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Tradição e
"A Maria" Foto Inês Antunes Malta
Tradição e contemporaneidade aliam-se para homenagear figuras da história local
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Ricardo Crista junta a tradição da azulejaria portuguesa à modernidade do aço
Inês Antunes Malta (texto)
Ricardo Crista é artista plástico. Licenciado em Pintura pela Escola Universitária Artística de Coimbra e Mestre em Artes Visuais pela Universidade de Évora, em 2014 foi considerado Jovem Revelação em Setúbal e mais recentemente foi nomeado embaixador da cidade.
Expõe desde 2005 em galerias e museus nacionais e internacionais e em 2015 cria o Poli Urban Art, um projecto de intervenção de arte urbana que aborda a técnica de mosaico, aliando a tradicional azulejaria portuguesa à contemporaneidade do aço corten.
“O objectivo é enaltecer as personagens típicas do nosso país, preservando tradições e mantendo vivas as memórias de figuras da história local, podendo criar uma crescente atenção dos gestores dos destinos em relação ao património cultural imaterial, o espírito do lugar, assim como o desenvolvimento da imagem como destino associando-se a eventos culturais, sociais e criativos”, começa por dizer Ricardo Crista.
A técnica de mosaico ou aço corten permite que a homenagem dure no tempo e no espaço. “Utilizando esta técnica, a presente homenagem a personagens representativa das localidades é bastante significativa. Faz com que não seja um trabalho efémero, devido às intempéries do tempo”, explica.
Tendo sempre presente o lema “uma linha que deixa a sua marca”, este projecto pode ter carácter bidimensional, quando inserido em muros ou paredes de edifícios, ou tridimensional, com implementação em rotundas e outros espaços amplos. O projecto Poli Urban Art faz-se representar em vários locais do país. Está de momento a produzir duas peças para os municípios de Oliveira de Azeméis e Lamego. Em viagem de norte para sul, com a sua marca presente em Grândola, Alcochete e Azeitão, Setúbal, onde reside, não podia ser excepção.
Obra mantém viva a memória de ícones setubalenses Mesmo ao lado do Museu do Trabalho - Michel Giacometti está “A Maria”. A protagonista das operárias conserveiras setubalenses e de toda uma indústria tão importante para a cidade está no sítio certo, uma vez que o próprio museu municipal está a funcionar onde outrora existiu uma fábrica de conservas.
“Encarna todas as suas cúmplices e típicas mulheres da comunidade piscatória de Setúbal”,
refere, contando que “esta peça surge com o intuito de homenagear esta prática laboral da nossa cidade, abordando também a tradicional azulejaria portuguesa”. Os cerca de 390 azule- jos que em sete painéis formam “A Maria” foram pintados por Ricardo com padrões do século XVII e posteriormente partidos. Peça a peça, o artista foi criando a imagem pretendida até resultar na obra, de quatro metros de altura por cinco de comprimento, que hoje é possível apreciar na Ladeira de São Sebastião.
Também com assinatura de Ricardo Crista, na fachada do edifício da ACM/YMCA da Bela Vista faz-se homenagem ao fundador da instituição, Mário Melo Pereira. “Nesta proposta feita pela direcção da instituição, uso aço em grande di- mensão para recorte da imagem criada para o homenageado”, partilha.
Além da escultura e da pintura, o artista dedi- ca-se ainda à ilustração, em co-autoria com Rita Melo, com quem dá vida ao Atelier :2PONTOS, espaço de criação e educação artística situado no Montalvão. Está neste momento a terminar um livro de comunicação e sensibilização em cenários de risco associados às alterações cli- máticas. “Era (mais que) uma vez” é o nome da obra produzida pela Protecção Civil e Câmara Municipal de Setúbal.
Fotos em cima Direitos reservados, foto em baixo à esquerda Inês Antunes Malta
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