o animal, como o
significativa as proporções dos compartimentos
cérebro, olhos, pulmão, rins, coração, esôfago,
do estômago dos bezerros em relação ao leite
abomaso
integral, considerando-se 60 dias de aleitamento.
e
proporcionalmente nascimento
e,
intestino melhor por
delgado,
estão
desenvolvidos
consequência,
ao
crescem
proporcionalmente menos na vida pós-natal. Quanto
Lucci (1989), afirma que o plano nutricional tem influência marcante sobre a velocidade na qual
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4912
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento ruminal de bezerros
ocorrerá a inversão dos valores de medida entre os
presença
compartimentos
MURDOCK; WALLENIUS, 1980; e QUIGLEY et al.,
estomacais
do
rúmen-retículo
e
abomaso. Quanto maior a quantidade de leite e maior o
de
AGV’s
(TOMATE
et
al.,
1962,
1996 apud SANTOS, 2008).
tempo para fornecê-lo a um bezerro, mais lenta será sua transformação em ruminante funcional.
Santos (2008) destaca que o ácido butírico é o mais importante em relação ao crescimento em número e
Paiva e Lucci (1972), apud Carvalho et al. (2003)
tamanho de papilas; e afirma que a falta de
relatam que o desenvolvimento do rúmen em idades
forragem pode reduzir a quantidade de abrasão
precoces está associado ao consumo de alimentos
física das partículas de alimentos nas papilas.
sólidos. Afirmam ainda que os alimentos concentrados, que proporcionam uma maior produção de AGV no rúmen, estimulam o desenvolvimento da mucosa deste órgão, aumentando as papilas ruminais em número e tamanho. O feno proporciona maior desenvolvimento do rúmen quanto à capacidade e aumento do tecido muscular das paredes do órgão, contribuindo ainda para estabilizar o pH no rúmen, pelo efeito tamponante da
saliva
que
é
ingerida
no
ato
da
regurgitação/ingestão.
Alimentos volumosos são muito importantes para o desenvolvimento fisiológico, e, principalmente do tamanho e da musculatura do rúmen. Um bom volumoso, feno ou verde picado, deve ser fornecido aos bezerros desde a segunda semana de idade. Em escala de importância, para bezerros, antes dos três meses de idade, bons fenos são melhores que bons alimentos verdes picados, que, por sua vez, são melhores que boas silagens. Esta é uma recomendação de ordem geral, já que a qualidade
Segundo Orskov (1990), apud Carvalho et al. (2003), é
do
alimento
é
extremamente
importante
na
possível substituir precocemente a proteína do leite por
determinação do consumo (EMBRAPA GADO DE
outras proteínas, apesar de que, tecnicamente, seja
LEITE, 2003).
uma substituição difícil, pois, quando a proteína láctea reage com os sucos estomacais forma-se grande coágulo que posteriormente, vai se desintegrar aos poucos.
De acordo com Rehagro (2004), a chave para o desenvolvimento do rúmen é o consumo de alimentos sólidos, especialmente concentrados, e para maximizar o consumo de concentrado por
Recomenda-se
utilizar
concentrados
iniciais
bezerros em aleitamento, recomenda limitar a
corretamente balanceados, a menor custo e com alta
quantidade de leite ou sucedâneo e fornecer
eficiência Campos et al. (1991); já Carvalho et al.
concentrado limpo e fresco à vontade.
(2003), afirmam que concentrados e fenos fornecidos na
mesma
dieta
desenvolvem
no
rúmen
um
ecossistema mais completo.
Segundo Carvalho et al. (2003), ao desaleitar precocemente bezerros da raça holandês. Modesto et al. (1999), observaram que o rúmen-retículo e
De acordo com Silva, Leão (1979), apud Santos (2008),
omaso, levam duas a três semanas respectivamente
o crescimento e a densidade das papilas ruminais
para dobrar de peso. Após a primeira semana a
podem ser aumentados em função da proporção de
velocidade
concentrado e nível de energia da dieta. Afirmam ainda
tornando a crescer depois de 56 dias. O rúmen-
que as funções das papilas se resumem no aumento
retículo aumenta seu peso em oito vezes e o omaso
da
em cinco vezes, demonstrando que a administração
superfície
das
paredes
do
rúmen,
havendo
de
crescimento
alimentos
abomaso
de
que constituem a principal forma de energia para os
desenvolvimento muscular do rúmen-retículo até os
ruminantes e ajudam o movimento do material.
50 dias de idade, o que também foi verificado por
O desenvolvimento de papilas, responsável pelos
et
al.,
1966;
CARVALHO et al., 2003).
produtos finais de fermentação, é dependente da 4913
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estimula
cai,
consequentemente um aumento na absorção de AGV,
(STOBO
sólidos
do
OCHOA,
1994,
rápido
apud
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento de bezerros
Na Tabela 2, são apresentados dados sobre o
Como pode ser observado na tabela acima, ao
desenvolvimento normal do estômago dos ruminantes.
nascerem, os bovinos tem os retículos-rúmen
TABELA 2: Crescimento do Estômago de Bovinos, Bubalinos e Ovinos (Adaptado de Lyford, Jr., 1988) Retículo-
Omaso
Rúmen Idade
P.V.
(sem.)
(kg)
(g)
(g/k g)
significativamente menores que o abomaso, e com o avançar da idade, a medida que o animal desenvolve o aparelho digestório, estes valores
Abomaso
são invertidos. O mesmo acontece com o omaso, %
(g)
(g/k g)
%
(g)
(g/k g)
%
que aumenta significativamente; este fator pode ser
BOVINOS
observado
também
desenvolvimento Nascime
23,9
95
4,0
2
25,8
180
7,0
4
32,6
335
10,3
nto
8
42,9
12
59,7
17
76,3
Adulto
770 115 0 204 0
325,
454
4
0
18,0
19,3
26,7
14,0
3 5 4 0 5 5 6 5 6 6 6 8
40
1,68
65
2,51
70
2,15
160
3,72
265
4,43
550
7,21
6
180
2
0
5,53
1 4 1 5 1 1 1 4 1 5 1 8
140
2,13
200
7,75
210
6,44
250
5,82
330
5,52
425
5,57
2
103
4
0
3,17
5 1
3
34,0
439
12,9
6
38,7
553
14,3
9
44,7
875
19,6
12
15
Adulto
45,7
56,7
108 4 134 8
347,
700
6
0
23,7
23,8
20,3
5 6 8 7 1 7 1 7 1
1,59
8
180
5,29
60
1,55
7
206
5,32
133
2,98
223
4,99
183
270
7
180
0
0
4,00
4,76
5,18
1 1 1 2 1 4
258
286
1
120
8
0
5,65
5,04
3,45
5 3 4 2
5,7
19
3,3
2
12,1
39
3,2
4
14,4
131
9,1
nto
8
21,5
343
15,9
12
30,0
466
15,5
16
38,9
695
17,9
Adulto
61,8
919
14,9
3 2 3 6 6 2 7 7 7 1 7 2 7 3
0,86
8
36
6,32
5
0,41
5
63
5,21
11
0,76
5
68
4,72
21
0,98
5
82
3,81
45
1,50
7
145
4,83
59
1,53
6
206
5,29
1,92
Recomendações para alimentação de bezerras holandesas Objetivos de crescimento De acordo com Santos et al. (2002), durante o
1
período de aleitamento, o primeiro objetivo é
9
manter a bezerra viva e saudável, e não procurar
1
ganhos de pesos elevados. Não há interesse na
4
criação de bezerras, em obter ganhos de peso
1
elevados
4
2 7 2
como
na
criação
de
vitelos.
As
diferenças de pesos se atenuam por volta do mês
independentemente
do
tipo
de
alimentação utilizado durante as seis primeiras semanas de vida. Acredita-se que é melhor
5
manter
1
crescimento igual a 450 g por dia, a fim de facilitar
8
a introdução de alimentos sólidos susceptíveis de
1
satisfazer o apetite da bezerra. O segundo
7 1 5 1 2
a
bezerra
de
grande
porte
num
objetivo visa obter o 1º parto da novilha antes dos 28
meses
de
idade,
com
um
peso
de
aproximadamente 490 - 520 kg para a Holandesa Holstein e Pardo Suíça, 370 - 390 kg para Girolando e 320 - 340 kg para a Jersey, conforme
5
119
de
1
OVINOS Nascime
digestório
bubalinos e ovinos.
sexto
54
sistema
ao
4
BUBALINOS 6
do
quanto
9
226
3,66
6
a genética, manejo e alimentação, levada em
0
conta durante a criação das bezerras e novilhas.
5 9
Alimentação Láctea
3
Após os três primeiros dias de ingestão do
3
colostro, recomenda-se fornecer leite integral ou
1
sucedâneo de qualidade durante 8 a 12 semanas
8 2
consecutivas. A quantidade oferecida por dia
2
deve ser dividida em duas refeições, e, são
2
estabelecidas
2
representar, 8, 9, 10, 8 e 5% do peso vivo da
1
bezerra ao nascimento, respectivamente, durante
8
8 semanas do período de aleitamento. Um bom
Fonte: Princípios de nutrição de bovinos leiteiros (TEIXEIRA; TEIXEIRA, 2001
em
função
do
peso;
podem
sucedâneo de leite deve conter no máximo 0,25% de fibra bruta na matéria seca (MS). Níveis mais
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4914
Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento de bezerros
elevados de fibra indicam que, o sucedâneo é
bezerras de raças de grande porte) e 400 a 600 g
constituído por uma porção maior de ingredientes de
(para as bezerras de raças de pequeno porte),
fontes vegetais, o que consequentemente, pode
por um período consecutivo de cinco dias, o
causar diminuição da digestibilidade, conduzindo a
desaleitamento pode ser efetuado. Para bezerras
um ganho inferior durante as três primeiras semanas
da raça Holandesa, o fornecimento de 4 a 5 kg de
de idade (SANTOS et al.; 2002).
leite, divididos em dois tratos diários, nos primeiros 30 dias, seguido de 3 a 4 kg até os 45
Este mesmo autor afirma que, substituir leite integral
dias
por
criador.
normalmente, é o suficiente para nos 60 dias de
Conhecendo o valor nutritivo incontestável do leite,
idade desaleitar estas bezerras, desde que,
qual é a utilidade de sucedâneos? Principalmente o
paralelamente, estejam consumindo por volta de
fator econômico justifica a utilização pelo produtor,
800 a 1.000 g de concentrado/dia.
sucedâneos
provoca
dúvidas
ao
e
nos
15
dias
subsequentes
2
kg,
que obtém o benefício da venda de seu leite, e, as performances
de
bezerras
alimentadas
com
A administração do concentrado será dividida em
sucedâneos não são em nada ameaçadas. O
concentrado inicial (18 a 20% de PB) nos
sucedâneo aumenta os riscos de doenças (diarreias)
primeiros 3-4 meses de vida, e após, concentrado
e de mortalidade, quando a qualidade e o modo de
para crescimento (16 a 18% de PB) (tabela 3). O
preparação e de distribuição forem ruins.
fornecimento deve ser no mínimo até o 6° mês de vida, limitando consumo máximo de 2,0 a 3,0
Desaleitamento precoce: 8 a 12 semanas
kg/diário, em função dos objetivos a serem
É durante este período que será realizado o
alcançados.
desaleitamento da bezerra, o que significa a passagem de um regime à base de leite para o de
TABELA 3 - Características a serem observadas
ruminante (LUCCI, 1989).
Características
De acordo com Santos et al. (2002), dois aspectos podem justificar o desaleitamento precoce:
a
economia obtida com a substituição do leite por
NDT* Proteína Bruta
Concentrado para Crescimento (após 4 meses) 65 – 70%
18 – 20%
16 – 18% Grosseira ou peletizada Até 3 kg
Necessário
1% + Sal no cocho 1% + Fosfato BiCa no cocho Dispensável
Feno de Boa Qualidade**
Feno de Boa Qualidade
desaleitar precocemente a bezerra, uma vez que,
Quantidade
Grosseira ou peletizada Até 3 kg
após
Sal mineral
1%
Suplemento Ca e P Suplemento Vitamínico Complemento Volumoso
1%
alimento mais barato; não existe desvantagem em o
desmame,
ocorre
ganho
de
peso
compensatório, e aos 180 dias as diferenças observadas
no
desmame
desaparecem;
o
desenvolvimento precoce do volume do rúmen, devido à ingestão de alimentos sólidos, desde a 2ª semana de vida.
nos Concentrados para bezerras
Santos et al. (2002) ainda afirma que, deve-se considerar além destes dois fatores, a redução das horas de trabalho e diminuição de incidências de diarreias e problemas digestivos. Na fase final do período
de
aleitamento,
devem-se
fornecer
à
bezerra menores quantidades de leite, durante uma semana, a fim de forçar maior ingestão de alimentos sólidos (feno e concentrado). Quando a ingestão de concentrado atinge de 800 a 1.000 g (para as
4915
Textura
Concentrado Inicial (até 4 meses) 70 – 80%
* NDT = Nutrientes Digestíveis Totais ** Entende-se como feno de boa qualidade aquele confeccionado com gramíneas ou leguminosas bem manejadas, cortadas num estágio vegetativo adequado, podendo ser do tipo Coastcross, Tifton-85, Aveia, Azevém, Estrela africana e Alfafa. Fonte: SANTOS et al. (2002).
A
partir
da
primeira
semana
de
vida,
o
concentrado deve ser oferecido à bezerra, mesmo que não o consuma em quantidade. Uma maneira simples de induzir a bezerra a consumir concentrado precocemente, consiste em colocar
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Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento de bezerros
uma pequena quantidade no fundo do balde, ao final
deve ser fornecido diariamente, em quantidade
da refeição líquida. As bezerras manejadas desta
estimada em % do peso vivo, duas vezes ao dia,
forma consomem mais concentrado e ganham mais
até que o desaleitamento possa acontecer. A
peso do que aqueles não estimulados (SANTOS et
partir das primeiras semanas de vida, deve-se
al.; 2002).
fornecer concentrado inicial, a fim de estimular o consumo. Quando o animal for
capaz de
consumir quantidade satisfatória (800 gramas
CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo as literaturas consultadas, pode-se concluir que a dieta interfere significativamente sobre o
para raças de grande porte) de concentrado, pode-se realizar o desaleitamento.
desenvolvimento ruminal em bovinos, sendo o mais O concentrado administrado deve ser dividido em
importante fator.
inicial (até 3-4 meses) e crescimento (no mínimo O
estudo
elaborado
desenvolvimento
evidencia
anatômico
do
que
rúmen
o está
associado à presença de volumosos em seu interior, por meio do qual a ação mecânica da fibra
até 6 meses). Volumoso de qualidade deve ser oferecido
aos
animais,
pois
ocorre
melhor
desenvolvimento quando concentrado e volumoso são fornecidos na mesma dieta.
(enchimento) estimula o aumento do órgão em suas dimensões
e
favorece
o
desenvolvimento
da
musculatura através da movimentação, promovida pelo incentivo de arranhão, decorrente do atrito entre a
fibra
e
a
parede
ruminal.
Entretanto,
o
desenvolvimento fisiológico do rúmen é influenciado pela presença de ácidos graxos voláteis (AGV) que estimulam o crescimento de papilas, em número e tamanho, responsáveis pela absorção de gases. Os alimentos que proporcionam a maior produção de AGV
são
os
concentrados,
devido
à
maior
disponibilidade de nutrientes, e também, por serem excelente
fonte
destacam-se
de
como
amido. de
Dentre
maior
os
AGV,
importância
no
desenvolvimento, os de cadeia curta (propionato e
Como consequência do desenvolvimento ruminal tem-se o desaleitamento precoce, o que implica em maior lucratividade para o produtor, uma vez que, ao ser capaz de ingerir e metabolizar alimentos sólidos, o animal pode ser desaleitado sem prejuízos para sua saúde, permitindo com que o leite destinado ao aleitamento seja comercializado. Todavia, devem ser considerados fatores como sistema de criação (intensivo, semiintensivo, extensivo), condições ambientais (bemestar, sanidade), finalidade funcional (corte, leite), pois estes interferem, especialmente, sobre o tipo de manejo que estes animais receberão e, caso os animais não estejam com o aparelho digestório desenvolvido, o lucro obtido com a venda do leite
butirato).
poderá ser anulado com o aumento dos índices De acordo com os autores citados nesta revisão de
de mortalidade e morbidade.
literatura, a melhor dieta a ser fornecida para bezerros em fase de desenvolvimento ruminal precisa ser balanceada em proporções e qualidades de concentrado e fibra (volumoso, forragens), a fim de atender o mais próximo possível às exigências nutricionais
do
desenvolvimento
animal, saudável
proporcionando de
seu
o
aparelho
digestório. Sugere-se que o bezerro receba colostro nas primeiras horas de vida, e nos próximos três dias, para garantir sua imunidade através deste. O leite
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, J.B.; CARVALHO, D.D. Estádio de maturação na produção e qualidade da silagem de sorgo. II - Digestibilidade e consumo da silagem. Boletim da Indústria Animal, v.49, n.2, p.101-106, 1992. ARCURY, P. B.; MATTOS, L. L. Microbiologia do rúmen. Informe Agropecuário, v.16, n.5, p.5-8, 1992. ARLEI, C.; CARDOSO, F.; GONZÁLES, F.; CAMPOS, R. Indicadores do ambiente ruminal e suas relações com a composição do leite e células somáticas em diferentes períodos da primeira fase da lactação em vacas de alta produção. Ciência Rural, v.36, n.2, mar-abr, 2006.
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Artigo 405 – A influência da dieta no desenvolvimento de bezerros
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