NutriTime Revista Eletrônica n. 05 vol. 14 2017

Page 1


Revista Eletrônica

© 2016 Nutritime Revista Eletrônica

Nutritime Revista Eletrônica www.nutritime.com.br Praça do Rosário, 01 Sala 302 - Centro - Viçosa, MG - Cep: 36.570-000 A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda, com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.

Encontrou algum erro nessa edição? Fale conosco: mail@nutritime.com.br. Ficaremos muito agradecidos!



Sumário

ARTIGOS 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas ..................................... 7008 Halef Pereira de Oliveira, Taiz Borges Ribeiro, Alan Soares Machado, Lidiane de Oliveira Silva, Antônio Roberto de Oliveira Júnior 439 – Particularidades da Região Nordeste do Brasil: revisão de literatura ....................................................... 7015 Alberto Jefferson da Silva Macêdo, Dariane Fontes da Silva, Thaiano Iranildo de Sousa Silva 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás .......................... 7019 Walison Peterson Santos Costa, Graciele Araújo de Oliveira Caetano, Messias Batista Caetano Júnior, Denise Gomes Barros Cintra, Alexandrina Benjamin Estevão de Farias 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerras em aleitamento.................................................................................................................................................................. 7026 Camila Flávia de Assis Lage, Hilton do Carmo Diniz Neto, Victor Marco Rocha Malacco, Sandra Gesteira Coelho 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos ................................................................................................. 7032 Jansller Luiz Genova, Isabela Ferreira Leal, Paulo Evaristo Rupolo, Luiz Eduardo dos Reis, Vitor Maximo Barbosa

443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras ......................................................................................................................................................................................... 7046 Vanessa Amorim Teixeira, Hilton do Carmo Diniz Neto, Sandra Gesteira Coelho 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação ......................................................................................................................................................................................... 7053 Diego Cordeiro de Paula, Vitor Hugo Maués Macedo, Tiago Adriano Simioni 445- Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle ...................................... 7076 Giselle Procópio Nunes, Paula Cambraia Marinho, Andressa da Silva Formigoni, Andressa Nathalie Nunes, Carolina Resende de Freitas Ribeiro


Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas Auxinas, estresse hídrico, fotossíntese, produção, tolerância.

Revista Eletrônica

Halef Pereira de Oliveira¹ Taiz Borges Ribeiro², 3 Alan Soares Machado 2 Lidiane de Oliveira Silva Antônio Roberto de Oliveira Júnior²

Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

¹Discente do curso Bacharelado em Zootecnia, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: halefpgtu15@hotmail.com ²Zootecnista. E-mail: taiz2612@hotmail.com; antoniorj20@hotmail.com; Lidiane.zoo@hotmail.com ³Professor Dr. do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: asm3201@hotmail.com

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

PHYSIOLOGICAL RESPONSES OF FODDER TO

O objetivo desse trabalho é discorrer sobre os

WATER DEFICIT AND LOW TEMPERATURES

mecanismos e as respostas das plantas forrageiras,

The objective of this work is to discuss the

submetidas em situações de déficit hídrico e baixas

mechanisms

temperaturas. A utilização das pastagens está aliada,

submitted in situations of water deficit and low

principalmente a disponibilidade de água. É possível

temperatures. The use of pastures is allied, mainly

verificar que o sistema de produção das forrageiras

the availability of water. It is possible to verify that the

se torna desuniforme ao decorrer dos anos, havendo

system of forage production becomes uneven

um período de boa e alta qualidade na produção das

throughout the years, with a period of good and high

gramíneas no período das chuvas e de baixa

quality in the production of grasses in the rainy

produção e valor nutricional durante o período da

season and of low production and nutritional value

seca. Desse modo, analisar as diversas respostas

during the dry season. Thus, analyzing the different

fisiológicas das plantas forrageiras no período de

physiological responses of forage plants in the dry

seca é de suma importância para ter o conhecimento

season is of paramount importance in order to have

de quais espécies ou cultivares resistente podem ser

knowledge of which resistant species or cultivars can

utilizadas em regiões com condições baixa de

be used in regions with low precipitation conditions to

precipitação para garantir o desenvolvimento da

guarantee the development of the plant and its good

planta e sua boa produção mediante ao seu valor

production through its

nutritivo a ser explorado.

explored.

Palavras-chave: auxinas, estresse hídrico,

Keyword: auxins, water stress, photosynthesis,

fotossíntese, produção, tolerância.

yield, tolerance.

7008

and

responses

of

nutritional

forage

plants,

value to be


Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas

INTRODUÇÃO O Brasil se baseia na utilização de pastagens para a

associados de estresses ambientais, aproximando-

exploração pecuária, sendo cerca de 170 milhões de

se mais da realidade dos ambientes agrícolas

hectares cultivados por plantas forrageiras (IBGE,

(MITTLER, 2006).

2006).

As

gramíneas

possuem

participação

expressiva na alimentação animal, tanto como

Com base no exposto, esta revisão de literatura tem

volumosos, concentrados e na integração lavoura-

por objetivo discorrer sobre os mecanismos e as

pecuária, sendo esta última uma alternativa que tem

respostas das plantas forrageiras ao estresse,

se mostrado promissora (PEREIRA et al., 2009).

submetidas em situações de déficit hídrico e baixas temperaturas.

Dentro dessa extensão do território usado para a prática pecuária, existe grande diversidade nas

REVISÃO DE LITERATURA

condições de plantio de forrageiras, incluindo áreas alagadas ou encharcadas, com baixo índice de precipitação, baixa fertilidade de solo, além de áreas

Efeito do estresse hídrico no desenvolvimento e produção de forrageiras

aptas ao cultivo. Portanto, devido ao cultivo de

As forrageiras estão sujeitas a constantes variações

plantas forrageiras em áreas marginais, há a

climáticas acarretando em estresses e alterando sua

necessidade de estudos que avaliem e identifiquem

morfologia

genótipos com

pluviométrica um dos principais limitantes isolados

características de tolerância a

e

fisiologia,

sendo

a

precipitação

que afetam a produção e a qualidade de matéria

estresses abióticos (PEZZOPANE et al., 2015).

seca das forragens estabelecidas principalmente nos O déficit hídrico é um dos principais fatores

trópicos e subtrópicos (DUARTE, 2012). Ainda de

limitantes da germinação, pois para cada espécie

acordo com Duarte (2012), regiões de natureza

existe um valor de potencial hídrico externo abaixo

estacional, variabilidade e alta incidência errática,

do qual a germinação não ocorre. A habilidade de

junto ao elevado potencial evaporativo, resultam em

uma

de

períodos curtos de estresse hídrico até períodos de

condições pode ser a manifestação de seu vigor,

seca prolongada, ocasionando um déficit hídrico

dependendo entre outros fatores, das condições

para as plantas.

semente

germinar

sob

amplo

limite

ambientais encontradas no local onde foi semeada. ser

Quando há uma redução do potencial hídrico devido

encontradas no campo, e a semente deve ser

ao solo estar seco, as plantas passam a apresentar

vigorosa para que seja competitiva (MARCOS

dificuldade para extrair água de forma rápida e

FILHO, 2005).

suficiente

Secas

periódicas,

por

exemplo,

podem

para

balancear

suas

perdas

pela

transpiração, assim murchando devido à perda de A disponibilidade de água é um dos principais

turgor, sendo que em algumas condições extremas

fatores responsáveis pelo crescimento e produção

de falta d‟água no solo a planta se torna incapaz de

dos

cultivos.

temperaturas

regiões

tropicais,

altas

extrair água, ocasionando em perca de turgor

intensidades

luminosas

altas

permanente (PAIVA et al. 2006 apud SEIXAS et al.,

Nas e

favorecem taxas de evapotranspiração que podem

2015).

produzir déficits hídricos estacionais (MACHADO et Contudo

al., 1983).

a

disponibilidade

de

água

afeta

o

crescimento e desenvolvimento das plantas por Os estudos têm revelado que as respostas das

controlar a abertura dos estômatos e a produção de

plantas sob um único estresse não podem ser

fitomassa, pois a falta de água no solo reduz o

diretamente

potencial de água na folha e sua condutância

inferidas

aos

efeitos

de

distintos

estresses que ocorrem conjuntamente, pois a

estomática,

associação

respostas

estômatos, bloqueando o fluxo de CO2 para as

singulares para a adaptação da planta. Desta forma,

folhas, afetando o acúmulo de fotoassimilados,

é necessário que os futuros programas de pesquisa

reduzindo a produtividade (GHOLZ et al. 1990 apud

enfatizem as respostas das plantas aos efeitos

SILVA, 2013).

de

estresses

provoca

promovendo

o

fechamento

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7009

dos


Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas

Alterações na área foliar

(KERBAUY, 2008). De acordo Silva et al. (2015), o

De acordo com Duarte (2012), em casos moderados

estresse hídrico ocasiona aumento da síntese e da

de deficiência de água as primeiras respostas

sensibilidade dos tecidos ao hormônio etileno e

observadas são a divisão e a expansão celular, que

consequentemente senescência das folhas.

pode ser retardada ou interrompida, assim o crescimento das folhas e caules diminui bem antes

A auxina é produzida no ápice e nas raízes sendo

do estresse hídrico tornar-se severo a ponto de

capazes de aumentar a expressão do gene da

causar fechamento dos estômatos e uma diminuição

AACsintase, enzima catalizadora na conversão de S-

na fotossíntese. À medida que o déficit hídrico

adenosilmetionia (AdoMet) em 1 aminociclopropano-

prolonga

1-carboxílico (ACC) no qual participa na produção de

ocorre

a

aceleração

na

taxa

de

senescência foliar, inibição do perfilhamento e

etileno (Kerbauy, 2008).

ramificações e, aceleração da morte dos perfilhos estabelecidos, bem como atraso no crescimento e

Já o ABA, hormônio produzido em maior quantidade

no desenvolvimento da planta. Com isso limitam-se

nas raízes em situações de estresse hídrico possui

a capacidade de competir por luz, pela diminuição

grandes relações na produção de etileno, pois

da área foliar e consequente reduz a produtividade

estimula na expressão de isoformas da AACoxidase,

(BUXTON; FALES, 1994 apud ARAÚJO, VASQUEZ,

enzima

et al., 2010).

aminociclopropano-1-carboxílico)

primordial

na

conversão

de

AAC

em

(1

etileno

(KERBAUY, 2008). Contudo a redução da área foliar, a abscisão foliar, o aprofundamento

das

raízes,

a

limitação

da

Alterações no sistema radicular

fotossíntese e o aumento do depósito de cera sobre

Para a realização da absorção efetiva da água pelas

a superfície foliar são mecanismos de tolerância à

raízes a mesma deve ter contato maior com o solo, e

seca, sendo característico em plantas forrageiras

para potencializar esse contato são emitidos pelos

para suportar adversidades climáticas (TAIZ et al.,

radiculares aumentando a superfície de contato e a

1991 apud SILVA, 2013).

capacidade de absorção. O déficit hídrico estimula a expansão do sistema radicular para zonas mais

Dentre os fenômenos ocorridos na área foliar em

profundas e úmidas do perfil do solo (PIMENTEL,

situações de déficit hídrico alguns compostos têm

2004).

relações diretas na parte aérea da planta como exemplos antocianinas, auxinas, etileno e o ácido

A medida que o solo seca, torna-se mais difícil às

abscícico (ABA).

plantas absorverem água, porque aumenta a força de retenção e diminui a disponibilidade de água no

As antocianinas são compostos flavonoides com

solo às plantas (SANTOS, 1998).

funções diversas nos vegetais, sendo uma delas a defesa, atuando na absorção de comprimentos de

Durante o desenvolvimento das plantas, a densidade

onda de luz na faixa de 400 a 600 nm, agindo como

e o comprimento de raízes aumentam até o início da

filtros da luz visível, no qual durante a expansão

floração das plantas, decrescendo posteriormente,

foliar, senescência e em resposta a estresses

com diminuição na eficiência de absorção de água

abióticos,

(HUBER & ROSSIELO, 1995).

ocorre

síntese

de

antocianina

nas

camadas epidérmicas das folhas (ARAÚJO & DEMINICIS, 2009).

O maior desenvolvimento das raízes ocorre nas camadas de solo, de acordo com estudo realizado

O etileno é sintetizado a partir da L-metionina, sendo

por Pimentel (2004), cuja disponibilidade de água foi

produzido por todas as partes das plantas, onde

maior. A expansão das raízes no campo foi mais

maior produção ocorre nos tecidos meristemáticos e

afetada pelo déficit hídrico que a expansão das

nas regiões nodais, no qual induz a abscisão de

folhas e as raízes pequenas foram mais sensíveis ao

folhas em forrageiras expostas ao estresse hídrico

déficit hídrico que as raízes médias e grandes.

7010

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas

Mecanismos de tolerância, aclimatação ao déficit hídrico

adaptação

A

alterações

e

resposta estomática bem definida. Assim, se folhas mantidas no escuro são iluminadas, a luz percebida pelas células – guardas desencadeia uma série de

deficiência

hídrica

provoca

no

respostas,

resultando

na

abertura

do

poro

comportamento vegetal cuja irreversibilidade vai

estomático tornando possível a entrada do CO2 e a

depender do genótipo, da duração, da severidade e

realização da fotossíntese.

do estádio de desenvolvimento da planta alguns mecanismos são observados nas plantas que as

A abertura estomática só ocorre quando as células –

fazem resistir a seca sendo estes divididos em

guardas se encontram túrgidas, qualquer alterações

escape, retardo e tolerância (MEDICI et al., 2007).

na hidratação das plantas afetará o movimento dos

No mecanismo de escape as plantas apresentam um rápido desenvolvimento fenológico completando seu ciclo de vida antes que o déficit hídrico se torne severo

o

suficiente

para

provocar

danos

(ROCKSTRÖM & FALKENMARK, 2000). No

mecanismo

retardo

está

estômatos. Quando acontece de as células – guardas perderem mais água para a atmosfera do que sua capacidade de absorver das células vizinhas, ocorre um decréscimo na turgidez dessas células, provocando o fechamento estomático sendo caracterizado

relacionado

à

manutenção do turgor e volume celular, tanto pela presença de um sistema radicular abundante para absorção de água quanto pela redução da perda por transpiração. E por último a tolerância a seca que é um mecanismo da planta que permite manter seu metabolismo, mesmo com o déficit hídrico presente (VERSLUES et al., 2006).

como

fechamento

hidropassivo

(KERBAUY, 2012). Um segundo mecanismo, é ocasionado pelo o mediador ácido abscísico (ABA), realizando o fechamento dos estômatos quando todas as folhas ou as raízes são desidratadas e depende de processos

metabólicos

nas

células-guarda

denominado como fechamento hidroativo. Uma redução no conteúdo de solutos das células –

Santos et al. (2013), avaliando a capacidade de

guarda resulta em perda de água e diminuição na

adaptação e os mecanismos de resposta ao

turgência,

estresse hídrico de duas cultivares de Brachiaria

assim, o mecanismo hidráulico do fechamento

brizantha (Marandú e BRS Piatã) submetidas ao

hidroativo é uma inversão do mecanismo de abertura

déficit

da

estomática. Entretanto, o controle do fechamento

biomassa da parte aérea e da área foliar em todas

hidroativo difere da abertura estomática de modo

as cultivares. Entretanto, em ambas as cultivares

mais significativo (TAIZ & ZEIGER, 2004).

hídrico,

observou

uma

diminuição

provocando

fechamento

estomático;

houve um aumento da percentagem de raízes nas camadas mais profundas do solo. As cultivares

O ABA é sintetizado continuamente em taxas baixas

Marandú e BRS Piatã apresentaram mecanismos de

nas células do mesófilo e tende a se acumular nos

adaptação ao estresse hídrico como osmorregulação

cloroplastos. O hormônio ABA tem uma dupla função

e aprofundamento do sistema radicular.

frente ao estresse hídrico e a curto prazo provoca a redução da transpiração e a longo prazo induz a

ESTRATÉGIAS FISIOLÓGICAS DE EVITAÇÃO AO

síntese de proteínas que aumentam a tolerância das

DÉFICIT HÍDRICO

plantas à dessecação seca (TAIZ & ZEIGER, 2004).

Abertura e fechamento de estômatos Os

fatores

ambientais,

como nível de água,

temperatura, qualidade e intensidade de luz e concentração intracelular de dióxido de carbono, controlam o movimento de abertura e fechamento dos estômatos, segundo Kerbauy (2012). Esses fatores funcionam como sinais que são percebidos pelas células – guardas e integrados dentro de uma

Quando este tecido torna-se desidratado, ocorrem dois eventos: primeiro, uma determinada quantidade de ABA, armazenada nas células do mesófilo, é liberada para o apoplasto, possibilitando que a corrente

transpiratória

conduza

parte

dessa

quantidade para as células guardas; em seguida, a taxa da síntese líquida de ABA é elevada e o fechamento estomático é iniciado pela migração des.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7011


Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas

se hormônio dos cloroplastos para o apoplasto

o transporte do floema depende do turgor, a redução

(MARQUES, 2007).

do potencial hídrico no floema durante o estresse pode

inibir

o

movimento

Experimentos

movimentos estomáticos. Isso ocorre devido o

translocação não é afetada durante o período de

movimento encontra-se acoplado ao metabolismo

estresse,

das células – guardas, qualquer fator que afete o

fotossíntese, já foram fortemente inibidos (COSTA,

metabolismo

2001).

movimento

dos

consequentemente

estômatos.

O

o

aumento

quando

têm

assimilados.

Condições ambientais influenciam indiretamente os

afetará

realizados

de

outros

mostrado que a

processos,

como

a

da

temperatura, acelera a atividade de qualquer célula

Ajuste osmótico

até um ponto ótimo, após o qual ocorre um declínio Outra estratégia adotada pelas plantas para tolerar o

(KERBAUY, 2008).

déficit hídrico é o controle do ajuste osmótico, pois Limitação

da

fotossíntese

em

nível

de

baixos valores de potencial hídrico, aumentando sua

cloroplasto A taxa fotossintética da folha raramente é responsiva ao estresse hídrico moderado quanto à expansão foliar, pois a fotossíntese é muito menos sensível ao turgor do que a expansão foliar. Entretanto, o estresse hídrico moderado afeta, geralmente, a fotossíntese foliar e a condutância estomática. Como os estômatos fecham durante os estádios iniciais do estresse hídrico, a eficiência do uso da água pode aumentar, ou seja, mais CO2 pode ser absorvido por unidade de água transpirada, através do fechamento estomático inibindo a transpiração mais do que decrescendo as concentrações intercelulares de CO 2 (TAIZ & ZEIGER, 2013). Quando

o

estresse

permanece

de

células

fotossíntese,

o

metabolismo

do

severo,

mesófilo do

a

inibe

a

mesófilo

é

prejudicado e a eficiência do uso da água diminui. Os resultados de vários estudos têm mostrado que o relativo

do

estresse

hídrico

sobre

a

condutância estomática é significantemente maior do que sobre a fotossíntese. Todo o efeito do estresse sobre a condutância estomática é eliminada pelo suprimento alto de CO2 e diferenças entre taxas fotossintéticas

de

resistência à seca (PEREZ, 1999). A diminuição do potencial osmótico diante ao acúmulo de solutos solúveis nas células constituem uma determinada resposta ao estresse hídrico. O ajustamento osmótico produz um potencial hídrico foliar mais negativo, ajudando assim a manter o movimento

de

água

para

as

folhas

e,

consequentemente, favorecendo a turgescência das mesmas. Dentre os solutos envolvidos no processo de ajustamento osmótico, a prolina tem demonstrado ser um aminoácido particularmente sensível estresse

desidratação

efeito

permite o vegetal manter a turgidez mesmo com

plantas

estressadas

e

não

(LARCHER, 2000). O acúmulo do aminoácido prolina pode caracterizar funções no depósito de energia, na estruturação das estruturas sub-celulares, como componentes das cascatas de sinalização molecular do estresse e na constituição da parede celular das plantas, sendo esse,

um

dos

seus

principais

constituintes

(NEPOMUCENO et al., 2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS

estressadas podem ser atribuídas diretamente ao

O conhecimento das formas como as forragens

dano do estresse hídrico à fotossíntese (NOBEL,

respondem

2009).

compreensão dos mecanismos que agem nas

ao

estresse

hídrico,

aliado,

a

plantas em condição de déficit hídrico, é essencial na

para que seja definidas estratégias de manejo que

fotossíntese quanto no aumento de assimilados nas

buscam favorecer a persistência e a produtividade

folhas

o

das forrageiras, juntamente, com o conhecimento

estresse hídrico diminui indiretamente a quantidade

das limitações edafoclimáticas e dos seus efeitos

de fotossintatos exportados das folhas. Uma vez que

sobre a produção das forrageiras.

O

7012

estresse em

hídrico expansão.

é

decrescente Como

tanto

consequência,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas

Desta forma, estudos com déficit hídrico são de suma importância, pois fornecem informações para técnicos e produtores na escolha da forrageira

déficits.

Pesquisa

Agropecuária

Brasileira,

Brasília, v. 42, n.4, p. 599-601, 2007. MITTLER, R. Abiotic stress, the field environment

apropriada, bem como orientação do manejo e o

and

emprego de práticas, a exemplo da irrigação de

Science, Oxford, v.11, n.1, p. 15-19, 2006.

forma estratégica e racional, a determinação de épocas de diferimento, entre outras técnicas.

stress

combination.

Trends

in

Plant

NEPOMUCENO, A. L.; NEUMAIER, N.; FARIAS, J. R. B.; OYA, T. Tolerância à seca em plantas: mecanismos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

fisiológicos

e

moleculares.

Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, Brasília, n. 23, p. 12-18, 2001.

ARAÚJO,

S.

A.

C.;

VASQUEZ,

H.

M.;

NOBEL, P. S. Physicochemical and environmental

CAMPOSTRINI, E.; NETTO, A. T.; DEMINICIS, B. B.; LIMA, E. S. Características fotossintéticas

plant

de genótipos de capim-elefante anão (Pennisetum purpureum Schum.), em estresse

PEREIRA,

physiology.

4

ed.

San

Diego:

CA

Academic Press. 2009. p. 582. R.

G.;

ALBUQUERQUE.

A.

W.;

CAVALCANTE. M.; PAIXÃO. S. L.; MARACAJÁ.

hídrico. Acta Scientiarum. Animal Sciences,

P. B. Influência dos sistemas de manejo do solo

Maringá, v. 32, n. 1, p. 1-7, 2010. ARAÚJO, S. A. C.; DEMINICIS, B. B. Fotoinibição da fotossíntese. Revista Brasileira de Biociências,

sobre os componentes de produção do milho e

Porto Alegre, v. 7, p. 463-472, 2009. COSTA, A. R. As relações hídricas das plantas vasculares. Portugal. Editora da Universidade

PEREZ, S. C. J. G. A.; FANTIN, S. C. Crescimento e

de Évora, 2001. 75 p. crescimento e o valor nutritivo das plantas forrageiras. Revista Pesquisa & Tecnologia, v. 9, n. 2, 2012.

Revista

Caatinga,

Mossoró, v. 22, n. 1, p. 64-71, 2009. resistência à seca de leucena em solo de cerrado. Pesquisa

Agropecuária Brasileira,

PEZZOPANE, C. G.; SANTOS, P. M.; CRUZ, P. G.; ALTOÉ, J.; RIBEIRO, F. A.; VALLE, C. B. Estresse por deficiência hídrica em genótipos de Brachiaria brizantha. Ciência Rural, Santa Maria,

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA,

decumbens.

Brasília, DF, v. 34, n. 6, p. 933-944, jun. 1999.

DUARTE, A. L. M. Efeito da água sobre o

E

Brachiaria

2006.

Disponível

em:

<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 17 de Março de 2017.

v.45, n.5, p.871-876, 2015. PIMENTEL,

C.

Desenvolvimento

da

Resposta

adaptativas das plantas a deficiência hídricas. In: A relação da planta com a água – Seropédica,

KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008. LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RIMA, 2000.

RJ: Edu, 2004. ROCKSTRÖM, J. & FALKENMARK, M. Semiarid crop production from a hydrologycal perspective: gap between potential and actual yield. Crit. Rev.

MACHADO, R. C. R.; SOUZA, H. M. F.; MORENO, M. A.; ALVIM, P. T. Variáveis relacionadas com a tolerância de gramíneas forrageiras ao déficit hídrico. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 18, n. 6, p. 603-608, 1983. MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, p.459. 2005. MARQUES, G. V. Características fisiológicas em cultivares de feijão-de-corda submetidas ao estresse hídrico e salino. 2007. Dissertação (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

Plant Scie. 19: 319- 346. 2000. SANTOS, P. M.; CRUZ, P. G.; ARAÚJO, L. C.; PEZZOPANE,

J.

R.

M.;

VALLE,

C.

B.;

PEZZOPANE, C. G. Response mechanisms of Brachiaria brizantha cultivars to water déficit stress. Revista Brasileira de Zootecnia, v.42, n.11, p.767-773, 2013. SEIXAS, A. A.; GOMES, V. M.; SERAFIM, V. F.; VIANA,

W.

A.

Déficit

hídrico

em

plantas

forrageiras. Revista FAEF, p. 1-14, 2015. SILVA, P. M. P. Tolerância ao déficit hídrico. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

MEDICI, L. O.; AZEVEDO, R. A.; CANELLAS, L. P.;

Campo Grande, p. 50. 2013.

MACHADO, A. T.; PIMENTEL, L. C. Stomatal conductance of maize under water and nitrog

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7013


Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas

SILVA, E. C.; NOGUEIRA, R. J. M. C.; AZEVEDO NETO, A. D. de; BRITO, J. G. de; CABRAL, E. L. Aspectos ecofisiológicos de dez espécies em uma

área

de

caatinga

no

município

de

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. VERSLUES, P. E. et al. Methods and concepts in quantifying

resistance

to

drought,

salt

and

Cabaceiras, Paraíba, Brasil. Iheringia. Série

freezing, abiotic stresses that affect plant water

Botânica, Porto Alegre, v. 59, n. 2, p. 201-205.

status. The Plant Journal, v. 45, p. 523–539,

2004.

2006.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2004.

VIEIRA, F., SANTOS JUNIOR, C., NOGUEIRA, A., DIAS, A., HAMAWAKI, O., & BONETTI, A. Aspectos fisiológicos e bioquímicos de cultivares de soja submetidos a déficit hídrico induzido por peg 6000. Biosci, 29, 543-552. 2013.

7014

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Particularidades da região Nordeste do Brasil: revisão de Literatura Revista Eletrônica

Caatinga, pequenos ruminantes, recursos naturais, regiões semiáridas. .

Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO A

região

Nordeste

do

Brasil

apresenta

particularidades que difere de outras regiões, devido

Alberto Jefferson da Silva Macêdo 1 Dariane Fontes da Silva 1 Thaiano Iranildo de Sousa Silva

1*

1

Discente do curso de Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Areia, PB, Brasil- *E-mail: albertomacedo.100@gmail.com

PARTICULARITIES OF THE NORTHEAST REGION OF BRAZIL: LITERATURE REVIEW

à estacionalidade climática acentuada e elevada taxa

The Northeast region of Brazil presents particularities

de

that differ from other regions, due to the accentuated

evapotranspiração

a

produção

animal

é

prejudicada. Dessa forma deve-se buscar entender

climatic

seasonality

como essa região se comporta e buscar alternativas

evapotranspiration the animal production is impaired.

que sejam viáveis e que promovam a fixação do

In this way we must try to understand how this region

homem do campo, gerando alimentos em quantidade

behaves and find alternatives that are feasible and

e qualidade. Este trabalho teve como objetivo, reunir

that promote the fixation of man from the field,

informações sobre a região semiárida do Nordeste

generating food in quantity and quality. This work

brasileiro. A base econômica dessa região é

aimed to gather information about the semi - arid

destinada a criação de caprinos e ovinos, apesar de

region of the Brazilian Northeast. The economic base

apresentar solos rasos e pedregosos e baixos

of this region is to raise goats and sheep, although it

índices pluviométricos, essa região apresenta grande

presents

potencial para a pecuária nacional. Deve-se buscar

pluviometric indexes, this region presents great

estratégias de utilização da caatinga na alimentação

potential for the national cattle raising. Strategies

animal como também otimizar o uso de recursos

should be sought to use the Caatinga in animal feed

naturais.

as well as to optimize the use of natural resources.

Palavras-chave: caatinga, pequenos ruminantes,

Keyword: caatinga, natural resources, semi-arid

recursos naturais, regiões semiáridas.

regions, small ruminants.

shallow

and

and

stony

high

soils

rate

and

of

low

7015


Artigo 439 – Particularidades da região Nordeste do Brasil: revisão de literatura

INTRODUÇÃO A

região

umas das outras. Estima-se que as regiões áridas e apresenta

semiáridas ocupam aproximadamente 17% do globo

particularidades que a diferencia de outras regiões.

terrestre (UNEP, 1992). Apesar de apresentarem

Apresenta clima em sua maioria tipo semiárido, em

características específicas que as diferem de outras

que apresenta como principais características: solos

regiões e entre si, são ambientes onde é possível

rasos

produzir alimentos desde que se trabalhe de forma

e

Nordeste

do

pedregosos,

Brasil

estacionalidade

climática

acentuada, elevada taxa de evapotranspiração e

adequada.

relevo variável (ARAÚJO, 2011). No decorrer dos anos essas regiões estão sendo Dentre todas essas características apresentadas,

transformadas

apresenta como em sua maioria cobertura vegetal

degradação, dentre eles estão os desmatamentos

denominada “caatinga”, responsável por abrigar toda

indiscriminados, pastoreio excessivo, assoreamento

a fauna e flora presente na região como também é

de

fonte

desertificação, uso ineficiente dos recursos naturais

de

alimento

para

animais

ruminantes,

especialmente caprinos e ovinos.

córregos

pelo

e

acelerado

rios,

processo

degradação

dos

de

solos,

como terra, água, biomassa, pois cerca de 80% das terras agrícolas do planeta sofrem de moderada a

A região semiárida do Nordeste brasileiro apresenta

severa erosão. São cerca de 12 milhões de hectares

grande potencial na produção de alimentos e

de terras aráveis, e nas regiões áridas e semiáridas

geração de recursos naturais, tendo como principal

esse impacto é maior (SALAH et al., 2016).

vocação

a

pecuária

de

pequenos

ruminantes Neste contexto o Nordeste brasileiro possui uma

(MOREIRA et al., 2007).

área territorial que corresponde a 18,27% do Essa região é considerada uma das regiões

território

semiáridas de maior contingente do planeta, pois

1.561.177,80 km e destes 962.857,30 km estão

nacional,

possuindo

uma

área

segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e

inseridos no Polígono das Secas ou semiárido

Estatística (IBGE, 2011), em 2010 a região Nordeste

brasileiro, correspondendo a 53% da área territorial

contava com uma população de 53 milhões de

total do Nordeste (ARAÚJO, 2011; IBGE 2011).

2

de

2

habitantes. Ao passo que a denominada região semiárida

contava

com

aproximadamente

25

O semiárido brasileiro é considerado uma das regiões existentes de maior contingente do planeta,

milhões de habitantes.

vivendo mais de 45% dos nordestinos e o fator As

características

do

ambiente

em

questão

climático é determinante, influenciando diretamente

viver

sobre os outros fatores que compõem este cenário

principalmente de atividades econômicas ligadas à

como flora, fauna, sociedade e demais aspectos,

prestação de serviços, agricultura e à pecuária.

apresentando diferentes tipos de climas. Segundo a

Essas

melhor

classificação de Köppen, a precipitação média anual

naturais

varia de 150 a 1.350 mm, com grandes extensões

desfavoráveis, ainda que apoiadas em base técnica

abaixo de 700 mm e com temperaturas médias que

frágil,

variam

condicionam

se

a

sociedade

baseiam

aproveitamento utilizando

das na

na

regional

busca

a

do

condições maior

parte

dos

casos,

de

15

a

40ºC

mínima

e

máxima

tecnologias rudimentares (ARAÚJO, 2011).

respectivamente (ARAÚJO, 2011; SUDENE, 2003).

Este trabalho teve como objetivo, reunir informações

Apesar do clima tropical do Brasil favorecer a

sobre a região semiárida do Nordeste brasileiro.

produção animal a pasto, também se torna um gargalo para a pecuária nacional. Principalmente

Aspectos relacionados às regiões áridas e semiáridas As zonas áridas e semiáridas são uma realidade em

pela estacionalidade da produção das pastagens,

que estão presentes em vários locais do globo

possui características particulares de outras regiões.

como também nas características edafoclimáticos de cada região, como no caso da região Nordeste que

terrestre. Essas regiões constituem um conjunto de formações naturais e complexas sendo diferenciadas 7016

Geralmente em um determinado período do ano ocor-

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7015-7018, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 439 – Particularidades da região Nordeste do Brasil- revisão de literatura

rem fases distintas, sendo um período de inverno

atividades econômicas ligadas à prestação de

onde ocorre excesso e outro período de escassez de

serviços, agricultura e à pecuária. Essas se baseiam

forragem na época da estiagem, sendo que em

na busca do melhor aproveitamento das condições

determinadas regiões a duração desses períodos

naturais desfavoráveis, ainda que apoiadas em base

varia ao longo do ano e dos anos subsequentes.

técnica frágil, utilizando na maior parte dos casos, tecnologias rudimentares (ARAÚJO, 2011).

Para evitar que a estacionalidade climática afete a produção animal, devem-se utilizar estratégias para

Assim, diante deste cenário a conservação de

suprir as necessidades de alimentos para os animais

forragem para alimentação animal seja na forma de

durante todo o ano e ainda mais durante o período

feno ou silagem, se torna indispensável em sistemas

de escassez de alimentos. O entendimento dos

de produção, na qual a produção de silagem se torna

processos que ocorrem para a conservação de

uma prática essencial, pois se consegue armazenar

forragens é essencial para a obtenção de volumosos

forragem no período das águas para ser usado no

conservados de qualidade (MONTEIRO et al., 2011).

período seco do ano. Para que essa técnica da produção de silagem se torne eficiente é preciso

Apresenta pluviosidade irregular durante o ano,

observar as características da forrageira a ser

apresentando variações ao longo dos anos, de tal

cultivada e a qualidade da silagem que se irá

forma que durante um ano, as chuvas podem se

produzir (MOREIRA et al., 2007).

concentrar em três a quatro meses, permanecendo o restante do ano praticamente escasso. Devido à

Segundo Silva et al. (2010), a disponibilidade de

irregularidade das chuvas, que é uma característica

forragem no Brasil oscila entre os extremos de

da região, ocorre um déficit hídrico onde o potencial

excesso e escassez, respectivamente em períodos

de

de chuva e seca, principalmente na região Nordeste,

evapotranspiração

é

maior

do

que

as

devido à sazonalidade climática acentuada.

precipitações (SUDENE, 2003). Apresentando

ao

No entanto, na região semiárida do Nordeste as

ambiente, as plantas da caatinga em sua maioria

vegetação

rústica,

adaptada

irregularidades das chuvas têm contribuído para que

apresentam espinhos e, ou acúleos, cutículas

os sistemas de criação dos produtores não alcancem

impermeáveis, armazenamento de água nas raízes,

resultados satisfatórios. Dessa forma, é importante

folhas e caules modificados, onde as diferenciações

analisar alternativas que sejam viáveis para a

anatomofisiológicas, como exemplo de cactáceas

alimentação animal, que constitui o principal fator

que promovem o fechamento dos estômatos nas

limitante

horas de temperaturas elevadas e sua abertura em

vegetação no período de estiagem e ao alto custo

temperaturas amenas, sendo classificadas em sua

dos insumos utilizados na dieta dos animais

maioria caracterizadas por apresentarem xerofilismo,

(CAVALCANTI et al., 2011).

à

produção,

devido

à

escassez

de

durante o período de estiagem apresentam-se em estágio de latência, grande parte da vegetação perde

CONSIDERAÇÕES FINAIS

suas folhas (caducifólia), anuais ou herbáceas como

A produção animal de pequenos ruminantes ainda

também arbustivas e arbóreas e utilizam as reservas

necessita aumentar bastante a sua qualidade e

adquiridas

durante

o

período

chuvoso

para

sobreviverem no período de estiagem aguardando as próximas chuvas. Os solos em sua maioria

quantidade, conhecer a caatinga e aprender a manejá-la de forma adequada são pontos chave

apresentam-se rasos e pedregosos, as poucas

para se obter sucesso na produção pecuária,

bacias

otimizar o uso de recursos naturais como água, solo

sedimentares

não

apresentam

fontes

abundantes de água (GIULIETTI et al., 2006; SALIN

e vegetação são essenciais para o atual cenário da

et al., 2012).

pecuária nacional, não apenas para a região Nordeste do Brasil mas também para as demais

As características do ambiente em questão condicio-

regiões do país.

nam a sociedade regional a viver principalmente de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7015-7018, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7017


Artigo 439 – Particularidades da região Nordeste do Brasil- revisão de literatura

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOREIRA, J.N.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F.;

ARAÚJO, S.M.S. A REGIÃO SEMIÁRIDA DO

Potencial de

produção de capim-buffel na época seca no

Possibilidades de uso Sustentável dos Recursos.

semiárido Pernambucano. Revista Caatinga, v.

Rios

Eletrônica

Revista

Cientifica

da

FASETE, n. 5, p. 89-98, 2011. CAVALCANTI, FLORENTINO,

M.T.;

SILVEIRA,

E.R.;

DA

20, n. 03, p. 22-29, 2007. SALAH, A.M.A.; PRASSE, R.; MARSCHNER, B.

SILVA,

D.C.;

Intercropping with native perennial plants protects

F.L.H.;

soil of arable fields in semi-arid lands. Journal of

MARACAJÁ, P.B. Caracterização biométrica e físico-química das sementes e amêndoas da

Arid Environments, n. 130, p. 1-13, 2016. SALIN,

T.C.;

FERREIRA,

R.L.C.;

DE

faveleira (Cnidosculus phyllacanthus (mart.) Pax.

ALBUQUERQUE, S.F.; DA SILVA, J.A.A.; ALVES

Et k. Hoffm.) com e sem espinhos. Revista Verde

JUNIOR, T. CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS

de

AGRÍCOLAS PRODUTIVOS NO SEMIÁRIDO

Agroecologia

e

Desenvolvimento

Sustentável, v. 06, n. 1, p. 41-45, 2011.

BRASILEIRO

GIULIETTI, A.M.; CONCEIÇÃO, A.; QUEIROZ, L.P. de.

Diversidade

e

caracterização

das

fanerógamas do Semiárido brasileiro, Recife: Associação Plantas do Nordeste, 2006. 488 p. INSTITUTO

BRASILEIRO

ESTATÍSTICA

DE

IBGE.

PARA

UM

PLANEJAMENTO AGROFLORESTAL. Revista Caatinga, Mossoró, v. 25, n. 2, p. 109-118, 2012. SILVA, N.V.; COSTA, R.G.; FREITAS, C.R.G.; ovinos em regiões semiáridas do Brasil. Acta

Censo

Veterinaria Brasilica, v. 4, n. 4, p. 233-241,

em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 26 Jun. 2016. MONTEIRO, I.J.G.; ABREU, J.G.; CABRAL, L.S.; RIBEIRO, M.D.; REIS, R.H.P. Elephant grass silage additives with alternative products. Acta Scientiarum, Animal Sciences n. 33, p. 347352, 2011.

BASES

E

GEOGRAFIA [2011].

COMO

GALINDO, M.C.T.; SILVA, L.S. Alimentação de

demográfico população de habitantes. Disponível

7018

ARAÚJO, G.G.L.; SILVA, G.C.

NORDESTE DO BRASIL: Questões Ambientais e

2010. Superintendência

de

Desenvolvimento

do

Nordeste - SUDENE - O Nordeste Semiárido e o Polígono das Secas. Recife, 2003. Disponível em: <http://www.sudene.gov.br/nordeste/index.html>. Acesso em: 10 de Jun de 2016. UNEP. World Atlas of Desertification. Edward Ardnold: Sevenoaks; 69. 1992.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7015-7018, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás Revista Eletrônica

Gado Bovino, impactos ambientais, responsabilidade ambiental. 1

Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Walison Peterson Santos Costa 2 Graciele Araújo de Oliveira Caetano 3 Messias Batista Caetano Júnior 4 Denise Gomes Barros Cintra 5 Alexandrina Benjamin Estevão de Farias ¹ Bacharel em Direito pela Faculdade de Jussara, FAJ, Jussara-GO. ² Doutoranda em Produção de Ruminantes. Universidade Federal de Goiás, UFG – EVZ, Goiânia-GO; Docente da Faculdade de Jussara, Jussara-GO. gracielecaetano@outlook.com. 3 Zootecnista, Especialista em Gerenciamento de Projetos. IFMG, Bambuí – MG. 4 Docente do curso de Ciências Contábeis – Faculdade de Jussara, FAJ, Jussara-GO. 5 Mestre em Direito Agrário. Universidade Federal de Goiás, UFG; GoiâniaGO.

RESUMO Em 2050, a produção mundial e o consumo de carne será quase o dobro da atual, podendo chegar a 475 milhões de toneladas por ano. Tais projeções são o resultado do crescimento da população humana, estimada em nove bilhões em 2050 e pelo aumento do poder de compra e qualidade de vida, também aumentará a demanda por proteína animal. O Brasil ocupa posição de destaque na produção de bovinos, pois possui o maior rebanho comercial do mundo, é o maior exportador de carne bovina e o segundo maior produtor. Dados estimam que em 2023, com o aumento da população e de sua renda, o país irá consumir 10,8 milhões de toneladas de carne, com um consumo de 50 kg/habitante/ano, com as exportações podendo chegar a 2,8 milhões toneladas. Para que seja possível atender a essa demanda, será necessário que a produção brasileira de carne bovina aumente ao montante de 13,6

se preocupando com o relacionamento entre o desempenho dos seus negócios e os efeitos causados ao meio ambiente e a partir disso busca incluir a dimensão ambiental em seu planejamento. É nesta perspectiva que o presente trabalho se embasa, pretendendo analisar os mecanismos de prevenção a riscos ambientais aplicados pelo direito na indústria de confinamento de bovinos. Assim, depois de investigar os impactos causados pela criação de gado e seus efeitos poluidores, que é o principal objetivo deste, tentaremos esclarecer os direitos dos produtores rurais e a legislação ambiental, de maneira geral, bem como sua utilização. Foi utilizada uma metodologia de pesquisa bibliográfica, com análise dos dados observados a partir do método dedutivo, tendo por hipótese a caracterização da necessidade do cumprimento das

milhões de toneladas em 10 anos. Apesar dos

normas ambientais e a eficiência de sua fiscalização como elementos essenciais a sustentabilidade

pontos positivos relacionados à economia, é importante entender que essa indústria é também

ambiental, especialmente em Goiás. Palavras-chave: Gado bovino,

responsável por graves contaminações ao meio ambiente. Com relação a isso, um número cada vez

ambientais, responsabilidade ambiental.

impactos

maior de empresas ligadas à produção pecuária está

7019


THE LEGAL-ENVIRONMENTAL REGIME APPLICABLE TO THE PRODUCTION OF CATTLE CONFINED IN GOIĂ S

serious environmental contamination. In this regard, an increasing number of companies involved in livestock

production

relationship

between

are the

worrying

about

performance

of

the their

ABSTRACT

businesses and the effects on the environment, and

In year 2050 world production and meat consumption

from that it seeks to include the environmental

will be almost twice as high as today and could reach

dimension in their planning. It is in this perspective

four hundred and seventy-five million tons/year. Such

that the present work is based, intending to analyze

projections are the result of human population growth

the mechanisms of prevention to environmental risks

estimated at nine billion by 2050 and by increasing

applied by the law in the industry of confinement of

purchasing power and quality of life, will also

cattle. Thus, after investigating the impacts caused

increase the demand for animal protein. Brazil

by livestock and its polluting effects, which is the

occupies a important position in global cattle

main objective of this, we will try to clarify the rights

production, as it has the largest commercial herd in

of farmers and environmental legislation in general,

the world, is the largest exporter of beef and the

as well as their use. It was used a bibliographic

second largest producer. Data estimate that in 2023,

research methodology, with data analysis observed

with the increase of the population and its income,

from the deductive method, with the hypothesis being

the country will consume 10.8 million tons of meat,

the characterization of the need to comply with

with a consumption of 50 kg / inhabitant / year, with

environmental norms and the efficiency of its

exports being able to reach 2.8 million tons . In order

inspection as essential elements of environmental

to meet this demand, Brazilian beef production will

sustainability, especially in GoiĂĄs.

need to increase to 13.6 million tons in 10 years. Despite the economic strengths, it is important to

Keyword: beef Cattle, environmental impacts, environmental responsibility.

understand that this industry is also responsible for

7020


Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás

INTRODUÇÃO

De acordo com os conceitos de poluição, a atividade

O agronegócio brasileiro cresce e ganha destaque

de confinamento de bovinos é uma atividade

no cenário mundial a cada ano, principalmente no

potencialmente importante, em virtude dos resíduos

que se refere à produção de gado de corte pelo fato

orgânicos produzidos (MANSO; FERREIRA, 2007).

que os produtores investem ano após ano na qualidade de seus rebanhos. A criação de gado de

Em Goiás, o Decreto Nº 1.745, de 06 de dezembro

corte vem se desenvolvendo cada vez mais na área

de 1979, trata da prevenção e controle da poluição

tecnológica, deixando para trás os sistemas rústicos

do meio ambiente, e a partir desse instrumento legal,

e primitivos, sempre prezando pela sustentabilidade

poderá

e obrigatoriamente de acodo com a legislação, seja

ampliação, bem como a operação ou funcionamento

no âmbito federal, estadual, municipal ou ainda

das fontes de poluição definidas neste regulamento;

internacional, já que é um grande exportar de carne

estudar e propor aos municípios, em colaboração

bovina.

com os órgãos competentes do estado, as normas a

“autorizar

a

instalação”,

construção,

serem observadas ou introduzidas nos Planos Sabe-se que a bovinocultura de corte brasileira

Diretores urbanos e regionais, no interesse do

ainda caracteriza-se pela criação extensiva com

controle da poluição e da preservação do meio;

baixo uso de insumos, resultado de um crescimento

fiscalizar as emissões de poluentes feitas por

histórico baseado na incorporação de novas áreas,

entidades públicas e particulares; dentre outras

devido à abundância de terras. Porém, as mudanças

atividades relevantes.

socioeconômicas que aconteceram desde o início da década de 1990, marcadas pela expansão da

Assim, é necessário o estudo de impacto ambiental

fronteira agrícola e pela crescente preocupação com

prévio

o meio ambiente, diminuíram a incorporação de

agropecuárias. Por esse motivo, o Art. 1, da

novas

Resolução 001/86 CONAMA, explana:

áreas,

e

pelas

críticas

dos

países

no

que

se

referem

às

atividades

importadores de carne, a pecuária partiu para um novo perfil tecnológico, com uso mais intensivo de

Artigo 1º - Para efeito desta Resolução,

capital.

considera-se

impacto

ambiental

qualquer alteração das propriedades Neste cenário, faz-se relevante estudar e analisar o

físicas, químicas e biológicas do meio

regime jurídico aos quais tais entidades precisam

ambiente, causada por qualquer forma

responder. O presente trabalho se justifica pela

de matéria ou energia resultante das

necessidade

atividades humanas que, direta ou

de,

juridicamente,

dizer

da

responsabilidade do produtor de gado bovino frente

indiretamente, afetam:

à responsabilidade ambiental. A escolha de gado

I - a saúde, a segurança e o bem-estar

bovino, em especial a criação desses animais em

da população;

confinamento, ocorreu por ser o que mais se pratica

II - as atividades sociais e econômicas;

no campo brasileiro e, especificamente no estado de

III - a biota;

Goiás.

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

A Legislação Ambiental em confinamentos de

V - a qualidade dos recursos ambientais

bovinos no estado de Goiás

(BRASIL, 1986).

Diante da inexistência ou ainda ineficácia dos

A partir do trecho destacado, pode-se concluir que a

instrumentos jurídicos que impõem controles rígidos

atividade possui, de fato, um considerável impacto

ao uso e ocupação do solo no Brasil, tem-se

ambiental, já que afeta ou pode afetar, tanto as

observado

produtivos,

pessoas, outros animais, além da qualidade dos

práticas que sejam inadequadas ou insuficientes,

recursos ambientais e as condições estéticas e

com a consequente geração de passivos ambientais,

sanitárias ambientais.

em

diversos

segmentos

e o caso dos confinamentos não é diferente. Em Goiás, o confinamento de bovinos em regime de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7021


Artigo 440- O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás

engorda para abate é uma prática que remonta a

Regulação do consumo de água

cerca de 10 anos. Para o proprietário confinador,

A atividade de confinamento consome alto volume

muitas vantagens são apresentadas, destacando-se

de água, já que se sabe que o consumo pode chegar

a redução da idade de abate do animal, aceleração

a mais de 50 litros/ animal/ dia (MANSO; FERREIRA,

do retorno do capital investido na engorda e a

2007).

redução da ociosidade dos frigoríficos na entressafra Dado o considerável volume de água consumido, é

(MANSO; FERREIRA, 2007).

necessária a outorga do uso da água, que em Goiás confinamento

pode ser encontrado através das Bases Jurídico-

normalmente alcança viabilidade econômica em

Institucionais que dão suporte ao processo de

determinado período do ano, dependendo da região.

outorga, relacionando as legislações que, direta, ou

Em Goiás, esse período ocorre entre os meses de

indiretamente, estão associadas ao mesmo, e

março a novembro, permitindo o giro de três lotes

identificando as suas ementas.

A

atividade

de

terminação

em

anuais (cada um com 90 dias), coincidindo com o período sem chuvas, e consequentemente a baixa

O Manual Técnico de Outorga da água de Goiás

disponibilidade de carne produzida a pasto. Isso não

(2015) apresenta quais as possibilidades de emissão

impede que aconteçam mais giros, dependendo

de outorga:

sempre do objetivo econômico do confinador. Para a emissão de outorgas de direito de Com relação ao meio ambiente, a produção animal

uso de recursos hídricos, o órgão gestor

tem sofrido pressão considerável para demonstrar

necessita

que os consumidores não estão expostos a riscos

disponibilidades hídricas em determinada

por práticas que poluam o meio ambiente e/ou que

bacia hidrográfica e, por meio de critérios

possam afetar de forma negativa a qualidade do

técnicos, verificar a possibilidade de

alimento produzido. Em alguns países, já há

atender

regulamentações em vigor, ou que entrarão em vigor

usuários da água, conhecendo os efeitos

em breve, para garantir que a produção animal

das respectivas intervenções autorizadas

aconteça de forma ambientalmente correta. Há

em relação a um estado antecedente do

muitos

corpo hídrico.

anos

os

nutricionistas

vêm

buscando

alternativas para a manipulação ruminal, com o intuito de diminuir os problemas relacionados com a produção de ruminantes, como a poluição ambiental pela

eliminação

de

metano,

e

os

distúrbios

metabólicos causados pela grande inclusão de concentrado nas dietas (CAETANO et al., 2016).

relevantes passíveis de regulação pelo ordenamento jurídico goiano estão relacionados à racionalização do uso do solo, já que evita o desmatamento por produzir em menor área. Em contrapartida, a criação intensiva causa o acúmulo de dejetos, o alto consumo de água, com a geração de resíduos e

consequentemente

proliferação

de

moscas, mosquitos, ou ainda poluição dos recursos hídricos.

Tais

fatores

detalhadamente a seguir.

7022

serão

às

e/ou

demandas

estimar

dos

as

diversos

Esse mesmo documento apresenta a análise técnica da demanda de água para dessedentação de animais, que variam de acordo com o tipo de produção, a ração, a composição da ração, etc. Esse documento corrobora com o volume de água consumido por animal, encontrado por Manso &

Para a atividade em questão os fatores mais

líquidos

conhecer

estudados

Ferreira (2007), já que apresentam em seu trabalho os indicadores de consumo racional da água para a atividade, relativos ao uso eficiente de recursos hídricos, conforme proposto na Nota Técnica no 364/2007/GEOUT/SOF-ANA,

que

no

caso

de

bovinos de corte vai do intervalo de 20l/animal/dia a 80 l/animal/dia. No que se refere à localização do empreendimento potencialmente poluidor junto as coleções hídricas em Goiás, a Lei nº 17. 684, de 29 de junho de 2012, que explana:

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás

Art. 1º As indústrias

potencialmente

poluidoras, bem como as construções ou

sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no estado de Goiás.

estruturas que armazenem substâncias

Tal decreto considera como poluente todas e

causadoras de poluição hídrica, serão

quaisquer formas de matéria ou energia lançada no

localizadas a uma distância mínima de

ambiente, e institui que cada propriedade será

200m (duzentos metros) de coleções

responsável pela destinação adequada dos resíduos

hídricas ou de cursos d‟água, salvo as

produzidos, já que estará proibido o lançamento ou a

instalações

liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo

portuárias

devidamente

aprovadas pelo órgão competente, que poderão

ser

(GOIÁS, 1979).

construídas

a

menor

depósitos

a

serem

conjunto de fezes, urina, água desperdiçada dos

estabelecidos acima do nível do solo,

bebedouros, água de higienização e resíduos de

para

ração, resultantes do processo de criação.

distância. Art.

Manso & Ferreira (2007) definem como dejetos o

Os

receber

líquidos

potencialmente

poluentes, deverão ser projetados e construídos

dentro

de

segurança

específicas,

Nas criações animais, principalmente aquelas que

como

mantêm os animais confinados, em suas fases

isolados por tanques, amuradas, silos

produtivas; resultam em volume considerável de

subterrâneos,

outros

dejetos, já que atuam em capacidade produtiva

com

máxima em um lugar limitado, e consequentemente,

capacidade e finalidade de receber e

o volume de dejetos será aumentado (DOMINGUES;

guardar

LANGONI, 2001).

dispositivos

normas bem

barreiras de

os

poluentes,

das

ou

contenção,

derrames oriundos

de

dos

líquidos processos

produtivos ou de armazenagem (GOIÁS,

Em criações animais em regime de confinamento, as

2012).

fezes acumuladas constituem um meio ótimo para a proliferação de moscas e mosquitos.

Assim, os resíduos de efluentes produzidos em confinamentos deverão estar a uma distância mínima de 200m dos cursos de água, para evitar o risco de contaminação com compostos presentes nas fezes e urina dos animais.

A lei federal nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providências, em seu Art. 54, aduz que causar poluição em níveis que resultem ou

O Art. 5 dessa mesma lei aduz que os órgãos municipais

deverão

examinar

os

projetos

e

processos com essas finalidades, remetendo ao órgão estadual de meio ambiente a cópia do

possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou a destruição significativa da flora:

parecer, para a interveniência, se necessário. Assim,

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e

atuam

multa.

em

conjunto

as

esferas

municipais

e

estaduais, quanto à proteção da água e o uso

§ 1º Se o crime é culposo:

racional da água para animais.

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Manejo adequado de resíduos e controle da

§ 2º Se o crime:

proliferação de moscas e mosquitos

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

A legislação goiana possui diversos instrumentos

II -

reguladores no que se refere a manejo de resíduos.

provoque

Dentre eles, destaca-se o Decreto nº. 1.745, de 06

momentânea, dos habitantes das áreas

de dezembro de 1979, que aprova o regulamento da

afetadas, ou que cause danos diretos à

Lei nº. 8.544, de 17 de outubro de 1978, que dispõe

saúde da população;

causar

poluição a

atmosférica que

retirada,

ainda

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

que

7023


Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás

III - causar poluição hídrica que torne

instalação e operação de equipamentos automáticos

necessária a interrupção do abastecimento

de medição com registradores, nas fontes de

público de água de uma comunidade;

poluição do ar, para monitoramento das quantidades

[...] V - ocorrer por lançamento de resíduos

de poluentes emitidos, cabendo aos órgãos, à vista

sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos,

dos

óleos ou substâncias oleosas, em desacordo

funcionamento”

com as exigências estabelecidas em leis ou

confinamentos, ainda não existe muito controle

regulamentos:

quanto aos resíduos liberados ao ar, e por isso, não

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

há registros de propriedades que possuem tais

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no

equipamentos, talvez por estarem distantes dos

parágrafo anterior quem deixar de adotar,

centros urbanos.

quando

assim

o

exigir

a

respectivos

registros,

(GOIÁS,

fiscalizar

1979).

No

caso

seu de

autoridade

competente, medidas de precaução em caso

Prevenção da poluição do solo

de risco de dano ambiental grave ou

O Decreto N° 1.745, de 06 de dezembro de 1979,

irreversível (BRASIL, 1998).

em seu Título IV apresenta regulamentação no que se refere à poluição do solo. O art. 57 desse Decreto

Tal Lei federal aplica-se na atividade confinadora

proíbe

goiana, já que todo aquele que causar a poluição,

infiltrar ou acumular, no solo, resíduos em qualquer

deverá responder pelo dano causado a partir das

estado de matéria, desde que sejam poluentes.

respectivas penas.

Assim, o solo poderá ser usado se os resíduos não

depositar,

dispor,

descarregar,

enterrar,

forem poluentes, mas é vedada a disposição de Normas para utilização e preservação do ar

resíduos

As normas para utilização e preservação do ar em

destinação adequada na propriedade.

poluentes,

sendo

que

deverão

ter

Goiás e suas regulações são encontradas no Título III, do Decreto N° 1.745, de 06 de dezembro de

O lixo „in natura‟ deve ser usado preferencialmente

1979, que divide o território do Estado de Goiás em

na agricultura ou para alimentação de animais

16 regiões, denominadas regiões de controle de

(GOIÁS, 1979). Entende-se que o legislador quando

qualidade do ar.

apresenta o termo lixo “in natura” refere-se aos restos de alimentos tanto os utilizados pelas pessoas

Tal lei considera em seu art. 27 em termos de

quanto pelos animais. Assim, confinamentos deverão

poluição do ar quando qualquer valor máximo dos

possuir destinação adequada que não poluam o

padrões

solo, preservando as características físico-químicas

de

qualidade

do

ar

nelas

estiver

ultrapassado e, além disso, que a FEMAGO

e orgânicas.

(Fundação Estadual do Meio Ambiente de Goiás) poderá

estabelecer

exigências

especiais

para

CONSIDERAÇÕES FINAIS

atividades que lancem poluentes. As

principais

normativas

e

leis

goianas

que

Tal dispositivo proíbe a queima ao ar livre de

correspondem às atividades do setor agropecuário

resíduos sólidos, líquidos ou de qualquer outro

são apresentados no Manual Técnico Secretaria de

material combustível, exceto mediante autorização

Meio Ambiente do estado, mas ainda que existam

prévia da SEMAGO (Secretaria Estadual do Meio

específicas para a atividade de criação de aves e

Ambiente de Goiás), para Treinamento de combate

suínos, não existem específicas para bovinos, o que

a incêndio; Evitar o desenvolvimento de espécies

deve ser repensado pelos legisladores, dada a

indesejáveis, animais ou vegetais, como proteção à agricultura e à pecuária (GOIÁS, 1979), assim prevenindo incêndios e preservando a qualidade do ar.

atividade.

Existem,

por

exemplo,

algumas

regulamentações para solo, resíduos e água, mas não há caracterização específica para esses fatores

Em casos necessários, a SEMAGO poderá exigir “A 7024

representatividade e potencial impacto ambiental da

em estabelecimentos confinadores, por exemplo.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás

Além disso, outro fator de importância diz respeito ao

CAETANO, Graciele Araújo de Oliveira; CAETANO

preparo dos animais para o confinamento, que

JÚNIOR, Messias Batista. O Estado da Arte da

pretende

para

Nutrição de Ruminantes. Revista PUBVET,

responder a um trato específico e intensivo na forma

Londrina/PR. Artigo aceito com previsão para

de ganho rápido de peso. O animal como sujeito de

publicação em março de 2017.

deixá-los

em

boas

condições

direitos deve seguir os protocolos sanitário, alimentar e ambiental, visando o bem estar na criação até o abate humanitário.

DOMINGUES,

Paulo;

LANGONI,

Hélio. Manejo

sanitário animal. Epub, Rio de janeiro, 2001. GOIÁS.

Superintendência

Qualidade

Ambiental

De –

Manual

Licenciamento Sla

De

Faz-se necessária mais atenção ao setor, para o

Licenciamento

desenvolvimento de leis específicas, não somente ao

Ambiental

meio ambiente natural, mas ao meio ambiente

http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2015

laboral e artificial, de modo que a atividade resulte

-09/manual_nlicen-1.pdf>. Acesso em 04 set.

em menores prejuízos ambientais.

2016.

,

2015.

De

Núcleo

E

Licenciamento

Disponível

em:

<

__________. Lei nº 17.684, de 29 de junho de 2012. Estabelece normas para a localização de

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

empreendimentos

potencialmente

poluidores

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente.

junto a coleções hídricas no Estado de Goiás,

Resolução 001/86 CONAMA. Diretrizes gerais

para fins de proteção ambiental, e dá outras

para uso e implementação da Avaliação de

providências.

Impacto Ambiental como um dos instrumentos da

__________. Decreto N° 1.745, de 06 de

Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível

dezembro

em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res8

<http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinar

6/res0186.html>. Acesso em 08 out. 2016.

ias/2012/lei_17684.htm>. Acesso em: 08 out.

__________. Agência Nacional de águas. Nota

de

1979.

Disponível

em:

2016.

Técnica no 364/2007/GEOUT/SOF-ANA. Outorga

MANSO, Kennia Regina de Jesus; FERREIRA,

de Direito e uso dos Recursos Hídricos. Brasília,

Osmar Mendes. Confinamento de Bovinos:

2007.

Estudos

do

<http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/

Agência

Brasileira

Catalogo/2012/OutorgaDeDireitoDeUsoDeRecursos

Disponível

Hidricos.pdf>. Acesso em 10 out. 2016.

<http://www.abccriadores.com.br/newsite/images/

Disponível

em:

gerenciamento de

de

resíduos.

confinadores,

2007. em:

__________. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de

Artigos/confinamento%20de%20bovinos.pdf>.

1998.

Acesso em: 25 set. 2016.

Dispõe

sobre

as

sanções

penais

e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas

ao

meio

ambiente,

e

outras

providências.Disponívelem:<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 01 out. 2016.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7025


Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento Revista Eletrônica Milho floculado, amido, energia, digestibilidade, rúmen. 1

Camila Flávia de Assis Lage Hilton do Carmo Diniz Neto² 3 Victor Marco Rocha Malacco 4 Sandra Gesteira Coelho

Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Doutoranda em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG E-mail: camilassislage@yahoo.com.br 2 Mestrando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 3 Doutorando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 4 Profa. Associada, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG.

RESUMO O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho, sendo a maior parte da sua produção

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

CHARACTERISTICS AND PROCESSING OF CORN GRAIN AND ITS USE IN THE CONCENTRATE OF SUCKLING CALVES

destinada a alimentação animal. O processamento dos grãos do milho refere-se aos métodos físicos e

ABSTRACT

químicos que visam potencializar a fermentação do

Brazil is one of the world's largest producers of

amido no rúmen, além de minimizar as limitações da

maize, with most of its production destined for animal

digestão do amido no intestino delgado dos

feed. Corn grain processing refers to physical and

ruminantes. A maior degradação do amido no

chemical methods to enhance the fermentation of

rúmen melhora o suprimento de proteína microbiana

starch in the rumen and to minimize the limitations of

e a produção de energia, na forma de ácidos graxos

starch digestion in the small intestine of ruminants.

voláteis (AGV). Em bezerros em aleitamento, o

Higher degradation of starch in the rumen improves

aumento na produção de AGV pode favorecer o

the supply of microbial protein and energy production

desenvolvimento do rúmen e o

in the form of volatile fatty acids (VFA). In calves, the

aumento no

consumo de concentrado nessa categoria. Nesta

increase

revisão,

principais

development of the rumen and the increase in the

processamentos dos grãos do milho e sua utilização

consumption of starter in this category. In this review,

no concentrado de bezerros em aleitamento são

the characteristics and main processes of corn grains

apresentados e discutidos.

and their use in the concentrate of suckling calves

Palavras-chave: milho floculado, amido, energia,

are presented and discussed.

digestibilidade, rúmen.

Keyword: flocculated digestibility, rumen.

7026

as

características

e

os

in

AGV

production

corn,

may

favor

starch,

the

energy,


Artigo 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento

INTRODUÇÃO

formada por material lignocelulósico (2% do grão).

O milho é um cereal que tem como principal

O pericarpo (5%) confere proteção ao ambiente e é

componente o amido (65 a 72% da matéria seca). É

formado

extensivamente utilizado na alimentação humana e

hemicelulose.

animal, sendo cultivado em várias partes do mundo.

grão onde se encontra o embrião (11%), e é

O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do

constituído principalmente de lipídeos e proteínas,

mundo e espera-se produção de cerca de 87,4

além de vitamina E, minerais e açúcares (Paes,

milhões

safra

2006). O endosperma constitui 82% do grão de

2016/2017, com aumento esperado de 24% em

milho e é uma importante região de estocagem de

relação à safra de 2015/2016 devido a maior

energia onde se concentra 98% do amido, e em

ocorrência de chuvas esperadas neste período

menor

(CONAB, 2017). Em torno de 75% da produção é

lipídeos, vitaminas e minerais. O endosperma pode

destinada a alimentação animal (MAPA; SPA; IICA,

ser classificado como vítreo (córneo) e farináceo

2007).

(denso) de acordo com a distribuição proteica e dos

de

toneladas

de

milho

na

essencialmente

por

celulose

e

O gérmen é a parte vegetativa do

proporção

é

constituído

de

proteínas,

grãos de amido (Gonçalves et al., 2009). A O processamento de grãos refere-se aos métodos

diferença marcante entre os dois tipos é a presença

de

visa

de matriz proteica circundando os grânulos de

principalmente à melhoria da digestibilidade e da

amido presente no endosperma vítreo, o que não

palatabilidade dos alimentos ou inativação de

ocorre no endosperma farináceo, no qual os

fatores

o

grânulos de amido estão dispersos (Paes, 2006). O

processamento do milho potencializa a fermentação

milho duro possui o endosperma completamente

do amido no rúmen e minimiza as limitações da

vítreo, o farináceo, completamente farináceo, e o

digestão

dentado possui a parte central farinácea e as

preparação

para

a

antinutricionais.

do

aumentando

amido a

alimentação

Para

no

ruminantes,

intestino

digestibilidade

e

em

delgado, ambos

os

laterais vítreas.

compartimentos. A maior degradação do amido no proteína

A digestibilidade do amido presente no grão de

microbiana e a produção de energia, na forma de

milho é limitada pela matriz proteica presente no

ácidos graxos voláteis (AGV) (Ferrareto et al.,

endosperma, que dificulta o ataque enzimático,

2013). Em bezerros em aleitamento, o aumento na

principalmente no vítreo (Lopes et al., 2009). A

produção

parte

rúmen

melhora

de

o

suprimento

AGV

pode

de

favorecer

o

mais

importante

dessa

matriz são

as

desenvolvimento das papilas ruminais e o aumento

prolaminas (no grão de milho chamadas zeínas),

da

que são proteínas

palatabilidade

aumentar

o

pode

consumo

ser de

importante

concentrado

para nessa

com

alta concentração de

prolina (Larson & Hoffman, 2008). A prolina é um aminoácido hidrofóbico e as proteínas com elevado

categoria.

teor

de

prolina

desenvolvem

mesma 2008),

processados na dieta de vacas em lactação, no

dificultando o acesso das bactérias ruminais ao

entanto as pesquisas durante a fase de aleitamento

amido, uma vez que o rúmen é um ambiente

são

líquido.

características

Objetiva-se e

revisar

descrever os

as

&

essa

Existem muitos estudos sobre o uso de grãos

restritas.

(Larson

Hoffman,

característica

principais

processamentos dos grãos do milho e sua utilização

Outro

ponto

importante

que

interfere

na

no concentrado de bezerros em aleitamento.

digestibilidade do amido é a proporção de amilose e amilopectina. Essas moléculas são mantidas unidas

CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DO MILHO E DO AMIDO O grão de milho é formado por quatro partes:

pelas pontes de hidrogênio, resultando em grânulos

endosperma, gérmen (embrião), pericarpo (casca)

íntegras (Nocek & Tamminga, 1991). Amilopectina é

e ponta (Paes, 2006). A ponta é a menor estrutura

o

do grão, com função de conexão ao sabugo e é

constituindo cerca de 70 a 80%, sendo o principal

de amido com estruturas altamente organizadas e baixa capacidade de absorção de água quando componente

componente

do

mais milho

abundante

no

(Huntington,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

amido, 1997). 7027


Artigo 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento

A

digestibilidade

do

amido é

inversamente

As principais formas de processamento do grão de

proporcional ao teor de amilose, sendo que fontes

milho são:

de amido com maiores teores de amilopectina,

Moagem (ground corn): Processo de redução do

podem apresentar maior digestibilidade (Jobim et

tamanho de partículas a partir da força do impacto

al., 2003).

corte ou atrito, seguido de peneiramento podendo este apresentar aspecto fino ou grosseiro (Mourão

Nas principais regiões do mundo o tipo de milho

et al., 2012). Ocorre a eliminação do pericarpo,

mais cultivado é o farináceo (Dent Zea mays ssp).

que constitui uma barreira física, redução do

Já no Brasil, é predominantemente o duro (Flint

tamanho das partículas, aumentando a superfície de

Zea mays ssp) (Cruz et al.,2012). De acordo com

contato

Lima (2001), a preocupação dos melhoristas de

ruminais e enzimas digestivas e redução do tempo

vegetais com a sanidade das plantas, fez com

de permanência no rúmen.

do

alimento

com

os

microrganismos

que estes preferissem as variedades duras e semiduras. Sendo assim, principalmente no Brasil, é

Laminação a seco: (dry rolled corn): o grão

importante estudar os métodos de processamento

inteiro é quebrado em pedaços menores, após

que melhorem a disponibilidade do amido no rúmen

passar por um rolo cujo ajuste estabelece a

e suas implicações no desempenho e saúde das

intensidade da quebra. Como na moagem, o grão

diversas categorias animais.

sofre modificação somente na estrutura física, embora de forma mais branda.

MÉTODOS DE PROCESSAMENTO DO MILHO GRÃO

Laminação a vapor (steam-rolled corn): Os grãos

As várias formas de processamento do grão de

são mantidos por 15 a 20 minutos em um

milho podem mudar o seu valor nutritivo pela

condensador, onde recebem o contato do vapor, a

mudança

no local e intensidade de digestão

uma temperatura de 90 a 95°C, elevando a sua

(Gonçalves et al., 2009). Isso pode ocorrer, por

umidade para concentrações entre 17 e 20%. Em

exemplo, pelas alterações físicas (ex: moagem) que

seguida,

rompem as barreiras de acesso ao amido, facilitando

compressores, onde ocorre a laminação, gerando

o

grãos

acesso

enzimático

e

consequentemente

o

de

o

milho 1,5

a

é

direcionado

2,4

mm

de

aos

rolos

espessura.

processo de digestão (McAllister et al., 1994). Já as

Posteriormente, os grãos laminados e parcialmente

alterações químicas são resultantes de processos

gelatinizados são submetidos à secagem (Pereira &

que mudam a estrutura dos componentes como o

Antunes, 2007).

rompimento das pontes de hidrogênio que mantém os polímeros de glicose unidos, o que permite maior

Floculação a vapor (steam-flaked corn): Os grãos

absorção de água (gelatinização dos grânulos de

são mantidos no condensador por 30 a 60 minutos,

amido) resultando em melhor digestão enzimática

a temperatura entre 90 e 105°C, o que eleva a

(Firkins et al., 2001). Condições do processamento tais como, o tamanho de partícula, o tempo de fermentação e extensão da gelatinização, podem interferir na digestibilidade do amido e no local de digestão (Huntington, 1997). O uso de grãos intensamente processados pode ser prejudicial por causar queda de pH do rúmen, que pode causar reduções na digestibilidade de carboidratos fibrosos, queda no consumo e acidose ruminal (Ferrareto et al., 2013). O processamento a ser selecionado

com

base

no

utilizado é

aumento

de

umidade do milho para 20 a 24% e intensifica o processo

de

gelatinização.

Além

dos

rolos

laminadores, os grãos passam por um segundo par de rolos, ajustados de forma a comprimirem com maior intensidade os grãos, deixando-os com espessura próxima de 0,9 a 1,1 mm (Pereira & Antunes, 2007). Extrusão

(Extruded

corn):

Assemelha-se

à

laminação a vapor, porém os grãos são moídos antes do tratamento a vapor e passam por uma rosca sem fim, de onde são extrusados através de

digestibilidade, aceitabilidade pelo animal, custo, e

orifícios aonde o alimento vai se expandindo na

probabilidade de causar disfunções digestivas. As

direção em que ele é expelido. A expansão sofrida

7028

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento

pelos grãos causa ruptura dos grânulos de amido

milho foi substituído por milho laminado a vapor que

(Gonçalves et al., 2009).

teve

ganho

de

desenvolvimento UTILIZAÇÃO DE MILHO PROCESSADO NO CONCENTRADO DE BEZERROS EM ALEITAMENTO: A utilização de milho processado na dieta de bezerros em aleitamento é um tema com pouca informação disponível na literatura e resultados controversos. Por muito tempo, assumiu-se que os resultados encontrados em

experimentos com

ruminantes adultos se aplicavam aos animais com trato gastrointestinal em desenvolvimento, mas diferenças em população microbiana, capacidade digestiva e cinética de digestão podem causar diferenças

nos

resultados

entre

essas

duas

categorias (Lesmeister & Heinrichs, 2004).

O

consumo de alimento sólido, principalmente rico em carboidratos fermentáveis, é um fator importante no estabelecimento da microbiota, produção de AGV e consequentemente desenvolvimento ruminal dos bezerros. Fatores que afetem o consumo ou a digestibilidade dos alimentos podem influenciar na taxa desse desenvolvimento (Zhang et al., 2010). Um trabalho clássico sobre a utilização de milho processado na dieta de bezerros em aleitamento foi publicado por Lesmeister & Heinrichs, (2004). Nesse trabalho os pesquisadores avaliaram o desempenho

de

bezerros

em

aleitamento

alimentados com quatro concentrados diferentes em que 33% do milho era substituído por: milho inteiro, laminado a seco, laminado a vapor, ou floculado. Os animais foram aleitados convencionalmente (sucedâneo a 10% do peso vivo divididos em duas refeições diárias) até 28 dias, quando foram desaleitados abruptamente, e continuaram sendo avaliados até 42 dias de idade. O consumo de concentrado aumentou

nas dietas com

milho

laminado a seco seguidas pelo milho inteiro, mas pouco

efeito

desenvolvimento

foi

observado corporal

no ou

peso

final,

parâmetros

sanguíneos sendo semelhantes entre os grupos. O desenvolvimento do rúmen e concentração de AGV no sangue e no rúmen foi maior na dieta com

peso,

eficiência

ruminal

alimentar

similares

as

e

outros

tratamentos e maiores ganhos em desenvolvimento corporal e maior produção ruminal de butirato quando comparado aos outros três tratamentos, apesar do menor consumo. Nucio et al. (2003) avaliaram simultaneamente a utilização

de

dois

processamentos

de

milho

(floculado x laminado a vapor) associados ou não com a inclusão de monensina em um experimento fatorial 2x2. Foram utilizadas 32 fêmeas até a 12ª semana de idade e 16 machos fistulados que foram abatidos na 10ª semana de idade. Os animais receberam 4 litros de leite/ dia divididos em duas refeições até o desaleitamento (6ª semana para as fêmeas e 8ª semana para os machos). Os animais recebiam concentrado e água a vontade e após o desaleitamento passaram a receber feno ad libitum. O processamento de grãos não afetou o consumo, peso final e ganho médio diário das fêmeas. Também

não

houve

efeito

na

concentração

plasmática de glicose e de AGV. Os animais que receberam milho laminado a vapor tiveram menor teor de nitrogênio plasmático, o que poderia estar ligado ao melhor aproveitamento da amônia ruminal pelos

microrganismos

ruminais

devido

à

disponibilidade de energia no rúmen. Nos machos, também não foram observadas diferenças no consumo e desempenho, mas a concentração molar de propionato foi maior para animais recebendo grão laminado. A autora considerou tendência de maior concentração molar de AGV total (P = 0,11) e butirato (P = 0,13) e maior peso de retículo rúmen em animais recebendo grão laminado e monensina. Bateman et

al. (2009) avaliaram três diferentes

concentrados texturizados que tinham como base os mesmos ingredientes e diferiam em: milho inteiro, floculado ou laminado a seco, 80 a 86% das partículas contidas no concentrado tinham acima de 1,180 µm. Foram utilizados 16 animais por grupo. Não foram encontradas diferenças em nenhum dos parâmetros avaliados.

milho floculado, mas com influência negativa em consumo, desenvolvimento corporal e eficiência alimentar. O resultado mais equilibrado foi dos animais alimentados com concentrado em que o

Zhang et al. (2010) avaliaram o desempenho de bezerros da 3ª até a 13ª semana de idade alimentados com concentrados iniciais comerciais

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7029


Artigo 441- Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento

peletizados contendo: milho e soja extrusados,

a

de

grão

duro,

que

milho e soja floculados ou milho e soja moídos. Os

digestibilidade quando inteiro.

tem

menor

animais receberam leite integral a 10% do PV divido em 3 refeições diárias. O fornecimento era

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

reduzido 0,25 a 0,5 kg a cada três dias e os

BATEMAN, H.G.; HILL, T.M.; ALDRICH, J.M.;

animais

foram

desaleitados

quando

atingiram

SCHLOTTERBECK, R.L.

Effects of corn

consumo de 700g de concentrado por dia por dois

processing, particle size, and diet form on

dias

performance of calves in bedded pens. J.

consecutivos.

Não

houve

diferença

em

consumo, desempenho e parâmetros sanguíneos

Dairy Sci., v.92, p.782-789, 2009.

até o desaleitamento. No pós-desaleitamento os

CRUZ, J.C.; PEREIRA FILHO, I.A.; GARCIA,

animais que ingeriram a dieta com grãos floculados

J.C.; DUARTE, J.O. Cultivo do milho 2012.

tiveram maior eficiência alimentar (P = 0,05), e

Disponível

menor consumo, porém, sem diferença significativa.

<http://www.cnpms.embrapa.br/

Os animais do grupo floculado ficaram menos dias

/milho _8_ed/ cultivares.htm> Acesso em:

doentes do que os outros grupos.

13/11/2016.

em publicacoes

FERRARETTO, L.F.; CRUMP, P.M.; SHAVER, Franzoni (2012) testou três concentrados para

R.D. Effect of cereal grain type and corn grain

bezerros que continham: 100% do milho floculado,

harvesting and processing methods on intake,

30% de milho quebrado e o restante do milho

digestion, and milk productio n by dairy cows

moído e 100% milho moído. Foram utilizados 18

through a meta-analysis. J. Dairy Sci., v.96,

animais por tratamento, dos quais seis foram abatidos em cada período (30, 60, 90). Os animais

p.533-550, 2013. FIRKINS,

J.L.;

EASTRIDGE,

M.L.;

ST-

receberam 4 litros de sucedâneo (1,7 mcal/dia) e

PIERRE, N.R.; NOFTSGER, S.M. Effects

aos 60 dias foram desaleitados abruptamente. Os

of grain variability and processing on starch

animais do grupo que recebeu 30% milho quebrado

utilization by lactating dairy cattle. J. Anim.

e 70% milho farelado tiveram maior pH ruminal médio (6,8), peso final semelhante aos do grupo

S., v.79, p.218-238, 2001. FRANZONI, A.P.S. Efeito do processamento do

floculado e superior ao farelado e maior tamanho de

milho

papilas que o grupo floculado e semelhante ao

desempenho de bezerros e digestibilidade

do farelado, sendo o tratamento com resultado

in vitro do grão. 2012. 139 p. Dissertação

mais satisfatório. Os animais do grupo farelado

(Mestrado

tiveram

Veterinária, Universidade Federal de Minas

menor

principalmente

peso

com

o

final, baixo

relacionado consumo

de

no

desenvolvimento

em

Zootecnia)

do

rúmen,

Escola

de

Gerais, Belo Horizonte.

concentrado, principalmente até a 9ª semana,

GONÇALVES, L.C.; BORGES, I.; FERREIRA,

provavelmente pela menor preferência dos bezerros

P.D.S. (Ed). Alimentos para gado de leite: FEPMVZ, 2009. 568p. (p. 240-269).

por dietas fareladas.

HUNTINGTON

B.

G.

Starch

utilization

by

CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de grão processado em ração inicial de

ruminants: from basis to de bunk. J. Anim.

bezerros em aleitamento afeta a digestibilidade do

JOBIM C.C.; BRANCO A.B.; SANTOS G.T.

amido e o desenvolvimento de rúmen dos animais.

Silagem de grãos úmidos na alimentação de

As

trabalhos

bovinos. In: V SIMPÓSIO GOIANO SOBRE

relacionados ao processamento e forma física em

MANEJO E NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE

que esse alimento é apresentado para os animais

CORTE E LEITE, 2003, Goiânia. p. 357-376.

diferenças

metodológicas

nos

dificulta a comparação entre os

Sci., v.75, p.852-867, 1997.

trabalhos.

O

LARSON, J.; HOFFMAN, P.C. Technical Note:

concentrado

de

A method to quantify prolamin proteins in

bezerros pode ser particularmente interessante no

corn that are negatively related to starch

Brasil, uma vez que a variedade mais utilizada é

digestibility in ruminants. J. Dairy Sci., v.91,

processamento

de

grãos

no

p.4834-4839, 2008. 7030

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 441- Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento

LESMEISTER K.E.; HEINRICHS A.J. Effects of corn processing on growth characteristics, development, neonatal

and

rumen

dairy calves.

rumen

parameters

in

J. Dairy Sci., v.87,

NUSSIO,

C.M.B.;

ZOPOLLATTO, fermentation

SANTOS, M.

et

al.

parameters

measurements

of

the

F.A.Z.; Ruminal

and

metric

rumen

of

dairy

calves fed processed corn (steam-rolled vs.

p.3439–3450, 2004. LIMA, G.J.M.M. Milho e subprodutos na alimentação animal. In: SIMPÓSIO SOBRE INGREDIENTES NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL, Campinas, 2001.

steam-flaked)

and

monensin.

R.

Bras.

Zootec., v.32, p.1021-1031, 2003 (a). PAES, M.C.D. Aspectos físicos, químicos e tecnológicos do grão de milho. Sete Lagoas,

Anais... Campinas: CBNA, 2001. p. 13-32. LOPES, J.C.; SHAVER, R.D.; HOFFMAN, P.C. Type of corn endosperm influences nutrient digestibility in lactating dairy cows. J. Anim. Sci.,

MG:

EMBRAPA/CNPMS,

MCALLISTER, T.A.; BAE, H.D.; JONES, G.A.;

p.1-6,

PEREIRA, L.G.R.; ANTUNES, R.C.O milho na alimentação

v.92, n.9, p.4541-4548, 2009.

2006.

(Circular Técnica, 75). de

gado

de

leite.

In:

IV

SIMPÓSIO MINEIRO DE NUTRIÇÃO DE

CHENG, K. J. Microbial attachment and feed

GADO DE LEITE.

digestion in the rumen. J. Anim. Sci., v.72,

Escola de Veterinária, UFMG, 2007. p. 49-70. RELATÓRIO

p.3004–3018, 1994.

Belo Horizonte, MG: CONAB.

<

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E

http://www.conab.gov.br/conteudos.php/conteudo

ABASTECIMENTO – MAPA; SECRETARIADE

s.php?a=1253&t=2 >Acessado em 21/02/2017

POLÍTICAS AGRICOLA – SPA; INSTITUTO

às 11:08.

INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A

AGRICULTURA

IICA.

Série

ZHANG, Y.Q.; HED, C.H.; MENG, Q.X. Effect of a mixture of steam-flaked corn and soybeans

Agronegócios, Cadeia Produtiva do milho, v.1,

on

2007.

metabolism

health,

growth,

Holstein

selected calves.

blood

J

Dairy

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7031

MOURÃO, R.C.; PANCOTI, C.G.; MOURA, A.M.

of

and

Sci.,v.93, p.2271-2279, 2010.

et al. Processamento do milho na alimentação de ruminantes. Pubvet (online)., v. 6, n.5, Ed. 192, Art. 1292, 2012. NOCEK, J.E.; TAMMINGA, S. Site of digestion of starch in the gastrointestinal tract of dairy cows and its effect on milk and composition. J. Dairy Sci., v.74, p.3598-3629,1991. NUSSIO, C.M.B.; SANTOS, F.A.Z.; ZOPOLLATTO, M. et al. Corn processing (steam- flaked vs. steam-rolled) and monensin for pre and post early weaning dairy calves. R Bras Zootec., v.32, p.229-239, 2003 (b).


Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos Alimentação, desempenho, lisina, proteína bruta, síntese proteica. 1

Jansller Luiz Genova 2 Isabela Ferreira Leal 3 Paulo Evaristo Rupolo 3 Luiz Eduardo dos Reis 3 Vitor Maximo Barbosa

Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Doutorando em Zootecnia, PPZ/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR. E-mail: jansllerg@gmail.com Mestranda em Zootecnia, PPZ/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR. 3 Graduandos em Zootecnia, UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR.

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

2

Revista Eletr

RESUMO

LIMITING AMINO ACIDS IN THE SWINE

O crescimento industrial e significativo da suinocultura

NUTRITION

está ligado aos avanços do melhoramento animal, bem-

ABSTRACT

estar, manejo, da nutrição e sanidade. A alimentação

The significant and industrial growth of swine

representa aproximadamente 75-80% dos custos de

production is linked to advances in animal breeding,

produção de suínos no Brasil, da qual as fontes

welfare, management, nutrition and sanity. The

proteicas participam com 1/4 destes custos. A

alimentation represents approximately 75-80% of

estratégia de utilizar a redução dos níveis de

swine production costs in the Brazil, which the

proteína bruta, com suplementação de aminoácidos sintéticos

(industriais),

pode

proporcionar

uma

melhor relação de aminoácidos, menor custo e diminuir possíveis efeitos negativos devido aos altos níveis proteicos utilizados em rações para suínos. A relação entre aminoácidos tem uma particularidade, de forma que um único aminoácido impede o

protein sources participate with approximately 1/4 of that cost. The strategy of use reduced levels of crude protein, supplemented with synthetic amino acids (industrial), can provide a better amino acid relation, less cost and reduce possible negative effects due to high levels of crude protein used in swine diets. The relationship between amino acid has a particularity so that a single amino acid prevents maximum

máximo aproveitamento de outro. Os aminoácidos

utilization of another. The limiting amino acids are

limitantes são aqueles que estão presentes na dieta

those that are present in limited concentration in the

em

máximo

diet for maximum animal performance and protein

desempenho animal e síntese proteica. Assim,

synthesis. Even if all the essential amino acids are

mesmo que todos

essenciais

contained in the diet, in balanced amounts, but with

quantidades

exception of a unique and this is a limiting, protein

balanceadas, mas com exceção de um único e esse

synthesis is not fulfilled. In this context, the aim of

é um limitante, a síntese proteica não será cumprida.

this review is to characterize the limiting amino acid

Neste

for swine, its functions and results of some

concentração

estejam

limitada

contidos

contexto,

os na

o

para

aminoácidos dieta,

objetivo

em

desta

o

revisão

é

caracterizar os aminoácidos limitantes para suínos,

experiments in the literature.

suas funções e resultados de alguns experimentos

Keyword: alimentation, performance, lysine, crude

na

protein, protein synthesis.

literatura.

Palavras-chave:

alimentação,

desempenho, lisina, proteína bruta, síntese proteica.

7032


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

INTRODUÇÃO

As fórmulas nutricionais utilizadas para confecção de

O crescimento industrial e significativo da suinocultura

dietas

está ligado aos avanços tecnológicos, melhorias na

ingredientes primários o milho, a soja e seus

genética, conhecimento preciso das necessidades

produtos processados. O milho, alimento energético,

nutricionais, a preocupação do bem-estar animal e um

possui deficiência expressiva em lisina e triptofano,

manejo adequado para se obter melhores índices

enquanto outros cerais, como sorgo, cevada e trigo

zootécnicos (COLONI, 2013).

são deficientes em lisina e treonina. Para a soja, o

para

suínos

têm

basicamente

como

aminoácido limitante é a metionina. A alimentação representa aproximadamente 75-80% dos custos de produção de suínos no Brasil, da qual

Com isso, em dietas a base de milho e farelo de

as

soja, os aminoácidos limitantes para suínos são

fontes

proteicas

aproximadamente

1/4

contribuem

deste

custo.

com

Então,

é

lisina, metionina e treonina/triptofano, classificados

necessário otimizar este nutriente nas dietas para o

em

sucesso e viabilidade econômica na produção de

classificados como aminoácidos essenciais e não

suínos, uma vez que representa o item mais oneroso

essenciais. Os aminoácidos não essenciais são

na formulação de rações (ARAÚJO & SOBREIRA,

aqueles que não precisam ser supridos através das

2008).

dietas, enquanto os essenciais são aqueles obtidos pela

ordem

dieta

de

em

limitação.

quantidades

Geralmente

que

são

atendam

Os crescentes avanços da nutrição na determinação

necessidades

das necessidades de aminoácidos para suínos e o

crescimento e reprodução (BETERCHINI, 2012).

aumento

da

disponibilidade

dos

do

animal

para

a

as

manutenção,

aminoácidos

industriais permitem que os níveis de proteína bruta

Além desses dois grupos, alguns autores citam um

das

o

terceiro grupo de aminoácidos, os condicionalmente

suprimento dos aminoácidos essenciais (VIDAL et

essenciais, que são aqueles em que a síntese dos

al., 2010).

aminoácidos pode ser limitada pela disponibilidade

dietas

sejam

reduzidos,

mantendo-se

de baixas quantidades de nitrogênio metabólico e em Segundo Orlando (2001), a estratégia de utilizar a

certas situações, as taxas de utilização são maiores

redução

com

que a taxa de síntese (NRC, 2012). Além disso, os

suplementação de aminoácidos sintéticos, pode

aminoácidos podem apresentar uma classificação

proporcionar uma relação de aminoácidos mais

restrita com base na natureza das cadeias laterais

próxima do perfil da proteína ideal e assim

(grupo R), Figuras 1, 2, 3, 4 e 5.

dos

níveis

de

proteína

bruta,

possibilitar maior eficiência alimentar aos animais pela melhor relação entre os aminoácidos.

FIGURA 1 - Aminoácidos com cadeias laterais nãopolares e alifáticas

Para tanto, um único aminoácido limitante pode lindar o aproveitamento dos aminoácidos essenciais. Os aminoácidos limitantes são aqueles que estão presentes na dieta em concentrações inferiores à exigida para o máximo desempenho animal (NEME et al., 2001). Neste

contexto,

o

objetivo

desta

revisão

é

caracterizar os aminoácidos limitantes para suínos, suas funções e resultados de alguns experimentos na literatura. DESENVOLVIMENTO DO TEMA Aminoácidos

limitantes

e

suas

funções

Fonte: MOTTA, 2005.

metabólicas Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7033


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

FIGURA 2 - Aminoácidos com cadeias laterais aromáticas

Fonte: MOTTA, 2005.

FIGURA 3 - Aminoácidos com cadeias laterais polares não-carregadas

Fonte: MOTTA, 2005.

FIGURA 4 - Aminoácidos com cadeias laterais carregadas negativamente Fonte: MOTTA, 2005

FIGURA 5 - Aminoácidos com cadeias laterais carregadas positivamente

Fonte: MOTTA, 2005.

7034

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

Pela união dos aminoácidos que formam a cadeia

FIGURA 6 - Catabolismo dos aminoácidos nos

proteica, as células podem produzir proteínas com

mamíferos. Os grupos amino e o esqueleto de

propriedades e atividades distintas. A partir destes

carbono, remanescente dos aminoácidos, entram em

conjuntos de aminoácidos diferentes que compõem

vias metabólicas separadas, mas interconectadas.

as diferentes proteínas, os organismos podem sintetizar compostos diferentes entre si, cada uma

Pela ordem de limitação e essencialidade, a lisina é

delas exibindo atividades biológicas características

utilizada como aminoácido referência na formulação

(NELSON & COX, 2014). Os aminoácidos são

das dietas, por haver uma baixa síntese endógena,

necessários para a síntese de proteínas corporais e

não sofrer transaminação, possuir metabolismo

formação de outros compostos nitrogenados, como

voltado à deposição de proteína corporal, possuir um

enzimas, hormônios e anticorpos. Desta forma, cabe

lento turnover, existir efetiva correspondência entre a

ressaltar

funções

digestibilidade ileal verdadeira e a disponibilidade

específicas, não sendo apenas importantes por fazer

biológica desse aminoácido, apresentar grande

parte da constituição das proteínas, mas também

precisão em análises laboratoriais e por ter sua

para outras

exigência conhecida em todas as fases de produção

que

os

aminoácidos

funções

metabólicas

têm

(MURAKAMI,

animal (BATTERHAM et al., 1990; PEDROZO, 2002;

2002).

ARAÚJO & SOBREIRA, 2008; DUARTE, 2009; Os aminoácidos em excesso não são armazenados,

BRUMANO & GATTÁS, 2009; TAVERNARI, 2010).

sendo rapidamente desaminados liberando amônia para excreção e outros compostos nitrogenados

Dietas deficientes no aminoácido sulfurado metionina

para oxidação e produção de energia, pelo destino

aumentam o processamento ou assimilação das

das

O

proteínas contribuindo assim para a deposição de

desbalanceamento nutricional leva ao catabolismo

tecido adiposo (SOLBERG, 1971). A metionina é o

acelerado dos compostos proteicos, comprometendo

mais

a relação entre aminoácidos. Neste processo de

organismo, sendo requerida para a biossíntese de

desaminação,

os

muitas

aminoácidos,

em

rotas

metabólicas

(WALTON,

esqueletos

1985).

carbônicos

dos

importante doador moléculas

de radicais

importantes

metil no

envolvidas

no

se

crescimento e desenvolvimento, como por exemplo,

encaminham para o ciclo do ácido cítrico (NELSON

creatina, carnitina, poliaminas, epinefrina, colina e

& COX, 2014), Figura 6.

melatonina (BAKER,1991).

geral,

convergem

e

A rota metabólica do aminoácido metionina pode sintetizar vários outros compostos, entre eles o aminoácido cistina, sintetizado por duas moléculas de cisteína, que tem função especialmente na composição da estrutura de muitas proteínas, como a insulina e as imunoglobulinas, interligando cadeias polipeptídicas pela ponte dissulfeto (BAKER, 1991). De acordo com Lewis (1991), a treonina é um aminoácido limitante em muitos grãos de cereais, além de que sua biodisponibilidade em ingredientes das rações para leitões é relativamente baixa em relação aos demais (KOVAR et al., 1993; ADEOLA et al., 1994). A treonina, além de sua utilização para a síntese de proteína do tecido muscular e do leite está envolvida em outras funções fisiológicas, como a ingestão e a imunidade. As secreções digestivas, entre elas o muco, é composto principalmente de Fonte: Nelson & Cox, 2014.

água (95%) e mucinas (5%), que são glicoproteínas Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7035


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

de alto peso molecular, especialmente ricas em

Avaliando o efeito de níveis de lisina digestível sobre

treonina. Do mesmo modo que as mucinas, os

o desempenho e características de carcaça de

anticorpos são glicoproteínas globulares que contem

fêmeas suínas, com alto potencial genético, Serao et

alto nível de treonina, sendo provavelmente o

al. (2012) encontraram valor de 1,11% de lisina

primeiro aminoácido limitante para a produção de

digestível correspondente a um consumo de 23,62

imunoglobulinas G (AJINOMOTO, 2003).

g/dia de lisina digestível para deposição de carne magra em suínos dos 30 aos 60 kg.

Entre outros aminoácidos limitantes, o triptofano destaca-se porque além de participar da síntese

Corassa et al. (2013) conduziram um experimento

proteica é precursor de serotonina, neurotransmissor

para

que está relacionado ao estímulo da ingestão de

aminoácido limitante para suínos, dos 63 aos 164

alimento (HENRY et al., 1992). O efeito negativo da

dias

deficiência de triptofano na ingestão voluntária de

decrescente de 1,05; 0,85; 0,77; 0,71 e 0,71% para

alimento e no desempenho de suínos em terminação

lisina digestível, dos 63 aos 74 dias, 63 aos 89 dias,

está relacionado principalmente à concentração de

63 aos 111 dias, 63 aos 135 dias e 63 aos 164 dias,

proteína bruta na ração, uma vez que o transporte

respectivamente valores dos quais atendem a

de triptofano pelas membranas celulares, tanto no

necessidade nutricional da fase inicial a terminação

intestino

o

dos suínos. Fortes et al. (2012) determinaram níveis

transporte dos aminoácidos neutros de cadeia longa,

de lisina digestível para suínos machos castrados de

como a tirosina e leucina. Assim haverá menor

duas linhagens selecionadas para alta deposição de

quantidade

em

carne, nos intervalos de 63 a 103, 104 a 133 e de

serotonina e consequentemente menor ingestão de

134 a 163 dias de idade e concluíram que os

alimento (PEREIRA et al., 2008).

melhores níveis de inclusão de lisina foram de 0,80;

como

de

no

cérebro,

compete

triptofano

com

metabolizado

avaliar e

planos

obtiveram

nutricionais

como

resposta

do

primeiro

uma

linear

0,70 e 0,60%, respectivamente. A leucina, isoleucina e valina são aminoácidos de cadeia ramificada. Para suínos a valina é o quinto

O rendimento de carcaça e a quantidade de carne

limitante e a isoleucina o sexto. Esses aminoácidos

aumentaram de forma quadrática com o aumento

são considerados essenciais para monogástricos e a

dos níveis de lisina digestível em dietas para suínos

principal função é a síntese proteica, bem como sua

machos castrados, dos 60 aos 100 dias de idade,

regulação (HTOO & WILTAFSKY, 2011).

correspondendo ao consumo estimado de 17,28 e 17,52 g/dia, respectivamente, com níveis de 0,89 e

Vale ressaltar que as exigências de aminoácidos dos

0,90% (GATTÁS et al., 2012).

suínos variam por diversos fatores, entre eles raça, densidade ambiente,

energética densidade

da no

dieta, alojamento

temperatura e

estado

sanitário (NRC, 2012).

Oliveira et al. (2006) utilizaram 50 suínos machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça, para determinar a necessidade de lisina digestível (LD), dos 15 aos 30

Resultados de experimentos com a utilização de

kg, com cinco níveis de inclusão e obtiveram uma

aminoácidos limitantes

exigência diária de 1,10% de LD, que corresponde a 12,05 g. Ainda nesse estudo, o ganho diário de peso

Diversas pesquisas têm sido realizadas para avaliar

foi influenciado de forma quadrática pelos níveis de

a limitação dos aminoácidos nas dietas de suínos.

lisina digestível e para os outros parâmetros

Moretto et al. (2000) avaliaram níveis de lisina para

avaliados observaram-se efeito linear.

suínos machos e fêmeas Landrace, dos 15 aos 30 kg de peso corporal e encontraram valores de

Suínos machos castrados, dos 60 aos 95 kg, exigem

exigência de 1,08% para lisina total ou 0,96% de

0,85% de lisina digestível, correspondente a um

lisina digestível, o que corresponde ao consumo de

consumo diário estimado de 24,2 g de lisina

lisina de 16,01 e 15,17 g/dia, respectivamente, para

digestível. O consumo diário de lisina aumentou de

melhor desempenho dos animais.

forma linear em razão dos níveis de lisina da ração,

7036

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

mas de forma quadrática para conversão alimentar

digestível de 60%.

(CA) e a CA em músculo (OLIVEIRA et al., 2014). Em suínos de 85 a 109 kg, alimentados com quatro Avaliando o efeito dos níveis de lisina digestível para

dietas sob suplementação com ractopamina, a

80 suínos machos castrados, dos 95 aos 125 kg,

relação de 0,54 metionina+cistina: lisina atende às

Almeida Santos et al. (2011a) determinaram que o

exigências para melhor desempenho e melhores

nível de 0,803% de lisina digestível proporcionou os

características de carcaça, enquanto, para menores

melhores resultados de ganho de peso e deposição

níveis de colesterol no lombo e no toucinho, a

de carne, enquanto o nível de 0,817% melhorou a

relação é de 0,66 metionina+cistina: lisina (PENA et

CA e o de 0,948% promoveu maior deposição de

al., 2008).

carne e espessura de toucinho. Kim et al. (2006) determinaram a eficácia de DLSobrinho et al. (2013) trabalharam com 35 suínos

metionina hidroxi análoga ácido livre (MHA-FA, 88%)

machos castrados submetidos ao estresse, em salas

comparada com DL-metionina (DLM, 99%), como

bioclimáticas reguladas a uma temperatura de 32ºC,

fontes de metionina, para 245 suínos mestiços, em

para determinar a exigência de lisina digestível e

um primeiro momento, seguido por um estudo com

verificaram que a necessidade nutricional para fase

30 suínos machos em um ensaio de metabolismo.

de terminação sob estresse térmico de lisina

Ainda, os animais alimentados com os aminoácidos

digestível é de 0,98%.

apresentaram uma redução linear de nitrogênio (N) com o aumento da concentração de ambas as

Avaliando os efeitos de proteína dietética e redução

fontes. Os dados demonstraram uma bioeficácia do

de lisina microencapsulada sobre o desempenho,

produto MHA-FA para os parâmetros de CA,

qualidade de carcaça e excreção de nitrogênio, na

retenção de N e ganho médio diário.

fase de crescimento e terminação de suínos, de 35 a 180 kg, Prandini et al. (2013) concluíram que a

Litvak et al. (2013) aumentaram a inclusão de

proteína bruta pode ser reduzida em até 3 pontos

metionina (dieta plus) e sua relação com cistina para

percentuais

de

suínos em crescimento e concluíram que a dieta plus

com redução da excreção de

foi aumentada quando os suínos sofreram estímulo

nitrogênio. A redução de lisina sintética pode ainda

do sistema imune e descreveram esse fator devido a

ser

necessidade inerente para metionina como um

sem

desempenho e maior,

afetar

desde

que

os

parâmetros

seja

utilizada

lisina

doador de grupo metil e um antioxidante no sistema

microencapsulada.

metionina sulfóxido redutase devido ao aumento de Kiefer et al. (2005) realizaram um experimento para

transulfuração de metionina a cistina para síntese de

determinar

compostos envolvidos na resposta imunitária, tais

a

exigência

de

metionina+cistina

digestíveis para suínos machos castrados, dos 30

como glutationa e proteínas de fase.

aos 60 kg mantidos em ambiente com alta temperatura (31ºC) e encontraram relação para

Almeida Santos et al. (2011b) realizaram um estudo

máximo ganho de peso de 0,525% e para menor

para avaliar o efeito de níveis crescentes de

conversão

de

metionina+cistina digestível, sobre os parâmetros de

proteína na carcaça de 0,551% , que correspondem

desempenho e composição da carcaça de 74 suínos

às relações metionina+cistina digestíveis: lisina

de alto potencial genético, dos 95 aos 125 kg e

digestível de 63,5 e 66%, respectivamente.

obtiveram uma melhor resposta para os parâmetros

alimentar

e

máxima

deposição

avaliados

com

o

nível

de

0,427%

de

Vieira Vaz et al. (2005) concluíram que a exigência

metionina+cistina, correspondente ao consumo de

de aminoácidos sulfurados digestíveis para suínos

14,20 g/dia.

machos castrados, mantidos em ambiente de alta temperatura, dos 15 aos 30 kg é de 0,558% de

Litvak et al. (2013) aumentaram a inclusão de

metionina+cistina digestível na ração, que correspon-

metionina (dieta plus) e sua relação com cistina para

de à relação metionina+cistina digestível: lisina

suínos em crescimento e concluíram que a die-

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7037


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

ta plus foi aumentada quando os suínos sofreram

das salas de 29,7 ± 2,5ºC, Kiefer et al. (2007)

estímulo do sistema imune e descreveram esse fator

verificaram uma redução linear das mobilizações

devido a necessidade inerente para metionina como

total e percentual de gordura corporal conforme

um doador de grupo metil e um antioxidante no

aumentaram os níveis do aminoácido na dieta. A

sistema metionina sulfóxido redutase devido ao

exigência determinada foi de 0,73 % correlato ao

aumento de transulfuração de metionina a cistina

consumo diário de 32,5 g e a relação treonina

para síntese de compostos envolvidos na resposta

digestível: lisina digestível de 73%.

imunitária, tais como glutationa e proteínas de fase. O

nível

de

treonina

digestível

de

0,526%

Almeida Santos et al. (2011b) realizaram um estudo

correspondente a uma relação de 65% com a lisina

para avaliar o efeito de níveis crescentes de

digestível e um consumo de treonina digestível de

metionina+cistina digestível, sobre os parâmetros de

18,49 g/dia proporciona os melhores resultados de

desempenho e composição da carcaça de 74 suínos

conversão alimentar, em um experimento realizado

de alto potencial genético, dos 95 aos 125 kg e

com 80 suínos machos castrados, de alto potencial

obtiveram uma melhor resposta para os parâmetros

genético, na fase dos 95 aos 125 kg (ALMEIDA

avaliados

SANTOS et al., 2010).

com

o

nível

de

0,427%

de

metionina+cistina, correspondente ao consumo de Zhu et al. (2005) investigaram os efeitos de níveis

14,20 g/dia.

graduais de pectina na dieta de oito suínos da raça Berto et al. (2002) determinaram a exigência de

Yorkshire, machos castrados, na fase de creche e

treonina para leitões, dos 7-12 kg e dos 12-23 kg e

verificaram

concluíram

de

alimentação reduz a utilização da ingestão de

aproveitamento do alimento pelos leitões, os animais

treonina digestível, mas não o consumo de lisina

alimentados com os níveis de treonina de 0,94%

para deposição de proteína corporal.

que

para

melhor

resposta

que,

o

aumento

de

pectina

na

apresentaram melhor ganho diário de peso ajustado para mesmo consumo de ração e com 0,76%

O

nível

de

0,128%

de

triptofano

digestível,

apresentaram melhor ganho diário de peso ajustado

correspondente a uma relação triptofano: lisina

para mesmo consumo de ração e melhor conversão

digestíveis de 16% atende às exigências de suínos

alimentar.

machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne na carcaça, dos 60 aos 95 kg

Rodrigues et al. (2001) avaliaram níveis de treonina

(HAESE et al., 2006). Para Pereira et al. (2008), o

total em rações para leitoas dos 30 aos 60 kg e

nível

obtiveram como resultado de que a exigência de

correspondente a uma relação com a lisina digestível

treonina total é de 0,70%, correspondente a 0,62%

de 19,2% proporciona melhor resposta de ganho de

de treonina digestível e uma relação estimada de

peso em suínos machos castrados, de alto potencial

treonina digestível:lisina digestível verdadeira de

genético para deposição de carne na carcaça, na

75%. Para leitoas, dos 15 aos 30 kg mantidas em

fase dos 97 aos 125 kg.

de

0,144%

de

triptofano

digestível,

ambiente de alta temperatura, o nível de 0,587% de treonina digestível na ração proporcionou a melhor

Quando o excesso de triptofano é fornecido via dieta

resposta de conversão alimentar, o que representa

e não é usado para o propósito da síntese proteica,

uma relação treonina: lisina digestível de 63%

pode ser usado como um suplemento terapêutico,

(SARAIVA et al., 2006).

sendo o primeiro precursor da serotonina. Em um

Alguns experimentos determinam a necessidade

estudo sobre o uso de triptofano suplementar para modificar o comportamento de suínos, Li et al. (2006)

aminoacídica sob condições adversas da zona de

obtiveram como resultado que períodos curtos de

conforto, para obter as reais exigências com

elevados níveis dietéticos de triptofano poderia ser

oscilação da temperatura. Utilizando 52 fêmeas

usado para diminuir a agressividade, mas níveis

suínas de alto potencial genético em lactação, com

elevados parecem evitar situações estressantes.

níveis de treonina digestível, temperatura no interior

Em um estudo realizado por Shen et al. (2012),

7038

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 705, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

a suplementação dietética de L-triptofano afetou o

Lohmann et al. (2012) avaliaram níveis de valina

comportamento

dos

embora

digestível para suínos machos castrados, dos 15 aos

comportamentos

agressivos

suínos,

foram

30 kg de peso, em um experimento com 20 animais

influenciados, além de que melhorou o desempenho

em gaiolas de metabolismo e outro com 40 suínos

sob estresse social, que foi associado com o

no desempenho e determinaram que o nível de

aumento

5-

0,748% de valina foi o mais adequado, ao se

hidroxitriptamina (5-HT), redução das concentrações

considerar o parâmetro nitrogênio (N) retido:N

de

absorvido apresentando efeito quadrático para a

da

hormônio

produção do

não

hipotalâmica

estresse

e

de

diminuição

da

peroxidação lipídica sistêmica e hipotalâmica.

excreção total de N.

Salyer

a relação

A exigência de valina DIS é entre 0,56 a 0,58%, já a

triptofano:lisina para suínos em crescimento e

relação valina: lisina DIS compreende um intervalo

terminação, em dietas contendo 30% de grãos secos

de 0,67 a 0,70; e o requerimento de isoleucina DIS

por destilação com solúveis (DDGS) e indicaram um

adequado é de 0,43% (0,52 de relação isoleucina:

requerimento de 16,5% e 19,5% triptofano:lisina, 36-

lisina

70 kg e 70-130 kg, respectivamente.

(WAGUESPACK et al., 2012).

Barea et al. (2009a) estudaram a relação de

Barea et al. (2009b) avaliaram a resposta de leitões

exigência

ileal

com a suplementação de isoleucina, com peso de

padronizada (DIS), para leitões entre 12 e 25 kg e

23 kg, sob diferentes condições nutricionais e

obtiveram a relação de 70% valina:lisina, um pouco

relataram uma relação isoleucina:lisina DIS

maior do que a relação atual do National Research

maior do que 50% nos animais que receberam

Council (NRC).

cereal e dieta à base de farelo de soja com um

et

al.

(2013)

valina:lisina

determinaram

e

digestibilidade

DIS)

para

suínos

de

20

a

45

kg

não

moderado conteúdo de aminoácidos de cadeia Realizando três experimentos para determinar o

ramificada.

quinto aminoácido limitante para suínos, com 36 marrãs separadas individualmente e dietas contendo

Em um experimento com fêmeas suínas mestiças de

16, 12 e 11% de proteína bruta, suplementadas com

alto potencial genético, dos 15 aos 30 kg, níveis de

histidina, isoleucina e valina, Figueroa et al. (2003)

0,45

sugeriram a valina como o quinto aminoácido

influenciaram as características de carcaça e peso

limitante para suínos.

de órgãos dos animais. Houve efeito quadrático dos

a

0,73%

de

isoleucina

digestível

não

níveis de isoleucina digestível sobre a eficiência de Gaines et al. (2006) demonstraram em sua pesquisa

utilização de isoleucina para ganho de peso, com

com matrizes em lactação, que uma relação

aumento até o nível 0,506%; cuja relação isoleucina:

valina:lisina superior a 0,86 não melhorou a taxa de

lisina digestível foi de 0,51 (CASTILHA et al., 2012).

crescimento dos leitões, mas uma relação de 0,73 pode comprometer a taxa de ganho de peso da

Kerr et al. (2004) verificaram a necessidade e

leitegada. Gaines et al. (2011) determinaram a

relação de isoleucina para suínos, com 7 a 11 kg de

relação valina:lisina digestível ileal padronizada para

peso corporal, com dois experimentos: o primeiro os

suínos, de 13 a 32 kg, com três experimentos: 162

animais foram alimentados com uma dieta contendo

leitões desmamados aos 17 dias de idade, 54

1,25% de lisina digestível (15% a mais em relação

machos castrados (21,4 kg) alojados individualmente

ao outro), e suplementados com isoleucina cristalina

para um ensaio de crescimento e 147 machos

(0,06%

castrados (13,5 kg) foram alimentados com dietas

incremento, respectivamente. Nesse estudo, os

idênticas. Com

as estimativas das exigências

autores estimaram 9,9 mg de isoleucina digestível

combinadas, os dados indicam que uma DIS valina:

por grama de ganho de peso, pelos resultados no

Lisina de 65% parece adequada para manter o

consumo médio diário (CMD) e ganho diário de peso

desempenho de suínos entre 13-32 kg.

(GDP) e concluíram que as recomendações podem

de

incremento),

0,03%

a

menos

de

ser menores comparadas ao NRC atual, quando se

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7039


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

leva em conta o consumo e ganho.

aminoácidos limitantes (lisina, metionina e treonina). A redução da proteína bruta de 24% para 19% em

A exigência de isoleucina digestível verdadeira para

dieta para leitões desmamados aos 21 dias de idade

suínos em crescimento, com peso de 25 a 40 kg é

não influenciou o desempenho, o pH do estômago e

de 0,50% da dieta, ou 1,46 g/Mcal de energia

as variáveis morfológicas do trato gastrointestinal,

metabolizável (PARR et al., 2003). Para Dean et al.

desde que suplementada com metionina, treonina,

(2005), a exigência de isoleucina digestível ileal

triptofano, valina e isoleucina industriais (GIROTTO

verdadeira, para suínos machos castrados de 80 a

JÚNIOR et al., 2013).

120 kg para maximizar o desempenho, com uma dieta de milho e células sanguíneas não é inferior a

Suínos provenientes de diferentes grupos genéticos

0,34% da dieta, mas pode ser reduzida até 0,24%,

não possuem a mesma capacidade de conversão

em uma dieta de farelo de soja e milho.

alimentar de proteína e podem exigir diferentes quantidades de nutrientes para atingir seu máximo

O nível de 0,60% de isoleucina digestível é

potencial genético. Suínos com alta taxa de ganho

recomendado para maximizar o desempenho e a

proteico exigem maior consumo de aminoácidos,

taxa de deposição de proteína na carcaça de suínos

principalmente lisina, para exteriorizar todo o seu

machos castrados, dos 15 aos 30 kg de peso

potencial (BATISTA et al., 2011).

corporal alimentados com rações com 14,13% de proteína bruta. A exigência de isoleucina digestível é

Diferenças na capacidade de síntese de tecido

de 5,86 g/dia (LAZZERI, 2011).

magro foram observadas em linhagens com diferente potencial para deposição de carne na carcaça

Segundo

Partridge

aminoácidos

(PUPA et al., 2001). Com isso, suínos com genótipos

industriais adicionados à dieta são absorvidos mais

superiores exigem uma quantidade de proteína e

rapidamente em relação àqueles presentes nos

aminoácidos na ração maior para atingir alta taxa de

alimentos, o que pode gerar desequilíbrio nos locais

deposição de proteína, consequentemente, quanto

de síntese de proteína e das relações entre

maior a capacidade de depositar carne magra, maior

aminoácidos. Assim, o adequado balanceamento

a exigência diária de lisina para maximizar seu

aminoacídico na dieta quando se trabalha com baixa

desempenho e a taxa de deposição proteica

proteína

(ROSSONI et al., 2009).

bruta

e

(1985),

quantidade

os

significativa

de

aminoácidos sintéticos na ração é importante para o melhor aproveitamento do nitrogênio exógeno pelos

Segundo Kiefer et al. (2005), as variações nas

animais.

relações

de

aminoácidos,

entre

eles,

metionina+cistina:lisina observadas em diferentes Estudos comprovam que dietas com menor teor de

estudos podem estar associados a fatores como o

PB reduzem as excreções de nitrogênio (LE

genótipo dos animais, o ambiente, sexo, o tipo de

BELLEGO & NOBLET, 2002), as concentrações de

alimento que compõe as dietas experimentais, a

amônia (BIKKER et al., 2006), a fermentação

digestibilidade real dos aminoácidos e o nível de

proteica e a incidência de diarreia (HEO et al., 2008).

lisina das dietas experimentais.

Quando a redução de proteína bruta é superior a quatro pontos percentuais em dietas para leitões,

Levando em consideração, que o estado sanitário,

suplementadas

sexo, genética, idade do animal e níveis nutricionais

com

aminoácidos

sintéticos

e

limitantes como a lisina, metionina, treonina e

são

triptofano, o desempenho dos animais pode ser

aminoácidos em suínos, existe uma grande variação

fatores

limitado por alguns aminoácidos, como valina e

entre

isoleucina (FIGUEROA et al., 2002; NYACHOTI et

encontrados na literatura (POZZA et al., 2000).

os

que

valores

afetam de

a

necessidade

aminoácidos

de

digestíveis

al., 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com Kerr & Easter (1995), em dietas para

Um

leitões a exigência de PB pode ser reduzido em até

aproveitamento de outro, implicando na síntese

4% desde que corrigidos os teores dos principais

proteica/aminoacídica e nas relações entre os

7040

único

aminoácido

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

impede

o

máximo


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

aminoácidos. Quando esse é um limitante, a sua

standardized

ileal

digestible

valine-to-lysine

falta na dieta determina o excesso ou carência de

requirement ratio is at least seventy percent in

outro, que no caso será oxidado, ou então,

postweaned piglets. Journal of animal science,

imbalanços aminoácidicos. Cabe ressaltar, que o

v. 87, n. 3, p. 935-947, 2009a.

desbalanceamento ou deficiência de aminoácidos

BAREA, R.; BROSSARD, L.; FLOC‟H, L.; PRIMOT,

limitantes gera um maior catabolismo de moléculas e

Y.; VAN MILGEN, J. The standardized ileal

diminui o processo de anabolismo.

digestible isoleucine-to-lysine requirement ratio may be less than fifty percent in eleven-to twenty-

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

three-kilogram

ADEOLA, O.; LAWRENCE, B. V.; CLINE, T. R.

science, v. 87, n. 12, p. 4022-4031, 2009b.

Availability of amino acids for 10-to 20-kilogram pigs:

lysine

and

threonine

in

piglets.

Journal

of

animal

BATISTA, R.M.; DE OLIVEIRA, R.F.M.; DONZELE,

soybean

J.L.; DE OLIVEIRA, W.P.; LIMA, A.L.; DE

meal. Journal of animal science, v. 72, n. 8, p.

ABREU, M.L.T. Lisina digestível para suínos

2061-2067, 1994.

machos castrados de alta deposição de carne

AJINOMOTO – Boletim Técnico 10. Exigências de treonina

para

suínos.

Benefícios

da

suplementação de L-treonina. 2003. Acessado em

29/04/2015.

Online.

Disponível

em:

www.lisina.com.br.

submetidos a estresse por calor dos 30 aos 60kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.9, p.1925-1932, 2011. BATTERHAM, E. S.; ANDERSEN, L. M.; BAIGENT, D. R.; WHITE, E. Utilization of ileal digestible

ALMEIDA SANTOS, F.; DONZELE, J. L.; DE

amino acids by growing pigs: effect of dietary

OLIVEIRA, R. F. M.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.;

lysine

DE ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A. Níveis de

retention. British Journal of Nutrition, v. 64, p.

treonina

81, 1990.

digestível em

rações

para

suínos

machos castrados de alto potencial genético na fase dos 95 aos 125 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n. 3, p. 526-531, 2010.

concentration

on

efficiency of

lysine

BERTECHINI, A.G. Nutrição de monogástricos. 2ª Edição Lavras: Editora UFLA, 2012. 373 p. BERTO, A. D.; WECHSLER, S. F.; NORONHA, C. C.

ALMEIDA SANTOS, F.; DONZELE, J. L.; DE

Exigências de treonina de leitões dos 7 aos 12 e

OLIVEIRA, R. F. M.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.;

dos 12 aos 23 kg. Revista Brasileira de

DE ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A. Níveis de

Zootecnia, v. 31, p. 1176-1183, 2002.

lisina digestível para suínos machos castrados de

BIKKER, P.; DIRKZWAGER, A.; FLEDDERUS, J.;

alto potencial genético dos 95 aos 125 kg.

TREVISI, P.; LE HUEROU-LURON, I.; LALLES,

Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, n. 5, p.

J. P.; AWATI, A. The effect of dietary protein and

1038-1044, 2011a.

fermentable carbohydrates

ALMEIDA SANTOS, F.; DONZELE, J. L.; DE

levels

on growth

performance and intestinal characteristics in

OLIVEIRA, R. F. M.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.;

newly

DE ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A. Levels of

Science, v. 84, n. 12, p. 3337-3345, 2006.

weaned

piglets.

Journal

of

Animal

digestible methionine+ cystine in diets for high

BRUMANO, G.; GATTÁS, G. Fatores que inflenciam

genetic potential barrows from 95 to 125 kg.

na exigência de lisina para suínos. Revista

Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, n. 3, p.

Eletrônica Nutritime, v. 6, n. 3, p. 918-940,

581-586, 2011b.

2009.

ARAÚJO, W. A. G.; SOBREIRA, G. F. PROTEÍNA

CASTILHA, L. D.; POZZA, P. C.; NUNES, R. V.;

IDEAL COMO ESTRATÉGIA NUTRICIONAL NA

LAZZERI, D. B.; SOMENSI, M. L.; POZZA, M. S.

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS. Revista Eletrônica

D.

Nutritime, v. 5, n. 2, p. 537-545, 2008.

performance, carcass traits and organs weight of

BAKER, D.H. Partitioning of nutrients for growth and other metabolic functions. Poultry Science,v.70, p. 1797-1805, 1991.

S.

Levels

of

digestible

isoleucine

on

gilts (15-30 KG). Ciência e Agrotecnologia, v. 36, n. 4, p. 446-453, 2012. COLONI, R. D. O Papel da Fitase na Alimentação

BAREA, R.; BROSSARD, L.; FLOC‟H, L.; PRIMOT, Y.; MELCHIOR, D.; VAN MILGEN, J. The

de Suínos. 2013. Coordenada por Revista Agropecuária.

Disponível

em:

<http://www.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7041


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

revistaagropecuaria.com.br/2011/12/15/o-papel-

GATTÁS, G.; SILVA, F. C. O.; BARBOSA, F. F.;

da-fitase-na-alimentacao-de-suinos/>. Acesso

DONZELE, J. L.; FERREIRA, A. S.; OLIVEIRA, R.

em: 20 abr. 2015.

F. M. Níveis de lisina digestível em dietas para

CORASSA, A.; KIEFER, C.; GONÇALVES, L. M. P.

suínos machos castrados dos 60 aos 100 dias de

Planos nutricionais de lisina para suínos da fase

idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 41, n.

inicial a terminação. Archivos de zootecnia, v.

1, p. 91-97, 2012.

62, n. 240, p. 533-542, 2013.

GIROTTO JÚNIOR, C. J.; BRUSTOLINI, P. C.;

DEAN, D. W.; SOUTHERN, L. L.; KERR, B. J.;

SILVA, F. C. O.; DONZELE, J. L.; FERREIRA, A.

BIDNER, T. D. Isoleucine requirement of 80-to

S.;

120-kilogram barrows fed corn-soybean meal or

Suplementação de aminoácidos para redução da

corn-blood cell diets. Journal of animal science,

proteína

v. 83, n. 11, p. 2543-2553, 2005.

desmamados aos 21 dias de idade. Arquivo

DUARTE, K. F. Critérios de avaliação das exigências em treonina, triptofano, valina e

NALON,

P.

M.;

bruta

em

MOUTINHO, dietas

J.

para

V.

leitões

Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 65, n. 4, p.1131-1138, 9 jan. 2013.

isoleucina para frangos de corte de 22 a 42

HAESE, D.; DONZELE, J. L.; DE OLIVEIRA, R. F.

dias de idade. 2009. 138 f. Tese (Doutorado) -

M.; LOBÃO, M.; DE ABREU, T.; DE OLIVEIRA

UNESP, Jaboticabal, 2009.

SILVA, F. C.; SARAIVA, A. Níveis de triptofano

FIGUEROA, J. L.; LEWIS, A. J.; MILLER, P. S.;

digestível

em

rações

FISCHER, R. L.; GÓMEZ, R. S.; DIEDRICHSEN,

castrados

de

alto

R.

deposição de carne na carcaça dos 60 aos 95 kg.

M.

Nitrogen

metabolism

and

growth

performance of gilts fed standard corn-soybean

para

suínos

potencial

machos

genético

para

R. Bras. Zootec, v. 35, n. 6, p. 2309-2313, 2006.

meal diets or low-crude protein, amino acid-

HENRY, Y.; SEVE, B.; COLLÉAUX, Y.; GANIER, P.;

supplemented diets. Journal of Animal Science,

SALIGAUT, C.; JÉGO, P. Interactive effects of

v. 80, n. 11, p. 2911-2919, 2002.

dietary levels of tryptophan and protein on

FIGUEROA, J. L.; LEWIS, A. J.; MILLER, P. S.;

voluntary feed intake an growth performance in

FISCHER, R. L.; DIEDRICHSEN, R. M. Growth,

pigs, in relation to plasma free amino acids and

carcass

hypothalamic

traits,

and

plasma

amino

acid

concentrations of gilts fed low-protein diets supplemented

with

amino

acids

serotonin.

Journal

of

Animal

Science, v.70, p.1873-1887, 1992.

including

HEO, J. M.; KIM, J. C.; HANSEN, C. F.; MULLAN, B.

histidine, isoleucine, and valine. Journal of

P.; HAMPSON, D. J.; PLUSKE, J. R. Effects of

animal science, v. 81, n. 6, p. 1529-1537, 2003.

feeding low protein diets on plasma urea nitrogen,

FORTES, E. I.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F.

faecal

ammonia

nitrogen,

the

incidence

of

M.; SARAIVA, A.; SILVA, F. C. D. O.; SOUZA, M.

diarrhoea

F. D. Sequências de lisina digestível para suínos

Archives of Animal Nutrition, v. 62, p. 343–358,

de

2008.

duas

linhagens

selecionadas

para

alta

deposição de carne. Revista Brasileira Saúde e Produção Animal, v. 13, p. 480-490, 2012.

and

USRY, J. L.; TOUCHETTE, K. J.; ALLEE, G. L.

after

weaning.

HTOO, J., WILTAFSKY, M. K. Roles, metabolism y antagonismos

GAINES, A. M.; BOYD, R. D.; JOHNSTON, M. E.;

performance

de

aminoacidos

de

cadena

ramificada en la nutrición animal. AminoNews, v. 16, n. 1, p. 25-32, 2011.

The dietary valine requirement for prolific lactating

KERR, B.J.; EASTER, R.A. Effect feeding reduced

sows does not exceed the National Research

protein aminoacid-supplemented diets on nitrogen

Council estimate. Journal of animal science, v.

and energy balance in grower pigs. Journal of

84, n. 6, p. 1415-1421, 2006.

Animal Science , v.73, n.10,p.3000-3008, 1995.

GAINES, A. M.; KENDALL, D. C.; ALLEE, G. L.;

KERR, B. J.;

KIDD, M. T.; CUARON, J. A.;

USRY, J. L.; KERR, B. J. Estimation of the

BRYANT, K. L.; PARR, T. M.; MAXWELL, C. V.;

standardized ileal digestible valine-to-lysine ratio

CAMPBELL, J. M. Isoleucine requirements and

in 13-to 32-kilogram pigs. Journal of animal

ratios in starting (7 to 11 kg) pigs. Journal of

science,

animal science, v. 82, n. 8, p. 2333-2342, 2004.

7042

v.

89,

n.

3,

p.

736-742,

2011.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 422- Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

KIEFER, C.; FERREIRA, A. S.; DONZELE, J. L.;

suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg.

OLIVEIRA, R. F. M. D.; SILVA, F. C. D. O.;

Archivos de zootecnia, v. 61, n. 234, p. 267-

BRUSTOLINI, P. C. Exigência de metionina +

278, 2012.

cistina digestíveis para suínos machos castrados

MORETTO, V.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F. M.

mantidos em ambiente termoneutro dos 30 aos

D.; FONTES, D. D. O. Níveis dietéticos de lisina

60 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v 34, n.

para suínos da raça Landrace dos 15 aos 30 kg.

3, p. 847-854, 2005.

Revista Brasileira de Zootecnia, 29(3):803-809,

KIEFER, C.; FERREIRA, A. S.; OLIVEIRA, R. F. M.

2000.

D.; DONZELE, J. L.; CARRIJO, A. S.; SILVA, F.

MOTTA, V. T. Bioquímica Básica. Caxias do Sul:

C. D. O. Níveis de treonina digestível em dietas

Universidade de Caxias do Sul, 2005. 332 p. MOTTA, V. T. Bioquímica Básica. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2005. 332 p.LEAL, E.S. Extração, obtenção e caracterização parcial de ácido fítico do germe grosso de milho e aplicação como antioxidante. 2000. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos)– Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2000. MURAKAMI, A.E. Nutrição e alimentação de

para fêmeas suínas de alto potencial genético em lactação sob condições de alta temperatura ambiente. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 05, p. 1331-1339, 2007. KIM, B. G.; LINDEMANN, M. D.; RADEMACHER, M.; BRENNAN, J. J.; CROMWELL, G. L. Efficacy of-methionine hydroxy analog free acid andmethionine as methionine sources for pigs. Journal of animal science, v. 84, n. 1, p. 104111, 2006. KOVAR, J.L.; LEWIS, A. J.; RADKE, T. R.; MILLER, P. S. Bioavailability of threonine in soybean meal for young pigs. Journal of Animal Science, v.71,p.2133-2139, 1993. LAZZERI, D. B. Níveis de isoleucina digestível para suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg. 2011. 64 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zootecnia, Universidade do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, 2011. LE BELLEGO, L.; NOBLET, J. Performance and utilization of dietary energy and amino acids in piglets

fed

low

protein

diets.

Livestock

Production Science, v. 7, p. 45-58, 2002. LEWIS, A. J. Amino acids in swine nutrition. Swine nutrition, v. 2, p. 131-141, 1991. LI, Y. Z.; KERR, B. J.; KIDD, M. T.; GONYOU, H. W. Use of supplementary tryptophan to modify the behavior of pigs. Journal of animal science, v. 84, n. 1, p. 212-220, 2006.

codornas japonesas em postura. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002. Recife, Anais... Recife: SBZ, 2002. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of Swine. 11.ed. Washington: National Academy, 2012. 400p. NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios

de

Bioquímica: Lehninger. Omega, 2014. NEME, R.; ALBINO, L. F. T.; ROSTAGNO, H. S.; RODRIGUEIRO, R. J. B.; TOLEDO, R. S. Determinação da Biodisponibilidade da Lisina Sulfato e Lisina HCl com Frangos de Corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 5, p. 1750-1759, 2001. NYACHOTI,

C.

M.;

OMOGBENIGUN,

F.

O.;

RADEMACHER, M.; BLANK, G. Performance responses and indicators of gastrintestinal health in early-weaned pigs fed low-protein amino acidsupplemented diets. Journal of Animal Science, v. 84, n. 1, p. 125-134, 2006. OLIVEIRA, A. L. S. D.; DONZELE, J. L.; SILVA, F. C.

LITVAK, N.; RAKHSHANDEH, A.; HTOO, J. K.; DE

D. O.; OLIVEIRA, R. F. M. D.; ABREU, M. L. T.

LANGE, C. F. M. Immune system stimulation

D.; PEREIRA, A. A.; SCOTTÁ, B. A. Lisina

increases the optimal dietary methionine to

digestível

em

methionine plus cysteine ratio in growing pigs.

castrados

de

Journal of animal science, v. 91, n. 9, p. 4188-

deposição de carne magra na carcaça dos 60 aos 95 kg. Revista Brasileira de Saúde e Produção

4196, 2013. LOHMANN, A. C.; POZZA, P. C.; POZZA, M. D. S.; NUNES, R. V.; CASTILHA, L. D.; POSSAMAI, M.; LAZZERI, D. B. Níveis de valina digestível para

dietas alto

para

potencial

suínos

machos

Genético

para

Animal, v. 15, n. 4, 2014. OLIVEIRA, A. L. S. D.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F. M.; ABREU, M. L. T.; FERREIRA, A. S.; SILVA, F. C. O.; HAESE, D. Exigência de lisina

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7043


Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

digestível para suínos machos castrados de alto

Effects on performance, carcass characteristics

potencial genético para deposição de carne magra na carcaça dos 15 aos 30 kg. Revista

and nitrogen excretion in heavy growing–finishing pigs. Journal of animal science, v. 91, n. 9, p.

Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 6, p. 2338-

4226-4234, 2013.

2343, 2006. ORLANDO, U.A.D. Nível de proteína bruta da

PUPA, J.M.R.; ORLANDO, U.A.D.; DONZELE, J.L.

ração e efeito da temperatura ambiente sobre

condições brasileiras. In: WORKSHOP LATINO

o desempenho e parâmetros fisiológicos de

AMERICANO BIOLATINA, NUTRIÇÃO DE AVES E SUÍNOS, 1., 2001, Foz do Iguaçu. Anais...Foz

leitoas

em

Universidade

crescimento.Viçosa, Federal

de

Viçosa,

MG: 2001.

Requerimentos

nutricionais

de

suínos

nas

do Iguaçu: 2001. p.143-153.

-

RODRIGUES, N. E. B.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA,

Universidade Federal de Viçosa, 2001. PARR, T. M.; KERR, B. J.; BAKER, D. H. Isoleucine

R. F. M. D.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.;

requirement of growing (25 to 45 kg) pigs. Journal of animal science, v. 81, n. 3, p. 745-

Níveis de treonina em rações para leitoas com

77p.Dissertação

(Mestrado

em

Zootecnia)

752, 2003. PARTRIDGE, I.G.; LOW, A.G.; KEAL, H.D. A note on

RODRIGUES FILHO, M.; ORLANDO, U. A. D. alto potencial genético para deposição de carne magra dos 30 aos 60 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 6, p. 2039-2045, 2001.

the effect of feeding frequency on nitrogen use in

ROSSONI, M. C.; DONZELE, J. L.; SILVA, F. C. O.;

growing boars given diets with varying levels of free lysine. Animal Production, v.40,n.2, p.375-

OLIVEIRA, R. F. M. D.; ABREU, M. L. L. T.;

377, 1985. PEDROZO, S. A. Níveis de lisina e relações

SANTOS, F. D. A.; PEREIRA, C. M. C. Exigência de

lisina

digestível

de

fêmeas

suínas

e

selecionadas para deposição de carne magra, na carcaça dos 15 aos 30 kg. Revista Brasileira de

metabolismo de leitões desmamados. 2002.

Saúde e Produção Animal, v.10, n.3, p.586-595,

142 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal

2009.

treonina:

lisina

no

desempenho

do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. PENA, S. D. M.; LOPES, D. C.; ROSTAGNO, H. S.;

SALYER, J. A.; TOKACH, M. D.; DEROUCHEY, J. M.; DRITZ, S. S.; GOODBAND, R. D.; NELSSEN,

DE OLIVEIRA SILVA, F. C.; DONZELE, J. L.

J. L.

Relações metionina mais cistina digestível: lisina

tryptophan: lysine in diets containing 30% dried distillers grains with solubles on finishing pig performance and carcass traits. Journal of

digestível em dietas suplementadas com ractopamina para suínos em terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 11, p. 19781983, 2008. PEREIRA, A. A.; DONZELE, J. L.; DE OLIVEIRA, R. F. M.; DE ABREU, M. L. T.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.; DOS SANTOS MARTINS, M. Níveis de triptofano digestível em rações para suínos machos castrados de alto potencial genético na fase dos 97 aos 125 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p.1984-1989, 2008.

Effects of standardized ileal digestible

animal science, v. 91, n. 7, p. 3244-3252, 2013. SARAIVA, E. P.; OLIVEIRA, R. F. M.; DONZELE, J. L.; SILVA, F. C. O.; VAZ, R.; SIQUEIRA, J. C.; OLIVEIRA, W. P. Níveis de treonina Digestivel em rações para leitoas dos 15 aos 30 kg mantidas em ambiente de alta temperatura. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 2, p. 485-490, 2006. SERAO, M. C. R.; DONZELE, J. L.; SILVA, F.; OLIVEIRA, R.; FERREIRA, A. S.; KILL, J. L.;

POZZA, P. C.; GOMES, P. C.; DONZELE, J. L.;

APOLÔNIO, L. R. Níveis de lisina digestível de

FERREIRA, A. S.; LEÃO, M. I.; SANTOS, M. S.

fêmeas suínas selecionadas para deposição de carne magra na carcaça dos 30 aos 60 kg. Rev.

D.; RODRIGUEIRO, R. J. B. Exigência de treonina para leitoas dos 15 aos 30 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 3, p. 817–822, 2000. PRANDINI, A. L. D. O.; SIGOLO, S.; MORLACCHINI, M.; GRILLI, E.; FIORENTINI, L. Microencapsulated lysine and low-protein diets:

Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.13, n.2, p.433-443 abr./jun., 2012. ISSN 1519 9940. SHEN, Y. B.; VOILQUE, G.; KIM, J. D.; ODLE, J.; KIM, S. W. Effects of increasing tryptophan intake on growth and physiological changes in nursery pigs. Journal of animal science, v. 90, n. 7, p. 2264-2275, 2012.

7044

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 442- Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos

SOBRINHO, D. C. D. S.; DE OLIVEIRA JÚNIOR, G.

VIEIRA VAZ, R. G. M.; OLIVEIRA, R.; DONZELE,

M.; RONER, M. N. B.; FERREIRA, A. S.; DE

J. L.; FERREIRA, A. S.; SILVA, F.; KIEFER,

OLIVEIRA, A. G.; DOS SANTOS, W. G.; DA

C.; RESENDE, W Exigência de aminoácidos

SILVA MORAIS, J. A.

Lisina digestível para

sulfurados digestíveis para suínos machos

suínos machos castrados submetidos a estresse

castrados mantidos em ambiente de alta

por calor dos 95 aos 115 kg. Revista Brasileira

temperatura dos 15 aos 30 kg. Revista

de Saúde e Produção Animal, v. 14, n. 3, 2013.

Brasileira Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1633-

SOLBERG, J., BUTTERY, P.J., BOORMAN, K.N.

1639, 2005.

Effect of moderate methionine deficiency on food,

WAGUESPACK, A. M.; BIDNER, T. D.; PAYNE,

protein and energy utilization in the chick. British

R. L.; SOUTHERN, L. L. Valine and isoleucine

Poultry Science, v. 12,p.297-304, 1971.

requirement

TAVERNARI, F. DE. C. Atualização da proteína ideal

para

frangos

de

corte:

valina

e

isoleucina. 2010. 75 f. Tese (Doutorado) -

of

20-to

45-kilogram

pigs.

Journal of animal science, v. 90, n. 7, p. 2276-2284, 2012. WALTON,

M.J.

Aspects

of

amino

acid

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2010.

metabolism in teleost fish. In: COWEY, C.B.;

VIDAL, T. Z. B. Efeito da redução da proteína bruta e

MACKIE, A.M.; BELL, J.G. Nutrition and

da suplementação de aminoácidos para suínos

feeding in fish. London: Academic Press,

machos castrados, dos 70 aos 100 kg. Arq. Bras. Med, v. 62, n. 4, p. 914-920, 2010.

1985, p. 47-67. ZHU, C. L.; RADEMACHER, M.; DE LANGE, C.

VIEIRA VAZ, R. G. M.; OLIVEIRA, R.; DONZELE, J.

F. M. Increasing dietary pectin level reduces

L.; FERREIRA, A. S.; SILVA, F.; KIEFER, C.;

utilization of digestible threonine intake, but not

RESENDE,

lysine intake, for body protein deposition in

W

Exigência

sulfurados

digestíveis

castrados

mantidos

de

para em

aminoácidos

suínos

ambiente

machos de

alta

growing pigs. Journal of animal science, v. 83, n. 5, p. 1044-1053, 2005.

temperatura dos 15 aos 30 kg. Revista Brasileira Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1633-1639, 2005.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7045


Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras Imunoglobulinas, pasteurização.

placenta,

colostrogênese,

absorção,

. Vol. 14, Nº 05, set./out.de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Vanessa Amorim Teixeira¹ Hilton do Carmo Diniz Neto² 3 Sandra Gesteira Coelho

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

1

Mestranda em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG E-mail: vanessateixeiraamorim@gmail.com Mestrando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 3 Profa. Associada, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 2

Revist

RESUMO dentre eles a criação de bezerras. Os cuidados com

IMPORTANCE OF COLOSTRUM FOR THE TRANSFER OF PASSIVE IMMUNITY, HEALTH AND FUTURE LIFE OF CALVES

essa categoria são negligenciados na grande maioria

ABSTRACT

das fazendas com a ideia errônea de que se deve

In the dairy activity there are several challenges,

gastar o mínimo possível com esses animais já que

among them the breeding of calves. The care with

não estão na sua fase produtiva. Porém, a

this category is neglected in the great majority of the

mortalidade de bezerras nos primeiros meses de

farms with the erroneous idea that one should spend

vida é uma das principais causas de prejuízo na

the minimum possible with these animals since they

bovinocultura mundial e a falha da transferência de

are not in their productive phase. However, the

imunidade passiva (FTIP) um dos fatores de grande

mortality of calves in the first months of life is one of

contribuição para estas mortes. Dessa forma,

the main causes of injury in world cattle and the

pequeno investimento e as mudanças de manejo

failure of the transference of passive immunity (FTPI)

resultam

e

is one of the factors of great contribution to these

desempenho das bezerras e novilhas. A colostragem

deaths. In this way, small changes in management

é um procedimento simples e de fácil realização. O

and investment result in a great impact on the health

fornecimento de colostro em qualidade, quantidade e

and performance of calves and heifers. Colostration

tempo adequado é determinante para a manutenção

is a simple and easy procedure. The supply of

da saúde e desempenho futuro das bezerras. Nesta

colostrum in quality, quantity and adequate time is

revisão a colostrogênese, os fatores que afetam a

determinant for the maintenance of the health and

transferência de imunidade passiva e a importância

future performance of the calves. In this review the

do colostro na saúde e vida futura das bezerras

process of colostrogenesis, the factors that affect

leiteiras são apresentados e discutidos.

passive immunity transfer and the importance of

Na atividade leiteira existem diversos desafios,

em

grande

impacto

na

Palavras-chave: imunoglobulinas, colostrogênese, absorção, pasteurização.

saúde

placenta,

colostrum in the health and future life of dairy heifers are presented and discussed. Keyword: immunoglobulins, placenta, colostrogenesis, absorption, pasteurization. 7046


Artigo 443 – Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras

INTRODUÇÃO

camente ativas associadas ao desenvolvimento do

A criação de bezerras é uma etapa de grande

sistema digestivo e as vilosidades intestinais, bem

importância na pecuária leiteira, por representar o

como; na síntese proteica de vários órgãos e na

futuro da produção de leite da fazenda e a sua

regulação endócrina. Tem também a função de

reposição, por ter os melhores animais oriundos dos

reduzir a secreção de motilina e somatostatina

programas de melhoramento genético e por ser uma

(Davis & Drackley, 1998; Kindlein et al., 2007).

forma de obter receita adicional a partir da comercialização de novilhas excedentes. Desde o

Objetiva-se

com

essa

primeiro dia de vida até o desaleitamento, o

colostrogênese,

processo de criação de bezerras exige boas práticas

transferência de imunidade passiva e correlacionar a

de manejo e muita atenção e critério aos menores

importância do colostro com a saúde e vida futura

detalhes, uma vez que a maior taxa de mortalidade

das bezerras leiteiras.

os

revisão

fatores

que

descrever

a

afetam

a

de bezerras se encontra neste período (Coelho, 2009). A placenta dos bovinos, do tipo sindesmocorial,

COLOSTROGÊNESE O colostro é a primeira secreção láctea dos mamíferos obtida depois do parto, sendo originado

bacterianas e/ou virais, porém, impede a passagem

da mistura de secreções lácteas e constituintes do soro sanguíneo (Davis e Drackley, 1998). Sua

de proteínas séricas de alto peso molecular, como

formação

as imunoglobulinas (Ig), da circulação materna para

imunoglobulinas da circulação materna para secreção mamária no final da gestação em torno de

protege

a

o

feto

fetal.

contra

As

a

maioria

bezerras

das

ações

apresentarão

agamaglobulinemia ao nascimento. Além disso, o aumento nos níveis de cortisol materno e fetal durante o final da gestação e no dia do parto interfere

no

status

imunológico

das

bezerras,

inicia-se

com

a

transferência

de

cinco semanas antes do parto e termina devido à ação da prolactina logo após o parto (Davis & Drackley, 1998). Segundo Godden, (2008) o colostro é composto por 85 a 90% de imunoglobulina G (IgG),

provocando neutrofilia, linfopenia e redução da

7%

atividade fagocítica dos macrófagos e neutrófilos,

imunoglobulina A (IgA); a IgG é subdividida em IgG1 e IgG2, sendo a IgG1 cerca de 80 a 90% do total de

células essenciais na resposta imune. Desta forma, as bezerras nascem particularmente sensíveis às infecções, adquirindo proteção imunológica somente

de

imunoglobulina

M

(IgM)

e

5%

de

IgG. Em menores quantidades as imunoglobulinas A e M são produzidas pelos plasmócitos na glândula

após a ingestão do colostro.

mamária. Embora não seja bem compreendido, a transferência de IgE por meio do colostro materno

A transferência da imunidade passiva nas bezerras

também ocorre, e pode ser importante na proteção

depende da associação entre o acúmulo de

precoce contra parasitas intestinais (Larson, et al., 1980; Godden, 2008).

imunoglobulinas e células sanguíneas na secreção láctea da mãe (formação do colostro), ingestão de colostro

pelas

bezerras

e

absorção

destas

imunoglobulinas pelo epitélio intestinal (Davis & Drackley, 1998). Além do papel fundamental na transferência de imunidade passiva, o colostro também possui outras funções, entre elas a de nutrir o neonato, manter e regular a temperatura corporal, fornecer fatores de crescimento (fator de crescimento semelhante à insulina tipo I), transferir imunidade celular (Reber et al., 2008), induzir a secreção de hormônios: hormônio

do

crescimento,

insulina,

gastrina,

colecistocinina, secretina, polipeptídio pancreático, polipeptídio vasoativo intestinal, moléculas biologi-

O epitélio mamário bovino sintetiza ainda alguns fatores imunes, como a lactoferina, lactoperoxidase, β-defensina, proteína ligadora de lipopolissacarídeos e lisozima, que auxiliam na proteção contra bactérias e patógenos nocivos (Davis & Drackley, 1998; Paiva et al., 2006; Stelwagen et al., 2009; Ontsouka et al., 2016). Alguns fatores podem influenciar o conteúdo de imunoglobulinas e a composição do colostro como: efeitos genéticos e de raça, idade da matriz, nutrição, variação hormonal fisiológica, ordem de lactação, pré ordenha e mastite (Larson, et al., 1980; Godden, 2008).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7047


Artigo 443 – Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras

FATORES QUE AFETAM A TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE PASSIVA A transferência da imunidade passiva nas bezerras

cos,

depende da formação do colostro, ingestão de

A contaminação bacteriana no colostro interfere na

colostro

destas

absorção das imunoglobulinas devido a fatores

imunoglobulinas pelo epitélio intestinal (Davis &

como: ligação das bactérias com as Ig no lúmen

Drackley, 1998).

intestinal ou bloqueio direto da captura e transporte

pelas

bezerras

e

absorção

onde

a

transferência

maciça

de

imunoglobulinas materna (Godden, 2008).

das

imunoglobulinas

pelas

células

epiteliais

A qualidade do colostro é dependente de diversos

intestinais. Dessa forma a manutenção da qualidade

fatores, dentre eles: a quantidade de colostro, idade

microbiológica

da vaca e manejo dos animais. A quantidade de

transferência de imunidade passiva.

do

colostro

é

fundamental

na

colostro produzida na primeira lactação é menor do que nas lactações subsequentes. Além disso, os

O tempo de ingestão do colostro é importante para

teores de imunoglobulinas no colostro são maiores

otimizar a absorção intestinal. As bezerras, de

em vacas multíparas do que em primíparas, em

maneira geral, devem ingerir 10% do peso vivo de

virtude do maior contato com antígenos que esses

colostro de boa qualidade (densidade acima de

animais apresentam ao longo da vida (Donavan et

1.046 a 1.050 mg/l) nas primeiras seis horas de vida

al., 1986).

(Davis e Drackley, 1998).

A

duração

do

período

seco

está

relacionada com o volume de colostro produzido, dias (Davis & Drackley, 1998).

COLOSTRO FRESCO, CONGELADO E PASTEURIZADO O colostro fresco é significativamente alterado pelas

A falha na ingestão do colostro se deve a fatores

condições de armazenamento e de tempo de

relacionados com a vaca e/ou com a bezerra. A

armazenagem. As bactérias e o pH sofrem grandes

conformação inadequada do úbere e/ou dos tetos

modificações, e as alterações são mais rápidas

(tetos muito curtos ou tetos muito longos e grossos)

quando o colostro é armazenado acima de 4°C. As

dificulta a apreensão e sucção que impede a

primeiras seis horas pós-coleta são críticas, a taxa

ingestão de colostro e a transferência de imunidade

de crescimento bacteriano é maior com temperaturas

(Feitosa et al., 2003). A habilidade materna também

de armazenamento mais elevadas, e assim o

interfere na ingestão de colostro. As multíparas

colostro deve ser fornecido imediatamente após a

apresentam melhor habilidade materna em relação

coleta, ou refrigerado para minimizar o crescimento

às

menor

bacteriano. Embora a IgG não seja afetada pela

ocorrência de falha de transferência de imunidade

armazenagem, a taxa de absorção pode ser afetada

passiva de suas bezerras. Além disso, as distocias

pelo pool de bactérias e pela alteração de pH

como partos prolongados e difíceis podem causar

(Cummins et al., 2016).

principalmente quando este período é inferior a 40

primíparas

e

consequentemente

hipóxia no feto, edema dos tecidos cefálicos moles e da língua, dificultando a ingestão do colostro

Muitos produtores recorrem ao congelamento do

(Godden, 2008). A ingestão tardia de colostro afeta a

colostro

transferência de imunidade passiva uma vez que o

reaproveitamento futuro. O congelamento é um

colostro perde a qualidade à medida que o tempo

método de conservação que impede o crescimento

passa, além disso, a bezerra ao longo do tempo pós-

bacteriano significativo, o que permite uma maior

nascimento perde gradativamente a capacidade de

conservação

absorção de imunoglobulinas.

congelamento nas concentrações de Ig, porém

para

do

fins

de

produto.

armazenamento

Não

efeito

ou

do

apresenta efeito sobre a imunidade celular, uma vez As imunoglobulinas e outras proteínas presentes no

que os cristais de gelo formados são responsáveis

colostro, no trato gastrointestinal da bezerra, são

em romper a membrana das células presentes no

captadas

colostro (Kryzer et al., 2015).

pelas

células

cilíndricas

do

epitélio

intestinal por endocitose e posteriormente atingem a circulação sistêmica, via capilares venosos e linfáti-

Reber et al., 2008, verificaram que a utilização de colostro acelular característico de colostro acelular

7048

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046- 7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras

comprometer o desenvolvimento do sistema imune

MORBIDADE, MORTALIDADE E DESEMPENHO A falha na transferência de imunidade passiva (FTIP)

dos bezerros em comparação com a utilização de

é o principal fator que contribui para a mortalidade de

colostro fresco.

bezerras,

característico

de

colostro

congelado,

pode

sendo

associado

a

39

-

50%

da

mortalidade de bezerras Holandês (Bartier et al., O colostro pasteurizado, (60°C por 30 a 60 minutos),

2015). A FTIP está associada a elevados riscos de

mantém a qualidade sem provocar efeito negativo

mortalidade, diminuição da saúde e longevidade das

sobre a IgG colostral (g/L), proteína (%), gordura

bezerras, o que impacta diretamente nos custos

(%), lactose (%), sólidos totais (%), insulina (ng/mL),

durante

lactoferrina (mg/ml), e IGF-1 (ng/mL) e reduz

(Raboisson et al., 2016).

a

fase

de

criação

desses

animais

significativamente agentes patogénicos importantes, tais como: Listeria monocytogenes, Escherichia coli,

A correta realização da colostragem (qualidade,

Salmonella

quantidade e tempo de fornecimento ideal) é

enteritidis,

e

M.

avium

ssp.

responsável em aumentar o tamanho, largura e

Paratuberculosis (Godden et al., 2015).

número das vilosidades intestinais, a profundidade Bezerras alimentadas com colostro pasteurizado

das criptas e espessura da mucosa, a síntese de

apresentam melhora na absorção de IgG, resultando

enzimas da borda em escova, a captação da glicose,

em concentrações de IgG no soro mais elevadas em

a

comparação com bezerras alimentadas com colostro

antioxidantes contra o estresse oxidativo e os fatores

fresco ou congelado. Embora o mecanismo exato

de crescimento presentes no soro. Esses fatores

para explicar esta hipótese não seja confirmado, há

auxiliam após o nascimento no estabelecimento do

melhor transferência passiva quando há menor

mecanismo de defesa imunológico e no sistema

interferência bacteriana na absorção de IgG no

antioxidante, reduzindo morbidade e mortalidade

intestino delgado. O fornecimento de colostro

(Stelwagen et al., 2009; Yang et al., 2015).

pasteurizado produz benefícios em curto prazo, incluindo melhor transferência passiva de IgG e redução da morbidade no período pré-desmame. Em contrapartida, Godden et al., (2015) não relataram nenhum

benefício

da

utilização

do

colostro

pasteurizado a longo prazo, incluindo o risco de transmissão

do

Mycobacterium

avium

ssp.

e

Paratuberculosis (Johnson et al., 2007; Donahue et al., 2012; Godden et al., 2012; Kryzer et al., 2015; Godden et al., 2015). Animais

alimentados

com

colostro

e

leite

médio e uma menor prevalência de pneumonia e diarreia, acarretando numa taxa de mortalidade quando

de

DNA

intestinal,

as

atividades

As células epiteliais do intestino formam uma barreira

físico-química

potente

que

limita

o

crescimento microbiano e o acesso à superfície do intestino. Elas também podem recrutar leucócitos para complementar a função de barreira ou de participar

de

respostas

imunitárias.

O

desenvolvimento de tecidos linfoides associados ao intestino (GALTs) é iniciado antes do nascimento. No entanto,

a

maturação

desse

sistema

e

o

recrutamento de células IgA e células T ativadas

pasteurizado apresentaram maior ganho de peso

menor

síntese

comparado

com

bezerras

alimentadas com colostro e leite residual não pasteurizado.

A

pasteurização

(densidade

≥1.065)

e

do

leite

colostro melhora

significativamente o estado de saúde e reduz a morbidade e mortalidade durante os primeiros vinte e um dias de vida (Elizondo-Salazar & Heinrichs, 2010; Armengol & Fraile, 2016). EFEITO DA COLOSTRAGEM SOBRE IMUNIDADE,

ocorre após o nascimento e é dependente de sinais derivados da microbiota; estes sinais influenciam as células epiteliais intestinais e as células dendríticas, modulando a natureza e a intensidade das células T. A maior parte desta população de células é constituída de macrófagos, neutrófilos, linfócitos T e B,

com

capacidade

imunomodulatora, que

imunoreativa

e

contribuem para proteção

contra rotavírus. Os animais que recebem colostro contendo leucócitos maternos desenvolvem células apresentadoras de antígeno mais rapidamente, as quais são essenciais para o desenvolvimento da resposta imune adquirida aos patógenos e vacinas. Os leucócitos aumentam a resposta dos linfócitos a

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7049


Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras

substâncias

mitogênicas

não

específicas

Provavelmente

alguns

componentes

não

aumentando a fagocitose e a habilidade de matar

nutricionais do colostro alteraram a programação

bactérias, e também aumentam a formação de Ig

metabólica responsável por regular o apetite e

nas bezerras (Bensussan & Routhiau 2010; Langel

nutrientes gerando maior ganho de peso.

et al., 2015). Bezerras alimentadas com quatro litros de colostro

CONSIDERAÇÕES FINAIS A ingestão precoce e adequada de colostro de

de alta qualidade dentro do período de uma hora

alta

após o nascimento tiveram menor custo com

determinação da saúde futura e sobrevivência da

veterinário (US $ 15,00/animal), maior ganho de

bezerra. Além de redução do risco de morbidade

peso médio diário durante a fase pré-puberal, e

e mortalidade pré e pós desaleitamento, os

produziram uma média de 1 kg a mais leite por dia,

benefícios da transferência de imunidade passiva

em duas lactações em comparação com bezerras

incluem: elevadas taxas de ganho de peso e

alimentadas com dois litros de colostro (Faber et al.,

eficiência alimentar, redução da idade ao primeiro

2005). Bezerras com FTIP tiveram redução na

parto e maior produção de leite na primeira e

produção de leite e gordura na primeira lactação e

segunda lactação.

qualidade

é

um

fator

importante

na

atraso na idade ao primeiro parto (Godden et al. (2009).

Para cada unidade de IgG maior que 12

mg/ml existe aumento de 9 kg de aumento na energia metabolizável do leite (Osaka et al., 2014). Jones et al. (2004) demonstraram que as bezerras alimentadas com o colostro materno apresentaram maior eficiência alimentar, maior ganho de peso e menor idade a puberdade do que as que foram tratadas com substituição de colostro de derivados de soro.

da colostragem no pré-desmame e a variação de ingestão de substitutos do leite após a ingestão de colostro. As bezerras alimentadas com colostro tinham significativamente maiores ganhos de peso diário

pré-desmame

e

pós-desmame.

Steinhoff-Wagner et al. (2010) avaliaram os efeitos do colostro sobre a capacidade de recém-nascidos para regular a glicemia, por meio da absorção. Os resultados deste estudo demonstraram que bezerras alimentadas com colostro tiveram maior circulação no

plasma

de

glicose

em

comparação

com

alimentados com substitutos de colostro, porém a capacidade gliconeogênica não diferiu entre os dois grupos. Isto sugere que, em bezerras alimentadas com colostro a capacidade de absorção de glicose é aumentada

em

comparação

com

o

leite

e

substitutos, o que acarreta maior ganho de peso. No estudo de Soberon et al. (2012) as bezerras que receberam quatro litros de colostro tiveram maior eficiência alimentar que os demais tratamentos que não receberam colostro em quantidade suficiente. 7050

ARMENGOL, R.; FRAILE, L. Colostrum and milk pasteurization

improve

health

status

and

decrease mortality in neonatal calves receiving appropriate colostrum ingestion. J. Dairy Sci., v.99, p.4718-4724, 2016. BARTIER, A.L.; WINDEYER, M.C.; DOEPEL, L. Evaluation of on-farm tools for colostrum quality measurement. J. Dairy Sci., v.98,

Soberon & Van Amburgh, (2011) avaliaram o efeito

médio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

p.1878-1883, 2015. BENSUSSAN,

N.C.;

ROUTHIAU,

V.G.

The

immune system and the gut microbiota: friends or foes?. Nat. Rev. Im., v.10, p.735-744, 2010. COELHO, S.G. Desafio na criação e saúde de bezerras. CONGRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA, 2009, Belo Horizonte. Anais…, Belo Horizonte: [s.n.] 2009.p.1-16, 2009. CUMMINS, C.; LORENZ, I.; KENNEDYET, E. Short communication: The effect of storage conditions over time on bovine colostral immunoglobulin G concentration, bacteria, and pH. J. Dairy Sci., v. 99, p. 4857-4863, 2016. DAVIS, C.L.; DRACKLEY, J.K. Colostrum. in The Development, Nutrition, and Management of the Young Calf. Ed. Iowa State Univ. Press., Ames. p. 179-206, 1998. DONAHUE, M.; GODDEN, S.M.; BEY, R. et al. Heat-treatment of colostrum on commercial dairy counts

farms

reduces

while

colostrum

maintaining

microbial colostrum

immunoglobulin G concentrations. J. Dairy Sci., v. 95, p.2697-2702, 2012.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras

DONOVAN, G.A.; BADINGA, L.; COLLIER, R.J.;

MACHADO NETO, R. Efeito do fornecimento

WILCOX, C.J.; BRAUN, R.K. Factors influencing

adicional de colostro sobre as concentrações

passive transfer in dairy calves. J. Dairy Sci.,

séricas de IgG, PT e IGF-I de bezerras

v.69, p.754-759, 1986.

neonatos. Rev. Bras. Prod. Ani., v.8, p. 375-

ELIZONDO-SALAZAR, J.; HEINRICHS, J. Effect of heat-treated colostrum to neonatal dairy heifers:

385, 2007. KRYZER, A.A.; GODDEN, S.M.; SCHELL,R.

Effects on growth characteristics and blood

Heat-treated (in single

parameters. J. Dairy Sci., v.92, p. 3265-3273,

colostrum

2010.

colostrum in terms of quality and transfer of

FABER, S.N.; FABER, N.E.; MCCAULEY, T.C.; AX, R.L. Effects of colostrum ingestion on lactational performance. The Prof. Ani. Sci., v. 21, p. 420-

aliquot or

outperforms

batch)

non-heat-treated

immunoglobulin G in neonatal Jersey calves. J. Dairy Sci., v.98, p.1870-1877, 2015. LANGEL, S.N.; WARK, W.A.; GARST, S.N. et al. Effect of feeding whole compared with cell-free

425, 2005. FEITOSA. F.L.F.; BORGES, A.S.; BENESI, F.J. et al.

colostrum on calf immune status: The neonatal

Concentração de imunoglobulinas G e M no soro

period. J. Dairy Sci., v. 98, p. 3729-3740,

sanguíneo de bezerras da raça Holandesa até os

2015.

90 dias de idade. Brazilian J. Vet. Res. and Ani.

LARSON, B.L et al. Imnunoglobulin production and transport by the mammary gland. J. Dairy

Sci., v. 40, p. 26-31, 2003. GODDEN, S.M. Colostrum Management for Dairy Calves. Vet. Clinic. Food Ani. Pract., v. 24, p.19-

Sci., v.63, p. 665-71, 1980. ONTSOUKA,

E.C.;

ALBRECHT,

C.;

BRUCKMAIER, R.M. Invited review: Growth-

39, 2008. GODDEN, S.M.; HAINES, D.M.; KONKOL, K.;

promoting effects of colostrum in calves based

PETERSON, J. Improving passive transfer of

on interaction with intestinal cell surface

immunoglobulins in calves II: Interaction between

receptors and receptor-like transporters. J.

feeding method and volume of colostrum fed. J.

Dairy Sci., v. 99, p.1-13, 2016. OSAKA, I.; MATSUI, Y.; TERADA, F. Effect of the

Dairy Sci., v. 92, p. 1758- 1764, 2009. GODDEN, S.M.; SMOLENSKI, D.J.; DONAHUE, M.

mass of immunoglobulin (Ig) G intake and age

reduced

at first colostrum feeding on serum IgG

morbidity in preweaned dairy calves: Results of a

concentration in Holstein calves. J. Dairy Sci.,

randomized trial and examination of mechanisms

v. 97, p.6608- 6612, 2014.

et

al.

Heat-treated

colostrum

and

of effectiveness. J. Dairy Sci., v. 95, p. 4029-4040,

PAIVA, F.A.; NEGRÃO, J.A.; BUENO, A.R. et al. Efeito do manejo de fornecimento de colostro

2012. GODDEN, S.M.; WELLS, S.; DONAHUE, M. et al.

na imunidade passiva, cortisol e metabólitos

Effect of feeding heat-treated colostrum on risk for

plasmáticos de bezerras Holandeses. Arq.

infection

Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, p.739-743,

with

Mycobacterium

avium

ssp.

paratuberculosis, milk production, and longevity in Holstein dairy cows. J. Dairy Sci., v. 98, p.5630-

2006. RABOISSON, D.; TRILLAT, P.; CAHUZAC, C. Failure of Passive Immune Transfer in Calves:

5641, 2015. JOHNSON, J.L.; GODDEN, S.M..; MOLITOR, T. et

A Meta-Analysis on the Consequences and

al. Effects of feeding heat-treated colostrum on

Assessment of the Economic Impact. Journal

passive

Pone, 2016.

transfer

of

immune

and

nutritional

parameters in neonatal dairy calves. J. Dairy Sci., JONES,

C.M.;

JAMES,

REBER, A.J.; DONOVAN, D.C.; GABBARD, J. et al. Transfer of maternal colostral leukocytes

v. 90, p. 5189-5198, 2007. R.E.;

QUIGLEY,

J.D.;

promotes

development II.

Effects

the

neonatal

on

neonatal

MCGILLIARD, M.L. Influence of pooled colostrum

immune

or colostrum replacement on IgG and evaluation

lymphocytes. Vet. Immunol. Immunopathol.,

of animal plasma in milk replacer. J. Dairy Sci.,

system:

of

v.123, p.305–313, 2008. SOBERON, F.; RAFFRENATO, E.; EVERETT,

v.87, p.1806-1814, 2004. KINDLEIN, L.; PAULETTI, P.; BAGALDO, A.R.;

R.W.; VAN AMBURGH, M.E. Early life milk

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7051


Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras

term

STELWAGEN, K.; CARPENTER, E.; HAIGH, B.

productivity of dairy calves. J. Dairy Sci., v. 95,

et al. Immune components of bovine colostrum

p.783-793, 2012.

and milk. J. Dairy Sci., v.87, p. 3-9, 2009.

replacer

intake

and

effects

on

long

SOBERON, F.; VAN AMBURGH, M.E. Effects of

YANG, M.; ZOU, Y.; WU, Z.H. et al. Colostrum

colostrum intake and pre-weaning nutrient intake

quality affects immune system establishment

on post-weaning feed efficiency and voluntary

and intestinal development of neonatal calves.

feed intake. J. Dairy Sci., v. 89, p. 69-70. 2011.

J. Dairy Sci., v. 98, p. 7153-7162, 2015.

STEINHOFF-WAGNER, J.; GORS, S.; JUNGHANS, P. et al. Intestinal glucose absorption but not endogenous glucose production differs between colostrum- and formula-fed neonatal calves. J. Nut.,. v.141, p. 48-55, 2011.

7052

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

Revista Eletrônica

Carcaça, desempenho, ovinos, raça, alimentação.

Vol. 14, Nº 05, set,/out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Diego Cordeiro de Paula

1

Vitor Hugo Maués Macedo Tiago Adriano Simioni

2

3

1

Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, UFMT/ICAA/Sinop Zootecnista, mestrando em Ciência Animal, Universidade Federal do ParáUFPA. 3 Msc. Zootecnia, doutorando em Zootecnia, Universidade Estadual PaulistaUNESP. E-mail: simioni@zootecnista.com.br 2

RESUMO

MEAT CHARACTERISTICS IN FINISHING LAMBS

A ovinocultura é uma atividade promissora no

IN TROPICAL PASTURE WITH

agronegócio

SUPPLEMENTATION

brasileiro,

o

Brasil

possui

baixo

consumo interno da carne ovina, e dispõe dos requisitos potenciais para aumento de produção e

ABSTRACT

exportação desta carne. O objetivo dessa revisão de

The sheep industry is a promising activity in Brazilian

literatura é destacar fatores importantes para essa

agribusiness; Brazil has low internal consumption of

expansão, por meio de um aporte de conhecimento

lamb meat, and has the potential requirements for

acerca do sistema de criação de ovinos e suas

increased production and export of meat. The

características de carne, informações relevantes

objective of this review is to emphasize important

tanto para o produtor como para o mercado

factors for this expansion by means of a contribution

consumidor.

as

of knowledge about sheep breeding system and its

potencialidades de criação e terminação de ovinos a

meat characteristics, relevant information for both the

pasto recebendo suplementação, como forma de

producer and the consumer market. It stands out,

aumentar a produtividade e o retorno de capital

therefore, the potential for the creation and fattening

dentro dessa cadeia produtiva.

of the lamb in pasture receiving supplementation as

Destaca-se,

portanto,

a way to increase productivity and the return of Palavras-chave: carcaça, desempenho, ovinos, raça,

capital in this production chain.

alimentação. Keyword: birds, diet, enzymes, performance.

7053


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

INTRODUÇÃO Atualmente

te para o consumidor, como também para o produtor,

a

ovinocultura

atividade

se tenha o conhecimento da composição da carcaça

econômica explorada em todos os continentes,

e de seus cortes para obtenção de maior retorno e

sendo que a ampla difusão da espécie se deve

melhor

principalmente

GARCIA et al., 2003).

a

seu

é

poder

uma

de

adaptação

a

valorização

dos

mesmos

(FURUSHO-

diferentes climas, relevos e vegetações. Contudo, sua exploração, em grande parte, é desenvolvida em

Vários fatores interferem no desempenho dos

sistemas extensivos e com baixo nível de tecnologia

cordeiros, dentre eles, o peso ao nascer, consumo e

(COUTO,

grande

conversão alimentar, ganho de peso diário, peso ao

importância nas regiões tropicais, pois, contribui

desmame. Estes são influenciados por variáveis

para geração de renda e fixação do homem em

como habilidade materna, produção de leite, idade e

áreas pouco agricultáveis, sendo caracterizada pelo

estresse

seu aspecto econômico e sua facilidade de criação

disponibilidade e qualidade das forragens, manejo

para a subsistência das famílias de zonas rurais.

sanitário e fatores genéticos (BARROS et al., 2005).

Além

2003).

de sua

A

atividade

é

importância para

de

os

pequenos

produtores, Madruga et al. (2005) destacou que a ovinocultura

é

uma

atividade

promissora

ao

desmame,

manejo

alimentar,

REVISÃO DE LITERATURA Categoria de ovinos

no

agronegócio brasileiro, em virtude do Brasil possuir

Em um contexto geral sobre o consumo de carne

baixa oferta para o consumo interno da carne ovina,

ovina, os cordeiros são potencialmente a categoria

e dispor dos requisitos necessários para ser

ovina que possui a carne de maior aceitabilidade

exportador desta carne, dentre eles: extensão

(FIGUEIRÓ & BENAVIDES, 1990). Segundo Sañudo

territorial para pecuária, clima tropical, e mão-de-

& Sierra (1986), as carcaças bem conformadas são

obra acessível, o que permite produzir animais a

aquelas que apresentam formato curto, largo e

baixo custo.

compacto.

Por

outro

lado,

uma

carcaça

de

conformação deficiente é a que apresenta formato Existe então, um grande mercado a ser preenchido

longo,

no consumo interno (ALMEIDA JR et al., 2004) que

características qualitativas da carcaça que devem

dependerá fundamentalmente da organização e

ser bem elucidadas para melhor aceitação.

gestão

da

cadeia

produtiva,

permitindo

estreito

e

pouco

compacto.

Ainda

o

desenvolvimento e crescimento ordenado do setor

O termo qualidade esta sendo estudado por ser um

de

conceito bastante amplo e complexo, pois está

produção

(SIMPLÍCIO,

2001),

pois,

aproximadamente 50% da carne ovina consumida

relacionado

no país é importada de outros países como o

agroindustrial, desde o nascimento do animal até o

Uruguai, Argentina e Nova Zelândia.

preparo para consumo final da carne in natura e dos produtos

O consumo per capita de carne ovina no Brasil tem

com

cárneos

todas

as

etapas

processados

da

cadeia

(BRESSAN

&

FERRÃO, 2003).

aumentado nos últimos anos, porém não atinge 2 kg/habitante/ano, sendo 0,1 kg/habitante/ano no

Para melhorar esse valor torna-se necessário

Nordeste e 1,8 kg/habitante/ano no sul do país,

conhecer aspectos relativos a fatores intrínsecos

enquanto

20

relacionados ao próprio animal como idade, sexo,

kg/habitante/ano (ROÇA, 1993). O mercado de

genética, morfologia, peso ao nascimento e peso ao

carne ovina no Brasil tende a expandir-se de forma

abate e também por fatores extrínsecos como

significativa, porém, de acordo com Siqueira et al.

alimentação e manejo (FURUSHO-GARCIA et al.,

(2002), há problemas que se interpõem à expansão

2003), tais fatores influenciam as proporções dos

dessa atividade, relacionados

qualidade do

distintos tecidos (osso: músculo: gordura), que por,

produto ofertado e a uma produção que não atende

sua vez, denotam sua qualidade. Assim a qualidade

a demanda de mercado.

é um conjunto de atributos que deve satisfazer o

Para essa expansão, é necessário que, não somen-

consumidor

7054

na

Austrália

chega

a

a

atingir

(CARVALHO

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

&

PÉREZ,

2011).


Artigo 444- Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

Em relação a grupos genéticos no Brasil, temos um

desmame. Estes são influenciados por variáveis

grande número de raças sendo criadas, tanto

como habilidade materna, produção de leite, idade e

nativas quanto naturalizadas, contudo a valorização

estresse

de ovinos adaptadas a cada região torna-se

disponibilidade e qualidade das forragens, manejo

importante

sanitário e fatores genéticos (BARROS et al., 2005).

no

sistema

produtivo,

devido

principalmente a sua resistência.

ao

desmame,

manejo

alimentar,

Além disso, para melhorar o desempenho dos cordeiros na fase de amamentação, recomenda-se a

Neste contexto, a produção da raça Santa Inês é

utilização do creep feeding, pois propicia maior peso

crescente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do

ao desmame (OTTO et al., 1997).

Brasil, devido a características de adaptação, menor

O mecanismo de controle do crescimento de

susceptibilidade a parasitas e também pelo fato de

desenvolvimento dos ovinos de corte vem sendo

serem poliéstricas anuais (BUENO et al., 2000).

pesquisados nos últimos anos. Segundo Hammond

habilidade

materna,

rusticidade,

(1965), o crescimento pode ser definido como o Por sua vez, os ovinos Pantaneiros sofreram

acúmulo de massa, enquanto o desenvolvimento

processo de seleção natural em uma determinada

refere-se ás mudanças na forma e preenchimento

região com particularidades de relevo e clima, e

das funções dos indivíduos.

apesar de menos produtivos quando comparados a raças especializadas para produção de carne, têm

Quando se trabalha com animais destinados á

importante potencial genético a ser explorado e

produção de carne, é necessária a determinação do

preservado (ALVARENGA, 2009).

peso ideal para abate. Segundo Santos et al. (1998), essa determinação está baseada nas exigências do

O genótipo e o sistema de alimentação podem

mercado, já que, de um modo geral, o consumidor

influenciar muito na conformação da carcaça dos

deseja carcaça com alta proporção de carne,

ovinos (SANUDO et al., 1992), sendo que o melhor

adequada

desempenho

das

proporção de ossos (SANTOS, 2007). Owen (1976)

características do animal, da qualidade e quantidade

relatou que a maior velocidade de crescimento do

dos alimentos que compõem a sua dieta (PINTO et

cordeiro ocorre entre a primeira e a vigésima

al., 2005).

semanas de vida. Portanto, procura-se produzir

dos

ovinos

dependerá

proporção

de

gordura

e

reduzida

cordeiros de até 150 dias, com peso vivo de 28 a 30 Segundo Muniz et al. (1997), a produção de

kg e carcaças de tamanho moderado (12 a 14 kg),

cordeiros de forma mais intensificada pode se tornar

de acordo com a preferência do consumidor

alternativa para os produtores. No entanto, é

(SIQUEIRA, 1999).

necessário manejo alimentar que favoreça uma rápida terminação e obtenção de carcaças com

De acordo com Targa et al. (1993), as modificações

características adequadas ao mercado consumidor.

no ambiente natural parecem ser essenciais para elevar o desempenho produtivo dos animais em

Algumas técnicas de criação são necessárias para

regiões de clima quente. A manutenção de ovinos

que os produtores explorem o máximo potencial

em crescimento em condições de pastejo deve

produtivo dos animais através de alimentação

prever a suplementação alimentar com concentrados

adequada, seja com a utilização de confinamentos,

(BARBOSA et al., 2003), pois pode melhorar o

uso de forragem cultivada, ou a forma de terminação

desempenho (SOUZA et al., 2005).

com suplementação em pastagem (GOUVEIA et al., De acordo com Emmick (1991), o pasto é a fonte

2009).

mais barata de alimento para o rebanho, tornando a Desempenho de cordeiros Vários fatores interferem no desempenho dos

criação de ovinos em pastejo mais rentável. O consumo da forragem é um dos principais fatores

cordeiros, dentre eles, o peso ao nascer, consumo e

que

influenciam

o

desempenho

animal,

conversão alimentar, ganho de peso diário, peso ao

segundo Mertens (1994), determina 60 a 90% das

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

pois,

7055


Artigo 444- Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

variações de desempenho, enquanto apenas 10 a

concentrados - são aqueles alimentos com menos de

40%

18% de fibra bruta na MS e ainda podem ser

dessas

variações

estão

relacionadas

à

digestibilidade dos componentes nutritivos.

classificados como proteicos, quando têm mais de 20% de proteína na MS, como é o caso dos farelos

Segundo Lucci (1995), para que o animal possa

de girassol, de soja etc., ou energéticos com menos

expressar seu potencial de ganho de peso, ele deve

de 20% de proteína na MS, como é o grão de milho,

estar em estado nutricional satisfatório e ter aporte

grão de sorgo, etc. (CARVALHO, 2005).

de nutrientes no organismo suficiente para atender as exigências de mantença e produção, sem afetar a

Existem vários fatores relacionados ao consumo de

saúde

As

alimento pelos animais, podendo este ser limitado

consumo,

pelo alimento, ou pelas condições de alimentação

ambiente e parâmetros fisiológicos devem ser

(MOUSQUER et al, 2013). Desta forma, é importante

avaliadas, visando melhorar o desempenho dos

obter informações sobre a utilização dos nutrientes

animais (ANDRADE et al., 2007).

pelo animal além do conhecimento do consumo e da

ou

interações

causar entre

distúrbios tipo

de

metabólicos.

alimento,

composição bromatológica dos alimentos (SILVA et Alimentação de cordeiros

al., 2010). Ainda, para isso, é necessário o

De acordo com Andriguetto et al. (1999), a

conhecimento

alimentação tem como função fornecer aos animais

cordeiros, que variam em função de vários fatores,

os nutrientes necessários para a produção de carne,

entre eles o peso, a idade, e o nível de produção do

leite e lã, por isso, na alimentação, é necessário o

animal (NRC, 1985).

conhecimento

das

exigências

nutritivas

das

exigências

nutricionais

de

do

organismo em função da espécie, idade, sexo e

Pastagem

produção.

Segundo Lopes (1998), as pastagens não suprem nem as necessidades de minerais dos ruminantes

Para Silva et al. (2008), a eficiência de um sistema

criados exclusivamente a pasto, pois a composição

de alimentação é baseado em alguns requerimentos

mineral das forragens varia de acordo com a

nutricionais como proteína, energia, minerais e

espécie, parte da planta, estágio de maturação,

vitaminas, que varia para cada categoria animal do

fertilidade do solo e outros nutrientes no complexo

rebanho e na composição química dos alimentos

solo planta (SIMIONI, et al., 2014a).

utilizados. Portanto o uso exclusivo de pastagens tropicais pode Esses alimentos fornecidos, ao serem absorvidos,

não atender as exigências nutricionais dos animais

passam por transformações, convertendo-se em

principalmente

substâncias

transformações

(VOLTOLINI et al., 2009). Para Valverde et al.

constituem a digestão, podendo ser de duas

(2000), é indicado o uso de suplementação com

maneiras, mecânicas e químicas. Segundo Quadros

concentrados. De acordo com Simioni et al. (2014b)

et al. (2005), as transformações mecânicas em

a

ruminantes acontecem por meio da mastigação,

leguminosas também pode ser uma alternativa para

deglutição, regurgitamento, ruminação e motilidade

melhorar a qualidade da pastagem para que os

gástrica e intestinal. As transformações químicas são

animais possam ganhar peso e sejam abatidos mais

devidas à ação de enzimas, bactérias, protozoários e

precocemente, aumentando a eficiência do sistema

substâncias químicas.

produtivo.

A descrição e classificação dos alimentos são feitos

A alimentação é fator decisivo e importante para a

com base na matéria seca, podendo ser comparados

melhoria da produtividade e eficiência dos sistemas

as

sendo:

de produção (TEIXEIRA et al., 2014). Mesmo

volumosos - os alimentos que possuem teor de fibra

apresentando vantagens como a vocação para a

bruta superior a 18% na MS, como é o caso dos

produção de grãos, o Brasil Central desponta na

capins verdes, silagens, fenos, palhadas etc.;

produção pecuária tendo como diferencial competi-

7056

suas

mais

simples;

características

tais

nutricionais

utilização

das

de

categorias

consórcio

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

mais

entre

exigentes

gramíneas

e


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

tivo a criação a pasto (REIS, 2009).

na época das águas ou seca com suplementação (Tabela 1).

O uso do pasto é de fundamental importância para o sucesso do empreendimento, assim como aconteceu

TABELA 1. Peso inicial, peso final, ganho de

com os bovinos, a utilização do pasto como base

peso médio diário (GMD), ganho de peso vivo por

alimentar tende a diminuir custo e tornar mais

hectare (GHA) e taxa de lotação (TL) de ovinos

atraente

suplementados em pastagens tropicais

o

investimento

na

ovinocultura

(CAVALCANTE et al., 2005).

Cultivares

Variáveis

As forragens utilizadas como fonte primária de

Peso Inicial

energia na dieta de ruminantes, apresentam grandes

(kg)

vantagens

econômicas

principalmente

na

ovinocultura, entretanto, é necessário à escolha correta da forrageira e o conhecimento do quanto à forragem atende as exigências dos animais (SILVA SOBRINHO et al., 2011).

Peso Final (kg) GMD (g) GHA (gPV/ha.dia)

Marandu

Aruana

Piatã

Massai

25,6ª

25,4ª

22,8ª

24,9ª

34,7ª

29,5ª

31,9ª

34ª

133,7ª

82,1

b

142ª

122,4

1.176ª

735,3

8,8ª

8,9ª

TL (UA/ha)

b

ab

1.147ª

1.071ª

8,1ª

8,8ª

Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si

Segundo Oliveira et al. (2010), quando a forragem apresenta baixos

teores

de proteína bruta e

pelo teste de Tukey (P>0,05) Fonte: Adaptado de Fernandes et al. (2012).

digestibilidade, o que geralmente ocorre durante a estação seca na maior parte do Brasil tropical, o

Suplementação a pasto

desempenho pode não ser o desejável.

Segundo Ribeiro et al. (2005), na produção de carne ovina, o cordeiro é a categoria de que

A terminação de ovinos a pasto pode ser feita com

propicia melhores características de carcaça e,

pastagens nativas ou cultivadas, qualquer gramínea

consequentemente, de maior aceitabilidade pelo

pode ser utilizada, desde que seja adaptada a

consumidor. Normalmente o cordeiro também

região, resistente ao pastejo, tenha bom rendimento

apresenta

forrageiro por área e boa qualidade (SOUZA et al.,

principalmente nos primeiros seis meses de vida,

2005).

sendo que estas características podem ser

maior

eficiência

de

ganho,

otimizadas pelo uso de sistemas adequados de Entre as cultivares de forragens mais produtivas e

terminação.

adaptadas em clima tropical encontra-se o gênero das Brachiarias, forragens estas, que têm baixos

Nesse sentido, para que haja um incremento na

valores nutricionais, que podem assim prejudicar o

produção de carne ovina, é necessário buscar

desempenho

mantidos

alternativas que visem a melhorar o aporte

exclusivamente a pasto. Já os Panicuns, forrageiras

nutricional dos cordeiros. Uma alternativa, sem

de

elevar

melhor

dos

animais

valor

que

são

nutricional,

provavelmente

muito

o

custo

da

produção,

é

a

forneceriam melhores resultados para a produção

suplementação dos animais criados a pasto, pois

animal,

a precocidade dos sistemas de produção de

entretanto

é

encontrado

em

menor

quantidade no Estado (MATO GROSSO, 2008).

carne neste sistema só será alcançado se houver ajuste nutricional entre a curva sazonal de oferta

Dessa forma o tipo de forrageira presente no sistema

das pastagens com a curva crescente de

de terminação a pasto de cordeiros associado à

demanda do animal por nutrientes.

forma

de

suplementação

pode

ter

impacto

significativo no desempenho dos animais. Alguns

Para Prohmann et al. (2004), a suplementação

estudos vêm sendo realizados não apenas para

em dietas à base de forragem de baixa qualidade

caracterizar as pastagens tropicais exóticas e

pode melhorar o desempenho produtivo dos

melhorar seu manejo, mas também para avaliar o

animais. A suplementação a pasto melhora a

desempenho e produção de ovinos em pasto, seja

qualidade da dieta de diferentes categorias animais em suas diversas fases, satisfazendo

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7057


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

suas necessidades e promovendo aumento de peso,

exigências nutricionais, complementando o valor

sendo considerada uma alternativa para a engorda

nutritivo da forragem, a fim de se alcançar o

de ruminantes.

desempenho desejado dos animais, podendo ter melhores índices de produção (EUCLIDES &

Portanto

o

uso

suplementação podem

ser

de

pastagens

concentrada

vistos

como

e

cultivadas,

o

a

MEDEIROS, 2005). Outro fator limitante para a

confinamento

terminação de cordeiros em sistema de pastejo,

alternativas

para

a

está

relacionado

com

a

quantidade

de

terminação de cordeiros, fazendo com que estes

suplemento fornecido. A adição do suplemento

animais atinjam o peso ideal para o abate em menor

aumenta o ganho de peso total dos animais em

tempo, proporcionando bons índices produtivos e a

relação aos animais não suplementados (Tabela

obtenção de carcaças de melhor qualidade, que

2).

atendam à demanda do consumidor (JARDIM et al., TABELA 2. Efeito dos níveis de suplementação

2000).

(0%, 0,6%, 1,2% e 1,8% do PV) sobre o Rocha et al. (2003) citaram que a suplementação,

desempenho produtivo de ovinos terminados em

também proporciona uma possibilidade de aumento

pastagens de Panicum maximum cv. Tanzânia

na carga animal, na mesma área, devido à Nível de suplemento %PV

substituição de parte do consumo de forragem pelo consumo de suplemento. Isso irá permitir uma melhora na produção animal por unidade de área. Outro

aspecto,

a

ser

salientado,

é

que

o

Variáveis Ganho médio diário (g) Ganho de peso total

fornecimento de suplemento pode possibilitar uma

(Kg)

diminuição da idade de abate e/ou tempo de

Número de dias para

permanência dos animais na propriedade, o que

atingir 12 (Kg)

permitirá um aumento na velocidade do giro de

Taxa de lotação (UA/há)

capital.

0,6

0,0%

1,2

1,8

%

%

%

65,7

81,5

119,3

119,5

6,3

7,8

11,4

11,5

230

197

129

147

7,5

7,8

7,6

9,1

Fonte: Adaptado de Pompeu et al. (2005).

Para

comprovar

os

efeitos

positivos

da

suplementação alimentar a pasto, Souza et al., (2010), avaliou o desempenho de ovinos em pastejo com e sem suplementação. No experimento foram utilizados 20 ovinos machos, mestiços da raça Santa Inês, com peso vivo médio de 16,94 kg e idades semelhantes,

sendo

que

dez

cordeiros

foram

manejados exclusivamente a pasto e dez receberam suplementação concentrada (ambos em pastagem de capim buffel - Cenchrus ciliares, L.). Ao final do período experimental, o autor observou ganho de peso de 150 g/dia para os animais suplementados contra 20 g/dia para os não suplementados, denotando clara vantagem da suplementação em pastejo.

a quantidade de pasto consumida, devido aos efeitos e

substitutivo;

afetar

a

eficiência

de

aproveitamento da mesma dependendo da qualidade da forragem ofertada e do tipo de concentrado, proteico e/ou energético (MONTEIRO et al., 2007). Assim a suplementação tem por objetivo atender as 7058

Segundo Siqueira (2003), em um sistema de criação

é

importante

o

conhecimento

e

adaptabilidade do grupo genético empregado na criação. De acordo com o autor, os animais crioulos, ainda podem servir como genética aos ovinocultores

devido

às

características

de

adaptação. Portanto, animais sem raça definida (SRD) são animais adaptados e com resistência a verminoses que foram selecionados naturalmente nas regiões em que se encontram. A preservação desses

materiais

genéticos

é

de

extrema

importância como base na formação de um plantel, podendo fazer cruzamentos com outras raças especializadas para promover heterose,

O uso de suplementação em pastagens pode alterar aditivo

Grupos genéticos

obtendo, assim, melhores índices zootécnicos. Encontrado em todas as regiões do Brasil, a Santa Inês é um raça de ovino que surgiu do cruzamento das raças Morada Nova, Crioula e Bergamácia, seguido de um período de seleção e/ou evolução para ausência de lã, sendo uma

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

excelente alternativa para os criadores brasileiros que buscavam animais de grande porte, produtivos, de

pelo

curto

e

perfeitamente

adaptados

as

condições climáticas do Brasil (MASON, 1980).

Grupos genéticos

Variáveis Peso corporal inicial (kg)

SI

SIPANT

PANT

22,4

23,22

23,68

Peso corporal final (kg)

29,5

29,8

29,86

Ganho médio diário (kg/dia)

0,128

0,122

0,116

A raça Santa Inês foi desenvolvida no Nordeste, mas

Dias de suplementação

56

52

55

sua origem é considerada incerta. Segundo Villela

Peso da carcaça fria (kg)

12,84

13,27

13

(2011), a raça apresenta bons índices reprodutivos,

Rendimento de carcaça (%)

44,67

45,12

43,36

sendo uma excelente alternativa para a produção de

Carcaça total fria (kg)

1.284

1.327

1.300

Nº de animais abatidos

100

100

100

2.179

2.067

2.208

carne em praticamente todo o território brasileiro. São resistentes a endoparasitas e ectoparasitas, tornando-se uma raça bem aceita para cruzamento.

Quantidade de suplementação (kg)

Santa Inês (SI), Mestiços (SIPANT- Santa Inês x Pantaneiros)

Em estudos de Ferrão (2006) e Barbosa, (2008), o Santa Inês é uma raça de duplo propósito: produção de carne e pele. Apresenta peso corporal próximo a 80 kg para os machos e 60 kg para as fêmeas (animais adultos). As fêmeas comumente parem cordeiros vigorosos com frequentes partos duplos e apresentam

excelente

capacidade

leiteira

(CARVALHO et al., 2011).

lanada,

foram

introduzidos

pelos

colonizadores no Rio Grande do Sul durante o século XVII. Essa raça é encontrada em quase toda a América do Sul, do Peru ao Paraguai, com origem similar (MARIANTE et al., 2003). Segundo Arco et al. (2007), a raça crioula surgiu através do cruzamento com outras raças importadas a partir da colonização portuguesa.

Brasil são escassos, havendo necessidade de pesquisas

para

demonstrar

produtivo,

principalmente

seu

em

potencial

sistemas

de

produção e terminação de cordeiros a pasto,

Carcaça ovina Carcaça ovina é o produto obtido do corpo do animal abatido por sangria, depois da esfola, evisceração, decapitação e retirada das porções distais das extremidades dos membros pélvico e torácico. As carcaças são resultado de um processo

biológico

individual

sobre

o

qual

interferem fatores genéticos, ecológicos e de manejo, diferindo entre si por suas características

A raça crioula é considerada uma raça rústica adaptando-se a diferentes condições de clima, solo e vegetação. Ela se sobressai principalmente quanto a resistência a endoparasitas (MARIANTE et al., 2003).

quantitativas

e

qualitativas,

susceptíveis

de

identificação (OSÓRIO & OSÓRIO, 2001). A comercialização de ovinos no Brasil é feita com base na observação visual do animal vivo, sendo o peso vivo, o aspecto determinante da seleção

Em específico, de acordo com Alvarenga (2009) e Paula et al. (2012), a ovelha crioula ou ovelha nativa do Pantanal, de alta rusticidade, adaptada, resistente e com produção significativa, vem sendo cruzadas com carneiros Santa Inês (tabela 3), demonstrando seu

Entretanto, trabalhos com este grupo genético no

recebendo suplementação.

Considerada uma raça local, os ovinos de raça crioula

e Pantaneiros (PANT). Fonte: Adaptado de Paula et al. (2012).

potencial

quando

comparados

índices

econômicos.

(OLIVEIRA et al., 2002). Entretanto, de acordo com Santello et al. (2006) o rendimento de carcaça é um parâmetro importante na avaliação dos animais por estar diretamente relacionado à comercialização, geralmente é um dos primeiros índices a ser considerado, por expressar relação percentual entre o peso da carcaça e o peso corporal do animal.

TABELA 3. Indicadores zootécnicos da produção de carne de cordeiros de grupos genéticos diferentes sob pastejo recebendo suplementação (módulo de 100 cordeiros por tratamento)

O peso/rendimento da carcaça é determinado pela taxa de crescimento que, por sua vez, varia segundo o grupo genético, o sexo, a idade, a condição fisiológica e a nutrição (WARMINGTON

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7059


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

& KIRTON, 1990).

Carvalho & Pérez (2011) descreveram também, que a qualidade da carne e dos cortes está

Em

relação aos consumidores, estes buscam

atrelada a aspectos relacionados ao animal e ao

produtos mais saudáveis e, usualmente, preferem

sistema de criação, influenciando as proporções

carcaças magras (SILVA et al., 2008). Diante disso,

dos distintos tecidos (osso: músculo: gordura),

a exploração ovina como fonte de alimento vem se

que por, sua vez, denotam sua qualidade. Assim

intensificando, sendo necessária a comercialização

a qualidade é um conjunto de atributos que deve

de cordeiros com características superiores de

satisfazer o consumidor, e por meio dos cortes

carcaça.

pode se ter melhor aproveitamento da carne.

As carcaças podem ser comercializadas inteiras, ½

Cunha et al. (2008), ao avaliar o efeito de dietas

carcaça ou sob forma de cortes, sendo importante a

contendo diferentes níveis (0%, 20%, 30%, 40%)

boa apresentação do produto para comercialização

de

(CARVALHO

&

características

comerciantes

e

PÉREZ,

2011).

açougueiros

Com

desejam

isso,

ter,

no

caroço

cordeiros

de

algodão

integral

quantitativas

da

Santa

Inês

sobre

as

carcaça

de

terminados

em

mercado, carcaças que lhe permitam uma utilização

confinamento, verificaram que a quantidade

mais adequada. Estas devem fornecer menor

relativa de músculo sofreu influência das dietas

quantidade

maior

experimentais, enquanto as proporções de osso,

porcentagem de peças que proporcione, sobretudo,

gordura e outros tecidos na perna não foram

cortes da mais alta categoria e maior valor comercial

afetadas (P<0,05) pela dieta oferecida a esses

(BRANT, 1980).

animais. Apesar de não haver efeito entre as

de

desperdício

e

uma

dietas para as quantidades relativas de osso e Para aperfeiçoamento dos processos de produção e

gordura nos animais que consumiram caroço de

comercialização,

consolidar

algodão, houve tendência de aumento de tecido

metodologia clara e prática para descrever os

será

necessário

gorduroso, em relação à dieta controle. Em ordem

caracteres relacionados com a qualidade da carne,

de prioridade, os tecidos que se desenvolvem, de

que possam ser medidos na carcaça e tenham uma

acordo com a maturidade fisiológica, são o ósseo,

relação biológica com uma avaliação no animal vivo

o muscular e o adiposo.

(OSÓRIO & OSÓRIO 2003). No

Brasil,

várias

Universidades

preconizam

Cortes cárneos

diferentes

Conforme Santos & Pérez (2000), o sistema de corte

principalmente nas exigências locais por tradição.

realizado na carcaça deve contemplar aspectos

A separação realizada pela Universidade de

como a composição física do produto oferecido

Lavras – MG distingue; braço anterior, paleta,

(quantidades relativas de músculo, gordura e osso),

braço posterior, perna, costela, lombo, costela

versatilidade dos cortes obtidos (facilidade de uso

com fralda e pescoço (CARVALHO & PÉREZ,

pelo consumidor) e aplicabilidade ou facilidade de

2011).

tipos

de

cortes,

baseado

realização do corte pelo operador que o realiza. Outra padronização de cortes é o baseado no O tipo de corte utilizado varia de região para região e

sistema gaúcho. Neste ocorre a divisão da

principalmente entre países, em razão dos hábitos

carcaça ao meio, separando depois, o quarto, a

do seu povo, constituindo um importante fator a ser

costela, a paleta e o pescoço. Também pode ser

considerado

a

feito a separação do quarto, costela, “espinhaço”

padronização dos cortes a serem comercializados é

inteiro e paleta, serrando as costelas a uma

definida pelo mercado consumidor, que determina

distância que permita deixar neste o filé (UCHA,

pesos mínimos e máximos de acordo com o

1998).

(CARVALHO,

2002).

Assim,

costume. O ótimo peso para cada corte será aquele em que sua valorização é máxima, tanto para o

Para

produtor como para o consumidor e isso implica em

diversidade

uma melhor qualidade da carne (CARDOSO, 2008).

realizados, como pernil, sela, lombo, costelas com

7060

o

sistema em

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

francês números

uma

maior

de

grande cortes


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

pé, costelas do fundo, paleta, peito e pescoço. Esses

aspectos de desenvolvimento tecidual de cada

sub-cortes são de fácil utilização na culinária, tendo

região

um melhor aproveitamento, originando produtos

crescimento é precoce na paleta, intermediário na

diferenciados que podem satisfazer a necessidade

perna e tardio no lombo.

anatômica

isoladamente,

pois

o

do consumidor, quanto à qualidade e a forma de apresentação

do

produto

a

ser

consumido

(CARVALHO & PÉREZ, 2011).

Rosa et al. (2005) confirmaram que o crescimento dos diferentes tecidos que compõem a carcaça dos ovinos não ocorre num mesmo ritmo e, desta forma, à medida que os animais vão se

Medidas realizadas no Longissimus dorsi Á área do músculo Longissimus dorsi ou área de olho de lombo é considerada medida representativa da

quantidade

e

distribuição

das

massas

musculares, assim como da qualidade da carcaça (BONIFACINO et al., 1979). Esse músculo dorsal (Longissimus dorsi) possui maturidade tardia e de fácil mensuração o que torna o músculo de preferência para este propósito. Crouse & Dikeman (1976) demonstraram relação positiva entre o músculo dorsal na 12ª costela (Área de olho de lombo) e várias medidas de rendimento da carcaça. Segundo Suguisawa et al. (2006), a medida de área de olho-de-lombo (AOL) entre a 12ª e 13ª costelas apresenta alta correlação com a musculosidade da carcaça, assim como a espessura de gordura subcutânea (EGS) com a quantidade de tecido adiposo da carcaça bovina.

desenvolvendo

ocorrem

mudanças

na

composição corporal dos mesmos. Segundo estes

autores,

o

tecido

ósseo

apresenta

crescimento precoce, enquanto que a gordura deposita-se tardiamente e o tecido muscular apresenta crescimento isométrico, ou seja, no mesmo ritmo da carcaça. Macedo et al. (2000) descreveram que a gordura é o componente da carcaça

que

apresenta

influenciada

principalmente

terminação,

pelo

genótipo

maior pelo e

variação, sistema

pela

de

razão

idade/peso do animal. Portanto o conhecimento da composição tecidual da carcaça de ovinos jovens e adultos é de grande importância, pois visam a melhorar os aspectos qualitativos dos produtos e facilitar sua comercialização,

uma

vez

que

o

mercado

consumidor ainda possui restrições quanto à

Outras medidas também podem ser utilizadas, a exemplo tem-se a profundidade máxima do músculo

aceitação

da

carne

de

animais

adultos

(SIQUEIRA, 2003).

Longissimus dorsi, que indica a musculosidade da CONSIDERAÇÕES FINAIS

carcaça (PINHEIRO, 2006).

A terminação de cordeiros ou de ovinos de uma forma geral, via suplementação a pasto em clima Composição tecidual da carcaça

tropical,

A composição tecidual baseia-se na dissecação da

economicamente viável, principalmente no que se

carcaça, quando são separado gordura, músculo e

refere a pequenos produtores, podendo vim a

osso. A dissecação completa da carcaça, ou de meia

atingir

carcaça, apenas se justifica em casos especiais, por

Características relacionados à qualidade de carne

ser um trabalho lento e oneroso. O mais comum e

de cordeiros terminados via suplementação a

viável é a utilização de uma parte representativa da

pasto, em sua grande maioria são influenciadas

carcaça.

pelo tipo de suplemento, idade do animal, grupo

tem-se

até

mostrado

mesmo

uma

grandes

alternativa

produtores.

genético e classe sexual. Destacando assim a De acordo com Hammond (1965), a maturidade

importância de mais estudos relacionados a

fisiológica

esses fatores.

de

cada

tecido

terá

impulso

de

desenvolvimento em cada fase de vida do animal, e o tecido ósseo apresenta crescimento mais precoce, o muscular intermediário e o adiposo mais tardio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Segundo o autor, ao analisar a composição tecidual

ALMEIDA JR., G. A.; COSTA, C.; MONTEIRO, A.

de uma carcaça ovina, devem ser considerados os

L. G. et al. Desempenho, características de

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7061


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

carcaça e resultado econômico de cordeiros criados em creep feeding com silagem de grãos úmidos

de

milho.

Revista

Brasileira

de

Zootecnia, v.33, n.4, p.1048 – 1059, 2004.

carcasa. Revista Veterinária., v.70, p. 63 – 71, 1979. BRANT, P. C. Estocagem a frio e estocagem do boi vivo. Informe Agropecuário. Produção

ALVARENGA, F. Ovelhas nativas do pantanal para aumento da produtividade. Sobral-CE.

intensiva de carne bovina, Belo Horizonte, ano 6, n. 69, p. 42, set. 1980.

Prosa Rural EMBRAPA 01/ mai./2009. Embrapa

BRESSAN, M.C.; FERRÃO. Qualidade da Carne

Caprinos e Ovinos Entrevista concedida a Ismar

Bovina do Frigorífico ao Consumidor. In:

Maciel.

SEMANA DE ZOOTECNIA, 2003, Pontes e

Disponível

em:

<http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/progra

Lacerda.

macao / 2009 /ovelhas-nativas-do-pantanal-para-

Universidade

aumento-da-produtividade>. Acesso em: 28. out.

UNEMAT: 2003. 1. CD-ROOM.

2013.

Anais...

Pontes

Estadual

do

e

Lacerda:

Mato

Grosso,

BUENO, M.S.; CUNHA, E.A.; SANTOS, L.E. et al.

ANDRADE, I. S.; DE SOUZA, B. B.; PEREIRA

Características

de

carcaça

Suffolk

desempenho de ovinos Santa Inês submetidos a

Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,

diferentes

v.29, n.6, p.1803-1810, 2000.

suplementação

de

sombreamento

em

pastejo.

e

a

Ciência

e

CARDOSO,

M.

em

T.

diferentes

cordeiros

FILHO, J. M.; et al. Parâmetros fisiológicos e tipos

abatidos

de

M.

idades.

Desempenho

e

Agrotecnologia. Lavras, v. 31, n. 2, p. 540-547,

características de carcaças de ovinos da

mar./abr. 2007.

raça Santa Inês e seus cruzamentos em

ANDRIGUETTO, J. M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; et al.

Nutrição

fundamentos

animal da

-

as

bases

nutrição

e

animal.

os

117 p. Dissertação (Mestrado em Ciências

Os

Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina

alimentos. 6. ed. São Paulo: Nobel, 1999. 395p. ARCO, Assistência ao Rebanho Criadores de Ovinos; Associação Brasileira de Criadores de

Ovinos.

Disponível

sistemas intensivos de produção. 2008.

em:

<http://www.arcoovinos.com.br> Acessado em: 30/10/2013.

Veterinária,

Universidade

de

Brasília,

Brasília–DF, março de 2008. CARVALHO,

F.

A.

N.;

BARBOSA,

F.

A.;

MCDOWELL, L. R.; et al. Nutrição de bovinos

a

pasto.

Papelform.

Belo

Horizonte: MG. 2005. 428p.

BARBOSA, C. M.; BUENO, M. S.; CUNHA, E. A.

CARVALHO, P. A. Influência da restrição

Consumo voluntário e ganho de peso de

alimentar e do ganho compensatório sobre

borregas das raças santa Inês, Suffolk e ile de

o crescimento, composição de carcaça e

france,

sobre

qualidade da carne de cordeiros da raça

panicum maximum jacq. Cvs Aruana ou

Santa Inês. 2002. 55 p. Projeto de Tese

Tanzânia. Boletim de Indústria Animal, Nova

(Doutorado em Zootecnia) - Universidade

Odessa, v. 60, n. 1, p. 55-62, 2003.

Federal de Lavras, Lavras, MG.

em

pastejo

rotacionado

BARBOSA, J. A. Evolução da Raça Santa Inês e Panorama Mercadológico. Revista O Berro,

comerciais

2008

Sheepembryo, Art. 206, 2011. Disponível

n.

84.

Disponível

em:

em

carcaças

ovinas.

<http://www.revistaberro.com.br/?materias/ler,47

em:

6> Acesso em: 29/10/2015.

<http://www.sheepembryo.com.br/files/artigos/

BARROS, N. N.; VASCONCELO, V. R.; WANDER,

206.pdf>. Acesso em 14 de Outubro de 2015.

A. E. et al. Eficiência bioeconômica de cordeiros

CAVALCANTE, A. C. R.; NEIVA, J. N. M.;

F1 Dorper x Santa Inês para produção de carne.

CÂNDIDO, M. J. D.; et al. Produção de

Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40, n.8, p.

Ovinos e Caprinos de corte em pastos

825-831, 2005.

cultivados

BONIFACINO, L., KREMER, R., ORLANDO, D. et al. Estúdio comparativo de corderos Corriedale y Corriedale

por

Texel.

2.

Peso

al

ganâncias diárias y características de La 7062

CARVALHO, P. A.; PÉREZ, J. R. O. Cortes

nascer,

sob

manejo

rotacionado.

Circular técnica- online. Sobral, CE.: Embrapa Caprinos.2005. 16p. COUTO, F. A. A. Importância econômica e social da ovino-caprinocultura brasileira. In:

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

SIMPÓSIO DE BOVINOCULTURA DE CORTE,

HAMMOND, J. Farm animals: their breeding,

2, 2003, João Pessoa. Anais… do II SINCORTE.

growth, and inheritance. 3 ed. London: E.

João Pessoa: 2003. p. 71-81.

Arnold, 1965. 322p.

CROUSE, J. D e DIKEMAN, M. E. Determinates of

JARDIM, R. D. et al. Características produtivas e

the retail product of carcass beef. Journal of

comerciais de cordeiros da raça Corriedale

Animal Science, v.42, p. 584, 1976.

criados

CUNHA, M. G. G. et al. características quantitativas de carcaça de ovinos Santa Inês confinados alimentados com rações contendo diferentes

em

distintos

nutricionais. Revista

sistemas

Brasileira

de

Agrociência, Pelotas, v.6, n.3, p.239-242, 2000.

níveis de caroço de algodão integral. Revista

LOPES, H. O. S. Suplementação de baixo

Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.1112-1120,

custo para bovinos. Brasília: EMBRAPA,

2008.

1998.107p.

EMMICK, D. L. Increase pasture use to decrease dairy feed

costs.

In:

LUCCI, C. S. Avaliação do estado nutricional. In:

PASTURE/GRAZING

PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C de.; FARIA, V.

FIELD DAY, 1991. Proceedings... Penn State

P. Nutrição de Bovinos: conceitos básicos

University, University Park, 1991. p.10-14.

e aplicados. 7 ed. Esalq/usp: FEALQ, 1995.

EUCLIDES, V. P. B.; MEDEIROS, S. R. de. Suplementação animal em pastagens e seu impacto

na

utilização

da

pastagem.

In:

p. 31-34. MACEDO, F. A. F.; SIQUEIRA, E. R.; MARTINS, E. N. et al. Qualidade de carcaça de cordeiros

SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM,

Corriedale,

22, 2005, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fealq,

Hampshire Dow x Corriedale terminados em

2005. p.33-70.

pastagem e confinamento. Revista Brasileira

FERNANDES, L.S.; DIFANTE, G.S.; NETO, J.V.E.; BEZERRA,

M.G.S.;

x

Corriedale

e

de Zootecnia, v.29, n.5, p.1520-1527, 2000.

L.E.C.;

MADRUGA, M.S.; SOUSA, W. H.; ROSALES, M.

OLIVEIRA, H.C.B. Desempenho e produtividade

D.; CUNHA, M. D. G.; RAMOS, J. L. F.

de ovinos suplementados em pastagens tropicais

Qualidade da carne de cordeiros Santa Inês

na estação seca. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE

terminados em diferentes dietas. Revista

BRASILEIRA

Brasileira de Zootecnia. v. 344, n.1, p. 309-

DE

OLIVEIRA,

Bergamácia

ZOOTECNIA,

49,

2012,

Brasília. Anais..., Brasília – DF, 23 a 26 de Julho de 2012. (CD-ROM). FERRÃO, S. P. B. Características morfométricas, sensoriais

315, 2005. MARIANTE, A. S.; MCMANIS, C.; MENDONÇA,

e qualitativas da

carne de

J. F. Country report on the state of animal genetic resources. (S.L.): Ministério da

cordeiros. 2006. 175p. Tese (Doutorado) –

Agricultura

Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

Empresa

FIGUEIRÓ, P. R. P., BENAVIDES, M. V. Produção de carne ovina. In: CAPRINOCULTURA E

Pecuária Brasileira

e

Abastecimento de

e

Pesquisa

Agropecuária, 2003. p.97 (resecarch division report,).

OVINOCULTURA, 1990, Piracicaba. Anais...

MASON, I. L. Sheep and goat production in the

Campinas, Sociedade Brasileira de Zootecnia:

drought polygon of Northeast Brazil. Wolrd Animal Review, n. 34, p. 23-28, 1980.

1990. p.15-32. FURUSHO-GARCIA, I. F.; PEREZ, J. R. O.;

MATO

GROSSO.

Diagnóstico

da

cadeia

TEIXEIRA, J. C. Componentes de Carcaça e

produtiva agroindustrial da bovinocultura de

Composição de Alguns Cortes de Cordeiros

corte do estado de Mato Grosso. Federação

Texel x Bergamácia, Texel x Santa Inês e Santa

da agricultura e pecuária do estado de

Inês Puros, Terminados em Confinamento, com

Mato Grosso. Cuiabá MT: KCM. 2008. 407p.

Casca de Café como Parte da Dieta. Revista

MERTENS, D. R. Regulation of forage intake. In:

Brasileira de Zootecnia. v.32, n.6, p.1999-2006,

FAHEY JR., G. C. (Ed.) Forage quality,

2003.

evaluation and utilization. Madison: American

GOUVEIA, A.M.G.; ARAÚJO, E.C.; ULHOA, M.F.P. de. Manejo nutricional de ovinos de corte. 2° ed. Brasília-DF. LK, 2009. 200p.

Society of Agronomy, 1994. p. 4 50 – 493. MONTEIRO, A. L. G.; POLI, C. H. E. C.; MORAES, A.; et al. Produção de ovinos em

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7063


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 24, 2007. Piracicaba.

Anais...

PINHEIRO, R. S. B. Aspectos quantitativos da carcaça e qualitativos da carne de ovinos de diferentes categorias. 2006.

Piracicaba: FEALQ, 2007. p. 347-458. MOUSQUER, C. J.; FERNANDES, G. A; CASTRO,

Zootecnia)

Agrárias

e

Dissertação

(Mestrado

W. J. R. et al. Comportamento ingestivo de

Faculdade

de

ovinos

Veterinárias/ Universidade Estadual Paulista,

confinados

com

silagens.

Revista

Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v. 07,

n.

2,

p.

301-322,

jul-dez,

2013.

em

105f.

Ciências

Jaboticabal. PINTO C.W. C.; DE SOUSA, W.H; E. PIMENTA

http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20130026

FILHO, C. et al. Desempenho de cordeiros

MUNIZ, E.N.; PIRES, C.C.; SILVA, J.H.S. et al.

santa inês terminados com diferentes fontes

Efeito do número de cordeiros por parto e do

de volumosos em confinamento. Revista

sexo do cordeiro no crescimento ponderal. In:

Agropecuária Técnica. v.26, n.2, p.123–128,

REUNIÃO

2005.

ANUAL

DA

SOCIEDADE

BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34, 1997, Juiz de

POMPEU, R. C. F. F.; CÂNDIDO, M. J. D.;

Fora. Anais ... Juiz de Fora: Sociedade Brasileira

NEIVA, J. N. M.; GUERRA, J. L. L.; SILVA, R.

de Zootecnia, 1997. p. 266-268.

G.; MESQUITA, T. A. Desempenho de ovinos

NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient

em „Panicum maximum‟ cv. tanzânia sob

requirements of domestic animals: nutrient

lotação rotativa com níveis crescentes de

requirements of sheep. Washington, D. C.:

suplementação.

National Academy of Science, 1985. 99p.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,

OLIVEIRA, L. O. F. de.; SALIBA, E. de O. S.; GONÇALVES, L. C.; et al. Digestibilidade in situ

In:

REUNIÃO

DA

24, 2005, Goiânia. Anais..., julho de 2005, Goiânia – Goiás. 2005. CD-ROM.

e cinética ruminal de bovinos de corte a pasto

PROHMANN, P. E. F.; BRANCO, U. A. F.;

sob suplementação com proteinados. Revista

CECATO, C. C. JOBIM, K. C.; GUIMARÃES,

Brasileira de Zootecnia, v.39, n.6, p.1328-1335,

R.A.; FERREIRA. 2004. Suplementação de

2010.

Bovinos

em

Pastagens

de

Coastcross

OLIVEIRA, M. V. M.; PEREZ, J. R. O.; ALVES, E. L.;

(Cynodon dactylon (L.) Pers) no Inverno.

MARTINS, A. R. V; LANA, R. P. Avaliação da

Revista Brasileira de Zootecnia, 33:801-

composição de cortes comerciais, componentes

810, 2004.

cordeiros

QUADROS, D. G. de. Sistemas de produção de

confinados e alimentados com dejetos de suínos.

bovinos de corte. Apostila técnica. Salvador-

Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 3, p.

BA Universidade do Estado da Bahia, 2005.

1459-1468, 2002.

25p.

corporais

e

órgãos

internos

de

OSÓRIO, J. C. S.; OSÓRIO, M. T. M. Sistemas de

REIS, F. A. Atualidades na criação de ovinos no

avaliação de carcaças no Brasil. In: SIMPÓSIO

Brasil

MINEIRO DE OVINOCULTURA, 1, 2001, Lavras,

CONHECIMENTOS E TENDÊNCIAS PARA A

MG. Anais... Lavras: UFLA, 2001. p. 157-196.

EVOLUÇÃO DA OVINOCAPRINOCULTURA,

OTTO, C.; SÁ, J. L; WOEHL, A. H. et al. Estudo

2009, São Paulo. Feinco... Campo Grande -

econômico da terminação de cordeiros á pasto e em

confinamento.

Revista

of

Agriculture

Science. V.84, p.313-316, 1975.

In:

DIFUSÃO

DE

MS. Embrapa Gado de Corte, 2009.14p. RIBEIRO, T. M. et al. Características da carcaça e do lombo de cordeiros submetidos a

OWEN, J.B. Sheep production. London: Bailliere Tindall, 1976. 436p. PAULA, D. C. de; CARDENA, M. S.; MEXIA, A. A. et

diferentes

sistemas

REUNIÃO

ANUAL

de

terminação.

DA

BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005, Goiânia. Anais...

grupos genéticos terminados em

Brasileira de Zootecnia, 2005. CD-ROM.

pastagem

DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 49., 2012, Brasília. Anais... Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2012. (CD-ROM).

In:

SOCIEDADE

al. Análise econômica de cordeiros de diferentes recebendo suplementação. In: REUNIÃO ANUAL

7064

Central.

Goiânia:

Sociedade

ROÇA, R. O. Alternativas de aproveitamento da carne ovina.

Revista Nacional da Carne,

n.201, p.53-60, 1993. ROCHA, M. G.; RESTLE, J.; PILAU, A. et al.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

Produção

animal

suplementação

e

retorno

em

econômico

pastagem

de

da

aveia

e

azevém. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.3, p. 573-578, 2003.

Veterinaria Brasilica, Paraíba, v. 2, n. 4, p. 103-110, 2008. SILVA, R. R.; PRADO, I. N.; CARVALHO, G. P.; et al. Novilhos nelore suplementados em

ROSA, G. T. et al. Crescimento alométrico de osso,

pastagens:

consumo,

desempenho

e

músculo e gordura em cortes da carcaça de

digestibilidade. Archivos de zootecnia, vol.

cordeiros

59, n. 228, p. 549-560, 2010.

Texel

segundo

os

métodos

de

alimentação e peso de abate. Ciência Rural,

SIMPLÍCIO, A. A. A caprino-ovinocultura na visão do agronegócio. Revista CFMV, v. 24, p.15-

v.35,n.4, p.870-876, 2005. SANTELLO, G. A.; MACEDO, F. A. F.; MEXIA, A. A.; SAKAGUTI, E. S.; DIAS, F. J.; PEREIRA, M. F.

18, 2001. SIQUEIRA, E. R. de. Criação de ovinos

Características de carcaça e análise do custo de

deslanados.

sistemas de produção de cordeiros ½ Dorset

2003.110p

Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia, v.

Manual.

Viçosa:

CPT,

SIQUEIRA, E. R.; ROÇA, R. Q.; FERNANDES,

35, n. 4, p. 1852-1859, 2006 (suplemento 2).

S.; UEMI, A. Características sensoriais da

SANTOS, C. L.; PÉREZ, J. R. O. Cortes comerciais

carne de cordeiros das raças Hampshire

de

cordeiros

MINEIRO

Santa

DE

Inês.

In:

ENCONTRO

OVINOCULTURA,

1.,

Down, Santa Inês e mestiços Bergamácia x

2000,

Corriedale, abatidos com quatro distintos

Lavras, MG. Anais... Lavras: UFLA, 2000. p.

pesos. Revista Brasileira de Zootecnia.

149-168.

v.31, n.3, p.1269-1272, 2002.

SANTOS, J. R. S dos. Composição Física dos

SIQUEIRA, E.R. Confinamento de ovinos. In:

Cortes Comerciais da Carcaça de Ovinos

SIMPÓSIO PAULISTA DE OVINOCULTURA

Santa

E

Inês

Terminados

Submetidos

a

em

Pastejo

Diferentes

Níveis

e de

Suplementação.. 2007. 96p. (Dissertação Mestrado

em

Zootecnia

ENCONTRO

INTERNACIONAL

DE

OVINOCULTURA, 1999, Botucatu. Anais... Botucatu: 1999. p.52-59.

Sistemas

SIMIONI, T. A.; HOFFMANN, A.; GOMES, F. J. et

Agrosilvipastoris no Semi-árido). Patos, UFCG.

al. Senescência, remoção, translocação de

2007.

nutrientes e valor nutritivo em gramíneas

SANTOS, L. E.; CUNHA, E. A.; BUENO, M. S.; et al. Efeito do cruzamento de carneiros Suffolk, com

tropicais. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 13, Ed. 262, Art. 1743, Julho, 2014a.

ovelhas produtoras de lã, sobre a produção de

SIMIONI, T. A.; GOMES, F. J.; TEIXEIRA, U. H.

carne. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE

G. et al. Potencialidade da consorciação de

BRASILEIRA

gramíneas e leguminosas forrageiras em

DE

ZOOTECNIA.

Botucatu.

Anais... Botucatu: 1998. p. 570-572. CD-ROM. SAÑUDO, C. SIERRA, I. Calidad de la canal en la especie ovina. Ovino, n.11, p.127-57, 1986. SAÑUDO, C.; SIERRA, I.; ALCALDE, M.J. Carcass

pastagens tropicais. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 13, Ed. 262, Art. 1742, Julho, 2014. SOUZA, B. B.; ANDRADE, I. S.; SILVA, A. M. A. Efeito da suplementação concentrada e do

and meat quality of light and light-heavy lambs of

sombreamento

Rasa Aragonesa, Lacaune and German Merino

desempenho de cordeiros Santa Inês em

breeds. In: ANNUAL MEETING OF THE E.A.A.P,

pastejo na região semi-árida da Paraíba. In:

1992, Madrid. Proceedings..., Madrid: 1992. p.

REUNIÃO

64-265.

BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005,

SILVA SOBRINHO, A. G da. S.; NETO, S. G. Produção de carne caprina e cortes da carcaça. Apostila. Jaboticabal: UNESP, 2011, 17p.

natural

ANUAL

e

DA

artificial

no

SOCIEDADE

Goiânia, GO. Anais... Goiânia: 2005. CDROM. SOUZA, R. A. et al. Desempenho produtivo e parâmetros de carcaça de cordeiros mantidos

SILVA, N. V da.; SILVA, J. H. V da.; COELHO, M de.

em pastos irrigados e suplementados com

S.; et al. Características de carcaça e carne

doses

ovina:

Scientiarum. Animal Sciences. Maringá, v.

uma

abordagem

das

variáveis

metodológicas e fatores de influência. Acta

crescentes

de

concentrado

Acta

32, n. 3, p. 323-329, 2010.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7065


Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação

SUGUISAWA, L.; MATTOS, W. R. S.; OLIVEIRA, H.

VILLELA, L. C. V. Santa Inês. EMBRAPA.

N. et al. Correlações simples entre as medidas

Brasília DF. Disponível em:

de ultra-som e a composição da carcaça de

<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/

bovinos

ovinos_de_corte/arvore/CONT000g8k752f702

jovens.

Revista

Brasileira

de

Zootecnia, v.35, n.1, p. 169-176, 2006.

wx5ok0u5nfpmsusaff9.html

TARGA, L. A.; BALLARIN, A. W.; MARTA FILHO, J. Ventilação natural em instalações para animais. In:

CONGRESSO

BRASILEIRO

Acesso

em

VOLTOLINI, T. V.; MOREIRA, J. N.; NOGUEIRA,

DE

D. M.; et al. Fontes proteicas no suplemento

ENGENHARIA AGRÍCOLA, 22, 1993, Ilhéus.

concentrado de ovinos em pastejo. Animal

Anais... Ilhéus: 1993. v. 1, p. 98-106.

Sciences, Maringá, v. 31, n. 1, p. 61-67,

TEIXEIRA, U. H. G.; SIMIONI, T. A.; PINA, D. S. et al.

Potencial de utilização de co-produtos

agroindustriais

para

suplementos.

2009. WARMINGTON, B. G.; KIRTON, A. H. Genetic

Revista

and non-genetic influences on growth and

Eletrônica Nutritime, Artigo 244 - Volume 11 -

carcass traits of goats. Small Ruminant

Número 02 – p. 3363– 3386 – Março/Abril 2014.

Research, v. 3, p. 147-165, 1990.

UCHA, D. Cordeiros na mesa. 2. ed. Porto Alegre: Palomas, 1998, 21 p. VALVERDE, C. C. 250 maneiras de preparar rações balanceadas para ovinos. Curitiba: Aprenda Facil, 2000. 180p.

7066

>

28/10/2015.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle Revista Eletrônica

Avicultura de corte, ascite, coração, genética, pulmão, síndrome ascítica.

1

Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Giselle Procópio Nunes 2 Paula Cambraia Marinho 3 Andressa da Silva Formigoni 4 Andressa Nathalie Nunes 5 Carolina Resende de Freitas Ribeiro 1

Zootecnista pela Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais – FEAD. 2Professora na Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais – FEAD. 3 Doutora do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG. 4 Doutora do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG. E-mail: natydressa2009@hotmail.com 5 Estudante de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG.

RESUMO

ASCITIC SYNDROME IN POULTRY PRODUCTION:

O objetivo desta revisão foi relatar os aspetos mais

FEATURES AND CONTROL POINTS

importantes da síndrome ascítica na avicultura de

ABSTRACT

corte, abordando sua definição, incidência, causas e

The objective of this review was to describe the most

medidas para o controle. A Síndrome ascítica é uma

important aspects of ascitic syndrome in poultry

condição patológica caracterizada pelo acúmulo

production, addressing its definition , incidence,

excessivo de líquidos na cavidade abdominal. É uma

causes and control actions. The Ascites syndrome is

síndrome multifatorial na qual a manifestação ocorre

a pathological condition characterized by excessive

quando diversos fatores ambientais e genéticos

accumulation of fluid in the abdominal cavity. It is a

atuam em conjunto na determinação do processo.

multifactorial syndrome in which the manifestation

Esta

desafios

occurs when several environmental and genetic

enfrentados pela avicultura de corte atual, tendo

factors work together to determine the process. This

importância

impactos

pathology is one of the main challenges faced in the

econômicos e perdas geradas no setor avícola. O

current poultry production, with a great importance

controle é feito através do conhecimento dos fatores

due to the large economic impacts and losses

envolvidos que permitem a implantação de um

generated in the poultry sector. The control is done

conjunto de medidas em vários segmentos da

through the knowledge of the factors involved, that

produção.

allow the implementation of a set of control actions in

Palavras-chave: avicultura de corte, ascite, coração,

various sectors of the production.

genética, pulmão, síndrome ascítica.

Keyword:

patologia

é

um

devido

dos aos

principais grandes

poultry

production,

ascites,

heart,

genetics, lung, ascitic syndrome.

7067


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

INTRODUÇÃO

Breve panorama da avicultura de corte brasileira

O Brasil é atualmente o principal exportador global

A avicultura brasileira de corte teve um grande salto

de carne de frango com 3,9 milhões de toneladas e

a partir da década de 60 com a introdução de

ocupa a 3ª posição no ranking entre os maiores

materiais genéticos importados especializados para

produtores mundiais, ficando apenas atrás dos EUA

a produção de carne. Nesse mesmo período o setor

e

avícola transformou-se em um verdadeiro complexo

China,

com

12,308

milhões

de

toneladas

(UBABEF, 2014).

agroindustrial que vem se modernizando cada vez mais (Belusso & Hespanhol, 2010; Palota, 2012;

A avicultura de corte apresenta grande destaque no agronegócio

brasileiro,

com

altos

Rosário et al., 2004; Tavares & Ribeiro, 2007 ).

índices

zootécnicos considerados os melhores do mundo.

A partir de 1975, a avicultura de corte passou a se

Isto foi possível graças aos avanços dos programas

destacar no mercado externo. Em 2004 o Brasil

de melhoramento genético que buscam a obtenção

despontou como o primeiro exportador mundial de

de linhagens com alta taxa de crescimento, máxima

carne de frango. Já em 2011 garantiu a terceira posição

velocidade de ganho de peso, melhor conversão

no ranking dos maiores produtores mundiais com

alimentar e maior rendimento de carcaça com menor

13,058 milhões de toneladas (Tavares & Ribeiro, 2007).

teor de gordura para atender as exigências do mercado consumidor (Dalanezi et al., 2008; Gaya et

Segundo o relatório anual da União Brasileira da

al., 2006; Tavares & Ribeiro, 2007).

Avicultura, a produção de carne de frango chegou a 12,308 milhões de toneladas em 2013. Os principais

O melhoramento genético possibilitou um verdadeiro

estados produtores são: Paraná, Santa Catarina, Rio

salto na avicultura, mas trouxe consequências que

Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Do

desencadearam

a

volume total de frangos produzidos pelo país 69% foi

síndrome ascítica. As altas taxas de crescimento e

destinado ao consumo interno e 31% para as

ganho de peso implicaram no aumento da demanda

exportações. As exportações de cortes geraram no

de oxigênio para suprir os tecidos causando falhas

ano de 2012 U$ 4,3 bilhões de dólares, as de frango

na resposta fisiológica em órgãos como o coração e

inteiro 2,5 bilhões e as de frango industrializado

o pulmão. Em decorrência deste fato surge a

U$478,8 milhões. Os principais destinos da carne de

chamada síndrome ascítica (Gaya et al., 2006;

frango brasileira são: Oriente Médio, África, Ásia e

Jaenish et al., 2001).

União Europeia (UBABEF, 2013; UBABEF, 2014).

A síndrome ascítica é um distúrbio metabólico

Além do melhoramento genético, avanços nas áreas

caracterizado pelo acúmulo de líquido na cavidade

de nutrição, sanidade, ambiência e de manejo

abdominal, sendo responsável por grandes perdas

também contribuíram para a evolução da avicultura

econômicas no setor avícola em virtude da redução

de corte.

da produtividade dos plantéis e dos altos índices de

rendimento no mercado brasileiro obrigou o setor a

mortalidade e condenações de carcaças (Gonzáles

reavaliar

et al., 2001; Jaenish et al., 2001; Rosário et al.,

densidade de criação de frangos de corte, a fim de

2004).

maximizar a produtividade e reduzir os custos de

doenças

metabólicas

como

A introdução de linhagens de alto os

critérios

de

manejo,

nutrição

e

produção (Moreira et al., 2003; Rosário et al., 2004) . Nesse sentido, promover diversas pesquisas sobre o assunto e conhecer os fatores responsáveis por este

A Síndrome Ascítica

distúrbio são fundamentais para buscar soluções

A síndrome ascítica, síndrome de hipertensão

mais eficazes para minimizar o problema. O objetivo

pulmonar ou simplesmente ascite pode ser definida

desta revisão de literatura é relatar sobre a

como uma condição patológica caracterizada pelo

importância da síndrome ascítica na avicultura de

acúmulo de líquido na cavidade abdominal em

corte visando abordar aspectos como a definição e a

virtude da maior velocidade de crescimento e ganho

incidência desta, além de discorrer sobre medidas

de peso dos frangos levando a maior necessidade

para seu controle.

de

7068

suprimento

de

oxigênio

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

para

os

tecidos.


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

Geralmente ocorre a partir da terceira semana de

acúmulo de líquido na cavidade abdominal (figura 1)

vida da ave (Gonzáles et al., 2001; Jaenish et al.,

percebido através da palpação. (Jaenish et al., 2001;

2001; Rosário et al.,2004).

Rosário et al., 2004).

O

frango

de

corte

desenvolvimento

atual

muscular

apresenta

muito

superior

um

FIGURA 1: Frango de corte com distensão no

ao

abdômen

crescimento dos órgãos internos importantes, como coração e pulmão, o que resulta em uma sobrecarga do

sistema

respiratório.

Esse

rápido

desenvolvimento muscular implica em um alto custo metabólico, ou seja, ocorre um maior gasto de oxigênio tecidual. Assim, a concentração de oxigênio no sangue reduz causando a vasodilatação de tecidos periféricos e maior retorno venoso para o coração (Brito et al., 2010;Jaenish et al., 2001; Rosário et al., 2004; Marcato, 2007). O débito cardíaco e a pressão arterial pulmonar aumentam o que dificulta a passagem de sangue através

dos

capilares

consequentemente

diminui

pulmonares as

trocas

e

gasosas.

Diante de uma situação de déficit de oxigênio, a ave ativa mecanismos fisiológicos na tentativa de manter a

homeostase.

Assim

ocorre

o

aumento

da

proporção do coração e alteração no número de hemácias que implica no aumento da viscosidade sanguínea. À medida que a pressão arterial pulmonar aumenta ocorre o aumento na pressão venosa no ventrículo e no átrio direito. Isso causa a hipertrofia

do

músculo

cardíaco,

falência

da

musculatura do ventrículo direito e desgaste da válvula tricúspide permitindo o refluxo de sangue e levando a congestão do fígado. No sistema portahepático o aumento da pressão venosa faz com que ocorra o extravasamento do plasma para o espaço intersticial que se acumula na cavidade abdominal caracterizando a síndrome ascítica (Jaenish et al.,

Fonte: Carlos Vasquez, 2009.

Diagnóstico O diagnóstico pode ser obtido através da análise de parâmetros como viscosidade sanguínea, perfis bioquímicos ou metabólitos, relação do ventrículo direito/ventrículo total e peso do coração (Gonzalés et al., 2001; Rosário et al., 2004). Através de necropsia é possível identificar nas carcaças de aves acometidas abdômen abaulado devido ao acúmulo de líquido na cavidade abdominal cujo aspecto é límpido, rico em proteínas e seu volume depende da evolução do quadro (figura 2). Observa-se também a dilatação do ventrículo direito (figura 3) e o aumento de tamanho do coração (figura 4). FIGURA 2: Carcaça de frango com acúmulo de líquido

2001). Aspectos Clínicos Aves

que

manifestam

o

processo

ascítico

inicialmente apresentam-se apáticas, com cristas e barbelas ofegante

arroxeadas (dispneia),

(cianóticas), penas

respiração

eriçadas,

canelas

desidratadas e sem brilho. Em processo avançado, ocorre queda no consumo de água e ração, perda de peso, dificuldade de locomoção e o sinal mais característico da ascite: distensão do abdômen e Fonte: Jaenish et al. (2001).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7069


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

FIGURA 3: Ventrículo normal (esquerda) e dilatado

em virtude desse problema.

de um frango com síndrome ascítica Maschio & Raszl (2012) também fizeram um estudo semelhante para avaliar as principais causas de condenações e o impacto financeiro disso em um frigorífico

do

sul

do

Brasil.

Os

resultados

encontrados seguem no gráfico 1, no qual os autores concluíram que a ascite foi a principal causa da condenação de carcaças no período avaliado com impacto financeiro aproximado de R$180.000,00. Fonte: McGovern et al. (2001).

Figura 4:

GRÁFICO 1: Impacto financeiro das condenações

Coração normal (esquerda) e coração

post-mortem totais

alterado em virtude da ascite

Fonte: Jaenish et al. (2001).

A síndrome ascítica é responsável por grandes

Fonte: Adaptado de Maschio; Raszl, 2012.

perdas anuais para a indústria avícola em virtude das altas taxas de mortalidade que ocorre nos

A síndrome ascítica está presente nos sistemas de

plantéis, das condenações parciais e totais de

produção de diversos países que criam frangos de

carcaças nos abatedouros e também devido à queda

linhagens melhoradas em escala comercial. No

do desempenho zootécnico (Jacobsen; Flores, 2008;

Brasil

Machio & Raszl, 2012; Rosário et al., 2004).

independente da altitude ou época do ano (Jaenish

ocorre

em

todo

território

nacional

et al., 2001) . Segundo

Gonzáles

et

al.

(2001)

mortalidade por esta síndrome,

a

taxa

de

em granjas, está

A ascite é considerada uma síndrome devido ao

entre 5 a 12% e as perdas causadas por esse

caráter multifatorial que determina a manifestação do

problema no Brasil devem estar entre 2 a 3 %, já

processo

que o país possui uma tecnologia avícola dentro dos

genéticos, ambientais e de manejo atuam em

padrões dos principais produtores de frangos de

conjunto (Jaenish et al., 2001; Rosário et al., 2004).

que

ocorre

quando

certos

fatores

corte no mundo. Vários fatores são responsáveis pela incidência da Jacobsen

um

síndrome ascítica na avicultura de corte dos quais se

levantamento de casos de condenações totais de

podem citar a genética, sexo, temperatura ambiente,

carcaças por ascite em abatedouros no Rio Grande

má qualidade do ar nos galpões, altitude, dieta

do Sul entre 2002 e 2006. Durante este período

peletizada e com elevados níveis de energia

cerca

(Jaenish et al., 2001).

de

&

Flores

19.600.000

(2008)

de

realizaram

carcaças

foram

condenadas, sendo que deste total, 8,19 % ocorreu 7070

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7067, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

Genética

síndrome ascítica.

Muitos autores afirmam que a genética é o principal fator responsável pela incidência da síndrome

Rabello (2008) afirma que linhagens selecionadas

ascítica na avicultura de corte. (Gonzáles et al.,

para maiores taxas de crescimento submetidas a

2001; Jaenish et al., 2001; Neto & Campos, 2003).

elevadas temperaturas são mais suscetíveis à síndrome ascítica, pois elas aumentam a frequência

O intenso processo de seleção de linhagens para

respiratória em até 10 vezes o que gera um maior

altas taxas de crescimento causou mudanças no

consumo de energia metabólica resultando na ascite.

tamanho, na forma e na função dos órgãos das aves que vem diminuindo, em termos relativos, dando

Por outro lado, para a maioria dos autores a

mais espaço para formação de tecido magro. Isso

incidência de ascite é maior durante o inverno devido

resultou

sistema

às baixas temperaturas. Neste período a ave

cardiorrespiratório que se tornou ineficiente para

aumenta o consumo de ração na tentativa de

atender a demanda de oxigênio dos tecidos em

produzir mais calor. Isto incrementa ainda mais a

rápido crescimento (Gaya et al., 2006; Marcato,

demanda de oxigênio (Jacobsen & Flores, 2008;

2007).

Jaenish et al., 2001; Rosário et al., 2004).

Fontes et al. (2000) investigaram o desenvolvimento

Fontes et al. (2000) realizaram um experimento onde

de ascite em duas linhagens diferentes de frango de

frangos da linhagem Hubbard foram criados em duas

corte:

rápido

temperaturas diferentes: 15° C (abaixo da zona de

(Hubbard) e outra de crescimento lento (Pescoço

conforto) e 25°C (termoneutra). As aves criadas em

pelado). No final do experimento concluíram que a

condições de estresse térmico apresentaram

linhagem que apresentou maior taxa de mortalidade

de mortalidade por ascite de 41%

por ascite foi a Hubbard.

dentro da faixa de conforto apenas 4%.

Sexo da ave

Má qualidade do ar no galpão

De acordo com Gonzáles et al. (2001) a síndrome

A ventilação inadequada resulta no aumento das

ascítica ocorre 70% mais nos machos do que nas

concentrações

fêmeas em virtude dos frangos possuírem maior

carbono (CO2), monóxido de carbono (MO), poeira,

crescimento corporal, precocidade e ganho de peso.

amônia (NH3) e na redução da concentração de

no

uma

comprometimento

linhagem

de

do

crescimento

de

partículas

como

taxa

e as criadas

dióxido

de

oxigênio disponível. Assim, as trocas gasosas são Neto & Campos (2003), em um experimento cujo

prejudicadas favorecendo a ascite (Rosário et al.,

objetivo era avaliar a incidência de ascite em

2004). Este problema é mais intenso no inverno

diferentes categorias genéticas de frangos de corte,

quando o aquecimento do galpão é mais privilegiado

verificaram que a taxa de mortalidade nos machos

e a renovação do ar é colocada em segundo plano

foi 53,44% maior do que nas fêmeas. Colín (2008)

(Brito et al., 2010).

também observou que a mortalidade causada em decorrência desse problema para machos foi de

Outro fator que contribui para elevar os níveis de

4,3% e para as fêmeas apenas 1,6%.

amônia é o aumento da umidade da cama que ocorre em virtude das altas taxas de lotação e de

Temperatura ambiental

problemas

Na primeira semana de vida a temperatura deve ser

automáticos e nebulizadores (Furlan, 2006).

no

funcionamento

de

bebedouros

mantida entre 32 a 35 °C, já na quarta semana ela pode ser reduzida para 24ºC e na sexta semana

Villa et al. (1999) avaliaram o efeito da ventilação

21ºC (Furlan, 2006). Segundo Brito et al. (2010)

sobre a mortalidade por ascite em dois grupos de

aves mantidas em temperaturas abaixo ou acima da

frangos de corte onde um grupo recebeu ventilação

zona de conforto utilizam energia para produzir ou

por pressão positiva e outro não. A mortalidade por

dissipar calor o que resulta no aumento da taxa

ascite nas aves que receberam ventilação adequada

metabólica podendo levar ao desenvolvimento da

foi de 9,44 % contra 12,94% nas aves cuja ventilaçã

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7071


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

foi ausente. Para os autores a ventilação promoveu

tizada aumenta o peristaltismo intestinal que resulta

a eliminação de gases nocivos e a renovação do ar,

no aumento da taxa metabólica e da demanda de

o que refletiu na redução da incidência da síndrome

oxigênio predispondo as aves à ascite.

ascítica. Pontos de Controle da Síndrome Ascítica Altitude

A ascite pode ser desencadeada por uma série de

Frangos criados em altitudes superiores a 2000

fatores e em virtude disso o seu controle se torna

metros em relação ao nível do mar podem

bastante difícil. Estabelecer medidas que minimizem

desencadear a síndrome ascítica. Quanto maior for a

a incidência da síndrome ascítica na avicultura de

altitude,

corte é fundamental para evitar perdas (Jaenish et

mais

rarefeito

disponibilidade de

é

o

ar

e

menor

a

oxigênio, podendo levar a um

al., 2001; Rosa et al., 2000; Rosário et al., 2004).

quadro de hipóxia tecidual com aumento do débito cardíaco (Brito et al., 2010; Jaenish et al., 2001).

Segundo Jaenish et al. (2001) os pontos de controle para síndrome ascítica devem ser baseados de

Torres et al. (2013) verificaram a mortalidade por

acordo com os fatores que predispõem as aves a um

síndrome ascítica em dois grupos de frangos de

quadro de déficit de oxigênio seja pelo aumento da

corte criados um ao nível do mar e outro a 3.320 m

demanda ou redução do seu suprimento.

de altitude, sendo que cada grupo possuía 100 aves da linhagem Cobb. No grupo criado em alta altitude

Entre estes pontos de controle pode-se citar a

48 aves morreram em decorrência deste distúrbio e

restrição alimentar, programa de luz, controle da

nenhuma mortalidade foi observada no grupo do

temperatura ambiente, manutenção da qualidade do

nível do mar. Eles concluíram que a alta demanda

ar no galpão e cuidados na recepção dos pintainhos.

metabólica exigida pela linhagem e a insuficiente disponibilidade de oxigênio devido à alta altitude

Restrição alimentar

foram os fatores responsáveis pela incidência de

A restrição alimentar seria uma das alternativas de

ascite.

prevenção da síndrome ascítica. Existem dois métodos de restrição: a restrição qualitativa (consiste na redução dos níveis de nutrientes da ração) e a

Dietas peletizadas Frangos

de

corte

alimentados

com

dietas

quantitativa (Rosa et al., 2000).

peletizadas apresentam maior consumo de ração, ganho de peso e taxa de crescimento em relação a

A restrição quantitativa pode ser realizada através da

dietas fareladas. Isto é possível porque o processo

redução do consumo em um dado período onde é

de peletização promove o aumento da digestibilidade

fornecida uma determinada porcentagem de ração

dos nutrientes através da ação da temperatura,

com base no consumo ad libitum. Sugeta et al.

umidade e pressão (Lecznieski et al., 2001; Meurer

(2000) avaliaram o efeito do nível de restrição

et al., 2008; Vargas et al., 2001). Entretanto Jaenish

quantitativa de 30% e 70 % sobre o desempenho de

et al. (2001) e Brito et al. (2010) afirmam que o uso

frangos de corte. No final concluíram que após a

desse tipo de ração ao acelerar o crescimento das

restrição de 30 % as aves apresentaram ganho

aves causa também o aumento da demanda de

compensatório. Já a restrição de 70% foi bastante

oxigênio e consequentemente origina a ascite.

severa prejudicando o desempenho produtivo.

Colín (2008) avaliou o efeito da forma física da ração

McGovern (1997) aplicou a restrição alimentar em

sobre a incidência da síndrome ascítica em frangos

frangos dos sete aos 16 dias de idade sendo que

da linhagem Ross. As aves foram divididas em três

apenas 18 gramas de ração eram fornecidas e

grupos sendo que o Grupo 1 recebeu ração farelada,

depois desse período a alimentação à vontade foi

Grupo 2 ração mista (peletizada e farelada) e Grupo

restabelecida.

3 ração peletizada. As taxas de mortalidade por

mortalidade (6,3 % para aves restritas e 15,9 % para

ascite para os grupos foram respectivamente 0%,

as alimentadas à vontade) e, além disso, permitiu

0,8% e 9,3%. De acordo com o autor a ração pele-

que o desenvolvimento cardíaco acompanhasse o

7072

A

restrição

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

reduziu

a

taxa

de


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

desenvolvimento corporal das aves.

pânulas

a

gás

ou

tipo

infravermelho

(maior

eficiência) e adotar o círculo de proteção (Furlan, Outra forma de aplicar a restrição quantitativa é a

2006; Gonçalves et al., 2013). Durante o inverno o

partir da redução do tempo de acesso das aves ao

avicultor deve utilizar cortinas duplas e o forro com o

comedouro por algumas horas. Boostani et al. (2010)

objetivo de promover melhor isolamento térmico da

verificaram a redução de ascite em frangos de 7 a 21

instalação (Laganá, 2012).

dias de idade e de 14 a 28 dias que foram submetidos a 8 horas de jejum durante o período

Jaenish et al. (2001) avaliaram o efeito do uso de

avaliado.

cortinas suplementares (estufa) sobre a incidência de ascite em frangos da linhagem Cobb até 21 dias

Independente do tipo de restrição adotado esta

de idade e concluíram que esta prática reduziu a

prática deve ser realizada entre a segunda e terceira

mortalidade causada por este distúrbio em 11,33% ,

semana de vida. Após este período as aves devem

devido ao melhor controle da temperatura .

passar por três semanas de realimentação e não podem apresentar uma redução de mais de 12% no

Manutenção da qualidade do ar nos galpões

seu peso corporal. Caso isso ocorra o ganho

O uso adequado dos ventiladores nos galpões é uma

compensatório será comprometido (Butzen, 2012;

prática eficaz para promover a renovação do ar e

Rosa et al., 2000).

reduzir

as

fornecendo

Programa de luz Outra medida para reduzir a incidência de ascite é a adoção de programas de luz do tipo intermitente, caracterizado por apresentar ciclos repetidos de luz e escuro dentro de um período de 24 horas (Moraes et al., 2006).

concentrações quantidade

de gases

suficiente

poluentes

de

oxigênio

(Jaenish et al., 2001). No inverno a ventilação deve ser mínima, mas eficiente com uma velocidade máxima de ar entre 0,2 m/s e 0,5 m/s. A maioria dos manuais de linhagens de frango de corte recomendam níveis de

Geralmente a maioria das granjas nos três primeiros dias de vida da ave utilizam 23 horas de luz e uma hora de escuro e somente a partir desse período adotam um programa de luz específico para o controle dos distúrbios metabólicos (Gonçalves et al., 2013).

oxigênio de acima de 19,6% e de amônia e dióxido de carbono respectivamente menores que 10 ppm e 3000 ppm (Gonçalves et al., 2013). Além disso, deve-se ressaltar que medidas como a troca e o tratamento correto da cama do aviário, 2

2

adequada densidade (18 m no inverno e 16 m no

Hassanzadeh et al. (2005) aplicaram programas de luz contínuo e intermitente (caracterizado por uma hora de luz e três ciclos de escuro repetidos seis vezes por dia) em frangos de 3 a 14 dias de idade e de 10 a 21 dias para avaliar a incidência de ascite. De acordo com os autores, quando foi adotado o programa de luz intermitente a incidência de ascite que era de 15% no contínuo foi reduzida em até 50% desse valor.

verão), ajuste dos bebedouros em altura, número e vazão de água fazem com que a emissão de amônia seja menor (Brito et al., 2010; Furlan, 2006). Cuidados na recepção dos pintainhos É fundamental que o galpão esteja devidamente pronto para receber os pintainhos de um dia. As campânulas devem ser acesas cerca de duas horas antes da chegada dos pintainhos no verão e quatro horas antes no inverno. É necessário que o círculo

Controles da temperatura ambiental

de proteção e a cama estejam bem distribuídos e

O conforto térmico é fundamental para o bom

bebedouros, comedouros abastecidos (Gonçalves et

desenvolvimento inicial das aves o que irá refletir no

al., 2013).

seu desempenho futuro. Sendo assim para garanti-lo é extremamente importante nas primeiras semanas

Luquetti et al. (2006) relataram que a mortalidade por

de vida fornecer fontes de aquecimento como cam-

síndrome ascítica em um galpão que não estava pre-

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7073


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

parado

para

o

recebimento

dos

pintinhos

parâmetros

productivos

y

la

incidência

al

correspondeu a 58% dos óbitos totais. Durante o

síndrome ascitico, 2008.38 f.Tese(Título de

alojamento 20.000 aves foram colocadas em um

médico veterinário y zootecnista) –Facultad de

único círculo de proteção, as campânulas não

Medicina

haviam sido ligadas com antecedência e 70% dos

UniversidadMichoacana de San Nicolás de

pintinhos foram molhados quando foi realizado o

Hidalgo, Michoacán , 2008.

abastecimento dos bebedouros.

veterinária

y

Zootecnia.

DALANEZI, L.M., JOSÉ ANTONIO DALANEZI, J.A., CELIDONEO, R.T., OSERA,R.H., PEREIRA,R.E.,

CONSIDERAÇÕES FINAIS

ROCHA,T.S. 2008. Ocorrência de síndromes

A síndrome ascítica é um dos grandes desafios que

metabólicas em diferentes linhagens de frangos

deve ser enfrentado pela avicultura de corte atual.

de corte. PUBVET, Londrina, v. 2, n. 50, ed. 61,

Sua importância está relacionada aos impactos

Art.

econômicos gerados no setor avícola com perdas

<http://www.pubvet.com.br/artigos_det.asp?artigo

estimadas em até um bilhão de dólares. Para que

=375>. Acesso em: 25/01/2015.

este problema seja superado é necessário conhecer

FONTES,

375.

Disponível

S.F.,HERNANDES,

em:

R., MACARI,

M.,

todos os fatores envolvidos na sua incidência para

BERNAL, F.M. 2000. Viscosidade

estabelecer medidas eficazes para seu controle e

como parâmetro de diagnóstico da síndrome

assim a avicultura de corte continuará sendo

ascítica em linhagens de frangos de corte com

destaque no agronegócio brasileiro.

diferentes suscetibilidade. Revista Brasileira de

do sangue

Ciência Avícola, n.1, v.2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELUSSO,

DIANE.,

HESPANHOL,

FURLAN, R.L. 2006. Influência da temperatura ANTÔNIO

NIVALDO. 2010. A evolução da avicultura industrial brasileira e seus efeitos territoriais. Revista Percurso. Maringá, n.1, v.2, p.25-51. BOOSTANNI,

A.,

ASHAYERIZADEH

A.,

MAHMOODIAN FARD HR., KAMALZADEH A. 2010. Comparison of the effects of several feed restriction periods to control ascites on performance,

carcass

characteristics

and

hematological indices of broiler chickens. Brazilian Journal of Poultry Science, n.3, v.12, p. 171 – 177.

ambiente na produção de frangos de corte. In: Simpósio

Brasil

Sul

de

Avicultura,VII.Chapecó.Disponível em:<levy.blog.br/arquivos/aula-fesurv/downs-960.pdf>.Acesso em;13/12/2014. GAYA, L.G. MOURÃO, G.B., FERRAZ,J.B.S. 2006. Aspectos genético-quantitativos de características de desempenho, carcaça e composição corporal em frangos.Ciência Rural, Santa Maria, n.2, v.36, p.709-716. GONZALES,

F.H.D.,

HAIDA,

D., GIANNESI,G., KRONBAUER,

K.S.,

MAHL, E.

2001.Incidência de doenças metabólicas em

BRITO, A.B., CARRER, S.C., VIANA, A. 2010.

frangos de corte no sul do Brasil e uso do perfil

Distúrbios metabólicos em frangos de corte:

bioquímico sanguíneo para seu estudo. Revista

ênfase

Brasileira de Ciência Avícola, n.2, v.3, p.141-

em

ascite

e

morte

súbita.

In:

Congresso Latino Americano de Nutrição Animal, IV. Estãncia de São Pedro. Disponível em:<htt://file.aviculturaindustrial.com.br>.Aces so em 22/03/2015. BUTZEN, FERNANDA MARIA. 2012. Programa de restrição alimentar precoce e seu efeito sobre os índices zootécnicos e qualidade da carne de

frango

de

corte.

226

f.Dissertação

(Mestrado em Produção Animal)-Faculdade de Agronomia. UFRGS, Porto Alegre, 2012. COLÍN,E. Efecto del tamaño de partícula en el alimento del pollo de engorde sobre los 7074

147. GONÇALVES, F.M. et al. 2013. Manejo inicial de frangos de corte.In:Gentilini, F.P., ANCIUTI, M.A. Tópicos atuais na produção de suínos e aves.Pelotas: Instituto Federal Sul-rio-grandense, 62-78. Disponível em:<http :www.infsul.edu.br >. Acesso em : 03/05/2015. HASSANZADEH, M., SHOJADOOST, B., FEYZIH, A., BUYSE, J., DECUYPERE, E. 2005. Effect of intermittent lighting schedules at the young age of broiler chickens on the incidence of ascites and metabolic parameters. Arch.Geflügelk , n.69, p. 5761.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle

JACOBSEN, G., FLORES, M.L. 2008. Condenações por síndrome ascítica em frangos abatidos sob

peletizadas para frangos de corte. Archives of Veterinary Science, n.3, v.13, p.229-240.

inspeção federal entre 2002 e 2006 no estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria,

MORAES, D.T. 2006. Efeitos dos programas de luz

n.7, v.38, p.1966-1971. JAENISH, R.F., ÁVILA, V.S., MAZZUCO, H., ROSA, P.S.,

FIORENTIN,

L.

2001.

Síndrome

da

hipertensão pulmonar: a ascite em frangos de corte. Circular Técnico, n.27. Embrapa.

sobre o desempenho, rendimento de abate, aspectos econômicos e resposta imunológica em frangos de corte.51f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal)-Escola de Veterinária. UFMG, Belo Horizonte. MOREIRA, J., MENDES, A.A., GARCIA, E.A.,

LAGANA, C. 2012. Avicultura: cuidados com o inverno. Pesquisa e tecnologia, n.1, v.9.

OLIVEIRA, R.P., GARCIA, R.G., ALMEIDA, I.C.L.

LUQUETTI, B.C., OLIVEIRA, D.S., COZZA, R.A.Q.

carcaça e qualidade da carne do peito em

2006. Síndrome ascítica em frangos de corte -

frangos de linhagens de conformação versus convencionais. Revista Brasileira de Zootecnia,

Relato de caso Ciên. Andradina, v.6, 73-78.

Agr.

Saúde.

FEA,

2003. Avaliação de desempenho, rendimento de

n.6, v.32, p.1663-1673.

LECZNIESKI, J.L., RIBEIRO ,A. M.L., KESSLER ,

NETO, M.G., CAMPOS, E.J. 2003. Incidência de

A.M., PENZ A.M.J. 2001. Influência da forma

ascite em diferentes categorias genéticas de

física e do nível de energia da ração no

frangos de corte alimentados com rações de alto nível energético. Pesq.agropec.bras, Brasília,

desempenho e na composição de frangos de corte. Arch.Latinoam. Prod.Amim, 6-11. MARCATO,

S.M.

2007.

Características

do

crescimento corporal, dos órgãos e tecidos de

n.6, v.38, p.665-671. PALOTA,

K.F.A.

2012.

Avicultura

de

corte:

duas linhagens comerciais de frangos de corte.

identificação dos sistemas de criação na região de Tabatinga. 51 f. Monografia (Título em

207f. Tese (Doutorado em Zootecnia)-Faculdade

Tecnólogo em Agronegócio) - Faculdade de

de Ciências Agrárias e Veterinárias.Universidade

Tecnologia de Taquaritinga. Centro Estadual de

Estadual

Educação

Paulista

Julio

de

Mesquita

Filho,

Jaboticabal.

Tecnológica

“Paula

Sousa”,

Taquaritinga.

MASCHIO, M.M., RASZL, S. M. 2012. Impacto financeiro das condenações post-mortem parciais

RABELLO, C. B.V. 2008. Produção de Aves em Clima Quente. In:ZOOTEC,2008. João Pessoa.

e totais em uma empresa de abate de frango. Etech: Tecnologias para Competitividade

Disponível

Industrial, Florianópolis, n. esp. alimentos, p. 26-

Acesso em 22/06/2015.

38.

em

:<www.abz.org.br/files.php?file=documentos>. ROSA, P.S., AVILLA, V.S., JAENISCH, F.R.F. 2000.

MCGOVERN, R.H. FEDDES, J.J.R., ZUIDHOF, M.J., HANSON J.A., ROBINSON, F.E. 2001. Growth performance, heart characteristics and the incidence of ascites in broilers in response to carbon dioxide and oxygen concentrations. Canadian Biosystems Engineering/Le génie des biosystèmes, Canada , n.43 , p 4.1 -4.6. MCGOVERN, R.H. 1997.

Growth performance,

Restrição alimentar em frangos de corte: como explorar suas potencialidades. Comunicado técnico. Embrapa. ROSÁRIO, K.F.A., SILVA, M.A.N., COELHO, A.A.D., SAVINO, V.J.M. 2004. Síndrome ascítica em frangos de corte: uma revisão sobre a fisiologia, avaliação e perspectivas. Ciência Rural, Santa Maria, n.6, v.34, p.1987-1996.

carcass charactheristics, and the incidence of

SUGETA, S.M., GIACHETTO, P.F., MALHEIROS,

ascites in broilers chickens in response to short

E.B., MACARI, M., FURLAN, R.L. 2002. Efeito da

term feed restriction, temperature, fluctuations and litter oiling. 144f. Thesis (Master of Science

restrição alimentar quantitativa sobre o ganho

Animal)-

Faculty

of

Graduate

Studies

and

Research.Universityof Alberta,Edmonton. MEURER, R.P., A. FÁVERO, A., DAHLKE, F., MAIORKA, A. 2008. Avaliação de rações

compensatório e a composição da carcaça de frangos. Pesq.agropec. bras, n.7, v.37, p.903908. TAVARES,

L.P.,

RIBEIRO,

K.C.S.

2007.

Desenvolvimento da avicultura de corte brasileira

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

7075


Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura d corte: características e pontos de controle

e

perspectivas

frente

à

influenza

aviária.

VARGAS, G.D., BRUM, P.A.R.,

FIALHO, F.B.,

Organizações Rurais e Agroindustriais, Lavras, n.

RUTZ, F., BORDIN, R. 2001. Efeito da forma

1, v. 9, p. 79-88.

física da ração sobre o desempenho de

TORRES, C.A.L., HERRERA, P.A., GÓMEZ, M.A., ELÍAS, O.L., SIFUENTES, L.A.H. 2013. Efecto del metronidazol em

pollos

de

carne con

frangos de corte machos. Revista Brasileira de Agrociência, n.1,v.7, p.42-45. VASQUEZ, C. 2009. Calidad de bbafectado

síndrome ascítico. Rev. SaludAnim, n.1, v.35, p.

desde

45-51.

Disponível

UBABEF. 2013. União Brasileira de Avicultura. Relatório

Anual UBABEF 2013.São Paulo.

Disponível em: < www.ubabef.com.br>.Acesso em 18/03/2015. UBABEF. 2014. União Brasileira de Avicultura.

la

incubadora,

caso.

em

:<http://www.ergomix.com>.Acesso

em

:

16/04/2015. VILLA, D.M., QUINTANA, J.A.L., CASTANEDA, S.M.P. 1999. Efecto de la ventilación por presión positiva sobre los parâmetros

Relatório Anual UBABEF 2014. São Paulo.

productivos

de

Disponível em:< www.ubabef.com.br>.Acesso em

durantesiete

semanas

02/03/2015.

ambiente natural.Vet. Méx, 99-103.

7076

Ergomix.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006

pollo

de

engorda,

encasetas

de




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.