NutriTime Revista Eletônica n.04 vol. 13 2016

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© 2016 Nutritime Revista Eletrônica

Nutritime Revista Eletrônica www.nutritime.com.br Praça do Rosário, 01 Sala 302 - Centro - Viçosa, MG - Cep: 36.570-000 A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda, com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br

Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Conselho Científico: Altivo José de Castro Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo

É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE da em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.



Sumário ARTIGOS 382 - Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia........................................................4652 Yânez André Gomes Santana, Élisson Coelho Mendes dos Santos, Melina da Conceição Macêdo da Silva Santana, Carolina de Sousa Santana, Sandro dos Santos Aguiar

383 - Produção de forragem em sistemas integrados...............................................................................................4657 Kaio Augusto Ribeiro Santana Cavalini Soares, Henrique, Melo Da Silva, Hozane Alves De Souza, Helio Stinguel 384 - Ergonomia em tratores agrícolas...........................................................................................................................4665 Luis Gustavo Silva Rodrigues, Enio Fernandes de Lima, Larissa Aires Mariano, Vanessa Cristina de Souza Resende

385 - Utilização de probióticos para leitões desmamados4672 Eliseu Carlos Cristofori, Jansller Luiz Genova, Davi Elias de Sá e Castro, Aparecida da Costa Oliveira, Matheus Leonardi Damasceno 386 - Efeito do transporte em peixes .............................................................................................................................. 4677 Emizael Menezes de Almeida, Alan Soares Machado, Anderli Divina Ferreira Rios 387 - Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria - revisão de literatura.........4691 Taiz Borges Ribeiro, Walquiria Maria de Lima, Fagner Machado Ribeiro, Wilian Henrique Diniz Buso

388 - Utilização de forrageira da caatinga x desempenho animal - revisão de literatura................................4697 Paulo Henrique Amaral Araújo de Sousa, Barbara Silveira Leandro de Lima, Diego Sousa Amorim, Genilson Sousa do Nascimento, Cicero Pereira Barros Júnior

389 - Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã – revisão de Literatura................................................................................................................................ 4702 Amauri Felipe Evangelista, Wéverton José Lima Fonseca, José Elivalto Guimarães Campelo, KarinaRodrigues dos Santos, Severino Cavalcante de Sousa Júnior



Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia Revista Eletrônica

Óleo vegetal, Alimentação, Rendimento de carcaça. 1

Yânez André Gomes Santana* 2 Élisson Coelho Mendes dos Santos 3 Melina da Conceição Macêdo da Silva Santana 4 Carolina de Sousa Santana 5 Sandro dos Santos Aguiar

Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Doutor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal na Universidade Federal do Piauí – UFPI. * E-mail: yanezags@gmail.com 2 Graduando no curso de Tecnologia em Agroindústria na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA 3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal na Universidade federal do Piauí – UFPI 4 Professora do Instituto Federal do Maranhão-IFMA 5 Graduando no curso de Pedagogia na Universidade Federal do PiauíUFPI

A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resulta-dos de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

BROILER PERFORMANCE WITH DIFFERENT

Objetivou-se avaliar o efeito da introdução de óleo vegetal em ração de frangos de corte, observando

ENERGY LEVELS

seu desempenho alimentar e características de

ABSTRACT

carcaça, no período de 1 a 42 dias, sendo a ração, a

This study aimed to evaluate the effect of the

base de soja, milho e sorgo, observando um possível

introduction of vegetable oil in feed of broilers,

efeito no desenvolvimento de carcaça das aves.

Watching Your Food Performance and Carcass

Foram avaliados parâmetro de consumo de ração,

Characteristics, no period 1- 42 days BEING a ration

ganho de peso, conversão alimentar, rendimento de

a soy, maize and sorghum, Watching hum possible

carcaça

de

effect not Development Housing of Birds. Were

vísceras, (coração, fígado, moela e intestino), todos

evaluated parameter of feed intake, weight gain, feed

no período de 1 a 42 dias. Inteiramente esses

conversion, Commercial Courts Housing Income,

parâmetros foram avaliados no final do experimento.

Income viscera (heart, liver, gizzard and intestine), all

Assim observando que a inserção de óleo de soja

without

como complementação energética ao nível de

Parameters Were this to the end of experiment. SO

aproximadamente 3%, não demonstrou resultado

Noting That the soybean oil Insertion As Energy

nos parâmetros avaliados, comparando com o outro

Complementation At the level of Approximatif 3%, not

tratamento, obtendo algum resultado significativo no

shown results in all evaluated parameters, compared

parâmetro de rendimento de sobrecoxa. Acredita-se

to The Other treatment, obtaining Some significant

que pela pouca introdução de óleo de soja na

results in drumstick Yield parameter. It is believed

alimentação não houve diferença significativa entre

que for Little introduction soybean oil in food no

os tratamentos a 5% de probabilidade.

significant difference between treatments at 5%

Palavras-chave: Óleo vegetal, Alimentação, de

probability.

carcaça

Keyword: Vegetable Oil, Food, Housing Income.

4732

de

cortes

comerciais,

rendimento

period

1-42

days.

Fully

processes


Artigo 382 – Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia

INTRODUÇÃO A avicultura industrial é uma das atividades agrícolas

conversão alimentar e a redução da perda de

mais

impulsionada,

nutriente entre outros como efeitos benefícios do uso

utilização

de gorduras nas formulações.

desenvolvidas

sobretudo

pela

do

mundo,

necessidade

de

de

proteína de origem animal na dieta humana, a produção avícola no Brasil apresenta uma das mais

Fornecer ração de qualidade tendo componente

importantes

como milho e soja vem apresentando custo cada vez

cadeias

produtivas

(FIGUEIREDO,

2001).

mais

elevado

ao

empreendedor,

que

está

procurando alimentos alternativos para composição No desenvolver

desse mercado, o

Brasil se

de uma ração balanceada com custos menores,

transformou em um grande exportador de frango,

porém

segundo

alimentação tradicional.

Girotto

(2013),

o

Brasil

tem

sido

os

produtores

continuam

utilizando

a

competente tanto na produção como na conquista de mercado exterior. A avicultura consolidou-se

A finalidade desse trabalho foi analisar o efeito da

como uma das mais importantes e eficientes

introdução de óleo vegetal em ração de frangos de

atividades da agropecuária brasileira, o que levou o

corte, observando seu desempenho alimentar e

Brasil a transformar-se no maior exportador mundial

características de carcaça, no período de 1 a 42

de carne de frango (EVANGELISTA et al., 2008).

dias, sendo a ração a base de soja, milho e sorgo, observando um possível efeito no desenvolvimento

Quando as condições ambientais no galpão avícola

de carcaça das aves.

não são adequadas e os animais ficam expostos a condições

de

deterioração

estresse do

comprometer

seu

seu

térmico,

ocorre

bem-estar,

crescimento

uma

além

e

MATERIAL E MÉTODOS

de

O experimento foi executado no período de maio a

produção

junho de 2014, na granja são Francisco, localizada

(PONCIANO, 2011).

na zona rural a poucos quilômetros (km) de São João dos Patos-MA, o clima da região é tropical. A

A temperatura ambiente é considerada um fator

temperatura

físico de maior efeito no desempenho de frangos de

experimento variou de 26°C (matutino) a 30°C

corte, já que exerce grande influência no consumo

(vespertino).

média

durante

o

período

de

de ração e, com isso, afeta diretamente o ganho de peso e a conversão alimentar destes animais

Nesse trabalho foram utilizados 120 pintainhos de um

(PONCIANO, 2011). Outro fator que influencia no

dia de vida, da raça Ross, divididos por dois

ganho de peso das aves é a inserção de óleo como

tratamentos nutricionais, sendo introduzida em uma das

fonte de energia em dietas para aumentar o ganho

dietas uma quantidade aproximadamente de 3% de de

de peso. Segundo (WATANABE et al., 2001) o

óleo de soja.

acréscimo

do

nível

de

energia

das

rações

proporciona melhor ganho de peso e conversão

Para dar início a esse experimento tornou-se

alimentar, porém acarreta aumento no teor de

necessário o preparo do galpão para que estivesse

gordura abdominal.

em plenas condições de receber os pintainhos de um dia de vida, o primeiro passo foi a montagem da

Além de soja e milho, também pode ser introduzido

estrutura de sustentação dos boxes, que tinha a

na dieta avícola o óleo como fonte de energia.

função de acomodar as aves do início ao fim do

Segundo Pucci et al. (2003), no entanto para o

experimento, essa estrutura foi feita de canos de

balanceamento energético, é necessário a inclusão

PVC com 20 milímetros de espessura. Com o

de óleo vegetal e/ou gordura nas rações. O (NRC,

término da montagem da estrutura com canos, foi

2001) destaca a melhora da probabilidade e na

adicionada

a

ela

a

tela

de

pinteiro

onde

impossibilitaria a saída das aves dos boxes. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, v13, n.4, p.4732-4737, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

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Artigo 382 - Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia

Após a montagem da estrutura de boxe, realizou-se uma segunda etapa que habilitaria o galpão para

Tabela 1: Período estabelecido para a mudança de

chegada dos pintainhos, o galpão passou por uma

fases da alimentação

limpeza para retirada de sujidades e posteriormente

que no decorrer do experimento se tornaria cama de

Fases Período Pré-inicial 01 a 07 dias Inicial 07 a 14 dias Engorda 14 a 21dias Final 21 a 28 dias Abate 28 a 42 dias Fonte: Elaborado pelo autor

frango devido a mistura com fezes das aves, e por

Em todas as mudanças de fase, ocorria a alteração

fim veio o preparo das instalações elétricas que

da ração fornecida, sendo contabilizadas as sobras

possibilitaria fornecer iluminação independente para

de ração de cada fase e ocorrendo a mudança na

todos os boxes.

mesma. As aves nesse período sofriam com um

foi aplicado no chão e paredes do galpão uma pintura com cal, para evitar a proliferação de microrganismos, a seguir foi introduzido em todos os boxes, palha de arroz com uma altura de 3 a 5 cm,

pouco de estresse onde eram capturadas todas de Foram utilizados 120 pintainhos de um dia de idade, separados em grupos de 15 em 15 e pesados de 2 em 2, depois distribuídos casualmente em 8

boxe a boxe para efetuar o processo de pesagem, para fins de obtenção de dados estatísticos.

unidades experimentais de 1 metro de largura com 2 metros de comprimento e 60 cm de altura, o galpão era coberto com palha, com pé-direito de 3,5m, largura de 7,5m e comprimento de 20m, com as cortinas laterais nas cores, azul e amarelo. Cada unidade

experimental

foi

equipada

com

uma

No final do experimento, aos 42 dias de idade, os frangos foram submetidos a uma pesagem, e o mesmo procedimento foi exercido nas sobras de ração, a fim de obtenção de dados médios de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar.

lâmpada florescente, um bebedouro pendular e um comedouro

tubular,

observando

diariamente

e

estabelecendo práticas de manejo.

Depois de finalizar o processo de passagem das aves, foram selecionadas duas aves em cada unidade experimental, com base na média de peso

Foi utilizado uma dieta alimentar com 5 fases: pré-

de cada repetição.

inicial, inicial, engorda, final e abate. Para analisar o desempenho, as aves foram pesadas com um dia de idade e no intervalo de mudança de fase alimentar, assim sendo obtidos dados que proporcionou avaliação do ganho de peso, conversão alimentar, consumo de ração e a observação da mortalidade. O que diferenciava no experimento eram as dietas, sendo introduzidas nos tratamentos distintos, sendo que a base da estrutura das duas dietas era composta de milho, soja e sorgo, uma delas era composta com um acréscimo de aproximadamente 3% de energia em relação à outra. Sendo que a fonte de energia utilizada era o de óleo soja.

No momento as aves já se encontravam em um jejum de 8 horas, assim foram identificadas com os dados da unidade de tratamento a qual pertenciam, seguidamente foram conduzidas a cozinha da granja,

onde

foram

abatidas,

sangradas

novamente submetidas a outra pesagem, agora de carcaça com

pena sem

pescoço, após essa

atividade foram depenadas e submetidas a outra pesagem sem penas. Seguidamente veio o processo de evisceração, que foi manual praticada pela equipe de acadêmicos, com a separação e pesagem das vísceras (coração, moela, fígado e intestino), sendo também

retirada

seguidamente

a

a

gordura

carcaça

foi

do

abdômen,

desmembrada

submetendo todos os cortes separadamente a uma

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e

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, v.13. n.4, p.4732-4737, julho/agosto, 2016.ISSN:1983-9006

e


Artigo 382 - Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia

a uma pesagem final, (coxa, pernas, peito, dorso,

CV: Coeficiente de variância. MSS: Milho, soja e

sobrecoxa, asa, coxinha da asa, gordura e pele.

sorgo; MSS3%: Milho, soja, sorgo e 3% de óleo de soja.

Os dados foram aplicados em um programa de análise estatística utilizando o SAS (2002).

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

RESULTADOS E DISCUSSÃO

probabilidade.

As tabelas 02, 03 e 04 demonstram os resultados de variáveis de desempenho de frangos de corte,

A tabela 03 apresenta variáveis adquiridas no

consumo de ração, ganho de peso, conversão

experimento; podem-se notar

alimentar, rendimento dos cortes nobres de carcaça,

médios, percebendo que o corte de peito não diferiu

vísceras comestíveis e não comestíveis, fígado,

estatisticamente (P<0,05). Essa baixa variação pode

coração, moela e intestino.

todos

os

dados

se dar pelo baixo nível de energia acrescentada na dieta de 3%. No corte do dorso e coxa também não

Os dados obtidos, na tabela 02, não apresentaram

foram obtidos diferença (P<0,05). Os parâmetros de

diferença significativa (P<0,05), para consumo de

asa, coxinha da asa, pés, gordura e pele, não

ração (CR), ganho de peso (GP), e conversão alimentar (CA), no período de 1 a 42 dias, em temperaturas

que

variam

de

26°C

a

30°C,

caracterizando como fora da zona de conforto

demonstraram diferença estatística (P<0,05). O único corte que demonstrou diferença (P>0,05) entre os tratamentos foi o parâmetro de sobrecoxa. Sendo

térmico. Segundo Tinoco (1998), um ambiente

todos os dados obtidos pelo teste de tukey.

considerado confortável em números de 16 a 23°C.

Corroborando com este trabalho Brandão (2008),

Observando que a pouca inserção de óleo na

verificou que os níveis de inclusão de óleos e os

alimentação

não

diferentes tipos de óleos de soja não interferiram nas

diferenciação estatística. Segundo Carvalho Filho et

variáveis: peso de carcaça, asas, entreasa, peito,

al. (2014) as aves em estresse térmico reduzem a

coxa,

pode

ter

contribuído

para

ingestão de alimento na tentativa de minimizar o calor metabólico, observando e comparando os resultados de Rosa (1999), que utilizou dietas para frangos de corte contendo 3% de fontes lipídicas

sobrecoxa,

dorso,

gordura

abdominal,

pescoço, fígado e moela. Demonstrando resultado adverso apenas no parâmetro de sobrecoxa. Vários fatores podem ter colaborado, um deles pode ser a

(óleo de linhaça, óleo comercial e óleo de soja) e

pouca introdução de óleo na alimentação e fatores

uma ração controle sem adição de óleo, não

ambientais como a temperatura; essa que foi

observou diferença estatística de rendimento de

apresentada em 26°C em horários mais ventilados.

carcaça inteira e no rendimento de cortes para as

Segundo

diferentes dietas. Resultados adquiridos por Gonzalo

considerável favorável para aves adultas quando

(1982), em frangos alimentados em 7% na ração

apresenta temperaturas de 16 a 23ºC. Resultados

apresentam menores consumos de ração em

semelhantes foram encontrados por, Leandro et al.

comparação aos alimentados com 1 a 4%.

(2003), que concluíram que os rendimentos de corte não

Tabela 2. Dados médios de consumo de ração (CR),

Tinoco

diferenciaram

(1998),

um

ambiente

estatisticamente

para

é

os

diferentes planos nutricionais. Dados obtidos por Lima et al. (1996), não verificaram diferenças para as

PARÂMETRO CR GP CA

MSS (g) 4,5 a 1,9 a 2,4 a

MSS3%(g) 4,5 a 1,9 a 2,4 a

CV% 3,7 4,2 1,7

características de rendimento de coxas, peito e nos níveis de 1%, 2% e 3% nas rações de frangos de corte. Esses resultados corroboram com Lara et al. (2005) estudando a influência de peso inicial sobre o

Fonte: Elaborado pelo autor

desempenho e o rendimento de carcaça e cortes de

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Artigo 382 - Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia

frango de corte, observaram maior rendimento de coxa e sobrecoxa das aves.

Médias seguidas da mesma letra não diferem

Tabela 3. Variáveis de rendimento de carcaça, dos

estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

cortes comerciais

probabilidade. CV: Coeficiente de variância. MSS: Milho, soja e sorgo; MSS3%: Milho, soja, sorgo e 3%

PARÂMETRO MSS (g) MSS3%(g) Peito 280a 270a Dorso 410a 410a Coxa 180a 170a Sobre coxa 190a 160b Asa 150a 90a Coxinha da110a 110a asa Pés 80a 70a Gordura 30a 30a Pele 140a 130a Fonte: Elaborado pelo autor

CV% 17,7 13,4 11,0 15,3 131,0 13,5

de óleo de soja.

15,6 37,1 13,8

alimentação, sendo que na análise de todos os

CONSIERAÇÕES FINAIS Os parâmetros de desempenho de frangos de corte da linhagem Ross não podem ser influenciados pela introdução de níveis baixos de energia em sua parâmetros promovidos no experimento, não foram obtidas

diferenças,

sobrecoxa, enfim

exceto, as

aves

no

parâmetro

podem

ter

de

sofrido

Médias seguidas da mesma letra não diferem

influencia de alguns fatores como temperatura,

estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

umidade,

probabilidade. CV: Coeficiente de variância. MSS:

desenvolvimento das aves.

podendo

interferir

no

pleno

Milho, soja e sorgo; MSS3%: Milho, soja, sorgo e 3% REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

de óleo de soja.

BRANDÃO, T. M. Diferentes tipos de óleos de soja e Na tabela 04, utilização de óleo de soja na

níveis de energia em dietas de frango de corte:

introdução de dietas de frangos de corte não

desempenho

apresentou diferença estatística (P<0,05) sobre os

Dissertação, Bióloga e Tecnóloga em Alimentos.

pesos de carcaça de órgãos internos, sendo fígado,

TERESINA – PI, 2008.

e

carcaterística

de

carcaça.

moela, coração e intestino. Um dos possíveis

CARVALHO FILHO, D.U. et al. Fitase em dietas para

motivos para não obtenção de dados diferenciais

frangos de corte de 1 a 21 dias alojados em

estatísticos pode ser remetido à exposição das aves

ambientes

a autos níveis de temperatura provocando um estresse calórico, que dificulta no desenvolvimento desses

animais. Segundo Harrison (1995)

as

variáveis como temperatura são manejadas no no sistema de alojamento avícola e influencia tanto na

com

diferentes

sistemas

de

climatização. Revista Brasileira Saúde Produção Animal, 2014, vol.15, n.4, pp. 957-969. ISSN 15199940. EVANGELISTA, J. Tecnologia de alimentos. 2. ed. São Paulo, SP: Atheneu, 2008. 654,. FIGUEIREDO,

E.A.P.

Como

está

a

avicultura

qualidade como na quantidade da produção. Os

brasileira. Revista Brasileira de Agropecuária, ano

resultados obtidos por Lara et al. (2006) corroboram

II nº 13. 2001. p.12-16.

com os diagnosticados nesse trabalho, sendo que

GIROTTO, A. F.; AVILA, V. S. Sistema de Produção de

fontes lipídicas de origem vegetal não influenciam no

Frangos de Corte. Embrapa Suínos e Aves, ISSN

rendimento de carcaça de vísceras e cortes de (peito

1678-8850 Versão Eletrônica, janeiro de 2013. GONZALO, G.M. Rate of passage (transit time) as

e coxa). Tabela 4. Dados médios de rendimento de

órgãos

influenced by level of supplemental fat. Poultry Science, Champaign, v.61, p.94-100, 1982.

PARAMETRO Fígado Moela Coração Intestino

MSS (g) 30a 40a 10a 90a

MSS3%(g) 30a 40a 20a 200a

CV% 17,4 25,4 92,8 157,8

Fonte: Elaborado pelo autor

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Artigo 382 - Desempenho de frangos de corte com diferentes níveis de energia

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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, v.13. n.4, p.4732-4737, julho/agosto, 2016.ISSN:1983-9006

4737


Produção de forragem em sistemas integrados Espécies forrageiras, ILPF, produtividade, sombreamento.

Kaio Augusto Ribeiro Santana Cavalini Soares¹* Henrique Melo Da Silva² Hozane Alves De Souza² Helio Stinguel¹

Revista Eletrônica Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

¹Mestrando em Zootecnia, UFMT/ICAA-Sinop, ² Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso Campus Sinop *E-mail: kaiocavalini@gmail.com

A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO O sistema de integração lavoura-pecuária-floresta

FODDER PRODUCTION IN INTEGRATED SYSTEMS

(ILPF) vem ganhando destaque no cenário nacional

ABSTRACT

e internacional nos últimos anos, devido sua

The

sustentabilidade e viabilidade econômica. Integrando

(IAFP) has gained prominence on the national and

atividades

florestais,

international scene in recent years, owing its

realizadas na mesma área, num cultivo consorciado,

sustainability and economic viability. Integrating

em

efeitos

agricultural, livestock and forestry held in the same

sinérgicos entre os componentes do sistema, em

area, in intercropping, in succession or rotation,

busca

agrícolas,

sucessão da

ou

pecuárias rotação,

buscando

integration

crop-livestock-forest

a

promoting a synergistic effect between the system

sistema

components, in pursuit of environmental compliance.

estabelecido mudará a configuração da atividade. A

However, the deployment of trees on a system

competividade por luz e nutrientes entre as árvores e

already established had changed the configuration of

as gramíneas interfere diretamente na produção de

the activity. The competitiveness for light and

forragem, por outro lado, as árvores aumentam a

nutrients between the trees and the grass directly

ciclagem de nutrientes e diminui a perda de umidade

interferes in forage production on the other hand, the

dentro do sistema. Existem algumas espécies

trees increase nutrient cycling and reduces moisture

forrageiras tolerantes que quando submetidas ao

loss within the system. There are some tolerant

sombreamento moderado, apresentaram algumas

forage species when subjected to moderate shading,

características intrínsecas do sistema que devem ser

presented some intrinsic characteristics of the

avaliadas de forma mais conjunta aos outros

system to be assessed more jointly with other

componentes do sistema, tais como: plasticidade

system components such as phenotypic plasticity,

fenotípica, qualidade nutricional e valor nutricional.

nutritional quality and nutritional value.

Palavras-chave: espécies forrageiras, ILPF,

Keyword:

produtividade, sombreamento.

shading.

de

árvores

ambiental.

of

Porém,

implantação

adequação

e

system

em

um

forage

species,

IAFP,

productivity,

4738


Artigo 383 – Produção de forragem em sistemas integrados

INTRODUÇÃO A

fornecendo cifras cada vez mais atrativas ao

integração

lavoura-pecuária-floresta

(ILPF)

produtor. Devido à maior exploração da ILP nos

apresenta dúvidas sobre aspectos do manejo dos

últimos anos, a atividade se encontra em um elevado

componentes do sistema. Ao se integrar em uma

nível tecnológico. Atualmente a ILPF vem para

mesma área física plantas herbáceas, arbustivas

revolucionar a ILP, porém há pouco conhecimento

e/ou arbóreas e animais ruminantes, estabelece-se

técnico - científico a respeito dos efeitos aditivos do

um ambiente de relações ecológicas, baseadas em

componente florestal sobre a lavoura e a pecuária e

interações complexas e dinâmicas entre seus

qual o sinergismo entre as atividades. Portanto

componentes.

de

objetivou-se com essa revisão, discutir sobre a

competição entre os componentes são determinados

produção e qualidade da forragem produzida em

pelo clima, manejo, tipo de solo e espécies. Em

sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta,

sistemas estabelecidos em ambientes tropicais

tendo em vista a interferência do componente

úmidos, espécies arbóreas e forrageiras competem

florestal, buscando identificar quais os tipos de

primariamente por luz (SHELTON et al., 1997;

interações e efeitos aditivos sobre a produção de

PACIULLO et al., 2011). Ao longo do tempo, as

forragem.

A

significância

e

o

nível

árvores crescem e interceptam progressivamente maiores

quantidades

fotossinteticamente

da

ativa,

radiação

aumentando

o

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

sombreamento do pasto. Ao mesmo tempo, ocorrem

A inclusão do componente arbóreo na lavoura e

mudanças na qualidade da radiação que atravessa o

pastagem

dossel arbóreo e alcança o pasto, o que interfere em

Integração Lavoura Pecuária (ILP), evoluindo para o

várias características morfofisiológicas das plantas

conceito de integração Lavoura Pecuária Floresta

forrageiras.

(ILPF). Estratégia de produção sustentável que

O

grau de sombreamento imposto sobre

as

forrageiras, assim como a capacidade dessas plantas

continuarem

produzindo,

mesmo

em

condições de menor luminosidade são condições básicas para o sucesso na exploração desses sistemas, especialmente quando se prioriza a produção animal. O uso de densidade de árvores, de modo a promover apenas sombreamento moderado

representa um

avanço inovador

da

integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área, num cultivo consorciado, em

sucessão

ou

rotação,

buscando

efeitos

sinérgicos entre os componentes do sistema, em busca da adequação ambiental (Embrapa, 2009). Além disso, o modelo pode possibilitar o aumento de renda da propriedade, pela exploração econômica de mais de um produto comercializável.

das forrageiras, além do plantio de espécies, pelo

A implantação de espécies arbóreas no sistema

menos medianamente tolerantes à sombra, pode

constitui a garantia de manter ativa a circulação de

contribuir significativamente para o sucesso de

nutrientes e o aporte significativo de matéria

sistemas de produção animal baseado no uso de

orgânica, condição essencial para se cultivar de

pastagens

ao

maneira contínua os solos tropicais (BURGUER et

sombreamento depende da capacidade que a planta

al., 1986). Porém, com o desenvolvimento das

tem em se ajustar morfológica e fisiologicamente a

árvores

um dado nível de irradiância (DIAS-FILHO, 2000),

luminosidade disponível para o sub-bosque que

variando entre espécies e é de suma importância o

influencia

conhecimento no momento de escolher qual plantar.

sombreamento pode comprometer a produção de

arborizadas.

A

tolerância

uma a

diminuição

produtividade

progressiva do

pasto.

da O

forragem (CASTRO et al., 1999; GUENNI et al., Recentemente a integração lavoura pecuária (ILP)

2008), mas há evidências de seus benefícios sob

vem se consolidando dentro da pecuária nacional e

determinadas condições (ROZADOS LORENZO et al., 2007; YAMAMOTO et al., 2007; SOUSA et al., 2010).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4739


Artigo 383 – Produção de forragem em sistemas integrados

moderado,

agrosilvipastoris, no que se refere ao espaçamento

algumas gramíneas, que apresentam tolerância mediana a esse tipo de ambiente, podem manter sua

entre faixas de árvores e escolha de espécies

produção semelhante à do cultivo a pleno sol ou

máximo benefício da inclusão de espécies arbóreas

mesmo aumentar, quando estabelecidas em solos pobres em nitrogênio (CASTRO et al., 1999;

em pastagens.

PACIULLO et al., 2008; SOUSA et al., 2010).

Produção de forragem em sistemas integrados

Em

condições

de

sombreamento

Algumas variáveis importantes que influenciam a disponibilidade de luz para o sub-bosque, para obtenção de sombra moderada, são a densidade e a disposição das árvores na área de pastagem (Oliveira et al., 2007; Rozados Lorenzo et al., 2007). Em sistemas agrosilvipastoris, cujo arranjo espacial envolve a disposição das árvores em linhas ou renques com mais de uma linha, é possível supor que haja influência das árvores sobre o pasto, à medida que este se distancia dos troncos. Embora a influência

do

componente

arbóreo

nas

características do pasto se concentre principalmente sob

as

copas

das

árvores,

os

efeitos

do

sombreamento podem alcançar regiões localizadas além da projeção das copas (DIAS et al., 2007).

forrageiras adaptadas, para que se possa obter o

De maneira geral, a produção de forragem é dependente

tanto

da

temperatura

quanto

da

luminosidade. Forrageiras de estação fria têm o pico de produção no inverno e na primavera, enquanto forrageiras de estação quente apresentam maior produtividade durante os meses mais quentes. Durante

o

inverno,

temperaturas

e

em

consequência

luminosidade

baixa,

de

espécies

perenes de verão reduzem a produção de forragem, enquanto, no verão, água é o fator mais limitante à produção de forragem (NELSON & MOSER, 1994). No Centro-oeste, tendo em vista que as estações do ano são bem definidas, deste modo, pode-se dizer que o fator limitante de produção é a escassez de água no período da seca.

Paciullo et al. (2011) avaliando os efeitos de árvores dispostas em renques sobre as características produtivas e nutricionais de Urochloa decumbens

A produção de matéria seca de forrageiras em

verificou que a densidade de perfilhos variou

como a tolerância das espécies à sombra e o grau

(p<0,05) com a época do ano e com as distâncias dos renques, mas não com a interação entre esses

de sombreamento proporcionado pelas árvores.

fatores. O sombreamento natural, proporcionado

tolerantes

pelas árvores, alterou tanto a intensidade quanto a qualidade da radiação incidente no sub-bosque o

redução acentuada da produção de forragem quando

que explicou a menor densidade de perfilhos.

em geral com níveis de sombra acima de 50% de luz

associação

com

espécies

arbóreas

pode

ser

prejudicada ou favorecida, dependendo de fatores

Mesmo

gramíneas ao

consideradas

sombreamento

têm

medianamente apresentado

submetidas a condições de sombreamento intenso, solar plena (CASTRO et al., 1999; ANDRADE et al.,

A presença de árvores em sistemas agrosilvipastoris também influencia o valor nutritivo do pasto,

2004; PACIULLO et al., 2007). Resultados de

principalmente

adaptações

se mostrou pouco tolerante ao sombreamento

morfofisiológicas da planta (BARUCH & GUENNI, 2007), sendo que, em condições de sombreamento

intenso (65% de sombreamento em relação à

moderado, diminui-se a quantidade de matéria seca total, mas em contrapartida aumenta-se o teor de

de produtividade obtido (Tabela 1). A diminuição do

nitrogênio na folha, o que pode repercutir em melhorias do teor proteico da forragem (PACIULLO

aumentos da ordem de 65% para a massa de

et al., 2007; SOUSA, 2009).

(1999) também observaram redução de 50% no

em

razão

de

pesquisa têm revelado que a Brachiaria. decumbens

condição de sol pleno), considerando o baixo nível sombreamento de 65 para 35% resultou em forragem (PACIULLO et al., 2007). Castro et al. rendimento

O conhecimento do efeito de sombreamento é de

forrageiro

espécie

quando

cultivada com 60% de sombreamento artificial.

suma importância no planejamento de sistemas 4740

dessa

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 383 – Produção de forragem em sistemas integrados

A espécie Brachiaria brizantha cv. Marandu também apresentou diminuição de 60% na taxa de acúmulo de MS quando cultivada sob 70% sombreamento artificial (ANDRADE et al., 2004).

RFA Incidente no Sub-Bosque de B. decumbens (%) 7 100 79 45 1 1,389 1,111 6,23 2 2,306 2,591 1,78 1 3,071 1,963 1,684 4 5,377 4,554 3,462 2 1,66 2,33 2,85 1 2,21 1,77 2,7 4 3,87 4,09 5,5

Massa de parte aérea Massa de raiz Massa total Parte aérea Raiz Total

crescimento

associação

de

com

gramíneas

espécies

forrageiras

arbóreas

em

pode

ser

como o grau de sombreamento e de competição entre as plantas, contribuição das árvores em biomassa, nível de nitrogênio no solo e tolerância das gramíneas ao sombreamento (CARVALHO et al.

conforme a intensidade da RFA

RFA (µmol/m²/s)

O

prejudicado ou favorecido, dependendo de fatores

Tabela 1: Radiação fotossinteticamente ativa (RFA), massas de parte aérea e raiz de Brachiaria decumbens (kg/ha) e relações massa/RFA,

CARACTERÍSTICAS

Forrageiras tolerantes ao sombreamento

1997). Nesse contexto, há uma necessidade de identificar

espécies

arbóreas

e

forrageiras,

adaptadas a esse sistema, assim, avaliações de forrageiras tolerantes ao sombreamento devem ser priorizadas.

A

pesquisa

sobre

tolerância

de

forrageiras ao sombreamento tem avançado a partir de estudos realizados com diversas espécies de gramíneas e leguminosas forrageiras em várias partes do mundo (SMITH & WHITEMAN, 1983; WONG et al., 1985; ANDRADE et al., 2003; 2004; SOARES et al., 2009; PACIULLO et al., 2011), o que tem permitido orientação segura para escolha da

Fonte: Adaptado de Paciullo et al. (2011)

espécie mais adequada para compor sistemas Castilhos et al. (2003) avaliaram a produção de

silvipastoris.

forragem de cinco cultivares de Panicum maximum a pleno sol e em um bosque de eucalipto com 15 anos de idade, plantado no espaçamento 3 × 3 m. Na sombra, foi observada redução acentuada da produção de forragem de todas as cultivares, em decorrência

da

alta

consequentemente,

densidade

baixos

níveis

arbórea de

e,

radiação

disponível para as gramíneas. A produção de matéria

seca

média

obtida

na

sombra

foi,

aproximadamente, 25% da observada a pleno sol. O grau de sombreamento imposto pelas árvores no sistema silvipastoril sobre as forrageiras, assim

De acordo com Wong (1991), essa característica se refere à capacidade da espécie crescer a sombra, em relação ao crescimento a pleno sol, e sob a influência de desfolhações regulares. Além do crescimento,

outros

aspectos

importantes

das

gramíneas forrageiras que podem ser afetados pelo sombreamento

são

o

florescimento,

e

consequentemente, a produção de sementes, e aspectos do valor nutritivo da forragem, como a digestibilidade e composição mineral (CARVALHO et al., 2002).

como a capacidade dessas plantas continuarem produzindo,

mesmo

em

condições

de

menor

luminosidade, são condições básicas para o sucesso

Dentre as espécies de gramíneas que possuem tolerância mediana ao sombreamento estão algumas

de

na exploração desses sistemas, especialmente

das forrageiras mais utilizadas para formação

quando se prioriza a produção animal. O uso de

pastagem no Brasil e em outras regiões tropicais e

densidade de árvores, de modo a promover apenas

subtropicais, de como Brachiaria spp. e Panicum

sombreamento moderado das forrageiras, além do

maximum

(Tabela

plantio de espécies medianamente tolerantes à

Brachiaria

decumbens

sombra, pode contribuir significativamente para o

brizantha cvs. Marandu, Xaraés e Piatã, Brachiaria

sucesso de sistemas de produção animal baseado

ruziziensis,

no uso de pastagens arborizadas.

Massai e Vencedor apresentaram relativa tolerância

Panicum

2).

Gramíneas cv.

Basilisk,

maximum

cvs.

tais

como

Brachiaria Tanzânia,

ao sombreamento moderado, sendo potencialmente Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4741


Artigo 383 – Produção de forragem em sistemas integrados

adequadas para sistemas silvipastoris (CASTRO et

série de pesquisas deverá ser feita para melhorar e

al., 1999; CARVALHO et al., 2002; ANDRADE et al.,

complementar o sistema.

2004; PACIULLO et al., 2007; GUENNI et al., 2008; SOARES et al., 2009; SILVA et al., 2010; PACIULLO et al., 2011d; SANTOS et al., 2012).

Ajustes morfológicos sombreamento

em

resposta

ao

Sabe-se que o dossel forrageiro sofre modificações Tabela 2: Gramíneas forrageiras tropicais tolerantes ao sombreamento moderado

B. brizantha cv. Marandu B. brizantha cv. Xaraes B. brizantha cv . Piatã B. humidicola B. ruziziensis

P. maximum cv. Vencedor P. maximum cv.Tanzânia P. maximum cv. Massai

o componente arbóreo por recursos de

competição pela radiação fotossinteticamente ativa

Schreiner (1987), Andrade et al. (2003), Paciullo et al., (2007; 2011d), Guenni et al. (2008), Gobbi et al. (2009) Dias-Filho (2000), Andrade et al. (2003), Soares et al. (2009), Paciullo et al. (2011d) Martuscello et al. (2009), Paciullo et al. (2011d) Santos et al (2012) Smith & Whiteman (1983), Dias-Filho (2000 Paciullo et al. (2011)

B. decumbens

com

crescimento, principalmente no que se refere à

REFERÊNCIA Gênero Brachiaria

ESPÉCIE/CULTIVAR

morfofisiológicas quando submetido à competição

(DIAS-FILHO, 2002; PACIULLO et al., 2008; GOBBI et al., 2009). Aumentos da área foliar específica com a diminuição da

luminosidade

têm

sido

observados

para

gramíneas de clima temperado (KEPHART et al.,

Gênero Panicum

1992) e tropical (PACIULLO et al., 2007). Da mesma

Castro et al. (1999) Carvalho et al. (2002), Castro et al. (2009) Andrade et al. (2004), Silva et al. (2010)

forma,

plantas

submetidas

ao

sombreamento

apresentam maiores teores de clorofila total que aquelas cultivadas em condições de pleno sol (DIASFILHO, 2002). Dias-Filho (2002) examinou as

Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2002).

respostas fotossintéticas de Brachiaria brizantha e As respostas que ocorrem em condições de

Brachiaria humidicola, cultivadas em condições de

sombreamento variam de espécie para espécie. O

luz plena e sombreamento. Para ambas as espécies,

capim Tanzânia, por exemplo, nos estudos se

as

demonstrou tolerante ao sombreamento (Carvalho et

apresentaram menor ponto de compensação de luz

al., 2002), porém, reduziu a produção de matéria

do que plantas expostas ao sol pleno, o que foi

seca total, retardou o florescimento e apresentou

resultado das menores taxas de respiração no

mudanças morfológicas. Por outro lado, aumentou a

escuro por unidade de área foliar. Segundo os

concentração

autores, baixa respiração no escuro e baixo ponto de

de

consequentemente

nitrogênio melhorou

na a

planta

e

qualidade

da

forragem.

um

sistema

submetidas

ao

sombreamento

compensação de luz são atributos de plantas tolerantes à sombra.

Como a Integração Lavoura Pecuária Floresta ainda é

plantas

pioneiro,

ainda

é

de

pouco

Com

o

sombreamento

a

espécie

forrageira

desenvolve algumas características para se adaptar

conhecimento técnico e científico os efeitos aditivos entre as atividades agrossilvipastoris, deste modo,

ao ambiente. Estudos com gramíneas tropicais

não se pode afirmar que a implantação de arvores em um sistema pecuário é prejudicial, pois, na

resultou em lâminas foliares e colmos mais longos

mesma hora que o sombreamento diminui a produção total de matéria seca melhora-se a qualidade da forragem. A partir dessa afirmação, gera-se uma série de questionamentos: Qual será a eficiência de utilização dessa forragem? Como será a

indicaram que a intensificação do sombreamento (LOPES et al., 2011; PACIULO et al., 2011). Esses resultados

decorrem

das

maiores

taxas

de

alongamento de folhas e colmos quando as plantas são submetidas à luminosidade reduzida, conforme observado para gramíneas dos gêneros Brachiaria

suplementação de um animal manejado nesse sistema? Será que com a suplementação se

(DIAS-FILHO, 2000; PACIULLO et al., 2011d;

consegue aumentar a produção por área, uma vez que diminui a produção de forragem? ... Assim uma

2009) cultivadas em condições de sombreamento.

4742

LOPES et al., 2011) e Panicum (CASTRO et al.,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 383 – Produção de forragem em sistemas integrados

Em geral, a taxa de aparecimento de folhas não é

mento de onda esteja na faixa de 400-700 nm. A luz

influenciada pelo sombreamento (PACIULLO et al.,

cujo comprimento de onda esteja compreendido

2008; 2010), ou apresenta apenas aumento de

entre o azul e o vermelho é reduzida em comparação

pequena

2011),

com o espectro verde e infra-vermelho, diminuindo a

provavelmente pelo papel central que desempenha

relação luz vermelha/luz infravermelha. A queda

na morfogênese das plantas, fato que contribui para

dessa relação, em condições de sombreamento

que essa seja a última característica modificada pela

natural,

planta em condições adversas de crescimento

morfogênese das plantas, principalmente diminuindo

(NABINGER & PONTES, 2001). O número de folhas

o perfilhamento das gramíneas (GAUTIER et al.,

por perfilho também não tem se modificado com o

1999). A importância da intensidade da sombra

sombreamento, o que está relacionado ao pequeno

sobre este fator foi demonstrada por Paciullo et al.

ou

(2007), em pastagem de B. decumbens, cuja

magnitude

ausente

aparecimento

efeito e

(LOPES

da

tempo

et

sombra de

al.,

na

vida

taxa da

de folha

causa

densidade

importantes

populacional

de

efeitos

sobre

perfilhos

a

por

(FERNANDÉZ et al., 2002; PACIULLO et al., 2008;

aumentou de 253 para 447 quando a intensidade de

LOPES et al., 2011).

luz se elevou, respectivamente, de 35 para 65%, em relação à condição de sol pleno. Outro estudo

Em relação aos perfilhos, variações nos padrões e

demonstrou redução entre 20 e 32% na densidade

taxas de aparecimento e morte correspondem a um

de perfilhos, com o sombreamento, para várias

dos principais mecanismos utilizados pelas plantas

espécies do gênero Brachiaria cultivadas sob sol

forrageiras para se manterem vivas e perenes em

pleno

áreas de pastagem, uma vez que asseguram

(PACIULLO et al., 2011).

e

diferentes

percentagens

de

sombra

reposição de perfilhos mortos e restauração da área foliar removida pelo pastejo. Em geral, tem sido

Outra modificação decorrente do sombreamento é a

constatada redução da taxa de perfilhamento de

redução da produção de raízes (Figura 1), resultante

gramíneas quando submetidas ao sombreamento

da

(FERNANDÉZ et al., 2002; PACIULLO et al., 2007).

fotoassimilados

Normalmente, para manter o desenvolvimento do

ambiente de reduzida luminosidade, especialmente

perfilho, em condições de sombreamento, a planta

na camada de 0 a 40 cm de profundidade do solo

prioriza o crescimento dos perfilhos existentes, em

(PACIULLO et al., 2010). Como consequência desse

detrimento da produção de novos perfilhos. Pode

fenômeno, tem-se maior relação parte aérea/raiz em

ocorrer maior mortalidade de perfilhos em função da

plantas cultivadas sob sombreamento. Em pastagem

limitação no suprimento de carbono gerada pela

de Brachiaria decumbens calculou-se que a redução

competição

2010).

da biomassa aérea sob a maior porcentagem de

Adicionalmente, em condições de sombreamento,

sombra (60% da radiação plena) foi de 29,7% em

algumas gemas axilares podem ser abortadas antes

relação ao cultivo sob menor sombreamento (16%

mesmo da emergência de novos perfilhos (LEMAIRE

da radiação plena), enquanto a redução relativa na

& CHAPMAN, 1996).

biomassa de raízes, causada pelo sombreamento,

por

luz

(KIM

et

al.,

mudança

no

padrão

pelas

de

plantas

alocação

de

cultivadas

em

foi de 70,5% (PACIULLO et al., 2010). A diminuição Além do efeito da quantidade de luz sobre a

mais acentuada da massa de raízes em relação à

produção de fotoassimilados, que sustenta e permite

parte aérea refletiu-se em plantas sob maiores

o desenvolvimento dos perfilhos, a qualidade da luz

percentagens de sombra, em relação àquelas

também tem efeito sobre o perfilhamento. A

crescendo sob menor efeito da sombra das árvores.

qualidade da luz que passa através das copas das

Dias-Filho (2000) enfatiza que a marcada redução na

árvores é alterada porque as folhas das mesmas

biomassa

absorvem, preferencialmente, radiação cujo compri-

vulnerabilidade do pasto aos estresses ambientais

de

raízes

pode

resultar

em

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

maior

4743


Artigo 383 – Produção de forragem em sistemas integrados

que exijam forte interferência do sistema radicular para o processo de rebrotação.

(FDN) e digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) os resultados, embora contraditórios, indicam uma

Valor nutritivo da forragem A temperatura, a disponibilidade de água, a fertilidade do solo e radiação solar são os fatores mais importantes que determinam a quantidade e o valor nutritivo da forragem produzida (FONTANELI et al., 2012). A qualidade da forragem está diretamente relacionada com o desempenho animal, isto é, produção diária de leite por animal ou por área e ganho de peso vivo diário. Uma maneira simples de representar

qualidade

de

forragem

pode

ser:

qualidade de forragem = quantidade ingerida da forragem x valor nutritivo (FONTANELI et al., 2012). O valor nutritivo de uma forragem refere-se às características inerentes da forragem consumida que determinam a concentração de energia digestível e sua eficiência de utilização. O valor nutritivo é determinado pela concentração e digestibilidade de nutrientes e natureza dos produtos finais da digestão. A qualidade da forragem produzida pela planta ou, de forma mais geral, pela população de plantas é determinada pelo estádio de crescimento destas e por suas condições durante a colheita. Em sentido global, a qualidade da forragem é o resultado das espécies presentes e da quantidade de forragem disponível, bem como da composição e da textura de cada espécie.

tendência de redução dos teores de FDN e aumento da DIVMS em condições de sombra (CARVALHO, 2001). Kephart e Buxton (1993) verificaram que, impondo 63% de sombra a cinco espécies de gramíneas forrageiras perenes, o conteúdo da parede celular decresceu em apenas 3% e o teor de lignina em 4%, fatores que contribuíram para um aumento da digestibilidade em 5%. À sombra, as gramíneas apresentam um ligeiro aumento da digestibilidade (1 a 3%), em virtude de sua menor concentração de parede celular. Entretanto, um aumento do teor de lignina foi reportado nas gramíneas cultivadas à sombra, em relação àquelas mantidas em pleno sol (SAMARAKOON et al., 1990a). Efeito significativo da condição de luminosidade foi observado sobre o teor de FDN da Brachiaria decumbens, o qual foi maior a pleno sol do que sob as copas das árvores (PACIULLO et al., 2007). Resultado semelhante foi encontrado para as espécies Brachiaria brizantha e Panicum maximum, cultivadas em diferentes níveis de sombreamento (DENIUM et al., 1996). De acordo com os autores, a maior concentração de FDN, a pleno sol, é conseqüência da maior disponibilidade de fotoassimilados, do que resulta aumento na

A sombra, geralmente, favorece o aumento da disponibilidade de nitrogênio no solo e induz aumentos na

Sobre os teores de fibra em detergente neutro

concentração

de

nitrogênio

das

gramíneas

(SAMARAKOON et al. 1990A; KEPHART & BUXTON, 1993; RIBASKI & MONTOYA, 2000). Em pastagens de Brachiaria decumbens sombreadas ou não com leguminosas arbóreas, os teores de proteína bruta foram influenciados pelas condições de luminosidade. Nas lâminas foliares o teor de proteína bruta (PB) foi 29% maior na sombra do que no sol (PACIULLO et al., 2007). A sombra possibilita maior retenção de água no solo, cujo efeito positivo sobre a atividade microbiana,

quantidade de tecido esclerenquimático, com maior número de células e paredes celulares mais espessas. A literatura mostra que o efeito do sombreamento na DIVMS é variável com a espécie, nível de sombreamento

e

condições

climáticas,

principalmente temperatura e umidade. Quatro anos após a introdução de nove espécies de leguminosas arbóreas em uma pastagem já formada de Brachiaria decumbens, foi observado que durante a estação seca ou em período de menores precipitações, em áreas de pastagem

resulta em maior decomposição da matéria orgânica e

sob a influência da sombra a mesma apresentava

ciclagem de nitrogênio (WILSON, 1998).

melhor qualidade do que a forragem produzida nas áreas fora da influência das árvores (CARVALHO et al., 1999). O teor de PB da forragem foi maior

4744

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, v.13. n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016.ISSN:1983-9006


Artigo 383 – Produção de forraagem em sistemas integrados

em regime de sombreamento do que a pleno sol, em

menor

ambas as estações. Durante a estação chuvosa, as

condições de sombra, associada ao maior teor de

condições de sombreamento não apresentaram efeito

PB, geralmente melhora a digestibilidade da

significativo na DIVMS da Brachiaria decumbens.

matéria seca. Contudo, as variações positivas

Entretanto, durante a seca a forragem produzida na

esperadas

sombra apresentou valores de DIVMS maiores do que

sombreadas dependem da espécie, nível de

aqueles observados ao sol. Paciullo et al. (2007)

sombreamento, fertilidade inicial do solo, estação

verificaram maior DIVMS para lâminas foliares de B.

do ano, entre outros.

decumbens

desenvolvidas

na

sombra,

quantidade

no

de

valor

fotoassimilados

nutritivo

em

em

forrageiras

quando

comparada a sol pleno. Os autores relacionaram o maior valor de DIVMS, ao maior teor de PB e menor de FDN obtidos em condições de sombreamento.

CONCLUSÕES A produção de forragem dentro do ILPF sofre interferência

do

sombreamento,

porem

vai

depender da tolerância e adaptação da espécie Denium et al. (1996) observaram efeito positivo da sombra na DIVMS para a Setaria anceps, negativo para P. maximum e ausência de efeito para B. brizantha. Sob sombreamento intenso (28% de de transmissão de luz) foram verificados decréscimos nos valores

de

digestibilidade

de

várias

gramíneas

forrageiras; mas em condições de sombra moderada (64% de transmissão de luz)

a digestibilidade

aumentou em comparação ao cultivo à luz solar plena.

forrageira

ao

sombreamento

produzido

pelo

componente arbóreo. Nesta situação ocorrem adaptações morfofisiológicas, como a diminuição da densidade de perfilhos. Contudo, estudos demonstram condições

de

beneficiadas proporcionada

que

espécies

tolerantes

sobre

sombreamento moderado, pela pelas

ciclagem árvores.

de

são

nutrientes

Dessa

forma,

estudos mais detalhados sobre os efeitos aditivos dentro da ILPF deverão ser desenvolvidos para

De forma consistente o sombreamento contribui para aumentos dos teores de PB e minerais na forrageira.

que possamos elaborar técnicas mais específicas de manejo dentro do sistema.

A tendência de menores teores de FDN, decorrente da

Figura 1. Distribuição de raízes de B. decumbens no perfil do solo, em um sistema silvipastoril, conforme a intensidade de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) incidente no pasto.

Fonte: Adaptado de Paciullo et al. (2010).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, v.13. n.4, p.4738-4748, julho/agosto, 2016.ISSN:1983-9006

4745


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Ergonomia em tratores agrícolas Segurança do trabalho, normas, irregularidades, postos de trabalho. 1

Luis Gustavo Silva Rodrigues 2 Enio Fernandes de Lima 3 Larissa Aires Mariano 4 Vanessa Cristina de Souza Resende Revista Eletrônica

Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Engenheiro Ambiental e Engenheiro de Segurança do Trabalho, Graduando em Zootecnia IFGoiano. E-mail: luisgsilvarodrigues@hotmail.com Engenheiro Mecânico e Engenheiro de Segurança do Trabalho. Engenheira Química e Engenheira de Segurança do Trabalho. Zootecnista e Técnica em Agropecuária

A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

ERGONOMICS IN AGRICULTURAL TRACTORS

RESUMO Objetivou-se

com

esse

trabalho

identificar

os

principais riscos ergonômicos e problemáticos que estão sujeitas os motoristas de tratores agrícolas e analisar, por meio de revisão bibliográfica, a condição desses maquinários agrícolas, quanto aos requisitos das normas nacionais e internacionais. Para isso, foram utilizados artigos dos últimos doze anos, focando em estudos de 2010 a 2013. A conclusão obtida foi que apesar da importância que se dá a ergonomia e segurança do trabalho hoje, ser bem maior que há alguns anos, ainda há muita irregularidade em itens importantes de normas referentes a postos de trabalho e comandos de operação de tratores agrícolas. Palavras-chave: Segurança do trabalho, normas,

ABSTRACT The objective of this work was to identify ergonomic risks and main problems that are subject drivers of agricultural tractors and analyze, through a literature review, the condition of these agricultural machinery, for the requirements of national and international standards. For this, articles was used for the past twelve years, focusing on studies from 2010 to 2013. The conclusion was that despite the importance given to ergonomics and safety be much higher today than a few years, there is still much irregularity important items of standards relating to jobs and operation commands tractors. Keyword: Work security, standards, irregularities.

irregularidades, postos de trabalho.

4749


Artigo 384 – Ergonomia em tratores agrícolas

INTRODUÇÃO

trabalho do mesmo. Da mesma forma, os acidentes

A produtividade da agropecuária brasileira é uma

eram relacionados, normalmente, à falta de mão-de-

das mais altas do mundo, com crescimento médio

obra qualificada. Entretanto, o rendimento do trator,

anual de 3,57% de 1975 a 2009, segundo o

e a ocorrência de acidentes dependem também do

Ministério da Agricultura. Nesse período, a produção

trabalhador e seu nível de fadiga e, também, a

de grãos no Brasil aumentou 240% e a área foi

intensidade

expandida em 44%, mostrando o forte crescimento

condições ergonômicas intrínsecas de cada trator.

destes

esforços

dependem

das

da produtividade agrícola no Brasil. O cansaço do colaborador faz com que sua A Organização Mundial do Comércio (OMC) destaca

concentração diminua, seus reflexos fiquem mais

que em 2011 o Brasil foi responsável pelo maior

lentos e a ocorrência de erros aumente. Atualmente,

saldo comercial agrícola do mundo. Faro (2013),

passam a existir convicções de que os riscos de

também

acidentes, que ocasionam

relata

que

as

expectativas

para

o

perdas

econômicas,

agronegócio são bastante otimistas, diferente de

devem ser minimizados. E então, a melhoria no

alguns setores da economia no Brasil. No primeiro

sentido humano de encarar a pessoa que realiza

trimestre de 2013, por exemplo, o Produto Interno

trabalho na agricultura faz com que os estudos

Bruto (PIB), que é a soma dos produtos e serviços

ergonômicos

ganhem

produzidos pelo país, ficou abaixo do esperado, com

mecanização

rural,

0,6%, porém, no setor agrícola apresentou o maior

agrícolas.

força

no

principalmente

contexto em

da

tratores

crescimento desde 1998, avançando 9,7%. O trabalho manual foi progressivamente substituído Para 2013, a Associação Nacional dos Fabricantes

pelo trabalho mecanizado e, com isso, veio à

de Veículos Automotores (Anfavea) espera alta de

preocupação com o conforto e a segurança do

18% nas vendas de máquinas agrícolas. De janeiro

operador dos maquinários agrícolas e, consequentes

a julho deste ano, a Anfavea registrou alta de 28%

acidentes de trabalho. A importância que hoje é dada

nas vendas de veículos automotores em relação ao

aos aspectos ergonômicos e de segurança do

mesmo período no ano passado. Seguindo a mesma

operador de máquinas agrícolas é bem maior do que

comparação,

aquela que se dava há alguns anos atrás, por

também

houve

crescimento

na

produção de máquinas agrícolas, de 17,5%.

profissionais de diversas áreas.

A partir da década de 1970, a demanda na agricultura vem sofrendo mudança, entre elas destaca-se

o

tratorizados

uso

crescente

(VILAGA,

2009).

dos O

maquinários aumento

na

produtividade foi uma das grandes evoluções que as máquinas agrícolas trouxeram para agricultura, considerando a redução do esforço físico necessário para a execução de determinadas tarefas e a potencialização do trabalho no meio rural. Porém, a operação de máquinas agrícolas demanda certo esforço físico e mental, o que resulta na fadiga do operador. Segundo

tratam de dimensões tanto do posto de operação do trator agrícola como de uma maneira geral desta máquina,

confirmando

a

importância

desse

equipamento, bem como de se ter segurança com o mesmo. A NR-31, por exemplo, estabelece os preceitos para a organização e ambiente de trabalho, nas atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, relacionadas com a segurança, saúde e meio ambiente do trabalho. O ANEXO XI da NR-12 (Segurança no trabalho em

Rozin

(2004),

acreditava-se

que

a

qualidade e a dimensão dos componentes dos tratores, como motor, caixa de câmbio, dentre outros eram os fatores determinantes da produtividade de 4750

Existem normas nacionais e internacionais que

máquinas e equipamentos) refere-se a máquinas e implementos para uso agrícola e aplica-se às fases de projeto, fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a máquinas e implementos para uso agrícola e florestal.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4749-4756, juho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 384 – Ergonomia em tratores agrícolas

A NR-17 (Ergonomia) direciona parâmetros que

no período de 1960 a 2006 (VIAN; ANDRADE,

permitem a adaptação das condições de trabalho às

2009).

características

dos

Tabela 1 - Área Cultivada, Frota de Tratores de

colaboradores, reunindo maior conforto, segurança e

psíquicas

Rodas e Índice de Mecanização da Agricultura no

desempenho.

Brasil, 1960-2006.

Para

avaliar

e

fisiológicas tais

condições,

o

empregador precisa realizar a análise ergonômica

Ano

do trabalho. Tanto as normas International Organization for

(1.000 ha)

(unidade)

(ha/trator de

Área

Frota de

rodas) Índice

cultivada

tratores de

de tratorização

rodas

Standardization (ISO), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como American Society of

1960

25.673

62.684

410

Agricultural Engineers (ASAE) são utilizadas para

1965

31.637

76.691

413

projeto de tratores agrícolas.

1970

34.912

97.160

359

1975

41.811

273.852

153

1980

47.641

480.340

99

1985

49.529

551.036

90

1990

47.666

515.815

92

1995

50.038

481.316

104

2000

53.300

450.000

118

2005

59.399

354.722

167

2006

57.445

336.589

171

Objetivou-se

com

esse trabalho

identificar

os

principais riscos ergonômicos e problemáticos que estão sujeitas os motoristas de tratores agrícolas e analisar, por meio de revisão bibliográfica, a condição desses maquinários agrícolas, quanto aos requisitos das normas nacionais e internacionais. REVISÃO DE LITERATURA CONCEITO E EVOLUÇÃO DOS TRATORES

Fonte: Vian e Andrade (2009).

Trator agrícola é uma máquina de médio a grande porte, unidade móvel com potência, constituída

Segundo Vilagra (2009), podem-se classificar os

basicamente por motor, sistema de transmissão,

tratores sob dois requisitos básicos, que são tipo de

sistema de direção e sistema de locomoção. Esse equipamento possui uma ampla gama de aplicações na agricultura e pecuária, entre elas transportar, empurrar, arrastar, levantar e acionar máquinas

rodado e tipo de chassi. O tipo de rodado refere-se à tração, estabilidade e rendimento operacional do trator e classificam-se em: duas rodas, triciclos, quatro rodas, semi-esteira e esteira. Para uso em

equipamentos agrícolas (SILVEIRA, 2001).

atividade agrícola, os tratores de quatro rodas são Segundo Vian e Andrade (2009), os Estados Unidos

predominantes. O tipo de chassi relaciona-se ao

foram

e

trator em Peso X Potência, distribuição dos esforços

colheitadeiras, movidos a vapor, que executavam

e localização do centro de gravidade. Segundo este

em um dia o processo de colher e realizar todas as

critério, pode ser classificado em: trator industrial,

operações necessárias, após a guerra civil norte

trator florestal e trator agrícola.

os

primeiros

a

usarem

tratores

americana, em 1861. Em 1905, surgiu a primeira fábrica de trator, chamada Hart-Parr Company, em Iowa, estado norte americano. Assim, a fabricação de tratores atingiu seu auge em 1913, quando dez mil tratores foram fabricados. A Tabela 1 mostra o aumento da frota de tratores de rodas a partir de 1975 em relação à área cultivada e o índice de mecanização da agricultura no Brasil, no

Para Márquez (1990), o trator agrícola foi a máquina que proporcionou o alavancamento da agricultura devido a sua versatilidade para executar várias atividades e a sua fonte de potência e tração para a utilização

com

implementos

e

equipamentos

agrícolas, assim sendo a base da agricultura moderna.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4749-4756, julho/ agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4751


Artigo 384 – Ergonomia em tratores agrícolas

metria Para Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos da América a mecanização agrícola é uma invenção que está à frente do computador, telefone e naves, ocupando a 7ª posição no quesito maior

é

o

estudo

características

do

das

medidas

das

corpo

humano

e

várias abrange

principalmente o estudo das dimensões lineares, diâmetros, pesos, centros de gravidade do corpo humano e suas partes (IIDA, 2003).

invenção do século XX. Por ter tantas funções agregadas, como: tracionar máquinas e implementos

Sempre harmonizando a relação homem e máquina,

de arrasto; acionar máquinas estacionárias através

a ergonomia tem a função de adaptar o processo de

de tomada de potência (TDP) e carregar máquinas e

efetivação

implementos montados, o trator agrícola é um dos

características do homem (ROSSI et al., 2011). Vidal

mais

(2009) completa afirmando que a ergonomia tem

importantes

insumos

agrícolas

modernos

(VILAGRA, 2009).

de

uma

tarefa,

respeitando

as

como finalidade a alteração do posto de trabalho para as características, funcionalidade e restrições

Técnicas agrícolas mais aprimoradas, diminuição de

do operador com fim de realizar o desempenho com

custos de produção, aumento da produtividade,

maior eficácia, conforto e sem perigo para o

levou as empresas que fabricam tratores a se

funcionário.

adaptarem

a agricultura então praticada, isso

levando o desenvolvimento de novas tecnologias

Agindo sobre os fatores do sistema homem-

eficientes e de qualidade seguindo a evolução dos

máquina, a ergonomia busca aumentar a eficiência

maquinários de outros países (ROZIN, 2004).

desse sistema para beneficiar o ser humano (FERNANDES et al., 2011). Para Trindade et al.

Para Silveira (2001), o trator deve se adaptar as

(2013), a ergonomia também procura adequar as

características mais diversas perante as várias

condições de trabalho com as características do

funções que podem ser exercidas. Eles necessitam

homem.

ter boa manobrabilidade, comodidade, segurança operacional, visibilidade, acoplamento rápido e

A ergonomia surgiu com a necessidade de melhoria

simples e fácil manutenção.

dos postos de trabalho, com isso buscou-se responder as grandes questões importantes das

Segundo a ANFAVEA (2013), no ano de 1960 o

situações insatisfatórias e relacionando com a

Brasil possuía uma frota de aproximadamente 60 mil

organização

tratores, nos dias atuais existe uma frota de

Segundo Rossi et al. (2011), ela tem como finalidade

aproximadamente 820 mil máquinas.

a harmonização para a realização de determinada

no

trabalho

(RIO;

PIRES,

2001).

atividade, sempre buscando o melhor beneficio de CONCEITOS E FUNÇÕES DA ERGONOMIA

produção e bem-estar ao homem.

Para Iida (2005), a ergonomia é definida como a adaptação do trabalho ao homem. O trabalho

Segundo Iida (2005), a ergonomia é uma nova

abrange as máquinas, os equipamentos e também

ciência que segue os aspectos da reação humana e

toda a situação em que ocorre o relacionamento

algumas outras características como ser humano

entre o homem e seu trabalho. Complementando,

(características físicas, fisiológicas, psicológicas e

Trindade et al. (2013) afirma que é um conjunto de

sociais do trabalhador, sexo, idade, etc), máquina

tecnologias

adaptar

(ferramentas usadas no trabalho, equipamentos,

confortável e produtivamente a relação do homem e

mobílias e instalações), ambiente (características

seu trabalho.

físicas do trabalho, temperatura, ruídos, gases,

e

ciência

que

objetiva

vibrações, cores), informação (transmissões de Segundo Rossi (2011), a ergonomia é uma ciência

informação, processamento e tomada de decisões),

multidisciplinar que utiliza aspectos da psicologia,

organização (horários, turnos de trabalho e formação

biomecânica, fisiologia humana, ambiente e antropo-

de equipes das funções) e consequência do trabalho

4752

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4749-4756, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 384 – Ergonomia em tratores agrícolas

(controle como tarefas de inspeções, estudos de

trabalho desse trabalhador deve ser verificado,

acidentes e erros, e estudos sobre energia, fadiga e

analisando se há condições para que o trabalho seja

estresse).

realizado sem riscos a saúde e acidentes (ROSSI et

A pesquisa em ergonomia é recente, e para

al., 2011).

Trindade et al. (2013), pode-se falar em “ergonomia aplicada ao trabalho” a partir da década de 1950. O

Além disso, o operador passa de 40% a 60% do

autor ainda conceitua “ergonomia aplicada ao

tempo de trabalho olhando para trás acompanhando

trabalho” como uma ligação do trabalho humano

o funcionamento dos implementos acoplados na

social e tecnológica, tendo por objetivo desvendar

traseira dos tratores, podendo chegar de 15 a 20

as situações de trabalho e os múltiplos fatores que

rotações na cabeça por minuto. Assim podendo levar

as compõem.

a fadigas nos músculos do pescoço e da coluna vertebral (IIDA, 2005).

ERGONOMIA EM TRATORES Segundo Rozin (2004), o conforto e a segurança dos trabalhadores vêm chamando a atenção de profissionais com a certeza de considerar a ergonomia nos projetos de tratores agrícolas, visando minimizar as adversidades impostas no

Segundo Iida (2005), o operador ideal deveria ter três pernas, dois olhos atrás da cabeça e uma coluna de ferro, a fim de facilitar e diminuir os impactos ergonômicos gerados a partir dos tratores. Além disso, a utilização de implementos agrícolas na parte

manuseio das máquinas agrícolas.

dianteira

dos

tratores

possui

benefícios

ergonômicos na saúde e segurança do operador. Verifica-se

que

o

mercado

agrícola

cresce

anualmente no Brasil, portanto questões como ergonomia

e

segurança

dos

operadores

de

máquinas têm sido cada vez mais demandado (NIETIEDT et al., 2012).

Para maior conforto, segurança e produtividade, alguns pontos devem ser avaliados, tais como acesso à máquina, o conforto térmico, o campo visual, o esforço para acionamento dos comandos e as dimensões do posto de trabalho (VILAGRA,

Os operadores de tratores estão submetidos a limitações e adversidades como: ruídos, vibrações, poeiras, temperatura, umidade, iluminação entre outros. Essas adversidades são oriundas tanto das máquinas, quanto do meio ambiente onde estão executando as atividades (SCHLOSSER et al., 2002). Em concordância, Fernandes et al. (2001) complementa dizendo que no aspecto agrícola, a operação de tratores ganha destaque devido a essas condições ambientais dos postos de trabalho,

2009). DISCUSSÃO Na Tabela 2 estão descritos os valores padrões a serem

seguidos

pelos

fabricantes

de

tratores

presentes na Norma NBR/ISO 4252 (ABNT, 1999), que são considerados para a maioria dos trabalhos que envolvem ergonomia em tratores, além da classificação da ANFAVEA para potência de tratores agrícolas (Tabela 3).

além de distribuição adequada dos comandos de Segundo estudo realizado por Mattar et al. (2010)

operação e assento do operador.

com tratores semi-novos de marcas nacionais, sendo A tarefa do operador de trator quase sempre vem

12 modelos com potência de 36 a 73 kW (classe II) e

acompanhada de jornadas de trabalho extensas,

9 modelos com potência de 74 a 147 kW (classe III),

tornando-a bastante fatigante. Além disso, as

itens importantes da norma NBR 4252 foram

condições

analisados. Quanto aos valores de altura de

climatológicas

estão

intrinsecamente

ligadas às operações do equipamento, podendo

plataforma,

todos

os

modelos

atenderam

as

afetar o rendimento produtivo. Portanto, o posto de

especificações, enquanto a que distância mínima entre degraus foi atendida por 85,71% dos modelos.

Nutritime Revista Eletronica, on-line, v.13, n.4, p.4749-4756, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4753


Artigo 384 – Ergonomia em tratores agrícolas

A altura do primeiro degrau é importante devido ao

é um pouco melhor, sendo que 45,4% dos comandos

impacto negativo sobre os joelhos dos motoristas,

frequentes estão na zona de conforto e 57,5% dos

além do grande esforço que o operador tem que

comandos raros na zona de acesso.

despender quando não adaptado. Os itens das normas vigentes de ergonomia em Para Nietiedt et al. (2012), que utilizaram uma

tratores agrícolas normalmente não estão sendo

amostra de 101 modelos de tratores agrícolas

atendidos, afirmação provada com os dados dos

comercializados no Brasil, em conformidade com a

autores estudados. Tal fato mostra que ainda há

norma NBR ISO 4253. Os autores constataram que

uma despreocupação por parte dos fabricantes de

o posicionamento do comando de embreagem

tratores agrícolas e também dos empregadores, que

(pedal) foi de 36,4% na classe I e nas demais

muitas vezes não fazem modificações a fim de

classes foi cerca de 55%. Quanto aos pedais de

adaptar e melhorar o posto de trabalho dos

freio, a média de conformidade foi de 56,4% entre

motoristas.

as classes. O caso mais crítico foi do acelerador de pé, cujo índice de atendimento a norma ficou em

O resultado é maléfico para ambos os lados. Com o

14,9% de todos os tratores agrícolas.

excesso de esforço do tratorista devido à falta do conforto mínimo necessário ao trabalho, o cansaço é

Rossi et al. (2011) usou um trator de potência

maior, a probabilidade de errar também e o

73.550 W novo para avaliar os controles dos postos

rendimento é menor. Dessa forma, a produtividade

de trabalho do tratorista, fundamentando-se na

do trabalho cai e o dono do trator lucra menos. Por

norma NBR/NM/ISO 5353 e NBR/ISO 4130. Após a

outro ponto de vista, há o aumento dos índices de

coleta de dados e confrontamento com a norma

doenças ocupacionais, acidentes de trabalho e

NBR ISO 6682, concluíram que dos controles

afastamentos de colaboradores, prejudicando o

principais (direção, câmbio, pedais, aceleradores e

próprio trabalhador.

embreagem), embreagem e acelerador de pé, que são de uso frequente pelo operador, estão fora da

CONSIDERAÇÕES FINAIS

zona de conforto e de alcance. Isso pode ocasionar

Apesar da importância que hoje é dada aos aspectos

lesões

ergonômicos e de segurança do operador de

musculoesqueléticas

do

operador

nos

máquinas agrícolas serem bem maiores do que há

membros inferiores.

alguns anos atrás, ainda há muita mudança a ser Por Nietiedt et al. (2012), tratores de classe II

feita nessa área. Um dos pontos observados é a

também foram estudados, em 2012, empregando as

quantidade limitada de artigos existentes com

normas ABNT/NBR/ISO 4253 e ISO 15077 como

estudos de ergonomia em equipamentos agrícolas,

referenciais.

avaliados

sobretudo tratores, se comparado com outros temas.

comandos de operação de acionamento frequentes

Como nosso país tem potencial agrícola, deveria se

e raros, nos perfis, vertical longitudinal e superior

preocupar mais com as questões que envolvem os

horizontal. Analisando o perfil vertical longitudinal,

colaboradores desse ramo.

Nos

tratores

foram

para os comandos frequentes 29,2% estiveram na zona de conforto, onde devem se localizar, e 30,8%

Uma

ficaram na zona inacessível, onde não devem estar.

encontradas talvez seja em razão do aumento da

Para os comandos raros 76,6% se posicionaram na

produção agrícola e a necessidade do uso constante

zona de acesso e 23,4% na zona inacessível. Em

de maquinários como tratores. As empresas diante

referência ao perfil superior horizontal, a estatística

desta demanda tendem a atender o mercado consu-

4754

das

explicações

Nutritime Revista Eletrönica, on-line, v.13, n.4, p.4749-4756, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

dessas

irregularidades


Artigo 384- Ergonomia em tratores agrícolas

midor gerando maquinários mais baratos,que gerem

ergonomia, fundamentais para o bom desempenho

mais lucros ou equipamentos mais produtivos,

do operador e, consequentemente a tranquilidade do

deixando de analisar, às vezes, a segurança e a

empregador.

Tabela 2 – Dimensões da norma NBR 4252 de acessos e saídas dos postos de operação.

Itens

Dispositivos de Acesso

Medidas

A

Ângulo de abertura da porta (valor mínimo)

120°

B

Largura superior da porta (valor mínimo)

670 mm

C

Maior largura da porta (valor mínimo)

750 mm

D

Profundidade do degrau (valor mínimo)

150 mm

E

Altura da porta do trator ou da plataforma ao toldo (valor mínimo)

1.330 mm

F

Largura do degrau e a entrada da plataforma (valor mínimo)

270 mm

G

Distanciamento do degrau à plataforma (valor máximo)

300 mm

H

Distanciamento de um degrau ao outro sucessivo (valor máximo)

300 mm

I

Altura do primeiro degrau em relação ao solo (valor máximo)

550 mm

J

Distância da entrada ao primeiro obstáculo (valor mínimo)

450 mm

Fonte: Mattar et al. (2010).

Tabela 3 – Classes de potência nominal do motor de tratores agrícolas.

Classes

Faixa de Potência (kW)

I

< 36

II

36 – 73

III

74 – 147

IV

Acima de 147

Fonte: ANFAVEA (2013).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4749-4756, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

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Artigo 384 – Ergonomia em tratores agrícolas

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4756

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4749-4756, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Utilização de probióticos para leitões desmamados Aditivo, antibióticos, microrganismos vivos, nutrição alternativa

Eliseu Carlos Cristofori¹ 1* Jansller Luiz Genova Davi Elias de Sá e Castro¹ Aparecida da Costa Oliveira² Matheus Leonardi Damasceno¹

Revista Eletrônica

Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

1

Mestrandos em Zootecnia, PPZ/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon – PR, bolsistas CAPES. *jansllerg@gmail.com

² Pós-doutoranda da CAPES (PNPD/CAPES), Marechal Cândido Rondon –

A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

PR.

RESUMO

UTILIZATION OF PROBIOTICS FOR WEANED

O período pós-desmame é uma fase em que, o leitão

PIGLETS

sofre alterações bruscas em sua relação social, ocorrem

alterações

repentinas,

além

metabólicas

do

estrutura

ABSTRACT The post-weaning period is a phase wherein, the

(ambiente) é modificada. Por estes fatores, seu

piglet undergoes abrupt changes in your social

sistema imune apresenta uma depressão, ficando

relation; occur sudden metabolic and physiological

então,

changes,

às

a

fisiológicas física

susceptível

mais,

e

enfermidades.

Um

dos

moreover,

the

physical

structure

principais meios para modificar esta situação é a

(ambience) is modified. For these factors, your

utilização de quimioterápicos, porém, seus efeitos

immune system presents a depression, being then,

secundários alertam os consumidores e nutricionista

susceptible the diseases. An of the main ways to

na área animal. Com esse agravante, surge como

modify this situation is the use of chemotherapy, but,

aditivo alternativo a utilização de probióticos, que em

yours

definição são microrganismos vivos que quando

nutritionist in the animal area. With this aggravating,

administrados de forma correta atuam em beneficio

arises as alternative additive the use of probiotics,

na microbiota intestinal, e assim promovem melhores

which in definition are live microorganisms, that when

índices

administered of correct form act in benefit in the

zootécnicos.

As

principais

classes

secondary

effects

alert

consumers

and

consideradas como probióticas são os Bacillus, as

intestinal

leveduras e bactérias produtoras de ácido lático, tais

zootechnical

como Lactobacillus, Bifidobacterium e Enterococus.

considered as probiotic the Bacillus, the yeast and

O objetivo desta revisão de literatura é discutir

lactic acid producers bacteria such as Lactobacillus,

informações sobre a utilização de probióticos na

Bifidobacterium and Enterococcus. The aim of this

nutrição de leitões, bem como, sua finalidade

literature review is discuss information about the use

metabólica,

sistema

of probiotics in the nutrition of piglets, as well, your

digestivo, apresentando resultados experimentais

metabolic finality, acting and changes in the digestive

obtidos com a inclusão deste aditivo.

system, presenting experimental results obtained

atuação

e

alterações

no

microbiota, indexes.

and The

thus

promote

main

classes

better are

with the inclusion of this additive. Palavras-chave: Aditivo, antibióticos, microrganismos vivos, nutrição alternativa. 4757

Keyword: Additive, antibiotics, live microorganisms, alternative nutrition.


Artigo 385 – Utilização de probióticos para leitões desmamados

INTRODUÇÃO O

desmame

formações sobre a utilização de probióticos na é

um

período

crítico

no

desenvolvimento do leitão, pelos fatores de estresse nutricional, social e ambiental. Uma vez que, os animais recebiam uma dieta de altamente digestível, passam a receber uma dieta mais complexa e

nutrição de leitões, bem como, sua finalidade metabólica,

atuação

e

alterações

no

sistema

digestivo, apresentando resultados experimentais obtidos com a inclusão deste aditivo.

menos digestível, através da ração sólida, com isso causando transtornos no trato gastrointestinal do

REVISÃO DE LITERATURA

animal. Ocorre uma perda de peso passageira,

Diversas pesquisas são encontradas no meio

como

científico,

geralmente

é

observado

logo

após

o

em

que

pesquisadores

intestinal,

composta

estudam por

a

desmame, levando a uma disfunção no intestino,

microbiota

diversos

predispondo o animal a infecções entéricas e

microrganismos, e que cada vez procuram-se

concomitantes casos de diarreia.

estudar os efeitos destes. Estudos feitos por Kotzampassi & Giamarellos-Bourboulis (2012) e

Estudos têm demonstrado que a função da barreira

Power et al. (2014) estudando a microbiota intestinal,

intestinal fica comprometida, resultando no aumento

descobriram que ela possui influência direta com a

da secreção de eletrólitos e água, além de aumentar

saúde do hospedeiro, como alterações metabólicas,

a permeabilidade para substâncias potencialmente

fisiológicas, nutricionais e processos imunológicos.

tóxicas

(LALLE’s

et

al.,

2004).

Com

esses

agravantes, os antibióticos são utilizados como

Assim, com a finalidade de melhorar o desempenho

promotores de crescimento para prevenir essas

zootécnico dos animais, surgem os probióticos,

perdas econômicas geradas pelo estresse ao

definidos como microrganismos vivos e quando

desmame e por microrganismos patogênicos no

administrados

trato gastrointestinal dos animais, que ocasionam as

melhoram a microbiota intestinal conferindo um

disfunções a nível metabólico.

benefício à saúde do hospedeiro (FAO/WHO, 2001).

Contudo, os efeitos secundários dos antibióticos

Estudos realizados por Wang et al. (2012) utilizando

alertam os consumidores e os nutricionistas de animais a buscarem alternativas na alimentação animal (KABIR, 2009). Uma alternativa encontrada para substituição aos antibióticos é o probiótico (GRIGGS & JACOB, 2005), que em definição são microrganismos vivos que quando administrados de forma correta atuam em beneficio na microbiota intestinal, e assim promovem melhores índices

em

como

probióticos

como probióticas e assim diversos trabalhos são encontrados na literatura avaliando a eficiência e

para

leitões

desmamados

encontraram melhores resultados de desempenho. Lojanica et al. (2010) utilizando faecium

encontraram

melhores

Enterococcus valores

para

conversão alimentar (C.A), ganho de peso diário (GPD)

e

menor

mortalidade

para

leitões

desmamados. Datt et al. (2011) utilizaram a levedura suínos

Várias classes de microrganismos são utilizadas

adequadas,

Lactobacillus acidophilus e Pediococcus acidilactici,

Saccharomyces

zootécnicos (FULLER, 1989).

quantidades

na

fase

cerevisiae de

+

Lactobacillus,

crescimento,

em

encontraram

melhores valores de digestibilidade e melhor taxa de crescimento. Em um experimento utilizando apenas a

levedura

Saccharomyces

cerevisiae

como

classes

probiótico, Shen et al. (2009) encontrou resultado

consideradas como probióticas são: os Bacillus, as

positivo para o desempenho em leitões na fase de

leveduras e bactérias produtoras de ácido lático, tais

creche.

ação

dos

mesmos.

As

principais

como Lactobacillus, Bifidobacterium e Enterococus (STEIN & KIL, 2006).

Na literatura também são encontrados alguns trabalhos em que os efeitos não foram positivos.

O objetivo desta revisão de literatura é discutir in-

Utiyama et al. (2006), em um experimento utilizando Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis verificaram

4758

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4757-4763, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 385 – Utilização de probióticos para leitões desmamados

efeito negativo sobre o desempenho de leitões e

fazer parte da flora intestinal normal do hospedeiro,

efeito semelhante sobre a ocorrência de diarreia na

sobreviver e colonizar rapidamente o intestino do

fase de creche em comparação aos antibióticos.

hospedeiro, ser capaz de aderir ao epitélio intestinal

Fedalto et al. (2002) encontraram efeito negativo

do hospedeiro, sobreviver à ação de enzimas

sobre o desempenho de leitões utilizando Bacillus

digestivas, ter ação antagonista aos microrganismos

toyoy.

patogênicos (ALMEIDA, 2012), não ser tóxico ou patogênico, ser cultivável em escala industrial, ser

Bontempo

et

al.

(2006)

utilizou

a

levedura

Saccharomyces cerevisiae, com suínos na fase de

estável e viável na preparação comercial, além de estimular a imunidade (FULLER et al., 1989).

desmame e verificou maior GP. Shen et al. (2009) avaliou a Saccharomyces cerevisiae em leitões na

Várias

fase de creche e encontrou menores contagens de

caracterizadas como probióticas, porém apenas as

Escherichia coli na microbiota intestinal, seja pelo

cepas ácido láticas são consideradas importantes

modo

excluir

para a nutrição e a alimentação (HOLZAPFEL et al.,

microrganismos nocivos. Van Heugten et al. (2003)

2001). Assim, para compor esse grupo, as bactérias

encontrou menores contagens de bactérias totais

devem ser Gram-positivas, não esporulantes, cocos

nas

levedura

ou bastonetes “não respirantes”, e que durante a

Sacharomyces cerevisiae. Cupere et al. (1993), não

fermentação de carboidratos, produzem o ácido

encontrou

lático como principal produto final (AXELSSON,

de

ação

fezes

de

dos

probióticos

leitões

influência

utilizando

na

em

a

mortalidade,

sintomas

clínicos e contagem de Escherichia coli nas fezes de

espécies

de

bactérias

podem

ser

2005).

leitões utilizando Bacillus cereus, Lactobacillus spp e Streptococcus.

Huyghebaert espécies

et al. (2011)

colonizadoras,

classificaram

os

como

Lactobacillus

e

Probióticos de modo geral

Enterococcus spp., e não colonizadoras, de transito

A primeira definição para probióticos foi feita por Lilly

intestinal livre os Bacillus spp. e Saccharomyces

& Stillwell (1965), em que descreveram como

cerevisiae.

substâncias

produzidas

estimulavam

o

por

protozoários

crescimento

de

que outros

Modo de ação dos probióticos

microrganismos. Posteriormente, várias pesquisas

Em um aspecto geral, os probióticos adicionados na

foram realizadas objetivando verificar esse modo de

alimentação de monogástricos agem melhorando os

ação dos probióticos. Parker (1974) definiu como

índices econômicos, conferindo maior produtividade

microrganismo ou substância que contribui para o

pelo aumento e melhoria dos parâmetros de

equilíbrio

desempenho. O aumento do índice de desempenho

microbiano

intestinal.

Weichselbaum

(2009) definiu os probióticos como suplementos

zootécnico

alimentares a base de microrganismos vivos, que

probióticos reduzirem a contaminação por agentes

afetam

patogênicos, principalmente Salmonella spp., no

beneficamente

o

hospedeiro,

quando

administrado em níveis adequados.

pode

estar

associado

devido

os

trato gastrointestinal do animal (VILÀ et al., 2009) e à melhora da imunidade (KHAKSEFIDI & GHOORCHI,

Várias definições são encontradas na literatura e

2006).

atualmente a mais aceita internacionalmente é que os probióticos são microrganismos vivos e, quando

O trato gastrointestinal possui várias toxinas que são

administrados

produzidas

de

forma

adequada,

conferem

benefícios a saúde do hospedeiro.

por

inúmeros

microrganismos

patogênicos. Quando é utilizado probióticos, a quantidade desses microrganismos patogênicos é

Para um microrganismo ser considerado probiótico

reduzida e o seu metabolismo bacteriano é afetado,

ele deve atender algumas características como:

consequentemente a produção de toxinas é reduzida

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4757-4763, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4759


Artigo 385 – Utilização de probióticos para leitões desmamados

(MURALI et al., 2010; HOOPER & MACPHERSON, 2010). Segundo Vila et al. (2010), os Lactobacillus acidophilus produzem metabolitos como acidophilin, lactocidin e acidolin, e os Lactobacillus plantarum produzem

lactolin.

Saccharomyces

As

leveduras,

cerevisiae

atuam

como

a

reduzindo

a

quantidade disponível de toxinas secretadas pelos patógenos através da concorrência pelo local de adesão. as

toxinas

ligam-se

a

receptores

específicos nas células do epitélio intestinal e induzem a alterações resultantes na perda de água eletrólitos,

nutricional.

substâncias como lisozima, peróxido de hidrogênio e outros ácidos orgânicos e ácidos graxos voláteis, com propriedades bactericidas ou bacteriostáticas, onde acidificam o meio, causando uma redução do pH intestinal, prejudicando a sobrevivência das bactérias patogênicas, como a Escherichia coli e Salmonella (BROWN, 2011). A adesão das bactérias nas células epiteliais é a

Geralmente

e

Após o estabelecimento no intestino, produzem

causando

Certas

um

estirpes

desbalanceamento de

Saccharomyces

cerevisiae podem excretar uma serina-protease que hidrolisa as toxinas produzidas por Clostridium difficile, que é resistente a tripsina e inibe a ligação da toxina ao seu receptor glicoproteico na borda em escova (CASTAGLIULO et al., 1996).

fase inicial da infecção bacteriana nas mucosas. As bactérias possuem uma ligação molecular na sua superfície

que

especificamente hospedeira.

são com

capazes a

Evidência

determinadas

estirpes

de

membrana

de

interagir da

célula

estabelecida

que

Escherichia

coli

ou

Salmonella possuem uma adesina fimbrial que se liga a resíduos de manose em membranas das células epiteliais (OFEK et al., 1977). Tais bactérias ou

suas

fimbrias

isoladas

também

aglutinam

levedura contendo manose na camada exterior da

Os probióticos também podem inibir os agentes patogênicos pelo aumento na função da barreira intestinal através da modulação do citoesqueleto e forte junção das proteínas (SHERMAN et al., 2005).

sua parede celular (KORHONEN, 1979). Esta aglutinação é inibida por soluções de D-manose. Gedek (1989) relatou que a ligação de agentes patogênicos de parede celular de levedura induz um efeito protetor. A concorrência entre levedura e patógenos para a ligação das células intestinais

Competição por locais de adesão

poderia ajudar a explicar a ação benéfica da

A exclusão competitiva é a habilidade da microflora

levedura, uma vez que esta adesão é crucial para a

de se proteger dos efeitos nocivos estabelecidos

expressão do efeito citopatogênico.

pelos agentes patogênicos (CHO et al., 2011). A competição de espaço para as bactérias exógenas

Probióticos e imunidade

se

bactérias

A distinção entre as bactérias benéficas e maléficas

endógenas no lúmen intestinal resultam na chamada

não são bem esclarecidas. De fato, uma grande

exclusão

variedade

aderirem

entre

competitiva

o

espaço

de

das

patógenos

exógenos

de

microrganismos

intestinais,

que

(BROWN, 2011). O conceito da exclusão competitiva

normalmente são comensais, pode em algum

indica que, as culturas de microrganismos benéficos

momento tornar-se ameaça ao hospedeiro.

selecionados adicionados a alimentação, competem

consequência das bactérias patogênicas no lúmen

com as bactérias nocivas com relação nos locais de

intestinal é que precisam ser interrompidas por uma

adesão e no substrato, principalmente fontes de

resposta imune agressiva (BISWAS & KOBAYASHI,

carbono e energia.

2013).

Probióticos podem excluir as bactérias patogênicas

O desafio para o sistema imunitário do intestino é

de duas maneiras: inicialmente competem por

proteger os tecidos do hospedeiro a partir da invasão

nutrientes

os

microbiana, enquanto, ao mesmo tempo, mantém a

microrganismos patógenos e assim impedem a sua

presença da simbiose microbiana (HOOPER et al.,

proliferação maléfica no intestino (BROWN, 2011;

2012).

e

sítios

de

absorção

com

MALAGO & KONINKX, 2011). 4760

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4757-4763, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

A


Artigo 385 – Utilização de probióticos para leitões desmamados

A tolerância em relação à microbiota no lúmen intestinal

positiva

é conseguida através de células que apresentam

microbiota benéfica e no desenvolvimento do

amostragem continuamente de antígenos no lúmen

trato

intestinal e apresentam essas amostras para as células

controversas

do sistema imunológico no córtex do GALT em

parâmetros de desempenho. Desta forma, torna-

mamíferos

estabelecido

se necessário a realização de mais estudos com

recentemente que Clostridiaceae, pertencentes ao filo

a inclusão de probióticos em dietas para leitões,

Firmicutes, desempenham um papel essencial no

pois são vários os desafios para a nutrição atual,

estabelecimento da tolerância de resposta pela indução

em virtude da redução dos quimioterápicos, além

de regulação dos linfócitos T (NAGANO et al., 2012).

de alguns resultados serem discrepantes.

(baço

em

aves).

Foi

Segundo Fleige et al. (2009), os probióticos atuam tanto modulando a resposta imune inata como a adquirida, favorecendo

o

combate

aos

microrganismos

patogênicos. Os probióticos fornecidos na alimentação animal modulam a resposta humoral e celular para aumentar a proteção pelo sistema imunológico (LEE et al., 2010) e estimulam a produção de anticorpos e ativação dos linfócitos (NG et al., 2009).

no

sistema

gastrointestinal. sobre

imune,

modulação

Observam-se sua

da

algumas

influência

nos

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constituídas principalmente por moléculas de ligação

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1,3 D-glicose. Essas moléculas estimulam o sistema imunológico

de

mamíferos

através

de

resposta

2013. BONTEMPO,

V.

et

al.

Live

yeast

dietary

inflamatória no sistema reticulo endotelial. A resposta

supplementation acts upon intestinal morpho-

imunológica intestinal é

da

functional aspects and growth in weanling

epiteliais

piglets. Animal Feed Science and Technology,

secreção

de

citoquinas

modulada pelas

por

meio

células

provocadas pelos Lactobacillus.

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developments.

administração de probiótico (Lactobacillus plantarum)

Veterinary Advances, v. 10, n. 14, p. 1895-

em

várias

administrações

por

semana.

Eles

Journal

of

Animal

and

1900, 2011.

9

descobriram que a administração de 5x10 UFC de

CASTAGLIULO, I.; LACANT, T.; NIKULASSAN,

Lactobacillus plantarum uma vez na desmama de

S.T. Saccharomyces boulardii protease inhibits

leitões aumentou a concentração de ácido lático e

Clostridium difficile toxin A effects in the rat

bactérias

illeum. Infection and Immunity, v. 64, n. 2, p.

produtoras

de

butirato

no

colón

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dietas para leitões demonstram exercer influência

Nutritime Revista Eletronica, on-line, v.13, n.4, p.4757-4763, julho/agosto, 2016.ISSN: 1983-9006

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4763


Efeito do transporte em peixes Estresse, Oreochromis niloticus, Tilápia. Emizael Menezes de Almeida Alan Soares Machado

1*

2

Anderli Divina Ferreira Rios

3

.

1

R Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006

Mestrando em Zootecnia da Universidade Federal Goiás – EVZ. emizelmenezes@gmail.com 2 Professor Doutor do Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres 3 Doutora em Produção Vegetal EA/UFG.

www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

EFFECT OF TRANSPORTATION IN FISH

O objetivo dessa revisão de literatura foi elucidar o manejo no transporte de peixes. A espécie

ABSTRACT

abordada foi tilápia-do-Nilo, Oreochromis niloticus.

The purpose of this literature review was to elucidate

Mesmo o transporte de peixes sendo um manejo

the management in the transport of fish. The species

rotineiro nas piscigranjas, a devida importância não

was addressed to the Nile tilapia, Oreochromis

lhe é atribuída. Quando esse manejo é realizado de

niloticus. Even the transport of fish being a routine

forma não adequada desencadeia uma série de

management in fish farms, due importance is not

reações fisiológicas que podem, até mesmo,

assigned. When this management is performed not

atrapalhar a produtividade animal como levar à

properly triggers a series of physiological reactions

morte. O estresse animal pode ser caracterizado

that can even disrupt animal productivity and lead to

em três estágios: primário (alterações hormonais),

death. The animal stress can be characterized in

secundário (mudança dos parâmetros fisiológicos e

three

bioquímicos)

secondary (change of physiological and biochemical

e

terciário

(mudanças

stages:

desempenho e suscetibilidade a doenças). Após o

performance

transporte os animais necessitam de um ambiente

disease). After transporting the animals need a

adequado para retornarem ao seu estado de

suitable environment to return to their state of

homeostase.

homeostasis.

Palavras-chave: Estresse, Oreochromis niloticus,

Keyword: Oreochromis niloticus, Stress, Tilapia.

impairment

(behavioral

changes),

parameters)

comprometimento

tertiary

(hormonal

do

comportamentais,

and

primary

and

changes,

susceptibility

to

Tilápia.

4764


Artigo 386 – Efeito do transporte em peixes

INTRODUÇÃO Segundo VINATEA (2004), o acelerado crescimento

Logo, alguns procedimentos deverão ser seguidos,

da população mundial tem levado ao aumento do

como relata JARBOE (1995), à necessidade da

problema da disponibilidade de alimento para suprir

depuração, por promover o esvaziamento do trato

as necessidades dessa população. Neste contexto a

digestivo, fazendo com que os peixes, entrem nos

criação de peixes é uma alternativa racional, de

tanques de transporte, reduzindo o impacto do

grande valor econômico e ecológico (FIGUEIREDO,

material fecal na água de transporte.

2007). Além do transporte, outro cuidado com os peixes que A aquicultura no Brasil tem sido desenvolvida muito

devemos nos preocupar é o povoamento dos

modestamente, se comparada com outras partes do

viveiros, que segundo PROENÇA e BITTENCOURT

mundo (CAMARGO e POUEY, 2005). A produção

(1994), ao chegar ao local os sacos deverão ser

brasileira de peixes não corresponde ao potencial

colocados ainda fechados e a flutuar por cerca de 20

hídrico do país e tampouco a indústria nacional de

minutos, até que se atinja o equilíbrio da água entre

pescado faz jus à imensa diversidade de espécies

a temperatura interna e externa, e só após, as

aquáticas nativas brasileiras (EMBRAPA, 2012).

embalagens deverão ser abertas e a água do viveiro adicionada à água dos sacos.

Segundo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA, 2012), a aquicultura brasileira vive um momento de

SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL

expansão

Para GUIMARÃES e STORTI FILHO (2004), a

e transformação, com

produção de

480.000 toneladas em 2010, aos quais 394.000 são referentes à produção continental. Segundo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

piscicultura no Brasil é uma atividade incipiente, pois é prática mais para fins de lazer do que gerar renda, mesmo se comparada com regiões de grande produção,

pois

nossa

tradição

é

ínfima

em

Naturais Renováveis (IBAMA, 2007), no cenário

contraposição a outros países onde a criação de

nacional, a produção aquícola continental mostra-se

peixes é uma prática milenar.

bastante desuniforme e concentrada em algumas 2

regiões, sendo que o Sul o maior produtor nacional

O Brasil, com mais de 8,5 milhões de km tem uma

(30,6%), seguido do Nordeste (20,9%), Centro-Oeste

das maiores reservas hídricas mundiais, com cerca

(19,1%), Sudeste (17,0%) e Norte (12,4%). No Brasil, a piscicultura continental tem as carpas e tilápias como as espécies mais cultivadas e de maior produção nacional (MPA, 2012).

de 14% da água doce disponível no planeta. A maior disponibilidade de corpos de água se situa na região Norte e Centro-Oeste que concentra cerca de 84% do potencial de águas superficiais do país. Na região Centro-Oeste existe uma das maiores áreas úmidas 2

do mundo – o Pantanal, com cerca de 140.000 km , Na criação de peixes o transporte é um manejo,

onde poderiam

dentre outros que promovem o estresse, acarretando

aquicultura

o comprometimento do desempenho produtivo. De

respeitadas às condições ambientais (DIEGUES,

acordo com CARNEIRO e URBINATI (2001), o

2006).

com

ser desenvolvidos projetos de espécies

nativas,

desde

que

tempo de transporte de peixes é variado, logo deverá ser realizado para que os animais cheguem com

A potencialidade nacional de produção de proteína

condições fisiológicas adequadas ao destino, para

de origem animal cresce a olhos vistos e estão longe

não comprometer seu desempenho.

de esgotar-se. Ao mesmo tempo, a competição aperta a margem de lucro. Em seu dia a dia, o produtor deve mostrar competência na definição de estratégias, na gestão dos recursos e na aplicação da tecnologia.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4764-4772, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4765


Artigo 386 - Efeito do transporte em peixes

Considerando as qualidades nutritivas do pescado, o potencial de geração de empregos, o baixo custo de produção, a redução dos estoques naturais e o aumento da demanda de alimentos, a piscicultura se justifica como sendo uma alternativa viável, para o aumento dessa demanda de proteína animal de baixo custo (FAO, 2006). Além do que, o consumo per capita de pescado no Brasil é de 14,5 kg segundo o MPA (2013), valor esse abaixo do

cultura firmou-se como atividade empresarial a partir da

década

de

1980,

empreendimentos

quando

pioneiros.

surgiram Estes

os

foram

inicialmente limitados por vários tipos de restrições, como falta de pesquisas, conhecimento incipiente das técnicas de cultivo, inexistência de rações adequadas e baixa qualidade dos alevinos, entre outras. E que houve intenso crescimento da produção de tilápias no período de 1996 a 2005, quando a atividade se consolidou de forma definitiva

recomendado pela FAO (2006) de 16,2 kg.

na aquicultura brasileira. O Brasil possui inúmeras espécies nativas para exploração pela aquicultura. No entanto, a grande

TRANSPORTE DE PEIXES

maioria delas necessita ainda de uma série de

O transporte é um procedimento traumático que

aportes científicos e tecnológicos para colocá-las em

consiste de uma sucessão de estímulos adversos,

um patamar de plena viabilidade zootécnica e

incluído a captura, o carregamento das unidades de

econômica.

transporte, o transporte em si, o descarregamento e

Enquanto

isso

não

acontece,

a

aquicultura brasileira é amplamente dominada pelas espécies exóticas, em especial a tilápia.

a estocagem

dos

animais

no

viveiro destino

(ROBERTSON et al., 1988).

CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE Oreochromis niloticus, conhecida como tilápia do Nilo, pertence à família Cichlidae, possui listras verticais na nadadeira caudal, coloração cinza azulada, corpo curto e alto, cabeça e caudas pequenas, de hábito alimentar fitoplanctófago e de baixo custo de produção (PÁDUA, 2001). A família Chichlidae reúne um grupo de peixes conhecidos genericamente como tilápias. Essas, em função do comportamento reprodutivo estão subdivididas em três importantes gêneros. O gênero Tilápia, cuja incubação se processa em ninhos; o gênero Oreochromis onde a incubação dos ovos ocorre na boca da fêmea e gênero Sarotherodon no qual o macho e ou a fêmea incubam os ovos na boca (HILISDORF, 1995). No Brasil a primeira introdução oficial da espécie aconteceu no ano de 1971 pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) (NOGUEIRA e RODRIGUES, 2007). Com base nas informações e resultados alcançados em trabalho de revisão de literatura FIGUEIREDO JÚNIOR e VALENTE JÚNIOR (2008), retrataram que a tilápi-

GOMES et al. (2001), citam que embora o transporte seja uma das operações mais importantes da piscicultura, pouca atenção tem sido dada ao assunto no Brasil. O transporte como prática de manejo em piscicultura intensiva pode ter duração variada dependendo da finalidade. Os peixes vivos são transportados para diversos destinos, incluindo a indústria e os estabelecimentos voltados à pesca esportiva,

no

caso

de

peixes

adultos;

e

estabelecimentos de criação de engorda, no caso de larvas e juvenis. Em todos os casos, os animais devem chegar em boas condições fisiológicas para satisfazer os critérios exigidos pelo comprados (URBINATI e CARNEIRO, 2001). De acordo com CARNEIRO e URBINATI (2001), o tempo de transporte de peixes vivos é muito variado em

função

propriedades,

do

destino,

distribuição

deslocamento a

entre

estabelecimentos

voltados à pesca esportiva, abatedouro, devendo ser realizado com cuidado para que os animais cheguem a melhores condições fisiológicas possíveis ao destino, visto que este procedimento é considerado traumático e capaz de gerar claras respostas de estresse, quer seja em animais adultos, como em jovens (URBINATI et al., 2004). Ao mesmo tempo em que é importante a adequação da den-

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Artigo 386 - Efeito do transporte em peixes

sidade de estocagem durante a operação para

O potencial para crescimento de qualquer espécie

minimizar os custos envolvidos (Carneiro e Urbanati,

animal depende das condições ambientais em que

2002).

são cultivados, como competição por espaço, alimentos e oxigênio. De acordo com SIPAÚBA-

Segundo GROTTUM et al. (1997) e WEDEMEYER

TAVARES (2000), para se obter produção máxima

(1997), o principal fator de sucesso do transporte é

de peixes, é importante o estudo das características

conter a maior densidade de peixes no menor volume de

água

possível,

sem

que

haja

mortalidade,

deterioração da qualidade da água e estresse. Para PÁDUA (2001), elevadas perdas no transporte de peixes reduzem a eficiência produtiva e o rendimento de uma piscicultura.

físicas, químicas e biológicas da água dos viveiros e tanques de cultivo. A água de boa qualidade reflete positivamente na biomassa vivente. O inverso, no entanto, acarreta danos à criação, e até mesmo ao meio ambiente.

O sal comum (NaCl) é uma das substâncias mais

A maioria dos peixes tropicais apresenta bom

utilizadas para reduzir a amplitude das respostas

desenvolvimento

fisiológicas do estresse que este procedimento acarreta (WEIRICH et al., 1992). A adição do sal à água de transporte tem o objetivo de elevar a salinidade do meio externo a valores próximos à salinidade interna do animal, diminuindo assim o gradiente iônico e as respostas

metabólicas

e

hormonais

do

estresse

(TOMASSO et al., 1980).

concentração

de

em

águas

oxigênio

com

valores

dissolvido

na

de água

variando entre 3,7 a 5,1 mg/L não observaram sinais de hipoxia para os juvenis de pacu (Piractus mesopotamicus). ESTRESSE EM PEIXES Pode-se definir estresse ambiental como a soma de todas as respostas fisiológicas que ocorrem quando um organismo tenta restabelecer seu metabolismo

Em

trabalho

de

avaliação

de

densidade

e

aos níveis normais ou se manter vivo após

concentração de sal (NaCl), no transporte de

mudanças ambientais, tais como o confinamento,

tambaqui (C. macropormum) GOMES et al. (2003),

transporte (BARTON et al., 2003), captura e ao

evidenciaram que o sal de cozinha na concentração

manejo inadequado (SHRIMPTON et al., 2001).

de 8g/L é eficiente para causar uma supressão da liberação de cortisol e consequentemente glicemia.

Os causadores do estresse em piscicultura são variáveis, aos sistemas de criação. Entre eles, estão:

AMBIENTE APÓS O TRANSPORTE No desenvolvimento de um pacote de produção para

estação do ano, idade do animal, condições

uma espécie de peixe, o primeiro passo é a

fisiológicas, fatores sociais (predação, competição

determinação da densidade de estocagem a qual visa

intensiva por espaço, alimento ou parceiros sexuais),

determinar os níveis ótimos de produtividade e

características individuais herdáveis ou adquiridas e

crescimento por área. De acordo com GOMES et al.

mesmo linhagens ou espécies diferentes, bem como

(2000), peixes criados em baixas densidades de estocagem apresentam boa taxa de crescimento e alta porcentagem de sobrevivência, porém a produção por

mudanças abruptas no ambiente físico (temperatura, qualidade da água, luminosidade, sanidade) e

área é baixa, caracterizando baixo aproveitamento da

interferência

área disponível. Já EL-SAYED (2002), relata que

aquicultura (captura, manuseio, transporte, aumente

peixes mantidos em altas densidades normalmente têm

da densidade) e poluição da água (metais pesados e

menor crescimento e ficam estressados. IGUCHI et al.

químicos orgânicos) que vão levar a uma resposta

(2003),

afirmam

que

peixes

mantidos

em

alta

densidades ficam mais estressados, e para CAVERO et al. (2003), estão sujeitos ao aparecimento de

humana,

incluindo

práticas

de

típica (WENDELAAR BONGA, 1997). Tais fatores, individualmente ou juntos, podem desencadear

interações sociais que levam à produção de um lote de

considerável estresse no sistema fisiológico do peixe

peixes com tamanho heterogêneo.

(ADAMS, 1990).

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Artigo 386 - Efeito do transporte em peixes

O estresse está presente em todas as fases

(MORGAN e IWAMA, 1996). Consequentemente, as

envolvidas no procedimento do transporte. Diversos

reações fisiológicas dos peixes a esses tipos agudos

trabalhos relatam aumento das respostas fisiológicas

de estresse necessitam de análise, tanto em relação

ao manejo durante a embalagem (CARMICHAEL et

ao tipo de resposta, como à sua intensidade

al., 1983 e FORSBERG et al., 2001). Durante o

(KRIEGER-AZOLINI et al., 1989).

transporte em sistemas fechados, outros fatores como

acondicionamento

movimento

irregular

e

em

alta

água

densidade,

com

elevada

As respostas de estresse são divididas em três categorias:

primária,

secundária

e

terciária

concentração de amônia e outras toxinas resultantes

(BARTON, 2000). As respostas primárias são as

do metabolismo, atuam como agentes estressores.

hormonais, as secundárias são mudanças nos parâmetros fisiológicos e bioquímicos decorrentes da

Segundo

CAMICHAEL

altas

ação dos hormônios e as terciárias são as de caráter

concentrações de CO2 apresentam efeito sedativo.

crônico com o comprometimento no desempenho,

Em altas concentrações o CO2 desacelera o

mudanças

metabolismo dos peixes, reduzindo o consumo de

suscetibilidade a doenças. O cortisol, principal

oxigênio,

de

corticosteróide em peixes, é considerado um bom

corticosteroides no plasma e diminui a utilização da

indicador para avaliação de estresse primário

glucose, elevando a concentração da mesma no

(MOMMSEN et al., 1999).

mantém

et

baixa

al.

a

(1984),

concentração

no

comportamento

e

aumento

da

sangue (AMEND et al., 1982). Em peixes submetidos a estresse, as alterações Além disso, o CO2 livre na água reduz o pH,

hematológicas geralmente são acompanhadas de

reduzindo o potencial tóxico da amônia durante o

hiperglicemia

transporte. Segundo CHOW et al. (1994), um

relacionada com a liberação de cortisol e outros

problema relacionado com o CO2 é que o aumento

hormônios,

dos níveis na água, reduz a velocidade de

(MOMMSEN et al., 1999). Os indicadores mais

eliminação através da redução do gradiente de

utilizados

difusão do CO2 através das brânquias, resultando

normalmente fornecem uma boa resposta são a

em um aumento do CO2 no sangue, afetando o

glicose e o cortisol plasmático. O cortisol é utilizado

equilíbrio ácido-base e o transporte de oxigênio das

para caracterizar a resposta primária, e a glicose a

brânquias para os tecidos.

resposta secundária (BARTON, 2000).

TAKAHASHI et al. (2006), em trabalho de avaliação

A elevação do valor de hematócrito pôde ser

de ambiente pós-transporte do pacu (Piaractus

observada como resposta secundária hematológica

mesopotamicus), encontraram que o ambiente de

a eventos estressantes, para diversas espécies

estocagem influencia o perfil de recuperação dos

(BARTON e IWAMA, 1991).

(TAVARES

e

MORAES,

principalmente na

avaliação

do

2004),

catecolaminas estresse

e

que

indicadores de estresse de pacus juvenis após o manejo de transporte, sugerindo que a estocagem

Dentre os fatores que auxiliam na prevenção do

dos peixes em tanques de terra acelera a retomada

estresse, destaca-se a depuração dos peixes, pois a

da homeostase orgânica.

produção de amônia e o consumo de oxigênio aumentam consideravelmente após a alimentação.

Os peixes respondem ao estresse de forma a refletir

Segundo JARBOE (1995), recomenda-se um jejum

a severidade e a duração do estressor (BARTON e

de 48 horas antes do transporte, pois os peixes se

ZITZOW, 1995). Estas

o

recuperam mais rapidamente do estresse. Além

da

disso, os peixes bem depurados entram nos tanques

adversidade, e podem variar de acordo com a

de transporte com o trato digestivo praticamente

intensidade

vazio, reduzindo impacto do material fecal na água

organismo

para e

a

respostas

tentativa

duração

do

de

preparam escapar

agente

estressor

de transporte. 4768

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Artigo 386 - Efeito do transporte em peixes

GROTTUM et al. (1997), para minimizar estas

OLIVEIRA et al. (2009) em estudo com diferentes

respostas, indicam a necessidade durante o pré-

concentrações de cloreto de sódio no transporte de

transporte à restrição alimentar, que visa diminuir o

alevinos e juvenis de tilápia do Nilo (Oreochromis

consumo de oxigênio e a excreção de amônia e gás

niloticus), observaram que o uso de 6 a 8g/L de NaCl

carbônico permitindo melhor qualidade da água

diminuiu a resposta fisiológica e reduziu o estresse

durante o transporte.

durante um período de 5 horas. Os mesmos autores concluíram que a benzocaína e o óleo de cravo são

Outro recurso é o uso do sal de cozinha (NaCl) na

substâncias que podem ser utilizadas no transporte

água para igualar o gradiente osmótico entre o meio

de alevinos e juvenis de tilápia do Nilo, porém,

ambiente externo ao peixe, fazendo com que haja

quando comparadas ao NaCl essas substâncias tem

redução na difusão de íons para água. Além disso, o

custo elevado e difícil aquisição, assim o cloreto de

sal serve para estimular a produção de muco sobre

sódio possui melhor custo-benefício.

o epitélio das brânquias, dificultando a passagem de íons das membranas celulares (WURTS, 1995). O

Segundo ANJOS et al. (2011), no transporte de

sal também possui efeito profilático, é de fácil

juvenis de Tambaqui (Colossoma macropomum) em

obtenção e baixo custo, com eficácia provada em

sistemas fechados, o cloreto de sódio (sal comum) e

vários experimentos (BARTON e ZITZOW, 1995).

o gesso nas doses de 2,0 e 0,3 g/L respectivamente, mostram-se eficientes anti-estressores, com tempo

O uso do sal de cozinha como redutor de estresse é

de até 14 horas em uma densidade de transporte de

amplamente difundido na aquicultura para igualar o

40 indivíduos por litro.

gradiente osmótico entre a água e o plasma do peixe, fazendo com que haja uma redução na

CONSIDERAÇÕES FINAIS

difusão de íons para a água. O sal também estimula a secreção de muco sobre o epitélio branquial,

Os agentes causadores de estresse na piscicultura

dificultando a passagem de íons através das

são variáveis aos sistemas de criação. As práticas

membranas celulares (WURTS, 1995). Segundo

de

CARNEIRO

utilizando

causadoras do estresse e precisam ser realizadas

diferentes concentrações de cloreto de sódio,

com cuidado para minimizá-lo. O transporte dos

observaram que em matrinxã (Brycon cephalus) o

peixes

uso de 6g/L de NaCl diminuiu a resposta fisiológica

substância, como sal, anestésicos ou gesso, para

ao agente estressor.

reduzir a resposta fisiológica e o estresse. Após o

E

URBINATI

(2001),

manejo

deve

são

ser

consideradas

realizado

as

utilizando

principais

alguma

transporte os animais necessitam de um ambiente Já GOMES et al. (2003) relataram que para

com condições adequadas para retornarem ao seu

tambaqui

estado de homeostase.

o

uso

de

sal

no

transporte

na

concentração de 8g/L de água foi o suficiente para diminuir a maioria das respostas aos estímulos estressores. A adição de cloreto de sódio na água pode minimizar a perda de íons do sangue pela diminuição do gradiente osmótico entre o plasma e o ambiente,

reduzindo

o

custo

processos osmorregulatórios.

energético

dos

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Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria - revisão de literatura Cultivares, brizantha, decumbens, ruzizienses.

Revista Eletrônica

Taiz Borges Ribeiro¹ Walquiria Maria de Lima¹, Fagner Machado Ribeiro²

Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO

Wilian Henrique Diniz Buso³ ¹Discente do curso Bacharelado em Zootecnia, Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: Taiz2612@hotmail.com; Wallima18@hotmail.com ²Zootecnista, Mestrando em Zootecnia pelo Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde, IF Goiano. E-mail: Fagnermr@hotmail.com ³Eng. Agrônomo, Professor Dr. do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres, IF Goiano. E-mail: Wilian.buso@ifgoiano.edu.br

aspecto fundamental a escolha de uma determinada

FORAGE CHARACTERISTICS OF SOME GRASS BRACHIARIA ABSTRACT

forrageira para a formação da pastagem, dentre as

The success of production systems is key aspect of

espécies mais cultivadas no Brasil estão as do

the choice of a particular forage for pasture

gênero

torna

establishment, among the most cultivated species in

necessário o conhecimento das características e

Brazil are the Brachiaria. Knowing this, it becomes

peculiaridades de cada uma delas.

necessary

O sucesso de sistemas de produção tem como

Brachiaria.

Sabendo

disso,

se

Além do que

to

know

the

characteristics

and

essas gramíneas proporcionam redução nos custos

peculiarities of each. In addition to these grasses

de produção, constituindo assim a alternativa mais

provide reduction in production costs, thus providing

econômica na alimentação de ruminantes no Brasil e

the most economical alternative in ruminant feeding

no mundo. Para alcançar uma alta produtividade

in Brazil and worldwide. To achieve high productivity

animal com o gênero em questão, há necessidade

animal with the genre in question, no need for

de adubações, manejo de lotação, forrageiras mais

fertilization, stocking handling, more resistant to

resistentes a pragas e à períodos de longa estiagem,

pests and forage periods of prolonged drought, and

e que suportam solos com baixa e média fertilidade.

supporting low and medium fertility soils.

Palavras-chave: Cultivares, brizantha, decumbens,

Keyword: cultivars, brizantha, decumbens

ruzizienses.

ruziziensis

4773


Artigo 387 – Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria

INTRODUÇÃO

Contudo, objetivou-se com essa revisão abordar e

No Brasil, milhões de hectares de terras são

gerar informações sobre as características de

semeados com vistas à formação de pastagens,

algumas gramíneas forrageiras do gênero Brachiaria.

constituídas de gramíneas forrageiras cultivadas, das quais se salientam as introduzidas da África,

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

que, em sua maioria, pertencem aos gêneros

Ao longo dos anos o gênero Brachiaria vem

Brachiaria, Panicum e Andropogon (MACEDO &

ganhando cada vez mais espaço nas propriedades

ZIMMER, 2007; MACEDO, 2009).

rurais, principalmente nos solos de cerrado devido sua adaptabilidade e resistência e quando bem

As pastagens na pecuária brasileira assumem

manejado altas produtividades. Em menos de 20

aspecto de grande importância, pois são a principal

anos após sua implantação e, por ser uma planta

fonte de alimento para ruminantes, viabilizam a

pouco exigente às condições edafoclimáticas, a

competitividade brasileira na produção de carne e

Brachiaria se configura como suporte alimentar

leite (LUPATINI, 2010), e possibilitarem a produção

essencial na criação de ruminantes tanto de corte

de forma natural, com respeito ao ambiente e aos

quanto de leite. Além disso, a importância do gênero

animais, viabilizando o atendimento da grande

é

demanda mundial por alimento (EUCLIDES &

espécies apresentam a vários tipos de solos e,

MEDEIROS, 2005).

principalmente, pela resistência à cigarrinha-das-

aumentada

pela

adaptabilidade

que

essas

pastagens (VALLE et al., 2000). As cultivares pertencentes ao gênero Brachiaria tem uma posição de destaque na pecuária brasileira por

A gramínea do gênero é originária da África tropical

tornarem possível a produção de carne e leite em

e África do Sul, onde se observam solos com bons

solo de fertilidade baixa. Estas podem ser cultivadas

níveis de fertilidade (SANTOS, 2006). Em regiões de

em todas as regiões do país, destacando-se

Cerrados, as espécies do gênero Brachiaria somam

principalmente nas grandes extensões de áreas

51 milhões de hectares, totalizando 85% das

plantadas do Brasil Central. Essa disseminação

gramíneas forrageiras cultivadas nesse ecossistema

ocorreu principalmente devido à boa produção de

(MACEDO, 2005).

forragem

e à germinação de sementes, alta a

Uma das principais características das gramíneas

vegetação nativa e por apresentar boa capacidade

forrageiras que garante a sua persistência após o

de suporte com significativos ganhos em peso dos

corte ou pastejo, é a capacidade de regeneração de

animais (MENDONÇA, 2012), sendo uma das

tecido foliar, que ocorre a partir da emissão de folhas

principais fontes de nutrientes (fibras, energia,

dos meristemas remanescentes ou das gemas

proteínas, minerais e vitaminas).

axilares por meio do perfilhamento (ALEXANDRINO

agressividade

na

competição

natural

com

et al., 2000). Assim, fica evidente a importância do As braquiárias utilizadas até o momento, são plantas

processo de perfilhamento quando o meristema

pouco tolerantes a baixas temperaturas, não sendo

apical é eliminado.

indicadas para regiões onde ocorrem geadas fortes. A temperatura ótima para o desenvolvimento das

Cultivares mais utilizadas

plantas

e

A Brachiaria brizantha cv. Marandu é uma das

temperaturas inferiores a 25 º C reduzem a sua taxa

gramíneas mais utilizadas ao longo do país. Os

de crescimento. As plantas deste gênero adaptam-se

principais atributos são: resistência à cigarrinha-das-

a variadas condições de solo e clima, mas a sua

pastagens, alto potencial de resposta à aplicação de

expansão deveu-se principalmente a adaptação de

fertilizantes, capacidade de cobertura do solo,

diversas cultivares a condições de solos com baixa e

capacidade

média fertilidade, onde proporcionam produções

sombreamento, bom valor nutritivo e excelente

satisfatórias de forragem (ALVES et al. 2010).

produção de sementes (VALLE et al., 2000).

4774

é

de

aproximadamente

30

º

C

de

crescimento

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4773-4780, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

em

condições

de


Artigo 387 – Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria

A B. brizantha cv. Xaraés ou MG5 é uma gramínea

Adubação

que ao longo dos anos vem expressando grande

Na

potencial produtivo. Possui crescimento cespitoso e

consideradas

pode chegar até 1,5m de altura, em crescimento

estabelecimento e a de manutenção. Na fase de

livre. Possui alta produtividade, rápida rebrota

estabelecimento, os nutrientes são essenciais para

comparado aos outros tipos de forrageiras. O

que a planta cresça e desenvolva seu sistema

florescimento tardio é uma das suas principais

radicular

características, o que possibilita maior tempo de

manutenção, pastagens bem formadas com sistema

pastejo pelos animais (GUEDES, 2012).

radicular bem desenvolvido exploram relativamente

adubação

e

das duas

demais

pastagens, fases

órgãos.

devem

distintas:

na

a

fase

ser de

de

volume maior de solo e, portanto, as adubações O capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. Piatã) é

podem ser menores que no de estabelecimento

indicado

(VILELA et al., 2002).

para

solos

de

média

fertilidade,

apresentando exigência semelhante ao brizantão e xaraés. Possui hábito de crescimento ereto, com a

A adubação nitrogenada se constitui em uma

formação de touceiras que variam de 0,85 m a 1,10

importante ferramenta a ser utilizada, pois o

m de altura (VALLE et al., 2007). Apresenta grau

nitrogênio influencia positivamente os componentes

moderado de tolerância ao alagamento do solo,

de rendimento e, consequentemente, o rendimento

comparativamente a cultivar Marandu, que é muito

de sementes (JORNADA et al., 2005). Depois do

sensível (CAETANO, 2008).

nitrogênio, o fósforo é o nutriente que mais limita a produção de forragem, quando ausente (OLIVEIRA

A

Brachiaria

decumbens

é

uma

gramínea

et al., 2007; FOLONI et al., 2008).

largamente utilizada no Brasil, sendo bastante resistente a secas e adaptada a regiões tropicais

O fósforo (P) tem funções importantes na fase inicial

úmidas como a Amazônia Legal. Cresce bem em

de desenvolvimento das plantas forrageiras. No

diversos tipos de solos como arenosos e argilosos,

estádio inicial, há intensa atividade meristemática,

podendo ser trabalhada em solos com baixa ou

em virtude do desenvolvimento do sistema radicular,

média fertilidade. Porém, responde bem quando em

do perfilhamento, da emissão de estolões, além de

solos adubados (SILVA & FERRARI, 2012).

ser essencial para a divisão celular, pelo seu papel na estrutura dos ácidos nucléicos (CANTARUTTI et

A Brachiaria ruziziensis é uma gramínea africana

al., 2002).

adaptada a diversos tipos de solos, desde arenosos a argilosos, porém, não tolera solos encharcados.

A adubação com potássio (K) torna-se indispensável,

Necessita de solos de média fertilidade. É bastante

para a etapa de estabelecimento das pastagens.

palatável para os animais e não apresenta nenhum

Recomendam que nos solos arenosos/médios a

fator tóxico. É de fácil manejo, tendo como uma das

fertilização com K deva ser realizada em cobertura,

principais características a floração tardia, o que

quando a planta forrageira cobrir 60 a 70% do solo,

favorece o tempo de pastejo (AUKAR, 2011). Este

possibilitando-lhe

cultivar adapta-se bem a climas tropicais úmidos e

consequentemente menores perdas por lixiviação

não tolera secas prolongadas. Bem manejado, pode

(CANTARUTTI et al. 1999).

maior

absorção

e

chegar a suporta 3 UA/ha. Esta gramínea é sensível a cigarrinha das pastagens (VILELA, 2009). A B. humidícola apresenta tolerância às secas prolongadas e ao estresse hídrico, boa recuperação

Plantio O plantio convencional deverá ser realizado em época de chuvas bem distribuídas, como meados de

úmidos, com drenagem deficiente ou com inundação

novembro até fevereiro nos cerrados. O preparo do

sazonal (VALLE et al., 2010).

solo é o mesmo utilizado para a formação de outras

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Artigo 387 – Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria

pastagens de braquiária, utilizando-se taxa de semeadura de no mínimo 2,5 kg/ha de sementes

tejo deve ser feito de 90 a 120 dias após o plantio.

puras viáveis (valor cultural de 100%), em uma

Em pastejo rotativo deve ser manejado com entrada

profundidade entre 2 e 5 cm. O plantio a lanço em superfície pode ser adotado com o uso de maiores taxas de semeadura. Tal compensação deve ocorrer também quando houver condições sub ótimas de

dos animais no piquete a 30 cm e saída a 15 cm de altura (CARLOTO et al., 2011). A

produtividade

do

Piatã

varia

de

8

a

12

t.MS/ha/ano, mostrando menor produção que os

preparo de solo, controle de invasoras e de épocas

demais cultivares de B. brizantha, porém é mais

de plantio. A

operação de incorporação das

resistente a períodos secos e também apresenta boa

sementes com uma grade leve ou o uso de rolo

palatabilidade. Apresenta alta produtividade quando

compactador favorece a emergência de plântulas

manejado de 40 a 15 cm e 30 a 10 cm de altura de

(COSTA, 2004).

entrada e saída dos animais. Porém isto reduz a relação lâmina: colmo. O melhor aproveitamento desta forrageira ocorre com entrada a 30 cm e saída

Manejos indicados O correto manejo das pastagens é fundamental para garantir a produtividade sustentável do sistema de produção e do agronegócio. O manejo incorreto das pastagens é o principal responsável pela alta proporção de pastagens degradadas observada em todas as regiões do Brasil (PEREIRA et al., 1995).

a 15 cm (CARVALHO et al., 2009). A

Brachiaria

humidícola

possui

produtividade

estimada de 12 a 15 t.MS/ha/ano. A entrada dos animais deve ser feita com 25 cm de altura e saída com 10 cm com período de descanso de 30 dias (SOARES FILHO, 2003).

Os primeiros pastejos de Brachiaria brizantha cv. Marandu devem ser feitos aos 90 dias, porém não

A B. ruziziensis produz de 14 a 15 t.MS/ha/ano e

se deve elevar a carga animal para não ocorrer

responde satisfatoriamente a adubação, constituindo

pisoteio excessivo em um pasto ainda em formação.

assim uma produção que pode ultrapassar as

Este pastejo favorece o perfilhamento do capim

principais gramíneas do gênero Brachiaria (AUKAR,

pelas

gemas

laterais,

aumentando

assim,

a

ocupação do solo pela gramínea. Em pastejo rotativo recomenda-se a altura de entrada de 40 cm e saída de 15 a 10 cm, enquanto em lotação

2011). A altura usada de entrada e saída de animais são de 30 e 15 cm, respectivamente (GUEDES, 2012).

contínua estas alturas devem ser de 40 e 20 cm, Principais problemas com pragas

respectivamente (GIMENES et al., 2011).

O estabelecimento e manutenção das pastagens, A entrada dos animais na Brachiaria decumbens em

principalmente de gramíneas tropicais, estão sujeitos

pastejo controlado deve ser com a gramínea em

a vários fatores que uma vez menosprezados podem

torno de 30 a 40 cm de saída quando este porte for

comprometer a produção de carne e leite. Entre

reduzido a 10-15 cm, com período de descanso de

esses fatores deve-se dar ênfase ao aparecimento

30-35 dias. Para pastejo contínuo procurar manter a

de insetos-pragas, que pelo aumento de suas

vegetação com porte de cerca de 20 cm de altura

populações podem causar danos econômicos às

(SOARES FILHO, 2003).

pastagens com reflexo direto na produção animal. O aumento das populações de insetos nas pastagens

O capim-xaraés é conhecido por proporcionar sua

está diretamente correlacionado com o crescimento

alta capacidade de suporte de animais, em razão de

das áreas de plantio e com a maior disponibilidade

sua elevada produtividade por hectare que é de 20 a

de alimento (OLIVEIRA, 1997).

25

t.MS/ha/ano.

Também

apresenta

boa

palatabilidade, digestibilidade e folhas largas. O pas4776

As cigarrinhas-das-pastagens são consideradas as

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Artigo 387 – Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria

pragas de maior importância no cultivo de Brachiaria spp. e as principais pragas de gramíneas forrageiras

Dentre as alternativas disponíveis para amenizar

na América Tropical (VALÉRIO et al., 1997). No

esse problema, recomenda a produção de feno

Brasil, relatos indicam a ocorrência de danos

ou silagem. Entre as gramíneas mais indicadas

causados por Mahanarva fimbriolata em pastagens

destacam-se as do gênero Brachiaria (EUCLIDES

de Brachiaria brizantha cv. Marandu, considerada

& QUEIROZ, 2000).

resistente às cigarrinhas dos gêneros Deois e Em experimento utilizando novilhos nelore, Reis

Notozulia (MORAES et al., 2006).

et al. (1995) avaliaram os efeitos da amonização Na fase de ninfa sugam continuamente a seiva das

do feno de Brachiaria brizantha cv. Marandu e da

raízes ou coleto, produzindo uma espuma branca

suplementação proteica e, ou, proteica/energética

típica

Bateli)

sobre o ganho de peso de bovinos. O ganho de

assemelhada à saliva, que protege as ninfas dos

peso dos animais que consumiam feno tratado foi

raios solares e de certos predadores. Nesta fase

superior quando comparado aos do feno não

causam desequilíbrio hídrico e esgotamento de

tratado. Os autores ressaltam que os animais que

carboidratos solúveis, usados no processo de

foram

crescimento das plantas. Conforme a severidade do

suplementado com milho e farelo de algodão,

ataque, os danos causados às pastagens são

ganharam 0,37 kg/dia a mais do que aqueles

variáveis, mas via de regra, ocorre decréscimo

alimentados com feno não tratado e concentrado.

significativo

A ingestão de matéria seca (MS) foi maior nos

(secreção

na

das

glândulas

produção,

próximo

de

a

15%,

e

alimentados

na capacidade de suporte, no ganho de peso e

submetidos à amonização (2,37; 2,82% PV,

produção de leite (VALÉRIO & KOLLER, 1995;

respectivamente para o volumoso não tratado e

VALÉRIO et al., 1996).

tratado).

Na fase adulta os insetos sugam a seiva das folhas e

A Brachiaria brizantha cv Marandu também pode

inoculam toxinas, causando intoxicação sistêmica

ser usada na confecção de ensilagem como

nas plantas (fitotoxemia), que interrompem o fluxo da

verificado no trabalho de Evangelista et al. (2004),

seiva e o processo vegetativo, cujos sintomas iniciais

com silagem de capim marandu com e sem

são estrias longitudinais amareladas que aumentam

emurchecimento, concluíram que o ensilado após

para o ápice da folha, posteriormente secam,

emurchecimento de 1,3 a 3,0 horas pode ser

podendo,

satisfatoriamente

de

ataque

intenso,

haver

armazenado

os

tratado,

animais

caso

com

feno

qualidade da forragem, redundando em diminuições

no

alimentados

com

na

volumosos

forma

de

amarelecimento geral da pastagem (queima das

silagem, conciliando vantagens operacionais e de

pastagens) (COSTA, 2004).

qualidade da forragem.

Outras formas de utilização (feno ou silagem)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal fator limitando a produção de bovinos em

As

pasto é a escassez de forragem durante o período

tradicionalmente cultivadas em diversas regiões

seco.

algumas

do Brasil, tanto em sistemas de produção de leite

estratégias de manejo que possibilitem aumento da

quanto de carne. Elas se adaptam bem as

disponibilidade de forragem durante o período crítico,

diferentes condições de clima e aos variados

a fim de permitir que durante a seca tenha-se a

tipos de solos e quando bem manejadas tem

mesma lotação animal do período chuvoso. Vale

condições de expressarem o potencial máximo.

Assim,

ressaltar,

que

é

importante

tais

adotar

estratégias

devem

gramíneas

do

gênero

Brachiaria

são

ser

implementadas durante as águas.

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Artigo 387 – Características forrageiras de algumas gramíneas do gênero Brachiaria

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Utilização de forrageira da caatinga x desempenho animal revisão de literatura Alimentação animal, ruminantes, semiárido, plantas nativas.

Revista Eletrônica

Paulo Henrique Amaral Araújo de Sousa*

1

1

Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Barbara Silveira Leandro de Lima , Diego Sousa Amorim

1

Genilson Sousa do Nascimento Cicero Pereira Barros Júnior

3

2

1

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia na Universidade Federal do Piauí, Bom Jesus, PI, Brasil *E-mail:paullo_ap1@hotmail.com ou/e zoopaullo@yahoo.com 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal na Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil 3 Zootecnista Formando pela Universidade Federal do Piauí, Bom Jesus, PI ,Brasil

RESUMO A

caatinga

consiste

no

tipo

de

vegetação

USE OF FORAGE SAVANNA X ANIMAL PERFORMANCE - REVIEW

predominante do semiárido brasileiro, diante as limitações de recursos forrageiros nesta região durante

a

estiagem

torna-se

eminente

a

preocupação a no que diz respeito à alimentação animal neste período. Diante o exposto esta revisão tem como objetivo apresentar informações sobre diferentes

aspectos

forrageiros

de

plantas

da

caatinga, com vistas à alimentação de ruminantes. A vegetação caatinga está inserida com grandes variedades de espécies nativas com alto valor nutritivo,

em

sua

maioria

caducifólia

de

uso

forrageiro. A maioria das espécies vegetais participa significativamente da alimentação dos ruminantes, sendo

que

as

gramíneas

e

dicotiledôneas

herbáceas. A caatinga é caracterizada por boa parte de arbustos e árvores de pequeno porte, geralmente dotados de espinhos, sendo xerófitas e decíduo, em sua maioria, perdendo suas folhas no início da estação seca, complementam ainda a composição botânica desse bioma, cactáceas e bromeliáceas com predominância anuais.

ABSTRACT The scrub is the predominant vegetation in the Brazilian semiarid, on the limitations of forage resources in this region during the dry season becomes imminent concern with regard to animal feed will be shown. On the exposed this review aims to provide information on different aspects of caatinga fodder plants, with a view to ruminant feed. The savanna vegetation, is embedded with wide varieties of native species with high nutritional value, mostly deciduous forage use. Most plant species participates significantly on feeding ruminants, and the grasses and forbs. The savanna is characterized by much of shrubs and small trees, usually endowed with thorns, and xerophytic and deciduous, mostly losing its leaves at the beginning of the dry season, yet complement the botanical composition of this biome, cacti and bromeliads with annual prevalence .

Keyword: animal feed, cattle, semiarid, native plant

Palavras-chave: alimentação animal, ruminantes, semiárido, plantas nativas. 4781


Artigo 388 – Utilização de forrageira da caatinga x desempenho animal

INTRODUÇÃO O

Nordeste

Neste sentido, diante a relevância das plantas da pela

caatinga para a produção animal, faz-se necessário

diversidade das pastagens, e a caatinga se destaca

do

Brasil

é

caracterizado

a busca por informações sobre essas forrageiras

como sendo um bioma exclusivamente brasileiro,

utilizadas,

encontrando-se totalmente inserido no semiárido,

necessário conhecer cientificamente o potencial das

com exceção da região leste de Minas Gerais

espécies para se ter uma exploração sustentável

(SANTOS et al., 2010). Portanto, se estendendo

(DEMASCENO, 2010). Desta forma esta revisão tem

pelo estado do Ceará (100%), do Rio Grande do

como

Norte (95%), da Paraíba (92%), de Pernambuco

diferentes

(83%), do Piauí (63%), da Bahia (54%), de Sergipe

caatinga, com vistas à alimentação de ruminantes.

visando

objetivo

avaliar

apresentar

aspectos

seus

potenciais.

informações

forrageiros

de

É

sobre

plantas

da

(49%), de Alagoas (48%) e além de pequena parte de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%) (IBGE, 2012).

A

caatinga

aproximadamente

ocupa

734.478

uma

km²

área

do

de

Nordeste

Brasileiro, onde é caracterizado principalmente pelas notáveis adaptações às adversidades do meio em que está inserido (MEDEIROS, 2013) O

grande

desafio

da

pecuária

no

semiárido

caatinga seja ela em forma de feno ou silagem. Das diversas alternativas de exploração propostas até o quase

todas

têm

limitações,

em

decorrência da dificuldade de acúmulo de fitomassa, que

depende

estritamente

da

precipitação

pluviométrica da região (COUTINHO et al., 2013). Neste sentido, torna-se necessário destacar a importância do desenvolvimento de técnicas e métodos que possibilita a utilização de plantas forrageiras de espécies herbáceas da caatinga mais resistente ao período de estiagem, assim como as plantas

que

contenham

Caracterização da caatinga No semiárido brasileiro, o recurso forrageiro de maior expressão é a vegetação de caatinga, a qual cobre cerca de 86,1% da sua área, 53% da área do

nordestino é a utilização sustentável dos recursos da

momento,

REVISÃO DE LITERATURA

substâncias

antinutricionais/tóxicas para evitar desnutrição e uma melhor alimentação dos bovinos e dos ruminantes no geral (MAIA & GURGEL (2013)).

nordeste e 9,8% do Brasil (IBGE, 2012), sendo tradicionalmente utilizado como pastagem nativa. A região semiárida do Brasil prolonga-se por uma área de 928 km² abrangendo uma parte do norte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, os sertões da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí e mais 45 municípios do sudeste do Maranhão (LIMA JÚNIOR et al., 2013). A caatinga é rica em espécies forrageiras que apresentam basicamente em três estratos arbóreo, arbustivo

e

herbáceo,

geralmente

apresentam

espinhoso e decídua, que perdem suas folhas no início da estação seca. As plantas anuais, cactos, bromélias, e um componente herbáceo (composta por

gramíneas

e

dicotiledôneas)

são

outros

A caatinga pode ser vista como um recurso de

complementos para a composição botânica desse

grande potencial na viabilização da alimentação para

bioma. (SANTOS et al., 2010).

os rebanhos manejados no semiárido nordestino. De acordo com, Pereira filho et al. (2013) as plantas

O semiárido brasileiro apresenta uma realidade

herbáceas e as folhas e ramos das espécies

complexa no que se refere aos aspectos geofísicos,

lenhosas produzem cerca de 4.000kg de matéria

ocupação humana e exploração dos seus recursos

seca/hectare/ano, mas apenas 10% (400kg) fica

naturais,

disponível ao pastejo dos animais. Mesmo assim, as

comparadas às de outras regiões do planeta, quanto

plantas forrageiras da caatinga são os principais

ao solo, precipitação pluvial e temperatura. Tem sido

componentes da dieta de ruminantes da região

apontado como de grande potencial para a atividade

sendo mais preponderante no desempenho animal.

pecuária, com ênfase na produção de pequenos

com

características

ruminantes (MACIEL et al., 2012). 4782

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4781-4786, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

atípicas,

se


Artigo 388 - Utilização de forrageira da caatinga x desempenho animal

A

vegetação

da

caatinga

rico

corte como forma de controle da jurema-preta,

ecossistema exclusivamente brasileiro, com grande

concluíram que esta pode ser controlada através do

diversidade de espécies e elevada incidência de

corte realizado no meio do período de estiagem

endemismo. Em recente levantamento florístico de

(setembro), na altura de 75 e 100cm, com as

todo o território brasileiro, o Bioma Caatinga

rebrotas cortadas no período das chuvas, quando

apresentou o total de 4.322 espécies de plantas com

atingirem diâmetro de sete milímetros, mas o

sementes, sendo 744 endêmicas deste bioma, o que

controle da jurema-preta com corte de uniformização,

corresponde a 17,2% do total de táxons registrados

em

(FORZZA et al., 2012).

independentemente da altura de corte utilizada.

Entre as espécies que já tem seu potencial forrageiro

A composição química da forragem de feno de

conhecido e são utilizadas para produção animal no

caatinga está diretamente associada ao estágio

semiárido,

(Bauhinia

fenológico da planta colhida, em estudo realizado por

cheilantha, (Bong) Stend), o juazeiro (Zyziphus

Nascimento et al. (2006) avaliaram a melhor idade de

juazeiro, Mart), o sabiá (Mimosa caesalpinifolia,

corte para fenação do mata-pasta com base na sua

Benth), a faveira (Parkia platicephala, Benth), a

produtividade e composição química. No período

camaratuba (Cratylia mollis, Mart), o moleque duro

entre 150 e 165 dias, época de maior acúmulo de

(Cordia leucocephala, Moric), a carqueja (Calliandra

forragem, o teor de proteína bruta (PB) estava entre

depauperata,

(Manihot

8 e 10%, portanto, inferior em estudo realizado por

psedoglasiovii, Pax e Hoff a orelha de onça

Mendonça et al. (2008) que encontraram 12,31% de

(Macroptilium martii, Benth), entre outras (PINTO et

PB na espécie catingueira (Caesalpinea pyramidalis

al., 2006).

Tul).

podemos

citar

Benth),

a

constitui

o

mororó

maniçoba

um

Conservação de forragem de plantas nativas da caatinga Técnicas de conservação de forragens pode ser uma

dezembro,

Apesar

de

a

apresentou

fenação

operacionais,

a

conservação

mais

baixa

eficiência,

apresentar

ensilagem indicado

é

o

para

facilidades método as

de

regiões

alternativa para o uso estratégico de plantas nativas,

semiáridas. A técnica de ensilagem pode fornecer

ao passo que a maioria das plantas é caducifólia. A

alimento para período de escassez causado pela

produção de silagem é uma das formas dominantes

seca e melhorar a intensificação da produção animal,

de conservação de forragem em muitas partes do

completando a dieta com uma valiosa fonte de

mundo,

energia e proteína (HEINRITZ et al., 2012).

principalmente

por

causa

de

sua

dependência pelos animais em época de período Todavia, a ensilagem é um processo complexo e

críticos (KASMAEI et al., 2013).

sujeito a diversos fatores, principalmente a espécie Em estudo realizado com jurema preta (Mimosa

forrageira. (LIMA JÚNIOR et al., 2013). Forrageiras

tenuiflora Wild. Poir.) na utilização do caule para

adequadas

alimentação de ruminantes tendo em vista um

apresentar características que facilitem o processo

caráter seletivo dos animais, tal prática leva ao

de fermentação e a conservação sob anaerobiose,

consumo das folhas e a completa rejeição do caule.

todavia as plantas nativas e adaptadas à região

Assim, uma das alternativas para potencializar o uso

semiárida apresentam algumas limitações.

da jurema preta na alimentação de ruminantes é a

A utilização de plantas nativas do semiárido pode

poda

e

ser uma alternativa para melhorar o padrão de

desidratação, o que aumenta a disponibilidade de

fermentação e a qualidade da silagem. Em pesquisa

feno e reduz a seleção de folhas em detrimento do

realizada por Linhares et al. (2009) a inclusão de

caule (FORMIGA et al., 2011).

níveis crescentes de Jitirana (Merremia aegyptia L.)

dos

caules

seguida

da

trituração

ao processo de

ensilagem

devem

Pereira Filho et al. (2010) ao estudarem a altura de Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4781-4786, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4783


Artigo 388 - Utilização de forrageira da caatinga x desempenho animal

na silagem do sorgo melhorou o valor nutritivo desta

utilizados nas dietas dos ruminantes, além da

silagem, produzindo ganhos positivos em proteína

determinação

bruta,

bromatológica, têm sido avaliados ensaios de

extrato

etéreo,

energia

bruta,

porém

diminuição nos teores de matéria seca.

da

composição

químico-

degradabilidade (OLIVEIRA et al., 2014).

Alguns recursos forrageiros nativos e adaptados podem ser utilizados para ensilagem, como capins buffel (Cenchrus ciliaris L.) e milhã (Brachiaria plantaginea (Link) Hitchc) e leguminosas nativas como Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia), orelha de onça (Macroptilium martii Benth) e adaptadas como Leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) R. de Wit.) e Gliricídia (Gliricidia sepium) (SANTOS et al., 2009; SANTOS et al., 2010).

A

composição

digestibilidade

químico das

-

bromatológica

folhas

da

e

maniçoba

a

são

consideradas de boa qualidade, como demonstra os resultados citado por Andrade et al. (2010) PB = 20,88%; EE = 8,30%; FB = 1396%; ENN = 49,98%; Cinzas = 6,88% e DIVMS = 62,29%. As plantas de maniçoba

são

forragem

verde

normalmente pelos

utilizadas

animais

que

como

pastejam

livremente na caatinga. A avaliação do valor nutritivos dos alimentos através de técnica é opção

A fenação é apontada como a principal forma de utilização

da

maniçoba.

Entretanto

o

trabalho

realizado por Matos et al. (2005) demonstra que a

para aumentar a qualidade e disponibilidade de recursos

para

alimentação

animal

em

áreas

semiáridas (AMIRA et al., 2014).

maniçoba é uma planta com grande potencial de ensilagem, devido ao seu teor de matéria seca e de carboidratos solúveis, resultando em silagens bem

O desempenho animal

fermentadas. Neste mesmo trabalho os autores

A quantidade de forragem

encontraram valores da silagem PB = 14,58 %, MS =

altamente afetada pela distribuição da precipitação, é

25,78%, FDN = 47,15%, EE = 3,96% e N-total =

um fator importante para o desempenho de animais.

1,60% respectivamente.

A caatinga é uma alternativa para alterar a

disponível,

que é

quantidade e qualidade da forragem disponível para Segundo Silva et al. (2012), em determinadas áreas

os animais e, consequentemente, aumentar o

do semiárido nordestino onde as palmas forrageiras

desempenho animal. (SANTOS et al., 2010)

(Opuntia ficus indica Mill, e Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) não se adaptam ou apresentam baixos

A caatinga apresenta comunidade vegetal com

rendimentos,

potencial forrageiro, todavia a influência climática

as

cactáceas

nativas

xiquexique

[Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Byl

determina

ex Rowl.] e mandacaru (Cereus jamacaru DC.) se

nutricional dos animais, refletindo na produtividade.

sobressaem

espécies

A pastagem da caatinga é pobre e se reflete no

introduzidas, e são utilizadas durante períodos de

desempenho animal, em uma caatinga em Petrolina-

seca prolongados como volumosos estratégicos na

PE, o ganho máximo que se obteve em seis áreas

alimentação dos ruminantes.

experimentais foi de 4,18 kg PV/ha/ano (SALVIANO,

em

relação

a

essas

uma

variação

marcante

no

aporte

2003). Em ambas as pesquisas, os animais não Valor nutritivo de planta nativas da caatinga

receberam suplementação alimentar na época seca.

A qualidade da forragem é determinada pelo seu a

Ydoyaga-Santana et al. (2010), estudando Guzerá e

composição química, a ingestão e digestibilidade.

Gir x novilhas Holandesas pastejando na caatinga na

Teor de proteína bruto (PB) tem sido considerado um

estação chuvosa obteve um peso diário de 412g. Os

parâmetro importante para a avaliação do valor

autores

nutritivo de forragem (SANTOS et al., 2010). Sendo

provavelmente, devido à taxa de lotação de 6 ha

valor

nutritivo,

o

qual

é

determinado

por

assim, os métodos de obtenção do valor nutritivo dos alimentos 4784

1

-1

AU ,

afirmaram que

permitia

que

este

aos

desempenho

animais

uma

-

maior

seletividade, e também pela a elevada prevalência

Nutritime Revista Eletrönica, on-line, viçosa, v.13, n.4, p.4781-4786, julho/agosto, 2016.ISSN: 1983-9006

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foi

suficiente

para

satisfazer

as

exigências de energia e proteína dos animais

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durante a estação seca. Assim, para manter níveis

ANDRADE, A.P. COSTA, R.G. SANTOS, E.M. et al.

aceitáveis de produção animal nesse período que é

Produção animal no semiárido: o desafio de

necessário para fornecer a alimentação em calha.

disponibilizar forragem, em quantidade e com

No entanto, a escolha de alimento dependerá do

qualidade, na estação seca. Tecnol. & Ciên.

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pecuária

como

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estabilizadora no semiárido Brasileiro Vet. e Em estudo realizado com cabras, as combinações

Zootec set.; 20(3),2013.

dos alimentos proporcionaram maiores consumos de

DEMASCENO, M.M. SOUTO, J.S. SOUTO, P.C.

nutrientes pelos animais nas dietas que continham o

Etnoconhecimentos de espécies forrageiras no

feno de sabiá, com pequenos déficits nos consumos

semiárido

de nutrientes digestíveis totais (NDT) nas dietas que continham as associações com o feno de flor-de-

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Highlights

possuem alto valor forrageiro. A forma de utilização

BioScience. doi:10.1525/bio.2012.62.1.8

Conservation

Challenges.

destas plantas pode ser a mais diversa, tendo

HEINRITZ, S.N. MARTENS, S.D. AVILA, P. et al.

destaque o uso do feno e silagem com auxilio destes

The effect of inoculant and sucrose addition on

vegetais. Por meio desta forma de utilização o

the silage quality of tropical forage legumes with

pecuarista poderá amenizar um grave problema que

varying ensilability. Animal Feed Science and

o acompanha desde os primórdios da colonização da

Technology v.174, p.201–210, 2012.

região nordeste do Brasil, que é a má distribuição

IBGE. Mapa de Biomas e de Vegetação. Dis-ponível

das chuvas que promove a perda do valor nutritivo

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JÚNIOR, A.F.M. BRAGA, A.P.B. GALVÃO, R.J.D. et

qualitativas e quantitativas de forrageiras nativas da

al.

caatinga, seja ela de forma in natura ou conservada,

digestibilidade in vivo de dietas com Diferentes

são

e

níveis de feno de catingueira (Caesalpinea

da

pyramidalis Tul), fornecidas parágrafo ovinos

importantes

suplementação,

para visando

o

manejo a

alimentar

sustentabilidade

produção animal nas áreas de caatinga.

Composição

bromatológica,

consumo

e

SRD. Revista de Biologia e Ciências da Terra v.1, p.190-197, 2008.

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Artigo 388 - Utilização de forrageira da caatinga x desempenho animal

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Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã – revisão de Literatura

Revista Eletrônica

Avaliação genética, melhoramento animal, raça tabapuã, seleção, Zebu 1*

Amauri Felipe Evangelista 1 Wéverton José Lima Fonseca , 2 José Elivalto Guimarães Campelo , 3 Karina Rodrigues dos Santos , 3 Severino Cavalcante de Sousa Júnior

Vol. 13, Nº 04, julho/agosto de 2016 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Mestrando em Ciência Animal, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Centro de Ciências Agrárias, Teresina, Brasil. E-mail: amaurifelipe17@hotmail.com 2 Professor da Universidade Federal do Piauí - (UFPI), Teresina, Brasil. 3 Professor da Universidade Federal do Piauí - (UFPI), Parnaíba, Brasil.

RESUMO

ESTIMATES OF (CO) VARIANCE COMPONENTS

O estudo de estimativas de componentes de (co)

FOR GROWTH TRAITS IN TABAPUÃ CATTLE -

variância para características de crescimento em

REVIEW

bovinos de corte é de fundamental importância para

ABSTRACT

os programas de melhoramento genético animal,

The

pois ele permite a previsão do sucesso da seleção.

components for growth traits in beef cattle is of

Os componentes de (co) variância têm despertado interesse

de

pesquisadores

da

área

de

melhoramento genéticos animal em análises de dados que podem ser tomados repetidamente ao

study

fundamental

about

estimates

importance

for

of

(co)variance

animal

breeding

programs, because this type of research permits to predict the success of selection. The (co) variance

longo da vida do animal, como as características de

components

crescimento, que são os pesos dos animais em

breeding researchers in data analysis that can be

diferentes idades de sua vida. Partindo dessas

taken repeatedly along the life of an animal, as

premissas, o objetivo dessa revisão é de copilar

growth traits that are animals’ weights in different

informações sobre estimativas de componentes de

ages. From these premises, the aim of this review is

(co) variância de características de crescimento em

to gather information of (co)variance components for

tabapuã. Palavras-chave: Avaliação genética, Melhoramento animal, Raça Tabapuã, Seleção, Zebu

have

aroused

interest

of

animal

growth traits in tabapuã cattle. Keyword: Animal breeding, Genetic evaluation, Selection, tabapuã breed, Zebu. .

4787


Artigo 389 – Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã

INTRODUÇÃO A raça Tabapuã é um animal de grande potencial

modelos de dimensão finita. Com estes modelos,

para produção de carne no Brasil, isso se deve ao

podem ser analisadas características de interesse

melhoramento genético, que visa aumentar a

para o melhoramento genético animal, como ganho

produção

de peso. Sendo estas, denominadas características

desses

animais,

utilizando

como

ferramenta a seleção e cruzamento. No Brasil o

repetidas

melhoramento genético tornou-se conhecido por

JÚNIOR et al., 2014).

no

tempo

ou

longitudinais

(SOUSA

volta do século XX, isso com o avanço na genética molecular, dos métodos estatísticos e programas

O conhecimento dos componentes de (co) variâncias

computacionais,

em

é importante para o desenvolvimento na pecuária de

crescido

corte, pois possibilita maiores avanços genéticos e

essas

melhoramento

técnicas

animal

utilizadas

têm

consideravelmente (LÔBO et al., 2010).

ganhos de produção. Portanto esta revisão tem como objetivo copilar informações sobre estimativas

Entre as características de interesse econômico por

de componentes de (co) variâncias de características

técnica de melhoramento animal, algumas podem

de crescimento em bovinos da raça Tabapuã.

ser mensuradas repetidamente ao longo da vida do indivíduo como as características de crescimento, exemplo

o

peso.

O

melhoramento

das

características de crescimento é de interesse

REVISÃO DE LITERATURA

objetiva-se melhorar o desempenho médio da

A importância da bovinocultura de corte para o Brasil A bovinocultura é uma das principais atividades

população

produtivas do agronegócio brasileiro, proporcionando

econômico por meio da seleção. Com a seleção

progresso

e

consequentemente,

genético

em

promover

características

de

a maior renda obtida entre as cinco maiores cadeias produtiva

crescimento (GONÇALVES et al., 2011).

agropecuária

estudada,

sendo

desenvolvida em todo o território nacional com 212,8 A grande importância na determinação do método

milhões de cabeças (IBGE, 2012). A pecuária bovina

de seleção e no avanço genético de um rebanho é a

de corte no Brasil é antiga, e passou por vários

estimação dos componentes de (co) variâncias.

processos

Porque ela fornece informações importantes sobre o

concorrência por outros tipos de carne. Para manter

quanto das diferenças observadas na característica

essa

de interesse econômico se deve a fatores genéticos

eficiência produtiva dos bovinos, trabalhando no tripé

e que sejam transmissíveis às próximas gerações

zootécnico

(SILVA et al., 2006).

fazendo com que os animais chegassem ao seu

de

modernização,

competitividade, (genética,

foi

isso

preciso

manejo

e

devido aumentar

à a

alimentação),

potencial genético. Os

componentes

de

covariância

permitem

determinar as herdabilidades e as correlações

Os bovinos de corte estão presentes no Brasil desde

genéticas para as características da população que

os primeiros anos que se seguiram após a chegada

serão avaliados, visto que, esses parâmetros podem

dos portugueses e a região nordeste foi pioneira na

sofrer variações consideráveis nas suas estimativas

criação de gado de corte. De acordo com Caíres et

devido ao método de estimação de componentes de

al. (2009), a pecuária da Região Nordeste é

(co) variância. A herdabilidade é utilizada para se

composta principalmente por animais zebuínos

avaliar a confiança do valor fenotípico, como

mestiços e puros, na qual prevalece a criação a

indicador do valor genético (FALCONER & MAYER,

pasto. E os programas de melhoramento genético

1995).

têm sido realizados para desenvolver a produção de bovinos de corte no Nordeste (SANTOS et al., 2012).

As análises para estimar os componentes de variância para característica de crescimento são, em 4788

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.3,4, p.4787-4794, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 389 - Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã

Dentre os métodos de melhoramento, podemos citar a seleção, que consiste nas escolhas dos melhores

A raça Tabapuã vem se destacando como opção

indivíduos para ser utilizado como reprodutores ou

para produção de carne nas condições tropicais do

matrizes em gerações seguintes, e o cruzamento,

Brasil, (SILVA et al., 2012). Juntamente com as

que é o acasalamento dos indivíduos. Eles são

outras raças zebuínas, é responsável pelo grande

fundamentais

sucesso na pecuária de corte brasileiro, nestes

melhorias

para

nos

selecionar

animais

desempenhos

visando

produtivas

e

últimos anos.

reprodutivas, pois esses animais determinam a eficiência total de produção, tanto do ponto de vista

Apesar de o Tabapuã ter surgido por volta do ano de

genético como econômico (BOLIGON, 2008).

1940 aqui no Brasil através de um cruzamento da raça nelore e guzerá, o primeiro animal desta raça a

É notório que o melhoramento genético é essencial

ser registrado foi o Touro Baile de Tabapuã T – 1210

para alcançar melhorias na genética dos rebanhos,

com o RGD n° 1, em 01 de fevereiro de 1971. Em

através desta ferramenta, o Brasil consegue produzir

1881, o Tabapuã foi oficialmente reconhecido como

carne em grande qualidade e quantidade, que supre

raça. Em 2009, cerca de 15.800 animais receberam

a necessidade dos consumidores.

registro genealógico de nascimento (RGN) e 7.500 receberam registro genealógico definitivo (ABCT,

Neste cenário, se destaca pela capacidade de

2013).

aumentar a sua produção de carne, sendo assim possível oferecer um produto com alto padrão de

Em 1969 foi criada Associação Brasileira dos

qualidade seguindo a tendência do mercado externo,

Criadores de Tabapuã (ABCT), que mobilizou todos

em especial o europeu, que exige que a carne

os criadores associado no Brasil, com o propósito de

bovina seja oriunda de manejos que respeitem

expandir o nome da raça e ser reconhecida

conceitos

dos

internacionalmente. Caíres et al. (2012), destaca que

animais, o abate humanitário e a sustentabilidade

na região Nordeste, desde do inicio do ano 2000, a

dos sistemas de produção, com foco na preservação

raça Tabapuã teve um aumento significativo em seu

ambiental (LOPES, 2015).

tamanho efetivo. Quando em 2005 o número de

específicos,

como

o

bem-estar

animais nascidos na região foi de 2.466 animais e O Brasil lidera o ranking de maior exportador de

em 2010 chegava à aproximadamente 140.454

carne bovina do mundo desde 2008 e as estatísticas

animais.

mostram conhecimento também para os próximos anos e a exportação de bovina crescerá 2,15 ao ano

Os indivíduos desta raça apresentam características

(MAPA, 2011). A carne bovina a cada ano, sua

desejáveis segundo as exigências de mercado, tais

participação brasileira no comércio internacional vem

como boa conformação e qualidade de carcaça,

crescendo gradativamente, é um setor pecuário que

estimula estudos voltados à avaliação e melhoria do

gera mais de 7,2 milhões de empregos diretos no

seu desempenho produtivo (SOUSA JÚNIOR et al.,

campo e na indústria. E tem suas importâncias por

2010). A relevância dessas características é vista na

ser uma atividade desenvolvida em todos os estados

cadeia produtiva da carne brasileira e destaca o

brasileiros, além de produzir alimentos para o

merecimento de estudos para alastrar em nosso

mercado nacional e internacional.

meio. Em decorrência de sua boa produtividade e por

Raça Tabapuã

encontrar condições propícias para se desenvolver e

O Tabapuã é uma raça zebuína (Bos indicus),

adaptar-se às condições ambientais, proporcionadas

brasileira oriunda do cruzamento entre um gado

pelo território brasileiro, a raça Tabapuã, atualmente,

mocho nacional e animal da origem da índia.

é uma das mais importantes, não somente pelo seu

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4787-4794, julho/agosto,2016. ISSN: 1983-9006

4789


Artigo 389 - Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã

quantitativo, como também, pela evolução que vem

namento

dos

componentes

de

covariância

e

alcançando como raça promotora de produção de

possibilitado estimativas mais acuradas dos efeitos

carne (FERRAZ FILHO et al., 2002).

genéticos e ambientais e melhores respostas à seleção (SOUSA, 2009).

Componentes de (co) variância

O peso ao nascer, peso a desmama, ao ano e

A implantação de um programa de melhoramento

sobreano, são características de crescimento que

genético na bovinocultura de corte é crucial para se

requer o uso dessas tecnologias nos programas de

alcançar o avanço genético do rebanho, a grande

melhoramento, para que sejam realizadas essas

importância na determinação do método de seleção

avaliações genéticas utilizando essas características

é a estimação dos componentes de (co) variâncias.

sob seleção, são necessárias as estimativas dos

Para que sejam realizadas seleção, são necessárias

componentes de (co) variância. Dessa maneira, a

as estimativas desses componentes, predições dos

avaliação genética se torna um fator determinante da

valores genéticos e do progresso genético esperado

estimação de valores genéticos preditos, para

na população sob seleção (BALTMAN, 2005).

animais de uma população que esteja sendo

Dentre as principais utilidades do emprego de

implementado um programa de seleção (BALMANT,

estimativas

2005).

de componentes

melhoramento

animal

de

destaca-se

variância em a

estimação

acurada do valor genético e dos parâmetros

Sousa et al., 1999, cita os componentes de variância

genéticos populacionais (HENDERSON, 1986).

que pode ser estimado em características de crescimento, são: variância genética aditiva direta,

É de vital importância o desenvolvimento e aplicação de métodos que possibilitem maximizar a acurácia das estimativas dos componentes de variância apresentados no modelo genético. Assim, inúmeros métodos têm sido desenvolvidos para tal finalidade, dentre

os

quais:

(HENDERSON,

1953);

métodos método

Henderson de

estimação

quadrática não-viesada de norma mínima – MINQUE (RAO, 1971); método de estimação quadrática nãoviesada de variância mínima – MIVQUE (RAO, 1971); método de máxima verossimilhança – ML (HARTLEY

&

RAO,

1967)

e

de

máxima

verossimilhança restrita – REML (PATTERSON & THOMPSON, 1971). O

melhoramento

variância

genética

aditiva

materna,

covariância

genética entre os efeitos direto e materno. A partir desses componentes estimados, podem-se derivar os seguintes parâmetros: a herdabilidade direta, herdabilidade materna, correlação genética entre os efeitos diretos e maternos, herdabilidade total dos efeitos genéticos aditivos totais e as covariâncias genéticas entre efeitos diretos e maternos como proporção da variância fenotípica. A estimação de covariâncias produz estimativas de funções de covariâncias, que se referem a uma descrição contínua da estrutura de covariâncias do caráter para a amplitude de idades abrangida pelos dados, ou seja, uma função de covariância descreve

das

a covariância entre medições tomadas em certas

é

idades como função destas idades (RESENDE,

bastante dependente da estimação acurada dos

2001). E o autor supracitado relata que as funções

componentes de covariância, essa acurácia é

de covariância podem expressar, de maneira mais

determinada por fatores tais como a quantidade e

realística,

qualidade da informação, o modelo estatístico

longitudinais (por exemplo, curvas de crescimento

aplicado e o próprio método de estimação de

através do tempo ou medições repetidas).

características

componentes

de

de

genético crescimento

covariância.

através em

E

bovinos

com

os

fenômenos

associados

a

dados

a

disponibilidade de modernos programas estatísticos

Estudos com dados de bovino de corte são recente,

e recursos computacionais têm facilitado o particio-

Sakaguti

(2003),

trabalhando

com

dados

de

crescimento de bovinos da raça Tabapuã, constatou a utilidade das funções de covariâncias na avaliação 4790

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4787-4794, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006


Artigo 389 - Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã

do

crescimento

e

revelou

que

a

curva

de

crescimento dos dois primeiros anos de vida pode ser

rapidamente

alterada

pela

seleção.

tindo na maioria das vezes, o sucesso da atividade (SANTANA, 2013).

A

determinação da função de covariância é sempre

As características de crescimento em bovinos de

necessária como indicador do comportamento da

corte têm grande importância em qualquer programa

curva de crescimento, como por exemplo, em um

de melhoramento. Medidas de peso corporal, nas

determinado ponto, ou idade do animal.

fases iniciais do desenvolvimento do animal, são importantes

na

determinação

da

eficiência

No melhoramento animal a metodologia de funções

econômica de qualquer sistema de produção de

de variância é recente e têm merecido atenção

bovinos e podem ser recomendadas como critérios

relativamente grande. A grande importância na

de seleção (BALMANT, 2005). Portanto, a eficiência

determinação do método de seleção é a estimação

de produção em bovinos de corte depende de várias

dos componentes de (co) variâncias. Portanto elas

características

são fundamentais e importantes para um programa

características, de importância econômica, por meio

de melhoramento genético, visto que possibilita a

da seleção, depende do uso efetivo da variação

predição de valores genéticos e a estimação de

genética existente nas mesmas.

e

o

melhoramento

dessas

parâmetros genéticos. FARIA et al. (2009) estudando características de crescimento em bovinos de corte, ressaltaram a Características de crescimento O

crescimento

em

bovinos

importância da correta identificação dos animais são

processos

geneticamente

superiores, o

progresso

isso

é

genético

da

fundamentais durante sua vida, o crescimento está

determinante

relacionado com o seu aumento de massa e volume

população. É também de extrema importância o

resultando em um maior tamanho do organismo e

conhecimento de quanto das diferenças observadas

ele ocorre dentro de limites genéticos que são

nas características de interesse no melhoramento

inerentes às espécies. Gottschall (1999), afirma que

deve-se a fatores genéticos aditivos, ou seja,

o crescimento dos animais tem uma forte relação

aqueles transmissíveis às futuras progênies por meio

com a quantidade e qualidade de carne.

da seleção.

O

para

porque

crescimento rápido em bovinos de corte é desejável, sendo que animais que apresentam maiores ganhos

O processo de crescimento dos animais é um

de peso são abatidos mais cedo, tornando-se assim

fenômeno complexo e de grande importância para a

mais economicamente rentável.

área de Zootecnia. O conhecimento, o controle do crescimento e desenvolvimento dos bovinos, são

Assim torna-se de necessário o conhecimento do

tópicos de bastante interesse para os pesquisadores,

processo de ganho de massa corporal animal, pois

pois o seu domínio permite que o manejo nutricional

esse conhecimento possibilita que faça um controle

dos animais possa ser conduzido eficientemente,

na produção de carne, otimizando lucros dessa

além de permitir que programas de seleção animal

atividade.

sejam

Uma

forma

pratica

de

analisar

o

elaborados

para

as

características

de

crescimento do animal é por meio de estudo de suas

crescimento inerentes a cada raça (LOPES et al.,

curvas de crescimento, as quais descrevem uma

2011).

relação funcional entre peso e idade (SILVA et al., 2004). Estudos de crescimento de animais são

De acordo com Lacerda et al. (2014), o peso,

relevantes para a determinação técnicas adequadas

avaliado em diferentes idades, é uma característica

de manejo, bem como para o melhoramento

de crescimento largamente utilizada como critério de

genético, uma vez que possibilita a identificação de

seleção nesses programas de melhoramento, para

indivíduos que cresce com maior e eficiência,

isso é necessário a estimativa dos componentes de

garan-

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.13, n.4, p.4787-4794, julho/agosto, 2016. ISSN: 1983-9006

4791


Artigo 389 - Estimativas dos componentes de (co) variância de características de crescimento em bovinos da raça tabapuã

(co) variância para a obtenção dos parâmetros genéticos e valores genéticos. A escolha dos métodos utilizados na estimação dos componentes de

(co)

variância

e

parâmetros

genéticos

é

fundamental nas avaliações genéticas.

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o

território

nacional.

Dessa

forma,

as

estimativas de componentes de (co) variância é uma das formas dentro do melhoramento genético, que tem para se fazer uma avaliação genética dos animais, isso nos permite fazer uma boa seleção, que posteriormente vem melhorar significativamente o rebanho. Porém, ainda é um desafio à ciência, já que são poucos os de estudos na raça tabapuã, sobre os componentes de (co) variância. Sendo assim, devem-se estimular estudos que almejem estimar os componentes de (co) variância, visto que os mesmos são essenciais no setor da pecuária nacional.

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