NRE v.12 n.06 nov/dez 2015

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Revista Eletrônica

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Sumário 335 - Hormonal induction of the reproduction in jaú (Zungaro jahu): case report............................4342-4347 Mariana Martins Drumond, Marinez Moraes de Oliveira, Priscila Vieira Rosa, Luciana de Paula Naves, Luis David Solis Murgas 336 - Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte.....................................................................................................................................4348-4358 Rodrigo de Nazaré Santos Torres, Andrea Dreher, Tiago Adriano Simioni 337 - Fatores anti-qualitativos em silagens........................................................................................4359-4367 Gonçalo Mesquita da Silva, Fabiano Ferreira da Silva, Alex Resende Schio, Murilo de Almeida Meneses, Deivison Leles Balisa, Dicastro Dias de Souza, Leonardo Guimarães Silva, Maxwelder Santos Soares 338 - Consumo alimentar residual em bovinos de corte....................................................................4368-4378 Fabiano Andrade Ferreira, Dimas Oliveira Santos, Luciano Oliveira Ribas, Eliseu Ferreira Brito, Mauricio Oliveira Ribas 339 - Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais.........................................4379-4385 Marília Ferreira Pires, Sabrina Ferreira Pires, Caniggia Lacerda Andrade, Deborah Pereira Carvalho, Aleane Francisca Cordeiro Barbosa, Mayra Rodrigues Marques 340 - Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total.........................4386-4392 Edileusa de Jesus dos Santos, Mara Lúcia de Albuquerque Pereira, Paulo José Presídio Almeida, Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Tarcízio Vilas Boas Santos Silva, Alana Batista dos Santos 341 - Efeito de fatores antinutricionais encontrados nos alimentos alternativos e seu impacto na alimentação de não ruminantes - revisão.....................................................................................................4393-4399 Tiago Vieira de Andrade, Raimundo Nonato Vieira Santos, Diêgo Jânio Araújo, Daniela de Sá Braulino, Marco Van Bastem Teixeira Pereira de Moura, Laylson da Silva Borges 342 - Principais aspectos da inter-relação nutrição e imunidade em aves sob estresse....................4400-4410 Danilo Vargas Gonçalves Vieira, Carla Fonseca Alves, Fernanda Luz Alves, Iberê Pereira Parente, Ana Carolina Muller Conti, Marilu Santos Souza, Thiago Sousa Melo, Danilo Teixeira Cavalcanti, Natália Lívia de Oliveira Fonteles, Camila Sousa Vilanova, Ecione Martins Silva 343 - Imunonutrição em aves e suínos: fundamentos e imunonutrientes.........................................4411-4425 Verônica Lisboa Santos, Cristiéle Lange Contreira, Géssica Farina, Fabiane Pereira Gentilini, Marcos Antonio Anciuti, Fernando Rutz



344 - Potencial das cactáceas como alternativa alimentar para ruminantes no semiárido...............4426-4434 Valdir Ribeiro Junior, Cleverson Luiz Nascimento Ribeiro, Rodrigo Knop Gazzi Messias, Tatiana Cristina Rocha 345 - Métodos para medir a emissão individual de metano por ruminantes....................................4435-4440 José Adelson Santana Neto, Edivilson Silva Castro Filho, Helber Rodrigues de Araújo 346 - Efeito do processamento da dieta sobre o desempenho de cordeiros e cabritos.....................4441-4446 Luciana Freitas Guedes, Dalvana dos Santos, Iran Borges, Leonardo de Rago Nery Alves, José André Júnior 347 - Ética na publicação científica....................................................................................................4447-4449 Diego Helcias Cavalcante 348 - Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte......................................4450-4456 João Paulo Aquino Santos, Marcos Martinez do Vale, Ana Kátia Karkow, Tatiane Branco, Bernardo Bevilaqua, Mauricio Portela dos Santos, Diuly Bortuluzzi Falcone 349 - Benefícios da carne suína na saúde do consumidor.................................................................4457-4463 Carla Maria do Carmo Resende, Rogério Manoel Lemes de Campos 350 - Nutrição e alimentação de tilápias do Nilo...............................................................................4464-4469 Caniggia Lacerda Andrade, Fabrício Sado Rodrigues, Deborah Pereira Carvalho, Sabrina Ferreira Pires, Marília Ferreira Pires 351 - Cultivo de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) na fase de terminação em tanque escavado......4470-4477 Lucas Wachholz, Jonas Francisco Egewart, Claudio Yuji Tsutsumi, Rogério Krumenauer, Fernando Luis Escher 352 - Estresse por calor em frangos de corte.....................................................................................4478-4487 Jackelline Cristina Ost Lopes, Mabell Nery Ribeiro, Vânia Batista de Sousa Lima 353 - Efeitos das fontes de lipídios na composição do leite: revisão..................................................4488-4499 Juliana dos Santos Rodrigues Barbosa, Natalia Lívia de Oliveira Fonteles, Nielyson Junio Marcos Batista, Mayara Silva de Araújo 354 - Hematologia como biomarcador de contaminação ambiental em peixes................................4500-4507 Arlene Sobrinho Ventura, Franz Eubanque Corsini, Andrea Maria de Araújo Gabriel


Hormonal induction of the reproduction in jaú (Zungaro jahu): case report Carp pituitary, induced reproduction, migratory fish.

Mariana Martins Drumond1* Marinez Moraes de Oliveira1 Priscila Vieira Rosa2 Luciana de Paula Naves1 Luis David Solis Murgas3 Doctor in Animal Science, Federal University of Lavras (UFLA), Lavras, Minas Gerais, Brazil. *E-mail: mmdrumond@gmail.com 2 Doctor in Animal Science, Professor, Department of Animal Science, UFLA, Lavras, Minas Gerais, Brazil 3 Doctor in Animal Science, Professor, Department of Veterinary Medicine, UFLA, Lavras, Minas Gerais, Brazil 1

ABSTRACT This case report divulges the results of two studies conducted to evaluate the reproduction induction in males and females of jaú (Zungaro jahu) submitted to different concentrations and number of doses of crude extract of carp pituitary (CECP). The study I was conducted during the reproductive period between the years of 2006 and 2007, whereas the study II was carried out between 2007 and 2008. In the study I, the males (number of individuals, N = 3) were submitted to two doses of CECP (0.50 and 5.00 mg/kg of body weight ‒ BW) while the females (N = 3) received three doses (0.25, 0.50 and 5.00 mg/kg of BW). In the study II, the male (N = 1) was submitted to four doses of CECP (0.30, 0.30, 0,30 and 6.00 mg/kg of BW) while the female (N = 1) received three doses (0.30, 0.60 and 6.00 mg/kg of BW). In both studies were evaluated the parameters: weight of the spawning, number of eggs per gram of spawning, individual and relative fecundity, gonadosomatic index for the females; and spermiation volume and sperm concentration for the males. The fertilization rate also was determined. For all evaluated parameters, the doses of CEPC used in the study II resulted in the better hormonal induction of the reproduction in Zungaro jahu. Keywords: Bird, complex, enzyme, phytate, phosphorus, nutrition.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

INDUÇÃO HORMONAL DA REPRODUÇÃO EM JAÚ (ZUNGARO JAHU): RELATO DE CASO RESUMO Este relato de caso divulga os resultados de dois estudos conduzidos para avaliar a indução da reprodução em machos e fêmeas de jaú (Zungaro jahu) submetidos à diferentes concentrações e número de doses de extrato bruto de hipófise de carpa (EBHC). O estudo I foi conduzido durante o período reprodutivo entre os anos de 2006 e 2007, enquanto que o estudo II foi realizado entre 2007 e 2008. No estudo I, os machos (número de indivíduos, N = 3) foram submetidos a duas doses de EBHC (0,50 e 5,00 mg/kg de peso corporal - PC) enquanto as fêmeas (N = 3) receberam três doses (0,25; 0,50 e 5,00 mg/kg de PC). No estudo II, o macho (N = 1) foi submetido a quatro doses de EBHC (0,30; 0,30; 0,30 e 6,00 mg/kg de PC), enquanto a fêmea (N = 1) recebeu três doses (0,30; 0,60 e 6,00 mg/kg de PC). Em ambos os estudos foram avaliados os parâmetros: peso corporal na desova, número de ovos por grama durante a desova, fecundidade individual e relativa, índice gonadossomático paras as fêmeas e volume de espermiação e concentração de esperma para os machos. A taxa de fertilização também foi determinada. Para todos os parâmetros avaliados, as doses de EBHC utilizadas no estudo II resultaram na melhor indução hormonal da reprodução em Zungaro jahu. Palavras-chave: hipófise de carpa, reprodução induzida, peixe migratório.


Hormonal induction of the reproduction in jaú (Zungaro jahu): case report

INTRODUCTION The high number of species in the aquaculture involves a high plasticity of reproductive traits, which means that an induction technique successful in a particular species may have different effects in another. Thus, so that we can properly handle the reproduction of the specie to be propagated it is necessary to know their reproductive physiology, age and place of spawning, and physicochemical characteristics of the environment (ANDRADE et al., 2015). The jaú (Zungaro jahu) is a Neotropical freshwater fish that belongs to the Siluriformes order and Pimelodidae family. It is considered a large fish reaching almost 1.5 m of length and weighing over of 100 kg (AGOSTINHO et al., 2003; MATEUS & PENHA, 2007). It is a typical migratory species that moves principally along of the rivers Paraná, Paraguay and Uruguay (AGOSTINHO et al., 2003; RESENDE, 2003; ZANIBONI FILHO & WEINGARTNER, 2007). However, the population of this species has suffered a decline due to factors that interfere in its migration behavior, such as the deforestation of marginal rivers, pollution, overfishing and construction of hydroelectric dams (AGOSTINHO et al., 2003; MASCARENHAS-ALVES et al., 2007). As a consequence, it is officially listed as a threatened species in the Brazilian States of Minas Gerais (GODINHO, 1998) and Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004). Like many migratory species that do not reproduce naturally in captivity (ANDRADE & YASUI, 2003), the Z. jahu needs to be induced to reproduce using hormonal applications (DRUMOND, 2008). Reproduction of this species in captivity is difficult and is necessary more scientific work in this area because the production of fry is important for restocking in addition to collaborate for viability of their use in the animal production. The spawning induction by different hormone therapies has been widely studied. However, the administration of extract of carp pituitary is still the most frequently used being that this extract provides gonadotropin for the reproduction induction. Nevertheless, is necessary establishes the concentrations and number of doses required for reproduction induction (LEGENDRE et al. 1996). Therefore, this case report divulges two studies conducted to evaluate the reproduction induction in males and females of jaú (Zungaro jahu)

submitted to different concentrations and number of doses of crude extract of carp pituitary. MATERIAL AND METHODS Two studies were conducted with Zungaro jahu at different times and places, being evaluated the use of different concentrations and number of doses of crude extract of carp pituitary (CECP). The study I was conducted at the Fish Culture Station Jupiá located between the cities of Ilha Solteira (São Paulo, Brazil) and Três Lagoas (Mato Grosso do Sul, Brazil) during the reproductive period between the years of 2006 and 2007. The study II was carried out at the Fish Culture Station of Volta Grande located in the city of Conceição das Alagoas (Minas Gerais, Brazil) during the reproductive period between the years of 2007 and 2008. The use of specimens from two different locations was in order to increase the fish sampling number. For both studies, the fishes were selected according to their secondary sexual characteristics, such as a swollen abdomen for the females and the redness of the urogenital papilla for both sexes. To ensure preparation for reproduction, gonadal maturation was accompanied fortnightly through ovarian biopsy and visualization of germinal vesicle migration for females and spermiation by celomatic compression for males. After the selection they were sexed and transferred to tanks of masonry and glass with capacity of 1500 L, where they were kept for the hormonal induction of spawning and subsequent reproduction. The CECP doses were administered by intraperitoneal injection at the base of the dorsal fin. In the study I, three males were submitted each one to two doses of CECP (0.50 and 5.00 mg/kg of body weight ‒ BW) while three females received each one three doses of CECP (0.25, 0.50 and 5.00 mg/kg of BW). These induction protocols were tested in this study because they were successfully used to induce the reproduction in other species of native Siluriformes. For the females, the time intervals between the first and second dose of CECP and between the second and third were, respectively, of 24 and 12 hours. On the other hand, for the males, the time interval between the first and second dose was of 12 hours with the first dose occurring of synchronized manner

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Hormonal induction of the reproduction in jaú (Zungaro jahu): case report

in the same time that the second dose was realized for the females.

and d corresponding to depth from the coverslip to the bottom of the Neubauer chamber (= 0.1 mm).

Already in the study II, one male was submitted to four doses of CECP (0.30, 0.30, 0,30 and 6.00 mg/kg of BW) while one female received three doses (0.30, 0.60 and 6.00 mg/kg of BW). For the male, the CECP doses of number one, two and three were given with an interval of 24 hours each while a fourth dose was administered 12 hours after the third. The first dose of CECP was administered for the female in the same time that the male received the second dose. This assured that the administration of the last dose was synchronized for both sexes.

Posteriorly, there was the procedure of “dry” fertilization and the newly hydrated eggs were transferred to funnel-type incubators with constant aeration (Figure 1).

In both studies, after the extrusion of the gametes, the following parameters were evaluated for females: weight of the spawning, number of eggs per gram of spawning, individual fecundity (number of eggs spawned/female), relative fecundity (number of eggs spawned/body weight), gonadosomatic index (weight of spawning x 100/body weight). Already for the males the spermiation volume and sperm concentration were determined. When none male showed positive reproduction results by hormonal induction, he was sacrificed by cerebral concussion and his testicles were removed to obtain sperm via their maceration. For the determination of the sperm concentration, the semen was diluted in a solution of formaldehyde citrate (2.9 g of sodium citrate, 4 ml of formaldehyde 35% and distilled water q.s.p. 100 mL). Then, the number of spermatozoa was counted in a Neubauer chamber. Thus, the sperm concentration was calculated using the equation:

To test the effectiveness of the reproduction induction, three samples from each incubator were collected in order to calculate the fertility rate (FR), given by the following equation: FR = [E /(E + i)] x 100, where “E” is the number of viable embryos and “i” is the number of unviable eggs. RESULTS AND DISCUSSION Approximately 67% of the females of Zungaro jahu induced by crude extract of carp pituitary (CECP) in the study I spawned (females 1 and 2). The single female induced in the study II also spawned (named now as female 3). The spawning rate observed in the study II of the present work was higher than the values related in the literature for several other Siluriformes species: 58% for Pseudoplatystoma corruscans, 60% for Conorhynchos conirostris, 70% for Franciscodoras marmoratus and for Pimelodus maculatus, 71% for Ramdia sapo, 75% for Lophiosilurus alexandri and for Pseudopimelodus charus, 80% for Ramdia quelen and 82% for Rhinelepis aspera (ESPINACH ROS et al., 1984; SAMPAIO & SATO, 2006; SANTOS et al., 2013). The reproductive parameters of the females submitted to different doses of CECP are shown in the Table

SC = N × CF, where, SC is the sperm concentration (spermatozoa/ mm3), N is the number of cells counted in a Neubauer chamber and CF is a correction factor given by: CF = (q × df) / d, where: q is 5 because represents the ratio between the total number of small squares of the Neubauer chamber (25) and the number of small squares counted (5), df is the dilution factor of the semen (= 104) 4344

FIGURE 1. Funnel-type incubators for fertility evaluation.

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1. It is possible verify that the hormonal induction evaluated in the study II provides the better results. For example, there was an improvement of up to 1700% for the parameter relative fecundity (ranged from 2.95 to 52.27).

(named now as male 2) showed spontaneous spermiation during the procedure of abdominal massage. Therefore, the results indicates that application of low daily doses and a last dose higher, synchronized with the application of the last dose in females, triggers internal processes in the male that allow spermiation upon abdominal massage. According to Woynarovich & Horváth (1983) the use of parceled doses produces better reproduction results than a single dose of hormonal inductor. The results of spermiation volume and sperm concentration are shown in Table 2.

The number of oocytes/g determined in this study was higher than for Clarias gariempinus and Psedoplatystoma corruscans (CARDOSO et al., 1995; LEGENDRE et al., 1992) being a portion of this variation due to differences commonly observed between different species of fish because according to Legendre et al. (1996), the size and number of oocytes produced in a spawning is highly variable among Siluriformes species.

In males, hormonal treatments are not used to stimulate maturation of the gametes, but rather they are used to increase the fluidity and seminal volume (VERMEIRSSEN et al. 2004). In the present case report was observed that the increase in the spermi-

Analyzing the results of the study I is possible verify that the weight of the spawning was not dependent of the initial weight of the female. In addition, the weight of the female does not influence the number of oocytes/g of spawning because the results for this parameter were similar between the two females evaluated during the same reproduction period (683 versus 657). Already the results of weight of the spawning and, consequently, of the gonadosomatic index varied greatly between the study I and II corroborating with the results of Sato et al. (2003), that also demonstrated influence of the hormonal dose about the reproduction induction.

ation volume and sperm concentration was probably caused by increase of the number of CECP doses and/or type of semen obtainment (intratesticular semen or from spermiation spontaneous by abdominal massage). The fertilization rate varied from 5% to 90% (Table 3). There were large numerical differences between incubators fertilized with intratesticular sperm (study I) and ejaculated semen (study II). This probably occurred because the quality and quantity spermatic is usually impaired when the spermiation is not spontaneous by abdominal massage (LEGENDRE, 1992), and is important consider that the spermatic quality and quantity affects the success of the fertilization process, the hatching rate and also the production rate of healthy larvae (RURANGWA et al., 2004).

None male in the study I responded to the treatment of induction of the reproduction by CECP. Thus, one male was sacrificed to obtain the intratesticular semen. Already in the study II, the single evaluated male

TABLE 1. Reproductive parameters of females of jaú (Zungaro jahu) submitted to different doses of crude extract of carp pituitary Doses of crude extract of carp pituitary (mg/kg of body weight) 0.25, 0.50 and 5.00 (Study I) Parameter

0.30, 0.60 and 6.00 (Study II)

Female 1

Female 2

Female 3

13,400

15,600

16,500

Weight of the spawning (g)

260

70

997

Number of oocytes/g of spawning

683

657

865

177,580

45,990

862,405

13.25

2.95

52.27

0.45

6.04

Initial weight (g)

Individual fecundity Relative fecundity

1

2

Gonadosomatic index 1

1.94

3

Number of eggs spawned/female. Number of eggs spawned/body weight. Weight of the spawning x 100/body weight. 2

3

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Hormonal induction of the reproduction in jaú (Zungaro jahu): case report

TABLE 2. Reproductive parameters of males of jaú (Zungaro jahu) submitted to different doses of crude extract of carp pituitary Doses of crude extract of carp pituitary (mg/kg of body weight) 0.50 and 5.00 (Study I)

0.30, 0.30, 0,30 and 6.00 (Study II)

Parameter

Male 1*

Male 2

Initial weight (g)

13,400

16,500

Spermiation volume (mL)

07

15

Sperm concentration (sptz x 109)

08

12

*Intratesticular semen. TABLE 3. Fertilization rate (%) for females of jaú (Zungaro jahu) for each reproductive period evaluated. Reproductive period Between 2006 and 2007 (Study I)

Between 2007 and 2008 (Study II)

Female 1 × Male 1

5

-

Female 2 × Male 1

15

-

Female 3 × Male 2

-

90

Considering only the study II, the fertilization rate obtained was higher than related for other species of Siluriformes (range from 59 to 79%) (ESPINACH ROS et al., 1984; SAMPAIO & SATO, 2006, SANTOS et al., 2013). CONCLUSION In this case report, the concentrations and dose numbers of crude extract of carp pituitary evaluated in the study II resulted in the better hormonal induction of the reproduction in females and males of jaú (Zungaro jahu). ACKNOWLEDGEMENTS The authors are grateful to the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Instituto Estadual de florestas (IEF/MG) and the Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) for the financial and logistic support. REFERENCES AGOSTINHO, A.A.; GOMES, L.C.; SUZUKI, H.I. et al. Migratory fish from the upper Parana river basin, Brasil. In: CAROLSFIELD J.; HARVEY, B.; ROSS, C. et al. (Eds). Migratory fishes of South America: biology, social importance and con4346

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte Aditivos, alternativas, crescimento.

Revista Eletrônica

Rodrigo de Nazaré Santos Torres¹* Andrea Dreher² Tiago Adriano Simioni³ Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop. *E-mail: Santostorre_13@hotmail.com. ² Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Sinop. ³ Mestrando em Zootecnia, UFMT/ICAA-Sinop. 1

RESUMO O longo de todo desenvolvimento da cadeia avícola e a constante busca de melhores índices econômicos e zootécnicos criou certa dependência ao uso de promotores de crescimento, e o simples banimento do uso de antibióticos com esta finalidade traria grandes prejuízo com isto existe a necessidade de busca por alternativas que alinhem resultados similar ou superior aos antibióticos como promotores de crescimento, hoje e possível a obtenção de tal características com o uso de prebíoticos; probíoticos; simbióticos; ácido orgânico e complexo enzimáticos. Somando se a estes e com recente uso os extratos vegetais e óleos essenciais, estão em ascensão, contudo apresentam necessidade de mais pesquisas com seu uso e a possibilidade de isolamento da molécula ou conjunto destas que apresenta efeitos como promotores de crescimento mas logo são de grande aposto em seu uso uma vez que arremetem a ideia de ser saudável os produtos animais ao qual foram usados assim favorecendo uma melhor apresentação do produto ao consumidor. Palavras-chave: Aditivos, alternativas, crescimento.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

USE OF ANTIBIOTICS AS GROWTH PROMOTER AND POSSIBLE SUBSTITUTES TO THEIR USE IN BROILERS ABSTRACT The development throughout the poultry chain and the constant search for better economic and biological indices created certain dependency to the use of growth promoters, and the simple ban on the use of antibiotics for this purpose would bring great harm to this there is the need to search for alternative results similar to align or more antibiotics as growth promoters, it is now possible to obtain such a characteristic with the use of prebiotics; probiotics; symbiotic; and organic acid enzyme complex. Adding to these and recent use plant extracts and essential oils, are on the rise, yet have need for more research on its use and the possibility of isolating the molecule or set of these that has effects as growth promoters but soon are of great affixed to its use as dashing the idea of being healthy animal products which have been used thus favoring a better presentation of the product to the consumer. Keywords: Additives, alternatives, growth.


Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

INTRODUÇÃO O cenário produtivo avícola convive com profundas mudanças ao qual são inerentes a necessidade de atendimento as alterações de comportamento do mercado consumidor, somando a isto a continua busca por melhores índices econômicos ao qual norteia a sobrevivência financeira da cadeia produtiva como um todo. Numa visão mecanicista da cadeia, direcionada apenas ao enfoque nutrição, está vive grandes alterações com enorme dinamismo para atender as exigências impostas pelo mercado consumidor este em questão, com a grande disponibilidade de informações que por distintas situações são distorcidas ou mesmo mal elucidada de forma a gera concepções errôneas sobre as técnicas de criação empregadas na avicultura dos dias atuais. Neste contexto a nutrição se encontra no centro de duas discursões de longa data, que são a utilização de hormônios que no Brasil seu uso e proibido, contudo se houvesse a sua possibilidade de uso, este se apresentaria inviável, principalmente quando avaliado sobre aspectos fisiológicos e econômico. Inerente a esses aspectos que devido a característica bioquímica da molécula utilizada por ser de origem proteica, se houvesse a sua utilização na ração quando estar ao adentra o estomago com a presença de pH ácido ocorreria sua desnaturação e consecutiva perda de função biológica. No qual Rutz, (2002) cita que dentro dos hormônios necessários para o crescimento das aves se destaca de fundamental importância a ação do hormônio de crescimento (Hormonio somatotrópico) numa relação sinérgica com os demais. Reece, (2008) corroborando com a citação supra citada que o hormônio do crescimento o STH (Hormônio somatotrópico), que e sintetizada pela glândula pituitária mais especifico a região adeno – hipófise, sendo sua molécula de origem proteica. Segundo Lehnigher (2002) moléculas de origem proteica apresentam sua atividade biológica dependente da integridade de sua conformação proteica nativa se ocorre processo de desnaturação ou dissociação em subunidades a sua atividade e geralmente perdida.

O mesmo autor em questão cita que o processo de desnaturação de uma cadeia proteica oriunda por ruptura de suas ligações que pode ocorre pela ação da temperatura; pH e outros. De breve conclusão o uso destes exogenamente teria que ser por aplicação que acarretaria aumento da carga de estresse sobre as aves tendo como um dos resultados aumento da taxa de mortalidade num contexto econômico, resultaria numa redução da lucratividade e rentabilidade, assim reduzindo a possibilidade de sobrevivência do sistema diante de oscilações de custo. A segunda grande discursão que assola a avicultura moderna e o uso de antibióticos como aditivo alimentar pelo seu uso estar associado a possíveis riscos à saúde humana. Os aditivos são substancias não nutritivas utilizadas nas rações para modificar beneficamente as características químicas, físicas e sensoriais das rações com o objetivo de melhoria geral do desempenho dos animais (BERTECHINI, 2012). O mesmo autor classifica em quatro categorias: Promotores de absorção; Substâncias profiláticas; Substâncias auxiliadoras e Enzima exógena. A o decorre do trabalho cada uma destas categorias serão abordadas, uma vez todas apresentam potencial uso na nutrição de frangos de corte em substituição aos antibióticos. As atenções estão voltadas para os promotores de absorção que segundo Bertechini (2012), existem várias substancias usadas como melhoradoras de absorção nas rações de aves e suínos, no entretanto o maior grupo refere se aos antibióticos. O mesmo relata que normalmente os antibióticos utilizados na terapêutica humana não são utilizados como aditivos, porem há movimentos para o banimento do seu uso em rações em dosagem subterapêutica pela possibilidade do risco de criação de microrganismos resistentes a estas moléculas. Com a eminente possibilidade de risco a saúde humana mesmo que a geração de resistência pelos microrganismos não seja ocasionada pela possibilidade de resíduos nos produtos de origem animal, se iniciou uma busca por substitutos ao uso de antibióticos

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

como promotores de crescimento, também devido uma segunda problemática levantada por Toledo et al. (2007) que a retirada total dos antibióticos promotores de crescimento resulta em menor lucratividade para o setor pois ocorre uma diminuição média de 3 a 7% do desempenho com impacto negativo a saúde animal e mortalidade. Objetiva-se com a presente revisão a elucidação do uso de antibióticos como promotor de crescimento e devidos o iminente risco do seu uso a saúde humana e mesmo dos animais ocorre a necessidade de busca por possíveis substitutos ao seu uso me frango de corte. DESENVOLVIMENTO O crescimento das aves segue o mesmo padrão de deposição dos tecidos que ocorre nos mamíferos, assim gerando a curva de crescimento sigmoide. Contudo Gonzales & Sartori (2002) expressão que o crescimento e um fenômeno complexo, centrado nos processos de síntese e degradação dos tecidos e das enzimas que os regulam. Os mesmos autores acrescentam que dentro deste fenômeno ocorre a interação conjunta de cinco fatores: Genético; Hormonais; especificidade de crescimento dos tecidos; Meio ambiente e Metabólico. Os dois últimos fatores podem ser favorecidos com o uso de aditivos por nestes estarem alocados qualidade da dieta, partição e concentração de nutrientes respectivamente. Neste contexto do uso de promotores de crescimento, existe uma gama de variedade que ao longo do traba-

lho serão agrupados em categorias, porem todos tendem apresentarem mecanismo de ação similar. Suas ações podem ocorre por potencialização da atividade digestória no intestino, redução do pH do trato gastro intestinal, estimulo ao sistema imune deste sistema, alteração da microbiota para qual ocorra efeito benéfico ao hospedeiro e deletério a níveis populacionais de microrganismos enteropatogênico (MCDONALD et al.,2011). ANTIBIÓTICOS COMO PROMOTORES DE CRESCIMENTO Há mais de 50 anos os agentes antimicrobianos têm sido empregados na produção de alimentos de origem animal para manter a saúde dos animais e aumentar a produtividade (BISCHOFF et al., 2012). Na tabela 01 estar contido as classes de antibióticos usados como promotores. Sua utilização como promotor de crescimento ou absorção e em doses subterapêutica, está classificação estar arremetido aos efeitos que envolvem a melhora de utilização dos nutrientes das raçoes, resultando em melhora no ganho de peso e conversão alimentar. Não há um consenso especifico sobre o seu modo de ação porem e atrelado ao seu uso uma interação no qual estar contido ação metabólica e nutricional é efeito de controle de doenças subclínicas (CROMWELL, 2012). Como observado na Tabela 1 existe inúmeras classe que podem ser utilizadas, contudo destaca-se alguns que são utilizados na medicina humana, deste ponto

TABELA 1. Classe de antibióticos utilizados como promotores de crescimento. Classes

Substâncias

Macrolideos e lincosamidas

Tylosina, Lincomicina

Beta – Lactams

Penicilina, amoxicilina, ceftiofur

Aminoglicosideos

Gentamicina, neomicina

Fluroquinonas

Enrofloxacin, danofloxacina

Tetaciclinas

Tetaciclina, oxitetraciclina, clorotetraciclina

Estreptograminas

Virginiamicina

Polipeptideos

Bacitracina

Fenicois

Florfenicol

Pleuromutilina

Tiamulina

Fonte: USDA – Antibióticos usados em ração animal (2010). 4350

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tem-se a hipótese de possível transmissão de material genético microbiano resistente a antibióticos para os microrganismos de interação com os humanos assim havendo a possibilidade de risco a saúde do mesmo. O risco de transferência de material genético resistente a antibióticos de microrganismo animal para os presentes no humano não e bem documentada. E ainda apresenta como fator de redução desta possibilidade a baixa efetividade de colonização de bactérias de animais em humanos (CROMWELL, 2012). Em contribuição a esta citação Bertechini (2012) que a maioria dos antibióticos usados como promotores possuem pouca ou nenhuma absorção, assim tornando pequena a possibilidade de acumulo nos tecidos comestíveis. Como já exposto no presente trabalho com a eminencia da possibilidade mesmo com pouco ou nenhum respaldo cientifico ocasionou alteração na concepção do consumidor pela procura de produtos alimentícios que em seu sistema de criação utilize antibióticos como aditivos. Segundo Bertechini (2012) pesquisas realizadas na comunidade europeia chegou –se a conclusão de que aproximadamente 10% da população tem evitado o consumo de carne de suínos e aves, por considera as mesmas contaminadas por antibióticos. POSSÍVEIS SUBSTITUTOS AO USO DE ANTIBIÓTICOS COMO PROMOTORES DE CRESCIMENTO Como previamente elucidado anteriormente neste trabalho existe a possibilidade de risco do uso de antibióticos porem sem respaldo cientifico que possibilite a adequada tomada de decisão, contudo mesmo havendo o descarte de risco ao consumidor, e levantado uma outra questão que e inerente a saúde animal. Independente do objetivo do uso de antibióticos na criação animal e estimulada a seleção de microrganismo resistentes, mesmo estes não exercerem ação deletéria a saúde humana pode trazer consequências negativa a saúde animal (COSTA, 2002). Desta forma ocorre a busca por substitutos ao seu uso, como exemplos os prebíoticos; probíoticos; sim-

bióticos; ácido orgânicos, estes já apresentam considerável estudo sobre o seu uso nas rações de aves. Recentemente houve a busca pelo uso de óleos essenciais e extratos vegetais, todos estes apresentam potencial para uso dada a questão para as duas últimas categorias que exigem mais estudos para melhor entendimento de seu modo de ação. Probíotico Como alternativa para o uso de antibiótico como promotores tem-se os probíotico, que são fontes de microrganismos viáveis. Em sua maioria são do tipo ácido láctico e do gênero Lactobacillus; Streptococcus; Bificus e Bifidobacterium (BERTECHINI, 2012). Sua forma de ação ocorre após sua colonização e multiplicação no trato gastrointestinal por exclusão competitiva, redução de pH do meio devido a produção de ácidos com o seu metabolismo e produção de metabolitos como acidofilina; lactocidina; acidolina; lactonina que atuam inibindo bactérias enteropatogênico ou mesmo a produção de peroxido de hidrogênio que inibe vários microrganismos (EWING, 2008; BERTECHINI, 2012). Somando a estes benefícios a modulação da microbiota intestinal, acarreta melhora na retenção de nitrogênio da dieta e aumento da energia da ração, por reduzir a população de bactérias desaminadoras de aminoácidos que produzem aminas biogênicas toxicas ao animal e pela produção de enzimas dos microrganismos benéficos que complementam a habilidade digestiva do hospedeiro (MCDONALD et al.,2011). Desta forma resultando melhora no aproveitamento da ração, conversão alimentar e ganho de peso e menor incidências de patologias associadas ao trato gastrointestinal. Prebíoticos Substancias que não são digeridas no trato gastro intestinal por falta de enzimas endógenas especificas, sendo seu modo de ação direcionados para determinadas cepas de microrganismo que utilizam estas substancias como substratos (BERTECHINI, 2012). Podendo ser extraídos de células de planta e leveduras.

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

Assim resultando favorecimento de microrganismos benéfico ao animal e gerando equilíbrio da microbiota intestinal. Os principais prebíoticos utilizados são compostos de oligossacarídeos que variam de 02 a 20 unidades de hexoses ou pentoses (BICHOFF et al., 2012). Comercialmente os de maior expressão são manananoligassacarideos (MOS) e frutoligossacarideos (FOS) e lactose para as aves (BERTECHINI, 2012). Principalmente o MOS, tem sido associado uma eficiência na prevenção de desordens gástricas e na redução da população de E. coli e Salmonella spp em aves com seu uso nas rações (EWING, 2008) Simbióticos São compostos da associação do probíotico com o prebíotico, sendo este último especifico para as espécies de bactérias no probíotico, esta associação se baseia na potencialização da multiplicação, desta forma tornando mais efetiva a alteração da microbiota no trato gastro intestinal. Segundo Bertechini (2012) esta associação possibilita rápido estabelecimento da microbiota intestinal favorável ao hospedeiro, contudo havendo boas perspectivas com o seu uso ocorre a necessidade de mais pesquisas por ainda falta informação adequada dos níveis de inclusão e a melhor associação na busca de potencialização do desempenho animal. Ácidos orgânicos Os ácidos orgânicos são substancias naturais constituintes das células animais e vegetais, sendo algumas formadas pelo processo de fermentação microbiana no trato gastrointestinal, o qual constitui parte importantes do suprimento energético dos animais hospedeiro (ALMEIDA, 2012). Os mais utilizados são os ácidos fumarico, cítrico propionico e láctico, agem reduzindo o pH do estomago e intestino aumentando a atividade de enzimas proteolíticas melhorando a digestão e absorção dos nutrientes em questão os aminoácidos e minerais e reduzindo populações e bactérias enteropatogênica como E. coli e Salmonella por serem sensíveis a redução do pH (DESAI et al.,2007; BERTECHINI, 2012). 4352

A acidificação da ração além de possibilitar estes resultados ainda gera redução de proliferação microbiana sobre esta principalmente por fungos. E apontado como modo de ação da acidificação da dieta segundo Desai et al. (2007) Formas não dissociado de ácidos orgânicos penetram a membrana lipídica de células bacterianas e se dissociam em aníons e prótons, quando em contato com o pH neutro do citoplasma da célula assim alterando o pH interno da célula, desta forma a microrganismo com auxílio de bombas de próton tenta reajusta o pH interno com gasto de ATP (Adenosina Trifosfato), ocasionando depressão da das reservas energéticas e consequente morte celular. COMPLEXOS ENZIMÁTICO. São compostos proteicos que atuam como catalisadores orgânicos em substratos específicos reduzindo a energia de ativação da reação possibilitando redução de gasto energético e tempo de reação (LEHNIGHER, 2002; ALMEIDA, 2012). Enzimas disponíveis no mercado para a alimentação são derivadas de fontes animal, microbiana e vegetal, e podem ser produzidos em laboratório pela fermentação de bactérias (Bacillus ssp.) e por meio de cultura de fungos (Aspergillus), sendo ao seu uso em dietas de frango de corte a função de melhora da digestibilidade dos alimentos, aumento da disponibilidade de minerais e destruição de fatores anti-nutricionais (ALMEIDA, 2012). Os complexos constam de um conjunto de enzimas deste remetem o principal mecanismo de ação a complementariedade da função digestiva do animal. Neste ponto com a necessidade de alternativas de ingredientes para o uso em rações numa busca de redução da dependência da criação aos farelos de soja e milho nas formulações de rações em animais não ruminantes, devido sua oscilação de custos que em determinada momentos tornam seu emprego dispendioso, com isto o uso de outros alimentos deve ser atentado a presença de fatores nutricionais e alternativas de inativação. Fatores este que venham exerce ação deletéria a disponibilidade de minerais em questão o fosforo,

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

digestibilidade dos demais nutrientes da dieta como os PNA’s (Polissacarídeos não amiláceo), taninos e mesmo a integridade das células absortivas. Extratos vegetais e óleos essenciais E recente o uso de extratos vegetas ou aditivos fitogênicos, óleo essencial, com isto existe uma variação para o termo usado e conceito entre os distintos autores, porem ocorre uma contextualização para o extrato vegetal que se resume qualquer extrato de origem vegetal que adicionado a ração animal apresente respostas benéfica a saúde e/ ou desempenho, na Tabela 2 e possíveis espécies vegetais com potencial de uso para raçoes de frangos e codorna. Contudo existe determinada similaridade em seu modo de ação que se diz respeito a atividade antimicrobiana. Segundo Santana (2013) a maioria dos extratos vegetais exercem sua ação antimicrobiana via mecanismos de desnaturação e/ ou coagulação de proteínas da estrutura da parede celular bacteriana. Os óleos essenciais são óleos voláteis extraídos de produtos vegetais através da destilação a vapor d´agua ou da atividade enzimática seguida de destilação a vapor d´agua, abrangendo toda uma gama de componentes como terpenoides, alcoois, aldeídos e esteres cíclicos, sendo sua ação de inibição ao crescimento de leveduras, fungos e bactérias (TOLEDO et al., 2007). Outro óleo essencial em questão e a própolis por não ser extraído por estes métodos supra citado e por meio do uso de álcool, e a mesma ser oriunda de resina vegetal coletada e processa pelas abelhas que a

misturam com saliva, cera e pólen sendo usada por esta, para a higienização de alvéolos e preenchimento de frestas na colmeia, tendo atividade antibacteriana e antifúngica. Os demais aditivos anteriormente citados segundo Bertechini (2012) são classificados como aditivos não nutritivos, devido os mesmos não serem absorvidos ou em taxas mínimas até desprezíveis. A este ponto os em questão não se enquadram por poderem ser absorvidos e entrarem na corrente sanguínea podendo assim terem ação além do meio gastrointestinal. A nutrição animal e uma área de grande dinamismo, neste ponto o uso de aditivos se destaca pela grande possibilidade de alteração e possível o uso de um único aditivo como a combinação. Na Tabela 2 e possível a visualização desta variação de forma de usa-lós Os tratamentos com mistura de probíoticos e prebíoticos + ácido orgânico apresentaram conversão igual ao tratamento com uso de antibióticos, demonstrando total potencial para substituição dos antibióticos, ainda sim e necessário mais estudos com misturas, uma vez que seu uso combinado remete melhores resposta por uma possível complementariedade de ações entre ambos. Mesmo não havendo ganho de peso diferentes entre os tratamentos porem o consumo de ração diferiu apenas para o tratamento sem aditivo, sendo superior aos demais tratamentos neste quesito e observado a melhora da capacidade de aproveitamento da ração com o emprego do aditivo.

TABELA 2. Efeito do uso de aditivos promotores de crescimento na alimentação de frangos de corte na fase inicial, de 1 a 10 dias de idade, sobre o ganho de peso (GP), o consumo de ração (CR) e a conversão alimentar (CA). Tratamento

GP(g)

CR(g)

CA

Sem aditivo

286, 07a

263,18a

0,92ª

Antibióticos

279,23a

213,01b

0,77b

Prebíoticos

278,01a

234,96b

0,85ab

Prebíoticos + Ácido orgânico

277,49a

222,74b

0,80b

Probíoticos

283,02a

234,40b

0,83ab

Mistura de Probíoticos

290,25a

231,62b

0,80b

a,b Médias na mesma coluna com letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de probabilidade de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Fonte: Paz et al., 2010. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4348-4358, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

Corroborando com estes dados Silva et al. (2011) avaliando o uso de inulina sendo esta extraída da raiz da chicória e composta de oligofrutose. No qual seus tratamentos consistiam de antibiótico; probíotico; prebíotico e simbiótico, obteve a seguinte conclusão que estes eram aptos a substituir os antibióticos sem acarreta nenhum prejuízo a desempenho de frangos de corte recebendo do primeiro ao último dia de experimento (1 a 42 dias). Não apenas entre tipos de aditivos existe interação positiva, dentro num mesmo tipo e comum a ocorrência de correlação positiva em seu uso como e rotineiro nos probíoticos estar presente mais de um tipo de cepa. O uso combinado de ácidos orgânicos também se demonstro favorável, quando Salazar et al. (2008) avaliando tratamentos com antibióticos; ácido butirico com láctico; sem ácido láctico e láctico sozinho e controle (sem aditivo), observou interação com seu uso combinado não sendo aditiva para ganho de peso, consumo de ração e conversa alimentar do primeiro dia até 21. Sendo concluído pelo autor como possível substituto aos antibióticos por não apresentares efeito negativo ao desempenho até final do experimento, sendo apenas superior ao tratamento controle. Outro ponto a ser considerado ao uso de aditivos e qual o momento de ser utilizado deste deve ser atentado a busca de maximização de desempenho com o mínimo de efeito negativo sobre a lucratividade logo este e associada a eficiência de uso de insumos ao qual seja o sistema avaliado. Na Tabela 3 e apresentado resposta ao uso de vários aditivos em frangos de corte de até 21 dias de vida com a reutilização de

cama, sendo este uma situação de desafio sanitário distinto a apresentado na tabela anterior. O controle negativo neste trabalho e uma dieta sem adição de nenhum aditivo, por este observa se que houve apenas diferencia significativa entre os tratamentos com extrato vegeta e probíoticos sendo os demais não diferiram do controle. O mesmo autor concluir que a inclusão de aditivos não resultou em efeito negativo ao desempenho. Esta resposta perdurou se por todo o período do trabalho que foi até 42, sendo efeitos divergente entre estes dois tratamentos do dia 21 até 35, nos demais não houve diferencia significativa entre os tratamentos. Quando Fernandes (2012) avaliando tratamentos com antibiótico; probíoticos; prebíoticos; simbióticos e ácido orgânico. Apenas o tratamento com simbióticos e antibióticos diferiram estatisticamente do controle, sendo superior a este, porem similar aos demais para ganho de peso, deste modo corroborando com os dados da Tabela 3. Para consumo de ração houve divergências entre experimentos no qual apenas os tratamentos com antibióticos e prebíoticos apresentaram diferença ao controle. Ao que se refere potencialidade de metabolização da energia e proteína bruta com o uso de aditivos Ramos (2009) em seu experimento com duração de 42 dias não encontro diferença significativa entre uso de anti-

TABELA 3. Desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes aditivos na dieta no período de 1 a 21 dias de idade alojados em cama reutilizadas. Tratamento

GP(g)

CR(g)

CA

VB (%)

Controle Negativo (CN)

864ab

1365

1,59

98,91

CN+ Extrato vegetal

896a

1478

1,64

98,91

CN+ Complexo enzimático

854ab

1435

1,67

98,91

CN+ Probíoticos

840b

1358

1,62

98,91

CN+ Simbiótico

869ab

1487

1,7

98,91

CN+ Ácido Orgânico

869ab

1352

1,56

96,74

2,75

7,23

7,48

2,85

Aditivos

CV (%)

A,b médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem pelo teste de Tukey. Fonte: Almeida, 2012. 4354

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

biótico prebíotico; simbiótico; probíotico e ácido orgânico. Deste modo consolidando estes como possíveis substitutos ao uso de antibióticos.

de vilo e profundidade de cripta entre os tratamentos o autor explica esta ausência de diferencia devido ao baixo desafio sanitário.

Na Tabela 4 são apresentados dados obtidos por Fernandes (2012) referente a influência do uso de aditivos sobre peso relativo das seções do trato intestinal de frangos de corte com 42 dias.

Os aditivos demonstraram total possibilidade de substituição ao uso dos antibióticos, estes apresentam resultados similares ou superior no que refere-se desempenho em condições normais de campo na busca de resultados que demonstrem seu potencial de uso no dia a dia Godoi et al. (2008) avaliou antibióticos, prebíoticos (MOS) e simbióticos em frangos de corte recebendo ração com milho de média a baixa qualidade, obtiveram diferença significativa ao tratamento controle nos parâmetros de consumo de ração e ganho de peso em ambas rações com uso dos aditivos alternativos aos antibióticos.

E observado diferencia estatisticamente significativa para os tratamentos com probíotico e prebíotico em relação ao com antibiótico. O autor cita que o antimicrobiano age diminuindo a população em geral, e este modo de ação sobre os microrganismos presentes no intestino pode proporcionar menor fermentação microbiana, com isto resultando uma redução na produção de ácido graxo de cadeia curta que fornece boa parte da energia para o desenvolvimento dos enterócitos. Demonstrando certa dependência do uso de antibiótico para permanência da saúde do animal uma vez que esta redução do peso relativo trato intestinal com a retirada do antibiótico da dieta poderia torna o animal susceptível e enfermidades neste órgão acrescentado a esta possibilidade a redução de desempenho. Estes dados são corroborados por Salazar et al., (2008) que avaliando o efeito de ácido láctico e butírico e antibiótico e a interação sobre o uso conjunto dos ácidos e não houve diferença no peso, tamanho

Todos estes possíveis substitutos apresentam consolidadas respostas ao seu uso, porém e eminente uma nova categoria dos óleos essências e extratos vegetais que apresentam recente uso como aditivos, contudo existe uma enorme variedade de espécies vegetais com possibilidade de uso, remetendo uma variação de respostas, sendo as principais causas desta distinção de resposta quando relacionada ao aditivo pelo mesmo conter mais de uma molécula com propriedade biológica de interesse e as metodologia para a extração do óleo e o preparo do extrato. Steiner, (2009) realizou um compilado com dados de diversos trabalho como uso de aditivos fitogênicos nas rações de frango de corte e codorna. Os dados estão na Tabela 5.

TABELA 4. Peso relativo1 dos segmentos do intestino de frango de corte aos 42 dias de idade suplementados com aditivos alternativos ao antimicrobiano. Tratamento

Variável (%) Duodeno

Jejuno

Íleo

Ceco

Colón

TOTAL

ID2

IG3

Controle

0,67

1,10ab

0,96

0,62

0,17

3,51ab

2,73ab

0,78

Antibiótico

0,64

1,05b

0,92

0,57

0,14

3,32b

2,60b

0,71

Probíotico

0,77

1,19ab

1,08

0,69

0,16

3,90a

3,05a

0,85

Prebíotico

0,71

1,24a

1,1

0,61

0,15

3,81a

3,05a

0,76

Simbiótico

0,68

1,15ab

1,08

0,57

0,16

3,65ab

2,91ab

0,73

Ácido orgânico

0,69

1,14ab

1,01

0,6

0,16

3,59ab

2,84ab

0,75

Média

0.69

1,14

1,03

0,61

0,16

3,63

2,86

0,77

CV (%)

15,53

12,35

16,92

25,83

22,04

10,19

10,47

22,38

A,b Média seguida de letra diferentes na coluna diferem pelo teste Tukey (P<0,05). % em relação ao peso vivo; Intestino delgado; 3 Intestino grosso. Fonte: Fernandes, 2012. 1

2

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4355


Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

TABELA 5. Efeito de aditivos fitogênicos sobre o desempenho zootécnicos em aves. Aditivos Fitogênicos

Doses (g/Kg)

Efeito do Tratamento ((%) diferencia do tratamento controle) Consumo de Ração

Peso Corporal

Ganho de Peso Diário

Conversão Alimentar

-

-4

FRANGO DE CORTE Extrato vegetal Silimarina

0,04

-6

-2

Silimarina

0,08

-4

-1

-

-3

Orégano

0,15

-6

-

2

-4

Orégano

0,30

-3

-

1

-2

Alecrim

0,15

0

-

-1

-1

Alecrim

0,30

-2

-

1

-4

Timol

0,10

1

-

1

-1

Cinamaldeido

0,10

-2

-

-3

0

Timol

0,20

-5

-

-3

-3

Carvacrol

0,20

2

-

2

-1

Erva doce

0,15

-1

1

-

-1

Cássia

0,10

-4

-3

-

-1

Capim limão

0,10

1

-1

-

2

Folha de cravo

0,10

-3

-4

-

1

Orégano

0,10

-1

8

-

-9

Orégano

1,00

3

6

-

-3

Orégano

0,10

-2

-1

-

-1

Folha de hortelã pimenta

0,10

-3

-2

-

-1

Extrato de yucca

2,00

-1

-

1

-6

Mistura de óleo essencial

0,0240

-4

0

-

-4

Mistura de óleo essencial

0,0480

-5

0

-

-2

CODORNA Óleo essencial Tomilho

0,06

0

-

6

-

Semente preta

0,06

1

-

2

-

Ervas e Especiarias Coentro

5,00

3

-

1

1

Coentro

10,00

3

-

5

-1

Coentro

20,00

4

-

8

-4

Coentro

40,00

5

-

4

1

Fonte: Steiner, (2009).

E notável a necessidade de mais pesquisas com uso de aditivos fitogênicos, ainda e presente distintas respostas com o seu emprego em rações de aves. Koiyama et al. (2014) cita que a mistura de óleos essenciais de canela, salvia, tomilho branco e copaíba associados ou não de alecrim, cravo, gengibre e orégano pode proporcionar desempenho zootécnico 4356

comparáveis ao uso de antibióticos promotores de crescimento. Colaborando com estes dados da tabela acima Toledo et al. (2007) avaliando aviance este um fitoterápico a base de orégano, não obteve diferença entre o tratamento com antibiótico para ganho de peso, conversão alimentar do primeiro aos 42 dias, porem a taxa

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Uso de antibióticos como promotor de crescimento e seus possíveis substitutos ao seu uso em frangos de corte

de mortalidade obteve média inferior ao tratamento controle. Somando a esta lista de aditivos o extrato de pomelo avaliado por Gabriel Jr et al. (2009) comparado a tratamento isento ou com antibiótico do 1 a 21 dias não houve diferença significativa a para ganho de peso, conversão alimentar, aparte do dia 22 até 42 este foi superior aos demais tratamentos. Esta última categoria de aditivos se destaca não apenas aos promissores resultados mas a possibilidade de agregação de valor ao produto final devido o mesmo de origem vegetal e arremeter a ideia de segurança ao consumidor. Por ser representativo o número de espécies vegetais a possibilidade de obtenção de aditivo de baixo e favorável. Contudo não apenas ao desempenho zootécnico deve ser atrelado o uso destes mais a possibilidade de alteração as características organolépticas da carne devem ser estudadas, devido à variedade de compostos produzido por estas espécies supra citadas. CONCLUSÃO E existente apelo do mercado consumidor pelo banimento do uso de antibióticos promotores de crescimento, contudo o desenvolvimento da avicultura necessita do emprego dos aditivos promotores de crescimento, e existente a necessidade de substituto a este de fatos científicos consolidados e elucidados no presente trabalho o emprego de prebíoticos; probíoticos; simbióticos; complexos enzimáticos e ácidos orgânicos demonstram em sua maioria respostas similar ou superior aos antibióticos. Sem apresentar risco a saúde animal e humana com seu emprego e nenhum efeito deletério as características sensoriais e química da carne. Somando-se a estes aditivos, os de origem vegetal apresentam potencial de uso porem necessitando de mais estudos, contudo o seu emprego apresenta potencial de agregação de valor no qual os demais não possuem, que por serem naturais rementem uma visão por parte dos consumidores de saudável tornando assim atraente a aquisição de produtos com seu uso.

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Fatores anti-qualitativos em silagens Conservação, fermentação, microrganismos.

Revista Eletrônica

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO A ensilagem é o processo que possibilita a conservação de determinada forrageira durante longos períodos com a possibilidade de oferecer aos animais de produção, nos períodos de escassez de alimentos. Diante disso, o emprego de tecnologia adequada na produção de alimentos é fator primordial, especialmente as forragens conservadas como silagem podem ter seu valor alimentício bastante alterado em razão dos procedimentos adotados para a sua produção e conservação, e dos fenômenos bioquímicos e microbiológicos que ocorrem no processo. Portanto, o que se busca em uma ensilagem é a maximização e a preservação original dos nutrientes encontrados na forragem fresca durante o armazenamento e que estes possam permanecer, com o mínimo de perdas de matéria seca e energia. Portanto, objetivou-se com está revisão apresentar os principais fatores que comprometem a qualidade da silagem durante todo o processo e assim, criar estratégias, buscando minimiza os efeitos negativos ocorridos no manejo e na fermentação pelos microrganismos indesejáveis, buscando conferir ao produto final menor perda e maior vida útil. Palavras-chave: Conservação, fermentação, microrganismos.

Gonçalo Mesquita da Silva1* Fabiano Ferreira da Silva2 Alex Resende Schio1 Murilo de Almeida Meneses1 Deivison Leles Balisa3 Dicastro Dias de Souza1 Leonardo Guimarães Silva3 Maxwelder Santos Soares4 Doutorando em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste Bahia. *E-mail: gon_zootecnia23@hotmail.com 2 Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 3 Graduando em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 4 Zootecnista Formado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 1

ANTI-QUALITATIVE FACTORS IN SILAGES ABSTRACT The silage is the process that allows certain forage conservation for long periods with the possibility of offering livestock production in periods of food shortages. Therefore, the use of appropriate technology in food production is a key factor, especially forages preserved as silage can have their very altered nutritional value because the procedures used for their production and conservation, and biochemical and microbiological phenomena that occur in process. So what is sought in a silage is to maximize the original and preserve the nutrients found in fresh forage during storage and enable them to remain with the minimum loss of dry matter and energy. Therefore, the aim of review is to present the main factors which affect the quality of the silage throughout the process and thus create strategies, seeking to minimize the negative effects that occurred in the management and fermentation by undesirable microorganisms, seeking give the final product less loss and longer life. Keywords: Conservation, fermentation, microorganisms.

4359


Fatores anti-qualitativos em silagens

INTRODUÇÃO A ensilagem é o processo que possibilita a conservação de determinada forrageira durante longos períodos com a possibilidade de oferecer aos animais de produção (carne, leite e lã), nos períodos de escassez de alimentos das forrageiras in natura (gramíneas e leguminosas), como fonte de volumosos para suprirem as demandas nutricionais, permitindo assim, que os animais realizem as demandas fisiológicas, de mantença, produção e reprodução. Considerado como silagem, os produtos de uma fermentação em condições de anaerobiose, o qual possibilita o desenvolvimento e a ação dos microrganismos (bactérias) produtoras de ácido lático a partir dos substratos como os açúcares solúveis, ácidos orgânicos e compostos nitrogenados solúveis. Esse processo de fermentação dos substratos pelos microrganismos, promove a diminuição do pH no material ensilado, aumenta a temperatura e a produção de nitrogênio amoniacal (N-NH3). Quando todo o processo de ensilagem é realizado adequadamente, respeitando os princípios básicos de escolha da forrageira, colheita, armazenamento, prática de manejo, composição química e estágio de maturação da forrageira o resultado final em termos de parâmetros qualitativos é satisfatório, conferindo assim, uma maior aceitabilidade e digestibilidade da silagem pelos animais. Em geral, as plantas forrageiras normalmente são contaminadas por microrganismos epífitas e o desenvolvimento de cada tipo de organismo dependerá das condições encontradas no meio (SANTOS, et al., 2010). Podendo também ser trazidos para o material ensilado durante o processamento, por contaminação de restos de culturas, terras e por uso inadequado das ferramentas e assim, esses microrganismos (bactérias do gênero clostridium e fungos), se desenvolvem a ponto de comprometer a qualidade nutricional da silagem. Portanto, objetivou-se com está revisão apresentar os principais fatores que comprometem a qualidade da silagem durante todo o processo e assim, criar estratégias, buscando minimiza os efeitos negativos ocorridos no manejo e na fermentação pelos micror4360

ganismos indesejáveis, buscando conferir ao produto final menor perda e maior vida útil. FATORES QUE AFETAM A FERMENTAÇÃO DA SILAGEM A fermentação da ensilagem ocorre através do crescimento e da ação dos microrganismos sobre as partículas do material ensilado, o que se busca em uma ensilagem é a maximização e a preservação original dos nutrientes encontrados na forragem fresca durante o armazenamento e que estes possam permanecer, com o mínimo de perdas de MS e energia. Mas para que as características iniciais da forragem continuem é necessário que a atividade proteolítica, clostrídica e desenvolvimento dos microrganismos aeróbicos sejam limitados. A influência no processo de ensilagem está relacionada a fatores biológicos e tecnológicos, os quais podem atuar de forma conjunta e/ou isolada e resultam em diferentes efeitos no processo fermentativo, conforme a espécie forrageira utilizada e condições ambientais de acordo Yan & Agnew (2004). Porem dois aspectos deve ser considerado, independente da silagem: 1) a cultura e seu estágio de maturidade e 2) o manejo tecnológico empregado pelo o produtor da silagem. Assim, a escolha da forrageira e seu teor de MS são os parâmetros que precisam de atenção, quando se pensa em iniciar o processo de ensilagem, sabendo que forrageira com teores de MS inferior a 25%, as condições de fermentações se tornam comprometidas e resultando em uma silagem de baixa qualidade, além, de promover o crescimento de microrganismos indesejáveis. Desse modo as forragens conservadas podem ter seu valor alimentício alterado, devido os procedimentos utilizados para a sua produção e conservação, e dos fenômenos bioquímicos e microbiológicos que ocorrem no processo (JOBIM et al., 2007). Podendo afetar a ingestão de MS da silagem pelos animais quando o processo de fermentação for ineficiente, comprometendo a qualidade nutricional da silagem e dessa forma, haverá limitação no consumo. Os microrganismos degradam os açúcares solúveis e transformam em etanol na ensilagem de

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Fatores anti-qualitativos em silagens

cana de açúcar e em concentrações maiores prejudica a qualidade do material e quando esse volumoso é ofertado aos animais, os mesmos tem certa rejeição principalmente nas primeiras horas após o fornecimento. Mais com o decorrer do tempo que essa silagem permaneça no cocho, o etanol é volatilizado e assim, tem melhor aceitação pelos animais. Segundo Siqueira et al. 2007), além da produção de etanol, a fermentação por leveduras gera água, ATP e produção de CO2, que é bastante significativo no interior da ensilagem.

A menor temperatura máxima foi obtida na silagem de cana de açúcar (42,15ºC), seguida pela cana de açúcar in natura (44,43ºC). Os valores para temperatura máxima foram próximos aos observados por Junqueira (2006), que observou 41,75 ºC como a temperatura máxima da silagem de cana de açúcar. O tempo necessário para atingir a temperatura máxima foi menor no volumoso, cana in natura (33,91 horas) e a silagem de milho foi o volumoso que mais demorou em atingir a temperatura máxima (127,58 horas). Com esses resultados, apresentado na Tabela 1, reforça mais ainda, as melhores características nutricionais que são mantidas na silagem de milho durante todo processo de fermentação e estabilização. Tornando assim, uma forrageira apropriada para serem armazenadas na forma de silagem, podendo ser utili-

Dessa forma, a silagem de cana de açúcar, apresenta uma menor qualidade nutricional em relação à silagem de milho, em geral essas duas culturas são as mais utilizadas pelos pecuaristas que trabalham com animais confinados no período de terminação e na pecuária leiteira. A planta do milho quando atinge o ponto de ser ensilada, significa que os teores de MS, carboidratos solúveis e proteínas estão bem distribuídos em toda a planta, promovendo uma fermentação homogênea pelos microrganismos, possibilitando uma estabilização nos processos químicos e fermentativos conforme estão representados na Tabela 1 quando avaliaram essas duas silagens, a de cana de açúcar e a de milho.

zados pelos animais como um volumoso de alto valor biológico. A composição química da silagem é um dos fatores que indicam o potencial qualitativo de uma forragem, pois através de análises químicas-bromatológica são determinadas as proporções de fibras em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína bruta (PB), matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), cinzas (MM), matéria orgânica (MO) e também, os compostos anti-nuticionais (etanol), que afetam a qualidade da silagem de cana de açúcar quando comparamos a silagem de milho, a Tabela 2 apresenta a composição nutricional dos volumosos.

Conforme foi apresentada na Tabela 1 a silagem de cana de açúcar apresentou maior período de estabilidade aeróbia (13,25 horas) em comparação aos outros volumosos, cuja média foi de apenas 3,16 horas. O tempo para elevação da temperatura foi baixo para todos os volumosos, a silagem com cana de açúcar e milho demorou mais para aquecer ficou em torno de 2,4 horas para detecção de uma variação de 0,1 ºC.

Os autores relataram que o teor de etanol verificado na silagem de cana de açúcar foi superior ao valor obtido por Pedroso (2003) e inferior ao encontrado por Junqueira (2006), os quais observaram 0,29 e 0,83%

TABELA 1. Avaliação da estabilidade aeróbia das diferentes fontes de volumosos Parâmetro

Volumoso CA

SCA

SM

CASM

EA (h)

4,33c

13,25b

1,58c

3,58c

TIE (h)

1,33c

0,87c

1,50bc

2,41a

TMáx (ºC)

44,43c

42,15d

48,56b

48,43b

TTmáx (h)

33,91d

43,50d

127,58ab

29,25d

CA = cana-de-açúcar, SCA = silagem de cana-de-açúcar, SM = silagem de milho, CASM = cana-de-açúcar + silagem de milho, (50:50) Médias dos quadrados mínimos com letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05). EA = estabilidade aeróbia, TIE = tempo para elevação da temperatura, TMáx = temperatura máxima, TTmáx = tempo necessário para se atingir a temperatura máxima. FONTE: Queiroz et al., 2008 Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4359-4367, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

4361


Fatores anti-qualitativos em silagens

TABELA 2. Composição nutricional dos volumosos (cana de açúcar in natura, silagem de cana de açúcar e silagem de milho). Volumoso

Item

CA

SCA

SM

CASM

MS (%)

32,19

31,65

29,93

28,72

MM

1,68

3,15

4,17

2,91

PB

2,79

3,25

8,15

5,41

FDN

52,38

53,48

51,13

53,78

FDA

30,31

30,52

29,91

32,35

EE

0,70

1,12

2,42

1,56

Etanol

ND

0,45

ND

ND

Ác. Lático

ND

3,08

4,21

2,57

pH

6,8

3,59

3,85

4,05

CT

25,71

16,10

2,59

20,35

CT = carboidrato total; CA = cana-de-açúcar, SCA = silagem de cana de açúcar, SM = silagem de milho, CASM = cana-de-açúcar + silagem de milho, (50:50). FONTE: Queiroz et al., 2008 TABELA 3. Composição do leite e desempenho de animais alimentados com rações com diferentes fontes de volumoso Item

CA

SCA

SM

CASM

Consumo de MS, kg/dia

22,3b

23,5a

21,3c

23,5a

Produção de leite, kg/dia

24,6

24,4

25,5

25,2

PCG 4%, kg/dia

22,1

22,1

24,0

23,0

Eficiência, kg/kg MS

0,99b

0,95b

1,13a

0,99b

Gordura, g/kg

33,4b

33,8b

36,1a

36,1a

Proteína, g/kg

32,4

31,7

31,7

32,2

Sólidos totais, g/kg

116

116

118

118

Lactose, g/kg

42,7

42,6

42,4

42,6

Sólidos não-gorduroso, g/kg

83,3

82,5

82,4

83,0

CA = cana-de-açúcar, SCA = silagem de cana-de-açúcar, SM = silagem de milho, CASM = cana-de-açúcar + silagem de milho, (50:50). Médias dos quadrados mínimos com letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05). FONTE: Queiroz et al., 2008.

na MS, respectivamente. No entanto, o teor de etanol encontrado nesse estudo está dentro da faixa relatado na literatura. A avaliação química-bromatólogica da silagem de milho esteve de acordo os relatados por Rosa et al., 2004, quando desenvolveu um estudo com o objetivo de avaliar silagens de diferentes híbridos de milho, observaram participação de FDN e FDA de 55,76 e 28,92%, respectivamente. Com isso, através da composição química e das condições fermentativas ocorridas nos volumosos que foram ensilados (cana in natura, silagem de cana de açúcar, silagem de milho), a Tabela 3 representa a composição do leite e a produção de animais alimen4362

tados com rações contendo os respectivos volumosos. Com este estudo, os autores observaram que o consumo de MS representado na Tabela 3, foi maior entre os animais alimentados com as rações contendo silagem de cana e cana de açúcar in natura + silagem de milho. Em quanto o consumo de ração à base de cana de açúcar in natura foi intermediário e o da ração com silagem de milho, o menor. Mesmo havendo um menor consumo de MS nas dietas a base de silagem de milho em relação às dietas com cana in natura e na forma de silagem, a produção de leite kg/dia foi numericamente superior (25,5 kg/dia), sendo também superior ao predito pelo NRC gado de leite (2001).

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Fatores anti-qualitativos em silagens

Estatisticamente não houve diferenciação na produção de leite kg/dia entre as dietas quando foi feito a correção para 4% de gordura, no geral são poucos estudos que avaliam silagem de cana de açúcar na dieta de vacas de alta produção. Neste estudo, os autores relatam que a eficiência alimentar (Tabela 3) foi maiores para os animais alimentados com dietas contendo 50 ou 100% de silagem de milho como fonte de volumoso. Esse resultado para eficiência, possivelmente é em função da relação entre produção de leite corrigida e consumo de MS. Assim, não só a produção de leite como também o teor de gordura são fatores diretamente relacionados a esse parâmetro.

qualitativas quando foi comparada com a silagem de cana de açúcar. Mais para considerar esta eficiência positiva, será necessário avaliar os parâmetros econômicos de (custo benefício), pois são eles que mantem o pecuarista na atividade.

As concentrações de gordura no leite pode ser modificada pelas concentrações de ácido acético decorren-

Um material com essas características supracitadas, não consegue atingir no processo final uma boa quali-

te da fermentação de fibras ou de carboidratos não -estruturais. Assim, os maiores teores de gordura no leite foram encontrados nos animais alimentados com as dietas contendo milho (Tabela 3) possivelmente foram ocasionados pelo fato da fibra de silagem de milho apresentar maior digestibilidade em comparação à fibra da cana-de-açúcar e possibilitado um maior fluxo de AGVs para a glândula mamaria.

dade nutricional, pois o material estar sujeito a perdas por efluentes, onde serão lixiviados conteúdos solúveis: açúcares, proteínas e vitaminas que possivelmente são desintegrados no momento da picagem. Possa também, ocorrer crescimento de microrganismos indesejáveis (bactérias dos gêneros clostridium), que são favorecidos pela alta atividade de água, devido o excesso de umidade da forragem.

Para a proteína do leite, lactose, sólidos totais e sólidos não gordurosos não foram observados efeitos das dietas, apenas variações em pequenas amplitudes. Os valores obtidos estão de acordo com dados de composição de leite encontrados na literatura.

E assim, o crescimento desses microrganismos produzem fermentações secundárias que são prejudiciais à qualidade nutricional da silagem. Ensilagem com essas características, a um aumento de ácidos butírico contaminantes, e consequentemente, um aumento na degradação de proteínas e de ácidos láticos. Em média uma forrageira com boas características para ser ensilada, seu teor de MS deve estar em torno de 30 a 35% para que o alimento seja bem conservado (MUCK, 1998).

Conforme o que foi relatado por Costa et al., 2005, os autores observaram teores de 3,61% de gordura no leite em animais alimentados com rações à base de silagem de milho e 3,45% para animais alimentados com rações com cana-de-açúcar. Em quanto os teores de proteína para os mesmos tratamentos foram de 3,65 e 3,63%, respectivamente foram semelhantes. De acordo com Queiroz et al. (2008), a concentração de proteína pode ainda ser minimamente modificada pelo aumento da concentração de proteína na dieta. Com base nesses resultados, a cultura do milho é a melhor opção para ensilagem, principalmente por apresentarem maior eficiência alimentar e proporcionar maior produção de leite em kg/dia e durante o processo de ensilagem, mantem a características

CARACTERÍSTICAS DA PLANTA ANTES DE SER ENSILADA A qualidade final da silagem é o resultado de diversas interações que ocorrem desde a escolha da planta até o fechamento do silo, uma forrageira com baixo teor de MS, o processo de picagem, armazenamento, compactação, fermentação biológica e estabilização se tornam comprometidos.

O mínimo de acordo com Haigh (1990) é em torno de 26% de MS em uma forrageira que resultará em uma silagem de boa qualidade. Da mesma forma como teores inferiores a 26% de MS compromete a qualidade final da silagem, uma forrageira com teores de MS superiores a 35%, a qualidade é afetada. Devido à compactação que é muito dificultada, no interior da silagem, formam bolsões de ar, possibilitando assim, condições para o crescimento de fungos e leveduras, promovendo desenvolvimento de mofo (OLIVEIRA, 1997).

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Fatores anti-qualitativos em silagens

A ação dos fungos na silagem produzem as micotoxinas que são substâncias toxicas que podem ser produzida em qualquer etapa da ensilagem, desde o campo até o fornecimento no cocho. Sendo necessário fazer uso de boas práticas de produção agrícola, na ensilagem buscando assim redução na contaminação por fungos. Os ruminantes são mais resistentes às toxinas que os monogástricos, mesmo assim, são prejudicados, devido os fungos e micotoxinas serem inimigos silenciosos. Até em quantidades pequenas as micotoxinas, provocam efeitos na saúde dos animais e no produto de origem animal que podem ser graves. As micotoxinas são subdivida em grupos e uma das principais é a aflatoxina (AF), essas, depois de metabolizada no fígado, são transformadas nos tipos AMF1 e AMF2, podendo ser transferidas e encontradas no leite de animais que consumiram alimentos contaminados. A Figura 1 apresenta os resultados encontrados com aflatoxinas no leite em função da alimentação de vacas durante a época do ano. Os resultados demostraram claramente que em uma época de maior necessidade de fornecimento de alimento no cocho, a maior contaminação da silagem ou do concentrado, há interferência na transferência de AF do alimento para o leite. A taxa de passagem das aflatoxinas do alimento para o leite varia entre 1 a 6%, essa variação depende de vários fatores, tais como: estatus imune e nutricional dos animais, estágio de lactação, produção diária, dentre outros. Que é preci-

so maior cuidado com as boas prática de produção da silagem com o objetivo de reduzirem perdas e com a saúde dos animais. Problemas reprodutivos dos bovinos podem estar relacionados à ingestão de alimentos contaminados com outra micotoxina, que representa grande importância no processo de deterioração das silagens e que causam prejuízos significativos é a zearalenona (ZEA). Um composto que se assemelha quimicamente ao estrógeno (hormônio feminino), desta forma se a ZEA estiver presente nos alimentos, seus resultados no rebanho estão relacionados, principalmente, a problemas reprodutivos, tais como aborto, repetição de cio, edema de úbere em novilhas, retenção de placenta, cistos de ovário, dentre outros sintomas. Até nos machos o consumo de zearalenona está relacionado à queda na fertilidade e da libido. De acordo com Schmidt et al., 2011, as fermentações dos componentes da dieta pelos microrganismos ruminais, combatem certas micotoxinas. Em quanto com a ZEA, não ocorre, pois os microrganismos a convertem em uma substância muito mais prejudicial que a própria molécula original, potencializando seu efeito estrogênico e assim, afetando eficiência reprodutiva do rebanho. Outra micotoxina que merece atenção quando falamos de saúde dos ruminantes de interesse zootécnico é deoxinivalenol (DON) ou mais conhecida como vomitoxina. A DON compromete a saúde dos microrganismos no interior do rúmen e do animal como um

FIGURA 1. Percentuais de contaminação de amostras de leite por AFM1 em função da época do ano. Fonte: LAMIC, 2008. 4364

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Fatores anti-qualitativos em silagens

todo, comprometendo, por sua vez, a digestão e o desempenho dos animais. O funcionamento do rúmen só é completo quando existe um equilíbrio na população dos microrganismos ruminais é nesses compartimentos que ocorrem à transformação dos constituintes da dieta em proteínas microbiana e AGVs que são responsáveis pelo desempenho produtivo dos animais, afetando a sínteses do leite pela glândula mamária. TAMANHO DA PARTÍCULA E COMPACTAÇÃO O tamanho da partícula da forrageira ensilada exerce influencia sobre as perdas por produção de efluentes, partículas muito picadas podem aumentam a produção de efluentes principalmente em forragens com baixo teor de MS, os efeitos da compactação e tamanho de partículas refletem as interações com as características da planta, como por exemplo: relação folha/colmo e estado de maturação das plantas, as mais novas com poucos conteúdos fibrosos acarretam maior acumulo de umidade no interior da ensilagem. E assim, podem comprometer a compactação da ensilagem, devido o excesso de água. E ao contrário, tamanhos de partículas maiores associados a plantas mais maduras ou secas apresentam dificuldades de compactação, permitindo a formação de canais de drenagem, que facilita a percolação de efluentes e perdas de conteúdos solúveis que são necessários no processo de fermentação e produção dos ácidos acéticos, láticos e propiônico na silagem. Nessa situação, devido ao maior tamanho de partículas a produção de silagem por área é reduzida pelo efeito da densidade em média é interessante uma compactação do material a manter uma quantidade > 600 kg de silagem/m³. Segundo Woolford (1984) a perda de MS da silagem pelo efluente envolve valores de 5 a 10%, sendo que o maior volume de efluente ocorre no período inicial da ensilagem. EMURCHECIMENTO O emurchecimento de forrageiras destinada à ensilagem é uma prática que depende muito de condições climáticas, mais quando é bem elaborada podem reduzir significantemente as perdas por efluentes. Esse processo deve ser feito em pequeno intervalo de tempo para que não ocorram perdas pela respiração e

atividade proteolítica das plantas, podendo resultar na redução de substratos fermentescíveis e aumento do nitrogênio não proteico quando a forrageira permanecer por longos períodos expostas ao ambiente. Loures (2004), avaliando as perdas por efluentes na ensilagem do capim-Tanzânia, observou que o emurchecimento do capim por 5 horas foi suficiente para elevar o teor de MS de 16,74 para 25,71%, que possivelmente mudou a fermentação dos conteúdos do capim no processo de ensilagem. Essa prática de emurchecimento promove maior concentração de substrato fermentáveis, dificultando o desenvolvimento de bactérias indesejáveis devido à diminuição da atividade da água ou elevação da pressão osmótica, além de contribuir para diminuição de efluentes e também melhora a qualidade da forragem. Em determinadas plantas um maior tempo de exposição ao ambiente após a picagem, com o objetivo de emurchecimento, podem promover volatilização de substâncias tóxicas como é o caso de compostos secundários e alguns tipos de taninos que são considerados fatores anti-nutricionais, como em plantas de Gliricidia sepium que perdem metabólitos secundários à medida que o material é exposto ao sol (CABRAL JR et al., 2007). Alguns tipos de metabólitos secundários existentes nas plantas forrageiras pode afetar a absorção de nutrientes da dieta, os taninos tem afinidade pelas proteínas e carboidratos, os quais formam complexos e dessa forma, a absorção dos nutrientes é comprometida a ponto de passar praticamente intactos sem sofrer ação dos microrganismos ruminais. ETAPAS QUE ENVOLVEM O PROCESSO DE ENSILAGEM A qualidade da silagem é em função das etapas que envolvem o processo de ensilagem desde a cultura no campo até abertura do silo. E quando todas etapas são bem realizadas, dificilmente vai ter uma silagem de baixa qualidade nutricional, no entanto o cultivo da forrageira (milho, sorgo, cana de açúcar, capim, mandiocas e outras) é o primeiro passo em rumo a qualidade da silagem. Nesse período é necessário efetuar todas as práticas de manejo como

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Fatores anti-qualitativos em silagens

drenagem, adubação, irrigação e controle de insetos e ervas daninha. Após a etapa do cultivo, quando a planta atingir seu ponto de maturidade vegetativa ideal para serem ensilada, (porcentagem de MS e carboidratos solúveis), será então, feito à colheita da forrageira de interesse, essa colheita devem ser realizada no campo, por maquinários apropriados, bem ajustados para o cortes precisos e também deve ser evitados tombamentos da forrageira e contato direto com o solo, para reduzir os índices de contaminação por bactérias do gênero Clostridium, que em contato com o material ensilado, propiciará fermentações indesejáveis e desequilíbrio nas bactérias benéficas produtoras de ácidos láticos. O transporte do material do campo para os silos deve ser realizado em caminhões acoplados com caçamba limpas e sem restos de culturas ou qualquer outro material que possa contaminar o volumoso. A depender da quantidade de umidade do material, no momento da ensilagem, pode adicionar alguns aditivos secantes (palhadas, fenos, fubás ou casquinhas de soja etc,), estes produtos tem a finalidade de aumentar os teores de MS da ensilagem e reduzirem as perdas por efluentes. Podem também, adicionar inoculantes bacterianos que produza ácidos contra ação dos fungos e como é o caso dos Lactobacillus buchneri e do Propionibacterium acidipropionici que produzem ácido acético e ácido propiônico, favorecendo a qualidade fermentativa dos constituintes. Enchimento rápido do silo, entretanto com compactação efetiva e eficiente para chegar a atingir densidade mais de 600 kg/m³ de silagem; esse resultado é satisfatório quando os teores de MS estão dentro da faixa adequada para prosseguirem a compactação e também, é interessante nessa etapa ter atenção com o tamanho das partículas. Uma das etapas que precisam de muita atenção é quando inicia a vedação da massa ensilada com lonas de qualidade; tentando assim, cobrir todo o material e nesse momento é necessário expulsar o oxigênio atmosférico completamente ou o máximo que conseguir para não ocorrer oxidação e perdas de nutrientes para o meio exterior. 4366

E após a transformação do material ensilado em silagem, na abertura do silo também precisa de atenção, pois se a silagem ficar exposta por muito tempo ao ambiente, microrganismos oportunistas contaminam a silagem e promovem perdas na qualidade. Nunca deve-se abrir um silo quando as condições climáticas não forem favoráveis, ou seja, deixar que a água das chuvas penetre na silagem. A fatia de silagem retirada por vez no momento do fornecimento aos animais não devem ultrapassar uma espessura de 20 cm e interessante seguir em um sentido vertical de cima para baixo e nuca no sentido horizontal adentrando para o interior da silagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS A silagem é um produto usado na nutrição dos ruminantes principalmente em sistemas de confinamento e na atividade leiteira, durante os períodos de escassez de alimentos, os produtores de silagem precisarão de maior atenção na colheita da forrageira, nas técnicas de manejo (corte transporte, picagem e armazenamento no silo), sendo estas etapas fundamentais na qualidade final do produto. Entre as forrageiras tropicais de interesse para ensilagem, existem algumas que apresentam melhores características em termos de produção e ingredientes, mais, mesmos as melhores forrageiras, se o processo for mal elaborado, resultarão em produto de baixa qualidade. Portanto, a qualidade da silagem estar mais correlacionada a maneira de como foram conduzidos o processo, respeitando as etapas (corte da planta, teor de MS, maturidade vegetativa, compactação, vedação, fechamento do silo, redução de efluentes, fermentação anaeróbica, temperatura, pH e estabilização). Realizando todas as etapas o produto final (silagem) será de qualidade e assim, terá maior vida útil e com isso o desempenho dos animais que consumirem esse volumoso possivelmente serão positivos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CABRAL JR., C.R., MIRANDA, E.C., PINHEIRO, D.M., GUIMARÃES, I.G., ANDRADE, M.V.M., PINTO, M.S.C. 2007. Dinâmica fermentativa de silagens de Gliricidia sepium. Arquivo de Zootecnia, 56: 249-252. 2007.

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Fatores anti-qualitativos em silagens

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte Alimentação, eficiência, pecuária, seleção.

Fabiano Andrade Ferreira1* Dimas Oliveira Santos2 Luciano Oliveira Ribas3 Eliseu Ferreira Brito1 Mauricio Oliveira Ribas3 Graduado em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da BahiaUESB, Itapetinga/BA. *Email: fazootec06@hotmail.com 2 Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, Itapetinga/BA 3 Graduando em Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB, Itapetinga/BA

Revista Eletrônica

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RESUMO Objetivou-se com esta revisão abordar uma metodologia alternativa de seleção para eficiência alimentar denominada de consumo alimentar residual (CAR) que vem sendo testada. O CAR é o resultado da diferença entre o consumo observado e o estimado através de equações de regressão em função do peso metabólico e do ganho médio diário. Após um período de teste de 70 dias, os animais com consumo observado menor que o estimado (CAR negativo) são os mais eficientes e os animais com consumo observado maior que o estimado (CAR positivo) são os menos eficientes. Segundo algumas pesquisas brasileiras, a variação fenotípica (desvio padrão) do CAR para bovinos zebuínos é semelhante ou superior aos demais estudos em taurinos, variando de 0,41 a 1,05 kg/dia. O CAR apresenta moderada a alta herdabilidade, com a maior parte das estimativas publicadas variando entre 0,30 a 0,35. Dentre as limitações do CAR a alteração na composição corporal e o custo de mensuração são as mais relevantes. Existem controvérsias em relação à alteração na composição corporal e o custo para mensuração certamente será resolvido com auxílio de marcadores moleculares para esta característica. A seleção de bovinos de corte visando à eficiência alimentar é sem dúvidas uma das alternativas para se aumentar a eficiência produtiva, reduzir os custos de produção e mitigar os impactos ambientais da pecuária. Palavras-chave: Alimentação, eficiência, pecuária, seleção. 4368

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESIDUAL FEED INTAKE IN BEEF CATTLE ABSTRACT The objective of this review to address an alternative methodology of selection for feed efficiency called residual feed intake (RFI) that has been tested. The RFI is the result of the difference between the actual consumption and the estimated through regression equations as a function of metabolic weight and average daily gain. After a 70-day test period, the animals with low consumption observed that the estimator (RFI negative) are the most efficient and animal consumption that observed with the highest estimated (RFI positive) are less efficient. De according to some Brazilian research, the phenotypic variation (standard deviation) of the RFI for zebu cattle is similar or superior to other studies in Taurus, ranging from 0.41 to 1.05 kg / day. The RFI has moderate to high heritability, with most estimates ranging from published from 0.30 to 0.35. Among the limitations of the RFI change in body composition and the cost for measurement are the most relevant. There is controversy regarding the change in body composition and the cost will certainly be solved with the aid of molecular markers for this feature. The selection of beef cattle feed efficiency aiming is undoubtedly one of the alternatives to increase production efficiency, reduce costs and mitigate environmental impacto of livestock. Keywords: Food, efficiency, livestock, selection.


Consumo alimentar residual em bovinos de corte

INTRODUÇÃO Atualmente um dos maiores desafios globais é o aumento da população humana projetado em 34% até o ano 2050, gerando a necessidade de aumentar a atual produção de alimentos em 70% (FAO, 2013). Melhorias em eficiência na utilização dos recursos naturais são imprescindíveis para aumentar a produção de alimentos de maneira sustentável (FAO, 2013).

sumo e exigências de manutenção sem alterar o peso adulto ou ganho de peso.

Diante deste cenário existe um crescente interesse quanto ao uso de índices de eficiência alimentar em bovinos em crescimento (EA), devido ao fato de que a conversão de alimento (CA) em produto de origem animal durante esta fase ter uma larga influência no custo de produção. A rentabilidade da produção de bovinos de corte é dependente dos ‘inputs’ e dos ‘outputs’ no sistema e o fornecimento de alimentos é o

Eficiência alimentar em bovinos de corte Em sistemas de produção de gado de corte, a qualidade e a quantidade ingerida de nutrientes são determinantes do desempenho animal. Como alimentação representa o item de maior importância econômica dentro do sistema de produção de carne, sendo um dos fatores responsáveis pelas flutuações na lucratividade, melhorias na eficiência do uso alimento, bem

input de maior custo na maioria dos empreendimentos de produção de animais (ARTHUR, 2004).

como dos seus nutrientes, devem sempre ser investigadas. Gibb & Mcallister (1999) reportaram que um incremento de 5% na eficiência alimentar tem impacto econômico quatro vezes superior ao obtido com 5% na taxa de ganho médio diário de peso.

Entretanto, todos os programas de melhoramento genético de bovinos de corte enfatizam a seleção para aumento dos outputs, tais como pesos a diversas idades, ganho médio diário, circunferência escrotal, características de carcaça e até mesmo o desempenho reprodutivo (LANNA & ALMEIDA, 2004), sem se atentar para diminuição dos custos com alimentação. Para bovinos confinados, o custo com alimentação representa cerca de 70% do custo de produção, o aumento da eficiência alimentar seria de extrema importância, pela diminuição da quantidade de alimento consumido por cada quilo de carne produzido. A relevância do aumento da eficiência alimentar também se expande à medida que produção de poluentes ambientais como o esterco e o metano são reduzidos (BASARAB et al., 2003), questão esta de grande importância, visto que o foco da produção animal atualmente está a favor da sustentabilidade dos recursos naturais. Diante dos benefícios econômicos e ambientais, seleção para eficiência alimentar é um parâmetro óbvio para ser incluído em índices de melhoramento genético de bovinos de corte. Dentre as várias medidas propostas ao longo dos anos para avaliar a eficiência alimentar, destaca-se o consumo alimentar residual (CAR), que permite selecionar animais de menor con-

Objetivou-se, com esta revisão, abordar o CAR como medida alternativa de seleção para eficiência alimentar, esclarecendo pontos relacionados à sua mensuração, bases biológicas da variação, benefícios e as prováveis limitações da seleção.

Alimentação é o insumo de maior custo em qualquer sistema de produção animal, correspondendo a cerca de 70% do total de gastos. Isto é reconhecido pelas indústrias de suínos e aves, que conseguem quantificar o custo com alimentação devido à facilidade de se mensurar o consumo de alimento dessas espécies (HERD et al., 2003). A seleção para eficiência alimentar foi relegada a um plano secundário na indústria da carne bovina, certamente pela dificuldade de se mensurar o consumo alimentar de bovinos de corte, particularmente em sistemas extensivos de produção. Outra razão para essa falta de interesse é a de que sempre se assumiu que a eficiência estaria intimamente correlacionada com á taxa de ganho (CAMERON, 1998). Aproximadamente 70-75% do custo energético da dieta na produção de bovinos de corte é usado na manutenção dos animais, principalmente das vacas (FERREL & JENKINS, 1985). A variabilidade genética nas exigências energéticas de manutenção de bovinos é de moderada a alta (h²= 0,22 a 0,71), sugerindo uma oportunidade para seleção de animais mais eficientes (BISHOP, 1992).

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

Segundo Lanna & Almeida (2004) na seleção de bovinos de corte são necessárias estratégias para aumentar a eficiência alimentar, mas sem prejudicar características de desempenho, reprodução ou comprometer a qualidade da carne. A eficiência alimentar e a conversão alimentar estão entre os parâmetros mais conhecidos e são tradicionalmente os índices mais utilizados para se mensurar a eficiência alimentar em bovinos de corte (BERRY, 2008). A conversão alimentar (CA) é uma medida bruta obtida entre a razão do consumo de matéria seca (CMS) e o ganho de peso médio diário (GMD). Da mesma forma, o oposto dessa medida, chamado de eficiência alimentar (GMD: CMS) tem sido utilizada como medidas equivalentes. A suposição generalizada que CA e EA são relações inversas não é verdadeira, pois a equivalência somente se verifica para uma obser-

O consumo alimentar residual (CAR) é calculado como sendo a diferença entre o consumo individual observado e o consumo estimado, através de ajustes para peso médio metabólico e do ganho médio diário (KOCH et al.,1963). Desta forma, essa medida tem um importante benefício de ser ajustada para o peso e ganho do animal, o que não acarretaria em um aumento do peso adulto, comparado, por exemplo, com a conversão alimentar. Assim sendo, animais mais eficientes têm CAR negativo (consumo observado menor do que o predito) e os menos eficientes tem um CAR positivo (consumo observado maior do que o predito). O CAR também é definido por consumo alimentar “líquido” (Net Feed Intake) em algumas publicações (ALMEIDA, 2005).

vação, mas não para médias aritméticas (ALMEIDA, 2005).

terem o mesmo peso e mesmo ganho, o consumo de MS estimado para os dois foi igual (~10,9kg/dia). Porém o consumo de MS observado foi diferente do predito, como é visto na Figura 2. O animal com CAR negativo (mais eficiente) teve consumo de 1,6kg/dia a menos que o valor predito; em contrapartida, o animal com CAR positivo (menos eficiente) consumiu 2,0kg/ dia a mais que o predito, para o mesmo ganho de peso (LANNA & ALMEIDA, 2004).

A conversão alimentar (CA) foi bastante utilizado nos EUA em testes tradicionais de touros e em confinamentos comerciais e tem sido documentada que a CA é fenotipicamente e geneticamente correlacionada com aspectos de produção (ARCHER et al., 1999; ODDY, 2004; CREWS, 2005). A seleção para CA pode melhorar a eficiência alimentar nas fases de crescimento e terminação, contudo isso não necessariamente irá melhorar a eficiência ou rentabilidade do sistema de produção como um todo. Portanto o uso da conversão alimentar como parâmetro de seleção em bovinos de corte pode comprometer a eficiência reprodutiva do rebanho de cria em condições de limitações nutricionais, devido à alta correlação entre CA e o peso adulto, o que implicaria no aumento das exigências nutricionais (LANNA, 2003). Consumo alimentar residual (CAR) Buscando uma nova medida de eficiência alimentar que viabilizasse a diminuição dos custos com alimentação, sem alterar de forma negativa aspectos produtivos, Koch et al. (1963) sugeriram utilização do consumo alimentar residual, cujos os preceitos não foram compreendidos ou aceitos pela grande maioria dos pesquisadores de bovino de corte até década de 90. A partir do início da década de 90, australianos se dedicaram ao estudo do CAR, sendo seguidos pelos canadenses (LANNA & ALMEIDA, 2004). 4370

Na Figura 1 podemos observar dois animais que possuem peso vivo médio e ganho diário similares. Por

Metodologia para mensurar o CAR O consumo alimentar residual é um dado individual, calculado após um período de alimentação (pelo

FIGURA 1. Relação entre o consumo observado e o consumo estimado de novilhos Nelore em confinamento, destacando dois animais de similares pesos vivo médio e ganho médio diário. Fonte: Lanna & Almeida, (2004).

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

70 a 80% da variação no consumo predito, conforme dados observados na literatura (ARTHUR et al., 2001; BASARAB et al., 2003; NKRUMAH et al., 2007).

FIGURA 2. Relação entre consumo observado e consumo estimado de novilhos Nelore em confinamento, destacando dois animais de consumo alimentar residual (CAR) extremos. Fonte: Lanna & Almeida, (2004).

menos 70 a 84 dias), onde os animais são dispostos em baias individuais ou em grupos. Para a estimativa acurada do consumo individual, Archer et al. (1997) constataram que seriam necessários no mínimo 35 dias de avaliação para animais taurinos. Para a raça nelore considerou-se que 28 dias de avaliação são suficientes (CASTILHOS et al., 2011). No entanto, para o ganho de peso, deve-se ter um período mínimo de avaliação de 70 a 84 em função da maior variação desta característica no tempo (devido às diferenças de conteúdo gastrointestinal entre pesagens) quando comparado ao consumo. Por esta razão o CAR deve ser determinado por um período mínimo de 70 dias (CASTILHOS et al., 2011).

Assim, o CAR é a diferença entre o consumo real e a quantidade de alimento que o animal deveria ingerir baseado no seu peso vivo metabólico médio e taxa de ganho de peso. Graficamente, o CAR de cada animal pode ser visualizado como a distância vertical do ponto de consumo de cada animal até linha de regressão (Figura 3). Animais acima de linha (CAR positivo) consome mais do que foi predito, são menos eficientes (CAR < + 0,5 kg/dia); enquanto que os animais abaixo da linha (CAR negativo) consomem menos do o predito, e, portanto, são mais eficientes (CAR > - 0,5kg/ dia). Benefícios da adoção do CAR Está bem estabelecido na literatura que a característica consumo alimentar residual apresenta moderada a alta herdabilidade, com a maior parte das estimativas publicadas variando entre 0,30 a 0,35 (ARCHER et al.,1998; KOCH et al.,1963). Portanto, o CAR é uma característica que pode ser incluída em programas de melhoramento genético de bovinos de corte, já que apresenta suficiente variabilidade genética aditiva. Não há na literatura nacional estimativa de herdabilidade para CAR publicada para zebuínos, mas visto a grande variabilidade fenotípica constatada (ALMEIDA

Após o período de alimentação, o consumo alimentar residual é calculado como a diferença entre o consumo alimentar observado (CA, kg/dia) e o consumo estimado através de ajustes para peso médio metabólico (PMM, kg0.75) e taxa de ganho de peso (GMD, kg/dia). Portanto a equação para cálculo do consumo alimentar residual (CAR) é a seguinte: O CAR seria o resíduo da equação: Consumo alimentar = intercepto + βp* (peso)0,75 + βg*ganho de peso + resíduo, em que βp*é o coeficiente de regressão do peso metabólico; βg* é o coeficiente de regressão do ganho de peso (OKINE et al., 2004). Esta regressão explica

FIGURA 3. Relação entre o consumo predito e o observado de matéria seca de novilhos nelore. Fonte: Nascimento (2011).

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

& LANNA, 2004), acredita-se que a magnitude desta estimativa pode ser semelhante à de bovinos europeus. Ao contrário da conversão alimentar, a seleção para consumo alimentar residual pode selecionar animais de menor consumo e menores exigências de manutenção, sem altera o peso adulto ou o ganho de peso (BASARAB et al., 2003; CARTENS et al., 2002; KOCH et al.,1963; PAULINO et al.,2005). Almeida & Lanna (2004) confirmaram estas não-associações entre o CAR e o peso vivo metabólico e entre o CAR e ganho médio diário em novilhos nelores terminados em confinamento.

Base biológica da variação do CAR em bovinos de corte Apesar de haver reais evidências da existência da variabilidade em eficiência alimentar, independente das características de crescimento, a base biológica que dirige este processo não foi completamente explicada.

A correlação genética entre este novo parâmetro de eficiência (CAR) e o tradicional parâmetro conversão

A regulação fisiológica do consumo alimentar residual está provavelmente sob o controle de muitas centenas de genes (ARTHUR & HERD, 2008). Os fatores metabólicos que podem contribuir para a variação no CAR são muitos e os principais mecanismos fisiológicos que influenciam a variação no CAR estão relacionados com a resposta ao estresse, turnover proteico e metabolismo dos tecidos (37%), atividade (10%), digestibilidade (10%), incremento calórico (9%), com-

alimentar é moderada (rg = 0,50; ARCHER; HERD; ARTHUR, 2001),sugerindo que genes diferentes estão ligados a estas características. Mas o valor de rg também indica que ao incluir o CAR no programa de seleção haveria melhora concomitante da conversão alimentar (CARTENS et al., 2002).

posição corporal (5%) e padrões de alimentação (2%). Conforme o aumento no CAR, maior proporção da ingestão de energia metabolizável direcionada para a produção de calor e menor proporção para a retenção de energia (BASARAB et al., 2003; RICHARDSON & HERD, 2004; ARTHUR & HERD, 2008).

Benefícios ambientais do CAR O uso da característica CAR como ferramenta em programas de melhoramento genético também é relevante quando são considerados não só os impactos econômicos diretos da redução do consumo de alimentos, como também os efeitos do impacto ambiental da produção de carne pela redução da produção do metano proveniente da fermentação entérica dos ruminantes. Nkruman et al. (2006) relataram diferenças significativas em emissão de metano entre animais de baixo e alto CAR, sendo que os primeiros (mais eficientes) produziram 28% menos metano que os menos eficientes (alto CAR).

Em estudo com novilhos Nelore (GOMES et al., 2013), animais com alto e baixo CAR não diferiram quanto à digestibilidade, à reciclagem das proteínas miofibrilares e o metabolismo nitrogenado, entretanto os animais com maior eficiência tiveram menores níveis séricos de cortisol e também apresentaram períodos mais longos de ócio. Os estudos demonstraram que a variação em CAR em novilhos Nelore está provavelmente relacionada à deposição de gordura interna, às exigências energéticas de manutenção, ao grau de atividade física e à resposta ao estresse.

Animais que consomem menos alimentos, também defecam menos, e além de se diminuir a quantidade de efluentes, também se diminui o metano emitido na fermentação das fezes. Com a seleção de animais mais eficientes é possível reduzir a utilização de áreas de pasto para produzir a mesma quantidade de carne (BASARAB et al., 2003). Portanto, a seleção de animais baseado no CAR, pode-se melhorar o impacto ambiental, pois se reduz a produção de gases poluentes e esterco. 4372

Resultados obtidos na seleção baseada no CAR Pesquisadores australianos têm conduzido experimentos com CAR em gado de corte desde 1993. Arthur et al. (2001) em um experimento de seleção, no qual fêmeas de baixo CAR (mais eficientes) foram acasaladas com touros de baixo CAR(também mais eficientes) e fêmeas de alto CAR (menos eficientes) foram acasaladas com touros de alto CAR(também menos eficientes).O desempenho da progênie após cinco anos de seleção (quase duas gerações) foi comparado. A progênie oriunda de pais de baixo CAR (mais eficientes) apresentaram o mesmo ganho de

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

peso (1,44 vs 1,40 Kg/dia) e o mesmo peso final (384 vs.381 Kg) do que a progênie oriunda dos pais alto CAR(menos eficientes). Entretanto, filhos de pais com baixo CAR também apresentaram o CAR mais baixo (-0,54 vs. +0,70 Kg/dia), consumiram menos alimento (9,4 vs.10,6 Kg MS) e apresentaram menor conversão alimentar (6,6 vs.7,8) do que filhos de alto CAR (ARTHUR et al., 2001). De acordo com Herd et al. (2004b), touros com diferença esperada na progênie (DEP) para CAR de -1kg/dia resultam em progênies com crescimento 19% mais rápido, sem nenhum aumento no consumo de matéria seca, com CAR 26% menor e conversão alimentar (CA) 41% menor. Parece existir alta correlação genética entre as características relacionadas com consumo pós-desmame e na maturidade, indicando que os processos biológicos que regulam o consumo e a eficiência em idades mais jovens são similares aos processos que regulam o consumo e a eficiência em idades mais avançadas. A alta correlação entre o CAR no pós-desmame e o CAR na idade adulta (rg = 0,98), sugere a oportunidade de utilizar a seleção para aprimorar a eficiência de animais em crescimento e vacas adultas, simultaneamente, baseadas em medidas coletadas no pósdesmame (ARCHER et al.,2002). Branco et al. (2009) avaliaram machos nelores selecionados para peso ao desmame, não observaram diferenças (P>0,05) entre as classes de CAR em relação ao peso vivo inicial, peso vivo final e ganho

médio diário. Os consumos de matéria seca, expressos em g/kg0,75 e em porcentagem do peso vivo, foram diferentes (P<0,05) entre as classes de CAR. A conversão alimentar e a eficiência alimentar, foram diferentes entre as classes de CAR (P<0,05), seguindo a mesma tendência do CAR, ou seja, animais de baixo CAR apresentaram menores conversões alimentares e maiores eficiências. A variação observada nos valores de CAR foi de – 0,67 a + 0,95 kg/dia, ou seja, uma diferença de 1,62 kg entre os dois animais mais e menos eficientes do experimento. Essa amplitude de variação é menor que as relatadas na literatura, fato que pode ser explicado pela homogeneidade dos animais testados (BRANCO et al.,2009). Segundo algumas pesquisas brasileiras, a variação fenotípica (desvio padrão) do CAR para bovinos zebuínos é semelhante ou superior aos demais estudos em taurinos, variando de 0,41 a 1,05 kg/dia (ALMEIDA ET AL.,2004; ALMEIDA,2005; BONIM et al.,2008; PAULINO et al., 2005), também foi constatado nesses estudos, que não a diferença na composição corporal entre os animais mais ou menos eficientes. Correlações fenotípicas e genéticas do CAR com outras características As correlações fenotípicas e genéticas entre o CAR e CMS podem variar de 0,13 a 0,81 e 0,24 a 0, 85, respectivamente (ROBINSON & ODDY, 2004; Rolfe

TABELA 1. Características de desempenho de tourinhos Nelore distribuídos nas classes de CAR Classes de CAR Características Número de Animais Peso inicial (kg) Peso final (kg)

Baixo

Médio

Alto

CV (%)

P

40

45

36

---

---

202 a

196 a

199 a

17,14

0,766

296 a

289 a

290 a

15,19

0,769

GMD (kg/d)

0,826 a

0,824 a

0,806 a

19,5

0,222

CMS (% PV)

2,46 b

2,57 a

2,60 a

6,46

<0,001

CMS (g/kg0, 75)

97,30 a

101,21 b

102,79 b

6,58

0,0013

CA (kg MS/g ganho)

7,32 a

7,65 b

7,90 b

11,12

0,014

EA (g ganho/ kg MS)

137 a

132 b

128 b

10,30

0,013

-0,335 c

-0,0002 b

0,370 a

-4,19E16

<0,001

CAR (kg/d)

Médias seguidas da mesma letra, nas linhas, não diferem (P>0,05) pelo lsmeans ajustadas por Pdiff. GMD: Ganho Médio Diário; CMS: Consumo de Matéria Seca; CA: Conversão Alimentar; EA: Eficiência Alimentar; CAR: Consumo Alimentar Residual; CV: Coeficiente de Variação. Fonte: Branco (2009). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4368-4378, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

et al., 2013; AHOLA et al.,2011), mostrando que existe moderada a forte correlação entra elas e considerável variação para essa característica existe entre animais. Castro Bulle et al. (2007) trabalhando com animais com predominância Angus X Hereford, encontraram diferencias entre os animais de alto a baixo CAR de 15,3% no consumo de matéria seca (7,52 vs. 6,37 kg/d) durante 120 dias de experimento. Em animais nelores, estes resultados também foram observados (FARJALLA, 2009; NASCIMENTO, 2011; SOUZA, 2010). Farjalla (2009), avaliando 75 novilhos nelore com aproximadamente 18 meses, relatou que animais com baixo CAR consumiram 20% menos que animais com CAR alto. Nascimento (2011) observou em 310 novilhos nelore, que o consumo dos animais mais eficientes em kg/dia foi no mínimo 11,2% menor em relação aos menos eficientes. Os valores encontrados de correlação genética entre o CAR e o peso vivo metabólico médio (PVMM) podem variar de -0,20 a 0,33 (LANCASTER et al., 2009), enquanto que as correlações genéticas entre o CAR e o GPD podem variar - 0,15 a 0,27 (ROLFE et al., 2013), mostrando fraca correlação destas características com CAR. Todavia, a correlação fenotípica para ambas as características e CAR em estudos anteriores foram próximas de 0,00 (KOCH et al., 1963; ARTHUR et al., 2001; BASARAB et al., 2003; AHOLA et al., 2011) indicando independência entre elas na maioria do estudos. Assim, com uso do CAR é possível obter animais mais eficientes dentro dos limites desejáveis, e dessa forma a seleção não conduz a aumentos no tamanho adulto dos animais (SUNDSTROM, 2004). Limitações da utilização do CAR Dentre as limitações da adoção para este parâmetro (CAR), quatro merecem destaque: mudança na composição do ganho, custo elevado para determinar animais mais eficientes, correlação entre eficiência alimentar em confinamento e pastagem e menor potencial de ganho dos animais de baixo CAR. A aparente menor deposição de gordura corporal de bovinos mais eficientes pode sugerir que a seleção para baixo CAR pode levar a animais com menores reservas corporais, as quais são importantes para a manutenção da categoria de matrizes, uma vez que 4374

esta é submetida à estacionalidade de qualidade e disponibilidade de forragem em regiões tropicais, podendo vir a afetar a eficiência reprodutiva do rebanho (LANNA & ALMEIDA, 2004). Segundo Lanna & Almeida (2004) esta limitação poderia ser superada através da estimativa do consumo predito não só pelo peso vivo e pelo ganho de peso, mas também pela composição corporal, a qual pode ser ao menos parcialmente avaliada através da técnica da ultra-sonografia, porém para Almeida (2005) as diferenças na composição corporal entre animais explicam uma parcela muito pequena da variabilidade no CAR. Herd et al. (2004) identificaram e quantificaram as bases biológicas do consumo alimentar residual para animais taurinos. A composição corporal contribuiu com apenas 5% da variação genética do CAR, o acréscimo no R2 ao acrescentar a variável espessura de gordura subcutânea obtida por ultrassom foi de somente 2 a 4 pontos percentuais. Embora diversas pesquisas relatem mudanças na composição corporal, a maioria dos estudos nacionais (ALMEIDA et al., 2004; ALMEIDA, 2005; BONIM et al., 2008; PAULINO et al., 2005) não encontraram diferenças na composição corporal entre os animais eficientes e não eficientes. Segundo Almeida (2005) uma das limitações do CAR, é o custo para se determinar o consumo alimentar individual que é muito mais elevado do que para obtenção do ganho de peso, circunferência escrotal, etc. O alto custo poderia ser minimizado pelo auxílio de marcadores fisiológicos ou genéticos, viabilizando a inclusão do CAR em programas de melhoramento genético. Com relação ao custo-benefício, tem-se que para a seleção baseada no CAR, os benefícios obtidos são maiores que os gastos oriundos da coleta individual dos dados de consumo do animal. Conforme estimativas de Lanna & Almeida, (2004), assumindo desvio -padrão fenotípico de 1,05kg de MS/dia, uma herdabilidade de 34%, intervalo de gerações de cinco anos e intensidade de seleção de 5% para machos e 50% para fêmeas, estima-se um ganho genético anual na redução do consumo de 0,102 kg de MS/dia. Ou seja, a cada ano de seleção os animais consumiriam 1,3% menos alimentos com o mesmo desempenho.

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

A correlação entre a eficiência em confinamento com a eficiência em pastejo precisa ser confirmada para zebuínos, pois o nosso sistema de produção de carne bovina é mais explorado em regime de pastejo. Em animais taurinos, as pesquisas australianas de Herd et al. (2004) demonstraram que, novilhos Angus e Hereford filhos de pais com eficiência geneticamente favorável para CAR de -1,0kg/dia (em confinamento) foram 41% mais eficientes a pasto. Os animais cresceram 19% mais rápido, sem aumento no consumo e apresentaram CAR 26% mais baixo, portanto o uso de touros pré-selecionados para CAR em confinamento poderá trazer benefícios para outros sistemas de produção no Brasil (semi-confinamento e pastejo).

(2007) relataram que animais de baixo CAR apresentaram menor deposição de gordura subcutânea, menores quantidades de gordura renal pélvica e inguinal e maior área de olho de lombo, sugerindo que bovinos dessa raça que mais eficientes para CAR apresentam um ganho maior em proteína e menor em gordura. No mesmo estudo, com relação à composição física da carcaça, não houve diferença entre animais para percentagem de dianteiro, traseiro e peso dos ossos.

Segundo Archer (1999) há correlação altíssima entre

Em relação às características da carne que interferem na escolha do consumidor, a maciez é o segundo atributo mais importante, ficando somente atrás da coloração. Mcdonagh et al. (2001) avaliaram animais britânicos de uma progênie oriunda de seleção para consumo alimentar residual e apesar de não terem sido observadas diferenças quanto à força de cisalha-

CAR no desmame de fêmeas e nessas mesmas fêmeas quando adultas (rg = 0,98), levando a crer que se for possível determinar precocemente os animais mais eficientes, isso ajudará a selecionar fêmeas na desmama.

mento, amostras do músculo Longissimus de animais de baixo CAR apresentaram menores valores de índice de fragmentação miofibrilar e concentrações de calpastatina no músculo 13% maiores, quando comparados com animais de alto CAR.

Embora todos os animais com CAR negativo sejam eficientes, existe uma grande variação no consumo, assim indivíduos com menor consumo e ganho podem ser menos lucrativos, pois o ganho de peso é o determinante do grau de acabamento e tempo de confinamento (NASCIMENTO, 2011).

Os autores (MCDONAGH et al. 2001) concluíram que em razão da progênie de uma única seleção divergente para CAR ter apresentado diferenças quanto às características acima descritas, uma seleção continua para baixo CAR pode afetar negativamente a maciez da carne.

Relação do CAR com características de carcaça e qualidade da carne Com relação às características de carcaça os resultados da literatura são controversos, alguns estudos (ROBINSON et al.,2004; HERD et al., 2004) afirmam que o CAR está relacionado com a composição do ganho onde os animais mais eficientes (CAR negativo) tendem apresentar carcaças mais magras, com menor acabamento e com menor gordura intramuscular, além de apresentar menor teor de gordura abdominal. Entretanto, Sainz et al. (2006), não encontraram diferença entre novilhos Angus-Hereford com alto e baixo CAR para peso de carcaça quente, área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea, marmorização, acabamento, massa visceral e gordura abdominal.

Os resultados apresentados por Gomes et al. (2012) com relação à maciez da carne em novilhos Nelore não concordam com obtidos por Mcdonagh et al. (2001) para animais taurinos. Não houve diferenças entre novilhos Nelore com alto e baixo CAR para a força de cisalhamento, índice de fragmentação miofibrilar e a atividade do sistema calpaína.

Em estudo com bovinos Nelore, Leme & Gomes

CAR em diferentes classes sexuais Em condições favoráveis de nutrição e manejo, machos inteiros apresentam desempenho superior em relação a machos castradas e fêmeas. A classe sexual é responsável pode causar diferenças em eficiência alimentar e características de carcaça. Paulino et al. (2005) compararam 16 machos inteiros, 15 castrados e 16 fêmeas com idade média de 21 meses e pesos de 276,2; 265,8; 257,3 kg; respecti-

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Consumo alimentar residual em bovinos de corte

vamente, e constataram que a eficiência alimentar foi diferente entre as condições sexuais, enquanto que, para CAR essa diferença não foi estatisticamente significativa. Os animais classificados com baixo CAR apresentaram a mesma taxa de ganho de peso (0,72 kg/dia) dos animais menos eficientes, porém consumiram 11,5% menos de matéria seca. CONCLUSÕES A seleção de bovinos de corte visando a eficiência alimentar é sem dúvidas uma alternativas para se aumentar a eficiência produtiva, reduzir os custos de produção e mitigar os impactos ambientais da pecuária. A inclusão do CAR nos diversos programas de melhoramento de bovinos de corte do Brasil seria um grande avanço da pecuária de corte brasileira. Estudos com CAR em zebuínos ainda são recentes no Brasil e há dificuldades na comparação de resultados com os estudos internacionais, com predominância de animais taurinos. Portanto, são necessários mais estudos para se compreender esta medida de eficiência e futuramente se estimar coeficientes de herdabilidade para zebuínos criados nas condições climáticas brasileiras. O alto custo para se mensurar o CAR, é sem dúvidas um dos obstáculos da inclusão do CAR em programas de melhoramento genético, que certamente será resolvido com auxílio de marcadores moleculares para esta característica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AHOLA, J.K.; SKOW, T.A.; HUNT, C.W. et al. Relationship between residual intake end product palatability in longimus sussteaks from steers sired by Angus divergente for intramuscular fat expected progeny difference. The Professional Animal Scientist, Champaign, v.27, p.109-115, 2011. ALMEIDA, R. Consumo e eficiência alimentar de bovinos em crescimento. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2005. 181p. Tese (Doutorado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” /Universidade de São Paulo, 2005. ALMEIDA, R.; LANNA, D.P.D. LEME, P.R. Consumo alimentar residual: um novo parâmetro para avaliar a eficiência alimentar em bovinos de corte. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 41; 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. CD-ROM. 4376

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais Armazenamento, idade, poedeira.

Revista Eletrônica

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO O presente artigo de revisão propõe-se relatar alguns aspectos de qualidade físico-química e microbiológica de ovos comerciais. Fatores como idade da poedeira, tipo de embalagem, as condições e períodos de armazenamento influenciam diretamente na qualidade do ovo. Com o avanço da idade da ave, a qualidade interna e externa tende a piorar significativamente, assim como no aumento do tempo de armazenamento e no armazenamento a temperatura ambiente, sendo ideal a técnica de refrigeração do ovo no momento em que sai da granja e permanecendo até o consumo, uma vez que a refrigeração preserva a qualidade interna. Embalagens fechadas com filme plástico são consideradas as melhores embalagens na preservação da qualidade interna. Com relação à lavagem dos ovos, estudos mostram que ovos lavados apresentam melhor qualidade bacteriológica do que ovos não lavados, lembrando que devem ser respeitados os requisitos estabelecidos pelo MAPA para a lavagem. Mais estudos são necessários para solucionar problemas de qualidade microbiológica e físico-química que ainda não foram solucionados. E a perspectiva é que se aumente significativamente a produção de alimentos seguros devido à pressão dos consumidores. Palavras-chave: armazenamento, idade, poedeira.

Marília Ferreira Pires*¹ Sabrina Ferreira Pires² Caniggia Lacerda Andrade³ Deborah Pereira Carvalho1 Aleane Francisca Cordeiro Barbosa1 Mayra Rodrigues Marques3 Mestranda Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Federal de Goiás (UFG). Brasil. *E-mail: mariliapires.1@hotmail.com 2 Graduanda no curso de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Goiás (UFG). Brasil. 3 Graduando no curso de Zootecnia. Universidade Federal de Goiás (UFG). Brasil. 1

FACTORS AFFECTING THE QUALITY OF EGGS LAYING HENS COMMERCIAL ABSTRACT This review article aims to report some aspects of physical-chemical and microbiological quality of commercial eggs. Factors such as age of the hen, type of packaging, conditions and storage periods directly influence the quality of the egg. With the advancing age of the bird, the internal and external quality tends to deteriorate significantly, as well as increasing storage time and storage at room temperature, making it ideal technique refrigeration egg at the time it leaves the farm and staying by the consumer, since the cooling preserves the internal quality. Unopened containers with plastic wrap are considered the best packaging in preserving the internal quality. Regarding washing eggs, studies show that washed eggs have better bacteriological quality than unwashed eggs, remembering that the requirements of the MAPA for washing must be respected. More studies are needed to troubleshoot microbiological and physico-chemical quality that has not been solved. And the perspective is that it significantly increases the production of safe food due to consumer pressure. Keywords: storage, age, laying hen.

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais

INTRODUÇÃO A designação “ovo” refere-se somente a ovos de galinha (Gallus domesticus) em casca. Ovos de demais espécies são denominados ovos acompanhados da indicação da espécie de que procedem (BRASIL, 1990). Segundo Novello et al. (2006), o ovo é considerado um alimento completo e de qualidade, sendo uma excelente fonte de proteínas de alto valor biológico, vitaminas, minerais, carotenoides, e também fonte de colina, um importante componente do cérebro. O ovo é tido como um alimento funcional, não só por possuir características nutricionais, mas também por conter substâncias promotoras de saúde e preventivas de doenças. Além de todas estas características positivas o ovo ainda apresenta o preço mais acessível quando comparado a outras proteínas de origem animal. Para que se consiga manter esse potencial nutritivo, técnicas de preservação devem ser adotadas. O emprego de métodos de preservação do alimento tornase necessário, pois o ovo é um alimento perecível, apresentando um elevado teor de água, constituindo um grupo que se altera rapidamente (CAMARGO et al., 1984). Apesar das barreiras de defesa do próprio ovo, medidas devem ser adotadas com o intuito de diminuir a contaminação do alimento, uma vez que a queda na qualidade do ovo começa no momento da postura e se prolonga rapidamente se não houver técnicas adequadas para armazenamento e conservação. O ovo está exposto a uma série de fatores que implicam na sua contaminação, envolvendo desde os funcionários, equipamentos, instalações, manejo até a própria ave (LACERDA, 2011). Os consumidores estão cada vez mais exigentes e preocupados com a questão de segurança alimentar. No mundo atual, de economias e mercados globalizados, a questão de produção de alimentos mais seguros é inevitável. Esta preocupação vem ocasionando mudanças na cadeia produtiva, impulsionadas principalmente por mercados como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e alguns países membros da União Europeia, que já adotam suas medidas de monitoramento e boas práticas. 4380

Questões como controle de qualidade de casca, processo de lavagem e desinfecção, armazenamento, classificação e controle sanitário devem ser fiscalizados para obtenção de um alimento seguro. Ovos de baixa qualidade apresentam elevados índices de contaminação na casca, e após a quebra fornecem grande quantidade de colônias (SOUZA-SOARES e SIEWERDT, 2005). “Para entender e procurar garantir a segurança dos alimentos é necessário intensificar os estudos relativos a essa problemática” (RODRIGUES e SALAY, 2001). Práticas higiênico-sanitárias devem ser adotadas em todas as etapas de produção com intuito de evitar a contaminação dos ovos, garantindo ao consumidor um produto cada vez melhor e mais seguro. Assim como mais estudos devem ser abordados com o interesse em solucionar problemas de contaminação dos ovos que ainda não foram solucionados. O presente artigo de revisão propõe-se relatar alguns aspectos de qualidade físico-química e microbiológica de ovos comerciais. BARREIRAS FÍSICAS E QUÍMICAS EXISTENTES NO OVO O ovo possui mecanismos de defesa contra a invasão e proliferação microbiana, sendo divido em barreiras físicas e barreiras químicas. Barreiras físicas A casca atua como primeira barreira de proteção à entrada de microrganismos no interior do ovo. A cutícula, estrutura que recobre a casca, formada por mucoproteína, ajuda a inibir, por um período aproximado de duas horas após a postura, a entrada de microrganismos no interior do ovo assim como as membranas da casca, as quais são formadas por fibras proteicas intercruzadas atuando como barreira de proteção. Ovos com qualidade de casca ruim são mais suscetíveis à contaminação. A resistência da casca depende de sua espessura e da organização da matriz da casca, que pode ser estimada pela determinação de gravidade específica. À medida que se aumenta a idade da ave, a qualidade de casca das poedeiras diminui consideravelmente, o que implica também numa maior facilidade de contaminação.

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais

O albúmen apresenta-se como uma barreira de proteção física também, uma vez que a viscosidade encontrada no albúmen denso dificulta a passagem de microrganismos para a gema, assim, microrganismos de origem extragenital, que conseguem ultrapassar a casca e membranas, ficam retidos no albúmen denso, não conseguindo atingir a gema (FIGUEIREDO, 2008). Com a estocagem por longos períodos, o albúmen vai perdendo a viscosidade o que implica numa maior facilidade desses microrganismos chegarem à gema. Barreiras químicas O albúmen, além de barreira física pela viscosidade, apresenta também barreira biológica, pois contém diversas proteínas com função antimicrobiana. Proteínas que atuam como barreiras de proteção ao crescimento de microrganismos são: lisozima, conalbumina, ovomucóide, avidina e riboflavina. Além dessas proteínas, o pH mais elevado durante o armazenamento e a deficiência de ferro no albúmen dificulta a proliferação de microrganismos (FIGUEIREDO, 2008). FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DO OVO A qualidade do ovo é determinada pela qualidade da casca, qualidade interna, resistência à manipulação, idade das aves, nutrição, genética e condição sanitária das aves. De acordo com Brasil (1965), os ovos podem ser classificados em três classes (A, B e C) de acordo com características de qualidade, como mostra a Tabela 1.

Idade da poedeira Com o aumento da idade da poedeira há queda na qualidade de casca, uma vez que há aumento no tamanho do ovo e menor mobilização e absorção de cálcio pela ave, sendo necessário uma maior suplementação desse nutriente na dieta. Menezes et al. (2012) estudaram a influência da idade de poedeiras na qualidade de ovos, utilizando poedeiras com 35, 40, 45 e 50 semanas. Galinhas jovens, com até 35 semanas de idade, apresentaram valores mais elevados em altura de albúmen (5,836 mm), em comparação a galinhas de 40 (5,455 mm), 45 (5,153 mm) e 50 (4,487 mm) semanas de idade, assim como em UH. Os autores concluíram que a idade influencia diretamente na qualidade física dos ovos. Silversides & Scott (2001) e Carvalho et al. (2007) observaram que o ovo aumenta de tamanho com o avanço da idade e apresentam maior percentagem de gema, porém, a percentagem de albúmen, altura de albúmen, gravidade específica e UH diminuem, evidenciando que a qualidade interna do ovo tende a piorar com o avanço da idade, como mostra a Tabela 2. Ramos et al. (2010), analisando a idade das poedeiras, verificaram que houve diferença significativa com relação ao peso dos ovos quando comparadas as três diferentes idades (24, 55 e 107 semanas), assim como verificou diferenças com relação a altura do albúmen e a UH, como mostra a Tabela 3, confirmando o já observado por Carvalho et al. (2007).

TABELA 1. Classificação do ovo de acordo com as características de qualidade (Classification of the egg according to the quality) Classe A

Classe B

Classe C

Casca

Limpa, íntegra, com defeitos de Limpa, íntegra e sem deforma- Limpa, íntegra, ligeiramente detextura, contorno e presença de ção. formada e manchada. manchas.

Câmara de ar

Fixa, com o máximo quatro mm Fixa, com no máximo seis mm de Solta, com o máximo de 10 mm de altura. altura. de altura.

Albúmen

Límpida, transparente, relativa- Ligeira turvação, apresenta-se Límpida, transparente, consismente consistente e com calazas ligeiramente consistente e com tente e com calazas intactas. intactas. calazas intactas.

Gema

Consistente, ligeiramente desTranslúcida, consistente, centraDescentralizada e deformada, centralizada e deformada, porém lizada e sem desenvolvimento de porém com contorno definido e com contorno bem definido e germe. sem desenvolvimento de germe. sem desenvolvimento do germe.

Fonte: BRASIL (1965). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4379-4385, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais

TABELA 2. Médias de peso do ovo, percentagem de gema e de albúmen, altura de albúmen, gravidade especifica e unidade Haugh, de acordo com a idade à postura, em quatro linhagens de poedeiras (Mean egg weight, yolk percentage and albumen, the albumen height, Haugh unit and specific gravity in accordance with the age posture in four strains of hens) Idade (semanas)

Peso ovo (g)

Gema (%)

Albúmen (%)

Altura de albúmen (mm)

Gravidade específica

Unidade Haugh

29

56,02b

24,69b

62,10a

10,10a

1,081a

100,76a

60

63,40a

26,56a

60,69b

8,28b

1,075b

90,76b

69

63,38a

27,20a

60,03b

7,53b

1,074b

85,43b

7,92

5,66

3,39

14,74

0,46

7,39

CV (%)

Letras minúsculas diferentes na coluna indicam diferem estatisticamente (P<0,05). Fonte: CARVALHO et al. (2007).

TABELA 3. Peso do ovo, altura do albúmen, porcentagem de casca e unidade Haugh em relação à idade das aves (Egg weight, albumen height, eggshell percentage and Haugh unit in relation to the age of the birds) Peso do ovo (g)

Altura do albúmen (mm)

Casca (%)

Unidade Haugh

24 semanas

50,62c

5,29a

10,57a

72,38a

55 semanas

61,94b

4,84b

9,62b

60,45b

107 semanas

64,77a

3,81c

9,80b

49,11c

5,61

13,72

6,95

11,48

Idade da poedeira

CV(%)

Letras minúsculas diferentes na coluna indicam diferem estatisticamente (P<0,05). Fonte: Adaptado de RAMOS et al. (2010).

Limpeza e sanitização A lavagem dos ovos pode acarretar na remoção da cutícula que protege os poros da casca, permitindo assim a entrada de microrganismos e consequente contaminação e deterioração do ovo. No entanto, outros autores relatam não haver ligação da cutícula com penetração de Salmonela em ovos, como Stringhini et al. (2009). Ainda Stringhini et al. (2009), ao avaliarem a qualidade bacteriológica de ovos lavados e não-lavados de quatro granjas comerciais da região metropolitana de Goiânia, concluíram que os ovos lavados possuem melhor qualidade bacteriológica de casca do que ovos não-lavados, embora a lavagem não tenha sido eficaz na eliminação de coliformes fecais. Além disso, observaram que ovos lavados com clorhexidina apresentaram menor contagem de mesófilos nas cascas do que ovos lavados com hipoclorito de cálcio, caracterizando a clorhexidina como um sanitizante mais eficiente. Segundo Brasil (1990), os ovos destinados à industrialização devem ser previamente lavados de acordo 4382

com os requisitos estabelecidos pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), os quais incluem: • A lavagem deverá ser realizada totalmente por meios mecânicos, com adoção de procedimentos que impeçam a contaminação microbiana no interior do ovo; • A água utilizada para a lavagem de ovos deverá estar de acordo com o Art. 62 do RIISPOA e renovada de forma contínua, não permitindo, assim, a recirculação da mesma, sem que passe por sistema de recuperação adequado e que permita seu retorno à condição de potabilidade; • O equipamento de lavagem de ovos deverá ser higienizado ao final de cada turno de trabalho (4h) ou quando se fizer necessário, a critério do SIF; • A operação de lavagem deverá ser contínua e completada o mais rápido possível, não permitindo equipamentos de lavagem de ovos do tipo imersão; • Os ovos devem ser secados rapidamente após serem lavados, de forma contínua, quando destinados à comercialização in natura; • O local onde se encontra o equipamento de lavagem deve ser totalmente livre de odores estranhos;

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais

• Recomenda-se que a água de lavagem de ovos em natureza seja mantida em temperaturas de 35º a 45ºC, observando-se que a temperatura da água deve ser pelo menos 10ºC superior à temperatura dos ovos a serem lavados, e deverá manter-se de uma forma contínua enquanto durar a operação de lavagem; • É permitida a utilização de um sanitizante na água de lavagem desde que seja aprovado pela SIPA especificamente para a lavagem de ovos, recomendase ainda a utilização de equipamento com dosador; • Aconselha-se não utilizar compostos de cloro em níveis superiores a 50 ppm como sanitizante na água de lavagem de ovos em natureza; • Recomenda-se a não utilização de substâncias à base de iodo como sanitizante na água de lavagem de ovos; as águas servidas na lavagem deve-

70 a 90%. Com essa temperatura, a validade do ovo se estende até trinta dias após a postura (BRASIL, 1990).

rão estar devidamente canalizadas diretamente no sistema de esgotos; • Após a lavagem e secagem, deve-se ter o cuidado de evitar a recontaminação dos ovos nas etapas seguintes, observando-se os preceitos higiênicos recomendados na presente normativa; • Ovos em natureza não devem ser lavados na sala de quebra ou qualquer seção onde são realizados os procedimentos de industrialização após a quebra dos mesmos, excetuando-se nos casos de equipamentos automáticos de quebra de ovos.

conservação inferior apenas do tratamento com refrigeração. Segundo Santos et al. (2009), ovos mantidos em temperatura de refrigeração apresentaram melhor coloração da gema crua que os mantidos em temperatura ambiente.

Tempo de armazenamento e temperatura Após a postura, o ovo tende a perder qualidade de maneira contínua. Fatores como tempo, temperatura e umidade de estocagem influenciam diretamente na qualidade do ovo. A deterioração da qualidade interna do ovo está em função direta do tempo de armazenamento, e a conservação em baixas temperaturas é fator primordial de maneira a reduzir a perda de qualidade interna, preservando seu valor. A temperatura elevada na estocagem leva a perda de água do albúmen, sendo que a água livre se liga a proteínas e passa para a gema por osmose, comprometendo a qualidade da gema, uma vez que enfraquece a membrana vitelínica (BARBOSA et al., 2008). Além disso, a perda de água do albúmen afeta sua consistência, sua fluidez, sua altura e aumentando o pH do ovo. A temperatura recomendada pelo MAPA para conservação do ovo é de 8 a 15ºC com umidade relativa entre

Carvalho et al. (2003), Barbosa et al. (2008) e Ramos et al. (2010) avaliaram os efeitos da temperatura e do tempo de armazenamento na qualidade dos ovos, e concluíram que o aumento no tempo de armazenamento, assim como o armazenamento à temperatura ambiente, promoveram alteração na qualidade interna, obtendo queda nos valores de Unidade Haugh e altura de albúmen, evidenciando que as maiores perdas ocorreram em ovos que não foram refrigerados com controle de umidade relativa durante o armazenamento, como ocorre nos supermercados do país. Andrade et al. (2009) verificaram que ovos banhados em óleo mineral, que representou um bom método de

Tipo de embalagem Ramos et al. (2010) avaliaram ovos acondicionados em favos de polpa, metade em favos sem cobertura e a outra parte em favos com cobertura de filme plástico envolvendo esta embalagem. Não se verificou influências do tipo de embalagem com relação ao peso do ovo, altura do albúmen e porcentagem de casca, porém foi notória a diferença observada na unidade Haugh, sendo a embalagem fechada (com filme plástico), a melhor embalagem na preservação da qualidade interna dos ovos. A embalagem fechada impossibilitou a perda de água e de CO2 pelo ovo evitando a liquefação do albúmen denso. Esses resultados confirmam os encontrados por Xavier et al. (2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando que a queda na qualidade do ovo inicia-se logo após a postura e se prolonga rapidamente, técnicas de preservação da qualidade do ovo devem ser adotadas em todas as etapas de produção a fim de manter o potencial nutritivo do ovo para que então possa ser consumido. Fatores como idade da poedeira, tipo de embalagem, as condições e períodos de armazenamento influen-

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais

ciam diretamente na qualidade do ovo. Com o avanço da idade da ave, a qualidade interna e externa tende a piorar significativamente. Medidas de controle da qualidade como unidade Haugh, altura de albúmen e gravidade específica sofrem alterações negativas, assim como no aumento do tempo de armazenamento e no armazenamento a temperatura ambiente. O ideal seria que a refrigeração do ovo acontecesse no momento em que saísse da granja e que assim permanecesse até o consumo, uma vez que a refrigeração preserva a qualidade interna. Embalagem fechada com filme plástico foi considerada a melhor embalagem na preservação da qualidade interna. Com relação à lavagem dos ovos, estudos mostram que ovos lavados apresentam melhor qualidade bacteriológica do que ovos não lavados, lembrando que devem ser respeitados os requisitos estabelecidos pelo MAPA para a lavagem. Mais estudos são necessários para solucionar problemas de qualidade microbiológica e físico-química que ainda não foram solucionados. E a perspectiva é que se aumente significativamente a produção de alimentos seguros devido à pressão dos consumidores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, E.L.; OLIVEIRA, A.C.; PISSINATI, A. et al. Avaliação da qualidade de ovos em diferentes condições e períodos de armazenamento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 2009., Águas de Lindóia-SP, v.19, p. 1-4, BARBOSA, N.A.A.; SAKOMURA, N.K.M.; MENDONÇA, O. Qualidade de ovos comerciais provenientes de poedeiras comerciais armazenados sob diferentes tempos e condições de ambiente. Ars Veterinaria, v.24, n.2, p.127-133, 2008. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto nº 56.585, de 20 de julho de 1965. Aprova as novas especificações para a classificação e fiscalização do ovo. Brasília, DF, 1965. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 1, de 21 de fevereiro de 1990. Divisão de Inspeção de Carnes e Derivados. Normas Gerais de Inspeção de Ovos e Derivados. Brasília, DF, 1990. CAMARGO, R.; FONSECA, H.; PRADO FILHO, L.G. et al. Processamento e conservação de produtos 4384

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Fatores que afetam a qualidade dos ovos de poedeiras comerciais

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4385


Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total Farelo de algaroba, fibra indigestível, silagem de capim elefante.

Edileusa de Jesus dos Santos * Mara Lúcia de Albuquerque Pereira1 Paulo José Presídio Almeida1 Gleidson Giordano Pinto de Carvalho2 Tarcízio Vilas Boas Santos Silva3 Alana Batista dos Santos1

Revista Eletrônica

1

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Faculdade de Zootecnia. *E-mail: leuesb@yahoo.com.br. 2 Universidade Federal da Bahia, Departamento de Produção Animal, Salvador, Bahia. 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Santa Inês.

A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO Objetivou-se estimar a digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra de detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos totais (CT) e carboidratos não-fibrosos (CNF) por meio de indicadores internos fibra em detergente ácido indigestível (FDAi), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), matéria seca indigestível (MSi) e compará-los com a coleta total. Utilizou-se oito ovinos não castrados alimentados com o farelo de algaroba (FA) (Prosopis juliflora) em substituição a silagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum) nos níveis de 0; 15; 30 e 45% da MS. Os resíduos indigestíveis (MSi e FDNi) foram determinados após 240 horas de incubação in situ enquanto que, para determinação dos teores de (FDAi) os alimentos, sobras e fezes foram incubados por 264 horas no rúmen de dois novilhos mestiços (¾ Holandês vs. ¼ Zebu), fistulados no rúmen. O indicador FDAi mostrou-se mais adequado para estimar a digestibilidade dos nutrientes em relação à FDNi e MSi, por se assemelhar (P<0,05) aos valores obtidos pelo método de coleta total de fezes. Palavras-chave: farelo de algaroba, fibra indigestível, silagem de capim Elefante.

DIGESTIBILITY ESTIMATED BY INTERNAL INDICATORS COMPARED TO TOTAL COLLECTION ABSTRACT This study aimed to estimate the digestibility of dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP), ether extract (EE), acid detergent fiber (ADF), neutral detergent fiber (NDF), total carbohydrates (TC) and non-fiber carbohydrates (NFC) through internal indicators indigestible acid detergent fiber (iADF), indigestible neutral detergent fiber (iNDF), indigestible dry matter (iDM) and compare them with the total collection. We used eight uncastrated sheep fed bran mesquite (BM) (Prosopis juliflora) replacing silage elephant grass (Pennisetum purpureum) at levels of 0; 15; 30 and 45% DM. Indigestible residues (iDM and iNDF) were determined after 240 hours of incubation while in situ, to determine the levels of (iADF) foods, leftovers and feces were incubated for 264 hours in the rumen of two crossbred steers (¾ Dutch vs. ¼ Zebu), rumen. The indicator iADF was more appropriate for estimating the digestibility of nutrients in relation to iNDF and iDM, to resemble (P<0.05) to the values obtained by the method of total collection. Keywords: elephant grass silage, indigestible fiber, mesquite meal.

1

4386


Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total

INTRODUÇÃO O Nordeste brasileiro é uma região que enfrenta situações adversas de clima. Tais adversidades aliadas a escassez de alimento e a inadequação dos manejos alimentar e reprodutivo contribuem diretamente para que ocorra baixa produtividade animal. Para suprir essa escassez, tem se buscado alimentos que não venham competir com a alimentação humana, além de considerar fatores como a elevada disponibilidade durante todo o ano bem como a facilidade de aquisição na região. Apesar dos fatores adversos, a região vem se destacando na criação de pequenos ruminantes por possuir grande diversidade de forrageiras com elevado potencial de utilização. Esses alimentos, considerados alternativos devem possuir um valor nutritivo semelhante aos convencionais de maneira que possam substituir parcialmente os alimentos concentrados tais

do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira em Itapetinga - Bahia. Foram utilizados oito carneiros da raça Santa Inês, machos não castrados, adultos, com peso corporal de 32±10 kg. Os animais foram alojados em gaiolas metabólicas de 1,0 x 0,8 m (0,80 m2) adaptadas para coleta total de fezes. Cada gaiola era dotada de comedouro, bebedouro e saleiro. Os animais foram distribuídos em dois quadrados latinos balanceados 4 x 4, com períodos experimentais de 15 dias de duração sendo, 10 dias para adaptação à dieta e 5 para coleta de dados. Os tratamentos constituíram da substituição parcial da silagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum) por 0; 15; 30 e 45% de farelo de algaroba (FVA) (Prosopis juliflora). A composição química do farelo de algaroba e da silagem de capim-elefante está descrita na Tabela 1.

como o milho, o trigo e a soja, normalmente utilizados na alimentação humana e animal e sofrem variações de preço por conta da sazonalidade contribuindo para o aumento de custos. Partindo desse pressuposto, o farelo de algaroba vem se destacando por possuir características intermediárias entre alimentos concentrados e volumosos podendo contribuir para um acentuado crescimento do animal e um desempenho produtivo satisfatório como fonte energética em substituição ao milho. Segundo Freitas et al. (2002) a caracterização do valor nutritivo dos alimentos envolve consumo, digestibilidade e eficiência de utilização do alimento. Sendo a digestibilidade um parâmetro importante para essa avaliação; Contudo, a determinação desta por intermédio do método tradicional de coleta total de fezes requer controle rigoroso da ingestão e excreção, o que o torna trabalhoso e oneroso (BERCHIELLI et al, 2006). O que levou à idealização de outros métodos, nomeados de métodos indiretos, dos indicadores ou dos marcadores (SILVA, 2002).

As dietas foram fornecidas duas vezes ao dia, às 7:30 e 16:00 h, ad libitum de modo a permitir de 5 a 10% de sobras. Os consumos diários foram determinados pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras, que foram coletadas e pesadas uma vez ao dia. Os alimentos oferecidos, sobras e fezes foram pesadas e amostras foram coletadas do 11° ao 15° dias, e acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas a -20 °C, para posteriores análises químicas seguin-

Objetivou-se com este trabalho comparar os métodos indiretos de determinação da digestibilidade aparente total pelo uso de indicadores internos fibra em detergente ácido indigestível (FDAi), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), matéria seca indigestível (MSi) com a coleta total de fezes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Unidade Experimental de Caprinos e Ovinos da Universidade Estadual

TABELA 1. Composição química do farelo de algaroba e da silagem de capim Elefante. Nutrientes (% MS)

Alimentos Farelo de algaroba

Silagem de capim Elefante

MS

88,90

30,14

MO

97,94

97,10

MM

2,05

2,54

PB1

12,01

6,47

FDN

31,34

77,70

FDA

27,51

70,96

LIG

5,30

12,12

CEL

24,38

59,50

HCEL

3,83

67,30

EE

1,16

2,81

CNF

58,99

13,83

MS: matéria seca, MO: matéria orgânica, MM: matéria mineral, PB: proteína bruta, FDN: fibra solúvel em detergente neutro, FDA: fibra solúvel em detergente ácido, LIG: lignina, CEL: celulose, HCEL: hemicelulose, EE: extrato etéreo e CNF: carboidratos não-fibrosos.

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4387


Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total

do os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002). Para cada tratamento determinou-se a digestibilidade matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos totais (CT) e carboidratos não-fibrosos (CNF). Para determinação da matéria seca indigestível (MSi), dos teores de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e da fibra em detergente ácido indigestível (FDAi) e utilizou-se a técnica in situ, assim, amostras de alimentos, sobras e fezes foram incubados por 240 e 264 horas, respectivamente, no rúmen de dois novilhos mestiços (¾ Holandês vs. ¼ Zebu), fistulados, em duplicata, em sacos de tecido não-tecido (TNT - 100 g/m²), na quantidade de 20 mg MS/cm². Após o período de incubação os sacos foram removidos, lavados e as amostras foram pesadas para obtenção da MSi e os demais submetidos à análise de FDNi e FDAi segundo Casali et al. (2008). Os procedimentos de comparação entre os métodos por coleta total de fezes e de cada indicador foram realizados de forma independente dos efeitos fixos de tratamento e quadrado latino, por intermédio do ajustamento de modelo de regressão linear simples dos valores preditos e observados, testando-se as estimativas dos parâmetros de regressão sob as seguintes hipóteses: H0: B0 = 0 Ha: B0 ≠ 0

H0: B1 = 1 Ha: B1 ≠ 1

Em caso de não-rejeição de ambas as hipóteses de nulidade, optou-se pela similaridade entre valores preditos e observados. Em situação contrária, nova equação de regressão foi traçada, suprimindo-se o parâmetro relativo ao intercepto (modelo reduzido), estimando-se o vício global das estimativas segundo Detmman et al. (2005): B(%) = ( βˆ − 1) ×100

Em que: B = vício global das estimativas (%); β^= estimativa do coeficiente angular da equação ajusta4388

da sem a consideração do parâmetro intercepto (modelo reduzido). As análises estatísticas foram realizadas por intermédio do PROC REG do programa SAS (2004), adotando-se nível de α= 0,05 de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o indicador FDAi verificou-se não-rejeição (P>0,05) de ambas as hipóteses de nulidade avaliadas para as digestibilidades aparente total da MS, EE, MO, PB e CT assim, o vício global não-significativo (Tabela 2). Quanto a digestibilidade da FDN ocorreu rejeição (P<0,05) das hipóteses de nulidade associadas ao intercepto, entretanto, não foi verificada significância daquelas associadas ao coeficiente de inclinação o que indica a presença de vício global de -26,88%. Os resultados para a digestibilidade do FDA e CNF nos quais ambas as hipóteses de nulidade foram rejeitadas (P<0,01), indicam a presença de vícios em suas estimações de -17,54 e -0,99%, respectivamente, indicando que ocorreu subestimação dessas variáveis (Tabela 2). Esses resultados podem ser atribuídos aos elevados coeficientes de variação para o indicador na estimação das digestibilidades. Para os valores obtidos a partir da comparação entre os valores de digestibilidade da coleta total com os estimados pelo FDNi, (Tabela 3) nota-se que ocorreu a não-rejeição (P>0,05) das hipóteses de nulidade para as digestibilidades de MS, EE, MO e CT. Foi observado um vício global não-significativo, o que não foi verificado para as digestibilidades de FDN, FDA, PB e CNF notando-se rejeição da hipótese de nulidade (P<0,01) com valores de vício global de +5,61% e +60,25% para FDA e PB e de -2,17% e -0,25% para FDN e CNF, respectivamente. Véras et al. (2005) trabalhando com níveis crescentes de palma forrageira em substituição ao milho verificaram que FDNi foi eficiente em determinar a digestibilidade ao compararem como método de coleta total de fezes. O mesmo foi constatado por Barros et al. (2009) que encontraram menores vícios para o FDNi ao compararem os indicadores internos FDNi, FDAi e MSi e o indicador externo óxido crômico à coleta total de fezes.

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Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total

TABELA 2. Estimativas de parâmetros de regressão e níveis descritivos de probabilidade (Valor-P) associados às hipóteses de nulidade para as relações entre digestibilidade dos nutrientes obtida a partir da coleta total (variável independente) e do indicador FDAi (variável dependente). Regressão Linear

Item

Intercepto C.total

FDAi

CV(%)

Estimativa

Valor-P

MS2

49,27

38,30

31,20

-11,02

EE

2

54,00

46,24

17,24

FDN2

35,79

27,38

17,31

FDA2

35,45

31,98

32,13

MO

53,93

44,57

47,27 94,96

2

PB

2

CT

2

CNF

2

79,63

Coeficiente de Inclinação Estimativa

Valor-Pb

Vício global1

0,5803

1,00

0,9986

*****

-4,57

0,4853

0,94

0,6172

*****

13,98

0,0297

0,37

*****

-26,88%

22,24

0,0002

0,27

0,0001

-17,54%

23,23

-11,90

0,4437

1,04

0,8686

*****

39,97

23,51

-4,19

0,5705

0,93

0,6670

*****

93,80

1,16

-78,64

0,0001

1,81

0,0001

*****

96,51

0,87

-81,95

0,0001

1,82

0,0001

-0,99%

a

H0: β0 = 0; Ha: β0 ≠ 0 . H0: β1 = 1; Ha: β1 ≠ 1. Em virtude da rejeição da hipótese associada ao coeficiente de inclinação para o DMS, DMO, DEE, DPB, DFDA, DFDN, DCT, DCNF o vício global foi estimado segundo a proposição de Detmman et al. (2005): Β(%) = ( βˆ − 1) × 100 ; 2 g/100 g de MS a

b

1

TABELA 3. Estimativas de parâmetros de regressão e níveis descritivos de probabilidade (Valor-P) associados às hipóteses de nulidade para as relações entre digestibilidade dos nutrientes obtida a partir da coleta total (variável independente) e do indicador FDNi (variável dependente). Regressão Linear

Item

MS2 EE

Intercepto C.total

FDNi

CV(%)

Estimativa

Valor-P

49,27

46,66

15,38

16,43

Coeficiente de Inclinação Estimativa

Valor-Pb

Vício global1

0,1756

0,61

0,1162

*****

a

54,00

52,65

13,55

1,76

0,7662

0,94

0,5907

*****

2

35,79

36,53

23,01

17,46

0,0016

0,53

*****

-2,17%

2

FDA

35,45

40,59

18,43

25,48

0,0001

0,42

0,0001

+5,61%

MO

2

53,93

52,03

12,71

12,15

0,2242

0,73

0,1588

*****

47,27

79,01

5,10

63,29

0,0001

0,33

0,0001

+60,25%

94,96

94,66

0,79

-40,17

0,0009

1,41

0,0009

*****

97,35

0,34

-16,57

0,0001

1,16

0,0001

-0,25%

2

FDN

PB2 CT2 CNF

2

97,63

H0: β0 = 0; Ha: β0 ≠ 0 . H0: β1 = 1; Ha: β1 ≠ 1. Em virtude da rejeição da hipótese associada ao coeficiente de inclinação para o DMS, DMO, DEE, DPB, DFDA, DFDN, DCT, DCNF o vício global foi estimado segundo a proposição de Detmman et al. (2005): Β(%) = ( βˆ − 1) × 100 ; 2 g/100 g de MS a

b

1

Em relação a digestibilidade estimada pela MSi comparada com a coleta total, não houve rejeição para os valores de MS, EE, MO e CT (Tabela 4). Contudo, ocorreu rejeição para (P<0,01) os valores de FDN, FDA surgindo assim um vício de +13,89% e +19,72%, respectivamente. Já para digestibilidade da PB os vícios foram de +9,86%, com superestimação dessa variável, que diferiram do valor encontrado para digestibilidade de CNF (P<0,01) que ocorreu uma subestimação de -0,003%.

Diante do exposto observa-se que todos os indicadores foram eficientes na determinação da digestibilidade da MS, EE, MO e CT. Independente do indicador utilizado os vícios globais observados para o CNF foram extremamente reduzidos sendo de -0,99; -0,25 e de -0, 003% para FDAi, FDNi e MSi, respectivamente. Contudo, o FDAi mostrou-se mais acurado na estimação da digestibilidade dos nutrientes seguido pelo FDNi e MSi indicando que os valores obtidos à partir do FDAi se aproximaram dos valores da coleta total de fezes.

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Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total

Tabela 4. Estimativas de parâmetros de regressão e níveis descritivos de probabilidade (Valor-P) associados às hipóteses de nulidade para as relações entre digestibilidade dos nutrientes obtida a partir da coleta total (variável independente) e do indicador MSi (variável dependente). Regressão Linear

Item

Intercepto C.total

MSi

CV(%)

Estimativa

Valor-P

MS2

49,27

51,93

1,97

3,65

EE

2

54,00

57,62

2,85

FDN2

35,79

43,00

7,39

FDA2

35,45

46,55

MO

53,93

2

PB

2

CT

2

CNF

2

Coeficiente de Inclinação Estimativa

Valor-Pb

Vício global1

0,7241

0,98

0,9221

*****

11,86

0,058

0,84

0,1700

*****

25,95

0,0001

0,47

*****

+13,89%

6,39

33,24

0,0001

0,37

0,0001

+19,72%

56,74

0,48

11,75

0,1927

0,83

0,3158

*****

47,27

53,19

4,07

24,31

0,0002

0,61

0,0029

+9,86%

94,96

95,20

0,63

-10,20

0,2489

1,11

0,2380

*****

97,60

0,21

-4,85

0,0001

1,04

0,0001

-0,003%

97,63

a

H0: β0 = 0; Ha: β0 ≠ 0 . H0: β1 = 1; Ha: β1 ≠ 1. Em virtude da rejeição da hipótese associada ao coeficiente de inclinação para o DMS, DMO, DEE, DPB, DFDA, DFDN, DCT, DCNF o vício global foi estimado segundo a proposição de Detmman et al. (2005): Β(%) = ( βˆ − 1) × 100 ; 2 g/100 g de MS a

b

1

Watanabe et al. (2010) afirmaram que resultados das análises laboratoriais para obtenção do resíduo em detergente ácido em dietas compostas por concentrados são menos variáveis devido à ausência da hemicelulose, isso, explica parte das divergências na estimativa dos coeficientes de digestibilidade, por ser este, provavelmente o componente responsável pelas variações encontradas nos diversos experimentos com indicadores internos que utilizam FDNi para os cálculos de digestibilidade aparente total.

processo de digestão, devido, por exemplo, a perdas de material pelos poros do saco de náilon.

Verificam-se que fatores inerentes aos alimentos refletem diretamente sobre o uso e escolha dos indicadores e que, além dos teores de carboidratos fibrosos, o tipo e o arranjo estrutural também interferem (CARVALHO & PIRES, 2008). Assim, quanto mais fibrosa for a dieta mais acurada é a estimativa da digestibilidade.

O resultado deste trabalho diferiu daquele encontrado por Silva et al. (2009) que adicionando bagaço de mandioca na silagem de capim-elefante, reportaram que o indicador FDAi superestimou a produção fecal e subestimou a digestibilidade de MS e de FDN e a FDNi subestimou a excreção fecal e superestimou a digestibilidade da MS e da FDN. Essas diferenças na determinação da digestibilidade com a utilização de indicadores internos devem-se à natureza da dieta utilizada uma vez que quanto mais fibrosa é a dieta maior a quantidade dos componentes indigestíveis o que reflete em melhor estimativa da digestibilidade.

Portanto, Berchielli et al. (2005) afirmaram que o conhecimento da constituição fibrosa do alimento é importante, pois, pode afetar a taxa e extensão de degradação, necessitando assim, diferir ou não o tempo de incubação do alimento. Esses autores ainda citam como responsáveis pela grande variação entre os indicadores internos a seletividade da dieta pelos animais e perdas durante a incubação. Piaggio et al. (1991) e Rodrigues et al. (2010) que relacionaram as variações nas estimativas da digestibilidade a problemas na filtragem durante as análises e à variação no 4390

Kozloski et al. (2009) afirmaram que o grau de recuperação fecal da MSi e da FDNi não foi completo e altamente variável entre os ensaios. Atribuíram a incompleta recuperação do indicador à digestão e/ ou absorção parcial, à modificação físico-química ao longo do trato digestivo ou a deficiências dos procedimentos analíticos.

Ferreira et al. (2009) avaliando indicadores internos em estudo com ruminantes afirmaram que FDNi quando se utiliza a cana-de-açúcar como volumoso, é o indicador que proporciona maior acurácia em estimar a digestibilidade, semelhante à coleta total de fezes. Já para dietas compostas por silagem de milho

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Digestibilidade estimada por indicadores internos comparados a coleta total

como volumoso, o FDAi foi o que mostrou melhor resultado. Cabral et al. (2008) alimentando bovinos com dietas a base de silagens de milho, capim-elefante e feno de capim-Tifton 85 reportaram que FDNi gerou melhores estimações de digestibilidade aparente total da matéria seca. Detmann et al. (2007), afirmaram ainda que o FDAi a concentração reduzida de FDAi em amostras de alimentos e fezes pode se constituir em um entrave para a utilização deste indicador , o que o torna mais sensível a erros sistemáticos decorrentes de falhas ou ausência de padronização dos métodos analíticos. Detmann et al. (2001), estudaram os indicadores internos FDAi, FDNi e MSi, observaram que FDNi e MSi constituíram as melhores alternativas para a determinação indireta da digestibilidade da dieta e do consumo da matéria seca, enquanto os valores obtidos pela FDAi apresentaram comportamento variável em virtude do acúmulo de erro ocasionado pela análise sequencial. Esses resultados corroboram com diversos trabalhos reportados na literatura. Entretanto, difere dos resultados encontrados neste trabalho uma vez que, o FDAi mostrou-se mais acurado na estimação da digestibilidade da maioria dos nutrientes, provavelmente porque as análises para a obtenção do resíduo de FDAi foi realizado de forma não sequencial, o que possibilitou estimativas mais exatas. O tempo de 264 horas de incubação para a obtenção do resíduo de FDAi, possivelmente também contribuiu para tais divergências pois, os resultados relatados na literatura, em sua maioria, são referentes a amostras incubadas por 144 horas, embora, sejam encontrados tempos de 72 horas o que segundo Berchielli et al. (2000) resulta em dados inconsistentes pela falta de padronização do tempo de incubação uma vez que, quanto maior o tempo de incubação, maior a reprodução real da digestibilidade no trato digestivo inferior. CONCLUSÃO O indicador FDAi obtido após 264 horas de incubação ruminal mostrou-se adequado na estimativa da digestibilidade da matéria seca, extrato etéreo, matéria orgânica, proteína bruta e carboidrato total sendo, semelhante aqueles obtidos pelo método de coleta total de fezes. O FDNi e a MSi estimaram adequadamente a digestibilidade da matéria seca, extrato

etéreo, matéria orgânica e carboidrato total e matéria seca, extrato etéreo, matéria orgânica e carboidrato total, respectivamente, ambos obtidos após 240 de incubação ruminal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, E. E. L.; FONTES, C. A. A.; DETMANN, E.; VIEIRA, R. A. M.; HENRIQUES, L. T.; FERNANDES, A. M. Vícios na estimação da excreção fecal utilizando indicadores internos e óxido crômico em ensaios de digestão com ruminantes. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.10, p.2015-2020, 2009. BERCHIELLI, T. T., ANDRADE, P.; FURLAN, C. L. Avaliação de indicadores internos em ensaios de digestibilidade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, p.830-833, 2000. BERCHIELLI, T. T.; OLIVEIRA, T. T.; CARVALHO, E. N. V. M.; FEITOSA, J. V.; LOPES, A. D. Comparação de marcadores para estimativas de produção fecal e de fluxo de digesta em bovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p.987-996, 2005. BERCHIELLI, T. T.; GARCIA, A. V.; OLIVEIRA, S. G. Principais técnicas de avaliação aplicadas em estudos de nutrição. In: BERCHIELLI, T. T.; PIREZ, A. V.; OLIVEIRA, S. G. (Eds.) Nutrição de ruminantes. Jaboticabal: FUNEP, 583p, 2006. CABRAL, L. S.; VALADARES FILHO, S. C.; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J. T.; SOUZA, A. L.; VELOSO, R. G. Avaliação de indicadores na estimação da excreção fecal e da digestibilidade em ruminantes. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.9, n.1, p.29-34, 2008. CARVALHO, G. G. P.; PIRES, A. J. V. Organização dos tecidos de plantas forrageiras e suas implicações para os ruminantes. Archivos de Zootecnia, v.57, n.1, p.13-28, 2008. CASALLI, A. O.; DETMANN, E.; VALADARES FILHO, S. C.; PEREIRA, J. C.; HENRIQUES, L. T.; FREITAS, S. G.; PAULINO, M. F. Influência do tempo de incubação e do tamanho de partículas sobre os teores de compostos indigestíveis em alimentos e fezes bovinas obtidos por procedimentos in situ. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.2, p.335342, 2008. DETMANN, E.; PAULINO, M. F.; ZERVOUDAKIS, J. T.; VALADARES FILHO, S. C.; EUCLYDES, R. F.;

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Efeito de fatores antinutricionais encontrados nos alimentos alternativos e seu impacto na alimentação de não ruminantes - revisão

Revista Eletrônica

Alimentos alternativos, nutrição animal, não ruminantes.

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO As formulações de rações se dão pela combinação de vários alimentos de forma a atender corretamente as exigências nutricionais dos animais monogástricos. No Brasil existem vários alimentos alternativos como milho, arroz, farelo de soja e algodão que podem ser utilizados na alimentação das aves. No entanto, conhecer os valores de composição química e energética desses alimentos é importante para que sejam desenvolvidos programas de alimentação eficientes a custos mínimos. Na exploração da avicultura industrial, alternativa, ou caipira, que utilize como base alimentar a ração concentrada, o custo da alimentação representa cerca de 70-90% dos custos totais, devido à disponibilidade do milho e farelo de soja sofrerem variações em função da região e época do ano, gerando oscilações nos preços dessas matérias primas. Palavras-chave: alimentos alternativos, nutrição animal, não ruminantes.

Tiago Vieira de Andrade1; Raimundo Nonato Vieira Santos2; Diêgo Jânio Araújo3; Daniela de Sá Braulino3; Marco Van Bastem Teixeira Pereira de Moura3; Laylson da Silva Borges4 Pós-Graduando em Zootecnia na Universidade Federal do Piauí/UFPI/ CPCE – Bom Jesus-PI 2 Engenheiro Agrônomo, Graduado na Universidade Federal do Piauí/UFPI/ CPCE – Bom Jesus-PI 3 Graduandos em Ciências Biológicas na Universidade Federal do Piauí/ UFPI/CPCE – Bom Jesus-PI 4 Pós-Graduando em Ciência Animal na Universidade Federal do Piauí/UFPI/ CCA – Teresina-PI 1

FACTORS EFFECT ANTINUTRITIONAL FOUND IN ALTERNATIVE FOOD AND ITS IMPACT ON NON -RUMINANT - REVIEW ABSTRACT The feed formulations are given by the combination of various foods in order to properly meet the nutritional requirements of monogastric animals. In Brazil there are several alternative foods such as corn, rice and soybean meal and cotton can be used in poultry feed. However, knowing the chemical composition and energy value of these foods is important for efficient power programs be developed at minimal cost. In operating the poultry industry, alternative, or rustic, using as a base feed concentrate diet, the feed cost is about 70 – 90 % of the total cost due to the availability of corn and soybean meal suffer variations by region and time of year, generating fluctuations in the prices of these raw materials. Keywords: alternative foods, animal nutrition, non-ruminants.

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Efeito de fatores antinutricionais encontrados nos alimentos alternativos e seu impacto...

INTRODUÇÃO O termo “fator antinutricional” tem sido usado para descrever compostos ou classes de compostos presentes numa extensa variedade de alimentos de origem vegetal, que quando consumidos, reduzem o valor nutritivo desses alimentos. Eles interferem na digestibilidade, absorção ou utilização de nutrientes e, se ingeridos em altas concentrações, podem acarretar efeitos danosos à saúde, como diminuir sensivelmente a disponibilidade biológica dos aminoácidos essenciais e minerais, além de poder causar irritações e lesões da mucosa gastrintestinal, interferindo assim, na seletividade e eficiência dos processos biológicos. O conhecimento da presença de fatores antinutricionais e/ou tóxicos, que possam afetar o valor nutricional se faz cada vez mais necessário, tem-se assim, por exemplo, os taninos que tem habilidade em precipitar proteínas, os fitatos que podem formar complexos com proteínas e minerais e os oxalatos que podem precipitar com o cálcio, formando cristais insolúveis e cálculos renais nos indivíduos. Na avicultura brasileira, os gastos com alimentação representam cerca de 70 a 90% dos custos totais, sendo que o milho e o farelo de soja compõem a maior parte do custo da ração. A falta de informações técnicas limita, ou mesmo impede, a utilização de alimentos alternativos (MURAKAMI et al., 2009) e, por isso, promover estudos para tornar possível a substituição, parcial ou total, dos ingredientes mais onerosos de forma econômica é um fator que contribui para a viabilização da produção. Deste modo a utilização de ingredientes alternativos ao milho e farelo de soja nas rações, além de uma necessidade para reduzir custos de produção, é uma oportunidade de encontrar outras fontes energéticas que substituam sem ocorrer prejuízos no desempenho animal (GARCIA et al., 2011). Portanto o objetivo dessa revisão e abordar o efeito de fatores antinutricionais encontrados nos alimentos alternativos e seu impacto na nutrição de não ruminantes. REFERENCIAL TEÓRICO O milho e o farelo de soja são os ingredientes vegetais muito utilizados em dietas para frangos de corte, 4394

constituindo em fontes energéticas e protéicas, respectivamente. Contudo, inúmeras são as tentativas de buscar alimentos alternativos que possam maximizar o potencial produtivo das aves e diminuir os custos com dietas, considerando que os gastos com alimentação, equivalem a cerca de 80% dos custos totais de produção (RAMOS et al., 2006). A soja em razão de seu valor nutritivo e também de sua disponibilidade no mercado brasileiro, passou a ser encarada como importante matéria-prima na fabricação de dietas para aves. Entretanto, para utilizá-la nas dietas desses animais, é necessário inativar os fatores antinutricionais presentes em sua constituição (SAKOMURA et al., 2004). A extrusão é um dos métodos de processamento onde o incremento de temperatura e pressão são responsáveis pela desativação de toxinas contidas no grão sem que haja perda nutricional (BRUMANO & GATTÁS, 2004). Atualmente, a safra nacional dos cereais e oleaginosas situa-se em torno de 160,70 milhões de toneladas (IBGE, 2012), mas esta oferta não cobre a demanda, levando a uma valorização mercantilista ou preços internacionais (commodities) no que se refere ao milho e a soja, principais matérias-primas alimentares para avicultura industrial, e assim, ao elevar o custo de produção avícola (ANTUNES, 2011), tem fomentado a ação investigativa por alternativas alimentares que viabilizem rendimento produtivo e retorno econômico de sistemas de produção semi-intensivo ou tipo caipira. O bioma semiárido equatorial na região nordeste brasileira possui diferenciada disponibilidade vegetativa para a alimentação animal, entretanto, certas limitações intrínsecas às plantas forrageiras, como a presença de alguns fatores antinutricionais, podem prejudicar a digestibilidade de proteínas e aminoácidos, a disponibilidade de minerais e vitaminas, bem como, interferir na metabolização ou exigência energética das aves (ARRUDA et al., 2010; COSTA et al., 2007). Plantas potencialmente forrageiras como a leucena (Leucaena leucocephala), matapasto (Senna obtusifolia), rama ou maniva de mandioca (Manihot esculenta) e a flor de seda (Calotropis procera), merece destaque devido ao seu uso na alimentação animal mediante simples processo de fenação, que permite estocar estes alimentos e atenuar efeitos indesejáveis de certas substâncias fotoquímicas (OLIVEIRA et al., 2005).

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Desta maneira, a avaliação nutricional de alimentos alternativos com aves de linhagens destinadas ao sistema de produção semi-intensivo ou tipo caipira, representa ação investigativa de alto valia técnica e científica, considerando a escassez de informações diante da diversidade regional brasileira. O uso de óleos e gorduras na alimentação das aves é amplamente discutido, em razão dos benefícios que podem ser proporcionados e do alto custo que representam na dieta. Portanto o óleo de soja degomado, o qual é obtido por meio dos processos de extração e degomagem do óleo de soja cru, tem como principal objetivo o baixo custo e o elevado conteúdo energético de 8.331 kcal/kg de energia metabolizável (NASCIF et al., 2004). A literatura evidencia que esse óleo é uma fonte aceitável de energia suplementar para frangos, sendo ricos em ácidos graxos poli-insaturados (FREITAS et al., 2005). Na exploração da avicultura industrial, alternativa, ou caipira, que utilize como base alimentar a ração concentrada, o custo da alimentação representa cerca de 70% do custo total, devido à disponibilidade do milho e farelo de soja sofrerem variações em função da região e época do ano, gerando oscilações nos preços dessas matérias primas. no entanto, uma das formas de diminuir os custos da alimentação é a utilização de alimentos alternativos. (NASCIMENTO et al., 2005; PASCOAL et al., 2006; PELIZER et al., 2007) Feijão guandu cru na alimentação de frangos caipiras criados em sistema semi-intensivo A criação de aves para a produção de carne do tipo caipira, no sistema semi-intensivo, é um dos segmentos da avicultura que tem se mostrado promissor (SANTOS et al., 2005). A carne produzida apresenta sabor diferenciado, que agrada ao paladar dos consumidores à procura de alimentos com maiores atributos de qualidade (CARRIJO et al., 2010). O desafio nesse tipo de criação é tornar a produção mais eficiente, ao diminuir os custos com a alimentação, sem perder as características dos produtos. O aumento na demanda por fontes de proteína e o seu alto custo tem estimulado pesquisas que buscam novas alternativas para substituir as tradicionais fontes proteicas, principalmente a do farelo de soja. O feijão guandu [Cajanus cajan (L.) Millsp.] é uma dessas alternativas,

pois apresenta boas quantidades de proteína bruta, que variam entre 22 e 27% segundo, Amaefule et al. (2011). Além disso, é uma leguminosa resistente à seca, fator importante para sua cultura em regiões semiáridas (VIEIRA et al., 2001). Entretanto, o feijão guandu, como outras leguminosas, apresenta fatores antinutricionais, como inibidores de proteases (tripsina e quimotripsina) e hemaglutininas, que podem diminuir a digestibilidade dos nutrientes, o que afeta o desempenho animal. Os efeitos dos inibidores de proteases em animais não ruminantes alimentados com leguminosas cruas geralmente são observados em alterações metabólicas do pâncreas, como o aumento da secreção enzimática, com consequente hipertrofia e hiperplasia do órgão (BRITO et al., 2006; LEITE et al., 2012). Para tentar amenizar esse problema, as sementes de feijão têm sido submetidas ao tratamento térmico que encarece o custo das rações e o custo final da produção de frangos, segundo Hajos & Osagie, 2004 , ao avaliar a inclusão de 26% de farelo da semente do feijão guandu cru ou processado (cozido ou tostado) na dieta de frangos de corte da linhagem Anak 2000, na fase inicial de 1 a 28 dias, constataram menor digestibilidade da proteína bruta e menor desempenho das aves. Já Amaefule et al. (2011), em pesquisa com frangos de corte da linhagem Marshal, também na fase inicial de criação, concluíram que o feijão guandu cru pode ser utilizado nas proporções de 30 e 40%, desde que as rações sejam suplementadas com metionina e metionina+lisina, respectivamente. Segundo estes autores, o menor desempenho observado nas aves que receberam a ração com guandu sem a suplementação pode ser atribuído à presença de fatores antinutricionais, especialmente o inibidor de tripsina. Na literatura, ainda são escassos os dados referentes à utilização do feijão guandu cru na dieta de frangos caipiras. Essas aves apresentam crescimento lento e respostas diferenciadas em relação às das aves de crescimento rápido (SANTOS et al., 2005); assim, há a necessidade de pesquisas que apontem a viabilidade da utilização dessa fonte protéica alternativa, bem como a quantidade adequada para o bom desempenho das aves. Benefício da casca de soja na alimentação dos animais não ruminantes A soja é também uma das principais commodities mundiais e seu preço é determinado pela negociação

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do grão nas principais bolsas de mercadoria. Por ser um grão de várias utilidades, tem uma demanda mundial de consumo superior a 180 milhões de toneladas. O farelo de soja é um dos ingredientes protéicos mais utilizados nas formulações das rações animais. Nas rações de não ruminantes o farelo tem alto teor de proteína proporcionado por uma maior separação da casca da soja. Para os ruminantes o valor protéico do farelo é menor tendo inclusão da casca de soja para diminuir o teor de proteína. A casca de soja torna-se atraente pelo aspecto quantitativo, entretanto, por ser um ingrediente alternativo, ou seja, tem pouca tradição nas dietas dos animais, pode ser alvo de preconceitos quanto ao seu valor nutritivo e efeito no desempenho e na saúde dos animais. Muitos produtores são resistentes a determinados tipos de alimentos, devido ao pouco conhecimento com relação aos aspectos mencionados anteriormente. Do ponto de vista nutricional, a casca de soja é um suplemento energético, chegando a 80% do valor energético do milho (grão), porém com valor de fibra muito acima daquele proporcionado pelo milho. Alguns pesquisadores, (BERNARD & MCNEIL 1995; FISCHER et al., 1992; SARWAR et al., 1991), a consideram como um produto intermediário entre volumoso e concentrado, semelhante ao que ocorre a outros subprodutos agroindustriais, como a polpa cítrica e resíduo de cervejaria. Apesar do elevado teor de fibra, a digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN) pode alcançar 95% segundo, Stern & Ziemer, 1993; No entanto, mesmo apresentando alta proporção de FDN e sendo altamente digestível, muitos pesquisadores considera a casca de soja como alimento concentrado em vez de volumoso Hintz et al., 1964, concluiu que coelhos alimentados com rações contendo maior nível de amido e com as rações contendo casca de soja, apresentaram maior atividade fermentativa e maior enriquecimento nutricional do conteúdo cecal. A contribuição nutricional da cecotrofia foi otimizada nos coelhos alimentados com as rações com maior nível de amido, mas similar para as diferentes fontes de fibra. A qualidade nutricional do alimento depende, basicamente, da composição e da disponibilidade biológica 4396

de seus nutrientes, e da presença de fatores tóxicos e antinutricionais. Farelo de arroz em dietas suplementadas com fitase para frangos de corte A alimentação, segundo vários autores, é um dos fatores mais relevantes da produção de frangos de corte, ocupando aproximadamente dois terços do custo final desta atividade. As rações fornecidas às aves têm como ingrediente básico o milho e a soja, e estes ingredientes possuem custos altos, variando de preço em função de uma série de fatores ditados pelo mercado e pelos fatores climáticos, sem contar que esses produtos têm uma aceitação dentro da alimentação humana. Assim, existe uma busca constante dos pesquisadores por ingredientes alternativos. O farelo de arroz integral (FAI), proveniente do beneficiamento do arroz, mostra-se como ingrediente interessante para alimentação de aves. Segundo Torin (1991), esse ingrediente pode conter uma variação de 10 a 20% de amido, dependendo do polimento. Em relação ao conteúdo em energia metabolizável para aves e proteína, há muita variação no FAI, podendo ser de 2.534 kcal kg-1 e 13,24% PB (ROSTAGNO et al., 2005) a 2.980 kcal kg-1 e 8,5% PB Santos et al. (2004), afirmam que o FAI é uma matéria-prima disponível no mercado brasileiro, e pode ser utilizado nas dietas, para diminuir os custos de produção, substituindo o milho, que é a matéria prima que mais dispêndio custos às rações avícolas Já o fósforo é indicado como o terceiro ingrediente mais caro em uma ração para monogástricos, ficando atrás somente da proteína, particularmente dos aminoácidos sulfurados e da lisina. De acordo com Camiruaga et al. (2001), informam que a retenção dos minerais melhora quando se adiciona fitase microbiana às dietas basais com cereais, e em baixas condições das quantidades de fontes inorgânicas destes elementos que são ótimas sendo, consequentemente, suas excreções reduzidas. Desempenho de frangos de corte alimentados com torta de girassol O farelo de girassol (FG) resultante da extração do óleo da semente de girassol é considerado uma fon-

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te protéica e pode ser empregado parcialmente como alternativa à utilização do farelo de soja nas rações para frangos de corte. O uso de subprodutos da agroindústria na alimentação animal, além de agregar valor aos mesmos, reduz o seu potencial de poluição ambiental e ameniza a competição por alimentos com a população humana. A obtenção do FG baseia-se na extração contínua do óleo utilizando solvente e após este processo, o material segue para tostagem e resfriamento, gerando um produto com valores de proteína bruta ao redor de 28% (ROSA et al., 2009; TAVERNARI et al., 2010). A torta de girassol é a massa obtida do processo de prensagem a frio dos grãos de girassol, por meio de prensas mecânicas, para obtenção do óleo bruto, e consiste em um recurso alimentar pouco explorado, principalmente em rações para aves. A sua composição bromatológica, descrita na literatura, apresenta variações. Antoszkiewicz, Tywonczuc e Matusevicius (2004) relataram valores de 27,54% de proteína bruta (PB), 15,05% de extrato etério (EE), 25,15% de fibra bruta (FB) e 5,92% de cinzas, enquanto que Fonseca et al. (2007a) encontraram 22,64% de PB, 28,04% de EE, 19,34% de FB e 4,25% de cinzas. Essas variações são devidas, principalmente, à variedade genética e ao tipo e regulagem de prensa utilizada no processamento dos grãos (OLIVEIRA et al., 2007). No entanto, um dos maiores entraves à sua maior utilização é a escassez de informações quanto à composição química dos diferentes cultivares, sendo que a determinação do nível energético tem ocupado lugar de destaque, uma vez que a energia regula o consumo de alimento para a maioria das espécies de animais domésticos, gerando a necessidade do estabelecimento de uma relação com os demais nutrientes essenciais (KOLLING; RIBEIRO; KESSLER, 2001). CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo exposto, e de grande importância o conhecimento dos fatores antinutricionais presentes nos diversos alimentos, assim como os níveis ótimos de inclusão a serem utilizados nas rações, possibilitando assim um melhor aproveitamento dos nutrientes sem afetar na saúde dos animais.

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Principais aspectos da interrelação nutrição e imunidade em aves sob estresse Imunologia aviária, moduladores nutricionais, sistema imune.

Danilo Vargas Gonçalves Vieira *; Carla Fonseca Alves ; Fernanda Luz Alves1; Iberê Pereira Parente1; Ana Carolina Muller Conti1; Marilu Santos Souza1; Thiago Sousa Melo2; Danilo Teixeira Cavalcanti2; Natália Lívia de Oliveira Fonteles2; Camila Sousa Vilanova1; Ecione Martins Silva1 1

Universidade Federal do Tocantins, Campus Araguaína, Araguaína-TO. *Email: danilovargaszoo@hotmail.com 2 Universidade Federal da Paraíba, Campus III, Areia-PB. 1

RESUMO A interação entre a nutrição e a imunologia em aves compreende a área de conhecimento que, nos últimos anos, têm recebido importantes contribuições de pesquisas científicas e ganhando espaço com recentes normas de mercado que impossibilitam o uso de quimioterápicos na avicultura. A nutrição como ferramenta para modular o sistema imunológico, têm se tornado fato real não apenas em estados patológicos de imunodepressões, como também para a manutenção de estados saudáveis em aves sem comprometimento do seu sistema imune. A alta prioridade do sistema imune para os nutrientes é baseada na observação de que uma restrição alimentar moderada é suficiente para prejudicar a taxa de crescimento, mas não prejudica os índices de imunocompetência. Assim sendo, os níveis da maioria dos nutrientes que maximizam a produção geralmente proporcionam substrato adequado para o sistema imune funcionar satisfatoriamente. Diversos nutrientes têm sido pesquisados com intuito de melhorar a resposta imune. De acordo com os autores essas pesquisas foram eficazes em modular a resposta imune frente há uma nutrição adequada. Palavras-chave: imunologia aviária, moduladores nutricionais, sistema imune.

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Revista Eletrônica

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

MAJOR ASPECTS OF THE INTERRELATIONSHIP OF NUTRITION AND IMMUNITY IN BIRDS UNDER STRESS ABSTRACT The interaction between nutrition and immunology in poultry comprises the area of knowledge that have received important contributions to scientific research in recent years , and gaining ground with latest market standards that prohibit the use of chemotherapeutic agents in poultry . Nutrition as a tool to modulate the immune system , have become actual fact not only in pathological states imunodepressões , but also for maintaining healthy states in birds without compromising your immune system. A high priority for the nutrients the immune system is based on the observation that a moderate dietary restriction is sufficient to impair the growth rate, but not affect the indices of immunocompetence. Thus, the levels of most nutrients that maximize production generally provide adequate substrate for the immune system to function satisfactorily. Several nutrients have been studied with the aim of improving the immune response. According to these studies the authors were effective in modulating immune response against no adequate nutrition. Keywords: avian immunology, immune system, nutrition modulators.


Principais aspectos da inter-relação nutrição e imunidade em aves sob estresse

INTRODUÇÃO Animais submetidos a um estresse desencadeiam diversos mecanismos para contornar tal situação, mecanismo esses dispendiosos para a vida animal, prejudicando o desempenho das aves. Quando o estresse passa por um longo período, tornando-se crônico, outros sistemas como o imunológico começa a ser afetado e, acarreta prejuízos maiores. O equilíbrio entre a boa funcionalidade do sistema imune (imunocompetência) e os desafios de campo é o fator determinante da saúde de um animal. O sistema imunológico das aves opera de acordo com os mesmos princípios do sistema imunológico dos mamíferos (SHARMA, 1981). A nutrição desempenha papel importante na imunidade, pois as reações do sistema imunológico também necessitam de energia e de vários nutrientes. A ativação do sistema imune demanda recursos orgânicos que podem comprometer o bom desempenho animal, isso porque, quando ativado, o sistema imune desvia parte de proteínas, vitaminas, energia e minerais para a reação inflamatória e diminui a disponibilidade deste para produção de carne e ovos. Uma das áreas da pesquisa que mais tem atraído à atenção dos técnicos em avicultura é a imunomodulação por meio da nutrição. Há estudos nos quais os efeitos de doses de vitaminas, minerais e aminoácidos sobre a imunidade humoral e celular têm sido relatados. A presente revisão tem por objetivo observar as possíveis relações do sistema imune animal frente ao estresse e, a nutrição imposta a esses animais, como mecanismo de melhorar o desempenho produtivo. Estresse O conceito de estresse foi apresentado inicialmente por Hans Selye em 1936, tendo havido posteriormente um crescente interesse dos pesquisadores quanto à identificação dos agentes estressores, bem como dos eventos fisiológicos envolvidos na resposta ao estresse. O estresse é comumente definido como uma condição ou estado em que a homeostase do organismo é

perturbada, como resultado de estímulos estressores. É uma sucessão de eventos, envolvendo a participação de diferentes sistemas do organismo em resposta a agentes estressores, como fatores climáticos, hiperpopulação, infecções, exercício físico intenso, desnutrição, ruído, odor, entre muitos outros (KIOUKIA-FOUGIA et al., 2002). Segundo Macari & Furlan (2002), no hipotálamo existem neurônios responsivos ao calor, os quais são ativados quando a temperatura corporal aumenta, induzindo o animal a ter respostas de perda de calor por meio do aumentar da dissipação de calor e redução da produção metabólica de calor; enquanto os neurônios responsivos ao frio são ativados quando a temperatura corporal está baixa e, induz as respostas de conservação de calor. O conceito de “set-point” termorregulador reside na influência recíproca dos sensores de frio e de calor sobre o sistema controlador da temperatura corporal. Assim, quando as atividades dos neurônios responsivos ao calor e ao frio se igualam, a produção será igual à perda de calor e a temperatura será mantida estável. Este ponto de atividade é denominado set-point, que no caso das aves domésticas está em torno de 41°C. Neste sentido, a manutenção da temperatura corporal das aves é função de mecanismos de produção e, perda de calor. Consequências do estresse De um modo geral, a consequência primária do estresse é uma alteração sobre a homeostase orgânica do animal. Neste sentido, em certo momento o animal não consegue manter a homeostasia, a consequência, mesma que rápida e eventual, será um prejuízo ao bem estar animal (FRASER & BROOM, 1990). As aves são animais homeotérmicos, com cobertura corporal dotada de penas, que favorecem o isolamento térmico, mas dificulta a troca de calor com o meio. Além disso, não apresentam glândulas sudoríparas e possui reduzida capacidade de troca térmica, na forma latente, fato esse justificado por seu sistema termorregulador ser mais adequado para reter calor do que para dissipá-lo (FURLAN, 2006). Desta forma, o estresse por calor é um dos maiores entraves na produção de frangos, principalmente em regiões onde predominam altas temperaturas, devido

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Principais aspectos da inter-relação nutrição e imunidade em aves sob estresse

ao baixo desempenho, a imunossupressão e a alta mortalidade (MUJAHID et al., 2007). Quando expostas ao calor, as aves ativam mecanismos fisiológicos responsáveis pela dissipação de calor e diminuem sua produção metabólica. Simultaneamente, alteram seu comportamento, abrindo as asas e mantendo-as afastadas do corpo, também aumentam o fluxo sanguíneo para a superfície corporal a fim de facilitar a dissipação do calor para o ambiente. Se ainda não for suficiente, há o aumento da frequência respiratória, ocasionando perdas excessivas de dióxido de carbono (CO2). Assim, a pressão parcial de CO2 (pCO2) diminui, levando à queda na concentração de ácido carbônico (H2CO3) e hidrogênio (H+) na tentativa de manter o equilíbrio ácido-base da ave. Esta alteração é denominada alcalose respiratória (FURLAN & MACARI, 2008). O aumento dos movimentos respiratórios também desencadeia uma maior contração da musculatura envolvida na respiração, gerando mais calor ao animal que pode levá-lo a hipertermia, além do desperdício energético para manutenção da estabilidade fisiológica (FURLAN & MACARI, 2008). Somado a isso, a produção de calor nesses animais é particularmente alta, pois sua taxa de crescimento é suportada pelo elevado consumo alimentar, cuja eficiência de utilização de energia metabolizável é de apenas 40%, sendo o restante perdido na forma de calor (TEETER,1994). Portanto, ao sofrerem estresse por calor, as aves reduzem o consumo de alimento e a eficiência digestiva, a fim de diminuir a produção de calor metabólico e manter a homeotermia. No entanto, menos nutrientes são disponibilizados para o metabolismo, resultando em menor taxa de crescimento (ABU-DIEYEH, 2006). Segundo Geraert et al. (1996) a taxa de produção de calor metabólico é reduzida quando as aves são expostas a temperaturas elevada. Assim, a taxa de turnover protéico, que representa a síntese e a degradação de proteína, também é influenciada pela temperatura ambiente, pois gera grande quantidade de calor. Segundo Yunianto et al. (1997), estas mudanças podem ser causadas por alterações nas funções hormonais. 4402

De acordo com esses pesquisadores o hormônio corticosterona pode exercer uma importante função no controle do turnover protéico da musculatura esquelética em aves. Em estudo conduzido com frangos de corte desafiados pelo calor (30 e 34ºC), eles observaram aumento na concentração plasmática de corticosterona e na taxa de quebra da proteína muscular (FURLAN et al., 2006). Este hormônio está associado ao estresse, sendo utilizado como um indicador em aves e, é produzido como resultado final de uma cadeia de eventos envolvendo o fator liberador de corticotropinas do hipotálamo induzindo a liberação de corticotropina da pituitária, que por sua vez estimula a liberação de corticosterona do córtex adrenal. Alterações nos níveis de corticosterona plasmática podem ter efeitos secundários em outros sistemas hormonais como conversão de noradrenalina em adrenalina ou a produção de hormônios da glândula tireoide que podem gerar amplos efeitos como a imunossupressão (WHITEHEAD et al., 2003). Os hormônios tireoideanos: Tiiodotironina (T3) e Tiroxina (T4) têm sido considerados os mais importantes no controle dos processos metabólicos das aves, influenciando o crescimento e, a eficiência alimentar, o consumo de oxigênio, a síntese e metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios; a termogênese e a composição corporal (LAWRENCE & FOLLER, 1997). Estes hormônios são relacionados ao metabolismo animal (SAHIN et al., 2002), apresentam suas concentrações plasmáticas influenciadas negativamente pela temperatura ambiental (YAHAV et al., 1997). Jonier & Huston (1957) verificaram redução no tamanho da glândula tireoide em frangos de corte estressados por calor, o que resultou em redução da atividade desta glândula e em redução da taxa metabólica. Yahav et al. (1997) trabalhando com frangos de corte estressados por calor (35°C), observaram redução no peso do fígado das aves, provavelmente em razão da redução na taxa metabólica. Oliveira et al. (2002), encontraram redução nos pesos relativos do fígado e do coração de frangos de corte sob estresse térmico (32°C).

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Principais aspectos da inter-relação nutrição e imunidade em aves sob estresse

O sistema sangüíneo também é sensível às mudanças de temperatura, consistindo num importante indicador das respostas fisiológicas das aves a agentes estressores (LAGANÁ et al., 2005a). De acordo com Yahav et al. (1997), o aumento da temperatura ambiente, reduziu a concentração de hemoglobina de 10,34 para 9,77g dL-1 e aumentou o hematócrito em frangos submetidos a estresse agudo por calor. Laganá et al. (2005b) verificaram que o ambiente influenciou a concentração de hemoglobina e de heterófilos. De acordo com os últimos autores, a diminuição no hematócrito em altas temperaturas estaria associada com a necessidade de reduzir a viscosidade do sangue durante a vasodilatação. Inter-relação: nutrição vs sistema imune A saúde das aves é um fator com profundas implicações para a indústria avícola, devido aos desafios sanitários associados com as práticas de produção intensiva, envolvendo as variáveis de manejo, genética e nutrição. As aves precisam de mecanismos de defesa contra agentes infecciosos e resistir à sua proliferação, o que pode resultar em doença, sendo o sistema imunológico das aves, o responsável por sua defesa (KLASING, 2007) Nutrientes têm papel direto na imunologia por servirem de substrato e cofatores enzimáticos para multiplicação celular durante a resposta imune (fagócitos, linfócitos) e para a síntese de moléculas efetoras (anticorpos, complemento, óxido nítrico, lisozimas) ou moléculas de comunicação (citocinas, mediadores inflamatórios) (KLASING et al., 1980; KLASING, 2007). Eles também podem ter um efeito indireto na resposta imune ao modificarem as vias de comunicação intra e extracelulares (citocinas) ou limitar efeitos indesejáveis de moléculas efetoras. Por fim, o sistema imune é regulado por diversos hormônios, muitos dos quais respondem a nutrientes como glicose, relação proteína/energia, etc (GENTON & KUDSK, 2003). O custo nutricional de uma resposta imune vigorosa ainda não foi quantificado de forma acurada para as diversas espécies. No entanto, sabe-se que o sistema imune é relativamente resistente a deficiências nutricionais, pois é o sistema prioritariamente atendido pelos nutrientes disponíveis. Em termos quantitativos, as necessidades de nutrientes para manter o sistema

imune, bem como para proliferação de leucócitos e para produção de anticorpos durante uma infecção, são muito pequenas se comparadas com as necessidades para crescimento. A fase aguda da resposta imune que acompanha a maioria das infecções parece ser maior consumidora de nutrientes do que o próprio sistema (KLASING, 1998; KLASING, 2007). Surpreendentemente, em aves, períodos curtos de fome (24 horas) aumentam os níveis de imunidade celular e humoral, sendo que o sobre consumo de alimento tem o efeito oposto, diminuindo a produção de imunoglobulinas (KLASING, 1992; KLASING, 2007). A alta prioridade do sistema imune para os nutrientes é baseada na observação de que uma restrição alimentar (ou protéica) moderada é suficiente para prejudicar a taxa de crescimento, mas não prejudica (frequentemente melhora) os índices de imunocompetência (KLASING et al., 1980). Assim sendo, os níveis da maioria dos nutrientes que maximizam a produção geralmente proporcionam um substrato adequado para o sistema imune funcionar satisfatoriamente, já que os experimentos desenvolvidos no Brasil e que compõe as exigências da Tabela Brasileira de Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2011), é determinado com animais em laboratórios, livres de patógenos que afetem o desempenho. Quando receptores específicos para o TNFα do cérebro das aves são ativados, a liberação de hormônios como GHRH (hormônio de liberação do hormônio de crescimento) e TRH (hormônio de liberação da tireotropina) é significantemente reduzida, reduzindo assim, a taxa metabólica e o crescimento (ELSASSER et al., 1997). Uma estimativa grosseira do tamanho do sistema imune pode ser obtida pela soma do número de leucócitos do corpo da ave. Esse cálculo revela que por volta de 0,42% do corpo é constituído de leucócitos e seus progenitores (KLASING, 1998). O total de anticorpos encontrados no sangue contribui com menos que 0,10% do peso do corpo de um frango (LEBACQVERHEYDEN et al., 1974). As taxas normais de síntese de imunoglobulinas (Ig) em frangos jovens são menores que 0,02% do peso do corpo/dia. A taxa de síntese de Ig específicas au-

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menta drasticamente durante um desafio infeccioso, enquanto a taxa de síntese de Ig totais aumenta moderadamente. Com essas quantificações, a quantidade aparente de substrato necessário para suprir o sistema imune é muito menor se comparados com as necessidades para o crescimento ou para a produção de ovos (KLASING, 1998).

Entre eles estão os aminoácidos aromático, a cisteína, a glicina e a serina (GRIMBLE, 1989). Entretanto, pouco sucesso tem sido observado com a suplementação de aminoácidos, como método para atenuar o catabolismo proteico durante uma resposta de fase aguda, especialmente em frangos (WEBEL et al., 1998 a,b).

Por exemplo, o peso de novos leucócitos e Igs normalmente produzidas cada dia (por volta de 800 mg/ kg de peso vivo) parecem ser menos que 1% do aumento total do peso do corpo de frangos de corte com duas semanas de idade e menos que 10% da quantidade de proteína muscular sintetizada por dia no músculo do peito (KLASING, 1998).

Claramente, a resposta de fase aguda é um processo tanto liberador (catabolismo do músculo esquelético), quanto consumidor de nutrientes (síntese de proteínas de fase aguda - febre). Devido ao aumento na demanda hepática de aminoácidos para suportar a gliconeogênese e, a síntese de proteínas de fase aguda, provavelmente o custo de aminoácidos de uma resposta de fase aguda seja maior que as relativas necessidades dos leucócitos, que respondem a

Klasing & Calvert (1999) verificaram o consumo de lisina em frangos de corte desafiados com lipopolissacarídeos comparados com controles. No grupo controle, a manutenção do sistema imune utilizou 1,2% da lisina consumida, divididos entre a leucopoiese (41%) e a síntese de imunoglobulinas (59%). Já no grupo desafiado, 6,7% da lisina consumida foi utilizada para manter a resposta imune, e a maior parte deste percentual (em torno de 70%), foi utilizada para a síntese de proteínas de fase aguda. Durante uma resposta de fase aguda, perda de proteína, retardo no crescimento e anorexia são observados em humanos e animais (BREUILLE et al., 1998; VOISIN et al., 1996). A perda de proteína do corpo ocorre principalmente no músculo por uma combinação de acentuada proteólise e diminuição da síntese proteica (BARACOS, 2000; BREUILLE et al., 1998). Aminoácidos liberados do músculo são utilizados para a síntese de proteínas de fase aguda, defesa contra o estresse oxidativo e ativação do sistema imune (REEDS & JAHOOR, 2001). Ativação do sistema imune induz um aumento na síntese proteica do baço (BREUILLE et al., 1998), bursa (KLASING & AUSTIC, 1984), linfócitos (PAPET et al., 2002) e o fígado (BREUILLE et al., 1998; KLASING & AUSTIC, 1984) em particular, com as proteínas de fase aguda (BREUILLE et al., 1998). Tem sido sugerido que os requerimentos de certos aminoácidos são aumentados durante uma infecção. 4404

um desafio infeccioso. Por outro lado, é sabido que para diversos nutrientes tais como zinco, ferro, cobre e lisina, as quantidades liberadas (principalmente do músculo) são suficientes para manter as necessidades das respostas de fase aguda e imune, durante um desafio (KOH et al., 1996). Resultados experimentais recentes O grande sucesso da pecuária nacional é em função de pesquisas desenvolvidas no Brasil em diversas áreas do conhecimento, Agronômico, Zootécnico e Veterinário. Sem dúvida alguma a nutrição desempenha papel importante, não só pela relevância em termo de custo com produção, mas também pelo papel imprescindível que os ingredientes utilizados e, os nutrientes fornecidos, têm no organismo animal. Há muito tempo pesquisada fora do país, mais que agora ganha tremenda importância no cenário nacional, a modulação do sistema imune através da dieta, é cada vez mais necessária, uma vez que, a proibição de promotores de crescimento na dieta é uma realidade. Como os desafios sanitários que os animais são acometidos ao longo da vida produtiva, seu desempenho pode ser comprometido. O contato com antígenos causam uma ativação do sistema imune e, um esgotamento das reservas energéticas, com desvio de

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nutrientes, antes para mantença e, produção, agora para combater o invasor. Melhorar as dietas práticas com intuito de modular a resposta imune é fundamental, para o bom desempenho animal e, talvez uma saída para melhorar os ganhos de produção dos animais que, já podem estar chegando ao patamar de ganho, atingindo o seu limite fisiológico. Diversos nutrientes têm sido pesquisados, ao longo dos anos, com intuito de melhorar a resposta imune. Pesquisas com aminoácidos (BARTELL & BATAL, 2007; KADAM et al., 2008; PEREZ-CARBAJAL et al., 2010), vitaminas (LESSARD & HUTCHINGS, 1997; ASLAM et al., 1998; YANG et al., 2000; LIN et al., 2002; PANDA et al., 2008; NIU et al., 2009; RUIZ-FERIA & ABDUKALYKOVA, 2009; PEREZ-CARBAJAL et al., 2010; SOUZA et al., 2011; RAMA RAO et al., 2011), minerais (VIRDEN et al., 2004; SUNDER et al., 2006), extratos de plantas (HANIEH et al., 2010; MALAYOGLU et al., 2010; LEE et al., 2010; ARIZA-NIETO et al., 2011; AMERAH et al., 2012; JERZSELE et al., 2012; HANIEH et al., 2012), probíóticos e prebióticos (KHAKSEFIDI & GHOORCHI, 2006; KARIMI TORSHIZI et al., 2010; CHE et al., 2011; QIU et al., 2012; YITBAREK et al., 2012; DENG et al., 2012; TAKAHASHI, 2012) e, lipídeos (MORAES et al., 2012). Kadam et al. (2008) trabalhando com treonina na dieta de frangos de corte em nutrição in ovo observaram que, os resultados nos levam a sugerir que as injeções de 20 a 30mg de treonina em saco vitelino pode melhorar o crescimento pós-eclosão e beneficamente influenciar as respostas humorais de frangos de corte. Para Bartell & Batal1 (2007) a suplementação de glutamina modifica a produção de anticorpos que podem fornecer um caminho para fortalecer a imunidade e proteção de pintos contra vários agentes patogênicos. No entanto, efeitos em longo prazo a imunomodulação induzida pela suplementação de glutamina sobre a resistência das aves criadas comercialmente em relação a desafios infecciosos ainda deve ser investigado. Perez-Carbajal et al. (2010) verificando a resposta imune de frangos de corte alimentados com diferen-

tes níveis de arginina e vitamina E para uma vacina contra coccidiose e desafiados com Eimeria observou que os resultados mostraram que níveis elevados de vitamina E associados à niveis noramis de arginina na dieta, são capazes de melhorar tanto os níves de monócitos quanto de heterófilos, quando as aves foram alimentadas com níveis mais elevados de vitamina E, arginina, do que aqueles recomendados pelo NRC (1994), tiveram uma melhor resposta imune após um desafio por Eimeria. Ja Niu et al. (2009) trabalhando diferentes níveis de vitamina E para desempenho e resposta imune de frangos de corte sob estresse por calor, demonstraram que vitamina na dieta aumenta o número de macrófagos e à capacidade fagocítica de macrófagos, contudo o estresse por calor reduziu significativamente o número de macrófagos e à capacidade fagocítica dos macrófagos. Os autores sugerem que a suplementação de vitamina E na dieta pode melhorar a imunocompetência de frangos de corte quando criados em condições de estresse por calor. Souza et al. (2011) trabalhando com frangos alimentados com rações com vitamina C e E em ambientes de alta temperatura, observaram que, a suplementação com vitaminas C e/ou E não influencia o desempenho, o peso do baço, a concentração plasmática de triiodotironina e o número de linfócitos e heterófilos de frangos de corte mantidos no período de 1 a 42 dias de idade em ambiente de alta temperatura. Rama Rao et al. (2011) avaliando o efeito de diferentes fontes lipídicas para frangos de corte, e sua resposta imune, observaram que o óleo de girassol, óleo de palma ou de cártamo podem ser usados nas dietas de frangos de corte, sem afetar o desempenho, respostas imunes, e a oxidação lipídica. Dietas com 10 mg/kg é suficiente para ótimo desempenho. Embora o crescimento e a eficiência alimentar, maiores concentrações na dieta (50 e 100 mg/kg) melhoram as respostas mediadas por células imunitárias. Panda et al. (2008) trabalhando em conjunto com vitamina C e E sobre a resposta imune de poedeiras Leghorn em condições de alta temperatura. Esses autores observaram que, aves alimentadas com vitamina E (125 mg/kg) e vitamina C (200 mg/kg) pode

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aliviar os efeitos do estresse térmico sobre o desempenho produtivo, e as respostas imunes. Lin et al. (2002) trabalhando com níveis de vitamina A na dieta e seu efeito na produção de ovos e nas respostas imunes de galinhas estressadas pelo calor, observaram que, a suplementação de vitamina A pode ser vantajosa para galinhas em estresse. A produção de anticorpos e proporção de linfócitos T não foi afetada pelo tratamento térmico. Galinhas sofrendo de estresse de calor imediatamente após a vacinação precisam de uma maior quantidade de vitamina A para uma máxima produção de anticorpos e linfócitos T. Virden et al. (2004) avaliando fontes de zinco e manganês para matrizes e seus efeitos na resposta imune da progênie observaram que, os suplementos dietéticos de zinco e manganês em dietas de reprodutoras pesadas podem melhorar as funções cardíacas e a produção de alguns parâmetros do sistema imunológico de seus descendentes. Os autores ainda concluíram que novas pesquisas devem abordar a capacidade destes metais traço em dietas de galinha para permitir que a progênie possa superar desafios infecciosos. Sunder et al. (2006) avaliaram altas suplementações de manganês para melhor absorção de outros minerais e melhores parâmetros imunológicos para frangos de corte. Os autores concluíram que o manganês presente na dieta basal (37 ppm) foi adequado para suportar o crescimento ótimo e imunidade em frangos de corte até 28 dias de idade. A suplementação de manganês no nível 100 ppm para a dieta basal melhorou a mineralização óssea e reduziu as incidências de anormalidade nas pernas. Níveis mais altos de manganês até 800 ppm não tiveram nenhuma vantagem. Aumentar os níveis de manganes de 1600 até 3200 ppm teve um impacto negativo sobre o ganho de peso, consumo de ração, diminuição na retenção de cálcio, fósforo e zinco e na competência imunológica. A suplementação de 100 ppm de manganês otimizou o desempenho com um melhor perfil de minerais nos ossos e, uma melhor competência imunológica em frangos corte. Hanieh et al. (2010) trabalhando com extratos de Allium sativum (alho) and Allium cepa (cebola) para frangos 4406

Leghorn, e a resposta no sistema imunológico, verificaram que, embora na maioria dos casos não houvesse efeitos imediatos da suplementação dietética Allium em resposta imunidade humoral, após a imunização primária, a produção de anticorpos foi melhorada em resposta para a imunização secundária. Sugere-se que a suplementação com Alliums, em adequados níveis, pode influenciar beneficamente as funções do sistema imunitário e, fornecer alternativa futura no controle de doenças de frango. Ainda Hanieh et al. (2012) estudando os efeitos imunomoduladores das plantas do gênero Allium (cebola e alho) in vitro sobre linfócitos e macrófagos de frangos Leghorn, concluíram que o extrato de alho tinha efeitos estimulantes in vitro em linfócitos e macrófagos e, o extrato de cebola, tinha limitado efeito estimulante sobre macrófagos. Em outro estudo com suínos desafiados, recém-desmamados e, suplementação de CLA nas dietas, Moraes et al. (2012) verificaram que a resposta imune dos leitões foi benéfica. A suplementação com CLA em 1% na dieta, resultou num aumento de IgG e anticorpos. Assim, o CLA é um nutracêutico que aumenta a imunidade humoral, mas os níveis de CLA maiores do que 1% podem suprimir a produção de anticorpos. Outras variáveis imunológicos, juntamente com o desempenho, não foram afetadas pelo CLA dietético, mesmo na presença de desafio com LPS. Este resultado indica que o CLA não foi eficaz para inverter ou melhorar o estresse induzido. O uso do LPS foi um modelo eficiente para induzir o estresse imunológico. No entanto, é possível que 100 mg/kg de LPS é demasiadamente elevado, sendo uma dose que causou o estresse além da capacidade do CLA de afetar outras variáveis imunológicas. CONCLUSÃO Umas das prioridades com imunomodulação é o fato dos animais de produção estarem sempre em ambientes com algum estresse, mesmo que momentâneo. A ativação do sistema imune é dispendiosa para os animais, fazendo com que haja um desvio de energia para compensar a mobilização do organismo para combater o “invasor”, fazendo com que os animais percam desempenho produtivo. A nutrição com benefícios para melhoria no sistema imune é uma realidade necessária, tanto pela proi-

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Imunonutrição em aves e suínos: fundamentos e imunonutrientes Imunomoduladores, nutrientes, monogástricos.

Revista Eletrônica

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO A saúde animal é um ponto crítico no sistema de produção. Alguns nutrientes imunomoduladores podem fortalecer a imunidade de animais saudáveis e melhorar as respostas imunológicas de animais doentes. Imunomoduladores são substâncias que atuam no sistema imune conferindo aumento da resposta orgânica contra determinados micro-organismos, incluindo vírus, bactérias e protozoários. Objetivou-se, com esta revisão, abordar a influência da nutrição, bem como alguns dos principais nutrientes com ação imunomoduladora no sistema imune de aves e suínos. Palavras-chave: imunomoduladores, nutrientes, monogástricos.

Verônica Lisboa Santos*¹ Cristiéle Lange Contreira¹ Géssica Farina² Fabiane Pereira Gentilini³ Marcos Antonio Anciuti³ Fernando Rutz4 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas – UFPel. *E-mail: vls_agro@yahoo.com.br. ² Graduanda em Zootecnia na Universidade Federal de Pelotas - UFPel ³ Professor Instituto Federal Sul-rio-grandense, campus Visconde da Graça 4 Professor Adjunto Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas. 1

IMMUNONUTRITION IN POULTRY AND SWINES: FUNDAMENTALS AND IMMUNONUTRIENTS ABSTRACT Animal health is a critical point in the production system. Some immunomodulatory nutrients are used in the nutrition of these animalss, which can strengthen the immunity of healthy animals and improve immune responses of sick animals. Immunomodulators are substances that act in the immune system providing, increase of the organic answer against microorganisms, including virus, bacteria and protozoa. So aim with this review discuss the influence of nutrition and some of principal nutrients with immunomodulatory properties on immune system of birds and swines. Keywords: immunomodulators, nutrients, monogastrics.

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Imunonutrição em aves e suínos: fundamentos e imunonutrientes

INTRODUÇÃO O sistema imunológico é definido como o conjunto de células, tecidos e moléculas que agem como intermediários na defesa do organismo contra as infecções, conferindo imunidade, sendo essa a sua função fisiológica (ABBAS, et al., 2007) e compreende duas divisões funcionalmente diferentes: inata e adaptativa. De maneira geral, a principal diferença entre estes dois componentes do sistema imunológico reside nos mecanismos e receptores utilizados para o reconhecimento imunológico (MEDZHITOV et al., 2000).

sistema imune do hospedeiro contra o agente patogênico (JOHNSON et al., 2001). Como consequência, o desempenho zootécnico é geralmente deprimido (JOHNSON, 1997).

Segundo Calder (2003), o potencial para modular a atividade do sistema imunitário por meio de intervenções com nutrientes específicos é denominado imunonutrição. Este conceito pode ser aplicado a qualquer situação em que uma fonte de nutrientes é

NUTRIENTES IMUNOMODULADORES Ácidos graxos A quantidade e o tipo de gordura alimentar podem modular as funções imunes. Tanto excesso quanto deficiência podem ser perigosos para o sistema imune (RI-

usada para modificar as respostas inflamatórias ou imunitárias.

BEIRO et al., 2008). Os níveis de ácidos graxos ɷ-6 e ɷ-3 são muito importantes na imunomodulação. O metabolismo destes dois ácidos graxos é competitivo, pois sua elongação ou desnaturação são dependentes de um mesmo conjunto de enzimas. O metabolismo do ɷ-3 contrabalança estes efeitos negativos formando leucotrienos menos ativos biologicamente com o ácido linoleico conjugado (CLA), sugere que seu efeito imune é devido a um perfil anti-inflamatório (O’SHEA et al., 2004).

...”a sugestão de que existe uma relação sinérgica entre a desnutrição e infecção foi feita no final de 1950. Diversos estudos tem demonstrado os efeitos adversos de episódios infecciosos no status nutricional do indivíduo e o aumento da suscetibilidade a infecções em indivíduo subnutridos...” (SHETTY, 2010).

Substratos com ação imunomodulatória foram identificados em macro e micro nutrientes. O modo de ação individual e seus efeitos clínicos são pesquisados nas diferentes espécies animais (SUCHNER et al., 2000). Sistemas de produção altamente intensivos, como a avicultura e suinocultura, levam os animais ao contato com variada gama de micro-organismos potencialmente patogênicos. Contudo, a manifestação de doenças infecciosas ou patológicas é relativamente rara devido ao sistema imunológico altamente desenvolvido apresentado por estes animais. Porém, a atuação do sistema imunológico parece ter um custo nutricional, uma vez que existem estudos mostrando que animais criados em ambientes considerados sanitariamente piores crescem mais lentamente e consomem menos alimento do que animais criados em ambientes mais limpos (WILLIANS et al., 1997). Ocorre que, nestas situações, alguns nutrientes que seriam direcionados para o crescimento do animal podem ser redirecionados para auxiliar a resposta do 4412

Diante deste contexto, faz-se necessária uma análise mais aprofundada da bibliografia disponível e pesquisas realizadas, explanando os resultados obtidos por diversos autores sobre os efeitos e perspectivas do uso de substratos imunomodulatórios sobre o sistema imune de aves e suínos.

O alto consumo de ácido linoleico (precursor da síntese de eicosanóides da série par, com características pró-inflamatórias) Kelley, (2001) favorece o aumento do conteúdo de ácido araquidônico nos fosfolipídios das membranas celulares, aumentando, consequentemente, a produção de prostaglandina PG (E2) substâncias que participam numa vasta gama de funções corporais, como a contração e relaxamento dos músculos, dilatação e constrição dos vasos sanguíneos, controle da pressão sanguínea e na modulação da inflamação, leucotrienos LT (B4) - responsáveis pelos efeitos de resposta inflamatória pela produção de histamina, tromboxanos A2 (TXA2) - que promovem agregação plaquetária, adesão leucocitária e contração da musculatura lisa (HANNAS, 2010) como um resultado da degradação metabólica de ácido araquidônico. Em contrapartida, o metabolismo de ácidos graxos da série ɷ-3, como eicosapentanóico (EPA), docosahexaenoico (DHA) e alfa linolênico (LN) inibem a degra-

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dação de ácido araquidônico, favorecendo a síntese de eicosanóides da série ímpar, como a PGE3, TXA3 e LT (B5), que possuem características antiinflamatórias (KELLEY, 2001). O ácido linolênico tem como principais fontes as plantas e animais marinhos, (principalmente os fitoplânctons e as algas) e os óleos de peixe. Já, o ácido linoleico pode ser encontrado em grande abundância nas sementes de plantas oleaginosas, principalmente nos óleos de soja, milho, girassol e nas castanhas (ANDRADE e CARMO, 2006). Vitaminas Algumas vitaminas, mais notavelmente A, D e E, desempenham papel fundamental na regulação da imunidade (TIZARD, 2014). Geralmente os nutricionistas fornecem níveis mínimos necessários para o máximo desempenho e lucro, acrescidos de margem de segurança baseados em experiências práticas (RUTZ et al., 2004). Vitamina E: Esta vitamina tem a capacidade de modular algumas respostas inflamatórias, regular a produção de prostaglandinas e leucotrienos, minimizar danos resultantes de ações citotóxicas, além da melhora na ação fagocítica em aves jovens (RUTZ et al., 2004). Segundo Tizard, (2014), as respostas de linfócitos ao mitógeno pokeweed são maiores em suínos com altos níveis de vitamina E. De acordo com Rutz et al, 2004 as células do sistema imunológico e fagocitário são caracterizadas por apresentarem mitose acelerada podendo sofrer alterações provocadas por radicais livres, peróxidos e superóxidos. A vitamina E representa a principal defesa contra lesão oxidativa das membranas celulares (LEITE, 2003). Os macrófagos com capacidade de produção de óxido nítrico são chamados M1 e sua principal função é a proteção do hospedeiro (TIZARD, 2014), neste sentido, segundo Lyon e Hinshaw, (1993), a síntese de óxido nítrico por macrófagos de aves é inibida durante infecção viral. A vitamina E neutraliza o efeito autodestruidor que o oxigênio reativo exerce ao manter a integridade celular (FINCH e TURNER, 1996). De acordo com Friedman et al, 1998, a vitamina E além de modular a sinalização inflamatória, regula a

produção de prostaglandinas e leucotrienos, exercendo papel vital na redução da produção de prostaglandinas ao antagonizar a peroxidação do ácido araquidônico, limitando a entrada de precursores na via das prostaglandinas. Foi demonstrado que a vitamina E tem efeito na redução dos níveis plasmáticos de cortisol. Isso pode trazer benefícios para os animais numa situação de desmame, onde os mesmos são submetidos a fatores que levam ao estresse (ELIS, 1976). Na deficiência de vitamina E em animais há a supressão da função de células B, da produção de imunoglobulinas, da resposta de linfócitos T, e da produção de citocinas e linfocinas (DEMINICIS e MARTINS, 2014). Vitamina A Segundo Chandra, (1992), a deficiência de vitamina A está associada ao aumento da susceptibilidade à infecções e metaplasia escamosa, verificada em várias mucosas na hipovitaminose A, representa uma quebra de barreira anatômica, favorecendo a penetração de agentes infecciosos. Além disso, verifica-se redução do tamanho do timo e do baço, menor atividade de células natural killer, redução da produção de interferon e da resposta de hipersensibilidade cutânea tardia, menor atividade de macrófagos e redução da proliferação linfocitária. Parte da resistência a doença devido a vitamina A está relacionada a manutenção da mucosa das membranas e funcionamento das glândulas adrenais para produção de corticosteroides necessários para prevenção de doenças (RUTZ et al, 2004). Vitamina C De acordo com Hannas, (2010) a vitamina C contribui na manutenção das barreiras naturais contra as infecções aumentando a produção de interferon, potencializando a imunidade. Fortifica a atividade imunológica dos leucócitos, aumenta a produção das células de defesa e a resistência do organismo. Selênio O Selênio (Se) é integrante da enzima glutationa peroxidase (GSH-Px), que é importante na estabilização dos peroxissomos dos fagócitos, tendo correlação com seu poder de inativar agentes infecciosos. Afeta a capacidade proliferativa de linfócitos, bem como todos os componentes do sistema imunológico (CHANDRA, 1992). A influência do Se sobre diversos fatores

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Imunonutrição em aves e suínos: fundamentos e imunonutrientes

se deve ao fato deste micromineral ser considerado um antioxidante. Sugere-se que seus efeitos antioxidantes sejam mediados pela GSH-Px que remove os lipídeos hidroperoxidados tóxicos e os peróxidos de hidrogênio (HANNAS, 2010). A maioria das formas da GSH-Px é dependente de Se, (SINGH et al., 2006). A vitamina E é o principal componente do sistema antioxidante e muito tem se estudado suas reações. Mas alguns dos subprodutos destas reações também são tóxicos e devem ser removidos das células. Para que isso ocorra é preciso à ação da GSH-Px Se dependente (SURAI, 2002). Ferro Citocinas inflamatórias possuem efeitos diretos e indiretos na expressão de proteínas do metabolismo do ferro. A mieloperoxidase, uma enzima que contém ferro, é encontrada nos grânulos primários dos neutrófilos e contribui para a atividade antimicrobiana (ALMEIDA et al., 2007). O citocromo, outra enzima que contém ferro, é encontrado nos grânulos específicos dos neutrófilos e é requerido para explosão oxidativa após fagocitose (HENTZE et al., 2004; SVOBODA et al., 2004). A falta de ferro resulta em pelo menos duas anormalidades na resposta imune: defeito na imunidade mediada por célula e prejuízo na morte bacteriana por fagocitose (atividade da mieloperoxidase reduzida). A evidência de imunidade mediada por células defeituosas inclui uma redução de até 35% do número de células T circulantes. Tanto células T auxiliares como supressoras são afetadas (ALMEIDA et al, 2007). A sobrecarga de ferro, causada por super dosagem, também pode comprometer a atividade do sistema imune. A redução da proporção de linfócitos T pode ser observada nessas situações (HANNAS, 2010). O desbalanceamento nos níveis de ferro para mais ou para menos, diminui a imunidade. Um exemplo é a resposta aguda induzida pelo estímulo inflamatório causada pela hipoferremia. As citocinas inflamatórias liberadas pelos macrófagos ativados iniciam eventos que fazem com que o ferro seja sequestrado. Proteínas que se ligam ao ferro quelatam a maioria do mineral, entretanto, a sua suplementação excessiva pode saturar as proteínas, disponibilizando ferro para multiplicação dos patógenos (DEMINICIS e MARTINS, 2014). 4414

Cromo O cromo atua sobre o desempenho zootécnico dos animais atuando no metabolismo da insulina e glicose, aumentando sua taxa de captação pelos tecidos. Tem relação com o sistema imune, pois quando suplementado na dieta exerce efeito na proliferação de linfócitos e aumento na produção de anticorpos (VAN HEUGTEN & SPEARS, 1997). Zinco No sistema imunológico o zinco desempenha papel fundamental, pelo fato de as células do sistema imune apresentarem altas taxas de proliferação, e este mineral estar envolvido na tradução, transporte e replicação do DNA. O zinco pode, ainda, afetar o processo de fagocitose dos macrófagos, interferir na lise celular mediada por células natural killer e ação citolítica das células T (SENA e PEDROSA, 2005). A deficiência de zinco está relacionada com a atrofia do timo, assim como de outros órgãos linfóides e a linfocitopenia em animais e humanos (SALGUEIRO et al., 2000) além de, segundo Surai (2005), implicar também em alterações epidérmicas associadas à maior penetração de agentes. As imunidades inata e adquirida são afetada quando há deficiência de zinco, assim como os níveis de timulina, hormônio secretado pelas células epiteliais do timo responsáveis por promover a maturação das células T. Portanto, em animais deficientes de Zn, a timulina encontra-se inativa e a utilidade das células T é bastante diminuída (DEMINICIS e MARTINS, 2014). Glutamina A glutamina ou L-glutamina é tradicionalmente classificado como aminoácido dieteticamente não essencial, devido à capacidade de ser sintetizada a partir de outros aminoácidos ou nutrientes da ração (BERTECHINI, 2006) e tem sido mostrado como um importante “combustível” para macrófagos, linfócitos, neutrófilos e para o enterócito. É considerada um imunomodulador, atuando na defesa do trato respiratório e gastrintestinal (DEWITT et al., 1999). Além de combustível energético para os enterócitos e as células imunes, a glutamina é precursora de nucleotídeos, moléculas importantes no desenvolvimento e reparo das células imunes e intestinais. É possível que, em situações de estado catabólico, de injúria intestinal, como as que ocorrem à época da desmama, a glutamina se torne

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Imunonutrição em aves e suínos: fundamentos e imunonutrientes

um importante componente dietético para manutenção do metabolismo, da estrutura e da função intestinal dos leitões, visto que a mucosa intestinal contém células secretoras, imunes e neuro-endócrinas, além de inúmeros enterócitos absortivos, portanto, o intestino percebe o ambiente nutricional e antigênico e atua na triagem imunológica e na defesa (BURRIM et al, 2000). Além disto, durante o estresse ou ferimentos, a glutamina pode ser componente dietético essencial para a manutenção do metabolismo, estrutura e função intestinal (FOX et al., 1988), sendo utilizada em altas taxas por células do sistema imune, como linfócitos, macrófagos e neutrófilos, além de ser importante para a proliferação de linfócitos e produção de citoquinas, atividades de fagocitose e secreção dos macrófagos e morte bacteriana pelos neutrófilos (NELSHOWME, 2001). Arginina A Arginina é considerada um aminoácido essencial para aves, principalmente na fase inicial, pelo fato de que o ciclo bioquímico da ureia não ser funcional em aves (AUSTIC & NESHEIM, 1971), as quais não podem sintetizar Arginina via “síntese de novo’ e por isso são dependentes do fornecimento deste aminoácido nas dietas. De acordo com Le Floc’h et al., (2004) os animais estimulados imunologicamente podem ter suas necessidades de arginina aumentadas. Duas rotas do metabolismo da arginina são identificadas e conhecidas por ter efeitos imunomodulatórios diretos. A primeira, na qual a arginina é convertida a ornitina gerando poliaminas, que têm papel chave na divisão celular, síntese de DNA e regulação do ciclo celular. A segunda corresponde à síntese do óxido nítrico, induzida por uma variedade de estímulos inflamatórios como as endotoxinas bacterianas e citocinas. Essa rota é essencial para a atividade citotóxica de macrófagos. O óxido nítrico também estimula a vasodilatação local e favorece ainda a reparação tecidual (BREDT & SNYDER, 2004). Nucleotídeos Para a síntese de nucleotídeos é necessária energia e glutamina, nutrientes altamente demandados pelos leitões recém-desmamados, para suprir a demanda de renovação do epitélio de revestimento intestinal,

no período pós desmame. Os nucleotídeos, quando adicionados à dieta, melhoram a saúde intestinal, reduzindo a incidência de doenças entéricas que ocorrem principalmente em animais que se encontram estressados ou debilitados, ou mesmo submetidos à troca de ambiente e de alimentação, como no momento do desmame (DEMICIS e MARTINS 2014). A importância dos nucleotídeos no sistema imune se dá devido a velocidade da eliminação de antígenos. As células do sistema imune proliferam de maneira bastante rápida para a produção de clones idênticos. Em linfócitos normais, ocorre uma influência muito grande de nucleotídeos para atender a rápida divisão nucléica que ocorre em resposta à estimulação de antígenos. Segundo Schobitz et al. (1991), a ativação dos linfócitos é acompanhada pelo aumento da síntese de ácidos nucléicos. Com a capacidade de síntese de nucleotídeos limitada por via de novo pelos linfócitos a suplementação torna-se necessária na dieta para a manutenção normal do sistema imunológico (KULKARNI et al., 1989). Com deficiência de nucleotídeos para a ativação dos linfócitos haverá imunossupressão. De acordo com Navarro et al., (1996) e Yamauchi et al., (1996), a adição de mononucleotídeos em dietas contendo baixo nível de nucleotídeos aumenta a produção de linfócito T. Extrato de leveduras Os efeitos positivos do uso de extrato de levedura tanto em humanos como em animais justificam-se por serem ingredientes ricos em glutamina e ácido glutâmico, o qual melhora a palatabilidade da dieta, apresentam elevados teores de inositol, um promotor de crescimento natural, e também em nucleotídeos, que possuem diversas funções, como promover maior crescimento, melhorar a resposta imune e a palatabilidade, e reduzir a ocorrência de problemas intestinais (TIBBETTS, 2002). Por serem ricas em nucleotídeos seu fornecimento nas dietas está relacionado à imunidade humoral e celular (ROSSI et al, 2007). A deficiência em nucleotídeos, que na grande maioria das vezes está associada ao estresse, acarreta diminuição da atividade fagocítica e da produção e inibição da maturação de linfócitos (PAUBERT-BRAQUET et al., 1992).

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Imunonutrição em aves e suínos: fundamentos e imunonutrientes

CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA IMUNE O sistema imune é o responsável pela destruição dos agentes estranhos (antígenos) que invadem o organismo animal. É composto de moléculas e células capazes de combater e eliminar os antígenos nos primeiros estágios da infecção (sistema inato) e ainda estruturar uma defesa a longo prazo (sistema adaptativo) a partir da proliferação de linfócitos e da liberação de citocinas (HUMPHREY e KLASING, 2004). A interação imunologia e nutrição em monogástricos compreende uma área de conhecimento que vem recebendo grande importância pelos nutricionistas, com o objetivo de utilizar a nutrição como ferramenta para modular o sistema imunológico, produzindo um estado ideal de imunidade (SILVA et al, 2009). De acordo com Klasing, (1998), o sistema imune pode ser considerado relativamente resistente deficiências nutricionais e possui prioridade no atendimento de suas exigências pelos nutrientes disponíveis. A quantidade aparente de nutrientes para manter este sistema, assim como a produção de leucócitos e produção de anticorpos durante uma infecção, são muito pequenas quando comparadas às necessidades para crescimento e produção de ovos logo, segundo Della (2011), os níveis da maioria dos nutrientes que maximizam a produção, geralmente proporcionam substrato adequado para o sistema imune funcionar satisfatoriamente. A resposta imune é dependente de replicação celular e da síntese de compostos protéicos ativos. Desta forma, é fortemente afetada pelo status nutricional do animal, que determina a habilidade metabólica celular e a eficiência com que a célula reage aos estímulos, iniciando e perpetuando o sistema de proteção e autoreparação orgânicas (BRUNETTO et al., 2007). Resposta Inata A resposta inata tem como agentes barreiras físicas como a pele e mucosas, quando intactas, proporcionando a primeira barreira contra a entrada de agentes infecciosos. Se a primeira linha de defesa é penetrada, células com capacidade fagocítica podem atuar, como heterofilos (correspondente aos neutrófilos em mamíferos) e macrófagos (RUBIN, 2007). Os neutrófilos/heterofilos são as principais células envolvidas no processo inflamatório agudo, sendo as primeiras 4416

células a migrarem para os locais de infecção, atraídas por substâncias quimiotáticas (quimiocinas, fator de necrose tumoral TNF, interleucina 1), secretadas pelos macrófagos teciduais (RAVAZZOLO, 2007). Os macrófagos possuem funções microbicidas, tumoricidas e fagocíticas, e também atuam como células regulatórias por produzir citocinas e outros metabólitos (QURESHI et al, 2000). Os mecanismos não específicos respondem rapidamente contra um invasor estranho, mas não apresentam a habilidade de responder com maior força em uma exposição repetida do mesmo imunógeno. Se o sistema imune inato não for capaz de prevenir o acesso ou destruir o microrganismo invasor, a imunidade adquirida é desencadeada (RUBIN, 2007). Resposta adquirida Existem dois tipos de imunidade adquirida em aves e mamíferos: a resposta imune humoral adadptativa e a imunidade celular. A resposta humoral envolve a interação das células B com um antígeno e a subsequente proliferação e diferenciação em células secretoras de anticorpos com, ou sem, a ajuda de células T auxiliares (T helper), dependendo do antígeno (RUBIN, 2007). Os anticorpos são a base do processo de imunidade humoral e representam, sem dúvida, um dos mecanismos mais eficientes de defesa do organismo animal, diante de um determinado antígeno. São glicoproteínas sintetizadas pelos linfócitos B já ativados (células plasmáticas secretoras) (RODRIGUES, 2013). Na espécie suína, foram descritas quatro classes de imunoglobulinas - IgM, IgG, IgA e IgE - sendo as três primeiras mais conhecidas e importantes (FERREIRA e SOUSA, 2002). Em aves, os anticorpos são classificados dentro de três principais grupos IgA, IgM e IgY. Os linfócitos T são responsáveis pela resposta imune mediada por células (imunidade celular) (FERREIRA e SOUSA, 2002), e são incapazes de ligar-se aos antígenos na forma original, somente através de seus receptores de membrana. Existem duas rotas principais para a imunidade celular: a 1ª consiste na reação do linfócito T auxiliar com o antígeno englobado e processado pelas células apresentadoras de antígenos (APC). As células T helper, quando ativadas,

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secretam linfocinas atraindo macrófagos para o sítio de reação, fagocitando o antígeno em associação à molécula de classe II do MHC (complexo principal de histocompatibilidade) (LUHTALA et al., 1993). A segunda rota diz respeito a interação entre a célula T citotóxica com o antígeno processado e apresentado por um MHC classe I na superfície de uma célula, desencadeando a lise celular (ARSTILA et al., 1994). RESULTADOS CIENTÍFICOS Ácidos Graxos Em frangos de corte, a utilização de óleo de peixe na ração levou a alterações na resposta imune inflamatória e específica destes animais, resultando em uma maior imunidade mediada por células (KORVER & KLASING, 1997). Puthpongsiriporn e Scheideler (2005), avaliando os efeitos de diferentes proporções

trócitos ovinos, enquanto o mesmo não ocorreu com níveis mais altos (100 e 200 UI/kg) (LESHCHINSKY & KLASING, 2001). Konjufca et al., (2004) observaram uma melhora na atividade fagocitária de macrófagos em aves jovens com altas doses de suplementação de vitamina E (110 a 220 mg/Kg). Estudo feito por Boa-Amposem et al.; (2000) comprovaram também essa melhora da capacidade fagocitária, utilizando dosagens de até 300 mg/Kg de vitamina E na dieta de frangos onde foi observado um aumento significativo na relação heterófilo/linfócito. Com 65 ppm de vitamina E as aves que tiveram estimulo do SIM não só responderam melhor em termos de anticopos contra Newcastle, melhor relação heterofilo:linfócito (H:L), como também tiveram melhor ganho de peso ao longo de todo experimento (Silva et

de óleo de linhaça e óleo de milho na ração de aves de postura Hy-line W-36 submetidas a diferentes programas de vacinação, verificaram aumento da resposta humoral das poedeiras após a vacinação contra doença de Newcastle, ao aumentar a quantidade de óleo de linhaça na dieta.

al., 2009). Ainda neste sentido, a importância da vitamina E na resposta imune foi observada por Konjufca et al. (2004), os quais relataram maior atividade fagocítária dos macrófagos de frangos suplementados com 110 e 220mg de vitamina E kg-1 em relação ao controle (16mg kg-1).

Em trabalho com leitões alimentados com dietas contendo 0; 0,67; 1,33 ou 2% de CLA Bassaganya-Riera et al., (2001), observaram, após 42 dias, um aumento linear na percentagem de linfócitos. Os autores acreditam que esse aumento de células brancas poderia ser atribuído a um aumento total no número de linfócitos, principalmente células CD8+, o que faz pensar no CLA como um imunonutriente estimulador da resposta imune celular.

Dietas suplementadas com vitamina E podem, potencialmente, aumentar a resistência das porcas e leitões à doenças entéricas, tais como as causadas por Escherichia coli. Na verdade, infecção por E. coli é uma das doenças mais comuns entre leitõesos recém-nascidos e contribui para a elevada mortalidade durante a fase pré- desmame (Pinelli - Saavedra 2003). Ainda assim, segundo Villaverde (2005), considera-se que os níveis nutricionais de vitaminas e minerais necessários para a obtenção de resposta imune ideal são acima dos adequados para crescimento ótimo. O mesmo autor relata que se obteve melhoria da resposta imune na dieta de suínos com o a inclusão na ração de Vitamina E na proporção de 2 a 10 vezes o nível nutricional recomendado.

Neste sentido, Costa, (2007) afirma que o tipo e o nível de gorduras específicas na dieta têm significativo efeito no desenvolvimento e atividade do sistema imune. Uso de ácidos graxos polinsaturados (ɷ-3) na dieta tem efeito na produção de prostaglandinas e outros fatores de mediação da função de Linfócitos. Em comparação com leitões que não receberam suplementação, os animais aos quais foi oferecido ɷ-3 têm um maior número de células T e B e baixos níveis de mediadores de inflamação. Vitamina E Níveis moderados de vitamina E na dieta (50 UI/kg) de aves elevaram a produção de anticorpos para eri-

Vitamina C Características de desempenho e função imune de aves que sofreram estresse por calor são significativamente melhoradas com o aumento nos níveis de vitamina C (PARDUE & THAXTON, 1984; PARDUE et al., 1985). Amamkye-Anim et al., (2000) observaram que a suplementação de 1000 ppm de ácido ascórbico na dieta apresentou efeitos positivos na produção

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de anticorpos em aves vacinadas contra a doença de Gumboro. Lauridsen e Jensen (2004), observaram que leitões desmamados aos 28 dias e alimentados durante as três semanas seguintes com uma dieta controle ou com dieta suplementada com 500 mg de STAY-C® 1 por quilo expressaram aumento na concentração de IgM sérica, além disso, a vitamina C demonstrou influência sobre a síntese de prostaglandina das células imunes. Vitamina A De acordo com resultados verificados por Dalloul et al., (2002), ao alimentarem frangos com dietas deficientes em vitamina A, ocorreu piora na resposta imune celular, tornando os animais mais sensíveis a infecção de E. acervulina. A vitamina A também está envolvido na resposta imune de suínos. Lüdke et al., 1985 relatam um aumento da concentração de anticorpos contra Escherichia coli e Salmonella Dublin, bem como globulinas totais, em leitões que receberam suplementos de vitamina A em comparação com os controles. A eficiência da vitamina A na resposta imune está relacionada com a manutenção da integridade do epitélio, a função da glândula supra-renal, que liberta corticosteróides, e a resposta de anticorpos a antigénios dependentes de células T. A vitamina A desempenha um papel importante na manutenção de um número adequado de células natural killers (ZHAO e Ross, 1995). Além disso, Katz et al., (1987) afirmam que o ácido retinóico contribui para o aumento da capacidade fagocitária de macrófagos e um possível papel na diferenciação de leucócitos. Os resultados publicados sugerem que o ácido retinóico está envolvida no aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias, incluindo a interleucina 1 (TRECHSEL et al., 1985). Arginina Pesquisas apontaram o aumento da produção de óxido nítrico por macrófagos de aves suplementadas com Arginina (SUNG et al., 1991), aumento do peso dos órgãos linfóides (KWAK et al., 1999), melhora da relação heterófilo:linfócito em pintos suplementados e desafiados com o agente viral da bronquite infecciosa e maior percentual de células CD8+ (LEE et al., 2002). Entretanto, segundo Kidd (2004), os efeitos benéficos da suplementação de Arginina foram 4418

observados quando os níveis empregados foram de 25 a 50% do requerimento estabelecido. Níveis próximos ao recomendado, apesar de elevar o nível de Arginina plasmática, não melhoraram a resposta imune humoral ou celular. Tayade et al. (2006), verificaram que frangos suplementados com 2% de arginina na dieta e vacinados com vacina intermediária atenuada contra a doença de Gumboro apresentaram 100% de proteção após o desafio com o vírus da doença contra 80% de proteção das aves que não receberam suplementação de arginina. Embora haja uma síntese eficaz de arginina nos hepatócitos de leitões neonatais, quase toda a arginina produzida é convertida a óxido nítrico, pelo ciclo da ureia, com o propósito de reforçar o sistema imunológico quando este é ativado por agentes estressores (WU et al., 2007). Objetivando comprovar o déficit de desempenho em leitões, devido à deficiência de arginina, os mesmos autores avaliaram níveis de 0,2 e 0,4% de arginina suplementar para leitões dos 7 aos 21 dias e obtiveram uma redução da amônia plasmática (20 e 35%), um aumento na concentração plasmática de arginina (30 e 61%) e no ganho de peso (28 e 66%), atribuindo esses efeitos aos níveis suplementares de arginina na dieta. Ferro Svoboda et al., (2004) demonstram que a contagem total de leucócitos, a contagem relativa e absoluta de neutrófilos e a contagem absoluta de linfócitos e diminuição na circulação de linfócitos B mostraram-se menores no grupo de leitões deficientes não suplementados com ferro, em comparação com os suplementados. Suínos recebendo 200 ppm de ferro orgânico apresentaram aumento significativo no transporte transplacentário deste mineral para os embriões, resultando em uma menor mortalidade de leitões, com aumento do peso ao nascer e ao desmame, além do aumento na concentração de ferritina e de imunoglobulinas no sangue dos animais (CLOSE, 1999) e está ligado a atividades de oxidação e redução e ao transporte de elétrons (DUCSAY et al, 1984). Morck & Austic (1981) encontraram diferenças nos resultados de hematócrito após a segunda semana de suplementação com ferro em níveis de 15 até 65 ppm, sendo esses os resultados considerados pelo NRC (1994) para fazer as recomendações desse microelemento para poedeiras leves (45 ppm).

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Selênio Hegazy e Adachi (2000) observaram melhor resposta imune, representada por títulos de anticorpos, em aves desafiadas com Salmonella Typhimurium e aflatoxina B1, quando comparadas as aves que receberam dieta controle. De acordo com Leng et al., (2003), o selênio melhora o status imune dos frangos com aumento da habilidade imunocompetente das células de defesa para responder a estímulos antigênicos. Esse mineral também apresenta ação anti-inflamatória. Segundo estudos de Shilo et al. (2008), o selênio atua na resposta inflamatória dos macrófagos, diminuindo a ativação de interleucinas (IL-6), controlando assim casos de síndromes de resposta inflamatória sistêmica. Em 2004 Mahan e Peters testaram a suplementação de Selênio de forma orgânica e inorgânica na dieta de fêmeas suínas e observaram que o uso de

tiva melhora na resposta de anticorpos em frangos de corte.

0,15 ppm de selênio na forma inorgânica e orgânica não diferiram quanto as características de desempenho reprodutivo avaliadas. Entretanto as fêmeas alimentadas com selênio na forma orgânica transferiram maior percentual de selênio aos neonatos, colostro, leite e leitões desmamados.

nucleotídeos, os quais resultam em um rápido aumento na titulação de anticorpos e persistem por longo tempo, de forma mais pronunciada, se as aves forem suplementadas antes da vacinação, corroborando os resultados encontrados por Nunes, 2008 que observou efeitos significativos nos títulos de anticorpos aos 28 dias de idade, quando suplementou a dieta de frangos de corte com prebiótico a base de parede celular de levedura. Spring (2001) suplementou uma fonte rica em nucleotídeos (Nupro®) na dieta de leitões desmamados sobre o desempenho e saúde e observou que os leitões alimentados com a dieta contendo Nupro® apresentaram uma tendência de maior ganho de peso, maior consumo de ração e melhor eficiência alimentar, além de apresentar menor incidência de diarreia quando comparados aos animais que receberam a dieta controle, sem suplementação de nucleotídeos.

Extrato de Leveduras Spring e Maribo (2003), avaliando a utilização do conteúdo celular de leveduras em rações de suínos na fase de crescimento, observaram melhora na viabilidade e desempenho dos animais que receberam o extrato de levedura em comparação com dietas sem adição de antibióticos e relacionaram o resultado a presença de componentes que atuam sobre o sistema imune, podendo ser uma alternativa em situações nas quais o uso de antibióticos promotores de crescimento não seja possível. Davis et al., 2004 suplementaram leitões com levedura e observaram que macrófagos (isolados da lâmina própria do jejuno) fagocitaram maior número de eritrócitos de carneiro quando comparados ao controle, sem suplementação. Savage et al. (1997) ao suplementarem perus com mananoligossacarídeos (MOS), além de observarem o aumento da altura do vilo constataram aumento no número de células caliciformes (que protegem o muco intestinal durante a passagem do alimento e age como barreira protetora impedindo o contato entre micro-organismos com as células epiteliais). Silva et al. (2009) sugerem que a suplementação de MOS resultou em significa-

Nucleotídeos Qureshi, (2002) testou diferentes níveis de inclusão de nucleotídeos (2,5%, 5% e 10%) na dieta de frangos de corte e observou aumento na atividade de macrófagos das aves suplementadas em comparação à dieta controle. Dados apresentados por Hoffmann (2007) relatam que em aves vacinadas contra a doença de Newcastle e suplementadas com nucleotídeos, uma semana antes até uma semana após a vacinação; durantes duas semanas após a vacinação e um grupo (controle) que não foi suplementado, 65% das aves do grupo controle estavam protegidas contra a doença, mas as aves suplementadas apresentaram proteção acima de 80%, atribuindo os resultados aos

Zinco Downs et al., (2000) observaram aumento na imunidade e redução na incidência de celulite em frangos de corte utilizando um complexo Zn-aminoácido administrados em conjunto com vitamina E. Estudos demonstraram (KIDD et al., 1992; KIDD et al., 1993) que o fornecimento de zinco-metionina suplementar para matrizes velhas e jovens melhorou a imunidade das respectivas progênies. Muniz et al., (2010) observaram menor incidência de diarreia nos primeiros 15 dias pós desmame em

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leitões suplementados com Zinco inorgânico quando comparados aos que receberam Zinco orgânico. Segundo Carlson (2004), o efeito positivo de uma dieta pós desmama com Zn pode ter efeito sobre a melhora no desenvolvimento da mucosa e função celular devido a maior contenção de Zn nas células intestinais pela metalotioneína podendo reduzir a sensibilidade para diarreia induzida por bactérias. Cromo Kheiri & Toghyani (2009) suplementando a dieta de frangos de corte com cromo, observaram aumento significativo do título de anticorpos para o vírus da doença de Newcastle. Segundo estes autores, o cromo pode melhorar a efetividade da vacinação pelo aumento da função imune, pela redução de corticosterona ou mediadores liberados por células do sistema imune. Quando utilizado em dietas para aves, o cromo mostra-se eficaz em reduzir os efeitos negativos causados pelo estresse por calor, mantendo elevada produtividade (ARAÚJO & BARRETO, 2007). Segundo Van Heugten & Spears (1997), a proliferação celular e a síntese de proteínas reguladoras dão suporte a uma resposa imune efetiva e estes processos podem ser afetados pelo cromo oriundo da dieta. Os mesmos autores observaram que a suplementação de 200 ppb na dieta de suínos recém desmamados mostrou efeito na proliferação de linfócitos e aumento na produção de anticorpos. Glutamina A melhora na estrutura da mucosa intestinal foi demonstrada em frangos de corte por Maiorka et al., (2002), Murakami et al., (2007) e Sakamoto (2009), nos quais, trabalhando com glutamina na primeira semana de idade, observaram melhor desenvolvimento da mucosa intestinal, mostrando que esse aminoácido pode ter papel importante na maturação do intestino dos pintos, que ocorre nos primeiros dias de vida das aves. Yoo et al. (1997) observaram que leitões infectados no desmame, por Escherichia coli, e que receberam glutamina na dieta, mantiveram a concentração intracelular de glutamina nos músculos, a população de leucócitos e a função dos linfócitos, mantendo os níveis de glutamina muscular e a resposta imune normais, ou seja, semelhantes aos dos animais não infectado. 4420

CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma dieta bem balanceada pode contribuir com o fortalecimento do sistema imunológico dos animais, possibilitando alterar positivamente as respostas imunológicas a doenças através da utilização de nutrientes com perfis imunomodulatóios e colaborando com a manutenção ou alterações positivas sobre o desempenho e bem estar animal. Vários estudos são conduzidos neste sentido, ainda assim, muito ainda se estuda a fim de definir quais são e em que níveis de inclusão são capazes de ocasionar imunocompetência e maior resistência a desafios sanitários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A. H.; POBER, J.S. Cellular and molecular immunology. 4th ed.Philadelphia: W. B. Saunders. 533p, 2000. ALMEIDA, R. F.; LOPES, E. L.; NUNES, R. C.; et al Imunidade humoral em suínos alimentados com fitase e níveis reduzidos de fósforo. Ciência Animal Brasileira, v. 8, n. 4, p. 767-776, out./dez. 2007. AMAKYE-ANIM, J.; LIN, T.; HESTER, P et al. Ascorbic acid supplementation improved antibody response to infectious bursal disease vacination in chickens. Poultry Science, v79, p. 680-688, 2000. ANDRADE, P.M.M; CARMO, M.G.T. Ácidos graxos n-3: um link entre eicosanoides, inflamação e imunidade. MN-Metabólica, v.8, n.3, 135-146, 2006. ARAÚJO, M. S.; BARRETO, S. L. Níveis de cromo orgânico na dieta de codornas japonesas mantidas em estresse por calor na fase de postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.584-588, 2007. ARSTILA, T.P; VAINIO, O.; LASSILA, O. central role of CD4+ T cells in avian immune response. Poultry Science, v 73, p. 1019-1026, 1994. AUSTIC, R. E.; NESHEIM, M. C. Arginine, ornithine and proline metabolism of chicks: Influence of diet and heredity. Journal of Nutrition, v. 101, n. 10, p. 1403-1413, 1971. BASSAGANYA-RIERA J., HONTECILLAS-MAGARZO, R., BREGENDAHL K., WANNEMUEHLER M.J. & ZIMMERMAN D.R. Effects of dietary conjugated linoleic acid in nursery pigs of dirty and clean environments on growth, empty body composition, and immune competence. Journal of Animal Science. 79: 714-721, 2001.

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Potencial das cactáceas como alternativa alimentar para ruminantes no semiárido Mandacaru, ovinos, palma forrageira.

José Adelson Santana Neto1* Edivilson Silva Castro Filho2 Helber Rodrigues de Araújo2 Doutorando em Zootecnia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Centro de Ciências Agrárias, Areias, Paraíba, Brasil. E-mail: adelson@zootecnista.com.br. 2 Mestre em Zootecnia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Campus de São Cristovão. Sergipe. Brasil.

Revista Eletrônica

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO O semiárido, geralmente com distribuição anual das chuvas irregular, longos períodos de secas, provoca redução na disponibilidade de forragens e da produtividade animal. Cactáceas tem sido utilizadas como fonte de forragem para ruminantes nos períodos de seca, destacando-se a palma forrageira, mandacaru, coroa-de-frade e xiquexique como volumosos estratégicos nesses períodos. Esta revisão bibliográfica visa evidenciar os efeitos da utilização das cactáceas como alternativa alimentar no metabolismo dos ruminantes e na produção animal em regiões semiáridas. As cactáceas na alimentação de ruminantes estão associadas ao desenvolvimento de distúrbios metabólicos, contudo, diversos estudos têm confirmado a possibilidade de sua utilização como fonte alternativa de alimento. Experimentos associando a palma com diferentes fontes de fibra verificaram boas produções de leite, com teores normais de gordura e ausência de distúrbios digestivos, alguns estudos observaram que a substituição de até 75% do milho pelo farelo de palma forrageira em dietas de ovinos não alterou a digestibilidade dos nutrientes. Já foi demonstrado ainda que quando a relação FDN:CNF o teor de água desta forrageira não causa qualquer tipo de distúrbio digestivo nos animais, podendo ser incluída na dieta dos ruminantes, desde que seja utilizada em proporções adequadas e seu uso esteja associado a boas fontes de fibra efetiva e proteína. Palavras-chave: mandacaru, ovinos, palma forrageira. 4426

ABSTRACT The semi-arid regions usually have annual rainfall distribution irregularly through lengthy droughts, which causes a reduction in the availability of feed and, consequently, the animal productivity throughout the year. Because of this the cactus, are being widely used as a major source of fodder for ruminants in periods of prolonged drought, especially the wide use of cactus, mandacaru, crown-of-friar and Xiquexique as strategic bulky these periods. This study aims to present, through literature review, the effects of the use of cactus as an alternative food in the metabolism of ruminants and animal production in semi-arid regions. The use of cactus in ruminant feeding is associated with the development of metabolic disorders, however, several studies have confirmed the possibility of their use as alternative food source for animals. Experiments involving the palm with different sources of fiber found good milk production, with normal fat and lack of digestive disorders, some studies found that replacing up to 75% of corn by forage cactus meal in sheep diets did not alter the digestibility of nutrients. Furthermore, it has been demonstrated that when the NDF ratio: the NFC forage this water content does not cause any digestive disturbance in animals and may be included in the diet of ruminants which is used in appropriate proportions, and their use is associated with good sources of effective fiber and protein. Keywords: Cereus jamacaru, sheep, Opuntia fícus indica


Potencial das cactáceas como alternativa alimentar para ruminantes no semiárido

INTRODUÇÃO As regiões semiáridas apresentam geralmente distribuição anual das chuvas de forma irregular, passando por longos períodos de secas, o que provoca redução na disponibilidade de forragens e, por consequência, na produtividade animal ao longo do ano. Este cenário de escassez de forragem impõe aos produtores maiores gastos com alimentos concentrados, resultando em custos mais elevados do sistema de produção animal. Em função desses fatores adversos, as cactáceas nativas, entre outras poucas alternativas alimentares, estão sendo bastante utilizadas como, uma das principais fontes de forragem para ruminantes nos períodos de seca prolongada em regiões semiáridas do Nordeste brasileiro (SILVA et al., 2005). Segundo Oliveira et al. (2007b) a utilização de plantas forrageiras adaptadas às condições edafoclimáticas da região semiárida brasileira é uma possível alternativa para solucionar os problemas de redução dos níveis de forragem. O número de espécies de cactáceas nativas no Nordeste brasileiro não é grande, no entanto o fornecimento como forrageiras durante os períodos de seca prolongada se dá pelo consumo ou utilização do xiquexique [Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl.] e o mandacaru (Cereus jamacaru DC.) utilizados . Outra opção é a palma forrageira sem espinho (Opuntia fícus indica Mill) que, apesar de não ser nativa do Semiárido brasileiro, é uma espécie adaptada às condições dessa região e que apresenta altas produções de matéria seca por unidades de área (SILVA e SANTOS, 2006). Estudos demonstraram o valor nutricional de algumas espécies de cactáceas forrageiras, como a palma que é uma excelente fonte de energia, rica em carboidratos não fibrosos, 61,79% (WANDERLEY et al., 2002) e nutrientes digestíveis totais, 62% (MELO et al., 2003). Entretanto, o seu uso precisa ser associado a uma fonte de fibra com alta efetividade devido aos baixos teores de fibra em detergente neutro (FDN) apresentados, em torno de 26% (MATTOS et al., 2000; ARAÚJO et al., 2004). Porém, como a palma apresenta baixa porcentagem de fibra, comparada com alimentos volumosos e, quando fornecida isoladamente ou com alimentos concentrados, provoca distúrbios metabólicos, tais

como, diminuição da ruminação (SOSA et al., 2005) e diarréias (SANTANA et al., 1972), além de variação negativa do peso vivo dos animais (SANTANA et al., 1972; SANTOS et al., 1990), mesmo em dietas com nutrientes suficientes para atender às exigências de mantença e produção (MELO et al., 2006). Este estudo visa apresentar, por meio de revisão bibliográfica, os efeitos da utilização das cactáceas como alternativa alimentar na produção de ruminantes nas regiões semiáridas. Aspectos gerais do Semiárido No semiárido nordestino a vegetação predominante é a caatinga hiperxerófila, que se apresenta normalmente densa, com porte arbóreo e, com menos frequência, arbóreo-arbustiva. Essa vegetação encontra-se muito devastada, devido principalmente à ação antrópica, sendo a utilização agrícola da região bastante intensa, com culturas de subsistência. As espécies mais encontradas são: catingueira (Caesalpinia pyramidalis), umbuzeiro (Spondias tuberosa), baraúna (Schinopsis brasiliensis), juazeiro (Zizyphus joazeiro), marmeleiro (Croton sonderianus), facheiro (Cereus squamosus), mandacaru (Cereus jamacaru) (Araújo et al. 2008), o xiquexique [Pilosocereus gounellei (A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl.], a coroade-de-frade (Melocactus bahiensis Britton e Rose), entre outras. Os agroecossistemas da região do Semiárido no Nordeste brasileiro apresentam uma baixa capacidade de produção de forragem, tendo, em parte, a reduzida disponibilidade hídrica como um dos fatores limitantes da produtividade. As médias de precipitação na região figuram entre de 300 a 800 mm ao ano, podendo atingir 1000 mm em anos atípicos (ALVES et al., 2007). Além disso, as chuvas são concentradas em um período de 2 a 4 meses do ano entre maio a agosto, o que provocam um déficit hídrico em cerca de 6 a 9 meses do ano (MENEZES e SAMPAIO, 2000). Nessas condições, a produção de forragem concentra-se em apenas 4 a 5 meses do ano, provocando uma marcante estacionalidade da produção forrageira neste período, desta forma a produção animal é condicionada ao uso intensivo, durante a maior parte do ano, de volumosos produzidos e preservados durante a estação chuvosa e à aquisição de concentrados (OLIVEIRA et al., 2007a).

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Potencial das cactáceas como alternativa alimentar para ruminantes no semiárido

No entanto, à medida que a estação seca progride, não são as cactáceas e as bromeliáceas que morrem e sim, os arbustos, em grande escala, e as árvores, em menor escala, o que torna as cactáceas a principal alternativa a alimentação dos animais em situações de seca prolongada segundo Albuquerque (2001). Uso de cactáceas como fonte alternativa de forragem As cactáceas constituem um grupo bastante diversificado de plantas que apresentam estratégias adaptativas, evolutivas e ecológicas, as quais permitem o seu desenvolvimento nos mais variados habitats. São plantas arbustivas, ramificadas, compostas de artículos ou segmentos carnosos (palmas) superpostos uns aos outros, podendo alcançar alturas de até 6 m, co-

de coloração verde-opaca, Suas flores são tubulosas com 15 a 17 cm de comprimento de cor branca (CAVALCANTI et al, 2007b). A coroa-de-frade é uma cactácea de caule globoso, cônico, de centro definido, até 22 cm de altura; possui arestas em número de 10, areoladas de acúleos dispostos em grupos de 5 a 7; suas flores são vermelhas; e seu fruto é uma baga rósea com a forma de amêndoa (BARBOSA, 1998; CAVALCANTI et al, 2007a ). São vários os estudos que demonstram a eficiência das cactáceas como alternativa alimentar para ruminantes. Bispo et al. (2007) avaliaram o efeito da substituição do feno de capim-elefante por palma forrageira (Opuntia ficus indica, Mill), como fonte de forragem, sobre o consumo e a digestibilidade aparente dos

roa larga, glabra, caules suculentos, afilos, cobertos por espinhos de diversas formas, tamanhos e dimensões (ALVES et al., 2008; SOUZA e LORENZI, 2005, citado por ABUD et al., 2010).

nutrientes e das características ruminais de carneiros e verificaram que o uso de até 56,0% de palma forrageira melhora o aproveitamento dos nutrientes em dietas para ovinos.

Podendo destacar a ampla utilização das cactáceas como xiquexique, mandacaru e palma forrageira como alimentos estratégicos nos períodos de secas prolongadas. Essas cactáceas vêm sendo bastante utilizadas como alternativa para solucionar um dos principais problemas da região semiárida do Nordeste brasileiro que é a estacionalidade da produção de forragem devido à distribuição irregular das chuvas.

Veras et al. (2002) estudaram o consumo e a digestibilidade aparente de nutrientes em dietas com quatro níveis de substituição do milho (0, 25, 50 e 75%) pelo farelo de palma forrageira e concluíram que este não afetou o consumo de nutrientes e a digestibilidade dos mesmos mostrando grande potencial para uso como fonte alternativa de energia para ruminantes.

As principais cactáceas nativas utilizadas como fonte alternativa de alimentação para os animais são: o mandacaru, o xiquexique e a coroa-de-frade. O mandacaru é uma cactácea que ocorre nas caatingas nordestinas de grande importância para a sustentabilidade e conservação da biodiversidade do bioma caatinga. Seus frutos são alimentos para pássaros e animais silvestres da caatinga e nos períodos de seca, esta cactácea é largamente utilizada pelos agricultores para alimentação dos animais após a retirada dos espinhos (CAVALCANTI et al, 2007a) O xiquexique é uma cactácea de tronco ereto com galhos laterais afastados e descrevendo suavemente uma curva ampla em direção ao solo, atingindo altura de até 3,75 m e o diâmetro da copa variando de 1,45 a 3,27 m. Seus ramos são compostos por espinhos 4428

Por outro lado Oliveira et al. (2007b) ao estudarem os efeitos da substituição total do milho e parcial do feno de capim-tifton por palma forrageira sobre o consumo e os coeficientes de digestibilidade de MS, MO, PB, EE, FDN, CNF e CT de dietas para vacas da raça Holandesa em lactação verificaram que a palma influenciou negativamente o consumo de nutrientes. Com exceção da FDN, os coeficientes de digestibilidade dos demais nutrientes não foram influenciados pela adição de palma na dieta. Silva et al. (2005) avaliaram os efeitos de cinco níveis de xiquexique (0; 12,5; 25; 37,5 e 50%) em substituição à silagem de sorgo forrageiro em dietas para vacas Pardo-Suíças em lactação proporcionando um consumo de nutrientes suficiente para atender às exigências dos animais para produção de leite sem alteração na composição química.

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Calvacanti et al. (2006) avaliaram o consumo de mandacaru pelos caprinos na comunidade de Alto do Angico, Petrolina-PE, utilizado pelos agropecuaristas para suplementação alimentar dos animais na época seca de 2004 e concluíram que a disponibilidade de forragens na caatinga na época seca não é suficiente para manutenção dos animais. Palma forrageira na alimentação de ruminantes A palma forrageira (Opuntia fícus indica Mill) é uma espécie exótica adaptada e é originaria do México estando presente em todos os continentes com diversas finalidades, destacando-se sua utilização na alimentação animal. Por volta de 1915 a palma passou a ser utilizada na alimentação animal, até então sua principal finalidade era para extração de corantes, e com a chegada da grande seca de 1932, o governo estimulou a utilização desta forrageira na alimentação animal. A palma forrageira tem sido utilizada como alternativa alimentar para ruminantes nas regiões semiáridas, por apresentar excelente adaptação às condições edafoclimáticas da região apresentando altas produções de matéria seca por unidade de área (VERAS et al., 2002). No entanto, por apresentar baixos teores de fibra em detergente neutro, o uso da palma necessita estar associado à uma fonte de fibra que apresente alta efetividade, como silagens, fenos, capins e subprodutos disponíveis na região (FERREIRA et al., 2009). Assim a utilização da palma como forragem para os animais foi ganhando espaço, sobretudo nos estados brasileiros de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e em algumas regiões do Ceará e Rio Grande do Norte, onde a planta se aclimatou bem e apresentou boa produção de massa verde. Contudo, a palma não pode ser fornecida aos animais exclusivamente, pois apresenta limitações quanto ao valor protéico e de fibra, não atendendo as necessidades nutricionais do rebanho (SILVA e SANTOS, 2006). Das várias espécies de palma introduzidas, apenas três apresentaram ótima adaptação: a palma graúda ou grande (Opuntia sp.), a palma miúda (Nopalea cochenillifera, Salm-Dyck) e a palma redonda (Opuntia sp.). A palma também é importante não só pelo aporte energético, mas também pode fornecer água, sen-

do esta uma das principais funções no fornecimento de palma no período seco na região do semi-árido, buscando algumas resposta no fornecimento de água através da palma pra caprinos Costa et al. (2009), estudou o efeito da substituição do farelo de milho por palma (Opuntia fícus indica L. Miller) no consumo de água em cabras lactantes. Estes autores obtiveram resultados de até 9,14 kg de água por dia proveniente da palma forrageira quando sua substituição chegou a 28% do farelo de milho, mostrando a importância da preservação da água na palma, já que este é uns dos principais nutrientes no período seco do ano. Outra forma de utilizacão da palma é em substituicão ao milho. Araújo et al. (2004) estudaram duas variedades de palma forrageira (gigante e miúda) foram avaliadas em substituicão ao milho sobre o desempenho de vacas mestiças em lactação e demostraram que o milho pode ser substituido por palma forrageira (cultivar gigante ou miúda), em dietas que contenham pelo menos 36% de palma, sem alterar os coeficientes de digestibilidade. Oliveira et al. (2007a) testaram os efeitos da substituição do milho (total) e do feno do capim-tifton (parcial) por palma forrageira sobre a produção, a composição e o perfil dos ácidos graxos do leite de vacas holandesas e observaram que não houve alteração na produção e no teor de gordura do leite. Salem et al. (2004), avaliaram o consumo e o ganho de peso de ovelhas recebendo palha de cevada como dieta basal distribuídas em quatro dietas: dieta basal com grãos da cevada e soja; dieta com grãos de cevada e erva-sal; Dieta com palma e farelo de soja; Dieta com palma e erva-sal. Foi observado um menor consumo de palha em ovelhas consumindo palma. No entanto, a ingestão total de MS foi maior nas ovelhas receberam suplementos alternativos, em comparação com aqueles que recebem alimentos concentrados comum. Todas as ovelhas ganharam peso. Associação de farelo de soja com os grãos da cevada ou palma obtiveram o maior ganho de peso diário (108 e 119 g por dia, respectivamente). Independentemente da fonte de energia (isto é, cevada ou palma), substituindo o farelo de soja por erva-sal ocasionou diminuição do ritmo de crescimento. Os autores concluíram que o padrão de crescimento e utilização de nutrientes observadas neste estudo indica que a suplementação

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alternativa de volumosos de baixa qualidade com palma tem um impacto positivo sobre o ganho de peso de ovelhas, e mais interessante a inclusão de palma pode reduzir o uso de alimentos concentrados caros, assim, obter mais lucros com a produção. Em outro estudo com palma Sánchez e Hernández, (2006), com objetivo de avaliar o efeito do uso da palma (Opuntia ssp.) sobre o efeito no desenvolvimento de cabras lactantes, com os seguintes tratamentos: pastoreio da vegetação própria das zonas áridas e semiáridas sem nenhuma suplementação;: pastoreio + 500 g de palma com 2,5% de ureia, onde avaliou o ganho de peso dos animais. No fim dos 75 dias, a suplementação de palma apresentou una tendência de aumento de peso de 4,3 kg por animal (57,3 g/animal/ dia) e de uma diminuição de 0,6 kg (-0,8 g/animal/dia) para as cabras com e sem suplementação, respectivamente. As cactáceas tambem proporcionam ganhos na producao de leite em ruminantes, em um estudo com o intuito de avaliar o desempenho de vacas da raça Holandesa em lactação, alimentadas com rações contendo diferentes níveis de palma forrageira em substituição à silagem de sorgo, Wanderley et al. (2002) obteveram boas produções de leite e consumo adequado de nutrientes, enquanto Cavalcanti et al. (2008) concluíram que a substituição do feno de capim-tifton 85 (Cynodon spp.) por palma e uréia em níveis de até 50% aumenta o consumo de energia, a produção de leite e não alteram o teor de gordura do leite das vacas. Mandacaru na alimentação de ruminantes O mandacaru é uma planta nativa da caatinga brasileira utilizado como uma estratégia alimentar em épocas de déficit hídrico, No entanto, segundo Silva et al. (2010), essa forrageira apresenta como limitações o lento crescimento e o alto custo da mão de obra no processamento com o corte da planta, a queima ou retirada dos espinhos e a trituração do material forrageiro. O mandacaru é uma planta arbustiva, de ampla distribuição. Apresentando porte variando de 2,5 a 12,0 m de altura, copa medindode 3,5 a 6,5 m de diâmetro. Os frutos são bagas vermelho-vivo com 5 a 15 cm de comprimento e 25 a 37 g. 4430

Para o fornecimento do mandacaru na alimentação animal, a retirada dos espinhos é necessária, a retirada é feita através da queima dos espinhos como uma fogueira ou um lança-chamas a gás. Uma oura forma mais pratica para retirada dos espinhos do mandacaru é utilizando uma máquina para processamento deste. Silva et al. (2010), avaliaram a composição bromatológica do mandacaru e obteve os seguintes valores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), e obteve os seguintes resultados respectivamente: 16,43; 89,49; 8,17; 1,67; 53,02;41,61. Cavalcanti e Resende (2006), avaliaram o consumo de MS e desempenho de caprinos em diferentes tipos de sistemas: caprinos que receberam suplementação de mandacaru diariamente após o período de pastoreio na caatinga; caprinos que receberam oferta de mandacaru como única forrageira e; caprinos que permaneceram em pastoreio na caatinga durante todo o período experimental. Estes autores conseguiram um ganho de peso de 5,16% em relação ao peso inicial nos animais que receberam suplementação de mandacaru após pastejo na caatinga, ganho este bastante superior aos animais que permaneceram na caatinga sem nenhum tipo de suplementação, que ao invés de ganhar perderam peso (-5,25%). Os autores concluíram que, a disponibilidade de forragens na caatinga na época seca não é suficiente para manutenção dos animais. Para obtenção de algum ganho de peso em animais na caatinga é necessário uma suplementação volumosa ou concentrada para que os animais consigam os nutrientes necessário para seu desenvolvimento. Em outro estudo Cavalcanti e Resende (2007) avaliando o efeito da utilização do mandacaru ou xiquexique sobre o ganho de peso de caprinos durante a seca, concluíram que o fornecimento das dietas exclusivas das cactáceas não atendeu as necessidades de energia e proteína dos animais em confinamento. Entretanto Silva et al. (2010), estudando os efeitos da utilização das cactáceas nativas mandacaru e xiquexique, associadas aos fenos de sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.) e flor de seda (Calotropis-

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procera (Ait.) R.Br.) sobre o consumo de nutrientes, ganho de peso e conversão alimentar de ovinos em confinamento, afirmam que tais dietas proporciona consumo de nutrientes que atende aos requerimentos dos animais, resultando em ganho de peso de 89 g/ dia, podendo representar uma alternativa viável para a ovinocultura da região semiárida nordestina em períodos de seca. Silva et al. (2011) relataram que o xiquexique e mandacaru associados aos fenos de sabiá e flor de seda na dieta de cabras leiteiras proporcionam maiores consumo de nutrientes nas dietas que contem o feno de sabiá. Silva et al. (2010), concluim que o xiquexique e mandacaru so podem ser utilizados, como volumosos para alimentaçãoanimal, ovinos e caprinos durante os períodos de seca. E como contêm muita água, devem ser fornecidos junto com outros alimentos ricos em fibra e proteína como feno, silagem e concentrados. A associação de xiquexique ou mandacaru com feno de flor-de-seda ou de sabiá na ração de cordeiros Morada Nova proporcionou um ganho de peso médio variando de 84 a 95 g/ dia. Efeito das cactáceas no metabolismo dos ruminantes Segundo Martins et al. (2000) o valor nutritivo de um alimento é definido pela interações entre os nutrientes e os microrganismos do rúmen, nos processos de digestão, absorção, transporte e utilização de metabólitos. Grande parte dessas informações é obtida por meio de estudos de digestibilidade. Estudo demonstram que a palma forrageira não fornece quantidade suficientes de fósforo para atender a demanda dos animais (SANTOS, 1989; CUNHA, 1996; ANDRADE et al, 2002), este fato é importante, visto que a deficiência de fósforo pode causar efeito negativo sobre o consumo e também sobre a digestibilidade dos nutrientes (ANDRADE et al., 2002; CARVALHO et al., 2003). Entretanto os baixos teores de fósforo na palma pode ter um efeito quadrático nos coeficientes de absorção aparente de cálcio – Ca, fósforo – P e sódio – Na, em dieta contendo palma para animais ruminantes em lactação, possivelmente, se devem ao fato de que, com a inclusão de palma à dieta, o consumo de P é reduzido, ao passo que o de Ca aumenta (ANDRADE et al., 2002).

Santos et al. (1990), utilizando a palma como volumoso exclusivo, constataram baixas produções de leite com teor de gordura reduzido, além de distúrbios digestivos, sobretudo diarreias. No entanto Wanderley et al. (2002) conduziram experimentos associando a palma com diferentes fontes de fibra e verificaram boas produções de leite, com teores normais de gordura e ausência de distúrbios digestivos. Veras et al. (2002) observaram que a substituição de até 75% do milho pelo farelo de palma forrageira em dietas de ovinos não alterou o coeficiente de substituição do milho por palma forrageira em dietas completas para vacas em digestibilidade dos nutrientes e o teor de NDT. Já Araújo et al. (2004) verificaram que foi possível substituir o milho por palma forrageira (cultivar gigante ou miúda), em dietas que contenham pelo menos 36% de palma, sem alteração dos coeficientes de digestibilidade. Segundo Ferreira (2005) a palma forrageira é rica em minerais e carboidratos não fibrosos, porém apresenta baixos teores de matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro. Quando fornecida como alimento exclusivo, pode causar distúrbios metabólicos nos animais, com conseqüente queda no desempenho, devido, principalmente, aos baixos teores de constituinte da parede celular. Sendo recomendado o uso da palma associada a um alimentorico rico em fibra efetiva. Entretanto apesar do baixo conteúdo de matéria seca da palma forrageira, já foi demonstrado que quando a relação FDN:CNF segue as recomendações propostas pelo NRC (2007) o teor de água desta forrageira não causa qualquer tipo de distúrbio digestivo nos animais (ARAÚJO et al., 2004; FERREIRA, 2005; BISPO et al, 2007) Oliveira et al. (2007b) estudaram a inclusão de palma forrageira em substituição ao milho e parte do feno do capim-tifton na dieta de vacas holandesas em lactação e não verificaram alteração na produção e no teor de gordura do leite, entretanto, houve influencia negativa no perfil dos ácidos graxos esteárico e oléico, fato que não foi observado para os demais ácidos de cadeia longa. Segundo os autores é possível que estes resultados tenham sidos influenciados pelo baixo aporte de fontes desses ácidos graxos devido a retirada do milho e de parte do feno. Além disso a

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diminuição linear no consumo de extrato etério e matéria seca pode ter influenciado também na redução no perfil desses ácidos do leite. CONSIDERAÇÕES FINAIS A estacionalidade da produção de forragem no semiárido do Nordeste e a consequente escassez de alimentos, torna as cactáceas a principal alternativa para a alimentação dos animais, podendo ser incluída na dieta dos ruminantes, obtendo bons índices na produção e no teor de gordura do leite, e manutenção do peso dos animais, desde que seja utilizada em proporções adequadas e seu uso esteja associado a boas fontes de fibra efetiva e proteína. Evitando desta forma a ocorrência de distúrbios metabólicos associados ao seu uso. A utilização de cactáceas apresenta-se uma alternativa viável no fornecimento de água através o consumo destas plantas e agregando algum ganho de peso, mas sua utilização deve ser em conjunto a outra fonte alimentar para visar maiores desempenho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUD, H. F.; GONÇALVES, N. R.; REIS, R. G. E.; PEREIRA, D. S.; BEZERRA. Germinação e expressão morfológica de frutos, sementes e plântulas de Pilosocereus pachycladus Ritter. Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 3, p. 468-474, 2010b. ALVES, R. N; IDERVAL, F.; MENEZES, R.S.C.; LIRA, M. de A.; SANTOS, D. C. Produção de forragem pela palma após 19 anos sob diferentes intensidades de corte e espaçamentos. Revista Caatinga, v. 20, n. 4, p. 38-44, 2007. ALVES, M. A.; SOUZA, A. C.; ROJAS, G. G.; GUERRA, N. B. Fruto de palma [Opuntia fícus-indica (L) Miller, Cactáceae]: morfologia, compocicão química, fisiologia, índices de colheita e fisiologia póscolheita. Revista Iberoamericana de Tecnologia Postocosecha, v. 9. n.1. p. 16-25. 2008 ANDRADE, D. K. B. DE.; FERREIRA, M. A.; VÉRAS, A. S. C.; WANDERLEY, W. L.; SILVA, L. E.; CARVALHO, F. F. R.; ALVES, K. S.; MELO, W. S. Digestibilidade e Absorção Aparentes em Vacas da Raça Holandesa Alimentadas com Palma Forrageira (Opuntia ficus-indica Mill) em Substituição à Silagem de Sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n. 5, p. 2088-2097, 2002. 4432

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Potencial das cactáceas como alternativa alimentar para ruminantes no semiárido

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Métodos para medir a emissão individual de metano por ruminantes Hexafluoreto de enxofre, produção de gases in vitro, respirometria.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO O efeito estufa vem se agravando no planeta, em especial pela emissão de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). No Brasil, uma das principais fontes antrópicas de metano na agropecuária é a criação de bovinos. O Brasil, no protocolo de Kyoto, assumiu o compromisso de controlar a emissão de gases do efeito estufa. Para isso as maiores fontes de emissão de CH4 necessitam ser caracterizadas com o objetivo de aprimorar o inventário nacional de emissão, bem como de estabelecer as estratégias de redução. Diferentes métodos para quantificar essas emissões são utilizados e estão em desenvolvimento, todos com diferentes condições de aplicação. Um conhecimento profundo das vantagens e desvantagens desses métodos é muito importante para planejar experimentos, compreender e interpretar resultados experimentais, e compará-los com outros estudos. Palavras-chave: Hexafluoreto de enxofre, produção de gases in vitro, respirometria.

André Morais Moura1* Lúcio Carlos Gonçalves2 Pedro Dias Sales Ferreira1 Isabella Hoske Gruppioni Côrtes3 Diego Soares Gonçalves Cruz1 Felipe Pedrosa Melgaço3 João Pedro da Costa Alves Oliveira4 Thiago Henrique Fagundes Diniz4 Doutorando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. *E-mail: amoraismoura@yahoo.com.br 2 Professor Associado IV, Escola de Veterinária da UFMG 3 Graduando (a) Medicina Veterinária, Escola de Veterinária da UFMG 4 Mestrando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG 1

METHODS FOR MEASURING INDIVIDUAL METHANE EMISSION BY RUMINANTS: A REVIEW ABSTRACT The greenhouse effect has become worse on the planet, in particular by the emission of carbon dioxide (CO2), methane (CH4) and nitrous oxide (N2O) emissions. In Brazil, one of the main anthropogenic sources of methane in livestock is cattle. Because of the commitment made by Brazil to the Kyoto Protocol to control the emission of greenhouse gases, the major sources of CH4 emissions need to be characterized, with the aim of improving the national emission inventory, as well as to establish strategies for reduction. Different methods to quantify these emissions are used and are in development, all with different application conditions. A thorough understanding of the advantages and disadvantages of these methods is very important to plan experiments, to understand and interpret experimental results and compare them with other studies. Keywords: In vitro gas production, respirometric chamber, sulfur hexafluoride.

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Métodos para medir a emissão individual de metano por ruminantes

INTRODUÇÃO O efeito estufa vem se agravando no planeta, em especial pela emissão de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). No Brasil, uma das principais fontes antrópicas de metano na agropecuária é a criação de bovinos. A produção de CH4 é parte do processo digestivo dos herbívoros ruminantes e ocorre no rúmen. A fermentação, que ocorre durante o metabolismo dos carboidratos, é um processo anaeróbio efetuado pela população microbiana ruminal, que converte os carboidratos em ácidos graxos de cadeia curta. Nesse processo, parte do carbono é concomitantemente transformada também em CO2, sendo o CH4 oriundo da redução deste pelas Archaeas metanogênicas. Este processo é uma via metabólica importante para a retirada de H2 do rúmen e recuperação de agentes redutores.

A emissão de CH4 varia entre 4% e 9% da energia bruta do alimento ingerido, e a média encontrada é de 6% (USA, 2000). A emissão global de CH4 pelos processos digestivos é estimada em cerca de 80 teragramas ao ano (Tg), correspondendo a 22% da emissão total de CH4 gerada por fontes antrópicas (USA, 2000). O Brasil, no protocolo de Kyoto, assumiu o compromisso de controlar a emissão de gases do efeito estufa. Para isso as maiores fontes de emissão de CH4 necessitam ser caracterizadas com o objetivo de aprimorar o inventário nacional de emissão, bem como de estabelecer as estratégias de redução. Além disso, maior compreensão e quantificação do CH4 no rúmen faz-se necessária para dimensionar seus impactos no meio ambiente e também para promover o aumento da eficiência na produção animal. Diferentes métodos, com distintas condições de aplicação, são utilizados e estão sendo desenvolvidos para quantificar essas emissões de metano. O conhecimento profundo das vantagens e desvantagens desses métodos é muito importante para planejar experimentos, compreender, interpretar resultados experimentais e compará-los com outros estudos. Objetivou-se com esse trabalho descrever os princípios, as vantagens e as desvantagens dos diferentes 4436

métodos utilizados para quantificar a emissão de metano ruminal por ruminantes. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. Técnica da câmara respirométrica A câmara respirométrica tem sido usada para medir as trocas gasosas, a fim de se determinar as exigências nutricionais de energia em ruminantes, sendo a mensuração de metano parte desse processo. Basicamente, a respirometria pode ser realizada de duas formas: em sistema de circuito fechado ou circuito aberto, sendo o último o mais utilizado. No sistema de mensuração em circuito aberto, o animal é alojado em uma câmara com sistema de vedação que não permite qualquer troca gasosa entre o meio interior e o meio externo, a não ser pelo próprio sistema de circulação de ar. Uma tubulação de ar é acoplada a uma bomba, a qual realiza a renovação do ar no interior desta, em fluxo constante. Durante cada período de mensuração, um equipamento automatizado canaliza uma alíquota de ar para os analisadores de O2, CO2 e CH4. A cada cinco minutos é realizada a leitura de alíquotas do ar que sai da câmara e do ar atmosférico que entra na câmara. Sendo assim é possível determinar a concentração média dos gases analisados no ar que entrou, e no ar que saiu da câmara (GRAINGER et al., 2007; ODONGO et al., 2007; SILVA, 2011). Estas concentrações, multiplicadas pelo volume de ar que passou pela câmara durante o tempo de mensuração, permite calcular quanto de O2 foi consumido e quanto de CO2 e CH4 foram produzidos (SILVA, 2011). Devido ao ambiente controlado e possibilidade de mensuração da confiabilidade e estabilidade, as câmaras respirométricas são consideradas como o método padrão para a estimativa de emissão de metano por ruminantes (STORM et al., 2012). Quase todos os aspectos da alimentação e nutrição podem ser investigados em um sistema de câmara: o nível de alimentação, o efeito do alimento, o efeito da composição química e física, alimentação ad libitum contra restrita, esquemas de alimentação diferentes, aditivos, etc. Além disso, esta técnica permite a descrição das variações de emissão de CH4 durante o dia.

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No entanto, existe o risco da criação de um ambiente artificial, que afeta o comportamento animal, como por exemplo, o consumo de matéria seca (CMS). Como o CMS é um dos principais fatores que afetam a emissão de metano, a diminuição no CMS afeta não apenas as emissões totais de metano, mas também as estimativas derivadas como perda de energia bruta (ELLIS et al., 2007). Portanto, os resultados obtidos em câmaras podem ser diferentes dos aplicados a animais livres (OKELLY & SPIERS, 1992; JOHNSON et al.,1994). Outras desvantagens desse método são os custos elevado de aquisição e manutenção do equipamento, além da sua reduzida capacidade em avaliar vários animais simultaneamente. Técnica do marcador hexafluoreto de enxofre (SF6) O método do marcador hexafluoreto de enxofre (SF6) é

relativamente novo e foi descrito pela primeira vez em 1994 (JOHNSON et al.,1994). A técnica do gás marcador SF6 tem sido utilizada, principalmente, para mensurar a emissão de metano em animais sob pastejo (WOODWARD et al., 2006). A ideia básica do método é medir a emissão de metano a partir taxa de emissão conhecida de um gás marcador pelo rúmen. Para este resultado, um gás não tóxico, fisiologicamente inerte e estável é necessário. O SF6 atende a esses critérios, é barato, tem um limite de detecção extremamente baixo e é simples de analisar (JOHNSON et al.,1992). Para que o SF6 possa ser liberado em taxa constante a partir do rúmen, o gás é colocado dentro de tubos de permeação de pequenas dimensões com taxa de permeação conhecida. Estes tubos são colocados no interior do rúmen dos animais experimentais. O ar expirado é amostrado através de um tubo capilar de aço inoxidável, colocado na narina do animal adaptado a um cabresto. Este tubo deve estar conectado a uma canga que consiste em um cano de PVC de alta resistência, submetido a vácuo interno, ao qual é acoplada uma válvula de metal para amostragens dos gases. As concentrações de CH4 e SF6 são determinadas por cromatografia gasosa. A partir da taxa conhecida de liberação do SF6 no rúmen e das concentrações de CH4 e SF6 nas amostras de gás medidas, calcula-se o fluxo de metano liberado pelo animal (JOHNSON e JOHNSON, 1995). A técnica pode ser usada para investigar quase todos os aspectos da alimentação e nutrição, como por

exemplo, o nível de alimentação, o efeito do alimento, o efeito da composição química e física, diferentes aditivos e pastagens (STORM et al., 2012). O método tem sido testado durante as duas últimas décadas, e algumas dificuldades têm sido relatadas. Manter uma taxa de liberação constante a partir dos tubos de permeação é importante, porque variações na taxa de liberação de SF6 podem afetar as estimativas de emissões de CH4. A taxa de liberação de SF6 é determinada, sob condições de laboratório, pesando os tubos de permeação regularmente por pelo menos durante 45 dias (JOHNSON et al.,2007). Apenas os tubos de permeação com taxas de liberação altamente lineares devem ser utilizados (PINARES-PATIÑO e CLARK, 2008). No entanto, as curvas de permeabilidade têm se mostrado ligeiramente curvilíneas em condições de laboratório, o que tem despertado para a necessidade do desenvolvimento de cálculos para corrigir este fenômeno (ULYATT et al., 1999; LASSEY et al., 2001). Também tem sido demonstrado que os tubos de permeação com elevadas taxas de liberação podem estimar maior emissão de metano do que os tubos com as velocidades de liberação mais baixas. Portanto, é recomendável o uso de tubos de permeação com a mesma taxa de liberação (VLAMING, 2008; PINARES-PATIÑO et al., 2008). Johnson et al. (1994), Mcginn et al. (2006), Pinares -Patiño et al. (2007) observaram emissões de metano ligeiramente menores com a técnica de SF6 quando comparada às câmaras. (5 a 10%). Este fato pode ser explicado em parte pela pequena percentagem de metano produzida no intestino que não é mensurada na técnica do marcador SF6, diferentemente da técnica da câmara respirométrica. Grainger et al. (2007) compararam as emissões de metano por vacas leiteiras, utilizando a técnica do traçador SF6 e a câmara respirométrica e observaram valores semelhantes (331 x 322g de CH4/dia/vaca). Maiores variações entre os dias de mensuração e entre vacas foram obtidas para o SF6 (CV = 6,1 e 19,6%) do que para as câmaras (CV = 4,3 e 17,8%). Os autores realizaram meta-análise dos dados de emissão de três diferentes locais e observaram que a técnica

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do traçador SF6 resultou em valores 8% inferiores aos mensurados em câmaras. Assim, é importante o desenvolvimento de fatores de correção para as emissões mensuradas pela técnica SF6.

gradada (MSD) ou por gramas de fibra em detergente neutro (FDN) degradada (FDND), por exemplo.

O método do marcador SF6 apresenta resultados de emissões de metano mais variáveis em relação a medições em câmaras. Desta forma, faz-se necessário aumentar o número de animais avaliados e dias de mensuração para detectar diferenças entre os tratamentos. O método é o único disponível para a medição individual de animais livres em pastejo (STORM et al., 2012).

O método in vitro geralmente é a opção inicial para a avaliação de estratégias de redução ou de inibição da produção de metano. A técnica in vitro é a menos onerosa e a mais rápida, sendo possível realizar um número grande de incubações paralelas de cada vez. Isso permite uma quantidade suficiente de repetições mesmo em experimentos com uma quantidade maior de dietas e suas combinações. Além de permitir a avaliação dos efeitos de aditivos e dos ingredientes alimentares sobre a metanogênese (STORM et al., 2012).

Técnica in vitro de produção de gases para medições de metano A técnica in vitro de produção de gases (TIVPG) tem

Bhatta et al. (2006) e Bhatta et al. (2008) observaram boa concordância entre as técnicas in vitro e in vivo, quando compararam mensurações de CH4 pelas téc-

sido usada há décadas para simular a fermentação ruminal de alimentos e dietas (RYMER et al., 2005). Nos últimos anos tem sido modificada para estimar a produção de metano (NAVARRO-VILLA et al., 2011; PELLIKAAN et al., 2011). O princípio básico da TIVPG é fermentar alimentos sob condições laboratoriais controladas empregandose amostras de líquido ruminal para simular as condições de fermentação ruminal, em cultura contínua ou em frascos de fermentação. As amostras são incubadas a 39°C com uma mistura de solução tampão, líquido ruminal, e minerais por um determinado período de tempo (24, 48, 72, 96 ou 144h). De preferência, o inóculo é produzido por uma mistura de líquidos do rúmen de vários animais doadores, a fim de obter um inóculo com a maior quantidade possível de micro-organismos ruminais. Portanto, o método requer acesso ao fluido do rúmen fresco, obtido a partir de ruminantes fistulados (MOULD et al., 2005). A medição do volume de gases pode ser realizada com o auxílio de um transdutor de pressão ou voltímetros. A coleta de alíquotas de gases dos frascos de fermentação, e a análise da concentração de CH4 por cromatografia gasosa pode ser realizadas de acordo com Chaves et al. (2006). Ao mesmo tempo, é possível determinar in vitro a degradação dos alimentos e seus constituintes, tornando-se possível avaliar as relações entre a quantidade de CH4 produzida por grama de matéria seca (MS), por grama de MS de4438

nicas TIVPG, marcador SF6 e câmara respirométrica.

As principais desvantagens da TIVPG são simular somente as emissões de CH4 referentes à fermentação ruminal, negligenciando as emissões de CH4 e a digestão do alimento no trato gastrointestinal pós-rúmen. Além disso, esta técnica não inclui a adaptação dos micro-organismos do rúmen para os alimentos testados. É comum a utilização de fluido ruminal de animais alimentados com uma ração padrão, que nem sempre corresponde aos alimentos testados. Devido a essas limitações os resultados da TIVPG devem ser sempre interpretados com cuidado, mas é uma técnica muito útil, como primeira abordagem para testar potenciais alimentos e aditivos, ou quando são necessárias condições de incubação controlada. Técnica do marcador interno CO2 Este método foi recentemente desenvolvido e descrito por Mades et al. (2010) com o objetivo de estimar as emissões de CH4 por ruminantes. Utiliza-se o CO2 como gás marcador interno, como na técnica do marcador SF6, com a diferença de o CO2 ser naturalmente emitido pelos animais. A técnica baseia-se na mensuração da relação CH4/ CO2 nos gases excretados pelos animais, em intervalos regulares. Com o conhecimento da produção diária de CO2 pelo animal, torna se possível o cálculo da produção diária de CH4. A produção diária de CO2

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pelo animal pode ser calculada a partir de dados obtidos em experimentos que determinam as exigências nutricionais com câmaras respirométricas. Estes experimentos mostram estreita relação entre a produção de CO2 e a de calor quando diferentes nutrientes são metabolizados (MADES et al., 2010). Animais em mantença produzem aproximadamente 1L CO2 por 22,0KJ de calor produzido. As correções podem ser feitas também para animais lactantes ou ganhando peso (MADES et al., 2010). As medições de CH4 e CO2 são realizadas por um equipamento portátil chamado Gasmet (Gasmet Tehcnologies Oy, Helsínquia, Finlândia), por meio de medições de infravermelho (TEYE et al., 2009). O equipamento é portátil e pode ser facilmente utilizado em circunstâncias muito diferentes. A principal desvantagem da técnica é que a produção de CO2 dos animais é influenciada pela intensidade da atividade física exercida pelo animal e sua produção. Essa restrição da técnica juntamente com a coleta de volumes pequenos do ar expirado pelo animal pode produzir maior variação nas estimativas das emissões de CH4. O método pode ser facilmente aplicado a muitos animais permitindo reduzir o erro padrão das médias estimadas nos experimentos (STORM et al., 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS Todos os métodos descritos para a mensuração das emissões de metano pelos ruminantes parecem promissores, alguns possuem metodologias já consolidadas e outros ainda estão em desenvolvimento. Nenhum deles, no entanto, é aplicável em todas as situações e todos eles requerem uma análise cuidadosa das condições experimentais antes de sua aplicação. Um adequado conhecimento sobre os métodos é importante no planejamento de experimentos e na interpretação dos resultados obtidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BHATTA, R.; ENISHI, O.; TAKUSARI, N.; HIGUCHI, K.; NONAKA, I.; KURIHARA, M. Diet effects on methane production by goats and a comparison between measurement methodologies. J. Agric. Sci., v.146, p. 705–715, 2008.

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Efeito do processamento da dieta sobre o desempenho de cordeiros e cabritos Características de carcaça, extrusão, ganho de peso diário, peletização, viabilidade econômica.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO A forma física da dieta é um dos componentes que interferem em sua aceitação e consumo animal. O consumo, por sua vez, determina o desempenho animal. Na literatura são citados diversos tipos de processamento de alimentos que proporcionam modificações químicas, físicas ou biológicas nos mesmos, alterando sua composição estrutural, aceitação animal e conservação, além de anular componentes tóxicos. Neste artigo, os autores revisam os principais tipos de processamento físico utilizados em alimentação animal e demonstram sua influência no desempenho de cordeiros e cabritos e em variáveis mercadológicas, referentes ao custo-benefício da utilização de tais técnicas. Palavras-chave: características de carcaça, extrusão, ganho de peso diário, peletização, viabilidade econômica.

Luciana Freitas Guedes1* Dalvana dos Santos1 Iran Borges2 Leonardo de Rago Nery Alves1 José André Júnior1 Alunos de Pós Graduação em Zootecnia na Universidade Federal de Minas Gerais. *E-mail: lucianafguedes@yahoo.com.br 2 Professor Associado da Escola de Veterinária da UFMG 1

EFFECT OF DIET PROCESSING ON PERFORMANCE OF LAMBS AND GOATS ABSTRACT The physical form of the diet is one of the components that influence their acceptance and animal consumption. Consumption, in turn, determines the animal performance. In scientific literature are various types of food processing that provides chemical, physical or biological changes in them, changing their structural composition, animal acceptance and storage, and annul toxic components. In this article, the authors review the main types of physical processing used in feed and demonstrate its influence on the performance of lambs and kids and marketing variables relating to the cost-benefit of using such techniques. Keywords: carcass characteristics, daily weight gain, economic viability, extrusion, pelletization.

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INTRODUÇÃO O desempenho animal é função direta do consumo de matéria seca digestível, sendo que 60 a 90% desse desempenho decorrem de variação do consumo, enquanto 10 a 40% advêm de flutuações na digestibilidade (MERTENS, 1994). Portanto, o consumo é considerado o fator mais importante na determinação do desempenho animal Segundo NRC (2007) o consumo de alimento pelos cordeiros entre duas e seis semanas de idade é afetado pela aceitabilidade, forma física da ração e pela acessibilidade do creep feeding. Até quatro semanas de idade, os cordeiros preferem ração farelada e, após quatro a cinco semanas, aceitam melhor as dietas peletizadas. Neste sentido, vários fatores podem afetar o consumo, incluindo-se a forma física da dieta. A qualidade de um alimento é consideravelmente alterada por suas características físicas, cujas quais podem ser relativamente independentes da composição química (VAN SOEST, 1994). Os tratamentos químicos e físicos dos alimentos (tais como extrusão e peletização) são utilizados no processamento de rações com o objetivo de incrementar a eficiência de sua utilização, aproveitando melhor o potencial do animal. Estes tratamentos podem ser especialmente interessantes na elaboração de programas alimentares de cabritos, uma vez que estes apresentam consumo voluntário marcadamente inferior quando comparados a cordeiros (HADJIPANAYIOTOU & SANZ, 1997). Rações fareladas podem apresentar grande variação no tamanho das partículas e favorecer uma possível ingestão seletiva, conduzindo a um desbalanceamento nutricional. Dessa forma, o processamento é sugerido, por tornar os alimentos mais densos, reduzir a seletividade e os microrganismos patogênicos, além de garantir a ingestão adequada de nutrientes. No entanto, o maior custo de produção e o comprometimento da disponibilidade de algumas vitaminas e enzimas, caracterizam-se como possíveis desvantagens na utilização do processo. Objetivou-se com esse estudo discutir os tipos de processamento da dieta, os seus efeitos sobre o desempenho de pequenos ruminantes bem como a avaliação econômica dessas técnicas. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Tipos de processamento de alimentos Pode-se definir o processamento como sendo modificações físicas, químicas ou biológicas que se efetu4442

am nos alimentos antes de ofertá-los aos animais. O processamento é efetuado para distintas finalidades, dentre elas destacam-se: Alteração da forma física ou do tamanho de partículas; Conservação do alimento; Aumento da aceitabilidade ou digestibilidade; modificação de sua composição nutricional; e eliminação de elementos tóxicos. Dentre os principais tipos de processamento de dieta na alimentação de animais destaca-se a peletização e a extrusão. A peletização consiste em submeter os alimentos a moagem e posteriormente a pressão, umidade e calor, de forma que se consiga obter péletes, de vários tamanhos ou formas. Neste procedimento muitas vezes utilizam-se ligantes (aditivos) para obter uma maior adesão das partículas. A peletização oferece vantagens tais como: aumenta a densidade física da ração, aumenta o consumo da ração pelos animais, reduz a pulverulência (evita os problemas respiratórios e facilita o manuseio), elimina a seleção de ingredientes (particularmente em ovinos e caprinos) e reduz o desperdício em comedouros. Segundo Silva et al. (2007) a ração peletizada, devido à sua granulometria, é de mais fácil apreensão por parte do animal, necessitando, portanto, de um menor tempo para ser consumida quando comparada com a ração farelada, que, além da pulverulência, que pode prejudicar as vias respiratórias provocando tosse constante, é de apreensão mais demorada, necessitando, assim, de períodos mais prolongados de ingestão. Entretanto devem-se considerar também as desvantagens desse processamento: perdas com o desmanche dos péletes (podendo chegar a 30%) durante o transporte e o armazenamento e destruição pelo calor, umidade e pressão de parte das vitaminas e antibióticos adicionados à mistura (entre 10-20%), necessitando de quantidades maiores destes aditivos. A extrusão consiste em submeter o alimento a variações de pressão abruptas, elevando a pressão interna do alimento e diminuindo a externa, o que causaria uma expansão da matéria. A tecnologia de expansão de alimentos está baseada em expor a massa alimentícia a ser processada a uma alta temperatura por um curto espaço de tempo. Após essa exposição os alimentos passam pelos processos normais de peletização, mas o produto resultante apresenta: melhor valor nutricional ao aumentar sua digestibilidade, menor

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carga de microrganismos patogênicos devido combinação de temperatura, pressão e umidade nas extrusoras e expansoras, menor perda por esfarelamento dos péletes, menor utilização de aditivos ligantes devido a uma alta gelatinização do amido, e reduz a necessidade de aditivos fungicidas devido a secagem rápida dos péletes durante a extrusão. Desempenho de animais conforme tipo de processamento da dieta O estudo do comportamento ingestivo é uma ferramenta de grande importância na avaliação das dietas, possibilitando ajustar o manejo alimentar dos ruminantes para obtenção de um melhor desempenho. As características morfológicas e fisiológicas dos pequenos ruminantes favorecem as diferenças no seu comportamento e hábito alimentar, quando comparado a bovinos, pois apresentam maior mobilidade dos lábios, uso dos lábios, dentes e língua na captura do alimento, altura da cabeça, menor capacidade ruminal, entre outras. Mesmo em sistema de confinamento, esses animais expressam sua característica seletiva e dedica a maior parte do tempo à atividade relacionada à alimentação, com uma constante procura pelo alimento e exercício acentuado de seleção. Van& Mui (2002) compararam os efeitos de duas formas físicas de cana-de-açúcar inteira (picada a 1-3 cm ou cortada a 20 cm de comprimento e dividida em quatro partes) em quatro diferentes níveis de oferta (4, 5, 6 e 7% do peso vivo) com ou sem uso de concentrado na ingestão, aceitação, seleção e comportamento alimentar de cabritos e cordeiros desmamados. Animais alimentados com cana-de-açúcar picada tiveram maior consumo diário de matéria seca do que aqueles alimentados com cana-de-açúcar cortada (208 g contra 173 g / dia). O tempo gasto na alimentação foi reduzido quando o tamanho da partícula era menor. Ademais, cabritos tiveram maior ingestão de matéria seca do que cordeiros (214 g contra 166 g / dia), que gastaram mais tempo se alimentando. A ingestão de matéria seca de cordeiros foi maior quando o volumoso foi oferecido à 6% do peso corporal, enquanto a ingestão de matéria seca dos cabritos não foi significativamente alterada conforme a quantidade de alimento oferecido foi aumentada. A adição de concentrado como um suplemento não teve efeito

sobre o consumo de matéria seca de cana-de-açúcar, apenas sobre o consumo de matéria seca total. Como o tamanho das partículas varia com a capacidade seletiva de cada espécie (RIBEIRO et al., 2009) a peletização e a extrusão dos alimentos são alternativas que minimizam esse efeito especialmente sobre os pequenos ruminantes, animais altamente seletivos. Diversos trabalhos comprovam a eficiência da peletização sobre o desempenho dos animais. Martinez et al. (2011) avaliaram a influência de diferentes formas físicas de rações (peletizada e farelada) sobre o ganho de peso de cordeiros ½ Texel em confinamento e concluíram que o tratamento causou efeito significativo sobre o ganho de peso sendo favorável para os animais do grupo tratado com ração peletizada nas semanas 2, 3 e 5 após o início do tratamento, também houve diferença no ganho de peso total acumulado no período. Neres et al. (2001a) estudaram três níveis de feno de alfafa e a peletização da ração no desempenho de cordeiros ¾ mestiços Suffolk confinados. Esses autores encontraram 23,8 g/dia a mais e 20 dias a menos em confinamento para os animais que receberam a ração em forma de pélete. O melhor desempenho de cordeiros suplementados com ração peletizada também foi obtido por Casey e Webb (1995), que registraram ganho médio de 204 g/dia para cordeiros confinados da raça Shorn com ração farelada e 283 g/dia com ração peletizada. Reddy et al. (2012), trabalhando com cabritos Osmanabadi em ingestão de dieta total isoproteica farelada ou peletizada e com 35 ou 50% de inclusão de palha de guandu vermelho (Cajanus cajan), constataram que a peletização aumentou estatisticamente o consumo voluntário de alimento (671,45 vs 426,28 g / d) em ambos os níveis de inclusão de palha de guandu vermelho. O ganho de peso médio diário também aumentou significativamente (p <0,001) e foi de 48,79g/d em cabritos alimentados com ração farelada e de 71,29g/d naqueles alimentados com dietas peletizadas. A eficiência de conversão alimentar (matéria seca total: ganho de peso) foi comparável entre todos os grupos de tratamento e a digestibilidade dos nutrientes não foi afetada pela granulação dos alimentos. Um trabalho realizado por Amaral et al. (2007) teve como objetivo avaliar os efeitos da extrusão e da pe-

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letização da ração sobre as características de carcaça e qualidade de carne de cabritos Saanen abatidos aos 30, 45 e 60 dias de idade. Como resultados, cabritos com 60 dias de idade alimentados com RCP (ração completa peletizada) apresentaram maior ingestão de matéria seca, maior ganho de peso diário e, consequentemente, maior peso final em relação aos que receberam ração farelada ou extrusada. Pi et al. (2004) realizaram um estudo para avaliar o efeito do pré-tratamento (hidróxido de sódio e óxido de cálcio) e da peletização da palha de arroz sobre o desempenho, características de carcaça e qualidade da carne de cabritos Boer. As conclusões foram que tanto para o pré-tratamento químico quanto para a peletização indicaram um efeito aditivo ao valor nutritivo da palha de arroz (aumentos da digestibilidade da matéria orgânica e da energia metabolizável). Além disso, foram verificados elevação do consumo (608 – 914 g/dia), do ganho de peso (40 – 80 g/dia), da eficiência alimentar (15 – 10 kg/kg) bem como nas características da carcaça e na qualidade da carne de cabritos Boer. Costa et al. (2008a) trabalhando com desempenho de cabritos da raça Saanen sob sistema de baia individual ou coletiva, não encontraram diferença no consumo de alimentos entre os tratamentos dietéticos (dieta peletizada e farelada) nas primeiras oito semanas, podendo-se atribuir o maior ganho de peso diário com a dieta peletizada, possivelmente a uma melhor conversão alimentar pelos animais, decorrente de um melhor balanceamento e utilização dos nutrientes presentes na dieta. Entretanto, a partir da nona semana (período próximo ao desmame) observou-se que o fornecimento de dieta peletizada favoreceu o maior consumo, consequentemente, conduzindo a um maior ganho de peso e um melhor desempenho dos animais após desaleitamento. Efeito do processamento sobre variáveis econômicas e mercadológicas Fatores como hábito alimentar e poder aquisitivo exercem grande influência sobre o consumo de carne ovina e caprina. Além disso, o baixo consumo desse tipo de carne no Brasil também está relacionado à qualidade do produto colocado à venda, já que comumente encontram-se no mercado carcaças de baixa 4444

qualidade provenientes de animais velhos. Isso acaba gerando tabus alimentares entre os consumidores (ALMEIDA JÚNIOR et al., 2004). O excesso de gordura, como consequência do abate tardio, além de afetar a qualidade da carcaça, repercute na viabilidade econômica do sistema de produção, tendo em vista a transformação de parte dos nutrientes ingeridos em tecido indesejável e de alto custo nutricional. A quantidade de gordura presente na carcaça do animal, a dieta utilizada e o peso vivo ao abate influenciam os atributos sensoriais da carne e apresentam correlações altas e positivas entre si, e negativas em relação ao peso vivo ao abate (COSTA et al., 2008b; SILVA SOBRINHO et al., 2005; MARTINEZ-CEREZO et al., 2005; DHANDA et al., 2003). Madhavi et al. (2006) avaliaram a utlização da torta detoxicada de sementes de Neem (Azadirachta indica) em rações fareladas, peletizadas e extrusada -peletizadas sobre o desemenho e características de carcaça de cordeiros Nelore. As dietas experimentais continham a mesma constituição básica, o que incluiu 15% de torta de semente detoxicada de Neem, 28,5% de palha de barja (Pennisetum americanum) e 10% de folhas secas de amendoim (Earaches hypogaea), diferindo somente em seu processamento e comparadas a uma ração convencional concentrada. Animais ingerindo as rações convencional, farelada, extrusada-peletizada e peletizada obtiveram ganho de peso diário médio de 87,50, 76,20, 96,02 e 98,80 g/d, com conversão alimentar de 12,01, 12,60, 11,04 e 10,99 Kg ingeridos/ Kg de ganho de peso e custo por ganho de peso de 59,99, 57,28, 50,69 e 51,02 Rs/Kg respectivamente. Mostrando que o ganho médio diário foi maior e custo/ kg de ganho de peso menor em dietas peletizadas, devido ao maior consumo. Apesar do alto custo do processamento, o custo final da dieta completa foi menor quando comparado à dieta convencional devido à inclusão de alimentos de baixo custo. Houve, ainda, aumento da tendência de deposição de carne magra com concomitante diminuição da proporção de osso e gordura em cordeiros alimentados com dietas peletizadas foi observado. O estudo desenvolvido por Neres et al. (2001b) constatou que a ração peletizada promoveu maior rendimento de carcaça quente (54,18% para ração

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peletizada e 52,04% para ração farelada) e maior rendimento biológico (58,37% peletizada e 56,66% farelada). Experimentalmente, o rendimento biológico é o mais preciso, pois é eliminado o conteúdo digestivo em seu cálculo. A largura do lombo e a máxima espessura de gordura foram maiores nas carcaças dos animais que receberam ração peletizada. Concluiuse que o uso da ração peletizada proporcionou aos cordeiros melhoria dos índices de rendimento de carcaça quente, rendimento biológico, profundidade do lombo e índice de compacidade da carcaça. O índice de compacidade da carcaça é uma medida indireta da conformação e serve para indicar a distribuição de carne e de gordura na carcaça. A superioridade de algumas características de carcaça nos cordeiros que receberam ração peletizada mostra que a peletização acarretou aumento da proporção dos componentes

óxido de cálcio) quanto para a peletização indicaram um efeito benéfico nas características da carcaça (maior peso ao abate e peso de carcaça; maior relação músculo:osso, garupa e área de olho de lombo) e na qualidade da carne (maior teor de proteínas totais, glicose, cálcio e fósforo; maior proporção de músculo cozido e maior capacidade de retenção de água) de cabritos Boer.

de carcaça. O uso da ração farelada provavelmente se refletiu em aumento dos componentes de não carcaça. Estas diferenças podem estar relacionadas com os diferentes sítios de digestão das duas formas físicas da ração, ou seja, a ração farelada provavelmente sofreu maior digestão intestinal e a peletizada, maior digestão ruminal.

de ácidos graxos poliinsaturados no tecido adiposo subcutâneo, levando à melhor aceitação da carcaça pelo consumidor. Os animais que receberam ração farelada apresentaram pior conversão alimentar (5,77 vs 4,36), indicando possibilidade de diminuição do custo de alimentação com a forma peletizada.

Amaral et al. (2007) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os efeitos da extrusão e da peletização da ração farelada sobre as características de carcaça e qualidade de carne de cabritos Saanen abatidos aos 30, 45 e 60 dias de idade. Os resultados apresentaram que os cabritos que receberam ração completa peletizada tiveram, aos 60 dias de idade, maior peso final (11,78; 10,15; 9,78), peso de carcaça fria (5,62; 4,55; 4,39 kg) e pesos de paleta (0,60; 0,48; 0,46 kg), costilhar (0,75; 0,47; 0,54 kg) e perna (0,88; 0,71; 0,68 kg) para ração peletizada, farelada e extrusada respectivamente. Costa et al. (2008a) encontraram um ganho médio diário superior em 9,2% para cordeiros alimentados com ração na forma peletizada quando comparados aos animais que receberam a ração farelada. Pi et al. (2004) realizaram um estudo para avaliar o efeito do pré-tratamento e da peletização da palha de arroz sobre o desempenho, características de carcaça e qualidade da carne de cabritos Boer aos 15 kg como peso inicial. As conclusões foram que tanto para o pré-tratamento químico (hidróxido de sódio e

Casey e Webb (1995) avaliaram dois níveis energéticos (médio 10,2 MJ EM kg/MS e alto 11,8 MJ EM kg/ MS) e duas formas de apresentação da ração (farelada e peletizada) sobre o desenvolvimento, composição de ácidos graxos e deposição de tecido adiposo subcutâneo em ovinos da raça Shorn. Os resultados sugerem que a ração peletizada de maior densidade energética reduziu o tempo de abate e elevou o teor

CONSIDERAÇÕES FINAIS Torna-se aconselhável a utilização de dieta peletizada na produção de pequenos ruminantes visto o maior ganho de peso vivo e consequentemente diminuição da idade de abate dos mesmos conferindo melhor conformação de carcaça, entretanto seu uso é uma decisão de ordem econômica. O efeito da extrusão como método de processamento da dieta sobre as respostas de desempenho e qualidade da carcaça de pequenos ruminantes não está comprovado necessitando de mais estudos. Para o fornecimento de carne de boa qualidade para o mercado é necessário o estabelecimento de sistemas de pagamento pela carne com premiação por qualidade, fazendo que o peso de melhor qualidade de carcaça se torne o peso de maior rentabilidade econômica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA JR., G. A.; COSTA, C.; MONTEIRO, A. L.G.; GARCIA, C. A. et al. Qualidade de carne de cordeiros criados em creep feeding com silagem

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Ética na publicação científica Características de carcaça, extrusão, ganho de peso diário, peletização, viabilidade econômica.

Diego Helcias Cavalcante1 Revista Eletrônica

Doutorando em Ciência Animal – Universidade Federal do Piauí. E-mail: diegohelcias@hotmail.com 1

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO Na pesquisa científica, a publicação é o mecanismo de divulgação dos resultados obtidos com o experimento, permitindo o acesso do público, aos conhecimentos produzidos. No Brasil, na última década, a publicação de artigos científicos apresentou grande crescimento, porém, com pouco impacto na comunidade científica, sendo menos citados, apresentando uma queda na qualidade do conhecimento produzido. O desenvolvimento tecnológico e maior acesso à informação aumentaram, concomitantemente, os casos de denuncias de fraudes e outras práticas antiéticas na pesquisa científica. Nesse contexto, organismos fiscalizadores e punitivos têm surgido ao longo dos anos, em diversos países, a fim de coibir a prática de má conduta na pesquisa e, de forma intrínseca, na publicação científica. O momento atual em que se encontra o desenvolvimento científico tem mostrado que, além de órgãos fiscalizadores e punitivos, é preciso investir de forma preventiva, na formação do jovem pesquisador, através de programas educacionais. Palavras-chave: ética, publicação científica, pesquisa animal.

ETHICS IN SCIENTIFIC PUBLICATION ABSTRACT in scientific research, the publication is the mechanism for dissemination of the results obtained with the experiment, allowing public access to knowledge produced. In Brazil, in the last decade, the publication of scientific articles had great growth, however, with little impact on the scientific community, being less cited, showing a fall in the quality of the knowledge produced. The technological development and access to information have increased at the same time, cases of complaints of fraud and other unethical practices in scientific research. In this context, inspection and punitive bodies have emerged over the years, in various countries, to curb the practice of misconduct in research and, intrinsically, in scientific publication. The current time with the scientific development has shown that, in addition to regulatory agencies and punitive damages, it is necessary to invest preventively, in the formation of the young researcher, through educational programs. Keywords: ethics, scientific publication, animal research.

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Ética na publicação científica

INTRODUÇÃO A publicação científica é a última e imprescindível etapa do cíclico processo da pesquisa científica, em que os resultados publicados servem de embasamento para realização de outras pesquisas que, por fim, poderão gerar uma nova publicação. Segundo pesquisa divulgada pela Folha a partir da base aberta de dados Scimago, em 10 anos o Brasil passou de 17º para 13º no ranking entre os países que mais publicam artigos científicos, porém, caiu de 31º para 40º em número de citações(1). Uma explicação para tal fato é que número de periódicos brasileiros listados nas bases de dados aumentou de 62 para 270, no entanto, são periódicos pouco citados e, portanto, de pouco impacto na comunidade científica. Outro fato preocupante é o crescimento dos números de fraudes em publicações. Nas ultimas décadas, fatores intrínsecos à ciên-

em 1989. A partir de acontecimentos de fraudes e má conduta em experimentos científicos criaram-se dois órgãos de investigação de denúncias: Office Science Integrity (OSI) e o Office Science Integrity Review (OSIR). Em 1992, fundiram-se compondo o Office Research Integrity (ORI). Em 1993, tornou-se um órgão independente, e este mesmo ato criou a Commission on Research Integrity apresentando recomendações éticas, com a criação, nas instituições de pesquisa, de programas educacionais sobre as responsabilidades na condução científica, e está em atividade até hoje(4).

cia moderna estão contribuindo para a prática de má conduta(2). Estes fatos nos levam a alguns questionamentos – Estamos priorizando apenas a quantidade de publicações? Que consequências a ambição por publicar pode gerar no meio científico? Que medidas éticas devem ser propostas para evitar a desvalorização da ciência?

França (1999).

A ética e a publicação científica Diante da relevância que representa uma publicação científica e seu poder de impacto na sociedade, a credibilidade do material publicado tem sido assegurada pelo processo designado por arbitragem científica ou por revisão pelos pares(3), portanto, é de suma importância definir atributos que direcione a informação à obtenção de qualidade e idoneidade ao ser disseminada nos meios de comunicação, seja uma mídia impressa ou eletrônica. Neste contexto, a ética está intrínseca à índole dos atores envolvidos neste processo (autores, editores e revisores). É preciso atentar para os casos de apropriação de ideias alheias (plágio), ou quando se trata de uma cópia de si próprio em republicações de um artigo (autoplágio), suspeitas de má conduta, como, a inclusão de autoria em artigos que não se teve participação, omissão de autorias, manipulação/falsificação de dados, conflitos de interesses, dentre outros casos. Historicamente, o surgimento dos primeiros organismos de ética na ciência ocorreu nos Estados Unidos, 4448

Além dos EUA, vários países europeus também criaram, no decorrer da década de noventa, órgãos para tratar da questão de ética na pesquisa e em publicações: Finlândia (1991); Dinamarca (1992); Noruega (1994); Suécia e Reino Unido (1997); Alemanha e

Organismos promotores da ética na publicação A maioria dos organismos promotores existentes surgiu principalmente na área médica e biomédica, e posteriormente, difundiram-se na física, química, psicologia, matemática, entre outras áreas, sendo alguns, de carácter multidisciplinar. Muitos deles observam a ética na pesquisa (ORI, Equador, Network, Csic), no entanto, a investigação da publicação aparece intrínseca(5). As origens são diversas, há órgãos de iniciativa privada e pública (ORI, Csic), atuando na investigação de conflitos de interesses e fornecendo requisitos uniformes para envio de textos para revistas. Para auxiliar os editores de periódicos científicos há diretrizes editoriais elaboradas por organismos internacionais, tais como os “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical Publications” divulgados pelo International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) e as diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE), sendo este último, de caráter multidisciplinar(5). No Brasil, para orientação de editores, existe uma Comunidade Virtual dos Editores Científicos, mantida pela Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), caracterizada como um fórum aberto para a discussão de políticas editoriais, tratando de problemas que ocorrem no processo de publicação e também com informações

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Ética na publicação científica

gerais a editores e demais interessados, tudo isso de forma online(6). Além de orientações para editores, o CNPq, através de uma comissão especial, definiu recomendações e diretrizes sobre o tema da Ética e Integridade na Prática Científica. A comissão permanente do CNPq age através de duas linhas de atuação: Ações preventivas e pedagógicas, estimulando que disciplinas com conteúdo ético e de integridade de pesquisa sejam oferecidas nos cursos de pós-graduação e graduação; e através de ações de desestímulo a más condutas, inclusive de natureza punitiva. Assim como em outros ramos da ética, as questões abordadas sobre o tema tem a necessidade de ser constantemente revisadas e atualizadas, portanto, é de grande importância a realização de eventos que tenham como objetivo estimular a discussão na comunidade acadêmica sobre o desenvolvimento de políticas relacionadas à integridade na pesquisa e ética nas publicações científicas. Dentre estes, a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), evento da maior importância para os envolvidos com a divulgação da ciência no Brasil(7).

2013. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com. br/fsp/cienciasaude/105099-producao-cientifica-do-brasil-aumenta-mas-qualidade-cai.shtml>, Acesso em: 10 de jul. 2013 2. AZEVÊDO, E. S. Honestidade científica: outro desafio ao controle social da ciência. Gazeta Médica da Bahia, v.76, n.1, p.35-41, 2006. 3. SILVA, J. M. Aspectos éticos e funcionais da publicação científica: passado, presente e futuro. Interacções, v.2, n.3, p.19-31, 2006. 4. OFFICE OF RESEARCH INTEGRITY. About ORI - History. Disponível em: <http://ori.dhhs.gov/ about/history.shtml>. Acesso em: 09 de Jul. 2013. 5. TUR-VIÑES, V., FONSECA-MORA, M. C., & GUTIÉRREZ-SAN-MIGUEL, B. Ética de la publicación científica: iniciativas y recomendaciones. El profesional de la información, v. 21, p. 491-497, 2012. 6. SHINKAI, R. S. Integrity in research and ethics in publication. Scientia medica. 21, n.?, p.?, 2011. 7. CABRAL FILHO, J. E. A responsabilidade ética das Revistas Científicas frente à pressão para publicar. Revista brasileira de saúde materno infantil, v.12, n.1, p.11-14, 2012.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O momento atual em que se encontra a pesquisa científica, caracterizado pelo desenvolvimento tecnológico, facilidade de acesso à informação e maior cobrança de produtividade dentro das instituições, tem resultado no crescimento de denúncias de comportamentos antiéticos e má conduta na ciência. Estes acontecimentos além de gerar desperdício às instituições de financiamento causam grandes preocupações quanto ao futuro da comunidade cientifica. Porém, não basta apenas valer-se de órgãos fiscalizadores e punitivos, é preciso atuar de forma preventiva através de programas educacionais que visem boas práticas na pesquisa e publicação científica, itens fundamentais na formação do jovem pesquisador, contribuindo para sua formação ética na produção e disseminação do conhecimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. RIGHETTI, S. Produção científica do Brasil aumenta, mas qualidade cai. São Paulo, 22 Abr. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4447-4449, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte Qualidade da carne, prejuízos pré-abate, estresse térmico.

João Paulo Aquino Santos1* Marcos Martinez do Vale2 Ana Kátia Karkow1 Tatiane Branco1 Bernardo Bevilaqua1 Mauricio Portela dos Santos1 Diuly Bortuluzzi Falcone3 Aluno do programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFSM. *E-mail: joaozoot@gmail.com 2 Professor do Departamento de Zootecnia da UFSM 3 Aluno do curso de Zootecnia da UFSM 1

RESUMO Atualmente a qualidade da carne e a máxima redução de prejuízos financeiros são as principais preocupações das empresas produtoras de frango de corte. Estas características são fatores ligados a perdas por mortalidade durante o pré-abate e carregamento de aves para o abatedouro. O objetivo desta revisão foi relatar os principais efeitos da temperatura e do manejo no pré-abate e carregamento e seus prejuízos na produção de carne de frangos de corte. Palavras-chave: qualidade da carne, prejuízos pré -abate, estresse térmico.

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Revista Eletrônica

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

ABSTRACT Currently the quality meat e a maximum reduction financial losses are main concerns of broiler-producing companies. These are characteristics one factors linked in losses mortality during the pre-slaughter and loading of birds for slaughterhouse. The objective of this review was to report os main effects of temperature and pre-slaughter handling and loading and not your losses in broiler meat production. Keywords: quality of chicken meat, losses before slaughter, heat stress.


Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte

INTRODUÇÃO A avicultura no Brasil foi uma das áreas de maior desenvolvimento nas últimas décadas e seu progresso não se ateve apenas por números de frangos abatidos ou número de ovos produzido, mas sim em consideração a sua importância econômica e social no que diz respeito ao baixo custo e fonte de proteína de qualidade para o consumo humano. A tendência de consumo se dá em razão da qualidade nutritiva, segurança alimentar e preços acessíveis, condições básicas na área de alimentação (OLIVO, 2005). A tendência de adequações da produção para atender mercados, como exportações e mercado interno, se tornam mais exigentes em qualidade de produto e de subprodutos levando as empresas a praticarem mudanças ao longo da cadeia produtiva. Tornou-se necessário uma maior dedicação e preocupação com a qualidade da matéria-prima, para garantir a satisfação e qualidade final desejada pelos consumidores (OLIVO et al., 2006). Na produção de aves para o abate, a última semana de criação, o jejum pré-abate, o carregamento e o pré -abate são os períodos em que o risco de prejuízos são grandes, devido a comprometerem todos os esforços de produção e haver maior susceptibilidade ao estresse térmico. A qualidade da carne começa a ser pensada desde o manejo pré-abate, o qual é formado pela captura da ave, carregamento, transporte e tempo de espera no abatedouro. São práticas que, se mal realizadas, podem comprometer o bem estar animal, a sobrevivência e a qualidade da carne (BARBOSA FILHO et al., 2014). Fatores como lesões na carcaça, estresse fisiológico, elevados índices de mortalidade estão associados principalmente ao manejo pré-abate e transporte de aves ao abatedouro (ARISTIDES et al., 2007). Além disso, técnicas envolvidas com o manejo de criação, tais como fatores ambientais podem acarretar deterioração da qualidade da carne e prejuízos financeiros, principalmente quando há extremos de estresse térmico. O objetivo desta revisão foi relatar os principais efeitos da temperatura, do manejo no pré-abate e carregamento e seus prejuízos na produção de carne de frangos de corte.

DESENVOLVIMENTO Jejum pré-abate A qualidade da carne de frango que sai do abatedouro começa desde o momento do preparo de saída da ave na granja. Ações como o intervalo de jejum e dieta hídrica, forma de apanha, cuidados com estresse pelo calor e transporte determinam a melhor qualidade do produto final (MULLER et al., 2012). As técnicas de manejo que antecedem o abate de frangos de corte, rotineiramente adotados nas diferentes granjas em todo o país, consistem inicialmente na restrição de alimento, com média de 8 horas, com finalidade de minimizar a contaminação no abatedouro devido ao esvaziamento do sistema digestório, e melhorar a eficiência produtiva, pois não haveria tempo para que o alimento consumido fosse metabolizado e transformado em carne (MENDES, 2001); restrição hídrica a partir do momento da apanha e tempos de descanso não inferior a 2 horas no abatedouro (LUDTKE et al., 2010). Para o manejo de jejum pré-abate, devem ser consideradas as variáveis ambientais: dias com temperaturas altas, as aves diminuem ou cessam o consumo de ração no horário de pico de calor; dias com períodos mais frios, as aves tendem a se alimentar mais e se movimentar menos, retardando o processo de digestão (ASSAYAG JR. et al., 2005). As altas temperaturas são um forte agente estressor para as aves, causando hipertermia com elevação da temperatura corporal. Sob temperaturas elevadas as aves acionam seus mecanismos termoregulatórios para auxiliar a dissipação de calor corporal para o ambiente, uma vez que a taxa de produção de calor metabólico normalmente aumenta, podendo também ocorrer o aumento da temperatura corporal (LUDTKE et al, 2010). Vários fatores contribuem com o estresse das aves durante as etapas de pré-abate e a intensidade deste efeito determina o nível de perdas por mortalidade na chegada ao abatedouro. Operação de apanha e carregamento O manuseio de apanha corresponde a contusões e hematomas observados no pós-abate e este trabalho deve ser feito por pessoas treinadas.

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Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte

Existem equipamentos para a captura mecânica das aves, mas no Brasil o mais utilizado é o método de apanha manual. A apanha pode ser praticada de três formas principais: pelo dorso, pelas pernas ou pelo pescoço. A mais utilizada é a forma pelo dorso que é mais fácil de introduzir as aves dentro da caixa. Comparando os métodos a captura pelo pescoço aumenta as contusões de carcaça em 33% e em 72% as fraturas hemorrágicas (LEANDRO et al., 2001). A captura pelas pernas também causa mais lesão na carcaça e é o menos eficiente (ROSA et al., 2002). A densidade de aves por caixa é de aproximadamente 576 cm2 (DELEZIE et al., 2007), equivalente a faixa de densidade de 7 a 8 aves por caixa. Contudo, fatores externos como distância percorrida devem ser levados em consideração. Existe um limite entre 3 a 7 aves por caixa em que a mortalidade no turno da tarde e noite foi reduzida até a mortalidade mínima nas densidades de 7 aves (Figura 1). Acima de 8 aves por caixa, há um pequeno incremento no número de aves mortas. Por outro lado, durante o turno da noite, ocorre um aumento na mortalidade, devido à exposição ao vento, favorecendo a perda excessiva de calor (VIEIRA, 2008).

Para garantir o bem-estar das aves é sugerido o carregamento em horários mais amenos. Durante a tarde as distâncias a serem percorridas devem ser menores (abaixo de 25 km) para evitar a ação prolongada das variáveis ambientais sob as aves. Já as distâncias maiores devem ser percorridas no período da noite e no início da manhã, pois, geralmente são períodos diários mais confortáveis sob o ponto de vista térmico (SILVA et al., 2009). Seja nos meses mais quentes ou frios, o período da tarde é o mais problemático para o transporte, com relação ao estresse térmico das aves (NIJDAM et al. 2004; VIEIRA, 2008; BARBOSA FILHO et al. 2009; SIMÕES et al. 2009). Operação de transporte O estresse térmico das aves é associado ao aumento do percurso de transporte e tem como consequência o maior índice de mortalidade (SILVA et al., 2007). Durante o transporte, os frangos ficam expostos a uma variedade de agentes estressores como aceleração, vibração, impactos, jejum alimentar e hídrico, mistura social, perturbações e ruídos, além do microambiente térmico que se forma entre as aves

FIGURA 1. Valores médios da interação entre a distância granja-abatedouro e os diferentes intervalos de tempo de espera, em relação ao número de aves mortas, sendo intervalos de tempo de espera: Curto: menor que 1 hora, Moderado: 1 - 2 horas, Médio: 2 - 3 horas, Alto: acima de 3 horas e faixas de distância: Longe: acima de 51 km; Médio: 25 - 50 km; Perto: abaixo de 24 km (Fonte: VIEIRA, 2008). 4452

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Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte

(MITCHELL & KETTLEWELL, 1998; NICOL; SCOTT, 1990, SIMÕES et al., 2009a, 2009b). As perdas por mortalidade podem ultrapassar 1%, sendo que 40% das perdas são em função do estresse térmico (RITZ, 2003). O aceitável é a mortalidade por volta de 0,1 a 0,5%. Estudos no Reino Unido indicaram que as mortes no transporte de aves são atribuídas principalmente ao estresse e podem atingir uma taxa de 40%, sendo que esta mortalidade aumenta com a distância percorrida (WARRIS et al., 1990).

carne, visto que em distâncias curtas a aplicação do banho proporciona menores ocorrências de carnes PSE (SIMÕES et al., 2009a; LANGER et al., 2010). A localização dos frangos no caminhão de transporte também influencia na ocorrência de PSE (SIMÕES et al. 2009a, 2009b). A distribuição das aves no compartimento de carga do caminhão gera diferenças na temperatura conforme o local, propiciando ocorrer altas mortalidades em determinados pontos, principalmente os centrais (Figura 2; BARBOSA FILHO et al, 2009).

Outros fatores são as estações do ano, as elevadas temperaturas e umidades relativas que contribuem efetivamente para o estresse térmico durante todas as operações pré-abate. Uma vez que o Brasil é um

A produção de calor metabólico pelas aves durante o transporte cria gradientes térmicos entre as caixas de transporte e o meio externo, que será afetado também pela ação do vento em cada ponto, o que, por

país de clima tropical e os maiores problemas se relacionam a mortalidade das aves no verão (SILVA et al., 2011).

sua vez, resulta em distribuição heterogênea da temperatura ao longo da carga do caminhão (MITCHELL & KETTLEWELL, 1994).

Um dos problemas enfrentados pela indústria processadora é a questão da carne PSE (pale, soft, exudative) (MULLER et al., 2012). As distâncias de transporte e a aplicação de banho imediatamente antes do transporte interferem na qualidade final da

Operação de espera e descarregamento As condições ambientais na chegada do abatedouro também devem ser avaliadas. É necessária a climatização no local de espera das aves para o abate e descarregamento, visando o bem estar animal e a diminui-

FIGURA 2. Perfis dos comportamentos da variável ambiental temperatura (L2Temp.) e da umidade relativa (L2UR) ao longo da fileira lateral 2, para um cenário de verão, distância longa, turno da manhã e sem molhamento da carga. (Fonte: BARBOSA FILHO et al., 2009). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4450-4456, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte

ção do estresse térmico. Durante o tempo de espera no abatedouro, o veículo de transporte deve ficar em uma área equipada com nebulizadores e ventiladores, evitando que a carga receba a radiação solar. A manutenção das condições ambientais na área de espera de forma a proporcionar conforto térmico e auxiliar a recuperação do estresse físico sofrido durante a apanha, o carregamento e transporte, é um dos desafios do manejo pré-abate no abatedouro (LUDTKE et al., 2010).

dio no período de jejum varia entre 8 a 12 horas, no entanto, ele é influenciado pela logística da empresa, distância até o abatedouro e o tempo de espera na plataforma, podendo assim ter sua duração prolongada (NORTHCUTT et al., 1997). Um manejo pré-abate inadequado pode influenciar negativamente a qualidade da carne devido a alterações fisiológicas que a ave pode manifestar no metabolismo muscular (LUDTKE et al., 2010).

Em muitas situações, as aves já se encontram em estresse irreversível ao chegarem ao abatedouro, em função do esgotamento das reservas energéticas. Com isto, se tornam insensíveis ao tratamento climático e quanto maior o tempo de espera, maior o número de aves mortas no caminhão, recomendando-se o menor tempo possível entre a chegada e o

As aves submetidas a estresse térmico apresentam elevação da temperatura retal e também da frequência respiratória devido à ofegação, com consequente efeito no metabolismo e ampliando a perda evaporativa de calor buscando manter o equilíbrio térmico corporal (SILVA et al., 2001). A magnitude e duração do estresse térmico podem ser observados durante

abate (BRESSAN & BARRAQUET et al., 2002). Para distâncias menores (abaixo de 24 km), as aves ainda se encontram em condições de reversão do quadro de estresse, respondendo efetivamente aos efeitos da climatização. Para trajetos menores, intervalos acima de 3 horas auxiliam na redução de mortalidade (VIEIRA, 2008; Tabela 1).

o transporte das aves para o abatedouro, ocorrendo elevados índices de mortalidade e perdas.

No geral, considerando todos os fatores que influem nas perdas pré-abate e relacionando-os com o tempo de espera, a recomendação é de 2 horas, variando entre 1 e 3 horas. Este intervalo abrange os benefícios promovidos pela climatização e consequentemente, o retorno parcial ou total à condição de conforto térmico. Prejuízos na qualidade da carne em relação ao pré-abate Para evitar que a carne torne-se de má qualidade é necessário um manejo correto desde a propriedade até o abatedouro, iniciando com um jejum pré-abate adequado (KANNAN & MENCH, 1997). O tempo mé-

O desequilíbrio fisiológico causado por altas temperaturas e umidade relativa do ar, tem efeito direto sobre as reservas de glicogênio muscular, responsáveis pelo desenvolvimento das reações bioquímicas pós-morte (PETRACCI et al., 2001). Aves estressadas usam rapidamente suas reservas de glicogênio, impossibilitando a queda do pH pós-morte. Isso determinara a qualidade da carne e suas propriedades funcionais influenciando nos aspectos econômicos dos produtos (BIANCHI et al., 2005). CONSIDERAÇÕES FINAIS A competitividade da avicultura brasileira começa a tomar rumo em relação ao bem-estar animal e qualidade do produto final. Além de considerar esses fatores, a economia também é avaliada, uma vez que se pretendem diminuir o índice de mortalidade de aves durante o pré-abate, transporte e descarregamento no abatedouro.

TABELA 1. Valores recomendados do tempo de espera para diferentes distancias percorridas, e suas respectivas taxas de mortalidade esperadas Distância

Tempo de espera (faixas)

% mortalidade esperada

Moderado (entre 1 e 2 horas)

0,41

Media (entre 25 e 50 Km)

Curto (abaixo de 1 hora)

0,12

Perto (abaixo de 24 Km)

Alto (acima de 3 horas)

0,41

Longe (acima de 51 Km)

Fonte: Vieira (2008) 4454

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Perdas produtivas no pré-abate e carregamento de frangos de corte

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É importante a redução de perdas durante o processo de criação de frangos de corte, como nas operações pré-abate, visando maior produtividade, melhor bem estar animal e manter a qualidade da carne. A observação cuidadosa dos principais pontos críticos deve ser prioridade no planejamento de um carregamento, bem como na logística de transportes e tempo de espera no abatedouro.

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Benefícios da carne suína na saúde do consumidor Saúde, consumidor, suínos, carne, qualidade, produção. Revista Eletrônica

Carla Maria do Carmo Resende1 Rogério Manoel Lemes de Campos1 1

Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF – Petrolina/PE.

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO Atualmente a preocupação com os aspectos relacionados à saúde e ao bem-estar das pessoas tem aumentado consideravelmente. Diante disso, são claras as exigências do consumidor pela qualidade da carne tanto pela maciez, sabor, quantidade de gordura, quanto pelas características voltadas para a produção, utilização do meio ambiente, processamento e comercialização. A procura pelos cortes suínos ocorre devido a sua riqueza em vitaminas como as do complexo B, que prezam as atividades cerebrais. Também abundam em potássio, que regula a pressão, zinco, que fortalece as defesas, e ferro. A gordura saturada, conhecida por obstruir os vasos sanguíneos e comumente associada à carne de suíno, deu espaço à gordura insaturada, bem mais saudável para o organismo humano. O processamento dos produtos cárneos de origem suína deve seguir condições higiênico-sanitárias adequadas e atribuir características sensoriais como, cor, sabor e aroma, próprias de cada processo e não modificar significativamente as qualidades nutricionais originais, proporcionando produtos seguros aos consumidores que estão cada vez mais esclarecidos e exigentes. Palavras-chave: saúde, consumidor, suínos, carne, qualidade, produção.

ABSTRACT Currently the concern about aspects related to health and well-being has increased considerably. Thus, there are clear consumer demand for meat quality both for tenderness, flavor, fat content, as directed by the characteristics for the production, use, environmental, processing and marketing. The demand for pork cuts is due to its richness in vitamins such as B complex, who cherish their brain activity. Also abound in potassium, which regulates the pressure, zinc, which strengthens defenses, and iron. Saturated fat, known to clog the blood and commonly associated with pork vessels, gave the space, much healthier for humans in unsaturated fat. Should follow the processing of meat products of porcine origin adequate sanitary conditions and assign sensory characteristics such as color, flavor and aroma, specific to each case and not significantly modify the original nutritional qualities, providing safe products to consumers who are increasingly enlightened and demanding. Keywords: health, consumer, pork, beef, quality, production.

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Benefícios da carne suína na saúde do consumidor

INTRODUÇÃO A busca do consumidor por alimentos orgânicos e saudáveis tem aumentado bastante. Assim, compete a todos os elos da cadeia produtiva mudar a imagem do suíno, de carne não saudável, gorda e com alto colesterol, para uma carne saudável, e com proteína de alta qualidade, oriunda de criações com manejo compatível com as normas de bem-estar animal (MACHADO FILHO, 2000). Dentre os países produtores de carne suína, a China é o maior produtor do mundo, com 49,5 milhões toneladas em 2011, seguida da União Européia, Estados Unidos e Brasil, com 22,53; 10,27 e 3,22 milhões de toneladas, respectivamente (ABIPECS, 2012). O mercado da carne suína tem apresentado no Brasil um crescimento contínuo, passando este produto a ter uma maior participação na dieta dos brasileiros. Estes consumidores, no entanto, tornam-se cada vez mais preocupados em obter um alimento dentro dos padrões higiênico-sanitários vigentes (RODRIGUES et al., 2009). Em pesquisa sobre opinião de consumidores e riscos alimentares, Fonseca e Salay (2005) detectaram grande preocupação em relação à saúde, como níveis de gordura e colesterol, seguindo a tendência mundial observada no comportamento dos consumidores, que vêm sendo mais atentos aos aspectos nutricionais da dieta, em busca de melhor qualidade de vida. Nesse contexto, percebe-se que, ainda hoje, as principais dúvidas referentes ao consumo de carne suína por parte dos brasileiros dizem respeito à qualidade sanitária e nutricional do produto, bem como sua aparência e a higiene do local de compra (RAIMUNDO e ZEN, 2009). São de relevante importância iniciativas para conscientizar a população brasileira da real situação sanitária do rebanho nacional, que conta hoje com uma suinocultura tecnificada de alto nível e que oferece ao consumidor um produto de excelente qualidade (LUCENA, 2009). MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Excesso de gordura, alto colesterol e uma carne que transmite doenças. Esses são alguns dos conceitos 4458

que muitas pessoas têm da carne suína, mas não passam apenas de mitos, pois atualmente o investimento em tecnologia na criação de suínos com menor teor de gordura, colesterol e calorias é alto. Através de grandes avanços obtidos pela suinocultura moderna, temos um alimento que atende todas as exigências, que diminuiu de forma progressiva a gordura e o colesterol da carne (GEESDORF, 2010). Informações mais recentes demonstram que a expansão do consumo de carne suína no Brasil está a pleno vapor. Em 2011 chegou a 14,88 kg por pessoa, uma evolução de 11,42% em comparação a 2010. A média de crescimento de 2006 até 2010 foi em torno de 8%, e de 2010 para 2011 o incremento no consumo foi bem mais expressivo. Este cenário demonstra que o brasileiro está aceitando mais a carne suína, o que propicia um aumento da produção, bem como expansão da cadeia geral de produtores de suínos (GERVÁSIO, 2013). Portanto são muitos os mitos que envolvem a carne suína, mas atualmente todos desmistificados. A suinocultura atual atende às novas demandas do mercado e busca satisfazer todos os consumidores, produzindo produtos saudáveis e diferenciados. Pesquisas científicas comprovam que a carne suína produzida hoje no Brasil tem 54% a menos de gordura do que a carne de porco de 40 anos atrás. E seu teor de colesterol não é mais elevado que a maior parte das outras carnes (bovina, frango), pois em comparação às outras carnes o lombo suíno, por exemplo, é mais magro que a carne de coxas de frango, e tão magra quanto à do peito de frango. Sendo assim, a carne de suíno magra, como o lombo, tem 34% menos colesterol do que um frango sem pele (GEESDORF, 2010). BENEFÍCIOS DA CARNE SUÍNA NA SAÚDE HUMANA A carne suína, além de ser muito saborosa, é rica em nutrientes e oferece muitos benefícios para a saúde humana. Contudo, muitas pessoas desconhecem estas informações, e geram alguns conceitos equivocados, esquecendo que além de saborosa, ela é também saudável (GEESDORF, 2010). Pesquisas mostram a importância do consumo da carne suína para o tratamento de doenças, como hi-

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Benefícios da carne suína na saúde do consumidor

pertensão arterial e anemia. Uma das virtudes da carne suína é o seu alto teor de potássio, pois ele ajuda a regular os níveis de sódio no corpo, exigindo menos sal para consumo (GEESDORF, 2010). A carne suína é pobre em sódio e rica em potássio. A grande maioria dos estudos mostra que a ingestão de uma grande quantidade de sal aumenta a pressão arterial e, para o controle da pressão arterial, uma das recomendações é que a relação potássio-sódio seja pequena. A carne suína possui a razão potássio-sódio em torno de 7, ou seja, é altamente favorável ao controle da pressão arterial (BRAGAGNOLO, 2013). A carne suína é também recomendada para crianças em fase de crescimento, pois ela apresenta proteínas de alto valor biológico, ácidos graxos monoinsaturados, vitaminas do complexo B, ferro e selênio. Dessa forma, a carne suína deve ser mais uma opção nutricionalmente adequada ao cardápio escolar, pois seus nutrientes são indispensáveis para o crescimento progressivo de crianças nessa idade escolar (GEESDORF, 2010). SUINOCULTURA A evolução da suinocultura ao longo das últimas décadas foi resultado de avanços nas áreas de genética, nutrição, manejo e ambiência. O suíno tipo banha evoluiu para o suíno tipo carne, com menores teores de gordura e massas musculares mais proeminentes (BLANCO, 2012). A suinocultura brasileira, a exemplo de outras cadeias produtivas do agronegócio, cresceu significativamente nos últimos quatorze anos. Esse crescimento é notado quando se analisa os vários indicadores econômicos e sociais, como volume de exportações, participação no mercado mundial, número de empregos diretos e indiretos, entre outros. A criação de porcos do passado evoluiu também na técnica e no modelo de coordenação das atividades entre fornecedores de insumos, produtores rurais, agroindústrias, atacado, varejo e consumidores. Passou a ser uma cadeia de produção de suínos, explorando a atividade de forma econômica e competitiva. Segundo Roppa (2004), o suíno que apresentava 40 a 45% de carne magra e 5 a 6 cm de espessura de toucinho (ET) nos anos 60, tornou-se o suíno mo-

derno em 2000 com 58 a 62% de carne magra de carcaça e 1,2 a 0,8 cm de ET. Ao mesmo tempo, o consumidor tornou-se mais exigente, procurando por carnes com menores teores de gordura e seguras do ponto de vista sanitário. Todas essas mudanças, agregadas ainda à manipulação genética, renderam uma redução de 31% da gordura, 14% das calorias e 10% do colesterol na carne suína, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2013). A mudança significativa tem estimulado as vendas de suínos nos açougues brasileiros, contudo, o consumo ainda deve crescer muito nos próximos anos, à medida que as pessoas percam o receio (FRAGNANI, 2013). QUALIDADE NUTRICIONAL DA CARNE SUÍNA Segundo Magnoni e Pimentel (2006) o conhecimento da composição dos alimentos é fundamental na promoção da segurança alimentar e nutricional da população. A carne suína, classificada como carne vermelha, tem composição muito semelhante as demais e ao contrario do que muitos pensam, é um alimento rico em nutrientes, apresentando diversos benefícios indiscutíveis à saúde humana (SARCINELLI et al., 2007). Uma das virtudes da carne suína é o seu teor de potássio, pois ele ajuda a regular os níveis de sódio no corpo, exigindo menos sal para consumo. A carne suína é também recomendada para crianças em fase de crescimento, pois ela apresenta proteínas de alto valor biológico, ácidos graxos monoinsaturados, vitaminas do complexo B, ferro e selênio. Dessa forma, a carne suína deve ser mais uma opção nutricionalmente adequada ao cardápio escolar, pois seus nutrientes são indispensáveis para o crescimento progressivo de crianças nessa idade escolar (GEESDORF, 2010). A seguir encontra-se a Tabela 1, em que é demonstrada a composição de diferentes carnes, ressaltando a boa qualidade nutricional da carne suína. O consumo da carne suína é visto como tabu para alguns consumidores por acreditarem no mito que ela é rica em gordura e faz mal a saúde. Mas é comprovada do ponto de vista nutricional, que isso é uma inverdade. A carne suína é rica em nutrientes necessários ao corpo e quando é consumida sem exageros não

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Benefícios da carne suína na saúde do consumidor

TABELA 1. composição nutricional de alguns cortes suínos e da sobrecoxa de frango e contra filé bovino/ valor nutricional da carne crua em 100g. Lombo

Pernil

Costela

Sobrecoxa de frango

Contrafilé bovino

Calorias (Kcal)

136

222

282

211

243

Proteínas (g)

20

18,7

16,1

17,2

19,0

Lipídios (g)

5,4

15,6

23,5

15,2

17,9

Carboidratos (g)

-

-

-

-

-

Ac. graxos saturados

1,87

5,44

8,73

4,38

7,29

Ac. graxos monoinsaturados

2,42

6,98

10,65

6,51

7,78

Ac. graxos polinsaturados

0,58

1,68

1,96

3,38

0,64

Colesterol (mg)

66

66

81

84

67

Ferro (mg)

1,2

0,77

0,91

0,99

1,58

Magnésio (mg)

25

21

16

20

18

Sódio (mg)

49

61

75

76

53

Potássio (mg)

359

333

233

192

295

Selênio (mcg)

32,4

30,7

24

12,9

16,7

Fonte: United States Department of Agriculture (USDA, 2001).

causa nenhum dano à saúde humana (SARCINELLI et al., 2007). COLORAÇÃO A cor da carne é aferida pelos pigmentos de mioglobina existentes nos músculos. A quantidade de mioglobina existente nos músculos varia de acordo com a espécie, sexo, idade, localização anatômica do músculo e atividade física exercida pelo animal. A carne de suínos (Figura 1 e 2) caracteriza-se por possuir cor uniforme, entre rosada e avermelhada, possuindo uma pequena camada de gordura branca (SARCINELLI et al., 2007).

FIGURA 1. Carne suína. Fonte: Google imagens/2014.

TEMPERATURA E pH Um músculo vivo possui o valor do pH de 7,2. Ocorrido o abate, a carne continua em processo bioquímico, no qual o condutor energético do músculo é transformado em glicogênio lático através da ação de várias enzimas. O pH da carne suína diminui devido à formação ácida, assim a carne passa apresentar pH final entre 5,7 e 5,9. Passado 24 horas, se o pH estiver superior a 6,2, a carne suína irá reter grande quantidade de água, o que implica em curto tempo de conservação e coloração escura, fenômeno que caracterizando o processo DFD (dark, firm, dry – carne escura, dura e seca). Caso o pH se encontre abaixo de 5,8 em menos de 4 horas, teremos a carne PSE

FIGURA 2. Cortes de carne. Fonte: Google imagens/2014.

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Benefícios da carne suína na saúde do consumidor

(pale, soft, exudative – pálida mole e exsudativa) caracterizado pela má retenção de água além do aspecto pálido e mole (SARCINELLI et al., 2007). CARACTERÍTICAS SENSORIAIS As características sensoriais, como cor, textura, firmeza, suculência e maciez da carne cozida, dependem de alguma forma da capacidade de retenção de água (CRA) da carne. Capacidade de retenção de água é a capacidade que a carne tem de reter água durante o aquecimento, cortes, trituração e prensagem. A capacidade de retenção de água do tecido muscular tem efeito direto durante o armazenamento. Quando os tecidos têm pouca capacidade de retenção de água, a perda de umidade e, consequentemente, de peso durante seu armazenamento é grande. A capacidade de retenção de água influencia diretamente na qualidade da carne, pois afeta diversas características essenciais necessárias à carne suína (SARCINELLI et al., 2007). MANEJO PRÉ ABATE DOS ANIMAIS Os procedimentos de manejo pré-abate contribuem para afetar alguns atributos da carne como cor, pH, textura, palatabilidade e vida de prateleira (MAREKO, 2005). O manejo pré-abate de suínos consiste nas seguintes ações: jejum alimentar de 8 a 12 horas pré-embarque, embarque para o frigorífico, tempo de transporte, a mistura de grupos sociais, a espera no abatedouro e a condução ao abate (SERA, 2012). Essas operações causam estresse e comprometem o bem-estar animal, resultando potencialmente em perdas quantitativas e qualitativas na produção de carne suína (COSTA 2009). Se essas ações não forem conduzidas de forma adequada, podem acabar provocando uma perda de qualidade na carne suína (SERA, 2012). Essas alterações são provocadas pelo estresse do animal durante a ocasião do transporte e acabam por resultar em prejuízos aos produtores, à indústria e aos consumidores. Além disso, caso o jejum alimentar não seja realizado corretamente pode ocasionar contaminações nas carcaças durante o processo de abate devido a alimentos no estômago. Nesse período, os animais permanecem sem acesso a alimentos sólidos (ração), mas devem ter livre acesso à água. Esse manejo é de grande importância para o produtor de suínos e para os abatedouros, pois contribui para: economia de ração, redução da

taxa de mortalidade durante o transporte, aumento da velocidade e facilidade no processo de evisceração, redução no volume de dejetos e padronização no rendimento das carcaças e da qualidade da carne (SERA, 2012). O abate de suíno é usualmente precedido pelo transporte o qual normalmente está associado a um esforço físico, que pode prejudicar o bem estar animal. Como consequência, danificações na carcaça e alterações nas condições do tecido muscular podem também ocorrer. Os princípios mais importantes requeridos para reduzir o estresse no transporte são hoje conhecidos e estão sendo implementados na prática, particularmente na construção de veículos de transporte animal. As situações de máximo estresse correspondem ao período de embarque e desembarque dos animais, devido à interação homem – animal e da mudança de ambiente (SILVEIRA, 2010). Neste contexto, fatores estressantes desencadeiam uma série de alterações bioquímicas que produzem carne PSE ou DFD (MAREKO, 2005). ABATE No Brasil foram abatidos cerca de 37 milhões de cabeças em 2011 e o preço médio praticado por Kg girou em torno R$ 3,19, segundo dados da ABCS. Visando atender a maior demanda de proteína demandada pela abertura de novos mercados, o Brasil passa por um período de mudanças (MORAES e CATELLI, 2014). Como embasamento legal no tocante ao abate, o país dispõe da Instrução Normativa nº 3, de 17/01/2000, que estabelece, padroniza e moderniza os métodos humanitários de insensibilização dos animais de açougue para o abate, através de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bem-estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria, assim como o manejo destes nas instalações dos estabelecimentos aprovados para esta finalidade (BRASIL, 2000). No acumulado de 2012, foram abatidas 35,980 milhões de cabeças de suínos, um crescimento de 3,2% em relação a 2011. A série anual mostra que houve crescimento ininterrupto dessa atividade desde 2005. O peso acumulado das carcaças no abate de suínos, em 2012, alcançou 3,465 milhões de toneladas, representando aumento de 2,8% em relação

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Benefícios da carne suína na saúde do consumidor

ao ano anterior. A Região Sul respondeu por 64,4% do abate nacional de suínos no 4º trimestre de 2012, seguida pelas Regiões Sudeste (19,2%), Centro-Oeste (15,1%), Nordeste (1,3%) e Norte (0,1%) (IBGE, 2013). COMERCIALIZAÇÃO Os investimentos na cadeia suinícola demonstram o futuro promissor deste segmento e é observada uma grande articulação entre os diferentes agentes que a compõem (RODRIGUES et al., 2009). Em uma síntese das projeções do agronegócio de 2011, observa-se que o setor de carnes mostra potencial de crescimento nos próximos anos, tendo a carne suína uma taxa de crescimento de 1,9% ao ano (BRASIL, 2012). Em 2012 o Brasil exportou 576,8 mil toneladas de carne suína um aumento de 11,8% em relação a 2011(GERVÁSIO, 2013). No ranking dos países exportadores, o Brasil encontra-se na quarta colocação com 582 mil toneladas de carne suína exportada anualmente (ABIPECS, 2012). Na cadeia produtiva da carne, o valor financeiro não se restringe apenas à comercialização de carcaças, consideradas a parte nobre do abate. O aproveitamento dos subprodutos depende da sua capacidade de utilização, da disponibilidade da oferta e do mercado consumidor, e tal aproveitamento pode tornar-se uma atividade bastante rentável para o estabelecimento processador (SOUZA, 2000). Nesse sentido, a exportação dos miúdos de suíno aparece como um mercado promissor de melhor remuneração, uma vez que o brasileiro não tem a tradição do consumo deste tipo de produto. O preço de alguns cortes bastante consumidos no Brasil como o pernil (R$ 5,20/kg) pode até ser superado com o preço dos miúdos no mercado externo, a exemplo do estômago (R$ 6,80/kg) (SUINOCULTURA INDUSTRIAL, 2012). Para a estruturação da cadeia da carne suína, seguindo o exemplo da cadeia da carne de frango, torna-se necessário a melhoria da produtividade através da logística de distribuição, da incorporação de novas genéticas elaboradas de acordo com as exigências do consumidor sem, contudo, esquecer os aspectos de ordem sanitária (GROLLI, 2008). 4462

CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se observar que são muitos os mitos que envolvem a carne suína, mas atualmente estão sendo desmistificados, pois a suinocultura atual atende às novas demandas do mercado e busca satisfazer todos os consumidores, produzindo produtos saudáveis e diferenciados. Nota-se ainda que o consumidor desconhece os valores nutricionais e os benefícios que a carne suína oferece a saúde humana. Entretanto pesquisas científicas afirmam que a carne suína é uma opção saudável e comprovam a importância do seu consumo para o tratamento de doenças, como hipertensão arterial e anemia. Para atender a demanda crescente do consumo de carne suína vem sendo feita práticas importantes, como atribuir características sensoriais sem modificar significativamente as qualidades nutricionais originais, proporcionando produtos seguros aos consumidores que estão cada vez mais esclarecidos e exigentes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIPECS – Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. 2012. Disponível em: <http://www.abipecs.org.br/news/486/101/ Ranking-Mundial---2011.html> Acesso em: 28/01/2012. BLANCO, T. Depto Aves & Suínos, Ourofino Agronegócio, 2012. BRAGAGNOLO, N. Carne suína faz bem ou mal? Saiba mais sobre ela, 2013. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 3/2000. Dispõe sobre o regulamento técnico de métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de açougue. Diário Oficial da União, Brasília, 24 jan. 2000. Seção 1, p. 14. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A cadeia produtiva da carne. 2012b. Disponível em: <http://www.mdic.gov. br/sitio/interna/interna.php?area=2&menu=855>. Acesso em: 12/05/2012. EDINGTON, L. N.: Abate de suínos: implicações técnicas e econômicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2012. FRAGNANI, N. Mais carne de porco na dieta, Revista Saúde, 2013.

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Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo Nutrição, alimentação, Tilápia do Nilo.

Caniggia Lacerda Andrade1* Fabrício Sado Rodrigues2 Deborah Pereira Carvalho3 Sabrina Ferreira Pires4 Marília Ferreira Pires3 Graduando em Zootecnia. Universidade Federal de Goiás - EVZ, GoiâniaGO. *E-mail: caniggiala@hotmail.com 2 Mestrando em Ciência Animal. Universidade Federal de Goiás - EVZ, Goiânia-GO. 3 Mestranda em Zootecnia. Universidade Federal de Goiás - EVZ , GoiâniaGO. 4 Graduanda em Medicina Veterinária. Universidade Federal de Goiás - EVZ, Goiânia-GO.

Revista Eletrônica

1

RESUMO A tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) é considerada a espécie de melhor desenvolvimento nos dias atuais, sendo a espécie que mais cresce em termo de cultivo no Brasil e no mundo. Com isso, maior atenção deve ser dada aos custos de produção, principalmente com nutrição e alimentação, os quais apresentam de 40 a 70% do custo total. As tilápias necessitam de diversos nutrientes para adequado crescimento, reprodução e saúde, tais como: aminoácidos essenciais para a formação e regeneração de grande parte dos tecidos e proteínas especificas dos peixes; energia para manutenção do metabolismo básico e adequado crescimento; ácidos graxos essenciais que são componentes das membranas celulares e fonte de energia; minerais os quais são importantes para a formação de ossos e dentes; vitaminas, de forma geral, que atuam como componentes ou ativadores enzimáticos em diferentes processos metabólicos. As exigências desses nutrientes são dependentes de diversos fatores como: fase de desenvolvimento do peixe, espécie, temperatura da água, entre outros. Palavras-chave: nutrição, alimentação, Tilápia do Nilo.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

NUTRITION AND FEEDING NILE TILAPIA ABSTRACT The Nile tilapia (Oreochromis niloticus) is considered the best kind of development today, and the fastest growing species in cultivation term in Brazil and worldwide. Thus, more attention should be paid to production costs, especially with nutrition and food, which have 40-70% of the total cost. Tilapia need several nutrients for proper growth, reproduction and health, such as essential amino acids for the formation and regeneration of most tissues and fish specific proteins; energy for maintaining the basic metabolism and proper growth; essential fatty acids that are components of cell membranes and energy source; minerals which are important for the formation of bones and teeth; Vitamins in general, which act as activators or enzyme components in different metabolic processes. The requirements of these nutrients are dependent on several factors such as: development phase of the fish species, water temperature, among others. Keywords: nutrition, food, Nile Tilapia.


Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo

INTRODUÇÃO A tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) é considerada a espécie de melhor desenvolvimento nos dias atuais. Seu rápido crescimento se dá devido a sua precocidade e graças ao melhoramento genético, que vem cada vez mais aumentando o rendimento de carcaça. Ainda, apresenta um custo baixo de produção e uma rentabilidade elevada, ideal para o abate em frigorífico, uma vez que apresenta qualidade inigualável de sabor e seu filé sem espinhos, que são características marcantes. É a espécie que mais cresce em termo de cultivo no Brasil e no mundo (KOBERSTEIN, 2003). O custo de produção de tilápias, assim como de outras espécies, é impactado principalmente pelo custo com a alimentação dos peixes. Cerca de 40 a 70% do custo de produção de tilápias se deve à alimentação, dependendo do sistema de cultivo empregado, da escala de produção e da produtividade alcançada. Com a recente intensificação do cultivo das tilápias em diversos países, inclusive no Brasil, utilizando tanques-rede e “raceway” (KUBITZA, 2011), faz-se necessário estudos que direcionem à alimentação desta espécie, para minimização de custos. Deste modo, é de suma importância estudos que definam e divulguem resultados de aspectos relacionados às exigências nutricionais, para que possamos atingir excelente desempenho e aproveitamento dos alimentos. Exigências nutricionais das tilápias De acordo com Kubitza (1999), as tilápias necessitam de diversos nutrientes para adequado crescimento, reprodução e saúde, tais como: aminoácidos essenciais para a formação e regeneração de grande parte dos tecidos e proteínas especificas dos peixes; energia para manutenção do metabolismo básico e adequado crescimento; ácidos graxos essenciais que são componentes das membranas celulares e fonte de energia; minerais os quais são importantes para a formação de ossos e dentes; vitaminas, de forma geral, que atuam como componentes ou ativadores enzimáticos em diferentes processos metabólicos. Proteína e aminoácidos As rações para tilápia exigem elevado nível de proteína, o que aumenta a participação das fontes protéi-

cas, responsáveis pela maior parte do custo total da ração (FURUYA et al., 2000). A exigência em proteína na dieta de peixes pode ser influenciada por diversos fatores, tais como: tamanho do peixe, função fisiológicas, hábito alimentar, qualidade da proteína (FERNADES et al., 2001). Os peixes em comparação com outros animais exigem uma maior quantidade de proteína dietética. Rações completas para peixes contêm entre 28 a 50% de proteína bruta (PB), em função da fase de desenvolvimento, do ambiente e da espécie, enquanto rações de frangos e suínos, por exemplo, contêm de 18 a 23% ou de 14 a 16% PB, respectivamente. Peixes são capazes de utilizar a proteína como fonte de energia, uma vez que a excreção dos produtos da digestão e metabolização dos aminoácidos (amônio ou amônia) é feita passivamente nas brânquias, com reduzido custo energético (CYRINO et al., 2002). Segundo Teixeira et al. (2004), as dietas deveriam ser formuladas combinado fontes de proteína e aminoácido que proporcionassem perfeito balanço de aminoácidos com porcentagem mínima de proteína. Para isso, é importante conhecer a exigência de cada espécie e a fase de vida a ser alimentada. De acordo com Cyrino et al., (2002), as exigências em aminoácidos essenciais pelos peixes; arginina, histidina, isoleucina, leucina, metionina, fenilanina, treonina, triptofano e valina, são similares a dos demais animais , e estão apresentadas na Tabela 1, com base na porcentagem de proteína bruta. A deficiência desses aminoácidos essenciais na dieta dos peixes provoca redução na eficiência da utilização de proteína, retarda o crescimento, diminuem o ganho de peso e a eficiência alimentar e pode reduzir a resistência a doenças pelo comprometimento dos mecanismos de resposta imunológica. Segundo as Tabelas Brasileiras para Nutrição de Tilápias, os valores de exigências de proteína bruta, proteína digestível e principais aminoácidos, estão descritos na Tabela 2. Energia A energia não é um nutriente, mas resulta da oxidação dos nutrientes durante o metabolismo, podendo

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Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo

TABELA 1. Exigências de aminoácidos essenciais para o crescimento da Tilápia (% da proteína) Aminoácidos

Tilápia

Arginina

3,66

Histidina

1,50

Isoleucina

2,72

Leucina

2,97

Lisina

4,47

Metionina

2,81

Fenilalanina

4,84

Treonina

3,28

Triptofano

0,88

Valina

2,44

Fonte: Adaptado de Cyrino et al. (2002).

sitam de muita energia para locomoção e requerem menos energia para excretar o nitrogênio. Cerda de 90% do nitrogênio são eliminados na forma de amônia, enquanto que nos animais homeotérmicos a excreção e feita sob a forma de ácido úrico e ureia (FERNANDES et al., 2001). Tilápias aproveitam muito bem os carboidratos e as gorduras como fonte de energia. Isto permite poupar a proteína das rações para uso predominante no crescimento. Conhecer a energia digestível dos alimentos é fundamental na formulação de rações suplementares e completas. O balanço entre a energia digestível e a proteína nas rações e fundamental para maximizar a eficiência alimentar e o crescimento dos peixes afirma (KUBITZA, 2011).

ser liberada na forma de calor ou armazenada para uso posterior nos processos metabólicos do organismo animal (NRC, 1993).

Na Tabela 3 encontra-se a estimava da exigência de energia para Tilápias segundo Furuya (2010).

A necessidade de energia dos peixes é menor do que em outros animais homeotérmicos, porque os peixes precisam manter a temperatura corporal, não neces-

Ácidos graxos essenciais Peixes alimentados com dietas com ausência em ácido linoléico e linolênico apresentam diminuição

TABELA 2. Estimativa das exigências de proteína e aminoácidos para Tilápias (com base na matéria natural) Nutriente

Reversão

Pós reversão até 100 g

≥ 100 g

Proteína bruta (%)

41,30

29,73

26,80

Proteína digestível (%)

38,60

26,81

24,30

Lisina (%)

2,20

1,53

1,38

Metionina (%)

0,75

0,52

0,47

Metionina + cistina (%)

1,32

0,92

0,83

Treonina (%)

1,70

1,18

1,07

Arginina (%)

1,81

1,26

1,14

Fenilalanina + tirosina (%)

2,38

1,65

1,50

Histidina (%)

0,75

0,52

0,47

Isoleucina (%)

1,34

0,93

0,84

Leucina (%)

1,46

1,01

0,92

Triptofano (%)

0,43

0,30

0,27

Valina (%)

1,20

0,83

0,75

Fonte: Adaptado de Furuya (2010).

TABELA 3. Estimativa da exigência de energia digestível para Tilápias (com base na matéria natural) Energia Energia digestível (kcal/kg ) -1

Reversão

Pós reversão até 100 g

≥ 100 g

4.007

3.036

3.075

Fonte: Adaptado de Furuya (2010). 4466

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Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo

do apetite, crescimento lento, nervosismo (síndrome de choque) e fígado gordo. Peixes depositam os lipídios alimentares na forma em que foram ingeridos. Desta maneira, exigem que os lipídios da dieta tenham a forma poli-insaturada, que vai conferir melhor flexibilidade e permeabilidade das membranas celulares mesmo em baixas temperaturas (CYRINO et al., 2004).

cessos metabólicos e fisiológicos essenciais para o adequado crescimento, saúde e reprodução dos animais (KUBITZA, 2011). Os peixes podem absorvem minerais, como o cálcio, diretamente da água. No entanto, as exigências da maioria dos minerais são satisfeitas através dos minerais presentes nos alimentos naturais e rações balanceadas. Os alimentos de origem animal como farinha de carne e ossos, são boas fontes de minerais. No caso de rações formuladas com farelo vegetal é necessário adicionar minerais como cálcio e fósforo (KUBITZA, 2004). As tilápias apresentam maior exigência para os seguintes minerais, fósforo, magnésio e zinco (CYRINO et al., 2004).

Segundo Kubitza (1999), tilápias apresentam apenas exigência em ácidos graxos da família linoleico – 18:2), sendo 1% o suficiente para alevinos de Tilápia do Nilo. Segundo NRC (1993) a exigência é de 0,5%. Minerais e vitaminas As tilápias podem absorver a quantidade de vitaminas

A exigência de vitaminas das tilápias pode ser supri-

e minerais que precisam do alimento natural quando criadas em viveiros. Porém, com a intensificação do cultivo, principalmente em “raceway” e tanques-rede, há necessidade de enriquecimento vitamínico e mineral nas rações (OLIVEIRA, 2007).

da nos alimentos naturais e rações balanceadas. Em sistema de cultivo e necessário que as exigências sejam supridas devido o acesso de alimento natural ser limitado. Essa espécie de peixe apresenta maior exigência das seguintes vitaminas, riboflavina, ácido pantotênico, ácido ascórbico e vitamina E (CYRINO et al., 2004).

Na Tabela 4 estão resumidas as principais exigências de Tilápias quanto aos minerais e as vitaminas.

Ração As rações extrusadas são mais utilizadas em tanques -rede. Este tipo de ração além de apresentar maior digestibilidade e aproveitamento pelos peixes, facilita

As vitaminas e os minerais desempenham papel importante na formação dos tecidos ósseos e sanguíneos, no crescimento muscular e em diversos pro-

TABELA 4. Exigências de minerais e vitaminas para Tilápias (com base na matéria natural) Vitamina ou mineral

Unidade

Valor

Vitamina A

UI

4.769,00

Vitamina E

mg/kg-1

50,00

Vitamina B6

mg/kg

5,00

Ácido fólico

mg/kg

1,00

Vitamina C

mg/kg

600,00

Colina

mg/kg

800,00

Fósforo disponível (PV ≥ 3,6)

%

0,75

Fósforo disponível (PV ≥ 3,6 e < 30 g)

%

0,65

Fósforo disponível (PV ≥ 30 e < 146 g)

%

0,51

Fósforo disponível (PV ≥ 146 g)

%

-1 -1 -1 -1

0,46

Cobre

mg/kg

4,00

Ferro

mg/kg

60,00

Selênio

mg/kg

0,25

Zinco

mg/kg

79,51

-1 -1 -1 -1

Fonte: Furuya (2010). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4464-4469, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo

Alimentação da tilápia durante a engorda em tanques-rede Para engorda de tilápias em tanque-rede é recomendado utilizar rações com teor protéico de 32 a 36% e de 2.900 a 3.200 kcal ED/kg. O arraçoamento diário varia de 3 a 1,5% do peso vivo, sendo dividido em 3 a 2 refeições. A expectativa de conversão alimentar é de 1,4 a 1,8. Em condições adequadas de temperatura (28 a 32ºC), são necessários em média 150 a 180 dias para as tilápias alcançarem 800 gramas (CYRINO et al., 2002).

a observação do consumo, permitindo minimizar as perdas de ração e ajuste na taxa de alimentação. Ração peletizada é pouco usada devido não flutuar e aumentar o desperdício. A ração peletizada apresenta características negativas quando comparada a ração extrusada, sendo estas: baixa digestibilidade, baixa estabilidade, baixa eficiência alimentar e baixo retorno econômico (ONO e KUBITZA, 2003). Taxa de alimentação A quantidade de ração que um tanque pode receber depende de muitos fatores, os quais incluem: taxa de renovação de água, exigência da espécie, densidade de estocagem e biomassa final. Os limites de arraçoamentos devem ser respeitados para que não haja risco de mortalidade (KUBITZA, 2004).

Segundo Filho et al. (2002), rações com 32% de proteína bruta apresentam melhores índices de ganho de peso e conversão alimentar para tilápias na engorda em tanques-rede. Conversão alimentar aparente (CAAp)

Na Tabela 5 estão descritas as recomendações gerais da taxa de alimentação para tilápias produzidas em tanques (KUBITZA, 2011).

O índice de conversão alimentar aparente expressa a quantidade de alimento empregada por unidade de ganho de peso dos peixes, aparentemente, este fator não considera a contribuição do alimento natural nem o ganho de peso devidamente incorporado de água no animal (CYRINO et al., 2005).

A taxa de alimentação diária dos peixes (expressa em % do peso vivo) é definida em função da temperatura da água, da espécie e tamanho dos peixes e do tipo de ração utilizada. No caso de ração flutuante definir uma taxa de arraçoamento diário não é tão importante porque a resposta alimentar dos peixes pode ser observada, e a ração é oferecida gradativamente de acordo com o consumo.

Segundo Alves (2007), o índice de conversão alimentar e calculado dividindo a quantidade de ração oferecida pelo ganho de peso dos peixes, em relação ao ganho é calculado subtraindo a produção obtida pelo peso dos peixes na estocagem.

TABELA 5. Recomendações gerais da taxa de alimentação (TA - % pv/dia) e do número de refeições por dia (RF) na produção da tilápia em tanques rede usando ração flutuante com 32% de proteína bruta, sob diferentes condições de temperatura da água Peso Médio peixes (g)

30 a 32°C

25 a 29°C

16 a 19°C

16 a 19°C

TA (%PV)

RF/dia

TA (%PV)

RF/dia

TA (%PV)

RF/dia

TA (%PV)

RF/dia

25

3,6

3

4,5

3

3,6

2

2,7

1

50

3,0

3

3,7

3

3,0

2

2,2

1

75

2,7

3

3,4

3

2,7

2

2,0

1

100

2,5

3

3,2

3

2,5

2

1,9

1

150

2,4

2

3,0

2

2,4

1

1,8

1

200

2,2

2

2,8

2

2,2

1

1,7

1

250

2,0

2

2,5

2

2,0

1

1,5

1

300

1,8

2

2,3

2

1,8

1

1,4

1

400

1,6

2

2,0

2

1,6

1

1,2

1

500

1,4

2

1,7

2

1,4

1

1,0

1

600

1,1

2

1,4

2

1,1

1

0,8

1

Fonte: Adaptado de KUBITZA (2011). 4468

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Nutrição e alimentação de Tilápias do Nilo

CONCLUSÃO O custo de produção de Tilápias do Nilo é altamente impactado pela nutrição e alimentação dos peixes, uma vez que este pode representar de 40 a 70% do custo total. Dessa forma, conclui-se a necessidade de estudos mais avançados de nutrição para a espécie Tilápia do Nilo. Dados existentes já estão ultrapassados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, J.M.C. A indústria de ração no Brasil: interface com pesquisa. Palestra In: SIMOSIO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE DE PEIXES. 2. Botucatu. Anais. Botucatu. Aquanutri. 2007. (cd-rom). CYRINO, J.E.P.; CONTE, L.; CASTAGNOLLI, M.C. et al. Mini-curso: criação de peixes em tanques -rede. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQUICULTURA. 12. São Paulo: ABRAq. 60p. 2002. CYRINO, J.E.P.; URBINATI, E.C.; FRACALOSSI, D.M. et al. Tópicos especiais em piscicultura de água doce tropical intensiva. São Paulo: TecArt, 2004, 250p. FERNADES, J.B.K.; CARNEIRO, D.J.; SAKAMURA, N.K. Fontes e níveis de proteína bruta em dietas para juvenis de pacu (Piaractus mesopotamicus). Revista brasileira de Zootecnia. V. 30, n.3, p. 617-626, 2001. FILHO, M.C.; FILHO, C.J.; LEONHARDT, J.H. et al. Performance de quatro rações comerciais com diferentes níveis de proteína utilizadas na alimentação de tilápia, Oreochromis niloticus, em tanques-rede. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQUICULTURA, 12. 2002. Goiânia. Anais...São Paulo: ABRAq, p.191. FURUYA , W.M.; HAYASHI, C.; FURUYA, V.R. et al. Exigencia de proteína para alevinos revertidos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista Brasileira de Zootecnia. V. 29, n.6, p. 1912-1917, 2000. FURUYA, W.M. Tabelas brasileiras para nutrição de Tilápias. 21 ed. Toledo: GFM, 2010. 100 p. KOBERSTEIN, T.C.R.D. Alguns aspectos da tilapicultura. Jaboticabal. 2003. 14p. KUBITZA, F. Nutrição e alimentação dos peixes cultivados. Jundiaí: F. Kubitza, 1999. 123p. KUBITZA, F. Qualidade da água, planejamento da produção, manejo nutricional e alimentar, sani-

dade em piscicultura. Jundiaí: F. Kubitza, 2004. 22p. KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial. 2.ed. Jundiaí: F. Kubitza 2011. 316 p. MPA – Ministério da pesca e aquicultura. O potencial brasileiro para a aquicultura. 2011. Disponível em: <http://www.mpa.gov.br/index.php/aqui culturampa/informacoes/potencial-brasileiro>. Acesso em: 13 de outubro de 2013. NRC. National Reseach Council. Nutrient requirements of fish. Washington: National Academy, 1993. 114p. OLIVEIRA, E.G.; SANTOS, F.J.S.; PEREIRA, A.M.L. et al. Produção de tilápia: Mercado, espécie, biologia e recria. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2007. 12p. (Embrapa Meio-Norte. Circular Técnica, 45). ONO, E. A.; KUBITZA, F. Cultivo de peixes em tanques-rede. 3. Ed. Jundiaí: E. A.Ono, 2003. 112p. TEIXEIRA , E.A.; RIBEIRO, L.P.; CREPALDI, D.V. et al. Exigências de aminoácidos para alevinos de tilápia do Nilo estimadas com base no conceito de proteína ideal. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 41, 2004. Campo Grande. Resumos... Campo Grande. Sociedade Brasileira de Zootecnia. 2004 (cd-rom).

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Cultivo de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) na fase de terminação em tanque escavado Tilapicultura, cultivo, qualidade de água, produtividade, rendimento.

Lucas Wachholz1 Jonas Francisco Egewart2 Claudio Yuji Tsutsumi3 Rogério Krumenauer4 Fernando Luis Escher4 Mestrando em Zootecnia, UNIOESTE. *E-mail: lucaswach@hotmail.com. Mestre em Agronomia, UNIOESTE. 3 Docente do Centro de Ciências Agrárias, UNIOESTE. 4 Acadêmicos do curso de Zootecnia, UNIOESTE. 1 2

RESUMO O presente estudo teve por objetivo avaliar o ganho de peso em tilápias em fase de terminação e avaliar a os parâmetros de qualidade de água, produção e rendimento de cortes. Para isto foram alojados 259 tilápias (Oreochromis niloticus) da linhagem Gift em um tanque escavado de 200 m², sendo estes animais alimentados com ração comercial. O experimento teve 140 dias de duração, aonde foi mensurada a temperatura da água duas vezes ao dia e quinzenalmente foi realizada a biometria dos peixes e calculo da quantidade a ser fornecida de ração, sendo também realizadas as leituras de pH e condutividade da água. Em relação a qualidade da água foram obtidos valores de pH e transparência dentro do preconizado para o cultivo da espécie, porém os valores de condutividade são considerados fora da faixa preconizada. Os animais apresentaram valores de rendimentos de processamento dentro da normalidade. As variáveis de produtividade apresentaram valores satisfatórios exceto o ganho de peso diário que foi baixo, fato este atribuído as baixas temperaturas durante o cultivo. Palavras-chave: Tilapicultura, cultivo, qualidade de água, produtividade, rendimento.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

CULTIVATION OF TILAPIA (OREOCHROMIS NILOTICUS) IN THE FINISHING PHASE TANK EXCAVATED ABSTRACT This study aimed to assess weight gain in tilapia in the finishing phase and evaluate the parameters of water quality, production and yield of cuts. To this were housed 259 tilapia (Oreochromis niloticus) Gift of strain in a tank excavated 200 m², since these animals are fed commercial feed. The experiment duration of 140 days, where we measured water temperature twice daily and fortnightly biometrics Fish and calculate the amount to be provided ration was performed and also performed readings of pH and conductivity of the water. Regarding water quality pH and transparency within the recommended range for the cultivation of the species were obtained, but the values of conductivity are considered outside the recommended range. The animals showed values of income within normal processing. Variables productivity showed satisfactory values except that the gain was low daily weight, and this was attributed to low temperatures during cultivation. Keywords: tilapia, farming, water quality, productivity, return.


Cultivo de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) na fase de terminação em tanque escavado

INTRODUÇÃO A população mundial se encontra em crescente aumento, e visando suprir a demanda de alimento temse buscado alternativas para suprir as necessidades de proteínas da população. De acordo com Carmo et al. (2008), a aqüicultura surge como a mais promissora atividade da agropecuária, incluindo segmentos como a piscicultura, a carcinicultura, a malacocultura e a algocultura, entre outros. Na atualidade os produtos aquícolas tem sido uma importante fonte de proteína animal para um numero crescente de pessoas ao redor do mundo, sendo que a maior parte desta demanda é suprida pela aqüicultura comercial (FIGUEIREDO e LEAL, 2008). De acordo coma FAO (2012) esta ocorrendo um avanço crescente na produção da aqüicultura, a qual é responsável por 46% do pescado consumido no mundo, mas deve-se ressaltar que a mesma ainda não supre as necessidades da população. De acordo com Andrade et al. (2005) no estado do Paraná a piscicultura tem se apresentado como uma atividade em ascensão, pois constitui uma importante alternativa para a pequena propriedade rural. Sendo esta atividade considerada como alternativa para a diversificação da renda agropecuária, ela é impulsionada, simultaneamente pela oferta e demanda (SCORVO FILHO et al., 1998). O principal gerador da crescente demanda de pescado é a mudança de hábito alimentar da população para o consumo de carnes brancas, sendo estes fatos aliados a estabilidade na quantidade de captura da pesca marítima (HERMES, 2009). Sendo que a piscicultura brasileira sofreu intensas transformações nas ultimas décadas, tendo se consolidado como uma importante atividade do agronegócio brasileiro, assim substituindo em parte o peixe proveniente da pesca (FIRETTI, GARCIA e SALES, 2007). Segundo a Embrapa (2007) a tilápia é a espécie de peixes que apresenta o maior crescimento de produção em cativeiros, sendo que atualmente é a segunda espécie mais cultivada no mundo, estando apenas atrás da carpa, e no Brasil esta espécie é a mais cultivada, devendo ser destacado o fato que este grupo de peixes é apontado como destaque na ampliação

dos mercados internos e externos brasileiros, devendo ser destacado o fato de o Brasil ter potencialidade para em breve ser o maior produtor desta espécie no mundo. Sendo que esta espécie esta presente em cerca de 100 países, possuindo participação nos mais diversos mercados sendo que neste século esta deve ser a espécie mais importante da piscicultura comercial (FITZSIMMONS, 2000). Esta espécie é nativa da áfrica, Israel e Jordânia e possui fácil reprodução, com baixos custos de produção podendo ser cultivadas em sistemas extensivos com pouca tecnologia e em sistemas altamente intensivos, podendo ser cultivadas também em águas com elevada salinidade e temperaturas baixas (EMBRAPA, 2007). Outros fatores que contribuem para a importância que as tilápias possuem atualmente na piscicultura são o seu rápido crescimento a taxas elevadas e as características organolépticas presentes na carne, com filés sem a presença de espinhas intramusculares em formato de “Y” (RIGUETTHI et al., 2011). Entre as linhagens de tilápia cultivadas no Brasil deve se dar destaque a linhagem GIFT (Genetically Improved Farmed Tilapia) que é uma linhagem fruto de melhoramento genético, sendo a mesma proveniente da Malásia, tendo sido trazida para o Brasil em 2005 pelo departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (MASSAGO, 2007). Esta linhagem destaca-se pela sua qualidade possuindo índices de desempenho zootécnico superiores as demais linhagens presentes no mercado. De acordo com Mardine (2000), as ações antrópicas sobre o meio ambiente, alteram os fatores físicos, químicos e biológicos da água, tornando a água de má qualidade. Isto deve ser levado em conta, pois a água utilizada no cultivo de peixes deve ser submetida á um monitoramento contínuo, onde é necessária a verificação dos fatores físicos e químicos nesses ambientes que são de grande importância devido a sua influência sobre os processos metabólicos dos peixes cultivados (SIPAÚBA TAVARES, 1994). Existe a necessidade de avaliação da produtividade dos peixes, pois o melhoramento genético é constante e as linhagens de tilápias comerciais sofrem mu-

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danças na produtividade. Alem disso deve-se destacar o fato de que existem poucos estudos em relação aos rendimentos do processamento de tilápias principalmente em relação ao rendimento de carcaça e de cortes (SOUZA e MARANHÃO, 1998). Frente o exposto o presente trabalho teve por objetivo avaliar os parâmetros de qualidade de água, produção e rendimento de cortes de tilápias em fase de terminação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido entre os meses de Abril a Setembro de 2013 no setor de aquicultura da Estação Experimental Dr. Antônio Carlos do Santos Pessoa pertencente à Universidade Estadual do Paraná, campus de Marechal Cândido Rondon, localizada na Linha Guará. A referida encontra-se sob Latitude de 24º33’S, Longitude 54º04’W, e altitude de 420 metros. O viveiro utilizado no experimento é do tipo tanque escavado, sendo o abastecimento realizado individualmente, por gravidade com água proveniente de mina, tendo área útil de 200m² e profundidade média de 1,0m, totalizando um volume aproximado de 200m³. Antes da instalação do experimento o viveiro passou por um processo de drenagem, ficando totalmente seco durante sete dias, o mesmo também passou por um processo de desinfecção utilizando cal virgem e após este período o tanque teve o nível de água restabelecido. Após o enchimento dos tanques começou o monitoramento da qualidade da água, sendo mensurada diariamente a temperatura da água, e por ocasião das biometrias foram realizadas quinzenalmente as medidas de pH, condutividade e transparência com disco de secchi. Foram alojados 259 peixes no dia 29 de abril de 2013 da espécie Oreochromis niloticus e linhagem comercial GIFT (Genetically Improved Farmed Tilápia), sendo todos eles machos revertidos sexualmente, os quais possuíam um peso médio de 805g, estes peixes, estes animais permaneceram 50 dias nos tanques comendo ração em quantidade ajustada a seu 4472

peso até o início do presente experimento que foi no dia 17 de julho de 2013 com os animais apresentando um peso médio de 829g. Os peixes foram alimentados com ração comercial de terminação, sendo ela do tipo extrusada contendo 32% de proteína bruta. Foram realizadas biometrias quinzenais utilizando-se 30 peixes, sendo utilizados os resultados das mesmas para o ajuste da quantidade de ração a ser fornecida, sendo que em dias com a temperatura média da água estando inferior a 20°C não foi fornecida alimentação. Após 140 dias de experimento, o mesmo foi finalizado, realizando-se a ultima biometria dos peixes e foi selecionado um total de 10 peixes escolhidos ao acaso, os quais foram abatidos e passaram pelo processo de filetagem, aonde foram determinados os rendimentos de carcaça desviscerada, carcaça desviscerada sem cabeça, carcaça após filetagem, filetagem e também os pesos de filés. Todos os dados obtidos no experimento foram tabulados e submetidos à análise de regressão a 5% de probabilidade utilizando-se o software SAS (STATISTICAL ANALYSIS SYSTEMS INSTITUTE, 1999). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pode ser observado na Figura 1 que há uma grande variação nas temperaturas durante o experimento, sendo que de acordo com Kubitza (2000), grandes variações de temperatura podem provocar estresse nos animais diminuindo assim a produtividade. Conforme está descrito na Tabela 1 a temperatura da água no tanque de cultivo variou de 8 a 24°C, valores estes abaixo da temperatura ideal de cultivo para esta espécie, que de acordo com Lim (1988) é de 25-32°C. Segundo Kubitza (2000), as tilápias quando submetidas a temperaturas abaixo dos 20°C tem seu apetite reduzido drasticamente e aumentam os riscos de doenças, já a temperaturas abaixo de 18°C ocorre uma supressão do sistema imunológico. Porém apesar dos fatos expostos acima se pode considerar que as baixas temperaturas não configuraram em problemas para o experimento, visto que os animais ganharam massa e não apresentaram mortalidade.

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FIGURA 1. Gráfico da temperatura da água na manhã e na tarde durante o período do experimento.

Os valores de pH (Tabela 1) estão situados entre 6,35 e 6,89, valores estes dentro dos recomendados por Kubitza (2000), no qual se recomenda que os valores estejam entre 6 e 8,5. Estes dados podem ser considerados satisfatórios, pois de acordo com o mesmo autor, em viveiros com pH fora da faixa recomendada ocorre diminuição na produtividade dos peixes, e em valores de pH abaixo de 4,5 e acima de 10,5 pode ocorrer mortalidade dos peixes, sendo quando o Ph esta alto, aumentam os riscos de ocorrência de problemas com toxidez de amônia. Conforme está expresso na Tabela 1, os valores de condutividade da água do viveiro estão situados entre 120 e 530 µS/cm, valores estes que podem ser considerados altos se comparados aos recomendados por Sipaúba-Tavares (1994), o qual recomenda que a condutividade esteja entre 23 e 71 µS/cm. Os altos valores de condutividade apresentados no viveiro podem ser indicativos de elevada matéria orgânica em decomposição (MERCANTE, et al. 2007).

podem ser considerados satisfatórios, pois de acordo com Kubitza (1999), os valores ideais devem de transparência devem estar situados entre 40 e 60 cm, o que quer dizer que em alguns momentos do cultivo esta variável não estava em dentro da faixa considerada ideal. Mas apesar deste fato considera-se que isto não ocasionou em problemas pois os peixes ganharam massa muscular e não apresentaram mortalidade. Os peixes utilizados para a avaliação do rendimento de filetagem apresentaram um peso médio de 1181 g (Tabela 2), peso este considerado alto, pois na maioria dos casos a filetagem é feita com peixes de peso de 600 a 800g. Porém o uso de peixes nesta faixa de peso utilizada no experimento é uma boa alternativa, pois, de acordo com Popma e Lovshin (1996), o rendimento de filetagem aumenta se a tilápia é robusta, sendo que tilápias de 800 a 1200g apresentam de 1 a 2% maior de rendimento de filé se comparadas á tilápias de 500 a 800g. O rendimento de carcaça desviscerada sem cabeça foi de 62%, (Tabela 2), valores estes que podem ser

De acordo com a Tabela 1, os valores de transparência ficaram situados entre 14 e 50 cm, estes valores não

TABELA 1. Valores de Temperatura (°C), pH, condutividade (µS/cm) e transparência (cm) obtidos durante o experimento. Parâmetros Temperatura (°C)

Mínimo-Máximo 8-24

TABELA 2. Valores médios de peso vivo (g), carcaça desviscerada (%), carcaça desviscerada sem cabeça (%), carcaça após filetagem (%), rendimento de filetagem (%) e peso de filé (g). Média Peso vivo (g) Carcaça desviscerada (%)

87

Carcaça desviscerada sem cabeça (%)

62 27

pH

6,35-6,89

Carcaça após filetagem (%)

Condutividade (µS/cm)

120-530

Rendimento de filetagem (%)

Transparência (cm)

14-50

1.181

38,45

Peso de filé (g)

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considerados satisfatórios se comparados aos obtidos por Souza et al. (2000), que trabalhou com tilápias de 401 a 500g e obteve um rendimento médio de 61,91%. Porém os mesmos podem ser considerados baixos se comparados aos resultados obtidos por Simões et al. (2007) que trabalhando com tilápias de 600 a 700g de peso vivo obteve 70,75% de rendimento de carcaça. Conforme está esboçado na Tabela 2, a carcaça após a filetagem totalizou 27% do peso total do peixe, sendo que estes valores são próximos aos encontrados por Simões et al. (2007), que obteve em tilápias de 600 a 700g um total de 26,71% ou seja os resultados podem ser considerados satisfatórios. Em relação ao rendimento de filetagem foi obtido

Ainda em relação ao filé pode-se observar na Figura 2, que á uma alta correlação do peso do peixe em relação ao peso do filé, sendo que a mesma apresentou efeito quadrático e obteve-se um alto coeficiente de correlação (R²) que no caso foi de 0,96. Conforme está esboçado na Tabela 3, os peixes iniciaram o experimento com um peso médio de 0,829kg e ao final do período de 140 dias atingiram o peso médio de 1,139kg, atingindo assim um ganho de peso de 0,310 kg por animal. O ganho de peso diário das tilápias foi de 2,21g (Tabela 3), sendo o mesmo muito inferior ao obtido por Furuya et al. (1998), que trabalhando com tilápias também na fase de terminação obteve para esta variável um ganho médio de 3,90g por dia. O baixo va-

38,45% (Tabela 2), valores estes que podem ser considerados satisfatórios se comparados aos obtidos por Pinheiro et al. (2006), que mensurou o rendimento de filetagem em uma industria de beneficiamento de tilápias e obteve 31% desta variável ou seja, um valor 7,45% menos ao obtido no presente experimento. Porém em estudo com tilápias de linhagem híbridas Leonhardt et al. (2006) encontrou 39,05% desta variável ou seja valores muito semelhantes aos apresentados neste estudo.

lor apresentado para está variável pode ser explicado pelas baixas temperaturas obtidas no período do experimento que de acordo com a Tabela 1 ficaram entre 8 e 24°C, sendo estas temperaturas abaixo do ideal preconizado por Lim (1988) que é de 25 a 32°C.

Foi obtido o peso médio de filé de 396g, valores estes superiores aos obtidos em tilápias de 700 a 800 g por Araújo et al. (2009), categoria esta de peso mais comumente abatida comercialmente, portanto esta diferença no peso é atribuída ao peso médio dos animais do presente experimento que é de 1.181g.

O crescimento médio dos peixes obtido no presente estudo foi de 3,53cm conforme está representado na Tabela 3.

De acordo com o esboçado na Tabela 3, a biomassa inicial foi de 214,71 kg e a biomassa final foi de 295 Kg totalizando um ganho de biomassa (biomassa líquida) de 80,29 kg.

A produção por m2 foi de 1,47 kg (Tabela 3) valor considerado satisfatório se comparado aos valores detalhados por Ayroza (2009) que cita que os valores

FIGURA 2. Regressão polinomial de segundo grau entre peso do filé (kg) e o peso do peixe (kg) de tilápias do Nilo. 4474

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Tabela 3. Valores obtidos de peso médio inicial (kg), peso médio final (kg), ganho de peso (kg), ganho de peso diário (g), biomassa inicial (kg), biomassa final (kg), biomassa líquida (kg), comprimento médio final (cm), crescimento médio (cm), produção (kg/m²), conversão alimentar e taxa de sobrevivência (%). Variável

Valores

Peso médio inicial (kg)

0,829

Peso médio final (kg)

1,139

Ganho de peso (kg)

0,310

Ganho de peso diário (g)

2,21

Biomassa inicial (kg)

214,71

Biomassa final (kg)

295,00

Biomassa líquida (kg)

80,29

Comprimento médio final (cm)

36,83

Crescimento médio (cm)

3,53

Produção (kg/m²)

1,47

Conversão alimentar

1,25

Taxa de sobrevivência (%)

100

máximos encontrados neste tipo de cultivo ficam em torno de 1,25 kg/m². A confirmação alimentar obtida neste estudo foi de 1,25 (Tabela 3), valores estes considerados satisfatórios se comparados aos obtidos por Silva et al. (2003) que obteve um valor de 1,24 para esta variável em um sistema intensivo do tipo raceway. A conversão alimentar obtida no presente experimento pode ser considerada excelente e seus baixos valores podem ser creditados ao tipo de sistema de criação semi-intensivo que possui geralmente melhores conversões, pois os animais têm maior quantidade de plâncton disponível para a sua alimentação.

Não ocorreu mortalidade dos peixes durante o período de estudo, portando os animais apresentaram taxa de sobrevivência de 100% (Tabela 3), valor este que pode ser considerado excelente. Conforme está representado na Figura 3 houve uma alta correlação do tempo de experimento em relação ao ganho de peso, a regressão apresentou efeito quadrático e apresentou um coeficiente de correlação de 0,98, sendo que este pode ser considerado excelente, ou seja, os peixes ganharam peso ao decorrer do experimento. Também houve uma alta correlação do tempo de experimento em relação ao crescimento dos peixes (Figura 4), obtendo-se um coeficiente de correlação de 0,93, sendo o mesmo considerado excelente, sendo assim pode-se inferir que os peixes cresceram durante o experimento. CONCLUSÕES Os valores das variáveis de qualidade de água estão situados dentro das faixas preconizadas para a aqüicultura exceto os de temperatura e condutividade. As variáveis mensuradas durante o processamento dos peixes apresentaram valores satisfatórios estando dentro do esperado. Em relação à produtividade das tilápias estes animais apresentaram um desempenho satisfatório, exceto no ganho de peso diário, que foi afetado pela temperatura média da água durante o cultivo.

FIGURA 3. Regressão polinomial de segundo grau entre peso do peixe (kg) e o número de dias de cultivo de tilápias do Nilo. Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4470-4477, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Estresse por calor em frangos de corte Avicultura, desempenho, infraestrutura, nutrição, temperatura.

Jackelline Cristina Ost Lopes1* Mabell Nery Ribeiro1 Vânia Batista de Sousa Lima1

Revista Eletrônica

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI. *E-mail:jack.ost@hotmail.com 1

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO Possuindo um sistema termorregulador mais adaptado para reter calor do que para dissipá-lo, o estresse por calor é um dos maiores entraves na criação de frangos de corte limitando a produtividade, principalmente na região Nordeste do Brasil. A busca por melhores índices zootécnicos e econômicos frente aos desafios gerados pelo ambiente onde as aves são criadas, tem estimulado pesquisas relacionadas a modificações na estrutura dos galpões e nas dietas como alternativas para tentar amenizar os prejuízos causados pelas altas temperaturas sobre o desempenho dos animais. Desta forma, objetivou-se apresentar a influência do estresse por calor sobre os parâmetros de desempenho produtivo e sanidade avícola, discutindo as possíveis estratégias relacionadas à infraestrutura e a manipulação nutricional de rações visando atenuar os efeitos negativos das altas temperaturas em frangos de corte. Palavras-chave: avicultura, desempenho, infraestrutura, nutrição, temperatura.

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HEAT STRESS IN BROILER ABSTRACT With a thermoregulatory system more adapted to retain heat than to dispel it, heat stress is one of the biggest obstacles in creating broiler, limiting productivity, especially in the Northeast region of Brazil. The search for better zootechnical and economic rates regarding the challenges generated by the environment where the birds are raised, has stimulated researches related to changes in the structure of the sheds and in diets as alternatives to try to mitigate the damage caused by high temperatures on the performance of the animals. Thus, we aimed to show the influence of heat stress on performance parameters and poultry health, discussing possible strategies related to infrastructure and nutritional manipulation of rations to mitigate the negative effects of high temperatures in broiler chickens. Keywords: poultry, performance, infrastructure, nutrition, temperature.


Estresse por calor em frangos de corte

INTRODUÇÃO A criação de frangos de corte em escala industrial, dentre os diversos sistemas de produção animal, foi o que apresentou os maiores índices de evolução nos últimos anos, tornando-se uma das atividades mais importantes para a economia brasileira. Grande parte desse dinamismo decorre dos avanços nas áreas de nutrição animal, melhoramento genético, sanidade e ambiência. Além disso, o setor tem sido impulsionado pelo crescimento da demanda associada à mudança no padrão de consumo populacional, devido ao processo de substituição de carne vermelha pela carne branca (CARVALHO et al., 2008). Por outro lado, apesar do alto potencial para produtividade, a criação de frango de corte segue enfrentando desafios à medida que novos e eficientes índices produtivos são alcançados, mostrando-se suscetível a um grande número de variáveis, destacando-se, dentre elas, os fatores ambientais, que interferem diretamente na expressão do potencial genético, na eficiência de utilização de nutrientes e nos aspectos sanitários das aves (OLIVEIRA et al., 2006). Assim, esta revisão de literatura tem como objetivo apresentar a influência do estresse por calor sobre os parâmetros de desempenho produtivo e sanidade avícola, discutindo as possíveis estratégias relacionadas à infraestrutura e a manipulação nutricional de rações visando atenuar os efeitos negativos das altas temperaturas em frangos de corte. TERMORREGULAÇÃO DAS AVES Homeotermia e zona de conforto térmico As aves são animais classificados como homeotérmicos, apresentando a capacidade natural de manter a temperatura interna constante (BRIDI, 2010). Do ponto de vista termodinâmico, significa que as aves estão em troca contínua de calor com o meio, entretanto, este processo só se mostra eficiente quando a temperatura ambiente se encontra dentro de certos limites de conforto térmico (ABREU & ABREU, 2011). A zona de conforto térmico, ou zona de termoneutralidade, pode ser definida como sendo a faixa de temperatura ambiente efetiva que proporciona conforto térmico e reduz a taxa metabólica a seu nível mínimo, ou seja, uma zona de temperatura ambiente em que o

animal mantém a temperatura corporal com a mínima utilização de mecanismos termorreguladores. Dessa maneira, a fração de energia metabolizável destinada à termogênese é mínima, e a energia líquida destinada à produção é otimizada (FURLAN, 2006). Para pintos de um dia, Furlan & Macari (2008) relatam a zona de conforto térmico dentro de uma temperatura ambiente entre 33 e 35°C com umidade relativa entre 65 a 70% e, com o desenvolvimento do frango de corte e a consequente maturação do sistema termorregulador, que atinge sua plenitude entre 10 e 15 dias de vida pós-natal, a zona de conforto térmico é reduzida de 33 para 24°C, com quatro semanas de idade e, para 21 a 22°C com seis semanas de idade. Fora da zona de conforto térmico, os animais respondem com alterações comportamentais, bioquímicas e fisiológicas (NAZARENO et al., 2009), refletindo em decréscimo produtivo, reprodutivo e da resistência do organismo, sendo que extremos podem vir a ser letais. A condição ambiental deve ser manejada, na medida do possível, visando à permanência dos animais na sua faixa de conforto térmico, pois nessas condições, os sistemas de regulação de temperatura atuam com um dispêndio menor de energia, o que implica em ganho de peso e conversão alimentar mais eficiente, dentre outros benefícios (LIMA et al., 2009). EFEITOS DO ESTRESSE POR CALOR EM FRANGOS DE CORTE Respostas fisiológicas e comportamentais Frangos de corte, quando expostos a temperatura ambiental acima de 25°C, apresentam temperaturas da cloaca e da pele significativamente aumentadas (HAN et al., 2010), o que sugere redução na capacidade de perder calor, e quando expostas a temperaturas agudas extremas, entram em quadro de hipertermia elevando a taxa de mortalidade na produção (SILVA et al., 2007). As aves em estresse por calor abrem as asas mantendo-as afastadas do corpo, expondo a região ventral altamente vascularizada, eriçam as penas e promovem vasodilatação periférica, intensificando o fluxo sanguíneo para a superfície corporal e áreas não cobertas com penas (pés, crista e barbela), com

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a finalidade de facilitar a perda de calor para o ambiente (TAN et al., 2010). Han et al. (2010), ao submeterem frangos de corte de quatro semanas de idade a temperatura elevada (35°C) de forma cíclica (3 horas/dia), observaram sinais visíveis de estresse por calor nos animais. Os autores relatam mudanças comportamentais como aumento significativo da taxa respiratória (animais ofegantes) e uma distribuição dispersa no interior das gaiolas com a permanência das aves próximas aos bebedouros com água potável. Em trabalho similar, Tan et al. (2010), após exposição aguda de frangos de corte a diferentes condições de temperatura, puderam observar, dentre outros parâmetros, mudanças comportamentais significativas como asas abertas, ofegação, penas eriçadas, aumento no consumo de água, depressão e fezes aquosas. Influência sobre o desempenho produtivo Quando expostas a alta temperatura ambiente, as aves diminuem substancialmente o consumo de alimento (BOIAGO et al., 2013), reduzindo os substratos metabólicos disponíveis e a consequente produção de calor endógeno. Além disso, o aumento na concentração plasmática de corticosterona observado sob condições de estresse por calor (QUINTEIRO FILHO et al., 2010), altera o turnover protéico, aumentando a taxa de quebra da proteína muscular com consequente elevação da produção de calor e piora no desempenho. Frangos de corte, alojados em ambiente com temperatura fora da zona de conforto térmico, necessitam desviar energia para buscar a manutenção da homeotermia, considerada a função basal mais importante e prioritária, em detrimento do desempenho produtivo (OLIVEIRA et al., 2006).

to do sistema imunológico em frangos de corte, com redução do peso dos órgãos, da resposta de anticorpos e da habilidade fagocítica de macrófagos. Essas alterações podem ser justificadas pelo elevado nível de corticosterona no plasma sanguíneo, com diferentes graus de involução do sistema linforreticular, por meio de mecanismos de apoptose e, consequentemente, supressão da imunidade humoral e daquela mediada por células (QUINTEIRO FILHO et al., 2010). O peso proporcional e a morfologia de órgãos linfoides são utilizados frequentemente para estimar a imunidade das aves frente a condições adversas (RAO et al., 2013). Quinteiro Filho et al. (2010), ao submeterem frangos de corte de 35 a 42 dias de idade a duas fontes estressoras de calor (31 ± 1°C e 36 ± 1°C/ 10 h por dia) observaram aumento da mortalidade e diminuição no peso relativo da bolsa cloacal e timo. Os autores afirmam que, em aves mantidas em condições de estresse por calor, ocorre ativação do eixo hipofisário -hipotalâmico-adrenal com consequente aumento dos níveis circulantes de corticosterona que possui efeito catabólico sobre os órgãos linfoides, ocasionando involução precoce desses tecidos e, consequentemente, supressão da imunidade, diminuindo a resistência do animal a patologias. Diante do exposto, práticas, no intuito de atenuar os efeitos deletérios das altas temperaturas sobre as respostas fisiológicas e produtivas dos frangos de corte, devem ser pesquisadas. Entre as várias alternativas disponíveis destacam-se as modificações estruturais e o manejo nutricional.

Os processos como ofegação e abertura das asas, na tentativa de dissipar calor, exigem gasto de energia extra. Portanto, durante altas temperaturas, há redução na eficiência de utilização dos alimentos, tendo por resultado uma taxa de conversão alimentar geralmente mais elevada (OLANREWAJU et al., 2010).

INSTALAÇÕES PARA FRANGOS EM CLIMA QUENTE Elementos construtivos Nos últimos anos, a indústria avícola passou a buscar nas instalações e na ambiência, a possibilidade de melhoria no desempenho de frangos de corte, principalmente, quando criados em ambientes com temperaturas elevadas (OLIVEIRA et al., 2006). A troca de calor da ave com o ambiente é fortemente afetada pelas instalações quando estas promovem o equilíbrio térmico desejável (LIMA et al., 2009).

Influência sobre o sistema imune e sanidade avícola Temperaturas elevadas podem alterar o funcionamen-

As variáveis ambientais como temperatura, umidade relativa do ar, ventilação e radiação solar são impor-

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tantes indicadores da qualidade do ambiente para a ave por serem agentes estressores (SILVA et al., 2007). Mudanças no ambiente de criação que diminuam as condições de estresse por calor podem melhorar o conforto animal e proporcionar melhores resultados na produção de aves (JONES et al., 2005). As condições ambientais requeridas pelos animais podem ser atendidas por edificações a partir de uma boa concepção arquitetônica, planejada e construída para diminuir a ação direta dos fatores climáticos (CARDOSO et al., 2011). A orientação leste-oeste em galpões para confinamento de animais é recomendada universalmente, a fim de minimizar a incidência direta do sol sobre os animais através das laterais da instalação, já que, nesse caso, o sol percorre ao longo do dia sobre a cumeeira da instalação (RESENDE et al., 2008). A alta incidência de radiação solar sobre a cobertura das instalações avícolas é um dos principais causadores do estresse térmico em aves (MACHADO et al., 2012). Cravo et al. (2009) descrevem que o ambiente das instalações deve ser planejado com isolamento térmico a fim de reduzir os efeitos negativos diretos do clima sobre as aves. As condições climáticas do galpão, em função dos efeitos da radiação direta e indireta natural sobre as instalações, sempre apontará a necessidade de intervenção para amenizar os efeitos do estresse por calor sofrido pelas aves, uma vez que os galpões avícolas no Brasil são predominantemente abertos, sem nenhum tipo de fechamento e/ou isolamento térmico (PAULA et al., 2014). O telhado é o elemento construtivo mais importante de uma edificação, e tal fato deve-se à grande área de interceptação de radiação e que, em regiões tropicais, a escolha adequada da telha torna-se fator principal para o conforto térmico (SAMPAIO et al., 2011). De acordo com Tonoli et al. (2011) telhas de fibrocimento são adequadas em relação a conforto térmico, pois apresentam baixa condutividade térmica e capacidade de calor específico elevado, possuindo assim menor difusividade térmica. A pintura de telhado é um artifício simples e eficiente na redução da temperatura de aviários. A cor branca da superfície externa do telhado de amianto é eficien-

te na redução da temperatura da superfície interna da cobertura, pois reduz em até 9,0°C a temperatura no horário das 13 horas (SARMENTO et al., 2005). Sampaio et al. (2011) indicam que as telhas cerâmicas e de fibrocimento pintadas de branco na face superior promovem alta eficiência na interceptação da energia solar, sendo as mais indicadas para cobertura de edificações para produção de animais. No entanto, Passini et al. (2013), ao avaliarem a intervenção ambiental na cobertura sobre índices de conforto para aves de corte, perceberam que apenas a utilização de pintura não é eficiente. O forro sob o telhado é também uma alternativa de conforto térmico para aves uma vez que serve como barreira física à radiação recebida e emitida pela cobertura no interior do aviário, permite a formação de camada de ar junto à cobertura contribuindo na redução da transferência de calor para as aves proporcionando melhor desempenho das frangos de corte em aviários com forro quando comparado aqueles criados em aviários sem forro (ABREU et al., 2007). A cor das cortinas usadas para fechar os lados dos aviários convencionais pode influenciar as condições térmicas do interior do aviário. De acordo com Vercellino et al. (2013) a cortina de cor azul confere melhor ambiente térmico para frangos de corte quando comparado as cores preta e amarela. Porém, Abreu et al. (2008) observaram melhores resultados de desempenho de frangos de corte para lotes de verão em aviários com cortina amarela. SISTEMAS DE RESFRIAMENTO NAS INSTALAÇÕES AVÍCOLAS Climatização dos galpões Mesmo com a implantação de instalações avícolas adequadas, atingir o conforto térmico no interior das instalações avícolas, face às condições climáticas inadequadas, torna-se um desafio. A climatização se torna então, uma saída estratégica para se criar uma situação de certa independência do clima externo (BUENO & ROSSI, 2006). Ventiladores e exaustores compõem o sistema de ventilação artificial dos aviários. O aumento da velocidade de circulação do ar através da utilização de ventiladores pode aliviar o estresse térmico uma vez

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que aumenta as trocas de calor do animal com o ambiente (YAHAV et al., 2004). Os exaustores são utilizados para executar a ventilação negativa conhecida como túnel de ventilação (NOWICKI et al., 2011) que capta o ar quente no interior do aviário e lança para o exterior. Sistemas de ventilação, fixo e oscilante, são suficientes para amenizar as condições térmicas internas do aviário em relação ao ambiente externo, proporcionando temperaturas dentro do aviário de 4°C a 6°C abaixo da temperatura externa (ABREU & ABREU, 2011). Na aplicação do sistema de resfriamento evaporativo (SRE), realizada com placas porosas e nebulização, ocorre uma alteração ambiental a partir da mudança do estado da água e da temperatura, melhorando as condições de conforto térmico das aves em climas quentes. O uso de SRE reduz da temperatura de bulbo seco do ar em até 11°C (CARVALHO et al., 2009). O material das placas evaporativas pode influenciar nos índices zootécnicos de frangos de corte. A pesquisa de Damasceno et al. (2010), comparando dois tipos de placas porosas, o tipo sombrite conferiu um aumento de 15% na mortalidade das aves em comparação ao tipo celulose, sendo que isso provavelmente deve ter ocorrido em função das piores condições térmicas observadas no aviário. A nebulização, que consiste em pequenas partículas de água pulverizadas no ar, no interior dos galpões permite o controle da temperatura e umidade do ambiente. O manejo sincronizado do sistema de ventilação e nebulização mostra-se insuficiente para controlar os altos níveis de estresse nas aves quando o clima se encontra em temperatura elevadas (BUENO & ROSSI, 2006). Welker et al. (2008), ao avaliarem a temperatura média corporal (TMC) nos diferentes sistemas de climatização de aviários, constataram que a utilização associada de ventiladores e nebulizadores conferiu a menor TMC das aves aos 51 dias de idade. Além de ventiladores e nebulizadores, Furtado et al. (2005) sugerem a utilização de aspersão de água sobre a cobertura do aviário como técnica de acondicionamento térmico. De acordo com Tinôco (2001) essa técnica sobre a cobertura produz redução da tempe4482

ratura da telha simultaneamente por evaporação da água em contato com a telha, evaporação da água da lâmina sobre a telha, transferência de calor da telha para a lâmina de água e remoção de calor sobre a cobertura por meio do ar já resfriado evaporativamente. Todo esse processo leva à redução do gradiente térmico que chega à superfície inferior da telha, e, consequentemente, da carga térmica de radiação sobre as aves, favorecendo as condições térmicas das instalações em períodos de calor. Com isso, instalações adequadas e sistemas de climatização são medidas essenciais para o conforto térmico no interior de instalações avícolas. Entretanto, considerando que algumas modificações térmicas ambientais são onerosas, a manipulação nutricional da dieta também é considerada uma ferramentas para otimizar o desempenho de frangos de corte durante os meses quentes do ano, com consequentes benefícios econômicos aos produtores. MEDIDAS NUTRICIONAIS PARA AMENIZAR OS EFEITOS DO ESTRESSE POR CALOR Adição de óleos e gorduras Os óleos e as gorduras surgiram como excelentes fontes de energia e ácidos graxos essenciais na alimentação das aves, elevando o aporte energético das rações, no sentido de compensar a baixa ingestão de nutrientes decorrente da queda no consumo em climas quentes e melhorar a palatabilidade. Além disso, proporcionam menor incremento calórico quando comparado aos carboidratos e proteínas, e favorece a absorção de vitaminas lipossolúveis (NOBAKHT et al., 2011). Um fator relevante sobre a adição de fontes lipídicas na ração é a influencia que exercem na taxa de passagem de alimento, diminuindo a velocidade da mesma, que favorece a digestibilidade dos demais nutrientes, uma vez que permanecem mais tempo no trato digestório (FURLAN & MACARI, 2008), processo conhecido como efeito extra-calórico das gorduras. Ao selecionar a fonte de gordura a ser utilizada para formular a dieta, alguns cuidados devem ser tomados, pois óleos como o de soja, canola, nozes, linhaça e peixes são ricos em ácidos graxos poli-insaturados, logo, devem ser utilizados em quantidades mínimas

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na dieta, por terem baixos níveis de antioxidantes e serem especialmente susceptíveis a rancidez oxidativa e destruição de vitaminas A e E, podendo até mesmo causar alterações no sabor da carne de aves. Além disso, as fontes de gordura ricas em ácidos graxos poli-insaturados contribuem para um maior acúmulo de gordura abdominal, afetando a qualidade da carcaça. Redução de proteína bruta Dentre as medidas adotadas com o intuito de reduzir os prejuízos causados pelo estresse por calor temse a redução da proteína bruta da ração, suplementando-a com aminoácidos sintéticos como a lisina e a metionina, o que permite que as aves tenham um balanço destes nutrientes que atendam essencialmente as suas exigências nutricionais (MATOS et al., 2011). Os avanços das indústrias de aminoácidos sintéticos possibilitou a formulação de rações destinada a atender as exigências específicas dos aminoácidos essenciais e, com isso, os níveis de proteína bruta das dietas reduziram significativamente. A partir daí, passou-se a elaborar dietas aplicando-se o conceito de proteína ideal, ou seja, fornecendo um balanço de aminoacídico equilibrado, evitando excessos e deficiências, de modo que supra a demanda de todos os aminoácidos essenciais para mantença e favoreça a máxima deposição protéica (LIMA & SILVA, 2007). Portanto, a suplementação de aminoácidos essenciais em dietas composta por proteínas de baixa qualidade ou com imbalanço aminoacídico, melhora o desempenho dos animais em climas quentes por proporcionar menor incremento calórico, além de reduzir a excreção exagerada de nitrogênio no ambiente (DAGHIR & LEBANON, 2009), que é altamente prejudicial devido ao seu elevado poder de contaminação. Suplementação de vitaminas e minerais orgânicos A vitamina C, também conhecida por ácido-ascórbico, participa de importantes reações metabólicas no organismo, atuando como um co-fator enzimático, ajuda a manter a integridade do epitélio da mucosa e da parede dos vasos, atua na formação dos glóbulos vermelhos do sangue e do controle dos níveis de corticosteróides circulantes. As aves naturalmente sintetizam vitamina C para o crescimento e metabolismo, a partir da glicose-1-fosfato, salvo em condições de

estresse por calor (FURLAN & MACARI, 2008), pois essa capacidade não é suficiente nestas condições, devido à paralização dos processos enzimáticos envolvidos na sua síntese (BETERCHINI, 2006) havendo, portanto a necessidade de suplementação. Segundo Yunianto et al. (1997), em aves expostas à temperaturas em torno de 34ºC a concentração plasmática de corticosterona tende a aumentar em condições de muito frio ou muito calor. A vitamina C aumenta a degradação de corticosteroides liberados durante o estresse, controlando seus níveis circulantes (SAHIN et al., 2003), sendo assim, a suplementação de vitamina C nas dietas de frangos de corte estressados pelo calor, uma medida nutricional capaz de melhorar o desempenho e a resposta imune das aves nestas condições. Além de estimular a liberação de corticosteróides e catecolaminas, o estresse por calor, intensifica a peroxidação dos lipídios nas membranas, incluindo membranas de células de defesas, como linfócitos T e B (LAGANÁ & RIBEIRO, 2007). Neste aspecto, a vitamina E destaca-se pela sua importante função antioxidante, pois intervém na estabilização dos ácidos graxos poliinsaturados, da fração lipídica das membranas celulares, evitando a formação de lipoperóxidos tóxicos, capazes de formar lesões nos vasos sanguíneos e na estrutura das células, dessa maneira, a vitamina E aumenta a resistência à doenças. O selênio também exerce um papel relevante na manutenção da integridade das membranas celulares, ativando a enzima glutationa peroxidase, que age sobre os peróxidos já formados, destruindo-os (BETERCHINI, 2006). Assim como o selênio, o zinco também deve ser considerado em animais desafiados pelo calor, pois durante a resposta imunológica, seu nível no sangue reduz, pois esse mineral participa da síntese de metalotioneína no fígado (protege contra danos oxidativos) e, por isso tem sua absorção elevada, provocando aumento na exigência deste mineral (RIBEIRO et al., 2008). Suplementação de eletrólitos Embora modificações dietéticas tenham sido empregadas para superar os efeitos adversos do estresse por calor, muitas destas técnicas não mostraram re-

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sultados satisfatórios em temperaturas mais elevadas, isto pode ser justificado pelo fato de não se considerar as perdas eletrolíticas em animais submetidos ao estresse por calor, que podem alterar o equilíbrio ácido-básico no organismo (AHMAD & SARWAR, 2006).

os benefícios destas práticas sobre os parâmetros de desempenho e imunidade de frangos de corte mantidos em condições naturais de estresse por calor. Assim, são necessários mais estudos, na perspectiva de se obter um produto final de qualidade com preço acessível.

Neste contexto, o fornecimento de dietas com base no conceito de balanço eletrolítico e a suplementação de eletrólitos na água ou nas rações para frangos de corte tem sido sendo proposta para corrigir alterações no equilíbrio ácido-básico decorrentes do estresse por calor (VIEITES et al., 2011). Tal suplementação é feita com a adição de compostos alcalinos para elevar o balanço eletrolítico ou de compostos ácidos a fim de reduzi-lo, conforme a necessidade de cada caso. Dentre os compostos alcalinos, os mais utiliza-

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Valores muitos altos (340 e 360 mEq/Kg) e muito baixos (0 mEq/kg) podem resultar em alcalose metabólica e acidose, respectivamente. Em estudo realizado por Ahmad & Sarwar (2006), as aves estressadas pelo calor alimentadas com balanço eletrolítico de cerca de 250 mEq /kg apresentaram melhor desempenho, parâmetros sanguíneos e fisiológicos (pH, bicarbonato, pressão de CO2, hematócrito, hemoglobina, heterofilos, linfócitos e relação heterófilos:linfócitos) mais estáveis, bem como os níveis de glicose, Na K e Cl. Além disso, aumentaram a retenção de eletrólitos (Na, K e Cl), na tentativa de manter o equilíbrio ácido-base. CONSIDERAÇÕES FINAIS Modificações ambientais e estratégias nutricionais que visem melhorar a produção avícola, sobretudo em ambientes quentes, amenizando os efeitos negativos do estresse por calor é de grande valia, pois o bem estar e conforto térmico, não só na produção de frangos de corte como em todos os setores da produção animal, são determinantes para se alcançar altos níveis de produtividade. Todavia, a literatura existente dispõe de informações conflitantes dos reais efeitos e 4484

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Estresse por calor em frangos de corte

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Estresse por calor em frangos de corte

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Efeitos das fontes de lipídios na composição do leite: revisão Ácidos graxos, CLA, qualidade.

Juliana dos Santos Rodrigues Barbosa¹* Natalia Lívia de Oliveira Fonteles² Nielyson Junio Marcos Batista³ Mayara Silva de Araújo³ Doutoranda do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, Universidade Federal do Ceará, UFC. *E-mail: jullyzootecnia@gmail.com. ² Doutoranda do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba, UFPB. ³ Mestrandos do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Ceará, UFC.

Revista Eletrônica

1

Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

RESUMO Pesquisas que visam utilizar lipídios em dietas para ruminantes vem sendo realizadas com o intuito de manipular o perfil de ácidos graxos da gordura do leite dos animais leiteiros, no caso bovinos e caprinos, visando o aumento do teor de ácidos graxos insaturados em virtude da nova exigência dos consumidores, haja vista que alguns ácidos graxos tem características nutracêuticas. Diversas fontes de lipídios, como o sebo, as sementes de oleaginosas (algodão, soja, girassol etc.) e as gorduras protegidas, que podem ser adicionadas em dietas para ruminantes e que a sua utilização está relacionada ao fornecimento de grandes quantidades de energia para a síntese de leite. Com isso a suplementação lipídica tem o intuito de melhorar a utilização dos nutrientes pelos ruminantes, favorecendo assim a participação de alguns ácidos graxos na composição do leite. Palavras-chave: ácidos graxos, CLA, qualidade.

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ABSTRACT Research aimed using lipids in ruminant diets have been conducted in order to manipulate the fatty acid composition of milk fat in dairy animals, in this case cattle and goats, in order to increase the content of unsaturated fatty acids due to the new requirement consumers, given that some fatty acids have nutraceutical characteristics. Several fat sources such as tallow, oil seeds (cotton, soybean, sunflower, etc.) and protected fats that may be added in ruminant diets and their use is related to providing large amounts of energy for milk synthesis. With that lipid supplementation is intended to improve the utilization of nutrients by ruminants, favoring the participation of some fatty acids in milk composition. Keywords: CLA, fatty acids, quality.


Efeitos das fontes de lipídios na composição do leite: revisão

INTRODUÇÃO A suplementação lipídica em dietas para ruminantes visa aumentar sua densidade energética, melhorar a utilização de nutrientes e favorecer a participação de determinados ácidos graxos na composição do leite (EIFERT et al., 2006). Além disso, a utilização de lipídeos contribui na redução da metanogênese e do incremento calórico. Entretanto, por interferir negativamente na digestão da fibra, a adição de lipídeos tem sido limitada a aproximadamente 5% ou menos da matéria seca do total dietético (PALMQUIST & JENKINS, 1980). De acordo com Palmquist et al. (1993), o teor e a composição de gordura do leite podem ser mais afetados pela quantidade e pelo tipo de gordura da dieta, principalmente aquelas fontes com elevado teor de ácidos graxos insaturados, pelo seu efeito inibitório sobre os microrganismos gram-positivos (VAN NEVEL & DEMEYER, 1988). Existem várias fontes de lipídeos, como o sebo, as sementes de oleaginosas (algodão, soja, girassol etc.) e as gorduras protegidas, que podem ser adicionadas em dietas para ruminantes e que a sua utilização está relacionada ao fornecimento de grandes quantidades de energia para a síntese de leite. Nos últimos anos pesquisas vem sendo realizadas mediante a inclusão de diferentes fontes de lipídios em dieta de ruminantes com a finalidade de manipular o perfil dos ácidos graxos da gordura do leite, visando o aumento dos ácidos graxos insaturados em virtude da nova exigência dos consumidores, haja vista que alguns ácidos graxos são considerados anticarcinogênicos como é o caso do acido linoleico conjugado. Dessa forma, o objetivo desta revisão é abordar os principais aspectos relacionados ao efeito das fontes de lipídios sobre a composição de leite. FONTES DE LIPÍDIOS A suplementação lipídica é utilizada para aumentar a densidade energética da dieta de ruminantes na tentativa de reduzir o balanço negativo de energia, evitando a manifestação de distúrbios metabólicos, melhorando o desempenho da lactação e reprodução, além de facilitar a restituição corporal. De acordo com Palmquist (1989), existem inúmeras fontes de lipídeos que podem

ser adicionadas em dietas para ruminantes, tais como sementes inteiras de oleaginosas (soja, girassol, algodão, canola, etc.), óleos e gorduras livres (óleos vegetais, sebo, óleo reciclado de cozinha, óleos de peixes, misturas de óleos vegetais e animais) e gorduras especiais “protegidas” (sais de cálcio de ácidos graxos). Algumas fontes de lipídeos podem ser classificadas como ácidos graxos insaturados e ácidos graxos saturados de acordo com o número de ligações duplas presentes nas cadeias de carbono. Assim as fontes como os grãos de oleaginosas são considerados altamente insaturados, e o sebo como moderadamente insaturado. O grau de insaturação pode influenciar no metabolismo microbiano no rúmen e, consequentemente, no perfil de ácidos graxos do leite. A Tabela 1 demonstra a composição de ácidos graxos presente em diferentes fontes de lipídeos. SEMENTES INTEIRAS DE OLEAGINOSAS As sementes de oleaginosas, de um modo geral, apresentam alto conteúdo de ácidos graxos insaturados (75% em média), como os ácidos oleico, linoleico e linolênico. Esses ácidos graxos são os principais precursores do ácido linoleico conjugado (CLA) na glândula mamária. O fornecimento de sementes de oleaginosas à ração na forma integral, apesar de conterem alto teor de ácidos graxos insaturados, apresenta poucos riscos à microbiota ruminal se respeitando os limites de uso (DHIMAN et al., 2005). ÓLEOS E GORDURAS LIVRES Os óleos vegetais são líquidos a temperatura ambiente e são constituídos de triglicerídeos com grande proporção de ácidos graxos insaturados, já as gorduras são sólidas a temperatura ambiente (LEHNINGER, 2005). Os óleos, na maioria são de origem vegetal, porém também existe óleo de origem marinha, o óleo de peixe. As fontes mais comuns de óleos vegetais são: o de milho, algodão, soja, oliva, girassol, canola, amendoin e arroz. As fontes de gorduras, a maioria é de origem animal, sendo que as mais comuns são: sebo, banha e gordura de aves. A utilização de óleos ou gorduras em dieta para ruminantes tem como objetivo complementar o fornecimento energético das dietas. Entretanto, o seu uso pode resultar em efeitos negativos ao ambiente

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Efeitos das fontes de lipídios na composição do leite: revisão

TABELA 1. Principais ácidos graxos contidos em algumas fontes de lipídeos (adaptado de Kennelly, 1996) Fonte de Lipídeo

Ácido Graxo C16:0 Palmítico

C18:0 Esteárico

C18:1 Oleico

C18:2 Linoleico

C18:3 Linolênico

Sebo

26

19

40

5

1

Gordura amarela

21

11

44

14

3

Graxa branca¹

24

11

48

12

1

Booster Fat²

25

22

45

2

-

Megalac; EnerG-II²

51

4

35

8

-

Óleo de canola

4

2

52

25

13

Óleo de algodão

25

3

17

54

-

Óleo de linhaça

5

3

20

16

55

Óleo de cártamo

7

2

9

80

<1

Óleo de soja

8

3

24

58

8

Óleo de girassol

6

4

20

66

<1

Óleo de peixe (Menhaden)³

17

5

7

1

1

¹ Onetti et al., 2001. ² Fontes comercias de gordura, parcialmente inertes no rúmen (Church e Dwight Co., Virtus Nutrition). ³ Também contém ~10% C16:1, ~11% C20:5 e 12% C22:6.

ruminal, como redução da digestibilidade da fibra e toxidez as bactérias ruminais (MAIA et al., 2010). Segundo Van Soest (1994), as bactérias ruminais não são tolerantes aos lipídios, principalmente aos ácidos graxos insaturados. Kozloski (2002) ressalta ainda que problemas na degradação da fibra podem ocorrer devido a diminuição da capacidade de aderência das bactérias ruminais à partícula, pois a degradação de qualquer componente da dieta está associada à capacidade de aderência das células bacterianas ao produto de degradação e que estes mecanismos de aderência envolvem a participação de moléculas de natureza proteica e lipídica presentes na superfície externa da célula bacteriana. SAIS DE CÁLCIO DE ÁCIDOS GRAXOS Os ácidos graxos complexos com cálcio, também chamados de gordura protegida, consiste em uma fonte de ácidos graxos insaturados (ácidos linoleico e linolênico protegidos), que ao serem ingeridos pelos ruminantes passam intactos pelo rumén e são metabolizados no intestino, onde há melhor aproveitamento de suas características particulares (CERVONI, 2007). Sua utilização em dietas para ruminantes visa diminuir a biohidrogenação ruminal de ácidos graxos insaturados. Uma importante fonte comercial de gordura protegida é o Megalac®, Magnapac®, sais de cálcio de CLA, um sal de cálcio de ácidos graxos de cadeia longa 4490

com alta densidade energética, que contém altas concentrações de ácido linoleico (42,0%) e ácido linolênico (3,0%), e sua utilização em dietas para ruminantes visa atender às necessidades nutricionais para lactação e ganho de peso condizente com alto padrão genético dos animais (JENKINS, 1993). Um efeito desejável do uso de gorduras protegidas em dietas para ruminantes é a possibilidade de modificar a composição lipídica dos produtos alimentícios resultantes como a carne e o leite. Nesse sentido, Jenkins e McGuire (2006), compararam publicações em que foram utlizadas fontes de gorduras protegidas e dieta controle, mostrando no leite produzido com gordura protegida, maior teor de ácidos oléico e linoleico.

TABELA 2. Resumo fatores dietéticos que afetam a concentração de ácido linoleico conjugado (CLA) no leite Fatores Dietéticos

Conteúdo de CLA na gordura do leite

Óleo de Plantas

Aumenta

Sais de Cálcio

Aumenta

Grão de milho rico em óleo Efeito mínimo Óleo de peixe

Aumenta

Sementes sem processaNão possui efeito mento Sementes processadas

Aumenta

Fonte: Adaptado Griinari et al. (1999).

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Efeitos das fontes de lipídios na composição do leite: revisão

BIOHIDROGENAÇÃO E SÍNTESE DE CLA A composição dos ácidos graxos presentes na circulação, que são destinados à glândula mamária, segundo Leite & Lanna (2009) sofre influencia do processo de biohidrogenação (Figura 1), que é realizado por algumas bactérias presentes no rúmen. Este processo se torna uma barreira ao fornecimento de ácidos graxos insaturados para a deposição tecidual ou incorporação no leite, pela glândula mamária. No caso de fornecimento de dietas tradicionais, praticamente todo C 18:2 e C 18:3 são biohidrogenados no rúmen. Segundo Fellner et al. (1995) 80% do ácido graxo linoleico (C18:2n-6) e 92% do α-linolênico (C18:3n-3) passam pelo processo de biohidrogenação, tornando assim, ácidos graxos saturados. A gordura proveniente da dieta é rapidamente transformada pelos microrganismos ruminais a partir de dois processos: a lipólise e biohidrogenação (JENKINS et al., 2008). Segundo Palmquist e Jenkins (1980), as bactérias celuloliticas são as mais afetadas pela suplementação lipídica. A lipólise consiste no inicio do processo de metabolismo dos lipídios no rúmen, é realizada por lípases microbianas extracelulares, consiste na hidrólise dos lipídeos da deita em ácidos graxos livres e glicerol (HARFOOT; HAZLEWOOD, 1988). Esses ácidos graxos resultantes do processo de lipolise, passam por um processo conhecido como biohidrogenação que consiste na adição de hidrogênio nas ligações duplas, aumentando o grau de saturação destes. Este processo é realizado pelas bactérias ruminais principalmente pela Butyrovibrio fibrosolvens, transformando os ácidos graxos insaturados livres em ácidos graxos saturados (KEPLER et al.,1966). A manipulação da biohidrogenação ruminal pela suplementação de fontes de óleo vegetal ricos em ácidos graxos insaturados na dieta (C 18:2) é uma estratégia alimentar que favorece um maior escape de intermediários (CLA e ácido vacênico) antes que a conversão a ácido esteárico seja completada (Bomfim 2011; Bauman et al.,1999). A etapa inicial da ação desses microrganismos sobre os lipídios poliinsaturados (C 18:2 cis-9, trans-12) inicia-se pela isomerização cis-9, trans-12 para cis-9, trans-11 e posterior redução para C18: 1 trans-11(ácido vacênico). A partir dessa etapa as bactérias do grupo B

realização a ação de hidrogenar o C 18:1 trans-11 no acido esteárico (C 18:0) (DEMEYER & DOREAU, 1999). Portanto, quando ocorre um aumento do acúmulo desse isômero (trans-11), essa etapa de hidrogenação começa a ficar ineficiente, favorecendo um maior escape de trans-11. O ácido vacênico (C18:1 trans-11) serve como substrato para síntese endógena de CLA (cis-9, trans-11) na glândula mamária pela ação da enzima delta-9 desaturase sobre o trans-11 advindo da biohidrogenação incompleta (GRIINARI et al.,2000; CORL et al.,2001). O ácido linoléico conjugado refere-se a uma combinação de isômeros geométricos (cis, cis; cis, trans; trans, cis e trans, trans) e posicionais (cis-8, cis-10; cis-9, cis - 11; cis-10, cis-12 e cis-11, cis-13) do ácido linoléico conjugado (18:2) com duas duplas ligações conjugados, ou seja, separadas por ligações simples carbono – carbono, enquanto que o ácido linoléico (C18: 2 cis-9, cis-12) apresenta as duplas ligações separadas por um grupo metileno (BESSA et al., 2000; LEE et al., 2005; HUR et al., 2006). Dentre os isômeros de CLA o isômero C18:2 cis 9 trans 11 é o que apresenta maior destaque de funcionalidade pela sua atividade anticarcinogênica em modelo animal reduzindo a incidência de tumor (IP et al.,1991). Na gordura do leite ele contribui com cerca de 80% do total de CLA na gordura do leite (BOMFIM et al., 2006). De acordo com Silva et al. (2007) e Neves et al. (2009) a biohidrogenação ruminal pode ser evitada com o uso de métodos de proteção dos ácidos graxos no rúmen, sendo as principais formas: o fornecimento de grãos inteiros de oleaginosas com lenta liberação da gordura, uso sais de cálcio de ácidos graxos (gordura protegida), aplicação de técnicas de processamentos térmicos ou ainda a utilização de ionóforos,que modifica a microbiota ruminal. A quantidade de ácido linoleico conjugado presente na gordura do leite de vacas pode ser afetada por alguns fatores, dentre eles: a razão volumoso: concentrado (GRIINARI et al., 1998), ingestão de alimentos ricos em ácido linoleico e o próprio consumo animal (MCGUIRE et al., 1996; GRIINARI et al., 1998; KELLY et al., 1998).

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Efeitos das fontes de lipídios na composição do leite: revisão

FIGURA 1. Metabolismo dos lipídios e origem do ácido linoleico conjugado no leite. Fonte: Adaptado de Tanaka (2005).

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO LIPÍDICA SOBRE A COMPOSIÇÃO DO LEITE As respostas à suplementação lipídica são diferentes de acordo com a espécie: para as cabras e ovelhas a secreção de gordura aumenta enquanto nas vacas pode aumentar ou ainda, haver diminuição (CHILLIARD et al., 2003). Essas diferenças podem estar ligadas ao complexo digestivo e a interações metabólicas (observada em vacas), a dieta basal (natureza e proporção entre volumoso: concentrado), a suplementação lipídica (natureza e quantidades) e as características do animal (espécie, raça, estágio de lactação) (BAUMAN & 4492

GRIINARI, 2001). Para essas diferenças foi sugerido que a taxa de passagem é maior em cabras que em vacas, podendo diminuir em cabras o efeito ruminal sobre os lipídios e reduzir a lipogênese mamária em vacas (CHILLIARD et al., 2003). COMPOSIÇÃO DO LEITE DE VACAS Algumas fontes de gorduras podem alterar a composição e as características fisico-quimicas do leite, como no caso daquelas com elevado teor de ácidos graxos insaturados. De acordo com Palmquist et al. (1993), a quantidade de gordura da dieta que é transferida diretamente para a gordura do leite pode ser influenciada por três fatores: biohidrogenação rumi-

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nal, absorção (digestibilidade) e deposição de tecido adiposo. Vários estudos demonstram que ocorre uma redução na concentração de proteína no leite com a suplementação de gordura na dieta (ROMO et al., 2000; DELBECCHI et al., 2000; WU et al.; 1994; WU et al., 1993). Essa redução da proteína do leite tem sido explicada pela redução da síntese microbiana, uma vez que lipídios não são fontes de energia para o crescimento microbiano (SNIFFEN et al., 1992), ou pela diminuição da disponibilidade de aminoácidos na glândula mamária (WU e HUBER, 1994).

à diminuição na síntese de outros ácidos graxos e reduzida atividade da enzima acyl transferase no tecido mamário, reduzindo assim a síntese de triglicerídeos. Outra razão pode ser o efeito inibitório dos lípídios sobre a digestibilidade da matéria seca da dieta e diminuição da relação acetato/propionato (produto final de degradação da celulose) no rúmen, contribuindo para a redução do suprimento de ácido acético, precursor de 50% da gordura do leite, principalmente dos ácidos graxos de cadeia curta (CHALUPA et al., 1986; PALMQUIST, 1989).

Segundo Cant et al. (1993) e Harrison et al. (1995) ao se suplementar a ração de vacas lactantes com gordura, esses autores observaram que além de reduzir a proteína do leite, a suplementação com lipídio, reduziu o fluxo sanguíneo mamário, diminuindo a con-

Santos et al., (2001), quando estudaram o efeito de fontes de lipídeos (óleo de soja e soja integral moída) sobre o perfil de ácidos graxos da gordura do leite, principalmente sobre a concentração de CLA, observaram que a suplementação com óleo de soja au-

centração arterial de aminoácidos no sangue, inibindo a atividade da insulina. O lipídio aumentou a eficiência energética para a síntese do leite, sem aumentar a extração de aminoácidos pela glândula mamária, resultando em depressão do conteúdo da proteína do leite. Este resultado sugere que decréscimos na concentração da proteína do leite com adição de gordura pode ser resultado de insuficiente suprimento de aminoácidos para a glândula mamária realizar maior síntese de proteína do leite, necessária para acompanhar o aumento da produção de leite, estimulado pela suplementação com gordura. No entanto, este mecanismo pode não estar necessariamente relacionado ao efeito de diluição da síntese do leite e da proteína.

mentou o percentual de CLA, comparada a suplementação com grão de soja. Isto ocorreu, provavelmente, devido ao fato de os ácidos linoleico e linolênico estarem mais disponíveis para ser biohidrogenados e, assim, formarem o CLA durante a fase de isomerização. Isso demonstra que a adição de óleo não protegido à dieta aumenta o teor de CLA conforme observado por Mcguire et al. (1996) e Griinari et al. (1996). Enquanto a adição do óleo presente no grão das sementes oleaginosas, mesmo estando na forma de grão moído e não tostado, não aumenta o teor de CLA, já que possuem os lipídios presos na matriz proteica da semente, conforme observado por Jiang et al. (1996) e Stanton et al. (1997). Esse comportamento pode ser observado na Figura 2.

A redução de proteína pode, ainda, ser atribuída à diminuição do crescimento microbiano. Segundo Maiga e Schingoethe (1997), o crescimento microbiano no rúmen é desejável e fornece aminoácidos para as células mamárias, que são necessários para a síntese de proteínas do leite. As bactérias ruminais durante a fermentação geram compostos nitrogenados e carbonados que abastecem a maior parte dos aminoácidos usados pelas vacas na síntese de proteína do leite. Em adição, a produção de ácido propiônico durante fermentação ruminal também é uma forma de contribuir para a síntese protéica do leite. De acordo com Gaynor et al. (1994), que demonstraram que a infusão abomasal de ácidos graxos oléicos trans reduz a percentagem de gordura do leite, devido

Eifert et al (2006), observaram que a inclusão de óleo de soja na dieta de vacas leiterias foi responsável pelo aumento de 229% do trans-C18:1 e dentre os isômeros trans, o ácido vacênico trans-11C18:1 foi o teve maior acréscimo. Deste modo, contribuindo para o aumento do CLA (cis -9 trans -11 C18 : 2) no leite por ser o substrato da síntese endógena na glândula mamária. Dhiman et al. 1999, verificaram uma modificação no perfil dos ácidos graxos no leite de vacas de vacas alimentadas com óleo de soja. A biohidrogenaçao incompleta dos ácidos graxos insaturado favoreceu um maior escape de trans -11 aumentando a síntese endógena de CLA no leite.

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FIGURA 2. Efeito da suplementação de lipídios sobre o nível de CLA no leite. Fonte: Adaptado Santos et al. (2001).

Em concordância, Santos et al.(2000) demonstraram que o óleo de soja favoreceu um aumento de CLA no leite quando comparada ao grão de soja, como mostra a gráfico abaixo. Os óleos vegetais também são mais eficientes que sementes extrusadas para aumentar CLA no conteúdo de leite (CHILLIARD et al., 2000). COMPOSIÇÃO DE LEITE DE CABRAS A composição lipídica do leite de cabra é uma característica de maior importância na determinação de sua qualidade nutricional e comercial, pois esses componentes estão envolvidos tanto na produção como na qualidade de queijos e estão diretamente relacionados à coloração e ao sabor de produtos lácteos (DELACROIX-BUCHET & LAMBERET, 2000).

C14:1, C16:1, C18:2, C18:3,C20:2 e decréscimo de C18:0. Os resultados indicaram que a atividade ruminal não foi afetada pelo nível de adição de gordura, uma vez que não houve diminuição na proporção dos ácidos graxos até 14 átomos de carbono, que são provenientes da síntese de novo e, portanto, da concentração molar do acetato resultado da digestão das fibras no rúmen. Assim, presume-se que é possível, a partir da utilização de suplementos concentrados formulados com óleos que apresentem conteúdo elevado de ácido linoleico, obter teores elevados de ácidos graxos poliinsaturados, especiealmente o CLA na gordura do leite caprino.

A vantagem nutricional do leite de cabra em relação ao de vaca consiste no menor tamanho dos glóbulos de gordura, que resulta em produtos mais facilmente digestíveis. Além disso, aproximadamente 20% dos ácidos graxos do leite de cabras são de cadeia curta (C4:0 – C12:0) e são de rápida digestão (JENNESS, 1980).

Bernard et al. (2009) em estudo avaliando o efeito de dietas com óleos vegetais concluíram que os óleos vegetais na dieta realçam a síntese da gordura de leite, alteram a composição de ácido graxo do leite e inibem especificamente a atividade mamária de estearoil-CoA desaturase na cabra. Além disso, o regulamento do lipogênese mamária em resposta aos óleos vegetais parece está relacionado aos fatores da expressão mamária alterada do gene ou do potencial da atividade de enzimática.

Ao estudar o efeito da adição de 9 e 12% de gordura protegida rica em PUFAs, Sanz Sampelayo et al. (2002), verificaram uma diminuição na proporção total de ácidos graxos saturados. Esses autores ainda relataram um aumento significante nas proporções de

De mesma forma, Pereira (2009) observou efeito da adição de óleos nas dietas de cabras, verificando que suplementação com o óleo de licuri ou mamona foi efetiva em promover as alterações no leite caprino com a influência no perfil de ácidos graxos em que, a inclu-

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são do óleo de mamona elevou o teor de ácidos graxos poliinsaturados, benéficos à saúde humana. Por sua vez, o emprego do óleo de licuri causa variação negativa pelo incremento na concentração dos ácidos graxos saturados, ressaltando que esta característica pode ser relevante para a industria de laticínios, devido à estabilidade que pode ser conferida ao leite. Fernandes et al. (2008), também relataram influência na utilização de óleos de algodão ou girassol, observando que a adição na dieta diminuiu a quantidade de ácidos graxos de cadeia curta, como mirístico, que pode proporcionar sérios problemas à saúde. Já o óleo de girassol a 5% na MS aumentou a concentração de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente o linolênico, que pode tornar o leite um produto melhor para o consumo humano, tendo em vista o provável efeito deste ácido graxo na prevenção de problemas cardiovasculares. Maia et al. (2006), quando incluíram óleos de arroz, soja e canola em dietas para cabras lactantes, verificaram uma redução nos ácidos graxos de cadeia curta, entre eles, o ácido láurico e o mirístico, que tornam o leite de fácil digestão, em razão da ação mais eficaz das lipases ésteres dos triglicerídeos desses ácidos graxos (PARK, 1994). Esses referidos autores observaram ainda que quanto maior a concentração do C 18:2 na dieta, maiores são as chances de elevar a concentração de CLA na gordura do leite. Pode

ser observar esse comportamento na Figura 3, pois o óleo de soja foi à fonte mais rica em ácido linoléico, seguido dos óleos de arroz e de canola. Silva et al. (2006), que trabalharam com fontes lipídicas protegidas e não protegidas em dietas de cabras, verificaram uma redução na quantidade do C12:0 e do C14:0 em relação à dieta sem óleo. Mesquita et al. (2006) avaliaram a inclusão de feno de maniçoba (Manihot glaziovii Muel arg.) na dieta de cabras mestiças Moxotó e encontraram diferença (P<0,05) na concentração do C14:0 (7,85%) quando fornecida a dieta com relação volumoso:concentrado 60:40, o que indica também que a relação volumoso:concentrado pode alterar o perfil lipídico do leite de cabras. Bomfim et al.(2006), trabalhando com duas fontes de óleo (soja e palmiste) na dieta de cabras Saanen em lactação, observaram um aumento no teor do ácido linoléico conjugado para ambas as suplementações. Segundo Gulati et al. (1997), a quantidade de ácidos graxos transferidos da dieta para a gordura do leite está diretamente relacionada ao nível de proteção implementado à fonte suplementar de óleo e ao tipo de suplemento empregado. Portanto, a manipulação da dieta de cabras leiteiras, dependendo do objetivo proposto para o produto final, pode ser uma forma de controlar as características nutricionais e/ou físicoquímicas da gordura do leite.

FIGURA 3. Efeito da suplementação com fontes de óleos vegetais sobre a concentração de CLA na gordura do leite de cabras Saanen. (Adaptado de MAIA et al., 2006) Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.12, n.6, p.4488-4499, nov/dez, 2015. ISSN: 1983-9006

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Para cadeia produtiva da caprinocultura leiteira a modificação do perfil dos ácidos graxos e, em especial aumento do CLA (cis-9,trans-11) molécula considerada com potencial funcional, pode ser uma estratégia utilizada para ampliar as oportunidades do mercado do leite e derivados pela agregação de valor diante ao novo consumidor preocupado com a saúde e em consumir alimentos saudáveis. Haja vista, que no Brasil o leite de cabra e seus derivados são comercializados a um valor superior ao leite de vaca quando comparado a outros países. Tal diferença pode chegar ate 220% (CORDEIRO & CORDEIRO, 2009). Este é um dos aspectos que reduz a competitividade deste produto e as oportunidades de ampliação de mercado. CONSIDERAÇÕES FINAIS A utilização de lipídios na dieta de ruminantes representa uma forma de atender as demandas energéticas, bem como uma estratégia de manipular o perfil de ácidos graxos do leite, aumentando a participação dos ácidos poliinsaturados e reduzidos os ácidos graxos saturados. Diversas fontes de lipídios estão sendo utilizadas nas dietas para ruminantes, sob forma de óleo vegetal, gordura protegidas ou inertes e sementes de oleaginosas, favorecendo assim o maior aporte de ácidos graxos poliinsaturados (linoleico e linolênico) na melhoria do perfil lipídico do leite. A modificação desse perfil lipídico se dar pelo aumento do CLA (cis – 9, trans- 11), reconhecido pelos seus efeitos anticacinogênicos e antiaterogênicos, o que torna o consumo de leite vantajoso para o consumidor pelos seus benefícios a saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARD, L.; SHINGFIELD, K.J .; ROUEL, J. et al. Effect of plant oils in the diet on performance and milk fatty acid composition in goats fed diets based on grass hay or maize silage. British Journal of Nutrition, v.101, p.213- 224, 2009. BESSA, R.J.B.; SANTOS-SILVA, J.; RIBEIRO, J.M.R.; PORTUGAL, A.V. Reticulo-rumen biohydrogenation and the enrichment of ruminant edible products with linoleic acid conjugated isomers. Livestock Production Science 63 (2000) 201–211 BOMFIM, M. A. D.; QUEIROGA, R.C.E.; AGUILA, M.B.; MEDEIROS, M, C.; FISBERG, M.; RODRI4496

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Hematologia como biomarcador de contaminação ambiental em peixes Sangue, poluentes, metais pesados.

Arlene Sobrinho Ventura1* Franz Eubanque Corsini2 Andrea Maria de Araújo Gabriel3 Mestranda Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais; Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Cidade Universitária de Dourados, Rod. Dourados-Itahum, Km 12, Dourados MS- Brasil. *E-mail: arlenesventura@gmail.com. 2 Mestrando Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais; Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Cidade Universitária de Dourados, Rod. Dourados-Itahum, Km 12, Dourados MS- Brasil 3 Docente Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD. Rodovia Dourados – Itahum Km 12, Dourados, MS.

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RESUMO A contaminação de ambientes aquáticos torna-se um problema cada vez maior à medida que o crescimento populacional, e industrialização, ampliam-se. Biomarcadores em peixes têm sido utilizados em programas de monitoramento ambiental para estimar a degradação dos ecossistemas aquáticos. Mudanças hematológicas nos peixes podem ser usadas para avaliar os efeitos de contaminantes, pois parâmetros sanguíneos responder a doses baixas de poluentes. Neste sentido, presente trabalho vem apresentar um levantamento bibliográfico de pesquisas que utilizam a hematologia como bioindicador de contaminação aquática em peixes. Palavras-chave: Sangue, poluentes, metais pesados.

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Vol. 12, Nº 06, nov/dez de 2015 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Revista Eletrônica Nutritime é uma publicação bimensal da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos e também resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.

HEMATOLOGY AS A BIOMARKER OF ENVIRONMENTAL CONTAMINATION IN FISH ABSTRACT The contamination of aquatic environments becomes an increasing problem as the population growth and industrialization are expanded. Biomarkers in fish have been used in environmental monitoring programs to estimate the degradation of aquatic ecosystems. Hematologic changes in fish can be used to evaluate the effects of contaminants such as blood parameters respond to low doses of pollutants. In this sense, this paper is presenting a literature research using hematology as a bioindicator of aquatic contamination in fish. Keywords: Blood, pollutants, heavy metals.


Hematologia como biomarcador de contaminação ambiental em peixes

INTRODUÇÃO As poluições de ambientes aquáticos são de diversas origens, como erosão do solo e escoamento de áreas agrícolas adjacentes que podem transportar agentes químicos nocivos para os ecossistemas aquáticos (SÖRME & LAGERKVIST, 2002; MENDIGUCHÍA et al., 2007). O despejo de esgoto que não foram tratados adequadamente, próximos ao leito dos rios pode contaminá -los, visto que, o esgoto urbano e industrial contém uma mistura de poluentes, como organoclorados, drogas, metais pesados, cujas estações de tratamentos de esgoto atuais não conseguem remover (DYER & WANG, 2002; FALLER et al., 2003; DAMÁSIO et al., 2011). Entre esses contaminantes, a poluição por metais é a mais preocupante, principalmente nos países altamente industrializados, devido à sua toxicidade, persistência e sua possível bioacumulação (ALTINDAĞ & YIĞIT, 2005; CROTEAU et al., 2005; DEMIRAK et al., 2006; CAMPBELL et al., 2008). Grande parte dos metais pesados exercem seus efeitos tóxicos, gerando espécies reativas de oxigênio (ROS), causando estresse oxidativo, sendo que a maior parte dos íons metálicos é tóxica ou cancerígena, quando presentes na natureza representam uma ameaça para a saúde humana e para meio ambiente (DAMIEN et al., 2004; VALAVANIDIS et al., 2006; FAROMBI et al., 2007). Estes poluentes têm contribuído fortemente para a morte de indivíduos dos ecossistemas aquáticos. Estes tóxicos mudam a qualidade da água que afetam os peixes e outros organismos aquáticos. Portanto, a conservação destes ecossistemas requer o desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico eficiente capazes de detectar sinais precoces da doença em comunidades aquáticas antes que essas disfunções tenham consequências letais (CAZENAVE et al., 2009; RICART et al., 2010). Diante disto, a hematologia em peixes se caracteriza por ser um método não letal para aferir alterações ao meio (SINGH & SRIVASTAVA, 2010; VAN RIJN & REINA, 2010), logo esta revisão tem por objetivo, apontar a hematologia como importante bioindicador de contaminação ambiental em peixes. HEMATOLOGIA COMO BIOINDICADOR Tem-se por bioindicador qualquer resposta a um contaminante ambiental, medidos em nível de organis-

mo ou matriz biológica que represente um desvio da condição fisiológica normal, são medidas de fluidos corporais, células, tecidos, e através desta se detectam alterações no organismo intacto. Os componentes biológicos dos peixes são utilizados como bioindicador de qualidade ambiental, visto que substâncias tóxicas são lançadas ao meio e interagem com os organismos vivos, provocando diversas reações fisiológicas em resposta à substância (ARIAS et al, 2007). A hematologia, estudo das células sanguíneas, é um importante bioindicador de qualidade ambiental, por refletir o estado de saúde dos peixes, auxiliar no diagnóstico e prognóstico de condições de morbidade em populações de peixes sendo que quando os animais são expostos à substâncias tóxicas, alguns parâmetros podem ser alterados (ADHIKARI et al. de 2004; FRANÇA et al. de 2007; BARKHORDAR, et al, 2013). Com o crescimento de grandes centros metropolitanos, desenvolvimento de indústrias os problemas de ordem de poluição aquática se tornam mais frequentes, sendo necessária a utilização de bioindicadores para avaliar o impacto destas atividades sobre o meio aquático. Neste contexto, a hematologia desempenha grande importância, por ser ferramenta que permite avaliar as condições de defesa orgânica, permitindo identificar as respostas dos peixes frente aos desafios ambientais (RANZANI-PAIVA et al.2013). Os peixes estão expostos a desafios como as alterações na qualidade físico-química da água, presença de substâncias tóxicas por conta de despejos de efluentes, que culminam em alterações de qualidade ambiental. Todas estas condições ocasionam uma serie de alterações dos constituintes sanguíneos, porém as respostas hematológicas são diferenciadas, de acordo com o estímulo aos quais os peixes são submetidos, assim como diferenças relacionadas à espécie, biologia e ecologia da mesma (SERIANI & RANZANI-PAIVA, 2012). A hematopoese nos peixes é facilmente influenciada por diversos fatores biológicos e ambientais, visto que são desprovidos de medula óssea e de linfonodos, sendo assim os tecidos mieloides e linfoides, estão quase sempre associados no mesmo órgão, podendo ser maior ou menor complexidade (SHERIDAN &

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MOMMSEN 1991). Os peixes possuem uma grande variação morfológica, qualitativa e quantitativa, nos elementos sanguíneos dos peixes, frente a condições endógenas como, sexo, estágio reprodutivo, estado nutricional, peso, (GABRIEL et al. 2004; RANZANI -PAIVA et al. 2005; TAVARES DIAS et al. 2007; BARROS et al. 2009; SERIANE et al. 2010) ou exógenas como, temperatura, ciclo sazonal, poluentes, estresse (SANTOS et al.2009; STOSKOPF, 2010; JERÔNIMO et al.2011; SERIANE et al.2011). Alterações na qualidade ambiental podem produzir estresse, que interferem na atividade hematopoiética, alterações morfológicas de constituintes sanguíneos, como surgimento de micronúcleos. Neste contexto, análises hematológicas em peixes expostos a contaminantes podem ser consideradas emergentes no sentido de monitoramento dos ecossistemas aquáticos, além de contribuir para compreensão dos efeitos tóxicos dos contaminantes lançados nos corpos hídricos (KIRSCHBAUM et al., 2009; SERIANE et al., 2010, 2011, 2012; MONTENEGRO & GONZALEZ, 2012; AZEVEDO et al.,2012). METAIS PESADOS Bioacumulação de metais pesados em peixes que vivem em águas poluídas podem trazer diversos danos aos animais, vistos como indivíduos e também danos a saúde pública, já que muitas espécies são utilizadas para alimentação humana através da pesca. Embora muitos metais sejam essenciais para a manutenção da vida, todos os metais são tóxicos em concentrações elevadas, podendo causar estresse em meio aquático e quando decorrentes de contaminação por efluentes, podem ser facilmente bioacumulados por organismos que vivem neste meio (VAN DYK et al., 2007). Estudos mostraram que quantidades consideráveis podem ser depositadas nos tecidos dos peixes sem causar mortalidade (JEZIERKA & WITESKA, 2006). Sabe-se que alguns metais como o cobre acumulase principalmente no fígado dos peixes, em que os seus efeitos biológicos são significativos, mesmo em baixas concentrações, causando diversos distúrbios hepáticos. A principal influência tóxica do cobre está ligada à sua valência para catalisar respostas oxidantes, conduzindo à produção de espécies reativas de oxigênio (ROS). Estes compostos reativos podem 4502

também causar alterações nos tecidos e alterações de alguns parâmetros fisiológicos, levando ao estresse oxidativo (HEDAYATI & GHAFFARI, 2013). A quantidade de metais pesados bioacumulados em peixes está dependente de muitos fatores incluindo o tamanho, idade do peixe, sua posição trófica em cadeia alimentar, bem como o teor de metais presentes na água, do sedimento, temperatura e pH da água (BARKHORDAR et al., 2013). A hematotoxicidade acontece quando alguns dos diferentes componentes do sangue alteram as características quantitativas e qualitativas das células para produzir sintomas tóxicos e ou sofrem anomalias estruturais e interfere com o funcionamento normal, caso o peixe não possa tolerar e aclimatizar as situações adversas a que está exposto, pode levar à toxicidade (BEGUN, 2004). Diversos são os estudos que utilizam parâmetros hematológicos e imunológicos como bioindicadores de contaminação por metais pesados em peixes. Hedayati & Ghaffari, (2013) encontraram que diferentes concentrações de cobre podem causar alterações hematológicas, bioquímicas e imunológicas em carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix, Valenciennes, 1844), sendo o CHCM o biomarcador mais adequado. Hedayati (2012) estudando Acanthopagrus latus (HOUTTUYN, 1782), concluiu que mercúrio causa severas alterações nos parâmetros sanguíneos e metabólicos, sendo que CHCM, contagem de leucócitos e proteína total podem ser considerados como biomarcadores de poluição por mercúrio na espécie estudada. Vinodhini & Narayanan (2009) estudando o impacto de metais pesados sobre parâmetros hematológico em carpa comum (Cyprinus carpio Linnaeus, 1758) observaram que as concentrações de células vermelhas do sangue, glicemia e colesterol total foram significativamente elevadas. Estudos têm demonstrado uma relação positiva entre a presença de chumbo em água doce, sedimentos ou organismos alimentares e o aparecimento de efeitos subletais, caracterizado por disfunções neurológicas, renais e endócrinas além de alterações de ordem reprodutiva, desenvolvimento e anormalidades de comportamento (ADEYEMO, et al., 2010). Segundo ATSDR (2005), o chumbo pode alterar o sistema hematológico por inibição da atividade de diversas enzi-

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mas envolvidas na biossíntese do sistema heme, uma vez absorvido, é distribuído para o fígado, rim, coração e gônadas masculinas, afetando também o sistema imune. O níquel pode provocar algumas transformações morfológicas várias sistemas celulares e aberrações cromossômicas (COEN et al., 2001). Os parâmetros hematológicos e perfil bioquímico em peixes provaram serem índices sensíveis para a avaliação de metabolismo dos peixes sob estresse metálico. Sendo que as reações de sobrevivência de animais aquáticos dependem não apenas do estado biológico dos animais, mas também da toxicidade, e do tipo e tempo de exposição ao agente tóxico. OUTROS POLUENTES Entre os diferentes tipos de poluentes, os produtos derivados do petróleo, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), bifenilospoliclorados (PCBs), detergentes e outras substâncias, oferecem riscos aos ecossistemas e biotas locais (HORTELLANI et al, 2005; SOUSA et al, 2007; ABESSA et al, 2008; OBEMEATA et al., 2012). Os poluentes derivados do petróleo estão entre os que mais causam danos a ecotoxicologia aquática, acredita-se que a principal fonte de contaminação das águas interiores por derivados de petróleo sejam devido a pequenos e contínuos vazamentos em tanques de armazenamento subterrâneos, atingindo assim, águas subterrâneas e rios posteriores (TIBURTIUS et al., 2005; SIMONATO et al., 2008). Segundo Achuba & Osakwe (2003), a exposição de peixes a petróleo e seus derivados, pode mediar a geração de radicais livres, Zang et al., (2003, 2004) observaram que houve aumento das defesas antioxidantes em animais expostos a diferentes concentrações de óleo diesel em água, Alkindi et al.,(1996) Pacheco & Santos, (2001), encontraram diferentes efeitos nas concentrações plasmáticas de cortisol de peixes expostos a uma fração solúvel em água de derivados de petróleo, sugerindo que estes contaminantes podem interferir na resposta ao estresse dos peixes (AKAISHI et al., 2004). Resultados obtidos por Simonato et al., (2008) mostram que derivados de petróleo podem causar impor-

tantes alterações hematológicas, como diminuição do hematócrito e teor de hemoglobina, isso devido à hemólise, além do aumento dos níveis de glicose após exposição aguda. Hedayati & Jahanbakhshi (2012) ao estudarem Huso huso (Linnaeus, 1758), em condições experimentais concluíram que óleo diesel em exposição aguda pode causar várias mudanças hematológicas e imunológicas dos peixes avaliados, sendo a contagem de eritrócitos o biomarcador mais adequado. Assim avaliação dos parâmetros hematológicos, pode fornecer um indicador útil da poluição por hidrocarbonetos de corpos de água. Em áreas urbanas, onde os corpos de águas constantemente sofrem descargas de efluentes de águas fluviais, esgotos industriais e domésticos, os peixes podem ser submetidos a águas tão poluídas, que podem levar a diferentes mudanças (PAUL & MEYER, 2001). Estudos indicam que a má qualidade da água devido à poluição por resíduos agrícolas, industriais e domésticos, altera parâmetros sanguíneos em peixes (AKINROTIMI et al., 2007;SERIANI et al., 2009;GABRIEL et al, 2010; SERIANI et al., 2010; NTE,et al., 2011;SERIANI et al., 2011; GABER et al., 2013). A poluição dos recursos naturais de corpos de água como rios, lagoas, lagos e mares com uma variedade de resíduos sólidos e líquidos (GARG et al., 2009) oriundos de lixo doméstico e indústrias, faz com que estes se tornem desfavoráveis para vida aquática (CHINDAH et al., 2008), comprometendo a saúde dos peixes, dado que estes estão intimamente associados com o ambiente. Ao estudar toxicidade da água e relações hematológicas em Oreochromis niloticus (LINNAEUS, 1758), Seriani et al., (2011) encontraram que os peixes coletados em lagoa poluída exibiram aumento eritrócitos imaturos e diminuição de linfócitos, leucócitos totais, neutrófilos e trombócitos, Akinrotimi et al. (2013) observou que uma breve exposição de Tilápia guinensis (GÜNTHER, 1862) em efluentes industriais pode causar algum nível de estresse que se manifesta por alterações nos parâmetros hematológicos dos peixes, Ogundiran et al., (2010) ao avaliar a toxicidade de efluentes de detergente, constatou que este resíduo é altamente tóxico para juvenis de Clarias gariepinus (BURCHELL, 1822).

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Diante do exposto podemos considerar os parâmetros sanguíneos de peixes como promissor biomarcador para monitoramento ambiental, uma vez que constituem um método não destrutivo e simples (FRANÇA et al, 2007.; SERIANI & RANZANI-PAIVA, 2012).

As amostras de sangue podem ser obtidas periodicamente a partir de organismos teste, visto que as respostas hematológicas têm sido consideradas um descritor confiável do estado de saúde de organismos aquáticos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Os biomarcadores hematológicos em peixes nos permitem a detecção precoce de alterações biológicas, devido à exposição a poluentes químicos, que podem resultar em distúrbios fisiológicos de longo prazo.

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