7 minute read

3.2 A Confirmação

Os catecúmenos “já estão unidos à Igreja, já pertencem à casa de Cristo, não sendo raro levarem uma vida de fé, esperança e caridade”. A mãe Igreja já os envolve como seus em seu amor, cercando-os de cuidados. (CCE 1249)

A Igreja é necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo; Ele é o fundador da Igreja, seu Corpo, da qual Ele é a Cabeça. A entrada no mistério da salvação, na peregrinação, é o sacramento do Batismo. Não podem ser salvos os que, conhecendo, ignoram ou renunciam à Igreja fundada por Deus. Diferentemente daqueles que, sem conhecer a salvação de Cristo através da sua Igreja, buscam o Bem e as boas obras.

Advertisement

Aqueles, porém, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por meio do ditame da consciência podem conseguir a salvação eterna. (LG 16)

Um dos efeitos do Batismo é selar o cristão com um sinal espiritual indelével de sua pertença a Cristo – imprime caráter. Nenhum pecado pode apagar esta marca, se bem que possa impedir o Batismo de produzir frutos salvíficos. Não há rebatismo. O Batismo é único e tem por efeito, também, a remissão do Pecado Original e de todos os pecados pessoais. É verdadeiramente um nascimento para uma vida nova, livre em Deus. Pela obediência de um só, Cristo, o novo Adão, todos são salvos.

3.2 A Confirmação

O sacramento da Confirmação – ou Crisma – é a consumação da graça batismal. Por ele, há uma vinculação mais perfeita do homem à Igreja de Cristo, o que faz com que o fiel esteja mais estritamente obrigado à fé. A partir da recepção desse sacramento, o crismado é fortalecido com uma força especial do Espírito Santo e se torna uma verdadeira testemunha de Jesus e da sua Igreja, a quem deve difundir e defender tanto por obras quanto por palavras (CCE 1285). A Crisma faz do fiel um soldado de Cristo. Da mesma forma que o sacramento do Batismo, a Confirmação imprime caráter e só pode ser recebida uma única vez. Esse caráter porta-se como um selo espiritual que reveste o homem da fortaleza do Espírito Santo. Adolphe Tanquerey, no seu Compêndio de Teologia Ascética e Mística, define de forma clara e objetiva o que é o Sacramento da Confirmação:

A Confirmação torna-nos soldados de Cristo. Adiciona à graça batismal uma graça especial de fortaleza, para que possamos professar generosamente a fé diante de todos os inimigos e, especialmente, contra o respeito humano, que é a causa de tão grande número de homens deixar de praticar os deveres religiosos. É para isso que nesse momento os dons do Espírito Santo, que já haviam sido recebidos no Batismo, são-

nos conferidos de modo especial, para iluminar a nossa fé, para fazê-la mais viva e penetrante, e também para fortalecer a nossa vontade contra todas as quedas. Disso deriva a necessidade de cultivar os dons do Espírito Santo, especialmente os que nos fazem cristãos militantes. (CTAM 252, b)

Desde o Antigo Testamento, o Espírito Santo é profetizado e viria sobre o Messias para que Ele pudesse cumprir sua missão salvífica (CCE 1286). Tendo sua vida absolutamente vivida em plena comunhão com o Espírito Santo, desde a sua concepção, ao receber esse mesmo Espírito no seu Batismo (Jo 3, 34), Jesus mostrava que o Pai lho dava sem limites. A plenitude do Espírito no Cristo era a fortaleza que, enquanto homem, Ele precisava para cumprir sua missão em obediência ao Pai.

E, mediante o envio do Senhor aos seus apóstolos, para que fossem e pregassem o Evangelho a toda criatura (Mc 16, 15), era mister que o mesmo Espírito que repousava sobre o Cristo também fosse enviado a toda a comunidade cristã, pois não há evangelização sem a força e o poder do Espírito Santo (EN 75). Força e poder que foram derramados sobre a Igreja nascente no dia de Pentecostes e que impulsionaram os apóstolos a saírem do local em que estavam e pregassem o anúncio da morte e ressurreição de Jesus (At 2).

A unção, no simbolismo bíblico e antigo, é rica de significados: o óleo é sinal de abundância e de alegria, ele purifica (unção antes e depois do banho) e torna ágil (unção dos atletas e lutadores), é sinal de cura, pois ameniza as contusões e as feridas, e faz irradiar beleza, saúde e força. (CCE 1293)

Desde os primeiros séculos, a Igreja utilizou-se da imposição das mãos para a transmissão do Espírito Santo como forma de unção (At, 10, 38). Delegava esse poder àqueles que eram mandados em missão, como apóstolos, soldados de Cristo. Juntou-se a esse gesto, um óleo perfumado – o Crisma – para que o agora soldado de Cristo pudesse exalar o odor de Deus e levar sua Palavra e doutrina. Ser ungido pelo Espírito Santo é participar da mesma missão de Jesus.

O Crisma, o óleo perfumado da Confirmação, é consagrado pelo Bispo na Quinta-feira Santa durante a Missa do Crisma. Ele é o único óleo consagrado; os outros dois, o óleo dos catecúmenos e o óleo dos enfermos, são apenas abençoados. Essa diferenciação se dá por conta da sua própria missão e uso: enquanto esses são usados para abençoar e trazer alívio, aquele traz consigo o poder de envio do Espírito Santo, que fortalece o enviado. Na praxe do Rito Romano, a Confirmação é ministrada em separado do Batismo. O comum é que o fiel seja batizado ainda criança, bem cedo, postergando a Confirmação para a adolescência ou uma idade mais adulta. Por esse motivo, a liturgia sacramental da Confirmação se inicia com a renovação das promessas do Batismo e com a profissão de fé dos confirmandos,

o que clarifica que a Confirmação é uma sequência natural do Batismo. No caso do Batismo de adultos, a Crisma é ministrada sequencialmente ao Batismo, como acontecia nos primeiros séculos da Igreja, sendo admitido, em seguida, à recepção da Sagrada Eucaristia. Durante o ritual da Confirmação, o Bispo invoca a Efusão do Espírito Santo sobre todos aqueles que serão confirmados em breve. Após esse momento, segue-se a unção individual de cada fiel, conforme indica o Catecismo:

No rito latino, o sacramento da Confirmação é conferido pela unção do santo crisma na fronte, feita com a imposição da mão, e por estas palavras: ‘N, recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus’. [...] O ósculo da paz, que encerra o rito do sacramento, significa e manifesta a comunhão eclesial com o Bispo e com todos os fiéis. (CCE 1300-1301)

Tanto no Oriente quanto no Ocidente, o Bispo é o ministro ordinário da Confirmação (LG 26). Na Igreja oriental, quando ocorrem na mesma cerimônia o Batismo e a Confirmação, é o próprio presbítero batizante que administra também a Confirmação. Mas, como já apresentado anteriormente, o faz com o óleo do Crisma consagrado pelo Patriarca ou pelo Bispo. Já na Igreja latina, apenas o Bispo pode administrar esse sacramento, exceto em caso de extrema necessidade, quando ele pode conceder essa faculdade aos presbíteros também. Em casos extremos, como perigo de morte, todo e qualquer presbítero pode dar a Confirmação, como indica o Direito Canônico:

O ministro ordinário da confirmação é o Bispo; administra validamente este sacramento também o presbítero que tem essa faculdade em virtude do direito universal ou de concessão especial da autoridade competente. Pelo próprio direito gozam da faculdade de administrar a confirmação: [...] 3.º quanto aos que se acham em perigo de morte, o pároco e até qualquer presbítero. (CIC 882-883)

Todo e qualquer batizado que tenha atingido a idade da razão e ainda não tenha sido confirmado pode e deve receber o sacramento da Confirmação (CCE 1306). Para recebê-lo, é preciso estar em estado de graça, ou seja, sem nenhum pecado mortal. A purificação se faz necessária em vistas não apenas da salvação, que já não seria coisa pequena, mas em vista do próprio Dom do Espírito Santo. Não se pode receber tão distinto hóspede em morada suja e sem cuidados.

Esse sacramento faz parte dos chamados Sacramentos da Iniciação Cristã, e não ser confirmado implica em não ter sua iniciação na caminhada da fé completa. Isso não invalida de forma alguma o Batismo, que tem sua validez e eficácia em si mesmo, mas deixa inacabada a iniciação cristã. Por ser tido como o sacramento da maturidade cristã, há que se diferenciar esta da maturidade biológica. Santo Tomás de Aquino o afirma:

This article is from: