NutriTime Revista Eletrônica n. 03 vol. 15 2018

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Revista Eletrônica

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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE da em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.

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Sumário

ARTIGOS 466 – Piracema: período de preservação dos peixes nativos .................................................................................. 8153 Matheus Hernandes Leira, Hortência Aparecida Botelho, Bianca Batista Barreto, Hadassa Cristhina de Azevedo Soares dos Santos, Jorge Henrique Villela Botelho 467 – Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes............................................................................................................ 8163 Anderson Antonio Ferreira da Silva, Glayciane Costa Gois, Rosa Maria dos Santos Pessoa, Fleming Sena Campos, Cristina Aparecida Barbosa de Lima 468 – Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura .................................................. 8172 Sandra Regina Marcolino Gherardi, Rafael Porto Vieira 469 – Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura ........................ 8182 WaldJânio de Oliveira Melo, Everton Sousa e Sousa, Ricardo Cézar Barros Dos Santos


Piracema: período de preservação dos peixes nativos Peixes Nativos, migração, reprodução,recursos pesqueiros, preservação.

Revista Eletrônica

1*

Matheus Hernandes Leira 2 Hortência Aparecida Botelho 3 Bianca Batista Barreto 3 Hadassa Cristhina de Azevedo Soares dos Santos 4 Jorge Henrique Villela Botelho

Vol. 15, Nº 03, Maio/Jun. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

1

Médico Veterinário, Doutor e Pesquisador – Universidade Federal de Lavras - UFLA - Brasil. *E-mail. matheushernandes@uol.com.br. 2 Mestre e Doutoranda pela Universidade Federal de Goiás - UFG, Brasil. 3 Professora e Pesquisadora do Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS, Varginha-MG, Brasil. 4 Mestre e Doutorando pela Universidade Jose do Rosário Vellano – UNIFENAS – Alfenas-MG, Brasil.

RESUMO O tema ―piracema‖ é relevante e importante para o conhecimento da população, uma vez que as

PIRACEMA: PERIOD OF PRESERVATION OF NATIVE FISH

consequências da desobediência do período trazem

ABSTRACT The theme "piracema" is relevant and important for

grandes problemas econômicos- ambientais para a

the

própria população, com o passar dos anos. Portanto,

consequences of the disobedience of the period

é importante a conscientização da população para

bring great economic-environmental problems for the

preservação dos ambientes aquáticos também no

population itself over the years. Therefore it is

período da piracema. Na intenção de identificar o

important to raise awareness of the population to

conhecimento populacional com relação ao tema,

preserve aquatic environments also in the period of

saber se há fiscalização ambiental neste período,

piracema.

dentre outros fatores importantes.

knowledge related to the topic, to know if there is

knowledge

In

of

order

the

to

population,

identify

the

since

the

population

environmental control during this period, among other Palavras-chave: reprodução,

peixes

recursos

nativos,

pesqueiros,

migração, preservação.

important factors. Keyword: native fish, migration, reproduction, fishing resources, preservation.

8153


Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

INTRODUÇÃO

Não há como negar que o recurso natural vem se

As questões ambientais passaram despercebidas

esgotando dia após dia, diante disso foi criada a

pela humanidade por muito tempo, estudiosos

Piracema, para que se preservem as espécies de

chegaram a afirmar que os recursos naturais eram

peixes pelo menos em seu período mais importante,

infinitos e que não acabariam jamais, portanto, as

o de maturidade sexual, reprodução e desova. A

nações não deveriam se preocupar, pois a imensa

pesquisa se propõe a analisar estes problemas que

diversidade dos recursos naturais existentes no

cercam este período tão importante, piracema, e

planeta terra seriam suficientes para manter toda a

principalmente levar a um entendimento completo

população mundial bem atendida quando se tratasse

sobre o assunto.

dos recursos naturais. O presente artigo tem como objetivo geral trazer Tais recursos se mantiveram assim com a falsa ideia

informações

de infinito enquanto as atividades humanas eram

Piracema, migração e reprodução dos peixes, bem

relevantes

sobre

o

período

da

executadas de forma harmônica com os recursos

como a prática da pesca predatória neste período e

naturais, mas, diante da cobiça e o desejo de poder

suas consequências ao meio ambiente.

da espécie humana, deixou-se de pensar que o próprio homem fazia parte de todo o meio ambiente, esquecendo-se que o mesmo é um ciclo de vida, e que consequências devastadoras poderiam retornar para si próprio.

PIRACEMA Piracema é o período de reprodução, em que os peixes buscam locais mais adequados para a desova e alimentação (IEF, 2015), acontece entre primeiro de novembro e vinte e oito de fevereiro do

Há uma grande preocupação com relação ao futuro do planeta, suas espécies e todo ser vivo que nele habita, uma vez que, não há como negar que o recurso natural vem se esgotando dia após dia, diante disso, a necessidade de analisar sob um novo e incontestável prisma. A partir do momento em que

ano

subsequente.

Este

período

pode

sofrer

alterações de acordo com a região e as questões climáticas. Esse fenômeno é considerado essencial para a preservação da piscicosidade dos rios e das lagoas, e é um período previsto por portaria do órgão ambiental.

se começou a perceber que o controle total dos recursos

prejudicava

todo

o

meio

foi

criada

intervenções contidas em normas e leis (Federais e Estaduais), como por exemplo, a Piracema.

severa por meio de ações dos órgãos públicos e institutos que buscam proporcionar a proteção e recuperação do meio ambiente, o que inclui a fauna existentes

reservatórios, aquáticos,

represas

como

nos e

cercamento

cursos demais de

longas jornadas, vencendo obstáculos naturais, tais como cachoeiras e corredeiras, enfrentam também

A legislação ambiental brasileira tornou-se mais

aquática

Todos os anos várias espécies de peixes fazem

d’águas, ambientes

nascentes

e

zoneamento pesqueiro, isso se fez necessário devido aos danos drásticos que a fauna aquática vem sofrendo, causando desequilíbrio ecológico e econômico ao ambiente natural.

os obstáculos impostos pelo homem, tais como barragens hidrelétricas (SOUSA, 2017). Durante a piracema, fica proibida qualquer atividade de pesca profissional, sendo somente permitida a pesca de subsistência pelo pescador tradicional e/ou amador, utilizando caniço simples ou vara com molinete, limitada em lei a quantidade de peixes e o tamanho permitido da captura. Migração dos Peixes Segundo o dicionário da língua portuguesa Aurélio, migrar significa deslocar-se para outro lugar, país ou

OBJETIVO

região. Migração dos peixes é um fenômeno

Na atualidade em que vivemos é possível perceber, através de leis e políticas públicas, a preocupação com meio ambiente e os recursos nele envolvidos.

biologicamente complexo e muito importante para preservação das espécies e necessária para o desenvolvimento das gônadas (ovários e testículos), maturação

dos

gametas

e

posterior

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desova. 8154


Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

Algumas precisam migrar para se reproduzir como

na bacia do rio doce, o qual ocorre entre os meses

dourados, pacus, curimbatás, tambaquis, tabaranas,

de abril e junho, durante a lua cheia. Nesse período,

dentre outras. Entretanto, outras espécies como

os peixes, por formarem grandes cardumes, ficam

lambari, traíras, pirarucus, tucunarés, carás e tilápias

vulneráveis a predadores, caracterizando, o início da

se reproduzem em águas paradas (ambientes

pesca anual no estado, pois se entende que os

lênticos).

peixes já cumpriram o ciclo de reprodução (SOUSA,

Essa

diferença

no

comportamento

reprodutivo classifica os peixes em dois tipos,

2014).

espécies sedentárias e migradoras, ainda que algumas

espécies

possam

apresentar

padrão

PESCA PREDATÓRIA A pesca predatória pode ser entendida como sendo

intermediário (SILVA, 2017).

aquela que retira do meio ambiente muito mais do As espécies consideradas sedentárias podem fechar

que ele consegue repor de maneira natural. Assim,

todo

eventos

podemos destacar, por exemplo, a diminuição de

reprodutivos, em uma mesma área da bacia

populações inteiras de peixes, frutos do mar e até

hidrográfica em que vivem. Mas as espécies

mesmo de plantas pertencentes ao ecossistema. A

migradoras necessitam basicamente de três tipos de

pesca predatória tem consequências realmente

ambiente dentro da bacia para completar seu ciclo

desastrosas, uma vez que a grande maioria das

de vida: área de desova, de crescimento e de

espécies ameaçadas poderá estar completamente

alimentação.

extintas num tempo não estimado, mas, caso

o

ciclo

de

vida,

incluindo

os

aconteça,

gerará

consequências

ambientais

e

Desta forma os peixes migratórios podem ser

econômicas muito difíceis de prever. Cabe às

classificados: Potamódromos: São os peixes que

autoridades a adoção de leis realmente eficientes,

vão realizar o processo de migração somente em

que protejam os rios, mares e oceanos, e que, de

ambientes de água doce, os oceanódromos são

fato, promova a fiscalização das atividades de pesca,

espécies de que vão realizar processos de migração

assim como a punição das arbitrariedades realizadas

em ambientes de água salgada; no entanto,

(SOUSA, 2014).

Diádromos são os peixes que realizam seu processo de migração em ambientes intermediários, que

Pesca predatória na Piracema

seriam aqueles entre água salgada e doce, os

A piracema é o fenômeno migratório em que várias

Anádromos que são aqueles que vão realizar o

espécies de peixes sobem contra a correnteza onde

processo de migração do mar para ambientes de

ficam sexualmente maduros, propiciando a desova e

água doce.

reprodução das espécies. Durante esse fenômeno, a pesca é extremamente proibida, sendo somente

Porém, os organismos vão ser eclodidos em

permitida a pesca de subsistência, caso contrário, tal

ambiente salino e para realizar seu processo de

ato configura como crime, devendo os autores

reprodução migram para ambientes lemniscos (água

dessas práticas sofrer as sanções vigentes de

doce), e por fim, os Catádromos, peixes que vão

acordo com cada região (SILVA, 2017).

realizar migrações dos locais onde nascem (água doce) e se reproduzir em ambientes de água salina

No estado de Minas Gerais, neste período pode ser

(BRASIL, 2017).

pescado três quilos de peixe, mais um exemplar por dia, ou seja, se for pescado os três quilos e mais um

Lufada

peixe (seja de qualquer tamanho) ainda assim estará

A lufada é a migração lateral dos peixes, vindos dos

dentro do permitido, conforme a portaria:

lagos em direção ao rio principal (sendo o Rio Doce a principal bacia hidrográfica do Sudeste), no fim da

PORTARIA Nº 156, 13 de outubro de 2011.

seca.

Art. 7º. IV - Captura e transporte de 3 (três) kg de

Em períodos curtos se concentram em

grandes cardumes na boca de lagos com o intuito de

peixes

migrarem para o rio. Um exemplo de lufada acontece

profissional e cota de 3 (três) kg mais um exemplar

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mais

um

exemplar

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para

o

pescador


Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

para o pescador amador, por dia ou jornada de

A escassez das espécies, diminuição dos peixes e

pesca, somente das espécies não nativas (alóctones

a inserção dos meios de pesca mais poderosos e

e exóticas) e híbridos.

mecânicos, utilizados para captura do pescado,

Pescadores que estiverem irregulares, pescando além do permitido, sem a carteirinha ou utilizando materiais inadequados para este período estão sujeitos à multa, além da apreensão do material de pesca.

podem

acarretar

em

prejuízo

econômico

de

algumas famílias e o afastamento do pequeno pescador, de seus ambientes de trabalho, suas experiências

e

conhecimento.

Os

pescadores

profissionais que têm a pesca como única fonte de renda, se vêm no mercado do desemprego, visto que em muitos casos a pesca é familiar, passada

IMPACTOS AMBIENTAIS A poluição através do esgoto "in natura" produzido pela população, milhares de toneladas de lixo que escorrem pela rede de córregos e pequenos rios, desmatamento da mata ciliar, pesca predatória, soltura de peixes não nativos, exploração ilegal de areia e outros crimes ambientais que geram impactos na natureza, são algumas das ações predatórias que diversos estados vêm sofrendo.

por gerações, excluindo a chance de experiências profissionais em outras áreas. (SOARES, LIMA, BRANDÃO, 2005). TIPOS DE PESCA Categoria A: Amadora / Esportiva Pode ser considerada a uma ―paixão nacional‖, é uma atividade de pesca de natureza não comercial, realizada com a finalidade de lazer ou recreação, uma tendência empregada é o pesque e solte. De

A falta de consciência humana e os avanços

acordo com a lei federal (Lei 14.181, de 17 de janeiro

tecnológicos vêm degradando cada vez mais o

de 2002, regulamentada pelo Decreto Estadual nº

meio

de

43.713, de 14 de janeiro de 2004), o pescador

matérias-primas

amador tem uma cota de captura que é de 10 quilos

ambiente

aproveitamento

natural máximo

na das

intenção

dispostas pela natureza. No setor de pesca não é

mais

diferente, a devastação acontece da mesma forma

estuarinas, e de 15 quilos mais um exemplar em

e

águas oceânicas, respeitando ainda o tamanho

pelos

mesmos

motivos

(SOARES,

LIMA,

BRANDÃO, 2005).

um

exemplar

em

águas

continentais

e

mínimo, o período de defeso e espécie protegida. Na pesca amadora é permitido o uso de anzol,

A pesca pode ser considerada predatória quando é

chumbada, linha, vara ou caniço, molinete ou

realizada fora do período determinado pelo Instituto

carretilha ou similar, puçá, iscas artificias e naturais,

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

e embarcação.

Naturais

Renováveis

(IBAMA),

na

época

da

Piracema, por exemplo, ou quando são utilizadas

A pesca amador-esportiva tem que ser autorizada e

de

licenciada pelo órgão competente. Ela é dividida em

redes

ou

técnicas

não

permitidas

para

determinada região hidrográfica. É considerada sobre pesca a captura de pescados de forma exagerada, de forma que ultrapasse o nível de rendimento biológico, ou seja, quando a captura é maior que a reprodução para reposição de espécies. A pesca predatória e a sobrepesca, tem consequências realmente desastrosas, muitas espécies estão correndo risco de extinção em função da atuação das mesmas. Como o equilíbrio do ecossistema depende da existência de todas as espécies, quanto maiores às atividades ilegais de pesca, maiores as consequências (FRAQMAC, 2013).

duas categorias: Categoria

A1:

embarcado:

utilizando-se

embarcações. Categoria

A2:

desembarcado:

realizada

sem

embarcações e com os petrechos previstos. Categoria B: pesca profissional É praticada como uma profissão é o principal meio de vida, o pescador deve ser cadastrado e licenciado no órgão competente, especifica por cada bacia hidrográfica no estado. Ela também é subdividida em categorias: Categoria B1: exercida por pescadores profissionais, permitido o uso de rede de emalhar, tarrafa, anzol, linha, chumbada, vara ou caniço, espinhel, caçador,

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Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

penda ou anzol de galha, molinete ou carretilha ou

secundárias, alças e anzóis, nas duas extremidades

similar, João bobo, galão ou cavalinha, embarcação

do aparelho são colocados boias luminosas e boias

e demais aparelhos normatizados pelo órgão (IEF).

rádio para facilitar sua localização, a largada do

Categoria B2: aprendiz de pesca profissional, com a

espinhel é realizada pela popa a uma velocidade de

mesma utilização dos petrechos da B1, com

5 a 6 nós. Na despesca o recolhimento é realizado

autorização do pai ou responsável legal.

com auxílio de um guincho especial line-hauler, que

Categoria C: subsistência, praticada por pessoas

recolhe a linha principal, possibilitando livremente a

carentes, nas imediações de suas residências, em

passagem da linha sec

ambientes de domínio público, com a utilização de

undária. Existem dois tipos de espinhéis: de

anzol, chumbada, linha e caniço, destinando-se ao

superfície, que é deixado à deriva sustentado por

sustento

boias, e o de fundo, que permanece fixo ao fundo

da

família,

normatizada

pelo

órgão

competente.

com emprego de âncoras (IBAMA, 1996).

Categoria D: científica, praticada com finalidade exclusiva de pesquisa e/ou manejo, por pessoas

Gancho ou Fisga

com qualificação técnica para tal fim, normatizada e

Semelhante a um garfo de grande tamanho com

autorizada pelo órgão competente.

farpas parecidas com as de anzóis e fabricado de

Categoria E: desportiva, realizada para fins de

metal, o gancho ou fisga é utilizado para captura de

competição, promovida por entidade regularmente

peixes que nadam superficialmente. É proibido, pois,

constituída, sujeita à autorização e licenciamento do

captura peixes com requintes de crueldade (SOUZA,

órgão competente, nos termos das normas vigentes.

2014).

Categoria F: despesca, destinada à captura de espécimes da fauna aquática para fins comerciais e de manejo, sujeita à regulamentação do órgão competente (IEF, 2004).

Tarrafa A tarrafa brasileira é uma rede, de forma afunilada, tendo na base superior uma longa corda pendente, que permanece presa à mão do pescador, sendo

PETRECHOS PROIBIDOS NA PESCA DURANTE A PIRACEMA Petrechos são objetos e utensílios necessários para execução de atividades de pesca, e tem como finalidade coletar e capturar peixes e outros animais aquáticos, dentre estes podemos citar, tarrafa, rede de emalhar, espinhel, gancho ou fisga, garatéia, colher, entre outros (SOUSA, 2014).

lançada aberta na água. Em sua base inferior, são feitos em círculos, e em filas pequenos pedaços de chumbo, em distâncias iguais (PEDROSA, 2017). A tarrafa mede aproximadamente seis metros de altura, 10 a 40 de circunferência, e tem peso estimado entre 6 a 8 quilos, são distanciadas de 3 centímetros de nó a nó e confeccionada com fios de algodão ou de tucum. Podendo ser encontrada em malha de 10 mm a 50 mm. Este tipo de apetrecho

Rede de Emalhar A rede de emalhar é utilizada na superfície, é um

tem capacidade de capturar quantidade significativa de peixes (PEDROSA, 2017).

método de pesca que utiliza uma estrutura de rede com uma variação no comprimento total das redes que oscila entre 600 e 4.050 m, com média de 3.200 m, e a altura varia entre 3 e 5 m, sugere-se como medida de ordenamento o uso de redes com malhas a partir de 11 cm entre nós opostos, podendo ser constituída por um, dois ou três panos de rede de diferentes malhagens, mantidos em posição vertical

Garatéia Aparelho náutico composto de três pontas ou mais, tipo âncora (improvisadas em pequenos barcos) ou anzol, utilizado por lançamento ou arrasto, e também para recolher resíduos e objetos submersos ou emersos (SOUZA, 2014).

por meio de cabos de flutuação e cabos de lastro, que podem ser isolados (SOUZA,2014).

Colher Equipamento de pesca que possui o corpo feito de

Espinhel

metal, curvada e cortada de diferentes maneiras a

O espinhel é formado pela linha principal, linhas

critério do fabricante. A linha é presa na parte da frente

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Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

da frente em um orifício ou argola, ou através de um

A Polícia Militar Ambiental tem como principal

grampo. Na parte posterior, é colocado um anzol ou

ocupação ser efetiva na fiscalização de explorações

garatéia,

florestais transporte de produtos e subprodutos

geralmente

camuflados

com

linhas

coloridas e/ou penachos (SOUZA, 2014).

florestais, transporte e comércio de pescados, transporte e comércio de plantas vivas, procedentes

ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL

de florestas, desmatamento, queimadas, criadouros

Atribuições da Polícia Militar Ambiental

de animais silvestres, atividades de pisciculturas,

A conceituação do poder de Polícia Ambiental exige

coibir as atividades poluidoras do meio ambiente e

necessariamente o adequado entendimento da

implementar

conceituação de poder de Polícia desenvolvido pelo

ambiental,

Direito Administrativo.

Promotorias

O poder de polícia, conforme ensina Edis Milaré,

fornecendo relatórios e laudos necessários para dar

vem evoluindo através das práticas do direito no

início à ação penal e civil de reparação de danos ao

decorrer da história, sob a influência da transição do

meio ambiente. Cabe ainda ressaltar que o Poder de

estado liberal para o estado do bem-estar social.

Polícia

Da polícia geral passou-se às polícias especiais,

Ambiental tem respaldo na Lei Federal nº 6.938 de

cuja atribuição peculiar cuidar da elaboração e

31/Ago./81, com redação dada pela lei 7.804, de

aplicação das normas que regulam determinados

18/Jul./89, que dispõe sobre a Polícia Nacional do

negócios do estado e interesses da comunidade.

Meio Ambiente.

campanhas como

educativas

também

de

Justiça

Ambiental

na

cooperar do

conferido

Meio

à

área

com

as

Ambiente,

Polícia

Militar

(Edis Milaré, direito do ambiente, 5 edições, p.822). A Polícia Militar Ambiental foi contemplada como Paulo Leme Afonso Machado define Poder de

integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente

Polícia Ambiental como a atividade da Administração

(SISNAMA), em virtude do estabelecido no Art. 6º da

Pública que limita ou disciplina o direito, interesse ou

lei federal:

liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de

"Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, DOS

fato de interesse público concernente à saúde da

ESTADOS, responsáveis pela proteção e melhoria

população, à conservação dos ecossistemas, à

da qualidade ambiental, constituirão o Sistema

disciplina da produção e do mercado, ao exercício

Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA."

de atividades econômicas ou de outras atividades dependentes de concessão, autorização/permissão

Resultados da Ação da Policia Militar Ambiental

ou licença do Poder Público de cujas atividades

Nos últimos dez anos, a ação eficiente da Polícia

possam decorrer poluição ou agressão à natureza.

Militar Ambiental nos diversos ecossistemas do país

O autor ainda descreve que o Poder de Polícia Ambiental instrumentaliza-se, por meio do auto de infração, com a imposição das medidas elencadas no artigo 3º do Decreto 6.514/2008: advertência, multa,

apreensão

dos

animais,

produtos

e

subprodutos da fauna e flora e demais produtos e subprodutos

objeto

da

infração,

instrumentos,

petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração, destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas; demolição de obra; suspensão parcial ou total das atividades restritiva de direitos.

contribuiu

para

a

conservação

mostrando

os

seguintes resultados: Redução do contrabando e comércio ilegal de animais silvestres; maior controle de desmatamento da Mata Atlântica; controle total da caça ilegal de jacaré no Pantanal; elaboração e implantação de programas para capacitação interna; implantação e execução de diversos programas de educação ambiental, controle das ações ilegais de extração mineral; apoio a diversos programas de pesquisas (PMAMBIENTAL, 2017). LEGISLAÇÃO FEDERAL EM 12 DE FEVEREIRO DE 1988, EM BRASÍLIA, O PRESIDENTE JOSÉ SARNEY SANCIONOU A LEI Nº 7.653. LEI Nº 7.653, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1988.

Atribuição da Polícia Militar Ambiental

Altera a redação dos artigos 18, 27, 33 e 34 da Lei

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Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre

§ 6º Se o autor da infração considerada crime nesta

a proteção à fauna, e dá outras providências.

lei for estrangeiro, será expulso do país, após o

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faz saber que o

cumprimento da pena que lhe for imposta, (Vetado),

Congresso Nacional decreta e eu sanciono a

devendo a autoridade judiciária ou administrativa

seguinte lei:

remeter, ao Ministério da Justiça, cópia da decisão

Art. 1º Os arts. (Vetado), 27, 33 e 34 da Lei nº 5.197,

cominativa da pena aplicada, no prazo de 30 (trinta)

de 3 de janeiro de 1967, passam a vigorar com a

dias do trânsito em julgado de sua decisão.

seguinte redação: (Vetado). Art. 27. Constitui crime punível com pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a violação do disposto nos arts. 2º, 3º, 17 e 18 desta lei. § 1º É considerado crime punível com a pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos a violação do disposto no artigo 1º e seus parágrafos 4º, 8º e suas alíneas a, b e c, 10 e suas alíneas a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, l e m, e 14 e seu § 3º desta lei.

Art. 33. A autoridade apreenderá os produtos da caça e/ou da pesca bem como os instrumentos utilizados na infração, e se estes, por sua natureza ou volume, não puderem acompanhar o inquérito, serão entregues ao depositário público local, se houver, e, na sua falta, ao que for nomeado pelo Juiz. Parágrafo único. Em se tratando de produtos perecíveis, poderão ser os mesmos doados a

§ 2º Incorre na pena prevista no caput deste artigo

instituições científicas, penais, hospitais e/ou casas

quem provocar, pelo uso direto ou indireto de

de caridade mais próximas.

agrotóxicos

ou

de

qualquer

outra

substância

química, o perecimento de espécimes da fauna ictiológica existente em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou mar territorial brasileiro. § 3º Incide na pena prevista no § 1º deste artigo quem praticar pesca predatória, usando instrumento proibido, explosivo, erva ou substância química de qualquer natureza. § 4º Fica proibido pescar no período em que ocorre

Art.

34.

Os

crimes

previstos

nesta

lei

são

inafiançáveis e serão apurados mediante processo sumário, aplicando-se, no que couber, as normas do Título II, Capítulo V, do Código de Processo Penal." Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

a piracema, de 1º de outubro a 30 de janeiro, nos cursos d'água ou em água parada ou mar territorial,

LEGISLAÇÃO ESTADUAL DE MINAS GERAIS

no período em que tem lugar a desova e/ou a

PORTARIA Nº 154, 13 DE OUTUBRO DE 2011.

reprodução dos peixes; quem infligir esta norma fica

Dispõe sobre a regulamentação da pesca na Bacia

sujeito à seguinte pena:

hidrográfica do Rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais, no período da piracema, e dá outras

a) se pescador profissional, multa de 5 (cinco) a 20

Providências.

(vinte) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN e

O Diretor Geral do Instituto Estadual de Florestas -

suspensão da atividade profissional por um período

IEF, no uso das atribuições a ele conferidas pelo

de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias;

Decreto nº 44.807, de 12 de maio de 2008, e com

b) se a empresa que explora a pesca, multa de 100

respaldo na Lei Delegada nº 180 de 20 de janeiro de

(cem) a 500 (quinhentas) Obrigações de Tesouro

2011, Lei Delegada nº 79, de 29 de janeiro de 2003,

Nacional - OTN e suspensão de suas atividades por

alterada pela Lei Delegada nº 158 de 25 de janeiro

um período de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias;

de 2007, pela Lei n.º 2.606, de 5

c) se pescador amador, multa de 20 (vinte) a 80

1962, alterada pela Lei n.º 8.666, de 21 de

(oitenta) Obrigações do Tesouro Nacional-OTN e

setembro

perda de todos os instrumentos e equipamentos

14.181, de 17 de janeiro de 2002, regulamentada

usados na pescaria.

pelo Decreto nº 43.713, de 14 de janeiro de 2004,

§ 5º Quem, de qualquer maneira, concorrer para os

alterado pelo Decreto n º 43.854, de 13 de agosto

crimes previstos no caput e no 1º deste artigo

de 2004 e Decreto nº 44.844 de 25 de junho de

incidirá nas penas a eles cominadas.

2008, assim como pelo contido na Lei Federal

8159

de

de

janeiro de

1984 e, em especial, pela Lei n.º

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A Artigo 466 - Piracema: período de preservação dos peixes nativos

nº 11.959, de 29 de junho de 2009;

metros, quando não houver plano de manejo;

RESOLVE: Art. 1º Fixar anualmente o período de 1º de

e)

novembro a 28 de fevereiro, para o defeso da

permanentes e criadouros naturais, exceto para fins

piracema

científicos ou de manejo devidamente autorizado

na

Bacia

Hidrográfica

do

Rio

São

Nas

lagoas

marginais

temporárias

ou

Francisco, no Estado de Minas Gerais, com o

pelo órgão ambiental;

objetivo de assegurar a proteção à reprodução

f) A menos de 300m (trezentos metros) dos

natural das espécies de peixes nativos.

barramentos; g) No Rio Pandeiros e nos seus afluentes, em toda a

Parágrafo único. Entende-se por Bacia Hidrográfica, o rio principal, seus afluentes, lagos, lagoas, reservatórios e demais coleções de água que contribuam para sua formação. I - A captura e o respectivo porte, transporte, comércio, armazenamento, consumo e utilização para qualquer finalidade de espécies nativas da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, inclusive espécies utilizadas para fins ornamentais e de aquariofilia; II - Excetua-se da proibição do comércio, do armazenamento, do porte, do transporte e da utilização os espécimes nativos capturadas ou adquiridas antes do início do período da piracema, desde que realizada por comerciante de pescado ou pescador profissional e constante na Declaração de Estoque, devendo estar acobertadas por documento fiscal na qual se especifique as espécies e

Rio Paracatu, no Município de Lagoa Grande; i) Nos cursos d’água, cuja lâmina d’água possua fiscalização; j) No rio Cipó e seus afluentes, da nascente à foz com o Rio Paraúna; k) Para todas as categoria e modalidades, nas lagoas marginais, assim consideradas as coleções hídricas formadas pelo lago ou lagoa principal, e os alagados, alagadiços, banhados, canais de ligação ou poços naturais, situados em áreas inundáveis, que apresentam a comunicação com os rios e os demais ambientes hídricos, em caráter permanente ou temporário. l) No rio Abaeté e seus afluentes, de sua nascente até a sua desembocadura no rio São Francisco; m) No rio do Sono, da Cachoeira das Almas divisa de municípios de João Pinheiro e Buritizeiro até sua

quantidade. venda

h) No Rio da Prata, de sua nascente até sua foz no

largura igual ou inferior a 20 metros, no momento da

Art. 2º Proibir, durante o período de defeso:

A

sua extensão;

ou

aquisição

de

pescados

sem

a

comprovação da origem, através de documento fiscal, sujeita as partes envolvidas às sanções

foz no rio Paracatu; IV - A realização de torneios, campeonatos e gincanas de pesca, na bacia, em águas públicas, exceto em reservatórios de UHE, desde que

previstas na norma.

autorizadas pelos órgãos competentes, para captura de

espécies

alóctones,

exóticas

e

híbridos,

III - A realização da prática de atos de pesca, para

mencionadas nesta portaria;

todas as categorias, nos seguintes locais:

V - Com o uso, o porte e o transporte de aparelhos,

a) No perímetro compreendido entre 1.000 (um mil)

petrechos, equipamentos e métodos de pesca não

metros à montante e à jusante das barragens,

autorizados nesta Portaria;

usinas hidrelétricas, cachoeiras e corredeiras, assim

VI - Com o uso, o porte e o transporte de aparelhos,

entendido o trecho em que as águas correm sob

petrechos, equipamentos de pesca autorizados em

ages ou pedras, em velocidade superior ás de

locais cuja pesca for proibida;

montante e às de jusante;

VII - A pesca subaquática;

b) A menos de 500 (quinhentos) metros à montante

VIII - Fica proibido o uso de anzol de galha, pinda,

e à jusante da confluência e desembocadura de rios,

espinhel, galão, cavalinho, caçador, João bobo, ou

lagoas, canais e tubulações de esgotos;

quaisquer aparelhos fixos, na modalidade de espera,

c) Em locais proibidos, definidos na Legislação

bem como os equipamentos de emalhar. Os

Estadual e Federal;

aparelhos, petrechos, equipamentos e métodos de

d) No interior das unidades de conservação e

pesca não autorizados nesta Portaria.

proteção integral e seu entorno num raio de 10 quilô-

De acordo com a Secretaria de Estado de Meio

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8153-8163, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006

8160


Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável estão

profissional, das espécies citadas no artigo 5º.

proibidos:

III - O limite de captura é por dia ou jornada de

§ 1º Fica proibida a utilização de anzóis múltiplos e

pesca, período de tempo igual ou superior a 1 (um)

chuveirinho (petrecho constituído de dispositivo para

dia, a que o pescador se dedicar à sua atividade,

colocação de isca e vários anzóis acoplados no seu

ficando vedada a acumulação diária e o transporte

entorno ou pendentes);

de quantidade superior ao limite estabelecido.

§ 2º Fica estabelecida a cota para a pesca

IV - Utilizando somente linha de mão e anzol

profissional exclusivamente para consumo familiar,

simples, com uma farpa, vara ou caniço simples,

sendo

peixes

molinete e carretilha, chumbadas e encastol, iscas

capturados durante o período de defeso, de acordo

artificiais e naturais, sendo vedado a prática da

com o disposto nas Leis: n° 10.779/2003, Nº 7.998,

técnica da lambada. Somente nas iscas artificiais é

de 11 de janeiro de 1990 e N deg.9605/98.

permitido emprego de anzol tipo garatéia, limitados a

As infrações praticadas por pescadores profissionais

05 (cinco) varas e caniços por pescador licenciado;

deverão

de

§ 1º Entende-se por garatéia, o anzol que possua

Aquicultura e Pesca - MAP e ao Ministério do

mais de 01 (uma) farpa, denominado também de

Trabalho, para fins do art. 4º da Lei nº 10.779, de 25

anzol múltiplo.

de novembro de 2003.

§ 2º Entende-se por:

Art. 3º Todo o produto da pesca deverá estar

a) Espécie alóctone: espécie de origem e ocorrência

acompanhado de comprovação de origem, sob pena

natural em outras bacias brasileiras;

de

b) Espécie exótica: espécie de origem e ocorrência

vetada

ser

a

comercialização

comunicadas

apreensão

do

ao

pescado

e

dos

Ministério

dos

petrechos,

equipamentos e instrumentos utilizados na pesca.

natural somente em águas de outros países, que

Parágrafo Único: Entende-se por comprovante de

tenham sido introduzidas em águas brasileiras;

origem, o documento emitido pelos órgãos federal,

c) Híbrido: organismo resultante do cruzamento de

estadual, municipal, colônia de pescadores ou

duas espécies;

pescador devidamente registrado, que contenha

d) Autóctones: espécie de origem e ocorrência

informações sobre o emitente, local de origem e

natural na própria bacia.

destino, adquirente, espécies e quantidades, nº do

Art. 5º As espécies autorizadas para captura nesta

RGP\cadastro

Portaria são:

do

IEF

no

caso

de

pescador

profissional, data da emissão e endereço do adquirente.

Não

serão

aceitos

documentos

I - Alóctones: Tucunaré (Cicla

spp.),

Tambaqui

provenientes de associações de classe em geral. A guia de origem\transporte encontra-se anexa a

pescada do Piauí (Plagioscion squamosissimus),

portaria 060 de 2008.

Caranha

Quando adquirido do

comercio deverá ser acobertado por nota fiscal.

Apaiari

(Colossoma

macropomum),

Amarela

(Astronotus ou

ocellatus),

Pacu

(Piaractus

mesopotamicus), Caranha Preta ou Pirapitinga ou Pacu

(Piaractus

brachypomus),

A licença de pesca acoberta o porte guarda e transporte do pescado e petrecho desde que dentro

lacerdae), Piranha Vermelha (Pygocentrus nattereri),

dos limites estabelecidos nesta portaria. Art. 4º

Piranha Preta (Serrassalmus rhombeus).

Permitir a pesca amadora, profissional, embarcada e

II - Exóticas:

desembarcada, somente para espécies exóticas,

Tilápias (Oreochromis niloticus e Tilapia rendalli),

alóctones ou híbridas, constantes no art. 5º desta.

Bagre Africano (Clarias gariepinus), Catfish (Ictalurus

Portaria, nos rios dessa bacia hidrográfica e nos

punctatus), Carpa Comum (Cyprinus carpio), Carpa

reservatórios das usinas hidrelétricas, observados os

Espelho (Cyprinus carpio specularis), Carpa Capim

locais de restrições constantes nesta Portaria e nas

(Ctenopharyngodon

demais legislações em vigor, mediante as seguintes

(Hypophtalmichthysmolitrix),

Carpa

condições:

(Anstichtys

Bass

I - Portando a licença ou autorização do órgão

salmoides);

ambiental competente;

III - Híbridos:

II - Com limite para captura de 3 (três) kg de peixes

Pseudoplatysto macorruscans Ponto e Vírgula ou

mais um exemplar por pescador amador e 3 (três) kg

Pintachara- Pintado X Cachara (Pseudoplatystoma

de peixes mais um exemplar para o pescador

corruscans X Pseudoplatystoma fasciatum);

8161

fasciatum),

Cachara

(Pseudoplatystoma

nobilis),

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idella), Black

Trairão

(Hoplias

Carpa

Prateada Cabeçuda (Micropterus


Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

IV - Autóctones: Piranha

local de comércio.

(Pygocentrus

(Serrasalmus

piraya),

branditii),

Camboge

Pirambeba

c) O produto de que trata este artigo deverá estar

Tamoatá

acompanhado das respectivas notas fiscais e ou

ou

(Hoplosternum sp e Callichthys callichthys). Art.6º

O

produto

aquicultura

e

de

pesca

documentos de prova de origem.

proveniente

pesque-pague,

de

devidamente

CONCLUSÃO

registrados no IBAMA ou no Instituto Estadual de

Piracema é um período de suma importância

Florestas - IEF, em conformidade com a Lei da

ambiental, pois através dela é possível manter a

Pesca nº 14.181, de 17 de janeiro de 2002, deverá

continuidade dos recursos pesqueiros, visando evitar

estar acobertado por nota fiscal.

os impactos que envolve todo o planeta. A

Art.7º Fixar o segundo dia útil após o início do

dificuldade de manter o equilíbrio, alto número de

defeso, como data limite para declaração ao IEF,

infrações que são cometidas neste período prejudica

dos estoques de peixe in natura, congelados ou não,

toda a atividade pesqueira e também as espécies. É

provenientes de águas continentais, existentes nos

importante frisar, que falta ainda um empenho das

frigoríficos, peixarias, colônias e associações de

políticas públicas em relação à conscientização de

pescadores,

armazenados

pescadores

toda a população, investindo em materiais que

profissionais,

entrepostos,

de

venda,

propaguem a importância da piracema para a

depósitos e câmaras frias, em posse de feirantes,

preservação das espécies e ambiente em que

ambulantes, bares, restaurantes, hotéis e similares,

vivemos.

por postos

conforme modelo anexo. AGRADECIMENTOS LICENÇA PARA PESCA

FAPRMIG e CNPq.

A licença para pesca pode ser obtida por meio do órgão responsável (IEF). É necessário que todas as pessoas que pratiquem a pesca tenham essa licença. A prática da pesca, em desacordo com a legislação,

interfere

em

das

espécies

perpetuação

todo e

o

processo

renovação

de dos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Roberto Armando Ramos de. Direito do meio ambiente e participação popular. In: IBAMA. Estudos Educacao Ambiental. Ibama, 1996.

estoques, que serão sentidos na diminuição do

ALBERTINI, Marcia Luzia. Avaliação do impacto na

tamanho dos peixes e na quantidade disponível para

transferência do treinamento e do suporte à

a pesca nos anos subsequentes. Por isso, é tão

aprendizagem do evento instrucional ―curso de

importante a proteção dos peixes na época da

fiscalização ambiental‖ do IBAMA. 2013. CARRILHO,

Piracema.

Luciana

Maria

Cardoso.

"Pontos

Para retirada de Licença para pesca é necessário o

controvertidos do crime de pesca."

procedimento.

Jurídico: Revista do Ministério Público do Estado

I - A declaração deverá será elaborada em duas

de Minas Gerais (2016).

vias, não podendo conter rasuras.

MPMG

DE SOUSA, José Carlos Rodrigues. A PESCA

a) 01 (uma via deverá ser entregue no Escritório do

PREDATÓRIA NO RIO CUIABÁ COMO CRIME

Instituto Estadual de Florestas - IEF ou nas Frações

AMBIENTAL, REALIZADA NO MUNICÍPIO DE

da Polícia Militar de Meio Ambiente, no prazo

CUIABÁ NO PERÍODO DE PIRACEMA. Homens

estabelecido, e a outra será o comprovante da

do Mato-Revista Científica de Pesquisa em

entrega, devendo ser datada e assinada pelo

Segurança Pública, v. 6, n. 1, 2014.

servidor que a recebeu e conter o carimbo que

SOARES;Maria

Teresa

Costa;LIMA,Gilson

Brito

identifique o órgão ambiental.

Alves;BRADÃO,André Augusto Pereira.Impactos

b) O comprovante da entrega deverá ser mantido em

econômicosda degradação ambiental:a crise da

poder do declarante, competente ou na Fração de

atividade pesqueiraem Jurujuba-Niterói/Rio de

Polícia Militar de Meio Ambiente, para apresentação

Janeiro.

a fiscalização ambiental. Todo o pescado adquirido

REIS,

Mariana

Melara.

Licenciamento

ambiental

após o início do defeso deverá ser acobertado por

municipal: instrumento garantidor da realização

documento fiscal (ou cópia) e este deverá ser

do desenvolvimento sustentável. 2014. Tese de

anexado à declaração de estoque permanecendo no

Doutorado.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8153-8163, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006

8162


Artigo 466- Piracema: período de preservação dos peixes nativos

GARCIA, José Henrique. Migração de Peixes. Disponível em: <http://www.infoescola.com/ecologia/migracaode-peixes/> Acesso em: 10 de março de 2017 ás 14:21 hrs MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro,

11

edição,

p.309-310

-

PM

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8163

em:<

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8153-8163, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006


Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes Bem-estar, bovino, caprino, ovino. 1

Anderson Antonio Ferreira da Silva 2* Glayciane Costa Gois 3 Rosa Maria dos Santos Pessoa 4 Fleming Sena Campos 5 Cristina Aparecida Barbosa de Lima

Vol. 15, Nº 03, Maio/Jun. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Graduando em Zootecnia, CCA/UFPB, Areia, PB. Pós-doutoranda em Ciências Veterinárias no Semiárido, CPGCVS/UNIVASF, Petrolina, PE. *Email: glayciane_gois@yahoo.com.br. 3 Mestre em Zootecnia, UFCG, Patos, PB. 4 Pós-doutorando em Ciência Animal e Pastagens, UFRPE/UAG, Garanhuns, PE. 5 Doutora em Zootecnia. CCA/UFPB, Areia, PB.

2

Revista Elet

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

EFFECT OF PHOTOPERIOD ON RUMINANTS

O fotoperíodo é definido como a duração da

ABSTRACT

exposição à luz dentro de um dia. Os ruminantes são

The photoperiod is defined as the duration of

sensíveis às variações sazonais ao longo do ano e

exposure to light within a day. Ruminants are

apresentam

características

sensitive to seasonal variations throughout the year

reprodutivas e produtivas, tais como mudança de

and present changes in reproductive and productive

hábito

characteristics, such as changes in eating habits,

alterações

alimentar,

energéticas,

nas

armazenamento

diminuição

do

de

reservas

metabolismo

basal,

storage of energy reserves, reduction of basal

substituição de pelos, hibernação ou migração e

metabolism,

restrição da reprodução à melhor época do ano. Os

migration, and restriction of reproduction to the best

ruminantes

conservam

time of the year. Ruminants retain physiological

ligados

estacionalidade

à

mecanismos

hibernation

or

mechanisms linked to seasonality despite the many

milhares de anos da domesticação. Com base no

thousands of years of domestication. Based on the

exposto, a presente revisão tem como objetivo

above, this review aims to describe the influence of

descrever

photoperiod on the productive and reproductive

influencia

do

dos

replacement,

muitos

a

apesar

fisiológicos

hair

fotoperíodo

no

desempenho produtivo e reprodutivo dos animais

performance of domestic animals.

domésticos.

Keyword:

welfare,

bovine,

goat,

sheep.

Palavras-chave: bem-estar, bovino, caprino, ovino.

8164


Artigo 467 – Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes

INTRODUÇÃO

temperados, enquanto que os ciclos anuais de

Há muito tempo, o homem tem conhecimento de

chuvas e disponibilidade alimentar são os fatores

respostas dos seres vivos à variação na duração do

preponderantes em regiões tropicais. Quando estas

dia. Muitas espécies, tanto vegetais como animais,

variáveis atingem níveis agudos, alguns animais

têm o seu ciclo vital (ou pelo menos parte dele)

desenvolvem respostas através de estratégias como:

regulado pelo fotoperíodo. Tanto animais ditos

mudança de hábito alimentar, armazenamento de

―inferiores‖ (insetos, por exemplo) como muitos

reservas energéticas, diminuição do metabolismo

mamíferos e outros animais de grande porte

basal, substituição de pelos ou plumas, hibernação

manifestam influências à variação na duração do dia

ou migração, restrição da reprodução à melhor

(CARVALHO & WAIZBORT, 2012).

época do ano para assegurar os nascimentos no

O fotoperíodo, de acordo com DAHL et al. (2012), é definido como a duração da exposição à luz dentro de um dia. Um fotoperíodo longo ou dia longo consiste de 16 a 18 horas de exposição à luz, enquanto um dia curto ou fotoperíodo curto é caracterizado por 8 horas de luz seguidas de 16 horas de escuridão (escotoperíodo).

de

fotoperíodo,

a

respostas

às

mudanças

de

intensidade luz

e

de suas

consequências variam muito de uma espécie para outra. Espécies de dias curtos, cuja atividade sexual está localizado no dia declínio do ano, ovinos e caprinos são as mais sensíveis ao fotoperíodo, enquanto

os

suínos

permissivas à sobrevivência (BETTIOL et al., 2017). Com

base

no

fotoperíodo,

os

animais

são

classificados em: a) animais de dias longos, no qual se incluem os equinos e os bovinos, cuja atividade sexual se manifesta após o solstício de inverno; b) animais de dias curtos, no qual são inseridos os

Apesar de todas as espécies serem sensíveis às mudanças

momento em que as condições ambientais sejam

manifestam

mais

leves

respostas às mudanças no comprimento do dia (ROCHA et al., 2011).

ovinos e caprinos, cuja atividade sexual se manifesta após o solstício de verão. Porém, algumas espécies, como a bovina e a suína, as modificações impostas pela domesticação foram tão intensas, que estes animais passaram a conceber em qualquer período do ano (VIU et al., 2008). Em todos os casos, as espécies domésticas conservam os mecanismos fisiológicos ligados à estacionalidade apesar dos muitos milhares de anos da domesticação. Por isso, é possível um retorno ao

O número de horas de claro (fotofase) e de escuro (escotofase) do ciclo diário (fotoperíodo) fornece sinais temporais para a sincronização das funções internas com informações necessárias para o organismo lidar com as exigências do ambiente externo. E é devido a essa capacidade dos seres vivos em detectar mudanças sazonais em face ao estímulo fotoperiódico que permite a eles habitarem uma variedade enorme de ambientes (SOUSA et al., 2008). Deste modo, a adaptação temporal é de fundamental importância para a sobrevivência de uma espécie, e lhe permite expressar determinadas funções e comportamentos nos momentos em que a situação ambiental seja mais adequada para a sua expressão (STAUT, 2009).

estado primitivo, desde que o processo seletivo venha a ser interrompido. Nos ovinos, apesar de séculos

de

domesticação,

ainda

exibem

uma

marcada estacionalidade reprodutiva (VIU et al., 2006). Com base no que foi exposto, o objetivo dessa revisão é descrever a influência do fotoperíodo no desempenho produtivo e reprodutivo dos animais domésticos. Ovinos e caprinos A origem geográfica dos animais e a latitude na qual se

encontram

são

importantes

fatores

que

condicionam o efeito da luz sobre a atividade produtiva e reprodutiva dos caprinos e ovinos (MOTA

A mudança de fotoperíodo ao longo do ano é considerada a principal variável ambiental em climas

et al., 2013). A influência do fotoperíodo é marcante nas raças oriundas do hemisfério norte, que iniciam

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8164-8171, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006

8165


Artigo 467 – Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes

seu ciclo reprodutivo anual em função da diminuição

Elevadas temperaturas ambientais podem interferir

da intensidade de luz diária, marcadamente no

negativamente

outono, sendo considerados animais poliéstricos

ruminantes,

sendo

a

estacionais de ―fotoperíodo negativos‖. Na ausência

progressiva

e

percentual

de luz, a glândula pineal sintetiza e secreta

morfologicamente

melatonina, hormônio diretamente responsável pela

seminais mais afetadas (MONREAL et al., 2012).

na

qualidade o

espermática

motilidade

anormais

as

de

individual

de

células

características

atividade reprodutiva, que transmite informações relativas ao "ciclo luz-escuro" para a regulação

A qualidade do sêmen e a fertilidade do macho

fisiológica do animal, refletida em ciclicidade estral

tendem a diminuir durante os meses mais quentes

(MAIA et al., 2010).

(verão), mas não se sabe se é devido aos efeitos estacionais no eixo hipotálamo-hipófise ou ao efeito

A partir do solstício de inverno, cessa o estímulo dos

direto da temperatura nos testículos e epidídimo.

dias curtos e da melatonina, no eixo hipotalâmico-

Extremo calor pode afetar os espermatozoides e o

hipofisário-ovárico. Dessa forma, fêmeas de raças

óvulo degenerando-os dentro do trato reprodutivo;

estacionais gradativamente entram em anestro,

alteração no balanço hormonal através da ação do

voltando a ciclar quando de nova diminuição do

hipotálamo e suprimir a libido e o ato da cobertura

fotoperíodo.

(MOURA, 2009).

Fêmeas

estacionais

apresentam

acasalamentos somente no final do verão e outono e parições

no

final

do

inverno

e

primavera,

Já foi observado, que animais recebendo o mesmo

comprometendo a produção de carne em algumas

tipo

épocas, dificultando sua oferta durante todo o ano

apresentaram maior ingestão e crescimento nos

(ROCHA et al., 2011).

meses de verão, onde a quantidade de luz recebida é

de

maior.

alimento

A

e

na

possibilidade

mesma

de

se

quantidade

melhorar

o

A ciclicidade é fortemente influenciada pelo fator

desempenho dos cordeiros com o acréscimo de luz

raça. Por exemplo, ovinos (Santa Inês, Morada

durante o confinamento é muito interessante, no

Nova, SRD) e caprinos (Canindé, Moxotó, SRD) de

entanto, seus mecanismos ainda não são claros,

raças

atividade

ainda se questiona se o animal tem um aumento no

reprodutiva durante todo o ano, mesmo em áreas

nativas

brasileiras

apresentam

consumo alimentar devido ao maior crescimento ou

próximas aos trópicos, o que não acontece com

se tem um melhor ganho de peso devido apenas a

ovinos lanados (Ille de France, Suffolk, Merino) e

um aumento de apetite (KLEIN JÚNIOR et al., 2006).

caprinos de raças leiteiras especializadas (Saanen,

Quantidade mais elevada de gordura na carcaça e

Alpina e Toggenburg) (SOUSA et al., 2015).

velocidade superior no ganho de peso, associadas ao maior consumo de alimentos, são as principais

Variações estacionais na quantidade e qualidade do

variáveis afetadas pela maior exposição à luz

sêmen têm sido atribuídas ao fotoperíodo, com

(RUBIANO

diferenças entre raças em função da latitude do local

concentrações

de

atividade

Triiodotironina (T3), Tiroxina (T4), Prolactina, Cortisol

reprodutiva dos machos pode estar ausente por

e Hormônio do Crescimento (GH), são citadas como

alguns meses, enquanto em latitudes intermediárias

possíveis responsáveis por esse incremento. Como

as variações seminais são menos pronunciadas

os

(COELHO et al., 2006). Em regiões tropicais,

apresentam maior ingestão de alimentos, é provável

próximas à linha do Equador, onde não há variação

que

da luminosidade diária, não ocorrem diferenças

morfológicas do epitélio absortivo desses animais

estacionais na produção espermática dos machos de

(SALLES, 2010).

medição.

Em

altas

latitudes,

a

et

animais

al.,

2009).

plasmáticas

expostos

ocorram

ao

mudanças

Alterações dos

hormônios

fotoperíodo das

nas

longo

características

raças nativas. Nessas áreas, as variações quantiqualitativas

estão

FITZGERALD et al. (1982) verificaram que os

condicionadas a outros fatores mais importantes do

hormônios da glândula tireóide estavam aumentados

que o fotoperíodo, tais como a temperatura ambiente

nos ovinos expostos à longa luminosidade, devido à

8166

do

ejaculado

caprino

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8164-8171, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006


Artigo 467- Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes

maior ingestão de alimentos e não ao fotoperíodo.

Bovinos

Durante a primavera e verão, quando se tem uma

O fotoperíodo e a temperatura ambiental afetam os

oferta maior de alimentos, os níveis plasmáticos de

ciclos sexuais, sendo o fotoperíodo o fator mais

T3 e T4 são maiores do que no inverno. Porém, isso

importante. Os efeitos são visíveis em bovinos, em

não se observou quando esses animais receberam

decorrência das alterações nas horas de luz que o

alimentação restrita. Dessa maneira, suspeita-se

animal é exposto. Os padrões do fotoperíodo com as

que

chuvas e a temperatura são considerados sugestões

o

fotoperíodo

longo

desencadeie

algum

mecanismo neuroendócrino que aumente o apetite.

ambientais

que

O animal, tendo uma quantidade maior de energia,

modificações fisiológicas da estação de monta,

ativa a hipófise que secreta o hormônio estimulante

medidas

da tireóide (TSH), que vai aumentar a secreção dos

neuroendócrinos (FERREIRA et al., 2015).

por

acionam

diretamente

mecanismos

as

endócrinos

e

hormônios tireoidianos, responsáveis pelo aumento da atividade metabólica de todos os órgãos,

Em bovinos, foi observado por Maia et al. (2017) que

resultando em um maior desempenho. Especula-se

as fêmeas expostas a um maior número de horas de

que o fotoperíodo longo diminua a secreção do

luz por dia, os animais atingiram a puberdade mais

cortisol; com isso, ocorre um declínio do catabolismo

em uma idade mais jovem, do que os animais

das proteínas, explicando-se dessa maneira, o

expostos a menos horas de luz. A temperatura pode

melhor

modificar o efeito sazonal do fotoperíodo nas

desempenho

dos

animais

sob

longa

funções reprodutivas, entretanto, a duração da luz do

luminosidade.

dia parece ser uma fonte primária de estímulo para A nutrição e a luminosidade têm grande influência

mudanças no status reprodutivo desses animais

sobre os hormônios envolvidos na lactação. O

durante a estação.

aumento da luminosidade à qual o animal é exposto pode, em determinadas situações, elevar o ganho de

COOK & GOMES (2010) avaliando a distribuição do

peso, a produção de leite e o crescimento da lã, no

tempo em relação as atividades realizadas em mais

caso dos ovinos. Portanto, é de se esperar que

de 200 vacas em lactação em 16 rebanhos,

períodos

a

demostrou que os animais permanecem 12 horas/dia

produção de leite (BUTLER, 1994; KANN, 1997;

em descanso, 2,7 horas/dia em ordenha, 4,8

SILVA et al., 2010). BOCQUIER et al. (1997)

horas/dia se alimentando e bebendo água, e demais

observaram que ovelhas expostas a um fotoperíodo

4,5 horas/dia socializando e realizando demais

longo tiveram uma produção de leite 25,3% maior do

atividades. Este resultado nos mostra que temos

que as ovelhas expostas a um fotoperíodo curto,

oportunidade,

durante uma lactação de 150 dias. Entretanto,

confinamento de fornecer luminosidade artificial e

existem divergências e o mecanismo pelo qual a

manejar o fotoperíodo dos animais, pois quando

luminosidade pode influenciar na produção e na

somamos os tempos em ordenha e alimentação,

qualidade do leite, não é bem conhecido. Quanto à

temos uma oportunidade de 7 horas por dia em

produção de carne, SÁ et al. (2004), observaram

ambiente controlado para fornecer luz aos animais.

que

de

maior

animais

luminosidade

confinados

estimulem

submetidos

a

mesmo

em

sistemas

de

semi-

um

fotoperíodo longo apresentaram uma carne mais

Novilhas mantidas com dias longos alcançam a

dura, menos suculenta, com índices de coloração e

puberdade mais cedo do que as mantidas com dias

aparência geral menores do que a carne daqueles

curtos, geralmente em torno de um mês mais cedo,

submetidos a um fotoperíodo curto. Na pesquisa

isto oriundo da maior liberação de LH em resposta

realizada

o

ao estradiol em relação às novilhas sob dias curtos

fotoperíodo e a raça não afetaram o ganho de peso

(BARCELLOS et al., 2003). Como o efeito sobre o

e o teor de extrato etéreo do músculo Longissimus

crescimento, esta resposta deve ser uma vantagem

dorsi

já que há evidências de que aumentando o número

por

(gordura

GUIMARÃES

et

intramuscular),

al.

(2016),

variáveis

que

poderiam influenciar nas características sensoriais.

de ciclos antes da cobertura resulta em taxas de concepção mais elevadas. Assim, não há nenhuma

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8164-8171, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006

8167


Artigo 467 – Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes

desvantagem biológica no uso de dias longos para

ovinos, nos primeiros estudos com fotoperíodo

acelerar o desenvolvimento da novilha. Uma porção

artificial

de crescimento que podem estar associados com a

quantidade de horas de luz por dia ocasionava o

aceleração da secreção de esteróides gonadais

inicio da atividade ovariana, enquanto que o

associado com o tratamento a longo dia. No entanto,

aumento diminuía, sendo então esses animais

os dias longos, também aumentam o número de

caracterizados no estudo como espécie de dias

células do parênquima, após a puberdade, o que

curtos, por sua capacidade de se reproduzirem

sugere que outros fatores para além de esteróides

durante o outono, quando o comprimento do dia

sexuais desempenham um papel (ZERBIELLI, 2014).

diminuía.

Procedimento artificial do fotoperíodo

Influência do fotoperíodo na produção de leite

Como a sazonalidade reprodutiva é controlada pela

A nutrição e a luminosidade têm grande influência

duração dos dias, a reprodução durante o anestro

sobre

sazonal pode ser obtida com sucesso utilizando-se

Portanto, é de se esperar que períodos de maior

luz artificial, que não apenas antecipa a estação

luminosidade

reprodutiva,

mas

reprodutiva

no

também meio

do

induz período

foi

os

observado

hormônios

que

a

envolvidos

estimulem

a

diminuição

na

produção

na

lactação. de

leite

uma

estação

(MOREIRA et al., 2008). O aumento da luminosidade

de

anestro

à qual o animal é exposto pode, em algumas situações, elevar o ganho de peso, a produção de

(MONTEIRO et al., 2010).

leite e o crescimento da lã. Entretanto, à medida que Alteração do fotoperíodo requer a exposição das

a luminosidade aumenta, diminui a ocorrência de

ovelhas a dias artificialmente mais curtos, após um

cios e a fertilidade fica prejudicada, principalmente

período inicial de prolongamento da duração das

em raças mais estacionais. A natureza busca um

horas de luz. Isoladamente, a técnica provoca o

equilíbrio

início do período reprodutivo, porém com resultados

produtivos do ovino, visando a sua sobrevivência,

variáveis

e

de

maneira

muito

espalhada.

entre

os

aspectos

reprodutivos

e

É

porém é possível manipular a luminosidade, para

amplamente utilizada em ovelhas em sistemas

obter um melhor desempenho do animal (FREITAS

intensivos de produção, ao lado de outros métodos

et al., 2017).

artificiais, e nos carneiros em centrais de IA (GALHAS, 2016).

A luz pode influenciar na liberação de hormônios ou, então, na morfologia do epitélio intestinal, o que

OLIVEIRA

&

OLIVEIRA

a

pode levar a uma alteração do metabolismo e a um

manipulação do fotoperíodo durante o ciclo de vida

melhor aproveitamento dos alimentos (ROCHA et al.,

dos animais como sendo uma técnica muito

2011). Entretanto, de acordo com AMARAL et al.

importante, proporcionando resultados positivos da

(2014), animais expostos a um maior período de

indústria de laticínios, mesmo sob condições de

luminosidade podem aumentar o consumo alimentar,

manejo

(2013)

seja pelo tempo maior em que o alimento fica visível,

demonstraram que dias de fotoperíodo longos

seja pelo aumento das exigências nutricionais, em

artificiais aumentou a produção de leite de ovinos e

consequência de uma maior produção estimulada

bovinos, entretanto, em alguns casos foi verificado

pela luz.

intensivo.

(2008)

Borburema

reportaram

et

al.

redução do percentual da gordura do leite quando comparados

com

os

animais

expostos

ao

fotoperíodo natural.

BOCQUIER et al. (1997) observaram que ovelhas expostas a um fotoperíodo longo tiveram uma produção de leite 25,3% maior do que as ovelhas

Foi verificado por VÉLIZ et al. (2009), que cabras

expostas a um fotoperíodo curto, durante uma

Saanen mantidas no norte do

lactação

México, em um

de

150

dias.

Entretanto

existem

sistema intensivo, com exposição de 70 dias de

divergências,

fotoperíodo longo (16 horas /dia), aumentou os

luminosidade pode influenciar na produção e na

níveis de produção de leite após o desmame. Já em

qualidade do leite, não é bem conhecido.

8168

e

o

mecanismo

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pelo

qual

a


Artigo 467 – Efeito do fotoperíodo sobre ruminantes

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os ruminantes são sensíveis às variações sazonais

imediatamente

anterior.

Ao

final

da

estação

ao longo do ano e apresentam variações nas

reprodutiva, os animais tornam-se insensíveis à

características reprodutivas (comportamento sexual,

alteração de luminosidade e a sua exposição a dias

perímetro escrotal, peso testicular, sêmen, níveis de

curtos não atrasa sua transição para a estação não

testosterona plasmática) e produtivas (carne, leite,

reprodutiva.

lã). Alterações no fotoperíodo por meios artificiais é uma A resposta ao fotoperíodo é dependente da prévia

maneira muito eficaz para manipular animais que

exposição dos animais ao fotoperíodo

são influenciados pelo fotoperíodo. COELHO,

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8171


Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura Revista Eletrônica

Ovo, nutrição, qualidade da casca.

Sandra Regina Marcolino Gherardi Vol. 15, Nº 03, Maio/Jun. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

Rafael Porto Vieira

1

2*

1

Professora do ensino técnico e tecnológico e PROEJA do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí, Zootecnista, Mestre em Ciência e Tecnologia em Alimentos e Doutora em Ciência Animal (sanidade animal, higiene e tecnologia de alimentos) pela Universidade Federal de Goiás, UFG, Goiânia, GO, Brasil. 2 Tecnólogo em Alimentos, Especialista em Docência Universitária, Especialista em Sociologia e Graduando em Licenciatura em Sociologia pela Universidade Paulista, UNIP, Pires do Rio, GO, Brasil. *E-mail: rafaelportovieira18@gmail.com.

FACTORS AFFECTING EGG SHELL QUALITY:

Este estudo teve como objetivo discutir os fatores que podem afetar a perda de qualidade da casca do

LITERATURE REVIEW

ovo e consequentemente acelerar a perda de

ABSTRACT

qualidade geral dos ovos gerando prejuízos à toda

The objective of this study was to discuss the factors

cadeia

that

produtiva.

Trata-se

de

uma

revisão

may

affect

egg

shell

quality

loss

and,

bibliográfica baseada na literatura especializada

consequently, to accelerate the loss of egg quality,

através de consulta a artigos científicos selecionados

generating losses to the entire production chain. It is

através de busca no banco de dados da science

a bibliographical review based on the specialized

direct, scielo, google books, directory of open access

literature through consultation of scientific articles

journals, lilacs e portal de periódicos capes. Os

selected through search in the database of science

estudos encontrados apontaram para um conjunto

direct, scielo, google books, directory of open access

de fatores extrínsecos e intrínsecos relacionados à

journals, lilacs and capes journal portal. The studies

nutrição, problemas sanitários do plantel, práticas de

found pointed to a set of extrinsic and intrinsic factors

manejo, condições ambientais e genéticas que

related to nutrition, health problems of the stock,

podem acarretar na perda da qualidade da casca do

management practices, environmental and genetic

ovo. A qualidade, portanto, deve ser monitorada

conditions that can lead to the loss of egg shell

permanentemente,

quality. Quality should therefore be monitored

entretanto,

nenhum

fator

especialmente o nutricional, deve ser totalmente

permanently;

responsabilizado

problemas

nutritional, should be fully held responsible for most

relacionados à qualidade da casca, pois, de forma

problems related to peel quality, since, in general, it

geral, observou-se que um conjunto de fatores

has been observed that a number of factors may be

podem estar envolvidos culminando na perda da

involved culminating in loss of egg quality.

qualidade dos ovos.

Keyword: egg, nutrition, bark quality.

pela

maioria

dos

however,

no

factor,

especially

Palavras-chave: ovo, nutrição, qualidade da casca.

8172


Artigo 468– Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura

INTRODUÇÃO

um produto melhor ao consumidor, buscou-se

O ovo é um alimento de elevado valor nutricional,

analisar o complexo mecanismo envolvido na

que

formação da casca e os diversos fatores que podem

se

apresenta

naturalmente

embalado.

Portanto, a casca tem grande importância na

influenciar na qualidade desta.

qualidade sob o ponto de vista de conservação do seu valor nutritivo e comercialização. Contudo, a

Processo de formação do ovo

maior utilização destas vantagens pela população

O processo de formação do ovo, dentro da sua

depende da qualidade dos ovos oferecidos ao

complexidade,

mercado, influenciando na aceitação, nos hábitos e

permitindo que num período de aproximadamente

decisões do consumidor.

vinte e quatro horas, o óvulo, que é a gema, prepara-

segue

determinados

passos

se e protege-se para a sua saída para o meio Sabe-se que, após a postura, os ovos perdem

exterior.

qualidade de maneira contínua, sendo esta uma condição inevitável e agravada por diversos fatores.

A casca é protegida externamente por uma cutícula especial de natureza mucosa que seca rapidamente

Na avicultura de postura, perdas de enorme

e confere ao ovo certo brilho. Esta cutícula fecha os

importância econômica para o avicultor estão

poros da casca. A secagem da cutícula é visível e dá

relacionadas com a qualidade de casca dos ovos e

a falsa impressão de endurecimento instantâneo da

aos índices de quebra. O aumento da qualidade da

casca (MORAES, 2005).

casca,

portanto,

terá

um

impacto

econômico Formação da Casca do Ovo

significativo para a indústria.

A produção de ovos de galinha registrou aumento de A principal função biológica da casca do ovo é a de

3,5% no comparativo entre os anos de 2014 e 2015.

formar

A produção anual do produto foi de 2,92 bilhões de

uma

câmara

para

o

desenvolvimento

embrionário. Do ponto de vista de produção

dúzias em 2015 (IBGE, 2016).

comercial de ovos, no entanto, a casca poderia ser vista como uma embalagem que envolve o conteúdo

O Brasil exportou em torno de18, 74 mil toneladas de

nobre (gema e albúmen) contra perdas e agressões

ovos (in natura e processados) em 2015, um

do meio exterior. A sua formação, entretanto, não

aumento de 53,5% em comparação com o ano de

pode ser encarada como um processo simples. De

2014 (ABPA, 2016).

acordo com especialistas, a deposição e formação da casca é um processo biológico dinâmico,

No Brasil de acordo com dados da União Brasileira

concluído cerca de 20 horas após o ovo atingir o

de Avicultura (UBA), 2007/2008, as perdas de ovos

útero

a

devido a problemas relacionados à qualidade da

ovoposição revelará uma "embalagem" bem ou mal

casca foram da ordem de 7,4%, gerando uma perda

formada

anual de 1,7 bilhões de ovos e estes dados não

da

ave. onde

Finalizado o

este

produto

processo,

não

poderá

ser

reprocessado e a má qualidade da casca, então,

sofreram grandes alterações até os dias atuais.

resultará em perdas econômicas significativas para o A casca é considerada a embalagem natural do ovo

avicultor.

e, independente da cor que apresentem, deve ser A qualidade externa dos ovos pode ser influenciada

limpa,

por diversos fatores relacionados à idade, ambiente,

deformações, pois cascas resistentes ajudam a

manejo e nutrição da ave. Pesquisas mostram que

proteger a parte interna. Um dos maiores problemas

ovos

relacionados aos ovos são as trincas na casca

com

cascas

mais

espessas

são

mais

resistentes a danos físicos, reduzindo assim perdas

íntegra,

sem

sujidades,

trincas

ou

(SARCINELLI et al., 2007).

econômicas, provocadas por fissuras, e quebras. Grandes deformações na casca ocasionam prejuízos na

visuais e problemas sanitários, resultando em aspecto

manutenção da qualidade do ovo e visando ofertar

repugnante para o consumidor (RAMOS et al., 2010).

Compreendendo 8173

a

importância

da

casca

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Artigo 468 – Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura

Ovos que contêm fissuras são defeituosos, pois a

NAVARRO et al., 2002; HUNTON, 1995; BRAKE et

qualidade e a segurança ficam comprometidas

al., 1997). Os poros formam dutos que fazem a

aumentando o risco de contaminação cruzada. Ovos

conexão entre as membranas da casca e a cutícula,

quebrados ou com fissuras, portanto, precisam ser

permitindo as trocas gasosas por difusão passiva de

identificados e removidos da cadeia de produção, na

oxigênio, dióxido de carbono e vapor de água

primeira

(COTTA, 2002).

oportunidade.

provenientes

das

As

fendas

microfissuras

são

intermamilares

na A camada em paliçada e a cutícula formam a

superfície interna da casca do ovo (BAIN, 2006).

superfície externa da casca (NYS et al., 2004; A casca do ovo é formada na região do útero dentro do

oviduto

da

galinha,

esta

é

uma

HUNTON, 1995; BRAKE et al., 1997).

região

supersaturada com cálcio e bicarbonato. A parte

A cutícula é uma camada proteica formada por

mineral da casca é composta por 98,2% de

mucoproteínas constituída de aproximadamente 90%

carbonato

de

cálcio;

de

magnésio;

e

0,9%

0,9%

de

carbonato

de

proteínas

e

pequenas

quantidades

de

cálcio

carboidratos e lipídios que recobre a superfície do

(RODRIGUEZ-NAVARRO et al., 2002; ORDÓNEZ,

ovo (ORDÓNEZ, 2005; HUNTON, 1995; BRAKE et

2005).

al., 1997).

O processo de formação se inicia com a deposição

FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DA

de cristais de carbonato de cálcio em sítios

CASCA DO OVO

específicos

Idade da Poedeira

sobre

as

de

fosfato

fibras

de

orgânicas

das

membranas externa e interna da casca (NYS et al.,

A percentagem de casca nos ovos de poedeiras

2004).

mais jovens é maior em relação às aves mais velhas, aumentando o índice de ovos trincados nestas

As membranas da casca estão em estreito contato

(RAMOS et al., 2010; TRINDADE et al., 2007). À

exceto na extremidade mais ampla do ovo, onde se

medida que a galinha envelhece, ocorre um aumento

separam para a formação da câmara de ar. Este

no tamanho do ovo, entretanto, a idade avançada

espaço é preenchido por ar logo após a postura do

promove menor absorção intestinal e maior retirada

ovo, em consequência da formação de vácuo

do cálcio ósseo, além de menor deposição de

provocado pelo gradiente de temperatura do corpo

carbonato de cálcio no útero para a formação da

da ave e o meio ambiente (POLLOCK & OROSZ,

casca, fazendo com que poedeiras mais velhas

2002; STADELMAN & COTTERILL, 1994).

apresentem maior incidência de ovos com casca fina (CARVALHO et al., 2007; RUTZ et al., 2007;

A calcificação continua pelo crescimento dos cristais,

ALMEIDA et al., 2006; GUENTER et al., 2004;

que resultam na formação da camada mamilar. Esta

ANDERSON et al., 2004; COTTA, 2002).

camada de cristais continua a crescer verticalmente e depois se funde para formar a camada em

Temperatura Ambiente

paliçada, que constitui a parte mais espessa da

O estresse térmico em aves de postura provoca uma

casca (NYS et al., 2004; HUNTON, 1995; BRAKE et

série de alterações fisiológicas que culminam na

al., 1997). A região mamilar ou parte basal da casca

queda da qualidade dos ovos. Estas alterações

é formada por pequenos cristais, enquanto que a

estão relacionadas ao declínio da ingestão de

região em paliçada é formada por cristais grandes.

alimentos,

Os espaços de ar que ocorrem entre algumas

aceleração do ritmo cardíaco e a modificação da

colunas da camada em paliçada, resultantes de

conversão alimentar (BARBOSA FILHO et al., 2007).

aumento

do

consumo

de

água,

áreas de cristalização incompleta dão origem a canais através da casca que formam os poros. Um

O processo de formação da casca dos ovos é

ovo pode possuir de sete mil (7.000) a dezessete mil

influenciado pela temperatura no ambiente de

(17.000) poros (NYS et al., 2004; RODRIGUEZ-

criação das aves. Temperaturas acima de 32ºC pro-

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8174


Artigo 468 – Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura

vocam aumento do pH sanguíneo e da taxa

alimentos é dependente da existência de fitases que

respiratória das poedeiras, reduzindo com isso, os

são enzimas capazes de hidrolisar os fitatos (LIMA et

níveis plasmáticos de cálcio e dióxido de carbono,

al., 2007).

respectivamente (MASHALY et al., 2004). O dióxido de carbono participa juntamente com o cálcio na

As fitases além de aumentar a biodisponibilidade do

formação

qualquer

fósforo fítico presente nas dietas, economizam as

eventualidade que prejudique na absorção destas

fontes de fósforo reduzindo a poluição ambiental

substâncias culmina na queda da qualidade externa

(BROZ

dos ovos. A espessura da casca dos ovos das

GORDON & ROLAND, 1997).

da

casca,

sendo

assim,

&

WARD,

2007;

WALDROUP,

1999;

poedeiras mantidas a 33ºC é significativamente menor do que dos ovos de aves criadas em temperaturas amenas (entre 13 e 29ºC) (USAYRAN

favorece a disponibilização de nutrientes por meio da melhor

et al., 2001).

utilização

disponibilidade

As aves domésticas foram selecionadas ao longo do tempo para o alto desempenho produtivo, num em

de

do

fósforo

cálcio

e

fítico,

maior

zinco,

maior

digestibilidade de aminoácidos e aumento da energia

Muda Induzida

ambiente

O uso de fitases na dieta de frangos e poedeiras

que

flutuações

sazonais

foram

eliminadas. À medida que o lote de galinhas envelhece, há queda na produção e na qualidade interna e externa dos ovos, sendo a muda forçada um manejo economicamente viável para reverter este quadro e aumentar a vida útil da ave (MURAKAMI et al., 2003).

metabolizável em função da redução de perdas endógenas (BROZ & WARD, 2007). Progressos na engenharia genética das fitases microbianas têm tornado a sua utilização favorável em termos de aplicação e custo; algumas fitases são derivadas de várias cepas de Aspergillus spp. e Trichoderma, tornando a especificidade de substrato uma característica essencial no aumento da eficácia in vivo de novas fitases (BROZ & WARD, 2007).

Em poedeiras comerciais, como forma de prevenir o declínio na taxa de postura e qualidade da casca, uma parada na produção de ovos pode ser induzida em todo o plantel através da restrição alimentar

Níveis e Granulometria da Fonte de Cálcio Em razão de sua importância para a formação da casca do ovo, o cálcio tem sido um dos nutrientes mais pesquisados nos últimos anos.

durante um período de tempo, seguido pelo gradual retorno ao consumo da ração de postura. A muda induzida se constitui em prática adotada por granjas comerciais como parte do programa de manejo para utilização do mesmo lote de aves para um segundo

No organismo da fêmea, o cálcio pode ser manejado e remanejado pela ação dos estrógenos e hormônios tireoidianos envolvidos na formação da casca (COTTA, 2002; MORAES, 2005).

ciclo de postura. (MAZZUCO, 2006). Com a muda induzida, as aves cessam sua produção de ovos permitindo que haja um período de descanso ao ovário, quando há rejuvenescimento das células e tecidos. Posteriormente o desempenho produtivo é melhorado,

quando

então,

as

aves

são

reestimuladas à postura ao final do programa de muda (MAZZUCO, 2008).

O

cálcio consumido via dieta corresponde à

necessidade desse mineral para formação da casca, deposição na gema, reposição das perdas teciduais e manutenção da homeostasia iônica em aves domésticas.

Esta

última

é

regulada

pela

concentração plasmática da forma ionizada do cálcio. A deposição diária de cálcio na casca de ovos

NUTRIÇÃO

de poedeiras comerciais corresponde a 10% do total

Uso de Fitases

de cálcio estocado no organismo da ave, sendo este

Nos cereais, a maior parte do fósforo encontra-se na

mineral essencial na alimentação de poedeiras

forma de fitatos (sais de ácido fítico, derivados do ácido fosfórico). A utilização do fósforo contido nestes

comerciais. A utilização do cálcio pelo organismo

8175

depende principalmente da idade e da espécie

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Artigo 468 – Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura

animal. Nas aves em crescimento esse mineral é

redução na capacidade de hidroxilação da vitamina

utilizado na formação óssea, enquanto que nas aves

D nos rins, o que poderia ser mais uma causa da

em fase de produção é utilizado na formação da

baixa qualidade da casca destes ovos (BAIÃO &

casca do ovo (NUNES et al., 2006), cujo peso médio

LÚCIO, 2005).

é de 5 a 6 g, dos quais aproximadamente 2 g são apenas de cálcio (HUNTON, 2005, NUNES et al.,

A Vitamina D participa dos processos de transporte

2006).

de cálcio atuando primariamente no duodeno e jejuno. Aproximadamente 70% da absorção do cálcio

As aves mobilizam minerais ósseos para a produção

são dependentes da vitamina D na sua forma D3,

de ovos, independentemente do nível de cálcio na

que é a forma com mais alta atividade para as aves

dieta, sendo que a qualidade da casca dos ovos das

(MAZZUCO, 2006).

aves alimentadas com níveis baixos de cálcio é afetada negativamente, fato que leva as empresas a

Fósforo

normalmente utilizarem níveis mais elevados de

O fósforo é depositado no período final de formação

cálcio na ração (ALMEIDA PAZ et al., 2009).

do ovo e está presente na casca em pequena quantidade (aproximadamente 22 miligramas), não

Dietas com 3,8% de cálcio para aves em primeiro

sendo

ciclo de postura são suficientes para manter a

concentrando-se

qualidade da casca dos ovos (ALMEIDA PAZ et al.,

camadas externas da casca (ARAÚJO & ALBINO,

2009)

seriam

2011). Ao contrário do cálcio, o nível de fósforo no

suficientes para poedeiras após a muda induzida

plasma sanguíneo, não tem um mecanismo de

(PELICIA et al., 2009).

regulação eficiente e varia muito com o nível de

enquanto

que

4,5%

de

cálcio

homogeneamente mais

nas

distribuído,

e

extremidades

das

fósforo oferecido na dieta. A qualidade da casca O tamanho das partículas de cálcio é outro fator que

pode ser prejudicada por níveis elevados ou baixos

possui papel fundamental na formulação de rações

de fósforo na dieta (BAIÃO & LÚCIO, 2005; DUARTE

para

seus

& JUNQUEIRA, 2010; ARAÚJO & ALBINO, 2011),

experimentos, verificaram que o uso de fontes de

em poedeiras jovens, níveis de fósforo disponíveis

cálcio com maior granulometria (maior que 0,8mm

inferiores a 0,25% têm efeitos negativos sobre a

até 3 mm ) favorece a retenção desta ao nível de

produção de ovos e qualidade óssea. Segundo a

moela durante a digestão, permitindo que seja

Associação Mundial de Ciências Avícolas (World’s

gradativamente

período

Poultry Science Association - WPSA) o nível

vespertino e noturno, sendo estes, períodos de

recomendado de fósforo na dieta de poedeiras em

maior deposição da casca e com isso o organismo

fase de produção é de 0,28%. Existem evidências de

da ave recorre menos aos depósitos ósseos

que a necessidade de fósforo para matrizes pesadas

(SKRIVAN et al., 2010; ITO et al., 2006; JARDIM

aumente ligeiramente em ambientes quentes nessas

FILHO et al., 2005; SCHEIDELER, 1998).

temperaturas níveis de fósforo na ração abaixo de

poedeiras.

Diversos

solubilizado

autores,

em

durante

o

0,25% aumentem a incidência de mortalidade (NYS, 1995).

Vitamina D3 A vitamina D3 da dieta, não está na sua forma ativa, sendo transportada ao fígado onde sofre uma

Magnésio

hidroxilação

25-

Altos níveis de cálcio e fósforo na dieta aumentam as

hidroxicolecalciferol. Posteriormente, este metabólito

necessidades de magnésio pelas aves. A deficiência

é

outra

deste mineral na dieta das aves pode diminuir o

hidroxilação, passando para a forma ativa de 1,25-

tamanho do ovo e o peso da casca (BAIÃO &

transportado

transformando-se aos

rins

onde

em sofre

dihidroxicolecalciferol. Esta vitamina tem um papel importante na homeostasia do cálcio e do fósforo (BAIÃO & CANÇADO, 1997). Em galinhas velhas há

LÚCIO, 2005). Zinco O zinco é um cofator essencial na atividade da

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Artigo 468 – Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura

anidrase carbônica, que controla a transferência de

ração, portanto, neste caso, deve-se considerar o

íons bicarbonato do sangue para a glândula da

uso de antioxidantes na ração (BAIÃO, 2005).

casca. RUTZ et al. (2005) em seus estudos verificaram que altos níveis de zinco na dieta

Dos diferentes óleos pesquisados, o óleo de soja

entretanto, não aumentaram de maneira significativa

tem se mostrado o mais eficiente. A inclusão de óleo

o conteúdo desse mineral nos ovos. Porém, BAIÃO

de soja na ração em níveis de até 4,5%, não é

& LÚCIO (2005), verificaram que níveis de 70 a 100

suficiente para promover aumento na espessura da

ppm nas rações para matrizes pesadas foram

casca (SANTOS et al., 2009; COSTA et al., 2009;

suficientes para garantir ovos de boa qualidade.

SILVA et al., 2007; RODRIGUES et al., 2005; MURAMATSU et al., 2005), porém níveis crescentes

Manganês

de inclusão aumentam significativamente a produção

O manganês juntamente com zinco são cofatores de

de ovos (COSTA et al., 2008; RODRIGUES et al.,

metaloenzimas

2005).

associadas

à

síntese

de

mucopolissacarídeos e carbonato que compõem a matriz orgânica da casca dos ovos (SWIATKIEWICZ

O nível de ácido linoléico da dieta não influencia

&

sobre a qualidade da casca, porém, influencia

KORELESKI,

2008),

sendo

inclusive

um

constituinte desta matriz.

significativamente

na

produção

de

ovos

mais

pesados (RIBEIRO et al., 2007) A deficiência de manganês compromete a formação da camada mamilar da casca aumentando a

O ácido butírico é um dos ácidos graxos de cadeia

incidência

&

curta, normalmente produzido no cólon de humanos

ALBINO, 2011; BAIÃO & LÚCIO, 2005), sendo o

e animais resultante da fermentação anaeróbica das

nível de suplementação recomendado, de 100mg/kg

fibras alimentares, amido não digerido e proteínas

de ração podendo atingir até 150mg/kg em rações

(HERRERA, 2009). A deficiência de ácido butírico

para reprodutoras (ARAÚJO & ALBINO, 2011).

influencia negativamente na altura das vilosidades

de

áreas

translúcidas

(ARAÚJO

intestinais do duodeno, reduzindo a digestão e absorção de nutrientes para a produção do ovo e Utilização de Fontes Lipídicas

formação da casca. A complementação de dietas

A utilização de fontes lipídicas nas rações constitui uma alternativa para períodos de estresse calórico, quando ocorre redução no consumo de ração pelas aves. Além de suprir as necessidades energéticas,

com butirato de sódio (500 ppm) aumenta a altura das

vilosidades

intestinais

melhorando

a

produtividade, e diminuindo a percentagem de ovos quebrados ou com fissuras (HERRERA, 2009).

melhora a absorção de vitaminas lipossolúveis, diminui a pulverulência da ração, melhora a palatabilidade, e aumenta a eficiência da energia consumida (baixo incremento calórico). Além disso, reduz a velocidade de passagem do alimento pelo trato gastrointestinal, permitindo melhor absorção dos nutrientes presentes na dieta (RODRIGUES et al., 2005; MURAMATSU et al., 2005; BAIÃO, 2005; SANTOS, 2005), é ainda fonte de ácidos graxos

Equilíbrio Ácido-Base e Níveis de Sódio, Potássio e Cloro na Ração Embora as aves apresentem exigências mínimas de sódio,

potássio

e

cloro,

apropriado deve existir manutenção

da

o

balanço

dietético

a fim de auxiliar na

homeostasia

ácido-básica

e,

consequentemente, melhorar o desempenho da ave (BORGES et al., 2003).

para obtenção de produtos com perfil nutricional diferenciado (SANTOS, 2005).

A manutenção de níveis adequados de dióxido de carbono e bicarbonato no sangue e nos tecidos são

Apesar dos benefícios de sua utilização na dieta, os lipídios

contêm

ácidos

graxos

insaturados,

susceptíveis à oxidação. O processo de oxidação

importantes para o transporte adequado de cálcio da serosa para a mucosa da glândula da casca (KESHAVAR, et al., 1990; WU-HAAN et al., 2007).

lipídica é a principal causa da perda de qualidade da ração, devido a alterações sensoriais e produção de

O estresse calórico leva a um balanço mineral

compostos tóxicos reduzindo o valor nutritivo da

negativo do potássio e do sódio levando ao desequi-

8177

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8172-8181, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006


Artigo 468 – Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão de literatura

líbrio ácido-base do sangue. A suplementação de

cia do neonato no nascedouro e o peso do

cloreto de potássio e cloreto de sódio na água de

pintainho. Archives of Veterinary Science. v.11,

bebida pode reduzir a severidade do estresse

n.1, p.45-49, 2006.

calórico favorecendo a qualidade da casca do ovo (JUNQUEIRA et al., 2000).

ANDERSON, K. E.; THARRINGTON, J. B.; CURTIS, P. A.; JONES, F. T. Shell characteristics of eggs from historic strains of single comb white leghorn

Níveis elevados de fósforo e cloro na dieta das aves,

chickens and the relationship of egg shape to

porém, reduzem o equilíbrio ácido-base no sangue e

shell strength. International Journal of Poultry

aumentam significativamente a excreção do cálcio

Science. v.3, n.1, p.17-19, 2004.

resultando em uma menor disponibilidade deste para

ARAÚJO, W. A. G.; ALBINO, L. F. T. Comercial

a formação da casca (KESHAVAR, et al., 1990; WU-

incubation (incubação comercial), Managing.

HAAN et al., 2007).

Editor: S.G. PANDALI. Rights reserved – Kerala, Índia, 763p. 2011.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

BAIÃO, N. C. Oil and fat in broiler nutrition. Brazilian

Muitos fatores podem influenciar o grau de quebra

Journal of Poultry Science. v.7, n.3, p.129-141,

da casca e este está diretamente relacionado à

2005.

qualidade desta. É inviável atualmente, mesmo com

BAIÃO, N. C.; CANÇADO, S. V. Fatores que afetam

todo o conhecimento disponível, corrigir todos os

a qualidade da casca do ovo. Caderno Técnico

problemas de qualidade da casca dos ovos.

da Escola de Veterinária UFMG, Belo Horizonte:

Podemos,

EV-UFMG. n.21, p.43 – 59, 1997.

no

entanto,

promover

reduções

significativas no número de ovos perdidos devido à qualidade

piorada

da

casca

Esta

pesadas. In MACARI, M.; MENDES, A. A. Manejo

qualidade pode ser monitorada tendo em mente que

de matrizes de corte. 1. ed. Campinas: Fundação

nenhum fator, especialmente o nutricional, deve ser

APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas,

totalmente

p.197-212. 2005.

responsabilizado

dos

pela

ovos.

BAIÃO, N. C.; LÚCIO, C. G. Nutrição de matrizes

maioria

dos

problemas de quebra da casca dos ovos. Muitos fatores,

incluindo

a

adequação

da

nutrição,

problemas sanitários do plantel, práticas de manejo,

BAIN, M. M.; MACLEOD, N.; THOMSON, R.; HANCOCK, J. W. Microcracks in Eggs. Poultry Science. v.85, p.2001–2008, 2006.

condições ambientais e genéticas, podem estar

BARBOSA FILHO, J. A. D.; SILVA, I. J. O.; SILVA,

relacionados culminando na perda da qualidade dos

M. A. N.; SILVA, C. J. M. Avaliação dos

ovos.

comportamentos de aves poedeiras utilizando sequência de imagens. Engenharia Agrícola.

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temperatures

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Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura Revista Eletrônica Nutrição, ruminantes.

Vol. 15, Nº 03, Maio/Jun. de 2018 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1*

WaldJânio de Oliveira Melo Everton Sousa e Sousa² Ricardo Cézar Barros Dos Santos³

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

1

Instituto da Saúde e Produção Animal, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Belém - PA, Brasil; *E-mail: waldjaniomelo@zootecnista.com.br. 2 Estudante de graduação em zootecnia, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Paragominas-PA, Brasil. ³Estudante de graduação em zootecnia, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Paragominas-PA, Brasil.

RESUMO

FEED ADDITIVES FOR BEEF CATTLE IN BRAZIL

Com intuito de preconizar medidas que melhore a eficiência do sistema produtivo nas últimas décadas

ABSTRACT In order to show measure that better the efficiency of

foram descobertos compostos que controlam o

productive system in last decades were discover

metabolismo, aumentando a eficiência de utilização

compound that control the metabolism, increasing

de alimentos. Esses compostos foram classificados

the

como aditivos e a sua adição na dieta dos animais

compounds were classified as additives and your

pode proporcionar aumento na produtividade. Dentre

addition on diet in the animals should provide

os aditivos liberados para a utilização em ruminantes

increase

no

ionóforos,

liberated for the using in ruminants in Brazil, there

fibrolíticas,

are buffer, ionophores, antibiotics no ionophores,

leveduras, lipídeos e própolis. Objetivou-se com esta

fibrolytic enzymes, yeasts, lipids e propolis. Aimed to

revisão abordar as características e o mecanismo de

with this review to board the feature and the

ação dos principais aditivos utilizados em dietas para

mechanism of action of the main additives used in

bovinos de corte no Brasil.

diets for beef cattle in Brazil.

Palavras-chave: nutrição, ruminantes.

Keyword: nutrition, ruminants.

Brasil,

antibióticos

8182

têm-se não

os

tamponantes,

ionóforos,

enzimas

efficiency

of

in

the

using

productivity.

of

Among

foods.

the

These

additives


Artigo 469 – utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura

INTRODUÇÃO

alimentação de ruminantes agem como moduladores

Os custos com alimentação na bovinocultura de

da

corte representam mais de 65% dos gastos de

minimizando reações no rúmen, dependendo do tipo

produção FILHO

na

et

fermentação

ruminal,

maximizando

ou

atividade

pecuária

(VALADARES

e do teor de alimentação, da produção animal e dos

2006),

tornando

imperativa

compostos utilizados na modificação da fermentação

al.,

a

necessidade de preconizar medidas que melhorem a

ruminal (ZEOULA et al., 2008).

eficiência do sistema produtivo. Algumas categorias de aditivos são proibidas no Neste

contexto,

foram

Brasil, é o caso do uso de anabolizantes e hormônios

observados avanços substanciais sobre a nutrição

como promotores de crescimento. Outros são

animal, sobretudo

de

aprovados para serem usados em combinação,

e

sendo que cada aditivo possui uma característica e

aumentam a eficiência da utilização dos alimentos.

uma limitação na alimentação. Dentre aqueles

Esses compostos foram classificados como aditivos

liberados no Brasil e utilizados em ruminantes, têm-

e sua adição na dieta dos animais proporciona

se:

aumento na produção e produtividade (PIRES et al.,

ionóforos, enzimas fibrolíticas, leveduras, lipídeos,

2000).

própolis, dentre outros (OLIVEIRA et al., 2005).

compostos

O

que

Ministério

nas

últimas

por

muitas

controlam

descobertas

o

metabolismo

antibióticos

não

Dessa forma, objetivou-se nesta revisão de literatura, coligir informações que abordem as características e

substância intencionalmente adicionada ao alimento,

o mecanismo de ação dos principais aditivos

com a finalidade de conservar, intensificar ou

utilizados em dietas para gado de corte, destacando

modificar

seus benefícios e aplicações.

(MAPA)

define

propriedades,

Pecuária

ionóforos,

como

suas

Agricultura,

tamponantes,

e

Abastecimento

da

décadas

aditivo

desde

que

não

prejudique seu valor nutritivo, como os antibióticos, corantes, conservadores, antioxidantes e outros

IONÓFOROS

(OLIVEIRA et al., 2005).

Os ionóforos são assim denominados, devido a sua capacidade de interagir passivamente com íons,

Os ruminantes, devido ao processo digestivo de

formando complexos lipossolúveis servindo, desta

fermentação

como

forma, como veículos de transporte iônico através de

importante fonte de emissão de metano (CH4) para a

membranas biológicas, com resultante alteração da

atmosfera. Além disso, a produção desse gás, que

homeostase

pode variar em função do sistema de alimentação, é

celulares funcionais e morfológicos (NICODEMO,

considerada uma parte perdida da energia do

2001).

entérica,

são

reconhecidos

intracelular,

levando

a

distúrbios

alimento, refletindo em ineficiência na produção animal (PEDREIRA et al., 2005).

São antibióticos que, seletivamente, deprimem ou inibem o crescimento de algumas espécies de

Portanto, estima-se que aproximadamente 30% da

microrganismos do rúmen. Eles são produzidos por

energia consumida pelo animal é utilizada para

fermentação

produção de leite; 30% é excretada nas fezes; 3%

microrganismos (Streptomyces) e foram inicialmente

na urina; 10% na forma de metano e 25% é

utilizados como coccidiostáticos para aves, mas, a

eliminada na forma de calor (MILLER & WOLIN,

partir da década de 1970, começaram a ser

2001). Assim sendo, minimizar as perdas que

utilizados na dieta de ruminantes, com resultados

ocorrem durante a digestão e o metabolismo de

bastante satisfatórios (GARCIA & COAN, 2009).

de

diversas

linhagens

de

nutrientes pode ser um recurso para aumentar o retorno do capital investido na atividade pecuária

Lanna & Medeiros. (2007) reportaram que o efeito

(COSTA et al., 2007).

dos ionóforos deve-se à alteração na fermentação ruminal, com alterações na proporção de ácidos

Geralmente os aditivos alimentares empregados na

graxos voláteis (AGV) produzidos e na concentração de amônia, processos importantes que afetam

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8182-8190, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006

8183


Artigo 469 – Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura

diretamente o metabolismo de energia e proteína do

são liberados no uso para ruminantes. A monensina

animal.

sódica é tóxica para cavalos e suínos. Embora não

Os

efeitos

desse

aditivo

podem

ser

apresentados resumidamente como:

fosse recomendado inicialmente para fêmeas em reprodução, foram relatados aumentos no ganho de

 Aumento da retenção de energia fermentada no

peso

e

eficiência

alimentar

em

fêmeas

em

rúmen devido a uma alteração no padrão de

reprodução suplementadas com monensina, sem

fermentação, com maior produção de proprionato

qualquer efeito deletério para as características

(C3) em relação a acetato (C2) e decorrente

produtivas e reprodutivas avaliadas (BECKET et al.,

diminuição das perdas através de metano. Além

1998).

da maior manutenção da energia, esta energia seria utilizada de forma mais eficiente, pois o C 3

Os animais devem ser adaptados ao consumo de

seria mais eficientemente metabolizado do que o

monensina, e as quantidades fornecidas devem

C2.

estar

de

acordo

com

as

recomendações

do

 Os ionóforos parecem diminuir a degradação da

fabricante. Para os animais em confinamento,

proteína ruminal, sem diminuir, ou afetando

recomenda-se fornecer cerca de 5 a 10g de

pouco, a proteólise e, portanto reduzindo a

monensina sódica/tonelada de alimento no período

degradação de peptídeos e aminoácidos por um

inicial, estabilizando a concentração ao redor de 25 a

grupo de bactérias denominadas de ―hyper-

30 g/toneladas (OLIVEIRA et al., 2005).

ammonia producing bactérias‖, ou seja, bactérias hiperprodutoras de amônia. Isso resulta em menor produção de amônia e maior escape de peptídeos do rúmen, com vantagens equivalentes ao escape da proteína da fermentação ruminal, pois eles serão absorvidos pelas células como  Diminuição de distúrbios metabólicos, como acidose e timpanismo, pela menor concentração ácido

lático

e

menor

produção

de

mucopolissacarídeos que dão estabilidade à espuma. As bactérias metanogênicas são as principais responsáveis pela produção dessas substâncias.

eficiência de conversão alimentar, pois promovem aumento na produção de propionato e diminuição de metano e dos níveis de ácido lático (SALLES et al., 2001). De modo geral, têm sido utilizados como aditivos em rações para ruminantes, melhorando de 1

5 a 15% os ganhos de peso em animais submetidos a dietas com baixo valor energético, melhorando, a

eficiência

energética

em

novilhos

zebuínos (LUCHIARI FILHO et al., 1990) e de vacas leiteiras (FORD & PARK, 2001). No Brasil, somente a monensina e a lasalocida são 1

Portaria Ministerial nº 193, de 12 de maio de 1998. ; Portaria Ministerial nº 818-SVS/MS, de 16 de outubro de 1998. 2

8184

favorece

o

desenvolvimento

de

algumas bactérias, de modo que o metabolismo da bactéria beneficiada pode afetar o desempenho do animal

hospedeiro,

proporcionando

vantagens

metabólicas ou nutricionais (MOURO et al., 2006). crescimento

de

Streptococcus

bovis,

principal

bactéria causadora da acidose láctica ruminal (ARAÚJO et al., 2006). Possui pouco impacto no ganho de peso médio diário do animal, contribuindo para a redução da ingestão de alimento e a razão acetato/propionato no fluído ruminal. Assim, o fornecimento da monensina

Os ionóforos, por sua vez, também melhoram a

portanto,

monensina

Ajuda a restaurar o pH ruminal, já que inibe o

aminoácidos.

de

A

se torna importante para economia de grandes produtores de carne e leite por limitar o consumo de animais que recebem dieta rica em grãos (ZEOULA et al., 2008). Lana & Rusell. (2001) verificaram que bactérias ruminais provenientes de animais recebendo dieta exclusiva

de

forragem

são mais

sensíveis

à

monensina que aquelas de animais sob dietas ricas em concentrado, indicando que este ionóforo pode ter maior benefício no desempenho de bovinos em pastagens ou em dietas contendo elevado nível de volumoso

em

comparação

àquelas

ricas

em

concentrado. Em estudos com bezerras holandesas leiteiras em crescimento recebendo silagem de milho misturada

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8182-8190, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006


Artigo 469 – Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura

com concentrado e feno de coastcross, Salles et al.

(NICODEMO, 2001).

(2001) verificaram que os animais submetidos ao tratamento

com

monensina

durante

120

dias

É reportado por Oliveira et al. (2005) que os

experimentais obtiveram aumento de 26,56% de

antibióticos

peso

concentrações subterapêuticas por duas principais

vivo

em

comparação

àqueles

sem

razões:

suplementação com monensina.

são

decrescer

incluídos a

no

alimento

quantidade

de

em

alimento

necessário, aumentar a taxa de ganho de peso, e De acordo com Kuss et al. (2009), os resultados de

melhorar a conversão alimentar ou eficiência e ação

trabalhos

sobre um microrganismo específico ou grupo de

nacionais

e

internacionais

sobre

o

desempenho de bovinos submetidos à alimentação

microrganismos (quadro 1).

com monensina são contraditórios, pois pode ocorrer variação em função da dosagem de monensina, da categoria animal, dos ingredientes da dieta e da

QUADRO 1. Antibióticos (não ionóforos) usados sozinhos ou em combinação em alimentos de ruminantes

relação volumoso: concentrado. A lasalocida não é seguro para cavalos e suínos,

Antibióticos

Uso

mas menos tóxico que a monensina. Esta pode ser

Bovinos

Vacas de

incluída em suplementos secos e líquidos. Não foi

macho

leite

Bezerros

ainda estabelecida segurança na utilização da

Avoparcina

F, G

F, G

-

lasalocida com antibióticos, e não tem tempo de

Bacitracina

F, G, M

M

-

F, G

-

-

-

-

M

L

-

-

F, G, L

-

M

carência para o abate dos animais. (OLIVEIRA et al., 2005). De acordo com Stock et al. (1995), a utilização de aditivo melhora o desempenho de animais suplementados em relação comparados com animais não tratados (tabela. 1).

(zinco) Flavomicina Neomicina Tilosina Virginiamicina

B (prevenção de timpanismo); F (eficiência alimentar); G (promoção de crescimento); L (controle de abscesso do fígado); M

TABELA 1: Melhora percentual no desempenho de

(prevenção de doenças bacterianas).

bovinos

Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2005).

suplementados

em

relação

aos

não

suplementados com lasalocida O mecanismo preciso de ação dos antibióticos, Categoria animal

Terminação

Crescimento

Ganho de peso

3,94

4,85

sobre a promoção de crescimento, não é ainda entendida. Vários efeitos dos antibióticos como promotores de crescimento em ruminantes podem

Eficiência alimentar

5,92

ser compostos de efeitos sobre a fermentação

7,88

ruminal e alguns sobre o intestino grosso (OLIVEIRA

Fonte: Adaptado de Stock et al. (1995).

et al., 2005).

ANTIBIÓTICOS NÃO IONÓFOROS

Um grande número de estudos demonstra que os

O uso de antibióticos tem contribuído com um menor

antibióticos modificam a digestibilidade ruminal dos

custo da produção animal, porém são poucos os

alimentos e altera os produtos de fermentação.

antibióticos aprovados pelas agências dos diferentes

Muitos reduzem a degradação do nitrogênio de

países do mundo (OLIVEIRA et al., 2005).

aminoácidos, entretanto permitem escape ruminal de proteína da dieta e diminuem a produção de metano ruminal (VAN NEVEL & DEMEYER, 1992).

1

No Brasil, estão proibidos o uso de clortetraciclina, oxitetraciclina, penicilinas e sulfonaidas sistêmicas para alimentação animal. Avoparcina está proibida

2

Apesar dos benefícios desses aditivos na dieta de bovinos de corte, deve-se ter cuidado com a

por tempo indeterminado, enquanto a avilamicina,

utilização indiscriminada, pois, de acordo com

bacitracina de zinco, sulfato de tilosina virginiamicina

Nicodemo. (2001) o aparecimento de bactérias

são permitidos como promotores de crescimento

resistentes a antibióticos em seres humanos vem

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8182-8190, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006

8185


Artigo 469 – Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura

sendo relacionado com o uso de antibióticos em

Efeitos

alimentação animal. A utilização de antibióticos

observados no

como promotores de crescimento em espécies

rúmen

domésticas, em baixas dosagens (20 mg a 150

Aumento do

Aumento nas atividades das bactérias com

mg/kg alimento) leva ao aparecimento, rapidamente,

número de

maior síntese de proteínas e de vitaminas.

de linhagens resistentes a antibióticos na flora intestinal,

que

também

contém

bactérias

Efeitos na produção animal

bactérias no

patogênicas como a Salmonella. Por meio das fezes ou pelo consumo de produtos de origem animal (carne, leite, ovos), uma parte das bactérias dissemina-se e coloniza o trato gastrointestinal de

Aumento da disponibilidade de nutrientes Aumento da

animais. Estímulo para maior ingestão.

PROBIÓTICOS De acordo com Vanbelle et al. (1990), probióticos são microrganismos vivos, que após consumidos, capazes

de

gastrintestinal

estabelecerem-se

mantendo

ou

no

trato

aumentando

microrganismos

patogênicos,

Alteração das atividades metabólicas no rúmen

a

microbiota benéfica, além de prevenir a colonização de

para o processo de produção. Melhor

digestão ruminal eficiência na utilização de alimentos volumosos e maior ganho de peso dos da celulose

seres humanos.

são

Diminuição dos níveis de amônia ruminal.

rúmen

Maior estabilidade do processo digestivo ruminal.

Maior

produção

e

melhor

composição dos produtos de origem animal, como o leite em teores de proteína e gordura.

Fonte: Oliveira et al. (2005).

assegurando Rasteiro et al. (2007) através de estudos com

melhor utilização dos nutrientes.

bovinos machos criados em sistema de pastejo Os probióticos são utilizados como promotores de

extensivo no período da seca, verificaram os animais

crescimento (Coppola & Turnes, 2004), elevam a

que receberam mistura mineral proteinada com

digestibilidade

dos

probiótico, tiveram aumento significativo (P < 0,01)

alimentos, além disso, aumenta a resposta imune

no ganho de peso de 13.35 kg (19.45%) em relação

humoral nos bovinos (NICODEMO, 2001).

ao grupo de animais que receberam apenas mistura

e

eficiência

de

utilização

mineral proteinada. Fazendo a relação do custo e Martin & Nisbet (1992) reportam que no rúmen, os

beneficio chegaram à conclusão que a adição de

efeitos observados pelo probiótico são de maneira

probiótico resultou em ganho líquido de R$ 11,13

geral:

(onze reais e treze centavos) por animal, elevando o

o

aumento

do

número

de

bactérias

celulolíticas, o que melhora a digestão da fração

retorno econômico.

fibrosa; a produção de fatores de crescimento para os microrganismos do rúmen; o aumento do número

O uso de probióticos é economicamente viável,

de bactérias Selenomonas ruminantium; o aumento

devido à melhora do ganho de peso dos animais

da produção de propionato, acetato, succinato e do

submetidos a esse aditivo. Entretanto, na decisão de

total de ácidos graxos voláteis no rúmen.

utilizar ou não este aditivo é necessário que leve em consideração, também, o preço do mesmo, para que

Os probióticos vêm substituindo os ionóforos e os

se tenha uma relação custo/beneficio positiva em

antibióticos, pois o uso indiscriminado de ionóforos e

sua utilização (OLIVEIRA et al., 2005).

antibióticos

podem

microrganismos

desenvolver

resistentes

aos

cepas

de

antibióticos

ENZIMAS FIBROLÍTICAS

(COPPOLA & TURNES, 2004). Agem no rúmen

O aproveitamento de alimentos fibrosos pelos

aumentando o número de bactérias e digestão da

ruminantes está relacionado à síntese e secreção de

celulose, além das alterações metabólicas no rúmen

enzimas

(quadro 2).

promovendo a hidrólise da parede celular das

pelos

microrganismos

do

rúmen,

plantas. Entretanto, a conversão dos alimentos, QUADRO 2. Ação de probióticos na produção

especialmente os fibrosos, para produção de carne e

animal

leite tem sido pouco eficiente (VARGA & KOLVER, 1997), refletindo a necessidade de novos programas

8186

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8182-8190, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006


Artigo 469 – Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura

biotecnológicos de alimentação animal com o

LIPÍDEOS

objetivo de maximizar a utilização dos nutrientes

A adição de gordura à dieta surge como uma

(MARTINS et al., 2006b).

alternativa para elevar o nível energético da dieta sem aumentar a ingestão de carboidratos não

Destaca-se

enzimas

estruturais e sem diminuir a ingestão de fibra (SALLA

fibrolíticas exógenas compostas de celulase e

a

et al., 2003). Os lipídios são considerados fontes

hemicelulase. Segundo Martins et al. (2007), essas

energéticas com alta concentração de energia

enzimas são extraídas de fungos ou bactérias, em

prontamente disponível, pois são constituídos de

atuação conjunta com as enzimas produzidas pelos

grande proporção de ácidos graxos, os quais

microrganismos

ruminais,

a

possuem

degradação

polissacarídeos

e

carboidratos (SILVA et al., 2007).

dos

suplementação

com

potencializam estruturais

2,25

vezes

mais

energia

que

os

aumentam a taxa de degradação da fibra. Suplementos lipídicos têm sido usados em dietas As enzimas exógenas aumentam a disponibilidade

para animais lactantes objetivando aumentar a

de polissacarídeos de reserva, gorduras e proteínas,

produção de leite e reduzir a mobilização corpórea

protegidas

(SILVA et al., 2007). Além disso, tem sido estudado

da

polissacarídeos

atividade da

digestória,

parede

celular,

pelos

além

de

por causar efeitos benéficos na reprodução, como o

minimizar os efeitos negativos provocados pelos

aumento

fatores

progesterona,

antinutricionais

presentes

nos

diversos

na

concentração tamanho

do

sanguínea folículo

de

ovulatório,

ingredientes e otimizar a atividade enzimática

número de folículos ovarianos, modulação do corpo

endógena, principalmente em animais jovens que

lúteo, taxa de concepção e gestação (STAPLEs et

possuem

al., 1996).

um

sistema

enzimático

imaturo

(CAMPESTRINI et al., 2005). Várias fontes de lipídeos podem ser utilizadas como De acordo com Oliveira et al. (2005), a inclusão de

as sementes de oleaginosas tais como o algodão, o

enzimas nas dietas tem sido feita de 0,01 a 1% na

girassol e a soja, o sebo animal e a gordura

MS total, contribuindo com até 15% da atividade

protegida. Esta última fonte de gordura apresenta a

fibrolítica total do fluido ruminal.

vantagem adicional de não influenciar negativamente a fermentação ruminal, pois é submetida a técnicas

Em estudos com bovinos providos de cânula no

industriais de proteção (LÓPEZ & STUMPF JUNIOR,

rúmen, Martins et al. (2006b) verificaram que a

2004).

adição de enzimas fibrolíticas (celulase e xilanase) em dietas compostas de silagem de milho e feno de

Além de aumentar a densidade energética das

tifton 85 não houve efeito sobre o consumo de

rações, os lipídeos podem alterar a fermentação

nutrientes para ambos os volumosos, porém, a

ruminal. Sua adição à dieta como aditivo, entretanto,

adição de enzimas aumentou a digestibilidade total

irá depender da quantidade e da qualidade dos

de fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente

mesmos. Os lipídeos insaturados e os ácidos graxos

ácido (FDA) e celulose (CEL) de 36,87; 36,21 e

de cadeia curta apresentam maior efeito do que os

46,89%, respectivamente, para 41,19; 40,01 e

saturados

50,46%, respectivamente. Essa enzima quando

enquanto os sabões de cálcio apresentam mínimos

adicionada ao feno de tifton aumentou a atividade da

efeitos sobre a fermentação ruminal (OLIVEIRA et

enzima β-1,4-endoglucanase (MARTINS et al.,

al., 2005).

e

ácidos

graxos

de

cadeia

longa,

2006a). A adição de lipídeos à dieta diminui a fermentação Quanto ao aspecto econômico, Oliveira et al. (2005)

ruminal

de

carboidratos,

sem

ruminal

reportaram que ainda é necessário mais pesquisas

fermentação

para recomendar a sua utilização. Não podendo

possivelmente devido à redução no número de

amido.

afirmar, se o uso de enzimas fibrolíticas na

protozoários ciliados, resultando em maior eficiência

suplementação de bovinos de corte em pastejo traga

microbiana. Também diminuem a concentração de

algum retorno econômico.

amônia ruminal, resultante da redução na proteólise

de

influenciar Isso

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na

ocorre

8187


Artigo 469 – Utilização de aditivos nas dietas de bovinos de corte no Brasil: revisão de literatura

e ou da reciclagem de bactérias em consequência

Oliveira et al. (2006) estudaram os efeitos in vitro do

da diminuição no número de protozoários ciliados.

ionóforo monensina e do extrato de própolis sobre a

Pode ocorrer ainda, aumento na produção ruminal

fermentação ruminal de aminoácidos. Constataram

de propionato e geralmente ocorre redução na

que a própolis apresenta-se mais eficiente que a

metanogênese (NAGAJARA et al.,1997).

monensina em reduzir a produção de amônia de culturas de microrganismos ruminais em meio

Dietas de ruminantes geralmente possuem 4% de

contendo caseína hidrolisada. A produção de amônia

lipídeos. Teores maiores que 7% da matéria seca

normalizou assim que o ionóforo monensina foi

podem ser prejudiciais à degradação do alimento,

removido do meio de cultura, provavelmente em

principalmente se houver elevada proporção de

razão

ácidos graxos insaturados que, além de serem

bactérias produtoras de amônia, comprovando que

tóxicos aos microrganismos ruminais, aderem à

esse antibiótico apenas inibe estes microrganismos.

partícula do alimento e criam uma barreira física à

No tratamento com própolis, a produção de amônia

ação de microrganismos e de enzimas microbianas

manteve-se em

(SULLIVAN et al., 2004).

removida do meio de cultura.

Oliveira et al. (2005) mencionam que ainda não se

A cada dia que passa a Organização Mundial de

têm notícias de pesquisas com uso de lipídeos como

Saúde desestimula o consumo de carne de animais

aditivos para bovinos de corte em pastejo, desta

submetidos a antibióticos como aditivos alimentares.

forma não se pode concluir sobre o uso desse

Assim, a própolis sendo um produto natural, é uma

aditivo, ou qual dose poderia ser utilizada de forma a

alternativa futura como aditivo de manipulação

melhorar o desempenho de bovinos de corte ou se

ruminal. Podendo ser utilizado, até na produção de

há retorno econômico com sua utilização.

boi orgânico, melhorando o desempenho desses

do

reestabelecimento

níveis

da

baixos

população

de

mesmo quando

animais de maior valorização no mercado mundial. PRÓPOLIS

Entretanto, em virtude da própolis ser um produto

A própolis é um produto natural proveniente de

bastante valorizado, sendo que se realmente, tiver

substâncias (resinas) coletadas das plantas, pelas

algum efeito sobre a produção animal, deve-se

abelhas, e misturadas com suas secreções. As

preocupar também com a relação beneficio/custo na

abelhas modificam a composição original da resina

utilização deste produto (OLIVEIRA et al., 2005).

da

planta

misturando-as

glândulas

hipofaringeais,

glicosidases.

Dessa

heterosídeos,

principais

com

secreções

das

especialmente

β-

forma,

os

compostos

flavonóides de

ação

CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar

de

algumas

pesquisas

demonstrarem

antibacteriana da própolis, são hidrolisados para a

vantagens da utilização dos aditivos alimentares na

forma de agliconas livres, o que aumenta a ação

bovinocultura de corte e leite como: diminuição de

farmacológica destes compostos (PARK & IKEGAKI,

distúrbios

1998).

patógenos e ao estresse, melhor desempenho

metabólicos,

melhor

resistência

a

ponderal, benefícios ambientais com redução da Em estudos, Stradiotti Júnior et al. (2004) verificaram

produção e liberação de metano, há necessidade da

que a própolis foi eficiente em inibir a atividade de

realização de novos estudos para validação do real

desaminação de aminoácidos pelos microrganismos

efeito dessas substâncias. É relevante lembrar que

ruminais tanto in vitro quanto in vivo, sendo

esta técnica é complementar às boas práticas de

resultados de grande interesse ao nutricionista de

manejo, nutrição e alimentação animal e não as

ruminantes, em razão de a proteína ser o nutriente

substitui, dessa forma, o uso de aditivos não deve

mais oneroso na dieta desses animais, sendo de

ser pensado isoladamente e sim em conjunto com as

fundamental valia que parte desse nutriente escape

outras práticas de manejo da fazenda, sempre

da

considerando a relação custo/ beneficio como um

fermentação

pela

microbiota

ruminal,

possibilitando acentuar a melhoria da eficiência

dos fatores de decisão para a sua utilização.

produtiva dos ruminantes. 8188

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.15, n.03, p.8182-8190, maio/jun, 2018. ISSN: 1983-9006


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