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Alcochete transforma o
Alcochete transforma o antigo em contemporâneo sem perder identidade cultural
Para Fernando Pinto, presidente da Câmara Municipal, “o urbanismo não para e a preservação da identidade cultural de um concelho é algo que o diferencia dos outros”
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Inês Antunes Malta (texto) Direitos reservados (fotografia)
AÁrea de Reabilitação Urbana do Núcleo Antigo de Alcochete, com uma área com cerca de 18,37 hectares, surge da necessidade de impulsionar a reabilitação do edificado existente, cujo valor patrimonial é importante preservar.
Para o município de Alcochete, a regeneração urbana é ao mesmo tempo uma prioridade e um desafio. “A importância da reabilitação urbana no concelho de Alcochete é fundamental para a renovação da malha arquitectónica tradicional do núcleo histórico da vila”, começa por dizer Fernando Pinto, presidente da autarquia.
O objectivo passa pela criação de um modelo de desenvolvimento sustentável, sem nunca perder de vista a forte identidade local e as características naturais que fazem parte e
distinguem o concelho na Área Metropolitana de Lisboa. “O urbanismo não para. Há sempre coisas a desaparecer e coisas novas a surgir”, afirma, esclarecendo que “nessa mudança, temos de ter cuidado pois a preservação da identidade cultural de um concelho é algo que o diferencia de todos os outros. E isso nunca se pode perder”.
Reabilitação urbana traz valor ao núcleo antigo da vila Com intenção de dignificar o espaço público, promover o bem-estar e a qualidade de vida e potenciar novas oportunidades turísticas, culturais e económicas, em 2009 o município deu início ao programa de acção para a regeneração da frente ribeirinha de Alcochete, desde o Sítio das Hortas até ao Cais Palafítico de Samouco.
A malha urbana da vila tem sido renovada mantendo a tradição do centro histórico
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ARU de Alcochete abrange uma área de 18 hectares
As requalificações da Rua João de Deus, da Rua do Catalão, o acesso poente à Biblioteca de Alcochete e o plano de harmonização de sinalética e mobiliário urbano são exemplos de acções realizadas e que trouxeram valor acrescentado ao núcleo antigo da vila alcochetense. A inauguração do “Passeio do Tejo”, área junto ao rio para fruição pública, em 2014, foi o momento mais significativo da estratégia de valorização territorial de Alcochete. A ela juntaram-se as requalificações da Rua do Norte e do Largo da Misericórdia, espaço nobre da via de Alcochete, para dar um novo ar à frente ribeirinha - que assume desde aí um maior protagonismo na malha urbana e se traduz numa alavanca para novas oportunidades, para uma maior dinamização do tecido económico e empresarial e consecutivamente para a competitividade da vila. Neste sentido, o presidente aponta a sua aposta para “sangue novo na economia”, que se traduz sobretudo em “criatividade, empresas jovens criadoras de know-how indutor de desenvolvimento”.
Alteração equilibrada da arquitectura é mais importante que a estatística Em Alcochete, existem actualmente vários processos de reabilitação, pelo que “os dados
estão constantemente a ser ultrapassados”. Nas palavras de Fernando Pinto, “mais importante que os dados estatísticos é a alteração equilibrada da arquitectura do concelho” e os novos projectos “não só cumprem os requisitos necessários que uma intervenção na
Fernando Pinto, presidente da Câmara Municipal de Alcochete zona histórica implicam como complementam de forma harmoniosa aquilo que se pretende para a evolução de um concelho com tradições vincadas”.
O lema é reabilitar sem perder a identidade cultural local. “Não podemos deixar de acompanhar o progresso e o desenvolvimento mas também não podemos perder aquilo mais genuíno que nos diferencia”, garante o autarca.
Para além das acções de reabilitação urbana na freguesia de Alcochete, tal como se pode ler no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano de Alcochete, é também objetivo do município desenvolver acções de revitalização nos núcleos urbanos das freguesias de Samouco e de São Francisco, estimulando a requalificação do património urbano e a recuperação do património arquitetónico, no âmbito da legislação específica aplicável, recorrendo aos quadros nacionais e comunitários financeiros disponíveis de apoio.
No âmbito da regeneração urbana, a Câmara Municipal de Alcochete tem vindo ainda a desenvolver o programa “A RUA também é SUA!”, através do qual informa os proprietários sobre os benefícios fiscais de que podem usufruir caso reabilitem um imóvel que esteja localizado em área de reabilitação urbana.
O presidente da Câmara Municipal de Alcochete diz que muito já foi feito na recuperação urbana e que as novas construções valorizam a arquitetura do concelho
Como podemos caracterizar a ARU do Núcleo Antigo de Alcochete? Que investimento e projectos existem?
Transformar o antigo em contemporâneo sem com isso perder a identidade cultural do território é um desafio para qualquer autar-
quia. Muito já foi feito dentro deste conceito assim como novas construções que têm vindo a ser erigidas e que muito valorizam a arquitectura contemporânea do concelho de Alcochete.
E que impacto tem na vida do concelho?
A construção civil, grosso modo, gera emprego e movimenta vários sectores, desde a areia para o cimento até ao elemento decorativo mais sofisticado. Obviamente que tudo isto se reflecte na economia do concelho. Tendo em conta que tanto a reabilitação como a construção são de qualidade, a transformação social e económica tem sido notória. Melhores restaurantes, melhores espaços públicos, melhores oportunidades de negócio. Um reflexo bastante positivo, diga-se. No que concerne à reabilitação em particular, a renovação dos bairros históricos mantendo a sua traça foi muito importante para a manutenção de uma identidade sui generis que queremos preservar.
Quais são os planos para o futuro? Há intenção de criar outras ARU no concelho?
Os planos para o futuro só podem ser ambiciosos. Não uma ambição desmedida sem noção da realidade mas uma ambição controlada de acordo com os recursos financeiros da autarquia. Temos projectos interessantes que em breve vamos apresentar que vão seguramente imprimir uma dinâmica mais contemporânea ao concelho. Tanto a nível de arquitectura como da criação de novos polos de investimento em áreas que até aqui nunca tinham sido criadas.
A renovação dos bairros históricos assenta na manutenção da traça tradicional
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