Revista Eletrônica
© 2016 Nutritime Revista Eletrônica
Nutritime Revista Eletrônica www.nutritime.com.br Praça do Rosário, 01 Sala 302 - Centro - Viçosa, MG - Cep: 36.570-000 A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda, com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.
Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues
Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.
Encontrou algum erro nessa edição? Fale conosco: mail@nutritime.com.br. Ficaremos muito agradecidos!
Sumário
ARTIGOS 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas ..................................... 7008 Halef Pereira de Oliveira, Taiz Borges Ribeiro, Alan Soares Machado, Lidiane de Oliveira Silva, Antônio Roberto de Oliveira Júnior 439 – Particularidades da Região Nordeste do Brasil: revisão de literatura ....................................................... 7015 Alberto Jefferson da Silva Macêdo, Dariane Fontes da Silva, Thaiano Iranildo de Sousa Silva 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás .......................... 7019 Walison Peterson Santos Costa, Graciele Araújo de Oliveira Caetano, Messias Batista Caetano Júnior, Denise Gomes Barros Cintra, Alexandrina Benjamin Estevão de Farias 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerras em aleitamento.................................................................................................................................................................. 7026 Camila Flávia de Assis Lage, Hilton do Carmo Diniz Neto, Victor Marco Rocha Malacco, Sandra Gesteira Coelho 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos ................................................................................................. 7032 Jansller Luiz Genova, Isabela Ferreira Leal, Paulo Evaristo Rupolo, Luiz Eduardo dos Reis, Vitor Maximo Barbosa
443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras ......................................................................................................................................................................................... 7046 Vanessa Amorim Teixeira, Hilton do Carmo Diniz Neto, Sandra Gesteira Coelho 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação ......................................................................................................................................................................................... 7053 Diego Cordeiro de Paula, Vitor Hugo Maués Macedo, Tiago Adriano Simioni 445- Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle ...................................... 7076 Giselle Procópio Nunes, Paula Cambraia Marinho, Andressa da Silva Formigoni, Andressa Nathalie Nunes, Carolina Resende de Freitas Ribeiro
Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas Auxinas, estresse hídrico, fotossíntese, produção, tolerância.
Revista Eletrônica
Halef Pereira de Oliveira¹ Taiz Borges Ribeiro², 3 Alan Soares Machado 2 Lidiane de Oliveira Silva Antônio Roberto de Oliveira Júnior²
Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
¹Discente do curso Bacharelado em Zootecnia, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: halefpgtu15@hotmail.com ²Zootecnista. E-mail: taiz2612@hotmail.com; antoniorj20@hotmail.com; Lidiane.zoo@hotmail.com ³Professor Dr. do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: asm3201@hotmail.com
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
PHYSIOLOGICAL RESPONSES OF FODDER TO
O objetivo desse trabalho é discorrer sobre os
WATER DEFICIT AND LOW TEMPERATURES
mecanismos e as respostas das plantas forrageiras,
The objective of this work is to discuss the
submetidas em situações de déficit hídrico e baixas
mechanisms
temperaturas. A utilização das pastagens está aliada,
submitted in situations of water deficit and low
principalmente a disponibilidade de água. É possível
temperatures. The use of pastures is allied, mainly
verificar que o sistema de produção das forrageiras
the availability of water. It is possible to verify that the
se torna desuniforme ao decorrer dos anos, havendo
system of forage production becomes uneven
um período de boa e alta qualidade na produção das
throughout the years, with a period of good and high
gramíneas no período das chuvas e de baixa
quality in the production of grasses in the rainy
produção e valor nutricional durante o período da
season and of low production and nutritional value
seca. Desse modo, analisar as diversas respostas
during the dry season. Thus, analyzing the different
fisiológicas das plantas forrageiras no período de
physiological responses of forage plants in the dry
seca é de suma importância para ter o conhecimento
season is of paramount importance in order to have
de quais espécies ou cultivares resistente podem ser
knowledge of which resistant species or cultivars can
utilizadas em regiões com condições baixa de
be used in regions with low precipitation conditions to
precipitação para garantir o desenvolvimento da
guarantee the development of the plant and its good
planta e sua boa produção mediante ao seu valor
production through its
nutritivo a ser explorado.
explored.
Palavras-chave: auxinas, estresse hídrico,
Keyword: auxins, water stress, photosynthesis,
fotossíntese, produção, tolerância.
yield, tolerance.
7008
and
responses
of
nutritional
forage
plants,
value to be
Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas
INTRODUÇÃO O Brasil se baseia na utilização de pastagens para a
associados de estresses ambientais, aproximando-
exploração pecuária, sendo cerca de 170 milhões de
se mais da realidade dos ambientes agrícolas
hectares cultivados por plantas forrageiras (IBGE,
(MITTLER, 2006).
2006).
As
gramíneas
possuem
participação
expressiva na alimentação animal, tanto como
Com base no exposto, esta revisão de literatura tem
volumosos, concentrados e na integração lavoura-
por objetivo discorrer sobre os mecanismos e as
pecuária, sendo esta última uma alternativa que tem
respostas das plantas forrageiras ao estresse,
se mostrado promissora (PEREIRA et al., 2009).
submetidas em situações de déficit hídrico e baixas temperaturas.
Dentro dessa extensão do território usado para a prática pecuária, existe grande diversidade nas
REVISÃO DE LITERATURA
condições de plantio de forrageiras, incluindo áreas alagadas ou encharcadas, com baixo índice de precipitação, baixa fertilidade de solo, além de áreas
Efeito do estresse hídrico no desenvolvimento e produção de forrageiras
aptas ao cultivo. Portanto, devido ao cultivo de
As forrageiras estão sujeitas a constantes variações
plantas forrageiras em áreas marginais, há a
climáticas acarretando em estresses e alterando sua
necessidade de estudos que avaliem e identifiquem
morfologia
genótipos com
pluviométrica um dos principais limitantes isolados
características de tolerância a
e
fisiologia,
sendo
a
precipitação
que afetam a produção e a qualidade de matéria
estresses abióticos (PEZZOPANE et al., 2015).
seca das forragens estabelecidas principalmente nos O déficit hídrico é um dos principais fatores
trópicos e subtrópicos (DUARTE, 2012). Ainda de
limitantes da germinação, pois para cada espécie
acordo com Duarte (2012), regiões de natureza
existe um valor de potencial hídrico externo abaixo
estacional, variabilidade e alta incidência errática,
do qual a germinação não ocorre. A habilidade de
junto ao elevado potencial evaporativo, resultam em
uma
de
períodos curtos de estresse hídrico até períodos de
condições pode ser a manifestação de seu vigor,
seca prolongada, ocasionando um déficit hídrico
dependendo entre outros fatores, das condições
para as plantas.
semente
germinar
sob
amplo
limite
ambientais encontradas no local onde foi semeada. ser
Quando há uma redução do potencial hídrico devido
encontradas no campo, e a semente deve ser
ao solo estar seco, as plantas passam a apresentar
vigorosa para que seja competitiva (MARCOS
dificuldade para extrair água de forma rápida e
FILHO, 2005).
suficiente
Secas
periódicas,
por
exemplo,
podem
para
balancear
suas
perdas
pela
transpiração, assim murchando devido à perda de A disponibilidade de água é um dos principais
turgor, sendo que em algumas condições extremas
fatores responsáveis pelo crescimento e produção
de falta d‟água no solo a planta se torna incapaz de
dos
cultivos.
temperaturas
regiões
tropicais,
altas
extrair água, ocasionando em perca de turgor
intensidades
luminosas
altas
permanente (PAIVA et al. 2006 apud SEIXAS et al.,
Nas e
favorecem taxas de evapotranspiração que podem
2015).
produzir déficits hídricos estacionais (MACHADO et Contudo
al., 1983).
a
disponibilidade
de
água
afeta
o
crescimento e desenvolvimento das plantas por Os estudos têm revelado que as respostas das
controlar a abertura dos estômatos e a produção de
plantas sob um único estresse não podem ser
fitomassa, pois a falta de água no solo reduz o
diretamente
potencial de água na folha e sua condutância
inferidas
aos
efeitos
de
distintos
estresses que ocorrem conjuntamente, pois a
estomática,
associação
respostas
estômatos, bloqueando o fluxo de CO2 para as
singulares para a adaptação da planta. Desta forma,
folhas, afetando o acúmulo de fotoassimilados,
é necessário que os futuros programas de pesquisa
reduzindo a produtividade (GHOLZ et al. 1990 apud
enfatizem as respostas das plantas aos efeitos
SILVA, 2013).
de
estresses
provoca
promovendo
o
fechamento
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7009
dos
Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas
Alterações na área foliar
(KERBAUY, 2008). De acordo Silva et al. (2015), o
De acordo com Duarte (2012), em casos moderados
estresse hídrico ocasiona aumento da síntese e da
de deficiência de água as primeiras respostas
sensibilidade dos tecidos ao hormônio etileno e
observadas são a divisão e a expansão celular, que
consequentemente senescência das folhas.
pode ser retardada ou interrompida, assim o crescimento das folhas e caules diminui bem antes
A auxina é produzida no ápice e nas raízes sendo
do estresse hídrico tornar-se severo a ponto de
capazes de aumentar a expressão do gene da
causar fechamento dos estômatos e uma diminuição
AACsintase, enzima catalizadora na conversão de S-
na fotossíntese. À medida que o déficit hídrico
adenosilmetionia (AdoMet) em 1 aminociclopropano-
prolonga
1-carboxílico (ACC) no qual participa na produção de
ocorre
a
aceleração
na
taxa
de
senescência foliar, inibição do perfilhamento e
etileno (Kerbauy, 2008).
ramificações e, aceleração da morte dos perfilhos estabelecidos, bem como atraso no crescimento e
Já o ABA, hormônio produzido em maior quantidade
no desenvolvimento da planta. Com isso limitam-se
nas raízes em situações de estresse hídrico possui
a capacidade de competir por luz, pela diminuição
grandes relações na produção de etileno, pois
da área foliar e consequente reduz a produtividade
estimula na expressão de isoformas da AACoxidase,
(BUXTON; FALES, 1994 apud ARAÚJO, VASQUEZ,
enzima
et al., 2010).
aminociclopropano-1-carboxílico)
primordial
na
conversão
de
AAC
em
(1
etileno
(KERBAUY, 2008). Contudo a redução da área foliar, a abscisão foliar, o aprofundamento
das
raízes,
a
limitação
da
Alterações no sistema radicular
fotossíntese e o aumento do depósito de cera sobre
Para a realização da absorção efetiva da água pelas
a superfície foliar são mecanismos de tolerância à
raízes a mesma deve ter contato maior com o solo, e
seca, sendo característico em plantas forrageiras
para potencializar esse contato são emitidos pelos
para suportar adversidades climáticas (TAIZ et al.,
radiculares aumentando a superfície de contato e a
1991 apud SILVA, 2013).
capacidade de absorção. O déficit hídrico estimula a expansão do sistema radicular para zonas mais
Dentre os fenômenos ocorridos na área foliar em
profundas e úmidas do perfil do solo (PIMENTEL,
situações de déficit hídrico alguns compostos têm
2004).
relações diretas na parte aérea da planta como exemplos antocianinas, auxinas, etileno e o ácido
A medida que o solo seca, torna-se mais difícil às
abscícico (ABA).
plantas absorverem água, porque aumenta a força de retenção e diminui a disponibilidade de água no
As antocianinas são compostos flavonoides com
solo às plantas (SANTOS, 1998).
funções diversas nos vegetais, sendo uma delas a defesa, atuando na absorção de comprimentos de
Durante o desenvolvimento das plantas, a densidade
onda de luz na faixa de 400 a 600 nm, agindo como
e o comprimento de raízes aumentam até o início da
filtros da luz visível, no qual durante a expansão
floração das plantas, decrescendo posteriormente,
foliar, senescência e em resposta a estresses
com diminuição na eficiência de absorção de água
abióticos,
(HUBER & ROSSIELO, 1995).
ocorre
síntese
de
antocianina
nas
camadas epidérmicas das folhas (ARAÚJO & DEMINICIS, 2009).
O maior desenvolvimento das raízes ocorre nas camadas de solo, de acordo com estudo realizado
O etileno é sintetizado a partir da L-metionina, sendo
por Pimentel (2004), cuja disponibilidade de água foi
produzido por todas as partes das plantas, onde
maior. A expansão das raízes no campo foi mais
maior produção ocorre nos tecidos meristemáticos e
afetada pelo déficit hídrico que a expansão das
nas regiões nodais, no qual induz a abscisão de
folhas e as raízes pequenas foram mais sensíveis ao
folhas em forrageiras expostas ao estresse hídrico
déficit hídrico que as raízes médias e grandes.
7010
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas
Mecanismos de tolerância, aclimatação ao déficit hídrico
adaptação
A
alterações
e
resposta estomática bem definida. Assim, se folhas mantidas no escuro são iluminadas, a luz percebida pelas células – guardas desencadeia uma série de
deficiência
hídrica
provoca
no
respostas,
resultando
na
abertura
do
poro
comportamento vegetal cuja irreversibilidade vai
estomático tornando possível a entrada do CO2 e a
depender do genótipo, da duração, da severidade e
realização da fotossíntese.
do estádio de desenvolvimento da planta alguns mecanismos são observados nas plantas que as
A abertura estomática só ocorre quando as células –
fazem resistir a seca sendo estes divididos em
guardas se encontram túrgidas, qualquer alterações
escape, retardo e tolerância (MEDICI et al., 2007).
na hidratação das plantas afetará o movimento dos
No mecanismo de escape as plantas apresentam um rápido desenvolvimento fenológico completando seu ciclo de vida antes que o déficit hídrico se torne severo
o
suficiente
para
provocar
danos
(ROCKSTRÖM & FALKENMARK, 2000). No
mecanismo
retardo
está
estômatos. Quando acontece de as células – guardas perderem mais água para a atmosfera do que sua capacidade de absorver das células vizinhas, ocorre um decréscimo na turgidez dessas células, provocando o fechamento estomático sendo caracterizado
relacionado
à
manutenção do turgor e volume celular, tanto pela presença de um sistema radicular abundante para absorção de água quanto pela redução da perda por transpiração. E por último a tolerância a seca que é um mecanismo da planta que permite manter seu metabolismo, mesmo com o déficit hídrico presente (VERSLUES et al., 2006).
como
fechamento
hidropassivo
(KERBAUY, 2012). Um segundo mecanismo, é ocasionado pelo o mediador ácido abscísico (ABA), realizando o fechamento dos estômatos quando todas as folhas ou as raízes são desidratadas e depende de processos
metabólicos
nas
células-guarda
denominado como fechamento hidroativo. Uma redução no conteúdo de solutos das células –
Santos et al. (2013), avaliando a capacidade de
guarda resulta em perda de água e diminuição na
adaptação e os mecanismos de resposta ao
turgência,
estresse hídrico de duas cultivares de Brachiaria
assim, o mecanismo hidráulico do fechamento
brizantha (Marandú e BRS Piatã) submetidas ao
hidroativo é uma inversão do mecanismo de abertura
déficit
da
estomática. Entretanto, o controle do fechamento
biomassa da parte aérea e da área foliar em todas
hidroativo difere da abertura estomática de modo
as cultivares. Entretanto, em ambas as cultivares
mais significativo (TAIZ & ZEIGER, 2004).
hídrico,
observou
uma
diminuição
provocando
fechamento
estomático;
houve um aumento da percentagem de raízes nas camadas mais profundas do solo. As cultivares
O ABA é sintetizado continuamente em taxas baixas
Marandú e BRS Piatã apresentaram mecanismos de
nas células do mesófilo e tende a se acumular nos
adaptação ao estresse hídrico como osmorregulação
cloroplastos. O hormônio ABA tem uma dupla função
e aprofundamento do sistema radicular.
frente ao estresse hídrico e a curto prazo provoca a redução da transpiração e a longo prazo induz a
ESTRATÉGIAS FISIOLÓGICAS DE EVITAÇÃO AO
síntese de proteínas que aumentam a tolerância das
DÉFICIT HÍDRICO
plantas à dessecação seca (TAIZ & ZEIGER, 2004).
Abertura e fechamento de estômatos Os
fatores
ambientais,
como nível de água,
temperatura, qualidade e intensidade de luz e concentração intracelular de dióxido de carbono, controlam o movimento de abertura e fechamento dos estômatos, segundo Kerbauy (2012). Esses fatores funcionam como sinais que são percebidos pelas células – guardas e integrados dentro de uma
Quando este tecido torna-se desidratado, ocorrem dois eventos: primeiro, uma determinada quantidade de ABA, armazenada nas células do mesófilo, é liberada para o apoplasto, possibilitando que a corrente
transpiratória
conduza
parte
dessa
quantidade para as células guardas; em seguida, a taxa da síntese líquida de ABA é elevada e o fechamento estomático é iniciado pela migração des.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7011
Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas
se hormônio dos cloroplastos para o apoplasto
o transporte do floema depende do turgor, a redução
(MARQUES, 2007).
do potencial hídrico no floema durante o estresse pode
inibir
o
movimento
Experimentos
movimentos estomáticos. Isso ocorre devido o
translocação não é afetada durante o período de
movimento encontra-se acoplado ao metabolismo
estresse,
das células – guardas, qualquer fator que afete o
fotossíntese, já foram fortemente inibidos (COSTA,
metabolismo
2001).
movimento
dos
consequentemente
estômatos.
O
o
aumento
quando
têm
assimilados.
Condições ambientais influenciam indiretamente os
afetará
realizados
de
outros
mostrado que a
processos,
como
a
da
temperatura, acelera a atividade de qualquer célula
Ajuste osmótico
até um ponto ótimo, após o qual ocorre um declínio Outra estratégia adotada pelas plantas para tolerar o
(KERBAUY, 2008).
déficit hídrico é o controle do ajuste osmótico, pois Limitação
da
fotossíntese
em
nível
de
baixos valores de potencial hídrico, aumentando sua
cloroplasto A taxa fotossintética da folha raramente é responsiva ao estresse hídrico moderado quanto à expansão foliar, pois a fotossíntese é muito menos sensível ao turgor do que a expansão foliar. Entretanto, o estresse hídrico moderado afeta, geralmente, a fotossíntese foliar e a condutância estomática. Como os estômatos fecham durante os estádios iniciais do estresse hídrico, a eficiência do uso da água pode aumentar, ou seja, mais CO2 pode ser absorvido por unidade de água transpirada, através do fechamento estomático inibindo a transpiração mais do que decrescendo as concentrações intercelulares de CO 2 (TAIZ & ZEIGER, 2013). Quando
o
estresse
permanece
de
células
fotossíntese,
o
metabolismo
do
severo,
mesófilo do
a
inibe
a
mesófilo
é
prejudicado e a eficiência do uso da água diminui. Os resultados de vários estudos têm mostrado que o relativo
do
estresse
hídrico
sobre
a
condutância estomática é significantemente maior do que sobre a fotossíntese. Todo o efeito do estresse sobre a condutância estomática é eliminada pelo suprimento alto de CO2 e diferenças entre taxas fotossintéticas
de
resistência à seca (PEREZ, 1999). A diminuição do potencial osmótico diante ao acúmulo de solutos solúveis nas células constituem uma determinada resposta ao estresse hídrico. O ajustamento osmótico produz um potencial hídrico foliar mais negativo, ajudando assim a manter o movimento
de
água
para
as
folhas
e,
consequentemente, favorecendo a turgescência das mesmas. Dentre os solutos envolvidos no processo de ajustamento osmótico, a prolina tem demonstrado ser um aminoácido particularmente sensível estresse
desidratação
efeito
permite o vegetal manter a turgidez mesmo com
plantas
estressadas
e
não
(LARCHER, 2000). O acúmulo do aminoácido prolina pode caracterizar funções no depósito de energia, na estruturação das estruturas sub-celulares, como componentes das cascatas de sinalização molecular do estresse e na constituição da parede celular das plantas, sendo esse,
um
dos
seus
principais
constituintes
(NEPOMUCENO et al., 2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS
estressadas podem ser atribuídas diretamente ao
O conhecimento das formas como as forragens
dano do estresse hídrico à fotossíntese (NOBEL,
respondem
2009).
compreensão dos mecanismos que agem nas
ao
estresse
hídrico,
aliado,
a
plantas em condição de déficit hídrico, é essencial na
para que seja definidas estratégias de manejo que
fotossíntese quanto no aumento de assimilados nas
buscam favorecer a persistência e a produtividade
folhas
o
das forrageiras, juntamente, com o conhecimento
estresse hídrico diminui indiretamente a quantidade
das limitações edafoclimáticas e dos seus efeitos
de fotossintatos exportados das folhas. Uma vez que
sobre a produção das forrageiras.
O
7012
estresse em
hídrico expansão.
é
decrescente Como
tanto
consequência,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas
Desta forma, estudos com déficit hídrico são de suma importância, pois fornecem informações para técnicos e produtores na escolha da forrageira
déficits.
Pesquisa
Agropecuária
Brasileira,
Brasília, v. 42, n.4, p. 599-601, 2007. MITTLER, R. Abiotic stress, the field environment
apropriada, bem como orientação do manejo e o
and
emprego de práticas, a exemplo da irrigação de
Science, Oxford, v.11, n.1, p. 15-19, 2006.
forma estratégica e racional, a determinação de épocas de diferimento, entre outras técnicas.
stress
combination.
Trends
in
Plant
NEPOMUCENO, A. L.; NEUMAIER, N.; FARIAS, J. R. B.; OYA, T. Tolerância à seca em plantas: mecanismos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
fisiológicos
e
moleculares.
Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, Brasília, n. 23, p. 12-18, 2001.
ARAÚJO,
S.
A.
C.;
VASQUEZ,
H.
M.;
NOBEL, P. S. Physicochemical and environmental
CAMPOSTRINI, E.; NETTO, A. T.; DEMINICIS, B. B.; LIMA, E. S. Características fotossintéticas
plant
de genótipos de capim-elefante anão (Pennisetum purpureum Schum.), em estresse
PEREIRA,
physiology.
4
ed.
San
Diego:
CA
Academic Press. 2009. p. 582. R.
G.;
ALBUQUERQUE.
A.
W.;
CAVALCANTE. M.; PAIXÃO. S. L.; MARACAJÁ.
hídrico. Acta Scientiarum. Animal Sciences,
P. B. Influência dos sistemas de manejo do solo
Maringá, v. 32, n. 1, p. 1-7, 2010. ARAÚJO, S. A. C.; DEMINICIS, B. B. Fotoinibição da fotossíntese. Revista Brasileira de Biociências,
sobre os componentes de produção do milho e
Porto Alegre, v. 7, p. 463-472, 2009. COSTA, A. R. As relações hídricas das plantas vasculares. Portugal. Editora da Universidade
PEREZ, S. C. J. G. A.; FANTIN, S. C. Crescimento e
de Évora, 2001. 75 p. crescimento e o valor nutritivo das plantas forrageiras. Revista Pesquisa & Tecnologia, v. 9, n. 2, 2012.
Revista
Caatinga,
Mossoró, v. 22, n. 1, p. 64-71, 2009. resistência à seca de leucena em solo de cerrado. Pesquisa
Agropecuária Brasileira,
PEZZOPANE, C. G.; SANTOS, P. M.; CRUZ, P. G.; ALTOÉ, J.; RIBEIRO, F. A.; VALLE, C. B. Estresse por deficiência hídrica em genótipos de Brachiaria brizantha. Ciência Rural, Santa Maria,
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA,
decumbens.
Brasília, DF, v. 34, n. 6, p. 933-944, jun. 1999.
DUARTE, A. L. M. Efeito da água sobre o
E
Brachiaria
2006.
Disponível
em:
<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 17 de Março de 2017.
v.45, n.5, p.871-876, 2015. PIMENTEL,
C.
Desenvolvimento
da
Resposta
adaptativas das plantas a deficiência hídricas. In: A relação da planta com a água – Seropédica,
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2008. LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RIMA, 2000.
RJ: Edu, 2004. ROCKSTRÖM, J. & FALKENMARK, M. Semiarid crop production from a hydrologycal perspective: gap between potential and actual yield. Crit. Rev.
MACHADO, R. C. R.; SOUZA, H. M. F.; MORENO, M. A.; ALVIM, P. T. Variáveis relacionadas com a tolerância de gramíneas forrageiras ao déficit hídrico. Pesq. agropec. bras., Brasília, v. 18, n. 6, p. 603-608, 1983. MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, p.459. 2005. MARQUES, G. V. Características fisiológicas em cultivares de feijão-de-corda submetidas ao estresse hídrico e salino. 2007. Dissertação (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
Plant Scie. 19: 319- 346. 2000. SANTOS, P. M.; CRUZ, P. G.; ARAÚJO, L. C.; PEZZOPANE,
J.
R.
M.;
VALLE,
C.
B.;
PEZZOPANE, C. G. Response mechanisms of Brachiaria brizantha cultivars to water déficit stress. Revista Brasileira de Zootecnia, v.42, n.11, p.767-773, 2013. SEIXAS, A. A.; GOMES, V. M.; SERAFIM, V. F.; VIANA,
W.
A.
Déficit
hídrico
em
plantas
forrageiras. Revista FAEF, p. 1-14, 2015. SILVA, P. M. P. Tolerância ao déficit hídrico. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
MEDICI, L. O.; AZEVEDO, R. A.; CANELLAS, L. P.;
Campo Grande, p. 50. 2013.
MACHADO, A. T.; PIMENTEL, L. C. Stomatal conductance of maize under water and nitrog
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7013
Artigo 438 – Respostas fisiológicas de forrageiras ao déficit hídrico e baixas temperaturas
SILVA, E. C.; NOGUEIRA, R. J. M. C.; AZEVEDO NETO, A. D. de; BRITO, J. G. de; CABRAL, E. L. Aspectos ecofisiológicos de dez espécies em uma
área
de
caatinga
no
município
de
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. VERSLUES, P. E. et al. Methods and concepts in quantifying
resistance
to
drought,
salt
and
Cabaceiras, Paraíba, Brasil. Iheringia. Série
freezing, abiotic stresses that affect plant water
Botânica, Porto Alegre, v. 59, n. 2, p. 201-205.
status. The Plant Journal, v. 45, p. 523–539,
2004.
2006.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2004.
VIEIRA, F., SANTOS JUNIOR, C., NOGUEIRA, A., DIAS, A., HAMAWAKI, O., & BONETTI, A. Aspectos fisiológicos e bioquímicos de cultivares de soja submetidos a déficit hídrico induzido por peg 6000. Biosci, 29, 543-552. 2013.
7014
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7008-7014, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Particularidades da região Nordeste do Brasil: revisão de Literatura Revista Eletrônica
Caatinga, pequenos ruminantes, recursos naturais, regiões semiáridas. .
Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO A
região
Nordeste
do
Brasil
apresenta
particularidades que difere de outras regiões, devido
Alberto Jefferson da Silva Macêdo 1 Dariane Fontes da Silva 1 Thaiano Iranildo de Sousa Silva
1*
1
Discente do curso de Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Areia, PB, Brasil- *E-mail: albertomacedo.100@gmail.com
PARTICULARITIES OF THE NORTHEAST REGION OF BRAZIL: LITERATURE REVIEW
à estacionalidade climática acentuada e elevada taxa
The Northeast region of Brazil presents particularities
de
that differ from other regions, due to the accentuated
evapotranspiração
a
produção
animal
é
prejudicada. Dessa forma deve-se buscar entender
climatic
seasonality
como essa região se comporta e buscar alternativas
evapotranspiration the animal production is impaired.
que sejam viáveis e que promovam a fixação do
In this way we must try to understand how this region
homem do campo, gerando alimentos em quantidade
behaves and find alternatives that are feasible and
e qualidade. Este trabalho teve como objetivo, reunir
that promote the fixation of man from the field,
informações sobre a região semiárida do Nordeste
generating food in quantity and quality. This work
brasileiro. A base econômica dessa região é
aimed to gather information about the semi - arid
destinada a criação de caprinos e ovinos, apesar de
region of the Brazilian Northeast. The economic base
apresentar solos rasos e pedregosos e baixos
of this region is to raise goats and sheep, although it
índices pluviométricos, essa região apresenta grande
presents
potencial para a pecuária nacional. Deve-se buscar
pluviometric indexes, this region presents great
estratégias de utilização da caatinga na alimentação
potential for the national cattle raising. Strategies
animal como também otimizar o uso de recursos
should be sought to use the Caatinga in animal feed
naturais.
as well as to optimize the use of natural resources.
Palavras-chave: caatinga, pequenos ruminantes,
Keyword: caatinga, natural resources, semi-arid
recursos naturais, regiões semiáridas.
regions, small ruminants.
shallow
and
and
stony
high
soils
rate
and
of
low
7015
Artigo 439 – Particularidades da região Nordeste do Brasil: revisão de literatura
INTRODUÇÃO A
região
umas das outras. Estima-se que as regiões áridas e apresenta
semiáridas ocupam aproximadamente 17% do globo
particularidades que a diferencia de outras regiões.
terrestre (UNEP, 1992). Apesar de apresentarem
Apresenta clima em sua maioria tipo semiárido, em
características específicas que as diferem de outras
que apresenta como principais características: solos
regiões e entre si, são ambientes onde é possível
rasos
produzir alimentos desde que se trabalhe de forma
e
Nordeste
do
pedregosos,
Brasil
estacionalidade
climática
acentuada, elevada taxa de evapotranspiração e
adequada.
relevo variável (ARAÚJO, 2011). No decorrer dos anos essas regiões estão sendo Dentre todas essas características apresentadas,
transformadas
apresenta como em sua maioria cobertura vegetal
degradação, dentre eles estão os desmatamentos
denominada “caatinga”, responsável por abrigar toda
indiscriminados, pastoreio excessivo, assoreamento
a fauna e flora presente na região como também é
de
fonte
desertificação, uso ineficiente dos recursos naturais
de
alimento
para
animais
ruminantes,
especialmente caprinos e ovinos.
córregos
pelo
e
acelerado
rios,
processo
degradação
dos
de
solos,
como terra, água, biomassa, pois cerca de 80% das terras agrícolas do planeta sofrem de moderada a
A região semiárida do Nordeste brasileiro apresenta
severa erosão. São cerca de 12 milhões de hectares
grande potencial na produção de alimentos e
de terras aráveis, e nas regiões áridas e semiáridas
geração de recursos naturais, tendo como principal
esse impacto é maior (SALAH et al., 2016).
vocação
a
pecuária
de
pequenos
ruminantes Neste contexto o Nordeste brasileiro possui uma
(MOREIRA et al., 2007).
área territorial que corresponde a 18,27% do Essa região é considerada uma das regiões
território
semiáridas de maior contingente do planeta, pois
1.561.177,80 km e destes 962.857,30 km estão
nacional,
possuindo
uma
área
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
inseridos no Polígono das Secas ou semiárido
Estatística (IBGE, 2011), em 2010 a região Nordeste
brasileiro, correspondendo a 53% da área territorial
contava com uma população de 53 milhões de
total do Nordeste (ARAÚJO, 2011; IBGE 2011).
2
de
2
habitantes. Ao passo que a denominada região semiárida
contava
com
aproximadamente
25
O semiárido brasileiro é considerado uma das regiões existentes de maior contingente do planeta,
milhões de habitantes.
vivendo mais de 45% dos nordestinos e o fator As
características
do
ambiente
em
questão
climático é determinante, influenciando diretamente
viver
sobre os outros fatores que compõem este cenário
principalmente de atividades econômicas ligadas à
como flora, fauna, sociedade e demais aspectos,
prestação de serviços, agricultura e à pecuária.
apresentando diferentes tipos de climas. Segundo a
Essas
melhor
classificação de Köppen, a precipitação média anual
naturais
varia de 150 a 1.350 mm, com grandes extensões
desfavoráveis, ainda que apoiadas em base técnica
abaixo de 700 mm e com temperaturas médias que
frágil,
variam
condicionam
se
a
sociedade
baseiam
aproveitamento utilizando
das na
na
regional
busca
a
do
condições maior
parte
dos
casos,
de
15
a
40ºC
mínima
e
máxima
tecnologias rudimentares (ARAÚJO, 2011).
respectivamente (ARAÚJO, 2011; SUDENE, 2003).
Este trabalho teve como objetivo, reunir informações
Apesar do clima tropical do Brasil favorecer a
sobre a região semiárida do Nordeste brasileiro.
produção animal a pasto, também se torna um gargalo para a pecuária nacional. Principalmente
Aspectos relacionados às regiões áridas e semiáridas As zonas áridas e semiáridas são uma realidade em
pela estacionalidade da produção das pastagens,
que estão presentes em vários locais do globo
possui características particulares de outras regiões.
como também nas características edafoclimáticos de cada região, como no caso da região Nordeste que
terrestre. Essas regiões constituem um conjunto de formações naturais e complexas sendo diferenciadas 7016
Geralmente em um determinado período do ano ocor-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7015-7018, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 439 – Particularidades da região Nordeste do Brasil- revisão de literatura
rem fases distintas, sendo um período de inverno
atividades econômicas ligadas à prestação de
onde ocorre excesso e outro período de escassez de
serviços, agricultura e à pecuária. Essas se baseiam
forragem na época da estiagem, sendo que em
na busca do melhor aproveitamento das condições
determinadas regiões a duração desses períodos
naturais desfavoráveis, ainda que apoiadas em base
varia ao longo do ano e dos anos subsequentes.
técnica frágil, utilizando na maior parte dos casos, tecnologias rudimentares (ARAÚJO, 2011).
Para evitar que a estacionalidade climática afete a produção animal, devem-se utilizar estratégias para
Assim, diante deste cenário a conservação de
suprir as necessidades de alimentos para os animais
forragem para alimentação animal seja na forma de
durante todo o ano e ainda mais durante o período
feno ou silagem, se torna indispensável em sistemas
de escassez de alimentos. O entendimento dos
de produção, na qual a produção de silagem se torna
processos que ocorrem para a conservação de
uma prática essencial, pois se consegue armazenar
forragens é essencial para a obtenção de volumosos
forragem no período das águas para ser usado no
conservados de qualidade (MONTEIRO et al., 2011).
período seco do ano. Para que essa técnica da produção de silagem se torne eficiente é preciso
Apresenta pluviosidade irregular durante o ano,
observar as características da forrageira a ser
apresentando variações ao longo dos anos, de tal
cultivada e a qualidade da silagem que se irá
forma que durante um ano, as chuvas podem se
produzir (MOREIRA et al., 2007).
concentrar em três a quatro meses, permanecendo o restante do ano praticamente escasso. Devido à
Segundo Silva et al. (2010), a disponibilidade de
irregularidade das chuvas, que é uma característica
forragem no Brasil oscila entre os extremos de
da região, ocorre um déficit hídrico onde o potencial
excesso e escassez, respectivamente em períodos
de
de chuva e seca, principalmente na região Nordeste,
evapotranspiração
é
maior
do
que
as
devido à sazonalidade climática acentuada.
precipitações (SUDENE, 2003). Apresentando
ao
No entanto, na região semiárida do Nordeste as
ambiente, as plantas da caatinga em sua maioria
vegetação
rústica,
adaptada
irregularidades das chuvas têm contribuído para que
apresentam espinhos e, ou acúleos, cutículas
os sistemas de criação dos produtores não alcancem
impermeáveis, armazenamento de água nas raízes,
resultados satisfatórios. Dessa forma, é importante
folhas e caules modificados, onde as diferenciações
analisar alternativas que sejam viáveis para a
anatomofisiológicas, como exemplo de cactáceas
alimentação animal, que constitui o principal fator
que promovem o fechamento dos estômatos nas
limitante
horas de temperaturas elevadas e sua abertura em
vegetação no período de estiagem e ao alto custo
temperaturas amenas, sendo classificadas em sua
dos insumos utilizados na dieta dos animais
maioria caracterizadas por apresentarem xerofilismo,
(CAVALCANTI et al., 2011).
à
produção,
devido
à
escassez
de
durante o período de estiagem apresentam-se em estágio de latência, grande parte da vegetação perde
CONSIDERAÇÕES FINAIS
suas folhas (caducifólia), anuais ou herbáceas como
A produção animal de pequenos ruminantes ainda
também arbustivas e arbóreas e utilizam as reservas
necessita aumentar bastante a sua qualidade e
adquiridas
durante
o
período
chuvoso
para
sobreviverem no período de estiagem aguardando as próximas chuvas. Os solos em sua maioria
quantidade, conhecer a caatinga e aprender a manejá-la de forma adequada são pontos chave
apresentam-se rasos e pedregosos, as poucas
para se obter sucesso na produção pecuária,
bacias
otimizar o uso de recursos naturais como água, solo
sedimentares
não
apresentam
fontes
abundantes de água (GIULIETTI et al., 2006; SALIN
e vegetação são essenciais para o atual cenário da
et al., 2012).
pecuária nacional, não apenas para a região Nordeste do Brasil mas também para as demais
As características do ambiente em questão condicio-
regiões do país.
nam a sociedade regional a viver principalmente de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7015-7018, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7017
Artigo 439 – Particularidades da região Nordeste do Brasil- revisão de literatura
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOREIRA, J.N.; LIRA, M.A.; SANTOS, M.V.F.;
ARAÚJO, S.M.S. A REGIÃO SEMIÁRIDA DO
Potencial de
produção de capim-buffel na época seca no
Possibilidades de uso Sustentável dos Recursos.
semiárido Pernambucano. Revista Caatinga, v.
Rios
–
Eletrônica
Revista
Cientifica
da
FASETE, n. 5, p. 89-98, 2011. CAVALCANTI, FLORENTINO,
M.T.;
SILVEIRA,
E.R.;
DA
20, n. 03, p. 22-29, 2007. SALAH, A.M.A.; PRASSE, R.; MARSCHNER, B.
SILVA,
D.C.;
Intercropping with native perennial plants protects
F.L.H.;
soil of arable fields in semi-arid lands. Journal of
MARACAJÁ, P.B. Caracterização biométrica e físico-química das sementes e amêndoas da
Arid Environments, n. 130, p. 1-13, 2016. SALIN,
T.C.;
FERREIRA,
R.L.C.;
DE
faveleira (Cnidosculus phyllacanthus (mart.) Pax.
ALBUQUERQUE, S.F.; DA SILVA, J.A.A.; ALVES
Et k. Hoffm.) com e sem espinhos. Revista Verde
JUNIOR, T. CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS
de
AGRÍCOLAS PRODUTIVOS NO SEMIÁRIDO
Agroecologia
e
Desenvolvimento
Sustentável, v. 06, n. 1, p. 41-45, 2011.
BRASILEIRO
GIULIETTI, A.M.; CONCEIÇÃO, A.; QUEIROZ, L.P. de.
Diversidade
e
caracterização
das
fanerógamas do Semiárido brasileiro, Recife: Associação Plantas do Nordeste, 2006. 488 p. INSTITUTO
BRASILEIRO
ESTATÍSTICA
–
DE
IBGE.
PARA
UM
PLANEJAMENTO AGROFLORESTAL. Revista Caatinga, Mossoró, v. 25, n. 2, p. 109-118, 2012. SILVA, N.V.; COSTA, R.G.; FREITAS, C.R.G.; ovinos em regiões semiáridas do Brasil. Acta
Censo
Veterinaria Brasilica, v. 4, n. 4, p. 233-241,
em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em: 26 Jun. 2016. MONTEIRO, I.J.G.; ABREU, J.G.; CABRAL, L.S.; RIBEIRO, M.D.; REIS, R.H.P. Elephant grass silage additives with alternative products. Acta Scientiarum, Animal Sciences n. 33, p. 347352, 2011.
BASES
E
GEOGRAFIA [2011].
COMO
GALINDO, M.C.T.; SILVA, L.S. Alimentação de
demográfico população de habitantes. Disponível
7018
ARAÚJO, G.G.L.; SILVA, G.C.
NORDESTE DO BRASIL: Questões Ambientais e
2010. Superintendência
de
Desenvolvimento
do
Nordeste - SUDENE - O Nordeste Semiárido e o Polígono das Secas. Recife, 2003. Disponível em: <http://www.sudene.gov.br/nordeste/index.html>. Acesso em: 10 de Jun de 2016. UNEP. World Atlas of Desertification. Edward Ardnold: Sevenoaks; 69. 1992.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7015-7018, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás Revista Eletrônica
Gado Bovino, impactos ambientais, responsabilidade ambiental. 1
Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Walison Peterson Santos Costa 2 Graciele Araújo de Oliveira Caetano 3 Messias Batista Caetano Júnior 4 Denise Gomes Barros Cintra 5 Alexandrina Benjamin Estevão de Farias ¹ Bacharel em Direito pela Faculdade de Jussara, FAJ, Jussara-GO. ² Doutoranda em Produção de Ruminantes. Universidade Federal de Goiás, UFG – EVZ, Goiânia-GO; Docente da Faculdade de Jussara, Jussara-GO. gracielecaetano@outlook.com. 3 Zootecnista, Especialista em Gerenciamento de Projetos. IFMG, Bambuí – MG. 4 Docente do curso de Ciências Contábeis – Faculdade de Jussara, FAJ, Jussara-GO. 5 Mestre em Direito Agrário. Universidade Federal de Goiás, UFG; GoiâniaGO.
RESUMO Em 2050, a produção mundial e o consumo de carne será quase o dobro da atual, podendo chegar a 475 milhões de toneladas por ano. Tais projeções são o resultado do crescimento da população humana, estimada em nove bilhões em 2050 e pelo aumento do poder de compra e qualidade de vida, também aumentará a demanda por proteína animal. O Brasil ocupa posição de destaque na produção de bovinos, pois possui o maior rebanho comercial do mundo, é o maior exportador de carne bovina e o segundo maior produtor. Dados estimam que em 2023, com o aumento da população e de sua renda, o país irá consumir 10,8 milhões de toneladas de carne, com um consumo de 50 kg/habitante/ano, com as exportações podendo chegar a 2,8 milhões toneladas. Para que seja possível atender a essa demanda, será necessário que a produção brasileira de carne bovina aumente ao montante de 13,6
se preocupando com o relacionamento entre o desempenho dos seus negócios e os efeitos causados ao meio ambiente e a partir disso busca incluir a dimensão ambiental em seu planejamento. É nesta perspectiva que o presente trabalho se embasa, pretendendo analisar os mecanismos de prevenção a riscos ambientais aplicados pelo direito na indústria de confinamento de bovinos. Assim, depois de investigar os impactos causados pela criação de gado e seus efeitos poluidores, que é o principal objetivo deste, tentaremos esclarecer os direitos dos produtores rurais e a legislação ambiental, de maneira geral, bem como sua utilização. Foi utilizada uma metodologia de pesquisa bibliográfica, com análise dos dados observados a partir do método dedutivo, tendo por hipótese a caracterização da necessidade do cumprimento das
milhões de toneladas em 10 anos. Apesar dos
normas ambientais e a eficiência de sua fiscalização como elementos essenciais a sustentabilidade
pontos positivos relacionados à economia, é importante entender que essa indústria é também
ambiental, especialmente em Goiás. Palavras-chave: Gado bovino,
responsável por graves contaminações ao meio ambiente. Com relação a isso, um número cada vez
ambientais, responsabilidade ambiental.
impactos
maior de empresas ligadas à produção pecuária está
7019
THE LEGAL-ENVIRONMENTAL REGIME APPLICABLE TO THE PRODUCTION OF CATTLE CONFINED IN GOIĂ S
serious environmental contamination. In this regard, an increasing number of companies involved in livestock
production
relationship
between
are the
worrying
about
performance
of
the their
ABSTRACT
businesses and the effects on the environment, and
In year 2050 world production and meat consumption
from that it seeks to include the environmental
will be almost twice as high as today and could reach
dimension in their planning. It is in this perspective
four hundred and seventy-five million tons/year. Such
that the present work is based, intending to analyze
projections are the result of human population growth
the mechanisms of prevention to environmental risks
estimated at nine billion by 2050 and by increasing
applied by the law in the industry of confinement of
purchasing power and quality of life, will also
cattle. Thus, after investigating the impacts caused
increase the demand for animal protein. Brazil
by livestock and its polluting effects, which is the
occupies a important position in global cattle
main objective of this, we will try to clarify the rights
production, as it has the largest commercial herd in
of farmers and environmental legislation in general,
the world, is the largest exporter of beef and the
as well as their use. It was used a bibliographic
second largest producer. Data estimate that in 2023,
research methodology, with data analysis observed
with the increase of the population and its income,
from the deductive method, with the hypothesis being
the country will consume 10.8 million tons of meat,
the characterization of the need to comply with
with a consumption of 50 kg / inhabitant / year, with
environmental norms and the efficiency of its
exports being able to reach 2.8 million tons . In order
inspection as essential elements of environmental
to meet this demand, Brazilian beef production will
sustainability, especially in GoiĂĄs.
need to increase to 13.6 million tons in 10 years. Despite the economic strengths, it is important to
Keyword: beef Cattle, environmental impacts, environmental responsibility.
understand that this industry is also responsible for
7020
Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás
INTRODUÇÃO
De acordo com os conceitos de poluição, a atividade
O agronegócio brasileiro cresce e ganha destaque
de confinamento de bovinos é uma atividade
no cenário mundial a cada ano, principalmente no
potencialmente importante, em virtude dos resíduos
que se refere à produção de gado de corte pelo fato
orgânicos produzidos (MANSO; FERREIRA, 2007).
que os produtores investem ano após ano na qualidade de seus rebanhos. A criação de gado de
Em Goiás, o Decreto Nº 1.745, de 06 de dezembro
corte vem se desenvolvendo cada vez mais na área
de 1979, trata da prevenção e controle da poluição
tecnológica, deixando para trás os sistemas rústicos
do meio ambiente, e a partir desse instrumento legal,
e primitivos, sempre prezando pela sustentabilidade
poderá
e obrigatoriamente de acodo com a legislação, seja
ampliação, bem como a operação ou funcionamento
no âmbito federal, estadual, municipal ou ainda
das fontes de poluição definidas neste regulamento;
internacional, já que é um grande exportar de carne
estudar e propor aos municípios, em colaboração
bovina.
com os órgãos competentes do estado, as normas a
“autorizar
a
instalação”,
construção,
serem observadas ou introduzidas nos Planos Sabe-se que a bovinocultura de corte brasileira
Diretores urbanos e regionais, no interesse do
ainda caracteriza-se pela criação extensiva com
controle da poluição e da preservação do meio;
baixo uso de insumos, resultado de um crescimento
fiscalizar as emissões de poluentes feitas por
histórico baseado na incorporação de novas áreas,
entidades públicas e particulares; dentre outras
devido à abundância de terras. Porém, as mudanças
atividades relevantes.
socioeconômicas que aconteceram desde o início da década de 1990, marcadas pela expansão da
Assim, é necessário o estudo de impacto ambiental
fronteira agrícola e pela crescente preocupação com
prévio
o meio ambiente, diminuíram a incorporação de
agropecuárias. Por esse motivo, o Art. 1, da
novas
Resolução 001/86 CONAMA, explana:
áreas,
e
pelas
críticas
dos
países
no
que
se
referem
às
atividades
importadores de carne, a pecuária partiu para um novo perfil tecnológico, com uso mais intensivo de
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução,
capital.
considera-se
impacto
ambiental
qualquer alteração das propriedades Neste cenário, faz-se relevante estudar e analisar o
físicas, químicas e biológicas do meio
regime jurídico aos quais tais entidades precisam
ambiente, causada por qualquer forma
responder. O presente trabalho se justifica pela
de matéria ou energia resultante das
necessidade
atividades humanas que, direta ou
de,
juridicamente,
dizer
da
responsabilidade do produtor de gado bovino frente
indiretamente, afetam:
à responsabilidade ambiental. A escolha de gado
I - a saúde, a segurança e o bem-estar
bovino, em especial a criação desses animais em
da população;
confinamento, ocorreu por ser o que mais se pratica
II - as atividades sociais e econômicas;
no campo brasileiro e, especificamente no estado de
III - a biota;
Goiás.
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
A Legislação Ambiental em confinamentos de
V - a qualidade dos recursos ambientais
bovinos no estado de Goiás
(BRASIL, 1986).
Diante da inexistência ou ainda ineficácia dos
A partir do trecho destacado, pode-se concluir que a
instrumentos jurídicos que impõem controles rígidos
atividade possui, de fato, um considerável impacto
ao uso e ocupação do solo no Brasil, tem-se
ambiental, já que afeta ou pode afetar, tanto as
observado
produtivos,
pessoas, outros animais, além da qualidade dos
práticas que sejam inadequadas ou insuficientes,
recursos ambientais e as condições estéticas e
com a consequente geração de passivos ambientais,
sanitárias ambientais.
em
diversos
segmentos
e o caso dos confinamentos não é diferente. Em Goiás, o confinamento de bovinos em regime de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7021
Artigo 440- O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás
engorda para abate é uma prática que remonta a
Regulação do consumo de água
cerca de 10 anos. Para o proprietário confinador,
A atividade de confinamento consome alto volume
muitas vantagens são apresentadas, destacando-se
de água, já que se sabe que o consumo pode chegar
a redução da idade de abate do animal, aceleração
a mais de 50 litros/ animal/ dia (MANSO; FERREIRA,
do retorno do capital investido na engorda e a
2007).
redução da ociosidade dos frigoríficos na entressafra Dado o considerável volume de água consumido, é
(MANSO; FERREIRA, 2007).
necessária a outorga do uso da água, que em Goiás confinamento
pode ser encontrado através das Bases Jurídico-
normalmente alcança viabilidade econômica em
Institucionais que dão suporte ao processo de
determinado período do ano, dependendo da região.
outorga, relacionando as legislações que, direta, ou
Em Goiás, esse período ocorre entre os meses de
indiretamente, estão associadas ao mesmo, e
março a novembro, permitindo o giro de três lotes
identificando as suas ementas.
A
atividade
de
terminação
em
anuais (cada um com 90 dias), coincidindo com o período sem chuvas, e consequentemente a baixa
O Manual Técnico de Outorga da água de Goiás
disponibilidade de carne produzida a pasto. Isso não
(2015) apresenta quais as possibilidades de emissão
impede que aconteçam mais giros, dependendo
de outorga:
sempre do objetivo econômico do confinador. Para a emissão de outorgas de direito de Com relação ao meio ambiente, a produção animal
uso de recursos hídricos, o órgão gestor
tem sofrido pressão considerável para demonstrar
necessita
que os consumidores não estão expostos a riscos
disponibilidades hídricas em determinada
por práticas que poluam o meio ambiente e/ou que
bacia hidrográfica e, por meio de critérios
possam afetar de forma negativa a qualidade do
técnicos, verificar a possibilidade de
alimento produzido. Em alguns países, já há
atender
regulamentações em vigor, ou que entrarão em vigor
usuários da água, conhecendo os efeitos
em breve, para garantir que a produção animal
das respectivas intervenções autorizadas
aconteça de forma ambientalmente correta. Há
em relação a um estado antecedente do
muitos
corpo hídrico.
anos
os
nutricionistas
vêm
buscando
alternativas para a manipulação ruminal, com o intuito de diminuir os problemas relacionados com a produção de ruminantes, como a poluição ambiental pela
eliminação
de
metano,
e
os
distúrbios
metabólicos causados pela grande inclusão de concentrado nas dietas (CAETANO et al., 2016).
relevantes passíveis de regulação pelo ordenamento jurídico goiano estão relacionados à racionalização do uso do solo, já que evita o desmatamento por produzir em menor área. Em contrapartida, a criação intensiva causa o acúmulo de dejetos, o alto consumo de água, com a geração de resíduos e
consequentemente
proliferação
de
moscas, mosquitos, ou ainda poluição dos recursos hídricos.
Tais
fatores
detalhadamente a seguir.
7022
serão
às
e/ou
demandas
estimar
dos
as
diversos
Esse mesmo documento apresenta a análise técnica da demanda de água para dessedentação de animais, que variam de acordo com o tipo de produção, a ração, a composição da ração, etc. Esse documento corrobora com o volume de água consumido por animal, encontrado por Manso &
Para a atividade em questão os fatores mais
líquidos
conhecer
estudados
Ferreira (2007), já que apresentam em seu trabalho os indicadores de consumo racional da água para a atividade, relativos ao uso eficiente de recursos hídricos, conforme proposto na Nota Técnica no 364/2007/GEOUT/SOF-ANA,
que
no
caso
de
bovinos de corte vai do intervalo de 20l/animal/dia a 80 l/animal/dia. No que se refere à localização do empreendimento potencialmente poluidor junto as coleções hídricas em Goiás, a Lei nº 17. 684, de 29 de junho de 2012, que explana:
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás
Art. 1º As indústrias
potencialmente
poluidoras, bem como as construções ou
sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no estado de Goiás.
estruturas que armazenem substâncias
Tal decreto considera como poluente todas e
causadoras de poluição hídrica, serão
quaisquer formas de matéria ou energia lançada no
localizadas a uma distância mínima de
ambiente, e institui que cada propriedade será
200m (duzentos metros) de coleções
responsável pela destinação adequada dos resíduos
hídricas ou de cursos d‟água, salvo as
produzidos, já que estará proibido o lançamento ou a
instalações
liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo
portuárias
devidamente
aprovadas pelo órgão competente, que poderão
ser
(GOIÁS, 1979).
construídas
a
menor
depósitos
a
serem
conjunto de fezes, urina, água desperdiçada dos
estabelecidos acima do nível do solo,
bebedouros, água de higienização e resíduos de
para
ração, resultantes do processo de criação.
distância. Art.
Manso & Ferreira (2007) definem como dejetos o
2º
Os
receber
líquidos
potencialmente
poluentes, deverão ser projetados e construídos
dentro
de
segurança
específicas,
Nas criações animais, principalmente aquelas que
como
mantêm os animais confinados, em suas fases
isolados por tanques, amuradas, silos
produtivas; resultam em volume considerável de
subterrâneos,
outros
dejetos, já que atuam em capacidade produtiva
com
máxima em um lugar limitado, e consequentemente,
capacidade e finalidade de receber e
o volume de dejetos será aumentado (DOMINGUES;
guardar
LANGONI, 2001).
dispositivos
normas bem
barreiras de
os
poluentes,
das
ou
contenção,
derrames oriundos
de
dos
líquidos processos
produtivos ou de armazenagem (GOIÁS,
Em criações animais em regime de confinamento, as
2012).
fezes acumuladas constituem um meio ótimo para a proliferação de moscas e mosquitos.
Assim, os resíduos de efluentes produzidos em confinamentos deverão estar a uma distância mínima de 200m dos cursos de água, para evitar o risco de contaminação com compostos presentes nas fezes e urina dos animais.
A lei federal nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras providências, em seu Art. 54, aduz que causar poluição em níveis que resultem ou
O Art. 5 dessa mesma lei aduz que os órgãos municipais
deverão
examinar
os
projetos
e
processos com essas finalidades, remetendo ao órgão estadual de meio ambiente a cópia do
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de animais ou a destruição significativa da flora:
parecer, para a interveniência, se necessário. Assim,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e
atuam
multa.
em
conjunto
as
esferas
municipais
e
estaduais, quanto à proteção da água e o uso
§ 1º Se o crime é culposo:
racional da água para animais.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Manejo adequado de resíduos e controle da
§ 2º Se o crime:
proliferação de moscas e mosquitos
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
A legislação goiana possui diversos instrumentos
II -
reguladores no que se refere a manejo de resíduos.
provoque
Dentre eles, destaca-se o Decreto nº. 1.745, de 06
momentânea, dos habitantes das áreas
de dezembro de 1979, que aprova o regulamento da
afetadas, ou que cause danos diretos à
Lei nº. 8.544, de 17 de outubro de 1978, que dispõe
saúde da população;
causar
poluição a
atmosférica que
retirada,
ainda
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
que
7023
Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás
III - causar poluição hídrica que torne
instalação e operação de equipamentos automáticos
necessária a interrupção do abastecimento
de medição com registradores, nas fontes de
público de água de uma comunidade;
poluição do ar, para monitoramento das quantidades
[...] V - ocorrer por lançamento de resíduos
de poluentes emitidos, cabendo aos órgãos, à vista
sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos,
dos
óleos ou substâncias oleosas, em desacordo
funcionamento”
com as exigências estabelecidas em leis ou
confinamentos, ainda não existe muito controle
regulamentos:
quanto aos resíduos liberados ao ar, e por isso, não
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
há registros de propriedades que possuem tais
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no
equipamentos, talvez por estarem distantes dos
parágrafo anterior quem deixar de adotar,
centros urbanos.
quando
assim
o
exigir
a
respectivos
registros,
(GOIÁS,
fiscalizar
1979).
No
caso
seu de
autoridade
competente, medidas de precaução em caso
Prevenção da poluição do solo
de risco de dano ambiental grave ou
O Decreto N° 1.745, de 06 de dezembro de 1979,
irreversível (BRASIL, 1998).
em seu Título IV apresenta regulamentação no que se refere à poluição do solo. O art. 57 desse Decreto
Tal Lei federal aplica-se na atividade confinadora
proíbe
goiana, já que todo aquele que causar a poluição,
infiltrar ou acumular, no solo, resíduos em qualquer
deverá responder pelo dano causado a partir das
estado de matéria, desde que sejam poluentes.
respectivas penas.
Assim, o solo poderá ser usado se os resíduos não
depositar,
dispor,
descarregar,
enterrar,
forem poluentes, mas é vedada a disposição de Normas para utilização e preservação do ar
resíduos
As normas para utilização e preservação do ar em
destinação adequada na propriedade.
poluentes,
sendo
que
deverão
ter
Goiás e suas regulações são encontradas no Título III, do Decreto N° 1.745, de 06 de dezembro de
O lixo „in natura‟ deve ser usado preferencialmente
1979, que divide o território do Estado de Goiás em
na agricultura ou para alimentação de animais
16 regiões, denominadas regiões de controle de
(GOIÁS, 1979). Entende-se que o legislador quando
qualidade do ar.
apresenta o termo lixo “in natura” refere-se aos restos de alimentos tanto os utilizados pelas pessoas
Tal lei considera em seu art. 27 em termos de
quanto pelos animais. Assim, confinamentos deverão
poluição do ar quando qualquer valor máximo dos
possuir destinação adequada que não poluam o
padrões
solo, preservando as características físico-químicas
de
qualidade
do
ar
nelas
estiver
ultrapassado e, além disso, que a FEMAGO
e orgânicas.
(Fundação Estadual do Meio Ambiente de Goiás) poderá
estabelecer
exigências
especiais
para
CONSIDERAÇÕES FINAIS
atividades que lancem poluentes. As
principais
normativas
e
leis
goianas
que
Tal dispositivo proíbe a queima ao ar livre de
correspondem às atividades do setor agropecuário
resíduos sólidos, líquidos ou de qualquer outro
são apresentados no Manual Técnico Secretaria de
material combustível, exceto mediante autorização
Meio Ambiente do estado, mas ainda que existam
prévia da SEMAGO (Secretaria Estadual do Meio
específicas para a atividade de criação de aves e
Ambiente de Goiás), para Treinamento de combate
suínos, não existem específicas para bovinos, o que
a incêndio; Evitar o desenvolvimento de espécies
deve ser repensado pelos legisladores, dada a
indesejáveis, animais ou vegetais, como proteção à agricultura e à pecuária (GOIÁS, 1979), assim prevenindo incêndios e preservando a qualidade do ar.
atividade.
Existem,
por
exemplo,
algumas
regulamentações para solo, resíduos e água, mas não há caracterização específica para esses fatores
Em casos necessários, a SEMAGO poderá exigir “A 7024
representatividade e potencial impacto ambiental da
em estabelecimentos confinadores, por exemplo.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 440 – O regime jurídico-ambiental aplicável à produção de bovinos confinados em Goiás
Além disso, outro fator de importância diz respeito ao
CAETANO, Graciele Araújo de Oliveira; CAETANO
preparo dos animais para o confinamento, que
JÚNIOR, Messias Batista. O Estado da Arte da
pretende
para
Nutrição de Ruminantes. Revista PUBVET,
responder a um trato específico e intensivo na forma
Londrina/PR. Artigo aceito com previsão para
de ganho rápido de peso. O animal como sujeito de
publicação em março de 2017.
deixá-los
em
boas
condições
direitos deve seguir os protocolos sanitário, alimentar e ambiental, visando o bem estar na criação até o abate humanitário.
DOMINGUES,
Paulo;
LANGONI,
Hélio. Manejo
sanitário animal. Epub, Rio de janeiro, 2001. GOIÁS.
Superintendência
Qualidade
Ambiental
De –
Manual
Licenciamento Sla
De
Faz-se necessária mais atenção ao setor, para o
Licenciamento
desenvolvimento de leis específicas, não somente ao
Ambiental
meio ambiente natural, mas ao meio ambiente
http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2015
laboral e artificial, de modo que a atividade resulte
-09/manual_nlicen-1.pdf>. Acesso em 04 set.
em menores prejuízos ambientais.
2016.
,
2015.
De
Núcleo
E
Licenciamento
Disponível
em:
<
__________. Lei nº 17.684, de 29 de junho de 2012. Estabelece normas para a localização de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
empreendimentos
potencialmente
poluidores
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente.
junto a coleções hídricas no Estado de Goiás,
Resolução 001/86 CONAMA. Diretrizes gerais
para fins de proteção ambiental, e dá outras
para uso e implementação da Avaliação de
providências.
Impacto Ambiental como um dos instrumentos da
__________. Decreto N° 1.745, de 06 de
Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível
dezembro
em:<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res8
<http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinar
6/res0186.html>. Acesso em 08 out. 2016.
ias/2012/lei_17684.htm>. Acesso em: 08 out.
__________. Agência Nacional de águas. Nota
de
1979.
Disponível
em:
2016.
Técnica no 364/2007/GEOUT/SOF-ANA. Outorga
MANSO, Kennia Regina de Jesus; FERREIRA,
de Direito e uso dos Recursos Hídricos. Brasília,
Osmar Mendes. Confinamento de Bovinos:
2007.
Estudos
do
<http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/
Agência
Brasileira
Catalogo/2012/OutorgaDeDireitoDeUsoDeRecursos
Disponível
Hidricos.pdf>. Acesso em 10 out. 2016.
<http://www.abccriadores.com.br/newsite/images/
Disponível
em:
gerenciamento de
de
resíduos.
confinadores,
2007. em:
__________. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de
Artigos/confinamento%20de%20bovinos.pdf>.
1998.
Acesso em: 25 set. 2016.
Dispõe
sobre
as
sanções
penais
e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas
ao
meio
ambiente,
e
dá
outras
providências.Disponívelem:<http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 01 out. 2016.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7019-7025, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7025
Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento Revista Eletrônica Milho floculado, amido, energia, digestibilidade, rúmen. 1
Camila Flávia de Assis Lage Hilton do Carmo Diniz Neto² 3 Victor Marco Rocha Malacco 4 Sandra Gesteira Coelho
Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
Doutoranda em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG E-mail: camilassislage@yahoo.com.br 2 Mestrando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 3 Doutorando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 4 Profa. Associada, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG.
RESUMO O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de milho, sendo a maior parte da sua produção
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
CHARACTERISTICS AND PROCESSING OF CORN GRAIN AND ITS USE IN THE CONCENTRATE OF SUCKLING CALVES
destinada a alimentação animal. O processamento dos grãos do milho refere-se aos métodos físicos e
ABSTRACT
químicos que visam potencializar a fermentação do
Brazil is one of the world's largest producers of
amido no rúmen, além de minimizar as limitações da
maize, with most of its production destined for animal
digestão do amido no intestino delgado dos
feed. Corn grain processing refers to physical and
ruminantes. A maior degradação do amido no
chemical methods to enhance the fermentation of
rúmen melhora o suprimento de proteína microbiana
starch in the rumen and to minimize the limitations of
e a produção de energia, na forma de ácidos graxos
starch digestion in the small intestine of ruminants.
voláteis (AGV). Em bezerros em aleitamento, o
Higher degradation of starch in the rumen improves
aumento na produção de AGV pode favorecer o
the supply of microbial protein and energy production
desenvolvimento do rúmen e o
in the form of volatile fatty acids (VFA). In calves, the
aumento no
consumo de concentrado nessa categoria. Nesta
increase
revisão,
principais
development of the rumen and the increase in the
processamentos dos grãos do milho e sua utilização
consumption of starter in this category. In this review,
no concentrado de bezerros em aleitamento são
the characteristics and main processes of corn grains
apresentados e discutidos.
and their use in the concentrate of suckling calves
Palavras-chave: milho floculado, amido, energia,
are presented and discussed.
digestibilidade, rúmen.
Keyword: flocculated digestibility, rumen.
7026
as
características
e
os
in
AGV
production
corn,
may
favor
starch,
the
energy,
Artigo 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento
INTRODUÇÃO
formada por material lignocelulósico (2% do grão).
O milho é um cereal que tem como principal
O pericarpo (5%) confere proteção ao ambiente e é
componente o amido (65 a 72% da matéria seca). É
formado
extensivamente utilizado na alimentação humana e
hemicelulose.
animal, sendo cultivado em várias partes do mundo.
grão onde se encontra o embrião (11%), e é
O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do
constituído principalmente de lipídeos e proteínas,
mundo e espera-se produção de cerca de 87,4
além de vitamina E, minerais e açúcares (Paes,
milhões
safra
2006). O endosperma constitui 82% do grão de
2016/2017, com aumento esperado de 24% em
milho e é uma importante região de estocagem de
relação à safra de 2015/2016 devido a maior
energia onde se concentra 98% do amido, e em
ocorrência de chuvas esperadas neste período
menor
(CONAB, 2017). Em torno de 75% da produção é
lipídeos, vitaminas e minerais. O endosperma pode
destinada a alimentação animal (MAPA; SPA; IICA,
ser classificado como vítreo (córneo) e farináceo
2007).
(denso) de acordo com a distribuição proteica e dos
de
toneladas
de
milho
na
essencialmente
por
celulose
e
O gérmen é a parte vegetativa do
proporção
é
constituído
de
proteínas,
grãos de amido (Gonçalves et al., 2009). A O processamento de grãos refere-se aos métodos
diferença marcante entre os dois tipos é a presença
de
visa
de matriz proteica circundando os grânulos de
principalmente à melhoria da digestibilidade e da
amido presente no endosperma vítreo, o que não
palatabilidade dos alimentos ou inativação de
ocorre no endosperma farináceo, no qual os
fatores
o
grânulos de amido estão dispersos (Paes, 2006). O
processamento do milho potencializa a fermentação
milho duro possui o endosperma completamente
do amido no rúmen e minimiza as limitações da
vítreo, o farináceo, completamente farináceo, e o
digestão
dentado possui a parte central farinácea e as
preparação
para
a
antinutricionais.
do
aumentando
amido a
alimentação
Para
no
ruminantes,
intestino
digestibilidade
e
em
delgado, ambos
os
laterais vítreas.
compartimentos. A maior degradação do amido no proteína
A digestibilidade do amido presente no grão de
microbiana e a produção de energia, na forma de
milho é limitada pela matriz proteica presente no
ácidos graxos voláteis (AGV) (Ferrareto et al.,
endosperma, que dificulta o ataque enzimático,
2013). Em bezerros em aleitamento, o aumento na
principalmente no vítreo (Lopes et al., 2009). A
produção
parte
rúmen
melhora
de
o
suprimento
AGV
pode
de
favorecer
o
mais
importante
dessa
matriz são
as
desenvolvimento das papilas ruminais e o aumento
prolaminas (no grão de milho chamadas zeínas),
da
que são proteínas
palatabilidade
aumentar
o
pode
consumo
ser de
importante
concentrado
para nessa
com
alta concentração de
prolina (Larson & Hoffman, 2008). A prolina é um aminoácido hidrofóbico e as proteínas com elevado
categoria.
teor
de
prolina
desenvolvem
mesma 2008),
processados na dieta de vacas em lactação, no
dificultando o acesso das bactérias ruminais ao
entanto as pesquisas durante a fase de aleitamento
amido, uma vez que o rúmen é um ambiente
são
líquido.
características
Objetiva-se e
revisar
descrever os
as
&
essa
Existem muitos estudos sobre o uso de grãos
restritas.
(Larson
Hoffman,
característica
principais
processamentos dos grãos do milho e sua utilização
Outro
ponto
importante
que
interfere
na
no concentrado de bezerros em aleitamento.
digestibilidade do amido é a proporção de amilose e amilopectina. Essas moléculas são mantidas unidas
CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS DO MILHO E DO AMIDO O grão de milho é formado por quatro partes:
pelas pontes de hidrogênio, resultando em grânulos
endosperma, gérmen (embrião), pericarpo (casca)
íntegras (Nocek & Tamminga, 1991). Amilopectina é
e ponta (Paes, 2006). A ponta é a menor estrutura
o
do grão, com função de conexão ao sabugo e é
constituindo cerca de 70 a 80%, sendo o principal
de amido com estruturas altamente organizadas e baixa capacidade de absorção de água quando componente
componente
do
mais milho
abundante
no
(Huntington,
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
amido, 1997). 7027
Artigo 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento
A
digestibilidade
do
amido é
inversamente
As principais formas de processamento do grão de
proporcional ao teor de amilose, sendo que fontes
milho são:
de amido com maiores teores de amilopectina,
Moagem (ground corn): Processo de redução do
podem apresentar maior digestibilidade (Jobim et
tamanho de partículas a partir da força do impacto
al., 2003).
corte ou atrito, seguido de peneiramento podendo este apresentar aspecto fino ou grosseiro (Mourão
Nas principais regiões do mundo o tipo de milho
et al., 2012). Ocorre a eliminação do pericarpo,
mais cultivado é o farináceo (Dent Zea mays ssp).
que constitui uma barreira física, redução do
Já no Brasil, é predominantemente o duro (Flint
tamanho das partículas, aumentando a superfície de
Zea mays ssp) (Cruz et al.,2012). De acordo com
contato
Lima (2001), a preocupação dos melhoristas de
ruminais e enzimas digestivas e redução do tempo
vegetais com a sanidade das plantas, fez com
de permanência no rúmen.
do
alimento
com
os
microrganismos
que estes preferissem as variedades duras e semiduras. Sendo assim, principalmente no Brasil, é
Laminação a seco: (dry rolled corn): o grão
importante estudar os métodos de processamento
inteiro é quebrado em pedaços menores, após
que melhorem a disponibilidade do amido no rúmen
passar por um rolo cujo ajuste estabelece a
e suas implicações no desempenho e saúde das
intensidade da quebra. Como na moagem, o grão
diversas categorias animais.
sofre modificação somente na estrutura física, embora de forma mais branda.
MÉTODOS DE PROCESSAMENTO DO MILHO GRÃO
Laminação a vapor (steam-rolled corn): Os grãos
As várias formas de processamento do grão de
são mantidos por 15 a 20 minutos em um
milho podem mudar o seu valor nutritivo pela
condensador, onde recebem o contato do vapor, a
mudança
no local e intensidade de digestão
uma temperatura de 90 a 95°C, elevando a sua
(Gonçalves et al., 2009). Isso pode ocorrer, por
umidade para concentrações entre 17 e 20%. Em
exemplo, pelas alterações físicas (ex: moagem) que
seguida,
rompem as barreiras de acesso ao amido, facilitando
compressores, onde ocorre a laminação, gerando
o
grãos
acesso
enzimático
e
consequentemente
o
de
o
milho 1,5
a
é
direcionado
2,4
mm
de
aos
rolos
espessura.
processo de digestão (McAllister et al., 1994). Já as
Posteriormente, os grãos laminados e parcialmente
alterações químicas são resultantes de processos
gelatinizados são submetidos à secagem (Pereira &
que mudam a estrutura dos componentes como o
Antunes, 2007).
rompimento das pontes de hidrogênio que mantém os polímeros de glicose unidos, o que permite maior
Floculação a vapor (steam-flaked corn): Os grãos
absorção de água (gelatinização dos grânulos de
são mantidos no condensador por 30 a 60 minutos,
amido) resultando em melhor digestão enzimática
a temperatura entre 90 e 105°C, o que eleva a
(Firkins et al., 2001). Condições do processamento tais como, o tamanho de partícula, o tempo de fermentação e extensão da gelatinização, podem interferir na digestibilidade do amido e no local de digestão (Huntington, 1997). O uso de grãos intensamente processados pode ser prejudicial por causar queda de pH do rúmen, que pode causar reduções na digestibilidade de carboidratos fibrosos, queda no consumo e acidose ruminal (Ferrareto et al., 2013). O processamento a ser selecionado
com
base
no
utilizado é
aumento
de
umidade do milho para 20 a 24% e intensifica o processo
de
gelatinização.
Além
dos
rolos
laminadores, os grãos passam por um segundo par de rolos, ajustados de forma a comprimirem com maior intensidade os grãos, deixando-os com espessura próxima de 0,9 a 1,1 mm (Pereira & Antunes, 2007). Extrusão
(Extruded
corn):
Assemelha-se
à
laminação a vapor, porém os grãos são moídos antes do tratamento a vapor e passam por uma rosca sem fim, de onde são extrusados através de
digestibilidade, aceitabilidade pelo animal, custo, e
orifícios aonde o alimento vai se expandindo na
probabilidade de causar disfunções digestivas. As
direção em que ele é expelido. A expansão sofrida
7028
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 441 – Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento
pelos grãos causa ruptura dos grânulos de amido
milho foi substituído por milho laminado a vapor que
(Gonçalves et al., 2009).
teve
ganho
de
desenvolvimento UTILIZAÇÃO DE MILHO PROCESSADO NO CONCENTRADO DE BEZERROS EM ALEITAMENTO: A utilização de milho processado na dieta de bezerros em aleitamento é um tema com pouca informação disponível na literatura e resultados controversos. Por muito tempo, assumiu-se que os resultados encontrados em
experimentos com
ruminantes adultos se aplicavam aos animais com trato gastrointestinal em desenvolvimento, mas diferenças em população microbiana, capacidade digestiva e cinética de digestão podem causar diferenças
nos
resultados
entre
essas
duas
categorias (Lesmeister & Heinrichs, 2004).
O
consumo de alimento sólido, principalmente rico em carboidratos fermentáveis, é um fator importante no estabelecimento da microbiota, produção de AGV e consequentemente desenvolvimento ruminal dos bezerros. Fatores que afetem o consumo ou a digestibilidade dos alimentos podem influenciar na taxa desse desenvolvimento (Zhang et al., 2010). Um trabalho clássico sobre a utilização de milho processado na dieta de bezerros em aleitamento foi publicado por Lesmeister & Heinrichs, (2004). Nesse trabalho os pesquisadores avaliaram o desempenho
de
bezerros
em
aleitamento
alimentados com quatro concentrados diferentes em que 33% do milho era substituído por: milho inteiro, laminado a seco, laminado a vapor, ou floculado. Os animais foram aleitados convencionalmente (sucedâneo a 10% do peso vivo divididos em duas refeições diárias) até 28 dias, quando foram desaleitados abruptamente, e continuaram sendo avaliados até 42 dias de idade. O consumo de concentrado aumentou
nas dietas com
milho
laminado a seco seguidas pelo milho inteiro, mas pouco
efeito
desenvolvimento
foi
observado corporal
no ou
peso
final,
parâmetros
sanguíneos sendo semelhantes entre os grupos. O desenvolvimento do rúmen e concentração de AGV no sangue e no rúmen foi maior na dieta com
peso,
eficiência
ruminal
alimentar
similares
as
e
outros
tratamentos e maiores ganhos em desenvolvimento corporal e maior produção ruminal de butirato quando comparado aos outros três tratamentos, apesar do menor consumo. Nucio et al. (2003) avaliaram simultaneamente a utilização
de
dois
processamentos
de
milho
(floculado x laminado a vapor) associados ou não com a inclusão de monensina em um experimento fatorial 2x2. Foram utilizadas 32 fêmeas até a 12ª semana de idade e 16 machos fistulados que foram abatidos na 10ª semana de idade. Os animais receberam 4 litros de leite/ dia divididos em duas refeições até o desaleitamento (6ª semana para as fêmeas e 8ª semana para os machos). Os animais recebiam concentrado e água a vontade e após o desaleitamento passaram a receber feno ad libitum. O processamento de grãos não afetou o consumo, peso final e ganho médio diário das fêmeas. Também
não
houve
efeito
na
concentração
plasmática de glicose e de AGV. Os animais que receberam milho laminado a vapor tiveram menor teor de nitrogênio plasmático, o que poderia estar ligado ao melhor aproveitamento da amônia ruminal pelos
microrganismos
ruminais
devido
à
disponibilidade de energia no rúmen. Nos machos, também não foram observadas diferenças no consumo e desempenho, mas a concentração molar de propionato foi maior para animais recebendo grão laminado. A autora considerou tendência de maior concentração molar de AGV total (P = 0,11) e butirato (P = 0,13) e maior peso de retículo rúmen em animais recebendo grão laminado e monensina. Bateman et
al. (2009) avaliaram três diferentes
concentrados texturizados que tinham como base os mesmos ingredientes e diferiam em: milho inteiro, floculado ou laminado a seco, 80 a 86% das partículas contidas no concentrado tinham acima de 1,180 µm. Foram utilizados 16 animais por grupo. Não foram encontradas diferenças em nenhum dos parâmetros avaliados.
milho floculado, mas com influência negativa em consumo, desenvolvimento corporal e eficiência alimentar. O resultado mais equilibrado foi dos animais alimentados com concentrado em que o
Zhang et al. (2010) avaliaram o desempenho de bezerros da 3ª até a 13ª semana de idade alimentados com concentrados iniciais comerciais
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7029
Artigo 441- Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento
peletizados contendo: milho e soja extrusados,
a
de
grão
duro,
que
milho e soja floculados ou milho e soja moídos. Os
digestibilidade quando inteiro.
tem
menor
animais receberam leite integral a 10% do PV divido em 3 refeições diárias. O fornecimento era
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
reduzido 0,25 a 0,5 kg a cada três dias e os
BATEMAN, H.G.; HILL, T.M.; ALDRICH, J.M.;
animais
foram
desaleitados
quando
atingiram
SCHLOTTERBECK, R.L.
Effects of corn
consumo de 700g de concentrado por dia por dois
processing, particle size, and diet form on
dias
performance of calves in bedded pens. J.
consecutivos.
Não
houve
diferença
em
consumo, desempenho e parâmetros sanguíneos
Dairy Sci., v.92, p.782-789, 2009.
até o desaleitamento. No pós-desaleitamento os
CRUZ, J.C.; PEREIRA FILHO, I.A.; GARCIA,
animais que ingeriram a dieta com grãos floculados
J.C.; DUARTE, J.O. Cultivo do milho 2012.
tiveram maior eficiência alimentar (P = 0,05), e
Disponível
menor consumo, porém, sem diferença significativa.
<http://www.cnpms.embrapa.br/
Os animais do grupo floculado ficaram menos dias
/milho _8_ed/ cultivares.htm> Acesso em:
doentes do que os outros grupos.
13/11/2016.
em publicacoes
FERRARETTO, L.F.; CRUMP, P.M.; SHAVER, Franzoni (2012) testou três concentrados para
R.D. Effect of cereal grain type and corn grain
bezerros que continham: 100% do milho floculado,
harvesting and processing methods on intake,
30% de milho quebrado e o restante do milho
digestion, and milk productio n by dairy cows
moído e 100% milho moído. Foram utilizados 18
through a meta-analysis. J. Dairy Sci., v.96,
animais por tratamento, dos quais seis foram abatidos em cada período (30, 60, 90). Os animais
p.533-550, 2013. FIRKINS,
J.L.;
EASTRIDGE,
M.L.;
ST-
receberam 4 litros de sucedâneo (1,7 mcal/dia) e
PIERRE, N.R.; NOFTSGER, S.M. Effects
aos 60 dias foram desaleitados abruptamente. Os
of grain variability and processing on starch
animais do grupo que recebeu 30% milho quebrado
utilization by lactating dairy cattle. J. Anim.
e 70% milho farelado tiveram maior pH ruminal médio (6,8), peso final semelhante aos do grupo
S., v.79, p.218-238, 2001. FRANZONI, A.P.S. Efeito do processamento do
floculado e superior ao farelado e maior tamanho de
milho
papilas que o grupo floculado e semelhante ao
desempenho de bezerros e digestibilidade
do farelado, sendo o tratamento com resultado
in vitro do grão. 2012. 139 p. Dissertação
mais satisfatório. Os animais do grupo farelado
(Mestrado
tiveram
Veterinária, Universidade Federal de Minas
menor
principalmente
peso
com
o
final, baixo
relacionado consumo
de
no
desenvolvimento
em
Zootecnia)
do
–
rúmen,
Escola
de
Gerais, Belo Horizonte.
concentrado, principalmente até a 9ª semana,
GONÇALVES, L.C.; BORGES, I.; FERREIRA,
provavelmente pela menor preferência dos bezerros
P.D.S. (Ed). Alimentos para gado de leite: FEPMVZ, 2009. 568p. (p. 240-269).
por dietas fareladas.
HUNTINGTON
B.
G.
Starch
utilization
by
CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso de grão processado em ração inicial de
ruminants: from basis to de bunk. J. Anim.
bezerros em aleitamento afeta a digestibilidade do
JOBIM C.C.; BRANCO A.B.; SANTOS G.T.
amido e o desenvolvimento de rúmen dos animais.
Silagem de grãos úmidos na alimentação de
As
trabalhos
bovinos. In: V SIMPÓSIO GOIANO SOBRE
relacionados ao processamento e forma física em
MANEJO E NUTRIÇÃO DE BOVINOS DE
que esse alimento é apresentado para os animais
CORTE E LEITE, 2003, Goiânia. p. 357-376.
diferenças
metodológicas
nos
dificulta a comparação entre os
Sci., v.75, p.852-867, 1997.
trabalhos.
O
LARSON, J.; HOFFMAN, P.C. Technical Note:
concentrado
de
A method to quantify prolamin proteins in
bezerros pode ser particularmente interessante no
corn that are negatively related to starch
Brasil, uma vez que a variedade mais utilizada é
digestibility in ruminants. J. Dairy Sci., v.91,
processamento
de
grãos
no
p.4834-4839, 2008. 7030
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 441- Características e processamento do grão de milho e sua utilização no concentrado de bezerros em aleitamento
LESMEISTER K.E.; HEINRICHS A.J. Effects of corn processing on growth characteristics, development, neonatal
and
rumen
dairy calves.
rumen
parameters
in
J. Dairy Sci., v.87,
NUSSIO,
C.M.B.;
ZOPOLLATTO, fermentation
SANTOS, M.
et
al.
parameters
measurements
of
the
F.A.Z.; Ruminal
and
metric
rumen
of
dairy
calves fed processed corn (steam-rolled vs.
p.3439–3450, 2004. LIMA, G.J.M.M. Milho e subprodutos na alimentação animal. In: SIMPÓSIO SOBRE INGREDIENTES NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL, Campinas, 2001.
steam-flaked)
and
monensin.
R.
Bras.
Zootec., v.32, p.1021-1031, 2003 (a). PAES, M.C.D. Aspectos físicos, químicos e tecnológicos do grão de milho. Sete Lagoas,
Anais... Campinas: CBNA, 2001. p. 13-32. LOPES, J.C.; SHAVER, R.D.; HOFFMAN, P.C. Type of corn endosperm influences nutrient digestibility in lactating dairy cows. J. Anim. Sci.,
MG:
EMBRAPA/CNPMS,
MCALLISTER, T.A.; BAE, H.D.; JONES, G.A.;
p.1-6,
PEREIRA, L.G.R.; ANTUNES, R.C.O milho na alimentação
v.92, n.9, p.4541-4548, 2009.
2006.
(Circular Técnica, 75). de
gado
de
leite.
In:
IV
SIMPÓSIO MINEIRO DE NUTRIÇÃO DE
CHENG, K. J. Microbial attachment and feed
GADO DE LEITE.
digestion in the rumen. J. Anim. Sci., v.72,
Escola de Veterinária, UFMG, 2007. p. 49-70. RELATÓRIO
p.3004–3018, 1994.
Belo Horizonte, MG: CONAB.
<
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
http://www.conab.gov.br/conteudos.php/conteudo
ABASTECIMENTO – MAPA; SECRETARIADE
s.php?a=1253&t=2 >Acessado em 21/02/2017
POLÍTICAS AGRICOLA – SPA; INSTITUTO
às 11:08.
INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A
AGRICULTURA
–
IICA.
Série
ZHANG, Y.Q.; HED, C.H.; MENG, Q.X. Effect of a mixture of steam-flaked corn and soybeans
Agronegócios, Cadeia Produtiva do milho, v.1,
on
2007.
metabolism
health,
growth,
Holstein
selected calves.
blood
J
Dairy
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7026-7031, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7031
MOURÃO, R.C.; PANCOTI, C.G.; MOURA, A.M.
of
and
Sci.,v.93, p.2271-2279, 2010.
et al. Processamento do milho na alimentação de ruminantes. Pubvet (online)., v. 6, n.5, Ed. 192, Art. 1292, 2012. NOCEK, J.E.; TAMMINGA, S. Site of digestion of starch in the gastrointestinal tract of dairy cows and its effect on milk and composition. J. Dairy Sci., v.74, p.3598-3629,1991. NUSSIO, C.M.B.; SANTOS, F.A.Z.; ZOPOLLATTO, M. et al. Corn processing (steam- flaked vs. steam-rolled) and monensin for pre and post early weaning dairy calves. R Bras Zootec., v.32, p.229-239, 2003 (b).
Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos Alimentação, desempenho, lisina, proteína bruta, síntese proteica. 1
Jansller Luiz Genova 2 Isabela Ferreira Leal 3 Paulo Evaristo Rupolo 3 Luiz Eduardo dos Reis 3 Vitor Maximo Barbosa
Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
1
Doutorando em Zootecnia, PPZ/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR. E-mail: jansllerg@gmail.com Mestranda em Zootecnia, PPZ/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR. 3 Graduandos em Zootecnia, UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
2
Revista Eletr
RESUMO
LIMITING AMINO ACIDS IN THE SWINE
O crescimento industrial e significativo da suinocultura
NUTRITION
está ligado aos avanços do melhoramento animal, bem-
ABSTRACT
estar, manejo, da nutrição e sanidade. A alimentação
The significant and industrial growth of swine
representa aproximadamente 75-80% dos custos de
production is linked to advances in animal breeding,
produção de suínos no Brasil, da qual as fontes
welfare, management, nutrition and sanity. The
proteicas participam com 1/4 destes custos. A
alimentation represents approximately 75-80% of
estratégia de utilizar a redução dos níveis de
swine production costs in the Brazil, which the
proteína bruta, com suplementação de aminoácidos sintéticos
(industriais),
pode
proporcionar
uma
melhor relação de aminoácidos, menor custo e diminuir possíveis efeitos negativos devido aos altos níveis proteicos utilizados em rações para suínos. A relação entre aminoácidos tem uma particularidade, de forma que um único aminoácido impede o
protein sources participate with approximately 1/4 of that cost. The strategy of use reduced levels of crude protein, supplemented with synthetic amino acids (industrial), can provide a better amino acid relation, less cost and reduce possible negative effects due to high levels of crude protein used in swine diets. The relationship between amino acid has a particularity so that a single amino acid prevents maximum
máximo aproveitamento de outro. Os aminoácidos
utilization of another. The limiting amino acids are
limitantes são aqueles que estão presentes na dieta
those that are present in limited concentration in the
em
máximo
diet for maximum animal performance and protein
desempenho animal e síntese proteica. Assim,
synthesis. Even if all the essential amino acids are
mesmo que todos
essenciais
contained in the diet, in balanced amounts, but with
quantidades
exception of a unique and this is a limiting, protein
balanceadas, mas com exceção de um único e esse
synthesis is not fulfilled. In this context, the aim of
é um limitante, a síntese proteica não será cumprida.
this review is to characterize the limiting amino acid
Neste
for swine, its functions and results of some
concentração
estejam
limitada
contidos
contexto,
os na
o
para
aminoácidos dieta,
objetivo
em
desta
o
revisão
é
caracterizar os aminoácidos limitantes para suínos,
experiments in the literature.
suas funções e resultados de alguns experimentos
Keyword: alimentation, performance, lysine, crude
na
protein, protein synthesis.
literatura.
Palavras-chave:
alimentação,
desempenho, lisina, proteína bruta, síntese proteica.
7032
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
INTRODUÇÃO
As fórmulas nutricionais utilizadas para confecção de
O crescimento industrial e significativo da suinocultura
dietas
está ligado aos avanços tecnológicos, melhorias na
ingredientes primários o milho, a soja e seus
genética, conhecimento preciso das necessidades
produtos processados. O milho, alimento energético,
nutricionais, a preocupação do bem-estar animal e um
possui deficiência expressiva em lisina e triptofano,
manejo adequado para se obter melhores índices
enquanto outros cerais, como sorgo, cevada e trigo
zootécnicos (COLONI, 2013).
são deficientes em lisina e treonina. Para a soja, o
para
suínos
têm
basicamente
como
aminoácido limitante é a metionina. A alimentação representa aproximadamente 75-80% dos custos de produção de suínos no Brasil, da qual
Com isso, em dietas a base de milho e farelo de
as
soja, os aminoácidos limitantes para suínos são
fontes
proteicas
aproximadamente
1/4
contribuem
deste
custo.
com
Então,
é
lisina, metionina e treonina/triptofano, classificados
necessário otimizar este nutriente nas dietas para o
em
sucesso e viabilidade econômica na produção de
classificados como aminoácidos essenciais e não
suínos, uma vez que representa o item mais oneroso
essenciais. Os aminoácidos não essenciais são
na formulação de rações (ARAÚJO & SOBREIRA,
aqueles que não precisam ser supridos através das
2008).
dietas, enquanto os essenciais são aqueles obtidos pela
ordem
dieta
de
em
limitação.
quantidades
Geralmente
que
são
atendam
Os crescentes avanços da nutrição na determinação
necessidades
das necessidades de aminoácidos para suínos e o
crescimento e reprodução (BETERCHINI, 2012).
aumento
da
disponibilidade
dos
do
animal
para
a
as
manutenção,
aminoácidos
industriais permitem que os níveis de proteína bruta
Além desses dois grupos, alguns autores citam um
das
o
terceiro grupo de aminoácidos, os condicionalmente
suprimento dos aminoácidos essenciais (VIDAL et
essenciais, que são aqueles em que a síntese dos
al., 2010).
aminoácidos pode ser limitada pela disponibilidade
dietas
sejam
reduzidos,
mantendo-se
de baixas quantidades de nitrogênio metabólico e em Segundo Orlando (2001), a estratégia de utilizar a
certas situações, as taxas de utilização são maiores
redução
com
que a taxa de síntese (NRC, 2012). Além disso, os
suplementação de aminoácidos sintéticos, pode
aminoácidos podem apresentar uma classificação
proporcionar uma relação de aminoácidos mais
restrita com base na natureza das cadeias laterais
próxima do perfil da proteína ideal e assim
(grupo R), Figuras 1, 2, 3, 4 e 5.
dos
níveis
de
proteína
bruta,
possibilitar maior eficiência alimentar aos animais pela melhor relação entre os aminoácidos.
FIGURA 1 - Aminoácidos com cadeias laterais nãopolares e alifáticas
Para tanto, um único aminoácido limitante pode lindar o aproveitamento dos aminoácidos essenciais. Os aminoácidos limitantes são aqueles que estão presentes na dieta em concentrações inferiores à exigida para o máximo desempenho animal (NEME et al., 2001). Neste
contexto,
o
objetivo
desta
revisão
é
caracterizar os aminoácidos limitantes para suínos, suas funções e resultados de alguns experimentos na literatura. DESENVOLVIMENTO DO TEMA Aminoácidos
limitantes
e
suas
funções
Fonte: MOTTA, 2005.
metabólicas Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7033
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
FIGURA 2 - Aminoácidos com cadeias laterais aromáticas
Fonte: MOTTA, 2005.
FIGURA 3 - Aminoácidos com cadeias laterais polares não-carregadas
Fonte: MOTTA, 2005.
FIGURA 4 - Aminoácidos com cadeias laterais carregadas negativamente Fonte: MOTTA, 2005
FIGURA 5 - Aminoácidos com cadeias laterais carregadas positivamente
Fonte: MOTTA, 2005.
7034
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
Pela união dos aminoácidos que formam a cadeia
FIGURA 6 - Catabolismo dos aminoácidos nos
proteica, as células podem produzir proteínas com
mamíferos. Os grupos amino e o esqueleto de
propriedades e atividades distintas. A partir destes
carbono, remanescente dos aminoácidos, entram em
conjuntos de aminoácidos diferentes que compõem
vias metabólicas separadas, mas interconectadas.
as diferentes proteínas, os organismos podem sintetizar compostos diferentes entre si, cada uma
Pela ordem de limitação e essencialidade, a lisina é
delas exibindo atividades biológicas características
utilizada como aminoácido referência na formulação
(NELSON & COX, 2014). Os aminoácidos são
das dietas, por haver uma baixa síntese endógena,
necessários para a síntese de proteínas corporais e
não sofrer transaminação, possuir metabolismo
formação de outros compostos nitrogenados, como
voltado à deposição de proteína corporal, possuir um
enzimas, hormônios e anticorpos. Desta forma, cabe
lento turnover, existir efetiva correspondência entre a
ressaltar
funções
digestibilidade ileal verdadeira e a disponibilidade
específicas, não sendo apenas importantes por fazer
biológica desse aminoácido, apresentar grande
parte da constituição das proteínas, mas também
precisão em análises laboratoriais e por ter sua
para outras
exigência conhecida em todas as fases de produção
que
os
aminoácidos
funções
metabólicas
têm
(MURAKAMI,
animal (BATTERHAM et al., 1990; PEDROZO, 2002;
2002).
ARAÚJO & SOBREIRA, 2008; DUARTE, 2009; Os aminoácidos em excesso não são armazenados,
BRUMANO & GATTÁS, 2009; TAVERNARI, 2010).
sendo rapidamente desaminados liberando amônia para excreção e outros compostos nitrogenados
Dietas deficientes no aminoácido sulfurado metionina
para oxidação e produção de energia, pelo destino
aumentam o processamento ou assimilação das
das
O
proteínas contribuindo assim para a deposição de
desbalanceamento nutricional leva ao catabolismo
tecido adiposo (SOLBERG, 1971). A metionina é o
acelerado dos compostos proteicos, comprometendo
mais
a relação entre aminoácidos. Neste processo de
organismo, sendo requerida para a biossíntese de
desaminação,
os
muitas
aminoácidos,
em
rotas
metabólicas
(WALTON,
esqueletos
1985).
carbônicos
dos
importante doador moléculas
de radicais
importantes
metil no
envolvidas
no
se
crescimento e desenvolvimento, como por exemplo,
encaminham para o ciclo do ácido cítrico (NELSON
creatina, carnitina, poliaminas, epinefrina, colina e
& COX, 2014), Figura 6.
melatonina (BAKER,1991).
geral,
convergem
e
A rota metabólica do aminoácido metionina pode sintetizar vários outros compostos, entre eles o aminoácido cistina, sintetizado por duas moléculas de cisteína, que tem função especialmente na composição da estrutura de muitas proteínas, como a insulina e as imunoglobulinas, interligando cadeias polipeptídicas pela ponte dissulfeto (BAKER, 1991). De acordo com Lewis (1991), a treonina é um aminoácido limitante em muitos grãos de cereais, além de que sua biodisponibilidade em ingredientes das rações para leitões é relativamente baixa em relação aos demais (KOVAR et al., 1993; ADEOLA et al., 1994). A treonina, além de sua utilização para a síntese de proteína do tecido muscular e do leite está envolvida em outras funções fisiológicas, como a ingestão e a imunidade. As secreções digestivas, entre elas o muco, é composto principalmente de Fonte: Nelson & Cox, 2014.
água (95%) e mucinas (5%), que são glicoproteínas Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7035
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
de alto peso molecular, especialmente ricas em
Avaliando o efeito de níveis de lisina digestível sobre
treonina. Do mesmo modo que as mucinas, os
o desempenho e características de carcaça de
anticorpos são glicoproteínas globulares que contem
fêmeas suínas, com alto potencial genético, Serao et
alto nível de treonina, sendo provavelmente o
al. (2012) encontraram valor de 1,11% de lisina
primeiro aminoácido limitante para a produção de
digestível correspondente a um consumo de 23,62
imunoglobulinas G (AJINOMOTO, 2003).
g/dia de lisina digestível para deposição de carne magra em suínos dos 30 aos 60 kg.
Entre outros aminoácidos limitantes, o triptofano destaca-se porque além de participar da síntese
Corassa et al. (2013) conduziram um experimento
proteica é precursor de serotonina, neurotransmissor
para
que está relacionado ao estímulo da ingestão de
aminoácido limitante para suínos, dos 63 aos 164
alimento (HENRY et al., 1992). O efeito negativo da
dias
deficiência de triptofano na ingestão voluntária de
decrescente de 1,05; 0,85; 0,77; 0,71 e 0,71% para
alimento e no desempenho de suínos em terminação
lisina digestível, dos 63 aos 74 dias, 63 aos 89 dias,
está relacionado principalmente à concentração de
63 aos 111 dias, 63 aos 135 dias e 63 aos 164 dias,
proteína bruta na ração, uma vez que o transporte
respectivamente valores dos quais atendem a
de triptofano pelas membranas celulares, tanto no
necessidade nutricional da fase inicial a terminação
intestino
o
dos suínos. Fortes et al. (2012) determinaram níveis
transporte dos aminoácidos neutros de cadeia longa,
de lisina digestível para suínos machos castrados de
como a tirosina e leucina. Assim haverá menor
duas linhagens selecionadas para alta deposição de
quantidade
em
carne, nos intervalos de 63 a 103, 104 a 133 e de
serotonina e consequentemente menor ingestão de
134 a 163 dias de idade e concluíram que os
alimento (PEREIRA et al., 2008).
melhores níveis de inclusão de lisina foram de 0,80;
como
de
no
cérebro,
compete
triptofano
com
metabolizado
avaliar e
planos
obtiveram
nutricionais
como
resposta
do
primeiro
uma
linear
0,70 e 0,60%, respectivamente. A leucina, isoleucina e valina são aminoácidos de cadeia ramificada. Para suínos a valina é o quinto
O rendimento de carcaça e a quantidade de carne
limitante e a isoleucina o sexto. Esses aminoácidos
aumentaram de forma quadrática com o aumento
são considerados essenciais para monogástricos e a
dos níveis de lisina digestível em dietas para suínos
principal função é a síntese proteica, bem como sua
machos castrados, dos 60 aos 100 dias de idade,
regulação (HTOO & WILTAFSKY, 2011).
correspondendo ao consumo estimado de 17,28 e 17,52 g/dia, respectivamente, com níveis de 0,89 e
Vale ressaltar que as exigências de aminoácidos dos
0,90% (GATTÁS et al., 2012).
suínos variam por diversos fatores, entre eles raça, densidade ambiente,
energética densidade
da no
dieta, alojamento
temperatura e
estado
sanitário (NRC, 2012).
Oliveira et al. (2006) utilizaram 50 suínos machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne magra na carcaça, para determinar a necessidade de lisina digestível (LD), dos 15 aos 30
Resultados de experimentos com a utilização de
kg, com cinco níveis de inclusão e obtiveram uma
aminoácidos limitantes
exigência diária de 1,10% de LD, que corresponde a 12,05 g. Ainda nesse estudo, o ganho diário de peso
Diversas pesquisas têm sido realizadas para avaliar
foi influenciado de forma quadrática pelos níveis de
a limitação dos aminoácidos nas dietas de suínos.
lisina digestível e para os outros parâmetros
Moretto et al. (2000) avaliaram níveis de lisina para
avaliados observaram-se efeito linear.
suínos machos e fêmeas Landrace, dos 15 aos 30 kg de peso corporal e encontraram valores de
Suínos machos castrados, dos 60 aos 95 kg, exigem
exigência de 1,08% para lisina total ou 0,96% de
0,85% de lisina digestível, correspondente a um
lisina digestível, o que corresponde ao consumo de
consumo diário estimado de 24,2 g de lisina
lisina de 16,01 e 15,17 g/dia, respectivamente, para
digestível. O consumo diário de lisina aumentou de
melhor desempenho dos animais.
forma linear em razão dos níveis de lisina da ração,
7036
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
mas de forma quadrática para conversão alimentar
digestível de 60%.
(CA) e a CA em músculo (OLIVEIRA et al., 2014). Em suínos de 85 a 109 kg, alimentados com quatro Avaliando o efeito dos níveis de lisina digestível para
dietas sob suplementação com ractopamina, a
80 suínos machos castrados, dos 95 aos 125 kg,
relação de 0,54 metionina+cistina: lisina atende às
Almeida Santos et al. (2011a) determinaram que o
exigências para melhor desempenho e melhores
nível de 0,803% de lisina digestível proporcionou os
características de carcaça, enquanto, para menores
melhores resultados de ganho de peso e deposição
níveis de colesterol no lombo e no toucinho, a
de carne, enquanto o nível de 0,817% melhorou a
relação é de 0,66 metionina+cistina: lisina (PENA et
CA e o de 0,948% promoveu maior deposição de
al., 2008).
carne e espessura de toucinho. Kim et al. (2006) determinaram a eficácia de DLSobrinho et al. (2013) trabalharam com 35 suínos
metionina hidroxi análoga ácido livre (MHA-FA, 88%)
machos castrados submetidos ao estresse, em salas
comparada com DL-metionina (DLM, 99%), como
bioclimáticas reguladas a uma temperatura de 32ºC,
fontes de metionina, para 245 suínos mestiços, em
para determinar a exigência de lisina digestível e
um primeiro momento, seguido por um estudo com
verificaram que a necessidade nutricional para fase
30 suínos machos em um ensaio de metabolismo.
de terminação sob estresse térmico de lisina
Ainda, os animais alimentados com os aminoácidos
digestível é de 0,98%.
apresentaram uma redução linear de nitrogênio (N) com o aumento da concentração de ambas as
Avaliando os efeitos de proteína dietética e redução
fontes. Os dados demonstraram uma bioeficácia do
de lisina microencapsulada sobre o desempenho,
produto MHA-FA para os parâmetros de CA,
qualidade de carcaça e excreção de nitrogênio, na
retenção de N e ganho médio diário.
fase de crescimento e terminação de suínos, de 35 a 180 kg, Prandini et al. (2013) concluíram que a
Litvak et al. (2013) aumentaram a inclusão de
proteína bruta pode ser reduzida em até 3 pontos
metionina (dieta plus) e sua relação com cistina para
percentuais
de
suínos em crescimento e concluíram que a dieta plus
com redução da excreção de
foi aumentada quando os suínos sofreram estímulo
nitrogênio. A redução de lisina sintética pode ainda
do sistema imune e descreveram esse fator devido a
ser
necessidade inerente para metionina como um
sem
desempenho e maior,
afetar
desde
que
os
parâmetros
seja
utilizada
lisina
doador de grupo metil e um antioxidante no sistema
microencapsulada.
metionina sulfóxido redutase devido ao aumento de Kiefer et al. (2005) realizaram um experimento para
transulfuração de metionina a cistina para síntese de
determinar
compostos envolvidos na resposta imunitária, tais
a
exigência
de
metionina+cistina
digestíveis para suínos machos castrados, dos 30
como glutationa e proteínas de fase.
aos 60 kg mantidos em ambiente com alta temperatura (31ºC) e encontraram relação para
Almeida Santos et al. (2011b) realizaram um estudo
máximo ganho de peso de 0,525% e para menor
para avaliar o efeito de níveis crescentes de
conversão
de
metionina+cistina digestível, sobre os parâmetros de
proteína na carcaça de 0,551% , que correspondem
desempenho e composição da carcaça de 74 suínos
às relações metionina+cistina digestíveis: lisina
de alto potencial genético, dos 95 aos 125 kg e
digestível de 63,5 e 66%, respectivamente.
obtiveram uma melhor resposta para os parâmetros
alimentar
e
máxima
deposição
avaliados
com
o
nível
de
0,427%
de
Vieira Vaz et al. (2005) concluíram que a exigência
metionina+cistina, correspondente ao consumo de
de aminoácidos sulfurados digestíveis para suínos
14,20 g/dia.
machos castrados, mantidos em ambiente de alta temperatura, dos 15 aos 30 kg é de 0,558% de
Litvak et al. (2013) aumentaram a inclusão de
metionina+cistina digestível na ração, que correspon-
metionina (dieta plus) e sua relação com cistina para
de à relação metionina+cistina digestível: lisina
suínos em crescimento e concluíram que a die-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7037
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
ta plus foi aumentada quando os suínos sofreram
das salas de 29,7 ± 2,5ºC, Kiefer et al. (2007)
estímulo do sistema imune e descreveram esse fator
verificaram uma redução linear das mobilizações
devido a necessidade inerente para metionina como
total e percentual de gordura corporal conforme
um doador de grupo metil e um antioxidante no
aumentaram os níveis do aminoácido na dieta. A
sistema metionina sulfóxido redutase devido ao
exigência determinada foi de 0,73 % correlato ao
aumento de transulfuração de metionina a cistina
consumo diário de 32,5 g e a relação treonina
para síntese de compostos envolvidos na resposta
digestível: lisina digestível de 73%.
imunitária, tais como glutationa e proteínas de fase. O
nível
de
treonina
digestível
de
0,526%
Almeida Santos et al. (2011b) realizaram um estudo
correspondente a uma relação de 65% com a lisina
para avaliar o efeito de níveis crescentes de
digestível e um consumo de treonina digestível de
metionina+cistina digestível, sobre os parâmetros de
18,49 g/dia proporciona os melhores resultados de
desempenho e composição da carcaça de 74 suínos
conversão alimentar, em um experimento realizado
de alto potencial genético, dos 95 aos 125 kg e
com 80 suínos machos castrados, de alto potencial
obtiveram uma melhor resposta para os parâmetros
genético, na fase dos 95 aos 125 kg (ALMEIDA
avaliados
SANTOS et al., 2010).
com
o
nível
de
0,427%
de
metionina+cistina, correspondente ao consumo de Zhu et al. (2005) investigaram os efeitos de níveis
14,20 g/dia.
graduais de pectina na dieta de oito suínos da raça Berto et al. (2002) determinaram a exigência de
Yorkshire, machos castrados, na fase de creche e
treonina para leitões, dos 7-12 kg e dos 12-23 kg e
verificaram
concluíram
de
alimentação reduz a utilização da ingestão de
aproveitamento do alimento pelos leitões, os animais
treonina digestível, mas não o consumo de lisina
alimentados com os níveis de treonina de 0,94%
para deposição de proteína corporal.
que
para
melhor
resposta
que,
o
aumento
de
pectina
na
apresentaram melhor ganho diário de peso ajustado para mesmo consumo de ração e com 0,76%
O
nível
de
0,128%
de
triptofano
digestível,
apresentaram melhor ganho diário de peso ajustado
correspondente a uma relação triptofano: lisina
para mesmo consumo de ração e melhor conversão
digestíveis de 16% atende às exigências de suínos
alimentar.
machos castrados, de alto potencial genético para deposição de carne na carcaça, dos 60 aos 95 kg
Rodrigues et al. (2001) avaliaram níveis de treonina
(HAESE et al., 2006). Para Pereira et al. (2008), o
total em rações para leitoas dos 30 aos 60 kg e
nível
obtiveram como resultado de que a exigência de
correspondente a uma relação com a lisina digestível
treonina total é de 0,70%, correspondente a 0,62%
de 19,2% proporciona melhor resposta de ganho de
de treonina digestível e uma relação estimada de
peso em suínos machos castrados, de alto potencial
treonina digestível:lisina digestível verdadeira de
genético para deposição de carne na carcaça, na
75%. Para leitoas, dos 15 aos 30 kg mantidas em
fase dos 97 aos 125 kg.
de
0,144%
de
triptofano
digestível,
ambiente de alta temperatura, o nível de 0,587% de treonina digestível na ração proporcionou a melhor
Quando o excesso de triptofano é fornecido via dieta
resposta de conversão alimentar, o que representa
e não é usado para o propósito da síntese proteica,
uma relação treonina: lisina digestível de 63%
pode ser usado como um suplemento terapêutico,
(SARAIVA et al., 2006).
sendo o primeiro precursor da serotonina. Em um
Alguns experimentos determinam a necessidade
estudo sobre o uso de triptofano suplementar para modificar o comportamento de suínos, Li et al. (2006)
aminoacídica sob condições adversas da zona de
obtiveram como resultado que períodos curtos de
conforto, para obter as reais exigências com
elevados níveis dietéticos de triptofano poderia ser
oscilação da temperatura. Utilizando 52 fêmeas
usado para diminuir a agressividade, mas níveis
suínas de alto potencial genético em lactação, com
elevados parecem evitar situações estressantes.
níveis de treonina digestível, temperatura no interior
Em um estudo realizado por Shen et al. (2012),
7038
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 705, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
a suplementação dietética de L-triptofano afetou o
Lohmann et al. (2012) avaliaram níveis de valina
comportamento
dos
embora
digestível para suínos machos castrados, dos 15 aos
comportamentos
agressivos
suínos,
foram
30 kg de peso, em um experimento com 20 animais
influenciados, além de que melhorou o desempenho
em gaiolas de metabolismo e outro com 40 suínos
sob estresse social, que foi associado com o
no desempenho e determinaram que o nível de
aumento
5-
0,748% de valina foi o mais adequado, ao se
hidroxitriptamina (5-HT), redução das concentrações
considerar o parâmetro nitrogênio (N) retido:N
de
absorvido apresentando efeito quadrático para a
da
hormônio
produção do
não
hipotalâmica
estresse
e
de
diminuição
da
peroxidação lipídica sistêmica e hipotalâmica.
excreção total de N.
Salyer
a relação
A exigência de valina DIS é entre 0,56 a 0,58%, já a
triptofano:lisina para suínos em crescimento e
relação valina: lisina DIS compreende um intervalo
terminação, em dietas contendo 30% de grãos secos
de 0,67 a 0,70; e o requerimento de isoleucina DIS
por destilação com solúveis (DDGS) e indicaram um
adequado é de 0,43% (0,52 de relação isoleucina:
requerimento de 16,5% e 19,5% triptofano:lisina, 36-
lisina
70 kg e 70-130 kg, respectivamente.
(WAGUESPACK et al., 2012).
Barea et al. (2009a) estudaram a relação de
Barea et al. (2009b) avaliaram a resposta de leitões
exigência
ileal
com a suplementação de isoleucina, com peso de
padronizada (DIS), para leitões entre 12 e 25 kg e
23 kg, sob diferentes condições nutricionais e
obtiveram a relação de 70% valina:lisina, um pouco
relataram uma relação isoleucina:lisina DIS
maior do que a relação atual do National Research
maior do que 50% nos animais que receberam
Council (NRC).
cereal e dieta à base de farelo de soja com um
et
al.
(2013)
valina:lisina
determinaram
e
digestibilidade
DIS)
para
suínos
de
20
a
45
kg
não
moderado conteúdo de aminoácidos de cadeia Realizando três experimentos para determinar o
ramificada.
quinto aminoácido limitante para suínos, com 36 marrãs separadas individualmente e dietas contendo
Em um experimento com fêmeas suínas mestiças de
16, 12 e 11% de proteína bruta, suplementadas com
alto potencial genético, dos 15 aos 30 kg, níveis de
histidina, isoleucina e valina, Figueroa et al. (2003)
0,45
sugeriram a valina como o quinto aminoácido
influenciaram as características de carcaça e peso
limitante para suínos.
de órgãos dos animais. Houve efeito quadrático dos
a
0,73%
de
isoleucina
digestível
não
níveis de isoleucina digestível sobre a eficiência de Gaines et al. (2006) demonstraram em sua pesquisa
utilização de isoleucina para ganho de peso, com
com matrizes em lactação, que uma relação
aumento até o nível 0,506%; cuja relação isoleucina:
valina:lisina superior a 0,86 não melhorou a taxa de
lisina digestível foi de 0,51 (CASTILHA et al., 2012).
crescimento dos leitões, mas uma relação de 0,73 pode comprometer a taxa de ganho de peso da
Kerr et al. (2004) verificaram a necessidade e
leitegada. Gaines et al. (2011) determinaram a
relação de isoleucina para suínos, com 7 a 11 kg de
relação valina:lisina digestível ileal padronizada para
peso corporal, com dois experimentos: o primeiro os
suínos, de 13 a 32 kg, com três experimentos: 162
animais foram alimentados com uma dieta contendo
leitões desmamados aos 17 dias de idade, 54
1,25% de lisina digestível (15% a mais em relação
machos castrados (21,4 kg) alojados individualmente
ao outro), e suplementados com isoleucina cristalina
para um ensaio de crescimento e 147 machos
(0,06%
castrados (13,5 kg) foram alimentados com dietas
incremento, respectivamente. Nesse estudo, os
idênticas. Com
as estimativas das exigências
autores estimaram 9,9 mg de isoleucina digestível
combinadas, os dados indicam que uma DIS valina:
por grama de ganho de peso, pelos resultados no
Lisina de 65% parece adequada para manter o
consumo médio diário (CMD) e ganho diário de peso
desempenho de suínos entre 13-32 kg.
(GDP) e concluíram que as recomendações podem
de
incremento),
0,03%
a
menos
de
ser menores comparadas ao NRC atual, quando se
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7039
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
leva em conta o consumo e ganho.
aminoácidos limitantes (lisina, metionina e treonina). A redução da proteína bruta de 24% para 19% em
A exigência de isoleucina digestível verdadeira para
dieta para leitões desmamados aos 21 dias de idade
suínos em crescimento, com peso de 25 a 40 kg é
não influenciou o desempenho, o pH do estômago e
de 0,50% da dieta, ou 1,46 g/Mcal de energia
as variáveis morfológicas do trato gastrointestinal,
metabolizável (PARR et al., 2003). Para Dean et al.
desde que suplementada com metionina, treonina,
(2005), a exigência de isoleucina digestível ileal
triptofano, valina e isoleucina industriais (GIROTTO
verdadeira, para suínos machos castrados de 80 a
JÚNIOR et al., 2013).
120 kg para maximizar o desempenho, com uma dieta de milho e células sanguíneas não é inferior a
Suínos provenientes de diferentes grupos genéticos
0,34% da dieta, mas pode ser reduzida até 0,24%,
não possuem a mesma capacidade de conversão
em uma dieta de farelo de soja e milho.
alimentar de proteína e podem exigir diferentes quantidades de nutrientes para atingir seu máximo
O nível de 0,60% de isoleucina digestível é
potencial genético. Suínos com alta taxa de ganho
recomendado para maximizar o desempenho e a
proteico exigem maior consumo de aminoácidos,
taxa de deposição de proteína na carcaça de suínos
principalmente lisina, para exteriorizar todo o seu
machos castrados, dos 15 aos 30 kg de peso
potencial (BATISTA et al., 2011).
corporal alimentados com rações com 14,13% de proteína bruta. A exigência de isoleucina digestível é
Diferenças na capacidade de síntese de tecido
de 5,86 g/dia (LAZZERI, 2011).
magro foram observadas em linhagens com diferente potencial para deposição de carne na carcaça
Segundo
Partridge
aminoácidos
(PUPA et al., 2001). Com isso, suínos com genótipos
industriais adicionados à dieta são absorvidos mais
superiores exigem uma quantidade de proteína e
rapidamente em relação àqueles presentes nos
aminoácidos na ração maior para atingir alta taxa de
alimentos, o que pode gerar desequilíbrio nos locais
deposição de proteína, consequentemente, quanto
de síntese de proteína e das relações entre
maior a capacidade de depositar carne magra, maior
aminoácidos. Assim, o adequado balanceamento
a exigência diária de lisina para maximizar seu
aminoacídico na dieta quando se trabalha com baixa
desempenho e a taxa de deposição proteica
proteína
(ROSSONI et al., 2009).
bruta
e
(1985),
quantidade
os
significativa
de
aminoácidos sintéticos na ração é importante para o melhor aproveitamento do nitrogênio exógeno pelos
Segundo Kiefer et al. (2005), as variações nas
animais.
relações
de
aminoácidos,
entre
eles,
metionina+cistina:lisina observadas em diferentes Estudos comprovam que dietas com menor teor de
estudos podem estar associados a fatores como o
PB reduzem as excreções de nitrogênio (LE
genótipo dos animais, o ambiente, sexo, o tipo de
BELLEGO & NOBLET, 2002), as concentrações de
alimento que compõe as dietas experimentais, a
amônia (BIKKER et al., 2006), a fermentação
digestibilidade real dos aminoácidos e o nível de
proteica e a incidência de diarreia (HEO et al., 2008).
lisina das dietas experimentais.
Quando a redução de proteína bruta é superior a quatro pontos percentuais em dietas para leitões,
Levando em consideração, que o estado sanitário,
suplementadas
sexo, genética, idade do animal e níveis nutricionais
com
aminoácidos
sintéticos
e
limitantes como a lisina, metionina, treonina e
são
triptofano, o desempenho dos animais pode ser
aminoácidos em suínos, existe uma grande variação
fatores
limitado por alguns aminoácidos, como valina e
entre
isoleucina (FIGUEROA et al., 2002; NYACHOTI et
encontrados na literatura (POZZA et al., 2000).
os
que
valores
afetam de
a
necessidade
aminoácidos
de
digestíveis
al., 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com Kerr & Easter (1995), em dietas para
Um
leitões a exigência de PB pode ser reduzido em até
aproveitamento de outro, implicando na síntese
4% desde que corrigidos os teores dos principais
proteica/aminoacídica e nas relações entre os
7040
único
aminoácido
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
impede
o
máximo
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
aminoácidos. Quando esse é um limitante, a sua
standardized
ileal
digestible
valine-to-lysine
falta na dieta determina o excesso ou carência de
requirement ratio is at least seventy percent in
outro, que no caso será oxidado, ou então,
postweaned piglets. Journal of animal science,
imbalanços aminoácidicos. Cabe ressaltar, que o
v. 87, n. 3, p. 935-947, 2009a.
desbalanceamento ou deficiência de aminoácidos
BAREA, R.; BROSSARD, L.; FLOC‟H, L.; PRIMOT,
limitantes gera um maior catabolismo de moléculas e
Y.; VAN MILGEN, J. The standardized ileal
diminui o processo de anabolismo.
digestible isoleucine-to-lysine requirement ratio may be less than fifty percent in eleven-to twenty-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
three-kilogram
ADEOLA, O.; LAWRENCE, B. V.; CLINE, T. R.
science, v. 87, n. 12, p. 4022-4031, 2009b.
Availability of amino acids for 10-to 20-kilogram pigs:
lysine
and
threonine
in
piglets.
Journal
of
animal
BATISTA, R.M.; DE OLIVEIRA, R.F.M.; DONZELE,
soybean
J.L.; DE OLIVEIRA, W.P.; LIMA, A.L.; DE
meal. Journal of animal science, v. 72, n. 8, p.
ABREU, M.L.T. Lisina digestível para suínos
2061-2067, 1994.
machos castrados de alta deposição de carne
AJINOMOTO – Boletim Técnico 10. Exigências de treonina
para
suínos.
Benefícios
da
suplementação de L-treonina. 2003. Acessado em
29/04/2015.
Online.
Disponível
em:
www.lisina.com.br.
submetidos a estresse por calor dos 30 aos 60kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.9, p.1925-1932, 2011. BATTERHAM, E. S.; ANDERSEN, L. M.; BAIGENT, D. R.; WHITE, E. Utilization of ileal digestible
ALMEIDA SANTOS, F.; DONZELE, J. L.; DE
amino acids by growing pigs: effect of dietary
OLIVEIRA, R. F. M.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.;
lysine
DE ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A. Níveis de
retention. British Journal of Nutrition, v. 64, p.
treonina
81, 1990.
digestível em
rações
para
suínos
machos castrados de alto potencial genético na fase dos 95 aos 125 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n. 3, p. 526-531, 2010.
concentration
on
efficiency of
lysine
BERTECHINI, A.G. Nutrição de monogástricos. 2ª Edição Lavras: Editora UFLA, 2012. 373 p. BERTO, A. D.; WECHSLER, S. F.; NORONHA, C. C.
ALMEIDA SANTOS, F.; DONZELE, J. L.; DE
Exigências de treonina de leitões dos 7 aos 12 e
OLIVEIRA, R. F. M.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.;
dos 12 aos 23 kg. Revista Brasileira de
DE ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A. Níveis de
Zootecnia, v. 31, p. 1176-1183, 2002.
lisina digestível para suínos machos castrados de
BIKKER, P.; DIRKZWAGER, A.; FLEDDERUS, J.;
alto potencial genético dos 95 aos 125 kg.
TREVISI, P.; LE HUEROU-LURON, I.; LALLES,
Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, n. 5, p.
J. P.; AWATI, A. The effect of dietary protein and
1038-1044, 2011a.
fermentable carbohydrates
ALMEIDA SANTOS, F.; DONZELE, J. L.; DE
levels
on growth
performance and intestinal characteristics in
OLIVEIRA, R. F. M.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.;
newly
DE ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A. Levels of
Science, v. 84, n. 12, p. 3337-3345, 2006.
weaned
piglets.
Journal
of
Animal
digestible methionine+ cystine in diets for high
BRUMANO, G.; GATTÁS, G. Fatores que inflenciam
genetic potential barrows from 95 to 125 kg.
na exigência de lisina para suínos. Revista
Revista Brasileira de Zootecnia, v. 40, n. 3, p.
Eletrônica Nutritime, v. 6, n. 3, p. 918-940,
581-586, 2011b.
2009.
ARAÚJO, W. A. G.; SOBREIRA, G. F. PROTEÍNA
CASTILHA, L. D.; POZZA, P. C.; NUNES, R. V.;
IDEAL COMO ESTRATÉGIA NUTRICIONAL NA
LAZZERI, D. B.; SOMENSI, M. L.; POZZA, M. S.
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS. Revista Eletrônica
D.
Nutritime, v. 5, n. 2, p. 537-545, 2008.
performance, carcass traits and organs weight of
BAKER, D.H. Partitioning of nutrients for growth and other metabolic functions. Poultry Science,v.70, p. 1797-1805, 1991.
S.
Levels
of
digestible
isoleucine
on
gilts (15-30 KG). Ciência e Agrotecnologia, v. 36, n. 4, p. 446-453, 2012. COLONI, R. D. O Papel da Fitase na Alimentação
BAREA, R.; BROSSARD, L.; FLOC‟H, L.; PRIMOT, Y.; MELCHIOR, D.; VAN MILGEN, J. The
de Suínos. 2013. Coordenada por Revista Agropecuária.
Disponível
em:
<http://www.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032- 7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7041
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
revistaagropecuaria.com.br/2011/12/15/o-papel-
GATTÁS, G.; SILVA, F. C. O.; BARBOSA, F. F.;
da-fitase-na-alimentacao-de-suinos/>. Acesso
DONZELE, J. L.; FERREIRA, A. S.; OLIVEIRA, R.
em: 20 abr. 2015.
F. M. Níveis de lisina digestível em dietas para
CORASSA, A.; KIEFER, C.; GONÇALVES, L. M. P.
suínos machos castrados dos 60 aos 100 dias de
Planos nutricionais de lisina para suínos da fase
idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 41, n.
inicial a terminação. Archivos de zootecnia, v.
1, p. 91-97, 2012.
62, n. 240, p. 533-542, 2013.
GIROTTO JÚNIOR, C. J.; BRUSTOLINI, P. C.;
DEAN, D. W.; SOUTHERN, L. L.; KERR, B. J.;
SILVA, F. C. O.; DONZELE, J. L.; FERREIRA, A.
BIDNER, T. D. Isoleucine requirement of 80-to
S.;
120-kilogram barrows fed corn-soybean meal or
Suplementação de aminoácidos para redução da
corn-blood cell diets. Journal of animal science,
proteína
v. 83, n. 11, p. 2543-2553, 2005.
desmamados aos 21 dias de idade. Arquivo
DUARTE, K. F. Critérios de avaliação das exigências em treonina, triptofano, valina e
NALON,
P.
M.;
bruta
em
MOUTINHO, dietas
J.
para
V.
leitões
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 65, n. 4, p.1131-1138, 9 jan. 2013.
isoleucina para frangos de corte de 22 a 42
HAESE, D.; DONZELE, J. L.; DE OLIVEIRA, R. F.
dias de idade. 2009. 138 f. Tese (Doutorado) -
M.; LOBÃO, M.; DE ABREU, T.; DE OLIVEIRA
UNESP, Jaboticabal, 2009.
SILVA, F. C.; SARAIVA, A. Níveis de triptofano
FIGUEROA, J. L.; LEWIS, A. J.; MILLER, P. S.;
digestível
em
rações
FISCHER, R. L.; GÓMEZ, R. S.; DIEDRICHSEN,
castrados
de
alto
R.
deposição de carne na carcaça dos 60 aos 95 kg.
M.
Nitrogen
metabolism
and
growth
performance of gilts fed standard corn-soybean
para
suínos
potencial
machos
genético
para
R. Bras. Zootec, v. 35, n. 6, p. 2309-2313, 2006.
meal diets or low-crude protein, amino acid-
HENRY, Y.; SEVE, B.; COLLÉAUX, Y.; GANIER, P.;
supplemented diets. Journal of Animal Science,
SALIGAUT, C.; JÉGO, P. Interactive effects of
v. 80, n. 11, p. 2911-2919, 2002.
dietary levels of tryptophan and protein on
FIGUEROA, J. L.; LEWIS, A. J.; MILLER, P. S.;
voluntary feed intake an growth performance in
FISCHER, R. L.; DIEDRICHSEN, R. M. Growth,
pigs, in relation to plasma free amino acids and
carcass
hypothalamic
traits,
and
plasma
amino
acid
concentrations of gilts fed low-protein diets supplemented
with
amino
acids
serotonin.
Journal
of
Animal
Science, v.70, p.1873-1887, 1992.
including
HEO, J. M.; KIM, J. C.; HANSEN, C. F.; MULLAN, B.
histidine, isoleucine, and valine. Journal of
P.; HAMPSON, D. J.; PLUSKE, J. R. Effects of
animal science, v. 81, n. 6, p. 1529-1537, 2003.
feeding low protein diets on plasma urea nitrogen,
FORTES, E. I.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F.
faecal
ammonia
nitrogen,
the
incidence
of
M.; SARAIVA, A.; SILVA, F. C. D. O.; SOUZA, M.
diarrhoea
F. D. Sequências de lisina digestível para suínos
Archives of Animal Nutrition, v. 62, p. 343–358,
de
2008.
duas
linhagens
selecionadas
para
alta
deposição de carne. Revista Brasileira Saúde e Produção Animal, v. 13, p. 480-490, 2012.
and
USRY, J. L.; TOUCHETTE, K. J.; ALLEE, G. L.
after
weaning.
HTOO, J., WILTAFSKY, M. K. Roles, metabolism y antagonismos
GAINES, A. M.; BOYD, R. D.; JOHNSTON, M. E.;
performance
de
aminoacidos
de
cadena
ramificada en la nutrición animal. AminoNews, v. 16, n. 1, p. 25-32, 2011.
The dietary valine requirement for prolific lactating
KERR, B.J.; EASTER, R.A. Effect feeding reduced
sows does not exceed the National Research
protein aminoacid-supplemented diets on nitrogen
Council estimate. Journal of animal science, v.
and energy balance in grower pigs. Journal of
84, n. 6, p. 1415-1421, 2006.
Animal Science , v.73, n.10,p.3000-3008, 1995.
GAINES, A. M.; KENDALL, D. C.; ALLEE, G. L.;
KERR, B. J.;
KIDD, M. T.; CUARON, J. A.;
USRY, J. L.; KERR, B. J. Estimation of the
BRYANT, K. L.; PARR, T. M.; MAXWELL, C. V.;
standardized ileal digestible valine-to-lysine ratio
CAMPBELL, J. M. Isoleucine requirements and
in 13-to 32-kilogram pigs. Journal of animal
ratios in starting (7 to 11 kg) pigs. Journal of
science,
animal science, v. 82, n. 8, p. 2333-2342, 2004.
7042
v.
89,
n.
3,
p.
736-742,
2011.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 422- Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
KIEFER, C.; FERREIRA, A. S.; DONZELE, J. L.;
suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg.
OLIVEIRA, R. F. M. D.; SILVA, F. C. D. O.;
Archivos de zootecnia, v. 61, n. 234, p. 267-
BRUSTOLINI, P. C. Exigência de metionina +
278, 2012.
cistina digestíveis para suínos machos castrados
MORETTO, V.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F. M.
mantidos em ambiente termoneutro dos 30 aos
D.; FONTES, D. D. O. Níveis dietéticos de lisina
60 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v 34, n.
para suínos da raça Landrace dos 15 aos 30 kg.
3, p. 847-854, 2005.
Revista Brasileira de Zootecnia, 29(3):803-809,
KIEFER, C.; FERREIRA, A. S.; OLIVEIRA, R. F. M.
2000.
D.; DONZELE, J. L.; CARRIJO, A. S.; SILVA, F.
MOTTA, V. T. Bioquímica Básica. Caxias do Sul:
C. D. O. Níveis de treonina digestível em dietas
Universidade de Caxias do Sul, 2005. 332 p. MOTTA, V. T. Bioquímica Básica. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2005. 332 p.LEAL, E.S. Extração, obtenção e caracterização parcial de ácido fítico do germe grosso de milho e aplicação como antioxidante. 2000. Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos)– Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2000. MURAKAMI, A.E. Nutrição e alimentação de
para fêmeas suínas de alto potencial genético em lactação sob condições de alta temperatura ambiente. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 05, p. 1331-1339, 2007. KIM, B. G.; LINDEMANN, M. D.; RADEMACHER, M.; BRENNAN, J. J.; CROMWELL, G. L. Efficacy of-methionine hydroxy analog free acid andmethionine as methionine sources for pigs. Journal of animal science, v. 84, n. 1, p. 104111, 2006. KOVAR, J.L.; LEWIS, A. J.; RADKE, T. R.; MILLER, P. S. Bioavailability of threonine in soybean meal for young pigs. Journal of Animal Science, v.71,p.2133-2139, 1993. LAZZERI, D. B. Níveis de isoleucina digestível para suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg. 2011. 64 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zootecnia, Universidade do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, 2011. LE BELLEGO, L.; NOBLET, J. Performance and utilization of dietary energy and amino acids in piglets
fed
low
protein
diets.
Livestock
Production Science, v. 7, p. 45-58, 2002. LEWIS, A. J. Amino acids in swine nutrition. Swine nutrition, v. 2, p. 131-141, 1991. LI, Y. Z.; KERR, B. J.; KIDD, M. T.; GONYOU, H. W. Use of supplementary tryptophan to modify the behavior of pigs. Journal of animal science, v. 84, n. 1, p. 212-220, 2006.
codornas japonesas em postura. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002. Recife, Anais... Recife: SBZ, 2002. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of Swine. 11.ed. Washington: National Academy, 2012. 400p. NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios
de
Bioquímica: Lehninger. Omega, 2014. NEME, R.; ALBINO, L. F. T.; ROSTAGNO, H. S.; RODRIGUEIRO, R. J. B.; TOLEDO, R. S. Determinação da Biodisponibilidade da Lisina Sulfato e Lisina HCl com Frangos de Corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 5, p. 1750-1759, 2001. NYACHOTI,
C.
M.;
OMOGBENIGUN,
F.
O.;
RADEMACHER, M.; BLANK, G. Performance responses and indicators of gastrintestinal health in early-weaned pigs fed low-protein amino acidsupplemented diets. Journal of Animal Science, v. 84, n. 1, p. 125-134, 2006. OLIVEIRA, A. L. S. D.; DONZELE, J. L.; SILVA, F. C.
LITVAK, N.; RAKHSHANDEH, A.; HTOO, J. K.; DE
D. O.; OLIVEIRA, R. F. M. D.; ABREU, M. L. T.
LANGE, C. F. M. Immune system stimulation
D.; PEREIRA, A. A.; SCOTTÁ, B. A. Lisina
increases the optimal dietary methionine to
digestível
em
methionine plus cysteine ratio in growing pigs.
castrados
de
Journal of animal science, v. 91, n. 9, p. 4188-
deposição de carne magra na carcaça dos 60 aos 95 kg. Revista Brasileira de Saúde e Produção
4196, 2013. LOHMANN, A. C.; POZZA, P. C.; POZZA, M. D. S.; NUNES, R. V.; CASTILHA, L. D.; POSSAMAI, M.; LAZZERI, D. B. Níveis de valina digestível para
dietas alto
para
potencial
suínos
machos
Genético
para
Animal, v. 15, n. 4, 2014. OLIVEIRA, A. L. S. D.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F. M.; ABREU, M. L. T.; FERREIRA, A. S.; SILVA, F. C. O.; HAESE, D. Exigência de lisina
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7043
Artigo 442 – Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
digestível para suínos machos castrados de alto
Effects on performance, carcass characteristics
potencial genético para deposição de carne magra na carcaça dos 15 aos 30 kg. Revista
and nitrogen excretion in heavy growing–finishing pigs. Journal of animal science, v. 91, n. 9, p.
Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 6, p. 2338-
4226-4234, 2013.
2343, 2006. ORLANDO, U.A.D. Nível de proteína bruta da
PUPA, J.M.R.; ORLANDO, U.A.D.; DONZELE, J.L.
ração e efeito da temperatura ambiente sobre
condições brasileiras. In: WORKSHOP LATINO
o desempenho e parâmetros fisiológicos de
AMERICANO BIOLATINA, NUTRIÇÃO DE AVES E SUÍNOS, 1., 2001, Foz do Iguaçu. Anais...Foz
leitoas
em
Universidade
crescimento.Viçosa, Federal
de
Viçosa,
MG: 2001.
Requerimentos
nutricionais
de
suínos
nas
do Iguaçu: 2001. p.143-153.
-
RODRIGUES, N. E. B.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA,
Universidade Federal de Viçosa, 2001. PARR, T. M.; KERR, B. J.; BAKER, D. H. Isoleucine
R. F. M. D.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.;
requirement of growing (25 to 45 kg) pigs. Journal of animal science, v. 81, n. 3, p. 745-
Níveis de treonina em rações para leitoas com
77p.Dissertação
(Mestrado
em
Zootecnia)
752, 2003. PARTRIDGE, I.G.; LOW, A.G.; KEAL, H.D. A note on
RODRIGUES FILHO, M.; ORLANDO, U. A. D. alto potencial genético para deposição de carne magra dos 30 aos 60 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 6, p. 2039-2045, 2001.
the effect of feeding frequency on nitrogen use in
ROSSONI, M. C.; DONZELE, J. L.; SILVA, F. C. O.;
growing boars given diets with varying levels of free lysine. Animal Production, v.40,n.2, p.375-
OLIVEIRA, R. F. M. D.; ABREU, M. L. L. T.;
377, 1985. PEDROZO, S. A. Níveis de lisina e relações
SANTOS, F. D. A.; PEREIRA, C. M. C. Exigência de
lisina
digestível
de
fêmeas
suínas
e
selecionadas para deposição de carne magra, na carcaça dos 15 aos 30 kg. Revista Brasileira de
metabolismo de leitões desmamados. 2002.
Saúde e Produção Animal, v.10, n.3, p.586-595,
142 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal
2009.
treonina:
lisina
no
desempenho
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. PENA, S. D. M.; LOPES, D. C.; ROSTAGNO, H. S.;
SALYER, J. A.; TOKACH, M. D.; DEROUCHEY, J. M.; DRITZ, S. S.; GOODBAND, R. D.; NELSSEN,
DE OLIVEIRA SILVA, F. C.; DONZELE, J. L.
J. L.
Relações metionina mais cistina digestível: lisina
tryptophan: lysine in diets containing 30% dried distillers grains with solubles on finishing pig performance and carcass traits. Journal of
digestível em dietas suplementadas com ractopamina para suínos em terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 11, p. 19781983, 2008. PEREIRA, A. A.; DONZELE, J. L.; DE OLIVEIRA, R. F. M.; DE ABREU, M. L. T.; DE OLIVEIRA SILVA, F. C.; DOS SANTOS MARTINS, M. Níveis de triptofano digestível em rações para suínos machos castrados de alto potencial genético na fase dos 97 aos 125 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p.1984-1989, 2008.
Effects of standardized ileal digestible
animal science, v. 91, n. 7, p. 3244-3252, 2013. SARAIVA, E. P.; OLIVEIRA, R. F. M.; DONZELE, J. L.; SILVA, F. C. O.; VAZ, R.; SIQUEIRA, J. C.; OLIVEIRA, W. P. Níveis de treonina Digestivel em rações para leitoas dos 15 aos 30 kg mantidas em ambiente de alta temperatura. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 2, p. 485-490, 2006. SERAO, M. C. R.; DONZELE, J. L.; SILVA, F.; OLIVEIRA, R.; FERREIRA, A. S.; KILL, J. L.;
POZZA, P. C.; GOMES, P. C.; DONZELE, J. L.;
APOLÔNIO, L. R. Níveis de lisina digestível de
FERREIRA, A. S.; LEÃO, M. I.; SANTOS, M. S.
fêmeas suínas selecionadas para deposição de carne magra na carcaça dos 30 aos 60 kg. Rev.
D.; RODRIGUEIRO, R. J. B. Exigência de treonina para leitoas dos 15 aos 30 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 3, p. 817–822, 2000. PRANDINI, A. L. D. O.; SIGOLO, S.; MORLACCHINI, M.; GRILLI, E.; FIORENTINI, L. Microencapsulated lysine and low-protein diets:
Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.13, n.2, p.433-443 abr./jun., 2012. ISSN 1519 9940. SHEN, Y. B.; VOILQUE, G.; KIM, J. D.; ODLE, J.; KIM, S. W. Effects of increasing tryptophan intake on growth and physiological changes in nursery pigs. Journal of animal science, v. 90, n. 7, p. 2264-2275, 2012.
7044
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 442- Aminoácidos limitantes na nutrição de suínos
SOBRINHO, D. C. D. S.; DE OLIVEIRA JÚNIOR, G.
VIEIRA VAZ, R. G. M.; OLIVEIRA, R.; DONZELE,
M.; RONER, M. N. B.; FERREIRA, A. S.; DE
J. L.; FERREIRA, A. S.; SILVA, F.; KIEFER,
OLIVEIRA, A. G.; DOS SANTOS, W. G.; DA
C.; RESENDE, W Exigência de aminoácidos
SILVA MORAIS, J. A.
Lisina digestível para
sulfurados digestíveis para suínos machos
suínos machos castrados submetidos a estresse
castrados mantidos em ambiente de alta
por calor dos 95 aos 115 kg. Revista Brasileira
temperatura dos 15 aos 30 kg. Revista
de Saúde e Produção Animal, v. 14, n. 3, 2013.
Brasileira Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1633-
SOLBERG, J., BUTTERY, P.J., BOORMAN, K.N.
1639, 2005.
Effect of moderate methionine deficiency on food,
WAGUESPACK, A. M.; BIDNER, T. D.; PAYNE,
protein and energy utilization in the chick. British
R. L.; SOUTHERN, L. L. Valine and isoleucine
Poultry Science, v. 12,p.297-304, 1971.
requirement
TAVERNARI, F. DE. C. Atualização da proteína ideal
para
frangos
de
corte:
valina
e
isoleucina. 2010. 75 f. Tese (Doutorado) -
of
20-to
45-kilogram
pigs.
Journal of animal science, v. 90, n. 7, p. 2276-2284, 2012. WALTON,
M.J.
Aspects
of
amino
acid
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2010.
metabolism in teleost fish. In: COWEY, C.B.;
VIDAL, T. Z. B. Efeito da redução da proteína bruta e
MACKIE, A.M.; BELL, J.G. Nutrition and
da suplementação de aminoácidos para suínos
feeding in fish. London: Academic Press,
machos castrados, dos 70 aos 100 kg. Arq. Bras. Med, v. 62, n. 4, p. 914-920, 2010.
1985, p. 47-67. ZHU, C. L.; RADEMACHER, M.; DE LANGE, C.
VIEIRA VAZ, R. G. M.; OLIVEIRA, R.; DONZELE, J.
F. M. Increasing dietary pectin level reduces
L.; FERREIRA, A. S.; SILVA, F.; KIEFER, C.;
utilization of digestible threonine intake, but not
RESENDE,
lysine intake, for body protein deposition in
W
Exigência
sulfurados
digestíveis
castrados
mantidos
de
para em
aminoácidos
suínos
ambiente
machos de
alta
growing pigs. Journal of animal science, v. 83, n. 5, p. 1044-1053, 2005.
temperatura dos 15 aos 30 kg. Revista Brasileira Zootecnia, v. 34, n. 5, p. 1633-1639, 2005.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7032-7045, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7045
Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras Imunoglobulinas, pasteurização.
placenta,
colostrogênese,
absorção,
. Vol. 14, Nº 05, set./out.de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Vanessa Amorim Teixeira¹ Hilton do Carmo Diniz Neto² 3 Sandra Gesteira Coelho
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
1
Mestranda em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG E-mail: vanessateixeiraamorim@gmail.com Mestrando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 3 Profa. Associada, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 2
Revist
RESUMO dentre eles a criação de bezerras. Os cuidados com
IMPORTANCE OF COLOSTRUM FOR THE TRANSFER OF PASSIVE IMMUNITY, HEALTH AND FUTURE LIFE OF CALVES
essa categoria são negligenciados na grande maioria
ABSTRACT
das fazendas com a ideia errônea de que se deve
In the dairy activity there are several challenges,
gastar o mínimo possível com esses animais já que
among them the breeding of calves. The care with
não estão na sua fase produtiva. Porém, a
this category is neglected in the great majority of the
mortalidade de bezerras nos primeiros meses de
farms with the erroneous idea that one should spend
vida é uma das principais causas de prejuízo na
the minimum possible with these animals since they
bovinocultura mundial e a falha da transferência de
are not in their productive phase. However, the
imunidade passiva (FTIP) um dos fatores de grande
mortality of calves in the first months of life is one of
contribuição para estas mortes. Dessa forma,
the main causes of injury in world cattle and the
pequeno investimento e as mudanças de manejo
failure of the transference of passive immunity (FTPI)
resultam
e
is one of the factors of great contribution to these
desempenho das bezerras e novilhas. A colostragem
deaths. In this way, small changes in management
é um procedimento simples e de fácil realização. O
and investment result in a great impact on the health
fornecimento de colostro em qualidade, quantidade e
and performance of calves and heifers. Colostration
tempo adequado é determinante para a manutenção
is a simple and easy procedure. The supply of
da saúde e desempenho futuro das bezerras. Nesta
colostrum in quality, quantity and adequate time is
revisão a colostrogênese, os fatores que afetam a
determinant for the maintenance of the health and
transferência de imunidade passiva e a importância
future performance of the calves. In this review the
do colostro na saúde e vida futura das bezerras
process of colostrogenesis, the factors that affect
leiteiras são apresentados e discutidos.
passive immunity transfer and the importance of
Na atividade leiteira existem diversos desafios,
em
grande
impacto
na
Palavras-chave: imunoglobulinas, colostrogênese, absorção, pasteurização.
saúde
placenta,
colostrum in the health and future life of dairy heifers are presented and discussed. Keyword: immunoglobulins, placenta, colostrogenesis, absorption, pasteurization. 7046
Artigo 443 – Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras
INTRODUÇÃO
camente ativas associadas ao desenvolvimento do
A criação de bezerras é uma etapa de grande
sistema digestivo e as vilosidades intestinais, bem
importância na pecuária leiteira, por representar o
como; na síntese proteica de vários órgãos e na
futuro da produção de leite da fazenda e a sua
regulação endócrina. Tem também a função de
reposição, por ter os melhores animais oriundos dos
reduzir a secreção de motilina e somatostatina
programas de melhoramento genético e por ser uma
(Davis & Drackley, 1998; Kindlein et al., 2007).
forma de obter receita adicional a partir da comercialização de novilhas excedentes. Desde o
Objetiva-se
com
essa
primeiro dia de vida até o desaleitamento, o
colostrogênese,
processo de criação de bezerras exige boas práticas
transferência de imunidade passiva e correlacionar a
de manejo e muita atenção e critério aos menores
importância do colostro com a saúde e vida futura
detalhes, uma vez que a maior taxa de mortalidade
das bezerras leiteiras.
os
revisão
fatores
que
descrever
a
afetam
a
de bezerras se encontra neste período (Coelho, 2009). A placenta dos bovinos, do tipo sindesmocorial,
COLOSTROGÊNESE O colostro é a primeira secreção láctea dos mamíferos obtida depois do parto, sendo originado
bacterianas e/ou virais, porém, impede a passagem
da mistura de secreções lácteas e constituintes do soro sanguíneo (Davis e Drackley, 1998). Sua
de proteínas séricas de alto peso molecular, como
formação
as imunoglobulinas (Ig), da circulação materna para
imunoglobulinas da circulação materna para secreção mamária no final da gestação em torno de
protege
a
o
feto
fetal.
contra
As
a
maioria
bezerras
das
ações
apresentarão
agamaglobulinemia ao nascimento. Além disso, o aumento nos níveis de cortisol materno e fetal durante o final da gestação e no dia do parto interfere
no
status
imunológico
das
bezerras,
inicia-se
com
a
transferência
de
cinco semanas antes do parto e termina devido à ação da prolactina logo após o parto (Davis & Drackley, 1998). Segundo Godden, (2008) o colostro é composto por 85 a 90% de imunoglobulina G (IgG),
provocando neutrofilia, linfopenia e redução da
7%
atividade fagocítica dos macrófagos e neutrófilos,
imunoglobulina A (IgA); a IgG é subdividida em IgG1 e IgG2, sendo a IgG1 cerca de 80 a 90% do total de
células essenciais na resposta imune. Desta forma, as bezerras nascem particularmente sensíveis às infecções, adquirindo proteção imunológica somente
de
imunoglobulina
M
(IgM)
e
5%
de
IgG. Em menores quantidades as imunoglobulinas A e M são produzidas pelos plasmócitos na glândula
após a ingestão do colostro.
mamária. Embora não seja bem compreendido, a transferência de IgE por meio do colostro materno
A transferência da imunidade passiva nas bezerras
também ocorre, e pode ser importante na proteção
depende da associação entre o acúmulo de
precoce contra parasitas intestinais (Larson, et al., 1980; Godden, 2008).
imunoglobulinas e células sanguíneas na secreção láctea da mãe (formação do colostro), ingestão de colostro
pelas
bezerras
e
absorção
destas
imunoglobulinas pelo epitélio intestinal (Davis & Drackley, 1998). Além do papel fundamental na transferência de imunidade passiva, o colostro também possui outras funções, entre elas a de nutrir o neonato, manter e regular a temperatura corporal, fornecer fatores de crescimento (fator de crescimento semelhante à insulina tipo I), transferir imunidade celular (Reber et al., 2008), induzir a secreção de hormônios: hormônio
do
crescimento,
insulina,
gastrina,
colecistocinina, secretina, polipeptídio pancreático, polipeptídio vasoativo intestinal, moléculas biologi-
O epitélio mamário bovino sintetiza ainda alguns fatores imunes, como a lactoferina, lactoperoxidase, β-defensina, proteína ligadora de lipopolissacarídeos e lisozima, que auxiliam na proteção contra bactérias e patógenos nocivos (Davis & Drackley, 1998; Paiva et al., 2006; Stelwagen et al., 2009; Ontsouka et al., 2016). Alguns fatores podem influenciar o conteúdo de imunoglobulinas e a composição do colostro como: efeitos genéticos e de raça, idade da matriz, nutrição, variação hormonal fisiológica, ordem de lactação, pré ordenha e mastite (Larson, et al., 1980; Godden, 2008).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.3, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7047
Artigo 443 – Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras
FATORES QUE AFETAM A TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE PASSIVA A transferência da imunidade passiva nas bezerras
cos,
depende da formação do colostro, ingestão de
A contaminação bacteriana no colostro interfere na
colostro
destas
absorção das imunoglobulinas devido a fatores
imunoglobulinas pelo epitélio intestinal (Davis &
como: ligação das bactérias com as Ig no lúmen
Drackley, 1998).
intestinal ou bloqueio direto da captura e transporte
pelas
bezerras
e
absorção
onde
há
a
transferência
maciça
de
imunoglobulinas materna (Godden, 2008).
das
imunoglobulinas
pelas
células
epiteliais
A qualidade do colostro é dependente de diversos
intestinais. Dessa forma a manutenção da qualidade
fatores, dentre eles: a quantidade de colostro, idade
microbiológica
da vaca e manejo dos animais. A quantidade de
transferência de imunidade passiva.
do
colostro
é
fundamental
na
colostro produzida na primeira lactação é menor do que nas lactações subsequentes. Além disso, os
O tempo de ingestão do colostro é importante para
teores de imunoglobulinas no colostro são maiores
otimizar a absorção intestinal. As bezerras, de
em vacas multíparas do que em primíparas, em
maneira geral, devem ingerir 10% do peso vivo de
virtude do maior contato com antígenos que esses
colostro de boa qualidade (densidade acima de
animais apresentam ao longo da vida (Donavan et
1.046 a 1.050 mg/l) nas primeiras seis horas de vida
al., 1986).
(Davis e Drackley, 1998).
A
duração
do
período
seco
está
relacionada com o volume de colostro produzido, dias (Davis & Drackley, 1998).
COLOSTRO FRESCO, CONGELADO E PASTEURIZADO O colostro fresco é significativamente alterado pelas
A falha na ingestão do colostro se deve a fatores
condições de armazenamento e de tempo de
relacionados com a vaca e/ou com a bezerra. A
armazenagem. As bactérias e o pH sofrem grandes
conformação inadequada do úbere e/ou dos tetos
modificações, e as alterações são mais rápidas
(tetos muito curtos ou tetos muito longos e grossos)
quando o colostro é armazenado acima de 4°C. As
dificulta a apreensão e sucção que impede a
primeiras seis horas pós-coleta são críticas, a taxa
ingestão de colostro e a transferência de imunidade
de crescimento bacteriano é maior com temperaturas
(Feitosa et al., 2003). A habilidade materna também
de armazenamento mais elevadas, e assim o
interfere na ingestão de colostro. As multíparas
colostro deve ser fornecido imediatamente após a
apresentam melhor habilidade materna em relação
coleta, ou refrigerado para minimizar o crescimento
às
menor
bacteriano. Embora a IgG não seja afetada pela
ocorrência de falha de transferência de imunidade
armazenagem, a taxa de absorção pode ser afetada
passiva de suas bezerras. Além disso, as distocias
pelo pool de bactérias e pela alteração de pH
como partos prolongados e difíceis podem causar
(Cummins et al., 2016).
principalmente quando este período é inferior a 40
primíparas
e
consequentemente
hipóxia no feto, edema dos tecidos cefálicos moles e da língua, dificultando a ingestão do colostro
Muitos produtores recorrem ao congelamento do
(Godden, 2008). A ingestão tardia de colostro afeta a
colostro
transferência de imunidade passiva uma vez que o
reaproveitamento futuro. O congelamento é um
colostro perde a qualidade à medida que o tempo
método de conservação que impede o crescimento
passa, além disso, a bezerra ao longo do tempo pós-
bacteriano significativo, o que permite uma maior
nascimento perde gradativamente a capacidade de
conservação
absorção de imunoglobulinas.
congelamento nas concentrações de Ig, porém
para
do
fins
de
produto.
armazenamento
Não
há
efeito
ou
do
apresenta efeito sobre a imunidade celular, uma vez As imunoglobulinas e outras proteínas presentes no
que os cristais de gelo formados são responsáveis
colostro, no trato gastrointestinal da bezerra, são
em romper a membrana das células presentes no
captadas
colostro (Kryzer et al., 2015).
pelas
células
cilíndricas
do
epitélio
intestinal por endocitose e posteriormente atingem a circulação sistêmica, via capilares venosos e linfáti-
Reber et al., 2008, verificaram que a utilização de colostro acelular característico de colostro acelular
7048
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046- 7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras
comprometer o desenvolvimento do sistema imune
MORBIDADE, MORTALIDADE E DESEMPENHO A falha na transferência de imunidade passiva (FTIP)
dos bezerros em comparação com a utilização de
é o principal fator que contribui para a mortalidade de
colostro fresco.
bezerras,
característico
de
colostro
congelado,
pode
sendo
associado
a
39
-
50%
da
mortalidade de bezerras Holandês (Bartier et al., O colostro pasteurizado, (60°C por 30 a 60 minutos),
2015). A FTIP está associada a elevados riscos de
mantém a qualidade sem provocar efeito negativo
mortalidade, diminuição da saúde e longevidade das
sobre a IgG colostral (g/L), proteína (%), gordura
bezerras, o que impacta diretamente nos custos
(%), lactose (%), sólidos totais (%), insulina (ng/mL),
durante
lactoferrina (mg/ml), e IGF-1 (ng/mL) e reduz
(Raboisson et al., 2016).
a
fase
de
criação
desses
animais
significativamente agentes patogénicos importantes, tais como: Listeria monocytogenes, Escherichia coli,
A correta realização da colostragem (qualidade,
Salmonella
quantidade e tempo de fornecimento ideal) é
enteritidis,
e
M.
avium
ssp.
responsável em aumentar o tamanho, largura e
Paratuberculosis (Godden et al., 2015).
número das vilosidades intestinais, a profundidade Bezerras alimentadas com colostro pasteurizado
das criptas e espessura da mucosa, a síntese de
apresentam melhora na absorção de IgG, resultando
enzimas da borda em escova, a captação da glicose,
em concentrações de IgG no soro mais elevadas em
a
comparação com bezerras alimentadas com colostro
antioxidantes contra o estresse oxidativo e os fatores
fresco ou congelado. Embora o mecanismo exato
de crescimento presentes no soro. Esses fatores
para explicar esta hipótese não seja confirmado, há
auxiliam após o nascimento no estabelecimento do
melhor transferência passiva quando há menor
mecanismo de defesa imunológico e no sistema
interferência bacteriana na absorção de IgG no
antioxidante, reduzindo morbidade e mortalidade
intestino delgado. O fornecimento de colostro
(Stelwagen et al., 2009; Yang et al., 2015).
pasteurizado produz benefícios em curto prazo, incluindo melhor transferência passiva de IgG e redução da morbidade no período pré-desmame. Em contrapartida, Godden et al., (2015) não relataram nenhum
benefício
da
utilização
do
colostro
pasteurizado a longo prazo, incluindo o risco de transmissão
do
Mycobacterium
avium
ssp.
e
Paratuberculosis (Johnson et al., 2007; Donahue et al., 2012; Godden et al., 2012; Kryzer et al., 2015; Godden et al., 2015). Animais
alimentados
com
colostro
e
leite
médio e uma menor prevalência de pneumonia e diarreia, acarretando numa taxa de mortalidade quando
de
DNA
intestinal,
as
atividades
As células epiteliais do intestino formam uma barreira
físico-química
potente
que
limita
o
crescimento microbiano e o acesso à superfície do intestino. Elas também podem recrutar leucócitos para complementar a função de barreira ou de participar
de
respostas
imunitárias.
O
desenvolvimento de tecidos linfoides associados ao intestino (GALTs) é iniciado antes do nascimento. No entanto,
a
maturação
desse
sistema
e
o
recrutamento de células IgA e células T ativadas
pasteurizado apresentaram maior ganho de peso
menor
síntese
comparado
com
bezerras
alimentadas com colostro e leite residual não pasteurizado.
A
pasteurização
(densidade
≥1.065)
e
do
leite
colostro melhora
significativamente o estado de saúde e reduz a morbidade e mortalidade durante os primeiros vinte e um dias de vida (Elizondo-Salazar & Heinrichs, 2010; Armengol & Fraile, 2016). EFEITO DA COLOSTRAGEM SOBRE IMUNIDADE,
ocorre após o nascimento e é dependente de sinais derivados da microbiota; estes sinais influenciam as células epiteliais intestinais e as células dendríticas, modulando a natureza e a intensidade das células T. A maior parte desta população de células é constituída de macrófagos, neutrófilos, linfócitos T e B,
com
capacidade
imunomodulatora, que
imunoreativa
e
contribuem para proteção
contra rotavírus. Os animais que recebem colostro contendo leucócitos maternos desenvolvem células apresentadoras de antígeno mais rapidamente, as quais são essenciais para o desenvolvimento da resposta imune adquirida aos patógenos e vacinas. Os leucócitos aumentam a resposta dos linfócitos a
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7049
Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras
substâncias
mitogênicas
não
específicas
Provavelmente
alguns
componentes
não
aumentando a fagocitose e a habilidade de matar
nutricionais do colostro alteraram a programação
bactérias, e também aumentam a formação de Ig
metabólica responsável por regular o apetite e
nas bezerras (Bensussan & Routhiau 2010; Langel
nutrientes gerando maior ganho de peso.
et al., 2015). Bezerras alimentadas com quatro litros de colostro
CONSIDERAÇÕES FINAIS A ingestão precoce e adequada de colostro de
de alta qualidade dentro do período de uma hora
alta
após o nascimento tiveram menor custo com
determinação da saúde futura e sobrevivência da
veterinário (US $ 15,00/animal), maior ganho de
bezerra. Além de redução do risco de morbidade
peso médio diário durante a fase pré-puberal, e
e mortalidade pré e pós desaleitamento, os
produziram uma média de 1 kg a mais leite por dia,
benefícios da transferência de imunidade passiva
em duas lactações em comparação com bezerras
incluem: elevadas taxas de ganho de peso e
alimentadas com dois litros de colostro (Faber et al.,
eficiência alimentar, redução da idade ao primeiro
2005). Bezerras com FTIP tiveram redução na
parto e maior produção de leite na primeira e
produção de leite e gordura na primeira lactação e
segunda lactação.
qualidade
é
um
fator
importante
na
atraso na idade ao primeiro parto (Godden et al. (2009).
Para cada unidade de IgG maior que 12
mg/ml existe aumento de 9 kg de aumento na energia metabolizável do leite (Osaka et al., 2014). Jones et al. (2004) demonstraram que as bezerras alimentadas com o colostro materno apresentaram maior eficiência alimentar, maior ganho de peso e menor idade a puberdade do que as que foram tratadas com substituição de colostro de derivados de soro.
da colostragem no pré-desmame e a variação de ingestão de substitutos do leite após a ingestão de colostro. As bezerras alimentadas com colostro tinham significativamente maiores ganhos de peso diário
pré-desmame
e
pós-desmame.
Steinhoff-Wagner et al. (2010) avaliaram os efeitos do colostro sobre a capacidade de recém-nascidos para regular a glicemia, por meio da absorção. Os resultados deste estudo demonstraram que bezerras alimentadas com colostro tiveram maior circulação no
plasma
de
glicose
em
comparação
com
alimentados com substitutos de colostro, porém a capacidade gliconeogênica não diferiu entre os dois grupos. Isto sugere que, em bezerras alimentadas com colostro a capacidade de absorção de glicose é aumentada
em
comparação
com
o
leite
e
substitutos, o que acarreta maior ganho de peso. No estudo de Soberon et al. (2012) as bezerras que receberam quatro litros de colostro tiveram maior eficiência alimentar que os demais tratamentos que não receberam colostro em quantidade suficiente. 7050
ARMENGOL, R.; FRAILE, L. Colostrum and milk pasteurization
improve
health
status
and
decrease mortality in neonatal calves receiving appropriate colostrum ingestion. J. Dairy Sci., v.99, p.4718-4724, 2016. BARTIER, A.L.; WINDEYER, M.C.; DOEPEL, L. Evaluation of on-farm tools for colostrum quality measurement. J. Dairy Sci., v.98,
Soberon & Van Amburgh, (2011) avaliaram o efeito
médio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
p.1878-1883, 2015. BENSUSSAN,
N.C.;
ROUTHIAU,
V.G.
The
immune system and the gut microbiota: friends or foes?. Nat. Rev. Im., v.10, p.735-744, 2010. COELHO, S.G. Desafio na criação e saúde de bezerras. CONGRESSO BRASILEIRO DE BUIATRIA, 2009, Belo Horizonte. Anais…, Belo Horizonte: [s.n.] 2009.p.1-16, 2009. CUMMINS, C.; LORENZ, I.; KENNEDYET, E. Short communication: The effect of storage conditions over time on bovine colostral immunoglobulin G concentration, bacteria, and pH. J. Dairy Sci., v. 99, p. 4857-4863, 2016. DAVIS, C.L.; DRACKLEY, J.K. Colostrum. in The Development, Nutrition, and Management of the Young Calf. Ed. Iowa State Univ. Press., Ames. p. 179-206, 1998. DONAHUE, M.; GODDEN, S.M.; BEY, R. et al. Heat-treatment of colostrum on commercial dairy counts
farms
reduces
while
colostrum
maintaining
microbial colostrum
immunoglobulin G concentrations. J. Dairy Sci., v. 95, p.2697-2702, 2012.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras
DONOVAN, G.A.; BADINGA, L.; COLLIER, R.J.;
MACHADO NETO, R. Efeito do fornecimento
WILCOX, C.J.; BRAUN, R.K. Factors influencing
adicional de colostro sobre as concentrações
passive transfer in dairy calves. J. Dairy Sci.,
séricas de IgG, PT e IGF-I de bezerras
v.69, p.754-759, 1986.
neonatos. Rev. Bras. Prod. Ani., v.8, p. 375-
ELIZONDO-SALAZAR, J.; HEINRICHS, J. Effect of heat-treated colostrum to neonatal dairy heifers:
385, 2007. KRYZER, A.A.; GODDEN, S.M.; SCHELL,R.
Effects on growth characteristics and blood
Heat-treated (in single
parameters. J. Dairy Sci., v.92, p. 3265-3273,
colostrum
2010.
colostrum in terms of quality and transfer of
FABER, S.N.; FABER, N.E.; MCCAULEY, T.C.; AX, R.L. Effects of colostrum ingestion on lactational performance. The Prof. Ani. Sci., v. 21, p. 420-
aliquot or
outperforms
batch)
non-heat-treated
immunoglobulin G in neonatal Jersey calves. J. Dairy Sci., v.98, p.1870-1877, 2015. LANGEL, S.N.; WARK, W.A.; GARST, S.N. et al. Effect of feeding whole compared with cell-free
425, 2005. FEITOSA. F.L.F.; BORGES, A.S.; BENESI, F.J. et al.
colostrum on calf immune status: The neonatal
Concentração de imunoglobulinas G e M no soro
period. J. Dairy Sci., v. 98, p. 3729-3740,
sanguíneo de bezerras da raça Holandesa até os
2015.
90 dias de idade. Brazilian J. Vet. Res. and Ani.
LARSON, B.L et al. Imnunoglobulin production and transport by the mammary gland. J. Dairy
Sci., v. 40, p. 26-31, 2003. GODDEN, S.M. Colostrum Management for Dairy Calves. Vet. Clinic. Food Ani. Pract., v. 24, p.19-
Sci., v.63, p. 665-71, 1980. ONTSOUKA,
E.C.;
ALBRECHT,
C.;
BRUCKMAIER, R.M. Invited review: Growth-
39, 2008. GODDEN, S.M.; HAINES, D.M.; KONKOL, K.;
promoting effects of colostrum in calves based
PETERSON, J. Improving passive transfer of
on interaction with intestinal cell surface
immunoglobulins in calves II: Interaction between
receptors and receptor-like transporters. J.
feeding method and volume of colostrum fed. J.
Dairy Sci., v. 99, p.1-13, 2016. OSAKA, I.; MATSUI, Y.; TERADA, F. Effect of the
Dairy Sci., v. 92, p. 1758- 1764, 2009. GODDEN, S.M.; SMOLENSKI, D.J.; DONAHUE, M.
mass of immunoglobulin (Ig) G intake and age
reduced
at first colostrum feeding on serum IgG
morbidity in preweaned dairy calves: Results of a
concentration in Holstein calves. J. Dairy Sci.,
randomized trial and examination of mechanisms
v. 97, p.6608- 6612, 2014.
et
al.
Heat-treated
colostrum
and
of effectiveness. J. Dairy Sci., v. 95, p. 4029-4040,
PAIVA, F.A.; NEGRÃO, J.A.; BUENO, A.R. et al. Efeito do manejo de fornecimento de colostro
2012. GODDEN, S.M.; WELLS, S.; DONAHUE, M. et al.
na imunidade passiva, cortisol e metabólitos
Effect of feeding heat-treated colostrum on risk for
plasmáticos de bezerras Holandeses. Arq.
infection
Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, p.739-743,
with
Mycobacterium
avium
ssp.
paratuberculosis, milk production, and longevity in Holstein dairy cows. J. Dairy Sci., v. 98, p.5630-
2006. RABOISSON, D.; TRILLAT, P.; CAHUZAC, C. Failure of Passive Immune Transfer in Calves:
5641, 2015. JOHNSON, J.L.; GODDEN, S.M..; MOLITOR, T. et
A Meta-Analysis on the Consequences and
al. Effects of feeding heat-treated colostrum on
Assessment of the Economic Impact. Journal
passive
Pone, 2016.
transfer
of
immune
and
nutritional
parameters in neonatal dairy calves. J. Dairy Sci., JONES,
C.M.;
JAMES,
REBER, A.J.; DONOVAN, D.C.; GABBARD, J. et al. Transfer of maternal colostral leukocytes
v. 90, p. 5189-5198, 2007. R.E.;
QUIGLEY,
J.D.;
promotes
development II.
Effects
the
neonatal
on
neonatal
MCGILLIARD, M.L. Influence of pooled colostrum
immune
or colostrum replacement on IgG and evaluation
lymphocytes. Vet. Immunol. Immunopathol.,
of animal plasma in milk replacer. J. Dairy Sci.,
system:
of
v.123, p.305–313, 2008. SOBERON, F.; RAFFRENATO, E.; EVERETT,
v.87, p.1806-1814, 2004. KINDLEIN, L.; PAULETTI, P.; BAGALDO, A.R.;
R.W.; VAN AMBURGH, M.E. Early life milk
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7051
Artigo 443 - Efeitos do colostro na transferência de imunidade passiva, saúde e vida futura de bezerras leiteiras
term
STELWAGEN, K.; CARPENTER, E.; HAIGH, B.
productivity of dairy calves. J. Dairy Sci., v. 95,
et al. Immune components of bovine colostrum
p.783-793, 2012.
and milk. J. Dairy Sci., v.87, p. 3-9, 2009.
replacer
intake
and
effects
on
long
SOBERON, F.; VAN AMBURGH, M.E. Effects of
YANG, M.; ZOU, Y.; WU, Z.H. et al. Colostrum
colostrum intake and pre-weaning nutrient intake
quality affects immune system establishment
on post-weaning feed efficiency and voluntary
and intestinal development of neonatal calves.
feed intake. J. Dairy Sci., v. 89, p. 69-70. 2011.
J. Dairy Sci., v. 98, p. 7153-7162, 2015.
STEINHOFF-WAGNER, J.; GORS, S.; JUNGHANS, P. et al. Intestinal glucose absorption but not endogenous glucose production differs between colostrum- and formula-fed neonatal calves. J. Nut.,. v.141, p. 48-55, 2011.
7052
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7046-7052, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
Revista Eletrônica
Carcaça, desempenho, ovinos, raça, alimentação.
Vol. 14, Nº 05, set,/out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Diego Cordeiro de Paula
1
Vitor Hugo Maués Macedo Tiago Adriano Simioni
2
3
1
Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, UFMT/ICAA/Sinop Zootecnista, mestrando em Ciência Animal, Universidade Federal do ParáUFPA. 3 Msc. Zootecnia, doutorando em Zootecnia, Universidade Estadual PaulistaUNESP. E-mail: simioni@zootecnista.com.br 2
RESUMO
MEAT CHARACTERISTICS IN FINISHING LAMBS
A ovinocultura é uma atividade promissora no
IN TROPICAL PASTURE WITH
agronegócio
SUPPLEMENTATION
brasileiro,
o
Brasil
possui
baixo
consumo interno da carne ovina, e dispõe dos requisitos potenciais para aumento de produção e
ABSTRACT
exportação desta carne. O objetivo dessa revisão de
The sheep industry is a promising activity in Brazilian
literatura é destacar fatores importantes para essa
agribusiness; Brazil has low internal consumption of
expansão, por meio de um aporte de conhecimento
lamb meat, and has the potential requirements for
acerca do sistema de criação de ovinos e suas
increased production and export of meat. The
características de carne, informações relevantes
objective of this review is to emphasize important
tanto para o produtor como para o mercado
factors for this expansion by means of a contribution
consumidor.
as
of knowledge about sheep breeding system and its
potencialidades de criação e terminação de ovinos a
meat characteristics, relevant information for both the
pasto recebendo suplementação, como forma de
producer and the consumer market. It stands out,
aumentar a produtividade e o retorno de capital
therefore, the potential for the creation and fattening
dentro dessa cadeia produtiva.
of the lamb in pasture receiving supplementation as
Destaca-se,
portanto,
a way to increase productivity and the return of Palavras-chave: carcaça, desempenho, ovinos, raça,
capital in this production chain.
alimentação. Keyword: birds, diet, enzymes, performance.
7053
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
INTRODUÇÃO Atualmente
te para o consumidor, como também para o produtor,
a
ovinocultura
atividade
se tenha o conhecimento da composição da carcaça
econômica explorada em todos os continentes,
e de seus cortes para obtenção de maior retorno e
sendo que a ampla difusão da espécie se deve
melhor
principalmente
GARCIA et al., 2003).
a
seu
é
poder
uma
de
adaptação
a
valorização
dos
mesmos
(FURUSHO-
diferentes climas, relevos e vegetações. Contudo, sua exploração, em grande parte, é desenvolvida em
Vários fatores interferem no desempenho dos
sistemas extensivos e com baixo nível de tecnologia
cordeiros, dentre eles, o peso ao nascer, consumo e
(COUTO,
grande
conversão alimentar, ganho de peso diário, peso ao
importância nas regiões tropicais, pois, contribui
desmame. Estes são influenciados por variáveis
para geração de renda e fixação do homem em
como habilidade materna, produção de leite, idade e
áreas pouco agricultáveis, sendo caracterizada pelo
estresse
seu aspecto econômico e sua facilidade de criação
disponibilidade e qualidade das forragens, manejo
para a subsistência das famílias de zonas rurais.
sanitário e fatores genéticos (BARROS et al., 2005).
Além
2003).
de sua
A
atividade
é
importância para
de
os
pequenos
produtores, Madruga et al. (2005) destacou que a ovinocultura
é
uma
atividade
promissora
ao
desmame,
manejo
alimentar,
REVISÃO DE LITERATURA Categoria de ovinos
no
agronegócio brasileiro, em virtude do Brasil possuir
Em um contexto geral sobre o consumo de carne
baixa oferta para o consumo interno da carne ovina,
ovina, os cordeiros são potencialmente a categoria
e dispor dos requisitos necessários para ser
ovina que possui a carne de maior aceitabilidade
exportador desta carne, dentre eles: extensão
(FIGUEIRÓ & BENAVIDES, 1990). Segundo Sañudo
territorial para pecuária, clima tropical, e mão-de-
& Sierra (1986), as carcaças bem conformadas são
obra acessível, o que permite produzir animais a
aquelas que apresentam formato curto, largo e
baixo custo.
compacto.
Por
outro
lado,
uma
carcaça
de
conformação deficiente é a que apresenta formato Existe então, um grande mercado a ser preenchido
longo,
no consumo interno (ALMEIDA JR et al., 2004) que
características qualitativas da carcaça que devem
dependerá fundamentalmente da organização e
ser bem elucidadas para melhor aceitação.
gestão
da
cadeia
produtiva,
permitindo
estreito
e
pouco
compacto.
Ainda
há
o
desenvolvimento e crescimento ordenado do setor
O termo qualidade esta sendo estudado por ser um
de
conceito bastante amplo e complexo, pois está
produção
(SIMPLÍCIO,
2001),
pois,
aproximadamente 50% da carne ovina consumida
relacionado
no país é importada de outros países como o
agroindustrial, desde o nascimento do animal até o
Uruguai, Argentina e Nova Zelândia.
preparo para consumo final da carne in natura e dos produtos
O consumo per capita de carne ovina no Brasil tem
com
cárneos
todas
as
etapas
processados
da
cadeia
(BRESSAN
&
FERRÃO, 2003).
aumentado nos últimos anos, porém não atinge 2 kg/habitante/ano, sendo 0,1 kg/habitante/ano no
Para melhorar esse valor torna-se necessário
Nordeste e 1,8 kg/habitante/ano no sul do país,
conhecer aspectos relativos a fatores intrínsecos
enquanto
20
relacionados ao próprio animal como idade, sexo,
kg/habitante/ano (ROÇA, 1993). O mercado de
genética, morfologia, peso ao nascimento e peso ao
carne ovina no Brasil tende a expandir-se de forma
abate e também por fatores extrínsecos como
significativa, porém, de acordo com Siqueira et al.
alimentação e manejo (FURUSHO-GARCIA et al.,
(2002), há problemas que se interpõem à expansão
2003), tais fatores influenciam as proporções dos
dessa atividade, relacionados
qualidade do
distintos tecidos (osso: músculo: gordura), que por,
produto ofertado e a uma produção que não atende
sua vez, denotam sua qualidade. Assim a qualidade
a demanda de mercado.
é um conjunto de atributos que deve satisfazer o
Para essa expansão, é necessário que, não somen-
consumidor
7054
na
Austrália
chega
a
a
atingir
(CARVALHO
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
&
PÉREZ,
2011).
Artigo 444- Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
Em relação a grupos genéticos no Brasil, temos um
desmame. Estes são influenciados por variáveis
grande número de raças sendo criadas, tanto
como habilidade materna, produção de leite, idade e
nativas quanto naturalizadas, contudo a valorização
estresse
de ovinos adaptadas a cada região torna-se
disponibilidade e qualidade das forragens, manejo
importante
sanitário e fatores genéticos (BARROS et al., 2005).
no
sistema
produtivo,
devido
principalmente a sua resistência.
ao
desmame,
manejo
alimentar,
Além disso, para melhorar o desempenho dos cordeiros na fase de amamentação, recomenda-se a
Neste contexto, a produção da raça Santa Inês é
utilização do creep feeding, pois propicia maior peso
crescente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do
ao desmame (OTTO et al., 1997).
Brasil, devido a características de adaptação, menor
O mecanismo de controle do crescimento de
susceptibilidade a parasitas e também pelo fato de
desenvolvimento dos ovinos de corte vem sendo
serem poliéstricas anuais (BUENO et al., 2000).
pesquisados nos últimos anos. Segundo Hammond
habilidade
materna,
rusticidade,
(1965), o crescimento pode ser definido como o Por sua vez, os ovinos Pantaneiros sofreram
acúmulo de massa, enquanto o desenvolvimento
processo de seleção natural em uma determinada
refere-se ás mudanças na forma e preenchimento
região com particularidades de relevo e clima, e
das funções dos indivíduos.
apesar de menos produtivos quando comparados a raças especializadas para produção de carne, têm
Quando se trabalha com animais destinados á
importante potencial genético a ser explorado e
produção de carne, é necessária a determinação do
preservado (ALVARENGA, 2009).
peso ideal para abate. Segundo Santos et al. (1998), essa determinação está baseada nas exigências do
O genótipo e o sistema de alimentação podem
mercado, já que, de um modo geral, o consumidor
influenciar muito na conformação da carcaça dos
deseja carcaça com alta proporção de carne,
ovinos (SANUDO et al., 1992), sendo que o melhor
adequada
desempenho
das
proporção de ossos (SANTOS, 2007). Owen (1976)
características do animal, da qualidade e quantidade
relatou que a maior velocidade de crescimento do
dos alimentos que compõem a sua dieta (PINTO et
cordeiro ocorre entre a primeira e a vigésima
al., 2005).
semanas de vida. Portanto, procura-se produzir
dos
ovinos
dependerá
proporção
de
gordura
e
reduzida
cordeiros de até 150 dias, com peso vivo de 28 a 30 Segundo Muniz et al. (1997), a produção de
kg e carcaças de tamanho moderado (12 a 14 kg),
cordeiros de forma mais intensificada pode se tornar
de acordo com a preferência do consumidor
alternativa para os produtores. No entanto, é
(SIQUEIRA, 1999).
necessário manejo alimentar que favoreça uma rápida terminação e obtenção de carcaças com
De acordo com Targa et al. (1993), as modificações
características adequadas ao mercado consumidor.
no ambiente natural parecem ser essenciais para elevar o desempenho produtivo dos animais em
Algumas técnicas de criação são necessárias para
regiões de clima quente. A manutenção de ovinos
que os produtores explorem o máximo potencial
em crescimento em condições de pastejo deve
produtivo dos animais através de alimentação
prever a suplementação alimentar com concentrados
adequada, seja com a utilização de confinamentos,
(BARBOSA et al., 2003), pois pode melhorar o
uso de forragem cultivada, ou a forma de terminação
desempenho (SOUZA et al., 2005).
com suplementação em pastagem (GOUVEIA et al., De acordo com Emmick (1991), o pasto é a fonte
2009).
mais barata de alimento para o rebanho, tornando a Desempenho de cordeiros Vários fatores interferem no desempenho dos
criação de ovinos em pastejo mais rentável. O consumo da forragem é um dos principais fatores
cordeiros, dentre eles, o peso ao nascer, consumo e
que
influenciam
o
desempenho
animal,
conversão alimentar, ganho de peso diário, peso ao
segundo Mertens (1994), determina 60 a 90% das
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
pois,
7055
Artigo 444- Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
variações de desempenho, enquanto apenas 10 a
concentrados - são aqueles alimentos com menos de
40%
18% de fibra bruta na MS e ainda podem ser
dessas
variações
estão
relacionadas
à
digestibilidade dos componentes nutritivos.
classificados como proteicos, quando têm mais de 20% de proteína na MS, como é o caso dos farelos
Segundo Lucci (1995), para que o animal possa
de girassol, de soja etc., ou energéticos com menos
expressar seu potencial de ganho de peso, ele deve
de 20% de proteína na MS, como é o grão de milho,
estar em estado nutricional satisfatório e ter aporte
grão de sorgo, etc. (CARVALHO, 2005).
de nutrientes no organismo suficiente para atender as exigências de mantença e produção, sem afetar a
Existem vários fatores relacionados ao consumo de
saúde
As
alimento pelos animais, podendo este ser limitado
consumo,
pelo alimento, ou pelas condições de alimentação
ambiente e parâmetros fisiológicos devem ser
(MOUSQUER et al, 2013). Desta forma, é importante
avaliadas, visando melhorar o desempenho dos
obter informações sobre a utilização dos nutrientes
animais (ANDRADE et al., 2007).
pelo animal além do conhecimento do consumo e da
ou
interações
causar entre
distúrbios tipo
de
metabólicos.
alimento,
composição bromatológica dos alimentos (SILVA et Alimentação de cordeiros
al., 2010). Ainda, para isso, é necessário o
De acordo com Andriguetto et al. (1999), a
conhecimento
alimentação tem como função fornecer aos animais
cordeiros, que variam em função de vários fatores,
os nutrientes necessários para a produção de carne,
entre eles o peso, a idade, e o nível de produção do
leite e lã, por isso, na alimentação, é necessário o
animal (NRC, 1985).
conhecimento
das
exigências
nutritivas
das
exigências
nutricionais
de
do
organismo em função da espécie, idade, sexo e
Pastagem
produção.
Segundo Lopes (1998), as pastagens não suprem nem as necessidades de minerais dos ruminantes
Para Silva et al. (2008), a eficiência de um sistema
criados exclusivamente a pasto, pois a composição
de alimentação é baseado em alguns requerimentos
mineral das forragens varia de acordo com a
nutricionais como proteína, energia, minerais e
espécie, parte da planta, estágio de maturação,
vitaminas, que varia para cada categoria animal do
fertilidade do solo e outros nutrientes no complexo
rebanho e na composição química dos alimentos
solo planta (SIMIONI, et al., 2014a).
utilizados. Portanto o uso exclusivo de pastagens tropicais pode Esses alimentos fornecidos, ao serem absorvidos,
não atender as exigências nutricionais dos animais
passam por transformações, convertendo-se em
principalmente
substâncias
transformações
(VOLTOLINI et al., 2009). Para Valverde et al.
constituem a digestão, podendo ser de duas
(2000), é indicado o uso de suplementação com
maneiras, mecânicas e químicas. Segundo Quadros
concentrados. De acordo com Simioni et al. (2014b)
et al. (2005), as transformações mecânicas em
a
ruminantes acontecem por meio da mastigação,
leguminosas também pode ser uma alternativa para
deglutição, regurgitamento, ruminação e motilidade
melhorar a qualidade da pastagem para que os
gástrica e intestinal. As transformações químicas são
animais possam ganhar peso e sejam abatidos mais
devidas à ação de enzimas, bactérias, protozoários e
precocemente, aumentando a eficiência do sistema
substâncias químicas.
produtivo.
A descrição e classificação dos alimentos são feitos
A alimentação é fator decisivo e importante para a
com base na matéria seca, podendo ser comparados
melhoria da produtividade e eficiência dos sistemas
as
sendo:
de produção (TEIXEIRA et al., 2014). Mesmo
volumosos - os alimentos que possuem teor de fibra
apresentando vantagens como a vocação para a
bruta superior a 18% na MS, como é o caso dos
produção de grãos, o Brasil Central desponta na
capins verdes, silagens, fenos, palhadas etc.;
produção pecuária tendo como diferencial competi-
7056
suas
mais
simples;
características
tais
nutricionais
utilização
das
de
categorias
consórcio
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
mais
entre
exigentes
gramíneas
e
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
tivo a criação a pasto (REIS, 2009).
na época das águas ou seca com suplementação (Tabela 1).
O uso do pasto é de fundamental importância para o sucesso do empreendimento, assim como aconteceu
TABELA 1. Peso inicial, peso final, ganho de
com os bovinos, a utilização do pasto como base
peso médio diário (GMD), ganho de peso vivo por
alimentar tende a diminuir custo e tornar mais
hectare (GHA) e taxa de lotação (TL) de ovinos
atraente
suplementados em pastagens tropicais
o
investimento
na
ovinocultura
(CAVALCANTE et al., 2005).
Cultivares
Variáveis
As forragens utilizadas como fonte primária de
Peso Inicial
energia na dieta de ruminantes, apresentam grandes
(kg)
vantagens
econômicas
principalmente
na
ovinocultura, entretanto, é necessário à escolha correta da forrageira e o conhecimento do quanto à forragem atende as exigências dos animais (SILVA SOBRINHO et al., 2011).
Peso Final (kg) GMD (g) GHA (gPV/ha.dia)
Marandu
Aruana
Piatã
Massai
25,6ª
25,4ª
22,8ª
24,9ª
34,7ª
29,5ª
31,9ª
34ª
133,7ª
82,1
b
142ª
122,4
1.176ª
735,3
8,8ª
8,9ª
TL (UA/ha)
b
ab
1.147ª
1.071ª
8,1ª
8,8ª
Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si
Segundo Oliveira et al. (2010), quando a forragem apresenta baixos
teores
de proteína bruta e
pelo teste de Tukey (P>0,05) Fonte: Adaptado de Fernandes et al. (2012).
digestibilidade, o que geralmente ocorre durante a estação seca na maior parte do Brasil tropical, o
Suplementação a pasto
desempenho pode não ser o desejável.
Segundo Ribeiro et al. (2005), na produção de carne ovina, o cordeiro é a categoria de que
A terminação de ovinos a pasto pode ser feita com
propicia melhores características de carcaça e,
pastagens nativas ou cultivadas, qualquer gramínea
consequentemente, de maior aceitabilidade pelo
pode ser utilizada, desde que seja adaptada a
consumidor. Normalmente o cordeiro também
região, resistente ao pastejo, tenha bom rendimento
apresenta
forrageiro por área e boa qualidade (SOUZA et al.,
principalmente nos primeiros seis meses de vida,
2005).
sendo que estas características podem ser
maior
eficiência
de
ganho,
otimizadas pelo uso de sistemas adequados de Entre as cultivares de forragens mais produtivas e
terminação.
adaptadas em clima tropical encontra-se o gênero das Brachiarias, forragens estas, que têm baixos
Nesse sentido, para que haja um incremento na
valores nutricionais, que podem assim prejudicar o
produção de carne ovina, é necessário buscar
desempenho
mantidos
alternativas que visem a melhorar o aporte
exclusivamente a pasto. Já os Panicuns, forrageiras
nutricional dos cordeiros. Uma alternativa, sem
de
elevar
melhor
dos
animais
valor
que
são
nutricional,
provavelmente
muito
o
custo
da
produção,
é
a
forneceriam melhores resultados para a produção
suplementação dos animais criados a pasto, pois
animal,
a precocidade dos sistemas de produção de
entretanto
é
encontrado
em
menor
quantidade no Estado (MATO GROSSO, 2008).
carne neste sistema só será alcançado se houver ajuste nutricional entre a curva sazonal de oferta
Dessa forma o tipo de forrageira presente no sistema
das pastagens com a curva crescente de
de terminação a pasto de cordeiros associado à
demanda do animal por nutrientes.
forma
de
suplementação
pode
ter
impacto
significativo no desempenho dos animais. Alguns
Para Prohmann et al. (2004), a suplementação
estudos vêm sendo realizados não apenas para
em dietas à base de forragem de baixa qualidade
caracterizar as pastagens tropicais exóticas e
pode melhorar o desempenho produtivo dos
melhorar seu manejo, mas também para avaliar o
animais. A suplementação a pasto melhora a
desempenho e produção de ovinos em pasto, seja
qualidade da dieta de diferentes categorias animais em suas diversas fases, satisfazendo
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7057
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
suas necessidades e promovendo aumento de peso,
exigências nutricionais, complementando o valor
sendo considerada uma alternativa para a engorda
nutritivo da forragem, a fim de se alcançar o
de ruminantes.
desempenho desejado dos animais, podendo ter melhores índices de produção (EUCLIDES &
Portanto
o
uso
suplementação podem
ser
de
pastagens
concentrada
vistos
como
e
cultivadas,
o
a
MEDEIROS, 2005). Outro fator limitante para a
confinamento
terminação de cordeiros em sistema de pastejo,
alternativas
para
a
está
relacionado
com
a
quantidade
de
terminação de cordeiros, fazendo com que estes
suplemento fornecido. A adição do suplemento
animais atinjam o peso ideal para o abate em menor
aumenta o ganho de peso total dos animais em
tempo, proporcionando bons índices produtivos e a
relação aos animais não suplementados (Tabela
obtenção de carcaças de melhor qualidade, que
2).
atendam à demanda do consumidor (JARDIM et al., TABELA 2. Efeito dos níveis de suplementação
2000).
(0%, 0,6%, 1,2% e 1,8% do PV) sobre o Rocha et al. (2003) citaram que a suplementação,
desempenho produtivo de ovinos terminados em
também proporciona uma possibilidade de aumento
pastagens de Panicum maximum cv. Tanzânia
na carga animal, na mesma área, devido à Nível de suplemento %PV
substituição de parte do consumo de forragem pelo consumo de suplemento. Isso irá permitir uma melhora na produção animal por unidade de área. Outro
aspecto,
a
ser
salientado,
é
que
o
Variáveis Ganho médio diário (g) Ganho de peso total
fornecimento de suplemento pode possibilitar uma
(Kg)
diminuição da idade de abate e/ou tempo de
Número de dias para
permanência dos animais na propriedade, o que
atingir 12 (Kg)
permitirá um aumento na velocidade do giro de
Taxa de lotação (UA/há)
capital.
0,6
0,0%
1,2
1,8
%
%
%
65,7
81,5
119,3
119,5
6,3
7,8
11,4
11,5
230
197
129
147
7,5
7,8
7,6
9,1
Fonte: Adaptado de Pompeu et al. (2005).
Para
comprovar
os
efeitos
positivos
da
suplementação alimentar a pasto, Souza et al., (2010), avaliou o desempenho de ovinos em pastejo com e sem suplementação. No experimento foram utilizados 20 ovinos machos, mestiços da raça Santa Inês, com peso vivo médio de 16,94 kg e idades semelhantes,
sendo
que
dez
cordeiros
foram
manejados exclusivamente a pasto e dez receberam suplementação concentrada (ambos em pastagem de capim buffel - Cenchrus ciliares, L.). Ao final do período experimental, o autor observou ganho de peso de 150 g/dia para os animais suplementados contra 20 g/dia para os não suplementados, denotando clara vantagem da suplementação em pastejo.
a quantidade de pasto consumida, devido aos efeitos e
substitutivo;
afetar
a
eficiência
de
aproveitamento da mesma dependendo da qualidade da forragem ofertada e do tipo de concentrado, proteico e/ou energético (MONTEIRO et al., 2007). Assim a suplementação tem por objetivo atender as 7058
Segundo Siqueira (2003), em um sistema de criação
é
importante
o
conhecimento
e
adaptabilidade do grupo genético empregado na criação. De acordo com o autor, os animais crioulos, ainda podem servir como genética aos ovinocultores
devido
às
características
de
adaptação. Portanto, animais sem raça definida (SRD) são animais adaptados e com resistência a verminoses que foram selecionados naturalmente nas regiões em que se encontram. A preservação desses
materiais
genéticos
é
de
extrema
importância como base na formação de um plantel, podendo fazer cruzamentos com outras raças especializadas para promover heterose,
O uso de suplementação em pastagens pode alterar aditivo
Grupos genéticos
obtendo, assim, melhores índices zootécnicos. Encontrado em todas as regiões do Brasil, a Santa Inês é um raça de ovino que surgiu do cruzamento das raças Morada Nova, Crioula e Bergamácia, seguido de um período de seleção e/ou evolução para ausência de lã, sendo uma
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
excelente alternativa para os criadores brasileiros que buscavam animais de grande porte, produtivos, de
pelo
curto
e
perfeitamente
adaptados
as
condições climáticas do Brasil (MASON, 1980).
Grupos genéticos
Variáveis Peso corporal inicial (kg)
SI
SIPANT
PANT
22,4
23,22
23,68
Peso corporal final (kg)
29,5
29,8
29,86
Ganho médio diário (kg/dia)
0,128
0,122
0,116
A raça Santa Inês foi desenvolvida no Nordeste, mas
Dias de suplementação
56
52
55
sua origem é considerada incerta. Segundo Villela
Peso da carcaça fria (kg)
12,84
13,27
13
(2011), a raça apresenta bons índices reprodutivos,
Rendimento de carcaça (%)
44,67
45,12
43,36
sendo uma excelente alternativa para a produção de
Carcaça total fria (kg)
1.284
1.327
1.300
Nº de animais abatidos
100
100
100
2.179
2.067
2.208
carne em praticamente todo o território brasileiro. São resistentes a endoparasitas e ectoparasitas, tornando-se uma raça bem aceita para cruzamento.
Quantidade de suplementação (kg)
Santa Inês (SI), Mestiços (SIPANT- Santa Inês x Pantaneiros)
Em estudos de Ferrão (2006) e Barbosa, (2008), o Santa Inês é uma raça de duplo propósito: produção de carne e pele. Apresenta peso corporal próximo a 80 kg para os machos e 60 kg para as fêmeas (animais adultos). As fêmeas comumente parem cordeiros vigorosos com frequentes partos duplos e apresentam
excelente
capacidade
leiteira
(CARVALHO et al., 2011).
lanada,
foram
introduzidos
pelos
colonizadores no Rio Grande do Sul durante o século XVII. Essa raça é encontrada em quase toda a América do Sul, do Peru ao Paraguai, com origem similar (MARIANTE et al., 2003). Segundo Arco et al. (2007), a raça crioula surgiu através do cruzamento com outras raças importadas a partir da colonização portuguesa.
Brasil são escassos, havendo necessidade de pesquisas
para
demonstrar
produtivo,
principalmente
seu
em
potencial
sistemas
de
produção e terminação de cordeiros a pasto,
Carcaça ovina Carcaça ovina é o produto obtido do corpo do animal abatido por sangria, depois da esfola, evisceração, decapitação e retirada das porções distais das extremidades dos membros pélvico e torácico. As carcaças são resultado de um processo
biológico
individual
sobre
o
qual
interferem fatores genéticos, ecológicos e de manejo, diferindo entre si por suas características
A raça crioula é considerada uma raça rústica adaptando-se a diferentes condições de clima, solo e vegetação. Ela se sobressai principalmente quanto a resistência a endoparasitas (MARIANTE et al., 2003).
quantitativas
e
qualitativas,
susceptíveis
de
identificação (OSÓRIO & OSÓRIO, 2001). A comercialização de ovinos no Brasil é feita com base na observação visual do animal vivo, sendo o peso vivo, o aspecto determinante da seleção
Em específico, de acordo com Alvarenga (2009) e Paula et al. (2012), a ovelha crioula ou ovelha nativa do Pantanal, de alta rusticidade, adaptada, resistente e com produção significativa, vem sendo cruzadas com carneiros Santa Inês (tabela 3), demonstrando seu
Entretanto, trabalhos com este grupo genético no
recebendo suplementação.
Considerada uma raça local, os ovinos de raça crioula
e Pantaneiros (PANT). Fonte: Adaptado de Paula et al. (2012).
potencial
quando
comparados
índices
econômicos.
(OLIVEIRA et al., 2002). Entretanto, de acordo com Santello et al. (2006) o rendimento de carcaça é um parâmetro importante na avaliação dos animais por estar diretamente relacionado à comercialização, geralmente é um dos primeiros índices a ser considerado, por expressar relação percentual entre o peso da carcaça e o peso corporal do animal.
TABELA 3. Indicadores zootécnicos da produção de carne de cordeiros de grupos genéticos diferentes sob pastejo recebendo suplementação (módulo de 100 cordeiros por tratamento)
O peso/rendimento da carcaça é determinado pela taxa de crescimento que, por sua vez, varia segundo o grupo genético, o sexo, a idade, a condição fisiológica e a nutrição (WARMINGTON
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7059
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
& KIRTON, 1990).
Carvalho & Pérez (2011) descreveram também, que a qualidade da carne e dos cortes está
Em
relação aos consumidores, estes buscam
atrelada a aspectos relacionados ao animal e ao
produtos mais saudáveis e, usualmente, preferem
sistema de criação, influenciando as proporções
carcaças magras (SILVA et al., 2008). Diante disso,
dos distintos tecidos (osso: músculo: gordura),
a exploração ovina como fonte de alimento vem se
que por, sua vez, denotam sua qualidade. Assim
intensificando, sendo necessária a comercialização
a qualidade é um conjunto de atributos que deve
de cordeiros com características superiores de
satisfazer o consumidor, e por meio dos cortes
carcaça.
pode se ter melhor aproveitamento da carne.
As carcaças podem ser comercializadas inteiras, ½
Cunha et al. (2008), ao avaliar o efeito de dietas
carcaça ou sob forma de cortes, sendo importante a
contendo diferentes níveis (0%, 20%, 30%, 40%)
boa apresentação do produto para comercialização
de
(CARVALHO
&
características
comerciantes
e
PÉREZ,
2011).
açougueiros
Com
desejam
isso,
ter,
no
caroço
cordeiros
de
algodão
integral
quantitativas
da
Santa
Inês
sobre
as
carcaça
de
terminados
em
mercado, carcaças que lhe permitam uma utilização
confinamento, verificaram que a quantidade
mais adequada. Estas devem fornecer menor
relativa de músculo sofreu influência das dietas
quantidade
maior
experimentais, enquanto as proporções de osso,
porcentagem de peças que proporcione, sobretudo,
gordura e outros tecidos na perna não foram
cortes da mais alta categoria e maior valor comercial
afetadas (P<0,05) pela dieta oferecida a esses
(BRANT, 1980).
animais. Apesar de não haver efeito entre as
de
desperdício
e
uma
dietas para as quantidades relativas de osso e Para aperfeiçoamento dos processos de produção e
gordura nos animais que consumiram caroço de
comercialização,
consolidar
algodão, houve tendência de aumento de tecido
metodologia clara e prática para descrever os
será
necessário
gorduroso, em relação à dieta controle. Em ordem
caracteres relacionados com a qualidade da carne,
de prioridade, os tecidos que se desenvolvem, de
que possam ser medidos na carcaça e tenham uma
acordo com a maturidade fisiológica, são o ósseo,
relação biológica com uma avaliação no animal vivo
o muscular e o adiposo.
(OSÓRIO & OSÓRIO 2003). No
Brasil,
várias
Universidades
preconizam
Cortes cárneos
diferentes
Conforme Santos & Pérez (2000), o sistema de corte
principalmente nas exigências locais por tradição.
realizado na carcaça deve contemplar aspectos
A separação realizada pela Universidade de
como a composição física do produto oferecido
Lavras – MG distingue; braço anterior, paleta,
(quantidades relativas de músculo, gordura e osso),
braço posterior, perna, costela, lombo, costela
versatilidade dos cortes obtidos (facilidade de uso
com fralda e pescoço (CARVALHO & PÉREZ,
pelo consumidor) e aplicabilidade ou facilidade de
2011).
tipos
de
cortes,
baseado
realização do corte pelo operador que o realiza. Outra padronização de cortes é o baseado no O tipo de corte utilizado varia de região para região e
sistema gaúcho. Neste ocorre a divisão da
principalmente entre países, em razão dos hábitos
carcaça ao meio, separando depois, o quarto, a
do seu povo, constituindo um importante fator a ser
costela, a paleta e o pescoço. Também pode ser
considerado
a
feito a separação do quarto, costela, “espinhaço”
padronização dos cortes a serem comercializados é
inteiro e paleta, serrando as costelas a uma
definida pelo mercado consumidor, que determina
distância que permita deixar neste o filé (UCHA,
pesos mínimos e máximos de acordo com o
1998).
(CARVALHO,
2002).
Assim,
costume. O ótimo peso para cada corte será aquele em que sua valorização é máxima, tanto para o
Para
produtor como para o consumidor e isso implica em
diversidade
uma melhor qualidade da carne (CARDOSO, 2008).
realizados, como pernil, sela, lombo, costelas com
7060
o
sistema em
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
francês números
há
uma
maior
de
grande cortes
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
pé, costelas do fundo, paleta, peito e pescoço. Esses
aspectos de desenvolvimento tecidual de cada
sub-cortes são de fácil utilização na culinária, tendo
região
um melhor aproveitamento, originando produtos
crescimento é precoce na paleta, intermediário na
diferenciados que podem satisfazer a necessidade
perna e tardio no lombo.
anatômica
isoladamente,
pois
o
do consumidor, quanto à qualidade e a forma de apresentação
do
produto
a
ser
consumido
(CARVALHO & PÉREZ, 2011).
Rosa et al. (2005) confirmaram que o crescimento dos diferentes tecidos que compõem a carcaça dos ovinos não ocorre num mesmo ritmo e, desta forma, à medida que os animais vão se
Medidas realizadas no Longissimus dorsi Á área do músculo Longissimus dorsi ou área de olho de lombo é considerada medida representativa da
quantidade
e
distribuição
das
massas
musculares, assim como da qualidade da carcaça (BONIFACINO et al., 1979). Esse músculo dorsal (Longissimus dorsi) possui maturidade tardia e de fácil mensuração o que torna o músculo de preferência para este propósito. Crouse & Dikeman (1976) demonstraram relação positiva entre o músculo dorsal na 12ª costela (Área de olho de lombo) e várias medidas de rendimento da carcaça. Segundo Suguisawa et al. (2006), a medida de área de olho-de-lombo (AOL) entre a 12ª e 13ª costelas apresenta alta correlação com a musculosidade da carcaça, assim como a espessura de gordura subcutânea (EGS) com a quantidade de tecido adiposo da carcaça bovina.
desenvolvendo
ocorrem
mudanças
na
composição corporal dos mesmos. Segundo estes
autores,
o
tecido
ósseo
apresenta
crescimento precoce, enquanto que a gordura deposita-se tardiamente e o tecido muscular apresenta crescimento isométrico, ou seja, no mesmo ritmo da carcaça. Macedo et al. (2000) descreveram que a gordura é o componente da carcaça
que
apresenta
influenciada
principalmente
terminação,
pelo
genótipo
maior pelo e
variação, sistema
pela
de
razão
idade/peso do animal. Portanto o conhecimento da composição tecidual da carcaça de ovinos jovens e adultos é de grande importância, pois visam a melhorar os aspectos qualitativos dos produtos e facilitar sua comercialização,
uma
vez
que
o
mercado
consumidor ainda possui restrições quanto à
Outras medidas também podem ser utilizadas, a exemplo tem-se a profundidade máxima do músculo
aceitação
da
carne
de
animais
adultos
(SIQUEIRA, 2003).
Longissimus dorsi, que indica a musculosidade da CONSIDERAÇÕES FINAIS
carcaça (PINHEIRO, 2006).
A terminação de cordeiros ou de ovinos de uma forma geral, via suplementação a pasto em clima Composição tecidual da carcaça
tropical,
A composição tecidual baseia-se na dissecação da
economicamente viável, principalmente no que se
carcaça, quando são separado gordura, músculo e
refere a pequenos produtores, podendo vim a
osso. A dissecação completa da carcaça, ou de meia
atingir
carcaça, apenas se justifica em casos especiais, por
Características relacionados à qualidade de carne
ser um trabalho lento e oneroso. O mais comum e
de cordeiros terminados via suplementação a
viável é a utilização de uma parte representativa da
pasto, em sua grande maioria são influenciadas
carcaça.
pelo tipo de suplemento, idade do animal, grupo
tem-se
até
mostrado
mesmo
uma
grandes
alternativa
produtores.
genético e classe sexual. Destacando assim a De acordo com Hammond (1965), a maturidade
importância de mais estudos relacionados a
fisiológica
esses fatores.
de
cada
tecido
terá
impulso
de
desenvolvimento em cada fase de vida do animal, e o tecido ósseo apresenta crescimento mais precoce, o muscular intermediário e o adiposo mais tardio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Segundo o autor, ao analisar a composição tecidual
ALMEIDA JR., G. A.; COSTA, C.; MONTEIRO, A.
de uma carcaça ovina, devem ser considerados os
L. G. et al. Desempenho, características de
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7061
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
carcaça e resultado econômico de cordeiros criados em creep feeding com silagem de grãos úmidos
de
milho.
Revista
Brasileira
de
Zootecnia, v.33, n.4, p.1048 – 1059, 2004.
carcasa. Revista Veterinária., v.70, p. 63 – 71, 1979. BRANT, P. C. Estocagem a frio e estocagem do boi vivo. Informe Agropecuário. Produção
ALVARENGA, F. Ovelhas nativas do pantanal para aumento da produtividade. Sobral-CE.
intensiva de carne bovina, Belo Horizonte, ano 6, n. 69, p. 42, set. 1980.
Prosa Rural EMBRAPA 01/ mai./2009. Embrapa
BRESSAN, M.C.; FERRÃO. Qualidade da Carne
Caprinos e Ovinos Entrevista concedida a Ismar
Bovina do Frigorífico ao Consumidor. In:
Maciel.
SEMANA DE ZOOTECNIA, 2003, Pontes e
Disponível
em:
<http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/progra
Lacerda.
macao / 2009 /ovelhas-nativas-do-pantanal-para-
Universidade
aumento-da-produtividade>. Acesso em: 28. out.
UNEMAT: 2003. 1. CD-ROOM.
2013.
Anais...
Pontes
Estadual
do
e
Lacerda:
Mato
Grosso,
BUENO, M.S.; CUNHA, E.A.; SANTOS, L.E. et al.
ANDRADE, I. S.; DE SOUZA, B. B.; PEREIRA
Características
de
carcaça
Suffolk
desempenho de ovinos Santa Inês submetidos a
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,
diferentes
v.29, n.6, p.1803-1810, 2000.
suplementação
de
sombreamento
em
pastejo.
e
a
Ciência
e
CARDOSO,
M.
em
T.
diferentes
cordeiros
FILHO, J. M.; et al. Parâmetros fisiológicos e tipos
abatidos
de
M.
idades.
Desempenho
e
Agrotecnologia. Lavras, v. 31, n. 2, p. 540-547,
características de carcaças de ovinos da
mar./abr. 2007.
raça Santa Inês e seus cruzamentos em
ANDRIGUETTO, J. M.; PERLY, L.; MINARDI, I.; et al.
Nutrição
fundamentos
animal da
-
as
bases
nutrição
e
animal.
os
117 p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Os
Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina
alimentos. 6. ed. São Paulo: Nobel, 1999. 395p. ARCO, Assistência ao Rebanho Criadores de Ovinos; Associação Brasileira de Criadores de
Ovinos.
Disponível
sistemas intensivos de produção. 2008.
em:
<http://www.arcoovinos.com.br> Acessado em: 30/10/2013.
Veterinária,
Universidade
de
Brasília,
Brasília–DF, março de 2008. CARVALHO,
F.
A.
N.;
BARBOSA,
F.
A.;
MCDOWELL, L. R.; et al. Nutrição de bovinos
a
pasto.
2°
Papelform.
Belo
Horizonte: MG. 2005. 428p.
BARBOSA, C. M.; BUENO, M. S.; CUNHA, E. A.
CARVALHO, P. A. Influência da restrição
Consumo voluntário e ganho de peso de
alimentar e do ganho compensatório sobre
borregas das raças santa Inês, Suffolk e ile de
o crescimento, composição de carcaça e
france,
sobre
qualidade da carne de cordeiros da raça
panicum maximum jacq. Cvs Aruana ou
Santa Inês. 2002. 55 p. Projeto de Tese
Tanzânia. Boletim de Indústria Animal, Nova
(Doutorado em Zootecnia) - Universidade
Odessa, v. 60, n. 1, p. 55-62, 2003.
Federal de Lavras, Lavras, MG.
em
pastejo
rotacionado
BARBOSA, J. A. Evolução da Raça Santa Inês e Panorama Mercadológico. Revista O Berro,
comerciais
2008
Sheepembryo, Art. 206, 2011. Disponível
n.
84.
Disponível
em:
em
carcaças
ovinas.
<http://www.revistaberro.com.br/?materias/ler,47
em:
6> Acesso em: 29/10/2015.
<http://www.sheepembryo.com.br/files/artigos/
BARROS, N. N.; VASCONCELO, V. R.; WANDER,
206.pdf>. Acesso em 14 de Outubro de 2015.
A. E. et al. Eficiência bioeconômica de cordeiros
CAVALCANTE, A. C. R.; NEIVA, J. N. M.;
F1 Dorper x Santa Inês para produção de carne.
CÂNDIDO, M. J. D.; et al. Produção de
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40, n.8, p.
Ovinos e Caprinos de corte em pastos
825-831, 2005.
cultivados
BONIFACINO, L., KREMER, R., ORLANDO, D. et al. Estúdio comparativo de corderos Corriedale y Corriedale
por
Texel.
2.
Peso
al
ganâncias diárias y características de La 7062
CARVALHO, P. A.; PÉREZ, J. R. O. Cortes
nascer,
sob
manejo
rotacionado.
Circular técnica- online. Sobral, CE.: Embrapa Caprinos.2005. 16p. COUTO, F. A. A. Importância econômica e social da ovino-caprinocultura brasileira. In:
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
SIMPÓSIO DE BOVINOCULTURA DE CORTE,
HAMMOND, J. Farm animals: their breeding,
2, 2003, João Pessoa. Anais… do II SINCORTE.
growth, and inheritance. 3 ed. London: E.
João Pessoa: 2003. p. 71-81.
Arnold, 1965. 322p.
CROUSE, J. D e DIKEMAN, M. E. Determinates of
JARDIM, R. D. et al. Características produtivas e
the retail product of carcass beef. Journal of
comerciais de cordeiros da raça Corriedale
Animal Science, v.42, p. 584, 1976.
criados
CUNHA, M. G. G. et al. características quantitativas de carcaça de ovinos Santa Inês confinados alimentados com rações contendo diferentes
em
distintos
nutricionais. Revista
sistemas
Brasileira
de
Agrociência, Pelotas, v.6, n.3, p.239-242, 2000.
níveis de caroço de algodão integral. Revista
LOPES, H. O. S. Suplementação de baixo
Brasileira de Zootecnia, v.37, n.6, p.1112-1120,
custo para bovinos. Brasília: EMBRAPA,
2008.
1998.107p.
EMMICK, D. L. Increase pasture use to decrease dairy feed
costs.
In:
LUCCI, C. S. Avaliação do estado nutricional. In:
PASTURE/GRAZING
PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C de.; FARIA, V.
FIELD DAY, 1991. Proceedings... Penn State
P. Nutrição de Bovinos: conceitos básicos
University, University Park, 1991. p.10-14.
e aplicados. 7 ed. Esalq/usp: FEALQ, 1995.
EUCLIDES, V. P. B.; MEDEIROS, S. R. de. Suplementação animal em pastagens e seu impacto
na
utilização
da
pastagem.
In:
p. 31-34. MACEDO, F. A. F.; SIQUEIRA, E. R.; MARTINS, E. N. et al. Qualidade de carcaça de cordeiros
SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM,
Corriedale,
22, 2005, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fealq,
Hampshire Dow x Corriedale terminados em
2005. p.33-70.
pastagem e confinamento. Revista Brasileira
FERNANDES, L.S.; DIFANTE, G.S.; NETO, J.V.E.; BEZERRA,
M.G.S.;
x
Corriedale
e
de Zootecnia, v.29, n.5, p.1520-1527, 2000.
L.E.C.;
MADRUGA, M.S.; SOUSA, W. H.; ROSALES, M.
OLIVEIRA, H.C.B. Desempenho e produtividade
D.; CUNHA, M. D. G.; RAMOS, J. L. F.
de ovinos suplementados em pastagens tropicais
Qualidade da carne de cordeiros Santa Inês
na estação seca. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE
terminados em diferentes dietas. Revista
BRASILEIRA
Brasileira de Zootecnia. v. 344, n.1, p. 309-
DE
OLIVEIRA,
Bergamácia
ZOOTECNIA,
49,
2012,
Brasília. Anais..., Brasília – DF, 23 a 26 de Julho de 2012. (CD-ROM). FERRÃO, S. P. B. Características morfométricas, sensoriais
315, 2005. MARIANTE, A. S.; MCMANIS, C.; MENDONÇA,
e qualitativas da
carne de
J. F. Country report on the state of animal genetic resources. (S.L.): Ministério da
cordeiros. 2006. 175p. Tese (Doutorado) –
Agricultura
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
Empresa
FIGUEIRÓ, P. R. P., BENAVIDES, M. V. Produção de carne ovina. In: CAPRINOCULTURA E
Pecuária Brasileira
e
Abastecimento de
e
Pesquisa
Agropecuária, 2003. p.97 (resecarch division report,).
OVINOCULTURA, 1990, Piracicaba. Anais...
MASON, I. L. Sheep and goat production in the
Campinas, Sociedade Brasileira de Zootecnia:
drought polygon of Northeast Brazil. Wolrd Animal Review, n. 34, p. 23-28, 1980.
1990. p.15-32. FURUSHO-GARCIA, I. F.; PEREZ, J. R. O.;
MATO
GROSSO.
Diagnóstico
da
cadeia
TEIXEIRA, J. C. Componentes de Carcaça e
produtiva agroindustrial da bovinocultura de
Composição de Alguns Cortes de Cordeiros
corte do estado de Mato Grosso. Federação
Texel x Bergamácia, Texel x Santa Inês e Santa
da agricultura e pecuária do estado de
Inês Puros, Terminados em Confinamento, com
Mato Grosso. Cuiabá MT: KCM. 2008. 407p.
Casca de Café como Parte da Dieta. Revista
MERTENS, D. R. Regulation of forage intake. In:
Brasileira de Zootecnia. v.32, n.6, p.1999-2006,
FAHEY JR., G. C. (Ed.) Forage quality,
2003.
evaluation and utilization. Madison: American
GOUVEIA, A.M.G.; ARAÚJO, E.C.; ULHOA, M.F.P. de. Manejo nutricional de ovinos de corte. 2° ed. Brasília-DF. LK, 2009. 200p.
Society of Agronomy, 1994. p. 4 50 – 493. MONTEIRO, A. L. G.; POLI, C. H. E. C.; MORAES, A.; et al. Produção de ovinos em
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7063
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 24, 2007. Piracicaba.
Anais...
PINHEIRO, R. S. B. Aspectos quantitativos da carcaça e qualitativos da carne de ovinos de diferentes categorias. 2006.
Piracicaba: FEALQ, 2007. p. 347-458. MOUSQUER, C. J.; FERNANDES, G. A; CASTRO,
Zootecnia)
–
Agrárias
e
Dissertação
(Mestrado
W. J. R. et al. Comportamento ingestivo de
Faculdade
de
ovinos
Veterinárias/ Universidade Estadual Paulista,
confinados
com
silagens.
Revista
Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v. 07,
n.
2,
p.
301-322,
jul-dez,
2013.
em
105f.
Ciências
Jaboticabal. PINTO C.W. C.; DE SOUSA, W.H; E. PIMENTA
http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20130026
FILHO, C. et al. Desempenho de cordeiros
MUNIZ, E.N.; PIRES, C.C.; SILVA, J.H.S. et al.
santa inês terminados com diferentes fontes
Efeito do número de cordeiros por parto e do
de volumosos em confinamento. Revista
sexo do cordeiro no crescimento ponderal. In:
Agropecuária Técnica. v.26, n.2, p.123–128,
REUNIÃO
2005.
ANUAL
DA
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34, 1997, Juiz de
POMPEU, R. C. F. F.; CÂNDIDO, M. J. D.;
Fora. Anais ... Juiz de Fora: Sociedade Brasileira
NEIVA, J. N. M.; GUERRA, J. L. L.; SILVA, R.
de Zootecnia, 1997. p. 266-268.
G.; MESQUITA, T. A. Desempenho de ovinos
NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient
em „Panicum maximum‟ cv. tanzânia sob
requirements of domestic animals: nutrient
lotação rotativa com níveis crescentes de
requirements of sheep. Washington, D. C.:
suplementação.
National Academy of Science, 1985. 99p.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
OLIVEIRA, L. O. F. de.; SALIBA, E. de O. S.; GONÇALVES, L. C.; et al. Digestibilidade in situ
In:
REUNIÃO
DA
24, 2005, Goiânia. Anais..., julho de 2005, Goiânia – Goiás. 2005. CD-ROM.
e cinética ruminal de bovinos de corte a pasto
PROHMANN, P. E. F.; BRANCO, U. A. F.;
sob suplementação com proteinados. Revista
CECATO, C. C. JOBIM, K. C.; GUIMARÃES,
Brasileira de Zootecnia, v.39, n.6, p.1328-1335,
R.A.; FERREIRA. 2004. Suplementação de
2010.
Bovinos
em
Pastagens
de
Coastcross
OLIVEIRA, M. V. M.; PEREZ, J. R. O.; ALVES, E. L.;
(Cynodon dactylon (L.) Pers) no Inverno.
MARTINS, A. R. V; LANA, R. P. Avaliação da
Revista Brasileira de Zootecnia, 33:801-
composição de cortes comerciais, componentes
810, 2004.
cordeiros
QUADROS, D. G. de. Sistemas de produção de
confinados e alimentados com dejetos de suínos.
bovinos de corte. Apostila técnica. Salvador-
Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 3, p.
BA Universidade do Estado da Bahia, 2005.
1459-1468, 2002.
25p.
corporais
e
órgãos
internos
de
OSÓRIO, J. C. S.; OSÓRIO, M. T. M. Sistemas de
REIS, F. A. Atualidades na criação de ovinos no
avaliação de carcaças no Brasil. In: SIMPÓSIO
Brasil
MINEIRO DE OVINOCULTURA, 1, 2001, Lavras,
CONHECIMENTOS E TENDÊNCIAS PARA A
MG. Anais... Lavras: UFLA, 2001. p. 157-196.
EVOLUÇÃO DA OVINOCAPRINOCULTURA,
OTTO, C.; SÁ, J. L; WOEHL, A. H. et al. Estudo
2009, São Paulo. Feinco... Campo Grande -
econômico da terminação de cordeiros á pasto e em
confinamento.
Revista
of
Agriculture
Science. V.84, p.313-316, 1975.
In:
DIFUSÃO
DE
MS. Embrapa Gado de Corte, 2009.14p. RIBEIRO, T. M. et al. Características da carcaça e do lombo de cordeiros submetidos a
OWEN, J.B. Sheep production. London: Bailliere Tindall, 1976. 436p. PAULA, D. C. de; CARDENA, M. S.; MEXIA, A. A. et
diferentes
sistemas
REUNIÃO
ANUAL
de
terminação.
DA
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005, Goiânia. Anais...
grupos genéticos terminados em
Brasileira de Zootecnia, 2005. CD-ROM.
pastagem
DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 49., 2012, Brasília. Anais... Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2012. (CD-ROM).
In:
SOCIEDADE
al. Análise econômica de cordeiros de diferentes recebendo suplementação. In: REUNIÃO ANUAL
7064
Central.
Goiânia:
Sociedade
ROÇA, R. O. Alternativas de aproveitamento da carne ovina.
Revista Nacional da Carne,
n.201, p.53-60, 1993. ROCHA, M. G.; RESTLE, J.; PILAU, A. et al.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
Produção
animal
suplementação
e
retorno
em
econômico
pastagem
de
da
aveia
e
azevém. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.3, p. 573-578, 2003.
Veterinaria Brasilica, Paraíba, v. 2, n. 4, p. 103-110, 2008. SILVA, R. R.; PRADO, I. N.; CARVALHO, G. P.; et al. Novilhos nelore suplementados em
ROSA, G. T. et al. Crescimento alométrico de osso,
pastagens:
consumo,
desempenho
e
músculo e gordura em cortes da carcaça de
digestibilidade. Archivos de zootecnia, vol.
cordeiros
59, n. 228, p. 549-560, 2010.
Texel
segundo
os
métodos
de
alimentação e peso de abate. Ciência Rural,
SIMPLÍCIO, A. A. A caprino-ovinocultura na visão do agronegócio. Revista CFMV, v. 24, p.15-
v.35,n.4, p.870-876, 2005. SANTELLO, G. A.; MACEDO, F. A. F.; MEXIA, A. A.; SAKAGUTI, E. S.; DIAS, F. J.; PEREIRA, M. F.
18, 2001. SIQUEIRA, E. R. de. Criação de ovinos
Características de carcaça e análise do custo de
deslanados.
sistemas de produção de cordeiros ½ Dorset
2003.110p
Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia, v.
Manual.
Viçosa:
CPT,
SIQUEIRA, E. R.; ROÇA, R. Q.; FERNANDES,
35, n. 4, p. 1852-1859, 2006 (suplemento 2).
S.; UEMI, A. Características sensoriais da
SANTOS, C. L.; PÉREZ, J. R. O. Cortes comerciais
carne de cordeiros das raças Hampshire
de
cordeiros
MINEIRO
Santa
DE
Inês.
In:
ENCONTRO
OVINOCULTURA,
1.,
Down, Santa Inês e mestiços Bergamácia x
2000,
Corriedale, abatidos com quatro distintos
Lavras, MG. Anais... Lavras: UFLA, 2000. p.
pesos. Revista Brasileira de Zootecnia.
149-168.
v.31, n.3, p.1269-1272, 2002.
SANTOS, J. R. S dos. Composição Física dos
SIQUEIRA, E.R. Confinamento de ovinos. In:
Cortes Comerciais da Carcaça de Ovinos
SIMPÓSIO PAULISTA DE OVINOCULTURA
Santa
E
Inês
Terminados
Submetidos
a
em
Pastejo
Diferentes
Níveis
e de
Suplementação.. 2007. 96p. (Dissertação Mestrado
em
Zootecnia
–
ENCONTRO
INTERNACIONAL
DE
OVINOCULTURA, 1999, Botucatu. Anais... Botucatu: 1999. p.52-59.
Sistemas
SIMIONI, T. A.; HOFFMANN, A.; GOMES, F. J. et
Agrosilvipastoris no Semi-árido). Patos, UFCG.
al. Senescência, remoção, translocação de
2007.
nutrientes e valor nutritivo em gramíneas
SANTOS, L. E.; CUNHA, E. A.; BUENO, M. S.; et al. Efeito do cruzamento de carneiros Suffolk, com
tropicais. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 13, Ed. 262, Art. 1743, Julho, 2014a.
ovelhas produtoras de lã, sobre a produção de
SIMIONI, T. A.; GOMES, F. J.; TEIXEIRA, U. H.
carne. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
G. et al. Potencialidade da consorciação de
BRASILEIRA
gramíneas e leguminosas forrageiras em
DE
ZOOTECNIA.
Botucatu.
Anais... Botucatu: 1998. p. 570-572. CD-ROM. SAÑUDO, C. SIERRA, I. Calidad de la canal en la especie ovina. Ovino, n.11, p.127-57, 1986. SAÑUDO, C.; SIERRA, I.; ALCALDE, M.J. Carcass
pastagens tropicais. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 13, Ed. 262, Art. 1742, Julho, 2014. SOUZA, B. B.; ANDRADE, I. S.; SILVA, A. M. A. Efeito da suplementação concentrada e do
and meat quality of light and light-heavy lambs of
sombreamento
Rasa Aragonesa, Lacaune and German Merino
desempenho de cordeiros Santa Inês em
breeds. In: ANNUAL MEETING OF THE E.A.A.P,
pastejo na região semi-árida da Paraíba. In:
1992, Madrid. Proceedings..., Madrid: 1992. p.
REUNIÃO
64-265.
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005,
SILVA SOBRINHO, A. G da. S.; NETO, S. G. Produção de carne caprina e cortes da carcaça. Apostila. Jaboticabal: UNESP, 2011, 17p.
natural
ANUAL
e
DA
artificial
no
SOCIEDADE
Goiânia, GO. Anais... Goiânia: 2005. CDROM. SOUZA, R. A. et al. Desempenho produtivo e parâmetros de carcaça de cordeiros mantidos
SILVA, N. V da.; SILVA, J. H. V da.; COELHO, M de.
em pastos irrigados e suplementados com
S.; et al. Características de carcaça e carne
doses
ovina:
Scientiarum. Animal Sciences. Maringá, v.
uma
abordagem
das
variáveis
metodológicas e fatores de influência. Acta
crescentes
de
concentrado
Acta
32, n. 3, p. 323-329, 2010.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7065
Artigo 444 – Características da carne na terminação de cordeiros em pastagens tropicais com suplementação
SUGUISAWA, L.; MATTOS, W. R. S.; OLIVEIRA, H.
VILLELA, L. C. V. Santa Inês. EMBRAPA.
N. et al. Correlações simples entre as medidas
Brasília DF. Disponível em:
de ultra-som e a composição da carcaça de
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/
bovinos
ovinos_de_corte/arvore/CONT000g8k752f702
jovens.
Revista
Brasileira
de
Zootecnia, v.35, n.1, p. 169-176, 2006.
wx5ok0u5nfpmsusaff9.html
TARGA, L. A.; BALLARIN, A. W.; MARTA FILHO, J. Ventilação natural em instalações para animais. In:
CONGRESSO
BRASILEIRO
Acesso
em
VOLTOLINI, T. V.; MOREIRA, J. N.; NOGUEIRA,
DE
D. M.; et al. Fontes proteicas no suplemento
ENGENHARIA AGRÍCOLA, 22, 1993, Ilhéus.
concentrado de ovinos em pastejo. Animal
Anais... Ilhéus: 1993. v. 1, p. 98-106.
Sciences, Maringá, v. 31, n. 1, p. 61-67,
TEIXEIRA, U. H. G.; SIMIONI, T. A.; PINA, D. S. et al.
Potencial de utilização de co-produtos
agroindustriais
para
suplementos.
2009. WARMINGTON, B. G.; KIRTON, A. H. Genetic
Revista
and non-genetic influences on growth and
Eletrônica Nutritime, Artigo 244 - Volume 11 -
carcass traits of goats. Small Ruminant
Número 02 – p. 3363– 3386 – Março/Abril 2014.
Research, v. 3, p. 147-165, 1990.
UCHA, D. Cordeiros na mesa. 2. ed. Porto Alegre: Palomas, 1998, 21 p. VALVERDE, C. C. 250 maneiras de preparar rações balanceadas para ovinos. Curitiba: Aprenda Facil, 2000. 180p.
7066
>
28/10/2015.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7053-7066, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle Revista Eletrônica
Avicultura de corte, ascite, coração, genética, pulmão, síndrome ascítica.
1
Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Giselle Procópio Nunes 2 Paula Cambraia Marinho 3 Andressa da Silva Formigoni 4 Andressa Nathalie Nunes 5 Carolina Resende de Freitas Ribeiro 1
Zootecnista pela Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais – FEAD. 2Professora na Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais – FEAD. 3 Doutora do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG. 4 Doutora do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG. E-mail: natydressa2009@hotmail.com 5 Estudante de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG.
RESUMO
ASCITIC SYNDROME IN POULTRY PRODUCTION:
O objetivo desta revisão foi relatar os aspetos mais
FEATURES AND CONTROL POINTS
importantes da síndrome ascítica na avicultura de
ABSTRACT
corte, abordando sua definição, incidência, causas e
The objective of this review was to describe the most
medidas para o controle. A Síndrome ascítica é uma
important aspects of ascitic syndrome in poultry
condição patológica caracterizada pelo acúmulo
production, addressing its definition , incidence,
excessivo de líquidos na cavidade abdominal. É uma
causes and control actions. The Ascites syndrome is
síndrome multifatorial na qual a manifestação ocorre
a pathological condition characterized by excessive
quando diversos fatores ambientais e genéticos
accumulation of fluid in the abdominal cavity. It is a
atuam em conjunto na determinação do processo.
multifactorial syndrome in which the manifestation
Esta
desafios
occurs when several environmental and genetic
enfrentados pela avicultura de corte atual, tendo
factors work together to determine the process. This
importância
impactos
pathology is one of the main challenges faced in the
econômicos e perdas geradas no setor avícola. O
current poultry production, with a great importance
controle é feito através do conhecimento dos fatores
due to the large economic impacts and losses
envolvidos que permitem a implantação de um
generated in the poultry sector. The control is done
conjunto de medidas em vários segmentos da
through the knowledge of the factors involved, that
produção.
allow the implementation of a set of control actions in
Palavras-chave: avicultura de corte, ascite, coração,
various sectors of the production.
genética, pulmão, síndrome ascítica.
Keyword:
patologia
é
um
devido
dos aos
principais grandes
poultry
production,
ascites,
heart,
genetics, lung, ascitic syndrome.
7067
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
INTRODUÇÃO
Breve panorama da avicultura de corte brasileira
O Brasil é atualmente o principal exportador global
A avicultura brasileira de corte teve um grande salto
de carne de frango com 3,9 milhões de toneladas e
a partir da década de 60 com a introdução de
ocupa a 3ª posição no ranking entre os maiores
materiais genéticos importados especializados para
produtores mundiais, ficando apenas atrás dos EUA
a produção de carne. Nesse mesmo período o setor
e
avícola transformou-se em um verdadeiro complexo
China,
com
12,308
milhões
de
toneladas
(UBABEF, 2014).
agroindustrial que vem se modernizando cada vez mais (Belusso & Hespanhol, 2010; Palota, 2012;
A avicultura de corte apresenta grande destaque no agronegócio
brasileiro,
com
altos
Rosário et al., 2004; Tavares & Ribeiro, 2007 ).
índices
zootécnicos considerados os melhores do mundo.
A partir de 1975, a avicultura de corte passou a se
Isto foi possível graças aos avanços dos programas
destacar no mercado externo. Em 2004 o Brasil
de melhoramento genético que buscam a obtenção
despontou como o primeiro exportador mundial de
de linhagens com alta taxa de crescimento, máxima
carne de frango. Já em 2011 garantiu a terceira posição
velocidade de ganho de peso, melhor conversão
no ranking dos maiores produtores mundiais com
alimentar e maior rendimento de carcaça com menor
13,058 milhões de toneladas (Tavares & Ribeiro, 2007).
teor de gordura para atender as exigências do mercado consumidor (Dalanezi et al., 2008; Gaya et
Segundo o relatório anual da União Brasileira da
al., 2006; Tavares & Ribeiro, 2007).
Avicultura, a produção de carne de frango chegou a 12,308 milhões de toneladas em 2013. Os principais
O melhoramento genético possibilitou um verdadeiro
estados produtores são: Paraná, Santa Catarina, Rio
salto na avicultura, mas trouxe consequências que
Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Do
desencadearam
a
volume total de frangos produzidos pelo país 69% foi
síndrome ascítica. As altas taxas de crescimento e
destinado ao consumo interno e 31% para as
ganho de peso implicaram no aumento da demanda
exportações. As exportações de cortes geraram no
de oxigênio para suprir os tecidos causando falhas
ano de 2012 U$ 4,3 bilhões de dólares, as de frango
na resposta fisiológica em órgãos como o coração e
inteiro 2,5 bilhões e as de frango industrializado
o pulmão. Em decorrência deste fato surge a
U$478,8 milhões. Os principais destinos da carne de
chamada síndrome ascítica (Gaya et al., 2006;
frango brasileira são: Oriente Médio, África, Ásia e
Jaenish et al., 2001).
União Europeia (UBABEF, 2013; UBABEF, 2014).
A síndrome ascítica é um distúrbio metabólico
Além do melhoramento genético, avanços nas áreas
caracterizado pelo acúmulo de líquido na cavidade
de nutrição, sanidade, ambiência e de manejo
abdominal, sendo responsável por grandes perdas
também contribuíram para a evolução da avicultura
econômicas no setor avícola em virtude da redução
de corte.
da produtividade dos plantéis e dos altos índices de
rendimento no mercado brasileiro obrigou o setor a
mortalidade e condenações de carcaças (Gonzáles
reavaliar
et al., 2001; Jaenish et al., 2001; Rosário et al.,
densidade de criação de frangos de corte, a fim de
2004).
maximizar a produtividade e reduzir os custos de
doenças
metabólicas
como
A introdução de linhagens de alto os
critérios
de
manejo,
nutrição
e
produção (Moreira et al., 2003; Rosário et al., 2004) . Nesse sentido, promover diversas pesquisas sobre o assunto e conhecer os fatores responsáveis por este
A Síndrome Ascítica
distúrbio são fundamentais para buscar soluções
A síndrome ascítica, síndrome de hipertensão
mais eficazes para minimizar o problema. O objetivo
pulmonar ou simplesmente ascite pode ser definida
desta revisão de literatura é relatar sobre a
como uma condição patológica caracterizada pelo
importância da síndrome ascítica na avicultura de
acúmulo de líquido na cavidade abdominal em
corte visando abordar aspectos como a definição e a
virtude da maior velocidade de crescimento e ganho
incidência desta, além de discorrer sobre medidas
de peso dos frangos levando a maior necessidade
para seu controle.
de
7068
suprimento
de
oxigênio
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
para
os
tecidos.
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
Geralmente ocorre a partir da terceira semana de
acúmulo de líquido na cavidade abdominal (figura 1)
vida da ave (Gonzáles et al., 2001; Jaenish et al.,
percebido através da palpação. (Jaenish et al., 2001;
2001; Rosário et al.,2004).
Rosário et al., 2004).
O
frango
de
corte
desenvolvimento
atual
muscular
apresenta
muito
superior
um
FIGURA 1: Frango de corte com distensão no
ao
abdômen
crescimento dos órgãos internos importantes, como coração e pulmão, o que resulta em uma sobrecarga do
sistema
respiratório.
Esse
rápido
desenvolvimento muscular implica em um alto custo metabólico, ou seja, ocorre um maior gasto de oxigênio tecidual. Assim, a concentração de oxigênio no sangue reduz causando a vasodilatação de tecidos periféricos e maior retorno venoso para o coração (Brito et al., 2010;Jaenish et al., 2001; Rosário et al., 2004; Marcato, 2007). O débito cardíaco e a pressão arterial pulmonar aumentam o que dificulta a passagem de sangue através
dos
capilares
consequentemente
diminui
pulmonares as
trocas
e
gasosas.
Diante de uma situação de déficit de oxigênio, a ave ativa mecanismos fisiológicos na tentativa de manter a
homeostase.
Assim
ocorre
o
aumento
da
proporção do coração e alteração no número de hemácias que implica no aumento da viscosidade sanguínea. À medida que a pressão arterial pulmonar aumenta ocorre o aumento na pressão venosa no ventrículo e no átrio direito. Isso causa a hipertrofia
do
músculo
cardíaco,
falência
da
musculatura do ventrículo direito e desgaste da válvula tricúspide permitindo o refluxo de sangue e levando a congestão do fígado. No sistema portahepático o aumento da pressão venosa faz com que ocorra o extravasamento do plasma para o espaço intersticial que se acumula na cavidade abdominal caracterizando a síndrome ascítica (Jaenish et al.,
Fonte: Carlos Vasquez, 2009.
Diagnóstico O diagnóstico pode ser obtido através da análise de parâmetros como viscosidade sanguínea, perfis bioquímicos ou metabólitos, relação do ventrículo direito/ventrículo total e peso do coração (Gonzalés et al., 2001; Rosário et al., 2004). Através de necropsia é possível identificar nas carcaças de aves acometidas abdômen abaulado devido ao acúmulo de líquido na cavidade abdominal cujo aspecto é límpido, rico em proteínas e seu volume depende da evolução do quadro (figura 2). Observa-se também a dilatação do ventrículo direito (figura 3) e o aumento de tamanho do coração (figura 4). FIGURA 2: Carcaça de frango com acúmulo de líquido
2001). Aspectos Clínicos Aves
que
manifestam
o
processo
ascítico
inicialmente apresentam-se apáticas, com cristas e barbelas ofegante
arroxeadas (dispneia),
(cianóticas), penas
respiração
eriçadas,
canelas
desidratadas e sem brilho. Em processo avançado, ocorre queda no consumo de água e ração, perda de peso, dificuldade de locomoção e o sinal mais característico da ascite: distensão do abdômen e Fonte: Jaenish et al. (2001).
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7069
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
FIGURA 3: Ventrículo normal (esquerda) e dilatado
em virtude desse problema.
de um frango com síndrome ascítica Maschio & Raszl (2012) também fizeram um estudo semelhante para avaliar as principais causas de condenações e o impacto financeiro disso em um frigorífico
do
sul
do
Brasil.
Os
resultados
encontrados seguem no gráfico 1, no qual os autores concluíram que a ascite foi a principal causa da condenação de carcaças no período avaliado com impacto financeiro aproximado de R$180.000,00. Fonte: McGovern et al. (2001).
Figura 4:
GRÁFICO 1: Impacto financeiro das condenações
Coração normal (esquerda) e coração
post-mortem totais
alterado em virtude da ascite
Fonte: Jaenish et al. (2001).
A síndrome ascítica é responsável por grandes
Fonte: Adaptado de Maschio; Raszl, 2012.
perdas anuais para a indústria avícola em virtude das altas taxas de mortalidade que ocorre nos
A síndrome ascítica está presente nos sistemas de
plantéis, das condenações parciais e totais de
produção de diversos países que criam frangos de
carcaças nos abatedouros e também devido à queda
linhagens melhoradas em escala comercial. No
do desempenho zootécnico (Jacobsen; Flores, 2008;
Brasil
Machio & Raszl, 2012; Rosário et al., 2004).
independente da altitude ou época do ano (Jaenish
ocorre
em
todo
território
nacional
et al., 2001) . Segundo
Gonzáles
et
al.
(2001)
mortalidade por esta síndrome,
a
taxa
de
em granjas, está
A ascite é considerada uma síndrome devido ao
entre 5 a 12% e as perdas causadas por esse
caráter multifatorial que determina a manifestação do
problema no Brasil devem estar entre 2 a 3 %, já
processo
que o país possui uma tecnologia avícola dentro dos
genéticos, ambientais e de manejo atuam em
padrões dos principais produtores de frangos de
conjunto (Jaenish et al., 2001; Rosário et al., 2004).
que
ocorre
quando
certos
fatores
corte no mundo. Vários fatores são responsáveis pela incidência da Jacobsen
um
síndrome ascítica na avicultura de corte dos quais se
levantamento de casos de condenações totais de
podem citar a genética, sexo, temperatura ambiente,
carcaças por ascite em abatedouros no Rio Grande
má qualidade do ar nos galpões, altitude, dieta
do Sul entre 2002 e 2006. Durante este período
peletizada e com elevados níveis de energia
cerca
(Jaenish et al., 2001).
de
&
Flores
19.600.000
(2008)
de
realizaram
carcaças
foram
condenadas, sendo que deste total, 8,19 % ocorreu 7070
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7067, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
Genética
síndrome ascítica.
Muitos autores afirmam que a genética é o principal fator responsável pela incidência da síndrome
Rabello (2008) afirma que linhagens selecionadas
ascítica na avicultura de corte. (Gonzáles et al.,
para maiores taxas de crescimento submetidas a
2001; Jaenish et al., 2001; Neto & Campos, 2003).
elevadas temperaturas são mais suscetíveis à síndrome ascítica, pois elas aumentam a frequência
O intenso processo de seleção de linhagens para
respiratória em até 10 vezes o que gera um maior
altas taxas de crescimento causou mudanças no
consumo de energia metabólica resultando na ascite.
tamanho, na forma e na função dos órgãos das aves que vem diminuindo, em termos relativos, dando
Por outro lado, para a maioria dos autores a
mais espaço para formação de tecido magro. Isso
incidência de ascite é maior durante o inverno devido
resultou
sistema
às baixas temperaturas. Neste período a ave
cardiorrespiratório que se tornou ineficiente para
aumenta o consumo de ração na tentativa de
atender a demanda de oxigênio dos tecidos em
produzir mais calor. Isto incrementa ainda mais a
rápido crescimento (Gaya et al., 2006; Marcato,
demanda de oxigênio (Jacobsen & Flores, 2008;
2007).
Jaenish et al., 2001; Rosário et al., 2004).
Fontes et al. (2000) investigaram o desenvolvimento
Fontes et al. (2000) realizaram um experimento onde
de ascite em duas linhagens diferentes de frango de
frangos da linhagem Hubbard foram criados em duas
corte:
rápido
temperaturas diferentes: 15° C (abaixo da zona de
(Hubbard) e outra de crescimento lento (Pescoço
conforto) e 25°C (termoneutra). As aves criadas em
pelado). No final do experimento concluíram que a
condições de estresse térmico apresentaram
linhagem que apresentou maior taxa de mortalidade
de mortalidade por ascite de 41%
por ascite foi a Hubbard.
dentro da faixa de conforto apenas 4%.
Sexo da ave
Má qualidade do ar no galpão
De acordo com Gonzáles et al. (2001) a síndrome
A ventilação inadequada resulta no aumento das
ascítica ocorre 70% mais nos machos do que nas
concentrações
fêmeas em virtude dos frangos possuírem maior
carbono (CO2), monóxido de carbono (MO), poeira,
crescimento corporal, precocidade e ganho de peso.
amônia (NH3) e na redução da concentração de
no
uma
comprometimento
linhagem
de
do
crescimento
de
partículas
como
taxa
e as criadas
dióxido
de
oxigênio disponível. Assim, as trocas gasosas são Neto & Campos (2003), em um experimento cujo
prejudicadas favorecendo a ascite (Rosário et al.,
objetivo era avaliar a incidência de ascite em
2004). Este problema é mais intenso no inverno
diferentes categorias genéticas de frangos de corte,
quando o aquecimento do galpão é mais privilegiado
verificaram que a taxa de mortalidade nos machos
e a renovação do ar é colocada em segundo plano
foi 53,44% maior do que nas fêmeas. Colín (2008)
(Brito et al., 2010).
também observou que a mortalidade causada em decorrência desse problema para machos foi de
Outro fator que contribui para elevar os níveis de
4,3% e para as fêmeas apenas 1,6%.
amônia é o aumento da umidade da cama que ocorre em virtude das altas taxas de lotação e de
Temperatura ambiental
problemas
Na primeira semana de vida a temperatura deve ser
automáticos e nebulizadores (Furlan, 2006).
no
funcionamento
de
bebedouros
mantida entre 32 a 35 °C, já na quarta semana ela pode ser reduzida para 24ºC e na sexta semana
Villa et al. (1999) avaliaram o efeito da ventilação
21ºC (Furlan, 2006). Segundo Brito et al. (2010)
sobre a mortalidade por ascite em dois grupos de
aves mantidas em temperaturas abaixo ou acima da
frangos de corte onde um grupo recebeu ventilação
zona de conforto utilizam energia para produzir ou
por pressão positiva e outro não. A mortalidade por
dissipar calor o que resulta no aumento da taxa
ascite nas aves que receberam ventilação adequada
metabólica podendo levar ao desenvolvimento da
foi de 9,44 % contra 12,94% nas aves cuja ventilaçã
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7071
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
foi ausente. Para os autores a ventilação promoveu
tizada aumenta o peristaltismo intestinal que resulta
a eliminação de gases nocivos e a renovação do ar,
no aumento da taxa metabólica e da demanda de
o que refletiu na redução da incidência da síndrome
oxigênio predispondo as aves à ascite.
ascítica. Pontos de Controle da Síndrome Ascítica Altitude
A ascite pode ser desencadeada por uma série de
Frangos criados em altitudes superiores a 2000
fatores e em virtude disso o seu controle se torna
metros em relação ao nível do mar podem
bastante difícil. Estabelecer medidas que minimizem
desencadear a síndrome ascítica. Quanto maior for a
a incidência da síndrome ascítica na avicultura de
altitude,
corte é fundamental para evitar perdas (Jaenish et
mais
rarefeito
disponibilidade de
é
o
ar
e
menor
a
oxigênio, podendo levar a um
al., 2001; Rosa et al., 2000; Rosário et al., 2004).
quadro de hipóxia tecidual com aumento do débito cardíaco (Brito et al., 2010; Jaenish et al., 2001).
Segundo Jaenish et al. (2001) os pontos de controle para síndrome ascítica devem ser baseados de
Torres et al. (2013) verificaram a mortalidade por
acordo com os fatores que predispõem as aves a um
síndrome ascítica em dois grupos de frangos de
quadro de déficit de oxigênio seja pelo aumento da
corte criados um ao nível do mar e outro a 3.320 m
demanda ou redução do seu suprimento.
de altitude, sendo que cada grupo possuía 100 aves da linhagem Cobb. No grupo criado em alta altitude
Entre estes pontos de controle pode-se citar a
48 aves morreram em decorrência deste distúrbio e
restrição alimentar, programa de luz, controle da
nenhuma mortalidade foi observada no grupo do
temperatura ambiente, manutenção da qualidade do
nível do mar. Eles concluíram que a alta demanda
ar no galpão e cuidados na recepção dos pintainhos.
metabólica exigida pela linhagem e a insuficiente disponibilidade de oxigênio devido à alta altitude
Restrição alimentar
foram os fatores responsáveis pela incidência de
A restrição alimentar seria uma das alternativas de
ascite.
prevenção da síndrome ascítica. Existem dois métodos de restrição: a restrição qualitativa (consiste na redução dos níveis de nutrientes da ração) e a
Dietas peletizadas Frangos
de
corte
alimentados
com
dietas
quantitativa (Rosa et al., 2000).
peletizadas apresentam maior consumo de ração, ganho de peso e taxa de crescimento em relação a
A restrição quantitativa pode ser realizada através da
dietas fareladas. Isto é possível porque o processo
redução do consumo em um dado período onde é
de peletização promove o aumento da digestibilidade
fornecida uma determinada porcentagem de ração
dos nutrientes através da ação da temperatura,
com base no consumo ad libitum. Sugeta et al.
umidade e pressão (Lecznieski et al., 2001; Meurer
(2000) avaliaram o efeito do nível de restrição
et al., 2008; Vargas et al., 2001). Entretanto Jaenish
quantitativa de 30% e 70 % sobre o desempenho de
et al. (2001) e Brito et al. (2010) afirmam que o uso
frangos de corte. No final concluíram que após a
desse tipo de ração ao acelerar o crescimento das
restrição de 30 % as aves apresentaram ganho
aves causa também o aumento da demanda de
compensatório. Já a restrição de 70% foi bastante
oxigênio e consequentemente origina a ascite.
severa prejudicando o desempenho produtivo.
Colín (2008) avaliou o efeito da forma física da ração
McGovern (1997) aplicou a restrição alimentar em
sobre a incidência da síndrome ascítica em frangos
frangos dos sete aos 16 dias de idade sendo que
da linhagem Ross. As aves foram divididas em três
apenas 18 gramas de ração eram fornecidas e
grupos sendo que o Grupo 1 recebeu ração farelada,
depois desse período a alimentação à vontade foi
Grupo 2 ração mista (peletizada e farelada) e Grupo
restabelecida.
3 ração peletizada. As taxas de mortalidade por
mortalidade (6,3 % para aves restritas e 15,9 % para
ascite para os grupos foram respectivamente 0%,
as alimentadas à vontade) e, além disso, permitiu
0,8% e 9,3%. De acordo com o autor a ração pele-
que o desenvolvimento cardíaco acompanhasse o
7072
A
restrição
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
reduziu
a
taxa
de
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
desenvolvimento corporal das aves.
pânulas
a
gás
ou
tipo
infravermelho
(maior
eficiência) e adotar o círculo de proteção (Furlan, Outra forma de aplicar a restrição quantitativa é a
2006; Gonçalves et al., 2013). Durante o inverno o
partir da redução do tempo de acesso das aves ao
avicultor deve utilizar cortinas duplas e o forro com o
comedouro por algumas horas. Boostani et al. (2010)
objetivo de promover melhor isolamento térmico da
verificaram a redução de ascite em frangos de 7 a 21
instalação (Laganá, 2012).
dias de idade e de 14 a 28 dias que foram submetidos a 8 horas de jejum durante o período
Jaenish et al. (2001) avaliaram o efeito do uso de
avaliado.
cortinas suplementares (estufa) sobre a incidência de ascite em frangos da linhagem Cobb até 21 dias
Independente do tipo de restrição adotado esta
de idade e concluíram que esta prática reduziu a
prática deve ser realizada entre a segunda e terceira
mortalidade causada por este distúrbio em 11,33% ,
semana de vida. Após este período as aves devem
devido ao melhor controle da temperatura .
passar por três semanas de realimentação e não podem apresentar uma redução de mais de 12% no
Manutenção da qualidade do ar nos galpões
seu peso corporal. Caso isso ocorra o ganho
O uso adequado dos ventiladores nos galpões é uma
compensatório será comprometido (Butzen, 2012;
prática eficaz para promover a renovação do ar e
Rosa et al., 2000).
reduzir
as
fornecendo
Programa de luz Outra medida para reduzir a incidência de ascite é a adoção de programas de luz do tipo intermitente, caracterizado por apresentar ciclos repetidos de luz e escuro dentro de um período de 24 horas (Moraes et al., 2006).
concentrações quantidade
de gases
suficiente
poluentes
de
oxigênio
(Jaenish et al., 2001). No inverno a ventilação deve ser mínima, mas eficiente com uma velocidade máxima de ar entre 0,2 m/s e 0,5 m/s. A maioria dos manuais de linhagens de frango de corte recomendam níveis de
Geralmente a maioria das granjas nos três primeiros dias de vida da ave utilizam 23 horas de luz e uma hora de escuro e somente a partir desse período adotam um programa de luz específico para o controle dos distúrbios metabólicos (Gonçalves et al., 2013).
oxigênio de acima de 19,6% e de amônia e dióxido de carbono respectivamente menores que 10 ppm e 3000 ppm (Gonçalves et al., 2013). Além disso, deve-se ressaltar que medidas como a troca e o tratamento correto da cama do aviário, 2
2
adequada densidade (18 m no inverno e 16 m no
Hassanzadeh et al. (2005) aplicaram programas de luz contínuo e intermitente (caracterizado por uma hora de luz e três ciclos de escuro repetidos seis vezes por dia) em frangos de 3 a 14 dias de idade e de 10 a 21 dias para avaliar a incidência de ascite. De acordo com os autores, quando foi adotado o programa de luz intermitente a incidência de ascite que era de 15% no contínuo foi reduzida em até 50% desse valor.
verão), ajuste dos bebedouros em altura, número e vazão de água fazem com que a emissão de amônia seja menor (Brito et al., 2010; Furlan, 2006). Cuidados na recepção dos pintainhos É fundamental que o galpão esteja devidamente pronto para receber os pintainhos de um dia. As campânulas devem ser acesas cerca de duas horas antes da chegada dos pintainhos no verão e quatro horas antes no inverno. É necessário que o círculo
Controles da temperatura ambiental
de proteção e a cama estejam bem distribuídos e
O conforto térmico é fundamental para o bom
bebedouros, comedouros abastecidos (Gonçalves et
desenvolvimento inicial das aves o que irá refletir no
al., 2013).
seu desempenho futuro. Sendo assim para garanti-lo é extremamente importante nas primeiras semanas
Luquetti et al. (2006) relataram que a mortalidade por
de vida fornecer fontes de aquecimento como cam-
síndrome ascítica em um galpão que não estava pre-
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7073
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
parado
para
o
recebimento
dos
pintinhos
parâmetros
productivos
y
la
incidência
al
correspondeu a 58% dos óbitos totais. Durante o
síndrome ascitico, 2008.38 f.Tese(Título de
alojamento 20.000 aves foram colocadas em um
médico veterinário y zootecnista) –Facultad de
único círculo de proteção, as campânulas não
Medicina
haviam sido ligadas com antecedência e 70% dos
UniversidadMichoacana de San Nicolás de
pintinhos foram molhados quando foi realizado o
Hidalgo, Michoacán , 2008.
abastecimento dos bebedouros.
veterinária
y
Zootecnia.
DALANEZI, L.M., JOSÉ ANTONIO DALANEZI, J.A., CELIDONEO, R.T., OSERA,R.H., PEREIRA,R.E.,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ROCHA,T.S. 2008. Ocorrência de síndromes
A síndrome ascítica é um dos grandes desafios que
metabólicas em diferentes linhagens de frangos
deve ser enfrentado pela avicultura de corte atual.
de corte. PUBVET, Londrina, v. 2, n. 50, ed. 61,
Sua importância está relacionada aos impactos
Art.
econômicos gerados no setor avícola com perdas
<http://www.pubvet.com.br/artigos_det.asp?artigo
estimadas em até um bilhão de dólares. Para que
=375>. Acesso em: 25/01/2015.
este problema seja superado é necessário conhecer
FONTES,
375.
Disponível
S.F.,HERNANDES,
em:
R., MACARI,
M.,
todos os fatores envolvidos na sua incidência para
BERNAL, F.M. 2000. Viscosidade
estabelecer medidas eficazes para seu controle e
como parâmetro de diagnóstico da síndrome
assim a avicultura de corte continuará sendo
ascítica em linhagens de frangos de corte com
destaque no agronegócio brasileiro.
diferentes suscetibilidade. Revista Brasileira de
do sangue
Ciência Avícola, n.1, v.2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELUSSO,
DIANE.,
HESPANHOL,
FURLAN, R.L. 2006. Influência da temperatura ANTÔNIO
NIVALDO. 2010. A evolução da avicultura industrial brasileira e seus efeitos territoriais. Revista Percurso. Maringá, n.1, v.2, p.25-51. BOOSTANNI,
A.,
ASHAYERIZADEH
A.,
MAHMOODIAN FARD HR., KAMALZADEH A. 2010. Comparison of the effects of several feed restriction periods to control ascites on performance,
carcass
characteristics
and
hematological indices of broiler chickens. Brazilian Journal of Poultry Science, n.3, v.12, p. 171 – 177.
ambiente na produção de frangos de corte. In: Simpósio
Brasil
Sul
de
Avicultura,VII.Chapecó.Disponível em:<levy.blog.br/arquivos/aula-fesurv/downs-960.pdf>.Acesso em;13/12/2014. GAYA, L.G. MOURÃO, G.B., FERRAZ,J.B.S. 2006. Aspectos genético-quantitativos de características de desempenho, carcaça e composição corporal em frangos.Ciência Rural, Santa Maria, n.2, v.36, p.709-716. GONZALES,
F.H.D.,
HAIDA,
D., GIANNESI,G., KRONBAUER,
K.S.,
MAHL, E.
2001.Incidência de doenças metabólicas em
BRITO, A.B., CARRER, S.C., VIANA, A. 2010.
frangos de corte no sul do Brasil e uso do perfil
Distúrbios metabólicos em frangos de corte:
bioquímico sanguíneo para seu estudo. Revista
ênfase
Brasileira de Ciência Avícola, n.2, v.3, p.141-
em
ascite
e
morte
súbita.
In:
Congresso Latino Americano de Nutrição Animal, IV. Estãncia de São Pedro. Disponível em:<htt://file.aviculturaindustrial.com.br>.Aces so em 22/03/2015. BUTZEN, FERNANDA MARIA. 2012. Programa de restrição alimentar precoce e seu efeito sobre os índices zootécnicos e qualidade da carne de
frango
de
corte.
226
f.Dissertação
(Mestrado em Produção Animal)-Faculdade de Agronomia. UFRGS, Porto Alegre, 2012. COLÍN,E. Efecto del tamaño de partícula en el alimento del pollo de engorde sobre los 7074
147. GONÇALVES, F.M. et al. 2013. Manejo inicial de frangos de corte.In:Gentilini, F.P., ANCIUTI, M.A. Tópicos atuais na produção de suínos e aves.Pelotas: Instituto Federal Sul-rio-grandense, 62-78. Disponível em:<http :www.infsul.edu.br >. Acesso em : 03/05/2015. HASSANZADEH, M., SHOJADOOST, B., FEYZIH, A., BUYSE, J., DECUYPERE, E. 2005. Effect of intermittent lighting schedules at the young age of broiler chickens on the incidence of ascites and metabolic parameters. Arch.Geflügelk , n.69, p. 5761.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura de corte: características e pontos de controle
JACOBSEN, G., FLORES, M.L. 2008. Condenações por síndrome ascítica em frangos abatidos sob
peletizadas para frangos de corte. Archives of Veterinary Science, n.3, v.13, p.229-240.
inspeção federal entre 2002 e 2006 no estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria,
MORAES, D.T. 2006. Efeitos dos programas de luz
n.7, v.38, p.1966-1971. JAENISH, R.F., ÁVILA, V.S., MAZZUCO, H., ROSA, P.S.,
FIORENTIN,
L.
2001.
Síndrome
da
hipertensão pulmonar: a ascite em frangos de corte. Circular Técnico, n.27. Embrapa.
sobre o desempenho, rendimento de abate, aspectos econômicos e resposta imunológica em frangos de corte.51f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal)-Escola de Veterinária. UFMG, Belo Horizonte. MOREIRA, J., MENDES, A.A., GARCIA, E.A.,
LAGANA, C. 2012. Avicultura: cuidados com o inverno. Pesquisa e tecnologia, n.1, v.9.
OLIVEIRA, R.P., GARCIA, R.G., ALMEIDA, I.C.L.
LUQUETTI, B.C., OLIVEIRA, D.S., COZZA, R.A.Q.
carcaça e qualidade da carne do peito em
2006. Síndrome ascítica em frangos de corte -
frangos de linhagens de conformação versus convencionais. Revista Brasileira de Zootecnia,
Relato de caso Ciên. Andradina, v.6, 73-78.
Agr.
Saúde.
FEA,
2003. Avaliação de desempenho, rendimento de
n.6, v.32, p.1663-1673.
LECZNIESKI, J.L., RIBEIRO ,A. M.L., KESSLER ,
NETO, M.G., CAMPOS, E.J. 2003. Incidência de
A.M., PENZ A.M.J. 2001. Influência da forma
ascite em diferentes categorias genéticas de
física e do nível de energia da ração no
frangos de corte alimentados com rações de alto nível energético. Pesq.agropec.bras, Brasília,
desempenho e na composição de frangos de corte. Arch.Latinoam. Prod.Amim, 6-11. MARCATO,
S.M.
2007.
Características
do
crescimento corporal, dos órgãos e tecidos de
n.6, v.38, p.665-671. PALOTA,
K.F.A.
2012.
Avicultura
de
corte:
duas linhagens comerciais de frangos de corte.
identificação dos sistemas de criação na região de Tabatinga. 51 f. Monografia (Título em
207f. Tese (Doutorado em Zootecnia)-Faculdade
Tecnólogo em Agronegócio) - Faculdade de
de Ciências Agrárias e Veterinárias.Universidade
Tecnologia de Taquaritinga. Centro Estadual de
Estadual
Educação
Paulista
Julio
de
Mesquita
Filho,
Jaboticabal.
Tecnológica
“Paula
Sousa”,
Taquaritinga.
MASCHIO, M.M., RASZL, S. M. 2012. Impacto financeiro das condenações post-mortem parciais
RABELLO, C. B.V. 2008. Produção de Aves em Clima Quente. In:ZOOTEC,2008. João Pessoa.
e totais em uma empresa de abate de frango. Etech: Tecnologias para Competitividade
Disponível
Industrial, Florianópolis, n. esp. alimentos, p. 26-
Acesso em 22/06/2015.
38.
em
:<www.abz.org.br/files.php?file=documentos>. ROSA, P.S., AVILLA, V.S., JAENISCH, F.R.F. 2000.
MCGOVERN, R.H. FEDDES, J.J.R., ZUIDHOF, M.J., HANSON J.A., ROBINSON, F.E. 2001. Growth performance, heart characteristics and the incidence of ascites in broilers in response to carbon dioxide and oxygen concentrations. Canadian Biosystems Engineering/Le génie des biosystèmes, Canada , n.43 , p 4.1 -4.6. MCGOVERN, R.H. 1997.
Growth performance,
Restrição alimentar em frangos de corte: como explorar suas potencialidades. Comunicado técnico. Embrapa. ROSÁRIO, K.F.A., SILVA, M.A.N., COELHO, A.A.D., SAVINO, V.J.M. 2004. Síndrome ascítica em frangos de corte: uma revisão sobre a fisiologia, avaliação e perspectivas. Ciência Rural, Santa Maria, n.6, v.34, p.1987-1996.
carcass charactheristics, and the incidence of
SUGETA, S.M., GIACHETTO, P.F., MALHEIROS,
ascites in broilers chickens in response to short
E.B., MACARI, M., FURLAN, R.L. 2002. Efeito da
term feed restriction, temperature, fluctuations and litter oiling. 144f. Thesis (Master of Science
restrição alimentar quantitativa sobre o ganho
Animal)-
Faculty
of
Graduate
Studies
and
Research.Universityof Alberta,Edmonton. MEURER, R.P., A. FÁVERO, A., DAHLKE, F., MAIORKA, A. 2008. Avaliação de rações
compensatório e a composição da carcaça de frangos. Pesq.agropec. bras, n.7, v.37, p.903908. TAVARES,
L.P.,
RIBEIRO,
K.C.S.
2007.
Desenvolvimento da avicultura de corte brasileira
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
7075
Artigo 445 – Síndrome ascítica na avicultura d corte: características e pontos de controle
e
perspectivas
frente
à
influenza
aviária.
VARGAS, G.D., BRUM, P.A.R.,
FIALHO, F.B.,
Organizações Rurais e Agroindustriais, Lavras, n.
RUTZ, F., BORDIN, R. 2001. Efeito da forma
1, v. 9, p. 79-88.
física da ração sobre o desempenho de
TORRES, C.A.L., HERRERA, P.A., GÓMEZ, M.A., ELÍAS, O.L., SIFUENTES, L.A.H. 2013. Efecto del metronidazol em
pollos
de
carne con
frangos de corte machos. Revista Brasileira de Agrociência, n.1,v.7, p.42-45. VASQUEZ, C. 2009. Calidad de bbafectado
síndrome ascítico. Rev. SaludAnim, n.1, v.35, p.
desde
45-51.
Disponível
UBABEF. 2013. União Brasileira de Avicultura. Relatório
Anual UBABEF 2013.São Paulo.
Disponível em: < www.ubabef.com.br>.Acesso em 18/03/2015. UBABEF. 2014. União Brasileira de Avicultura.
la
incubadora,
caso.
em
:<http://www.ergomix.com>.Acesso
em
:
16/04/2015. VILLA, D.M., QUINTANA, J.A.L., CASTANEDA, S.M.P. 1999. Efecto de la ventilación por presión positiva sobre los parâmetros
Relatório Anual UBABEF 2014. São Paulo.
productivos
de
Disponível em:< www.ubabef.com.br>.Acesso em
durantesiete
semanas
02/03/2015.
ambiente natural.Vet. Méx, 99-103.
7076
Ergomix.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.14, n.5, p.7067-7076, set/out, 2017. ISSN: 1983-9006
pollo
de
engorda,
encasetas
de