Ophiusa n.º 8 — Novembro 2018

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Revista da Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas — OBOD em língua portuguesa

Número 8 Novembro 2018

obod.com.pt

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Editorial

Espaços de liminaridade Fábio Barbosa

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om aquela que para muitos de

nós é a chegada de um novo ano na vida interior (pelo menos a norte do Equador, com o Samhain), chega também o número 8 da sua Ophiusa. Um número que também pode simbolizar graficamente o infinito… dependendo da nossa perspectiva. E é precisamente essa uma das grandes questões na nossa caminhada: saber ajustar a perspectiva instante a instante, para nunca perder de vista ambas as Realidades, ambos os lados do nosso Universo. Mergulharmos nos prazeres e tradições que nos moldam sem desprezar o Outro, e estar­mos conscientes do Uno sem rejeitarmos a corporeidade. É por isso um prazer podermos propor-lhe mais uma edição que nos convida a aprofundar tanto os prazeres tão próprios de uma espi­ ritualidade da Terra como os grandes temas da Sabedoria Perene. Assim prossegue o ciclo da Roda, agora uma vez mais no limiar entre a Luz e a Escuridão. E como bem nos informa a Tradição, é nos espaços de liminaridade que os véus das aparências se tornam mais finos, para que daqui se possa ver melhor para o Outro Lado. E vice-versa. Que assim seja. ■

Colabore com a próxima edição da Ophiusa! Partilhe connosco a sua história, aquilo que mais o motiva na sua prática druídica ou as suas observações acerca da vida e da Vida interior. O nosso próximo número sai em Fevereiro de 2019, por ocasião do Imbolc no Hemisfério Norte, Lughnasadh no Sul. Até lá, partilhe connosco os seus artigos, poemas, fotografias, ilustrações ou qualquer questão que lhe ocorra, para juntos continuarmos a melhorar a nossa Ophiusa. Para nos enviar os seus conteúdos e sugestões, contacte-nos através do endereço de email ophiusa@obod.com.pt.


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Bardos Celtas e Trovadores Medievos — Buscadores do Ocidente Alexandre Gabriel

Imagem de capa:

Eu, a Árvore, ilustração de Joel Marteleira.

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O Oráculo do Monge Nuno Ferreira Gonçalves

Da Abelha ao Homem: o Hidromel — Uma bebida ritualística Melissa Boëchat

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Sob o Manto de Airmid — Cura, Saúde, Plenitude Fábio Barbosa

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Às Portas de Samhain Ana Simões

Rubricas Eisteddfod 20 Almanaque 24 Tríade 27

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No Bosque Sagrado Joel Marteleira

Índice

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Bardos Celtas e Trovadores Medievos — Buscadores do Ocidente Alexandre Gabriel

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pesar da forte influência cristã,

o bardismo sobreviveu à implantação da Nova Religião nas ilhas britânicas, adaptando a sua forma exterior, mas perpetuando antigas tradições poéticas, musicais e iniciáticas (ainda que de formas mais “discretas”), nomeadamente no País de Gales, na Escócia e na Irlanda (onde aqui os bardos passaram a ser conhecidos sob a denominação de fili / filidh), pois existem registos que nos atestam a existência de colégios bárdicos até pleno séc. XVIII. É igualmente possível encontrarmos ecos da antiga tradição bárdica na Europa continental, embora com um carácter velado; para 1

tal lembremo-nos dos trobadours1 e trouvères2 gálicos e dos trovadores e troveiros portugueses. A própria palavra “tro-badour” pode ter uma raiz oculta proveniente da palavra céltica bard, dada a extraordinária semelhança etimológica. Mas a semelhança entre o trovador e o bardo não se queda por aí, nem pela óbvia continuidade da sua função enquanto músicos, poetas, professores e guardiões da memória do povo. Uma outra leitura acerca do significado da palavra trovador leva-nos a considerá-la como uma alusão à própria Busca ou Demanda espiritual, já que o verbo trouver, em francês, significa “procurar”. O trovador, assim como o bardo, seria “aquele que busca”.

Os trovadores primevos, originários do sul da França actual, da região do Languedoc. Os troveiros posteriores, cuja expansão parte do norte do território francês, resultante do cres-

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cente poderio aí existente sobre o sul. Tal imposição da cultura “do norte” conduziu, por exemplo, no séc. XIII à “Cruzada contra os Albigenses” na região da Occitânia, que aí praticavam uma forma de cristianismo considerada como uma heresia pela Igreja prepotente.


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Em cima: gravura retirada de uma publicação da Ancient Order of Druids À direita: ilustração de músicos medievais nas Cantigas de Santa Maria A Busca foi imortalizada na Tradição Ocidental durante a Idade Média com a saga literária da Demanda do Graal, primeiro por Chrétien de Troyes, depois por Wolfram von Eschenbach, entre o séculos XII e XIII. Foi igualmente neste período que se destacou na Europa a Ordem dos Cavaleiros do Templo, que foi abruptamente asfixiada no primeiro quartel do séc. XIV pela ganância do rei de França, Filipe, o Belo, e do Papa Clemente V. Segundo a Tradição, os templários foram herdeiros de tradições mais antigas, nomeadamente da tradição céltico-druídica, perpetuando esta sabedoria entre os cavaleiros Iniciados. É também bastante provável que a origem do Graal esteja nas lendas celtas relativas ao caldeirão ou à taça mágica, como encontramos na história de Ceridwen e Taliesin, no Caldeirão do deus Dagda, entre tantas outras. Vejamos o que nos diz S. Bernardo de Claraval, o “padroeiro” e

impulsionador destes monges guerreiros no início do séc. XII: “Acredita em mim, aprenderás mais lições nos bosques do que nos livros. As árvores e as pedras ensinar-te-ão aquilo que não poderás aprender dos mestres.” Esta clara referência, em pleno séc. XII, seria o suficiente para alguém ser considerado herético! Trata-se de um claro apelo à Natureza, ao Bosque, ao mundo não corrompido por mão humana. Séculos mais tarde o grande místico Louis Claude de Saint-Martin, na sua obra O Ministério do Homem-Espírito, dir-nos-á igualmente: “Já falei o suficiente sobre os livros, dizendo a este respeito que o homem era o único livro escrito pela mão de Deus; que todos os outros livros que nos chegaram foram encomendados por Deus,


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Bardos Celtas e Trovadores Medievos

Segundo a Tradição, os templários foram herdeiros de tradições mais antigas, nomeadamente da tradição céltico-druídica, perpetuando esta sabedoria entre os cavaleiros Iniciados.

ou que Ele deixou que estes fossem escritos; que todos os outros livros, quaisquer que fossem, eram apenas desenvolvimentos e comentários sobre este texto primitivo e deste livro original; assim, a nossa tarefa fundamental e de primeira necessidade era ler no homem ou neste livro escrito pela própria mão de Deus.” El-Rei D. Dinis3 foi igualmente um iniciado e um trovador, tendo composto várias Cantigas de Amigo e de Amor durante os séculos XIII e XIV. Já o seu avô, o rei de Leão, Afonso X, teve igual papel, sendo o responsável pela compilação (e possivelmente compositor de algumas das músicas compiladas) das célebres Cantigas de Santa Maria. D. Dinis ficou conhecido como o Rei-Poeta, ou Rei-Trovador, e numa das suas mais conhe­ cidas composições, faz também ele o louvor do mundo natural: “Ai flores, ai flores do verde pinho Se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus y u é?” Para além da referência ao mundo vegetal, o saudoso cabalista e filósofo português António Telmo faz uma curiosa leitura da última linha desta cantiga: “A terminação em é das fórmulas de invocação do divino é uma constante nos ritos dos homens antigos. Lembra-te de Evoé! O próprio

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nome de Deus termina, na língua dos meus pais, pela mesma vogal: IHVH (Y é u é).”4 A leitura habitual desta secção é: “Ai Deus e onde está?” (semelhante ao francês Y où est?). Contudo, não podemos deixar de aí ver duas outras leituras de cariz iniciático, conforme António Telmo nos sugere: primeiramente, a evocação “Evoé” era usada na Magna Grécia como expressão de profundo entusiasmo e alegria, como forma de aproximação dos iniciados ao divino; igualmente, IHVH representa o sagrado nome de Deus na tradição cabalística hebraica – sob forma cifrada, pois só estão escritas as consoantes, caberia ao intérprete decifrar a sua verdadeira leitura e significado. Assim, de forma velada, esta cantiga poderia ter uma segunda leitura, iniciática, que indiciava uma forma esotérica de aproximação ao Divino. Não querendo alongar em demasia este texto introdutório sobre a hipótese da continuidade de uma corrente iniciática entre os antigos bardos celtas e os trovadores medievais europeus, não podemos deixar de constatar a existência de diversos traços de união entre ambos, que manifestam muito provavelmente uma mesma tradição primeva. ■ Artigo originalmente publicado em Mandrágora – O Almanaque Pagão – 2011: No Bosque Sagrado dos Druidas (© Zéfiro, 2010. Todos os direitos reservados).

Que em 1319 funda a Ordem de Cristo, recusando as ordens do Papa para entregar os bens da

Ordem Templária de Portugal a Roma, e assegura assim uma transmissão e uma continuidade inquestionável dos templários na recém-formada Ordem.

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TELMO, António, Congeminações de um Neopitagórico, Zéfiro, Sintra, 2008.


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Figura 1 Tholos do Monge, Serra de Sintra

O Oráculo do Monge Nuno Ferreira Gonçalves

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pesar de o fenómeno megalítico em Sintra não ser tão abundante quanto noutros lugares do território nacional, ele não deixa de ser tanto ou mais assinalável pelas especificidades geosóficas em que temos insistido ao longo das nossas dissertações dedicadas ao esoterismo sintriano. Fazendo jus a essa íntima convicção, dedicámos algumas palavras ao dracontia kuratiano por excelência, erguido no sítio místico e altaneiro de Adrenunes (vide revista Ophiusa nº 4 de Novembro de 2017, pp. 11, 12, 13). Do ponto de vista arqueológico, existem outros monumentos na região merecedores de referência, mas é nos píncaros da serra sagrada que devemos buscar os aspectos mais inauditos do fenómeno. Adrenunes, apesar de incomparável, não é um caso isolado. Ombreia com esse dracontia um outro sito no Alto

do Monge, de características absolutamente opostas, mas igualmente sugestivas. Após repetidas visitas informais, regressámos a esse platô altaneiro da cordilheira sintriana no passado dia 1 de Junho com a intenção de depositarmos sobre o referido sacrário megalítico um olhar analítico e profundo. Fomos recebidos ‘com pompa e circunstância’ pela majestosa ave de rapina que domina os céus sintrenses, a Águia de Bonelli, de porte imponente e silhueta áurea, que, sobrevoando as imediações do nosso destino, nos acalentou a esperança de uma colheita sapiencial digna de dissertação. A aparição súbita e inesperada da ave jupiteriana enfatizou, como nunca, a presença do tóteme caprichosamente esculpido no granito que mais parece alçar voo em direcção ao alvo da nossa presente indagação. Efetivamente, a meia encosta do pico serrano onde repousa o Dracontia do Monge, uma águia pétrea surpreende-nos do lado direito, como que indicando o caminho para o santuário ancestral (vide figura 2). O simbolismo demiúrgico implícito no tabernáculo evoca, tal como veremos, a égide saturnina do dragão. A águia, por sua vez, simboliza a égide espiritual de Júpiter. O perfeito equilíbrio entre essas duas forças (matéria e espírito, energia e consciência, plasmação e ideação, tempo e eternidade,


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O Oráculo do Monge

Figura 2

respectivamente) embandeira, desde tempos imemoriais, a demanda dos iniciados. Lembramos que o móbile das nossas investigações não se enquadra nos desideratos científicos convencionais. Os levantamentos arqueológicos dos fenómenos que estudamos estão a cargo dos especialistas na matéria e são de extrema utilidade para o trabalho que nos propomos desenvolver, mas estamos cientes de que a metodologia positivista da Academia incide estritamente na análise sensível e objectiva dos fenómenos. A nós compete-nos cavar mais fundo e procurar transpor as fronteiras do aparente para penetrar no âmago oculto das coisas. Assim, face à visão redutora de ocorrências como a que ora nos propomos estudar, em que a antiguidade e o propósito de tabernáculos ancestrais são vistos à lupa de uma concepção misantrópica do género humano – qual besta colectiva racional agarrada a hipocrisias morais para não naufragar, além de concebida como que absolutamente desprovida de qualquer centelha transcendente –, recorremos ao legado áureo da tradição-sabedoria, à sóbria dedução e à relação empírica que estabelecemos com os mistérios através do nosso percurso iniciático para contrariar a tendencial insipidez do pensamento científico hodierno. Vindos de Sintra, ao chegarmos ao entroncamento de onde se acede ao Convento dos Capuchos, deparamo-nos com uma

florestal de terra batida. É caminho extenso e íngreme, mas que vale a pena trilhar, pois conduz-nos a um dos picos da serra sagrada, não sendo já novidade para ninguém que os pináculos das cordilheiras místicas do mundo sinalizam os respectivos pontos de máxima incidência sinergética. À distância de dez passos da pirâmide geodésica que sobranceia o morro verdejante, indicando a altitude de 488m, jazem os vestígios de um santuário megalítico que pela localização e características é conhecido por Tholos do Monge. Da estrutura integral pouco se pode surpreender actualmente, mas de acordo com o levantamento levado a efeito nos anos 70 do século XIX pelo renomado geólogo português, Carlos Ribeiro, o monumento compreendia um vestíbulo de forma irregular, hoje praticamente irreconhecível. Igualmente, sem essa preciosa descrição, dificilmente surpreenderíamos o estreito corredor de cerca de um metro de comprimento que estabelecia o acesso entre o referido vestíbulo e a câmara axial do tabernáculo, a qual, afortunadamente, mantém perfeitamente detectável a traça original. Esta cabeça do sacrário (ou coração do sacrário, se o prezado leitor preferir) apresenta planta circular, donde o epíteto grego tholos. É lícito deduzir que os tholoi (plural de tholos) pré-históricos sejam uma espécie de reminiscência rudimentar do cânone templário atlante. Pelo contrário, os tholoi da Grécia Antiga, como, por exemplo, o de Delfos, são reminiscências sofisticadas dessa cultura mistagógica antediluviana. Mas em ambos os casos detectamos uma intencionalidade oracular, na razão das propriedades divinatórias das pedras quando canonicamente ordenadas e magnetizadas.


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Figura 3 Planta primitiva do monumento megalítico do Monge de acordo com o levantamento efectuado in loco por Carlos Ribeiro (cf. Estudos Pré-Históricos em Portugal, p. 75). Escusado será reiterar que não vemos em boa parte dos monumentos megalíticos simples necrópoles sem nenhuma outra funcionalidade que não essa. O Tholos do Monge é, à semelhança do Santuário Megalítico de Adrenunes, um antigo dracontia, um templo lunissolar canonicamente estruturado com vista ao culto iniciático do Dragão, nos seus múltiplos aspectos, quer como opositor luciferino ou Guardião do Umbral, quer como demiurgo andrógino gerador de vida, quer ainda como símbolo áureo de consumação espiritual. Quando no coração do Dracontia do Monge, bem no centro do seu círculo e obedecendo a determinadas regras ritualísticas, o iniciado mergulha no silêncio profundo da meditação, o Olho do Dragão surge como visão primeva. É o Olho do Demiurgo, a potência feminina do Logos, progenitora e modeladora das formas; o deus que, sendo deusa, está mais próximo da nossa esfera de acção, da dimensão tangível de que é artesão, do regaço da Mãe que nos acolhe quando nascemos e quando morremos. Situado num dos cumes do principal centro bioenergético do continente europeu, o Tholos do Monge irradia ainda hoje uma mística inusitada. A estruturação em duas câmaras unidas por uma passagem estreita, com apenas 40cm de largura, e provavelmente com uma altura que obrigaria os operativos a curvar-se em reverência ao sanctum sanctorum, evidencia uma significativa intencionalidade iniciática. O vestíbulo, perfazendo a câmara externa, seria o lugar de reunião dos neófitos e dos correligionários, ao passo que o sacrário circular, com as funções de câmara interna, seria o espaço onde o primus magus, que poderia ser acompanhado por uma dupla

de oficiais, operava solenemente. Os candidatos à iniciação nos mistérios eram levados pelos oficiais à presença do venerável grão-sacerdote que os submeteria a uma derradeira prova antes da passagem de grau. O neófito poderia ser encarcerado no interior da câmara interna durante dias para que aí reflectisse acerca dos mistérios da vida e da morte. No final dessa provação, ser-lhe-ia solicitado que dissertasse acerca dos momentos de reflexão, dependendo da eloquência com que se dirigisse ao iniciador o sucesso da prova. Além de circular, o tholos apresenta dimensões ideais para a operatividade supra-referida, com 4,5m de diâmetro e com uma altura que se chegou a estimar em 3,5m (cf. Ribeiro, Estudos Pré-Históricos em Portugal, p. 74), sendo ainda visíveis os vestígios do seu zimbório [a câmara circular era coberta por cúpula (vide figura 4)]. Quanto a nós, não é por acaso que, considerando os valores de medida vigentes, chegamos a cifras cabalísticas de incontornável substancialidade simbólica. Se somarmos os algarismos de que se compõe a cifra do diâmetro – medida horizontal – temos por resultado o valor 9 (4 + 5), o número do eremita ou Adepto Perfeito, o que vai muito bem com o sentido implícito de horizontalidade, de tempo, de ciclo


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O Oráculo do Monge

Quando no coração do Dracontia do Monge, bem no centro do seu círculo e obedecendo a determinadas regras ritualísticas, o iniciado mergulha no silêncio profundo da meditação, o Olho do Dragão surge como visão primeva.

Figura 4 Esboço da cúpula do Tholos do Monge tal como se apresentaria originalmente (cf. Ribeiro, ibid, p. 75)

ou período, através dos quais se processa toda a evolução, mormente a da consciência, cuja paulatina dilatação transforma o neófito em discípulo e o discípulo em Adepto. Destarte, o primus magus operava no cerne de uma câmara horizontalmente encadeada ao valor cabalístico do número 9, o qual expressava o seu próprio estatuto de sacerdote-iniciado, teurgo e taumaturgo. Seguindo a mesma ordem de ideias, temos uma medida vertical cifrada no número 8 (3 + 5), a chave musical do Logos Supremo como oitava perfeita relativamente ao septenário diatónico da evolução universal. O princípio canónico implícito expressa a irradiação vertical do Logos, unindo o que está em cima com o que está em baixo, tendo por catalisador o sacrário e por encadeador o mago. Gizando-se sobre um eixo de orientação aproximada S – N (a imprecisão deve-se provavelmente às sucessivas deslocações geomagnéticas que o planeta sofreu desde a remota construção do templo), o dracontia acabou por servir, como em tantos outros casos, de necrópole aos seus derradeiros utilizadores. Fazer de um santuário com estas características um sepulcro, pode muito bem significar a morte do respectivo período áureo de operatividade. Obstarão os

arqueólogos que todos os vestígios lúgubres levantados in loco perfazem o testemunho inequívoco da utilização exclusivamente fúnebre do sacrário. Contrapomos nós, asseverando que a ciência académica desconhece, por exemplo, que o sílex, tão frequentemente encontrado entre os objectos surpreendidos pelos arqueólogos nestes tabernáculos por eles considerados estritamente fúnebres, tem propriedades mágicas (a esse respeito, vide Helena P. Blavatsky in “A Doutrina Secreta”, Vol. III, p. 360), e que a adaga rudimentar, polida nesse material, encontrada no Tholos do Monge, dificilmente seria outra coisa que não um instrumento místico de utilização teúrgica. É muito provável que outros artefactos litúrgicos, entalhados em minérios preciosos como o ouro, ali tenham subsistido até ao momento de serem furtados pelos primeiros profanadores. Não o sabemos! O que sabemos é que o tholos apresenta todas as características de um recinto mágico, catalisador telúrico de frequências subtis e dotado de considerável potencialidade oracular. Estaremos perante o hipogeu mesotérico de uma embocadura jina da serra sagrada? Essa é uma questão a que só os corações indómitos, indiferentes às quezilas mundanas, podem dar resposta. ■


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Contemplação, honra, coletividade: da Abelha ao Homem,

o hidromel ­

– uma bebida ritualística Melissa Boëchat

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antropólogo escocês George Robert Gayre defi-

niu o hidromel como o antigo licor dos homens e dos deuses, capaz de dotá-los de conhecimento e poesia; a bebida que poderia curar as feridas, doadora da imortalidade. Na esteira desta definição, no tradicional poema nórdico Runahal1, também o hidromel é apresentado como uma bebida dotada de dons bárdicos: A drink I took of the magic mead Taken out of Odroerir Then I began to bloom and to be wise To grow and to weave poems.2 Como se pode perceber, a bebida considerada uma das mais antigas já produzida pelo homem é cercada de mistérios, ritos e lendas. Também conhecido como “néctar dos deuses” e “vinho de mel”, entre outros nomes, o hidromel sempre fez parte da história das mais importantes civilizações, dos Celtas aos Vikings. A História nos fornece registros de resquícios da bebida encontrados em vasos chineses do período neolítico; também nos conta 1

Runahal [tradicional poema nórdico], apud Stephen H. Buh-

ner. Sacred and Herbal Healing Beers: The Secrets of Ancient Fermentation. Boulder: Brewers Publications, 1998. p. 23. 2

Segundo a tradição nórdica, o deus Odin havia se tornado sábio

e não tinha intenção de dar aos homens a bebida que lhe conferia a sabedoria e a poesia: Bebi um pouco do hidromel mágico/ Tomado de Othrorir/ Então eu comecei a florescer e me tornei sábio/ a criar e tecer poemas. [Trad. da autora]


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O Hidromel — Uma bebida ritualística

Entre os Celtas na Bretanha, bem como entre os Celtiberos, na antiguidade o hidromel fazia parte de rituais e celebrações nos equinócios e solstícios, e atualmente, em diversas ordens druídicas ao redor do mundo, o costume permanece vivo.

que a rainha Elizabeth I apreciava tanto a bebida que possuía sua própria receita; e ainda que os Vikings, segundo as lendas, bebiam o hidromel no crânio de seus inimigos. Formulações semelhantes à mistura de mel e água foram encontradas entre os Maias da América Latina, bem como encontram-se inúmeros relatos de sua presença em banquetes nas mais suntuosas cortes medievais, na literatura, e em nossos dias, com fabricações artesanais de diversos tipos, para diversos gostos, misturados a frutas, especiarias e outros condimentos. Acredita-se que sua descoberta tenha sido acidental, quando, há aproximadamente 8000 anos, algum descuidado teria deixado um recipiente usado com mel descoberto sob a chuva; a mistura teria fermentado, e assim teria surgido a bebida que hoje é apreciada por grande parte dos amantes das produções artesanais ao redor do mundo. Mas não só para o deleite do paladar o vinho de mel era consumido. As características medicinais da fermentação também eram conhecidas na Grã-Bretanha, especialmente pelos herbalistas do País de Gales, que a recomendavam para vários males, entre eles inflamações e dores de dente, problemas oculares e dores nos músculos, e ainda para aliviar as dores de ferimentos mais profundos e males estomacais.3 Também entre os Celtas na Bretanha, bem como entre os Celtiberos, na antiguidade a bebida fazia parte de rituais e celebrações nos equinócios e solstícios, e atualmente, em 3

Fred Minnick & Tobias Saul. Mead: The

Libations, Legends, and Lore of History's Oldest Drink (English Edition).


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diversas ordens druídicas ao redor do mundo, o costume permanece vivo. A bebida, que sofreu certo declínio com a presença dos destilados no século XIX, retornou com força a fins do século XX, a caminhar lado a lado com o revivalismo druídico ocorrido no período. Seu preparo era tarefa dos Ovates, conhecedores dos processos de fermentação e dos segredos da Natureza, sabedores das técnicas para “anestesiar” as abelhas com fumaça e conseguir, deste modo, a retirada segura das colmeias. Seus dons, entretanto, eram bárdicos, dando aos pensadores celtas as qualidades da eloquência, da criatividade e conhecimento, a funcionar ainda como um elemento capaz de facilitar a comunicação com o Outro Mundo. Como na tradição druídica, aproximadamente a cada seis semanas, portanto, há ocasiões a serem celebradas, o hidromel cumpre um papel essencial entre as inúmeras dádivas que a natureza pode nos ofertar para que, em comunhão com os reinos e os deuses (em especial a deusa Brighit, senhora do Sol e do Fogo, bem como da Água), celebremos também, como as abelhas, a oportunidade de estarmos juntos e em harmonia, de viver e trabalhar em comunidade. A base da bebida, claro, é o mel, formulado com primor por nossas irmãs polinizadoras, que o fazem com todo o cuidado, pode-se mesmo dizer que de forma ritualística, para que tenham o riquíssimo alimento armazenado para seu consumo. Em seu O Oráculo Animal dos Druidas, Philip e Stephanie Carr-Gomm lembram-nos da importância das abelhas para o universo Celta, para quem elas provinham do mundo paradisíaco do Sol e do Espírito, o que faz com

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que o hidromel – uma bebida, portanto, solar – seja um presente desses pequenos animais para a humanidade. Como em todos os rituais de agradecimento à Grande Deusa, a Terra, pelos dons que nos oferece, também a produção do hidromel passa por este processo de reconhecimento daquilo que recebemos, e seu preparo, em algumas Ordens, segue uma ritualística que guarda a Lua correta, as práticas que devem ser tomadas ou evitadas em dias que antecedem o processo, e o humor e as energias de quem será responsável pela bebida devem também ser observados – afinal, seu uso será dedicado aos rituais que, há tempos, são celebrados dentro da tradição druídica. Nos encontros druídicos, partilhamos da mesma taça de hidromel, e formamos assim uma cadeia que nos une a cada um de nossos irmãos. Agradecemos os dons da Terra, e aprendemos que é preciso respeitar todas as formas de vida, pois somos interdependentes e habitamos, todos, o mesmo espaço e o mesmo tempo, o Aqui e o Agora. Ao tomar contato com esta bebida mais do que sagrada, conectamo-nos também com o nosso lugar sagrado na Natureza: acessamos em nosso interior a unidade com o reino animal, que produz a matéria essencial para a sua produção; conectamo-nos com a água, sem a qual o hidromel não existiria. Aprendemos, ainda, a virtude da paciência – necessária para esperar o tempo certo para que a fermentação ocorra. E assim, ao longo do tempo, século após século, segue nossa tradição, viva em cada um de seus pequenos elementos e plena em sua essência: doce, suave e harmoniosa – como deve ser o sabor milenar do hidromel. ■


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Sob o Manto de Airmid — Cura, Saúde, Plenitude Fábio Barbosa

N

a tradição mitológica irlandesa,

conta-se que havia entre os Tuatha Dé Danann uma família de curandeiros, cujos nomes podem não estar entre os mais conhecidos para muitos dos que seguem a Via Antiga, mas cujas curtas intervenções na grande história das batalhas pela posse da Irlanda acabaram por se revelar fulcrais para os interesses da sua tribo. Um dos exemplos é o episódio em que Nuada, o primeiro rei dos Dé Danann, perde um dos seus braços em combate. Segundo a lei, um homem “incompleto” (uma noção que pode ser entendida de modo mais pleno a partir de um ponto de vista iniciático, como veremos adiante) não era digno de governar, o que implicava que a tribo haveria de perder o poder para Bres, um semi-Fomoriano e, portanto, um inimigo. Dian Cecht, o curandeiro-mor, acudiu a Nuada com os seus filhos, Miach e a sua irmã Airmid, para

restituir ao rei a mão perdida. Dian Cecht ofereceu-lhe um braço de prata que se movimentava tal como um membro de carne, mas mais tarde, Miach e Airmid reconstruíram-lhe o braço decepado, carne, osso e sangue, recorrendo, segundo consta, a uma cantilena que aparece registada na Carmina Gaedelica de Alexander Carmichael1. Movido pela inveja, ultrapassado pelos conhecimentos dos seus descendentes, Dian Cecht enfurece-se e mata o próprio filho. Mais tarde, Airmid, chorosa, visita o irmão na sua campa e repara que do seu corpo cresceram várias ervas diferentes — mais precisamente, 365 ervas, o mesmo número das suas articulações e tendões, mas também um sinal de que elas encerravam um propósito útil para todas as ocasiões, mesmo além da sua época própria dependendo do modo de preparação. Airmid apercebe-se de que cada uma das ervas está situada precisamente na região do corpo que é suposto tratar, e de imediato começa a recolhê-las no seu manto, catalogando-as em conformidade. Contudo, a fúria de Dian Cecht não vê fim, e logo o deus da cura aparece no local para espalhar as ervas e impedir que o conhecimento dos filhos se propague no mundo. Esta história, que como qualquer mito transmite um saber que vai além das próprias palavras, contém um entendimento profundo do estado que a verdadeira cura pretende proporcionar, e que nada mais é que um estado inicial do Ser: o de uma completude que depende directamente da harmonização entre o corpo do Homem e o corpo da Natureza em que está inserido e de que é espelho e miniatura: “o que está em cima é como o que está em baixo”.

1 Osso a osso, / Veia a veia, / Bálsamo a bálsamo, // Seiva a seiva, / Pele a pele, / Tecido a tecido, // Sangue a sangue, / Carne a carne, / Tendão a tendão, // Medula a medula, / Miolo a miolo, / Gordura a gordura, // Membrana a membrana, / Fibra a fibra, / Mucosa a mucosa.


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Nils Nedel

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Esta identificação tão directa entre Homem e Natureza contrasta com o modus operandi que veio a caracterizar a nossa civi­lização, em que a especialização de funções — numa sociedade supostamente mais móvel que nunca — retirou ao indivíduo determinadas porções essenciais de conhecimento, e em que a relação desejável de inter­dependência entre pessoas e regiões se diluiu numa excessiva dependência dum conjunto selecto de autoridades que determinam a configuração dos territórios, dos alimentos e da medicina ao ponto de tornar virtualmente impossíveis quaisquer outras escolhas. Inclusivamente, a opção por um estilo de vida ou dieta ditos mais éticos é vendida (e devidamente capitalizada pelas mesmíssimas autoridades e suas indústrias), mesmo a “cinco minutos da meia-noite”, como uma responsabilidade mera­mente individual e não como um remendo negligenciável diante da indiferença de umas quantas dezenas de barões. Um “regresso à Natureza” enquadrado pelas mesmas categorias antropocêntricas que nos dividem ao meio. Sem dúvida, Dian Cecht continua presente, a espalhar a confusão e o engano. A cura, a reconstituição do corpo de Miach que antes restaurara o corpo de Nuada é, portanto, uma constante caminhada rumo à integração, em jeito de resistência ao “desamparo aprendido” por detrás de tantos traumas particulares e do próprio trauma colectivo e civilizacional que as alimenta e que por elas reforça o seu encantamento. Na etimologia proto-indo-europeia, o conceito de cura está directamente ligado ao de inteireza2. São diversas as vias pelas quais podemos proceder a esta re-constituição do Ser: quer através de uma reconciliação com a Terra e com a terra onde se vive,

empenhando-nos no reencontro com a fauna, a flora e a comunidade, quer reaprendendo determinadas competências elementares na cozinha (pois não é o Caldeirão a fonte do Awen?), quer redescobrindo as propriedades curativas de cada erva, de cada alimento, para que cada refeição seja de facto o primeiro dos remédios (e não um veículo para se castigar o corpo), e para que cada um reivindique o seu papel como agente primordial de cura. O trabalho de quem busca a iniciação pela via druídica, e em particular da vocação de Ovate, é o mesmo de Airmid compondo peça a peça o saber confundido por outrem. Um saber que olha para o homem feito jardim e discerne o Rosto para além do espelho: a completude, a saúde no plano exterior está em diálogo permanente com a consciência da Plenitude no plano interior. Airmid é capaz de transmitir as artes curativas porque, antes de catalogar centenas de plantas, as “dez mil coisas”, testemunhou a unidade fundamental entre o Homem e o Natural, entre o Manifesto e a Ideia. Do mesmo modo, a primeira habilidade a recuperar pelo Ser é a própria noção de Quem verdadeiramente É, de quem, mestre de Si, jamais se sujeita mas tudo partilha. Eis a perspectiva do iniciado, a partir da qual tudo é possibilidade, soberania e magia, escondida atrás do véu, como os Sidhe atrás das colinas e nascentes da Irlanda, mas também atrás dos densos muros do encantamento cultural que nos conformam a identidades rígidas, utilitárias e pequenas. Que esta época de Samhain/Beltane seja propícia ao desvanecer desses véus, e que, para além do nevoeiro, seja possível entrarmos novamente em contacto com o Fogo e a Água primordiais que continuamente originam todas as coisas. ■

2 Como na raiz *hailaz-, que em línguas como o alemão produziu os étimos heil, heilig, geheilt; ou, de modo equivalente, a raíz *solh2-, que nas línguas românicas derivou em “são, santo, saudável”.


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Às portas de Samhain Ana Simões

H

oje fui a Sintra. Constatei o que o meu corpo e o meu espírito já me diziam há algum tempo, apesar do calor fora de época durante o dia: o Outono veio para ficar. Os dias já são mais curtos e as folhas começaram já a cair, qual baile em tons de laranja, dourado e vermelho. À noite a temperatura já tem baixado bastante e no ar já se sente a humidade das primeiras chuvas que se avizinham. Mas algo no ar torna esta época do ano diferente. Além de o véu para o Outro Mundo se tornar mais fino, o Outono convida à introspecção, a focarmo-nos nas alterações mais visíveis da Natureza que tanto nos recordam as fases mais avançadas do próprio ciclo de vida humano, a recordarmos e a celebrarmos os nossos Ancestrais — os que vieram antes de nós e que, apesar de já terem partido, criaram as bases para a nossa existência, para o nosso caminho, inclusivamente o espiritual. Esta época permite-nos olhar para trás, avaliar o nosso caminho, pesar as nossas escolhas, e abre a possibilidade de realizarmos novas escolhas para o novo ciclo, prestes a iniciar. Esta época, pela sua associação à mudança de ciclos, à mudança de estados (da secura do calor do Verão às chuvas do Outono), à celebração daqueles que já partiram e frequentemente da reunião com os que já partiram em culturas tão diversas, poderia também inferir-se que esta época celebra o ciclo de mudança e o ciclo de vida como um todo, vendo a morte como parte integrante do ciclo de vida (o seu fim), e não como tabu.

O Outono tem o potencial de nos fazer enfrentar os nossos medos. Não é à toa que, apesar de as máscaras nesta época terem surgido como forma de protecção contra entidades do Outro Mundo que viriam buscar os vivos (fingir-se de morto seria uma forma de protecção, semelhante ao que se diz funcionar num encontro com um urso), foram adoptadas pelo Halloween. Não é à toa que, de acordo com o site wheresthejump.com, entre 1995 e 2015 a maioria dos filmes de terror foi lançada no mês de Outubro. Porém, além de enfrentarmos os nossos medos, deveríamos fazer dessa coragem uma alavanca para a mudança, para mudarmos em nós e na soci­ edade aquilo que já não nos serve e que não serve para os nossos semelhantes que sentimos como diferentes de nós. O Outono é uma fase de mudança, de enfrentar os nossos medos. Pois mudemos, enfrentemos os nossos medos, mas que o façamos de forma positiva para todos. De contrário, não estaremos a enfrentar os nossos medos, mas a perder a nossa soberania para os nossos medos. De contrário, não estaremos a promover uma verdadeira mudança, mas apenas uma deterioração da situação comparativamente ao início do ciclo que finda. Enfrentem o receio de se colocarem em causa, de se descentrarem, de verem o mundo pelo olhar e pelas experiências do outro, de sentirem empatia por todos os seres vivos, não importa o quão diferentes sejam de nós. Mudem, que o mundo muda convosco. ■


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A

Verdade! Que é a Verdade?! Quantas verdades da Verdade,

quantas?! São tantas as verdades que a Verdade tem. Manifesta-se em tantas verdades quantos os seres que sobre Ela crêem que têm a verdade completa e, no entanto, a Verdade é só uma, como a Luz, como a Vida, como o Grande Espírito, O Uno! A Verdade manifesta-se de muitas e diferentes formas, contudo, é só uma e A mesma. A Verdade contida nos símbolos que se repetem ao longo dos séculos sem memória, símbolos que o homem criou de alguma forma inspirados e, para cada símbolo, concebendo um ideia, um conceito, um significado. A serpente, símbolo de eterno renascimento para uns, para outros, símbolo da tentação e do pecado. Qual a verdade, então, deste símbolo? Como pode o eterno renascimento, o renascimento constante, ser também símbolo do pecado, do mal? Será porque só se renasce depois de morrermos, considerando que a morte é a “condenação” desta vida? Será que renascemos porque temos que nos “purificar” e, se temos que nos “purificar”, alguma falta cometemos para transmutar? Penso, por vezes, porque estamos aqui neste mundo de ilusão se somos espírito do Espírito, se somos Luz da Luz, porque estamos aqui se o renascimento é um processo de “purificação”.

No Bosque Sagrado

Joel Marteleira

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No Bosque Sagrado

O

Questiono-me, na minha ignorância, se será o Grande Espírito um espírito “impuro” e se, através de nós, se “purifica”. Somos (um) espírito que, ao entrar na ilusão feita matéria matéria, nos esquecemos de onde viemos e de quem na Realidade somos. Todo este percurso, todo este caminho, é para nos Relembrarmos que o Caminho a seguir é só um e por ele e Nele iremos regressar à casa de onde viemos. AWEN! No Bosque Sagrado 17/4/18

Eu, a Árvore Joel Marteleira 31/8/2018

ntem a palavra inscrita

e que serviu de reflexão foi A Verdade, hoje foi o enunciado da Tríade “Três coisas que crescem constantemente”. A Luz, A Verdade e a Vida. Limitei-me às “Três coisas que crescem…”; o “constantemente” e a Vida ficarão para amanhã. Ainda assim, o pisco esteve grande parte comigo e com o seu chilrear alegre e feliz… Aproxima-se o dia de reerguermos o Templo, de o Renovarmos e dou comigo num estado de satisfação e contentamento por ver esta fase da obra a chegar ao fim, que é um princípio, e por imaginar esse dia aqui no bosque cheio de companheiros de jornada, irmãos na busca da Sabedoria do Carvalho. Muitas crianças, espero. E esse estado de contentamento faz-me pensar se não é o meu ego a enaltecer-se “sim, foste capaz, todos vão dizer que está muito bonito e tal e coisa e tal...” Confesso que isso me dá uma satisfação especial, não pela necessidade de louvores ou outra coisa qualquer, mas por conseguir cumprir um objectivo que me é muito especial e é o trabalho nele que me aquece a alma. Estou a trabalhar para mim, em mim. Cada símbolo gravado na


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madeira é em mim que o estou a gravar, no silêncio terno do cântico do pisco, meu companheiro. Eu agradeço a oportunidade que me foi concedida e a confiança que sempre depositaram em mim, deixando-me fazer aquilo que amo e que o AWEN me inspira. É uma benção poder estar no Templo, no Bosque e poder ir gravando, traço a traço, símbolo a símbolo, toque toque toque toque… no ritmo cadenciado do maço a cravar a lâmina afiada do formão na carne do tronco que foi árvore erguida e verde. Árvore derrubada, cortada e, agora, aqui nas minhas mãos, a fazer de suporte a uma Tríade. Fará parte de um Templo onde as árvores são reverenciadas e amadas como irmãs. A Vida, algo que cresce constantemente, no acto supremo do Renascer sempre Renovado. A Vida, a Dádiva maior que nos foi entregue para cuidar e que nos esquecemos como. D'“A Vida” cuidarei amanhã. AWEN! No Bosque Sagrado 18/4/18

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M

ais um dia terminado com um sol que agora teima em se quedar mais um pouco comigo, lançando sombras douradas reflectidas nas alvas flores das ginjeiras. Mais um dia que vai terminando, mais um dia em que o pisco me contou inúmeras histórias. Não sei o que me disse, mas o que me disse foi música para os meus cada vez mais surdos ouvidos. Até as minhas cigarras se calaram para ouvir o cântico do pisco. Acabei de inscrever o último toro. A última palavra da Tríade do este - A Vida. Que melhor palavra para se terminar uma tarefa? A Luz, a Verdade e a Vida, as três coisas que crescem constantemente. Talvez possa acrescentar uma outra — a Gratidão. A Gratidão que sinto por estar a realizar este Sacrum Oficium, esta obra. Gratidão por ser embalado logo pela manhã até ao cair do sol, pelo cântico do pássaro que está ali para me receber. Gratidão por simplesmente aqui poder estar e admirar esta tão grande maravilha que é a Natureza à minha volta. Gratidão por Ser e Ter. Sim. Ter. Ter os amigos que tenho, a família que escolhi e que me recebeu e todos os inimigos porque, sem o saberem, é com eles que procuro ser melhor. Gratidão por respirar a cada momento e, com o respiro, alimentar a Vida que me foi oferecida. Gratidão, a quarta palavra da Tríade do este. AWEN! No Bosque Sagrado 19/4/18


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A Dadga

José Ângelo Cardoso

Dagda, Bom Deus, possam o teu Amor e a tua Bondade fluir sempre de ti, e do teu Caldeirão, e que nós saibamos sempre estar receptivos a eles, para sermos dignos do teu Caldeirão. Alexandre Gabriel

Foto: Ricardo Brito

Eisteddfod Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.

Dagda, Bom Deus, que transportas o Caldeirão da Abundância, dá-nos tudo aquilo de que necessitamos para o nosso Caminho, ajuda-nos a manter a Pureza e a Coragem, para que possamos sempre fruir do teu Caldeirão em tempos de necessidade, faz-nos dançar ao teu ritmo, aquele que é cantado por Duirdabla, a tua harpa de “carvalho de dois verdes”, e que faz mudar as estações, estabelece também em nós a mudança benéfica nos nossos estados interiores, os nossos estados d’alma, que nos possam sempre transmitir força, alegria e disponibilidade, para viajar neste mundo de Abred, o mundo de provações diversas no qual nos encontrarmos.


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Caminhei por Tantas Estradas

Aquele que segue somente as paixões não poderá jamais experimentar a Natureza do Amor:

Caminhei por tantas estradas Tantas portas, abertas, cerradas Apenas desejei ser, Entender...

Esta não é o vento que passa, ou o Sol que brilha, ou a densa bruma, mas sim o chão fértil que acolhe a semente que fica e a árvore frondosa em que se tornará.

Pessoas, antigas, novas, longe Iguais: novas, antigas, longe Apenas tentei entender Ser... Família? Apenas os novos. Antigos? Apenas os novos. Ausência que apenas entendi, pois os antigos nada são Ilusão, Maldade, vão Aberto o coração Pela falta de ação De emoção, respiração

Amor é o que vê na bolota o potencial do Carvalho sobe­rano e se dedica a sê-lo e trazê-lo a quem ama. O Amor não acontece apenas, é o labor contínuo do espírito dedicado e delicado em todas as suas relações na infinita espiral do tempo. Esse espírito, que como a Terra, se deixa morrer, transformar e renascer com os ciclos sazonais sempre em resiliência, verdade e totalidade. Iris Lican

Mas é u’a vida! Apertada, premida, Mas é u’a senda Pedras, entendo Com três flores à margem Uma que me fez ser, compreendo Já não existe Duas são Estão Caminhei... Adílio Jorge Marques

Julian Marcus / Lucid Image


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Eisteddfod

Marés Marés presas… Ondas que não se abrem à terra, Areia seca à sua espera, Tempestades incógnitas, Sem nome, identidade… Céu azul a preparar-se para a tempestade, Castelos de areia a desmoronar-se, Nuvens densas a impedir a liberdade… Marés presas, Areia seca à sua espera… Rio que não desagua no ventre do mar, Gaivota em terra à espera de voar, Palácios etéreos a desabar. Multidões sem rumo, Flores que não são mais que flores, Até roubadas ao passar, Não pela sua beleza, não, Mas sim pelo prazer de desprezar. Criança que pergunta o que é o amor, Devastadora a explicação, Lágrimas nos seus olhos, Na manga do casaco roto, limpa o nariz, Mão no peito por sufocar, Pássaro enjaulado, quer regressar. Grito mudo de um velho, Ao sentir o seu tempo findar. Multidões sem rumo, À procura de luz para regressar. Amor alugado, Ilusões tidas por realidade, Incapacidade de se fundirem, O saldo as emoções. Invenções repetidas, Vindas de cabeças e corações cruéis… Mãos que não se tocam, Abraço vazio de amizade…

Porque não aceito tanta coisa que este mundo me quer dar? Tão lindo este mundo, Com o seu dia, a sua noite… As suas paisagens sempre a mudar, As suas melodias, os seus aromas, Tudo todo o momento a girar… Este mundo dos homens, sempre às voltas, Saiu do eixo, está a tombar… Tombar não é mau, Mudança traz sempre nova vida, Novas ideias, que são o motor de novas conquistas… E o mundo dos homens tombando – sempre girará, Até ao seu findar… A Mãe, essa… Entrega-se aos seus ritmos, A sua sapiência conquistará Sempre da mesma forma, O seu lugar no seu universo, Onde nasceu e sempre pertencerá. O mundo dos homens, esse… Acabará e renascerá sempre, Dentro do ventre da Mãe, Ao ritmo dos universos, até aprenderem: Que desenvolvimento não é ganância, Viver nunca é ignorar, Transcendência não é milagre, Nem algo fantástico. Vão aprender Que amar não é possuir, Não se é dono de nada… Que o que é de cada um, Está sempre connosco, Nós somos espelhos. Não posso chamar de meu, O que é de Deus, Só posso chamar de Nosso O que Juntos Criamos. Karin Estrela Hamm


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Deitam-se tranquilas as negras asas de meu repouso. Cada qual julgo ser o último esperando ser o primeiro que anunciará meu retorno. Terras altas que carregam nos veios de seus rios a força de meu sangue; séculos cravados em pedra na pele da terra a que retorno nos círculos infindos de meus regressos. Canto, hoje, à paisagem que mais uma vez me serve de berço em meu adormecidos ciclos de pausa e vida. Melissa Boëchat

Melissa Boëchat

Menires


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alma — naque Leituras Muitos de nós reconhecem o perigo de a nossa prática druídica estagnar antes ainda de começar, caso nos limitemos a ler todos os livros introdutórios à venda, só para termos a certeza de que estamos a postos para o druidismo “a sério”. Contudo, e porque a cada feitio corresponde uma introdução adequada, há que reconhecer o trabalho importante que Penny The Path of Druidry Billington, praticante de drui- — Walking the dismo há mais de duas décadas Ancient Green Way e editora da revista Touchstone, Penny Billington da OBOD, produziu no seu livro Llewellyn, 2011 The Path of Druidry, até porque, desde as primeiras páginas, ele nos convida precisamente a deixar de lado quaisquer traços de intelectualismo excessivo e meter mãos ao trabalho. E a que tipo de trabalho druídico pretende Billington convidar-nos? Trata-se de um contínuo aprofundar do relacionamento pessoal com a terra em que se vive, com a Terra no seu todo e com os vários mundos que por detrás dela se escondem. Esse relacionamento com a força vital, com o Nwyfre, não nos beneficia apenas a nós, mas também a todos os seres, neste e no Outro Mundo, cuja existência, segundo o material mítico que a autora recupera no livro, se alimenta do simples acto de a (re)conhecermos.Um convite a recordar por todos nós, principiantes com diversos anos de experiência. ■ Fábio Barbosa

Em Rede

The Druid's Garden www.druidgarden.wordpress.com Pensamentos sobre o contacto com a Terra, permacultura e estilos de vida sustentáveis, por Dana O'Driscoll, membro da OBOD e Arquidruida de Água da AODA.

Into the Sacred Forest www.intothesacredforest. wordpress.com Blogue pessoal de Ana Simões, membro da OBOD em Portugal. Contém poesia e reflexões pessoais sobre o druidismo e a prática pagã em geral, vista por um prisma politeísta e animista.

British Druid Order Blog www.britishdruidorder. wordpress.com Blogue recém-lançado pela British Druid Order, uma ordem druídica de cariz animista e xamanista.


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Eventos ■ Assembleia de Inverno da Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas Uma das duas grandes assembleias anuais da OBOD, que reúne membros vindos do mundo inteiro para uma celebração inesquecível em antecipação do regresso da Luz ao hemisfério Norte. Tema: “O Genius Loci — Os Espíritos da Terra”, com palestras de Philip Carr-Gomm, Ronald Hutton, Penny Billington, a música de Damh the Bard e muito mais. 8 de Dezembro, Glastonbury, Reino Unido ■ Assembleia do Hemisfério Sul da OBOD Encontro dedicado aos membros da Ordem a Sul do Equador, organizado pelo grupo Grove of the Summer Stars. Para mais informações: www. groveofthesummerstars. nz ou pamela@ thewoolshed.com. 17–22 de Janeiro 2019, Nova Zelândia

■ Curso | Herbalismo Mágico e Medicinal – Rumo ao Solstício d’Inverno: Um Poema de Fogo e Neve Isa Baptista Mais informações: www.casadofauno. wordpress.com. 8 de Dezembro, Casa do Fauno, Sintra

■ Palestra | A Roda do Ano Celta: Solstício de Inverno José Alexandre Frazão Matos www.casadofauno. wordpress.com. 8 de Dezembro, Casa do Fauno, Sintra

Lunário Todas as luas cheias, a Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas convida-o a meditar pela paz. Uma meditação mensal, a sós ou com um Grupo-Semente ou Bosque, com vista à paz: no mais íntimo, na comunidade e no mundo inteiro. Novembro L. Nova: Q. Crescente: L. Cheia: Q. Minguante:

7, Quarta 15, Quinta 23, Sexta 30, Sexta

Dezembro L. Nova: Q. Crescente: L. Cheia: Q. Minguante:

7, Sexta 15, Sábado 22, Sábado 29, Sábado

Janeiro L. Nova: Q. Crescente: L. Cheia: Q. Minguante:

6, Domingo 14, Segunda 21, Segunda 27, Domingo


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2 Propriedade: © 2018, Zéfiro – Edições e Actividades Culturais, Lda. ISSN: 2183-9255 Depósito Legal: 419 013/16

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Esta obra não pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer processo à excepção de excertos para divulgação. Reservados todos os direitos, de acordo com a legislação em vigor.

Director: Alexandre Gabriel Editor: Fábio Barbosa Concepção gráfica e paginação: Fábio Barbosa Imagem de capa: Joel Marteleira Colaboram neste número: Adílio Jorge Marques, Ana Simões, Iris Lican, Karin Estrela Hamm, Joel Marteleira, Melissa Boëchat, Nuno Ferreira Gonçalves, Tiago Sequeira

Apoie a Ophiusa tornando-se assinante e receba a revista em primeira mão! assinatura anual (4 números): Impressa: 20 €; Online (PDF): 8 € Faça ou renove a sua assinatura e encomende n.ºs anteriores em: www.obod.com.pt/ophiusa.htm ou escreva-nos: obod@obod.com.pt Envie-nos as suas contribuições, sugestões ou perguntas para: ophiusa@obod.com.pt Leia gratuitamente os n.ºs anteriores em: www.issuu.com/ophiusa

Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas Responsável pelo curso de Druidismo em língua portuguesa: Alexandre Gabriel Morada: Zéfiro, OBOD, Apartado 21, 2711-953 Sintra, Portugal Telefone: (+351) 91 48 48 900 E-mail: obod@obod.com.pt Website: www.obod.com.pt


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trí de

Floresta de Brocéliande, França. Imagem: Tiago Sequeira

Eis da Vida uma crua Verdade: A de que Ela não germina Se a semeias com Receio E se a regas com Mentira Em terra infértil de Liberdade. Tiago Sequeira


“O

elemento mais importante a ter em conta é a forma como tudo está interligado. Cada pensamento e acção provoca tremores de energia no mundo à nossa volta, afectando toda a criação. Entender o mundo como uma teia de interligações ajuda-nos a ultrapassar os sentimentos de separação que nos aprisionam e embotam a nossa visão. Esta ligação com todas as formas de vida aumenta o nosso sentido de responsabilidade em cada movimento e em cada atitude, permitindo-nos ver com clareza que cada alma faz verdadeiramente a diferença no Todo.” Emma Restall Orr, in Living Druidry


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